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CONTROLE SOCIAL E A DEMOCRACIA

PARTICIPATIVA
Moacyr Pereira Alves Junior
Alisson Rodrigues

1. INTRODUÇÃO

O princípio democrático e a participação popular contribuem para fortalecer a autonomia


municipal, na medida em que a proximidade com a população e o diálogo com a sociedade são
ferramentas essenciais para a construção do processo de desenvolvimento econômico local. Todos
embasamentos nos fundamentos e finalidades da ordem econômica, os quais estão a dignidade da
pessoa humana garantindo condições mínimas de subsistência para todos, justiça social dando
igualdade de oportunidades e distribuição equitativa de riquezas, muitas vezes é difícil acontecer. A
democracia participativa vai de longe o pensamento da ditadura que muitos querem, mas sim na
representação da sincronia da cidadania e nas ações políticas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A teoria constitucional da democracia participativa é, portanto, o artefato político e jurídico


que em termos de identidade há de criar entre nós o Brasil do povo, o Brasil da democracia nacional
e nacionalista, o Brasil que nos sonegaram. A teoria constitucional da democracia participativa
segue a trilha renovadora que fará o povo senhor de seu futuro e de sua soberania, coisa que ele
nunca foi nem será enquanto governarem em seu nome privando-o de govemar-se por si mesmo.

A participação social [...] amplia e fortalece a democracia,


contribui para a cultura da paz, do diálogo e da coesão social e é a
espinha dorsal do desenvolvimento social, da equidade e da justiça.
Acreditamos que a democracia participativa revela-se um excelente
método para enfrentar e resolver problemas fundamentais da
sociedade brasileira (LAMBERTUCCI, 2009, p. 71).

Moacyr Pereira Alves Junior


Alisson Rodrigues
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso Gestão Pública (1826777) – Seminário
Interdisciplinar: Gestão dos Recursos Públicos (GPU101)
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O planejamento participativo ou político, no dizer de ABIB e OLIVEIRA (2001) se efetivou


no país, como modelo de planejamento e gestão das cidades, a partir da aprovação do Estatuto da
Cidade, em 2001. O que se percebe a partir do marco do Estatuto da Cidade é a afirmação do
modelo de planejamento democrático participativo, com um misto dos sistemas estratégicos
(especialmente no planejamento territorial e nas estratégias induzidas a partir dos planos diretores),
deliberativo com constituição de instâncias e fóruns deliberativos e inclusivo no sentido de ampliar
e estimular a participação. E é exatamente em relação ao aprofundamento da participação que reside
uma boa parte dos problemas do modelo participativo constitucionalmente previsto, bem como pelo
próprio desinteresse político no planejamento.
A necessidade promover alterações na forma de governar e planejar as cidades e a pressão
de acadêmicos, profissionais e dos movimentos sociais na Assembleia Nacional Constituinte fez
com que na Constituição Federal de 1988 fosse designado um capítulo específico para tratar do
tema da “política urbana” nos artigos 182 e 183, ambiente descrito por ROLNIK (2006)

No Brasil os problemas sociais e educacionais interferem na democracia. As faculdades do


voto para analfabetos e maiores de 16 e 70 anos não promovem uma grande diferença entre as
pessoas, só para votar, na minha opinião a pessoa deveria ter um grau de instrução, pelo fato de não
entenderem de política, mas sim nas histórias contadas e em boca de urna. O fato é que a educação
pública de péssima qualidade e as desigualdades sociais formam um cidadão que não possui
conhecimento ou abstração necessários para formar uma opinião política coerente e dar a
importância real ao direito do voto; e esses, por muitas vezes, acabam cedendo o seu direito de
votar por favores políticos e até mesmo o vendem; acabando por eleger um representante ilegítimo
e sem grau de instrução também.
A consequência dessa desvalorização do voto é bastante previsível: os eleitos preocupam-se
apenas com seus objetivos pessoais e por vezes partidários, sem procurar fazer o melhor para a
população. A crítica à democracia representativa é que a opinião pública somente é levada “a sério”
a cada quatro anos, no período de eleições; pois, quando eleitos, os políticos agem como bem
querem e esquecem totalmente das propostas utilizadas como forma de campanha eleitoral, nem
mesmo cumprindo-as.
O controle social pressupõe mecanismos formais de atuação da sociedade e, ainda, que esses
mecanismos sejam ágeis e conhecidos. Porém, é cediço que mesmo as camadas mais privilegiadas
da sociedade brasileira não têm conhecimento suficiente de como funciona a máquina pública e,
muito menos, da sistemática que envolve a elaboração e execução das leis orçamentárias. Os
procedimentos são, à vista do cidadão comum, obscuros e não há a publicidade adequada dos atos
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que afetam diretamente as comunidades. Essa situação evidencia a importância de se discutir o


conceito de accountability, enfatizado nas teorias da Nova Administração Pública.
Possamai (2016) identifica uma desigualdade na
distribuição do recurso “informação” entre as elites políticas
e o cidadão comum, o que reduz a capacidade dos cidadãos de
exercerem o controle sobre as ações governamentais,
produzindo uma vantagem natural aos que detêm as
informações. Como resultado, há limitações e dificuldades
para o exercício do controle social necessário à
responsabilização (accountability) dos representantes eleitos.

A Controladoria Geral da União (2012) define o controle social como a participação do


cidadão na Gestão Pública, e um mecanismo de prevenção da corrupção, fazendo-se ainda mais
necessário face à extensão territorial do Brasil. Também define o controle social como um poderoso
aliado do controle institucional realizado pelos próprios órgãos fiscalizadores. Porém esclarece que,
para que possa ser realizado, o cidadão precisa ser instrumentalizado, informado de como e onde
pode obter as informações relevantes ao exercício da fiscalização.

Campos (1990, p. 5) também defende essa necessidade de


fiscalização, como se observa a seguir: A economia de recursos
públicos, a eficiência e a honestidade requerem atenção especial, mas
há outros padrões de desempenho que merecem consideração:
qualidade dos serviços; maneira como tais serviços são prestados;
justiça na distribuição de benefícios, como também na distribuição os
custos econômicos, sociais e políticos dos serviços e bens produzidos;
grau de adequação dos resultados dos programas as necessidades
das clientelas. Esses padrões da accountability governamental não
são garantidos pelos controles burocráticos. Outra questão relevante
é se o Executivo pode isentamente, avaliar o desempenho de sua
própria burocracia. O verdadeiro controle do governo – em qualquer
de suas divisões: Executivo, Legislativo e Judiciário – só vai ocorrer
efetivamente se as ações do governo forem fiscalizadas pelos
cidadãos.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste trabalho vimos que a democracia participativa e o controle social são como princípios
para uma boa administração pública, tem seus pontos fortes como a participação direta da
população em ações do coletivo e não do individualismo, já os pontos negativos são o voto de
pessoas sem instruções, burocracia e lentidão dos processos. Mas somente com a participação da
sociedade na elaboração, acompanhamento e avaliação de planos governamentais, isso que definirá
a vida de cada um de nós. Como referência desse planejamento está o PPA - o plano plurianual - e a
Lei de responsabilidade fiscal, desenvolvendo as suas potencialidades e suas participações contidas
nela.

4. REFERÊNCIAS

ABIB, S e OLIVEIRA, R. de: Participação popular no Planejamento urbano: uma construção


teórico-metodológica. Artigo disponível em http:/www.
geodesia.ufsc.br/Geodesianline/arquivo/Cobrac_2008

BONAVIDES, Paulo, TEORIA CONSTITUCIONAL DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA,


Editora Malheiros, Brasil, 2011.

CAMPOS, Anna Maria. Accountability: quando poderemos traduzi-la para o português? Revista
de Administração Pública, Rio de Janeiro, fev./abr.1990.

CABRAL, Lucíola Maria de Aquino, CONTROLE SOCIAL E DEMOCRACIA


PARTICIPATIVA, Academia, Accelerating the words researdh

FILHO, João Telmo de Oliveira, Democracia e participação popular: As possibilidades de


transformações nas formas de gestão do território a partir do Estatuto da Cidade. IPEA, 2011
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LAMBERTUCCI, Antônio Roberto. A participação social no governo Lula. In: AVRITZER,


Leonardo (org.). Experiências nacionais de participação social. São Paulo: Cortez, 2009. (Coleção
Democracia Participativa) Leia
mais: https://www.sabedoriapolitica.com.br/ciber-democracia/democracia-participativa/
MEDEIROS, Paulo Henrique Ramos, PEREIRA, José Matias, CONTROLE SOCIAL NO
BRASIL, Doutrina, 2003.

POSSAMAI, Ana Júlia. Dados abertos do Governo Federal brasileiro: desafios de transparência e
interoperabilidade. 2016. 313 f. Tese (Doutorado). Programa de Pós Graduação em Ciência Política,
Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre, 2016.

ROLNICK, Raquel, A construção de uma política fundiária e de planejamento urbano para o país –
Avanços e Desafios. Ipea. Políticas sociais − acompanhamento e análise. Brasília. Número12.
fevereiro de 2006

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