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a solução para o seu concurso!

PM-BA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO
DA BAHIA

Curso de Formação de Soldado

EDITAL DE ABERTURA DE
INSCRIÇÕES - SAEB/05/2022,
DE 27 DE SETEMBRO DE 2022

CÓD: SL-015OT-22
7908433227304
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual e gêneros textuais.................................................................... 9
2. Ortografia oficial................................................................................................................................................................ 22
3. Acentuação gráfica............................................................................................................................................................. 23
4. Classes de palavras............................................................................................................................................................ 23
5. Uso do sinal indicativo de crase......................................................................................................................................... 28
6. Sintaxe da oração e do período........................................................................................................................................... 29
7. Pontuação.......................................................................................................................................................................... 31
8. Concordância nominal e verbal.......................................................................................................................................... 32
9. Regência nominal e verbal................................................................................................................................................ 33
10. Significação das palavras................................................................................................................................................... 33

História do Brasil
1. Descobrimento do Brasil (1500). Brasil Colônia (1530–1815): Capitanias Hereditárias, Economia, Extrativismo Vegetal,
Extrativismo Mineral, Pecuária, Escravidão, Organização Político-Administrativa, Expansão Territorial.................................. 41
2. Independência do Brasil (1822): a Nomeação do Príncipe Regente D. Pedro I, Dia do Fico, Reconhecimento da Independência
do Brasil............................................................................................................................................................................. 47
3. Primeiro Reinado (1822-1831)............................................................................................................................................ 47
4. Segundo Reinado (1831-1840)............................................................................................................................................ 51
5. Primeira República (1889-1930): o Primeiro Governo Provisório, Assembleia Constituinte, Presidência de Deodoro da
Fonseca, a Política dos Governadores, o Coronelismo, Movimentos Tenentistas, Coluna Prestes, Revolta da Armada............ 54
6. Revolução de 1930. Era Vargas (1930-1945)......................................................................................................................... 59
7. Os Presidentes do Brasil de 1964 à atualidade..................................................................................................................... 61
8. História da Bahia.Independência da Bahia.Revolta de Canudos. Revolta dos Malês. Conjuração Baiana. Sabinada................. 67

Geografia do Brasil
1. Relevo brasileiro................................................................................................................................................................ 79
2. Urbanização: crescimento urbano, problemas estruturais, contingente populacional brasileiro............................................. 81
3. Tipos de fontes de energia que participam da matriz energética brasileira: eólica, hidráulica, biomassa, solar e a das
marés................................................................................................................................................................................. 81
4. Problemas Ambientais......................................................................................................................................................... 82
5. Clima: pressão atmosférica, umidade, temperatura, fatores que determinam o clima, mudanças climáticas e as suas
consequências................................................................................................................................................................... 90
6. Geografia da Bahia: aspectos políticos, físicos, econômicos, sociais e culturais............................................................... 91

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Matemática
1. Conjuntos numéricos: Números Naturais, Inteiros, Racionais, Reais e Complexos (forma algébrica e forma trigonométrica).
Operações, propriedades e aplicações.................................................................................................................................. 103
2. Sequências numéricas, progressão aritmética e progressão geométrica................................................................................. 108
3. Álgebra: Expressões algébricas............................................................................................................................................ 110
4. Polinômios: operações e propriedades. Equações polinomiais e inequações relacionadas...................................................... 113
5. Funções: generalidades. Funções elementares: 1º grau, 2º grau, modular, exponencial e logarítmica, gráficos.
Propriedades...................................................................................................................................................................... 117
6. Sistemas lineares, Matrizes e Determinantes: Propriedades, aplicações................................................................................. 122
7. Análise Combinatória: Arranjos, Permutações e Combinações simples, Binômio de Newton.................................................. 129
8. Probabilidade em espaços amostrais finitos......................................................................................................................... 131
9. Geometria e Medidas: Geometria plana: figuras geométricas, congruência, semelhança, perímetro e área........................... 132
10. Geometria espacial: paralelismo, perpendicularismo entre retas e planos, áreas e volumes dos sólidos geométricos: prisma,
pirâmide, cilindro, cone e esfera.......................................................................................................................................... 135
11. Geometria analítica no plano: retas, circunferência e distâncias............................................................................................ 137
12. Trigonometria: razões trigonométricas, funções, fórmulas de transformações trigonométricas, equações e triângulos.......... 142

Atualidades (Digital)
1. Globalização: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais. ....................................................... 147
2. Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural. ........................................................................................................ 153
3. Tecnologias de Informação e Comunicação: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais........... 154

Informática
1. Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos (Word, Writer), planilhas (Excel, Calc), apresentações
(PowerPoint, Impress); Microsoft Office (versão 2007 e superiores), LibreOffice (versão 5.0 e superiores). ........................... 177
2. Sistemas operacionais Windows 7, Windows 10 e Linux. Atalhos de teclado, ícones, área de trabalho e lixeira...................... 186
3. Organização e gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas........................................................................ 191
4. Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à Internet e
intranet............................................................................................................................................................................... 194
5. Correio eletrônico. ............................................................................................................................................................. 202
6. Computação em nuvem....................................................................................................................................................... 205

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Direito Constitucional
1. Constituição da República Federativa do Brasil: Dos princípios fundamentais...................................................................... 211
2. Dos Direitos e garantias fundamentais................................................................................................................................. 212
3. Da organização do Estado................................................................................................................................................... 222
4. Da Administração Pública. Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios................................................... 226
5. Da Segurança Pública.......................................................................................................................................................... 229
6. Constituição do Estado da Bahia. Dos princípios fundamentais............................................................................................ 230
7. Direitos e garantias fundamentais....................................................................................................................................... 231
8. Dos Servidores Públicos Militares........................................................................................................................................ 231
9. Da Segurança Pública.......................................................................................................................................................... 232

Direitos Humanos
1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948............................................................................................................ 237
2. Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (art. 1° ao 32)................................... 239
3. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 1° ao 15)..................................................................... 244
4. Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento
e Paz................................................................................................................................................................................... 247

Direito Administrativo
1. Administração Pública. Princípios fundamentais da administração pública. .......................................................................... 251
2. Poderes e deveres dos administradores públicos: uso e abuso do poder, poderes vinculado, discricionário, hierárquico,
disciplinar e regulamentar, poder de polícia, deveres dos administradores públicos. .............................................................. 253
3. Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos. ....................................................................................................... 259
4. Regime jurídico do militar estadual: Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia (Lei estadual nº 7.990, de 27 de
dezembro de 2001 - arts 1º ao 59)........................................................................................................................................ 270

Direito Penal
1. Do crime. Elementos.. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior..
Crime impossível. Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade.Contravenção.................................................................. 281
2. Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal, rixa). Dos crimes contra a liberdade pessoal (constrangimento ilegal,
ameaça, perseguição, sequestro e cárcere privado). ............................................................................................................ 288
3. Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, receptação).................................................. 295
4. Dos crimes contra a dignidade sexual (estupro, importunação sexual, assédio sexual). ......................................................... 298
5. Corrupção ativa. Corrupção passiva. .................................................................................................................................... 300
6. Lei n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura)....................................................................................................... 304

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Igualdade Racial e de Gênero


1. Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°)....................................................................................... 313
2. Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”).................................................................................................... 313
3. Lei n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)................................................................................... 313
4. Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)................................... 319
5. Lei n° 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor). .......................... 320
6. Decreto n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial). ......................................................................................................................................................... 320
7. Decreto n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher). ........................................................................................................................................................................... 325
8. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). .............................................................................................. 330
9. Código Penal Brasileiro (art. 140). ....................................................................................................................................... 336
10. Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura). ........................................................................................................ 336
11. Lei nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó)............................................................................................................. 337
12. Lei Estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial). .................................... 337
13. Lei nº 10.678, de 23 de maio de 2003 (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República)......................................................................................................................................................................... 340

Direito Penal Militar


1. Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: motim, revolta, conspiração, aliciação para motim ou revolta. Da
violência contra superior ou militar de serviço. Desrespeito a superior. Recusa de obediência. Reunião ilícita. Publicação
ou crítica indevida. Resistência mediante ameaça ou violência............................................................................................. 343
2. Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: deserção, abandono de posto, descumprimento de missão, embriaguez
em serviço, dormir em serviço............................................................................................................................................ 346
3. Crimes contra a Administração Militar: desacato a superior, desacato a militar, desobediência, peculato, peculato-furto,
concussão........................................................................................................................................................................... 347
4. Dos crimes contra o dever funcional: prevaricação............................................................................................................... 353

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. TIPOLO- fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
GIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
ou que faça com que você realize inferências. com a não-verbal.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-


tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.

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Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti- O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
ca e, por fim, uma leitura interpretativa. principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
É muito importante que você: tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta- você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
do, país e mundo; significativo, que é o texto.
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto- título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
gráficas, gramaticais e interpretativas; o assunto que será tratado no texto.
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
lêmicos; que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Dicas para interpretar um texto: pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
– Leia lentamente o texto todo. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. estudos?
– Sublinhe as ideias mais importantes. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
principal e das ideias secundárias do texto. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
tável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
enunciados das questões. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
– Reescreva o conteúdo lido. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
picos ou esquemas. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- outro e a parceria deu certo.
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma
distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela As informações que se relacionam com o tema chamamos de
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
do texto. ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
prova. capaz de identificar o tema do texto!
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi-
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum -secundarias/
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca
extrapole a visão dele.

IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM


TEXTOS VARIADOS

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ironia Ironia dramática (ou satírica)
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
novo sentido, gerando um efeito de humor. pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
Exemplo: dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-


NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo- pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica). conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia verbal Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a principal. Compreender relações semânticas é uma competência
intenção são diferentes. imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
Ironia de situação fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Busca de sentidos
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a apreensão do conteúdo exposto.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que citadas ou apresentando novos conceitos.
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
morte. tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Importância da interpretação Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos imagens.
específicos, aprimora a escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, vencer o leitor a concordar com ele.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen- Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es- de destaque sobre algum assunto de interesse.
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que berdade para quem recebe a informação.
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Fato
Diferença entre compreensão e interpretação O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
leitor tira conclusões subjetivas do texto. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Interpretação
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No sas, previmos suas consequências.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
dárias. tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente ças sejam detectáveis.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Exemplos de interpretação:
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
encaminham-se diretamente para um desfecho. tro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- do que com a filha.
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O Opinião
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais que fazemos do fato.
curto. Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
como horas ou mesmo minutos. anteriores:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
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Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- sem coerência.
mos expressando nosso julgamento. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
analisamos um texto dissertativo. trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
mais direto.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando NÍVEIS DE LINGUAGEM
com o sofrimento da filha.
Definição de linguagem
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
e o do leitor. As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Parágrafo incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- e caem em desuso.
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- Língua escrita e língua falada
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
sentada na introdução. falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.

Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz Linguagem popular e linguagem culta
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
prova. presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e o diálogo é usado para representar a língua falada.
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até Linguagem Popular ou Coloquial
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- expressão dos esta dos emocionais etc.
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as A Linguagem Culta ou Padrão
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
odo, e o tópico que o antecede. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
para a clareza do texto. escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
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Gíria Na rua dos bobos, número zero
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como (Vinícius de Moraes)
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os comportamentos, nas leis jurídicas.
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário Características principais:
de pequenos grupos ou cair em desuso. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
“mina”, “tipo assim”. do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
Linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar Exemplo:
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
comida”. ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
Linguagem regional nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, perior para formação de oficiais.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Tipo textual expositivo
Tipos e genêros textuais A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e pode ser expositiva ou argumentativa.
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
exemplos e as principais características de cada um deles. Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
Tipo textual descritivo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo mar.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
um movimento etc. de ponto de vista.
Características principais: • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função Exemplo:
caracterizadora. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
meração. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• A noção temporal é normalmente estática. terminado tema.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
Tipo textual dissertativo-argumentativo
Exemplo: Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Era uma casa muito engraçada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Não tinha teto, não tinha nada apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Ninguém podia entrar nela, não clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Porque na casa não tinha chão tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Ninguém podia dormir na rede (leitor ou ouvinte).
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
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Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
gestão/solução). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e ais que neles predominam.
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Tipo Textual Gêneros Textuais
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Predominante
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Descritivo Diário
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Relatos (viagens, históricos,
etc.)
Exemplo: Biografia e autobiografia
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Notícia
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Currículo
administração política (tese), porque a força governamental certa- Lista de compras
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Cardápio
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Anúncios de classificados
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Injuntivo Receita culinária
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Bula de remédio
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Manual de instruções
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Regulamento
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Textos prescritivos
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Expositivo Seminários
cobrança efetiva (conclusão). Palestras
Conferências
Tipo textual narrativo Entrevistas
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Trabalhos acadêmicos
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Enciclopédia
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Verbetes de dicionários
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
Carta de opinião
Características principais: Resenha
• O tempo verbal predominante é o passado. Artigo
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Ensaio
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Monografia, dissertação de
onisciente). mestrado e tese de doutorado
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
Narrativo Romance
prosa, não em verso.
Novela
Exemplo:
Crônica
Solidão
Contos de Fada
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
Fábula
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
Lendas
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se.
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
Nelson S. Oliveira ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
nitos e mudam de acordo com a demanda social.
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
INTERTEXTUALIDADE
A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
ambos: forma e conteúdo.

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Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- que C é igual a A.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Outro exemplo:
“citação” (citare) significa convocar. Todo ruminante é um mamífero.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
zado numa dada cultura.

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Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Argumento de Autoridade elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
dadeira. Exemplo: tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para indevidas.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- que é mais grosseiro, etc.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
acreditar que é verdade. tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
carentes de qualquer base científica. tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Argumento de Existência deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar texto tem sempre uma orientação argumentativa.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
do que dois voando”. ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- outras, etc. Veja:
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vam abraços afetuosos.”
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
injustiça, corrupção). essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são ver as seguintes habilidades:
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
o argumento. ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- mente contrária;
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite ria contra a argumentação proposta;
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ta.
outros à sua dependência política e econômica”.
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
o assunto, etc). Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se da verdade:
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - evidência;
comportamento. - divisão ou análise;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - ordem ou dedução;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - enumeração.
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
mica e até o choro. A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- caracteriza a universalidade.
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-

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Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- sabiá, torradeira.
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
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Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
ma espécie. Exemplo: argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
Elemento especie diferença nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
a ser definido específica apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- virtude de, em vista de, por motivo de.
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
ou instalação”; assim, desse ponto de vista.
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
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Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
que, melhor que, pior que. to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade é que gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- elaboração de um Plano de Redação.
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
caráter confirmatório que comprobatório. tecnológica
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse ta, justificar, criando um argumento básico;
caso, incluem-se - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
mortal, aspira à imortalidade); que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- (rever tipos de argumentação);
dos e axiomas); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se quência);
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
parece absurdo). argumento básico;
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
cretos, estatísticos ou documentais. argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se mento básico;
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi- menos a seguinte:
niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-
da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que Introdução
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - função social da ciência e da tecnologia;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - definições de ciência e tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
gumentação: Desenvolvimento
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- vimento tecnológico;
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses condições de vida no mundo atual;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
dadeira; mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- desenvolvidos;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
dade da afirmação; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- sado; apontar semelhanças e diferenças;
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
ridade que contrariam a afirmação apresentada; banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade.

Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
quências maléficas;

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
apresentados. ORTOGRAFIA OFICIAL

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-


ção: é um dos possíveis. ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de troduzidas as letras k, w e y.
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- PQRSTUVWXYZ
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. gui, que, qui.

Coerência Regras de acentuação


É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na sílaba)
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se Como era Como fica
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- alcatéia alcateia
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
apóia apoia
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
elementos formativos de um texto. apóio apoio
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
elementos textuais. continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
imediato a coerência de um discurso.
Como era Como fica
A coerência:
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; baiúca baiuca
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- bocaiúva bocaiuva
tual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
o aspecto global do texto; posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Coesão – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, e ôo(s).
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, Como era Como fica
tem-se a coesão lexical. abençôo abençoo
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos crêem creem
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto. – Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- Atenção:
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados • Permanece o acento diferencial em pôr/por.
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
A coesão: dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes palavras forma/fôrma.
componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. Uso de hífen
Regra básica:
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem.

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Outros casos – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
1. Prefixo terminado em vogal: (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
semicírculo. • São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
mo, antissocial, ultrassom. • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
das. fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
2. Prefixo terminado em consoante: E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- dói, coronéis...)
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
persônico. (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
Observações: nar e fixar as regras.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. CLASSES DE PALAVRAS
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, CLASSES DE PALAVRAS
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
rar, cooperação, cooptar, coocupante. Substantivo
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
mirante. nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista. Classificação dos substantivos
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
sua estrutura. macaco/João/sabão
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
vamos passar para mais um ponto importante. são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
ACENTUAÇÃO GRÁFICA são os que dão origem a mundo/
outras palavras, ou seja, ela é população
a primeira. /formiga
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. são formados por outros populacional/formigueiro
Vejamos um por um: radicais da língua.
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre designa determinado ser /Brasil
aberto. entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
Já cursei a Faculdade de História. espécie. São sempre iniciados Liberdade
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre por letra maiúscula.
fechado.
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
uma mesma espécie.
caso afundo mais à frente).
Sou leal à mulher da minha vida. SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
As palavras podem ser: própria. Esses seres podem /lobisomem
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
-já, ra-paz, u-ru-bu...) reais ou imaginários.
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)

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SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/


nomeiam ações, estados, bondade/
qualidades e sentimentos que confiança/
não tem existência própria, ou lembrança/
seja, só existem em função de amor/
um ser. alegria
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
mesmo quando empregado
no singular e constituem um
substantivo comum.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!

Flexão dos Substantivos


• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou uni-
formes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o pre-
sidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira ma-
cho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a tes-
temunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.

• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).


– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 

Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão compos-
ta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe
de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
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– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

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• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição.  Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).
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• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome de-
monstrativo.
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)

• Devemos usar crase:


– Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã
Mediante à situação.
O Governo visa à resolução do problema.

– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”


Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substantivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Mas...
há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.

– Expressões fixas
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de crase:
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às pres-
sas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escondidas, à
medida que, à proporção que.

• NUNCA devemos usar crase:


– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé.

– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou plural) usado em sentido generalizador:


Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a homem.

– Antes de artigo indefinido “uma”

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Iremos a uma reunião muito importante no domingo.

– Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.


A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.

– Antes de verbos no infinitivo


A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
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A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
lanchamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. SEMPRE serão quinta, terão aula de reforço.
Orações Subordinadas acompanhadas por vírgula.
Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo dito anteriormente. terão aula de reforço.
NUNCA serão acompanhadas por vírgula.

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Causais
Estou vestida assim porque vou sair.
Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas
Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de consequência
Comparativas
A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Orações Subordinadas Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Adverbiais Assumem a função de advérbio de conformidade previsto.
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de concessão tarde.
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de finalidade tenham acesso aos benefícios.
Proporcionais
Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem
Assumem a função de advérbio de tempo de suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

PONTUAÇÃO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organi-
zar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da
sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais
gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ...
]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo
[ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Estaremos presentes na festa.

Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?

Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex: Que bela festa!

Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve
espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.

Dois-pontos ( : )
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.

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Ponto e vírgula ( ; ) Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, é necessária:
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- Ontem, Maria foi à padaria.
ração (frequente em leis), etc. Maria, ontem, foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- À padaria, Maria foi ontem.
bém uma linda decoração e bebidas caras.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Travessão ( — ) sário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- ção.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- serem observadas na redação oficial.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa aposto.
um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico Aquele aluno era esforçado, esforçado.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- efeito, digo.
rem uma nova inserção. O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- ou seja, de fácil compreensão.
vernador)
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
Aspas ( “ ” ) tos).
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain- • Separa orações coordenadas assindéticas.
da, para marcar o discurso direto e a citação breve. Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. ideias na cabeça...

Vírgula • Isola o nome do lugar nas datas.


São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden- Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
vírgula: forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
mos” o momento certo de fazer uso dela. mações comprovam, etc.
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o nizar o problema.
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or- Concordância Nominal
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj). concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
Maria foi à padaria ontem. referem.
Sujeito Verbo Objeto Adjunto Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa.
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
re por alguns motivos: Casos Especiais de Concordância Nominal
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. • Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do alerta.
verbo e o adjunto. • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
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• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Conforme a, com
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Dúvida acerca de, de, em, sobre
Empenho de, em, por
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Fácil a, de, para,
do advérbios: Junto a, de
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
Pendente de
meia dúzia de ovos.
Preferível a
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Próximo a, de
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Respeito a, com, de, para com, por
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Situado a, em, entre
substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados. Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a
Concordância Verbal
Aspirar (desejar, pretender) a
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Assistir (dar assistência) Não usa preposição
mes. Deparar (encontrar) com
Concordância ideológica ou silepse Implicar (consequência) Não usa preposição
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Lembrar Não usa preposição
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Pagar (pagar a alguém) a
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Precisar (necessitar) de
Blumenau estava repleta de turistas. Proceder (realizar) a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- Responder a
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- Visar ( ter como objetivo a
texto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
sos. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
líticos.
Significação de palavras
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
• Regência Nominal  significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- que compõem este estudo.
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- Antônimo e Sinônimo
mento é estabelecida por uma preposição. Começaremos por esses dois, que já são famosos.

• Regência Verbal O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
Isto pertence a todos. homem que é antônimo de mulher.

Regência de algumas palavras Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e
que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é mui-
to importante para produções textuais, porque evita que você fi-
Esta palavra combina com Esta preposição que repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos
Acessível a exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/conten-
tamento e homem é sinônimo de macho/varão.
Apto a, para
Atencioso com, para com
Coerente com
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Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

QUESTÕES

1. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um (a):
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças americanas, entre na fila.”
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e subordinadas.
(B) Período, composto por três orações.
(C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) Período, pois é composto por frases e orações.

2. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dormiu.
Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda oração.
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(B) Oração coordenada sindética aditiva.
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(C) Oração coordenada sindética adversativa. 8. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011)
(D) Oração coordenada sindética explicativa. Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta.
(E) Oração coordenada sindética alternativa. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
3. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia a (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer 35% deles fosse despejado em aterros.
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
orações. (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- de lixo.
sativa.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva. 9. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi- Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
tiva. de concordância no texto abaixo.
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
tiva. um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
bial consecutiva. ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
4. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Anali- receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
se sintaticamente a oração em destaque: Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
sados” (Machado de Assis). salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
(B) oração subordinada adverbial causal. social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(D) oração coordenada sindética conclusiva. (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(E) oração coordenada sindética explicativa. plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
5. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- em “Elevaram-se”.
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de regras de concordância com “economia”.
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. singular em “fez aumentar”.
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(A) subordinada substantiva predicativa; com “relevantes”.
(B) subordinada adjetiva restritiva;
(C) subordinada substantiva subjetiva; 10. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
(D) subordinada substantiva objetiva direta; ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
(E) subordinada adjetiva explicativa. padrão na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
6. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
mas nunca à custa de nossos filhos...”
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- 11. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
dética adversativa; DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex- pontuação em:
plicativa; (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
bial concessiva; (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada teiramente pela porta?
sindética adversativa; (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con- tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
cessiva. (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
7. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perí- irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
odo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
história.”, a oração sublinhada é classificada como: cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(A) coordenada assindética;
(B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(D) subordinada substantiva apositiva.
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12. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira- 17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
mente correta a pontuação do seguinte período: oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque- nhados classificam-se, respectivamente, em
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
sem importância, ditam o rumo de toda a história. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis 18. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
providências, que, tomadas por figurantes aparentemente, nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
sem importância, ditam o rumo de toda a história. acima, na ordem dada, as expressões:
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis (A) a que – de que;
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas (B) de que – com que;
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem (C) a cujas – de cujos;
importância, ditam o rumo de toda a história. (D) à que – em que;
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, (E) em que – aos quais.
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente, 19. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
sem importância, ditam o rumo de toda a história. Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
13. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
– 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen- cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase. maior taxa registrada na última década.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos. (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta. serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
(C) Pretendo viajar a Paraíba. conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
(D) Ele gosta de bife à cavalo. (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
14. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
“Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata- pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se novas fontes de petróleo.
a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
marcada com o acento, EXCETO em: da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema. menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
eleitorado pelo resultado final. com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema. da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú- um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
vel. que o do Brasil.
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
tema. 20. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do formada por derivação:
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: (A) parassintética;
(A) pronome; (B) prefixal;
(B) adjetivo; (C) sufixal;
(C) advérbio; (D) imprópria;
(D) substantivo; (E) regressiva.
(E) preposição.
21. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter-
16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(A) Pronome demonstrativo. (B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(B) Pronome relativo. (C) “sérios”, “potência”, “após”.
(C) Pronome possessivo. (D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(D) Pronome pessoal. (E) “solidária”, “área”, “após”.
(E) Pronome indefinido.

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22. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- 26. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse se fundamenta em intertextualidade é:
objetivo é a seguinte: (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
(A) pôr. há muito tempo.”
(B) ilhéu. (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
(C) sábio. mete onde não é chamada.”
(D) também. (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente
(E) lâmpada. mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
23. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a tudo bem.”
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco pa- (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
lavras:
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- Leia o texto abaixo para responder a questão.
-vermelho. A lama que ainda suja o Brasil
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
fra-assinado.
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
trarregra. ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
-mencionado. Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
24. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
empregadas e grafadas. ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
qualquer excesso e violência. coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem se tornou uma bomba relógio na região.”
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
isso, num modo de intervenção específico. de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
ta que ambos possam suscitar. gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
corpo dos supliciados. tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um regulatório da mineração, por sua vez, também concede priorida-
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- de à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos ju-
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua diciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
organização em delinqüência. Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
25. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- 27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
mentos pessoais por meio de sua música. I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das fato.
composições do músico na cultura ocidental. II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo- gênero textual editorial.
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona- III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
gens. que se trata de uma reportagem.
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. se trata de um editorial.

Analise as assertivas e responda:


(A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
(C) Somente a III é correta
(D) A III e IV são corretas.
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
ainda suja o Brasil”: agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
no desenvolvimento do assunto. ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
blemas no uso de conjunções e preposições. c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
de palavras e da ordem sintática. que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
temática e bom uso dos recursos coesivos. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
Analise as assertivas e responda: bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
(A) Somente a I é correta. alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(B) Somente a II é incorreta. perguntou-lhe:
(C) Somente a III é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(D) Somente a IV é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
Leia o texto abaixo para responder as questões. a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
UM APÓLOGO Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
Machado de Assis. beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? fico.
— Deixe-me, senhora. Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me muita linha ordinária!
der na cabeça. 29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
outros. elementos dos textos:
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando e mando...” (L.14-15)
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
isto uma cor poética. E dizia a agulha: eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? abaixo e acima.” (L.25-26)
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
e acima… costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
Onde me espetam, fico.” (L.40-41)

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LÍNGUA PORTUGUESA
30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros 14 D
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que 15 A
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi- 16 E
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
17 B
(A) dimensão e pejoratividade;
(B) afetividade e intensidade; 18 A
(C) afetividade e dimensão; 19 D
(D) intensidade e dimensão;
(E) pejoratividade e afetividade. 20 D
21 A
31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co- 22 A
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi- 23 D
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. 24 B
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa 25 C
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 26 E
Agulha não tem cabeça.” (L.06) 27 C
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
28 D
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- 29 E
nária!” (L.43) 30 D
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”
(L.25) 31 D
32 D
32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente ANOTAÇÕES
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
sente no texto: ______________________________________________________
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; ______________________________________________________
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
______________________________________________________
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, ______________________________________________________
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- ______________________________________________________
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do
sujeito. ______________________________________________________
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
______________________________________________________
2 C
3 C ______________________________________________________
4 E ______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 D
7 B ______________________________________________________
8 E ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 B
11 E ______________________________________________________
12 A ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
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HISTÓRIA
LÍNGUA PORTUGUESA
DO BRASIL

célebre a frase do rei francês Francisco I, dizendo desconhecer o


DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1500). BRASIL COLÔNIA “testamento de Adão” que dividia o mundo entre os dois reinos
(1530–1815): CAPITANIAS HEREDITÁRIAS, ECONOMIA, ibéricos.
EXTRATIVISMO VEGETAL, EXTRATIVISMO MINERAL,
PECUÁRIA, ESCRAVIDÃO, ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- Capitanias Hereditárias
-ADMINISTRATIVA, EXPANSÃO TERRITORIAL Para preservar a segurança da rota oriental, os portugueses or-
ganizaram a colonização do Brasil. A solução adorada por D. João III,
em 1532, foi o sistema de capitanias hereditárias, que já havia sido
BRASIL COLÔNIA utilizado na colonização do arquipélago da Madeira.
Brasil: Primeiros Tempos O litoral foi dividido em capitanias, concedidas, em geral, a ca-
Entre 1500 e 1530, além de enviarem algumas expedições valeiros da pequena nobreza que se destacaram na expansão para
de reconhecimento do litoral (guarda-costas), os portugueses es- a África e para a Índia. Em suas respectivas capitanias, os donatários
ficavam incumbidos de representar o rei no que se referia à defesa
tabeleceram algumas feitorias no litoral do Brasil, onde adquiram
militar do território, ao governo dos colonos, à aplicação da justiça
pau-brasil dos indígenas em troca de mercadorias como espelhos,
e à arrecadação dos impostos, recebendo, em contrapartida, privi-
facas, tesouras e agulhas1.
légios particulares.
Tratava-se, portanto, de uma troca muito simples: o escambo,
Os direitos e deveres dos donatários eram fixados na carta de
isto é, troca direta de mercadorias, envolvendo portugueses e indí-
doação, complementada pelos forais. Em recompensa por arcar
genas. Os indígenas davam muito valor às mercadorias oferecidas
com os custos da colonização, os donatários recebiam vasta exten-
pelos portugueses, a exemplo de tesouras ou facas, que eram rapi-
são de terras para sua própria exploração, incluindo o direito de
damente aproveitadas em seus trabalhos. transmitir os benefícios e o cargo a seus herdeiros.
Mas, em termos de valor de mercado, o escambo era mais van- Além disso, eram autorizados a receber parte dos impostos de-
tajoso para os portugueses, pois ofereciam mercadorias baratas, vidos ao rei, em especial 10% de todas as rendas arrecadadas na
enquanto o pau-brasil alcançava excelente preço na Europa. Além capitania e 5% dos lucros derivados da exploração do pau-brasil.
disso, os indígenas faziam todo o trabalho de abater as árvores, ar- Outra atribuição dos capitães era a distribuição de terras aos
rumar os troncos e carregá-los até as feitorias. Não por acaso, os colonos que as pudessem cultivar, o que se fez por meio da conces-
portugueses incluíam machados de ferro entre as ofertas, pois faci- são de sesmarias, cujos beneficiários ficavam obrigados a cultivar a
litavam imensamente a derrubada das árvores. terra em certo período ou a arrendá-la. No caso das terras conce-
A exploração do pau-brasil, madeira valiosa para o fabrico de didas permanecerem incultas, a lei estabelecia que estas deveriam
tintura vermelha para tecidos, foi reservada corno monopólio ex- ser confiscadas e retornar ao domínio da Coroa. Mas não foi raro,
clusivo do rei, sendo, portanto, um produto sob regime de estanco. no Brasil, burlar-se essa exigência da lei, de modo que muitos co-
Mas o rei arrendava esse privilégio a particulares, como o comer- lonos se assenhoravam de vastas terras, mas só exploravam parte
ciante Fernando de Noronha, primeiro contratante desse negócio, delas.
em 1501. O regime de capitanias hereditárias inaugurou no Brasil um sis-
tema de tremenda confusão entre os interesses públicos e particu-
Capitanias Hereditárias e o Governo Geral lares, o que, aliás, era típico da monarquia portuguesa e de muitas
No início do século XVI, cerca de 65% da renda do Estado por- outras desse período.
tuguês provinha do comércio ultramarino. O monarca português D. João III estabeleceu o sistema de capitanias hereditárias com
transformou-se em um autêntico empresário, agraciando nobres e o objetivo específico de povoar e colonizar o Brasil. Com exceção de
mercadores com a concessão de monopólios de rotas comerciais e São Vicente e Pernambuco, as demais capitanias não prosperaram.
de terras na Ásia, na África e na América. Em 1548, o rei decidiu criar o Governo-geral, na Bahia, com vistas a
Apesar da rentabilidade do pau-brasil, nas primeiras décadas centralizar a administração colonial.
do século XVI a importância do litoral brasileiro para Portugal era
sobretudo estratégica. A frota da Índia, que concentrava os negó- Governo Geral
cios portugueses, contava com escalas no Brasil para reparos de na- Foi por meio das sesmarias que se iniciou a economia açuca-
vios de reabastecimento de alimentos e água. A presença crescente reira no Brasil, difundindo-se as lavouras de cana-de-açúcar e os
de navegadores franceses no litoral, também interessados no pau- engenhos. Embora tenha começado em São Vicente, ela logo se de-
-brasil, foi vista pela Coroa portuguesa como uma ameaça. senvolveu em Pernambuco, capitania mais próspera no século XVI.
Na prática, disputavam o território com os portugueses, igno- As demais fracassaram ou mal foram povoadas. Várias delas
rando o Tratado de Tordesilhas (1494), pois julgavam um abuso não resistiram ao cerco indígena, como a do Espírito Santo. Na
esse acordo, fosse ele reconhecido ou não pelo papa. Tornou-se Bahia, o donatário Francisco Pereira Coutinho foi devorado pelos
tupinambás. Em Porto Seguro, o capitão Pero do Campo Tourinho
1 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. acabou se indispondo com os colonos e enviado preso a Lisboa.
Saraiva.
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HISTÓRIA DO BRASIL
A Coroa portuguesa percebeu as deficiências desse sistema na Guanabara em novembro de ISSS e fundou o Forte Coligny para
ainda no século XVI e reincorporou diversas capitanias ao patrimô- repelir qualquer retaliação portuguesa. O fator para o êxito inicial
nio real, como capitanias da Coroa. Constatou também que mui- foi o apoio recebido dos tamoios, sobretudo porque os franceses
tos donatários não tinham recursos nem interesse para desbravar não escravizavam os indígenas nem lhes tomavam as terras.
o território, atrair colonos e vencer a resistência indígena. Assim,
a partir da segunda metade do século XVI, a Coroa preferiu criar Conflitos Internos
capitanias reais, como a do Rio de Janeiro. Algumas delas foram A colônia francesa era carente de recursos e logo se viu ator-
mantidas como particulares e hereditárias, como a de Pernambuco. mentada pelos conflitos religiosos herdados da metrópole. Os
Porém, a maior inovação foi a criação do Governo-geral, em colonos chegavam a se matar por discussões sobre o valor dos
1548, com o objetivo de centralizar o governo da colônia, coorde- sacramentos e do culto aos santos, gerando revoltas e punições
nando o esforço de defesa, fosse contra os indígenas rebeldes, fosse exemplares.
contra os navegadores e piratas estrangeiros, sobretudo franceses, Do lado português, Mem de Sá, terceiro governador-geral des-
que acossavam vários pontos do litoral. A capitania escolhida para de 1557, foi incumbido de expulsar os franceses da baía da Guana-
bara, região considerada estratégica para o controle do Atlântico
sediar o governo foi a Bahia, transformada em capitania real.
Sul. Em 1560, as tropas de Mem de Sá tomaram o Forte Coligny,
Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil, chegou à Bahia
mas a resistência francesa foi intensa, apoiada pela coalizão indíge-
em 1549 e montou o aparelho de governo com funcionários previs-
na chamada Confederação dos Tamoios.
tos no Regimento do Governo-geral: o capitão-mor, encarregado As guerras pelo território prosseguiram até que Estácio de Sá,
da defesa militar, o ouvidor-mor, encarregado da justiça; o prove- sobrinho do governador, passou a comandar a guerra de conquista
dor-mor, encarregado das finanças; e o alcaide-mor, incumbido da contra a aliança franco-tamoia. Aliou-se aos temiminós, liderados
administração de Salvador, capital do então chamado Estado do por Arariboia, inimigos mortais dos tamoios. A guerra luso-francesa
Brasil. na Guanabara foi também uma guerra entre temiminós e tamoios,
No mesmo ano, chegaram os primeiros jesuítas, iniciando-se razão pela qual cada grupo escolheu alianças com os oponentes eu-
o processo de evangelização dos indígenas, sendo criado, ainda, o ropeus.
primeiro bispado da colônia, na Bahia, com a nomeação do bispo D. Em 12 de março de 1565, em meio a constantes combates, foi
Pero Fernandes Sardinha. fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Seu governo
A implantação do Governo-geral, a criação do bispado baiano e foi confiado a Estácio de Sá, morto por uma flecha envenenada em
a chegada dos missionários jesuítas foram, assim, processos articu- 20 de janeiro de 1567, mesmo ano em que os portugueses expulsa-
lados e simultâneos. Por outro lado, a Bahia passou a ser importan- ram os franceses do Rio de Janeiro. Os tamoios, por sua vez, foram
te foco de povoamento, tornando-se, ao lado de Pernambuco, uma massacrados pelos temiminós, cujo chefe, Arariboia, foi presentea-
das principais áreas açucareiras da América portuguesa. do com terras e títulos por seus serviços ao rei de Portugal.

Disputas Coloniais França Equinocial


Nos primeiros trinta anos do século XVI, os grupos indígenas do Derrotados na Guanabara, os franceses tentaram ocupar outra
litoral não sofreram grande impacto com a presença dos europeus parte do Brasil, no início do século XVII. Desta vez o alvo foi a capita-
no litoral, limitados a buscar o pau-brasil. E certo que franceses e nia do Maranhão. Confiou-se a tarefa a Daniel de Ia Touche, senhor
portugueses introduziram elementos até então estranhos à cultura de La Ravardiére, que foi acompanhado de dois frades capuchinhos
dos tupis, como machados e facas, entre outros. Mas isso não alte- que se tornaram famosos: Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, auto-
rou substancialmente as identidades culturais nativas. res de crónicas importantes sobre o Maranhão.
A partir dos anos 1530, franceses e portugueses passaram a Em 1612, os franceses fundaram a França Equinocial e nela
disputar o território e tudo mudou. A implantação do Governo-ge- construíram o Forte de São Luís. Mas também ali houve disputas
internas e falta de recursos para manter a conquista. Os portugue-
ral português na Bahia, em 1549, não inibiu tais iniciativas. Mas foi
ses tiraram proveito dessa situação, liderados por Jerônimo de Al-
na segunda metade do século XVI que ocorreu a mais importan-
buquerque. À frente de milhares de soldados, incluindo indígenas,
te iniciativa de ocupação francesa, do que resultou a fundação da
ele moveu campanha contra os franceses em 1613 e finalmente os
França Antártica, na baía da Guanabara. derrotou em 1615, tomando o Forte de São Luís.
França Antártica Os Jesuítas
Por volta de I1550, o cavaleiro francês Nicolau Durand de Ville- A catequese dos indígenas foi um dos objetivos da coloniza-
gagnon concebeu o plano de estabelecer uma colônia francesa na ção portuguesa, embora menos importante do que os interesses
baía da Guanabara, com o objetivo de criar ali um refúgio para os comerciais. No entanto, a crescente resistência indígena ao avanço
huguenotes (como eram chamados os protestantes), além de dar dos portugueses e a aliança que muitos grupos estabeleceram com
uma base estável para o comércio de pau-brasil. O lugar ainda não os franceses fizeram a Coroa perceber que, sem a “pacificação” dos
tinha sido povoado pelos portugueses. nativos, o projeto colonizador estaria ameaçado.
Vlllegagnon recebeu o apoio do huguenote Gaspard de Coligny, Assim, em 1549, desembarcaram os primeiros jesuítas, lidera-
almirante que gozava de forte prestígio na corte francesa. A ideia dos por Manoel da Nóbrega, incumbidos de transformar os “gen-
de conquistar um pedaço do Brasil animou também o cardeal de tios” em cristãos. A Companhia de Jesus era a ordem religiosa com
Lorena, um dos maiores defensores da Contrarreforma na França e maior vocação para essa tarefa, pois seu grande objetivo era expan-
conselheiro do rei Henrique II. dir o catolicismo nas mais remotas partes do mundo. Desde o início,
O projeto de colonização francesa nasceu, portanto, marca- os jesuítas perceberam que a tarefa seria dificílima, pois os padres
do por sérias contradições de uma França dilacerada por conflitos tinham de lidar com povos desconhecidos e culturas diversas.
políticos e religiosos. Uns desejavam associar a futura colônia ao A solução foi adaptar o catolicismo às tradições nativas, come-
calvinismo, enquanto outros eram católicos convictos. Henrique II, çando pelo aprendizado das línguas, procedimento que os jesuítas
da França, apoiou a iniciativa e financiou duas naus armadas com também utilizaram na China, na Índia e no Japão. Com esse apren-
recursos para o estabelecimento dos colonos. Villegagnon aportou dizado, os padres chegaram a elaborar uma gramática que prepara-
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
va os missionários para a tarefa de evangelização. José de Anchieta tiva, chamada de “língua geral” , conheciam os segredos das matas,
compôs, por volta de 1555, uma gramática da língua tupi, que era a sabiam como enfrentar os animais ferozes e, por isso, eram contra-
língua mais falada pelos indígenas do litoral. Por essa razão, o tupi tados para “caçar indígenas”.
acabou designado como “língua geral “. Muitas vezes negociavam com os chefes das aldeias a troca de
prisioneiros por armas, cavalos e pólvora. Outras vezes capturavam
As Missões escravos nas aldeias ou nos próprios aldeamentos dirigidos pelos
Havia a necessidade de definir onde e como realizar a cateque- missionários. Esses mamelucos integravam as expedições chama-
se. De início, os padres iam às aldeias, onde se expunham a enor- das de bandeiras. Alguns historiadores diferenciam as bandeiras,
mes perigos. Nessa tentativa, alguns até morreram devorados pelos expedições de iniciativas particulares, das entradas, patrocinadas
indígenas. pela Coroa ou pelos governadores.
Em Outros casos, eles tinham de enfrentar os pajés, aos quais Entretanto, os dois tipos de expedição se confundiam, seja nos
chamavam feiticeiros, guardiões das crenças nativas. Para contor- objetivos, seja na composição de seus membros, embora o termo
nar tais dificuldades, os jesuítas elaboraram um “plano de aldea- entrada fosse mais utilizado nos casos de repressão de rebeliões e
mento”, em 1558, cujo primeiro passo era trazer os nativos de suas de exploração territorial. Desde o século XVI, o objetivo principal
malocas para os aldeamentos da Companhia de Jesus dirigidos pe- das entradas e bandeiras era procurar riquezas no interior, chama-
los padres. Os jesuítas entendiam que, para os indígenas deixarem do na época de sertões, e escravizar indígenas.
de ser gentios e se transformarem em cristãos, era preciso deslo- Os participantes dessas expedições eram, em geral, chamados
cá-los no espaço: levá-los da aldeia tradicional para o aldeamento de bandeirantes. Ao longo do século XVII, as expedições bandei-
colonial. rantes alargaram os domínios portugueses na América, que ultra-
Foi esse o procedimento que deu maiores resultados. Esta foi passaram a linha divisória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas.
urna alteração radical no método da catequese, com grande impac- No final do século XVII, os bandeirantes acabaram encontrando o
to na cultura indígena. Os aldeamentos foram concebidos pelos je- tão cobiçado ouro na região depois conhecida como Minas Gerais.
suítas para substituir as aldeias tradicionais. Os padres realizaram o
grande esforço de traduzir a doutrina cristã para a cultura indígena, União Ibérica e Brasil Holandês
estabelecendo correspondências entre o catolicismo e as tradições
Em 1578, o jovem rei português D. Sebastião partiu à frente de
nativas.
numeroso exército para enfrentar o xarife do Marrocos na famosa
Foi assim, por exemplo, que o deus cristão passou a ser cha-
Batalha de Alcácer-Quibir. Perdeu a batalha e a vida. Como era sol-
mado de Tupã (trovão, divinizado pelos indígenas). A doutrinação
teiro e não tinha filhos, a Coroa passou para seu tio-avô, o cardeal
colheu melhores resultados com as crianças, já que ainda não co-
D. Henrique, que morreu dois anos depois.
nheciam bem as tradições tupis. A encenação de peças teatrais para
Felipe II, rei da Espanha, cuja mãe era tia-avó de D. Sebastião,
a exaltação da religião cristã - os autos jesuíticos - foi importante
reivindicou a Coroa e mandou invadir Portugal, sendo aclamado rei
instrumento pedagógico. Os autos mobilizavam as crianças como
atores ou membros do coro. com o título de Felipe I. Portugal foi unido à Espanha sob o governo
Mas os indígenas resistiram muito à mudança de hábitos. Os da dinastia dos Habsburgos, iniciando-se a União Ibérica, que dura-
colonos, por sua vez, queriam-nos como escravos para trabalhar ria 60 anos (1580-1640).
nas lavouras. Os jesuítas lutaram, desde cedo, contra a escravização Durante esse período de dominação filipina, ocorreram modifi-
dos indígenas pelos colonos portugueses, alegando que o funda- cações importantes na colônia. Em 1609, foi criado o Tribunal da Re-
mental era doutriná-los, e assim conseguiram do rei várias leis proi- lação da Bahia, o primeiro tribunal de justiça no Brasil. No mesmo
bindo o cativeiro indígena. ano, uma lei reafirmou a proibição do cativeiro indígena. Em 1621,
houve a divisão do território em dois Estados: o Estado do Brasil e o
Sociedade Colonial X Jesuítas Estado do Maranhão, este último mais tarde chamado de Estado do
No século XVI, os jesuítas perderam a luta contra os interesses Grão-Pará e Maranhão, subordinado diretamente a Lisboa.
escravistas. No século XVII, porém, organizaram melhor as missões, Outra inovação foram as visitações da Inquisição, realizadas
sobretudo no Maranhão e no Pará, e afastaram os aldeamentos dos para averiguar a fé dos colonos, sobretudo a dos cristãos-novos,
núcleos coloniais para dificultar a ação dos apresadores. descendentes de judeus e suspeitos de conservar as antigas cren-
Defenderam com mais vigor a “liberdade dos indígenas”, no ças em segredo.
que se destacou António Vieira, principal jesuíta português atuante Nesse período, da União Ibérica, as fronteiras estabelecidas
no Brasil e autor de inúmeros sermões contra a cobiça dos senhores pelo Tratado de Tordesilhas foram atenuadas, uma vez que Portugal
coloniais. Embora condenassem a escravização indígena, os jesuítas passou a pertencer à Espanha. Por meio dos avanços dos bandei-
sempre defenderam a escravidão africana, desde que os senhores rantes, os limites do Brasil se expandiram para oeste, norte e sul.
tratassem os negros com brandura e cuidassem de prover sua Ins- Mas com essa união Portugal acabou herdando vários inimigos dos
trução no cristianismo. espanhóis, dentre eles os holandeses. E não tardou muito para que
Assim os jesuítas conseguiram conciliar os objetivos missioná- a atenção deles se voltasse para as prósperas capitanias açucareiras
rios com os interesses mercantis da colonização. Expandiram seus do Brasil.
aldeamentos por todo o Brasil, desde o sul até a região amazônica.
Na segunda metade do século XVIII, a Companhia de Jesus era uma Um Governo Holandês
das mais poderosas e ricas instituições da América portuguesa. A investida dos holandeses contra o Brasil era previsível. Ams-
terdã tinha se tornado o centro comercial e financeiro da Europa
A Ação dos Bandeirantes e se preparava para atingir o Atlântico e o Indico. Antes da União
Na América portuguesa, desde o século XVI os colonos foram Ibérica, os portugueses haviam se associado aos holandeses no co-
os maiores adversários dos jesuítas. Preferiam, sempre que pos- mércio do açúcar. O Brasil produzia o açúcar, Portugal o comprava
sível, obter escravos indígenas, mais baratos do que os africanos. em regime de monopólio, vendendo-o à Holanda, que o revendia
No entanto, eram os chamados mamelucos, geralmente filhos de na Europa.
portugueses com índias, os oponentes mais diretos dos nativos. Os
mamelucos eram homens que dominavam muito bem a língua na-
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A Espanha, inimiga da Holanda, jamais permitiria a continuida- tual sobre o valor das transações. O fato de os judeus do Recife fa-
de desse negócio. Em 1602, os holandeses fundaram a Companhia larem português e holandês foi decisivo para que alcançassem esse
das Índias Orientais, que conquistaria diversos territórios hispano- importante papel na economia regional.
-portugueses no oceano Índico. Em 1621, fundaram a Companhia
das Índias Ocidentais para atuar no Atlântico, cuja missão principal Restauração Pernambucana
era conquistar o Brasil. Em 1624, os holandeses atacaram a Bahia, Em 1640, durante a ocupação de Pernambuco pelos holande-
sede do governo do Brasil. Conquistaram Salvador, mas não conse- ses, Portugal conseguiu se livrar do domínio espanhol com a ascen-
guiram derrotar a resistência baiana, sendo expulsos da cidade no são ao trono de D. João IV, da dinastia de Bragança. O rei tentou ne-
ano seguinte. gociar com os holandeses a devolução dos territórios conquistados
Em 1630, foi a vez de Pernambuco, a capitania mais rica na pro- no tempo em que Portugal estava submetido aos espanhóis, mas os
dução de açúcar. Os holandeses conquistaram Olinda e Recife sem holandeses não cederam.
dificuldade, obrigando o governador a retirar sua milícia. Tomaram Em 1644, após Nassau voltar à Holanda, os colonos do Brasil
Itamaracá, em 1632, o Rio Grande do Norte, em 1633, e a Paraíba, resolveram enfrentar os holandeses. Motivo: os preços do açúcar
no final de 1634. Mais tarde, eles ainda tomariam o Ceará e parte vinham declinando desde 1643, e os senhores de engenho e os la-
do Maranhão, estabelecendo o controle sobre a maior parte do li- vradores de cana estavam cada vez mais endividados com a Com-
toral nordestino. Na medida em que avançavam, muitos luso-brasi- panhia das Índias Ocidentais. Em 13 de junho de 1645, iniciou-se a
leiros desertavam ou passavam para o lado holandês. chamada Insurreição Pernambucana.
O mais célebre deles foi Domingos Fernandes Calabar, que João Fernandes Vieira era o líder dos rebeldes e um dos maio-
atuou como guia dos holandeses, em 1632, pois conhecia bem os res devedores dos holandeses. André Vidal de Negreiros era o se-
caminhos de Pernambuco. Caiu prisioneiro dos portugueses, em gundo no comando dos rebeldes. Os indígenas potiguares, lidera-
1635, e foi condenado à morte - estrangulado e depois esquarte- dos por Felipe Camarão, e a milícia de negros forros, liderada por
jado, como exemplo de traidor. Muitos outros, porém, fizeram o Henrique Dias, uniram esforços contra os holandeses. Essa aliança
mesmo e saíram ilesos. produziu o mito de que a guerra contra o invasor holandês “uniu
As primeiras ações da Holanda foram violentas, incluindo sa- as três raças formadoras da nação brasileira”, sobretudo entre os
que de igrejas e destruição das imagens de santos. Afinal, os holan-
historiadores do século XIX.
deses eram calvinistas e repudiavam o catolicismo.
No entanto, houve indígenas lutando nos dois lados. Entre os
Em 1635, com a conquista consolidada, os holandeses perce-
potiguares, por exemplo, Pedro Poti - primo de Filipe Carnarão - lu-
beram que, sem o apoio da população local, a dominação seria invi-
tou do lado holandês. Entre os africanos, nunca houve tantas fugas
ável. Assim, a primeira medida foi a de estabelecer a tolerância reli-
em Pernambuco corno nesse período, o que encorpou a popula-
giosa, admitindo-se os cultos católicos e a permanência dos padres,
ção dos quilombos de Palmares. Nessa ocasião, partindo do Rio
com a exceção dos jesuítas, que foram expulsos.
de Janeiro, Salvador Correia de Sá reconquistou Angola, em 1648,
A segunda medida foi oferecer empréstimos aos senhores lo-
cais ou leiloar os engenhos cujos donos tinham fugido. Em 1637, rompendo o controle holandês sobre o tráfico africano. A economia
com a chegada do conde João Maurício de Nassau, nomeado pela pernambucana sob domínio da Holanda viu-se em crescente dificul-
Companhia das Índias Ocidentais, inaugurou-se uma nova fase na dade para obter escravos.
história da dominação holandesa. Ele chegou ao Recife e determi- Em 1649, os rebeldes pernambucanos alcançaram vitória deci-
nou a realização de inúmeras obras, como a construção da Cidade siva na segunda Batalha dos Guararapes. Em 1654, tornaram o Re-
Maurícia, na outra banda do rio Capibaribe, onde foi erguido um cife e expulsaram de vez os holandeses do Brasil. Em 1661, Portugal
palácio e criado um jardim botânico. e Países Baixos assinaram um tratado de paz, em Haia, pelo qual os
Patrocinou a vinda de artistas holandeses, que retrataram a portugueses se comprometeram a pagar uma pesada indenização
paisagem e a vida colonial como nunca até então se havia feito no aos holandeses em dinheiro, açúcar, tabaco e sal.
Brasil. Mas o governo de Nassau não deixou de ampliar as conquis-
tas territoriais da Companhia das Índias. Logo em 1637 ordenou a A Guerra de Palmares
captura da feitoria africana de São Jorge da Mina, no golfo de Benin, Durante o domínio holandês em Pernambuco, começaram a se
e anexou o Sergipe. formar os quilombos de Palmares, núcleo da maior revolta de escra-
Em 1638, lançou-se à conquista da Bahia, que resistiu nova- vos da história do Brasil. Palavra de origem banto - tronco linguístico
mente com bravura e não caiu. Em 1641, tomou o Maranhão e, no do idioma falado em Angola - kilombo significa acampamento ou
mesmo ano, invadiu a cidade de Luanda, em Angola. Os holandeses fortaleza.
passaram, então, a controlar o tráfico atlântico de escravos. Foi o termo que os portugueses utilizaram para designar as
comunidades de africanos fugidos da escravidão. O incremento do
Tolerância Religiosa tráfico africano para a região, a partir da conquista holandesa de
Foi no chamado período nassoviano que os judeus portugue- Angola, em 1641, foi o principal fator para o aumento das fugas e
ses residentes em Amsterdã (ali estabelecidos para escapar às per- o crescimento quilombos. Localizado na serra da Barriga, no estado
seguições da Inquisição) foram autorizados a imigrar para Pernam- de Alagoas (na época pertencia a Pernambuco), Palmares cresceu
buco. Um grupo estimado em, no mínimo, 1500 judeus fixou-se em muito na segunda metade do século XVII. Estima-se que chegou a
Pernambuco e na Paraíba entre 1637 e 1644. possuir dez fortes ou mocambos, com cerca de 20 mil quilombolas.
Fundaram uma sinagoga no Recife a primeira Sinagoga das Eles viviam da caça, coleta e agricultura de milho e feijão, realizada
Américas - e fizeram campanha junto aos cristãos-novos da Colônia em roçados familiares utilizando um sistema de trabalho coopera-
para que abandonassem o catolicismo, regressando à religião de tivo.
seus antepassados. Muitos atenderam a esse apelo; outros preferi- Os excedentes agrícolas eram vendidos nas vilas próximas. Fre-
ram permanecer cristãos. quentemente atacavam os engenhos e roubavam escravos, em es-
Os judeus portugueses foram muito importantes para a domi- pecial mulheres. Por vezes, assaltavam aldeias indígenas em busca
nação holandesa no nordeste açucareiro, sobretudo na distribuição de mulheres e alimentos. Alguns historiadores viram em Palmares
de mercadorias importadas e de escravos. Também se destacaram um autêntico Estado africano recriado no Brasil para combater a
como corretores, intermediando negócios em troca de um percen- sociedade escravista dominante. Mas há exagero nessa ideia, em-
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bora seja inegável a organização política dos quilombos, inspirada Foram formalmente perdoados pelo governador da nova capi-
no modelo das fortalezas africanas. Exatamente por serem naturais tania, o Conde de Assumar, em 1717. Os dirigentes metropolitanos
de sociedades africanas em que a escravidão era generalizada, os não só reconheciam sua competência nas explorações, mas tam-
principais dirigentes do quilombo possuíam escravos, reeditando a bém avaliavam que somente com eles não era possível organizar
escravidão praticada na África. estabelecimentos fortes e duradouros. Logo que se esgotava uma
Os líderes de Palmares lutavam pela própria liberdade, mas não mina, saíam em busca de novos veios. Assim, os paulistas foram
pelo fim da escravidão. De todo modo, o crescimento de Palmares obrigados a compartilhar a exploração do ouro com os emboabas.
levou as autoridades coloniais a multiplicar expedições repressivas. Mas mantiveram suas andanças exploratórias, descobrindo campos
Todas fracassaram, repelidas por Ganga Zumba, grande chefe dos auríferos ainda em Goiás e Mato Grosso.
quilombolas. Em 1678, o governador de Pernambuco propôs um
acordo ao chefe dos palmarinos. Em troca da paz, Ganga Zumba ob- Exploração das minas
teve a alforria para os negros de Palmares, a concessão de terras em O governo tomou diversas e duras medidas para controlar a
Cucaú (norte de Alagoas) e a garantia de prosseguirem o comércio
região aurífera. Criou em 1702 a Intendência das Minas, órgão que
com os vizinhos.
tinha entre suas funções zelar pela cobrança do quinto real, repri-
Comprometeu-se, porém, a devolver todos os escravos que
mir o contrabando e repartir os lotes de terras minerais - denomi-
dali em diante fugissem para o quilombo.
nados datas.
O acordo dividiu os quilombolas, e Ganga Zumba foi assassina-
do pelo grupo que rejeitou os termos desse acordo, desconfiando Quando da descoberta de algum veio aurífero, o descobridor
das intenções do governo colonial. Prosseguiu, assim, a guerra dos deveria comunicar o fato às autoridades. Em tese, todas as jazidas
palmarinos, agora liderada por Zumbi. A resistência quilombola foi eram propriedade do rei, que poderia conceder a particulares o
grande, mas acabou sucumbindo em 1695, derrotada pelas tropas direito de explorá-las. O intendente, então, repartia as datas, sor-
do bandeirante Domingos Jorge Velho. Em 20 de novembro de teando-as aos solicitantes. O descobridor escolheria as duas datas
1695, Zumbi foi degolado e sua cabeça, enviada como troféu para que mais lhe interessassem, livrando-se do sorteio. O Guarda-Mor
Recife - o maior triunfo da sociedade escravista no Brasil colonial. da In- tendência escolhia, em nome da Fazenda Real, a data do rei,
que era leiloada e arrematada por particulares, os contratadores,
Economia Mineradora em troca de um pagamento.
O fim da União Ibérica em 1640 e a consequente ascensão ao Só podiam solicitar datas os proprietários de escravos. Cada es-
poder da dinastia de Bragança criaram mais problemas do que so- cravo representava, em medidas da época, o equivalente a 5,5 me-
luções para Portugal. Além de enfrentar uma longa guerra contra a tros de terreno, e um proprietário poderia ter no máximo 66 metros
Espanha, que se prolongou, com enorme custo, até 1668, os portu- em quadra, denominada data inteira. Para explorar as jazidas das
gueses foram obrigados a pagar indenizações à Holanda depois da datas, organizavam-se as lavras, forma de exploração em grande es-
vitória na Insurreição Pernambucana, em 1654, sob o risco de suas cala com aparelhamento para a lavagem do ouro.
colônias e navios serem atacados pela poderosa marinha flamenga. O ouro encontrado fora das datas, em locais franqueados a
A situação se agravou na segunda metade do século XVII. Ape- todos, era minerado pelos faiscadores, homens que utilizavam so-
sar da recuperação das capitanias açucareiras do Brasil, os portu- mente alguns instrumentos de fabricação simples, como a bateia e
gueses tiveram de conviver com a concorrência do açúcar produ- o cotumbê, trabalhando por conta própria.
zido nas Antilhas inglesas, francesas e holandesas. Os mercadores Foram criadas ainda as Casas de Fundição, vinculadas às Inten-
holandeses, por exemplo, eram os maiores distribuidores do açúcar dências. Elas deviam recolher, fundir e retirar o quinto da Coroa,
na Europa e, obviamente, priorizaram a mercadoria de suas ilhas transformando-o em barra, única forma autorizada para a circula-
caribenhas depois de expulsos do Brasil. Na década de 1690, um ção do metal fora da capitania.
fato espetacular mudou totalmente esse quadro de penúria: a des-
Desde o início, a mineração exigiu maior centralização adminis-
coberta de uma quantidade até então nunca vista de ouro de alu-
trativa, o que diferenciava as Minas de outras regiões exportadoras
vião no interior do Brasil, numa região que passou a ser conhecida
da Colônia. As Intendências, por exemplo, eram subordinadas dire-
como Minas Gerais.
tamente à metrópole, e não às autoridades coloniais. A descoberta
Uma onda impressionante de aventureiros do Brasil e de Por-
tugal se dirigiu para o lugar em busca do metal precioso que, de tão de diamantes, em 1729, no que então passou a chamar-se Distrito
abundante, parecia inesgotável. Os bandeirantes paulistas estavam Diamantino, com sede no Arraial do Tejuco, provocou medida ainda
acostumados, desde o século XVI, a armar expedições ao interior mais drástica: o ir e vir de pessoas ficou condicionado à autorização
do território para escravizar indígenas, e foram eles os responsáveis do intendente.
pela descoberta do ouro. Os paulistas solicitaram o monopólio das Na época da descoberta do ouro, havia dois caminhos que le-
explorações, não sendo atendidos. Não puderam controlar a entra- vavam às Gerais: um que partia de São Paulo (que ficou conhecido
da dos emboabas (estrangeiros), como eram denominados pelos como Caminho Velho das Gerais) e outro do porto de Parati; eles
paulistas os portugueses vindos do reino e os que chegavam de ou- se encontravam na serra da Mantiqueira. Para ir do Rio de Janeiro
tras capitanias. às Minas, o viajante tinha de ir de barco até Parati e, de lá, após
Em 1707, estourou a chamada Guerra dos Emboabas, que du- atravessar a serra do Mar, encontrar o caminho de São Paulo.
rou até 1709, com a derrota dos paulistas. Para melhorar a arreca-
dação dos impostos e submeter a população, em 1709 foi criada a A Chegada da Família Real ao Brasil
capitania de São Paulo e Minas do Ouro separada da capitania do Em 1806, Portugal foi afetado pelo Bloqueio Continental da
Rio de Janeiro. Surgiram vilas e outros núcleos urbanos para rece- França contra a Inglaterra, que ocorreu graças à impossibilidade
ber a burocracia administrativa e o aparelho fiscal. das tropas de Napoleão de anexar a Inglaterra por meios militares.
Caso não aderisse ao Bloqueio, as tropas de Napoleão invadiriam o
Apesar de vencidos e, num primeiro momento, expulsos das
território português. Entretanto, Portugal decidiu não seguir esse
áreas de conflito (vales do rio das Velhas e do rio das Mortes), o
caminho porque tinha fortes ligações comerciais com a Inglaterra2.
fato era que somente os paulistas tinham experiência em encontrar
jazidas de ouro. 2 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo,
Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
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Em novembro de 1807, dom João, príncipe regente de Portugal insatisfação da população, que começou a questionar os privilégios
desde 1799 - a rainha dona Maria, sua mãe, sofria de distúrbios concedidos aos portugueses, detentores dos principais cargos buro-
mentais -, diante da ameaça de invasão, decidiu transferir a família cráticos e dos mais altos postos da Academia Real Militar.
real e a Corte lusa para a colônia na América, deixando os súditos Começaram a ocorrer agitações de rua que culminavam em
expostos ao ataque francês. ações violentas da polícia principalmente (mas não exclusivamente)
Os ingleses garantiram a proteção da mudança da monarquia no Rio de Janeiro. A situação em Portugal também era de descon-
para o Brasil. Nobres da Corte e familiares do príncipe recolheram tentamento popular. Com a queda de Napoleão em 1815, os portu-
às pressas tudo o que podiam carregar - joias, obras de arte, milha- gueses passaram a exigir o retorno imediato de dom João a Portu-
res de livros, móveis, roupas, baixelas de prata, animais domésticos, gal. Ele, entretanto, assinou um decreto criando o Reino Unido de
alimentos, etc. - e zarparam em 29 de novembro rumo ao Rio de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil deixava de ser colônia
Janeiro. e ganhava o mesmo status político de Portugal.
Além da família real e dos nobres, viajaram altos funcionários, E o Reino passava a ter dois centros políticos: Lisboa, em Por-
magistrados, sacerdotes, militares de alta patente, etc. Estima-se tugal, e Rio de Janeiro, no Brasil, onde dom João exercia o governo.
que nos 36 navios viajaram entre 4,5 mil e 15 mil pessoas. Parte Para muitos historiadores, a elevação do Brasil a Reino Unido foi o
da esquadra, incluindo o navio ocupado por dom João, atracou em marco inicial do processo de emancipação política e administrativa
Salvador no dia 22 de janeiro de 1808, seguindo semanas depois do Brasil.
para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o restante da frota, e lá
chegando em 8 de março de 1808. Revolução Pernambucana
Na província de Pernambuco, no início de 1817, o debate de
Sede do Governo Português ideias emancipacionistas e republicanas deu origem a um movi-
Agora que boa parte da elite lusa encontrava-se em terras bra- mento conspiratório, que ficou conhecido como Insurreição Per-
sileiras, o desenvolvimento da colônia não poderia continuar cerce- nambucana ou Revolução de 1817.
ado. Como afirma a historiadora Maria Odila Silva Dias, pela primei- Inspirados na Revolução Francesa, os líderes redigiram o esbo-
ra vez iria se configurar “nos trópicos portugueses preocupações ço de uma Constituição que garantia a igualdade de direitos entre
de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou de os indivíduos, a liberdade de imprensa e a tolerância religiosa. No
feitoria comercial”. Assim, seis dias depois de desembarcar em Sal- entanto, o movimento enfraqueceu-se com as divergências entre
vador, o príncipe regente dom João decretou a abertura dos portos os proprietários de escravos e os rebeldes abolicionistas. Em maio,
brasileiros às nações amigas, ou seja, às nações com as quais Por- tropas enviadas da Bahia e do Rio de Janeiro cercaram o Recife.
tugal mantinha relações diplomáticas amigáveis. Alguns líderes foram executados e muitos outros, encarcera- dos
em Salvador.
O Governo de D. João no Brasil
Dom João — cuja gestão é conhecida como governo joanino Revolução do Porto
- adotou medidas que afetaram diretamente a vida econômica, po- Por volta de 1818, alguns monarquistas liberais da cidade do
lítica, administrativa e cultural do Brasil. No plano administrativo, Porto defendiam a ideia de que o monarca deveria governar obe-
dom João procurou reproduzir na colônia a estrutura burocrática do decendo a uma Constituição. Em agosto de 1820 uma guarnição do
reino. Foram criados órgãos públicos, como o Conselho de Estado Exército do Porto se rebelou e deu início a uma revolução liberal e
e o Erário Régio (que depois se tornou Ministério da Fazenda), que anti-absolutista conhecida como Revolução do Porto. Rapidamen-
garantiam o funcionamento burocrático do Estado e proporciona- te, o movimento se espalhou pelas demais cidades portuguesas.
vam emprego para muitos portugueses. Em Lisboa, uma junta provisória assumiu o poder e convocou
Ainda em 1808, foram criados o Banco do Brasil, o Real Hos- as Cortes, que não se reuniam desde 1689, para elaborar uma Cons-
pital Militar e o Jardim Botânico. Dom João autorizou também o tituição. A junta exigia também o retorno da família real e da Corte
funcionamento de tipografias e a publicação de jornais. Com os li- a Portugal e a restauração do monopólio comercial com o Brasil.
vros da Biblioteca Real trazidos de Lisboa foi organizada a Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. A volta da família real a Portugal
Para interligar a capital com as demais regiões da colônia e po- Nesse período irromperam no Pará, na Bahia e em Pernambu-
voar o interior, o governo doou sesmarias e autorizou o Banco do co várias revoltas apoiando o movimento constitucional de Portu-
Brasil a oferecer créditos aos colonos para que pudessem plantar gal. Em fevereiro de 1821, o rei dom João VI concordou em jurar
e criar gado. Essa política de povoamento estimulou a imigração. fidelidade à Constituição que estava ainda para ser elaborada e em
Em 1815, um grupo de 45 colonos oriundo de Macau e Cantão, na convocar eleições para a escolha dos deputados que iriam repre-
China, estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro. sentar o Brasil nas Cortes de Lisboa.
Em 1818, cerca de dois mil suíços fundaram Nova Friburgo, na Temendo perder o trono, dom João VI anunciou também seu
província do Rio de Janeiro (as capitanias passaram a se chamar retorno a Portugal. No dia 26 de abril, a família real e mais quatro
províncias a partir de 1815). Na política externa, o governo joanino mil pessoas (nobres e funcionários) zarparam rumo a Portugal. Em
adotou uma linha de ação franca- mente expansionista, ocupando a seu lugar, o rei deixou o filho, dom Pedro, que assumiu o poder no
Guiana Francesa, em 1809, e anexando a Banda Oriental (atual Uru- Brasil como príncipe regente.
guai), em 1816. Em 1818, dois anos após a morte da rainha dona
Maria, o príncipe regente foi coroado rei com o título de dom João Vl. As Cortes de Lisboa
Após o embarque de dom João VI, foram realizadas eleições
A Promoção à Reino Unido para a escolha dos 71 representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa.
Para gerar recursos para a administração, o governo joanino Embora a maior parte dos eleitos fosse a favor da independência do
teve de aumentar a carga tributária. O dinheiro dos impostos foi Brasil, apenas 56 viajaram para Lisboa, onde começaram a chegar
utilizado para cobrir os gastos da Corte, custear as obras de urbani- em agosto de 1821, oito meses depois do início dos trabalhos.
zação do Rio de Janeiro e financiar intervenções militares. Essa si-
tuação, somada à carestia e ao aumento dos preços, gerou enorme
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HISTÓRIA DO BRASIL
Eles enfrentaram uma forte oposição dos parlamentares lusos, nessas regiões, além da obtida na Bahia, impediu a fragmentação
que já tinham adotado diversas medidas desfavoráveis ao Brasil do Brasil em diversas províncias autônomas e garantiu a unidade
com a intenção de reduzir o Brasil à sua antiga condição de colônia. territorial da jovem nação.
Para os parlamentares lusos, Brasil e Portugal deveriam se subme-
ter a uma mesma autoridade: as Cortes de Lisboa. Ao final de 1821,
as Cortes ordenaram que Dom Pedro, príncipe regente do Brasil, PRIMEIRO REINADO (1822-1831)
retornasse a Portugal.

PRIMEIRO REINADO
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822): A NOMEAÇÃO DO No dia 12 de outubro de 1822, dom Pedro - que naquela data
PRÍNCIPE REGENTE D. PEDRO I, DIA DO FICO, RECONHECI- completava 24 anos - foi proclamado imperador constitucional e
MENTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL defensor perpétuo do Brasil. Dom Pedro I herdou um governo sem
recursos e extremamente endividado. Faltava dinheiro para aten-
der às principais necessidades da população, principalmente no
A Independência do Brasil que dizia respeito à saúde e à educação. Segundo algumas estima-
Enquanto a determinação das Cortes de Lisboa não chegava, tivas, aproximadamente cinco milhões de pessoas viviam no Brasil.
dom Pedro era apoiado, no Brasil, por pessoas da elite político-e- Desse total, 1,5 milhão de pessoas eram escravizadas. Mais de
conômica, com experiência administrativa, como José Bonifácio 90% da população habitava a zona rural, onde os grandes proprietá-
de Andrada e Silva (1763-1838). Na opinião de José Bonifácio e de rios de terra exerciam “governos” informais. A mortalidade infantil
outros políticos do período, o Brasil deveria manter-se unido a Por- era muito alta. Da mesma maneira, o índice de analfabetismo girava
tugal, mas com um governo próprio e autônomo. Havia também em torno de 85%. A cultura erudita, por sua vez, concentrava-se
quem defendesse o rompimento completo com Portugal. nas grandes cidades, onde também circulavam jornais e revistas, a
Ambas as correntes, contudo, concordavam que dom Pedro de- maioria de vida curta e periodicidade incerta.
veria resistir às pressões das Cortes de Lisboa e recursar-se a voltar
a Portugal. No final de 1821, José Bonifácio organizou um abaixo- A Constituinte
-assinado subscrito por oito mil assinaturas, que foi entregue a Dom Antes da independência, em junho de 1822, dom Pedro tinha
Pedro, no qual era pedido que o príncipe permanecesse no Brasil. aprovado a convocação de uma Assembleia Constituinte destinada
Em 9 de janeiro de 1822, o príncipe anunciou sua decisão de ficar a elaborar a primeira Carta Magna do Brasil. A escolha dos consti-
no Brasil. O episódio, conhecido como Dia do Fico, foi o primeiro tuintes foi feita por meio de eleições após o Sete de Setembro, nas
de uma série de atos que levariam à ruptura definitiva entre Brasil quais votaram os proprietários do sexo masculino e maiores de 25
e Portugal. anos. Mulheres, homens sem terras e escravos não podiam votar.
Em maio de 1822, o príncipe regente determinou que todos Na sessão inaugural da Assembleia, em maio de 1823, dom
os decretos vindos das Cortes de Lisboa deveriam passar por sua Pedro I jurou defender a nova Constituição desde que ela mere-
aprovação. Em junho, dom Pedro aprovou a convocação de uma cesse sua imperial aceitação. Com essa ressalva, o imperador dei-
Assembleia Constituinte no Brasil. No começo de setembro, des- xava claro que a palavra final a respeito das decisões aprovadas lhe
pachos vindos de Lisboa desautorizavam a convocação da Assem- pertencia, e não aos constituintes. Ou seja, era ele o detentor da
bleia Constituinte e ordenavam o imediato retorno de dom Pedro soberania, não o povo representado na Assembleia.
a Portugal. José Bonifácio enviou os despachos ao príncipe, que se Em setembro de 1823, o deputado Antônio Carlos de Andrada
encontrava em São Paulo, aconselhando-o a romper com Portugal, e Silva, irmão de José Bonifácio, apresentou um projeto de Consti-
pois já não considerava mais possível uma conciliação. tuição elaborado por uma comissão de constituintes. Dois artigos
No dia 7 de setembro, o mensageiro alcançou dom Pedro nas do projeto eram conflitantes com as intenções de dom Pedro I: um
proximidades do riacho do Ipiranga. Ao receber os decretos, o prín- deles proibia que o imperador fosse governante de outro reino
cipe proclamou a independência do Brasil, declarando a ruptura (dom Pedro era herdeiro do trono português); outro artigo impedia
dos laços com Portugal. No dia 12 de outubro, já de volta ao Rio de o imperador de dissolver o Parlamento.
Janeiro, foi aclamado com grande pompa imperador constitucional
com o título de dom Pedro I. A Constituição de 1824
Rejeitado pelo imperador, o projeto teve vida curta. Em no-
Guerras de Independência vembro de 1823, dom Pedro decidiu dissolver a Assembleia e criou
Proclamada a independência, teve início a luta por sua conso- um Conselho de Estado que elaborou outra Constituição. Em 25 de
lidação, que envolveria conflitos e derramamento de sangue em março de 1824 o imperador outorgou aquela que seria a primeira
diversas regiões do novo país. Carta Magna brasileira.
Em fevereiro de 1822, ainda antes da declaração de indepen- A Constituição outorgada apresentava algumas poucas dife-
dência, houve na Bahia um longo conflito armado entre as forças renças significativas em comparação com a elaborada pelo depu-
brasileiras que lutavam pela independência e queriam manter um tado Antônio Carlos, principalmente em relação à divisão dos po-
brasileiro no cargo de governador - no lugar de um general portu- deres. Além do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, a Carta de
guês. A guerra entre as duas facções se prolongaria até 2 de julho 1824 criava um quarto Poder: o Moderador, a ser exercido pelo
de 1823, com destaque para a figura de Maria Quitéria de Jesus imperador.
Medeiros, que se alistou ao lado das tropas brasileiras. Com o Moderador, dom Pedro podia dissolver a Câmara dos
No Maranhão, no Ceará, no Pará, na Província Cisplatina e no Deputados quando quisesse e convocar novas eleições; nomear se-
Piauí houve revoltas de portugueses, que viviam nessas regiões, nadores; aprovar ou vetar as decisões da Câmara e do Senado, etc.
contra a independência. Para derrotar os revoltosos, dom Pedro Além disso, cabia ao imperador nomear e destituir os presidentes
recrutou mercenários estrangeiros. A vitória das tropas brasileiras de província, interferindo nos assuntos regionais.

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A Confederação do Equador Era o dia 7 de abril de 1831. Uma semana de pois, o ex-impera-
Insatisfeitos com a dissolução da Constituinte e com o autori- dor partiu rumo a Portugal. Deixava no Brasil dom Pedro de Alcân-
tarismo do imperador, revoltosos de Recife se armaram novamente tara, sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva. No Brasil,
e, no dia 2 de julho de 1824, deram início a uma rebelião que logo tal como previa a Constituição, ainda em abril de 1831 formou -se
se alastrou para as províncias da Paraíba, do Rio Grande do Norte, uma Regência Trina Provisória para governar o país. Pela primeira
do Ceará e do Piauí. vez, a elite nacional assumia plenamente o controle da nação. Por
Na capital revolucionária, os rebeldes proclamaram a Confede- esse motivo, muitos historiadores entendem que o processo de in-
ração do Equador, uma República Federativa semelhante a estadu- dependência do Brasil só se encerrou em 1831, com a abdicação de
nidense. A insurreição contou com a participação tanto de proprie- dom Pedro.
tários de terras quanto de grupos das camadas populares urbanas e
foi marcada por um forte sentimento antilusitano. Período Regencial
Em novembro de 1824, a resistência pernambucana foi sufo- Estava previsto na Constituição de 1824 que, em caso de morte
cada. O frade carmelita Joaquim do Amor Divino (1779-1825), mais ou abdicação do imperador, e seu herdeiro não pudesse assumir o
conhecido como frei Caneca - que havia lançado o jornal de oposi- trono devido à menoridade, o Governo seria entregue a uma jun-
ção ao governo Typhis Pernambucano em 1823 - foi acusado de ser ta de três regentes indicados pela Assembleia Geral (formada pela
o líder da rebelião e fuzilado no Recife, em janeiro de 1825. Outros Câmara dos Deputados e pelo Senado), até que o jovem príncipe se
com acusações semelhantes também foram executados. tornasse maior de idade, ao completar 18 anos.

D. Pedro I Abdica A Regência Trina


As críticas ao imperador e ao governo não cessaram. Em diver- Assim, logo após a abdicação de dom Pedro I, em 7 de abril
sas partes do Brasil motins contra os altos preços dos gêneros de de 1831, formou-se uma Regência Trina Provisória que governou
primeira necessidade se tornaram comuns. A guerra entre o Brasil e até 17 de junho de 1831. Nessa data, a Assembleia Geral elegeu a
a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina, iniciada em 1825, Regência Trina Permanente, encarregada de governar o Brasil até a
também fortaleceu um movimento pró-emancipação da região Sul. maioridade do príncipe.
A Regência Trina preocupou-se em manter a paz interna. Foram
O conflito só terminou em 1828, quando os governos dos dois
proibidos os ajuntamentos noturnos em locais públicos e suspensas
países concordaram com a independência da Província Cisplatina
algumas garantias constitucionais. As guardas municipais foram ex-
(antiga Banda Oriental, atual Uruguai). Para os brasileiros, o ânus
tintas e criou-se a Guarda Nacional, organização paramilitar cons-
da guerra foi extremamente elevado - aumento da inflação, que já
tituída por milícias civis, encarregada de defender a Constituição e
estava alta, e falência do Banco do Brasil. Essas consequências au-
garantir a ordem interna.
mentaram ainda mais o descontentamento popular com o governo
A criação da Guarda Nacional foi um dos primeiros atos que in-
de dom Pedro I.
dicavam uma tendência à descentralização do poder. Outros even-
A impopularidade do imperador piorou quando ele se envolveu
tos ajudaram a consolidar esse processo, por exemplo:
na crise de sucessão da Coroa portuguesa, iniciada com a morte de - a aprovação do novo Código de Processo Criminal em 1832
dom João VI, em 1826. Dom Pedro se tornou o herdeiro legítimo do que atribuía mais poderes aos juízes de paz, agora com o papel de
trono de Portugal. Dom Pedro renunciou à Coroa portuguesa em polícia e de juiz local (podiam prender, julgar, convocar a Guarda
favor de sua filha, a princesa Maria da Glória, de apenas 7 anos. Nacional, etc.);
Dom Miguel, irmão de dom Pedro, governaria Portugal como - a extinção do Conselho de Estado e a criação das Assembleias
príncipe regente até que a princesa chegasse à maioridade, quando Legislativas provinciais, que podiam elaborar as leis de interesse lo-
se casaria com a sobrinha. Em 1828, entretanto, dom Miguel se au- cal e nomear funcionários públicos. A autonomia das Assembleias
toproclamou rei absoluto de Portugal. continuava limitada, pois suas decisões podiam ser vetadas pelos
Preocupado em intervir nos acontecimentos de Portugal, dom presidentes das províncias que, por sua vez, eram nomeados pelo
Pedro perdeu cada vez mais apoio na política interna do Brasil. Teve imperador.
início uma guerra civil contra seus aliados. Acusado de autoritário
no Brasil, dom Pedro era considerado liberal pelos portugueses. Em Vale lembrar que tanto os juízes de paz quanto os membros das
1830, o imperador foi considerado o responsável pelo assassinato Assembleias Provinciais eram eleitos pela população, ou seja, por
do jornalista liberal Líbero Badaró, oposicionista. indivíduos livres do sexo masculino que possuíam bens. Assim, as
Em março de 1831, depois de uma viagem a Minas Gerais, os pessoas escolhidas para os cargos representavam os interesses da
residentes portugueses do Rio de Janeiro acenderam fogueiras nas elite e dos grandes proprietários de terras e de escravos.
ruas para homenagear dom Pedro, mas os brasileiros apagaram- Um dos passos mais importantes para a descentralização do
-nas, gritando vivas à Constituição. poder foi o Ato Adicional de 1834, criado pela Assembleia Geral.
Na noite seguinte, 13 de março, brasileiros e portugueses en- Trata-se de uma reforma na Constituição pela qual foi extinto o
traram em choque nas ruas do Rio de Janeiro. O episódio, conhe- Conselho de Estado - cujos membros haviam sido nomeados por
cido como Noite das Garrafadas, marcou o início de uma série de dom Pedro I - e criadas as Assembleias Legislativas provinciais , que
conflitos entre oposicionistas e partidários do imperador. passaram a ter poder para elaborar leis e nomear funcionários pú-
No dia 6 de abril, dom Pedro destituiu seu ministério composto blicos, conquistando assim maior autonomia em relação ao poder
apenas de brasileiros e o substituiu por outro, formado por defen- central. Esse ato adicional criou também a Regência Una, que subs-
sores do absolutismo. Em resposta, a população do Rio de Janeiro, tituiria a Regência Trina Permanente, determinando a eleição do re-
com tropas do Exército, concentrou-se no Campo de Santana e exi- gente por meio do voto popular para um mandato de quatro anos.
giu a volta do ministério deposto. Enfraquecido e sem apoio militar,
o imperador abdicou do trono em favor do filho, o príncipe Pedro
de Alcântara, de apenas 5 anos.

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A Regência Una Aos poucos, o movimento perdeu força, principalmente após
Realizadas em abril de 1835, as eleições para Regente conta- a morte de dom Pedro I, em 1834. Seus integrantes sofreram com
ram com uma pequena participação de cerca de 6 mil eleitores, epidemias e escassez de alimentos. No início de 1835, a maior parte
pouco mais de 0,1% da população, estimada em 5 milhões de pes- dos cabanos havia morrido nos confrontos ou encontrava-se pre-
soas naquela época. sa. O principal líder dos rebeldes cabanos, o ex-soldado Vicente de
O eleito foi o ex-ministro da Justiça, Padre Diogo Antônio Feijó. Paula, e um grupo de ex-escravos continuaram a luta.
Feijó assumiu a Regência Una em outubro de 1835, em meio a uma Refugiaram-se nas matas do Jacuípe e por quinze anos perma-
crise de grandes proporções, com rebeliões em várias províncias. neceram atacando engenhos e libertando escravos no interior de
A Cabanagem (1835-1840) no Pará e a Guerra dos Farrapos Pernambuco e Alagoas. Em 1850, o líder foi preso em uma embos-
(1835-1845) no Rio Grande do Sul foram duas delas. Em 1837, sem cada e enviado para o presídio de Fernando de Noronha.
apoio dos parlamentares, Feijó renunciou à Regência e foi substi-
tuído pelo Ministro do Interior, Pedro de Araújo Lima, referendado Cabanagem
como Regente na eleição do ano seguinte. A província do Grão-Pará viveu, na primeira metade do sécu-
Durante a regência de Araújo Lima, diversas medidas foram lo XIX, grandes conturbações internas. Em 1822, houve um levante
adotadas para devolver ao governo central o controle de todo o contra a Independência que foi apaziguado apenas em 1823. Nos
aparelho administrativo e judiciário. Uma dessas medidas foi a Lei anos seguintes, ocorreram disputas constantes pelo poder envol-
de Interpretação do Ato Adicional, de 1840, que restringiu os po- vendo as elites regionais contra o governo imperial.
deres das Assembleias Provinciais. A ela se seguiram o restabeleci- Em 1833, a Regência nomeou Bernardo Lobo de Souza para o
mento do Conselho de Estado e a reforma do Código do Processo cargo, mas ele teve que enfrentar um clima hostil. Em novembro de
Criminal, que limitou a autoridade dos juízes de paz e fortaleceu a 1834, ele mandou prender diversos opositores e um deles, o pe-
dos juízes municipais, subordinados ao poder Judiciário central. Tais queno proprietário rural Manuel Vinagre, foi assassinado pelas tro-
medidas - assim como o período em que foram tomadas - ficaram pas governamentais. A província, já instável, entrou em convulsão.
conhecidas como Regresso. Em janeiro de 1835, o irmão de Manuel, Francisco Pedro Vinagre,
liderou um grupo de sertanejos, negros e indígenas armados, em
A Maioridade de D. Pedro II uma invasão a Belém, capital do Grão-Pará.
No início de 1840, além das rebeliões que continuavam ocor- Os revoltosos mataram Lobo de Souza e seu comandante de
rendo em várias províncias na capital do país, os embates entre re- armas e libertaram os presos políticos. Como grande parte dessas
gressistas e progressistas se intensificavam. Os progressistas - que pessoas era pobre e morava em cabanas, o movimento ficou co-
passaram a ser chamados de Partido Liberal - começaram a exigir a nhecido como Cabanagem e seus integrantes como cabanos (não
antecipação da maioridade do Príncipe Pedro de Alcântara que, de confundir com os cabanos de Pernambuco e Alagoas).
acordo com a Constituição, só poderia assumir o trono em 1844. Em maio de 1836, o regente Diogo Feijó enviou a Belém uma
Segundo os liberais, essa seria a única forma de fazer o país vol- esquadra com o objetivo de retomar o poder local e reintegrar o
tar à normalidade e garantir a unidade do império. Os regressistas Pará ao Império. Os revoltosos retiraram-se da capital, mas con-
- reunidos agora no Partido Conservador - opunham-se à medida, tinuaram controlando boa parte do interior por quase três anos.
pois temiam ser afastados do poder com a antecipação da maiori- Somente em meados de 1840 foram dominados e a província foi
dade. Para eles, a solução para a crise estava na maior concentração reintegrada ao Império. Cerca de 30 mil pessoas morreram durante
de poderes nas mãos do governo regencial. Depois de muitos de- o conflito.
bates, no dia 23 de julho de 1840, a Câmara e o Senado aprovaram Para o historiador Caio Prado Júnior, a Cabanagem foi uma das
o projeto liberal, concedendo a maioridade a dom Pedro de Alcân- revoltas mais importantes de nossa história, pois foi a primeira em
tara, então com 14 anos de idade, e declarando-o imperador do que a população pobre conseguiu, de fato, ocupar o poder em uma
Brasil, com o título de dom Pedro II. província.
O episódio ficaria conhecido como Golpe da Maioridade. No
dia seguinte, o soberano organizou seu ministério, composto de re- Revolta dos Malês
presentantes do Partido Liberal. Era o início de um reinado que iria No começo do século XIX, negros e pardos livres e escravos re-
se estender pelos 49 anos seguintes. presentavam 72% (segundo cálculos do historiador João José Reis)
da população de Salvador, capital da Bahia, que tinha aproximada-
Revoltas do Período Regencial mente 65 500 habitantes.
Guerra dos Cabanos Vítimas constantes do preconceito racial e da opressão social,
Entre 1832 e 1835, ocorreu a Cabanada ou Guerra dos Caba- eles se tornaram a parte mais frágil da sociedade. Em 1835, muitos
nos, guerra rural que ganhou esse nome porque a maioria de seus deles se rebelaram em Salvador. Foi a Revolta dos Malês, cujo ob-
participantes vivia em habitações rústicas (não confundir com a Ca- jetivo declarado era destruir a dominação branca na região e cons-
banagem), em uma região entre o sul de Pernambuco e o norte de truir uma Bahia só de africanos.
Alagoas. Fizeram parte do movimento principalmente os malês, nome
Participaram do levante indígenas aldeados, brancos e mesti- dado aos escravos seguidores do islamismo. Eles pertenciam a di-
ços que residiam nas periferias dos engenhos, negros forros e cati- ferentes etnias - como a dos haussás, jejês e nagôs - e muitos eram
vos fugidos, chamados de papa-méis, que residiam em quilombos. alfabetizados. Também participaram do movi mento nagôs seguido-
Alguns proprietários rurais também integraram o movimento. Os res do candomblé.
cabanos lutavam pelo direito de permanecer em suas terras; prega- A revolta começou no dia 24 de janeiro, quando cerca de 600
vam a alforria dos escravizados e o retorno de dom Pedro I ao Brasil. negros (segundo a historiadora Magali Gouveia Engel), armados
O governo regencial enviou tropas para combater os revoltosos principalmente de espadas, ocuparam de surpresa o centro de Sal-
na região. Nos combates, os rebeldes conseguiram diversas vitórias, vador. Após intensos combates, os rebeldes foram derrotados pelas
utilizando táticas de guerrilha: faziam ataques surpresa a fazendas e forças policiais, que dispunham de armas de fogo.
engenhos e se refugiavam rapidamente no interior das matas, que
conheciam muito bem, onde os soldados governistas não conse-
guiam encontrá-los.
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Centenas de participantes da revolta morreram ou ficaram feri- Com o governo regressista de Pedro de Araújo Lima, que assu-
dos. Após a rebelião, desencadeou-se violenta repressão contra os miu a regência em setembro de 1837, temia-se que a autonomia
africanos e afro-brasileiros. Muitos foram condenados ao açoite, à das províncias fosse ainda mais reduzida. Em Salvador, o descon-
prisão ou à deportação. Três escravos e um liberto foram condena- tentamento contra o novo regente aumentou quando ele convocou
dos à morte e fuzilados. tropas baianas para lutar ao lado do governo, contra os farrapos, no
Rio Grande do Sul.
Guerra dos Farrapos No dia 7 de novembro de 1837, tropas do Forte de São Pedro se
Nas primeiras décadas do século XIX, estancieiros e charque- sublevaram. Os rebeldes constituíram um governo autônomo, pro-
adores contestavam os altos impostos aplicados sobre o gado, clamaram a independência da Bahia, declararam nulas as ordens
a terra, o sal e principalmente o charque. Na política, sentiam-se vindas do Rio de Janeiro e convocaram uma Assembleia Constituin-
desprestigiados pelo governo regencial, pois, apesar de serem fre- te. Os revoltosos também decretaram o fim da Guarda Nacional,
quentemente convocados a lutar contra os castelhanos na defesa elevaram os soldos dos militares e criaram batalhões de soldados
das fronteiras ao sul do Brasil, não recebiam postos de comando para garantir a defesa do governo recém-instalado.
durante as batalhas. Para conquistar o apoio da elite baiana, os líderes do movimen-
Em 1834, o presidente da província nomeado pelo governo da to pregavam a manutenção da ordem, a preservação da proprieda-
Regência, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, criou impostos - in- de privada e a permanência da escravidão. Mas essas garantias não
clusive sobre as propriedades rurais - e começou a organizar uma foram suficientes e, sem recursos, o movimento não sobreviveu por
força militar para fazer frente às milícias dos chefes locais. muito tempo. Com o auxílio de fazendeiros do Recôncavo Baiano e
Em 19 de setembro de 1835, o estancieiro Bento Gonçalves, de soldados vindos de Pernambuco, Sergipe e Rio de Janeiro, as tro-
comandante da Guarda Nacional gaúcha e ligado aos liberais (cha- pas governistas cercaram Salvador por terra e por mar e derrotaram
mados farroupilhas), invadiu Porto Alegre, expulsou o presidente os revoltosos em março de 1838.
da província e deu posse ao vice-presidente, o liberal Marciano Pe- Cerca de 2 mil pessoas morreram nos confrontos, a maioria ne-
reira Ribeiro. gros e pobres. Quase 3 mil foram presas e outras 1500 deportadas
Iniciava-se, assim, a mais longa revolta do período regencial, a para o Sul e alistadas no Exército para enfrentar os farrapos. Os 780
rebeldes considerados mais perigosos foram trancafiados no porão
Guerra dos Farrapos. Em setembro de 1836, os revoltosos procla-
de um navio-prisão.
maram a República Rio-Grandense. Dois meses depois, os farrapos
Dezoito deles, entre os quais Francisco Sabino, foram conde-
ratificaram sua independência do restante do Brasil e escolheram
nados à morte. Com a maioridade de dom Pedro, em 1840, todos
Bento Gonçalves para presidente da República recém-criada.
os rebeldes foram anistiados. Mesmo perdoado, porém, Sabino foi
Em seguida, comandados por Davi Canabarro e pelo italiano
enviado para Goiás para permanecer longe de Salvador.
Giuseppe Garibaldi, os farrapos conseguiram conquistar Laguna,
em Santa Catarina, em julho de 1839. Ali, proclamaram a República
Balaiada
Catarinense. No entanto, em novembro, tropas imperiais expulsa-
Em 1838, Vicente Camargo, do Partido Conservador, era presi-
ram os revolucionários da região e teve início o declínio da Repúbli- dente da província do Maranhão. Em junho daquele ano, Camargo
ca Rio-Grandense. distribuiu nas comarcas do Maranhão os cargos de prefeito e comis-
Em novembro de 1842, dom Pedro II nomeou o marechal Luís sário de polícia apenas aos seus correligionários, que passaram a
Alves de Lima e Silva para a presidência da província e para o co- perseguir os políticos do Partido Liberal (chama dos de bem-te-vis)
mando das tropas imperiais no Rio Grande do Sul. e a exercer maior controle sobre a população pobre e livre.
Lima e Silva, que ficaria conhecido como Duque de Caxias, ti- Um dos meios usados para esse controle se dava com o recru-
nha por missão debelar a Revolução Farroupilha. Em 1845, ele con- tamento compulsório, como o que ocorreu em 1838 para o Exérci-
seguiu chegar a um acordo com os rebeldes e pôr fim ao conflito. to, de alguns vaqueiros que trabalhavam para Raimundo Gomes,
Interessado em atrair o apoio das elites gaúchas para o governo um fazendeiro simpático à causa liberal, que, apoiado por alguns
imperial, Caxias satisfez boa parte de suas reivindicações. Assim, o companheiros, invadiu a cadeia e libertou os vaqueiros recrutados
charque estrangeiro foi tributado em 25%, os estancieiros envolvi- à força e mantidos na prisão.
dos na revolta foram anistiados e os oficiais republicanos reincorpo- Em janeiro de 1839, Raimundo Gomes conseguiu o apoio de
rados ao Exército imperial. Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, pequeno agricultor e fabrican-
Também foi aprovada a alforria dos escravizados que participa- te de cestos, cujo apelido de Balaio daria nome à revolta que abala-
ram da revolta, os prisioneiros de guerra foram soltos e os rebeldes ria o Maranhão nos anos seguintes: a Balaiada. Raimundo Gomes,
que se encontravam refugiados fora da província puderam voltar Manuel Ferreira e seus seguidores começaram a percorrer o inte-
ao Rio Grande do Sul. Além disso, os rio-grandenses conquistaram rior do Maranhão, protestando não apenas contra o recrutamento
o direito de indicar o presidente da província. O escolhido foi o pró- compulsório, mas também contra a discriminação e a desigualdade
prio Caxias. social reinantes na província.
Os liberais apoiaram os rebeldes, fornecendo-lhes armas e mu-
Sabinada nições. Em 1839, eles dominaram Caxias, a segunda maior cidade
A população de Salvador ainda não havia esquecido a Revolta maranhense, e prosseguiram invadindo fazendas e libertando a
dos Malês quando, no primeiro semestre de 1837, novas agitações população escravizada. Em 1840, sob a liderança do cativo Cosme
envolveram a cidade. O médico e jornalista Francisco Sabino criti- Bento das Chagas, o Preto Cosme, mais de 3 mil escravizados tam-
cava em seu jornal, Novo Diário da Bahia, o uso dos impostos para bém se rebelaram.
sustentar a Corte, condenava a tirania das autoridades e o domínio No início de 1840, Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de
da sociedade por uma pequena elite. Caxias, foi nomeado para a presidência da província e combateu os
Essa lista de insatisfações era reforçada pelos militares que re- revoltosos duramente: reconquistou a cidade de Caxias, obteve a
clamavam da recém-criada Guarda Nacional - com funções que de- rendição de Raimundo Gomes logo depois de Balaio ter sido morto
veriam ser do Exército - e protestavam contra a redução do efetivo em um dos confrontos e perseguiu os escravos liderados por Preto
militar, responsável pelo aumento do desemprego na categoria. Cosme.
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Os combates se estenderam até 1842, quando o líder dos es- Os Voluntários da Pátria
cravizados foi capturado e enforcado. Saldo da revolta: cerca de 6 O governo brasileiro não possuía contingente para uma guer-
mil mortos, entre cativos e sertanejos pobres. ra desse porte e por isso, em janeiro de 1865, assinou um decreto
criando o corpo de Voluntários da Pátria. Neste poderiam alistar-
-se espontaneamente homens entre 18 e 50 anos. Para aumentar
SEGUNDO REINADO (1831-1840)  ainda mais o número de combatentes, o governo oferecia em troca
do alistamento uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra aos
homens livres, assim como a alforria aos escravizados.
O Segundo Reinado Assim, o corpo de voluntários reuniu indivíduos livres das ca-
O período compreendido entre 1840 e 1889, no qual o Brasil madas médias e pobres. Os membros da elite não se interessavam
esteve sob o comando - altamente centralizado - do imperador dom pelo voluntariado e, quando convocados, preferiam pagar para que
Pedro II, é chamado de Segundo Reinado. Para manter a centrali- pessoas livres fossem no lugar deles ou enviavam escravizados para
zação, dom Pedro II utilizou as prerrogativas asseguradas ao Poder substituí-los. O governo pagava uma indenização aos senhores de
Moderador - órgão que se sobrepunha ao Executivo, ao Legislativo escravos que enviavam seus cativos à batalha, prática que ficou co-
e ao Judiciário - sistematicamente. nhecida como “compra de substituídos”.
Assim, nomeou e demitiu ministros, dissolveu a Câmara dos Muitas mulheres também participaram da guerra indiretamen-
Deputados repetidas vezes, convocou eleições, escolheu senado- te na retaguarda, com o fabrico de munição, na venda de artigos
res, suspendeu magistrados, etc. Interessado em consolidar a or- de primeira necessidade, no preparo de alimentos e no socorro aos
dem interna e manter a unidade territorial, durante seu governo, feridos ou diretamente, quando elas pegavam em armas e partiam
dom Pedro II construiu um sólido aparato administrativo, jurídico para as frentes de batalha.
e burocrático e debelou as revoltas provinciais, como a Guerra dos
Farrapos (1835-1845) e a Balaiada (1838-1842), que ameaçavam a Saldo do Conflito
integridade territorial brasileira. A guerra se alastrou rapidamente. Em um primeiro momento,
Ao longo dos 49 anos de seu governo, o imperador conseguiu os paraguaios tiveram vitórias significativas. Aos poucos, porém, as
conciliar as forças, oferecendo apoio intermitente ao Partido Liberal tropas aliadas se organizaram e passaram à ofensiva. Os combates
e ao Partido Conservador. Embora as diferenças entre os dois parti- corpo a corpo foram sangrentos, marcados por atrocidades de am-
dos fossem pequenas ambos representavam setores diferentes dos bos os lados.
grandes comerciantes e dos grandes proprietários de terra, sempre A guerra só terminou em 1870, com a morte de Solano López. O
que um gabinete liberal dava lugar a um conservador, e vice-versa, Paraguai saiu arrasado do confronto. A população masculina adulta
toda a estrutura administrativa do Império era substituída. foi dizimada, a economia foi destruída e o país perdeu 40% do ter-
Fazendo largo uso do clientelismo, os novos integrantes do po- ritório para seus adversários. No que se refere ao Brasil, o conflito
der substituíam os presidentes de província, prefeitos, delegados, fortaleceu o Exército e o sentimento de identidade nacional.
coletores de impostos e demais funcionários públicos. Nas relações Entretanto, 30 mil combatentes, de 139 mil enviados à fren-
internacionais, dom Pedro II procurou apresentar a imagem do te de batalha, morreram. Para compensar as perdas financeiras, o
Brasil como um país jovem, moderno e com grande potencial de governo brasileiro contraiu empréstimos no exterior, aumentando
desenvolvimento. Para reforçar essa ideia, ele financiava o estudo a dívida externa. O fim dos combates também contribuiu para pôr
de artistas no exterior e estimulava a vinda de missões científicas em xeque o governo de dom Pedro II: as críticas à escravidão se
estrangeiras ao Brasil. intensificaram e a ideia de substituir a monarquia pela república
começou a ganhar força.
A Guerra do Paraguai
As origens da Guerra do Paraguai estão ligadas à consolidação Mudança do Eixo Econômico
dos Estados nacionais na região do Prata e à preocupação do Impé- Planta nativa da Etiópia, na África, o café chegou à Europa no
rio em evitar a formação de uma grande nação platina que ocupas- século XVII e, de lá, à América. Em 1727, as primeiras sementes e
se o território do antigo Vice-Reino do Prata. mudas de café foram trazidas da Guiana Francesa e plantadas em
Em agosto de 1864, tropas brasileiras invadiram o Uruguai - in- Belém, no atual estado do Pará.
dependente desde 1828 - e derrubaram o presidente uruguaio Ata- Por volta de 1760, já havia cafeeiros (para consumo) na cidade
násio Aguirre, do Partido Blanco, acusado de ter posto em prática do Rio de Janeiro. Posteriormente, a planta foi levada ao litoral flu-
medidas antibrasileiras. Seu opositor, Venâncio Flores, do Partido minense e, depois, para o vale do rio Paraíba do Sul. Ali, o café pas-
Colorado, tornou-se presidente. sou a ser plantado como produto agrícola, para consumo e comér-
Interpretando a invasão do Uruguai como uma ameaça aos in- cio, e se espalhou rapidamente, chegando a cidades como Resende
teresses de seu país, em novembro de 1864. o presidente do Para- e Vassouras, no Rio de Janeiro; Areias , Guaratinguetá e Taubaté,
guai, Solano López, aliado de Aguirre, apreendeu um navio mercan- em São Paulo. Mudas e sementes de café também foram levadas
te brasileiro no rio Paraná e, em dezembro, ordenou a invasão da para o Espírito Santo e para o sul de Minas Gerais.
província do Mato Grosso. Nesse processo de expansão, muitos quilômetros da mata
Em seguida, declarou guerra à Argentina, já que o governo do Atlântica foram derrubados para que fazendas de café pudessem
país não permitiria que o Exército paraguaio cruzasse o território se estabelecer e os indígenas que ali viviam foram dizimados ou ex-
argentino em direção ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai. Em maio pulsos. Os pequenos posseiros que se encontravam na região com
de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai (já presidido por Flores) firma- suas lavouras de subsistência tiveram um destino similar. Dessa ma-
ram o Tratado da Tríplice Aliança, um acordo político, econômico e neira, no início do Segundo Reinado, o café já era o principal artigo
militar contra o Paraguai. de exportação brasileiro e o Brasil era o maior exportador mundial
do produto.
No sudeste, as principais cidades cafeicultoras enriqueceram.
Assim como nos engenhos do nordeste, a riqueza extraída dos ca-
fezais era produzida, primordialmente, pela mão de obra escravi-
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
zada. Os cativos eram responsáveis por todo o trabalho no campo: As pressões inglesas aumentaram e, em 1831, o governo re-
preparavam o terreno, plantavam e colhiam. Na época da colheita, gencial decretou o fim do tráfico negreiro. Mas a lei não alcançou
cabia a eles entregar ao administrador da fazenda uma quantidade seu objetivo imediato e africanos escravizados continuaram sendo
específica de grãos. contrabandeados para o Brasil, apesar de o tráfico ter sofrido uma
No começo, os escravizados também tinham por obrigação queda acentuada.
conduzir carros de bois com sacas de café até os portos do Rio de Lei Eusébio de Queirós
Janeiro e de Santos, no litoral do estado de São Paulo, de onde a Em 1850, a pressão internacional, somada ao medo de novas
produção era embarcada para o exterior. A partir de 1850, com a rebeliões de escravos e ao clamor dos que se opunham à escravi-
construção das primeiras ferrovias, esse transporte passou a ser dão, levou à aprovação da Lei Eusébio de Queirós.
feito de trem, o que estimulou a construção de muitas ferrovias. Ela proibia definitivamente o tráfico de africanos para o Brasil.
Mas as ferrovias não impactaram apenas o transporte do café. Importantes fazendeiros que tentaram desrespeitar a nova lei fo-
Elas integraram também o comércio do Triângulo Mineiro ao mer- ram presos e capitães de navios negreiros que continuaram a trafi-
cado paulista, transformaram a paisagem natural dos locais em que car es cravos sofreram duras penas.
foram implantadas e colocaram a população em contato com as
inovações técnicas do capitalismo. As cidades onde foram constru- A imigração europeia e a Lei de Terras
ídas se transformaram, e novos municípios surgiram em função de- Antes de 1850, alguns fazendeiros do Oeste paulista já tenta-
las. Com o enriquecimento, muitos fazendeiros do Vale do Paraíba vam substituir a mão de obra escravizada pela de imigrantes euro-
foram agraciados com títulos de nobreza pelo imperador, originan- peus. Em 1847, cerca de mil colonos de origem germânica e suíça
do se daí a expressão barões do café para designá-los. foram trazidos e empregados, em regime de parceria, em uma fa-
De modo geral, apesar do título, não faziam parte da corte im- zenda no interior de São Paulo.
perial. Embora a presença masculina no gerenciamento das fazen- No entanto, o regime de parceria não funcionou, pois era pou-
das fosse predominante, algumas mulheres também comandavam co vantajoso para os imigrantes, que arcavam com muitas despesas,
as fazendas de café. Esse foi o caso de Maria Joaquina Sampaio de as quais reduziam muito seus lucros. Temendo que os imigrantes
Almeida (1803-1882), que, após a morte do marido, passou a dirigir abandonassem o trabalho nas fazendas e ocupassem as terras de-
a fazenda Boa Vista, em Bananal, responsável por uma das maiores volutas, o governo e a Assembleia Geral instituíram a Lei de Terras,
produções individuais de café no período: 700 mil. que restringia o acesso da população à terra.
A legislação em vigor até então permitia a qualquer pessoa se
Oeste Paulista instalar em uma área de terras devolutas e posteriormente reque-
Os fazendeiros do Vale do Paraíba empregavam técnicas agrí- rer um título de propriedade sobre ela. Com a Lei de Terras, aprova-
colas rudimentares, como a queimada para limpar o terreno. Além da em 1850, quem quisesse se tornar proprietário deveria comprar
disso, não utilizavam arados nem adubos. Por causa dessas práticas, o lote do governo. Para dificultar o acesso, a lei fixou dimensões
o solo da região empobreceu e, por volta de 1870, a produção de- mínimas para os lotes a serem comprados e proibiu a compra a pra-
clinou. zo. Impediu-se assim o surgimento de uma camada de pequenos
Cafeicultores faliram, fazendas foram abandonadas e as cida- proprietários rurais e o desenvolvimento de uma agricultura fami-
des que viviam do café ficaram à míngua. Em busca de novas ter- liar economicamente expressiva no Brasil.
ras, os fazendeiros expandiram as plantações de café em direção ao A lei beneficiou a população mais rica e com mais recursos, que
Oeste paulista na segunda metade do século XIX. Eles expulsaram o comprava grandes lotes diretamente do governo, e possibilitou que
povo Kaingang da região, derrubaram matas e ocuparam as terras os grandes proprietários rurais concentrassem ainda mais porções
férteis das atuais cidades de Campinas, Jundiaí e São Carlos. Em de terras em suas mãos.
seguida avançaram para Ribeirão Preto, Bauru e, mais tarde, para
o norte do Paraná e outras regiões, onde o solo de terra vermelha, A Caminho da Abolição
mais conheci da como terra roxa, era ideal para o cultivo da planta. Quando a Lei Eusébio de Queirós foi aprovada em 1850, a pro-
Nesses lugares, surgiu um novo tipo de cafeicultor que, embora dução cafeicultora do Sudeste estava no auge e a necessidade de
utilizasse mão de obra escrava, passou também a empregar o traba- mão de obra era crescente. Impedidos de recorrer ao tráfico negrei-
lho assalariado de trabalhadores livres de origem europeia. ro, os cafeicultores passaram a comprar es cravos dos fazendeiros
Retirantes cearenses que fugiram da seca no final da década do Nordeste que, naquele momento, atravessavam um período de
de 1870 e se deslocaram para o sudeste também foram emprega- dificuldades por causa da forte concorrência externa à produção
dos nos cafezais. Com os lucros das exportações de café, os cafei- nordestina de açúcar e algodão.
cultores aprimoraram as técnicas agrícolas a fim de multiplicar os Em 1865, a notícia de que os Estados Unidos haviam abolido a
rendimentos. Alguns começaram a diversificar seus investimentos, escravidão reacendeu os debates abolicionistas no Brasil. Ao mes-
aplicando parte do capital em atividades industriais e comerciais. mo tempo, aumentou o número de escravizados que reivindicavam
Em 1872, ano em que foi realizado o primeiro censo no Brasil, 80% junto à Justiça o direito de não separar-se de suas famílias e de jun-
da população em atividade no país se dedicava ao setor agrícola, tar dinheiro para comprar a liberdade. Não raro, eles venciam esses
13% ao de serviços e apenas 7% à indústria. processos.
Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, a Campanha Abo-
Fim do Tráfico Negreiro licionista começou a se difundir pelo país e conquistou adeptos no
No começo do século XIX, o Brasil e várias colônias e nações Exército - os negros e miscigenados representavam a maior parte
sofriam forte pressão do governo inglês para acabar com o tráfico dos soldados brasileiros no conflito. O convívio entre negros e bran-
negreiro e com a escravização dos povos africanos. Por isso, a In- cos durante a guerra contribuiu para diminuir o preconceito e mui-
glaterra só reconheceu a legitimidade da independência brasileira tos militares ou ex-combatentes mudaram de opinião a respeito da
em 1825, depois que dom Pedro I se comprometeu a acabar com escravidão.
o tráfico.

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Lei do Ventre Livre Em São Paulo, em 1886, o abolicionista Antônio Bento criou
Pressionado, o governo procurou conciliar os interesses con- um grupo conhecido como Caifazes, que organizava deserções em
flitantes e extinguir a escravidão sem prejudicar os negócios dos massa de escravos. A partir de então, as fugas se tornaram cada
fazendeiros. Para tanto, propôs um plano de abolição gradual, ga- vez mais frequentes. Em 1887, o Exército anunciou sua recusa em
rantindo indenizações aos donos de escravizados. No dia 28 de se- continuar capturando escravos fugitivos.
tembro de 1871, a Assembleia Geral aprovou a Lei do Ventre Livre. No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel - filha de dom
Ela estabelecia que os filhos de escravizados nascidos a partir da- Pedro II que estava à frente do governo, substituindo o imperador,
quela data seriam considerados livres, mas deveriam permanecer que viajara ao exterior - assinou a Lei Áurea, libertando os 723 mil
sob os cuidados de seus senhores até completarem oito anos de escravos que ainda restavam no país. Esse número representava 5%
idade. da população afrodescendente que vivia no Brasil.
A partir de então, o proprietário tinha duas opções: entregar a Os afro-brasileiros tiveram seus direitos formalmente reconhe-
criança ao governo, que lhe pagaria uma indenização, ou mantê-la cidos. A emancipação, contudo, não foi acompanhada de medidas
sob o regime de trabalho compulsório em sua propriedade, como de reparação ou de integração dos libertos na sociedade, como
forma de compensação pela alforria, até ela completar 21 anos. A propunham muitos abolicionistas. Entre essas propostas estavam a
lei também garantia ao escravizado o direito de formar um pecúlio distribuição de terras aos libertos e a criação de mecanismos para
com o qual pudesse comprar sua alforria. que os ex-escravos e seus filhos tivessem acesso à educação. Na
Esse recurso seria bastante utilizado pelos cativos. Embora ofe- verdade, os ex-escravos não receberam nenhum tipo de amparo e
recesse garantias de compensação aos senhores de escravos, a lei se tornaram vítimas de um novo tipo de desigualdade social e étni-
foi vista como um sinal de que a escravidão estava próxima do fim. ca cujos reflexos ainda podem ser sentidos na sociedade brasileira.
Para os fazendeiros do Oeste paulista, isso significava que seria ne-
cessário promover a imigração europeia em grande escala. A esco-
O Brasil no Final do Século XIX
lha pela mão de obra europeia foi estimulada por teorias raciais vi-
A partir da segunda metade do século XIX, o Brasil passou por
gentes na época. Racistas, essas teorias (genericamente conhecidas
como darwinismo social) defendiam que negros e mestiços, assim transformações socioeconômicas que mudaram o perfil da socie-
como indígenas e asiáticos seriam inferiores aos europeus. dade. O trabalho escravo, por exemplo, começou a ser substituído
Os negros, que durante quase quatro séculos construíram pra- pelo trabalho livre e assalariado. A indústria tomou impulso a partir
ticamente tudo que o existia no Brasil, eram agora taxados de pre- de 1880 e aumentou a contratação de mão de obra assalariada: em
guiçosos, incapazes e incultos. Para políticos e fazendeiros racistas, 1881, havia cerca de três mil trabalhadores industriais; em 1890 já
os negros deveriam ser substituídos por brancos “mais capacita- eram 54 mil, principalmente imigrantes.
dos”. Para eles, o sucesso da modernização do país só seria possível As cidades cresceram e aumentou o número de pessoas das ca-
por meio da mão de obra europeia. madas médias urbanas - profissionais liberais, pequenos e médios
Aproveitando-se da situação de crise de alguns países da Europa, comerciantes, funcionários públicos, etc. A vida cultural se intensi-
iniciou-se amplo processo de incentivo à emigração para o Brasil. ficou. Formou-se uma opinião pública capaz de se mobilizar con-
tra a escravidão e contra o caráter opressivo da monarquia. Nesse
A Campanha Abolicionista mesmo momento, o Brasil atravessava uma grave crise econômica.
A partir de 1880, a mobilização pelo fim da escravidão no Brasil A guerra contra o Paraguai (1864-1870) consumira as divisas do
envolvia homens e mulheres de setores sociais variados, nos princi- país, e a população sofria com o aumento do custo de vida. Os fa-
pais centros urbanos. A Campanha Abolicionista, como foi chama- zendeiros do Centro-Sul mostravam-se insatisfeitos com a composi-
da, teve como polos de aglutinação associações emancipacionistas ção política do império, que não refletia o poder econômico e social
e órgãos da imprensa. das regiões: o Nordeste tinha um número maior de representantes
Personalidades como Joaquim Nabuco (1849-1910), André Re- no Senado e no ministério do que o Sudeste.
bouças (1838-1898) e Antônio Bento (1843-1898) escreviam nos Os cafeicultores, sobretudo os do Vale do Paraíba, também es-
jornais abolicionistas. O caricaturista Ângelo Agostini (1843-1910) tavam in satisfeitos com a extinção do trabalho escravo. Embora
desmoralizava os defensores da escravidão com seus desenhos, e isso tivesse ocorrido por meio da criação de sucessivas leis - como a
José do Patrocínio (1854-1905) costumava terminar seus editoriais do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885) -, a insatisfação
com a frase: “A escravidão é um roubo e todo dono de escravo, um se transformou em revolta em 1888, com a assinatura da Lei Áurea.
ladrão.”. Os militares também davam sinais de descontentamento. Os
No Pará, Manoel Moraes Bittencourt fundou em 1882 o Club
soldos estavam baixos e as promoções dos oficiais ocorriam mais
Abolicionista Patroni, que, junto a outras organizações - que foram
por apadrinhamento do que por mérito. Como não podiam mani-
aparecendo em praticamente todas as províncias brasileiras -, reco-
festar livremente suas opiniões políticas, entre 1883 e 1887 os mili-
lhia recursos para a compra de alforrias. Em 1883, essas associações
se unificaram e formaram a Confederação Abolicionista. tares demonstraram sua insatisfação por meio de atos de insubor-
No Recife, integrantes da sociedade secreta Clube do Cupim, dinação e desobediência que, em seu conjunto, ficaram conhecidos
liderada por José Mariano, retiravam es- cravos do cativeiro e os como a Questão Militar.
enviavam de barcaças ao Ceará, onde a escravidão foi extinta em As relações entre a Igreja e o Estado se desgastaram com a cha-
1884. A essa altura, a Campanha Abolicionista se configurava como mada Questão Religiosa, em 1871, quando bispos de Olinda e de
um movimento irreprimível e de grande apelo popular. Belém fecharam algumas irmandades religiosas ligadas à maçona-
ria. Dom Pedro II ordenou que essas irmandades fossem reabertas.
O Fim da Escravidão Os bispos se recusaram a obedecer, foram presos e condena-
Em 1884, as províncias do Ceará e do Amazonas aboliram a es- dos a trabalhos forçados. Mesmo sendo anistiados pelo imperador
cravidão em seus territórios. No ano seguinte, a Assembleia Geral em 1875, essa situação desgastou a relação entre parte do clero e o
aprovou a Lei Saraiva-Cotegipe, também conhecida como Lei dos Estado. Esse evento é apontado como um dos fatores que levaram
Sexagenários, que libertava os escravos com mais de 60 anos. A ao desgaste e à queda da monarquia no Brasil.
alforria para esse grupo, entretanto, só ocorria depois de três anos
de trabalho a título de indenização.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
A Campanha pela República
Em 1870, políticos liberais radicais, cafeicultores e representan- PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930): O PRIMEIRO GO-
tes das camadas médias do Rio de Janeiro e de São Paulo criaram o VERNO PROVISÓRIO, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE,
Clube Republicano, cujo porta-voz era o jornal carioca A República. PRESIDÊNCIA DE DEODORO DA FONSECA, A POLÍTICA
Nos dois anos seguintes, novos clubes e jornais republicanos DOS GOVERNADORES, O CORONELISMO, MOVIMEN-
surgiram pelo país. Mas a Campanha Republicana ganhou mais for- TOS TENENTISTAS, COLUNA PRESTES, REVOLTA DA
ça a partir de 1873, quando grupos políticos ligados aos cafeiculto- ARMADA
res paulistas fundaram, em São Paulo, o Partido Republicano.

Moderados, radicais e positivistas REPÚBLICA VELHA


Unidos contra a monarquia, os republicanos divergiam quanto Consolidação da República
aos métodos propostos. Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca
Os moderados, vinculados aos grandes proprietários rurais, proclamou a República. Apesar das divergências que existiam sobre
eram contrários ao fim da escravidão. Os radicais, ou revolucioná- o tipo de república a ser construída no país, as elites que domina-
rios, eram membros das camadas médias urbanas e apoiavam uma vam a política em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul
revolução com grande participação popular, como a que ocorrera defendiam o federalismo, em oposição à centralização imperial3.
na França em 1789. A facção formada pelos militares adeptos do Paulistas e mineiros defendiam propostas inspiradas no libe-
positivismo apoiava-se na confiança na ciência e na razão. Na po- ralismo e tinham, sobretudo os paulistas, o modelo estadunidense
lítica, o positivismo defendia a instauração de uma ditadura repu- como referência, em relação à autonomia dos estados e às liberda-
blicana. des individuais.
No Rio Grande do Sul, havia um importante grupo de políticos
O Fim do Império liderado por Júlio de Castilhos. Esse grupo defendia, com base nos
No decorrer de 1889, Quintino Bocaiuva, chefe nacional do ideais positivistas, a instauração de uma ditadura republicana que,
movimento republicano, procurou se aproximar dos militares em ao garantir a ordem, levaria o país ao progresso. Já no Rio de Janei-
busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro, ro, a capital da República, existia um grupo de republicanos radicais,
um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a chamados de jacobinos. Eram civis e militares, alguns deles positi-
apoiar a causa republicana. vistas, que defendiam de maneira exaltada o regime republicano e
Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro opunham-se de ma-neira contundente à volta da monarquia.
estabeleceram contatos com líderes civis de São Paulo, que apoia- Havia também os monarquistas, que desejavam o retorno do
ram a ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para antigo sistema. Entre os militares, predominavam os republicanos.
o dia 20 de novembro, ele foi antecipado porque, no dia 14, um E, mesmo entre estes, havia divergências: enquanto alguns oficiais
major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de seguiam a liderança de Deodoro, outros preferiam a de Floriano
Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant. Peixoto. Mas havia também os positivistas, que tinham Benjamin
Na manhã do dia 15, o próprio marechal Deodoro seguiu à Constant como líder, e alguns monarquistas, sobretudo na Marinha,
frente de um batalhão em direção ao prédio do Ministério da Guer- que tinham fortes ligações com o Império.
ra, onde os ministros encontravam-se reunidos. Sem enfrentar ne-
Nesse emaranhado de projetos políticos, no início de 1890 o
nhuma resistência, Deodoro depôs o gabinete e voltou para casa.
Governo Provisório convocou uma Assembleia Nacional Constituin-
Os republicanos ficaram sem saber se o marechal havia derrubado
te para institucionalizar o novo regime e elaborar o conjunto de leis
a monarquia ou apenas o ministério.
que o regeriam.
Para dirimir qualquer dúvida, o jornalista José do Patrocínio e
Assim, em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira
outras lideranças dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de
Constituição republicana do país, a Constituição dos Estados Uni-
Janeiro e anunciaram o fim da monarquia no Brasil.
dos do Brasil. Inspirada no modelo vigente nos Estados Unidos, ela
Ao ser informado dos acontecimentos, em seu palácio de Pe-
era liberal e federativa, concedendo aos estados prerrogativas de
trópolis, dom Pedro II ainda tentou organizar um novo ministério,
mas acabou desistindo. Na madrugada de 17 de novembro de 1889, constituir forças militares e estabelecer impostos.
embarcou com a família para Portugal. Dois anos mais tarde, mor- Além disso, ela instaurou o presidencialismo como regime po-
reu em Paris, vítima de pneumonia aguda, aos 66 anos. lítico, com a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judici-
A Proclamação da República foi um movimento do qual a po- ário, e oficializou a separação entre Estado e Igreja. Os deputados
pulação praticamente não participou. Nele estiveram envolvidos constituintes também elegeram o marechal Deodoro da Fonseca
alguns militares, intelectuais e políticos. Um dos líderes republica- para a presidência e o marechal Floriano Peixoto para a vice-pre-
nos, Aristides Lobo, chegou a afirmar que o povo assistiu a tudo sidência da República. Mas o novo regime republicano enfrentaria
bestializado, achando que a movimentação das tropas conduzidas crises muito sérias até se consolidar definitivamente.
por Deodoro da Fonseca na manhã do dia 15 de novembro fosse
simplesmente uma parada militar. República de Espadas
Na área econômica, comandada por Rui Barbosa, então minis-
tro da Fazenda, a República começou com grande euforia. Com o
objetivo de estimular o crescimento econômico e a industrialização
do país, o governo autorizou que os bancos concedessem crédito a
qualquer cidadão que desejasse abrir uma empresa. E, para cobrir
esses empréstimos, permitiu a impressão de uma imensa quantida-
de de papel-moeda.

3 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo.
Saraiva.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Como a moeda brasileira tinha como referência a libra inglesa, sul do país. Somente no Rio Grande do Sul, que contava com cerca
as emissões de dinheiro sem lastro (sem garantia em ouro) provo- de 900 mil habitantes, morreram de 10 a 12 mil pessoas, muitas
caram o aumento acelerado da inflação. Muitos dos empréstimos delas degoladas.
concedidos foram usados para abrir empresas que existiam apenas Passados cinco anos da proclamação da República, chegava ao
no papel, mas cujas ações, ainda assim, eram negociadas na Bolsa fim o governo de Floriano Peixoto. No dia 15 de novembro de 1894,
de Valores. Como resultado, muitos investidores perderam seu di- o marechal passou a faixa presidencial ao paulista Prudente de Mo-
nheiro e a inflação aumentou, atingindo toda a sociedade brasileira. rais, conferindo novos ares à República. Pela primeira vez, um civil
Essa medida, que visava estimular a economia, mas resultou em ligado às elites agrárias, em especial aos cafeicultores, assumia o
desvalorização da moeda e especulação financeira, recebeu o nome poder. Com a eleição de Prudente de Morais, encerrava-se o perío-
de Encilhamento. do conhecido como República da Espada.
Na área política, assistia-se a graves conflitos envolvendo o
presidente e os militares que o apoiavam, de um lado, e políticos Modelo Político
liberais e a imprensa, do outro. Oito meses após ser eleito, em no- A Constituição de 1891 estabeleceu eleições diretas para todos
vembro de 1891, Deodoro da Fonseca determinou o fechamento do os cargos dos poderes Legislativo e Executivo. Também determinou
Congresso Nacional e decretou estado de sítio no país. Os oficiais que, excetuando os mendigos, os analfabetos, os praças de pré, os
que seguiam a liderança de Floriano Peixoto não apoiaram o golpe religiosos, as mulheres e os menores de 21 anos, todos os cidadãos
de Estado; assim como a Marinha, que considerou autoritária a ati- brasileiros eram eleitores e elegíveis.
tude do presidente, e diversas lideranças civis. Sem apoio político, o Apesar de suprimir a exigência de renda mínima constante da
presidente renunciou no dia 23. Constituição imperial, a primeira Constituição da República tam-
Nesse mesmo dia, Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presi- bém excluía a maioria da população brasileira do direito de votar. O
dência da República. voto foi decretado aberto, mas, como não havia Justiça Eleitoral, na
A posse do novo presidente foi muito questionada. De acordo prática as eleições eram caracterizadas pela fraude. A organização
com a Constituição, o vice assumiria somente se o presidente hou- da eleição dos municípios, bem como a redação da ata da seção
vesse cumprido metade de seu mandato, ou seja, dois anos. Caso
eleitoral, ficava a cargo dos chefes políticos locais, os chamados co-
contrário, ela previa a realização de uma nova eleição. Mas Floriano
ronéis.
estava decidido a permanecer no poder, com o apoio dos florianis-
Isso lhes permitia registrar o que bem quisessem nas atas - daí
tas, que alegavam que o dispositivo constitucional só valeria para o
o nome “eleições a bico de pena” - e também controlar as escolhas
próximo mandato presidencial.
Treze generais do Exército contestaram sua posse e, por meio dos eleitores, por meio da violência ou do suborno. Era comum, por
de um manifesto, exigiram eleições presidenciais. Floriano ignorou exemplo, que nas atas das seções eleitorais constassem votos de
o protesto e mandou prender os generais. Receosas com a instabi- eleitores já mortos para o candidato dos coronéis.
lidade da República, as elites políticas de São Paulo, representadas Ou então que os coronéis reunissem os eleitores em um de-
pelo Partido Republicano Paulista (PRP), apoiaram o novo presiden- terminado lugar para receber as cédulas eleitorais já preenchidas.
te. Floriano, por sua vez, percebeu que o suporte do PRP era fun- Esses locais eram chamados de “curral eleitoral”. De modo geral, os
damental. eleitores votavam no candidato do coronel por vários motivos: obe-
Ele também contou com o apoio de importantes setores do diência, lealdade ou gratidão, ou em busca de algum favor, como
Exército e da população do Rio de Janeiro. Oficiais da Marinha de dinheiro, serviços médicos e até mesmo proteção. Afinal, sem a ga-
Guerra (Armada) tornaram-se a sua principal oposição. Em 6 de rantia dos direitos civis e políticos, grande parte da população rural
setembro de 1893, posicionaram os navios de guerra na baía de - vale lembrar que a imensa maioria dos brasileiros então vivia no
Guanabara, apontaram os canhões para o Rio de Janeiro e Niterói e campo - buscava a proteção de um coronel e acabava se inserindo
dispararam tiros contra as duas cidades - era o início da Revolta da em uma rede de favores e proteção pessoal.
Armada. Em março do ano seguinte a situação tornou-se insusten-
tável nos navios - não havia munição, alimentos, água nem o apoio O Poder dos Coronéis
da população. Parte dos revoltosos pediu asilo político a Portugal, Também conhecida como coronelismo, a chamada “República
a outra foi para o Rio Grande do Sul participar de um conflito que dos coronéis” era um sistema político que resultou da Constituição
eclodira um ano antes: a Revolução Federalista. de 1891 e marcou a Primeira República. Se no Império os presiden-
tes de estado (hoje denominados governadores) eram nomeados
Revolução Federalista pelo poder central, com a República eles passaram a ser eleitos pe-
A instalação da República alterou a política do Rio Grande do los coronéis. Nos municípios, eram os coronéis que, por meio da
Sul. Com ela, o Partido Republicano Rio-Grandense alcançara o po- violência e da fraude eleitoral, controlavam os votos que elegiam o
der. Apoiada por Floriano Peixoto e liderada por Júlio de Castilhos, presidente de estado, e também os deputados estaduais e federais,
a agremiação de orientação positivista tornou-se dominante no es-
os senadores e até mesmo o presidente da República.
tado em que passou a governar de maneira autoritária.
Por outro lado, eles dependiam do governante estadual para
A principal força de oposição ao Partido Republicano era o Par-
nomear parentes e protegidos a cargos públicos ou liberar verbas
tido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins, que defendia
para obras nos municípios. Assim, criava-se uma ampla rede de
o parlamentarismo e a predominância da União Federativa sobre
o poder estadual - enquanto os republicanos pregavam o sistema alianças e favores, em que coronéis, presidentes de estado, parla-
presidencialista e a autonomia dos estados. mentares e o próprio presidente da República estavam atados por
Diante da violência e das fraudes eleitorais, os federalistas uni- fortes laços de interesses. Esse esquema se consolidou na presi-
ram-se a outras forças de oposição, dando origem a uma sangren- dência de Campos Sanes (1898-1902), idealizador do que veio a ser
ta guerra civil, que ficou conhecida como Revolução Federalista chamado de política dos governadores Ou dos esta- dos.
(1893-1895). Os conflitos não se limitaram ao estado do Rio Grande Nela, o governo federal apoiava as oligarquias dominantes nos
do Sul, estendendo-se aos de Santa Catarina e do Paraná, e só ter- estados, que em troca sustentavam politicamente o presidente da
minaram em junho de 1895 com a vitória dos republicanos sobre os República no Congresso Nacional, controlando a eleição de senado-
federalistas. A Revolução Federalista causou muito sofrimento ao res e deputados federais - e evitando, dessa forma, que os candida-
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
tos da oposição se elegessem. Ainda assim, caso isso acontecesse, a circulação de jornais e livros. A cidade que mais cresceu foi a de São
Comissão de Verificação de Poderes da Câmara Federal, responsá- Paulo, principalmente a partir de 1886, com a chegada de milhares
vel por aprovar e confirmar a vitória dos candidatos eleitos, impug- de imigrantes.
nava a posse, sob a alegação de fraude.
Apesar das fraudes eleitorais, as eleições periódicas foram Crise do Café
importantes para a configuração do sistema político brasileiro. Pri- Na década de 1920, o café, que era então responsável por mais
meiro, porque exigiam o mínimo de competição no jogo eleitoral, da metade das exportações brasileiras, sustentava a economia do
permitindo a renovação das elites dirigentes. Segundo, porque, país. Por consequência, a oligarquia paulista tornara-se dominante
mesmo com o controle do voto, havia alguma mobilização do elei- na política brasileira - dos 12 presidentes eleitos entre 1894 e 1930,
torado - com o qual as elites, mesmo dispondo de grande poder seis eram filiados ao Partido Republicano Paulista.
político, precisavam manter alguma interlocução. A crescente produção cafeeira, contudo, acabou provocando
graves problemas. O consumo do café brasileiro, que nesse período
Política do Café com Leite atendia a 70% da demanda mundial, estabilizou-se, mas os fazen-
A política dos governadores inaugurada por Campos Salles fun- deiros continuaram expandindo suas plantações. Com uma produ-
damentou a chamada República Oligárquica. Ela reforçou os pode- ção maior do que a capacidade de consumo, os preços internacio-
res das oligarquias - sobretudo as dos estados de São Paulo e Minas nais caíram, causando prejuízos e gerando dívidas.
Gerais. Como o número de representantes por estado no Congresso A primeira crise de superprodução ocorreu em 1893. Ao as-
era proporcional à sua população, São Paulo e Minas Gerais, que sumir a presidência em 1894, Prudente de Morais teve de lidar
eram os estados mais populosos e ricos - da federação, elegiam as com grave crise econômica. Campos Salles, que o sucedeu na pre-
maiores bancadas na Câmara dos Deputados. sidência em 1898, fez um acordo com os credores internacionais
Vale lembrar que, à época, os partidos políticos eram estadu- conhecido como funding loan. Pelo acordo, que transformou todas
ais e proliferavam siglas como Partido Republicano Mineiro, Partido as dívidas brasileiras em uma única, cujo credor era a casa bancária
Republicano Paulista, Partido Republicano Rio-Grandense etc. Ex- britânica dos Rothschild, o Brasil recebeu como empréstimo 10 mi-
pressão simbólica da aliança entre o Partido Republicano Paulista e lhões de libras esterlinas. Além de oferecer as rendas da alfândega
o Partido Republicano Mineiro foi a chamada política do café com do Rio de Janeiro como garantia, o governo se comprometeu a rea-
leite, que funcionava no momento da escolha do sucessor presi- lizar uma política econômica deflacionária, retirando papel-moeda
dencial. do mercado, o que gerou recessão, falências e desemprego e não
As oligarquias dos dois estados escolhiam um nome comum resolveu os problemas da superprodução de café e da queda dos
para presidente, ora filiado ao partido paulista, ora ao mineiro. A preços no mercado internacional.
cada sucessão presidencial, a aliança entre Minas Gerais e São Pau- Para evitar maiores prejuízos, representantes das oligarquias
lo precisava ser renovada, muitas vezes com conflitos e interesses cafeeiras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro
divergentes. Por serem fortes em termos políticos e econômicos, reuniram-se na cidade paulista de Taubaté e elaboraram, em 1906,
formaram-se duas oligarquias dominantes no país: a de São Paulo e um plano para a defesa do produto, que, a princípio, não contou
a de Minas Gerais. Embora em posição inferior à aliança entre pau- com o apoio do governo federal.
listas e mineiros, destacavam-se também a do Rio Grande do Sul, a Pelo Convênio de Taubaté - como ficou conhecido esse encon-
da Bahia e a do estado do Rio de Janeiro. tro - estabeleceu-se a política de valorização do café, pela qual os
Houve eleições em que os vitoriosos não estavam comprometi- governos dos estados conveniados recorreriam a empréstimos ex-
dos com a política do café com leite, caso de Hermes da Fonseca em ternos para comprar e estocar o excedente da produção de café, até
1910 e de Epitácio Pessoa em 1919. O importante é considerar que que seu preço se estabilizasse no mercado internacional, de modo
as oligarquias dos estados que se encontravam fora da política do a garantir o lucro dos cafeicultores. Para o pagamento dos juros da
café com leite passaram a questionar o sistema político na década dívida, seria cobrado um imposto sobre as exportações de café.
de 1920. Dois anos depois, na presidência de Afonso Pena, o governo
federal deu garantias aos empréstimos. A política de valorização do
Aspectos Econômicos café foi benéfica apenas para os cafeicultores, em especial os pau-
Por volta de 1830, o café tornou-se o principal produto de ex- listas, em detrimento dos produtores de açúcar, algodão, charque,
portação do Brasil, superando o açúcar. Com a expansão das lavou- cacau etc. Além de acentuar as desigualdades regionais, grande
ras cafeeiras para o Oeste Paulista, a partir da década de 1870, a parte dos custos dessa política acabou recaindo sobre a sociedade
cafeicultura estimulou a economia do país, cujo dinamismo atraiu brasileira, que teve de arcar com os prejuízos.
investidores estrangeiros, sobretudo britânicos.
Ela propiciou a construção e o reaparelhamento de ferrovias, Economia da Borracha
estradas, portos e o surgimento de bancos, casas de câmbio e de No começo da República, outro importante produto de expor-
exportação. Também foram criados estaleiros, empresas de nave- tação era a borracha da Amazônia, que alcançou seu auge entre
gação e moinhos. O café mudou o país, inclusive incentivando a sua 1890 e 1910. Em meados do século XIX, desenvolveu-se o processo
industrialização. Surgiram, por exemplo, fábricas de tecidos, cha- de vulcanização da borracha, por meio do qual ela se tornava en-
péus, calçados, velas, alimentos, utensílios domésticos etc. Trata- durecida, porém flexível, perfeita para ser usada em instrumentos
va-se de um tipo de indústria, a de bens de consumo não duráveis, cirúrgicos e de laboratório. O sucesso do produto aconteceu mes-
que não exigia grande tecnologia ou altos investimentos de capital, mo ao ser empregado na fabricação de pneus tanto de bicicletas
mas que empregava grande quantidade de mão de obra. como de automóveis. Em 1852, o Brasil exportava 1 600 toneladas
A riqueza gerada pelas exportações de café possibilitou, ainda, de borracha (2,3% das exportações nacionais). Em 1900, já ultra-
o aumento das importações e a expansão das cidades, com a ins- passava os 24 milhões de toneladas, o que equivalia a quase 30%
talação de serviços públicos (como iluminação a gás e sistema de das exportações.
transporte urbano), novas práticas de diversão e até mesmo maior Além de empregar cerca de 1 10 mil pessoas que trabalhavam
nos seringais, a extração do látex na região Norte fez com que as
cidades de Belém e Manaus passassem por grandes transforma-
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HISTÓRIA DO BRASIL
ções: expansão urbana, instalação de serviços (iluminação pública, Havia também razões morais contra a vacinação obrigatória. À
bondes elétricos, serviços de telefonia e de distribuição de água). época, os homens não admitiam que, em sua ausência, suas resi-
A partir de 1910, contudo, a entrada da borracha de origem asi- dências fossem invadidas por estranhos que tocassem no corpo de
ática no mercado internacional provocou um drástico declínio na suas esposas e filhas para aplicar vacinas. Como a maioria das mu-
produção amazônica. Extraída em colônias inglesas e holandesas, lheres partilhava desses mesmos valores, quando a lei da vacinação
a borracha asiática tinha maior produtividade, melhor qualidade e obrigatória foi publicada nos jornais, estourou uma revolta no Rio
menor preço. de Janeiro.
Inicialmente, militares tentaram depor Rodrigues Alves, mas
Disputas por Território logo foram dominados por tropas fiéis ao governo. A maior reação,
Os primeiros governos republicanos enfrentaram problemas de entretanto, ficou por conta da população mais pobre. Entre os dias
disputas territoriais com os vizinhos latino-americanos. 10 e 13 de novembro de 1904, a cidade foi tomada por manifes-
O primeiro deles foi sobre a região oeste dos atuais estados tantes populares: as estreitas ruas do centro foram bloqueadas por
de Santa Catarina e Paraná. que era reclamada pelos argentinos. barricadas e os policiais, atacados com pedradas.
A questão foi resolvida pela arbitragem internacional dos EUA em A repressão policial foi violenta. Qualquer suspeito de haver
1895, confirmando a posse brasileira. participado da revolta foi jogado em porões de navios e manda-
Outra pendência foi com a França, sobre a demarcação das do para o Acre. A vacinação obrigatória acabou sendo suspensa, e,
fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa. Com arbitragem in- quatro anos depois, uma epidemia de varíola matou mais de 6 mil
ternacional do governo suíço, o Brasil venceu a disputa em 1900, pessoas no Rio de Janeiro. Foram necessários muitos anos para que
impondo sua soberania sobre as terras que hoje integram o estado os governantes reconhecessem que nada conseguiam com Imposi-
do Amapá. ções e práticas autoritárias sobre a população. Nos anos 1960, com
No ano seguinte, o Brasil entrou em disputa com a Grã-Breta- campanhas de esclarecimento, a vacinação em massa tornou-se co-
nha sobre os limites territoriais entre a Guiana Britânica (ou Inglesa) mum no país. Em 1971, ocorreu o último caso de varíola no Brasil.
e o norte do então estado do Amazonas - que hoje corresponde ao
estado de Roraima. Revolta da Chibata
O rei da Itália. Vítor Emanuel II, foi convocado como árbitro Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssi-
internacional, e em 1904 ele decidiu a favor dos britânicos. Desse mas condições de trabalho: soldos miseráveis, má alimentação, tra-
modo, o Brasil perdeu parte do território conhecido como Pirara, e balhos excessivos e opressão da oficialidade. Mas os castigos físicos
a Grã-Bretanha obteve acesso à bacia Amazônica por meio de al- aos quais eram submetidos, principalmente com o uso da chibata,
eram ainda mais graves.
guns de seus afluentes.
Em 22 de novembro de 1910, marinheiros do encouraçado
Outra disputa, bem mais complexa. foi travada em torno da
Minas Gerais se revoltaram contra a punição de um colega conde-
região onde hoje se localiza o Acre. que então pertencia à Bolívia
nado a receber 250 chibatadas. Liderados por João Cândido, eles
e ao Peru. Muitos nordestinos, em particular cearenses, que so-
tomaram a embarcação, prenderam e mataram alguns oficiais e
friam com a seca. haviam se estabelecido ali para explorar o látex,
apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro. Os marujos
gerando conflitos armados com tropas bolivianas. Os brasileiros
do encouraçado São Paulo e de outras seis embarcações, também
chegaram a declarar a independência política do Acre. Em 1903, a
ancoradas na baía de Guanabara, aderiram à revolta. Os revoltosos
diplomacia brasileira conseguiu uma vitória com o Tratado de Pe- exigiam melhores condições de trabalho e o fim dos castigos cor-
trópolis, que incorporava o Acre ao território brasileiro em troca de porais.
indenizações à Bolívia e ao Peru. O Congresso negociou com os revoltosos e, somente após sua
Cabe destacar a relevante atuação de José Maria da Silva Para- rendição, concedeu-lhes anistia. Mas o ambiente na Armada con-
nhos Júnior, o barão do Rio Branco. responsável pelas relações in- tinuou tenso. Em 4 de dezembro, diante de novas punições, outra
ternacionais do Brasil entre 1902 e 1912. Ele não só esteve à frente revolta eclodiu na ilha das Cobras. Os oficiais reagiram de maneira
das negociações que envolviam disputas territoriais do país como dura e bombardearam a ilha.
fez do Ministério das Relações Exteriores uma instituição profissio- Depois, prenderam 600 marinheiros, inclusive os que participa-
nalizada e aproximou o Brasil dos EUA. ram da primeira revolta, entre eles João Cândido, apelidado de “al-
mirante negro”. Jogados em prisões solitárias por vários dias, mui-
Movimentos e Revoltas tos deles morreram. Os demais foram detidos em porões de navios
Revolta da Vacina e mandados para a Amazônia - ou executados durante a viagem.
Além de modernizar a cidade, era necessário erradicar as do-
enças epidêmicas da capital da República. Com base nas então Revolta em Juazeiro do Norte
recentes descobertas sobre os microrganismos e a capacidade de Em 1889, no povoado de Juazeiro do Norte, no sul do estado
mosquitos, moscas e pulgas transmitirem doenças, o médico sani- do Ceará, durante uma missa celebrada pelo padre Cícero Romão
tarista Oswaldo Cruz, a quem coube essa tarefa, estava decidido a Batista, uma beata teria sangrado pela boca logo após receber a
erradicar a febre amarela, com o combate aos mosquitos, a varíola, hóstia. A notícia do suposto milagre - da hóstia que teria se transfor-
com a vacinação, e a peste bubônica, com a caça aos ratos, cujas mado em sangue - espalhou-se, aumentando o prestígio do padre,
pulgas transmitiam a doença. que passou a ser idolatrado na região. Além das funções de padre,
Em junho de 1904, Rodrigues Alves enviou um projeto de lei ao ele desempenhava as de juiz e conselheiro, ensinava práticas de hi-
Congresso que propunha a obrigatoriedade da vacinação contra a giene, acolhia doentes e criminosos arrependidos.
varíola. Havia grande insatisfação popular contra as reformas urba- Seu prestígio era tamanho que a alta hierarquia da Igreja che-
nas do prefeito Pereira Passos. Mas a obrigatoriedade de introduzir gou a ficar incomodada e temerosa de que essa veneração estimu-
líquidos desconhecidos no corpo, imposta de maneira autoritária lasse práticas religiosas fora de seu controle - o que, de fato, aconte-
pelo governo e sem esclarecimentos à população, que à época des- ceu. Em 1892, o padre foi impedido de pregar e ouvir em confissão.
conhecia os benefícios da vacinação, gerou forte resistência. Dois anos depois, a Congregação para a Doutrina da Fé decretou a
falsidade do milagre em Juazeiro do Norte, provocando a reação da
população. Movimentos de solidariedade se formaram e irmanda-
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HISTÓRIA DO BRASIL
des se mobilizaram a favor do padre Cícero. Imensas romarias pas- José Maria organizou uma comunidade formada por milhares de
saram a se dirigir à cidade. Beatas diziam ter visões que anunciavam homens e mulheres em Taquaruçu, nas proximidades do município
a proximidade do fim do mundo e o retorno de Cristo. Surgia um catarinense de Curitibanos. Armados e sob a liderança de José Ma-
movimento que desafiava as autoridades eclesiásticas da região. ria, eles criticavam a República.
Em 1911, inserido na política oligárquica local, padre Cícero foi Muitos homens e mulheres que participavam desse movimen-
eleito prefeito de Juazeiro do Norte e se tornou o principal articula- to conhecido como Contestado, por ter ocorrido em uma área dis-
dor de um pacto entre os coronéis da região do vale do Cariri. Padre putada entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, eram pe-
Cícero lutou em vão até o ano de sua morte, 1934, para provar que quenos proprietários expulsos de suas terras devido à construção
o milagre em Juazeiro do Norte havia ocorrido. Apenas em 2016, a de uma ferrovia, a Brazil Railway Company, que ligaria os estados
Igreja Católica se reconciliou com o padre, suspendendo todas as de São Paulo e do Rio Grande do Sul. A empresa pertencia a um dos
punições que havia lhe imposto. homens mais ricos do mundo, o estadunidense Percival Farquhar.
Como parte do pagamento à empresa construtora, o governo
Guerra de Canudos estadual doou 15 quilômetros de terras de cada lado da linha, pre-
Antônio Vicente Mendes Maciel andava pelos sertões nordes- judicando os camponeses que ali viviam. A situação era agravada
tinos pregando a fé católica. Tornou-se um beato conhecido como pela presença de madeireiras. Atacados pela polícia, em 1912, des-
Antônio Conselheiro e passou a ser seguido por muitas pessoas. locaram-se para Palmas, no Paraná.
Em 1877, fixou-se com centenas delas no arraial de Canudos, um O governo do estado, que considerou se tratar de uma inva-
lugarejo abandonado no interior da Bahia, às margens do rio Vaza- são dos catarinenses, atacou a comunidade e matou José Maria,
-Barris, ao qual renomearam Belo Monte. A comunidade cresceu dispersando a multidão de homens e mulheres que o seguia. Um
rapidamente. Famílias, que fugiam da exploração dos latifundiários ano depois, cerca de 12 mil fiéis se reagruparam em Taquaruçu. A
da região ou abandonavam suas terras de origem devido à seca, liderança do movimento ficou a cargo de um conselho de chefes,
foram para Canudos. que difundiu a crença de que José Maria regressaria à frente de
Também foi o caso de jagunços, que serviam aos coronéis, mas um exército encantado para vencer as forças do mal e implantar o
haviam caído em desgraça. Estima-se que em poucos anos o arraial paraíso na Terra. Em fins de 1916, forças do Exército e das polícias
recebeu entre 20 e 30 mil pessoas pobres, em sua grande maioria, estaduais, com o apoio de aviões, reprimiram o movimento, matan-
mas que em Canudos tinham ao menos uma casa para morar e ter- do milhares de rebeldes.
ra para plantar.
Canudos tinha uma rígida organização social. No comando es- O Modernismo
tava António Conselheiro, também chamado de chefe, pastor ou No Brasil, como em grande parte do mundo ocidental, a vida
pai. Doze homens, denominados apóstolos, assumiram as chefias cultural era fortemente influenciada pelos europeus. No vestuário,
dos setores de guerra, economia, vida civil, vida religiosa etc. O
na culinária, na literatura, na pintura, no teatro e em outras mani-
arraial contava com uma guarda especial formada pelos jagunços,
festações artístico-culturais, adorava-se, sobretudo, o padrão fran-
chamada Companhia do Bom Jesus ou Guarda Católica. Havia tam-
cês como modelo.
bém comerciantes.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, isso começou
Em 1896, um incidente alterou a paz do arraial. Comerciantes
a mudar. A guerra resultou no declínio econômico e político dos
de Juazeiro não entregaram madeiras compradas por Conselheiro
países envolvidos no conflito e suscitou, ao menos nas Américas, a
para a construção de uma nova igreja. Os jagunços se vingaram sa-
dúvida quanto à superioridade da cultura europeia. Nos anos 1920,
queando a cidade. Em resposta, o governador baiano enviou duas
expedições punitivas a Canudos, ambas derrotadas pelos conselhei- em diversas cidades do Brasil, principalmente em São Paulo e no
ristas. Rio de Janeiro, surgiram jornais, revistas e manifestos publicados
Denúncias de que Canudos e António Conselheiro faziam parte por artistas e intelectuais que, preocupados com a modernização
de um amplo movimento que visava restaurar a monarquia no país do país, discutiam o que era ser brasileiro. Recusavam-se a copiar
chegavam nas capitais dos estados. A imprensa do Rio de Janeiro e padrões europeus e propunham uma nova maneira de pensar e de-
de São Paulo, sobretudo, insistia na existência de um complô mo- finir o Brasil, valorizando a memória nacional e a pesquisa das raízes
narquista. Na capital da República, estudantes, militares, escritores, culturais dos brasileiros.
jornalistas, entre outros grupos sociais, responsabilizavam o presi- Era o movimento modernista, que se manifestou com grande
dente Prudente de Morais por não reprimir Canudos. impacto em São Paulo. Entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, o
Nesse contexto foi então organizada uma terceira expedição, Teatro Municipal de São Paulo abrigou a Semana de Arte Moderna.
chefiada pelo coronel Moreira César, veterano na luta contra os Em três noites de apresentação, artistas e intelectuais exibiram suas
federalistas gaúchos. Formada por 1.300 homens do Exército bra- obras: houve música, poesia, pintura, escultura, palestras e deba-
sileiro e seis canhões, ela foi derrotada pelos conselheiristas, que tes.
mataram o coronel. O fato tomou proporções nacionais, e Canudos Nas artes plásticas, destacaram-se Anita Malfatti, Di Cavalcanti
passou a ser visto como uma real ameaça à República. Formou-se, - responsável pela arte da capa do catálogo da exposição - e Lasar
assim, uma quarta expedição, que contava com 10 mil homens. Em Segall (pintura); Vitor Brecheret (escultura); e Oswaldo Goeldi (gra-
outubro de 1897, o arraial foi destruído e sua população, massacra- vura). Oswald de Andrade apresentou as revistas Papel e Tinta e
da - mesmo aqueles que se renderam foram degolados. Pirralho, leu textos e poemas.
Mário de Andrade, Ronald de Carvalho e Graça Aranha tam-
Guerra do Contestado bém leram seus trabalhos. O maestro Villa-Lobos impressionou o
Em 1911, um pregador itinerante de nome José Maria apa- público quando, na orquestra que regia, incluiu instrumentos de
receu na região central de Santa Catarina. Ele afirmava que tinha congada, tambores e uma folha de zinco. O público vaiou.
sido enviado pelo monge João Maria, morto alguns anos antes. Acostumada ao padrão europeu de música, a audiência rejei-
Na região Sul do país, monge tinha o mesmo significado que be- tava os instrumentos musicais das culturas africanas e indígenas.
ato no Nordeste. João Maria, quando vivo, fora contra a instaura- Para os modernistas, era preciso mostrar às elites que essas cultu-
ção da República e acreditava que somente a lei da monarquia era ras também eram formadoras da cultura nacional.
verdadeira. Apresentando-se como um continuador de suas ideias,
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HISTÓRIA DO BRASIL
O Tenentismo dentes do PRP fundaram o Partido Democrático (PD), em São Paulo.
Enquanto isso, setores da média oficialidade do Exército - como O novo partido defendia a adoção do voto secreto e obrigatório, a
tenentes e capitães - atacavam o governo com armas, em um movi- criação da Justiça Eleitoral e a independência dos três pode
mento conhecido como tenentismo. Alguns criticavam o liberalismo O sucessor de Arthur Bernardes, Washington Luís, suspendeu o
e defendiam um Estado forte e centralizado, expressando um nacio- estado de sítio e as perseguições ao movimento sindical. No entan-
nalismo não muito bem definido. Exigiam a moralização da política to, não concedeu a anistia política aos tenentes, como exigiam as
e das eleições e defendiam a adoção do voto secreto. Muitos se oposições. Em 1929, começaram as articulações para a nova suces-
mostravam ressentidos com os políticos, pelo papel secundário do são presidencial. O presidente Washington Luís, do Partido Repu-
Exército na política nacional. A primeira revolta tenentista ocorreu blicano Paulista, indicou para sucedê-lo o presidente do estado de
no Rio de Janeiro, em 1922. Após os rebelados tomarem o Forte de São Paulo, Júlio Prestes. Inconformadas, as oligarquias mineiras se
Copacabana, canhões foram disparados contra alvos considerados aliaram aos gaúchos e aos paraibanos, lançando o nome do gaúcho
estratégicos. O objetivo era impedir posse do presidente eleito Ar- Getúlio Vargas para a presidência e do paraibano João Pessoa para
thur Bernardes e, no limite, derrubar o governo. a vice-presidência.
O presidente Epitácio Pessoa, com o apoio do Exército e da O Partido Democrático, de São Paulo, apoiou a candidatura de
Marinha, ordenou o bombardeamento do forte. Muitos desistiram Vargas. Os dissidentes então formaram a Aliança Liberal, cuja pla-
da luta, mas 17 deles decidiram resistir. Com fuzis nas mãos, mar- taforma política defendia o voto secreto, a criação de uma Justiça
charam pela avenida Atlântica. Um civil se juntou a eles. Ao final, Eleitoral, a moralização da prática política, a anistia para os militares
sobraram apenas os militares Siqueira Campos e Eduardo Gomes. revoltosos dos anos 1920 e o estabelecimento de leis trabalhistas.
A rebelião ficou conhecida como a Revolta dos 18 do Forte. Nas eleições ocorridas em março de 1930, Júlio Prestes venceu,
Em 1924, eclodiu outra revolta tenentista, dessa vez em São mas os políticos da Aliança Liberal não aceitaram a derrota, alegan-
Paulo. Os revoltosos tomaram o poder na capital paulista. O objeti- do fraudes eleitorais. Mineiros e gaúchos conseguiram o apoio dos
vo era incentivar revoltas todo o país até a derrubada do presiden- tenentes na luta contra o governo. No exilio argentino, Luís Carlos
te Arthur Bernardes. A reação do governo federal foi bombardear Prestes tinha aderido ao comunismo e recusou-se a participar das
a cidade. Acuados, os revoltosos resolveram marchar para Foz do conversações. A crise eclodiu com o assassinato de João Pessoa,
Iguaçu. em julho de 1930. Apesar de se tratar de um crime que misturava
razões políticas locais e passionais, os políticos da Aliança Liberal
A Coluna Prestes transformaram o episódio em questão nacional e deflagraram uma
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o jovem capitão Luís revolução.
Carlos Prestes liderava uma coluna militar que, partindo de Santo Iniciada em 3 de outubro de 1930, em Minas Gerais e no Rio
Ângelo, marchava ao encontro dos rebelados paulistas em Foz do Grande do Sul, ela se alastrou rapidamente pelo Nordeste. Diante
Iguaçu. Quando se encontraram, em abril de 1925, formaram a da possibilidade de uma guerra civil, altos oficiais do Exército e da
Coluna Prestes-Miguel Costa e partiram em direção ao interior do Marinha depuseram o presidente Washington Luís e formaram uma
país, para mobilizar a população contra o governo e as oligarquias. Junta Militar. Com a chegada das tropas rebeldes ao Rio de Janeiro,
Com cerca de 1500 homens, atravessaram 13 estados. Perse- entregaram o poder a Getúlio Vargas. O movimento político-militar
guido pelo Exército, Prestes, com táticas militares inteligentes, im- conhecido como Revolução de 1930 saía vitorioso. Era o início da
pôs várias derrotas às tropas governistas - que nunca o derrotaram. Era Vargas.
Após marcharem 25 mil quilômetros, cansados e sem perspectivas,
em 1927 os soldados da coluna entraram no território boliviano,
onde conseguiram asilo político. Por sua luta e capacidade de co- REVOLUÇÃO DE 1930. ERA VARGAS (1930-1945).
mando, Luís Carlos Prestes passou a ser considerado um herói e
conhecido como “Cavaleiro da Esperança “.
A ERA VARGAS
A Revolução de 1930 Governo Provisório
No início da década de 1920, o sistema político da Primeira Re- Ao assumir a chefia do governo provisório em 1930, apoiado
pública começava a apresentar sinais de esgotamento. A realização pelos militares, Getúlio Vargas aboliu a Constituição de 1891, dis-
da Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista do solveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas estaduais
Brasil e a eclosão da Revolta dos 18 do Forte eram indícios desse e as Câmaras municipais e instituiu um regime de emergência. Com
esgotamento. A própria sucessão presidencial, também no ano de exceção do governador Olegário Maciel, de Minas Gerais, todos os
1922, foi marcada por uma forte disputa entre os grupos políticos demais (na época, chamados de presidentes de estado) foram subs-
estaduais. tituídos por interventores, pessoas da confiança do presidente, es-
Paulistas e mineiros haviam concordado em apoiar o mineiro colhidos por ele entre os egressos do movimento tenentista4.
Arthur Bernardes. Mas as lideranças políticas do Rio de Janeiro, do Em São Paulo, a nomeação do tenentista pernambucano João
Rio Grande do Sul, da Bahia e de Pernambuco optaram por lançar Alberto Lins de Barros para interventor provocou descontentamen-
Nilo Peçanha como candidato. O movimento, conhecido como Rea- to entre as elites, que passaram a exigir um interventor civil e pau-
ção Republicana, não propunha romper com o sistema oligárquico, lista. Os desdobramentos do descontentamento da população em
mas abrir espaço para os grupos dominantes de outros estados, de- relação a Vargas levaram à deflagração da Revolução Constituciona-
safiando o domínio de paulistas e mineiros. No entanto, os resulta- lista, em julho de 1932.
dos das eleições eram previsíveis e Arthur Bernardes saiu vitorioso. Devido à debilidade de suas convicções ideológicas, o tenentis-
Os líderes da Reação Republicana não aceitaram a derrota e mo perdeu muito de sua influência junto ao governo Vargas. Vários
apelaram para os militares - o que fez eclodir a revolta tenentista de seus representantes voltaram para os quartéis, outros se aliaram
no Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922. Arthur Bernardes ao comunismo ou a grupos simpatizantes do fascismo. Os que con-
governou sob estado de sítio, perseguiu o movimento operário e tinuaram no governo permaneceram subordinados ao presidente.
atuou de maneira bastante impopular nas cidades. Em 1926, dissi-
4 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo,
Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Legislação Trabalhista A exemplo do que acontecia na Europa, onde a população geral
A obra pela qual o governo de Getúlio Vargas é mais lembra- estava desacreditada da democracia liberal - o que favorecia o sur-
do é a legislação trabalhista, iniciada com a criação do Ministério gimento de regimes totalitários em diversos países -, surgiram no
do Trabalho, Indústria e Comércio, em novembro de 1930. As leis Brasil grupos que reivindicavam a implantação de uma ditadura de
de proteção ao trabalhador regularam o trabalho de mulheres e direita, semelhante à de Mussolini na Itália.
crianças, estabeleceram jornada máxima de oito horas diárias de Em 1932, foi formada a Ação Integralista Brasileira, de inspi-
trabalho, criaram o descanso semanal remunerado e garantiram o ração fascista, liderada pelo escritor Plínio Salgado e composta de
direito a férias (já concedido anteriormente, em 1923, porém nunca intelectuais, religiosos, alguns ex-tenentistas e setores das classes
colocado em prática) e à aposentadoria, entre outras novidades. médias e da burguesia. Tendo como lema “Deus, Pátria e Família”, o
Esse conjunto de leis seria sistematizado em 1943, com a Con- integralismo era um movimento de caráter nacionalista, antiliberal,
solidação das Leis do Trabalho (CLT). Ao mesmo tempo, em 1931 anticomunista e contrário ao capitalismo financeiro internacional.
0 governo aprovou a Lei de Sindicalização, que estabelecia o con- Os integralistas defendiam o controle do Estado sobre a eco-
trole do Ministério do Trabalho sobre a ação sindical. Os sindica- nomia e o fim de instrumentos democráticos, como a pluralidade
tos passaram a ser órgãos consultivos do poder público; só podiam partidária e a democracia representativa. Nas eleições municipais
funcionar com autorização do Ministério do Trabalho, que, por sua de 1936, os integralistas elegeram vereadores em diversos municí-
vez, tinha poderes de intervenção tão importantes nas atividades pios brasileiros e conquistaram várias prefeituras, entre elas as de
sindicais que podia até afastar diretores. Blumenau (SC) e Presidente Prudente (SP).
Assim, anarquistas e comunistas foram afastados do movimen- A Aliança Nacional Libertadora surgiu em março de 1935, e
to sindical pelo governo e reagiram à lei, considerada autoritária, tinha como presidente de honra o líder comunista Luís Carlos Pres-
por meio de greves e manifestações. Aos poucos, porém, diversos tes. O Partido Comunista do Brasil (PC do B) tinha grande ascendên-
setores sindicais passaram a acatá-la. cia sobre a ANL, mas o movimento reunia em suas fileiras grupos
A legislação trabalhista - apresentada à população como uma de variadas tendências: socialistas, liberais, anti-integralistas, inte-
“dádiva do governo” - e a aproximação em relação aos sindicatos lectuais independentes, estudantes e ex-tenentistas descontentes
faziam parte de um tipo de política que seria caracterizado como com o autoritarismo do governo Vargas. Seu programa político era
populista, anos mais tarde. Apresentado como autor magnânimo nacionalista e anti-imperialista. Entre suas principais bandeiras es-
das leis trabalhistas, Getúlio era chamado de “pai dos pobres”, uma tavam a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionaliza-
espécie de protetor da classe trabalhadora, desconsiderando as ção de empresas estrangeiras e a reforma agrária.
conquistas como resultado das lutas dos trabalhadores. A ANL cresceu rapidamente, chegando a reunir entre 70 mil e
100 mil filiados, segundo estimativas do historiador Robert Levine.
A Constituição de 1934 Quatro meses depois de fundada, foi declarada ilegal pelo presi-
Em 1932, Getúlio Vargas ainda governava sob um regime de dente Vargas.
exceção. Em fevereiro do mesmo ano, o governo aprovou um novo A partir de então, seus militantes passaram a agir na clandes-
Código Eleitoral que trazia algumas novidades: tinidade. Em novembro de 1935, setores da ANL ligados ao PC do
- criava a Justiça Eleitoral, para coibir as fraudes eleitorais; B lideraram, sob orientação da Internacional Comunista, insurrei-
- instituía o voto secreto, principalmente para minar a influên- ções mi- litares nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro, com
cia dos coronéis sobre os eleitores (releia o Capítulo 3); o intuito de tomar o poder e implantar o comunismo no Brasil. Mal
- reduzia de 21 anos para 18 a idade mínima do eleitor; articulados, os levantes fracassaram e a Intentona Comunista, como
- garantia o direito de voto às mulheres, antiga reivindicação ficou conhecido o episódio, levou o presidente a decretar estado de
dos grupos feministas, que tinham entre suas principais militantes a sítio e determinar a prisão de mais de 6 mil pessoas - entre as quais
enfermeira Bertha Lutz (1894-1976). um senador e quatro deputados.
Entre os detidos encontravam-se Luís Carlos Prestes (posterior-
Pressionado por diversos setores da sociedade, juntamente mente condenado a dezesseis anos de reclusão) e sua mulher, a
com a divulgação do novo Código Eleitoral, o governo convocou judia alemã Olga Benário. Ela, grávida de sete meses, foi deportada
eleições para maio de 1933, visando à formação de uma Assembleia para a Alemanha nazista em setembro de 1936, onde morreu em
Constituinte. Entre os 254 constituintes eleitos encontrava-se a mé- um campo de concentração em 1942.
dica Carlota Pereira de Queirós, candidata por São Paulo e primeira
deputada do Brasil. Eleições Canceladas
Promulgada em julho de 1934, a nova Constituição incorporou Em meio a esse clima de repressão à esquerda, teve início, em
a legislação trabalhista em vigor, acrescentando a ela a instituição 1937, a campanha eleitoral para a escolha do sucessor de Getúlio
do salário mínimo (que seria criado somente em 1940) e criou o Vargas. O presidente, contudo, articulava sua permanência no po-
Tribunal do Trabalho. Pela nova Carta, analfabetos e soldados conti- der junto às Forças Arma das e aos governadores. No final de 1937,
nuavam proibidos de votar. o capitão integralista Olímpio Mourão Filho elaborou um plano de
Ainda em julho de 1934 os constituintes elegeram Getúlio Var- uma conspiração comunista para a tomada do poder e o entregou à
gas para a Presidência da República, pondo fim ao governo provisó- cúpula das Forças Armadas.
rio. De acordo com a Constituição, o mandato presidencial se esten- Era o Plano Cohen, nome de seu suposto autor. O documen-
deria até 1938, quando um novo presidente escolhido por voto livre to era falso, mas serviu de pretexto para um golpe de Estado. No
e direto assumiria o cargo. dia 10 de novembro de 1937, o presidente ordenou o fechamento
do Congresso por tropas do Exército. Pelo rádio, Vargas declarou
Governo Constitucional de Vargas canceladas as eleições presidenciais e anunciou a instauração do
Os anos 1930 foram marcados por uma forte polarização po- Estado Novo, que ele definiu como “um regime forte, de paz, justiça
lítica, com o surgimento de dois movimentos antagônicos: a Ação e trabalho”.
Integralista Brasileira (AIB), de direita, e a Aliança Nacional Liber- A seguir, foi outorgada uma nova Constituição, que logo pas-
tadora (ANL), de esquerda. saria a ser chamada de Polaca, em alusão a suas semelhanças com
a Constituição polonesa, de inspiração fascista. As garantias indivi-
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HISTÓRIA DO BRASIL
duais foram suspensas e o direito de reunião, abolido. A população Surgiram então diversos partidos políticos, entre os quais a
ficou proibida de se organizar, reivindicar seus direitos e de ma- União Democrática Nacional (UDN), formada por setores das clas-
nifestar livremente suas opiniões. Sem reação popular, começava ses médias e altas, o Partido Social Democrático (PSD), composto de
uma nova fase do governo getulista: a de uma ditadura declarada, antigos coronéis e interventores nos estados e o Partido Trabalhista
centralizada em torno da figura de Getúlio Vargas. Brasileiro (PTB), constituído por líderes sindicais ligados ao Ministé-
rio do Trabalho, além do Partido Comunista do Brasil (PC do B), que
O Estado Novo voltou a ser legalizado.
Vargas passou a governar por meio de decretos-lei. Todos os Durante a campanha eleitoral, líderes do PTB e de alguns sin-
partidos políticos foram extintos, incluindo a Ação Integralista, que dicatos, com o apoio do Partido Comunista e com o aval do presi-
apoiara o golpe. A ideologia do Estado Novo enfatizava principal- dente, passaram a defender a permanência de Getúlio Vargas na
mente a ideia de reconstrução da nação - pautada na ordem, na Presidência. A expressão “Queremos Getúlio!”, repetida em coro
obediência à autoridade e na aceitação das desigualdades sociais pelos partidários desse grupo, deu nome ao movimento: queremis-
- e a de tutela do Estado sobre a nacionalidade brasileira. mo. Para evitar a permanência de Vargas no poder, os generais Góis
Monteiro e Eurico Gaspar Dutra exigiram sua renúncia.
Departamento de Imprensa e Propaganda Com o afastamento de Getúlio em Outubro de 1945, o Estado
Em 1939, foi criado o Departamento de Imprensa e Propagan- Novo chegava ao fim.
da (DIP), inspirado no serviço de comunicação da Alemanha nazista.
Os agentes do DIP controlavam os meios de comunicação por meio
da censura a jornais, revistas, livros, rádio e cinema. Eles também OS PRESIDENTES DO BRASIL DE 1964 À ATUALIDADE
elaboravam a propaganda oficial do Estado Novo, produzindo peças
publicitárias que mostravam o presidente como uma figura pater-
nal, bondosa, severa e exigente a fim de agradar à opinião pública. DITADURA MILITAR
O DIP elaborava também cine documentários, como o Cine- O Governo Militar de 1964
jornal Brasileiro - exibido obrigatoriamente em todos os cinemas, Desde o início de 1964, as propostas de reformas de base in-
antes do início dos filmes -, livros e cartilhas escolares enaltecendo tensificaram as manifestações de apoio e de repulsa ao governo de
a figura de Vargas e transmitindo noções de patriotismo e civismo. João Goulart. Disseminou-se o medo das reformas5.
Em meio ao ambiente de controle e repressão, a Polícia Espe- Em 31 de marco, o alto escalão de oficiais do Exército, com
cial de Getúlio Vargas ganhou força. Comandada pelo ex-tenentista apoio de vários governadores, como Magalhães Pinto (1909-1996),
Filinto Müller, ela ficou conhecida por suas prisões arbitrárias e pela de Minas Gerais, Carlos Lacerda (1914-1977), da Guanabara, e
prática de tortura contra os presos. Adhemar de Barros (1901-1969), de São Paulo, rebelou-se contra
o governo de Jango.
O Brasil e a Segunda Guerra Mundial O primeiro passo coube ao general Olímpio Morão Filho, que
Em 1940, Vargas fez um discurso elogiando o sucesso das tropas
mobilizou o exército de Belo Horizonte, o mesmo que, 27 anos
nazistas na Europa. Entretanto, embora se aproximasse dos países
antes, ainda capitão e integralista, havia forjado o famoso Plano
do Eixo por suas posturas autoritárias, o governo de Getúlio Vargas
Cohen. Segundo o pesquisador e historiador Carlos Fico, os revolto-
manteve uma postura ambígua sobre a Segunda Guerra Mundial,
sos contavam com a Operação Brother Sam, que incluía a possível
pois mantinha relações econômicas com os Estados Unidos.
Para impedir a influência europeia sobre o Brasil, o governo intervenção planejada pelo embaixador estadunidense Lincoln Gor-
estadunidense pôs em prática a política de boa vizinhança, que se don, associado às elites econômicas, políticas e militares.
manifestou por meio do fim do intervencionismo político e da cola- A operação contava com uma forca tarefa naval estadunidense
boração econômica e militar. O rompimento definitivo com o bloco (porta-aviões, porta-helicópteros, contratorpedeiros) que atuaria
nazifascista ocorreu em 1942, quando navios mercantes brasileiros nas costas brasileiras e incluía a entrega de armas, munições e com-
foram afundados por submarinos alemães. bustível (quatro navios-petroleiros). O plano entraria em ação em
Em agosto daquele ano, após manifestações populares e es- marco.
tudantis exigindo que o governo entrasse no conflito ao lado das Entretanto, o golpe teve um desfecho rápido e sem lutas. Cul-
democracias, Getúlio declarou guerra aos países do Eixo. Em julho minou com a deposição do presidente João Goulart, que deixou
de 1944, aproximadamente 25 mil soldados, integrantes da Força Brasília, dirigiu-se para o Rio Grande do Sul e em seguida para o
Expedicionária Brasileira (FEB) desembarcaram na Itália. Uruguai, onde pediu asilo. Já no dia 12 de abril, o embaixador Lin-
coln Gordon foi avisado de que não era mais necessário o apoio
O Fim do Estado Novo logístico estadunidense. Era o fim de uma experiência republicana
Em 1942, as manifestações estudantis e populares lideradas reformista e o início da ditadura comandada pelos militares.
pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a favor da participação Após a deposição do presidente João Goulart, uma junta mili-
do Brasil na guerra contra o nazifascismo, deram início a um lento tar, formada pelo general Artur da Costa e Silva (1899-1969), pelo
processo de distensão no clima sufocante do Estado Novo. Outras brigadeiro Francisco Correia de Melo (1903-1971) e pelo almirante
manifestações ocorreram, agora pelo fim do Estado Novo e pela Augusto Rademaker (1905-1985) foi instalada no poder. A primeira
volta da democracia. medida tomada por essa junta foi a decretação do Ato Institucional
Em 1943, houve o Manifesto dos Mineiros, de um grupo de po- nº 1 (Al-1).
líticos e intelectuais de Minas Gerais durante um congresso da Or-
dem dos Advogados do Brasil (OAB). No início de 1945, foi a vez dos
participantes do Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores. Ainda
em 1945, Getúlio pôs fim à censura da imprensa, anistiou presos
políticos - entre eles, Luís Carlos Prestes - e convocou eleições para
5 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio
uma Assembleia Constituinte.
Vicentino. José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São
Paulo. Scipione.
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O decreto garantia amplos poderes ao Executivo, como cassar mais implacável de todas as leis da ditadura: suspendeu a conces-
mandatos, suspender direitos políticos, aposentar funcionários ci- são de habeas corpus e todas e quaisquer garantias constitucionais,
vis e militares e decretar estado de sítio sem autorização do Con- dando ao presidente militar o controle absoluto sobre o destino da
gresso. Milhares de brasileiros foram atingidos pelos expurgos, civis nação.
e militares. No mesmo dia, foi decretado o fechamento do Congresso por
Em seguida, o Alto Comando das Forças Armadas indicou para tempo indeterminado. Com a instauração do Al-5, houve o perío-
a Presidência o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco do de repressão mais intensa no país. Com os canais democráticos
(1897-1967). Com o golpe de 1964, teve início uma série de gover- fechados, uma parcela da oposição partiu para o enfrentamento
nos militares que permaneceu no poder até 1985. Nesse período, armado, com assaltos a bancos, sequestros e atentados. Nessas
as liberdades democráticas foram anuladas e os poderes Legislativo ações, exigia-se a libertação de presos políticos e procurava-se arre-
e Judiciário foram submetidos. Também foi uma época em que es- cadar fundos para o movimento. O esforço pouco adiantou. Alguns
tados e municípios perderam sua autonomia, passando a ser sim- anos de- pois, os grupos de luta armada estavam derrotados, com
ples executores das decisões federais. muitos militantes mortos ou exilados. Quase todos os presos foram
torturados.
Governo Castelo Branco Em agosto de 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um der-
Castelo Branco autorizou inúmeras prisões, interveio em sin- rame e ficou impossibilitado de exercer suas funções. O vice-presi-
dicatos e organizações populares e cassou direitos políticos de dente, o civil Pedro Aleixo, foi proibido pelos ministros militares de
opositores. Também fechou o Congresso Nacional e criou o Servi- assumira Presidência, que foi ocupada por uma junta militar. A junta
ço Nacional de Informações (SNI). Decretou o Ato Institucional nº permaneceu no poder até outubro do mesmo ano, quando eleições
2 (Al-2), que estabeleceu eleições indiretas para a Presidência da indiretas foram convocadas para escolher o novo presidente. O
República e extinguiu os partidos políticos existentes, que foram nome do general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), apresen-
reunidos em duas novas legendas: a Arena (Aliança Renovadora tado pelos chefes militares, foi aprovado pelo Congresso, reaberto
Nacional), aliada ao governo, e o MDB (Movimento Democrático para essa finalidade.
Brasileiro), supostamente de oposição.
Decretou também o Al-3, que determinou a eleição indireta O Governo Médici
dos governadores dos Estados, e o Al-4, que orientou a elabora- Durante o governo Médici, houve um elevado crescimento da
ção da nova Constituição, outorgada em janeiro de 1967. A Carta economia, do denominado “milagre econômico”. Antônio Delfim
incorporava os atos institucionais e atribuía hegemonia política ao Netto, então ministro da Fazenda, afirmava que era preciso “fazer
Executivo. Em 1967, a Lei de Imprensa instaurou a censura aos veí- crescer o bolo para depois dividi-lo”. Era a justificativa para estabe-
culos de comunicação no país. Na área econômica, o Brasil alinhou- lecer políticas de favorecimento e concentração da renda. O desen-
-se completamente com os Estados Unidos e criou facilidades para volvimento econômico e a propaganda governamental reforçaram
o apoio da classe média ao governo, setor beneficiado pela política
a entrada do capital estrangeiro.
econômica.
Um exemplo desse alinhamento foi o envio de tropas brasilei-
No entanto, foi também um período caracterizado pela repres-
ras à República Dominicana, juntando-se à intervenção militar es-
são e pela tortura, com forte censura aos meios de comunicação. A
tadunidense.
repressão era justificada peIo crescimento da luta armada contra
o regime. Entre as realizações do governo Médici, destacam-se a
Governo Costa e Silva
construção da rodovia Transamazônica, a conclusão de várias hi-
Para a sucessão de Castelo Branco, o Alto Comando Militar in-
drelétricas e a criação da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás) e
dicou o ministro da Guerra, marechal Artur da Costa e Silva (1899- do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em
1969). Com a economia em crescimento e a manutenção do conge- seu governo também foi aprovada uma emenda constitucional que
lamento dos salários dos trabalhadores, surgiram greves, como a de ampliava os poderes do presidente, cujo mandato se estendeu de
Contagem (MG) e a de Osasco (SP). Esta foi reprimida brutalmente, quatro para cinco anos.
com cerco policial, seguido da atuação dos soldados com metralha- Desde antes do completo endurecimento do regime, com o Al-
doras e blindados. 5, opositores de esquerda se preparavam para enfrentar a ditadura
Ainda no início de seu governo, os protestos de rua contra o com a guerrilha. Alguns focos guerrilheiros foram formados: o do
regime ditatorial se intensificaram. Políticos cassados pela ditadu- Araguaia, no Pará, que foi descoberto em 1972 e destruído pelo
ra, estudantes e trabalhadores de diversas categorias aliaram-se. Exército em 1975; o da Serra do Caparaó, em Minas Gerais, e o do
A Frente Ampla, por exemplo, nasceu de uma aliança entre Carlos Vale do Ribeira, em São Paulo, que foram derrotados rapidamente.
Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, que buscavam reunir Este último era chefiado pelo capitão Carlos Lamarca (1937-
a oposição contra a ditadura. 1971), que conseguiu fugir da repressão militar e acabou morto no
Costa e Silva decretou sua ilegalidade e proibiu suas atividades. sertão da Bahia.
Em 1968, foram constantes as manifestações estudantis exigindo Outra figura que se destacou nessa forma de atuação arma-
a redemocratização do Brasil. O governo respondia aos protestos da foi Carlos Marighella (1911-1969), líder da Aliança Libertadora
com repressão policial. Em marco de 1968, o estudante Edson Luís Nacional (ALN). Ele agia na região das grandes capitais e foi morto
de Lima e Souto foi assassinado durante a invasão militar de um numa tocaia por policiais em São Paulo.
restaurante universitário. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam
o trajeto até o cemitério, transformando o enterro em um ato polí- Governo Geisel
tico. Em outubro, foram presos centenas de estudantes e as lideran- O presidente eleito indiretamente para substituir Médici foi o
ças do movimento universitário que participavam do XXX Congres- general Ernesto Geisel (1907-1996). Em seu governo a economia
so da UNE em Ibiúna, SP. nacional começou a mostrar sinais de dificuldades, associadas ao
Nesse quadro, o regime acentuou o processo de fechamento crescimento obtido à custa do capital estrangeiro.
político com a edição, em 13 de dezembro de 1968, do Ato Insti-
tucional nº 5 (Al-5), pelo qual, entre outras medidas de exceção, o
presidente poderia decretar o recesso do Congresso Nacional. Foi a
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Entre essas dificuldades estava a desigualdade social com ex- ter a maioria na Câmara dos Deputados. Entretanto, ainda estava
trema concentração de renda e o aumento da dívida externa, que previsto que, em 1985, fosse realizada eleição indireta para o cargo
obrigou o pagamento de juros altíssimos, inviabilizando o cresci- de presidente da República. Vários setores sociais e militares liga-
mento do pais. dos à ditadura reagiram ao processo de abertura política.
Assim, enquanto o país conquistava a décima posição na eco- Essa reação foi expressa por meio da violência, com ataques a
nomia mundial, a qualidade de vida de boa parte da população bancas de jornais que vendiam publicações de oposição e atenta-
brasileira continuava em níveis baixíssimos. Parte desse quadro foi dos a entidades civis, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil
agravada pela crise internacional provocada pela alta dos preços do (OAB). O mais sério desses atentados aconteceu em 30 de abril de
petróleo nos países produtores, ocorrida em 1972. 1981, quando militares da linha dura visavam explodir bombas no
Essa crise provocou sérios problemas no Brasil, que importa- Rio- centro, um espaço de convenções da capital carioca, onde se
va, aproximadamente, 80% do petróleo que consumia. A situação realizava um grande festival de música em homenagem ao dia do
continuou se agravando em 1974, primeiro ano do governo Geisel É trabalhador. Uma das bombas explodiu no pátio da miniestação elé-
importante destacar que 1974 foi, também, o ano em que o conser- trica, sem interromper o evento.
vadorismo sofreu derrotas, como a renúncia do presidente Nixon, A outra explodiu acidentalmente dentro de um carro, matando
nos EUA (provocada pelo caso Watergate), e a Revolução dos Cra- o sargento Guilherme Pereira do Rosário (1946-1981) e ferindo gra-
vos, em Portugal, que depôs a ditadura no país. vemente Wilson Dias Machado, um oficial do Exército.
Para contornar a situação econômica, o governo Geisel estimu- O atentado do Riocentro marcou o fim dos embates dos mi-
lou o desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool (Pró-Alco- litares da linha dura contra o processo de abertura em curso. No
ol), cujo objetivo era promover ver a utilização de uma fonte de final de 1983, os partidos de oposição começaram uma campanha
energia alternativa ao petróleo. pela eleição direta para presidente da República. O movimento, co-
Foi também durante seu governo que teve início a construção nhecido como Diretas Já, mobilizou o país em manifestações que
de duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo: Itaipu e Tu- chegaram a envolver centenas de milhares de pessoas.
curuí. Os impasses criados pelo modelo econômico dos militares O objetivo do movimento era pressionar o Congresso a aprovar
deu margem para o crescimento da oposição e para o início de um uma emenda constitucional que reinstituía as eleições diretas para
processo de abertura política, lenta e gradual, que levaria à rede- presidente. A emenda, porém, foi derrotada por apenas 22 votos,
mocratização do país. numa sessão em que vários parlamentares não compareceram.
Para iniciar a abertura política, o presidente precisou afastar os A escolha do novo presidente seria realizada, mais uma vez,
militares que se opunham a isso, considerados de linha dura e em indiretamente. Formou-se então uma aliança de políticos modera-
posições de comando. A reação da sociedade às mortes por tortura dos favoráveis à abertura. Dois civis concorreram à sucessão presi-
do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e do operário dencial: Tancredo Neves, da Aliança Democrática, que reunia tanto
Manuel Fiel Filho, em janeiro de 1976, foi decisiva para o processo opositores como colaboradores da ditadura, e Paulo Maluf, do PDS
de abertura política. (antiga Arena). Tancredo Neves venceu, mas não tomou posse.
Em 1978, uma grande greve de metalúrgicos, liderada pelo lí-
Às vésperas da cerimónia, o presidente eleito foi hospitalizado
der sindical Luiz Inácio da Silva, o Lula, teve início na região do ABC,
e faleceu em 21 de abril de 1985. A Presidência, então, foi assumida
em São Paulo. Entre as reivindicações estavam melhores salários
por seu vice, José Sarney, um dos fiéis aliados do regime militar.
e a abertura política. Apesar da forte repressão, outras categorias
O final do governo Figueiredo e a posse de José Sarney marcaram
profissionais aderiram ao movimento, demonstrando o desgaste do
o fim do regime militar. Iniciava-se uma nova fase na vida política
poder autoritário do governo. Antes do término de seu mandato,
brasileira, denominada Nova República.
Geisel revogou o Al-5 e determinou a extinção da censura no Brasil.
A NOVA REPÚBLICA
Governo Figueiredo
O general João Batista Figueiredo (1918-1999) foi escolhido Transição para a Democracia
para a sucessão de Geisel. A divida externa brasileira ultrapassava O fim da ditadura militar veio acompanhado por um desejo de
os 100 bilhões de dólares e a inflação era mais de 250% ao ano. Gre- mudança: os brasileiros desejavam a construção de um novo país -
ves e agitações políticas apareciam por toda a parte e a imprensa sem autoritarismo, sem corrupção, sem inflação, sem concentração
trazia à tona sucessivos escândalos financeiros envolvendo mem- de renda, sem arrocho salarial, sem Injustiças sociais. Em um país
bros do governo. Dando sequência ao processo de abertura políti- ansioso por mudanças, José Sarney, o vice-presidente eleito em
ca, o governo Figueiredo aprovou, em 1979, a Lei de Anistia. 1985, assumiu a presidência, em decorrência da morte de Tancre-
A partir de então, muitos presos políticos foram libertados e do Neves, com a tarefa de conduzir a transição da ditadura para o
vários brasileiros exilados começaram a retornar ao país. Outra regime democrático6.
medida de seu governo foi a reforma partidária, que extinguiu a O Congresso Nacional revogou leis criadas durante o regime
Arena e o MDB e autorizou a formação de novos partidos políticos. militar, acabou com a censura aos meios de comunicação e restituiu
A maioria dos integrantes da Arena passou a compor o Partido De- aos cidadãos brasileiros o livre exercício de expressão e pensamen-
mocrático Social (PDS). O MDB deu lugar ao Partido do Movimento to. O movimento sindical também adquiriu liberdade de acuação,
Democrático Brasileiro (PMDB) e diversas legendas surgiram, como o que levou à criação de centrais sindicais. Foi instituída, ainda, a
o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrático Trabalhista liberdade de organização partidária, incluindo a legalização dos par-
(PDT) e o Par- tido Trabalhista Brasileiro (PTB), entre outros. tidos comunistas. Em termos de transição democrática, o governo
O fim do bipartidarismo representou a ampliação das liberda- Sarney cumpria suas obrigações.
des democráticas. Na política externa, o Brasil reatou relações diplomáticas com
Foram ainda autorizadas eleições diretas para governadores, as Cuba e tomou a iniciativa de formar com a Argentina um mercado
primeiras desde 1967. Nas eleições realizadas em 1982, o PDS ven- comum latino-americano, que, com a adesão do Uruguai e do Para-
ceu em 12 estados, com um total de 18 milhões de votos, e a oposi- guai, daria origem ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991.
ção venceu em dez estados, com 25 milhões de votos. O avanço da
6 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo.
oposição também se confirmou no Legislativo: o governo deixou de
Saraiva.
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Economia da Nova República direitos civis, políticos e sociais a todos os brasileiros. Com o fim da
A Nova República se deparou com uma pesada herança do regi- ditadura militar, cidadania havia se tornado uma palavra recorrente
me militar: uma enorme dívida externa de cerca de 100 bilhões de no vocabulário brasileiro.
dólares. Sem alternativas, em 1987, o governo decretou moratória; Não por acaso, ao promulgar a nova Constituição, Ulysses Gui-
ou seja, tomou a decisão unilateral de não pagar a dívida. No ano marães a chamou de “Constituicão Cidadã”. De todas as Consti-
seguinte, ela foi renegociada com o Fundo Monetário Internacio- tuições da história do país, ela é a mais avançada no tocante aos
nal (FMI). Outro grave problema era a inflação. Em março de 1985, direitos de cidadania. No âmbito dos direitos políticos, ela garantiu
quando Sarney tomou posse, ela era de 12,7% ao mês. Os traba- eleições diretas em todos os níveis, estendendo o direito ao voto a
lhadores eram os mais prejudicados, pois o salário recebido perdia analfabetos e a maiores de 16 anos, e ampla liberdade de organi-
parte de seu poder aquisitivo já no dia seguinte. zação partidária.
Para enfrentá-la, o governo recorreu a planos de estabilização, A nova Constituição também garantiu os direitos sociais exis-
chamados de choques econômicos. O primeiro foi o Plano Cruzado. tentes até então e incluiu outros, como a licença-paternidade. Na
Adorado em 1986, ele “congelava” os preços de mercadorias, alu- questão dos direitos civis, houve muitos avanços, como o direito
guéis, salários, tarifas públicas e passagens pelo prazo de um ano, à liberdade de expressão, de reunião e de organização. A impren-
além de substituir a moeda do país, que era então o cruzeiro, pelo sa tornou-se livre de qualquer censura, e as liberdades individuais
cruzado. O efeito imediato foi o desejado: uma brusca queda da in- também foram garantidas no texto constitucional.
flação. Com isso os índices de popularidade de Sarney se elevaram. O racismo e a tortura tornaram-se crimes inafiançáveis. A Lei
Aproveitando-se do enorme apoio social, o presidente chegou de Defesa do Consumidor, de 1990, transformou-se em importan-
a convocar os brasileiros pela televisão para ajudar na fiscalização te instrumento de defesa dos cidadãos. Outra importante inovação
do congelamento dos preços. foi a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, facilitando o
Em poucos meses, contudo, o Plano Cruzado começou a des- acesso da população à justiça, também foram ampliados os poderes
moronar. Primeiro, houve o desabastecimento (ausência de ofer- de instituições, como a Defensoria Pública e o Ministério Público.
ta de mercadorias nas lojas), depois, o chamado ágio (a cobrança
de um preço maior do que o tabelado por mercadorias vendidas O Caçador de Marajás
Para a consolidação da transição democrática, restava ainda
clandestinamente). No segundo semestre de 1986, o plano chegou
a tão aguardada eleição presidencial: os brasileiros não elegiam
ao limite. Ainda assim, dada a proximidade das eleições legislativas
presidente da República pelo voto direto havia quase 30 anos. As
e estaduais, marcadas para novembro, Sarney manteve o congela-
esquerdas apresentaram seus candidatos. O do Partido dos Traba-
mento dos preços.
lhadores (PT), na época identificado com um projeto socialista, era
Apostando no sucesso do Plano Cruzado e apoiando Sarney, os
Luiz Inácio Lula da Silva.
brasileiros votaram em peso no PMDB, o partido do governo, que
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) apresentou a candi-
elegeu a maioria dos governadores, deputados e senadores. Passa-
datura de Leonel Brizola, herdeiro do projeto trabalhista anterior
dos apenas cinco dias das eleições, Sarney autorizou o reajuste dos
a 1964. Outros candidatos, mais ao centro, foram: Ulysses Guima-
preços e dos impostos. Temendo novos congelamentos, os empre-
rães, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e
sários aumentaram os preços das mercadorias. Mário Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Os combustíveis, por exemplo, chegaram a ficar 60% mais ca- Partidos de direita e conservadores também concorreram nas
ros. Os índices de popularidade do presidente despencaram. A in- eleições. Contudo, as pesquisas foram rapidamente lideradas por
flação voltou, e os salários novamente perderam parte de seu po- um candidato quase desconhecido: Fernando Collor de Mello, do
der aquisitivo. Greves e manifestações de protesto ocorreram em inexpressivo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Collor havia
várias cidades. Em uma delas, na Companhia Siderúrgica Nacional, feito carreira política no partido da ditadura e ganhara visibilidade
o enfrentamento entre operários e soldados do Exército resultou na no governo de Alagoas, especialmente após o corte de altos salários
morte de três grevistas. Em meio à crise econômica, intensificavam- na máquina administrativa do estado, o que o fez ficar conhecido
-se os conflitos sociais. como “caçador de marajás”.
No campo, os enfrentamentos entre proprietários rurais e tra- Collor recebeu o apoio de grupos econômicos poderosos e
balhadores sem-terra aumentaram. Latifundiários se organizaram também da mídia quando subiu nas pesquisas e se mostrou capaz
na União Democrática Ruralista (UDR), enquanto trabalhadores de derrotar Lula e Brizola nas eleições. Em suas campanhas, Lula de-
rurais formaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra fendia a anulação da dívida externa e a reforma agrária; Brizola, por
(MST). Atentados - a mando ou não de latifundiários - contra líderes sua vez, ressaltava a necessidade de preservar as empresas estatais
camponeses, padres e sindicalistas tornaram-se comuns. e realizar amplos investimentos em educação; já Collor pregava a
No final da década de 1980, o problema da inflação tornou-se modernização do país e a sua entrada no Primeiro Mundo.
crônico. Em maio de 1987, ela atingiu 23,2%; no final do ano, al- Collor soube aproveitar o desejo de mudança que tomara a
cançou o índice acumulado de 366%. No ano seguinte, a inflação sociedade brasileira logo após o fim da ditadura. Como resultado,
chegou ao nível estratosférico de 933%. O país vivia a hiperinflação. ele obteve 28,52% dos votos, contra 16,08% alcançados por Lula no
Os preços eram reajustados diariamente. De fevereiro de 1989 a primeiro turno das eleições - o que os levou para o segundo turno,
fevereiro de 1990, a inflação atingiu 2751%. Sem ter como controlar como determinava a nova Constituição.
a disparada dos preços, o governo Sarney se limitou a cumprir a Contando com o apoio de amplos setores da sociedade, sobre-
tarefa da transição democrática. tudo dos conservadores, Collor venceu as eleições com dos votos.
Lula, em torno do qual se uniram as esquerdas e as forças conside-
A Constituição de 1988 radas progressistas, recebeu 37,86% dos votos.
Apesar do descontrole da economia. a sociedade brasileira
continuava no caminho da democracia. Em 1988, o então deputado
Ulysses Guimarães. do PMDB. presidiu a sessão em que o Congres-
so Nacional promulgou a nova Constituição, que garantia amplos
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
A Democracia Resistiu mistas, ele começou a elaborar um plano para estabilizar a econo-
Na América Latina, o Brasil não era o único país com dificulda- mia do país. Seguindo as indicações do Consenso de Washington,
des de pagar sua dívida externa. Em decorrência dessa situação, em FHC e sua equipe concluíram que, para alcançar a estabilidade da
fins de 1989, técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do moeda, era preciso reformar o Estado, reduzir os gastos do governo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mun- e privatizar as empresas estatais.
dial (Bird) reuniram-se em um seminário com economistas latino-a- Em fevereiro do ano seguinte, o governo criou a Unidade Real
mericanos com o objetivo de reorganizar a economia desses países. de Valor (URV), atrelando-a ao dólar. Se a arrecadação de impostos
As medidas sugeridas ao final do encontro, que aconteceu se mantivesse alta, os gastos na área social fossem reduzidos e as
em Washington, foram: não interferência do Estado na economia; grandes reservas em dólar, preservadas, a URV se manteria estável.
abertura dos mercados nacionais para importações e entrada de Em julho de 1994, o governo transformou a URV em uma nova mo-
capital estrangeiro; privatização de empresas estatais; equilíbrio do eda, o real. Em apenas 15 dias, a inflação caiu drasticamente.
orçamento do Estado, com a diminuição de investimentos na área O real equiparou-se ao dólar, obtendo estabilidade. Era o fim
social, como saúde e educação; e combate à inflação. Esse conjunto da alta constante e acelerada dos preços, beneficiando os assala-
de diretrizes ficou conhecido como Consenso de Washington. riados. Com o sucesso do Plano Real, que conseguiu derrubar a
Fernando Collor assumiu a presidência em 15 de março de inflação, Fernando Henrique Cardoso foi lançado candidato à presi-
1990, mostrando-se de pleno acordo com o Consenso de Washin- dência pela coligação PSDB/PFL. Seu principal adversário era Lula,
gton e determinado a aplicar o conjunto de diretrizes. Já no dia se- novamente candidato pelo PT.
guinte, anunciou um novo plano de estabilização econômica para Exausta da inflação, a sociedade brasileira apoiou a estabiliza-
o país, cuja inflação atingia então 80% ao mês. O Plano Collor, ou ção monetária e o Plano Real, elegendo FHC já no primeiro turno
Plano Brasil Novo, abrangia uma série de medidas para controlar a com 54,27% dos votos.
inflação e reestruturar o Estado: reforma administrativa com demis-
são de funcionários públicos; abertura comercial ao exterior e ao Governo FHC
capital estrangeiro; eliminação dos incentivos fiscais às indústrias; Fernando Henrique Cardoso foi eleito e assumiu a presidên-
liberalização da taxa do dólar; e um programa de privatização das cia com o projeto de reduzir o tamanho do Estado e seu papel na
empresas estatais.
economia. Adorando políticas neoliberais, o presidente extinguiu o
O plano também recorria a métodos já conhecidos dos brasi-
monopólio estatal da exploração e do refino do petróleo pela Petro-
leiros, como o congelamento de preços e salários e a adoção de
bras, eliminou as restrições à entrada de capital estrangeiro no país
uma nova moeda. Saía o cruzado novo, voltava o cruzeiro. Havia
e implementou reformas administrativas. Era o fim da Era Vargas,
um item no plano, contudo, que ninguém esperava: o confisco dos
segundo o próprio FHC.
depósitos bancários em contas-correntes, aplicações financeiras e
Além disso, o governo estabeleceu acordos com o FMI e deu
cadernetas de poupança por 18 meses.
início a um programa de privatização das estatais. Foram leiloadas
O objetivo era estabilizar a economia por meio da retirada de
empresas dos setores siderúrgico, elétrico, químico, petroquímico e
dinheiro do mercado. A medida causou tremendo impacto. Sem di-
nheiro no mercado, os preços desabaram. E a recessão foi quase de fertilizantes. O mesmo ocorreu com portos, rodovias e ferrovias.
imediata: falências, brusca queda no consumo e nas vendas, perda Bancos estaduais e empresas como a Embraer e a Companhia Vale
do poder aquisitivo dos salários, demissões, desemprego. do Rio Doce também foram privatizados.
Apesar do elevado custo social e econômico que impôs ao país, Segundo dados do BNDES, entre 1991 e 2002, o governo fe-
o plano não extinguiu a inflação. Ao contrário do que se previa, a deral arrecadou cerca de 30 bilhões de dólares com todas essas
inflação retornou - e com ferocidade. O Plano Collor foi um total vendas - 22 bilhões de dólares somente com a do Sistema Telebras
fracasso. Um ano depois, o governo Collor estava mergulhado na de Telecomunicações. Com o Plano Real, a inflação estava sob con-
crise. Ao fracasso do Plano Collor somavam-se denúncias de corrup- trole. Mas havia um problema: manter o real equivalente ao dólar.
ção, abalando ainda mais o governo. O ex-tesoureiro da campanha A alternativa foi aumentar as taxas de juros e atrair investimen-
presidencial de Collor, Paulo César Farias, mais conhecido como PC tos especulativos em dólares. Os juros altos, no entanto, resultaram
Farias, foi acusado de chefiar um esquema de corrupção. em recessão econômica e desemprego. E os recursos arrecadados
PC Farias arrecadava dinheiro de empresas, facilitava contratos com a venda das empresas estatais acabaram sendo utilizados para
mediante elevadas comissões e, com elas, financiava as despesas pagar as altas taxas de juros. Foi também no governo FHC que a
pessoais do presidente. As denúncias eram muito graves. Tanto que emenda à Constituição que dispunha sobre a reeleição para cargos
foi instituída no Congresso Nacional uma Comissão Parlamentar de do Poder Executivo foi aprovada.
Inquérito (CPI) para investigar as acusações. Nas ruas setores orga- Isso permitiu que o presidente concorresse a um novo manda-
nizados da sociedade exigiam o impeachment do presidente. to nas eleições presidenciais de 1998.
Milhares de jovens estudantes com o rosto pintado de verde e Nas eleições de 1998, Lula foi novamente o maior adversário
amarelo, que ficaram conhecidos como caras-pintadas, foram para de Fernando Henrique. Mesmo com a aliança de duas lideranças de
as ruas protestar. Além do impeachment do presidente, exigiam o esquerda - o vice de Lula era Leonel Brizola -, FHC foi reeleito com
fim da corrupção e a ética na política. Em 29 de setembro de 1992, 53% dos votos. Em seu segundo mandato, Fernando Henrique deu
a Câmara dos Deputados aprovou o afastamento de Collor da pre- continuidade ao Plano Real, preservando a estabilidade da econo-
sidência: foram 441 votos a favor e 38 contra. Três meses depois, mia.
julgado pelo Senado, Collor teve seu mandato e seus direitos po- A manutenção das taxas de juros altas e a sobrevalorização do
líticos cassados por oito anos. Vaga, a presidência da República foi real aumentaram ainda mais a dívida pública nesses quatro anos.
assumida pelo vice, Itamar Franco. Em 2001, o presidente, que gozava de boa popularidade, teve sua
imagem afetada pelo chamado “apagão”.
O Plano Real Uma seca inesperada esvaziou os reservatórios das hidrelétri-
Itamar Franco assumiu a presidência com amplo apoio político cas, resultando em falta de energia elétrica no país. Sem planeja-
no Congresso Nacional. Fernando Henrique Cardoso foi nomeado mento e sem investimentos no setor, foi necessário impor racio-
ministro da Fazenda em março de 1993. Com um grupo de econo- namento de energia à população. Nos oito anos de governo FHC,
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HISTÓRIA DO BRASIL
medidas importantes foram tomadas, como o Código de Trânsito positivos; e incentivou a internacionalização de muitas empresas.
Brasileiro ( 1997), a venda de medicamentos genéricos ( 1999), a Lei O bom desempenho da agricultura e o aumento do preço de pro-
de Responsabilidade Fiscal (2000), a quebra de patentes de remé- dutos primários no mercado internacional beneficiaram o conjunto
dios contra a Aids (2001), o Bolsa-escola (2001), o Vale-Gás (2001), da economia.
entre outras. No plano social, o governo deu continuidade ao combate à po-
breza. Além disso, propiciou um aumento real do poder de compra
Mudança de Rumos dos trabalhadores, com a oferta de crédito à população e outras
Com o Plano Real, a sociedade brasileira conheceu a importân- medidas. O resultado foi a criação de 15 milhões de novos empre-
cia da estabilidade da moeda. As políticas neoliberais adoradas por gos, a ascensão social de milhões de pessoas, o crescimento acen-
Fernando Henrique resultaram no controle da inflação, mas tam- tuado da chamada classe C e o fortalecimento do mercado interno
bém na alta do desemprego e na perda de diversos direitos sociais. brasileiro.
Ao final de seu segundo mandato havia um novo desejo de mudan- Foi devido ao fortalecimento de seu mercado interno que o
ça entre os brasileiros. Brasil demonstrou capacidade de resistir à crise mundial que teve
Nas eleições presidenciais de 2002, Lula foi novamente candi- origem nos Estados Unidos em fins de 2007. Em meados de 2009,
dato pelo PT. Em sua quarta disputa pela presidência, ele deixava o país voltou a crescer. Em 2010, o crescimento econômico foi de
de lado o discurso socialista dos anos anteriores e apresentava um 7%. Ao deixar o governo, em 1º de janeiro de 2011, Lula contava
programa moderado, buscando o apoio das classes médias e dos com 87% de aprovação entre os brasileiros, segundo pesquisa de
empresários. Contando com amplo apoio político, Lula recebeu opinião encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes
46,4% dos votos no primeiro turno das eleições de 2002, e 61,2% (CNT).
no segundo turno.
O governo Lula optou por dar continuidade à política econômi- Governo Dilma Rousseff
ca de FHC, mantendo a estabilidade da moeda por meio do equilí- Para concorrer à presidência da República nas eleições de 2010,
brio fiscal e do controle dos gastos públicos. Como os números mos- o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou o nome de Dilma Rousseff,
travam-se bastante favoráveis, a credibilidade do país no mercado então ministra da Casa Civil do governo Lula. A eleição foi decidida
financeiro internacional cresceu. Apesar dessas semelhanças, ao re- no segundo turno, com a vitória de Dilma com 56,05% dos votos.
tomar o nacional-desenvolvimentismo característico da Era Vargas, Dilma, quando jovem, fora presa e torturada pela ditadura
o novo governo mostrou que tinha um projeto político diferente do militar. Sua vitória representou um grande avanço para a demo-
de seu antecessor. cracia brasileira. Pela primeira vez, uma mulher e ex-integrante da
Nesse sentido, as privatizações foram suspensas e o papel luta armada contra a ditadura assumia o cargo de presidente da
do Estado, reforçado. A pesquisa científica, por exemplo, recebeu República. O governo Dilma deu continuidade às políticas sociais
apoio e incentivos financeiros. Na política externa, o governo Lula e desenvolvimentistas do governo Lula, como o programa Minha
ampliou as relações comerciais e diplomáticas do Brasil com os pa- Casa, Minha Vida, e promoveu outros, como o Programa Nacional
íses da União Europeia, da África, da Ásia e da América Latina. O de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
reforço do Mercosul também foi uma iniciativa nesse sentido. No final de 2011, os jornais noticiaram que o Brasil havia se
No plano social, o governo dedicou-se ao combate da pobreza, tornado a 6ª maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bre-
retirando milhões de pessoas da miséria. Além da criação do Pro- tanha, então na 7ª posição.
grama Bolsa Família, em que há transferência direta de renda às No governo Dilma foi aprovado o Marco Civil da Internet
famílias em situação de pobreza, o governo diminuiu os impostos (2014), foram leiloados campos de petróleo do pré-sal (2013) e foi
sobre produtos da cesta básica e materiais de construção e reajus- instituída a Comissão Nacional da Verdade (2012). Sua popularida-
tou o salário mínimo acima dos índices de inflação, beneficiando os de manteve-se em alta, mas foi abalada pelos pro- testos que toma-
trabalhadores e as camadas mais pobres da população. ram o país em junho de 2013. Ela sofreu críticas pelo baixo cresci
mento do Produto Interno Bruto do país, pela alta da inflação e pe-
Crise e Reeleição los gastos com a Copa do Mundo de Futebol realizada no Brasil em
Em 2005, no terceiro ano do mandato de Lula, vieram a públi- 2014. Ao final de seu primeiro mandato, Dilma Rousseff concorreu
co denúncias de que o governo pagava regularmente a deputados à reeleição. Com dos votos, sua vitória sobre o candidato do PSDB
e senadores para que matérias de interesse do Executivo fossem foi apertada no segundo turno.
aprovadas pelo Congresso. O “mensalão”, como o esquema de ar- Como no seu primeiro mandato, os gastos públicos aumenta-
recadação de dinheiro ficou conhecido, envolvia empresários, mi- ram demasiadamente, e a ameaça da inflação voltou. O governo,
nistros de Estado e parlamentares. Em fins de 2012, muitos foram então, adorou política recessiva, cortando drasticamente os gastos
condenados em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Mesmo públicos, o que gerou recessão econômica e perda do poder aqui-
com a queda dos índices de popularidade do governo durante a cri- sitivo da população.
se política, o presidente continuou a contar com o apoio de amplos A popularidade do PT e do governo Dilma diminuiu e as oposi-
setores da população. ções aumentaram. Inicialmente, grupos radicais de direita pediam
Em 2006, Lula lançou-se à reeleição e foi eleito para um novo a volta da ditadura militar. Depois, passeatas tomaram as grandes
mandato, com a maioria dos votos dos trabalhadores, dos setores cidades, criticando o governo e exigindo a saída de Dilma da presi-
mais pobres da população e de parte significativa das classes mé- dência da República. As investigações da Operação Lava Jato pre-
dias. Ao ser novamente empossado presidente, em 2007, Lula tam- judicaram a imagem do PT e de Dilma. As denúncias de corrupção
bém contava com uma ampla coalização de partidos políticos no na Petrobras serviram de combustível para aumentar ainda mais os
Congresso Nacional. protestos contra a presidente.
Apesar dos juros altos praticados pelo Banco Central e do con- No início de 2016, a sociedade brasileira se encontrava muito
trole das contas públicas pelo governo, necessários para garantir a dividida. No Congresso Nacional, a oposição entrou com pedido de
estabilidade econômica do país, os investimentos na área de educa- impeachment, cuja instauração foi aprovada pelo Senado no dia
ção triplicaram. O governo também investiu em energia e transpor-
te; apoiou as indústrias de exportação, obtendo saldos comerciais
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
12 de maio. Com a decisão, Dilma foi afastada da presidência para Aos 63 anos, capitão reformado do Exército, deputado federal
aguardar o julgamento final pelo Senado. O vice Michel Temer, do desde 1991 e dono de uma extensa lista de declarações polêmicas,
PMDB, assumiu como presidente em exercício. Jair Bolsonaro materializou em votos o apoio que cultivou e am-
Muitos, porém, interpretaram o movimento oposicionista a pliou a partir das redes sociais e em viagens pelo Brasil para obter o
Dilma como um golpe contra a democracia e também foram para mandato de presidente de 2019 a 2022.
as ruas protestar. O clima se radicalizou, inviabilizando o diálogo e Na campanha, por meio das redes sociais e do aplicativo de
colocando em risco a capacidade da sociedade de resolver suas di- mensagens WhatsApp, apostou em um discurso conservador nos
ferenças por meio de acordos e negociações políticas. costumes, de aceno liberal na economia, de linha dura no combate
à corrupção e à violência urbana e opositor do PT e da esquerda.
Governo Temer
A crise no governo Dilma e o impeachment
Devido à crise política e econômica que se instalou no país, HISTÓRIA DA BAHIA.INDEPENDÊNCIA DA BAHIA.RE-
com a corrução generalizada denunciada pela “Operação Lava-Ja- VOLTA DE CANUDOS. REVOLTA DOS MALÊS. CONJURA-
to”, em agosto de 2015, Temer comunicou o seu afastamento da ÇÃO BAIANA. SABINADA ₢
articulação política7.
No dia 2 de dezembro, o presidente da Câmara aceitou a aber-
tura do processo de impeachment da presidente Dilma. A história da Bahia se confunde com a história do Brasil, pois foi
Em março de 2016, o PMDB deixou a base do governo para nessa região que, em 22 de abril de 1500, o português Pedro Álva-
apoiar o processo de impeachment que tramitava na Câmara dos res Cabral avistou as terras, onde hoje se encontra a cidade de Porto
Deputados. Seguro, dando inicio a colonização europeia na América do Sul.
No dia 17 de abril de 2016, com 367 votos favoráveis e 137 con- Em 1534 a região começou a ser povoada. A presença dos je-
trários, a Câmara dos Deputados aprovou o relatório do impeach- suítas foi marcante na história da região. A cidade de Salvador foi
ment e autorizou o Senado Federal a julgar a presidente por crime fundada em 1549, pelo governador geral Tomé de Souza. Salvador
de responsabilidade. foi a primeira capital do Brasil. A partir de 1573, dividiu esse título
O Senado determinou, em sessão iniciada no dia 11 de maio de com a cidade de Rio de Janeiro, pois a coroa portuguesa resolveu
2016 e concluída na madrugada do dia 12 de maio, o afastamento estabelecer dois governos no país: o do Norte, cuja capital era Sal-
de Dilma. Na sessão que durou 22 horas, o resultado foi de 55 votos vador, e o do Sul, cuja capital era o Rio de Janeiro. Essa divisão per-
a favor do afastamento e 22 contra. maneceu até 1763, quando o Rio de Janeiro passou a ser a única
capital do país.
A tomada de posse Em 1587 a cidade de Salvador foi atacada por piratas ingleses,
No dia 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu interina- sem sucesso. Em 1612 foi a vez dos corsários franceses tentarem a
mente a Presidência do Brasil, se tornando o 37º mandatário da invasão, também sem sucesso.
República. Ainda sem receber a faixa presidencial, Temer aguardou Nos últimos dias de 1599 foi a vez dos holandeses atentarem
até que o Congresso realizasse o julgamento que afastaria definiti- contra a região. As defesas conseguiram impedir o desembarque
vamente a presidente. dos holandeses, enquanto foram levantados Fortes para aumentar
No dia 31 de agosto de 2016, após a aprovação do impeach- a segurança. Porém, em 14 de abril de 1624, as defesas sucumbi-
ment da presidente Dilma, Michel Temer tomou posse como Pre- ram, e a esquadra holandesa, formada por aproximadamente 3600
sidente da República, se tornando o 14º a assumir o cargo sem ter homens, saqueou a cidade de Salvador.
sido eleito diretamente pelo povo. Em 22 de março de 1625 chegou a região uma esquadra por-
Michel Temer foi Presidente do Brasil de 31 de agosto de 2016 tuguesa, composta por 52 navios de guerra, entre outras embar-
a 31 de dezembro de 2018. cações, trazendo um exército de mais de 12 mil homens. Em 30
de abril do mesmo ano os holandeses concordam em desocupar
Governo Bolsonaro a região. Os holandeses voltaram a ameaçar a região por diversas
Jair Messias Bolsonaro, do PSL, foi eleito o 38º presidente da vezes: em 1640, 1647 e 1654.
República ao derrotar em segundo turno o petista Fernando Ha- A Bahia também foi cenário de outras disputas, como a Conju-
ddad, interrompendo um ciclo de vitórias do PT que vinha desde ração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates (que propôs a formação da
20028. Republica Bahiense, em 1798), a Revolta dos Malês (uma revolta de
A vitória foi confirmada às 19h18, quando, com 94,44% das se- escravos africanos islâmicos, em 1834), a Guerra de Canudos (con-
ções apuradas, Bolsonaro alcançou 55.205.640 votos (55,54% dos fronto entre o exército republicano e os sertanejos comandados por
válidos) e não podia mais ser ultrapassado por Haddad, que naque- Antonio Conselheiro, em 1897-1897).
le momento somava 44.193.523 (44,46%). Com 100% das seções Atualmente, a Bahia é o sexto estado mais rico do Brasil. Sua
apuradas, Bolsonaro recebeu 57.797.847 votos (55,13%) e Haddad, cultura (música, ritmos, culinária, etc.) carrega muito de sua histó-
47.040.906 (44,87%). ria.
No discurso da vitória, Bolsonaro afirmou que o novo governo
será um “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”. INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
A declaração de independência feita por Dom Pedro I, em sete
de setembro de 1822, deu início a uma série de conflitos entre go-
vernos e tropas locais ainda fiéis ao governo português e as forças
que apoiavam nosso novo imperador. Na Bahia, o fim do domínio
lusitano já se fez presente no ano de 1798, ano em que acontece-
7 Dilva Frazão. E-Biografias. https://www.ebiografia.com/michel_te- ram as lutas da Conjuração Baiana.
mer/. No ano de 1821, as notícias da Revolução do Porto reavivaram
8 Guilherme Mazui. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/eleico- as esperanças autonomistas em Salvador. Os grupos favoráveis ao
es/2018/noticia/2018/10/28/jair-bolsonaro-e-eleito-presidente-e-in- fim da colonização enxergavam na transformação liberal lusitana
terrompe-serie-de-vitorias-do-pt.ghtml.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
um importante passo para que o Brasil atingisse sua independência. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/independen-
No entanto, os liberais de Portugal restringiam a onda mudancista cia-bahia.htm
ao Estado português, defendendo a reafirmação dos laços coloniais.
As relações entre portugueses e brasileiros começaram a se REVOLTA DE CANUDOS
acirrar, promovendo uma verdadeira cisão entre esses dois grupos
presentes em Salvador. Meses antes da independência, grupos po- Guerra dos Canudos
líticos se articulavam pró e contra essa mesma questão. No dia 11 A chamadaGuerra de Canudos,revolução de Canudosouinsur-
de fevereiro de 1822, uma nova junta de governo administrada pelo reição de Canudos, foi o confronto entre um movimento popular de
Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo deu vazão às disputas, já fundo sócio-religioso e o Exército da República, que durou de 1896
que o novo governador da cidade se declarava fiel a Portugal. a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da
Utilizando autoritariamente as tropas a seu dispor, Madeira de Bahia, no Brasil.
Melo resolveu inspecionar as infantarias, de maioria brasileira, no O episódio foi fruto de uma série de fatores como a grave crise
intuito de reafirmar sua autoridade. A atitude tomada deu início econômica e social em que encontrava a região à época, histori-
aos primeiros conflitos, que se iniciaram no dia 19 de fevereiro de camente caracterizada pela presença de latifúndios improdutivos,
1822, nas proximidades do Forte de São Pedro. Em pouco tempo, as situação essa agravada pela ocorrência de secas cíclicas, de desem-
lutas se alastraram para as imediações da cidade de Salvador. Mer- prego crônico; pela crença numa salvação milagrosa que pouparia
cês, Praça da Piedade e Campo da Pólvora se tornaram os principais os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclu-
palcos da guerra. são econômica e social.
Nessa primeira onda de confrontos, as tropas lusitanas não só
enfrentaram militares nativos, bem como invadiram casas e ataca-
ram civis. O mais marcante episódio de desmando ocorreu quan-
do um grupo português invadiu o Convento da Lapa e assassinou
a abadessa Sóror Joana Angélica, considerada a primeira mártir do
levante baiano. Mesmo com a derrota nativista, a oposição ao go-
verno de Madeira de Melo aumentava.
Durante as festividades ocorridas na procissão de São José, de
21 de março de 1822, grupos nativistas atiraram pedras contra os
representantes do poderio português. Além disso, um jornal cha-
mado “Constitucional” pregava oposição sistemática ao pacto co-
lonial e defendia a total soberania política local. Em contrapartida,
novas forças subordinadas a Madeira de Melo chegavam a Salvador,
instigando a debandada de parte da população local.
Tomando outros centros urbanos do interior, o movimento
separatista ganhou força nas vilas de São Francisco e Cachoeira.
Ciente destes outros focos de resistência, Madeiro de Melo enviou
tropas para Cachoeira. A chegada das tropas incentivou os líderes
políticos locais a mobilizarem a população a favor do reconheci-
mento do príncipe regente Dom Pedro I. Tal medida verificaria qual
a postura dos populares em relação às autoridades lusitanas recém-
-chegadas.
O apoio popular a Dom Pedro I significou uma afronta à autori-
dade de Madeira de Melo, que mais uma vez respondeu com armas
ao desejo da população local. Os brasileiros, inconformados com
a violência do governador, proclamaram a formação de uma Junta
Conciliatória e de Defesa instituída com o objetivo de lutar contra o
poderio lusitano. Os conflitos se iniciaram em Cachoeira, tomaram
outras cidades do Recôncavo Baiano e também atingiram a capital
Salvador.
As ações dos revoltosos ganharam maior articulação com a Inicialmente, em Canudos, os sertanejos não contestavam o
criação de um novo governo comandado por Miguel Calmon do Pin regime republicano recém-adotado no país; houve apenas mobi-
e Almeida. Enquanto as forças pró-independência se organizavam lizações esporádicas contra a municipalização da cobrança de im-
pelo interior e na cidade de Salvador, a Corte Portuguesa enviou postos. A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomo-
cerca de 750 soldados sob a lideranaça do general francês Pedro La- daram-se com uma nova cidade independente e com a constante
batut. As principais lutas se engendraram na região de Pirajá, onde migração de pessoas e valores para aquele novo local passaram a
independentes e metropolitanos abriram fogo uns contra os outros. acusá-los disso, ganhando, desse modo, o apoio da opinião pública
Devido à eficaz resistência organizada pelos defensores da in- do país para justificar a guerra movida contra o arraial de Canudos
dependência e o apoio das tropas lideradas pelo militar britânico e os seus habitantes.
Thomas Cochrane, as tropas fiéis a Portugal acabaram sendo derro- Aos poucos, construiu-se em torno de Antônio Conselheiro e
tadas em 2 de julho de 1823. O episódio, além de marcar as lutas de seus adeptos uma imagem equivocada de que todos eram “perigo-
independência do Brasil, motivou a criação de um feriado onde se sos monarquistas” a serviço de potências estrangeiras, querendo
comemora a chamada Independência da Bahia. restaurar no país o regime imperial, devido, entre outros ao fato de
Por Rainer Sousa o Exército Brasileiro sair derrotado em três expedições, incluindo
Graduado em História uma comandada pelo Coronel Antônio Moreira César, também co-

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
nhecido como “corta-cabeças” pela fama de ter mandado executar O governo da República, recém-instalado, queria dinheiro para
mais de cem pessoas na repressão à Revolução Federalista em San- materializar seus planos, e só se fazia presente pela cobrança de
ta Catarina, expedição que contou com mais de mil homens. impostos. Para Conselheiro e para a maioria das pessoas que viviam
A derrota das tropas do Exército nas primeiras expedições con- nesta área, o mundo estava próximo do fim. Com estas ideias em
tra o povoado apavorou o país, e deu legitimidade para a perpetra- mente, Conselheiro reunia em torno de si um grande número de
ção deste massacre que culminou com a morte de mais de seis mil seguidores que acreditavam que ele realmente poderia libertá-los
sertanejos. Todas as casas foram queimadas e destruídas. da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna
Canudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o século na outra vida.
18 às margens do rio Vaza-Barris. Com a chegada de Antônio Conse-
lheiro em 1893 passou a crescer vertiginosamente, em poucos anos Campanha militar
chegando a contar por volta de 25 000 habitantes. Antônio Conse- A primeira reação oficial do governo da Bahia deu-se em ou-
lheiro rebatizou o local de Belo Monte, apesar de estar situado num tubro de 1896, quando as autoridades de Juazeiro apelaram para
vale, entre colinas. o governo estadual baiano em busca de uma solução. Este, em no-
A situação na região, à época, era muito precária devido às vembro, mandou contra o arraial um destacamento policial de cem
secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, soma- praças, sob o comando do tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.
do à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de Os conselheiristas, vindo ao encontro dos atacantes, surpreende-
distúrbios sociais, os quais, diante da incapacidade dos poderes ram a tropa em Uauá, em 21 de novembro, obrigando-a a se retirar
constituídos em debelá-los, conduziram a um conflito de maiores com vários mortos. Enquanto aguardavam uma nova investida do
proporções. governo, os jagunços fortificavam os acessos ao arraial.
Comandada pelo major Febrônio de Brito, em janeiro de 1897,
depois de atravessar a serra de Cambaio, uma segunda expedição
militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas
baixas pelos jagunços, que se abasteciam com as armas abandona-
das ou tomadas à tropa. Os sertanejos mostravam grande coragem
e habilidade militar, enquanto Antônio Conselheiro ocupava-se da
esfera civil e religiosa.
Na capital do país, o governo federal ante este fato e a pres-
são de políticos florianistas que viam em Canudos um perigoso foco
monarquista, assumiu a repressão, preparando a primeira expe-
dição regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio Moreira
César. A notícia da chegada de tropas militares à região atraiu para
lá grande número de pessoas, que partiam de várias áreas do Nor-
deste e iam em defesa do “homem Santo”. Em 2 de março, depois
de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas
na travessia das serras, a força, que inicialmente se compunha de
1.300 homens, assaltou o arraial. Moreira César foi mortalmente
ferido e passou o comando para o coronel Pedro Nunes Batista Fer-
reira Tamarindo. Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder.
Povoação de Canudos, Bahia, Brasil. Entre os chefes militares sertanejos destacaram-se Pajeú, Pedrão,
A figura de Antônio Conselheiro que depois comandou os conselheiristas na travessia de Cocorobó,
Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de “Antônio Con- Joaquim Macambira e João Abade, braço direito de Antônio Conse-
selheiro”, nascido em Quixeramobim (CE) a 13 de março de 1830, lheiro, que comandou os jagunços em Uauá.
de tradicional família que vivia nos sertões entre Quixeramobim e No Rio de Janeiro, a repercussão da derrota foi enorme, prin-
Boa Viagem, fora comerciante, professor e advogado prático nos cipalmente porque se atribuía ao Conselheiro a intenção de res-
sertões de Ipu e Sobral. taurar a monarquia. Jornais monarquistas foram empastelados e
Após a sua esposa tê-lo abandonado em favor de um sargento Gentil José de Castro, gerente de dois deles, assassinado. Em abril
da força pública, passou a vagar pelos sertões em uma andança de de 1897 então, providenciou-se a quarta e última expedição, sob o
vinte e cinco anos. Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder comando do general Artur Oscar de Andrade Guimarães, composta
do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que era um de duas colunas, comandadas pelos generais João da Silva Barbosa
enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e com a co- e Cláudio do Amaral Savaget, ambas com mais de quatro mil solda-
brança de tributos. dos equipados com as mais modernas armas da época. No decorrer
Acreditava ainda que a “República” (então recém-implantada da luta, o próprio ministro da Guerra, marechal Carlos Machado
no país) era a materialização do reino do “Anti-Cristo” na Terra, uma Bittencourt, seguiu para o sertão baiano e se instalou em Monte
vez que o governo laico seria uma profanação da autoridade da Santo, base das operações.
Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impos- O primeiro combate verificou-se em Cocorobó, em 25 de ju-
tos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil, a nho, com a coluna Savaget. No dia 27, depois de sofrerem perdas
separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade consideráveis, os atacantes chegaram a Canudos. Após várias ba-
do “fim do mundo”. talhas, a tropa conseguiu dominar os jagunços, apertando o cerco
A escravidão havia acabado poucos anos antes no país, e pelas sobre o arraial. Depois da morte de Conselheiro (supõe-se que em
estradas e sertões, grupos de ex-escravos vagavam, excluídos do decorrência da desinteria), em 22 de setembro, parte da população
acesso à terra e com reduzidas oportunidades de trabalho. Assim de mulheres, crianças e idosos foi colocada à disposição das tropas
como os caboclos sertanejos, essa gente paupérrima agrupou-se federais, enquanto um último reduto resistia na praça central do
em torno do discurso do peregrino “Bom Jesus” (outro apelido de povoado.
Conselheiro), que sobrevivia de esmolas, e viajava pelo Sertão.
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Em tal momento de rendição, há relatos de que foi instituída, REVOLTA DOS MALÉS
suspeitadamente por oficiais de baixa patente do exército, o que se Introdução
denominou de pena da “gravata vermelha” - execução sumária de A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade
prisioneiros já subjugados, que eram posicionados de joelhos e de- de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de
golados. Estima-se que parte da população civil rendida, que ainda 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâ-
não havia sido dizimada pela fome e pelas doenças no arraial, e não micos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de
somente os prisioneiros combatentes, tenha sido executada dessa ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros).
forma por tropas federais, o que constituiu num dos maiores crimes Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem ne-
já praticados em território brasileiro. gros e seguidores do islamismo. Em função destas condições, en-
O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram contravam muitas dificuldades para ascender socialmente.
os quatro derradeiros defensores. O cadáver de Antônio Conselhei-
ro foi exumado e sua cabeça decepada a faca. No dia 6, quando o Causas e objetivos da revolta
arraial foi arrasado e incendiado, o Exército registrou ter contado Os revoltosos, cerca de 1500, estavam muito insatisfeitos com
5.200 casebres. a escravidão africana, a imposição do catolicismo e com a precon-
ceito contra os negros. Portanto, tinham como objetivo principal
Consequências da Guerra dos Canudos à libertação dos escravos. Queriam também acabar com o catoli-
cismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que
chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a
implantação de uma república islâmica.

Desenvolvimento da revolta
De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vi-
tória (Salvador) e se reuniriam com outros malês vindos de outras
regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam
os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram armas para os
combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.

Fim da revolta
Uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de
Salvador. Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a
revolta. Bem preparados e armados, os soldados cercaram os re-
voltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates acon-
Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida. teceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos.
Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças ofi-
O conflito de Canudos mobilizou aproximadamente doze mil ciais. Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram conde-
soldados oriundos de dezessete estados brasileiros, distribuídos em nados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a
quatro expedições militares. Em 1897, na quarta incursão, os mili- trabalhos forçados, açoites e degredo (enviados para a África).
tares incendiaram o arraial, mataram grande parte da população O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou
e degolaram centenas de prisioneiros. Estima-se que morreram ao leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem
todo por volta de 25 mil pessoas, culminando com a destruição to- como a prática de suas cerimônias religiosas.
tal da povoação.
Curiosidade:
- O termo “malê” é de origem africana (ioruba) e significa “o
muçulmano”.
Fonte: https://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/revol-
ta_dos_males.htm

CONJURAÇÃO BAIANA.
Conjuração Baiana - 1798 - Bahia
A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos
Alfaiates (uma vez que seus líderes exerciam este ofício), foi um mo-
vimento de caráter emancipacionista, ocorrido no ocaso do século
XVIII, na então Capitania da Bahia, no Estado do Brasil. Diferente-
mente da Inconfidência Mineira (1789), se reveste de caráter po-
pular.
População sobrevivente do conflito em Canudos

Dica de filme e livro: A Guerra de Canudos foi imortalizada por


Euclides da Cunha na sua obra Os Sertões, publicada em 1902, e
que inspirou Mario Vargas Llosa a escrever seu romance “A Guerra
do Fim do Mundo”, 1980. Além disso, a guerra inspirou muitos fil-
mes, entre eles o de longa-metragem Guerra de Canudos, de Sérgio
Rezende, 1997.
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/canudos/p1.php
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HISTÓRIA DO BRASIL
A revolta
Em 12 de Agosto de 1798, o movimento precipitou-se quan-
do alguns de seus membros, distribuindo os panfletos na porta das
igrejas e colando-os nas esquinas da cidade, alertaram as autorida-
des que, de pronto, reagiram, detendo-os. Tal como na Conjuração
Mineira, interrogados, acabaram delatando os demais envolvidos.
Um desses panfletos declarava:
“Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz
da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tem-
po em que todos seremos iguais.” (in: RUY, Afonso.A primeira revo-
lução social do Brasil. p. 68.)

Líderes da Conjuração Baiana


Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates
João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira
Praça da Piedade, local da execução dos conjurados (este com apenas 18 anos de idade), além dos soldados Lucas Dan-
tas e Luiz Gonzaga das Virgens.
As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz
Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem
como forma de obter mais apoio popular e incitar à rebelião. Os
panfletos difundiam pequenos textos e palavras de ordem, com
base naquilo que as autoridades coloniais chamavam de “abomi-
náveis princípios franceses”. A Revolta dos Alfaiates foi fortemente
influenciada pela fase popular da Revolução Francesa.

A repressão
A violenta repressão metropolitana conseguiu estagnar o movi-
mento, que apenas iniciava-se, detendo e torturando os primeiros
suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. Fernando
José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Te-
otônio de Souza de surpreender os revoltosos. Com as delações, os
Reunião dos Cavaleiros da Luz discutindo o fim da opressão co- principais líderes foram presos e o movimento, que não chegou a se
lonial. concretizar, foi totalmente desarticulado.
Durante a fase de repressão, centenas de pessoas foram de-
Para compreender a deflagração do movimento, devemos nos nunciadas - militares, clérigos, funcionários públicos e pessoas de
reportar à transferência da capital para o Rio de Janeiro, em 1763. todas as classes sociais. Destas, quarenta e nove foram detidas, a
Com tal mudança, Salvador (antiga capital) sofreu com a perda dos maioria tendo procurado abjurar a sua participação, buscando de-
privilégios e a redução dos recursos destinados à cidade. Somado monstrar inocência.
a tal fator, o aumento dos impostos e exigências colônias vieram a Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel
piorar sensivelmente as condições de vida da população local. Faustino e João de Deus do Nascimento, Luiz Gonzaga e Lucas Dan-
A população pobre sofria com o aumento do custo de vida, com tas foram condenados à morte por enforcamento, sendo executa-
a escassez de alimentos e com o preconceito racial. As agitações dos no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799. Outros, como
eram constantes. Entre 1797 e 1798 ocorreram vários saques aos Cipriano Barata, o tenente Hernógenes d’Aguilar e o professor Fran-
armazéns do comércio de Salvador, e até os escravos que levavam cisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel,
a carne para o general-comandante foram assaltados. A população Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de Fran-
faminta roubava carne e farinha. Em inícios de 1798, a forca, sím- ça Pires foram acusados de envolvimento “grave”, recebendo pena
bolo do poder colonial, foi incendiada. O descontentamento crescia de prisão perpétua ou degredo na África. Já os elementos perten-
também nos quartéis, onde incidentes envolvendo soldados e ofi- centes à loja maçônica “Cavaleiros da Luz” foram absolvidos dei-
ciais tornavam-se frequentes. Havia, portanto, nesse clima tenso, xando clara que a pena pela condenação, correspondia à condição
condições favoráveis para a circulação das ideias de Igualdade, Li- sócio-econômica e à origem racial dos condenados. A extrema du-
berdade e Fraternidade. reza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos,
é atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de
As ideias negros e mulatos que, na mesma época, atingiam as Antilhas.
Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instaura-
ção de um governo igualitário, onde as pessoas fossem vistas de Conclusão
acordo com a capacidade e merecimento individuais, além da ins- A Conjuração Baiana não conseguiu atingir seus objetivos, mas
talação de uma República na Bahia e da liberdade de comércio e podemos mostrar, através dela, que naquela época a população já
o aumento dos salários dos soldados. Tais ideias eram divulgadas, buscava tornar-se uma sociedade justa e ter seus direitos de cida-
sobretudo pelos escritos do soldado Luiz Gonzaga das Virgens e dãos.
panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.
O movimento envolveu indivíduos de setores urbanos e margi-
nalizados na produção da riqueza colonial, que se revoltaram contra
o sistema que lhes impedia perspectivas de ascensão social. O seu
descontentamento voltava-se contra a elevada carga de impostos
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
cobrada pela Coroa portuguesa e contra o sistema escravista co- Pedro Álvares Cabral chegou com sua esquadra no dia 22 de
lonial, o que tornava as suas reivindicações particularmente per- abril de 1500 ao litoral sul da Bahia, em uma região atualmente
turbadoras para as elites. A revolta resultou em um dos projetos conhecida como Porto Seguro. Desse período até o período repu-
mais radicais do período colonial, propondo idealmente uma nova blicano, após a Independência do Brasil, a Bahia passou por grandes
sociedade igualitária e democrática. Foi barbaramente punida pela mudanças, justificadas de acordo com o progresso do país.
Coroa de Portugal. Este movimento, entretanto, deixou profundas
marcas na sociedade soteropolitana, a ponto tal que o movimen- Colonização e capitanias hereditárias
to emancipacionista eclodiu novamente, em 1821, culminando na Na primeira metade do século XVI a região passou a ser povoa-
guerra pela Independência da Bahia, concretizada em 2 de julho de da, ao mesmo tempo em que as capitanias hereditárias foram cria-
1823, formando parte da nação que se emancipara a 7 de setembro das e implantadas. As capitanias eram um sistema de administração
do ano anterior, sob império de D. Pedro I. de Portugal, que dispunha de recursos limitados e se restringia a um
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/conjuracao/ dirigente, nomeado pela Coroa Portuguesa. Entre 1534 e 1566, fo-
ram formadas capitanias nos territórios da Bahia, de Porto Seguro e
SABINADA de Ilhéus. A capitania da Bahia, cujo donatário era Francisco Pereira
Coutinho, veio a ser vendida para a Coroa após a morte do mesmo,
Introdução em 1549. Então foi fundada a cidade de Salvador, para servir de
A Sabinada foi uma revolta feita por militares, integrantes da primeira capital do Brasil e sede do governo-geral.
classe média (profissionais liberais, comerciantes, etc) e rica da As outras capitanias foram, aos poucos durante os próximos
Bahia. A revolta se estendeu entre os anos de 1837 e 1838. Ganhou séculos, unindo-se para formar o que hoje conhecemos como o
este nome, pois seu líder foi o jornalista e médico Francisco Sabino estado da Bahia. A de Porto Seguro seguiu sendo transferida de
Álvares da Rocha Vieira. herdeiro a herdeiro até o último, enquanto que a de Ilhéus teve
de ser unificada por meios judiciais. Outras capitanias, como as de
Causas da Sabinada Paraguaçu e das Ilhas de Itaparica e Tamarandiva, uniram-se através
Os revoltosos eram contrários às imposições políticas e admi- da compra pela Coroa Portuguesa.
nistrativas impostas pelo governo regencial. Estavam profundamen- Além das capitanias, a região da Bahia também foi explorada
te insatisfeitos com as nomeações de autoridades para o governo devido a grande quantidade de pau-brasil e cada vez mais expedi-
da Bahia, realizadas pelo governo regencial. ções aconteciam para descobrir o interior e outros locais (que se
O estopim da revolta ocorreu quando o governo regencial de- tornariam os estados vizinhos do Nordeste). Essas expedições eram
cretou recrutamento militar obrigatório para combater a Guerra chamadas de Entradas e tinham como maior objetivo o reconheci-
dos Farrapos, que ocorria no sul do país. mento e povoamento da região, o que ajudou também a demarcar
Objetivos o território da Bahia em contrapartida com o de outros estados.
Durante esse período, a economia da Bahia era principalmen-
Os revoltosos queriam mais autonomia política e defendiam a te focada no pau-brasil, devido a suas possibilidades de uso como
instituição do federalismo republicano, sistema que daria mais au- pau de tinta na Europa, mas também teve um impacto significativo
tonomia política e administrativa às províncias. da venda de madeiras para construção civil. Ao mesmo tempo, as
missões jesuíticas que pretendiam atingir os índios de todos os ter-
República Bahiense ritórios, seguiram em frente até seu impedimento pela Carta Régia
Com o apoio de vários integrantes do exército, os revoltosos de 1755, por meio da criação de vilas para separar os índios dos
foram para as ruas e tomaram vários quartéis militares. No dia 7 padres.
de novembro de 1837, tomaram o poder em Salvador (capital). De- Durante o século XVII, a Bahia sofreu algumas invasões. Ingle-
cretaram a República Bahiense, que, de acordo com os líderes da ses e holandeses tentaram conquistar e manter controle da região,
revolta, deveria durar até D. Pedro II atingir a maioridade. por vezes conseguindo durante até um ano, como foi o caso da Ho-
landa. Para amenizar as invasões, que chegavam por Porto Seguro,
Repressão e como terminou o então governador Diogo Luís de Oliveira ordenou a construção de
O governo central, sob a regência de regente Feijó, enviou tro- um forte no Morro de São Paulo em 1631. Depois da construção de
pas para a região e reprimiu o movimento com força total. A cidade outro forte, a Bahia se tornou uma referência no que diz respeito à
de Salvador foi cercada e retomada. Muita violência foi usada na resistência a invasões na época colonial.
repressão. Centenas de casas de revoltosos foram queimadas pelas
forças militares do governo. Independência, era imperial e era republicana
Entre revoltosos e integrantes das forças do governo, ocorre- Salvador continuou sendo a capital do país até 1763, quando
ram mais de 2 mil mortes durante a revolta. Mais de 3 mil revolto- o título foi transferido para o Rio de Janeiro. Ainda assim, a Bahia
sos foram presos. Assim, em março de 1838, terminava mais uma teve grande peso nas lutas e decisões futuras, tendo começado a
rebelião do período regencial. formar um governo provisório ao mesmo tempo em que lutas e
Fonte: https://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/sabina- motins ocorriam em diversos territórios nacionais. Esse governo
da.htm foi comandado pelo Marquês de Abrantes e polvilhado de batalhas
contra tropas portuguesas, contando, inclusive, com a participação
A Bahia, o maior e mais populoso estado do Nordeste brasilei- de voluntários baianos e dos arredores do estado.
ro, tem uma história longa e estritamente atrelada com a história Durante o período imperial, o território original da Bahia foi
do Brasil, desde seus primórdios. Foi o primeiro local de chegada sendo renomeado conforme a povoação e refugiados de conflitos
dos portugueses em 1500 e seguiu com grande importância política aumentava ou diminuía, transformando algumas vilas em cidades e
e econômica pelos próximos séculos e cada nova era do país. outras em junção territorial.
Após a Proclamação da República, em 1889, a Bahia seguiu par-
ticipando ativamente da vida política do Brasil. Foi lá que ocorreu
um dos maiores e mais sangrentos conflitos da História brasileira, a
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Guerra de Canudos. O confronto entre o movimento popular de An- 2. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) O quadro em destaque na
tônio Conselheiro e o Exército Brasileiro se desenrolou entre 1896 e imagem abaixo representa uma cena do que conhecemos historica-
1897 e culminou na morte de mais de 20 mil sertanejos e até cinco mente como “As Negras do Tabuleiro”.
mil militares.
Outros grandes momentos históricos continuaram a acontecer
na Bahia, como o bombardeio de Salvador de 1912 e a fundação do
Partido Republicano Baiano em 1927.

Atualmente, a Bahia possui as seguintes características:

• Quarta maior população do Brasil (15.276.566);


• Sétimo maior PIB do Brasil (R$204.265.000);
• Quinta maior área territorial do Brasil (564.733.177 km²);
• A capital do estado, Salvador, tem quase três milhões de ha-
bitantes;
• Os municípios baianos totalizam 417;
• A economia da Bahia tem base nas indústrias, na agropecuá-
ria, na mineração e no turismo;
• A religião dominante na Bahia é o catolicismo, mas há grande
variantes cristãs misturadas com o Candomblé e outras religiões de
origem africana. (Fonte: Lavagem do Minério do Ouro, perto do morro do
Itacolomi, RUGENDAS, J.M., 1835)

A respeito deste período, leia as afirmativas abaixo.


QUESTÕES I. A mineração era um trabalho pesado, feito principalmente
por homens.
II. As negras retratadas por Rugendas na figura acima eram,
1. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) Assim, na manhã quente provavelmente, vendedoras ambulantes, que ofereciam comida e
de 8 de novembro de 1799, segundo o frei, as tropas de linha ocu- bebida aos que trabalhavam na extração do ouro.
param desde cedo a Praça da Liberdade, amplo quadrilátero loca- III. Geralmente essas mulheres eram livres, mas trabalhavam
lizado no centro de Salvador. O povo curioso não parava de chegar por conta dos mineradores, vigiando os trabalhadores na extração
[...]. Logo após, os condenados a degredo caminhavam de mãos do ouro.
atadas às costas, precedidos do porteiro do Conselho, com as insíg- IV. Elas transitavam pelas vilas, roças e arraiais, vendendo suas
nias do seu cargo, seguido dos quatro réus condenados à pena capi- mercadorias para pessoas de todas as condições sociais.
tal pelo crime de lesa-majestade de primeira cabeça (VALIM, 2009). Assinale a alternativa correta.
A respeito da Conjuração Baiana, assinale a alternativa incorreta. (A) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
(A) Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portugal, (B) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
dois alfaiates e dois soldados foram considerados os réus do (C) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas
movimento qualificado pelas autoridades do Tribunal da Rela- (D) Todas as afirmativas estão incorretas
ção da Bahia, em 1799, de “Sedição dos Mulatos” (E) Apenas a afirmativa III está correta
(B) Parte dos historiadores que versaram sobre a Conjuração
Baiana de 1798, perceberam certo grau de coerência entre a 3. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) A descoberta do ouro
tentativa de participação política dos setores populares e a em Minas Gerais pelos bandeirantes paulistas, em finais do século
ideia de república XVII, atraiu para a região milhares de colonos de outras províncias,
(C) Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter bur- além de um grande número de europeus. Julgando-se com direito
guês, que ocorreu na Bahia em 1798. Recebeu uma importan- exclusivo de exploração das minas, os paulistas hostilizaram os fo-
te influência dos ideais do Renascimento Cultural e Revolução rasteiros, que apelidaram de emboabas (em tupi, amô-abá significa
Industrial “estrangeiro”) (GIANPAOLO, 1997). A respeito da Guerra dos Embo-
(D) A Conjuração Baiana de 1798 deixa de ser um evento de abas, assinale a alternativa correta.
identificação regional, para tornar-se o representante das mais (A) Os emboabas enfrentaram os paulistas em vários comba-
profundas aspirações de amplos setores da sociedade brasilei- tes, entre eles, o mais marcante ocorreu no chamado Capão da
ra traição, no qual 300 paulistas foram cercados pelos emboabas
(E) Esse movimento defendia a emancipação política do Brasil, (B) O confronto teve como motivo principal a disputa pela ex-
ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal e a instauração e ploração do café produzido em grande escala na região de Mi-
implantação da República nas Gerais
(C) Os paulistas desejavam ter exclusividade nas terras de Mi-
nas, pois diziam que tinham descoberto essa região e preten-
diam explorá-la para a plantação de açúcar
(D) Em 1750 o governo português interveio e, a fim de pacificar
e melhor administrar a região, juntou a capitania de São Paulo
e Minas Gerais com a capitania do Rio de Janeiro
(E) Após vários conflitos os bandeirantes paulistas partiram em
busca de novas explorações na região do Nordeste sob a lide-
rança de Manuel Nunes Viana
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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
4. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) A maior parte dos en- 6. “É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da capital do
genhos aninhava-se na mata, não muito distante dos centros por- Império à mais remota e insignificante de suas aldeolas, congrega-
tuários, o que se explica pela maior fertilidade dos terrenos e pela -se unânime para comemorar o dia que o tirou dentre as nações
abundância de lenha, necessárias às fornalhas famintas, alimenta- dependentes para colocá-lo entre as nações soberanas, e entre-
das por um trabalho, que às vezes ocupava o dia e a noite, de oito a gou-lhes seus destinos, que até então haviam ficado a cargo de um
nove meses, normalmente de julho/agosto de um ano a abril/maio povo estranho”.
do ano seguinte (DELPRIORI; VENANCIO, 2010). As festividades em torno da Independência do Brasil marcam
A respeito dos engenhos de açúcar, leia as afirmativas abaixo e o nosso calendário desde os anos imediatamente posteriores ao de
dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). setembro de 1822. Essa comemoração está diretamente relaciona-
( ) As primeiras mudas de canas de açúcar foram trazidas da ilha da com:
da Madeira para o Brasil por Martim Afonso de Souza que instalou o (A) a construção e manutenção de símbolos para a formação de
primeiro engenho da colônia em São Vicente. uma identidade nacional.
( ) A multiplicação dos engenhos pela costa brasileira foi bas- (B) o domínio da elite brasileira sobre os principais cargos polí-
tante rápida, chegando a mais de 60 em 1570 e 200 no final do ticos, que se efetivou logo após 1822.
século XVI. (C) os interesses de senhores de terras que, após a Indepen-
( ) Coube a região Nordeste, destacadamente o litoral de Per- dência, exigiram a abolição da escravidão.
nambuco e Bahia, o papel de principal produtora de açúcar da co- (D) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo imperial
lônia. para a expulsão de estrangeiros do país.
( ) O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto de (E) a consciência da população sobre os seus direitos adqui-
5.000 moradores, era constituído por área extensas de florestas, ridos posteriormente à transferência da Corte para o Rio de
fornecedoras de madeira; plantações de cana; a residência do pro- Janeiro.
prietário conhecida como casa grande, a capela e a senzala.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
7. A transferência da corte trouxe para a América portuguesa
cima para baixo.
a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobre-
(A) V, F, V, F
tudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalida-
(B) F, F, F, F
(C) F, F, V, V des diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o
(D) V, V, F, F Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após
(E) V, V, V, V o ano de 1808.
NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada
5. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) A chegada dos Europeus no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
à América, no século XV, significou o início da destruição da maioria
das organizações sociais, culturais e políticas existentes. Os chama- Os fatos apresentados se relacionam ao processo de indepen-
dos conquistadores confiscaram as terras indígenas, sua liberdade dência da América portuguesa por terem
e, muito frequentemente, suas vidas. Mais da metade dos cerca de (A) incentivado o clamor popular por liberdade.
80 milhões de ameríndios que então se distribuíam por todo o con- (B) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
tinente acabaram mortos em pouco menos de um século de coloni- (C) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
zação (VICENTINO; DORIGO, 1997). (D) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
A respeito da chegada dos portugueses ao Brasil, assinale a al- (E) provocado os movimentos separatistas das províncias.
ternativa incorreta.
(A) Além da submissão à exploração colonial, dos sucessivos 8. Essa medida, decretada pelo príncipe D. João de Bragança,
confrontos armados e da expulsão de suas terras, os indígenas praticamente eliminou o exclusivo metropolitano sobre o comér-
também foram destruídos pelas doenças trazidas pelos con- cio da Colônia, desferindo um golpe mortal no Pacto Colonial luso,
quistadores além de constituir o primeiro grande passo para a independência
(B) Os conquistadores europeus, portadores de uma tecnologia efetiva do Brasil. Trata-se da(o):
superior e dotados da ambição comercial, impuseram um ver- (A) Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas.
dadeiro morticínio às populações nativas (B) Grito do Ipiranga.
(C) O processo de massacre aos indígenas teve início no perí- (C) Alvará de Liberdade Industrial.
odo colonial, manteve-se pela fase imperial e continuou pelo (D) Elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e
período republicano, não sendo raro na atualidade Algarves.
(D) Os primeiros séculos de contato entre brancos e índios re-
(E) Fundação do Banco do Brasil.
vestiram-se de alguma amabilidade, pois, os interesses dos co-
lonizadores com o passar do tempo mudaram radicalmente em
relação ao dos indígenas
(E) No início, os índios do Brasil foram atraídos pelo escambo,
isto é, troca de produtos nativos por outra mercadoria

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
9. (SAAE Barra Bonita – Procurador Jurídico – Instituto Exce- 13. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Getúlio Vargas
lência) Sobre fatos históricos do Brasil pode-se ressaltar a Nova governou o Brasil entre 1930 e 1945. Esses quinze anos da Era Var-
República .Assinale a alternativa CORRETA que descreve fatos que gas sintonizaram o país com a história mundial, seja pela adoção de
ocorreram na Nova República: nova concepção de Estado, crescentemente centralizadora e auto-
(A) O Brasil é escolhido pela ONU para comandar as forças de ritária, seja pela participação direta na Segunda Guerra, ou, ainda,
paz no Haiti. O Brasil é o maior produtor mundial de café, fei- pela decisão de modernizar a economia brasileira. Assinale a opção
jão, mate, laranja, mamão, cana-de-açúcar e banana, segundo que não apresenta aspectos marcantes desse período.
dados da FAO. O Brasil é a décima economia do mundo – com (A) Se, na Primeira República, a questão social era vista como
PIB de 2,3 trilhões de reais, segundo dados do IBGE. Cresce a “caso de polícia”, com Vargas, o Brasil adota a moderna concep-
participação do terceiro setor na economia brasileira. ção de direitos sociais, de que seriam exemplos exponenciais
(B) Primeira manifestação pública pelo retomo das eleições di- as sucessivas leis trabalhistas que dão origem, em pleno Estado
retas reúne 10 mil pessoas em São Paulo. Fundação da Central Novo, à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
(B) As negociações que envolveram a entrada do Brasil na Se-
Única dos Trabalhadores (CUT). O movimento popular Diretas
gunda Guerra Mundial contribuíram para que o país decolasse
Já promove comícios por todo o país. A Emenda Dante de Oli-
relativamente à indústria pesada, ponto de partida para a mo-
veira é rejeitada no Congresso por não atingir número mínimo
derna industrialização. Símbolo desse processo foi a criação da
de votos a favor. Criação do Movimento dos Trabalhadores Ru-
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com a construção da
rais sem Terra (MST).
usina de Volta Redonda.
(C) Os movimentos sociais ganham as ruas: a anistia traz ao
(C) Rompendo com os padrões conservadores da Primeira Re-
país centenas de exilados políticos. Fundação do Partido dos
Trabalhadores (PT). Os militares promovem atentados: OAB e pública, a liderança de Getúlio Vargas distinguiu-se por opções
Riocentro. O território de Rondônia é transformado em estado claras e lineares, não hesitando em colocar-se ao lado dos paí-
da Federação. ses que combateram as potências do Eixo na Segunda Guerra.
(D) Nenhuma das alternativas. (D) Para concretizar o golpe de 1937, origem do ditatorial Es-
tado Novo, Vargas contou com o apoio das lideranças milita-
10. (MP/GO – Secretário Auxiliar – MP/GO) O primeiro presi- res, além de se valer do clima de radicalização ideológica que,
dente eleito da chamada “Nova República”, por meio das eleições acompanhando o panorama europeu, era protagonizado pelas
diretas de 1989, foi Fernando Collor de Melo. Sobre o governo forças políticas de esquerda e de direita, esta majoritariamente
Collor, é INCORRETO dizer que: conduzida pela Ação Integralista Brasileira.
(A) foi interrompido por um processo de impeachment, em (E) Visto por muitos como manifestação brasileira dos vários
1992; fascismos que vicejaram na Europa dos anos 1930, o Estado
(B) teve como vice-presidente da República Itamar Franco; Novo suprimiu o Poder Legislativo, cassou o registro dos parti-
(C) deu início ao Plano Real, que criou a moeda de mesmo dos políticos, asfixiou a federação, estabeleceu férrea censura
nome; e fez uso contínuo da repressão e de instrumentos de propa-
(D) ficou marcado, no plano econômico, pelo confisco das pou- ganda do regime e de seu líder máximo.
panças dos brasileiros;
(E) o movimento popular que contribuiu para o seu fim chama- 14. (SEDUC/CE – Professor – SEDUC/CE) Leia o texto abaixo.
va-se “Caras pintadas”. Em 1932, o estado de São Paulo se mobiliza contra Vargas, no
episódio que entrou para a História do Brasil como a Revolução
11. (Prefeitura de Cristalina/GO – Professor – Quadrix) Com o Constitucionalista. Nessa revolução, milhares de pessoas de todas
fim do regime militar, em 1985, era instaurada a Nova República, as classes sociais doaram pratarias, joias e alianças para ajudar fi-
assinalando o reencontro do País com a democracia, cujo marco nanceiramente o movimento. Todo o estado, unido, trabalhou com
jurídico‐político definidor foi o(a) garra para a vitória da causa paulista.
(A) eleição presidencial direta do civil Tancredo Neves.
(B) Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã”.
(C) Código de Defesa do Consumidor.
(D) Estatuto da Criança e do Adolescente.
(E) Estatuto do Idoso.

12. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Assinale a opção


correta a respeito do Estado Novo, implantado pela Constituição
de 1937.
(A) Comparada à Constituição de 1934, a nova carta apresenta-
va como característica nítida a descentralização do poder.
(B) O Plano Cohen serviu de pretexto para o reforço do auto-
ritarismo.
(C) A Lei de Segurança Nacional, até hoje vigente, foi proposta
após a instauração da nova carta.
(D) Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira, foi um
dos grandes beneficiados pelo novo regime político.
(E) Imediatamente após a implantação do Estado Novo, Getúlio
Vargas substituiu todos os governadores de estado.

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a solução para o seu concurso!
HISTÓRIA DO BRASIL
Nesse contexto, podemos explicar a Revolução Constituciona- Assinale a alternativa correta.
lista de 1932 como (A) Esse movimento refletia a extrema fartura em que viviam as
(A) o descontentamento dos tenentes com a repressão desen- populações do Sertão Nordestino
cadeada sobre eles, após o movimento de 1930. (B) A tensão política foi agravada pela expulsão dos ruralistas
(B) a revolta popular contra as determinações autoritárias im- que atuavam nas revoltas catarinenses e paranaenses
postas, após a decretação do Estado Novo. (C) A região onde foi estabelecido o vilarejo de Canudos, no
(C) a reação dos paulistas, frente à perda da hegemonia na po- interior de Pernambuco, era marcada por latifúndios improdu-
lítica nacional, após a Revolução de 1930. tivos, pelas secas cíclicas e pelo desemprego
(D) a tentativa golpista da tomada do poder e a instalação do (D) Os revoltosos incendiaram Canudos e mataram grande par-
socialismo, liderada por Luiz Carlos Prestes. te do exército, fazendo-os de prisioneiros
(E) a articulação da alta cúpula das Forças Armadas contra a (E) Foi um movimento de resistência da população sertaneja
ampliação das liberdades políticas. contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas repressi-
vas oficiais
15. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Getúlio Vargas
assumiu a presidência do Brasil na chamada Revolução de 1930.
18. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2018) A história
Seu governo foi marcado por fortes transformações econômicas
da República brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com
e sociais, bem como por acontecimentos políticos importantes no
relação às crises na República, julgue (C ou E) o seguinte item.
Brasil e no mundo. A respeito da Era Vargas, julgue (C ou E) o pró-
A governabilidade do Brasil durante a chamada República Oli-
ximo item.
gárquica foi alcançada com o que a historiografia convencionou
Com a decretação do Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas to-
chamar de Política dos Governadores, instituída por Campos Sales.
mou medidas como a suspensão do pagamento da dívida externa,
Essa medida tornou possível a articulação entre os interesses das
a diminuição da liberdade de imprensa e a extinção dos partidos
oligarquias estaduais e os do governo federal. O frágil equilíbrio
políticos.
então alcançado teve fim com a crise da década de 20 do século
passado, que levou a disputas entre as oligarquias de São Paulo e
( ) CERTO
de Minas Gerais e resultou no início do Governo Vargas em 1930.
( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO
16. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) A República Velha tam-
bém foi nomeada “República das Oligarquias”, porque era coman-
19. (SEDUC/CE – Professor – UECE-CEV) Considerando a eco-
dada pela aristocracia dos fazendeiros. A respeito deste período da
nomia no Brasil durante a República Velha, assinale a afirmação
história brasileira, assinale a alternativa incorreta.
verdadeira.
(A) Não havia, da parte das elites, qualquer pretensão de im-
(A) Foi caracterizada pela grande variedade de produtos funda-
pedir ou retroceder as mudanças ao regime vigente. Era de co-
mentais para a pauta de exportação do país, sobretudo a pro-
mum acordo qualquer projeto político substantivamente repu-
dução agropecuária de soja, algodão e carne.
blicano, isto é, que se alicerçasse numa concepção igualitária,
(B) Era baseada na grande produção de café, maior produto de
legalista e cívica da Nação
exportação, que enriqueceu elites agrárias do sudeste do país,
(B) O conceito de República era, pois, bastante débil. Ele quase
fazendo-as detentoras do poder político.
não tinha conteúdo próprio, sendo compreendido essencial-
(C) Estabelecida na industrialização praticada no Império a par-
mente por oposição à monarquia unitária
tir dos investimentos do Visconde Mauá, tinha na produção ru-
(C) O exercício do poder político da Primeira República foi mar-
ral um sustentáculo para a indústria na região do Rio de Janeiro
cado pelo autoritarismo que sucessivamente lhe imprimiram as
e de São Paulo.
forças que a instauraram
(D) Estava em crise desde o fim do Império com a queda da
(D) O discurso reformista liberal da década de 1870 acabou ser-
produção cafeeira após a Lei Áurea, o que causou desentendi-
vindo de fachada, na verdade, para uma reação aristocrática
mentos entre os fazendeiros e o governo, tornando conturbado
que, esvaziando o poder da Coroa e excluindo as camadas po-
o início da república.
bres do direito de voto, pretendia instalar um parlamentarismo
aristocrático onde apenas as elites estivessem no controle do
20. Para o Paraguai, portanto, essa foi uma guerra pela sobrevi-
Estado
vência. De todo modo, uma guerra contra dois gigantes estava fada-
(E) Na busca de outras fórmulas que eliminassem a autonomia
da a ser um teste debilitante e severo para uma economia de base
do poder monárquico e, com ela, a possibilidade de uma refor-
tão estreita. Lopez precisava de uma vitória rápida e, se não con-
ma social pelo alto, a aristocracia rural aderiu sucessivamente
seguisse vencer rapidamente, provavelmente não venceria nunca.
ao federalismo e ao republicanismo, especialmente depois da
LYNCH, J. As Repúblicas do Prata: da Independência à Guerra
Lei Áurea
do Paraguai. BETHELL, Leslie (Org). História da América Latina: da
Independência até 1870, v. III. São Paulo: Edusp , 2004.
17. (SAEB/BA – Soldado – IBFC – 2020) Ao contrário de Euclides
que, antes de rumar para Canudos, permaneceu o mês de agos-
A Guerra do Paraguai teve consequências políticas importantes
to praticamente inteiro em Salvador (aí chegou em 7 de agosto de
para o Brasil, pois:
1897 e só partiu para o sertão no dia 31 do mesmo mês), Manuel
(A) representou a afirmação do Exército Brasileiro como um
Benício parece ter sido enviado diretamente para o campo da bata-
ator político de primeira ordem.
lha. Pelo menos é o que se conclui com base na carta de 4 de julho,
(B) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre a Ba-
a primeira enviada de Canudos, e publicada a 3 de agosto no Jornal
cia Platina.
do Comércio. Nela, Benício informa que já se encontrava no sertão
(C) concretizou a emancipação dos escravos negros.
da Bahia desde 25 de junho, no combate em Cocorobó, entre as
forças da 2º Coluna e os jagunços (AZEVEDO, 2002). A respeito da
Guerra de Canudos,
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HISTÓRIA DO BRASIL
(D) incentivou a adoção de um regime constitucional monár- ______________________________________________________
quico.
(E) solucionou a crise financeira, em razão das indenizações re- ______________________________________________________
cebidas.
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GABARITO ______________________________________________________

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1 C ______________________________________________________

2 B ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 D
6 A ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 D
10 C ______________________________________________________

11 B ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________
13 C
______________________________________________________
14 C
15 A ______________________________________________________
16 A ______________________________________________________
17 E
______________________________________________________
18 A
______________________________________________________
19 B
20 A ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________
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GEOGRAFIA DO BRASIL

formas do relevo. Eventualmente, em determinados pontos do ter-


RELEVO BRASILEIRO ritório brasileiro podem-se sentir os reflexos dos tremores de terra
ocorridos em alguns pontos distantes, como no Chile e Peru.
As unidades do relevo brasileiro são:
Relevo a) Planaltos: das Guianas e Brasileiro (formado pelo Planalto
O relevo do Brasil tem formação antiga e atualmente existem Central, Atlântico e Meridional).
várias classificações para o mesmo. Entre elas, destacam-se as dos Planalto das Guianas
seguintes professores: Ocupando a porção extremo setentrional do país, tem sua maior
Aroldo de Azevedo - esta classificação data de 1940, sendo a parte fora do território brasileiro, em terras da Venezuela, Guiana,
mais tradicional. Ela considera principalmente o nível altimétrico Suriname e Guiana Francesa. Constituído por rochas cristalinas pré-
para determinar o que é um planalto ou uma planície. -cambrianas, pode ser dividido em duas porções:
Aziz Nacib Ab’Saber - criada em 1958, esta classificação despre- - Planalto Norte-Amazônico: também chamado de Baixo Platô,
za o nível altimétrico, priorizando os processos geomorfológicos, ou apresenta pequenas elevações levemente onduladas, formando
seja, a erosão e a sedimentação. Assim, o professor considera pla- uma espécie de continuação das terras baixas da Planície Amazô-
nalto como uma superfície na qual predomina o processo de des- nica.
gaste, enquanto planície é considerada uma área de sedimentação. - Região Serrana: situada na porção Norte do Planalto, acompa-
Jurandyr Ross - é a classificação mais recente, criada em 1995. nha de perto as fronteiras do Brasil com as Guianas e com a Vene-
Baseia-se no projeto Radambrasil, um levantamento feito entre zuela. Dominada por dois arcos de escarpas (o Maciço Oriental e o
1970 e 1985, onde foram tiradas fotos aéreas da superfície do terri- Maciço Ocidental), separados por uma área deprimida e aplainada
tório brasileiro, por meio de um sofisticado radar. Jurandyr também no noroeste de Roraima. O Maciço Oriental é caracterizado por pe-
utiliza os processos geomorfológicos para elaborar sua classifica- quenas altitudes que raramente superam os 600 m, onde se encon-
ção, destacando três formas principais de relevo: tram serras como as de Tumucumaque e Açari, enquanto no Maci-
1) Planaltos ço Ocidental encontram-se as maiores altitudes absolutas do Brasil,
2) Planícies destacando-se na serra do Imeri ou Tapirapecó o pico da Neblina,
3) Depressões com 3.014 m de altitude (ponto culminante do país); na fronteira
do estado do Amazonas com a Venezuela, o pico 31 de Março, com
Sendo que: 2.992 m; e na serra de Pacaraima o monte Roraima, com 2.727 m.
- Planalto é uma superfície irregular, com altitude acima de 300
metros e produto de erosão.
- Planície é uma área plana, formada pelo acúmulo recente de
sedimentos.
- Depressão é uma superfície entre 100 e 500 metros de altitu-
de, com inclinação suave, mais plana que o planalto e formada por
processo de erosão.

O território brasileiro é constituído, basicamente, por grandes


maciços cristalinos (36%) e grandes bacias sedimentares (64%).
Aproximadamente 93% do território brasileiro apresenta altitudes
inferiores a 900 m. Em grande parte as estruturas geológicas são
muito antigas, datando da Era Paleozóica à Mesozóica, no caso das
bacias sedimentares, e da Era Pré-Cambriana, caso dos maciços
cristalinos.
As bacias sedimentares formam-se pelo acúmulo de sedimen-
tos em depressão. É um terreno rico em combustíveis fósseis, como
carvão, petróleo, gás natural e xisto betuminoso. Os maciços são
mais antigos e rígidos e se caracterizam pela presença de rochas
cristalinas, como granitos e gnaisses, e são ricos em riquezas mine-
rais metálicas, como ferro e manganês.
O relevo brasileiro não sofre mais a ação de vulcões e terremo- Planalto das Guianas (Fonte: www.sogeografia.com.br)
tos, agentes internos, porém, os agentes externos, como chuvas,
ventos, rios, marés, calor e frio, continuam sua obra de esculpir as

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a solução para o seu concurso!
GEOGRAFIA DO BRASIL
Planalto Brasileiro
Uma das mais vastas regiões planálticas do mundo, estendendo- se do sul da Amazônia ao Rio Grande do Sul e de Roraima ao litoral
Atlântico. É dominado por terrenos cristalinos amplamente recobertos por sedimentos. Por motivos didáticos e pelas diferenças morfoló-
gicas que apresenta, pode-se dividi-lo em três subunidades:

- Planalto Central: Abrange uma extensa região do Brasil Central, englobando partes do Norte, Nordeste, Sudeste e principalmente
do Centro-Oeste. Apresenta terrenos cristalinos antigos fortemente erodidos e amplamente recobertos por sedimentos paleozóicos e
mesozóicos. Além de planaltos cristalinos, destacam-se as chapadas recobertas por sedimentos, como dos Parecis, entre Roraima e Mato
Grosso.

- Planalto Atlântico ou Planalto Oriental: Estende-se do Nordeste, onde é bastante largo, ao nordeste do Rio Grande do Sul. Pode-se
também o dividir em duas subunidades distintas:
i) Região das Chapadas no Nordeste
ii) Região Serrana

- Planalto Meridional ou Arenito Basáltico: Abrange grande parte das terras da região Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul de Minas
Gerais e o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e parte leste do Mato Grosso do Sul, correspondendo às terras drenadas pela bacia do rio
Paraná. Predominam terrenos sedimentares, assentados sobre o embasamento cristalino, sendo os terrenos mesozóicos associados a
rochas vulcânicas, provenientes do derrame de lavas ocorrido nessa era. Essas rochas vulcânicas, em especial o basalto e o diabásio, com
o passar do tempo sofreram desagregação pela ação dos agentes erosivos, dando origem a um dos solos mais férteis do Brasil, a chamada
“terra roxa”. As áreas onde predominam sedimentos paleozoicos e mesozóicos (arenitos), associados às rochas vulcânicas, constituem uma
subunidade do planalto Meridional. Outra subunidade é a Depressão Periférica, uma estreita faixa de terrenos relativamente baixos que
predominam arenitos, que se estende de São Paulo a Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul. É no planalto Meridional que aparece
com destaque o relevo de “Cuestas”, costas (escarpas) sucessivas de leste para oeste.

b) Planícies: Amazônica, do Pantanal, Costeira e Gaúcha.


Planície Amazônica
Vasta área de terras baixas e planas que corresponde à Bacia Sedimentar Amazônica, onde se distinguem alongadas faixas de sedi-
mentos paleozóicos que afloram na sua porção centro-oriental, além de predominar arenitos, argilitos e areias terciárias e quaternárias.
Localizada entre o planalto das Guianas ao norte e o Brasileiro ao sul, a planície é estreita a leste, próximo ao litoral do Pará, e alarga-se
bastante para o interior na Amazônia Ocidental.

Planície do Pantanal
Ocupando quase toda metade oeste do Mato Grosso do Sul e o sudeste do Mato Grosso, a planície do Pantanal se estende para além
do território brasileiro, em áreas do Paraguai, Bolívia e extremo norte da Argentina, recebendo nesses países a denominação de “Chaco”.
Com terras muito planas e baixas (altitude média de 100 m), o Pantanal se constitui numa grande depressão interior do continente que
se inunda largamente no verão. Os pontos mais elevados da planície, que ficam a salvo das cheias, levam o nome de “cordilheiras”, e as
partes mais baixas, “baías” ou “lagos”.

Planície Costeira
Estendendo-se por quase todo o litoral brasileiro, do Pará ao Rio Grande do Sul, é uma área de sedimentos recentes: terciários e qua-
ternários. Em alguns trechos, principalmente no Sul e Sudeste, a planície é interrompida pela proximidade do planalto Atlântico, dando
origem às falésias; em alguns pontos surgem as baixadas litorâneas, destacando-se a baixada Capixaba no Espírito Santo, a baixada Flu-
minense no Rio de Janeiro, as baixadas Santista e de Iguape em São Paulo, a de Paranaguá no Paraná e a de Laguna em Santa Catarina.

Planície Gaúcha ou dos Pampas


Ocupa, esquematicamente, a metade sul do Rio Grande do Sul, constituída por sedimentos recentes; apresenta-se plana e suavemente
ondulada, recebendo a denominação de Coxilhas.

Pontos mais altos


Os relevos brasileiros caracterizam-se por baixas altitudes. Os maiores picos brasileiros, assim como sua localização e altitude, são:

Fonte: www.sogeografia.com.br
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— Rede e Hierarquia Urbana Brasileira.
URBANIZAÇÃO: CRESCIMENTO URBANO, PROBLEMAS ES- Hierarquia Urbana é a organização de cidades em níveis hie-
TRUTURAIS, CONTINGENTE POPULACIONAL BRASILEIRO rárquicos de subordinação, ou seja, cidades médias têm influência
sobre as menores. Dizemos maior em relação a produtividade, bens
e serviços oferecidos, e não em relação a seu tamanho físico. A hie-
— Definição e função. rarquia também integra as cidades em uma rede urbana, uma rede
Cidade: área industrializada e povoada com zonas residenciais que as conecta econômica, social e culturalmente. Pode ser cate-
e comerciais. A cidade é uma zona urbana, o contrário de zona ru- gorizada em:
ral, ou seja, é a parte do município em que há uma grande concen- - Metrópole: cidade de grande porte que exerce influência
tração de pessoas e estruturas industriais. sobre outras cidades. Uma metrópole pode ser nacional (grande
As zonas rurais, também denominadas de campo, são partes centro urbano) ou regional (uma cidade em que habitam mais de
de um município em que são utilizadas para atividades da agricul- um milhão de habitantes e exerce influência em todo o estado).
tura e agropecuária, onde há pouquíssima industrialização, e são - Centros Regionais: cidades de médio porte, exercem in-
áreas que abrigam paisagens naturais. fluência na região e produzem bens para outras cidades.
As zonas urbanas e rurais coexistem, são dependentes umas - Cidade local: cidades de porte pequeno que dependem
das outras, pois a zona urbana utiliza produtos produzidos nas zo- de cidades maiores.
nas rurais e as zonas rurais comercializam com as zonas urbanas. - Vilas: pequena concentração urbana que não atinge crité-
rios para se considerar uma cidade, e depende muito das grandes
— Industrialização e Urbanização. metrópoles.
Os processos de industrialização e urbanização são interligados,
desde a revolução industrial as cidades começaram a se desenvol- — Concentração e Desconcentração das Indústrias no Brasil.
ver de forma que o movimento de pessoas aumentou e consequen- Concentração e Desconcentração Industrial é o processo de
temente, a urbanização se desenvolveu. Quanto maior o número migração das indústrias dentro de um certo país. No Brasil, a indus-
de pessoas, mais consumiam e produziam, movimentando assim, a trialização ocorreu tarde, mas não demorou muito para se solidifi-
indústria e ocasionando também deu rápido desenvolvimento. car, nos anos 70, a região do Sudeste já estava bem industrializada
O crescimento da Indústria em todos os países do mundo, e com boa infraestrutura urbana. Há muito tempo, o Sudeste lidera
mas principalmente na Inglaterra, proporcionou diversas transfor- o processo industrial no Brasil, porém atualmente tem acontecido
mações no espaço geográfico. Além de um maior movimento de uma mudança nessa concentração, a partir de planejamentos go-
pessoas, estruturas relacionadas ao transporte, como trens, metrô, vernamentais de democratizar a indústria pelas regiões do país. São
veículos em geral, ruas asfaltadas, grandes centros comerciais, en- Paulo continua sendo o estado de maior concentração industrial,
tre outros, foram criadas e desenvolvidas. Isso, mas principalmente porém o desenvolvimento desse setor nas outras regiões tem cres-
o fator de empregos na área industrial, acabou causando o êxodo cido e possivelmente causará em breve uma desconcentração das
rural, que é quando as pessoas que residem nas zonas rurais se mu- Indústrias no Brasil.
dam para a zona urbana a fim de encontrar empregos e condições
melhores de vida, o que ocorreu bastante no processo da revolução
Industrial. TIPOS DE FONTES DE ENERGIA QUE PARTICIPAM DA
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: EÓLICA, HIDRÁULI-
— Urbanização Brasileira e Regiões Metropolitanas. CA, BIOMASSA, SOLAR E A DAS MARÉS.
A urbanização brasileira iniciou-se no século XX, com o desen-
volvimento da indústria o êxodo rural começou a acontecer, em
meados de 1950, e portanto, a urbanização a se desenvolver prin- Uma Bacia Hidrográfica é definida como uma área alimentada
cipalmente no Sudeste do país. Algo que influenciou bastante esse por um rio e seus afluentes. Sua delimitação se dá pelo relevo que a
desenvolvimento foi a política de desenvolvimento dos governos contorna e/ou a vegetação em volta.
Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek que prometiam “50 anos em O Brasil se encontra em uma área privilegiada, pois possui cer-
5”. Nos anos 60, a urbanização começa a se desenvolver no centro- ca de 12% da água potável do planeta. Existem 12 bacias ao todo
-oeste do país. Hoje, mais de 70% da população do Brasil reside em no país:
áreas urbanas, portanto as regiões diferem bastante em relação a - Bacia Hidrográfica amazônica: é a maior bacia do planeta,
infraestruturas. As regiões do Sudeste e do Sul são mais desenvol- com área de drenagem de cerca de 7 milhões de quilômetros qua-
vidas, enquanto o Nordeste ainda tem uma grande carência. Assim, drados, onde 3 milhões estão só no Brasil. Tem enorme potencial
a urbanização junto da industrialização causou buracos na socie- em questões de gerar energia hidrelétrica e transportes fluviais.
dade, como a desigualdade social e falta de oportunidades para as - Bacia Hidrográfica do São Francisco: com cerca de 640
pessoas. quilômetros quadrados, ela liga as regiões Nordeste e Sudeste.
- Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia: sua área de
— A Questão Agrária e Conflitos no Campo no Brasil. drenagem é de 967.059 quilômetros quadrados, sendo a maior ba-
A questão agrária diz respeito a conflitos que ocorrem no meio cia exclusiva do Brasil.
rural, nos meios de produção agrícolas e a relação entre o capita- - Bacia Hidrográfica do Paraná: é encontrada em vários pa-
lismo e o trabalho rural. Com a modernização deste espaço rural, íses da América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Com
problemas como a desigualdade, concentração de terras e êxodo grande potencial hidrelétrico, existem diversas usinas que utilizam
rural acabaram se intensificando. A urbanização causou um aumen- desta bacia, como a usina Ilha Solteira, Itaipu, Capivari, entre ou-
to na demanda de produtos agrícolas, e como consequência, meios tras.
de acelerar essa produção, como o uso de agrotóxicos. Isso diminui - Bacia Hidrográfica do Parnaíba: área de drenagem de cer-
o preço dos produtos enquanto produtos industrializados tem seu ca de 340 mil quilômetros quadrados, encontra-se nos estados do
preço elevado. Piauí, Maranhão e Ceará e os rios principais são Balsas, Uruçuí-Pre-
to, Gurguéia, entre outros.
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- Bacia Hidrográfica do Uruguai: encontra-se nos estados
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o rio principal é o Rio Uru-
guai, com grande potencial hidrelétrico.
- Bacia Hidrográfica do Paraguai: encontra-se nos estados
do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com área de drenagem de
cerca de 360 quilômetros quadrados. O rio principal é o Paraguai.
- Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental: tem
área de drenagem de cerca de 288 quilômetros quadrados e encon-
tra-se nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernam-
buco e Alagoas. os rios principais são Beberibe e Capibaribe.
- Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental: com
área de drenagem de cerca de 254 quilômetros quadrados, encon-
tra-se nos estados do Maranhão e do Pará e os principais rios são o
Mearim, Itapecuru e Turiaçu.
- Bacia Hidrográfica Atlântico Leste: com área de drenagem
de cerca de 374 quilômetros quadrados, encontra-se nos estados
de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. O principal rio é o O Brasil possui também as maiores reservas de água doce da
Jequitinhonha. Terra e um terço das florestas tropicais. Quase um terço de todas as
- Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste: com área de drena- espécies vegetais do mundo se concentram no Brasil. A Amazônia
gem de cerca de 230 quilômetros quadrados, encontra-se nos es- por si só abriga aproximadamente um terço das florestas tropicais
tados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e do mundo e um terço da biodiversidade global, além da maior bacia
Paraná. Seus principais rios são os Doce, Itapemirim, São Mateus, de água doce da Terra. Cabe ressaltar que 63,7% da região amazôni-
Iguape, Paraíba do Sul, etc. ca se encontra em território brasileiro.
- Bacia Hidrográfica Atlântico Sul: de menor porte, sua A conservação do meio ambiente brasileiro é um desafio, pois
área de drenagem tem cerca de 185 quilômetros quadrados. o crescimento econômico do país aumenta a demanda por recursos
naturais. Utiliza-se mais a terra, extraem-se mais minerais e torna-
— Uso dos Recursos Hídricos e Impactos Ambientais. -se necessário expandir a infraestrutura. Evidentemente, a agricul-
A existência de água potável sofre ameaças por conta da po- tura, a mineração e a realização de novas obras impactam o meio
luição de rios, lagos e oceanos. A poluição hídrica é causada prin- ambiente. 
cipalmente pelo despejamento de lixo e substâncias químicas das Nas conferências internacionais sobre o Meio Ambiente, há um
indústrias. Isso traz diversas consequências, pois influencia nega- embate ideológico entre o mundo desenvolvido e o subdesenvol-
tivamente as bacias hidrográficas, além de contaminar água que vido. Se torna inviável preservar a natureza em espaços habitados
poderia ser utilizada para o consumo e outras atividades. por uma população miserável. Alguém que encontra dificuldades
para se alimentar não vai se preocupar com as consequências das
As fontes de energia são de grande importância para o desen- queimadas nas lavouras e do desmatamento nas florestas; ações
volvimento de um país. No Brasil, as principais fontes de energia são que resultam na emissão de gases estufa.
a energia hidrelétrica, petróleo, biocombustíveis e carvão mineral. Por outro lado, as mudanças climáticas agravam ainda mais a
- Hidrelétrica: utiliza usinas hidrelétricas para a produção miséria. Na maioria dos casos, as pessoas que mais sofrem as con-
de eletricidade. sequências dos desastres naturais e dos eventos climáticos extre-
- Petróleo: utilizado para produzir combustíveis como a ga- mos – inundações, furacões, deslizamentos, etc. – são os pobres.
solina e óleo diesel e abastecer usinas termelétricas. Mesmo quando sobrevivem à tragédia, muitas vezes acabam per-
- Carvão Mineral: utilizado para produzir energia termelé- dendo todos seus bens materiais: o pouco que se acumulou após
trica e é a matéria prima para as indústrias siderúrgicas. anos de trabalho pode ser perdido algumas horas.
- Biocombustíveis: são combustíveis alternativos origina- As mudanças climáticas dificultam a redução da pobreza no
dos de produtos vegetais e renováveis. mundo e ameaçam a sobrevivência física de milhões de pessoas.
— Fontes de Energia Renováveis e não renováveis. Em outras palavras, é praticamente impossível dissociar a preser-
As fontes de energia não renováveis são aquelas que podem se vação ambiental da péssima qualidade de vida de milhões de seres
esgotar do planeta, por não terem regeneração. As renováveis po- humanos.
dem se regenerar e portanto, não agridem tanto o meio ambiente. A riqueza material também pode causar mudanças climáticas,
- Fontes de Energia não Renováveis: petróleo, carvão mi- pois uma pesada pegada ecológica e de carbono exerce pressão so-
neral, energia nuclear e gás natural. bre o ambiente e o clima.
- Fontes de Energia Renováveis: energia solar, energia eóli- O Brasil vem apresentando melhorarias em alguns indicadores
ca, biocombustíveis, energia hidráulica e energia geotérmica. ambientais. Apesar de tal progresso, ainda há grandes desafios que
o país precisa superar.

PROBLEMAS AMBIENTAIS

A questão ambiental
O Brasil é famoso por seu território continental e por seus
diversos ecossistemas. O país é também conhecido por possuir a
maior diversidade biológica do planeta. O gigantesco patrimônio
ambiental do Brasil inclui cerca de 13% das espécies de plantas e
animais existentes no mundo. 
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As queimadas e o desflorestamento são os principais respon-
sáveis pelas emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Outros
A Floresta Amazônica e o desflorestamento países pressionam o Brasil a tomar medidas eficazes para preser-
var a Floresta Amazônica, por esta ser considerada “o pulmão do
mundo”.

Desmatamento dos outros ecossistemas


Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro
que foi mais alterado pela ocupação humana. O Cerrado, que é o
segundo maior bioma brasileiro e que abrange as savanas do centro
do país, teve sua cobertura vegetal reduzida pela metade. O per-
centual de área desmatada nesse bioma é maior que o verificado
na Floresta Amazônica. 
Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado
por garimpos: os rios foram contaminados com mercúrio e houve o
assoreamento dos cursos de água.
Desflorestamento da Floresta Amazônica Nos últimos anos, porém, a maior fator de risco para o Cerrado
O desflorestamento e a degradação produzem mais de 10% das tem sido a expansão da agricultura, principalmente do cultivo da
emissões mundiais de carbono. soja, e da pecuária.  Graças ao desenvolvimento de tecnologia que
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo. permitiu corrigir o problema da baixa fertilidade de seus solos, o
Abrange 6,9 milhões de quilômetros quadrados em nove países sul- Cerrado se tornou área de expansão da plantação de grãos, como
-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, a soja, para exportação.  As atividades agropecuárias, por meio do
Guiana, Suriname e Guiana Francesa). No Brasil, cobre 49% do ter- desmatamento e das queimadas, estão devastando a formação ve-
ritório nacional e faz parte de nove estados brasileiros: Amazonas, getal dos cerrados, causando processos erosivos e levando à com-
Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins e pactação do solo.
Maranhão. A Mata Atlântica continua a ser desflorestada. É um dos biomas
A Floresta Amazônica compreende a maior biodiversidade do mais ameaçados do mundo. No presente, há apenas 133.010 km²
mundo, que inclui mais de cinco mil espécies de árvores, três mil de área remanescente – menos de 10% do que havia originalmente. 
de peixes, 300 de mamíferos e 1,300 de pássaros. Além disso, conta A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que
com um quinto da disponibilidade de água potável do mundo - a possui uma enorme biodiversidade e que se estende por uma faixa
maior bacia hidrográfica do planeta. No território brasileiro da Flo- do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, passando por 17 es-
resta Amazônica habitam 20 milhões de pessoas, entre elas, 220 mil tados brasileiros. Originalmente, a Mata Atlântica se estendia por
indígenas de inúmeras tribos. toda a costa nordeste, sudeste e sul do Brasil, com faixa de largura
Na Floresta Amazônica, há muitas espécies em perigo de ex- variável. Na tentativa de preservar o que restou dessa incalculável
tinção. A Amazônia sofre um ritmo acelerado de destruição. Na dé- riqueza, foram criadas Unidades de Conservação. A maior delas é o
cada de 1970, o governo brasileiro, com o objetivo de desenvolver Parque Estadual da Serra do Mar, que contém 315 mil hectares. Não
essa região e integrá-la ao restante do país, criou inúmeros incenti- obstante, a Mata Atlântica continua a ser ameaçada pelo constante
vos para que milhões de brasileiros passassem a habitá-la. Contudo, aumento das cidades e pela poluição que muito dificultam as tenta-
os limites de propriedades não foram claramente delineados e o tivas de preservá-la. Na Mata Atlântica, há várias espécies em risco
caos fundiário passou a ser uma realidade na região. de extinção, como a onça pintada e o mico-leão dourado.
A Floresta Amazônica contém uma das maiores reservas de As frentes humanas contra o desmatamento são chamadas de:
madeira tropical do mundo. A extração dessa madeira e a amplia- empates. A “política dos empates” foi a forma encontrada pelo gru-
ção de áreas usadas para o gado e o plantio da soja resultam em po de Chico Mendes para impedir que madeireiros e fazendeiros do
desmatamento. O garimpo e as grandes hidroelétricas também são Acre praticassem o desmatamento ilegal. Já que o grupo não possui
nocivos para os rios da região. os recursos para enfrentar seus adversários, adotaram a estratégia
O governo brasileiro precisa conter o desmatamento, demarcar de formar uma corrente humana, com as mãos de pessoas dadas,
as propriedades privadas e implementar leis que protejam as áreas para impedir que os tratores passassem.
de conservação.
É importante não confundir a Amazônia Legal com a Floresta Vamos aqui falar dos principais problemas ambientais brasi-
Amazônica. A Amazônia Legal é uma área geoeconômica, delimita- leiros
da em 1966 pelo Governo Federal, por meio da Superintendência O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta amea-
de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Inclui a Floresta Amazô- ças ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo
nica, os cerrados e o Pantanal. A taxa anual de desflorestamento na Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos mu-
Amazônia Legal (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, nicípios brasileiros apresentam problemas ambientais, e entre os
Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) foi reduzida significativamen- mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assoreamen-
te nos últimos anos. A quantidade de árvores desflorestadas em to. A seguir, falaremos um pouco a respeito de cada um deles:
2011 foi a menor desde 1988. Contudo, por mais que o número - Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para
tenha diminuído, ainda é elevado: em 2009, 14,6% da Amazônia limpar uma determinada área, renovar as pastagens e facilitar a
Legal já havia sido desflorestada. colheita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser
prejudicial para o ecossistema, pois aumenta os riscos de erosão,
mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e causa
poluição atmosférica.

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- Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários Para entender melhor, podemos comparar o efeito estufa ao
motivos. Entre eles, podemos citar a ampliação da agropecuária, que acontece em um carro parado sob a luz solar. Os raios solares
extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas, passam pelos vidros e aquecem o interior do veículo. O calor, então,
mineração e expansão das cidades. O desmatamento prejudica o tende a sair pelo vidro, porém encontra dificuldades. Portanto, par-
ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agrava- te do calor fica retido no interior do carro, aquecendo-o. Os gases
mento dos processos de desertificação, alterações no regime de de efeito estufa, presentes na atmosfera, funcionam como o vidro
chuvas, redução da biodiversidade, assoreamento dos rios, etc. do carro, permitindo a entrada da radiação ultravioleta, mas dificul-
- Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de tando que toda ela seja irradiada de volta ao espaço.
sedimentos em ambientes aquáticos. Seus impactos para o meio
ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, des- Contudo, a grande concentração desses gases na atmosfera di-
truição de habitats aquáticos, prejuízos na água destinada ao con- ficulta ainda mais a dispersão do calor para o espaço, aumentando
sumo e veiculação de poluentes. as temperaturas do planeta. O efeito estufa tem-se agravado em
virtude da emissão cada vez maior de gases de efeito estufa à at-
Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que se- mosfera.
jam os únicos problemas ambientais enfrentados em nosso país.
Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição Essa emissão é provocada por atividades antrópicas, como
das águas, que causam doenças e prejuízo no abastecimento, a queima de combustíveis fósseis, gases emitidos por escapamentos
poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência de de carros, tratamento de dejetos, uso de fertilizantes, atividades
doenças respiratórias, e a poluição do solo, desencadeada princi- agropecuárias e diversos outros processos industriais.
palmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso de agrotóxicos.
Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossistemas Quais são os gases de efeito estufa?
e a saúde humana devem ser combatidas. Para isso, necessitamos Existem quatros principais de gases de efeito estufa.
de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar crimes 1. Dióxido de carbono: é o mais abundante entre os gases de
ambientais, assim como precisamos de programas voltados à cons- efeito estufa, visto que pode ser emitido a partir de diversas ativida-
cientização da população acerca de como diminuir os problemas des humanas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e
ambientais em nosso país. Se todos fizerem sua parte, poderemos petróleo, é uma das atividades que mais emitem esses gases. Desde
deixar um Brasil com muito mais qualidade de vida para nossos a Era Industrial, houve um aumento de 35% da quantidade de dió-
descendentes. xido de carbono na atmosfera.
2. Gás metano: é o segundo maior contribuinte para o aumen-
Degradação Ambiental to das temperaturas da Terra, com poder 21 vezes maior que o di-
Os problemas ambientais de âmbito nacional (no território bra- óxido de carbono. Provém de atividades humanas ligadas a aterros
sileiro) ocorrem desde a época da colonização, estendendo-se aos sanitários, lixões e pecuária. Além disso, pode ser produzido por
subsequentes ciclos econômicos (cana, ouro, café etc.). meio da digestão de ruminantes e eliminado por eructação (arroto)
ou por fontes naturais. Cerca de 60% da emissão de metano provém
Atualmente, os principais problemas estão relacionados com de ações antrópicas.
as práticas agropecuárias predatórias, o extrativismo vegetal (ativi- 3. Óxido nitroso: pode ser emitido por bactérias no solo ou no
dade madeireira) e a má gestão dos resíduos urbanos. oceano. As práticas agrícolas são as principais fontes de óxido nitro-
Os principais agravantes de ordem rural e urbana são: so advindo da ação humana. Exemplos dessas atividades são cultivo
- perda da biodiversidade em razão do desmatamento e das do solo, uso de fertilizantes nitrogenados e tratamento de dejetos.
queimadas; O poder do óxido nitroso de aumentar as temperaturas é 298 vezes
- degradação e esgotamento dos solos por causa das técnicas maior que o do dióxido de carbono.
de produção; 4. Gases fluoretados: são produzidos pelo homem a fim de
- escassez da água pelo mau uso e gerenciamento das bacias atender às necessidades industriais. Como exemplos desses gases,
hidrográficas; podemos citar os hidrofluorocarbonetos, usados em sistemas de
- contaminação dos corpos hídricos por esgoto sanitário; arrefecimento e refrigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na
- poluição do ar nos grandes centros urbanos. indústria eletrônica; perfluorocarbono, emitido na produção de
alumínio; e clorofluorcarbono (CFC), responsável pela destruição
Impactos Ambientais da camada de ozônio.

Efeito estufa
Efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural responsável
pela manutenção da vida na Terra. Sem a presença desse fenôme-
no, a temperatura na Terra seria muito baixa, em torno de -18ºC, o
que impossibilitaria o desenvolvimento de seres vivos.
Existem, na atmosfera, diversos gases de efeito estufa capazes
de absorver a radiação solar irradiada pela superfície terrestre, im-
pedindo que todo o calor retorne ao espaço.
Parte da energia emitida pelo Sol à Terra é refletida para o es-
paço, outra parte é absorvida pela superfície terrestre e pelos oce-
anos. Uma parcela do calor irradiado de volta ao espaço é retida
pelos gases de efeito estufa, presentes na atmosfera. Dessa forma,
o equilíbrio energético é mantido, fazendo com que não haja gran-
des amplitudes térmicas e as temperaturas fiquem estáveis. A emissão de gases de efeito estufa é proveniente, principalmente,
de atividades industriais.
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Além desses gases, há também o vapor d’água, um dos princi- A comunidade científica relaciona, portanto, o aumento dos
pais responsáveis pelo efeito estufa. O vapor d’água capta o calor ir- gases de efeito estufa ao aumento das temperaturas médias glo-
radiado pela Terra, distribuindo-o novamente em diversas direções, bais. A concentração desses gases impede cada vez mais que o ca-
aquecendo, dessa forma, a superfície terrestre. lor irradiado pela superfície seja disperso no espaço, aumentando
a temperatura e reafirmando a questão do aquecimento global.
Causas do efeito estufa Contudo, é válido ressaltar que essa relação entre efeito estufa e
Nos últimos anos, houve um considerável aumento da concen- aquecimento global, bem como a existência do aquecimento global
tração de gases de efeito estufa na atmosfera. As atividades huma- não são unanimidades entre os estudiosos. Muitos pesquisadores
nas ligadas à indústria, as atividades agrícolas, o desmatamento e o desacreditam que a concentração dos gases tem agravado o au-
aumento do uso dos transportes são os principais responsáveis pela mento das temperaturas do planeta. Para eles, esse aquecimento
emissão desses gases. elevado constitui apenas uma fase de variação da dinâmica climá-
É válido ressaltar que o efeito estufa é um fenômeno natural tica da Terra.
essencial para manutenção da vida na Terra, já que mantém as tem-
peraturas médias, evitando grandes amplitudes térmicas e o esfria-
mento extremo do planeta. Contudo, a intensificação de atividades
industriais e agrícolas, que demandam áreas para produção e, con-
sequentemente, geram desmatamento, e o uso dos transportes au-
mentaram a emissão de gases de efeito estufa à atmosfera.
A queima de combustíveis fósseis é uma das atividades que
mais produzem gases de efeito estufa. A concentração desses gases
na atmosfera impede que o calor seja irradiado, aquecendo ainda
mais a superfície terrestre, aumentando, portanto, as temperatu-
ras. Esse aumento das temperaturas decorrente da intensificação
do efeito estufa é conhecido como aquecimento global.

O aquecimento global representa o aumento das temperaturas


médias do planeta.

Consequências do efeito estufa


Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá-
ticas, o sistema climático pode ser alterado trazendo danos irrever-
síveis, como:
→ Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.
→ Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as co-
lheitas e a pesca.
→ Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.
→ Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do
mar, que provocará também ondas migratórias.
→ Escassez de água em algumas regiões.
→ Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.
→ Riscos de conflitos em virtude da escassez de recursos na-
turais.
O efeito estufa é um fenômeno natural que, apesar de ser essencial → Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.
para a manutenção da vida, tem sido agravado pela emissão de → Previsão de aumento da temperatura em até 2º C até 2100
gases decorrente da ação antrópica. em comparação ao período pré-industrial (1850 a 1900).

Aquecimento global e efeito estufa


O efeito estufa é um fenômeno atmosférico de ordem natural
capaz de garantir que a Terra seja habitável. Esse efeito é respon-
sável por manter a temperatura média do planeta, de forma que o
calor não seja totalmente irradiado de volta ao espaço, mantendo,
portanto, a Terra aquecida e evitando que a temperatura não baixe
drasticamente.
A concentração dos gases de efeito estufa, como o dióxido de
carbono e o óxido nitroso, elevou-se significativamente nas últimas
décadas. Segundo diversos estudiosos, essa concentração tem pro-
vocado mudanças na dinâmica climática do planeta, provocando o
aumento das temperaturas da Terra.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá- O derretimento das calotas polares e o consequente aumento do
ticas, a temperatura do planeta aumentou aproximadamente 0,85º nível do mar são consequências do efeito estufa.
C nos continentes e 0,55º C nos oceanos em um período de cem
anos. Com esse aumento, foi possível constatar o derretimento das
calotas polares e a elevação do nível do mar.
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Como evitar o efeito estufa? (Junho-Julho-Agosto de 2019) a maior probabilidade (51%) é de que
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sina- retorne a neutralidade, ou seja, sem a ocorrência do El Niño ou da
liza que a emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida de La Niña.
40% a 70% entre os anos 2010 e 2050. Os países precisam estabe-
lecer metas de redução de emissão desses gases a fim de conter o El NiÑo
aumento das temperaturas. El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado
É preciso investir no uso de fontes de energia renováveis e al- por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pa-
ternativas, abandonando o uso dos combustíveis fósseis, cuja quei- cífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando
ma libera diversos gases de efeito estufa. Outras ações cotidianas os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes
também podem ser adotadas, como redução do uso de transportes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
em trajetos pequenos, optando por ir a pé ou de bicicleta, preferên-
cia pelo uso de transporte coletivo e de produtos biodegradáveis e La NiÑa
incentivo à coleta seletiva. La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com
características opostas ao EL Niño, e que caracteriza-se por um es-
Resumo friamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropi-
cal. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El
Fenômeno Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta
Efeito Estufa impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.
atmosférico
Fenômeno de ordem natural Aquecimento Global
responsável por manter as O aquecimento global pode ser definido como o processo de
temperaturas médias globais, elevação média das temperaturas da Terra ao longo do tempo. Se-
possibilitando a existência de vida na gundo a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis
Principais Terra. É agravado pela ação humana climáticos, sua ocorrência estaria sendo acelerada pelas atividades
características por meio da emissão de gases de efeito humanas, provocando problemas atmosféricos e no nível dos ocea-
estufa à atmosfera, que impedem a nos, graças ao derretimento das calotas polares.
dispersão da radiação solar irradiada O principal órgão responsável pela divulgação de dados e in-
pela superfície terrestre, aumentando a formações sobre o Aquecimento Global é o Painel Internacional
temperatura do planeta. sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão ligado à Organização
Dióxido de carbono das Nações Unidas (ONU). Segundo o IPCC, o século XX foi o mais
Gás metano quente dos últimos tempos, com um crescimento médio de 0,7ºC
Gases de efeito estufa das temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, segundo
Óxido nitroso
Gases fluoretados o mesmo órgão, é que as temperaturas continuem elevando-se ao
longo do século XXI caso ações de contenção do problema não se-
É um fenômeno natural que tem-
jam adotadas em larga escala.
se intensificado em decorrência de
O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um otimista
Causas atividades humanas ligadas à indústria,
e outro pessimista. No primeiro, considerando que o ser humano
atividades agropecuárias, uso de
consiga diminuir a emissão de poluentes na atmosfera e contenha
transportes e desmatamento.
ações de desmatamento, as temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até
Derretimento das calotas polares. 2100. No segundo cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de
Aumento do nível do mar. 1,8 até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprometeria boa
Agravamento da segurança alimentar. parte das atividades humanas.
Consequências
Aumento dos períodos de seca. Em um relatório de grande repercussão, publicado em março
Escassez de água. de 2014, o IPCC afirma que o aquecimento global seria muito grave
Aumento das temperaturas. e irreversível, provocando a elevação dos oceanos, perdas agríco-
las, entre outras inúmeras catástrofes geradas pelas alterações no
El Niño e La Niña clima e na disposição dos elementos e recursos naturais.
O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado por
anomalias, positivas (El Niño) ou negativas (La Niña), de tempera- Causas do Aquecimento Global
tura da superfície do mar (TSM) no Pacífico equatorial, e sua carac- A principal entre as causas do aquecimento global, segundo
terização é feita através de índices, como o Índice de Oscilação Sul boa parte dos especialistas, seria a intensificação do efeito estufa,
(IOS – calculado através da diferença de pressão entre duas regiões um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na su-
distintas: Taiti e Darwin) e os índices nomeados Niño [(Niño 1+2, perfície terrestre, mas que estaria sendo intensificado de forma a
Niño 3, Niño 3.4 e Niño 4), que nada mais são do que as anomalias causar prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados gases-estufa
de TSM médias em diferentes regiões do Pacífico equatorial]. seria o principal problema em questão.
As previsões da anomalia da TSM para Dezembro-Janeiro-Fe- Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e o
vereiro de 2019 (DJF-2019) dos modelos numéricos de previsão gás metano. Além desses, citam-se o óxido nitroso, o hexafluoreto
climática analisados indicam que as águas sobre o Pacífico Equato- de enxofre, o CFC (clorofluorcarboneto) e os PFC (perfluorcarbone-
rial devem manter-se mais quentes que o normal, indicando a per- tos).
manência do fenômeno El Niño. A previsão da ocorrência de ENOS Essa listagem foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua
realizada pelo IRI/CPC no início de novembro aponta que a maior presença na atmosfera estaria sendo intensificada por práticas hu-
probabilidade (80%) é de que o próximo trimestre (DJF) ainda tenha manas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos veícu-
a influência do fenômeno El Niño, e assim segue até Abril-Maio-Ju- los, pela queima de combustíveis fósseis e até pela pecuária.
nho de 2019 (AMJ-2019) (49%). Para o último trimestre da previsão
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As posições céticas quanto ao aquecimento global
Há, no meio científico, um grande debate sobre a existência
e as possíveis causas do aquecimento global, de forma que a sua
ocorrência não estaria totalmente provada e nem seria consenso
por parte dos especialistas nas áreas que estudam o comportamen-
to da atmosfera.
Existem grupos que afirmam que o aquecimento global seria
um evento natural, que não seria influenciado pelas ações humanas
e que, tampouco, seria gravemente sentido em um período curto
de tempo. Outras posições afirmam até mesmo que o aquecimen-
O CO2 (dióxido de carbono) seria o grande vilão do aquecimento to global não existe, utilizando-se de dados que comprovam que o
global ozônio da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido de carbono
não seria danoso ao clima e que as geleiras estariam, na verdade,
Outra causa para o aquecimento global seria o desmatamen- expandindo-se, e não diminuindo.
to das florestas, que teriam a função de amenizar as temperaturas
através do controle da umidade. Anteriormente, acreditava-se que
elas também teriam a função de absorver o dióxido de carbono e
emitir oxigênio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido
é utilizado pela própria vegetação, que também emite dióxido de
carbono na decomposição de suas matérias orgânicas.
As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são quem, de
fato, contribuem para a diminuição de dióxido de carbono e a emis-
são de oxigênio na atmosfera. Por esse motivo, a poluição dos ma-
res e oceanos pode ser, assim, apontada como mais uma causa do
aquecimento global.

Consequências do Aquecimento Global


Entre as consequências do aquecimento global, temos as trans-
formações estruturais e sociais do planeta provocadas pelo aumen- Para alguns analistas, as calotas polares no sul e no norte estariam
to das temperaturas, das quais podemos enumerar: expandindo-se
- aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das
calotas polares; Essas posições mais céticas consideram que as posições sobre o
- eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas, Aquecimento Global teriam um caráter mais político do que verda-
em função da elevação do nível dos oceanos; deiramente científico e acusam o IPCC de distorcer dados ou apre-
- aumento da insolação e radiação solar, em virtude do aumen- sentar informações equivocadas sobre o funcionamento do meio
to do buraco da Camada de Ozônio; ambiente e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel da
- intensificação de catástrofes climáticas, tais como furacões e ONU como uma fonte confiável para estudos sobre o tema.
tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos mete- Divergências à parte, é importante considerar que o aqueci-
orológicos de difícil controle e previsão; mento global não é a única consequência das agressões ao meio
- extinção de espécies, em razão das condições ambientais ad- ambiente. Diante disso, mesmo os críticos ao aquecimento global
versas para a maioria delas. admitem a importância de conservar os recursos naturais e, princi-
palmente, os elementos da biosfera, vitais para a qualidade de vida
Como combater o aquecimento global? das sociedades.
A primeira grande atitude, segundo apontamentos oficiais e
científicos, para combater o aquecimento global seria a escolha de Impactos ambientais
fontes renováveis e não poluentes de energia, diminuindo ou até A principal ênfase dos estudos ambientais na Geografia refe-
abandonado a utilização de combustíveis fósseis, tais como o gás re-se aos temas concernentes à degradação e aos impactos am-
natural, o carvão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte bientais, além do conjunto de medidas possíveis para conservar os
das indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na atmosfe- elementos da natureza, mantendo uma interdisciplinaridade com
ra também é uma ação necessária. outras áreas do conhecimento, como a Biologia, a Geologia, a Eco-
Outra forma de combater o aquecimento global seria diminuir nomia, a História e muitas outras.
a produção de lixo, através da conscientização social e do estímulo Nesse sentido, o principal cerne de estudos é o meio ambiente
de medida de reciclagem, pois a diminuição na produção de lixo e as suas formas de preservação. Entende-se por meio ambiente
diminuiria também a poluição e a emissão de gás metano, muito o espaço que reúne todas as coisas vivas e não vivas, possuindo
comum em áreas de aterros sanitários. relações diretas com os ecossistemas e também com as sociedades.
Soma-se a essas medidas a preservação da vegetação, tanto Com isso, fala-se que existe o ambiente natural, aquele constituído
dos grandes biomas e domínios morfoclimáticos, tais como a Ama- sem a intervenção humana, e o ambiente antropizado, aquele que
zônia, como o cultivo de áreas verdes no espaço agrário e urbano. é gerido no âmbito das práticas sociais.
Assim, as consequências do efeito estufa na sociedade seriam ate- De um modo geral, é possível crer que o mundo e os fenôme-
nuadas. nos que nele se manifestam são resultados do equilíbrio entre os
mais diversos eventos. Desse modo, alterar o equilíbrio pode trazer
consequências severas para o meio ambiente, de forma que se tor-
nam preocupantes determinadas ações humanas, como o desma-
tamento, a poluição e a alteração da dinâmica dos ecossistemas.
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A agropecuária e os problemas ambientais

Conservação de vegetação nativa


O desmatamento é um dos grandes problemas ambientais provo-
cados pela agropecuária • Combate à erosão: feito através do sistema de curvas de
nível. Valas em sentido circular são feitas no solo de regiões altas
A agropecuária é o conjunto das atividades ligadas à agricultura (montanhas, morros, serras). Estas valas absorvem a água, evitando
e à pecuária. Apresenta grande importância para a humanidade e assim as enxurradas que levam as terras.
para a economia, visto que sua produção é destinada ao consumo
humano e para a venda dos produtos obtidos.
No entanto, vários problemas ambientais estão sendo desenca-
deados em virtude da expansão da agropecuária e da utilização de
métodos para o cultivo e criação de animais.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização
da agropecuária. A retirada da cobertura vegetal provoca a redução
da biodiversidade, extinção de espécies animais e vegetais, deser-
tificação, erosão, redução dos nutrientes do solo, contribui para o
aquecimento global, entre outros danos.
As queimadas, método muito utilizado para a retirada da vege-
tação original, intensificam a poluição atmosférica, além de reduzi-
rem os nutrientes do solo, sendo necessário usar uma quantidade
maior de produtos químicos (fertilizantes) durante o cultivo de de-
terminados alimentos, fato que provoca a poluição do solo.
Outro agravante é a utilização de agrotóxicos (inseticidas e her-
bicidas), que contaminam o solo, o lençol freático e os rios. Esses
produtos, destinados à eliminação de insetos nas plantações, infil- Combate à erosão
tram-se no solo e atingem as águas subterrâneas. As águas das chu-
vas, ao escoarem nessas plantações, podem transportar os agrotó- • Reflorestamento: a falta de vegetação pode provocar a ocor-
xicos para os rios, causando a contaminação da água. rência da erosão. Com a plantação de árvores em regiões que
Na pecuária, além da substituição da cobertura vegetal pelas passaram por desmatamentos, evita-se a erosão. O eucalipto e o
pastagens, outro problema ambiental é a compactação do solo ge- pinheiro são as árvores mais utilizadas neste processo, pois suas
rada pelo deslocamento dos rebanhos. O solo compactado dificulta raízes “seguram” a terra e absorvem parte da água.
a infiltração da água e aumenta o escoamento superficial, podendo
gerar erosões. Esses animais, através da liberação de gás metano,
também contribuem para a intensificação do aquecimento global.
Portanto, diante da necessidade de produzir alimentos para
atender a demanda global e ao mesmo tempo preservar a natureza,
é necessário que métodos sustentáveis sejam implantados na agro-
pecuária, de forma a reduzir os problemas ambientais provocados
por essa atividade. O pousio, por exemplo, é uma técnica que visa
o “descanso” do solo até que haja a recuperação da sua fertilidade.
O solo, quando não recebe tratamento apropriado, pode per- Antes e depois do Reflorestamento
der suas propriedades naturais e se tornar infértil. Para a conserva-
ção do solo, algumas medidas podem ser adotadas: • Rotação de cultura: a área de plantações pode ser dividida
em partes, de forma que uma delas ficará sempre em repouso. As
• Conservação da vegetação nativa: uma das mais importantes outras partes recebem o plantio de culturas diversas. Após a co-
medidas para conservar o solo é não praticar o desmatamento. A lheita, ocorre uma rotação, sendo que a parte que havia ficado em
vegetação natural possui características que conservam o solo. repouso recebe o plantio, e uma que foi usada vai para o descanso.
Desta maneira, evita-se o desgaste da terra (perda de nutrientes),
dificultando sua infertilidade.
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A poluição do ar pode ser definida como a presença de subs-
tâncias provenientes de atividades humanas ou da própria natureza
que podem colocar em risco a qualidade de vida dos seres vivos.
O ar poluído pode causar sérios problemas ao homem e a outros
seres, portanto, ele é impróprio e nocivo.
A poluição do ar tem se intensificado desde a primeira metade
do século XX com o aumento crescente de indústrias e carros, que
lançam diversos poluentes na atmosfera. Vale destacar, no entanto,
que também existem fontes naturais de poluição atmosférica, tais
como a poeira da terra e vulcões.
Os poluentes atmosféricos podem ser divididos em dois gran-
des grupos: os poluentes primários e os poluentes secundários. Os
poluentes primários são aqueles emitidos diretamente por uma
fonte de poluição, como um carro. Já os poluentes secundários são
aqueles que sofrem reações químicas na atmosfera, ou seja, são
Rotação de cultura formados a partir da interação do meio com o poluente primário.
Dentre os principais poluentes do ar, podemos citar a fumaça,
Em busca de seu próprio conforto e de aperfeiçoamento da partículas inaláveis, dióxido de enxofre, ozônio, dióxido de nitrogê-
tecnologia, há muito tempo o homem vem promovendo modifi- nio e monóxido de carbono. Essas substâncias podem causar sérios
cações no ambiente, prejudicando o ecossistema do qual ele faz danos à saúde de homem. O monóxido de carbono, por exemplo,
parte. O aperfeiçoamento tecnológico, industrial e científico, nos diminui a capacidade do sangue de transportar oxigênio pelo corpo,
últimos tempos, tem provocado drásticas alterações na atmosfera, podendo causar hipóxia tecidual. Já o ozônio possui papel oxidante
na água de mares, lagos, rios, e no solo. Além do mais, provocou e citotóxico, podendo causar irritação nos olhos e diminuição da ca-
desequilíbrio nas cadeias alimentares. Levando a extinção de certos pacidade pulmonar, por exemplo. O dióxido de enxofre relaciona-se
componentes da cadeia alimentar, com isso provocou o aumento com irritações nas vias aéreas superiores, assim como o dióxido de
numérico de espécies de níveis tróficos mais inferiores produzindo nitrogênio. Esse último também pode provocar danos graves aos
efeitos muito desagradáveis. pulmões.
Além desses problemas, a poluição do ar desencadeia diversas
*Poluição ambiental outras consequências para nosso corpo. Ela está relacionada com
Nem todo desequilíbrio ecológico é produzido pelo homem, a diminuição da eficácia do sistema mucociliar das nossas narinas,
como por exemplo, os incêndios acidentais provocados por raios aumento dos sintomas da asma, infecções das vias aéreas superio-
devastando áreas florestais, no entanto, o homem é o maior causa- res e incidência de câncer de pulmão e doenças cardiovasculares.
dor de tais desequilíbrios. Dentre eles, o de importância maior, que É importante frisar que crianças e idosos são os mais vulneráveis,
é a poluição do ambiente. sendo frequentemente internados, principalmente com doenças
respiratórias.
*Poluição da água A qualidade do ar pode melhorar ou piorar de acordo com as
Os principais poluentes da água são: lançamento de esgoto, de- condições do tempo de uma cidade. Quando há períodos com bai-
tergentes, resíduos industriais e agrícolas e petróleo nos rios. xa umidade e pouco vento, é comum vermos cidades com maior
concentração de poluentes. Isso se deve ao fato de que a dispersão
*Poluição atmosférica dessas substâncias ocorre lentamente. Sendo assim, é fundamental
Os poluentes encontrados no ar, principalmente das cidades atenção redobrada nessas épocas do ano.2
industrializadas, são: monóxidos de carbono (CO), dióxido de car-
bono (CO2), fração particulada, óxido de nitrogênio (NO2) e óxido Doenças relacionadas à poluição do ar
de enxofre (SO2). As doenças relacionadas à poluição do ar são consideradas do-
enças pulmonares ambientais. (Consulte também Considerações
*Inversão térmica
gerais sobre doenças pulmonares ambientais.)
A camada de ar próxima à superfície do globo terrestre é mais
Os principais componentes da poluição do ar em países desen-
quente. Sendo menos densa ela sobe e à medida que atinge alturas
volvidos são
maiores vai esfriando. Com o movimento do ar as partículas sofrem
- Dióxido de nitrogênio (proveniente da queima de combustí-
dispersão. No inverno pode ocorrer inversão térmica, ou seja, nas
veis fósseis como carvão, petróleo e gás natural)
camadas próximas ao solo fica o ar frio e acima dessa camada, o ar
- Ozônio (devido ao efeito da luz solar sobre o dióxido de nitro-
quente. Os poluentes liberados na camada de ar frio estacionam.
gênio e hidrocarbonetos)
*Poluição radioativa - Partículas sólidas ou líquidas suspensas
A poluição radioativa aumenta a taxa de mutação, uma de suas
maiores consequências é o surgimento de variados tipos de câncer, A queima de combustível de biomassa (como madeira, resídu-
alguns com cura desconhecida.1 os animais e colheitas) é uma fonte importante de partículas em
ambientes internos em países em desenvolvimento. O fumo passi-
Poluição do Ar vo é também uma importante fonte de poluição do ar em ambiente
O desenvolvimento dos grandes centros urbanos e o consumo interno.
cada vez mais exagerado dos humanos são os grandes responsáveis Altos níveis de poluição do ar podem desencadear crises (exa-
por tornar o mundo cada dia mais poluído. A poluição é um proble- cerbações) em pessoas com asma ou doença pulmonar obstruti-
ma real que atinge o ar, a água e o solo, tornando-se cada vez mais va crônica. As doenças pulmonares relacionadas à poluição do ar
acentuada graças às nossas atitudes. também aumentam o risco de distúrbios do coração e dos vasos
1 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br 2 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br
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sanguíneos e podem aumentar o risco de câncer de pulmão. Pesso- usar o Índice de qualidade do ar para orientar suas escolhas de ati-
as que vivem em áreas com tráfego intenso estão particularmente vidades ao ar livre em dias em que os níveis de poluição estiverem
em risco. elevados.
A maioria dos poluentes atmosféricos causam a contração dos
músculos das vias aéreas, estreitando as vias aéreas (hiperreativi- Diagnóstico
dade das vias aéreas).
Dentre os membros da população geral, especialmente crian- Histórico de exposição
ças, a exposição em longo prazo à poluição do ar pode aumentar a O médico baseia o diagnóstico no histórico de exposição e sin-
ocorrência de infecções respiratórias e sintomas de distúrbios res- tomas da pessoa, nos testes de função pulmonar e na exposição a
piratórios (como tosse e dificuldade respiratória) e uma diminuição altas concentrações de poluentes conhecidos no ar em casa e no
da função pulmonar. trabalho. O médico pergunta a pessoas com doenças pulmonares,
O ozônio, o principal componente da poluição, é um forte irri- como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, se seus sintomas
tante pulmonar. Os níveis tendem a ser mais elevados no verão em pioram quando expostos a poluição do ar.
comparação com outras estações e relativamente mais elevados no É frequente que os testes não ajudem a diferenciar as doen-
final da manhã e início da tarde em comparação com outros mo- ças relacionadas à poluição do ar de outras doenças pulmonares.
mentos do dia. Exposições em curto prazo podem causar dificulda- O diagnóstico pode ficar claro se muitos trabalhadores do mesmo
des respiratórias, dores torácicas e hiperreatividade das vias aéreas. setor, e com exposições semelhantes, desenvolverem a mesma do-
As crianças que praticam atividades ao ar livre em dias em que a ença pulmonar, ainda mais após exposições súbitas muito elevadas.
poluição por ozônio é elevada estão mais propensas a desenvolver
asma. A exposição prolongada ao ozônio causa uma pequena, po- Prevenção
rém permanente, redução da função pulmonar. Trabalhadores com exposições a poluição do ar devem seguir
as recomendações feitas pelas principais agências governamentais
A combustão de combustíveis fósseis ricos em enxofre pode que limitam a exposição a gases, poeiras e vapores no ar. Crianças,
criar partículas ácidas que se depositam facilmente nas vias aéreas idosos e pessoas com asma, doença pulmonar obstrutiva crônica
superiores. Essas partículas, chamadas óxidos de enxofre, podem e outras doenças pulmonares devem evitar exercícios ao ar livre
causar a inflamação e constrição das vias aéreas, causando sinto- quando o ar apresentar níveis elevados de poluentes.
mas como dificuldade respiratória e aumento do risco de bronquite
crônica. Tratamento
A poluição do ar por partículas derivadas da queima de com-
bustíveis fósseis (principalmente óleo diesel) é uma mistura com- Tratamento de sintomas
plexa. As partículas podem causar inflamação das vias aéreas ou Os tratamentos são administrados para aliviar os sintomas. Por
podem afetar outras partes do corpo, como o coração. Os dados exemplo, medicamentos usados para tratar asma (como broncodi-
de alguns estudos sugerem que a poluição do ar por partículas au- latadores, que abrem as vias aéreas) podem aliviar alguns sintomas.
menta as taxas de mortalidade por todas as causas, principalmente Se os sintomas forem graves, as pessoas podem precisar de oxigê-
mortalidade por causas cardíacas e pulmonares. nio suplementar ou ventilação mecânica.
As partículas que afetam os pulmões o fazem de maneira dife-
rente dependendo das substâncias que as compõe. As partículas do
mesmo material também podem ter efeitos diferentes, dependen- CLIMA: PRESSÃO ATMOSFÉRICA, UMIDADE, TEMPERA-
do do seu tamanho e forma. A indústria de nanotecnologia cria par- TURA, FATORES QUE DETERMINAM O CLIMA, MUDAN-
tículas extremamente pequenas de diferentes substâncias, como o ÇAS CLIMÁTICAS E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS
carbono, para várias utilizações. Nanopartículas têm um tamanho
inferior a 100 nanômetros. Partículas ultrafinas são ainda menores.
Para efeitos de comparação, um fio de cabelo humano tem cerca de — Domínios Morfoclimáticos Brasileiros
100.000 nanômetros de diâmetro, de modo que seriam necessárias Domínios Morfoclimáticos são classificação que divide o espa-
1000 nanopartículas para se chegar à espessura de um fio cabelo. ço geográfico baseado nas características climáticas, vegetativas,
Testes em animais e testes laboratoriais mostram que altas concen- do solo e a hidrografia. Os domínios morfoclimáticos do Brasil são
trações de nanopartículas ou de partículas ultrafinas podem ser definidos como seis:
perigosas. Alguns trabalhadores acidentalmente expostos a quan- - Amazônico: é o maior entre eles. Localizado no Norte do
tidades muito altas desenvolveram líquido ao redor dos pulmões país, possui relevo de terras de baixa latitude e grandes depressões.
ou lesão nas pequenas vias aéreas pulmonares. Porém, os médicos Seu clima é quente e úmido (equatorial), com chuvas em todos os
não sabem ao certo os efeitos sobre os profissionais do setor de meses do ano. A temperatura nesse domínio varia entre 24ºC e 27
nanotecnologia das quantidades e tipos de nanopartículas às quais ºC, e nele está a maior bacia hidrográfica do Brasil. O solo da Ama-
eles estão expostos. Estudos estão em andamento para avaliar os zônia não é muito fértil.
riscos e garantir a proteção dos profissionais. - Caatinga: situado na região do Nordeste do país, apre-
Os níveis de poluentes no ar variam com base na localização e senta características de um relevo com grandes depressões e clima
nas condições ambientais. Por exemplo, o ozônio tende a perma- semiárido, ocorrendo diversas secas. Sua hidrografia é instável, pois
necer no ar em dias quentes e úmidos, particularmente à tarde e os rios secam uma vez por ano, por conta da temperatura alta pa-
início da noite. O monóxido de carbono tende a estar mais elevado drão desse domínio. O solo da Caatinga tem má permeabilidade.
durante períodos de alto fluxo de veículos indo ou voltando do tra- - Mares de Morros: domínio situado no litoral do país, de
balho. O Índice de qualidade do ar é usado para comunicar o nível relevo caracterizado por morros arredondados e serras. Apresenta
de poluição do ar em um dado ponto no tempo. As pessoas, espe- clima tropical úmido, com alto índice de chuvas. Esse domínio pos-
cialmente aquelas com distúrbios cardíacos ou pulmonares, podem sui duas bacias hidrográficas importantes: a Bacia do Rio Paraná e a
Bacia do Rio São Francisco. O solo é fértil.

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- Cerrado: de relevo caracterizado por planaltos e chapa- Um dos maiores ataques foi o dos holandeses, que tentaram
dões, o clima desse domínio é tropical sazonal. A sua temperatura pela primeira vez em 1599, sem obter sucesso. Porém, em 1624 os
média é de 22ºC, mas pode variar bastante, tendo secas no inverno. mais de 3600 invasores conseguiram passar pela defesa e tomaram
É o domínio que abriga 8 de 12 bacias hidrográficas no Brasil, com a cidade de Salvador. Eles ficaram instalados na cidade até 1625,
rios importantes como o Rio Tocantins e o Rio Araguaia. O solo é quando tropas enviadas por portugal conseguiram reassumir o do-
avermelhado e argiloso. mínio do território.
- Araucárias: o relevo desse domínio é caracterizado por Ao longo da história do Brasil o estado foi palco de diversos
ondulações e montanhas. Seu clima é subtropical, e apresenta as conflitos, a exemplo da Guerra de Canudos e da Conjuração Baiana.
estações do ano bem definidas. A temperatura varia de 14ºC a
30ºC. O domínio abriga usinas hidrelétricas importantes para o país. Principais características do estado da Bahia
Apresenta solo de bastante umidade e bem fértil. A Bahia (BA) é um estado que pertence a região nordeste do
- Pradarias (ou Pampas): situado no Sul do Brasil, o relevo Brasil. Com uma área de 564.733.080 km², é considerado o quinto
desse domínio apresenta características de baixa latitude e algumas maior em extensão territorial. O getílico é o baiano.
ondulações. Possui dois tipos de clima, as temperadas, com clima Ao norte, o estado faz divisa com Alagoas, Piauí, Sergipe e Per-
de estações bem definido (verão com temperaturas altas e chuva e nambuco. A oeste a divisa é com os estados de Goiás e Tocantins.
inverno frio e seco), e pradarias tropicais, com clima quente e seco Minas Gerais e Espírito Santo estão ao Sul e o Oceano Atlântico a
em todos os meses do ano. Abrange rios como o Ibicuí e o Rio Uru- leste.
guai. Solo fértil e profundo, bastante utilizado para a agricultura. O estado é dividido em 417 municípios e estes, por sua vez,
— Mudança Climática e Poluição Atmosférica. dividido em sete mesorregiões e 32 microrregiões.
Mudanças climáticas são transformações que o clima e a tem-
peratura sofrem ao longo do tempo. Elas são naturais, porém os População
seres humanos vem interferindo no ciclo natural desde o século Com uma população estimada de 15.344.447 habitantes, a
XVIII, principalmente após a Revolução Industrial. A queima Bahia é o estado mais populoso da região nordeste, e o quarto de
de combustíveis como petróleo e carvão polui a atmosfera Terres- todo o Brasil. A densidade demográfica é de 27,17 habitantes por
tre com gases de efeito estufa, retendo o calor na Terra e gerando km², ocupando a décima quinta posição do ranking brasileiro. A
mudanças climáticas intensas. O principal gás liberado pelos com- maioria da população é constituída por mulheres.
bustíveis fósseis utilizados em carros, motos e indústrias é o dióxido Mais de 72% dos habitantes estão concentrados em áreas ur-
de carbono. Além de causar mudanças climáticas e o aquecimento banas, ou seja, são mais de 10 milhões de baianos vivendo nas ci-
global, a poluição atmosférica afeta a vida de todos os seres vivos dades.
do planeta, inclusive os seres humanos. Diversas doenças respira- A expectativa de vida média é de 73,2 anos, enquanto o Índice
tórias e pulmonares, por exemplo, se intensificaram ao longo dos de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2010 era de 0,660, o que é
anos com o aumento do aquecimento global. considerado médio, mas coloca o estado na vigésima segunda posi-
ção em relação aos demais estados brasileiros.

GEOGRAFIA DA BAHIA: ASPECTOS POLÍTICOS, FÍSICOS, Demografia


ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
Crescimento populacional

GEOGRAFIA DA BAHIA Censo Pop.


Formação do território 1872 1.379 616
A história da formação do território baiano permeia a história 1890 1919 802
do Brasil. Isso porque em 22 de abril de 1500, quando os explora-
dores portugueses chegaram ao país, liderados por Pedro Álvares 1900 2 117 956
Cabral, o primeiro local onde eles aportaram foi onde hoje está a 1920 3 334 465
cidade de Porto Seguro.
1940 3 918 112
Entretanto, a povoação da região só começou alguns anos de-
pois, em 1534, juntamente com outras partes do litoral brasileiro. 1950 4 834 575
Salvador, que foi a primeira capital do Brasil, foi fundada em 1549, 1960 5 990 605
pelo governador-geral, Tomé de Souza.
Ainda que durante um longo período a título tenha sido di- 1970 7 583 140
vidido com o Rio de Janeiro, quando o Brasil foi dividido em dois 1980 9 597 393
estados pela Coroa, a cidade permaneceu com o título até 1763,
quando o Rio de Janeiro passou a ser a única capital. 1991 11 855 157
A povoação do estado só se intensificou a partir de 1549, quan- 2000 13 066 910
do o território foi dividido em cinco capitanias hereditárias: Bahia
2010 14 016 906
de Todos os Santos, Porto Seguro, Ilhéus, Itaparica e Recôncavo.
Cada uma delas foi doada a um donatário, e estes ficaram encar- 2019 14 873 064
regados do desenvolvimento, povoamento e proteção de seu res- 2020 14.930.634
pectivo território. Fonte: IBGE
A maioria dos ataques de países estrangeiros feitos ao Brasil
foram no estado da Bahia. Entre eles, o ataque feito pelos piratas Segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE, a
ingleses e franceses em 1587 e 1612, respectivamente. Bahia é o quarto estado brasileiro mais populoso e o 15.º mais po-
voado, com uma população de 14 016 906 habitantes distribuída
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em 564 733,1 quilômetros quadrados resultando em 24,82 habi- Pankararé 1 304
tantes por quilômetro quadrado nos seus 417 municípios. Segundo
o mesmo censo, 6 880 368 habitantes eram homens e 7 141 064 Pankaru 107
habitantes eram mulheres.[48] Ainda segundo o mesmo censo, 10 Pataxó 11 084
105 218 habitantes viviam na zona urbana e 3 916 214 viviam na
zona rural. Se fosse um país, a Bahia seria o 65.º em população, Tupinambá 4 083
entre o Camboja (64.º: 14 132 398 habitantes) e o Equador (65.º: 13 Pataxó-Hã-Hã-Hãe 2 388
752 593 habitantes), 149.º em densidade demográfica, entre a Re-
Truká 131
pública Democrática do Congo (148.º: 25 habitantes por quilômetro
quadrado) e o Moçambique (149.º: 24 habitantes por quilômetro Tumbalalá 1 090
quadrado) e à frente do Brasil (150.º: 21 habitantes por quilômetro Tuxá 1 568
quadrado) e 7.º mais rico da América Latina.
Xukuru-Kariri 55
Etnias Total 25 816

Cor/Raça Porcentagem As populações indígenas localizados na Bahia pertencem, em


grande maioria, ao tronco linguístico macro-jê. Dentre elas, estão
Pardos 59.8% os grupos indígenas de pataxós, pataxós-hã-hã-hãe, quiriris e os ex-
Brancos 23.0% tintos camacãs. Grande parte dos índios vem perdendo o hábito do
idioma materno, passando a falar a língua portuguesa. As tribos e
Negros 16.8%
aldeias indígenas estão bastante distribuídas pela Bahia em terras
Amarelos ou indígenas 0,3% e reservas indígenas.
De acordo com informações da ANAÍ-Bahia e da Fundação Na-
Um estudo genético realizado no Recôncavo baiano confirmou cional do Índio (FUNAI), os pataxós vivem, principalmente, na costa
o alto grau de ancestralidade africana na região. Foram analisadas do Atlântico Sul, no municípios de Porto Seguro, Santa Cruz de Ca-
pessoas da área urbana dos municípios de Cachoeira e Maragojipe, brália, Prado e Itamaraju; os pataxós-hã-hã-hães vivem no sudeste
além de quilombolas da área rural de Cachoeira. A ancestralidade baiano nas Áreas Indígenas Fazenda Baiana e Caramuru/Paraguas-
africana foi de 80,4%, a europeia 10,8% e a indígena 8,8%. su; os ribeirinhos tuxás vivem nas margens do rio São Francisco no
Um estudo genético realizado na população de Salvador con- norte de Bahia, nas Áreas Indígenas Ibotirama (município de Iboti-
firmou que a maior contribuição genética da cidade é a africana rama), Rodelas e Nova Rodelas (município de Rodelas), e também
(49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). Outro em Pernambuco; os pancararés (Pankararé) que vivem nas Áreas In-
estudo ainda revela que, em relação aos ciganos, a Bahia é o estado dígenas Brejo do Burgo e Pankararé, localizadas ao norte da Estação
brasileiro onde há a maior quantidade de grupos vivendo, segundo Ecológica Raso da Catarina, nos municípios de Nova Glória e Glória;
pesquisa inédita do IBGE. os índios quiriris (Kiriri) moram na Terra Indígena Kiriri, entre os mu-
Um estudo genético autossômico de 2015 encontrou a seguin- nicípios de Ribeira do Pombal e Banzaê, e na Área Indígena Barra à
te composição para Salvador: 50,5% de ancestralidade africana, margem esquerda do São Francisco, no município de Muquém de
42,4% de ancestralidade europeia e 5,8% de ancestralidade indíge- São Francisco; vizinhos a estes, os caimbés (Kaimbé) estão espa-
na Os pesquisadores explicaram que eles coletaram mais amostras lhados pela Área Indígena Massacará e pelas localidades de Muriti
de indivíduos que vivem em ambientes mais pobres. e Tocas, todas dentro do município de Euclides da Cunha; já os ín-
Outro estudo do mesmo ano (2015) encontrou níveis seme- dios tumbalalás vivem no antigo aldeamento do Pambu, também
lhantes em Salvador: 50,8% de ancestralidade africana, 42,9% de às margens do São Francisco entre os municípios de Abaré e Cura-
ancestralidade europeia e 6,4% de ancestralidade indígena. çá; os cantarurés (Kantaruré) habitando a Terra Indígena Kantaruré
Um outro estudo genético de 2015 encontrou a seguinte com- da Batida, no município de Glória; a pequena etnia dos pancarus
posição em Salvador: 50,8% de contribuição europeia, 40,5% de (Pankaru) que habitam a Reserva Indígena Vargem Alegre, locali-
contribuição africana e 8,7% de contribuição indígena. zada ao norte da serra do Ramalho, no município de Bom Jesus da
Lapa.[carece de fontes]
Em Ilhéus, um estudo genético de 2011 encontrou a seguinte
composição: 60,6% de contribuição europeia, 30,3% de contribui- Há também a presença dos tupinambás de Olivença em Ilhéus,
ção africana e 9,1% de contribuição indígena. Outro estudo recente Una e Buerarema, geréns, trucás (Truká ou Tur-Ká), aticuns-umãs
demostra a crescente importância de conceitos de herança Africa- (Aticum ou Atikim-Umã) e Xukuru-Kariris. O território baiano foi ha-
na, do reconhecimento de ligações genealógicas e a ancestralidade, bitado ainda pelos sapuiás e camacãs.
da memória coletiva, e do patrimônio cultural às políticas raciais É no sul da Bahia que está localizada a Aldeia da Pedra Branca,
baianas. à qual pertencia o índio Galdino, que foi queimado vivo por jovens
de classe média-alta num ponto de ônibus de Brasília, em 1997.
Populações indígenas
Municípios mais populosos
Etnias indígenas Pessoas O município mais populoso da Bahia é Salvador (capital do es-
tado, com quase três milhões de habitantes), que também é o ter-
Atikum 249 ceiro mais populoso do Brasil, sendo seguida por Feira de Santana,
Kaimbé 903 Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna, Juazeiro, Lauro de Freitas,
Ilhéus, Jequié, Teixeira de Freitas, Barreiras e Alagoinhas. A região
Kantaruré 332 metropolitana da capital conta com cerca de quatro milhões habi-
Kiriri 2 167 tantes, sendo a mais populosa da região Nordeste e a sexta mais
populosa do Brasil.
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Política dos estaduais) eleitos em votação direta para o mandato de quatro
Integrante da federação brasileira, é uma unidade federativa anos. Ela possui 63 deputados estaduais. No Congresso Nacional,
autônoma, sob os limites da constituição federal, com os três pode- a representação baiana é de 3 senadores e 39 deputados federais.
res próprios (executivo, judiciário e legislativo), além do Ministério Cabe, à Assembleia Legislativa, com a sanção (aprovação) do
Público do Estado da Bahia (MPBA), eleições diretas periódicas para governador do estado, dispor sobre todas as matérias de compe-
cargos do executivo e legislativo, símbolos oficiais e data magna es- tência do estado e especificamente sobre:
tabelecidas na Constituição estadual de 1989.[64] A capital estadual -Tributos, arrecadação e distribuição de rendas
é o município de Salvador,[64] e Cachoeira é a segunda capital do -Planos e programas estaduais, regionais e setoriais de desen-
estado, de acordo com a Lei Estadual 10.695 de 2007, que estabe- volvimento
leceu que todos os anos, no dia 25 de junho, o governo estadual é -Criação, transformação, extinção de cargos, empregos e fun-
transferido para a cidade, em reconhecimento histórico pelas lutas ções públicas na administração direta, autárquica e fundacional e
na Independência da Bahia. fixação da remuneração, observados os parâmetros estabelecidos
A história da política no estado brasileiro da Bahia confunde- na lei de diretrizes orçamentárias
-se, muitas vezes, com a política do país - e boa parte dela equivale -Organização judiciária do Ministério Público, da Procurado-
à mesma, uma vez que Salvador, por muitos anos, foi a capital da ria-Geral do Estado, da Defensoria Pública, do Tribunal de Contas,
Colônia. Contando sempre com expoentes no cenário político na- da Polícia Militar, da Polícia Civil e demais órgãos da administração
cional, a Bahia é um dos mais representativos estados da federação. pública
Durante o período imperial, contou com diversos primeiros- -Normas suplementares de direito urbanístico, bem como de
-ministros; na fase republicana, estiveram à frente de vários movi- planejamento e execução de políticas urbanas
mentos nacionais baianos como Rui Barbosa, Cezar Zama, Aristides
Spínola e outros. Na República Velha, dominou o cenário estadual O Tribunal de Contas, através de seus conselheiros, auxilia a
José Joaquim Seabra; durante a Era Vargas surgiu a figura de Juracy Assembleia Legislativa na apreciação das contas prestadas anual-
Magalhães e em contraposição, com a redemocratização do pós- mente pelo governador do estado, no julgamento das contas dos
-guerra, o socialista Octávio Mangabeira. Durante o regime militar, administradores e demais responsáveis (fundações, empresas etc.)
surgiu a figura de Antônio Carlos Magalhães, que dominou o cená-
por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta e in-
rio político estadual por três décadas, com breve derrota para Wal-
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
dir Pires, na década de 1980, ocupando o cargo de senador, quan-
pelo poder público estadual e as contas que derem causa a perda,
do de sua morte. Tal fenômeno político ganhou a denominação de
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário
“Carlismo”.[carece de fontes]
público.
Tratando-se sobre partidos políticos, todos os 35 partidos po-
Além deste, possui o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM),
líticos brasileiros possuem representação no estado.[66] Conforme
que auxilia as Câmaras municipais na apreciação das contas dos res-
informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com
pectivos executivos.
base em dados de abril de 2016, o partido político com maior nú-
mero de filiados na Bahia é o Partido do Movimento Democrático
Poder judiciário
Brasileiro (PMDB), com 94 518 membros, seguido do Democratas
A maior corte do Poder Judiciário estadual é o Tribunal de Justi-
(DEM), com 90 106 membros e do Partido dos Trabalhadores (PT),
ça do Estado da Bahia, localizado em prédio denominado Palácio da
com 84 525 filiados. Completando a lista dos cinco maiores partidos
Justiça, situado no Centro Administrativo da Bahia. A Justiça do Tra-
políticos no estado, por número de membros, estão o Partido Pro-
balho está ligada à Quinta região, que compreende todo o estado
gressista (PP), com 73 386 membros; e o Partido Trabalhista Brasi-
e possui sede na capital. A Justiça Federal está vinculada à primeira
leiro (PTB), com 64 477 membros. Ainda de acordo com o Tribunal
região com sede em Brasília.[carece de fontes]
Superior Eleitoral, o Partido Novo (NOVO) e o Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado (PSTU) são os partidos políticos com me-
Eleições
nor representatividade na unidade federativa, com 24 e 275 filia-
O sistema eleitoral na Bahia repete o nacional. Os mandatos
dos, respectivamente
eletivos duram quatro anos, e as eleições estaduais e federais al-
ternam com as municipais a cada dois anos. O eleitorado baiano é
Poder executivo
composto por 10.110.100 votantes, segundo dados referentes às
O Poder Executivo baiano é exercido pelo governador do esta-
eleições de 2012, o que representa o quarto maior colégio eleitoral
do, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto pela do país. Sua capital, Salvador, é o município com maior número de
população para mandatos de até quatro anos de duração, podendo eleitores (1.881.544), seguido de Feira de Santana (373.753) e Vi-
ser reeleito para mais um mandato. A atual sede é o Palácio de On- tória da Conquista (215.299). O município com menor número de
dina, situado no bairro de Ondina, desde 1967.[67] Antigamente, a eleitores é Lajedinho, com 3.027.
sede do governo baiano era o Palácio Rio Branco, localizado na Pra-
ça Municipal, e foi construída em 1549 (ano da fundação da cidade Subdivisões
de Salvador, em 1549) tornando-se sede do governo e residência A Bahia, assim como todos os outros estados brasileiros, está
oficial do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa.[68] politicamente dividida em municípios. Ao total, existem 417 muni-
Em janeiro de 1908, foi transformada em residência oficial dos go- cípios baianos, o que torna a Bahia o quarto maior estado segundo
vernadores do estado.[69] Depois do Palácio Rio Branco, a sede do a quantidade de municípios.
governo baiano foi o Palácio da Aclamação, localizado no bairro do O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide as
Campo Grande, até ser estabelecida a atual sede. unidades federativas do Brasil em regiões geográficas intermediá-
rias e regiões geográficas imediatas para fins estatísticos de estudo,
Poder legislativo agrupando os municípios conforme aspectos socioeconômicos. As
O Poder Legislativo da Bahia é unicameral, exercido pela As- regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017,
sembleia Legislativa da Bahia, localizado no Palácio Luís Eduardo com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a
Magalhães. É constituída pelos representantes do povo (deputa-
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uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde -Bom Jesus da Lapa
a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, -Camaçari
substituíram as microrregiões. A divisão de 2017 teve o objetivo
de abranger as transformações relativas à rede urbana e sua hie- Economia
rarquia ocorridas desde as divisões passadas, devendo ser usada A Bahia tem uma economia bastante diversificada. Há forte
para ações de planejamento e gestão de políticas públicas e para atuação tanto nas indústrias, quanto na agropecuária, turismo, mi-
a divulgação de estatísticas e estudos do IBGE. Deste modo, há 10 neração e serviços.
regiões geográficas intermediárias e 35 regiões geográficas imedia- No que diz respeito a agropecuária, a Bahia se destaca na pro-
tas no estado. dução de cacau, algodão, sisal, feijão, mamona, mandioca, coco,
Uma outra divisão, desta vez para fins de coordenação de ações milho e cana-de-açúcar. Além disso, tem um dos maiores rebanhos
de promoção turística, o Programa de Desenvolvimento do Turismo de caprinos do Brasil, estabelecendo-se como o um dos maiores
(PRODETUR) subdividiu o território baiano em zonas turísticas, as estados pecuaristas.
quais são Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Costa do A Bahia também apresenta importantes atividades extrativis-
Dendê, Costa do Cacau, Costa das Baleias, Costa do Descobrimento, tas, principalmente mineral. Entre aqueles que se destacam, pode-
Caminhos do Oeste, Caminhos do Sertão, Caminhos do Sudoeste, mos citar ouro, cobre, sal-gema, barita, magnesita, chumbo, talco
Chapada Diamantina, Lagos e cânions do São Francisco, Vale do Ji- e manganês.
quiriçá e Vale do São Francisco. Na indústria, também muito presente no território, sobressa-
Até meados da década de 2000, o Governo da Bahia agrupava em a agroindústria, setor petroquímico, químico, automobilístico e
os municípios baianos segundo características econômicas, forman- informática.
do as regiões Metropolitana de Salvador, Extremo Sul, Oeste, Serra Além de todas essas, o turismo exerce uma grande importância
Geral, Litoral Norte, Sudoeste, Litoral Sul, Médio São Francisco, Bai- na economia baiana. Todos os anos milhares de brasileiros e estran-
xo-médio São Francisco, Irecê, Chapada Diamantina, Recôncavo Sul, geiros visitam as praias e cidades históricas. Estima-se que somente
Piemonte da Diamantina, Paraguaçu e Nordeste. Atualmente, essa essa atividade seja responsável pela geração de mais de 85 mil em-
divisão foi substituída pelos 26 Territórios de Identidade, a saber: pregos diretos.
Irecê, Velho Chico, Chapada Diamantina, Sisal, Litoral Sul, Baixo Sul, Apesar das praias altamente visitadas, Salvador é responsável
Extremo Sul, Itapetinga, Vale do Jiquiriçá, Sertão do São Francisco, por receber a maioria dos turistas, tanto por conta do carnaval, que
Oeste Baiano, Bacia do Paramirim, Sertão Produtivo, Piemonte do é um dos mais famosos do Brasil, quanto pelo acerto arquitetônico,
Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Piemonte da Diamantina, Semiárido museus e entidades culturais.
Nordeste II, Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte, Portal do Sertão, Na cidade, entre os locais mais visitados pelos turistas estão:
Vitória da Conquista, Recôncavo, Médio Rio de Contas, Bacia do Rio -Igreja do Nosso Senhor do Bonfim
Corrente, Itaparica, Piemonte Norte do Itapicuru, Metropolitana de -Elevador Lacerda
Salvador. -Farol da Barra
A Bahia também é repartida em 26 partes pelo Conselho Es- -Pelourinho
tadual de Recursos Hídricos (Conerh), que, para gestão das bacias -Fundação Casa de Jorge Amado
hidrográficas e dos recursos hídricos, criou as 26 regiões hidrográ- -Mercado Modelo
ficas, chamadas de Regiões de Planejamento e Gestão das Águas
(RPGA).[ A Chapada Diamantina é outro, entre os locais mais procura-
dos. Repleta de cavernas e grutas, é um excelente local para quem
procura por ecoturismo.

Setor primário
No setor primário, a agricultura está dividida em grande lavou-
ra comercial, a pequena lavoura comercial e a agricultura de subsis-
tência. A grande lavoura está baseada nas culturas da cana-de-açú-
car e cacau, e é integrada com modernas usinas. Entre as pequenas
culturas comerciais, a mandioca, o coco-da-baía, o fumo, o café, o
agave, a cebola, dendê (e consequente azeite de dendê) são as pro-
Salvador e principais cidades duções em destaque. As culturas de subsistência estão em todo o
A capital da Bahia é a cidade de Salvador, que foi fundada em
território, sendo que a cultura da mandioca é a mais importante,
1549, e por muito tempo foi a capital do Brasil. A cidade conta com
seguida pelo feijão, o milho, o café e a banana. O estado é conhe-
uma população de 2,6 milhões de habitantes, número que corres-
cido por ter uma baixa qualidade nas condições de trabalho e por
ponde a 19% da população baiana.
explorar excessivamente a mão de obra.
A cidade é considerada uma metrópole regional para quase
todo o estado, e também para estados vizinhos, como Sergipe. Ou
seja, ela influencia quase toda essa região em diversos aspectos, Cultivo de cacau em Ilhéus
principalmente no econômico. A Bahia é o primeiro produtor nacional de cacau, sisal, mamona,
Além da capital abaixo, estão algumas das cidades mais impor- coco, feijão e mandioca, sendo os dois últimos mais voltados para
tantes da Bahia. Todas elas na região metropolitana de Salvador ou a subsistência do que para a comercialização. A região de Ilhéus-I-
do Recôncavo Baiano. tabuna é uma das mais propícias áreas para o cultivo do cacau em
-Feira de Santana toda a Bahia. Além de ser o principal produtor de cacau, é também
-Itabuna o principal exportador de cacau no Brasil, porém a produção decli-
-Ilhéus nou nos últimos anos vítima de pragas como a vassoura-de-bruxa.
-Vitória da Conquista Tem bons índices também na produção de milho e cana-de-açúcar.
-Jequié Outra região do estado que merece a devida atenção é aquela com-
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preendida pelo Rio São Francisco, conhecida também como Vale do Setor terciário
São Francisco, compreendendo as cidades de Juazeiro, Curaçá, Casa O turismo é uma destacada atividade econômica baiana, uma
Nova, Sobradinho, dentre outras. A região é a maior produtora de vez que o setor é responsável por 7,5% do produto interno bruto
frutas tropicais do país: essa fruticultura é irrigada, tem crescido e (PIB) estadual e emprega uma cadeia gigantesca que engloba os
exporta para os mercados europeu, asiático e estadunidense. Re- estabelecimentos do setor do turismo, como hotéis, bares, restau-
centemente, o cultivo da soja, milho, arroz, café e algodão aumen- rantes e agências de viagem. No cenário nacional, o turismo baia-
tou substancialmente no oeste do estado, principalmente na área no tem a fatia de 13,2% do PIB turístico nacional, a segunda maior
do cerrado, que apresenta terreno plano e propício à mecanização, porcentagem. Foram 5,29 milhões de turistas brasileiros e 558 mil
com perfil produtivo intensivo. turistas estrangeiros que visitaram o estado em 2011. A diversida-
Também importante elemento da economia baiana, a pecuária de de atrativos no estado incitou o planejamento governamental,
bovina ocupa, hoje, o sexto lugar nacional, enquanto a caprina re- que estabeleceu zonas turísticas para definições necessárias ao
gistra, atualmente, os maiores números do setor em todo o Brasil, desenvolvimento do ramo turístico e para identificação das poten-
mas também se destacando os rebanhos de ovinos. cialidades por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo
Já as atividades extrativas vegetais têm pequena participação (PRODETUR). Em 2002, eram sete zonas: Costa dos Coqueiros, Baía
na economia baiana. Entretanto, tem reservas consideráveis de mi- de Todos-os-Santos, Costa do Dendê, Costa do Cacau, Costa do Des-
nérios e de petróleo. A mineração baseia-se essencialmente na pro- cobrimento, Costa das Baleias e Chapada Diamantina.[38] Isso mos-
dução de ouro, cobre, magnesita, cromita, sal-gema, barita, manga- tra o destaque para o turismo no litoral, mas também aponta um
nês, chumbo, urânio, ferro, talco, columbita, prata, cristal de rocha importante polo no interior, a Chapada Diamantina. Formação geo-
e zinco.[carece de fontes] As minas de magnesita a céu aberto em gráfica em que chegam anualmente 500 mil visitantes, que gastam
Brumado são a terceira maior do mundo e dão condição para ser meio bilhão de reais ao conhecer as cidades de Lençóis, Andaraí,
a maior produção deste minério no Brasil. O mesmo município é, Rio de Contas, Mucugê e Palmeiras. Mais tarde, foram criadas novas
também, o segundo produtor de talco no país zonas, interiorizando o planejamento turístico, a saber: Caminhos
do Oeste, Caminhos do Sertão, Caminhos do Sudoeste, Lagos e câ-
Setor secundário nions do São Francisco, Vale do Jiquiriçá e Vale do São Francisco.
A indústria é relativamente bem distribuída, abrigando os mais
Educação
variados segmentos desse setor. Representa uma grande força eco-
A Bahia possui um longo histórico na área de educação, desde
nômica no estado. Está voltado para os setores da química e pe-
os primeiros jesuítas que já no século XVI instalaram escolas em
troquímica, agroindústria, informática, automobilística e suas pe-
Salvador, então a capital da Colônia. Educadores de renome como
ças, alimentos, mineração, borracha e plástico, metalurgia, couro e
Abílio Cezar Borges, Ernesto Carneiro Ribeiro e Anísio Teixeira capi-
calçados, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, energia eólica,
tanearam o proscênio educacional do país.
celulose e papel e bebidas Na região Metropolitana de Salvador,
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da
estão concentradas a maioria das indústrias no Polo Industrial de
Bahia. As atividades na UFBA se iniciaram com a fundação da Fa-
Camaçari, maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul
culdade de Medicina da Bahia, a escola de medicina mais antiga do
e que já nasceu planejado na década de 1970, cujo foco inicial era
Brasil, fundada em 1808 sob o nome de Escola de Cirurgia da Bahia,
o setor petroquímico e com o passar dos anos diversificou sua pro-
logo após a chegada de Dom João VI ao país.
dução.[96] Em relação ao valor de transformação industrial, a Bahia
A escola pública na Bahia é basicamente estadual e municipal,
saltou da nona para a sexta posição no ranqueamento nacional em
sendo que o município tem uma preocupação maior com a ensino
2005. Há municípios do interior que se destacam por ser um grande fundamental (primeira à quarta série) e o governo estadual com a
polo produtivo, como de bebidas em Alagoinhas; papel e celulose educação fundamental também, mas só da quinta à oitava série,
em Eunápolis e Mucuri; calçados em Itapetinga, Serrinha e Amargo- além do ensino médio. O governo federal tem pouca participação
sa; agroindústria em Juazeiro etc. na formação direta da população, porém, muitos recursos utiliza-
Para fomentar a pesquisa e desenvolvimento tecnológico, foi dos por estas instituições escolares são provenientes dos fundos
lançado o projeto de um grande parque tecnológico em Salvador. federais.
Chamado de Parque Tecnológico da Bahia, tem, como prioridades, a Atualmente, a Bahia conta com doze universidades, sendo
tecnologia da informação e comunicação (TIC), a robótica e a ener- quatro públicas estaduais (UNEB, UEFS, UESB e UESC), seis públi-
gia. A primeira área do complexo foi inaugurada em 2012. Outro cas federais (UFBA, UFRB, UNIVASF, UNILAB, UFSB e UFOB) e duas
ponto de desenvolvimento tecnológico, a primeira biofábrica do privadas (UCSal e UNIFACS). Sem falar os institutos federais, IFBA e
país se encontra na cidade sertaneja de Juazeiro, no vale do Rio São IF-BAIANO.
Francisco. De acordo com um ranking realizado e divulgado pela Folha de
A indústria, o comércio e os domicílios baianos contam com S.Paulo, em 2012, a Universidade Federal da Bahia aparece como a
abundante suprimento de energia elétrica, fornecido principalmen- segunda melhor pontuação entre as universidades públicas do nor-
te pelo Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e pelas hidrelétricas te e nordeste, atrás da federal pernambucana, e em 12.º lugar no
de Sobradinho e Itapebi, que, juntas, produzem quase seis mil me- país inteiro, e na frente da Universidade Estadual do Maranhão. Em
gawatts de energia. No campo da energia a partir dos hidrocarbone- outro ranqueamento publicado no mesmo ano, feito pelo Ministé-
tos, o estado é dos maiores produtores nacionais de petróleo e gás rio da Educação (MEC) a partir do Exame Nacional de Desempenho
natural. Há um importante polo de refino de petróleo e biocombus- de Estudantes (ENADE), a Universidade Estadual de Feira de Santa-
tíveis em São Francisco do Conde, na região metropolitana de Sal- na foi classificada como a melhor universidade das regiões norte e
vador, onde está localizada a Refinaria Landulpho Alves, a primeira nordeste e a 15.º do país em cursos com a nota cinco.
construída no Brasil e que foi responsável por manter a Bahia como
o maior produtor de petróleo por décadas, e vários oleodutos e ter-
minais em seu entorno para a chegada e escoamento da produção.

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Saúde Clima
A saúde na Bahia não é das melhores do país: problemas típicos Em função da extensão do território, é possível encontrar três
da saúde brasileira ocorrem no estado. Algumas doenças têm altos tipos de climas distintos na Bahia. O primeiro deles é o quente e
índices de doentes, como o câncer de mama,que, de acordo com a úmido, porém, sem estação seca, o segundo, também quente e
Sociedade Brasileira de Mastologia, atinge cerca de dois mil novos úmido, mas com presença de inverno seco, e por fim, o semi-árido
casos anualmente. Apesar disso, certas práticas que poderiam sal- quente.
var muitas vidas não são comuns no estado, a exemplo da doação O primeiro tem incidência maior no litoral do estado, onde as
de órgãos. 60% das famílias baianas se recusam a doar órgãos de temperaturas médias ficam nos 23ºC e os índices pluviométricos ul-
parentes, índice bem maior do que a média nacional, que é de 25%. trapassam os 1.500mm. O segundo engloba todo o interior, a exce-
Entre as doenças mais comuns, estão a dengue e a meningite, ção do vale do São Francisco e a parte setentrional. A temperatura
as quais estão alastrando-se por todo o território baiano e não ape- pode variar entre 18ºC e 22ºC, e os índices pluviométricos ficam na
nas infectam os baianos, mas também provocam a morte. casa dos 1.000mm.
Na parte da estrutura, destacam-se, na capital: o Hospital Geral
Já o clima semi-árido está presente principalmente no Vale do
do Estado (HGE); Hospital Geral Roberto Santos (HGRS); Hospital
São Francisco e no norte do estado. As temperaturas médias podem
do Subúrbio, que funciona sob gestão de parceria público-privada,
ultrapassar os 26ºC, enquanto os índices pluviométricos ficam por
conceito inédito no Brasil; Hospital Santo Antônio (fundado por
volta de apenas 700mm.
Irmã Dulce); Hospital Sarah Kubitschek; Hospital Manoel Victorino;
Hospital Santa Izabel; Hospital Ana Nery, referência nas áreas de
cardiologia, cirurgia vascular, hemodiálise e transplante de órgãos; Vegetação
Hospital Couto Maia, referência em doenças infecciosas e parasi- Na Bahia, o bioma presente com maior intensidade é a caatin-
tárias, Hospital São Rafael; Hospital da Bahia; Hospital Especiali- ga. Cerca de 64% do território possui essa característica vegetativa.
zado Octávio Mangabeira (HEOM); Hospital Martagão Gesteira, Em seguida, vem as florestas, com 18% e o cerrado, com 16%. Em
referência no atendimento às mais diversas especialidades pediá- menor quantidade, estão os campos, com apenas 2%.
tricas; Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos Apesar de já bastante modificados pela ação humana, as flores-
(COMHUPES, mantido pela Universidade Federal da Bahia através tas estão presentes na maior parte do litoral, com faixas que podem
do Sistema Universitário de Saúde); Hospital Aristides Maltez, insti- variar entre 100 e 250 km. Elas podem variar, ainda, conforme a
tuição referência no diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil e localidade. No lado oriental a presença é preponderante das matas
que atende, prioritariamente, pacientes do Sistema Único de Saúde perenes, enquanto no lado ocidental são as decíduas agrestes que
(SUS); entre outros. O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em se destacam. No centro, as florestas semidecíduas predominam.
Feira de Santana, destaca-se por ser o maior hospital público, porta O cerrado pode ser encontrado em maior quantidade no terri-
aberta, do interior do estado no atendimento de média e alta com- tório que compreende o planalto ocidental, com algumas manchas
plexidade. menos representativas nas áreas de caatinga. Neste local, aparece-
As sociedades científicas Academia de Medicina da Bahia e ram também os campos, porém, eles pouco de destacam, forman-
Academia de Medicina de Feira de Santana desenvolvem e publi- do uma diminuta mancha encontrada no sentido norte-sul.
cam as pesquisas médicas dos especialistas baianos. Todo o restante do território baiano é formado pela caatinga,
principalmente na parte interior. Aqui, é importante destacar que
Relevo este é um bioma tipicamente brasileiro e ocupa aproximadamente
Em relação a morfologia do relevo baiano, destacam se o pla- 10% de todo o país. Apesar de características muito próprias, a ve-
nalto, rebordo do planalto e a baixada litorânea. Estima-se que getação não é uniforme em todo o território, apresentando varia-
aproximadamente 70% do território possui altitudes entre 300 e ções de acordo com a pluviosidade e tipo de solo.
900m, e os outros 23% esteja abaixo dos 300m. Um dos aspectos a ser levado em consideração, é forma como
A maior parte do estado é formada pelos planaltos. Estes, por
as plantas da caatinga estão adaptadas para os solos áridos, típicos
sua vez, possuem cinco divisões: depressão são-franciscana, pedi-
do interior da Bahia. Entre as plantas mais presentes, podemos ci-
plano, planalto sul-baiano, espinhaço e planalto ocidental. Essas va-
tar:
riações do planalto, conferem ao relevo baiano uma ampla diversi-
-Aroeira
dade, principalmente no que diz respeito às altitudes e composição
-Cacto
do solo.
-Caroá
Já o rebordo do planalto formam uma faixa onde os terrenos
-Juazeiro
são bem acidentados, ascendentes da baixada ao planalto, justa- -Mandacaru
mente por se erguerem a oeste dos morros e colinas da baixada -Palma
litorânea. -Umbuzeiro
A faixa litorânea compreende o conjunto de locais em que a -Xiquexique
altitude não ultrapassa os 200m. Nas praias e terrenos de areia da
fímbria litorânea, erguem-se os terrenos de feição tabular, ou tabu- Hidrografia
leiros areníticos. Adentrando ao interior do estado, principalmente O território baiano é cortado por um dos rios mais importantes
no Recôncavo Baiano, este tipo de terreno dá lugar a uma faixa de do país, o São Francisco. Ele nasce em Minas Gerais, passa pelo es-
morros e colinas. Ambos são cortados transversalmente pelos rios tado, e vai até a divisa de Sergipe e Alagoas.
advindos dos planaltos. Os afluentes da margem esquerda desse rio também formam
uma importante rede hidrográfica do estado. Os rios Carinhanha,
Correntes, Grande e Preto nascem no planalto ocidental baiano. Há,
ainda, aqueles que correm diretamente para o Atlântico, onde se
destacam o Jequitinhonha, Paraguaçu, Itapicuru, Vaza Barris, Mu-
curi, Pardo e Contas.

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Na região semi-árida é alta a incidência dos rios intermitentes, nina São João com destaque para a cidade de Cruz das Almas (onde
inclusos nos dois grupos citados acima. acontece a tradicional guerra de espadas) e Irecê que todos os anos
trazem grandes atrações da música brasileira. Ainda tem a tradicio-
Fauna nal Vaquejada de Serrinha, que acontece sempre junto ao feriado
A Bahia tem uma fauna muito diversificada, incluindo muitas de 7 de setembro.[carece de fontes]
aves e mamíferos. Entre as principais espécies, listamos algumas: Em Salvador, acontece sempre, no começo do ano, o Festival
-Onça parda de Verão de Salvador. Em Vitória da Conquista, durante o inverno,
-Preguiça-coleira acontece o Festival de Inverno Bahia.[carece de fontes]
-Ararinha-azul
-Pomba-avoante Literatura
-Sagui Escritores baianos possuem relevância história ao aparecerem
-Macuco como representantes maiores do Barroco no Brasil: Gregório de
-Gavião real Matos, Botelho de Oliveira e Frei Itaparica. Na Bahia, apareceram,
-Mutum do sudeste também, as primeiras academias literárias no país: a Academia
-Anta dos Esquecidos (1724-1725) e a Academia Brasílica dos Renascidos
-Onça pintada (1759). Cabe salientar que, na época, havia os cronistas-mor nome-
-Sussuarana ados pelo rei de Portugal e que as academias eram tidas como se-
guidoras da moda das academias em Portugal mas também repre-
Além destas, na Bahia há um projeto muito importante de pre- sentariam algum tipo de sentimento nativista do meio intelectual,
servação de tartarugas. O Projeto Tamar, na Praia do Forte, atua já bastante desenvolvido em território baiano.
com muito empenho na preservação de espécies ameaçadas de No período mais recente, temos uma Bahia pródiga de autores
extinção. imortais, como Castro Alves, Adonias Filho, Jorge Amado, e João
Ubaldo Ribeiro. Os dois últimos são autores excepcionais, de litera-
Comidas típicas da Bahia tura fácil e rica de detalhes sobre a Bahia. São, ao mesmo tempo,
A culinária baiana, apesar de ter algumas influência portugue- radiografias da vida no estado. No entanto, ao se falar em roman-
sa e indígena, tem raízes muito fortes na cultura africana. Peixes e ces, a “produção” está reduzida, restringe-se a pequenos versos e
frutos do mar, milho, coco e mandioca estão entre os ingredientes passagens que remontam o estilo medieval e a famosos romances,
mais marcantes. como o Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, publicado em
Sem dúvidas, o acarajé figura como um dos protagonistas 1958. A obra é um retorno ao Ciclo do Cacau, entrando no universo
quando este é o assunto. Mas além dele, outros pratos famosos são de coronéis, jagunços e prostitutas que desenham o horizonte da
a moqueca de peixe com pirão, acaçá, camarão à baiana, rabada, sociedade cacaueira da época. Na década de 1920, na então rica e
bobó de camarão, xinxim de galinha, arroz de coco, tapioca, caruru pacata Ilhéus, ansiando por progressos, com intensa vida noturna
de peixe e vatapá. litorânea, entre bares e bordéis, desenrola-se o drama, que acaba
por tornar-se uma explosão de folia e luz, cor, som, sexo e riso Pa-
Principais problemas da Bahia ralelamente, a literatura de cordel persiste principalmente no ser-
Os problemas atuais da Bahia são bastante semelhantes aos tão, onde violeiros transmitem a tradição cordelista por meio de
dos demais estados brasileiros. Entre aqueles que mais preocupam, sua cantoria.
estão a violência urbana, principalmente no que toca ao crescimen-
to de homicídios. Artesanato
Em relação aos indicadores socioeconômicos, de acordos com No campo do artesanato da Bahia, destacam-se a cerâmica de-
dado do IBGE, em 2017 o estado ocupava o décimo nono lugar no corativa, marca da influência indígena, a renda de bilros e outros
ranking da alfabetização, entre todos os estados brasileiros. tipos de bordados, bonecas de pano, os santeiros e carrancas, obje-
Além disso, outro ponto preocupante é que a Bahia ocupa o tos feitos de couro, metal, pedras e os destinados à cozinha, como
sétimo lugar em mortalidade infantil. Depois de 26 anos, o estado o pilão e gamela.
voltou a registrar aumento neste sentido. Em 2016, a cada mil crian-
ças nascidas vivas, 18 não completaram o primeiro ano de vida. Música
Nas últimas décadas, a Bahia tem sido um verdadeiro celeiro
Museus musical. Surgiram muitos artistas (músicos, instrumentistas, can-
Alguns museus da Bahia são: Museu Afro-Brasileiro, Museu tores, compositores e intérpretes) de grande influência no cenário
de Arte da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Memorial dos musical nacional e internacional. Tendo a maior cidade das Améri-
Governadores Bahia, Museu Carlos Costa Pinto, Museu Henriqueta cas durante muitos séculos, sua capital foi local dos nascimentos, a
Catharino, Fundação Casa de Jorge Amado e Museu Geológico da partir da influência africana, do samba de roda, seu filho samba, o
Bahia. No interior do estado, destacam-se: o Museu Histórico de lundu e outros tantos ritmos, movidos por atabaques, berimbaus,
Jequié, com um importante acervo sobre a história e cultura da re- marimbas - espalhando-se pelo resto do Brasil, e ganhando o mun-
gião sudoeste; o Museu do Recolhimento dos Humildes em Santo
do.
Amaro, de arte sacra; a Fundação Hansen Bahia, em Cachoeira; e o
Na Bahia nasceram expoentes brasileiros do samba, do pago-
centro cultural Dannemann, em São Félix, com sua Bienal do livro
de, do tropicalismo, do rock brasileiro, da bossa nova, axé e sam-
do Recôncavo.
ba-reggae. Alguns dos principais nomes são Dorival Caymmi, João
Festas Gilberto, Astrud Gilberto, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa,
Na Bahia, ocorrem várias festas durante o ano todo. As prin- Maria Bethânia, Tom Zé, Novos Baianos, Raul Seixas, Marcelo Nova,
cipais são a Lavagem do Senhor de Bonfim, o Carnaval da Bahia e Pitty, Bira (do Sexteto do Jô), Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Ive-
as diversas micaretas que ocorrem no ano todo sendo este evento te Sangalo, Luiz Caldas, Margareth Menezes, Dinho (do Mamonas
momesco fora de época uma criação baiana. Há também a Festa ju- Assassinas) etc.

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Carnaval No ecoturismo, se destaca a Chapada Diamantina. Na região,
A história começou em 1950, quando Dodô e Osmar inventa- está o melhor roteiro turístico do país, localizado no Vale do Pati
ram o trio elétrico. (Lençóis), segundo apontou o Ministério do Turismo em 2010. Nele,
O negro reconquista sua identidade e ganha força nos Filhos cerca de 500 mil turistas, brasileiros e estrangeiros, passam anual-
de Gandhi, o Olodum, e blocos como o Ilê Aiyê, que une música ao mente.
trabalho social. O Carnaval de Salvador, considerado o maior carna- Segundo a pesquisa Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro
val de rua do mundo, atrai anualmente 2 milhões de foliões em seis 2009, realizada pelo Vox Populi em novembro de 2009, a Bahia é o
dias de festa. Durante o período do carnaval de Salvador, dezenas destino turístico preferido dos brasileiros, já que 21,4% dos turistas
dos cantores mais famosos do Brasil desfilam nos trios elétricos, que pretendiam viajar nos dois anos seguintes optariam pelo esta-
como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e muitos outros. do. A vantagem é grande em relação aos concorrentes: Pernambu-
Mas também há as festas de momo no interior, com destaque co, com 11,9%, e São Paulo, com 10,9%, estavam, respectivamen-
para Barreiras, Canavieiras, Palmeiras e Porto Seguro. te, em segundo e terceiro lugares nas categorias pesquisadas. Já
em 2010, foi escolhida pelo jornal americano The New York Times
como um dos 31 destinos que merecem ser visitados em 2010. O
Cinema
estado foi o único do Brasil a integrar o ranking.
O cinema na Bahia é promovido e incentivado pela Diretoria de
Artes Visuais e Multimeios (DIMAS), além da Associação Baiana de
Religião
Cinema e Vídeo (ABCV / ABD-BA), membro da Associação Brasileira O catolicismo é a religião dominante no estado. Em Salvador,
de Documentaristas e Curta-metragistas. foi erguida a primeira igreja católica em solo brasileiro, graças a Ca-
Na Bahia, ocorrem vários festivais e encontros de cinema e ci- tarina Paraguaçu, onde hoje é o bairro da Graça. A capital baiana
neclubismo, entre eles: possui centenas de templos católicos, sendo, a cidade, a sede do
Bahia Afro Film Festival, em Salvador;[160] governo católico no país, morada do Arcebispo Primaz. A padro-
Encontro Baiano de Animação, em Salvador.[161] eira do estado é Nossa Senhora da Conceição da Praia, cujo tem-
Feira Mostra Filmes, em Feira de Santana;[162] plo é alvo de culto. Apesar disso, o mais famoso culto no estado
Festival Brasilidades, em Feira de Santana;[163] é o culto ao Senhor do Bonfim, que é considerado popularmente
Festival Nacional de Vídeo - A Imagem em 5 Minutos, em Sal- como padroeiro. Possui, ainda, o centro de peregrinação de Bom
vador; Jesus da Lapa, alvo de romarias anuais, além das igrejas seculares
FIM! - Festival da Imagem em Movimento, em Salvador; do Recôncavo, com suas novenas. Possui a Arquidiocese de Vitória
Jornada Internacional de Cinema da Bahia, em Salvador; da Conquista, Arquidiocese de Feira de Santana, entre outras arqui-
Mostra Cinema Conquista, em Vitória da Conquista; dioceses. Ressaltam, dentro do catolicismo baiano, as figuras das
Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador; freiras Joana Angélica, Irmã Dulce e Irmã Lindalva.
Vale Curtas - Festival Nacional de Curtas-Metragens do Vale do O sincretismo com as religiões de origem africana, que na Bahia
São Francisco, em Juazeiro e Petrolina. mais que em qualquer outra parte do país se mantiveram vivas,
Também há várias produções cinematográficas nacionais que veio a misturar o candomblé com o catolicismo (como nos casos
possuem como tema a Bahia ou algo a ela relacionado, a exemplo da Irmandade da Boa Morte e da Irmandade dos Homens Pretos)
de Cidade Baixa e Ó Paí, Ó. e outras variantes cristãs. Surgiram, então, religiões mistas, como a
O estado também é berço de grandes nomes do cinema nacio- cabula e a umbanda. Sobressaem, neste campo, a figura cultuada
nal, como os atores Lázaro Ramos, Wagner Moura, Luís Miranda, de Mãe Menininha do Gantois, e terreiros como o Opo Afonjá, além
Priscila Fantin, João Miguel, Othon Bastos, Antonio Pitanga (pai dos de toda uma cultura que permeia as crenças do povo baiano.
também atores Rocco e Camila Pitanga) e Emanuelle Araújo e os Desde o início do século XX, a Bahia é palco de missões evan-
cineastas Glauber Rocha e Roberto Pires. gélicas protestantes, que redundaram na capital na fundação do
Valorizando o cinema baiano, a TVE Bahia exibe às sextas-fei- Colégio Dois de Julho e na presença de missionários como Henry
ras, a sessão de filmes Sextas Baianas. E a DIMAS exibe a sessão John McCall. Hoje, todo o estado testemunha o crescimento das
Quartas Baianas, especialmente dedicada ao resgate e à valorização múltiplas denominações cristãs.
da produção local, com entrada franca, na Sala Walter da Silveira, às
quartas-feiras, às 8h da noite. Referências Bibliográficas:
Geografia Geral prática / Carlos Alberto Schneeberger, Luiz Antonio
Pontos turísticos Farago. — 1. ed. — São Paulo: Rideel
Outra importante indústria no estado é o a do turismo, princi- Minimanual compacto de geografia do Brasil: teoria e prática / Carlos
palmente ao longo da costa da Bahia. A Bahia é o estado brasileiro Alberto Schneeberger, Luiz Antonio Farago. — 1. ed. — São Paulo:
com o maior litoral. As bonitas praias e os tesouros culturais tor- Rideel, 2003.
nam, o estado, um dos principais destinos turísticos do Brasil, sendo https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/nova-ordem-mun-
o estado que mais recebe turistas na região Nordeste, com um fluxo dial-o-fim-da-geopolitica-bipolar.htm
de 11 milhões de visitantes em 2011, segundo estudo realizado pela https://www.sogeografia.com.br
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Além da ilha de https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-neolibera-
Itaparica e Morro de São Paulo, há um grande número de praias lismo.htm
entre Ilhéus e Porto Seguro, na costa sul. O litoral norte, na área de https://www.proenem.com.br/enem
Salvador, esticando para a beira com Sergipe, transformou-se num
destino turístico importante, o qual ficou conhecido como Linha
Verde. A Costa do Sauípe se destaca como o maior complexo de
hotéis-resorts do Brasil.

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5. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasileira
QUESTÕES apresenta, dentre outras, as seguintes características:
(A)grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e
predomínio de foz do tipo delta.
1. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRE- (B)drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e pre-
TA: domínio de foz do tipo estuário.
Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA: (C) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. grande potencial hidráulico.
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân- (D) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e
cia de seus pontos extremos. predomínio de rios de planície.
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no (E)drenagem endorreica, predomínio de rios perenes e regime
hemisfério ocidental. de alimentação pluvial.
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade
climática do país. 6. (IFCE – com adaptações) Sobre as características da hidrogra-
fia brasileira, são feitas as seguintes afirmações:
2. “Moro num país tropical, abençoado por Deus I. Considerando-se os rios de maior porte, só é encontrado regi-
E bonito por natureza, mas que beleza me temporário no sertão nordestino, onde o clima é semiárido, no
Em fevereiro (em fevereiro) restante do país, os grandes rios são perenes.
Tem carnaval (tem carnaval)”. II. Predominam os rios de planalto em áreas de elevado índice
(JOR, J. B. ; SIMONAL, W. País Tropical. Intérprete: Jorge Ben pluviométrico. A existência de muitos desníveis no relevo e o gran-
Jor). de volume de água possibilitam a produção de hidroeletricidade.
III. Na região Amazônica, os rios são muito utilizados como vias
Ao dizer que o Brasil é um “país tropical”, o trecho acima está, de transporte, e o potencial hidrelétrico é amplamente aproveita-
em uma perspectiva geográfica, do.
(A)correto, pois o território brasileiro é cortado por ambos os
trópicos da Terra. Está correto o que se afirma em:
(B) incorreto, pois nenhum trópico, de fato, corta a área do país. (A)I apenas.
(C) correto, pois a maior parte do país encontra-se em uma (B)I e II apenas.
zona intertropical. (C) I e III apenas.
(D) incorreto, pois não existe o “clima tropical” na classificação (D) II e III apenas.
climática do Brasil. (E)I, II e III.

3. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na América 7.(FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afirma-
do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, mais tivas abaixo sobre a hidrografia brasileira:
de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazendo I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois
fronteira com todos os países sul-americanos, exceto: possui 891.309 km2, o que corresponde a 10,4%da área do territó-
(A)Venezuela e Colômbia rio brasileiro.
(B) Chile e Equador II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, desta-
(C) Uruguai e Guiana Francesa cando-se algumas grandes usinas.
(D) Panamá e Peru III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil. En-
tretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas delas já
4. (Faculdade Trevisan) Em síntese, o Brasil é um país inteira- possuem eclusas para permitir a navegação.
mente ocidental, predominantemente do Hemisfério Sul e da Zona
Intertropical. Estas características referem-se à bacia do:
Considere as afirmações: (A)Uruguai
I) O Brasil situa-se a oeste do Meridiano de Greenwich. (B) São Francisco
II) O Brasil é cortado ao norte pela Linha do Equador. (C) Paraná
III) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Câncer. (D)Paraguai
IV) Ao sul, é cortado pelo Trópico de Capricórnio, apresentando (E)Amazonas
92% do seu território na Zona Intertropical, entre os Trópicos de
Câncer e de Capricórnio. 8. Sobre os mangues, assinale a alternativa INCORRETA:
V) Os 8% restantes estão na Zona Temperada do Sul. (A) São encontrados em ambientes alagados;
(B) São adaptados a cursos d’água com alta concentração de
(A)Apenas I, II e IV são verdadeiras. sal, em razão da proximidade com o mar;
(B) Apenas I e II são verdadeiras. (C) No Brasil, são encontrados em regiões litorâneas;
(C)Apenas IV e V são verdadeiras. (D) A extração de caranguejo é a principal atividade econômica
(D) Apenas I, II, IV e V são verdadeiras. nesse ambiente;
(E) Apenas I, II, III e V são verdadeiras. (E) É uma vegetação do tipo homogênea.

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9. A Amazônia é uma área em evidência, seja pela questão Assinale a alternativa que melhor representa os impactos con-
ecológica ou pela riqueza de seus recursos minerais. A expansão sequentes do desmatamento:
e a crescente valorização dessa área provocam uma infinidade de (A) Apenas I
suposições a respeito do seu quadro natural. Sobre a Amazônia são (B) Apenas V
feitas as afirmações a seguir: (C) Apenas III, IV e V
I - As queimadas podem alterar o clima do planeta e a destrui- (D) Apenas I, II, III e V
ção da floresta pode influenciar o aumento da temperatura; (E) I, II, III, IV e V
II - A floresta Amazônica funciona como “pulmão do mundo”,
sendo a principal fonte produtora de oxigênio; 14. As queimadas são um problema ambiental grave enfrenta-
III - A bacia hidrográfica do Amazonas é a maior do mundo, dre- do em nosso país. Analise as alternativas e marque aquela que não
nando em torno de 20% da água doce dos rios para os oceanos; indica uma consequência das queimadas:
IV - Os solos amazônicos são de alta fertilidade, a qual é fa- (A)Morte dos micro-organismos que vivem no solo.
cilmente explicada pela concentração de matéria orgânica e pelo (B) Aumento da poluição atmosférica.
tempo de formação. (C) Diminuição dos nutrientes do solo.
(D) Aumento dos riscos de erosão.
As afirmações corretas são: (E)Redução do aquecimento global.
(A)somente I e III.
(B) somente II e III. 15. (UNESP) Os animais da Amazônia estão sofrendo com o
(C) somente I, II e III. desmatamento e com as queimadas, provocados pela ação huma-
(D)somente II, III e IV. na. A derrubada das árvores pode fazer com que a fina camada
(E)somente I, II e IV de matéria orgânica em decomposição (húmus) seja lavada pelas
águas das constantes chuvas que caem na região.
10. Muitas espécies de plantas lenhosas são encontradas no (J. Laurence, Biologia.)
cerrado brasileiro. Para a sobrevivência nas condições de longos
períodos de seca e queimadas periódicas, próprias desse ecossis- O contido no texto justifica-se, uma vez que:
tema, essas plantas desenvolveram estruturas muito peculiares. As (A)a reciclagem da matéria orgânica no solo amazônico é muito
estruturas adaptativas mais apropriadas para a sobrevivência desse lenta e necessita do sombreamento da floresta para ocorrer.
grupo de plantas nas condições ambientais do referido ecossistema (B) o solo da Amazônia é pobre, sendo que a maior parte dos
são: nutrientes que sustenta a floresta é trazida pela água da chuva.
(A) Cascas finas e sem sulco ou fendas. (C) as queimadas, além de destruírem os animais e as plantas,
(B) Caules estreitos e retilíneos. destroem, também, a fertilidade do solo amazônico, original-
(C) Folhas estreitas e membranosas. mente rico em nutrientes e minerais.
(D)Gemas apicais com densa pilosidade. (D) mesmo com a elevada fertilidade do solo amazônico, pró-
(E) Raízes superficiais, em geral, aéreas. prio para a prática agrícola, as queimadas destroem a maior
riqueza da Amazônia, sua biodiversidade.
11. O Brasil enfrenta diversos problemas ambientais que pre- (E)o que torna o solo da Amazônia fértil é a decomposição da
judicam as diferentes espécies que aqui vivem. De acordo com o matéria orgânica proveniente da própria floresta, feita por mui-
IBGE, três problemas ambientais são os mais relatados no Brasil. tos decompositores existentes no solo.
Marque a alternativa que indica esses problemas:
(A)Poluição do solo, poluição atmosférica e contaminação por 16. “O conceito de transição demográfica foi introduzido por
metais pesados. Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica mal-
(B) Contaminação por metais pesados, desmatamento e caça. thusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das transforma-
(C) Poluição atmosférica, queimadas e caça. ções demográficas sofridas pelos países que participaram da Revo-
(D) Assoreamento, desmatamento e queimadas. lução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A partir da
(E)Queimadas, poluição do solo e contaminação por metais análise destas mudanças demográficas foi estabelecido um padrão
pesados. que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado aos demais pa-
íses do mundo, embora em momentos históricos e contextos eco-
12. Um dos principais problemas ambientais que acontecem no nômicos diferentes.”
Brasil são decorrentes do acúmulo de sedimentos nos ambientes (Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e cres-
aquáticos, desencadeando obstrução dos fluxos de água e destrui- cimento populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://
ção desses habitats. Esse problema é conhecido como: educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐transicao‐
(A)Desertificação demografica‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso em: março
(B) Poluição marinha de 2014.)
(C) Assoreamento Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra-
(D) Desmatamento sileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se con-
(E)Degradação do solo siderar os seguintes conceitos, EXCETO:
(A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos
13. (UNINOEST) Entre os impactos ambientais causados nos o número de óbitos.
ecossistemas pelo homem, podemos citar: (B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
I. Destruição da biodiversidade. de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi-
II. Erosão e empobrecimento dos solos. nado intervalo de tempo.
III. Enchentes e assoreamento dos rios.
IV. Desertificação.
V. Proliferação de pragas e doenças.
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(C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o 21. (IFB/2017 – IFB) Nas últimas décadas, as questões ambien-
saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran- tais vêm ganhando peso nas preocupações mundiais. As relações
tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de entre o modelo de desenvolvimento econômico e o meio ambiente
mortos. vêm sendo profundamente questionadas. Julgue abaixo os questio-
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher namentos a este respeito, assinalando (V) para os VERDADEIROS e
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐ (F) para os FALSOS.
se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade ( ) As ideias associadas ao modelo de desenvolvimento eco-
reprodutiva da população considerada. nômico hegemônico são a da modernização e progresso, que
creem e professam um caminho evolutivo a seguir, tendo como
17. Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa INCOR- referencial de sociedade “desenvolvida” aquela que está no
RETA: centro do sistema capitalista.
(A) o Brasil é um país com dimensões continentais. ( ) Os diferentes espaços urbano e rural direcionam-se para a
(B) a extensão do território brasileiro denuncia a grande distân- formação das sociedades modernas, mercadologizadas tanto
cia de seus pontos extremos. em escala regional, quanto em escalas nacional e global, im-
(C) a localização do Brasil indica-se por longitudes negativas, no pulsionados por um modelo desenvolvimentista, com caracte-
hemisfério ocidental. rísticas inerentes de preservação ambiental.
(D) a grande variação de latitudes explica a homogeneidade ( ) O modelo de desenvolvimento econômico hegemônico pri-
climática do país. ma pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens co-
letivos (meio ambiente).
18. As fronteiras brasileiras, todas elas posicionadas na Amé- ( ) A ideia de desenvolvimento econômico hegemônico con-
rica do Sul, totalizam 23.102 quilômetros de extensão. Desse total, substancia-se em uma visão antropocêntrica de mundo, gera-
mais de 15 mil quilômetros encontram-se em terras emersas, fazen- dor de fortes impactos socioambientais.
do fronteira com todos os países sul-americanos, exceto: ( ) A crítica mais comum à sociedade de consumo, represen-
(A) Venezuela e Colômbia tante e representada pelo modelo de desenvolvimento hege-
(B) Chile e Equador mônico, é que essa sociedade está imersa em um processo de
(C) Uruguai e Guiana Francesa massificação cultural.
(D) Panamá e Peru
A sequência dos questionamentos é:
19. No Brasil, a agropecuária é um dos principais setores da (A) F, F, V, V, F
economia, sendo uma das mais importantes atividades a impulsio- (B) V, F, F, V, F
nar o crescimento do PIB nacional. Nesse contexto, o tipo de prática (C) V, V, F, F, V
predominante é: (D)V, F, V, V, V
(A) a agricultura familiar, com elevado emprego de tecnologias. (E) F, V, F, V, V
(B) o agronegócio, com predomínio de latifúndios.
(C) a agricultura sustentável, com práticas extrativistas. 22. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima, julgue
(D) a agricultura itinerante, com técnicas avançadas de cultivo. os itens a seguir.A afirmação “o aquecimento global deverá elevar
a temperatura média da superfície da Terra em até cinco graus Cel-
20. O processo de concentração fundiária caminha junto à in- sius nos próximos anos” está relacionada ao conceito de clima.
dustrialização da agropecuária com predomínio de capitais. Sobre () CERTO
esse tema, assinale o que for incorreto: () ERRADO
(A) O discurso de modernidade das elites tem contribuído para
que a terra esteja concentrada nas mãos da grande maioria dos 23. (FUNDEP/2014 – IS/SP) Considerando-se os estudos popu-
agricultores brasileiros. lacionais, demográficos e econômicos elaborados sob enfoque do
(B) Os pequenos agricultores não conseguem competir e são planejamento, é INCORRETO afirmar que
forçados a abandonar suas lavouras de subsistência e vender (A) a geografia da população é tão importante quanto é o estu-
suas terras. do da demografia naqueles trabalhos voltados para o planeja-
(C) A intensa mecanização leva à redução do trabalho humano mento estratégico, uma vez que a primeira investiga e explica
e à mudança nas relações de trabalho, com a especialização as leis de crescimento e mudança na estrutura da população;
de funções e o aumento do trabalho assalariado e de diaristas. ao passo que a segunda investiga e explica os fatores das suas
(D) As modificações na estrutura fundiária provocam desem- diferentes formas de distribuição espacial.
prego no campo, intenso êxodo rural, além de aumentar o con- (B) as diferentes sociedades contemporâneas passaram a se
tingente de trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão preocupar com o conhecimento sistemático do seu efetivo po-
social. pulacional (estoque populacional disponível), tanto em nível
quantitativo como qualitativo, notadamente entre os países
desenvolvidos, em razão da prática do planejamento como ins-
trumento para o desenvolvimento.

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101
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GEOGRAFIA DO BRASIL
(C) o conhecimento da taxa de crescimento demográfico e da
distribuição da população em suas diferentes faixas de idade é GABARITO
condição necessária para qualquer política de empregos e de
educação, assim como para os programas habitacionais e de
saneamentos básicos.
1 D
(D) os estudos econômicos que se seguiram a Malthus incorpo-
raram as pesquisas demográficas como segmento importante 2 C
de seu campo científico, apesar da teoria dos rendimentos de- 3 B
crescentes por ele proposta não ter previsto o desenvolvimen-
to das técnicas de produção que surgiram a partir do século 4 D
seguinte à publicação de sua obra. 5 B
6 B
24. (CESPE/2013 – MPU) Desde o período colonial, o espaço
geográfico brasileiro foi transformado e produzido prioritariamente 7 C
segundo as necessidades do mercado externo em detrimento da 8 E
formação econômica interna. Foi por meio dessa perspectiva colo-
nizadora que, a partir de 1530, as propriedades rurais se organiza- 9 A
ram no Brasil. 10 D
Com relação às questões agrária e agrícola no Brasil, julgue o
item. 11 D
A partir dos anos 50 do século passado, os países capitalistas 12 C
desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização da agri-
13 E
cultura no mundo subdesenvolvido como parte da estratégia de
revigoramento do capitalismo em âmbito mundial. Esse fato ficou 14 E
conhecido como Revolução Verde. 15 E
() CERTO
() ERRADO 16 A
17 D
25. (CESPE/2013 – SEE/AL) No que se refere à globalização, jul-
gue o item subsecutivo. 18 B
O mundo globalizado definiu uma nova ordem mundial, mas 19 B
não uma nova geografia do comércio internacional.
() CERTO 20 A
() ERRADO 21 D
26. (CONSULPLAN/2014 – MAPA) “O conceito de transição de- 22 CERTO
mográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a con- 23 A
testação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da in-
terpretação das transformações demográficas sofridas pelos países 24 ERRADO
que participaram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até 25 ERRADO
os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas
26 A
foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode
ser aplicado aos demais países do mundo, embora em momentos
históricos e contextos econômicos diferentes.”
(Cláudio Mendonça. Demografia: transição demográfica e crescimento
ANOTAÇÕES
populacional. UOL Educação. 2005. Disponível em: http://educacao. ______________________________________________________
uol.com.br/disciplinas/geografia/demografia‐transicao‐demografica-
‐e‐crescimento‐populacional.htm. Acesso em: março de 2014.) ______________________________________________________
Sobre a dinâmica de crescimento vegetativo da população bra- ______________________________________________________
sileira com base no conceito de transição demográfica, deve‐se con-
siderar os seguintes conceitos, EXCETO: ______________________________________________________
(A) Crescimento vegetativo: crescimento populacional menos
o número de óbitos. ______________________________________________________
(B) Taxa de mortalidade: expressa a proporção entre o número
de óbitos e a população absoluta de um lugar, em um determi- ______________________________________________________
nado intervalo de tempo.
(C) Crescimento populacional: função entre duas variáveis: o ______________________________________________________
saldo entre o número de imigrantes e o número de emigran- ______________________________________________________
tes; e, o saldo entre o número de nascimentos e o número de
mortos. ______________________________________________________
(D) Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher
em uma determinada população. Para obter essa taxa, divide‐ ______________________________________________________
se o total dos nascimentos pelo número de mulheres em idade
reprodutiva da população considerada. ______________________________________________________
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MATEMÁTICA

Exemplo 2
CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS NATURAIS, INTEI- 40 – 9 x 4 + 23
ROS, RACIONAIS, REAIS E COMPLEXOS (FORMA ALGÉBRI- 40 – 36 + 23
CA E FORMA TRIGONOMÉTRICA). OPERAÇÕES, PROPRIE- 4 + 23
DADES E APLICAÇÕES 27

Exemplo 3
Números Naturais 25-(50-30)+4x5
Os números naturais são o modelo matemático necessário 25-20+20=25
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, Números Inteiros
obtemos o conjunto infinito dos números naturais Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
Este conjunto pode ser representado por:

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001. Subconjuntos do conjunto :
c) O sucessor de 19 é 20. 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. {...-2, -1, 1, 2, ...}

2) Conjuntos dos números inteiros não negativos


{1,2,3,4,5,6... . }
{0, 1, 2, ...}
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces-
sor (número que vem antes do número dado). 3) Conjunto dos números inteiros não positivos
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero.
a) O antecessor do número m é m-1. {...-3, -2, -1}
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. Números Racionais
d) O antecessor de 10 é 9. Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
Expressões Numéricas São exemplos de números racionais:
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul-
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em -12/51
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili- -3
zamos alguns procedimentos:
-(-3)
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações, -2,333...
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub- As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são portanto são consideradas números racionais.
resolvidos primeiro. Como representar esses números?

Exemplo 1 Representação Decimal das Frações


10 + 12 – 6 + 7 Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
22 – 6 + 7
16 + 7 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
23 cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.

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MATEMÁTICA
Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .

Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio- Números Irracionais
nal Identificação de números irracionais
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se – Todas as dízimas periódicas são números racionais.
não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que – Todos os números inteiros são racionais.
trataremos mais a frente. – Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional.
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.

Representação Fracionária dos Números Decimais – O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o ro racional.
denominador seguido de zeros.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa, Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
– O produto de dois números irracionais, pode ser um número
racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por 10.


10x=3,333...
Fonte: www.estudokids.com.br
E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333... Representação na reta
9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

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MATEMÁTICA
Intervalos limitados Intervalo:[a,+ ∞[
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a Conjunto:{x ϵ R|x≥a}
e menores do que b ou iguais a b.
Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores
que a.

Intervalo:[a,b]
Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}

Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que Intervalo:]a,+ ∞[


b. Conjunto:{x ϵ R|x>a}

Potenciação
Multiplicação de fatores iguais

Intervalo:]a,b[ 2³=2.2.2=8
Conjunto:{xϵR|a<x<b}
Casos
Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
iguais a A e menores do que B.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.


Intervalo:{a,b[
Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e


menores ou iguais a b.
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em
um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b}

Intervalos Ilimitados 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta


Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me- em um número negativo.
nores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b] 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


Conjunto:{x ϵ R|x≤b} para positivo e inverter o número que está na base.

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

Intervalo:]-∞,b[ 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
Conjunto:{x ϵ R|x<b} expoente, o resultado será igual a zero.

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a A.

Propriedades
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e soma os expoentes.
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MATEMÁTICA
Exemplos: 64=2.2.2.2.2.2=26
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27 Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um
e multiplica.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base. Observe:


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
1 1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
Exemplos: 2 2
2
96 : 92 = 96-2 = 94

De modo geral, se

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se


a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
os expoentes.
Então:
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56 n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. Raiz quadrada de frações ordinárias
(4.3)²=4².3²
1 1
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos 2  2 2 22 2
elevar separados. Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
a na
* *
=
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n
+
b nb
Radiciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
Radiciação é a operação inversa a potenciação é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja:

64 2
Operações
32 2
16 2
Multiplicação
8 2
4 2 Exemplo
2 2
1

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MATEMÁTICA
O conjunto de múltiplos de um número natural não-nulo é in-
finito e podemos consegui-lo multiplicando-se o número dado por
Divisão todos os números naturais.
M(3)={0,3,6,9,12,...}

Divisores
Exemplo Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é divisor de
12 e 15.
D(12)={1,2,3,4,6,12}
D(15)={1,3,5,15}
Adição e subtração
Observações:
– Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. – Todo número natural é múltiplo de 1.
– Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múlti-
8 2 20 2 plos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.
4 2 10 2
2 2 5 5 Máximo Divisor Comum
1 1 O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
• Decompor o número em fatores primos
Caso tenha: • Tomar o fatores comuns com o menor expoente
• Multiplicar os fatores entre si.
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Exemplo:
Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com 15 3 24 2
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
5 5 12 2
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela 1 6 2
3 3
1

15 = 3.5 24 = 23.3

O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.


m.d.c
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (15,24) = 3

Mínimo Múltiplo Comum


O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
o menor número, diferente de zero.

Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de Para calcular devemos seguir as etapas:
quadrados no denominador: • Decompor os números em fatores primos
• Multiplicar os fatores entre si

Exemplo:

Múltiplos
15,24 2
Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos o pri-
meiro pelo segundo, o resto é zero. 15,12 2
15,6 2
Exemplo
15,3 3
5,1 5
1

Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.

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MATEMÁTICA
Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão 1h---60minutos
com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí- x-----660
veis ao mesmo tempo. x=660/60=11
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
aparecendo. Então será depois de 11horas que se encontrarão
7+11=18h
Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120

Exemplo SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS, PROGRESSÃO ARITMÉTICA E


O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão Sequências
possível. Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência.
(A) mais de 30 cm. O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por
(B) menos de 15 cm. a2, e o n-ésimo por an.
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm. Termo Geral de uma Sequência
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm. Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de
Resposta: A. formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
352 2 416 2 mo com sua posição.
Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)
176 2 208 2
88 2 104 2 Progressão Aritmética
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
44 2 52 2
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma cons-
22 2 26 2 tante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da PA.
11 11 13 13 an = an-1 + r(n ≥ 2)
1 1 Exemplo
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:
Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível a1 = 2
E são os fatores que temos iguais:25=32 a2 = 2 + 5 = 7
a3 = 7 + 5 = 12
Exemplo
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aero- Classificação
porto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
aéreas. Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da com o valor da razão r.
companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 mi- r < 0, PA decrescente
nutos. Em um domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três com- r > 0, PA crescente
panhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse r = 0, PA constante
mesmo dia, às:
(A) 16h 30min. Propriedades das Progressões Aritméticas
(B) 17h 30min. -Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
(C) 18h 30min. aritmética entre o anterior e o posterior.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas.

Resposta: E.
-A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
20,30,44 2 soma dos extremos.
10,15,22 2 a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2

5,15,11 3 Termo Geral da PA


5,5,11 5 Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
seguinte forma:
1,1,11 11
a2 = a1 + r
1,1,1 a3 = a2 + r = a1 + 2r
a4 = a3 + r = a1 + 3r
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660

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MATEMÁTICA
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro Progressão Geométrica
número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade. Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
an = a1 + (n - 1)r se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). Exemplo
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40 Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre- As classificações geométricas são classificadas assim:
mos é igual à soma dos extremos. - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
Soma dos Termos - Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal- ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética. - Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
Sn - Soma dos primeiros termos quando a1 = 0 ou q = 0.
a1 - primeiro termo
an - enésimo termo Termo Geral da PG
n - número de termos Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
Exemplo a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é menos uma unidade.
igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
a2 = a1 . q2-1
Solução a3 = a1 . q3-1
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua Portanto, o termo geral é:
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão: an = a1 . qn-1

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita


Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
mos Sn:

1º Caso: q=1
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes
dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos. Sn = n . a 1
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos. 2º Caso: q≠1
Em notação matemática temos:

Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524

Solução:
a1 = 1; q = 3; n = 6
Assim sendo:
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

Editora
109
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Termos semelhantes: são aqueles que possuem partes literais
iguais ( variáveis )
Ex: 2 x³ y² ze 3 x³ y² z» são termos semelhantes pois possuem a
mesma parte literal.

Adição e Subtração de expressões algébricas


Para determinarmos a soma ou subtração de expressões algé-
bricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 2 x³ y² z -3x³ y² z = -x³ y² z

Convém lembrar dos jogos de sinais.


Na expressão ( x³ + 2 y² + 1 ) – ( y ² - 2 ) = x³ +2 y² + 1 – y² + 2 =
x³ + y² +3

Multiplicaçãoe Divisão de expressões algébricas

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita Na multiplicação e divisão de expressões algébricas, devemos
usar a propriedade distributiva.
1º Caso:-1 < q < 1 Exemplos:
1) a ( x+y ) = ax + ay
2) (a+b)(x+y) = ax + ay + bx + by
3) x ( x ² + y ) = x³ + xy

Para multiplicarmos potências de mesma base, conservamos a


Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é base e somamos os expoentes.
convergente. Na divisão de potências devemos conservar a base e subtrair
os expoentes
2º Caso: |q| > 1
A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di- Exemplos:
vergente 1) 4x² :2 x = 2 x
2) ( 6 x³ - 8 x ) : 2 x = 3 x² - 4
3º Caso: |q| = 1 3) (x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2) :(x2 - 2x + 1) = x2 - 3x +2
Também não possui soma finita, portanto divergente Resolução:

Produto dos termos de uma PG finita x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2x2 - 2x + 1


-x4 + 2x3 - x2 x2 - 3x + 2
-3x3 + 8x2 -7x
3x3 - 6x2 -3x
2x2 - 4x + 2
-2x2 + 4x - 2

ÁLGEBRA: EXPRESSÕES ALGÉBRICAS


Para iniciarmos as operações devemos saber o que são termos
semelhantes.
Expressões Algébricas são aquelas que contêm números e le- Dizemos que um termo é semelhante do outro quando suas
tras. partes literais são idênticas.
Ex: 2ax²+bx
Veja:
Variáveis são as letras das expressões algébricas que repre- 5x2 e 42x são dois termos, as suas partes literais são x2 e x, as
sentam um número real e que de princípio não possuem um valor letras são iguais, mas o expoente não, então esses termos não são
definido. semelhantes.
Valor numérico de uma expressão algébrica é o número que 7ab2 e 20ab2 são dois termos, suas partes literais são ab2 e ab2,
obtemos substituindo as variáveis por números e efetuamos suas observamos que elas são idênticas, então podemos dizer que são
operações. semelhantes.
Ex: Sendo x =1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) da expres-
são: Adição e subtração de monômios
x² + y »1²+ 2 =3Portando o valor numérico da expressão é 3.
Só podemos efetuar a adição e subtração de monômios entre
Monômio: os números e letras estão ligados apenas por pro- termos semelhantes. E quando os termos envolvidos na operação
dutos. de adição ou subtração não forem semelhantes, deixamos apenas
Ex : 4x a operação indicada.
Veja:
Polinômio: é a soma ou subtração de monômios. Dado os termos 5xy2, 20xy2, como os dois termos são seme-
Ex: 4x+2y lhantes eu posso efetuar a adição e a subtração deles.
Editora
110
110
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
5xy2 + 20xy2 devemos somar apenas os coeficientes e conservar rais devemos usar a propriedade da potência que diz: am : an = am - n
a parte literal. (bases iguais na divisão repetimos a base e diminuímos os expoen-
25 xy2 tes), sendo que a ≠ 0.
5xy2 - 20xy2 devemos subtrair apenas os coeficientes e conser- (-20x2y3) : (- 4xy3) na divisão dos dois monômios, devemos divi-
var a parte literal. dir os coeficientes -20 e - 4 e na parte literal dividirmos as que têm
- 15 xy2 mesma base para que possamos usar a propriedade am : an = am – n.
-20 : (– 4) . x2 : x . y3 : y3
Veja alguns exemplos: 5 x2 – 1 y3 – 3
- x2 - 2x2 + x2 como os coeficientes são frações devemos tirar o 5x1y0
mmc de 6 e 9. 5x

3x2 - 4 x2 + 18 x2 Potenciação de monômios


18
17x2 Na potenciação de monômios devemos novamente utilizar
18 uma propriedade da potenciação:
(I) (a . b)m = am . bm
(II) (am)n = am . n
Veja alguns exemplos:
(-5x2b6)2 aplicando a propriedade
- 4x2 + 12y3 – 7y3 – 5x2 devemos primeiro unir os termos seme-
lhantes. 12y3 – 7y3 + 4x2 – 5x2 agora efetuamos a soma e a subtração. (I). (-5)2 . (x2)2 . (b6)2 aplicando a propriedade
-5y3 – x2 como os dois termos restantes não são semelhantes, (II) 25 . x4 . b12 25x4b12
devemos deixar apenas indicado à operação dos monômios.
Reduza os termos semelhantes na expressão 4x2 – 5x -3x + 2x2. Importante: Numa expressão algébrica, se todos os monômios
Depois calcule o seu valor numérico da expressão. 4x2 – 5x - 3x + 2x2 ou termos são semelhantes, podemos tornar mais simples a expres-
reduzindo os termos semelhantes. 4x2 + 2x2 – 5x - 3x são somando algebricamente os coeficientes numéricos e manten-
6x2 - 8x os termos estão reduzidos, agora vamos achar o valor do a parte literal.
numérico dessa expressão.
Sistema de equações lineares
Para calcularmos o valor numérico de uma expressão devemos
ter o valor de sua incógnita, que no caso do exercício é a letra x. Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
Vamos supor que x = - 2, então substituindo no lugar do x o -2 equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.
termos:

6x2 - 8x
6 . (-2)2 – 8 . (-2) =
6 . 4 + 16 =
24 + 16
40

Multiplicação de monômios

Para multiplicarmos monômios não é necessário que eles se-


jam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente com coeficiente
e parte literal com parte literal. Sendo que quando multiplicamos as Em que:
partes literais devemos usar a propriedade da potência que diz: am
. an = am + n (bases iguais na multiplicação repetimos a base e soma-
mos os expoentes).

(3a2b) . (- 5ab3) na multiplicação dos dois monômios, devemos


multiplicar os coeficientes 3 . (-5) e na parte literal multiplicamos as
que têm mesma base para que possamos usar a propriedade am .
an = a m + n . Sistema Linear 2 x 2
3 . ( - 5) . a2 . a . b . b3
-15 a2 +1 b1 + 3 Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações line-
-15 a3b4 ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
Divisão de monômios

Para dividirmos os monômios não é necessário que eles sejam a1 x + b1 y = c1


semelhantes, basta dividirmos coeficiente com coeficiente e parte 
literal com parte literal. Sendo que quando dividirmos as partes lite- a2 + b2 y = c2

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111
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Sistema Linear 3x3 3. Sistema Impossível

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas


equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.
Sistemas Lineares equivalentes
Sistema Escalonado
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
são ditos equivalentes. Por exemplo: Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien-
te não-nulo da equação anterior.

São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução Exemplo


S={(1,2)} Sistema 2x2 escalonado.
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as
equações do sistema.
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa- Sistema 3x3
ções do sistema. A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
tem dois e a terceira, apenas um.
Matriz Associada a um Sistema Linear

Dado o seguinte sistema:

Sistema 2x3

Matriz incompleta

Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento

Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro


equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza-
das com suas equações:
-trocas as posições de duas equações
Classificação -Multiplicar uma das equações por um número real diferente
de 0.
1. Sistema Possível e Determinado -Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o
resultado a outra equação.
Exemplo

O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois

Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-


niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.
Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as
duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução.

2. Sistema Possível e Indeterminado Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação


Multiplicando a equação por -2:

esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x


e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y Somando as duas equações:
podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.

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112
112
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MATEMÁTICA
Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de
Incógnitas considerando a matriz , cujo determinante é

Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº indicado por Dx = ed – bf, obtemos , D ≠ 0.
de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
- Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado. POLINÔMIOS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES. EQUAÇÕES
- Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível. POLINOMIAIS E INEQUAÇÕES RELACIONADAS

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou


impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente Denomina-se polinômio a função:
pelo método de eliminação de Gauss.

Exemplos

- Discutir, em função de a, o sistema: Grau de um polinômio


Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indi-
x + 3 y = 5 camos: gr(P)=n
 Exemplo
2 x + ay = 1 P(x)=7 gr(P)=0
P(x)=7x+1 gr(P)=1
Resolução
Valor Numérico
1 3 O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número
que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
D= = a−6 Exemplo
2 a P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é:
P(2)=2³+2²+1=13
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6 O número a é denominado raiz de P(x).

Igualdade de polinômios
Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado. Os polinômios p e q em P(x), definidos por:
Para a ≠ 6, temos: P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~ São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n:
 ← −2 0 x + 0 y = −9 ak = bk

Redução de Termos Semelhantes
Que é um sistema impossível. Assim como fizemos no caso dos monômios, também podemos
Assim, temos: fazer a redução de polinômios através da adição algébrica dos seus
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado) termos semelhantes.
a = 6 → SI (Sistema impossível) No exemplo abaixo realizamos a soma algébrica do primeiro
com o terceiro termo, e do segundo com o quarto termo, reduzindo
Regra de Cramer um polinômio de quatro termos a um outro de apenas dois.
3xy+2a²-xy+3a²=2xy+5a²
Consideramos os sistema .
Polinômios reduzidos de dois termos também são denomina-
Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz in dos binômios. Polinômios reduzidos de três termos, também são
denominados trinômios.
completa desse sistema é , cujo determinante é
indicado por D = ad – bc. Ordenação de um polinômio
A ordem de um polinômio deve ser do maior para o menor
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela expoente.
coluna dos coeficientes independentes, 4x4+2x³-x²+5x-1
Este polinômio não está ordenado:
3x³+4x5-x²
obteremos ,cujo determinante é indicado por Dy = af
– ce.

Assim, .

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e

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113
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MATEMÁTICA
Operações

Adição e Subtração de Polinômios


Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com expoentes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença de dois
polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mesmo grau.

Exemplo

Multiplicação de Polinômios
Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada termo de um deles por todos os termos do outro, somando os coefi-
cientes.

Exemplo

Divisão de Polinômios
Considere P(x) e D(x), não nulos, tais que o grau de P(x) seja maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar a
divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):
P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)
P(x)=dividendo
Q(x)=quociente
D(x)=divisor
R(x)=resto

Método da Chave

Passos
1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decrescentes de x.
2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de D(x), obtendo o primeiro termo de Q(x).
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtraímos de P(x).
4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de D(x), ou resto nulo.

Exemplo
Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1

Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do quociente e do resto a partir da identidade:

Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2
Editora
114
114
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MATEMÁTICA
Solução
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que:

Vamos analisar os graus:

Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1

Para que haja igualdade:

Algoritmo de Briot-Ruffini
Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a

Exemplo
Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2

Solução
Passos
– Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
– Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
– Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4

Produtos Notáveis

1. O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.
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115
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos

2. O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos:

3. O produto da soma pela diferença de dois termos.


Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados.

Exemplos
(4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
(x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2
(m + n).(m – n) = m2 – n2

4. O cubo da soma de dois termos.

Consideremos o caso a seguir:


(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base.
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Exemplos:
(2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y + 24xy2 + 8y3
(w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 + 27z3
(m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
5. O cubo da diferença de dois termos Mmc=3(x+2)²(x+5)
Mdc=x+2
Acompanhem o caso seguinte:
(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base. Operação com frações algébricas
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2
Adição e subtração de frações algébricas
Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anterio- Da mesma forma que ocorre com as frações numéricas, as fra-
res, teremos: ções algébricas são somadas ou subtraídas obedecendo dois casos
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3 diferentes.

Exemplos Caso 1: denominadores iguais.


(2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2 Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denomina-
+ 12y – 8 dores iguais, as mesmas regras aplicadas às frações numéricas aqui
(2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + são aplicadas também.
6wz2 – z3 (2x2-5)/x2 -(x2+3)/x2 +(9-x2)/x2
(2x2-5-x2-3+9-x2)/x2 =1/x2
(c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3
Caso 2: denominadores diferentes.
Fatoração Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominado-
Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma res diferentes, siga as mesmas orientações dadas na resolução de
de um produto de expressões mais simples. frações numéricas de denominadores diferentes.
(3x+1)/(2x-2)-(x+1)/(x-1)
Casos de fatoração (3x+1)/2(x-1) -2(x+1)/2(x-1)
(3x+1-2x-2)/(2(x-1))=(x-1)/2(x-1) =1/2
Fator Comum:
Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c) Multiplicação de frações algébricas
Para multiplicar ou dividir frações algébricas, usamos o mesmo
O fator comum é x. processo das frações numéricas. Fatorando os termos da fração e
Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1) simplificar os fatores comuns.
2x/(x-4)∙3x/(x+5)
O fator comum é 3x
Multiplica-se os denominadores e os numeradores.
Agrupamento: (6x2)/((x-4)(x+5))=(6x2)/(x2+x-20)
Ex.: ax + ay + bx + by
Divisão de frações algébricas
Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator Multiplica-se a primeira pelo inverso da segunda.
comum. 7x/(3-4x) ∶x/(x+1)
(ax + ay) + (bx + by) 7x/(3-4x)∙((x+1))/x
7x(x+1)/(3-4x)x=(7x2+7x)/(3x-4x²)
Colocar em evidência o fator comum de cada grupo
a(x + y) + b(x + y)
FUNÇÕES: GENERALIDADES. FUNÇÕES ELEMENTARES: 1º
Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este GRAU, 2º GRAU, MODULAR, EXPONENCIAL E LOGARÍTMI-
produto é a forma fatorada da expressão dada CA, GRÁFICOS. PROPRIEDADES

Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b)


Diagrama de Flechas
Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)²

Trinômio do 2º Grau: Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio,


temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0

MDC e MMC de polinômios


Mínimo Múltiplo Comum entre polinômios, é formado pelo
produto dos fatores com os maiores expoentes.
Máximo Divisor Comum é o produto dos fatores primos com o
menor expoente.

Exemplo
X²+7x+10 e 3x²+12x+12

Primeiro passo é fatorar as expressões:


X²+7x+10=(x+2)(x+5)
3x²+12x+12=3(x²+4x+4)=3(x+2)²
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117
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Gráfico Cartesiano No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contradomínio é
= {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9, 12}

Classificação das funções


Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
apresentam imagens também distintas no contradomínio.

Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-


rem imagens de pelo menos um elemento do domínio.
Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma
relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-


ção de A em B. Bijetora: Quando apresentar as características de função inje-
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen- tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis-
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con-
conjunto B. tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio.

Notação: f: A→B (lê-se função f de A em B)

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
da por todos os valores correspondentes da variável dependente.

O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.


O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan-
do, isto é, os valores possíveis para a variável x. Função 1º grau
O conjunto B é denominado contradomínio, CD. A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con- de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela ção f(x) = ax + b.
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos Estudo dos Sinais
por Im. Definimos função como relação entre duas grandezas repre-
sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
Exemplo formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax +
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero.
a função f: A→B. definida por f(x) = x + 5 que também pode ser Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura
representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da
desta função, é: imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien-
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente.

Função Crescente: a > 0


De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os
valores de y vão crescendo.

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118
118
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Portanto,
a=3-b
a=3-2=1
Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo
Função Decrescente: a < 0 grau tem a seguinte forma:
Nesse caso, os valores de y, caem. f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)

É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e


deve ser o maior termo.

Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se
a<0

Raiz da função
Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a
reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:
Discriminante(∆)
∆ = b²-4ac
∆>0

A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-


tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0

Quando ∆=0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no


ponto
Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz
de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
o valor de x (raiz da função).
X=-b/a
Repare que, quando tivermos o discriminante ∆ = 0, as duas
Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
equações para acharmos o valor de a e b. ∆<0

Exemplo: A função não tem raízes reais


Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.

F(1)=1a+b
3=a+b
F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

Editora
119
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Raízes Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de
uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e
um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
voltada para baixo e um ponto de máximo V.

Em qualquer caso, as coordenadas de V são .

Veja os gráficos:

Função exponencial
A expressão matemática que define a função exponencial é
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e
diferente de 1 e o expoente é uma variável.

Função crescente
Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer
que seja o valor real de x.
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente.

Função decrescente
Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em
todo o domínio da função.
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.

Editora
120
120
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Exemplo

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1) Consequências da Definição

O número e é um número irracional e positivo e em função da


definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático


suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.

O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


e = 2,7182818284

Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser


escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)
Propriedades
Propriedades dos expoentes
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

Logaritmo
Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a
≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a Mudança de Base

Ainda com base na definição podemos estabelecer condições


de existência: Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule:
a) log 6
b) log1,5
c) log 16

Solução
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781

Editora
121
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.

Função Logarítmica

Uma função dada por , em que a constante


a é positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmica.

Exemplo
(PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo regis-
tra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
uma semana.

Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-


ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
SISTEMAS LINEARES, MATRIZES E DETERMINANTES: PRO- (B) 59
PRIEDADES, APLICAÇÕES (C) 58
(D) 60
(E) 62
Matriz
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo Resolução:
linhas horizontais e colunas verticais. Turno i –linha da matriz
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de- Turno j- coluna da matriz
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de 2º turno do 2º dia – a22=18
elemento da matriz. 3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Tipo ou ordem de uma matriz Somando:18+25+19=62
As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de Resposta: E.
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno-
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois Igualdade de matrizes
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

Operações com matrizes


Adição: somamos os elementos correspondentes das matri-
zes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Representação genérica de uma matriz


Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Editora
122
122
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D.

Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

Editora
123
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Resolução:
(A)

(B)
2a=1
a=1/2
(C)
b+c=0
b=-c
(D) 2d=1
D=1/2
Resposta: E.
(E)
Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem
n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:
Resolução:

Determinantes

Determinante é um número real associado a uma matriz qua-


drada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma ma-
Resposta: B. triz quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

Casos particulares

Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui


os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a
ordem da matriz.

Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o deter-
minante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de Determinante de uma matriz de 2ª- ordem
linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por
x n, obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de trans- meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal
posta de A. Indica-se por At. pelo produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o de-
terminante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
Exemplo: (C) -2.
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) (D) -1.
Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta
At em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas: Resolução:
(A) a=0 e d=0 D = 4 - (-2x)
(B) c=1 e b=1 0 = 4 + 2x
(C) a=1/c e b=1/d x=-2
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1 Resposta: C.
(E) b=-c e a=d=1/2

Editora
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124
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é


(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A.

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:
Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

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125
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores.
Dica: pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48

Resposta: D.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Determinante de uma matriz de ordem n > 3
Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são nulos, o determinante é nulo.

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, então o determinante é nulo.

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mesmo
número k.

d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a seguinte propriedade:


det (A. B) = det A + det B.

e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu determinante for diferente de zero.

Editora
127
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Sistema de equações lineares
Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

Classificação

1. Sistema Possível e Determinado

Em que: O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução.
Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações line- 2. Sistema Possível e Indeterminado
ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

a1 x + b1 y = c1

a2 + b2 y = c2 Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x
e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y
Sistema Linear 3x3 podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.

3. Sistema Impossível

Sistemas Lineares equivalentes


Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
são ditos equivalentes. Por exemplo: Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas
equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.

Sistema Escalonado
Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien-
São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução te não-nulo da equação anterior.
S={(1,2)}
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or- Exemplo
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as Sistema 2x2 escalonado.
equações do sistema.
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa-
ções do sistema.

Matriz Associada a um Sistema Linear Sistema 3x3


Dado o seguinte sistema: A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
tem dois e a terceira, apenas um.

Matriz incompleta

Sistema 2x3
Editora
128
128
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Resolução

1 3
D= = a−6
Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento 2 a
Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza- D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
das com suas equações:
– Trocas as posições de duas equações Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.
– Multiplicar uma das equações por um número real diferente Para a ≠ 6, temos:
de 0.
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o
resultado a outra equação. x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9
Exemplo 

Que é um sistema impossível.


Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)
Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-
niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação. Regra de Cramer

Consideramos os sistema .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta


desse sistema é , cujo determinante é indicado por D =
Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação ad – bc.
Multiplicando a equação por -2:
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela
coluna dos coeficientes independentes, obteremos ,cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.

Assim, .
Somando as duas equações:
Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e consideran-
do a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In- ANÁLISE COMBINATÓRIA: ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E
cógnitas COMBINAÇÕES SIMPLES, BINÔMIO DE NEWTON
Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº
de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e: Análise Combinatória
– Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado. A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
– Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível. problemas de contagem.

Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou Princípio Fundamental da Contagem


impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
pelo método de eliminação de Gauss. um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2
Exemplos pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
- Discutir, em função de a, o sistema: tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.

Exemplo

Editora
129
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças). Exemplo
3(blusas)=6 maneiras Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?

Fatorial Solução
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu- Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N) Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Arranjo Simples
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
sequência de p elementos distintos de E.
Combinação Simples
Exemplo Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2 mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
algarismos distintos podemos formar? i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos.

Solução

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3 elementos tomados 2 a 2. Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de-
Indica-se A3,2 nominadores é igual ao numerador são iguais:

Relação de Stifel
Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn. Triângulo de Pascal
Pn = n!

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

Editora
130
130
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

LINHA 0 1 Solução
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
LINHA 1 1 1 há duas possibilidades.
LINHA 2 1 2 1
2x2x2=8
LINHA 3 1 3 3 1
LINHA 4 1 4 6 4 1 b)
LINHA 5 1 5 10 10 5 1 E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(C,R,R),(R,R,R)}
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1 Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
Binômio de Newton n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a +
b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3 Eventos complementares
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
Pascal. formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS FINITOS

Note que
Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível,
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento
de um dado. Exemplo
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
Espaço Amostral Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados é .Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E. seja vermelha.
No lançamento de um dado, observando a face voltada para
cima, tem-se: Solução
E={1,2,3,4,5,6}

No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para


cima:
E={Ca,Co} São complementares.
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que
E={1,2,3,4,5,6} Adição de probabilidades
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer vazio. Tem-se:
um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas
para cima em três lançamentos de uma moeda. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
a) Quantos elementos tem o espaço amostral? um número par ou menor que 5, na face superior?
b) Descreva o espaço amostral.
Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
Editora
131
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Sejam os eventos Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.
A={2,4,6} n(A)=3
B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade Condicional Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o
evento B, definido por:

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2} Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Eventos Simultâneos
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos- Ângulo Reto:
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: - É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.

GEOMETRIA E MEDIDAS: GEOMETRIA PLANA: FIGURAS


GEOMÉTRICAS, CONGRUÊNCIA, SEMELHANÇA, PERÍME-
TRO E ÁREA

Ângulos Triângulo
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la- Elementos
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Editora
132
132
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o
lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um


ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.
Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.


Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a
esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo


que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Editora
133
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto - No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b é a


medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a


medida da altura.
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso
3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos


Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º
Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades
Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos. são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)

Editora
134
134
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con- GEOMETRIA ESPACIAL: PARALELISMO, PERPENDICULA-
vexo de n lados é (n-2).180 RISMO ENTRE RETAS E PLANOS, ÁREAS E VOLUMES DOS
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es- SÓLIDOS GEOMÉTRICOS: PRISMA, PIRÂMIDE, CILINDRO,
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu- CONE E ESFERA
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
internos dos n-2 triângulos.
Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro O
contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de to-
dos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo e no
outro plano.

Ângulos Externos

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as geratri-
zes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equilá-
tero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.
A soma dos ângulos externos=360°
Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

Área
Área da base: Sb=πr²
Exemplo

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um pon-
to V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmen-
tos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num
ponto do círculo denomina-se cone circular.

Editora
135
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao número de
lados da base.

Classificação
-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em tor- Área e Volume
no de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também chamado
de cone de revolução. Área lateral: Sl = n. área de um triângulo
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é denomi-
nado cone equilátero. Onde n = quantidade de lados

Stotal = Sb + Sl

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R contido
em α e uma reta r concorrente aos dois.

g2 = h2 + r2

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de todos


Área os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono R e no
plano β.

Volume

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruentes e


paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos ligando-se
os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

Editora
136
136
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Classificação Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o
Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às bases prisma é dito regular.
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base. As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são con-
gruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)
PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO
Área
Área cubo: St = 6a2

Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)

A área de um prisma: St = 2Sb + St

Onde: St = área total


Sb = área da base
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

Volume
Classificação pelo polígono da base Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³
TRIANGULAR QUADRANGULAR
Demais: V = Sb . h

GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO: RETAS, CIRCUNFE-


RÊNCIA E DISTÂNCIAS

Estudo do Ponto

E assim por diante...

Paralelepípedos
Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se pa-
ralelepípedos.

PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO

Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um


sistema de eixos cartesianos.
- A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces quadra-


das.

Fonte: www.matematicadidatica.com.br

1º Quadrante: x>o e y>o


2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0
Editora
137
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Para representar o par ordenado P(x,y) Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à
Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o mesma reta.
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?


x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é
uma função das coordenadas de P e Q:

Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti-


lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados.

Ponto Médio

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.
Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto
M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co- 1º caso: 0° < a < 90°
ordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:


Editora
138
138
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
0 < a < 90° → m > 0

2º caso: 90° < a < 180°

a=0→m=0

Do triângulo retângulo ABC, vem:

a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo


é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.

m = tan a
A equação fundamental de r é dada por:

Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

Editora
139
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Equação reduzida da reta
Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi- mente se, os seus coeficientes angulares são tais que
da da reta, em que m é o coeficiente.

Posições relativas de duas retas


Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

De fato:

Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Como:

Então:

Assim, para r // s, temos:

E, reciprocamente, se

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.
Logo,
ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

Assim, para r e s concorrentes, temos:

Editora
140
140
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Distância de ponto a reta
Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da


circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên-
cia. Então:

Ângulo entre duas retas


Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r
e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângu-
lo 0 agudo formado entre elas:

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.
Se uma das retas for vertical, teremos: Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori-
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2.

Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral
da circunferência:

Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-


rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.

A equação reduzida da circunferência é:


Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzida
Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano ( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado
centro da circunferência:

Editora
141
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos: Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a


equação geral
Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro-
cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá-
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio
da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0. nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.
Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con-
dições.

Assim:

1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola-


mos o termo independente
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6

2º passo: determinamos os termos que completam os quadra-


dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as
parcelas correspondentes

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.
3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos
( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16

4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro


e o raio

TRIGONOMETRIA: RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS, FUN-


ÇÕES, FÓRMULAS DE TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉ-
TRICAS, EQUAÇÕES E TRIÂNGULOS

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Editora
142
142
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

Fórmulas Trigonométricas
2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela
Relação Fundamental altura relativa à hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos


catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano.
Neste triângulo, temos que: c²=a²+b² Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não
Dividindo os membros por c² estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever-
sas.
Editora
143
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
Retas Coplanares 2. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS-
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum CONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José
foram a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que
obtivesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados
6 segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo-
cação, é correto afirmar que o vencedor foi:
(A) José
(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
-Duas retas concorrentes podem ser: (D) Raoni

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto. 3. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS-


2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares. CONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
(A) 0,2222...
(B) 0,6666...
(C) 0,1616...
(D) 0,8888...

4. (FCEP – TÉCNICO ARTÍSTICO – AMAUC/2017) Considere


a equação do 1º grau: 2(x - 2) = 3(x/3 + 4) . A raiz da equação é
o segundo termo de uma Progressão Aritmética (P.A.). O primeiro
termo da P.A. corresponde aos 3/4 da raiz da equação. O valor do
décimo termo da P.A. é:
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci- (A) 48
dentes. (B)36
(C) 32
(D) 28
(E) 24

5. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Os valo-


res numéricos do quociente e do resto da divisão de p(x) = 5x4 – 3x2
+ 6x – 1 por d(x) = x2 + x + 1, para x = -1 são, respectivamente,
(A) -7 e -12
(B) -7 e 14
(C) 7 e -14
(D) 7 e -12
(E) -7 e 12

6. (EMBASA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IBFC/2017) A


soma das coordenadas do vértice da parábola da função f(x) = – x²
+ 8x – 12 é igual a:
(A) 4
(B) 6
(C) 8
QUESTÕES (D) 10

7. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/IAUPE – 2017)


1. (PREFEITURA DE SALVADOR /BA - TÉCNICO DE NÍVEL No carro de João, tem vaga apenas para 3 dos seus 8 colegas. De
SUPERIOR II - DIREITO – FGV/2017) Em um concurso, há 150 can- quantas formas diferentes, João pode escolher os colegas aos quais
didatos em apenas duas categorias: nível superior e nível médio. dá carona?
Sabe-se que: (A) 56
• dentre os candidatos, 82 são homens; (B) 84
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao (C) 126
de mulheres de nível médio; (D) 210
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres. (E) 120

O número de candidatos homens de nível médio é


(A) 42.
(B) 45.
(C) 48.
(D) 50.
(E) 52.
Editora
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144
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
8. (CASAN – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – INSTITUTO
AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, escondia seu GABARITO
dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um carro velho fora de
uso, que mantinha no fundo de sua casa. Certo dia, o empresário se
gabava de sua inteligência ao contar o fato para um de seus amigos, 1. Resposta: B.
enquanto um ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão ti- 150-82=68 mulheres
nha tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um dos Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a probabilidade de nível médio.
ele ter roubado o pneu certo? Portanto, há 37 homens de nível superior.
(A) 0,20. 82-37=45 homens de nível médio.
(B) 0,23.
(C) 0,25. 2. Resposta: D.
(D) 0,27. Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
(E) 0,30.
3. Resposta: B.
9. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
– FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular resolveu cer- X=0,4444....
cá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de madeira. Colocou uma 10x=4,444...
estaca em cada um dos quatro cantos do terreno e as demais igual- 9x=4
mente espaçadas, de 3 em 3 metros, ao longo dos quatro lados do
terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores do terre-
no, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do número de estacas
em cada um dos lados menores, também incluindo os dois dos can-
tos.
A área do terreno em metros quadrados é:
(A) 240;
(B) 256; 4. Resposta: A
(C) 324; Raiz da equação:
(D) 330; 2x-4=x+12
(E) 372. X=16 é 0 segundo termo da PA

10. Dois lados de um triângulo medem 6m e 10m e formam Primeiro termo:


entre si um ângulo de 120º. Determinar a medida do terceiro lado.
Representando geometricamente a situação, temos:

PA
(12,16,...)
R=16-12=4

a10 = a1 + 9r
a10 = 12 + 36 = 48

11. (PREF. DE ITAPEMA/SC – TÉCNICO CONTÁBIL – MSCON- 5. Alternativa D


CURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, cuja altura é
39 cm, é 30% maior do que o volume de um cilindro circular reto.
Sabendo que o raio da base do cone é o triplo do raio da base do
cilindro, a altura do cilindro é:
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm
(D) 90 cm

12. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA –


MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de óleo per-
feitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a altura é 20 cm? (use
π=3)
(A)3,84 l
(B)96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml Para x=-1
Q(-1)=5(-1)²-5(-1)-3=7
R(-1)=14(-1)+2=-12
Editora
145
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA
6. Resposta: C. 12. Resposta: D
V= πr²h
V=3.4².20=960 cm³=960 ml

ANOTAÇÕES
A soma das coordenadas é igual a 8 ______________________________________________________

7. Resposta: A. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
8. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o dinheiro ______________________________________________________
está em 1.
1/4=0,25 ______________________________________________________

______________________________________________________
9. Resposta: C
Número de estacas: x ______________________________________________________
X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contando duas ve-
zes o canto ______________________________________________________
6x=30
X=5 ______________________________________________________

Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas a cada 3m ______________________________________________________


4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas _____________________________________________________
9 espaços de 3 metros=27m
_____________________________________________________
A=12⋅27=324 m²
______________________________________________________
10.Pela lei dos cossenos:
______________________________________________________
! ! = 10² + 6! − 2 ∙ 10 ∙ 6 ∙ !"#120 ______________________________________________________

1 ______________________________________________________
! ! = 100 + 36 − 2 ∙ 10 ∙ 6 ∙ −
2 ______________________________________________________

! ! = 136 + 60 = 196 ______________________________________________________

______________________________________________________
! = 13
! ______________________________________________________

11. Resposta: D. ______________________________________________________


Cone
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

Cilindro ______________________________________________________
V=Ab.h
V=πr²h ______________________________________________________

______________________________________________________
Como o volume do cone é 30% maior:
117πr²=1,3 πr²h ______________________________________________________
H=117/1,3=90
______________________________________________________
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a solução para o seu concurso!
ATUALIDADES (DIGITAL)

Um dos mais notáveis efeitos da Globalização é, sem dúvidas,


GLOBALIZAÇÃO: CONCEITOS, EFEITOS E IMPLICAÇÕES SO- a formação e expansão das multinacionais, também conhecidas
CIAIS, ECONÔMICAS, POLÍTICAS E CULTURAIS como empresas globais. Essas instituições possuem seus serviços
e mercadorias disponibilizados em praticamente todas as partes do
planeta. As fábricas, em muitos casos, migram das sociedades in-
dustrializadas para os países periféricos em busca de mão de obra
Quando falamos em geografia politica e econômica, pensamos barata, matérias-primas acessíveis e, claro, maior mercado consu-
em globalização. midor, isso sem falar na redução ou isenção de impostos.
Uma das características da globalização é a crescente integra- Outro efeito da Globalização foi a formação dos mercados re-
ção econômica em escala planetária, devido ao aumento das trocas gionais, por meio dos blocos econômicos. Esses acordos entre os
comerciais e financeiras, que consolida a formação de um mercado países facilitaram os processos de negociação para aberturas eco-
mundial influenciado pelas empresas transnacionais. nômicas e entrada de pessoas e bens para consumo.
Nesse contexto, ganhou notoriedade a Organização Mundial Apesar de amplamente difundida, há muitos protestos e críti-
do Comércio (OMC), instituição internacional que visa fiscalizar e cas à globalização, sobretudo ressaltando os seus pontos negativos.
regulamentar o comércio mundial. As principais posições defendem que esse processo não é democrá-
A globalização é o processo de interligação e interdependência tico, haja vista que os produtos, lucros e desenvolvimentos ocorrem
entre as diferentes sociedades e resulta em uma intensificação das predominantemente nos países desenvolvidos e nas elites das so-
relações comerciais, econômicas, políticas, sociais e culturais entre ciedades, gerando margens de exclusão em todo o mundo. Críticas
países, empresas e pessoas. Esse fenômeno é possibilitado pelo também são direcionadas à padronização cultural ou hegemoniza-
avanço das técnicas, com destaque para os campos das telecomuni- ção de valores, em que o modo de vida eurocêntrico difunde-se no
cações e dos transportes. cerne do pensamento das sociedades.
A expressão “globalização” foi criada na década de 1980. No De toda forma, a Globalização está cada vez mais consolidada
entanto, não podemos dizer que ela seja um processo recente, uma no mundo atual, embora existam teóricos que, frequentemente, re-
vez que teria se iniciado ao longo dos séculos XV e XVI, com a ex- afirmam a sua reversibilidade, sobretudo em ocasiões envolvendo
pansão ultramarina europeia, que iniciava uma era de integração revoltas contra o seu funcionamento ou o próprio colapso do sis-
plena entre o continente europeu e as demais partes do planeta. tema financeiro. O seu futuro, no entanto, ainda está à mercê não
Por outro lado, foi apenas na segunda metade do século XX que tão somente das técnicas e da economia, mas também dos eventos
esse fenômeno encontrou a sua forma mais consolidada. políticos que vão marcar o mundo nas próximas décadas.
Podemos dizer que o mundo só alcançou o nível atual de inte- O Enem apresenta uma tendência de abordar temas que pos-
gração graças aos desenvolvimentos realizados, como já dissemos, suam certa atualidade, ou seja, que se relacionem com eventos ou
no âmbito dos transportes e das comunicações. Esses meios são acontecimentos que sejam de relevância para o contexto atual da
importantes por facilitarem o deslocamento e a rápida obtenção de sociedade. Por esse motivo, além de estudar os temas básicos da
informações entre pontos remotos entre si. Tais avanços, por sua Geografia, é preciso sempre estar informado através do acompa-
vez, ocorreram graças à III Revolução Industrial, também chamada nhamento de notícias tanto na mídia televisiva quanto na impressa
de Revolução técnico-científica informacional, que propiciou o de- e, também, na internet.
senvolvimento de novas tecnologias, como a computação eletrôni- Nesse sentido, a Globalização emerge como um dos principais
ca, a biotecnologia e inúmeras outras formas produtivas. temas a serem abordados pela banca examinadora, haja vista que
Outro fator que também pode ser tido como uma das causas todos os seus conceitos e efeitos podem ser visualizados direta ou
da Globalização é o desenvolvimento do Capitalismo Financeiro, a indiretamente nas sociedades do mundo contemporâneo. Portan-
fase do sistema econômico marcada pela fusão entre empresas e to, a globalização no Enem é uma oportunidade de compreender as
bancos e pela divisão das instituições privadas em ações. Hoje em relações geopolíticas e sociais à luz dos estudos da Geografia.
dia, o mercado financeiro, por meio das bolsas de valores, operam A globalização é, de modo geral, vista como o processo de
em redes internacionais, com empresas de um país investindo em integração e inter-relação mundial envolvendo a economia, a cul-
vários lugares, alavancando o nível de interdependência econômi- tura, a informação e, claro, os fluxos de pessoas. Esse fenômeno
ca. instrumentaliza-se pela difusão e avanço dos meios de transporte
A título de comparação, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei e comunicação, haja vista que regiões distantes, antes tidas como
de Portugal sobre o descobrimento do Brasil levou alguns meses isoladas umas das outras, integram-se plenamente.
para chegar ao seu destino. Em 1865, o assassinato do presidente
dos Estados Unidos, Abraham Lincon, foi informado duas semanas
depois na Europa. Já em 11 de setembro de 2001, os atentados ter-
roristas às torres gêmeas do World Trade Center foram acompanha-
dos em tempo real, com o mundo vendo ao vivo o desabamento
dos prédios.
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O termo Globalização, apesar de ser considerado por muitos Globalização Cultural
um processo gradativo que se iniciou com a expansão marítima eu- Toda essa movimentação populacional e também financeira
ropeia, difundiu-se no meio intelectual apenas a partir da década acaba provocando mudanças culturais. Uma delas é a aproximação
de 1980. Assim, a sua consolidação ocorreu na segunda metade do entre culturas distintas, o que chamamos de hibridismo cultural.
século XX em diante, com a difusão do neoliberalismo, a propaga- Agora, através da internet, se pode conhecer em tempo real
ção de tecnologias, a integração econômica e comercial entre os costumes tão diferentes e culturas tão distantes sem precisar sair
países, a formação e expansão dos blocos econômicos e o fortale- de casa.
cimento das instituições internacionais, tais como a OTAN e a ONU. No entanto, os deslocamento de pessoas pode gerar o ódio ao
Além disso, os principais agentes da globalização são, sem dúvidas, estrangeiro, a xenofobia. Do mesmo modo, narcotraficantes e ter-
as empresas transnacionais, também conhecidas como multinacio- roristas têm o acesso à tecnologia e a utilizam para cometer seus
nais ou globais. crimes.

Globalização e Economia Agropecuária

Sistemas Agrícolas

Sistemas agrícolas são classificações utilizadas para a produção


agrícola e pecuária. Há dois sistemas, o intensivo e o extensivo.
Para definir se o sistema agrícola é intensivo ou extensivo são
considerados os pontos da produção em qualquer tamanho de pro-
priedade.
O sistema é revelado por resultados como a produtividade por
hectare e o investimento na produção.

Sistema Intensivo
No modelo da agricultura brasileira, o sistema intensivo é o
mais praticado. Por ele, são aplicadas técnicas modernas de previ-
são que englobam o preparo do solo, a forma de cultivo e a colheita.
A produtividade não está somente no rendimento obtido dire-
Os países dominam as grandes empresas ou as grandes empresas to do solo, mas do seu redimensionamento para resultar na maior
dominam os países? produção possível por metro quadrado (a chamada produtividade
média por hectare).
As empresas transacionais que comercializam no mundo todo No período de colheita, as perdas são equacionadas para que
são os principais agentes da globalização econômica. atinjam o mínimo. O mesmo vale para o armazenamento.
É certo que ainda falamos de governo e nação, no entanto, es- Esse sistema é criticado porque agride o meio ambiente por
tes deixaram de representar o interesse da população. Agora, os conta de fatos como: desmatamento para implantação de mono-
Estados defendem, sobretudo, as empresas e bancos. culturas ou pasto, uso de agrotóxicos, erosão e empobrecimento do
Na maior parte das vezes são as empresas americanas, euro- solo após sucessivos plantios.
peias e grandes conglomerados asiáticos que dominam este pro-
cesso. Sistema Extensivo
O sistema extensivo é o que menos agride o meio ambiente. É
Globalização e Neoliberalismo o sistema tradicional em que são utilizadas técnicas rudimentares
A globalização econômica só foi possível com o neoliberalis- que garantem a recuperação do solo e a produção em baixa escala.
mo adotado nos anos 80 pela Grã-Bretanha governada por Mar- Em geral, o sistema extensivo é usado pelo modelo denomina-
garet Thatcher (1925-2013) e os Estados Unidos, de Ronald Reagan do agricultura familiar e, ainda, pela agricultura orgânica.
(1911-2004). No primeiro, a produção é destinada à subsistência e somen-
O neoliberalismo defende que o Estado deve ser apenas um te o excedente é vendido. Há o uso de agrotóxicos, mas em baixa
regulador e não um impulsor da economia. Igualmente aponta a escala.
flexibilidade das leis trabalhistas como uma das medidas que é pre- Já o modelo de agricultura orgânica dispensa o uso de agrotóxi-
ciso tomar a fim de fortalecer a economia de um país. cos, privilegia alimentos saudáveis e permite a exploração racional
Isto gera uma economia extremamente desigual onde somente do solo.
os gigantes comerciais tem mais adaptação neste mercado. Assim,
muita gente fica para trás neste processo. Agricultura moderna
A agricultura moderna faz uso de várias tecnologias, como os
Globalização e Exclusão tratores, colhedeiras, ceifadeiras, adubo, fertilizantes, etc. Além
Uma das faces mais perversas da globalização econômica é a disso, também seleciona sementes modificadas geneticamente. No
exclusão. Isto porque a globalização é um fenômeno assimétrico e entanto, ela não se limita ao uso de máquinas; há também uso de
nem todos os países ganharam da mesma forma. biotecnologia.
Um dos grandes problemas atuais é a exclusão digital. Aqueles Ela se baseia no aumento da sua produção à medida em que
que não têm acesso às novas tecnologias (smartphones, computa- incrementa tecnologia. Isso nos leva ao importante conceito de pro-
dores) estão condenados a ficarem cada vez mais isolados. dutividade agrícola, que se diferencia de produtividade industrial. O
primeiro é a relação entre a produção realizada e a área cultivada.
Quando falamos de geografia agrária, podemos aumentar a produ-
tividade sem aumentar a área plantada.
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Esse tipo de agricultura é capitalizada, baseada em grandes - Extensiva - ovelhas de corte para a produção de carne.
investimentos. Por isso, a forma mais concreta de se falar em geo-
grafia agrária moderna é através dos famosos complexos agroindus- Tipos de criação suína
triais. Existe uma troca constante entre a indústria tecnológica e a - Extensiva - criação de porcos para a produção de banha e de
agropecuária, na qual a primeira oferece tecnologia e a outra ajuda carnes para consumo do próprio produtor. Nesse tipo de criação,
com capital. Por fim, ainda temos o sistema financeiro, responsável pouco são os cuidados técnicos e com a higiene.
por bancar toda essa cadeia produtiva. - Intensiva - porcos estabulados com cuidados científicos e mui-
ta higiene; destinados a produção de couro e carnes para indústrias
Agricultura tradicional e frigoríficos.
Ao contrário da agricultura moderna, a agricultura tradicional Os maiores rebanhos de suínos no planeta estão na China, Es-
faz uso de métodos ultrapassados e de mão de obra em larga esca- tados Unidos, Rússia e Brasil.
la. No entanto, há um caso particular, cujo o uso extenso de mão
de obra na versão moderna é necessário, que é a fruticultura. Se ti- Tipos de criação caprina
vermos uma produção agrícola de fruticultura, nos dois casos serão - Extensiva - criação de cabras para a produção de carne, mais
empregadas muita mão de obra, uma vez que certas partes dessa comum em regiões de relevo acidentados e de climas semiáridos
produção não podem ser mecanizadas, por exemplo, a colheita das ou áridos.
frutas. - Intensiva - produção estabulada de cabritos para o aproveita-
Outra diferença em relação à agricultura moderna, é que na mento da pele e da carne e de cabras fornecedoras de leite.
tradicional é necessário incorporar terras para aumentar a produ- A China, a Índia e a Itália são os grandes produtores.
ção. Então, tal tipo de é considerada de baixa produtividade e capaz
de gerar tantos impactos ambientais quanto a moderna. A agricul- Tipos de criação asinina
tura tradicional é típica dos países em desenvolvimento, o que não - Extensiva - jumentos e jegues destinados para corte ou para o
significa que não seja praticada na geografia agrária dos países de- uso na tração animal (carroças puxadas por jumentos são um exem-
senvolvidos. O mesmo ocorre com a moderna; embora seja pratica- plo de tração animal).
da mais amplamente nos países desenvolvidos, também é praticada - Intensiva - para selecionar reprodutores.
em menor escala em alguns países em desenvolvimento.
Tipos de criação equina
Pecuária - Extensiva - criação de éguas e cavalos para tração, montaria
Na pecuária, o rendimento também é avaliado para definir o ou corte.
sistema aplicado. Da mesma maneira que ocorre com a agricultura, - Intensiva - estabulada e com o propósito de selecionar e pre-
o modo de produção intensivo é direcionado para resultados ele- parar éguas e cavalos para atividades esportivas (“corrida de cava-
vados. lo” e “partidas de polo”).
A produção de gado pode ser a pasto ou em sistema de confi-
namento e a densidade de cabeças deve ser a maior possível. Muares
Para melhor desempenho da produção pecuária são avaliados Burros e bestas ou mulas originadas pelo cruzamento entre
os investimentos em: qualidade do solo, rendimento do pasto, con- equinos e asininos.
formação de carcaça (quando o gado de corte oferece maior quan-
tidade de carne), oferta de leite e genética de qualidade. Avicultura
É a criação de aves para o corte e para a produção de ovos.
Tipos de pecuária Nas áreas rurais de quase todos os países do globo são criados gali-
Denomina-se de pecuária a criação e reprodução de animais nhas e frangos, gansos, marrecos, codornas, perus e patos. O mais
com finalidades econômicas. Os animais assim criados e reproduzi- importante rebanho de aves, quantitativamente e quanto ao valor
dos são conhecidos como gado. econômico, consiste nos galináceos (frangos e galinhas).
Diversos são os tipos de gado: os bovinos, os ovinos, os suínos,
os caprinos, os asininos, os equinos e os muares. Tipos de criação galinácea
- Extensiva - destinada ao corte sendo a carne consumida pelo
Tipos de criação bovina próprio produtor ou enviada para frigoríficos com a objetivo de
- Extensiva - gado solto nas pastagens onde são criados novi- aproveitamento econômico.
lhos e engordados o “gado de corte”, bois que servem para a produ- - Intensiva - criação feita em granjas e fundamentalmente vol-
ção de carnes para mercado. tada para a produção de ovos.
- Intensiva - gado criado em estábulos, normalmente vacas
para a produção de leite. Na criação intensiva, a utilização de rações Outras atividades
adequadas e os cuidados veterinários possibilitam a inseminação Piscicultura - criação e reprodução de peixes e crustáceos em
artificial e a seleção de touros e de raças. cativeiro (no Chile, destaca-se a criação de salmão; no Brasil está
Os maiores rebanhos bovinos do mundo estão localizados na bastante difundida a criação de trutas).
Índia, nos Estados Unidos, na Rússia, no Brasil, na Austrália e na Sericicultura - criação de casulos de bichos-da-seda, ampla-
Argentina. mente praticada na Ásia (China, Japão, República da Coreia ou Co-
Um tipo de gado bovino muito produzido hoje é o búfalo, prin- reia do Sul e na República Democrática da Coreia ou Coreia do Nor-
cipalmente na Índia, na China, no Paquistão e nos Estados Unidos. te, os maiores produtores mundiais de seda).

Tipos de criação ovina


- Intensiva - criação de ovelhas para a produção de lã, principal-
mente na Austrália, na Nova Zelândia e na Rússia.

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Estrutura agrária Compra de produtos em excesso, mal acondicionamento são
A expressão estrutura agrária é usada em sentido amplo, signi- fatores que fazem com que milhões de famílias descartem quanti-
ficando a forma de acesso à propriedade da terra e à exploração da dade imensas de alimentos, sem reaproveitá-las. No futuro serão
mesma, indicando as relações entre os proprietários e os não pro- necessárias campanhas em todos os países – principalmente os ri-
prietários, a forma como as culturas se distribuem pela superfície cos – incentivando e ensinando o reaproveitamento de alimentos.
da Terra (morfologia agrária) e como a população se distribui e se Se os alimentos forem melhor manuseados e aproveitados, haverá
relaciona aos meios de transportes e comunicações (habitat rural). comida para todos.
A estrutura agrária são as características do espaço que são:
Estrutura fundiária- concentração de terras(muitas terras pouco uti- Globalização e sua influencia na economia
lizada) Produção agrícola- exportação no caso do Brasil Relações de Acima já falamos um pouco sobre o conceito da globalização,
trabalho- mão de obra , máquinas fazendo o trabalho que um dia então aqui, falaremos sobre o papel da globalização na economia.
foi feito pelo homem Ao longo do século XX, a globalização do capital foi conduzindo
à globalização da informação e dos padrões culturais e de consumo.
A Fome no mundo – Produção, distribuição e consumo de ali- Isso deveu-se não apenas ao progresso tecnológico, intrínseco à Re-
mentos volução Industrial, mas - e sobretudo - ao imperativo dos negócios.
Em várias partes do mundo persistem os problemas de saúde A tremenda crise de 1929 teve tamanha amplitude justamente por
ligados à falta de alimentos. Segundo a Organização Mundial de ser resultado de um mundo globalizado, ou seja, ocidentalizado,
Saúde (OMS) a subnutrição ainda é causa indireta de cerca de 30% face à expansão do Capitalismo. E o papel da informação mundia-
das mortes de crianças no mundo. Afetando o desenvolvimento fí- lizada foi decisivo na mundialização do pânico. Ao entrarmos nos
sico e mental de milhões de crianças, a subalimentação também anos 80/90, o Capitalismo, definitivamente hegemônico com a ru-
compromete seu desenvolvimento intelectual e profissional, dimi- ína do chamado Socialismo Real, ingressou na etapa de sua total
nuindo o número de cidadãos preparados para contribuir com o euforia triunfalista, sob o rótulo de Neo-Liberalismo. Tais são os
desenvolvimento de seus países. nossos tempos de palavras perfumadas: reengenharia, privatização,
Este é o ciclo vicioso a que são condenadas regiões pobres em economia de mercado, modernidade e - metáfora do imperialismo
todo o mundo: falta de acesso a alimentos gera subnutrição. Esta - globalização.
prejudica o desenvolvimento intelectual e profissional de parte A classe trabalhadora, debilitada por causa do desemprego,
da população. Na falta de cidadãos preparados, o crescimento da resultante do maciço investimento tecnológico, ou está jogada no
economia fica comprometido e desta forma não geram-se menos desamparo , ou foi absorvida pelo setor de serviços, uma econo-
recursos para produzir ou comprar alimentos para toda a população mia fluida e que não permite a formação de uma consciência de
– principalmente aquela mais necessitada. Por isso, é preciso que os classe. O desemprego e o sucateamento das conquistas sociais de
países detentores de tecnologia agrícola desenvolvida atuem nes- outros tempos, duramente obtidas, geram a insegurança coletiva
tes países na transferência de conhecimentos. com todas as suas mazelas, em particular, o sentimento de impo-
A fome ainda presente no século XXI não é por falta de alimen- tência, a violência, a tribalização e as alienações de fundo místico
tos. A produção mundial de comida é suficiente para abastecer os ou similares. No momento presente, inexistem abordagens racio-
atuais 7,3 bilhões de habitantes da Terra. Se parte da população nais e projetos alternativos para as misérias sociais, o que alimenta
dos países menos desenvolvidos não tem acesso a quantidades su- irracionalismos à solta.
ficientes de comida, isto se deve a fatores como insuficiente pro- A informação mundializada de nossos dias não é exatamente
dução local; falta de recursos do país para adquirir alimentos no troca: é a sutil imposição da hegemonia ideológica das elites. Cria
mercado internacional; e elevação dos preços internacionais devido a aparência de semelhança num mundo heterogêneo - em qual-
a ações especulativas, entre outros. quer lugar, vemos o mesmo McDonald`s, o mesmo Ford Motors, a
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricul- mesma Mitsubishi, a mesma Shell, a mesma Siemens. A mesma in-
tura (FAO) alerta que a população mundial deverá atingir 9 bilhões formação para fabricar os mesmos informados. Massificação da in-
em 2050, o que incrementará a procura por alimentos. Segundo os formação na era do consumo seletivo. Via informação, as elites (por
especialistas, para fazer frente a esta demanda, o mundo deverá que não dizer: classes dominantes?) controlam os negócios, fixam
atacar este problema em três frentes principais. Primeiro, aumentar regras civilizadas para suas competições e concorrências e vendem
a produção de produtos agrícolas, sem comprometer os recursos a imagem de um mundo antisséptico, eficiente e envernizado.
naturais, não avançando sobre áreas de vegetação natural. Isto sig- A alta tecnologia, que deveria servir à felicidade coletiva, está
nifica que o Brasil, por exemplo, precisará investir muito mais em servindo a exclusão da maioria. Assim, não adianta muito exaltar as
pesquisa e tecnologia – o que em parte já vem fazendo – para obter conquistas tecnológicas crescentes - importa questionar a que - e a
uma melhor produtividade das áreas agrícolas já existentes. quem - elas servem. A informação global é a manipulação da infor-
O segundo aspecto a ser considerado é a melhoria dos sistemas mação para servir aos que controlam a economia global. E controle
de armazenagem e distribuição das colheitas. Dados apontam que é dominação. Paralelamente à exclusão social, temos o individualis-
cerca de 30% dos produtos agrícolas mundiais são perdidos entre o mo narcisístico, a ideologia da humanidade descartável, o que favo-
campo e o ponto de venda do produto. Será necessário, na maioria rece a cultura do efêmero, do transitório - da moda.
dos países produtores, construir mais silos e armazéns, ampliar a De resto, se o trabalho foi tornado desimportante no imagi-
rede rodoviária, ferroviária e ampliar e modernizar as instalações nário social, ofuscado pelo brilho da tecnologia e das propagandas
portuárias. que escondem o trabalho social detrás de um produto lustroso,
A última providência sugerida pelos estudiosos é reduzir a pronto para ser consumido, nada mais lógico que desvalorizar o
perda de alimentos nos pontos de venda e entre os consumidores. trabalhador - e, por extensão, a própria condição humana. Ou será
Segundo um relatório elaborado pela FAO, depois de comprados, possível desligar trabalho e humanidade? É a serviço do interesse
aproximadamente 50% dos alimentos são jogados fora, tanto na Eu- de minorias que está a globalização da informação.
ropa quanto nos Estados Unidos. No Brasil aproxima 70.000 tonela- Ela difunde modas e beneficia o consumo rápido do descartá-
das (aproximadamente 2.800 carretas) de alimentos acabam no lixo vel - e o modismo frenético e desenfreado é imperativo às grandes
a cada ano no Brasil. empresas, nesta época pós- keynesiana, em que, ao consumo de
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massas, sucedeu a ênfase no consumo seletivo de bens descartá- Essas estratégias são na verdade cada vez mais excludentes. O
veis. Cumpre à informação globalizada vender a legitimidade de raio de ação das transnacionais se concentra na órbita dos países
tudo isso, impondo padrões uniformes de cultura, valores e com- desenvolvidos e alguns poucos países periféricos que alcançaram
portamentos - até no ser “diferente” (diferente na aparência para certo estágio de desenvolvimento. No entanto, o caráter setorial e
continuar igual no fundo). Por suposto, os padrões de consumo e diferenciado dessa inserção tem implicado, por um lado, na consti-
alienação, devidamente estandartizados, servem ao tédio do urba- tuição de ilhas de excelência conectadas às empresas transnacio-
nóide pós-moderno. nais e, por outro lado, na desindustrialização e o sucateamento de
Nunca fomos tão informados. Mas nunca a informação foi tão grande parte do parque industrial constituído no período anterior
direcionada e controlada. A multiplicidade estonteante de informa- por meio da substituição de importações.
ções oculta a realidade de sua monotonia essencial - a democrati- As estratégias globais das transnacionais estão sustentadas no
zação da informação é aparente, tal como a variedade. No fundo, aumento de produtividade possibilitado pelas novas tecnologias e
tudo igual. Estamos - e tal é a pergunta principal - melhor informa- métodos de gestão da produção. Tais estratégias envolvem igual-
dos? Controlada pelas elites que conhecemos, a informação globa- mente investimentos externos diretos realizados pelas transnacio-
lizada é instrumento de domesticação social. nais e pelos governos dos seus países de origem. A partir de 1985
esses investimentos praticamente triplicaram e vêm crescendo em
Principais tendências da globalização ritmos mais acelerados do que o comércio e a economia mundial.
A crescente hegemonia do capital financeiro Por meio desses investimentos as transnacionais operam pro-
O crescimento do sistema financeiro internacional constitui cessos de aquisição, fusão e terceirização segundo suas estratégias
uma das principais características da globalização. Um volume cres- de controle do mercado e da produção. A maior parte desses fluxos
cente de capital acumulado é destinado à especulação propiciada de investimentos permanece concentrada nos países avançados,
pela desregulamentação dos mercados financeiros. embora venha crescendo a participação dos países em desenvolvi-
Nos últimos quinze anos o crescimento da esfera financeira foi mento nos últimos cinco anos. A China e outros países asiáticos, são
superior aos índices de crescimento dos investimentos, do PIB e do os principais receptores dos investimentos direitos.
comércio exterior dos países desenvolvidos. Isto significa que, num O Brasil ocupa o segundo lugar dessa lista, onde destacam-se
contexto de desemprego crescente, miséria e exclusão social, um os investimentos para aquisição de empresas privadas brasileiras
volume cada vez maior do capital produtivo é destinado à especu- (COFAP, Metal Leve etc.) e nos programas de privatização, em parti-
lação. cular nos setores de infraestrutura.
O setor financeiro passou a gozar de grande autonomia em re-
lação aos bancos centrais e instituições oficiais, ampliando o seu Liberalização e Regionalização do Comércio
controle sobre o setor produtivo. Fundos de pensão e de seguros O perfil altamente concentrado do comércio internacional tam-
passaram a operar nesses mercados sem a intermediação das insti- bém é indicativo do caráter excludente da globalização econômica.
tuições financeiras oficiais. Cerca de 1/3 do comércio mundial é realizado entre as matrizes e
O avanço das telecomunicações e da informática aumentou a filiais das empresas transnacionais e 1/3 entre as próprias trans-
capacidade dos investidores realizarem transações em nível global. nacionais. Os acordos concluídos na Rodada Uruguai do GATT e a
Cerca de 1,5 trilhões de dólares percorre as principais praças finan- criação da OMC mostraram que a liberação do comércio não resul-
ceiras do planeta nas 24 horas do dia. Isso corresponde ao volume tou no seu equilíbrio, estando cada vez mais concentrado entre os
do comércio internacional em um ano. países desenvolvidos.
Da noite para o dia esses capitais voláteis podem fugir de um A dinâmica do comércio no Mercosul traduz essa tendência. Na
país para outro, produzindo imensos desequilíbrios financeiros e realidade a integração do comércio nessa região, a exemplo do que
instabilidade política. A crise mexicana de 94/95 revelou as conse- ocorre com o Nafta e do que se planeja para a Alca em escala conti-
qüências da desregulamentação financeira para os chamados mer- nental, tem favorecido, sobretudo a atuação das empresas transna-
cados emergentes. Foram necessários empréstimos da ordem de cionais, que constituem o carro chefe da regionalização.
38 bilhões de dólares para que os EUA e o FMI evitassem a falência O aumento do comércio entre os países do Mercosul nos últi-
do Estado mexicano e o início de uma crise em cadeia do sistema mos cinco anos foi da ordem de mais de 10 bilhões de dólares. Isto
financeiro internacional. se deve em grande parte às facilidades que os produtos e as empre-
Ao sair em socorro dos especuladores, o governo dos Estados sas transnacionais passaram a gozar com a eliminação das barreiras
Unidos demonstrou quem são os seus verdadeiros parceiros no tarifárias no regime de união aduaneira incompleta que caracteriza
Nafta. Sob a forma da recessão, do desemprego e do arrocho dos o atual estágio do Mercosul.
salários, os trabalhadores mexicanos prosseguem pagando a conta No mesmo período, o Mercosul acumulou um déficit de mais
dessa aventura. Nos períodos “normais” a transferência de riquezas de 5 bilhões de dólares no seu comércio exterior. Este resultado re-
para o setor financeiro se dá por meio do serviço da dívida públi- flete as consequências negativas das políticas nacionais de estabili-
ca, através da qual uma parte substancial dos orçamentos públicos zação monetária ancoradas na valorização do câmbio e na abertura
são destinados para o pagamento das dívidas contraídas junto aos indiscriminada do comércio externo praticadas pelos governos FHC
especuladores. O governo FHC destinou para o pagamento de juros e Menem. O empenho das centrais sindicais para garantir os direi-
da dívida pública um pouco mais de 20 bilhões de dólares em 96. tos sociais no interior desses mercados tem encontrado enormes
resistências. As propostas do sindicalismo de adoção de uma Carta
Novo Papel das Empresas Transnacionais Social do Mercosul, de democratização dos fóruns de decisão, de
As empresas transnacionais constituem o carro chefe da glo- fundos de reconversão produtiva e de qualificação profissional têm
balização. Essas empresas possuem atualmente um grau de liber- sido rechaçadas pelos governos e empresas transnacionais.
dade inédito, que se manifesta na mobilidade do capital industrial, A liberalização do comércio e a abertura dos mercados nacio-
nos deslocamentos, na terceirização e nas operações de aquisições nais têm produzido o acirramento da concorrência. A super explo-
e fusões. A globalização remove as barreiras à livre circulação do ração do trabalho é cada vez mais um instrumento dessa disputa. O
capital, que hoje se encontra em condições de definir estratégias trabalho infantil e o trabalho escravo são utilizados como vantagens
globais para a sua acumulação. comparativas na guerra comercial.
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Essa prática, conhecida como dumping (rebaixamento) social, No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capitalismo mos-
consiste precisamente na violação de direitos fundamentais, utili- traram que o papel do Estado não se apagou, como pensavam al-
zando a superexploração dos trabalhadores como vantagem com- guns, pelo contrário, em momentos de crise financeira, o Estado é
parativa na luta pela conquista de melhores posições no mercado chamado a ajudar as empresas em dificuldade econômica. Portan-
mundial. Nesse contexto, as conquistas sindicais são apresentadas to, o papel do Estado no contexto de globalização reestruturou-se,
pelas empresas como um custo adicional que precisa ser eliminado passando este a atuar como um salvador dos excessos e econômi-
(“custo Brasil”, “custo Alemanha” etc.). cos promovidos pelas empresas nacionais ou internacionais, con-
trolando taxas de juros, câmbios, manutenção de subsídios em se-
Blocos econômicos e comércio mundial. tores estratégicos, bem como fiscalizando, direta e indiretamente,
As transformações econômicas mundiais ocorridas nas últimas os recursos energéticos.
décadas, sobretudo no pós segunda guerra mundial, são funda-
mentais para entendermos as dinâmicas de poder estabelecidas A Formação dos Blocos Econômicos
pelo grande capital e, também, pelas grandes corporações trans- O surgimento dos blocos econômicos coincide com a mudança
nacionais. Além delas, não podemos deixar de mencionar a impor- exercida pelo Estado. Em um primeiro momento, a ideia dos blocos
tância crescente das instituições supranacionais, que atuam como econômicos era de diminuir a influência do Estado na economia e
verdadeiros agentes neste jogo de interesses, como por exemplo, o comércio mundiais. Mas, a formação destas organizações suprana-
Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, entre ou- cionais fez com que o estado passasse a garantir a paz e o cresci-
tros. mento em períodos de grave crise econômica. Assim, a iniciativa
de maior sucesso até hoje foi a experiência vivida pelos europeus.
A União Europeia iniciou-se como uma simples entidade eco-
nômica setorial, a chamada CECA (Comunidade Europeia do Carvão
e do Aço, surgida em 1951) e depois, expandiu-se por toda a econo-
mia como “Comunidade Econômica Europeia” até atingir a confor-
mação atual, que extrapola as questões econômicas perpassando
por aspectos políticos e culturais.
Além da União Europeia, podemos citar o NAFTA (North Ameri-
can Free Trade Agreement, surgido em 1993); o Mercosul (Mercado
Comum do Sul, surgido em 1991); o Pacto Andino; a SADC (Comu-
nidade de Desenvolvimento da África Austral, surgida em 1992),
entre outros. A busca pela ampliação destes blocos econômicos
mostra que o jogo de poder exercido pelas nações tenta garantir as
áreas de influência das mesmas, controlando mercados e estabele-
Nova York, uma das cidades mais globalizadas do mundo (Foto: cendo parcerias com nações que despertem o interesse dos blocos
Wikimedia Commons) econômicos.
Além disso, o jogo de poder também está presente interna-
O cenário que se afigura com a chegada destes novos agentes mente aos blocos, ou seja, existem países líderes dentro do bloco,
econômicos é imprescindível para compreendermos o significado que acabam submetendo os outros países do acordo aos seus inte-
da chamada globalização econômica. Esta tem como características: resses. Assim, nem sempre a constituição de um bloco econômico é
-A ruptura de fronteiras, ou seja, tal ruptura é atribuída à dinâ- benéfica a todos os membros; por exemplo, a constituição do NAF-
mica do capital, que circula livremente pelo globo, sem respeitar a TA (México, Canadá e EUA) fez com que a frágil economia mexicana
delimitação de fronteiras territoriais; aumentasse ainda mais sua dependência em relação aos EUA, o Ca-
-Perda da soberania local, ou seja, países, estados e cidades nadá, por sua vez, passou a ser considerado uma extensão dos EUA,
tem que se submeter à lógica do capital para conseguir gerar lucro dada sua subordinação à economia de seu vizinho.
em seus orçamentos;
-Expansão da dinâmica do capital, fato que se relaciona à rup- Divisão internacional de Trabalho
tura de fronteiras, ou seja, o capital se dirige agora também à pe- Recebe o nome de Divisão internacional de Trabalho (DIT), a
riferia do capitalismo, uma vez que as transnacionais compreende- prática de repartir as atividades e serviços entre os inúmeros países
ram que a exploração (no sentido de explorar a força de trabalho do mundo. Trata-se de uma divisão produtiva em âmbito interna-
diretamente) dos países subdesenvolvidos promoveria grandes cional, onde os países emergentes ou em desenvolvimento, expor-
lucros para estes. tadores de matéria-prima, com mão-de-obra barata e de industria-
Com o crescimento expressivo da atuação do capital em nível lização quase sempre tardia, oferecem aos países industrializados,
mundial, chegou-se a questionar o papel do Estado, isto é, o Esta- economicamente mais fortes, um leque de benefícios e incentivos
do seria de fato um agente importante neste processo ou atuaria para a instalação de indústrias, tais como a isenção parcial ou total
como um impeditivo para a livre circulação do capital, uma vez que de impostos, mão-de-obra abundante, leis ambientais frágeis, entre
poderia criar regras ou leis que inviabilizariam a livre circulação do outras facilidades.
capital? Segundo este raciocínio, as transnacionais estariam coman- Um dos principais conceitos da DIT é que nenhum país conse-
dando a dinâmica econômica mundial em detrimento dos Estados. gue ser competitivo em todos os setores, e de fato, acabam por se
Vale destacar que muitas empresas transnacionais passaram a de- direcionar suas economias. No fundo, o objetivo é o mesmo da divi-
sempenhar papéis que antes eram oferecidos pelo Estado, como são de tarefas numa fábrica, o de gerar um elevado grau de especia-
serviços ligados à infraestrutura básica (exemplo: transporte e sa- lização para que a produção seja mais eficiente, exatamente como
neamento básico). Adam Smith em sua Riqueza das Nações já afirmava no século XVIII.

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O processo de DIT se expandiu na mesma proporção do capi- Por outro lado, apesar da massificação, vemos que essas co-
talismo no mundo moderno, expressando as diferentes fases da munidades culturais locais são capazes de se apropriar de partes da
evolução histórica do capitalismo, desde a ligação entre metrópo- cultura americana, transformando-as em uma algo novo e diferente
les e colônias, chegando às relações em que países desenvolvidos do original. No Brasil, o funk e rap são um exemplo claro dessa pos-
se agregam aos subdesenvolvidos. A é geralmente dividida em três sibilidade.
fases, obedecendo à dinâmica econômica e política do período his- Outros processos importantes que influenciam no surgimento
tórico em que elas existiram. das sociedades multiculturais, são as lutas pela independência que
A primeira DIT corresponde ao final do século XV e ao longo do ocorrem nas colônias europeias da segunda metade do século XX,
século XVI, no qual o capitalismo estava em fase inicial, chamada especialmente na África e na Ásia. O cenário pós-colonizal gera um
de capitalismo comercial. Era caracterizado pela produção manual processo de resgate das culturas tradicionais locais e, ao mesmo
a partir da extração de matérias-primas e acúmulo de minérios e tempo, pela ligação histórica, desencadeia um movimento migra-
metais preciosos por parte das nações (metalismo). tório para os países colonizadores. Também os conflitos de ordem
A segunda DIT ocorre no século XVI, mas principalmente a par- étnica, religiosa e política, além das deficiências econômicas, são
tir do século XVII, com a Primeira e a Segunda Revolução Indus- fatores que aumentam o fluxo migratório. Incentivado por tudo isso
trial. As colônias e os países subdesenvolvidos passaram a fornecer
e pelo próprio cenário criado pela globalização, esse movimento
também produtos agrícolas, assim como vários tipos de minerais e
migratório transforma de modo profundo as nações que receberam
especiarias.
os imigrantes, colocando em cheque a capacidade dos estados mo-
Finalmente, a terceira DIT ou “Nova DIT” surge no século XX,
dernos de gerirem sua nova configuração multicultural.
com a revolução técnico-científica-informacional e a consolidação
do capitalismo financeiro, que permite a expansão das grandes Alguns países democráticos têm buscado promover a aceitação
multinacionais pelo mundo. Nesse período, os países subdesenvol- e incorporação de culturas diferentes em seus territórios, valorizan-
vidos iniciam seus processos tardios de industrialização, entre eles o do a possibilidade de se constituírem enquanto nações pluriétnicas.
Brasil. Tal acontecimento foi possível graças à abertura do mercado No entanto, em outros países, a negação de direitos sociais e a per-
financeiro desses países e pela instalação de empresas multinacio- seguição de minorias culturais são práticas oficiais. Muitas vezes,
nais ou globais, oriundas, quase sempre, de países desenvolvidos. ainda que exista uma política multiculturalista oficial, a perseguição
Uma das críticas à DIT é que seu processo se dá de maneira é praticada por pessoas comuns, inflamadas por um sentimento de
desigual, onde os países industrializados costumam levar vanta- nacionalismo e rejeição ao outro. Os ataques violentos organizados
gem no comércio global. Além disso, as empresas transnacionais por civis aos abrigos de refugiados de origem árabe na Alemanha
buscam seus próprios interesses, sem considerar as consequências são um exemplo disso.
sociais, econômicas e ambientais nos países onde suas filiais estão O multiculturalismo emerge a partir das reivindicações de mi-
instaladas. norias étnicas que sofrem de opressão histórica em seus territó-
rios, como os negros e as populações indígenas por todo continen-
te americano, incluindo o Brasil. O debate em torno desse tema é
MULTICULTURALIDADE, PLURALIDADE E DIVERSIDADE muito importante e traz à tona a forma como lidamos, enquanto
CULTURAL sociedade, com as diferenças étnicas, culturais e religiosas que nos
cercam.

Entende-se por multiculturalismo tanto os estudos acadêmicos Como acontece esta diversidade cultural?
quanto as políticas institucionais que se desenvolvem em torno das A diversidade cultural num certo local acontece quando pes-
questões trazidas pela emergência das sociedades multiculturais. soas de culturas distintas são obrigadas a relacionar-se e a convi-
Uma sociedade multicultural é aquela que, em um mesmo territó- verem. Este fenômeno deve-se à imigração, que leva à criação de
rio, abriga povos de origens culturais distintas entre si. As relações grupos sociais distintos nos países acolhedores. Estes grupos são
entre esses grupos podem ser aceitação e tolerância ou de conflito muitas vezes marginalizados pelos habitantes do país acolhedor, o
e rejeição. Isso vai depender da história da sociedade em questão,
que leva os imigrantes a isolarem-se, o que geralmente origina o
das políticas públicas propostas pelo Estado e, principalmente, do
racismo e outras formas de recusa.
modo específico como a cultura dominante do território é imposta
ou se impõem para todas as outras. A convivência entre culturas
Aspectos positivos e negativos da Multiculturalidade
diferentes não é uma questão nova, mas que se se intensificou nos
últimos anos devido a acontecimentos marcantes. Aspectos positivos: a Multiculturalidade leva à relação de vá-
Não é possível entender o multiculturalismo fora do contexto rias pessoas diferentes, ou seja, ao contato de várias culturas dife-
do fenômeno da globalização. O desenvolvimento acelerado dos rentes e isso pode ser tomado como um aspecto positivo na medida
meios de transporte e das tecnologias de comunicação aproxima- do enriquecimento pessoal de cada pessoa.
ram diferentes regiões do mundo, criando redes industriais e finan- Aspectos negativos: existem culturas preconceituosas relativa-
ceiras complexas e uma economia multinacional, interdependente mente a outros tipos de culturas o que pode gerar conflitos entre
e insubmissa às fronteiras nacionais. Com o fim da Guerra Fria, os os povos.
Estados Unidos passam a hegemonizar culturalmente todo o plane-
ta. Seus produtos, filmes, músicas e formas de ver as coisas se es- O que é Pluralidade:
palham globalmente gerando o que se chama de “americanização” Pluralidade é um substantivo feminino da língua portuguesa
do mundo. Frente a esse fenômeno de hegemonização dos padrões que significa algo que possui em grande quantidade, o mais amplo,
culturais globais, as culturas tradicionais se fortaleceram, reagindo geral e múltiplo.
contra a massificação dos modos de ser. A pluralidade está relacionada com a diversidade de coisas ou
pessoas reunidas em um mesmo espaço físico. Também pode signi-
ficar as diversas hipóteses disponíveis para solucionar determinada
situação (pluralidade de alternativas).
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O termo é usado para demonstrar algo que estar em maior regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz car-
quantidade, quando são muitos ou vários. Exemplo: pluralidade de reteiro, arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamonha,
votos, pluralidade de moedas e etc. angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, dourado,
entre outros.
Pluralidade cultural
A pluralidade cultural está relacionada com a multiculturalida- Região Sudeste
de de uma nação, ou seja, quando encontram-se reunidos em um Os principais elementos da cultura regional são: festa do divi-
mesmo espaço vários tipos de manifestações culturas e tradições no, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalha-
diferentes. das, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos,
No Brasil, devido a sua “multi-colonização”, formou-se uma batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.
pluralidade de culturas vindas de praticamente todas as partes do A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte
mundo. influência do índio, do escravo e dos diversos imigrantes europeus
A pluralidade cultural de um país é caracterizada pela aceitação e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam a moqueca capixaba,
da sua diversidade cultural. Em um país monocultural, por exemplo, pão de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito,
existem restrições quanto a liberdade de expressão das culturas e bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista,
tradições estrangeiras, sendo até mesmo consideradas alvos de farofa, pizza, etc.
perseguições.
Região Sul
Diversidade cultural O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses,
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. As festas típicas
uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culiná- são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também in-
ria, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O tegram a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a ti-
Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climá- rana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos
ticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões. Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colo- vara. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão,
nizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em uma
Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, polo-
panela de barro), vinho.
neses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultu-
ral do Brasil.
Nesse contexto, alguns aspectos culturais das regiões brasilei- TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: CON-
ras serão abordados. CEITOS, EFEITOS E IMPLICAÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS,
POLÍTICAS E CULTURAIS
Região Nordeste
Entre as manifestações culturais da região estão danças e fes-
tas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciran-
da, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode ser defi-
capoeira. Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá e nida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de for-
a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro ma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representa- mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no
do pelos trabalhos de rendas. Os pratos típicos são: carne de sol, comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade),
peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação
cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na
de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, ta- Educação a Distância).
pioca, pé de moleque, entre tantos outros. O desenvolvimento de hardwares e softwares garante a ope-
racionalização da comunicação e dos processos decorrentes em
Região Norte meios virtuais. No entanto, foi a popularização da internet que po-
A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas tencializou o uso das TICs em diversos campos.
maiores festas populares do Norte são o Círio de Nazaré, em Belém Através da internet, novos sistemas de comunicação e informa-
(PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá ção foram criados, formando uma verdadeira rede. Criações como
do país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros elementos cul- o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda de grupo online, comunidades
turais da região Norte são: o carimbó, o congo ou congada, a folia virtuais, web cam, entre outros, revolucionaram os relacionamen-
de reis e a festa do divino. tos humanos.
A influência indígena é fortíssima na culinária do Norte, base- Através do trabalho colaborativo, profissionais distantes geo-
ada na mandioca e em peixes. Outros alimentos típicos do povo graficamente trabalham em equipe. O intercâmbio de informações
nortista são: carne de sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá gera novos conhecimentos e competências entre os profissionais.
(espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de erva), Novas formas de integração das TICs são criadas. Uma das áre-
camarão seco e pimenta-de-cheiro. as mais favorecidas com as TICs é a educacional. Na educação pre-
sencial, as TICs são vistas como potencializadoras dos processos de
Região Centro-Oeste ensino – aprendizagem. Além disso, a tecnologia traz a possibilida-
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, re- de de maior desenvolvimento – aprendizagem - comunicação entre
cebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, as pessoas com necessidades educacionais especiais.
mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações cul- As TICs representam ainda um avanço na educação a distância.
turais típicas da região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de Goi- Com a criação de ambientes virtuais de aprendizagem, os alunos
ás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária têm a possibilidade de se relacionar, trocando informações e expe-
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riências. Os professores e/ou tutores tem a possibilidade de realizar Além disso, softwares de auditoria e gestão telefônica são fru-
trabalhos em grupos, debates, fóruns, dentre outras formas de tor- tos de um trabalho conjunto entre a tecnologia da informação e o
nar a aprendizagem mais significativa. Nesse sentido, a gestão do setor de telecomunicações e trazem bons resultados às empresas,
próprio conhecimento depende da infraestrutura e da vontade de especialmente no que diz respeito a um controle maior do uso do
cada indivíduo. telefone em ambientes corporativos.
A democratização da informação, aliada a inclusão digital, pode Quais são os impactos econômicos e sociais dessa tendência
se tornar um marco dessa civilização. Contudo, é necessário que se de mercado?
diferencie informação de conhecimento. Sem dúvida, vivemos na Para finalizar o post de hoje, não podemos deixar de abordar
Era da Informação. os impactos positivos que a tecnologia da informação e comunica-
ção gera. É possível perceber que a sociedade de modo geral evolui
Por que ela é tão importante nos dias atuais? bastante com a utilização dessas ferramentas.
Não é novidade que a internet revolucionou a maneira como o Do ponto de vista econômico, ressalta-se que os lucros empre-
homem lida com diversos aspectos de seu cotidiano, exercendo um sariais se ampliam e o mercado como um todo tende a evoluir. Com
forte impacto sobre os meios de comunicação. Antes dela, a comu- tantos recursos sendo aplicados, é natural que as empresas cres-
nicação — seja empresarial, seja pessoal — era feita basicamente çam de maneira saudável.
pelo telefone, telegrama e cartas. Ademais, tais tecnologias contribuem para o estabelecimento
Com a popularização da internet, potencializou-se o uso das de uma concorrência mais qualificada. Os empreendimentos con-
seguem modernizar seus produtos e serviços, sendo, portanto, o
TICs em diversas áreas. Diversos recursos e ferramentas foram cria-
consumidor final um dos maiores beneficiários.
dos e isso transformou-se em uma grande rede mundial. Afinal, não
Os impactos sociais também são evidentes. Afinal, não há como
restam dúvidas de que o e-mail, chats, fóruns, redes sociais, mensa-
negar que a sociedade passa a ter acesso a ferramentas que têm a
gens instantâneas e webcam modificaram profundamente o nosso
capacidade de tornarem o seu dia a dia mais eficiente e confortável.
modo de interagir com o mundo. A TIC entrega aos indivíduos uma série de recursos que permi-
Portanto, a tecnologia da informação e comunicação é, de fato, tem uma melhor comunicação entre as pessoas, diminuindo bar-
um grande avanço. Trata-se de uma tendência que desempenha um reiras geográficas e levando mais informação e interação a diversos
papel fundamental para o desenvolvimento empresarial, permitin- cantos do planeta.
do que pessoas trabalhem remotamente e troquem informações Dessa forma, é possível concluir que a tecnologia da informa-
mesmo estando geograficamente separadas. ção e comunicação gera impactos econômicos e sociais positivos
ao transformar o modo como a comunicação é desenvolvida, com
Quais são as vantagens proporcionadas pela TIC? a utilização constante de tecnologias e recursos cada vez mais mo-
Conforme dissemos, inúmeros setores da sociedade podem dernos e eficientes.
desfrutar os avanços proporcionados pela TIC. Mas é preciso enfa- Como você pode perceber ao longo desse post, a tecnologia da
tizar o quanto ela contribui para a melhoria das empresas e da área informação e comunicação, apesar de ser um conceito ainda pou-
de educação. co difundido, já faz parte de nosso cotidiano. É possível desfrutar
de seus benefícios dentro do ambiente empresarial e também em
Proporciona mais integração no cotidiano corporativo nosso dia a dia, seja em nossas relações sociais, seja no processo de
Uma das vantagens mais expressivas da tecnologia da informa- aprendizagem.
ção e comunicação é, sem dúvidas, a maior integração que ela traz
ao ambiente corporativo. Transformações sociais na contemporaneidade
Ferramentas como a videoconferência e as mensagens instan- Cidadania como elemento de mudança social
tâneas proporcionaram mais mobilidade corporativa, transforma- A luta por direitos pode ser considerada uma das principais
ram a comunicação empresarial e permitiram que diversos funcio- engrenagens da história, no decorrer das civilizações os detentores
nários troquem ideias e informações, mesmo estando em locais e os desprovidos vivem em relações complexas geralmente ligadas
diferentes. a questões de poder. Liberdade, democracia, propriedade, muitos
são os objetivos de cada grupo, que invariavelmente se chocam,
Aprimora os processos de aprendizagem dando início a mudanças históricas profundas e alterando com
maior ou menor impacto diversos aspectos da vida humana.
No que diz respeito à educação, resta claro que a inclusão de
A cidadania pode então ser percebida como a busca do indiví-
computadores e diversos aplicativos voltados para esse segmento
duo e da sociedade pelos direitos que outros grupos já gozam ou
aprimoram o processo de aprendizagem e facilitam que a educação
por reivindicações em dissonância com a tradição vigente. De acor-
chegue a todos os indivíduos, inclusive por meio da inclusão digital.
do com a percepção mais comum ela também é vista sob o clássico
Nesse cenário, as videoaulas e os cursos a distância (EAD) aspecto de direitos e deveres do cidadão para com o Estado. Essa
foram um grande avanço para a educação, levando informação a percepção apesar de reducionista é válida, pois é justamente a polí-
qualquer lugar que tenha acesso à internet. tica o instrumento mais comum e eficaz para a mudança social. Não
atoa essas mudanças virão no bojo de grandes revoluções.
Contribui para a redução de custos empresariais O conceito moderno de cidadania foi forjado entre os séculos
A tecnologia é, sem dúvidas, uma grande aliada do empreende- XVII e XIX, no decorrer da Revolução Gloriosa (1688-1689), da Re-
dor contemporâneo. Seja qual for o seu porte e ramo de atuação, é volução Americana (1776) e da Revolução Francesa (1789-1799). Os
possível reduzir custos operacionais com o uso de recursos trazidos três acontecimentos foram movidos por uma classe em ascensão
pelas TICs. no Ocidente, a burguesia, que dentro da sociedade capitalista pos-
Podemos citar como exemplo as alternativas ao uso do telefo- suía aquilo de mais importante, a propriedade privada dos meios
ne. A tecnologia conhecida como VoIP utiliza a internet para realizar de produção. Em todos os casos o alvo fora a nobreza (interna
as chamadas e, assim, reduz consideravelmente o custo da conta de ou externa como no caso americano), a casta social mais elevada
telefone empresarial. e com maior número de privilégios, sem contar as animosidades
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existentes também com o clero, que em determinados momentos e se associará a desvinculação do indivíduo à comunidade social tra-
lugares, como a França pré-revolucionária, mantinha grande poder dicional. Segundo Scheer, a nova democracia já não necessitará da
e influência nas decisões políticas. afirmação do voto eleitoral para exprimir a sua vontade política,
Ao alijar a classe burguesa de direitos políticos os nobres ti- mas apenas da ‘enunciação por parte de cada um das narrativas
veram decisivos reveses, amargando o início da crise política do das quais é portador, sem necessidade de canalização ou de con-
Antigo Regime. Não é coincidência que o primeiro monarca a cair formação dos sinais postos assim em circulação’. (SCHEER, 1997,
foi justamente o da Inglaterra, local onde a classe em ascensão en- p.44 apud GARCIA, 2004, p. 121)
frentara a monarquia e vencera, impondo aos nobres um papel de
menor importância frente ao parlamento, foi também o primeiro Segundo os autores, a percepção sobre democracia provavel-
país onde aconteceu a Revolução Industrial (XVIII – XIX), evento que mente estará diretamente ligada ao tipo de tecnologia em voga e
possibilitou a burguesia a se tornar a classe social dominante. as alterações que essa trará nas relações sociais. Com as novidades
A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, foi tecnológicas sendo alteradas constantemente é de se esperar que
a resposta da burguesia francesa para com a estrutura social de seu os conceitos de democracia e cidadania, além da habitual caracte-
país, sendo impregnada de ideais iluministas e influenciada pela Re- rística fluída, passem por mudanças de maneira mais constante e
volução Americana. acelerada. Os processos de virtualização da informação e da opi-
Como esperado a classe privilegiada reagiu à altura dos acon- nião afetam diretamente os alicerces das relações de poder entre
tecimentos, criando a chamada Santa Aliança durante o Congresso Estado, elite e minorias, possibilitando novas formas de romper
de Viena, um grupo internacional que reuniu monarquias europeias com a tradição e conquistar direitos há muito negados.
comprometidas na defesa do Antigo Regime, logo após a queda de A desassociação entre democracia e voto preconizada por
Napoleão. Scheer, e hoje visível, é um sintoma da crise política de represen-
A disputa entre as classes dominantes continuaria ao longo do tatividade da qual não apenas o Brasil sofre, mas também grande
XIX, porém, a ideia de igualdade e liberdade também se mostrava parte do mundo. O Parlamento brasileiro na atualidade é fortemen-
tentadora para as classes ainda desfavorecidas, camponeses e pro- te influenciado por grupos que defendem interesses privados, que
letários logo também entrariam para os livros de história, buscan- parecem não estar preocupados em legislar em prol de um coletivo.
do eles mesmos o reconhecimento e a influência que a burguesia Frentes parlamentares como a bancada evangélica, a bancada do
alcançara. agronegócio e a bancada que reúne o setor armamentista e defen-
Entender o sentido da cidadania na contemporaneidade e as sores da chamada “linha dura”, conhecidas respectivamente como
fortes implicações causadas pelas novas tecnologias de informa- bancadas da bíblia, do boi e da bala são quase dominantes e com
ção e comunicação, se apresentam como objetivos difíceis, mas grande peso para a aprovação de qualquer projeto, desse modo
importantes. Como uma condição em constante transformação, a ampliando sua influência também sobre o executivo que precisa
cidadania é apropriada por diversos atores sociais, cada qual com negociar para continuar governando.
suas próprias expectativas e modus operandi. Na atualidade são as A cidadania no mundo contemporâneo pode ser percebida en-
minorias que se apresentam como principais porta-vozes da cida- tão como uma luta por direitos frente aos interesses do Estado e
dania e de sua possibilidade de mudança, uma vez que são esses das elites econômicas, sendo que as minorias têm como principais
determinados grupos os mais atingidos pela violência, intolerância norteadores os movimentos sociais. A participação nas decisões
e falta de políticas públicas adequadas. políticas seria a característica principal, tendo grupos obtendo con-
Negros, homossexuais, mulheres, idosos, pobres e outros gru- quistas em várias áreas, como as cotas para negros nas instituições
pos sociais são minorias em direitos, muitas vezes tratados como públicas de ensino superior, que procuram corrigir erros históricos
cidadãos de segunda classe, num comportamento que se sucede como a escravidão e minimizar suas sequelas sociais.
ao longo do tempo pelo Estado e pelas elites. Uma das principais Castells (1999) falou sobre a “inércia conservadora do poder”
características em tal comportamento está na ação de calar o in- e as estruturas que sustentam o status quo. O Estado é então per-
divíduo, esvaziando seu discurso e negando-lhe a voz na busca por cebido como estrutura de manutenção do poder e propagador de
mais direitos, mas na Era da Informação as vozes descontentes se narrativas elitistas, tendo no conservadorismo, sob a bandeira da
fazem ouvir pelos diversos mecanismos possibilitados pela revolu- tradição, um guia diante das mudanças propagadas largamente
ção digital, sobretudo a internet, a principal e mais impactante das graças a revolução informacional. De tal forma, certos direitos são
ferramentas eletrônicas. A participação social na política é hoje um negados pois entram em choque direto com uma política pública
requisito das sociedades verdadeiramente democráticas, canais de baseada em moralismo religioso e fundamentalismo econômico. Às
diálogo e denúncias são criados no intuito de democratizar a cida- mulheres, é negado o direito ao aborto, tratado como uma questão
dania, num embate entre avanço social e tradicionalismo. de ética ao invés de uma questão de saúde pública, enquanto o Bol-
sa Família é discutido num sentido moralizador sobre o trabalho ao
A mudança civilizacional corresponderá também a uma muta- invés da discussão ser em torno de sua eficácia econômica e social.
ção sociológica. Na opinião de Léo Scheer, o conceito de democra- A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é um
cia terá sentidos diferentes, de acordo com as ferramentas tecno- marco nas lutas por direitos em todo o mundo, servindo de base
lógicas que estaremos a utilizar como o televisor, o computador e para documentos posteriores e contribui para uma visão global de
o telefone. Do cruzamento desta “arquitectura” entre sociedades justiça social. Desde então diversos países e organismos internacio-
da comunicação, informação e comutação nascerá uma outra nais zelam pelo respeito à dignidade humana, tais como o Sistema
sociedade, a virtual, onde as configurações e os mecanismos polí- Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, integrado por
ticos terão necessariamente que ser diferentes. Mutatis Mutandis, órgãos especiais da Organização dos Estados Americanos, o Conse-
com as novas tecnologias passar-se-á do modelo de democracia lho da Europa e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
clássica onde as noções de espaço e tempo tiveram uma relevância Maria Benevides atenta para a importância da educação sobre
singular, para uma nova ordem mediática em que o “espaço públi- os direitos humanos, mostrando que esses estão intrinsecamente
co” será dominado por uma realidade simbólica e virtual, em que ligados a cidadania e a democracia e que seus valores foram mais
à desconvencionalização das fronteiras dos antigos Estados -Nação facilmente assimilados nos países desenvolvidos, sofrendo maior
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resistência em países periféricos, possuidores de sistemas educa- É comum que em tempos de globalização os Direitos humanos
cionais deficientes e fortemente influenciados pelo sensacionalis- sejam vistos por muitos como uma moral única e universal que deve
mo midiático. Ainda para a pesquisadora, a especificidade brasileira ser protegida, também é natural que muitos os vejam com descon-
marcada pela extrema desigualdade é terreno propício para discur- fiança, já tão acostumados a diminuir a vida humana em estatísticas
sos de ódio e segregação. e narrativas incompletas. Na contemporaneidade, onde um jovem
de Islamabad pode conversar livremente com outra jovem em Tel
O tema dos DH, hoje, permanece prejudicado pela manipula- Aviv pela internet, fica muito difícil para qualquer Estado justificar
ção da opinião pública, no sentido de associar direitos humanos porque certas leis se aplicam em seu território e ao mesmo tempo
com a bandidagem, com a criminalidade. É uma deturpação. Por- são consideradas injustas em outros. As mulheres sauditas, proi-
tanto, é voluntária, ou seja, há interesses poderosos por trás dessa bidas de dirigir, sabem que em todo o Ocidente e em regiões mais
associação deturpadora. Somos uma sociedade profundamente tolerantes do mundo muçulmano outras pessoas de seu gênero
marcada pelas desigualdades sociais de toda sorte, e além disso, possuem muito mais do que o direito de dirigir e se esforçam para
somos a sociedade que tem a maior distância entre os extremos, a alcançar tais direitos em um país onde a modernização se restringe
base e o topo da pirâmide sócio-econômica. Nosso país é campeão a construção de arranha-céus e outras edificações suntuosas.
na desigualdade e distribuição de renda. As classes populares são Para entender o sentido contemporâneo de cidadania é preciso
geralmente vistas como “classes perigosas”. São ameaçadoras entender sua relação com os direitos humanos. Num mundo onde
as fronteiras são cada vez menos decisivas, o ser humano adquire
pela feiúra da miséria, são ameaçadoras pelo grande número,
a possibilidade e a capacidade de pensar sobre diversas questões
pelo medo atávico das “massas”. Assim, de certa maneira, parece
a partir de pontos de vistas de outras culturas, a globalização pos-
necessário às classes dominantes criminalizar as classes populares
sibilitou acima de tudo o enfraquecimento das linhas imaginárias
associando-as ao banditismo, à violência e à criminalidade; porque
para o Capital, sobretudo na forma de serviços e mercadoria, po-
esta é uma maneira de circunscrever a violência, que existe em rém, o ser humano não pode desfrutar dessa realidade por inteiro,
toda a sociedade, apenas aos “desclassificados”, que, portanto, as grandes forças econômicas globais não possuem interesse em
mereceriam todo o rigor da polícia, da suspeita permanente, da indivíduos que não possam gerar lucro, dessa forma a globalização
indiferença diante de seus legítimos anseios. (BENEVIDES, 2013, p. supervaloriza o Capital em detrimento do homem.
40) A Guerra Civil Síria é um conflito iniciado em 2011 e que cha-
mou a atenção de todo o mundo devido as especificidades de seu
Pode se afirmar que a deturpação das informações é um mal caso. Em uma região onde conflitos são quase constantes a mídia
que grassa na contemporaneidade, uma vez que os fatos deixam internacional tende a dar ênfase apenas as notícias que envolvem o
de ser provas e as estatísticas perdem relevância diante do senso Estado de Israel, porém, a questão síria superou a barreira comum
comum, em uma realidade onde a informação é controlada por de tolerância a violência a que o Ocidente possui, gerando reações
poucos grandes grupos midiáticos, que representam o pensamento que vão desde a crítica retórica até ações mais invasivas. A impre-
de apenas pequena parte da população, perpetuando uma narra- visibilidade da história se faz mais visível e cruel nesse caso, entre
tiva injusta sobre os negros e os pobres, segregando-os a cidadãos os antecedentes da guerra civil está a já afamada Primavera Árabe,
de segunda classe, com menos direitos e em constante estado de movimento que começou em 2010 na Tunísia e se alastrou por di-
vigilância. versas regiões das África e da Ásia, tendo como objetivo a queda
A ideia vigente e popular na sociedade brasileira atual quanto a de ditaduras em países islâmicos que cerceavam os direitos de suas
questão dos crimes vai direto para a parte punitiva, sem considerar populações, fazendo uso de técnicas tradicionais como greves e
tanto os fatos sociais que influenciam nas altas taxas de crimina- inovadoras como o engajamento online massivo.
lidade, como a má educação, o desrespeito sistemático aos direi- Conquistas duradouras como as da Tunísia e pontuais como
tos humanos e a cultura de segregação que persiste ao tempo. O as do Egito perderam seu clamor midiático diante dos novos fatos
foco na punição logo cede lugar à normalização, tal como explicou vindos da Síria por meio de grandes veículos de comunicação, an-
Foucault em “Vigiar e Punir” ao se debruçar sobre a questão da corado por Moscou, o presidente sírio Basshar al-Assad se sentiu
disciplinarização dos corpos, marcados pela arquitetura panóptica confortável para massacrar os ecos de contestação em seu país, de-
da sociedade moderna. sencadeando uma feroz resistência da população e de desertores,
que formaram o Conselho Nacional Sírio. Longe de estarem apenas
seguindo uma tendência o povo sírio tinha motivos para se revoltar,
“Então, é por isso que se dá, nos meios de comunicação de
tendo seus direitos civis sido retirados em 1962 e desde então fica-
massa, ênfase especial à violência associada à pobreza, à igno-
do sob a tutela de um tirano.
rância e à miséria. É o medo dos de baixo - que, um dia, podem se
A Guerra Civil Síria mudou drasticamente de panorama a partir
revoltar - que motiva os de cima a manterem o estigma sobre a de 2013, com o envolvimento do Estado Islâmico (EI) no conflito.
ideia de direitos humanos. ” (BENEVIDES, 2013, p. 40) Somando-se a isso estão também a crise migratória na Europa e a
expansão da extrema direita pelo velho continente, sendo impor-
A autora ao discorrer sobre as diferenças fundamentais entre tante refletir sobre estas questões sob o prisma dos direitos huma-
direitos humanos e cidadania, afirma que essa última é uma ideia nos, da globalização e das novas tecnologias.
política intimamente ligada ao Estado Nação que apresenta carac- O EI revolucionou o modo de fazer terrorismo graças ao intenso
terísticas próprias em cada lugar e cultura. Os direitos humanos por uso de ferramentas digitais para cooptar membros em todo o mun-
sua vez teriam como característica principal uma universalidade do, tática tão bem-sucedida que se tornou um assunto de extrema
que ultrapassa tempo e fronteiras, estando intimamente conecta- importância em diversos países, tendo entre as nacionalidades dos
dos à dignidade humana, uma moral universal que independe de interessados em integrar o grupo, um brasileiro. Além da propagan-
julgamento cultural e que se posta à frente de ideologias e quais- da o grupo jihadista também é notório pela extrema violência utili-
quer diferenças de hábitos ou pensamentos. Ela também os identi- zada contra seus adversários e a população civil de seus territórios
fica como “naturais”, pois se baseiam no respeito pelo ser humano, dominados, cometendo crimes de guerra sistemáticos e levando o
sem necessitar de documentos escritos para sua vigência. pânico a região.
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A crise migratória na Europa começa antes mesmo do início representado pois ele procura uma realidade que percebe nas telas
da Primavera Árabe, porém, se tornou mais grave em 2013, com de seus dispositivos eletrônicos, que lhe parece mais humana. No
o incidente na costa da Ilha de Lampedusa que resultou em 360 turbilhão de culturas, códigos e ideologias que o mundo globalizado
mortos e uma ampla cobertura da mídia mundial, atentando para conectou, a cidadania, muitas vezes apenas teórica, de seus lares
a crise humanitária que estava em andamento. Aqui vale lembrar soa provinciana diante de inúmeras possibilidades, para as culturas
que esses seres humanos fugiam de seus países de origem devido que se chocam em seus hábitos e pensamentos só resta se guiar
as terríveis condições a que eram impostos, despojados dos direi- pelos direitos universais, aqueles ao qual o próprio inimigo possui
tos de cidadãos eles só podem contar com os direitos humanos e e devem ser respeitados por valorizarem o humano acima do inte-
a “benevolência” europeia em busca de um futuro. Se faz necessá- resse.
rio entender os direitos humanos como os direitos dos cidadãos do
mundo, que apesar das imensas diferenças possuem em comum a Democracia na contemporaneidade
humanidade, sendo essa o suficiente para que sejam tratados com A democracia goza de grande popularidade desde o fim da Se-
dignidade. Se o capital tem passe-livre pelo globo, os direitos deve- gunda Guerra Mundial em 1945, após a derrota dos regimes totali-
riam também ignorar fronteiras, sendo nonsense o fato de que um tários europeus, o modelo democrático tornou-se o regime político
container pode viajar mais livremente pelo mundo do que um ser hegemônico no Ocidente. No Oriente, porém, apenas com o fim da
humano. A globalização dos direitos, pautada no multiculturalismo, Guerra Fria os valores democráticos foram assimilados e, ainda as-
é uma exigência para que pessoas em condições desumanas como sim, em apenas uma parte da região. O desmonte da União Soviéti-
os imigrantes possam ter alguma esperança. ca seguido do sucesso dos Tigres asiáticos somaram-se ao processo
Diante de graves crises globais, a extrema direita tem avança- globalizador cada vez mais veloz e tudo indicava que a democracia
do de maneira alarmante pelo Ocidente. O discurso fascista possui seria um rumo natural para a civilização. Mas o legado ateniense
grande público nos Estados Unidos, onde o candidato pelo Partido sofreria com as desilusões de uma nova era, as críticas vieram de
Republicano pela presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, dentro para fora e o que antes se configurava como uma utópica
tem conseguido alcançar uma receptividade imensa com o eleito- escalada democrática mundial, hoje se encontra como um estado
rado conservador, dando voz à “América profunda” que se ressente de mudança permanente do sistema político, atualmente em des-
do governo do presidente Barack Obama. O discurso do ódio tam- crédito nas mais variadas regiões.
bém foi capaz de inflamar o Brasil, tão conhecido até antes de 2013 A democracia representativa ainda é o melhor modelo de go-
como um país apático politicamente, o ataque as minorias e ao Es- vernança criado pelo ser humano, mas as críticas ao modelo se
tado Laico se tornaram frequentes e o ódio irracional à esquerda é acumulam cada vez mais ao passar do tempo. Na realidade con-
financiado por partidos políticos e por uma Grande mídia altamente temporânea, os alicerces democráticos forjados no passado já não
engajada. comportam as demandas da Sociedade da Informação, o cidadão
Mas é na Europa onde o discurso fascista mais assusta, pela não se sente representado pelos políticos eleitos, configurando
uma crise maior, a do Estado Nacional, cujas consequências ainda
especificidade local, tendo grandes concentrações de muçulmanos
são imprevisíveis. Tais alicerces foram sedimentados sob a lógica do
em diversos países, como na França, e pelo risco sempre presente
capitalismo industrial, engessada sob demandas populares que já
de ataques terroristas por parte de grupos jihadistas. O desprezo
não representam os anseios de uma sociedade em constante trans-
aos direitos humanos e a xenofobia levam os líderes extremistas
formação.
a ganhar cada vez mais poder e influência, fazendo largo uso da
O avanço das novas Tecnologias de Informação e Comunica-
xenofobia e de nacionalismo, fechando o espaço para o diálogo e
ção influenciam a presente realidade política tanto quanto os mais
aumentando a tensão sobre a coesão social.
variados aspectos da vida humana, o cidadão conectado não se
Na esteira de tais acontecimentos se destacam principalmen-
satisfaz em apenas receber a informação, ele a analisa, transmite,
te, os grandes líderes internacionais que reconhecem os problemas cria e em alguns casos até a distorce. O termo massa não consegue
já discutidos e procuram soluções moderadas, tais como Barack abranger esse novo e importante ator social, pessoas conectadas
Obama e a chanceler alemã Angela Merkel e também organismos à internet que comentam nos mais variados canais disponíveis, in-
internacionais de proteção aos direitos humanos, como o Comitê fluenciando e sendo influenciados, são a Multidão. As massas se ca-
Internacional da Cruz Vermelha, a Anistia Internacional e o Human racterizam pela anulação das diferenças, abre-se mão do intrínseco
Rights Watch. em favor do coletivo, evitando-se uma aproximação profunda e real
Não é de se espantar que a inclusão digital seja hoje conside- para que o grupo tenha a coesão necessária. O termo Multidão de
rada um direito, se o corpo ainda está cercado de fronteiras que Antônio Negri e Michael Hardt é mais eficaz para se classificar essa
limitam sua vida ao determinismo de seu nascimento geográfico, parcela da população, num cenário que deixou a sociedade mais
o ser virtual pode estar em contato com as mais diversas culturas complexa e difícil de ser analisada.
e ampliar seu pensamento baseado em diferentes modos de viver, A multidão designa um sujeito social ativo, que age com base
rompendo as limitações políticas e territoriais pautadas em interes- naquilo que as singularidades têm em comum. A multidão é um
se econômico e intolerância ao “outro”. sujeito social internamente diferente e múltiplo cuja constituição
A globalização do indivíduo ainda é uma realidade distante, e ação não se baseiam na identidade ou na unidade (nem muito
mas a percepção sobre as diferentes culturas é hoje real e presente. menos na indiferença), mas naquilo que tem em comum. (NEGRI;
Governos ao redor do mundo procuram responder ou esmagar os HARDT. 2005, p. 140)
anseios sociais de várias formas, a maior parte do Ocidente aposta Diante dos atuais desafios o Estado e seu aparato institucional,
na democracia institucional, com um modelo de representatividade a sociedade, os movimentos sociais e a Multidão conectada, seu
que dá sinais de esgotamento, as ditaduras por sua vez procuram estrato que mais cresce em importância devido ao número cada
responder aos novos tempos como podem, Estados mais precários vez maior de pessoas com acesso à internet, se reconfiguram para
apostam em uma maior rigidez, outros como a China procuram atingir seus objetivos de modo mais eficaz. Nesse contexto a demo-
uma resposta mais sofisticada para o controle civil, usando da tec- cracia deve ser vista de modo fluído, em constante reconstrução,
nologia para vigiar seus cidadãos e limitar sua liberdade. Nesse con- com o intuito de se adaptar as diferentes exigências e expectativas
texto, aparecem condições para que o indivíduo não mais se veja dos atores envolvidos.
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As transformações pelas quais as sociedades contemporâneas Tais propostas vão além de cumprir a LAI, elas procuram remo-
têm passado afetam diretamente o modelo político comum no Oci- delar o próprio modo de governar e estão diretamente ligadas a
dente, as relações entre Estado e sociedade nunca sofreram tantas ideias como o Governo eletrônico e a Democracia eletrônica.
mudanças desde a Revolução Francesa. A informação ganhou uma O Governo eletrônico é o resultado atual das discussões acerca
relevância jamais vista, agora não apenas mais um mecanismo de da governança pública, é a aplicação das NTIC, para prestar servi-
poder nas mãos de apenas alguns grandes grupos midiáticos (ape- ços ao cidadão da maneira mais eficiente possível. Sua proposta é
sar destes possuírem ainda uma enorme influência), mas um bem à importante, pois a acessibilidade a informações de gerenciamento
disposição dos indivíduos conectados. governamental sempre foi nebulosa ao longo do tempo e o simples
fato de existir tal iniciativa já demonstra que o Estado percebeu que
Sobre tais transformações, ANTOUN (2003, p. 15-16) afirma: seu funcionamento necessita estar diretamente ligado à opinião
pública.
O entendimento das redes nos permite, hoje, devolver ao pen-
samento a realidade do espaço, sua cidadania real no seio do mun- Governo Eletrônico – e-gov, sob forma abreviada – [...] É rein-
do, afirmando que o assim chamado ‘espaço real’ é apenas um terpretação e revolução da gestão do poder público, ora sustenta-
caso do ciberespaço, e que o espaço virtual é aquele que de fato do por tecnologias informacionais, cujo intuito é dar suporte para
nós sempre habitamos. Neste mundo a renovação da democracia que o Governo acompanhe a evolução dos tempos. (GARCIA et al.,
torna-se possível porque a multidão armada com as TIC e a CMC1 2004, p. 03)
faz o problema da cidadania pós-moderna e da segurança pública
A Democracia eletrônica é o produto final das medidas des-
convergirem na direção da organização das comunidades virtuais,
centralizadoras, a maior facilidade de acesso à informação somado
apontando para seus novos modos de se auto organizar e garantir
às iniciativas públicas de transparência oferecem ao indivíduo um
a ampla discussão e participação na resolução dos próprios proble-
status único na história do Estado moderno. O cidadão tem ao seu
mas. dispor a ferramenta mais poderosa da atualidade, a informação.
As NTIC surgem a partir da chamada Terceira Revolução Indus- Ainda que alguns argumentem afirmando que a informação
trial, um fenômeno que tem início da década de setenta também sempre existiu, publicada em Diário Oficial e etc, em tempo algum
conhecida como Revolução informacional, pois torna a informação se tem notícia do alcance de um meio de comunicação como a
um elemento imprescindível para as relações humanas. Novas Internet. O cidadão que tem mais informações é mais capaz de
tecnologias como a internet, a telefonia móvel e o acesso remoto emitir juízos de valor e opiniões sobre as questões da sociedade. A
tornaram o cidadão um ator social com poder além do voto, sua divulgação de informações governamentais via governo eletrônico
opinião agora se faz ouvir cotidianamente e no tempo real, mas permite a geração de conhecimento. E conhecimento é poder. Dis-
sempre que um determinado tema ganha atenção suficiente de um seminar conhecimento implica disseminar o poder político, descen-
grande número de indivíduos, dando a essa multidão uma oportu- tralizar o poder decisório. (GARCIA et al., 2004, p. 08-09)
nidade de exprimir sua vontade. “A ‘revolução eletrônica’ transfor-
mou a informação em uma arma e o Estado, global ou local, está Apesar do interesse estatal em disseminar mecanismos de im-
sempre envolto, pós-modernamente, nas guerras da informação. portância para a transparência, uma verdadeira democracia eletrô-
[...] ” (ANTOUN, 2002, p. 14). nica esbarra no problema da inclusão digital. Se o acesso ao ciberes-
paço é hoje uma forma indispensável para o exercício da cidadania
Diante de tal cenário e a baixa expectativa quanto a democracia e o fazer democrático, aqueles que estão à margem, possivelmente
representativa, o Estado tem procurado ferramentas para atender devido a questões de ordem econômica ou mesmo simples desinte-
as demandas do presente, tendo duas iniciativas principais nesse resse, ficarão ainda mais distantes da gestão pública, aumentando
contexto, tornando o acesso a informações sobre a gerência pública ainda mais a exclusão. Num país como o Brasil, onde a desigualdade
mais acessível e procurando uma maior inserção da população no possui índices elevados, torna-se uma realidade o aumento do fos-
meio eletrônico, através de programas (principalmente educacio- so entre os diferentes extratos sociais.
nais) voltados para a inclusão digital.
No Brasil a Lei de Acesso à informação (LAI)2, em vigor desde A inclusão digital se torna fator determinante rumo a uma
democracia plena e inclusiva, os mais variados países têm adotado
2012, foi um importante passo rumo aos direitos do cidadão, ga-
medidas para levar o conhecimento e a utilização das novas tec-
rantindo o direito de aquisição de informações públicas com maior
nologias para o maior número de pessoas. “A construção de uma
agilidade e menos burocracia. A participação da população na ges-
nova civilização sobre os escombros da velha envolve o projeto de
tão pública é fundamental para uma democracia saudável, o Estado
novas estruturas políticas mais apropriadas em muitas nações ao
não deve ser entendido como uma grande máquina kafkiana que mesmo tempo” (TOFFLER, 1992, p. 410).
se apresenta de forma indiferente aos anseios sociais. Tais inicia-
tivas evidenciam os esforços, sobretudo, do Poder Executivo, para No Brasil não é diferente, o Governo Federal vem implantan-
responder as demandas atuais, entendendo a coisa pública como do diversos programas com esse intuito, geralmente ligados à área
uma estrutura que precisa encaixar o cidadão para além das obri- educacional, visando as novas gerações e aumentando o número de
gações. O direito à informação passa a ser realmente sentido como nativos digitais. Como um direito humano a informação não pode
um direito humano legítimo e atua para tornar a relação Estado e mais ser encarada apenas num aspecto econômico, assim como a
sociedade mais justa. saúde ou a segurança, ela é um bem imprescindível e o Estado deve
Somam-se a Lei de acesso à Informação iniciativas como os estar preparado para assegurar esse direito das mais diversas for-
portais de transparência, que atualmente não se restringem apenas mas.
ao Poder Executivo, como por exemplo o e-Cidadania do Senado
Federal, a Câmara Aberta da Câmara dos Deputados do Brasil, além
do Portal de transparência do Poder Judiciário.
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Analisando questões relativas a Democracia digital é pertinen- Oferecendo a Internet ao mundo, a comunidade cientifica lhe
te levar em consideração o pensamento de Sabbatini. Para ele, o ofertou a infraestrutura técnica de uma inteligência coletiva que é,
fator emocional pode se tornar um grave problema, uma vez que sem dúvida, sua mais bela descoberta. Ela transmitiu assim para o
decisões individualistas atrapalham no diálogo e trazem estragos ao resto da humanidade sua melhor invenção, aquela de seu próprio
tecido social. Apenas uma parte da população teria voz no meio ele- modo de sociabilidade, de seu tipo humano e de sua comunicação.
trônico e esse grupo tenderia a relevar os assuntos de seu interesse Essa inteligência coletiva refinada há séculos é perfeitamente en-
e tratá-los com parcialidade. Tais questões não possuem respostas carnada pelo caráter livre, sem fronteiras, interconectado, coopera-
fáceis e como um processo em andamento, só resta aprender com tivo e competitivo da Web e das comunidades virtuais. (LÉVY, 2001,
os erros e procurar melhorias para um melhor desempenho na p. 79.)
construção do projeto de governança digital.
Cabe nesse ponto refletir sobre o papel do Estado no mundo É no ciberespaço que as notícias mais disseminadas serão es-
atual, em meio aos dilemas políticos, que muitas vezes são resumi- colhidas e comentadas, seu poder desafia até grandes conglomera-
dos na questão acerca de um Estado diminuto ou grande. Como em dos midiáticos, oferecendo canais com uma visão distinta das tra-
tantas outras coisas o Estado também está em constante transfor- dicionais ferramentas informacionais. O poder sobre a informação
mação, ele já se configurou na forma de grandes Impérios territo- oferece a chance dá Multidão impor pautas políticas e reverberar
riais e em monarquias absolutistas, no mundo Ocidental do século sua vontade em tempo real, impactando o centro do poder, uma
XXI essa entidade geralmente se apresenta na forma de Repúblicas vez que barreiras geográficas não são mais um empecilho e o meio
democráticas, excetuando-se algumas monarquias europeias. É virtual um espaço cada vez mais comum de se informar e ser infor-
quase impossível pensar na civilização sem a figura do Estado, em mado.
uma época de descrença na política é interessante notar que desde
sua criação o anarquismo nunca foi tão impopular, talvez fruto de A multidão, conjunto de singularidades, pela cooperação, tor-
uma noção coletiva sobre a certeza da necessidade de um poder na-se altamente produtora de subjetividade. Uma subjetividade
central que, intervencionista ou não, é ainda responsável por as- nova, livre de qualquer representação, que acaba com a relação de
pectos imprescindíveis sobre a sociedade e que uma transformação biopoder ou dominação-representação e se torna potência, potên-
e não uma ruptura completa deve ser o intuito de nações demo- cia constituinte de um novo porvir. Elimina-se, com isso, a relação
cráticas. soberana, baseada no poder e na corrupção das relações coope-
rativas. É como se fosse um êxodo da soberania. Esse conjunto de
É tendo em mente os novos avanços da emancipação humana dispositivos cooperativos de redes torna-se potência democrática e
que devemos tentar pensar, não ‘o fim do Estado’, mas ‘outro Esta- limite da soberania imperial. (SILVESTRIN, 2014, p. 50)
do’, um que admita plenamente os seus outros, um que emerja da
sociedade, embora esteja ao seu serviço, em vez de estar sobrancei- A democracia ainda é a melhor forma de acesso ao poder para
ra a ela, como se transcendência autoritária e burocrática. Podemos
a coletividade, a única forma do poder emanar do povo, além das
apostar que, no futuro, o Estado, que já assumiu tanta forma (teo-
elites. As transformações sociais são impulsionadas pelo debate e o
cracia faraônica, império do meio, democracia ateniense, república
embate entre as partes envolvidas, as novas tecnologias impulsio-
romana, monarquia europeia, califado, Estado-nação, fascismo,
nam e agilizam essas transformações, criando um ambiente propí-
sovietismo, Estado islâmico, federalismo, Estados Unidos, união Eu-
cio para a mudança, uma vez que possibilitam ao indivíduo meca-
ropeia...), continuará a metamorfosear-se. (LEVY, 2003, p. 174-175)
nismos para desafiar as estruturas de poder vigentes.
As mesmas tecnologias também podem ajudar a fomentar a
Talvez a forma mais comum de se atacar o Estado atualmen-
intolerância e a violência, seja no uso das redes sociais pelo Estado
te seja através da democracia direta, apesar de possuir elementos
pontualmente louváveis, fica claro que tal forma de governança Islâmico para cooptar membros, ou mesmo de indivíduos em so-
pode desembocar em uma ditadura da maioria. Tal instrumento é ciedades plenamente democráticas exprimirem pensamentos pre-
geralmente apresentado como uma forma de minimizar a falta de conceituosos ou mesmo fascistas. A internet potencializa tanto o
interação entre governos e população, além de paliativo para o sen- discurso de ódio quanto o progressista, sendo uma ferramenta que
timento de pouca representatividade dos políticos eleitos. insere os mais diversos pensamentos e ideologias no ciberespaço,
A democracia direta se faz impossível pelos canais políticos aumentando as chances de diálogo e de competição, seu impac-
tradicionais, mesmo com a expansão das potencialidades surgidas to mal pode ser medido no presente e seu legado é já tão vasto
com as novas tecnologias, os malefícios que ela pode causar são que conjecturas tornam-se insuficientes. A única certeza é que a
muito altos. O debate político deve ser pautado na razão e corrobo- mudança chegará, cada vez mais rápida, tornando o limiar entre
rado por fatos, a entrega das decisões a um espaço que privilegia presente e futuro cada vez mais sutil.
debates rasos e pouca reflexão pode ser catastrófico, em primeiro
lugar para as minorias e, em segundo, para a sociedade em geral, A Multidão na sociedade de controle
pois o minguar da tolerância é o primeiro sinal de que a democracia Entre as diversas mudanças causadas pelo advento das NTICs,
corre riscos. aquelas relativas as relações de poder são particularmente as mais
Seria impossível pensar em tantas questões se não fosse o impactantes, uma vez que alteram toda a estrutura de uma socie-
avanço avassalador da internet na vida humana, sem dúvida a tec- dade. Se faz importante discutir os novos mecanismos de controle,
nologia mais revolucionária da Terceira Revolução Industrial. As ao qual Deleuze já alertava, entendendo tanto o Estado quanto o
noções de tempo e espaço se tornaram fluídas e quase todos os Mercado como entidades invasivas em diversos momentos da vida.
aspectos da vida humana estão ligadas a essa tecnologia, mesmo Também entendendo o povo segundo a categoria de Multidão,
questões tão íntimas como o sexo e a morte são diretamente afeta- numa relação complexa com as forças externas que com ele atuam,
das por tal ferramenta. Não é surpresa que também a política seja onde em dado momento é manipulável e em outros se torna um
fortemente influenciada, a internet possibilita a construção de uma mecanismo de ruptura, seja com a tradição ou com os mecanismos
nova democracia, baseada na interação. do poder.

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A literatura de ficção científica, há muito tempo vêm espe- pelo poder judiciário e pelo monopólio da força se encontra em cri-
culando sobre um “futuro” onde o Estado se torna uma entidade se e não dispõe de legitimidade suficiente para impor mecanismos
opressora de direitos, cerceando os indivíduos das mais diversas for- de controle tão vastos, como é o caso da NSA, uma iniciativa que
mas, desde o clássico 1984 de George Orwell, a obras como Fahre- seguiu adiante pelo fato de alerta constante quanto a ataques ter-
nheit 451 de Ray Bradbury e o antes cult e agora afamado V de roristas.
Vingança de Alan Moore. O ponto em comum em todos é a figura O segundo ponto é relativo ao protagonismo do indivíduo, an-
estatal no comando da vigilância permanente, a escolha pode ser tes um ser que se difere e se afasta da massa, carregando em seu
entendida devido a ação histórica de repressão ao ser humano tal pensamento uma forte carga humanista ou mesmo anárquica. Seja
como estudada por Michel Foucault em sua análise das sociedades Winston Smith, Guy Montag ou V, o indivíduo carrega em si o peso
disciplinares, tendo surgido entre os séculos XVII e XVIII e chegan- de uma luta solitária, sempre ao lado de uma figura feminina que
do ao auge no século XX, e posteriormente por Gilles Deleuze, que os inspiram a lutar. Mais uma vez é olhando para a história que se
ficaram conhecidas como sociedades de controle. “O indivíduo não compreende tais escolhas, as grandes personalidades que reuniram
cessa de passar de um espaço fechado a outro, cada um com suas em si uma grande carga de simbolismo devido ao que fizeram ou o
leis: primeiro a família, depois a escola [...], depois a fábrica [...], de que representavam foram decisivas na construção da história dos
vez em quando o hospital, eventualmente a prisão, que é o meio de ídolos individuais, tão criticada pelo movimento dos Annales e que
confinamento por excelência” (Deleuze, 1990, p. 219). deixou sequelas na mentalidade coletiva.
Além da ficção, a historiografia influenciou fortemente na visão
Nas sociedades disciplinares o poder disciplinador, simbolizado que se têm sobre a liderança, exaltando tanto uma única figura que
pela arquitetura do panóptico, presentifica-se no interior das insti- termina anulando todos os indivíduos reunidos em um determina-
tuições, como as prisões, os hospitais, as escolas, os quartéis, com o do processo histórico. Essa tendência persistiu até o aparecimento
objetivo de instaurar a disciplina e, consequentemente, um padrão
de uma nova geração de historiadores franceses que mudariam os
comportamental rotineiro. No modelo social de Deleuze, o controle
parâmetros historiográficos dominantes, eclipsados nas figuras de
passa do âmbito local – restrito à extensão dos olhos e dos ouvidos
Lucien Febvre e Marc Bloch, esse último um dos fundadores da Es-
humanos – para um âmbito supra-local, estendendo-se para todos
cola dos Annales, que influenciado por Émile Durkheim, deixou sua
os espaços da vida pública. Não há mais espaço restrito para que o
poder se faça sentir, pelo contrário, ele se faz presente em todos os marca na historiografia ao dar maior importância aos grupos em
lugares. Por conseguinte, é mais perverso, mais controlador, porque detrimento da ação individual na história. Segundo José Carlos Reis
se sustenta no aparato das novas tecnologias de informação. O sím- (2013), Bloch deu preferência ao estudo do tempo, das estruturas
bolo do controle agora não é mais o panóptico, mas a web, a rede e do coletivo.
digital de comunicação mundial, que concentra toda a informação
dos indivíduos em bancos de dados. O princípio da docilidade conti- Como Durkheim, e diferente de Febvre, o ponto de partida da
nua, no entanto, o mesmo, pois os indivíduos entregam voluntaria- história blochiana era a sociedade e não o indivíduo. Seu realismo
mente seus dados a vigilância. (AGUERO, 2008, p. 35 – 36) social, continua Rhodes, insistia em aprender o todo social antes de
querer aprender as partes. Este todo, composto de interações indi-
O “futuro” imaginado pela especulação literária se faz presente viduais, era concebido como não redutível à vontade dos indivídu-
na sociedade da informação, porém, com características diferentes os-membros. O indivíduo é que é reduzido à mera expressão da vida
da ficção. Para Foucault as sociedades disciplinares serviram para coletiva. Assim como Durkheim, Bloch considerava que a estrutura
manter o controle sobre a mente e o corpo. Posteriormente surgem social, a solidariedade, a ordem ou coesão social são as realidades
mecanismos que transformam a arquitetura de dominação discipli- básicas onde se encontram os princípios explicadores da sociedade.
nar, dando origem as sociedades de controle, um novo modelo de [...] O específico desta ‘consciência coletiva’ é a sua lentidão na mu-
exercer o poder que se aprofunda a partir do fim da 2º Guerra Mun- dança. Ela é um consenso, que envolve todos os membros da socie-
dial e se encontra em andamento. “Encontramo-nos numa crise dade, oferecendo-lhes valores e normas da vida. É uma consciência
generalizada de todos os meios de confinamento, prisão, hospital, pré-fabricada pronta para o uso individual e que aparece ao indiví-
fábrica, escola, família. ” (Deleuze, 1990, p 220). duo como algo dado e natural. Mas trata-se de uma construção de
longa duração. (RHODES, 1978 apud REIS, 2013, p. 265)
[...] a sociedade disciplinar é aquela na qual o comando social
é construído mediante uma rede difusa de dispositivos ou apare- A sociologia e a história procuraram romper com a tradição
lhos que produzem e regulam os costumes, os hábitos e as práticas do ídolo, dando voz a coletividade na história, seja na sociedade
produtivas. [Na sociedade de controle] os mecanismos de comando de corpos medieval ou na sociedade de massas do século XX, tão
[são] distribuídos por corpos e cérebros dos cidadãos. Os comporta-
influenciável ideologicamente que muitas vezes foi capaz de se ali-
mentos de integração e de exclusão próprios do mando são, assim,
nhar aos discursos totalitaristas da época. A historiografia continua-
cada vez mais interiorizados nos próprios súditos. O poder agora é
ria avançado nos estudos sobre o indivíduo e o coletivo, sendo que
exercido mediante máquinas que organizam diretamente o cérebro
se na primeira geração do movimento francês houve uma grande
(em sistemas de bem-estar, atividades monitoradas, etc.) no obje-
tivo de um estado de alienação independente do sentido da vida e recusa aos modelos biográficos que se fechavam em torno da vida
do desejo de criatividade. (NEGRI; HARDT, 2001, p. 42 – 43, apud do biografado, novos autores por sua vez foram abrindo o caminho
AGUERO, 2008, p. 36) para uma redescoberta da escrita biográfica, tendo já na terceira
geração dos Annales algumas obras importantes de Georges Duby e
O primeiro e principal ponto de ruptura entre ficção e reali- Jacques Le Goff indo nesse sentido.
dade se dá no protagonismo dos atores envolvidos na sociedade A redescoberta do indivíduo na história procurava usar da vida
de controle. Apesar de ainda possuir grande poder, o Estado perde de um personagem histórico para se contar ou descrever uma es-
seu protagonismo diante do Mercado, que no seu modo natural de trutura maior, desarticulando a visão romântica de um “herói” que
ação consegue convencer de maneira muito mais fácil os indivíduos há muito já se tornara ineficiente para a historiografia. Essa ten-
de abrirem mão de seus direitos. A coerção estatal caracterizada dência passa a ser seguida por historiadores europeus, como Chris-
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topher Hill e Carlo Ginzbourg, que têm em sua obra de micro histó- que envolvem o poder judiciário. É preciso refletir sobre a atuação
ria “O queijo e os vermes”, um exemplo perfeito do que a história do capital privado, que desestabiliza fronteiras e Estados, mudan-
biográfica é capaz de fazer quando escrita para a conscientização de do até mesmo o pensamento sobre a privacidade. A privacidade se
processos e estruturas maiores. tornou uma mercadoria e para entender o poder quase onipresente
das empresas na vida do homem é preciso atentar para a realidade
Fiel à concepção de história-problema da Escola dos Annales, tecnológica.
minha primeira dificuldade consistiu em definir uma problemática O crescimento espantoso da telefonia móvel convergiu com o
que me permitisse apreender o indivíduo São Luís em interação com aparecimento de novos aparelhos para a conexão com a internet,
a sociedade do século XIII, evitando o que o sociólogo Pierre Bour- como o tablet, essa nova realidade tecnológica permitiu um gran-
dieu chamou de a “ilusão biográfica”, que pretende que se consi- de avanço para a conexão sem fio, “Com a internet acessível pelo
dere a vida de um grande homem como alguém com um destino celular, a rede e todos seus serviços tornam-se móveis. [...], os apa-
já traçado, excluindo as eventualidades da vida. Eu, ao contrário, relhos se tornaram também possibilidades de estado de conexão
limitei-me a mostrar as hesitações, as decisões e os momentos cru- permanente [...]” (Rodrigues, 2010, p. 78). Essas mudanças inega-
ciais da vida de São Luís, a partir da sua infância de rei. Porque se velmente trouxeram grandes avanços, como canais diretos para o
o homem constrói sua vida, ele também é construí- do por ela. (LE compartilhamento de informações, geralmente pelo aplicativo de
GOFF, entrevista, 1996). mensagens instantâneas WhatsApp e a possibilidade do acesso de
inúmeras fontes de notícias. Mas também trouxeram o problema
Com a visão do herói histórico superada, a atenção acadêmica da superinformação e do controle dos indivíduos, desde a sua loca-
voltou-se para o coletivo, ganhando roupagens novas de diferentes lização espacial até as suas afinidades para entretenimento, consu-
intelectuais. Destaca-se no presente trabalho a categoria de Multi- mo e relações pessoais.
dão, que seria um “conjunto de singularidades” estando “sempre A empresa transnacional, Uber, sediada em São Francisco, é
em movimento” (Negri, 2004), como um ator social ela é politica- um notório exemplo das mudanças trazidas pelo uso das NTICs nos
mente engajada, assimilando ideias diversas que representam as mais variados campos. Oferecendo transporte privado alternativo
mais distintas camadas sociais e mantendo uma complexa relação aos táxis, através de um aplicativo chamado E-hailing, a empresa
com o Mercado e o Estado. se expande globalmente e ao mesmo tempo em que gera atritos
com os Estados Nacionais, sindicatos locais e mesmo entusiastas
A consciência da força coletiva não é uma novidade para os in-
da liberdade, que veem na iniciativa um cerceamento do direito de
divíduos, essa força é exercida historicamente desde a antiguidade,
privacidade de ir e vir.
a diferença está nos mecanismos disponíveis a população, as NTICs
As querelas entre justiça e empresas tecnológicas não se res-
possibilitam as ferramentas de alienação e dominação tanto quanto
tringiram apenas ao Uber, no Brasil o aplicativo WhatsApp, per-
as de lucidez e liberdade. “Do ponto de vista sociológico, o poder
tencente ao Facebook, dispõe de grande número de usuários que
constituinte da multidão aparece como cooperação e comunicação
fazem dele o principal canal para se comunicar e até mesmo trans-
em redes, trabalho social formado pelo comum. ” (Andreotti, 2008,
mitir e receber notícias em tempo real. O aplicativo foi suspenso por
p. 02-03).
algumas horas, através de decisão judicial em 2015 e 2016, devido
a recusa em cooperar em investigações sobre pedofilia no Brasil. A
Mercado, Estado e Multidão se configuram então como as reação dos usuários foi da indignação ao escárnio, traduzidas nos
grandes forças nas relações de poder na sociedade da informação. já comuns memes de internet, que inundaram as principais redes
Usando os mecanismos a sua disposição cada ator procura atingir sociais mostrando o descontentamento popular com as decisões.
seus objetivos, o Mercado usa o marketing para convencer, o Estado Cabe aqui discutir os principais pontos levantados em tais epi-
usa o monopólio da força e a justiça legitimada para a coerção e a sódios, a questão da privacidade, que vai desde o direito individual
Multidão usa a seu favor o número de indivíduos para transformar até o uso de dados dos clientes e também a questão judicial, que
a sua realidade, esse “monstro revolucionário chamado Multidão” envolve o poder de ação do Estado e suas limitações, que vão desde
(Negri, 2004), tem a capacidade de influir nas decisões políticas e na questões técnicas até os problemas das fronteiras nacionais.
direção econômica das empresas. A venda de dados dos usuários é uma prática comum entre
Em plena sociedade de controle se faz necessário pensar sobre as gigantes tecnológicas, o Facebook também faz uso da prática,
as relações estabelecidas por tais forças, entendendo que mesmo garantindo o lucro necessário para sustentar sua gigantesca plata-
em uma aparente situação de desvantagem a Multidão procura for- forma online. O uso recorrente dessas vendas expõe os usuários
mas de resistência diante da invasiva ação de controle imposta a a variados tipos de marketing eletrônicos invasivos, tornando-os
ela. meros consumidores que pretendesse atingir através de dados. O
WhatsApp, por sua vez, depende fortemente da confiança de seus
É verdade que os Estados mais poderosos podem agir de forma usuários no tocante as informações pessoais, criando criptografias
marginal sobre as condições, favoráveis ou desfavoráveis, do desen- avançadas para burlar não apenas pessoas com interesses ilegais
volvimento do ciberespaço. Mas são notoriamente impotentes para como também a polícia. Se por um lado a multinacional de Zucke-
orientar de forma precisa o desenvolvimento de um dispositivo de berg está pronta para oferecer dados de seus clientes, de outro
comunicação que já se encontra hoje inextricavelmente ligado ao nega o acesso da justiça a informações importantes em investiga-
funcionamento da economia e da tecnociência planetárias. (LEVY, ções. Para cada ramo do negócio existe um conjunto de regras di-
1999, p.227) ferentes, adaptando-se as necessidades e exigências de seus usu-
ários. A maleabilidade é mais um atributo do Mercado, sendo que
No Brasil a presente (e justificável) preocupação sobre o con- os mecanismos tradicionais do Estado ainda não estão adaptados o
trole do Estado evita uma maior atenção sobre as forças do Mer- suficiente para resolver tais questões.
cado, atuantes sobre a vida pessoal e transformando as ideias es- A jornalista Naomi Klein (2002), mostrou que as transnacionais
tabelecidas sobre liberdade individual. Lévy mostra a dificuldade procuram evitar o peso das justiças locais através da vantajosa es-
do poder estatal para exercer de forma direta sobre o ciberespaço, trutura que possuem no mundo pós-fordismo. Em sua obra, “Sem
como já dito falta legitimidade, que só se faz presente nos casos Logo”, a canadense disserta sobre o poder das grandes transnacio-
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nais num mundo sem barreiras para o capital e analisa o estado Com o intuito de baratear seus produtos as grandes multina-
atual dos empregos na era de dominação do pensamento econô- cionais procuraram realocar seu setor fabril em países de terceiro
mico neoliberal. Dando atenção a toda a cadeia produtiva, desde o mundo, onde as condições sociais permitem uma exploração lucra-
trabalho manual do sistema fabril em países de terceiro mundo, até tiva do trabalhador. Diferente do ocorrido nos antigos tigres asiáti-
o setor varejista do mundo desenvolvido. cos, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, os novos alvos
O discurso de Klein se mescla ao de Luciano Gallino ao enten- não recebem troca de tecnologia e nem aumentam os impostos
der o pensamento neoliberal como hegemônico na sociedade da cobrados, deixando de tirar seus trabalhadores da pobreza e nem
informação, o “Estado minimalista” é a consequência direta disso, dando ao Estado rendimentos suficientes para investir em infraes-
deixando sequelas graves para a sociedade (Klein, 2002). trutura. Para Kindleberger, as multinacionais não devem lealdade a
Para manter a competitividade as multinacionais procuram nenhuma nação, este pensamento indica que o mundo inteiro se
realocar a sua produção fabril para países onde a mão de obra ex- tornou seu quintal de negócios, são “Estados apátridas” como diz
cedente e barata esteja menos organizada em sindicatos e prote- Naomi Klein (2002).
gida por leis, desse modo podem tirar o maior proveito da força Para a Sociedade da informação uma marca deve representar
de trabalho local, garantindo altos lucros. A autora é perspicaz ao algo, ela deve ser atraente e ter conceito. O produto em si é joga-
analisar as multinacionais através do prisma da marca. As empresas do para segundo plano, aqueles mesmos consumidores nas filas da
entenderam que antes de vender um produto elas vendem uma APPLE não estão lá porque o novo IPHONE traz muitas novidades
ideia, basta ver as imensas filas nas lojas da APPLE ao redor do mun- e, sim, porque querem continuar se sentindo ligados aquela mar-
do sempre que alguma novidade tecnológica é lançada. A sede do ca que representa algo a eles. “Bebemos rótulos: com uma garrafa
consumidor por marcas não tem fim, pois elas não representam a de Coca-Cola, bebemos o desenho das belas jovens que a bebem
compra de um item necessário e sim um desejo de posse, desejo no anúncio [...] Com o que menos bebemos é com nosso paladar”
esse tão bem analisado por Erich Fromm em “Psicanálise da socie- (Fromm, 1970, p. 135 - 136). Nesse panorama para se manter com-
dade contemporânea”. O que os membros da Escola de Frankfurt petitivo é preciso de publicidade, a parte fabril do negócio se torna
não poderiam supor é o quão longe as engrenagens máximas do então a parte no qual os cortes devem ser realizados, é nessa etapa
capitalismo seriam capazes de ir pelo lucro, desafiando Estados e então onde ocorrem os maiores cortes de gastos.
modificando leis, passando por cima até do sentimento ideológico Para Charles Maier, a consciência de classe só faz enfraquecer
máximo do século XX, o nacionalismo. num mundo onde os sindicatos são perseguidos e o trabalhador
alvejado de seus direitos. Mas na porção desenvolvida do mundo
[...]estamos rodeados de coisas de cuja natureza e origem é necessário maquiar a exploração, pois não está se falando mais
não sabemos. O telefone, o rádio, o toca-discos e todas as outras do “outro”, do distante asiático que pode viver com tão pouco. O
máquinas complicadas são quase tão misteriosas para nós quan- trabalho temporário então aparece como uma alternativa para se
to o seriam ´para um homem de uma cultura primitiva; sabemos extrair dos jovens sua força de trabalho e não o remunerar decente-
usá-los, isto é, sabemos que botão apertar, porém não sabemos mente, nesse sentido os setores midiáticos também se despontam,
segundo que princípio funcionam, salvo nos termos vagos de algo mostrando que não é somente a lógica fabril a que é controlada
que em outro tempo aprendemos na escola. E as coisas que não se pelo pensamento neoliberal. As promessas de que o trabalho o co-
baseiam em princípios científicos difíceis nos são igualmente estra- locará na classe média e que não fará de você um simples trabalha-
nhas. Não sabemos como se faz o pão, como se tecem as fazendas, dor necessitado atrai muitos em busca de melhorar sua vida, mas a
como se constrói uma mesa, como se faz o vidro. Consumimos Starbucks e o Wal-Mart são tão comprometidas com a eficiência e o
como produzimos, sem uma relação concreta com os objetos lucro quanto a fabricante de roupas próxima a Manila.
que manejamos; vivemos em um mundo de coisas, e nossa única Naomi Klein demostra a relação dialética entre as empresas e
relação com elas consiste em saber manejá-las e consumi-las. seus empregados, o mercado consumidor é indispensável, mas os
(FROMM, 1970, p. 136)
trabalhadores não podem ser um peso nos gastos financeiros. A li-
gação com a indústria tecnológica do Vale do Silício e Seattle mostra
As marcas possuem um significado, investir no fortalecimen-
que mesmo altamente especializada a mão de obra pode e vai ser
to e difusão dessa não é barato, cabe as empresas então arrochar
submetida a lógica neoliberal do Just in time.
ainda mais os salários e tomar medidas gerenciais para que o inves-
A globalização levou a disputa comercial a um nível mundial,
timento seja direcionado ao marketing, setor no qual o nome do
não importa se esteja em Vancouver ou Jacarta, as leis do merca-
produto pode crescer, sem estar ligado ao “sujo” trabalho fabril. É
do irão influir sobre sua vida, seu nascimento apenas incidirá no
importante lembrar que a fábrica foi classificada por Foucault como
grau de exploração usado sobre você. Klein consegue demonstrar
um dos espaços fechados, um símbolo da sociedade disciplinar que
com exatidão que as multinacionais sofreram transformações im-
não se encaixa mais no mundo do capitalismo informacional. Longe
de seus países de origem, as fábricas podem se aproveitar de leis portantes ao longo do tempo, criando entidades transnacionais que
locais, como as das Filipinas e da Indonésia, pagando um rendimen- impactam a vida humana de diversas maneiras, sem se preocupar
to bem abaixo do exigido na Europa ou nos Estados Unidos. Sobra com fronteiras, direitos trabalhistas ou mesmo em muitos casos a
a esses lugares a sede empresarial, que agrega os valores da nova dignidade humana.
sociedade, tendo como características a “flexibilidade” e a “capa- A mudança no pensamento dos dirigentes empresariais alte-
cidade de adaptação” (Rodrigues, 2010). A terceirização permitiu rou fortemente a realidade dos trabalhadores fabris. As zonas de
as grandes marcas se distanciar desse modelo fabril altamente ex- exportação são os locais onde a competitividade no século XXI che-
ploratório, não importa que as condições de trabalho nas Filipinas ga ao seu máximo, lá os trabalhadores são submetidos a jornadas
sejam vergonhosas, a Nike e a Reebok não têm nada a ver com isso, intermináveis de trabalho e direitos humanos são desrespeitados
essas fábricas estão sob o comando de asiáticos, mas diferentes dos sistematicamente em prol da produção. As alegações futuristas
antigos tigres asiáticos, que em sua época puderam aproveitar do alarmantes de autores como Rifkin estavam erradas, os trabalhado-
grande número de indústrias, aumento o salário de seu povo e co- res assalariados não foram trocados por robôs, eles foram trocados
brando impostos para investir no país. por outros trabalhadores que não possuem a mínima proteção tra-
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balhista, eles são mais eficientes do que robôs, se derem “proble- magnitude em que era feita, pelos poderosos líderes internacionais
ma” podem ser despedidos, um robô precisaria de manutenção e que atingiu e por ter vindo do Estado, em um país onde grande
acima de tudo seres humanos dependendo do local do globo onde parte da população sente o poder estatal de maneira desconfiada,
nasceram, são baratos. Hobsbawn indicou que para o empresário o vendo apenas uma grande máquina que cobra impostos e controle.
ser humano é o problema na linha de produção, as tentativas cons- Na sociedade de controle atual do Ocidente, é o Mercado a
tantes e bem-sucedidas de limitar o trabalhador mostram que o força que mais invade a liberdade e a privacidade, enquanto o Es-
marxista estava correto. tado é pressionado na direção de abrir seus dados para a consulta
A terceirização permitiu as grandes marcas se distanciar desse popular e em criar uma estrutura eletrônica organizada capaz de
modelo fabril altamente exploratório, não importa que as condi- lidar com essas questões, as megaempresas convocam o indivíduo
ções de trabalho nas Filipinas sejam vergonhosas, a Nike e a Reebok a abrir sua vida e deixar suas informações no ciberespaço, para no
não têm nada a ver com isso, essas fábricas estão sob o comando de fim gerarem lucro.
asiáticos e sob a jurisdição, muitas vezes especial, desses territórios. A Multidão, porém, não se mostra completamente apática a
A autora se detém longamente sobre as condições de trabalho tais atitudes. Resistências aos novos modelos de cerceamento se
nas ZPE, sobretudo analisando o caso nas Filipinas, os testemunhos fazem presentes pelo mundo. Em 2014 a União Europeia sancionou
só comprovam a lógica do capitalismo selvagem exercido sobre os a lei do direito ao esquecimento, ampliando direitos sobre a priva-
povos subdesenvolvidos. Porém, a cadeia produtiva apenas começa cidade e atingindo diretamente gigantes da internet como Google,
na fábrica, é preciso ainda vender o produto e a marca e para isso é Microsoft e Yahoo. O uso de bancos de dados de usuários para a
necessária mão de obra local nos países com maior renda. Os encar- venda é um tema ainda pouco discutido, mas a decisão da Corte de
regados de vender o produto também são explorados, preferindo Justiça Europeia abre caminhos para a criação de eventuais meca-
os jovens em detrimento dos mais velhos e arrochando salários. nismos para a proteção de informações pessoais. Além da justiça
As zonas de processo e exportação ganharam força sobretudo os usuários procuram maneiras próprias de lidar com a superexpo-
na China, uma gigantesca fábrica mundial que vende seu povo para sição, a criação do Tor para navegação anônima e a luta pela pre-
atrair as multinacionais, o caso da China pode ser visto como em- servação da neutralidade da rede são outros exemplos do que a
blemático, sem dúvidas o tamanho da população tem um impacto articulação dos usuários é capaz de fazer.
gigantesco para que o cenário chegasse a tal ponto, porém foi um
Estado forte capaz de calar os anseios do trabalhador que gerou Informação e poder: O papel da Grande mídia na atualidade
um ambiente tão propício para as ZPE. O Estado abre uma exceção A informação no século XXI tornou-se tão fundamental que
nessas regiões, tornando-as “ilhas” onde a lei normalmente esta- ela já é percebida como um direito e também como um requisito
belecida não se aplica. Na China onde a liberdade de expressão é para a vida em sociedade, a ponto de muitas vezes ser confundida
controlada esse tipo de negócio só tende a prosperar, pelo menos equivocadamente com o conhecimento. Além da influência que as
até Pequim decidir que seu povo merece uma remuneração huma- mídias, em especial as digitais, possuem junto à sociedade e gover-
namente descente. nos, ela também tem impacto gigantesco sobre a cultura. A mídia
As forças do Mercado operam de forma internacional, driblan- tradicional ainda é o principal canal de informações para a socieda-
do barreiras impostas pelo Estado e as questões relativas a justiça. de, jornais, revistas e TV dominam a pauta de notícias, impondo os
Se a força das empresas frente aos governos é evidente, o poder de assuntos que determinam serem os mais importantes no momen-
atração sobre a Multidão muitas vezes é sutil, através do marketing to. Grandes conglomerados midiáticos pelo mundo possuem tanto
o público é rebaixado a mero consumidor, um replicador do estilo poder que uma grande parcela das mídias mainstream pertencem a
de vida do capitalismo informacional (Rodrigues, 2002), conectado algum deles. No Brasil, a chamada mídia tradicional ainda é o princi-
ao emprego em tempo integral graças aos dispositivos móveis e lu- pal canal de informações para a sociedade, jornais, revistas e TV do-
dibriado pelo excesso de informação geradas nas redes. minam a pauta de notícias, impondo muitas vezes os assuntos que
A compulsão pelo consumo é cada vez maior, pois, por um lado determinam serem os mais importantes no momento. Entretanto,
consumir se tornou um fim em si mesmo, apenas para satisfazer um a nova realidade tecnológica digital ao possibilitar que qualquer
desejo interno incutido pela propaganda, que é onipresente na vida indivíduo seja igualmente um produtor e repassador de informa-
contemporânea. Por outro lado, em países onde existem grandes ção, forneceu mecanismos acessíveis contrários a hegemonia dos
desigualdades sociais o ato de consumir é relacionado com a pró- grandes grupos midiáticos, o que tem contribuído para a grave crise
pria cidadania, como é o caso do Brasil. financeira e identitária do jornalismo tradicional, por exemplo, e a
problematização da produção cultural advinda e veiculada somente
O homem moderno, caso ousasse falar claramente de sua por estes grupos.
concepção do céu descreveria uma visão que pareceria a maior Como a informação sempre esteve intimamente ligada às rela-
loja de departamentos do mundo, apresentando coisas e engenho- ções de poder, a mídia mainstream junto a escola tem sido os dois
cas novas, e êle entre elas com dinheiro bastante para compra-las. principais difusores do pensamento dominante. Nesse sentido é
Andaria boquiaberto por esse céu de engenhocas e mercadorias, mais do que natural que a imprensa represente os anseios das elites
sendo condição apenas a de que existisse número cada vez maior nacionais. Grupos como Bertlsmann, News Corporation, The Walt
de coisas novas para êle comprar, e talvez também a de os seus Disney Company, Vivendi, CBS Corporation, Viacom, Time Warner,
vizinhos serem um pouco menos privilegiados do que êle...[...] Sony Corporation e NBCUniversal controlam um número significa-
(FROMM, 1970, p.137) tivo de alguns dos mais respeitados e famosos meios de comunica-
ção, pertencem a algum deles, por exemplo, as redes CNN, RTL, FOX
Felizes em distribuir seus dados para as grandes corporações, News e ABC além dos jornais The New York Times, New York Post,
os usuários de aplicativos e redes sociais não se sentem, em sua The Daily Telegraph, The Sun e The Times.
maioria, invadidos em sua privacidade. Falta o entendimento que No Brasil a concentração de mídia também é uma realidade,
na atualidade, dados pessoais são quase tão relevantes quanto a tendo como maiores exemplos o Grupo GLOBO, o Grupo ABRIL,
força de trabalho, eles geram altos lucros e poucos problemas com a o Grupo Folha e o Grupo RBS. Juntas elas concentram os maiores
opinião pública. A grande mobilização internacional para condenar difusores de informação e opinião do país, possuindo emissoras,
as atividades de espionagem da NSA se deu principalmente, pela rádios, jornais, revistas, gravadoras, sites de notícias e estúdios ci-
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nematográficos, como a Rede Globo, Globo News, a Rádio CBN, Jor- o Sistema Mirante de Comunicação, afiliada à Globo, no Maranhão;
nal O Globo, Extra, Valor Econômico, Zero Hora, Folha de S. Paulo, a família do senador/Pará Jader Barbalho comanda a Rede Brasil
Época, Veja, Exame, UOL, G1, além de institutos de pesquisa como Amazônia, afiliada à Bandeirantes; a família de Antonio Carlos Ma-
o Datafolha. Conforme Altamiro Borges, em seu livro A ditadura da galhães comanda a Rede Bahia de Comunicação, afiliada à Globo,
mídia (2009), para a construção do modelo midiático vigente no na Bahia; a família do deputado federal Albano Franco comanda a
Brasil, não foi privilegiado o investimento em um sistema público Rádio Televisão Sergipe e Sistema Atalaia de Comunicação, afiliadas
de radiodifusão. Ao contrário foi copiado à Globo e SBT; a família do senador Fernando Collor comanda a Or-
ganização Arnon de Mello, afiliada à Globo, nas Alagoas.
[...] o modelo privado dos EUA, mas sem as ressalvas legais
vigentes neste país de 1943, que coibiram os monopólios que só O cientista político Bernardo Kucinski crê na mídia como uma
foram atacados no reinado neoliberal de Bush. A ausência de legis- das grandes forças do tempo presente, retendo poder suficiente
lações reguladoras e a relação promíscua com o Estado permitiram para derrubar governos e alterar a opinião pública das mais diver-
um tipo sui generis de concentração com a chamada propriedade sas formas. O autor cita três exemplos históricos de tais poderes,
cruzada, na qual os “donos da mídia” garantem a posse de diferen- a campanha liderada pelo jornalista Carlos Lacerda que pôs fim a
tes meios – jornais, revistas, rádios, televisões, internet. No Brasil, Era Vargas em 1954, A renúncia de Richard Nixon em 1974 devido
o modelo privado e a propriedade cruzada resultaram numa mídia ao escândalo Watergate, denunciado pelos jornalistas Bob Woo-
extremamente concentrada e historicamente antidemocrática. dward e Carl Bernstein do Washington Post, além de em 1973 a
(BORGES, 2009, p. 56) imprensa chilena ter participado da derrubada do presidente Sal-
A concentração midiática, que está na mão de poucas famílias vador Allende e ajudado na ascensão do ditador Augusto Pinochet
brasileiras, teve seu acabamento no período da ditadura de 64. Na- (Kucinski, 2011).
quele contexto, o projeto de integração nacional visado pelos mili-
tares, conforme o Relatório do Instituto de Estudos e Pesquisas em No Brasil a imprensa foi decisiva para a estrutura de manuten-
Comunicação, ção do regime militar, além de ter participado decisivamente na
eleição do presidente Fernando Collor de Mello em 1989. Ainda
[...] adquiriu materialidade e encontrou sua melhor tradução para Kucinski a mesma imprensa, liderada pela Rede Globo e a Re-
no modelo constituído pela Rede Globo. Ao longo de quase quatro vista Veja, derrubou Collor ao promover a campanha pelo Impea-
décadas, enquanto expandiam-se país adentro [...] as redes de TV chment.
aberta forjaram um mapa do Brasil baseado nos interesses políti-
cos e comerciais privados de seus proprietários [...] Células desses O resultado duradouro e nefasto do episódio não foi a autocrí-
interesses foram disseminadas em cada recanto do País sob a tica. Ao contrário, foi a percepção pelos principais grupos de mídia
forma de grupos afiliados às redes. O resultado foi a criação de um de massa do país de seu poder de eleger ou derrubar presidentes.
Brasil refém das grandes empresas da mídia, imunes a qualquer Desde então, nossa mídia de massa não se limita a reportar a nos-
forma de controle público, comandadas de forma vertical e susten- sa história – quer determinar os rumos de nossa história. (Observa-
tadas em alianças regionais que reproduzem e amplificam ideias, tório da Imprensa, 2011).
concepções e valores para 170 milhões de habitantes. (Carta Capi-
tal, 2012, p. 1) É fácil compreender o atual desinteresse e desconfiança de
parte da sociedade pela mídia. De um lado as NTICs tornaram o
Após a falência das famílias Bloch (Manchete,) Levy (Gazeta, processo de produção e recepção de informações muito mais di-
Nascimento (Jornal do Brasil), outrora proprietárias das mídias, a nâmico e democrático, e de outro a percepção da falta de impar-
situação da concentração familiar é a seguinte: Marinho (Globo), cialidade tem contribuído para a ruína da confiança dos leitores e
Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Civita (Abril), Frias (Folha), telespectadores.
Mesquita (Estado) - que está em crise -, e também recentemen- Para Carla Rodrigues (2013) a tradicional indústria da informa-
te despontou a emissora Record, ligada à família Macedo, dona da ção não foi capaz de se adaptar as novas demandas da sociedade
Igreja Universal. Neste quadro, as Organizações Globo predomi- pós-fordismo. Os mecanismos intrínsecos de funcionamento do
nam. As seis principais redes de TV aberta (Globo, Record, SBT, Ban- jornalismo são opostos a exigências (novos valores) como “descen-
deirantes, Rede TV! e CNT) compõem o principal veículo brasileiro tralização, flexibilidade e mobilidade”. Através de um documento3
de comunicação e respondem por cerca de 56% das verbas publici- gerado pelo Centro de Jornalismo Digital da Universidade de Co-
tárias públicas; a essas redes estão associadas lúmbia, a autora reflete sobre problemas atuais do jornalismo. So-
bre o jornalismo pós-industrial, a autora afirma
140 grupos afiliados, os principais de cada região, e abrangem
um total de 667 veículos, entre emissoras de tevê, rádio e jornais. [...] um dos muitos motivos da crise do jornalismo pós-indus-
Os grupos cabeças-de-rede, que geram a programação de televi- trial é a impossibilidade da indústria de a informação tradicional
são, buscam nos afiliados sustentação nas regiões e amplitude de funcionar a partir desses novos valores, já que uma de suas princi-
presença no mercado. Em troca, dão fôlego econômico e uma face pais características é uma estrutura fortemente hierarquizada, cen-
institucional a projetos empresariais e políticos regionais. (Carta tralizada, que pretenda garantir o controle dos processos internos
Capital, 2012, p. 1) e, sobretudo, o controle daquilo que será veiculado. No vocabulá-
rio industrial, as relações funcionam no modelo fordista, reprodu-
Praticamente esses grupos afiliados pertencem, por sua vez, zindo rotinas e processos industriais necessários para a realização
às grandes famílias oligárquicas políticas regionais. Esta é uma das de produtos de informação. (Rodrigues, 2013, p. 138)
facetas da relação informação-poder na sociedade brasileira, pois
estes “667 veículos ligados às seis redes privadas nacionais são a O modelo antiquado da estrutura jornalística está levando a
base de um sistema de poder econômico e político que se ramifica mídia tradicional a perder cada vez mais espaço diante de novas ini-
por todo o Brasil e se enraíza fortemente nas regiões. ” (Carta Capi- ciativas pela internet, o que ameaça a hegemonia de grupos tradi-
tal, 2012) Por exemplo, a família do senador José Sarney comanda cionais sobre a informação. Diante desse quadro grandes jornais co-
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meçaram a investir pesadamente em versões online, que cada vez NTICs. Três eventos marcantes foram decisivos para demonstrar
mais adquirem importância e ajudam na manutenção dos lucros, esses problemas, as manifestações em junho de 2013, as eleições
mesmo as emissoras de TV também procuram uma maior dinâmica presidenciais de 2014 e o processo de impeachment em 2016.
com as redes sociais, ao perceberem que atualmente a multidão de As Jornadas de junho foram um movimento espontâneo da
conectados é capaz de indicar pautas do dia, além de possuir voz população desencadeado a partir dos aumentos das passagens de
para questionar o comportamento e as decisões da grande mídia. ônibus em vários locais do país, no qual a Multidão em toda sua plu-
Para Rodrigues (2013) outro fator fundamental é a perda por ralidade mostrou sua veia contestatória ao ir para as ruas para con-
parte dos profissionais da informação do “privilégio de produzir in- testar não apenas sobre o transporte público, mas também sobre o
formações”, uma vez que as NTICs possibilitam a qualquer um com estado da saúde, da educação, da corrupção generalizada e outros
acesso à internet a produção, disseminação e a capacidade de opi- temas. A população conectada observava de longe a Primavera Ára-
nar sobre informações, muitas vezes num ritmo mais veloz do que be, num contexto mundial de críticas sobre diversos governos.
uma redação de jornal. A informação se tornou elemento fundamental para desafiar as
A conclusão diante desses novos fatos por parte do documento relações de poder estabelecidas, as NTICs possibilitaram um novo
de Colúmbia foi “[...] uma redução da qualidade das notícias [...]” olhar sobre a cidadania e aumentaram os anseios de mudanças so-
(Rodrigues, 2013, p. 139). Analisar esse quadro é de extrema im- ciais (Silveira, 2000). As jornadas receberam críticas parecidas com
portância para a compreensão não apenas da crise jornalística, as do movimento Occupy Wall St., devido à falta de lideranças e
mas também das políticas nacionais, pois entre os muitos impac- objetivos claros. Os movimentos atuais que tem sua irrupção pela
tos dessa baixa qualidade está o posicionamento e a influência da internet contam sobretudo com a espontaneidade, a lógica do in-
grande mídia familiar brasileira em programas de cunho conserva- divíduo a frente dos outros, o líder/herói já não faz mais sentido
dor e mesmo de claro reacionarismo. Tomando o Brasil atual como para essas pessoas, numa realidade onde todos podem expor suas
exemplo é possível identificar essa baixa qualidade nas matérias opiniões e atingir um grande número de pessoas. Já a multiplicida-
jornalísticas, porém, além dos problemas já citados um outro fator de de objetivos também está associada ao próprio mecanismo da
se apresenta, a intenção deliberada de confundir o leitor e leva-lo Multidão, que abriga diferentes visões de mundo e os mais distintos
a um conhecimento truncado, que pode ser mais nefasto do que a anseios sociais.
ignorância, o que contradiz qualquer bom senso ditado pela ética
jornalística. “O poder é um fenômeno social no qual uma vontade, indivi-
No intuito de garantir uma parcela de leitores assíduos, gran- dual ou coletiva, se manifesta com capacidade de estabelecer uma
des veículos de comunicação procuram exaltar alguns posiciona- relação da qual resulta a produção de efeitos desejados, que de
mentos reacionários sobre certas parcelas da sociedade, muitas outra maneira não ocorreriam espontaneamente. ” (Moreira, 1996
vezes relacionando a pobreza com a violência e o estupro a uma apud Silveira, 2000)
suposta conduta sexual feminina que incitaria esse tipo de crime.
Também apoiam de modo nem sempre sutil, iniciativas econômicas
A visão sobre as manifestações de 2013 por parte da grande
e políticas visivelmente negativas para a maior parte da população,
mídia brasileira foi em geral negativa, o lado contestatório foi igno-
como redução dos direitos trabalhistas, redução da maioridade pe-
rado em detrimento de uma grande visibilidade das ações dos Bla-
nal e liberação do porte de armas. Num processo de fidelização das
ck Blocks, tentando associar as manifestações ao vandalismo. Não
massas, veículos da mídia familiar como O Globo, Época, Veja, Esta-
sem motivos grandes veículos de informação como a Rede Globo e
do de S. Paulo e Folha de S. Paulo, procuram dar mais espaço para
a revista Veja foram largamente hostilizados nos eventos, demons-
pautas que atendam os anseios de grupos mais conservadores, ao
trando o descontentamento na forma com a qual a mídia retrata
mesmo tempo que reafirmam uma suposta neutralidade política,
mesmo que isso implique na redução da qualidade das notícias. certos assuntos.
Um tipo de jornalismo que, para ter vendagem, não se pauta pela As eleições presidenciais de 2014 também foram polêmicas, o
ética jornalística na construção da informação: capas vergonhosas, espírito de junho ainda estava vivo, mas foi trabalhado pelas for-
manchetes que induzem uma dada interpretação do fato que não é ças do poder, tendo perdido muito de sua força diante da falta de
dito e mesmo contradito pelo texto que se segue. Por exemplo, na comprometimento do Estado em alterar a realidade nacional. Se
história recente da cobertura jornalística da política nacional apare- em muitos momentos a onda contestatória gritava contra o siste-
cem fatos noticiados em grandes manchetes que induzem o leitor a ma partidário, em 2014 esse sentimento se encaminhou para uma
certa interpretação que, por vezes, não condiz e mesmo contradiz irrefreável polarização, trazendo novamente os velhos partidos na
o dito pelo texto que segue a manchete, numa clara intenção de disputa pelo poder.
manipulação. Como ilustração basta recordar a história do cientista A mídia brasileira apoiou o candidato do PSDB Aécio Neves,
político ligados aos direitos humanos, Leonardo Sakamoto, destro- para tal iniciou uma campanha contra o PT, o ex presidente Luís
çado por leitores a parti de notícia falsa em jornal mineiro (http:// Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Roussef. A Veja foi acusada
blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2016/02/03/dez-impac- de conspirar abertamente, tendo levado as bancas uma edição que
tos-imediatos-causados-por-uma-mentira-difundida-pela-rede/) atacava ferozmente o PT pouco tempo antes da eleição que decidi-
ou inverdades publicadas pelo jornal o Globo contra Lula em 2015 ria o segundo turno, no fim Roussef saiu vencedora com o resultado
(http://www.institutolula.org/as-cinco-vezes-em-que-o-globo-ten- apertado de 51, 64%, correspondendo a 54.501.118 votos.
tou-enganar-seu-leitor-em-2015) ou sobre o prefeito de São Paulo O saldo da eleição foi de um Partido dos Trabalhadores4 enfra-
Fernando Haddad (http://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-menti- quecido, uma direita que não aceitava a derrota nas urnas e uma
ra-pela-edicao-esperta-de-manchetes) ou a errata publicada pelo esquerda fragmentada, com alta desconfiança da mídia. A partir de
jornal o Globo, por obrigação judicial, em relação a um dos filhos de 2015 a grande imprensa passou a fomentar uma campanha contra
Lula (http://www.ocafezinho.com/2015/11/08/globo-publica-erra- os dois principais líderes do PT, apoiados pelo empresariado e por
ta-admitindo-que-mentiu-sobre-filho-de-lula/). uma classe média com tendências cada vez mais fascistas. O resul-
O processo político singular no qual o Brasil se encontra desde tado dessa campanha desembocaria no processo de impeachment,
2013 envolve as crises do Estado Nacional, das instituições, de re- com graves repercussões políticas e um grande impacto na imagem
presentatividade e do jornalismo, além da nova realidade com as do Brasil dentro e fora de suas fronteiras.
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Em 2016 o clima de polarização política era alarmante, os gritos Outro exemplo são as políticas liberais que, muitas vezes de tão
de 2013 contra os partidos se transformaram em ecos distantes, impopulares necessitam um engodo para que a população aceite
pois a partidarização (muitas vezes velada) se tornou uma espécie retrocessos, como por exemplo, os acontecimentos políticos como
de obrigatoriedade frente aos acontecimentos. As bolhas ideológi- o 11 de setembro foram usados em favor do discurso neoliberal,
cas formadas pelo Facebook agravaram ainda mais um debate que somando-se a isso o “estado de choque” que está sempre pondo a
não acontecia, pois ambos os lados não estavam mais dispostos a democracia e os direitos humanos em cheque (Klein, 2008). A crí-
argumentar com sensatez, logo as inciativas contra Roussef e seu tica de Naomi Klein é dirigida ao economista Milton Friedman, no-
partido se transformaram em uma campanha anti-esquerda fomen- tório membro da Escola de Chicago, disseminadora do pensamento
tada sobretudo pela mídia. Um levantamento5 realizado pelo Gru- neoliberal. Em contrapartida a esse modelo econômico diversos
po de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP economistas como Joseph Stiglitz, Armatya Sem e Paul Krugman
(GPOPAI USP), mostrou que a guerra pela narrativa havia se insta- dedicaram seus estudos a um modelo keynesiano. Na situação atu-
lado, os discursos contra e pró impeachment6 dominavam as redes al do Brasil, no contexto do governo interino de Michel Temer, a
sociais e as páginas de revistas e jornais, num monitoramento que disputa entre as duas visões de gerenciamento econômico está no
havia se iniciado quatro dias antes da votação pelo impeachment centro da disputa pelo poder político, de um lado o neoliberalis-
na Câmara dos deputados. O levantamento apontou que parte das mo que prevê cortes de gastos em áreas como a seguridade social,
notícias mais compartilhadas no Facebook entre os dias terça-feira educação e saúde, além de pouca ou nenhuma regulamentação so-
(12/4) e sábado (16/4) eram falsas. Foram verificadas 6,1 milhões bre o mercado e do outro um Estado mais atuante na economia,
de compartilhamentos na rede social e segundo o grupo mais de que deseja certo grau de regulação do mercado, cria programas de
200 mil pessoas visualizaram tais conteúdos. assistência social e favorece ações afirmativas. O governo interino,
Para aqueles que se identificam pelo espectro da esquerda po- mesmo em sua interinidade, modificou profundamente a estrutura
lítica ou simplesmente enxergavam as ações pela remoção da presi- do governo da presidenta Dilma Roussef, ao mudar ministros, ex-
dente como um golpe coube apenas tentar encontrar novas fontes tinguir ministérios e secretarias, fundir ministérios e, sobretudo,
de notícias, alguns buscando a narrativa que privilegiava o seu lado,
ao propor algumas reformas da pauta política vencida nas últimas
outros buscando independência e ética jornalística. Nesse sentido a
quatro eleições presidenciais, que diminuiriam ou prejudicariam a
blogosfera foi um refúgio para os progressistas, onde espaços como
saúde, a educação os direitos humanos, por exemplo, que não se-
blog do Sakamoto e Socialista morena, jornais eletrônicos como
riam populares, mesmo em um Brasil mais conservador. Para tal,
Diário do Centro do Mundo (http://www.diariodocentrodomundo.
com.br/), Jornal GGN (http://jornalggn.com.br/), Revista Fórum está sendo preciso usar os meios à disposição para convencer a po-
(http://www.revistaforum.com.br/), jornal 24/7 (http://www.bra- pulação sobre a necessidade e legalidade do impeachment da pre-
sil247.com/) que, dentre outros, cresceram e passaram a ser locais sidenta Dilma Roussef, em 2016, fato que, para crescente parcela da
onde uma narrativa distinta pode se consolidar em detrimento das população, está tornando evidente que os interesses do Mercado e
narrativas da grande mídia familiar brasileira sobre o poder. da grande mídia prevaleceram sobre os votos da democracia.
Em consequência, para uma parte da população o jornalismo A mídia brasileira, diferente da americana, possui grande de-
tradicional da grande mídia familiar brasileira já não os representa, pendência de dinheiro público para sua sustentação. Grande parte
mas sim uma camada social ligada ao poder e aos setores populares dos políticos possui rádios, jornais e canais de TV, como a dinastia
usados como massa de manobra. Magalhães na Bahia e os Sarney no Maranhão. Além do trio religião,
As sistemáticas crises que abateram o Brasil desde 2013 já exis- TV e política, cada vez mais popular no país, numa afronta gritante
tiam há algum tempo, porém foi a partir do momento onde a Mul- a constituição.
tidão mostrou sua força que essas crises se tornaram mais agudas.
Com o status quo sendo constantemente desafiado por parcelas [...] a ligação entre mídia e poder, resultado de uma política de
não caladas da população brasileira, coube às forças reacionárias concessões oligárquica, centralizada e nem um pouco democrática.
criar um discurso que centrava os problemas do País na administra-
ção petista, que se apresentou como o partido o maior, mais forte e De fato, a indústria da informação no Brasil é tão dependente
estruturado grupo de esquerda nacional e que liderou o presiden- de verbas públicas que chega a ser difícil chama-la de indústria. Os
cialismo de coalizão nas últimas quatro eleições. Um exemplo im- dados mais recentes mostram que apenas 10 veículos de comuni-
portante do reacionarismo que marca o governo interino contrário cação concentravam 70% dos R$ 161 milhões que o atual governo
à presidente Dilma Roussef é o Projeto Escola Sem Partido8, que repassou aos veículos [...] a mídia mantém uma relação quase
supostamente visaria combater a catequização ideológica por parte incestuosa com os centros do poder, característica de um sistema
dos professores de esquerda sobre os estudantes, se a mídia já es- que nunca foi realmente questionado desde o fim da ditadura mili-
tava entregue ao poder desde seu nascimento, a escola, porém, é tar. (Rodrigues, 2013, p. 141)
um ambiente de multiplicidade e mais difícil de ser controlado, que
abarca ideologias distintas e nela existe um importante ator social,
É possível afirmar que o desencantamento do processo político
o professor, que se distingue dos demais por possuir em geral uma
e a desconfiança sobre grande parte dos veículos midiáticos estão
ampla consciência de classe.
acelerando a crise da indústria da informação no Brasil. Fontes de
informação alternativas têm adquirido cada vez mais espaço para
Para o exercício continuado do poder, faz-se fundamental
dispor dos meios de comunicação de massa comprometidos com muitos brasileiros, sendo cada vez mais compartilhadas nas redes
a manutenção do “sistema” e de um sistema educacional que per- sociais, o que ajuda na construção de um pensamento/narrativa em
petue o pensamento dominante, de forma que o condicionamento contraposição ao formulado e disseminado pelos grandes grupos
seja cada vez mais implícito que explícito. O poder da imprensa, do midiáticos brasileiros.
rádio e da televisão deriva, como o da religião, da organização; seu Mesmo com a quase hegemonia da indústria da informação
principal instrumento de imposição, como o da religião, é a crença tradicional existe certa negação ao stablishment que perpassa vi-
– o condicionamento social. (Silveira, 2000, p. 04) sões ideológicas, as organizações GLOBO, por exemplo, sofrem
grande resistência da esquerda pela defesa do Estado mínimo e por
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apoiar medidas repressivas que atinjam diretamente a população Se o modelo econômico é capaz de alterar de maneira tão
mais carente. Uma parte da direita, de cunho mais religioso, a críti- acentuada as estruturas sociais como defendem Rodrigues, Polanyi
ca por ser mais aberta em questões sociais que envolvem gênero e e Fromm, é de se esperar que seus instrumentos de ação sejam efi-
mesmo os direitos humanos. Essas questões até o presente nunca cazes em seu objetivo de moldar a mentalidade para uma adapta-
foram o suficiente para gerar algo mais concreto, mas a resistência ção no comportamento que seja mais útil para o modelo vigente e
ao maior símbolo da oligarquia midiática do país começa a alterar a prepará-las para mudanças que normalmente seriam consideradas
disputa pelo poder na mídia, tendo a audiência televisiva mudado inaceitáveis sem um completo e elaborado exercício de convenci-
muito nos últimos anos, abrindo espaço para novos concorrentes. mento e distorção da realidade.
Não é possível afirmar sobre uma futura recusa a mídia tradi- A indústria da informação então se coloca como instrumento
cional no mesmo modo como acontece hoje com os partidos, uma de manutenção das estruturas sociais vigentes, defendendo o dis-
vez que a capacidade e flexibilidade da mídia de se reinventar são curso neoliberal e influenciando as decisões políticas que poderiam
superiores à dos partidos políticos. O jornalismo profissional ainda resultar em uma mudança drástica na realidade. Como vários ou-
é e continuará sendo por muito tempo a principal fonte de infor- tros aspectos da vida humana esse ramo industrial se encontra em
mações, e a maneira pela qual a notícia é construída ganhará cada uma grave crise que já altera de maneira indubitável seu posicio-
vez mais relevância numa realidade onde a superabundância de in- namento dentro das complexas redes de relações de poder tecidas
formações já se faz presente e tem sido cada vez mais criticada e desde a crise do petróleo na década de setenta.
observada. Para Noam Chomsky os anos sessenta foram um momento sin-
A liberdade jornalística está diretamente relacionada à demo- gular nas lutas pelos direitos sociais, com forte posicionamento dos
cracia, sendo que a sua existência ou não serve de termômetro movimentos sociais nos mais diversos fronts. Sendo ainda estrutu-
para medir a qualidade democrática de vários países. Ramos como rada pelo Estado de bem-estar social, o mito do sonho americano
o jornalismo investigativo são imprescindíveis para o bom funcio- pode prosperar com força, pois existiam mecanismos capazes de
namento de uma nação, sendo visto por muitos como uma arma gerar modificações reais na vida da população. A mudança econô-
diretamente contra os abusos e ilicitudes do Estado e em alguns mica para o neoliberalismo desencadeou já citadas forças que mo-
casos do Mercado. A partir do documento da Universidade de Co- dificaram o comportamento humano, Chomsky percebe essas mu-
lumbia citado anteriormente, Rodrigues discute a importância do danças e a influência delas sobre a direção dos Estados, sua visão
jornalismo no presente. sobre o “Terrorismo de Estado” converge com a ideia de “Estado de
choque” de Klein, onde discursos que possibilitem a violência do
[...] eles querem dizer que nem todo jornalismo importa, e Estado sobre a população civil ou outras nações são construídos e
que muito do que é produzido hoje é simples entretenimento ou difundidos pela indústria da informação, sendo mais um exemplo
diversão. Por isso, para definir jornalismo adotam a famosa frase: da real ligação entre o informar e o poder estabelecido. Para Klein
‘Notícia é alguma coisa que alguém em algum lugar não quer que o modelo neoliberal abre uma exceção para o Estado mínimo na
seja impresso. O resto é publicidade’. (Rodrigues, 2013, p. 141) área da segurança, parte da imprensa parte então a construir uma
A mudança na indústria da informação já afeta de modos sin- narrativa que legitime um Estado policial, preparado para coibir as
gulares os leitores, hoje já existe uma exigência relativa a análise reivindicações da população em geral e mais fortemente aquelas
da informação, já não basta saber que algo aconteceu, é preciso parcelas ligadas aos movimentos sociais, realidade que pode ser
interpretar o fato, apresentar suas fontes e ser capaz de argumentar vista atualmente com a excessiva brutalidade das forças de segu-
com o ponto de vista diretamente contrário. Se as cidades são es- rança de São Paulo sobre estudantes que decidiram ocupar os es-
paços de separação, onde os indivíduos convivem em determinados paços escolares na cidade.
nichos caracterizados por condição econômica e outros fatores, no Ainda é impossível responder sobre o futuro da mídia tradicio-
espaço online essas divisões se tornam mais fluídas, possibilitando nal ao que já é conhecido como Quarta Revolução Industrial, uma
uma maior interação entre os indivíduos, pois mesmo nas bolhas vez que a lógica pós-fordista tende a se tornar a nova visão hege-
ideológicas das redes sociais o pluralismo de visões políticas se faz mônica no Mercado. Ao longo da história moderna, o capitalismo
presente. O confronto inevitável leva os internautas aos debates, ensinou que é mais fácil assimilar o inimigo do que derrotá-lo, desse
“armados” da melhor maneira possível para tentar convencer o modo é possível que novas estruturas de poder sejam tecidas no
“outro” com seu pensamento distinto. ciberespaço, de modo que os mesmos privilegiados continuem a
O processo de fidelização das massas como recurso para man- determinar o fazer jornalístico e informacional. Neste sentido, é im-
ter ou aumentar a audiência também tem causado impactos, cons- portante atentar para a grande consciência de classe que as elites
truindo uma sociedade anti-intelectual, mediante a superficialida- possuem, a qual permite a construção de reações eficazes a curto
de do que é veiculado. O resultado, a longo prazo, poderá ser o prazo sobre as mudanças do presente, vislumbrando possibilidades
aparecimento de uma sociedade incapaz de sustentar o debate de- na resolução da crise jornalística que privilegiam a questão dos lu-
mocrático, a negação do conhecimento acadêmico e uma rejeição cros sobre a da ética, investindo cada vez mais no setor digital e
nociva aos direitos humanos. acelerando o processo de fidelização das massas, alimentando a
As análises de Rodrigues sobre as mudanças no pensamento polarização política e aumentando o desgaste sobre a democracia.
e no comportamento humano podem ser comparadas ao pensa-
mento de Karl Polanyi, para quem uma natureza pré-moderna foi O Estado na Era da Informação: O espaço público na revolu-
modificada no decurso da construção da economia de mercado. As ção digital
relações entre economia e sociedade são mais estreitas do que se Cidades: Os desafios do espaço urbano em tempos globali-
normalmente supõe, a partir da década de setenta a Europa e os zados
Estados Unidos passaram a aplicar uma forma de economia contrá- O espaço urbano tem estado em constante transformação ao
ria aos princípios Keynesianos, que caracterizaria a sociedade pós- longo da história, adaptando-se ou moldando as relações sociais e
-industrial. As mudanças não se restringiram apenas ao Mercado, econômicas. Mesmo estando à sombra dos Estados Nacionais, as
a mentalidade coletiva foi afetada diretamente, sendo facilmente cidades sempre conseguiram influir de maneira decisiva nos acon-
observável o gerenciamento das forças econômicas sobre a política tecimentos, promovendo mudanças profundas nas sociedades e se
e a cultura, (Polanyi, 1944). tornando o centro principal da vida humana.
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Se a municipalidade é diminuta e dependente das demais re- As modificações ocorridas no Rio de Janeiro buscavam redefinir
des estadual e federal, sobre as quais não possui quase nenhum po- a cidade nos moldes das grandes metrópoles europeias, mais pró-
der de controle, as cidades também se apresentam como o cosmos ximas do ideal de civilização vigente na época. A ideia de cidades
perfeito para a interação do indivíduo com o poder público, tendo como modelo de desenvolvimento a ser seguido é recorrente na
esse espaço autonomia suficiente para planejar e direcionar o seu história, porque algumas urbes privilegiadas que influenciam na ar-
futuro. Já o poder central apresenta-se como distante e excessiva- quitetura e na gestão pública de diversas regiões.
mente burocrático, o que dificulta a aproximação do cidadão. Na atualidade grandes metrópoles como Nova York, Londres e
Entender a cidade contemporânea como um ator essencial na Tóquio são os exemplos máximos de cidades modernas e globaliza-
dinâmica entre o indivíduo e o Estado se faz cada vez mais neces- das, possuindo bolsas de valores de impacto internacional, grande
sário, tendo em vista a evolução histórica desses espaços e suas número de transações financeiras, mão de obra altamente qualifi-
estratégias atuais para promover o desenvolvimento das mais di- cada e a presença de multinacionais. Essas cidades se destacam não
versas formas. Como polo de excelência do fazer democrático e da apenas pela sua infraestrutura para os negócios, mas também pelo
cidadania a cidade pode ser problematizada em seus aspectos eco- seu caráter multicultural e por criarem políticas públicas diretamen-
nômicos, culturais e sociais, pois é nela onde o indivíduo goza de te voltadas para a realidade local da municipalidade.
seus direitos e procura mudar as estruturas de dominação erigidas A cidade de Nova York mantém há muitos anos o título de
para o conter. maior cidade do mundo, sua influência é vasta e se pode compará-
Para o arquiteto e historiador Guilherme Wisnik (2009), a cida- -la com a de Paris do século XIX. Para chegar a se tornar o modelo
de é um lugar de conflitos, pois a harmonia total no espaço público de referência de cidade global teve que através de sucessivas admi-
é uma ideia utópica. Sendo o espaço urbano o local propício para as nistrações traçar planos para driblar os desafios urbanos modernos,
tendo alguns de seus líderes políticos se destacado nesse processo.
novas disputas e táticas de resistência na era da informação.
Rudolph Giuliani foi prefeito de Nova York de 1994 a 2001,
O choque direto entre cidadãos e o Estado é classicamente re-
nesse período procurou combater a grande violência presente na
presentado pelas lutas nas ruas da cidade, a transformação de Paris
cidade desde a década de oitenta, empregando novas táticas de
realizada pelo arquiteto Georges-Eugène Haussmann no século XIX
combate à violência e procurando revitalizar a economia local. O
possuía claros fins estratégicos em limitar o sucesso de levantes po- político republicano teve sucesso em sua empreitada, modelando
pulares. a imagem da cidade como moderna e globalizada, servindo de re-
ferência para a gestão pública local. Nova York continuaria ditando
A haussmanização (...) é uma resposta: ela se enraíza nas tendências, em 2013 Michael Bloomberg iniciaria o primeiro de três
pressões múltiplas que agitam a cidade no início do século, pres- mandatos como prefeito da cidade, dando continuidade às políti-
são demográfica e pressão econômica que impulsionam o jogo cas de segurança pública de seu antecessor e aplicando medidas
dos valores urbanos, o preço do solo ou dos imóveis. A doença e o de saúde pública polêmicas, que incluíam restrições ao fumo e co-
medo social, a cólera e a revolta não são senão a parte mais visível midas transgênicas, a proibição do cigarro em estabelecimentos de
de uma cidade que crepitava por todos os lados. (RONCAYOLO, La alimentação foi amplamente imitada ao redor do mundo.
Production, p.74 apud PESAVENTO, 1999, p. 89) Em 2014 os democratas conseguiram eleger Bill de Blasio como
prefeito, trazendo críticas ao modelo de segurança das gestões an-
Para Pesavento (1999), a transformação da capital francesa teriores, prometendo aumentar os impostos dos mais ricos e com-
possui ecos das cidades barrocas, como Roma do século XVI, sendo bater a desigualdade, estando atento às demandas dos novos tem-
que ideias parecidas já tinham sido adotadas por Luís XVI no século pos e deixando Nova York à frente das grandes discussões políticas
XVIII. O modelo parisiense foi imitado e reinventado em diversas para as cidades.
partes do mundo, adaptando-se as necessidades dos governantes O sucesso de Nova York sobre a alta criminalidade e mesmo
locais. sobre as sequelas dos atentados terroristas de 11 de setembro,
Há muito tempo as cidades já possuem uma ligação direta ba- advém da capacidade de seus gestores criar mecanismos de res-
seada na influência, a Paris de Napoleão III representava um modelo posta aos problemas urbanos contemporâneos, além da força de
civilizatório a ser seguido e as demais metrópoles estavam atentas vontade política para a manutenção do status de grande metrópole
tanto as questões sobre segurança e higiene como o embelezamen- global ao qual Nova York goza. A criação de políticas próprias para
to artificial do espaço, influenciado pelo Darwinismo social9, um os problemas comuns das grandes cidades se faz extremamente
sistema de pensamento que subverteu as ideias de Charles Darwin necessária numa realidade onde as NTIC deixaram o cidadão mais
procurando justificar o controle de indivíduos por outros. preparado para exigir da gestão pública o compromisso no comba-
te as mazelas sociais. Estar atento as mudanças e ser capaz de se
Como exemplo do intercâmbio de ideias e da influência da Pa-
reinventar sem perder o lado positivo de sua tradição é o grande
ris de Hausmann sobre outras cidades pode-se destacar o Rio de Ja-
desafio das metrópoles mundiais que desejam um lugar no seleto
neiro do início de século XX. O engenheiro Pereira Passos foi o pre-
grupo de cidades influentes sobre o planeta.
feito da cidade entre 1902 e 1906, altura em que realizou mudanças
O caso de Nova York é exemplar, mas não único. Tóquio pos-
profundas no Rio, deixando um legado ambíguo para a cidade. sui um sistema administrativo singular, atento a realidade da região
A ideia de civilização presente no ideário de Pereira Passos era metropolitana mais populosa do mundo. Lideranças municipais
atinente a uma série de valores desenvolvidos pela sociedade eu- possuem certo grau de autonomia, principalmente no que se re-
ropeia ao longo da modernidade. Consistia fundamentalmente na fere aos serviços públicos, já questões legislativas ficam a cargo do
manutenção de uma civilidade urbana burguesa – na qual a ideia poder provincial. Londres por sua vez ocupa um lugar de destaque
de individualidade e de uso regulamentado do espaço público pe- nas finanças internacionais, além de possuir uma grande e eficiente
los agentes privados da cidade jogavam um papel fundamental; no infraestrutura urbana, sobretudo em relação ao sistema de metrô e
fomento à atividade estética e cultural, na reverência a um passa- aviação civil. Além de ter ao seu dispor o eficiente sistema de saúde
do e no respeito à lei e à ordem pública estabelecidas pelo Estado pública inglesa a cidade também é conhecida pelo perfil multicul-
através de uma elite política ilustrada. (AZEVEDO, 2003, p. 23) tural, tendo eleito em 2016 Sadiq Khan, um muçulmano de origem
paquistanesa, para o cargo de prefeito.
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As características citadinas ajudam a compor os perfis particu- des asiáticas demonstraram que, no mundo da economia global, a
lares de cada região, fornecendo uma “personalidade” as cidades, velocidade da informação sobre os mercados internacionais e de
destacando-as das demais e dando a elas um status que em inúme- adaptação aos mesmos, a flexibilidade das estruturas produtivas
ros casos supera o de diversas nações. Poder-se-ia dizer que Paris é e comerciais e a capacidade de inserir-se em redes, determinam o
mais famosa do que a França, seus boulevares são mais conhecidos sucesso ou o fracasso, muito mais do que as posições adquiridas no
que as províncias francesas, seus museus e monumentos históricos passado, o capital acumulado, as riquezas naturais ou a situação
ajudam a convergir o forte movimento turístico tão característico geográfica. O segredo reside na velocidade de inovação do conjunto
da cidade. O perfil do cidadão parisiense é usado como simplifica- das pequenas e médias empresas articuladas com as grandes em
ção para se entender todos os franceses, uma vitrine nacional tão rede com o exterior e com poder político no interior. Este último as-
influente que aglutina toda a atenção para si. segura importantes funções de informação e promoção, e dá ga-
A construção da ideia do espaço urbano como um centro autô- rantias de ordenamento e prestação de serviços do sistema cidade,
nomo é antiga, o exemplo clássico é a cidade-Estado grega, um mo- visto que, logicamente, o tecido econômico e o tecido urbano se
delo administrativo da Grécia antiga em que cidades como Atenas, confundem. O poder político urbano, no caso das cidades asiáticas,
Esparta, Corinto, Tebas e etc., conviviam como autênticos microes- desenvolveu, ao contrário da Europa, um modelo com baixos custos
tados, cada qual com seu próprio governo e leis. As cidades da Liga gerais, porém com altos custos sociais, o que parece não poder ser
Hanseática também se destacaram, sendo que no período medieval suportável por muito tempo, pois sua persistência introduz fatores
controlavam uma extensa rede comercial que só entraria em declí- de dissuasão para a atratividade da cidade e não qualifica suficien-
nio com o início das Grandes Navegações. A partir do surgimento temente os recursos humanos. (CASTELLS, 1996, p. 02)
dos Estados nacionais as cidades passaram a ter um papel coadju-
vante na política, com raras exceções como as cidades da península Castells mostra que o desenvolvimento das metrópoles asiáti-
itálica e de algumas regiões do Sacro Império Romano-Germânico. cas se deu de forma diferente daquela das cidades europeias, de-
Se a realidade da Idade Moderna favoreceu os Estados centra- monstrando a existência de uma competição tão acirrada quanto a
lizados, a globalização parece favorecer as dinâmicas flexíveis das existente entre os países e que existem diversas formas para alcan-
cidades contemporâneas. Num mundo de fronteiras enfraquecidas çar um patamar mais elevado entre as cidades globais. O sucesso
a rigidez das nações se torna um empecilho para as forças do Mer- asiático também se deve ao alinhamento entre o governo central
cado, as grandes multinacionais procuram a flexibilidade necessária em determinadas regiões para impulsionar o desenvolvimento vi-
para maximizar os lucros, e entendem as cidades como plataformas sando também o favorecimento do país. Dubai é um exemplo do
perfeitas para sua instalação, garantindo competitividade e uma que o alinhamento entre tais poderes é capaz de realizar, colocando
área de negócios mais abrangente. a cidade em disputa direta com os mais influentes centros econô-
Diante do ressurgimento do protagonismo das cidades é na- micos do mundo, atraindo a atenção internacional para todos os
tural que o número de estudos sobre elas tenha aumentado e se
Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita tem se esforçado para re-
desenvolvido das últimas décadas, demonstrando que esse antigo
modelar sua capital Riad, tentando atrair para si uma imagem mais
ator social e político volta ao centro das discussões de poder, servin-
moderna, em franca dissonância com a realidade do país, servindo
do muitas vezes como um termômetro da riqueza, desenvolvimen-
como um produto de marketing, de maneira artificial e exagerada-
to e cultura de um país.
mente grandiosa.
O estudo mais abrangente sobre as regiões metropolitanas e
A “personalidade” de uma cidade não pode ser erigida de ma-
a criação do termo megacidades são exemplos de um aumento na
neira artificial, ela é construída através da história pelos seus ha-
visibilidade do poder municipal. Porém foi o termo cidade global,
bitantes, fazendo da memória e da experiência do modo de vida
originado do pensamento de Patrick Geddes, já no início do século
XX, que se tornaria o mais afamado. A releitura da socióloga Saskia urbano particular seus arcabouços principais. A Revolução dos
Sassen na década de 1990 se tornou influente no cenário interna- Guarda-chuvas, como ficou conhecido uma série de protestos em
cional, definindo as características que tais cidades deveriam pos- Hong Kong no ano de 2014, foi uma tentativa por parte da popu-
suir para almejar o título de global. lação Honconguêsa de impedir reformas eleitorais por parte do
governo em Pequim, que visavam atingir as eleições locais, dimi-
“[...] um dos setores em crescimento de relevância na economia nuindo consideravelmente a liberdade da região. Hong Kong é
global, os serviços, passa a ser o ponto de concentração e compe- uma cidade singular na China, sendo uma das duas únicas regiões
tição nos termos de Sassen– firmas jurídicas, propaganda, relações administrativas especiais no país, exemplo da ideia de “um país,
públicas, imobiliárias, turismo e entretenimento, [...]. ” (SASSEN, dois sistemas”, idealizado por Den Xiaoping, naquela altura secre-
2001 apud MALTA, 2008, p. 02). No século XVIII Manchester era tário-geral do Partido Comunista Chinês. Hong Kong esteve sob o
capaz de rivalizar em importância com Londres, devido ao seu par- domínio imperial britânico desde a Guerra do Ópio, no século XIX,
que industrial em desenvolvimento durante a Revolução Industrial. tendo sido devolvida à China em 1997, sob condições especiais. A
No século XXI as grandes indústrias mudaram-se para regiões mais autonomia política da região demonstra a existência de um enclave
afastadas dos grandes centros, sendo que cidades como a capital in- democrático dentro do território chinês, muito menos tolerante a
glesa preferem atrair escritórios de grandes empresas e instituições interferência direta de Pequim, daí a reação revolucionária diante
financeiras. A nova dinâmica econômica faria vítimas como Detroit, de propostas restritivas a liberdade.
nos Estados Unidos, que perderia sua favorável posição diante da A gerência de uma cidade não raramente entra em conflito
flexibilidade de novos mercados como o japonês. com a posição do poder central, Castells (1996) observa que as ci-
dades americanas tiveram um protagonismo na área econômica a
Em outros continentes, o protagonismo econômico das cidades partir da década de setenta, com o neoliberalismo sob o coman-
é ainda mais evidente, especialmente na Ásia: Seul, Taipei, Hong- do de Ronald Reagan, indo até a era de George W. Bush. Naquele
-Kong, Cingapura, Bangcoc, Shangai, Hanói etc. Difundem-se as contexto, programas de assistência social foram sendo extintos e a
estatísticas econômicas das cidades e nelas se dá uma forte com- desindustrialização, já citada no caso de Detroit, acabou por afetar
plementaridade entre o governo da cidade e o conjunto dos agentes fortemente os empregos. O autor chama a atenção para a reação
econômicos, todos orientados para os mercados externos. As cida- de certas cidades diante desse quadro, dando destaque para as
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cidades de Los Angeles, São Francisco, Seattle e a própria Detroit, Outros exemplos notáveis são, Los Angeles, 1984; Seul, 1988;
além de estados como a Flórida e o Wisconsin. As reações dessas Atlante, 1996; Sidney, 2000. Todas essas cidades se beneficiaram
regiões diante de políticas neoliberais iam desde ações econômicas amplamente das olimpíadas, sendo o evento um catalizador para o
até soluções para os problemas urbanos como extrema violência e desenvolvimento regional.
infraestrutura deficiente. A cidade do Rio de Janeiro também procura obter saldos po-
sitivos do evento, apesar do ceticismo quanto o legado da infraes-
Cidades como Los Angeles, São Francisco, Detroit, Seattle etc. trutura, possivelmente a cidade conseguirá elevar o seu soft power,
— assim como os estados da Flórida e Wisconsin — demonstraram, característica que faz da cidade a mais conhecida do Brasil pelo
simultaneamente, mediante planificação estratégica e cooperação mundo e um chamariz turístico para o país.
público-privada, o potencial negativo da aberrante política neolibe- Assim como na era de Pereira Passos, o Rio de Janeiro se pre-
ral e a capacidade de resposta das cidades. A grande manifestação para para mudanças estruturais importantes. É possível perceber
convocada pelos prefeitos, que reuniu em Washington meio milhão semelhanças com o passado ao notar que as áreas mais destacadas
de pessoas, anunciou, em 1992, o declínio de Bush e o início de no- para os jogos são já regiões nobres com alto índice de desenvolvi-
vas políticas para as cidades: novas infra-estruturas, “enterprises mento, além disso mais uma vez a região portuária se destaca como
zones”, relançamento de programas sociais baseados na geração o local central para a mudança estética da cidade.
de emprego, na educação, na assistência sanitária pública, na pro- Um evento internacional da magnitude dos jogos olímpicos
teção do meio ambiente urbano etc. (CASTELLS, 1996, p. 03) possibilita a continuação do projeto de construção de uma identida-
de municipal que inclui uma ideia de multiculturalismo e de brande
Somando-se aos exemplos citados é importante incluir o es- beleza local. Porém, também aumentam as chances para que o lado
tado da Califórnia como região que, diferente dos estados brasilei- negativo da cidade seja exposto de modo global, como já acontece
ros, goza de grande dose de autonomia para gerir seu território. em torno da questão do surto de Zica, a alta taxa de criminalidade e
Também afetada pela diminuição do Estado na década de seten- os problemas relativos a estrutura urbana.
ta, a Califórnia procurou se reinventar para driblar os problemas Os projetos municipais de desenvolvimento atualmente se de-
econômicos, atraindo grandes empresas de tecnologia, apostando frontam com a questão em torno da revolução informacional, com
fortemente em energia renovável e na educação, simbolizada pela novas demandas para a integração e uso das redes.
Universidade do Estado da Califórnia, uma instituição pública que é
recordista de Prêmios Nobel. A cidade é constituída por redes, sejam elas intangíveis, como
as redes sociais, econômicas ou políticas, ou físicas e materiais,
[...] a sensação de crise que provocou, em algumas cidades, como as redes viárias, ferroviárias, de água ou de luz. A sociedade
uma reação conjunta do governo local e dos principais agentes contemporânea viu o nascimento de uma nova grande rede, que
econômicos na realização de uma transformação da infraestrutura excedeu os limites urbanos e até mesmo as barreiras nacionais:
urbana para facilitar a passagem do modelo industrial tradicional a Internet. Observa-se na cidade informacional a digitalização de
para o de centro terciário qualificado. muitas dessas redes, transconfigurando-as de materiais para bits
e bytes. Em seu conjunto compõem uma grande rede virtual, po-
Este é o caso de Birmingham: mediante um Plano Estratégico
tencializando assim o fluxo do que vem sendo considerado o mais
que obteve um importante apoio da Comunidade Européia, Birmin-
importante insumo desta era: a informação. (JAMBEIRO; SOUZA,
gham renovou o seu centro urbano e converteu-se na mais dinâmica
2005, p. 12)
cidade inglesa. Outras cidades, como Amsterdã ou Lyon, se adian-
taram à crise e, mediante vastos planos estratégicos, promoveram
Os autores apontam para a realidade contemporânea, onde di-
as mudanças de infra-estrutura e imagem para se adequarem às
versas redes se entrecruzam para formar a cidade contemporânea,
novas demandas da economia global e da competitividade interna-
de fato o uso da internet já é tão disseminado que não é mais pos-
cional. Em outros casos, a impotência do governo local impediu a
sível se referir ao espaço virtual como o oposto da realidade. Para
conversão das propostas estratégicas em linhas de atuação, como o
“Projetto Milano”. (CASTELLS, 1996, p. 04) Egler as redes virtuais se compõem ao lado, não do real, mas do vi-
tal, assegurando a existência das redes como uma realidade irrever-
Momentos de crise não são os únicos a inspirar cidades rumo sível e inseparável da rede vital, complementando-se na construção
a um planejamento de longo prazo, pois eventos internacionais são do espaço urbano atual.
de grande impacto para o desenvolvimento urbano. Dois eventos
principais podem ser destacados como os mais relevantes para a A metáfora da rede é muito oportuna, porque representa uma
mudança estrutural de uma cidade ou mesmo para a tentativa de articulação de nós, conectando elementos singulares que se arti-
um país de criar em torno de si uma imagem positiva, são eles a Ex- culam para formar uma totalidade. Os fluxos de comunicação for-
posição Universal e os Jogos Olímpicos de Verão. Esse último gran- mam um tecido atemporal e aterritorial que define novas formas de
de impacto na imagem de suas anfitriãs, fortemente usado ao longo aglomeração de objetos e pessoas. Por isso o espaço na sociedade
da história por diversos líderes e países em busca de repercussão informatizada deve ser percebido como uma sobreposição de redes
internacional e símbolo de disputa durante a Guerra Fria. vitais e virtuais que tem objetos compartilhados de ação para o de-
As cidades, como verdadeiras protagonistas dos jogos olím- senvolvimento de objetivos econômicos, políticos e culturais. Pode-
picos, recebem grande destaque, esse momento foi largamente mos ver, então, que a rede virtual forma um novo tecido social que
aproveitado em algumas ocasiões, um exemplo paradigmático é se sobrepõe à rede vital, transformando-o. Está claro que existem
Barcelona, nas Olimpíadas de Verão de 1992. O forte investimento redes que se formam e funcionam dentro da Internet, mas apenas
em infra-estrutura combinado com o marketing certeiro, que focava dentro delas; para nós interessa observar as diferentes origens que
na historicidade e cultura local, deixaram legados duradouros na conformam as redes. O fato é que não é possível separar uma da
região. A cidade espanhola ganhou projeção internacional, seus outra e esse é um ponto indubitável para sustentar nossa posição
monumentos passaram a ser admirados mundialmente e alcançou no debate. (EGLER, 2009, p. 02)
uma posição de destaque capaz de rivalizar com a capital Madri.
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A mesma autora ainda analisa a diversidade das redes, aten- [...] é a cidade da cibercultura, preenchida e complementada
tando para a conexão entre o público e o privado, formando inicia- por novas redes telemáticas — e as tecnologias daí derivadas, in-
tivas comuns para o sucesso do desenvolvimento regional, fazendo ternet fixa, wireless, celular, satélites etc. — que se somam às re-
também do capital um investidor importante para a cidade. “[...]as des de transporte, de energia, de saneamento, de iluminação e de
novas tecnologias permitem uma mediação interativa entre Esta- comunicação. Devemos compreender a cidade-ciborgue como um
do, capital e sociedade; e permite a realização de políticas urbanas, híbrido, composto de redes sociais, infra-estruturas físicas, redes
tanto para o exercício da dominação como da libertação. ” (EGLER, imaginárias (Westwood e Williams 1997), constituindo um orga-
2009, p.11) nismo complexo, cuja dinâmica está atrelada às novas tecnologias
da cibercultura, próximo da metáfora do ciborgue (Lemos 1999). A
Para Castells (1992) a cidade informacional é o espaço privile- cidade sempre foi um artifício e hoje essa artificialidade está presa
giado onde os cidadãos passam a interagir com o poder político de nas garras do digital. (LEMOS, 2007, p. 130 – 131)
modo diferenciado, graças as NTIC e os grandes avanços nos canais É impossível desassociar o espaço urbano da realidade digital,
de comunicação entre o Estado e a população. Transformações de as transformações pelas quais as cidades estão passando são o re-
cunho social, político, econômico e cultural se tornam realidade flexo de uma nova realidade, que se sedimenta de forma contrária
frente a liquidez contemporânea, que afeta hierarquias e altera a as visões sociais e econômicas do passado. Se os mais diversos as-
burocracia. pectos da vida humana sofrem influência das NTIC é natural que o
espaço onde se dá a vivência humana também seja alterado.
O cerne da questão é refletir sobre a perda de centralidade vin-
culada à emergência das tecnologias que, ao criarem formas alter- As novas tecnologias de comunicação e informação têm trans-
nativas de ação, comunicação e mobilização social, promovem um formado vários segmentos da sociedade contemporânea, fazendo
reordenamento da forma de organização hierárquica, verticalizada com que diversos analistas tenham sugerido classificar a época
e autoritária do Estado. Trata-se, pois, de conhecer o modo como como sociedade pós-industrial, sociedade pós-moderna, sociedade
se transformam as relações de interação entre Estado e socieda- da informação ou informacional, cibercultura, sociedade em rede
de pela mediação de tecnologias de comunicação e informação. etc. Embora a compreensão da condição contemporânea não seja
(EGLER, 2009, p.15) unânime, podemos dizer com alguma coerência que o que está em
As mudanças sociais hoje têm como seu epicentro as cidades, jogo são modificações espaço-temporais profundas que alteram,
essas se reconfiguram procurando adaptar-se com sucesso as exi- remodelam e inovam a dinâmica social. Trata-se do surgimento da-
gências de um mundo globalizado e de uma Multidão conectada, quilo que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chamou de “mo-
capaz de expressar por diversos canais seus desejos e frustrações dernidade líquida”. (LEMOS, 2007, p. 130)
sobre a administração pública.
As transformações se dão principalmente da mescla dos espa-
Segundo Lemos (2001) a cidade digital é um complemento a
ços vital e virtual, produzindo uma cidade atrelada a cibercultura
estrutura física urbana, garantindo redes que permitem o fluxo da
e mostrando de maneira mais incisiva as modificações nas noções
informação e da realidade sociopolítica. Vital e Virtual se confluem
de tempo e espaço geradas pelas novas tecnologias. As transfor-
garantindo espaços de ação para as pessoas, fazendo da cidade con- mações sociais em curso estão diretamente ligadas a essa nova re-
temporânea o espaço central para as mudanças sociais. alidade, “[...] questões como cidades virtuais, governo eletrônico,
cibercidadania, exclusão e inclusão digital, ciberdemocracia, ques-
Cidades: A cidade contemporânea como o território da Multidão tões essas urgentes para a compreensão da cibercultura do século
A cidade digital é mais um termo para se compreender as nu- XXI.” (LEMOS, 2007, p.132)
merosas e profundas transformações que ocorrem no espaço urba-
no, diversas questões se apresentam diante de um cenário globali- É a realidade pós-industrial que forja a nova dinâmica urbana, a
zado, que vê na tecnologia uma oportunidade para superar velhos informação se torna um elemento privilegiado, bem como as novas
problemas e encontrar soluções adequadas para uma adaptação formas de comunicação que possibilitam ao indivíduo acompanhar
inevitável acerca dos novos modos de gerenciamento do território. a liquidez contemporânea.
Mobilidade urbana, segurança pública, conectividade e reno- A conectividade é um tema recente no debate sobre o urba-
vação da cidadania são alguns pontos que fazem da cidade um qua- no, mas demais tópicos são tradicionais para o entendimento da
dro menor das questões políticas que atualmente dominam a pauta dinâmica urbana, a segurança, por exemplo, é um tema comum as
de notícias. É nessa cidade digital onde a contestação as estruturas cidades, ela também tem o seu papel na modificação do espaço e
de poder se dá de modo mais enfático, também é nesse espaço agir do indivíduo.
onde o indivíduo se articula procurando exercer seus direitos e sua
vontade. É importante então entender como a cidade digital afeta A cidade tornou-se tão violenta que as pessoas preferem perder
o cotidiano da população e qual o seu papel diante das transforma- a liberdade, em troca da pretensa garantia de segurança. A escolha
ções sociais em curso. perversa é a de que preferimos não ser cidadãos livres, mas estar-
O presente tecnológico que modifica a cidade tem sido muito mos protegidos. Os territórios-fortaleza nas cidades transformam
estudado, gerando diversas interpretações e nomes para o fenôme- espaços públicos e privados em lugares de aprisionamento. Muitas
no, cidades digitais, cidade informacional, cidade-ciborgue, ciberci- iniciativas vigilantes criam o quadro geral de aprisionamento coleti-
dade, muitos são os termos para compreendê-las. Para Lemos esse vo no qual os habitantes das cidades não só se acostumaram, como
passaram a julgar racionalmente desejável, face ao sentimento de
novo tipo de cidade se baseia no entrecruzamento de tecnologias
segurança proporcionado. Nas cidades violentamente protegidas
fundamentais.
e vigiadas, o próprio corpo tende a tornar-se também hermético
e impermeável a outros corpos. Considerando que as cidades são
feitas das relações que as constituem, torna-se coerente pensar na
metáfora da cidade como um corpo que se esquarteja, buscando
tornar-se imune a si mesmo. (CARRANO, 2002, p. 05 – 06)
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A violência urbana é hoje um elemento fundamental para se feminina e sua relação com o estupro dividiram a opinião pública,
compreender a dinâmica da cidade contemporânea. É na metró- mostrando também que até mesmo os profissionais de segurança
pole onde os mais variados tipos de indivíduos são compelidos a baseiam seu trabalho sobre pressupostos preconceituosos como
interagir, numa convergência de comportamentos, pensamentos ficou claro na conduta do delegado Alessandro Thiers, da Delega-
políticos, ideologias e expressões culturais, que por um lado trazem cia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que durante os
diversidade a cidade e por outro afloram a desconfiança em relação depoimentos fez perguntas relativas a vida sexual da jovem, ques-
ao “diferente”. tões que não são pertinentes ao processo de investigação, sendo
A hierarquização social inerente ao capitalismo se revela de afastado do caso.
modo brutal na cidade, os excluídos andam ao mesmo lado dos me- A violência também é apropriada pela Mídia, pelo Estado e por
nos afortunados e dos mais abastados. Espaços se tornam símbolos seguimentos do mercado que veem oportunidade de lucro em tal
do status de seus habitantes, áreas nobres e carentes vão sendo realidade. A guerra pela audiência televisiva, o uso excessivo da
constituídas e geram uma parte importante da identidade urbana. violência policial e o segmentado de vendas de artigos relativos à
O local onde se habita ou se trabalha passa então a se tornar um segurança pessoal ganham terreno fértil em tal realidade.
indício da posição social do indivíduo, em muitos casos é levado em
consideração para se estabelecer a conduta moral de alguém. Tal como o dinheiro vivo pronto para qualquer tipo de investi-
Dentro de dinâmicas tão complexas a sociedade ergue aparatos mento, o capital do medo pode ser usado para se obter qualquer es-
físicos para segregar seus habitantes, desde as tentativas de afastar pécie de lucro, comercial ou político. E é. Isso acontece também com
os mendigos até a implantação do estado de sítio permanente em a segurança pessoal que se tornou um grande, talvez o maior, ponto
comunidades carentes. A implantação de sistemas de segurança ba- de venda em toda espécie de estratégia de marketing. O lema “lei e
seados no controle por câmeras é cada vez mais comum, chegando ordem”, cada vez mais reduzido à promessa de segurança pessoal
(mais exatamente corporal), se tornou uma grande, talvez a maior,
a seu ápice na cidade de Londres, que possui a alcunha de “mais
bandeira nos manifestos políticos e nas campanhas eleitorais, en-
vigiada” do planeta.
quanto a exibição de ameaças à segurança pessoal se tornou um
A mídia tem papel fundamental para a percepção cotidiana da
grande, talvez o maior, trunfo na guerra de audiência dos meios de
violência, dedicando grande parte da programação sobre o assun-
comunicação de massa, reabastecendo constantemente o capital
to, muitas vezes de modo duvidoso, como o “programa do Datena”
do medo e ampliando ainda mais o sucesso tanto de seu marketing
e similares de menor audiência. A violência se torna espetáculo
quanto de seu uso político. (BAUMAN, 2007, p. 18 – 19)
como no 11 de setembro e nos frequentes assassinatos em massa
da sociedade americana, onde políticos oportunistas passam a ter
Diante de tais fatos fica claro que o espaço urbano é o terreno
a oportunidade de ganhar um espaço no “show”, desqualificando
onde os setores populares vivem o dilema acerca da aproximação
os debates sobre os fatos e procurando capitalizar em votos sobre do “outro”. Se o “outro” representa uma possível ameaça de violên-
tragédias. cia ou choque de visões, ele também pode representar a oportu-
nidade a fraternidade e a necessária interação entre os indivíduos.
Os medos nos estimulam a assumir uma ação defensiva. Quan-
do isso ocorre, a ação defensiva confere proximidade e tangibilida- [...]os sujeitos sociais se articulam a atores que adquirem visibi-
de ao medo. São nossas respostas que reclassificam as premonições lidade nas conjunturas políticas. Os sujeitos sociais, porém, corres-
sombrias como realidade diária, dando corpo à palavra. O medo pondem a longos e amplos processos de estruturação das relações
agora se estabeleceu, saturando nossas rotinas cotidianas; pratica- societárias. Existem laços vividos entre sujeitos e atores sociais e
mente não precisa de outros estímulos exteriores, já que as ações políticos, construídos por experiências compartilhadas que não se
que estimula, dia após dia, fornecem toda a motivação e toda a esgotam nos atos imediatos. Daí a resistência demonstrada por mo-
energia de que ele necessita para se reproduzir. Entre os mecanis- vimentos que possuem raízes profundas na experiência social e na
mos que buscam aproximar-se do modelo de sonhos do moto-per- memória de um povo. (RIBEIRO, 2012, p. 203)
pétuo, a auto-reprodução do emaranhado do medo e das ações ins-
piradas por esse sentimento está perto de reclamar uma posição de A interação surge então como o elemento principal na cons-
destaque. (BAUMAN, 2007, p. 15) tituição da Multidão na cidade contemporânea, sendo perseguida
pelos atores sociais mesmo em meio aos desafios cotidianos do
É preciso então compreender as forças que aglutinam e as que território. O desejo de mudanças reais e profundas acirram as co-
segregam os habitantes dentro da metrópole. A cidade é o nicho alizações urbanas, pressionando o poder público e impactando a o
da Multidão, como já dito é nela que se dá a convergência com o espaço público, respostas naturais para as demandas sociais da atu-
“outro”, possibilitando a união dos indivíduos em torno de diferen- alidade, que encontra no engajamento social sua expressão mais
tes causas, na cidade digital esses indivíduos têm maior acesso as emblemática.
NTIC, como a internet e a telefonia móvel, além de uma considerá- A ação gerida e administrada e, portanto, articulada à repro-
vel infraestrutura urbana em relação as regiões mais afastadas dos dução da sociedade de consumo (pós-industrial, de massa) e a ação
centros. Essas possibilidades tecnológicas auxiliam na organização espontânea ou fluidamente organizada de reivindicação e protesto
dos indivíduos, dando a Multidão os elementos necessários para constituem dois grandes cenários traçados por análises dirigidas à
cobrar do Estado suas reivindicações compreensão dos desafios representados pela grande cidade, pela
Se as NTIC são o elemento aglutinador, o medo se apresenta metrópole moderna. A partir destes dois veios, podemos reconhecer
como o elemento segregador. A violência estigmatiza o cidadão, in- a elaboração de expectativas, pelo pensamento crítico, em direção
fluindo na hierarquização social e evidenciando as dicotomias do à revitalização da esfera pública, à ampliação da democracia, ao
pensamento. Um exemplo dessa evidenciação pode ser vista na re- resgate da cidadania ou, em sentido inverso, na declaração de um
percussão sobre o caso do estupro coletivo cometido a uma jovem crescente temor de que o futuro se apresente na forma de um mer-
de uma menina de 16 anos na cidade do Rio de Janeiro em 21 de gulho irreversível no cotidiano alienado ou, na barbárie [...] (RIBEI-
maio de 2016. Nesse caso as opiniões divergentes sobre a conduta RO, 2012, p. 138)
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Para que a cidade contemporânea possa proporcionar os me- TEXTO 2
canismos necessários para a possibilidade de mudanças sociais é A poucos dias da comemoração do centenário do final da Pri-
preciso que ela esteja inserida na nova realidade tecnológica do meira Guerra Mundial, o presidente da França, Emmanuel Macron,
presente. Nesse sentido questões como a inclusão digital se tornam alertou que a Europa vive o risco de um desmembramento devido
extremamente importantes, pois possibilitam a ação da Multidão ao nacionalismo, assim como no período entre guerras.
dentro de seu território por excelência, a cidade digital. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ ultimas-noticias/
efe/2018/11/01/macron-alertapara-risco-de-nacionalismo-similar-
-ao-do-periodoentreguerras.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em:
25/11/2018.
QUESTÕES Os textos 1 e 2 fazem referência à União Europeia, que dentre
os desafios apresentados atualmente, destaca-se
(A) a disputa diplomática com os EUA, que sob o governo de
1. Atualmente, muitos fatos têm ocorrido de maneira expres- Donald Trump, tem pressionado a Europa a se fechar para os
siva e dinâmica: pessoas migram de um país para outro em busca mercados asiáticos.
de empregos e melhores condições de vida, empresas de países de- (B) a complicada relação de dependência dos recursos ener-
senvolvidos instalam-se em países subdesenvolvidos em busca de géticos provenientes da Ucrânia, problema este que teve seu
espaços maiores e mais baratos e também de mão de obra barata, ápice na anexação da Crimeia pela Rússia.
indústrias distribuem as etapas de produção em vários países a fim (C) a eleição de governos nacionais que tem se revelado contrá-
de baratear os custos. Tudo isso acontece devido a um fenômeno rios aos ideais formulados décadas atrás, colocando em risco a
que ocorre há muitos anos e recebe o nome de: permanência do bloco.
(A) Blocos Econômicos (D) a questão da xenofobia e a crescente resistência quanto à
(B0 Regionalização livre circulação de pessoas entre os países membros, fatores
(C) Capitalização que, inclusive, motivaram a ocorrência do Brexit.
(D) Colonização
(E) Globalização 4. Começando pelos mais conservadores – e/ ou otimistas –
em relação aos processos de globalização, podemos destacar Keni-
2. Ao refletir sobre o território de um país e seu papel num chi Ohmae, verdadeiro guru dos globalistas, consultor de grandes
espaço globalizado, Santos e Silveira (2006) afirmam que há algu- empresas e governos nacionais. Para Ohmae (1996), a região vê-se
mas áreas nos territórios nacionais que possuem uma presença revigorada com a perda de poder dos Estados-nações e a consolida-
mais plena da globalização, caracterizadas pela sua inserção numa ção de um mundo global.
cadeia produtiva global, pelas relações distantes e, frequentemen- HAESBAERT, R. Regional-Global: dilemas da região e da regio-
te, estrangeiras que criam e, também, pela sua lógica extravertida. nalização na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand
Todavia, a base desse processo é o espaço nacional cuja regulação Brasil, 2010. (Adaptado).
continua sendo nacional, ainda que guiada em função dos interes- Assinale a alternativa que contemple corretamente a crítica
ses de empresas globais. que Haesbaert faz do debate regional-global:
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no (A) Pensar em região e nos processos de regionalização é um
início do século XXI. 9ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2006. importante fator de análise para dinâmicas efetivamente vivi-
Levando em consideração as afirmações de Santos e Silveira das e produzidas por grupos sociais. Mas com a globalização, as
(2006), pode-se definir essas áreas mais globalizadas do território estratégias de planejamento dos territórios deveriam ter parti-
de um país como? cipação de grupos hegemônicos.
(A) A região globalizada. (B) A trajetória do conceito de “região”, além da amplitude que
(B) O espaço regional de um espaço globalizado. adquire no senso comum, é de grande polissemia e confusão.
(C) O espaço nacional da economia internacional. Entretanto, mesmo considerando a maior difusão do conceito
(D) O espaço nacional centralizado. de território, qualquer proposta de “recorte regional” deve ser
compreendida como um ato de poder.
3. TEXTO 1 (C) Para o autor, o debate contemporâneo sobre região não
A mundialização da economia capitalista gerou a segmentação deveria ignorar os clássicos da Geografia Francesa, como Paul
do espaço econômico mundial. Essa característica geográfica se ex- Vidal de La Blache, que criaram duas concepções distintas de
pressa no final do século XX na formação de blocos econômicos em região: físico-natural e região-econômica.
todo o mundo. (D) O autor reitera que os processos da globalização extingui-
A Comunidade Econômica Europeia (CEE) constitui-se no exem- ram as fronteiras nacionais, dotando os “espaços regionais”
plo mais avançado desse processo de formação e unificação eco- com papeis definitivos ante o Estado-nação.
nômica. Desde o ano de 1993 a CEE forma um espaço econômico,
financeiro e monetário único. Portanto, constitui-se em um espaço
onde as suas fronteiras nacionais não são obstáculos à livre circula-
ção das mercadorias e das pessoas.
OLIVEIRA, A. U. A mundialização do capitalismo e a geopolítica
mundial no final do século XX. In: ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do
Brasil. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2014.

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5. Leia o fragmento a seguir. 8. O agronegócio globalizado é uma variável chave para com-
“Segundo as Nações Unidas, em 2017, pelo menos 1,8 milhão preender as contradições materializadas no campo brasileiro no
de sírios foram forçados a fugir de onde viviam, muitas vezes por início do século XXI. Atente para o que se diz a seguir sobre essa
causa de conflitos. temática.
Esse processo de deslocamento pode ser explicado a partir do I. É cada vez mais presente na agricultura brasileira um sistema
conceito de __________, ou seja, um desenraizamento no sentido produtivo “empresarial”, que envolve aquisição e arrendamento de
de uma destruição tanto no sentido físico e político quanto em um terras para a produção de agrocombustíveis, grãos e florestas plan-
sentido econômico e __________. tadas.
Um dos exemplos mais contundentes é o dos __________, es- II. O arranjo territorial da reestruturação produtiva da agricul-
ses “novos nômades” cada vez mais numerosos, onde efetivamente tura no Brasil vai se organizar de maneira seletiva, privilegiando de-
só resta como alento, em meio à total insegurança e fragilidade, a terminadas “manchas” de expansão agroindustrial.
luta pela sobrevivência física cotidiana.” III. Quanto mais desenvolvida for a atividade agrícola na qual
Assinale a opção cujos termos completam corretamente as la- são implementados os pacotes tecnológicos direcionados ao au-
cunas do fragmento acima. mento da produção, maior será sua dependência das condições
(A) diáspora – geográfico – povos isolados climáticas.
(B) globalização – cultural – acampamentos de refugiados É correto o que se afirma em
(C) desterritorialização – social – povos isolados (A) I e II apenas.
(D) desterritorialização – cultural – acampamentos de refugia- (B) I, II e III.
dos (C) I e III apenas.
(E) diáspora – cultural – grupos separatistas (D) II e III apenas.

6. Leia o fragmento a seguir. 9. “O mundo estaria se ‘desterritorializando’? Sob o impacto


“Os mercados de capitais são globalmente interdependentes. dos processos de globalização que ‘comprimiram’ o espaço e o tem-
O capital é gerenciado vinte e quatro horas por dia em mercados po, (...) o que restaria de nossos ‘territórios’, de nossa ‘geografia’?
financeiros globalmente integrados, funcionando em tempo real Fonte: HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização – do
pela primeira vez na história. As novas tecnologias permitem que o fim dos territórios à multiterritorialidade. 2ª edição. Rio de Janeiro:
capital seja transportado de um lado para o outro entre economias Bertrand Brasil, 2006. pp. 19 e 20.
em curtíssimo prazo”. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Na geografia, o debate contemporâneo sobre territorialização,
São Paulo: Paz & Terra. 1999. desterritorialização e reterritorialização conclui acerca
Com relação à circulação de capitais, mercadorias e informa- (A) de uma tendência ao enfraquecimento dos controles terri-
ções, analise as afirmativas a seguir. I. O fluxo de investimento ex- toriais, em consequência de uma rearticulação das velocidades
terno direto encontra-se distribuído entre países desenvolvidos e na sociedade do movimento.
emergentes de forma equilibrada. II. O fluxo de capitais especu- (B) do predomínio da fluidez sobre a estabilidade, resultando
lativos e as principais bolsas de valores se concentram nos países numa sociedade de fluxos sem necessidade de base material.
desenvolvidos e em alguns poucos países emergentes. III. O fluxo (C) do aumento da hibridização cultural e, portanto, de uma
mundial de mercadorias se concentra nos países desenvolvidos, es- multiplicidade de identidades que esvazia o território.
pecialmente entre os países que compõem o G-8. Está correto o (D) da formação de uma multiplicidade de territorialidades,
que se afirma em que vai dos limites fixos do gueto aos mais flexíveis territórios
(A) I, apenas. rede.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas. 10. No que diz respeito ao real sentido da globalização e da
(D) II e III, apenas. ordem mundial contemporânea, é correto afirmar que
(E) I, II e III. (A) o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, que
permite tornar o mundo socialmente mais justo e igualitário, é
7. O processo da Globalização não possuí uma data exata de uma grande conquista da globalização.
início, mas, para muitos autores, a década de 90 do século XX seria (B) a globalização é o estágio supremo da internacionalização
um momento importante na sua consolidação. Entre as alternativas da economia e seu maior destaque é a garantia de que a maior
a seguir, assinale a que apresenta a melhor característica sobre a parte dos países do mundo participe dessa dinâmica de manei-
Globalização. ra proporcional.
(A) Surgimento de uma divisão bélica entre Estados Unidos e (C) a produção globalizada e a informação globalizada permi-
Rússia. tem às firmas globais obterem um lucro em escala mundial e
(B) Aumento da integração econômica entre os países. isso constitui o verdadeiro motor da atividade econômica con-
(C) Perda significativa do mercado financeiro mundial. temporânea.
(D) Fim do uso da língua inglesa como comunicação interna- (D) com a consolidação do processo de globalização, pode-se
cional. viver em um espaço sem fronteiras, isto é, uma aldeia global
(E) Diminuição das trocas comerciais internacionais onde todos podem conhecer extensivamente e profundamen-
te o planeta.

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a solução para o seu concurso!
ATUALIDADES (DIGITAL)
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 D ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 A
9 D ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS


PARA EDIÇÃO DE TEXTOS (WORD, WRITER), PLANILHAS
(EXCEL, CALC), APRESENTAÇÕES (POWERPOINT, IM-
PRESS); MICROSOFT OFFICE (VERSÃO 2007 E SUPERIO-
RES), LIBREOFFICE (VERSÃO 5.0 E SUPERIORES)

Microsoft Office

• Iniciando um novo documento

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas • Alinhamentos
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum: mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

Word GUIA PÁGINA TECLA DE


O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades. Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
• Área de trabalho do Word com a margem
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
com a necessidade. Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

Editora
177
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de Arquivo Salvar
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto- Excel
máticos. O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO – Planilha de custos.

Tipo de letra Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente.
Tamanho
• Mas como é uma planilha de cálculo?
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
Aumenta / diminui tamanho calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
Recursos automáticos de caixa-altas – A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
e baixas entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
- Mudar cor de
Página inicial Fundo
- Mudar cor do
texto

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-


- Inserir Tabelas
Inserir lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
- Inserir Imagens
uma planilha.

Verificação e cor-
Revisão
reção ortográfica

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178
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
• Formatação células

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint,
o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos,
no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópi-
co referente ao Word, itens de formatação básica de texto como:
• Fórmulas básicas alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e
recursos gerais.
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) trabalho com o programa.
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)
Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários
PowerPoint no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta- las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui apresentado anteriormente.
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.
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179
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smar-
tfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- smartfones de forma geral.
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando • Atualizações no Word
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. – No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade a digitação de equações.
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le-
vando a experiência dos usuários a outro nível. • Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
Office 2013 riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível questão do compartilhamento dos arquivos.
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.

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180
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor • Atualizações no PowerPoint
desenvolvimento de documentos; – Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Office 365
Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você. O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me-
lhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res-
ponsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atu-
alizados.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como LIBREOFFICE OU BROFFICE
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.

Editora
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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Conhecendo a Barra de Ferramentas

Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:

GUIA PÁGINA
ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL
LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades Alinhamento a
Control + L
de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, esquerda
PowerPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice:
Centralizar o texto Control + E
Writer, Calc e o Impress).
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux
e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Win- Alinhamento a direita Control + R
dows, visto a sua concorrência com o OFFICE.
Justificar (isto é
Abaixo detalharemos seus aplicativos:
arruma os dois lados,
direita e esquerda Control + J
LibreOffice Writer
de acordo com as
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
margens.
na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti-
las e comunicações em geral.
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.
Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Área de trabalho do Writer
Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
nossos documentos. GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado

Taxado

Iniciando um novo documento Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

OU

Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada


na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa
necessidade e estilo que ser aplicado no documento.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA

Itálico

Cor da Fonte
Outros Recursos interessantes:
Cor Plano de Fundo
ÍCONE FUNÇÃO
Outros Recursos interessantes
Mudar cor de Fundo
Mudar cor do texto
ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens Ordenar
Inserir Gráficos Ordenar em ordem
Inserir Caixa de Texto crescente
Auto Filtro
Verificação e correção ortográfica Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Salvar Inserir gráfico
Verificação e correção
LibreOffice Calc ortográfica
O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu- Salvar
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins.

Área de trabalho do CALC Cálculos automáticos


Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme- criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
lhantes às já conhecidas do Office. gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados


automaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo?
Veja:

Vamos à algumas funcionalidades


— Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO


A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que
nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exem-
Tipo de letra
plo coluna A, linha 2 ( Célula A2 )
Podemos também ter o intervalo A1..B3
Tamanho da letra

Aumenta / diminui
tamanho

Editora
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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um
tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:

Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de-
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de-
senvolvimento do trabalho.

Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula


e digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.

Formatação células

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es-


crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por Formatação dos textos:
exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Itens demarcados na figura acima:
— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
— Caractere: Letra, estilo, tamanho.
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.
— Marcadores e numerações: Organização dos elementos e
tópicos.

Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens
Inserir Gráficos
Inserir Caixa de Texto
Verificação e correção
ortográfica

Salvar

Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli-


Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no
des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre-
mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra,
criar os próximos.
trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer
necessário.

Transições
Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições,
que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta-
ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecio-
nar a transição desejada:

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também aces-
sível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

Editora
185
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
SISTEMAS OPERACIONAIS WINDOWS 7, WINDOWS 10 E vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
LINUX. ATALHOS DE TECLADO, ÍCONES, ÁREA DE TRABA- • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
LHO E LIXEIRA Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
WINDOWS 7 da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Editora
186
186
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7 Uso dos menus

Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

Área de transferência O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


A área de transferência é muito importante e funciona em se- turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários parte desejada e colar em outro lugar.
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Música e Vídeo
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
estamos copiando dados para esta área intermediária. e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
área de transferência. playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Editora
187
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

Área de trabalho

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Editora
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188
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Área de transferência – Ferramentas do sistema
A área de transferência é muito importante e funciona em se- • A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. confirmar sua exclusão.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
Uso dos menus mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.
Programas e aplicativos e interação com o usuário
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Editora
189
a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Inicialização e finalização Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

Conceito de pastas e diretórios


LINUX Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po- ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

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INFORMÁTICA
Uso dos menus
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são
necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma inter-
face gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o
mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendi-
zado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis
para serem utilizadas.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas


nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
botão:

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com
alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem
um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas
Desta forma já vamos direto ao item desejado bem comuns:
• Firefox (Navegador para internet);
Área de transferência • Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Mi-
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for- crosoft Office).
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, Pasta
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na São estruturas que dividem o disco em várias partes de tama-
área de transferência. nhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras
pastas (subpastas)1.
Manipulação de arquivos e pastas
No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan-
tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen-
te não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas


na cor azul e os arquivos na cor branca.
1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/
informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas
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INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

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INFORMÁTICA

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-ar-
quivos-pastas-e-programas/
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INFORMÁTICA
Localizando Arquivos e Pastas
No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS


ASSOCIADOS À INTERNET E INTRANET

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido. Exemplos: casa, escritório, etc.

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INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- • Sites
plo. Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde
o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento
qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns


dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Micro-


soft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador sim-
plificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
Navegação e navegadores da Internet – Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que
protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
• Internet – Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um en-
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção dereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co- www.gov.br/pt-br/
municam. – Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No
exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
• Procedimentos de Internet e intranet pt-br/ está aberta.
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa- – Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down- – Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como:
load), etc. imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da inter-


net muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos
que possibilitam ricas experiências para os usuários.

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INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

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INFORMÁTICA
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox


Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos 1 Botão Voltar uma página

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 2 Botão avançar uma página


7
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 3 Botão atualizar a página
8
detalhar adiante)
4 Barra de Endereço.
Mostra menu de contexto com várias op-
9
ções 5 Adicionar Favoritos

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na 6 Usuário Atual


internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado seguir.
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
dos seguros após o uso. dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
Google Chrome em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- Para removê-lo, basta clicar em excluir.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa-
das por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).

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INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, • Sincronização
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
dia a dia se preferir. portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. Safari

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-


ções implementadas.
Vejamos:

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INFORMÁTICA
• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

• Histórico e Favoritos

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-
nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria
das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.


com.br / @editora.com.br
• Pesquisar palavras – Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em recebidas;
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o – Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po- não enviadas;
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
e-mails que foram enviados;
• Salvando Textos e Imagens da Internet – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão nou de redigir;
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos: • Anexação de arquivos
– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
rio do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;

– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens,


programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.
Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-
• Uso do correio eletrônico xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail; o texto.
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra-
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria- • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
ção de contas estão no tópico acima; – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível; – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Computação de nuvem (Cloud Computing)
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador • Conceito de Nuvem (Cloud)
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas-
tante parecidas.

• Preparo e envio de mensagens

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto
de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuários
e às empresas.
A computação em nuvem permite que os consumidores aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor de serviços
em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus arquivos,
aplicações, etc., a partir de qualquer computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas de
TI, Telecomunicações.
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser acessados
em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos responsáveis
por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem seus dados e
recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos de
praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem que
podem ser contratados.

CORREIO ELETRÔNICO

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

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INFORMÁTICA
Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con-
forme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
referida no item “Endereços de e-mail”. e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
Criar nova mensagem de e-mail para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-


ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a Imprimir uma mensagem de e-mail
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
mensagem. sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi-


lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net3. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador
específico, mas sim em uma rede.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.

3 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nu-
vem/738-o-que-e-computacao-em-nuvens-.htm
Editora
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a solução para o seu concurso!
INFORMÁTICA
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja.
Vantagens:
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que
tudo é executado em servidores remotos.
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
único computador. pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
modificar o conteúdo do arquivo.
Desvantagens:
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu- iCloud
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar servidores dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
remotos, é primordial que a conexão com a internet seja estável e a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos. como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
Exemplos de computação em nuvem Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
Dropbox mento também.
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone.

No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um


sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

Google Drive
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam- Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do- rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet. 15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.
OneDrive
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
de espaço para os usuários4. Mas é possível conseguir ainda mais
espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
promoções que a empresa lança regularmente.
Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
pagos com capacidades variadas também.

Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser-


viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re-
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo
4 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/com- que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
parativo-os-principais-servicos-de-armazenamento-na-
para procurar palavras e expressões.
-nuvem-22996/
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Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas Computação sem servidor
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo. na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
Tipos de implantação de nuvem O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja-
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- sua equipe.
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
TI5. controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- SaaS (software como serviço)
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de sof-
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- tware pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em as-
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor sinaturas.
de nuvem contratado pela organização. Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe-
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja-
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo cente.
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou Além de realizarem manutenções, como atualizações de sof-
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra- tware e aplicação de patch de segurança.
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
mantidos em uma rede privada. dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
QUESTÕES
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
empresa.
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
Tipos de serviços de nuvem
principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra
versões em papel para o formato digital, é denominado
em quatro categorias amplas:
(A) joystick.
– IaaS (infraestrutura como serviço);
(B) plotter.
– PaaS (plataforma como serviço);
(C) scanner.
– Sem servidor;
(D) webcam.
– SaaS (software como serviço).
(E) pendrive.
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
o outro. erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
IaaS (infraestrutura como serviço) tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. adicionada para resolver o problema constatado por João.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi- (A) Placa de som
ços cloud, pagando somente pelo seu uso. (B) Placa de fax modem
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS (C) Placa usb
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e (D) Placa de captura
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera- (E) Placa de vídeo
cionais.
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
PaaS (plataforma como serviço) riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for- e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste, um exemplo de periférico somente de entrada.
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software. (A) Monitor
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen- (B) Impressora
volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui- (C) Caixa de som
to mais rápida. (D) Headphone
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou (E) Mouse
ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar-
mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol-
vimento.

5 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/
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4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados uma versão oficial do Microsoft Windows
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (A) Windows 7
reço válido na Internet é: (B) Windows 10
(A) http:@site.com.br (C) Windows 8.1
(B) HTML:site.estado.gov (D) Windows 9
(C) html://www.mundo.com (E) Windows Server 2012
(D) https://meusite.org.br
(E) www.#social.*site.com 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
Windows:
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (A) Windows Gold.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (B) Windows 8.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (C) Windows 7.
presencial, chamamos esse serviço de: (D) Windows XP.
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(C) Computação em Tempo Real. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(D) Computação em Block Time. cuta?
(E) Computação Visual (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (C) Capturar uma janela inteira
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- uma caneta eletrônica
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
Youtube (http://www.youtube.com). assinale a alternativa INCORRETA:
( ) Certo (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
( ) Errado pela Microsoft.
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
danos ao computador do usuário. pre visível ao usuário.
( ) Certo (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
( ) Errado 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail Kapersky.
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
cia de vírus. res x86 e 64 bits.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
adotado no exemplo acima. 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
ao administrador de rede. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo ( ) Certo
de vírus. ( ) Errado
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
toramento. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (A) init 0.
analisá-lo posteriormente. (B) init 6.
(C) exit
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (D) ls.
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (E) cd.
são para processadores de 64 bits.
( ) Certo 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
( ) Errado minúsculas
( ) Certo
( ) Errado

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17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 11 A
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 12 B
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 13 D
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 14 CERTO
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 15 D
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
16 CERTO
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 17 A
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 18 D
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 19 CERTO
e recebimento de páginas web. 20 CERTO

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-


ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági- ANOTAÇÕES
na Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte ______________________________________________________
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto. ______________________________________________________
(D) Inserir uma tabela no texto
______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
______________________________________________________
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
cativo. ______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
noros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 E
4 D ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
6 ERRADO
______________________________________________________
7 CERTO
8 C ______________________________________________________
9 CERTO _____________________________________________________
10 D
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LÍNGUA
DIREITO PORTUGUESA
CONSTITUCIONAL

A cidadania é a condição da pessoa pertencente a um Estado,


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
A dignidade da pessoa humana é valor moral personalíssimo
inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no
— Princípios fundamentais respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igual-
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- dade de direitos.
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pois é atra-
I - a soberania; vés do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui
II - a cidadania para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio
III - a dignidade da pessoa humana; que defende a total liberdade para o exercício de atividades econô-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei micas, sem qualquer interferência do Estado.
nº 13.874, de 2019). O pluralismo político que decorre do Estado democrático de
V - o pluralismo político. Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubs-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por tanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e
Constituição. não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en- democratas e republicanos.
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Importante mencionar que união indissolúvel dos Estados, Mu-
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- nicípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade
rativa do Brasil: de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; impossibilidade de separação de seus entes federativos, ou seja, o
II - garantir o desenvolvimento nacional; vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indis-
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- solúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se trans-
gualdades sociais e regionais; formar em um novo país.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, Quem detém a titularidade do poder político é o povo. Os go-
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. vernantes eleitos apenas exercem o poder que lhes é atribuído pelo
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- povo.
ções internacionais pelos seguintes princípios: Além de ser marcado pela união indissolúvel dos Estados e
I - independência nacional; Municípios e do Distrito Federal, a separação dos poderes estatais
II - prevalência dos direitos humanos; – Executivo, Legislativo e Judiciário é também uma característica
III - autodeterminação dos povos; do Estado Brasileiro. Tais poderes gozam, portanto, de autonomia e
IV - não-intervenção; independência no exercício de suas funções, para que possam atuar
V - igualdade entre os Estados; em harmonia. 
VI - defesa da paz; Fundamentos, também chamados de princípios fundamentais
VII - solução pacífica dos conflitos; (art. 1º, CF), são diferentes dos objetivos fundamentais da Repú-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; blica Federativa do Brasil (art. 3º, CF). Assim, enquanto os funda-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- mentos ou princípios fundamentais representam a essência, cau-
dade; sa primária do texto constitucional e a base primordial de nossa
X - concessão de asilo político. República Federativa, os objetivos estão relacionados à destinação,
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- ao que se pretende, às finalidades e metas traçadas no texto cons-
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América titucional que a República Federativa do Estado brasileiro anseia
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana alcançar.
de nações. O Estado brasileiro é democrático porque é regido por normas
democráticas, pela soberania da vontade popular, com eleições
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988 livres, periódicas e pelo povo, e de direito porque pauta-se pelo
estão previstos no art. 1º da Constituição e são: respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias funda-
A soberania, poder político supremo, independente interna- mentais, refletindo a afirmação dos direitos humanos. Por sua vez,
cionalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o o Estado de Direito caracteriza-se pela legalidade, pelo seu sistema
poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordena- de normas pautado na preservação da segurança jurídica, pela se-
mento jurídico.

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aa solução
solução para
para oo seu
seu concurso!
concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
paração dos poderes e pelo reconhecimento e garantia dos direitos O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pes-
fundamentais, bem como pela necessidade do Direito ser respeito- soa física ou jurídica ofendida em sua honra, e reputação, conceito,
so com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público. nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização
por dano moral ou material.

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Liberdade religiosa e de consciência:


VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
— Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak): ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
• Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade in- VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
dividual – direitos civis e políticos; religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
• Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
direitos sociais e econômicos; ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
• Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
ou solidariedade – direitos transindividuais, difusos e coletivos. prestação alternativa, fixada em lei;
O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial,
— Direitos e deveres individuais e coletivos mas que adota a liberdade de crença e de pensamento, assegurada
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não priva-
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, que trazem ção de direitos em razão da crença pessoal.
alguns dos direitos e garantias fundamentais. A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de
se recusar a cumprir determinada obrigação ou a praticar determi-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- nado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religiosas ou
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à prestação alternativa, fixada em lei.
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Liberdade de expressão e proibição de censura:
Princípio da igualdade entre homens e mulheres: IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
termos desta Constituição; Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de ex-
Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de di- pressão e a vedação da censura.
reitos e deveres entre homens e mulheres.
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
Princípio da legalidade e liberdade de ação: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
coisa senão em virtude de lei; material ou moral decorrente de sua violação;
Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolá-
não fazer algo que esteja previsto em lei. vel a imagem, a honra e a intimidade pessoa humana, assegurando
o direito à reparação material ou moral em caso de violação.
Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de-
sumano e degradante: Proteção do domicílio do indivíduo:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
mano ou degradante; penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
de tratamento desumano, degradante ou contrário à dignidade por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios
cidadãos. A vedação à tortura é uma cláusula pétrea de nossa Proteção do sigilo das comunicações:
Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
brasileira. telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano- tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu- penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
lação de ideias e práticas prejudiciais: A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das co-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- municações, por isso, a invasão de domicílio e a quebra de sigilo
nimato; telefônico só pode se dar por ordem judicial.
A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a mani-
festação do pensamento. Esta liberdade, entretanto, não é absoluta Liberdade de profissão:
não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
a vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
identificação de autoria, o que não impede, contudo, a apuração de É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão.
crimes de denúncia anônima. Essa liberdade, entretanto, não é absoluta, pois se limita às
qualificações profissionais que a lei estabelece.
Direito de resposta e indenização:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Acesso à informação: Pequena propriedade rural:
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
O direito à informação é assegurado constitucionalmente, ga- pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
rantido o sigilo da fonte. pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: por dívidas decorrentes de sua atividade produtiva.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, Direitos autorais:
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
cer ou dele sair com seus bens; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do ter- ros pelo tempo que a lei fixar;
ritório nacional em tempos de paz. XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
Direito de reunião: à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- desportivas;
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
petente; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri-
Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
uso comum do povo, desde que não venham a interferir ou atrapa- ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
lhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local. e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Liberdade de associação: Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada ampla proteção às obras intelectuais: criação artística, científica,
a de caráter paramilitar; musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (es-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- critas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escultura,
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência pintura e fotografia, bem como o direito das empresas de rádio
estatal em seu funcionamento; fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- propriedade industrial, esta difere da propriedade intelectual e não
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- busca reprimir o plágio, a proteção à propriedade industrial busca
necer associado; conter a concorrência desleal.
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou Direito de herança:
extrajudicialmente; XXX - é garantido o direito de herança;
No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de as- XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
sociações e cooperativas para fins lícitos, não podendo sofrer inter- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
venção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa Social é atri-
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
buição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares
do “de cujus”;
(milícias, grupos ou associações civis armadas, normalmente com
O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico
fins político-partidários, religiosos ou ideológicos) são vedadas.
do Direito Civil que visa regular as relações jurídicas decorrentes do
falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens
Direito de propriedade e sua função social:
e direitos aos seus sucessores.
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que Direito do consumidor:
privada deve atender a interesses coletivos, não sendo nociva ou XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
causando prejuízo aos demais. sumidor;
O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina
Intervenção do Estado na propriedade: as relações entre fornecedores e prestadores de bens e serviços
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional,
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos encontram proteção no Código de Defesa do Consumidor e na legis-
previstos nesta Constituição; lação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado,
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- responsável por coordenar a política dos órgãos e entidades que
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- atuam na proteção do consumidor.
prietário indenização ulterior, se houver dano;

O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do


interesse público sobre o particular, nas hipóteses legais é permiti-
da a intervenção do Estado na propriedade.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei pe-
aos órgãos públicos: nal. Se a conduta não está prescrita no Código Penal, não é crime e
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a con-
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, dutas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, mais benéfica, esta sim poderá ser aplicada para beneficiar o réu.
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011). Princípio da não discriminação:
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
mento de taxas: tos e liberdades fundamentais;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- Decorre do princípio da igualdade.
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; e anistia:
Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
direito à obtenção de informações, protocolo de petição e obtenção critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessi- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
dades, salvo necessidade de sigilo. graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
trole jurisdicional: podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ou ameaça a direito; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apre- o Estado Democrático.
ciar as causas de lesão ou ameaça a direito que chegam até ele. • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
Segurança jurídica: crático;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
perfeito e a coisa julgada; tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri-
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico mes hediondos.
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança,
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. ou seja, que não dão ao acusado o direito de responder seu
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen- processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, pagamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento
de determinadas obrigações;
portanto, ser modificada.
Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e po-
dem ser julgados e punidos em qualquer tempo, independente-
Tribunal de exceção:
mente da data em que foram cometidos;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não per-
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva-
mitem a exclusão do crime com a rescisão da condenação e extin-
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde
ção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade,
os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
ainda que parcial (graça).
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências Princípio da intranscendência da pena:
pré-fixadas. XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
Tribunal do Júri: bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
que lhe der a lei, assegurados: A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser
a) a plenitude de defesa; cumprida por pessoa diversa da pessoa do condenado.
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; Individualização da pena:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
a vida; outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusi- b) perda de bens;
vamente para o julgamento da prática de crimes dolosos contra a c) multa;
vida. d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade
da lei penal: Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas,
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena observado o histórico pessoal a atuação individual, de modo que
sem prévia cominação legal; cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Proibição de penas: Provas ilícitas:
XLVII – não haverá penas: LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do meios ilícitos;
art. 84, XIX; Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulen-
b) de caráter perpétuo; to, ou que infrinja as normas e princípios básicos de direito, motivo
c) de trabalhos forçados; pelo qual não são aceitas no processo judicial.
d) de banimento;
e) cruéis. Presunção de inocência:
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pes- gado de sentença penal condenatória;
soa humana, a Constituição Federal de 1988 veda a pena de morte, Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o con-
pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis. trário, com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Estabelecimentos para cumprimento de pena: Identificação criminal:
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi-
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).
A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: da validade e veracidade dos documentos cíveis apresentados ou
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identifi-
e moral; cada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais.

Direito de permanência e amamentação dos filhos pela pre- Ação Privada Subsidiária da Pública:
sidiária mulher: LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- esta não for intentada no prazo legal;
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
ção; A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos ca-
Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Cons- sos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como
tituição Federal de 1988 determina que as penas sejam cumpridas pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério
em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta a
e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofen-
sua integridade física e moral, garantindo ainda à apenada mulher, dido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a
o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de ação penal privada subsidiária da pública.
amamenta-los.
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:
Extradição: LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o se-
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- gredo de justiça, que pode ser determinado de ofício pelo juiz da
gas afins, na forma da lei; causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime de menor, interesse social ou demanda de grande repercussão etc.,
político ou de opinião; ou a requerimento justificado das partes do processo.
A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que
consiste na entrega de uma pessoa – o extraditando, acusado ou Legalidade da prisão:
condenada pela prática de um ou mais crimes em território estran- LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
geiro, ao país que o reclama. A Constituição determina que não ha- dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
verá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipótese, e o natu- salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
ralizado somente nas exceções previstas. litar, definidos em lei;
Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por
Direito ao julgamento pela autoridade competente autoridade policial, mediante ordem judicial escrita e devidamente
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- fundamentada.
toridade competente;
Comunicabilidade da prisão:
Devido Processo Legal: LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
devido processo legal; do preso ou à pessoa por ele indicada;

Contraditório e a ampla defesa: Informação ao preso:


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
com os meios e recursos a ela inerentes; lia e de advogado;
Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido pro-
cesso legal, onde deverá ser assegurado, sob pena de nulidade ab- Identificação dos responsáveis pela prisão:
soluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transita- LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
da em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou sua prisão ou por seu interrogatório policial;
autoridade judiciária competente.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
sua prisão e o local onde se encontra à sua família e ao juízo com- pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
petente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis de entidades governamentais ou de caráter público;
por sua prisão e interrogatório. b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Relaxamento da prisão ilegal:
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- Ação Popular:
dade judiciária; LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
em liberdade, pela incidência de alguma ilegalidade no ato de sua entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
prisão. ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
Garantia da liberdade provisória: da sucumbência;
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; meio do qual qualquer cidadão pode vir a questionar a validade de
A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad-
acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do pro- ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
cesso criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal con-
denatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas Assistência Judiciária:
condições e a colaboração com as investigações. LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos;
Prisão civil: Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável sem prejuízo de seu sustento pessoal e de sua família, para se ter o
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.
alimentícia e a do depositário infiel;
A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão Indenização por erro judiciário:
civil por dívidas, salvo a do alimentante inadimplente (pensão ali- LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
mentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
Gratuidade de serviços públicos:
São remédios constitucionais em casos de violação de: LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
- Liberdade: Habeas Corpus forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
- Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança a) o registro civil de nascimento;
- Informações: Habeas data b) a certidão de óbito;
- Preceito constitucional que necessite de norma regulamenta- LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,
dora: Mandado de Injunção e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania
(Regulamento).
A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratui-
Habeas corpus:
dade de serviços públicos – registro civil, a obtenção de certidão
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economica-
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
mente hipossuficientes.
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Princípio da Celeridade Processual:
Mandado de Segurança:
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di- gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for nº 45, de 2004).
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri- É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de
buições do Poder Público; forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado pela demora do Judiciário.
por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional; Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen-
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- tais:
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
defesa dos interesses de seus membros ou associados; fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
Mandado de Injunção: mentais são autoaplicáveis.
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e Rol é exemplificativo:
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona- § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
lidade, à soberania e à cidadania; não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Habeas data: Federativa do Brasil seja parte.
LXXII – conceder-se-á habeas data:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio- indenização compensatória, dentre outros direitos;
nais. Assim, os direitos fundamentais podem ser esparsos, consubs- Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indetermi-
tanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional. nado e a legislação protege a continuidade das relações laborais
contra dispensa imotivada.
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos Seguro-Desemprego:
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assis-
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído tência financeira temporária, que tenha prestado serviços laborais
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis
forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, meses. Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o be-
DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018). nefício será concedido ao trabalhador desempregado, por período
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re- alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa
conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so- que deu origem à última habilitação, nos seguintes critérios:
mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus
membros em dois turnos de votação.
SEGURO DESEMPREGO
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional: 1ª Solicitação:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Parcelas Tempo de trabalho
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de 2ª Solicitação:
Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho Parcelas Tempo de trabalho
de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
3 (três) 9 a 11 meses
esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
punir autores de crimes contra a humanidade. 4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
— Direitos sociais
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir 3ª Solicitação:
qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi- Parcelas Tempo de trabalho
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF. 3 (três) 6 a 11 meses
4 (quatro) 12 a 23 meses
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta-
5 (cinco) 24 meses ou mais
ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assis-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
tência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança
compulsória do trabalhador, gerida pela Caixa Econômica Federal
Do direito ao trabalho
e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or-
depositar nas contas vinculadas de seus funcionários o valor cor-
dens:
respondente a 8% (oito por cento) do salário de cada trabalhador.
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a
Salário mínimo:
11, CF.
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
destinados a proteger a relação de trabalho contra uma profunda
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
dignidade e o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente
para qualquer fim;
da relação trabalhista.
O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 ho-
ras semanais, podendo ser proporcional, em caso de jornada inferior.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
Piso salarial:
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
trabalho;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada O salário-família é um benefício da previdência social corres-
categoria profissional pode receber pela sua jornada de trabalho, pondente ao valor pago ao empregado de baixa renda, que receba
considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao tra-
e devendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional. balhador avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou
portadores de deficiência, sem limite de idade.
Irredutibilidadade do salário:
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção Jornada de Trabalho:
ou acordo coletivo; XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas
A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
a ter o seu salário reduzido arbitrariamente pelo empregador, du- horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
rante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à es- coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
tabilidade econômica do trabalhador. A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de tra-
balho não superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas
Proteção aos que percebem remuneração variável: semanais, facultada a compensação e a redução.
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável; Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento:
Os empregados que recebem salários com valores variáveis, XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
como comissões sobre vendas etc, nunca devem receber salário in- ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
ferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele
corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de traba-
mínima aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora. lho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina: que funcionam em tempo integral, sem pausas. A jornada do traba-
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral lhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas diárias.
ou no valor da aposentadoria; Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário inte-
mingos;
gral (ou proporcional ao período trabalhado, se for o caso) por oca-
O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a
sião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores,
um dia de folga semanal remunerado ao trabalhador a ser concedi-
aposentados e pensionistas do INSS.
do preferencialmente aos domingos.
Remuneração superior por trabalho noturno:
Pagamentos de horas extras:
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí-
Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59
a saúde, o trabalho noturno tem remuneração superior em 20% a § 1º).
mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remunera-
e 25%, para os trabalhadores rurais. ção superior em, no mínimo, 50% das horas trabalhadas, além da
Considera-se trabalho noturno: jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o
– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para traba- excedente em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando
lhadores urbanos; 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições excepcionais. É lici-
– entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os traba- ta também a compensação de jornada (banco de horas), quando
lhadores rurais da agricultura; e ao invés de receber o acréscimo salarial que lhe é devido, o tra-
– entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os traba- balhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas
lhadores rurais pecuária. excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o
cumprimento de alguns requisitos legais pela empregadora.
Proteção do salário contra retenção dolosa:
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua Férias remuneradas:
retenção dolosa; XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas terço a mais do que o salário normal;
os descontos salariais autorizados em Lei. Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo
trabalhador passa a ter direito a um período de até 30 dias para
Participação nos lucros: descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empre-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- gador, que após o término do período aquisitivo, tem até um ano
sa, conforme definido em lei; para concedê-las (período concessivo).
A Participação nos Lucros e Resultados da empresa correspon-
de a uma recompensa pelo reconhecimento do bom desempenho Licença à gestante:
e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada em- XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
presa sobre o lucro excedente de determinado período de suas ati- rio, com a duração de cento e vinte dias;
vidades. Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao
período em que a mulher está prestes a ter um filho, acabou de
Salário-família: ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mu-
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- lher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda salário maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas
Constitucional nº 20, de 1998).

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condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante
ser ampliado para 180 dias, nos casos em que a empregadora for risco à integridade física do trabalhador. Como exemplos, temos as
aderente ao Programa Empresa Cidadã. atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétri-
ca, segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta,
Licença-paternidade: entre outros. O adicional de periculosidade é correspondente a
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 30% (trinta por cento) sobre o salário-base.
A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais
primeiro dia útil após o nascimento da criança em que o pai tem não são cumulativos!
direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu
salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no progra- Aposentadoria:
ma Empresa Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias, XXIV – aposentadoria;
totalizando 20 dias. A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência So-
cial ao trabalhador segurado da previdência que preencher os requi-
Proteção da mulher no mercado de trabalho: sitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme suas
incentivos específicos, nos termos da lei; contribuições à previdência ao longo de toda a sua vida laboral.
A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública,
com vias a garantir a isonomia de condições laborais. Assim, são Assistência aos filhos pequenos:
vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da ati- XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
vidade, pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferen- nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
ciações em razão do gênero para fins de remuneração, formação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez, A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos
proibição de revistas íntimas ou práticas que venham a ferir a digni- genitores de filhos e dependentes pequenos, garante assistência
dade feminina são alguns dos exemplos de medidas de proteção do gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo,
mercado de trabalho da mulher. ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício.
Aviso Prévio:
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; balho:
Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunica- XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
ção da rescisão do contrato de trabalho por uma das partes, empre- trabalho;
gador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as conven-
mínima de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indeniza- ções e acordos coletivos como instrumentos com força de lei entre
do, quando concedido por qualquer uma das partes. as partes, desde que conformes com o texto constitucional.
Redução dos riscos do trabalho: Proteção em face da automação:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
normas de saúde, higiene e segurança; A proteção em face da automação consiste em proteger a
É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às classe trabalhadora do desemprego pela automação abusiva, bem
atividades desempenhadas por seus colaboradores, através do como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio
cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde, ambiente de trabalho automatizado.
higiene e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos
de proteção individual e da exigência da execução de todas as Seguro contra acidentes de trabalho:
normas da empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa. XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: incorrer em dolo ou culpa;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao em-
insalubres ou perigosas, na forma da lei; pregado, às expensas do empregador, que assume os riscos da ativi-
O trabalho penoso é aquele considerado extremamente des- dade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de
gastante para a pessoa humana, em que o trabalhador depreende salários de seus empregados, com administração atribuída à Previ-
um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. dência Social. Tal seguro tem função de seguridade por ser destina-
Não há regulamentação de um adicional. do a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam
O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exer- associados ao sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de
cício de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.
ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem
ocasionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
pode variar entre: XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
- 10% (dez por cento) em grau mínimo; de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
- 20% (vinte por cento) em grau médio; trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, cal- extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda
culado sob o salário mínimo, nos termos da lei. Constitucional nº 28, de 2000).
A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclama-
São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profis- tória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro dos prazos processuais
sionais da saúde, radiologistas, mineradores, entre outros. legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02
anos, a partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo
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para que o trabalhador possa ingressar com a Ação Trabalhista. O Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos
prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Consti- trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
tuição, refere-se ao período cujos direitos podem ser questionados, em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direitos corres- discussão.
pondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11,
Não discriminação: CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun- a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário — Direitos de nacionalidade
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio-
Proibição de distinção do trabalho: nalidade se dá por dois critérios:
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na-
intelectual ou entre os profissionais respectivos; cional;
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo
Trabalho do menor: nascido no exterior.
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri-
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re- direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). grupos: os brasileiros natos e os naturalizados.
- De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
- De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno, Art. 12 São brasileiros:
perigoso ou insalubre.
I - natos:
- A partir de 18 anos: Trabalho normal.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Igualdade ao trabalhador avulso:
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma
tiva do Brasil;
empresa de maneira eventual e que, apesar de não possuir vínculo
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
vínculo e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser in-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
termediada por um sindicato de sua categoria.
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
Empregados domésticos:
nal nº 54, de 2007).
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
II - naturalizados:
dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda
sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
Constitucional nº 72, de 2013).
de 1994).
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci- Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co- § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa III - de Presidente do Senado Federal;
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
econômicos. V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos Constitucional nº 23, de 1999).
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- Naturalização
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese. que preencher determinados requisitos.
Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
mais de uma nacionalidade.
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A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma
diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu- forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre-
ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros sentantes junto aos poderes públicos.
natos e naturalizados. Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio-
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar
Portugueses: do processo governamental, sobretudo pelo voto.
Aos portugueses com residência permanente no país serão Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po-
atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re- pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com
ciprocidade. valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen-
tos de participação semidireta pelo povo.
Art. 12
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
à elaboração da lei.
tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
3, de 1994). Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje-
Perda da Nacionalidade: to de lei já existente.
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1%
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação usar deste instrumento em nível estadual e municipal.
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):
trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re-
1994). ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). res de setenta anos.
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço
Extradição, repatriação, deportação e expulsão militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas foram convocados a prestar serviço militar.
do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
giada em seu território a outro Estado estrangeiro. Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser
de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pes- votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi-
soa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
a reclama. Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi-
será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de dos os devidos requisitos.
opinião.
Repatriação é medida administrativa consistente no processo § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou I - a nacionalidade brasileira;
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
sileiro após determinado período. III - o alistamento eleitoral;
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação V - a filiação partidária; Regulamento.
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território VI - a idade mínima de:
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- Senador;
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- trito Federal;
rado pela prática de crimes em território brasileiro. c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado d) 18 anos para Vereador.
pela Constituição.
Inelegibilidades:
— Direitos políticos A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci-

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Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa- II - incapacidade civil absoluta;
rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os durarem seus efeitos;
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito. IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os — Partidos Políticos
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in-
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da
vontade popular, determinando o governo e a orientação política
Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti- nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí-
tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante
Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con- o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e
trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re- autonomia para gerir sua organização interna.
condução por um período somente, no Brasil, após o período de um No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú-
mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto. blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis-
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi- políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos
nº 16, de 1997). financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti-
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do a lei.
pleito. De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
permitidas.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos: Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces-
dições: so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal,
O Mandato Eletivo pode ser impugnado: municípios e territórios
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Estado Federal Brasileiro
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719)
fraude; define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo bem comum de um povo situado em determinado território”.
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de Soberania é o poder político supremo e independente que o
manifesta má-fé. Estado detém consistente na capacidade para editar e reger suas
próprias normas e seu ordenamento jurídico.
Suspensão e Perda dos Direitos Políticos A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem
A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, comum, conjunto de condições para o desenvolvimento integral da
respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a pessoa humana.
perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo
transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a comum, ligados a um determinado território pelo vínculo da nacio-
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar nalidade.
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re- poder e sua soberania. Onde o povo se estabelece e se organiza
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- com ânimo de permanência.
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover-
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- Estado. Note tratar-se de três definições distintas.
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a
suspensão será, da mesma forma, temporária. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:
• Forma de Estado: Federação
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda • Forma de Governo: República
ou suspensão só se dará nos casos de: • Regime de Governo: Democrático
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em • Sistema de Governo: Presidencialismo
julgado;
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O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva,
pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi- devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre que falarmos em le-
bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira: gislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência
a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios. privativa ou concorrente.
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai-
co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa, Entes Federativos
admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção. União
A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
Fundamentos da República Federativa do Brasil namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federa- autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
tiva do Brasil: to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
- soberania; Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
- cidadania; Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
- dignidade da pessoa humana; berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; elencados, no art. 20, CF.
- pluralismo político. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil atribuídos;
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
não se confundem com os fundamentos e estão previstos no art. das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
3.º da CF/88: nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
- construir uma sociedade livre, justa e solidária; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
- garantir o desenvolvimento nacional; seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
dades sociais e regionais; provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas re- áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
lações internacionais as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional
O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é nº 46, de 2005).
regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
- independência nacional; econômica exclusiva;
- prevalência dos direitos humanos; VI - o mar territorial;
- autodeterminação dos povos; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
- não intervenção; VIII - os potenciais de energia hidráulica;
- igualdade entre os Estados; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
- defesa da paz; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
- solução pacífica dos conflitos; e pré-históricos;
- repúdio ao terrorismo e ao racismo; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
- concessão de asilo político. Como ente federativo, a União possui competências adminis-
trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
Competências tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
Competência é o poder, normalmente legal, de uma autorida- com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
de pública para a prática de atos administrativos e tomada de deci- cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
sões. As competências dos entes federativos podem ser: cípios (art. 24, CF).
Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e
comuns; Competências
Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes, Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
Administrativas
complementares e suplementares;
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos en- Competências Privativas e
Arts. 22 e 24, CF
tes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com Legislativas Concorrentes
exclusão dos demais.
Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente, Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF
com possibilidade, entretanto, de delegação para outro. Art. 21. Compete à União:
Concorrente, que é a competência legislativa conferida em co- I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
mum a mais de um ente federativo. organizações internacionais;
Na complementar, o ente federativo tem competência naqui- II - declarar a guerra e celebrar a paz;
lo que a norma federal (superior) lhe dê condição de atuar e na III - assegurar a defesa nacional;
suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
federal não exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
base na competência suplementar perde a eficácia, naquilo que lhe neçam temporariamente;
for contrário.

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V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
ção federal; admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material Nacional;
bélico; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
VII - emitir moeda; ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, 2022)
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
privada; mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso mé-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- dicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão 2006)
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
gão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela atividade de garimpagem, em forma associativa.
Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão pessoais, nos termos da lei.
ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- Competências administrativas comuns da União, Estados, Dis-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95) trito Federal e Municípios: art. 23, CF:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- to Federal e dos Municípios:
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aero- democráticas e conservar o patrimônio público;
portuária; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- tia das pessoas portadoras de deficiência; (Vide ADPF 672)
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
de Estado ou Território; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- notáveis e os sítios arqueológicos;
cional de passageiros; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Terri- ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
tórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
(Produção de efeito) VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia quer de suas formas;
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela cimento alimentar;
Emenda Constitucional nº 104, de 2019) IX - promover programas de construção de moradias e a me-
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (Vide
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; ADPF 672)
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
públicas e de programas de rádio e televisão; zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XVII - conceder anistia; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; territórios;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regu- rança do trânsito.
lamento) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a coo-
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- peração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbi-
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional to nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:
e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
de 1998) I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o II - desapropriação;
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin- em tempo de guerra;
cípios e condições: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
fusão;
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V - serviço postal; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos tico e paisagístico;
metais; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
lores; e paisagístico;
VIII - comércio exterior e interestadual; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
IX - diretrizes da política nacional de transportes; pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, Constitucional nº 85, de 2015)
aérea e aeroespacial; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
XI - trânsito e transporte; causas;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XI - procedimentos em matéria processual;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF
XIV - populações indígenas; 672)
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
estrangeiros; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições deficiência;
para o exercício de profissões; XV - proteção à infância e à juventude;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, vis.
bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia de 2019)
nacionais; § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
popular; 13.874, de 2019)
XX - sistemas de consórcios e sorteios; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e Lei nº 13.874, de 2019).
ferroviária federais; Estados
XXIII - seguridade social; O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; autonomia, consubstanciada na capacidade de auto-organização,
XXV - registros públicos; auto legislação, autogoverno e autoadministração.
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Re- autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- (formação) ou anexação a outro Estado já existente.
ma, defesa civil e mobilização nacional; As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os
XXIX - propaganda comercial. bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- ção.
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
neste artigo. sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Dis- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
trito Federal: art. 24, CF: vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
gislar concorrentemente sobre: § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
II - orçamento; integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
III - juntas comerciais; públicas de interesse comum.
IV - custas dos serviços forenses; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
V - produção e consumo; I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren-
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e tes de obras da União;
controle da poluição;

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II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
ou terceiros; mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
Municípios legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
O Município, que também é um ente federado que possui au- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, duração.
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- o disposto no art. 27.
biscito. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido Constitucional nº 104, de 2019).
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es-
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi- Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
tantes do município. nambuco.
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DOS MILITARES DOS ESTA-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; DOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; — Disposições gerais
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação A administração pública consiste no conjunto de meios institu-
estadual; cionais, materiais, financeiros e humanos do Estado, preordenado
à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- coletivas.
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o A função administrativa é institucionalmente imputada a diver-
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; sas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37 da
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Constituição Federal.
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Administração Pública Direta e Indireta
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e A administração direta é a administração centralizada, defini-
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; da como o conjunto de órgãos administrativos subordinados dire-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- tamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo,
da ocupação do solo urbano; Legislativo, Judiciário etc.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, com-
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. posta por entidades personalizadas de prestação de serviço ou ex-
ploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes
A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá Executivos da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional
sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu- de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Refor-
nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici- ma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Fe-
pal, nos termos do art. 31, CF. deral de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Cen-
tros e Institutos Federais de Educação Tecnológica, Banco Central
Distrito Federal e Territórios do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conse-
O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe- lhos Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica
deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc; Sociedades
nem como estado-membro ou município. Sua principal função é de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações pú-
servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em blicas: Funai, Funasa, IBGE etc.
municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
nica própria, que define os princípios básicos de sua organização, Princípios Específicos da Administração Pública
suas competências e a organização de seus poderes governamen- Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de
tais, nos termos do art. 32, CF. lei;
Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não
são imputáveis ao agente político que o realiza, mas sim ao órgão
ou entidade pública em nome da qual atuou.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de Art. 37.
formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao administrador X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu-
e justiça. rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses restritas que envol- (Regulamento);
vam a segurança nacional. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este prin- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
cípio estabelece que os atos administrativos devem cumprir os seus fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
propósitos de forma eficaz. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen- do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
da Constitucional nº 19, de 1998); de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre-
— Servidores públicos mo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
Concurso Público: limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os aprovados 41, 19.12.2003);
têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
em relação ao cargo pela simples aprovação em concurso público. Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
tivo;
Art. 37. XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou de 1998);
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
ração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois nº 19, de 1998);
anos, prorrogável uma vez, por igual período; XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e Constitucional nº 19, de 1998):
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
buições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela Constitucional nº 19, de 1998);
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
ciação sindical; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen-
definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda Constitucio- da Constitucional nº 34, de 2001);
nal nº 19, de 1998); XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
sua admissão; ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
interesse público; e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos,
na forma da lei;
O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras
quanto a valores, limitações e formas de recebimento de remunera- E também a criação de autarquias e instituição de empresas
ção e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre públicas, fundações e sociedades de economia mista:
acúmulo de cargos e funções:
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Art. 37. Art. 37.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
caso, definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Constitucional nº 19, de 1998); § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos ter- seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
mos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão ser contra- direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
tadas por meio de licitação pública. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
Art. 37. bilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, Constitucional nº 19, de 1998).
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
obrigações (Regulamento). to) (Vigência) :
I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Cons-
O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Ad- titucional nº 19, de 1998)
ministração Pública: II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído pela
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitu-
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e cional nº 19, de 1998);
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (In- sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
cluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- pios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
ridades ou servidores públicos. muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
da lei. neração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998);
administração pública direta e indireta, regulando especialmente § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Consti-
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento tucional nº 47, de 2005).
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
dos serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti-
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Lei nº 12.527, de 2011);
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (In-
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. cluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
Improbidade Administrativa des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade pratica- capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
da pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir situação de desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
Improbidade Administrativa, disciplina este dispositivo constitucio- gem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
nal, previsto no art. 37, §4º.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, os membros das polícias militares e corpos de bombeiros militares,
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, nos
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In- termos do art. 42, CF. Aos militares são proibidas a sindicalização e
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) a greve, em face das funções por eles desempenhadas.
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servi-
dores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que não Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). tórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
Regime Jurídico dos Servidores Públicos dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
e regras destinadas à regulação das relações funcionais da administração a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a todos os servidores de inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
uma determinada pessoa política (da Administração Pública Federal, Es- governadores (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
tadual, Municipal, por exemplo) ou específico, como é o caso de algumas 15/12/98).
carreiras, como a Magistratura, Ministério Público etc. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatu- deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
tário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas distrital, es- respectivo ente estatal (Redação dada pela Emenda Constitucional
taduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, des- nº 41, 19.12.2003).
de compatíveis com os preceitos da Constituição Federal e da Lei
8.112/90. § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
No regime estatutário não há relação contratual empregatícia. dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servi-
atividade militar (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de
dores Públicos, com sistema remuneratório, regime previdenciário
2019).
e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF.
A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista
constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário concursado após DA SEGURANÇA PÚBLICA
três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele
seja desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por
sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que
lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória, — Segurança pública
exoneração a pedido ou morte: A segurança pública é o poder-dever do Estado na sua auto-
defesa e das instituições democráticas que visa garantir a ordem
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- e a proteção de todos os cidadãos, com a prevalência do interesse
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de público.
concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, A segurança pública busca a defesa do Estado e das Instituições
de 1998). Democráticas  para preservar a ordem constitucional em momen-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação tos de crise, internamente, contra lesões ou ameaças de direitos de
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): seus cidadãos e arbitrariedades do próprio poder público, inclusive,
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Incluí- e externamente contra atentados à soberania nacional.
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- — Organização da segurança pública
rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de Nos termos do art. 144, CF a Segurança Pública está organizada
1998); nos seguintes órgãos:
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- — Polícia Federal;
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa — Polícia Rodoviária Federal;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); — Polícia Ferroviária Federal;
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor — Polícias Civis;
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- — Polícias militares e corpos de bombeiros militares;
tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, — Polícias penais federal, estaduais e distrital.
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
muneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela O rol dos órgãos de Segurança Pública é taxativo e os entes
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); federativos não podem criar novos órgãos, além dos elencados na
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Constituição.
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- Embora não esteja previsto no rol do art. 144, as Guardas Mu-
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em nicipais visam a proteção do patrimônio público e sua criação nos
outro cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de municípios está autorizada no § 8º do referido dispositivo.
1998);
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de dispuser a lei.
1998).

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Polícia Federal Polícias penais federal, estaduais e distrital
A polícia federal faz parte da estrutura básica do Ministério da § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador
Justiça e é órgão permanente, organizado e mantido pela União. do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se-
gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen- Constitucional nº 104, de 2019).
te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de Os serviços relacionados à segurança pública devem ser pres-
1998) tados com eficiência.
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas §7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in- gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio- eficiência de suas atividades.
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem
tência; pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).
fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
1998) sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
da União. Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
São cargos de Carreira da Polícia Federal o Delegado de Polícia Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
Federal, o Perito Criminal Federal, o Escrivão de Polícia Federal, o agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (In-
Papiloscopista Policial Federal e o Agente de Polícia Federal. cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).

Polícia Rodoviária Federal


§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi- CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA. DOS PRINCÍPIOS
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, FUNDAMENTAIS
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DE 05 OUTUBRO DE
Compete à Polícia Rodoviária Federal realizar atividades de 1989
natureza policial envolvendo fiscalização, patrulhamento e policia- PREÂMBULO
mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de acidentes ro- Nós, Deputados Estaduais Constituintes, investidos no pleno
doviários e demais atribuições relacionadas com a área operacional exercício dos poderes conferidos pela Constituição da República Fe-
do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. derativa do Brasil, sob a proteção de Deus e com o apoio do povo
baiano, unidos indissoluvelmente pelos mais elevados propósitos
Polícia Ferroviária Federal de preservar o Estado de Direito, o culto perene à liberdade e a
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi- igualdade de todos perante a lei, intransigentes no combate a toda
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, forma de opressão, preconceito, exploração do homem pelo ho-
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. mem e velando pela Paz e Justiça sociais, promulgamos a Constitui-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ção do Estado da Bahia.

Polícias Civis TÍTULO I


§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car- DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi- Art. 1º - O Estado do Bahia, integrante da República Federativa
litares. do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, nos
limites da sua autonomia e do território sob sua jurisdição.
Polícias militares e corpos de bombeiros militares § 1º - Todo o poder emana do povo e será exercido por meio de
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser- representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além Federal.
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades § 2º - São Poderes do Estado o Legislativo, o Executivo e o Judi-
de defesa civil. ciário, independentes e harmônicos entre si.
§ 3º - Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, é ve-
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, dado a qualquer dos Poderes delegar atribuições e quem for inves-
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente tido na função de um deles não poderá exercer a de outro.
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Art. 2º - São princípios fundamentais a serem observados pelo
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (Re- Estado, dentre outros constantes expressa ou implicitamente na
dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019). Constituição Federal, os seguintes:
I - regime democrático e sistema representativo;
II - forma republicana e federativa;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
III - direitos e garantias individuais; X - aos detidos, presos e condenados, ficam preservados to-
IV - sufrágio universal, voto direto e secreto e eleições perió- dos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei, devendo
dicas; ser alojados em estabelecimentos dotados de instalações salubres,
V - separação e livre exercício dos Poderes; adequadas e que resguardem sua privacidade;
VI - autonomia municipal; XI - será preservada a integridade física e moral dos presos,
VII - probidade na administração; facultando-se-lhes assistência médica, jurídica e espiritual, apren-
VIII - prestação de contas da administração pública, direta e in- dizado profissionalizante, trabalho produtivo e remunerado, além
direta. de acesso a informações sobre os fatos ocorridos fora do ambiente
Art. 3º - Além do que estabelece a Constituição Federal, é veda- carcerário, bem como aos dados relativos ao andamento dos pro-
do ao Estado e aos Municípios: cessos de seu interesse e à execução das respectivas penas;
I - criar distinções entre brasileiros ou preferência entre si, em XII - às presidiárias e detentas serão proporcionadas condições
razão de origem, raça, sexo, cor, idade, classe social, convicção po- para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
lítica e religiosa, deficiência física ou mental e quaisquer outras for- amamentação;
mas de discriminação; XIII - será responsabilizada a autoridade administrativa que im-
II - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, peça a verificação imediata das condições de alojamento ou inte-
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter, com eles ou seus re- gridade física do interno em instituições fechadas do Estado, por
presentantes, relações de dependência ou aliança, ressalvada, na representantes credenciados de quaisquer dos Poderes ou institui-
forma da lei, a colaboração de interesse público; ções que tenham, por força da lei ou de suas funções, tais prerro-
III - recusar fé aos documentos públicos; gativas;
IV - renunciar à receita e conceder isenções e anistias fiscais, XIV - as delegacias, penitenciárias, estabelecimentos prisionais
sem interesse público justificado e reconhecido por lei. e casas de recolhimento compulsório, de qualquer natureza, sob
pena de responsabilidade de seus dirigentes, manterão livro de re-
gistro contendo integral relação das pessoas presas ou internadas;
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS XV - a criança ou adolescente, quando detido, terá o direito de:
a) comunicar-se com a família ou pessoa que indicar;
b) permanecer calado e ter assistência da família e de advo-
TÍTULO II gado;
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS c) identificar os responsáveis pela sua condução;
XVI - ninguém será internado compulsoriamente em razão de
Art. 4º - Além dos direitos e garantias, previstos na Constituição doença mental, salvo em casos excepcionais definidos em parecer
Federal ou decorrentes do regime e dos princípios que ela adota, é médico e pelo prazo máximo de quarenta e oito horas, findo o qual
assegurado, pelas leis e pelos atos dos agentes públicos, o seguinte: só se dará a permanência mediante determinação judicial;
I - ninguém será prejudicado no exercício de direito, nem priva- XVII - é livre o acesso de ministro de confissão religiosa para
do de serviço essencial à saúde e à educação; prestação de assistência espiritual nas entidades civis e militares de
II - as autoridades são obrigadas a adotar providências imedia- internação coletiva.
tas a pedido de quem sofra ameaça à vida, à liberdade e ao patri- XVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegu-
mônio, sob pena de responsabilidade; rados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
III - as autoridades policiais garantirão a livre reunião e as ma- celeridade de sua tramitação.
nifestações pacíficas, individuais e coletivas, sem armas, somente Inciso XVIII acrescido ao art. 4º pela Emenda Constitucional nº
intervindo para manter a ordem ou coibir atentado a direito; 11 , de 28 de junho de 2005.
IV - ninguém será prejudicado, discriminado ou sofrerá restri-
ção ao exercício de atividade ou prática de ato legítimo, em razão de
litígio ou denúncia contra agentes do Poder Público; DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
V - a proteção e defesa do consumidor serão promovidas pelo
Estado, através da implantação de sistema específico, na forma da
lei; TÍTULO III
VI - comprovada a absoluta incapacidade de pagamento, defi- DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS
nida em lei, ninguém poderá ser privado dos serviços públicos de CAPÍTULO I
água, esgoto e energia elétrica; DO ESTADO
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18 de SEÇÃO VII
janeiro de 1999. DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
VII - serão gratuitos para os comprovadamente pobres, na for-
ma da lei: Art. 46 - São servidores militares estaduais os integrantes da
a) os registros civis de nascimento, casamento e óbito e as res- Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, cuja disciplina será
pectivas certidões; estabelecida em estatuto próprio.
b) a expedição de cédula de identidade; § 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
VIII - toda pessoa tem direito a advogado para defender-se em inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da
processo judicial ou administrativo, cabendo ao Estado propiciar as- reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos, postos e
sistência gratuita aos necessitados, na forma da lei; uniformes militares.
IX - constitui infração disciplinar, punível com a pena de de- § 2º - Os postos e as patentes dos oficiais da Polícia Militar e do
missão a bem do serviço público, a prática de violência, tortura ou Corpo de Bombeiros Militar são conferidos pelo Governador do Es-
coação contra os cidadãos, pelos agentes estaduais ou municipais; tado, e a graduação dos praças, pelo Comandante-Geral da Polícia
Militar e pelo Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar,
respectivamente.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado e, se
junho de 2014. eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a ina-
§ 3º - O servidor militar estadual em atividade que tomar posse tividade, com os proventos proporcionais ao tempo de serviço.
em cargo público civil permanente será transferido para a reserva, § 2º - REVOGADO
na forma da lei, salvo quando se tratar de um cargo de professor Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
ou privativo de profissional de saúde com profissão regulamentada, de janeiro de 1999.
sendo assegurada a acumulação desde que haja compatibilidade de Art. 49 - REVOGADO
horários e não ultrapasse 20 (vinte) horas semanais. Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 23 , de 16 de de janeiro de 1999.
agosto de 2016.
§ 4º - O servidor militar estadual da ativa que aceitar cargo,
emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda que da DA SEGURANÇA PÚBLICA
administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e,
enquanto permanecer nessa situação, só poderá ser promovido
por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para TÍTULO IV
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo, depois de DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
02 (dois) anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para CAPÍTULO IV
a inatividade. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA E DA SEGURANÇA PÚ-
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de BLICA
junho de 2014. SEÇÃO IV
§ 5º - O servidor militar estadual condenado na Justiça comum DA SEGURANÇA PÚBLICA
ou militar à pena privativa de liberdade superior a 02 (dois) anos,
por sentença transitada em julgado, será excluído da Corporação. Art. 146 - A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de ponsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pú-
junho de 2014. blica e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
§ 6º - O oficial da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Mili- Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18 de
tar só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficia- janeiro de 1999.
lato ou com ele incompatível, nos termos da lei, mediante Conse- § 1º - Lei disciplinará a organização e funcionamento dos ór-
lho de Justificação, cujo funcionamento será regulado em lei, e por gãos responsáveis pela segurança pública cujas atividades serão
decisão da Justiça Militar, salvo na hipótese prevista no parágrafo concentradas num único órgão de administração, a nível de Secre-
anterior. taria de Estado, de modo a garantir sua eficiência.
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de § 2º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais
junho de 2014. destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, na for-
§ 7º - A lei estabelecerá as condições em que o praça perderá ma da lei.
a graduação, respeitado o disposto na Constituição Federal e nesta § 3º- Os órgãos de segurança pública, além dos cursos de for-
Constituição. mação, realizarão periódica reciclagem para aperfeiçoamento, ava-
§ 8º - Quando a sanção disciplinar, por transgressão de natu- liação e progressão funcional dos seus servidores.
reza militar, importar em cerceamento de liberdade, será cumprida § 4º - Os órgãos de segurança pública serão assessorados e
em área livre de quartel. fiscalizados pelo Conselho de Segurança Pública, estruturado na
Art. 47 - Lei disporá sobre a isonomia entre as carreiras de po- forma da lei, guardando-se proporcionalidade relativa à respectiva
liciais civis e militares, fixando os vencimentos de forma escalonada representação.
entre os níveis e classes, para os civis, e correspondentes postos e § 5º - REVOGADO
graduações, para os militares. Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18
§ 1º - O soldo nunca será inferior ao salário mínimo fixado em de janeiro de 1999.
lei. § 6º - A polícia técnica será dirigida por perito, cargo organizado
§ 2º - REVOGADO em carreira, cujo ingresso depende de concurso público de provas
Revogado pela Emenda à Constituição Estadual nº 07 , de 18 e títulos.
de janeiro de 1999. Art. 147 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de carreira, in-
Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, subsídios e vantagens cumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
dos servidores militares, bem como as normas sobre admissão, judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
acesso na carreira, estabilidade, jornada de trabalho, remuneração Parágrafo único - O cargo de Delegado, privativo de bacharel
de trabalho noturno e extraordinário, readmissão, limites de idade em direito, será estruturado em carreira, dependendo a investidura
e condições de transferência para a inatividade serão estabelecidos de concurso de provas e títulos, com a participação do Ministério
em estatuto próprio, de iniciativa do Governador do Estado, obser- Público e da Ordem dos Advogados do Brasil.
vada a legislação federal específica. Art. 148 - À Polícia Militar, força pública estadual, instituição
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de permanente, organizada com base na hierarquia e disciplina milita-
junho de 2014. res, competem, entre outras, as seguintes atividades:
§ 1º - O servidor militar estadual é elegível, atendidas as se- I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano e rodo-
guintes condições: viário, de florestas e mananciais e a relacionada com a prevenção
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de criminal, preservação e restauração da ordem pública;
junho de 2014. Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se junho de 2014.
da atividade; II - REVOGADO

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
Inciso II do art. 148 revogado pela Emenda à Constituição Esta- 3. (ALTERNATIVE CONCURSOS – 2021) De acordo com a
dual nº 20, de 30 de junho de 2014. Constituição Federal de 1988, assinale a opção que contém a
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em relação a seus afirmação INCORRETA:
integrantes, na forma da lei federal; (A) A República Federativa do Brasil, formada pela união indis-
Alterado pela Emenda à Constituição Estadual nº 20, de 30 de solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-
junho de 2014. titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fun-
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos órgãos pú- damentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da
blicos, especialmente os da área fazendária, sanitária, de proteção pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre
ambiental, de uso e ocupação do solo e do patrimônio cultural. iniciativa; V - o pluralismo político.
Parágrafo único - A Polícia Militar, força auxiliar e reserva do (B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre
Exército, será comandada por oficial da ativa da Corporação, do úl- si, apenas o Executivo e o Judiciário.
timo posto do Quadro de Oficiais Policiais Militares, nomeado pelo (C) Constituem objetivos fundamentais da República Federati-
Governador. va do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidá-
Art. 148-A - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, força au- ria; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a
xiliar e reserva do Exército, organizado com base na hierarquia e pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
disciplina, é órgão integrante do sistema de segurança pública, ao e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
qual compete as seguintes atividades: de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
I - defesa civil; discriminação.
II - prevenção e combate a incêndios e a situações de pânico; (D) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a cargo do trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
Corpo de Bombeiros Militar; dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistên-
IV - instrução e orientação de bombeiros voluntários, onde cia aos desamparados, na forma desta Constituição.
houver; (E) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
V - polícia judiciária militar, a ser exercida em relação a seus nicípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
integrantes, na forma da lei federal. ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles
Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia será ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
comandado por oficial da ativa da Corporação, do último posto do ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
Quadro de Oficiais Bombeiros Militares, nomeado pelo Governador. II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções en-
Art. 148-A acrescido pela Emenda à Constituição Estadual nº tre brasileiros ou preferências entre si.
20, de 30 de junho de 2014.
4. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal,
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
QUESTÕES garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
ça e à propriedade, nos seguintes termos, entre outros:
1. (ADVISE – 2021) Após a aula de Direito Constitucional, I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
Samira, estudante do 4º período do curso de direito da Universi- tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
dade Kappa Beta, estava em dúvida sobre a definição dos princí- II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o
pios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988. A sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
principal dúvida de Samira, dizia respeito à classificação consti- III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres-
tucional do que dispõe a Constituição ao prever a expressão “ga- pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá
rantir o desenvolvimento nacional”. Dessa forma, buscou auxílio ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual
com a professora Roberta, que prontamente lhe explicou que a penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação do
garantia do desenvolvimento nacional, constitui: delegado responsável pela investigação.
(A) Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Está(ão) CORRETO(S):
Brasil. (A) Somente o item I.
(B) Um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. (B) Somente o item II.
(C) Um dos princípios que rege a República Federativa do Brasil (C) Somente os itens I e III.
nas relações internacionais. (D) Somente os itens II e III.
(D) Um dos princípios econômicos da Constituição. (E) Todos os itens.
(E) Um dos preceitos tributários.
5. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição da
2. (AVANÇA SP – 2021) De acordo com o artigo 1° da Consti- República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa IN-
tuição Federal, são fundamentos da República, EXCETO: CORRETA.
(A) dignidade da pessoa jurídica. (A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
(B) cidadania. nimato.
(C) pluralismo político. (B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
(D) soberania. além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
(E) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. (C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
independentemente das qualificações profissionais que a lei
estabelecer.
(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
(E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
de caráter paramilitar.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
6. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal é 11. (UFPel-CES – 2021) De acordo com o art. 41 da Constituição
direito dos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro salário, Federal, são estáveis após três anos de exercício, os servidores no-
que será baseado: meados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. público, sendo
(B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro. (A) condição para a aquisição da estabilidade a avaliação es-
(C) na alíquota de encargos previdenciários do período vigente. pecial de desempenho por comissão instituída para essa fina-
(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipulado lidade.
no estatuto da empresa. (B) vedada a invalidação da demissão de servidor estável por
(E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a sentença judicial, pois não pode o Poder Judiciário intervir em
renda retido na fonte. ato da administração pública.
(C) que em caso de extinção do cargo, o servidor estável será
7. (FUNDEP – 2021) Sobre os municípios na Constituição da Re- demitido.
pública de 1988, assinale a alternativa correta. (D) inadmissível que o servidor conteste o resultado da avalia-
(A) Compete aos municípios legislar tanto sobre matérias de ção periódica de desempenho.
interesse local quanto de interesse regional. (E) o processo administrativo meio inviável para proceder a de-
(B) Os municípios são regidos por lei orgânica, votada em dois missão de servidor público estável.
turnos e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal. 12. (MPM – 2021) É CORRETO AFIRMAR, EXCETO:
(C) A composição da Câmara Municipal será sempre de nove (A) A lei formal goza de presunção de constitucionalidade até
vereadores, independentemente do número de habitantes do declaração em sentido contrário.
município. (B) O Superior Tribunal Militar pode realizar o controle concen-
(D) Os municípios são fiscalizados pela Câmara Municipal, pelo trado de constitucionalidade.
Tribunal de Contas Municipal e pela Assembleia Legislativa Es- (C) As polícias penais federal, estaduais e distrital integram o
tadual. sistema constitucional de segurança pública.
(D) Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.
8. (MPM – 2021) É DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO FE-
DERAL LEGISLAR SOBRE: 13. (CESPE/CEBRASPE – 2021) Às polícias penais compete a
(A) Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, ga- (A) segurança dos estabelecimentos penais.
rantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das polí- (B) prevenção e repressão do tráfico ilícito de entorpecentes e
cias militares e dos corpos de bombeiros militares. drogas afins.
(B) Custas dos serviços forenses. (C) polícia judiciária e a apuração de infrações penais.
(C) Procedimentos em matéria processual; (D) execução de atividades de defesa civil.
(D) Organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. (E) polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.

9. (FCC – 2021) São consideradas finalidades básicas do princí- 14. (NC-UFPR – 2021) A respeito da defesa dos estados, das
pio da indissolubilidade do Estado Federativo a instituições democráticas e da organização da segurança pública,
(A) não secessão e a necessidade de coexistência harmoniosa. assinale a alternativa correta.
(B) normatização interna própria e a autonomia relativa. (A) Sob o fundamento da autonomia federativa, os estados po-
(C) capacidade de auto-organização e a soberania relativa. dem criar uma Polícia Científica como órgão de segurança pú-
(D) soberania mitigada e a repartição territorial. blica, ainda que este órgão não esteja previsto na Constituição
(E) unidade nacional e a necessidade descentralizadora. Federal.
(B) Os militares integrantes das Forças Armadas e os policiais
10. (FUNDATEC – 2021) Em relação aos princípios constitu- militares são proibidos de exercer o direito de greve, não se
cionais que regem a administração pública(conforme artigo 37 da estendendo essa proibição aos policiais civis.
Constituição Federal vigente), analise as assertivas a seguir: (C) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carrei-
• O Princípio da __________ exige que a atividade administra- ra, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
tiva seja desenvolvida de modo leal e que assegure a toda a comu- de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive
nidade a obtenção de vantagens justas. as militares.
• As ações do administrador público são plenamente vincula- (D) A segurança pública é exercida para a preservação da or-
das ao que estabelecem as normas vigentes, ou seja, ele somente dem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
pode fazer o que a lei autoriza ou determina. Diferente do gestor (E) A Constituição Federal prevê algumas situações excepcio-
privado, que pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Esse é o Prin- nais de suspensão de direitos fundamentais, como a suspensão
cípio da __________. da liberdade de reunião durante o estado de defesa.
• O Princípio da __________ exige que os atos estatais sejam
levados ao conhecimento de todos, ressalvadas hipóteses em que 15. (INSTITUTO AOCP – 2021) A segurança pública, dever do
se justificar o sigilo. Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
te, as lacunas dos trechos acima. trimônio. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência (A) A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
(B) Eficiência – Legalidade – Transparência te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
(C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade destina-se a exercer as funções de polícia judiciária da União,
(D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência mas sem exclusividade.
(E) Moralidade – Legalidade – Publicidade

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a solução para o seu concurso!
DIREITO CONSTITUCIONAL
(B) A segurança viária compete, no âmbito dos Estados, do Dis- ______________________________________________________
trito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou enti-
dades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em ______________________________________________________
Carreira, na forma da lei.
(C) A lei não disciplinará a organização e o funcionamento dos ______________________________________________________
órgãos responsáveis pela segurança pública, cabendo a cada
______________________________________________________
órgão determinar suas diretrizes a fim de garantir a eficiência
de suas atividades. ______________________________________________________
(D) As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, for-
ças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, ao contrário ______________________________________________________
das polícias civis e das polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ______________________________________________________
(E) A polícia ferroviária federal, órgão transitório, organizado e
mantido pelos Estados e estruturado em carreira, destina-se, ______________________________________________________
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fe-
______________________________________________________
derais.
______________________________________________________
GABARITO
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1 A ______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 B
4 B ______________________________________________________
5 C ______________________________________________________
6 A
______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 A
9 E ______________________________________________________
10 E ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 B
13 A ______________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 B
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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DIREITOS HUMANOS

Artigo 2
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMA- 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
NOS/1948 liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual-
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen-
Declaração Universal dos Direitos Humanos to, ou qualquer outra condição.
Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
Preâmbulo sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a tação de soberania.
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no Artigo 3
mundo, Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- pessoal.
manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e Artigo 4
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi-
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
mais alta aspiração do ser humano comum,
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- Artigo 5
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe- Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, go cruel, desumano ou degradante.
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de
relações amistosas entre as nações, Artigo 6
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig- reconhecido como pessoa perante a lei.
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e Artigo 7
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a contra qualquer incitamento a tal discriminação.
observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos Artigo 8
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
desse compromisso, competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla- fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser lei.
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em Artigo 9
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- Artigo 10
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
quer acusação criminal contra ele.
Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela-
ção uns aos outros com espírito de fraternidade.

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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
Artigo 11 Artigo 20
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso-
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido ciação pacífica.
provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te- 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão Artigo 21
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo
ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre-
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. mente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú-
Artigo 12 blico do seu país.
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
contra tais interferências ou ataques. assegure a liberdade de voto.

Artigo 13 Artigo 22
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
residência dentro das fronteiras de cada Estado. segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in- ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
clusive o próprio e a esse regressar. Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de Artigo 23
procurar e de gozar asilo em outros países. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contra o desemprego.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
Artigo 15 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
nem do direito de mudar de nacionalidade. acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 16 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- Artigo 24
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
ao casamento, sua duração e sua dissolução. mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- riódicas.
sentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e Artigo 25
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
Artigo 17 tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
dade com outros. ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
Artigo 18 cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- mônio, gozarão da mesma proteção social.
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença Artigo 26
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
Artigo 19 trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- no mérito.
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
instrução que será ministrada a seus filhos. de São José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em
22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao presente decreto,
Artigo 27 deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém.
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional,
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte de-
progresso científico e de seus benefícios. claração interpretativa: “O Governo do Brasil entende que os arts.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo- 43 e 48, alínea d , não incluem o direito automático de visitas e ins-
rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá- peções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as
ria ou artística da qual seja autor. quais dependerão da anuência expressa do Estado”.
Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua pu-
Artigo 28 blicação.
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA A CONVENÇÃO AMERICA-
Declaração possam ser plenamente realizados. NA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSE DA COSTA
RICA) - MRE
Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS
qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos- PREÂMBULO
sível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano Os Estados americanos signatários da presente Convenção, Re-
estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva- afirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pes-
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên- soal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos essenciais
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade do homem;
democrática. Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não de-
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, viam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana,
Unidas. razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza
convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o di-
Artigo 30 reito interno dos Estados americanos;
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter- Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta
pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes- da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana
soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades Direitos do Homem e que foram reafirmados e desenvolvidos em
aqui estabelecidos. outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial como
regional;
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Di-
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMA- reitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre,
NOS/1969 (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA) (ART. 1° isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que per-
AO 32) mitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e
culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extra-
DECRETO N° 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992 ordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à próprias
sociais e educacionais e resolveu que uma convenção interamerica-
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto na sobre direitos humanos determinasse a estrutura, competência
de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. e processo dos órgãos encarregados dessa matéria,
Convieram no seguinte:
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no exercício do cargo de
PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere PARTE I
o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e Considerando que a Conven- Deveres dos Estados e Direitos Protegidos
ção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica), adotada no âmbito da Organização dos Estados Americanos, CAPÍTULO I
em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em Enumeração de Deveres
vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do segundo
parágrafo de seu art. 74; ARTIGO 1
Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta de Obrigação de Respeitar os Direitos
adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; Conside-
rando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto 1. Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a res-
de São José da Costa Rica) entrou em vigor, para o Brasil, em 25 de peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
setembro de 1992 , de conformidade com o disposto no segundo livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua ju-
parágrafo de seu art. 74; risdição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo,
DECRETA:

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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, 5. Os menores, quando puderem ser processados, deve ser se-
origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qual- parados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a
quer outra condição social. maior rapidez possível, para seu tratamento.
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano. 6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
ARTIGO 2
Dever de Adotar Disposições de Direito Interno ARTIGO 6
Proibição da Escravidão e da Servidão
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo
no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas 1. Ninguém pode ser submetido à escravidão ou a servidão, e
ou de outra natureza, os Estados-Partes comprometem-se a adotar, tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são
de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições proibidos em todas as formas.
desta Convenção, as medidas legislativas ou de outras natureza que 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado
forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos,
pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados,
CAPÍTULO II esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe
Direitos Civis e Políticos o cumprimento da dita pena, importa por juiz ou tribunal compe-
tente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capa-
ARTIGO 3 cidade física e intelectual do recluso.
Direitos ao Reconhecimento da Personalidade Jurídica 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os
efeitos deste artigo:
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personali- a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoal
dade jurídica. reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedi-
da pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou servi-
ARTIGO 4 ços de devem ser executados sob a vigilância e controle das autori-
Direito à Vida dades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser
postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídi-
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse cas de caráter privado:
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. motivos de consciências, o serviço nacional que a lei estabelecer
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta em lugar daquele;
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais normais.
não se aplique atualmente.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que ARTIGO 7
a hajam abolido. Direito à Liberdade Pessoal
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por de-
litos políticos, nem por delidos comuns conexos com delitos políti- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e á segurança pessoais.
cos. 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pe-
5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que, no mo- las causas e nas condições previamente fixadas pelas constituições
mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou políticas dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo com elas pro-
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. mulgadas.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen-
tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos to arbitrários.
em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquan- 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões
to o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade compe- da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusa-
tente. ções formuladas contra ela.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem de-
ARTIGO 5 mora, á presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela
Direito à Integridade Pessoal lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de
um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeito sua integridade prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condiciona a garantias
física, psíquica e moral. que assegurem o seu comparecimento em juízo.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um
tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora,
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine- sobre ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demo-
rente ao ser humano. ra, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltu-
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. ra se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-Partes cujas
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, sal- leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada
vo em circunstâncias excepcionais, a ser submetidos a tratamento de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal compe-
adequado à sua condição de pessoal não condenadas.

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DIREITOS HUMANOS
tente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal ARTIGO 11
recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser Proteção da Honra e da Dignidade
interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhe-
os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em cimento de sua dignidade.
virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abu-
sivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou
ARTIGO 8 em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou re-
Garantias Judiciais putação.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerên-
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garan- cias ou tais ofensas.
tias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal compe-
tente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por ARTIGO 12
lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, Liberdade de Consciência e de Religião
ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de re-
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma ligião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou
sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Du- suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a
rante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, indi-
seguintes garantias mínimas: vidual ou coletivamente, tanto em público como em privado.
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tra- 2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam
dutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou
juízo ou tribunal; de mudar de religião ou de crenças.
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusa- 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
ção formulada; crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas pelas leis e
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde
para a preparação de sua defesa; ou moral pública ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre- seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que
mente e em particular, com seu defensor; esteja acorde com suas próprias convicções.
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro-
porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação ARTIGO 13
interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear de- Liberdade de Pensamento e de Expressão
fensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presente no tri- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de ex-
bunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, pressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e
de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos. difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
declarar-se culpada; e artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores,
nenhuma natureza. que devem ser expressamente fixadas pela lei a ser necessária para
4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não assegurar:
poderá se submetido a novo processo pelos mesmos fatos. a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas;
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessá- ou
rio para preservar os interesses da justiça. b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da
saúde ou da moral pública.
ARTIGO 9 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
Princípio da Legalidade e da Retroatividade meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti-
culares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acor- por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
do com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais gra- circulação de idéias e opiniões.
ve que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos à censura pré-
da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais via, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para prote-
leve, o delinquente será por isso beneficiado. ção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto
no inciso 2º.
ARTIGO 10 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
Direito a Indenização como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que consti-
tua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no
caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado,
por erro judiciário.

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DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 14 ARTIGO 18
Direito de Retificação ou Resposta Direito ao Nome

1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus
emitidas em seus prejuízos por meios de difusão legalmente regula- pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar
mentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, a todos esses direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.
pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas con-
dições que estabeleça a lei. ARTIGO 19
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirá das ou- Direitos da Criança
tras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi- Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua con-
cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televi- dição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do
são, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por Estado.
imunidades nem goze de foro especial.
ARTIGO 20
ARTIGO 15 Direito à Nacionalidade
Direito de Reunião
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo
exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas território houver nascido, se não tiver direito à outra.
pela lei e que sejam necessárias, uma sociedade democrática, no 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionali-
interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públi- dade nem do direito de mudá-la.
cas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
liberdades das demais pessoas. ARTIGO 21
Direito à Propriedade Privada
ARTIGO 16
Liberdade de Associação 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei
pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me-
fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, so- diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade
ciais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra natureza. pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições pela lei.
previstas pela lei que sejam necessárias, numa sociedade democrá- 3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do
tica, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei.
públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direi-
tos e liberdades das demais pessoas. ARTIGO 22
3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restri- Direito de Circulação e de Residência
ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de associa-
ção, aos membros das forças armadas e da polícia. 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Es-
tado tem direito de circular nele e de nele residir conformidade com
ARTIGO 17 as disposições legais.
Proteção da Família 2. toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer
país, inclusive do próprio.
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e 3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser
deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. restringido senão em virtude de lei, na medida indispensável, numa
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contra- sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para
írem casamento e de fundarem uma família, se tiverem à idade e proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a
as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais
que não afetem estas o princípio da não discriminação estabelecido pessoas.
nesta Convenção. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam-
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivos
consentimento dos contraentes. de interesse público.
4. Os Estados-Partes devem tomar medidas apropriadas no 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual
sentido de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equiva- for nacional, nem ser privado do direito de nele entrar.
lência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, du- 6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de uma
rante o casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em caso de Estado-Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso em cum-
dissolução, serão adotadas disposições que assegurem a proteção primento de decisão adotada de acordo com a lei.
necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveni- 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter-
ência dos mesmos. ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legislação
fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento. de cada estado e com os convênios internacionais.

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DIREITOS HUMANOS
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue CAPÍTULO IV
a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou liber- Suspensão de Garantias, Interpretação e Aplicação
dade pessoal esteja em risco de violação por causa da sua raça, na-
cionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas. ARTIGO 27
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. Suspensão de Garantias

ARTIGO 23 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer-


Direitos Políticos gência que ameace a independência ou segurança do Estado-Par-
te, este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
oportunidades: obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
a) de participar da direção dos assuntos públicos, diretamente disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que
ou por meio de representantes livremente eleitos; lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discriminação al-
b) de votar e se eleitos em eleições periódicas autênticas, rea- guma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
lizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta origem social.
a livre expressão da vontade dos eleitores; e 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos di-
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções reitos determinados nos seguintes artigos: 3 (Direito ao Reconhe-
públicas de seu país. cimento da Personalidade Jurídica), 4 (Direito à vida), 5 (Direito à
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades e Integridade Pessoal), 6 (Proibição da Escravidão e Servidão), 9 (Prin-
a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivos de ida- cípio da Legalidade e da Retroatividade), 12 (Liberdade de Consci-
de, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou ência e de Religião), 17 (Proteção da Família), 18 (Direito ao Nome),
mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal. 18 (Direitos da Criança), 20 (Direito à Nacionalidade) e 23 (Direitos
Políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais
ARTIGO 24 direitos.
Igualdade Perante a Lei 3. Todo Estado-Parte que fizer uso do direito de suspensão de-
verá informar imediatamente os outros Estados-Partes na presente
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm Convenção, por intermédio do Secretário-Geral da Organização dos
direito, sem discriminação, a igual proteção da lei. Estados Americanos, das disposições cuja aplicação haja suspendi-
do, dos motivos determinantes da suspensão e da data em que haja
ARTIGO 25 dado por terminado tal suspensão.
Proteção Judicial
ARTIGO 28
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a Cláusula Federal
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízos ou tribunais com-
petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda- 1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Es-
mentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente tado federal, o governo nacional do aludido Estado-Parte cumprirá
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as
que estejam atuando no exercícios de suas funções oficiais. matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
2. Os Estados-Partes comprometem-se: 2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sis- pondem à competência das entidades componentes da federação,
tema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas perti-
interpuser tal recurso; nentes, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e que as autoridades competentes das referidas entidades possam
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competente, adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Conven-
de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recur- ção.
so. 3. Quando dois ou mais Estados-Partes decidiram constituir
entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligencia-
CAPÍTULO III rão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo
Estado assim organizado as normas da presente Convenção.
ARTIGO 26
Desenvolvimento Progressivo ARTIGO 29
Normas de Interpretação
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar providência, tan-
to no âmbito interno como mediante cooperação internacional, Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada
especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi- no sentido de:
vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, su-
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes primir o gozo e exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na
da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
via legislativa ou por outros meios apropriados. que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer
dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja
parte um dos referidos Estados;

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DIREITOS HUMANOS
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser Art. 1° O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais
humano ou que decorrem da forma democrática representativa de e Culturais, apenso por cópia ao presente decreto, será executado e
governo; e cumprido tão inteiramente como nele se contém.
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos interna-
cionais da mesma natureza. Brasília, 06 de julho de 1992; 171º da Independência e 104° da
República.
ARTIGO 30
Alcance das Restrições ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNACIO-
NAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS/
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao MRE
gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não
podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul- PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS,
gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual SOCIAIS E CULTURAIS
houverem sido estabelecidas. PREÂMBULO

ARTIGO 31 Os Estados Partes do presente Pacto,


Reconhecimento de Outros Direitos Considerando que, em conformidade com os princípios procla-
mados na Carta das Nações Unidas, o relacionamento da dignidade
Poderão se incluídos no regime de proteção desta Convenção inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos
outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo com iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça
os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70. e da paz no mundo,
Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade ine-
CAPÍTULO V rente à pessoa humana,
Deveres das Pessoas Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. O ideal do ser humano livre, liber-
ARTIGO 32 to do temor e da miséria. Não pode ser realizado a menos que se
Correlação entre Deveres e Direitos criem condições que permitam a cada um gozar de seus direitos
econômicos, sociais e culturais, assim como de seus direitos civis
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e políticos,
e a humanidade. Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Esta-
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos dos a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos di-
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem reitos e das liberdades do homem,
comum, numa sociedade democrática. Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com
seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem a
obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reco-
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SO- nhecidos no presente Pacto,
CIAIS E CULTURAIS (ART. 1° AO 15) Acordam o seguinte:

PARTE I
DECRETO N° 591, DE 6 DE JULHO DE 1992. ARTIGO 1º

Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Econô- 1. Todos os povos têm direito a autodeterminação. Em virtude
micos, Sociais e Culturais. Promulgação. desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asse-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe guram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultu-
confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e ral.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem
Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Econô- dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem
micos, Sociais e Culturais foi adotado pela XXI Sessão da Assem- prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica in-
bléia-Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 1966; ternacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito
Internacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do próprios meios de subsistência.
referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n° 3. Os Estados Partes do Presente Pacto, inclusive aqueles que
226, de 12 de dezembro de 1991; tenham a responsabilidade de administrar territórios não-autôno-
mos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direi-
Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional to à autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi depositada em 24 com as disposições da Carta das Nações Unidas.
de janeiro de 1992;
Considerando que o pacto ora promulgado entrou em vigor, PARTE II
para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 27, pa- ARTIGO 2º
rágrafo 2°;
DECRETA: 1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a ado-
tar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e co-
operação internacionais, principalmente nos planos econômico e
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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a as- ARTIGO 7º
segurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o ple-
no exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de
em particular, a adoção de medidas legislativas. toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis,
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a ga- que assegurem especialmente:
rantir que os direitos nele enunciados e exercerão em discrimina- a) Uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os
ção alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião trabalhadores:
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação i) Um salário eqüitativo e uma remuneração igual por um tra-
econômica, nascimento ou qualquer outra situação. balho de igual valor, sem qualquer distinção; em particular, as mu-
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em lheres deverão ter a garantia de condições de trabalho não inferio-
consideração os direitos humanos e a situação econômica nacio- res às dos homens e perceber a mesma remuneração que eles por
nal, poderão determinar em que garantirão os direitos econômicos trabalho igual;
reconhecidos no presente Pacto àqueles que não sejam seus na- ii) Uma existência decente para eles e suas famílias, em confor-
cionais. midade com as disposições do presente Pacto;
b) À segurança e a higiene no trabalho;
ARTIGO 3º c) Igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu
trabalho, à categoria superior que lhes corresponda, sem outras
Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a asse- considerações que as de tempo de trabalho e capacidade;
gurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos d) O descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de tra-
econômicos, sociais e culturais enumerados no presente Pacto. balho e férias periódicas remuneradas, assim como a remuneração
dos feridos.
ARTIGO 4º
ARTIGO 8º
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, no
exercício dos direitos assegurados em conformidade com presente 1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a ga-
Pacto pelo Estado, este poderá submeter tais direitos unicamente rantir:
às limitações estabelecidas em lei, somente na medida compatível a) O direito de toda pessoa de fundar com outras, sindicatos e
com a natureza desses direitos e exclusivamente com o objetivo de de filiar-se ao sindicato de escolha, sujeitando-se unicamente aos
favorecer o bem-estar geral em uma sociedade democrática. estatutos da organização interessada, com o objetivo de promover
e de proteger seus interesses econômicos e sociais. O exercício des-
ARTIGO 5º se direito só poderá ser objeto das restrições previstas em lei e que
sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
1. Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser in- segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direi-
terpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indi- tos e as liberdades alheias;
víduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou de b) O direito dos sindicatos de formar federações ou confedera-
praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ções nacionais e o direito destas de formar organizações sindicais
ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limita- internacionais ou de filiar-se às mesmas.
ções mais amplas do que aquelas nele previstas. c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas ativida-
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos des, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que
humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer país sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direi-
pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconhe- tos e as liberdades das demais pessoas:
ça em menor grau. d) O direito de greve, exercido de conformidade com as leis de
cada país.
PARTE III 2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições
ARTIGO 6º legais o exercício desses direitos pelos membros das forças arma-
das, da política ou da administração pública.
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito 3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que
ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter a pos- os Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacio-
sibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente esco- nal do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito
lhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguardar sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a
esse direito. aplicar a lei de maneira a restringir as garantias previstas na referida
2. As medidas que cada Estado Parte do presente Pacto tomará Convenção.
a fim de assegurar o pleno exercício desse direito deverão incluir
a orientação e a formação técnica e profissional, a elaboração de ARTIGO 9º
programas, normas e técnicas apropriadas para assegurar um de-
senvolvimento econômico, social e cultural constante e o pleno em- Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de
prego produtivo em condições que salvaguardem aos indivíduos o toda pessoa à previdência social, inclusive ao seguro social.
gozo das liberdades políticas e econômicas fundamentais.

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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 10 d) A criação de condições que assegurem a todos assistência
médica e serviços médicos em caso de enfermidade.
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que:
1. Deve-se conceder à família, que é o elemento natural e ARTIGO 13
fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e assistência
possíveis, especialmente para a sua constituição e enquanto ele for 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
responsável pela criação e educação dos filhos. O matrimonio deve de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação deve-
ser contraído com o livre consentimento dos futuros cônjuges. rá visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
2. Deve-se conceder proteção especial às mães por um período sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos hu-
de tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse período, manos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a edu-
deve-se conceder às mães que trabalham licença remunerada ou cação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetivamente
licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados. de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a
3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assis- amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, ét-
tência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção nicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em
alguma por motivo de filiação ou qualquer outra condição. Devem- prol da manutenção da paz.
-se proteger as crianças e adolescentes contra a exploração econô- 2. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, com o
mica e social. O emprego de crianças e adolescentes em trabalhos objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:
que lhes sejam nocivos à moral e à saúde ou que lhes façam correr a) A educação primaria deverá ser obrigatória e acessível gra-
perigo de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o desenvol- tuitamente a todos;
vimento norma, será punido por lei. b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive
Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob a educação secundária técnica e profissional, deverá ser generali-
os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da zada e torna-se acessível a todos, por todos os meios apropriados
mão-de-obra infantil. e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gra-
tuito;
ARTIGO 11 c) A educação de nível superior deverá igualmente torna-se
acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito os meios apropriados e, principalmente, pela implementação pro-
de toda pessoa a um nível de vida adequando para si próprio e sua gressiva do ensino gratuito;
família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível,
assim como a uma melhoria continua de suas condições de vida. a educação de base para aquelas pessoas que não receberam edu-
Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a cação primaria ou não concluíram o ciclo completo de educação
consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a impor- primária;
tância essencial da cooperação internacional fundada no livre con- e) Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de
sentimento. uma rede escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um
2. Os Estados Partes do presente Pacto, reconhecendo o direito sistema adequado de bolsas de estudo e melhorar continuamente
fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, ado- as condições materiais do corpo docente.
tarão, individualmente e mediante cooperação internacional, as me- 1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a res-
didas, inclusive programas concretos, que se façam necessárias para: peitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais
a) Melhorar os métodos de produção, conservação e distribui- de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas
ção de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimen- autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos
tos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação de ensino prescritos ou aprovados pelo Estado, e de fazer com que
nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrá- seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral que este-
rios, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais ja de acordo com suas próprias convicções.
eficazes dos recursos naturais; 2.Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser in-
b) Assegurar uma repartição eqüitativa dos recursos alimentí- terpretada no sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de
cios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os entidades de criar e dirigir instituições de ensino, desde que respei-
problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores tados os princípios enunciados no parágrafo 1 do presente artigo
de gêneros alimentícios. e que essas instituições observem os padrões mínimos prescritos
pelo Estado.
ARTIGO 12
ARTIGO 14
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível possível de saúde Todo Estado Parte do presente pacto que, no momento em que
física e mental. se tornar Parte, ainda não tenha garantido em seu próprio território
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão ou territórios sob sua jurisdição a obrigatoriedade e a gratuidade da
adotar com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito inclui- educação primária, se compromete a elaborar e a adotar, dentro de
rão as medidas que se façam necessárias para assegurar: um prazo de dois anos, um plano de ação detalhado destinado à im-
a) A diminuição da mortinatalidade e da mortalidade infantil, plementação progressiva, dentro de um número razoável de anos
bem como o desenvolvimento é das crianças; estabelecidos no próprio plano, do princípio da educação primária
b) A melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do obrigatória e gratuita para todos.
meio ambiente;
c) A prevenção e o tratamento das doenças epidêmicas, endê-
micas, profissionais e outras, bem como a luta contra essas doen-
ças;
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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
ARTIGO 15 Assegurar a plena implementação dos direitos humanos das
mulheres e das meninas como parte inalienável, integral e indivisí-
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada in- vel de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais;
divíduo o direito de: Impulsionar o consenso e o progresso alcançados nas anterio-
a) Participar da vida cultural; res Conferências das Nações Unidas: sobre as Mulheres, em Nairóbi
b) Desfrutar o processo cientifico e suas aplicações; em 1985, sobre as Crianças, em New York em 1990, sobre o Meio
c) Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992, sobre
decorrentes de toda a produção cientifica, literária ou artística de Direitos Humanos, em Viena em 1993, sobre População e Desen-
que seja autor. volvimento, no Cairo em 1994 e sobre Desenvolvimento Social, em
2. As Medidas que os Estados Partes do Presente Pacto deverão Copenhagem em 1995, com os objetivos de atingir a igualdade, o
adotar com a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito desenvolvimento e a paz;
incluirão aquelas necessárias à convenção, ao desenvolvimento e à Alcançar a plena e efetiva implementação das Estratégias de
difusão da ciência e da cultura. Nairóbi para o fortalecimento das Mulheres;
3.Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a res- O fortalecimento e o avanço das mulheres, incluindo o direito
peitar a liberdade indispensável à pesquisa cientifica e à atividade à liberdade de pensamento, consciência, religião e crença, o que
criadora. contribui para a satisfação das necessidades morais, éticas, espiri-
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefí- tuais e intelectuais de mulheres e homens, individualmente ou em
cios que derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação comunidade, de forma a garantir-lhes a possibilidade de realizar seu
e das relações internacionais no domínio da ciência e da cultura. pleno potencial na sociedade e organizar suas vidas de acordo com
as suas próprias aspirações.

DECLARAÇÃO DE PEQUIM ADOTADA PELA QUARTA CON- Nós estamos convencidos de que:
FERÊNCIA MUNDIAL SOBRE AS MULHERES: AÇÃO PARA O fortalecimento das mulheres e sua plena participação, em
IGUALDADE, DESENVOLVIMENTO E PAZ condições de igualdade, em todas as esferas sociais, incluindo a
participação nos processos de decisão e acesso ao poder, são fun-
damentais para o alcance da igualdade, desenvolvimento e paz;
Nós, os Governos, participante da Quarta Conferência Mundial
sobre as Mulheres, Os direitos das mulheres são direitos humanos;
Reunidos aqui em Pequim, em setembro de 1995, no ano do A igualdade de direitos, oportunidades e acesso aos recursos,
50º aniversário de fundação das Nações Unidas, a distribuição equitativa das responsabilidades familiares entre ho-
Determinados a promover os objetivos da igualdade, desen- mens e mulheres e a harmônica associação entre eles são funda-
volvimento e paz para todas as mulheres, em todos os lugares do mentais para seu próprio bem-estar e de suas famílias, como tam-
mundo, no interesse de toda a humanidade, bém para a consolidação da democracia; A erradicação da pobreza
Reconhecendo as aspirações de todas as mulheres do mundo baseada no crescimento econômico sustentado, no desenvolvimen-
inteiro e levando em consideração a diversidade das mulheres, suas to social, na proteção do meio ambiente e na justiça social, requer a
funções e circunstâncias, honrando as mulheres que têm aberto e participação das mulheres no desenvolvimento econômico e social,
construído um caminho e inspirados pela esperança presente na a igualdade de oportunidades e a plena e equânime participação de
juventude do mundo, mulheres e homens como agentes beneficiários de um desenvolvi-
Reconhecemos que o status das mulheres tem avançado em mento sustentado, centrado na pessoa;
alguns aspectos importantes desde a década passada; no entanto, O reconhecimento explícito e a reafirmação do direito de to-
este progresso tem sido heterogêneo, desigualdades entre homens das as mulheres de controlar todos os aspectos de sua saúde, em
e mulheres têm persistido e sérios obstáculos também, com conse- particular sua própria fertilidade, é básico para seu fortalecimento;
quências prejudiciais para o bem-estar de todos os povos, A paz local, nacional, regional e global é alcançável e está ne-
Reconhecemos ainda que esta situação é agravada pelo cresci- cessariamente relacionada com os avanços das mulheres, que cons-
mento da pobreza que afeta a vida da maioria da população mun- tituem uma força fundamental para a liderança, a solução de confli-
dial, em particular das mulheres e crianças, tendo origem tanto na tos e a promoção de uma paz duradoura em todos os níveis;
esfera nacional, como na esfera internacional, É indispensável formular, implementar e monitorar, com a ple-
Comprometemo-nos, sem qualquer reserva, a combater estas na participação das mulheres, políticas e programas efetivos, efi-
limitações e obstáculos e a promover o avanço e o fortalecimento cientes e reforçadores do enfoque de gênero, incluindo políticas de
das mulheres em todo o mundo e concordamos que isto requer me- desenvolvimento e programas que em todos os níveis busquem o
didas e ações urgentes, com espírito de determinação, esperança, fortalecimento e o avanço das mulheres;
cooperação e solidariedade, agora e ao longo do próximo século. A participação e contribuição de todos os atores da socieda-
de civil, particularmente de grupos e redes de mulheres e demais
Nós reafirmamos o nosso compromisso relativo: organizações não-governamentais e organizações comunitárias de
À igualdade de direitos e à dignidade humana inerente a mu- base, com o pleno respeito de sua autonomia, em cooperação com
lheres e homens e aos demais propósitos e princípios consagrados os Governos, é fundamental para a efetiva implementação e moni-
na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos toramento da Plataforma de Ação;
Humanos e em outros instrumentos internacionais de direitos hu- A implementação da Plataforma de Ação exige o compromisso
manos, em particular na Convenção sobre a Eliminação de todas dos Governos e da comunidade internacional. Ao assumir compro-
as Formas de Discriminação contra as Mulheres e na Convenção missos de ação, no plano nacional e internacional, incluídos os com-
sobre os Direitos da Criança, como também na Declaração sobre a promissos firmados na Conferência, os Governos e a comunidade
Eliminação da Violência contra as Mulheres e na Declaração sobre o internacional reconhecem a necessidade de priorizar a ação para o
Direito ao Desenvolvimento; alcance do fortalecimento e do avanço das mulheres.

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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
Nós estamos determinados a: Assegurar o sucesso da Plataforma de Ação que exigirá o sólido
Intensificar esforços e ações para alcançar, até o final deste sé- compromisso dos Governos, organizações e instituições internacio-
culo, os objetivos e estratégias de Nairóbi, orientados para os avan- nais de todos os níveis. Nós estamos firmemente convencidos de
ços das mulheres; que o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a
Garantir o pleno exercício de todos os direitos humanos e li- proteção do meio ambiente são interdependentes e componen-
berdades fundamentais às mulheres e meninas e adotar medidas tes mutuamente enfatizadores do desenvolvimento sustentável,
efetivas contra a violação destes direitos e liberdades; que é o marco de nossos esforços para o alcance de uma melhor
Adotar todas as medidas necessárias para eliminar todas as for- qualidade de vida para todos os povos. Um desenvolvimento so-
mas de discriminação contra mulheres e meninas e remover todos cial equitativo que reconheça a importância do fortalecimento dos
os obstáculos à igualdade de gênero e aos avanços e fortalecimento pobres, particularmente das mulheres que vivem na pobreza, na
das mulheres; utilização dos recursos ambientais sustentáveis, é uma base neces-
Encorajar os homens a participar plenamente de todas as ações sária ao desenvolvimento sustentável, é necessário para estimular
orientadas à busca da igualdade; o desenvolvimento social e a justiça social. O sucesso da Plataforma
Promover a independência econômica das mulheres, incluindo de Ação ainda exigirá uma adequada mobilização de recursos nos
o emprego, e erradicar a persistente e crescente pobreza que recai âmbitos nacional e internacional, como também novos e adicionais
sobre as mulheres, combatendo as causas estruturais da pobreza recursos para os países em desenvolvimento, provenientes de to-
através de transformações nas estruturas econômicas, asseguran- dos os mecanismos de financiamento disponíveis, incluídas as fon-
do acesso igualitário a todas as mulheres, incluindo as mulheres da tes multilaterais, bilaterais e privadas, a fim de que se promova o
área rural, como agentes vitais do desenvolvimento, dos recursos fortalecimento das mulheres; recursos financeiros para aumentar
produtivos, oportunidade e dos serviços públicos; a capacidade de instituições nacionais, sub-regionais, regionais e
Promover um desenvolvimento sustentado centrado na pes- internacionais; o compromisso de garantir a igualdade de direitos,
soa, incluindo o crescimento econômico sustentado através da a igualdade de responsabilidades, a igualdade de oportunidades e
educação básica, educação durante toda a vida, alfabetização e ca- a igualdade de participação de mulheres e homens em todos os
pacitação e atenção primária à saúde das meninas e das mulheres; órgãos e processos de formulação de políticas públicas no âmbito
Adotar as medidas positivas para assegurar a paz para os nacional, regional e internacional; o estabelecimento ou o fortale-
avanços das mulheres e, reconhecendo o papel de liderança que cimento de mecanismos em todos os níveis para prestar contas às
as mulheres têm apresentado no movimento pela paz, trabalhar mulheres de todo mundo;
ativamente para o desarmamento geral e completo, sob o estrito Garantir também o êxito da Plataforma de Ação em, países
e efetivo controle internacional, e apoiar as negociações para a cujas economias estejam em transição, o que requer contínua coo-
conclusão, sem demora, de tratado universal e multilateral de proi- peração e assistência internacional;
bição de testes nucleares, que efetivamente contribua para o de- Pela presente nos comprometemos, na qualidade de Governos,
sarmamento nuclear e para a prevenção da proliferação de armas a implementar a seguinte Plataforma de Ação, de modo a garantir
nucleares em todos os seus aspectos; que uma perspectiva do gênero esteja presente em todas as nossas
Prevenir e eliminar todas as formas de violência contra mulhe- políticas e programas. Nós insistimos para que o sistema das Na-
res e meninas; ções Unidas, as instituições financeiras regionais e internacionais,
Assegurar a igualdade de acesso e a igualdade de tratamento as demais relevantes instituições regionais e internacionais, todas
de mulheres e homens na educação e saúde e promover a saúde as mulheres e homens, como também as organizações não-gover-
sexual e reprodutiva das mulheres e sua educação; namentais, com pleno respeito à sua autonomia, e todos os setores
Promover e proteger todos os direitos humanos das mulheres da sociedade civil, em cooperação com os Governos, se comprome-
e das meninas; tam plenamente e contribuam para a implementação desta Plata-
Intensificar os esforços para garantir o exercício, em igualdade forma de Ação.
de condições, de todos os direitos humanos e liberdades funda-
mentais para todas as mulheres e meninas que enfrentam múltiplas * Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulhe-
barreiras para seu fortalecimento e avanços, em virtude de fatores res, em 15 de setembro de 1995.
como raça, idade, língua, origem étnica, cultura, religião, incapaci-
dade/deficiência, ou por integrar comunidades indígenas;
Assegurar o respeito ao Direito Internacional, incluído o Direito QUESTÕES
Humanitário, no sentido de proteger as mulheres e as meninas em
particular;
Desenvolver o pleno potencial de meninas e mulheres de todas 1. ( FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) Ao introduzir a
as idades, garantir sua plena participação, em condições de igualda- concepção contemporânea de direitos humanos, a Declaração Uni-
de, na construção de um mundo melhor para todos e promover seu versal de Direitos Humanos de 1948 afirma que
papel no processo de desenvolvimento. (A) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên-
cia dos direitos humanos, conferindo primazia ao valor da soli-
Nós estamos determinados a: dariedade, como condição ao exercício dos direitos civis, políti-
Assegurar às mulheres a igualdade de acesso aos recursos eco- cos, econômicos, sociais e culturais.
nômicos, incluindo a terra, o crédito, a ciência, a tecnologia, a ca- (B) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos
pacitação profissional, a informação, a comunicação e os mercados, direitos humanos, conferindo paridade hierárquica entre direi-
como meio de promover o avanço e o fortalecimento das mulheres tos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais.
e meninas, inclusive através da promoção de sua capacidade de (C) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência
exercer os benefícios do acesso igualitário a estes recursos, para o dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos civis e
que se recorre, dentre outras coisas, à cooperação internacional; políticos, como condição ao exercício dos direitos econômicos,
sociais e culturais.

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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
(D) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên- III - O Pacto de São José da Costa Rica proíbe todo tipo de traba-
cia dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos eco- lho forçado ou obrigatório, inclusive ao presidiário.
nômicos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos IV - O Pacto de São José da Costa Rica consagra o duplo grau
direitos civis e políticos. de jurisdição ao garantir o direito de recorrer de sentença a juiz ou
(E) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos tribunal.
direitos humanos, conferindo primazia aos direitos econômi-
cos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos direitos Assinale a alternativa CORRETA:
civis e políticos. (A) apenas os itens III e IV são corretos;
(B) apenas os itens I e II são corretos;
2. (CESPE - 2008 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Após as con- (C) apenas os itens I e IV são corretos;
seqüências devastadoras da Segunda Guerra Mundial, os países re- (D) apenas os itens II e IV são corretos;
solveram criar uma organização multi e supranacional para regular (E) não respondida.
as relações entre os povos. Nesse marco, surgiu, em 1945, a Carta
das Nações, cujos fundamentos visavam, essencialmente, à manu- 5. (CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público) Considerando o
tenção da paz internacional, que incluía a proteção da integridade Pacto de São José da Costa Rica, assinale a opção correta.
territorial dos Estados frente à agressão e à intervenção externa; (A) Mesmo não tendo sido prevista no referido pacto, a prote-
ao fomento entre as nações de relações de amizade, levando em ção da integridade psíquica de toda pessoa é dever dos Estados
conta os princípios de igualdade, soberania e livre determinação signatários, por força de orientação da Comissão Interamerica-
dos povos; e à realização de cooperação internacional para solução na e da Corte Interamericana.
de problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural (B) Os Estados signatários desse pacto comprometem-se a res-
e humanitário, incluindo o respeito aos direitos humanos e às li- peitar os direitos e liberdades nele reconhecidos e a garantir
berdades fundamentais, sem fazer distinção por motivos de raça, seu livre e pleno exercício às pessoas que estejam sujeitas à
sexo, idioma ou religião. A Carta das Nações deu origem à ONU, sua jurisdição.
que, posteriormente, criou uma carta de direitos - a Declaração Uni- (C) Os Estados-partes são dispensados de adotar quaisquer
versal dos Direitos Humanos (DUDH) - adotada e proclamada pela medidas legislativas destinadas a garantir o exercício dos direi-
Resolução 217-A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em tos e liberdades previstos nesse pacto, que se torna eficaz, no
10 de dezembro de 1948. Estado-parte, a partir de sua assinatura.
Acerca dos direitos fundamentais previstos no documento (D) Por não definir o significado da palavra pessoa, que é o su-
mencionado no texto acima, assinale a opção incorreta. jeito dos direitos humanos por ele garantidos, o pacto possibi-
(A) A DUDH surgiu para atender ao clamor de toda a humani- lita que Estados-partes restrinjam, por meio da jurisprudência
dade e buscou realçar alguns princípios básicos fundamentais ou da legislação nacional, o significado do termo.
para a compreensão da dignidade humana, entre eles, a liber- (E) O pacto não prevê, expressamente, o direito de toda pessoa
dade e a igualdade. de ter reconhecida sua personalidade jurídica, embora se infira
(B) A DUDH protege o genoma humano como unidade funda- de suas disposições o dever de os Estados-partes reconhece-
mental de todos os membros da espécie humana e também rem esse direito.
reconhece como inerentes sua dignidade e sua diversidade. Em
um sentido simbólico, a DUDH reconhece o genoma como a 6. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) Comparando-se a
herança da humanidade. natureza da obrigação estatal de tornar efetivos os direitos huma-
(C) A DUDH afirma que o desrespeito aos direitos humanos é nos e liberdades fundamentais, nos termos do Pacto Internacional
causa da barbárie. dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto Internacio-
(D) A DUDH assegura o direito de resistência. nal dos Direitos Civis e Políticos, é correto afirmar:
(E) A DUDH assegura o direito de resistência. E A DUDH corre- (A) O conceito de realização progressiva dos direitos civis e polí-
laciona o estabelecimento de uma compreensão comum dos ticos constitui o reconhecimento de que a efetividade plena de
direitos humanos com o seu pleno cumprimento. tais direitos não será possível de ser alcançada em curto prazo.
(B) Os direitos econômicos, sociais e culturais refletem uma
3. (CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público Federal) Com rela- aspiração política da sociedade, não decorrendo deles direito
ção à proteção internacional dos direitos humanos, julgue os itens subjetivo exigível judicialmente.
a seguir. (C) A efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, apesar decorre de sua previsão legal e não gera para o Estado a obri-
de ter natureza de resolução, não apresenta instrumentos ou ór- gação de promovê-los.
gãos próprios destinados a tornar compulsória sua aplicação. (D) O conceito de realização imediata dos direitos civis e polí-
( ) CERTO ticos decorre de sua origem jusnatural, inexistindo obrigação
( ) ERRADO estatal decorrente.
(E) O conceito de realização progressiva dos direitos econômi-
4. (PGT - 2007 - PGT - Procurador) Quanto ao sistema intera- cos, sociais e culturais não deve ser interpretado como supres-
mericano de proteção dos direitos humanos, analise as assertivas sor do caráter obrigatório de promoção daqueles direitos.
abaixo:
I - No âmbito da Organização dos Estados Americanos, ao con-
trário do que ocorre no da ONU, só há um Pacto de Direitos Huma-
nos, que trata dos Direitos Civis e Políticos, o Pacto de São José da
Costa Rica, não havendo um pacto de direitos sociais, econômicos
e culturais.
II - O Pacto de São José da Costa Rica restringe a prisão civil por
dívidas ao devedor de alimentos.
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a solução para o seu concurso!
DIREITOS HUMANOS
7. (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) Acerca dos di- ______________________________________________________
reitos à liberdade de expressão e de comunicação e ao acesso à
informação, julgue o item seguinte. ______________________________________________________
A clássica divisão entre direitos individuais e políticos e direitos
sociais e econômicos é útil para se compreender o fenômeno da ______________________________________________________
pobreza e, com base nisso, o Pacto Internacional de Direitos Civis e
______________________________________________________
Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais recomendam aos países com baixo desenvolvimento eco- ______________________________________________________
nômico que priorizem direitos sociais em vez de liberdades indivi-
duais. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
______________________________________________________
2 B
3 CERTO ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 E
______________________________________________________
7 ERRADO
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime
jurídico e com predominância pública. O serviço público também
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con-
Administração pública cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati-
Conceito va de políticas de governo.
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
agentes públicos. mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como público.
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- A Administração Pública também possui elementos que a com-
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
interesses coletivos”. privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a função administrativa estatal.
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, — Observação importante:
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
em sentido objetivo. pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
Em suma, temos: No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
SUBJETIVO órgãos administrativos}. da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
SUBJETIVO agentes públicos}. cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
OBJETIVO trativa}. sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal).
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por
OBJETIVO esses entes}. Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
Existem funções na Administração Pública que são exercidas princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
viço público. tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
uma das funções. Vejamos: dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de- pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
de ou de interesse público. aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati-
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais
em prol do interesse coletivo.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen- – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros óticas:
legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez, a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
observadas em matérias específicas ou diante das particularidades na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes. o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
na objetividade.
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in- b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe-
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos
dando-lhe unicidade e coerência. atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po- terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-
— Observação importante: va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci- de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que na Administração Pública.
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
plícitos. O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis- decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público.
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
os individuais.
nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
Sua principal função é orientar a dade sobre os seus atos.
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
PÚBLICO
ses da Administração Pública. vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- ser afastado.
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam- tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
em concurso público para o provimento dos cargos públicos.
– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
Princípios Administrativos exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade, namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. EC n. 19/1998.
Vejamos:
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- São decorrentes do princípio da eficiência:
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo, trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
— Observação importante: O princípio da legalidade considera para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, art. 41, § 4º da CFB/88.
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
art. 59 da Constituição Federal.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
PODERES E DEVERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS: ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
USO E ABUSO DO PODER, PODERES VINCULADO, DISCRI- a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
CIONÁRIO, HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E REGULAMEN- e agentes não subordinados à hierarquia.
TAR, PODER DE POLÍCIA, DEVERES DOS ADMINISTRADO- Não podem ser objeto de delegação:
RES PÚBLICOS • A edição de atos de caráter normativo;
• A decisão de recursos administrativos;
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida-
Poder Hierárquico de;
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo-
órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi- gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei.
nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po-
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com- os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível
petências e a hierarquia. à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição
Em decorrência da amplitude das competências e das res- delegada.
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela
função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou autoridade delegante como forma de transferência não definitiva
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen-
cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
tes integrantes da Administração Pública.
como editada pelo delegado.
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor- que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia- qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
atos dos agentes subordinados. gão subordinado.
Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do
não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem-
de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII, porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im-
da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re- preterivelmente justificados.
presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali- O superior também pode rever os atos dos seus subordinados,
dade, omissão ou abuso de poder. como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los,
Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani- convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do
festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis-
outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi-
atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se
Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu- que pode ocorrer de duas formas:
mas regras, sendo elas: a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato
A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po- válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.
Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po-
ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele- derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos
gar ao Chefe do Executivo a edição de lei. atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a
B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se
plos: o veto e a sanção de lei;
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver
C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
sido criado o direito subjetivo para o particular.
da autoridade, não podem ser delegadas;
D) O subordinado não pode recusar a delegação;
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida Observação importante: “revisão” do ato administrativo não
autorização do delegante. se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de
Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele- ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em
gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su-
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin- bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui-
tes regras relacionadas a esse assunto: co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do
• A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec-
delegada se não houver impedimento legal; cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder
• A delegação de competência é sempre exercida de forma par- hierárquico.
cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não
detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri-
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun- buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o
Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie- cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado,
rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis- o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi-
trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu
obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun-
julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra- cional.
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida- Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de
de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po-
serviços administrativos da sua Vara. der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de
não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi- hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para
nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui-
mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super- co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre
visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so- o particular.
bre as entidades da Administração Indireta. Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e
Esquematizando, temos: punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo
instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado
somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis-
tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so-
mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes.
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar,
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve-
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor-
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia,
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis-
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação
funcional ou contratual com a Administração.
Em suma, temos:
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém
Poder conferido à autoridade admi-
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín-
nistrativa para distribuir e dirimir funções
culo específico com a Administração Pública.
PODER em escala de seus órgãos, que estabelece
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém
HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam
ção entre os servidores que estiverem sob
às regulamentações de polícia administrativa.
a sua hierarquia.
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge-
A edição de atos de caráter normativo ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem
NÃO PODEM SER crimes ou contravenções penais.
A decisão de recursos administrativos Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o
OBJETO
DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação
do órgão ou autoridade deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis-
Por revogação: quando a manutenção
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será
DESFAZIMENTO do ato válido se tornar inconveniente ou aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a
DO ATO inoportuna
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona-
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresen- riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das
tar vícios sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis-
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re-
Poder Disciplinar fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional
O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de e da exata sanção cabível.
autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos Em resumo, temos:
servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli-
na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi- Poder Disciplinar
co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que • Apura infrações e aplica penalidades;
possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan- • Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é
do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual. preciso que possua vínculo funcional com a administração;
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível;
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
• Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre O ato de regulamento executivo é constituído por importantes
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. funções. São elas:

Poder regulamentar 1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa


Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan-
o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po- do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li-
der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e
destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação
e eficaz execução. de um regulamento executivo que estipula regras de observância
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po- obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem
der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme- proceder no fiel cumprimento da lei.
lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres- Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer-
são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe-
conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer
conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra- autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para
tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções, a discussão de casos e fatos sem importância para a administração
portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há pública.
ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs-
tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro 2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula-
poder normativo. mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum-
No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato
como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada.
utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car-
competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar reira de Policial Rodoviário Federal.
regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati- Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de 9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu-
autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo, ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por
de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe
Registra-se que os regulamentos são publicados através de
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º.
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto,
por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que
a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos
última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base
determinado nome a um prédio público.
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e
Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con- privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula-
dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu- mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio
lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução. estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará-
Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen- grafo único da Lei 8.112/1990.
tes: Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto
A) Regulamento executivo; 8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es-
B) Regulamento independente ou autônomo; tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá-
c) Regulamento autorizado. rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado
Vejamos a composição de cada em deles: satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma,
Regulamento Executivo a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi-
Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar
suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re- designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa-
gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato
lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes- do dirigente máximo do órgão.
mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso, Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente
suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe-
detalhar a sua execução. lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente
O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen- à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o
do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da
determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad-
situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para
que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con- o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi
creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas. uniformizado.
Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo
material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for-
mal.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
Embora exista uma enorme importância em termos de pratici- Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa-
dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie- râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui-
rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica, -los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando
criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu
restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo, que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto.
atos normativos considerados secundários que são editados pelo Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas
Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de-
normativos primários elaborados pelas leis. creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando
Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos
lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na- concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar.
cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme- De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento
tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta-
legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe- ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en-
cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento. contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica
Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações, a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto
uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar
em função de o Presidente da República entender que o projeto ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti-
de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo
o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside-
o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora,
exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico. em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma
Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional,
sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte- de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal
resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de
a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen- controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição
te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi- do Supremo Tribunal Federal:
tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi- Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do
co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento. Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição,
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso
controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá,
exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri-
reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio-
Executivo no exercício da autotutela. nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado
em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de
Regulamento independente ou autônomo opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle
bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe- difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio-
cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta
o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá-
lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-
ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e 0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio).
diretamente da Constituição. Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar
A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi- que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de-
gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a
a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece
inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88. com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob-
Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri- jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da
na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo República e ao Advogado
que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo- Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único
sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente do art. 84 da Constituição Federal.
da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar Regulamento autorizado ou delegado
em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
públicos. apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele-
na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi- gado.
dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi- De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia aos órgãos administrativos.
das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de
determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser
veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior
hierarquia.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades Poder de Polícia
técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado
controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou- para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício
trina maior tem aceitado que as competências para regular deter- de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte-
minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador resse público.
para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei Limites
para a esfera do regulamento autorizado. No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita- como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está
do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade, eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos
ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc- fins, aos motivos ou ao objeto.
nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres- Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po-
sa determinação legal. lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro-
Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a
confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque, medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição, atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos-
na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas,
que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura.
jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in-
rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
a de detalhar a lei para que seja fielmente executada. terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria
Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu- desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade,
lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo. porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici-
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de- ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração
terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido no exercício da autotutela.
admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi- Prescrição
tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe-
sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas, deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu-
como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên- nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia,
cias reguladoras. desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de
infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver
Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível Administração também for considerado crime, a prescrição deverá
fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
os regulamentos administrativos ou de organização. Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação
Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam de execução da administração pública federal relativa a crédito não
regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini-
com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua
regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es- redação incluída pela Lei 11.941/2009.
tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi-
se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no
com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi-
públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des-
De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos, pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados
é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que
liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí- haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren-
fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis- Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
trativos. punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso
Esquematicamente, temos: das seguintes hipóteses:
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
meio de edital;
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
REGULAMENTO
Regulamentos administrativos ou de fato; pela decisão condenatória recorrível;
QUANTO AOS
DESTINATÁRIOS organização C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
Administração Pública Federal.
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Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o
determinadas situações específicas, quando o interessado inter- mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão cessário que promova a execução judicial da dívida.
do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma
parâmetros do art. 3.º. que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu-
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili-
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões
art. 5.º. executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a
concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade
Atributos de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando
polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida- for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como
de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de
estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia. desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri- que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não
buto: sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
Discricionariedade Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re- a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida-
lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul-
cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia
tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de
seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de
meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião,
polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori-
da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção. da demolição de prédio.
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare- Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização, em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade,
respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de- que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não em situações de urgência.
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso Coercibilidade
ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja
exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re- imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos,
ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está
atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou consignado à dependência da concordância do particular para que
não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis- tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso-
cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe-
da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma- Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
terial bélico. como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do
Autoexecutoriedade desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto-
executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir Poder de polícia originário e poder de polícia delegado
e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer- aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo
cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público como fundamento a própria repartição de competências materiais
poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz
desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú-
tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo
blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser
excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário
feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder
para fazer cessar o ato de polícia abusivo.
de polícia originário.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia Como uma das mais claras manifestações do princípio segun-
são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no
que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen- exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações
do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida-
não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma-
urgência que demande a execução direta da medida. O que infere nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre-
que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po- sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público,
lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem- o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de
plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado,
o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
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Esquematizando, temos: Vejamos cada classificação detalhadamente:

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA Agentes políticos


Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên-
DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
Liberdade de Faculdade de a Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
escolha da autori- Administração deci- Faz com que estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os
dade pública em dir e executar dire- o ato seja imposto Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla-
relação à conveni- tamente sua decisão ao particular, con- tivo como Senadores, Deputados e Vereadores.
ência e oportunida- por seus próprios cordando este, ou De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
de do exercício do meios, sem interven- não. com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car-
poder de polícia. ção do Judiciário. gos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de
Uso e abuso de poder forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare-
De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono-
de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente, mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão
desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público,
atendimento à consecução dos fins públicos. da Magistratura e dos Tribunais de Contas.
No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para Servidores Públicos Civis
fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor- que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba-
que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co-
meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito. fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas: jurídicas.
Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi-
• Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au- cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação
toridade atua extrapolando os limites da sua competência. aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú-
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária blicos para se referir somente aos servidores públicos civis.
ao interesse público como um todo. De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma-
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por neira:
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju-
dicial. Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos
pelo regime estatutário.
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra-
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
PÚBLICOS Servidores temporários: são os contratados por determinado
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas,
Conceito mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime
A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo, jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa.
várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
concernentes à Administração Pública e seus agentes como um Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi-
todo. litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são
A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha,
conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de
forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra- Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios,
tiva, com investidura definitiva ou transitória. que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe-
los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico
Espécies (classificação) estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti-
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca- dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis
tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma
civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público. categoria propícia de agentes públicos.

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Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, titulares.
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença Em relação às garantias e características especiais que lhe são
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis- conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen- e comissionados. Vejamos:
to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili- ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu- 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos, buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti- dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
cos. de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
Cargo, Emprego e Função Pública nomeante.
Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua- Emprego
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre- Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos. também chamados de celetistas ou empregados públicos.
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
Cargo que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser-
8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui- vidor titular de cargo público é de natureza estatutária.
ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os
devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi- Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au-
derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta
da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público. a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988
(ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta-
Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans-
tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re-
formados e extinguidos por força de lei.
gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente
Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po-
à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado
der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de
contratações e admissões no regime de emprego público. No to-
cargos, empregos e funções públicas.
cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não
as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes-
públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis-
mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do
tência de empregados públicos, nos termos legais.
chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
sem sanção. Função Pública
Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
A despeito da criação de cargos, vejamos: te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe existem determinadas atribuições que também são exercidas por
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem
b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público,
Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec- como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata-
tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
de cargos para o Ministério Público. com base no art. 37, IX, da CFB/88.
c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe-
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público.
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por termos do art. 37, V, da CFB/88.
decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
ocupado, só poderá ser extinto por lei. Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve- as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire-
jamos: ção, chefia e assessoramento.
Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
razão do regime de progressão do servidor na carreira.
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Regimente Jurídico Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
Provimento de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser- originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa. defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu-
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
cargos públicos em dois grupos. São eles:
Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro-
Provimento originário: é ato administrativo que designa um vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. não integra a carreira na qual anteriormente investido.
O provimento originário é a única forma de nomeação reco-
nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal- Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or- cas específicas. Vejamos:
dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o
momento da nomeação configura discricionariedade do adminis- Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense-
trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi- jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci-
conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado,
para a ocupação do cargo. mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este como mediante assunção de cargo escalonado em carreira.
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de
público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten- forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento.
do a todas as normas estatuárias da instituição. Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves- assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo
de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal
8.112/90.
situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a
De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é
realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
abolida pela Constituição Federal de 1988.
vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi-
da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio
Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis-
de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei
posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
8.112/90.
em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser-
este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1° no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita-
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta
respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos: médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor- trabalho.
nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven-
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob- cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de servidor em virtude da readaptação.
10.12.97).
Observação importante: esta modalidade de provimento deri-
Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain-
posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração, da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap-
tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser- tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente.
vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis,
a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação. o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea-
daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa
Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen-
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra- te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado.
ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em
que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de- Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi-
rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro- dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo
vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor-
originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra rer de quatro formas. São elas:
carreira.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor- Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque
A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita-
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser-
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram sar o aproveitamento.
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser-
vidor ao cargo. Vacância
As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú-
forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi-
em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração co não está provido e poderá preenchido por novo agente.
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta- A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives-
se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade, a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so- pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati-
licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a
de reversão. aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para
b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes
retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior- maneiras:
mente, em decorrência da anulação do ato de demissão.
Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis- • Falecimento
são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon- Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do
derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá-
que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal. vel a ocupação do cargo.

c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra- • Exoneração


ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses: público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan-
• Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car- do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
serviço público. dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex- restará desfeito e o cargo vago.
posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da
qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste- b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co-
riormente reintegrado. meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda
do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for-
Observação importante: A recondução não gera direito à per- ma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu-
servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu- radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos,
neração deste cargo. definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática
a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de-
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en- vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais
contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com- extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor
patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o ao serviço público.
cargo que antes ocupava. A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo
Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex- disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú- defesa.
blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser
demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida- c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de
de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
temporária, mantendo o vínculo com a administração pública. tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em
inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór-
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida- gão competente.
de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá
será obrigatório. retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância
de outro, acopladas num só ato.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público, Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
cargo mais elevado na carreira de ingresso. (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.

e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi- Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova, estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o ocupado, só poderá ser extinto por lei.
primeiro. Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela jamos:
Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será
necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen- Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei, razão do regime de progressão do servidor na carreira.
processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali-
dade de demissão do servidor. Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
titulares.
Efetividade
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo Em relação às garantias e características especiais que lhe são
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14, conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi- e comissionados. Vejamos:
dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba- Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe- manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
cargo de provimento efetivo.
Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
explicitamente da aprovação em concurso público. buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan- dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên- de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí- ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
cio, desde que seja aprovado no estágio probatório. nomeante.
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
ções públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos
decreto, quando estes se encontrarem vagos.
e funções públicas.
O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de
consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme-
criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que
lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or-
mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na
gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe
públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios.
do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso-
Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú-
luções.
blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela
ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos
cargos públicos, nos termos da lei. estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria, não se admite a edição de decreto com essa finalidade.
extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve-
jamos: Remuneração
A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art.
Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe 37, a seguinte redação:
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis- trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as-
Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin-
cargos para o Ministério Público. ção de índices;

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Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo- constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali-
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo
que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido do Congresso Nacional.
amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte- Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu-
ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral
edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto. anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men- Executivo de cada Federação.
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
alguns cargos e facultativa para outros. “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, índices.
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci- A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto,
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse
a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu-
de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
neração em sentido amplo.
civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usado
o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com frequ- apenas como “militares.
ência para indicar a remuneração dos servidores estatutários que Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
não percebem subsídio. deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
niárias estabelecidas em lei. da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter- que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-
minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está, cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen- espécie do gênero “servidores públicos”.
tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re- A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
ceber. período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita- 19/1998.
do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa- O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba- devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
recebem salário. “aumento impróprio”.
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege,
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as re-
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- estruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
mos resumir das seguintes formas:
pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
A iniciativa é privativa do de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão
CARGO DO PODER
Presidente da República de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os
EXECUTIVO FEDERAL
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”); Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a
CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa cada ano.
DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV);
Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti-
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF,
FEDERAL art. 52, XIII); da aos valores mínimo e máximo.
Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser-
Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser
gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total
dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base.
de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores, Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante
onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ). 16.
Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais, Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não
dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF,
dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne-
Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden- cimento das condições materiais para a correta prestação do ser-
te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se
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que os militares são enquadrados em um sistema que não se con- Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es-
têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE taduais e Distritais;
570177/MG). Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado-
Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor- res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos
te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da
viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”. e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
Judiciário.
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune- Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003. art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
Vejamos: um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do nicipal.
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici-
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios.
nal nº 41, 19.12.2003).
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao Direitos e deveres
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis-
blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso-
ais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de caráter
Indenizações
indenizatório, estas não serão computadas para efeito de cálculo do
Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
teto remuneratório.
sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena- previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia ções a serem pagas ao servidor federal:
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos domicílio em caráter permanente.
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre- A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não
gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
art. 37, XI, da CF. com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida
Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen- ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se
te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po- afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo.
deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este, O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune-
o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden-
referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos te a três meses de remuneração.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado
Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo,
remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí- passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra- ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma
passar os limites a seguir: segunda ajuda de custo.
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Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor
despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art.
arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem, 60-B). Vejamos:
bagagem e bens pessoais. Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten-
Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família, didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
do óbito. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te-
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi-
dias. tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção,
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- Lei nº 11.355, de 2006).
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção
auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção,
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
REsp 1.531.494/SC). 11.355, de 2006).
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
Diárias de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- Lei nº 11.355, de 2006).
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
e locomoção urbana. em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se 11.355, de 2006).
o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
(art. 58, § 2º). de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da 11.355, de 2006).
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). Gratificações
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas do servidor público.
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º).
Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não
que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no
aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
prazo de cinco dias.
e adicionais:
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre-
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
excesso no prazo de cinco dias. sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es-
utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi- pecífica.
ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador
Lei 8.112/90). da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida- mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da
mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí-
de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen- cio será considerada como mês integral.
te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um
mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
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c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas No entanto, somente será permitido serviço extraordinário
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74.
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
habitualmente colocam em risco a sua vida. exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de trinta segundos (art. 75).
trabalho. d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis-
(art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor- ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de
dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res- solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um
peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74). adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
trinta segundos (art. 75). condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta- insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
gem será considerada no cálculo do adicional de férias. podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas Férias
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto,
to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado.
profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido-
desses períodos (art. 79).
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri-
do à sua percepção.
Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta
de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º).
Adicionais
Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde
É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de
dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi-
ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir
resumi-los da seguinte forma: daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício.
a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva-
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores mente discricionária da administração, que só o fará se compreen-
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- der que o pedido atende ao interesse público.
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- No condizente à remuneração das férias, depreende-se que
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente
habitualmente colocam em risco a sua vida. sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de
b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78).
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro
trabalho. período (art. 78, § 5º).
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Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis- § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro- § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º). II do § 2º.
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro condições:
cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas remuneração do servidor;
transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu- II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min. neração.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008). § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
8112/90: II do § 2º.
a) calamidade pública; § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
b) comoção interna; também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
ma do órgão ou entidade. tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
exercício de atividade compatível com o seu cargo.
Licenças Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo cífica.
com o tipo de licença. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas:
go.
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
I - por motivo de doença em pessoa da família;
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
III - para o serviço militar;
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
IV - para atividade política;
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
V - para capacitação;
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
VI - para tratar de interesses particulares;
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
VII - para desempenho de mandato classista; partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
VIII - para tratamento de saúde; Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
X - Licença à Gestante (art. 207); guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
XI - Licença à Adotante (art. 210); vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
XII – Licença Paternidade (art. 208). Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
nação: cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de para participar de curso de capacitação profissional.
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
por perícia médica oficial. prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen- tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
na forma do disposto no inciso II do art. 44. muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
condições: ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
remuneração do servidor; ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser-
neração. vados os seguintes limites:
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I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei-
servidores; ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta ou tutela e irmãos.
mil) associados, 4 (quatro) servidores; b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
8 (oito) servidores. dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
§ 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des- servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
de que cadastradas no órgão competente. de por junta médica oficial, independentemente de compensação
§ 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
renovada, no caso de reeleição. deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
prejuízo da remuneração a que fizer jus. ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. no prazo de até um ano.
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
partir do parto. assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
reassumirá o exercício. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá grafo único).
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis Direito de petição
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
períodos de meia hora. to ou interesse legítimo.
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
de licença remunerada. Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
artigo será de 30 (trinta) dias. (art. 105).
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
acidentado em serviço. deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re-
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re-
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê- terpostos.
mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade
do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto-
de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que
a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí- estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui-
cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres- da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de
são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni-
e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da co da Lei 8112/90.
Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN). O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon-
sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
Concessões interessado, da decisão recorrida (art. 108).
Três são as espécies de concessão: Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em
a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au- cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen-
sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue; créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de-
por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti- mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei.
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Em relação à prescrição, merece também destaque: I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re- II - ter o mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos de idade;
levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso, III - estar em dia com o Serviço Militar Obrigatório;
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de IV - ser eleitor e achar-se em gozo dos seus direitos políticos;
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado V - possuir idoneidade moral, comprovada por meio de folha
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi- corrida policial militar e judicial, na forma prevista em edital;
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90). VI - aptidão física e mental, comprovada mediante exames mé-
dicos, testes físicos e exames psicológicos, na forma prevista em
edital;
REGIME JURÍDICO DO MILITAR ESTADUAL: ESTATUTO DOS VII - possuir estatura mínima de 1,60 m para candidatos do
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA BAHIA (LEI ESTADU- sexo masculino e 1,55 m para as candidatas do sexo feminino;
AL Nº 7.990, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001 - ARTS 1º AO 59) VIII - possuir a escolaridade ou formação profissional exigida
ao acompanhamento do curso de formação a que se candidata, na
forma prevista em edital.
IX -possuir Carteira Nacional de Habilitação válida, categoria B.
LEI Nº 7.990 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001 Inciso IX acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de 06 de janei-
ro de 2009.
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Art. 6º - O ingresso na Polícia Militar é assegurado aos aprova-
Bahia e dá outras providências. dos em concurso público de provas ou de provas e títulos, median-
te matrícula em curso profissionalizante, observadas as condições
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As- prescritas nesta Lei, nos Regulamentos e nos respectivos editais de
sembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: concurso da Instituição.

TÍTULO I SEÇÃO II
GENERALIDADES DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR
CAPÍTULO I Art. 7º - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar, presta-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES rá compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação cons-
ciente das obrigações e dos deveres policiais militares e manifestará
Art. 1º - Este Estatuto regula o ingresso, as situações institucio- a sua firme disposição de bem cumpri-los.
nais, as obrigações, os deveres, direitos, garantias e prerrogativas Art. 8º - O compromisso a que se refere o artigo anterior terá
dos integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia. caráter solene e será prestado pelo policial militar na presença da
Art. 2º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia tropa, no ato de sua investidura, conforme os seguintes dizeres: “Ao
constituem a categoria especial de servidores públicos militares es-
ingressar na Polícia Militar do Estado da Bahia, prometo regular a
taduais denominados policiais militares, cuja carreira é integrada
minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente
por cargos técnicos estruturados hierarquicamente.
as ordens legais das autoridades a que estiver subordinado e de-
Art. 3º - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da
dicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da
Polícia Militar.
ordem pública e à segurança da sociedade mesmo com o risco da
§ 1º - A hierarquia policial militar é a organização em carreira
própria vida”.
da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia
Parágrafo único - Ao ser promovido ou nomeado ao primeiro
Militar, consubstanciada no espírito de acatamento à sequência de
autoridade. posto, o Oficial prestará compromisso, em solenidade especial, nos
§ 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento inte- seguintes termos: “Perante as Bandeiras do Brasil e da Bahia, pela
gral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen- minha honra, prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Mi-
tam o organismo policial militar e coordenam seu funcionamento litar do Estado da Bahia e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”.
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse CAPÍTULO III
organismo. DA HIERARQUIA POLICIAL MILITAR
§ 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser observa-
dos e mantidos em todas as circunstâncias da vida, entre os policiais SEÇÃO I
militares. DA ESCALA HIERÁRQUICA
Art. 4º - A situação jurídica dos policiais militares é definida pe-
los dispositivos constitucionais que lhe forem aplicáveis, por este Art. 9º - Os postos e graduações da escala hierárquica são os
Estatuto e por legislação específica e peculiar que lhes outorguem seguintes:
direitos e prerrogativas e lhes imponham deveres e obrigações. I - Oficiais:
a) Coronel PM;
CAPÍTULO II b) Tenente Coronel PM;
DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR c) Major PM;
d) Capitão PM;
SEÇÃO I e) 1º Tenente PM.
DOS REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA O INGRESSO II - Praças Especiais:
a) Aspirante-a-Oficial PM;
Art. 5º - São requisitos e condições para o ingresso na Polícia b) Aluno-a-Oficial PM;
Militar: c) Aluno do Curso de Formação de Sargentos PM;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Aluno do Curso de Formação de Cabos PM; § 6º - Em igualdade de posto, os Oficiais do Quadro de Seguran-
e) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM. ça terão precedência sobre os Oficiais do Quadro de Oficiais Auxilia-
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro res da Polícia Militar e estes terão precedência sobre os Oficiais do
de 2009. Quadro Complementar de Oficiais Policiais Militares.
§ 7º - A precedência entre os Praças Especiais e aos demais é
Redação original: “II - Praças Especiais:a) Aspirante a Oficial assim regulada:
PM;b) Aluno a Oficial PM;c) Aluno do Curso de Formação de Sar- a) o Aspirante Oficial é hierarquicamente superior aos praças;
gentos PM;d) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM.” b) o Aluno Oficial é hierarquicamente superior aos Subtenen-
III - Praças: tes;
a) Subtenente PM; c) o Aluno do Curso de Formação de Sargentos é hierarquica-
b) 1º Sargento PM; mente superior ao Cabo.
c) Cabo PM;
d) Soldado 1ª Classe PM. TÍTULO II
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
de 2009. CAPÍTULO I
Redação original: “III - Praças:a) Sargento PM;b) Soldado PM DAS FORMAS DE PROVIMENTO
1ª Classe.”
Art. 10 - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por ato Art. 12 - São formas de provimento do cargo de policial militar:
do Governador do Estado e registrado em Carta Patente; Graduação I - nomeação;
é o grau hierárquico do Praça conferido pelo Comandante Geral da II - reversão;
Polícia Militar. III - reintegração.
§ 1º - A todos os postos e graduações de que trata este artigo Art. 13 - A nomeação far-se-á em caráter permanente, quando
será acrescida a designação “PM”. se tratar de provimento em cargo da carreira ou em caráter tempo-
§ 2º - Quando se tratar de policial militar dos Quadros Com- rário, para cargos de livre nomeação e exoneração.
plementar e Auxiliar, o posto será seguido da designação policial § 1º - A investidura nos cargos dar-se-á com a posse e o efetivo
militar e da abreviatura da especialidade. exercício com o desempenho das atribuições inerentes aos cargos.
§ 3º - Sempre que o policial militar da reserva remunerada ou § 2º - São competentes para dar posse o Governador do Estado
reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as e o Comandante Geral da Polícia Militar.
abreviaturas indicadoras de sua situação. Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o Policial Militar retorna
ao serviço ativo e ocorrerá nas seguintes hipóteses:
SEÇÃO II I - quando cessar o motivo que determinou a sua agregação,
DA PRECEDÊNCIA devendo retornar à escala hierárquica, ocupando o lugar que lhe
competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que ocor-
Art. 11 - A precedência entre policiais militares da ativa, do rer;
mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto II - quando cessar o período de exercício de mandato eletivo,
ou graduação e pelo Quadro, salvo nos casos de precedência fun- devendo retornar ao mesmo grau hierárquico ocupado e mesmo
cional estabelecida em Lei. lugar que lhe competir na escala numérica no momento de sua
§ 1º - A antiguidade em cada posto ou graduação é contada transferência para a reserva remunerada.
a partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção ou § 1º - O Policial Militar revertido nos termos do inciso II, deste
nomeação, salvo quando for fixada outra data. artigo, que for promovido, passará a ocupar o mesmo lugar na es-
§ 2º - No caso do parágrafo anterior, havendo igualdade, a an- cala numérica, observado o novo grau hierárquico, sendo tal pre-
tiguidade será estabelecida: visão aplicada, tão somente, à primeira promoção ocorrida após a
a) entre policiais militares do mesmo Quadro, pela posição, nas reversão.
respectivas escalas numéricas ou registros existentes na Instituição; § 2º - A competência para a reversão será:
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação I - da mesma autoridade que efetuou a agregação, nos termos
anterior se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-se-á, suces- do art. 26, desta Lei;
sivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de praça e à II - da autoridade competente para efetuar a transferência do
data de nascimento para definir a precedência, sendo considerados Policial Militar para a reserva remunerada, nos termos da legislação
mais antigos, respectivamente, os de data de praça mais antiga e vigente.
de maior idade; § 3º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o retorno
c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de policiais ao serviço ativo deverá ocorrer no primeiro dia útil imediatamente
militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não subsequente ao término do mandato eletivo.
estiverem especificamente enquadrados nas alíneas “a” e “b” deste § 4º - Não poderá haver interrupção entre o momento da trans-
parágrafo. ferência do Policial Militar para a inatividade, em razão do exercício
§ 3º - Nos casos de nomeação coletiva por conclusão de curso e de mandato eletivo, e o seu posterior retorno à Corporação, em
promoção ao primeiro posto ou graduação, prevalecerá, para efeito face do disposto no inciso II deste artigo.
de antiguidade, a ordem de classificação obtida no curso. § 5º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos Poli-
§ 4º - Em igualdade de posto ou graduação, os policiais milita- ciais Militares que tenham exercido ou que se encontrem no exer-
res da ativa têm precedência sobre os da inatividade. cício de mandato eletivo estadual no momento da edição desta Lei,
§ 5º - Em igualdade de posto ou graduação, a precedência en- vedado o pagamento, em caráter retroativo, de diferenças remu-
tre os policiais militares de carreira na ativa e os convocados é de- neratórias de qualquer natureza em decorrência da aplicação do
finida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação destes. disposto neste parágrafo.

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§ 6º - Para fins de reversão, prevista no inciso II deste artigo, é § 4º - A indenização de que trata o § 1º deste artigo tem ca-
obrigatório que o Policial Militar não tenha atingido a idade limite ráter transitório, devida apenas durante o período de convocação,
de 60 (sessenta) anos. não constitui base de cálculo para qualquer vantagem, inclusive as
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de decorrentes de tempo de serviço e não é passível de incorporação
junho de 2010. aos proventos.
Redação original: “Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o poli- § 5º - A convocação de que trata este artigo possui caráter ex-
cial militar agregado retorna à escala hierárquica, tão logo cesse o cepcional e terá a duração de até 24 (vinte e quatro) meses, admi-
motivo que determinou a sua agregação, ocupando lugar que lhe tida 01 (uma) única prorrogação por igual período, vedado o exercí-
competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga que ocor- cio de cargo ou função de comando, direção e chefia.
rer. § 6º - Não implicará em convocação, a nomeação para cargo
Parágrafo único - A competência para a reversão é da mesma em comissão.
autoridade que efetuou a agregação, nos termos do art. 26 desta § 7º - O policial militar convocado deverá atender aos seguintes
Lei.” requisitos:
Art. 15 - A reintegração é o retorno do policial militar demitido I -ter sido transferido para a reserva remunerada nos termos
ao cargo anteriormente ocupado ou o resultante de sua transfor- da lei;
mação, quando invalidado o ato de afastamento pela via judicial, II - ter aptidão física e mental para o exercício da atividade,
por sentença transitada em julgado, ou pela via administrativa, nos comprovada por inspeção de saúde, renovada anualmente;
termos do art. 91 desta Lei. III - não se encontrar em exercício de cargo, de função ou de
emprego público no âmbito do Estado da Bahia, da União, de outros
CAPÍTULO II Estados e de Municípios;
DAS SITUAÇÕES INSTITUCIONAIS DA POLÍCIA MILITAR IV - não estar respondendo a inquérito policial, processo disci-
plinar ou processo criminal.
Art. 16 - O policiais militares encontram-se organizados em car- § 8º - Sempre que a demanda exceder a oferta de vagas para
reira, em uma das seguintes situações institucionais: a convocação, o policial militar será selecionado atendendo aos se-
I - na ativa: guintes critérios, por ordem de preferência:
a) os de carreira; I -menor tempo de inatividade;
b) os convocados; II - menor idade;
c) os praças especiais. III - residência na área territorial de responsabilidade do órgão
d) os agregados; ou da entidade onde exercerá suas atividades;
e) os excedentes; IV - melhor comportamento quando da passagem para a ina-
tividade.
f) os ausentes e desertores;
§ 9º - A dispensa antes do término do prazo fixado para a con-
g) os desaparecidos e extraviados.
vocação poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
II - na inatividade:
I - por requerimento do policial militar convocado;
a) os da reserva remunerada;
II - pelo não atendimento dos requisitos previstos no § 7º deste
b) os reformados.
artigo;
III - os da reserva não remunerada.
III - por ato do Governador, mediante solicitação fundamenta-
Art. 17 - O policial militar de carreira é aquele que se encontra
da do Comandante Geral, para garantia da hierarquia e disciplina;
no desempenho do serviço policial militar a partir da conclusão com
IV - pelo alcance da idade limite prevista para a reforma ex of-
aproveitamento, do respectivo curso de formação. ficio;
Art. 18 - O policial militar da reserva remunerada, por conveni- V - quando cessada a necessidade do serviço.
ência da Administração, em caráter transitório e mediante aceita- § 10 - O policial militar convocado, além da indenização previs-
ção voluntária, poderá ser convocado para o serviço ativo, por ato ta no § 1º deste artigo, também fará jus:
do Governador do Estado. I - ao uso do uniforme e equipamentos;
§ 1º - O Policial Militar convocado nos termos deste artigo terá II - a diárias de viagem e transporte, nos termos da legislação
os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica, ex- vigente;
ceto quanto à promoção, a qual não concorrerá, fazendo jus ao res- III - ao auxílio transporte e auxílio alimentação, nos termos da
pectivo acréscimo no seu tempo de serviço e a uma indenização no legislação vigente;
valor de 50% (cinquenta por cento) dos seus proventos, enquanto IV - a 30 (trinta) dias de descanso após 12 (doze) meses de exer-
perdurar a convocação. cício, não sendo devido o pagamento da indenização a que se refere
Redação de acordo com o art. 2º da Lei nº 10.957, de 02 de o § 1º deste artigo no período.
janeiro de 2008. § 11 - Durante o período da convocação, ficam os policiais mi-
Redação original: “§ 1º - O policial militar convocado nos ter- litares sujeitos às normas administrativas e de serviço em vigor nos
mos deste artigo terá os direitos e deveres dos da ativa de igual órgãos em que atuarem, e às normas de hierarquia e disciplina da
situação hierárquica, exceto quanto à promoção, a que não concor- Corporação.
rerá, fazendo jus ao respectivo acréscimo no seu tempo de serviço § 12 - O número de convocados nos termos deste artigo não
e a uma indenização no valor de 30% (trinta por cento) dos seus poderá ultrapassar o equivalente a 25% (vinte e cinco por cento) do
proventos, enquanto perdurar a convocação.” efetivo da Corporação.
§ 2º - A convocação de que trata este artigo terá a duração ne-
cessária ao cumprimento da atividade ou missão que lhe deu ori-
gem e deverá ser precedida de inspeção de saúde, vedado o exercí-
cio de cargo ou função de comando, direção e chefia.
§ 3º - Não implicará em convocação a nomeação para cargo
em comissão.
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§ 13 - O policial militar convocado poderá ser designado para IV - ter ultrapassado seis meses contínuos em gozo de licença
atuar nos Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público, na para tratar de saúde de pessoa da família;
Defensoria Pública do Estado, no Tribunal de Contas do Estado e no V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita
Tribunal de Contas dos Municípios, bem como nos Órgãos Federais o processo de reforma;
e de outros Estados e Municípios, mediante celebração de convênio VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
do qual não resulte ônus para o Poder Executivo. VII - ter-se esgotado o prazo que caracteriza o crime de deser-
Art. 19 - Os Praças Especiais são os Aspirantes a Oficial, Alunos ção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com estabi-
dos diversos cursos de formação. lidade assegurada;
Art. 20 - Integram a categoria dos Praças Especiais: VIII - ter, como desertor, se apresentado voluntariamente, ou
I - os Aspirantes a Oficial; ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar;
II - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro de IX - se ver processar administrativamente ou através de proces-
Oficiais Policiais Militares; so judicial, após ficar exclusivamente à disposição da Justiça;
III - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro X - ter sido condenado a pena restritiva de liberdade superior
Complementar; a seis meses, por sentença transitada em julgado, enquanto durar
IV - os Alunos do Curso de Formação Oficiais Auxiliares; a execução, incluído o período de sua suspensão condicional, se
V - os Alunos do Curso de Formação de Sargentos; concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer à Polícia
VI - os Alunos do Curso de Formação de Soldados. Militar ou com ela incompatível;
§ 1º - Equiparam-se aos Alunos do Curso de Formação de Ofi- XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do
ciais do Quadro de Oficiais Policiais Militares, os Alunos do Curso posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar
de Formação de Oficiais do Quadro de Oficiais Bombeiros Militares
ou em outros diplomas legais, penais ou extra-penais;
realizados na Polícia Militar da Bahia ou em outras Instituições mi-
XII - ter passado à disposição de órgão ou entidade da União,
litares.
de outros Estados, do Estado ou do Município, para exercer cargo
§ 2º - Durante o período de realização do curso profissionali-
ou função de natureza civil;
zante, os alunos oficiais receberão, a título de bolsa de estudo, o
equivalente a 30% (trinta por cento) os do 1º ano, 35% (trinta e XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo, emprego ou fun-
cinco por cento) os do 2º ano e 40% (quarenta por cento) os do 3º ção público civil temporário, não eletivo, inclusive da administração
ano, da remuneração do posto de 1º Tenente. indireta;
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de XIV - ter se candidatado a cargo eletivo, desde que conte dez ou
junho de 2010. mais anos de serviço;
Redação original: “§ 2º - Durante o período de realização do XV - permanecer desaparecido por mais de trinta dias, na for-
curso profissionalizante, o Aluno Oficial receberá, a título de bolsa ma do art. 30 desta Lei.
de estudo, o equivalente a 30% (trinta por cento) da remuneração Parágrafo único - A agregação do policial militar é contada da
do posto de Tenente e o Aluno a Soldado o equivalente a um salário seguinte forma:
mínimo.” a) nos casos dos incisos I, II e IV, a partir do primeiro dia após os
§ 3º - Na hipótese de ser policial militar de carreira, o Aluno respectivos prazos e enquanto durar o evento;
poderá optar pela percepção da bolsa de estudo de que trata o pa- b) nos casos dos incisos III, V, VI VII, VIII, IX, X, XI e XV, a partir da
rágrafo anterior ou pela remuneração do seu posto ou graduação, data indicada no ato que tornar público o respectivo evento;
acrescida das vantagens pessoais. c) nos casos dos incisos XII e XIII, a partir da data da posse no
Art. 21 - A agregação é a situação na qual o policial militar da cargo até o regresso à Polícia Militar ou transferência “ex officio”
ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Quadro, para a reserva;
nela permanecendo sem número. d) no caso do inciso XIV, a partir da data do registro como can-
Art. 22 - O policial militar será agregado e considerado, para didato até sua diplomação ou seu regresso à Polícia Militar, se não
todos os efeitos legais, como em serviço ativo, quando: houver sido eleito.
I - nomeado para cargo policial militar ou considerado de natu- Art. 24 - O policial militar agregado fica sujeito às obrigações
reza policial militar, estabelecido em Lei, não previsto no Quadro de disciplinares concernentes às suas relações com outros policiais mi-
Organização da Polícia Militar; litares e autoridades civis, salvo quando titular de cargo que lhe dê
II - estiver aguardando sua transferência, a pedido ou “ex offi- precedência funcional sobre outros policiais militares ou militares
cio”, para a reserva remunerada, por ter sido enquadrado em quais- mais graduados ou antigos.
quer dos requisitos que a motivarem.
Art. 25 - O policial militar agregado ficará adido, para efeito de
§ 1º - A agregação do policial militar, no caso do inciso I, é con-
alterações e remuneração, ao órgão de pessoal da Instituição, con-
tada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso à Polícia
tinuando a figurar no respectivo registro, sem número, no lugar que
Militar ou à transferência “ex officio” para a reserva remunerada.
até então ocupava.
§ 2º - A agregação do policial militar, no caso do inciso II deste
artigo, é contada a partir da data indicada no ato que a torna pú- Parágrafo único - O policial militar agregado, quando no de-
blica. sempenho de cargo policial militar, ou considerado de natureza
Art. 23 - O policial militar será agregado quando for afastado, policial militar, concorrerá à promoção, por qualquer dos critérios,
temporariamente, do serviço ativo por motivo de: sem prejuízo do número de concorrentes regularmente estipulado.
I - ter sido julgado incapacitado, temporariamente, para o ser- Art. 26 - A agregação se faz:
viço policial militar e submetido a gozo de licença para tratamento I - por ato do Governador do Estado ou da autoridade por ele
de saúde própria, a pedido ou ex officio, ou por motivo de acidente; delegada, quanto aos Oficiais;
II - ter ultrapassado doze meses em licença para tratamento de II - por ato do Comandante Geral ou da autoridade por ele de-
saúde própria; legada, quanto aos praças.
III - ter entrado em gozo de licença para tratar de interesse par- Art. 27 - Excedente é a situação transitória a que, automatica-
ticular ou para acompanhar cônjuge ou companheiro; mente, passa o policial militar que:
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
I - tendo cessado o motivo que determinou sua agregação, seja Art. 34 - O oficial militar da reserva não remunerada é aquele
revertido ao respectivo Quadro, estando o mesmo com seu efetivo ex-integrante do serviço ativo exonerado na forma do art. 186.
completo; Parágrafo único - O oficial da reserva não remunerada não está
II - seja promovido por bravura, sem haver vaga; sujeito à ação disciplinar da Instituição nem a convocação.
III - sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ul-
trapasse o efetivo de seu Quadro, em virtude da promoção de outro CAPÍTULO III
policial militar em ressarcimento de preterição; DA ESTABILIDADE
IV - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
incapacidade, retorne ao respectivo Quadro, estando este com seu Art. 35 - O policial militar, habilitado em concurso público e no-
efetivo completo. meado para cargo de sua carreira, adquirirá estabilidade ao com-
§ 1º - O policial militar, cuja situação é de excedente, ocupará pletar três anos de efetivo exercício, desde que seja aprovado no es-
a mesma posição relativa, em antiguidade, que lhe cabe na escala tágio probatório, por ato homologado pela autoridade competente.
hierárquica e receberá o número que lhe competir, em consequên- Art. 36 - O estágio probatório compreende um período de trin-
cia da primeira vaga que se verificar. ta e seis meses, durante o qual serão observadas a aptidão e capa-
§ 2º - O policial militar, na situação de excedente, é considerado cidade para o desempenho do cargo, observados, entre outros, os
para todos os efeitos como em efetivo serviço e a ele se aplicam, seguintes fatores:
respeitados os requisitos legais, em igualdade de condições e sem I - assiduidade;
nenhuma restrição, as normas para indicação para cargo policial mi- II - disciplina;
litar, curso ou promoção.
III - observância das normas hierárquicas e ética militar;
§ 3º - O policial militar, excedente por haver sido promovido
IV - responsabilidade;
por bravura sem haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, des-
V - capacidade de adequação para cumprimento dos deveres
locando o critério de promoção a ser seguido para a vaga seguinte.
militares;
Art. 28 - É considerado ausente o policial militar que, por mais
de vinte e quatro horas consecutivas: VI - eficiência.
I - deixar de comparecer à sua organização policial militar sem § 1º - A autoridade competente terá o prazo improrrogável de
comunicar motivo de impedimento; trinta dias para a homologação do resultado do estágio probatório.
II - ausentar-se, sem licença, da organização policial militar § 2º - O período em que o praça especial encontrar-se no curso
onde serve ou do local onde deva permanecer; de formação será computado para o estágio probatório de que trata
III - deixar de se apresentar no lugar designado, findo o prazo este artigo.
de trânsito ou férias;
IV - deixar de se apresentar à autoridade competente após a TÍTULO III
cassação ou término de licença ou agregação ou ainda no momento DA DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR
em que é efetivada mobilização, declarado o estado de defesa, de
sítio ou de guerra; CAPÍTULO I
V - deixar de se apresentar a autoridade competente, após o DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES
término de cumprimento de pena.
§ 1º - É também considerado ausente o policial militar que dei- SEÇÃO I
xar de se apresentar no momento da partida de comboio que deva -DOS VALORES POLICIAIS MILITARES
integrar, por ocasião de deslocamento da unidade em que serve.
§ 2º - Decorrido o prazo mencionado neste artigo, serão adota- Art. 37 - São valores institucionais:
das as providências cabíveis para a averiguação da ausência, obser- I - da organização:
vando-se os procedimentos disciplinares previstos neste Estatuto a) a dignidade do homem;
e/ou criminais. b) a disciplina;
Art. 29 - O policial militar é considerado desertor nos casos pre- c) a hierarquia;
vistos na legislação penal militar. d) a credibilidade;
Art. 30 - É considerado desaparecido o policial militar na ativa, e) a ética;
assim declarado por ato do Comandante Geral, quando no desem- f) a efetividade;
penho de qualquer serviço, em viagem, em operação policial mili-
g) a solidariedade;
tar ou em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por
h) a capacitação profissional;
mais de oito dias.
i) a doutrina;
Parágrafo único - A situação de desaparecimento só será consi-
j) a tradição.
derada quando não houver indício de deserção.
II - do profissional:
Art. 31 - O policial militar que, na forma do artigo anterior, per- a) a eficiência e a eficácia;
manecer desaparecido por mais de trinta dias, será oficialmente b) o espírito profissional;
considerado extraviado e agregado na forma do art. 23, inciso XV. c) a aparência pessoal;
Art. 32 - O policial militar da reserva remunerada é aquele afas- d) a auto-estima;
tado do serviço que, nessa situação, perceba remuneração do Esta- e) o profissionalismo;
do, ficando sujeito à ação disciplinar da Instituição e à prestação de f) a bravura;
serviços na ativa, nos termos do art. 18 deste Estatuto. g) a solidariedade;
Art. 33 - O policial militar reformado é o que está dispensado h) a dedicação.
definitivamente da prestação do serviço ativo, percebendo remune- Art. 38 - São manifestações essenciais dos valores policiais mi-
ração pelo Estado e permanecendo sujeito ao controle disciplinar litares:
da Instituição.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
I - o sentimento de servir à sociedade, traduzido pela vontade Parágrafo único - No intuito de aperfeiçoar a prática profissio-
de cumprir o dever policial militar e pelo integral devotamento à nal é permitido aos oficiais do Quadro Complementar de Oficiais
preservação da ordem pública e à garantia dos direitos fundamen- Policiais Militares o exercício de sua atividade técnico-profissional
tais da pessoa humana; no meio civil, desde que compatível com as atribuições do seu cargo
II - o civismo e o respeito às tradições históricas; e com o horário de trabalho, respeitadas as limitações constitucio-
III - a fé na elevada missão da Polícia Militar; nais.
IV - o orgulho do policial militar pela Instituição; TÍTULO IV
V - o amor à profissão policial militar e o entusiasmo com que DO REGIME DISCIPLINAR
é exercida;
VI - o aprimoramento técnico-profissional. CAPÍTULO I
DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES
SEÇÃO II
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR SEÇÃO I
CONCEITUAÇÃO
Art. 39 - O sentimento do dever, a dignidade policial militar e
o decoro da classe impõem a cada um dos integrantes da Polícia Art. 41 - Os deveres policiais militares emanam de um conjunto
Militar conduta moral e profissional irrepreensíveis, tanto durante o de vínculos morais e racionais, que ligam o policial militar à pátria, à
serviço quanto fora dele, com observância dos seguintes preceitos Instituição e à segurança da sociedade e do ser humano, e compre-
da ética policial militar: endem, essencialmente:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da I - a dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelidade
dignidade pessoal; à Instituição a que pertence;
II - exercer com autoridade, eficiência, eficácia, efetividade e II - o respeito aos Símbolos Nacionais;
probidade as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; III - a submissão aos princípios da legalidade, da probidade, da
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; moralidade e da lealdade em todas as circunstâncias;
IV - cumprir e fazer cumprir as Leis, os regulamentos, as ins- IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
truções e as ordens das autoridades competentes, à exceção das V - o cumprimento das obrigações e ordens recebidas, salvo as
manifestamente ilegais; manifestamente ilegais;
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação VI - o trato condigno e com urbanidade a todos;
do mérito dos subordinados; VII - o compromisso de atender com presteza ao público em
VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico próprio e dos geral, prestando com solicitude as informações requeridas, ressal-
subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; vadas as protegidas por sigilo;
VII - praticar a solidariedade e desenvolver permanentemente VIII - a assiduidade e pontualidade ao serviço, inclusive quando
o espírito de cooperação; convocado para cumprimento de atividades em horário extraordi-
VIII - ser discreto em suas atitudes e maneiras e polido em sua nário.
linguagem falada e escrita;
SEÇÃO II
IX - abster-se de tratar de matéria sigilosa, de qualquer nature-
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO
za, fora do âmbito apropriado;
X - cumprir seus deveres de cidadão;
Art. 42 - Comando é a soma de autoridade, deveres e respon-
XI - manter conduta compatível com a moralidade administra-
sabilidades de que o policial militar é investido legalmente, quando
tiva;
conduz seres humanos ou dirige uma organização policial militar,
XII - comportar-se educadamente em todas as situações;
sendo vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prerrogativa
XIII - conduzir-se de modo que não sejam prejudicados os prin-
impessoal, em cujo exercício o policial militar se define e se carac-
cípios da disciplina, do respeito e do decoro policial militar;
teriza como chefe.
XIV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para ob- Parágrafo único - Aplica-se aos Comandantes de Operações
ter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar Policiais Militares e de Bombeiros Militares, Comandantes de Poli-
negócios particulares ou de terceiros; ciamento Regional e Comandante de Policiamento Especializado, à
XV - abster-se, na inatividade, do uso das designações hierár- Direção, à Coordenação, à Chefia de Organização Policial Militar, no
quicas quando: que couber o estabelecido para o comando.
a) em atividade político-partidária; Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
b) em atividade comercial ou industrial; de 2009.
c) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respei- Redação original: “Parágrafo único - Aplica-se à direção, à coor-
to de assuntos políticos ou policiais militares, excetuando-se os de denação e à chefia de organização policial militar, no que couber, o
natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; estabelecido para o comando.”
d) no exercício de funções de natureza não policiais militares, Art. 43 - A subordinação é o respeito ao princípio da hierarquia,
mesmo oficiais. em face do qual as ordens dos superiores, salvo as manifestamente
XVI - zelar pelo bom conceito da Polícia Militar; ilegais, devem ser plena e prontamente acatadas.
XVII - zelar pela economia do material e a conservação do pa- Parágrafo único - A subordinação não afeta, de modo algum, a
trimônio público. dignidade pessoal do policial militar e decorre, exclusivamente, da
Art. 40 - Ao policial militar da ativa é vedado comerciar ou to- estrutura hierarquizada da Polícia Militar.
mar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser Art. 44 - As funções de comando, de chefia, de coordenação
sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em socieda- e de direção de organização policial militar são privativas dos inte-
de anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. grantes do Quadro de Oficiais Policiais Militares.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º - Compete aos Oficiais Auxiliares do Quadro de Oficiais CAPÍTULO II
Auxiliares da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais Auxi- DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLI-
liares Bombeiros Militares - QOABM o exercício de atividades ope- CIAIS MILITARES
racionais e administrativas, excetuando-se o comando de Unidades
e Subunidades e o subcomando de Unidades. SEÇÃO I
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de 29 de DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES.
junho de 2010.
Redação original: “§ 1º - Os integrantes do Quadro de Oficiais Art. 48 - O policial militar em função de comando responde
Auxiliares da Polícia Militar exercerão funções auxiliares e comple- integralmente pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir,
mentares de Comando, de Chefia, de Coordenação e de direção de pelos atos que praticar, bem como pelas consequências que deles
organização policial militar.” advierem.
§ 2º - Aos integrantes do Quadro Complementar de Oficiais Po- § 1º - Cabe ao policial militar subordinado, ao receber uma or-
liciais Militares cabe, ao longo da carreira, o exercício das funções dem, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total entendi-
técnicas de suas respectivas especialidades. mento e compreensão.
Art. 44-A - O Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar - § 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento de or-
QOAPM e o Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - QO- dem recebida, a responsabilidade pessoal e integral pelos excessos
ABM serão integrados por policiais militares oriundos do círculo de e abusos que cometer.
praças, cujo acesso ocorrerá por promoção, preenchidos os requisi- Art. 49 - A violação das obrigações ou dos deveres policiais mi-
tos previstos neste Estatuto e em regulamento de conclusão e apro- litares poderá constituir crime ou transgressão disciplinar, segundo
vação no respectivo Curso de Formação previsto em regulamento. disposto na legislação específica.
§ 1º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais Auxiliares Art. 50 - O policial militar responde civil, penal e administrativa-
da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de Oficiais Auxiliares Bom- mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
beiros Militares - QOABM é o Posto de Major. § 1º - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou co-
missivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo do erário ou de
§ 2º - Somente poderão concorrer à promoção ao posto de Ma-
terceiros, na seguinte forma:
jor do QOAPM e do QOABM os Capitães que possuam graduação
a) a indenização de prejuízos causados ao erário será feita por
em curso de nível superior reconhecido pelo Ministério da Educa-
intermédio de imposição legal ou mandado judicial, sendo descon-
ção, preenchidos os demais requisitos legais, inclusive conclusão
tada em parcelas mensais não excedentes à terça parte da remune-
com aproveitamento do Curso de Especialização no Serviço Público
- CESP promovido pela Polícia Militar. ração ou dos proventos do policial militar;
Art. 44-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de junho Ver também:
de 2010. Decreto nº 9.201, de 25 de outubro de 2004 - Disciplina o pro-
Art. 45 - Os graduados auxiliam e complementam as atividades cedimento sobre as consignações em folha de pagamento dos ser-
dos Oficiais no emprego de meios, na instrução e na administração vidores públicos dos órgãos da administração direta, das autarquias
da Unidade, devendo ser empregados na supervisão da execução e fundações do Poder Executivo Estadual de que tratam os arts. 57
das atividades inerentes à missão institucional da Polícia Militar. e 58, da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, art. 4º, da Lei nº
Parágrafo único - No exercício das suas atividades profissionais 6.935, de 24 de janeiro de 1996, art. 50, § 1º, “a”, da Lei nº 7.990,
e no comando de subordinados, os Subtenentes, 1º Sargentos e de 27 de dezembro de 2000, e dá outras providências.
Cabos deverão impor-se pela capacidade técnico-profissional, pelo b) tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o poli-
exemplo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância cial militar perante a Fazenda Pública, em ação regressiva, de inicia-
minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de serviço e das tiva da Procuradoria Geral do Estado.
normas operativas, pelos Praças que lhes estiverem diretamente § 2º - A responsabilidade penal abrange os crimes militares,
subordinados, bem como a manutenção da coesão e do moral da bem como os crimes de competência da Justiça comum e as contra-
tropa, em todas as circunstâncias. venções imputados ao policial militar nessa qualidade.
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro § 3º - A responsabilidade administrativa resulta de ato omissivo
de 2009. ou comissivo, praticado no desempenho de cargo ou função capaz
Redação original: “Parágrafo único - No exercício das suas ati- de configurar, à luz da legislação própria, transgressão disciplinar.
vidades profissionais e no comando de subordinados, os Sargentos § 4º - As responsabilidades civil, penal e administrativa pode-
deverão impor-se pela capacidade técnico-profissional, pelo exem- rão cumular-se, sendo independentes entre si.
plo e pela lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância minu- § 5º - A responsabilidade administrativa do policial militar po-
ciosa e ininterrupta das ordens, das regras de serviço e das normas licial militar sujeita-se aos efeitos da elisão e da prescrição na se-
operativas, pelos praças que lhes estiverem diretamente subordina- guinte forma:
das, bem como a manutenção da coesão e do moral da tropa, em a) será elidida no caso de absolvição criminal que negue a exis-
todas as circunstâncias.”
tência do fato ou de sua autoria;
Art. 46 - Os soldados poderão, excepcional e temporariamente,
b) prescreverá:
exercer o comando de fração de tropa em locais e situações que
1.em cinco anos, quanto às infrações puníveis com demissão;
assim o exijam.
2.em três anos, quanto às infrações puníveis com sanções de
Art. 47 - Aos praças especiais, em curso de formação, cabe a
rigorosa observância das prescrições dos regulamentos que lhes detenção;
são pertinentes, exigindo-se lhes inteira dedicação ao estudo e ao 3.em cento e oitenta dias, quanto às demais infrações.
aprendizado técnico-profissional, ficando vedado o emprego em c) o prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato
atividade operacional ou administrativa, salvo em caráter de ins- se tornou conhecido;
trução. d) sendo a falta tipificada penalmente, prescreverá juntamente
com o crime;

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a solução para o seu concurso!
DIREITO ADMINISTRATIVO
e) a abertura de sindicância ou a instauração de processo dis- I - advertência;
ciplinar interrompe a prescrição até a decisão final por autoridade II - detenção;
competente. III - demissão;
IV-cassação de proventos de inatividade.
SEÇÃO II Inciso IV acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro de
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES 2009.
Parágrafo único - Decorrerão da aplicação das sanções discipli-
Art. 51 - São transgressões do policial militar: nares, a que forem submetidos os policiais militares, submissão a
I - não levar ao conhecimento da autoridade competente, no programa de reeducação, suspensão de férias ou licenças em gozo
mais curto prazo, falta ou irregularidade que presenciar ou de que ou desligamento de curso, conforme decisão da autoridade compe-
tiver ciência e couber reprimir; tente, constante do ato de julgamento.
II - deixar de punir o transgressor da disciplina; Art. 53 - Na aplicação das penalidades, serão consideradas a
III - retardar a execução de qualquer ordem, sem justificativa; natureza e a gravidade da infração cometida, os antecedentes fun-
IV - não cumprir ordem legal recebida; cionais, os danos que dela provierem para o serviço público e as
V - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de qual- circunstâncias agravantes e atenuantes.
quer dever, serviço ou instrução; Art. 54 - A advertência será aplicada, por escrito, nos casos de
VI - deixar, imotivadamente, de participar a tempo à autoridade violação de proibição e de inobservância de dever funcional pre-
imediatamente superior, impossibilidade de comparecer ä OPM ou vistos em Lei, regulamento ou norma interna, que não justifiquem
a qualquer ato de serviço; imposição de penalidade mais grave.
VII - faltar ou chegar atrasado injustificadamente qualquer ato Art. 55 - A detenção será aplicada em caso de reincidência em
de serviço em que deva tomar parte ou assistir; faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições
VIII - permutar serviço sem permissão da autoridade compe- que não tipifiquem infração sujeita a demissão, não podendo exce-
tente; der de trinta dias, devendo ser cumprida em área livre do quartel.
IX - abandonar serviço para o qual tenha sido designado; Art. 56 - A penalidade de advertência e a de detenção terão
X - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por força de seus registros cancelados, após o decurso de dois anos, quanto à
disposição legal ou ordem; primeira, e quatro anos, quanto a segunda, de efetivo exercício, se
o policial militar não houver, nesse período, praticado nova infração
XI - deixar de apresentar-se à OPM para a qual tenha sido trans- disciplinar.
ferido ou classificado e às autoridades competentes nos casos de Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não produzirá
efeitos retroativos.
comissão ou serviços extraordinários para os quais tenha sido de-
Art. 57 - A pena de demissão, observada as disposições do art.
signado;
53 desta Lei, será aplicada nos seguintes casos:
XII - não se apresentar, findo qualquer afastamento do serviço
I - a prática de violência física ou moral, tortura ou coação con-
ou ainda, logo que souber que o mesmo foi interrompido;
tra os cidadãos, pelos policiais militares, ainda que cometida fora
XIII - deixar de providenciar a tempo, na esfera de suas atribui-
do serviço;
ções, por negligência ou incúria, medidas contra qualquer irregula-
II - a consumação ou tentativa como autor, co-autor ou partíci-
ridade de que venha a tomar conhecimento;
pe em crimes que o incompatibilizem com o serviço policial militar,
XIV - portar arma sem registro;
especialmente os tipificados como:
XV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não regulamen- a) de homicídio (art. 121 do Código Penal Brasileiro);
tar, bem como, indevidamente, distintivo ou condecoração; 1.quando praticado em atividade típica de grupo de extermí-
XVI - sair ou tentar sair da OPM com tropa ou fração de tropa, nio, ainda que cometido por um só agente;
sem ordem expressa da autoridade competente; 2.qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V do Código Penal Bra-
XVII - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM fora sileiro).
das horas de expediente, desde que não seja o respectivo chefe ou b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro, in
sem sua ordem escrita com a expressa declaração de motivo, salvo fine);
em situações de emergência; c) de extorsão:
XVIII - deixar de portar o seu documento de identidade ou de 1.qualificado pela morte (art. 158, § 2º do Código Penal Brasi-
exibi-lo quando solicitado. leiro);
XIX - deixar deliberadamente de corresponder a cumprimento 2.mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e
de subordinado ou deixar o subordinado, quer uniformizado, quer §§ 1º, 2º e 3º do Código Penal Brasileiro).
em traje civil, de cumprimentar superior, uniformizado ou não, nes- d) de estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput
te caso desde que o conheça ou prestar-lhe as homenagens e sinais e parágrafo único, ambos do Código Penal Brasileiro);
regulamentares de consideração e respeito; e) de atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação
XX - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou claramen- com art. 223, caput e parágrafo único do Código Penal Brasileiro);
te inexeqüível, que possa acarretar ao subordinado responsabilida- f) de epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º do Código
de ainda que não chegue a ser cumprida; Penal Brasileiro);
XXI - prestar informação a superior hierárquico induzindo-o a g) contra a fé pública, puníveis com pena de reclusão;
erro, deliberadamente. h) contra a administração pública;
i) de deserção.
SEÇÃO III III - tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
DAS PENALIDADES IV - prática de terrorismo;
V - integração ou formação de quadrilha;
Art. 52 - São sanções disciplinares a que estão sujeitos os poli- VI - revelação de segredo apropriado em razão do cargo ou fun-
ciais militares: ção;
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DIREITO ADMINISTRATIVO
VII - a insubordinação ou desrespeito grave contra superior hie- 2. Polícia administrativa é uma das funções da Administração
rárquico (art. 163 a 166 do CPM); Pública. É a atividade de polícia administrativa. São os atos da Ad-
VIII - improbidade administrativa; ministração que limitam interesses individuais em prol do interesse
IX - deixar de punir o transgressor da disciplina nos casos pre- coletivo.
vistos neste artigo; ( ) CERTO
X - utilizar pessoal ou recurso material da repartição ou sob a ( ) ERRADO
guarda desta em serviço ou em atividades particulares;
XI - fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades 3. A finalidade de todas as funções da Administração Pública é
pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negócios parti- executar as políticas de governo e desempenhar a função adminis-
culares ou de terceiros; trativa em favor do interesse particular.
XII - participar o policial militar da ativa de firma comercial, de ( ) CERTO
emprego industrial de qualquer natureza, ou nelas exercer função ( ) ERRADO
ou emprego remunerado, exceto como acionista ou quotista em so-
ciedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada; 4. Existe ampla hierarquia entre os princípios expressos e im-
XIII - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou clara- plícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
mente inexequível, que possa acarretar ao subordinado responsa- que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente
bilidade, ainda que não chegue a ser cumprida; implícitos.
XIV - permanecer no mau comportamento por período supe- ( ) CERTO
rior a dezoito meses, caracterizado este pela reincidência de atitu- ( ) ERRADO
des que importem nas transgressões previstas nos incisos I a XX, do
art. 51, desta Lei. 5. A supremacia do Interesse Público Conclama a necessidade
Parágrafo único - Aos policiais militares da reserva remunerada da sobreposição dos interesses da coletividade sobre os individuais.
e reformados incursos em infrações disciplinares para qual esteja ( ) CERTO
prevista a pena de demissão nos termos deste artigo e do artigo ( ) ERRADO
53 será aplicada a penalidade de cassação de proventos de inativi-
dade, respeitado, no caso dos Oficiais, o disposto no art. 189 deste 6. O princípio da legalidade considera a lei em sentido amplo.
Estatuto. Nesse diapasão, compreende-se como lei, toda e qualquer espécie
Parágrafo único acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja- normativa expressamente disposta pelo art. 59 da Constituição Fe-
neiro de 2009. deral.
CAPÍTULO III ( ) CERTO
DA APURAÇÃO DISCIPLINAR ( ) ERRADO

Art. 58 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no 7. O princípio da publicidade dispõe que a atuação administra-
serviço é obrigada a promover a sua imediata apuração mediante tiva deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
sindicância ou processo disciplinar. de, probidade e boa fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
Parágrafo único - Quando o fato narrado não configurar eviden- na Administração Pública.
te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada por ( ) CERTO
falta de objeto. ( ) ERRADO
Art. 59 - Como medida cautelar, e a fim de que o policial mi-
litar acusado do cometimento de falta disciplinar não interfira na 8. O princípio da Eficiência dispõe que a atividade administra-
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo tiva deverá ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qua-
disciplinar poderá, fundamentadamente, de ofício ou por provo- lidade e economicidade. Anteriormente era um princípio implícito,
cação de encarregado de feito investigatório, requerer ao escalão porém, hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na
competente o seu afastamento do exercício do cargo ou da função, CFB/88, com a EC n. 19/1998.
pelo prazo de trinta dias, sem prejuízo da remuneração, devendo ( ) CERTO
permanecer à disposição da Instituição para efeito da instrução da ( ) ERRADO
apuração da falta.
Parágrafo único - O afastamento deverá determinar a proibição 9. O princípio da Publicidade pode ser considerado um meca-
temporária do uso de uniforme e arma e ser prorrogado por igual nismo de controle dos atos administrativos por meio da sociedade.
prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluí- ( ) CERTO
do o processo de apuração regular da falta. ( ) ERRADO

10. Nos parâmetros do art. 82, caput da Constituição Federal, a


QUESTÕES Administração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalida-
de, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
( ) CERTO
1. Em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em ( ) ERRADO
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
administrativas em sentido objetivo, sendo subdividida também na 11. A indisponibilidade do interesse público possui como prin-
atividade exercida por esses entes em sentido subjetivo. cipal função orientar a atuação dos agentes públicos para que
( ) CERTO atuem em nome e em prol dos interesses da Administração Pública.
( ) ERRADO ( ) CERTO
( ) ERRADO

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12. Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autori- (C) Os particulares em colaboração com o poder público são
dade administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de considerados agentes públicos, mesmo que prestem serviços
seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e su- ao Estado sem vínculo empregatício e sem remuneração.
bordinação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. (D) Os servidores das fundações públicas, empresas públicas e
( ) CERTO sociedades de economia mista são contratados sob o regime
( ) ERRADO da legislação trabalhista e ocupam emprego público.
(E) Nos termos da CF, a investidura em cargo, emprego ou fun-
13. O dever de obediência do subordinado o obriga a cumprir ção pública depende de aprovação prévia em concurso público
as ordens manifestamente ilegais, advindas de seu superior hierár- de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
quico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII, da Lei 8.112/1990, o complexidade do cargo, emprego ou função.
subordinado não tem a obrigação funcional de representar contra
o seu superior caso este venha a agir com ilegalidade, omissão ou 18. (FCC - 2009- MPE-SE-TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO)
abuso de poder. A remuneração por meio subsídio em parcela única é obrigatória
( ) CERTO para:
( ) ERRADO (A) os Ministros dos Tribunais Superiores, os Desembargadores
do Tribunal de justiça e os juízes equivalentes em nível Muni-
14. A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode cipal.
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, (B) o chefe do Poder Executivo c respectivos auxiliares, bem
como os dirigentes superiores das entidades da administração
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
indireta.
e agentes não subordinados à hierarquia.
(C) os detentores de mandato eletivo, os Ministros de Estado c
( ) CERTO
os Secretários Estaduais e Municipais.
( ) ERRADO
(D) o membro de Poder, os detentores de mandato eletivo e os
ocupantes de cargo de chefia ou comissão.
15. Ocorre o desvio de poder ou desvio de finalidade quando (E) o Presidente da República, os Governadores de Estado e os
a autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- Prefeitos Municipais, apenas.
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária
ao interesse público como um todo. 19. (FCC-201 - O-TRT- GREGJÃO/PR-TÉCNICO JUDICIÁRIO) No
( ) CERTO tocante aos cargos, empregos e funções públicos, é INCORRETO
( ) ERRADO afirmar:
(A) Cargo em comissão é o que somente admite provimento
16. (ESAF- 2012-CGU -ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE- em caráter provisório, sendo declarados em lei de livre nomea-
PROVA 3 -ADMINISTRATIVA) ção e exoneração, destinando-se apenas às atribuições de dire-
Quanto ao regime jurídico dos servidores públicos da União, é ção, chefia e assessoramento.
correto afirmar que: (B) Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo.
(A) consumado o suporte fático previsto na lei e preenchidos (C) Cargo isolado é aquele que não se escalona em classes, por
os requisitos para o seu exercício, o servidor passa a ter direito ser o único na sua categoria.
adquirido ao benefício ou à vantagem que o favorece. (D) Classe consiste no agrupamento de carreiras de mesma
(B) além do estatuto legal específico, no tocante aos direitos e profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e ven-
deveres dos servidores, deve ser observado também o dispos- cimentos.
to na Consolidação das Leis do Trabalho CLT. (E) O cargo de chefia pode ser de carreira ou isolado, de pro-
(C) os benefícios e as vantagens previstos na legislação no mo- vimento efetivo ou em comissão, tudo dependendo da lei que
mento da posse do servidor público passam a ser direitos ad- o institui.
quiridos.
(D) o cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi- 20. (CETR0-2012- PREFEITURA-CAMPINAS- PROCURADOR) São
lidades previstas na estrutura organizacional que devem ser direitos sociais do servidor público, previstos expressamente na
acometidas a um servidor e podem ser criados por lei ou por Constituição Federal, os seguintes, exceto:
(A) o reconhecimento das con1·enções e acordos coletivos de
decreto do Presidente da República.
trabalho.
(E) a investidura em cargo público pode ocorrer com a posse ou
(B) a garantia de salário nunca inferior ao mínimo para os que
com a reintegração.
percebem remuneração variável.
(C) a duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) ho-
17. (CESPE- 2010-TRE-MT- TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA ADMI- ras diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, facultada
NISTRATIVA) Acerca da classificação de agentes públicos, e tendo a compensação de horários e a redução da jornada mediante
em vista os cargos, os empregos e as funções na administração pú- acordo ou convenção coletiva de trabalho.
blica, assinale a opção correta. (D) a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário.
(A) Não podem ser considerados agentes públicos os detento- (E) o salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
res de mandatos eletivos, pois, além de serem investidos nos dor de baixa renda nos termos da lei.
cargos mediante eleição, e não por nomeação, eles desempe-
nham funções por prazo determinado.
(B) Os servidores contratados por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público, precisamente por exercerem atividades temporárias,
estarão vinculados a emprego público, e não a cargo público.
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GABARITO
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1 ERRADO ______________________________________________________
2 CERTO
______________________________________________________
3 ERRADO
______________________________________________________
4 ERRADO
5 CERTO ______________________________________________________
6 CERTO ______________________________________________________
7 ERRADO
______________________________________________________
8 CERTO
9 CERTO ______________________________________________________
10 ERRADO ______________________________________________________
11 CERTO
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12 CERTO
13 ERRADO ______________________________________________________
14 CERTO ______________________________________________________
15 CERTO
______________________________________________________
16 C
17 C ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 A
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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DIREITO PENAL

• Crime comissivo por omissão (omissivo impróprio) = relação


DO CRIME. ELEMENTOS. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA. de causalidade normativa, o descumprimento de um dever leva ao
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ. resultado naturalístico, ex. uma babá fica no Instagram e não vê a
ARREPENDIMENTO POSTERIOR. CRIME IMPOSSÍVEL. CAU- criança engolir produtos de limpeza – se tivesse agido teria evitado
SAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE E CULPABILIDADE.CON- o resultado.
TRAVENÇÃO
O dever de agir incumbe a quem?
Conceito A quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
O crime, para a teoria tripartida, é fato típico, ilícito e culpável. vigilância, ex. os pais.
Alguns, entendem que a culpabilidade não é elemento do crime A quem tenha assumido a responsabilidade de impedir o
(teoria bipartida). resultado, ex. por contrato.
A quem com o seu comportamento anterior, criou o risco
Classificações
da ocorrência do resultado (norma de ingerência), ex. trote de
• Crime comum: qualquer pessoa pode cometê-lo.
faculdade.
• Crime próprio: exige determinadas qualidades do sujeito.
• Crime de mão própria: só pode ser praticado pela pessoa.
Quanto ao resultado naturalístico, é considerado como mudança
Não cabe coautoria.
do mundo real provocado pela conduta do agente. Nos crimes mate-
• Crime material: se consuma com o resultado.
riais exige-se um resultado naturalístico para a consumação, ex. o ho-
• Crime formal: se consuma independente da ocorrência do
micídio tem como resultado naturalístico um corpo sem vida.
resultado.
Nos crimes formais, o resultado naturalístico pode ocorrer, mas
• Crime de mera conduta: não há previsão de resultado natu-
a sua ocorrência é irrelevante para o Direito Penal, ex. auferir de
ralístico.
fato vantagem no crime de corrupção passiva é mero exaurimento.
Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um
Fato Típico e Teoria do Tipo
resultado naturalístico, ex. invasão de domicílio – nada muda no
O fato típico divide-se em elementos:
mundo exterior.
• Conduta humana;
Mas não confunda! O resultado normativo/jurídico ocorre em
• Resultado naturalístico;
todo e qualquer crime, isto é, lesão ao bem jurídico tutelado pela
• Nexo de causalidade;
norma penal.
• Tipicidade.
O nexo de causalidade consiste no vínculo que une a conduta
do agente ao resultado naturalístico ocorrido no mundo exterior.
No Brasil adotamos a Teoria da Equivalência dos Antecedentes
▪ Teorias que explicam a conduta
(conditio sine qua non), que considera causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Teoria Causal- Teoria Finalista Por algum tempo a teoria da equivalência dos antecedentes foi
Teoria Social
Naturalística (Hans Welzel) criticada, no sentido de até onde vai a sua extensão?! Em resposta
Conduta é ação a isso, ficou definido que como filtro o dolo. Ou seja, só será consi-
Conduta como Ação humana derada causa a conduta que é indispensável ao resultado e que foi
voluntária (dolosa ou
movimento voluntária com querida pelo agente. Assim, toda conduta que leva ao resultado do
culposa) destinada a
corporal. relevância social. crime deve ser punida, desde que haja dolo ou culpa.
uma finalidade.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
A teoria finalista da conduta foi adotada pelo Código Penal, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
pois como veremos adiante o erro constitutivo do tipo penal exclui ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Em contraposição a essa teoria, existe a Teoria da Causalidade
Isso demonstra que o dolo e a culpa se inserem na conduta. Adequada, adotada parcialmente pelo sistema brasileiro. Trata-se
A conduta humana pode ser uma ação ou omissão. Há também de hipótese de concausa superveniente relativamente independen-
o crime omissivo impróprio, no qual a ele é imputado o resulta- te que, por si só, produz o resultado.
do, em razão do descumprimento do dever de vigilância, de acordo Mas pera... O que é uma concausa? Circunstância que atua pa-
com a TEORIA NATURALÍSTICO-NORMATIVA. ralelamente à conduta do agente em relação ao resultado. As con-
causas absolutamente independentes são aquelas que não se jun-
Perceba a diferença:
tam à conduta do agente para produzir o resultado, e podem ser:
• Crime comissivo = relação de causalidade física ou natural
• Preexistentes: Já tinham colocado veneno no chá do meu de-
que enseja resultado naturalístico, ex. eu mato alguém.
safeto quando eu vou matá-lo.
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DIREITO PENAL
• Concomitantes: Atiro no meu desafeto, mas o teto cai e mata
Vontade de praticar a conduta
ele.
Dolo genérico descrita no tipo penal sem
• Supervenientes: Dou veneno ao meu desafeto, mas antes de
nenhuma outra finalidade
fazer efeito alguém o mata.
Dolo específico O agente pratica a conduta típica
Consequência em todas as hipóteses de concausa absoluta- (especial fim de agir) por alguma razão especial.
mente independente: O AGENTE SÓ RESPONDE POR TENTATIVA,
Dolo direto de primeiro A vontade é direcionada para a
PORQUE O RESULTADO SE DEU POR CAUSA ABSOLUTAMENTE IN-
grau produção do resultado.
DEPENDENTE. SE SUBTRAIR A CONDUTA DO AGENTE, O RESULTADO
TERIA OCORRIDO DE QUALQUER JEITO (TEORIA DA EQUIVALÊNCIA O agente possui uma vontade,
DOS ANTECEDENTES). mas sabe que para atingir
Até aí fácil né? Mas agora vem o pulo do gato! Existem as con- sua finalidade existem
causas relativamente independentes, que se unem a outras cir- efeitos colaterais que irão
cunstâncias para produzir o resultado.
Dolo direto de
necessariamente lesar outros bens
• Preexistente: O agente provoca hemofilia no seu desafeto, segundo grau (dolo
jurídicos.
já sabendo de sua doença, que vem a óbito por perda excessiva de de consequências
Ex. dolo direto de primeiro grau é
sangue. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e ele teve necessárias)
atingir o Presidente, dolo direto de
dolo, logo, o agente responde pelo resultado (homicídio consuma- segundo grau é atingir o motorista
do), conforme a teoria da equivalência dos antecedentes. do Presidente, ao colocar uma
• Concomitante: Doses de veneno se unem e levam a óbito bomba no carro.
a vítima. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e existe
dolo, logo, o agente responde pelo resultado (homicídio consuma- Ocorre quando o agente,
do), conforme a teoria da equivalência dos antecedentes. acreditando ter alcançado seu
• Superveniente: Aqui tudo muda, pois é utilizada a teoria da objetivo, pratica nova conduta,
Dolo geral, por erro
causalidade adequada. Se a concausa não é um desdobramento na- com finalidade diversa, mas depois
sucessivo, aberratio
tural da conduta, o agente só responde por tentativa, ex. eu dou um se constata que esta última foi
causae (erro de relação
tiro no agente, mas ele morre em um acidente fatal dentro da am- a que efetivamente causou o
de causalidade)
bulância. Todavia, se a concausa é um desdobramento da conduta resultado. Ex. enforco e depois
do agente, ele responde pelo resultado, ex. infecção generalizada atiro no lago, e a vítima morre de
gerada pelo ferimento do tiro (homicídio consumado). afogamento.
O dolo antecedente é o que se
Agora vem a cereja do bolo, com a Teoria da Imputação Ob- dá antes do início da execução. O
jetiva (Roxin). Em linhas gerais, nessa visão, só ocorre imputação dolo atual é o que está presente
ao agente que criou ou aumentou um risco proibido pelo Direito, durante a execução. O dolo
desde que esse risco tenha ligação com o resultado. Ex. Eu causo Dolo antecedente,
subsequente ocorre quando
um incêndio na casa do meu desafeto, serei imputada pelo incên- atual e subsequente
o agente inicia a conduta com
dio, não pela morte de alguém que entrou na casa para salvar bens. finalidade lícita, mas altera o seu
Explicando melhor, para a teoria da imputação objetiva, a im- ânimo e passa a agir de forma
putação só pode ocorrer quando o agente tiver dado causa ao fato ilícita.
(causalidade física), mas, ao mesmo tempo, haja uma relação de
causalidade normativa, isto é, criação de um risco não permitido
Crime Culposo
para o bem jurídico que se pretende tutelar.
No crime culposo, a conduta do agente viola um dever de cui-
dado:
Criar ou aumentar um risco + O risco deve ser proibido pelo
Direito + O risco deve ser criado no resultado • Negligência: o agente deixa de fazer algo que deveria.
• Imprudência: o agente se excede no que faz.
Por fim, a tipicidade consiste na subsunção – adequação da • Imperícia: O agente desconhece uma regra técnica profissio-
conduta do agente a uma previsão típica. Algumas vezes é necessá- nal, ex. o médico dá um diagnóstico errado ao paciente que vem a
rio usar mais de um tipo penal para fazer a subsunção (conjugação receber alta e falecer.
de artigos).
Ainda dentro do fato típico, vamos analisar dolo e culpa. Com o • Requisitos do crime culposo
finalismo (Hans Welzel), o dolo e a culpa, que são elementos subje- a) Conduta Voluntária: o fim da conduta pode ser lícito ou ilíci-
tivos, foram transportados da culpabilidade para o fato típico (con- to, mas quando ilícito não é o mesmo que se produziu (a finalidade
duta). Assim, a conduta passou a ser definida como ação humana não é do resultado).
dirigida a um fim. b) Violação de um dever objetivo de cuidado: negligência, im-
Crime Doloso prudência, imperícia.
• Dolo direto = vontade livre e consciente de praticar o crime. c) Resultado naturalístico involuntário (não querido).
• Dolo eventual = assunção do risco produzido pela conduta. d) Nexo causal.
e) Tipicidade: o fato deve estar previsto como crime culposo
Perceba que no dolo eventual existe consciência de que a con- expressamente.
duta pode gerar um resultado criminoso, e mesmo diante da proba- f) Previsibilidade objetiva: o homem médio seria capaz de pre-
bilidade de dar algo errado, o agente assume esse risco. ver o resultado.

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DIREITO PENAL

Culpa Consciente Culpa Inconsciente ▪ Erro de tipo acidental


Aqui o erro ocorre na execução ou há um desvio no nexo causal
O agente prevê o resultado O agente não prevê que o da conduta com o resultado.
como possível, mas acredita resultado possa ocorrer. Só tem a • Erro sobre a pessoa: O agente pratica o ato contra pessoa
sinceramente que este não previsibilidade objetiva, mas não diversa da pessoa visada, por confundi-la com o seu alvo, que nem
irá ocorrer. subjetiva. está no local dos fatos. Consequência: o agente responde como se
tivesse praticado o crime contra a pessoa visada (teoria da equiva-
Culpa Própria Culpa Imprópria lência).
O agente quer o resultado, mas • Erro sobre o nexo causal: o resultado é alcançado mediante
acha que está amparado por um nexo causal diferente daquele que planejou.
O agente não quer o uma excludente de ilicitude ou a) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: com um ato o
resultado criminoso. culpabilidade. agente produz o resultado, apesar do nexo causal ser diferente, ex.
Consequência: exclui o dolo, mas eu disparo contra o meu desafeto, mas ele morre afogado ao cair na
imputa culpa. piscina. Consequência: o agente responde pelo o que efetivamente
ocorreu (morte por afogamento).
Não existe no Direito Penal brasileiro compensação de culpas, de b) Dolo geral/aberratio causae/dolo geral ou sucessivo: O agen-
maneira que cada um deve responder pelo o que fez. Outro ponto inte- te acredita que já ocorreu o resultado pretendido, então, pratica
outro ato (+ de 1 ato). Ao final verifica-se que o último ato foi o que
ressante é que o crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado
provocou o resultado. Consequência: o agente responde pelo nexo
pelo resultado. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime
causal efetivamente ocorrido, não pelo pretendido.
é culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no resultado que ocorreu.
O crime material consumado exige conduta + resultado natura-
• Erro na execução (aberratio ictus): é o famoso erro de pon-
lístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos crimes tentados, por
taria, no qual a pessoa visada e a de fato acertada estão no mesmo
não haver consumação (resultado naturalístico), não estarão pre-
local.
sentes resultado e nexo de causalidade. Eventualmente, a tentativa
a) Erro sobre a execução com unidade simples (aberratio ictus
pode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas diverso do
de resultado único): O agente somente atinge a pessoa diversa da
pretendido pelo agente no momento da prática criminosa.
pretendida. Consequência: responde como se tivesse atingido a
Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamen-
pessoa visada.
te a conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra
b) Erro sobre a execução com unidade complexa (aberratio
norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo
ictus de resultado duplo): O agente atinge a vítima pretendida, e,
penal, ele deve responder pelo crime. Ex. O agente inicia a execução
também, a vítima não pretendida. Consequência: responde pelos
penal, mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente o
dois crimes em concurso formal.
resultado pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido
pelo crime, mas de forma tentada.
• Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aber-
ratio delicti ou aberratio criminis): o agente pretendia cometer um
Crime Preterdoloso
crime, mas por acidente ou erro na execução acaba cometendo ou-
O crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo
tro (relação pessoa x coisa ou coisa x pessoa).
resultado. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime
a) Com unidade simples: O agente atinge apenas o resultado
é culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no resultado que ocorreu.
não pretendido. Ex. uma pessoa é visada, mas uma coisa é atin-
Como consequência, o crime preterdoloso não admite tentativa, já
que o resultado é involuntário. gida – responde pelo dolo em relação a pessoa, na forma tentada
(tentativa de homicídio, tentativa de lesão corporal). Ex. Uma coisa
Erro de Tipo é visada, mas a pessoa é atingida – responde apenas pelo resultado
ocorrido em relação à pessoa, de forma culposa (homicídio culposo,
▪ Erro de tipo essencial lesão corporal culposa).
O agente desconhece algum dos elementos do tipo penal. Ou b) Com unidade complexa: O agente atinge tanto a pessoa
seja, há uma representação errônea da realidade, na qual o agente quanto a coisa. Consequência: responde pelos dois crimes em con-
acredita não se verificar a presença de um dos elementos essenciais curso formal.
que compõe o tipo penal. Quem nunca pegou a coisa de alguém
pensando que era sua?! Cometeu furto? Não, pois faltou você saber • Erro sobre o objeto (Error in objecto): imagine que o agente
que a coisa era alheia. O erro de tipo exclui o dolo e a culpa (se foi deseja furtar uma valiosa obra de arte, mas acaba subtraindo um
um erro perdoável/escusável) ou exclui o dolo e o agente só respon- quadro de pequeno valor, por confundir-se. Consequência: o agen-
de por culpa, se prevista (no caso de erro inescusável). te responde pelo o que efetivamente fez.
Outros exemplos: não sabe que o agente é funcionário público,
em desacato; não sabe que é garantidor em crime comissivo por ▪ Erro determinado por terceiro
omissão; erro sobre o elemento normativo, ex. justa causa. O agente erra porque alguém o induz a isso, de maneira que o
Não restam mais dúvidas, certo? Erro de tipo é erro sobre a autor mediato (quem provocou o erro) será punido. O autor ime-
existência fática de um dos elementos que compõe o tipo penal. diato (quem realiza) é mero instrumento, e só responderá caso ficar
demonstrada alguma forma de culpa.

Iter Criminis
Iter Criminis significa caminho percorrido pelo crime. A cogita-
ção (fase interna) não é punida – ninguém pode ser punido pelos
seus pensamentos. Os atos preparatórios, em regra, também, não
são punidos.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
A partir do início da execução do crime, o agente sofre punição. 1. Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa,
Caso complete o que é dito pelo tipo penal, o crime estará consu- ou culposo;
mado; caso não se consume por circunstâncias alheias à vontade do 2. O juiz ainda não recebeu a denúncia ou queixa;
agente, pune-se a tentativa. 3. O agente reparou o dano ou restituiu a coisa voluntariamente.
— A diminuição é de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e
Tentativa voluntariedade do ato.
O crime material consumado exige conduta + resultado natura- — O arrependimento posterior se comunica aos demais agentes.
lístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos crimes tentados, por — Se a vítima se recusar a receber a reparação mesmo assim o
não haver consumação (resultado naturalístico), não estarão pre- agente terá a diminuição de pena.
sentes resultado e nexo de causalidade. Eventualmente, a tentativa
pode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas diverso do Crime Impossível (tentativa inidônea)
pretendido pelo agente no momento da prática criminosa. Embora o agente inicie a execução do delito, jamais o crime se
Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamen- consumará.
te a conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra Por quê? O meio utilizado é completamente ineficaz ou o obje-
norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo to material do crime é impróprio para aquele crime.
penal, ele deve responder pelo crime. Ex. O agente inicia a execução Ex. Ineficácia absoluta do meio = arma que não dispara.
penal, mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente o Ex. Absoluta impropriedade do objeto = atirar em corpo sem
resultado pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido vida.
pelo crime, mas de forma tentada. O CP adotou a teoria objetiva da punibilidade do crime impos-
O CP adotou a teoria dualística/realista/objetiva da punibi- sível, ou seja, não é punido (atipicidade).
lidade da tentativa. Assim, a pena do crime tentado é a pena do Câmeras e dispositivos de segurança em estabelecimentos
crime consumado com diminuição de 1/3 a 2/3 (varia de acordo o comerciais não tornam o crime impossível.
quanto chegou perto do resultado). Isso ocorre porque o desvalor
do resultado para a sociedade é menor. Ilicitude
— Tentativa branca ou incruenta = o agente não atinge o bem Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento
que pretendia lesar; de Dever Legal, Exercício Regular de Direito.
— Tentativa vermelha ou cruenta = o agente atinge o bem que
pretendia lesar; A ilicitude, também conhecida como antijuridicidade, nos traz
— Tentativa perfeita = o agente completa os atos de execução; a ideia de que a conduta está em desacordo com o Direito.
— Tentativa imperfeita = o agente não esgota os meios de exe- Presente o fato típico, presume-se que o fato é ilícito. Assim, o
cução. ônus da prova passa a ser do acusado, ou seja, o acusado é quem
vai precisar comprovar a existência de uma excludente de ilicitude.
▪ Crimes que não admitem tentativa As excludentes da ilicitude podem ser genéricas (incidem em
• Culposo (é involuntário); todos os crimes) ou específicas (próprias de alguns crimes).
• Preterdoloso (o resultado é involuntário); Causas genéricas = estado de necessidade; legítima defesa;
• Unissubsistente (um ato só); exercício regular de direito; estrito cumprimento do dever legal.
• Omissivo puro (não dá para tentar se omitir); Causa supralegal de exclusão da ilicitude = consentimento do
• Perigo abstrato (só de gerar o perigo o crime se consuma); ofendido nos crimes contra bens disponíveis.
• Contravenção (a lei quis assim);
• De atentado/empreendimento (a tentativa já gera consuma- a) Estado de Necessidade:
ção); Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica
• Habitual (atos isolados são indiferentes penais). o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vonta-
de, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.         
Ambas afastam a tipicidade do dolo inicial e o agente só res- § 1º  - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
ponde pelo o que fez (danos que efetivamente causou). dever legal de enfrentar o perigo.         
• Na desistência voluntária, o agente voluntariamente desiste § 2º  - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
de dar sequência aos atos executórios iniciados, mesmo podendo ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.    
fazê-lo (fórmula de Frank). O resultado não se consuma por desis-
tência do agente. De acordo com a TEORIA UNITÁRIA, o bem jurídico protegido
• No arrependimento eficaz, o agente pratica todos os atos de deve ser de valor igual ou superior ao sacrificado. Ex. vida x vida. Se
execução, mas após isto se arrepende e adota medidas que impe- compromete um bem de maior valor para salvar um bem de menor
dem a consumação. valor incide uma causa de diminuição de pena (-1/3 a 2/3).
Requisitos:
Atenção: se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente — Perigo a um bem jurídico próprio ou de terceiro;
responde pelo crime com uma atenuante genérica. — Conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para
Atenção: se o crime for cometido em concurso de pessoas e salvar o próprio ou do terceiro;
somente um deles realiza a conduta de desistência voluntária ou — A situação de perigo não pode ter sido criada voluntaria-
arrependimento eficaz, esta circunstância se comunica aos demais. mente pelo agente;
Motivo: Trata-se de exclusão da tipicidade, o crime não foi cometi- — O perigo tem que estar ocorrendo (atual);
do, respondendo todos apenas pelos atos praticados até então.
— O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resulta-
do, ex. bombeiro;
Arrependimento Posterior
— A conduta do agente precisa ser inevitável (o bem jurídico só
É uma causa de diminuição de pena para o crime já consuma-
pode ser salvo se ele agir);
do, desde que:
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
— A conduta do agente precisa ser proporcional (salvar bem de • O estrito cumprimento do dever legal se comunica aos de-
valor igual ou maior). mais agentes.
• Particular também pode estar amparado pelo estrito cumpri-
Estado de Estado de Estado de Estado de mento do dever legal.
necessidade necessidade necessidade necessidade
agressivo defensivo real putativo d) Exercício Regular de Direito:
O agente age no legítimo exercício de um direito seu (previsto
Quando a em lei). Ex. lutas desportivas.
situação de
perigo não existe EXCESSO PÚNIVEL: EM TODAS AS EXCLUDENTES DE ILICUTDE,
O agente de fato, apenas EVENTUAL EXCESSO SERÁ PUNIDO, SEJA ELE DOLOSO OU CULPO-
prejudica o na imaginação SO!
O agente
bem jurídico do agente.
sacrifica o
de terceiro Consequência: Culpabilidade: Imputabilidade Penal, Potencial Consciência
bem jurídico
que não O perigo se o erro é da Ilicitude, Exigibilidade de Conduta Diversa
de quem
produziu o existe. escusável, O último elemento da análise analítica do crime é a culpabili-
provocou o
perigo. exclui dolo e dade. Lembre-se, para a teoria tripartida o crime é fato típico, anti-
perigo.
Obs. o agente culpa; se o erro jurídico e culpável. Para a teoria bipartida a culpabilidade é pressu-
precisa é inescusável, posto para a aplicação da pena.
indenizar. exclui o dolo, A culpabilidade é o juízo de reprovabilidade, e divide-se nas
mas responde seguintes teorias:
por culpa, se • Teoria Psicológica: Os causalistas acreditavam que o agente
prevista. era culpável se imputável no momento do crime e se havia agido
com dolo ou culpa.
• Estado de necessidade recíproco é possível, se nenhum deles • Teoria normativa (psicológico-normativa): Além de imputá-
provocou o perigo. vel e com dolo ou culpa o agente tinha que estar consciente da ilici-
• O estado de necessidade se comunica a todos os agentes. tude e ser exigível conduta diversa.
• Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura): Se coa-
b) Legítima Defesa: duna com a teoria finalista, pois dolo e culpa transportaram-se para
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- a tipicidade (dolo subjetivo). Para essa teoria, os elementos da cul-
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou pabilidade são: imputabilidade + potencial consciência da ilicitude
iminente, a direito seu ou de outrem.         (dolo normativo) + exigibilidade de conduta diversa.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos • Teoria limitada da culpabilidade: A teoria normativa pura se
no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o divide em teoria extremada e teoria limitada. O que as diferencia é
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agres- o tratamento dado ao erro sobre as causas de justificação (exclusão
são a vítima mantida refém durante a prática de crimes.    da ilicitude), isto é, descriminantes putativas. A teoria extremada
defende que todo erro que recaia sobre uma causa de justificação
O agente pratica um fato para repelir uma agressão injusta, seja equiparado ao ERRO DE PROIBIÇÃO. A teoria limitada divide
atual ou iminente (prestes a ocorrer), contra direito próprio ou o erro sobre pressuposto fático da causa de justificação e o erro
alheio. Ex. o dono de um animal bravo utiliza o animal como instru- sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação.
mento de agressão contra outrem – o agente poderá se defender. No primeiro caso (erro de fato) aplicam-se as regras do erro de tipo,
• Cabe LD contra agressão de inimputável; que aqui passa a se chamar erro de tipo permissivo. No segundo
• Ainda que possa fugir, o agente pode escolher ficar e repelir a caso (erro sobre a ilicitude da conduta) aplicam-se as regras do erro
agressão (no estado de necessidade não); de proibição.
• Os meios utilizados devem ser suficientes e necessários para
repelir a injusta agressão (proporcionalidade); Obs.: O CP adota a teoria normativa pura limitada, ou seja, se-
• Na LD putativa, o agente pensa que está sendo agredido. para o erro de tipo do erro de proibição.
Consequência: se o erro é escusável, exclui dolo e culpa; se o erro
é inescusável, exclui o dolo, mas responde por culpa, se prevista. ▪ Elementos da culpabilidade:
• É possível que ocorra LD sucessiva, ex. A agride B, B repele a 1. Imputabilidade Penal: Capacidade de entender o caráter ilí-
agressão de forma excessiva, A passa ter o direito de agir em LD em cito da conduta e autodeterminar-se conforme o Direito. Na ausên-
razão do excesso (agressão injusta). cia de qualquer desses elementos será inimputável, de acordo com
• Se o bem é indisponível, a vontade do dono (consentimento) o critério biopsicológico.
é indiferente para a atuação da LD de terceiro. O CP também adota o critério biológico, pois os menores de 18
• Não cabe LD real em face de LD real, porque falta injusta anos são inimputáveis.
agressão. Por outro lado, pode ter LD putativa (agressão injusta) Lembre-se que a imputabilidade penal deve ser aferida no mo-
sucedida por LD real (repelir agressão injusta). mento que ocorreu o fato criminoso.
Lembre-se, também, que em crime permanente só cessa a con-
c) Estrito Cumprimento do Dever Legal: duta quando a vítima é liberada (ex. sequestro), logo, a idade do
O agente comete um fato típico, em razão de um dever legal. agente vai ser analisada até que realmente cesse a conduta, com a
Mas não confunda! Quando um policial numa troca de tiros mata libertação da vítima/apreensão do agente.
um bandido não age em estrito cumprimento de dever legal, mas
em LD, pois não existe o dever legal de matar, mas sim injusta agres-
são.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
O ordenamento jurídico prevê a completa inimputabilidade, Concurso de Pessoas
que exclui a culpabilidade e impõe medida de segurança (sentença O concurso de pessoas consiste na colaboração de dois ou mais
absolutória imprópria); bem como, prevê a semi-imputabilidade, agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. De acor-
que enseja medida de segurança (sentença absolutória imprópria) do com a teoria monista (unitária), todos respondem pelo mesmo
ou sentença condenatória com causa de diminuição de pena (-1/3 crime, na medida de sua culpabilidade. Ex. 3 amigos furtam uma
a 2/3). casa, todos respondem pelo crime de furto, mas o juiz vai valorar a
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou conduta de cada um de acordo com a individualidade dos agentes.
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
Concurso de pessoas
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen- Concurso de pessoas necessário
eventual
to.
Redução de pena O tipo penal não exige a O tipo penal exige que a
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, presença de mais de uma conduta seja praticada por mais
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por de- pessoa. de uma pessoa.
senvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramen-
te capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de ▪ Requisitos do concurso de pessoas:
acordo com esse entendimento.  — Pluralidade de agentes: Se um imputável determina que um
inimputável realize um crime não existe concurso de pessoas, mas
Atenção sim autoria mediata (o mandante é o autor do crime e o inimputá-
— Os índios podem ser imputáveis (integrados à sociedade), vel instrumento).
semi-imputáveis (parcialmente integrados à sociedade) ou inimpu- Nos crimes plurissubjetivos (concurso de pessoas necessário), se
táveis (não integrados). um dos colaboradores não é culpável, mesmo assim haverá crime.
— A conduta do sonâmbulo é atípica, pois falta conduta (dolo/ Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (concurso de pes-
culpa). soas eventual) não é necessário que todos os agentes sejam cul-
— A embriaguez acidental gera inimputabilidade (isenção de páveis, basta um deles para qualificar o crime, ex. o concurso de
pena), desde que decorrente de caso fortuito ou força maior + com- pessoas qualifica o furto, logo, se um é imputável, não importa se os
pleta + retirar totalmente a capacidade de discernimento do agen- demais são inimputáveis, pois o furto estará qualificado.
te. Obs. se for parcial (retirar parcialmente a capacidade de discer- Nesses casos que tem inimputáveis, mas eu considero o con-
nimento do agente) a pena será reduzida. curso para tipificar ou qualificar o crime a doutrina os denomina de
• Nos casos de embriaguez não se aplica medida de segurança, concurso impróprio/aparente.
pois o agente não é doente mental. — Relevância da colaboração: A participação do agente deve
• A embriaguez voluntária e culposa não exclui a imputabili- ser relevante para a produção do resultado. Ou seja, a colabora-
dade! ção que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal.
• A lei de drogas exclui a imputabilidade do inebriado patoló- Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à exe-
gico. cução. A colaboração posterior à execução enseja crime autônomo,
— A embriaguez preordenada (se embriaga para cometer cri- salvo o ajuste tenha ocorrido previamente.
me) não retira a imputabilidade do agente, pelo contrário, trata-se — Vínculo subjetivo (concurso de vontades): Ajuste ou adesão
de circunstância agravante da pena. de um à conduta do outro. Caso não haja vínculo subjetivo entre os
agentes haverá autoria colateral, e não coautoria.
2. Potencial consciência da ilicitude: neste elemento da impu- — Unidade de crime (identidade de infração): todos respon-
tabilidade, é verificado se a pessoa tinha a possibilidade de conhe- dem pelo mesmo crime.
cer o caráter ilícito do fato, de acordo com as suas características — Existência de fato punível: a colaboração só é punível se o
(não como parâmetro o homem médio). crime for, pelo menos, tentado (princípio da exterioridade – exige o
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é pe- início da execução).
nalmente ilícita comete erro de proibição. • Na autoria mediata por inimputabilidade do agente não basta
que o executor seja inimputável, ele deve ser um instrumento do
3. Exigibilidade de conduta diversa: É verificado se o agente mandante (não ter o mínimo discernimento).
podia agir de outro modo. Caso comprovado que não dava para • Na autoria mediata por erro do executor, quem pratica a con-
agir de outra maneira, no caso concreto, a culpabilidade é excluída duta é induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro de proi-
(isenção de pena). Ex. coação moral irresistível – uma pessoa coage bição), ex. médico determina que enfermeira aplique uma injeção
outra a praticar determinado crime, sob ameaça de lhe fazer algum tóxica no paciente alegando que é um medicamento normal.
mal grave. Obs. se a coação é física exclui a tipicidade pela falta de • Na autoria mediata por coação do executor existe coação mo-
conduta. Obs. se podia resistir a coação, recebe apenas uma ate- ral irresistível, a culpabilidade é apenas do coator, não do coagido
nuante genérica. Ex. obediência hierárquica – funcionário público (inexigibilidade de conduta diversa).
cumpre ordem não manifestamente ilegal emanada pelo seu su- • Para ter autoria mediata em crime próprio, o autor mediato
perior (isenção de pena). Obs. se a ordem é manifestamente ilegal (mandante) precisa reunir as condições especiais exigidas pelo tipo
comete crime. penal. Se o mandante não reúne as condições do crime próprio há
autoria por determinação, punindo quem exerce sobre a conduta
domínio equiparado à figura da autoria (autor da determinação da
conduta/responsável pela sua ocorrência).
• Nos crimes de mão própria não se admite autoria mediata,
porque o crime não pode ser realizado por interposta pessoa. To-
davia, pode ter a figura do autor por determinação (pune quem de-
terminou o crime).
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
Autor é quem pratica a conduta descrita no núcleo do tipo pe- Vejamos:
nal, todos os demais que de alguma forma prestarem colaboração
serão partícipes. Essa teoria foi adotada pelo Código Penal e é de- Teoria da aces- Teoria da
nominada de teoria objetivo-formal. Teoria da Teoria da
soriedade limi- acesso-
No entanto, atente-se para a teoria do domínio do fato (nos acessoriedade hiperacesso-
tada riedade
crimes dolosos), criada por Hans Welzel e desenvolvida por Claus mínima riedade
(adotada) máxima
Roxin: o autor é todo aquele que possui domínio da conduta cri-
minosa, seja ele executor ou não. O importante, para essa teoria, Exige que O
é que tenha o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa, a conduta partícipe Exige que o
A conduta
o cabeça do crime. O partícipe, por sua vez, é quem contribui, mas principal seja só é fato principal
principal só
sem poder de direção. Ou seja, o controle da situação (quem pode típica e ilícita. punido seja típico,
precisa ser
intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta) é o crité- Recorda que se o fato ilícito,
típica para a
rio utilizado para definir o autor. as excludentes principal culpável e
punição do
A coautoria é espécie de concurso de pessoas na qual duas ou de ilicitude se for típico, o autor seja
partícipe.
mais pessoas praticam a conduta descrita no núcleo do tipo penal. comunicam?! ilícito e punido.
Na coautoria funcional, os agentes realizam condutas diversas que Ahá! culpável.
se somam para produzir o resultado. Na coautoria material (direta)
todos realizam a mesma conduta. — A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação
• Cabe coautoria em crimes próprios (todos reúnem as condi- é de menor importância.
ções ou pelo menos tem ciência que um deles as possui), mas não — A doutrina admite participação nos crimes comissivos por
cabe coautoria em crime de mão própria (só participação). omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado.
• Nos crimes omissivos não cabe coautoria, só participação.
• Nos crimes culposos cabe coautoria, mas não participação. — Participação inócua não se pune, ex. eu emprestei a arma
• Na autoria mediata não há concurso entre autor mediato e para o agente, mas ele matou com o uso de veneno.
autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que se valeu — Participação em cadeia é possível, ex. eu empresto a arma
de alguém sem culpabilidade para a execução do delito. Entretan- para A, para este emprestar para B e matar a vítima. Eu e A somos
to, é possível coautoria e participação na autoria mediata (vários partícipes de B.
mandantes).
• Na coação física irresistível, o coator é autor direto. Comunicam-se: Não se comunicam:
• Existe autoria mediata de crime próprio, mas não de crime
de mão própria. Elementares do crime Circunstâncias subjetivas
(caracteriza o crime) e (influencia a pena de acordo
Participação é modalidade de concurso de pessoas, na qual o circunstâncias objetivas com a pessoa do agente) e
agente colabora para a prática delituosa, mas não pratica a conduta (influencia a pena de acordo condições de caráter pessoal
descrita no núcleo do tipo penal. com o fato). (relativas à pessoa do agente).

Preste atenção, circunstâncias e condições de caráter pessoal


Participação Moral Participação Material não se comunicam. Por outro lado, as circunstâncias de caráter real
Instiga (reafirma a ideia) ou Presta auxílio fornecendo ou objetivas (se referem ao fato), se comunicam, sob uma condi-
induz (cria a ideia) em outrem. objeto ou condições para a ção: é necessário que a circunstância tenha entrado na esfera de
fuga (cumplicidade). conhecimento dos demais agentes. Ex. A informa o seu partícipe
que usará emboscada para matar, ambos respondem por essa qua-
Pela teoria da adequação típica mediata, o partícipe mesmo lificadora.
sem praticar a conduta descrita no núcleo do tipo pode ser punido, Outro ponto interessante é que elementares sempre se comu-
uma vez que, as normas de extensão da adequação típica possibili- nicam, sejam objetivas ou subjetivas, desde que tenham entrado na
tam o raio de aplicação do tipo penal. Ou seja, soma o art. do crime esfera de conhecimento do partícipe.
+ o art. 29 do CP = o resultado é conseguir punir o partícipe. Para fechar com chave de ouro vale abordar a autoria colateral.
Conforme a teoria da acessoriedade, o partícipe é punido mes- O que é isso? Não se confunde com o concurso de pessoas, pois não
mo que sua conduta seja considerada acessória em relação ao au- existe acordo de vontades. Imagine que 2 pessoas atiram na mesma
tor. vítima, mas os peritos não conseguem identificar quem efetuou o
disparo fatal. O resultado desta autoria incerta é que ambos res-
pondem de forma tentada.
Outra figura curiosa é a cooperação dolosamente distinta, que
consiste em participação em crime menos grave (desvio subjetivo
de conduta). Ambos os agentes decidem praticar determinado cri-
me, mas durante a execução um deles decide praticar outro crime,
mais grave. Aquele que escolheu praticar somente o crime inicial
só responderá por este, salvo ficar comprovado que podia prever a
ocorrência do crime mais grave. Neste último caso, a pena do crime
inicial é aumentada até a metade.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
Obs.: No concurso de multidão criminosa, quem lidera o crime É interessante que recentemente o STJ entendeu que o sim-
terá pena agravada e quem adere a conduta tem a pena atenuada. ples fato do condutor do automóvel estar embriagado não gera a
Há concurso de pessoas, pois existe vínculo subjetivo, no sentido presunção de que tenha havido dolo eventual, no caso de acidente
de que um adere a conduta do outro, mesmo que de forma tácita. de trânsito com o resultado morte. O STF, no mesmo sentido, con-
siderou que não havia homicídio doloso na conduta de um homem
que entregou o seu carro a uma mulher embriagada para que esta
dirigisse o veículo, mesmo tendo havido acidente por causa da em-
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA (HOMICÍDIO, LESÃO COR- briaguez, resultando a morte da mulher condutora.
PORAL, RIXA E INJÚRIA). DOS CRIMES CONTRA A LIBER- Por outro lado, já foi reconhecido o dolo eventual por estar diri-
DADE PESSOAL (CONSTRANGIMENTO ILEGAL, AMEAÇA, gindo na contramão embriagado, uma vez que, o condutor assumiu
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO) o risco de causar lesões/morte de outrem. Inclusive, a tentativa é
compatível com o dolo eventual.
Quanto a qualificadora do motivo fútil, o STJ não a enquadra
Os crimes contra a pessoa protegem os bens jurídicos vida e nos casos de racha. Todavia, aplica-se a qualificadora do meio cruel
integridade física da pessoa, encontram-se entre os artigos 121 ao no caso de reiteração de golpes na vítima. Ademais, a qualificadora
154 do Código Penal. A jurisprudência é vasta sobre tais tipos pe- do motivo fútil é compatível com o homicídio praticado com dolo
nais e muitas vezes repleta de polêmicas, como, por exemplo, no eventual. Mas a qualificadora da traição/emboscada/dissimulação
caso do aborto. não é compatível com dolo eventual, pois exige-se um planejamen-
to do crime que o dolo eventual não proporciona.
Homicídio A qualificadora do feminicídio é compatível com o motivo tor-
• O homicídio simples consiste em matar alguém. pe, pois está solidificado nos tribunais superiores o entendimento
• O homicídio privilegiado recebe causa de diminuição de pena que o feminicídio é uma qualificadora objetiva que combina com
de 1/6 a 1/3, desde que o motivo seja de relevante valor moral ou as qualificadoras subjetivas (motivo do crime), bem como com o
social (ex. matou o estuprador da filha); sob domínio de violenta homicídio privilegiado.
emoção logo após injusta provocação da vítima (ex. matou o aman-
te da esposa ao pegá-los no flagra). Por fim, lembre-se que a jurisprudência considera que algumas
• O homicídio é qualificado e recebe pena-base maior nos ca- situações merecem a extinção da punibilidade pelo perdão judicial,
sos de paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe quando o homicídio é culposo e o agente já sofreu suficientemente
(ex. matar por dinheiro); emprego de veneno, fogo, explosivo, as- as consequências do crime. Exemplo: pai atropela o filho.
fixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (ex. queimar a pes- Ainda sobre o homicídio culposo, a causa de aumento não é
soa viva), ou de que possa resultar perigo comum (ex. incendiar um afastada se o agente deixa de prestar socorro em caso de morte
prédio para matar seu desafeto); traição, emboscada, dissimulação instantânea da vítima, salvo se o óbito realmente for evidente.
ou outro recurso que dificulte a defesa do ofendido (ex. mata-lo em
rua sem saída); para assegurar a execução, ocultação, impunidade ▪ Homicídio simples
ou vantagem de outro crime (ex. matar a testemunha de um crime). Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Obs.: O feminicídio é uma espécie de homicídio qualificado, no • Caso de diminuição de pena
qual o agente mata a mulher por razões da condição de sexo fe- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
minino, isto é, no contexto de violência doméstica ou familiar, ou, vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
menosprezo/discriminação à condição de mulher. logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
a pena de um sexto a um terço.
Causas de aumento Causas de
Causas de aumento ▪ Homicídio qualificado
do homicídio aumento do
do feminicídio § 2° Se o homicídio é cometido:
culposo homicídio doloso
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
Ocorrer durante a motivo torpe;
gestação ou nos 3 II - por motivo fútil;
meses posteriores Vítima menor de III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ao parto; contra 14 anos ou maior ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
menor de 14 anos de 60 anos; crime comum;
ou maior de 60 Se ocorrer a praticado por IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou ou-
anos ou pessoa inobservância milícia privada, tro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
portadora de de regra técnica sob o pretexto V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
deficiência/doença profissional; deixar de prestação vantagem de outro crime:
degenerativa; de prestar socorro. de serviço Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
na presença de de segurança
ascendente ou ou grupo de ▪ Feminicídio
descendente; extermínio. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
descumprindo VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
medida protetiva. da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
Obs.: O homicídio contra autoridade da Segurança Pública, no decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
companheiro ou parente até 3º grau qualifica o homicídio. VIII - (VETADO):
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta le-
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino são corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º
quando o crime envolve: e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - violência doméstica e familiar; Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 13.968, de 2019)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
▪ Homicídio culposo morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 3º Se o homicídio é culposo: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de um a três anos. 13.968, de 2019)
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
▪ Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter- (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coor-
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de denador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968,
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio de 2019)
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desneces- § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em le-
sária. são corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
metade se o crime for praticado: Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par- § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido
to; contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o ne-
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses- cessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati- outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo
vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascen- O crime consiste em colocar a ideia ou incentivar a ideia do
dente da vítima; suicídio ou automutilação, bem como prestar auxílio material (ex.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência emprestar a faca). As penas são diferentes, a depender do resultado
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de do crime.
7 de agosto de 2006. • Lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: Reclusão de
1 a 3 anos;
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automuti- • Resultado morte: Reclusão de 2 a 6 anos.
lação
Este crime sofreu alteração com o Pacote Anticrime, em razão Ademais, as penas são duplicadas se o crime é praticado por
do episódio da “Baleia Azul”, jogo desenvolvido entre jovens, no motivo egoístico, torpe ou fútil (motivo banal), bem como se a ví-
qual incitava-se a automutilação e o suicídio. tima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade
de resistência. No mesmo sentido, a pena é aumentada até o do-
▪ Antes do Pacote Anticrime bro se a conduta é realizada por meio da internet (ex. jogo baleia
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe azul). Ademais, aumenta-se a pena em metade se o agente é o líder
auxílio para que o faça: (quem manda).
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou Se o resultado é lesão corporal de natureza gravíssima e é co-
reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
corporal de natureza grave. enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discerni-
Parágrafo único - A pena é duplicada: mento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de Lesão
Aumento de pena Corporal qualificada como gravíssima.
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; Se o resultado é a morte e o crime é cometido contra menor
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discer-
a capacidade de resistência. nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
Após o Pacote Anticrime homicídio.
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
Infanticídio
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Re-
Consiste em matar o filho sob influência dos hormônios (esta-
dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
do puerperal), durante o parto ou logo após.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
filho, durante o parto ou logo após:
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DIREITO PENAL
Pena - detenção, de dois a seis anos. Lesão Corporal
Consiste em ofender a integridade corporal ou saúde de ou-
Aborto trem. A pena é aumentada em caso de violência doméstica, como
O Código Penal divide o aborto em: forma de prestígio à Lei Maria da Penha. Ademais, qualifica o crime
▪ Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento: a depender do resultado das lesões:
Consiste em provocar o aborto em si mesma, ex. mediante chás. Ou,
consentir que alguém o provoque, ex. ir em uma clínica abortiva.
Qualificadora de natureza Qualificadora de natureza
▪ Aborto provocado por terceiro: No aborto provocado por
grave gravíssima
terceiro, pode existir ou não o consentimento da gestante. No pri-
meiro caso perceba que cada um vai responder por um crime, a Incapacidade para as
Incapacidade permanente para
gestante por consentir, o terceiro por abortar. ocupações habituais por mais
o trabalho, ex. não consegue
de 30 dias, ex. passar roupa.
mais trabalhar.
É considerado aborto sem o consentimento da gestante se ela Perigo de vida, ex. correu risco
Enfermidade incurável, ex.
é menor de 14 anos, sofre de problemas mentais, se o consenti- na cirurgia.
adquire deficiência mental.
mento é obtido mediante fraude/grave ameaça/violência. Debilidade permanente de
Deformidade permanente, ex.
Tanto no aborto com ou sem o consentimento da gestante exis- membro, sentido ou função,
rosto queimado.
te causa de aumento de pena se ela morre ou sofre lesão corporal ex. não consegue escrever
Aborto.
grave. como antes.
Perda de membro, sentido ou
▪ Aborto necessário: Não se pune o aborto praticado por médi- Aceleração do parto, ex. nasce
função, ex. fica cego.
co caso não haja outro meio se salvar a vida da gestante. prematuro.
▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Não se
pune o aborto praticado por médico se a gravidez resulta de estu- No caso de lesão corporal seguida de morte, a morte é culposa
pro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou seu e a lesão corporal dolosa. A morte qualifica a lesão corporal. Ex.
representante legal, no caso de incapacidade. João tem a intenção de espancar seu desafeto, que acaba falecen-
A grande polêmica do aborto circunda na questão da inter- do.
rupção da gravidez no primeiro trimestre. O STF já decidiu que não
há crime se existe o consentimento da gestante ou trata-se de au- A lesão corporal é privilegiada se o agente comete o crime im-
toaborto. A Suprema Corte fundamentou que a criminalização, nes- pelido por motivo de relevante valor moral ou social (ex. espanca
sa hipótese, viola os direitos fundamentais da mulher e o princípio o estuprador de sua filha); sob o domínio de violenta emoção logo
da proporcionalidade. após injusta provocação da vítima (ex. espanca o amante da esposa
ao pegá-los no flagra). Resultado: O juiz pode diminuir a pena, ou,
▪ Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento não sendo grave a lesão, o juiz pode substituir a pena de detenção
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou- por multa. No mesmo sentido, se a lesão não é grave e as lesões
trem lho provoque: são recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa.
Pena - detenção, de um a três anos. São causas de aumento:
• Na lesão corporal culposa – inobservância de regra técnica
▪ Aborto provocado por terceiro profissional, deixar de prestar socorro.
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: • Na lesão corporal dolosa – vítima menor de 14 anos ou maior
Pena - reclusão, de três a dez anos. de 60 anos, praticado por milícia privada ou grupo de extermínio.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Obs.: Causar lesão contra autoridade de segurança pública no
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- exercício de função ou em decorrência dela, bem como contra pa-
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, rente até 3º grau dessas pessoas enseja causa de aumento.
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência Bem como no homicídio culposo, a lesão corporal culposa pos-
sibilita a aplicação do perdão judicial e a isenção da pena. Ex. ma-
▪ Forma qualificada chucou o filho sem querer.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são A lesão corporal praticada contra o cônjuge, ascendente, des-
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos cendente e irmão, com quem conviva ou tenha convivido, ou, pre-
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal valecendo-se das relações domésticas enseja aumento na pena do
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas cau- crime qualificado por lesão grave ou gravíssima. Ademais, aumenta
sas, lhe sobrevém a morte. a pena o crime de lesão corporal em âmbito doméstico se a vítima
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: é portadora de deficiência.
A jurisprudência caminha no sentido que a qualificadora da
▪ Aborto necessário deformidade permanente não é afastada em razão de posterior ci-
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; rurgia plástica reparadora. Ademais, perda de dois dentes configura
lesão grave, uma vez que, ocasiona debilidade permanente (dificul-
▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro dade para mastigar).
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen- Lesão corporal
tante legal. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
Lesão corporal de natureza grave Periclitação da vida e da saúde
§ 1º Se resulta: • Perigo de contágio venéreo: Consiste em expor outrem por
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trin- meio de relações sexuais a contágio de moléstia venérea, quando
ta dias; sabe ou deve saber que está contaminado. Ex. João sabe que tem
II - perigo de vida; AIDS, mas insiste em ter relações sexuais com a sua esposa de ma-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; neira desprotegida.
IV - aceleração de parto: Se a intenção do agente é transmitir a moléstia venérea o crime
Pena - reclusão, de um a cinco anos. qualifica-se, isto é, possui uma pena mais severa.
§ 2° Se resulta: Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qual-
I - Incapacidade permanente para o trabalho; quer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou
II - enfermidade incurável; deve saber que está contaminado:
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
IV - deformidade permanente; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
V - aborto: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 2º - Somente se procede mediante representação.

Lesão corporal seguida de morte • Perigo de contágio de moléstia grave: consiste em praticar
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o ato capaz de produzir contágio, tendo o dolo se transmitir a outrem
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: a moléstia (doença) de que está contaminado. Ex. sabendo que es-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. tou com coronavírus espirro na face do meu desafeto.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
Diminuição de pena grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção,
• Perigo para a vida ou saúde de outrem: consiste em expor
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente. A pena é
a pena de um sexto a um terço.
aumentada se o perigo ocorre em transporte de pessoas. Ex. trans-
portar crianças de uma creche sem que o automóvel respeite as
Substituição da pena
normas de segurança.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
iminente:
de réis:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não consti-
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; tui crime mais grave.
II - se as lesões são recíprocas. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço
Lesão corporal culposa se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
§ 6° Se a lesão é culposa: transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabeleci-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. mentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
Aumento de pena • Abandono de incapaz: Abandonar a pessoa que está sob o
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer seu cuidado/guarda/vigilância/autoridade incapaz de se defender
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. dos riscos do abandono. Ex. deixo meu sobrinho menor de idade
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. em uma viela perigosa. Eventual lesão corporal ou morte qualificam
o crime. Aumenta a pena se o abandono ocorrer em local ermo,
Violência Doméstica entre parentes próximos/tutor/curador, se a vítima é maior de 60
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descenden- anos.
te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen-
ticas, de coabitação ou de hospitalidade: der-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
cunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a Pena - reclusão, de um a cinco anos.
pena em 1/3 (um terço). § 2º - Se resulta a morte:
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência. Aumento de pena
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes terço:
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão tutor ou curador da vítima.
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

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DIREITO PENAL
• Exposição de abandono de recém nascido: consiste em ex- ▪ Rixa: Consiste em participar da rixa, salvo se a intenção do
por/abandonar o recém nascido para ocultar desonra própria. Ex. agente é separar a briga. Qualifica o crime eventual lesão corporal
tenho um filho fora do casamento e o abandono para o meu esposo grave ou morte.
não saber. Eventual lesão corporal ou morte do recém-nascido qua-
lificam o crime. Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar de- Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
sonra própria: Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte: ▪ Crimes contra a honra
Pena - detenção, de dois a seis anos. • Calúnia: Atribuir a outrem um fato criminoso que o sabe fal-
so. Ex. Eu digo que Juquinha subtraiu o relógio de Joana enquanto
• Omissão de socorro: crime omissivo, no sentido de deixar de ela dormia, mesmo sabendo que isso não é verdade.
prestar assistência quando possível fazê-lo a criança abandonado, pes- Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato de-
soa inválida ou ferida, ao desamparo, em grave ou iminente perigo. finido como crime:
Se não for possível o socorro direto, o agente deve, pelo menos, pedir Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
socorro à autoridade pública, para não cometer o crime de omissão de § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa-
socorro. A lesão corporal grave e a morte aumentam a pena. ção, a propala ou divulga.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa Para se livrar do crime de calúnia o agente pode provar que
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou realmente está certo no fato criminal que contou. Esse é o instituto
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: da exceção da verdade, mas que não pode ser usado em alguns
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. casos:
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
a morte. II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
nº I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou contra chefe
• Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer- de governo estrangeiro);
gencial: exigir garantia, bem como preenchimento de formulários III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
administrativos, como condição para o atendimento médico hos- foi absolvido por sentença irrecorrível.
pitalar emergencial. Ex. chego no PS infartando e me mandam dar
uma garantia financeira para que ocorra o meu atendimento. Au- • Difamação: Atribuir a outrem um fato desabonador. Ex. Eu
mentam a pena eventual morte ou lesão corporal grave. digo que Joana se prostitui nas horas vagas.
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qual- Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
quer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários reputação:
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospi- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
talar emergencial: Exceção da verdade
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega- o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até de suas funções.
o triplo se resulta a morte. Motivo: é do interesse da Administração Pública saber sobre a
conduta dos seus funcionários.
• Maus tratos: Expor a perigo de vida/saúde uma pessoa que
está sob sua autoridade/guarda/vigilância, tendo como finalidade • Injúria: É o famoso xingar outrem. Ex. palavrões.
educação, ensino, tratamento, custódia, privando-a de alimentação Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
ou cuidados indispensáveis, sujeitando-a a trabalho excessivo ou coro:
inadequado, abusando dos meios de correção e disciplina. Ex. pai Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
espanca o filho com a intenção de educá-lo. Caso ocorra lesão cor- Não cabe exceção da verdade. Mas o juiz pode deixar de aplicar
poral grave ou morte da vítima a pena é aumentada, bem como se a pena se o ofendido provocou a injúria ou no caso de retorsão ime-
ela possui menos de 14 anos de idade. diata que consista em outra injúria (um injuria o outro).
Obs.: A injúria possui duas qualificadoras: 1) se há violência/
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua vias de fato, ex. puxão de orelha para dizer que Juquinha é burro;
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tra- 2) Injúria racial, ex. dizer que Juquinha é um macaco em razão da
tamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados sua cor.
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
do, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Em qualquer dos 3 crimes a pena é aumentada quando prati-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. cado contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: estrangeiro; contra funcionário público, em razão de suas funções;
Pena - reclusão, de um a quatro anos. na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
§ 2º - Se resulta a morte: da calúnia, da difamação ou da injúria; contra pessoa maior de 60
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injú-
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado ria (neste caso qualifica). Se o crime é cometido mediante paga ou
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
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DIREITO PENAL
Existe a exclusão do crime de injúria ou difamação se: • Ameaça: Ameaçar alguém de lhe causar mal injusto e grave.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte Ex. vou te matar.
ou por seu procurador (ex. discussões nas sessões de julgamento); Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cientí- qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
fica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar (ex. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
crítica de um especialista no assunto); Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, ção.
em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
do ofício (ex. avaliação de funcionário). • Sequestro e cárcere privado: Consiste em privar alguém da
sua liberdade. Ex. Juquinha prende Maria no quarto por dias. Qua-
Todavia, nos casos dos nº I e III, responde pela injúria ou pela lifica o crime se a vítima é maior de 60 anos ou menor de 18 anos,
difamação quem lhe dá publicidade. parente, o modus operandi é a internação da vítima, se dura mais
Por fim, cabe retratação, isto é, o agente antes da sentença se de 15 dias, se há fins libidinosos, resulta grave sofrimento físico ou
retrata cabalmente da calúnia ou difamação. A consequência é que moral.
ficará isento de pena. Outra opção para evitar a responsabilização Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
criminal é se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, di- ou cárcere privado:
famação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações Pena - reclusão, de um a três anos.
em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
dá satisfatórias, responde pela ofensa. I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
Quanto ao entendimento dos tribunais, algumas decisões me- nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
recem destaque: II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
• Em uma única carta pode estar configurado o crime de calú- casa de saúde ou hospital;
nia, difamação e injúria. III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
• Configura difamação edição e publicação de vídeo que faz IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
parecer que a vítima está falando mal de negros e pobres.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
• A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra
reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
autor de postagem que sugere relação extraconjugal do marido
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
com outro homem.
• Deputado que em entrevista afirma que determinada depu-
• Redução à condição análoga a de escravo: consiste em sub-
tada não merece ser estuprada pratica, em tese, crime de injúria.
meter alguém a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, condições
degradantes de trabalho, restringindo a sua locomoção em razão de
• Não deve ser punido deputado federal que profere palavras dívida contraída. Responde pela mesma pena quem cerceia o meio
injuriosas contra adversário político que também o ofendeu ime- de transporte para reter a vítima no local de trabalho, mantém vi-
diatamente antes. gilância ou se apodera de documentos da vítima com o fim retê-la.
• O advogado não comete calúnia se não ficar provada a sua Aumenta a pena se existe motivo de preconceito ou se é contra
intenção de ofender a honra, ainda que contra magistrado. criança/adolescente.
Crimes contra a liberdade pessoal Obs.: Não é requisito para a configuração do crime a restrição
• Constrangimento ilegal: Consiste em constranger alguém da liberdade de locomoção dos trabalhadores.
mediante violência ou grave ameaça, ou depois de reduzir a sua
capacidade de resistência, para não fazer o que a lei permite ou Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
a fazer o que ela não mandar. Além da pena do constrangimento, submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
é aplicada a pena da violência. Exceções: intervenção médica ou sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-
cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou seu representante do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
legal, se justificada por iminente perigo de vida, e no caso de impe- com o empregador ou preposto:
dimento de suicídio. Aumento de pena: reunião de mais de 3 pes- Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
soas ou emprego de arma. correspondente à violência.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
fazer o que ela não manda: II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim
Aumento de pena de retê-lo no local de trabalho.
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quan- § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
do, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou I – contra criança ou adolescente;
há emprego de armas. II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corresponden- origem.
tes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

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DIREITO PENAL
•Tráfico de Pessoas: Consiste em agenciar/ aliciar/recrutar/ • Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou tele-
transportar/transferir/comprar/alojar/acolher, mediante violência, fônica: Quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
grave ameaça, coação, fraude ou abuso uma pessoa tendo a finali- abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a
dade de remover partes do corpo, submetê-la a trabalho em con- terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
dições análogas a de escravo, submetê-la a servidão, adoção ilegal
ou exploração sexual. Aumenta a pena se o crime é cometido por Quem impede a comunicação ou a conversação referidas no
funcionário público; contra criança/adolescente/idoso/deficiente; número anterior;
se há retirada do território nacional; se prevalece da relação que Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico.
tem com a vítima. A pena é diminuída caso o agente seja primário e • Correspondência comercial: Abusar da condição de sócio ou
não integre organização criminosa. empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no
todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspon-
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, dência, ou revelar a estranho seu conteúdo.
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violên-
cia, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: Obs.: As penas aumentam-se de metade, se há dano para ou-
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; trem. Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico o crime qualifica-se.
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou Crimes contra a inviolabilidade dos segredos
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Violação do segredo
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: Divulgação de segredo
profissional
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de
suas funções ou a pretexto de exercê-las; Divulgar alguém, sem justa causa,
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa conteúdo de documento particular
idosa ou com deficiência; ou de correspondência confidencial, Revelar alguém, sem
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domés- de que é destinatário ou detentor, e justa causa, segredo,
ticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, cuja divulgação possa produzir dano de que tem ciência
de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício a outrem. em razão de função,
de emprego, cargo ou função; ou Qualifica divulgar, sem justa causa, ministério, ofício
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território na- informações sigilosas ou reservadas, ou profissão, e cuja
cional. assim definidas em lei, contidas ou revelação possa produzir
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for pri- não nos sistemas de informações ou dano a outrem.
mário e não integrar organização criminosa. banco de dados da Administração
Pública.
Crimes contra a inviolabilidade do domicílio - Violação de do-
micílio Por fim, configura o crime de invasão de dispositivo informá-
Entrar ou permanecer em casa alheia, de maneira clandestina/ tico o indivíduo que invade dispositivo informático alheio, conecta-
astuciosa, contra a vontade de quem de direito (ex. proprietário). do ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de
Qualifica quando o crime é cometido no período da noite, lugar mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou des-
ermo, mediante violência ou arma, 2 ou mais pessoas. Aumenta truir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do
se o agente é funcionário público. Não configura o crime se é caso titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vanta-
de prisão em flagrante ou efetuar prisão/diligências durante o dia. gem ilícita. Ex. Hacker.
Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende
ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito
É casa Não é casa
de permitir a prática da conduta. Aumenta-se a pena de um sexto
I - qualquer compartimento a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. Qualifica o
habitado; I - hospedaria, estalagem ou crime se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunica-
II - aposento ocupado de qualquer outra habitação ções eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, infor-
habitação coletiva; coletiva, enquanto aberta; mações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não
III - compartimento não aberto II - taverna, casa de jogo e autorizado do dispositivo invadido. Nesse último caso, aumenta-se
ao público, onde alguém outras do mesmo gênero. a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização
exerce profissão ou atividade. ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informa-
ções obtidas.
Em recente decisão, o STJ entendeu que configura o crime de Obs.: Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
violação de domicílio o ingresso e permanência, sem autorização, praticado contra: Presidente da República, governadores e prefei-
em gabinete de delegado de polícia, embora faça parte de um pré- tos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara
dio/repartição pública. dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de
Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Mu-
Crimes contra a inviolabilidade de correspondências nicipal; ou dirigente máximo da administração direta e indireta fe-
• Violação de correspondência: Devassar indevidamente o deral, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem.
• Sonegação ou destruição de correspondência: Se apossa in-
devidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no
todo ou em parte, a sonega ou destrói.
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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
▪ Furto privilegiado
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (FURTO, ROUBO, Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada,
EXTORSÃO, APROPRIAÇÃO INDÉBITA, ESTELIONATO E OU- o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-
TRAS FRAUDES E RECEPTAÇÃO) -la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Obs.
outros crimes patrimoniais sem violência/grave ameaça, também,
recebem o benefício.
Em primeiro lugar, é importante conhecer as alterações que o
Pacote Anticrime fez nos crimes contra o patrimônio: ▪ Furto de Coisa Comum
• No crime de roubo, a pena passou a ser aumentada de 1/3 Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si
até 1/2 se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
ARMA BRANCA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violência ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO. Por fim, aplica-se § 1º - Somente se procede mediante representação.
a pena em DOBRO se a violência ou grave ameaça é exercida com em- § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo
prego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO. valor não excede a quota a que tem direito o agente.
• O crime de estelionato passou a ter como regra de Ação Penal
Pública Condicionada a Representação. Exceção: Será de Ação pe- Roubo
nal pública INCONDICIONADA quando a vítima for: É a subtração de bens alheios violenta, com grave ameaça ou
I - a Administração Pública, direta ou indireta; reduzindo a possibilidade de resistência da vítima (ex. boa noite
II - criança ou adolescente; cinderela).
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
• A pena do crime de concussão também mudou: De Reclusão, -la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclusão, de 2 a 12 anos, e mul- Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
ta. Essa é uma novatio legis in pejus, logo, não retroage.
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
Furto
ou para terceiro.
Consiste na subtração de bem alheio, sem violência nem grave
ameaça.
— Causa de aumento
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
— Causa de aumento agente conhece tal circunstância.
A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado duran- IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
te o repouso noturno. Ex. enquanto os moradores da casa esta- transportado para outro Estado ou para o exterior;
vam dormindo o agente furta o lar. V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade.
— Qualificadoras VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de aces-
A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é sórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
cometido: montagem ou emprego.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
da coisa; de arma branca;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
destreza; I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma
III - com emprego de chave falsa; de fogo;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o em-
prego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa,
se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause — Qualificadora
perigo comum. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado pena prevista no caput deste artigo.
ou para o exterior. § 3º Se da violência resulta:
A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou (dezoito) anos, e multa;
dividido em partes no local da subtração. II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, e multa.
se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem Extorsão e Extorsão mediante sequestro
ou emprego. Os dois tipos penais não se confundem. Na extorsão, constran-
ge-se alguém, de forma violenta ou com grave ameaça, para obter
vantagem econômica. Na extorsão, mediante sequestro, seques-
tra-se a pessoa para obter qualquer vantagem, como condição ou
preço do resgate.

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DIREITO PENAL
▪ Extorsão • por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a víti-
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ma (somente se procede mediante queixa).
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer No mesmo capítulo, o Código Penal traz mais algumas figuras
alguma coisa: típicas:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. (somente se procede mediante queixa)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis- Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
posto no § 3º do artigo anterior. sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da prejuízo:
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico
▪ Extorsão mediante sequestro
ou histórico:
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se Alteração de local especialmente protegido
o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. aspecto de local especialmente protegido por lei:
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Apropriação indébita
§ 3º - Se resulta a morte: O agente apropria-se de coisa alheia, valendo-se da posse ou
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. detenção que tem dela. Ex. o motoboy que ia levar a sua pizza por
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que delivery, aproveita para apropriar-se dela. A pena é aumentada de
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, um terço, quando o agente recebeu a coisa: em depósito neces-
terá sua pena reduzida de um a dois terços. sário; na qualidade de tutor, curador, síndico (atual administrador
judicial), liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
▪ Extorsão indireta judicial; em razão de ofício, emprego ou profissão.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando Atenção: O STF, já decidiu que ressarcimento em acordo homo-
da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedi- logado no juízo cível é fundamento válido para trancar a ação penal.
mento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Obs. a apropriação indébita previdenciária (forma qualificada)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. caracteriza-se por deixar de repassar à previdência social as con-
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
Usurpação convencional, independente de dolo específico.
Dentro do capítulo usurpação estão inseridos os seguintes crimes:
• Alteração de limites: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga-
• Usurpação de águas: desviar ou represar, em proveito próprio mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
ou de outrem, águas alheias. II – recolher contribuições devidas à previdência social que te-
• Esbulho possessório: invadir, com violência a pessoa ou grave nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno produtos ou à prestação de serviços;
ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Obs. Se a pro- III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
priedade é particular, e não há emprego de violência, somente se cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
procede mediante queixa. vidência social.
• Supressão ou alteração de marca em animais: Suprimir ou § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, decla-
alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal ra, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou
indicativo de propriedade. valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Dano § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
No crime de dano, os verbos núcleos do tipo são 3 - Destruir,
mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
inutilizar ou deteriorar (coisa alheia). Ademais, em 4 situações o cri-
desde que:
me é qualificado:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
• com violência à pessoa ou grave ameaça;
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previden-
• com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato
ciária, inclusive acessórios; ou
não constitui crime mais grave;
• contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de servi- nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
ços públicos; execuções fiscais.

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§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos Induzimento à especulação
casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiên-
acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, cia ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzin-
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. do-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
da natureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu po- Fraude no comércio
der por erro, caso fortuito ou força da natureza. Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
quirente ou consumidor:
Apropriação de tesouro I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi-
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo cada ou deteriorada;
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio. II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Apropriação de coisa achada § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou par- o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
cialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei-
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Estelionato e outras fraudes § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
O estelionato caracteriza-se por obter, para si ou para outrem, van-
tagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em Outras fraudes
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
Após o Pacote Anticrime a ação passou a ser pública condicio-
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
nada à representação, salvo: se a vítima for a Administração Públi-
efetuar o pagamento:
ca, criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental, maior
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
de 70 anos de idade ou incapaz.
O Código Penal determina que deve incorrer na mesma pena Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e
do estelionato quem comete: o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
• Disposição de coisa alheia como própria;
• Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria; Fraudes e abusos na fundação ou administração de socieda-
• Defraudação do penhor; de por ações
• Fraude na entrega de coisa; Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen-
• Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro; do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia,
• Fraude no pagamento por meio de cheque. afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Estelionato contra idoso Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra constitui crime contra a economia popular.
idoso. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
vítima for: I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
I - a Administração Pública, direta ou indireta; em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao pú-
II - criança ou adolescente; blico ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
III - pessoa com deficiência mental; ou nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. parte, fato a elas relativo;
O Código Penal, inclusive, se preocupa em tipificar algumas ou- II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
tras fraudes, menos incidentes em prova: artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
Duplicata simulada ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres so-
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não cor- ciais, sem prévia autorização da assembleia geral;
responda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsi- VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desa-
ficar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. cordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou divi-
(Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) dendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa,
Abuso de incapazes
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa-
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessida-
recer;
de, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato susce-
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori-
tível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
e II, ou dá falsa informação ao Governo.
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§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Nos crimes patrimoniais existem causas de isenção de pena,
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para e causas que a ação deixa de ser pública incondicionada, para ser
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. tratada como ação penal pública condicionada à representação:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou «warrant» previstos neste título, em prejuízo:
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em de- I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
sacordo com disposição legal: II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
Fraude à execução crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
ou danificando bens, ou simulando dívidas: II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
Alguns pontos merecem atenção: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando
• Adulterar o sistema de medição de energia elétrica para pagar haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
menos que o devido é estelionato (e não furto mediante fraude); II - ao estranho que participa do crime.
• Uso de processo judicial para obter lucro é figura atípica; III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
• É justificável a exasperação da pena-base em caso de confian- superior a 60 (sessenta) anos.
ça da vítima no autor do crime de estelionato;
• O delito de estelionato não é absorvido pelo roubo de talão
de cheque. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (ESTUPRO,
IMPORTUNAÇÃO SEXUAL, ASSÉDIO SEXUAL)
Receptação
Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Perceba Todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de
que no crime de receptação, o agente tem contato com um bem Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, a denúncia é feita pelo
Ministério Público, independente de interesse da vítima.
obtido por meio de crime anterior, ex. objeto furtado.
• Estupro: Constranger alguém, mediante violência ou gra-
ve ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
▪ Receptação Qualificada
ele se pratique outro ato libidinoso.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
• Violação sexual mediante fraude: Ter conjunção carnal
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer- outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade
cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser da vítima.
produto de crime:
• Importunação sexual: Praticar contra alguém e sem a sua
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascí-
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará- via ou a de terceiro.
grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti- • Assédio sexual: Constranger alguém com o intuito de ob-
no, inclusive o exercício em residência. ter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a ao exercício de emprego, cargo ou função.
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: • Registro não autorizado da intimidade sexual: Produzir,
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com
penas. cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e priva-
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento do sem autorização dos participantes.
de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o Merece atenção os crimes sexuais praticados contra os vulne-
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a ráveis:
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. ▪ Estupro de vulnerável
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, com menor de 14 (catorze) anos:
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa conces- Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
sionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput deste artigo. Ex. receptação de bens do correio. caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por
▪ Receptação de Animal qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter § 2o (VETADO)
em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comer- § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
cialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: § 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

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DIREITO PENAL
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste ar- II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madras-
tigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou ta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade
sobre ela;
▪ Corrupção de menores III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfa- IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
zer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Estupro coletivo
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
▪ Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou ado-
lescente Estupro corretivo
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (ca- b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.
torze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato O Lenocínio, o tráfico de pessoas para fim de prostituição e
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: outras formas de exploração sexual englobam os seguintes crimes:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. • Mediação para servir a lascívia de outrem;
• Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
▪ Favorecimento da prostituição ou de outra forma de explo- sexual;
ração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. • Casa de prostituição;
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra for- • Rufianismo;
ma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por • Promoção de migração ilegal
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: É importante conhecer o que vem entendendo a jurisprudência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. • Passar as mãos no corpo da vítima configura estupro de vul-
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econô- nerável consumado;
mica, aplica-se também multa. • Beijar criança na boca configura estupro de vulnerável (beijo
§ 2o Incorre nas mesmas penas: lascivo);
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com • Contemplar lascivamente menor de 14 anos nua configura
alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situa- estupro de vulnerável;
ção descrita no caput deste artigo; • Cabe absolvição do crime de estupro de vulnerável se prova-
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que do o desconhecimento da idade da vítima (erro de tipo);
• Beijo roubado em contexto de violência física pode configurar
se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
estupro.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório
da condenação a cassação da licença de localização e de funciona-
Por fim, há um capítulo de ultraje público, que engloba 2 crimes:
mento do estabelecimento.
Ato obsceno
▪ Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou
vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia
exposto ao público:
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio
- inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de infor- Escrito ou objeto obsceno
mática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovi- Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua
sual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública,
que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não cons- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
titui crime mais grave. I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer
dos objetos referidos neste artigo;
Aumento de pena II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, represen-
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) tação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou
se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
humilhação. rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Exclusão de ilicitude A pena é aumentada:
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas des- • de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez;
critas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, • de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite
científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que im- à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria
possibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autoriza- saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiên-
ção, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. cia.
Quanto às causas de aumento de pena é importante conhecer
a literalidade da letra da lei:
Art. 226. A pena é aumentada:
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2
(duas) ou mais pessoas;
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DIREITO PENAL
É importante saber que, O STJ, em recente julgado, conside- Neste caso, o funcionário público tem a posse, ou seja, o bem
rou que o crime de estupro de vulnerável NÃO pressupõe o sexo específico encontra-se em suas mãos, de modo que, dolosamente,
vaginal, anal ou oral para a sua configuração. Ademais, “O crime ele transforma tal posse em domínio, para si mesmo ou para ou-
de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou trem, dando assim, ao objeto material, destinação diversa da que
prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo IRRELEVAN- lhe foi confiada.
TE eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua ex-
periência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso Sujeito ativo
com o agente” (Súmula 593, STJ). Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capí-
tulo do Código Penal, trata-se do funcionário público, sendo cabível
apenas a participação de pessoas que não o sejam.

CORRUPÇÃO ATIVA. CORRUPÇÃO PASSIVA. Sujeito passivo


Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítu-
lo do Código Penal, trata-se do Estado e do particular prejudicado.
Dos crimes contra a administração pública
Peculato Impróprio ou Peculato Furto (Art. 312, § 1º, CP)
Dos crimes praticados por funcionário público contra a admi- A diferença entre este caso e o Peculato Próprio, é que aqui,
nistração em geral apesar do funcionário público valer-se de seu cargo para subtrair
ou concorrer para que o bem se subtraia, ele não retém a posse
Peculato – Art. 312 desse bem.

O Título XI, Capítulo I do Código Penal refere-se aos crimes pró- Peculato Culposo (Art. 312, § 2º, CP)
prios de funcionários públicos contra a Administração em geral. Ocorre quando, de forma culposa (por negligência, imprudên-
No caso, particulares podem participar dos mesmos apenas cia ou imperícia), apesar de não possuir vontade para que se ocorra
como coautores, caso concorram de qualquer modo para realização a subtração ou apropriação do bem, o funcionário público cria uma
de um desses crimes. oportunidade para que um outro funcionário público ou um tercei-
Tais crimes são denominados de crimes funcionais, já que são ro pratique o crime.
praticados por pessoas que se dedicam à realização das funções ou
atividades estatais, exigindo a qualidade do sujeito ativo, como fun- Peculato mediante erro de outrem - Art. 313
cionário público e a intenção de dolo. Também são denominados
como crimes de responsabilidade. Este crime também é chamado de Peculato Estelionato, onde o
Lembrando que o conceito de funcionário público para efeitos funcionário público, no exercício de seu cargo, se apropria de bens
penais encontra-se disposto no Art. 327 do CP. ou valores que recebeu de outrem, mediante erro.

Crimes Funcionais Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art.


Dividem-se em: 313-A e Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações - Art. 313-B
→ Crime Funcional Próprio: para a caracterização do crime é
indispensável que o mesmo seja realizado por funcionário público É a principal diferença entre esses dois crimes, conhecidos
(função de cargo público). Exemplo: Crime de Prevaricação, previsto como Peculato via informática, o fato do funcionário público, no
no Art. 319 do CP, se este crime não for praticado por funcionário caso do Art. 313-A, ser autorizado para o exercício daquela função,
público, será inexistente, pois o fato torna-se irrelevante. onde aproveita-se para cometer o crime.
Exemplo: o funcionário público autorizado a preencher o painel
→ Crime Funcional Impróprio: o sujeito ativo destes crimes é eletrônico do Congresso Nacional, viola o mesmo e altera o cômpu-
funcionário público, assim, eles recebem uma denominação espe- to dos votos dos parlamentares.
cífica pelo exercício da função. Porém, se tais crimes forem cometi- Já no caso do Art. 313-B, o funcionário público não possui au-
dos por particulares, sem investimento de cargo público, receberão torização ou solicitação de autoridade competente para realização
outra denominação. da atividade onde cometeu o crime.
Exemplo: Crime de Peculato (Art. 312 do CP), quando não pra-
ticado por funcionário público no exercício de sua função, recebe a Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento -
denominação de Apropriação Indébita (Art. 168 do CP). Art. 314
No caso exemplificado acima, ambos crimes se caracterizam
pela apropriação de coisa alheia, sendo a Apropriação Indébita, cri- A ação física deste crime divide-se em três hipóteses:
me comum, praticado por qualquer pessoa, enquanto o Peculato, → Extraviar, ou seja, mudar o destino ou o fim, para onde o
trata-se de crime próprio, praticado apenas por funcionário público. livro ou documento público deveria ser encaminhado;
→ Sonegar, ou seja, não apresentar o livro ou documento pú-
Peculato Próprio (Art. 312 CP) blico no local devido, cometendo sua ocultação intelectual ou frau-
Cometerá o crime de Peculato, o funcionário público que, apro- dulenta;
priar-se (para ele mesmo, ou desviar para outra pessoa), dinheiro → Inutilizar, ou seja, tornar o livro ou documento público im-
ou qualquer outro bem, que recebeu em razão de seu cargo públi- prestável, estraga-lo, arruína-lo, seja no todo ou parcialmente.
co.

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DIREITO PENAL
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315 Prevaricação – Art. 319

Neste crime, ao invés de ocorrer a destinação das verbas ou Este crime consiste em praticar, ou deixar de praticar, indevi-
rendas públicas, aos entes públicos determinados, ocorre um des- damente, ato de ofício, ou praticar o mesmo contra disposição ex-
vio daquelas, dentro da própria administração, de modo que as pressa em lei, para a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.
mesmas se destinam para local diverso do previsto. O crime de Prevaricação é um crime demasiadamente come-
tido no funcionalismo público, verificando-se quando o funcioná-
Concussão – Art. 316 rio público, por qualquer sentimento pessoal (inveja, ciúmes, ódio,
amor, pena, etc.), ou para satisfazer seu interesse pessoal (promo-
Este crime também é conhecido como extorsão praticada por ção, recebimento de comissão legal, vantagem funcional na carrei-
funcionário público no exercício de sua função, ou a pretexto da ra, proteção de um direito seu, seja na vida particular, familiar ou de
mesma. amizade, etc.), indevidamente pratica, retarda ou deixa de praticar,
Ele ocorre quando o funcionário público exige, seja para si algum ato de seu ofício, contrariamente a uma expressa disposição
mesmo ou para outrem, uma vantagem indevida de alguém, apro- de lei.
veitando-se do cargo ou função que exerça para formular esta exi- É importante observarmos que se o funcionário público agir ce-
gência. dendo a pedido de outrem e impelido por promessa de vantagem
Neste caso, mesmo que o funcionário público não esteja pre- indevida, ele cometerá o crime de Corrupção Passiva.
sente naquele momento no exercício de sua função, ou até mesmo
ainda não a tenha assumido, caso a exigência de vantagem indevida Condescendência criminosa - Art. 320
tenha sido em razão desta função, já se configura o crime de con-
cussão. Condescendência refere-se à aceitação, conivência, indulgên-
A diferença entre os crimes de Concussão e Extorsão, é que cia, ou seja, consiste no superior hierárquico, prover-se de senti-
apesar de ambos serem caracterizados pela exigência da vantagem mento de pena, e a partir deste sentimento, omitir determinado
indevida, a Concussão trata-se de crime próprio, apenas podendo ato, que configurou um delito de seu subordinado, com a finalidade
ser praticada por funcionário público. de se evitar a punição do mesmo. Seria o vulgo “coleguismo” ou
“apadrinhamento”.
Corrupção Passiva – Art. 317
É importante se atentar ao fato de que o crime de Condescen-
Da mesma forma que o crime de Concussão seria a Extorsão dência é muito parecido com o crime de Prevaricação. Na verdade,
praticada por funcionário público no exercício da sua função, a Cor- este seria uma forma especial do outro, pois aqui também há uma
rupção seria o Rufianismo (Art. 230 CP) praticado pelo mesmo. omissão (deixar de praticar) algo, com o objetivo de atender a um
Para a caracterização do crime de Corrupção Passiva não é sentimento pessoal (indulgência, piedade, condescendência, etc.).
necessário que o funcionário público receba a vantagem indevida,
bastando apenas solicitar a mesma. Advocacia administrativa – Art. 321
Aqui também não faz diferença se aquilo solicitado ou recebido
seja uma vantagem indevida, mas já é suficiente a simples aceitação A partir da análise doutrinária, pode-se verificar que a conduta
da promessa de vantagem pelo servidor para a caracterização do praticada pelo agente, apta a configurar o crime de advocacia admi-
crime. nistrativa, não consiste em uma atividade de “advogado”, tal como
Há uma sutil diferença entre os crimes de Concussão e Corrup- o termo “advocacia administrativa” em um primeiro momento su-
ção Passiva. Se há exigência, há Concussão, porém, se há simples gere, mas sim em um ato de funcionário público que “advoga”, ou
solicitação, há Corrupção Passiva. seja, patrocina, pleiteia em favor de outrem, valendo-se de sua con-
dição, de funcionário público, em interesse de terceiro particular.
Diferença entre Corrupção Passiva e Corrupção Ativa A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que sig-
A Corrupção Passiva é um crime praticado por funcionário pú- nifica advogar, proteger, beneficiar, favorecer, defender. O agente
blico, onde o mesmo solicita ou recebe vantagem indevida de al- deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público
guém; lhe proporciona.
Já a Corrupção Ativa (Art. 333 CP), é um crime praticado por O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público
particular contra a administração, consistindo na oferta ou promes- pessoalmente advoga os interesses privados perante a Administra-
sa de vantagem indevida deste particular ao servidor público, para ção Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta
determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. pessoa para a defesa dos interesses privados perante a Administra-
Em outras palavras, seria o suborno do funcionário público. ção Pública.
“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo par-
Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318 ticular, legítima ou ilegítima, perante a Administração. Se o interes-
se for ilegítimo, a pena será maior.
Trata-se de crime próprio de funcionário público, que em sua Entretanto, prevalece na doutrina e na jurisprudência o en-
função, facilita a prática de contrabando ou descaminho. tendimento de que somente caracteriza o delito o patrocínio, pelo
funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração.
→ Contrabando refere-se a entrada ou saída de produtos no Caso o interesse seja “próprio” do funcionário, não estará configu-
País, cuja comercialização dos mesmos não é permitida, ou seja, rado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional.
refere-se à importação ou exportação de mercadorias ilegais e proi-
bidas.
→ Descaminho refere-se a comercialização permitida de pro-
dutos, no entanto, estes adentram o País de forma ilegal, com a
finalidade do não pagamento dos impostos devidos.
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DIREITO PENAL
Violência arbitrária – Art. 322 Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326

O tipo penal que compõe o crime de violência arbitrária tutela Quanto ao crime de Violação do sigilo de proposta de concor-
o bem jurídico Administração Pública, sobretudo no que diz respei- rência, devemos nos atentar ao fato de que, com o advento da Lei
to à moralidade do serviço, bem como o bem jurídico, integridade n° 8.666/93 (Lei de Licitações), o mesmo foi tacitamente revogado
física. por seu art. 94:
O objeto material do delito será o administrado, submetido ao Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi-
poder estatal, contra o qual é praticada a violência ilegal perpetrada mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
pelo funcionário público. Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Como núcleo do crime, temos o verbo praticar que é sinônimo
de exercer ou cometer. A violência, por sua vez, deve ser entendida Por revogação tácita designa-se a eliminação da vigência de
somente como a vis corporalis, abrangendo vias de fato, lesão cor- uma norma por apresentar-se incompatível com outra norma pos-
poral ou homicídio. terior, em um determinado caso concreto. Assim, a revogação tácita
O emprego da violência deve ser arbitrário, não se englobando ocorre quando o aplicador constata que disposições contraditórias
situações, como por exemplo, de legitima defesa ou estrito cumpri- foram publicadas em momentos diferentes.
mento do dever legal. Desse modo, esta revogação tem lugar quando normas suces-
sivas no tempo apresentam contradição uma em relação à outra.
Abandono de função – Art. 323 Para resolver o conflito, emprega-se o chamado critério cronológico
(critério da lex posterior).
O crime de Abandono de função trata-se de crime contra a Ad- Conforme dispõe a LINDB, art. 2º, deve-se entender que a nor-
ministração Pública que se configura quando o funcionário público ma anterior foi revogada pela posterior, ainda que não expressa
se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocan- (descrita no tipo literal) esta revogação.
do em risco a regularidade dos serviços prestados.
Funcionário público – Art. 327
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado –
Art. 324 São considerados funcionários públicos, para fins penais, quem
exerce cargo, emprego ou função pública.
Este crime pode ser tipificado por dois verbos: entrar ou con-
tinuar. Cargos públicos: são as mais simples e indivisíveis unidades de
O verbo entrar no exercício, significa iniciar o desempenho de competência a serem expressadas por um agente, previstas em um
determinada atividade pública antes mesmo de satisfeitas as exi- número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas
gências legais, ou seja, antes da investidura (nomeação, posse) legal jurídicas de direito público e criadas por lei;
do cargo de funcionário público.
Já o verbo continuar a exercê-la, significa prosseguir no desem- Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho a se-
penho de determinada atividade, sem autorização, depois do fun- rem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los,
cionário público ser oficialmente notificado de que foi exonerado, sob relação trabalhista. O regime jurídico é o trabalhista (contra-
removido, substituído ou suspenso daquele cargo. tual), embora pontualmente derrogado por normas de direito pú-
blico, sobretudo as que diretamente constam do texto constitu-
Violação de sigilo funcional – Art. 325 cional. É a forma de contratação própria das pessoas jurídicas de
direito privado;
O crime de Violação de sigilo funcional ocorre quando um fun-
cionário público revela fato de que tem ciência em razão do cargo e Funções públicas: são as funções de confiança e as exercidas
que deva permanecer em segredo, ou facilita a sua revelação. pelos agentes públicos contratados por tempo determinado para
A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.
o sigilo funcional de forma intencional (este crime não admite a Importante ressaltar que, ainda que a função pública seja exer-
forma culposa), dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito, cida transitoriamente e sem remuneração, poderá o agente ser con-
verbalmente, mostrando documentos, etc. siderado funcionário público para fins penais. Por isso, jurados e
A conduta de facilitar a divulgação do segredo, também deno- mesários eleitorais não estão afastados do conceito.
minada divulgação indireta, dá-se quando o funcionário público,
querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota de- Segue abaixo os dispositivos legais do Código Penal referentes
terminado procedimento que torna a descoberta acessível a outras ao presente tópico:
pessoas.
A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas in- TÍTULO XI
frações penais equiparadas, punindo com as mesmas penas do DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
“caput” quem: CAPÍTULO I
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e DOS CRIMES PRATICADOS
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pes- POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
soas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Peculato
O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclu- Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
são, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
dano à Administração ou a terceiro. a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
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DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre Corrupção passiva
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
Peculato culposo vantagem:
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
outrem: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
Pena - detenção, de três meses a um ano. vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
posterior, reduz de metade a pena imposta. de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
fluência de outrem:
Peculato mediante erro de outrem Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Facilitação de contrabando ou descaminho
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho (art. 334):
Inserção de dados falsos em sistema de informações Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser-
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- Prevaricação
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra- Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
outrem ou para causar dano: zer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho tele-
mações fônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor- presos ou com o ambiente externo:
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Condescendência criminosa
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa-
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi- bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
nistração Pública ou para o administrado. quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente:
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
Advocacia administrativa
parcialmente:
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun-
crime mais grave.
cionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
estabelecida em lei: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Violência arbitrária
Concussão Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex-
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen- to de exercê-la:
te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
dela, vantagem indevida: respondente à violência.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
Excesso de exação em lei:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na co- § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou- teira:
trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públi- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
cos:
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Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, de caráter preventivo.
substituído ou suspenso: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
Violação de sigilo funcional intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e de medida legal.
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
não constitui crime mais grave. de um a quatro anos.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em- a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a re-
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas clusão é de oito a dezesseis anos.
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Administração Pública;
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú-
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação
blica ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Violação do sigilo de proposta de concorrência § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi- prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: da pena aplicada.
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia.
Funcionário público § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
cargo, emprego ou função pública. tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasilei-
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em- ra ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
execução de atividade típica da Administração Pública. 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi- QUESTÕES
ca ou fundação instituída pelo poder público.

1. (AV MOREIRA - 2020 - PREFEITURA DE NOSSA SENHORA DE


NAZARÉ - PI - PROCURADOR MUNICIPAL) Marque a alternativa em
LEI N° 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997 (CRIMES DE que o princípio constitucional do direito penal NÃO corresponde ao
TORTURA) seu conceito.
(A) Princípio da Individualização da Pena: Qualquer que seja
a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade, ao patrimônio
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio
transferido em herança para quitar obrigação de decretação de
Define os crimes de tortura e dá outras providências.
perdimento de bens e de reparação de dano.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- (B) Princípio da Irretroatividade: Enquanto as leis em geral go-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: zam de retroatividade mínima – alcançam obrigações vencidas
não pagas e por vencer –, a lei definidora de crime não retroage
Art. 1º Constitui crime de tortura: senão para beneficiar o réu.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave (C) Princípio da Legalidade: A norma basilar do Direito Penal é
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a não existência de crime sem lei anterior que o defina. Isto é,
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da para que uma conduta seja considerada um delito, é preciso
vítima ou de terceira pessoa; que seu dispositivo e sua hipótese de incidência estejam pre-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; vistos em um documento escrito que superou todas as etapas
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do processo legislativo.
(D) Princípio da Presunção da Inocência: Ninguém será consi-
derado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
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DIREITO PENAL
(E) Princípio da Responsabilidade Pessoal: Qualquer que seja (D) Crime praticado em embarcação de propriedade de gover-
a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade, ao patrimônio no estrangeiro, quando se encontrar em mar territorial brasilei-
e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio ro, ficará sujeito à lei penal brasileira.
transferido em herança para quitar obrigação de decretação de (E) Crime praticado em aeronave brasileira de propriedade pri-
perdimento de bens e de reparação de dano. vada em território estrangeiro não se sujeita à lei penal brasi-
leira, mesmo que não seja julgado no exterior.
2. (FGV - 2019 - MPE-RJ - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
PROCESSUAL) Renato, Bruno e Diego praticaram diferentes crimes 5. (CONSULPLAN - 2019 - TJ-MG - TITULAR DE SERVIÇOS DE NO-
de roubo com emprego de armas brancas. Renato, no ano de 2017, TAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO) A norma penal incriminadora é
foi condenado definitivamente pelo crime de roubo majorado pelo formada basicamente por dois preceitos: o preceito primário (ou
emprego de arma, pois, em 2015, teria, com grave ameaça exercida preceptum juris), em que se prevê a conduta abstrata que a socie-
com emprego de faca, subtraído um celular. Bruno foi condenado, dade pretende punir, o preceito secundário (ou sanctio juris), em
em primeira instância, em março de 2018, também pelo crime de que se fixa a sanção penal correspondente. As normas que necessi-
roubo majorado pelo emprego de arma, já que teria utilizado um tam de complementação no preceito secundário, por não trazerem
canivete para ameaçar a vítima e subtrair sua bolsa. A decisão ain- a cominação da pena correspondente à prática da conduta típica
da está pendente de confirmação diante de recurso do Ministério são chamadas de normas penais:
Público, apenas. Diego, por sua vez, responde à ação penal pela su- (A) Explicativas.
posta prática de crime de roubo majorado pelo emprego de arma, (B) Em branco homogêneas.
que seria um martelo, por fatos que teriam ocorrido em fevereiro (C) Em branco heterogêneas.
de 2018, estando o processo ainda em fase de instrução probatória. (D) Imperfeitas (ou incompletas strictu sensu).
Ocorre que, em abril de 2018, entrou em vigor lei alterando o art.
157 do CP, sendo revogado o inciso I do parágrafo 2º, e passando 6. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Ocorrido um
a prever que apenas o crime de roubo com emprego de arma de fato criminoso, às vezes duas ou mais normas se apresentam para
fogo funcionaria como causa de aumento de pena. Considerando regulá-lo, surgindo o chamado conflito aparente de normas. A res-
apenas as informações expostas e que a inovação legislativa não peito de tal questão, assinale a afirmativa incorreta.
teria inconstitucionalidades, as novas previsões: (A) A pluralidade de fatos e a pluralidade de normas são pressu-
(A) seriam aplicáveis a Diego, que ainda não possui sentença postos do conflito, que aparentemente com eles se identificam.
condenatória em seu desfavor, com base no princípio da re- (B) O princípio da subsidiariedade atua como “soldado de re-
troatividade da lei penal benéfica, mas não seriam aplicáveis a serva”, aplicando a norma subsidiária menos grave quando im-
Renato e Bruno; possível a aplicação da norma principal mais grave.
(B) não seriam aplicáveis a Renato, que já possui condenação com (C) A questão da progressão criminosa e do crime progressivo é
trânsito em julgado, aplicando-se o princípio da irretroatividade resolvida pelo princípio da absorção ou consunção.
da lei penal, mas deveriam ser aplicadas a Bruno e Diego; (D) Na progressão criminosa, o agente inicialmente pretender
(C) não seriam aplicáveis a Renato, Bruno nem a Diego, já que praticar um crime menos grave, e, depois, resolve progredir
os fatos imputados teriam ocorrido antes de sua entrada em para o mais grave.
vigor, aplicando-se o princípio da irretroatividade da lei penal; (E) No crime progressivo, o sujeito, para alcançar o crime queri-
(D) seriam aplicáveis a Renato, Bruno e Diego, em razão do do, passa necessariamente por outro menos grave que aquele
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica; desejado.
(E) seriam aplicáveis apenas a Bruno e Diego, mas não a Rena-
to, diante do princípio do tempus regit actum. 7. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - PROMOTOR DE JUSTIÇA – REA-
PLICAÇÃO) A clássica frase a seguir inaugurou uma nova fase na
3. (VUNESP - 2018 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Segun- dogmática jurídico-penal: « O caminho correto só pode ser deixar
do o disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Se as decisões valorativas político-criminais introduzirem-se no siste-
depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena ma de direito penal” . Assinale a alternativa em que consta o autor
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.” Essa norma de da referida afirmação, bem como o sistema jurídico-penal a que se
direito penal é representada pelo Princípio refere:
(A) da Individualização da Pena. (A) Edmund Mezger - neokantismo penal
(B) da Legalidade. (B) Claus Roxin - funcionalismo teleológico racional
(C) da Norma Penal em Branco. (C) Günther Jakobs - funcionalismo sistêmico radical
(D) da Presunção da Inocência. (D) Hans Welzel - finalismo penal
(E) da Retroatividade.
8 (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - PERITO OFICIAL CRIMINAL -
4. (CESPE - 2019 - TJ-DFT - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE ÁREA 8) O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que
REGISTROS – REMOÇÃO) Acerca das regras de territorialidade e de não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direi-
extraterritorialidade da lei penal, assinale a opção correta. to próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
(A) Crime de genocídio praticado fora do território brasileiro exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude?
poderá ser julgado no Brasil quando cometido contra povo alie- (A) Legítima defesa.
nígena por estrangeiro domiciliado no Brasil. (B) Estado de necessidade.
(B) O brasileiro que praticar crime em território estrangeiro po- (C) Estrito cumprimento de dever legal.
derá ser punido, devendo ser aplicada ao fato a lei penal brasi- (D) Exercício regular de direito.
leira, ainda que o agente não mais ingresse no Brasil. (E) Consentimento do ofendido.
(C) Crime contra a administração pública nacional praticado no
exterior ficará sujeito à lei brasileira quando o agente criminoso
que estava a serviço da administração regressar ao Brasil.
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DIREITO PENAL
9. (VUNESP - 2019 - TJ-AL - NOTÁRIO E REGISTRADOR – REMO- (B) A pena pode ser reduzida em um sexto, se o agente, em vir-
ÇÃO) No tocante ao concurso do pessoas, é correto afirmar que tude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
(A) se entende por participe aquele que pratica a conduta des- mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz
crita no verbo núcleo do tipo penal. de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
(B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas acordo com esse entendimento.
penas para este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (C) No concurso de pessoas, se a participação for de menor im-
(C) a participação de menor Importância conduz à exclusão da portância, a pena pode ser diminuída de um a dois terços.
culpabilidade. (D) São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando
(D) se algum dos agentes quis participar de crime menos grave, o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um)
responderá por este ainda que fosse previsível o resultado mais anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
grave. (E) A prescrição da pena de multa ocorrerá em um ano, quando
a multa for a única cominada ou aplicada.
10. (GUALIMP - 2020 - PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DE MA-
CABU - RJ – PROCURADOR) O Código Penal Brasileiro define que 14. (FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS) - 2019 - MPE-MG -
as penas privativas de liberdade deverão ser executadas de forma PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Analise as assertivas sobre a
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados determi- prescrição e marque a alternativa correta:
nados critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime I. Os prazos fornecidos pelos incisos do artigo 109 do Código
mais rigoroso, poderá, desde o início, cumprir sua pena em regime Penal servirão não só para o cálculo da prescrição, considerando-se
semiaberto, o condenado: a pena máxima em abstrato, como também para aqueles relativos à
(A) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) pena já concretizada na sentença condenatória.
anos. II. A prescrição superveniente ou intercorrente ocorre depois
(B) A pena superior a 8 (oito) anos. do trânsito em julgado para a acusação, ou quando improvido seu
(C) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 2 (dois) recurso, tomando-se por base a pena fixada na sentença penal con-
anos. denatória, e permite a confecção do título executivo judicial.
(D) Não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e III. O parâmetro para o limite da suspensão do curso do prazo
não exceda a 8 (oito) anos. prescricional, em caso de suspensão do processo nos termos do ar-
tigo 366 do Código de Processo Penal, é aquele determinado pelos
11. (CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) O be- incisos do artigo 109 do Código Penal, adotando-se o máximo da
nefício da suspensão condicional da pena — sursis penal — pena abstratamente cominada ao delito.
(A) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liber- IV. Em relação às hipóteses previstas no artigo 117 do Código
dade, desde que esta não seja superior a quatro anos e que Penal, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a
aquele não seja reincidente em crime doloso. todos os autores do crime, exceto nos casos de reincidência e pro-
(B) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou núncia.
grave ameaça, desde que a pena privativa de liberdade aplica- V. As causas de aumento e de diminuição de pena influenciam
da não seja superior a dois anos. no cálculo da prescrição, que deverá ser feito considerando o per-
(C) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de mul- centual de maior elevação, nas hipóteses de causas de aumento de
ta, casos em que se suspenderá, também, a execução dessas pena de quantidade variável, e o de menor redução, nas hipóteses
penas. de causas de diminuição de pena de quantidade variável.
(D) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da super-
veniência de sentença condenatória irrecorrível por crime do- (A) As assertivas I, III e IV estão corretas.
loso, culposo ou contravenção contra o beneficiário. (B) As assertivas II, III, IV e V estão corretas.
(E) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao (C) As assertivas I, III e V estão corretas.
beneficiário, seja proferida sentença para declarar a extinção (D) As assertivas I, II e V estão corretas.
da punibilidade do agente.
15. (CESPE - 2019 - TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL
12. (FCC - 2019 - DPE-AM - ANALISTA JURÍDICO DE DEFENSORIA DE JUSTIÇA AVALIADOR) Pedro, com vinte e dois anos de idade, e
- CIÊNCIAS JURÍDICAS) O concurso formal de crimes ocorre quando Paulo, com vinte anos de idade, foram denunciados pela prática de
(A) o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma só ação furto contra Ana. A defesa de Pedro alegou inimputabilidade. Paulo
ou omissão. confessou o crime, tendo afirmado que escolhera a vítima porque,
(B) as circunstâncias pessoais do crime se comunicam aos co- além de idosa, ela era sua tia. Com relação a essa situação hipoté-
autores. tica, julgue o item subsecutivo, a respeito de imputabilidade penal,
(C) a sentença aplica pena privativa de liberdade e pena de crimes contra o patrimônio, punibilidade e causas de extinção e
multa para o mesmo crime. aplicação de pena: Em relação a Paulo, o prazo prescricional será
(D) praticam-se dois ou mais crimes, mediante mais de uma reduzido à metade.
ação ou omissão. ( ) CERTO
(E) um crime é praticado por duas ou mais pessoas previamen- ( ) ERRADO
te ajustadas para tanto.
16. (CESPE - 2020 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA DE EN-
13. (INSTITUTO AOCP - 2020 - PREFEITURA DE BETIM - MG - TRÂNCIA INICIAL) Acerca do delito de homicídio doloso, assinale a
ANALISTA JURÍDICO) Segundo o Código Penal, assinale a alternativa opção correta.
correta. (A) Constitui forma privilegiada desse crime o seu cometimen-
(A) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, to por agente impelido por motivo de relevante valor social ou
aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença moral, ou sob influência de violenta emoção provocada por ato
condenatória transitada em julgado. injusto da vítima.
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DIREITO PENAL
(B) A qualificadora do feminicídio, caso envolva violência do- 20. (FAFIPA - 2019 - CREA-PR - AGENTE PROFISSIONAL – ADVO-
méstica, menosprezo ou discriminação à condição de mulher, GADO) Considerando o seguinte fato: Tício finge ser cliente da loja
não é incompatível com a presença da qualificadora da moti- X e ali efetua a compra de um par de meias no valor de R$ 10,90.
vação torpe. No momento do pagamento, faz confusão dentro da loja, finge que
(C) A prática desse crime contra autoridade ou agente das for- paga pelo produto e induz o funcionário a lhe devolver troco. Esse
ças de segurança pública é causa de aumento de pena. fato típico enquadra-se como o delito de:
(D) É possível a aplicação do privilégio ao homicídio qualificado (A) Furto.
independentemente de as circunstâncias qualificadoras serem (B) Furto mediante fraude.
de ordem subjetiva ou objetiva. (C) Apropriação indébita.
(E) Constitui forma qualificada desse crime o seu cometimento (D) Estelionato.
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de (E) Roubo.
segurança, ou por grupo de extermínio.
21. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – INVESTIGADOR) Em rela-
17. (IBFC - 2020 - EBSERH – ADVOGADO) O atual Código de Di- ção aos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa correta.
reito Penal, recepcionado pela Constituição de 1988, inicia a Parte (A) É isento de pena o agente que pratica o crime de roubo con-
Especial tratando dos crimes contra a pessoa. Sobre eles, assinale a tra seu cônjuge, na constância da sociedade conjugal.
alternativa incorreta. (B) É isento de pena o agente que pratica o crime de furto em
(A) Também é crime se a lesão corporal for praticada contra prejuízo de seu cônjuge, que possui 50 anos de idade, na cons-
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou tância da sociedade conjugal.
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecen- (C) A pena do delito de receptação é reduzida de um a dois
do-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de terços se o crime for praticado contra descendente, seja o pa-
hospitalidade rentesco legítimo ou ilegítimo.
(B) Trata-se de homicídio qualificado aquele cometido contra a (D) A pena do delito de furto é aumentada de um terço se o
mulher por razões da condição do sexo feminino crime for praticado em prejuízo do cônjuge, na constância da
(C) É crime o aborto de feto com anencefalia sociedade conjugal.
(D) É crime contra a pessoa praticar, com o fim de transmitir a (E) É isento de pena quem pratica o crime de extorsão em pre-
outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de juízo do cônjuge judicialmente separado.
produzir contágio
(E) É crime abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guar- 22. (CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Assi-
da, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de nale a opção correta no que se refere aos crimes contra a proprie-
defender-se dos riscos resultantes do abandono dade imaterial.
(A) A violação de direito autoral qualificada se configura com o
18. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ LEIGO) Márcio e dolo genérico.
Pedro eram amigos havia anos. Tendo descoberto que Pedro estava (B) O plágio de obras literárias, científicas ou artísticas é regido
saindo com a sua ex-esposa, Márcio planejou matar Pedro durante por lei própria, não sendo abrangido pelo tipo de violação de
uma pescaria que fariam juntos. Durante uma tempestade, em al- direito autoral nas suas formas simples ou qualificadas.
to-mar, Márcio aproveitou-se de um deslize de Pedro para de fato (C) A materialidade do crime de violação de direito autoral
matá-lo. Logo após a conduta, Márcio percebeu que na canoa onde pode ser provada mediante perícia por amostragem sobre os
estavam só havia um colete salva-vidas e que, em razão disso, a aspectos externos do material apreendido.
eliminação de Pedro foi sua única chance de sobreviver. A canoa (D) A absolvição do réu no crime de violação de direito autoral
afundou e Márcio sobreviveu ao naufrágio. Nessa situação hipoté- é possível com base na teoria da adequação social e no princí-
tica, Márcio pio da insignificância.
(A) cometeu crime de homicídio qualificado. (E) A violação de direitos autorais é crime processado mediante
(B) não cometeu crime, porque agiu em legítima defesa da ação pública condicionada à representação, quando cometida
honra. na forma simples.
(C) cometeu crime, mas sua conduta será justificada pelo esta-
do de necessidade putativo. 23. (MPE-SP - 2017 - MPE-SP - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBS-
(D) não cometeu crime, porque agiu em estado de necessida- TITUTO) A simples exposição à venda de cópias não autorizadas de
de. filmes sob a forma de DVD constitui
(E) cometeu crime, mas sua pena será diminuída porque agiu (A) apenas um ilícito civil.
em estado de necessidade. (B) mero ato preparatório.
(C) fato atípico.
19. (VUNESP - 2020 - EBSERH – Advogado) O crime de roubo (D) crime contra a propriedade imaterial.
tem pena aumentada (CP, art. 157, § 2° e 2° A) se (E) contravenção relativa à violação de objeto.
(A) o bem subtraído é de propriedade de ente público Munici-
pal, Estadual ou Federal.
(B) a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
(C) praticado em transporte público ou coletivo.
(D) cometido por quem, embora transitoriamente ou sem re-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
(E) cometido por quem for ocupante de cargos em comissão ou
de função de direção ou assessoramento de órgão de empresa
pública.
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24. (CESPE - 2015 - DPE-RN - DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Va- (B) Para a configuração típica do crime de aliciamento de tra-
nessa foi presa em flagrante enquanto vendia e expunha à venda cerca balhadores de um local para outro do território nacional, é ne-
de duzentos DVDs piratas, falsificados, de filmes e séries de televisão. cessária a ação de recrutar seduzindo, mais de um trabalhador,
Realizada a devida perícia, foi confirmada a falsidade dos objetos. In- com o fim de levá-los para qualquer lugarejo, mas desde que
capaz de apresentar autorização para a comercialização dos produtos, afastado daquele em que ocorreu o aliciamento.
Vanessa alegou em sua defesa que desconhecia a ilicitude de sua con- (C) Para a configuração típica do crime de redução a condição
duta. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta análoga a de escravo, o consentimento da vítima é elemento
à luz da jurisprudência dominante dos tribunais superiores. essencial a ser aferido, haja vista que não incide a punição em
(A) Vanessa é isenta de culpabilidade, pois incidiu em erro de hipótese alguma, quando tal consentimento tenha sido dado,
proibição. expressa ou tacitamente, pelo ofendido.
(B) O MP deve comprovar que os detentores dos direitos au- (D) Para a configuração típica do crime de redução a condição
torais das obras falsificadas sofreram real prejuízo para que a análoga a de escravo basta que a vítima tenha sido submetida,
conduta de Vanessa seja criminosa. eventualmente, a apenas uma jornada exaustiva de trabalho,
(C) A conduta de Vanessa ofende o direito constitucional que ou a um episódio degradante de trabalho, casos em que há evi-
protege a autoria de obras intelectuais e configura crime de dente violação da dignidade humana.
violação de direito autoral. (E) Para a configuração típica do crime de atentado contra a
(D) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é liberdade de trabalho, a grave ameaça capaz de constranger
atípica em razão da incidência do princípio da adequação so- alguém a trabalhar durante certo período de tempo ou em
cial. determinados dias, pode se consubstanciar na promessa, pelo
(E) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é empregador, de rescisão do contrato de trabalho.
atípica em razão da incidência do princípio da insignificância.
28. (CESPE - 2017 - DPE-AL - DEFENSOR PÚBLICO) No que tange
25. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - EN- aos crimes contra o sentimento religioso, assinale a opção correta.
FERMEIRO PSF) O crime de “Invasão do estabelecimento industrial, (A) Para que configure crime, a prática do escárnio deve expres-
comercial ou agrícola. Sabotagem” é caracterizado pela conduta sar o fim específico de ofender o sentimento religioso de um
típica de: indivíduo, como elemento subjetivo do injusto.
(A) Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, (B) A caracterização desse tipo de crime exige que a prática de
praticando violência contra pessoa ou contra coisa escárnio seja efetuada na presença do sujeito passivo.
(B) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, (C) Em caso de escárnio por motivo religioso acompanhado de
a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ofensa a honra individual, o agente responderá em concurso
ou associação profissional. formal de crimes.
(C) Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou (D) Em se tratando de escárnio por motivo religioso, a pena será
agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso nor- acrescida de um terço caso se verifique o exercício de violência,
mal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabeleci- desde que voltada contra objetos e esculturas sagradas.
(E) Constitui infração penal o ato de escarnecer, em público, um
mento ou as coisas nele existentes ou delas dispor.
grupo religioso.
(D) Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal rela-
tiva à nacionalização do trabalho.
29. (CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO) Acerca da disci-
(E) Exercer atividade, de que está impedido por decisão admi-
plina legal dos crimes previstos na parte especial do CP, assinale a
nistrativa.
opção correta.
(A) A conduta de subtrair cadáver de sua sepultura configura
26. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - EN-
crime de furto qualificado.
FERMEIRO PSF) O professor de Direito Penal, Juliano, deu aula so-
(B) O ato de escarnecer de alguém publicamente em razão de
bre “Os crimes contra a organização do trabalho” e passou uma ati- sua crença ou de sua função religiosa configura crime de injúria
vidade para os alunos responderem em casa. A atividade consistia qualificada.
em uma pergunta que buscava a resposta sobre qual seria o crime (C) Nas figuras qualificadas do crime de direito autoral, é des-
praticado pela conduta típica de “Aliciar trabalhadores, com o fim necessário que haja o intuito de obter lucro para que seja con-
de levá-los de uma para outra localidade do território nacional”. De figurado o referido crime.
acordo com o Código Penal, trata-se do crime de: (D) No crime de impedimento ou perturbação de enterro ou
(A) Aliciamento para o fim de emigração. cerimônia funerária, constitui causa de aumento de pena o fato
(B) Aliciamento sexual. de o agente praticar o referido crime mediante violência.
(C) Aliciamento para o fim de imigração. (E) A ação penal para os crimes contra a propriedade intelectu-
(D) Aliciamento de trabalhadores para o fim de exploração de al é de iniciativa privada e deverá ser ajuizada mediante queixa
mão de obra. do ofendido.
(E) Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do ter-
ritório nacional. 30. (CESPE - 2014 - TJ-CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO
DE MANDADOS) Com relação ao excesso punível, aos crimes contra
27. (TRF - 2ª REGIÃO - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL a dignidade sexual, aos crimes contra o sentimento religioso e o
SUBSTITUTO) Assinale a resposta certa: respeito aos mortos, aos crimes contra a família e aos crimes contra
(A) Para a configuração típica do crime de frustração de direi- a administração pública, assinale a opção correta.
to assegurado por lei trabalhista, a lei penal prevê apenas a (A) No estupro de vulnerável, a presunção de violência é ab-
ação delituosa de ilusão mediante fraude, destinada a impedir soluta, segundo a jurisprudência do STJ, sendo irrelevante a
o exercício de direitos trabalhistas, ou o desligamento do servi- aquiescência do menor ou mesmo o fato de já ter mantido re-
ço através da simulação de dívidas contraídas pelo empregado. lações sexuais anteriormente.
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DIREITO PENAL
(B) As cinzas humanas não podem ser objeto material do crime (D) estupro simples (art. 213 do CP), diante da violência real
de vilipêndio a cadáver. empregada, funcionando a idade da vítima como agravante da
(C) No crime de bigamia, a data do fato constitui o termo inicial pena, não havendo previsão de causa de aumento de pena,
do prazo prescricional. que somente seria aplicável se o autor fosse pai da ofendida;
(D) Comete o crime de concussão o empregado de empresa (E) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do
pública que, utilizando-se de grave ameaça, exige para si van- CP), sem causa de aumento por ser o autor padrasto da ofen-
tagem econômica. dida, diante da violência real empregada, podendo a idade da
(E) Ao contrário do que ocorria com a Parte Geral do Código vítima funcionar também como agravante da pena.
Penal de 1940, o Código Penal atual não prevê, expressamente,
a aplicabilidade das regras de excesso punível às quatro causas 33.(Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia)
de exclusão de ilicitude. A profissional do sexo Gumercinda atende a seus clientes no local
onde reside juntamente com seu filho Joaquim de dez anos. O local
31.(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Tícia, é bastante exíguo, tendo pouco mais de quinze metros quadrados,
de 16 anos, há dois anos namora Caio, de 19 anos. Tícia é virgem e onde existem apenas um quarto e um banheiro, ficando a cama
está decidida a apenas manter relação sexual após o casamento, já onde Joaquim dorme ao lado da cama da mãe. Em uma determi-
marcado para ocorrer no dia em que ela completará 18 anos. Quan- nada madrugada, Gumercinda acerta um “programa sexual” com
do estavam sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, aproveitando-se Caio e o leva até sua casa. Durante o ato sexual, Joaquim acorda
que Tícia cochilava, masturbou-se e ejaculou no corpo da namorada e presencia tudo, sem que Gumercinda ou Caio percebam que ele
que, imediatamente, acordou. Sentindo-se profundamente violada está assistindo à cena. No dia seguinte, Joaquim vai para a escola e
e agredida, Tícia grita e acorda os pais, que dormiam no quarto da conta o fato a um amigo, o qual, por sua vez, relata a história para
casa. Os pais, vendo a filha suja e em pânico, impedem Caio de fugir Joana, sua mãe. Esta, abismada com a história, procura a delegacia
e decidem chamar a polícia. Acionada a polícia, Caio é preso, em do bairro e narra os fatos acima descritos. Diante desta situação
flagrante delito e, encerradas as investigações, denunciado pelo cri- hipotética, assinale a alternativa correta do ponto de vista legal.
me sexual praticado. Diante da situação hipotética, Caio poderá ser (A) Gumercinda e Caio responderão pelo delito de satisfação de
processado pelo crime de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente.
(A) corrupção de menores, tratando-se de ação penal pública (B) Gumercinda e Caio não cometeram nenhum crime.
incondicionada. (C) Gumercinda e Caio praticaram exploração sexual de criança
(B) violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia estava ou adolescente.
dormindo, sem possibilidade de resistir, tratando-se de crime (D) Gumercinda e Caio praticaram crime previsto no Estatuto
de ação penal pública condicionada. da Criança e do Adolescente.
(C) importunação sexual, tratando-se de ação penal pública in- (E) Apenas Gumercinda responderá pelo delito de satisfação de
condicionada. lascívia mediante a presença de criança ou adolescente.
(D) estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor, tratan-
do-se de crime de ação penal pública incondicionada. 34.(FUNDATEC - 2021 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Médico
(E) estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a vítima Especialista - Emergencista) À luz do disposto no Código Penal Bra-
ser menor de 18, tratando-se de ação penal pública condicio- sileiro – Decreto-Lei nº 2.848/1940, assinale a alternativa INCOR-
nada. RETA.
(A) Comete crime de inserção de dados falsos em sistema de
32.(FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Ministério Público – Pro- informações o funcionário que modificar ou alterar sistema de
cessual) Tício, padrasto de Lourdes, criança de 11 anos de idade, informações ou programa de informática sem autorização ou
praticou, mediante violência consistente em diversos socos no ros- solicitação de autoridade competente.
to, atos libidinosos diversos da conjunção carnal com sua enteada. (B) No crime de epidemia, se da propagação de germes patogê-
A vítima contou o ocorrido à sua mãe, apresentando lesões no ros- nicos resultar morte, aplica-se a pena em dobro.
to, de modo que a genitora de Lourdes, de imediato, compareceu (C) A infração de medida sanitária preventiva, determinada
com a filha em sede policial e narrou o ocorrido. Recebidos os autos pelo poder público, destinada a impedir introdução ou propa-
do inquérito policial, o promotor de justiça com atribuição deverá gação de doença contagiosa, quando praticada por agente que
oferecer denúncia imputando a Tício o crime de: exerce a profissão de médico, tem a pena aumentada de um
(A) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), podendo o em- terço.
prego de violência real ser considerado na pena base para fins (D) Comete crime quem fornece substância medicinal em desa-
de aplicação da sanção penal, bem como cabendo reconheci- cordo com receita médica.
mento da causa de aumento de pena pelo fato de o autor ser (E) A corrupção passiva compreende o ato de solicitar ou re-
padrasto da ofendida; ceber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
(B) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não podendo o que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
emprego de violência real ser considerado na pena base por já vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
funcionar como elementar do delito, mas cabendo reconheci-
mento da causa de aumento de pena pelo fato de o autor ser 35.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal
padrasto da ofendida; brasileiro, julgue o item: Curandeirismo é o ato de exercer, ainda
(C) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêuti-
CP), diante da violência real empregada, de modo que a ida- co sem autorização legal ou excedendo‐lhe os limites.
de da vítima não poderá funcionar como agravante, apesar de ( ) CERTO
presente a causa de aumento pelo fato de o autor ser padrasto ( ) ERRADO
da ofendida;
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36.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal (A) Em crime de corrupção passiva, uma vez que, ainda que
brasileiro, julgue o item: Entende‐se por charlatanismo o ato de in- João Paulo não estivesse no exercício da função, aceitou vanta-
culcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível. gem em razão dela, condição suficiente para a configuração do
( ) CERTO crime de corrupção passiva.
( ) ERRADO (B) Em crime de falsidade de atestado médico, considerando
que a mera promessa do atestado falso já configura a efetiva-
37.(CESPE / CEBRASPE - 2020 - PRF - Policial Rodoviário Fede- ção da infração penal.
ral - Curso de Formação - 3ª Turma - 2ª Prova) Quanto a conceitos
e definições legais relativos ao tráfico ilícito de drogas e afins e a (C) Em tentativa de falsidade de atestado médico, porque não
fatores que o impulsionam no contexto brasileiro, julgue o item a houve a concretização do ato ilícito, mas ainda sim João Paulo
seguir: No direito penal, o termo associação criminosa é sinônimo está sujeito a uma punição mais branda.
de organização criminosa e, por isso, ambos os termos referem-se (D) Em nenhuma infração penal, haja vista que João Paulo ain-
ao mesmo tipo penal. da não havia assumido a função de médico na Universidade, e
( ) CERTO a mera conversa entre ele e o Diretor não configura ato ilícito.
( ) ERRADO
41.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle
38.(Prova: MetroCapital Soluções - 2019 - Prefeitura de Nova Externo - Especialidade: Direito) Com relação aos crimes contra a
Odessa - SP - Procurador Jurídico) Incitar, publicamente, a prática administração pública, julgue o item subsequente: A oposição ma-
de crime constitui o crime previsto no artigo 286 do Código Penal, nifestada pelo indivíduo, mediante resistência passiva, sem o uso
isto é: da violência, contra ordem emanada por autoridades policiais que
(A) Incitação ao crime. pretendessem levá-lo à delegacia, sem que houvesse flagrante, é
(B) Apologia ao crime. suficiente para caracterizar o delito de resistência.
(C) Instigação criminosa. ( ) CERTO
(D) Condescendência criminosa. ( ) ERRADO
(E) Associação criminosa.
42.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle
39.(IESES - 2019 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Re- Externo - Especialidade: Direito) Com relação aos crimes contra a
gistros – Provimento) Acerca do delito de associação criminosa, do administração pública, julgue o item subsequente: Servidor público
art. 288 do Código Penal, é correto afirmar: que, violando dever funcional, facilite a prática de contrabando res-
(A) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas ponderá como partícipe pela prática desse crime.
para o fim específico de cometer crimes, consumando-se inde- ( ) CERTO
pendentemente de prévia condenação de quaisquer de seus ( ) ERRADO
membros pela prática de quaisquer dos crimes para os quais a
associação foi estabelecida. 43.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle
(B) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas Externo - Especialidade: Direito) No que se refere aos crimes em
para o fim específico de cometer crimes e a condenação de ao espécie, julgue o item que se segue: Chefe do Ministério Público
menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes estadual que ordenar aumento de despesa total com pessoal nos
para os quais a associação foi estabelecida, ainda que não se últimos sessenta dias do seu mandato poderá responder como su-
comprove a reiteração criminosa. jeito ativo do crime de aumento de despesa total com pessoal.
(C) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas ( ) CERTO
para o fim específico de cometer crimes e a condenação de ao ( ) ERRADO
menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes
44.(ABCP - 2020 - Prefeitura de Bom Jesus dos Perdões - SP
para os quais a associação foi estabelecida, ainda que não se
– Advogado) O professor de Direito Penal, Abílio Moreira, estava
comprove a reiteração criminosa.
disposto a propor um desafio aos seus alunos do 5º semestre da
(D) Sua configuração exige a associação de três ou mais pesso-
Universidade Kappa Beta. A pergunta era em relação ao Código Pe-
as para o fim específico de cometer crimes, consumando-se in-
nal, e os alunos deveriam assinalar a alternativa que corresponde
dependentemente de prévia condenação de quaisquer de seus
ao crime de “Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
membros pela prática de quaisquer dos crimes para os quais a
pagar”. Sendo um dos alunos do professor Abílio, assinale a alter-
associação foi estabelecida.
nativa correta:
(A) Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois úl-
40.(UNIFAL-MG - 2021 - UNIFAL-MG - Médico – Pediatria) João
timos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura,
Paulo, devidamente aprovado dentro do número de vagas ofertadas cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
no Edital do concurso para o cargo de médico, técnico-administra- ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
tivo em educação, realizado pela Universidade Federal de Alfenas, tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa
já convocado para a posse a ser realizada em 10 (dez) dias, recebe (B) Ordenar despesa não autorizada por lei.
do Diretor do campus responsável pelo espaço físico da Universida- (C) Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de des-
de, uma oferta da melhor sala disponível dentre as existentes para pesa que não tenha sido previamente empenhada ou que ex-
os médicos, desde que ele emita atestados médicos em favor do ceda limite estabelecido em lei.
Diretor, quando esse precisar faltar ao trabalho sem justificativa. (D) Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento
João Paulo, que ainda não entrou em exercício na função de médi- de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anterio-
co, aceita a promessa do Diretor do campus. Nesse caso, João Paulo res ao final do mandato ou da legislatura.
incorreu naquele momento:

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL
45.(GUALIMP - 2020 - Prefeitura de Conceição de Macabu - RJ 34 A
– Procurador) De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa
que traz o crime que prevê a conduta típica de “Deixar de ordenar, 35 ERRADO
de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de res- 36 CERTO
tos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei”:
(A) Ordenação de despesa não autorizada. 37 ERRADO
(B) Prestação de garantia graciosa. 38 A
(C) Oferta pública ou colocação de títulos no mercado.
39 D
(D) Não cancelamento de restos a pagar.
40 A
41 ERRADO
GABARITO 42 ERRADO
43 CERTO
44 C

1 A 45 D

2 D
3 E
4 A ANOTAÇÕES
5 D
6 A ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 B
9 B ______________________________________________________
10 D ______________________________________________________
11 B
______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 D
14 C ______________________________________________________
15 CERTO ______________________________________________________
16 B
______________________________________________________
17 C
18 A ______________________________________________________

19 B ______________________________________________________
20 D
______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
22 C
23 D ______________________________________________________
24 C ______________________________________________________
25 C
______________________________________________________
26 E
27 B ______________________________________________________

28 A ______________________________________________________
29 D ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________
31 C
32 A ______________________________________________________
33 B ______________________________________________________

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DIREITO PENAL
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IGUALDADE RACIAL
E DE GÊNERO

Art. 290 - O dia 20 de novembro será considerado, no calendá-


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL rio oficial, como Dia da Consciência Negra.
(ART. 1°, 3°, 4° E 5°)

LEI N° 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010 (ESTATUTO DA


Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado na maté- IGUALDADE RACIAL)
ria de “Direito Constitucional”.
Não deixe de conferir!
Bons estudos! LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010

Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716,


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, (CAP. XXIII “DO NE- de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24
GRO”) de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DE 05 OUTUBRO DE cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
1989
TÍTULO I
PREÂMBULO DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Nós, Deputados Estaduais Constituintes, investidos no pleno
exercício dos poderes conferidos pela Constituição da República Fe- Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, desti-
derativa do Brasil, sob a proteção de Deus e com o apoio do povo nado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
baiano, unidos indissoluvelmente pelos mais elevados propósitos oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
de preservar o Estado de Direito, o culto perene à liberdade e a e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de into-
igualdade de todos perante a lei, intransigentes no combate a toda lerância étnica.
forma de opressão, preconceito, exploração do homem pelo ho- Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
mem e velando pela Paz e Justiça sociais, promulgamos a Constitui- I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclu-
ção do Estado da Bahia. são, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
TÍTULO VI o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políti-
CAPÍTULO XXIII co, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida
DO NEGRO pública ou privada;
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen-
Art. 286 - A sociedade baiana é cultural e historicamente mar- ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas
cada pela presença da comunidade afro-brasileira, constituindo esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a origem nacional ou étnica;
pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal. III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no
Art. 287 - Com países que mantiverem política oficial de discri- âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres
minação racial, o Estado não poderá: negras e os demais segmentos sociais;
I - admitir participação, ainda que indireta, através de empre- IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
sas neles sediadas, em qualquer processo licitatório da Administra- claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
ção Pública direta ou indireta; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através de dele- que adotam autodefinição análoga;
gações oficiais. V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota-
Art. 288 - A rede estadual de ensino e os cursos de formação dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
e aperfeiçoamento do servidor público civil e militar incluirão em VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais ado-
seus programas disciplina que valorize a participação do negro na tados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das de-
formação histórica da sociedade brasileira. sigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportuni-
Art. 289 - Sempre que for veiculada publicidade estadual com dades.
mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da raça
negra.

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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à população
de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, inde- negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da População
pendentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especificadas:
na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômi- I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças
cas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra
sua dignidade e seus valores religiosos e culturais. nas instâncias de participação e controle social do SUS;
Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos prin- II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saú-
cípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos de da população negra;
direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade III - desenvolvimento de processos de informação, comunica-
Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilidades
de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o da população negra.
fortalecimento da identidade nacional brasileira. Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde In-
Art. 4o A participação da população negra, em condição de tegral da População Negra:
igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizan-
cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de: do a redução das desigualdades étnicas e o combate à discrimina-
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô- ção nas instituições e serviços do SUS;
mico e social; II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirma- no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados de-
tiva; sagregados por cor, etnia e gênero;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis-
adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas mo e saúde da população negra;
decorrentes do preconceito e da discriminação étnica; IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com- processos de formação e educação permanente dos trabalhadores
bate à discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as da saúde;
suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro-
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti- cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais
tucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas para o exercício da participação e controle social no SUS.
esferas pública e privada; Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanes-
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos
para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi-
sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportuni-
ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e
dades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante
nutricional e na atenção integral à saúde.
a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
prioridade no acesso aos recursos públicos;
CAPÍTULO II
VII - implementação de programas de ação afirmativa destina-
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
dos ao enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à edu-
AO ESPORTE E AO LAZER
cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia,
SEÇÃO I
meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à DISPOSIÇÕES GERAIS
terra, à Justiça, e outros.
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se- Art. 9o A população negra tem direito a participar de atividades
-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desi- educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas a seus inte-
gualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas resses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio cultural
esferas pública e privada, durante o processo de formação social de sua comunidade e da sociedade brasileira.
do País. Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os gover-
Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído nos federal, estaduais, distrital e municipais adotarão as seguintes
o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), con- providências:
forme estabelecido no Título III. I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da po-
pulação negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e de
TÍTULO II lazer;
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para
CAPÍTULO I promoção social e cultural da população negra;
DO DIREITO À SAÚDE III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas
escolas, para que a solidariedade aos membros da população negra
Art. 6o O direito à saúde da população negra será garantido faça parte da cultura de toda a sociedade;
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e econômi- IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento
cas destinadas à redução do risco de doenças e de outros agravos. da juventude negra brasileira.
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde
(SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da popu- SEÇÃO II
lação negra será de responsabilidade dos órgãos e instituições pú- DA EDUCAÇÃO
blicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração
direta e indireta. Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de en-
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da população sino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da história
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem geral da África e da história da população negra no Brasil, observa-
discriminação. do o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 1o Os conteúdos referentes à história da população negra no Art. 19. O poder público incentivará a celebração das perso-
Brasil serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, res- nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do
gatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento social, samba e de outras manifestações culturais de matriz africana, bem
econômico, político e cultural do País. como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e pri-
§ 2o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a for- vadas.
mação inicial e continuada de professores e a elaboração de mate- Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da
rial didático específico para o cumprimento do disposto no caput capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
deste artigo. imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
§ 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res- mos do art. 216 da Constituição Federal.
ponsáveis pela educação incentivarão a participação de intelectuais Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio
e representantes do movimento negro para debater com os estu- dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos for-
dantes suas vivências relativas ao tema em comemoração. madores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à
pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a SEÇÃO IV
programas de estudo voltados para temas referentes às relações ét- DO ESPORTE E LAZER
nicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com- Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da popula-
petentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas e ção negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o lazer
privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: como direitos sociais.
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru- Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação
pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de pós- nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população § 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
negra; modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
de professores temas que incluam valores concernentes à pluralida- nacional.
de étnica e cultural da sociedade brasileira; § 2o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas
III - desenvolver programas de extensão universitária destina- e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
dos a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, assegu- malmente reconhecidos.
rado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os benefi-
ciários; CAPÍTULO III
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E
belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioedu-
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
cacionais realizadas por entidades do movimento negro que desen-
livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
volvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante coope-
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à
ração técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros
religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de
mecanismos.
lugares reservados para tais fins;
Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos res-
preceitos das respectivas religiões;
ponsáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de educação,
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins-
acompanhará e avaliará os programas de que trata esta Seção. tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de ar-
SEÇÃO III tigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas
DA CULTURA fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas veda-
das por legislação específica;
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das so- V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao
ciedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva exercício e à difusão das religiões de matriz africana;
da população negra, com trajetória histórica comprovada, como VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades
Constituição Federal. religiosas e sociais das respectivas religiões;
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para di-
quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradi- vulgação das respectivas religiões;
ções e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.
tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de
receberá especial atenção do poder público. religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em ou-
tras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
dos a pena privativa de liberdade.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos
o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas tam-
à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo bém a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos comu-
de: nitários associados à função habitacional, bem como a assistência
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a regularização
difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham fundiária da habitação em área urbana.
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais
religiosidade de matrizes africanas; realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de Interes-
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e se Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan- 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matrizes culturais da população negra.
africanas; Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
III - assegurar a participação proporcional de representantes estimularão e facilitarão a participação de organizações e movimen-
das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das tos representativos da população negra na composição dos conse-
demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras instân- lhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habi-
cias de deliberação vinculadas ao poder público. tação de Interesse Social (FNHIS).
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
CAPÍTULO IV rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos financia-
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA mentos habitacionais.
SEÇÃO I
DO ACESSO À TERRA CAPÍTULO V
DO TRABALHO
Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas pú-
blicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão
às atividades produtivas no campo. da população negra no mercado de trabalho será de responsabili-
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- dade do poder público, observando-se:
dutivas da população negra no campo, o poder público promoverá I - o instituído neste Estatuto;
ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrí- II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
cola. venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência téc- criminação Racial, de 1965;
nica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o forta- III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
lecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da venção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho
produção. (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Bra-
profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunida- sil perante a comunidade internacional.
des negras rurais. Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a popu-
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade de- lação negra, inclusive mediante a implementação de medidas visan-
finitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. do à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá po- incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organiza-
líticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentá- ções privadas.
vel dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitan- § 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a
do as tradições de proteção ambiental das comunidades. adoção de políticas e programas de formação profissional, de em-
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das co- prego e de geração de renda voltados para a população negra.
munidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tra- § 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunida-
tamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais des na esfera da administração pública far-se-ão por meio de nor-
de financiamento público, destinados à realização de suas ativida- mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específi-
des produtivas e de infraestrutura. ca e em seus regulamentos.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a ado-
beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis ção de iguais medidas pelo setor privado.
para a promoção da igualdade étnica. § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão
o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.
SEÇÃO II § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro-
DA MORADIA dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu-
lheres negras.
Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas § 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização
públicas para assegurar o direito à moradia adequada da população contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cul-
negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, tural.
degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de ele-
dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade var a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da eco-
de vida. nomia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores
negros de baixa escolarização.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Traba- TÍTULO III
lhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO
para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orien- DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)
tará a destinação de recursos para seu financiamento. CAPÍTULO I
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias
empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o es- Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igual-
tímulo à promoção de empresários negros. dade Racial (Sinapir) como forma de organização e de articulação
Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades vol- voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços desti-
tadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e ci- nados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, presta-
dades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população dos pelo poder público federal.
negra. § 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar crité- participar do Sinapir mediante adesão.
rios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança § 2o O poder público federal incentivará a sociedade e a inicia-
destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir tiva privada a participar do Sinapir.
a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso,
estadual, observados os dados demográficos oficiais. CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
CAPÍTULO VI
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Art. 48. São objetivos do Sinapir:
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va- sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações
lorizará a herança cultural e a participação da população negra na afirmativas;
história do País. II - formular políticas destinadas a combater os fatores de mar-
Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à vei- ginalização e a promover a integração social da população negra;
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre- governos estaduais, distrital e municipais;
go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, étnica ou da igualdade étnica;
artística. V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das
aos filmes e programas que abordem especificidades de grupos ét- metas a serem estabelecidas.
nicos determinados.
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas CAPÍTULO III
à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográfi- DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
cas o disposto no art. 44.
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de
direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as socie- promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios e dire-
dades de economia mista federais deverão incluir cláusulas de par- trizes para a implementação da Política Nacional de Promoção da
ticipação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, Igualdade Racial (PNPIR).
programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário. § 1o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, articulação
nas especificações para contratação de serviços de consultoria, e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável
conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum
de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço intergovernamental de promoção da igualdade étnica, a ser co-
contratado. ordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de empre- igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que vi-
go o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade sem à incorporação da política nacional de promoção da igualdade
de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vin- étnica nas ações governamentais de Estados e Municípios.
culada ao projeto ou serviço contratado. § 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção
§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que asse-
para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, reque- gure a participação da sociedade civil.
rer auditoria por órgão do poder público federal. Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais,
§ 4o A exigência disposta no caput não se aplica às produções no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão insti-
publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étnicos tuir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter perma-
determinados. nente e consultivo, compostos por igual número de representantes
de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil
representativas da população negra.
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos re-
cursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei aos
Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado conselhos
de promoção da igualdade étnica.

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
CAPÍTULO IV recursos orçamentários destinados aos programas de promoção da
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, emprego
À SEGURANÇA e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvi-
mento regional, cultura, esporte e lazer.
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e § 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercí-
no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Perma- cio subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder
nentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas áreas
denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos
cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos
da igualdade. no inciso VII do art. 4o desta Lei.
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o aces- § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas ne-
so aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao cessárias para a adequada implementação do disposto neste artigo,
Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas instân- podendo estabelecer patamares de participação crescente dos pro-
cias, para a garantia do cumprimento de seus direitos. gramas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres ne- § 2o deste artigo.
gras em situação de violência, garantida a assistência física, psíqui- § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável
ca, social e jurídica. pela promoção da igualdade racial acompanhará e avaliará a pro-
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio- gramação das ações referidas neste artigo nas propostas orçamen-
lência policial incidente sobre a população negra. tárias da União.
Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocializa- Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, po-
ção e proteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta derão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade social
a experiências de exclusão social. para financiamento das ações de que trata o art. 56:
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi- I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e
nação e preconceito praticados por servidores públicos em detri- dos Municípios;
mento da população negra, observado, no que couber, o disposto II - doações voluntárias de particulares;
na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. III - doações de empresas privadas e organizações não governa-
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de mentais, nacionais ou internacionais;
lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;
de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios,
à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de tratados e acordos internacionais.
1985.
TÍTULO IV
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES FINAIS
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras
em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser ado-
Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constan- tadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
tes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deve- Municípios.
rão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se refere o Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para
inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que tenham aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará
como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de
social da população negra, especialmente no que tange a: relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.
I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, em- Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a
prego e moradia; vigorar com a seguinte redação:
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde “Art. 3o ........................................................................
e emprego, voltadas para a melhoria da qualidade de vida da popu- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de
lação negra; discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
III - incentivo à criação de programas e veículos de comunica- obstar a promoção funcional.” (NR)
ção destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interes- “Art. 4o ........................................................................
ses da população negra; § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimina-
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas ad- ção de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de des-
ministradas por pessoas autodeclaradas negras; cendência ou origem nacional ou étnica:
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe- gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores;
rior; II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, dis- forma de benefício profissional;
trital e municipais e de entidades da sociedade civil voltados para a III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
promoção da igualdade de oportunidades para a população negra; ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
tradições africanas e brasileiras. à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
que garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações pre- etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
vistas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos cias.” (NR)
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha-
passam a vigorar com a seguinte redação: bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem
“Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispositivos como das concessionárias de serviços públicos.
legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, Pena: reclusão de dois a cinco anos.
raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis das se- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de
guintes cominações: discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
...................................................................................” (NR) obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
“Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato discri- (Vigência)
minatório, nos moldes desta Lei, além do direito à reparação pelo Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
dano moral, faculta ao empregado optar entre: Pena: reclusão de dois a cinco anos.
...................................................................................” (NR) § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi-
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual parágrafo úni- descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº
co como § 1o: 12.288, de 2010) (Vigência)
“Art. 13. ........................................................................ I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre-
§ 1o ............................................................................... gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do dis- II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou-
posto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá dire- tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de
tamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações 2010) (Vigência)
de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial esta- pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
duais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
local, respectivamente.” (NR) à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra-
Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento
de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou
“Art. 1o ....................................................................... etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra cias. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência)
a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusi- Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
ve decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, Pena: reclusão de um a três anos.
tanto no âmbito público quanto no privado. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
...................................................................................” (NR) aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual-
Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigo- quer grau.
rar acrescido do seguinte inciso III: Pena: reclusão de três a cinco anos.
“Art. 20. ...................................................................... Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
............................................................................................. zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
§ 3o ............................................................................... Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
............................................................................................. pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor- Pena: reclusão de três a cinco anos.
mação na rede mundial de computadores. Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
...................................................................................” (NR) tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data Pena: reclusão de um a três anos.
de sua publicação. Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
ao público.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 (DEFINE OS CRIMES Pena: reclusão de um a três anos.
RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR) Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe-
lecimento com as mesmas finalidades.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou-
tro meio de transporte concedido.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes Pena: reclusão de um a três anos.
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) qualquer ramo das Forças Armadas.
Art. 2º (Vetado). Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
mento ou convivência familiar e social.
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Pena: reclusão de dois a quatro anos. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
Art. 15. (Vetado). cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio- Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989,
namento do estabelecimento particular por prazo não superior a passam a vigorar com a seguinte redação:
três meses. “Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultan-
Art. 17. (Vetado). tes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não procedência nacional.”
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen- “Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
tença. ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 19. (Vetado). Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon- § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Lei nº 9.459, de 15/05/97) § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em- intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qual-
blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz quer natureza:
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar,
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in-
nº 9.459, de 15/05/97) quérito policial, sob pena de desobediência:
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exem-
intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qual- plares do material respectivo;
quer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou te-
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei levisivas.
nº 9.459, de 15/05/97) § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen-
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in- dido.”
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei Art. 2º O art. 140 do Código Penal fica acrescido do seguinte
nº 9.459, de 15/05/97) parágrafo:
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos “Art. 140. ...................................................................
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de ...................................................................................
15/05/97) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- a raça, cor, etnia, religião ou origem:
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação Pena: reclusão de um a três anos e multa.”
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência) Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in- Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário, especialmente
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº o art. 1º da Lei nº 8.081, de 21 de setembro de 1990, e a Lei nº
12.288, de 2010) (Vigência) 8.882, de 3 de junho de 1994.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen-
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) DECRETO N° 65.810, DE 08 DE DEZEMBRO DE 1969 (CON-
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- VENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TO-
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) DAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL)
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
DECRETO Nº 65.810, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1969

LEI N° 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 (TIPIFICAÇÃO DOS Promulga a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE as Formas de Discriminação Racial.
COR)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, HAVENDO o Congresso Nacional
aprovado pelo Decreto Legislativo nº 23, de 21 de junho de 1967,
LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas
de Discriminação Racial, que foi aberta à assinatura em Nova York e
Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, assinada pelo Brasil a 07 de março de 1966;
que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, E HAVENDO sido depositado o Instrumento brasileiro de Ratifi-
e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de cação, junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas, a 27 de março
dezembro de 1940. de 1968;
E TENDO a referida Convenção entrada em vigor, de conformi-
dade com o disposto em seu artigo 19, parágrafo 1º, a 04 de janeiro
de 1969;

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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
DECRETA que a mesma, apensa por cópia ao presente Decreto, Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nos Em-
seja executada e cumprida tão inteiramente como ela nele contém. prego e Ocupação adotada pela Organização internacional do Tra-
Brasília, 08 de dezembro de 1969; 148º da Independência e 81º balho em 1958, e a Convenção contra discriminação no Ensino ado-
da República. tada pela Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência
em 1960,
A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE Desejosos de completar os princípios estabelecidos na Decla-
TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL. ração das Nações unidas sobre a Eliminação de todas as formas de
Os Estados Partes na presente Convenção, discriminação racial e assegurar o mais cedo possível a adoção de
Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se em medidas práticas para esse fim,
princípios de dignidade e igualdade inerentes a todos os seres hu- Acordaram no seguinte:
manos, e que todos os Estados Membros comprometeram-se a to-
mar medidas separadas e conjuntas, em cooperação com a Organi- PARTE I
zação, para a consecução de um dos propósitos das Nações Unidas Artigo I
que é promover e encorajar o respeito universal e observância dos 1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” signi-
direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem discri- ficará qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência base-
minação de raça, sexo, idioma ou religião. adas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do Ho- tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento,
mem proclama que todos os homens nascem livres e iguais em gozo ou exercício num mesmo plano,( em igualdade de condição),
dignidade e direitos e que todo homem tem todos os direitos esta- de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político
belecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie e principal- econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida
mente de raça, cor ou origem nacional, pública.
Considerando todos os homens são iguais perante a lei e têm 2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclusões, res-
o direito à igual proteção contra qualquer discriminação e contra trições e preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção
qualquer incitamento à discriminação, entre cidadãos e não cidadãos.
Considerando que as Nações Unidas têm condenado o colo- 3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afe-
nialismo e todas as práticas de segregação e discriminação a ele tando as disposições legais dos Estados Partes, relativas a naciona-
associados, em qualquer forma e onde quer que existam, e que a lidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não
Declaração sobre a Conceção de Independência, a Partes e Povos discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução 1.514 (XV), da 4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas
Assembleia Geral afirmou e proclamou solenemente a necessidade especiais tomadas com o único objetivo de assegurar progresso
de levá-las a um fim rápido e incondicional, adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que
Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre elimi- necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar
nação de todas as formas de Discriminação Racial, de 20 de novem- a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos hu-
bro de 1963, (Resolução 1.904 ( XVIII) da Assembleia-Geral), afirma manos e liberdades fundamentais, contando que, tais medidas não
solemente a necessidade de eliminar rapidamente a discriminação conduzam, em consequência, à manutenção de direitos separados
racial através do mundo em todas as suas formas e manifestações para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos al-
e de assegurar a compreensão e o respeito à dignidade da pessoa cançados os seus objetivos.
humana,
Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade ba- Artigo II
seada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente 1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e com-
condenável, socialmente injusta e perigosa, em que, não existe jus- prometem-se a adotar, por todos os meios apropriados e sem tar-
tificação para a discriminação racial, em teoria ou na prática, em dar uma política de eliminação da discriminação racial em todas as
lugar algum, suas formas e de promoção de entendimento entre todas as raças
Reafirmando que a discriminação entre os homens por motivos e para esse fim:
de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a relações amistosas e a) Cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum ato ou
pacíficas entre as nações e é capaz de disturbar a paz e a segurança prática de discriminação racial contra pessoas, grupos de pessoas
entre povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a lado até dentro ou instituições e fazer com que todas as autoridades públicas nacio-
de um mesmo Estado, nais ou locais, se conformem com esta obrigação;
Convencidos que a existência de barreiras raciais repugna os b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar, defender
ideais de qualquer sociedade humana, ou apoiar a discriminação racial praticada por uma pessoa ou uma
Alarmados por manifestações de discriminação racial ainda em organização qualquer;
evidência em algumas áreas do mundo e por políticas governamen- c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim
tais baseadas em superioridade racial ou ódio, como as políticas de de rever as politicas governamentais nacionais e locais e para mo-
apartheid, segreção ou separação, dificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar que
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para elimi- tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já
nar rapidamente a discriminação racial em, todas as suas formas existir;
e manifestações, e a prevenir e combater doutrinas e práticas ra- d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados,
ciais com o objetivo de promover o entendimento entre as raças e inclusive se as circunstâncias o exigerem, as medidas legislativas,
construir uma comunidade internacional livre de todas as formas proibir e por fim, a discriminação racial praticadas por pessoa, por
de separação racial e discriminação racial, grupo ou das organizações;
e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer, quando for
o caso as organizações e movimentos multirraciais e outros meios
próprios a eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o
que tende a fortalecer a divisão racial.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exigirem, ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de voltar
nos campos social, econômico, cultural e outros, as medidas espe- a seu país;
ciais e concretas para assegurar como convier o desenvolvimento iii) direito de uma nacionalidade;
ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencen- iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge;
tes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente como em
igualdade, o pleno exercício dos direitos do homem e das liberda- conjunto, à propriedade;
des fundamentais. vi) direito de herda;
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência e de re-
manter direitos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos ligião;
em razão dos quais foram tomadas. viii) direito à liberdade de opinião e de expressão;
ix) direito à liberdade de reunião e de associação pacífica;
Artigo III e) direitos econômicos, sociais culturais, principalmente:
Os Estados Partes especialmente condenam a segregação racial i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a con-
e o apartheid e comprometem-se a proibir e a eliminar nos territó- dições equitativas e satisfatórias de trabalho à proteção contra o
rios sob sua jurisdição todas as práticas dessa natureza. desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma re-
muneração equitativa e satisfatória;
Artigo IV ii) direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
Os Estados partes conenam toda propaganda e todas as organi- iii) direito à habitação;
zações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superiori- iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência
dade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou social e aos serviços sociais;
de uma certa origem ética ou que pretendem justificar ou encorajar v) direito a educação e à formação profissional;
qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e comprometem- vi) direito a igual participação das atividades culturais;
-se a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao
qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer atos de uso do publico, tais como, meios de transporte hotéis, restaurantes,
discriminação com este objetivo tendo em vista os princípios for- cafés, espetáculos e parques.
mulados na Declaração universal dos direitos do homem e os direi-
tos expressamente enunciados no artigo 5 da presente convenção, Artigo VI
eles se comprometem principalmente: Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias sob sua jurisdição, proteção e recursos efetivos perante os tribunais
baseadas na superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento nacionais e outros órgãos do Estado competentes, contra quaisquer
à discriminação racial, assim como quaisquer atos de violência ou atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Con-
provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer venção, violarem seus direitos individuais e suas liberdades funda-
grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem técnica, como mentais, assim como o direito de pedir a esses tribunais uma satis-
também qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusi- fação ou repartição justa e adequada por qualquer dano de que foi
ve seu financiamento; vitima em decorrência de tal discriminação.
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como
as atividades de propaganda organizada e qualquer outro tipo de Artigo VII
atividade de propaganda que incitar a discriminação racial e que Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas ime-
a encorajar e a declara delito punível por lei a participação nestas diatas e eficazes, principalmente no campo de ensino, educação,
organizações ou nestas atividades. da cultura e da informação, para lutar contra os preconceitos que
c) a não permitir as autoridades públicas nem ás instituições levem à discriminação racial e para promover o entendimento, a
públicas nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamento à dis- tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais e éticos assim
criminação racial. como para propagar ao objetivo e princípios da Carta das Nações
Unidas da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Decla-
Artigo V ração das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas discriminação racial e da presente Convenção.
no artigo 2, Os Estados Partes comprometem-se a proibir e a eli-
minar a discriminação racial em todas suas formas e a garantir o PARTE II
direito de cada uma à igualdade perante a lei sem distinção de raça Artigo VIII
, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo 1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da discrimi-
dos seguintes direitos: nação racial (doravante denominado “o Comitê) composto de 18
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou qual- peritos conhecidos para sua alta moralidade e conhecida imparcia-
quer outro órgão que administre justiça; lidade, que serão eleitos pelos Estados Membros dentre seus na-
b) direito a segurança da pessoa ou à proteção do Estado con- cionais e que atuarão a título individual, levando-se em conta uma
tra violência oulesão corporal cometida que por funcionários de repartição geográfica equitativa e a representação das formas di-
Governo, quer por qualquer individuo, grupo ou instituição. versas de civilização assim como dos principais sistemas jurídicos.
c) direitos políticos principalmente direito de participar às 2. Os Membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto
eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema de sufrágio de uma lista de candidatos designados pelos Estados Partes, Cada
universal e igual direito de tomar parte no Governo, assim como Estado Parte poderá designar um candidato escolhido dentre seus
na direção dos assuntos públicos, em qualquer grau e o direito de nacionais.
acesso em igualdade de condições, às funções públicas. 3. A primeira eleição será realizada seis meses após a data da
d) Outros direitos civis, principalmente, entrada em vigor da presente Convenção. Três meses pelo menos
i) direito de circular livremente e de escolher residência dentro antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações Unidas enviará
das fronteiras do Estado; uma Carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral elaborará sua disposição, tanto um como o outro terão o direito de submetê-
uma lista por ordem alfabética, de todos os candidatos assim no- -la novamente ao Comitê, endereçando uma notificação ao Comitê
meados com indicação dos Estados partes que os nomearam, e a assim como ao outro Estado interessado.
comunicará aos Estados Partes. 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão,
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião de acordo com o parágrafo 2 do presente artigo, após ter consta-
dos Estados Partes convocada pelo Secretário Geral das Nações tado que todos os recursos internos disponíveis foram interpostos
Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado com dois ou esgotados, de conformidade com os princípios do direito inter-
terços dos Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê, os nacional geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os
candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria procedimentos de recurso excederem prazos razoáveis.
absoluta de votos dos representantes dos Estados Partes presentes 4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê poderá
e votantes. solicitar aos Estados-Partes presentes que lhe forneçam quaisquer
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por um período de informações complementares pertinentes.
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos 5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o pre-
na primeira eleição, expirará ao fim de dois anos; logo após a pri- sente Artigo os Estados Partes interessados terão o direito de no-
meira eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos, mear um representante que participará sem direito de voto dos
por sorteio, pelo Presidente do Comitê. trabalhos no Comitê durante todos os debates.
b) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo perito
deixou de exercer suas funções de membro do Comitê, nomeará Artigo XII
outro perito dentre seus nacionais, sob reserva da aprovação do 1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as informações
Comitê. que julgar necessárias, o Presidente nomeará uma Comissão de
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos Conciliação ad hoc (doravante denominada “ A Comissão”, compos-
membros do Comitê para o período em que estes desempenharem ta de 5 pessoas que poderão ser ou não membros do Comitê. Os
funções no Comitê. membros serão nomeados com o consentimento pleno e unânime
das partes na controvérsia e a Comissão fará seus bons ofícios a
Artigo IX
disposição dos Estados presentes, com o objetivo de chegar a uma
1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao Secretá-
solução amigável da questão, baseada no respeito à presente Con-
rio Geral para exame do Comitê, um relatório sobre as medidas le-
venção.
gislativas, judiciárias, administrativas ou outras que tomarem para
b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem a um en-
tornarem efetivas as disposições da presente Convenção:
tendimento em relação a toda ou parte da composição da Comissão
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da
num prazo de três meses os membros da Comissão que não tiverem
Convenção, para cada Estado interessado no que lhe diz respeito,
o assentimento do Estados Partes, na controvérsia serão eleitos por
e posteriormente, cada dois anos, e toda vez que o Comitê o soli-
escrutinio secreto entre os membros de dois terços dos membros
citar. O Comitê poderá solicitar informações complementares aos
do Comitê.
Estados Partes.
2. O Comitê submeterá anualmente à Assembleia Geral, um 2. Os membros da Comissão atuarão a título individual. Não de-
relatório sobre suas atividades e poderá fazer sugestões e reco- verão ser nacionais de um dos Estados Partes na controvérsia nem
mendações de ordem geral baseadas no exame dos relatórios e das de um Estado que não seja parte da presente Convenção.
informações recebidas dos Estados Partes. Levará estas sugestões 3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu regimento
e recomendações de ordem geral ao conhecimento da Assembleia interno.
Geral, e se as houver juntamente com as observações dos Estados 4. A Comissão reunir-se-á normalmente na sede nas Nações
Partes. Unidas em qualquer outro lugar apropriado que a Comissão deter-
minar.
Artigo X 5. O Secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo 10 prestará
1. O Comitê adotará seu regulamento interno. igualmente seus serviços à Comissão cada ver que uma controvér-
2. O Comitê elegerá sua mesa por um período de dois anos. sia entre os Estados Partes provocar sua formação.
3. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas foi ne- 6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão divididos
cessários serviços de Secretaria ao Comitê. igualmente entre os Estados Partes na controvérsia baseadas num
4. O Comitê reunir-se-á normalmente na Sede das Nações Uni- cálculo estimativo feito pelo Secretário-Geral.
das. 7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for necessá-
rio, as despesas dos membros da Comissão, antes que o reembolso
Artigo XI seja efetuado pelos Estados Partes na controvérsia, de conformida-
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte de com o parágrafo 6 do presente artigo.
não aplica as disposições da presente Convenção poderá chamar a 8. As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê serão
atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a postas à disposição da Comissão, e a Comissão poderá solicitar aos
comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de três me- Estados interessados sde lhe fornecer qualquer informação com-
ses, o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou plementar pertinente.
declarações por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as
medidas corretivas que por acaso tenham sido tomadas pelo refe- Artigo XIII
rido Estado. 1. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos,
2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do a Comissão preparará e submeterá ao Presidente do Comitê um
recebimento da comunicação original pelo Estado destinatário a relatório com as conclusões sobre todas ass questões de fato rela-
questão não foi resolvida a contento dos dois Estados, por meio de tivas à controvérsia entre as partes e as recomendações que julgar
negociações bilaterais ou por qualquer outro processo que estiver a oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
2. O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da Comissão 8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo destas
a cada um dos Estados Partes na controvérsia. Os referidos Estados comunicações, se for necessário, um resumo das explicações e de-
comunicarão ao Presidente do Comitê num prazo de três meses se clarações dos Estados Partes interessados assim como suas próprias
aceitam ou não, as recomendações contidas no relatório da Comis- sugestões e recomendações.
são. 9. O Comitê somente terá competência para exercer as funções
3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do presente arti- previstas neste artigo se pelo menos dez Estados Partes nesta Con-
go, o Presidente do Comitê comunicará o Relatório da Comissão e venção estiverem obrigados por declarações feitas de conformida-
as declarações dos Estados Partes interessadas aos outros Estados de com o parágrafo deste artigo.
Parte na Comissão.
Artigo XV
Artigo XIV 1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da resolução
1. Todo o Estado parte poderá declarar e qualquer momento 1.514 (XV) da Assembleia Geral de 14 de dezembro de 1960, re-
que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar lativa à Declaração sobro a concessão da independência dos paí-
comunicações de indivíduos sob sua jurisdição que se consideram ses e povos coloniais, as disposições da presente convenção não
vítimas de uma violação pelo referido Estado Parte de qualquer um restringirão de maneira alguma o direito de petição concedida aos
dos direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê não re- povos por outros instrumentos internacionais ou pela Organização
ceberá qualquer comunicação de um Estado Parte que não houver das Nações Unidas e suas agências especializadas.
feito tal declaração. 2. a) O Comitê constituído de conformidade com o parágrafo 1
2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de confor- do artigo 8 desta Convenção receberá cópia das petições provenien-
midade com o parágrafo do presente artigo, poderá criar ou de- tes dos órgãos das Nações Unidas que se encarregarem de questões
signar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional, que terá diretamente relacionadas com os princípios e objetivos da presente
competência para receber e examinar as petições de pessoas ou Convenção e expressará sua opinião e formulará recomendações
grupos de pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vitimas de sobre petições recebidas quando examinar as petições recebidas
uma violação de qualquer um dos direitos enunciados na presente dos habitantes dos territórios sob tutela ou não autônomo ou de
Convenção e que esgotaram os outros recursos locais disponíveis. qualquer outro território a que se aplicar a resolução 1514 (XV) da
3. A declaração feita de conformidade com o parágrafo 1 do Assembleia Geral, relacionadas a questões tratadas pela presente
presente artigo e o nome de qualquer órgão criado ou designado Convenção e que forem submetidas a esses órgãos.
pelo Estado Parte interessado consoante o parágrafo 2 do presente b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Organização
artigo será depositado pelo Estado Parte interessado junto ao Se- das Nações Unidas cópia dos relatórios sobre medidas de ordem le-
cretário Geral das Nações Unidas que remeterá cópias aos outros gislativa judiciária, administrativa ou outra diretamente relacionada
Estados Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer mo- com os princípios e objetivos da presente Convenção que as Potên-
mento mediante notificação ao Secretário Geral mas esta retirada cias Administradoras tiverem aplicado nos territórios mencionados
não prejudicará as comunicações que já estiverem sendo estudadas na alínea “a” do presente parágrafo e expressará sua opinião e fará
pelo Comitê. recomendações a esses órgãos.
4. O órgão criado ou designado de conformidade com o pará- 3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembleia um resumo
grafo 2 do presente artigo, deverá manter um registro de petições das petições e relatórios que houver recebido de órgãos das Nações
Unidas e as opiniões e recomendações que houver proferido sobre
e cópias autenticada do registro serão depositadas anualmente por
tais petições e relatórios.
canais apropriados junto ao Secretário Geral das Nações Unidas, no
4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações Unidas
entendimento que o conteúdo dessas cópias não será divulgado ao
qualquer informação relacionada com os objetivos da presente
público.
Convenção que este dispuser sobre os territórios mencionados no
5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão criado ou de-
parágrafo 2 (a) do presente artigo.
signado de conformidade com o parágrafo 2 do presente artigo, o
peticionário terá o direito de levar a questão ao Comitê dentro de
Artigo XVI
seis meses.
As disposições desta Convenção relativas a solução das contro-
6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer comuni- vérsias ou queixas serão aplicadas sem prejuízo de outros processos
cação que lhe tenha sido endereçada, ao conhecimento do Estado para solução de controvérsias e queixas no campo da discriminação
Parte que, pretensamente houver violado qualquer das disposições previstos nos instrumentos constitutivos das Nações Unidas e suas
desta Convenção, mas a identidade da pessoa ou dos grupos de agências especializadas, e não excluirá a possibilidade dos Estados
pessoas não poderá ser revelada sem o consentimento expresso partes recomendarem aos outros, processos para a solução de uma
da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê não receberá controvérsia de conformidade com os acordos internacionais ou es-
comunicações anônimas. peciais que os ligarem.
b) Nos três meses seguintes, o referido Estado submeterá, por
escrito ao Comitê, as explicações ou recomendações que esclare- Terceira Parte
cem a questão e indicará as medidas corretivas que por acaso hou- Artigo XVII
ver adotado. 1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de todo Es-
7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de todas as tado Membro da Organização das Nações Unidas ou membro de
informações que forem submetidas pelo Estado parte interessado qualquer uma de suas agências especializadas, de qualquer Estado
e pelo peticionário. O Comitê só examinará uma comunicação de parte no Estatuto da Côrtes Internacional de Justiça, assim como de
peticionário após ter-se assegurado que este esgotou todos os re- qualquer outro Estado convidado pela Assembleia-Geral da Organi-
cursos internos disponíveis. Entretanto, esta regra não se aplicará zação das Nações Unidas a torna-se parte na presente Convenção.
se os processos de recurso excederem prazos razoáveis. 2. A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e os instru-
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações even- mentos de ratificação serão depositados junto ao Secretário Geral
tuais, ao Estado Parte interessado e ao peticionário. das Nações Unidas.
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo XVIII Artigo XXIV
1. A presente Convenção ficará aberta a adesão de qualquer O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas comuni-
Estado mencionado no parágrafo 1º do artigo 17. cará a todos os Estados mencionados no parágrafo 1º do artigo 17
2. A adesão será efetuada pelo depósito de instrumento de desta Convenção.
adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas. a) as assinaturas e os depósitos de instrumentos de ratificação
e de adesão de conformidade com os artigos 17 e 18;
Artigo XIX b) a data em que a presente Convenção entrar em vigor, de
1. Esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia após a data conformidade com o artigo 19;
do deposito junto ao Secretário Geral das Nações Unidas do vigési- c) as comunicações e declarações recebidas de conformidade
mo sétimo instrumento de ratificação ou adesão. com os artigos 14, 20 e 23.
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a ele d) as denúncias feitas de conformidade com o artigo 21.
aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento de ratifica-
ção ou adesão esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia Artigo XXV
após o depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. 1. Esta Convecção, cujos textos em chinês, espanhol, inglês e
russo são igualmente autênticos será depositada nos arquivos das
Artigo XX Nações Unidas.
1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará, a 2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias autenti-
todos os Estados que forem ou vierem a torna-se partes desta Con- cadas desta Convenção a todos os Estados pertencentes a qualquer
venção, as reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação uma das categorias mencionadas no parágrafo 1º do artigo 17.
ou adesão. Qualquer Estado que objetar a essas reservas, deverá Em fé do que os abaixo assinados devidamente autorizados por
notificar ao Secretário Geral dentro de noventa dias da data da re- seus Governos assinaram a presente Convecção que foi aberta a
ferida comunicação, que não aceita. assinatura em Nova York a 7 de março de 1966.
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto
e o escopo desta Convenção nem uma reserva cujo efeito seria a de
impedir o funcionamento de qualquer dos órgãos previstos nesta DECRETO N° 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002 (CONVEN-
Convenção. Uma reserva será considerada incompatível ou impe- ÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DIS-
ditiva se a ela objetarem ao menos dois terços dos Estados partes CRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER)
nesta Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por
uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário Geral. DECRETO Nº 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002
Tal notificação surgirá efeito na data de seu recebimento.
Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Artigo XXI Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no
Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Convenção me- 89.460, de 20 de março de 1984.
diante notificação escrita endereçada ao Secretário Geral da Orga-
nização das Nações Unidas. A denúncia surtirá efeito um ano após O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral. confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo Decreto
Artigo XXI Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, a Convenção sobre a
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Parte relati- Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher,
va a interpretação ou aplicação desta Convenção que não for resol- assinada pela República Federativa do Brasil, em Nova York, no dia
vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente 31 de março de 1981, com reservas aos seus artigos 15, parágrafo
nesta Convenção, será o pedido de qualquer das Partes na contro- 4o, e 16, parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h);
vérsia. Submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de 22 de ju-
ser que os litigantes concordem em outro meio de solução. nho de 1994, o Congresso Nacional revogou o citado Decreto Legis-
lativo no 93, aprovando a Convenção sobre a Eliminação de Todas
Artigo XXII as Formas de Discriminação contra a Mulher, inclusive os citados
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Partes relati- artigos 15, parágrafo 4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), (c), (g) e (h);
va à interpretação ou aplicação desta Convenção, que não for resol- Considerando que o Brasil retirou as mencionadas reservas em
vida por negociações ou pelos processos previstos expressamente 20 de dezembro de 1994;
nesta Convenção será, pedido de qualquer das Partes na controvér- Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o Brasil,
sia, submetida à decisão da Côrte Internacional de Justiça a não ser em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em seu art. 29,
que os litigantes concordem em outro meio de solução. parágrafo 2;

Artigo XXIII DECRETA:


1. Qualquer Estado Parte poderá formular a qualquer momen- Art. 1o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
to um pedido de revisão da presente Convenção, mediante notifi- Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979, apensa
cação escrita endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas. por cópia ao presente Decreto, com reserva facultada em seu art.
2. A Assembleia-Geral decidirá a respeito das medidas a serem 29, parágrafo 2, será executada e cumprida tão inteiramente como
tomadas, caso for necessário, sobre o pedido. nela se contém.

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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quais- ocupação estrangeira, à autodeterminação e independência, bem
quer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, como o respeito da soberania nacional e da integridade territorial,
assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do promoverão o progresso e o desenvolvimento sociais, e, em conse-
art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromis- quência, contribuirão para a realização da plena igualdade entre o
sos gravosos ao patrimônio nacional. homem e a mulher,
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. CONVENCIDOS de que a participação máxima da mulher, em
Art. 4o Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de março de igualdade de condições com o homem, em todos os campos, é in-
1984. dispensável para o desenvolvimento pleno e completo de um país,
o bem-estar do mundo e a causa da paz,
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- TENDO presente a grande contribuição da mulher ao bem-es-
minação contra a Mulher tar da família e ao desenvolvimento da sociedade, até agora não
Os Estados Partes na presente convenção, plenamente reconhecida, a importância social da maternidade e a
CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafirma a fé função dos pais na família e na educação dos filhos, e conscientes
nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da de que o papel da mulher na procriação não deve ser causa de dis-
pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher, criminação mas sim que a educação dos filhos exige a responsabili-
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos Hu- dade compartilhada entre homens e mulheres e a sociedade como
manos reafirma o princípio da não-discriminação e proclama que um conjunto,
todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e di- RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade entre o
reitos e que toda pessoa pode invocar todos os direitos e liberdades homem e a mulher é necessário modificar o papel tradicional tanto
proclamados nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de do homem como da mulher na sociedade e na família,
sexo, RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Declaração
CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Convenções Inter- sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e, para isto, a
nacionais sobre Direitos Humanos tem a obrigação de garantir ao adotar as medidas necessárias a fim de suprimir essa discriminação
homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos econô- em todas as suas formas e manifestações,
micos, sociais, culturais, civis e políticos, CONCORDARAM no seguinte:
OBSEVANDO as convenções internacionais concluídas sob os
PARTE I
auspícios das Nações Unidas e dos organismos especializados em
Artigo 1°
favor da igualdade de direitos entre o homem e a mulher,
Para os fins da presente Convenção, a expressão «discrimina-
OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e recomen-
ção contra a mulher» significará toda a distinção, exclusão ou res-
dações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Agências Especia-
trição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado preju-
lizadas para favorecer a igualdade de direitos entre o homem e a
dicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
mulher,
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar destes di-
homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamen-
versos instrumentos, a mulher continue sendo objeto de grandes tais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
discriminações, qualquer outro campo.
RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher viola os
princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade hu- Artigo 2°
mana, dificulta a participação da mulher, nas mesmas condições Os Estados Partes condenam a discriminação contra a mulher
que o homem, na vida política, social, econômica e cultural de seu em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios
país, constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da socieda- apropriados e sem dilações, uma política destinada a eliminar a dis-
de e da família e dificulta o pleno desenvolvimento das potenciali- criminação contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem a:
dades da mulher para prestar serviço a seu país e à humanidade, a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas constitui-
PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de pobreza, a ções nacionais ou em outra legislação apropriada o princípio da
mulher tem um acesso mínimo à alimentação, à saúde, à educação, igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei outros meios
à capacitação e às oportunidades de emprego, assim como à satis- apropriados a realização prática desse princípio;
fação de outras necessidades, b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter,
CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Ordem Eco- com as sanções cabíveis e que proíbam toda discriminação contra
nômica Internacional baseada na equidade e na justiça contribuirá a mulher;
significativamente para a promoção da igualdade entre o homem c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher numa
e a mulher, base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tri-
SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas as for- bunais nacionais competentes e de outras instituições públicas, a
mas de racismo, discriminação racial, colonialismo, neocolonialis- proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação;
mo, agressão, ocupação estrangeira e dominação e interferência d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discrimina-
nos assuntos internos dos Estados é essencial para o pleno exercício ção contra a mulher e zelar para que as autoridades e instituições
dos direitos do homem e da mulher, públicas atuem em conformidade com esta obrigação;
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da segurança in- e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discrimina-
ternacionais, o alívio da tensão internacional, a cooperação mútua ção contra a mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou
entre todos os Estados, independentemente de seus sistemas eco- empresa;
nômicos e sociais, o desarmamento geral e completo, e em par- f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter le-
ticular o desarmamento nuclear sob um estrito e efetivo controle gislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e prá-
internacional, a afirmação dos princípios de justiça, igualdade e ticas que constituam discriminação contra a mulher;
proveito mútuo nas relações entre países e a realização do direi- g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que constitu-
to dos povos submetidos a dominação colonial e estrangeira e a am discriminação contra a mulher.
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 3° Artigo 9°
Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em particu- 1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos iguais aos
lar, nas esferas política, social, econômica e cultural, todas as me- dos homens para adquirir, mudar ou conservar sua nacionalidade.
didas apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para assegurar o Garantirão, em particular, que nem o casamento com um estran-
pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o objetivo de geiro, nem a mudança de nacionalidade do marido durante o casa-
garantir-lhe o exercício e gozo dos direitos humanos e liberdades mento, modifiquem automaticamente a nacionalidade da esposa,
fundamentais em igualdade de condições com o homem. convertam-na em apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade
do cônjuge.
Artigo 4° 2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos
1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais de ca- que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos.
ráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o
homem e a mulher não se considerará discriminação na forma de- PARTE III
finida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como Artigo 10
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separadas; Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para
essas medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de opor- eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a
tunidade e tratamento houverem sido alcançados. igualdade de direitos com o homem na esfera da educação e em
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais, inclu- particular para assegurarem condições de igualdade entre homens
sive as contidas na presente Convenção, destinadas a proteger a e mulheres:
maternidade, não se considerará discriminatória. a) As mesmas condições de orientação em matéria de carrei-
ras e capacitação profissional, acesso aos estudos e obtenção de
Artigo 5° diplomas nas instituições de ensino de todas as categorias, tanto
Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropriadas para: em zonas rurais como urbanas; essa igualdade deverá ser assegu-
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens rada na educação pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída
e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos preconceitos e a educação técnica superior, assim como todos os tipos de capaci-
práticas consuetudinárias e de qualquer outra índole que estejam tação profissional;
baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, pessoal
dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres. docente do mesmo nível profissional, instalações e material escolar
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão da mesma qualidade;
adequada da maternidade como função social e o reconhecimento c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis
da responsabilidade comum de homens e mulheres no que diz res- masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de
peito à educação e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo- ensino mediante o estímulo à educação mista e a outros tipos de
-se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em par-
em todos os casos. ticular, mediante a modificação dos livros e programas escolares e
adaptação dos métodos de ensino;
Artigo 6° d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas-de-estu-
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas, in- do e outras subvenções para estudos;
clusive de caráter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfi- e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas de edu-
co de mulheres e exploração da prostituição da mulher. cação supletiva, incluídos os programas de alfabetização funcional e
de adultos, com vistas a reduzir, com a maior brevidade possível, a
PARTE II diferença de conhecimentos existentes entre o homem e a mulher;
Artigo 7° f) A redução da taxa de abandono feminino dos estudos e a
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para organização de programas para aquelas jovens e mulheres que te-
eliminar a discriminação contra a mulher na vida política e pública nham deixado os estudos prematuramente;
do país e, em particular, garantirão, em igualdade de condições com g) As mesmas oportunidades para participar ativamente nos
os homens, o direito a: esportes e na educação física;
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser elegí- h) Acesso a material informativo específico que contribua para
vel para todos os órgãos cujos membros sejam objeto de eleições assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluída a informação e
públicas; o assessoramento sobre planejamento da família.
b) Participar na formulação de políticas governamentais e na
execução destas, e ocupar cargos públicos e exercer todas as fun- Artigo 11
ções públicas em todos os planos governamentais; 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas
c) Participar em organizações e associações não-governamen- para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera do empre-
tais que se ocupem da vida pública e política do país. go a fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens e
mulheres, os mesmos direitos, em particular:
Artigo 8° a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas para humano;
garantir, à mulher, em igualdade de condições com o homem e sem b) O direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive
discriminação alguma, a oportunidade de representar seu governo a aplicação dos mesmos critérios de seleção em questões de em-
no plano internacional e de participar no trabalho das organizações prego;
internacionais. c) O direito de escolher livremente profissão e emprego, o di-
reito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos os benefí-
cios e outras condições de serviço, e o direito ao acesso à formação
e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem, formação
profissional superior e treinamento periódico;
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igual- 2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apropriadas
dade de tratamento relativa a um trabalho de igual valor, assim para eliminar a discriminação contra a mulher nas zonas rurais a fim
como igualdade de tratamento com respeito à avaliação da quali- de assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres,
dade do trabalho; que elas participem no desenvolvimento rural e dele se beneficiem,
e) O direito à seguridade social, em particular em casos de apo- e em particular as segurar-lhes-ão o direito a:
sentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra inca- a) Participar da elaboração e execução dos planos de desenvol-
pacidade para trabalhar, bem como o direito de férias pagas; vimento em todos os níveis;
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive infor-
trabalho, inclusive a salvaguarda da função de reprodução. mação, aconselhamento e serviços em matéria de planejamento
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões familiar;
de casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de seu di- c) Beneficiar-se diretamente dos programas de seguridade so-
reito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão as medidas adequadas cial;
para: d) Obter todos os tipos de educação e de formação, acadêmica
a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou e não acadêmica, inclusive os relacionados à alfabetização funcio-
licença de maternidade e a discriminação nas demissões motivadas nal, bem como, entre outros, os benefícios de todos os serviços co-
pelo estado civil; munitário e de extensão a fim de aumentar sua capacidade técnica;
b) Implantar a licença de maternidade, com salário pago ou be- e) Organizar grupos de autoajuda e cooperativas a fim de obter
nefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego anterior, anti- igualdade de acesso às oportunidades econômicas mediante em-
guidade ou benefícios sociais; prego ou trabalho por conta própria;
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio ne- f) Participar de todas as atividades comunitárias;
cessários para permitir que os pais combinem as obrigações para g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos servi-
ços de comercialização e às tecnologias apropriadas, e receber um
com a família com as responsabilidades do trabalho e a participa-
tratamento igual nos projetos de reforma agrária e de reestabele-
ção na vida pública, especialmente mediante fomento da criação e
cimentos;
desenvolvimento de uma rede de serviços destinados ao cuidado
h) gozar de condições de vida adequadas, particularmente nas
das crianças; esferas da habitação, dos serviços sanitários, da eletricidade e do
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos abastecimento de água, do transporte e das comunicações.
tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais para elas.
3. A legislação protetora relacionada com as questões compre- PARTE IV
endidas neste artigo será examinada periodicamente à luz dos co- Artigo 15
nhecimentos científicos e tecnológicos e será revista, derrogada ou 1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualdade com o
ampliada conforme as necessidades. homem perante a lei.
2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em matérias civis,
Artigo 12 uma capacidade jurídica idêntica do homem e as mesmas oportu-
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas nidades para o exercício dessa capacidade. Em particular, reconhe-
para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera dos cuida- cerão à mulher iguais direitos para firmar contratos e administrar
dos médicos a fim de assegurar, em condições de igualdade entre bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas do
homens e mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive os refe- processo nas cortes de justiça e nos tribunais.
rentes ao planejamento familiar. 3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou outro
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Estados-Partes instrumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a ca-
garantirão à mulher assistência apropriadas em relação à gravidez, pacidade jurídica da mulher será considerado nulo.
ao parto e ao período posterior ao parto, proporcionando assistên- 4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher os
cia gratuita quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma nu- mesmos direitos no que respeita à legislação relativa ao direito das
trição adequada durante a gravidez e a lactância. pessoas à liberdade de movimento e à liberdade de escolha de re-
sidência e domicílio.
Artigo 13
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropriadas para Artigo 16
eliminar a discriminação contra a mulher em outras esferas da vida 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas adequadas
econômica e social a fim de assegurar, em condições de igualdade para eliminar a discriminação contra a mulher em todos os assun-
tos relativos ao casamento e às ralações familiares e, em particular,
entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
com base na igualdade entre homens e mulheres, assegurarão:
a) O direito a benefícios familiares;
a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras
b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e de con-
formas de crédito financeiro;
trair matrimônio somente com livre e pleno consentimento;
c) O direito a participar em atividades de recreação, esportes e c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o casamen-
em todos os aspectos da vida cultural. to e por ocasião de sua dissolução;
d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, qual-
Artigo 14 quer que seja seu estado civil, em matérias pertinentes aos filhos.
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os problemas es- Em todos os casos, os interesses dos filhos serão a consideração
pecíficos enfrentados pela mulher rural e o importante papel que primordial;
desempenha na subsistência econômica de sua família, incluído seu e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavelmente so-
trabalho em setores não-monetários da economia, e tomarão todas bre o número de seus filhos e sobre o intervalo entre os nascimen-
as medidas apropriadas para assegurar a aplicação dos dispositivos tos e a ter acesso à informação, à educação e aos meios que lhes
desta Convenção à mulher das zonas rurais. permitam exercer esses direitos;
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respeito à tu- 8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da Assembleia
tela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou institutos análogos, Geral, receberão remuneração dos recursos das Nações Unidas, na
quando esses conceitos existirem na legislação nacional. Em todos forma e condições que a Assembleia Geral decidir, tendo em vista a
os casos os interesses dos filhos serão a consideração primordial; importância das funções do Comitê;
g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mulher, inclusi- 9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporcionará o pes-
ve o direito de escolher sobrenome, profissão e ocupação; soal e os serviços necessários para o desempenho eficaz das fun-
h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria de pro- ções do Comitê em conformidade com esta Convenção.
priedade, aquisição, gestão, administração, gozo e disposição dos
bens, tanto a título gratuito quanto à título oneroso. Artigo 18
2. Os esponsais e o casamento de uma criança não terão efeito 1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao Secretá-
legal e todas as medidas necessárias, inclusive as de caráter legis- rio-Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório
lativo, serão adotadas para estabelecer uma idade mínima para o sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras
casamento e para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em que adotarem para tornarem efetivas as disposições desta Conven-
registro oficial. ção e sobre os progressos alcançados a esse respeito:
a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Conven-
PARTE V ção para o Estado interessado; e
Artigo 17 b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e toda vez
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na aplica- que o Comitê a solicitar.
ção desta Convenção, será estabelecido um Comitê sobre a Elimi- 2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que in-
nação da Discriminação contra a Mulher (doravante denominado fluam no grau de cumprimento das obrigações estabelecidos por
o Comitê) composto, no momento da entrada em vigor da Conven- esta Convenção.
ção, de dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo trigésimo-
-quinto Estado-Parte, de vinte e três peritos de grande prestígio Artigo 19
moral e competência na área abarcada pela Convenção. Os peritos 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
serão eleitos pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois anos.
suas funções a título pessoal; será levada em conta uma repartição
geográfica equitativa e a representação das formas diversas de civi- Artigo 20
lização assim como dos principais sistemas jurídicos; 1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por um
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio secreto período não superior a duas semanas para examinar os relatórios
de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-Partes. Cada um que lhe sejam submetidos em conformidade com o Artigo 18 desta
dos Estados-Partes poderá indicar uma pessoa entre seus próprios Convenção.
nacionais; 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente na sede
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data de entra- das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que o Comitê de-
da em vigor desta Convenção. Pelo menos três meses antes da data termine.
de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações Unidas dirigirá uma
carta aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas candida- Artigo 21
turas, no prazo de dois meses. O Secretário-Geral preparará uma 1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das Na-
lista, por ordem alfabética de todos os candidatos assim apresenta- ções Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral das Nações
dos, com indicação dos Estados-Partes que os tenham apresentado Unidas de suas atividades e poderá apresentar sugestões e reco-
e comunicá-la-á aos Estados Partes; mendações de caráter geral baseadas no exame dos relatórios e em
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião informações recebidas dos Estados-Partes. Essas sugestões e reco-
dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Geral na sede das mendações de caráter geral serão incluídas no relatório do Comi-
Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será alcançado tê juntamente com as observações que os Estados-Partes tenham
com dois terços dos Estados-Partes, serão eleitos membros do Co- porventura formulado.
mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a 2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os relató-
maioria absoluta de votos dos representantes dos Estados-Partes rios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
presentes e votantes; As Agências Especializadas terão direito a estar representadas
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de no exame da aplicação das disposições desta Convenção que cor-
quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros eleitos respondam à esfera de suas atividades. O Comitê poderá convidar
na primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente as Agências Especializadas a apresentar relatórios sobre a aplicação
após a primeira eleição os nomes desses nove membros serão es- da Convenção nas áreas que correspondam à esfera de suas ativi-
colhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê; dades.
6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê realizar-
-se-á em conformidade com o disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 deste PARTE VI
Artigo, após o depósito do trigésimo-quinto instrumento de ratifica- Artigo 23
ção ou adesão. O mandato de dois dos membros adicionais eleitos Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer dispo-
nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por sorteio, pelo Pre- sição que seja mais propícia à obtenção da igualdade entre homens
sidente do Comitê, expirará ao fim de dois anos; e mulheres e que seja contida:
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo perito a) Na legislação de um Estado-Parte ou
tenha deixado de exercer suas funções de membro do Comitê no- b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo internacio-
meará outro perito entre seus nacionais, sob reserva da aprovação nal vigente nesse Estado.
do Comitê;
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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 24 Artigo 30
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as medidas Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, fran-
necessárias em âmbito nacional para alcançar a plena realização cês, inglês e russo são igualmente autênticos será depositada junto
dos direitos reconhecidos nesta Convenção. ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em testemunho do que, os abaixo-assinados devidamente au-
Artigo 25 torizados, assinaram esta Convenção.
1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos os Es-
tados.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado deposi- LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 (LEI MARIA DA PE-
tário desta Convenção. NHA)
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instrumentos de
ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações
Unidas. LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Estados.
A adesão efetuar-se-á através do depósito de um instrumento de Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
Artigo 26
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dis-
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer momento, for-
põe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
mular pedido de revisão desta revisão desta Convenção, mediante
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Pe-
notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral das Nações Unidas. nal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre as me-
didas a serem tomadas, se for o caso, com respeito a esse pedido. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Artigo 27
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a partir da TÍTULO I
data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio-
ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do
ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
Artigo 28 a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Re-
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e enviará a pública Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
todos os Estados o texto das reservas feitas pelos Estados no mo- Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi-
mento da ratificação ou adesão. das de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto doméstica e familiar.
e o propósito desta Convenção. Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia,
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli-
uma notificação endereçada com esse objetivo ao Secretário-Geral gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
das Nações Unidas, que informará a todos os Estados a respeito. A sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver
notificação surtirá efeito na data de seu recebimento. sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa-
mento moral, intelectual e social.
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o
Artigo 29
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimen-
1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-Partes re-
tação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao es-
lativa à interpretação ou aplicação desta Convenção e que não for
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
resolvida por negociações será, a pedido de qualquer das Partes na
ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
controvérsia, submetida a arbitragem. Se no prazo de seis meses § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir
a partir da data do pedido de arbitragem as Partes não acordarem os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésti-
sobre a forma da arbitragem, qualquer das Partes poderá submeter cas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli-
a controvérsia à Corte Internacional de Justiça mediante pedido em gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
conformidade com o Estatuto da Corte. § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as con-
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura ou rati- dições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados
ficação desta Convenção ou de adesão a ela, poderá declarar que no caput.
não se considera obrigado pelo parágrafo anterior. Os demais Esta- Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
dos-Partes não estarão obrigados pelo parágrafo anterior perante sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu-
nenhum Estado-Parte que tenha formulado essa reserva. liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reserva pre-
vista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qualquer momento
por meio de notificação ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
TÍTULO II TÍTULO III
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
CAPÍTULO I DOMÉSTICA E FAMILIAR
DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica
e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi- e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto arti-
cológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº culado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
150, de 2015) Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública,
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematiza-
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente ção de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação pe-
de coabitação. riódica dos resultados das medidas adotadas;
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
independem de orientação sexual. éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher consti- estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
tui uma das formas de violação dos direitos humanos. e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no
inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal
CAPÍTULO II IV - a implementação de atendimento policial especializado
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CON- para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à
TRA A MULHER Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre-
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas
mulher, entre outras: ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
ofenda sua integridade ou saúde corporal; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou
II - a violência psicológica, entendida como qualquer condu- outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover-
ta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo
que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio-
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças lência doméstica e familiar contra a mulher;
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma- VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
nipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais per-
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, ex- tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
ploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio questões de gênero e de raça ou etnia;
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018) valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexu- IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
al não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equida-
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, de de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência domés-
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contra- tica e familiar contra a mulher.
ceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipula- CAPÍTULO II
ção; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
reprodutivos; DOMÉSTICA E FAMILIAR
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu-
ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência domés-
de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os prin-
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os desti- cípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
nados a satisfazer suas necessidades; no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergen-
configure calúnia, difamação ou injúria. cialmente quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher
em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro-
gramas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência do-
méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicoló-
gica:
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, inte- § 1º A inquirição de mulher em situação de violência domésti-
grante da administração direta ou indireta; ca e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situ-
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução ação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505,
de união estável perante o juízo competente.(Incluído pela Lei nº de 2017)
13.894, de 2019) II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em si-
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência domésti- tuação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas
ca e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquiri-
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ções sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrati-
(AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos vo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela
casos de violência sexual. Lei nº 13.505, de 2017)
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência domés-
física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher tica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei,
fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os pela Lei nº 13.505, de 2017)
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total trata- I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
mento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequa-
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do dos à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar
ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluí-
os serviços.(Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) do pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por pro-
de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das fissional especializado em violência doméstica e familiar designado
vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505,
protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.(Vide Lei nº de 2017)
13.871, de 2019) (Vigência) III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou mag-
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste arti- nético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Inclu-
go não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio ído pela Lei nº 13.505, de 2017)
da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência do-
ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.(Vide Lei nº méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras provi-
13.871, de 2019) (Vigência) dências:
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos Instituto Médico Legal;
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
de violência doméstica e familiar em curso.(Incluído pela Lei nº para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
13.882,de 2019) IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependen- retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
tes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste familiar;
artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Minis- V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e
tério Público e aos órgãos competentes do poder público.(Incluído os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o
pela Lei nº 13.882,de 2019) eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa-
ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de disso-
lução de união estável.(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
CAPÍTULO III
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
representação a termo, se apresentada;
legais cabíveis.
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao
do fato e de suas circunstâncias;
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência do- apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
méstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, medidas protetivas de urgência;
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
de 2017) V - ouvir o agressor e as testemunhas;
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos TÍTULO IV
sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de man- DOS PROCEDIMENTOS
dado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra CAPÍTULO I
ele; DISPOSIÇÕES GERAIS
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou pos-
se de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição res- cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
ponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
Desarmamento);(Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao estabelecido nesta Lei.
juiz e ao Ministério Público. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e crimi-
de policial e deverá conter: nal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Terri-
I - qualificação da ofendida e do agressor; tórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução
II - nome e idade dos dependentes; das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicita- contra a mulher.
das pela ofendida. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agrava- judiciária.
mento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio
2019) ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Domésti-
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referi- ca e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
do no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Do-
disponíveis em posse da ofendida. méstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à parti-
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron- lha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável,
suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº
violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Po- 13.894, de 2019)
lícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces-
à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
equipes especializadas para o atendimento e a investigação das vio- I - do seu domicílio ou de sua residência;
lências graves contra a mulher. II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) III - do domicílio do agressor.
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representa-
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) ção da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos representação perante o juiz, em audiência especialmente designa-
da com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido
necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica
o Ministério Público.
e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica
2017)
e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli-
ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de
que o pagamento isolado de multa.
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convi-
CAPÍTULO II
vência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de
SEÇÃO I
2019) DISPOSIÇÕES GERAIS
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede
de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca-
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Inclu- I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me-
ído pela Lei nº 13.827, de 2019) didas protetivas de urgência;
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de as-
juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas sistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento
e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamen-
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público conco- to ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;
mitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à III - comunicar ao Ministério Público para que adote as provi-
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida dências cabíveis.
liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a
posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
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Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º
da ofendida. da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti-
das de imediato, independentemente de audiência das partes e de vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
comunicado. cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
nesta Lei forem ameaçados ou violados. força policial.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou-
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên- ber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869,
cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote- de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
Ministério Público. SEÇÃO III
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou-
representação da autoridade policial. tras medidas:
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa ofi-
no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, cial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi- II - determinar a recondução da ofendida e a de seus depen-
quem. dentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído IV - determinar a separação de corpos.
ou do defensor público. V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou
notificação ao agressor .
a transferência deles para essa instituição, independentemente da
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
SEÇÃO II
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O
AGRESSOR conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz
poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre ou-
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar tras:
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de ime- I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor
diato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes à ofendida;
medidas protetivas de urgência, entre outras: II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex-
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, pressa autorização judicial;
de 22 de dezembro de 2003 ; III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com agressor;
a ofendida; IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial,
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu- doméstica e familiar contra a ofendida.
nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a SEÇÃO IV
integridade física e psicológica da ofendida; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.641, DE 2018)
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno- DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS
res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço si- DE URGÊNCIA
milar; DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas pro-
e reeducação; e(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) tetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641,
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de
de 2018)
atendimento individual e/ou em grupo de apoio.(Incluído pela Lei
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
nº 13.984, de 2020)
pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplica-
§ 1º A configuração do crime independe da competência ci-
ção de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segu-
rança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi- vil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº
dência ser comunicada ao Ministério Público. 13.641, de 2018)

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§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autorida- TÍTULO VI
de judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
2018)
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumula-
rão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
CAPÍTULO III sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
pela legislação processual pertinente.
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va-
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas
familiar contra a mulher. no caput.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a TÍTULO VII
mulher, quando necessário: DISPOSIÇÕES FINAIS
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu-
cação, de assistência social e de segurança, entre outros; Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami-
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra
a mulher. (Vide Lei nº 14.316, de 2022)
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu-
CAPÍTULO IV lheres e respectivos dependentes em situação de violência domés-
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA tica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me-
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu- nores em situação de violência doméstica e familiar;
lher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saú-
acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta de e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento
Lei. à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência do- IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência do-
méstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de méstica e familiar;
Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
judicial, mediante atendimento específico e humanizado. Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às
TÍTULO V diretrizes e aos princípios desta Lei.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre-
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi-
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente
Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação coletiva.
local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar
e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audi-
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi-
ência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e
nacional de dados e informações relativo às mulheres.
os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Esta-
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissio- dos e do Distrito Federal poderão remeter suas informações crimi-
nal especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento nais para a base de dados do Ministério da Justiça.
multidisciplinar. Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da me-
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or- dida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de sua concessão, imediatamente registradas em banco de dados man-
Diretrizes Orçamentárias. tido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido
o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública e
dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas
à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. (Redação dada
Lei nº 14.310, de 2022) Vigência

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a solução para o seu concurso!
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140)
diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamen-
tárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementa-
ção das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras PARTE ESPECIAL
decorrentes dos princípios por ela adotados. (VIDE LEI Nº 7.209, DE 1984)
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fami- TÍTULO I
liar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. CAPÍTULO V
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro DOS CRIMES CONTRA A HONRA
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do
seguinte inciso IV: Injúria
“Art. 313. ................................................. Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
................................................................ coro:
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
medidas protetivas de urgência.” (NR) I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº 2.848, mente a injúria;
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
seguinte redação: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
“Art. 61. .................................................. sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
................................................................. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
II - ............................................................ pena correspondente à violência.
................................................................. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência ou portadora de deficiência:(Redação dada pela Lei nº 10.741, de
contra a mulher na forma da lei específica; 2003)
........................................................... ” (NR) Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela Lei nº
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 9.459, de 1997)
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 129. .................................................. Os crimes contra a honra subdividem-se entre Calúnia, Difama-
.................................................................. ção e Injúria. Em um primeiro momento, eles nos assustam, pois
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, são crimes simples mas com muita bagagem que certamente, irá
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha ser muito usado para quem pretende seguir o ramo do Direito Penal
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- futuramente.
ticas, de coabitação ou de hospitalidade: Partiremos para a Injúria, um crime corriqueiro nos dias de
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. hoje. Podemos dizer que, a injúria é o menos-grave do rol dos cri-
.................................................................. mes contra a honra existentes no Código Penal, porém, pode se tor-
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada nar uma infração grave, se atingida a raça, a etnia, a religião etc. No
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de artigo 140 do Código Penal dispõe que: Injuriar alguém, ofendendo
deficiência.” (NR) lhe a dignidade ou decoro. Por exemplo: Chamar uma pessoa de
Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei burra e incapaz nas atividades profissionais.
de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: A Injúria é basicamente um “xingamento”, que se consuma
“Art. 152. ................................................... quando a própria vítima toma o conhecimento e é somente de hon-
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a ra subjetiva. Entretanto, este crime possui situações em que o juiz
mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do pode deixar de aplicar a pena, quando por exemplo, houve uma
agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR) provocação, ou no caso de retorsão imediata. Caberá tentativa de-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após pendendo dos meios de execução e não cabe exceção da verdade.
sua publicação.

LEI N° 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 (CRIME DE TORTURA)

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997

Define os crimes de tortura e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-


cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
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a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer
vítima ou de terceira pessoa; gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, bares, con-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; feitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por preconceito
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento pú-
de caráter preventivo. blico, de diversões ou de esporte, por preconceito de raça, de cor,
Pena - reclusão, de dois a oito anos. de sexo ou de estado civil.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal. Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de esta-
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando belecimento comercial ou de prestação de serviço, por preconceito
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
de um a quatro anos. Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) meses, e
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR).
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de
são é de oito a dezesseis anos. ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de raça, de cor,
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: de sexo ou de estado civil.
I - se o crime é cometido por agente público; Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referência (MVR).
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensi-
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) no, a pena será a perda do cargo para o agente, desde que apurada
III - se o crime é cometido mediante sequestro. em inquérito regular.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
da pena aplicada. civil.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade
ou anistia. em inquérito regular, para o funcionário dirigente da repartição de
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia,
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não sociedade de economia mista, empresa concessionária de serviço
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi- público ou empresa privada, por preconceito de raça, de cor, de
leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. sexo ou de estado civil.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. caso de empresa privada; perda do cargo para o responsável pela
recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e em-
presa concessionária de serviço público.
LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985 (LEI CAÓ) Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabelecimen-
tos particulares, poderá o juiz determinar a pena adicional de sus-
pensão do funcionamento, por prazo não superior a 3 (três) meses.
LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985 Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes
de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando
nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso LEI ESTADUAL N° 10.549, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006 (SE-
Arinos. CRETARIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL)

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-


cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: LEI Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006
Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a
prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo Modifica a estrutura organizacional da Administração Pública do
ou de estado civil. Poder Executivo Estadual e dá outras providências.
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o diretor,
gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a As-
referida no artigo 1º. desta lei. sembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Das Contravenções Art. 1º - A Administração Pública Estadual fica modificada na
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou forma da presente Lei.
estabelecimento de mesma finalidade, por preconceito de raça, de Art. 2º - Ficam alteradas as denominações das seguintes Secre-
cor, de sexo ou de estado civil. tarias de Estado:
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa I - Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte - SETRAS,
de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de referência (MVR). para Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SETRE;
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II - Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais a) os Conselhos Regionais de Desenvolvimento;
- SECOMP, para Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à b) a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CAR.
Pobreza - SEDES; Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de Relações Institu-
III - Secretaria de Governo - SEGOV para Casa Civil; cionais - SERIN, da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI
IV - Secretaria de Cultura e Turismo - SCT, para e da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR,
V - Secretaria da Justiça e Direitos Humanos - SJDH, para Secre- não conterão a Diretoria Geral prevista no art. 2º da Lei 7.435/98.
taria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH. Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de Administração e
Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias: Finanças em cada uma das Secretarias referidas neste artigo e no
I - Secretaria de Relações Institucionais - SERIN; Gabinete do Governador, tendo por finalidade o planejamento e co-
II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI; ordenação das atividades de programação, orçamentação, acompa-
III - Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional SE- nhamento, avaliação, estudos e análises, administração financeira
DIR; e de contabilidade, material, patrimônio, serviços, recursos huma-
IV - Secretaria de Turismo - SETUR. nos, modernização administrativa e informática.
Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, funções, Art. 6º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem por
fundos, órgãos e entidades: finalidade a coordenação política do Poder Executivo e de suas rela-
I - da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SE-
ções com os demais Poderes das diversas esferas de Governo, com
TRE, para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po-
a sociedade civil e suas instituições.
breza - SEDES:
§ 1º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN tem a se-
a) a Superintendência de Assistência Social;
guinte estrutura básica:
b) o Fundo Estadual de Assistência Social, de que trata a Lei
6.930/95; a) Gabinete do Secretário;
c) o Fundo Estadual de Atendimento à Criança e ao Adolescen- b) Diretoria de Administração e Finanças;
te, de que trata a Lei 6975/96; c) Coordenação de Assuntos Legislativos;
d) a Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC; d) Coordenação de Assuntos Federativos;
e) o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; e) Coordenação de Articulação Social.
f) o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente - CECA; Parágrafo único - As Coordenações têm por objetivo o planeja-
g) a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC; mento, a execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria
h) a Coordenação de Defesa Civil - CORDEC; de Relações Institucionais SERIN, conforme dispuser o Regulamen-
II - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po- to.
breza - SEDES, para a Casa Civil, o Fundo Estadual de Combate Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI tem
e Erradicação da Pobreza - FUNCEP, instituído pelo art. 4º da Lei por finalidade planejar e executar políticas de promoção da igual-
7.988/2001; dade racial e proteção dos direitos de indivíduos e grupos étnicos
III - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Po- atingidos pela discriminação e demais formas de intolerância, bem
breza - SEDES, para a Casa Civil: assim, planejar e executar as políticas públicas de caráter transver-
a) a Diretoria Executiva do Fundo Estadual de Combate e Erra- sal para as mulheres.
dicação da Pobreza FUNCEP, criada pelo art. 2º, inciso II, alínea c, da § 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - SEPROMI tem a
Lei nº 7.988, de 21 de dezembro de 2001, com as alterações intro- seguinte estrutura básica:
duzidas pela Lei nº 9.509, de 20 de maio de 2005, exceto a Diretoria I - Órgãos Colegiados:
de Orçamento Público e a Diretoria de Finanças; a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra;
Redação de acordo com o art. 46 da Lei nº 10.955, de 12 de b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher;
dezembro de 2007. II - Órgãos da Administração Direta:
Redação original: “a) a Diretoria Executiva do FUNCEP criada a) Gabinete do Secretário;
pelo art. 2º, II, c e § 8º da Lei 7.988/2001, com as alterações intro- b) Diretoria de Administração e Finanças;
duzidas pela Lei 9.509/2005, exceto a Coordenação de Orçamento c) Superintendência de Políticas para as Mulheres;
e Finanças;”
d) Superintendência de Promoção da Igualdade Racial.
b) o Conselho de Políticas de Inclusão Social;
§ 2º - A Superintendência de Políticas para as Mulheres tem
c) a Câmara Técnica de Gestão de Programas;
por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar
IV - da Casa Civil:
e executar programas e atividades voltadas à implementação de
a) para a Secretaria de Relações Institucionais SERIN: as fun-
ções de coordenação de assuntos legislativos; políticas para as mulheres, implementar ações afirmativas e definir
b) para o Gabinete do Governador, órgão vinculado diretamen- ações públicas de promoção da igualdade entre homens e mulheres
te ao Governador: a Ouvidoria Geral do Estado, a Secretaria Parti- e de combate à discriminação.
cular do Governador, o Escritório de Representação do Governo, o § 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade Racial
Cerimonial e a Assessoria Especial do Governador; tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, contro-
V - da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Turismo - SE- lar e executar programas e atividades voltadas à implementação de
TUR: políticas e diretrizes para a promoção da igualdadee da proteção
a) a Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos; dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por
b) a Empresa de Turismo da Bahia S/A BAHIATURSA; discriminação racial e demais formas de intolerância.
VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ- § 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de Desenvol-
CDH, para a Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI: vimento da Comunidade Negra e do Conselho Estadual de Defesa
a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; dos Diretos da Mulher, de que tratam as alíneas a e b do art. 17
b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher; da Lei nº 4.697/87, a representação da Secretaria de Promoção da
VII - da Secretaria do Planejamento - SEPLAN para a Secretaria Igualdade - SEPROMI.
de Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR:
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Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regio- Art. 11 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à
nal - SEDIR tem por finalidade planejar e coordenar a execução da Pobreza - SEDES tem por finalidade planejar, coordenar, executar e
política estadual de desenvolvimento regional integrado; formular, fiscalizar as políticas de desenvolvimento social, segurança alimen-
em parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econô- tar e nutricional e de assistência social.
mico e Social, os planos e programas regionais de desenvolvimen- § 1º - A Superintendência de Apoio à Inclusão Social, passa a
to; estabelecer estratégias de integração das economias regionais; ser denominada Superintendência de Inclusão e Assistência Ali-
acompanhar e avaliar os programas integrados de desenvolvimento mentar, com a finalidade de promover as ações de inclusão social e
regional. de assistência alimentar, conforme dispuser o regulamento.
§ 1º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional - § 2º - Fica extinta a Superintendência de Articulação e Progra-
SEDIR tem a seguinte estrutura básica: mas Especiais.
I - Órgãos Colegiados: Art. 12 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à
a) Conselhos Regionais de Desenvolvimento. Pobreza - SEDES tem a seguinte estrutura básica:
II - Órgãos da Administração Direta: I - Órgãos Colegiados:
a) Gabinete do Secretário; a) Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC;
b) Diretoria de Administração e Finanças; b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
c) Coordenação de Políticas do Desenvolvimento Regional; - CECA;
d) Coordenação de Programas Regionais; c) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS;
III - Entidade da Administração Indireta: d) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da
a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR. Bahia - CONSEA BA;
§ 2º - As coordenações têm por objetivo o planejamento, a II - Órgãos da Administração Direta:
execução e o controle das atividades a cargo da Secretaria de De- a) Gabinete do Secretário;
senvolvimento e Integração Regional - SEDIR, conforme dispuser o b) Diretoria Geral;
regulamento. c) Superintendência de Assistência Social;
Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de assistência direta d) Superintendência de Inclusão e Assistência Alimentar;
e imediata ao Governador, tem a seguinte estrutura básica: III - Órgão em Regime Especial de Administração Direta:
a) Chefia do Gabinete; a) Coordenação de Defesa Civil - CORDEC.
b) Secretaria Particular do Governador; IV - Entidade da Administração Indireta:
c) Cerimonial; a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC.
d) Assessoria Especial do Governador; Parágrafo único - O Secretário do Desenvolvimento Social e
e) Assessoria Internacional;
Combate à Pobreza - SEDES passa a integrar na condição de presi-
f) Escritório de Representação do Governo.
dente, o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS, o Conselho
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe do Gabinete do
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - CECA e a Comis-
Governador, ao qual são atribuídas as atividades de supervisão e
são Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC.
coordenação dos órgãos integrantes da estrutura do Gabinete do
Art. 13 - A Secretaria de Turismo - SETUR tem por finalidade
Governador, bem como a elaboração da agenda e o exercício de
planejar, coordenar e executar políticas de promoção e fomento ao
outras atribuições designadas pelo Governador.
turismo.
Redação de acordo como o art. 39 da Lei nº 13.204, de 11 de
§ 1º - A Secretaria de Turismo - SETUR tem a seguinte estrutura
dezembro de 2014.
básica:
Redação original: “Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão
de assistência direta e imediata ao Governador, tem a seguinte es- I - Órgãos da Administração Direta:
trutura básica: a) Gabinete do Secretário;
a) Chefia do Gabinete; b) Diretoria Geral;
b) Ouvidoria Geral do Estado; c) Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos;
c) Secretaria Particular do Governador; d) Superintendência de Serviços Turísticos.
d) Cerimonial; II - Entidade da Administração Indireta:
e) Assessoria Especial do Governador; a) Empresa de Turismo da Bahia S/A - BAHIATURSA.
f) Assessoria Internacional; § 2º - A Superintendência de Serviços Turísticos tem por fina-
g) Escritório de Representação do Governo; lidade planejar e executar programas e projetos de qualificação de
h) Diretoria de Administração e Finanças. serviços e mão-de-obra, capacitação empresarial, certificação de
Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe de Gabinete do qualidade, regulação e fiscalização de atividades turísticas.
Governador, ao qual são asseguradas as prerrogativas, represen- Art. 14 - Ficam criadas:
tação, remuneração e impedimentos de Secretário de Estado, ca- I - na Secretaria da Agricultura - SEAGRI: a Superintendência de
bendo-lhe a supervisão e a coordenação dos órgãos integrantes da Agricultura Familiar, com a finalidade de orientar, apoiar, coordenar,
estrutura do Gabinete do Governador, a elaboração da agenda e o acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltados
exercício de outras atribuições designadas pelo Governador.” ao fortalecimento da agricultura familiar.
Art. 10 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte II - na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJ-
- SETRE tem por finalidade planejar e executar as políticas de em- CDH:
prego e renda e de apoio à formação do trabalhador, de economia a) a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da Pessoa
solidária e de fomento ao esporte. com Deficiência, com a finalidade de promover e fortalecer o de-
Parágrafo único - Fica criada na Secretaria do Trabalho, Empre- senvolvimento dos programas e ações voltados para a defesa dos
go, Renda e Esporte - SETRE a Superintendência de Economia Soli- direitos da pessoa portadora de deficiência;
dária, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e acompa- b) a Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas, vincu-
nhar as ações e programas de fomento à economia solidária. lada à Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos.
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Art. 15 - Para atender à implantação dos novos órgãos criados Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Especial de
por esta Lei e às adequações na estrutura da Administração Pública Políticas de Promoção da Igualdade Racial no cargo de Ministro de
Estadual, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado e Estado Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
os cargos em comissão constantes do Anexo Único desta Lei. Igualdade Racial. (Incluído pela Lei nº 11.693, de 2008)
Art. 16 - Ficam extintos os cargos em comissão constantes do Art. 5° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Anexo Único desta Lei.
Art. 17 - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a promo-
ver, no prazo de 120 (cento e vinte) dias: QUESTÕES
I - a revisão e a elaboração dos regimentos, estatutos e outros
instrumentos regulamentadores para adequação das alterações or-
ganizacionais decorrentes desta Lei; 1. Na implementação dos programas e das ações constantes
II - as modificações orçamentárias necessárias ao cumprimento dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, deverão
desta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento ser observadas as políticas de ação afirmativa conforme o Estatuto
do exercício de 2007. de Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010) e outras políticas públicas
Parágrafo único - As modificações de que trata o inciso II deste que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades
artigo incluem a abertura de créditos especiais destinados, exclusi- e a inclusão social da população negra, entre elas:
vamente, à criação de categorias de programação indispensáveis ao I. incentivo à criação de programas e veículos de comunicação
funcionamento de órgãos criados ou decorrentes desta Lei, respei- destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interesses da
população negra.
tado o Art. 7º da Lei Orçamentária de 2007.
II. iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das
Art. 18 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar os atos ne-
pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e supe-
cessários à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação
rior.
dos órgãos criados ou reorganizados por esta Lei.
III. apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das
Art. 19 - Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 2007. tradições africanas e brasileiras.
Art. 20 - Revogam-se as disposições em contrário. Está correto o que se afirma em
(A) III, apenas.
(B) I, II e III
LEI Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003 (SECRETARIA DE PO- (C) I e II, apenas.
LÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA PRESI- (D) I e III, apenas.
DÊNCIA DA REPÚBLICA) (E) II e III, apenas.

2. De acordo com Estatuto da Igualdade Racial (Lei n°


LEI N° 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003 12.288/2010) a eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais
e institucionais que impedem a representação da diversidade ét-
Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualda- nica nas esferas pública e privada é uma das formas de promover
de Racial, da Presidência da República, e dá outras providências. (A) a informação para os jovens que buscam melhores condi-
ções econômicas e sociais.
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida (B) a ação de adolescentes e jovens universitários nos diversos
Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Nacional aprovou, e espaços sociais garantindo a promoção da igualdade racial.
eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente, no exercí- (C) a participação da população negra, em condição de igual-
cio da Presidência da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos dade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada cultural do País.
pela Emenda constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Re- (D) o acesso aos recursos financeiros para jovens com alto ren-
solução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei: dimento escolar visando a melhoria de sua organização fami-
Art. 1° Fica criada, como órgão de assessoramento imediato ao liar.
Presidente da República, a Secretaria Especial de Políticas de Pro- (E) a inclusão de meninas nos programas de apoio ao combate
às drogas nas escolas das grandes metrópoles.
moção da Igualdade Racial.
ART. 2° (REVOGADO PELA LEI Nº 12.314, DE 2010)
3. João, 15 anos, negro, é vítima de várias piadas de outros ado-
Art. 3° O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria Espe-
lescentes pela textura do cabelo e forma de penteá-lo. Na escola é
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da
excluído das atividades pelos próprios colegas e sempre recebe um
República, e terá a sua composição, competências e funcionamento apelido diferente pela cor da pele. A atitude das pessoas para com o
estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado até 31 de João é definida no Estatuto da Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010)
agosto de 2003. como
Parágrafo único.A Secretaria Especial de Políticas de Promo- (A) desigualdade de gênero.
ção da Igualdade Racial, da Presidência da República, constituirá, (B) política pública.
no prazo de noventa dias, contado da publicação desta Lei, grupo (C) discriminação racial.
de trabalho integrado por representantes da Secretaria Especial e (D) ação afirmativa.
da sociedade civil, para elaborar proposta de regulamentação do (E) discriminação sexual.
CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República.
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de Promo-
ção da Igualdade Racial da Presidência da República, 1(um) cargo
de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Redação dada pela Lei nº
11.693, de 2008)
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
4. Conforme Lei Federal nº 12.288/2010, em relação aos ob- 7. Assinale a alternativa correta acerca do que prevê o Estatuto
jetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, da Igualdade Racial (Lei n° 12.288/2010).
analise as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se (A) Denominam-se políticas públicas para integração racial os
falsas. programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela
( ) Fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e
e saúde da população negra. para a promoção da igualdade de oportunidades.
( ) Inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos pro- (B) Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políti-
cessos de formação e educação permanente dos trabalhadores da cas públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades
saúde. sociais e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas
( ) Promoção da saúde integral da população negra, priorizando pública e privada, durante o processo de formação social do
a redução das desigualdades étnicas e o combate à discriminação País.
nas instituições e serviços do SUS. (C) Os moradores das comunidades de remanescentes de qui-
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima lombos serão beneficiários de incentivos específicos para a
para baixo, é: garantia do direito à saúde, excluindo- -se apenas as melho-
(A) F – F – F. rias nas condições ambientais, garantindo-se porém obras de
(B) F – V – V. saneamento básico, de segurança alimentar e nutricional e na
(C) V – F – F. atenção integral à saúde.
(D) V – F – V. (D) É obrigatório o ensino da capoeira nas instituições públicas
(E) V – V – V. e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e
formalmente reconhecidos, para crianças de 04 a 07 anos de
5. De acordo com a Lei nº 12.288/2010, que institui o Estatuto idade.
da Igualdade Racial, assinale a alternativa correta. (E) Os Poderes Executivos Estaduais elaborarão plano de pro-
(A)O Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político- moção da igualdade racial contendo as metas, princípios e dire-
-jurídica a ressocialização dos autores de desigualdade étnico- trizes para a implementação da Política Nacional de Promoção
-racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da da Igualdade Racial.
identidade nacional brasileira.
(B) O poder público garantirá que o segmento da população ne- 8. Segundo a Lei nº 7.716/1989, é crime resultante de discri-
gra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado com minação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
prioridade no atendimento. nacional, impedir
(C) A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacio- (A) a ascensão funcional de servidores públicos estatutários,
nal. excluindo-se os prestadores de serviço em regime celetista.
(D) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino (B) a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma
médio, desde que públicos, é obrigatório o estudo da história de benefício profissional, excluídos os cargos da administração
geral da África e da história da população negra no Brasil. pública indireta.
(E) Os moradores de comunidades carentes serão beneficiários (C) o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da admi-
de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde. nistração pública, bem como das concessionárias de serviços
públicos.
6. Sobre o Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) e (D) o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da ad-
os conceitos estabelecidos por ele, relacione as colunas e assinale a ministração direta, o que não se aplica aos entes privados em
alternativa com a sequência correta. regime de concessão de serviços públicos.
1. Desigualdade racial.
2. Desigualdade de gênero e raça. 9. De acordo com a Lei nº 7.716/1989, que define os crimes
3. Políticas públicas. resultantes de preconceito de raça ou de cor, aquele que incitar o
4. Ações afirmativas. preconceito de raça por intermédio dos meios de comunicação so-
( ) Ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cum- cial está sujeito à pena de
primento de suas atribuições institucionais. (A) reclusão de dois a cinco anos e multa.
( ) Assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a (B) trabalho voluntário e restrições de finais de semana.
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos so- (C) reclusão de um a três anos.
ciais. (D) detenção de seis meses a 1 ano e multa.
( ) Programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela (E) somente multa.
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a
promoção da igualdade de oportunidades. 10. Constituem crimes resultantes de discriminação ou precon-
( ) Toda situação injustificada de diferenciação de acesso e frui- ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, EXCETO
ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e priva- (A) impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habi-
da, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou litado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta,
étnica. bem como das concessionárias de serviços públicos.
(A) 4 – 2 – 3 – 1. (B) negar ou obstar emprego em empresa privada.
(B) 3 –1 – 4 – 2 (C) recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial,
(C) 3 – 2 – 4 – 1. negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
(D) 4 – 1 – 3 – 2. (D) impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão,
(E) 1 – 2 – 3 – 4. estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
(E) injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro,
utilizando-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião
e origem.
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IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
11. A respeito das disposições da Convenção sobre a elimina-
ção de todas as formas de discriminação contra a mulher, assinale a
alternativa INCORRETA. GABARITO
(A) Devem ser tomadas medidas apropriadas, inclusive de cará-
ter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfico de mu-
lheres e exploração da prostituição da mulher
1 B
(B) Os Estados-Partes convém que todo contrato ou outro ins-
trumento privado de efeito jurídico que tenda a restringir a ca- 2 C
pacidade jurídica da mulher será considerado anulável, salvo se 3 C
a própria mulher referendar o ato.
(C) Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer 4 E
disposição que seja mais propícia à obtenção da igualdade 5 C
entre homens e mulheres e que seja contida na legislação de
6 C
um Estado-Parte ou em qualquer outra convenção, tratado ou
acordo internacional vigente nesse Estado. 7 B
(D) É assegurado às mulheres o direito às mesmas oportunida- 8 C
des de emprego, inclusive a aplicação dos mesmos critérios de
seleção em questões de emprego. 9 A
(E) Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos direitos 10 E
que ao homem no que diz respeito à nacionalidade dos filhos.
11 B
12. Assinale a alternativa que apresenta a Convenção Interna- 12 C
cional ainda não ratificada pelo Estado brasileiro.
13 C
(A) Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher.
(B) Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
(C) Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos
ANOTAÇÕES
Humanos dos Idosos.
(D) Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. ______________________________________________________
(E) Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Dis-
criminação contra a Mulher. ______________________________________________________

13. Assinale a alternativa correta sobre as previsões expressas ______________________________________________________


da Lei Federal n° 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Pe-
nha). ______________________________________________________
(A) O Ministério Público atuará apenas quando for parte nas
causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e ______________________________________________________
familiar contra a mulher
______________________________________________________
(B) Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher
em situação de violência doméstica e familiar deverá estar ______________________________________________________
acompanhada de advogado
(C) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu- ______________________________________________________
lher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe
de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissio- ______________________________________________________
nais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde
(D) A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fami- ______________________________________________________
liar contra a Mulher deverá ser acompanhada pela implantação
______________________________________________________
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária
______________________________________________________

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DIREITO PENAL MILITAR

A conduta inicial prevista pela lei é a de reunirem-se os milita-


DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA res. Veja que, dada a generalidade da norma, até mesmo apenas
MILITAR: MOTIM, REVOLTA, CONSPIRAÇÃO, ALICIAÇÃO dois militares podem dar ensejo ao crime de motim, delito que é
PARA MOTIM OU REVOLTA. DA VIOLÊNCIA CONTRA categorizado, portanto, como plurisubjetivo (concurso necessário
SUPERIOR OU MILITAR DE SERVIÇO. DESRESPEITO A de agentes).
SUPERIOR. RECUSA DE OBEDIÊNCIA. REUNIÃO ILÍCITA. Todavia, não é suficiente a simples reunião dos militares, é pre-
PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA. RESISTÊNCIA ciso que o façam e:
MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA 1º) ajam contra ordem recebida de superior ou neguem-se a
seu cumprimento.
Há sutil diferença entre os dois comportamentos: no primeiro,
Motim e Revolta os agentes operam em desfavor da ordem, ou seja, fazem o oposto
Motim e revolta estão são crimes previstos no mesmo artigo, do que lhes foi devidamente ordenado ou criam obstáculos reais à
distinguindo-se basicamente pela elementar objetiva do uso de sua execução, enquanto que no segundo caso eles optam por deixar
armas. de cumprir a tarefa que lhes foi atribuída pelo superior hierárquico.
Motim e revolta são manifestações da revolta de militares con- 2º) recusem obediência a superior, quando estejam agindo
tra autoridade hierarquicamente superior, caracterizando-se por sem ordem ou praticando violência.
demonstrações inequívocas de desobediência e ocupação indevida Os agentes estão praticando violência e recebem uma ordem
de instalações e equipamentos militares. do superior (para cessarem o comportamento livre, p. ex.), refu-
As sublevações não são comportamentos atribuídos exclusi- tando-a.
vamente a militares, apenas o crime militar de motim exige esta 3º) assintam em recusa conjunta de obediência, ou em resis-
pré-condição do agente, haja vista que é um crime militar próprio. tência ou violência, em comum, contra superior.
Da reunião de militares se tem como resultante a concordân-
Objetividade Jurídica. cia de recusa conjunta ou resistência ou, ainda, violência contra o
É a autoridade e a disciplina militares. superior. Portanto, se antes se punia a insurreição espontânea, nes-
A disciplina militar é, conforme dispõe o art. 14, § 2º do Esta- ta oportunidade a lei prevê a conduta do compromisso mútuo, do
tuto dos Militares , “a rigorosa observância e o acatamento integral acordo de vontades patrocinador da múltipla desobediência, inde-
das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o pendente de ordem antecedente à conduta.
organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e har- Importante ilustrar que se houver a utilização de arma, o crime
mônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por passa a ser o descrito no parágrafo único (revolta).
parte de todos e de cada um dos componentes deste organismo”. 4º) ocupem quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabeleci-
Já a autoridade militar indica o conjunto de prerrogativas, po- mento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródro-
deres, deveres e direitos – dentre os quais o de ser respeitado e mo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizem qualquer des-
obedecido por seus subordinados - que a um militar é atribuído tes locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de
pela lei em face de sua posição hierárquica e do cargo que ocupa violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da
dentro da organização da Força. A autoridade militar é ordenada ordem ou da disciplina militares.
em diferentes níveis, ao que se dá o nome de hierarquia. Finalmente, é previsto como crime a reunião de militares com
Lembre-se: hierarquia e disciplina são os pilares constitucionais a ocupação de organizações ou equipamentos militares ou com a
das Forças Armadas. utilização destes meios para ação militar ou prática de violência.
A conduta, todavia deve opor-se a ordens superiores ou ofender a
Sujeitos. organização e a disciplina militar, sem o que não constituiria crime
O sujeito ativo é o militar, sendo, portanto, crime militar pró- contra a autoridade ou a disciplina.
prio. É preciso lembrar que os atos de violência praticados durante
Note que a norma refere-se aos assemelhados, categoria de o motim estão sujeitos a sanções autônomas, isto é, as penas pre-
servidores considerada próxima aos militares. Na atualidade, a vistas no art. 149 são aplicadas sem prejuízo das correspondentes
Marinha, o Exército e a Aeronáutica possuem em seus quadros um à violência (art. 153).
sem-número de servidores civis da União, todos submetidos aos di-
tames da Lei 8.112/90, sem qualquer interferência dos estatutos e O elemento subjetivo é o dolo genérico de reunirem-se dois
regulamentos militares, que regem, disciplinam e ordenam exclusi- ou mais militares para praticarem as condutas descritas nos incisos
vamente os contingentes armados, não havendo mais assemelha- I a IV.
dos. Os agentes reunidos agem em oposição à ordem, recusam-se a
Sujeito passivo é a Força Armada a que pertence os amotina- obedecer, praticam violência etc.
dos. Não há modalidade culposa no presente crime de motim.

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DIREITO PENAL MILITAR
Consumação e tentativa. pertence, e que muitas vezes ingressou de forma voluntária, tendo
A consumação ocorre quando os agentes, reunidos, praticam conhecimento que a vida militar possui regras que são diferentes
as condutas descritas nos incisos I a VI do art. 149. daquelas observadas na sociedade em geral.
Aurélio Buarque de Holanda define violência como sendo, “a
Sanção penal. qualidade de violento, o ato violento, o ato de violentar; no âmbito
A pena é de reclusão de 4 a 8 anos, devendo receber um acrés- jurídico, o constrangimento físico ou moral; o uso da força; coação.
cimo de 1/3 para aqueles que dirigem, provocam, instigam ou exci- O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e cons-
tam a ação (art. 53, § 4º do CPM). ciente de praticar a conduta que se encontra devidamente descrita
no tipo penal sob comento.
Revolta. O tipo penal não admite a prática do ilícito de forma culposa,
A revolta é uma forma qualificada de motim, que recebeu do ou seja, por meio de atos de imprudência, negligência ou mesmo
legislador atenção especial. Distingue-se do crime previsto no caput imperícia.
unicamente pelo fato dos militares amotinados utilizarem arma- A ação penal cabível na espécie é uma ação penal pública in-
mento. Não é preciso sequer a efetiva utilização das armas, basta condicionada que ficará a cargo do Ministério Público Militar, quan-
que as tenham ao seu dispor. do se tratar de interesse da União, Forças Armadas, e do Ministério
Motim e revolta são crimes de ação pública incondicionada. Estadual ou do Distrito Federal quando o agente for um militar per-
tencente a Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar. A pena
Conspiração. prevista para o ilícito é a pena de detenção, de três meses a dois
A conspiração ocorre quando os militares concertam entre si a anos. Apesar da pena prevista ser uma pena que poderia ser consi-
realização de um motim. A pena para a conspiração é de até 5 anos. derada de menor potencial ofensivo, não é possível a aplicação dos
Ilustre-se que na conspiração eles não precisam sequer chegar a se benefícios previstos na Lei Federal nº 9099/95. O crime de violên-
amotinarem: basta terem planejado fazer isso. Os crimes militares cia contra superior é um crime propriamente militar que ofende os
- como o motim, a revolta e a conspiração são julgados pela Justiça princípios de hierarquia e disciplina, e por isso não se recomenda a
Militar. aplicação dos benefícios que forma estabelecidas pela Lei dos Juiza-
dos Especiais Civis e Criminais.
Aliciação para motim ou revolta.
Aliciação para motim ou revolta encontra-se disposto no artigo Formas qualificadas
154 do Código Penal Militar que dita que, aliciar militar ou asseme- § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o
lhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo agente, ou oficial general:
anterior gera pena de reclusão, de dois a quatro anos. Pena - reclusão, de três a nove anos.

Da violência contra superior ou militar de serviço O artigo conforme foi mencionado no caput protege a autori-
Violência contra superior dade militar, e em determinados casos a lei penal militar entendeu
Art. 157. Praticar violência contra superior: que deveria agravar a pena do agente, estabelece uma sanção mais
Pena - detenção, de três meses a dois anos. severa para o infrator.
§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada
As Corporações Militares, Estaduais ou Federais, são regidas de um terço.
por dois princípios fundamentais, a hierarquia e a disciplina, que
estão estabelecidos expressamente no art. 142, da Constituição No caso da violência ser praticada pelo agente com o emprego
Federal de 1988. A hierarquia se faz presente não apenas nas Ins- de arma, a pena também será agravada. Segundo estabelece o re-
tituições Militares brasileiras, mas também nas Instituições Milita- ferido parágrafo, a pena do infrator será aumentada em um terço.
res existentes em outros países. Não existe Força Militar que não Se o crime tiver sido praticado contra oficial general, e o infra-
seja regida pelos princípios de hierarquia e disciplina. Até mesmo tor for condenado a uma pena mínima, por exemplo, três anos de
os chamados grupos paramilitares, que foram vedados pelo Esta- reclusão, o Juiz deverá aumentar a pena em um terço, o que levará
do democrático de Direito previsto no vigente texto constitucional a um aumento de um ano, totalizando uma pena definitiva em qua-
são regidos por princípios de hierarquia e disciplina. Portanto, todo tro anos de reclusão. O aumento determinado neste parágrafo não
aquele que ingressa em uma força militarizada sabe que estará su- é facultativo, mas obrigatório, e caso este não seja observado pelo
jeito a obrigações, as quais muitas vezes são rígidas, mas necessá- Conselho de Justiça, Permanente ou Especial, o Ministério Público
rias para o cumprimento da missão que é destinada aos militares. deverá interpor recurso para que a norma penal seja respeitada.
O sujeito ativo deste crime, que é um crime propriamente mi- § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da
litar, é o militar que possui grau hierárquico inferior em relação à pena da violência, a do crime contra a pessoa.
vítima. O crime pode ser praticado tanto pelo militar federal como
pelo militar estadual. Se da violência praticada pelo agente resultar na vítima uma
O sujeito passivo do crime em comento é a Administração Mi- lesão corporal, o infrator responderá por um concurso de crimes,
litar, Estadual ou Federal, uma vez que sua autoridade acaba sendo ou seja, além da pena prevista para a violência, ficará sujeito ainda
questionada pelo ato praticado pelo infrator. O sujeito passivo me- a pena prevista para o crime de lesão corporal, art. 209, do Código
diato é a pessoa que sofre a violência, no caso o militar que possui Penal Militar.
grau hierárquico superior ao infrator. Em razão disto, a vítima deste § 4º Se da violência resulta morte:
crime poderá ser tanto uma praça como um oficial. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado
pelo verbo praticar violência, ou seja, praticar um ato ilegal con- Este parágrafo agrava a pena do agente em razão do resultado.
tra o superior hierárquico, o que evidencia muitas vezes a falta de Se em razão da violência resultar na morte da vítima, o infrator fica-
comprometido do infrator para com a Corporação Militar a qual rá sujeito a uma de reclusão de no mínimo doze e no máximo trinta
anos de reclusão. A pena é bem mais severa em razão do bem tute-
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DIREITO PENAL MILITAR
lado pela norma penal que é a autoridade do superior hierárquico. O objeto da tutela penal é o interesse relativo à subordinação,
A lei não admite o que o superior sofra qualquer tipo de violência, ao respeito devido pelo inferior ao seu superior.
tampouco admite o evento morte. Havendo excessos há excesso nos atos ou na forma de execu-
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em ção ou atos manifestamente criminosos, poderá o subordinado dei-
serviço. xar de cumprir a ordem destinada à prática de ato, caso contrário
responde penalmente juntamente como autor da ordem.
Este parágrafo estabelece um outro aumento de pena no quan-
tum de um sexto quando a violência contra o superior é praticada Esta figura delitiva assume especial importância na discussão
em serviço. O legislador entendeu que a conduta praticada em ser- sobre a obrigatoriedade de obediência do militar diante de uma or-
viço não merece receber o mesmo tratamento que foi estabelecido dem do superior hierárquico.
no caput do artigo. A disposição é correta e poderia ser até mais Conquanto a matéria mereça detida análise, foge aos objetivos
severa, pois a prática deste crime, por exemplo, na presença de deste trabalho, sendo destacada, apenas, a necessidade da obedi-
outras pessoas demonstra não apenas um desrespeito para com o ência da ordem que não se configura em crime manifesto.
superior, mas também o desrespeito para com as pessoas que são
as destinatárias dos serviços prestados pelas forças militares, que Tal posição corrobora a maior responsabilidade daquele que
terão uma visão negativa daqueles que tem o compromisso de pro- emite a ordem, a qual deve ser obedecida, ainda que ilegal, respon-
teger a nação e também a integridade e o patrimônio daqueles que dendo apenas o superior, caso a ordem não seja manifestamente
vivem no território dos Estados da Federação e do Distrito Federal. ilegal e o subordinado a cumpra nos limites da determinação.

Violência contra militar de serviço Oposição à ordem de sentinela.


Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou Art.164 - Opor-se às ordens da sentinela:
de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não consti-
Pena - reclusão, de três a oito anos. tui crime mais grave.
Formas qualificadas O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; Somente é aplicado
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada se não puder ser aplicado o crime mais grave.
de um terço.
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da Reunião ilícita.
pena da violência, a do crime contra a pessoa. Dita a Lei: “promover a reunião de militares, ou nela tomar par-
§ 3º Se da violência resulta morte: te”.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Se há uma reunião de militares, somente militares podem dela
participar, e como o legislador igualou a conduta de promover com
No presente crime, o sujeito ativo deste crime poderá ser mili- a de tomar parte, o delito somente pode ser atribuído a um militar.
tar ou civil. Trata-se de crime impropriamente militar. Frise-se que
neste crime há a ausência de dolo no resultado. O sujeito passivo é a Força Armada.
O objetivo final do comportamento é a reunião de militares
Desrespeito a superior para discutir ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar.
A legislação confere proteção à figura do superior hierárquico, Portanto, nos moldes da lei, comete o crime quem patrocina, quem
especialmente no tocante ao respeito que deve ser dispensado à fomenta, quem propõe ou mesmo quem participa do enlace. São
sua figura. Note-se que não é à pessoa que se confere a proteção, exemplos de conduta o envio de e-mails ou a realização de ligações
mas à figura que este representa dentro da organização militar. telefônicas conclamando os colegas para reunirem-se, a oferta de
O objeto da tutela penal é a disciplina. A conduta incriminada local adequado etc.
consiste em desrespeitar, o que significa faltar com consideração, Deve ser considerado elemento normativo do tipo que a dis-
com respeito, com acatamento, incompatíveis com a posição hie- cussão levada a efeito na reunião tenha por escopo desabonar ou
rárquica de subordinado e superior, estabelecida pela estrutura firmar oposição à autoridade do superior e/ou à disciplina militar.
organizacional das Forças Armadas, da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros Militares. Trata-se de conduta que, no meio social, Elemento subjetivo.
é considerada como falta de educação e no serviço público civil, É o dolo genérico de promover ou participar da reunião de mi-
enseja punição disciplinar. litares, com o fim particular (dolo específico) de discutir ato de su-
perior ou assunto atinente à disciplina militar, de forma a contrariar
No presente artigo ressalta-se a proteção à disciplina e à hierar- os princípios da autoridade e disciplina.
quia, mormente pelo fato que a figura delitiva exigir, para sua con-
figuração, que terceiro militar esteja presente, configurada, neste Consumação e tentativa.
momento, a ofensa à ordem da instituição militar. Considerando que são duas as condutas previstas em lei, é pre-
ciso reconhecer momentos de consumação diversos.
Recusa de obediência Na primeira hipótese o agente apenas promove a reunião
O presente delito também é denominado como delito de insu- de militares, portanto o crime aperfeiçoa-se no instante em que
bordinação. o agente fomenta, dá impulso ao encontro, independente de sua
Leciona Crysólito de Gusmão, que a insubordinação se define posterior participação.
como “ato pelo qual o militar quebra os laços de sujeição e obe- Já na segunda conduta, a consumação ocorre quando o sujeito
diência hierárquica e disciplinar, [...] não obedecendo as ordens efetivamente participa do enlace.
emanadas, por qualquer meio, de seus superiores” (Direito Penal Caso o agente, além de promover, também participe da reu-
Militar, p. 64. apud, LOBÃO, 2006, p. 235.) nião, não há problema algum: este fato (de participar da reunião)
pode ser considerado exaurimento de sua conduta.

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Sanção penal. Assim, aquele que comete a deserção por estar cumprindo o
O preceito sanção estipula penas diferentes para o agente que serviço militar inicial já se encontra à margem desse ritmo de vida
promove face os outros que participam da reunião globalizado, deixando, portanto, de ser um cidadão em sua pleni-
A pena é de detenção de 6 meses a 1 ano para o agente que tude.
promove a reunião e de 2 a 6 meses para os que dela participam.
Ação penal é pública incondicionada. Abandono de Posto
Conforme dispõe o artigo 195 do Código Penal Militar, pratica
Publicação ou crítica indevida. crime o militar que “abandonar, sem ordem superior, o posto ou
Dispõe o Art. 166 que publicar o militar ou assemelhado, sem lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe
licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de cumpria, antes de terminá-lo: Pena – detenção, de três meses a um
seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer ano.”
resolução do Governo: a pena é de detenção, de dois meses a um Dessa forma, aquele que não cumpre a ordem recebida e re-
ano, se o fato não constitui crime mais grave. solve por conta própria abandonar o local para onde se encontra
Não há nenhuma dúvida de que o delito de publicação ou crí- regularmente escalado ficará sujeito às consequências legais que
tica indevida, contido no art. 166 do CPM, carece de constituciona- foram estabelecidas pelo legislador.
lidade, sendo flagrantemente ilícita negar a liberdade de expressão O crime em comento é crime próprio e seu sujeito ativo desse
e de informação a qualquer militar. Pior do que reprimir essa liber- crime, somente pode ser praticado por aquele que possui a condi-
dade é reprimi-la com a ameaça da perda da própria liberdade de ção jurídica de militar federal, estadual ou mesmo do Distrito Fede-
ir e vir. Não se quer apenas calar, mas também impedir o direito de ral, sendo apenas os militares das Forças Armadas ou os militares
ir e vir daquele profissional que se sentiu prejudicado por ato de das Forças Auxiliares. O sujeito passivo desse ilícito penal é o Estado
superior ou de governo. brasileiro, em especial, a Administração Pública das Forças Armadas
e das Forças Auxiliares.
Resistência mediante ameaça ou violência. O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado
A resistência mediante ameaça ou violência significa opor-se à pelo verbo abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de
execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor, serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria,
ou a quem esteja prestando auxílio: antes de terminá-lo.
A pena do referido crime é concernente a detenção, de seis
meses a dois anos. O elemento subjetivo é o dolo.
Forma qualificada - Se o ato não se executa em razão da resis- A ação penal cabível na espécie é uma ação penal pública in-
tência, aumentando assim a pena para reclusão de dois a quatro condicionada que ficará a cargo do Ministério Público Militar da
anos. União, quando se tratar de integrantes das Forças Armadas e do Mi-
nistério Público dos Estados e do Distrito Federal quando se tratar
de integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILI- A pena prevista para o presente crime é a de detenção de três
TAR: DESERÇÃO, ABANDONO DE POSTO, DESCUMPRIMEN- meses a um ano, o que permite a aplicação dos benefícios estabele-
TO DE MISSÃO, EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO, DORMIR EM cidos na Lei Federal n. 9.099/95.
SERVIÇO
Descumprimento de missão
O cumprimento de ordens e das missões não é uma faculdade,
Deserção mas uma obrigação decorrente do dever militar e dos regulamentos
A deserção significa abandonar, ausentar-se, afastar-se de for- disciplinares.
ma injusta da Unidade em que serve ou lugar em que deve perma- A ausência injustificada nos dias em que o militar tenha sido
necer. designado para a função específica de comando de patrulhas confi-
O crime de deserção, previsto no art. 187 do Código Penal Mi- gura o crime de descumprimento de missão. De acordo com o art.
litar, consuma-se pela ausência injustificada do militar, da unidade 196 do CPM, é típica a conduta de “deixar o militar de desempenhar
onde serve, ou do lugar onde deveria permanecer, sendo-lhe comi- a missão que lhe foi confiada”.
nada uma pena que varia de 6 meses a 2 anos de detenção. O presente crime encontra-se previsto no capítulo de crimes
A prática revela que existe uma diferença substancial nos moti- em serviço, e a missão, aqui, deve ser entendida como incumbên-
vos que determinam a deserção dos policiais e bombeiros militares cia, tarefa designada ao militar.
se comparados com aqueles predominantes nas Forças Armadas. A missão confiada não deixa de ser serviço e, conforme enten-
Nas Forças Armadas, a incidência maciça de desertores é origi- dimento doutrinário, trata-se de incumbência de maior relevância,
nária daqueles que estão prestando o serviço militar inicial, que é de caráter intuitu personae e na qual o sujeito ativo deveria repre-
obrigatório a todos os brasileiros, nos termos do art. 143 da Consti- sentar seu superior hierárquico. Essa interpretação é condizente
tuição Federal, sendo ínfima a quantidade de desertores que sejam com a ordem jurídica militar, norteada pela hierarquia e disciplina,
militares de carreira (voluntários), sejam oficiais ou praças. e que objetiva a proteção especial dos interesses do Estado e das
A deserção tem efeitos civis danosos para aquele que a come- instituições militares.
te, decorrente exatamente da ausência de documento compro-
batório da regularidade da situação militar do brasileiro, ou seja, Embriaguez em serviço.
impedimento de obter emprego público, de abrir conta bancária, A embriaguez é o estado de quem se embriagou;
de obter ou regularizar o CPF ou título de eleitor, impedimento de Leciona o lustre doutrinador penalista Mirabete, que embria-
matricular-se em curso de nível superior entre outras penalidades. guez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou
substância de efeitos análogos, que priva o sujeito da capacidade
normal de entendimento.

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A embriaguez apresenta três fases: a) a da excitação; b) a da IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inativi-
depressão e c) a do sono. A embriaguez incompleta corresponde à dade, criando ou simulando incapacidade.
primeira fase; a completa, às duas últimas. Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
Por outro lado, temos a conduta do “estar em serviço”, ou seja, Atenuante especial
não há caracterização da conduta do crime de embriaguez se o mi- I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito
litar não está de serviço ou não se apresenta assim para iniciá-lo. dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e
Para a configuração de que o policial militar esteja em serviço, de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta;
devem-se verificar aspectos como o seu regime de trabalho, as suas
escalas, os seus locais de atuação. Agravante especial
Resta ainda a conduta da apresentação do militar para o ser- II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira
viço, ou seja, é a situação em que o militar, sabedor de que en- ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.
trará em serviço, venha a embriagar-se e, ao chegar no local em
que deve assumir as suas atividades, encontra-se embriagado. Para CAPÍTULO III
tanto, como já ressaltado, destaca-se a necessidade do militar ter DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS
plena consciência que entrará em serviço, seja ele ordinário ou ex- CRIMES EM SERVIÇO
traordinário.
Abandono de posto
Dormir em serviço. Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de
“Constitui-se o dormir em serviço crime propriamente militar serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria,
previsto no artigo 203 do Código Penal Militar (CPM) e com supedâ- antes de terminá-lo:
neo na classificação do artigo 9º, inciso I, daquele Código, estando Pena - detenção, de três meses a um ano.
mormente previsto também como transgressão disciplinar no Re-
gulamento Disciplinar da instituição militar. Descumprimento de missão
Através de um estudo sistemático buscou-se demonstrar que o Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi
delito do sono somente se procede na modalidade dolosa, exigindo confiada:
do acusado uma vontade consciente de dormir durante o serviço de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons-
sentinela, vigia, ou qualquer serviço de natureza semelhante como titui crime mais grave.
rádio-patrulhamento, colocando em situação de vulnerabilidade as § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
instalações e instituições militares. Outro ponto abordado foi a des- § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumen-
classificação para infração disciplinar caso não seja reconhecido o tada de metade.
dolo na conduta do agente, haja vista a norma penal não prever a Modalidade culposa
modalidade culposa. § 3º Se a abstenção é culposa:
Dita a doutrina e a jurisprudência, que a ação incriminada é a Pena - detenção, de três meses a um ano.
de dormir em serviço, não importando se houve ou não resultado
naturalistico. O bem jurídico tutelado é a segurança das instituições Embriaguez em serviço
que possuem a nobre missão de garantir a ordem pública perante a Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apre-
Constituição da República. sentar-se embriagado para prestá-lo:
Cumpre ilustrar que se o acusado praticar a conduta descrita Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
no tipo sob efeito de alguma patologia orgânica ou ser vencido pelo
sono sob efeito de algum medicamento, sendo devidamente com- Dormir em serviço
provado, deve ser totalmente isento de pena ou quaisquer punição Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de
em âmbito disciplinar, por ausência do elemento subjetivo. quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo ofi-
cial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme,
Código Penal Militar: de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
CAPÍTULO II Pena - detenção, de três meses a um ano.
DA DESERÇÃO

Deserção CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR: DESACATO


Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que A SUPERIOR, DESACATO A MILITAR, DESOBEDIÊNCIA, PE-
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: CULATO, PECULATO-FURTO, CONCUSSÃO.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena
é agravada.
O Código Penal Militar a princípio não busca proteger a pessoa
Casos assimilados do militar, mas sim a própria Administração Militar, as Instituições
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que: Militares, e também o patrimônio físico das instalações militares.
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, O conteúdo tratado no presente Capítulo diz respeito aos cri-
findo o prazo de trânsito ou férias; mes que são praticados contra a Administração Militar, devendo ser
II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do entendido como sendo a Administração Pública Militar da União,
prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada dos Estados Federados e do Distrito Federal, que se encontra repre-
a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou sentada por seus agentes, em especial, por aqueles que exercem
de guerra; função de comando, ou se encontram no comando de uma fração,
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do de um grupamento, de um destacamento, de um batalhão, região,
prazo de oito dias; ou qualquer outra unidade militar, órgãos operacionais, órgãos de
apoio, ou mesmo os órgãos de saúde.
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O crime de desacato a superior encontra-se elencado no artigo Na sistemática atual, o legislador distinguiu o desacato prati-
298 do Código Penal Militar. cado contra superior daquele irrogado em desfavor de outros mi-
É importante ilustrar que, este crime é um crime propriamente litares que não possuam tal qualidade em relação ao sujeito ativo
militar, existindo unicamente no Código Penal Militar. (art. 299).
Deste modo, o sujeito ativo deste crime é apenas e tão somen- Existe uma tênue diferença entre dignidade e decoro. A dig-
te o militar que se encontre subordinado a outro militar, que deverá nidade é empregada como indicativa das qualidades morais (ho-
ser superior em relação ao infrator com base nos critérios que re- nestidade, bravura, correção etc.). O decoro, por sua vez, refere-se
gem a hierarquia militar. ao valor social de um indivíduo (vigor físico, capacidade laborativa
Já o sujeito passivo deste ilícito imediata é a Administração etc.).
Militar, União, Estados e Distrito Federal, e de forma mediata o su- A autoridade conferida ao militar decorre da lei e é, por conse-
perior que foi desacatado por força do ato praticado pelo infrator. guinte, irrenunciável e indisponível, sendo especialmente tutelada
O elemento objetivo, ou seja, a ação necessária para a prática pelo ordenamento jurídico, a começar pela Constituição Federal,
deste ilícito está representado pelo verbo desacatar, cuja significa- que em seu artigo 142 dispõe: “As Forças Armadas, constituídas
do é, diminuir, desconsiderar, menosprezar, o superior hierárquico pela Marinha, Exército e Aeronáutica, são instituições permanentes
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, que deve ser entendido e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob a
como sendo a moral do militar, ou ainda procurando deprimir-lhe autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à
a autoridade, conforme dita o artigo 298 do Código Penal Militar. O defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por ini-
elemento subjetivo é o dolo, e não se admite a prática deste ilícito ciativa de qualquer deles, da lei e da ordem”.
penal na modalidade culposa.
A pena prevista se inicia com um ano de reclusão podendo che- Objetividade jurídica.
gar até quatro anos de reclusão, desde que o fato praticado não Para o fiel cumprimento de suas missões constitucionais as
constitua crime mais grave, ou seja, uma tentativa de homicídio, ou Forças Armadas não podem relegar a segundo plano os princípios
mesmo um crime de lesão corporal de natureza grave. basilares da hierarquia e da disciplina.
No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, a autoridade judi- Ademais, o militar, na qualidade de agente dos interesses pú-
ciária competente para processar e julgar este ilícito continua sen- blicos, é um instrumento da soberana vontade de atuação do Esta-
do o Conselho de Justiça, Especial ou Permanente. No âmbito da do, o que faz com que a norma jurídica lhe resguarde, além da inco-
União, a autoridade competente também é o Conselho de Justiça, lumidade pessoal, o desempenho normal, a dignidade e o prestígio
Especial ou Permanente. Devido a sua natureza e por ser um crime das funções exercidas na Administração.
propriamente militar este tipo de ilícito é incompatível com a Lei O bem jurídico tutelado pela norma em exame, portanto, é
Federal 9099/95 e também com a Suspensão Condicional da Pena, a regular atividade administrativa militar, violada em face de uma
Sursis, devido a flagrante quebra de hierarquia e disciplina. O militar conduta deprimente da hierarquia, que se faz representar pela or-
condenado por este crime faz jus desde que a pena seja inferior a denação da autoridade militar em níveis diferenciados, dentro da
quatro anos ao regime aberto de cumprimento de pena. No âmbito estrutura das Forças Armadas.
da Segunda Auditoria Judiciária Militar do Estado de Minas Gerais, O sujeito ativo é o militar de condição hierárquica inferior
o militar condenado ao regime aberto deve dormir todos os dias no àquele contra quem são lançadas as ofensas depressivas da função
Quartel responsável pelo cumprimento de sua execução, sob pena militar superior.
de revogação deste benefício, com a fixação do regime semiaberto Sujeito passivo do delito é a Administração Militar, não admi-
em atendimento as disposições estabelecidas na Lei de Execução tindo a lei que os fundamentos institucionais das Forças Armadas
Penal. sejam violados por meio de ofensas irrogadas por um militar contra
No âmbito da União não se aplica os preceitos estabelecidos na seu superior.
Lei Federal 7.210/84, mas os dispositivos existentes no CPM, par- O superior ofendido é sujeito passivo secundário do delito.
te geral, que cuidam da execução penal. Além disso, no âmbito da Ilustre-se que superior é o militar que ocupa posto ou graduação
União o Superior Tribunal Militar editou súmula impedindo a aplica- em nível mais elevado ou aquele que, em virtude da função, exerce
ção da Lei dos Juizados no âmbito da Justiça Militar da União, bus- autoridade sobre outro de igual posto ou graduação.
cando desta forma vincular a primeira instância quanto a matéria. Conduta: Desacatar, que significa ofender, desprestigiar, causar
vexame ou humilhação à dignidade, ao decoro ou à autoridade do
A prática do desacato é um ato que demonstra uma flagran- superior hierárquico.
te violação aos preceitos que regem a vida militar, e o legislador Ensina Hungria que o desacato é “a grosseira falta de acata-
ciente da importância da preservação dos pilares das Instituições mento, podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou
Militares, a hierarquia e a disciplina, entendeu que deveria punir caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças, gestos obscenos,
de forma mais severa do que aquela estabelecida no caput o militar etc.”.
estadual, ou mesmo o militar federal, que venha a praticar o ato Não é preciso, contudo, que o superior sinta-se ofendido, bas-
de desacato em desfavor de um oficial general ou comandante de tando que insultuosa seja a conduta do subordinado. Por outro
unidade. lado, não constituirá delito quando os atos praticados não forem
potencialmente atentatórios à Administração Militar.
Desacato a superior. Verifica-se o crime não só quando o superior se encontra no
O desacato a superior consiste na ofensa lançada contra a dig- exercício de suas funções (in officio), senão também quando não o
nidade, o decoro ou a autoridade do superior hierárquico. está, sendo o desacato praticado propter officium. Não é necessário
Trata-se de delito subsidiário, isto é, o agente só responderá que o delito seja praticado dentro do quartel ou em área sujeita à
por ele quando sua conduta não se subsumir em tipo penal de Administração Castrense, pois, de acordo com o Estatuto dos Mili-
maior gravidade. tares, a disciplina e a hierarquia devem ser mantidas em todas as
circunstâncias da vida, entre militares da ativa, da reserva ou re-
formados.

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Indispensável, porém, à caracterização do desacato é a presen- ofensa é praticada em repulsa a agressão, oportunidades em que o
ça do superior por ocasião da ofensa, circunstância que é pressu- superior despe-se, por mandamento expresso da lei, desta qualida-
posto do fato e condição necessária ao aperfeiçoamento do crime. de, operando-se a desclassificação do crime de desacato a superior
Portanto, não há desacato na ofensa realizada pela imprensa, por para desacato a militar.
petição, por meio de documento, por via telefônica, por parte ou Sujeito passivo do delito é a Administração Militar. Secundaria-
ofício etc. mente, também como sujeito passivo, aparece o militar ultrajado
Igualmente não existirá crime nas críticas generalizadas contra em sua honra profissional.
a Instituição Militar, pois para a consumação do delito é preciso que Importante ilustrar que entende-se por militar “qualquer pes-
a ofensa seja dirigida ao superior hierárquico. soa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às Forças
A publicidade do ultraje não constitui o tipo penal, que se in- Armadas, para nelas servir de posto, graduação, ou sujeição à dis-
tegraliza mesmo quando a ofensa seja irrogada sem a presença de ciplina militar”.
outras pessoas, além do superior atacado em sua dignidade, decoro Desacatar significa ofender, desprestigiar, menoscabar, causar
ou autoridade. vexame ou humilhação, desta feita, atingindo a dignidade, a res-
Consuma-se o delito no momento e local onde foram proferi- peitabilidade, o decoro, a decência, a honra e o pudor do militar no
das as palavras ultrajantes ou praticados os atos ofensivos, pouco exercício de suas funções ou em razão dela.
importando, como visto, que o superior sinta-se ofendido, pois o Também aqui não se faz necessário que o militar sinta-se real-
que está recebendo a especial tutela da lei penal é o prestígio do mente ofendido com o ultraje recebido, sendo mister, contudo, que
cargo militar. a conduta seja praticada em sua presença.
A tentativa é possível, salvo quando se tratar de crime unissub- Não constituem o delito a censura ponderada ou a crítica since-
sistente. ra. De acordo com o texto legal, a conduta pode ser realizada contra
O elemento subjetivo do desacato é o propósito de ofender a o militar no exercício da função de natureza militar ou em razão
dignidade e o decoro ou depreciar a autoridade do superior hierár- dela.
quico.
É importante que o agente saiba que está se dirigindo a um Consumação e tentativa.
superior, condição elementar do tipo. A ignorância ou o erro so- Delito formal, o desacato a militar consuma-se no momento e
bre essa circunstância exclui, na sistemática do Código Penal Militar no local em que foi praticado o ultraje.
(art. 36), a culpabilidade. A tentativa é admissível quando a conduta for cindível ou re-
É necessário que fiquem demonstradas a consciência e a von- parável. Podemos citar como exemplo, a hipótese do agente pre-
tade de desacatar. tender, durante uma formatura ou solenidade, atingir o decoro
do militar presente, com faixas portadoras de dizeres ultrajantes
Desacato a militar relacionados com o exercício da função militar, e é impedido pela
Dando continuidade à tutela da Administração Militar, resguar- segurança.
dando seu corpo funcional, prevê a lei o delito de desacato, que O elemento subjetivo do delito é a intenção consciente de
muito se aproxima dos crimes previstos nos artigos 298 e 300 (de- ofender, subestimar, depreciar o militar, sendo o ultraje destinado
sacato a superior e desacato a funcionário), tendo como caracterís- a desprestigiar a função de natureza militar, isto porque quando a
tica própria o fato de que o ultraje seja irrogado contra militar no ofensa reveste-se de cunho estritamente pessoal, não haverá, ob-
exercício de sua função ou em razão dela. viamente, crime contra a Administração Militar.
Trata-se de delito subsidiário, respondendo o agente pelo tipo Enalteça-se que não subsiste o desacato se não estiver presen-
em exame, a não ser que a conduta constitua crime mais grave. te a intenção de ofender ou desprestigiar a própria Administração
Regra geral, as observações aduzidas no item anterior são per- Militar.
tinentes ao presente estudo, enfatizando-se que no delito de desa- Portanto, é necessário que o agente saiba que está se dirigindo
cato a superior a condição de prevalência hierárquica é elementar a um militar, condição elementar do tipo. A ignorância ou o erro so-
do tipo, aspecto que o distingue do crime de desacato a militar, ilí- bre essa circunstância exclui, na sistemática do Código Penal Militar
cito sob enfoque. (art. 36), a culpabilidade.
De qualquer sorte, como firmado alhures, a autoridade confe-
rida ao militar decorre da lei, em essência irrenunciável e indisponí- Desobediência
vel, sendo certo que qualquer conduta que a viole atinge, em verda- A desobediência é a recusa consciente e pacífica de acatamen-
de, o interesse social no regular funcionamento da Administração. to à ordem emanada de autoridade militar. O agente limita-se a não
O bem jurídico protegido pela norma é a normalidade da ges- agir de acordo com a determinação recebida, ferindo, destarte, a
tão pública, a tranquilidade, o bom andamento, a incolumidade, a normalidade da gestão administrativa.
probidade e o prestígio da Administração Militar. Diferencia-se da resistência e da recusa de obediência (insu-
No direito penal comum controversa é a questão concernente bordinação), uma vez que, na primeira há o emprego de ameaça
ao sujeito ativo do delito de desacato, até porque, no código penal ou violência ao executor da ordem e na segunda, insubordinação,
brasileiro a infração está prevista no capítulo “Dos crimes pratica- a tutela da lei penal é diversa: a autoridade e a disciplina militares.
dos por particular contra a administração em geral”. A objetividade jurídica do delito de desobediência é o prestígio
Não pode ser sujeito ativo do crime o militar subalterno àquele e a dignidade da Administração Militar, cujas ordens emanadas por
contra quem foram lançadas as ofensas, tendo em vista a figura es- intermédio de seus agentes devem ser acatadas e cumpridas.
pecífica de desacato a superior. De se destacar que os atos da Administração gozam das pre-
O sujeito ativo do crime de desacato a militar poderá ser um sunções de legitimidade e veracidade, além do que são imperativos
civil, funcionário público ou não, ou um militar, salvo quando este e auto-executórios.
for hierarquicamente subordinado ao militar ofendido. Sujeito ativo do crime é aquele que desobedece a ordem, po-
Há, todavia, possibilidade de que mesmo o militar subalterno dendo ser um civil ou mesmo um militar. É possível a configuração
seja sujeito ativo do crime. Trata-se da hipótese em que o agen- da coautoria na desobediência.
te desconhece a qualidade de superior do ultrajado ou quando a
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Podemos dizer portanto que desobediência é crime de relação Desta forma, não constitui crime de desobediência a conduta
de função, isto é, pressupõe uma subordinação hierárquica funcio- de marinheiro estrangeiro, desconhecedor da língua portuguesa,
nal entre o sujeito ativo e o passivo. Ora, como visto, qualquer indi- que, por falta de entendimento, desobedece a determinação verbal
víduo pode ser agente do delito, prescindido-se, por consequência, de integrante de patrulha naval.
de qualquer vínculo funcional com referência à autoridade expedi- O erro plenamente justificado quanto à qualidade do militar
dora da ordem. que dá a ordem, exclui a culpabilidade (art. 36). Porém, a simples
Sujeito passivo da incriminação é, em primeiro lugar, a Admi- dúvida a respeito, caracteriza o dolo eventual.
nistração Militar, titular da normalidade e regularidade da gestão Do mesmo modo, é necessário é que o agente tenha consciên-
pública e, em especial, do princípio da autoridade. cia de sua obrigação em cumprir a ordem dada. Se, eventualmente,
Em segundo lugar, aparece como ofendido a autoridade militar por erro escusável, o agente supõe lícito o fato, em face de errada
que expediu a ordem desprestigiada pelo agente. Autoridade militar compreensão da lei, a pena pode ser atenuada ou substituída por
são os integrantes das Forças Armadas no exercício de suas funções outra menos grave (art. 35).
próprias. Assim, desde o soldado e a sentinela até o General, todos
devem exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções Peculato
que lhes couberem em decorrência dos cargos que ocupam. Deve-se ao direito romano o surgimento do crime de peculato.
A conduta diz respeito ao verbo desobedecer, que significa a É crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confian-
desatender, não acatar, descumprir a ordem dada. ça, de dinheiro público ou de coisa móvel apreciável, para provei-
O delito pode ser praticado por ação ou por omissão, a depen- to próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou
der do conteúdo da determinação. guarda; abuso de confiança pública.
Assim, por exemplo, se a ordem impõe uma conduta positiva, Não obstante, em que pesem as semelhanças entre o peculato
como por exemplo, a apresentação de carteira de identificação mili- e a apropriação indébita, diferenças estruturais os distinguem, a sa-
tar, o crime se verifica com a abstenção do mandamento. ber: 1) qualidade do sujeito ativo; 2) título de posse; 3) pluralidade
Ao contrário, se a ordem é no sentido de que o agente deixe de condutas previstas no peculato3.
de agir, caracteriza o ilícito a conduta positiva ao revés da ordem. É certo, contudo, que constitui peculato a conduta do militar
Não há crime, porém, quando a ordem desobedecida não for ou funcionário civil que se apropria ou desvia, em proveito próprio
revestida de legalidade, quer do ponto de vista formal (falta de ou de terceiro, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
competência funcional da autoridade), quer do ponto de vista ma- público ou particular, de que tem a posse ou detenção em razão de
terial, como se dá, por exemplo, com a situação em que o motorista seu cargo ou comissão.
se recusa a cumprir a exigência da autoridade militar de que lhe
peça desculpas por ter violado uma regra de tráfego. Objetividade jurídica.
Não se deve, confundir ilegalidade do ato de ofício com a pos- No peculato convergem a violação do dever funcional e o dano
sível injustiça da ordem. Estando o ato regular em sua forma e en- patrimonial, que.
contrando respaldo em preceito legal, aperfeiçoam-se os requisitos Não obstante, inegável que a objetividade jurídica de maior re-
de sua idoneidade, concretizando as presunções características dos levo não é tanto a defesa do patrimônio público, senão o interesse
atos administrativos. da Administração Militar, genericamente considerado, no sentido
Por outro lado, o descumprimento deve recair sobre uma or- de zelar pela probidade e fidelidade do agente administrativo.
dem, inexistindo infração quando não é acatado um simples pedido O dano, mais do que material, é moral e político.
da autoridade militar. O peculato é crime próprio, sendo indispensável que o agente
É indispensável, para a configuração do crime, que a ordem detenha a condição de militar ou de funcionário civil da Administra-
seja transmitida diretamente ao desobediente, todavia, se a ordem ção Militar, tendo em vista que a apropriação ou desvio ocorre em
não for claramente repassada ao agente ou se este dela não tiver razão do cargo ou da comissão.
conhecimento perfeito, o delito não se aperfeiçoará. Não obstante, é admissível a imputação, em concurso de pes-
Importante, também, que a ordem seja individualizada e dirigi- soas, contra indivíduo estranho à Administração Militar, isto por-
da a pessoa que tenha o dever jurídico de obedecê-la. que, de acordo com a regra estabelecida pelo art. 53, § 1º, do CPM,
Não exige a lei a presença da autoridade militar que expediu a as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, quando elemen-
ordem, bastando que reste comprovada a ciência do agente e sua tares do crime, são comunicáveis. Porém, faz-se mister que o parti-
desobediência. cular tenha ciência da condição do agente.
Se a recalcitrância à ordem se revestir de violência ou ameaça, Deve-se atentar para o fato de que o crime de peculato é contra
o delito é o de resistência, consoante dispõe o artigo 177. a Administração Militar e não contra o patrimônio.
Consuma-se o delito no instante e no local da ação ou absten- Portanto, mesmo quando o bem apropriado ou desviado per-
ção indevidas. Nesta última hipótese, via de regra, a consumação do tencer a particular, o sujeito passivo principal é a Administração.
crime é naturalmente condicionada ao decurso do prazo estipulado Todavia o particular também pode figurar como sujeito passivo do
pela autoridade para o cumprimento da ordem. Não havendo prazo delito, ainda que secundariamente.
marcado, considera-se um lapso temporal que seja juridicamente No peculato próprio, isto é, na modalidade prevista no caput
relevante, capaz de indicar com segurança a ocorrência da infração. do artigo 303, as condutas típicas constituem-se em apropriação
Em sendo a conduta omissiva (delito omissivo próprio), não se ou desvio.
admite, de forma alguma, a tentativa: ou o agente praticou o ato no Na primeira hipótese, o agente inverte o título de posse, pas-
prazo, nada havendo a punir, ou, escoado aquele, estará consuma- sando a dispor do dinheiro, valor ou bem, retendo, alienando, con-
do o delito. sumindo etc, agindo como se dono fosse do objeto material, aco-
O elemento subjetivo é o dolo (consciência e vontade) genérico modando-o aos seus desideratos, portando-se tal e qual o legítimo
de não atender a ordem legal, sabendo-a emanada da autoridade proprietário.
militar.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL MILITAR
Merece destaque que a posse referida pela lei deve resultar do São duas as modalidades de conduta previstas na norma. Na
cargo ou da comissão e compreende a possibilidade de dispor da primeira, o funcionário pratica diretamente a subtração; na segun-
coisa, fora da esfera de vigilância de outrem, em consequência da da espécie, o militar ou funcionário, com consciência e vontade,
função jurídica desempenhada pelo agente no âmbito da Adminis- concorre para que outrem, subtraia o dinheiro, valor ou bem.
tração Militar. Consuma-se o delito com a inversão de posse do objeto mate-
Se a entrega da coisa ao agente tiver se dado de forma viciada, rial, sendo possível a tentativa.
fraudulenta ou através de erro ou violência, a posse será ilícita e, Elemento subjetivo é o dolo de subtrair ou concorrer na sub-
portanto, não se aperfeiçoará o peculato próprio. tração da coisa, aliado à intenção de proveito próprio ou alheio,
A segunda modalidade de conduta consiste no desvio da coi- abrangendo, destarte, a consciência da facilidade que a condição
sa. Desviar é desencaminhar, alterar o destino ou a aplicação. “Ao de funcionário ou militar proporciona ao agente.
invés do destino certo e determinado do bem de que tem a posse,
o agente lhe dá outro, no interesse próprio ou de terceiro”8, como Concussão
na hipótese do desvio de mercadorias do aprovisionamento da Uni- A concussão é crime militar impróprio, no qual o sujeito ativo
dade, praticado por militar auxiliar-de-rancho, em proveito de civis é funcionário público civil ou militar e sua essência reside no abu-
comerciantes9. so da função exercida. O sujeito passivo é a administração militar,
O proveito próprio ou alheio de que trata a lei pode ser de ofendida pela ação do agente, que exerce uma função pública, des-
ordem material ou moral, servindo até mesmo o desvio praticado sa forma, existe uma preocupação com a moralidade das atividades
para fins de obtenção de prestígio pessoal ou político. desempenhadas pelos policiais militares. Ação incriminada consiste
Objeto material do peculato é o dinheiro, valor ou qualquer ou- em exigir vantagem indevida, direta ou indiretamente, em razão da
tro bem móvel, público ou particular. função pública. Exigir é reclamar, intimar, impor como obrigação,
Consuma-se o delito, na modalidade peculato-apropriação, assim, a ação do agente deve obrigatoriamente relacionar-se com o
quando o militar ou funcionário inverte a titulação de posse, agindo exercício da função pública.
como dono, sobre o dinheiro, valor ou bem que lhe foi entregue em O crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada por
razão do cargo. funcionário público, com abuso de autoridade contra o particular. É
No caso de peculato-desvio, verifica-se o crime quando o agen- um delito formal, pois consuma-se com a exigência da vantagem in-
te dá às coisas destino ou aplicação diversa da destinação ou apli- devida, pouco importando se esta vem a ser devolvida ao particular
cação certa e determinada, não sendo necessário que haja efetivo posteriormente, portanto, não existe tentativa nesse crime.
proveito próprio ou alheio.
A tentativa é admissível. Corrupção Ativa
Elemento subjetivo: no peculato-apropriação, o elemento sub- A corrupção ativa ocorre quando alguém oferece alguma coi-
jetivo é o dolo genérico de apropriação do dinheiro, valor ou bem sa (normalmente, mas não necessariamente, dinheiro ou um bem)
móvel, com intenção de definitiva de não restituir a coisa (animus para que um agente público faça ou deixe de fazer algo que não
rem sibi habendi). deveria.
Tratando-se de peculato-desvio, além do dolo genérico de em- Podemos citar como exemplo, o motorista que, parado por
pregar a coisa em fim diverso àquele a que era destinado, é exigível excesso de velocidade, oferece uma “ajuda” ao policial. Atente-se
a presença do dolo específico (elemento subjetivo do tipo) consis- que, no presente caso, o criminoso é quem oferece a propina e não
tente na intenção de auferimento de proveito próprio ou de tercei- o agente público, que provavelmente irá prender o criminoso. Para
ro, excluído o animus rem sibi habendi. que o crime esteja configurado, não importa que o agente aceite a
O peculato pode concorrer com outros delitos, como ocorre propina: o crime se consuma no momento em que o motorista ten-
quando, por exemplo, o encarregado do paiol falsifica os mapas de ta corromper o policial, ou seja, no momento em que ele ofereceu
controle de munição, lançando como consumido material que foi a propina.
desviado em proveito de terceiro; na hipótese o peculato concorre
com a falsidade. Corrução Passiva
A corrupção passiva ocorre quando o agente público pede uma
Peculato agravado. propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo.
De acordo com o § 1º, a pena de peculato aumenta-se de um Por exemplo, o juiz que pede algo para julgar um processo mais
terço quando o objeto material sobre o qual recaiu a ação é de valor rapidamente ou o senador que pede uma ajuda para a campanha
superior a vinte vezes o salário mínimo. em troca de seu voto. Independe se a outra parte dê o que é pedido
pelo corrupto: o corrupto comete o crime a partir do momento que
Peculato-furto. pede a coisa ou vantagem.
Trata a lei no § 2º do artigo 303 do peculato-furto ou impróprio.
Ao contrário do caput, o militar ou funcionário não detém a Falsificação de documento.
posse do dinheiro, valor ou bem móvel, público ou particular, sendo Dispõe o artigo que “falsificar, no todo ou em parte, documen-
que a conduta criminosa, ao invés de consistir em uma apropriação to público ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde
ou desvio, consubstancia-se na subtração da coisa. que o fato atente contra a administração ou o serviço militar:”
Não obstante, é mister que o agente valha-se de sua condição Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos;
de militar ou funcionário para a configuração do delito. Se tal não sendo documento particular, reclusão, até cinco anos.
ocorrer, como, por exemplo, na situação em que o militar, median- Agravação da pena
te escalada e arrombamento, invade a tesouraria da unidade em § 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função
que serve e subtrai grande quantidade de vales-transportes, estará em repartição militar.
praticando o crime de furto qualificado e não o de peculato-furto.

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DIREITO PENAL MILITAR
Falsidade ideológica. Pena - reclusão, de três a quinze anos.
Dita o artigo 312 que omitir, em documento público ou parti- § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropria-
cular, declaração que dele devia constar, ou mele inserir ou fazer ção ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo.
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o
fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre Peculato-furto
fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a ad- § 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a pos-
ministração ou o serviço militar: se ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; re- para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
clusão, até três anos, se o documento é particular. da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de fun-
cionário.
Uso de documento falso
O artigo 315 dispõe que fazer uso de qualquer dos documentos Peculato culposo
falsificados ou alterados por outrem, a que se referem os artigos (...)
anteriores:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. CAPÍTULO III
DA CONCUSSÃO, EXCESSO DE EXAÇÃO E DESVIO
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR Concussão
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
CAPÍTULO I te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Desacato a superior
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o Excesso de exação
decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade: Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe inde-
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime vido, ou, quando devido, empregar na cobrança meio vexatório ou
mais grave. gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Agravação de pena
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial ge- Desvio
neral ou comandante da unidade a que pertence o agente. Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que re-
cebeu indevidamente, em razão do cargo ou função, para recolher
Desacato a militar aos cofres públicos:
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza Pena - reclusão, de dois a doze anos.
militar ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons- CAPÍTULO IV
titui outro crime. DA CORRUPÇÃO

Desacato a assemelhado ou funcionário Corrupção passiva


Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcionário civil no exer- Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indireta-
cício de função ou em razão dela, em lugar sujeito à administração mente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em ra-
militar: zão dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
titui outro crime.
Aumento de pena
Desobediência § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qual-
Pena - detenção, até seis meses. quer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Ingresso clandestino
Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento mili- Diminuição de pena
tar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à administra- § 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de
ção militar, por onde seja defeso ou não haja passagem regular, ou ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influ-
iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia: ência de outrem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não cons-
titui crime mais grave. Pena - detenção, de três meses a um ano.
Corrupção ativa
CAPÍTULO II Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem in-
DO PECULATO devida para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional:
Pena - reclusão, até oito anos.
Peculato Aumento de pena
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, zão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado ou omitido o
em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ato, ou praticado com infração de dever funcional.
ou alheio: (...)
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DIREITO PENAL MILITAR
CAPÍTULO V O elemento objetivo do tipo penal encontra-se representado
DA FALSIDADE pelos verbos retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfa-
Falsificação de documento zer interesse ou sentimento pessoal.
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público O elemento subjetivo é o dolo, não se admitindo a prática do
ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que o fato ilícito penal na modalidade culposa. A ação penal cabível na espé-
atente contra a administração ou o serviço militar: cie é uma ação penal pública incondicionada que ficará a cargo do
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; Ministério Público. A pena prevista para o ilícito penal em comento
sendo documento particular, reclusão, até cinco anos. é uma pena de detenção de seis meses a dois anos, o que significa
que o militar condenado por este crime militar impróprio poderá
Agravação da pena ser beneficiado com o regime aberto, nos casos em que se admite
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função a aplicação da Lei de Execução Penal, o direito de recorrer em liber-
em repartição militar. dade, e ainda a suspensão condicional do processo.

Documento por equiparação (...)


§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o disco CAPÍTULO VI
fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromagnético a que se DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL
incorpore declaração destinada à prova de fato juridicamente re-
levante. Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
Falsidade ideológica ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfa-
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, decla- zer interesse ou sentimento pessoal:
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir de- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
claração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de (...)
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a adminis-
tração ou o serviço militar: QUESTÕES
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; re-
clusão, até três anos, se o documento é particular.
1. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário – 2017 - VUNESP) As-
(...) sinale a alternativa que apresenta a assertiva correta.
(A) Desrespeitar um superior hierárquico diante de um civil ca-
Uso de documento falso racteriza o crime militar de desrespeito a superior.
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados (B) O despojamento, apenas por menosprezo, de uniforme mi-
ou alterados por outrem, a que se referem os artigos anteriores: litar por parte do militar não caracteriza crime militar.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. (C) O militar que critica publicamente em rede social na inter-
net uma resolução do Governo pratica o crime militar de publi-
cação ou crítica indevida.
DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL: PREVARICA- (D) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional se carac-
ÇÃO teriza com base no ato ultrajante praticado pelo militar ao sím-
bolo nacional independentemente do lugar ou diante de quem
o ato for praticado.
Prevaricação é um crime funcional, praticado por funcionário (E) Pratica o crime militar de deserção o militar que se ausen-
público contra a Administração Pública. A prevaricação é o ato de ta, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que
retardar, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício, deve permanecer, por mais de dois dias.
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer inte-
resse ou sentimento pessoal. 2. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto – 2016 - VUNESP) Com
O crime de prevaricação, é o único ilícito previsto no Código relação aos crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar, é cor-
Penal Militar que tem numeração semelhante no Código Penal Bra- reto afirmar:
sileiro. Deve-se observar ainda, que por força da lei federal ao artigo (A) o simples concerto de militares para a prática do crime de
319 foi acrescido o art. 319-A, que cuida dos atos praticados pelo motim não é punível, nos termos da lei penal militar, se estes
Diretor de Penitenciária ou por agentes públicos quanto a vedação não iniciarem, ao menos, os atos executórios do crime de mo-
do uso de aparelho celular por detentos, e que tem a previsão de tim.
uma pena de detenção de três meses a um ano. (B) militares que apenas se utilizam de viatura militar para ação
Entendeu o legislador que não se deve admitir que um militar militar, em detrimento da ordem ou disciplina militar, mas sem
no exercício de suas funções constitucionais e legais deixe de prati- ocupar quartel, cometem o crime de motim.
car um ato de ofício, ou seja, ou ato que se encontra estabelecido (C) o militar que, estando presente no momento da prá- tica
expressamente em lei. do crime de motim, não usar de todos os meios ao seu alcance
O sujeito ativo deste crime é o militar, federal ou estadual. para impedi-lo, será responsabilizado como partícipe deste.
O sujeito passivo deste ilícito penal é a Administração Pública
Militar.

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL MILITAR
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim e quan- 6. TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VUNESP). Com
do era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o relação aos crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar, é cor-
ajuste de que participou terá a pena diminuída pela metade reto afirmar:
com relação ao referido crime militar. (A) o simples concerto de militares para a prática do crime de
(E) a reunião de dois ou mais militares com armamento ou ma- motim não é punível, nos termos da lei penal militar, se estes
terial bélico, de propriedade militar, para a prá- tica de violên- não iniciarem, ao menos, os atos executórios do crime de mo-
cia contra coisa particular, só caracterizará o crime de organiza- tim.
ção de grupo para a prática de violência se a coisa se encontrar (B) militares que apenas se utilizam de viatura militar para ação
em lugar sujeito à administração militar. militar, em detrimento da ordem ou disciplina militar, mas sem
ocupar quartel, cometem o crime de motim.
3. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo – 2014 - CESPE) (C) o militar que, estando presente no momento da prá- tica
Julgue o item subsequente, a respeito dos crimes militares e dos do crime de motim, não usar de todos os meios ao seu alcance
delitos em espécie previstos na parte especial do Código Penal. para impedi-lo, será responsabilizado como partícipe deste.
Aquele que deixar de comunicar à administração militar o óbito (D) o militar que, antes da execução do crime de motim e quan-
de sua genitora e, assim, obtiver vantagem ilícita mediante saques do era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o
dos valores depositados a título de pensão na conta-corrente da ajuste de que participou terá a pena diminuída pela metade
ex-pensionista cometerá o crime militar de estelionato, cuja tipici- com relação ao referido crime militar.
dade não pode ser afastada mediante reparação integral do dano. (E) a reunião de dois ou mais militares com armamento ou ma-
( ) CERTO terial bélico, de propriedade militar, para a prá- tica de violên-
( ) ERRADO cia contra coisa particular, só caracterizará o crime de organiza-
ção de grupo para a prática de violência se a coisa se encontrar
4. (MPM - Promotor de Justiça Militar - 2013 - MPM) Acerca das em lugar sujeito à administração militar.
causas excludentes do crime, assinale a alternativa incorreta.
(A) No Código Penal Militar existe uma causa de justificação es- 7. (TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto - 2015 – CESPE) Acerca do
pecial que é a discriminante do comandante de navio, aerona- concurso de agentes, assinale a opção correta à luz do CPM.
ve ou praça de guerra, concedendo autoridade ao comandan- (A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja con-
te para compelir seus subordinados a realizarem manobras e curso de pessoas, as condições ou as circunstâncias de caráter
serviços urgentes, com a finalidade de salvaguardar quer vidas pessoal dos coautores serão consideradas apenas nos casos
humanas, quer a própria unidade. em que os agentes tenham consciência dessas condições ou
(B) O estrito cumprimento do dever legal é causa de exclusão circunstâncias.
de ilicitude, prevista no Código Penal Militar de 1969, que não (B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o fato de
o conceitua, assim como não é conceituado no Código Penal. um agente dirigir as atividades dos demais agentes envolvidos
Ambos, porém, definem o estado de necessidade e a legítima no evento delituoso.
defesa. (C) Se o crime for praticado com o concurso de dois ou mais
(C) No direito militar pátrio, em matéria de legítima defesa, em oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada em dobro.
que pese ser permitida a repulsa à “agressão, atual ou iminen- (D) Agente cuja participação no crime seja de menor impor-
te, a direito próprio ou de outrem”, serão sempre considerados tância deve ser apenado na mesma proporção que os demais
elementos constitutivos do crime: a qualidade de superior ou agentes envolvidos no delito.
a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a (E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente com um
de sentinela, vigia ou plantão, quando a ação é praticada em ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que
repulsa à agressão. estiverem exercendo função de oficial, serão considerados ca-
(D) A diferença entre o estado de necessidade como excludente beças da ação delituosa.
de culpabilidade e o estado de necessidade como excludente
do crime, quanto aos requisitos que os constituem, é que, nes- 8. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda Categoria - 2015
te, o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo e, - CESPE) Ainda com relação ao direito penal militar, julgue o item
naquele, não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. que se segue.
Se um oficial das Forças Armadas cometer crime de furto sim-
5. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VUNESP) Assinale ples, ele ficará sujeito à declaração de indignidade para o oficialato,
a alternativa que indica um crime propriamente militar, de acordo qualquer que seja a sua pena.
com a denominada Teoria Clássica. ( ) CERTO
(A) Dano em navio de guerra ou mercante em serviço militar ( ) ERRADO
(art. 263 do Código Penal Militar).
(B) Ingresso clandestino (art. 302 do Código Penal Militar) 09. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda Categoria –
(C) Favorecimento a desertor (art. 193 do Código Penal Militar). 2015 – CESPE) Em cada um do próximo item, é apresentada uma
(D) Omissão de socorro (art. 201 do Código Penal Militar). situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do
(E) Ofensa às Forças Armadas (art. 219 do Código Penal Militar). direito penal militar.
Em determinada organização militar, durante o expediente,
dois militares que trabalhavam na mesma seção desentenderam-se
e um deles, sem justificativa e intencionalmente, disparou sua arma
de fogo contra o outro, que faleceu imediatamente. Nessa situação,
o autor do disparo cometeu crime impropriamente militar.
( ) CERTO
( ) ERRADO

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a solução para o seu concurso!
DIREITO PENAL MILITAR
10. (SEDS-PE - Sargento - Policia Militar - 2010 - MS CONCUR- ______________________________________________________
SOS) Em relação ao inquérito policial militar, assinale a alternativa
ERRADA: ______________________________________________________
(A) A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de
inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de ______________________________________________________
inimputabilidade do indiciado.
______________________________________________________
(B) O arquivamento do inquérito não obsta a instauração de
outro. Se novas provas aparecerem em relação ao fato, ressal- ______________________________________________________
vados o caso julgado e os casos de extinção de punibilidade.
(C) O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos ______________________________________________________
autos se entender inadequada a instauração do inquérito.
(D) Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a auto- ______________________________________________________
ridade policial militar, a não ser mediante requisição do Minis-
tério Público para diligências por ele consideradas imprescindí- ______________________________________________________
veis ao oferecimento da denúncia.
______________________________________________________
(E) O inquérito é indispensável para o oferecimento da denún-
cia. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 B ______________________________________________________
3 CERTO ______________________________________________________
4 C
______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 B
7 E ______________________________________________________
8 CERTO ______________________________________________________
9 CERTO
______________________________________________________
10 E
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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