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C1 C2 C3 C4

Caderno Caderno Caderno Caderno


Linguagens
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ANO
Ciências Humanas

Ensino Fundamental
C1 C2 C3 C4
Caderno Caderno Caderno Caderno

6º ANO

Ensino Fundamental

Linguagens

Ciências Humanas
Expediente

Direção Presidência
Mario Ghio Júnior
Direção de Relacionamento
Adélia Martins de Aguilar
Direção Editorial
Lidiane Vivaldini Olo
Autoria
Cassio Henrique Rocha Moura, Francisco de Assis Assunção, Maria da Consolação
Parreiras de Castro e Paulo Moura (Língua Portuguesa e Produção de Texto); Guilherme
Batista do Amaral (História); Fernando de Oliveira Mendonça (Geografia)
Gerência Pedagógica
Aparecida Costa de Almeida
Coordenação Pedagógica
Denise de Barros Guimarães
Coordenação Editorial
Camila De Pieri Fernandes (Língua Portuguesa e Produção de Texto);
Adriana Gabriel Cerello (História e Geografia)
Editorial
Ana Paula Enes e Letícia Figueiredo (Língua Portuguesa e Produção de Texto); Gabriela Alves
do Carmo e Solange Mingorance (História); Bruno Rocha Nogueira (Geografia)
Revisão
Letícia Pieroni (Coordenação), Aline Cristina Vieira, Anna Clara Razvickas,
Carla Bertinato, Cesar G. Sacramento, Danielle Modesto, Diego Carbone, Lilian M. Kumai,
Maura Loria, Paula Rubia Baltazar, Raquel A. Taveira, Rita de Cássia C. Queiroz,
Shirley Figueiredo Ayres, Tayra Alfonso e Thaise Rodrigues
Planejamento Editorial
Flávio Matuguma (Gerência), Felipe Nogueira (Coordenação), Ivinin Varela e Rosi Benke
Iconografia
André Gomes Vitale (Gerência), Claudia Bertolazzi, Denise Durand Kremer e
Marcella Doratioto (Coordenação), Alessandra Fernandes Pereira, Cristina Akisino,
Daniela Maria Ribeiro e Danielle de Alcântara (Pesquisa Iconográfica), Cesar Wolf e
Fernanda Crevin (Tratamento de Imagens)
Arte
André Gomes Vitale (Gerência), Catherine Saori Ishihara (Coordenação), Flavio Duarte e
MRS Editorial (Edição de Arte e Diagramação), Amilton Ishikawa (Projeto gráfico)
Licenciamento de conteúdos de terceiros
Roberta Bento (Gerência); Jenis Oh (Coordenação); Liliane Rodrigues, Flávia Zambon,
Raísa Maris Reina (Analistas de Licenciamento); e Tempo Composto
Ilustrações
MRS Editorial Rua Santa Madalena Sofia, 25 - Bairro Vila Paris
Cartografia Belo Horizonte (MG) - CEP: 30.380-650 - Tel.: (31) 2126-0310
Eric Fuzii (Coordenação), Robson Rosendo da Rocha (Editor de Arte)
Foto de capa
Daniela Dirscherl/WaterFrame/Getty Images
Pré-impressão, Impressão e Acabamento

Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Art. 184 do


Código Penal e Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Linguagens : ciências humanas : 6º ano : caderno 4 / [Cassio


Henrique Rocha Moura... et al.]. – 1. ed. – Belo Horizonte : Editora O processo editorial dos materiais da Somos Educação prima pela
e Distribuidora Educacional, 2020. prática de licenciamentos de textos e imagens de terceiros. No
entanto, esse é um processo moroso e que muitas vezes não se finda
ISBN: 978-85-8454-810-1 em tempo hábil para a publicação das obras dentro dos calendários
1. Língua portuguesa (Ensino fundamental) 2. Produção de escolares. Diante de nossa prática de boa-fé aqui explícita,
texto (Ensino fundamental) 3. Geografia (Ensino fundamental) colocamo-nos à disposição para eventuais esclarecimentos.
4. História (Ensino fundamental) I. Moura, Cassio Henrique Rocha
O material de publicidade e propaganda, ao ser reproduzido em
19-2689 CDD: 372 obras da Somos Educação, é utilizado apenas para fins didáticos
e não representa nenhum tipo de recomendação de produtos ou
Angélica Ilacqua – CRB-8/7057 empresas por parte da editora.
LP Língua
Portuguesa

UNIDADE 7: Quando arte, publicidade e


informação andam de mãos dadas? 2
CAPÍTULO 1: O alvo da publicidade e da informação 4

CAPÍTULO 2: Mídia e arte em harmonia 21

UNIDADE 8: Com quantas regras se faz


uma conduta? 40
CAPÍTULO 1: Para bom entendedor,
meia regra basta! 42

CAPÍTULO 2: Contra a injunção e a prescrição


não há remédio! 62
QUANDO ARTE,
7 PUBLICIDADE E
INFORMAÇÃO ANDAM
UNIDADE
DE MÃOS DADAS?

2
zefart/Shutterstock

Como são produzidos os livros e os materiais de propaganda impressos?

A imagem mostra que etapa da produção de materiais impressos?

Quais são os processos e os profissionais envolvidos na produção de ma-


teriais impressos, como livros, folhetos, programas de teatro e outros?

3
UNIDADE 7
CAPÍTULO

O ALVO DA PUBLICIDADE
1 E DA INFORMAÇÃO
Estudaremos
neste capítulo:

Quarta capa, folheto e spot: gêneros textuais


Quarta capa, folheto
de publicidade e informação
e spot: gêneros textuais de

Reprodução/Editora Ficções
publicidade e informação
Quarta capa: texto e persuasão

Os pronomes na construção
dos textos

Pronome pessoal reto

Folheto: meio de divulgação


de informação
Pronome pessoal oblíquo

Spot: síntese e convencimento

Pronome de tratamento

Capa aberta da obra As horas


claras, de Alonso Alvarez, em que
se veem as orelhas, a primeira e
a quarta capas e a lombada.

4
Língua Portuguesa
A literatura é uma expressão artística que enche a vida das pessoas de diferentes sentidos,
estimulando-as a novas formas de ler o mundo. Ainda que se diga que as pessoas leem cada vez
menos, propagandas que divulgam o lançamento de novas obras no mercado são abundantes.
Normalmente, a produção de uma obra literária envolve muitas ações para promovê-la.
Uma delas faz parte do próprio processo de edição: a quarta capa, um gênero textual do cam-
po jornalístico-midiático. Nesse espaço, editor e autor selecionam ou produzem um texto que
apresenta, em linhas gerais, o conteúdo da obra. Esse texto serve para que o leitor possa se
interessar pela leitura integral do livro a partir de uma informação que lhe chame a atenção.
Outros produtos são pensados e produzidos para favorecer a publicidade e para informar o
público sobre o lançamento e a venda da obra. Para realizar essa comunicação, usam-se, entre
outros, dois gêneros textuais – o folheto e o spot. O primeiro é impresso e, normalmente, dis-
tribuído em locais públicos; o segundo é oral e veiculado em rádios, carros de som e circuitos
fechados de comunicação.
Na imagem de abertura do capítulo, você vê a capa aberta do livro juvenil As horas claras.
As capas têm esse formato antes da montagem do livro com suas páginas internas (miolo). Na
capa aberta ilustrada, de baixo para cima, você encontra a segunda
orelha, que contém informações ou comentários sobre o autor, e

Fernando Favoretto/Arquivo da editora


a quarta capa, com um texto que apresenta brevemente a obra.
Logo depois, na lombada, há o título da obra, o nome do autor e o
logotipo da editora. E, em seguida, vem a capa (ou primeira capa),
com ilustração, o título da obra, o nome do autor e da editora. A
última parte, em azul, é a primeira orelha, que geralmente traz um
comentário sobre a história do livro.
Cada parte externa do livro é elaborada a partir de critérios
editoriais, mesmo quando se deseja produzir algo muito inovador.
A partir desses critérios, por exemplo, define-se que a capa deve
conter o nome da obra em destaque junto ao nome do autor e, em
segundo plano, o da editora. Geralmente, a capa traz imagens, mas
isso depende do projeto gráfico definido.
Para entender como se configura um livro, é necessário visua-
lizá-lo como na imagem ao lado.

ZOOM

Costuma-se dizer que o livro tem quatro capas: a primeira, normalmente chamada somente de capa, é
a parte da frente; a quarta capa é a parte de trás; a segunda e a terceira são, respectivamente, a parte
interna da primeira e da quarta capas. Quando o livro tem capas moles, as dobras da primeira e da
quarta capas constituem as orelhas. O miolo, a parte interna do livro, é constituído de diferentes partes,
como dedicatória, sumário, prefácio, entre outras.

ENTRE EM AÇÃO
Agora, debata com os colegas de classe e com o professor os seguintes aspectos:
• O texto trata de alguns critérios envolvidos na elaboração da capa de livros. De acordo com sua experiência e analisando a imagem
de abertura do capítulo, responda: que informações geralmente são dadas nas outras partes de uma capa?
• Além da capa, quais outros elementos de um livro chamam sua atenção em uma primeira análise? Por quê?

5
ZOOM
Quarta capa: texto e persuasão
O ISBN (International A quarta capa, também denominada contracapa, é um gênero textual de natureza per-
Standard Book suasiva. Normalmente, nela são apresentados alguns elementos da obra para contextuali-
Number) é um sistema zar o leitor em relação ao que vai ler. Trata-se de um recurso muito importante à publicação,
que individualiza porque busca ser, depois da primeira capa, o motivo que consolida o interesse do leitor
o livro publicado, pelo livro.
identificando-o Quando a obra está em sua primeira edição, a quarta capa costuma apresentar uma síntese
numericamente a de seu conteúdo. A partir da segunda edição, esse espaço também serve à divulgação de tre-
partir de dados do chos de críticas favoráveis ao livro. A intenção, com essa estratégia, é aumentar os elementos
título, autor, país e de convencimento do leitor pela comprovação da qualidade literária, aferida por demais leito-
editora. No Brasil, a res e meios socialmente reconhecidos.
Câmara Brasileira do Além de texto, nessa capa há também o código de barras com o ISBN e a logomarca de ins-
Livro é a responsável
tituições que apoiam a publicação do livro.
pela coordenação
Leia parte do excerto que compõe a quarta capa do livro As horas claras.
e supervisão das
atividades técnicas da
Agência Brasileira
do ISBN. Uma história desassombrada!
Numa manhã de sol, no caminho para a escola, cinco meninos descobrem que suas sombras
desapareceram. É também o primeiro dia de aula de Clara, a nova moradora do prédio onde
moram os meninos, que, além de cair na mesma sala que eles, atraiu os olhares de cada um na
sua primeira aparição ao sair do elevador.
Os meninos, amigos inseparáveis, nessa manhã inusitada, se veem inesperadamente per-
seguidos pelo dono do único casarão do bairro, o Sr. Arandy, que surge de repente no jardim,
depois de um deles repetir a mesma travessura de sempre.
Eles, um cão e um velho cego, dono de uma biblioteca infinita e labiríntica, moram num
prédio que não tem o 11o andar.
[...]
Com o sumiço de suas sombras, os meninos fazem de tudo para reencontrá-las e, ao mesmo
tempo, quando se descobrem transparentes ao sol e a qualquer outra luz, eles buscam alguma
explicação e tentam desvendar o mistério.
ACASO: acontecimento As horas claras é uma aventura com a maior sombra de dúvida. Mas as sombras, em vez de
imprevisto.
esconder, podem revelar muitas coisas. Uma história sobre claros e escuros, atrações e gravida-
INUSITADO: estranho. des, encontros e acasos, paixões e poesia, dúvidas e descobertas, e uma grande tentação: “a
TENTAÇÃO: desejo. doença da curiosidade”.
ALVAREZ, Alonso. As horas claras.
São Paulo: Ficções. 2012, quarta capa.

Os pronomes na construção dos textos


Pronomes são palavras que substituem substantivos (nomes) ou se referem a eles, expres-
sando vários sentidos, como posse, localização (daquele que fala) e indefinição. Normalmente,
esses elementos favorecem a coesão textual: são usados para evitar a repetição de palavras,
fazendo referência a elas ou substituindo-as. Por isso, é importante conhecê-los e compreender
sua função na frase.
Na transcrição do primeiro parágrafo do texto da quarta capa do livro As horas claras, obser-
ve os pronomes destacados para entender o uso deles em uma situação real de comunicação.

6
L’ngua Portuguesa
Numa manhã de sol, no caminho para a escola, cinco meninos descobrem que suas sombras
desapareceram. É também o primeiro dia de aula de Clara, a nova moradora do prédio onde mo-
ram os meninos, que, além de cair na mesma sala que eles, atraiu os olhares de cada um na sua
primeira aparição ao sair do elevador.

O pronome suas esclarece a quem pertencem


Suas se refere ao substantivo
as sombras, valendo-se da referência anterior,
“suas sombras” sombras; por isso concorda com
“cinco meninos”. Pelo contexto, sabe-se que
ele em gênero e número.
as sombras são dos meninos.

“a nova moradora O pronome onde faz referência à palavra


Onde indica que os meninos
do prédio onde imediatamente anterior, prédio. A ideia é
moram no lugar onde passou
moram os meni- reforçar que os meninos moram no prédio
a morar a nova moradora.
nos” e Clara passou a morar nele também.

O pronome mesma reforça a coincidência de


Mesma indica que os meninos e moradia e lugar de estudo dos personagens
“na mesma sala”
Clara estudam em um lugar comum. e demonstra que a sala onde estudam os
meninos e a nova menina é a mesma.

O pronome eles é usado para evitar a repetição


“na mesma sala Eles substitui o substantivo
do substantivo meninos. A ideia é reforçar que
que eles” meninos.
Clara foi enturmada na sala dos meninos.

O pronome cada se refere aos meninos


Cada indefine o substantivo
“atraiu os olhares individualmente, mas de forma indefinida.
meninos, sem especificar
de cada um” Sabe-se que Clara atraiu o olhar de todos os
qual menino.
meninos.

“na sua primeira Sua se refere ao substantivo O pronome sua expressa de quem é a aparição.
aparição” aparição, que aparece logo depois. A ideia é dizer que a aparição foi de Clara.

Pelos exemplos, você deve ter observado que os pronomes, de modo geral, fazem remissão
a palavras anteriormente explicitadas, tanto para evitar repetições como para qualificar e re-
tomar tais palavras, conectando-as à sequência textual.

Pronome pessoal reto


Quando as pessoas se expressam por meio da fala ou da escrita, diz-se que elas estão em
uma situação discursiva. Essa situação envolve três posições enunciativas diferentes.

1a pessoa: quem fala/escreve


2a pessoa: quem ouve/lê
3a pessoa: de quem se fala/tema da conversa

7
As pessoas do discurso são representadas por pronomes denominados pessoais. Isso por-
que, para a coerência textual, é necessário localizar o lugar que essas pessoas ocupam no pro-
cesso comunicativo. Quando, na frase, essas pessoas ocupam o lugar de sujeito, por exemplo,
os pronomes usados para se referir a elas são chamados de pronomes pessoais retos. Quando
ocupam outro lugar na frase, costumam vir acompanhados de preposição.
Os pronomes pessoais retos são:

1a pessoa: eu (singular) e nós (plural)


2a pessoa: tu/você (singular) e vós/vocês (plural)
3a pessoa: ele/ela (singular) e eles/elas (plural)

Releia a frase que compõe o terceiro parágrafo do texto da quarta capa do livro As horas
claras, relembrando seu conteúdo.

Eles, um cão e um velho cego [...] moram num prédio [...]

Observe que o autor do texto fala sobre os meninos, um cão e um velho cego (que são o
assunto de sua fala/escrita). No entanto, como o substantivo meninos já foi citado várias vezes
no texto, o autor o substitui pelo pronome eles.
Se o texto fosse escrito por um dos meninos (e não pelo narrador), a frase ficaria assim:
“Eu, um cão e um velho moramos num prédio”. Isso porque, nesse caso, quem se expressa é a
primeira pessoa do discurso. Por sua vez, se esse menino se referisse ao leitor que está lendo
o texto, a frase poderia ficar assim: “Voc•, um cão e um velho moram no prédio”.

PARADA OBRIGATÓRIA

Releia o texto da quarta capa do livro As horas claras para responder às questões 1 a 6.

1. A palavra sombra é essencial no texto da quarta capa do livro, porque o tema central da história é o seu desapareci-
mento. Reproduza duas expressões usadas pelo autor em que ele brinca com o sentido dessa palavra. Em seguida,
comente o recurso usado por ele e os sentidos desse recurso no contexto da história.

8
2. O texto da quarta capa tem como objetivos fazer uma breve apresentação da obra e convencer o leitor a lê-la. O texto

L’ngua Portuguesa
cumpre com esses objetivos? Comente.

3. No último parágrafo, o autor do texto muda o tom de sua escrita e passa a falar da obra e não mais da história. Para isso,
uma vez mais, ele joga com palavras e expressões. Explique a intenção do autor ao usar entre aspas a expressão “a doen-
ça da curiosidade”.

4. Identifique, no segundo parágrafo do texto, três pronomes e explique seu uso.

PRONOME EXPLICAÇÃO DE USO

5. Qual dos pronomes relacionados na questão anterior é um pronome pessoal reto? Por que ele é assim classificado?

6. No terceiro parágrafo, há dois pronomes que fazem remissão a um termo anterior. Relacione-os e indique a que termo
se referem.

Parada complementar: 1 a 6
Teste seu conhecimento: 1 e 2

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Folheto: meio de divulgação de informação
Leia com atenção o folheto a seguir.

Governo Federal/Ministério da Saúde


O folheto é um recurso de comunicação pública, normalmente impresso, que objetiva
divulgar uma informação de modo claro e persuasivo. Por essa razão, esse tipo de material
também pode ser chamado de folheto informativo. Como peça publicitária, pode ter diversos
formatos, de acordo com a campanha da qual faz parte.
O folheto pode ser composto de imagens, textos, diagramas, esquemas, entre outros
recursos. São usados nessas publicações cores, diferentes disposições dos conteúdos e va-
riados tamanhos de fonte. Tudo é definido em função da intenção comunicativa que marca a
campanha publicitária de um produto ou serviço.
Como se trata de uma informação direta, objetiva e limitada pelo formato do folheto, não
serve à divulgação de informação aprofundada. É um gênero textual que se presta melhor à
veiculação de conceitos específicos e orientações de conduta. Por essa razão, é amplamente
usado em campanhas de saúde e de formação cidadã e política. Também serve para promo-
ver eventos e como convite a um público geral.
A distribuição dos folhetos é feita comumente nas ruas, praças e nas moradias das pes-
soas, isto é, em locais onde se encontra o público-alvo para o que se deseja promover. Eles
podem ter tamanhos diversos, em função da quantidade de informação. Quando têm infor-
mações detalhadas, elas são didaticamente apresentadas, para que o leitor possa apreender
as informações de modo efetivo.

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Língua Portuguesa
PASSO A PASSO

Leia atentamente o verso do folheto sobre a doença renal para responder à questão a seguir.

Bloco 2

Bloco 1

Bloco 3

Bloco 4

Bloco 5

Ministério da Saúde
Governo Federal/
Bloco 6

Essa parte do folheto informativo sobre a DRC é constituída de seis blocos informativos. Analisando-os, assinale a alter-
nativa que apresenta a afirmativa correta.
a) Bloco 1: enumera as razões para a prevenção da doença renal desde a infância.
b) Blocos 2 e 3: relacionam oito dicas de ações que, quando adotadas, colaboram para a redução do risco de uma DRC.
c) Bloco 4 e bloco 5: descrevem expectativas de ações do leitor e relacionam patrocinadores.
d) Bloco 6: além de apresentar consequências da doença e descrever o grupo de risco, sugere exames preventivos.
A alternativa correta é a a, porque o primeiro bloco, que está na parte superior da página, apresenta as informações descritas nessa
opção. As alternativas b, c e d estão incorretas, porque, apesar de apresentarem descrições pertinentes à estrutura, não as relacionam
corretamente às partes. O segundo e terceiro blocos descrevem expectativas de ações do leitor e indicam um código de acesso direto à
informação, enquanto o quarto e quinto blocos, que estão no centro da imagem, explicam consequências da doença, descrevem o grupo
de risco, sugerem exames preventivos e relacionam oito dicas de ações que, se adotadas, colaboram à redução do risco de uma DRC. O
sexto bloco discrimina os patrocinadores e apoiadores da iniciativa.

Pronome pessoal oblíquo


Leia a sentença a seguir, retirada do texto da quarta capa do livro As horas claras, e observe
as palavras destacadas.

Com o sumiço de suas sombras, os meninos fazem de tudo para reencontrá-las e, ao mesmo
tempo, quando se descobrem transparentes ao sol e a qualquer outra luz, eles buscam alguma
explicação e tentam desvendar o mistério.

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As palavras as (em las) e eles são pronomes. O pronome eles é um pronome pessoal reto,
como você já sabe, e exerce a função de sujeito do verbo buscam e da locução verbal tentam
desvendar. Mas e o pronome as? Esse pronome retoma o substantivo sombras e assume a
função de complemento na frase; por isso, esse pronome recebe o nome de pronome pessoal
oblíquo. Normalmente, os pronomes oblíquos complementam verbos, mas também podem se
referir a outras palavras, como substantivos. Veja os exemplos.

Mediram-me a temperatura → Mediram a minha temperatura.


Tenha-me respeito → Tenha respeito por mim.

Agora, leia os exemplos retirados do folheto informativo sobre doença renal e observe o
uso dos pronomes pessoais oblíquos na substituição dos termos destacados.

O objetivo do Dia Mundial do Rim é informar ao maior número de pessoas sobre os fatores
de risco e os mecanismos de prevenção do DRC.

O objetivo do Dia Mundial do Rim é informar-lhe sobre os fatores de risco e os mecanismos


de prevenção do DRC.
Não tome medicamentos sem orientação médica.
Não os tome sem orientação médica.
Pratique atividade física regularmente.
Pratique-a regularmente.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser classificados em átonos e tônicos. Estes últimos
são sempre precedidos de preposição. Observe, no quadro a seguir, a relação entre os pronomes
pessoais oblíquos e as pessoas do discurso, representadas pelos pronomes pessoais retos.

PRONOME PESSOAL PRONOME PESSOAL


PRONOME PESSOAL RETO
OBLÍQUO ÁTONO OBLÍQUO TÔNICO

eu me mim, comigo

tu te ti, contigo

ele, ela o, a, se, lhe si, consigo

nós nos nós, conosco


ZOOM
vós vos vós, convosco
Os pronomes comigo, eles, elas os, as, se, lhes si, consigo
contigo, consigo,
conosco e convosco já
trazem a preposição
Você sabia?
embutida. No
português falado no De acordo com a terminação de alguns verbos, é necessário mudar a configuração dos pronomes
pessoais oblíquos.
Brasil, não é frequente
• Quando o verbo termina em z, s ou r, eliminam-se essas letras finais e os pronomes o, os, a, as
o uso de consigo.
assumem a forma lo, los, la e las: fazer os exames/fazê-los; fiz a tarefa/fi-la; pôs os sapatos/pô-los.
Geralmente, opta-se
• Quando o verbo termina em som nasal, esses mesmos pronomes assumem a forma no, nos, na
por com ele e com ela.
e nas e não há mudança na forma verbal: põe os sapatos/põe-nos; beberam a água/beberam-na.
Fique atento a isso!

12
L’ngua Portuguesa
PARADA OBRIGATÓRIA

Retome a leitura do folheto da campanha de orientação a respeito da doença renal para responder às questões 7 a 9.

7. Observando a composição da página de frente do folheto, comente os seguintes aspectos.


a) Relação entre imagem e texto.

b) Distribuição do conteúdo no espaço da página.

c) Uso de cores e tamanho de letras.

d) Informação essencial e acessória.

8. Comente como a seguinte afirmação sobre o folheto se concretiza no exemplo apresentado: “É um gênero textual que
se presta melhor à veiculação de conceitos específicos e orientações de conduta.”.

9. Para cumprir com sua intenção comunicativa, o folheto apresenta o conteúdo de forma didática. Explique como o faz
na parte do texto que apresenta “8 dicas de ouro” para a prevenção da doença.

13
10. Reescreva as frases a seguir substituindo o termo sublinhado por um pronome pessoal oblíquo.
a) Controle sempre seu peso.

b) Procure um médico depois da aula.

c) Posso controlar minha glicemia.

d) Pedi ao meu pai um folheto sobre DRC.

e) Pedi ao meu pai um folheto sobre DRC.

Leia o diálogo a seguir para responder às questões 11 e 12.


— Hoje haverá distribuição de folhetos na praça central. Estes são para você e estes outros são para Gabriela. Você pode
entregar-lhe, por favor?
— Ok, estes, que são para mim, guardo comigo; os outros eu deixo com ela depois. Você vai conosco, acompanhan-
do-nos?
— Sim, o chefe me pediu para não os deixar sozinhos.
— Posso ficar com você nos primeiros momentos para ver como o faz?
— Não era minha ideia entregar folhetos, mas posso fazê-lo. Não se esqueçam: ponham-nos em suas mochilas antes de
irem à praça.

MRS editorial

11. Sublinhe no diálogo acima os pronomes pessoais oblíquos tônicos.

14
Língua Portuguesa
12. Ainda sobre o diálogo, responda.
a) Há outros pronomes pessoais no texto? Identifique-os e os classifique.

b) Que critério você usou para classificá-los?

Parada complementar: 7 a 12
Teste seu conhecimento: 3 e 4

Spot: síntese e convencimento


Leia o roteiro elaborado para uma das campanhas de promoção das lojas Compre Fácil.

TEXTO TÉCNICA

Não perca a sensacional promoção das lojas


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O spot é um gênero textual cuja finalidade é anunciar ou divulgar um produto ou serviço


por meio de uma gravação de voz. Normalmente, é veiculado em rádio ou alto-falantes em
ambientes internos ou externos. Os spots são produzidos por empresas especializadas que
fazem a gravação do áudio com um locutor e efeitos sonoros de fundo, como músicas. Em
geral, são peças breves – duram em média 30 segundos − de comunicação assertiva, com in-
tenção de convencimento.

Pronome de tratamento
Como os spots são dirigidos às pessoas que ouvem a mensagem, ou seja, a segunda pessoa
do discurso, é comum que utilizem pronomes que ajudem a se referir diretamente a essas pes-
soas. Por essa razão, esses pronomes são chamados de pronomes de tratamento, porque, de
modo formal ou informal, referem-se às pessoas. O texto do spot que aparece como exemplo
apresenta alguns pronomes de tratamento: senhora, senhor e voc•.

15
O quadro a seguir relaciona os pronomes de tratamento mais usuais.

PRONOME UTILIZAÇÃO

Senhor(es) e Senhora(s) Tratamento formal.

Você(s) Tratamento informal.

Altas autoridades: presidente da República, ministros,


Vossa(s) Excelência(s)
deputados, embaixadores, etc.

Vossa(s) Senhoria(s) Oficiais, funcionários graduados e tratamento comercial.

Você sabia?
Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pessoa, a concordância verbal se faz
sempre na 3a pessoa. Exemplo:
Vossa Excelência tem ainda dois dias para descansar.
Além disso, é muito comum ver-se, em documentos escritos, as abreviaturas desses pronomes,
como V. A. (Vossa Alteza), V. Ema. (Vossa Eminência), V. Exa. (Vossa Excelência), Sr. (Senhor), etc.

ZOOM

Muitas vezes, o spot é confundido com o jingle e a vinheta. Qual é, então, a diferença? O jingle é uma
forma de anúncio veiculado por meio de uma música, cuja letra fala dos atributos do produto ou serviço.
A vinheta é a personalização do meio de comunicação, por meio de slogans e músicas, e objetiva fazer
com que o cliente identifique seu serviço ao ouvi-la ou vê-la, porque pode ser uma gravação de áudio ou
de vídeo. As rádios, as televisões e o cinema a usam com muita frequência.

INTERLIGANDO SABERES

A troca de correspondência escrita e formal entre a escola e as famílias é bastante comum. Nesse tipo
de comunicação, os pronomes de tratamento são muito usados para explicitar a relação de respeito
entre as partes. Se você vai escrever uma carta a um dos seus professores ou para o diretor, lembre-se
de usar o pronome adequado à hierarquia do cargo que eles ocupam. Mesmo que as relações atual-
mente pareçam ser mais informais, os textos escritos, por serem documentos, requerem o uso correto
dos pronomes de tratamento. Esteja atento!

CONECTE!

Para compreender melhor como é produzido um spot, acesse o link: <https://youtu.be/s7vIAU4e4_


k> (acesso em: 28 dez. 2019).
E, para conhecer o passo a passo de uma campanha publicitária, acesse o site: <https://emporioadamantis.
com.br/offtopic/35/licitacao-camara-de-vereadores-de-santa-cruz-do-sul.ea> (acesso em: 28 dez. 2019).

16
L’ngua Portuguesa
PARADA OBRIGATÓRIA

Leia o roteiro de spot a seguir para responder às questões 13 a 15.

Spot para rádio – duração: 30 segundos

LOCUÇÃO TÉCNICA

Quando vamos à universidade, ficamos mais perto do nosso sonho.


Quando vamos ao trabalho, mais perto da promoção.
Trilha moderna e inspiradora com elementos eletrô-
Quando vamos à Câmara de Vereadores, ficamos mais perto do futuro do
nicos em sua composição.
lugar onde tudo isso vai acontecer.
Locutor masculino, entre 30 e 40 anos de idade,
Câmara Municipal de Santa Cruz do Sul.
com tom de voz sólido e locução no estilo de
Você mais perto todas as segundas, às 18 horas. uma reflexão.
Encontre-nos em câmara santa cruz ponto érre esse, ponto gov, ponto bê
érre, no Facebook e também no YouTube.
Disponível em: <https://emporioadamantis.com.br/offtopic/35/licitacao-camara-de-vereadores-de-santa-cruz-do-sul.ea>. Acesso em: 17 fev. 2020.

13. Que pronome de tratamento é usado no texto? Justifique seu uso.

14. Que pronome de tratamento você usaria para se referir aos vereadores? Comente.

15. Que elemento do roteiro apresentado comprova que se trata de um spot e não de um jingle?

Parada complementar: 13 a 15
Teste seu conhecimento: 5

17
PARADA COMPLEMENTAR

Retome o texto da quarta capa do livro As horas claras


para responder às questões 1 a 4.
África eterna apresenta um panorama amplo do
1. No primeiro parágrafo do texto da quarta capa do livro As continente africano: as regiões; as florestas e a fau-
horas claras, há dois pronomes que se repetem. Retome a na; os aspectos humanos, econômicos e culturais;
leitura desse parágrafo, localize os pronomes e justifique o idioma português na África e o legado da África
seu uso. no Brasil.
Fruto da minuciosa pesquisa e cotejamento de fon-
2. O penúltimo parágrafo do texto da quarta capa apre- tes, por vezes divergentes, a obra apresenta uma visão
senta pronomes variados. Monte no caderno o quadro a dinâmica das relações da África com o mundo e do
seguir, destaque todos os pronomes encontrados nesse Brasil com a África.
parágrafo e explique seu uso no texto. Em suas ilustrações, Rui de Oliveira, um dos maio-
res artistas brasileiros, compõe uma espécie de mu-
PRONOME EXPLICAÇÃO DE USO ral, incorporando as lições dos grandes muralistas do
século XX: Orozco, Rivera, Siqueiros, Portinari. Nes-
se mural, os heróis são o povo: o griô, a dançarina,
o mercador, a salineira, o petroleiro, o caçador sã, o
3. Reescreva as duas frases a seguir, substituindo os sujei- cameleiro tuaregue, entre outros.
tos sublinhados por pronomes pessoais retos. Depois, A obra é um antídoto contra as visões simplistas e
justifique seu emprego. estereotipadas do continente africano.
a) [...] os meninos fazem de tudo para reencontrá-las. OLIVEIRA, Rui. África eterna. São Paulo: FTD, 2010. Quarta capa. Disponível
em: <http://ruideoliveira.blogspot.com/2011/03/refletindo-sobre-as-aguas-
b) Mas as sombras, em vez de esconder, podem revelar das-imagens_12.html>. Acesso em: 28 dez. 2019.
muitas coisas.
4. Reescreva a frase a seguir, retirada da quarta capa, subs-
tituindo o pronome pessoal reto pelo substantivo cor- 5. Comente duas características do gênero quarta capa
respondente. encontradas no texto da obra África eterna.

6. De acordo com o texto, que tipo de obra o leitor encon-


[...] eles buscam alguma explicação [...] trará no livro? Comente sua resposta.

Leia o texto da quarta capa do livro África eterna, de Rui Releia o diálogo a seguir para responder às questões
de Oliveira, e responda às questões 5 e 6. 7 a 9.
Reprodução/Editora FTD Educação

— Hoje haverá distribuição de folhetos na praça


central. Estes são para você e estes outros são para
Gabriela. Você pode entregar-lhe, por favor?
— Ok, estes, que são para mim, guardo comigo;
os outros eu deixo com ela depois. Você vai conosco,
acompanhando-nos?
— Sim, o chefe me pediu para não deixá-los so-
zinhos.

18
L’ngua Portuguesa
— Posso ficar com você nos primeiros momentos 12. O autor Rui de Oliveira é artista plástico e conhecido por
para ver como o faz? suas ilustrações. Que informação confirma e valoriza
— Não era minha ideia entregar folhetos, mas pos- essa característica do autor?
so fazê-lo. Não se esqueçam: ponham-nos em suas
mochilas antes de irem à praça. Leia o texto a seguir para responder às questões 13 a 15.

7. Alguns pronomes pessoais podem ser classificados, de Roteiro spot – Campanha


acordo com sua função na frase, como retos e oblíquos. Leishmaniose
Com que pronome ocorre isso no diálogo? Explique.
Trilha instrumental ambiente.
Diálogo entre mãe e filho:
8. Observe as seguintes estruturas: acompanhando-nos e
Filho (voz “agitada”): Mãe, aprendi na escola que
ponham-nos.
usar repelente previne a leishmaniose.
Mãe: QUEM?
Agora responda: os pronomes pessoais das estruturas
Filho: É uma doença transmitida por mosquitos.
têm a mesma classificação?
Eles gostam de lugares sujos e úmidos, como rios, ma-
tas e terrenos vazios.
9. Há outros tipos de pronomes no texto que não são pes-
Mãe: Ixa! O quintal tá uma sujeira só. Me ajuda
soais. Relacione-os e justifique por que não são prono-
a limpar? Não quero essa tal de losquimoniose aqui
mes pessoais.
dentro de casa, não.
Filho: Leishmaniose, mãe.
Leia o texto a seguir para responder às questões 10 a 12.
Mãe: Isso. Luximoniose.
Filho (voz um pouco mais alta e “impaciente”): LEISH...
Reprodução/Editora FTD Educação

(pausa brusca, seguida de suspiro desanimado. Voz volta ao


normal) Vamos limpar o quintal que é mais fácil.
Narrador: Leishmaniose. O nome é complicado,
mas prevenir é muito fácil.
Fecha com assinatura da Prefeitura de Patos de Minas.
Disponível em: <http://publicidade1a2013.blogspot.com/2014/05/tipos-de-
anuncios-para-radio.html>. Acesso em: 28 dez. 2019.

13. Nos spots, geralmente emprega-se linguagem coloquial,


como se pode comprovar com o exemplo da Campanha de
Leishmaniose, em que há um diálogo entre mãe e filho. Se
o filho fosse usar um pronome de tratamento formal para
se referir à mãe, qual seria?

10. A publicação é um convite concebido no formato de fo- 14. Qual é a intenção comunicativa do spot sobre a
lheto. Considerando as características do gênero folhe- leishmaniose e que recursos linguísticos foram empre-
to, explique a possível intenção da editora ao optar por gados em sua elaboração?
esse formato de convite.
15. O texto do spot “brinca” com as palavras fácil e difícil.
11. Descreva a estrutura e os recursos desse folheto-convite. Por quê?

19
PARA FIXAR

Complete o diagrama a seguir com os conceitos estudados no capítulo para fixar o aprendizado.

CONCEITOS

Gênero Pronome

pessoal

Apresentação da Comunicação Divulgação


obra por meio impressa e publicitária oral
senhor, senhora,
de uma síntese, pública para veiculada em
você, etc.
comentário informar com rádios e alto-
ou crítica. linguagem direta. -falantes.

eu, tu, ele, nós,


vós, eles

mim, comigo,
me, te, se, o, a, ti, contigo, si,
lhe, nos, vos, os, consigo, nós,
as, lhes conosco, vós,
convosco

20
UNIDADE 7
CAPÍTULO

MÍDIA E ARTE
2 EM HARMONIA
Estudaremos
neste capítulo:

Programa de espetáculos: a dança em foco Programa de espetáculos:


a dança em foco
Os pronomes possessivo
e demonstrativo
Duran Machfee/Futura Press

O jingle como publicidade

A necessidade do poema

O poema concreto

Pronomes indefinido
e interrogativo

Companhia Moderna de Dança de Belém, em apresentação em São Paulo, 2017.

Os programas de teatro, dança ou exposição são um gênero que, em sua maioria, é constituí-
do por texto impresso e imagens, em uma proporção que varia de acordo com a campanha de
publicidade da apresentação. Essa campanha inclui outros gêneros, como releases para a im-
prensa, cartazes, folhetos, entre outros, fundamentais à promoção do evento. Os programas se
assemelham aos folhetos, com a diferença de que são distribuídos em espaços fechados e po-
dem conter mais informação do que aqueles.
Como o espectador muitas vezes tem seu primeiro contato com o programa do evento de
que vai participar momentos antes da apresentação, esse material possui função claramente
explicativa. Inclui informações variadas, como dados e sequência da obra, biografia dos autores
e artistas, história das companhias; tudo depende da intenção da direção do evento, do espaço
de apresentação e da equipe responsável por sua produção. Em síntese: trata-se de textos de
suporte à compreensão da obra e, por isso, sua leitura é recomendável antes da exposição do
conteúdo ao espectador.

21
Ainda que utilize predominantemente linguagem objetiva, por se tratar de um gênero dire-
tamente relacionado à produção artística, é comum o emprego de recursos criativos. Outra
característica desse gênero é sua curta duração, relacionada à apresentação da obra. O espec-
tador lê o programa para compreender melhor o que vai assistir e, depois, dificilmente retoma
sua leitura.
No caso de exposições coletivas, quando os programas são muito extensos, eles se aproximam
do formato catálogo, que é uma coleção de informações sobre os diferentes artistas e obras expos-
tas. Normalmente, os catálogos incluem a programação associada a comentários mais aprofunda-
dos sobre os expositores e suas produções artísticas. Nesse sentido, fica evidente que,
independentemente do formato, trata-se de gêneros com componentes estéticos muito marcados.
Leia, a seguir, o programa do espetáculo Rota, da Companhia de Dança Deborah Colker.

Rota
Rota – [do francês route.] – caminho, direção, rumo; [do latim rota, ae.] – roda, rotáceo
As infinitas possibilidades de exploração de caminhos pela dança contemporânea e a pre-
sença em cena do maior símbolo da invenção humana dão vida e movimento a Rota, espetáculo
lançado pela Companhia de Dança Deborah Colker em 1997.
Terceira coreografia original e quarto espetáculo apresentado pela companhia carioca, Rota
descreve seu giro e seu curso em torno dos grandes eixos de sustentação do trabalho da coreó-
grafa Deborah Colker: a utilização do gesto, síntese do movimento, como um poderoso elemento
de expressão cênica; a apropriação de movimentos oriundos de outras práticas do corpo; e as
reflexões sobre as forças que regem o movimento, gênese da dança. Incursiona também pelo
balé clássico, passeia pelo jazz, e promove, em dois atos e seis movimentos, uma ocupação radi-
cal do espaço cênico.

ARMAÇÃO DE CRINOLINA:
I ATO: Allegro – Ostinato – Vigoroso – Presto
grande saia entufada e Linhas negras (pontilhadas, cheias, retas, curvas, enviesadas) riscam a eletrotela branca, de
bufante, sustentada por 15 m × 7 m, que serve de fundo ao palco. Espelhado no linóleo, o gigantesco molde de corte e
lâminas de aço. costura reveste a cena. Neste cenário, que remete também a um mapa de navegação, desenro-
CHANGEMENTS DE PIED, lam-se os quatro movimentos do primeiro ato de Rota.
TEMPS LEVÉS, ENTRECHATS,
Allegro – Sobre as notas solares e impregnadas de júbilo da Serenata Noturna K 239 em Ré
CABRIOLES, GRANDS
FOUETTÉS: passos de balé. Maior, de Mozart, os bailarinos de Colker exibem a técnica clássica que exercitam com afinco
e regularidade desde os primórdios da companhia. Mas, como que contagiados pelo espírito
ELETROTELA: tela para
projeção. alegre e irreverente do gênio de Salzburg, o fazem com pitadas de humor e transgressão. Com
os pés/impulso no clássico e as mãos/pulsação no contemporâneo, eles se lançam em giros,
INCURSIONAR: adentrar,
fazer exploração de algo. saltos e piruetas próprios da escola clássica para, num misto de graciosidade e estranhamento,
desaguar no repertório gestual colkeriano. São changements de pied, temps levés, entrechats,
JOVIAL: alegre.
cabrioles, grands fouettés, arrematados com estalos de dedos, coçadas na cabeça, bofetadas no
LINÓLEO: tapete feito de
próprio rosto etc.
juta embebida em óleo de
linhaça e cortiça pulverizada, Tutus românticos, para elas, e ternos de corte moderno e modelagem justa, para eles, subli-
convenientemente nham a dança harmônica dos contrastes, enquanto a luminosidade ruidosa e jovial de um baile
comprimido. de época varre a cena.
ORIUNDO: natural de, Ostinato – No segundo movimento, a relação de forças se inverte. Mais breves e menos fre-
procedente de. quentes, as alusões ao balé clássico diluem-se no vasto vocabulário de gestos e movimentos
TRANSGRESSÃO: não coloquiais, ordinários, cotidianos, que constitui um dos veios principais da gramática cênica de
cumprimento de uma lei, Deborah Colker. Os ternos elegantes dão lugar a camisas-esporte; os tutus deixam as armações
ordem ou regulamento. de crinolina; o clima de gala se desfaz. Está em pauta, agora, o jogo de luzes, sombras e repeti-
TUTU: saia feita de tule. ções que permeia nosso dia a dia.

22
O sopro divino de Miles Davis, o beat techno do Aphex-Twin, o piano de Thelonious Monk, a

L’ngua Portuguesa
guitarra solo de Pedro Sá são alguns dos sons que, daqui para frente, se sobrepõem – distorcidos,
deformados, decompostos, especialmente compostos ou simplesmente aplicados – no antro-
pofágico patchwork sonoro criado por Berna Ceppas, Alexandre Kassin e Sérgio Meckler para BEAT TECHNO: batida, ritmo
de bateria eletrônica.
ambientar o espetáculo.
Vigoroso – A vocação atlética da companhia adentra a cena no terceiro movimento desta PATCHWORK: colcha de
retalhos.
pequena suíte coreográfica. Vestidos em collants de perna curta, os corpos dos bailarinos pro-
jetam-se no espaço cênico numa sucessão vertiginosa de saltos e roladas. É apenas o começo do SUÍTE: versão orquestral de
trechos selecionados de uma
grand finale do primeiro ato.
ópera, bailado, etc.
Presto – Sobre mais um tema da fase áurea da chamada Música de Divertimento – o Quinte-
to em Lá Maior opus 114, A Truta, de Schubert (1797-1828) –, trespassado pelo canto de baleias
do Atlântico e do Pacífico, o espetáculo mergulha em estado líquido. Transbordantes de alegria e ZOOM
cingidos por um verde-azul-marinho, os bailarinos da Cia Deborah Colker se lançam em um mar
imaginário, onde remam, nadam, dão “peixinhos”, numa vigorosa sequência de evoluções aquá- Allegro, Ostinato e
ticas sobre o linóleo, em que as mãos são utilizadas quase tanto quanto os pés. Presto. Chega ao Presto são movimentos
fim o primeiro ato de Rota. da música clássica e
estão relacionados à
Ficha técnica sua velocidade. Allegro
Criação, Direção e Coreografia DEBORAH COLKER é um movimento
Diretor Executivo JOÃO ELIAS rápido, e Presto,
Direção de Arte e Cenografia GRINGO CARDIA mais rápido ainda;
Direção Musical BERNA CEPPAS, ALEXANDRE KASSIN E SÉRGIO MEKLER Ostinato é um padrão
Iluminação JORGINHO DE CARVALHO que se repete em
Figurinos YAMÊ REIS toda a composição
Assistente de Direção FLAVIO COLKER ou em parte dela.
Assistente de Coreografia JACQUELINE MOTTA O termo Vigoroso
Ensaiadora KARINA MENDES está relacionado
Fotografia FLAVIO COLKER ao caráter de força
Vídeo PAULO SEVERO e intensidade da
Assessoria de Imprensa VANESSA CARDOSO E DANIELLA CAVALCANTI música.
Fisioterapeuta JOSÉ ROBERTO PRADO JR.
Assistente de Fisioterapeuta TÂNIA AQUINO
Assistente de Iluminação CÉSAR RAMIRES
Assistente de Cenografia BERNARD HEIMBURGUER
Designer Gráfico Assistente LEONARDO EYER
Cenotécnico JOSÉ FERNANDES
Diretor de Palco HENRIQUE DE SOUSA
Operador de Luz EDUARDO RANGEL
Maquinista GILMAR RODRIGUES
Ballet Clássico FAUZI MANSUR E MANOEL FRANCISCO
Dança Contemporânea DEBORAH COLKER
Instrutor Técnico Roda GERALDIN MIRANDA
Bailarinos ALEX NEORAL, ANA PAULA MARQUES, CAMILA RIBEIRO, CLÉBIO OLIVEIRA,
DANIELLE RODRIGUES, DEBORAH COLKER, DIELSON PESSOA, JEFFERSON ANTÔNIO,
LUIZA CONTINENTINO, MARISA TRAVASSOS, OLÍVIA SECCHIN, RENATA VERSIANI,
RICO OZON, RODRIGO WERNECK, VADIM HERMANOVICH
Realização J. E. PRODUÇÕES
Disponível em: <www.ciadeborahcolker.com.br/release-rota>. Acesso em: 28 dez. 2019.

23
ENTRE EM AÇÃO
Os programas de dança, balé ou exposições são resultados de um processo de produção artística de
alto investimento financeiro. Você pode ter ido assistir a atividades artísticas que não disponibilizavam
programas. Isso é cada vez mais comum no cenário de pouco investimento na área cultural, principal-
mente no que concerne às produções infantojuvenis.
Depois de ler a primeira parte do programa apresentado, responda oralmente, junto a seus colegas e
seu professor, às seguintes questões.
• Que informações o programa apresenta para justificar o nome do espetáculo?
• Quais são os eixos que marcam o trabalho coreográfico de Deborah Colker e que se repetem no
espetáculo “Rota”?
• O espectador assistirá a uma apresentação de balé clássico? Comente.
• Qual é a importância da ficha técnica?
Depois, forme dupla com um colega e relacionem os pronomes que vocês identificam no texto.

Voc• sabia?

Deborah Colker
[...] Criada entre a solidão do estudo do piano clássico e a prática de um esporte coletivo,
o voleibol, a coreógrafa carioca iniciou-se na dança contemporânea como bailarina do Co-
ringa, da uruguaia Graciela Figueiroa, grupo que marcou época no Rio de Janeiro dos anos
1980. [...]
Antes ou depois de fundar, em 1994, a companhia que leva seu nome, Deborah Colker
imprimiu sua marca ainda em territórios tão distintos quanto o videoclipe, a moda, o cine-
ma, o circo e o showbiz. [...]
O dom incomum de extrair de cada corpo seu canal de expressão mais pleno e transformá-
-lo em um instrumento potente e singular de comunicação, em qualquer dessas linguagens,
fez de Deborah Colker um personagem ao mesmo tempo múltiplo e único no panorama
contemporâneo das artes cênicas.
Largamente reconhecida pela crítica internacional, a excelência de seu trabalho como
coreógrafa foi honrada em 2001 com o Laurence Olivier Award na categoria “Oustanding
Achievement in Dance” (realização mais notável em dança).
Cinco anos mais tarde, motivava o convite da FIFA para dar vida ao único espetáculo de
dança a figurar na grade de atividades culturais da Copa do Mundo 2006, na Alemanha: Ma-
racanã – incorporado mais tarde ao repertório da Cia Deborah Colker sob o título de Dínamo.
Em 2009, assinava a criação do novo espetáculo do Cirque de Soleil – “Ovo”, uma viagem
lúdica pelo mundo dos insetos.
Uma das maiores honras: ser Diretora de Movimento das Olimpíadas do Rio 2016, mos-
trando um espetáculo visual representativo da energia do povo brasileiro. Espetáculo este
que também incluía elementos icônicos de trabalhos dela como coreógrafa.
Disponível em: <www.ciadeborahcolker.com.br/deborah-colker>. Acesso em: 28 dez. 2019.

24
Os pronomes possessivo e demonstrativo

L’ngua Portuguesa
Os pronomes possessivo e os demonstrativo, como seus nomes sugerem, expressam respectiva-
mente a ideia de posse e de localização. São palavras variáveis, ou seja, concordam em gênero (mas-
culino/feminino) e número (singular/plural) com o substantivo que acompanham. Em ambos os casos,
é necessário também localizar, com clareza, as pessoas do discurso (1a pessoa: quem fala; 2a pessoa:
quem ouve; 3a pessoa: assunto). Observe o exemplo retirado do programa do espetáculo “Rota”.

“Rota” descreve seu giro e seu curso em torno dos grandes eixos de sustentação do trabalho
da coreógrafa Deborah Colker [...]

No exemplo, as duas palavras em destaque são pronomes possessivos, porque indicam que o
giro e o curso pertencem ao espetáculo. Como ambas as palavras são masculinas e estão no sin-
gular, os pronomes concordam em gênero e número com essas duas palavras. Ou seja, o pronome
possessivo indica o possuidor e agrega essa ideia à coisa possuída.
Se substituíssemos giro por coreografia e curso por movimentos, a frase ficaria assim:

“Rota” descreve sua coreografia e seus movimentos em torno dos grandes eixos de sustentação
do trabalho da coreógrafa Deborah Colker.

Agora leia o seguinte trecho:

Neste cenário, que remete também a um mapa de navegação, desenrolam-se os quatro movi-
mentos do primeiro ato de “Rota”.

Na frase acima, o pronome este (contraído com a preposição em) indica que a palavra cen‡rio
está perto, na frase, de uma referência anterior a ela. Em outra situação em que a 1a pessoa estives-
se pronunciando a sentença, o mesmo pronome seria usado.
Observe nos quadros a seguir a relação entre pessoas e pronomes possessivos e demonstrativos.

PESSOA/NÚMERO PRONOME POSSESSIVO

1a pessoa do singular meu(s), minha(s)

2a pessoa do singular teu(s), tua(s)

3a pessoa do singular seu(s), sua(s)

1a pessoa do plural nosso(s), nossa(s)

2a pessoa do plural vosso(s), vossa(s)

3a pessoa do plural seu(s), sua(s)

25
PESSOA PRONOME DEMONSTRATIVO VARIÁVEL PRONOME DEMONSTRATIVO INVARIÁVEL

1a pessoa este, esta, estes, estas isto

2a pessoa esse, essa, esses, essas isso


ZOOM
3a pessoa aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo
As preposições a,
de e em podem
aparecer contraídas São também pronomes demonstrativos:
aos pronomes
demonstrativos.
o, a, os, as antes de que, Eu vi o que você fez. (Eu vi aquilo que você fez.)
Exemplos:
funcionando como aquele(s), Essa coreografia não é a que te ensinei.
Eu gostei deste
aquela(s), aquilo, isso, isto (Essa coreografia não é aquela que te ensinei.)
programa de balé.
Ninguém pensou Nós mesmos compramos os ingressos.
nesse sentido de rota. (Reforçando o pronome pessoal nós.)
mesmo(s), mesma(s), próprio(s),
O bailarino correu em própria(s), tal, tais, semelhante Em semelhante situação, eu não faria nada.
direção àquela coxia.
(Nessa situação, eu não faria nada.)

PARADA OBRIGATÓRIA

Leia a segunda parte do programa do espetáculo “Rota”, da Companhia de Dança Deborah Colker, para responder às
questões 1 a 6.

II ATO: Gravidade – Roda


Quando o pano se abre, já está em cena o grande emblema do novo espetáculo da Cia Deborah Colker: a Roda
construtivista e davinciana, erigida em ferro pelo cenógrafo Gringo Cardia. Com dois aros de 4,5 m de diâmetro,
interligados por um feixe de degraus; o eixo apoiado num suporte triangular de 3 m de altura; e emoldurada
por uma estrutura inteiriça de metal, onde pontificam quatro escadas de 6,7 m de altura (duas laterais e duas
de fundo), a Roda se mantém estática ao longo de todo o prólogo do segundo ato. Exibindo uma plasticidade
primitiva e prodigiosa, mas ocultando, ainda, o seu engenho.
Gravidade – Uma luz de suaves contornos azuis delineia as duas esculturas que compõem a imagem inaugural de
Gravidade, uma de ferro, outra de corpos. Caminhando em estado de flutuação sobre os braços entrelaçados de qua-
tro pares de bailarinos que, posicionados frente a frente, atravessam lentamente o palco na diagonal, uma bailarina
enfrenta o primeiro da série incontável de desafios que marcará os trinta e três minutos do segundo ato de Rota. Com
os corpos despidos por sungas e maiôs de recortes variados, a trupe de Colker mergulha agora em uma espécie de
atmosfera espacial, marcada pela ausência de gravidade. E, em meio a manobras milimétricas e vagarosíssimas, que de-
mandam um equilíbrio e resistência muscular incomuns, desenha com seus corpos uma coletânea de formas abstratas.
O inusitado balé em câmara lenta prepara, pouco a pouco, o ambiente para o quadro de encerramento do espetáculo.

26
L’ngua Portuguesa
Roda – Trazida por um dos bailarinos, chega enfim ao centro da cena a mais perfeita
tradução material da investigação em torno da física e da mecânica do movimento, que
marca os primeiros trabalhos da Cia Deborah Colker: a Roda. Simultaneamente, outras DAVINCIANA: referente a
duas escadas laterais são conduzidas até a boca de cena. Leonardo da Vinci.
Com o espaço cênico multiplicado por diversos planos e níveis, a coreógrafa que virou FEIXE: conjunto.
a dança contemporânea parede acima (ar)risca movimentos em todos os sentidos e dire-
FRÊMITO: estremecimento
ções. Sem abandonar o linóleo cor de cobre, a ação propaga-se por cada uma das seis esca-
de alegria.
das e pelos meandros da Roda em movimento, desenhando uma profusão de imagens de
INUSITADO: aquilo que não
grande impacto visual. Impulsionada pelas mãos e pelos corpos dos bailarinos, a enorme
é usual.
estrutura metálica gira numa valsa orbital, onde, entre retalhos de efeitos e sons, ecoam
LUDICIDADE: feito por meio
os acordes do Conto dos Bosques de Viena, de Johann Strauss II (1825-1899) – outro
de jogos e brincadeiras.
grande mestre austríaco da Música de Divertimento. Para que a Roda “dance conforme
a coreografia”, a precisão é fundamental. A mais ligeira incorreção no emprego da força ORBITAL: trajetória de
um corpo animado de um
física, por parte do elenco, pode botar tudo a perder. movimento periódico.
Está novamente em cena a palpitante combinação de perigo e ludicidade, cerne da
PRÓLOGO: prefácio; texto
aventura humana, e uma das marcas registradas do trabalho de Deborah Colker. Um mis- introdutório.
to de frêmito e encantamento percorre a plateia. Como se um parque de diversões pene-
PRODIGIOSO: incomum,
trasse em cada um dos espectadores: visto de fora, mas intensamente percebido, com sua talentoso.
montanha-russa de sensações, por dentro.
Disponível em: <www.ciadeborahcolker.com.br/release-rota>. Acesso em: 28 dez. 2019. TRUPE: grupo de bailarinos.

1. Releia ainda o texto sobre o ato I e responda: que informações relevantes sobre o espetáculo “Rota” os textos antecipam?

2. Qual dos dois atos mais chama sua atenção? Explique por quê.

3. Normalmente, o texto dos programas de espetáculos é objetivo, ainda que explore a natureza artística do contexto
em que está inserido. Em que sentido o texto sobre o ato II contraria a afirmativa anterior e qual é a vantagem dessa
opção textual?

27
4. Preencha o quadro a seguir com exemplos de pronomes possessivos encontrados no texto sobre o ato II, indicando a
que termos eles se referem.

INDICAÇÃO DO TERMO A QUE FAZ REFERÊNCIA


PARTE EXEMPLO
E EXPLICAÇÃO DA ESTRUTURA FRASAL

Primeiro parágrafo

Gravidade

Roda

5. Identifique os pronomes demonstrativos que há no texto do Ato I, na descrição do primeiro movimento, chamado Allegro.

6. Há, na breve descrição do movimento chamado Vigoroso, um pronome demonstrativo. Destaque-o e explique a que
substantivo se refere.

Parada complementar: 1 a 6
Teste seu conhecimento: 6 e 7

O jingle como publicidade


Reprodução/Editora Panda Books

Você já deve ter ouvido no rádio e na televisão pequenos comerciais com letra de canção feitos
especialmente para a divulgação de um produto. Esse gênero textual é chamado de jingle, que
consiste em uma mensagem publicitária musicada, simples e fácil. A imagem ao lado é a capa do
livro Jingle é a alma do negócio, de Fábio Barbosa Dias, que trata do processo de criação desse gê-
nero textual.
A produção dessa mídia é cara porque envolve muitos profissionais, como cantores,
locutores, músicos, técnicos de som, entre outros. A letra da música normalmente é criada por
um compositor profissional, que a escreve para colocar em evidência os atributos do produto.
A ideia é criar uma canção de modo que as pessoas se identifiquem e da qual se lembrem por
sua musicalidade. Por essa razão, há jingles que atravessam gerações, pelo alto grau de aceitação
do público.

28
L’ngua Portuguesa
ENTRE EM AÇÃO
Reúna-se com dois colegas e conversem sobre jingles dos quais cada um se lembra, sejam eles atuais
ou antigos. Cantem-nos e anotem as características comuns que vocês observam neles. Depois, junto
aos demais colegas, peçam ao professor que comente um jingle do qual ele se lembra, destacando a
razão de não o ter esquecido com o passar do tempo.

ZOOM

Segundo Fábio Barbosa Dias, autor do livro Jingle Ž a alma do neg—cio, para fazer um jingle:

É preciso ter um talento único, capaz de conseguir sintetizar tudo o que precisa ser con-
tado em apenas trinta segundos, criando uma melodia envolvente, uma letra que cole no
ouvido e permaneça na cabeça das pessoas. Evidentemente isso não é para qualquer um.
DIAS, Fábio Barbosa. Jingle é a alma do negócio. São Paulo: Panda Books, 2017.

PARADA OBRIGATÓRIA

Leia, a seguir, a letra do jingle para responder às questões 7 a 9.

Pipoca na panela Quero ver pipoca pular


Começa a arrebentar (pipoca com guaraná)
Pipoca com sal

Cheers Group/Shutterstock
Que sede que dá Eu quero ver pipoca pular
(pipoca com guaraná)
Pipoca e guaraná
Que programa legal Quero ver pipoca pular, pular
Só eu e você Soy loca por pipoca e guaraná
E sem piruá! Ah, ah, Guaraná!
Que tal?
BRUNETTI, César. Pipoca e Guaraná. Disponível em: <www.letras.com/jingles/972792/>.
Acesso em: 28 dez. 2019.

7. Depois de ler a letra do jingle, é possível que o leitor tenha dúvida sobre o produto alvo da publicidade. Comente essa
afirmação.

29
8. Na gravação original da publicidade, após o jingle, a voz de um locutor anuncia o slogan do produto: “Guaraná Antarc-
tica, este é o sabor!”. Explique a estratégia de colocar mais ênfase à pipoca do que ao guaraná na letra do jingle.

9. A letra da canção, para marcar sua musicalidade, utiliza um recurso poético. Qual é? Exemplifique.

Parada complementar: 7 a 9
Teste seu conhecimento: 8

A necessidade do poema
Leia os textos a seguir.

Com direção de Duda Maia e adaptação de Clarice Lissovsky, o musical infantojuvenil


“Vamos comprar um poeta” foi inspirado no livro homônimo de Afonso Cruz, contando so-
bre a visita de um poeta à casa de uma família mais comum do que parece.
No lar visitado vivem o pai que só pensa em como
Governo Federal/MinistŽrio da Cidadania

ganhar mais dinheiro, a mãe que vive às voltas com


seus trabalhos domésticos, um menino apaixonado
por contas e uma garotinha curiosa e ansiosa por en-
tender o significado de todas as coisas.
O poeta vai ensinar aos seus novos amigos a im-
portância das pequenas coisas, como observar bor-
boletas, escrever seus próprios poemas e dar mais
abraços nas pessoas que amamos. Um musical in-
fantojuvenil que ressalta a importância da cultura
dentro e fora de casa, misturando poesia, música e
dança.
MUSICAL infantojuvenil “Vamos comprar um poeta”.
Disponível em: <https://bora.ai/sp/passeios/musical-infantojuvenil-vamos-
comprar-um-poeta>. Acesso em: 28 dez. 2019.

Os textos lidos são, respectivamente, um cartaz e uma sinopse de um musical infantojuve-


nil cujo tema é a poesia. A poesia é uma forma artística de expressão dos sentimentos huma-

30
L’ngua Portuguesa
nos, que envolve uma visão de si e do mundo, a partir de um conceito de beleza. A princípio,
ela é representada por meio do poema, um gênero textual que materialmente é composto de
alguns recursos literários como o verso (cada linha do poema), a estrofe (conjunto de versos),
a musicalidade (resultado de diferentes ritmos), a rima (combinação de sons do final ou do
meio das palavras), as figuras de linguagem (recurso para trabalhar o sentido conotativo das
palavras), entre outros.
Além de se prestar à expressão emotiva, o poema também é usado para narrar histórias.
A pessoa que se dedica a escrever poemas é chamada de poeta, como o personagem do mu-
sical infantojuvenil “Vamos comprar um poeta”.

PASSO A PASSO

Leia o poema a seguir.

Silêncio
Para caminhar Para sentir na pele
sobre a delicada ponte o veludo de um jardim,
que leva aos olhos do outro, quando a noite envolve
todo silêncio é pouco. o mundo
em sua rede de estrelas,
Para ouvir a música todo silêncio é ouro.
que se desprende
de todas as coisas belas, Para entender,
todo silêncio é pouco. palavra por palavra,
a voz que vem do coração,
todo o silêncio.

MURRAY, Roseana. Manual de delicadeza de A a Z. São Paulo: FTD, 2001. p. 23.

Assinale a afirmação correta sobre o poema “Silêncio”.


a) O poema é constituído de 4 estrofes e 16 versos.
b) O poema expressa musicalidade por meio das rimas.
c) A linguagem é denotativa, portanto, objetiva e clara.
d) O poema expressa poesia sobre o silêncio.

Uma rápida observação do poema pode levar o leitor a considerar erroneamente correta a alter-
nativa a, ao não notar que o poema tem, de fato, 18 versos, porque a terceira estrofe rompe o ritmo de
estrofes com quatro versos, apresentando seis deles. Já a musicalidade é mais marcada pela repetição
de palavras e estruturas no interior dos versos, e menos pela rima final, ainda que o som “ou” apareça
em algumas palavras no final dos versos, o que invalida a alternativa b. Além disso, a linguagem é ex-
tremamente poética, transmitindo sensação de beleza, doçura, com o emprego de metáfora e anáfora,
repetição de estruturas (“todo silêncio é...”); e o poema expressa e desperta sentimentos variados em
relação ao tema apresentado. Portanto, a alternativa correta é a d.

31
O poema concreto
Diferentemente dos poemas tradicionais, a expressão poética do movimento concretista ex-
trapola a palavra e explora todo o espaço vazio da página para produzir significados, assim como
as formas inspiradas na arquitetura. Daí nascem expressões poéticas questionadoras, que con-
templam outras dimensões não trabalhadas pelo poema até então.
A seguir, reproduzimos um poema concreto muito conhecido. Analise-o para encontrar seus
possíveis sentidos.

© José Lino Grünewald / FORMA (1959), in Escreviver, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1987.
GRÜNEWALD, José Lino. FORMA. Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

Uma das propostas do movimento concretista é questionar a realidade. Observe que os temas
da produção incessante e a essência das coisas aparecem no poema. O jogo de palavras a partir da
palavra forma, que começa e termina o poema, e sua transformação a partir dos prefixos que vão
sendo agregados à palavra, produz diferentes efeitos de sentido. Esse é um dos recursos utilizado
pelo poeta para concretizar sua denúncia e sua crítica.

Voc• sabia?
José Lino Grünewald (1931-2000) nasceu no Rio de Janeiro. Formou-se em advocacia, mas desem-
penhou as funções de poeta, tradutor, crítico de cinema e literatura e jornalista. Junto aos poetas
Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo Azeredo, Grünewald formou o
grupo Noigandres, inaugurando o movimento concretista.

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Pronomes indefinido e interrogativo

Língua Portuguesa
Leia outros poemas de Roseana Murray.

Awana JF/Shutterstock
Afago Bem-estar
Afago é palavra bela, É como uma brincadeira,
traz dentro água experimente:
em movimento, faça à sua volta
água escorrendo, um círculo encantado,
água de chuva, iluminado de amor:
de cachoeira, quem chegar perto
água de lago, se ilumina também.
água em murmúrio. [...]

MURRAY, Roseana. Manual da delicadeza de A a Z.


Afagar o outro 2. ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2014.
em nossa água,
em nosso mel,
em nossa alma.

MURRAY, Roseana. Manual da delicadeza de A a Z.


2. ed. São Paulo: Quinteto Editorial, 2014.

Os poemas lidos buscam uma expressão universal de sentimentos. Por isso, não objetivam atin-
gir uma pessoa específica, mas sim as pessoas em geral. Para causar esse efeito, a autora usa algu-
mas palavras, que você pode observar a seguir.

33
“Afagar o outro...” Ideia de indefinição da pessoa a ser afagada.

“quem chegar perto...” Ideia de indefinição da pessoa que se aproximará.

As duas palavras destacadas, assim como outras já estudadas neste Caderno, são também
pronomes. Em função da ideia a que estão relacionados, esses pronomes são classificados como
indefinido e interrogativo. O pronome indefinido expressa imprecisão e quantidade indetermi-
nada; por essa razão, refere-se à terceira pessoa. O pronome interrogativo é usado nas pergun-
tas diretas e indiretas.

Veja a relação desses pronomes.


• Indefinidos

VARIÁVEIS

SINGULAR PLURAL INVARIÁVEIS

MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO

algum alguma alguns algumas


nenhum nenhuma nenhuns nenhumas alguém
todo toda todos todas ninguém
muito muita muitos muitas outrem
pouco pouca poucos poucas tudo
vário vária vários várias nada
tanto tanta tantos tantas algo
outro outra outros outras cada
quanto quanta quantos quantas

qualquer quaisquer

• Interrogativos
São pronomes interrogativos: que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quantos e quantas.

ZOOM

Os pronomes interrogativos podem ainda:


• ser usados em exclamações que indiquem admiração ou espanto, mantendo um tom de questio-
namento ou marcando intensidade:
Que susto!
Quanta bagunça!
Quem diria!
Quem iria imaginar que era ele!
• atuar como pronomes indefinidos, dependendo do contexto:
Não sei quantos virão.

34
L’ngua Portuguesa
PARADA OBRIGATÓRIA

10. O título do musical “Vamos comprar um poeta” revela uma ironia em relação à poesia e ao poeta. Comente essa afirmação.

11. Releia o terceiro parágrafo da sinopse do musical “Vamos comprar um poeta” e os poemas de Roseana Murray apresen-
tados no capítulo e compare-os. Que elementos comuns você observa entre esses textos?

12. A partir da apreciação do poema de José Lino Grünewald, explique sua classificação como poema concreto.

13. Que diferenças você percebe entre a expressão poética de Roseana Murray e de José Lino Grünewald?

14. Identifique, nos poemas “Silêncio”, “Afago” e “Bem-estar”, de Roseana Murray, alguns pronomes indefinidos.

35
15. A partir dos temas dos três poemas de Roseana Murray e do poema concreto de José Lino Grünewald, elabore cinco
frases com pronomes interrogativos.

Parada complementar: 10 a 15
Teste seu conhecimento: 9 e 10

CONECTE!

Para conhecer o programa oficial da Bienal de São Paulo de 1959, acesse: <https://issuu.com/bienal/
docs/named458a4>. Acesso em: 28 dez. 2019.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre jingles, vale a pena a leitura da obra Jingle é a alma
do neg—cio, de Fábio Barbosa Dias, apresentada neste capítulo.

PARADA COMPLEMENTAR

1. Releia a ficha técnica que consta na primeira parte do programa do espetáculo “Rota” e comente o que se pode observar
em relação à atuação de Deborah Colker.

2. O programa, como um gênero que objetiva apresentar uma obra pouco antes de sua execução, geralmente vale-se de
um texto objetivo e sintético, ao mesmo tempo em que se dirige a um público com certo conhecimento sobre a arte
em questão.
Retome a leitura do programa do espetáculo “Rota” e comente sobre sua adequação aos requisitos do gênero.

3. O pronome demonstrativo o pode retomar um termo anteriormente referido. Em qual frase do texto a seguir sobre o
movimento Allegro encontra-se um exemplo desse pronome? Transcreva-a e explique seu uso.

Allegro – Sobre as notas solares e impregnadas de júbilo da Serenata Noturna K 239 em Ré Maior, de Mozart,
os bailarinos de Colker exibem a técnica clássica que exercitam com afinco e regularidade desde os primórdios
da companhia. Mas, como que contagiados pelo espírito alegre e irreverente do gênio de Salzburg, o fazem com
pitadas de humor e transgressão. Com os pés/impulso no clássico e as mãos/pulsação no contemporâneo, eles
se lançam em giros, saltos e piruetas próprios da escola clássica para, num misto de graciosidade e estranhamento,
desaguar no repertório gestual colkeriano. São changements de pied, temps levés, entrechats, cabrioles, grands fouettés,
arrematados com estalos de dedos, coçadas na cabeça, bofetadas no próprio rosto etc.

36
L’ngua Portuguesa
Tutus românticos, para elas, e ternos de corte moderno e modelagem justa, para eles, sublinham a dança har-
mônica dos contrastes, enquanto a luminosidade ruidosa e jovial de um baile de época varre a cena.
Disponível em: <www.ciadeborahcolker.com.br/release-rota>. Acesso em: 28 dez. 2019.

4. Considerando o texto sobre o ato I do programa de “Rota”, escreva três períodos sobre ele usando diferentes pronomes
possessivos.

5. Considerando o texto sobre o ato II do programa de “Rota”, escreva três períodos sobre ele usando diferentes
pronomes demonstrativos.

6. Reescreva os seguintes períodos, substituindo os termos que se repetem por pronomes adequados.
a) No segundo movimento – Ostinato –, o clássico e o contemporâneo ainda convivem como forças diferentes, mas a rela-
ção de forças se inverte.
b) Deborah Colker mistura o clássico ao contemporâneo e ao jazz. A vocação atlética da companhia de Deborah Colker
sempre impressiona.

Leia a transcrição da letra do jingle a seguir para responder às questões 7 a 9.

Dentro desse pote tem Requeijão Vigor


Uma surpresa que ninguém Hummmm, é cremoso
Sabe explicar bem Hummmm, é gostoso
O sabor que tem, Hummmm, é saboroso
Hummmm, é cremoso Hummmmm
Hummmm, é gostoso Locutor: Requeijão Vigor, o mais vendido do Brasil!
Hummmm, é saboroso Saboroso e cremoso como deve ser!
Jingle da campanha publicitária do Requeijão Vigor. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GFYUOVA0-oI>. Acesso em: 22 abr. 2020.

7. A letra de um jingle objetiva evidenciar as características do produto a que se refere. Que característica do requeijão é
a mais evidente no jingle? Justifique sua resposta.

8. Que outra característica é atribuída ao produto?

9. No final, a locução reforça as características apresentadas e expõe outra qualidade do requeijão.


a) Que qualidade é essa?
b) Qual é a intenção do produtor da peça publicitária, ao finalizar a propaganda com essa afirmação?

10. No poema “Silêncio”, de Roseana Murray, há uma estrutura que se repete em todas as estrofes, guardando algumas
diferenças entre si. Releia o poema e explique a diferença de sentido desses versos.
a) “todo silêncio é pouco.”
b) “todo silêncio é ouro.”
c) “todo silêncio.”

11. A sinopse que acompanha o folheto do musical “Vamos comprar um poeta”, denuncia uma realidade e apresenta uma
possibilidade de solução. Releia o texto e comente essa afirmação.

12. De acordo com a proposta teatral do musical “Vamos comprar um poeta” e com os poemas do livro Manual da delicadeza de
A a Z, onde está a poesia que habita os poemas?

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13. Frente ao consumismo, capitalismo e economicismo da atualidade, pode-se dizer que o título da obra de Roseana Murray,
Manual da delicadeza de A a Z, e o poema de José Lino Grünewald são irônicos. Comente a afirmativa.
Leia o soneto “III”, de Mario Quintana, para responder às questões 14 e 15.

Quando os meus olhos de manhã se abriram, Quase que eu saio voando céu em fora!
Fecharam-se de novo, deslumbrados: Evitemos, Senhor, esse prodígio...
Uns peixes, em reflexos doirados, As famílias, que haviam de dizer?
Voavam na luz: dentro da luz sumiram-se... Nenhum milagre é permitido agora...
Rua em rua, acenderam-se os telhados. E lá se iria o resto de prestígio
Num claro riso as tabuletas riram. Que no meu bairro eu inda possa ter!...
E até no canto onde os deixei guardados
Os meus sapatos velhos refloriram.
QUINTANA, Mario. III. In: A rua dos cataventos. São Paulo: Globo, 2005. p. 21.

14. Releia as duas últimas estrofes do poema e resposta ao que se pede.


a) Nelas, o eu poético revela duas preocupações. Quais são elas?
b) Essas preocupações estão relacionadas a qual característica do poeta?

15. Identifique, no poema, exemplos de pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos e interrogativos.

PARA FIXAR

Leia as dicas e insira os números nos conceitos básicos estudados neste capítulo.

1. Pronomes que indicam o possuidor e a coisa possuída. ( ) Poema

2. Gênero textual utilizado para informar sobre uma obra


( ) Programa
teatral, musical ou de dança.

3. Gênero textual literário composto em versos. ( ) Jingle

4. Gênero textual de publicidade que usa uma canção para ( ) Pronomes indefinidos
apresentar um produto.

( ) Pronomes demonstrativos
5. Pronomes usados em perguntas diretas ou indiretas.

6. Pronomes que indicam a posição da enunciação. ( ) Pronomes interrogativos

7. Pronomes que expressam sentido impreciso e quantida-


( ) Pronomes possessivos
de indeterminada.

38
U7

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

QUANDO ARTE,
PUBLICIDADE E
INFORMAÇÃO ANDAM
DE MÃOS DADAS?

zefart/Shutterstock

Agora, leia o texto a seguir.


Unidade 7 tratou de vários gêneros textuais que pertencem ao campo jornalístico-midiático
A e artístico-literário com a intenção de que você pudesse, além de compreender as prin-
cipais características desses textos tão presentes no dia a dia, conhecer o complexo processo
de sua produção. Nesse sentido, arte, publicidade e informação são indissociáveis quando o
objetivo é divulgar e explicar aspectos de expressões artísticas, como espetáculos de dança e
de teatro, exposições diversas, eventos de lançamento de livros, entre outras manifestações.
Você teve a oportunidade de comprovar o teor persuasivo da quarta capa e o tom obje-
tivo dos programas de espetáculo artístico; analisou folhetos e verificou a natureza publici-
tária dos spots e jingles; além disso, teve acesso à expressão criativa dos poemas. Na leitura dos
textos trabalhados, você identificou os variados tipos de pronomes – pessoais retos e oblíquos,
de tratamento, possessivos, demonstrativos, indefinidos e interrogativos –, compreendendo a
situação de uso de cada um deles.

39
8
UNIDADE
COM QUANTAS REGRAS
SE FAZ UMA CONDUTA?

40
Brian A Jackson/Shutterstock

Qual é a importância das regras na vida das pessoas?

A que tipo de relacionamento humano se refere a imagem?

Como a imagem reflete a importância das regras na vida social?

41
UNIDADE 8
CAPÍTULO

PARA BOM ENTENDEDOR,


1 MEIA REGRA BASTA!
Estudaremos
neste capítulo:

Aprender a conviver: um pilar da educação


Aprender a conviver: um pilar

MRS Editorial
da educação

Regras de convivência
na escola

Regras de convivência
no trabalho

A relação das regras com


o imperativo

O verbo na construção
de sentido: estrutura e
modos verbais

Regras de jogos e brincadeiras

Os tempos verbais simples do


modo indicativo

Identificação do modo
subjuntivo

42
Língua Portuguesa
Em 1996, a Organização das Nações Unidades para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco),
por meio da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, publicou um relatório
chamado “Educação: um tesouro a descobrir”. Nesse relatório, descrevem-se os quatro pilares
da educação, que são os seguintes:

APRENDER A
CONHECER

Dmitry Kovalchuk/Shutterstock
OS QUATRO
APRENDER A PILARES DA APRENDER A
FAZER EDUCA‚ÌO SER

Voc• sabia?
APRENDER A A Unesco possui
CONVIVER diversos escritórios
por todo o mundo
e atua em diversas
áreas: educação,
Observe, a seguir, a descrição do terceiro pilar: cultura, ciências
naturais, humanas e
sociais, comunicação
Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interde- e informação. Além
disso, desenvolve
pendências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito
ações no sentido de
pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. favorecer a liberdade
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Brasília: Unesco, 2010.
Disponível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por>. Acesso em: 12 fev. 2020.
de expressão, a
construção de
sociedades do
conhecimento e de
Essa descrição enfatiza a importância de viver em grupo de forma harmônica e respei- cidades sustentáveis e
tosa. Essa grande competência humana não trata de um conteúdo meramente escolar, mas a inteligência artificial.
Também trabalha
sim de um aprendizado para a vida. A convivência é uma necessidade humana, das sociedades
pela prevenção ao
humanas; no entanto, ainda que pareça natural a vida em grupo, em muitas situações é neces- extremismo violento,
sário definir e adotar regras, para que se mantenha o equilíbrio na relação social. pelo desenvolvimento
Algumas dessas regras são assimila as pela conduta; outras, não. Elas podem se originar de de educação para a
diversas formas, mas as que costumam gerar mudanças mais efetivas de conduta são aquelas saúde e o bem-estar
estabelecidas em debate, em consenso. Por isso, necessitam ser escritas para garantir que e pela promoção
de programas de
todos as cumpram para o bem-estar geral das pessoas com as quais convivemos na escola ou
desenvolvimento
no trabalho, por exemplo. sustentável. A Unesco
Na escola, um dos primeiros ambientes coletivos com o qual temos contato, desde os é muito conhecida pelo
anos iniciais de escolarização, alunos, famílias, comunidade e professores trabalham com a acompanhamento de
descrição e implantação de regras de convivência. Elas são importantes para o desenvolvi- experiências educativas
mento dos alunos como cidadãos que colocam essa aprendizagem em prática durante toda a em todo o mundo.
sua vida. Ainda que sejam regras trabalhadas na escola, não são exclusivas dela.

43
Regras de convivência na escola
Observe a ilustração que enumera algumas das regras de convivência no ambiente escolar.

MRS Editorial

ENTRE EM AÇÃO
Reúna-se com um colega e, juntos, releiam os dois quadros de regras apresentados no início deste capítulo. Conversem sobre as regras
de convivência de sua escola. Orientem-se pelas seguintes perguntas:
• Sua escola trabalha formalmente com um manual de convivência ou outro documento que descreve a expectativa de comportamen-
to dos alunos e funcionários?
• As regras são claras para os alunos?
• Em que medida você as cumpre? E seus colegas?
• Essas regras podem ser usadas em outros ambientes coletivos? Se sim, em quais deles?
Analisem, ainda, as diferentes formas verbais empregadas nos textos e discutam sobre a intenção de uso delas.
Elaborem, em folha avulsa, um manual de convivência com regras que vocês gostariam de dividir com seus colegas de sala. Depois,
compartilhem com a turma sua produção.

44
L’ngua Portuguesa
PARADA OBRIGATÓRIA

Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 3.

Na hora de dar dicas, uso do imperativo chama


atenção ao que se está falando
Quem acompanha matérias sobre mercado de trabalho em sites e revistas especia-
COACH: profissional que
lizadas normalmente recebe várias dicas para incrementar sua carreira, conseguir atua desenvolvendo as
um emprego melhor e crescer na profissão. Só que nem sempre repara na linguagem habilidades humanas.
utilizada pelos consultores para dar esses conselhos. O comum, nesses casos, é o uso EMBUTIDO: inserido,
do imperativo, tempo verbal que denota força. encaixado.
No dicionário, a palavra imperativo significa aquele que ordena, ou exprime uma EXPRIMIR: expressar o
ordem; autoritário. Mas, como afirma o professor Sérgio Nogueira, o verbo na forma que pensa.
imperativa não é usado apenas para dar ordem, mas também para fazer um convite, INCREMENTAR: ampliar.
aconselhar e, até, implorar.
LANÇAR MÃO DE: utilizar
— O imperativo não é tão violento como se imagina. Seria mais um convite para algo.
que a pessoa faça aquilo que está sendo aconselhado.
Segundo Cláudio Domingos, coach e diretor da Conexão RH, o uso do imperativo não é uma regra determi-
nada, mas certamente tem um efeito mais direto.
— Uma pessoa que procura a ajuda de um especialista precisa de orientações claras e diretas, por isso são
passadas na forma imperativa. É o mesmo que disséssemos: “siga este caminho que você vai se dar bem”. Quando
estamos dando conselhos a amigos, em meio a um bate-papo informal, a linguagem é outra − diz Cláudio.
Segundo Sérgio Nogueira, há também um lado psicológico para o uso do imperativo: lançar mão desta
forma verbal seria uma forma de fazer a pessoa prestar mais atenção, focar naquilo que se está dizendo, sem
necessariamente parecer uma ordem.
— No fundo, no fundo, essas dicas são teoricamente impositivas. Daí o uso do imperativo. Neste caso, se
as pessoas não ficarem atentas a esses conselhos e deixar de segui-los, certamente terão mais dificuldades de
alcançar seu objetivo, que é conseguir um trabalho, obter uma melhor colocação no mercado e conquistar seu
emprego dos sonhos. Neste caso, eu aprovo o uso do imperativo.
Cláudio Botelho ressalta que, como especialista, o uso de uma linguagem mais direta gera a expectativa de
que a pessoa está te escutando e entendendo a sua mensagem.
— É uma forma de passar melhor a informação. Quando você dá um comando embutido, fala de uma forma
indireta, como por exemplo, “é importante você fazer vários cursos” ou “o melhor é usar uma roupa mais for-
mal”, parece que não tem muito conhecimento do negócio.
Curiosamente, diz Nogueira, pelo fato de o uso do imperativo trazer uma ideia de ordem, violência, algumas
empresas já adotam em seus documentos o verbo no infinitivo para evitar essa carga pesada.
— Ao invés de usar “faça’’, usa-se o verbo no seu infinitivo, que é “fazer’’, justamente para amenizar
a linguagem.
LUQUES, Ione. O Globo. Rio de Janeiro, 25 nov. 2009. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/emprego/
na-hora-de-dar-dicas-uso-do-imperativo-chama-atencao-ao-que-se-esta-falando-3165254>. Acesso em: 2 jan. 2020.

45
1. O texto trata de situações que envolvem o uso do imperativo no mercado de trabalho. No entanto, as considerações em
relação a esse uso podem ser aplicadas também aos textos dos manuais de convivência.

a) Releia o manual “Regras básicas de convivência” e explique o uso do imperativo, considerando a afirmação do enunciado.

b) Você concorda com a atribuição ao imperativo das qualidades “violento” e “impositivo”? Comente.

2. Que outro modo verbal é citado por Sérgio Nogueira como alternativa ao uso do imperativo?

3. Transcreva algumas das regras do manual de convivência na escola, substituindo o infinitivo por imperativo.

a) Fazer a leitura em silêncio.

b) Ser gentil e prestativo e compartilhar conhecimentos.

c) Prestar atenção às aulas.

d) Chegar à escola no horário certo.

e) Ser participativo na aula e respeitar os turnos de fala.

Parada complementar: 1 a 3
Teste seu conhecimento: 1

46
Regras de convivência no trabalho

L’ngua Portuguesa
É possível que esse título desperte sua atenção, causando estranheza e questionamento:
“Por que os adultos necessitam de regras de convivência em seu trabalho se passaram parte
de suas vidas na escola aprendendo sobre isso?”.
É que a expectativa de todo projeto educativo é transformar seus alunos em cidadãos cons-
cientes de seus deveres e direitos. No entanto, com as mudanças, geração a geração, na forma
de se relacionar, constantemente devem-se atualizar as regras que pautam o convívio entre
pessoas que passam muito tempo juntas, como no caso das situações de trabalho. Além do
mais, as empresas estão sempre criando novas expectativas em relação aos profissionais que
desejam para compor suas equipes, e esse processo de exigência tende a ser contínuo. Assim,
com profissionais com perfis cada vez mais distintos, há a necessidade constante de atuali-
zação das regras de convivência.

nd3000/Shutterstock

Um termo muito usado atualmente, na esfera laboral, para se referir aos comportamentos
dos trabalhadores, é etiqueta. Trata-se de um termo emprestado dos cerimoniais sociais que
exigem comportamentos muito rígidos, principalmente em relação a vestimentas, comporta-
mento à mesa, forma de falar, etc. No ambiente profissional, entende-se que a etiqueta está
relacionada à capacidade do profissional em atender certas regras para se relacionar bem
com os demais colaboradores, a partir da perspectiva do respeito ao ambiente coletivo e à
individualidade de cada um.

ZOOM

A palavra regra originou-se do termo latino regula, que veio do verbo regere. Esse verbo signi-
fica “determinar, dirigir, guiar”, sentidos que ainda estão relacionados à palavra regra. Sua origem
também está ligada à palavra rei, que, por extensão, sugere a ideia de obediência.

47
A relação das regras com o imperativo
Leia o excerto a seguir, do texto “12 regras de etiqueta que facilitam a vida no trabalho”,
publicado no site da revista Exame. Nesse texto, foram entrevistadas duas especialistas que
explicaram o sentido de cada regra.

[...]
1. Respeito
“A regra de ouro é tratar o outro como gostaria de ser tratado”, diz Maria Aparecida.
Ou seja, não faça nunca para o outro o que não quer que seja feito para você. E isso vale
para todos os níveis de interação: vertical para cima (relação com chefes), horizontal
(relação com pares) e vertical para baixo (com seus subordinados). 
Olhar nos olhos de uma pessoa enquanto ela fala com você, em vez de continuar me-
xendo no celular, é também um sinal de respeito, de acordo com Fabiana Góes, da Search.
“Hoje em dia, com tantas tecnologias, parar para prestar atenção quando falam com você
é também uma regra de etiqueta”, diz.
2. Privacidade
Você provavelmente passa mais tempo do dia com o pessoal do escritório do que com
seus familiares e amigos. “Mas isso não dá o direito de invadir a privacidade deles”, diz
Maria Aparecida.
Espere a iniciativa do colega de contar algo pessoal, não force nenhuma situação e
evite fazer perguntas invasivas. Ao notar que algo não vai bem, coloque-se à disposição
para conversar, se quiser, mas sempre espere a outra pessoa tomar a iniciativa. “Tudo vai
depender do tipo de relacionamento que há entre os colegas”, diz Fabiana. Quanto maior
o grau de intimidade, maior abertura para entrar em determinados assuntos.
[...]
3. Cuidado com apelidos
Alguns podem considerar esta regra um pouco radical, mas, de acordo com Maria Apa-
recida, não é recomendável criar apelidos para as pessoas. “Apelido ou a pessoa se dá, ou
ninguém dá”, diz ela, lembrando que bullying corporativo existe e é, sim, uma grande
preocupação nas empresas. 
4. Atenção às brincadeiras
É claro que ninguém deseja trabalhar em um ambiente de atmosfera pesada, mas há
um limite para o uso do humor durante o expediente, de acordo com Maria Aparecida.
“Piadas obscenas e palavrões podem fazer com que pessoas se sintam agredidas”,
diz ela. Lembre-se da diversidade que há em um escritório, em que pessoas de diferentes
BULLYING: termo que
compreende toda forma formações culturais e crenças convivem. “O ambiente de trabalho deve ser alegre e des-
de agressão, intencional contraído, mas não se pode perder o limite”, recomenda.
e repetida, sem motivo
aparente, em que se faz 5. Disposição para ajudar
uso do poder ou da força A boa vontade em ajudar os colegas de trabalho rende bons frutos durante toda a tra-
para intimidar ou perseguir jetória de carreira. Se alguém já o ajudou em um momento difícil é certo que você carrega
alguém.
esta lembrança e estará sempre disposto a retribuir o auxílio oferecido, mesmo que já te-
INTERAÇÃO: ação recíproca nha se passado um bom tempo. “Espírito de servir é fundamental para que o profissional
entre pessoas.
se destaque”, diz Maria Aparecida.
OBSCENO: vulgar. Para Fabiana Góes, da Search, a disposição em ajudar traz inúmeros benefícios. “O
RENDER: dar resultado. profissional vai criando relação de confiança e estabelecendo parcerias”, diz.

48
6. Sem derrotismo

L’ngua Portuguesa
Esqueça frases do tipo: “não dou conta de fazer” ou “é muito difícil”. Em vez de en-
carnar de antemão o derrotismo, aposte na capacitação para enfrentar desafios pro-
DERROTISMO:
fissionais. “Pegue a tarefa difícil, pesquise e dedique-se porque certamente sairá mais comportamento pessimista.
capacitado depois disso”, diz Maria Aparecida.
ENCARNAR: personificar.
[...]
PATI, Camila. Exame. São Paulo, 14 out. 2013. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/
12-regras-de-etiqueta-que-facilitam-a-vida-no-trabalho/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

O texto apresenta importantes orientações que podem facilmente se transformar em regras


de um manual de convivência. O gênero manual, como você já observou em aulas anteriores,
é marcado pelo tom imperativo, porque se espera o cumprimento das normas então descritas.
Ainda que o texto tenha um tom de sugestão, algumas vezes o autor emprega a forma verbal
no imperativo para expressar a ideia de conduta esperada.
Como você já sabe, o imperativo é um dos modos verbais utilizado para expressar ordem,
mas também pode se relacionar a situações de pedido, desejo e sugestão. Esse modo verbal é
bastante empregado nos gêneros que descrevem regras de convivência e de participação em
um jogo ou brincadeira, por exemplo, porque se deve instruir as pessoas para que respeitem
as determinações de cada situação.
Ainda que sua forma pareça diferente da de outros modos verbais, seu uso é muito comum
no cotidiano das pessoas. O importante é saber que, quando se usa o imperativo, basicamente
está se dirigindo a quem, no processo de comunicação, faz o papel de ouvinte. Por isso, no
Brasil, de modo geral, o imperativo está relacionado aos pronomes você e tu.
Agora, leia o excerto do manual de convivência laboral “Boas práticas de convivência”, do
Tribunal de Contas do Estado de Goiás.

Apresentação e histórico
Este manual surgiu do contato com os servi-
dores em pesquisas anteriores e tem por objetivo
aprimorar a qualidade das relações entre colegas
e padronizar rotinas de contato telefônico e com
as pessoas que recebemos.
Existem algumas regras de convívio social
Ilustração: Fróes/TCE-GO

e profissional e a sua prática é de fundamental


importância porque, além de facilitar a convi-
vência, aumenta em nós o sentimento de segu-
rança no trato com as outras pessoas e nas mais
diversas situações.
Você é parte na rede de relações desta Casa,
portanto, sua colaboração é essencial!
[...]

Postura no trabalho para uma boa convivência


• Cumprimente a todos, sem exceção e sem intimidades, tanto ao chegar quanto ao
sair, inclusive pelos corredores.
• Trate todos com respeito, procurando ouvi-los e, quando necessário, orientá-los em
suas solicitações.

49
• Recepcionistas não estendem a mão para visitantes, a não ser que estes tomem a
iniciativa e o façam.
• Fale com sobriedade sem gestos exagerados ou voz alterada. Evite gírias, modismos
linguísticos e atitudes que possam ser classificadas como exibicionismo. Controle
excessos e críticas!
• Sempre que necessário, demonstrar firmeza, sem, porém, parecer dono da verdade.
Fale o necessário e saiba ouvir também!
• Intimidades com colegas são atitudes que não cabem no ambiente de trabalho e
podem provocar desentendimentos.
• Fazer-se de engraçado não é fácil, pode-se cair no ridículo.
• Vista-se com discrição, adequadamente à situação e ao local. As roupas de trabalho
devem ser discretas e limpas.
• Seja polido e cordial, sem perder a noção de distância com seus colegas, sejam eles su-
periores, inferiores ou iguais. Profissionalmente é indispensável observar a hierarquia!
• Dirigir-se a um superior com familiaridade diante de estranhos denota falta de tato
e educação. Mesmo que sejam amigos, mantenha a postura profissional que o am-
biente de trabalho solicita.
• Tratar pessoas importantes pelo prenome quando não somos seus íntimos é prova
de mau gosto.
BRASIL. Tribunal de Contas do Estado de Goiás. Boas práticas de convivência. Disponível em: <https://tcenet.tce.go.gov.br/
Downloads/Arquivos/000198/MANUAL%20DE%20CONVIV%C3%8ANCIA.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2020.

PASSO A PASSO

Releia o artigo “12 regras de etiqueta que facilitam a vida no trabalho” e o excerto no
manual de convivência laboral “Boas práticas de convivência”, do Tribunal de Contas do
Estado de Goiás.
Que alternativa tece uma comparação correta entre os dois textos?
a) O texto do manual emprega verbos no imperativo, em uma comunicação direta e obje-
tiva; já o artigo usa um tom de sugestão com finalidade persuasiva.
b) Os dois textos tratam a questão do respeito como a base da convivência cordial entre as
pessoas que trabalham em um mesmo ambiente.
c) O texto sobre etiquetas aborda explicitamente a questão das brincadeiras e dos apeli-
dos, enquanto no manual não há nenhuma referência a essa questão.
d) Ambos os textos abordam, de modo sutil, a questão da hierarquia, deixando claro que se
trata de um aspecto secundário nas relações de trabalho.

Ao analisar atentamente o texto do manual de convivência, é possível notar que há uma mescla
entre verbos no imperativo e verbos no infinitivo, o que evidencia um desvio do padrão dos manuais.
Pode-se dizer que faltou paralelismo na elaboração do texto. Portanto, a alternativa a é incorreta. Am-
bos os textos orientam quanto a brincadeiras e intimidade, que, no contexto, são sinônimas, o que
inviabiliza a alternativa c. Pela ênfase dada, nota-se que essa é uma questão que merece atenção. Ao
contrário do que se afirma na alternativa d, ambos os textos enfatizam a questão da hierarquia, porque,
mesmo que as relações atuais sejam mais informais, em muitas situações deve sempre prevalecer o res-
peito. Portanto, a alternativa b é a correta, porque um dos alicerces de uma boa convivência é o respeito
pelas pessoas e pelo documento que pauta as condutas de relacionamento.

50
O verbo na construção de sentido: estrutura e

L’ngua Portuguesa
modos verbais
Você deve ter observado que, desde o início do capítulo, verbo tem sido uma palavra muito
usada, principalmente na sua forma imperativa. O verbo é uma classe de palavras que indica
ação, estado ou fenômeno. Por sua importância para a construção de sentido dos enunciados,
é uma palavra fundamental na elaboração das orações e dos períodos.

Por isso, EXAME.com reuniu os principais


AÇÃO conselhos dos especialistas em relação a
este tema.

[...] a sua habilidade comportamental é


VERBO ESTADO essencial [...]

PATI, Camila. Exame. São Paulo, 14 out. 2013.


Disponível em: <https://exame.abril.com.br/
carreira/12-regras-de-etiqueta-que-facilitam-a-vida-
no-trabalho/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

FENÔMENO Amanhã choverá durante a tarde.

Os verbos flexionam-se em pessoa, número, tempo, modo e voz. Essa é a característica mais
marcante dessa classe de palavras e a maneira mais fácil de diferenciá-la das demais classes ZOOM
de palavras da língua, porque não há outra que admita tantas flexões.
Observe o exemplo para compreender as flexões que o verbo admite. As flexões do verbo
quanto pessoa, número
e tempo se fazem da
pessoa: 3a seguinte maneira:
pessoa (ele) • Pessoa: 1a (eu, nós);
número: 2a (tu, vós) e 3a (ele,
voz: ativa
singular eles).
• Número: singular (eu,
tu, ele) e plural (nós,
Este manual surgiu do vós, eles).
contato com os servidores • Tempo: presente,
tempo:
modo: em pesquisas anteriores. pretérito e futuro.
pretérito
indicativo • Voz: ativa (o sujei-
perfeito
to pratica a ação
expressa pelo verbo),
Os verbos, quando expressam um fato, assumem formas diferentes. São três os modos verbais. passiva (o sujeito re-
• Indicativo: expressa uma realidade, uma certeza, algo que está acontecendo, já aconte- cebe a ação expressa
ceu ou vai acontecer. Exemplo: pelo verbo) e reflexi-
va (o sujeito pratica
e recebe a ação ao
Você é parte na rede de relações desta Casa, portanto, sua colaboração é essencial!
mesmo tempo).

51
ZOOM • Subjuntivo: expressa uma possibilidade, uma hipótese, uma dúvida, algo que pode acon-
tecer ou não. Exemplo:
Os gêneros textuais
estudados neste
capítulo utilizam, com Ou seja, não faça nunca para o outro o que não quer que seja feito para você.
frequência, o modo
imperativo, porque
expressam ordem, • Imperativo: expressa uma ordem, um desejo, um pedido. O imperativo pode expressar
orientação, indicação, afirmação ou negação. Exemplo:
pedido. Ainda que
pareça um modo
verbal menos utilizado Ou seja, não faça nunca para o outro o que não quer que seja feito para você.
que o indicativo e o
subjuntivo, nota-se
que isso não é uma Além dos modos, essa classe gramatical se apresenta sob três formas nominais.
verdade. • Infinitivo: forma não conjugada do verbo.
Infinitivo pessoal: quando se relaciona com um sujeito, às pessoas do discurso:
1a, 2a ou 3a.
Infinitivo impessoal: não apresenta sujeito e expressa um sentido vago e inde-
finido.
• Gerúndio: normalmente expressa uma ação em curso e apresenta a terminação -ndo.
• Particípio: geralmente expressa o resultado de uma ação concluída e apresenta a termi-
nação -ado.

PARADA OBRIGATÓRIA

4. No artigo “12 regras de etiqueta que facilitam a vida no trabalho”, a entrevistada Maria Aparecida comenta algo sobre o
uso de celulares. Por que há a necessidade de regulamentar o uso dos celulares?

5. O manual de convivência do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, por meio de palavras-chave, explicita os objetivos
da formalização desse documento.
a) Qual foi o método adotado para a obtenção das informações que compõem o manual?

b) Quais são os objetivos do manual?

52
L’ngua Portuguesa
6. Segundo o manual do Tribunal de Contas, quais são as vantagens de escrevê-lo e publicá-lo?

7. Identifique no item “Posturas no trabalho para uma boa convivência”, do manual “Boas práticas de convivência”, cinco
verbos no imperativo. Em seguida, escreva suas formas no infinitivo, gerúndio e particípio:

IMPERATIVO INFINITIVO (-AR, -ER, -IR) GERÚNDIO (-NDO) PARTICÍPIO (-DO)

8. Você deve ter observado que, no manual de convivência do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, há algumas frases
com o verbo no imperativo e outras, não.
a) Como você interpreta essa alternância na estrutura das frases?

b) Reescreva as seguintes sentenças, usando o imperativo. Faça as adequações necessárias.


• Recepcionistas não estendem a mão para visitantes, a não ser que estes tomem a iniciativa e o façam.

• Intimidades com colegas são atitudes que não cabem no ambiente de trabalho e podem provocar desentendimentos.

9. Há, ainda, no manual de convivência do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, exemplos de substituição do imperativo
tradicional pelo infinitivo. Transcreva essas sentenças e comente a intenção desse uso.

Parada complementar: 4 a 9
Teste seu conhecimento: 2 e 3
53
Regras de jogos e brincadeiras

Monkey Business Images/Shutterstock

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Jogos e brincadeiras fazem parte da nossa vida. Basta ter uma reunião em família, em que
gerações podem se encontrar, para um momento de diversão. Quanto mais crianças houver,
mais jogos e brincadeiras vão acontecer, sejam eles atuais ou antigos. Alguns são cantados e
podem ser realizados apenas com movimentos corporais; outros necessitam de alguns objetos
para sua realização, como papel e caneta, cordas, bolas, petecas, etc.
Como normalmente são atividades lúdicas coletivas, existem regras que devem ser seguidas
por todos. E os participantes devem aceitá-las para que o jogo ou a brincadeira se desenvolva
de forma adequada. Se não o fazem, não jogam. Simples assim. É importante observar que,
desde crianças, convivemos com esse tipo de indicação.
As regras, como gênero textual, têm como características a clareza, a objetividade e, muitas
vezes, a brevidade. Isso porque, se o texto é muito longo, as pessoas desistem de seguir as
indicações. Em brincadeiras, as regras, em geral, são oralmente transmitidas de geração em
geração. No entanto, como os jogos e as brincadeiras passaram a ser disciplinas dos cursos de
formação de professores, as orientações passaram a ser escritas.
Com o advento da informática, essas atividades físicas perderam muito espaço para os
jogos virtuais. Estes também têm suas regras, mas propõem uma dinâmica diferente. Esse tipo
de jogo enfraquece a capacidade de relacionamento presencial entre os jogadores e, também,
a capacidade de desenvolvimento físico.
Agora, leia as descrições do seguinte jogo.

Ratos e lobos
Um grande jogo de perseguição, em que se deve descobrir a identidade do outro, para
sair correndo a persegui-lo. Um participante deve conduzir o jogo.
Idade: a partir de 10 anos
Tempo aproximado: mais de uma hora
Jogadores: 15 ou mais
Material: papel, pincel atômico, fita adesiva transparente
1. O condutor do jogo distribui os jogadores em 5 grupos: ratos, gatos, cachorros, lobos e
caçadores. Colocar nas costas de cada participante, sem que os demais vejam, um papel
onde está anotado o animal que representa.
2. É conveniente que o número de ratos seja maior, seguido pelo de gatos, depois o de
cachorros, e depois o de lobos, de forma que os caçadores sejam somente um ou dois.
3. Distribuir os participantes por área de jogo, e todos tentam esconder-se. Quando um
jogador descobre o outro, observa que animal é, para fugir dele ou persegui-lo.

54
L’ngua Portuguesa
4. Os ratos são perseguidos por todos, exceto pelo caçador. Os gatos são caçados pelos
cachorros e lobos, mas não podem ser caçados pelo caçador. O cachorro persegue ratos
e gatos, mas foge do lobo. O lobo persegue todos, mas foge do caçador. Se dois lobos se
juntam, podem perseguir o caçador.
5. Cada vez que um jogador pega outro – por exemplo, um gato pega um rato –, vão os
dois ao condutor do jogo, e o jogador aprisionado passa para o grupo que o pegou.
Nesse caso, o rato passa a ser gato. É assim, exceto para os animais pegos pelo caçador,
que sempre se convertem em ratos. Um caçador apanhado por dois lobos também se
transforma em rato.
6. O condutor do jogo pode variar, a seu critério, a composição dos grupos, para manter
a proporção entre os animais. O jogo termina quando se esgotar o tempo combinado.
ALLUÉ, Josep M. O grande livro dos jogos. Trad. Afonso Celso Gomes. Belo Horizonte: Leitura, 1998.

ENTRE EM AÇÃO
Reúna-se com os colegas e, brevemente, conversem sobre o jogo “Ratos e lobos”. Vocês já o conhe-
ciam? As regras são claras? Que outros jogos e brincadeiras tradicionais vocês conhecem? Em uma
folha avulsa, relacione-os e identifique as atividades em que houve coincidência, relembrando,
no grupo, as regras para poder jogá-las. Em seguida, cite um jogo virtual e descreva suas regras.
Compare as duas experiências (a tradicional e a virtual), indicando semelhanças e diferenças entre
elas. Depois disso, apresente oralmente aos colegas conclusões a que chegou em relação às orien-
tações de cada tipo de jogo ou brincadeira.

Os tempos verbais simples do modo indicativo


Observe o esquema que relaciona os tempos do modo indicativo, aquele que expressa fatos
reais, certos, que estão acontecendo, que já aconteceram ou que ainda vão acontecer. Note
como o verbo assume formas diferentes em cada tempo verbal.

Modo indicativo

Presente Pretérito Futuro

Fato atual Perfeito: Imperfeito: Mais-que- do presente: do pretérito:


fato concluído fato não -perfeito: fato que fato que pode
no passado concluído no fato ocorrido correrá em ocorrer em
passado antes de outro momento momento
já concluído próximo próximo
no passado

O condutor do O condutor do O condutor do O condutor do O condutor do O condutor do


jogo distribui jogo distribuiu jogo distribuía jogo distribuíra jogo distribuirá jogo distribuiria
os jogadores os jogadores os jogadores os jogadores os jogadores os jogadores
em 5 grupos... em 5 grupos... em 5 grupos... em 5 grupos... em 5 grupos... em 5 grupos...

55
Uso do am e do ão na grafia dos verbos
Observe a conjugação dos verbos estar, ser e falar nos tempos verbais do indicativo.

PESSOA PRESENTE PESSOA PRETÉRITO PERFEITO FUTURO DO PRESENTE

Eu estou sou falo Eu falei falarei

Tu estás és falas Tu falaste falarás

Ele/Ela está é fala Ele/Ela falou falará

Nós estamos somos falamos Nós falamos falaremos

Vós estais sois falais Vós falastes falareis

Eles/Elas estão são falam Eles/Elas falaram falarão

Cada tempo verbal tem suas marcas de conjugação, o que faz com que se possa reconhecê-
-lo com mais facilidade. A observação da terminação dos verbos permite constatar essa afir-
mação. Quando o verbo é regular − ou seja, não sofre alteração em seu radical ao ser conju-
gado −, esse reconhecimento é facilitado. Note que, sob esse aspecto, os verbos ser e estar
não são regulares; o verbo falar, sim, é regular, porque o radical fal- permanece inalterado em
toda a conjugação. Obtém-se o radical de um verbo quando se retira a marca da conjugação
(-ar, -er e -ir).
Agora, se você observar com atenção a conjugação na 3a pessoa do plural, notará que há
diferentes grafias para o som nasal ao final das palavras: são, estão, falam, falaram e falarão.
Fique atento a esse detalhe para não grafar essas marcas de conjugação de forma errada,
porque esse equívoco provocará confusão na compreensão do sentido do verbo. Essa confusão
é mais comum no pretérito perfeito e no futuro do presente, principalmente em relação à
pronúncia. Para evitar essa situação, atente-se para o fato de que a tônica em falaram está na
sílaba la e, na palavra falarão, na sílaba rão.

Identificação do modo subjuntivo


O subjuntivo é o modo verbal que expressa hipótese, dúvida, incerteza, e possui três tempos
verbais: o presente, o pretérito imperfeito e o futuro. Normalmente, o subjuntivo acompanha
estruturas frasais complexas, por isso, em sua conjugação, usam-se conjunções como: que
(presente), se (pretérito perfeitos) e quando (futuro).
Observe os verbos sublinhados nos exemplos a seguir. Eles expressam uma hipótese,
porque a ação pode ou não ocorrer.

É conveniente que o número de ratos seja maior, seguido pelo de gatos, depois o de
cachorros, depois o de lobos, de forma que os caçadores sejam somente um ou dois.

Colocar nas costas de cada participante, sem que os demais vejam, um papel onde está
anotado o animal que representa.

56
L’ngua Portuguesa
PARADA OBRIGATÓRIA

Leia as orientações e regras do jogo “Stop” para responder às questões 10 a 15.

Stop ou Adedonha
O nome da brincadeira depende muito de cada região brasileira. Para brincar é necessário apenas uma folha
de papel e uma caneta para cada participante. Para montar a tabela devem ser definidas as categorias: nome
próprio, CEP (cidade, estado, país), fruta, animal, carro, cor, marca e flor são algumas das opções.
Cada jogador deve montar as colunas em sua folha. A maneira mais tradicional de escolher a letra da rodada
é pelos dedos dos jogadores. Escolhida a letra todos devem começar a completar as categorias. Quem terminar
primeiro grita “Stop!” e os demais devem parar de escrever imediatamente.
Se várias pessoas escreverem a mesma palavra em uma categoria, somam-se 5 pontos. Para respostas diferen-
tes, 10 pontos. Se apenas uma pessoa completar determinada categoria, são 15 pontos. Ao final, vence quem fizer
a pontuação mais alta.
13 BRINCADEIRAS com papel. Escola Educação. Disponível em: <https://escolaeducacao.com.br/brincadeiras-com-papel/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

10. Descreva as condições básicas para a realização da brincadeira.


a) Material necessário:

b) Ação prévia ao jogo:

c) Ação prévia a cada rodada:

11. Quais são as regras do jogo? Relacione-as.

12. Como se determina o ganhador da brincadeira?

57
13. Leia o seguinte excerto.

O nome da brincadeira depende muito de cada região brasileira.

a) Indique o tempo verbal da oração.

b) Conjugue o verbo depender nos demais tempos do modo indicativo, identificando-os.


O nome da brincadeira muito de cada região brasileira.

O nome da brincadeira muito de cada região brasileira.

O nome da brincadeira muito de cada região brasileira.

O nome da brincadeira muito de cada região brasileira.

O nome da brincadeira muito de cada região brasileira.

14. Qual é o tempo verbal do indicativo predominante no texto? Há expressões verbais no modo subjuntivo? Exemplifique.

15. Volte ao texto e observe que há assinaladas quatro locuções verbais (expressões com mais de um verbo) com o verbo
dever. Por que essa estrutura é empregada em textos que servem à explicação de regras de jogo?

Parada complementar: 10 a 15
Teste seu conhecimento: 4 e 5

CONECTE!

Conheça mais jogos e brincadeiras tradicionais em: <https://brasileirinhos.wordpress.com/


brincadeiras/> (acesso em: 2 jan. 2020).

58
L’ngua Portuguesa
PARADA COMPLEMENTAR

1. Complete as sentenças conjugando os verbos indica- 8. Equilibre o tom de voz


dos entre parênteses no imperativo. Quem nunca teve um colega cuja voz ecoava em
a) //////////// o momento da refeição. (Respeitar) todo o ambiente? Hoje em dia, são raras as salas
b) //////////// dos materiais escolares. (Cuidar)
individuais e por isso o equilíbrio no tom de voz é
c) //////////// uma fila organizada. (Fazer)
importante para não incomodar as pessoas.
“O som se propaga com mais facilidade em
d) //////////// os colegas, professores e funcionários da es-
ambientes abertos”, diz Maria Aparecida. Mas,
cola. (Cumprimentar)
lembre-se de que a regra é o equilíbrio. Falar baixo
e) //////////// a escola sempre limpa e organizada. (Manter)
demais também não é uma boa pedida.
f) //////////// na aula e //////////// a vez de falar. (Participar/
No entanto, atente também à cultura da empre-
Esperar)
sa, recomenda Fabiana. “Em um ambiente cultu-
2. Releia o tópico “Regras de convivência na escola”, apre- ralmente informal, falar um pouco mais alto não é
deselegante”, diz.
sentado no início do capítulo. Em seguida, escreva ou-
tras três regras de convivência em sala de aula que não 9. Respeito à pausa do almoço
aparecem nesse manual e que estejam relacionadas É o momento propício para dar telefonemas
aos hábitos de uso de tecnologia, estética corporal pessoais, marcar consultas médicas e conversar
e alimentação. com os colegas sobre amenidades. “O profissional
deve evitar tirar a atenção de colegas durante o ho-
3. Das regras de convivência na escola, a partir de sua rário de expediente, por isso, assuntos não rela-
experiência pessoal, qual é: cionados ao trabalho podem ser tratados durante o
almoço”, diz Maria Aparecida.
a) a mais fácil de seguir?
Ficar falando de trabalho, resolvendo pendên-
b) a mais difícil de obedecer?
cias com colegas durante a hora do almoço tam-
c) a que parece muito infantil?
bém é algo que pode incomodar. Evite trabalhar
d) a que também vale para outros espaços?
enquanto almoça para não ser o chato de quem nin-
e) a que poderia ser mais flexível?
guém quer a companhia durante as refeições. [...]
Leia a segunda parte das normas de convivência em- 10. Não “agredir” o olfato de ninguém
presarial para responder às questões 4 a 9. Atenção adeptos da aromaterapia: não é todo
mundo que gosta de incenso, ou de velas perfuma-
das. O mesmo vale para quem adora tomar um ba-
[...] nho de perfume antes de começar o dia de trabalho,
7. Prometeu? Cumpra segundo Maria Aparecida.
“Ninguém é obrigado a prometer, mas ao fazer,
cumpra”, diz Maria Aparecida. Para isso, procure
sempre avaliar bem prazos que são possíveis para
suas entregas. AMENIDADE: suavidade, ECOAR: reproduzir com eco.
leveza. HORÁRIO DE EXPEDIENTE:
É preferível dizer que o relatório ficará pronto em
AROMATERAPIA: técnica horário de trabalho.
três dias a prometê-lo para o fim da tarde e não hon-
terapêutica que emprega PENDÊNCIA: questão ainda
rar o compromisso. Isso vale para horários também, não resolvida.
óleos vegetais aromáticos em
lembra Fabiana. Pontualidade é importante. inalações. PROPAGAR: espalhar.

59
11. Tratar muito bem os fornecedores 10. Cite duas características do texto que podem ser usa-
“Um fornecedor que é bem tratado em uma em- das para justificar sua classificação como uma regra de
presa vai se transformar um propagador positivo brincadeira.
dela”, diz Maria Aparecida. Portanto, toda a aten-
11. Na introdução do texto há duas expressões com o verbo
ção e excelência no serviço prestado aos clientes
dever. Comente o efeito de sentido do uso desse verbo.
externos devem ser estendidas aos fornecedores.
12. Ter noção de hierarquia 12. Entre as condições para o jogo, há uma imprescindível.
Mesmo que os líderes da sua empresa sejam Qual é ela e por que ela é imprescindível?
acessíveis e mantenham a porta aberta de suas
13. No texto, usa-se um recurso para minimizar o senti-
salas, mantenha a noção de hierarquia. Não passe
do de ordem do imperativo. Qual é esse recurso? Cite
por cima do seu gestor direto e vá falar com o che-
dois exemplos.
fe dele, isso pode criar problemas para você. Antes
de sair puxando assunto no corredor com o presi- 14. Reescreva a frase a seguir nos tempos verbais do modo
dente da empresa, espere que ele tome a iniciativa, indicativo.
indica Maria Aparecida.
PATI, Camila. Exame. São Paulo, 14 out. 2013. Disponível em:
<https://exame.abril.com.br/carreira/12-regras-de-etiqueta-que- O cachorro persegue ratos e gatos, mas foge
facilitam-a-vida-no-trabalho/>. Acesso em: 2 jan. 2020. do lobo.

a) Pretérito perfeito.
4. Entre as maneiras de boa etiqueta profissional apresen-
b) Pretérito imperfeito.
tadas no artigo, há duas que também são tratadas no
c) Pretérito mais-que-perfeito.
manual de convivência do Tribunal de Contas de Goiás.
d) Futuro do presente.
Quais são elas? Comente.
e) Futuro do pretérito.
5. Há uma regra no manual de convivência do Tribunal de
15. Releia com atenção o parágrafo a seguir.
Contas de Goiás que aborda a questão de estilo pessoal
e não foi tratada no artigo sobre etiqueta profissional.
Qual é essa regra? Cada jogador deve montar as colunas em sua
folha. A maneira mais tradicional de escolher a
6. A regra de etiqueta número 9 trata de uma situação que letra da rodada é pelos dedos dos jogadores. Esco-
merece atenção no ambiente escolar. Explique por que lhida a letra todos devem começar a completar as
essa regra pode ser aplicada também dentro da escola. categorias. Quem terminar primeiro grita “Stop!” e
os demais devem parar de escrever imediatamente.
7. Transcreva das orientações de etiqueta profissional nú- 13 BRINCADEIRAS com papel. Escola Educação. Disponível em: <https://
meros 8, 9 e 12 exemplos de frases que empregam o escolaeducacao.com.br/brincadeiras-com-papel/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

modo imperativo, destacando esses verbos.


a) Transcreva, no imperativo, as frases do parágrafo em
8. Em quais dos itens (analisando apenas os títulos) o au-
que se usam as expressões com o verbo dever. Faça as
tor do artigo usa o recurso de substituir o imperativo
adaptações necessárias.
normal pela forma infinitiva? Relacione-os.
b) Complete as lacunas com os verbos no subjuntivo,
para que passem a expressar uma hipótese.
9. Nos títulos dos itens 9 a 12 do artigo, não há paralelis-
mo na estrutura das frases. Reescreva, no imperativo, É necessário que cada jogador //////////// as colunas
os títulos que estão fora do padrão. em sua folha. A maneira mais tradicional de escolher a
letra da rodada é pelos dedos dos jogadores. Escolhi-
Releia o texto com as orientações da brincadeira “Ratos da a letra, espera-se que todos //////////// a completar
e lobos” para responder às questões 10 a 14. as categorias.

60
L’ngua Portuguesa
PARA FIXAR

Complete os esquemas a seguir: um com as principais características do gênero textual estudado; outro, com
elementos de variação expressos pelo verbo.

Pirâmide do verbo

Pessoas:

Número:

Voz:

Tempos:

Modos:

Esquema do gênero textual

Principais
características do
gênero textual regras:

a) linguagem: objetiva e clara

b) modo verbal:

61
UNIDADE 8
CAPÍTULO
CONTRA A INJUNÇÃO E

2 A PRESCRIÇÃO NÃO HÁ
REMÉDIO!
Estudaremos
neste capítulo:

Look Studio/Shutterstock
A natureza dos textos
injuntivos

Receita médica

Receita culinária

O verbo na construção
das orações

Período simples e período


composto

Bula de medicamento

A natureza dos textos injuntivos


Manuais para ajudar

Período composto por


coordenação A injunção, relacionada às ações de instruir, ordenar e estabelecer regras, participa da vida
diária das pessoas sem que elas sequer notem sua presença. Os textos que serão estudados
neste capítulo pertencem a gêneros textuais diferentes, impregnados dessa característica. As
receitas, as bulas e os manuais estão marcados por elementos que reforçam sua intenção de
influenciar os comportamentos e posturas dos leitores.
Para alcançar seu propósito, esses textos empregam linguagem objetiva, clara e direta,
verbos no imperativo ou infinitivo, além de recursos didáticos. O objetivo é que as pessoas,
ao terem contato com esse conteúdo, façam exatamente o que está sendo solicitado. Normal-
mente, os textos são iniciados com uma breve descrição do objeto, seguida da enumeração de
componentes para, então, explicar como se realiza a tarefa proposta.
O que se quer, ao final de tudo, é que se concretize uma ação da melhor forma possível. A
explicação e o método são extremamente importantes. São mais que simplesmente informa-
tivos: buscam controlar o comportamento do leitor, por meio de explicações detalhadas, mas
objetivas, de procedimentos para se realizar algo.

ZOOM

Os textos injuntivos se parecem muito com os textos prescritivos, mas, no fundo, diferenciam-se por
um aspecto fundamental deste: a coerção, a obrigação como força de lei. O texto injuntivo orienta
e instrui sem apresentar uma atitude coerciva, ou seja, possibilita liberdade no modo de realizar
as tarefas descritas. O texto prescritivo atua a partir da atitude de obrigatoriedade no seguimento
das instruções dadas, por isso, ordena, exige, impõe sob a ameaça de que o não cumprimento das
determinações resultará no não alcance do que se propõe. Um orienta; o outro determina.

62
Receita médica

Língua Portuguesa
Receituário médico:
como prescrever corretamente

RollingCamera/Shutterstock
Anverso da receita

Reprodução/http://www.simers.org.br/noticia/receituario-medico-como-prescrever-corretamente
O ato médico não se encerra na anamnese. O receituário médico
é um documento muito importante da consulta, onde os profissionais
redigem as orientações do tratamento para serem seguidas. É funda-
mental que ele seja claro e não deixe margem para dúvidas em como os
pacientes devem proceder após o diagnóstico. Para guiá-los nesta ta-
refa e proporcionar a boa prática, o Conselho Federal de Medicina tem
o Manual de Orientações Básicas para Prescrição Médica, com regras
que normatizam a base do receituário.
Uma receita bem prescrita define a compreensão, o sentimento
de segurança e a aderência ao tratamento por parte do paciente. É
preciso esclarecer as recomendações contidas na prescrição, informar
possíveis reações adversas e apontar a disponibilidade do profissional
para possíveis dúvidas. O receituário deve ser preenchido, inclusive,
com as medidas não medicamentosas recomendadas. ADERÊNCIA: aceitação, adoção de ideia.

“No momento da prescrição, se materializa um dos pilares da medi- ADVERSA: contrária.


cina. É quando o médico, após realizar a anamnese, proceder e analisar ANAMNESE: histórico de uma doença feito pelo médico
exames clínicos e fazer a reflexão que cada caso exige, toma a decisão com base nas informações fornecidas pelo paciente.
sobre o caminho terapêutico a ser adotado”, aponta o manual do CFM. ANVERSO: parte frontal.
[...] DIAGNÓSTICO: reconhecimento e determinação de
uma doença por meio da observação de seus sintomas
Letra de médico
e de exames diversos.
A legibilidade é um tabu entre médicos, mas está no Código de
INFRAÇÃO: desobediência de regra.
Ética Médica (CEM): “É vedado ao médico receitar, atestar ou emitir
LAUDO: parecer técnico, avaliação.
laudos de forma secreta ou ilegível”. Rasuras também não são permi-
tidas, e se forem inevitáveis deverão ser justificadas em observações LEGIBILIDADE: qualidade do que se pode ler bem.

escritas e assinadas pelo profissional no mesmo receituário. PILAR: suporte, apoio.


O mesmo vale para o uso de carimbos. Em interpretação extensiva, PRESCRITO: receitado (por médico).
um carimbo desgastado, no qual o nome completo do profissional e/ou TABU: que não pode ser comentado.
seu número de inscrição no CRM não estão bem identificáveis, equivale
TERAPÊUTICO: relativo a tratamento de uma
à letra ilegível e, assim, corresponde a infração ao CEM. enfermidade.
SIMERS. Receituário médico: como prescrever corretamente. 7 jul. 2016. Disponível em: <www.
simers.org.br/noticia/receituario-medico-como-prescrever-corretamente>. Acesso em: 2 jan. 2020. VEDADO: proibido.

63
Voc• sabia?

Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma
autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o território nacio-
nal por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.
Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sa-
nitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,
dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos,
fronteiras e recintos alfandegados.
ANVISA. Institucional. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/institucional>. Acesso em: 2 jan. 2020.

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em relação ao assunto da receita


e os medicamentos passíveis de prescrição, leva em consideração o disposto nas leis:
[...]
Assim, levando em conta a legislação elaborada sobre o assunto, uma prescrição médi-
ca deve necessariamente conter:
1. Cabeçalho – impresso que inclui nome e endereço do profissional ou da instituição
onde trabalha (clínica ou hospital); registro profissional e número de cadastro de pes-
soa física ou jurídica, podendo conter, ainda, a especialidade do profissional.
2. Superinscrição – constituída por nome e endereço do paciente, idade, quando pertinen-
te, e sem obrigatoriedade do símbolo RX, que significa: “receba”; por vezes, esse último é
omitido, e, em seu lugar, se escreve: “uso interno” ou “uso externo”, correspondentes ao
emprego de medicamentos por vias enterais ou parenterais, respectivamente.
3. Inscrição – compreende o nome do fármaco, a forma farmacêutica e sua concentração.
4. Subscrição – designa a quantidade total a ser fornecida; para fármacos de uso contro-
lado, essa quantidade deve ser expressa em algarismos arábicos, escritos por extenso,
entre parênteses.
5. Adscrição – é composta pelas orientações do profissional para o paciente.
6. Data e assinatura.
[...]
BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://portalarquivos2.saude.gov.br/
images/pdf/2015/maio/05/nota-050515.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2020.

ZOOM

Atualmente, tanto receitas culinárias como médicas têm espaço no mundo digital. As receitas culiná-
rias já são amplamente divulgadas nessa mídia há algum tempo; já as receitas médicas encontraram
mais recentemente um caminho para solucionar um problema histórico, a legibilidade do texto. Para
isso, tem-se difundido a prescrição médica digitada e eletrônica. A digitada é mais simples e fica regis-
trada no computador do médico; a eletrônica é resguardada em um espaço virtual que permite obter a
informação de diversas formas, pelo médico e pelo paciente. Dessa forma, podem-se enviar receitas por
SMS, fazer compras on-line, recuperar informação de prescrição, entre outras ações. A prescrição médica
eletrônica tem se mostrado uma ferramenta eficaz no processo de relacionamento com o paciente.

64
Receita culinária

L’ngua Portuguesa
Salada de frutas cremosa
A salada de frutas cremosa é fácil de fazer, deliciosa e perfeita para a sobremesa das crianças.
Experimente!

A receita de salada de frutas cremo-

SAM THOMAS A/Shutterstock


sa é fácil de preparar e fica uma delí-
cia. Você vai picar as frutas escolhidas,
como de costume, e depois vai colocar
um creme especial feito à base de leite
condensado, creme de leite e suco de la-
ranja. O resultado é uma salada de fru-
tas molhadinha e muito saborosa. Faça
a receita de salada de frutas cremosa
para a sobremesa da sua família. Com
certeza, todos vão adorar!
Tempo de preparação: 15 min.

INGREDIENTES
• 1 lata de leite condensado
• 1 lata de creme de leite
• 1 medida da lata de suco de laranja (use a lata de leite condensado vazia para medir)
• frutas de sua preferência (abacaxi, banana, manga, melão, morango, mamão, maçã,
pera, uva, entre outras)

COMO FAZER A SALADA DE FRUTAS CREMOSA – MODO DE PREPARO:


1. Em uma tigela, misture o leite condensado, o creme de leite e o suco de laranja. Reserve.
2. Pique as frutas de sua preferência e coloque-as em uma tigela.
3. Adicione o creme reservado e leve à geladeira por, no mínimo, 1 hora.
Sirva gelada.
DONATELLI, Carolina. Receita toda hora, 12 set. 2019. Disponível em: <https://receitatodahora.com.br/salada-de-frutas-
cremosa-2/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

Segundo o dicionário Aurélio on-line, o verbete da palavra receita abrange vários sentidos,
e dois deles são “fórmula de prescrição médica, com medicamentos a serem tomados” e
“fórmula para preparar alguma coisa, que expõe os ingredientes e o modo de preparo”. De
acordo com essas duas acepções, importa que o texto escrito instrua seu leitor a seguir as
instruções descritas no documento. Deve-se notar que a receita médica tem status de pres-
crição; a receita culinária, não. Suas características principais são: linguagem clara e objetiva;
divisão em seções (dados iniciais, descrição, modo de uso ou elaboração, observações finais);
emprego do modo imperativo ou da forma infinitiva do verbo; e estrutura didática (para favo-
recer a aprendizagem).

65
O verbo na construção das orações
Observe as sentenças a seguir:

Receita médica: a prescrição correta!


A conduta médica não se encerra na anamnese.

O primeiro exemplo é uma frase nominal. A frase é um enunciado com sentido completo,
marcado por pontuação. Quando não apresenta verbo na sua estrutura, é chamada nominal.
O segundo exemplo é uma frase verbal. Também é chamada de oração absoluta ou período
simples, porque possui somente uma oração com sentido completo. O verbo é uma palavra
fundamental para a compreensão do conceito de oração, porque, sem ele, a oração não existe.
Além do verbo, a oração pode apresentar locução verbal.
A oração pode ser sintética ou apresentar uma estrutura mais complexa. O importante para
sua caracterização como tal é a existência de um verbo.
Veja outro exemplo de oração extraído do texto “Receituário médico: como prescrever corre-
tamente”. Note que a extensão da sentença não interfere em sua conceituação como oração:

Uma receita bem prescrita define a compreensão, o sentimento de segurança e a ade-


rência ao tratamento por parte do paciente.

PARADA OBRIGATÓRIA

1. Transcreva, do texto “Receituário médico: como pres- 2. Transcreva as duas orações absolutas encontradas no
crever corretamente”, um exemplo de oração absoluta exemplo de receita médica apresentada no texto “Re-
nos parágrafos indicados. Sublinhe seus verbos ou lo- ceituário médico: como prescrever corretamente”. Sub-
cuções verbais. linhe seus verbos.
• Parágrafo 2 • Anverso da receita

• Parágrafo 3 • Verso da receita

66
Língua Portuguesa
3. No item “Letra de médico”, do texto “Receituário médico: como prescrever corretamente”, há um exemplo de oração abso-
luta. Reproduza-o a seguir e sublinhe o verbo da oração.

4. O exemplo de receita médica apresentada no texto “Receituário médico: como prescrever corretamente” cumpre com as
determinações da Anvisa? Justifique sua resposta.

5. A receita de salada de frutas cremosa está dividida em três partes. Releia o texto e descreva cada parte.

6. A receita culinária é um texto injuntivo ou prescritivo?

Parada complementar: 1 a 6
Teste seu conhecimento: 6 e 7

Período simples e período composto


Os textos, de modo geral, são compostos de várias frases e orações. Estas podem ser abso-
lutas, com sentido completo, mas é comum que também formem, com outras, enunciados
estruturalmente mais elaborados. Quando a oração é absoluta, diz-se que constitui um período
simples; quando duas ou mais orações se associam, tem-se um período composto.
Normalmente, os períodos simples registram pensamentos em uma estrutura frasal mais
sintética, menos detalhada e mais fácil de ser lida e, às vezes, compreendida. Os períodos
compostos expressam estruturas mais complexas, ainda que não se apresentem necessaria-
mente com sentido mais complexo. A complexidade do sentido dependerá do tema e do tipo
de texto ao qual as estruturas estão vinculadas.
Veja os exemplos.

O ato médico não se encerra na anamnese.

Nesse exemplo, há um período simples, uma oração absoluta. Observe que a frase possui
somente um verbo e apresenta um sentido completo.

67
ZOOM O receituário médico é um documento muito importante da consulta, / onde os profis-
sionais redigem as orientações do tratamento / para serem seguidas.
É importante saber
que os termos simples
e composto não são Nesse caso, há três orações, que se estruturam a partir de três verbos: “é” (ser), “redigem”
sinônimos de fácil e (redigir) e “serem” (ser). No exemplo, há um período composto de três orações. Observe que a
difícil ou complexo. primeira oração tem sentido completo, mas as duas seguintes, não, pois necessitam das outras
São os conteúdos orações para completar seu sentido.
transmitidos por essas
estruturas que dão o
tom de seus sentidos: É fundamental / que ele seja claro / e não deixe margem para dúvidas / em como os
mais complexos ou pacientes devem proceder após o diagnóstico.
não. Ou seja, é possível
que haja períodos
simples com enunciado Esse excerto é também um período composto, nesse caso, de quatro orações. Veja que a
complexo e períodos segunda e terceira orações completam o sentido da primeira, e a quarta, o da terceira. Quando
compostos com se juntam em um só período, este sim tem sentido completo e complexo.
enunciado simples.

Para guiá-los nesta tarefa / e proporcionar a boa prática, / o Conselho Federal de


Medicina tem o Manual de Orientações Básicas para Prescrição Médica, com regras / que
normatizam a base do receituário.

Uma vez mais, tem-se um período composto de quatro orações com tamanhos e estruturas
diferentes. Observe que a terceira oração é a que tem o sentido mais completo, e as outras três,
não, porque agregam informações mais detalhadas à terceira.

Bula de medicamento
Você já parou para pensar desde quando as bulas de medicamento fazem parte da sua vida?
Com certeza, elas estão presentes desde que você nasceu. As bulas são um gênero textual
também bastante estruturado e que segue normas inter-
kryvoshapka/Shutterstock

nacionais, porque a informação que elas transmitem deve


ser a mais completa possível para atender às diferentes
pessoas que as usam, sejam leigos ou especialistas.
É provável que você nunca tenha se interessado por ler
uma bula, porque não é um gênero de fácil compreensão.
Como concilia informações variadas e com diferentes
níveis de especificidades, as pessoas leigas geralmente se
atêm a determinadas áreas do texto. Para cumprir com as
normas, as bulas apresentam linguagem técnica, objetiva
e descritiva dos procedimentos que cercam a pesquisa,
a validação, a composição e a produção do medica-
mento. Também apresentam orientações práticas de uso,
cuidados e efeitos colaterais, com indicação de procedi-
mentos a serem tomados.

68
L’ngua Portuguesa
A Anvisa é o órgão responsável pela elaboração do Guia de redação de bula no Brasil. Leia
a seguir parte do sumário desse documento. A partir dele, é possível depreender várias de
suas características.

III. PRINCÍPIOS DE REDAÇÃO DE BULA PARA O PACIENTE


1. Princípios de redação clara
R Regra 1: Use frases curtas para instruções longas e complicadas
R Regra 2: Use a voz ativa sempre que adequado
R Regra 3: Use verbos em vez de nomes nas frases
R Regra 4: Remova os termos redundantes
R Regra 5: Use linguagem comum sempre que possível
R Regra 6: Prefira palavras e termos específicos e concretos
R Regra 7: Use palavras e termos gerais como estratégia
R Regra 8: Evite muitas orações subordinadas/coordenadas em uma frase
2. Princípios de escolha e uso das palavras
R Regra 9: Evite termos muito técnicos
R Regra 10: Use apenas os termos técnicos essenciais
R Regra 11: Evite nomes compostos ou justapostos
3. Princípios de tom
R Regra 12: Não irrite o leitor
R Regra 13: Dirija-se ao leitor de forma direta, sempre que possível
R Regra 14: Não faça o leitor perder tempo
R Regra 15: Evite o jargão médico/farmacêutico
4. Princípios de sintaxe
R Regra 16: Uma frase deve conter unidade de informação para ser compreensível
ao leitor
R Regra 17: Para enfatizar palavras importantes, coloque-as no início ou no final da
frase
R Regra 18: Elimine repetições redundantes e tautologias
5. Princípios de pontuação
[...]

6. Princípio de uso de caixa-alta/negrito

7. Princípios de construção de parágrafo

8. Princípios de organização textual

9. Princípios de formatação
ANVISA. Guia de redação de bula. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2825711/
2009-09-04_Guia%2Bde%2Breda%C3%A7%C3%A3o%2Bde%2Bbulas+%281%29.doc/
3c132f80-8b1a-491f-ab86-168524b6199d>. Acesso em: 2 jan. 2020.

69
Leia, a seguir, o exemplo da bula de um medicamento de amplo uso. Como se trata de uma
apresentação para se compreender a estrutura desse gênero textual, omitimos as informações
pouco relevantes para este estudo.

Paracetamol
Comprimido
750 mg

I – IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO:
Paracetamol
Medicamento genérico Lei nº 9.787, de 1999
APRESENTAÇÕES
Comprimido.
Embalagem com 20 comprimidos.
Display contendo 200 comprimidos.
VIA DE ADMINISTRAÇÃO: ORAL
USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 12 ANOS
COMPOSIÇÃO
Cada comprimido contém:
paracetamol .............................................................................. 750 mg
excipientes q.s.p ....................................................................... 1 comprimido
(povidona, amido, amidoglicolato de sódio, amido pré-gelatinizado e ácido esteárico).

II – INFORMAÇÕES TÉCNICAS:

1. INDICAÇÕES
Este medicamento é indicado, em adultos, para a redução da febre e o alívio temporário
de dores leves a moderadas, tais como: dores associadas a resfriados comuns, dor de cabe-
ça, dor no corpo, dor de dente, dor nas costas, dores musculares, dores leves associadas a
artrites e dismenorreia.

2. RESULTADOS DE EFICÁCIA
[...]

3. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS
Propriedades farmacodinâmicas
O paracetamol é um analgésico e antitérmico não pertencente aos grupos dos opiá-
ceos e salicilatos, clinicamente comprovado, que promove analgesia pela elevação do
limiar da dor e antipirese através de ação no centro hipotalâmico que regula a tempera-
tura. Seu efeito tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e permanece por
um período de 4 a 6 horas.
[…]

4. CONTRAINDICAÇÕES
Este medicamento não deve ser administrado a pacientes com hipersensibilidade ao
paracetamol ou a qualquer outro componente de sua fórmula.
Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos.

70
L’ngua Portuguesa
5. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES
A dose recomendada de paracetamol não deve ser ultrapassada. Os pacientes devem
ser informados sobre os sinais de reações cutâneas sérias e o uso do medicamento deve
ser descontinuado no primeiro aparecimento de erupção cutânea ou qualquer outro sinal
de hipersensibilidade.

6. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
[…]

7. CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO


Conservar em temperatura ambiente (entre 15 e 30 °C). Proteger da luz e umidade.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embala-
gem original.
Válido por 24 meses a partir da data de fabricação.
Aspecto físico: comprimido oblongo e branco.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.

8. POSOLOGIA E MODO DE USAR


Uso oral. Os comprimidos devem ser administrados por via oral, com líquido. O para-
cetamol pode ser administrado independentemente das refeições.
Adultos e crianças acima de 12 anos: 1 comprimido, 3 a 5 vezes ao dia.
A dose diária total recomendada de paracetamol é de 4000 mg (5 comprimidos de
paracetamol 750 mg) administrados em doses fracionadas, não excedendo 1000 mg/dose
(1 comprimido de paracetamol 750 mg), em intervalos de 4 a 6 horas, em um período de
24 horas.
Duração do tratamento: depende da remissão dos sintomas.

9. REAÇÕES ADVERSAS
Podem ocorrer algumas reações adversas inesperadas. Caso ocorra uma rara reação
de sensibilidade, o medicamento deve ser descontinuado. […]

10. SUPERDOSE
Em adultos e adolescentes (≥ 12 anos de idade), pode ocorrer hepatotoxicidade após a
ingestão de mais que 7,5 a 10 g em um período de 8 horas ou menos. Fatalidades não são
frequentes (menos que 3-4% de todos os casos não tratados) e raramente foram relatadas
com superdoses menores que 15 g. [...]

III – DIZERES LEGAIS:


Registro M.S. nº 1.5584.0158
Farm. Responsável: Dr. Marco Aurélio Limirio G. Filho – CRF-GO nº 3.524
Nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: VIDE CARTUCHO
Siga corretamente o modo de usar, não desaparecendo os sintomas procure orien-
tação médica.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/bulario-eletronico1>.
Acesso em: 27 jan. 2020.

71
PARADA OBRIGATÓRIA

7. Quais são as partes da bula de medicamento mais lidas pelos usuários? Por quê?

8. Comente sobre o grau de dificuldade da linguagem do texto da bula.

9. Releia o item 8 da bula de paracetamol, que trata da posologia e do modo de usar, e avalie o texto com base na Regra 1
do Guia de redação de bula, da Anvisa.

10. Sublinhe o(s) verbo(s) e classifique os períodos a seguir.


a) “Seu efeito tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e permanece por um período de 4 a 6 horas.” (Caracte-
rísticas farmacológicas)

b) “Este medicamento não deve ser administrado a pacientes com hipersensibilidade ao paracetamol ou a qualquer outro
componente de sua fórmula.” (Contraindicações)

c) “Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos.” (Contraindicações)

11. Releia o item 7, “Cuidados de armazenamento do medicamento”, da bula do paracetamol. Destaque dele dois exemplos
de períodos simples e um de período composto.

12. Avalie o item 7, “Cuidados de armazenamento do medicamento”, da bula do paracetamol, de acordo com a Regra 1 do
Guia de redação de bula, da Anvisa.

Parada complementar: 7 a 12
Teste seu conhecimento: 8 e 9
72
Manuais para ajudar

L’ngua Portuguesa
Os manuais são gêneros textuais de natureza injuntiva, cuja intenção é apresentar um
produto e orientar quanto à sua montagem e utilização. Também, a partir de uma linguagem
direta, explica como conservar o produto adquirido, onde encontrar assistência técnica, caso o
equipamento tenha problemas, e como fazer valer o termo de garantia. Como sua função é muito
utilitária, o texto, geralmente curto, possui estruturas simples e linguagem técnica e coloquial.
Ainda que os equipamentos elétricos e eletrônicos, atualmente, sejam produzidos para um
manuseio intuitivo, os manuais são necessários, principalmente quando algo não vai bem.
Por causa da globalização do processo de fabricação dos produtos, hoje em dia esses textos
são escritos em várias línguas. O problema é que, como são textos meramente instrutivos, sua
leitura não é muito agradável.
Leia a primeira parte de um manual de um andador para bebês. Essas instruções antecipam
as orientações de montagem.

Baby Style
Antes de iniciar a montagem e uso do produ-
to inspecione-o e certifique-se de que não haja
peças quebradas, danificadas ou faltando.

Reprodução/http://www.babystylebrasil.com.br/produtos/cate-
goria/Descanso-e-diversao/Centro-De-Atividades.html
Separe todas as peças e identifique-as antes
de iniciar a montagem.
O andador permite que a criança se movi-
mente mais rápido e tenha acesso mais amplo
do seu redor.
Certifique-se de que a criança não tenha
acesso a:
− escadas, degraus ou superfícies desiguais;
− líquidos perigosos ou objetos quentes;
− fios elétricos ou outros perigos elétricos;
− portas de vidro ou outros objetos perigosos.
Para evitar ferimento sério ou morte jamais coloque este andador em superfície elevada.
Jamais utilize este andador sobre superfície macia (sofá, cama, almofada), pois existe
o perigo de sufocamento sobre estas superfícies.
Nunca deixe a criança sem supervisão de um adulto.
Nunca utilize como cadeira para transporte e nunca levante pela bandeja de brinquedos.
Recomendado para crianças que já conseguem sentar-se (aproximadamente 6 meses
ou 9 kg) e para crianças de no máximo 12 kg.
Este produto não é recomendado para crianças que não conseguem sentar-se sozinhas
ou crianças que já conseguem andar.
Utilize pilhas alcalinas para maior durabilidade.
Este andador somente pode ser utilizado por uma criança.
Não utilize o produto se houver peças quebradas ou faltando.
Nunca substitua peças.
Não adicione fios ou cordas a esta cadeira.
Sempre utilize o cinto de segurança.
Não utilize este andador por mais de 30 minutos seguidos.
Antes de utilizar certifique-se de que todas as travas estão devidamente travadas.

73
Os pés do bebê deverão estar tocando no chão quando utilizar este produto.
Evite exposição prolongada a umidade, calor ou frio.
Não sobrecarregue o andador.
ATENÇÃO: PARA EVITAR PERIGO DE ASFIXIA, MANTER ESTE SACO PLÁSTICO
FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS
ADVERTÊNCIA:
A bandeja contém peças pequenas.
Nunca deixe o bebê sem a supervisão de um adulto. Importante: pilhas que estão com a
carga baixa podem causar que o andador funcione de forma errada ou não ligue e desligue.
Reponha as pilhas e descarte corretamente as pilhas usadas.
Necessita 2 pilhas AA.
Pilhas não inclusas.
A voltagem das baterias recarregáveis completamente carregadas normalmente é mais
baixa do que baterias alcalinas, portanto recomenda-se o uso de baterias alcalinas.
Instale as baterias na polaridade correta (+ e -).
Para evitar vazamentos:
Siga corretamente as instruções de instalação do fabricante do brinquedo e das pilhas.
Não misture pilhas velhas com pilhas novas.
Não misture pilhas carregáveis com não carregáveis ou pilhas de marcas diferentes.
Quando o brinquedo não for usado por um período extenso, remova as pilhas para
evitar vazamentos.
Remova pilhas esgotadas.
Jogue fora pilhas esgotadas, não as enterre ou queime, pois estas podem vazar ou explodir.
Assegure-se de que a proteção das pilhas está devidamente instalada.
Nunca tente recarregar pilhas não recarregáveis.
O recarregamento das baterias deverá ser feito por um adulto.
Os terminais de uma pilha ou bateria não devem ser colocados em curto-circuito.
Só devem ser usadas pilhas e baterias do tipo recomendado ou um similar.
Disponível em: <https://conteudoproduto.magazineluiza.com.br/manual/21/218118500
/manual%20centro%20de%20atividades%20meninas.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2020.

Período composto por coordenação


Você deve ter observado que, nos textos trabalhados neste Caderno, há vários exemplos de
orações absolutas. Isso acontece porque os gêneros estudados se caracterizam, de modo geral,
pelo uso de uma linguagem objetiva, direta, informativa e instrucional. No entanto, em alguns
momentos, os autores desses gêneros textuais se veem obrigados a lançar mão de períodos
compostos, para que sua comunicação seja mais precisa, não fique demasiadamente telegrá-
fica e se adeque ao seu propósito.
Para romper com esse tipo de situação, de enumeração de orações absolutas, usam-se, de forma
alternada, frases nominais, períodos simples e períodos compostos. Quando se unem orações com
sentido completo, que poderiam ser escritas de forma independente, cria-se uma relação sintática
de coordenação. Quando isso ocorre, tem-se o período composto por coordenação.
Observe os exemplos extraídos do manual do andador Baby Style.

Reponha as pilhas e descarte corretamente as pilhas usadas.

74
L’ngua Portuguesa
Esse período composto está formado por duas orações ligadas pela conjunção e. Essas
orações poderiam ser escritas de forma separada: “Reponha as pilhas. Descarte corretamente
as pilhas usadas.”. No entanto, nota-se que o efeito não seria exatamente o mesmo, porque, ao
registrá-las unidas pela conjunção aditiva e, o autor teve a intenção de registrar que as suas
ações ocorrem sequencialmente: ao tirar as pilhas usadas e colocar corretamente as novas,
deve-se descartar as antigas. Trata-se, no entanto, de uma estrutura menos complexa, porque
há apenas duas orações aí.
Agora observe, em outro trecho, o uso da mesma conjunção aditiva e, mas em um contexto
diferente.

Antes de iniciar a montagem e o uso do produto, inspecione-o e certifique-se de que


não hajam peças quebradas, danificadas ou faltando.

Nesse exemplo, o primeiro e, entre “montagem e uso do produto”, tem também função
aditiva, ou seja, junta elementos que complementam a informação. Nesse caso, são dois termos
simples da oração. O segundo e aparece unindo duas orações entre si, dentro do mesmo
período, que possui quatro orações: “inspecione-o e certifique-se”. Este contexto merece maior
atenção, porque o conjunto das quatro orações comunica algo estruturalmente mais complexo
que o primeiro exemplo.
São dois os tipos de orações coordenadas: as assindéticas e as sindéticas. As primeiras
não são introduzidas por conjunção (usa-se pontuação simplesmente); as segundas são, forço-
samente, introduzidas por esse elemento de conexão entre orações para compor o período
composto. São cinco os tipos de orações sindéticas.

ORAÇÃO COORDENADA TIPO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES

Aditiva e, nem, não só... mas também, não apenas... mas ainda

Adversativa mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto

Sindética Alternativa ou...ou, ora... ora, quer... quer, já... já

Explicativa pois, porque, que

Conclusiva portanto, pois, logo, por isso, de modo que

ZOOM

Relacionar as principais conjunções coordenativas ajuda na classificação das orações coordenadas


sindéticas, mas não é suficiente, porque há situações de mudança da função de determinada conjunção
em decorrência do uso que se faz dela no contexto. Esteja atento e não caia na tentação de classificar
uma oração coordenada se baseando somente na relação das conjunções. Exemplo:
Ele faz as compras e quem paga a conta sou eu.

A conjunção e, nesse exemplo, não é aditiva, é adversativa. Isso porque a conjunção e une duas orações
que expressam sentidos opostos.

75
INTERLIGANDO SABERES

As situações de leitura de manuais de montagem de equipamentos são muito boas para que se certi-
fique o quanto uma pessoa conhece temas e disciplinas diversas. De modo geral, os textos injun-
tivos, por sua natureza mais técnica e objetiva, solicitam a mobilização de conhecimentos específicos,
como a leitura e a compreensão das características de cada gênero textual em questão; as noções
de medidas, quantidades, volume e dimensões; a localização espacial; a compreensão dos modos
de fabricação; o contato com expressões em diversas línguas, entre outros tantos conhecimentos. Se
quiser tirar a prova, volte ao início deste capítulo e você poderá se certificar disso.

PARADA OBRIGATÓRIA

13. Cite duas características que confirmam que o texto que trata do andador Baby Style é um manual de instruções.

14. Classifique as orações coordenadas destacadas a seguir.


a) Separe todas as peças / e identifique-as / antes de iniciar a montagem.

b) Jamais utilize este andador sobre superfície macia (sofá, cama, almofada), / pois existe o perigo de sufocamento sobre
estas superfícies.

c) Nunca utilize como cadeira para transporte / e nunca levante pela bandeja de brinquedos.

d) Pilhas / que estão com a carga baixa / podem fazer com que o andador funcione mal / ou não ligue / e desligue.

15. Qual é a classificação da oração coordenada sublinhada no seguinte exemplo?

A voltagem das baterias recarregáveis completamente carregadas normalmente é mais baixa do que baterias
alcalinas, portanto recomenda-se o uso de baterias alcalinas.

Parada complementar: 13 a 15
Teste seu conhecimento: 10
76
L’ngua Portuguesa
CONECTE!

Se precisar consultar manuais de brinquedos, o endereço eletrônico <www.estrela.com.br/central-de-


manuais> (acesso em: 2 jan. 2020) lista alguns deles.

PARADA COMPLEMENTAR

Releia a receita da salada de frutas cremosa para res- analgésico e antitérmico”. Explique essas características
ponder às questões 1 a 4. relacionadas à sua indicação.

1. Transcreva três exemplos de oração absoluta encontra- 9. Há uma observação que se repete nas mais diferentes
dos no primeiro parágrafo da receita de salada de fru- bulas de medicamento em relação às crianças. Trans-
tas cremosa. Destaque os verbos ou locuções verbais creva-a.
de cada oração.
10. Classifique os seguintes períodos do item 9, “Reações
2. O “Modo de preparo” da salada de frutas é composto de adversas”.
três itens. Em qual deles há orações absolutas? Desta- a) Podem ocorrer algumas reações adversas inesperadas.
que os verbos de cada oração.
b) Caso ocorra uma rara reação de sensibilidade, o medi-
camento deve ser descontinuado.
3. Explique o uso do modo verbal das frases do “Modo de
preparo” da salada de frutas. 11. Classifique as sentenças do item 8, “Posologia e modo
de usar”, em: frase nominal, período simples (oração
4. A descrição da receita de salada de frutas é suficiente absoluta) e período composto.
para que o leitor consiga fazer o prato anunciado?
a) Uso oral.
5. Em que aspectos a receita médica e a culinária se b) Os comprimidos devem ser administrados por via
aproximam? oral, com líquido.
c) O paracetamol pode ser administrado independen-
6. Explique por que a receita médica possui caráter mais temente das refeições.
prescritivo que a receita culinária. d) Adultos e crianças acima de 12 anos: 1 comprimido,
3 a 5 vezes ao dia.
Retome a leitura da bula do medicamento paracetamol
para responder às questões 7 a 12. 12. Leia a última observação da bula do paracetamol.

7. Transcreva as informações contidas na bula em relação


aos seguintes aspectos. Siga corretamente o modo de usar, não desapa-
a) Apresentação recendo os sintomas procure orientação médica.
b) Uso
c) Contraindicação
a) Proponha uma pontuação diferente para a frase.
8. No item 3, “Características farmacológicas” do parace- b) Sublinhe os verbos, separe as orações e classifique
tamol, há a seguinte informação: “o paracetamol é um o período.

77
Leia a segunda parte do manual do andador Baby Style Para afixar a bandeja no centro de atividades,
para responder às questões 13 a 15. alinhe a bandeja nas entradas na base da mesa e en-
tão vire as manivelas na direção horário para afixar.
Posicione os brinquedos nas entradas na bande-
Montagem e uso ja e vire-os na direção horário para afixar.
Abra os suportes até que travem. Posicione os brinquedos nas entradas prestan-
1
Vire a base da mesa de ponta-cabe- do atenção na direção do brinquedo como demons-
ça no chão e encaixe a parte de cima 2 trado na figura, e então vire para afixar.
dos suportes nas entradas. Elas trava-
rão com um som de “click”. Dispositivo do balanço:
Coloque a base no chão e encaixe a Para montar os dispositivos encaixe-os em am-
parte de baixo dos suportes nos orifí- bas as laterais da base do andador.
cios (figura 1). O andador estará no modo balanço.
Para ajustar a altura aperte os Retire as peças do dispositivo como demonstra-
botões (2) e empurre até chegar a do na imagem. [...]

Reprodução/http://babystylebrasil.com.
br/produtos/categoria/Descanso-e-
-diversao/Centro-De-Atividades.html
altura desejada (3). 2
Insira as rodas corretas nos
locais indicados na imagem e na 3
direção indicada pelas setas. As
rodas se encaixarão com um som
de “click”.
Insira o assento na base da
mesa. Empurre firmemente até
que o assento se encaixe.
Para ajustar a posição do as- Disponível em: <https://conteudoproduto.magazineluiza.com.br/
sento, localize a trava giratória manual/21/218118500/manual%20centro%20de%20atividades%20
meninas.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2020.
como demonstrado na imagem.
Empurre o botão e então em-
purre a trava para fora e gire o 13. Quais são as características comuns entre esse texto e
assento. outros de natureza injuntiva?
Para fixar o assento, empurre a trava para dentro.
14. Releia o primeiro grupo de orientações de montagem
Para armazenar o centro de atividades:
do andador Baby Style e responda: qual é o tipo de
Puxe o pino localizado em cada um dos supor-
oração coordenada sindética que predomina nos itens
tes (A), depois pressione o botão (B), e então em-
relacionados nesse manual? Em quais deles tais ora-
purre o suporte para frente para que se dobre.
ções se encontram?
Dobre todos os três suportes.
Levante a base da mesa até que todos os supor-
15. Classifique as orações coordenadas sublinhadas nos
tes se endireitem.
períodos a seguir.
a) Puxe o pino localizado em cada um dos suportes (A),
depois pressione o botão (B), e então empurre o
suporte para frente para que se dobre.
b) Eu já li o manual, portanto, montarei o andador de
forma correta.
Afixando os brinquedos: c) Ou você lê o manual ou monta as peças.
Para afixar a borboleta na bandeja, insira-a no d) Eu leio o manual completo antes, porque, assim, mon-
centro da bandeja de brinquedos e gire na direção to mais rápido o andador.
horária até que faça um som de “click”. e) Eu queria montar o andador, mas ainda não li o manual.

78
L’ngua Portuguesa
PARA FIXAR

Complete o texto a seguir, relembrando os conceitos estudados no capítulo.

Gêneros textuais
A injunção está relacionada às seguintes ações: , ,
.
Modo verbal muito usado nos textos injuntivos e prescritivos: .
Outro modo verbal também amplamente usado nos textos injuntivos e prescritivos: .
Os elementos que compõem a estrutura de uma receita de medicamento são: ,
superinscrição, , , adscrição, data e assinatura do médico.

São partes de uma receita culinária: dados iniciais ou apresentação,


, e observações finais.

Elemento fundamental para a existência da oração: .

Período constituído por uma só oração: .

Período constituído por mais de uma oração: .

Oração coordenada iniciada por conjunção: .

Tipos de oração coordenada: , , alternativa, explicativa e


.

79
U8

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

COM QUANTAS REGRAS SE


FAZ UMA CONDUTA?

Brian A Jackson/Shutterstock
Agora, leia o texto a seguir.
esta Unidade, você estudou vários gêneros textuais de natureza injuntiva e prescritiva, cujo
N objetivo é produzir uma ação a partir de orientações dadas. Nesse sentido, a pergunta que
abre a unidade pode ser respondida com a palavra “muitas!”, porque são vários os textos que
buscam influenciar a mudança de conduta das pessoas. Isso se dá, normalmente, por meio de
uma linguagem marcada pelo imperativo, que, entre vários sentidos, expressa ordem.
Ao compreender a importância desse modo verbal para a construção de regras de convi-
vência e de orientações para jogos e brincadeiras, assim como para a formulação de receitas,
bulas e manuais de instrução, passamos a enxergar as orientações como uma necessidade da
vida coletiva, que precisa de organização e respeito.

80
TESTE SEU CONHECIMENTO

Unidade 7 6. Entre as características gerais do gênero programa, as-


Releia o texto da quarta capa do livro África eterna para sinale a alternativa que apresenta aquela que é menos
responder às questões 1 e 2. evidente no programa do espetáculo “Rota”, da Compa-
nhia de Dança Deborah Colker.
1. Assinale a alternativa que apresenta uma característica
a) Linguagem direta e objetiva.
do gênero quarta capa nesse texto.
b) Descrição de cenas.
a) Apresenta comentários sobre a obra. c) Informação especializada.
b) Sintetiza minuciosamente o romance. d) Apresentação do elenco.
c) Evidencia pesquisa realizada para a escrita.
d) Descreve visão estática da África. 7. Assinale a alternativa cuja sentença apresenta pronome
possessivo e demonstrativo.
2. No período “Em suas ilustrações, Rui de Oliveira, um dos a) Meu lugar já está reservado.
maiores artista brasileiros, compõe uma espécie de mu- b) Eu conheço aquele bailarino.
ral...”, qual palavra é um pronome? c) Este programa de teatro é teu?
a) um c) maiores d) Posso presentear-lhes com um ingresso?
b) suas d) em
8. Leia a transcrição do jingle a seguir.
3. No folheto-convite para o lançamento do livro África
eterna, há um recurso persuasivo para convencer o
leitor a comparecer ao evento. Que recurso é esse? A gente combina por ser feminina
M de Marisa e samba no pé
a) Emprego de letras grandes, chamativas e coloridas.
M de mulher que sabe o que quer
b) Destaque, no espaço da publicação, do endereço
Menina, moça, muito mais
onde ocorrerá o evento.
M de mulher que sabe o que quer
c) Uso da palavra viagem em vez de lançamento. M de moderna, muito mais mulher
d) Concepção da ilustração para transmitir ideia de convite. De mulher pra mulher, Marisa!
Jingle da campanha publicitária das Lojas Marisa. Disponível em:
4. Há emprego de pronome pessoal oblíquo em: <http://www.revistapublicitta.com.br/acao/news/marisa-de-mulher-
para-mulher/>. Acesso em: 23 abr. 2020.
a) “Mais educação, mais futuro”.
b) “Aqui se faz Literatura”.
c) “para uma viagem à África”. É correto afirmar:
d) “tem o prazer de convidá-lo”. a) O slogan final exclui as senhoras.
b) A letra evidencia a fragilidade da mulher.
5. Assinale a alternativa correta sobre o texto Roteiro spot –
c) A sonoridade da letra M é bastante explorada.
Campanha Leishmaniose.
d) O jingle concilia música e locução.
a) Como se trata de um gênero veiculado oralmente, a
linguagem se distancia da formalidade para se apro- Leia esta estrofe do soneto “II”, de Mario Quintana,
ximar do público. para responder às questões 9 e 10.
b) O texto é muito longo e, ainda que explore o humor
na relação entre mãe e filho, o spot extrapola o limite Dorme, ruazinha... É tudo escuro...
de tempo do gênero. E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
c) O patrocinador da campanha, a prefeitura de Pato de Dorme o teu sono sossegado e puro,
Minas, está interessado em alcançar apenas a elite Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...
da cidade. [...]
d) O texto do spot objetiva basicamente informar à popu- QUINTANA, Mario. II. In: A rua dos cataventos.
São Paulo: Globo, 2005. p. 21.
lação local o conceito da doença, o que se evidencia na
fala do filho.

81
9. Assinale a afirmação correta em relação ao texto.
a) É um poema concreto. c) É uma canção de jingle.
b) Possui ritmo e rimas. d) Constitui um programa.

10. Qual dos pronomes a seguir predomina na estrofe?


a) Indefinido. b) Possessivo. c) Interrogativo. d) Demonstrativo.

Unidade 8

1. Que frase emprega a mesma forma imperativa usada no manual de convivência da abertura do Capítulo 1?
a) Fala baixo. c) Faz as atividades e tarefas.
b) Use as palavras mágicas. d) Evita conversar durante a aula.

Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3.

Inara Pacheco Negrão/Acervo da ilustradora


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. O infográfico enumera alguns aspectos abordados anteriormente pelos textos trabalhados em aula, mas também
coloca em foco orientações novas. Qual dos “sete erros” não foi abordado nem pelo artigo “12 regras de etiqueta
que facilitam a vida no trabalho” nem pelo manual de convivência laboral Boas práticas de convivência, do Tribunal
de Contas do Estado de Goiás?
a) Desrespeito b) Isolamento c) Descontrole d) Excesso

3. Em que item do infográfico “Sete erros” usa-se verbo no modo imperativo?


a) Desleixo b) Acomodação c) Descontrole d) Fofoca

82
6. A que parte se refere o trecho da bula abaixo?

L’ngua Portuguesa
Leia as regras da brincadeira a seguir para responder às
questões 4 e 5.
Ciprofloxacino 500 mg ............ 14 comprimidos.
a) Cabeçalho. c) Subscrição.
Amarelinha
b) Inscrição. d) Adscrição.
Jeito de brincar
Desenha-se uma amarelinha comum no chão, 7. Qual alternativa apresenta exemplo de oração absoluta?
com dez casas [...]. No lugar do céu, um quadrado a) “A receita de salada de frutas cremosa é fácil de prepa-
é dividido em dois: de um lado, desenha-se um Sol;
rar e fica uma delícia.”
do outro, uma Lua. Pula-se a amarelinha normal-
b) “Com certeza, todos vão adorar!”
mente, sem pisar na linha.
c) “Adicione o creme reservado e leve à geladeira por, no
Variação: em vez de Sol e Lua, as crianças dese-
mínimo, 1 hora.”
nham uma maçã de um lado e uma uva do outro.
d) “Pique as frutas de sua preferência e coloque-as em
Regras uma tigela.”
• Só pode pular com o mesmo pé com que co-
meçou o jogo (não vale trocar de pé). 8. Entre as alternativas da questão 7, quais apresentam
• Não pode apoiar a mão ou o outro pé no chão período composto e modo imperativo?
para pegar a pedrinha. a) As alternativas A e B. c) As alternativas B e C.
• Não pode pisar na linha ou fora do quadrado. b) As alternativas A e D. d) As alternativas C e D.
• Não pode pisar no quadrado em que estiver
a pedrinha. 9. Qual das afirmações do item 7, “Cuidados de armazena-
mento do medicamento”, da bula do paracetamol, foge
• Não pode jogar a pedrinha no quadrado errado.
do padrão dos textos injuntivos e prescritivos em rela-
• Quem errar passa a vez para o seguinte.
ção ao uso do verbo e à estrutura do período?
• Sempre que o jogador que errou voltar, ele re-
a) “Aspecto físico: comprimido oblongo e branco.”
começa de onde estava.
b) “Não use medicamento com o prazo de validade vencido.”
• Ganha quem conseguir chegar ao céu primei-
c) “Guarde-o em sua embalagem original.”
ro sem errar.
d) “Conservar em temperatura ambiente (entre 15 e 30 °C).”
Disponível em: <http://professorarui.blogspot.com/2012/09/
brincadeiras-e-suas-regras.html>. Acesso em: 27 jan. 2020.
10. Leia o seguinte período, que faz parte das orientações
iniciais do manual do andador Baby Style, da página 74.

4. Na relação de regras da brincadeira, há cinco que são


negativas. Qual é o efeito de sentido provocado por Jogue fora pilhas esgotadas, / não as enterre /
esse recurso? ou queime, / pois estas podem vazar / ou explodir.
a) Confirmar quem ganha a brincadeira.
b) Deixar claro que existe flexibilidade. Assinale a alternativa correta.
c) Explicar o critério para ser o vencedor.
a) O período é composto de orações coordenadas sin-
d) Reforçar as regras do jogo pela proibição.
déticas e assindéticas.
5. Na frase “Sempre que o jogador que errou voltar, ele re- b) A primeira e a terceira orações são coordenadas sin-
começa de onde estava”, o tempo verbal ausente é: déticas alternativas.
a) futuro do presente. c) A quarta oração é uma coordenada sindética explica-
b) presente simples. tiva da terceira oração.
c) pretérito perfeito. d) A última oração é uma coordenada sindética conclu-
d) pretérito imperfeito. siva em relação ao verbo vazar.

83
REFERÊNCIAS

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. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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CITELLI, A. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1995.
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (orgs.). Gêneros textuais e ensino. São Paulo:
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EVANGELISTA, A. A. M. et al. Professor-leitor aluno-autor: reflexões sobre avaliação do texto escolar.
Belo Horizonte: CEALE/Formato, 1998.
FREIRE, P. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993.
GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula: leitura & produção. Cascavel: Assoeste, 1984.
. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
GOTLIB, N. B. Teoria do conto. 6. ed. São Paulo: Ática, 1991.
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SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 7. ed. São Paulo: Ática, 1989.
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85
ANOTAÇÕES

86
P
Produção
de Texto

UNIDADE 7: Como atuar na sociedade


manifestando-se por escrito? 2
CAPÍTULO 1: Manifesto: um gênero textual
a serviço de boas causas 4

CAPÍTULO 2: Abaixo-assinado:
assinaturas para transformações sociais 20

UNIDADE 8: De que maneiras os


textos podem ensinar? 32
CAPÍTULO 1: Verbete de dicionário: do mundo
dos significados para os significados do mundo 34

CAPÍTULO 2: Escritos para ensinar:


os textos didáticos 44
7 COMO ATUAR NA SOCIEDADE
MANIFESTANDO-SE
UNIDADE
POR ESCRITO?

2
Denis Cristo/Shut tersto ck

Horacio Villalobos/Corbis/Getty Images

Como você descreveria uma manifestação pública?

Observe atentamente a imagem de abertura da Unidade. O que


ela sugere sobre o ato de manifestar-se publicamente?

Existem gêneros textuais específicos para que as pessoas se


manifestem e exijam mudanças na sociedade. Você sabe expli-
citar uma característica típica da estrutura desses textos?

3
UNIDADE 7

MANIFESTO: UM GÊNERO
CAPÍTULO

1 TEXTUAL A SERVIÇO DE
BOAS CAUSAS
Estudaremos
neste capítulo:

Jr Manolo/Fotoarena
A manifestação escrita em prol
de causas relevantes

Como se constroem
os manifestos

Nos últimos anos, nosso país assistiu a manifestações públicas de grande repercussão, das
quais participaram milhões de pessoas. Em tempos de redes sociais cada vez mais acessíveis
a toda a população, tem-se tornado relativamente fácil convocar as pessoas para irem às ruas
com cartazes e faixas. O motivo? Obviamente, manifestar-se, mostrar-se atuante na vida social,
seja sob a forma de protestos ou reivindicações.
Mas você pode estar se perguntando: “O que isso tem a ver com um livro de produção de
texto?”. O questionamento é válido, e a resposta não é complexa. A participação das pessoas
na luta por seus direitos e por uma sociedade mais justa, entre outras causas relevantes, pode
se concretizar na forma de um gênero textual específico, o manifesto.

A manifestação escrita em prol


de causas relevantes
Quer ver como esse gênero se materializa? Então, leia os textos a seguir.
Texto I

Manifesto 2000 por uma


Cultura de Paz e Não Violência
O Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não Violência foi esboçado por um grupo
de laureados do Prêmio Nobel da Paz, que se encontraram em Paris para o 500o aniversá-
rio da Declaração Universal dos Direitos Humanos. [...]
O Manifesto objetiva a promoção da conscientização e do compromisso individuais:
não é nem um apelo nem uma petição dirigidos aos governos ou autoridades superiores.
O Manifesto afirma que é da responsabilidade de cada ser humano traduzir os valores,

4
Produ•‹o de Texto
atitudes e padrões de comportamento que inspiram a Cultura de Paz em realidades da vida
diária. Todos podem agir no espírito da Cultura de Paz dentro do contexto da própria famí-
lia, do local de trabalho, do bairro, da cidade ou da região, tornando-se um mensageiro da
tolerância, da solidariedade e do diálogo.
Assinando o Manifesto, todos se comprometem a:
1. respeitar a vida
2. rejeitar a violência
3. ser generoso
4. ouvir para compreender
5. preservar o planeta
6. redescobrir a solidariedade
Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br/index.php/UNESCO-Organizacao-das-nacoes-Unidas-para-a-
Educacao-Ciencia-e-Cultura/manifesto-em-defesa-da-paz-2000.html>. Acesso em: 15 jan. 2020.

Texto II

ijolumut/Shutterstock/Fotomontagem: Cesar Wolf

Disponível em: <https://pt.slideshare.net/Guaraciara/cultura-de-paz-30868113>. Acesso em: 15 jan. 2020.

5
Voc• sabia?
Observe, atentamente, as imagens a seguir.

Andre Luiz Moreira/Shutterstock


As palavras têm parentesco, e não é difícil perceber isso.

Reprodução/Editora Record
Quase sempre, basta verificar a sua semelhança estrutural
ou significativa. É o caso, por exemplo, de manifestação
e manifesto. A fotografia é um exemplo típico de mani-
festação; a capa do livro, de um manifesto. O seu primeiro
elemento comum está no que é chamado de radical.
Ambas têm o elemento manifest-, que concentra a sua
significação básica e, claro, o elo significativo. Tanto
manifestação quanto manifesto têm relação com um
modo de agir em sociedade, nos mais diversos âmbitos:
política, meio ambiente, cultura... O que as diferencia
é o modo de atuação: a manifestação ocorre em locais
públicos (avenidas, praças, parques), reunindo centenas
ou milhares de pessoas, muitas delas portando cartazes
e faixas alusivas à razão de seu encontro. Não raro, os
participantes se deslocam de um lugar a outro, acompa-
nham discursos, participam de shows. Já o manifesto é
um evento comunicativo, um gênero textual, com carac-
terísticas bem definidas. É o que veremos a seguir.

ZOOM

Em seu Dicionário de gêneros textuais, o professor Sérgio Roberto Costa afirma sobre o manisfesto:
“... declaração construída em interlocução direta com seu público-alvo”. O que significa isso? Não se preo-
cupe, pois não é nada tão complexo. Em outras palavras: se um grupo de pessoas decide escrever um
manifesto reivindicando a proteção das terras indígenas contra a invasão de garimpeiros, a interlocução
será diretamente com o responsável pela proteção a essas terras, o governo brasileiro, mais especifica-
mente a Fundação Nacional do Índio (Funai) ou o Ministério da Justiça.

6
Produção de Texto
PARADA OBRIGATÓRIA

Você responderá a algumas questões sobre o Texto II (Manifesto 2000). Releia-o atentamente.

1. O Manifesto 2000 tem um slogan: “A paz está em nossas mãos”. Identifique uma passagem do texto que justifique esse
slogan e o uso do pronome possessivo nossas.

2. Explique a relação entre o slogan e a logomarca do manifesto.

3. O Manifesto 2000 foi estruturado em 2 (duas) partes. Uma delas, à esquerda, concentra frases iniciadas pela conjunção
porque. São, portanto, as justificativas para a adesão à causa proposta. Em sua opinião, que argumento tem mais possi-
bilidade de convencer o leitor a aderir às ideias do manifesto?

4. A segunda parte do Manifesto 2000, colocada à direita, concentra as ações que devem ser tomadas por todos aqueles
que realmente quiserem aderir à cultura da paz. Em sua opinião, qual é a ação mais significativa? Por quê?

Parada complementar: 1 a 4
Teste seu conhecimento: 1 e 2
7
Como se constroem os manifestos
O manifesto é um gênero textual. Sua primeira caracterização precisa ser construída a
PERSUADIR: 1. Fazer com partir de sua finalidade comunicativa. Claramente, tal gênero procura persuadir os leitores a
que alguém se convença
aderir a uma causa específica. Seus autores (sim, “autores”, no plural, já que os manifestos são
sobre a necessidade de
(alguma coisa); 2. Fazer com redigidos e assinados por um grupo significativo de pessoas), cientes de sua cidadania, reve-
que uma pessoa mude de lam suas opiniões sobre um assunto de interesse coletivo, fazem uma denúncia, protestam,
comportamento; 3. Fazer sugerem ações a serem implementadas e comportamentos a serem assumidos para a constru-
com que alguém acredite; ção de um bem comum. Por isso, pode-se afirmar com segurança tratar-se de um gênero da
começar a acreditar;
expressar aceitação tipologia argumentativa.
acerca de (alguma coisa); Os elementos estruturais estão a serviço dessa função comunicativa. Veja como isso ocorre
convencer-se. analisando o quadro a seguir. Será levado em conta o Manifesto 2000 pela cultura de paz e
PROPOSIÇÃO: 1. Ação ou não violência.
efeito de propor; proposta;
aquilo que se propõe;
2. Parte de um discurso na GÊNERO TEXTUAL: MANIFESTO
qual se apresenta o tema a
ser desenvolvido. Elementos estruturais Função comunicativa

1) Título Manifesto 2000

Engaje-se no movimento internacional pela cultura de paz


2) Proposição
e não violência.

• Transformar a cultura de guerra em cultura de paz.


• Oferecer aos jovens um mundo baseado na justiça, na so-
lidariedade, na liberdade, na harmonia e na prosperidade.
3) Justificativas/argumentos
• Promover o desenvolvimento sustentável.
• Assumir responsabilidades quanto ao futuro da huma-
nidade.

Eu me comprometo em minha vida cotidiana, na minha


4) Comprometimento família, no meu trabalho, na minha comunidade, no meu
país e na minha região a:

• Respeitar a vida.
• Rejeitar a violência.
• Ser generoso.
5) Ações
• Ouvir para compreender.
• Preservar o planeta.
• Redescobrir a solidariedade.

No caso específico do Manifesto 2000, por decisão da


Unesco, cada assinante resolveu declarar em primeira
6) Local, data e assinatura dos manifestantes pessoa o seu compromisso com uma sociedade mais jus-
ta e mais igualitária, na qual prevaleça o instinto de paz,
solidariedade, tolerância e justiça.

8
Produção de Texto
INTERLIGANDO SABERES

É possível que você já tenha lido uma epígrafe em algum livro de sua preferência. Sabe aquela frase que um autor escolhe para colocar
em uma das primeiras páginas de seu livro? Geralmente, uma frase pequena, cujo conteúdo tem forte relação com a história que ele es-
creveu? Pois esse texto é o que se chama epígrafe: “Citação que se coloca no princípio de um livro (poema, conto, capítulo, etc.), servindo
de resumo para o assunto que será abordado e, além disso, apresentando o sentido e a motivação da obra”.
Não faz muito tempo que uma epígrafe foi usada para introduzir um manifesto. Veja como isso aconteceu.

Manifesto pela Educação


Priscila Cruz
O que a vida quer da gente é coragem.
(João Guimarães Rosa)
Coragem de ter vergonha. Vergonha de ter aceitado por tanto tempo, por tantos séculos, crianças e jovens sem
acesso a uma Educação de qualidade. A uma Educação a que todos temos direito. A uma Educação que é direito de
todos. A uma Educação para fazer do Brasil um País desenvolvido e sustentável. Essa Educação não fizemos direito.
É obra que a história nos confiou.
Coragem de admitir que dissemos e ainda dizemos NÃO. Dizemos NÃO às crianças mais pobres. Crianças presas
no ciclo da pobreza. Presas no ciclo da exclusão. De geração em geração, em geração, em geração.
Coragem de escrever outra história, História com orgulho, não com vergonha. Orgulho dos passos que vão
mudar o destino do Brasil.
Coragem de cumprir a maior, a mais bela, a mais importante de todas as missões: garantir essa Educação a
todas as crianças e a todos os jovens. Missão que é comum a todos, que não exclui ninguém. De todos para todos.
Coragem dos governos para agir e colocar a Educação no centro do projeto de nação. O maior projeto.
Coragem para dizer chega, basta! Chega de aceitar que uma criança fique analfabeta. E que um jovem fique sem
o aprendizado que prepara para a vida. Chega de aceitar a Educação fora do lugar estratégico para o País e para cada
um de nós.
A Educação, no centro, é saúde, é economia, é infraestrutura, é segurança. A Educação, no centro, muda o rumo
do País de uma vez por todas. A Educação, no centro, pede mais investimento chegando a cada aluno. Na crise ou
no crescimento. Investir mais e melhor. A Educação, no centro, se faz com gente. Valoriza o professor, o principal
profissional do País. Melhora a formação e a carreira do docente, do diretor e do coordenador.
[...]
Nesse único caminho está a ponte entre o presente incerto e um futuro potente para o Brasil. Em cada canto
do País, em cada estado, cidade, escola e sala de aula, é hora de dar as mãos, de juntar vontades, de descobrir, de
valorizar, de construir esse caminho. Aonde queremos chegar? Aonde vamos chegar? À possibilidade de sonhar, à
autonomia, à consciência crítica e ao compromisso com o bem comum. Chegaremos à liberdade! É essa Educação,
essa linguagem comum de liberdade, que nos levará a ser mais que uma simples parte. A ser quem transforma e
quem respeita toda a vida ao redor! É essa Educação que fará o Brasil mais forte.
Eu, você, todos nós juntos pela Educação!
CRUZ, Priscila. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/colunas/priscila-cruz/2016/09/28/manifesto-pela-educacao.htm>. Acesso em: 28 jan. 2020.

Você conseguiu perceber a relação que se estabeleceu? É bastante provável que sim. A frase de João Guimarães Rosa foi usada como
tema para o Manifesto pela educação. A vida quer de nós muita coragem, assim como precisamos de muita coragem, muito trabalho,
muita determinação para mudar o quadro educacional brasileiro.

9
PASSO A PASSO

Leia, com atenção, o trecho a seguir.

Manifesto pelas águas do Pantanal


Qual futuro desejamos para a nossa sociedade? Essa é a principal reflexão pro-
posta neste documento, construído coletivamente pelos professores e os morado-
res do Pantanal de Cáceres, no Mato Grosso.
Hoje, somos dependentes das águas do Pantanal, mas percebemos que apesar
dessa ligação vital muitos habitantes da região não reconhecem os ciclos do rio
Paraguai como a base da sua sobrevivência. Todo o ecossistema Pantanal, no qual
também estamos inseridos, depende das águas desse rio, que sustenta mais de
4.700 espécies de fauna e flora, e todas as atividades humanas locais, sejam de
subsistência ou econômicas.
[...]
Temos o privilégio de viver em contato direto com os seus ciclos de secas e cheias,
que moldam a vida dos habitantes e dos animais da região. Há uma organização nessas
estações que favorece a alimentação das aves e dos peixes, que dependem das matas
das margens dos rios para sobreviverem, ao mesmo tempo que são responsáveis por
sua manutenção, levando as sementes que garantem o verde da paisagem pantaneira.
[...]
Projeto Bichos do Pantanal – Estação Ecológica Serra das Araras – ICMbio –
Centro de Educação de Jovens e Adultos Professor Milton Marques Curvo – Es-
cola Municipal Buriti – Colégio Adventista de Cáceres – Escola Estadual Natalino
Ferreira Mendes – Escola Municipal Duque de Caxias – Escola Municipal Jardim
Paraíso – Escola Municipal Santa Catarina – Escola Municipal Tancredo Neves –
Escola Municipal Vitória Régia
Disponível em: <https://envolverde.cartacapital.com.br/manifesto-pelas-aguas-do-pantanal/>. Acesso em: 16 jan. 2020.

Imagine que você encontre o desafio de responder à seguinte questão.


Os parágrafos que você leu correspondem ao início de um manifesto a favor da preser-
vação das águas dos rios do Pantanal. As ideias principais contidas nesses parágrafos
correspondem a um elemento importante de um manifesto. Assinale a alternativa que
contém esse elemento.
a) Apresentação da justificativa e dos argumentos para a redação do manifesto.
b) Explicitação das ações necessárias para a resolução do problema discutido.
c) Esclarecimento das metas a serem alcançadas com a adoção das ações.
d) Identificação dos responsáveis pela redação e divulgação do manifesto.
Um manifesto é um gênero que pertence à categoria dos textos produzidos com a finalidade de ar-
gumentar para convencer. Em outras palavras, os manifestos querem que os leitores não apenas leiam,
mas tomem atitudes, envolvam-se com a causa, passem a defendê-la. E para isso ocorrer, é necessário,
obviamente, apresentar bons argumentos. Por isso, é mais do que previsível que os parágrafos iniciais
dos manifestos concentrem os seus esforços na apresentação das justificativas, dos argumentos. Dessa
forma, a resposta à questão proposta é, com certeza, a que se encontra na alternativa A.

10
Produção de Texto
ENTRE EM AÇÃO
Reúna-se com alguns colegas de acordo com o critério de formação de grupos determinado por seu
professor. Em seguida, seu grupo participará de um sorteio ou de uma pequena eleição, cujo tema serão
as imagens a seguir. Observe-as com atenção.

1. Coleta seletiva de lixo. 3. A prática do bullying.

Kleber Cordeiro/Shutterstock

Monkey Business Images/Shutterstock


2. O descarte indiscriminado de plástico na 4. O uso excessivo dos smartphones por crianças
natureza. e adolescentes.
Larina Marina/Shutterstock

Rawpixel.com/Shutterstock

Seja por sorteio, consenso, livre escolha ou eleição, seu grupo ficará responsável por um dos temas suge-
ridos acima. A tarefa será debater o tema conforme o roteiro a seguir.
• Preparem uma apresentação do tema para toda a classe.
• Proponham à classe uma discussão: quais seriam as principais causas do problema relacionado
ao tema.
• Conversem sobre quais seriam as consequências do problema relacionado ao tema.
• Discutam quais seriam as medidas mais eficazes para a solução do problema.

Cumpridas todas essas etapas, preparem-se para a produção de um manifesto.

11
PARADA OBRIGATÓRIA

5. Concluídas as apresentações e realizadas todas as discussões, seu grupo escolherá o tema sobre o qual gostaria de
produzir o texto. Qual tema chamou mais a sua atenção e de seus colegas de grupo? Qual deles conseguiu reunir as me-
lhores ideias a respeito das causas, das consequências e das soluções para o problema? Qual tema, enfim, possibilitará
a produção de um manifesto?
Tomadas as decisões, produzam a primeira versão do texto no espaço a seguir, conforme as especificações dadas para
atender às características do gênero:
• O manifesto, geralmente, se inicia com um título. Veja uma possibilidade: “Manifesto pela diminuição do uso do plástico
no cotidiano escolar”.
• O manifesto apresenta justificativas, argumentos, explicações para a sua produção e divulgação. Releia o Manifesto 2000.
• O manifesto apresenta as ações que cada pessoa ou toda a coletividade devem tomar visando à solução do problema.
• O manifesto pode apresentar um slogan e uma imagem que ilustre a sua ideia central. Certamente, são elementos que
contribuem para a divulgação da causa pela qual se luta.

12
Produção de Texto
6. Concluída a primeira versão do manifesto, é chegado o momento da revisão. Para isso, siga o roteiro apresentado no
quadro a seguir, assinalando a coluna correspondente à avaliação que você e seus colegas fazem do texto em relação a
cada critério.

REVISÃO

O manifesto tem um título que explicita o seu tema e o motivo pelo qual ele foi escrito?

O manifesto tem um slogan alusivo ao seu tema e ao seu objetivo principal?

O slogan é curto, original e de fácil memorização?

O manifesto tem uma ilustração alusiva ao tema e ao seu objetivo?

O manifesto apresenta argumentos válidos para a sua divulgação?

O manifesto apresenta ações necessárias para a solução do problema abordado?

As palavras do texto estão escritas de acordo com as normas de ortografia?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

7. Com base na avaliação que vocês fizeram, redijam uma segunda versão do texto, melhorando cada um dos pontos
para os quais vocês marcaram ou no quadro de revisão. Utilizem, para a versão definitiva, um impresso ade-
quado para a divulgação do texto. Pode ser uma folha A3 ou uma cartolina. Se possível, a versão final pode ser até
mesmo digital.

8. Finalmente, apresentem o texto para os colegas de sala e, em seguida, divulguem-no para os alunos de outras turmas.
Ele pode ser afixado no mural de um corredor da escola ou ser publicado em algum meio digital.

9. Você terá a tarefa de produzir um novo manifesto, desta vez, individualmente. O tema será de sua livre escolha. Mas é
claro que você pode analisar uma das propostas a seguir e escolher aquela que, em sua opinião, será melhor. Caso algu-
ma delas não seja de seu interesse, escolha outra, livremente.
a) Manifesto pela paz nos estádios de futebol.
b) Manifesto pelos direitos dos animais.
c) Manifesto contra o trabalho infantil.

Feita a sua decisão, produza a primeira versão de seu manifesto, conforme as especificações dadas anteriormente para
atender às características do gênero: título, slogan, logomarca, argumentos, ações. Fique atento, também, ao nível de
linguagem mais adequada ao texto. Utilize o seu caderno.

13
10. Concluída a primeira versão do texto, é chegado o momento da revisão. Para isso, siga o roteiro apresentado no quadro
a seguir. Mas atenção: você fará a revisão do texto de um colega; ele fará o mesmo com o seu texto.

REVISÃO

O manifesto tem um título que explicita o seu tema e o motivo pelo qual ele foi escrito?

O manifesto tem um slogan alusivo ao seu tema e ao seu objetivo principal?

O slogan é curto, original e de fácil memorização?

O manifesto tem uma ilustração alusiva ao tema e ao seu objetivo?

O manifesto apresenta argumentos válidos para a sua divulgação?

O manifesto apresenta ações necessárias para a solução do problema abordado?

As palavras do texto estão escritas de acordo com as normas de ortografia?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

11. Com base na avaliação que seu colega fez de seu manifesto, produza uma segunda versão, melhorando cada um dos
pontos para os quais seu colega assinalou ou no quadro de revisão.

12. Para a versão definitiva, use um impresso mais adequado. Pode ser uma folha A3 ou uma cartolina. Se possível, a versão
final pode ser digital.

13. Finalmente, apresente seu manifesto para os colegas de sala e, em seguida, divulgue-o para os alunos de outras turmas.
Ele pode ser afixado no mural de um corredor da escola ou ser publicada em algum meio digital.

Parada complementar: 5 a 10
Teste seu conhecimento: 3 a 5

CONECTE!

A grande importância assumida pelos estudos dos gêneros textuais tem favorecido a circulação de muitos textos na web com o
objetivo de ampliar os conhecimentos sobre o assunto e, assim, ajudar as pessoas interessadas em suas características, funciona-
lidades e modos de apresentação e circulação.
Não é diferente no caso do manifesto. Você pode ler e aprender um pouco mais sobre eles nos seguintes sites:
• <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/manifesto.htm>. Acesso em: 16 jan. 2020.
• <https://brasilescola.uol.com.br/redacao/manifesto.htm>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Outra importante fonte de pesquisa são os diversos manifestos disponibilizados na internet. Uma rápida consulta permitirá a você, por
exemplo, conhecer manifesto das águas, manifesto dos rios, manifesto em defesa dos animais, e muitos outros.
Portanto, aproveite para ampliar o que você estudou sobre esse gênero cada vez mais presente em nossa sociedade.

14
Produção de Texto
PARADA COMPLEMENTAR

Texto para as quest›es 1 a 4.

Manifesto em defesa das árvores de Porto Alegre


Estamos presenciando um verdadeiro “arboricídio” em Porto Alegre. A cidade, que um dia se orgulhou
de ser uma das mais verdes do país, sofre, a cada ano, com a remoção de milhares de árvores. Os dados mais
recentes divulgados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), referentes a 2012, registram a
derrubada de 4.061 árvores naquele ano, número que, segundo a Smam, deve se repetir na contabilidade
de 2013.
São dados que a Agapan, entidade de defesa do ambiente natural com mais de quatro décadas de atuação,
lamenta profundamente.
O argumento de defesa utilizado pela Smam, de que, no lugar das árvores suprimidas, muitas outras foram
plantadas (em 2012, teriam sido 26 mil mudas, todas no Parque Saint Hilaire), não é convincente: há indicati-
vos de que boa parte dessas plantas morrem muito antes de se tornarem adultas, o que, de qualquer maneira,
só ocorre após 20 ou 30 anos de cultivo adequado. Além disso, essas mudas estão distantes das áreas das ár-
vores suprimidas. Ou seja, a sombra e a umidade, que tanto nos fazem falta em dias cálidos, ou a penetração
das raízes no solo, que permite evitar ou reduzir os efeitos locais de chuvas intensas – os alagamentos, por
exemplo –, só alcançarão níveis semelhantes aos daqueles exemplares que nos foram sonegados pelo poder
público dentro de algumas décadas. Isso, claro, se novas demandas de obras não a cortarem no futuro para
viabilizarem novas obras.
Nos próximos meses, em consequência das reformas, que recebem a falsa alcunha de “obras de mobilidade
urbana”, 1500 árvores da Vila Tronco e mais centenas de vegetais de outros pontos da cidade serão suprimidos,
de maneira que nós, os habitantes de Porto Alegre, iremos enfrentar de uma única vez um impacto ambiental
inédito em nossa cidade.
[...]
Segundo estudos divulgados pelos pesquisadores da Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA),
o ar de Porto Alegre já é duas vezes mais poluído do que o recomendado pelos padrões internacionais. Em
alguns momentos do dia esse índice é ainda mais preocupante.
Quanto mais árvores suprimirmos, mais ficaremos expostos a doenças que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) associa à contaminação do ar: câncer de pulmão e de bexiga e distúrbios cardiorrespiratórios.
A OMS também alerta que a redução do ar puro no ambiente urbano pode provocar nascimentos prematuros.
[...]
Por isso, a Agapan se manifesta contrária à derrubada de árvores que vem ocorrendo em Porto Alegre em
função de projetos urbanísticos e obras que não foram devidamente discutidas e solicitadas pela sociedade
porto-alegrense.
[...]
Defendemos um modelo de cidade autônoma, harmônica, socialmente justa e ecologicamente sustentável.
Acreditamos em um mundo desenvolvido que respeite as nossas riquezas naturais, nosso patrimônio cultural
e ambiental. E lutamos por ele.

15
Solicitamos que as 1.500 árvores da Avenida Tronco, as oito árvores da Praça Júlio Mesquita, as 198 árvo-
res da Anita Garibaldi, as 200 da Cristóvão Colombo e as 200 da Plinio Brasil Milano sejam preservadas em
seus locais atuais. Nenhuma árvore a menos!
Porto Alegre, 29 de janeiro de 2014.
Agapan – A Vida Sempre em Primeiro Lugar!
Disponível em: <www.agapan.org.br/2014/01/manifesto-em-defesa-das-arvores-de.html>. Acesso em: 28 jan. 2020.

1. No 1o parágrafo, o locutor do manifesto utiliza a palavra arboric’dio. Que outras palavras ele usa, tanto no 1o quanto no
2o parágrafos, para referir-se a esse ato?

2. Utilizando as próprias palavras, explicite dois principais argumentos que o locutor usa para convencer o leitor a atender
à sua reivindicação.

3. Que ideia, presente no texto, justifica a frase “Nenhuma árvore a menos”!?

4. A frase a seguir é de autoria de um dos mais importantes nomes da preservação ambiental em nosso país: Chico Mendes.
Leia-a com bastante atenção:

“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois imaginei que lutava pela Floresta
Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”.
(Chico Mendes)
O povo online. Disponível em: <www.opovo.com.br/noticias/tecnologia/2015/12/
google-homenageia-seringueiro-e-ativista-chico-mendes.html>. Acesso em: 28 jan. 2020.

A frase de Chico Mendes guarda uma forte relação com os argumentos usados no manifesto em defesa das árvores de
Porto Alegre. Explique essa relação.
Texto para as questões 5 a 8.

Reprodução/Sociedade Brasileira de Pediatria

16
Produção de Texto
Rio de Janeiro, 1o de outubro de 2017.
[...] A criança é o único ser em situação de vulnerabilidade absoluta, que ruma em direção à aquisição de sua
autodeterminação, tornando-se, aos poucos e ao longo do tempo, cada vez mais autônomo. Se a sociedade or-
ganizada não a proteger em sua integralidade, a criança chegará a sua vida adulta marcada por vieses pessoais e
sociais e irremediavelmente corrompida.
Por isso, nesse outubro, mês dedicado à infância, apresentamos as seguintes propostas, as quais devem
ser consideradas pelos gestores, pelos políticos, pelos magistrados, pelos membros do Ministério Público,
pelos empresários, pelos trabalhadores, pelos pais e professores, por todos os brasileiros, como itens de
uma agenda mínima (pública e urgente), cuja implementação ajudará no resgate dos direitos da infância e
da adolescência.
Sendo assim, a SBP DEFENDE que:
NO CAMPO DA SAÚDE
– Os leitos de internação na rede pública sejam oferecidos em número necessário ao atendimento de crianças
e de adolescentes em casos de tratamentos eletivos;
[...]
– Os pais e os responsáveis sejam conscientizados e orientados sobre a importância de se manter em dia o
calendário de vacinação dos filhos, contrapondo-se a orientações contrárias e equivocadas;
– O pediatra, pela sua formação e capacitação para assistir e orientar as crianças e os adolescentes e suas
famílias, seja devidamente valorizado e ocupe o papel central na assistência às crianças e aos adolescentes, co-
laborando com a promoção da saúde, a prevenção de doenças e a oferta de adequado tratamento em todas as
unidades primárias, secundárias e terciárias;
– Programas para mudança de hábitos de vida, protagonizados por pediatras e toda a equipe de saúde,
sejam estabelecidos, com foco no estímulo à alimentação correta; na promoção da atividade física, com
criação de espaços e suporte profissional competente; e no repasse de informação sistematizada sobre como
orientar o desenvolvimento intelectual das crianças e suas relações sociais saudáveis, sempre com respeito
e dignidade.
[...]
Diante dessa agenda apresentada e defendida pela SBP, espera-se que não estejamos apenas no início de mais um
Mês de Outubro, pautado pelo comércio e pela efemeridade das comemorações do Dia 12.
Que seja, sim, um marco, um momento oportuno, para começar um novo tempo, com consequências positivas
para as futuras gerações de brasileiros.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Juntos, construindo o futuro do País
Disponível em: <www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/manifesto-em-defesa-das-criancas-e-dos-adolescentes/>. Acesso em: 16 jan. 2020.

5. O locutor do texto é uma instituição, não uma pessoa específica: a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). O seu
público-alvo neste manifesto é bastante amplo. Escreva um pequeno parágrafo justificando essa afirmativa.

6. Escreva um pequeno parágrafo, explicando por que os pais fazem parte das propostas do manifesto da SBP.

7. Uma das ações propostas pela SBP em seu manifesto diz respeito à prevenção. Transcreva um pequeno trecho dessa
ação e justifique por que ela está associada à prevenção.

8. Usando suas próprias palavras, explique o argumento principal usado pela SBP para elaborar o seu manifesto.

17
Texto para as questões 9 e 10.

Manifesto em prol do direito à vida


inclusiva da pessoa com deficiência
A Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, composta pelas entidades e coletivos vinculados à
causa da deficiência, signatários deste documento, com o apoio de entidades internacionais, que igualmente
subscrevem este Manifesto, torna pública a sua defesa ao direito das pessoas com deficiência a uma vida inclusiva
e de qualidade.
A Rede de Inclusão definiu como premissas essenciais à efetivação dos direitos assegurados, no ordenamento jurí-
dico brasileiro, às pessoas com deficiência:
1. O cumprimento efetivo da legislação brasileira, em especial a Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência (CDPD) e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), e apoio para a criação de mecanismo
independente de monitoramento da CDPD (art. 33).
2. O reconhecimento de que as pessoas com deficiência gozam de capacidade civil em igualdade de condições
com as demais pessoas, constituindo esse reconhecimento um instrumento essencial para o exercício da cidada-
nia e o respeito à dignidade.
[...]
Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down – FBASD • APAE de São Paulo • Associação
Nacional de Membros do Ministério Público em Defesa da Pessoa com Deficiência e Idosa – AMPID • Escola
de Gente – Comunicação em Inclusão • Rede Brasileira do Movimento de Vida Independente • Associação
Brasileira por Ação pelos Direitos das Pessoas com Autismo – ABRAÇA • Associação de Pais, Amigos e Pessoas
com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade – APABB • Federação das Associações
de Renais e Transplantados do Brasil – FARBRA • Coletivo Brasileiro de Pesquisadores e Pesquisadoras dos
Estudos da Deficiência – MANGATA • Associação Brasileira de Ostomizados – ABRASO • Associação Brasileira
de Saúde Mental – ABRASME • Mais Diferenças – Educação e Cultura Inclusivas • Movimento pela Reintegra-
ção das Pessoas atingidas pela Hanseníase
Disponível em: <www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/movimentos-sociais/
manifesto-em-prol-do-direito-a-vida-inclusiva-da-pessoa-com-deficiencia/38822>. Acesso em: 16 jan. 2020.

SIGNATÁRIO: A palavra “signatário” designa a pessoa que assina um documento qualquer: uma carta, um manifesto, um abaixo-assinado.

9. Releia a passagem a seguir, com especial atenção para as expressões destacadas.

A Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, composta pelas entidades e coletivos vinculados à
causa da deficiência, signatários deste documento, com o apoio de entidades internacionais, que igualmente
subscrevem este Manifesto [...]

Com as próprias palavras, explique a que se referem as expressões em destaque.

10. O fragmento lido permite identificar o objetivo principal do manifesto. Escreva um pequeno parágrafo para explicitar
esse objetivo.

18
Produção de Texto
PARA FIXAR

Para fixar o que você estudou neste capítulo, leia as proposições a seguir e encontre as respostas no diagrama.

1. O manifesto é um gênero que pertence à categoria dos textos


( ) descritivos. ( ) narrativos. ( ) argumentativos.

2. O manifesto é um gênero de caráter


( ) público. ( ) privado. ( ) didático.

3. O manifesto tem como objetivos principais


( ) protestar. ( ) reivindicar. ( ) ensinar.

4. As principais partes de um manifesto são


( ) justificativa. ( ) ações. ( ) resultados.

5. O nível de linguagem predominante nos manifestos é


( ) formal. ( ) informal. ( ) coloquial.

6. As motivações para a produção de um manifesto são


( ) sociais. ( ) culturais. ( ) eleitorais.

7. Os signatários de um manifesto são, geralmente,


( ) individuais. ( ) coletivos. ( ) anônimos.

P T M N A B X V F S A D Z L

A N D Z C X F C J V P X N E

V L P H V Q L O M B U S C B

I A Q R G M A L D D B L A B

T M I W H G I E A A L B C D

A R G U M E N T A T I V O S

C O H M J J D I E F C X E K

I F J P L L I V I G O C S M

F I L O P O V O O P S O R F

I F B I I P I S U B Q E T E

T H R A C I D N I V I E R U

S K I S O C U L T U R A I S

U L O E R S A L J D A E Q G

J A U S O C I A I S E B A H

G P R O T E S T A R I M T Q

19
UNIDADE 7
CAPÍTULO
ABAIXO-ASSINADO:
2 ASSINATURAS PARA
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
Estudaremos
neste capítulo:

vasara/Shutterstock
O que são abaixo-assinados

Como se constroem os
abaixo-assinados

O que são abaixo-assinados


A função comunicativa de um abaixo-assinado é argumentar para convencer, e, a partir des-
se convencimento, alcançar um objetivo específico. Alguém, entretanto, poderia indagar: mas
essa não é, também, a função, por exemplo, de um manifesto? Sim, com certeza. No entanto, o
abaixo-assinado apresenta características bem peculiares, que o distinguem de outros gêne-
ros argumentativos.

O exercício do direito à reivindicação


É inegável que a democracia constitui um dos grandes avanços de nossa civilização. As ra-
zões para isso são as mais variadas, pois envolvem as noções de liberdade de expressão, pos-
sibilidade de participar de eleições livres e diretas, tanto para eleger quanto para ser eleito,
garantia de acesso ao conhecimento e à informação, direito à manifestação e à reivindicação.
O universo dos gêneros textuais soube muito bem acompanhar as conquistas da socie-
dade, e isso não foi diferente quando a vivência da democracia entrou em jogo. O homem,

20
Produ•‹o de Texto
no seu desejo de se comunicar, de se fazer entender, de se fazer ouvir, soube muito bem
encontrar formas adequadas de expressão. E uma delas foi, sem dúvida, a criação de um
gênero propício à reivindicação. Poderíamos citar vários exemplos de textos em que isso
se tornou viável. Neste momento, vamos nos ater a um gênero especificamente: o abai-
xo-assinado. Para conhecer melhor um pouco desse evento comunicativo tão importante,
você lerá, a seguir, um bom exemplo.
Campanha “Povos indígenas do Vale do Javari: unidos pela saúde, pela vida”
Abaixo-assinado
NÓS, abaixo-assinados, em solidariedade aos povos indígenas do Vale do Javari (Ama-
zonas, Brasil), que estão correndo risco de extermínio devido a endemias que a cada mês
têm levado à morte várias pessoas dos povos Kanamari, Kulina, Matsés, Matis e Marubo
e não têm recebido assistência de forma eficiente e eficaz por parte do estado brasileiro,
EXIGIMOS do Governo Federal a adoção de medidas urgentes, priorizando as seguintes
providências: Presença de equipe multidisciplinar permanente (médicos, enfermeiros,
dentistas, infectologista); Construção de polos bases e infraestrutura básica para a con-
servação de vacinas; Realização de sorologia em todos os indígenas da terra indígena Vale
do Javari; Barcos equipados e rápidos para atendimento e remoção de doentes; Medica-
mentos em quantidade suficiente para atendimento aos doentes; Saneamento básico;
Construção de pistas de pouso e horas de voo asseguradas em orçamento; Capacitação de
agentes de saúde e parteiras; Prevenção e controle da malária. A médio prazo: nova estru-
tura para a Casa de Saúde do Índio – Casai, de Atalaia do Norte; Construção de uma casa
de apoio para pacientes portadores de endemias.

NOME RG/CPF ASSINATURA

Disponível em: <www.cimi.org.br/pub/Arquivos/abaixo_assinado_valedojavari.pdf>. Acesso em: 26 set. 2019.

Voc• sabia?
Você sabia que existem abaixo-assinados vitoriosos e outros nem tanto? As diferenças entre eles
podem ser bem visíveis. Tanto que já houve quem publicasse dicas para fazer um abaixo-assinado
cujas reivindicações foram atendidas. Veja quais são elas:

Faça um título curto, direto, simples e atraente. Caso seu abaixo-assinado seja
publicado nas redes sociais, uma dica importante é colocar uma hashtag após o título.
Exemplo: #maisruasdelazernobairro.
Escolha, no máximo, dois destinatários a quem destinar o documento. Isso pode
dar a eles o senso de responsabilidade e poder de ação.
Evite fazer muitas solicitações no mesmo abaixo-assinado. Essa estratégia torna
as solicitações mais concretas e realizáveis.
Use as redes sociais para buscar apoiadores. Saiba, também, que você pode cadastrar
seu abaixo-assinado na change.org. Trata-se de um site que disponibiliza aos internautas
a possibilidade de atuar socialmente e até promover mudanças significativas.
Disponível em: <https://catracalivre.com.br/cidadania/veja-5-dicas-para-fazer-
um-abaixo-assinado-online-vitorioso/>. Acesso em: 17 jan. 2020.

21
PASSO A PASSO

Releia, com atenção, o trecho a seguir.

Portanto, solicitamos a sinalização horizontal e vertical correta, além da fixação de tachões nesses cruzamen-
tos e que a guarda municipal faça o serviço de orientação por, pelo menos, um mês.

Agora, compare com estes trechos:

I. Portanto, solicitamos a sinalização horizontal e vertical correta, a fixação de tachões nesses cruzamentos,
além do serviço de orientação a cargo da guarda municipal por, pelo menos, um mês.
II. Portanto, solicitamos que a sinalização seja horizontal e vertical, que tachões sejam fixados nesses cruza-
mentos e que a guarda municipal faça o serviço de orientação por, pelo menos, um mês.

Qual dos três trechos está mais bem redigido? O texto original, tal como está no abaixo-assinado? O trecho I? O trecho II?
Não há dúvidas de que os trechos I e II são melhores do que o original. A razão para isso está no fato de ambos, para esclarecer quais
são as solicitações, utilizarem estrutura gramatical semelhante. Veja:
I - Portanto, solicitamos a sinalização horizontal e vertical correta, a fixação de tachões nesses cruzamentos, além do serviço de orien-
tação a cargo da guarda municipal por, pelo menos, um mês.
II - Portanto, solicitamos que a sinalização seja horizontal e vertical, que tachões sejam fixados nesses cruzamentos e que a guarda
municipal faça o serviço de orientação por, pelo menos, um mês.
Em I, a solicitação feita é expressa por meio de três substantivos: “sinalização”, “fixação” e “serviço”. Em II, isso é feito por meio de três
estruturas iniciadas com a palavra “que”. No trecho original, faz-se uma mistura dos dois procedimentos, o que é inadequado. Portanto,
quando estiver escrevendo, fique atento a esse fato.

PARADA OBRIGATÓRIA

Leia mais um exemplo de abaixo-assinado e, em seguida, responda às questões propostas.


PIB: sigla de Produto Interno
Bruto. É a soma (em valores
monetários) de todos os bens
Abaixo-assinado “Educação 10”: 10% do PIB e 50% do e serviços finais produzidos
por um país no período de um
fundo social do Pré-Sal para a educação ano. Em 2018, o PIB brasileiro
foi de 6,8 trilhões de reais.
Nós, que subscrevemos este abaixo-assinado, temos a certeza de que a medida MAIS
PRÉ-SAL: camada de sal
IMPORTANTE para o Brasil é INVESTIR NA EDUCAÇÃO. Por isso, reivindicamos:
que se formou no fundo
O mínimo de 10% do produto interno bruto (PIB) nacional, garantido por lei, para do oceano e propiciou a
os gastos em educação até o ano de 2014. formação de petróleo.

22
Produ•‹o de Texto
Hoje, o Brasil gasta cerca de 5% do seu PIB em educação. O projeto do Plano Nacional de Educação, ou PNE
(PL-8035/2010), proposto pelo Poder Executivo, quer aumentar esses gastos para apenas 7% do PIB até o ano
de 2020. Isso definitivamente não é suficiente e não condiz com a importância desse setor para o desenvolvimento
do Brasil.
A APROVAÇÃO DO PLS 138/2011, QUE GARANTE O MÍNIMO DE 50% DO FUNDO SOCIAL DO PRÉ-SAL
PARA A EDUCAÇÃO.
Durante toda a história do Brasil, as riquezas naturais do país nunca foram exploradas para beneficiar a
vida da maioria da população. O Fundo Social do Pré-Sal tem o objetivo de garantir recursos para finalidades
sociais. Por isso, o PLS 138/2011 propõe a destinação de, no mínimo, 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a
educação pública.
Disponível em: <https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=une10>. Acesso em: 17 jan. 2020.

1. O abaixo-assinado contém duas reivindicações relacionadas à educação. Quais são elas?

2. Apresente uma hipótese aceitável para explicar a finalidade de os autores do abaixo-assinado terem usado caixa alta
(letras maiúsculas) em algumas frases.

3. Quais são os dois únicos argumentos empregados no abaixo-assinado para efeitos de persuasão?

Parada complementar: 1 a 4
Teste seu conhecimento: 6

Como se constroem os abaixo-assinados


A primeira das características é o caráter coletivo, a ponto de possibilitar a assinatura
de milhares de pessoas. Isso mesmo! Basta considerar, por exemplo, que, nos dias de hoje,
os abaixo-assinados podem circular pela internet e colher a assinatura digital de todas as
pessoas que se solidarizarem com a sua causa.

23
Outro elemento importante a diferenciar o gênero é a sua brevidade. Os abaixo-assinados
são textos curtos, cujas frases concentram-se na apresentação rápida do protesto, da queixa
ou do que se deseja alcançar, com a referência explícita do destinatário mais imediato, ou seja,
RG: sigla de Registro Geral.
a pessoa ou a instituição a quem se dirige a queixa, o protesto ou a reivindicação. Convencio-
Trata-se de um documento,
tradicionalmente conhecido nalmente, esse elemento é chamado de “corpo do texto”.
como Carteira de Identidade, Não se pode esquecer das características macroestruturais, que também são importantes
que informa os principais na tipificação de um gênero. No caso do abaixo-assinado, pode-se dar destaque à explicitação,
dados da identidade do já no início do texto, de que se trata de uma produção coletiva, como atesta o pronome Nós;
cidadão: nome completo,
nome dos pais, data e local de a possibilidade de emprego do vocativo, isto é, o termo usado para se dirigir diretamente ao
nascimento. Todo RG contém destinatário principal do texto, chamando-o pelo nome e, sobretudo, pela função.
obrigatoriamente uma foto, Em seguida, após o corpo do texto, a indicação de local e data e, claro, o campo para as
de preferência que não seja
antiga, e também a impressão assinaturas, juntamente com o RG ou o CPF do signatário, para a garantia da autenticidade
do polegar direito do do documento.
portador. Para solicitar o RG, Por fim, uma palavrinha quanto ao nível de linguagem. Como se trata de um texto dirigido
o cidadão deve ir a um órgão
representativo da Secretaria
a autoridades ou órgãos que elas representam, é importante usar a linguagem representativa
de Segurança Pública, como da norma-padrão.
uma delegacia de Polícia Civil. Veja mais um exemplo de abaixo-assinado, agora com a discriminação detalhada de suas
CPF: sigla de Cadastro de estruturas.
Pessoa Física. Trata-se
também de um documento,
mas com função diferente ABAIXO-ASSINADO
da de um RG. Sua finalidade
é comprovar que o seu
titular é uma pessoa sujeita Vocativo/Destinatário do texto Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito de Manaus
a prestar conta de seus
ganhos salariais junto a um
órgão do governo chamado
Explicitação dos locutores/ Os abaixo-assinados, brasileiros, residentes e domiciliados na rua das
Receita Federal. O CPF não
contém foto, apenas o nome signatários do documento Flores, bairro da Paz, nesta cidade de Manaus,
da pessoa e o número do
cadastro, formado por 11
solicitam de V.Exa a instalação de coletores seletivos de lixo, a fim de
dígitos. A própria Receita
Federal é quem emite o CPF. atender ao projeto comunitário de reciclagem de plásticos, alumínio
e vidros.
Corpo do texto
Na certeza de sermos atendidos, encaminhamos esse documento
em três folhas numeradas e assinadas por todos os moradores, e em
duas vias que serão protocoladas em seu Gabinete.

Local e data Manaus, ...de......de 2020

NOME IDENTIDADE CPF ASSINATURA

Espaços para assinaturas, José J.


RG e CPF

Maria X.

Disponível em: <www.suframa.gov.br/cidadao/downloads/abaixo_assinado.doc>.


Acesso em: 29 set. 2019.

24
ZOOM

Produ•‹o de Texto
Na caracterização do “abaixo-assinado”, você teve a oportunidade de conhecer uma informação
importante: trata-se de um gênero que tem como funções comunicativas principais a argumen-
tação e a persuasão. Como argumentar para, de fato, persuadir? Existem técnicas para isso? É claro
que sim! Elas são bem diversificadas. Por isso, aqui, trataremos de apenas uma, bem significativa:
as relações de causa e consequência.
O abaixo-assinado em prol dos povos indígenas do Vale do Javari é um bom exemplo. Nele, a argu-
mentação essencial é exatamente a explicitação de um fato, suas causas e possíveis consequên-
cias. Daí a importância das medidas solicitadas por meio do documento. Releia: “... estão correndo
risco de extermínio devido a endemias que a cada mês têm levado à morte várias pessoas dos
povos Kanamari, Kulina, Matsés, Matis e Marubo, e não têm recebido assistência de forma eficiente
e eficaz por parte do estado brasileiro... “.
Ora, indicar no texto esses relacionamentos é um forte argumento para que as autoridades
responsáveis possam atender às solicitações feitas. Afinal, trata-se do cuidado com vidas
humanas. Cuidados que não podem ser negligenciados.
Assim se define a força persuasiva de um argumento.

ENTRE EM AÇÃO
É chegado o momento de entrar em ação para a primeira produção textual do capítulo. Para isso, observe
atentamente as imagens a seguir.
Victoria 1/Shutterstock

Animaflora/iStockphoto/Getty Images
pixelfusion3d/iStockphoto/Getty Images

kicia_papuga/iStockphoto/Getty Images

Depois, selecione uma delas para o tema; para isso, conte com a ajuda do professor. Ele poderá
promover um sorteio, fazer uma pequena eleição ou usar outro critério para que todos os temas
sejam trabalhados.
Então, você e seu grupo apresentarão para a classe as principais ideias relacionadas ao tema da
imagem selecionada: as causas do problema, as consequências, as possíveis soluções, os respon-
sáveis imediatos pelas soluções.

25
PARADA OBRIGATÓRIA

4. Após as apresentações, você e seus colegas de grupo vão escolher o tema que mais lhes chamou a atenção não só pela rele-
vância de se buscarem soluções para o problema, mas também pela riqueza das informações. Usem o espaço a seguir.

(tema-título)

ABAIXO-ASSINADO
Ao (À)

Nós, abaixo-assinados,

, de de 20
NOME RG/CPF ASSINATURA

26
Produ•‹o de Texto
5. Concluída a primeira versão do abaixo-assinado escrito por seu grupo, é chegado o momento da revisão. Para isso, siga o
roteiro apresentado no quadro a seguir, assinalando a coluna correspondente à avaliação que você e seus colegas fazem
do texto em relação a cada critério.

REVISÃO

O abaixo-assinado tem um título que explicita o seu tema?

O abaixo-assinado explicita o destinatário por meio do vocativo?

O abaixo-assinado explicita os autores, já na primeira parte do corpo do texto?

O abaixo-assinado contextualiza o problema para o qual será exigida uma solução?

O abaixo-assinado apresenta argumentos válidos para defender a sua proposta?

O abaixo-assinado propõe claramente as ações necessárias para a solução do problema?

O abaixo-assinado traz as assinaturas dos seus autores?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

6. Com base na avaliação que vocês fizeram, redijam uma segunda versão do texto, melhorando cada um dos pontos para
os quais vocês marcaram ou no quadro de revisão. Utilizem, para a versão definitiva, um impresso adequado para
a divulgação do texto. Afinal, ele poderá ser de fato enviado às pessoas responsáveis pela solução do problema. Caso
seja do interesse do grupo, ou mesmo possível, a versão definitiva pode ser até mesmo digital.

7. Finalmente, apresentem o texto para os colegas de sala e, em seguida, divulguem-no para os alunos de outras turmas.
Ele pode ser afixado no mural de um corredor da escola ou ser publicado em algum meio digital.

Parada complementar: 5 a 8
Teste seu conhecimento: 7

CONECTE!

No capítulo anterior, que tratou do “manifesto”, você teve a oportunidade de conhecer a importância da internet na
ampliação dos conhecimentos sobre os gêneros textuais. Saiba que no caso do abaixo-assinado não é diferente.
Uma rápida pesquisa vai possibilitar a localização de sites que poderão enriquecer o que você aprendeu até o momento.
Eis alguns deles:
• <https://brasilescola.uol.com.br/redacao/abaixo-assinado.htm>. Acesso em: 17 jan. 2020.
• <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/abaixoassinadoum-genero-textual-para-exercer-cidadania.htm>.
Acesso em: 17 jan. 2020.
Existem ainda outras opções de leitura e aprendizagem. Uma delas está no site <https://super.abril.com.br/tudo-sobre/
abaixo-assinado>. Acesso em: 17 jan. 2020.
Caso seja de seu interesse produzir um abaixo-assinado, você pode obter mais informações no site <www.change.org/start-a-
petition>. Acesso em: 17 jan. 2020.
Portanto, aproveite esse farto material para ampliar o que você estudou sobre esse gênero cada vez mais presente em nossa
sociedade.

27
PARADA COMPLEMENTAR

Texto para as questões 1 a 4.

Repúdio à extinção da literatura nas escolas


Destinatário: http://www.sed.ms.gov.br
ABAIXO-ASSINADO
“O declínio da literatura indica o declínio de uma nação”.
Johann Wolfgang von Goethe
Nós, abaixo-assinados, vimos repudiar a resolução no 3.196, da SE/MS, publicada no DOE de 30/01/2017
e que dispõe sobre a organização curricular e o regime escolar do ensino fundamental e do ensino médio nas
escolas da rede estadual de ensino, no tocante à parte que extingue a disciplina de Literatura – anexando-a à
disciplina de Língua Portuguesa.
Compreendemos que tal medida se constitui em grande retrocesso para a formação integral do estudante,
uma vez que a literatura é um dos grandes instrumentos de aquisição de saberes em todas as áreas da formação
humana, tanto intelectual quanto cidadã.
Certos de que Vossa Excelência será sensível ao nosso apelo, assinamos.
Disponível em: <www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/34983>. Acesso em: 17 jan. 2020.

1. O destinatário do abaixo-assinado é um órgão do governo de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado da Educação.
Por que essa secretaria e não outra?

2. Qual é o objetivo desse abaixo-assinado?

3. Qual é o principal argumento usado no texto para alcançar a reivindicação?

4. Na frase final, os locutores do texto falam em “apelo”. O leitor atento pode perfeitamente deduzir que apelo é esse. Es-
creva uma pequena frase, explicitando de que apelo se trata.

Texto para as questões 5 a 8.

Abaixo-assinado
Adequação da sinalização das ruas do bairro
NÓS, OS MORADORES DAS RUAS PRUDENTE DE MORAES e RUA JOSÉ BONIFÁCIO, como também das
ruas circunvizinhas, situadas no Bairro Campos, no município de Parnaíba (PI), vimos, pelo presente abaixo-
-assinado, EXIGIR da Prefeitura Municipal de Parnaíba (através da Superintendência de Planejamento, Secre-
taria de Transportes, Trânsito e Articulação com as Forças de Segurança e da Secretaria de Serviços Urbanos),
A ADEQUAÇÃO DA SINALIZAÇÃO DAS RUAS DO BAIRRO E PRINCIPALMENTE DAQUELAS EM QUE MAIS
ACONTECEM ACIDENTES DIARIAMENTE, em especial a esquina da Rua Prudente de Morais com a José Bonifácio
(esquina da Escola Euclides de Miranda).

28
Produ•‹o de Texto
[...] TODOS OS DIAS acontecem graves acidentes em razão da imprudência e imperícia dos motoristas e
motociclistas. Há falha na sinalização defeituosa e dúvida quanto ao sentido do tráfego, pois, recentemente, a
Prefeitura fez alteração no sentido do trânsito, MAS NÃO SINALIZOU e NEM DIVULGOU.
Portanto, solicitamos a sinalização horizontal e vertical correta, além da fixação de tachões nesses cruzamen-
tos e que a guarda municipal faça o serviço de orientação por, pelo menos, um mês.
Esperamos que sejam tomadas as providências cabíveis pelas Autoridades Competentes em caráter de urgência.
Disponível em: <www.vejaphb.com.br/2018/02/populares-fazem-abaixo-assinado.html>. Acesso em: 30 set. 2019.

5. A reivindicação feita por meio do abaixo-assinado é legítima e muito importante. Por quê?

6. Releia, com atenção, o trecho a seguir: “TODOS OS DIAS acontecem graves acidentes em razão da imprudência e impe-
rícia dos motoristas e motociclistas”. Apesar da importância do abaixo-assinado, esse trecho é contraditório em relação
à reivindicação feita. Por quê?

7. Que problema de sinalização está causando os acidentes?

8. Os locutores do texto usaram muitas palavras e frases em letras maiúsculas. Em sua opinião, esse recurso tem efei-
to argumentativo?

PARA FIXAR

Para você fixar o que estudou sobre o gênero textual “abaixo-assinado”, proporemos uma atividade. Leia cada uma das
proposições, avalie o seu conteúdo e, em seguida, indique em qual coluna elas devem ficar.

TOTALMENTE TOTALMENTE
PROPOSIÇÕES
CORRETO ERRADO

O abaixo-assinado tem como características principais a argumentação e a persuasão.

O público-alvo das reivindicações de um abaixo-assinado são pessoas influentes e


com autonomia para tomar decisão.

No corpo do texto deverá constar a exposição do problema apontado seguido de uma


argumentação convincente que a justifique.

Como forma de aproximação do leitor previsto, é importante, no abaixo-assinado,


usar estruturas típicas da linguagem coloquial, informal.

Não apenas a assinatura, mas, também, o número da identidade do signatário ou de


seu CPF são importantes para a credibilidade do abaixo-assinado.

Por tratar de assuntos de interesse privado, o abaixo-assinado permite que seu autor
narre as próprias experiências diante de um problema social.

O abaixo-assinado pertence a um campo da linguagem conhecido como práticas de


estudo e pesquisa, já que sua redação exige a análise de muitos fatos e dados.

29
U7

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

COMO ATUAR
NA SOCIEDADE
MANIFESTANDO-SE
POR ESCRITO?
Agora, leia o texto a seguir.
imagem de abertura da Unidade é bem sugestiva para os gêneros trabalhados. Não é
A difícil reconhecer nela a marca da coletividade, da união, da luta por causas capazes de
beneficiar toda a população. Enfim, essa imagem sintetiza muitas características funcionais
do manifesto e do abaixo-assinado, cuja principal função é dar voz às pessoas, permitindo
que elas atuem na vida em sociedade e exerçam o direito à cidadania, entre outras.
Para que os gêneros sejam efetivos, é necessário levar em conta suas características fun-
cionais mais importantes: argumentar e convencer, usando a linguagem dentro dos limites da
norma-padrão.
Saber analisar e produzir esses gêneros textuais é uma forma de atuar no mundo, expressar
opiniões e exigir mudanças para toda a coletividade.

Horacio Villalobos/Corbis/Getty Images

30
ANOTA‚ÍES

31
DE QUE MANEIRAS
8
UNIDADE
OS TEXTOS PODEM
ENSINAR?

32
Existem textos cuja finalidade principal é ensinar. Cite alguns exemplos.

A imagem usada nesta página confirma ou nega esse propósito? Por quê?

Os verbetes de dicionário e os textos que você tem em seus livros escola-


res são exemplos dessa capacidade. Qual é a importância deles no seu dia
a dia?

jannoon028/Shutterstock

33
UNIDADE 8
CAPÍTULO
VERBETE DE DICIONÁRIO: DO

1 MUNDO DOS SIGNIFICADOS PARA


OS SIGNIFICADOS DO MUNDO
Estudaremos
neste capítulo:

Rita Barreto/Acervo da fotógrafa


O que podemos aprender com
os verbetes de dicionário

Como se constroem os
verbetes de dicionário

Outros dicionários

O que podemos aprender com os verbetes


de dicionário
Em um passado não muito distante, quem precisasse consultar o significado de uma
palavra ou se informar sobre um assunto de alguma área do conhecimento humano (História,
Ciências, Artes, etc.) tinha a seu dispor basicamente dois recursos de pesquisa: os dicioná-
rios e as enciclopédias.
O surgimento da internet mudou muito esse procedimento. Para ter acesso fácil, rápido
e quase gratuito a esses mesmos tipos de pesquisa, as famílias não precisam mais gastar
enormes somas de dinheiro para comprar enciclopédias em vários volumes ou imensos dicio-
nários. Os sites de busca e pesquisa são bastante eficientes e podem oferecer informações
muito mais atuais.
No entanto, engana-se quem pensa que as pesquisas eletrônicas são feitas sem as lições
do passado. Muito pelo contrário! Existem versões on-line dos grandes dicionários e elas

34
Produção de Texto
nunca abandonaram a estrutura básica dos chamados verbetes. As enciclopédias digitais
valorizam, sim, a caracterização de uma palavra ou expressão com base em sua classe grama-
tical, em sua origem, em sua pronúncia correta. E isso não é uma criação original. O gênero
textual verbete de dicion‡rio já indicava a necessidade dessas informações para a perfeita
interação com os leitores.
Um gênero como esse, pela sua grande relevância e por resistir às mais modernas tecno-
logias, não poderia ficar ausente deste Caderno, especialmente de uma Unidade didática que
privilegia o uso da língua em uma das atividades mais comuns do seu dia a dia, as práticas
de estudo. Por isso, vamos estudá-lo um pouco mais a fundo. Para isso, leia atentamente o
verbete a seguir.

reciclagem s.f. 1 ato, processo ou efeito de reprocessar uma substância, quando sua
transformação está incompleta ou quando é necessário aprimorar suas propriedades ou
melhorar o rendimento da operação como um todo 2 ECO INDÚS recuperação da parte
reutilizável dos dejetos do sistema de produção ou de consumo, para reintroduzi-los no
ciclo de produção de que provêm <r. do papel, do vidro, da água> 2.1 adaptação a uma nova
utilização <r. de garrafas plásticas> 3 fig. Reutilização com nova roupagem <reciclar velhas
histórias, adaptando-as ao momento atual> 4 fig. Revisão ou modificação de política, mé-
todo de trabalho etc. <r. do ensino> 5 p.ext. B formação complementar dada a um profissio-
nal para permitir-lhe adaptar-se aos progressos industriais, científicos, pedagógicos etc. 6
ECO reutilização cíclica de um composto ou elemento químico pelos integrantes do ecos-
sistema através da teia alimentar 7 ELETR alteração de ciclagem ETIM reciclar + -agem
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 1622.

A língua passa por transformações o tempo todo. Palavras de largo uso em épocas passadas
já desapareceram para dar lugar a outras. Algumas, esquecidas por um tempo, voltam ao uso,
com velhos ou novos significados.
É em meio a esse dinamismo que trabalham os profissionais encarregados de elaborar
verbetes. Qual é a finalidade principal desse trabalho? Oferecer ao leitor um conjunto de infor-
mações sobre a palavra, a expressão, o termo: sua origem, sua classe gramatical, seus usos,
seus diferentes significados nos diferentes contextos possíveis. E muito mais!
Você e seus colegas já tinham parado para pensar nesse assunto? Vamos aprofundar a
discussão e conferir?

Voc• sabia?
A palavra verbete não é uma exclusividade dos dicionários. Podemos usá-la, também, quando
queremos nos referir às enciclopédias. É claro que há diferenças marcantes entre um verbete de dicio-
nário e um verbete de enciclopédia. O primeiro, além do sentido da palavra, apresenta também expli-
cações relacionadas à origem, à classe morfológica, à grafia e à pronúncia do vocábulo. Não raro, os
bons dicionários trazem exemplos de uso da palavra, nos seus variados significados e contextos. E, é
claro, sinônimos que podem ser usados, por exemplo, para evitar a repetição do termo em um texto.
Já o segundo não tem seu objetivo fundamental centrado no significado, na apresentação de sinô-
nimos, mas, sim, em caracterizar o objeto de estudo (um ser, um objeto, um fenômeno, entre outros)
de modo mais detalhado, explorando, além da linguagem verbal, a linguagem não verbal, como fotos,
mapas, gráficos, diagramas, etc.

35
PARADA OBRIGATÓRIA

1. A palavra reciclagem surgiu no final do século passado; portanto, é relativamente nova na língua portuguesa. Indique
pelo menos uma razão para a sua incorporação aos dicionários e enciclopédias.

2. Cite duas informações que o verbete transmite ao leitor.

3. Entre os significados da palavra reciclagem apresentados no verbete, qual deles é o mais comum e próximo da realida-
de da maioria das pessoas?

4. Releia, com atenção, os fragmentos a seguir: “<r. do papel, do vidro, da água>”, “<r. de garrafas plásticas>”, “<reciclar ve-
lhas histórias, adaptando-as ao momento atual>”, “<r. do ensino>”. O que sugere a abreviatura r., usada nos fragmentos?
Qual é a importância desses fragmentos?

Parada complementar: 1 a 5
Teste seu conhecimento: 8

36
Como se constroem os verbetes

Produção de Texto
de dicionário
O mundo da linguagem, da língua e dos textos é um maravilhoso leque de possibilidades. O
que fazemos quando queremos saber informações sobre um filme? Lemos sua sinopse ou até
mesmo uma resenha sobre ele. E se quisermos nos inteirar acerca de uma palavra ou expressão
da língua? Consultamos um dicionário ou uma enciclopédia. Afinal, ali podem ser encontradas
as informações mais relevantes de que precisamos. Por isso, tais informações são apresen-
tadas de forma ordenada, com subdivisões bem nítidas, recursos linguísticos bem destacados.
É assim que os verbetes interagem com o leitor, cumprem sua função comunicativa e se esta-
belecem em nossa cultura como um legítimo gênero textual.
Por isso, podemos elencar as seguintes características estruturais do gênero:
• Inicialmente aparece, em destaque, a entrada do verbete. Em alguns dicionários, essa en-
trada costuma ter uma cor diferente do restante do texto e até mesmo apresentar a pala-
vra dividida em suas sílabas.
• Na sequência, aparece a abreviatura da classe morfológica da palavra. No exemplo dado,
essa informação está na abreviação “s.f ”, substantivo feminino.
• Em seguida, são enumerados os vários sentidos do vocábulo. Observe que há exemplos de
frases para cada uma das acepções. Esses exemplos são chamados de abonações.
• Outras informações podem complementar e enriquecer o verbete: a indicação de que a
palavra pode ser usada em sentido figurado, como atesta a abreviatura “fig.”, o processo Voc• sabia?
pelo qual a palavra foi formada (no caso, “reciclagem” deriva de “reciclar”, verbo ao qual Latim é o nome de
foi acrescentado o elemento “-agem”). Por fim, vale destacar que, com relação ao nível de uma antiga língua. Ela
linguagem, os verbetes privilegiam a norma-padrão da língua. Além, claro, de serem mar- surgiu em uma região
cados pela objetividade e pela clareza. que corresponde,
atualmente, ao
território da Itália,
ZOOM especialmente a
cidade de Roma.
A palavra verbete é originária de uma língua antiga chamada latim. Nessa língua, usavam-se os Essa região, chamada
termos verbi e verbo com o sentido de palavra. Mais tarde, quando verbo chegou à língua portu- Lácio, deu origem
guesa, recebeu, entre várias outras terminações, o elemento -ete, que tem valor diminutivo. Você, ao nome da língua.
então, poderia estar se perguntando: o verbete é uma palavra pequena? Obviamente, o sentido é Com a expansão do
Império Romano
outro. Ao ser incorporada ao nosso dia a dia, verbete passou a destacar que cada palavra dicio-
para diversas regiões,
narizada tem seus significados, seus conceitos, seus sinônimos e exemplos apresentados em um o latim também
texto breve, curto, objetivo, no qual se usam até mesmo abreviações. passou a influenciar
outros povos e suas
respectivas línguas.
Com o fim do
Império Romano e a

ENTRE EM AÇÃO
natural modificação
do latim, outras
línguas surgiram.
Reúna-se com alguns colegas a fim de compartilhar a(s) palavra(s) coletadas em casa com os São as chamadas
línguas neolatinas,
familiares. Cada membro do grupo revelará o resultado da própria pesquisa. Então, façam uma
entre as quais estão
votação para eleger a palavra mais original, mais interessante, capaz de cativar o interesse da o português, o
maioria dos colegas de classe. O passo final é preparar uma apresentação da palavra e seu signi- espanhol, o francês, o
ficado para toda a turma. italiano, entre outras.

37
PARADA OBRIGATÓRIA

5. Após as apresentações, será feita uma nova escolha: qual palavra, na opinião consensual do grupo, despertou mais inte-
resse e curiosidade. Selecionada essa palavra, o grupo produzirá o verbete, com todas as informações necessárias para
a compreensão dos possíveis leitores e, claro, com todos os elementos estruturais do gênero. Para isso, o grupo deverá
dispor o texto nos espaços a seguir.

[ ] .
(entrada) (origem) (morfologia)

6. É hora de rever o que seu grupo escreveu. Para isso, a equipe deverá seguir o roteiro apresentado no quadro abaixo,
assinalando a coluna correspondente à avaliação que você e seus colegas fazem do texto em relação a cada critério. Ao
detectar possíveis erros, não deixe de voltar ao texto e fazer as correções necessárias.

REVISÃO

O verbete atende integralmente ao comando, isto é, uma palavra usada por gerações anteriores?

A entrada está em destaque?

O verbete apresenta a classe gramatical da palavra?

O verbete explicita o(s) significado(s) da palavra?

Em caso de mais de um sentido, eles estão devidamente numerados?

O verbete tem, pelo menos, uma abonação para cada sentido?

As frases são claras, objetivas, sintéticas?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

7. Com base na avaliação que vocês fizeram, redijam uma segunda versão do texto, melhorando cada um dos pontos para
os quais vocês marcaram ou no quadro de revisão. Utilizem, para a versão definitiva, um impresso adequado para
a divulgação do texto. Uma das possibilidades será reunir todos os verbetes criados em um pequeno dicionário, a ser
disponibilizado, por exemplo, na biblioteca escolar.

Parada complementar: 6 a 8
Teste seu conhecimento: 9
38
Outros dicionários

Produção de Texto
Reprodução/Editora Gaia

Reprodução/Editora Aeroplano
Você sabia que existem dicionários especializados?
Sua finalidade é apresentar aos leitores as palavras mais
comuns de determinada área do conhecimento humano
e levá-los a apreender os seus significados. Veja ao lado
dois exemplos de dicionário.
Há ainda outros exemplos: ABC do Carnaval, Dicio-
nário de Expressões Gauchescas, Dicionário dos termos
empregados em turismo, Dicionário de Gírias, Dicionário
da Internet Brasileira, etc.

PARADA OBRIGATÓRIA

8. Você já pensou na possibilidade de dar alguma contribuição para algum dicionário especializado? Saiba que isso é pos-
sível! Para tanto, siga as instruções abaixo para construir, você mesmo, um verbete de dicionário.
• Escolha uma área de grande interesse para você: esportes, música, cinema, games, moda.
• Delimite a área escolhida: esporte (tradicionais, radicais), música (rock, MPB, funk), cinema (aventura, suspense, terror).
• Selecione uma palavra de largo uso na área escolhida e sua delimitação: “embaixadinha”, “solo”, “funk ostentação” e cons-
trua o verbete.
• Não se esqueça das características do gênero verbete estudadas há pouco.
• Desta vez, você utilizará o seu caderno para a primeira versão.

9. Antes de fazer a versão definitiva de seu verbete, é preciso passar pela revisão. Para isso, você trocará o seu caderno com
um colega e seguirá o roteiro apresentado no quadro, assinalando a coluna correspondente à avaliação que você faz do
texto em relação a cada critério. Ao detectar possíveis erros, não deixe de comentar com o colega a importância de ele
voltar ao texto e fazer as correções necessárias. Você fará o mesmo com base nas observações apontadas por quem leu
e avaliou o seu texto.

REVISÃO

O verbete atende integralmente ao comando, isto é, uma palavra específica de uma área de seu interesse?

A entrada está em destaque?

O verbete apresenta a classe gramatical da palavra?

O verbete explicita o significado da palavra?

O verbete tem, pelo menos, uma abonação para explicar o sentido?

As frases são claras, objetivas, sintéticas?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

39
10. Com base na avaliação que seu colega fez de seu verbete, elabore uma segunda versão do texto, melhorando cada um
dos pontos que merecem reescrita.

11. Utilize, para a versão definitiva, um impresso adequado para a divulgação do texto. Uma das possibilidades é um pe-
queno cartaz, contendo não apenas o verbete, mas, também, ilustrações ou fotografias capazes de chamar a atenção
dos leitores previstos. Outra opção seria uma edição eletrônica reunindo todos os verbetes produzidos pela classe. Sem
dúvida, isso alcançaria um público leitor muito mais amplo.

Parada complementar: 9 a 11
Teste seu conhecimento: 10

CONECTE!

O acesso a verbetes de dicionário é uma tarefa bem simples, especialmente nos tempos atuais,
quando a democratização da internet é uma realidade inquestionável. Qualquer palavra digitada
em plataformas de busca levará o internauta, primeiramente, ao significado que a palavra assume
em vários contextos.
Mas é possível fazer consultas mais apuradas de modo a visualizar não apenas os significados, mas
toda a estrutura de um verbete. Veja, por exemplo, como alguns dicionários on-line dispõem as
palavras para as consultas.

Reprodução/https://dicionario.priberam.
org/vernaculo
Disponível em: <https://dicionario.priberam.org/vernaculo>. Acesso em: 17 jan. 2020.

Caso necessite saber o significado de uma palavra, você pode acessar <https://dicionario.priberam.
org>/. O verbete vernáculo, citado anteriormente, pode ser encontrado nele.
Outro dicionário on-line de grande credibilidade é o Michaelis. Para acessá-lo, você pode
pesquisar em <http://michaelis.uol.com.br/busca>. Veja como ele traz as informações sobre a
palavra pesquisada:
Reprodução/Editora Melhoramentos

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=verbete>. Acesso em: 17 jan. 2020.

Há, contudo, dicionários mais tradicionais, que apresentam verbetes mais completos. Trata-se do
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

40
Produção de Texto
PARADA COMPLEMENTAR

1. Converse com familiares e colete pelo menos uma palavra muito usada quando eles eram jovens, mas que atual-
mente caiu em desuso. Anote essa(s) palavra(s) com os respectivos significados e exemplos de uso. Traga essa pes-
quisa na próxima aula.

Texto para as questões 2 a 5.

© Adão Iturrusgarai/Acervo do cartunista


ITURRUSGARAI, Adão. Disponível em: <http://kdimagens.com/imagem/a-volta-do-homem-legenda-824>. Acesso em: 17 jan. 2020.

2. A compreensão da tirinha exige do leitor, inicialmente, o conhecimento do que significa a palavra apolítico. Consulte
um dicionário e transcreva o resultado de sua pesquisa.

3. Outra palavra importante para a compreensão do texto é legenda. Pesquise no dicionário e transcreva o sentido mais
comum dessa palavra para a maioria das pessoas.

4. Homem-legenda é um personagem humorístico criado pelo cartunista Adão Iturrusgarai. Com base nessa informa-
ção, no que você pesquisou até o momento e na tirinha lida, justifique por que ele se chama Homem-legenda.

5. O significado de apolítico dado pelo Homem-legenda é bem diferente do sentido dicionarizado da palavra. Isso é uma
evidência de que o Homem-legenda é um personagem humorístico, e até crítico. Com base nessas explicações, escreva
um pequeno parágrafo, explicando a crítica que ele faz.

Texto para as questões 6 a 8.

Cadeia [Do lat. Catena] S.f. 1. Corrente de anéis ou de elos de metal; grilhagem, grilhão. 2. V. grilhão (3). 3. Casa
de detenção. [Sin., nesta acepç. (alguns pop. Ou de gír.): buque, calabouço, cana, cárcere, catita, cubículo, dita,
gaiola, grades, jejé, pote, presídio, prisão, xadrez, xilindró.] 4. Cativeiro, escravidão, sujeição. 5. Conjunto de
fatos ou fenômenos que ocorrem sucessivamente: uma cadeia de explosões. 6. Série ininterrupta de objetivos
semelhantes. 7. Conjunto de lojas ou estabelecimentos pertencentes a uma mesma firma: cadeia de supermer-
cados. 8. Rede de emissoras de rádio e/ou televisão que difundem o mesmo programa. 9. Álg. Mod. Conjunto
linearmente ordenado. 10. Arquit. Pilastra para reforçar paredes, empregada, em geral, na sustentação das vigas
dos sobrados.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI:
o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. rev. e ampl.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

41
6. A palavra acepção é muito empregada quando se trata da análise de verbetes de dicionários. Ela designa cada um dos
sentidos atribuídos a uma palavra. Com base nessa informação, responda: quantas acepções tem a palavra cadeia?

7. De acordo com o verbete na acepção 3, a palavra cadeia possui muitos sinônimos populares ou gírias: buque, ca-
labouço, cana, cárcere, catita, cubículo, dita, gaiola, grades, jejé, pote, presídio, prisão, xadrez, xilindró. Entre essas
expressões populares ou gírias, selecione aquela que você conhece e crie uma frase para exemplificar o seu uso.

8. Observe a primeira informação do verbete: [Do lat. catena]. O que ela revela para o leitor?
Textos para as questões 9 a 11.
Texto I

Grilo grilado
No fundo O grilo coitado
Não ilude. Anda grilado.
É só reparar E eu sei
Em sua atitude O que há.
Pra se desconfiar.
Salta pra aqui
O grilo Salta pra ali
Coitado Cri-cri pra cá
Anda grilado Cri-cri pra lá.
E quer um analista
E quer um doutor. O grilo
Coitado
Seu grilo Anda grilado
Eu sei: E não quer contar.
O seu grilo
É um grilo
De amor
JOSÉ, Elias. Um pouco de tudo: de bichos, de gente, de flores.
São Paulo: Paulus, 1982. p. 21.

Texto II

grilo [Do lat. Grillu.] S.m.1. Zool. Inseto, ortóptero, griloideo, de coloração geralmente parda ou escura, com
antena muito mais longa que o corpo, [...]. 5. Fig. Preocupação, amolação, chateação [...].
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio de Língua Portuguesa. 3. ed. 3. imp. Curitiba: Positivo, 2007. p. 1005.

9. O que significa a abreviatura Fig., usada na acepção 5?

10. No poema de Elias José, há algum verso em que a palavra grilo é usada conforme a acepção 5? Em caso afirmativo, trans-
creva a estrofe em que ela se encontra.

11. Considerando as informações do verbete e o contexto do poema, escreva um pequeno verbete para a palavra “grilado”.

42
Produção de Texto
PARA FIXAR

É hora de fazer uma atividade para fixar os conceitos mais importantes sobre o gênero em estudo. Para isso,
realize a atividade a seguir.
Leia o texto e complete as lacunas de modo a construir as características mais importantes de um verbete.

ver.be.te (ê) [verbo + ete] sm. 1. Cada uma das palavras que compõem os e as enci-
clopédias. Ex.: verbete. 2. Gênero textual que tem por finalidade inicial apresentar os
de uma palavra ou expressão da língua. 3. Texto que descreve as palavras de uma língua, informando,
além de seus sentidos, a a que pertencem, a maneira correta de pronunciá-las e
. 4. Texto escrito de caráter expositivo e informativo; por isso, precisa apresentar como
características: a ,a e a síntese. Tudo isso em uma linguagem pre-
dominantemente .

43
UNIDADE 8
CAPÍTULO

ESCRITOS PARA ENSINAR:


2 OS TEXTOS DIDÁTICOS
Estudaremos
neste capítulo:

Renata Mello/Pulsar Imagens


Os textos didáticos

Como se constroem
os textos didáticos

Suas experiências de jovem leitor e de estudante sempre o colocaram diante dos livros esco-
lares e dos textos que os compõem. Todos eles, considerando as suas condições de produção e
recepção, foram elaborados com o propósito de ensinar, transpor conhecimentos científicos –
históricos, geográficos, matemáticos, linguísticos, biológicos – de maneira acessível a crianças
e adolescentes. Pela sua grande relevância, os textos didáticos, como são chamados, serão
tema deste capítulo.

Os textos didáticos
Nossa trajetória rumo à construção de conhecimentos sobre o texto didático exigirá que
você participe de uma pequena simulação: imaginar que seus professores de Ciências e
Geografia, em parceria, decidiram trabalhar um conteúdo comum: os biomas brasileiros. A
primeira tarefa que eles propuseram a você foi a leitura atenta do texto a seguir. Leia-o com
dedicação e atenção, do mesmo modo como você faria em suas aulas daquelas disciplinas.

44
Os biomas brasileiros

Produção de Texto
Para iniciar os seus estudos sobre os biomas brasileiros, você
Biomas brasileiros
deverá analisar o mapa ao lado com bastante atenção.
50º O
Os mapas, desde tempos antigos, fazem parte da aventura OCEANO

humana pelo conhecimento. Eles são representações visuais de


ATLÂNTICO
Equador 0º
uma ou várias regiões. Podem até mesmo representar todo o
globo terrestre.
Você também sabe que existem diversos tipos deles. O mapa
ao lado apresenta o Brasil sob uma perspectiva bem parti-
cular. Ele registra as subdivisões de nosso país conforme os
seus biomas predominantes. A palavra bioma tem, em seus
elementos constituintes, informações importantes que podem
ajudá-lo a compreender os seu significado. Tais elementos são
“bio” (“vida”) e “oma” (grupo ou massa). Bioma é um espaço

Banco de imagens/Arquivo da editora


OCEANO
geográfico que contém formas de vida (animal e vegetal), tipos PACÍFICO
Trópico
de solo e de planta, clima, período das chuvas, altitude com Amazônia Capricór
de
nio
certo grau de homogeneidade, isto é, com nível significativo de Mata Atlântica
Cerrado
características semelhantes. Pantanal

Com base nesse critério, definiram-se, portanto, seis biomas Caatinga


0 525
Pampa
presentes no território brasileiro: Amazônia, Cerrado, Mata Atlân- km

tica, Caatinga, Pantanal e Pampa. Disponível em: <www.


gestaoeducacional.com.br/
biomas-brasileiros-quais-sao-
Amazônia caracteristicas-e-localizacao/>.
Acesso em: 5 out. 2019.
O mapa não deixa dúvidas: a Amazônia é o maior bioma brasileiro. Afinal, ele se estende por
quase metade de todo o território nacional. Isso tem, obviamente, uma explicação: a floresta
amazônica, a maior cobertura vegetal do planeta, cortada por rios que formam a principal reserva
de água doce do mundo. Entre eles, o rio Amazonas, o maior do mundo em volume de água.

Sylvain CORDIER/Gamma-Rapho/Getty Images

45
A foto anterior pode sugerir que o bioma Amazônia deva ser caracterizado como um gigan-
tesco tapete verde. Isso não corresponde à verdade, já que existem vários tipos de mata dentro
da floresta. A ilustração a seguir demonstrará esse traço característico do bioma.
MATA DE VÁRZEA: região
da floresta que fica alagada

MRS Editorial
durante o período das N S
chuvas e das cheias dos rios. Mata de Mata
Planalto das Guianas Depressão marginal
terra firme de igapó sul-amazônica e planaltos
MATA DE IGAPÓ: região da Serras Planalto Mata residuais sul-amazônicos
de várzea Nível das
floresta permanentemente norte-amazônico águas altas Rio Amazonas
alagada. Por isso, suas (enchentes)
plantas são resistentes
à água.
MATA DE TERRA FIRME:
região da floresta que Solo sedimentar
Depósitos sedimentares
nunca é coberta pelas recente de várzea
terciários de terra firme
águas. Possui árvores que
podem medir mais de 40 Sedimentos
metros de altura, como a
castanheira e a sapucaia.
Isso faz com que o interior
dessa parte da floresta Voc• sabia?
seja sempre mais escuro.
Com pouca luminosidade,
as plantas pequenas não O ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) é um programa do Governo Federal,
conseguem sobreviver. O
coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), gerenciado financeiramen-
solo é pobre em nutrientes,
mas a decomposição das te pelo FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e financiado com recursos
folhas serve de adubo para do Global Environment Facility (GEF) – por meio do Banco Mundial, do governo da
a própria floresta continuar Alemanha – por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), da Rede
seu ciclo de vida. WWF – por meio do WWF-Brasil, e do Fundo Amazônia, por meio do BNDES.
Lançado em 2002, o ARPA é o maior programa de conservação de florestas tropi-
cais do planeta e o mais expressivo ligado à temática das unidades de conservação no
Brasil. Atualmente encontra-se na terceira fase, iniciada em 2014.
O Programa foi criado com o objetivo de expandir e fortalecer o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC) na Amazônia, proteger 60 milhões de hectares,
assegurar recursos financeiros para a gestão destas áreas a curto/longo prazo e pro-
mover o desenvolvimento sustentável na região. [...]
Disponível em: <http://arpa.mma.gov.br/oquee/>. Acesso em: 5 out. 2019.

ZOOM

O cotidiano escolar está repleto de expressões em que se emprega o adjetivo “didático”. Alguns exem-
plos: “materiais didáticos”, “livros didáticos”, “projetos didáticos”. Por que isso? A razão é simples: por
causa do substantivo “Didática”, que designa a arte e as técnicas de ensinar. Em termos mais modernos,
trata-se de um campo de estudo, um ramo da ciência pedagógica, que estuda o processo de ensino e de
aprendizagem, isto é, as relações entre o ato de ensinar, mediado pelo professor, e o ato de aprender,
cujo protagonista é o aluno. Por isso, a expressão “texto didático” tem tanta importância a ponto de ser
tema deste capítulo. Ela se refere aos textos escritos com a finalidade primeira de ensinar. Seu foco é a
aprendizagem do leitor, especialmente os estudantes; daí, ele se valer de técnicas específicas para favo-
recer a interação e a construção de novos saberes.

46
Produção de Texto
PARADA OBRIGATÓRIA

Volte ao texto “Biomas brasileiros”. Ele foi especialmente escrito para este Caderno a fim de orientar seus conhecimentos
sobre o gênero texto didático.

1. Durante a leitura do texto, você deve ter observado que algumas palavras foram destacadas. Apresente uma hipótese
para explicar esse recurso.

2. Avalie a relevância que as ilustrações desempenham em um texto didático.


( ) Pouco importantes. ( ) Importantes. ( ) Muito importantes.
Em seguida, justifique sua resposta.

3. Outro elemento do texto didático é a subdivisão em tópicos. Por que esse recurso é importante?

Parada complementar: 1 a 5
Teste seu conhecimento: 11

Como se constroem os textos didáticos


Segundo Leonardo da Vinci, aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca
tem medo e nunca se arrepende. Por essas e outras razões, estamos permanentemente apren-
dendo. O ato de aprender ocorre em vários ambientes sociais, mas é a escola o lugar oficial em
que as informações se transformam em conhecimentos.
Quem escreve o texto didático tem esse objetivo e mobiliza o desejo de que o leitor capture
o conteúdo a ser ensinado. Nesse processo, entram em jogo diversas regras de construção.
Uma das mais frequentes é a conceituação. Como o próprio nome diz, trata-se da elaboração de
conceitos. O texto “Biomas brasileiros” utiliza bem essa estratégia. Ao longo de seu desenvol-
vimento, apresentam-se conceitos importantes: mapas, biomas, mata de várzea, entre outros.

47
Em seguida, procede-se a uma nova estratégia: a explicação. O autor esclarece para o leitor
como o conceito de “bioma” se aplica às características da Amazônia, sobretudo o tipo de
vegetação. Por fim, a exemplificação: os tipos de clima, de bioma, de mata, entre outros.

A linguagem e os recursos do texto didático


Os textos didáticos são multimodais. Isso significa que, geralmente, apresentam mais de uma
modalidade de linguagem em sua composição: além da linguagem verbal, os desenhos, as foto-
grafias, os diagramas, as tabelas. Vamos conhecer outras características desse gênero textual?
• Seu objetivo é ensinar conhecimentos de natureza científica.
• As frases são, em sua maioria, expositivas e descritivas.
• As frases primam pela objetividade, pela clareza e pela impessoalidade.
• O nível de linguagem precisa ser adequado à faixa etária do público-alvo.
• Emprega formas verbais predominantemente no presente do indicativo.

PASSO A PASSO

Considere esta possibilidade: estar diante do desafio de resolver uma questão cujo
texto-base é o que se lê a seguir.

Paisagens protegidas
Tanto as paisagens naturais como as culturais podem ser protegidas por lei, ou
seja, não podem sofrer alterações pela ação humana. Para serem protegidas, preci-
sam possuir certa importância. São protegidas, por exemplo, as paisagens naturais
que estejam em bom estado de conservação ou que possuam grande riqueza em bio-
diversidade, como também valor cênico, e paisagens culturais, como construções his-
tóricas que representam a memória de um povo ou que tenham beleza arquitetônica.
ADAS, M; ADAS, S. Paisagens protegidas. In: Expedições geográficas. São Paulo: Moderna, 2016. p. 7.

Assinale a alternativa em que se caracterizou corretamente o recurso empregado no frag-


mento do texto didático transcrito.
a) Conceituação: “Tanto as paisagens naturais como as culturais podem ser protegidas
por lei”.
b) Explicação: “... paisagens naturais que estejam em bom estado de conservação”.
c) Exemplificação: “... paisagens culturais, como construções históricas...”
d) Síntese: “... construções históricas que representam a memória de um povo”.
As estratégias de um texto didático para interagir melhor com o leitor e favorecer sua aprendiza-
gem são bem variadas. As alternativas trazem pelo menos três delas. A exceção talvez fique por conta
da “síntese”. Os conceitos se fazem sempre presentes, e não é diferente com relação ao fragmento lido.
O problema da alternativa A, então, é o exemplo, já que a frase “Tanto as paisagens naturais como as
culturais podem ser protegidas por lei” não tem o objetivo de apresentar o conceito de “paisagens prote-
gidas”, tema central do fragmento. O mesmo ocorre em B, cuja frase não constitui uma explicação sobre
“paisagens naturais”. Como a alternativa D não apresenta a síntese do trecho lido, a resposta é, portanto,
a alternativa C. Afinal de contas, o pequeno trecho está dando exemplos do que sejam “paisagens cultu-
rais”; no caso, as “construções históricas”.

48
Produção de Texto
ENTRE EM AÇÃO
Exercite sua memória e procure lembrar-se de uma viagem que fez. Tente, agora, recolher detalhes
de um lugar que você tenha visitado durante essa viagem. Se necessário, faça, sob a orientação de
seu professor, uma pequena pesquisa usando algum livro didático ou fazendo uma rápida consulta na
internet por meio de algum smartphone: esse lugar tem alguma importância histórica para o país? Em
caso positivo, qual seria esse fato? É possível descrever esse lugar segundo suas características físicas,
econômicas e culturais? Quais seriam essas características?
Reúna todas as informações possíveis, incluindo fotos e anotações, e guarde-as para um momento
importante da aula, que será descrito a seguir.
• Reúna-se com um grupo de colegas.
• Compartilhe com eles a sua pequena pesquisa sobre sua viagem turística.
• Selecionem aquela que, na opinião do grupo, foi a viagem com mais informações interessantes,
capazes de despertar a atenção de toda a classe.
• Preparem uma apresentação para a classe, utilizando os recursos disponíveis: imagens, pequenos
vídeos, entre outros.

PARADA OBRIGATÓRIA

4. Você e seu grupo produzirão um texto, a partir de uma nova escolha. Das viagens turísticas apresentadas, qual delas cha-
mou mais a atenção do grupo? Qual das apresentações conseguiu reunir o maior número de informações sobre o local?
De posse das informações, imagine que você e seu grupo tenham recebido a tarefa de produzir um pequeno texto didá-
tico que trate do local visitado, em qualquer um de seus aspectos: culturais, geográficos, históricos. Lembre-se das ca-
racterísticas do texto didático estudadas nas seções anteriores.

49
5. É hora de rever o que seu grupo escreveu. Para isso, a equipe deverá seguir o roteiro apresentado no quadro, assinalan-
do a coluna correspondente à avaliação que você e seus colegas fazem do texto em relação a cada critério. Ao detectar
possíveis erros, não deixem de voltar ao texto e fazer as correções necessárias.

REVISÃO

O tema a ser tratado pelo texto é explicitado no título?

O texto apresenta conceito claro e objetivo do tema tratado?

O texto contém exemplos para facilitar a compreensão do assunto?

As explicações são suficientes para o entendimento do tema?

O texto utiliza palavras em destaque para enfatizar sua importância?

O texto tem subdivisões para facilitar a seleção de informações?

O texto faz uso de recursos visuais para facilitar a compreensão?

As frases são claras e objetivas?

As frases respeitam as principais normas da pontuação e da concordância entre as palavras?

6. Com base na avaliação que vocês fizeram, redijam uma segunda versão do texto, melhorando cada um dos pontos para
os quais vocês marcaram ou no quadro de revisão.

7. Utilizem, para a versão definitiva, um impresso adequado para a divulgação do texto. Uma das possibilidades é a criação
de um pequeno banner, que pode ser exposto, por exemplo, em algum evento da escola, como uma Feira de Ciências.

Parada complementar: 6 a 10
Teste seu conhecimento: 12

CONECTE!

Novas pesquisas sobre o texto didático são de fácil alcance para você. Afinal de contas, seu contato é
diário com esse gênero textual por meio dos livros que você consulta na escola ou em casa, na hora
da tarefa.
Portanto, a partir de agora, sempre que ler um texto de seu livro de Ciências, de História, de Geografia,
de Matemática, de Língua Portuguesa, entre outros, você pode ficar atento às estratégias empregadas
pelos autores, as mesmas que você conheceu com detalhes aqui. Certamente, isso ajudará bastante em
sua caminhada rumo ao conhecimento.
A seguir, são apresentados alguns links para que você possa, caso necessário, pesquisar mais sobre
esse gênero.
<www.todamateria.com.br/texto-didatico>. Acesso em: 17 jan. 2020.
<www.todoestudo.com.br/portugues/texto-didatico>. Acesso em: 17 jan. 2020.

50
Produção de Texto
PARADA COMPLEMENTAR

Texto para as questões 1 a 5. dominá-los. No Paleolítico Superior, ele supunha


que, pintando o animal, seu grupo conseguiria cap-
turá-lo durante a caçada.
Arte rupestre é o termo que denomina as repre-
sentações artísticas pré-históricas realizadas em
paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e Seria importante acrescentar esse trecho ao fragmento
abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies ro- inicial transcrito no início dessa Parada complementar?
chosas ao ar livre. A arte rupestre divide-se em dois Por quê?
tipos: a pintura rupestre, composições realizadas
com pigmentos, e a gravura rupestre, imagens gra- 5. Além da primeira característica da arte rupestre (pin-
vadas em incisões na própria rocha. tura ou gravura feita na pedra), o texto oferece outras
Em geral, trazem representações de animais, características muito importantes dessa arte. Justifique
plantas e pessoas, e sinais gráficos abstratos, às essa afirmativa.
vezes usados em combinação. Sua interpretação é
difícil e está cercada de controvérsia, mas pensa-se Texto para as questões 6 a 10.
correntemente que possam ilustrar cenas de caça,
Você responderá a algumas questões sobre um texto
ritual cotidiano, ter caráter mágico e expressar,
que trata de um período da história do Brasil: os primei-
como uma espécie de linguagem visual, conceitos,
ros anos após 1889, quando o Brasil deixou de ser um
símbolos, valores e crenças.
Império e passou a ser uma República.
Maysa Naira Eisenbach
Disponível em: <www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_
didatico/arte.pdf>. Acesso em: 6 out. 2019.

A Constituição de 1891
Uma Assembleia Constituinte foi convocada
1. As estratégias da conceituação e da exemplificação fo- para elaborar a nova Carta Magna, que foi promul-
ram bem exploradas no texto. O que está sendo concei- gada em 1891. Havia várias mudanças em relação à
tuado? O que está sendo exemplificado? Constituição do Império, como:
Forma de governo – República de regime repre-
2. Se você tivesse sido o autor do texto, teria acrescentado sentativo.
uma imagem a ele? Por quê? Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Divisão política – As antigas províncias passavam
3. O texto traz uma explicação clara sobre o que é arte ru-
a ser estados, formando os Estados Unidos do Brasil
pestre. Faltou, no entanto, esclarecer um ponto: por que
(nome oficial). Embora continuassem ligados ao po-
o uso dessa palavra, rupestre? Complemente as infor-
der central, os estados teriam mais autonomia.
mações, fazendo um pequeno verbete para esclarecer o
Capital – Passava a ser chamada de Distrito Fede-
sentido dessa palavra.
ral e continuava a ser o Rio de Janeiro.
Eleições – A escolha de deputados, senadores
4. Leia com atenção o trecho a seguir, também de autoria
e presidente de República seria direta, por meio
de Maysa Naira Eisenbach,
do voto.
Voto – Era aberto. Tinham direito ao voto todos
O artista-caçador da pré-história, ao represen- os homens maiores de 21 anos alfabetizados, exce-
tar os animais nas paredes das cavernas, acreditava to o baixo escalão do Exército e membros do clero.

51
O poder das elites Além disso, a maior parte das pessoas só sabia es-
Ao longo da Primeira República (1889 – 1930), crever o próprio nome, suficiente apenas para votar.
FUNARI, Raquel dos Santos; BUGELLI, Mônica Lungov.
o poder político continuou nas mãos da elite. Mas Aprender juntos história, 5o Ano: Ensino Fundamental.
era então comandado por uma oligarquia, ou seja, 3. ed. São Paulo: SM, 2010. p. 79-81.
o governo era controlado por um grupo de pessoas
que faziam parte do mesmo setor da sociedade,
partido político ou mesma família.
[...] 6. O locutor não necessitou fazer nenhum comentário à
parte sobre a expressão Carta Magna. Por quê?
O Brasil rural
Durante os anos iniciais da Primeira Repúbli- 7. Por duas vezes, o texto faz uso da expressão ou seja.
ca, o Brasil ainda era um país predominantemente Qual é a sua finalidade?
agrário, ou seja, ligado à agricultura, com a maioria
da população vivendo na zona rural, em povoados 8. O termo oligarquia vem destacado no texto. Com que
ou em pequenas cidades do interior do país. intenção esse destaque foi feito?
A zona rural brasileira da época era dominada pe-
las grandes propriedades, os latifúndios, pertencen- 9. De que maneira a subdivisão em tópicos e em subtítu-
tes aos coronéis e afastadas das grandes cidades pela los pode ajudar o leitor?
distância e pela dificuldade de comunicação.
As populações rurais eram extremamente pobres 10. Qual é a justificativa apresentada no texto para o subtí-
e dependentes dos grandes proprietários de terra. tulo “O poder das elites”?

PARA FIXAR

Leia e observe o diagrama abaixo. Em seguida, preencha suas lacunas adequadamente.

Gênero textual cujos objetivos são o


conhecimento e conteúdos escolares.

CARACTERÍSTICAS
MARCANTES DO GÊNERO

Os textos são multimodais, isto é,


Características da linguagem: apresentam linguagem verbal não
Estratégias discursivas: conceitos, verbal. Entre estas, destacam-se:
,
, ,
,
, comparações, ,
impessoal,
entre outras. ,
.
, entre outras.

52
U8

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

DE QUE MANEIRAS OS
TEXTOS PODEM ENSINAR?
Agora, leia o texto a seguir.

Unidade 8 propiciou a você a oportunidade de aprender que muitos textos que circulam
A entre nós pertencem a um campo da linguagem muito comum em seu dia a dia de
estudante. Estamos falando das práticas de estudo e de pesquisa.
Em sua caminhada rumo à construção dos saberes escolares, você estuda bastante para
aprender os conteúdos das mais diversas áreas do conhecimento humano. E para isso a
leitura e a escrita cumprem um papel crucial. Várias leituras, inclusive as de verbetes de
dicionários e, sobretudo, as de textos didáticos. Mas não só as leituras; as atividades de
escrita também!
Ambos são um rico manancial de informações, capazes de ampliar todo o seu capital
cultural e prepará-lo para novos saberes.
Desejamos que os conhecimentos que você construiu sobre esses gêneros possam ajudá-
-lo em mais conquistas.

jannoon028/Shutterstock

53
TESTE SEU CONHECIMENTO

Texto para as questões 1 a 3.

Manifesto da Ciência Tropical: um novo paradigma para o


uso democrático da ciência como agente efetivo de
transformação social e econômica no Brasil
Miguel Nicolelis
É hora de a ciência brasileira assumir definitivamente um compromisso mais central perante toda a socieda-
de e oferecer o seu poder criativo e capacidade de inovação para erradicar a miséria, revolucionar a educação e
construir uma sociedade justa e verdadeiramente inclusiva.
É hora de agarrar com todas as forças a oportunidade de contribuir para a construção da nação que sonhamos
um dia ter, mas que por muitas décadas pareceu escapar pelos vãos dos nossos dedos.
É hora de aproveitar este momento histórico e transformar o Brasil, por meio da prática cotidiana do sonho,
da democracia e da criação científica, num exemplo de nação e sociedade, capaz de prover a felicidade de todos
os seus cidadãos e contribuir para o futuro da humanidade.
No intuito de contribuir para o início desse processo de libertação da energia potencial de criação e inovação
acumulada há séculos no capital humano do genoma brasileiro, eu gostaria de propor 15 metas centrais para a
capacitação do Programa Brasileiro de Ciência Tropical.
A implementação delas nos permitirá acelerar exponencialmente o processo de inclusão social e crescimento
econômico, que culminará, na próxima década, com o banimento da miséria, a maior revolução educacional e
ambiental da nossa história e a decolagem irrevogável e irrestrita da indústria brasileira do conhecimento.
Estas 15 metas visam a desencadear a massificação e a democratização dos meios e mecanismos de geração,
disseminação, consumo e comercialização de conhecimento de ponta por todo o Brasil.
[...]
LEMES, Conceição. Disponível em: <www.viomundo.com.br/entrevistas/nicolelis-lanca-manifesto-da-ciencia-
tropical-vai-ditar-a-agenda-mundial-do-seculo-xxi.html>. Acesso em: 17 jan. 2020.

1. O fragmento corresponde à parte de um manifesto conhecida como


a) justificativa para a publicação do documento.
b) ações a serem implementadas no presente.
c) comprometimento dos autores do texto.
d) identificação dos destinatários do texto.

2. Assinale a alternativa que contém o principal ponto de vista do locutor em seu manifesto.
a) A indústria brasileira requer avanços cada vez maiores.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

b) O Brasil está vivendo um momento único e especial em sua democracia.


c) Nosso país já possui um programa de capacitação científica.
d) A Ciência é um agente de transformação econômica e social de um país.

3. O texto tem uma característica que o diferencia da maioria dos manifestos. Assinale a alternativa que explicita essa ca-
racterística.
a) Emprego de linguagem formal. c) Comprometimento com a coletividade.
b) Explicitação de um único autor. d) Indicação do objetivo no título.

54
Texto para as questões 4 e 5.

L’ngua Portuguesa
Manifesto pela redução de mortes e lesões no trânsito:
uma década de ações para a segurança viária
Senhor(a) Candidato(a) à Presidência da República:
Nós, da Coordenação da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, em conjunto com a Comissão
de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, representando os parlamentares que se interessam por este
tema no Congresso Nacional, e que, portanto, defendem uma causa que transcende os interesses regionais e
alcança – de forma geralmente violenta e dramática – todos os brasileiros, manifestamos a Vossa Excelência a
expectativa da própria Frente e de expressiva parcela da sociedade brasileira no que diz respeito à segurança da
circulação viária e à qualidade do trânsito em nosso país.
[...]
As estatísticas colocam nosso país como um dos cinco que mais matam no trânsito. Além disso, há um nú-
mero sem precedentes de pessoas acidentadas que precisam de atendimento nos serviços de saúde (urgência e
UTIs), com custos elevados para toda a sociedade. Embora os índices dessa tragédia cresçam sistematicamente,
o problema não recebe a devida atenção das autoridades, sejam elas municipais, estaduais ou federais.
[...]
Assim, solicitamos seu compromisso formal assumindo com seriedade, determinação e absoluta dedicação o
desafio de dar um basta na violência no trânsito de nosso país!
[...]
O compromisso formal que pedimos ao candidato(a) é que, se eleito(a), assuma um pioneiro e histórico
pacto pela vida no trânsito que pode ser resumidamente definido através dos seguintes pontos:
1. Implementar as seis recomendações do Relatório Mundial/2004 da Organização Mundial de Saúde sobre
a prevenção da violência no trânsito.
[...]
5. Envolver governos estaduais e municipais, especialistas, entidades não governamentais e a sociedade em
geral para elencarmos ações prioritárias que envolvam campanhas educativas de trânsito permanentes.
[...]
7. Efetuar esforço especial para desenvolver e implementar políticas e soluções de infraestrutura para proteção
dos usuários das vias de circulação, em particular os mais vulneráveis, como pedestres, ciclistas, motociclistas,
usuários do transporte público e os dependentes, como crianças, idosos e deficientes.
[...]
14. Fortalecer a atenção pré-hospitalar e hospitalar do trauma, os serviços de reabilitação e reinserção social,
através da aplicação da legislação pertinente, desenvolvimento das capacidades humanas e a melhoria no acesso
aos cuidados de saúde.
Portanto, Senhor(a) candidato(a):
Embora existam acanhadas intervenções isoladas que podem salvar vidas e prevenir a incapacidade, lideran-
ça, vontade e o compromisso político são essenciais e, sem eles, pouco se pode conseguir.
Este é o momento e a oportunidade para começar um novo governo pisando com o pé direito no acelerador
da prevenção e, com o mesmo pé, o freio da violência do trânsito.
Disponível em: <www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cvt/banner/
manifesto-pela-reducao-de-mortes-e-lesoes-no-transito/view>. Acesso em: 17 jan. 2020.

4. O principal argumento para a elaboração do manifesto encontra-se expresso em qual parágrafo?


a) 1o b) 2o c) 3o d) 4o

55
5. A divisão de uma parte do texto em tópicos mostra a intenção do locutor em
a) dar ao seu texto o mesmo aspecto de uma Lei, que deve ser aprovada pelo novo presidente da República.
b) demonstrar que o manifesto é representativo dos mais diversos setores da sociedade brasileira.
c) favorecer a leitura de todas as ações que devem ser tomadas para a resolução do problema.
d) indicar que o problema da violência no trânsito é muito grave e, por isso, necessita de muitas ações.

Texto para as questões 6 e 7.

Excelentíssimo Senhor Governador,


Os cidadãos abaixo-assinados vêm, por meio do presente instrumento, solicitar a Vossa Excelência uma defini-
ção de data para a reabertura da Biblioteca Pública do Estado, fechada há quase cinco anos.
Queremos tão somente fazer valer o que recomenda o MANIFESTO DA UNESCO para bibliotecas públicas, que defi-
ne esse espaço como “o centro local de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimen-
to e a informação de todos os gêneros”. Manaus está carente de bibliotecas públicas, fator que tem provocado grandes
perdas para a cultura local, e acreditamos que está na hora de termos uma data definitiva para a reabertura dessa casa.
Na certeza de termos nossa solicitação atendida, encaminhamos este documento composto pelas assinaturas
dos cidadãos que almejam ver esse espaço público reaberto e oferecendo bons serviços para toda a sociedade.
Disponível em: <https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=abrebib>. Acesso em: 17 jan. 2020.

6. A função comunicativa do texto é


a) narrar para reivindicar. c) descrever para reivindicar.
b) argumentar para convencer. d) expor para reivindicar.

7. Ao mencionar um documento da Unesco, os locutores pretendem dar ao seu abaixo-assinado uma característica muito
importante. Assinale a alternativa que dá nome a essa característica.
a) Atualidade. b) Necessidade. c) Credibilidade. d) Espontaneidade.

8. Leia o texto a seguir.

A língua, ora vista como um organismo vivo, tende cada vez mais a se manifestar entre as relações sociais
como um todo, influenciando diretamente no modo de pensar e de agir. Desta feita, tendo em vista esta ine-
gável ocorrência, em comemoração ao centenário de seu autor, Aurélio Buarque de Holanda, a Editora Positivo
publicou a quinta edição da obra, desta vez “recheada” de novas palavras que, aos poucos, foram ocupando seus
lugares na linguagem cotidiana, e que agora já são concebidas como oficiais.
Dentre as presentes inovações, figuram-se os termos considerados “populares” em nosso meio, tais como botox (tra-
tamento estético utilizado na contenção de sinais advindos do envelhecimento da pele), nerd (aquele que se destaca nos
estudos), bullying (atos de agressão física ou psicológica), entre muitos outros. Além da ampla recorrência – o que impli-
cou em tal intento – outro fator também de notável significância foram as inovações advindas do avanço tecnológico pelo
qual perpassa a sociedade vigente. Assim sendo, a predominância de termos ligados a esse aspecto explica tal realidade
e comprova a influência exercida por estes em nosso meio. É o que nos elucida Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos,
professora do Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie: “É importante a entrada de palavras ligadas aos avanços
tecnológicos, porque denominam novos hábitos e ações que se tornam comuns no cotidiano dos brasileiros”.
Não deixando de mencionar o significativo número de vocábulos estrangeiros que, uma vez proferidos, re-
sultaram da inédita iniciativa em atender a um público estrangeiro e suas reais necessidades, sobretudo seus
professores de português. Público este até então desprivilegiado por estudiosos nesta área.
[...]
DUARTE, Vânia. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/os-novos-verbetes-dicionario-aurelio.htm>. Acesso em: 17 jan. 2020.

56
L’ngua Portuguesa
Assinale a alternativa cujo verbete se aplica perfeitamente ao que se noticiou no texto.
a) Escambo 1. Troca de bens ou serviços sem uso de moeda. 2. p.ext. Qualquer tipo de troca ou permuta.
b) Maratona 1. Corrida de pedestre, de longo percurso (42,5 km, ou 26 milhas). 2. Qualquer competição de qualquer es-
porte que exija energia e determinação. 3. p.ext. Qualquer competição ou evento extenuante para quem dele participa.
c) Mochila 1. Saco de lona, plástico resistente ou couro que se leva às costas, preso por correias, usado por soldados, via-
jantes, estudantes, trabalhadores, etc., para transportar roupas, objetos de uso pessoal, material escolar, provisões, etc.
d) Tuitar [do inglês twitt(er) + -ar] 1. Postar no twitter comentários, informações, fotos, etc., geralmente de caráter pessoal
ou institucional. 2. Acompanhar os fatos, ideias, informações, etc. registrados por alguém em seu twitter.

9. Leia com atenção algumas definições da palavra saudade.


I. Sentimento nostálgico e melancólico associado à recordação de pessoa ou coisa ausente, distante ou extinta, ou à
ausência de coisas, prazeres e emoções experimentadas e já passadas, consideradas bens positivos e desejáveis.
II. Cantiga entoada por marinheiros em alto-mar.
III. Denominação comum a várias plantas de diversas famílias, principalmente da família das compostas e das dipsacáceas;
suspiro, suspiros.
IV. Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue. (Adriana Falcão)
Entre as definições apresentadas, apenas a IV não poderia constar de um verbete de dicionário. Isso porque ela se
caracteriza principalmente por revelar um sentido
a) subjetivo e emotivo do termo. c) novo e ainda raro do termo.
b) raro e regional do termo. d) antigo e sem uso do termo.

10. Leia com atenção a tirinha a seguir.

© Mauricio de Sousa Editora Ltda.


SOUSA, Mauricio de. Cascão n. 346. São Paulo: Globo.

Assinale a alternativa que apresenta o fato do qual decorre o humor do texto.


a) Cebolinha pensa em mais um plano contra sua amiga Mônica.
b) Cascão tem dúvidas sobre como Cebolinha executará mais um plano.
c) Cascão assusta-se com um enorme grilo que aparece no quadro final.
d) Cebolinha usa a palavra grilo em sentido figurado, e a imagem mostra o sentido literal.

Texto para as questões 11 e 12.

Aquíferos
Aquíferos são grandes depósitos subterrâneos de água alimentados pelas águas das chuvas que se infiltram no
subsolo. Sua primeira importância está no fato de que eles alimentam mananciais de água na superfície e formam
lagoas, rios ou pântanos.
Engana-se, porém, quem pensa que os aquíferos são grandes bolsões subterrâneos encapados em rocha e
cheios de água. O que acontece na verdade é que a água preenche os espaços entre os espaços arenosos, como se

57
fosse uma tigela com areia e água misturadas, ou se infiltra pelas fraturas, ou rachaduras, das rochas.
A forma como a água se aloca neste reservatório subterrâneo é determinante para definir a produtividade de
um aquífero. E o mais importante, neste caso, não é a água, mas a rocha. É o tipo de rocha que define a capacida-
de do aquífero de receber mais ou menos água e também a profundidade que os poços podem atingir.
“Um aquífero poderá fornecer água indefinidamente se as extrações forem inferiores à recarga. A produção
de um poço perfurado no aquífero irá depender se a rocha é mais ou menos permeável. Assim, um bom aquífero
será aquele que tem boa recarga e uma boa permeabilidade”, esclarece o professor Ricardo Hirata, vice-diretor
do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da USP.

MRS Editorial
APRILE, Jurema. Disponível em: <http://educacao.uol.br/geografia/aquifero-guarani-aguas-subterraneas-tambem-estao-em-risco.jhtm>. Acesso em: 7 out. 2019.

11. O texto “Aquíferos” pode ser considerado um exemplo do gênero didático, pois sua principal função comunicativa é
ensinar um conteúdo de caráter científico. Um dos recursos de que ele se vale para atingir esse objetivo, além da con-
ceituação e da exemplificação, é a comparação. Com base nessas afirmativas, assinale a alternativa em que a passagem
transcrita é uma comparação.
a) “Sua primeira importância está no fato de que eles alimentam mananciais de água na superfície e formam lagoas, rios
ou pântanos”.
b) “... a água preenche os espaços entre os espaços arenosos, como se fosse uma tigela com areia e água misturadas...”
c) “A forma como a água se aloca neste reservatório subterrâneo é determinante para definir a produtividade de um aquí-
fero”.
d) “A produção de um poço perfurado no aquífero irá depender se a rocha é mais ou menos permeável”.

12. Releia a seguinte passagem:

Assim, um bom aquífero será aquele que tem boa recarga e uma boa permeabilidade”, esclarece o professor
Ricardo Hirata, vice-diretor do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da USP.

Considerando a afirmação do professor Ricardo Hirata e a ilustração que acompanha o texto, pode-se afirmar que os
elementos de recarga mais importantes de um aquífero são
a) a água das chuvas. c) as áreas de vegetação.
b) os rios e córregos. d) os efeitos da luz solar.

58
REFERÊNCIAS

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Almedina, 1997.
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ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: produção. Cascavel: Assoeste, 1984.
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. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
. Território das palavras: estudo do léxico em sala de aula.
São Paulo: Parábola Editorial, 2012. GOTLIB, N. B. Teoria do conto. 6. ed. São Paulo: Ática, 1991.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 6. ed. São KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 9. ed.
Paulo: Hucitec, 2006. Campinas: Pontes, 2005.

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Contexto, 1992.
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. 3. ed.
São Paulo: Cortez, 2009. . Argumentação e linguagem. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

BENVENISTE, Émile. O aparelho formal da enunciação. In: LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o
Problemas de Linguística Geral II. 3. ed. São Paulo: Pontes, 1989. necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco MARINHO, A. A. C.; ARMELIN, M. A. M. O. Quem conta um
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(9) nove anos. Brasília: MEC/SEB/DICEI, 2010. de Pierre Bourdieu. Educação & Sociedade, n. 78, abr. 2002.
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Diretrizes Curriculares Nacionais em Direitos Humanos. Brasília: Horizonte: Formato, 2001.
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CHARLOT, Bernard. Relação com o saber, formação de professores e SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e Conquista, 1957.
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CITELLI, Adílson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1995. Professor-leitor/Aluno-autor. Belo Horizonte: Ceale/
(Série Princípios) Formato, 1998
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem.
Horizonte: Autêntica, 2008. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). . A formação social da mente. São Paulo: Martins
Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola, 2010. Fontes, 1978.

59
ANOTAÇÕES

60
HHistória

UNIDADE 4: Como se processou a


passagem do mundo antigo para
o mundo medieval? 2
CAPÍTULO 1: O mundo medieval europeu 4

CAPÍTULO 2: O mundo medieval árabe 37


COMO SE PROCESSOU A

4 PASSAGEM DO MUNDO
ANTIGO PARA O
UNIDADE
MUNDO MEDIEVAL?
Jordi C/Shutterstock

Vista da cidade medieval francesa


de Carcassone. Foto de 2018.

2
Quais aspectos do período medieval europeu e árabe você conhece?

Você imagina de que maneira viviam os povos europeus e árabes no


período medieval?

Por que os castelos europeus e as tendas árabes transformaram-se


em referências culturais desses povos?

Alamy/Fotoarena

Tenda de moradia do povo


beduíno no deserto do Saara.

3
UNIDADE 4
CAPÍTULO

O MUNDO
1 MEDIEVAL EUROPEU
Estudaremos
neste capítulo:

Bibliotheque Nationale, Paris, France/Bridgeman/Fotoarena


Como era exercido o poder
no mundo medieval europeu

A ordem feudal europeia

O reino dos francos

A pirâmide social

A Igreja medieval

Como viviam os povos do


mundo medieval europeu
A economia e o trabalho no
mundo medieval europeu
A religião e a cultura no
mundo medieval europeu

Pergaminho do século XV representando o cavaleiro Lancelot durante a batalha de conquista do


castelo Dolorous Garde.

Ao observar a imagem apresentada na abertura deste capítulo, é possível notar caracterís-


ticas típicas da arquitetura e das vestimentas do período medieval. Com a ajuda do professor,
você consegue identificar algumas delas?
Ainda com a ajuda do professor, observe a linha do tempo referente à Idade Média. Ela re-
presenta a duração aproximada do período medieval, segundo a visão dos historiadores. Essa
linha do tempo destaca a “A Alta Idade Média (séculos V-XI)”, que corresponde ao período de
surgimento da ordem feudal europeia, e também a “Baixa Idade Média (séculos XI-XV)”, que
compreende o período de expansão e posterior crise da ordem feudal europeia.

Séc. V (476) Séc. XI Séc. XV (1453)

Alta Idade Média Baixa Idade Média

4
A Europa medieval se definiu a partir

História
Povos germânicos próximos
das invasões dos bárbaros germânicos, po- do Império Romano (séc. VI)
vos que ocupavam a região da Germânia,

Banco de imagens/Arquivo da editora


sobre os antigos limites do Império Roma- Mar
do
no. As sucessivas invasões empreendidas Norte Mar
Báltico
por esses povos acabaram contribuindo anglo-saxões
para o declínio do Império Romano do Oci- Rio saxões
Ri turíngios

Reno
OCEANO
dente, determinando, a partir daí, o início

o
Colônia

El
ba
ATLÂNTICO Worms

Ri
Sena

o
da construção de uma nova ordem políti- Paris
R io Loire alamanos
Ratisbona
Dijon
ca, econômica e social na Europa, definida
io

R
REINO Danú b
io
REINO DOS

ó dano
FRANCO REINO DOS
como feudalismo. REINO
DOS SUEVOS
BURGÚNDIOS
Rio Pó
OSTROGODOS

R io R
Toulouse Verona
Braga

Ri

re
Gênova
Ravena

o
Marselha

Rio Tib
Eb
Lisboa Rio Te

ro
jo Barcelona
Toledo Córsega
REINO Roma
DOS VISIGODOS Is. Baleares
Sardenha Nápoles Tarento
Cartagena

Sicília

REINO DOS Siracusa


VÂNDALOS Cartago
Fonte: ARRUDA, José Jobson. 0 300
Atlas Histórico Básico. São km
Mar Mediterrâneo
Paulo: Ática, 1994.

Como era exercido o poder no mundo


medieval europeu
Com o objetivo de demonstrar a evolução política do mundo medieval europeu, o seu pro-
fessor voltou ao quadro e construiu uma linha do tempo como a que segue abaixo.

Séc. V Séc. VIII Séc. IX

Invasões germânicas Invasões árabes Invasões vikings

As invasões germânicas (séc. V)


Os bárbaros germânicos viviam na região chamada de
Documenta/Album/Fotoarena

Germânia, ao norte do Império Romano, atual região da


Alemanha. Eles se dedicavam às práticas agrícolas, à caça
e à pesca.
O convívio entre romanos e germânicos foi, de certa
forma, pacífico, até meados do século IV. Inclusive, em
alguns momentos, os germânicos foram aliados do Exér-
cito Romano.
No entanto, pressionados pelas constantes ameaças dos
povos hunos (bárbaros da região da Ásia Central), e em bus-
ca de novas terras para a produção agrícola e pastagens,
as tribos bárbaras da Germânia intensificaram, a partir do O saque de Roma
século V, o processo de conquista territorial das regiões do pelos vândalos.
Gravura alemã do
já decadente Império Romano. século XIX.

5
As diversas tribos germânicas (francos, anglos, saxões, visigodos, suevos, lombardos, vân-
dalos, etc.), ao invadirem e ocuparem novos espaços do continente europeu a partir dos
séculos IV e V, inauguraram uma nova ordem política, com a formação dos seus respectivos
reinos, destruindo a secular ordem centralizada imposta pelo poder do Império Romano.

As invasões árabes (séc. VIII)


A partir do século VIII, os povos de origem árabe, que habitavam regiões do Oriente, ini-
ciaram um processo de conquista na Europa, organizado pelos califas. Eles eram os chefes
políticos que sucederam Maomé, o fundador da religião islâmica. Os califas empreenderam, em
nome da conversão dos povos “infiéis”, uma audaciosa política expansionista, que foi respon-
sável pela ampliação do domínio territorial dos árabes para regiões do Oriente, do norte da
África e para a península Ibérica.
O resultado prático dessa política expansionista para os povos europeus foi a diminuição do
comércio marítimo por causa do bloqueio do litoral do Mar Mediterrâneo pelos povos árabes.
As invasões árabes, além de promoverem o declínio do comércio marítimo, ampliaram a
instabilidade política vivida na Europa e reforçaram como fundamento econômico daquela so-
ciedade o desenvolvimento das práticas agrícolas.
Nesse período de instabilidade, a propriedade rural ampliou seu valor, tornando-se a prin-
cipal referência para a sobrevivência e, ao mesmo tempo, um símbolo de prestígio político e
de poder social.

As invasões vikings (séc. IX-X)


Por fim, no século IX, uma terceira leva de invasões agravaria o já conturbado quadro políti-
co europeu. Os vikings ou normandos (North man: homens do Norte), originários da região da
Escandinávia, promoveram uma série de incursões sobre os reinos dos francos e dos anglo-sa-
xões e demais reinos germânicos, já organizados no continente europeu.
Sobretudo o saque e a pilhagem praticados pelos vikings fizeram com que se aprofundasse
o clima de pânico e de instabilidade reinante na sociedade europeia.

The Picture Art Collection/Alamy/Fotoarena

Batalha de Stamford
Bridge, invasão viking, em
1066. Óleo sobre tela de
Peter Nicolai Arbo, 1870.

6
Hist—ria
Voc• sabia?

Quem eram os vikings?


Eram um povo originário da Escandinávia, que colonizou e saqueou várias regiões da Europa entre os séculos 9
e 11, influenciando bastante a cultura e a história do continente.
O nome pelo qual ficaram conhecidos teria se originado da palavra vikingr, que significaria “pirata” em antigas
línguas escandinavas – embora alguns especialistas acreditem que a expressão possa derivar de vik, ou “baía”.
[...] “As descobertas dos vikings pelo oceano Atlântico resultaram da combinação de navios bastante eficientes
com um conhecimento muito pobre de navegação, o que significa que, na maior parte, suas descobertas foram aci-
dentais”, afirma o arqueólogo Roberto McGhee. Toda essa expansão oceano afora – que os levou até o Canadá – e
os ataques frequentes ao resto da Europa duraram enquanto os países escandinavos contavam com um excesso de
jovens dispostos a buscar aventura e fortuna longe de casa.
A partir do século 11, esse excedente populacional diminuiu, esgotando a capacidade dos clãs de recrutarem novos
guerreiros para suas perigosas viagens. Foi o início do fim desse modelo de sociedade nos países nórdicos. O rei Olaf
II Haraldsson, que subiu ao trono da Noruega no ano de 1015, é considerado o último chefe viking tradicional. [...]
Luta sem chifres
[...] Apesar de sua imagem ter ficado gravada no imaginário popular com aqueles capacetes de chifres, eles pro-
vavelmente só usavam essas peças em cerimônias religiosas.
NAVARRO, Roberto. Quem eram os vikings? Superinteressante, 18 abr. 2011. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-eram-os-vikings/>. Acesso em: 29 fev. 2019.

PARADA OBRIGATÓRIA

Analise o texto a seguir.

A construção do mundo medieval europeu foi resultante de um prolongado período de guerras e invasões
militares, estabelecidas entre os séculos V a XI, patrocinadas por diferentes povos e com diferentes objetivos.

1. Explique quem eram os bárbaros.

2. Apresente um argumento que justifique a invasão dos povos bárbaros sobre os limites do Império Romano.

7
3. Analise o texto a seguir.

O processo de construção da ordem feudal europeia foi também influenciado pelas invasões árabes sobre os
limites do litoral do Mar Mediterrâneo.

Explique de que maneira o bloqueio do mar Mediterrâneo pelos árabes afetou a sociedade europeia.

Parada complementar: 1 a 3
Teste seu conhecimento: 1

A ordem feudal europeia


Pelo que foi exposto, podemos constatar que a sociedade medieval constituiu-se politi-
camente a partir de uma realidade marcada por guerras, invasões e de grande instabilidade.
Dentro dessa realidade, organizou-se a ordem feudal europeia.
Mas o que significa feudo? A palavra “feudo” traduz o
Bridgeman/Fotoarena/Museu Victoria & Albert, Londres, Reino Unido

gesto de concessão ou transferência de direitos ou be-


nefícios entre os membros da sociedade europeia no
período medieval.
Os benefícios ou os direitos concedidos poderiam
variar, conforme a necessidade e a ocasião. O feudo po-
deria se traduzir, na verdade, na concessão de um título
de nobreza, ou no direito de cobrar impostos ou, ainda,
na concessão de um lote de terras.
Em troca do benefício concedido, o beneficiado se
comprometia a prestar fidelidade ou determinado tipo
de serviço ou obrigação para aquele que lhe concedera
o benefício.
O grave quadro de instabilidade política europeia
fortaleceu entre os membros dessa sociedade os laços
feudais de dependência e reciprocidade como forma de
assegurar proteção, direitos e benefícios, em uma reali-
dade abalada pelas sucessivas guerras e invasões.
Podemos dizer que a ordem feudal europeia fun-
damentou-se a partir de duas situações distintas, mas
complementares:
¥ A ruralização da sociedade
O clima de guerras testemunhou gradativamente
Detalhe de imagem do pergaminho As riquíssimas horas do duque de Berry, do um processo de êxodo urbano e o consequente esva-
século XV, mostra a propriedade feudal e os trabalhadores rurais. ziamento da vida nas grandes cidades.

8
¥ A consolidação das relações servis de produção

Hist—ria
Diante da instabilidade política e da insegurança provocadas pelas sucessivas invasões do
Império Romano, parte da população submeteu-se à relação de servidão, uma prática social de
dependência baseada no cumprimento de uma série de obrigações e na obediência aos senhores
das terras, em troca de proteção, moradia e alimentação.
Os servos, aqueles que se submetiam à relação servil, recebiam uma área para cultivar e se
comprometiam a prestar serviços e entregar parte de sua produção aos senhores das terras. Em
tempos de guerra, os servos eram obrigados a prestar serviços militares aos seus senhores.
A relação servil expandiu-se por toda a Europa Ocidental, e a sua origem remete ao final do
Império Romano, com a instituição do sistema de colonato, praticado entre os proprietários
das vilas romanas e a plebe trabalhadora. Pelo direito à posse de uma gleba no interior da pro- GLEBA: terreno próprio para
priedade rural, o colono se comprometia a pagar impostos com trabalho gratuito e com parte cultivar; torrão; lote para
cultivo.
de sua produção.
É importante ressaltar que, apesar de se subordinar aos impostos e ao trabalho gratuito, o
trabalhador servil não pode ser considerado escravizado. O trabalhador escravizado é explorado
como mercadoria e desprovido de quaisquer direitos. Seu proprietário tem sobre ele o direito de
vida e de morte, podendo negociá-lo, vendê-lo ou alugá-lo. Por sua vez, o trabalhador servil não
é considerado propriedade do seu senhor. O servo detém, por exemplo, o direito à gleba, a uma
parte da produção que realiza para o seu senhor e, também, o direito de constituir família.

Relações de suserania e vassalagem


Entre os povos da Germânia, em tempos de guerra, os guerreiros e seus comandantes estabele-
ciam uma relação de fidelidade, conhecida como comitatus, na qual os comandados juravam honra
e lealdade a um chefe militar que, por sua vez, comprometia-se a proteger os seus soldados.
Os germânicos, em geral, não utilizavam moedas. Assim, após a conquista de territórios, os
guerreiros eram recompensados com lotes de terras concedidos pelo comandante que os liderou.
Essa tradição exerceu importante influência na constituição do feudalismo, em especial na cons-
trução das relações de suserania e vassalagem entre os membros na nobreza feudal. NOBREZA FEUDAL: grupo
Economicamente, a unidade básica de produção na sociedade feudal era o senhorio, a grande social, incluindo reis, que
possuía poder político,
propriedade rural. Entretanto, o senhorio poderia transformar-se em um feudo, ou seja, em uma
militar e econômico em
estratégia definida para a concessão de direitos. Isso poderia ocorrer, por exemplo, quando os determinada extensão
membros da nobreza, com o objetivo de ampliar seus exércitos, cediam para outros senhores o territorial. Os nobres eram
direito de uso de uma porção de terras ou benefícios proprietários de parcela
considerável dos domínios
em seu senhorio. Além das terras, podia ser concedido
Art Collection 4/Alamy/Fotoarena

territoriais do mundo feudal


o direito de cobrar impostos, administrar e fazer justi- e viviam de privilégios,
ça nos limites do senhorio. repassados entre gerações,
Dessa forma, a autoridade política feudal era de- hereditariamente.
finida pelos laços de fidelidade e de dependência
recíproca entre aqueles que concediam benefícios e
terras, chamados de suseranos, e aqueles que os re-
cebiam, chamados de vassalos.
O acordo entre suserano e vassalo era formali-
zado por meio da “cerimônia de homenagem” ou
“contrato de vassalagem”. Nesse ritual, o vassalo se
Em frente ao Castelo de Bulles,
ajoelhava e, com as mãos entre as de seu suserano, o duque Luís II de Bourbon é
jurava homenagem ao seu senhor pela terra recebi- homenageado por um vassalo.
A imagem, de um manuscrito do
da. Logo em seguida, o vassalo ficava de pé e abra- século XIV, remete à relação entre
çava o seu suserano. suserano e vassalo na Idade Média.

9
Em troca da doação e da proteção do feudo, oferecidas pelo seu suserano, o vassalo com-
prometia-se, obrigatoriamente, a jurar fidelidade e prestar serviços militares para seu respec-
tivo suserano.
Essa relação era praticada exclusivamente entre os membros da nobreza feudal. Vale tam-
bém lembrar que a política de doação de feudos poderia transformar um vassalo do rei em
suserano de outro nobre. Esse nobre, no entanto, não devia fidelidade ao rei, mas ao nobre que
lhe doou o feudo, isto é, seu suserano. De certa maneira, essa possibilidade acabou comprome-
tendo o exercício da autoridade política do rei.
Ao longo do período medieval, realizou-se a integração cultural do antigo mundo romano
com as concepções políticas do mundo germânico, responsáveis pela definição das bases da
ordem política feudal. Dos valores germânicos, o mundo medieval europeu herdou a concep-
ção política das relações de suserania e vassalagem, além da prática da economia agrícola
de subsistência. Já dos valores romanos, o mundo medieval europeu herdou os fundamentos
religiosos da doutrina cristã, as línguas latinas e as relações servis de produção, originárias do
antigo sistema de colonato estabelecido ao final do Império Romano.

PARADA OBRIGATÓRIA

4. Analise a imagem a seguir. 5. Explique de que maneira o cenário europeu das guerras
e invasões impactou as relações sociais de trabalho.
Bridgeman Images/Fotoarena/Arquivo do departamento
dos Pirineus Orientais, Perpinhão, França

a) Identifique a que cerimônia política a imagem ante-


rior está relacionada.
6. Analise o texto a seguir.

b) Explique as obrigações estabelecidas entre o suse-


rano e o cavaleiro representados na imagem a partir Do ponto de vista cultural, podemos afirmar
dessa cerimônia. que o mundo medieval foi construído a partir da
junção de valores herdados das instituições roma-
nas e das instituições germânicas.

Justifique a afirmativa indicando e descrevendo uma


contribuição cultural herdada das instituições romanas
e germânicas para o mundo medieval europeu.

10
a) Contribuição cultural romana. b) Contribuição cultural germânica.

História
Parada complementar: 4 a 6
Teste seu conhecimento: 2

O reino dos francos


O Império Carolíngio

Banco de imagens/Arquivo da editora


Reino Franco em 768
HIBÉRNIA
Conquistas de Carlos
Magno (768-814)
BRITÂNIA
Hamburgo
Territórios vassalos
Londres Estados da igreja
Utrecht Verden
Império Bizantino em 800
Côlonia SAXÕES
OCEANO Ruão Império Islâmico
Bresf Erfurt
ATLÂNTICO Aix-la-Chapelle Fulda Limites do Império
BRETANHA Rennes BOÊMIOS
Paris de Carlos Magno
Le Mans Verdun Wurzburgo
Orléans
Poitiers Passau
Besançon Estrasburgo MORÁVIOS
REINO DOS FRANCOS
Bordéux
Genebra Aquileia
REINO Lyon
Milão Verona
DAS ASTÚRIAS Toulouse Veneza
Arles Gênova
Pamplona Narbona Ravena CROATAS
Rimini Mar Negro
Marselha Florença
Gerona Ancona
Lisboa Spoleto
Toledo Barcelona Córsega
Adrianópolis Constatinopla
Roma Benevento
Tessalônica Nicomédia
Córdoba Niceia
Baleares Sardenha DUCADO DE
Cádiz Granada BENEVENTO
Larissa
Mar Me ANATÓLIA
dite
Tânger rr ân Palermo
eo Atenas
Sicília Messina
Siracusa
0 280 Chipre Fonte: ARRUDA, José Jobson de
Creta
km A. Atlas histórico básico. São
Paulo: Ática, 1994. p. 15.

Durante o período medieval, o reino dos francos se destacou como principal reino

Quint & Lox/Alamy/Fotoarena


bárbaro constituído no continente europeu.
Clóvis, monarca da dinastia merovíngia, foi responsável pela unificação das tribos
francas, após sua conversão ao cristianismo em 496 d.C. Por meio de uma aliança políti-
ca com o papa, Clóvis conseguiu ampliar expressivamente os domínios do reino.
Em contrapartida ao apoio recebido pelo papado de Roma, o monarca franco se compro-
meteu a propagar a doutrina cristã entre os povos que se subordinassem aos seus domínios.
No ano de 722, na Batalha de Poitiers, os francos, sob o comando militar de Carlos
Martel, conseguiram deter a expansão dos povos árabes da Península Ibérica, salvaguardan-
do, dessa forma, os interesses e a sobrevivência do cristianismo europeu no continente.
O apogeu do governo dos francos ocorreu durante a dinastia carolíngia, iniciada pelo
filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve (751-768). Ele foi sucedido por Carlos Magno (768-
814), e este, por Luís, o Piedoso (814-843).
Batismo de Clóvis, rei dos francos, em
496. Detalhe de pintura em óleo, c. 1500.

11
Durante o longo reinado de Carlos Magno, o reino franco expandiu seus domínios sobre o
continente europeu, definindo a formação do Império Carolíngio. O monarca cristão Carlos
Magno exerceu muita influência política e cultural durante o período da Alta Idade Média.
Pictures from History/Bridgeman/Fotoarena

Coroação de Carlos Magno pelo


papa Leão III.
O Império de Carlos Magno era dividido em regiões definidas como ducados, condados e
marcas. Essas regiões estavam sob a responsabilidade da aristocracia territorial, que assumia
funções jurídicas, militares e tributárias em suas respectivas regiões.
Seu governo foi também caracterizado pelas notáveis realizações artísticas e literárias. No
“Renascimento Carolíngio”, como ficou conhecido esse período, Carlos Magno, entre outras rea-
lizações, patrocinou a tradução de importantes obras da tradição clássica greco-romana e a
transferência de artistas e estudiosos estrangeiros para sua corte, promovendo o progresso
dos conhecimentos científicos e acadêmicos no reino. Em aliança com a Igreja, promoveu tam-
bém a reforma do ensino, expandindo o número de escolas do Império.
Após a morte de Carlos Magno, em 814, a coroa foi sucedida por seu filho Luis, o Piedoso,
que governou o Império até 840. Durante seu governo, a nobreza proprietária procurou ampliar
sua autonomia em relação à autoridade monárquica. Seu governo também foi marcado pelo
conflito pessoal junto a seus herdeiros pela chefia do Império. Seus filhos acabaram derruban-
do-o do poder e o confinaram em um convento.
Pelo Tratado de Verdun, em 843, o Império Carolíngio foi dividido entre os netos de Carlos
Magno: Luís, o Germânico; Carlos, o Calvo; e Lotário, reforçando o quadro de descentralização
do poder no continente.
O território situado a leste do Rio Reno e ao norte dos Alpes coube ao domínio de Luís, o
Germânico. O território da França Ocidental coube a Carlos, o Calvo. Já a faixa de terra situada
entre os reinos de Luis e de Carlos, prolongando-se do Mar do Norte ao centro da Itália, ficou
subordinada ao domínio de Lotário.
A divisão política do Império Franco acabou reforçando, por sua vez, a divisão do poder
exercido pelos respectivos soberanos dessa dinastia. De maneira geral, do ponto de vista
político, no processo de construção do mundo medieval europeu, as relações de suserania
e vassalagem contribuíram para a descentralização do poder, condicionando a autoridade
monárquica.

12
Hist—ria
PARADA OBRIGATÓRIA

Analise a imagem e o texto a seguir. 9. Observe o mapa. A composição dele representa as de-
terminações do Tratado de Verdun e a reconfiguração

Bridgeman/Fotoarena/Biblioteca
Municipal, Castres, França
do espaço após a formação de novos reinos oriundos
do Império Carolíngio. Analise-o.

A divisão do Império Carolíngio (843)

Banco de imagens/Arquivo da editora



Mar

Meridiano de Greenwich
Báltico
Mar do
Norte
Hamburgo
HIBÉRNIA

BRITÂNIA

Fulda
OCEANO Aix-la-Chapelle
ATLÂNTICO
Verdun
FRANÇA Ratisbona
Paris ORIENTAL
Governando por mais de quatro décadas em associa- Estrasburgo
Salzburgo
ção com os princípios, os interesses e o apoio da Igreja,

RE
FRANÇA O

IN
0 335 DE
OCIDENTAL Lyon LO TÁ
RIO
Carlos Magno promoveu a expansão das fronteiras dos km
45° N
Bordéus Milão ESTADOS
domínios francos e foi coroado no natal de 800 d.C., Parte de Carlos,
DA IGREJA
o Calvo M
Toulouse Spoleto ar A
pelo papa Leão III, como o governante do Sagrado Im- Parte de Lotário Córsega d riá
tic
Parte de Luís, Barcelona Mar o
Roma
pério Romano Germânico. o Germânico ESPANHA Mediterrâneo

Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico


7. Explique como ocorreu a relação entre o reino dos fran- básico. São Paulo: Ática, 1994. p. 15.

cos e a Igreja Católica.


Aponte o impacto desse tratado para a consolidação
da estrutura feudal na Europa Ocidental.

8. Podemos afirmar que, durante o governo desse monar-


ca, a produção cultural foi desprezada em razão do qua-
dro de guerras vivido no continente europeu?
Justifique sua resposta com um um argumento historica-
mente correto.

Parada complementar: 7 a 9
Teste seu conhecimento: 3 13
A pirâmide social
O feudalismo foi marcado pela definição de uma sociedade rural e estamental. Rural porque
um expressivo contingente populacional europeu naquele momento estabeleceu-se dentro
dos limites dos feudos; e também estamental porque não havia mobilidade social entre os
grupos que compunham essa sociedade.
A sociedade estamental corresponde a um tipo de sociedade em que os estamentos (ordens
sociais) não possuem entre si uma relação de mobilidade. A posição social de um indivíduo é
definida por sua origem de nascimento, ou seja, um filho de servo permanecerá servo, indepen-
dentemente de suas virtudes, seus talentos ou suas capacidades.
A sociedade feudal agrupava em si três estamentos. Cada qual, segundo a Igreja, com
uma função preestabelecida, justificada pelo pretexto de ser essa a vontade divina. Ao clero,
as orações e a assistência social no interior do sistema; à nobreza, a proteção e a defesa
militar desse sistema. E, aos camponeses, a geração de bens, riquezas, serviços e produtos
que sustentavam a estrutura dos dois primeiros grupos e de toda a base do sistema feudal.
Existiam, também, os “vilões”, pequenos proprietários moradores das vilas próximas à pro-
priedade feudal. Em troca de proteção, eles se comprometiam a prestar serviços burocráticos aos
nobres ou compor o exército do senhor feudal em tempos de guerra.
The Picture Art Collection/Alamy/Fotoarena

Chris Hellier/Alamy/Fotoarena

Nobre e seu criado em uma caçada, prática prestigiada pela Camponeses, pintura que ilustra o manuscrito
nobreza feudal. Casos de homens e mulheres nobres, século XI.

CLAUSURA: recolhimento; A Igreja medieval


isolamento; reclusão.
A Igreja católica foi a instituição mais importante de todo o sistema feudal ao longo da Idade
MONÁSTICO: abdicação dos
Média. Ela era constituída por dois setores distintos. O alto clero, composto por integrantes de
valores comuns da vida
material e cotidiana em favor origem nobiliárquica – ou seja, provenientes das famílias mais ricas e prestigiadas da sociedade –,
do desenvolvimento e do e pelo baixo clero, composto por integrantes procedentes dos grupos populares.
progresso espiritual, mesmo A integração como membro do clero católico exigia, por parte dos membros dessa instituição,
que monge ou monja.
o exercício dos votos de caridade, pobreza e castidade.
ABADE: título ou cargo Havia também duas maneiras para o exercício da vocação clerical, chamadas de clero regular
superior dos monges de
uma abadia autônoma ou e clero secular. O clero regular dedicava sua vida religiosa à clausura monástica, como monges
dos membros de certas e abades, subordinando-se às regras de determinada ordem religiosa.
ordens ou congregações O clero secular, por sua vez, composto de padres, bispos e papas, exercia os ofícios espirituais
religiosas monásticas. em contato direto com a comunidade.

14
Hist—ria
Voc• sabia?

As ordens religiosas são a forma mais comum de vida consagrada na Igreja católica. São inúmeras organizações
de homens e mulheres, leigos e clérigos consagrados e dedicados às mais diferentes atividades pastorais e religiosas
que surgiram, em sua maioria, nos primeiros séculos da Era Cristã, para agrupar esforços móveis no sentido da
propagação da religião.
Seus membros viveram e vivem em comunidades, para as quais se criaram regras de convivência. Podem vestir
um hábito e seguem uma rotina religiosa com tempos de descanso, de trabalho, de oração, etc.
O primeiro fundador de uma ordem religiosa que teve um imenso significado, sobretudo na Europa, foi (...)
Bento de Núrsia, o qual fundou uma comunidade de monges no Monte Cassino. Nas proximidades desse mosteiro,
a sua irmã gêmea, (...) Escolástica, abriu a primeira comunidade de monjas.
Assim, propagaram-se as criações de dezenas e centenas de outros mosteiros por todo o mundo, onde cada
fundador acrescentava algum carisma especial, seja por circunstâncias históricas, sociais, geográficas, entre outras.
BALBINO, D. et al. As ordens e congregações religiosas católicas. Jovens seguidores de Cristo. Disponível em:
<http://jscristo.com.br/licoesFe/as-ordens-e-congregacoes-religiosas-catolicas-33>. Acesso em: 29 set. 2019.

A Igreja católica transformou-se, durante a

Classic Image/Alamy/Fotoarena
Idade Média, na principal instituição social do
período, fazendo valer sua influência na vida
política, econômica e cultural do continente
europeu.
Além de o clero católico ser, de fato, o úni-
co estamento devidamente letrado, justifica
essa influência também o expressivo poder
patrimonial construído pela Igreja católica ao
longo do período medieval.
A Igreja concentrava o poder territorial, ga-
rantindo-o, por exemplo, por meio das regula-
res doações feitas pela própria nobreza feudal,
além de eventuais conquistas militares. Ou seja,
na prática, a Igreja passou a controlar muitos
feudos, ampliando, no contexto da sociedade
medieval, sua influência e seu prestígio social.
Defendendo os interesses das camadas pro-
prietárias dominantes, a Igreja justificava a divi-
são tripartite e hierárquica da sociedade feudal.
Para ela, cada grupo social cumpria, de fato,
uma função determinada pela vontade divina.
A Igreja, diante do renascimento das ativida-
des comerciais no século XI, procurou também
intervir nos assuntos econômicos, defendendo a
“Doutrina do Justo Preço”, condenando a condu-
ta dos grupos mercantis europeus, que voltavam
suas atividades para a obtenção do lucro exces- A Fortaleza da FŽ, cópia de iluminura do século XV representando hereges cercando uma
sivo e para a cobrança de juros elevados. igreja, que está sendo defendida pelo papa, por bispos e monges.

15
Como instituição religiosa, a Igreja fundamentou seus ensina-
mentos a partir de dogmas, princípios indiscutíveis que os fiéis
deviam observar e aceitar como verdades inquestionáveis. Porém,
DOGMA: verdades absolutas
no decorrer da história da Igreja, vários dogmas defendidos pela
e inquestionáveis que
reforçam a doutrina religiosa instituição passaram a ser contestados por elementos definidos
católica. como hereges.
HERESIA: interpretação,
O herege era o indivíduo que questionava ou criticava as ver-
doutrina ou sistema teológico dades que a Igreja ensinava como princípios revelados por Deus.
rejeitado por ser considerado A acusação de heresia passou a se relacionar à conduta dos fiéis,
falso pela Igreja católica. que, mesmo cristãos, passaram a questionar os dogmas e os va-
lores tradicionalmente defendidos pela Igreja católica.
Procurando combater as heresias, a Igreja católica utilizou-se
de recursos como os concílios (assembleias de bispos), a excomu-
Album/Fotoarena

nhão (expulsão da instituição clerical) e a instituição do Tribunal


do Santo Ofício ou Tribunal da Inquisição, no século XIII, respon-
sável pela investigação, o julgamento e a condenação dos hereges.
São Domingos Guzmán presidindo
um Auto de fé, óleo sobre painel do As penas desse tribunal poderiam variar de um simples jejum de
século XV, do pintor Pedro Berruguete. período estendido a uma condenação à fogueira em praça pública.

PARADA OBRIGATÓRIA

Analise o texto a seguir. 11. Explique a função de cada um dos grupos sociais apon-
tados no texto.

As ordens eclesiásticas foram um só corpo,


mas a divisão da sociedade compreende três
ordens. [...] A casa de Deus, que parece una, é,
portanto, tripla: uns rezam, outros combatem
e outros trabalham. Todos os três formam um
conjunto e não se separam: a obra de uns per-
mite o trabalho dos outros dois e cada qual por
sua vez presta seu apoio aos outros.
ADALBERTO, Bispo de Laon. In: BOUTRUCHE, R.
Senhorio y feudalismo. Madri: Siglo Ventiuno, 1972. 12. Diferencie as funções do clero regular das funções do
clero secular.

10. Identifique os grupos sociais retratados no texto que


compõem a sociedade feudal.

Parada complementar: 10 e 11
16 Teste seu conhecimento: 4
Como viviam os povos do mundo

Hist—ria
medieval europeu

Sylvain Sonnet/Getty Images


Vista parcial de um castelo
da cidade medieval de
O continente europeu foi palco para um sucessivo ciclo de guerras entre diferentes povos
Carcassone, na França.
que disputaram entre si as terras do antigo Império Romano. Era natural, portanto, que se im-
pusesse, a partir desse quadro, um clima de insegurança e de instabilidade sobre os povos que
habitavam o continente.
Nesse cenário de constantes guerras, a construção de castelos, erguidos como fortalezas
medievais, veio atender às necessidades de proteção e segurança dos nobres proprietários.
Os primeiros castelos foram construídos com madeiras obtidas das florestas. Cumprindo a
função de fortaleza militar, os castelos eram rústicos, desprovidos de qualquer tipo de requinte
ou conforto em seu interior.
Foi especialmente a partir das invasões vikings, entre os séculos IX e X, que surgiram os
primeiros castelos feitos com blocos de pedra. Em média, a construção de um castelo medieval
poderia se estender de 2 a 7 anos.
Localizados nas partes mais elevadas da propriedade, os castelos abrigavam a família do
senhor feudal, alguns nobres e muitos servos. Também acolhiam os cavaleiros e as tropas de
soldados comandados por seus vassalos.
A partir do século XI, quando se encerrou o ciclo de

Classic Collection/Alamy/Fotoarena
invasões no continente, os castelos tornaram-se resi-
dências mais suntuosas e confortáveis, apresentando
diferentes tipos de aposentos, voltados para a melhor
comodidade do senhor feudal e de sua família.
O mobiliário do castelo, com exceção dos de uso pes-
soal do senhor feudal, era bastante simples e rústico.
As tapeçarias eram muito coloridas, decoradas com
desenhos que lembravam as cenas do cotidiano ou de
caça. Elas enfeitavam as paredes do castelo, principal-
mente durante a recepção de comitivas. Nessas oca-
siões, trocava-se a palha do chão por ervas perfumadas
e, à noite, os castiçais eram espalhados pelos aposen-
tos do castelo para iluminar seu interior.

Ricardo II janta com duques, miniatura do final do século


XV representando um jantar do rei Ricardo II, que governou
a Inglaterra no final do século XIV.

17
As camadas populares, no início do período medieval, construíam suas próprias casas, con-
tando com a colaboração dos artesãos da comunidade rural e os recursos disponibilizados pela
natureza.
Na região do Mediterrâneo,

The Picture Art Collection/Alamy/Fotoarena


ao sul do continente, as casas
eram construídas a partir de
blocos de pedras extraídas da
região, com telhados em ponta
ou de telhas.
Ao norte, onde a presença
de florestas era maior, as casas
eram construídas com madeira,
paredes enxertadas com argila
e lama e telhado feito com pa-
lha. A média de vida útil dessas
últimas casas era de apenas 30
anos.
Independentemente do tipo
de material utilizado, as casas
populares possuíam apenas um
ou dois aposentos, além de um
depósito para estocar alimentos
e uma pequena estrebaria para
abrigar uma vaca e algumas ga-
Representação de dois tipos de moradias: o palácio de pedra do senhor
linhas, por exemplo.
feudal e a cabana de madeira do camponês. Iluminura do século XV.
Geralmente, o chão das ca-
sas populares era de terra bati-
Photononstop/Alamy/Fotoarena

da e, na parte central, era aceso


o fogo, com o qual se prepara-
va a alimentação da família e
mantinha-se a casa aquecida.
Os utensílios domésticos eram
compostos por poucas coisas,
como tigelas e canecas de ma-
CONECTE! deira, além do caldeirão de
bronze, onde eram preparadas
Aprofunde seus as refeições.
estudos sobre a As refeições eram usufrui-
vida em um castelo das em uma tábua de madeira
medieval acessando suspensa por dois cavaletes e
o site: <https:// ladeada por compridos bancos.
super.abril.com.br/ Após o término da refeição, a
mundo-estranho/ mesa era desmontada e, no seu
como-era-a-vida- lugar, um colchão de palha era
em-um-castelo- estendido. Nesse colchão, dor-
medieval/>. Acesso miam juntos todos os familiares,
em: 30 mar. 2020. Aldeia da região da Bretanha, do século X, reconstituída por meio do trabalho embaixo de cobertores de lã ou
arqueológico no parque temático histórico francês Puy du Fou. Foto de 2016. mantas de pele.

18
Hist—ria
PARADA OBRIGATÓRIA

Analise as imagens a seguir.

MRS Editorial
13. Explique o que teria provocado o surgimento dos castelos durante o feudalismo.

14. Apresente a composição dos grupos de pessoas abrigadas no interior de um castelo medieval.

15. Descreva o interior de uma casa camponesa do mundo medieval europeu.

Parada complementar: 12 a 15
Teste seu conhecimento: 5
19
O cotidiano da sociedade feudal
Naquela época, as famílias eram muito numerosas. No entanto, devido à falta de higiene e
de cuidados médicos, a mortalidade infantil e de gestantes era muito elevada. Entre as cama-
das mais pobres, a educação dos filhos era feita pelos próprios pais e a comunidade.
Na sociedade feudal, os meninos de famílias pobres eram educados para ajudarem os pais
no penoso trabalho agrícola realizado nas propriedades feudais. Já as meninas eram educadas
para o aprendizado de trabalhos domésticos, como o de cozinhar e o de fiar tecidos.
Os jovens de famílias pobres casavam-se, geralmente, após os 25 anos de idade, tendo
maior liberdade na escolha do casamento. Já as famílias nobres criavam os seus filhos de
forma bem diferente. Os meninos de família nobre eram educados para serem consagrados
cavaleiros. Sua educação baseava-se em treinos, como o quintain, um poste de madeira com
uma viga horizontal, com um escudo e um peso nas extremidades.
Entre 8 e 14 anos de idade, os meninos serviriam como pajens, no castelo de um nobre,
para o aprendizado da obediência e das boas maneiras. Nesse período, seriam instruídos no
manejo de armas como a espada, a clava e a lança, assim como na arte de cavalgar. A partir de
14 anos, se tornariam escudeiros, acompanhando o seu senhor nas manobras militares.
Posteriormente, conforme a avaliação de seus senhores, os jovens receberiam uma espa-
da em uma cerimônia de juramento de fidelidade,
Florilegius/Album/Fotoarena

consagrando-se, enfim, como cavaleiros do rei.


As meninas de famílias nobres aprendiam a
bordar tecidos e tocar instrumentos como flautas
e violas. O casamento, em geral, era realizado aos
14 anos, sempre forjado a partir de arranjos que
beneficiavam os seus pais.
Na sociedade feudal, o bem-estar da família era
valorizado em detrimento da felicidade pessoal.
Portanto, o futuro dos filhos, tanto de meninos
quanto de meninas, era decidido pelo pai e por
suas relações políticas e de interesses do reino.
Os cidadãos medievais geralmente possuíam
poucas peças de roupas, uma vez que elas eram
confeccionadas artesanalmente e de forma lenta
e trabalhosa, o que as encarecia. As roupas eram
fiadas e tecidas em rocas e teares manuais.
Esperava-se que as roupas confeccionadas
durassem vários anos, pois, tradicionalmente, se-
riam passadas de pais para filhos ou dos senhores
para os criados, como forma de complementação
de renda.

As crianças na Idade Média também brincavam,


mas, ao invés de jogos tecnológicos em celulares
ou computadores, elas geralmente brincavam
com brinquedos feitos artesanalmente com
pedras, tecidos e pedaços de madeira.

20
O fato de o interior das casas medievais ser úmido e exposto ao vento obrigava os cidadãos a

Hist—ria
utilizarem várias camadas de roupas para se aquecerem. Além disso, no inverno, o uso de taman-
cos de madeira sob os sapatos possibilitava transitar sobre a lama que normalmente se formava.
A nobreza utilizava luxuosos tecidos de seda, lã penteada e veludo. Suas roupas eram enfeita-
das com fios de ouro, pedras preciosas e peles de animais, o que, na verdade, poderia torná-las
pesadas e incômodas. As mulheres, depois de rasparem as sobrancelhas e os cabelos da testa,
utilizavam chapéus extravagantes com dois chifres ou em forma de campanário. Os homens usa-
vam cabelos curtos com chapéus de pontas longas e sapatos com bicos, amarrados ao tornozelo.
As camadas populares usavam roupas rústicas feitas de lã ou linho, confeccionadas em suas
próprias casas. Em geral, eram simples, duráveis e mais práticas, pois eram voltadas para o tra-
balho. Os homens vestiam túnicas, capuzes e mantos. Já as mulheres usavam aventais, mantos,
lenços na cabeça e saias longas. Para homens e mulheres, um camisão de linho era utilizado
como roupa de baixo.
O tempo era marcado por um calendário anual, o qual era repleto de inúmeros feriados
religiosos, de origem católica. Além das comemorações dos feriados cristãos, a diversão po-
deria ocorrer nos eventos sociais promovidos pela Igreja para o levantamento de recursos
para suas obras sociais ou nos espetáculos e feiras itinerantes promovidas por companhias
de teatro profissionais.
Nos dias de festa, os habitantes das aldeias camponesas divertiam-se dançando e tocan-
do pequenos instrumentos musicais, como flautas, alaúdes, gaitas de foles, realejos, rabecas
e tambores.

ZOOM

No período medieval, não existiam as casas de espetáculos e muito menos os


teatros, com isso, um palco provisório era confeccionado, espalhavam-se bancos
nas praças para o povo e eram construídos camarotes ornamentados pela nobreza.
Nos dramas litúrgicos, os atores eram os clérigos jovens: nas peças profanas eram os
mascarados da cidade, artistas errantes. 
AGUIAR, Lilian M. M. de. Os espetáculos teatrais na Idade Média. Alunos Online. Disponível em:
<https://alunosonline.uol.com.br/historia/os-espetaculos-teatrais-na-idade-media.html>. Acesso em: 29 set. 2019.

Os povoados eram visitados, de tempos em tempos, por companhias teatrais, que apresen-
tavam peças ao ar livre em palcos improvisados em tablados ou em carroças.
Durante as festas natalinas, grupos populares fantasiavam-se com máscaras de animais e
visitavam o castelo para cantar e representar em troca de alimento e dinheiro. Os mascarados,
nas ruas ou nos salões da nobreza, cantavam e encenavam peças inspiradas nas antigas tradi-
ções pré-cristãs.
O jogo de dados no interior das tabernas, as apostas em brigas de galo, as corridas de ca-
valos e as lutas romanas também faziam parte das atividades de lazer das camadas populares.
As crianças procuravam se divertir nas brincadeiras que incluíam aros e pernas de paus,
nos espetáculos de marionetes ao ar livre e nas apresentações de acrobatas e contorcionistas.
Nos períodos de trégua entre os reinos europeus, a nobreza feudal se organizava para a
realização de competições e torneios, que também eram uma oportunidade para revelar no-
vos talentos da arte da guerra, além de uma estratégia para a obtenção de fama e prestígio no
cenário político do mundo medieval europeu.

21
ZOOM

O realejo é um instrumento musi-

Rosemary Harris/Alamy/Fotoarena
cal que reproduz músicas quando se
gira uma manivela. É um tipo de órgão
mecânico portátil que tem um ou vá-
rios foles, com um teclado. A manivela
aciona simultaneamente os foles e um
cilindro dentado munido de pontas de
bronze que abrem as válvulas dos tubos
do órgão, para a produção das diferen-
tes notas.
Disponível em: <https://www.dicionarioinformal.com.br/
significado/realejo/12969/>.
Acesso em: 30 jan. 2020. Apresentação de realejo em Bruges, na Bélgica.

INTERLIGANDO SABERES

A cavalhada é uma festividade brasileira que

Cesar Diniz/Pulsar Imagens


ocorre principalmente nos estados de Goiás, Mi-
nas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e em
estados do Nordeste. É uma festa trazida pelos
portugueses e que se originou dos torneios de ca-
valeiros medievais, em que havia encenações e jo-
gos de varas e argolas.
A festa religiosa foi trazida para o Brasil pelos
jesuítas portugueses. A cavalhada é uma represen-
tação das lutas medievais entre cristãos e mouros.
Nela, os cavalos são belamente adornados.
Representada no Brasil desde o século XVI, a ca-
valhada começa com a luta entre mouros e cristãos
e, ao final da batalha, os cristãos vencem os mouros
e os convertem ao  cristianismo. A cavalhada cos-
tuma ser dividida em atos e varia de acordo com a Cavalhada apresentada durante a Festa de São Benedito em Poconé,
região em que é encenada. Em quase todas, há corri- Mato Grosso, em 2018.
da, jogo de argolas e a presença dos cavaleiros: per-
sonagens mascarados, vestidos com roupas coloridas e montados em cavalos enfeitados.
A mais famosa cavalhada brasileira é a de Pirenópolis, no estado de Goiás. As apresentações acontecem durante
a Festa do Divino (entre maio e junho) e se estendem por três dias.
Cavalhada. Escola Britânica. Disponível em: <https://escola.britannica.com.br/artigo/cavalhada/483166>.
Acesso em: 29 set. 2019.

22
Hist—ria
ENTRE EM AÇÃO
Explique a importância dos torneios medievais, suas regras e características, seus diferentes aces-
sórios e os recursos utilizados pelos participantes.
Consulte mais informações em: <https://super.abril.com.br/historia/como-eram-os-torneios-
medievais-de-cavalaria/>. Acesso em: 22 jan. 2020.

PARADA OBRIGATÓRIA

16. Descreva a educação das crianças que pertenciam a famílias nobres durante o período medieval.

17. Descreva a educação das crianças que pertenciam a famílias pobres durante o período medieval.

18. Explique o que distinguia o modo de vestir entre os grupos sociais ricos e pobres no período medieval.

Parada complementar: 16 a 18
Teste seu conhecimento: 6
23
A economia e o trabalho no mundo
medieval europeu
Durante o período medieval, a agricultura de subsistência era a principal atividade econô-
mica dos feudos. A terra, enquanto elemento de divisão social, pertencia ao senhor feudal, e a
relação de trabalho era baseada na servidão.
A propriedade feudal, ou “senhorio”, era dividida em três áreas distintas:
• Manso senhorial: correspondia às terras de domínio do proprietário do feudo, incluindo
nelas as áreas cultiváveis e as instalações básicas da propriedade, como o castelo, o moi-
nho, o celeiro, as oficinas de manutenção e os estábulos para os animais.
• Manso servil: área destinada à moradia e à produção de subsistência dos camponeses (servos).
• Manso comunal: área de uso comum. Nela, tanto o proprietário como a comunidade servil
coletavam madeira, mel e frutos e levavam os animais para pastarem. Já o direito de caça
era exclusivo do proprietário.

Fine Art Images/Album/Fotoarena

Calendário agrícola de um manuscrito de Pietro Crescenzi, c. 1306.

Entre as muitas obrigações prestadas pelos servos dentro do feudo, podemos destacar:
• Corveia: trabalho gratuito dos servos nas terras senhoriais. Geralmente exercido em três
dias da semana.
• Talha: tributo correspondente a parte da produção gerada pelas glebas servis ao proprie-
tário do feudo.
• Banalidade: tributo em produto cobrado sobre os servos pela utilização das instalações
do feudo, como moinhos, celeiros, forno, lagar, etc.

24
• Capitação: tributo por cabeça, ou seja, pagamento de uma taxa relativa a cada elemento

História
servil que habitasse o feudo.
• Censo: tributo anual, em produtos, pelo uso da terra.
• Mão morta: tributo pago para que um servo fosse reconhecido como novo posseiro do lote
de terra após a morte do pai.
• Dízimo: tributo correspondente a 10% da produção servil recolhido para a Igreja.
Em troca da proteção oferecida pelos proprietários no período das guerras medievais e da
posse da gleba no manso servil, os servos se comprometiam a trabalhar gratuitamente, reali-
zando todas as obrigações citadas anteriormente.
As glebas oferecidas aos servos eram de propriedade do senhor feudal. O que o proprietário
lhes assegurava era o direito de posse, ou seja, o direito de uso e exploração das glebas.

PARADA OBRIGATÓRIA

Analise a imagem a seguir.

MRS Editorial
1 1

3
3

19. Identifique as principais instalações do feudo.

25
20. Explique por que havia a necessidade dessas instalações no interior da propriedade feudal.

21. Podemos comparar as propriedades feudais com as vilas romanas definidas ao final do período imperial? Justifique
sua resposta.

Parada complementar: 19 a 21
Teste seu conhecimento: 7

A religião e a cultura no mundo


medieval europeu
TEOCÊNTRICO: que percebe A Igreja Católica foi, durante a Idade Média, a principal instituição social. Ela exerceu for-
Deus no centro de tudo, que te influência sobre as manifestações artísticas, culturais, intelectuais, científicas, políticas
enxerga Deus como o centro e sociais. Refletindo, portanto, o pensamento da Igreja, a cultura medieval subordinou-se a
da vida e do Universo.
uma percepção teocêntrica de universo, em que a fé se colocava como eixo explicativo para
a ocorrência dos fenômenos naturais e das relações sociais.
Mosteiros, conventos e abadias possuíam expressiva importân-
Bridgeman/Fotoarena/Biblioteca Nacional, Paris, Fran•a

cia e prestígio como centros de aprendizagem da sociedade euro-


peia e, também, como abrigo. Os monges beneditinos integraram
a primeira ordem religiosa, fundada por São Bento de Núrsia em
519. Eles foram responsáveis pelo trabalho de conversão dos povos
bárbaros germânicos.
A cultura medieval, assim, subordinou-se a uma percepção
teoc•ntrica de universo, em que a fé se colocava como eixo explica-
tivo para a ocorrência dos fenômenos naturais e das relações sociais.
São de relevante importância o trabalho desenvolvido, a partir da
Alta Idade Média, pelos monges copistas, responsáveis pela transcri-
ção dos manuscritos greco-romanos e pela produção de obras reli-
giosas a partir da língua latina.
Os monges copistas também produziam ilustrações nas obras pe-
las quais eram responsáveis. Elas foram chamadas de iluminuras e
tinham a função de ilustrar e reforçar o pensamento religioso, as
Pergaminho do século XV, traduzido pelo beneditino francês
paisagens locais, os aspectos da natureza e, em alguns casos, os sím-
Pierre Bersuire, representando um monge copista da Idade Média. bolos da tradição pagã, como os dragões.

26
Hist—ria
Voc• sabia?

Os monges dedicavam-se à cópia e redação de livros que nesta época eram escritos à mão e decorados com ilu-
minuras (pinturas).
Para se fabricar um livro era preciso, em primeiro lugar, dispor de pergaminho (pele de carneiro ou de cabra,
tratada para esse fim). 
Os monges copistas copiavam os livros à mão. A perfeição com que os monges copistas executavam o seu traba-
lho fazia com que demorassem anos a acabar um livro.
Como eram raros e muito caros, os livros estavam muitas vezes presos por uma corrente para maior seguran-
ça. Praticamente só os monges sabiam ler e eram cultos.
Dedicavam-se ao ensino. Junto dos mosteiros, tal como junto das sés, criaram-se escolas.
As suas escolas eram frequentadas por aqueles que viriam a ser religiosos, mas também por alguns filhos de
nobres e comerciantes ricos.
“O copista escrevia as letras muito apertadas porque o pergaminho custava caro e devia poupá-lo [...] e para
economizar espaço o copista abreviava muitas palavras. Em vez de Jerusalém escrevia Jm, em vez de Dominus
escrevia Dm”.
IDADE Média: escrita medieval. Disponível em: <http://idademedia.wikifoundry.com/page/Escrita+%2F+Monges+Copistas>. Acesso em: 29 set. 2019.

A partir da Baixa Idade Média, surgiriam as Universitas, isto é, escolas que ofereciam dois tipos
de formação básica: o Trivium (gramática, retórica e lógica) e o Quadrivium (aritmética, geometria,
astronomia e música). Posteriormente, podia-se cursar Artes, Teologia, Medicina e Direito.
Art Collection 2/Alamy/Fotoarena

De autoria do pintor italiano Francesco


Pesellino e datada do século XV, a
imagem representa a Lógica, a Retórica
e a Gramática, o Trivium da formação
básica medieval.

A primeira universidade europeia foi fundada na cidade de Bolonha (Itália), em 1088. Poste-
riormente, no ano de 1096, foram fundadas a Universidade de Paris (França) e a Universidade
de Oxford (Inglaterra).
Também estavam presentes no cenário medieval os estudos da Alquimia e da Astrologia, que
colaboraram para o desenvolvimento dos estudos da Química e da Astronomia.
Os alquimistas eram pesquisadores influenciados pelos estudos dos povos árabes. Eles pro-
curavam desvendar, entre outros mistérios, a fórmula do elixir da juventude e da pedra filoso-
fal, substância que poderia transformar em ouro todos os metais. Os experimentos relativos
à alquimia estimularam, em especial, a descoberta de elementos químicos e a descrição dos
processos de destilação, filtração e sublimação.

27
No século XII, a tradução da obra do matemático grego Euclides e a Álgebra hindu propor-
cionaram inovações nos estudos da engenharia, possibilitando mudanças na arquitetura das
igrejas, que transitou do estilo romano para o estilo gótico.
ABÓBADA: construção
O estilo romano se desenvolveu entre os séculos XI e XIII, caracterizando-se pela presença
curvada, em forma de arco,
que assume a forma de de arcos redondos e ab—badas, paredes grossas e poucas janelas, imprimindo uma atmosfera
uma cobertura. intimista em seu interior.
O estilo gótico surgiu entre os séculos XIV e XV. A arte das catedrais, como ficou conhecido
o gótico medieval, foi marcada pela adoção dos arcos ogivais, que possibilitavam a construção
de uma abóbada de nervuras a partir de paredes mais finas.

MRS Editorial
Arco de estilo romano. Arco de estilo gótico.

Diferentemente do estilo romano, o gótico adotou a fachada com três portais e explorou a
luminosidade de seu interior a partir da rosácea, janela central de inúmeros vitrais que tinha
também a função de catequizar, pois retratava nos vidros coloridos as cenas da vida de Cristo
e de outras passagens bíblicas. No verticalismo de seus edifícios, o gótico procurava explorar a
pequenez humana diante da infinitude do poder divino.
Enrique Díaz/7cero/Getty Images

Julien FROMENTIN/Getty Images

Catedral de Mondoñedo, na Espanha, construída no Catedral de Notre-Dame, na França, inaugurada século


século XIII com arcos de estilo romano. XIV e construída com arcos de estilo gótico.

28
Hist—ria
Outra obra traduzida que causou mudanças ao pensamento medieval foi a do grego Aristóteles.
Esses textos influenciaram a formulação da filosofia Escolástica, desenvolvida pelo religioso
Tomás de Aquino (1225-1294). Seus estudos deram origem à obra Suma teológica, na qual defen-
dia o esclarecimento da fé cristã em conciliação com a razão.
Nessa mesma época, surgiu o monge franciscano Roger Bacon (1214-1294), que rejeitou o
pensamento escolástico e defendeu que a única fonte do conhecimento seria a experiência.
Nos séculos finais do período medieval, a literatura ganhou importante repercussão. Seus
autores são considerados os primeiros escritores humanistas, isto é, pensadores que questio-
navam a leitura de mundo com base na percepção teocêntrica. Escritores como Dante Alighieri
(1265-1321) e Giovanni Boccaccio (1313-1375) procuraram em suas obras explorar as afirmações
e incertezas da natureza e do espírito humano, formulando um novo ângulo sobre a existência
terrena e a relação entre o divino e o profano.

PASSO A PASSO

A partir da desagregação do Império Romano do Ocidente, a sociedade europeia teste-


munhou a emergência de uma nova ordem política, econômica e social definida como
feudalismo, que se estendeu entre os séculos V a XV. Definido a partir de uma realidade
marcada por guerras, invasões e grande instabilidade política, o sistema feudal, durante
a Alta Idade Média (séculos V a X) caracterizou-se pelo(a)
a) economia mercantil, a qual se baseou nas relações assalariadas e na circulação de moe-
das e produtos.
b) poder político descentralizado, gerando relações de suserania e de vassalagem às cama-
das mais ricas da sociedade feudal.
c) sociedade baseada na mobilidade entre os grupos sociais e na capacidade empreende-
dora dos indivíduos.
d) valorização do pensamento antropocêntrico, sobrepondo-se a razão sobre os valores
da fé.

Resolução:
A opção A está incorreta, pois nesse período a economia era agrária e voltada apenas para o pró-
prio consumo.
A opção B está correta. No cenário de guerras e invasões que vivenciou a sociedade europeia,
após a queda do Império Romano, destacou-se a substituição do poder centralizado pela organização
dos reinos bárbaros. Do ponto de vista político, os reinos bárbaros germânicos se estruturavam em re-
lações de suserania e vassalagem, reforçando os laços de dependência e reciprocidade entre os guer-
reiros. A relação favorecia, em geral, a concessão de propriedade feudal para um vassalo, que, por sua
vez, comprometia-se a prestar serviços militares para o seu suserano. Nos limites de sua propriedade,
o vassalo poderia exercer poderes para a criação de leis, impostos, moedas e exércitos particulares.
A opção C está incorreta, pois nesse período a posição social do indivíduo era valorizada por sua
origem de nascimento, e não por sua capacidade empreendedora.
A opção D está incorreta, pois nesse período predominava a percepção teocêntrica de universo,
segundo a qual a fé suplanta a razão como eixo explicativo para todos os fenômenos do mundo.

29
PARADA OBRIGATÓRIA

22. Analise o texto jornalístico a seguir.

Hemis/Alamy/Fotoarena
Incêndio na catedral de Notre-Dame, em Paris (França), ocorrido em 2019.

A famosa Catedral de Notre-Dame, em Paris, foi atingida por um incêndio nesta segunda-feira (15), segun-
do informações do Corpo de Bombeiros.
A fumaça pode ser vista saindo do topo da catedral medieval, disse uma testemunha a Reuters. De acordo
com os registros, o fogo tomou conta do sótão da catedral.
[...]
A causa do incêndio ainda é desconhecida, e não se sabe se há feridos no local. De acordo com a BBC News,
autoridades disseram que o fogo foi provavelmente causado por reformas que estavam sendo feitas no local.
[...]
Nas redes sociais, há imagens e vídeos que mostram a dimensão do estrago que tomou conta do monu-
mento histórico mais visitado da Europa.
A catedral
Conhecida mundialmente por sua arquitetura gótica, a Catedral de Notre-Dame é uma das mais antigas
da França.
Finalizada em 1345, a igreja é um importante ponto turístico de Paris, localizado na Île de la Cité, uma
pequena ilha rodeada pelo rio Sena.
INCÊNDIO atinge Catedral de Notre Dame, em Paris. Agência CH.
Disponível em: <https://agenciach.com.br/incendio-atinge-catedral-de-notre-dame-em-paris/>. Acesso em: 15 abr. 2019.

30
Hist—ria
a) Avalie a importância da construção de Notre-Dame Leia o texto a seguir.
para a cultura do mundo ocidental.

É necessário desconstruirmos o falso conceito


de Idade Média como uma “noite de mil anos” ou
de uma “Idade das Trevas”, desprovido de legado
científico ou cultural e, também, questionarmos os
rótulos propostos pelos pensadores do movimen-
to renascentista (séculos XIV a XVI), por exemplo,
que tentaram ofuscar a rica contribuição desse pe-
ríodo histórico para a cultura contemporânea.

23. Apresente um argumento que justifica a advertência


reproduzida no texto.

b) Explique qual era o objetivo da Igreja cristã ao patro-


cinar, no período medieval, o estilo arquitetônico que
caracteriza a construção da Catedral de Notre-Dame. 24. Leia o texto a seguir.

Durante o período medieval, integrantes do


clero católico formularam importantes reflexões
filosóficas que contribuíram para o desenvolvi-
mento da cultura ocidental.

Justifique, mediante um argumento histórico, a afir-


mativa anterior.

Parada complementar: 22
Teste seu conhecimento: 8 31
PARADA COMPLEMENTAR

Leia o texto a seguir. 5. Analise a importância das relações de suserania e vassa-


lagem para a constituição da ordem política feudal.

No contexto das invasões bárbaras do século X, 6. Justifique de que maneira as tradições culturais români-
os bispos da província de Reims registraram: “Só cas contribuíram para a afirmação dos valores medievais.
há cidades despovoadas, mosteiros em ruínas ou
incendiados, campos reduzidos ao abandono. Por
Leia o texto a seguir.
toda parte, os homens são semelhantes aos peixes
do mar que se devoram uns aos outros.”
Naquele tempo, as pessoas tinham a sensação O sacerdote, tendo-se posto em contato com
de viver numa odiosa atmosfera de desordens e de Clóvis, levou-o pouco a pouco e secretamente a acre-
violência. O feudalismo medieval nasceu no seio ditar no verdadeiro Deus, criador do Céu e da Terra,
de uma época conturbada. e a renunciar aos ídolos, que não lhe podiam ser de
Em certa medida, nasceu dessas mesmas per- qualquer ajuda, nem a ele nem a ninguém [...].
turbações. O rei, tendo pois confessado um Deus todo-po-
BLOCK, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, deroso na Trindade, foi batizado em nome do Pai,
1982. p. 19. (Adaptado)
do Filho e do Espírito Santo e ungido do santo Cris-
ma com o sinal da cruz. Mais de três mil homens do
seu exército foram igualmente batizados [...].
1. Identifique, com base no texto acima citado, o processo
TOURS, São Gregório de. A conversão de Clóvis: historia e eclesiasticae
responsável pelas invasões citadas no texto. francorum, apud PEDRO-SANCHES, M. G. História da Idade Média: textos e
testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000. p. 44-45.

2. Explique de que maneira essas invasões contribuíram


para a formação do sistema feudal. 7. Explique a importância do episódio reproduzido no tex-
to anterior para a história do reino dos francos.
3. Francos, visigodos, anglos, saxões, suevos e lombardos
eram povos que não falavam o latim e eram proceden- 8. Analise a importância da Batalha de Poitiers (722 d.C.) para
tes da região germânica, território existente além das os interesses da doutrina cristã no continente europeu.
fronteiras do Império Romano. Justifique por que os
germânicos decidiram invadir os limites do Império
9. Explique de que maneira se organizava a administração
Romano.
do reino dos francos durante o governo de Carlos Magno.

Leia a afirmativa a seguir.


Leia o texto a seguir.

As tradições culturais românicas e as tradições


A pirâmide social era constituída, original-
militares das organizações germânicas contribuí-
mente, por três grupos cujas funções seriam su-
ram para a construção política do mundo medie-
postamente definidas segundo a vontade divina.
val europeu.

4. Com base na afirmativa acima, explique qual era, na tradi- 10. Explique, com base no texto acima citado, o caráter hie-
ção dos povos germânicos, a importância do comitatus. rárquico da pirâmide social durante a Idade Média.

32
História
Index Fototeca/Bridgeman/Fotoarena
Leia o texto a seguir.

No contexto da sociedade medieval, a Igreja,


apesar de afirmar-se como principal instituição
social do período, não conseguiu evitar críticas
e questionamentos referentes à sua autoridade e
aos dogmas que defendia.

11. Relacione o surgimento das chamadas "heresias" no pe-


ríodo medieval com o texto acima.

Leia o texto a seguir. A sagração do filho de um nobre como o novo


cavaleiro do rei. Pergaminho do século XIII.

O cenário político europeu da Alta Idade Mé- 14. Com base na análise das imagens, diferencie a educa-
dia, caracterizado pela ocorrência de guerras e in- ção dos jovens de origem camponesa da dos jovens de
vasões estrangeiras, testemunhou, ao longo desse origem nobre.
período, a construção de inúmeras fortificações
militares definidas como castelos. 15. Justifique a frase a seguir.

12. Justifique por que, no entorno do castelo, era comum a Na sociedade feudal, o bem-estar da família
era mais valorizado do que a felicidade pessoal.
construção de um fosso e de uma ponte levadiça.

13. Descreva o interior de um castelo medieval construído


nesse período. Observe a imagem a seguir.

Observe as imagens a seguir.


Bridgeman/Fotoarena/Biblioteca do Mosteiro Escorial, Madri, Espanha

MRS Editorial

Um camponês ensinando seu filho a arar a terra; pergaminho do 16. Construa um texto que analise de que maneira procura-
século XIII. vam se divertir os habitantes do mundo medieval europeu.

33
Leia o texto a seguir. Leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.

O regime constitui um passo a frente em re-


A produção cultural e artística da sociedade
lação ao regime escravista. O senhor feudal já
feudal foi fortemente influenciada pelos valores
não pode matar o camponês, como podia fazer
da Igreja cristã.
um amo com o seu escravo. [...] O servo tem sua
economia própria, ficando com uma parte dos
ganhos de sua produção. Por isso mesmo, está 20. Apresente um argumento que justifique a afirmativa
até certo ponto, interessado no trabalho, inte- do trecho lido.
resse que não havia no escravo. O resultado é
que o trabalho do servo era mais produtivo que Leia o texto a seguir.
do escravo.
De outro lado, porém, a exploração dos ser-
vos era quase tão cruel como a dos escravos Os Alquimistas
sob o regime escravista, e mal se suavizou um
Os alquimistas estão chegando
pouco. A luta social entre os exploradores – os
Estão chegando os alquimistas [...]
senhores feudais – e os explorados – os campo- Eles são discretos e silenciosos
neses – constitui a característica essencial do Moram bem longe dos homens [...]
regime feudal. Executam segundo as regras herméticas
KOMINSKY, E. A História da Idade Média. Lisboa:
Centro do livro Brasileiro, s/d. p. 29.
Desde a trituração à fixação
A destilação e a coagulação
Trazem consigo cadinhos
17. Explique, com base no texto acima citado, o que dis- Vasos de vidro, potes de louça
tingue o trabalho servil do trabalho escravo. Todos bem iluminados [...]
MAIA, Tim; BENJOR, Jorge. In: Jorge Benjor.
Dançando a noite inteira. CD Universal Music, 1990.
18. Identifique o que pode ser apontado de comum entre
essas duas relações de trabalho.

Analise o texto a seguir.

HERMÉTICA: relacionada aos princípios do ocultismo.


No interior do sistema feudal, entre as dife-
CADINHO: pequeno vaso de argila ou de porcelana,
rentes obrigações a que estavam subordinados, os em formato de cone, com ou sem tampa, usado em
servos se comprometiam a pagar diferentes tipos laboratórios para fundir metais.
de impostos ao proprietário da terra.
21. Apresente, segundo o compositor, as qualidades exigi-
das para o trabalho realizado pelos alquimistas.
19. Cite e explique, considerando o texto acima citado, uma
obrigação realizada pelos servos que comprove o im- 22. Explique de que maneira os estudos da alquimia contri-
posto pago a partir da produção realizada por eles. buíram para o progresso da cultura medieval.

34
Hist—ria
PARA FIXAR

Preencha o quadro a seguir de acordo com o que aprendeu neste capítulo.

COMO ERA EXERCIDO O PODER NA EUROPA MEDIEVAL COMO VIVIAM OS POVOS NA EUROPA MEDIEVAL

Invasões germânicas Senhores feudais


Formação das monarquias feudais Castelos: fortalezas medievais
Invasões árabes: Moradores:
Invasões vikings: agravamento da instabilidade política euro- Interior:
peia
Formação do feudalismo

Cavalaria: Casas populares


Mediterrâneo:
Valores germânicos
Norte:
Relações de suserania e vassalagem
Família
Numerosa

Valores romanos
Religião cristã

Reino dos francos Educação das crianças nobres


Dinastia merovíngia (496-751) Meninos:
Meninas:

Dinastia carolíngia (751-843)

Expansão dos domínios francos


Educação das crianças pobres
Renascimento carolíngio Meninos:
Meninas:
Tratado de Verdun Vestuário:
Diversão
Pirâmide social

35
Sociedade: rural e estamental
Igreja Cristã
Clero regular

Clero secular

Hereges

A ECONOMIA E O TRABALHO NA EUROPA MEDIEVAL A RELIGIÃO E A CULTURA NA EUROPA MEDIEVAL

Economia: Religião:
Áreas que compunham o senhorio Teocentrismo:
Monges copistas:
Estudos acadêmicos
Trivium
Obrigações servis
Quadrivium

Direito, Medicina, Teologia, Artes


Matemática

Arquitetura
Românica:
Gótica:
Escolástica

Literatura

36
UNIDADE 4
CAPÍTULO

O MUNDO
2 MEDIEVAL ÁRABE
Estudaremos
neste capítulo:

Fora da Europa, durante o período da Idade Média, povos localizados em outros continentes Como era exercido o poder no
mundo medieval árabe
vivenciavam seu próprio tempo histórico e o desenvolvimento de sua sociedade. Vamos estu-
dar agora os povos árabes: como se organizavam, como eram as relações de poder, quais eram Como viviam os povos no
mundo medieval árabe
as práticas religiosas e, por fim, como interagiam com os povos da Europa.
A economia e o trabalho no
Observe a imagem e leia o texto. mundo árabe

A religião e a cultura no

Aliraza Khatri's Photography/Getty Images


mundo árabe

Vista frontal da mesquita Badshahi Masjid, no Paquistão, uma das obras do império Mughal, construída no século XVII.

Numa cidade na Pérsia, viviam dois irmãos, Cassim e Ali Babá. O primeiro havia se
casado com uma mulher rica, enquanto o segundo arrumou uma esposa muito pobre,
passando a viver quase na miséria.
Um dia, ao cortar lenha num bosque, Ali Babá ouve um estrondo. Amedrontado, sobe
no topo de uma árvore e vê 40 homens chegando a cavalo. O chefe do grupo olha para
uma montanha e diz: “Abre-te, Sésamo”. De repente, uma rocha se move, abrindo uma
passagem pela qual o bando some dentro de uma caverna oculta. Ali Babá repete, então,
as palavras mágicas e entra na caverna, que revela [...] um fabuloso tesouro.
QUEM escreveu as mil e uma noites? Superinteressante. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-
escreveu-as-mil-e-uma-noites/>. Acesso em: 4 nov. 2018.

37
Observe que a linha do tempo sinaliza dois períodos, isto é, um recorte histórico que será
estudado e analisado ao longo do capítulo. Esse recorte histórico faz referência a um período
no qual os povos árabes não professavam, em sua maioria, a religião islâmica.

Séc. XV a.C. Séc. VII d.C.

Arábia pré-islâmica

Abaixo, temos um mapa que representa a localização da região habitada pelos povos árabes
no período correspondente ao recorte histórico que vamos analisar.

Península Arábica

Banco de imagens/Arquivo da editora


Mar Negro
Constantinopla
Mar Samarcanda
Cáspio
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Antioquia o

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Arábica

OCEANO
0 540 ETIÓPIA ÍNDICO
km

Arábia pré-islâmica. Fonte: Coleção Pitágoras – 5a série, livro 2, 2009. p. 46.

O território que deu origem à civilização árabe é desprovido de vales fluviais e marcado
pela presença de muitos desertos. Os melhores lugares para se viver são próximos ao litoral
sul, na atual região do Iêmen, e na costa do mar Vermelho.
Geograficamente, podemos destacar o desenvolvimento da civilização árabe em duas re-
giões distintas: a Arábia desértica e a Arábia litorânea.
A região da Arábia desértica tem por característica o solo árido e montanhoso, que era
ocupado pelas tribos de beduínos, um povo nômade que se dedicava ao pastoreio, vivendo
em constantes confrontos pelo controle dos melhores poços e oásis. A partir do século VI,
ZOOM
iniciou a formação de grupos aristocráticos detentores de grandes rebanhos.
A palavra "beduíno" A Arábia litorânea (“Arábia feliz”) era constituída por povos sedentários, organizados em
origina-se da clãs que praticavam a agricultura e atividades comerciais. Iatribe e Meca, próximas à região do
expressão al Mar Vermelho, despontavam como grandes centros comerciais da Arábia, interligando a rota
bedu (habitante das das caravanas que acessavam o Reino de Sabá, localizado ao sul do mar Vermelho, a Palestina,
terras abertas) ou al a Síria e a Fenícia.
beit (povo da tenda). O intenso trânsito de produtos entre a África e o Oriente estimulou a emergência de grupos
sociais que enriqueceram em virtude das práticas comerciais.

38
Como era exercido o poder no mundo

História
medieval árabe
Observe a linha do tempo, que representa importantes marcos históricos referentes ao de-
senvolvimento social e político dos povos árabes após o surgimento da prática de fé com base
no islamismo.

622 632 661 750 1258

Hégira Califados Dinastia Omíada Dinastia Abássida

A Arábia pré-islâmica
A Península Arábica era um território constituído por cerca de 335 tribos independentes en-
tre si. Não havia um governo centralizado entre elas. Todas as tribos eram politeístas e cultua-
vam mais de 300 deuses e inúmeras forças da natureza divinizadas.
A cidade de Meca, além de polo econômico, era também o centro religioso mais importan-
te dos povos árabes. Na cidade, encontrava-se o templo, conhecido como Caaba, onde ficavam
os diferentes objetos que eram adorados, como a Pedra Negra, que, segundo a tradição, teria
vindo do céu branca e brilhante, mas enegrecera ao cair na Terra, em razão dos pecados co-
metidos pela humanidade.
A tribo dos coraixitas vivia em Meca, cidade formada por comerciantes muito abastados e
que se responsabilizavam pela guarda da Caaba.

PARADA OBRIGATÓRIA

1. Descreva o processo de ocupação do território definido como Arábia desértica.

2. Apresente um argumento que justifique o surgimento dos grupos sociais enriquecidos no território da chamada
Arábia feliz.

39
3. Caracterize os aspectos políticos e religiosos da Arábia pré-islâmica.

Parada complementar: 1 a 3
Teste seu conhecimento: 9

A Arábia maometana (570-632)


Nascido em 570, na cidade de Meca, Maomé ou Muhammad (Louvado) pertencia a um dos clãs
mais pobres da tribo dos coraixitas. Órfão ainda criança, foi levado pelo avô para uma tribo do
deserto, onde passou a conviver com o modo de vida dos beduínos. Retornou para Meca aos 15
anos, responsável pela condução do comércio de caravana de que fazia parte. Casou-se aos 25
anos com Kadidja, uma rica viúva também atuante no ramo de caravanas. Em suas viagens para
a Palestina, entrou em contato com os valores religiosos do judaísmo e do cristianismo.
Segundo os textos sagrados do islamismo, aos 40 anos, Maomé teve uma visão do anjo Gabriel
que lhe revelou a existência de um único Deus, Alá. Nesse momento, Maomé foi escolhido como
o último profeta de Deus. A partir dessa e de outras revelações divinas, Maomé passou a pregar
o monoteísmo, afirmando ser Alá o único deus.
Perseguido pela tribo dos coraixitas, Maomé e seus discípulos fugiram de Meca para Medina,
HÉGIRA: êxodo; emigração; em 622. A fuga de Maomé para Medina ficou conhecida como hégira, e o ano foi instituído como
deslocamento. o início do calendário islâmico.
A palavra "Islã" significa "submissão à vontade de deus" e, por meio das pregações de
Maomé, gradualmente os beduínos foram se convertendo à nova doutrina.
Em 630, Maomé obteve o apoio dos be-
Luisa Ricciarini/Bridgeman Images/Fotoarena

duínos e do povo yatreb (inimigos dos co-


raixitas). No mesmo ano, invadiram a ci-
dade de Meca e derrotaram os coraixitas.
Posteriormente, destruíram objetos re-
ligiosos da Caaba, preservando apenas a
Pedra Negra. Em 632, após promover a uni-
ficação política dos povos árabes em torno
do Islã, Maomé faleceu, aos 62 anos. Seus
seguidores passaram a ser chamados de
muçulmanos – aqueles que se converte-
ram a Alá.

Imagem produzida em guache sobre


papel, no século XVI, representando o
momento em que o arcanjo Gabriel revela
a mensagem do Alcorão ao profeta Maomé.

40
História
PARADA OBRIGATÓRIA

Leia o texto a seguir. 6. Analise o mapa a seguir.

Atuando no comércio, Maomé, em suas via- Península Arábica: trajetória de Maomé

Banco de imagens/Arquivo da editora


gens para a Palestina, entrou em contato com ou-
Mar Negro
tras religiões, como o judaísmo e o cristianismo. Constantinopla 709
IMPÉRIO ARMÊNIA Mar
BIZANTINO 653-655 Cáspio
Ri
Antioquia o
Atenas

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Chipre
4. Justifique por que Maomé foi perseguido pelas lideran-

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Mar Mediterrâneo fr a te Bagdá PÉRSIA
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Arábica

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Meca

o
ARÁBIA

OCEANO
0 540 ÍNDICO
km

Fonte: ARRUDA, José Jobson. Atlas histórico básico. São Paulo:


Ática, 1994. p. 14

A seta contida no mapa refere-se a um importante


5. Descreva as estratégias utilizadas por Maomé para marco histórico dos antigos povos árabes.
propagar a fé islâmica no território árabe. Identifique e explique o significado desse marco his-
tórico.

Parada complementar: 4 a 6
Teste seu conhecimento: 10
41
Os califas piedosos (632-661)
Com a morte de Maomé, que não deixou herdeiro nem indicou sucessor, o novo Estado árabe
foi inicialmente governado por seus parentes e companheiros religiosos mais antigos, que rece-
beram o título de califas (sucessores). Os mais importantes califas foram Abu Béquer (632-634),
Omar (634-644), Otman (644-656) e Ali (656-661). Medina tornou-se a capital dos povos árabes, e
o regime adotado foi a monarquia, de caráter patriarcal e não hereditário.
Essa fase foi marcada pela expansão do mundo árabe, pois os limites territoriais foram es-
tendidos para a Mesopotâmia (atual Iraque) e para o Egito. A palavra Jihad, termo islâmico que
significa “esforço” (esforço de conversão), passou a ser empregada como forma de justificar o
processo expansionista árabe, que se definia a partir daquele momento.
A morte de Ali, último califa, abriu uma divisão entre os seguidores do islamismo. Havia aque-
les que defendiam a sucessão consanguínea, ou seja, por grau de parentesco. Para esse grupo, o
sucessor de Maomé deveria pertencer à própria família do profeta. Por sua vez, contra os apoia-
dores de Ali, surgiram aqueles que entendiam que o herdeiro de Maomé deveria ser o fiel que ti-
vesse mais conhecimento não só sobre o Alcorão, livro sagrado do Islamismo, mas também so-
bre a Suna, obra que estuda a vida, os feitos e as pregações transmitidas por Maomé.
Foi nesse contexto que surgiram os dois grupos mais importantes do mundo islâmico, os xii-
tas (Chiat Ali = seguidores de Ali) e os sunitas (estudiosos da Suna).

A dinastia dos Omíadas (661-750)

PHAS/UIG/Fotoarena

Gravura do século XIX


representando a morte de
Roderic, o último rei visigodo da
península Ibérica, pelo general
omíada Tariq ibn Ziyad, na
batalha de Guadalete, ocorrida
no século VIII.

Após a morte de Ali, a dinastia dos Omíadas assumiu a liderança dos povos árabes. Foi nes-
se período que o domínio árabe avançou sobre o norte da África. Liderados pelo general Gibral
Tarik, os árabes atravessaram o estreito que separa a África da Espanha e que hoje leva o nome
dele, iniciando o processo de conquista da península Ibérica. Eles permaneceram na região até
o ano de 1492.
Na região do Oriente, os califas estenderam o domínio árabe até o vale do Indo, na região
da Índia. A cidade de Damasco, na Síria, tornou-se a nova capital do Império Árabe.
No continente europeu, em 732, ao tentarem dominar o reino dos francos, os árabes foram
derrotados na Batalha de Poitiers, comandada por Carlos Martel.

42
Hist—ria
PARADA OBRIGATÓRIA

7. Leia o texto a seguir.

Os primeiros sucessores de Maomé, definidos como califas, promoveram a anexação de regiões que se es-
tendiam da Mesopotâmia ao Egito.

Descreva o significado do termo jihad no contexto de formação do Império Árabe.

8. Analise o texto a seguir.

A dinastia Omíada foi inaugurada pelo governador da Síria, Moavia Omíada, parente de Otman, que assu-
miu o poder após destronar o califa Ali, genro e primo de Maomé.

9. Descreva a importância do governo promovido pela dinastia dos Omíadas.

10. Explique o significado da Batalha de Poitiers no contexto do expansionismo árabe.

Parada complementar: 7 a 9
Teste seu conhecimento: 11

43
A dinastia dos Abássidas (750-1258)
A disputa interna pelo controle do Império Árabe provocou a substituição da dinastia Omíada
pela dinastia Abássida e, também, a mudança de sua capital, de Damasco, na Síria, para Bagdá,
no Iraque.
Esse foi um período de expressivo florescimento cultural patrocinado por governantes
como o califa Harum Al-Rashid, que promoveu a tradução de obras clássicas greco-romanas e
o desenvolvimento das áreas da Matemática e da Medicina.

Você sabia?

Hārūn al-Rashīd (em árabe:  ; pronunciado Hārūn ar-Rashīd – “Aarão,


o Justo” ou “Aarão, o Bem-guiado”), também referenciado como Harune Arraxide, foi
o quinto califa abássida, reinando entre 786 e 809, numa época marcada pela prospe-
ridade científica, cultural e religiosa no Islã. Ele foi o fundador da lendária biblioteca
chamada de “Casa da Sabedoria” (Bay al-Hikma).
Como Hārūn era intelectualmente, politicamente e militarmente habilidoso, sua
vida e sua corte – sob a qual ele tinha completo domínio – são temas de diversas histó-
rias: algumas supõe-se que são fatos, mas a maioria são fictícias.
Foi sob Hārūn al-Rashīd que Bagdá floresceu e se tornou uma das mais esplêndi-
das cidades do mundo. Muitos governantes pagavam tributo ao califa e esses fundos
eram utilizados em obras arquitetônicas, nas artes e para sustentar a vida na corte.
Historiadores do período, como Eginhardo e Notker, o Gago, fazem referência a
enviados viajando entre as cortes de Hārūn e a do imperador franco, Carlos Magno,
tratando principalmente do acesso dos cristãos à Terra Santa e trocando presentes.
Notker menciona que Carlos Magno teria enviado a Hārūn cavalos espanhóis,
belas roupas coloridas da Frísia e grandes cachorros de caça.
Em 802, Hārūn enviou seda, candelabros de latão, perfumes, bálsamo de Meca,
peças de xadrez em marfim, uma tenda colossal com muitas cortinas coloridas, um
CONECTE! elefante chamado Abul-Abbas e um relógio de água que marcava as horas derruban-
do bolas de bronze numa bacia conforme cavaleiros mecânicos – um pra cada hora
Amplie seu – emergiam de portinholas que se fechavam atrás de si. Os presentes eram sem pre-
conhecimento sobre cedentes na Europa Ocidental e influenciaram a arte carolíngia.
a presença islâmica [...] O nome do califa está também ligado a centenas de anedotas e ao famoso
na Península Ibérica livro “As Mil e uma Noites”, que contém muitas histórias fantásticas sobre a corte de
e a organização Hārūn e sobre o próprio califa.
do Califado de HĀRŪN al-Rashīd, o califa das 1001 noites. Cults e raridades. Disponível em: <www.cultseraridades.com.br/
harun-al-rashid-o-califa-das-1001-noites/>. Acesso em: 29 set. 2019.
Córdoba acessando
o site: <www.terra.
com.br/noticias/
zeitgeist-al-andalus-
e-a-presenca- Nesse período, o Império acabou se dividindo em três califados independentes: o Califado
muculmana-na-euro de Córdoba, na região da Espanha, em 750; o Califado do Cairo, em 909; e o Califado de Bagdá, na
pa,3515120ca7cc57cad Ásia, em 960. O fracionamento do Império contribuiu para seu enfraquecimento político-militar.
81cee3c5a8e513b8fd No século XI, iniciou-se, na Península Ibérica, sob a liderança da Igreja católica e dos reis
47uqx.html>. Acesso de Castela e Aragão (atual Espanha), uma guerra para expulsar os árabes da região. O confron-
em: 22 jan. 2020. to é chamado de Guerra de Reconquista. A expulsão definitiva dos árabes fortaleceu as coras
ibéricas, dando origem aos reinos de Portugal e da Espanha.

44
Hist—ria
No século XIII, em 1258, a cidade de Bagdá, capital do Império Árabe no Oriente, foi invadida
e destruída pelos povos mongóis. No século XIV, os últimos domínios árabes no norte da África e
no Oriente foram conquistados pelos povos turcos otomanos.

O islamismo como prática política, social e jurídica


Após a propagação do islamismo, a prática religiosa e o poder político passaram a caminhar
de mãos dadas. Os preceitos religiosos definidos no Alcorão, livro com os ensinamentos dita-
dos por Maomé, transformaram-se no código de conduta para o cidadão árabe.
Como exemplo, podemos citar a sharia, um código de leis que procura orientar o modo
como os islâmicos devem se relacionar uns com os outros, regulamentando questões de ordem
pessoal, como o casamento, o divórcio, a divisão da propriedade, a partilha da herança, a ob-
tenção de lucros, etc.
Esse código era ministrado pelos cadis, isto é, juízes formados em escolas especiais, defi-
nidas como Madrasas. O cadi procurava sempre atuar como um juiz conciliador, preservando
a harmonia social e propondo acordos conciliadores, em vez de aplicar a estrita letra da lei.
Os cadis administravam suas funções jurídicas sob a orientação dos ulemás, homens res-
ponsáveis pelos estudos religiosos, guardiães do sistema de crenças, valores e práticas comuns
ao islamismo.
Acima desse grupo, havia ainda os ulemás superiores, os juízes dos prin-

Bimo Aji Widyantoro/Shutterstock


cipais tribunais, os professores das grandes escolas, os pregadores das prin-
cipais mesquitas e os guardiães dos santuários islâmicos mais importantes.
Consideravam-se herdeiros de Fátima, a filha de Maomé, casada com Ali Talib.
Nas tribos nômades e pastoris, o poder político era gerido pelos xeques, lí-
deres das famílias mais importantes das comunidades rurais.
A mesquita é o lugar destinado às preces. Sua arquitetura é, basicamente,
constituída por uma torre elevada, chamada de minarete, um pátio e uma sala
de orações, na qual os fiéis, de joelhos, repetem uma série de falas comanda- A Mesquita dos 99 Domos é considerada o maior templo
das pelo imã, dirigente do culto islâmico. muçulmano da cidade de Makassar, na Indonésia. Foto de 2019.

Você sabia?

Sharia é um conjunto de leis islâmicas que são baseadas no Alcorão e responsáveis por ditar as regras de com-
portamento dos muçulmanos.
Em árabe, sharia pode ser traduzida literalmente como “caminho para a fonte”, e atualmente é adotada em
diversos países com predominância da cultura islâmica, seja de modo integral ou parcial.
Na Arábia Saudita, por exemplo, a sharia é integral, ou seja, o país usa as leis islâmicas como única fonte para
a definição da sua legislação. Neste caso, a sharia forma a Constituição daquela nação.
Nos países onde a sharia domina, não existe uma separação entre a religião e o direito dos cidadãos, como
acontece nos países ocidentais.
Todas as leis destes países são baseadas nos princípios religiosos do islamismo e nos ensinamentos deixados
pelo profeta Maomé no Alcorão, o livro sagrado para o Islã.
[...] Existem países que adotam a sharia em diferentes níveis, ou seja, podem não adotar na sua totalidade. Por
exemplo, alguns países adotam as indicações da sharia sobre o divórcio mas não adotam certas punições para as
mulheres. Em alguns países islâmicos é recomendado para as mulheres o uso do hijab (uma espécie de véu que
cobre a cabeça da mulher) e é culturalmente reprovável o ato de dirigirem automóveis.
O significado de Sharia . Disponível em: <www.significados.com.br/sharia/>. Acesso em: 29 set. 2019.

45
PARADA OBRIGATÓRIA

11. Analise o texto a seguir.

Após uma série de divergências entre os líderes políticos e seguidores de Maomé, descendentes do califa Ali,
comandados por Abu Al-Abbas, da família dos Abássidas, apoderaram-se do controle do Império Árabe.

12. Apresente as implicações políticas da transferência da dinastia Omíada para a dinastia Abássida.

13. Explique de que maneira encerrou-se o domínio árabe na Península Ibérica.

14. Analise o texto a seguir.

A partir da formação do Império Árabe, o islamismo se tornou a ordem política. Com base nos ensinamen-
tos do Alcorão, foi criado um conjunto de práticas sociais, religiosas, políticas e jurídicas que interferiram em
todos os âmbitos da vida da população.

Justifique a importância da sharia no cotidiano do mundo medieval árabe.

Parada complementar: 10 a 12
Teste seu conhecimento: 12

46
Como viviam os povos no mundo

Hist—ria
medieval árabe
De acordo com a região e o estilo de vida da etnia árabe, as moradias variavam. Os povos nô-
mades do deserto, por exemplo, viviam em tendas estabelecidas próximas aos oásis. O tamanho
delas podia variar conforme a importância do proprietário ou o tamanho da família.
As tendas equivalentes a moradias provisórias eram produzidas com pele de cabra ou dro-
medário, ou ainda com tecidos e fibras vegetais. O interior da tenda era constituído por duas
seções. Uma área era reservada para os homens da família e a outra era destinada ao abrigo
das mulheres e crianças, instalada junto ao armazém e ao espaço destinado à cozinha.

Jose Elias/Alamy/Fotoarena
Reconstituição de uma
tenda medieval de um
escriba mouro, criada
para uma feira medieval
na cidade de Óbidos,
Portugal, em 2012.

Nos centros urbanos, a casa árabe era construída sempre em torno de um pátio, com ofi-
cinas no andar térreo e um ou dois pavimentos superiores destinados para os moradores
da residência. Em geral, o último pavimento era utilizado como sala principal para recep-
ção de convidados.
JUAN ANTONIO ORIHUELA/Shutterstock

Interior de uma
residência tradicional
na vila de Chefchaouen,
norte de Marrocos.

As famílias abastadas construíam suas casas erguendo muitos andares, reservando o térreo
para os animais e o pavimento acima para a despensa. Em geral, essas grandes casas pertenciam
aos mercadores e funcionários do Império.

47
Pelo fato de possuírem uma estrutura poligâmica, as famílias no mundo árabe, tanto nos
centros urbanos como nas tendas que abrigavam os povos do deserto, eram bem numerosas.
Na formação antiga dos povos pré-islâmicos, dava-se muita importância aos filhos homens,
e o nascimento de uma filha era, muitas vezes, considerado uma catástrofe. A forma como a
mulher era vista em muitos casos gerava a prática do infanticídio, isto é, matavam-se os be-
bês do sexo feminino horas ou poucos dias após o nascimento. Depois do islamismo, a prática
do infanticídio foi extinta, e a mulher obteve o direito à herança, o que antes lhe era negado.
Na sociedade árabe, as meninas das camadas populares eram educadas para os ofícios do-
mésticos, como bordar, fiar e tecer. Normalmente, quando cresciam, possuíam mais liberdade
para saírem de casa sozinhas.
Já as meninas das camadas mais favorecidas, caso desejassem, poderiam receber instrução
e educação orientada para ocupar lugares importantes na sociedade.
Os meninos, em geral, aprendiam, a partir dos 7 anos, a escrita árabe, o Alcorão, ensinamen-
tos do islamismo, Gramática, História e Cálculo. Os jovens mais abastados frequentavam as uni-
versidades, nas quais os professores exerciam a função de im‹. Os cursos duravam em média
de 10 a 20 anos.

PARADA OBRIGATÓRIA

15. Analise os trechos do livro sagrado do islamismo, o


Alcorão, em relação ao universo familiar.
Sura IV, 11
Deus lhe dá as ordens
Sura III, 3 No que se refere aos seus filhos
Casa-se com as mulheres de sua escolha, Os filhos homens receberão uma parte
Duas, três ou quatro; Equivalente às de duas filhas mulheres.
Mas, se tiver receio de não poder
Tratá-las com igualdade,
Então pegue apenas uma mulher
Ou uma cativa
Que sua mão direita possui,
Por isso será mais adequado Sura XXIV, 6
Para evitar que você Enquanto àqueles que lançam
Pratique uma injustiça, Acusações contra suas esposas
Ao se casar, dê presentes às mulheres
E não têm provas senão sua palavra,
O dote a que elas têm direito;
Sua palavra pode ser aceita
Mas se elas, de livre e espontânea vontade,
Se por quatro vezes
Lhe devolverem parte do dote,
Aceite-o com prazer Eles jurarem solenemente por Deus
E faça bom proveito Que estão dizendo a verdade

48
Hist—ria
17. Explique, com base nos excertos lidos, como se expres-
sam os valores islâmicos em relação ao universo familiar.
Sura XXIV, 31
E diga às mulheres de fé
Que elas devem baixar
O olhar e preservar seu recato;
Que elas não devem exibir
Sua beleza e ornamentos
Exceto o que deve normalmente aparecer.
Portanto, elas devem usar o véu
Até abaixo do busto e só mostrar
Sua beleza aos seus maridos,
Pais, sogros, filhos,
Filhos do marido, irmãos,
Sobrinhos, mulheres, escravas
18. O que justifica o uso obrigatório do véu pelas mulheres
islâmicas? Como você se posicionaria em relação a essa
orientação?

16. Identifique, a partir da análise dos versículos citados,


as características de uma família árabe que mais se
destacam.

Parada complementar: 13 a 15
Teste seu conhecimento: 13

A economia e o trabalho no mundo árabe

Photo Josse/Leemage/Getty Images


Entre as diferentes atividades econômicas desenvolvidas pelos
povos árabes, a que mais proporcionou grandeza e poder para sua
civilização foi a prática do comércio.
As caravanas levavam produtos de uma região para outra. Suas
relações comerciais na região da Índia favoreciam o comércio de
especiarias como açúcar, cravo, canela, noz-moscada e gengibre,
bem como essências aromáticas; na China, havia o comércio de
porcelanas, pérolas e seda; na Pérsia, de tapetes; na África, adqui-
riam-se marfim e peles de animais.
No comércio com o Extremo Oriente, os árabes também levavam
produtos de seu Império para a realização de trocas, como madeira, Caravana árabe de comércio, imagem do Atlas Catal‹o,
ferro, estanho, mercúrio, ouro e prata. produzido no século XIV pelo cartógrafo judeu Abraão Cresques.

49
Os produtos eram levados para o porto de Constantinopla e comercializados com os merca-
dores de Gênova e Veneza. Os mercadores italianos, posteriormente, redistribuíam esses pro-
dutos nas feiras medievais do continente europeu, onde eram muito valorizados.
Além das caravanas terrestres, constituídas por centenas de camelos – um “mundo em mar-
cha” –, os mercadores árabes utilizavam-se de grandes barcos no seu comércio. A presença de
seus navios era comum nos portos do Ceilão, do atual Vietnã e no porto de Cantão, na China.
Alguns navios de passageiros construídos pelos árabes chegavam a transportar mais de mil
LETRA DE CÂMBIO: título
pessoas, sendo equipados com dezenas de cabines e diferentes tipos de lojas, como mercearia,
de crédito feito por escrito
que vincula a ordem de lavanderia, salão de cabeleireiro, cantinas, etc.
pagamento de uma pessoa Os mercadores árabes utilizavam uma espécie de moeda cunhada com as letras de c‰mbio
para outra. e o chakk (cheque) como forma de pagamento.

A expansão muçulmana (séculos VII e VIII) e as rotas comerciais (séculos VIII ao XI)

Banco de imagens/Arquivo da editora


Verdum

OCEANO Veneza
ATLÂNTICO Mar de
Aral
Mar Negro
Marselha Roma Mar Samarcanda
Barcelona Bizâncio
Cáspio

Cabul
Córdoba Nisapur
Túnis
Málaga Antioquia Alepo
Ceuta Bugia Kairouan
Mar Mediterrâneo
Meridiano de Greenwich

Damasco Bagdá
Fez
Trípoli Jerusalém
Alexandria Shiraz
Cairo Basra

Siraf

Medina
Trópico de Câncer

Meca

O mundo isl‰mico
À morte de Maomé (632) Fonte: FRANCO JR.,
Dos primeiros califas (632-661) Hilário; ANDRADE
Dos omíadas (661-750) FILHO, Rui de O.
Áden
0 610 OCEANO Atlas história geral.
Rotas comerciais ÍNDICO São Paulo: Scipione,
km
1993. p. 19.

Como os europeus, os árabes também possuíam


eye35/Alamy/Fotoarena

feiras, chamadas de suqs. Elas eram rigorosamente


planejadas e localizavam-se próximas à grande mes-
quita da cidade. O suq de Bagdá, no século IX, segundo
o geógrafo Al-Yacubi, era um mercado de quilométri-
cas dimensões, onde cada tipo de comércio dispunha
de suas próprias avenidas, evitando que os diferentes
ofícios e produtos se misturassem.
Apesar da significativa importância da atividade
mercantil para o desenvolvimento do mundo árabe, o
trabalho agrícola também era fundamental para uma
Visitantes passeiam pelo Madinat Jumeirah Souk, um shopping de Dubai, nos Emirados parcela considerável da população islâmica. No sécu-
Árabes Unidos, que busca reproduzir os antigos mercados árabes medievais. lo IX, 80% da população residia no campo.

50
Hist—ria
Os trabalhadores rurais não eram considerados servos, como ocorria na sociedade feudal
europeia. Os trabalhadores eram livres em respeito aos preceitos do islamismo, que considera
todos aqueles que se converteram a Alá indivíduos iguais. No entanto, apesar do preceito re-
ligioso, boa parte dos camponeses era explorada por meio da exigência de inúmeras tarefas e
pela elevada carga de impostos cobrada pelo governo.
De forma geral, a produção agrícola no Império Árabe foi beneficiada pela utilização de
técnicas de irrigação e a construção de represas e diques e de canais subterrâneos. Da região
oriental do Império, provinham produtos como cana-de-açúcar, banana, alcachofra, espina-
fre, berinjela, algodão e linho, além de plantas destinadas às tinturas e aos perfumes: anil,
hena, jasmim, narciso e açafrão. Os árabes também desenvolveram o cultivo de árvores fru-
tíferas, como pessegueiros, pereiras, macieiras, limoeiros, laranjeiras e tamareiras.

Mansoreh/Shutterstock

Sayf Rover/Shutterstock
Frutos e especiarias expostos em mercados árabes atuais.

As mulheres tinham um papel limitado nas atividades econômicas. Não participavam das ati-
vidades centrais das grandes cidades, ou da produção de bens de valor. A única exceção deve ser
feita àquelas cujas famílias eram de sábios e de altos funcionários. Exclusivamente nesse caso,
as mulheres poderiam receber, se desejassem, educação e instrução para se tornarem médicas,
juristas, educadoras, poetisas, bibliotecárias ou secretárias. As mulheres letradas poderiam tam-
bém ganhar a vida recopiando o Alcorão e outras obras na casa de importantes livreiros.
Geralmente, as mulheres que estavam no mercado de trabalho eram oriundas das camadas
mais pobres, atuando como empregadas domésticas, artistas de palco, dançarinas e cantoras.
Agora, leia o seguinte trecho do Alcorão:

Não vos esqueçais de que os escravos são vossos irmãos (...). Deus vos deu o direito de
propriedade sobre eles; entretanto, poderia ter-lhes dado o direito de propriedade sobre vós.
(Maomé)

Nas sociedades islâmicas, a escravidão não possuía exatamente as mesmas referências que
caracterizavam essa prática no mundo ocidental. Apesar de o islamismo reconhecer esse regi-
me de trabalho, a sharia determinava que os escravizados fossem tratados com justiça e bon-
dade. Libertar um escravizado era um ato valorizado no mundo islâmico.
Segundo os preceitos islâmicos, os muçulmanos devem ser iguais entre si. Dessa forma, ne-
nhum muçulmano deve ser escravizado. Escravizados poderiam ser, portanto, aqueles não islâ-
micos, capturados em guerras, adquiridos em mercados ou filhos de pais escravizados.

51
A relação entre o proprietário e o escravizado poderia ser estrei-
Bridgeman/Fotoarena/Biblioteca Nacional, Paris, França

ta e permanecer mesmo depois de sua liberdade. Um escravizado li-


berto poderia casar-se com a filha do senhor e até tomar conta de
seus negócios, por exemplo.
Escravizados originários da Ásia Central e do Cáucaso, no Magreb
(norte da África), e da região dos eslavos (leste europeu) foram re-
crutados pelas dinastias dos Omíadas e dos Abássidas para a com-
posição do Exército árabe. Escravizados da África Oriental também
foram recrutados para o trabalho agrícola nas diferentes regiões do
Império Árabe, como o sul do Iraque e o vale do rio Nilo, no Egito.
Em geral, o trabalho escravo era mais notado nos serviços domés-
ticos. As escravizadas, adquiridas ainda jovens e bonitas, eram matri-
culadas em escolas onde aprendiam música, canto, dança e poesia.
Por fim, o contato com diferentes povos fez com que a sociedade
Imagem produzida em guache sobre papel, do século XIII, islâmica fosse marcada por um forte traço de miscigenação e uma
representando um mercado para comercialização de pessoas
escravizadas. Na parte de baixo, negros escravizados; na parte de relativa tolerância em relação aos costumes e crenças desses povos,
cima, dois homens pesando ouro. desde que aceitassem a política do Islã.

PARADA OBRIGATÓRIA

19. Leia o texto a seguir.

Do ponto de vista econômico, os povos árabes promoveram, ao longo de sua história, diferentes tipos de
atividades econômicas, destacando-se, em especial, o comércio.

Descreva a importância do comércio internacional desenvolvido pelos povos árabes.

20. Apresente uma estratégia praticada pelos mercadores árabes e presente no mundo contemporâneo.

52
Hist—ria
21. Explique de que maneira os suqs eram organizados.

Parada complementar: 16 a 18
Teste seu conhecimento: 14

A religião e a cultura no mundo árabe

Axiom Photographic/Alamy/Fotoarena

Fiel muçulmano durante oração,


direcionado para Meca.

Em relação à produção cultural árabe, a religiosidade islâmica é a de maior influência.


O islamismo é uma religião que fundamentalmente se sustenta a partir de cinco pilares.
O primeiro é a chahada, uma declaração ou profissão de fé definida pela frase: “Não há ou-
tra divindade que não Deus, e Muhammad (Maomé) é seu Enviado”. A chahada deve ser recita-
da todas as noites e em todos os momentos críticos da existência do homem.
O segundo pilar do islamismo é a oração feita cinco vezes ao dia.
O terceiro pilar é a obrigação de dar esmola, ou zakat, um tipo de imposto de solidarieda-
CONECTE!
de destinado aos pobres.
O quarto pilar é realizar o jejum no mês de Ramadã, o nono mês do calendário muçulmano,
Aprofunde seus
no qual o Alcorão foi revelado a Maomé. O jejum é feito nesse período pelos adultos que go-
conhecimentos
zam de boa saúde, do nascer ao pôr do sol.
sobre a peregrinação
O quinto e último pilar é a peregrinação a Meca, que deve ser feita pelo menos uma vez na
a Meca acessando
vida por todo islâmico saudável e que tenha recursos para fazê-la.
o site: <https://
super.abril.com.br/
ENTRE EM AÇÃO mundo-estranho/
como-e-uma-
Pesquise e identifique a origem do calendário islâmico. Em seguida, explique a importância das peregrinacao-para-
festividades do Ramadã para os povos islâmicos. Por fim, calcule, pelo calendário islâmico, a corres- meca/>. Acesso em:
pondência do ano de seu nascimento e de dois de seus familiares. 22 jan. 2020.

53
A religião islâmica, em comum com o cristianismo e o judaísmo, prega a crença no paraí-
so, no juízo final, na imortalidade da alma, na descendência em relação ao patriarca hebraico,
Abraão, além da existência dos anjos.
IDOLATRIA: prática de
Segundo as orientações contidas no Alcorão, os muçulmanos devem se abster da bebida, da
adoração a ídolos, religiosos
ou não; ato de prestar culto carne de porco e dos jogos de azar. O livro sagrado condena o roubo, o homicídio, a reprodução
divino a criaturas. da figura humana e a idolatria religiosa. Admite, por outro lado, a escravidão e a poligamia.
GEOCENTRISMO: teoria A capacidade de assimilar e reelaborar o patrimônio cultural das diferentes civilizações
astronômica que considera com as quais tiveram contato fez dos árabes uma civilização que em muito se notabilizou no
a Terra fixa no centro do campo científico.
Universo, com todos os Aos árabes se deve a tradução da obra do astrônomo grego Ptolomeu, defensor do princípio
outros corpos celestes
do geocentrismo, conhecida como Almagesto, e a criação de importantes observatórios de as-
orbitando ao seu redor.
tronomia em Damasco, em Córdoba e no Cairo.
Os árabes desenvolveram os primeiros estudos de alquimia, com o objetivo de produzir a
pedra filosofal, substância que poderia transformar todos os metais em ouro. Nessa curiosa
procura, acabaram descobrindo várias substâncias, como o álcool, o ácido sulfúrico e o sali-
tre. Os estudos árabes sobre a alquimia contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento
do surgimento da Química como ciência. Foram também os árabes que promoveram a descri-
ção dos processos de destilação, filtração e sublimação.

The Picture Art Collection/Alamy/Fotoarena

Imagem do Observatório de Istambul,


CONECTE! do século XVI, representando
estudiosos árabes de diversas áreas.
Explore situações
e exemplos de
ZOOM
intolerância
religiosa no Brasil
e no mundo
A alquimia foi uma tradição filosófica-mística praticada na Europa, África e Ásia que
contemporâneo
buscava purificar, amadurecer e aperfeiçoar certos objetos físicos. Dentre seus diver-
acessando o
sos objetivos estavam a crisopeia (transmutação do ouro), a transmutação de “metais
site: <www.
básicos” (por exemplo, chumbo) em “metais nobres”, particularmente ouro; a criação
educamaisbrasil.
de um elixir da imortalidade; a criação de panacéas (preparados medicinais) capazes de
com.br/enem/
curar qualquer doença e o desenvolvimento do alkahest, um solvente universal.
religiao/
AS RAÍZES da alquimia: suas atividades na Índia, China e Europa medieval. NetNature.
intolerancia- Disponível em: <https://netnature.wordpress.com/2018/02/26/as-raizes-da-alquimia-suas-
religiosa>. Acesso atividades-na-india-china-imperio-arabe-e-europa-medieval/>. Acesso em: 29 set 2019.

em: 22 jan. 2020.

54
No campo medicinal, estabeleceram o diagnóstico de doenças como a varíola e o sarampo. A

Hist—ria
obra Cânon, do médico Avicena, foi utilizada como manual de medicina na Europa até o século XVII.

Voc• sabia?

ABN ALI AL HOSAIN IBN ABDALLAH IBN SINA, também conhecido como Avicena, foi filósofo, médico, ma-
temático, astrólogo, alquimista, poeta, músico, físico, político e místico.
Segundo H. P. Blavatsky, Avicena era um “filósofo persa, nascido em 980, apelidado de, 'o famoso', autor das
primeiras obras de alquimia conhecidas na Europa [...]”.
Desde cedo mostrou suas aptidões intelectuais. Aos dez anos recitava o Alcorão de memória. Antes dos
dezesseis, quando já estudava e praticava medicina, conhecia lógica, física, matemática e metafísica. Empenhou-
-se muito nos estudos da filosofia e das ciências com uma vontade inquebrantável para além do sono e da fadiga.
Sua fama como médico era tão conhecida que, com apenas 18 anos, foi nomeado médico da corte do soberano
Samaní de Bujara. Permaneceu nesse cargo até a queda do Império Samaní em 999, e passou os últimos 14 anos
de sua vida atuando como conselheiro científico e médico do governante de Ispahán.
Antes de completar 21 anos, escreveu o seu Cânone de Medicina, que por muitos anos permaneceu como a
principal autoridade nas escolas médicas tanto da Europa quanto da Ásia. É um compêndio estruturado de todos
os conhecimentos médicos existentes na época, que constava de 5 livros; a obra é uma síntese que recolhe todo
o conhecimento dos grandes médicos greco-romanos: Hipócrates, Galeno, Dioscórides e Aristóteles. A essa base
teórica somam-se os conhecimentos de caráter prático da antiga Pérsia e da Índia.
AVICENA: principe dos sábios. Nova Acrópole. Disponível em: <https://nova-acropole.org.br/
blog-saiba-mais/artigos/avicena-principe-dos-sabios/>. Acesso em: 22 jan. 2020.

Na matemática, os árabes desenvolveram os estudos de álgebra e de trigonometria, além


da propagação do sistema numérico arábico, na verdade de origem hindu, mas que passava a
incluir o zero como algarismo.
Na literatura, desenvolveram importantes obras, como o Rubaiyat, contendo as poesias de
Omar Kayan, e As mil e uma noites, coleção de histórias, fábulas e contos de aventuras inspira-
dos na literatura dos povos egípcios e persas.
Historic Images/Alamy/Fotoarena

Ilustração da obra
literária As mil e uma
noites, uma coleção
de histórias e contos
populares originários
principalmente
do Oriente Médio
e compilados em
língua árabe.

55
CONECTE! A arquitetura foi a principal arte desenvolvida pelos árabes, retratando a combinação dos es-
tilos bizantino e persa. Eles construíram palácios e mesquitas, utilizando, nessas obras, a técni-
Aprofunde seus ca de cripta em forma de bulbo (os minaretes), arcos em ferradura, arabescos e mosaicos. A pin-
conhecimentos tura e a escultura foram artes menos desenvolvidas. Destaca-se, no entanto, a originalidade da
sobre costumes e arte dos arabescos como recurso decorativo.
tradições árabes

Damir Kalic/Shutterstock
acessando o site:
<www.wattpad.
com/551565561-
costumes-e-tradi%
C3%A7%C3%B5es-
%C3%A1rabes-
dicion%C3%A1rio- Vista frontal da Cúpula da Rocha.
%C3%A1rabe/ Construída no século VII, em
Jerusalém, é considerada um dos
page/3>. Acesso em: locais sagrados do Islã e uma das
22 jan. 2020. importantes obras da arquitetura
islâmica. Foto de 2018.

Finalmente, vale ressaltar a influência árabe na língua portuguesa. Em sua maioria, as pa-
lavras da língua portuguesa iniciadas por “al”, como “almoço”, “alface”, “alcachofra”, “álcool”,
“álgebra”, além de “bazar”, “cheque”, “cifra”, “magazine”, “musselina”, “tarifa”, “tráfico”, “zero”,
etc., são de origem árabe.

PARADA OBRIGATÓRIA

22. Observe a imagem a seguir. A imagem reproduz uma cena de um grupo de árabes
em torno da Caaba, o templo religioso por eles conside-
Photosindia/Alamy/Fotoarena

rado sagrado.

a) Cite a religião professada pelos cidadãos árabes repre-


sentados na figura.

b) Apresente a profissão de fé que os seguidores dessa re-


ligião devem recitar diariamente.

A Caaba, na Mesquita Al-Haram, em Meca, Arábia Saudita.

56
Hist—ria
23. Cite as principais contribuições dos povos árabes nos campos cultural e científico.

Photo 12/Universal Images Group/Getty Images


24. Identifique e explique a teoria astronômica reproduzida na imagem ao lado.

Imagem do século XVI


representando o heliocentrismo.

Parada complementar: 19
Teste seu conhecimento: 15 e 16

PARADA COMPLEMENTAR

Península Arábica
1. Analise o mapa ao lado e faça o que se pede.
Banco de imagens/Arquivo da editora

45º L
Mar Negro
TURQUIA Mar USBEQUISTÃO
(parte GEÓRGIA Cáspio
europeia)
Ancara
ARMÊNIA AZERBAIJÃO
TURQUIA TURCOMENISTÃO
(parte asiática) AZB

CHIPRE
Mar Nicósia SÍRIA
Mediterrâneo LÍBANO
Beirute Damasco
Bagdá AFEGANISTÃO

Jerusalém Amã IRAQUE


IRÃ
ISRAEL
EGITO
(parte JORDÂNIA
asiática) KUWAIT
Kuwait
ol
G

fo

BAHREIN r sico
Tróp OMÃ
ico de Câ ARÁBIA Manama CATAR
ncer SAUDITA Golfo
Doha de Omã
Abu Dhabi
Riad EMIRADOS
Mascate
ÁRABES UNIDOS
Ma

Mar
r Ve

çFRICA Arábico
rm
elh

OMÃ
o

IÊMEN
Sana
OCEANO
m
0 370 Áde ÍNDICO
o de
Golf
km Fonte: Atlas geográfico escolar.
Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 8.

57
a) Identifique os mares que banham a Península Arábica. 6. Explique de que maneira as religiões judaica e cristã
b) Identifique os golfos que banham a Península Arábica. contribuíram para a formulação do islamismo pregado
c) Identifique os países que, na atualidade, compõem por Maomé.
esse território.
7. Leia o texto a seguir.
2. Descreva os aspectos geográficos responsáveis pela
organização do território da Arábia feliz.
O califado foi o regime de governo praticado
pelos sucessores de Maomé durante o Império
3. A cidade de Meca, além de polo econômico, era também Árabe.
o centro religioso mais importante dos povos árabes.
Explique a importância da Caaba para os povos árabes.
Discuta as implicações políticas do califado árabe
4. Se a hégira inaugura o calendário Islâmico, calcu- como uma monarquia não hereditária.
le em que ano os fiéis muçulmanos encontram-se
na atualidade. 8. Considere o texto a seguir.

5. Identifique no mapa o local onde Maomé teria recebi- A dinastia dos Omíadas, iniciada pelo governa-
do as orientações pronunciadas pelo anjo Gabriel. dor da Síria Moaviá Omíada, promoveu a transfe-
rência da capital de Medina para Damasco.

Península Arábica
Banco de imagens/Arquivo da editora

45º L
Justifique de que maneira a atuação do comandante
Deserto
militar Gibral Tarik contribuiu para os interesses da
Oásis dinastia Omíada.
IMPÉRIO BIZANTINO

9. Leia o texto a seguir.


Jerusalém IMPÉRIO
SASSÂNIDA

Aqaba
Os preceitos religiosos definidos no Alcorão,
Tabuk livro com os ensinamentos ditados por Maomé,
Go

transformaram-se no código de conduta para a


lfo
P
ér

população do Império Árabe.


si

o
c

Kaybar
Chegada do profeta (622):
Trópico d Medina morte do profeta e primeira
e Câncer mesquita do islã (632)
Explique a importância dos cadis para os interesses dos
Nascimento povos que aderiram à religião islâmica.
Meca do profeta
ARÁBIA
Monte Hira
10. Analise o texto a seguir.
Ma

Local da revelação
rV
erm

Najran
elh

No governo da dinastia Abássida, o Império


o

Árabe, politicamente fracionado em três califa-


Ma’rib
Sana’a dos, sucumbiu sob ação das forças estrangeiras.
SABA
0 240 OCEANO
km ÍNDICO
Descreva de que maneira ocorreu o declínio do Império
Fonte: Coleção Pitágoras – 2008, 5a série, Livro 2. p. 53. Árabe.

58
História
11. Considere o texto a seguir. Compare a vida rural das comunidades árabes com a
realidade rural dos europeus.

A religião islâmica valeu-se de importantes 16. Observe as imagens a seguir.


obras, como o Alcorão, em seu processo de dou-
trinação religiosa sobre os fiéis que aderiram aos
novos valores.

Apresente a importância da sharia como obra associada


aos interesses dos povos que aderiram ao islamismo.

12. Leia o texto a seguir.

No cotidiano islâmico, é de relevante importân-


cia o papel religioso, desempenhado pela liderança
do im‹, e sua atuação dentro das comunidades que
participam das atividades da mesquita.

Explique a principal função da mesquita no mun-


do islâmico.

13. Analise o texto a seguir.

MRS Editorial
As condições das mulheres a partir do islamis-
mo foram relativamente modificadas. Por exemplo,
a prática do infanticídio foi proibida, e elas passa-
ram a ter o direito parcial à herança de seu pai.
A partir delas, identifique as atividades econômicas que
os povos árabes mais desenvolveram.
Descreva como era a estrutura de uma família árabe.
17. Indique três obrigações da religião islâmica, organizada
14. Imagine que você seja um rico mercador de especiarias por Maomé.
do Oriente que pretende se transferir com toda a famí-
lia de Bagdá para Medina e precisa encontrar uma boa 18. Leia o texto a seguir.
casa na região. Então, redija um anúncio no jornal cir-
culante Império Árabe, descrevendo o modelo de uma
típica casa do período. A pintura e a escultura foram as artes menos
desenvolvidas pelos povos árabes. Destaca-se,
15. Considere o texto a seguir. no entanto, a originalidade da arte dos arabescos
como recurso decorativo.

Para o Império Árabe, além das práticas de co-


mércio, o trabalho agrícola também era fundamen- Justifique por que a pintura e a escultura foram mani-
tal para uma expressiva parcela de sua população. festações artísticas de menor importância no mundo
medieval árabe.

59
19. Observe a imagem a seguir.

OPIS Zagreb/Shutterstock

Vista frontal do Taj-Mahal, um monumento funerário localizado em Agra, na Índia, datado do século XVII. Classificado pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade, o mausoléu
foi erguido sob as ordens do imperador Shah Jahan, em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam. Produzido em
mármore branco, o edifício contém inscrições extraídas do Corão.

Identifique, na construção acima, duas influências da arquitetura árabe.

60
Hist—ria
PARA FIXAR

Preencha o quadro a seguir de acordo com o que aprendeu neste capítulo.

COMO ERA EXERCIDO O PODER ENTRE OS POVOS ÁRABES COMO VIVIAM OS POVOS ÁRABES ANTES DO
ANTES DO SURGIMENTO DO ISLAMISMO SURGIMENTO DO ISLAMISMO

Arábia pré-islâmica Arábia desértica


Litoral:

Interior:

Arábia feliz

Caaba

Arábia maometana
Família
Maomé • Modelo:
• Valorização:

Hégira

Califas Educação das crianças ricas


• Meninos:

• Meninas:
Califas piedosos

Jihad
Educação das crianças pobres

Dinastia dos Omíadas • Meninos:

• Meninas:
Dinastia dos Abássidas
• Divisão do Império Árabe
Diversão

• Declínio do Império

61
Sharia

Cadis

Ulemás

Xeques

Mesquita

A ECONOMIA E O TRABALHO A RELIGIÃO E A CULTURA DOS POVOS ÁRABES ANTES


EXERCIDA PELOS POVOS ÁRABES E DEPOIS DO SURGIMENTO DO ISLAMISMO

Economia Religião:
Atividade mercantil
• Livro sagrado:

Astronomia

Suqs:
Atividade agrícola Alquimia

Relações de trabalho Química

Medicina

62
Hist—ria
Sociedade Matemática

Literatura

Arquitetura

Filosofia

63
U4

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

COMO SE PROCESSOU A
PASSAGEM DO MUNDO
ANTIGO PARA O
MUNDO MEDIEVAL?
Agora, leia o texto abaixo.
s questões que abriram esta Unidade revelam aspectos relativos à implantação do pro-
A cesso de construção do mundo medieval europeu e árabe.
No contexto medieval europeu, houve a fragmentação do poder instituído pelos antigos ro-
manos, logo após as constantes invasões dos povos bárbaros em seus domínios.
Economicamente, foram obrigados a abandonar as atividades comerciais e marítimas e dedi-
caram-se às atividades agrícolas, com base no trabalho servil.
A sociedade europeia medieval era hierárquica, sem mobilidade social.
A Igreja católica foi a instituição de maior influência no cotidiano daquela época. Responsável
pela proposição do teocentrismo como eixo explicativo para os fenômenos da natureza e do
Universo, era a detentora do conhecimento filosófico e científico.
Os povos árabes, antes do surgimento do islamismo, se organizavam socialmente em tribos
independentes entre si. O politeísmo era a prática religiosa.
A partir da difusão do islamismo por Maomé, houve a unificação política dessas tribos em
um único governo. Sendo assim, foi possível criar códigos de conduta que regulavam o com-
portamento dos indivíduos. Esses códigos de conduta eram baseados nos valores propostos
pelo islamismo.
As atividades comerciais, tanto terrestre quanto marítima, tinham no mercado europeu
seus principais compradores.
Socialmente, os árabes se organizavam em torno da importância da família, de cará-
ter patriarcal.
Por fim, do ponto de vista cultural, além dos fundamentos islâmicos, houve a ocorrência de
importantes manifestações no campo das Artes, da Astronomia, da Literatura, da Medicina e
da Filosofia

64
TESTE SEU CONHECIMENTO

1. A realidade do continente europeu na passagem da Antiguidade para o período medieval foi caracterizada por um
quadro de intensa instabilidade política. Sobre os aspectos relativos a essa passagem, podemos afirmar que a(o)
a) atuação do comitatus exerceu reduzida influência no processo de conquista dos antigos domínios romanos.
b) centralismo político do Império Romano manteve-se inabalado, apesar das tentativas bárbaras de ocupação.
c) organização das monarquias germânicas estimulou a unificação política existente no continente europeu.
d) pressão exercida pelos povos hunos estimulou a invasão dos germânicos sobre os limites do Império Romano.

2. Analise o texto a seguir.

Desde o século IV, diante da fraqueza do estado, os latifundiários romanos contavam com grupos armados
particulares, para preservar a ordem em seus domínios e protegê-los dos bandidos e de incursões bárbaras.
Entre os germanos havia o companheirismo ou comitatus (...).
A utilização de grupos armados particulares (privatização da defesa) aumentou consideravelmente a partir
dos ataques Vikings, Sarracenos (Árabes) e Húngaros. Essas invasões e incursões são mais intensas a partir do
século IX e prolongam-se no século seguinte (...).
A resistência aos invasores só poderia ser feita pelos grandes senhores que detinham o poder em cada região. Além
disso, os ataques de surpresa e a rapidez da retirada dos invasores impediam que a lenta mobilização dos exércitos
reais conseguisse sucesso. Para sobreviver, a Europa católica cobriu-se de castelos e fortalezas. Com isto, o poder dos
nobres aumentava, enquanto que o poder dos reis diminuía. Este processo é chamado de fragmentação política.
FRANCO, JR., Hilário. O feudalismo. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 20-21. (fragmento)

A origem do sistema feudal, segundo o texto de Hilário Franco Junior, caracterizou-se pelo
a) aumento populacional do continente europeu, decorrente do quadro de estabilidade.
b) crescimento das relações assalariadas de produção, que beneficiou o elemento servil.
c) desenvolvimento das relações de suserania e vassalagem no interior do sistema.
d) fortalecimento da autoridade e do poder político dos monarcas feudais europeus.

3. Durante o governo de Carlos Magno (768-814), rei dos francos, a administração do Império Carolíngio foi baseada em
unidades controladas por condes, duques e marqueses, fortalecendo o poder e a influência da aristocracia local. O filho
e sucessor de Carlos Magno, Luís, o Piedoso (814-840), conseguiu manter unidas as bases do Império dos francos. Poste-
riormente, com sua morte, foi estabelecido entre os netos de Carlos Magno o Tratado de Verdun (843). Por esse tratado
processou-se politicamente a
a) consolidação do poder patrimonial da Igreja cristã ao receber o controle de terras pertencentes à dinastia carolíngia.
b) divisão do Sacro Império Romano Germânico e o enfraquecimento do poder político dos francos na Europa.
c) expansão das fronteiras do Império Franco, responsável pela conversão dos invasores normandos à doutrina cristã.
d) manutenção da unidade política dos domínios da dinastia carolíngia, reforçando a autoridade monárquica.

4. O sistema feudal, do ponto de vista social, testemunhou, no contexto das inúmeras guerras e invasões ocorridas no
continente europeu, a construção gradativa de uma sociedade rural e hierarquizada. Em relação à sociedade feudal, é
correto afirmar que os
a) vilões eram pequenos proprietários moradores das vilas localizadas próximas à propriedade feudal.
b) servos, por determinação da Igreja, estavam dispensados do pagamento de impostos em trabalho.
c) nobres, além da prestação de serviços militares, prestavam serviços voluntários nas terras da Igreja.
d) clérigos eram obrigados ao pagamento de impostos em serviço e em trabalho nas terras da nobreza.

65
5. Observe a imagem a seguir. 7. Observe a imagem e leia o texto a seguir.

Julian Gazzard/Alamy/Fotoarena

MRS Editorial
Portão de entrada da cidade medieval de Sirmione, na Itália.

Os castelos, no início do período medieval europeu,


eram caracterizados por
a) abrigarem em seu interior exclusivamente os familia-
res do proprietário do feudo.
b) explorarem, nos diferentes aposentos, uma suntuosa
decoração e um rico mobiliário.
c) garantirem, por meio do fosso e da ponte levadiça, a
defesa contra invasões inimigas.
d) organizarem a base de sua edificação nas regiões Os domínios pertencentes ao senhor eram
mais baixas e planas da propriedade. chamados de senhorio. Era a terra sobre a qual
o senhor tinha total autoridade, inclusive sobre
6. Leia o texto a seguir. todos os seus moradores (os servos).
RODRIGUES, Joelza Ester. Projeto Athos, 7o ano.
São Paulo: FTD, 2014. p. 20.

As diferenças sociais entre nobres e servos


eram reforçadas por padrões desiguais na educa-
ção oferecida a seus respectivos familiares. É historicamente correto afirmar que na estrutura dos
domínios senhoriais
a) as glebas do manso servil eram oferecidas pelos se-
Podemos afirmar que a educação no mundo medieval nhores aos trabalhadores como posse, e não como
europeu caracterizava-se, entre outros aspectos, por propriedade.
a) garantir aos filhos dos grupos populares o aprendiza- b) o manso comunal era de uso exclusivo da comunida-
do das boas maneiras do castelo. de servil, que ali criava rebanhos e coletava madeira e
b) instruir os filhos dos grupos proprietários para o tra- frutos.
balho na produção agrícola. c) a produção do manso senhorial era dividida entre a
c) orientar as meninas camponesas ao aprendizado do- comunidade servil e o responsável pela propriedade
méstico de cozinhar e fiar tecidos. feudal.
d) oferecer aos meninos dos diferentes grupos sociais a d) a realização da corveia, como imposto pago em traba-
formação para a cavalaria. lho, deveria ser cumprida diariamente no manso servil.

66
8. Analise o texto a seguir. O território que deu origem à civilização árabe carac-

Hist—ria
terizava-se pela(o)
a) ausência de vales fluviais e predomínio de extensa
Esta longa Idade Média é, para mim, o contrá- área desértica.
rio do hiato visto pelos humanistas do Renasci- b) importância do pastoreio desenvolvido nos oásis de
mento e, salvo raras exceções, pelos homens das Iatribe e Meca.
luzes. É o momento da criação da sociedade mo- c) prática da economia agrícola e mercantil no interior
derna, de uma civilização moribunda ou morta do território.
sob as formas camponesas originais, no entanto d) presença dos povos beduínos na região litorânea da
viva pelo que criou de essencial nas nossas estrutu- Arábia feliz.
ras sociais e mentais. Criou a cidade, a nação, o Es-
tado, a universidade, o moinho, a máquina, a hora 10. Considere o texto a seguir.
e o relógio, o livro, o garfo, o vestuário, a pessoa,
a consciência e, finalmente, a revolução. Entre o
neolítico e as revoluções industriais e políticas dos Pertencente a um dos clãs menos influentes dos
últimos dois séculos, ela é, pelo menos para as so- coraixitas, Maomé nasceu em Meca, no ano de 570,
ciedades ocidentais, não um vazio ou uma ponte, sendo levado como órfão pelo avô para uma tribo
mas um grande impulso criador (...). do deserto, onde passou a conviver com os beduí-
LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média: nos. Retornou para Meca aos 15 anos, onde se des-
tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Lisboa: tacaria na condução do comércio de caravanas.
Editorial Estampa, 1993. p. 12.

A análise do texto de Jacques Le Goff permite-nos per- No período em que Maomé iniciou suas pregações reli-
ceber a Idade Média como um período caracterizado giosas, a(o)
pelo(a) a) apoio dos beduínos foi decisivo para a expansão dos
a) Ignorância, ou “idade das trevas”, decorrente da com- valores islâmicos.
pleta ruptura com a produção cultural clássica greco- b) Caaba era o principal templo de adoração monoteísta
-romana. do território árabe.
b) importância de seu legado artístico e cultural, base da b) hégira assegurou o apoio da tribos dos coraixitas às
estrutura social e mental do mundo moderno. novas orientações.
c) instituição do localismo político fundamentado nas d) Península Arábica encontrava-se politicamente unifi-
relações de suserania e vassalagem entre os membros cada em 335 tribos.
da nobreza.
11. Leia o texto a seguir.
d) retrocesso da vida urbana, decorrente da instabilida-
de política provocada pelas incursões germânicas,
árabes e vikings. Os valores religiosos da doutrina islâmica for-
9. Leia o texto a seguir. mulada por Maomé exercem forte influência no
comportamento social e político do mundo árabe.

A Península Arábica foi historicamente ocupa-


da por tribos nômades semitas que, desde a An- Entre os aspectos religiosos relacionados ao islamismo,
tiguidade, dedicavam-se a uma intensa atividade a(o)
mercantil, estruturadas em terra através de siste- a) cadi exerce o papel de juiz responsável pela aplicação
mas de caravanas. dos fundamentos politeístas definidos nos versos do
Geograficamente, boa parte da topografia des- Alcorão.
se território é dominada pelo Planalto Arábico, b) califa possuía poderes políticos limitados, subordi-
com altitude variável entre 500 a 1000 metros. nando-se à autoridade dos funcionários reais do Im-
pério Árabe.

67
c) sharia representa um código de leis que regulamenta c) realização dos suqs, núcleos de comércio destinados
as condutas sociais e o comportamento do cidadão exclusivamente à negociação de produtos agrícolas.
islâmico. d) utilização de diferentes tipos de moedas no comér-
d) mesquita representa o principal tribunal de justiça cio, rejeitando a adoção de cheques e das letras
organizado pelo mundo islâmico, e é dirigido pelos de câmbio.
ulemás superiores.
14. Leia o texto a seguir.
12. Considere o texto a seguir.

Segundo os preceitos do islamismo, todos


No mundo árabe, seja nas comunidades pas-
toris, seja nas aldeias urbanas, a unidade social aqueles que se converterem à submissão a Alá
básica era a família nuclear de três gerações, na devem ser considerados indivíduos iguais.
qual filhos, pais e avós, numerosamente, convi-
viam em uma mesma casa.
O trabalho no mundo medieval árabe caracterizou-se
pela
A vida social árabe caracterizava-se pela a) adoção em larga escala do trabalho escravo para con-
a) proibição de festas religiosas, além da realização de templar as diferentes necessidades da economia rural
touradas, condenadas pelo Alcorão. e urbana.
b) reclusão das mulheres ao harém, local exclusivo para b) ausência de traços de miscigenação, contribuindo
a realização das orações da família.
para a presença de fortes características de discrimi-
c) utilização do hamã, local de banhos públicos, reserva-
nação racial.
do para o lazer dos cidadãos masculinos.
c) elevada carga de tarefas exigidas sobre os trabalha-
d) valorização dos membros familiares idosos, vista uma
dores rurais, além dos inúmeros impostos cobrados
como oportunidade para o progresso espiritual.
pelo governo.
13. Observe a imagem a seguir. d) valorização do papel da mulher no desenvolvi-
mento de atividades estratégicas e na produção de
kpzfoto/Alamy/Fotoarena

bens de valor.

15. Observe a imagem a seguir.

Bridgeman/Fotoarena/Biblioteca da Universidade de Edimburgo, Esc—cia


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Beco de um mercado árabe que se espalha por bairros cristãos e


muçulmanos na cidade velha de Jerusalém, Israel. Foto de 2015.

A economia no mundo medieval árabe caracterizou-se


pela
a) desvalorização das atividades agrícolas, decorrente
da concentração da população nos centros urbanos.
b) organização de rotas mercantis marítimas e terrestres
que intermediavam o comércio entre Europa e Oriente. Miniatura do século XIV representando Maomé e o arcanjo Gabriel.

68
Hist—ria
A cultura desenvolvida pelo mundo medieval árabe tem no islamismo um dos seus principais componentes de identidade.
Os fundamentos religiosos formulados por Maomé
a) apresentam valores que se contrapõem à escravidão e à poligamia.
b) permitem a reprodução da figura humana e a adoração aos santos.
c) propõem a crença no paraíso, no juízo final e na imortalidade da alma.
d) rejeitam o princípio da caridade, valorizando a suprema força da fé.

16. Observe a imagem a seguir.

Granger/Fotoarena
Iluminura do século XIII representando estudiosos árabes na biblioteca de Hulwan, no Egito.

A contribuição da cultura árabe, entre inúmeros aspectos, caracterizou-se pela(o)


a) descrição dos processos de destilação, filtração e sublimação.
b) desenvolvimento dos estudos relativos ao heliocentrismo.
c) diagnóstico de doenças como a tuberculose e a peste bubônica.
d) formulação dos ensinos matemáticos de geometria plana.

69
REFERÊNCIAS

ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade para o feudalismo. Porto: Afrontamento, 1982.


AYMARD, A.; AUBOYER, J. História geral das civilizações: Roma e seu império. São Paulo: Difel, 1971.
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Paulo: Moderna, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Brasília: MEC/SEB, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp_content/>.
Acesso em: 30 mar. 2020.
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CROUZET, M. História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1971. v. VII.
DOBB, M. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
FRANCO JR., H.; CHACON, P. P. História econômica geral e do Brasil. São Paulo: Atlas, 1980. p. 78-79.
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HOURANI, A. H. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
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LE GOFF, J. La baja Edad Media. Madri: Siglo Veintiuno, 1973. v. II.
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MACEDO, J. R. Movimentos populares na Idade Média. São Paulo: Moderna, 1993.
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MATTOSO, A. G. História da civilização: Idade Média, Moderna e Contemporânea. Lisboa: Sá de Costa, 1952.
MICELIL, P. O feudalismo. São Paulo: Atual, 1998.
MIGUEL, A. O Islame e sua civilização. Lisboa: Cosmos, 1965. v. VII.
NABHAN, N. N. Islamismo: de Maomé a nossos dias. São Paulo: Ática, 1996.
PERROY, E. et al. A Idade Média: a expansão do Oriente e o nascimento da civilização ocidental. São
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PIRENNE, H. Maomé e Carlos Magno. Lisboa: Dom Quixote, 1970.
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RIBEIRO, D. V. A cristandade no ocidente medieval. São Paulo: Atual, 1998.
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STEWART, D. Antigo Islã. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 57. (Coleção Biblioteca de História
Universal Life).
WEBER, M. História geral da economia. São Paulo: Mestre Jou, 1968.
YASBEK, M. A Espanha muçulmana. São Paulo: Ática, 1993.

70
G
Geografia

UNIDADE 4: Como as atividades humanas


ocorrem no espaço geográfico? 2
CAPÍTULO 1: As atividades econômicas 4

CAPÍTULO 2: Transformação da paisagem


pela ação antrópica 49
4
COMO AS ATIVIDADES
HUMANAS OCORREM NO
UNIDADE ESPAÇO GEOGRÁFICO?
iStock/Getty Images

A imagem mostra os diferentes meios de transporte


deslocando cargas e pessoas para diferentes lugares em
Málaga, na Espanha. As diversas atividades econômicas
que ocorrem na cidade interferem diretamente na
configuração espacial desse local. Foto de 2018.

2
Como o estudo da paisagem auxilia na compreensão
das características econômicas de um local?

Considerando a presença dos diversos elementos


culturais nas imagens, qual razão justifica as trans-
formações observadas nas paisagens?

Aponte os elementos culturais observados nas imagens


que indicam que elas mostram paisagens urbanas.

rafaelzzed/Shutterstock

Imagem aérea da avenida Paulista, na cidade de São


Paulo (SP). Essa região concentra empresas prestadoras
de serviços e se caracteriza por apresentar vias de
acesso mais largas e prédios com arquitetura moderna.
Foto de 2019.

3
UNIDADE 4
CAPÍTULO

AS ATIVIDADES
1 ECONÔMICAS
Estudaremos
neste capítulo:

Os recursos naturais e as atividades


Os recursos naturais e as
econômicas
atividades econômicas
Os seres humanos, assim como outros seres vivos, fazem parte da natureza e dependem
A importância da agropecuária dos seus recursos, seja para obtenção de alimentos, seja para geração de energia, ou, ainda,
para a obtenção de matéria-prima na produção de objetos utilizados em nosso cotidiano.
O papel do extrativismo
Pense em algum objeto que você utiliza em casa, na escola ou em outro lugar a que você
A dinâmica da indústria vá com frequência. Esse objeto é resultado da transformação de matérias-primas em um novo
produto. Observe, por exemplo, o caderno e o lápis utilizados em sala de aula. Esses materiais
Comércio e serviços foram produzidos a partir da transformação da celulose, da madeira, além do uso do grafite.
Observe, a seguir, o processo de fabricação do papel.

Processo de fabricação do papel


Os papéis de alta qualidade exigem um processo altamente técnico e preciso na sua
produção. O esquema a seguir detalha as etapas de fabricação do papel.
1. Madeira 11. Revestimento
A madeira é uma matéria-prima Aplicação da cor que

MRS Editorial
renovável, material necessário revestirá o papel. Revestir
para a produção de papel. o papel é importante para
Essa madeira deve vir de florestas melhorar as propriedades
geridas de forma sustentável. de impressão.
2. Descascamento 12. Calandragem
Cascas que não podem ser Após o revestimento, o papel
usadas para fabricação de papel pode ser calandrado, ou seja,
são usadas para a produção de passado entre dois ou mais
energia elétrica. rolos, e a aplicação de calor
dá ao papel propriedades
3. Polpação química
lisas e lustrosas.
Os pedaços de madeira são
cozidos para remover a lignina. 13. Acabamento
A queima dos subprodutos do Os papéis são enrolados
processo permite que toda a em bobinas ou cortados
polpação tenha energia para ser em folhas.
autossuficiente.
14. Papel para reciclagem
4. Polpação mecânica Após ser utilizado, o
Os pedaços de madeira são moídos papel ainda é um material
para separar as fibras. Essas polpas importante para a indústria
são usadas para fabricar produtos de celulose e papel.
como papéis de jornal e de revista.
7. Seção de fio 9. Seção de prensa 15. Transformação em polpa
5. Limpeza A água é removida. Aqui as fibras Nessa etapa, a prensa espreme o papel O papel para reciclagem
As fibras são lavadas e secas. começam a espalhar e consolidar úmido e baixa o teor de água para 50%. é dissolvido em polpa
A polpa está pronta para ser em uma esteira fina, processo para separar as fibras
10. Secagem componentes.
usada diretamente ou pode chamado de "formação de folhas".
Uma série de cilindros de ferro fundido,
ser branqueada.
8. Formação do papel aquecidos a temperatura superior a 16. Destintagem
6. Achatamento A celulose é diluída em água para 100 °C, pelos quais a rede com as folhas Revestimentos e tintas são
Uma mistura de fibras e água é consolidar as características do passa e ocorre a secagem. removidos por meio do
achatada em formato horizontal. papel. A folha percorre a máquina. processo de flotação.

4
Geografia
Os grupos sociais sempre foram dependentes dos recursos naturais para garantir sua
sobrevivência e o desenvolvimento econômico. Ao longo do tempo, o aprimoramento das
técnicas permitiu o aumento da produção de diferentes bens de consumo, processo que levou
TÉCNICA: saber,
à maior extração de recursos naturais, que são transformados nos produtos utilizados pelas
procedimento ou processo
sociedades humanas. Quanto maior for o nível de sofisticação das técnicas, maiores serão a de uma arte ou ciência para
produção de bens, a transformação de recursos naturais, a utilização de fontes de energia e o se alcançar determinado
consumo nas cidades. O consumo intenso dos elementos naturais é uma característica impor- resultado.
tante da sociedade atual. Essa interação do ser humano com a natureza, realizada a partir da
retirada de matéria-prima, assim como em outras atividades humanas, como a agricultura e a
indústria, modifica as paisagens naturais e poderá tornar escassos os recursos naturais para
as próximas gerações.

Os recursos naturais
Todos os elementos disponíveis na natureza que podem ser aproveitados pelo ser humano
são chamados de recursos naturais. Eles são empregados na produção de bens de consumo
variados ou como fonte de energia. Esses recursos se formam e se renovam em ritmos diferen-
tes e, por isso, são classificados como renováveis e não renováveis.

Delfim Martins/Pulsar Imagens

A água é considerada um recurso renovável, porém sua distribuição irregular, associada ao uso inadequado,
comprometem a disponibilidade desse elemento em alguns locais. Na imagem, estação de tratamento de água localizada
no município de Cajazeiras (PB). Esse local tem o objetivo de tornar a água um recurso acessível. Foto de 2019.

Os recursos naturais renováveis são aqueles que podem ser repostos tanto pela natureza
como pelos seres humanos, em um curto período, desde que sejam utilizados de forma adequada.
Um solo degradado, por exemplo, pode ser recuperado, sendo reutilizado como recurso no
cultivo agrícola, pois não se extingue, mesmo que seja utilizado de forma abundante. No en-
tanto, um solo nessas condições, se não receber um conjunto de técnicas que busquem recu-
perá-lo, pode se tornar improdutivo para a agricultura ou ficar ainda mais suscetível à erosão.

5
Atualmente, o uso da luz do Sol e do vento como fontes de energia tem crescido em todo
o planeta. São recursos cujas incidências são variáveis nos diferentes lugares do mundo, mas
podem ser usados amplamente com pouquíssimo risco de se esgotar.

reisegraf.ch/Alamy/Fotoarena
A turbina eólica é um exemplo
de utilização dos recursos
naturais. As turbinas utilizam a
força proporcionada pelo vento
para gerar energia. Na imagem
ao lado, observamos a fazenda
de turbinas eólicas, localizada
no município de Capivari do
Sul (RS). Foto de 2018.
Alain Denantes/Gamma-Rapho/Getty Images

Utilização de painel de
aquecimento solar para água,
instalado no telhado de uma
cooperativa agrícola localizada
em Corcoué-sur-Logne, na
França. Foto de 2010.

Os recursos naturais não renováveis são aqueles que não podem ser repostos ou têm ritmo
de reposição muito lento. Os recursos de origem mineral, como o petróleo, o ferro, a bauxita,
são resultado de longos processos geológicos, portanto demoram milhares (ou até milhões)
de anos para se renovar.
O surgimento da indústria marcou a intensificação da exploração dos recursos naturais; os
tipos de atividade e o processo industrial ampliaram o consumo dos elementos naturais. Con-
sequentemente, têm-se observado inúmeras mudanças nas paisagens e problemas ambientais
decorrentes dessa intensificação, e a disponibilidade de alguns recursos, mesmo alguns reno-
váveis, como é o caso da água, pode se tornar limitada ou escassa.

Fontes de energia
O aproveitamento de recursos naturais para a produção de energia favoreceu o desenvol-
vimento de diversas atividades realizadas pelo ser humano. As fontes energéticas se tornaram
muito importantes para a economia dos países, pois permitem o desenvolvimento de ativida-
des que geram riqueza, como a produção industrial, entre outras.
O domínio do acesso às fontes de energia, em algumas situações, é foco de conflitos entre
nações, como se observa no Oriente Médio, onde ocorrem disputas por territórios que contam
ESCASSO: insuficiente,
insatisfatório. com jazidas de petróleo. Na Guerra do Golfo, em 1991, o Iraque invadiu o território do Kuwait e
enfrentou a reação de 39 nações. Além desse conflito, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos,
JAZIDA: local que apresenta
grande concentração de em 2003, foi outro exemplo de confronto entre nações que tiveram entre suas motivações a am-
algum recurso mineral. bição de assumir o controle de áreas com grandes reservas de petróleo.

6
Geografia
Maiores produtores mundiais de petróleo (2018)*

MRS Editorial
(Mil barris/dia)

Estados Unidos 15 311


Arábia Saudita 12 287
Rússia 11 438
Canadá 5 208
Outros
Irã 4 715
29%
Iraque 4 614
EUA
Emirados Árabes 3 942 16%
Brasil Produção
China 3 798
2,8% mundial * Esses valores incluem os líquidos
Kuwait 3 049
de gás natural (LGN).
Brasil 2 683
Kuwait
3%
94,7 Fonte: Elaboração IBP com dados

México 2 068 milhões da BP. Disponível em: <www.ibp.org.


br/observatorio-do-setor/maiores-
China
Nigéria 2 051 4%
barris/dia produtores-mundiais-de-petroleo-
em-2018/>. Acesso em: 12 dez. 2019.
Cazaquistão 1 927 Emirados Árabes Observe que cerca de um
Arábia Saudita
Unidos terço do petróleo produzido
Catar 1 879 13%
4% Iraque Rússia no mundo em 2019 veio de
Noruega 1 844 5% Irã Canadá 12% países do Oriente Médio (Arábia
5% 5% Saudita, Iraque, Irã, Emirados
Árabes Unidos, Kuwait e Catar).

Por se tratar de recursos naturais, as fontes de energia também são classificadas em reno-
váveis e não renováveis quanto à sua origem.

Fontes de energia renováveis


Apesar de as fontes de energia renováveis não se esgotarem, ainda é elevado o custo para
utilizá-las, pois isso exige o emprego de tecnologia de ponta para a produção de energia a
partir dessas fontes. Além disso, elas apresentam capacidade menor ou instabilidade na ge-
ração de energia, fatores que tornam seu uso restrito. Observe, a seguir, algumas das fontes
energéticas renováveis.
Energia e—lica
É produzida por meio da movimentação de hélices pelo vento. É necessário que haja inci-
dência de ventos de forma constante nos locais onde os parques eólicos são instalados.
Zig Koch/Opção Brasil Imagens

Parque eólico do Cumbe, localizado no município de Aracati (CE). Foto de 2018.

7
Energia solar
É produzida a partir da radiação do Sol por placas fotovoltaicas, capazes de absorver a
radiação e convertê-la em energia elétrica. O uso dessa fonte é viável nos lugares onde a inci-
dência de luz solar é maior ao longo do ano, como na zona tropical.

Good Luck Express/Shutterstock


A energia elétrica fornecida
para geração de iluminação
pública, na cidade de Sharm
el-Sheikh, no Egito, vem do
painel solar instalado em
cada poste. Diversos países
vêm adotando medidas
para baratear os custos
de fabricação dos painéis
CONECTE! solares. Foto de 2019.

Acesse o site sobre


Energia geotérmica
a usina hidrelétrica
Essa fonte energética é proveniente do calor do interior da Terra, em locais onde existem
de Itaipu, disponível
vulcanismo ativo e fontes de águas quentes. Resulta da transformação do calor em energia
em: <https://www.
itaipu.gov.br/ elétrica. É uma energia limpa e demanda pequena área para a instalação de usinas.
nossahistoria>.

Akhmad Dody Firmansyah/Shutterstock


Acesso em:
18 fev. 2020.
Nessa página você
pode obter mais
informações sobre
a produção de
energia na maior
usina hidrelétrica da
América do Sul. Usina geotérmica localizada
na cidade de Garut, na
Assista à reportagem Indonésia. Foto de 2018.
que trata das
mudanças no rio
Hidroeletricidade
Uruguai causadas
É obtida pela força do movimento da água dos rios de planalto em direção as áreas mais baixas,
pela construção de
por meio da construção de barragens. Trata-se de uma forma de produção de energia não poluente
usinas hidrelétricas.
Disponível em: e mais barata, se comparada com outras fontes de energia. Porém, as hidrelétricas provocam im-
<http://g1.globo. pactos ambientais e sociais, devido à presença da barragem e da área de inundação das represas.
com/rs/rio-
Vinicius Bacarin/Shutterstock

grande-do-sul/
jornal-do-almoco/
videos/t/edicoes/v/
construcao-
de-usinas- Usina hidrelétrica de
Itaipu, construída no rio
hidreletricas-causa-
Paraná entre 1975 e 1982,
mudancas-no-rio- na fronteira entre Brasil
uruguai/3393692/>. e Paraguai, por meio de
Acesso em: um acordo binacional.
É considerada uma das
18 fev. 2020. maiores usinas hidrelétricas
no mundo. Foto de 2018.

8
Geografia
Biomassa
Essa fonte energética é produzida com matéria orgânica de origem animal ou vegetal. A obten-
ção de energia ocorre por meio da queima de recursos, como lenha, palha, óleos vegetais, ou da
decomposição da matéria orgânica que produz gás metano nos aterros sanitários.
Rogerio Reis/Tyba

A imagem ao lado mostra uma


usina localizada na cidade CONECTE!
de Olímpia (SP) e que produz
energia elétrica por meio do
bagaço de cana-de-açúcar. Assista à animação
Foto de 2011. produzida pela
EDP, disponível
em: <https://www.
ZOOM
youtube.com/
watch?v=5IFkrbE
Os fatores geográficos também podem ser fundamentais para a utilização das fontes de energia re-
M21I>. Acesso em:
nováveis. Para a utilização da energia hidráulica, por exemplo, é necessário que exista uma diferença
18 fev. 2020.
de nível (altitude) entre os rios. Dessa forma, os países que possuem cursos de rios que passam por
áreas com grandes variações altimétricas terão a maior capacidade de produzir energia por meio Essa animação mos-
das hidrelétricas. No caso da energia eólica, a localização do terreno para a instalação dos parques tra como a biomassa
é fundamental, pois o funcionamento do sistema depende da abundância dos ventos. No Brasil, as está inserida no seu
regiões Nordeste e Sul são aquelas que concentram os maiores parques eólicos do país. dia a dia.

CONECTE!

Acesse a página da Embrapa, disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/


matprima1_000gevvbauw02wx5ok0dnrsvx8drsue9.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2020.
Nesse site estão disponíveis informações sobre a produção e a importância do biodiesel.

Fontes de energia não renováveis


As fontes de energia não renováveis não podem ser repostas pela natureza, porém são
muito utilizadas atualmente por apresentarem maior potencial de liberação de energia. As
principais fontes de energia dessa categoria são os combustíveis fósseis, ou seja, materiais
que resultaram de um longo processo de decomposição de organismos, no interior da crosta
terrestre, que viveram no planeta há cerca de 65 milhões de anos.

9
Existem três tipos principais de combustíveis fósseis: o petróleo, o gás natural e o carvão
mineral. Eles apresentam grande concentração de hidrocarbonetos e elevado poder calorífico.
A queima desses combustíveis gera gases poluentes, principalmente o dióxido de carbono (CO2,
MATRIZ ENERGÉTICA:
principal responsável pelas alterações no efeito estufa), o monóxido de carbono (CO), óxidos de
representação de todos
os recursos energéticos enxofre e de nitrogênio (relacionados à chuva ácida), entre outros. Apesar disso, os combustí-
disponíveis para serem veis fósseis ainda são fundamentais para a economia dos países, já que integram mais de 70%
utilizados. da matriz energética mundial.
Petróleo
Considerado um combustível fóssil, essa substância está relacionada com a produção de
automóveis em larga escala e o desenvolvimento da indústria. É formado pelo acúmulo de res-
tos de animais e vegetais no fundo de oceanos e mares, há milhões de anos, que ficaram sob
pressão da crosta após a deposição de sedimentos. Atualmente, pode ser explorado tanto no
subsolo quanto na plataforma oceânica.
Os derivados do petróleo são utilizados como combustível para veículos automotores
(diesel, gasolina e querosene) e matéria-prima para a indústria petroquímica (produção de
borracha, tinta, fertilizante, asfalto, plástico, etc.).

Martchan/Shutterstock
Vista aérea de uma refinaria de petróleo em Barcelona, na Espanha, e de tanques de armazenamento de combustível.
Foto de 2019.

Carvão mineral
O carvão mineral é o recurso natural mais poluente entre os combustíveis fósseis. Foi a
principal fonte de energia para as indústrias entre os séculos XVIII e XIX, mas seu uso resultou
e resulta em grandes impactos ambientais: a escavação para retirada do carvão do solo geral-
mente ocasiona a degradação (erosão) do terreno; a poeira do carvão e os gases liberados pela
sua queima podem causar problemas respiratórios. Sua origem está relacionada com a fossili-
zação da madeira e de outras plantas, que apresentam grandes quantidades de carbono. Esse
mineral é utilizado na produção de energia elétrica, de aço e como matéria-prima na indústria
química. Além disso, é usado para se obter energia elétrica por meio das termelétricas. Nesse
processo, o calor produzido pela queima do mineral aquece a água e produz vapor, que, por
sua vez, movimentará um gerador, produzindo energia.

10
Geografia
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
A mina de carvão mineral localizada no município de Candiota (RS) é considerada a maior jazida desse mineral do Brasil.
Foto de 2011.

Gás natural
É utilizado como combustível doméstico e industrial e empregado na produção de energia
elétrica. Por ser menos poluente e apresentar menor custo que os demais combustíveis fósseis,
seu uso tem se ampliado no espaço mundial, ainda que de forma restrita. A principal limitação
do uso está relacionada com o transporte e o armazenamento desse recurso, que atualmente
exigem a implantação de gasodutos, que podem causar grande impacto ambiental.

Renata Mello/Pulsar Imagens

A imagem acima mostra tanques de armazenamento de gás natural na Ilha Redonda. Eles estão localizados na cidade do
Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2015.

11
Energia nuclear
Produzido a partir da quebra do núcleo do átomo de urânio, que gera calor e aquece a água
das usinas termonucleares, cujo vapor movimentará as turbinas, esse tipo de energia pode ser
utilizado para gerar eletricidade, destinada a projetos militares e pesquisas científicas. Entre
as vantagens dessa fonte energética, é importante considerar que: a produção de energia não
libera gases poluentes na atmosfera, as usinas ocupam áreas pequenas e o urânio não oferece
risco de escassez a médio prazo. Porém, os elementos utilizados na geração de energia atômi-
ca produzem resíduos radioativos, que podem contaminar os solos, os alimentos, a água, o ar
e, ainda, expor as pessoas a doenças.

Delfim Martins/Pulsar Imagens


Responsável por cerca de 3% da energia elétrica gerada no Brasil, a fonte energética nuclear ainda carece de investimentos no
país. A imagem acima mostra as usinas que compõem a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, composta pelas usinas Angra 1,
à esquerda, Angra 2, à direita, e Angra 3, ao fundo, ainda em construção, situada no município de Angra dos Reis (RJ). Foto de 2019.

É importante lembrar que a utilização dessas fontes está condicionada à disponibilidade de


recursos e capital e ao acesso à tecnologia para a produção energética.

Atividades econômicas
As atividades econômicas estão relacionadas com o processo de fabricação de produtos e
bens e com a oferta de serviços que visam atender às necessidades humanas, podendo contri-
buir para o crescimento econômico de uma sociedade ou nação. Aliadas à expansão do con-
sumo, as atividades econômicas intensificaram a demanda por recursos naturais e por fontes
de energia nos últimos anos.
As atividades econômicas são agrupadas em três setores.
• Setor primário: contempla as atividades de extração de matéria-prima (de origem animal,
mineral e vegetal) e de produção dos alimentos, como a agricultura e a pecuária.
• Setor secundário: engloba as atividades de transformação da matéria-prima proveniente
do setor primário, ou seja, industriais e da construção civil.
• Setor terciário: envolve a circulação e a comercialização de mercadorias e a prestação
de serviços, como educação, saúde, administração, transporte, fornecimento de água e
energia, entre outros.
Mesmo que as atividades econômicas estejam organizadas em setores diferentes, elas estão
interligadas. Por exemplo, a venda de uma geladeira em uma loja, incluída no setor terciário,
depende diretamente da exploração de minérios e de outras matérias-primas, realizada pelo
setor primário, que serão transformados pela indústria, no setor secundário.

12
Interação entre os setores da economia

Geografia
MRS Editorial

1. Extração de minério de ferro 5. Produção de eletrodomésticos


Nessa etapa, o minério de ferro é extraído de uma mina. Nessa etapa, o ferro ou aço é utilizado para produzir máquinas, peças ou
equipamentos como as geladeiras.
2. Transporte do minério para a indústria
O minério de ferro pode ser transportado por meio dos modais rodoviário, 6. Transporte dos eletrodomésticos para as lojas
ferroviário ou hidroviário. Após fabricados, os eletrodomésticos são transportados para os galpões de
estoques ou diretamente para as lojas.
3. Transformação do minério de ferro em ferro ou aço
O processo de transformação de minério de ferro em ferro ou aço resulta na 7. Venda do eletrodoméstico na loja
fabricação de elementos importantes para a indústria de construção civil ou Nessa etapa, o material está exposto em uma loja (ou em um catálogo on-line
para indústrias que produzem máquinas, peças, entre outros. para ser vendido pela internet), onde pode ser observado pelos consumidores.
4. Transporte do minério para a indústria de máquinas e eletrodomésticos 8. Destino final do eletrodoméstico
O ferro ou aço pode ser transportado por meio dos modais rodoviário, Após ser comprado por algum consumidor, esse produto é entregue e passa
ferroviário ou hidroviário. a ser utilizado.

13
PARADA OBRIGATÓRIA

1. Veja as imagens e indique o setor da economia em que cada atividade está inserida e suas características.

Glowimages/Getty Images

Linha de produção de carros nos Estados Unidos. Foto de 2016.


E+/Getty Images

Padaria no Brasil. Foto de 2018.


Chai_B/Shutterstock

Extração de sal marinho na Tailândia. Foto de 2019.

14
Geografia
2. O desenvolvimento econômico e industrial está relacionado com o domínio das fontes de energia, que podem ser re-
nováveis ou não renováveis. As imagens mostram duas diferentes fontes de energia. Caracterize-as e comente sobre as
consequências do uso desses recursos para a natureza.

MDOGAN/Shutterstock

Alfin Fauzan/Shutterstock
1 2

Painel solar instalado em uma residência na cidade de Mina de carvão mineral na Indonésia. Foto de 2018.
Nuremberg, na Alemanha. Foto de 2018.

3. Explique a importância do uso de fontes de energia renováveis.

Parada complementar: 1 a 3
Teste seu conhecimento: 1
15
A importância da agropecuária
A agropecuária envolve a agricultura e a pecuária, duas importantes atividades do setor
primário, responsáveis pela produção de alimentos e pelo fornecimento de matéria-prima e
energia para outras atividades. Essas atividades influenciam a transformação da paisagem e
são determinadas pelos elementos dela, tanto os naturais como os econômicos.
A agricultura e a pecuária, em certa medida, se complementam. Enquanto alguns animais
são utilizados para o transporte de alimentos ou como tração para o preparo do solo, os ani-
mais criados pelo ser humano dependem de alimentos provenientes da agricultura.
A prática agrícola teve origem na Mesopotâmia e está relacionada com a fixação do ser hu-
mano no espaço, há aproximadamente 10 mil anos. Antes disso, as sociedades eram nômades
MESOPOTÂMIA: região e se deslocavam em busca de alimentos para o grupo, por meio da coleta de recursos naturais.
localizada entre os rios Dessa forma, a exploração desses recursos era limitada, provocando poucas mudanças na
Tigre e Eufrates, no Oriente
Médio, onde surgiram as paisagem. Com a implantação da agricultura, tornou-se possível o cultivo de alimentos e, com
primeiras cidades do mundo. isso, o ser humano se tornou sedentário, ou seja, fixou moradia, o que levou a uma grande
transformação da natureza, ao crescimento dos agrupamentos humanos e às intensas altera-
ções nos ecossistemas a fim de garantir a sobrevivência humana.
A pecuária se desenvolveu paralelamente à agricultura, fornecendo alimentos, pele, trans-
porte e adubos para o solo. A agropecuária também foi responsável pela criação de inúmeros
empregos ao longo dos anos. Porém, recentemente, com o surgimento de diversas máquinas
e recursos tecnológicos e o uso de técnicas de mecanização, o número de postos de trabalho
no campo está diminuindo.

Chico Ferreira/Pulsar Imagens

Dirceu Portugal/Fotoarena
As imagens acima mostram a colheita de cana-de-açúcar realizada de duas maneiras. Na imagem à esquerda, observa-
se a colheita manual da cana-de-açúcar na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), em 2019, processo desgastante nos
canaviais que exige muitos trabalhadores. Já na imagem à direita, a colheita mecanizada realizada em Engenheiro Beltrão
(PR), em 2018, utiliza menos trabalhadores. Nesse processo, eles operam as máquinas que realizam o corte, a picagem e a
separação entre a cana e a palha.

Agricultura
A agricultura é uma atividade do setor primário que consiste no uso do solo para o cultivo
de plantas para a produção de alimentos, de energia e de matéria-prima.
O cultivo de gêneros agrícolas está diretamente relacionado com condicionantes naturais,
como o relevo, o solo, o clima e a disponibilidade de água. Esses condicionantes podem tanto
favorecer quanto limitar a prática agrícola.

16
Relevo

Geografia
O principal fator associado ao relevo que interfere na agricultura é a declividade. Áreas
muito íngremes dificultam o uso de máquinas e o transporte da produção e podem contribuir
para a ocorrência de processos erosivos. Dessa forma, torna-se necessária a utilização de
técnicas que auxiliem nos cultivos em regiões montanhosas, como é o caso das técnicas de
terraceamento e de curva de nível. As áreas mais planas favorecem o desenvolvimento da agri-
cultura, pois facilitam o manejo do solo, a mecanização e o escoamento da produção.

Suwartawan/Shutterstock
Cultivo de arroz em Jatiluwih, o maior campo de arroz de Bali, na Indonésia. Nesse local, a plantação de arroz é realizada
por meio da técnica do terraceamento. Foto de 2019.

Solo
Camada superficial da crosta terrestre, capaz de susten-

Delfim Martins/Pulsar Imagens


tar as plantas, o solo é fundamental para o desenvolvimen-
to das práticas agrícolas. A presença de matéria orgânica
em decomposição colabora com a fertilidade dessa cama-
da, condição altamente favorável à agricultura. Em algumas
regiões, o solo pode apresentar baixa fertilidade, seja pelas
características de origem, seja pelo uso inadequado. No
entanto, é possível implementar técnicas que o torne pro-
dutivo, como adubação e correção de acidez.
A adubação é um processo que pode ser realizado por
meio de substâncias químicas ou de material orgânico
(esterco de animais, restos de comidas e frutas, palha de
milho, resíduos da plantação que foi colhida, serragem, ca-
pim, farinha de carne e ossos) que é convertido em húmus,
aumentando o nível de material orgânico dos horizontes
superficiais do solo e deixando-os mais nutritivos.
Além da fertilidade, para o desenvolvimento das plan-
tações o solo deve apresentar profundidade e porosidade
adequadas. Em áreas de relevo íngreme o solo tende a ser
Indígena da etnia Tupinikim adubando uma horta na Terra Indígena Pau Brasil,
pouco profundo e suscetível à ação da erosão. localizada no município de Aracruz (ES). Foto de 2019.

17
Água
Alguns dos mais conhecidos núcleos antigos de cultivo agrícola se localizavam nos vales de
rios, como o Nilo, no Egito, e Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, revelando a dependência da
água na produção de alimentos.
A disponibilidade de água é essencial para a agricultura, já que seu excesso ou sua escas-
sez podem impedir o desenvolvimento dos gêneros agrícolas. Nos casos de excesso de água,
utilizam-se as técnicas de drenagem, ou seja, remoção do excesso de água. Já para os casos
de escassez, a irrigação é utilizada para controlar a quantidade de água necessária para cada
tipo de plantação.
MT.PHOTOSTOCK/Shutterstock

Cultivo de plantas
na Tailândia, com o
sistema de irrigação por
gotejamento.
Foto de 2020.

É importante destacar que a agricultura é a atividade econômica que apresenta maior con-
sumo de água no espaço mundial, o que torna necessário pensar em alternativas para minimi-
zar o uso desse recurso natural.
Marcelo Castier/Shutterstock

Embora apresente uma


aparência semelhante a
uma cobertura vegetal
original, o plantio de
eucalipto envolve a
retirada de vegetação
nativa e o consumo
intenso de água nas
fases iniciais do cultivo,
transformando a
paisagem e explorando
os recursos hídricos do
local. A imagem ao lado
mostra uma fazenda de
eucaliptos na Argentina.
Foto de 2018.

Clima
O clima é determinante para os cultivos agrícolas. A temperatura e a umidade interferem na
escolha do cultivo para determinada região. Além disso, o clima de uma região pode favorecer
a ocorrência de pragas e doenças que afetam as plantações.

18
Sistemas de produção e de produtividade

Geografia
A interdependência entre os elementos naturais resulta em condições adequadas para o de-
senvolvimento da agricultura enquanto atividade econômica. No entanto, atualmente, o uso de
tecnologia possibilita a adaptação das condições ambientais, favorecendo o cultivo de alguns
produtos, como frutas e verduras em estufas; a implementação de insumos e fertilizantes, além
do desenvolvimento de pesquisas que promovem o aumento da produtividade, entre outros.
Portanto, a prática da agricultura também é influenciada por outros fatores, como o sistema
de produção, ou seja, o conjunto de técnicas, os recursos econômicos e o tipo de mão de obra.
A produção agrícola pode, desse modo, ser classificada em:
• Produção extensiva: envolve o uso de técnicas tradicionais e instrumentos rudimentares
(como enxada e arado), pouco uso de fertilizantes e agrotóxicos, maior emprego de mão
de obra, baixa produtividade e mecanização limitada.
• Produção intensiva: marcada pela aplicação de técnicas modernas de produção e intensa
utilização de implementos agrícolas, irrigação, sementes selecionadas e outros recursos
para garantir grande produtividade. O número de trabalhadores empregados nessas áreas
é menor, já que a mecanização é bastante utilizada.
Quanto ao destino da produção e às relações de trabalho, as atividades agrícolas podem Produção de hortaliça com o
uso de técnicas tradicionais em
ser classificadas em agricultura familiar e agricultura comercial. A primeira é praticada em
Marília (SP). Foto de 2019.
pequenas propriedades, com a utilização

Alf Ribeiro/Shutterstock
de técnicas tradicionais e mão de obra
familiar, já que a produção é destinada à
subsistência da família; o excedente, ou
seja, aqueles gêneros agrícolas que não
foram consumidos pela família, é vendido
em locais próximos.
Já a agricultura comercial visa abastecer
o mercado consumidor interno (consumi-
dores brasileiros) e externo (consumidores
de outros países). Portanto, essa produção
é praticada em grandes propriedades, uti-
lizando conhecimentos tecnológicos, me-
canização, fertilizantes e agrotóxicos para
garantir ampla produtividade.
Vinicius Bacarin/Shutterstock

Colheita de soja, com a utilização


de máquinas, realizada no Mato
Grosso do Sul. Foto de 2017.

19
Empresa agrícola, agroindústria e cooperativa agrícola
A relação entre a produtividade no campo, a distribuição dos produtos e o mercado consu-
midor ocorre de diferentes formas, já que a produção e a demanda são diversificadas. Nesse
sentido, algumas formas de organização da produção agrícola surgiram no espaço rural. Ob-
serve-as a seguir.
A empresa agrícola é a unidade econômica cuja atividade envolve a produção e a comercia-
lização de gêneros agropecuários em grandes propriedades, utilizando recursos tecnológicos
– conforme as características da agricultura comercial – e mão de obra altamente qualificada
para alcançar a maior produtividade possível.

Gabriela Bertolini/Shutterstock
SILO: reservatório fechado,
de construção acima ou
abaixo do solo, próprio para
armazenamento de material
granuloso, especialmente os
cereais. No cultivo de grãos é possível implementar a lógica da empresa agrícola para produzir grandes quantidades dos mais
diversos tipos de grão e armazená-los em silos. Na imagem acima, observamos uma área destinada ao cultivo de milho,
CADEIA PRODUTIVA: é o na Argentina, em 2018. Ao fundo, temos silos de armazenamento desse grão.
conjunto de etapas pelas
quais um produto vai sendo
transformado e transferido, A transformação da matéria-prima originada na agricultura ocorre por meio das ativida-
desde sua origem até o des da agroindústria, que tem importante participação na cadeia produtiva. De acordo com a
consumidor final. Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no Brasil a agroindústria tem parti-
PIB: o Produto Interno cipação de aproximadamente 5% do PIB, englobando a transformação, o beneficiamento e o
Bruto corresponde à soma processamento dos produtos provenientes da agropecuária, garantindo maior integração do
de todos os bens e serviços setor com o mercado consumidor.
produzidos por um país,
estado ou cidade, ao longo
de determinado período
CONECTE!
(geralmente um ano).
BENEFICIAMENTO: Assista ao vídeo fornecido pelo IBGE na sua página no youtube, disponível em: <https://youtu.be/
tratamento aplicado aos
lVjPv33T0hk>. Acesso em: 18 fev. 2020.
produtos agrícolas, para que
se tornem próprios para Esse vídeo explica o que é, como é calculado e para que serve o PIB.
consumo.

20
Geografia
PASSO A PASSO

A modernização do espaço agrário tem aumentado o domínio do ser humano sobre a natu-
reza e, embora o modelo de produção agropecuária empresarial tenha gerado aumento da
produção de matérias-primas e alimentos, tem provocado também graves problemas sociais
e ambientais.
Em relação a esse modelo, uma característica e sua consequência direta são, respectivamente,
a) prática de queimadas – compactação do solo.
b) uso extensivo da terra – aumento da produtividade.
c) mecanização do plantio e da colheita – mudanças no regime hidrológico.
d) uso intensivo de defensivos agrícolas – contaminação de lençóis freáticos.

Resolução:
Para responder a essa questão, é necessário, inicialmente, refletir sobre a importância da agro-
pecuária e a sua relação com a transformação da paisagem. No capítulo, vimos que a mecanização do
campo contribuiu para o aumento da produção de alimentos e de matéria-prima e colaborou com o
êxodo rural, em função da redução de postos de trabalho (outros aspectos também influenciaram essa
migração, como a atração exercida pela cidade e o processo de industrialização).
A alternativa D está correta, visto que, por meio da mecanização, do uso de agrotóxicos e fertili-
zantes e da atuação da biotecnologia, há o aumento da produção da agropecuária. Contudo, o uso dos
defensivos agrícolas tem provocado a contaminação do solo e de cursos d’água, e pode comprometer
o uso da terra.
A alternativa A aborda a prática de queimadas, que se relaciona com o preparo da terra ou a elimi-
nação de cobertura vegetal para o cultivo da agricultura tradicional. Já a compactação do solo ocorre
quando o gado bovino, por exemplo, é criado solto, no sistema da pecuária extensiva. A alternativa B in-
dica o uso extensivo da terra, que se relaciona às práticas da agricultura tradicional, que não contempla
a mecanização, embora o aumento da produtividade seja uma consequência positiva desse processo.
Outra abordagem equivocada é aquela encontrada na alternativa C, pois indica corretamente a mecani- CONECTE!
zação do plantio e da colheita como uma característica; no entanto, as mudanças no regime hidrológico
não são uma consequência direta das mudanças ocorridas no campo, mas, sim, a contaminação de re-
Assista ao vídeo
cursos hídricos, que pode comprometer a qualidade dos mananciais disponíveis.
fornecido pelo
WRI Brasil na sua
página no youtube,
A atuação do pequeno agricultor frente ao cenário competitivo no mercado comercial é disponível em: <www.
um grande desafio. Além de produzir, é preciso negociar a venda dos produtos e disputar o youtube.com/watch?
mercado consumidor com as grandes empresas, o que pode desfavorecer a obtenção de lucro time_continue=31&v=
desses pequenos produtores rurais, pois, por produzir em quantidades maiores, os grandes vu4rjSP6v8k&feature
produtores podem cobrar um valor menor pela sua mercadoria e vender para um mercado =emb_logo>. Acesso
consumidor maior, o que diminui a capacidade do pequeno agricultor de se manter no mer- em: 18 fev. 2020.
cado. Esse vídeo aborda
A fim de garantir melhores condições de competitividade, os pequenos produtores e a restauração
os microempresários do campo se juntam em cooperativas agrícolas, com o objetivo de da paisagem e
conquistar visibilidade no mercado e poder de negociação dos seus produtos, alcançando das florestas. Tal
melhores valores de venda para suas mercadorias. Os agricultores filiados entregam seus processo torna os
produtos para comercialização e recebem uma parte do valor negociado pela cooperativa. ambientes mais
Além de alcançarem melhores preços para os produtos agrícolas, as cooperativas conseguem produtivos e melhora
garantir direitos para os trabalhadores rurais, acesso a serviços de equipes técnicas e mão de o bem-estar das
obra especializada ou beneficiamento de produtos, como a torrefação de café, a pasteuriza- pessoas.
ção de leite, entre outros.

21
ZOOM

Cooperativismo e associativismo no Brasil


O cooperativismo agropecuário tem importante participação na economia bra-
sileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola e envolvendo mais de 1
milhão de pessoas. Dentre todos os ramos de atuação do cooperativismo brasileiro,
o agropecuário tem papel de destaque, com 1.597 instituições e 180,1 mil produto-
res cooperados. Estima-se ainda, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 48% de tudo que é produzido no
campo brasileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa.
As cooperativas agropecuárias contribuem para manter o agricultor no campo,
fomentando a comercialização de seus produtos e fornecendo serviços a seus coo-
perados [...].
O cooperativismo se apresenta como uma opção de correlação entre as definições
dos capitais humano, social e empresarial, fatores fundamentais para a promoção do
desenvolvimento sustentável regional e local, para poder competir em um mercado
global. Nessa perspectiva, o surgimento dessa forma de cooperação significa a bus-
ca pela melhoria da qualidade de vida do produtor e um meio alternativo concreto
de desenvolvimento sustentável local, por apresentar afinidade com o conceito de
capital empresarial. Em sua essência, caracteriza-se por uma forma de produção e
distribuição de riquezas baseada em princípios como ajuda mútua, igualdade, demo-
cracia e equidade.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cooperativismo e associativismo no Brasil. Disponível em:
<www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil>.
Acesso em: 18 fev. 2020.

Hugo Harada/Gazeta do Povo/Folhapress

As cooperativas agrícolas tornaram-se importantes para os pequenos produtores de café. Além de alcançar
melhor preço, eles partilham equipamentos utilizados na torrefação e na moagem do produto. Reunião de
cooperados em Campo Mourão (PR). Foto de 2017.

22
Geografia
Você sabia?

O que é um produto orgânico?


Por definição, um produto orgânico é aquele obtido dentro de um sistema orgâ-
nico de produção agropecuária – ou a partir de processos extrativistas sustentáveis
– com a preocupação de não prejudicar o meio ambiente, não comprometer os re-
cursos naturais e respeitar as características socioeconômicas da comunidade local.
Mas não é só isso. Além de valorizar as espécies locais da flora e da fauna, o pro-
dutor orgânico tem outro compromisso importante: cuidar para que todos os envol-
vidos na produção trabalhem em condições dignas, recebam assistência e tenham
seus direitos respeitados.
Outro ponto importantíssimo é o cuidado com a saúde do solo. Não é permitido
usar agrotóxicos ou substâncias sintéticas que contaminem o produto ou o meio
ambiente e nem cultivar alimentos transgênicos.
Assim, um produto orgânico, seja in natura ou processado, é aquele produzido
em conformidade com o sistema orgânico de produção agropecuária e industrial
estabelecido pela lei 10.831, de 2003, regulamentada a partir de janeiro de 2011.
ORGANIS. O que é um produto orgânico? Disponível em: <http://organis.org.br/
o-que-e-um-produto-organico/>. Acesso em: 18 fev. 2020.

seekeaw rimthong/Shutterstock

15% 6 em 1 em
da população
brasileira já consumiu cada 10 cada 4
algum alimento ou consumidores optam por legumes e frutas
bebida orgânica no pelas hortaliças
último mês

Os principais fatores Os orgânicos são comprados


apontados para a escolha principalmente nos supermercados
pela agricultura orgânica são: (64%) e nas feiras orgânicas ou
sabor, veiculação na mídia e agroecológicas (26%)
preocupação ambiental

84% dos entrevistados afirmam que gostariam de consumir


mais produtos orgânicos, no entanto, o preço é o fator mais
limitante (62%)
Fonte: Pesquisa Organis (2017)

23
PARADA OBRIGATÓRIA

4. A agricultura é uma atividade econômica de grande importância para a sociedade. Explique por quê.

5. Os primeiros núcleos de cultivo agrícola se desenvolveram nos vales de rios, como Nilo, Tigre e Eufrates. Descreva a rela-
ção da prática da agricultura com o consumo de água.

6. Reflita sobre os conceitos de agroindústria e agricultura orgânica. Considerando o tipo de produção agrícola envolvida
em cada um dos conceitos, em qual situação se observa maior impacto ambiental? Justifique sua resposta.

Parada complementar: 4 e 6
Teste seu conhecimento: 2

Pecuária
A pecuária engloba as atividades relacionadas à criação de animais para o fornecimento de
alimentos e de matéria-prima para a indústria. A partir dela, obtêm-se produtos como carne,
leite, ovos, couro, gordura, etc., utilizados de forma direta ou processados. A origem da pecuá-
ria também está relacionada à fixação do ser humano no espaço e algumas de suas práticas
colaboram com a agricultura.
Diversas espécies de animais podem ser criadas pelo ser humano. Conforme o porte, a cria-
ção de animais pode ser classificada em:
• Grande porte: como bovinos (bois) e equinos (cavalos).
• Médio porte: como ovinos (ovelhas) e suínos (porcos).
• Pequeno porte: como aves e rãs.

24
Geografia
Assim como a agricultura, a pecuária é influenciada por diferentes fatores, além das con-
dições naturais. De acordo com o emprego de recursos técnicos e econômicos, a criação de
animais é classificada como extensiva ou intensiva.
ROTAÇÃO DE ANIMAIS:
A pecuária extensiva envolve a criação de animais soltos em grandes áreas conhecidas refere-se ao manejo do gado
como pasto. Nesse tipo de criação há o predomínio de técnicas tradicionais, pouco investimento no pasto cuja área é dividida
na alimentação e na manutenção das criações e produção em pequena escala. Já na pecuária em áreas menores, onde os
animais alternam o pastejo
intensiva, os animais são criados em lugares fechados e, nesse confinamento, utilizam-se téc-
em períodos de ocupação
nicas modernas que garantem a alimentação balanceada e controlada, a inseminação artificial, e descanso, conforme as
a rotação de animais, os cuidados veterinários, etc. Tudo isso garante uma produção de alto condições de pastagem.
rendimento e qualidade.

andresr/iStockphoto/Getty Images

Karina ka fotos/Shutterstock
Gado bovino criado em confinamento recebendo Uma das características da pecuária extensiva está
cuidados de um veterinário. A imagem mostra a relacionada à criação livre dos animais em grandes
vacinação, característica fundamental da pecuária extensões. Essas áreas são conhecidas como pasto.
intensiva. Foto de 2018. A imagem mostra uma área de pastagem no município de
Cambuí (MG). Foto de 2018.

Quanto ao objetivo, a pecuária apresenta uma diversidade de possibilidades. Tem-se, por


exemplo, a pecuária bovina de corte e de leite, a extração de lã, a suinocultura (criação de suínos),
a avicultura (criação de aves), a equinocultura (criação de cavalos), a apicultura (criação de
abelhas) e a piscicultura (criação de peixes).
Hans Verburg/Shutterstock

bariskaradeniz/iStockphoto/Getty Images

Criação de galinhas caipiras de forma tradicional. Essa Criação de frango convencional em uma granja. As aves
espécie de ave necessita da criação em áreas abertas, recebem cuidados especiais, como ração balanceada e
sem confinamento, para se desenvolver. O abate desse controle de luminosidade, para estimular sua alimentação
tipo de animal é considerado demorado e, por conta e seu crescimento. Esse tipo de criação é feito por meio
disso, não atrai grandes produtores. Criação localizada na do confinamento das aves e com o objetivo de tornar os
França, foto de 2018. frangos aptos para o abate o mais rápido possível. Granja
localizada na Índia, foto de 2012.

25
Os produtos de origem animal são destinados ao mercado consumidor de forma direta,
ou após o beneficiamento ou processamento pela indústria. Para as pessoas que vivem no
campo ou próximas de comunidades rurais, por exemplo, é mais fácil o acesso ao leite fresco.
Enquanto isso, a população que mora nas cidades consome o leite industrializado, que após a
pasteurização é embalado e encaminhado para o consumidor final. O beneficiamento do leite
pode envolver o resfriamento, a retirada da gordura em excesso, a pasteurização e o acondi-
cionamento antes da venda. Além disso, o leite é a principal matéria-prima na produção de
queijos, iogurte, manteiga e doces.
PASTEURIZAÇÃO: As atividades realizadas pela pecuária são

Rita Barreto/Fotoarena
tratamento térmico de grande importância para a economia do
que visa a eliminação
Brasil, sobretudo na pauta das exportações.
de microorganismos,
garantindo a manutenção da O país apresenta um dos maiores rebanhos
qualidade do leite. bovinos do mundo, além de grande infraes-
trutura dedicada às criações de suínos e aves
para o abate. Contudo, observam-se impactos
ambientais relacionados à atividade, como o
processo de erosão (formação de voçoroca) e
a compactação do solo decorrente do pasto-
reio do gado, a retirada de áreas de vegetação
para expansão da pecuária e a emissão de gás
Queijo da serra da Canastra produzido de forma
metano liberado pelo gado bovino criado em artesanal. Esse queijo é fabricado em São Roque de
grande escala. Minas (MG). Foto de 2018.

O papel do extrativismo
Assim como a agricultura e a pecuária, a prática do extrativismo integra o setor primário.
Entende-se por extrativismo a atividade de extração de recursos da natureza destinada à ali-
mentação e ao fornecimento de matéria-prima para outros setores ou para a confecção de
produtos artesanais. Sua prática é mais antiga que a agropecuária, visto que os seres humanos
dependiam exclusivamente da coleta de recursos para sua sobrevivência antes de se fixarem
no espaço e iniciarem o cultivo de alimentos e a criação de animais.
CONECTE! Atualmente, o extrativismo apresenta grande relevância para a economia mundial, já que
contribui para o fornecimento de matérias-primas indispensáveis para a indústria. A socieda-
Assista à animação de contemporânea depende da extração de diferentes recursos naturais para atender à sua
fornecido pelo demanda de consumo, o que tem levado à exploração excessiva deles. Entre os elementos da
Embrapa na sua natureza mais explorados, temos os minerais, os combustíveis fósseis e a madeira.
página no Youtube,
Ricardo Azoury/Pulsar Imagens

disponível em:
<https://youtu.be/
pO-Nk8NsQJg>.
Acesso em:
18 fev. 2020.
Esse vídeo traz
informações sobre
Processo de extração de coco de babaçu
a relação entre a realizado pelas quebradeiras de coco
agropecuária e a babaçu do povoado São José de Lagoa,
no município de Viana (MA). O manejo
água e o solo. sustentável garante renda para as famílias
que vivem próximas à floresta. Foto de 2019.

26
Geografia
De acordo com a origem dos recursos extraídos da natureza, o extrativismo pode ser divi-
dido em três grupos:
• Extrativismo animal: envolve a captura de animais silvestres na busca por alimentos, pele,
ovos, entre outros recursos, e a pesca de peixes e espécies aquáticas e marinhas, utiliza-
dos também como alimentos e matéria-prima, podendo ser artesanal ou industrial. No
Brasil, a caça de animais é ilegal, exceto para os povos indígenas.
• Extrativismo mineral: refere-se à retirada de produtos de origem mineral, seja na porção
continental, seja na oceânica. Os minerais explorados são divididos em dois grupos: metá-
licos (ferro, alumínio, cobre, etc.) e não metálicos (sal marinho, quartzo, granito, carvão
mineral, etc.).
• Extrativismo vegetal: trata-se da retirada de recursos vegetais para a obtenção direta de
alimentos, de energia ou para a fabricação de produtos. Por meio dessa extração, o ser
humano na Pré-História buscava garantir sua sobrevivência. Atualmente, alguns grupos de-
pendem dessa prática, como as comunidades Pigmeu, encontradas nas florestas tropicais
africanas de países como Ruanda, República Democrática do Congo, República Centro-Afri-
cana, Uganda e Camarões, e alguns povos indígenas que vivem isolados na Amazônia. Além
disso, a exploração de recursos vegetais é praticada por famílias e comunidades, organi-
zadas em cooperativas ou não, para subsistência ou para complementar a renda familiar.
Robert Harding Heritage/Agência France-Presse

Comunidade de pigmeus
preparando-se para realizar
a caça na Reserva Especial
Dzanga-Sangha, patrimônio
mundial da Unesco, situado
na República Centro-Africana.
Foto de 2017.

Apesar dos benefícios relacionados às


Franco Hoff/Pulsar Imagens

atividades extrativistas, essas práticas po-


dem causar danos irreversíveis ao meio
ambiente. A exploração de uma floresta
sem manejo adequado pode colocar espé-
cies de plantas em risco de extinção, as-
sim como a utilização de produtos tóxicos
na exploração de recursos minerais leva à
contaminação do solo e dos recursos hídri-
cos, comprometendo o abastecimento de
água e a sobrevivência dos animais aquáti-
cos. Entre os outros impactos, tem-se o trá-
Garimpeiro busca ouro no município de Coxim (MS). A
fico de animais silvestres, que representa atividade envolve a utilização de mercúrio que contamina o ar,
uma grande ameaça para muitas espécies. o subsolo e os rios. Foto de 2012.

27
Com o desenvolvimento de técnicas modernas, máquinas sofisticadas e aplicação de tecno-
logia e do conhecimento científico, a retirada de recursos da natureza tem sido cada vez maior
por meio da atuação de grandes corporações. No ramo da pesca, por exemplo, utilizam-se
radares para facilitar a localização de cardumes e embarcações que funcionam como indús-
trias flutuantes para o beneficiamento do pescado. Na exploração mineral, além de contar com
diversas pesquisas na área, especialistas utilizam instrumentos para a identificação de jazidas
minerais e atuam na busca por técnicas eficientes para a extração dos recursos dessas jazidas.
Masaki Akitsuki/The Yomiuri Shimbun/Agência France-Presse

NAVIO-FÁBRICA: navio a
bordo do qual os produtos
da pesca são submetidos a
uma ou mais das seguintes
operações: filetagem, corte,
extração da pele, descasque,
picagem ou transformação.
As embarcações possuem
também espaços para
Navios-fábrica têm recursos
acondicionamento que possibilitam a pesca e a
ou embalagem e, se transformação de frutos do mar
necessário, refrigeração ou e peixes em produtos, ainda em
congelamento dos pescados. alto-mar. Foto de 2019.

INTERLIGANDO SABERES

Silvicultura
A palavra silvicultura provém do latim e quer dizer floresta (silva) e cultivo de
árvores (cultura). Silvicultura é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais
e artificiais de restaurar e melhorar o povoamento nas florestas, para atender às
exigências do mercado. Este estudo pode ser aplicado na manutenção, no aprovei-
tamento e no uso consciente das florestas.
A silvicultura é dividida em clássica e moderna. A clássica abrange as flores-
tas naturais, buscando forças produtivas provenientes dos sítios ecológicos, e as
restrições são determinadas pela necessidade de não prejudicar a estabilidade
natural do ecossistema. Já a moderna, opera com as florestas plantações, que são
mais autônomas do sítio natural, e mantidas artificialmente.
O objetivo de ambas é a produção de madeira e, durante seu manejo, é neces-
sária a participação de técnicos de diversas áreas. Porém, a silvicultura moderna
não tem apenas a finalidade de produzir madeira, mas também serviços e bens.
Esta ciência busca definir o momento e forma como será feita a intervenção
na floresta, para que se obtenham rendimentos elevados, sem prejudicar o equilí-
brio ecológico. Para isso, é necessário ter informações sobre as condições do sítio
ecológico, tipo de intervenção silvicultural, capacidade de regeneração e cresci-
mento, intensidade de exploração. É preciso, também, desenvolver um plano das
atividades florestais. 

28
Geografia
Para que um projeto de silvicultura tenha sucesso, o planejamento e a implan-
tação devem estar de acordo com as várias etapas do processo, que abrangem: es-
tudo do clima, determinação da espécie e escolha do material genético, produção
de mudas, preparo do solo, controle de pragas, colheita planejada, tratos culturais
e silviculturais. 
BARROS, Talita Delgrossi. Silvicultura. Agência Embrapa de Informação e Tecnologia. Disponível em: <https://www.
agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fmcbqcwh02wyiv80kxlb36vbkge01.html>.
Acesso em: 19 fev. 2020.

Em grupo com mais 3 alunos, reflitam sobre o cultivo de eucalipto pela silvicultura e
discutam sobre aspectos positivos e negativos desse manejo. Façam o registro no ca-
derno dos principais pontos abordados pelo grupo e socializem-nos com a turma.

PARADA OBRIGATÓRIA

7. O extrativismo vegetal e a agricultura são atividades do setor primário de grande importância para a sociedade, mas
estão relacionadas à transformação da paisagem.
a) Explique a diferença entre as duas atividades.

b) Aponte as transformações que a agricultura e o extrativismo promovem na paisagem.

8. Reflita sobre as características das atividades desenvolvidas nos setores primário e secundário e estabeleça uma relação
entre eles.

29
9. Observe a imagem. a) Indique o setor em que se classifica a atividade apre-
sentada na imagem ao lado.
M.Khebra/Shutterstock

b) Aponte possíveis transformações da paisagem em


função da prática dessa atividade.

Exploração de minério de ferro e magnetita.

Parada complementar: 7 a 9
Teste seu conhecimento: 3

A dinâmica da indústria
A transformação dos recursos naturais em bens de consumo passou por diferentes formas
de produção: artesanato, manufatura e indústria.
MANUFATURA: sistema O artesanato é uma das formas produtivas mais antigas e persiste até hoje como atividade
de produção envolvendo humana. Envolve a produção de bens por meio do trabalho manual e individual, com baixa
a divisão de tarefas, mas produtividade. Até o século XVIII, o artesanato era o modo predominante de transformação da
com o emprego de técnicas
matéria-prima. Visava atender às demandas do núcleo familiar, e o excedente era destinado
artesanais e máquinas
simples. Contempla uma à troca com outras famílias. No entanto, o aumento da população e a expansão das cidades,
produção em série destinada a partir do século XV, levaram à ampliação da demanda por produtos, sendo necessária uma
à comercialização. forma de produção que garantisse o fornecimento de bens em maior escala.
A manufatura resultou, portanto, dessa crescente necessidade por mercadoria, levando os
artesãos a expandir o negócio. A produção deixou de ser individual, passando a contar com a
contratação de mão de obra, e assumiu uma estrutura mais complexa, envolvendo o uso de má-
quinas simples e a divisão de tarefas. Com o
João Prudente/Opção Brasil Imagens

aumento da produção, a venda das mercado-


rias passou a ser realizada pelos comercian-
tes. Além disso, técnicas de produção foram
criadas, aumentando a oferta de produtos e a
obtenção de lucro, processo que possibilitou
a origem da indústria na segunda metade do
século XVIII.

Produtos artesanais são comercializados em feiras


visitadas principalmente por turistas nas cidades
litorâneas brasileiras. A imagem ao lado mostra uma
loja de artesanato na praia de Pirangi do Norte, no
município de Parnamirim (RN). Foto de 2019.

30
Geografia
Entende-se por indústria o conjunto de atividades que tem como finalidade a transforma-
ção da matéria-prima em diversos tipos de produto para atender às necessidades de consumo
doméstico e dos setores da economia. Desde seu surgimento, no século XVIII, a industrializa-
ção foi marcada por intenso desenvolvimento tecnológico, que colaborou amplamente para as
transformações no espaço geográfico por meio da implantação das fábricas, da exploração de
recursos da natureza, do aumento do consumo da população e das relações de trabalho.

Revolução Industrial
A atividade industrial teve início na Europa, por volta de 1750, na Inglaterra e, posteriormente,
na França, na Alemanha, na Rússia, na Itália, no Japão e nos Estados Unidos. O desenvolvimento
tecnológico envolvido no processo produtivo das indústrias desencadeou profundas mudanças
que marcaram três fases conhecidas como revoluções industriais. Observe o quadro abaixo.
The Print Collector/Alamy/Fotoarena

FORDISMO: sistema de
produção no qual os
O uso do carvão como trabalhadores permanecem
fonte de energia favoreceu
fixos em seus postos
o trabalho nas indústrias
e deu impulso ao processo
enquanto uma esteira
de industrialização transporta as peças. O
na Europa no século sistema é desgastante para
XIX. A imagem ao lado, os trabalhadores, pois a
publicada por John Cassell atividade é repetitiva e, além
e George William Petter, disso, os salários são baixos
mostra uma impressão devido à baixa qualificação
das grandes indústrias da exigida.
Grã-Bretanha em 1880.
LINHA DE MONTAGEM:
estrutura de produção em
AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS série em que o produto em
fabricação é deslocado ao
Período Principais características longo de postos de trabalho e
os operários especializados em
Uso do carvão mineral como fonte de energia. Desenvolvimento da in- dada função se mantêm fixos.
Primeira Segunda dústria têxtil, dos meios de comunicação e de transportes (locomotiva
TOYOTISMO: sistema
Revolução metade do a vapor). Utilização de máquinas nas fábricas e divisão de tarefas entre de produção no qual
Industrial século XVIII os trabalhadores. A demanda por matéria-prima levou à exploração os trabalhadores são
dos territórios africanos e asiáticos pelos europeus. organizados em ilhas de
produção, responsáveis
Uso de petróleo como fonte de energia e domínio da eletricidade. Marca pela montagem completa
a invenção do motor a combustão, do automóvel, do telefone, do rádio, do produto. A mão de obra
Segunda Fim do
do cinema e do telégrafo. Nesse período, houve o desenvolvimento das é multifuncional e bem
Revolução século XIX e qualificada e o sistema
indústrias siderúrgica, automobilística e petroquímica. Além disso, teve
Industrial início do XX flexível é voltado para
início a mão de obra especializada com a introdução do fordismo, mo-
a produção ajustada à
delo baseado na linha de montagem para maximizar a produção. demanda do mercado.
Uso do petróleo como fonte de energia, além da energia nuclear, solar, JUST IN TIME: gerenciamento
eólica, biomassa, hidráulica. Nesse período, houve desenvolvimento da produção no qual a
Século XX, da eletrônica e da informática, com destaque para as telecomunica- mercadoria é produzida e
Terceira entregue imediatamente,
pós-Segunda ções, a engenharia genética, a química e a aeroespacial. Também no-
Revolução sem a criação de estoque,
Guerra tou-se a evolução da robotização da produção e o emprego da mão de ou seja, a produção ocorre
Industrial
Mundial obra qualificada. Com o surgimento do toyotismo, modelo que defen- conforme a demanda. Surgiu
de uma produção flexível para atender à demanda, passou a haver a na década de 1950, no
organização da produção em estoques mínimos – o just in time. Japão, adotado inicialmente
pela empresa Toyota.

31
É importante lembrar que, embora a produção industrial atual se apresente em uma etapa
de grande produtividade devido a recursos tecnológicos, o processo em si não se desenvolveu
de forma semelhante no espaço mundial. Ele é marcado por intensa desigualdade. O grau de
desenvolvimento tecnológico e industrial, inclusive, pode sinalizar o desenvolvimento econô-
mico dos países e refletir nas características da paisagem.
O desenvolvimento tecnológico favoreceu o crescimento da produção industrial, mas a maior
fabricação de produtos aumentou significativamente a demanda por matéria-prima e fontes de
energia, tornando crescentes o desmatamento e a exploração dos recursos naturais. Também
favoreceu o uso de tecnologias que promoveram mudanças no mercado de trabalho, pois elimi-
naram postos de trabalho com a crescente automação da produção e criaram novos empregos
que surgiram devido à necessidade de operários cada vez mais especializados.

INTERFOTO/Fotoarena

Toshifumi Kitamura/Agência France-Presse


O sistema baseado na linha de montagem fordista, criado nos A partir da Terceira Revolução Industrial, a linha de
Estados Unidos, estimulou o aumento da produção. O operário montagem passou a ser associada à robotização. A
realizava tarefas repetitivas e permanecia fixo durante o imagem mostra uma fábrica de carros, em Toyota, no
processo de fabricação. A imagem mostra uma fábrica de Japão, no ano de 2017.
televisores, em Berlim, na Alemanha, no ano de 1934.

Tipos de indústria
As atividades industriais são responsáveis pelo fornecimento de mercadorias diversas. Por
isso, classificam-se as indústrias por meio de diferentes critérios: pelo emprego de tecnologia,
pelo destino dos bens produzidos ou, ainda, pela prática industrial.

Classificação das indústrias por emprego de tecnologia


Considerando o emprego de tecnolo-

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


gia, as indústrias podem ser classificadas
como tradicionais ou de alta tecnologia.
As indústrias tradicionais empregam
maior quantidade de mão de obra e seu
nível tecnológico é menos avançado.

As indústrias tradicionais geram grande número


de postos de trabalho, o que as tornam muito
importantes para os governantes das cidades, que
procuram atrair essas indústrias por meio da isenção
de impostos ou de incentivos fiscais. Na imagem ao
lado, observamos uma fábrica de calçados localizada
no município de Novo Hamburgo (RS), em 2016.

32
Geografia
As indústrias de alta tecnologia empregam métodos e inovações no processo produtivo,
como robôs e/ou mão de obra qualificada, a fim de obter maior produtividade e lucro.

Ricardo Oliveira/Tyba
Linha de montagem de uma indústria de microcomputadores localizada no município de Manaus (AM). Foto de 2016.

Classificação das indústrias por destino dos bens


Em relação ao destino dos bens produzidos, as indústrias são classificadas em três grupos:
• Indústria de bens de produção ou de base: envolve a transformação de recursos naturais
em matéria-prima processada, base para outros ramos industriais, como a indústria quí-
mica, a siderúrgica e as refinarias.
• Indústria de bens intermediários: engloba a produção de máquinas e equipamentos des-
tinados a outras indústrias, como a indústria mecânica e a de autopeças.
• Indústria de bens de consumo: produz bens que são destinados a satisfazer as necessida-
des da população de forma direta. São divididas em bens de consumo duráveis (apresen-
tam relativa durabilidade, como eletrodomésticos, automóveis, computadores, etc.) e não
duráveis (devem ser repostos de forma constante, como alimentos, roupas, calçados, etc.). Alex Tauber/Pulsar Imagens

As indústrias alimentícias classificam-se como indústrias de bens de consumo não duráveis. Na imagem acima,
observamos uma indústria produtora de derivados de carne suína no município de Chapecó (SC). Foto de 2017.

33
Classificação das indústrias pela prática industrial
Em relação à prática industrial, constatam-se quatro tipos de indústria:
• Indústria extrativa: atua na extração de recursos naturais que serão utilizados por outras
indústrias, como a extração de minérios, madeira, látex.
• Indústria de beneficiamento: envolve o tratamento de um produto primário que será utiliza-
do por outra indústria ou destinado ao consumidor final. O beneficiamento de arroz e feijão
e o fracionamento do petróleo pela indústria petroquímica integram esse tipo de indústria.
• Indústria da construção civil: atua no planejamento e na construção de prédios comerciais
e residenciais, usinas hidrelétricas, avenidas, estradas, etc.
• Indústria de transformação: produz bens para atender às demandas da sociedade e de
outras indústrias. A indústria têxtil e a automobilística integram esse grupo.

Indústria e paisagem geográfica


A escolha do local para a instalação de uma indústria está relacionada com fatores locacionais
– proximidade das fontes de matéria-prima e dos mercados consumidores, das redes de transpor-
te, de infraestrutura, de serviços e de mão de obra. A disponibilidade desses fatores pode garantir
maior lucro às empresas, redução de custo e facilidade no escoamento da produção.
Porém, um aspecto importante a ser considerado é que a instalação de indústrias provoca
mudanças intensas na paisagem. A abertura e a pavimentação de rodovias para atender às
demandas da indústria, por exemplo, envolvem alterações espaciais, como o desmatamento, a
desapropriação de terras, o remanejamento de moradias, etc.
Além do momento da instalação das fábricas, a atividade industrial afeta a paisagem por
diversos meios, pois pressupõe a exploração de recursos naturais, a retirada da cobertura vege-
tal, a impermeabilização do solo com concreto ou asfalto, a alteração da organização espacial
dos municípios, entre outros aspectos. A indústria depende da instalação de infraestrutura de
transporte e energia, que leva à transformação não apenas da área construída da indústria,
mas também do seu entorno. Além disso, os resíduos industriais podem contaminar o solo e
os cursos d’água e contribuir com a poluição atmosférica e sonora. Os impactos ambientais
provocados podem ser tão intensos que inviabilizam a presença de moradias em alguns casos.
O setor industrial é o segundo que mais consome água no mundo atualmente, ficando atrás
apenas da agropecuária. Além do uso da água no processo produtivo, o despejo de esgoto
tratado inadequadamente colabora com a degradação de cursos fluviais em todo o mundo,
comprometendo sua utilização pelas populações.

Mehedi Hasan/NurPhoto/Agência France-Presse

Despejo de esgoto industrial em


cursos d’água sem o tratamento
adequado dos resíduos sólidos.
A imagem ao lado mostra a
deposição de material tóxico,
que alterou a cor da água no
canal de Daca, em Bangladesh.
Foto de 2020.

34
Geografia
No Brasil, a maior demanda de água pela indústria é registrada nas regiões Nordeste, Sudes-
te e Sul, já que apresentam maior concentração de fábricas no país.
Com a implantação de fábricas e o desenvolvimento tecnológico relacionado à produção in-
URBANIZAÇÃO: processo de
dustrial, observou-se um intenso processo de urbanização. Geralmente, as indústrias estão ins-
transformação do espaço
taladas nas áreas urbanizadas dos municípios e, devido à oferta de emprego, atraem populações rural em espaço urbano, com
que vivem no espaço rural, promovendo a expansão do espaço urbano. Além disso, dentro do o crescimento das cidades e
espaço urbano a instalação das indústrias também origina uma divisão do espaço, determinando aumento da população.
centros comerciais, áreas industriais destinadas às fábricas, bairros residenciais, etc.
Outra consequência do processo de industrialização é a divisão social do trabalho. Como já
vimos, a mão de obra se especializa, pois cada operário desenvolve uma etapa do processo de
produção. No entanto, não é somente nas indústrias que surgem novos postos de trabalho com
a urbanização. O desenvolvimento das cidades aumenta a demanda por serviços de infraestru-
tura, abastecimento, saneamento básico, comércio, entre outros, que, geralmente, empregam
mão de obra com menor qualificação e menor remuneração.

ENTRE EM AÇÃO
Analisando o desenvolvimento industrial no mundo
A Cartografia utiliza diferentes símbolos na elaboração de mapas a fim de representar fenômenos que ocorrem no espaço. Símbo-
los zonais, pontuais e lineares são aplicados, diferenciando as características do que está sendo representado no mapa.
A representação de fenômenos socioeconômicos origina mapas temáticos. A aplicação dos símbolos facilita a leitura e a interpre-
tação dos dados, colaborando para promover o conhecimento das características do lugar mapeado.
Observe a legenda do mapa e analise as características dos países referentes ao desenvolvimento industrial.

Mundo: estágio de desenvolvimento industrial (2013)

Banco de imagens/Arquivo da editora


0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico


Oslo
São Petersburgo RÚSSIA
Amsterdã Berlim Moscou
CANADÁ Londres
Montreal Kiev
Seattle Shenyang
Madri Paris
Chicago Istambul TURCOMENISTÃO
Nova York CHINA Pequim Seul
São Francisco Roma
Washington D.C. Bagdá Teerã Islamabad Tóquio
Los Angeles Dallas Atlanta Atenas Chongqing
ARGÉLIA IRÃ
Houston LÍBIA Xangai
Cairo Karachi Nova Délhi
Trópico de Câncer Calcutá
KUWAIT ARÁBIA OMÃ Hong Kong
OCEANO MÉXICO
OCEANO BAHREIN Bangcoc OCEANO
SAUDITA Mumbai
PACÍFICO Caracas NIGÉRIA
ATLÂNTICO CATAR Chennai Ho Chi Minh PACÍFICO
Industrializa•‹o Bogotá VENEZUELA Lagos
GABÃO CONGO BRUNEI Equador
Países industrializados (indústria e 0º
serviços) e economia de alta renda Nairóbi
Kinshasa OCEANO
Meridiano de Greenwich

Países de industrialização recente Jacarta


(indústria e mineração) e economia ANGOLA ÍNDICO
de renda média alta
Rio de Janeiro
Países em industrialização (indústria Trópico de Capricórnio
ligada à mineração e à extração de São Paulo
petróleo) e economia de renda
média alta Santiago Perth Sydney
Buenos Aires Cidade do Cabo
Países em industrialização Melbourne
(predomínio da agricultura) e
economia de renda média baixa
Países predominantemente agrícolas
(economia de renda baixa)
Informações não disponíveis Círculo Polar Antártico
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Principais centros industriais
Principais países exportadores de 0 1 950
petróleo
km

Fonte: Atlas geográfico escolar Oxford. São Paulo: Oxford University Press, 2013. p. 46.

35
1. Descreva o assunto do mapa.

2. De que forma os símbolos foram organizados na legenda?

3. Em qual estágio de desenvolvimento industrial o Brasil se encontra?

4. Como o desenvolvimento industrial se caracteriza no mundo?

PARADA OBRIGATÓRIA

10. As inovações que deram origem às revoluções industriais se relacionaram à exploração e ao uso de novas fontes de
energia e alterações nas relações de trabalho. Descreva as características de cada uma das fases de forma sucinta:
a) Primeira Revolução Industrial

b) Segunda Revolução Industrial

36
Geografia
c) Terceira Revolução Industrial

11. O desenvolvimento da indústria contribuiu para a ocorrência de mudanças nas cidades. Explique por quê.

12. A implantação de indústrias provocou alterações na paisagem. Cite exemplos dessas alterações.

Parada complementar: 10 a 12
Teste seu conhecimento: 4

Comércio e serviços
As atividades relacionadas ao comércio e à prestação de serviços integram o setor terciário,
sendo responsáveis por grande circulação de riqueza nos países. Quanto maior for o dinamis-
mo econômico do país, maior será a diversidade das atividades comerciais e mais diversifica-
dos serão os serviços ofertados.

Comércio
O comércio é a atividade de compra e venda de mercadorias e oferece grande número de
vagas de trabalho. Essa atividade é responsável pela geração de riqueza de um país, sendo
importante para a estabilidade econômica dos diversos países do mundo. Além disso, ela
interfere nas características da paisagem, já que a implantação de lojas e núcleos de venda AUTÔNOMO: todo aquele
para a realização das trocas comerciais exige diversas alterações no espaço geográfico. Nos que exerce sua atividade
últimos anos, com o desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação, o comércio profissional sem vínculo
a distância, ou seja, realizado por meio da utilização da internet, tem ganhado importância na empregatício, ou seja,
sem carteira assinada por
economia. um empregador. Nessa
A atividade comercial é responsável por promover a circulação de bens, facilitando seu modalidade, o trabalhador
acesso ao consumidor. A venda de bens diretamente ao consumidor final, por meio de lojas, oferece seus serviços por
supermercados, empórios, mercearias, etc., é chamada de comércio varejista. Nesse modelo, o conta própria e assume
os riscos por realizar essa
consumidor adquire a quantidade desejada para seu consumo. No Brasil, observa-se o cresci-
atividade. A prestação de
mento de vendedores autônomos no comércio varejista; eles expõem seus produtos em barra- serviços ocorre de forma
cas ou feiras, ou, ainda, atuam nas ruas de maneira informal. eventual.

37
A comercialização de mercadorias também ocorre em grandes quantidades, o que carac-
teriza o comércio atacadista. Geralmente, esse formato de venda visa abastecer o comércio
varejista, lojistas, revendedores e estabelecimentos que prestam serviços à sociedade.

Alex Tauber/Pulsar Imagens


No Brasil, observa-se a atuação de empresas definidas como “atacarejo”. Elas atendem às necessidades do consumidor
final que deseja adquirir produtos em maior quantidade. O supermercado situado na cidade de São Paulo (SP), retratado
acima, atende essa demanda. Foto de 2017.
A circulação de mercadorias ocorre em escalas nacional e internacional, caracterizando o
comércio interno e o comércio externo ou internacional, respectivamente. As trocas comerciais
em âmbito internacional são fundamentais para a economia mundial e garantem o acesso a
matéria-prima e mercadorias, já que os países não são autossuficientes na produção dos re-
cursos e da tecnologia e não consomem tudo aquilo que é produzido em território nacional.
Para atender à circulação de mercadorias do comércio internacional, é comum a utilização do
transporte de cargas em navios e aviões.
NNehring/iStockphoto/Getty Images

Kevin Phillips/Getty Images

Retirada de flores vivas que foram transportadas por um Partida de um navio cargueiro do porto de Hong Kong. As
avião cargueiro. Devido à sua alta perecibilidade, esse tipo cargas transportadas por esse modal de transporte são
de carga necessita de transporte rápido. No caso dessa predominantemente máquinas, tecidos, peças e outros
imagem, a mercadoria foi transportada da Coreia do Sul objetos que apresentam maior resistência a longos
para os Estados Unidos. Foto de 2014. períodos no mar. Foto de 2018.

38
Geografia
Assim como o nível de industrialização é diferente entre os países, o comércio internacional
apresenta desigualdade. Os produtos do setor primário são menos valorizados economica-
mente quando comparados às mercadorias que passaram por algum processo de industrializa-
ção ou apresentam componentes de alta tecnologia. Em sua pauta de comércio internacional,
o Brasil se destacou na exportação de soja e minério de ferro e na importação de produtos
derivados do petróleo e peças e acessórios para veículos. Apesar disso, nosso país costuma
apresentar saldo positivo na balança comercial. Em 2017, o total de exportações foi de 219 bi-
lhões de dólares, enquanto as importações representaram 141 bilhões.
Veja, na tabela a seguir, os principais parceiros comerciais do Brasil no espaço mundial.
BALANÇA COMERCIAL: é
a diferença entre o valor
PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS DO BRASIL (2017) das exportações e das
País Importação (em dólares) Exportação (em dólares) importações de um país
em determinado período.
China 27 bilhões 48 bilhões Quando o valor das
Estados Unidos 20,4 bilhões 25,1 bilhões exportações é maior que
das importações, o país
Argentina 9,3 bilhões 17,8 bilhões apresenta uma balança
comercial positiva ou
Alemanha 9,25 bilhões 6,18 bilhões
superávit, mas, se o valor das
Fonte: THE OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY. Disponível em: <https://oec.world/pt/profile/country/ importações é superior, a
bra/#Balança_comercial>. Acesso em: 19 fev. 2020. balança comercial é negativa
e apresenta um déficit.
A influência da tecnologia também alcançou as atividades comerciais com o desenvolvimento
dos meios de comunicação e da informática, pelo uso dos cartões de crédito e pelo aprimora-
mento dos meios de transporte. As compras on-line ou por telefone têm aumentado de forma sig-
nificativa nos últimos anos. Algumas lojas físicas têm investido no atendimento on-line na busca
por mais clientes. Além de estimular o consumo, o e-commerce mobiliza os setores de serviços,
como empresas de logística, de transporte e de marketing e publicidade.

Serhii Bobyk/Shutterstock
Lucas Tavares/Folhapress

As compras feitas pela internet intensificam a prestação de serviços


Um consumidor que realiza uma compra pela internet também pode contar das empresas de logística, possibilitando ao consumidor a escolha
com a ajuda de equipes de suporte on-line, via chat ou telefone. A imagem da data de entrega do produto adquirido. A imagem acima mostra a
mostra atendentes que realizam teleatendimento no município do Rio de entrega de uma mercadoria realizada por entregador na cidade de
Janeiro (RJ). Foto de 2017. Ivano-Frankivsk, na Ucrânia. Foto de 2019.

39
ENTRE EM AÇÃO
Analisando as trocas comerciais
As trocas comerciais internacionais são de grande relevância para a economia mundial. No atual contexto econômico, com
grande interação entre os países, estabelecer parcerias no espaço mundial é um importante passo para que um país obtenha su-
cesso em sua balança comercial ou assegure o acesso a bens cuja produção seja limitada ou inexistente em seu território. Com
base nisso, analise as informações de diferentes países referentes às trocas comerciais e compare-as com o contexto brasileiro.
Para isso, realize os passos abaixo.
1. Acesse o site do Observatory of Economic Complexity, disponível em: <https://oec.world/pt/>. Acesso em: 19 fev. 2020. Na se-
quência, complete a tabela com as informações de quatro países diferentes. Escolha nações com características distintas.
2. A partir dos dados das exportações e das importações, indique se as balanças comerciais dos países selecionados foram positivas
ou negativas.
3. Escreva um parágrafo com suas conclusões após a análise da tabela. Lembre-se de comparar os dados obtidos com a situação
do Brasil.
4. Compartilhe os dados e as conclusões com os colegas em sala de aula.

BALANÇA
3 PRINCIPAIS
5 PRINCIPAIS PARCEIROS EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES COMERCIAL
PAÍS PRODUTOS DE
COMERCIAIS US$ (2017) US$ (2017) (POSITIVA OU
EXPORTAÇÃO
NEGATIVA)
Argentina, China, Estados Soja, minério de ferro
Brasil Unidos, Alemanha e e óleos brutos ou de 219 bilhões 140 bilhões Positiva
Coreia do Sul minerais betuminosos

40
Geografia
BALANÇA
3 PRINCIPAIS
5 PRINCIPAIS PARCEIROS EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES COMERCIAL
PAÍS PRODUTOS DE
COMERCIAIS US$ (2017) US$ (2017) (POSITIVA OU
EXPORTAÇÃO
NEGATIVA)

41
Prestação de serviços
Os prestadores de serviços atendem às mais diversas necessidades da população. Essa
atividade pode ser entendida como um trabalho oferecido por pessoas ou empresas em deter-
minado ramo, como os serviços prestados por hospitais, bancos, escolas, oficinas mecânicas,
clínicas de estética, cinemas, transporte, entre outros. Os serviços são especializados e não
configuram um bem. O custo varia de acordo com as características da atividade. Observe o
painel com alguns serviços encontrados no cotidiano da nossa sociedade.

SERVIÇOS DE ESTÉTICA HUMANA E ANIMAL

SDI Productions/iStockphoto/Getty Images

Danijela/Shutterstock
Salão de cabeleireiro. Salão de beleza para animais.

SERVIÇOS RELACIONADOS AO DESLOCAMENTO HUMANO


Henrique_Peirano/Shutterstock

Joa Souza/Shutterstock

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Aeroporto na cidade de Brasília (DF). Estação de metrô na cidade de Salvador (BA). Rodoviária na cidade de Vitória da Conquista (BA).

42
Geografia
SERVIÇOS RELACIONADOS À ORGANIZAÇÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO

Drazen Zigic/Shutterstock

Chico Ferreira/Pulsar Imagens

Jr Manolo/Fotoarena
As escolas oferecem, seja por meio dos órgãos
do governo, seja por meio de instituições
privadas, serviços educacionais. Entre esses
serviços estão o ensino dos conhecimentos
básicos, idiomas, conhecimentos técnicos,
Atendimento e assistência bancária Trabalhadores realizando a coleta de lixo na aprofundamentos. Escola no município de
fornecidos para a população. cidade de São Francisco do Itabapoana (RJ). Jaboatão dos Guararapes (PE).
Sérgio Pedreira/Pulsar Imagens

Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

João Prudente/Pulsar Imagens


O saneamento básico é um dos principais O serviço de fornecimento de energia elétrica
O atendimento hospitalar é um serviço serviços para manter as condições básicas de está entre os principais serviços ofertados nas
indispensável para manter saudável a saúde para a população. Na imagem acima, grandes cidades. Na imagem, uma pessoa realiza
população local. Foto de uma Unidade de observa-se uma estação de tratamento de esgoto a ligação elétrica para disponibilizar energia
Saúde da Família em Itaparica (BA). e água no município de Barra do Garças (MT). para um bairro. Foto da cidade de São Luís (MA).

SERVIÇOS RELACIONADOS AO LAZER E AO ENTRETENIMENTO


RossHelen/Shutterstock

Gregory E. Clifford/Shutterstock

Charly Morlock/Shutterstock

Os parques de diversões oferecem opções


As agências de turismo oferecem serviços de de lazer para a população de todas as faixas O serviço fornecido pelos teatros está
planejamento e organização de viagem. etárias, especialmente os jovens. relacionado ao divertimento da população.

43
Você sabia?

Quando surgiu o primeiro shopping?


Depende do que você considerar shopping center. Se for simplesmente um local
construído para várias pessoas negociarem coisas, o marco inicial talvez sejam os
grandes bazares persas – o de Isfahan data do século 10. Mas, considerando a con-
cepção moderna de shopping center como um local que oferece produtos dos mais
diversos tipos e opções de entretenimento, o título pode ser conferido à galeria Le
Bon Marché (“O Bom Mercado”, em francês), em Paris, cuja fundação data de 1852.
PRIMAZIA: algo que está em Mas não pense que a primazia dos franceses é unânime. Os opositores argumentam
primeiro lugar. que, apesar de oferecer uma variedade de produtos, as galerias francesas eram lojas
de departamentos e não shopping centers. São esses os que puxam a brasa para a sar-
dinha dos americanos. Mas, se aceitamos o shopping como uma invenção americana,
caímos em outra controvérsia: para alguns, o primeiro foi o Country Club Plaza, em
Kansas City, fundado em 1922; para outros, o verdadeiro pioneiro é o Market Square,
em Chicago, que abriu as portas seis anos antes. Ambos tinham lojas de diversos
tipos, opções de lazer e área específica para estacionamento de carros, o que é um
ponto importante no conceito americano. A diferença é que o Country Club nasceu
com um sistema de gerenciamento mais próximo do atual, com uma entidade inde-
pendente organizando a distribuição do espaço e alugando lotes para o dono de cada
loja. Ambos seguem em funcionamento até hoje, assim como o primeiro shopping
brasileiro, o Iguatemi, de São Paulo, fundado em 1966. Foi o pioneiro não só no Bra-
sil, mas na América Latina – e isso não há quem conteste.
LOPES, Artur Louback. Quando surgiu o primeiro shopping? Superinteressante. Disponível em: <https://super.abril.com.
br/mundo-estranho/quando-surgiu-o-primeiro-shopping/>. Acesso em: 19 fev. 2020.

Abdul Razak Latif/Shutterstock

Os shopping centers recebem diversas pessoas diariamente por oferecerem grande variedade de lojas e
serviços. Imagem de um shopping center em Kuala Lumpur, Malásia. Foto de 2020.

44
Geografia
PARADA OBRIGATÓRIA

13. Explique a importância do comércio e da prestação de serviços para a economia de um país.

14. Analise o gráfico que mostra a balança comercial do Brasil entre os anos de 1995 e 2017.

Brasil: balança comercial, em bilhões de dólares (1995-2017)

MRS Editorial
Bilhões de
dólares Balança comercial
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60 Fonte: The economic
40 complexity. Disponível
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 em: <https://oec.world/
pt/profile/country/
Importação Exportação bra/#Balança_comercial>.
Acesso em: 19 fev. 2020.

a) Indique o período em que a balança comercial brasileira apresentou déficit.

b) Descreva o comportamento da balança comercial brasileira, ou seja, as variações dos valores de importação e exporta-
ção, nos anos de 2009 e 2014.

15. No mundo contemporâneo, muitas pessoas utilizam a internet para fazer compras. Aponte dois aspectos, um positivo e
outro negativo, dessa tendência.

Parada complementar: 13 a 15
Teste seu conhecimento: 5
45
PARADA COMPLEMENTAR

1. Selecione o rótulo de um produto utilizado na sua casa. 4. A prática da agricultura surgiu na Mesopotâmia há cer-
Identifique sua matéria-prima e descreva o processo de ca de 10 mil anos e hoje é fundamental para a econo-
produção ao qual essa matéria-prima foi submetida. mia mundial. Descreva a relação entre a fixação do ser
humano no espaço, a agricultura e a transformação da
2. Confira a charge. paisagem.

Arionauro/Acervo do cartunista
5. A prática da pecuária produz diferentes impactos am-
bientais. Cite exemplos de impactos na paisagem rela-
cionados à criação de gado.

6. Analise a imagem e responda às questões.

chinahbzyg/Shutterstock
a) Escreva a principal crítica apresentada na charge.
b) Explique de que forma o problema retratado pela
charge se relaciona com o processo produtivo e a
transformação da paisagem.
Uso de drones pulverizando uma plantação na China. Foto de 2019.
3. Caracterize a fonte de energia apresentada na imagem.
a) Descreva as características da paisagem, consideran-
Indique os fatores positivos e negativos da sua utilização.
do a modernização da agricultura e seus impactos.
b) Como essa imagem se diferencia de uma paisagem
Joseph Sohm/Shutterstock

típica da agricultura tradicional?

7. Leia o texto a seguir.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT)


considera  o setor de mineração (de ferro, car-
vão, ouro, diamante etc.) como o mais perigoso
do mundo para se trabalhar atualmente. Segundo
a OIT, a indústria extrativa é que mais oferece ris-
co de acidente e até mesmo de vida, por ser a que
menos oferece medidas de segurança aos trabalha-
dores. Além dos poucos ou inexistentes mecanis-
A Black Eagle Dam está localizada na cidade de Great Falls, nos
mos de segurança, trabalhar em uma mina é quase
Estados Unidos. Foto de 2019. garantia de ter seus direitos desrespeitados também

46
Geografia
em termos de piso salarial, jornada de trabalho e 10. Os computadores e os celulares são aparelhos presen-
abusos físicos por parte dos empregadores. [...] tes no nosso cotidiano.
MINERAÇÃO é a maior responsável por mortes no trabalho ao redor do
mundo. Carta Capital. Disponível em: <https://politike.cartacapital.com.

Dean Drobot/Shutterstock
br/mineracao-e-a-maior-responsavel-por-mortes-no-trabalho-ao-redor-
do-mundo/>. Acesso em: 19 fev. 2020.

PISO SALARIAL: menor valor de salário que pode ser pago


para um profissional que integra categoria específica.

Pesquise em jornais, revistas e sites sobre os impactos


que a mineração pode trazer para a vida dos trabalha-
dores e das populações que vivem próximas das áreas
de exploração dos minérios. Faça uma lista dos riscos a
que essas pessoas são submetidas.

8. A prática da pecuária pode contribuir com as transfor-


mações na paisagem. De que forma as características
dessa atividade ficam registradas na paisagem?

9. Assim como as demais atividades do setor primário, o


extrativismo promove alterações da paisagem. Analise Em qual contexto da Revolução Industrial esses apare-
as duas imagens que mostram a prática do extrativismo lhos surgiram?
e descreva a diferença na relação entre o ser humano e a
natureza nas duas paisagens. 11. Desde o século XIX, as atividades industriais passaram
por aprimoramentos que visavam aumentar a produção
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

e o lucro. Dois sistemas de produção se destacaram no es-


A
paço mundial: o fordismo e o toyotismo. Caracterize-os.

12. O processo de industrialização influenciou o crescimen-


to das cidades. Descreva a relação entre a presença de
indústrias e a expansão do espaço urbano.

13. Os shopping centers estão presentes nas grandes


A imagem mostra a extração de látex por um seringueiro cidades e metrópoles e exercem grande atração sobre
em Xapuri (AC). Foto de 2015.
as pessoas.
micsmt/iStockphoto/Getty Images

a) Cite exemplos de atividades desenvolvidas nos


B shopping centers e indique o setor no qual elas se en-
quadram.
b) Reflita e responda: quais aspectos colaboram com a
atração que os shoppings exercem na sociedade?

14. Caracterize o comércio varejista e o comércio atacadista.

15. Explique de que forma a tecnologia está influenciando


A imagem mostra a extração de madeira na Floresta
Amazônica. Foto de 2015. as trocas comerciais nos últimos anos.

47
PARA FIXAR

Vamos retomar alguns conceitos trabalhados neste capítulo. Leia as características e definições e escreva a letra corres-
pondente ao tópico associado.
A – Recursos naturais e atividades econômicas
B – A importância da agropecuária
C – O papel do extrativismo
D – A dinâmica da indústria
E – Comércio e serviços

1. ( ) É responsável pela transformação da matéria-prima em bens e produtos.


2. ( ) São atividades praticadas por meio de sistemas de produção extensiva ou intensiva.
3. ( ) Corresponde às atividades pelas quais o ser humano obtém recursos diretamente da natureza, por meio da coleta
de origem vegetal, mineral ou animal.
4. ( ) Podem ser classificadas em três setores: primário, secundário e terciário.
5. ( ) São atividades inseridas no setor terciário e visam atender o consumidor por meio da circulação de mercadorias ou
trabalho de uma pessoa ou empresa.
6. ( ) Podem ser renováveis ou não renováveis, conforme o ritmo de reposição pela natureza ou ser humano.
7. ( ) O uso dos recursos naturais na produção de energia favoreceu o desenvolvimento de atividades e da economia no
espaço mundial.
8. ( ) O cultivo de gêneros agrícolas está diretamente relacionado com condicionantes naturais, como o relevo, o solo, o
clima e a disponibilidade de água.
9. ( ) O desenvolvimento tecnológico favoreceu o crescimento da produção industrial, mas a maior fabricação de pro-
dutos aumentou significativamente a demanda por matéria-prima e fontes de energia, tornando crescentes o des-
matamento e a exploração dos recursos naturais.
10. ( ) A circulação de mercadorias pode ocorrer em escala nacional ou entre países, caracterizando o comércio interno e
o comércio externo ou internacional, respectivamente.
11. ( ) As fontes de energia renováveis são aquelas cujos recursos não se esgotam, contudo o custo elevado da tecnologia
para a produção de energia a partir dessas fontes, aliado à baixa produtividade e à instabilidade da sua geração,
torna seu uso restrito.
12. ( ) A interdependência entre os elementos naturais resultará em condições adequadas para o desenvolvimento da
agricultura enquanto atividade econômica.
13. ( ) A utilização dos recursos naturais é vasta e diversificada, já que as sociedades humanas dependem deles para sua
sobrevivência e seu desenvolvimento.
14. ( ) A queima de todos os combustíveis fósseis gera gases poluentes, principalmente o dióxido de carbono, responsá-
vel pelas alterações no efeito estufa, o monóxido de carbono, os óxidos de enxofre e de nitrogênio (relacionados à
chuva ácida), entre outros.
15. ( ) A atividade extrativista pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente. A exploração de floresta sem um manejo
adequado pode colocar espécies de plantas em risco de extinção.
16. ( ) As cooperativas agropecuárias contribuem para manter o agricultor no campo, fomentando a comercialização de
seus produtos e fornecendo serviços a seus cooperados.
17. ( ) A influência da tecnologia também alcançou as atividades comerciais a partir do desenvolvimento do meio de
comunicação e informática, pelo uso dos cartões de crédito e pelo aprimoramento dos meios de transporte.

48
UNIDADE 4
CAPÍTULO
TRANSFORMAÇÃO
2 DA PAISAGEM PELA
AÇÃO ANTRÓPICA
Estudaremos
neste capítulo:

Diferenciação do espaço geográfico Diferenciação do


espaço geográfico
O espaço geográfico é o resultado das transformações e das permanências da paisagem,
O espaço urbano e
bem como das desigualdades sociais que essa paisagem revela e das características da socie- suas paisagens
dade que nela vive. Desse modo, existem diferenças no espaço geográfico, visto que a distri-
O espaço rural e
buição das atividades, desenvolvidas pelo trabalho humano, influencia diretamente na orga- suas paisagens
nização do espaço. A relação campo-cidade
Dois tipos de ocupação se diferenciam no espaço geográfico pela forma de uso e ocupação
do solo: o campo e a cidade. No campo predominam atividades do setor primário, além do cres- Espaço urbano e espaço
rural: problemas e
cimento dos serviços ligados ao setor terciário, como as atividades relacionadas ao turismo, possíveis soluções
escolas rurais, comércio de produtos agrícolas, entre outras. Já a cidade é entendida como um
espaço que apresenta grande concentração de construções, ruas e avenidas pavimentadas,
intensa circulação de veículos e aglomeração de pessoas, e nela predominam atividades dos
setores secundário e terciário.

Ines Sacramento/Shutterstock

Em alguns municípios brasileiros, o campo ainda apresenta uma estrutura na qual predominam áreas de vegetação nativa ou
cultivada. Imagem do município de Ubaíra (BA) no ano de 2016.

O espaço rural, vinculado ao campo, é menos transformado pelo ser humano, com grande
presença de áreas verdes e cultivadas, menor intensidade de poluição sonora e atmosférica, e
organização espacial em fazendas, sítios e construções em áreas com espaços maiores entre
si. O modo de vida neste espaço, geralmente, é menos acelerado. Além disso, o número de
habitantes dessas áreas costuma ser menor do que o das cidades.

49
O espaço urbano, vinculado à cidade, é o espaço da aglomeração de construções, da
impermeabilização do solo e da ausência ou da pouca arborização que têm contribuído com
as alterações climáticas. Nessa paisagem, observam-se a circulação de veículos nas inúmeras
avenidas que, geralmente, são pavimentadas e um fluxo diário de pessoas, aspectos que
marcam a cidade. Os índices de poluição do ar são significativos e a população sofre com as
consequências desse problema. Nesse espaço, os ambientes são amplamente transformados
e se alteram constantemente.
FerreiraSilva/iStockphoto/Getty Images

Os grandes centros urbanos são marcados pela presença de intensos fluxos de veículos e de pessoas, além da
aglomeração de construções. A imagem acima mostra o fluxo em uma área da cidade do Recife (PE). Foto de 2019.

Apesar de o campo e a cidade se distinguirem na forma do uso e da ocupação do solo e


na prática de atividades econômicas, observa-se uma integração dos elementos típicos dos
espaços rural e urbano. Algumas atividades da cidade são praticadas no campo e vice-versa.
No campo, existe a dependência de equipamentos produzidos no espaço urbano, mas alguns
serviços que eram vistos como exclusivos das cidades migraram para o campo, a fim de atender
às demandas da população que vive lá. Nas cidades, alguns projetos visam ao cultivo de horta-
liças em pequenos espaços ou ainda ao plantio de árvores frutíferas nas áreas urbanizadas.

O espaço urbano e suas paisagens


As cidades que apresentam um número expressivo de habitantes contam com infraestru-
tura que incorpora redes de transporte, escolas, comércios, hospitais, indústrias, entre outros,
e permitem a observação de paisagens amplamente produzidas pelo ser humano. Nesses
locais, há o predomínio de elementos culturais diversos, que refletem as atividades e as rela-
ções dinâmicas da sociedade. Essas características configuram o espaço urbano.
Geralmente, as paisagens que compõem o espaço urbano são reflexo das funções que a
cidade exerce, definidas pela atividade econômica que mais se destaca na região. Algumas
cidades podem desempenhar mais de uma função ou desenvolvem outras atividades comple-

50
Geografia
mentares à principal. Este é o caso, por exemplo, de uma cidade industrial que apresenta o
comércio e a prestação de serviços de forma bastante intensa. Observe as imagens de algumas
cidades brasileiras e suas funções.

Cidades turísticas Cidades portuárias

Anna ART/Shutterstock

Zig Koch/Tyba
A cidade de Tiradentes (MG) tem uma importante função turística, com rico A cidade de Paranaguá (PR) tem suas principais atividades relacionadas ao
patrimônio histórico que atrai visitantes durante todo o ano. Foto de 2019. porto, que recebe mercadorias de todo o mundo. Foto de 2015.

Cidades industriais William Borges/AltaPhoto/Folhapress


Cidades político-administrativas

Rubens Chaves/Pulsar Imagens


A cidade de Franca (SP) é um importante polo industrial paulista, destacando-se Brasília (DF) foi a cidade construída na década de 1960 para sediar a capital
no setor calçadista como referência para todo o país. Foto de 2020. do país. Foto de 2013.
Antonio Salaverry/Shutterstock

De acordo com suas funções, as cidades


se organizam em uma hierarquia, defi-
nindo a posição que cada uma ocupa na
rede urbana. Essa posição é delimitada a
partir da relação estabelecida pelos fluxos
de pessoas, mercadorias, capitais e infor-
mações. De certo modo, a importância REDE URBANA: conjunto
de cidades que estão
dessas cidades na hierarquia urbana é
articuladas em nível nacional
visível por meio de sua paisagem, tendo ou mundial e estabelecem
em vista a maior presença de prédios relações entre si, seja por
comerciais e residenciais, a transfor- meio da oferta de serviços,
Aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido também como de fluxos de pessoas ou bens.
mação do espaço para atender ao fluxo de
aeroporto do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Seu
entorno conta com construções diversas e infraestrutura para veículos, a prestação de serviços e outros
atender os usuários do terminal. Foto de 2019. transportes.

51
Quanto maior for a oferta de serviços, infraestrutura, atividades comerciais e potencial
econômico, maior será a atração que uma cidade exerce sobre outras. A oferta diferenciada
CENTRO URBANO: região geográ-
de bens e serviços entre as cidades faz com que populações se desloquem para os centros
fica dinâmica, onde se concentra urbanos mais bem equipados a fim de utilizar serviços de saúde e de educação ou buscar um
a atividade comercial e financeira. aeroporto, por exemplo.

Brasil: hierarquia urbana das principais cidades (2007)


Banco de imagens/Arquivo da editora

GUIANA 50º O
VENEZUELA
Guiana
OCEANO
SURINAME Francesa
COLÔMBIA (FRA) ATLÂNTICO

Equador

Belém São Luís


Manaus

Fortaleza

Teresina
Natal
João
Pessoa
Recife

Maceió

Aracaju

PERU
Salvador
Hierarquia dos centros
urbanos Cuiabá Brasília

Grande Metrópole
Nacional Goiânia
BOLÍVIA
Metrópole Nacional
Metrópole Belo
Horizonte
Capital Regional A Campo Grande
Regiões de influência Vitória
Manaus
Belém CHILE Campinas
PARAGUAI
Fortaleza Rio de
Trópico d
Recife Janeiro e Capric
órnio
São Paulo
Salvador
Belo Horizonte Curitiba
Rio de Janeiro
São Paulo Florianópolis
Curitiba
Porto Alegre
ARGENTINA
Goiânia Porto
Brasília Alegre
Os tracejados representam
a região de influência 0 270
das cidades indicadas URUGUAI
km

Fonte: IBGE. Regiões de influência das cidades, 2007. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/regic_28.pdf>.
Acesso em: 19 fev. 2020.

Considerando a capacidade de polariza•‹o de uma cidade, a rede urbana pode ser divi-
POLARIZAR: exercer dida em:
influência sobre outras
Metrópole global: cidade com infraestrutura urbana completa, que exerce grande influência
cidades por apresentar
maior oferta de bens e em nível mundial, devido ao seu papel econômico e político. Estes são os casos das cidades de
serviços e infraestrutura. São Paulo; de Nova York, nos Estados Unidos; de Pequim, na China; e de Londres, no Reino Unido.

52
Metrópole nacional: cidade que exerce grande influência em praticamente todo o território

Geografia
nacional. As cidades do Rio de Janeiro e de Brasília estão nesse patamar no Brasil.
Metrópole regional: cidade cuja atração é limitada à região onde está localizada. A oferta de
serviços é limitada, mas consegue atender à demanda das cidades vizinhas. Exemplo: Belém (PA),
Fortaleza (CE), Goiânia (GO).
Capital regional: cidade que depende de uma metrópole, mas tem infraestrutura de serviços
que polarizam várias cidades no seu entorno. Estes são os casos das cidades de Santos (SP) e
Cuiabá (MT).
Centro regional: cidade de médio ou pequeno porte cuja infraestrutura de serviços atende
às necessidades da população parcialmente, mas polariza cidades e vilas no entorno. Esse é o
caso de Lavras (MG), Rio Claro (SP), Bagé (RS), Paulo Afonso (BA).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produziu um mapa com a hierarquia
urbana das principais cidades brasileiras
As metrópoles, em geral, são cidades que exercem grande influência no seu entorno, já
que concentram importantes polos financeiros, industriais, culturais e científico-tecnológicos.
Como vimos, geralmente as metrópoles estão conectadas espacialmente a outras cidades,
formando uma grande mancha urbana. Essa área urbana, constituída por uma cidade central
e diversos municípios no seu entorno, é chamada de região metropolitana. Nela ocorre o
fenômeno denominado conurbação, no qual

Ultima_Gaina/iStockphoto/Getty Images
a área construída de um município se funde
com a dos vizinhos.
Se considerarmos o aspecto quantita-
tivo, temos as megacidades, ou seja, centros
urbanos com população superior a 10 milhões
de habitantes. Este é o caso de Tóquio, no
Japão, que apresenta a maior população
urbana do mundo, superior a 35 milhões. No
Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro integram a
lista das 31 megacidades no mundo.
Pelo fato de as cidades globais ou metró-
poles mundiais exercerem grande influência
no mundo, reconhecidas como centros de
produção de conhecimento e de relevância
político-econômica, elas atraem pessoas e
capitais. Abrigam sedes de bancos e empresas
financeiras, multinacionais e transnacio-
nais, indústrias, além de grande diversidade A cidade de Nova York, nos Estados Unidos, é uma importante cidade global, sendo reconhecida
étnico-cultural. em todo o mundo por sua influência político-econômica e cultural. Foto de 2016.

ENTRE EM AÇÃO
An‡lise de mapas
A escolha de um ou mais tipo de símbolo varia de acordo com a natureza do fenômeno a ser representado. Para realizar uma leitura
adequada, é importante levar em consideração a localização do símbolo, seu tamanho e as cores aplicadas. Verifique também a legenda
e as características dos símbolos aplicados no mapa.

53
Observe o mapa das regiões metropolitanas do Brasil e responda às questões a seguir.

Brasil: regiões metropolitanas (2017)

Banco de imagens/Arquivo da editora


OCEANO
Capital
AP ATLÂNTICO
Central
RR
Equador Macapá
Sul do 0°
Estado
Grande

1
São Luís 0 115
Belém
Manaus Santarém Fortaleza km
RN
CE
MA Sobral Barra de
AM PA Santa Rosa Natal
Grande
CE 1 RN
Cajazeiras Araruna
Sudoeste Teresina Guarabira
Maranhense Sousa
Cariri PB
PI Patos
TO PE Vale do Esperança
João
AC Pessoa
Porto Piancó Campina
Velho Palmas Petrolina/ PB Grande Itabaiana
AL
Juazeiro
RO SE PE
Gurupi Feira de Recife
MT BA Santana Palmeira
Salvador dos Índios Vale do
Paraíba
Zona da Mata
DF Sertão
Vale do GO AL
Rio Cuiabá Maceió
Médio Agreste
2
MG
Goiânia Sertão Caetés
Piracicaba MG Vale BA SE São Francisco
RJ do Aço
Belo Horizonte
Campinas MS ES
Vale do Ribeirão
Jundiaí Maringá
Paraíba Preto Grande Vitória
Sorocaba Rio de Campo Mourão SP
São Paulo Janeiro
2 RJ Curitiba
0 115 Trópico de Londrina PR
SP Baixada Santista Capricórnio Rio de Janeiro
km Apucarana Norte/Nordeste Catarinense
Umuarama Extremo Oeste
Toledo PR Curitiba Vale do
SC Alto Itajaí Foz do
Cascavel Chapecó
Aglomeração Urbana (AU) Contestado Vale Rio Itajaí
SC do Itajaí
Região Integrada de RS
Florianópolis
Desenvolvimento (RIDE) 3 Lages
Região Metropolitana Porto Alegre Litoral Norte-Rio Grande do Sul RS Tubarão
Colar metropolitano,

3
entorno metropolitano e 0 345 0 110 Serra
Litoral Sul-Rio Grande do Sul Carbonífera
área de expansão Gaúcha
km km
50° O

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/
images/atlas/mapas_brasil/brasil_regioes_metropolitanas.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2020.

1. Complete os espaços a seguir com os elementos do mapa.


a) Assunto.

b) Fonte.

c) Características da legenda.

d) Indique os estados que não contêm regiões metropolitanas.

54
Geografia
e) Observe o estado de Santa Catarina no mapa. Como esse estado se caracteriza no cenário urbano brasileiro?

f) A partir da análise do mapa, a qual conclusão se pode chegar?

Urbanização
Entende-se por urbanização o processo de crescimento das cidades, que envolve o
aumento da população urbana em relação à rural. Esse aumento pode ocorrer por dife-
rentes fatores. No entanto, em muitos países, a urbanização foi acelerada pelo processo
de industrialização.
Como já vimos, com a Revolução Industrial, as cidades ganharam maior visibilidade, uma
vez que a presença de indústrias possibilitou maior oferta de emprego, atraindo as pessoas
para o espaço urbano. Outro momento de expansão das cidades esteve envolvido com a meca-
nização do campo. O uso de máquinas nas atividades agrícolas reduziu a demanda por mão de
obra. A população rural desempregada seguiu para as cidades em busca de trabalho, deixando
o campo, fenômeno que ficou conhecido com êxodo rural.
O processo de êxodo rural constante resultou em um cenário no qual, desde 2008, a popu-
lação urbana mundial é maior do que a rural, ou seja, grande parte dos países apresenta mais
pessoas vivendo na cidade do que nos espaços rurais. Evidentemente, algumas nações, como
Índia e Afeganistão, ainda têm a maioria dos seus habitantes vivendo no campo. Já outras,
como Cingapura, têm a totalidade de sua população vivendo na cidade.
No Brasil, o processo de urbanização se intensificou após a década de 1950, influenciado
pela produção industrial no país. Por muitas décadas, a maioria dos habitantes viveu no campo
e foi somente após os anos 1960 que a população se tornou predominantemente urbana. Além
da industrialização e da atração pelas melhores condições de vida na cidade, a mecanização
do campo eliminou postos de trabalho, obrigando a população brasileira a migrar para o
espaço urbano.
Segundo o IBGE, no Brasil, a maioria da população vive na cidade desde a década de 1970 e,
atualmente, cerca de 86% dos habitantes brasileiros habitam o espaço urbano.

A cidade e suas paisagens


Caracterizada pelas diferentes formas de uso e ocupação do solo, a cidade apresenta
grande diversidade de paisagens, resultante do processo de ocupação, do poder aquisitivo da
população, das atividades econômicas e dos aspectos naturais, culturais e históricos. A cidade
abriga a sede do município e os órgãos administrativos vinculados à prefeitura, que prestam
serviços à população.

55
A maioria das cidades brasileiras é organizada
© Arionauro/Acervo do cartunista

em bairros, que geralmente são predominantemente


comerciais, industriais ou residenciais. Também
pode ser dividida em centro e periferia, aspecto
marcado pela diferença socioeconômica da popu-
lação refletida nas características das moradias e na
infraestrutura dos bairros.
Esses conceitos também se relacionam pela
organização das atividades – o centro da cidade
contempla comércio, bancos e sedes de empresas,
enquanto a periferia abrange bairros residenciais.
No entanto, com a expansão das cidades nos últimos
anos, tem-se observado a presença de atividades
comerciais e serviços em bairros residenciais, faci-
litando o acesso da população a bens de consumo
sem a necessidade de grandes deslocamentos.
As desigualdades socioeconômicas
reproduzidas no espaço geográfico

João Prudente/Pulsar Imagens


resultam em diferentes paisagens
dentro de uma cidade. Cada uma
dessas paisagens inclui e exclui
partes da população.

OCUPAÇÃO IRREGULAR:
apropriação, pela população,
de um terreno, casa ou
prédio sem realizar a
compra da área junto ao
proprietário, de acordo com
as normas estabelecidas
pela lei. Geralmente, esses
Observa-se um bairro que apresenta alguns comércios; no entanto, é predominantemente residencial. Esse bairro está situado
terrenos pertencem ao na cidade de Linhares (ES). Foto de 2014.
poder público.
SEGREGAÇÃO ESPACIAL: Em alguns centros urbanos, sobretudo dos países em desenvolvimento, existe o crescimento
refere-se à separação das desordenado devido ao mau planejamento e à má gestão urbana, que, aliados à ausência de
pessoas no espaço a partir recursos financeiros e de programas de habitação, contribuem para a segregação espacial e a
da renda, resultando
em concentração de
intensificação do processo de favelização.
determinadas populações As favelas são áreas nas quais existem ocupação irregular, ausência de infraestrutura e
de acordo com o perfil moradias frágeis, fatores que colaboram para a segregação espacial e o aumento da margina-
econômico delas. lização, visto que as condições de vida são precárias e a atuação do Estado é insuficiente para
MARGINALIZAR: impedir a atender à demanda da população.
integração ou participação As paisagens urbanas são muito diversas. Nas cidades, há a presença de construções
de alguém (ou de algumas
antigas e outras mais modernas. Encontram-se bairros com aspectos mais históricos e outros
pessoas) em um grupo,
no meio social, na vida com construções sofisticadas, ou ainda são encontrados bairros em que o novo se mistura com
pública, etc. aspectos antigos.

56
Geografia
INTERLIGANDO SABERES

Qual foi a primeira favela do Brasil?


Oficialmente, a pioneira foi a do morro da Providência, surgida em 1897 no centro do Rio de Janeiro. Mas,
recentemente, novos estudos sugerem que já havia gente morando em barracos na cidade antes disso. Vamos
aos fatos: a ocupação no morro da Providência começou quando cerca de 10 mil soldados que haviam partici-
pado da Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, desembarcaram na antiga capital do país. Na bagagem, uma
reivindicação: eles queriam que o governo desse casas para os veteranos do conflito. Sem grana para criar os
tais alojamentos, o governo teria permitido a construção de vários barracos de madeira no morro da Provi-
dência, que ficava atrás de um quartel. Essa é a versão mais conhecida. Mas algumas pesquisas indicam que a
primeira favela foi outro aglomerado de casas precárias, surgido ainda no ano de 1897, só que alguns meses
antes da Providência. O local da favela pioneira seria o morro de Santo Antônio, também no centro. Estudos
com documentação da época revelam que, no começo de 1897, já existiriam 41 barracos no local. Fica difícil
comprovar essa história porque o morro de Santo Antônio foi destruído para a construção do aterro do Fla-
mengo, nas décadas de 1950 e 1960. A favela da Providência, por outro lado, existe até hoje. Se o pioneirismo
é discutível, restam poucas dúvidas sobre a origem do nome “favela”. Tudo indica que os primeiros moradores
da Providência chamavam o lugar de “morro da Favela” – era uma referência a um morro de mesmo nome que
existia em Canudos, recoberto por um arbusto rasteiro também chamado “favela”. Com o passar dos anos,
a palavra virou sinônimo de uma triste realidade habitacional. Pelas contas do IBGE, mais de 10 milhões de
pessoas vivem em favelas, espalhadas em um terço dos municípios brasileiros.
NAVARRO, Roberto. Qual foi a primeira favela do Brasil? Superinteressante. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-foi-a-primeira-
favela-do-brasil/>. Acesso em: 19 fev. 2020.

PARADA OBRIGATÓRIA

1. Analise os elementos das imagens.

Imagem 1 Imagem 2
Bronis e Drones/Shutterstock

Luciano Queiroz/Pulsar Imagens

Área do município de Corupá (SC). Área do município de Pirenópolis (GO).

57
a) Compare as duas imagens e descreva as mudanças percebidas no espaço.

b) Analise a imagem 2 novamente. Quais aspectos apresentados nela se assemelham à paisagem do lugar onde
você mora?

2. As imagens a seguir mostram duas cidades brasileiras. Considerando os elementos presentes nas paisagens, descreva as
funções que as cidades desempenham.
Leandro A Luciano/iStockphoto/Getty Images

Cidade de Maceió no estado de Alagoas. Foto de 2018.


Tales Azzi/Pulsar Imagens

Cidade de Santos no estado de São Paulo. Foto de 2019.

58
Geografia
3. O processo de urbanização continua crescendo em todo o mundo. Analise os gráficos que trazem dados sobre o porcen-
tual da população urbana e rural em quatro diferentes países.

Brasil: porcentagem da população Paraguai: porcentagem da população


urbana e rural (1950-2050) urbana e rural (1950-2050)

MRS Editorial
Urbano Rural Urbano Rural
90
Proporção do total da população (%)

Proporção do total da população (%)


70
80
60
70
60 50
50 40
40
30
30
20
20
10 10

2018
2018

0 0
1950 1975 2000 2025 2050 1950 1975 2000 2025 2050
Ano Ano

Fonte: POPULATION division. United Nations. Disponível em: <https:// Fonte: POPULATION division. United Nations. Disponível em: <https://
population.un.org/wup/Country-Profiles/>. Acesso em: 19 fev. 2020. population.un.org/wup/Country-Profiles/>. Acesso em: 19 fev. 2020.

China: porcentagem da população Reino Unido: porcentagem da


urbana e rural (1950-2050) população urbana e rural (1950-2050)

Urbano Rural Urbano Rural


90 90
Proporção do total da população (%)

Proporção do total da população (%)

80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
2018

2018

0 0
1950 1975 2000 2025 2050 1950 1975 2000 2025 2050
Ano Ano
Fonte: POPULATION division. United Nations. Disponível em: <https:// Fonte: POPULATION division. United Nations. Disponível em: <https://
population.un.org/wup/Country-Profiles/>. Acesso em: 19 fev. 2020. population.un.org/wup/Country-Profiles/>. Acesso em: 19 fev. 2020.

a) Indique o ano aproximado em que a população urbana superou a população rural no Brasil, na China e no Paraguai.

59
b) Escreva o nome dos países que apresentaram população urbana acima de 70% do total de habitantes em 2018.

c) Compare os quatro gráficos e explique o perfil da população do Reino Unido.

Parada complementar: 1 a 3
Teste seu conhecimento: 6

O espaço rural e suas paisagens


Além da prática da pecuária e da agricultura, outros elementos marcam a paisagem rural,
distinguindo-a de uma cidade. Embora as alterações nas paisagens do campo sejam menores
em relação à cidade, o campo não é uma paisagem natural, mas, sim, cultural, humanizada,
transformada pelo trabalho humano, e apresenta características específicas, tanto em relação
às atividades típicas como no modo de vida das pessoas.
Os diversos cultivos caracterizam o uso e a exploração da terra, e não devem ser confun-
didos com a manutenção da cobertura vegetal do lugar. Em muitos casos, a modernização no
campo tem promovido mudanças nas relações de trabalho e de produção nesse espaço.
Apesar de ser predominante, as atividades no campo não se definem apenas pela prática
agropecuária. No espaço rural, desenvolvem-se outras atividades que influenciam a renda da
população, como o turismo rural, a produção não comercial, o extrativismo, a produção de
artesanato, entre outros.
A paisagem também é influenciada pelas
soleg/iStockphoto/Getty Images

atividades praticadas no campo. Em alguns


países ou regiões onde o investimento em
tecnologia aplicada à agropecuária é bastante
significativo, o número de habitantes no campo
é menor e a produtividade é elevada, resultado
da adoção de técnicas modernas. No entanto,
em países onde o desenvolvimento da agro-
pecuária ocorre por meio de técnicas tradicio-
nais, o número de habitantes tende a ser maior
e a produtividade, menor.
Em ambos os casos, há necessidade de
aumentar a produção de alimentos, estimu-
lando a busca por novas áreas de cultivo, que,
por sua vez, resulta no desmatamento de áreas
O sistema de irrigação de pivô central, aplicado em área de cultivo de soja, é considerado um de floresta, processo que chamamos de avanço
dos mais modernos atualmente. da fronteira agrícola.

60
Geografia
A modernização do campo refere-se ao uso de

BBSTUDIOPHOTO/Shutterstock
técnicas, conhecimentos e máquinas aplicados na agri-
cultura a fim de garantir a elevação e/ou qualidade
da produção de alimentos. Esse processo iniciou-se
na década de 1960, envolvendo avanços científicos
que provocaram mudanças na produção agrícola, e
foi denominado Revolução Verde. Entre as mudanças,
destacam-se a substituição da mão de obra humana
por máquinas, sistemas de irrigação e uso de ferti-
lizantes, agrotóxicos e melhoramento genético das
sementes, serviços de meteorologia e de assessoria
tecnológica e financeira. Nesse cenário, surgem as
empresas rurais, que vão colaborar ainda mais com Especialistas prestam consultoria técnica nas fazendas, a fim de garantir maior
as mudanças na paisagem do campo. produtividade e qualidade para o produtor.

PARADA OBRIGATÓRIA

4. Algumas características distinguem o espaço rural do espaço urbano. Leia as afirmativas e assinale V (verdadeiro) e
F (falso). Na sequência, reescreva em seu caderno as afirmativas falsas para que se tornem verdadeiras.
a) ( ) O campo se define somente pelas práticas agropecuárias e industriais dos mais variados ramos.
b) ( ) A necessidade de aumentar a produção de alimentos tem estimulado a busca por novas áreas de cultivo, que, por
sua vez, expandiu o desmatamento de áreas de floresta.
c) ( ) A modernização no campo tem promovido mudanças nas relações de trabalhos e produção, colaborando com a
alteração da paisagem rural.
d) ( ) A população urbana é menor que a rural na maioria dos países.

5. A modernização da agropecuária promoveu mudanças no espaço rural, sendo possível identificar aspectos positi-
vos e negativos desse processo. Complete os espaços com as características da modernização do campo, conforme
o aspecto indicado.

Modernização do campo

• Técnicas utilizadas:

• Produtividade:

61
• Impactos ambientais:

• Impactos sociais:

• Mão de obra:

6. Analise a imagem.

Rita Barreto/Fotoarena
Imagem panorâmica da área rural do município de São Roque de Minas (MG). Foto de 2013.

A paisagem acima pode ser entendida como paisagem natural? Justifique sua resposta.

Parada complementar: 4 a 6
Teste seu conhecimento: 7

62
A relação campo-cidade

Geografia
Assim como as atividades econômicas são interdependentes, os espaços rural e urbano
dependem um do outro. O campo e a cidade se complementam no fornecimento e no consumo
de bens e serviços que ocorrem simultaneamente nos dois espaços.
Além do fornecimento de matéria-prima e de alimentos, o espaço rural oferece atrativos
de lazer para as populações urbanas e moradia para as pessoas que escolhem trabalhar na
cidade e viver distante do contexto urbano. Em contrapartida, as cidades fornecem produtos e
serviços para o campo, como equipamentos para o desenvolvimento das atividades, serviços
especializados e financeiros, produtos beneficiados e processados, etc.
Outro exemplo da relação campo-cidade é percebido na iniciativa “hortas urbanas”, que tem
proporcionado o cultivo de hortaliças na cidade, possibilitando mais qualidade de vida à popu-
lação. Essa prática conecta os habitantes da cidade com a natureza e traz benefícios socioam-
bientais, como absorção de ruídos, redução das ilhas de calor, melhora da qualidade do ar,
melhora da qualidade alimentar, entre outros.
A cadeia produtiva, como um todo, incorpora a relação entre os espaços urbano e rural.
Todos os produtos a que temos acesso estão envolvidos em uma cadeia produtiva, pois neces-
sitam de etapas de alteração (mais simples ou mais complexas) e de transporte até chegarem
ao consumo do ser humano. É importante destacar que outras etapas, como financiamentos
bancários, podem integrar a cadeia produtiva.

CONECTE!

Acesse o Portal eCycle, disponível em: <www.ecycle.com.br/5666-agricultura-urbana>.


Acesso em: 19 fev. 2020.
Nessa página, você pode conferir mais informações sobre a agricultura urbana orgânica.

Espaço urbano e espaço rural: problemas e


possíveis soluções
A transformação intensa da paisagem dos espaços urbano e rural trouxe aspectos positivos
para a sociedade; no entanto, acarretou uma série de problemas, percebidos tanto na cidade
quanto no campo. Podemos identificar problemas sociais e ambientais.

Problemas no espaço urbano


A infraestrutura da cidade tende a oferecer facilidades para a população no seu dia a dia.
No entanto, o espaço urbano é marcado por intensas mudanças na paisagem, resultado de um
processo de urbanização acelerado e que traz aspectos negativos.
A presença de muitas construções, ruas, avenidas, aliadas ao uso de concreto, asfalto e
ferragens, além da pouca cobertura vegetal, contribui para que haja alterações ambientais que
levam ao aumento da temperatura e à ocorrência de inundações e deslizamentos de encostas.
Outro problema ambiental urbano recorrente está ligado à grande quantidade de lixo produ-
zido nas cidades e à poluição (atmosférica, sonora e visual).
O crescimento acelerado das cidades é resultante do aumento da população, que gerou
grandes aglomerados nos centros urbanos. Nesse sentido, vários problemas são observados,
como a questão da habitação, da mobilidade urbana e do saneamento básico.

63
Aumento de temperatura
O ambiente urbano, em geral, apresenta poucas árvores e grande concentração de cons-
truções e edifícios, o que dificulta a circulação do ar e a dissipação de poluentes. O asfalto e
o concreto absorvem o calor do Sol, colaborando com o aumento da temperatura, e a concen-
tração de gases poluentes intensifica o efeito estufa e origina as ilhas de calor.

Zona rural Cidade

Absorção
e liberação
do calor
Maior

MRS Editorial
Menor

Transpiração
das plantas e
evaporação da água
do solo

Penetração
da água

Para atenuar esse problema, seria adequada a adoção de políticas que tivessem como meta
promover o plantio de diversas espécies de árvores, o que geraria áreas verdes que facilitariam
a infiltração da água da chuva nas cidades.

Inundações e deslizamentos de encostas


Quando comparamos a permeabilidade do solo de diferentes ambientes, como floresta,
jardim, asfalto poroso e asfalto comum, é possível perceber a variação da quantidade de água
que se acumula na superfície. A maior presença de cobertura vegetal favorece a infiltração
da água das chuvas no subsolo, contribuindo para que haja menor taxa de erosão pluvial. Já
nas superfícies com asfalto, a infiltração tende a ser menor, provocando acúmulo de água,
enchentes, inundações e alagamentos.
No espaço urbano, o uso de asfalto e concreto dificulta a infiltração da água das chuvas. É
comum as cidades brasileiras sofrerem com as chuvas durante o verão. Anualmente assistimos
a cenas de vias inundadas, transbordamentos de rios, alagamentos e enchentes que trazem
transtornos e prejuízos à população.
A falta de planejamento nas áreas urbanas e a impermeabilização do solo interferem no
escoamento e na infiltração da água da chuva, gerando enchentes e inundações nas áreas
mais rebaixadas. Em lugares íngremes, observa-se a ocorrência de deslizamentos que causam
danos à população.
Nesse sentido, as soluções devem partir dos órgãos públicos representados pelos governos
(municipais, estaduais e federais) que precisam promover ações de planejamento urbano que
resultem no monitoramento das áreas com risco de inundação e deslizamento, como a reali-
zação de obras para garantir a drenagem da água.

64
Geografia
Permeabilidade urbana

Floresta

Nível de permeabiliade do solo

Jardim

Asfalto poroso

Asfalto comum

MRS Editorial

Cidade permeável – Várzea Cidade impermeável – Alagada

Os elementos da ilustração estão fora de proporção entre si.

65
Poluição
Nos centros urbanos, os veículos e as indústrias são responsáveis por grande emissão de gases
que alteram a qualidade do ar, o que caracteriza a poluição atmosférica. Além disso, ocorrem a
poluição sonora, com o excesso de ruídos de motores, máquinas, buzinas, etc., e a poluição
visual, com o excesso de painéis, banners, anúncios, etc. A contaminação dos cursos d’água pelo
despejo de esgoto doméstico e industrial também é um problema enfrentado nas cidades.

Cesar Diniz/Pulsar Imagens


Sergi Reboredo/Alamy/Fotoarena

Na imagem acima, observa-se uma avenida, na cidade de Tóquio, no Japão, Na imagem acima, observa-se grande quantidade de lixo em um córrego no
com diversos banners e placas publicitárias. Foto de 2019. município de Juazeiro (BA). Foto de 2016.

A adoção de fontes de energia limpa, aliada ao plantio de árvores nas cidades, à implan-
tação de estação de tratamento de esgoto e, principalmente, à conscientização da população,
pode contribuir para atenuar esses problemas.

Lixo
A produção de lixo cresce em função do consumo excessivo e do modo de vida das pessoas
nos centros urbanos. A coleta nem sempre é satisfatória, e o tratamento do lixo é precário na
maioria das cidades brasileiras. O grande desafio é encontrar um destino para o lixo urbano.
Para combater esse problema, é necessário que sejam promovidas campanhas de cons-
cientização da população sobre o consumo excessivo e a geração de lixo, além de estimular a
coleta seletiva e o reaproveitamento de resíduos sólidos, etc.

Augustine Bin Jumat/Shutterstock

Área de depósito de lixo a céu aberto em Kota Kinabalu, na Malásia, em 2017.

66
Geografia
ENTRE EM AÇÃO

Coleta seletiva
O que é coleta seletiva?
Coleta seletiva é a coleta diferenciada de resíduos que foram previamente separa-
dos segundo a sua constituição ou composição. Ou seja, resíduos com características
similares são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou
outra instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a implantação da coleta
seletiva é obrigação dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte
do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos
sólidos dos municípios.
Por que separar os resíduos sólidos urbanos?
Cada tipo de resíduo tem um processo próprio de reciclagem. Na medida em que
vários tipos de resíduos sólidos são misturados, sua reciclagem se torna mais cara
ou mesmo inviável, pela dificuldade de separá-los de acordo com sua constituição ou
composição. O processo industrial de reciclagem de uma lata de alumínio, por exem-
plo, é diferente da reciclagem de uma caixa de papelão. [...]
Como funciona a coleta seletiva?
As formas mais comuns de coleta seletiva hoje existentes no Brasil são a coleta
porta a porta e a coleta por Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). A coleta porta-a-
-porta pode ser realizada tanto pelo prestador do serviço público de limpeza e mane-
jo dos resíduos sólidos (público ou privado) quanto por associações ou cooperativas
de catadores de materiais recicláveis. É o tipo de coleta em que um caminhão ou
outro veículo passa em frente às residências e comércios recolhendo os resíduos que
foram separados pela população.
Já os pontos de entrega voluntária consistem em locais situados estrategicamen-
te próximos de um conjunto de residências ou instituições para entrega dos resíduos
segregados e posterior coleta pelo poder público. [...]
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Coleta seletiva. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/
residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis/reciclagem-e-reaproveitamento>. Acesso em: 19 fev. 2020.

Em grupos de 4 ou 5 alunos, leiam o texto sobre a coleta seletiva novamente e reflitam sobre as três
perguntas destacadas nele.
1. Diante da perspectiva que a coleta seletiva traz (reciclagem e reaproveitamento de resíduos), ana-
lise a relação de sua família com o lixo e respondam oralmente no grupo:
a) Como a separação do lixo deve acontecer? Na sua casa é feita a separação do lixo de acordo
com a natureza dele?
b) Os resíduos sólidos separados são destinados para alguma instituição ou pessoa que tenha
interesse em reutilizá-los?
c) Na sua casa, ao separar o lixo, algum resíduo é reaproveitado? De que forma?
2. Elabore uma história em quadrinhos tendo como tema a importância da coleta seletiva. Utilize
desenhos e cores para tornar sua história bastante atrativa.

67
Carência de habitação
A falta de investimentos em projetos habitacionais tem contribuído para o déficit habita-
cional nos grandes centros urbanos, levando ao aumento da população em situação de rua e
das moradias nas favelas. Isso acentua as diferenças sociais e a segregação espacial nas cidades.

Edson Grandisoli/Pulsar Imagens


Na imagem acima, observa-se a presença de moradias precárias ao lado de um córrego no município de São Paulo (SP).
Foto de 2018.

Nesse sentido, o combate desse problema envolve planejamento e investimento do


governo na criação de condições para que a população que reside no espaço urbano possa
adquirir moradia própria, além da criação de projetos que tenham como objetivo garantir
as condições necessárias para que as pessoas que residam no campo e tenham o desejo de
permanecer nesse espaço, ou ainda aquelas que desejam voltar ao campo, possam usufruir
de condições dignas.

Mobilidade urbana
Chico Ferreira/Pulsar Imagens

A mobilidade urbana é o conjunto de condições que


permitem o deslocamento das pessoas em uma cidade.
A disponibilidade de transporte público diversificado e
eficiente é uma solução para que a mobilidade flua. No
entanto, o trânsito caótico e o transporte público ineficiente
dificultam a circulação das pessoas nos centros urbanos.
Atualmente, diversas cidades adotaram projetos para
minimizar esse problema, por meio da criação de ciclo-
vias e da disponibilização de transportes alternativos (pa-
tinetes, bicicletas, incentivo a prática da carona compar-
tilhada), de modo a facilitar o deslocamento das pessoas.
No entanto, ainda existe a necessidade, especialmente
nos grandes centros urbanos, de massivos investimen-
tos em transportes que possibilitem o deslocamento de
O uso da bicicleta já faz parte do cotidiano de algumas pessoas no Brasil,
sobretudo daquelas que acreditam em uma cidade mais sustentável. A imagem grande número de pessoas para diversas áreas dentro do
mostra um ciclista na cidade de Teófilo Otoni (MG). Foto de 2018. espaço urbano.

68
Saneamento básico

Geografia
É o conjunto de serviços e infraestrutura relacionado ao abastecimento de água, esgoto
sanitário, controle de pragas e roedores, limpeza urbana, etc. Nas cidades, principalmente
em países que apresentaram crescimento urbano desordenado, parte da população não tem
acesso ao saneamento básico, o que pode ocasionar transmissão de doenças e até risco de vida.

Fábio Costa/Fotoarena
A falta de saneamento básico
compromete gravemente
as condições de vida da
população. A imagem mostra
uma comunidade na cidade do
Rio de Janeiro (RJ), em 2015.

Nesse sentido, é necessário cobrar ações do governo para que sejam desenvolvidas ações
que possam proporcionar o encanamento e o tratamento dos esgotos, além da garantia de
fornecimento de água com tratamento adequado para a população, eliminando algumas
doenças que afetam a vida das pessoas.

CONECTE!

Acesse a página do IBGE no youtube, disponível em: <https://youtu.be/am2WOYu4iFc>. Acesso em:


19 fev. 2020.
Nessa página está disponível o vídeo do IBGE que explica o que são as cidades sustentáveis.
Assista ao filme Wall-e, que propõe uma reflexão sobre o consumo e a produção de lixo pela socie-
dade contemporânea.

Problemas no espaço rural


A potencialização da produtividade proporcionada pela modernização do campo elevou a
exportação de gêneros agrícolas nos países não industrializados, entre outros aspectos. Esse
processo, além dos benefícios, trouxe impactos ambientais e sociais decorrentes da aplicação
de tecnologia no espaço rural. Vejamos quais são esses impactos.

Diminuição da biodiversidade
O uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos colabora com o aumento da produtividade,
mas pode impactar a cadeia alimentar e interferir na sobrevivência de espécies nativas.
Alguns críticos, contrários às transformações genéticas das plantas, sugerem a redução ou a
exclusão do uso de produtos químicos nas plantações, o que favorece a produção familiar e
a agricultura orgânica.

69
Problemas no solo
A retirada da cobertura vegetal para a expansão do plantio e da área de pastagens torna
o solo mais suscetível ao processo de erosão, já que ele fica exposto à ação da água e dos
ventos. Além disso, o uso inadequado do solo pela agropecuária pode levar ao esgotamento e
à contaminação dele, reduzindo a área disponível para essas atividades.

jukree/iStockphoto/Getty Images
Área que teve o solo erodido na Tailândia, em 2013.

Avanço da fronteira agrícola


Envolve o avanço do espaço agropecuário sobre a paisagem natural, levando à retirada de
vegetação para que o plantio agrícola ou a criação de animais aconteça.

Contaminação e uso da água


O uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos pode contaminar os mananciais de recursos
hídricos e comprometer o uso da água no espaço rural. Além disso, a agricultura é o setor da
economia que mais consome água, o que pode levar à escassez do recurso e limitar a prática
da agricultura.

Êxodo rural e desemprego no campo


Com o processo de mecanização do campo, ocorreu a substituição da mão de obra humana
por máquinas, levando à redução de empregos e, por consequência, ao êxodo rural. Simulta-
neamente à mecanização, a oferta de emprego nas indústrias aumentava, atraindo as pessoas
do campo para a cidade.

Concentração de terra
Problema grave e antigo em diversos países, integra o conjunto de entraves observados no
espaço rural. Significa má distribuição de terra, já que apenas poucas pessoas são proprie-
tárias da maior parte das terras disponíveis para cultivo no país. Essa concentração limita o
acesso à terra por parte dos pequenos produtores rurais, que são obrigados a trabalhar para
grandes latifundiários em troca de baixos salários ou a migrar para a cidade, em busca de
melhores condições de vida. No Brasil, movimentos sociais reivindicam a reforma agrária para
promover distribuição mais equilibrada (ou justa) das terras.

70
Geografia
PARADA OBRIGATÓRIA

7. A agricultura é uma das atividades que caracterizam o 8. A poluição atmosférica é um dos problemas observa-
espaço rural. dos no espaço urbano. Quais aspectos intensificam esse
problema na cidade?

Abrym/Shutterstock 9. Reflita sobre seu local de vivência e responda.


a) Você vive em um local que apresenta aspectos seme-
lhantes ao espaço urbano ou ao espaço rural? Cite
exemplos de elementos que justifiquem sua resposta.
Aplicação de agrotóxicos em uma plantação, em Mologa,
na Ucrânia, 2019.

O uso de agrotóxicos contribui com o aumento da pro-


dução agrícola, mas gera problemas no espaço rural.
Cite alguns desses problemas.

b) Você percebe, neste lugar, algum problema relaciona-


do à intervenção humana na natureza? Exemplifique.

Parada complementar: 7 a 9
Teste seu conhecimento: 8

71
PARADA COMPLEMENTAR

1. Os principais rios do município de São Paulo (Tietê e Pinheiros) estão diretamente relacionados com a história da capital
do estado.

Década de 1930 Década de 2010

Clóvis Ferreira/Agência Estado

Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena


Rio Tietê, Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras). Rio Pinheiros, nas proximidades da ligação com o rio Tietê.

a) Escreva a principal mudança na relação das pessoas com os rios a partir da observação das imagens apresentadas acima.
b) Reflita e aponte os fatores que motivaram a transformação da paisagem urbana.

2. Observe as imagens de duas cidades brasileiras.


João Prudente/Pulsar Imagens

Paulo Vilela/Shutterstock

Rua central na cidade de Marzagão (GO), em 2015. Avenida Paulista na cidade de São Paulo (SP), em 2017.

Analise as imagens e descreva as semelhanças e diferenças entre as duas paisagens.


3. Considerando a hierarquia urbana no Brasil, a localidade em que você vive recebe influência de alguma metrópole
brasileira ou influencia alguma outra cidade no seu estado? Indique a cidade que influência ou sofre influência de
sua localidade.

72
Geografia
4. Leia o texto para responder às questões a seguir. 5. Reflita sobre a afirmação abaixo.

Agricultura orgânica: A Revolução Verde marcou a transformação do


espaço rural a partir da década de 1960, contribuindo
cenário brasileiro, tendências com a expansão do modo de produção tradicional e a
e expectativas fixação do ser humano no campo.
O Brasil está se consolidando como um grande
produtor de alimentos orgânicos. Já são, aproxi-
madamente, 17 mil propriedades certificadas em É possível afirmar que a afirmação destacada acima é
todas as Unidades da Federação. A maior parte da verdadeira? Justifique sua resposta.
produção é oriunda de pequenos produtores.
A região Sul vem à frente, com pouco mais de 6. Leia a reportagem abaixo.
seis mil produtores, seguida das regiões Sudes-
te e Nordeste com cerca de quatro mil produto-
res. Os estados que se destacam em número de
produtores são: Paraná, Rio Grande do Sul, São Turismo rural ganha força e
Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Per- amplia seu campo no Brasil
nambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
O mercado turístico rural vem conquistando es-
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae (2018)
trangeiros em busca de cultura e experiência nos
mostra que 63% são produtores exclusivos de
destinos brasileiros
orgânicos e 25% trabalham essencialmente com
O turismo rural apresenta grande potencial no
produtos orgânicos. Estima-se que cerca de um
milhão de hectares é cultivado organicamente vasto Brasil e calcula-se que, pelo menos, de 3% a
no Brasil e que os principais produtos são: fru- 5% de turistas do mundo inteiro buscam viagens
tas, hortaliças, raízes, tubérculos, grãos e pro- nesse mercado. Os dados apontam para uma nova
dutos agroindustrializados. tendência global, na qual o turista não deseja ser
O consumo de produtos orgânicos cresce apenas expectador, mas protagonista, vivencian-
anualmente cerca de 25%, sendo que havia sido do efetivamente culturas, experiências e o coti-
previsto R$ 4 bilhões para 2018. [...] diano dos destinos visitados.
AGRICULTURA orgânica: cenário brasileiro, tendências e expectativas. O IDESTUR – Instituto de Desenvolvimento do
Sebrae. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/
artigos/o-que-e-agricultura-organica,69d9438af1c92410VgnVCM100000 Turismo Rural – reconhece um grande percentual
b272010aRCRD>. Acesso em: 29 nov. 2019.
de crescimento, tanto no número de empreendi-
mentos quanto de consumidores nessa área. Há
também a estimativa de que, nos próximos anos,
o número de produtos e serviços oferecidos aos
turistas aumente de forma expressiva, em desti-
ORIUNDO: sinônimo de originário, proveniente. nos atualmente não reconhecidos como alvo das
HECTARE: unidade de medida usada para medir experiências turísticas.
a área de um terreno. Um hectare corresponde a As atividades turísticas no espaço rural do Bra-
10 mil metros quadrados.
sil começaram a se desenvolver a cerca de trinta
a) O que é agricultura orgânica? anos, voltadas para a realidade do campo, com
b) Aponte a importância da agricultura orgânica para o suas tradições e culturas. [...]
pequeno produtor. TURISMO rural ganha força e amplia seu campo no Brasil. Revista
do Turismo – Negócios & Eventos. Disponível em: <https://
c) Como a agricultura orgânica pode contribuir para a revistadoturismo.com.br/panorama/turismo-rural-ganha-forca-e-
produção no campo em relação aos impactos am- amplia-seu-campo-no-brasil>. Acesso em: 29 nov. 2019.

bientais?

73
a) Qual é a importância do turismo para as populações Descreva a crítica apresentada pela charge, relacionan-
que vivem no campo? do-a ao contexto da modernização do campo.
b) Reflita sobre as características do espaço rural. Por
que o campo e suas atividades estão atraindo cada 8. A produção de lixo no mundo vem crescendo. O destino
vez mais pessoas em busca de lazer? produtivo para o lixo requer planejamento bem elabo-
rado e ações do governo e da sociedade para processar
7. Analise os elementos da charge. os resíduos.
a) Explique por que a produção do lixo é cada vez
© Arionauro/Acervo do cartunista

maior nas cidades.


b) Cite ações que podem contribuir com a redução
do lixo.

9. A agricultura urbana refere-se ao cultivo de plantas den-


tro ou em volta da cidade. Trata-se de uma produção em
pequena escala, para atender ao consumo próprio ou de
grupos restritos, em espaços individuais ou coletivos.
a) De que forma a prática da agricultura urbana estabe-
lece a relação entre o campo e a cidade?
b) Aponte aspectos positivos da agricultura urbana para
a cidade.

PARA FIXAR

Vamos retomar alguns conceitos trabalhados neste capítulo. Leia as características e definições e escreva nas lacunas o
termo relacionado a elas, conforme indicado no quadro.

produção – periferia – infraestrutura – modo de vida – socioeconômica – elevada – interdependentes –


funções – modernização – bairros – industrializados – cidade – impactos ambientais – atração –
rural – culturais – paisagens – industriais – tecnologia – urbanização – problemas

a) Apesar de o campo e a se distinguirem na forma do uso e da ocupação do solo e na práti-

ca de atividades econômicas, observa-se uma integração dos elementos típicos dos espaços e
urbano.

b) No espaço urbano, observam-se amplamente produzidas pelo ser humano, com

grande predomínio de elementos diversos, que refletem as atividades e as rela-


ções dinâmicas da sociedade.

c) As paisagens do espaço urbano são reflexos das que a cidade exerce, que são defini-
das pela principal atividade econômica que se destaca na cidade em relação a outras.

74
Geografia
d) Quanto maior for a oferta de serviços, , atividades comerciais e

potencial econômico, maior será a que uma cidade exercerá sobre outras.

e) A maioria das cidades brasileiras é organizada em que podem ser predominantemen-

te comerciais, ou residenciais.

f) A cidade também pode ser dividida em centro e , aspecto marcado pela dife-

rença da população, refletida nas características das moradias e na


infraestrutura dos bairros.

g) O campo é uma paisagem transformada pelo trabalho humano, que apresenta características específicas

tanto em relação às atividades típicas quanto ao das pessoas.

h) Em alguns países ou regiões, onde o investimento em aplicada na agro-


pecuária é bastante significativo, o número de habitantes do campo é menor e a produtividade é

devido à adoção de técnicas modernas.

i) A do campo refere-se ao uso de técnicas, conhecimentos e máquinas aplicados


na agricultura a fim de garantir a elevação e/ou qualidade da produção de alimentos.

j) O campo e a cidade se complementam, logo são : fornecimento e


consumo de bens e serviços ocorrem simultaneamente entre os dois espaços.

k) A transformação intensa da paisagem dos espaços urbano e rural trouxe aspectos positivos para a sociedade,

mas diferentes são percebidos na cidade e no campo.

l) A infraestrutura da cidade tende a oferecer facilidades para a população no seu dia a dia. No entanto,
o espaço urbano é marcado por intensas mudanças da condição natural da paisagem, e o processo de

acelerado contribui de forma negativa para alguns aspectos.

m) É inegável que a modernização garantiu o aumento da de alimentos, elevan-

do a exportação de gêneros agrícolas nos países não , entre outros aspectos.

Mas, para além dos benefícios, identificam-se e sociais decorrentes


da aplicação de tecnologia no espaço rural.

75
U4

Lembre-se da pergunta que iniciou esta Unidade:

COMO AS ATIVIDADES
HUMANAS OCORREM NO
ESPAÇO GEOGRÁFICO?
Agora, leia o texto a seguir.

esta Unidade foi proporcionada uma reflexão sobre as relações entre os elementos
N presentes no espaço geográfico, que integram o sistema produtivo para atender às
demandas da sociedade. Para tal, há discussões sobre as atividades econômicas, suas carac-
terísticas e a relação com o espaço geográfico e, também, aspectos sobre a diferenciação
desse espaço.

xeni4ka/iStockphoto/Getty Images
A imagem da cidade de Paraty (RJ) apresenta elementos (presença de diversas embarcações que transportam turistas)
que indicam que o turismo é a principal atividade econômica local. Somado a isso, conseguimos distinguir aspectos da
paisagem relacionados ao passado histórico do país por meio da observação da fachada da igreja de Santa Rita de Cássia,
ao fundo. Foto de 2016.

Retomando as perguntas da abertura, percebemos que a paisagem registra sempre as rela-


ções do ser humano com seu meio e a sociedade. Entender as características econômicas de
um lugar, portanto, nos leva a compreender a forma como transformamos a paisagem. Além
disso, os elementos presentes na paisagem são registros do trabalho humano e revelam o
porquê das mudanças naquele espaço.

76
U4

No primeiro capítulo, a abordagem permitiu compreender melhor por que somos parte da
natureza e dependemos dela para nossa sobrevivência. Os recursos naturais e as fontes de
energia são indispensáveis para atender às necessidades do ser humano, pois o desenvolvi-
mento das atividades econômicas depende deles.
A agricultura e a pecuária são atividades praticadas há aproximadamente 10 mil anos e
são fundamentais para o fornecimento de matéria-prima e alimentos para a sociedade. Junto
com o extrativismo, compõem o setor primário. Elas dependem das características naturais e
do poder econômico para se desenvolver de forma satisfatória. A transformação de recursos
naturais em bens de consumo ocorre por meio da indústria, que faz parte do setor secun-
dário. Trata-se de um conjunto de atividades que interferem tanto na economia quanto nas
características da paisagem de um país. Entre outros fatores, a indústria é responsável pela
atração que a cidade exerce, com a oferta de emprego, por exemplo. Por fim, as atividades
comerciais e a prestação de serviços, do setor terciário, representam grande parte da renda
gerada nos países mais desenvolvidos economicamente, além de contribuir para a atração
exercida pelas cidades.
O segundo capítulo contemplou discussões sobre a transformação da paisagem pela ação
antrópica e as características do espaço rural e do espaço urbano. Entender a mudança na
paisagem requer compreender as atividades e as ações que levaram a tal mudança. Nesse
sentido, é relevante observar os registros na paisagem e os elementos predominantes que
revelam as particularidades da interação do ser humano com o meio.
O avanço da tecnologia proporcionou alterações no espaço geográfico. No espaço urbano,
a modernização se revela por meio das construções mais sofisticadas e pela presença de
muitos veículos circulando em avenidas pavimentadas. O modo de vida é dinâmico e o vínculo
da população com a natureza é menos percebido. Já no espaço rural, a modernização possi-
bilitou o aumento da produtividade, mas trouxe problemas socioambientais, como a perda da
biodiversidade, a contaminação do solo e dos mananciais e o êxodo rural. Alternativas para o
cultivo agrícola, que lidam com técnicas modernas, vêm se consolidando em nosso país, como
é o caso da agricultura orgânica. Além das atividades, o modo de vida do campo tem atraído a
atenção de outras pessoas, o que levou à origem do turismo rural, que representa uma alter-
nativa de renda para a população local.
As ações que transformam a paisagem para atender às demandas da sociedade também
podem provocar impactos socioambientais. Por mais intensas que sejam as consequências,
existem possibilidades de rever o contexto e buscar alternativas favoráveis à população e ao
ambiente natural.

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TESTE SEU CONHECIMENTO

1. Analise as imagens que mostram duas atividades econômicas.

junrong/Shutterstock

wavebreakmedia/Shutterstock
Produção de tecido em uma fábrica chinesa, em 2018. Aula de natação nos Estados Unidos, em 2016.

As atividades retratadas nas imagens integram os seguintes setores da economia, respectivamente:


a) secundário e terciário. c) secundário e primário.
b) primário e terciário. d) terciário e primário.

2. O destino da produção e as relações de trabalho na agricultura originam paisagens diferentes. Quando se observam
campos de cultivos que se estendem por grandes propriedades, contando com a atuação de máquinas e monocultura,
pode-se afirmar que naquela paisagem se pratica a agricultura:
a) familiar. c) comercial.
b) orgânica. d) tradicional.

3. Analise os dados da tabela.

PRODUÇÃO DE LEITE, NÚMERO DE VACAS ORDENHADAS E PRODUTIVIDADE, SEGUNDO BRASIL E GRANDES REGIÕES (2018)

Brasil e Número de vacas Produtividade


Leite (mil litros) Participação (%)
grandes regiões ordenhadas (cabeças) (litros/vaca/ano)
Brasil 33.839.864 100,0 16.357.485 2.069
Sul 11.588.369 34,2 3.371.200 3.437
Sudeste 11.465.530 33,9 4.772.231 2.403
Centro-Oeste 4.108.236 12,1 2.615.301 1.571
Nordeste 4.383.566 13,0 3.344.357 1.311
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Norte 2.294.164 6,8 2.254.396 1.018


IBGE. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25482-ppm-
2018-rebanho-bovino-diminui-e-produtividade-nacional-de-leite-ultrapassa-2-mil-litros-por-animal-ao-ano>. Acesso em: 19 fev. 2020.

O Brasil é um grande produtor de gado bovino, inclusive para a produção de leite. As regiões que apresentam o maior
número de cabeças de vaca ordenhadas e a maior produtividade são:
a) Centro-Oeste e Sul. c) Sudeste e Norte.
b) Sul e Sudeste. d) Nordeste e Norte.

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4. A atividade industrial apresenta um constante crescimento no mundo. No entanto, diferentes fatores devem ser consi-

Geografia
derados quando se implementa uma fábrica. Entre esses fatores, assinale a alternativa que indica aquele relacionado
diretamente com a transformação da paisagem nas cidades.
a) Proximidade das fontes de matéria-prima. c) Disponibilidade de mercado consumidor.
b) Abertura e pavimentação de rodovias. d) Acesso a rede de transporte e mão de obra barata.

5. Entre as características relacionadas ao comércio e à prestação de serviços, é correto afirmar que:


a) estão ligados ao dinamismo econômico do país, visto que geram riqueza e postos de trabalho.
b) integram o setor secundário, mas são responsáveis pela circulação de mercadorias dos outros setores da economia.
c) ocorrem de forma exclusiva no território nacional para atender o mercado consumidor interno do país.
d) promovem a produção de bens de consumo, facilitando seu acesso ao consumidor final.

6. É a cidade cuja influência vai além do território nacional, reconhecida como centro de produção de conhecimento e re-
levância político-econômica. Abriga sede de bancos e empresas financeiras, multinacionais e transnacionais, indústrias,
além de uma grande diversidade étnico-cultural.
As características descritas referem-se a um(a):
a) metrópole nacional. c) metrópole global.
b) centro regional. d) cidade regional.

7. O campo brasileiro apresenta características específicas que definem sua paisagem. Contudo, dois elementos se destacam
no processo de transformação de sua paisagem desde a década de 1960. Assinale a alternativa que traz esses elementos.
a) Desenvolvimento da indústria e expansão da sua população.
b) Contaminação do solo com o uso de agrotóxicos e redução das áreas de cultivo.
c) Êxodo rural e o aumento da população que vive no campo.
d) Modernização das técnicas aplicadas no campo e expansão da produtividade.

8. O uso de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura está incluído no pacote relacionado à modernização do campo.

Adriano Kirihara/Pulsar Imagens

Produtor rural pulverizando agrotóxico em lavoura de tomate, no município de Ribeirão Branco (SP).
Foto de 2018.

Apesar de contribuir com o aumento da produtividade, o uso de agrotóxicos e fertilizantes pode provocar:
a) a extinção de espécies vegetais. c) a contaminação do solo e de mananciais.
b) o aumento de postos de trabalho no campo. d) o controle do crescimento das plantas.

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REFERÊNCIAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: <https://www.aneel.gov.br/>. Acesso em:
19 fev. 2020.
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Água na indústria: uso e coeficientes técnicos. Disponível em:
<http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/snirh-1/acesso-tematico/usos-da-agua/aguanaindustria_
usoecoeficientestecnicos.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_
site.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2019.
________. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Básica. Brasília, 2013.
________. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: <http://www.
agricultura.gov.br/>. Acesso em: 19 fev. 2020.
IBGE Cidades. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em: 19 fev. 2020.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capitalista de produção e agricultura. São Paulo: Ática, 1995.
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Acesso em: 19 fev. 2020.
PORTAL ECYCLE. Agricultura urbana orgânica: entenda por que é uma boa ideia. Disponível em: <www.
ecycle.com.br/5666-agricultura-urbana>. Acesso em: 19 fev. 2020.
PROCHNIK, Victor. Cadeias produtivas e complexos industriais. In: HASENCLEVER, L.; KUPFER, D.
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ROSS, Jurandyr L. S. Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp,
2006. Disponível em: <http://files.leadt-ufal.webnode.com.br/200000026-4d5134e4ca/Milton_
Santos_A_Natureza_do_Espaco.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2020.
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view/5625/3595>. Acesso em: 29 nov. 2019.

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