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A obra cem anos de solidão de Gabriel Garcia Marquez é marcada pelo

tempo. Não pela normal passagem dos minutos e segundos, mas pela
travessia de acontecimentos e aventuras. O que levamos desta vida senão
memórias? Esta é a narrativa que nos faz refletir a vida.
A afirmação “A vida é efémera” pode ser das maiores verdades já ouvidas e,
no entanto, uma das maiores mentiras já contadas. Úrsula Iguaran, matriarca
da família Buendia, viveu cento e cinquenta anos, acompanhando sete
gerações do seu legado. Após ver os seus descendentes masculinos a cair nos
mesmos fins trágicos repetidamente, como poderão dizer que a vida é
imprevisível? Desde o início da obra que a inteligência de certos personagens
é glorificada, no entendo, inventor, estudioso e sedento de conhecimento,
José Arcádio Buendia faleceu na loucura, sem uma réstia do esplendor que
outrora que lhe fora concedido. Como é possível comprar previsibilidade dos
desfechos trágicos com a imprevisibilidade dos mesmos? Apesar do seu
potencial esta família acaba sistematicamente por se arruinar, sozinha.
A solidão é um tema presente desde o próprio titulo da obra, esta é sentida
por cada um dos habitantes de Macondo, a aldeia criada pela família
Buendía. A sociedade contemporânea encara a solidão como algo maligno,
abominável e há até quem sinta fobia, fobia de estar só na própria
companhia. Ao longo da narrativa este sentimento é aceito, acolhido, pois
mais tarde ou mais cedo ele entrará pela porta, e antes ser um convidado
que um ladrão. Como foi dito na obra “(...) o. segredo de uma boa velhice é
simplesmente um pacto honroso com a solidão.” E, nesta frase as duas
temáticas principais do livros juntam-se e tornam-se apenas uma cem anos
de solidão.
As aprendizagens retiradas destas páginas não podem ser contadas pelos
dedos das mãos, assim como as lágrimas derramas não podem secar
completamente entre as linhas. Eu entrei neste universo, deixe absorver por
uma história aparentemente tão simples, porém simplicidade, apenas o tem
de aparência. O modo como estas palavras mudam a ideia que eu tinha do
tempo, do espaço e do individuo é algo extraordinário. O tempo, este é tão
rápido como nós o concessionamos, ao contrário do que fomos moldados a
pensar, não são os ponteiros do relógio que marcam a passagem desta
dádiva. O espaço, tanto físico como emocional, o que nos rodeia não pode
ser apenas suficiente, tem de ser bom, tem de conter elementos que nos
aproximem ao nosso estado de felicidade mais pura. O individuo, ao longo
das nossas vidas vamos ser julgados por muitos, sobretudo nós mesmos, o
tempo e o espaço serão irrelevantes se ficarmos presos dentro de nós. O
mundo é um local vasto, não tenham medo de sair da vossa zona de conforto
e quem sabe criar uma nova aldeia.

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