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08/08/2022 13:35 TIPOS SANGUÍNEOS E COMPATIBILIDADE ENTRE DOADOR E RECEPTOR EM MEDICINA FELINA


Página inicialClínica
TIPOS SANGUÍNEOS
E COMPATIBILIDADE
ENTRE DOADOR E
RECEPTOR EM
MEDICINA FELINA

Co-autores: 
Ana Daniela Benitis Costa
Marcela Malvini Pimenta
Ludmila Moroz
Ricardo Pecora
Filiação dos Autores: 
Ana Daniela Benitis COSTA1, Marcela Malvini PIMENTA2,
Ludmila Rodrigues MOROZ3, Ricardo Augusto PECORA 4

1Médica Veterinária responsável pelo atendimento de felinos


do Centro Médico Veterinário Pet Fanáticos. Rua Brasil,
1036, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, SP.

2Doutoranda do Departamento de Clínica Médica da FMVZ -


Universidade de São Paulo.

3Médica Veterinária do Laboratório de Análises Clínicas da


UFBA.

4
  Médico Veterinário responsável pelo atendimento de
oftalmologia do Centro Médico Veterinário Pet Fanáticos.

Informações Gerais
Tipo de Conteúdo: Artigo de Revisão de Literatura
Categoria: Hematologia
Espécies: FelinosPalavras-Chave: 
Transfusão, Gato, Tipagem sanguínea, Teste de
compatibilidade

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Resumo: 
O felino doméstico possui três tipos sanguíneos e
aloanticorpos naturais, o que pode tornar arriscado o
procedimento de transfusão sanguínea desde a sua primeira
realização. Conhecer os tipos sanguíneos, os métodos de
tipagem e de análise de compatibilidade é fundamental para
minimizar os riscos desse procedimento tão importante. Esta
revisão de literatura apresenta uma

breve história da medicina transfusional, os tipos sanguíneos


da espécie felina, sua distribuição quanto à geografia e
raças, os métodos de tipagem sanguínea e os testes de
compatibilidade.

Introdução: 
As primeiras transfusões de sangue datam do século XVII,
realizadas por Richard Lowoer, em 16651. Em 1667, Jean
Baptiste Denis, em Montpellier, França, infundiu sangue de
carneiro em um doente mental que perambulava pelas ruas
da cidade, e este faleceu após a terceira transfusão2. Essa
prática, denominada transfusão heteróloga, ou seja, entre
espécies diferentes, foi considerada criminosa por diversas
instituições europeias. Sugere-se que a primeira transfusão
de sangue humano tenha sido realizada por James Blundell,
em 18183. No entanto, problemas com a coagulação do
sangue e reações adversas pós-transfusionais consistiam
em um importante desafio aos cientistas1. Em 1900, Karl
Landsteiner descobriu o sistema ABO de compatibilidade2,4,
baseado em substâncias presentes na membrana
eritrocitária e a partir daí, graças a imunizações de animais
com hemácias humanas, outros antígenos de grupos
sanguíneos foram descritos5. Em 1907 foi realizada a
primeira transfusão após provas de compatibilidade, por
Reuben Ottenber1. O teste da antiglobulina humana foi
descrito em 1945 por Coombs, Mourant e Race, permitindo
evidenciar a existência de anticorpos não aglutinantes que
são produzidos por aloimunizações feto-maternais ou
transfusionais contra antígenos da membrana eritrocitária5.
Quarenta anos depois, houve uma nova descoberta que
revolucionou o Sistema ABO: a identificação do fator Rh6.

Cães e gatos, assim como o homem, possuem diferentes


grupos sanguíneos. De forma semelhante, podem doar e
receber sangue de doadores da mesma espécie, desde que
haja compatibilidade sanguínea7. Os primeiros estudos
citando as transfusões sanguíneas em Medicina Veterinária
com objetivo terapêutico datam da década de 50. O primeiro
banco de sangue para animais das espécies canina e felina

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foi criado nos Estados Unidos da América, nos anos 80. No


entanto, estão disponíveis em literatura pouquíssimos relatos
sobre a história da terapia transfusional em Medicina
Veterinária8.

Texto: 
1.TIPOS SANGUÍNEOS DA ESPÉCIE FELINA

Para que se evite reações hemolíticas agudas, é importante


realizar, antes do procedimento de transfusão, a tipagem
sanguínea9,10. Os gatos apresentam três tipos sanguíneos:
A, B e AB11,12,13,14. A prevalência do sangue tipo A na
população felina é maior, chegando a cerca de 95 %11.
Gatos Siameses e Tonquineses são exclusivamente
15,16
pertencentes ao tipo sanguíneo A . O tipo B é menos
frequente, aproximadamente 5 % da população total, mas
em algumas raças esse tipo sanguíneo é prevalente,
equivalendo a, por exemplo, 77 % da população de gatos da
raça British Shorthair11. Outras raças que apresentam mais
comumente o tipo B são Van Turco, Angorá17  e Persa18. O
tipo AB é o mais raro19. Já foram identificados indivíduos
pertencentes ao tipo AB nas raças Sagrado da Birmânia,
Abissínio, Somali, British Shorthair, Scottish Fold e
Norueguês da Floresta13. Entre março de 2007 e março de
2008, Gunn-Moore, Simpson e Day realizaram um estudo,
publicado em 2009, no qual analisaram amostras de cem
gatos adultos da raça Bengal, no Reino Unido, com o
objetivo de levantar a tipagem sanguínea predominante
nessa raça. Foram usados três métodos para avaliação,
sendo dois deles para possíveis falsos positivos. Cem por
cento das amostras, no estudo final, foram do tipo A,
concluindo-se que, para aquela população, há uma
predominância de gatos tipo A, mas que esses fatores
dependem da origem dos animais, importação ou
exportação, uma vez que populações provenientes de outras
regiões não foram inclusas no estudo em questão20.

Os antígenos de tipo sanguíneo são carboidratos localizados


na membrana das hemácias. Os tipos sanguíneos são
geneticamente transmitidos por herança autossômica
mendeliana, na qual o tipo A é completamente dominante
sobre o tipo B. O tipo AB não é resultado da herança de
codominância dos tipos A e B, como ocorre no humano19.

Gatos AB raramente são descendentes de acasalamentos


entre gatos tipo A e B. O alelo AB parece ser recessivo em
relação ao alelo A, mas dominante em relação ao alelo.
Chegou-se a essa conclusão, pois gatos do tipo AB são
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encontrados apenas em raças nas quais gatos com sangue


tipo B foram observados B19,21.

Uma particularidade importante dos felinos é que esta


espécie possui altos títulos de anticorpos naturais contra os
demais tipos sanguíneos, o que torna qualquer transfusão,
desde a primeira realizada, potencialmente arriscada, uma
vez que podem acontecer reações graves caso doador e
receptor não sejam compatíveis11. Os gatos portadores de
sangue tipo B possuem hemolisinas e hemaglutininas anti-A
de extrema potência e os gatos tipo A possuem hemolisinas
e hemaglutininas anti-B de menor potência22. Assim, gatos
tipo A que recebem sangue tipo B podem desenvolver uma
reação moderada (agitação, taquicardia, taquipneia e
encurtamento da vida das hemácias para dois dias)11,10. Se
um gato tipo B receber sangue tipo A, pode sofrer uma
reação hemolítica aguda, grave e irreversível que pode
resultar em seu óbito. Essa reação se caracteriza por
letargia, bradicardia, dispneia, arritmia cardíaca, sialorreia,
emese, desordens neurológicas, defecação e micção
espontâneas. Se o paciente sobreviver, pode desenvolver
taquicardia, taquipneia, hemoglobinemia e hemoglobinúria10.
Mesmo uma pequena quantidade de sangue tipo A ou AB
transfundida a um gato tipo B pode causar uma hemólise
fatal alguns minutos após o procedimento de transfusão23.
Assim, gatos tipo A só devem receber sangue tipo A, e gatos
tipo B, sangue tipo B, com o propósito de se evitar reações
transfusionais. Gatos AB não possuem anticorpos contra
outros tipos sanguíneos11. As hemácias dos gatos tipo AB
possuem ambos os receptores na superfície celular e,
portanto há deficiência de aloanticorpos naturais13. No
entanto, há possibilidade de incompatibilidades antigênicas
não relacionadas ao sistema AB. Há descrição de provas
cruzadas de resultado incompatível entre doadores e
receptores do tipo AB, além de reações transfusionais após
realização de transfusões com doadores e receptores
pertencentes ao tipo AB foram descritas24. Em 2005, a partir
da utilização de técnicas padrões em tubo e de coluna de
gel, foi identificada a presença de um aloanticorpo cuja
relevância era importante clinicamente, que se formava
contra um antígeno eritrocitário felino, o qual foi denominado
Mik25  o que tornou a identificação da compatibilidade pré-
transfusional mais complexa. Não basta a tipagem padrão
devido à ausência de estudos de prevalência do antígeno
Mik, ressaltando a importância de provas cruzadas pré-
transfusionais24.

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2. TIPAGEM SANGUÍNEA

A tipagem sanguínea pode ser realizada por diagnóstico


laboratorial14. Algumas técnicas foram desenvolvidas para
realização de tipagem sanguínea, dentre elas, foi
desenvolvido um cartão teste, o Rapid VetRH Feline®, do
DMS Laboratories, Flemington, NJ, apresentado na Figura 1,
onde pode-se observar que à esquerda  o paciente testado
pertencia ao tipo A, e à direita, o paciente pertencia ao tipo
B26.

Figura 1: RapidVet-H® cartões de tipagem sanguínea de


felinos.26

Se este tipo de cartão for utilizado, e o paciente pertencer ao


tipo B ou ao tipo AB, os resultados devem ser confirmados,
pois algumas reações cruzadas podem acontecer27.
Recentemente, têm-se disponível o teste de aglutinação em
coluna de gel para tipagem sanguínea (DiaMed-Vet Feline
Typing Gel, DiaMed, Suíça), que tem interpretação mais fácil,
mas requer centrifugação do sangue em centrífuga especial,
o que pode encarecer o método28.Foi realizada uma
avaliação dos métodos de tipagem sanguínea para gatos e
concluiu-se que o teste de coluna de gel é mais confiável
quando comparado ao padrão ouro, o ensaio de Penn (teste
de hemaglutinação em tubo de ensaio)27.

Outro método que pode ser utilizado para tipagem sanguínea


é a tipagem genética, utilizando swab de mucosa oral. Está
disponível em alguns laboratórios da América do Norte e
facilita a determinação de exemplares heterozigotos do tipo
A. É esperado que o cruzamento de dois heterozigotos do
tipo A produza uma ninhada em que um quarto dos
indivíduos sejam tipo B e metade seja do heterozigoto tipo A.
No entanto, a tipagem genética não distingue entre tipo A e
tipo AB14.

Na Tabela 1, encontra-se listada a distribuição geográfica da


frequência de tipos sanguíneos dos gatos.

Tabela 1: Distribuição geográfica por frequência de tipo


sanguíneo24. 

Região Número de gatos Tipos Sang

A(%)

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EUA (New England) 69 100

Finlândia 61 100

Hungria (Budapeste) 73 100

EUA 432 99,77

EUA (Filadélfia 82%) 1072 99,72

Suíça 1014 99,6

Japão 238 89,9

EUA (Noroeste) 1450 99,7

EUA (Centro-Norte) 506 99,4

EUA (Sudeste) 812 98,5

EUA (Sudoeste) 483 97,5

EUA (Costa Oeste) 812 94,8

Alemanha (Berlin e Brandenburgo) 372 98,7

Dinamarca (Copenhagen) 105 98,1

Argentina (Buenos Aires) 76 96,1

Brasil (Rio de Janeiro) 172 94,8

Escócia 70 97,1

Áustria 101 97

Inglaterra (Manchester) 477 97

Gran Canaria 97 88,7

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Portugal (Norte) 147 89,1

Holanda 95 94,8

Espanha (Barcelona) 100 94

Itália (Piemonte) 122 86,9

Reino Unido (Edinburgo) 139 87,1

Itália (Lombardia) 57 89,5

Japão (Tóquio) 207 90

Itália (Toscana) 363 87,1

França (Paris) 350 85

Grécia 207 78,3

Turquia 301 73,1

Austrália (Brisbane) 1895 73,3

Inglaterra (Sudeste) 105 67,6

Austrália (Sidney) 187 62

EUA = Estados Unidos da América

3. Teste de compatibilidade

O objetivo do teste de compatibilidade é detectar a presença


de níveis séricos significativos de anticorpos capazes de
aglutinar ou hemolisar hemácias22. É uma alternativa à
tipagem sanguínea. Pode-se realizar um teste rápido de
reação cruzada (cross matching), no qual se adiciona uma
pequena amostra do sangue do doador com a amostra do
receptor10. Este teste se divide em duas partes: reação
cruzada maior e reação cruzada menor. O teste de reação

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cruzada maior é realizado após a colheita do sangue do


doador em um tubo com EDTA, que é centrifugado a 3000
RPM por dez minutos. O sobrenadante é descartado e
solução salina é adicionada ao precipitado, que é
resuspenso. É novamente centrifugado, e todo o processo é
repetido, por três vezes. Por fim, é adicionada solução salina
a fim de deixar a solução a uma concentração de 3 a 5 %.
Coloca-se uma ou duas gotas dessa solução em uma lâmina
de vidro e instila-se uma ou duas gotas do plasma do
receptor colhido em heparina. Observa-se aglutinação ou
hemólise. Já o teste menor segue os mesmos passos, no
entanto utilizam-se as hemácias do receptor para reação
com o plasma do doador. É indicado realizar ambos os
testes para evitar reações transfusionais pela impossibilidade
de tipagem Mik26. Caso haja aglutinação ou hemólise,
doador e receptor são incompatíveis. Os testes de reação
cruzada maior e menor não previnem sensibilização aos
antígenos, pois somente detectam os anticorpos presentes
no doador ou receptor. Isso pode resultar em reações
hemolíticas durante a transfusão. Para a transfusão do
plasma, doador e receptor devem ser compatíveis. O  cross
matching entre doador e receptor do mesmo tipo sanguíneo
deve ser negativo. No entanto, em gatos que passaram por
várias transfusões, mesmo se houver compatibilidade,
poderão ocorrer reações10.

Os testes de compatibilidade e maior são realizados


conforme o seguinte protocolo13:

a. Material necessário

- tubos de 3 mL

- Pipeta de Pasteur

- Centrífuga

- Lâmpada para observação de aglutinação

b. Identifique os tubos

- CR = controle do receptor

- HR = hemácias do receptor

- PR = plasma do receptor

- SD = sangue total do doador*

- CD = controle do doador*

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- SR = sangue total do receptor*

- PD = plasma do doador*

- Ma = Reação Cruzada Maior*

- Me = Reação Cruzada Menor*

c. Obtenha uma alíquota de reação cruzada do refrigerador


do banco de sangue para cada doador a ser testado ou
utilize o sangue do doador em um tubo de EDTA. Certifique-
se de que os tubos estejam corretamente identificados.

d. Colete 2 mL de sangue do receptor e coloque em um tubo


com EDTA. Centrifugue por 5 minutos

e. Retire do tubo o sangue do doador. Centrifugue por 5


minutos. Use uma pipeta para cada transferência pois pode
ocorrer contaminação cruzada.

f. Pipete o plasma do doador e as células do receptor e


coloque nos tubos identificados PD e PR, respectivamente.

g. Coloque 125 µL de células do doador e do receptor nos


tubos identificados SD e HR, respectivamente.

h. Adicione 2,5 mL de solução de NaCl a 0,9 % do tubo de


lavagem para cada tubo de hemácias homogeneizando com
certa força.

i. Centrifugue a suspensão de hemácias por 2 minutos.

j. Descarte o sobrenadante e suspenda novamente as


hemácias do frasco de lavagem em solução de NaCl a 0,9
%.

k. Repita as etapas 9 e 10 totalizando 3 lavagens.

l. Coloque 2 gotas da suspensão de hemácias do doador e 2


gotas do plasma do receptor em um tubo identificado com
Ma (reação cruzada maior).

m. Coloque 2 gotas do plasma do doador e 2 gotas da


suspensão de hemácias do receptor em um tubo identificado
com Me (reação cruzada menor).

n. Prepare os tubos controle misturando 2 gotas do plasma


do doador com 2 gotas da suspensão de hemácias do
doador (controle do doador); coloque 2 gotas do plasma do
receptor com 2 gotas da suspensão de hemácias do receptor
(controle do receptor).

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o.Incube os tubos de reações cruzadas maior e menor e os


tubos de controle em temperatura ambiente por 15 minutos.

p. Centrifugue todos os tubos por 1 minuto.

q. Analise os tubos utilizando um visualizador de aglutinação.

r. Verifique aglutinação e/ou hemólise.

s. Classifique a aglutinação de acordo com a seguinte


escala:

- 4+ : um agregado sólido de células.

- 3+ : vários agregados grandes de células.

- 2+ : agregados de células de tamanho médio, com fundo


claro.

- 1+ : hemólise, sem agregação de células.

- NEG: negativo para hemólise; negativo para agregação de


hemácias.

Conclusão: 
O procedimento de transfusão sanguínea é muitas vezes
vital para a sobrevida de pacientes, uma vez que visa o
fornecimento de elementos sanguíneos como tentativa de
repor as perdas e amenizar os sinais clínicos decorrentes da
hipóxia tecidual, distúrbios de hemostasia e hipoproteinemia
e estabilizar o paciente até que seja possível o diagnóstico e
a correção da causa subjacente11,22.

O gato possui três tipos sanguíneos – A, B e AB – e


antígenos de membrana de hemácias naturais, o que torna
arriscada até mesmo a primeira transfusão sanguínea caso
doador e receptor sejam incompatíveis. Para minimizar o
risco de reações adversas muitas vezes fatais, é necessário
conhecer os métodos de análise de compatibilidade e
realizar os testes propostos. Atualmente, diversos
laboratórios de análises clínicas realizam os testes de
tipagem sanguínea, porém este método pode ser limitado em
algumas situações, como em casos de emergências em
horários ou dias em que os laboratórios não atendem ao
clínico e devido à incompatibilidade entre doador e receptor
no tocante ao antígeno Mik, sendo o conhecimento a
respeito deste último ainda restrito. Muitos autores referem
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reações de incompatibilidade mesmo entre doadores e


receptores do mesmo tipo sanguíneo, o que pode implicar
em um grande risco ao paciente. Portanto, conclui-se que o
teste de compatibilidade, que se divide em maior e menor, é
uma alternativa rápida, fácil e segura de se testar se doador
e receptor são compatíveis, minimizando os riscos de
reações como hemólise aguda, pirexia e vômitos, dentre
outras. São testes que podem ser facilmente realizados se o
clínico dispuser de uma centrífuga, uma pipeta Pasteur e a
lâmpada para observação da aglutinação, que pode ser
substituída por um microscópio. Este procedimento torna a
transfusão sanguínea mais segura e pode, também,
complementar os testes de tipagem sanguínea.

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08/08/2022 13:35 TIPOS SANGUÍNEOS E COMPATIBILIDADE ENTRE DOADOR E RECEPTOR EM MEDICINA FELINA


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