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Rio de Janeiro 27 de maio de 2009 A propaganda um cadver que nos sorri Oliviero Toscani De incio os nmeros citados impressionam.

. Bilhes gastos em propaganda. Dinheiro suficiente em dois anos para acabar com a dvida da Amrica do Sul. Comeamos por acreditar que Oliviero Toscani, o homem de propaganda da antiga marca Benetton, vai nos propor um novo modelo para gastar toda essa verba. Propaganda com cunho social, exposio das diferenas, educao no trnsito ou a preveno no uso de drogas. Entretanto no correr do texto, percebemos que mesmo que tentasse isso no seria possvel no por falta de vontade do autor, mas por impossibilidade tcnica a propaganda feita e existe para vender, no importa a forma que ela assuma. Mais criativa, menos ou mais racismo, mais inteligente ou menos mentirosa, ainda um discurso que procura afirmar uma marca, uma referncia em um mundo competitivo, no qual empresas com produtos cada vez mais semelhantes tentem aumentar sua participao no mercado. Acabamos, enfim, por acreditar que o que o autor lamenta a falta de criatividade que est levando a propaganda (ou a arte da propaganda) morte trata-se de um cadver exposto. Contudo, parece dizer o autor, se fizssemos de outro modo, se no repetssemos as mesmas frases sempre em torno da qualidade, experincia, felicidade etc. conseguiramos vender outro modelo e poderamos salvar a propaganda e o cliente o anunciante que teria sua marca reconhecida, memorizada e sua imagem afirmada. Para isto vale at dizer a verdade, at certo limite, claro... Por fim, a filosofia da empresa ainda o lucro, nisto todas se igualam. Posso e devo construir uma imagem singular da companhia, mas esta imagem no modifica o essencial, o lucro. Salvar a propaganda seria ainda recuperar, segundo o autor, a capacidade perdida da propaganda de atrair consumidores e vender. O contrrio disto, e me parece que o autor talvez o desejasse, no o fim e a morte da propaganda, mas do capitalismo como o conhecemos hoje.

nica

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