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Hipertensão

guia para uma vida


mais saudável

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Hipertensão
HIPERTENSÃO
Guia para uma vida mais saudável

Textos: Cécile Rodrigues, com base em conteúdos da DECO PROTESTE


e da Sociedade Portuguesa de Hipertensão
Responsabilidade técnica: Sociedade Portuguesa de Hipertensão
Colaboraram nesta edição: Anabela Jorge, Dulce Ricardo e Susana Santos
Capa e projeto gráfico: Alexandra Lemos e Nuno Semedo
Formato digital: Isabel Espírito Santo e Paula Sofia Silva
Ilustração da capa: iStockPhoto LP
Paginação: Isabel Espírito Santo e Nuno Barbosa
Ilustrações: ThinkstockPhotos (página 52), José Alves
e Maria Gabriela Alves (páginas 39, 40, 41, 43, 46 e 120)
Fotos: ThinkstockPhotos, com exceção das da página 83
(Alexandra Lemos), página 84 e receitas, da página 95 à 114
( João Ribeiro) e página 88 (DECO PROTESTE).
Receitas: chefe Paulo Vieira, com a colaboração da nutricionista Carla
Gonçalves
Coordenação editorial e edição de texto: Paula Sofia Silva

Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia


Coordenador dos guias práticos: João Mendes

© 2016 DECO PROTESTE, Editores, Lda.


Todos os direitos reservados por:
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1900-221 LISBOA
Tel.: 218 410 800
Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: novembro de 2016

Depósito legal n.º 415585/16


ISBN 978-989-737-077-9

Impressão:
AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE

Esta edição respeita as normas


do novo Acordo Ortográfico.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida nem transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.

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Hipertensão
guia para uma vida
mais saudável

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A
A

PREFÁCIO
Quando foi a última vez que mediu a sua tensão arterial? Se já
não se lembra ou sabe que já foi há muitos meses, ou mesmo
anos, talvez esteja na altura de ler este livro. Manter um estilo de
vida saudável e fazer medições regulares da tensão arterial são a
melhor forma de reduzir o risco de hipertensão, um mal cada vez
mais comum e que está na origem de doenças cardiovasculares
que podem ser graves e incapacitantes ou fatais.

Ao longo destes 10 capítulos explicamos:


——o que é a tensão arterial, como medi-la e como saber se está
perante valores considerados normais, demasiado elevados ou
baixos;
——quais são e em que consistem os exames médicos que permitem
fazer o diagnóstico da hipertensão e de eventuais lesões que esta
tenha provocado em determinados órgãos;
——quais são as causas da hipertensão em relação às quais pouco
ou nada pode fazer e aquelas sobre as quais é possível intervir;
——quais são as complicações que podem surgir quando a hiperten-
são não é tratada e como reagir perante uma crise hipertensiva;
——em que consiste a medicação, quais os efeitos expectáveis e a
importância das consultas de vigilância;
——os cuidados a ter em situações específicas, como a gravidez, e os
relativos a crianças, jovens, idosos e doentes crónicos;
——as regras de ouro para uma alimentação saudável e as alternativas
ao consumo de sal. Apresentamos, ainda, 20 receitas com pouco
sal e pouca gordura;
——diversas sugestões para praticar mais exercício físico e manter
a boa forma;
——como identificar o excesso de stresse e as alternativas para o
combater;
——os efeitos nocivos do tabaco e estratégias para deixar de fumar.

É certo que ler, por si só, não resolve o problema da hipertensão,


mas ter a informação adequada e pô-la em prática é fundamental
para ter uma vida mais saudável!
A
A

ÍNDICE
Capítulo 1
Tensão, hipertensão e hipotensão
O que é a tensão arterial? 14
Hipertensão… 17
… e hipotensão 18
Medir a tensão arterial 19

Capítulo 2
As causas
Herança genética e outros fatores
não modificáveis 26
Fatores de risco modificáveis 27
Quando a origem é outra doença 32
Quando a culpa é da medicação 34

Capítulo 3
Fazer o diagnóstico
Medir a tensão em contínuo 38
Exames ao coração 39
Avaliar a função renal 43
Examinar as artérias 44

Capítulo 4
As complicações
Enfarte do miocárdio 50
Angina de peito 51
A

Acidente vascular cerebral (AVC) 52


Insuficiência renal 53
Problemas visuais 53
O que fazer perante uma hipertensão grave? 55

Capítulo 5
Medicamentos para a hipertensão
Medicamentos ajudam a controlar,
mas não curam 58
Identificar o(s) medicamento(s)
mais adequado(s) 59
Associação de medicamentos 62
Não falte às consultas de vigilância! 62

Capítulo 6
Os grupos especiais
As grávidas 66
As crianças e os jovens 69
Os idosos 72
Os doentes crónicos 73

Capítulo 7
Uma alimentação equilibrada
As regras de ouro 78
Plano alimentar contra a hipertensão 80
Menos sal 80
Ervas aromáticas dão cor e sabor aos seus pratos 85
Mais potássio 89
A

Menos gorduras animais 90


Receitas com pouco sal e com pouca gordura 93

Capítulo 8
Exercício físico e hipertensão
Qual a modalidade mais adequada para si? 119
Devagar se vai ao longe 124

Capítulo 9
Lidar com o stresse
Reações do corpo ao stresse 128
Identificar o excesso de stresse 129
A ajuda psicológica 130
Medicação em fases agudas 132
Como enfrentar o stresse? 133
Relaxar e melhorar as defesas mentais 135

Capítulo 10
Deixar de fumar
Sucesso em 8 etapas 143
Complementos à motivação 148

Índice remissivo 152


A

CAPÍTULO 1
Tensão, hipertensão
e hipotensão
A
A
Hipertensão

O que é a tensão arterial?


A tensão arterial é a pressão exercida pelo sangue na parede das
artérias. Está em constante mudança durante o ciclo cardíaco (veja a
caixa abaixo) e varia consoante a atividade da pessoa e o seu estado
emocional. Os valores mais baixos registam-se, geralmente, durante
o sono e quando a pessoa está mais tranquila; e os mais altos nos
períodos de atividade ou de perturbação emocional. No entanto,
O sal aumenta a
regra geral, a tensão arterial varia pouco num mesmo indivíduo. retenção de água e a
pressão arterial.
A pressão depende, em parte, da quantidade de
sangue expelido pelo coração a cada contração,
logo, do volume de sangue que circula nos vasos
sanguíneos. É aqui que intervém o sal, ou seja,
o cloreto de sódio (vulgo sal de cozinha), e, mais
precisamente, o sódio: quanto mais elevado for
o teor de sódio em circulação no sangue, maior a
retenção de água no corpo efetuada pelo sistema
renal e, consequentemente, o aumento do volume
de sangue e da pressão arterial.

Por outro lado, a pressão arterial é influenciada


pela resistência que a rede de artérias oferece à
passagem do sangue, o que pode variar em função

Coração e tensão arterial


Para projetar o sangue para as artérias, o coração contrai-se,
em média, 60 a 80 vezes por minuto. Esse tempo de contração
chama-se sístole. Entre as contrações, há um espaço de tempo,
a diástole, em que o coração é invadido pelo sangue que lhe chega
através das veias. Assim, os batimentos cardíacos permitem-nos
ter uma ideia dos movimentos efetuados pelo sangue. Também
podemos aperceber-nos do envio regular de sangue sob pressão
colocando os nossos dedos sobre uma artéria periférica; é o que
fazemos quando tomamos o pulso, utilizando, para isso, a arté-
ria radial. A frequência cardíaca, expressa em número de batidas
(isto é, em número de sístoles) por minuto, varia com as pessoas
e, na mesma pessoa, em função das necessidades do organismo:
diminui durante o repouso e acelera, por exemplo, numa situação de
esforço.

14
A
Tensão, hipertensão e hipotensão

da maior ou menor elasticidade das paredes e do facto de serem


mais ou menos estreitas. O calibre das artérias vai diminuindo
à medida que se afastam do coração e se aproximam dos capi-
lares. Ao contrário das artérias de pequeno calibre, designadas
por artérias de resistência, as de grande calibre, como a aorta, são
predominantemente elásticas. O equilíbrio entre as artérias de
resistência e a elasticidade das grandes artérias permite manter a
pressão arterial em valores considerados normais. A arteriosclerose,
ou seja, o espessamento e a perda de elasticidade que ocorrem
ao longo do processo de envelhecimento ou, mais raramente,
devido a doença, aumenta a resistência das artérias e, como tal,
leva à subida da pressão arterial. A ateroclerose, caracterizada
pela acumulação de placas de gordura nas paredes das artérias,
potencia este processo.

Tensão máxima e mínima


A tensão arterial é composta por dois valores:
——a pressão máxima, ou sistólica, indica a pressão sanguínea quando
o coração se contrai e lança o sangue contra as paredes das arté-
rias, levando-as a expandir-se. Nesse momento, regista-se o valor
máximo, que não deve ser superior a 140 milímetros de mercúrio
(mmHg) ou 14, se usarmos o centímetro de mercúrio (cmHg) como
medida da tensão, como é habitual em linguagem comum;
——a pressão mínima, ou diastólica, revela a pressão exercida sobre
as paredes das artérias quando o coração relaxa, entre duas con-
trações. O valor é registado entre as batidas do coração, quando
a pressão do sangue sobre as artérias diminui. Deve ser inferior a
90 mmHg, o que equivale a 9 cmHg.

Valores normais e desvios


Os valores considerados normais para um adulto são inferiores a
140 mmHg, no que respeita à máxima, e 90 mmHg, para a mínima.
Embora tendam a aumentar, progressivamente, depois dos 40 anos,
os valores da tensão deverão manter-se sempre abaixo destes limites.

Até 139/89 mmHg (tensão normal-alta ou pré-hipertensão), considera-


-se que há risco de desenvolver hipertensão e o risco cardiovascular
também é mais elevado nestes indivíduos do que perante valores

15
A
Hipertensão

inferiores. Não há ainda necessidade de intervenção farmacológica,


mas é necessário mudar o estilo de vida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando os valores


de tensão arterial ultrapassam, de forma crónica e em situações
de repouso, 140/90 mmHg, fala-se em hipertensão. São também
estas as diretrizes europeias e as tomadas como referência pelas
autoridades de saúde em Portugal. A Direção-Geral da Saúde
define a hipertensão arterial como a elevação persistente, em
várias medições e em diferentes ocasiões, da pressão arterial sis-
tólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial
diastólica igual ou superior a 90 mmHg.

CLASSIFICAÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL (1)

Hipertensão sistólica isolada


Mais de 140 Até 90 (classifica-se também em
graus de I a III, dependendo
do valor da tensão sistólica)
Mais de 180 Mais de 110 Hipertensão grave (grau III)

160-179 100-109 Hipertensão moderada (grau II)

140-159 90-99 Hipertensão ligeira (grau I)

130-139 85-89 Normal-alta (pré-hipertensão)

120-129 80-84 Normal

Até 120 Até 80 Ótima

Pressão Pressão
sistólica diastólica
(máxima) (mínima)

Norma da Direção-Geral da Saúde, válida para adultos a partir dos 18 anos que
(1)

não sejam medicados com fármacos anti-hipertensores. Quando as medições da


pressão sistólica (o valor máximo da pressão) e diastólica (o valor mínimo)
pertencem a categorias diferentes, considera-se a categoria do valor mais elevado.

16
A
Tensão, hipertensão e hipotensão

Existem três graus de hipertensão, de ligeira a grave. Está demons-


trado que uma tensão sistólica superior a 160 mmHg ou uma ten-
são diastólica superior a 95 mmHg triplicam o risco de acidente
vascular cerebral (AVC) e duplicam o risco de doença coronária.

Hipertensão…
Hipertensão é o termo médico que designa a tensão arterial elevada.
Embora não exista um limite bem definido entre uma tensão nor-
mal e uma manifestamente alta, considera-se que há hipertensão
quando os valores da pressão arterial ultrapassam os 140/90 mmHg,
de forma crónica e em situações de repouso. Uma só medição
isolada com valores elevados não significa, necessariamente, que
se sofre de hipertensão. Poderá tratar-se de uma situação pontual.
No entanto, existe uma faixa de valores aos quais convém estar
atento, que requer uma vigilância regular e a adoção de algumas
medidas de prevenção. São necessárias, pelo menos, três medições
elevadas em alturas diferentes para se considerar que existe um
problema. O diagnóstico requer também alguns exames médicos,
que aprofundaremos no terceiro capítulo deste livro.

Porque aumenta a tensão?


A tensão arterial aumenta quando existe um desequilíbrio entre dois
fatores: o volume de sangue bombeado pelo coração e a resistência
das paredes dos vasos sanguíneos. Assim, se houver um volume
de sangue superior ao normal (devido, por exemplo, a um excesso
de sódio ou a hipotiroidismo), este vai exercer uma pressão mais
elevada contra as paredes dos vasos sanguíneos. Da mesma forma,
se os vasos tiverem menos elasticidade ou forem estreitos, ofere-
cem maior resistência à passagem do sangue, o que também faz
aumentar a pressão arterial. É por isso que a hipertensão afeta a
generalidade dos idosos, devido à perda de elasticidade dos vasos
sanguíneos. Estima-se que cerca de dois terços das pessoas com
mais de 65 anos sejam hipertensas.

A hipertensão poderá dever-se a uma causa específica, como a


toma de determinados medicamentos ou uma doença da tiroide
ou renal. É a chamada hipertensão secundária. Mas, em 90% a
95% dos casos, trata-se de uma doença crónica, sem uma causa

17
A
Hipertensão

específica. Diz-se então que é uma hipertensão primária ou essen-


cial. Poderá dever-se à idade ou a fatores hereditários ou, ainda,
resultar de hábitos de vida, como uma alimentação errada ou a
falta de exercício físico (a propósito das causas, consulte o próximo
capítulo, a partir da página 24).

Uma inimiga silenciosa


A hipertensão raramente causa sintomas específicos, pelo que
pode muito bem ser-se hipertenso e não se dar por isso. Quando
existem queixas são bastante genéricas e, só por si, não permitem
identificar o problema: dores de cabeça, tonturas, palpitações,
alterações visuais, cansaço ou mal-estar geral. Tratando-se de um
importante fator de risco para doenças cardiovasculares, é fun-
damental controlar a tensão arterial regularmente, em consultas
médicas, numa farmácia ou até mesmo em casa (veja o título Medir
a tensão arterial, a partir da página seguinte), para a detetar a
tempo de evitar outros problemas mais graves.

… e hipotensão
A hipotensão, ou tensão baixa, ocorre quando a pressão arterial é
inferior a 100/80 mmHg. Se não causar sintomas, não há motivo
para se preocupar. Contudo, se causar tonturas, sensação de
desequilíbrio, visão turva, palpitações, confusão mental, fadiga,
dificuldade de concentração, pele fria e pálida, náuseas ou mesmo
desmaio, é importante consultar um médico para excluir uma
eventual causa subjacente.

Porque desce a tensão?


A pressão arterial pode diminuir por várias razões:
——redução do volume sanguíneo, o que poderá ocorrer devido a
hemorragia abundante ou desidratação;
——efeito de alguns medicamentos. É o caso dos diuréticos e de
outros fármacos anti-hipertensores, alguns antidepressivos ou,
ainda, certos medicamentos usados no tratamento da doença de
Parkinson, entre outros;

18
A
Tensão, hipertensão e hipotensão

——patologias graves, tais como o choque séptico (infeção grave)


ou anafilático (reação alérgica), podendo colocar a vida em risco;
——problema cardíaco, como insuficiência cardíaca, enfarte agudo
do miocárdio, bradicardia (frequência cardíaca baixa) e doenças
das válvulas cardíacas;
——problemas hormonais, como hipotiroidismo, e insuficiência
suprarrenal;
——problemas neurológicos, incluindo a hipotensão neurologica-
mente mediada que resulta de uma falha na comunicação entre
o coração e o cérebro e ocorre após um longo período em pé;
——estar muito tempo deitado também pode baixar a tensão.

Evitar a hipotensão postural


A hipotensão ortostática ou postural caracteriza-se por quebras
bruscas da pressão arterial quando a pessoa se levanta repenti-
namente ou está muito tempo de pé. Os sintomas, que incluem
tonturas e visão turva, duram habitualmente alguns segundos.
Apenas o tempo de a pressão arterial se ajustar à nova posição do
corpo. Se sofre deste mal, levante-se devagar e evite estar muito
tempo de pé.
Manter uma boa hidratação e comer frequentemente ao longo do
dia também são medidas preventivas úteis.

Medir a tensão arterial


Como vimos, medir a tensão regularmente é a única forma de detetar
a hipertensão antes de ocorrerem danos maiores no coração ou no
cérebro. E isto desde os 3 anos, ou mesmo antes, se houver risco acres-
cido (veja o título As crianças e os jovens, na página 69). A partir dos
18 anos, é importante registar os valores da pressão sanguínea uma ou
duas vezes por ano, sob pena de descobrir o problema tarde demais.
Havendo registo de valores elevados, convém repetir as medições,
se possível em circunstâncias diferentes ou até com outro aparelho.
Nalgumas pessoas, o simples facto de estar num consultório e/ou na
presença de um profissional de saúde pode causar nervosismo e fazer
disparar a pressão arterial (veja a caixa Efeito da bata branca, na página
seguinte). As alternativas são fazê-lo na farmácia ou, se considerar
que tal se justifica, adquirir um aparelho e fazê-lo em casa.

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A
Hipertensão

Efeito da bata branca


Corresponde a uma reação do organismo
em certas pessoas que faz aumentar a
pressão arterial quando esta é medida num
consultório e/ou na presença de um profis-
sional de saúde. Este fenómeno é bastante
frequente. Dos pacientes a quem é diagnos-
ticada uma hipertensão ligeira num consul-
tório, um em cada cinco apresenta valores
normais quando a medição é feita em casa.
Geralmente, estes indivíduos não necessi-
tam de medicação para a hipertensão.
Curiosamente, também pode ocorrer o
efeito oposto: é a hipertensão mascarada.
Neste caso, verificam-se valores normais
no consultório, mas valores elevados fora Os valores da tensão arterial podem variar na
destes. presença de um profissional de saúde.

Escolher um aparelho para medir a tensão


em casa
Existem vários tipos de aparelhos para medir a tensão arterial em
casa, que poderá encontrar em farmácias, parafarmácias, lojas de
material médico e de eletrodomésticos, mas também em super-
mercados e hipermercados.
Os aparelhos dividem-se em dois grandes grupos: os manuais e os
automáticos ou digitais. A correta utilização dos primeiros exige algum
treino, pelo que é preferível optar pelos segundos. São mais fáceis
de usar e eliminam alguns erros de medição existentes nos manuais.
Para manter a fiabilidade, convém pedir a calibração periódica
pela marca. Poderá fazê-lo através da loja onde adquiriu o aparelho
ou diretamente na marca. Verifique, na informação que acompa-
nha a embalagem, qual a periodicidade aconselhada para o fazer.
Existem modelos automáticos para medir a tensão no braço,
no pulso ou no dedo, embora os dois últimos não sejam muito
fiáveis. No pulso e no dedo, as medições são sujeitas a grandes
variações. Por um lado, a posição pode variar facilmente entre
medições, alterando os resultados. Além disso, a medição é efe-
tuada num ponto mais distante do coração.

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A
Tensão, hipertensão e hipotensão

Aparelhos automáticos
Funcionam com pilhas, são muito compactos e fáceis de transpor-
tar. Além disso, ganham pontos na facilidade de utilização e a leitura
dos valores faz-se automaticamente num ecrã digital. Os modelos
semi-automáticos trazem uma pera para insuflar a braçadeira, mas
os que insuflam e desinsuflam de forma automática são mais prá-
ticos. Verifique que o modelo dispõe de braçadeira adaptada ao seu
braço. Os modelos mais sofisticados permitem gravar em memória
ou, mesmo, imprimir os valores das medições.

Em média, os aparelhos automáticos de braço custam cerca de 75 euros.

Como utilizar?
1. Coloque a braçadeira. Ligue o aparelho e pressione o botão
“start”.

2. A braçadeira irá insuflar automaticamente e, do mesmo modo,


começa a perder ar. Nos aparelhos semi-automáticos, estas opera-
ções têm de ser feitas manualmente.

3. Olhe para o visor, onde aparecerão os valores da sua tensão


sistólica e diastólica. Anote os valores, grave-os ou imprima-os,
consoante as possibilidades do aparelho.

4. Se o aparelho for totalmente automático, carregue no botão de


esvaziamento, para retirar todo o ar da braçadeira.

5. Se pretender efetuar uma segunda medição, espere dois ou três


minutos e reinicie o processo.

21
A
Hipertensão

Os fenómenos de vasoconstrição periférica (diminuição do calibre


do vaso sanguíneo) também afetam a fiabilidade dos resultados,
sobretudo nos aparelhos que se usam no dedo. Assim, é preferível
optar por um modelo automático para medição no braço. A bra-
çadeira enche-se manualmente (com uma pera), ou carregando
num botão, e o registo dos valores surge num ecrã (alguns até
permitem imprimir os registos efetuados).

Quando comprar um aparelho de medição automática, opte por


um modelo validado. Os aparelhos têm variações na medição, que
não devem ser superiores a 5 mmHg. Nos aparelhos não validados
essas variações podem ser superiores. Verifique as especificações
de validação nas informações fornecidas com o aparelho. Pode con-
sultar a lista de aparelhos validados em www.dableducational.org.

Como medir
O princípio geral consiste em colocar uma bra-
çadeira insuflável à volta do braço, um pouco
acima do cotovelo, e enchê-la de ar até que
crie uma pressão que interrompa completa-
mente o fluxo sanguíneo. Depois, esvazia-se
suavemente a braçadeira, até restabelecer a
circulação. O momento preciso em que o sangue
recomeça a circular é captado, por meio de um
estetoscópio colocado sob a braçadeira ou de
um mecanismo eletrónico. O valor indicado pelo Uma tensão arterial
até 120/80 mmHg é o
manómetro, nesse preciso instante, corresponde à tensão máxima. objetivo a atingir.
Depois, continua-se a aliviar a pressão exercida pela braçadeira,
até ao total desaparecimento do ruído (toc-toc-toc) na artéria, ou
seja, até que não haja qualquer obstáculo à circulação: o segundo
valor então indicado no manómetro corresponde à tensão mínima.

Cuidados a ter
Uma vez escolhido o aparelho, é importante seguir algumas regras
básicas, para não alterar os resultados.

• Em primeiro lugar, é necessário que esteja descontraído, num


ambiente calmo e confortável. Permaneça sentado durante cinco a
dez minutos antes da medição, com o braço apoiado numa superfície

22
A
Tensão, hipertensão e hipotensão

plana. Encoste-se, não cruze as pernas e evite falar


a partir do momento em que iniciar a medição.

• Da primeira vez que fizer a medição, faça-o nos


dois braços. A diferença não deverá ser significativa
(se o for, poderá ser um indicador de coartação
da aorta ou de outra doença), mas convém saber
em que braço tem a tensão mais elevada e fazer as
medições nesse. Pouse o braço ligeiramente fletido
numa superfície plana (uma mesa, por exemplo),
à altura do coração. Dispa a manga (não a enrole
para cima, para evitar apertar o braço) e retire
adereços que possam perturbar a colocação da
braçadeira, como relógio, pulseiras, etc.

• Coloque a braçadeira dois a três centímetros


acima do cotovelo. A mão terá de ficar aberta
e a palma virada para cima durante a medição.
A braçadeira deve ser adaptada, tanto quanto
possível, à largura do seu braço. Existem modelos A tensão deve ser
medida em repouso,
para crianças, para braços muito magros ou, pelo contrário, mais com o braço ao
largos. Peça ajuda na loja ou na farmácia. nível do coração
ligeiramente fletido
e apoiado numa
• Mantenha-se sentado durante a medição e procure registar sem- mesa, com a palma
da mão virada para
pre os valores na mesma altura do dia. cima.
Para se certificar da constância dos resultados, meça a tensão arte-
rial de manhã e à tarde ao longo de sete dias. Faça duas medições,
com cerca de dois minutos de intervalo.

O que pode influenciar a tensão


Algumas condições podem alterar os valores da pressão arterial:
falar durante a medição, o frio, ter ingerido álcool ou estimulantes na
hora anterior, ter o braço mal posicionado ou usar uma braçadeira
demasiado pequena ou grande.
Evite fazer medições após a refeição, um esforço físico ou em situa-
ções de cansaço ou stresse, uma vez que estas condições poderão
aumentar momentaneamente a pressão arterial. Para o evitar,
espere, pelo menos, meia hora.

23
A

CAPÍTULO 2
As causas
A
A
Hipertensão

Em mais de 90% dos casos de hipertensão arterial não existe uma


causa identificável. Pensa-se que, na origem da hipertensão, está
um distúrbio dos próprios mecanismos de controlo da tensão
arterial. É a chamada hipertensão arterial primária ou essencial e
resulta da interação de diversos fatores. Alguns são inatos, gené-
ticos e hereditários; outros são adquiridos e estão relacionados
com o modo de vida. Apenas uma percentagem inferior a 10%
são casos de hipertensão secundária, que surgem na sequência
de outra doença, como, por exemplo, uma insuficiência renal.

Herança genética e outros fatores


não modificáveis
Na grande maioria dos casos, a hipertensão é uma condição cró-
nica e assintomática

Hereditariedade
Uma história familiar de hipertensão aumenta a probabilidade
de desenvolver esta doença. Parece que isso está ligado a “defi-
ciências” genéticas nas células contráteis da parede das artérias
e, também, nas células dos rins. Os mecanismos através dos quais
essas deficiências genéticas conduzem à hipertensão são complexos
e ainda mal esclarecidos. Este risco é ainda maior, quando, além
de um fundo genético favorável, são partilhados estilos de vida A hipertensão
é comum nas
pouco saudáveis. Não é possível controlar a hereditariedade, mas pessoas com mais
podem ser adotadas medidas para diminuir o risco de hipertensão. de 65 anos (mas
não só).
Abordamos estas medidas a partir do capítulo 7.

Idade
A pressão arterial tende a aumentar com a idade. Para
tal contribui a perda de elasticidade dos vasos san-
guíneos ao longo dos anos, o que afeta, sobretudo, a
pressão sistólica. Estima-se que cerca de dois terços das
pessoas com idade superior a 65 anos são hipertensas,
sendo este o grupo etário em que a hipertensão sistólica

26
A
As causas

isolada (aumento isolado do valor da pressão arterial máxima)


é mais frequente.

Raça
Qualquer pessoa pode vir a sofrer de hipertensão. Contudo, é mais
comum e tendencialmente mais precoce e grave em indivíduos
de raça negra do que nos caucasianos. Isso deve-se, sobretudo,
à herança genética.

Sexo
Antes dos 45 anos, a hipertensão parece ser mais frequente entre
os homens. No entanto, a partir dos 65 anos, após o início da
menopausa, são as mulheres que estão em maior risco, devido
às alterações hormonais que ocorrem nesta fase.

Fatores de risco modificáveis


Foram identificados vários fatores de risco que aumentam a proba-
bilidade de vir a sofrer de hipertensão arterial. Alguns, tais como
a idade e a história familiar, não podem ser controlados. Mas os
fatores de risco relacionados com estilos de vida pouco saudáveis,
quando corrigidos, poderão prevenir o aparecimento da doença.
Assim, pode ter-se um papel ativo na prevenção desta doença,
através da adoção hábitos de vida saudáveis.

Obesidade
É um fator de risco inquestionável para as doenças cardiovascula-
res. As pessoas com obesidade, além de apresentarem um maior
risco de desenvolver hipertensão, têm tendencialmente níveis
mais elevados de colesterol e triglicerídeos e maior probabilidade
de vir a ter diabetes e problemas cardíacos. A obesidade define-
-se com um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30. Para
determinar o seu IMC basta dividir o seu peso (em quilogramas)
pela altura (em metros) ao quadrado. Para prevenir a hipertensão,
o IMC deve ser inferior a 25 (veja a tabela da página seguinte).

27
A
Hipertensão

O PESO CERTO – ÍNDICE DE MASSA


Peso (kg) 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72
1,50 19 20 21 23 24 25 27 28 29 31 32
1,52 18 19 21 22 23 25 26 27 29 30 31
1,54 18 19 20 22 23 24 25 27 28 29 30
1,56 17 19 20 21 22 23 25 26 27 28 30
1,58 17 18 19 20 22 23 24 25 26 28 29
1,60 16 18 19 20 21 22 23 25 26 27 28
1,62 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27
1,64 16 17 18 19 20 21 22 23 25 26 27
1,66 15 16 17 19 20 21 22 23 24 25 26
1,68 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 26
1,70 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
1,72 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
1,74 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Altura
(m)

1,76 14 15 15 16 17 18 19 20 21 22 23
1,78 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
1,80 13 14 15 16 17 18 19 19 20 21 22
1,82 13 14 14 15 16 17 18 19 20 21 22
1,84 12 13 14 15 16 17 18 19 19 20 21
1,86 12 13 14 15 16 16 17 18 19 20 21
1,88 12 13 14 14 15 16 17 18 19 20 20
1,90 12 12 13 14 15 16 17 17 18 19 20
1,92 11 12 13 14 15 15 16 17 18 19 20
1,94 11 12 13 14 14 15 16 17 18 18 19
1,96 11 12 12 13 14 15 16 16 17 18 19
1,98 11 11 12 13 14 15 15 16 17 18 18
2,00 11 11 12 13 14 14 15 16 17 17 18

IMC inferior a 18,5 = demasiado magro


IMC entre 18,5 e 24,9 = peso correto

28
A
As causas

CORPORAL (IMC) SEM CÁLCULOS


Peso (kg) 78 81 84 87 90 93 96 99 102 105 108 111
1,50 35 36 37 39 40 41 43 44 45 47 48 49
1,52 34 35 36 38 39 40 42 43 43 45 47 48
1,54 33 34 35 37 38 39 40 42 43 44 46 47
1,56 32 33 35 36 37 38 39 41 41 43 44 46
1,58 31 32 34 35 36 37 38 40 41 42 43 44
1,60 30 32 33 34 35 36 38 39 39 41 42 43
1,62 30 31 32 33 34 35 37 38 39 40 41 42
1,64 29 30 31 32 33 35 36 37 37 39 40 41
1,66 28 29 30 32 33 34 35 36 37 38 39 40
1,68 28 29 30 31 32 33 34 35 35 37 38 39
1,70 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38
1,72 26 27 28 29 30 31 32 33 33 35 37 38
1,74 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
Altura
(m)

1,76 25 26 27 28 29 30 31 32 32 34 35 36
1,78 25 26 27 27 28 29 30 31 32 33 34 35
1,80 24 25 26 27 28 29 30 31 31 32 33 34
1,82 24 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
1,84 23 24 25 26 27 27 28 29 29 31 32 33
1,86 23 23 24 25 26 27 28 29 29 30 31 32
1,88 22 23 24 25 25 26 27 28 28 30 31 31
1,90 22 22 23 24 25 26 27 27 28 29 30 31
1,92 21 22 23 24 24 25 26 27 27 28 29 30
1,94 21 22 22 23 24 25 26 26 27 28 29 29
1,96 20 21 22 23 23 24 25 26 26 27 28 29
1,98 20 21 21 22 23 24 24 25 26 27 28 28
2,00 20 20 21 22 23 23 24 25 25 26 27 28

IMC entre 25 e 29,9 = peso elevado (risco para a saúde)


IMC igual ou superior 30 = peso excessivo (risco acrescido de doenças)

29
A
Hipertensão
Outra referência importante é a medida da cin-
tura, desejavelmente inferior a 94 centímetros,
no homem, e a 80 centímetros, na mulher.

A perda de peso tem uma relação direta com a


redução da hipertensão e do risco cardiovascular.
De acordo com os dados referidos no Programa
nacional de combate à obesidade, cada redução de
1% no peso corporal traduz-se por uma queda de
1 mmHg na tensão arterial sistólica e de 2 mmHg
na diastólica. Emagrecer compensa!
O perímetro abdominal é medido um pouco
acima do umbigo.

Álcool
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas
pode aumentar significativamente a pressão
arterial. Sabe-se que o álcool constitui a terceira
causa de doença e morte prematura a nível
mundial, sendo um fator de risco importante
para doenças cardíacas e hepáticas, depressão e
suicídio. Assim, se tem por hábito ingerir bebi-
das alcoólicas, modere o consumo. O homem
deve limitar o consumo a duas bebidas por
dia (por exemplo 3,3 decilitros de vinho) e a
mulher a uma bebida por dia (por exemplo,
1,65 decilitros de vinho).

Moderar o consumo de álcool reduz


Tabagismo o risco de hipertensão.

Está já mais do que estabelecida a relação entre


o tabagismo e os problemas respiratórios ou o
cancro do pulmão. Mas o consumo crónico e
prolongado de tabaco também constitui uma
causa importante de doenças cardiovasculares.
O tabaco é um grande inimigo do seu coração. A
incidência de acidentes cardíacos e cerebrovas-
culares é maior nos hipertensos fumadores do
que nos não-fumadores. Portanto, em qualquer
circunstância, o melhor é mesmo deixar de fumar
(veja o capítulo 10). Notará imediatamente bene-
fícios na sua saúde.

30
A
As causas

Sal e outros erros alimentares


Uma dieta rica em calorias, com alto teor de gorduras saturadas
e pobre em nutrientes essenciais é prejudicial à saúde e contribui
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. É sabido
que um elevado teor de sal na alimentação é, também, um impor-
tante fator de risco no aumento da tensão arterial. Por exemplo,
os japoneses consomem cerca de 30 a 40 gramas de sal por dia,
e 30% a 40% são hipertensos. No extremo oposto, alguns povos
primitivos, essencialmente vegetarianos e com um consumo de
sal inferior a 5 gramas por dia raramente sofrem de hipertensão.
Os portugueses, em geral, consomem cerca do dobro do valor
máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
que é de cinco gramas por dia. O consumo excessivo de sal pro-
voca um aumento do conteúdo de sódio nos fluidos corporais,
contribui para a retenção de água e, consequentemente, para a
subida da pressão arterial. Um consumo insuficiente de potássio
pode também causar hipertensão, quando a alimentação se baseia
unicamente, por exemplo, em produtos de conserva. Mas é uma
situação rara.

Os extratos de alcaçuz contêm uma substância hipertensora, pelo


que o seu consumo é desaconselhado aos hipertensos. É possível
encontrá-los em produtos de confeitaria (algumas pastilhas elás-
ticas, por exemplo), em produtos farmacêuticos como laxantes,
antiácidos e antitússicos, e até mesmo em chás. Se for hipertenso,
verifique a composição deste tipo de produtos ou, no caso dos
medicamentos, leia o folheto informativo e informe-se junto do
farmacêutico.

Sedentarismo
Está intimamente relacionado com um maior risco de obesidade,
hipertensão e doenças cardíacas. Assim, é importante que man-
tenha uma vida ativa, praticando regularmente exercício físico
(veja o capítulo 8).

Stresse
Elevados níveis de stresse podem aumentar temporariamente a
pressão arterial, mas não está provada a relação entre o stresse e

31
A
Hipertensão

a hipertensão. Contudo, as pessoas expostas a situações de maior


stresse têm, habitualmente, comportamentos e estilos de vida
menos saudáveis e que poderão influenciar o risco de hiperten-
são. A doença é frequente entre trabalhadores de alguns setores,
nomeadamente motoristas de autocarro e de táxis, operadores
em centros de atendimento telefónico e quadros superiores de
empresas. Descubra algumas medidas para controlar o stresse
no capítulo 9.

Quando a origem é outra doença


Como vimos no início deste capítulo, a hipertensão secundária
ocorre em menos de 10% dos casos. E, na sua origem, estão outras
doenças ou a medicação tomada para as combater. Nestes casos,
o controlo da tensão arterial passa, geralmente, por tratar a causa
subjacente. Eis algumas das principais doenças que poderão aumen-
tar os valores da tensão arterial.

A hipertensão renovascular
É a causa mais frequente de hipertensão secundária. Habitualmente
surge nos indivíduos jovens e nos idosos. Embora tenham causas
diferentes (no jovem, deve-se a displasia da artéria renal, no idoso,
Ressonar pode ser
a aterosclerose), ambas as situações levam a um estreitamento um sinal de apneia do
das artérias e, consequentemente, à subida da pressão arterial. sono.
Na displasia o estreitamento é localizado, pelo
que pode ser tratado com dilatação da artéria
envolvida ou com cirurgia.

Apneia obstrutiva do sono


É uma doença do foro respiratório, em que há
obstrução intermitente da via aérea alta, ao nível
da garganta (orofaringe). Isto leva a que o doente
não respire durante o sono. A apneia pode estar
relacionada com a obesidade e cerca de metade
destes doentes desenvolvem hipertensão arte-
rial. Pode mesmo acarretar perigo de vida e o
aumento do risco de trombose e ataque cardíaco.

32
A
As causas

Nas crianças, a apneia do sono contribui para problemas de com-


portamento e dificuldades na aprendizagem.

A síndroma de Cushing
É uma doença rara, provocada pelo aparecimento de tumores
que produzem cortisol. Esta hormona é naturalmente produzida
pelo nosso organismo e, entre outras funções, aumenta a energia
muscular, o açúcar no sangue, a pressão arterial e a frequência
cardíaca, em situações de stresse. Quando produzida em excesso,
gera sintomas muito específicos, entre os quais a hipertensão.
O tratamento é cirúrgico, com a remoção do tumor.

O feocromocitoma
É um tumor das glândulas suprarrenais que produz uma elevada
quantidade de catecolaminas, as quais provocam episódios súbitos
de suores, cefaleias, ansiedade e palpitações. Estas hormonas,
naturalmente produzidas pelas glândulas suprarrenais em situações
de stresse, têm como função preparar o organismo para reagir
rapidamente a situações de luta ou fuga. Em excesso, provocam
hipertensão. O tratamento é cirúrgico, com remoção do tumor.

A doença renal crónica


A insuficiência renal pode ser uma causa ou uma consequência
da pressão arterial elevada. Quando não é tratada, a hipertensão
provoca lesões nos rins. Por outro lado, existem inúmeras doenças
renais cuja evolução poderá causar hipertensão arterial. É o caso
dos rins poliquísticos. Geralmente, nesta situação, o problema
renal foi já diagnosticado, estando o doente a seguir um tratamento
quando surge a hipertensão. Nalguns casos, a pressão arterial
elevada é um dos primeiros sintomas da doença renal.

A coartação da aorta
Doença rara congénita (a pessoa nasce com a doença) que leva a
um aperto da artéria aorta. Habitualmente, é diagnosticada nos
primeiros meses de vida ou na infância, sendo o problema corrigido

33
A
Hipertensão

por cirurgia. Dependendo da localização e da gravidade do aperto,


manifesta-se com uma hipertensão assimétrica, só nos membros
superiores ou só num lado do corpo.

Doenças da tiroide
Podem dever-se a um excesso de produção da hormona tiroideia
(hipertiroidismo) ou, pelo contrário, a uma diminuição da sua pro-
dução (hipotiroidismo). Embora por mecanismos diferentes, ambas
as situações podem fazer subir a pressão arterial. Geralmente,
o tratamento para restabelecer o equilíbrio da hormona tiroideia
normaliza os valores de pressão arterial. Nervosismo excessivo
e permanente, intolerância ao calor e frequência cardíaca ele-
vada podem ser sintomas de hipertiroidismo. Já o hipotiroidismo
caracteriza-se por letargia, pele seca e muito fria e diminuição da
frequência cardíaca.

O hiperaldosteronismo primário
Resulta da produção excessiva de uma hormona, a aldosterona,
pelas glândulas suprarrenais. O excesso pode dever-se à formação
de um tumor nestas glândulas ou, simplesmente, a uma produ-
ção anormalmente elevada (hiperplasia). Num caso como noutro,
os valores da pressão arterial sobem, podendo ocorrer episódios
de fraqueza muscular e tetania, uma síndrome caracterizada por
contracturas musculares localizadas.
Tratando-se de um tumor, será necessário removê-lo cirurgica-
mente. Nos restantes casos, o tratamento é efetuado com recurso a
medicação (antagonistas da aldosterona, como a espironolactona),
como se de uma hipertensão essencial se tratasse.

Quando a culpa é da medicação


A cortisona, os contracetivos orais e as terapias hormonais de
substituição são exemplos de medicamentos que podem fazer
subir a tensão arterial. Embora a pílula não cause diretamente
hipertensão, pode acelerar o seu aparecimento (veja a caixa).
Os anti-inflamatórios (ibuprofeno e corticóides), os sprays e gotas para
desentupir o nariz e os xaropes para as vias respiratórias também

34
A
As causas

Pílula e hipertensão
O uso de contracetivos orais não causa, dire-
tamente, hipertensão, mas pode acelerar o
seu aparecimento. É importante vigiar regu-
larmente a tensão quando se toma a pílula.
As pílulas normalmente prescritas pelos
médicos possuem uma quantidade de
estrogénios muito reduzida, pelo que o
risco de problemas cardiovasculares não é
significativo. Contudo, a associação pílula-
-tabaco foi identificada, por diversas vezes,
como estando na origem de alguns aciden-
tes cardiovasculares, especialmente nos
provocados, por exemplo, por tromboses
venosas profundas nas pernas. Ou seja, uma
mulher que tome a pílula e fume dez ou mais
cigarros por dia corre mais riscos de sofrer
um acidente cardiovascular – sobretudo a
partir dos 40 anos.
Por isso, se toma a pílula, não fume! A pílula
contracetiva também não é aconselhável a
mulheres hipertensas e/ou com diabetes ou
com varizes.

podem ter este efeito. E há ainda os comprimidos efervescentes e


os antiácidos para combater a azia. Estes medicamentos chegam a
conter 1,5 gramas de sal, ou seja, 30% do consumo máximo diário
recomendado (5 gramas). É por essa razão que podem interferir
na tensão arterial. Usados esporadicamente e por curtos períodos,
não causam problemas. É a toma continuada durante meses ou
anos que pode provocar hipertensão.

Os hipertensos devem, por isso, evitar este tipo de medicação ou


informar-se junto do médico sobre as alternativas a considerar.
É muito importante que informe o médico sobre os fármacos que
toma habitualmente.

35
A

CAPÍTULO 3
Fazer o diagnóstico
A
A
Hipertensão

Como vimos logo no primeiro capítulo, não há sintomas específi-


cos de hipertensão. Quando muito, podem surgir queixas pouco
específicas como dores de cabeça, tonturas, problemas de visão
(visualização de pequenas manchas, por exemplo) ou mal-estar geral,
que são comuns a muitas outras doenças e algumas até, inclusive,
à hipotensão. Contudo, com o passar dos anos, uma pressão arterial
elevada pode acabar por lesar os vasos sanguíneos e alguns órgãos
vitais (cérebro, coração, rins). Portanto, a deteção precoce é funda-
mental e só é possível com medições regulares da pressão arterial.
Geralmente, a hipertensão é descoberta por acaso pelo médico de
clínica geral quando procede a um exame de rotina ou por qualquer
outra razão. É recomendável medir a pressão sanguínea uma ou
duas vezes por ano, sobretudo se houver antecedentes familiares de
hipertensão. O diagnóstico deverá basear-se, pelo menos, em duas
medições, realizadas em consultas com um intervalo mínimo de
uma semana. Confirmada a hipertensão, é necessário fazer exames
clínicos, para procurar uma eventual causa secundária. O médico
irá avaliar os fatores de risco, como o Índice de Massa Corporal
(IMC), os hábitos tabágicos e a história familiar, mas também o teor
de gorduras e de glicémia no sangue. Por outro lado, os exames
complementares permitem avaliar potenciais lesões nos órgãos
mais suscetíveis de serem afetados pela hipertensão: o coração,
os rins, a retina e os vasos. Explicamos, de seguida, os exames
complementares geralmente pedidos pelo médico.

Medir a tensão em contínuo


MAPA é a sigla de Monitorização Ambulatória de Pressão Arterial.
Trata-se de um exame que regista os valores da tensão ao longo
de 24 horas. Permite, assim, avaliar o padrão arterial do indiví-
duo, detetar variações da tensão arterial durante o dia e a noite
e acompanhar o seu dia-a-dia normal. Este exame é útil tanto no
diagnóstico como para acompanhar a evolução da tensão arterial
e a eficácia do tratamento. É um elemento importante para avaliar
o risco cardiovascular e identificar a hipertensão da bata branca
e a hipertensão mascarada de que falamos na caixa da página 20.

Na prática, é colocada uma braçadeira no braço do doente, idên-


tica à dos aparelhos normalmente utilizados para medir a tensão.
Os valores obtidos ficam registados no dispositivo que é transpor-
tado à cintura, por baixo da roupa. O médico irá ainda pedir-lhe

38
A
Fazer o diagnóstico

para preencher um diário, onde deverá registar a


hora a que se deitar e levantar, bem como relatar
as principais atividades e eventuais sintomas ao
longo do dia.

Pode desempenhar as suas atividades habituais


durante as 24 horas, exceto tomar banho, para
não molhar o aparelho. De cada vez que o equi-
pamento emite um “bip”, para o avisar de que vai
iniciar uma medição, terá de interromper o que
estiver a fazer e pousar o braço numa superfície
plana. Terminada a insuflação e a desinsuflação
da braçadeira, poderá retomar as suas ativida-
des. O aparelho irá disparar cerca de 80 vezes ao
longo das 24 horas, o que é um pouco incómodo,
sobretudo durante a noite. Enquanto dorme, não
é preciso fazer nada.
Com um aparelho
preso à cintura e uma
A MAPA não implica qualquer preparação nem riscos para o paciente. braçadeira, é possível
Apenas poderá sentir algum desconforto no braço. Para o mini- registar a pressão
arterial ao longo de
mizar, opte por vestir roupa larga. 24 horas (quase) sem
afetar a sua rotina
diária.

Exames ao coração
O paciente é submetido a um exame geral no consultório, que
inclui a auscultação cardíaca e de sopros abdominais, a medição
da pressão arterial nos dois braços (basta fazê-lo uma vez, depois

Hipertensão e coração
A hipertensão arterial exige maior esforço ao coração. De facto, quando sai
do coração em direção aos grandes vasos, o fluxo sanguíneo encontra maior
resistência à sua passagem e cabe ao coração exercer mais força para a
vencer.
Este esforço adicional exige uma adaptação do músculo cardíaco, que vai
evoluindo com a doença. Primeiro manifestam-se as alterações estruturais,
nomeadamente a dilatação da aurícula e do ventrículo esquerdos e o espes-
samento das paredes cardíacas. Quando o coração perde a capacidade de
se adaptar aparecem as alterações funcionais, ou seja, menor contração do
músculo que leva à insuficiência cardíaca.

39
A
Hipertensão

a medição é efetuada apenas no que tiver registado valores mais


elevados) e a verificação do pulso. Mas os exames cardiológicos
propriamente ditos incluem, entre outros, o ecocardiograma e o
eletrocardiograma, assim como a radiografia do tórax. São exames
simples, sem qualquer risco para o doente, e permitem avaliar
eventuais alterações cardíacas causadas pela hipertensão arterial.

Ecocardiograma
O ecocardiograma não é mais do que uma ecografia ao coração.
Permite obter uma imagem dinâmica, ou seja, em movimento,
da atividade cardíaca. Este exame é utilizado para avaliar a espes-
sura das paredes do coração e o seu movimento, bem como a
estrutura e o funcionamento das válvulas cardíacas. Existem dife-
rentes tipos de ecocardiogramas. O transtorácico é o mais usado,
embora, por vezes, seja solicitado o transesofágico. No primeiro
caso, o coração é visualizado mediante a deslocação de um sonda
sobre o tórax ou a parede abdominal; no segundo, a sonda é inse-
rida no esófago, através de um endoscópio, o que permite obter
imagens de melhor qualidade devido à proximidade do coração.
O ecocardiograma transesofágico é especialmente útil nas pes-
soas mais obesas, em que o transtorácico pode não permitir uma O ecocardiograma
visualização adequada do coração. transtorácico é o mais
utilizado.

Num caso como noutro, são


avaliadas as repercussões
da hipertensão ao nível car-
díaco, nomeadamente even-
tuais alterações estruturais e
funcionais. O ecocardiograma
transtorácico não implica qual-
quer preparação. Já no transe-
sofágico, o paciente não deve
ingerir alimentos líquidos ou
sólidos durante, pelo menos,
as seis horas que o antecedem.
As pessoas mais ansiosas podem
necessitar de sedação antes de
um ecocardiograma transesofá-
gico em repouso. Nestes casos,
convém ir acompanhado para
o exame, pois o paciente não

40
A
Fazer o diagnóstico

deverá conduzir no regresso


a casa.

Eletrocardiograma
(ECG)
O eletrocardiograma permite
registar a atividade elétrica do
coração, provocada pelo fluxo
constante de substâncias químicas
(sódio, potássio, cloro e cálcio,
entre outros). O exame traduz-se
numa representação gráfica dos
movimentos de contração e de
relaxamento do coração, ou seja, No eletrocardiograma são colocados, ao todo, dez elétrodos.
Estes permitem efetuar a leitura da atividade elétrica do coração.
do ciclo cardíaco. Demora cerca
de cinco minutos, não requer
qualquer tipo de preparação,
é indolor e fácil de executar. Onda 
R
Ao paciente basta ficar deitado
enquanto os elétrodos lhe são
colocados, sobre a pele, na parte
esquerda do tórax, nos tornozelos
e nos pulsos, relaxar e permane-
cer silencioso e imóvel durante
Onda T
o exame.
Onda P

Antes do exame, não pratique


exercício físico intenso nem
Onda 
suba escadas apressadamente, Q Onda 
S
para não alterar a frequência
cardíaca de forma significativa. Onda P = passagem da amplitude, mas é também
corrente elétrica pelas positiva. As ondas T refletem,
Pelo mesmo motivo, não fume aurículas. pois, os breves períodos de
nem beba café meia hora antes. Complexo QRS = constituído descanso do coração entre os
Informe o médico ou o técnico por três ondas que batimentos.
correspondem à passagem
se toma medicamentos e refira de corrente pelos ventrículos. A onda que corresponde à
quais, já que alguns poderão Onda T = fase de repolarização das aurículas
interferir nos resultados. repolarização ou de recarga coincide graficamente com o
dos ventrículos, após o complexo QRS, pelo que,
complexo QRS. Tem menor normalmente, não é visível.
O ECG mostra o número de bati-
No eletrocardiograma, as diferentes ondas elétricas cardíacas
mentos cardíacos por minuto que surgem no registo correspondem à passagem da corrente
(frequência cardíaca) e o seu elétrica por diferentes zonas do coração.

41
A
Hipertensão

ritmo (regularidade), fornecendo informações importantes sobre


ECG REGULAR
eventuais efeitos da hipertensão no coração, já que permite dete- NOS ADULTOS
tar, por exemplo: Mesmo na
——lesões no miocárdio (músculo cardíaco) ou no pericárdio (mem- ausência de
brana que envolve o coração) decorrentes de um enfarte ocorrido sintomas de
no passado ou em curso; alterações
cardíacas, o ECG
——espessamento ou dilatação do ventrículo esquerdo (hipertrofia); deve ser efetuado
——arritmias, ou seja, batimentos irregulares devidos, por exemplo, anualmente nos
à dilatação da aurícula esquerda (fibrilhação auricular); adultos, sobretudo
——causas para dores no peito, nomeadamente se houver obstru- na presença de
fatores de risco,
ções parciais ou totais das artérias coronárias, que “alimentam” como hipertensão
o coração. arterial, colesterol
e triglicéridos
elevados,
ECG modo Holter – 24 horas tabagismo ou
história familiar
de problemas
Eventuais palpitações podem dever-se a arritmias transitórias que cardíacos.
não sejam detetadas durante o eletrocardiograma. Nestes casos,
o médico poderá pedir outro exame, com o registo do ritmo car-
díaco ao longo de 24 horas, denominado ECG modo Holter.

O aparelho preso à cintura regista a atividade elétrica do coração,


captada através de elétrodos colocados sobre o tórax, por baixo
da roupa. Ao longo das 24 horas, é também necessário preencher
um diário com as diversas atividades efetuadas e eventuais sin-
tomas. O médico analisa as alterações dos batimentos cardíacos
e confronta essa informação com as anotações do paciente, para
verificar se coincidem.

Para permitirem um registo adequado da atividade cardíaca,


os elétrodos devem aderir fixamente ao peito. Não tome banho
nem efetue esforços muito intensos, que possam provocar trans-
piração e fazer com que os elétrodos se soltem. À noite, tente
dormir de costas com o aparelho cuidadosamente posicionado
ao seu lado. Caso algum elétrodo se solte, pressione-o no centro,
de modo a restabelecer o contacto. Se sentir dificuldade em fixá-
-lo, contacte o médico.

Alguns equipamentos podem interferir com o registo Holter. Assim,


durante o exame, não use escova de dentes elétrica nem máquina
de barbear e tente afastar-se de campos magnéticos, detetores de
metais, áreas de alta voltagem, portões automáticos e cobertores
elétricos, por exemplo.

42
A
Fazer o diagnóstico

No final, volte ao local de exame para retirar o equipamento e


entregar o aparelho de registo e o diário, que serão analisados
pelo médico.

Radiografia do tórax
No âmbito da hipertensão, a radiografia simples
do tórax é útil para investigar anomalias na forma
do coração e da aorta. Os raios X produzidos no
aparelho atravessam o corpo na zona exposta e
são recebidos numa película ou ecrã situados no
lado oposto. Isto permite observar a estrutura
interna do organismo sem que seja necessária
uma intervenção cirúrgica.

O procedimento é rápido (um ou dois minutos).


Para que a imagem tenha uma boa definição,
é essencial que o doente esteja na posição mais
adequada e permaneça imóvel. Deverá também
suster a respiração quando lhe é pedido. A qua-
lidade de interpretação da radiografia simples do
tórax pode ser reduzida quando o paciente não
consegue respirar profundamente (por exemplo,
em casos de insuficiência cardíaca, de dor intensa
ou de obesidade). Com o tórax encostado à
superfície onde está a película,
o paciente inspira profundamente
Apesar do aparecimento de novas técnicas para o e expira todo o ar. Repete a
estudo do tórax, como a TAC, com qualidade de inspiração e sustém o ar na
capacidade máxima, até indicação
imagem superior, a radiografia tem a vantagem de do técnico. Os raios X são então
envolver uma dose menor de radiação e de ser mais emitidos.

barata e difundida. Por isso, é o primeiro exame a


ser pedido. A TAC só o será quando a radiografia
não fornece dados suficientes e é necessária uma
imagem mais detalhada.

Avaliar a função renal


A hipertensão não controlada afeta a capacidade dos rins para
desempenharem as suas funções. Ou seja, podem surgir proble-
mas na eliminação de substâncias desnecessárias ou tóxicas e na

43
A
Hipertensão

regulação do conteúdo de água no organismo. O principal objetivo


dos medicamentos diuréticos, usados para o controlo da hiper-
tensão, é precisamente promover a eliminação de urina e de sais.
Por outro lado, a existência de uma doença renal afeta os valores
da tensão arterial.

Análises ao sangue e, eventualmente, à urina, permitem avaliar


os níveis de ureia e creatinina, bem como o de proteínas elimina-
das na urina. Se houver lesão renal devida à hipertensão, estes
valores estarão aumentados e, dependendo do grau de disfunção
dos rins, o mesmo acontece relativamente ao potássio. É a con-
jugação dos diversos valores que permite tirar conclusões sobre
o funcionamento renal. O ácido úrico também surge aumentado
nos hipertensos que não estão a seguir um tratamento.

Os valores de referência podem variar de acordo com o método


de doseamento usado por cada laboratório. E nalguns parâ-
metros variam com o sexo e a idade, sem que isso signifique
necessariamente a existência de problemas renais. Na presença
de valores alterados e que não estejam relacionados com estes
fatores, poderá ser necessário avançar para outros exames, como
uma ecografia renal, ou, em caso de suspeita de lesão que não
se consegue identificar, para exames mais invasivos como uma
biopsia renal.

Examinar as artérias
Para avaliar a repercussão da hipertensão nas artérias existem
dois métodos principais, a observação dos vasos da retina e a
velocidade de onda de pulso. A primeira é feita através de um
simples exame oftalmológico, e a segunda, reservada a doentes
de alto risco cardiovascular, é medida apenas em meio hospitalar.

Exame oftalmológico
O exame oftalmológico consiste em visualizar o fundo do olho
(fundoscopia). Pode ser feito por qualquer médico, mas, para
melhor visualização, exige normalmente a dilatação da pupila
através da aplicação de gotas e, por norma, é efetuado por um
oftalmologista.

44
A
Fazer o diagnóstico

O estado das arteríolas da retina pode ser um indicador bastante fiel do estado das
artérias periféricas de todo o organismo. À esquerda um olho saudável, à direita o
líquido libertado pelos vasos impede uma visualização clara (hipertensão grave).

As arteríolas da retina são os únicos vasos do nosso organismo


visíveis a olho nu. No doente hipertenso podem existir múltiplas
alterações que refletem os efeitos da hipertensão nos vasos. De facto,
para suportarem durante muito tempo as elevadas pressões a que
são submetidas, as artérias necessitam de adaptar-se. Na prática,
isso significa que as paredes arteriais sofrem alterações visíveis
na retina, como estreitamento dos vasos, hemorragia e edema.
O estado visível dessas arteríolas poderá ser um indicador bastante
fiel do estado das artérias periféricas (nos membros) de todo o
organismo.

Velocidade de onda de pulso


Quando o sangue é expelido do coração e entra na aorta gera-
-se uma onda que vai percorrer todas as artérias até chegar aos
pequenos capilares terminais. A velocidade com que esta onda
viaja ao longo das artérias permite determinar se existe repercussão
vascular da hipertensão.

Como descrito anteriormente, as alterações estruturais das paredes


arteriais provocadas pela hipertensão (e também pelo envelheci-
mento) fazem com que as artérias percam elasticidade. Isso leva
ao aumento da velocidade de onda de pulso.

Este não é um exame de rotina. É efetuado apenas em centros


especializados em hipertensão e, habitualmente, é feito apenas
em doentes de alto risco cardiovascular. O exame é inócuo e não

45
A
Hipertensão

exige qualquer tipo de preparação. Tal como no ECG, são coloca-


dos elétrodos ao doente. A velocidade de onda de pulso é medida
com uma sonda idêntica à do ecocardiograma.

Ecodoppler carotídeo
Não é um exame de rotina na avaliação e diagnóstico da hipertensão,
mas é efetuado em alguns doentes para confirmar a existência de
anomalia vascular e, em caso afirmativo, saber se é útil e necessário
efetuar algum tratamento.

O ecodoppler carotídeo serve para detetar uma obstrução das


carótidas, os vasos localizados no pescoço que levam o sangue
para a cabeça, nomeadamente devido a placas calcificadas rela-
cionadas com a aterosclerose. Trata-se de uma situação comum
nas pessoas idosas, responsável por tonturas, desmaios, perda
de visão e paralisia de uma parte do corpo. A presença de uma

O ecodoppler das carótidas é uma forma não invasiva e cómoda de detetar


placas de aterosclerose nestas artérias do pescoço, as quais podem ser a
causa de desmaios ou de tonturas inexplicados, particularmente em doentes
com mais de 50 anos.

46
A
Fazer o diagnóstico

obstrução inferior a 60% ou 70% do vaso pode, contudo, não


causar quaisquer sintomas.

O ecodoppler é feito com um aparelho de ecografia programado


em modo doppler. Neste, os ultrassons são emitidos e recaptados
pela sonda, que os transforma numa imagem, como acontece nas
ecografias vulgares. Embora o princípio seja igual ao de qualquer
exame ecográfico, o resultado obtido é diferente. A imagem forne-
cida em modo doppler representa não só a estrutura dos órgãos,
como também o movimento do fluxo sanguíneo. Isto porque os
glóbulos vermelhos refletem os ultrassons, proporcionalmente à
velocidade com que circulam no sangue.

Recomenda-se aos fumadores que não fumem na meia hora que


antecede o exame. O fumo do tabaco induz a contração dos vasos
sanguíneos, o que pode afetar os resultados.

47
A

CAPÍTULO 4
As complicações
A
A
Hipertensão

Embora a hipertensão não provoque sintomas específicos, e possa


até passar despercebida durante algum tempo, ela é uma das prin-
cipais causas de doenças cardiovasculares, sobretudo enfartes do
miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Nunca é demais
lembrar que detetar a hipertensão numa fase inicial é essencial
e que a vigilância é imperativa para as pessoas com um grau de
risco elevado, principalmente para quem tenha parentes próxi-
mos que sofram deste mal. Por outro lado, uma crise hipertensiva
pode constituir uma emergência médica e convém estar atento
aos sintomas para reagir com rapidez.

A hipertensão arterial aumenta a carga de trabalho do músculo


cardíaco, o qual, com o passar do tempo, começa a fatigar-se,
dilata e perde força de contração. É também um fator de risco de
aterosclerose (formação de placas nas paredes dos vasos), que
pode causar um enfarte do miocárdio quando atinge as artérias
coronárias (artérias que irrigam o músculo cardíaco). Ao nível do
cérebro, quando as artérias cerebrais ficam danificadas ou obstruídas,
em consequência de muitos anos de hipertensão arterial, o perigo
chama-se acidente vascular cerebral. Finalmente, uma situação de
hipertensão prolongada pode ainda provocar insuficiência renal
ou problemas nos olhos, nomeadamente nos vasos da retina.

A hipertensão também parece aumentar o risco de determina-


dos tipos de demência, incluindo a doença de Alzheimer. Alguns
estudos sugerem que os medicamentos anti-hipertensores ajudam SINAIS DE
a melhorar a função cognitiva nos idosos. Também parecem ter ALARME
um efeito preventivo contra a doença de Alzheimer. Contudo, Ligue para o 112
em caso de...
as investigações a este respeito não são conclusivas e, por vezes,
... dor de cabeça
são mesmo contraditórias.
súbita e violenta;
... dor ou pressão
no peito;

Enfarte do miocárdio
... problemas
de equilíbrio ou
desmaios;
... dificuldade de
O enfarte do miocárdio surge de forma súbita, quando há uma expressão ou
interrupção total e persistente da circulação numa determinada confusão mental;
... desvio da boca
zona da artéria coronária que irriga o músculo cardíaco. Se a área
ou encerramento
atingida for pequena e não incluir pontos cruciais do músculo de uma pálpebra;
cardíaco, os sintomas serão discretos e o enfarte poderá até pas- ... dificuldade
sar despercebido. Caso contrário, as perturbações serão graves, motora, sobretudo
se for apenas de
originando arritmias e falência cardíaca. É uma das principais
um lado.
causas de morte em Portugal.

50
A
As complicações

Na grande maioria dos casos, o enfarte do miocárdio manifesta-


-se por uma dor, peso ou aperto progressivo no peito, atrás do
esterno. Esta sensação também pode irradiar para o braço, sobre-
tudo para o esquerdo, para o pescoço, para o maxilar ou para
as costas. Pode ainda irradiar para a zona do estômago, sendo
por vezes confundida com um enfartamento. Dura, no mínimo,
20 minutos, e pode prolongar-se por várias horas. A pessoa encontra-
-se, geralmente, bastante ansiosa, tem suores frios e fica pálida,
sente náuseas e vómitos ou dificuldades respiratórias. À sensação
de desconforto extremo pode seguir-se perda de consciência e,
por vezes, morte rápida. Por isso, deve recorrer-se rapidamente
a um serviço de urgência. Convém recordar que os sintomas nem
sempre são assim tão característicos e, como vimos, podem até
passar despercebidos se não for efetuado um eletrocardiograma.
Se já tiver tido um enfarte, mantenha-se especialmente atento a
eventuais sinais de aviso (dores, palpitações, sensação de sufoco),
porque uma recaída não é impossível.

Angina de peito
O principal sintoma da angina de peito é uma sensação de aperto
no peito, atrás do esterno. Frequentemente, essa sensação dolorosa
estende-se, por irradiação, aos membros superiores (essencial-
mente ao braço esquerdo) ou ao pescoço e aos maxilares. A crise
de angina de peito surge quando o músculo cardíaco não recebe o
oxigénio suficiente. Normalmente, isso acontece na sequência de
um esforço físico intenso e pouco habitual ou após uma exposição
prolongada ao frio. A sensação é de tal forma intensa que impõe
uma paragem imediata do esforço: o repouso faz desaparecer os
sintomas em poucos minutos.

Outros fatores podem desencadear uma crise. É o caso, por


exemplo, de uma refeição muito pesada, que desvia sangue para
a digestão, ou de uma emoção forte, que acelera o ritmo cardíaco.
Paradoxalmente, a crise também pode ocorrer durante o sono.
Colocar um comprimido de nitroglicerina debaixo da língua pode
fazer desaparecer a dor em pouco mais de um minuto e, passada a
crise, os sintomas desaparecem completamente. Isto é tão caracte-
rístico que constitui um elemento essencial do diagnóstico. Se não
houver melhoras pode tratar-se de um enfarte e, nesse caso, deve
recorrer-se a um serviço de urgência o mais rapidamente possível.

51
A
Hipertensão

Acidente vascular cerebral (AVC)


Na origem de um AVC pode estar a obstrução brusca de um vaso
ou de uma artéria cerebral por um coágulo de sangue ou uma
hemorragia devida à rutura de um vaso cerebral fragilizado. Se o
acidente não for mortal, instalam-se, geralmente, danos que podem
ir até uma paralisia mais ou menos grave. Na maioria das vezes,
é a hipertensão que desencadeia estes acidentes.

Por vezes, há sinais de aviso que recomendam uma rápida visita ao


médico: dores de cabeça, vertigens, confusão mental, perturbações
dos movimentos ou da sensibilidade nos membros. Nestes casos,
um diagnóstico precoce pode evitar complicações mais graves. Mas
o ataque também pode ser fulminante. Algumas pessoas caiem e
ficam inertes, outras sentem uma paralisia em metade do corpo
(hemiplegia) ou ficam incapazes de traduzir o pensamento por
palavras (afasia).

A reabilitação é possível, sobretudo se iniciada rápida e intensi-


vamente, e será tanto mais eficaz quanto menos graves forem as
sequelas. O seu sucesso depende, também, do estado de saúde
em que a pessoa se encontrava antes do acidente, nomeadamente
no que respeita à hipertensão e à arteriosclerose.

AVC: HIPERTENSÃO É O PRINCIPAL FATOR DE RISCO


Segundo a Via Verde do AVC, a hipertensão e a diabetes foram os principais fatores de risco associados
aos acidentes vasculares cerebrais que ocorreram em 2015.

1390 500 409 274


Hipertensão arterial Diabetes Mellitus Colesterol elevado AVC prévio

161 149 21 16
Alteração do ritmo Insuficiência cardíaca Obesidade Tabagismo
cardíaco

Fonte: http://avc.inem.pt, dados de 2015

52
A
As complicações

Insuficiência renal
Na maioria dos casos, tal como na hipertensão, a doença renal
desenvolve-se silenciosamente ao longo de anos, com sintomas
pouco específicos. Os mais frequentes são mal-estar, cansaço
extremo, enjoos, falta de apetite e um hálito metálico. Também
podem surgir problemas de pele (comichão e pele seca), falta de
desejo sexual, problemas de concentração, irritabilidade e insó-
nias. A dificuldade dos rins em produzir hormonas pode levar a
anemia (falta de glóbulos vermelhos) e a um enfraquecimento dos
ossos (osteoporose).

A insuficiência renal pode ser detetada com análises de rotina


ao sangue e à urina. Os parâmetros a controlar são a creatinina,
a ureia, o sódio, o potássio e as proteínas na urina. Acima de cer-
tos limites, estas substâncias indiciam um mau funcionamento
dos rins, que não conseguem eliminá-las. Assim, a hemodiálise
funciona como uma espécie de rim artificial: uma máquina bom-
beia o sangue para filtrá-lo. Elimina a ureia, a creatinina e outras
substâncias cujo excesso também é prejudicial, como o potássio,
o sódio e o fósforo.

Embora existam outras, a diabetes e a hipertensão arterial são as


causas mais frequentes de insuficiência renal crónica. E, na maioria
dos casos, os fatores que a provocam poderiam ter sido evita-
dos ou, pelo menos, controlados, de forma a proteger os rins e
a reduzir a progressão da doença. No entanto, muitas vezes o
doente só decide ir ao médico quando tem queixas mais graves,
como sangue na urina, cãibras ou dores intensas na zona dos
rins. Estes sintomas podem já ser sinais de uma insuficiência
renal irreversível. De um dia para o outro, o doente fica depen-
dente da diálise para sobreviver, enquanto espera por um rim
compatível.

Problemas visuais
A hipertensão pode lesionar as artérias da retina, provocando
retinopatia hipertensiva, que leva a perda de acuidade visual. Estas
lesões são visíveis no exame oftalmológico.

53
A
Hipertensão

OS PERIGOS DA HIPERTENSÃO
Se não for controlada, a hipertensão vai danificando vários órgãos ao longo do tempo
e pode ocasionar diversos problemas de saúde:

Cérebro: acidente vascular cerebral


(AVC), na sequência de uma
interrupção da circulação sanguínea
ou de uma hemorragia cerebral.
Olhos: redução progressiva da
acuidade visual e, em casos
mais graves, cegueira.

Artérias: espessamento e
formação de placas de ateroma,
o que reduz a circulação Coração: hipertrofia
sanguínea para os órgãos vitais, muscular; dilatação das
com risco de doença vascular cavidades cardíacas;
periférica (nos membros). oxigenação insuficiente do
músculo cardíaco e risco
aumentado de angina de
peito ou de enfarte do
miocárdio.

Rins: deterioração da
função renal, havendo
Aorta: enfraquecimento
risco de insuficiência
da parede da artéria, que
renal.
pode romper e provocar
hemorragia (aneurisma
da aorta).

Disfunção eréctil:
incapacidade de alcançar
ou manter uma ereção,
devido a lesão dos vasos
sanguíneos no pénis.
Esta situação afeta cerca
de 60% dos hipertensos.

54
A
As complicações

O que fazer perante uma


hipertensão grave?
Uma subida súbita e acentuada da pressão arterial é
designada por crise hipertensiva. Esta será mais grave
numa pessoa que habitualmente apresenta uma tensão
normal do que em quem já apresenta valores elevados
há algum tempo. De facto, nos doentes com hipertensão
existe uma adaptação estrutural dos vasos arteriais
que lhes confere uma proteção acrescida perante um
aumento repentino.

Por si só, a crise hipertensiva não causa sintomas e


não é, em princípio, uma urgência. Considera-se que
existe crise hipertensiva quando se verificam valores
de pressão sistólica superior a 180 mmHg ou diastólica
acima de 120 mmHg. Se obtiver estes valores numa
medição em casa, aguarde uns minutos e volte a medir.
Caso os valores elevados persistam, marque consulta Perante uma subida brusca da tensão
arterial acompanhada de dor torácica
com o seu médico sem tardar. Este procurará averiguar ou falta de ar, ligue para o 112. Sente-se
se a subida da pressão arterial causou algum dano de forma confortável, com as costas
encostadas, e não tome qualquer
num dos órgãos vitais (cérebro, coração, rins e vasos medicação enquanto espera pelos
sanguíneos). O tratamento assenta na medicação e, serviços de urgência.
nos casos em que foi interrompida, deve ser retomada.

A ansiedade e a dor intensa são as causas mais frequen-


tes das crises hipertensivas. Para controlar a tensão é
necessário agir ao nível do fator que originou a crise,
por exemplo, a dor ou a ansiedade. Sintomas como dor
torácica, falta de ar, alterações visuais ou dificuldade
em falar constituem uma emergência hipertensiva.
O paciente deve ligar para o 112, já que corre risco,
por exemplo, de sofrer um AVC ou um problema car-
diovascular. Não tome qualquer tipo de medicação
enquanto aguarda pelos serviços de urgência, exceto
se o médico lhe tiver receitado alguma coisa específica
para este tipo de situações. A aspirina, por exemplo,
poderá ser benéfica nalgumas situações, mas fatal
noutras (por exemplo, se houver hemorragia). Uma
vez que o doente não tem como distinguir umas das
outras, o melhor é não fazer nada. Se tiver falta de ar,
espere semi-sentado pela chegada da equipa médica.

55
A

CAPÍTULO 5
Medicamentos
para a hipertensão
A
A
Hipertensão

A partir de quando será necessário tratar uma hipertensão? A resposta


é: depende. Como já referimos, não há um limite rígido entre tensão
normal e hipertensão, mas antes uma zona “de transição” designada
por tensão arterial normal-alta ou pré-hipertensão. Mediante estes
valores, normalmente não será iniciado um tratamento médico
sem que se efetuem diversas medições da tensão, durante três a
seis meses. Ao longo deste período deverão também pôr-se em
prática, tanto quanto possível, as medidas preventivas que desen-
volvemos a partir do capítulo 7: perder peso, deixar de fumar,
reduzir o consumo de sal e fazer mais exercício. Em cerca de
metade dos casos, essas medidas serão suficientes para normalizar
os valores da pressão arterial. Se, após três a seis meses com uma
vida saudável, os valores não descerem abaixo de 140/90 mmHg,
é imprescindível recorrer a medicação para complementar as
mudanças de estilo de vida.

Medicamentos ajudam
a controlar, mas não curam
Os medicamentos para a hipertensão não curam a doença, já que
não suprimem as causas. Como vimos no capítulo 2, 90% dos
casos de hipertensão arterial não têm sequer uma causa identi-
ficável. No entanto, se a mudança de hábitos de vida não tiver o
efeito desejado, o risco cardiovascular for elevado e não existirem
contraindicações de monta, deve ser tomada medicação, a qual,
em princípio, é para a vida. O objetivo é controlar os valores,
para evitar danos cardiovasculares. O tratamento não deve ser
abandonado ou alterado por iniciativa própria, já que existe um
grande risco de produzir um “efeito de ricochete” nos valores da
tensão arterial, podendo o doente ficar pior do que antes de iniciar
o tratamento. No entanto, ao longo do tratamento, poderá ser
necessário o médico ajustar a medicação, subindo ou reduzindo
as doses, ou até mesmo substituir algum medicamento.

58
A
Medicamentos para a hipertensão

Identificar o(s) medicamento(s)


mais adequado(s)
Existe uma grande diversidade de medicamentos anti-hipertensores,
divididos em cinco grandes classes (veja o quadro). Uns agem ao nível
dos vasos sanguíneos, dilatando-os; outros aumentam a excreção
de sais minerais e água pelos rins e a sua eliminação pela urina,
diminuindo assim o volume de sangue em circulação (diuréticos).
São estes dois mecanismos que permitem reduzir a pressão arterial.

As 5 classes de anti-hipertensores
Classe
de medicamento Modo de ação Contraindicações Efeitos adversos
(substâncias ativas)
Inibidores da enzima Bloqueiam a formação de Estreitamento Tosse, taquicardia, inchaços,
de conversão da uma substância chamada da artéria renal e alterações do paladar,
angiotensina (IECA) angiotensina, que contribui gravidez acumulação de potássio e,
(captopril, enalapril, para a contração dos vasos. eventualmente, prurido
lisinopril, perindopril, Assim, as artérias dilatam,
ramipril) reduzindo a pressão arterial
Antagonistas Não impedem a formação de Estreitamento da Inchaço, dores de cabeça,
dos recetores de angiotensina, mas inibem a artéria renal, gravidez, tonturas, fadiga e dores
angiotensina sua ação, pelo que o efeito é estreitamento das musculares
(losartan, valsartan) o mesmo. Dilatam as artérias, artérias do coração
o que diminui a pressão
do sangue contra as suas
paredes e baixa a pressão
arterial
Antagonistas dos Relaxam os músculos dos Estreitamento da Rubor, dores de cabeça,
canais de cálcio vasos sanguíneos, reduzindo aorta (a artéria do inchaço das pernas,
(verapamilo, amlopidina, a pressão do sangue contra coração), enfarte do prisão de ventre
nitrendipina, felopidina, as paredes e a pressão miocárdio (no caso do verapamilo) e,
israpidina, diltiazem) arterial eventualmente, hipotensão
e alterações da função renal
Diuréticos Eliminam sais minerais e Doenças do fígado Impotência, vontade
(hidroclorotiazida, água pela urina e reduzem (hepáticas), gota, frequente de urinar, fadiga,
furosemida, o volume de sangue em excesso de potássio distúrbios gastrointestinais,
espironolactona) circulação, o que faz baixar a no sangue (para perda de potássio, crises
pressão arterial alguns diuréticos) de gota
Bloqueadores beta Ao reduzirem a contração dos Asma brônquica, Sensação de falta de ar,
(atenolol, bisoprolol, vasos sanguíneos, a pressão doença pulmonar insónias, náuseas, vómitos,
metropolol, carvedilol, do sangue sobre estes obstrutiva, depressão. Nos diabéticos,
propanolol) diminui, fazendo baixar a insuficiência cardíaca, pode diminuir a perceção
pressão arterial doença das artérias dos sinais de hipoglicémia
periféricas, bloqueio (taquicardia, suores,
do coração sensação de fraqueza e
desmaio)

59
A
Hipertensão

Os medicamentos para a hipertensão


afetam o desempenho sexual?
Certos medicamentos anti-hipertensores (bloqueadores beta ou
diuréticos) podem alterar a resposta sexual e causar impotência.
No entanto, existem inúmeros medicamentos eficazes e bem
tolerados que minimizam este efeito colateral sobre o desempenho
sexual da pessoa hipertensa. O anti-hipertensor pode ser substi-
tuído por outro ou, mantendo-se, ser complementado pela toma
de outro fármaco que suprima este efeito. Se sofrer este efeito
adverso, fale com o seu médico sobre as alternativas.

Os medicamentos existentes previnem complicações cardiovas-


culares associadas à hipertensão. A par da eficácia, pretende-se
que proporcionem também poucos ou nenhuns efeitos adversos
e não afetem a qualidade de vida do paciente, até para minimizar
o risco de este abandonar o tratamento. Assim, começa-se sem-
pre por tentar controlar a hipertensão com o mínimo de medica-
mentos e de dosagem. Estes fatores, bem como o medicamento
mais adequado, variam consideravelmente de pessoa para pessoa
e podem implicar diversas alterações ao longo do tratamento.
Como, mesmo sem medicação, as pessoas não sentem quaisquer
sintomas da doença, em caso de efeitos adversos é comum não
cumprirem a medicação com o rigor desejado. Lembre-se de que
o reverso da medalha é um risco elevado de AVC ou enfarte, entre
outros. Mais vale ir falando com o médico para ver quais são as
alternativas, a nível de dosagem e fármaco, caso não se dê bem
com a medicação que está a tomar.

Geralmente, inicia-se o tratamento com uma só substância ativa.


A escolha depende da experiência pessoal do médico, das carac-
terísticas do paciente e, claro, de eventuais contraindicações e
efeitos adversos.
O mais comum, para a generalidade das pessoas, é que os medica-
mentos IECA, os antagonistas dos recetores de angiotensina e os
antagonistas de cálcio constituam a primeira opção de tratamento,
em detrimento dos clássicos diuréticos e dos bloqueadores beta,
que têm tendência a provocar mais efeitos adversos.

60
A
Medicamentos para a hipertensão

Os dois primeiros grupos (IECA e antagonistas dos recetores de


angiotensina) são mais indicados para pacientes com menos de
55 anos. A partir desta idade, os antagonistas de cálcio são os medi-
camentos de eleição. Os IECA e os antagonistas dos recetores de
angiotensina são melhor tolerados, embora possam gerar alguns
efeitos adversos (veja o quadro da página 59).

Se os resultados não forem satisfatórios, ou se se manifestarem


efeitos adversos com algum impacto, o médico poderá associar-
-lhe outro fármaco ou mudar para um medicamento radicalmente
diferente. Por isso, se sentir algum tipo de mal-estar com a medi-
cação, contacte o médico para avaliar as alternativas. Tratando-se
de um tratamento de longa duração, o preço também pode ser um
fator a considerar. Atualmente, existem genéricos para a maioria
dos fármacos. Pesquise as diversas possibilidades na nossa base
de dados, por princípio ativo ou por nome comercial.

Utilize o nosso simulador, para saber quais são os medicamentos mais baratos dentro da
categoria receitada pelo médico, em www.deco.proteste.pt/saude/medicamentos/simule-
e-poupe/medicamentos.

61
A
Hipertensão

Associação de medicamentos
Quando um medicamento isolado se mostra ineficaz, é necessário
adicionar-lhe um segundo fármaco, numa dose reduzida, e manter
as alterações no modo de vida.
Segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, efe-
tuado em 2012, 56% dos hipertensos têm de tomar uma associação
de dois ou mais fármacos para controlar os níveis da pressão arterial.
Por outro lado, a combinação de vários fármacos num mesmo
comprimido permite reduzir as tomas diárias, o que ajuda o doente
a cumprir a medicação de forma mais rigorosa.

Dependendo do tratamento inicial, as combinações de medica-


mentos de primeira linha são:

• Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) + diuréticos

• Antagonistas dos recetores de angiotensina + diuréticos

• Antagonistas dos canais de cálcio + diuréticos

• Antagonistas dos canais de cálcio + IECA

• Antagonistas dos canais de cálcio + antagonistas dos recetores


de angiotensina

Todas estas associações são igualmente eficazes, sendo a esco-


lha feita de acordo com a preferência do médico ou a existência
de uma contraindicação para um dos fármacos (por exemplo,
o doente tem muita tosse com os IECA). Existem ainda outras
combinações menos comuns, usadas em hipertensões de difícil
controlo ou resistentes.

Não falte às consultas


de vigilância!
Geralmente, se os medicamentos e respetivas doses prescritas
estiverem corretamente adaptadas à situação do doente — e se
forem respeitadas — o tratamento da hipertensão é fácil, eficaz e
acarretará poucos efeitos adversos. O benefício de um tratamento

62
A
Medicamentos para a hipertensão

bem conduzido é inegável: as pessoas cuja pressão arterial se man-


tém dentro dos valores normais correm muito menos risco de vir
a sofrer de doenças cardiovasculares, como enfartes, insuficiência
cardíaca e acidentes vasculares cerebrais.

A periodicidade das consultas de vigilância depende dos fatores


de risco associados, da gravidade da hipertensão, do facto de o
doente estar ou não controlado. Independentemente dos fatores
clínicos, na prática, a maioria dos doentes deverá ir ao consul-
tório, pelo menos, semestralmente, uma vez que o receituário
autorizado (tamanho e número de embalagens de medicamentos)
só dá para seis meses. Até que os valores estejam controlados e
se verifique uma boa tolerância à medicação, o mais provável é
que as consultas ocorram mensalmente.

O acompanhamento
médico,
na periodicidade
adequada à
situação do doente,
é essencial.

63
A

CAPÍTULO 6
Os grupos especiais
A
A
Hipertensão

Embora seja mais comum nos adultos e nos idosos, a hipertensão


pode surgir em qualquer idade, mesmo na infância. É um fator
de risco durante a gravidez, tanto para a mãe como para o bebé,
e aumenta o risco cardiovascular em pessoas obesas e nas que
sofrem de outras doenças crónicas, como insuficiência renal, dia-
betes ou colesterol elevado.
Neste capítulo, abordamos os riscos da hipertensão arterial nalguns
grupos específicos em que o controlo regular da pressão arterial é
crucial. Dada a sua especificidade, o acompanhamento ou o próprio
tratamento da hipertensão poderão diferir dos mais habituais.

As grávidas
Controlar o peso e a tensão arterial é essencial durante a gravi-
dez. Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, cerca de
3% das mulheres em idade fértil sofre de hipertensão e 6% a 10%
das gravidezes são consideradas de risco devido a esta patologia.
A tendência para engravidar cada vez mais tarde e para adotar
hábitos de vida pouco saudáveis tem levado a um aumento de
problemas relacionados com obesidade, sedentarismo, tabagismo
e hipertensão arterial, fatores que poderão originar complicações
durante a gravidez.

Algumas mulheres já eram hiper-


tensas antes de engravidarem
e continuarão a sê-lo depois
(hipertensão crónica), noutras,
a hipertensão só surge após as
20 semanas de gestação e pode
desaparecer até 12 semanas depois
do parto (hipertensão gestacio-
nal). Em ambas as situações, e até
mesmo quando a grávida nunca
teve hipertensão, esta pode evo-
luir para pré-eclampsia e, mais
raramente, para eclampsia, acar-
retando riscos acrescidos para
a mãe e para o bebé.
A hipertensão durante a gravidez
requer uma vigilância médica apertada
para minimizar os riscos para a mãe e
para o bebé.

66
A
Os grupos especiais

Sinais de alerta
Recorra de imediato ao médico se tiver
algum sintoma indicativo de pré-eclampsia.
Os mais frequentes são:
- forte dor de cabeça ou na parte superior
da barriga (neste último caso, com sensa-
ção de aperto);
- visão desfocada ou com pontos
luminosos;
- vómitos recorrentes (no terceiro trimestre
da gravidez);
- inchaço repentino e acentuado do rosto,
das mãos e dos pés.

Pré-eclampsia e eclampsia
A pré-eclampsia é uma doença que envolve diversos órgãos e cujas
manifestações iniciais incluem subida de tensão arterial para valores
superiores a 140/90mmHg, aumento excessivo de peso, inchaço
generalizado e disfunção renal. Está associada a um aumento de
proteínas na urina. Os primeiros sintomas costumam surgir na
segunda metade da gravidez, mais especificamente entre a 27.ª
e a 28.ª semana. Nessa fase, com uma dieta cuidada e repouso,
é possível evitar a evolução da doença. Como último recurso,
poderá ser necessário recorrer a medicamentos, a internamento
hospitalar ou até mesmo antecipar o parto em algumas semanas.
Quando não é tratada, a grávida pode vir a sofrer de disfunção
renal grave, fortes dores de cabeça e de estômago. Nos casos mais
sérios, a pré-eclampsia conduz à eclampsia, acrescentando con-
vulsões aos sintomas já mencionados.

Esta situação também implica riscos para o bebé. Está associada


a parto prematuro, a descolamento da placenta e a baixo peso à
nascença. Nos casos mais graves, a disfunção renal e os problemas
circulatórios da mãe atrasam o crescimento do feto ou podem
mesmo provocar a sua morte. Para evitar estas complicações,
é fundamental efetuar o diagnóstico precoce da hipertensão, atra-
vés de uma medição regular.

O risco de sofrer de pré-eclampsia é superior e obriga a um con-


trolo mais regular da tensão arterial quando:

67
A
Hipertensão

——a grávida tem menos de 18 ou mais de 40 anos de idade;


——é a primeira gravidez, decorreram já 10 anos sobre uma gravidez
anterior ou as gravidezes anteriores nunca chegaram a termo;
——a futura mãe tem um índice de massa corporal (IMC) superior
a 30 (veja a tabela do IMC nas páginas 28 e 29);
——está à espera de gémeos;
——há antecedentes de pré-eclampsia, hipertensão, diabetes ou
doenças renais na família ou na própria grávida.

Tratamento na grávida
Se toma medicação para a hipertensão e pretende engravidar,
consulte previamente o seu médico. As grávidas que sofrem de
hipertensão deverão ser seguidas em consultas especializadas e,
se tomarem medicação anti-hipertensiva, será necessário adaptar o
tratamento para proteger o bebé. Sabe-se que a maioria dos medi-
camentos para tratar a hipertensão são contraindicados durante a
gravidez, devido aos riscos para o feto. Só podem usar-se os beta
bloqueadores, os antagonistas do cálcio (nifedipina, amlodipina)
e a metildopa, um fármaco que só é usado em grávidas e em casos
de hipertensão resistente.

De acordo com alguns estudos, o tratamento medicamentoso em


caso de hipertensão gestacional não-grave não traz benefícios nem
para a mãe nem para o feto, podendo até provocar efeitos adversos
não desejáveis. Ao reduzir a pressão arterial, os fármacos poderão
provocar uma grave redução do fluxo sanguíneo para a placenta,
com riscos para o feto.

Portanto, a não ser que a hipertensão seja grave (com valores


acima de 160/110 mmHg) ou exista já um quadro de pré-eclampsia
ou eclampsia, os obstetras preferem não recorrer a medicação
durante a gravidez. Contudo, recomenda-se uma redução nas
atividades diárias. O repouso e a vigilância médica são indispen-
sáveis. O exercício físico deve ser evitado e, se o trabalho for muito
desgastante, o ideal é interromper a atividade laboral. Também a
alimentação deve ser particularmente cuidada, com um elevado
teor em proteínas e muitos líquidos, de preferência água. Se, apesar
de a grávida pôr em prática estes princípios, tal não for suficiente
para controlar a hipertensão, poderá ser necessário recorrer a
medicação, nomeadamente anti-hipertensores e anticonvulsivos,
se a situação evoluir para eclampsia.

68
A
Os grupos especiais

As crianças e os jovens
Sabia que cerca de 13% das crianças e jovens entre os 5 e os 18 anos
apresentam uma pressão arterial elevada? Na verdade, os casos de
hipertensão arterial têm vindo a surgir cada vez mais cedo e regis-
tam uma dimensão preocupante nestas faixas etárias. No entanto,
ao contrário do que acontece nos adultos, a hipertensão na criança
é essencialmente secundária a outras doenças e apenas 10% sofrem
de hipertensão essencial.

Na infância, os casos graves são raros e devem-se, sobretudo, a doença


renal, vascular ou a alterações hormonais. Também podem estar
implicados fatores genéticos e hereditários. De facto, os filhos de
hipertensos têm maior probabilidade de desenvolver hipertensão,
tanto por razões genéticas como pelas ligadas ao modo de vida
familiar (alimentação, sedentarismo, excesso de peso).

A hipertensão nos jovens deve-se, em grande parte, a um estilo


de vida pouco saudável, com uma alimentação rica em açúcar,
gordura e sal — e pobre em fibras — longos períodos em frente à
televisão ou ao computador, poucas atividades ao ar livre, stresse
e, sobretudo, a obesidade infantil, uma das grandes responsáveis
pela hipertensão na infância e, mais tarde, nos adultos.

Hoje sabe-se que a pressão arterial elevada do adulto começa já na


infância. Crianças hipertensas irão tornar-se adultos hipertensos.

Os hábitos alimentares e a atividade física são fatores fundamentais para prevenir problemas de saúde.

69
A
Hipertensão

Algumas das complicações registadas precocemente em crianças


hipertensas incluem a aterosclerose e a lesão de alguns órgãos,
como os rins ou o coração, causando hipertrofia ventricular
esquerda, com aumento do tamanho do coração e suas conse-
quências. Além disso, a hipertensão é um fator de risco importante
e potencialmente reversível de doença cardiovascular (enfarte
do miocárdio, acidente vascular cerebral) e de doença renal ter-
minal em qualquer idade, daí a importância de diagnosticar,
tratar e prevenir.

Vigilância e diagnóstico
Uma vez que a hipertensão é habitualmente silenciosa, isto é,
não há manifestação de sintomas, é necessário controlar os valo-
res com medições regulares. Recomenda-se uma monitorização
anual da pressão arterial, nas consultas de vigilância de saúde,
a todas as crianças a partir dos 3 anos de idade (é necessária uma
braçadeira de dimensão adequada). Nalguns grupos de risco,
como crianças com problemas cardíacos ou que nasceram pre-
maturamente ou com baixo peso, antecedentes de internamento
numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal, história familiar
de doença congénita renal ou antecedentes de infeções do trato
urinário recorrentes, a pressão arterial deve ser avaliada antes
dos 3 anos de idade.

Tal como nas restantes faixas etárias, uma única medição com
pressão arterial elevada não é suficiente para fazer o diagnóstico.
Se esta ocorrer, o médico irá repetir a medição, pelo menos, em três
ocasiões diferentes, com um aparelho devidamente calibrado e
adequado ao tamanho do braço da criança. Nas crianças, os valores
normais da pressão arterial são dados por tabelas de percentis e
dependem do género, da idade e da altura.

Tratamento
A primeira linha de tratamento são as correções no estilo de vida,
incluindo a prevenção da obesidade, com exercício físico aeróbico
regular, redução da ingestão de sal e de gorduras e aumento do
consumo de frutas, verduras e fibras. É importante que a criança
durma bem e o suficiente, com um padrão de sono regular e,
na medida do possível, prevenir o tabagismo nos adolescentes.

70
A
Os grupos especiais

Nalguns casos, poderá ser necessário recorrer a medicamentos,


nomeadamente se existirem sintomas, se houver alguma causa
para a hipertensão que necessite de ser tratada, lesões em órgãos
causadas pela hipertensão ou se as medidas não farmacológicas não
resultarem e os valores da pressão arterial forem muito elevados.
É importante tratar a hipertensão logo no início, para prevenir
eventuais complicações a nível cardiovascular ou renal.

O papel dos pais


Criar bons hábitos alimentares desde pequenino e fomentar a
prática regular de exercício físico é a melhor forma de prevenir e
combater a obesidade e a hipertensão nas crianças. Se, apesar de
tudo, o problema se instalar, os pais têm um papel importante na
mudança de padrões necessária, tornando a dieta e o exercício
físico mais apelativos e, quando tal se torna incontornável, aju-
dando a manter a disciplina na toma dos medicamentos. Detetada
a tempo, ou seja, antes de se tornar crónica, a probabilidade de
reduzir os riscos de doença cardiovascular grave aumenta. Convém
ainda ter em conta que, quanto mais nova for a criança hipertensa,
maior a possibilidade de o problema se dever a uma doença renal,
cardíaca ou hormonal que exige tratamento imediato. Por todas
estas razões, é importante que a tensão seja medida em cada ida
ao pediatra. Recordamos que, tal como nos adultos, a hipertensão,
por si só, não provoca quaisquer sintomas, pelo que só é detetada

Alguma criatividade
ajuda a mudar os
hábitos alimentares
das crianças.

71
A
Hipertensão

por medição ou já demasiado tarde, depois de provocar uma lesão


FATORES DE
em órgãos vitais como o coração ou os rins. RISCO NO IDOSO
Alguns fatores
aumentam o

Os idosos
risco de doença
cardiovascular.
A decisão de tratar
a hipertensão com
A hipertensão no idoso tem algumas especificidades. Os valores medicação deve
de referência para a pressão arterial são também 140/90 mmHg, ter estes aspetos
embora, a partir dos 80 anos, seja aceitável um limiar um pouco em conta:
—mais de 65 anos;
mais elevado, de 150 mmHg para a pressão arterial sistólica
—antecedentes
(o valor máximo). Na verdade, um ligeiro aumento da pressão familiares de
hipertensão;
—excesso de peso
ou obesidade;

Investigações sobre hipertensão


—diabetes ou
colesterol e
no idoso triglicéridos
elevados;
Acidentes vasculares cerebrais. De acordo com uma investigação —consumo de
cujos resultados foram publicados no Journal of Clinical Hyper- bebidas alcoólicas
tension, em setembro de 2011, a medicação anti-hipertensiva e tabagismo.
(independentemente da classe) reduziu em 10% a 35% a ocor-
rência de AVC isquémicos e em 26% a 87% os AVC hemorrágicos,
em comparação com o grupo de participantes no estudo que toma-
ram um placebo (medicação sem substâncias ativas).
Enfarte do miocárdio. Os idosos com hipertensão correm um risco
acrescido de enfarte face aos que apresentam uma pressão arterial
normal (inferior a 140/90 mmHg), segundo um artigo publicado
na revista World Journal of Cardiology, de 2012. Hipertensos com
outros fatores de risco, como obesidade, tabagismo, colesterol
elevado ou diabetes, têm um risco aumentado de ataque cardíaco
ou AVC.
Insuficiência renal. A hipertensão e o envelhecimento são dois fato-
res com impacto na função renal, com uma deterioração progres-
siva dos rins. Os idosos são mais propensos a sofrer de insuficiência
renal crónica: 75% dos pacientes têm mais de 65 anos. O artigo de
2012 já mencionado revela ainda que uma pressão sistólica (o valor
máximo da tensão arterial) elevada é um indicador do declínio da
função renal nos idosos. A insuficiência renal crónica requer hemo-
diálise para filtrar o sangue.
Lesões na retina. O risco de lesões na retina aumenta com uma
pressão arterial sistólica elevada, mas não necessariamente se o
valor da pressão diastólica estiver aumentado. Assim, a hipertensão
é um fator de risco importante para este tipo de problema ocular,
de acordo com investigação publicada em 2012 na revista World
Journal of Cardiology. Os idosos com hipertensão devem, por isso,
consultar regularmente um oftalmologista.

72
A
Os grupos especiais

arterial máxima num idoso poderá até ter um efeito protetor, por
aumentar o débito sanguíneo no cérebro. Pelo contrário, uma
pressão demasiado baixa acarreta um risco acrescido de AVC.
As recomendações existentes são no sentido de não reduzir a
pressão sistólica abaixo de 130 mmHg. Já em relação à pressão
diastólica, ou mínima, o normal é que não aumente, ou até que
diminua, após os 50 anos.

A vigilância é necessária, devendo tratar-se casos de hipertensão


arterial grave (mais de 140/90 mmHg, antes dos 80 anos, e de
150/90 mmHg, a partir desta idade), devido ao risco acrescido de
desenvolver doenças cardiovasculares nesta faixa etária. A decisão
de iniciar um tratamento com medicamentos, e quais, depende
sobretudo da condição física, do risco de efeitos adversos severos
e da acumulação de outros fatores de risco, como, por exemplo,
diabetes, colesterol elevado, obesidade, antecedentes de problemas
cardiovasculares, cerebrais ou renais, entre outros.

Nos idosos, os diuréticos são geralmente os medicamentos mais


indicados para tratar a hipertensão. É também crucial adotar algu-
mas mudanças no estilo de vida, como reduzir o consumo de sal,
evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo e praticar
exercício físico, como marcha ou natação.

Os doentes crónicos
A diabetes, o colesterol elevado, a obesidade e a insuficiência renal
crónica são algumas condições que, em conjunto com a hiperten-
são, requerem consultas e exames regulares, já que as doenças
crónicas aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Quanto
mais fatores de risco, maior o risco.

Insuficiência renal crónica


A hipertensão arterial e a insuficiência renal estão intimamente
relacionadas. Por um lado, a hipertensão é uma causa importante
de insuficiência renal crónica, já que pode danificar os vasos san-
guíneos, reduzir o aporte de sangue para os rins e afetar a sua
capacidade filtrante; por outro, a hipertensão também pode ser uma
complicação da insuficiência renal crónica, pois os rins contribuem

73
A
Hipertensão

para manter a pressão sanguínea dentro de um intervalo saudável.


Em caso de insuficiência, os rins deixam de conseguir exercer
esta função e, como consequência, a pressão sanguínea aumenta.

Recomendações para todos os hipertensos


– Respeitar a medicação prescrita.
– Não faltar às consultas de vigilância, para avaliar a eficácia do tratamento.
– Tomar os medicamentos indicados pelo médico.
– Emagrecer, se houver excesso de peso.
– Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e deixar de fumar.
– Reduzir o consumo de sal e de alimentos ricos em gorduras animais.
– Praticar uma atividade física aeróbica ligeira (marcha, natação), pelo menos,
três vezes por semana.
– Reforçar o consumo de fruta e vegetais e outros alimentos ricos em potássio,
magnésio, cálcio e fibras.
– Praticar uma técnica de relaxamento, como ioga ou pilates, para gerir o stresse.

Tal como a hipertensão, a doença renal crónica é uma doença


silenciosa e, por isso, muitas vezes detetada tardiamente. A única
forma de identificar o mau funcionamento renal ainda antes de
este se manifestar é através de análises à ureia e à creatinina (veja
as páginas 44 e 53). No entanto, o diagnóstico precoce é essencial,
pois na maioria dos casos é possível controlar as causas da doença
e impedir que se agrave. A hipertensão e a diabetes são responsá-
veis por mais de metade dos casos de insuficiência renal. Por isso,
as pessoas que sofrem destas patologias estão em maior risco.

Diabetes de tipo 2
Surge quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou o
organismo não consegue utilizá-la de forma adequada. A insulina
é uma hormona que regula a quantidade de açúcar no sangue
e, nestas circunstâncias, o nível de açúcar sobe, podendo cau-
sar diversos problemas. Se não for controlada, a diabetes pode
provocar o aumento da tensão arterial e um endurecimento das
artérias (arteriosclerose), originando doenças do coração e dos
vasos sanguíneos. Se danificar os vasos sanguíneos dos rins, irá
provocar insuficiência renal.

74
A
Os grupos especiais

Este tipo de diabetes é mais frequente em pessoas com mais de


45 anos. Alterar os hábitos de vida e manter a diabetes sob con-
trolo, eventualmente com medicação, é essencial em hipertensos.

Colesterol elevado
O colesterol elevado aumenta o risco de aterosclerose, que se
caracteriza por depósitos de gordura nas paredes das artérias. Estas
ficam mais rígidas e podem, em consequência, elevar a pressão
arterial e causar hipertensão. Assim, a par de uma alimentação
equilibrada, poderá ser necessário tomar medicação para baixar
o colesterol no sangue.

Obesidade
A obesidade é, inquestionavelmente, um fator de risco para a
hipertensão e para doenças cardiovasculares. Está associada a
níveis mais elevados de colesterol e triglicéridos e a uma maior
probabilidade de diabetes e problemas cardíacos. Considera-se
que são obesas as pessoas que têm um Índice de Massa Corporal
(IMC) superior a 30. Nestes indivíduos, o risco de hipertensão é
seis vezes maior do que em pessoas com um IMC normal, inferior
a 25. Nestes casos, perder peso é uma das principais medidas para
controlar a hipertensão.

Calcule o seu IMC no


nosso simulador, em www.
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emagrecer/simule-
e-poupe/emagrecer-
quantas-calorias

75
A

CAPÍTULO 7
Uma alimentação
equilibrada
A
A
Hipertensão

A prevenção e o tratamento da hipertensão estão ligados aos fato-


res de risco. Trata-se, assim, de (re)adquirir alguns bons hábitos.
Além de ajudar a manter o peso certo ou a emagrecer, quando se
tem quilos a mais, uma alimentação equilibrada reduz o risco de
doenças cardiovasculares e a hipertensão. Na presença de uma
hipertensão ligeira, alterar alguns hábitos poderá até ser suficiente
para baixar a pressão arterial para os parâmetros normais. Em casa,
no ginásio ou ao ar livre, aproveite também para praticar exercício
físico (veja o próximo capítulo). Pelo menos, 30 minutos por dia.
É o ideal para controlar o peso.

As regras de ouro
Uma dieta equilibrada exige hábitos alimentares saudáveis. Quando
a quantidade de energia ingerida através da alimentação é superior
à gasta pelo organismo, caminha-se para o aumento de peso. Para
conseguir o equilíbrio, procure respeitar as medidas que apresen-
tamos já a seguir. É importante incluir todos os nutrientes, para
evitar carências, e variar e repartir os alimentos por cinco ou seis
refeições por dia.

• Não se esqueça do pequeno-almoço.

• Coma três a cinco porções de fruta diárias e a mesma quantidade


de legumes.

• Ingira, todos os dias, 25 gramas de fibra. Encontra-a na fruta,


nos legumes e nos cereais integrais.

• Coma produtos lácteos meio gordos ou magros. Desta forma


ingere menos gordura saturada, sem reduzir os valores de cálcio.

• Prefira água (1,5 litros por dia, no mínimo), sumo de fruta natural
ou infusões aos refrigerantes e bebidas alcoólicas.

• Cozinhe de forma saudável (grelhados, cozidos, a vapor, ...) e limite


os fritos a uma vez por semana.

• Evite produtos pré-preparados, processados e fast-food, ricos em


sal e gorduras saturadas.

78
A
Uma alimentação equilibrada

• Retire a pele do frango e as gorduras visíveis das carnes antes


de as confecionar.

• Troque as gorduras animais (manteiga, banha de porco) por


gorduras vegetais, como o azeite e os óleos de soja, de milho,
amendoim ou girassol.

• Guarde os doces e os salgados para ocasiões especiais.

• Consuma, no máximo, cinco gramas de sal por dia, como reco-


menda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

• Organize o prato com as proporções certas de alimentos: metade


com vegetais, um quarto com hidratos de carbono (batatas, massa,
arroz) e o restante com proteínas (carne, peixe ou ovos).

25%
hidratos
de carbono

50%
vegetais

25%
proteínas

Mantenha o equilíbrio de nutrientes a cada refeição.

• No supermercado, preste atenção aos rótulos e compare valores


calóricos e teores de gordura, açúcar e sal.

• Opte por uma alimentação mais ligeira à noite, para não per-
turbar o sono.

• Evite as bebidas alcoólicas e o tabaco e pratique mais exercício


físico.

79
A
Hipertensão

Plano alimentar
contra a hipertensão
A Sociedade Portuguesa de Hipertensão recomenda o chamado plano
alimentar DASH (do inglês Dietary Approaches to Stop Hypertension,
ou seja, abordagem alimentar contra a hipertensão). É um plano
flexível e equilibrado, que mostrou ser eficaz na diminuição da pressão
arterial, na perda de peso e na melhoria dos níveis de colesterol.
É uma dieta baixa em sal e em gorduras saturadas e rica em potássio,
cálcio, magnésio, fibras e proteínas. Este plano alimentar privilegia
o consumo de fruta, vegetais e produtos lácteos magros; inclui grãos
integrais, peixe, aves, feijão, sementes, nozes e óleos vegetais e limita
o consumo de sal, doces, bebidas açucaradas e carnes vermelhas.
A Dieta Mediterrânica preenche estes critérios e especifica a regu-
laridade com que cada grupo de alimentos pode ser consumido.
Está representada na roda dos alimentos, que lhe mostramos na
página seguinte.

Menos sal
A par das recomendações gerais para uma alimentação equilibrada,
é importante limitar a ingestão de sal. Este conselho é válido para
todas as pessoas e, em especial, para os hipertensos. O sal não
faz mal, sendo até necessário à sobrevivência dos seres humanos.
O que faz mal é consumi-lo em excesso. Tal leva o organismo a reter
mais líquidos e a aumentar de volume, o que gera uma sobrecarga
do sistema circulatório, prejudicando os rins e contribuindo para
o aumento da pressão sanguínea.

Necessidades diárias
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um consumo
máximo de cinco gramas de sal por dia para um adulto (uma colher
de chá rasa). Em média, os portugueses consomem 10,7 gramas
de sal por dia, ou seja, o dobro do limite recomendado.
Na realidade, precisamos apenas de um ou dois gramas de sal
por dia (um pouco mais em caso de transpiração abundante).
Para satisfazer esses valores, a quantidade de sal que se encontra
numa alimentação equilibrada é mais do que suficiente. Não há

80
A
Uma alimentação equilibrada

RODA DOS ALIMENTOS

Doces e salgados:
doces, rebuçados, chocolate e
aperitivos, doces e salgados, podem
consumir-se, mas apenas em
pequenas quantidades.

Leguminosas:
1 a 2 porções/dia
1 porção = 1 colher de sopa (25 g) de
leguminosas secas cruas (p. ex. feijão), Cereais e derivados
3 colheres de sopa (80 g) e tubérculos:
de leguminosas frescas cruas 4 a 11 porções/dia
(p. ex. ervilhas) 1 porção = 1 fatia de
pão, 1/2 taça de
arroz ou massa
Produtos lácteos:
2 a 3 porções/dia
1 porção = 1 copo de
leite, 1 iogurte,
45-50 g de queijo
fresco

Carne, peixe Água:


e ovos:1,5 a 4,5 no mínimo
porções/dia. 1,5 litros
1 porção = 30 g de por dia
carne/peixe cru,
25 g de carne/peixe
cozinhado, 1 ovo médio
(55 g)

Fruta: 3 a 5 porções/dia
1 porção = 1 peça de fruta Hortícolas: 3 a 5
média, 3/4 copo de sumo porções/dia
natural 1 porção = 1/2 prato de
verduras, 1 taça de salada,
Gorduras e 1 tomate
óleos: 1 a 3
porções/dia
1 porção = 1
colher de sopa Bebidas alcoólicas:
de azeite ou com moderação
óleo
Atividade física:pelo menos
30 minutos por dia.

Fonte: Direção-Geral do Consumidor, FCNAUP e Programa Operacional Saúde xxi.

Nota: os valores limite (mínimo e máximo) das porções aqui recomendadas foram calculados para
os valores energéticos de 1300 calorias e 3000 calorias, sendo a quantidade intermédia correspondente
a um plano alimentar de 2200 calorias. As crianças de um a três anos devem guiar-se pelos limites
inferiores e os homens ativos e os rapazes adolescentes pelos superiores; a restante população
deve orientar-se pelos valores intermédios.

81
A
Hipertensão

qualquer necessidade de acres-


centar sal à água de cozedura ou
à comida já confecionada. O sal
que acrescentamos aos alimen-
tos constitui apenas um terço do
sal que consumimos, o restante
encontra-se “oculto” em nume-
rosos alimentos que comemos
todos os dias: no pão, por exem-
plo, mas também nas conservas,
nos produtos de charcutaria e,
em geral, na maioria dos alimen-
tos submetidos a processos de
conservação ou de preparação
instantânea. Por isso, pense bem
antes de pegar no saleiro.
Os portugueses ingerem, em média, 10,7 gramas de sal
Como medida preventiva, uma por dia, o dobro do limite recomendado pela Organização
Mundial de Saúde, ou seja, 5 gramas, o equivalente
dieta sem sal não é aconselhável. a uma colher de chá rasa.
Em contrapartida, sobretudo se
pertencer a uma família de hipertensos, deverá aprender a utilizar
o mínimo de sal possível na sua alimentação quotidiana. Ler os
rótulos e compará-los é essencial para bem escolher os alimentos.

Para reduzir o consumo de sal


Alterar alguns hábitos simplifica a tarefa de reduzir o consumo
diário de sal.

No supermercado, prefira produtos frescos


Quando for fazer as suas compras, não se esqueça: há alimentos
que já contêm naturalmente uma dose elevada de sal. É o caso
dos produtos processados, como as salsichas, os hambúrgueres,
os rissóis, os folhados e os enchidos, algumas conservas (milho,
ervilha, atum, sardinha), as sopas instantâneas, os molhos emba-
lados e os caldos concentrados, as batatas-fritas de pacote, o baca-
lhau (é importante que seja bem demolhado), alguns lacticínios
(manteigas com sal, queijos curados), os refrigerantes (o sódio
pode ser adicionado a sumos, como conservante), as refeições
pré-cozinhadas e os snacks. Prefira, sempre que possível, os ali-
mentos na sua forma natural e opte por ingredientes frescos. Nos

82
A
Uma alimentação equilibrada

Verificar o teor de sal


Ler o rótulo permite comparar os
vários produtos antes de escolher
e saber o que se está a comprar.
No que respeita ao sal, isto tem
sido dificultado pelo facto de apa-
recer sob diversas designações e,
por vezes, obrigar o consumidor
a fazer alguns cálculos adicionais
para saber ao certo qual a quan-
tidade que irá ingerir. A legisla-
ção em vigor a partir de 16 de
dezembro de 2016 veio simplificar
esta tarefa: é a quantidade de
sal por cada 100 gramas (ou por
100 mililitros) que tem de apare-
cer na rotulagem. Lembre-se que
um adulto não deve ultrapassar o
consumo diário de 5 gramas.

Verifique os rótulos e evite os


alimentos com mais de 1,5 g de sal
por cada 100 g.

restantes, não se esqueça de verificar e comparar a composição


no rótulo (veja um exemplo na caixa acima).

Adicione menos sal no prato


Os alimentos já contêm sódio. Ao adicionar sal no prato, estará a
aumentar a quantidade ingerida. Substitua o sal por especiarias e
ervas aromáticas. Dão mais cor e sabor à sua refeição. Outro con-
selho é ir provando os seus cozinhados à medida que os prepara.
Assim, evita condimentá-los em excesso, ao mesmo tempo que
controla os níveis de sódio de toda a família. Se adicionar algum
sal, faça-o apenas no final da confeção.

Temperos da comida
Cuidado com os molhos e temperos que compra já preparados! São,
geralmente, muito ricos em sal. Experimente temperar a carne,
peixe ou saladas com sumo de limão ou vinagre balsâmico e junte
ervas aromáticas. Dão uma nova vida às suas refeições.

83
A
Hipertensão

Temperar carne grelhada


Quer organizar um churrasco e não sabe como temperar as carnes
sem ser com sal? Experimente fazer um molho de azeite, alho,
um pouco de vinho, sumo de limão e pimentão e use-o para regar
a carne enquanto vai assando. Vai ver que este tempero confere
imenso sabor. Use pouco pimentão, já que este também tem sal.

Cuidado com o “sal para hipertensos”


Quem sofre de insuficiência renal e cardíaca não deve consumir
substitutos do sal. Vendidos como mais saudáveis do que o sal
de cozinha, estes produtos apresentam um teor reduzido ou nulo
de cloreto de sódio, elemento associado ao risco de hipertensão
e outras doenças cardiovasculares. Este componente, normal-
mente, é substituído por cloreto de potássio e aditivos. Apesar de
ser menos prejudicial para a generalidade das pessoas do que o
cloreto de sódio, este mineral não está isento de riscos: quem tem
doenças que diminuem a eliminação do potássio, como insuficiên-
cia renal e cardíaca e, em particular, quem toma medicamentos
diuréticos poupadores de potássio para controlar a tensão arterial,
deve falar com o médico antes de usar estes produtos. Nestes
casos, há probabilidade de arritmias graves, devido à concentração
excessiva de potássio no organismo. Se não sofre destes proble-
mas e está disposto a pagar pelos substitutos do sal, pode fazê-
-lo, ainda que moderadamente. Estes produtos não são, contudo,
indispensáveis: pode reduzir o sal adicionado de forma gradual,
para ir habituando o paladar, e usar ervas aromáticas, para realçar o
tempero dos seus pratos.

84
A
Uma alimentação equilibrada

Temperar o peixe
O peixe fresco faz parte de uma alimentação saudável, mas atenção
aos temperos! Substitua o sal por uma maceração de ervas frescas,
azeite e um pouco de alho. Combine várias ervas aromáticas, como
coentros, salsa ou até cebolinho, e aprecie as suas refeições de maneira
mais saudável.

Batatas fritas sem sal


Quando come batatas fritas, o que apetece sempre é um pouco de sal,
correto? Experimente fazer um simples molho de iogurte tipo grego
com umas gotas de limão ou lima, uns ramos de cebolinho picado
e um pouco de pimenta e vai ver que o seu petisco fica bem mais
delicioso e sem pitada de sal! Este molho também é adequado para
acompanhar os pratos de carne. Nos de peixe, adicione apenas um
fio de azeite com limão e um pouco de salsa picada. Fica delicioso
e o seu corpo agradece!

Ervas aromáticas dão cor e sabor


aos seus pratos
Com sabores suaves ou mais pronunciados, do picante e acre ao
adocicado, existe uma grande variedade de plantas para condimentar
os seus pratos. As ervas aromáticas não apresentam valor calórico e
podem fornecer algumas vitaminas e minerais. Mas o seu interesse
está, sobretudo, no sabor que conferem aos cozinhados, permitindo,
assim, reduzir a dose de sal adicionado.

Em geral, as ervas frescas exalam um aroma mais intenso do que as


secas. Para aproveitar em pleno todas as suas propriedades, junte-as
aos cozinhados no final da confeção. Desta forma, não perderão o
aroma e o sabor com o calor. Em casa, guarde-as numa caixa fechada
ou num saco, no frigorífico. Em geral, conservam-se cerca de oito dias.
Se as enrolar em papel absorvente (por exemplo, rolo de cozinha)
levemente humedecido, conseguirão manter-se até duas semanas.

Apesar de menos aromáticas, as ervas secas duram mais tempo e


podem ser usadas de forma semelhante às frescas.

85
A
Hipertensão

Alecrim: As folhas devem ser adicionadas no início da cozedura


e retiradas antes de servir. Combinam bem com carne de porco,
borrego, carneiro, cabrito, vitela, coelho manso e aves. Dão um
sabor característico às batatas assadas e aromatizam manteigas,
molhos, azeite e vinagre. Em infusão, o alecrim pode ser usado
em cremes, molhos adocicados e doces. Os ramos, sem folhas,
são excelentes para grelhar aves.

Cebolinho: Sopas, carne, peixe, pratos com batatas ou ovos,


molhos, saladas e sanduíches são algumas das utilizações pos-
síveis. Também serve para aromatizar manteiga, queijo fresco
e requeijão.

Coentros: As folhas condimentam açordas, carne de porco e de


aves, peixe assado, saladas, ervilhas, favas e molhos. As sementes
podem aromatizar marinadas, vinagres e licores.

Estragão: As folhas são utilizadas em saladas, sopas, omeletas,


pratos de peixe e de carne, molhos, mostarda, azeites e vinagres.

Gengibre: De sabor intenso, é usado em pó nos pratos doces e


fresco nos salgados. Também combina bem com fruta e carne
de porco.

Hortelã: Carne de carneiro, de borrego e de porco, saladas,


legumes cozidos, sopas, molhos, peixe e mariscos são candidatos
ao tempero com folhas frescas de hortelã. Estas também são
usadas em saladas de fruta, gelados, sumos, cocktails e doces.
Em cubos de gelo, aromatizam e refrescam bebidas.

86
A
Uma alimentação equilibrada

Louro: As folhas de louro são um tempero frequente da “vinha


d’alhos”, de estufados e guisados de carne ou peixe, caldos e
molhos. Pode ser utilizado verde, mas é mais vulgar que esteja
seco.

Manjericão: Muito usado na cozinha italiana, o manjericão


entra, por exemplo, na composição do pesto e do molho de
tomate. Mas não só: as folhas frescas ou secas aromatizam car-
nes, peixes, sopas, saladas, massas e cozinhados com tomate.

Orégãos: Indispensáveis nos pratos de caracóis e no gaspacho


(sopa fria), combinam bem com tomate fresco e molhos à base
deste. Utilizam-se frescos em açordas, sopas e caldeiradas de
peixe, entre outros. Quando secos, usam-se como condimento
em todo o tipo de pratos, sobretudo nas pizas, nos molhos e na
salada de tomate e pepino. Por terem um aroma muito ativo,
devem ser usados com moderação.

Poejo: O poejo é muito utilizado na cozinha alentejana, onde


pode substituir os coentros, nomeadamente nas açordas e sopas,
‘poejadas’ e pratos de bacalhau. É também um bom condimento
para carne de porco e de aves e peixe assado. A infusão de
poejo pode aromatizar doces, xaropes e licores.

Salsa: É uma das ervas aromáticas mais usadas. Além de ser


um bom condimento para guisados e molhos, as suas folhas,
depois de picadas, utilizam-se em saladas. Omeletas, carne,
peixe, mariscos, sopas e massas... as possibilidades são muitas.
As variedades de folhas frisadas, menos aromáticas, são usadas
para decorar as travessas.

Tomilho: É indicado para pratos que exigem uma cozedura


longa, nomeadamente carnes de caça, mas também fica bem
em sopas, legumes, saladas, guisados, estufados e molhos.

87
A
Hipertensão

PLANTAR ERVAS AROMÁTICAS EM CASA

Argila expandida Manta de drenagem


Forre o fundo do vaso com argila Cubra com uma manta de drenagem.
expandida ou pedrinhas, para facilitar o Esta evita que a terra seja arrastada e
escoamento da água em excesso. se misture com as pedras do fundo.

Terra ou substrato Planta bem aconchegada


Encha o vaso com terra ou substrato Abra pequenos buracos e transplante
até três dedos do bordo e regue. sem separar as raízes. Aconchegue a
terra à planta, mas não pressione
muito. Regue, se necessário.

Sementeira
Se quiser semear, os passos são os
mesmos. Na fase final, em vez de
plantar, espalhe a semente
uniformemente, cubra com uma camada
fina de terra e borrife
com água.

Descubra como semear ervas aromáticas em www.deco.proteste.pt/


alimentacao/produtos-alimentares/dossies/ervas-aromaticas-guia-plantar-
usar ou em https://youtu.be/fM-VSxH3_WU

88
A
Uma alimentação equilibrada

Mais potássio
Tal como o excesso de sódio (sal), um consumo insuficiente de
potássio aumenta os riscos de hipertensão. O potássio tem uma
forte relação com o sódio no nosso organismo. Enquanto o sódio
aumenta a pressão arterial, o potássio ajuda a eliminar o excesso
de líquidos e reduz a tensão arterial. Uma alimentação rica em
sódio e pobre em potássio contribui para uma maior retenção de
líquidos e, consequentemente, de sódio. Por isso, é importante
aliar um baixo consumo de sal a boas doses de frutos e vegetais.

O potássio encontra-se, essencialmente, nos legumes e frutos frescos,


mas desaparece, em grande parte, quando estes são preparados
em conserva. Privilegie, por isso, os alimentos frescos nas suas
refeições. Isto é ainda mais importante se tomar laxantes e diu-
réticos, já que estes poderão levar a uma eliminação excessiva de
fluidos. Os diuréticos espoliadores de potássio usados no tratamento
da hipertensão provocam perdas de potássio na urina que é neces-
sário compensar com a alimentação. Já os diuréticos poupadores
de potássio favorecem a acumulação excessiva desta substância.

Inclua alimentos ricos em potássio nas suas refeições.

89
A
Hipertensão

Menos gorduras animais


As gorduras, ou lípidos, são tão indispensáveis ao nosso bem-estar
como as proteínas e os hidratos de carbono. Sem elas, a máquina
humana pararia completamente, por falta do combustível ade-
quado. A energia que produzem é indispensável ao nosso meta-
bolismo. Além disso, todos os órgãos vitais (fígado, coração, rins)
estão envolvidos por uma camada de gordura que os protege, por
exemplo, dos choques e das variações de temperatura demasiado
drásticas. Algumas hormonas, como as sexuais, possuem lípidos
na sua constituição. As gorduras também asseguram o transporte
das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) para os órgãos onde são
necessárias. Finalmente, as gorduras fornecem-nos ácidos gordos
essenciais, que o nosso organismo não consegue produzir e que
são fundamentais para o seu bom funcionamento. Em síntese:
não devem eliminar-se totalmente as gorduras da alimentação.

Contudo, há que moderar o consumo, já que as dietas demasiado


ricas em gorduras animais, mais ricas em colesterol, danificam as
paredes vasculares. Isso faz com que estas percam elasticidade,
o que, por sua vez, aumenta a resistência que opõem à passagem
do sangue e, portanto, faz subir a tensão arterial. Inversamente,
o consumo moderado de azeite e óleos vegetais e, sobretudo,
de óleos ricos em ácido linoleico (óleos de girassol, milho, soja)
poderá constituir um fator de proteção.

Utilize preferencialmente o azeite na confeção das suas refeições e


para temperar. É uma gordura de grande qualidade, com inúmeras
propriedades benéficas. O seu teor em ácidos gordos monoinsatura-
dos é elevado, o que contribui para o equilíbrio entre os diferentes
tipos de ácidos gordos no organismo. Mas atenção: apesar das
suas propriedades benéficas, como qualquer outra gordura, use,
mas não abuse! Uma colher de sopa de azeite fornece 90 quilo-
calorias! Dependendo das suas necessidades energéticas, não use
mais do que uma a duas colheres de sopa de azeite na confeção
e no tempero dos alimentos.

Outras gorduras ricas em ácidos gordos polinsaturados que pode


usar para temperar são o óleo de amendoim, girassol ou soja. E
não é necessário privar-se totalmente da manteiga, de um bom
bife ou de ovos. Esses alimentos são úteis e, até, necessários ao
equilíbrio nutritivo, mas é preciso consumi-los de forma moderada

90
A
Uma alimentação equilibrada

(veja a roda dos alimentos, na página 81). Do mesmo modo, limite


o consumo de maionese, batatas fritas ou produtos de charcutaria.
Além disso, prefira o leite e os iogurtes meio gordos e, em vez de
utilizar natas, engrosse os seus molhos com queijo-creme natural.
Para os molhos cozinhados, recorra ao azeite ou aos óleos polin-
saturados que referimos no início deste parágrafo e, para barrar
as torradas, faça uma escolha ponderada, optando por margarina
ou, caso já tenha uma dieta cuidada, por pouca manteiga.

TEOR APROXIMADO EM GORDURA


DOS PRINCIPAIS ALIMENTOS

Toucinho, frutos secos oleaginosos

Mais de 40% (amêndoas, nozes, avelãs, pistachos,


amendoins), produtos de charcutaria,
natas gordas

Chocolate, alguns queijos (parmesão,


tipo flamengo, Azeitão, Serra da Estrela,
20% a 40% Serpa), gema de ovo, carne gorda de
porco, de carneiro ou vaca, pudim e
leite-creme

10% a 20% Pato, miudezas, biscoitos, peixes gordos


(atum, sardinha ou arenque)

Frango, peru, coelho, carne de caça,


2% a 10% leite, iogurtes e queijo fresco gordos,
moluscos (chocos)

Frutos e legumes frescos, peixe magro

Menos de 2% (pescada, dourada, solha, linguado,


tamboril), massas sem molhos, cereais,
alguns tipos de pão, compotas e mel

91
A
A
Uma alimentação equilibrada

Receitas com pouco sal


e com pouca gordura
Uma alimentação saudável é um dos fatores essenciais para pre-
venir e reduzir a hipertensão arterial e o risco de doenças car-
diovasculares. A pensar em si e na sua saúde, apresentamos-lhe
um exemplo de um plano alimentar equilibrado e saudável para
uma semana. Logo a seguir, descubra as receitas com pouco sal
e com pouca gordura que integram este plano, elaboradas com a
colaboração da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Propomos
a utilização de ervas aromáticas para reduzir a quantidade de
sal e dar ainda mais sabor às suas refeições. E, no final, indica-
mos-lhe a composição nutricional, por pessoa, destas receitas.
Bom apetite!

93
A
Hipertensão

Plano semanal
ALMOÇO SOPA PRATO SOBREMESA

Tagliatelle de frango
Segunda e cogumelos
Laranja

Sopa de feijão-verde
Carapau grelhado com
Terça molho verde
Maçã

Salada de abacate
Quarta e fiambre de peru
Manga

Creme de cenoura
Lombos de pescada
Quinta aromatizados
Salada de fruta fresca

Costeletas de porco
Sexta com molho Banana
de citrinos
Sopa juliana
Bifes de atum
Sábado em cebolada
Pera

Bife da vazia
Gaspacho Mousse
Domingo à alentejana
com molho de alho
de manga
e ervas
JANTAR SOPA PRATO SOBREMESA

Postas de perca em
Segunda ervas aromáticas
Pera

Sopa de feijão-verde
Lombinhos de porco
Terça com molho de limão
Frutos silvestres

Choquinhos
Quarta no forno
Uvas

Creme de cenoura
Coelho assado
Quinta com molho de laranja
Maçã

Sexta Massada de salmão Quivi

Sopa juliana
Coxas de frango
Sábado com cogumelos
Ameixa

Ratatouille
Domingo Gaspacho à alentejana
de legumes
Maçã

94
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
4 dentes de alho
1 cebola
1 colher de sopa
de azeite
150 g de alho-francês
200 g de batatas
100 g de curgetes
500 g de cenoura
1 colher de café com sal
1 litro de água
Cebolinho fresco
picado q.b.

Creme de cenoura
Preparação
• Pique a cebola e o alho.
• Coloque o azeite numa panela, junte a cebola e o alho
e leve a lume brando. NUTRIÇÃO
O cebolinho dá sabor à
• Corte o alho-francês, a curgete, a batata e as cenouras sopa e permite reduzir a
em meias-luas e adicione ao refogado. Junte a água. quantidade de sal.
• Tempere com sal e deixe cozer cerca de 30 minutos.
• Passe tudo com a varinha.
• Retire a sopa, salpique com cebolinho picado e sirva.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 83 Kcal
Proteínas 2g
4 PESSOAS
Gordura 11 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 30 minutos Hidratos de carbono 4g

PREÇO: € 0,80 (€ 0,20/pessoa) Sal 0,5 g

95
A
Hipertensão

Ingredientes
3 dentes de alho
1 colher de azeite
3 colheres de sopa
de vinagre
1/2 pepino
2 tomates maduros
1 pimento verde
100 g de pão duro
1 litro de água gelada
Orégãos q.b.

Gaspacho à alentejana
Preparação
• Pise os dentes de alho num almofariz, até obter
uma pasta.
NUTRIÇÃO
• Coloque esta pasta no fundo de uma terrina e regue Para atenuar o sabor
com o azeite, o vinagre e os orégãos. amargo do pimento verde,
mergulhe-o em água a
• Reduza o tomate a puré e deite-o na terrina. ferver durante alguns
segundos.
• Corte o pepino e o pimento em quadradinhos pequenos
e junte ao preparado anterior.
• Regue com um litro de água gelada.
• Na altura de servir, junte o pão cortado em cubos
pequenos.
VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 85 Kcal
Proteínas 2g
4 PESSOAS
Gordura 4g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 25 minutos Hidratos de carbono 11 g

PREÇO: € 1,28 (€ 0,32/pessoa) Sal 0,7 g

96
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
1 litro de água
3 batatas grandes
1 cebola grande
3 dentes de alho
1 colher de sopa de azeite
250 g de feijão-verde
1 colher café de sal

Sopa de feijão-verde
Preparação
• Coza as batatas, a cebola e os alhos em água com
o azeite.
• Corte o feijão-verde em tiras finas. NUTRIÇÃO
O baixo teor em sal é
• Reduza a sopa a puré e leve novamente ao lume. essencial para a saúde
cardiovascular.
• Deixe levantar fervura e junte o feijão-verde.
• Tempere com sal e sirva.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 98 Kcal
Proteínas 2g
4 PESSOAS
Gordura 4g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 40 minutos Hidratos de carbono 14 g

PREÇO: € 1,20 (€ 0,30/pessoa) Sal 0,5 g

97
A
Hipertensão

Ingredientes
1 cebola
2 dentes de alho
1 batata grande
2 cenouras
1 alho-francês
1/4 couve galega ou
lombarda
100 g de ervilhas
1 colher de sopa
de azeite
1 litro de água
1 colher de café de sal
Coentros q.b. (opcional)

Sopa juliana
Preparação
• Pique a cebola e o alho grosseiramente.
• Corte os restantes legumes em cubos pequenos.
NUTRIÇÃO
• Coloque o azeite, o alho e a cebola num tacho e leve Depois de colocar a sopa
a lume brando. no prato, pode polvilhar
com coentros picados.
• Junte os restantes legumes e deixe suar um pouco.
• Junte a água e deixe cozer.
• Tempere com sal.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 70 Kcal
Proteínas 2g
4 PESSOAS
Gordura 2g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 40 minutos Hidratos de carbono 11 g

PREÇO: € 0,80 (€ 0,20/pessoa) Sal 0,5 g

98
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
1 curgete
2 beringelas
1 pimento vermelho
1 pimento verde
100 g de cogumelos
150 g de cenoura
3 dentes de alho picados
780 g de tomate maduro
picado
2 colheres de sopa de salsa
picada
2 colheres de sopa de
azeite
10 dl de vinho branco
1 colher de café de sal
140 g arroz
Pimenta q.b.

Ratatouille de legumes
Preparação
• Lave e corte os legumes em cubos pequenos, à exceção
do tomate e dos cogumelos.
NUTRIÇÃO
• Aqueça o azeite num tacho e leve os legumes a refogar O tomate é rico
um pouco. em licopeno,
um antioxidante com
• Adicione o tomate picado e os cogumelos.
benefícios para a saúde.
• Refresque com o vinho branco e deixe refogar cerca
de 15 minutos em lume brando.
• Tempere com sal e pimenta e polvilhe com salsa picada.

Acompanhamento: arroz branco.


VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 243 Kcal
Proteínas 3g
4 PESSOAS
Gordura 12 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 35 minutos Hidratos de carbono 32 g

PREÇO: € 3,20 (€ 0,80/pessoa) Sal 1,3 g

99
A
Hipertensão

Ingredientes
600 g de bifes de vitela
1 folha de louro
1 cabeça de alho
4 colheres de sopa
de azeite
1 colher de café de sal
3 dl de vinho branco
1 limão
400 g de batata doce
200 g de tomate
Salsa, cebolinho e pimenta
acabada de moer q.b.

Bife da vazia com molho de alho e ervas


Preparação
• Frite os bifes num pouco de azeite, até atingir o ponto
desejado. Retire e reserve.
• Junte o alho laminado ou esmagado, a folha de louro
NUTRIÇÃO
Um acompanhamento
e o restante azeite à gordura que ficou na frigideira. de legumes, em qualquer
• Deixe alourar, refresque com vinho branco, tempere prato, ajuda a saciar com
menos calorias.
com sal e termine com o sumo de limão.
• Lave as batatas, corte-as em rodelas grossas e frite-as.
• Tempere com pimenta acabada de moer.
• Aqueça o molho, junte os bifes e salpique com a salsa
e o cebolinho picados.
VALOR NUTRICIONAL
Acompanhamento: salada de tomate por pessoa
Energia 403 Kcal
Proteínas 33 g
4 PESSOAS
Gordura 17 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 25 minutos Hidratos de carbono 30 g

PREÇO: € 6 (€ 1,50/pessoa) Sal 0,8 g

100
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
700 g de coelho
4 colheres de sopa de
azeite
20 ml de vinho branco
20 ml de sumo de laranja
natural
5 dentes de alho
amassados
1 colher de sopa de salsa
picada
1 colher de sopa de cebola
picada
1/2 ramo de alecrim
1 colher de sopa
de manjericão
140 g arroz
Pimenta q.b

Coelho assado com molho de laranja


Preparação
• Lave e corte o coelho.
• Coloque os bocados do coelho num tabuleiro NUTRIÇÃO
e junte todos os condimentos. Dê preferência
às carnes pobres
• Mexa bem, para que o tempero fique igualmente em ácidos gordos
repartido. saturados, como
as de aves e coelho.
• Leve ao forno cerca da 45 minutos. Vire os pedaços
de carne e deixe mais cerca de 30 minutos para dourar.

Acompanhamento: arroz branco.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 484 Kcal
Proteínas 38 g
4 PESSOAS
Gordura 20 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 90 minutos Hidratos de carbono 35 g

PREÇO: € 3,20 (€ 0,80/pessoa) Sal 0,7 g

101
A
Hipertensão

Ingredientes
4 costeletas de porco
2 limões
1 laranja
2 colheres de sopa
de azeite
2 alfaces
2 tomates
1 pepino
1 cebola
1 beterraba cozida
1 colher de chá de sal fino
Pimenta acabada
de moer q.b.

Costeletas de porco com molho de citrinos


Preparação
• Prepare o grelhador ou uma frigideira antiaderente
grossa.
NUTRIÇÃO
• Pincele as costeletas com uma colher de azeite e leve a A desidratação é
grelhar. frequente na população
portuguesa. Para a evitar,
• Quando a carne estiver dourada de ambos os lados, beba 1,5 a 2 litros de
tempere com um pouco de sal e pimenta acabada de líquidos por dia.
moer.
• Retire as costeletas e tempere-as com o sumo de limão
e de laranja.
• Acompanhe com uma salada mista de alface, tomate,
pepino, cebola, beterraba cozida, temperada com um
pouco de sal, sumo de limão e uma colher de azeite. VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 392 Kcal
Proteínas 31 g
4 PESSOAS
Gordura 29 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 25 minutos Hidratos de carbono 2g

PREÇO: € 4 (€ 1/pessoa) Sal 0,9 g

102
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
520 g de coxas de frango
200 g de cogumelos
100 g de cebola
4 colheres de sopa de
azeite
20 cl de vinho branco
1 colher de café de sal
2 limões para sumo
1 colher de chá de pimenta
acabada de moer
160 g de arroz
200 g de mistura de
legumes
Salsa picada q.b.
Cebolinho picado q.b.

Coxas de frango com cogumelos


Preparação
• Tempere as coxas de frango com o limão, pimenta
moída e 1 colher de azeite. NUTRIÇÃO
Incluir vegetais e
• Coloque 3 colheres de azeite e a cebola num tacho fruta é uma boa forma
a alourar. de atingir a quantidade
diária recomendada pela
• Adicione o frango e deixe estufar lentamente. Organização Mundial de
Saúde: 5 peças de fruta e
• Adicione os cogumelos, refresque com o vinho branco 5 doses de vegetais
e deixe apurar. por dia.

• Polvilhe com salsa e cebolinho.

Acompanhamento: arroz de legumes.


VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 463 Kcal
Proteínas 30 g
4 PESSOAS
Gordura 23 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 45 minutos Hidratos de carbono 34 g

PREÇO: € 4,80 (€ 1,20/pessoa) Sal 0,8 g

103
A
Hipertensão

Ingredientes
400 g de lombinhos
de porco
1 colher de sopa de azeite
3 limões para sumo
2 colheres de sopa de salsa
picada
1 colher de sopa de cebola
picada
1 cabeça de alho
2 folhas de louro
1/2 colher de café de sal
120 g de arroz
240 g de brócolos
Pimenta acabada
de moer q.b.

Lombinhos de porco com molho de limão


Preparação
• Coloque o azeite num tacho de fundo grosso e aloure
os lombinhos cortados em medalhões. Retire a carne
e reserve.
NUTRIÇÃO
O alho tem um aroma
• No mesmo tacho, junte o alho laminado, as folhas forte característico,
de louro, a salsa e a cebola picadas e deixe alourar. permitindo a redução do
sal. A pimenta e o limão
• Ponha a carne sobre este molho e deixe alourar aromatizam a carne.
durante 5 minutos.
• Regue com o sumo dos limões.
• Tempere com pimenta acabada de moer e sal.

Acompanhamento: arroz branco e brócolos cozidos. VALOR NUTRICIONAL


por pessoa
Energia 281 Kcal
Proteínas 27 g
4 PESSOAS
Gordura 6g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 40 minutos Hidratos de carbono 29 g

PREÇO: € 1,28 (€ 0,32/pessoa) Sal 1,2 g

104
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
1 alface
1 abacate
2 tomates
1 cebola
1 limão
3 colheres de sopa de
azeite
1 iogurte natural
4 fatias grossas de fiambre
de peru
Pimenta acabada
de moer q.b.

Salada de abacate e fiambre de peru


Preparação
• Lave e prepare a alface, abra o abacate e corte-o
em pequenos cubos. NUTRIÇÃO
Apesar do seu elevado
• Corte o tomate e o fiambre em cubos. teor calórico, por ter muita
gordura, o abacate é rico
• Pique a cebola. em vitamina E, gorduras
• Prepare o molho com o azeite, o sumo de limão e monoinsaturadas,
sais minerais e
o iogurte natural. antioxidantes.
• Tempere com pimenta acabada de moer.
• Mexa até obter um molho cremoso.
• Faça uma cama com alface, abacate, tomate, cebola
e fiambre de peru.
VALOR NUTRICIONAL
• Regue com o molho. por pessoa
Energia 210 Kcal
Proteínas 8g
4 PESSOAS
Gordura 16 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 10 minutos Hidratos de carbono 10 g

PREÇO: € 5,60 (€ 1,40/pessoa) Sal 0,8 g

105
A
Hipertensão

Ingredientes
250 g de massa tagliatelle
600 g de peito de frango
150 g de cogumelos
3 colheres de sopa
de azeite
2 dentes de alho
2 colheres de café de sal
1 sumo de limão
Pimenta acabada
da moer q.b.
Orégãos frescos q.b.

Tagliatelle de frango e cogumelos


Preparação
• Coza a massa em água abundante com uma colher
de café de sal, durante aproximadamente 6 minutos.
NUTRIÇÃO
• Lamine os peitos de frango em tiras e tempere O orégão é uma erva
com pouco sal, pimenta e sumo de limão. aromática com um cheiro
muito ativo. Seca, pode
• Numa frigideira antiaderente, coloque metade do azeite conservar-se todo o ano.
e junte os dentes de alho picado.
• Adicione as tiras de frango e os cogumelos igualmente
laminados.
• Deixe alourar o frango durante cerca de 12 minutos.
• Junte a massa e deixe saltear.
• Regue com o restante azeite e retifique os temperos. VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
• Salpique com orégãos frescos.
Energia 391 Kcal
Proteínas 34 g
4 PESSOAS
Gordura 8g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 25 minutos Hidratos de carbono 44 g

PREÇO: € 5,40 (€ 1,35/pessoa) Sal 0,7 g

106
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
600 g de bifes de atum
2 cebolas grandes
3 colheres de sopa
de azeite
20 dl de vinho branco
150 g de tomate cherry
150 g de pimento verme-
lho em cubos
200 g de cenoura em
cubos

Bifes de atum em cebolada


Preparação
• Corte a cebola às rodelas.
• Leve o azeite a lume brando. Junte a cebola e deixe NUTRIÇÃO
refogar. Feita a cebolada, pode
escorrer-se a gordura.
• Adicione a cenoura e o pimento e deixe refogar durante A riqueza em omega 3
15 minutos. do atum faz dele um
aliado na saúde
• Refresque com vinho branco e adicione a água, cardiovascular.
mexendo bem.
• Deixe apurar, em lume brando, mais 12 minutos.
• Adicione os bifes e cozinhe 8 minutos.
• Antes de retirar, adicione os tomates cherry e salpique
com salsa. VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
• Regue com o molho.
Energia 265 Kcal
Proteínas 38 g
4 PESSOAS
Gordura 11 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 40 minutos Hidratos de carbono 5g

PREÇO: € 7,60 (€ 1,90/pessoa) Sal 0,3 g

107
A
Hipertensão

Ingredientes
4 carapaus grandes
1 cebola média
4 dentes de alho
10 dl de vinagre
5 dl de azeite
1 ramo de salsa
700 g de batata
200 g de tomate

Carapau grelhado com molho verde


Preparação
• Grelhe os carapaus de ambos os lados.
NUTRIÇÃO
• Pique a cebola, os alhos e a salsa e junte o vinagre Em vez de adicionar sal
e o azeite. na cozedura das batatas,
junte um dente de alho e
• Regue os carapaus com o molho. uma folha de louro. Obterá
um prato saboroso com
apenas meia grama de
Acompanhamento: batata cozida e tomate. sal, proveniente dos
ingredientes.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 474 Kcal
Proteínas 52 g
4 PESSOAS
Gordura 19 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 30 minutos Hidratos de carbono 22 g

PREÇO: € 3,20 (€ 0,80/pessoa) Sal 0,5 g

108
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
1 kg de choquinhos limpos
congelados
1 tomate grande maduro
2 cenouras médias
2 cebolas médias
4 colheres de sopa
de azeite
3 dentes de alho
120 g de arroz

Choquinhos no forno
Preparação
• Descongele os chocos.
• Corte as cenouras em meias-luas, pele o tomate
NUTRIÇÃO
e corte-o em cubos. A cenoura é um alimento
• Faça o mesmo à cebola e junte o alho. rico em betacaroteno,
importante, por exemplo,
• Num tabuleiro de levar ao forno, faça uma cama com para a saúde dos olhos.
os legumes.
• Coloque os choquinhos sobre a cama e regue com azeite.
• Leve ao forno (180 graus) cerca 15 minutos.
• Verifique a cozedura. Sirva logo que retire do forno.

VALOR NUTRICIONAL
Acompanhamento: arroz branco. por pessoa
Energia 348 Kcal
Proteínas 40 g
4 PESSOAS
Gordura 11 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 35 minutos Hidratos de carbono 22 g

PREÇO: € 6,40 (€ 1,60/pessoa) Sal 1,2 g

109
A
Hipertensão

Ingredientes
500 g de lombos
de pescada
1 colher de café de sal
4 dentes de alho
2 colheres de sopa
de azeite
2 limões
1 cebola média
2 pacotes de natas light
2 colheres de sopa
de salsa picada
400 g de batatas novas
Pimenta acabada
de moer q.b.

Lombos de pescada aromatizados


Preparação
• Tempere os lombos com sal, pimenta e sumo de limão.
• Pique o alho e a cebola, junte duas colheres de sopa NUTRIÇÃO
Opte por produtos
de azeite e coloque no fundo de uma assadeira para lácteos, como natas,
levar ao forno. queijo e manteiga, magros
• Ponha os lombos de pescada sobre esta cama. ou light. Estes apresentam
menos gordura.
• Cubra com 2 pacotes de natas e polvilhe com salsa.
• Acrescente as batatas ligeiramente cozidas e sem pele.
• Polvilhe com pimenta.
• Leve ao forno (200 graus) cerca de 20 minutos.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 272 Kcal
Proteínas 25 g
4 PESSOAS
Gordura 10 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 45 minutos Hidratos de carbono 21 g

PREÇO: € 4,40 (€ 1,10/pessoa) Sal 0,9 g

110
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
320 g de salmão sem pele
nem espinhas
300 g de macarronete
riscado ou massa penne
1 colher de sopa
de coentros picados
100 g de tomate de lata
cortado em cubos
1 cebola picada
4 dentes de alho
2 colheres de sopa
de azeite
1 colher de chá de sal
Pimenta e água q.b.

Massada de salmão
Preparação
• Num tacho, coloque duas colheres de sopa de azeite,
o alho e a cebola picada.
NUTRIÇÃO
• Deixe alourar bem e adicione o tomate. Os peixes gordos, como
salmão, atum, cavala e
• Tempere com sal e pimenta. sardinha, são excelentes
fontes de ácidos gordos
• Adicione água e deixe ferver 5 minutos. omega-3 e vitamina D.
• Acrescente o salmão cortado em cubos e deixe
cozer 10 minutos.
• Retire o salmão.
• Coza a massa durante 7 minutos neste caldo de peixe.
• Junte o salmão e polvilhe com coentros picados. VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 550 Kcal
Proteínas 24 g
4 PESSOAS
Gordura 25 g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 35 minutos Hidratos de carbono 55 g

PREÇO: € 4 (€ 1/pessoa) Sal 0,6 g

111
A
Hipertensão

Ingredientes
480 g de postas de perca
12 dentes de alho
2 colheres de sopa
de azeite
5 colheres de sopa
de salsa picada
2 colheres de sopa
de coentros picados
1 colher de café de sal fino
2 limões, um para sumo
500 g de batata nova
3 tomates de salada
1 cebola grande
Água e pimenta acabada
de moer q.b.

Postas de perca em ervas aromáticas


Preparação
• Lave as batatas e coza-as em água com sal. Escorra-as e
reserve. NUTRIÇÃO
A fruta e os vegetais
• Aqueça uma frigideira antiaderente e grelhe as postas de são boas fontes de
perca. Use lume forte para que o peixe fique suculento. vitaminas e minerais.
Adicione uma colher de azeite e aloure as batatas. Os produtos da região
e da época serão
• Para o molho, misture 1 colher de sopa de azeite, mais económicos e
6 dentes de alho picados, 2 colheres de sopa de salsa nutritivos.
picada, 1 colher de sopa de coentros picados, sumo de
um limão. Tempere com pimenta.
• Disponha o peixe e a batata num prato e regue com
o molho.
VALOR NUTRICIONAL
Acompanhamento: salada de tomate. por pessoa
Energia 301 Kcal
Proteínas 26 g
4 PESSOAS
Gordura 9g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 30 minutos Hidratos de carbono 27 g

PREÇO: € 10,30 (€ 2,58/pessoa) Sal 0,7 g

112
A
Uma alimentação equilibrada

Ingredientes
1 manga grande,
descascada e cortada
em pedaços
2 iogurtes sólidos naturais,
sem adição de açúcar
2 folhas de gelatina

Mousse de manga
Preparação
• Coloque as folhas de gelatina a demolhar em água fria.
• Coloque a manga numa picadora ou numa liquidificadora NUTRIÇÃO
e pique até ficar desfeita. Se coar a manga
desfeita, perde alguma
• Passe por um coador de rede fina, para remover fibra da fruta, mas a
as fibras da fruta. mousse torna-se mais
macia.
• Misture a manga com o iogurte.
• Esprema as folhas de gelatina e leve ao micro-ondas
10 segundos de cada vez, até derreterem.
• Junte a gelatina à mistura de manga.
• Divida a mousse em 4 copinhos e leve ao frigorífico a
solidificar. VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 48 Kcal
Proteínas 7g
4 PESSOAS
Gordura 3g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 20 minutos Hidratos de carbono 10 g

PREÇO: € 1,60 (€ 0,40/pessoa) Sal 0,3 g

113
A
Hipertensão

Ingredientes
200 g de morangos
1 maçã
1 pêssego
1 manga
1/2 abacaxi
1 laranja para sumo
1 limão para sumo

Salada de fruta fresca


Preparação
• Descasque a fruta.
• Corte em cubos.
• Deite em taças, junte o sumo de laranja e umas gotas NUTRIÇÃO
de limão. A hortelã acrescenta
um sabor fresco à salada.

VALOR NUTRICIONAL
por pessoa
Energia 88 Kcal
Proteínas 1g
4 PESSOAS
Gordura 1g
TEMPO DE CONFEÇÃO: 15 minutos Hidratos de carbono 19 g

PREÇO: € 2,60 (€ 0,65/pessoa) Sal 0,1 g

114
A
Uma alimentação equilibrada

Composição nutricional por pessoa


Energia Proteínas Gordura Hidratos de Sal
SOPAS (Kcal) (g) (g) carbono (g) (g)
Creme de cenoura 83 2 4 11 0,5

Gaspacho á alentejana 85 2 4 11 0,7

Sopa de feijão-verde 98 2 4 14 0,5

Sopa juliana 70 2 2 11 0,5

VEGETARIANO

Ratatouille de legumes 243 3 12 32 1,3

CARNE
Bife da vazia com
molho de alho e ervas
403 33 17 30 0,8
Coelho assado
com molho de laranja
484 38 20 35 0,7
Costeletas de porco
com molho de citrinos
392 31 29 2 0,9
Coxas de frango
com cogumelos
463 30 23 34 0,8
Lombinhos de porco
com molho de limão
281 27 6 29 1,2
Salada de abacate
e fiambre de peru
210 8 16 10 0,8
Tagliatelle de frango
e cogumelos
391 34 8 44 0,7

PEIXE
Bifes de atum
em cebolada
265 38 11 5 0,3
Carapau grelhado
com molho verde
474 52 19 22 0,5

Choquinhos no forno 348 40 11 22 1,2


Lombos de pescada
aromatizados
272 25 10 21 0,9

Massada de salmão 550 24 25 55 0,6


Postas de perca
em ervas aromáticas
301 26 9 27 0,7

SOBREMESAS

Mousse de manga 48 2 1 7 0,1

Salada de fruta fresca 88 1 1 19 0,1

115
A

CAPÍTULO 8
Exercício físico
e hipertensão
A
A
Hipertensão

Adotar um estilo de vida saudável, aliando uma dieta equilibrada


com exercício físico regular, é uma boa medida contra a hiper-
tensão. O exercício contribui tanto para a prevenção em pessoas
normotensas (com uma tensão normal) como para o controlo da
pressão arterial em hipertensos: a prática moderada de um des-
porto de endurance, como a marcha, a corrida, o ciclismo amador
e a natação reduz substancialmente os valores da tensão sistólica
(valor máximo da pressão arterial) em hipertensos de qualquer
idade. Em casos de hipertensão ligeira, pode até ser suficiente para
normalizar os valores da pressão arterial, dispensando, assim,
o recurso a medicamentos anti-hipertensivos.

Existe uma relação direta entre a boa condição física e a menor


incidência de doenças coronárias. Ou seja, as pessoas que têm
uma vida sedentária ficam mais vulneráveis às doenças cardio-
vasculares do que as fisicamente ativas. Alguns efeitos benéficos
do exercício manifestam-se logo a partir das primeiras quatro a
seis semanas, outros só passados alguns meses.

Vejamos as principais vantagens do exercício físico para o sistema


cardiovascular:
——ajuda a emagrecer ou a manter o peso ideal, impedindo a acu-
mulação excessiva de gordura no organismo;
——aumenta a massa muscular. Isto também se aplica ao coração,
já que este órgão é um mús-
culo. Com exercício físico,
fica mais potente e funciona
melhor. O coração de um des-
portista é maior e mais “mus-
culado”, contrai-se e distende-
-se melhor do que o coração
de um sedentário. Também
o débito sanguíneo é melho-
rado, proporcionando a oxi-
genação muscular;
——melhora a circulação coro-
nária, aumentando o aporte
de oxigénio ao coração. Desta
forma, contribui para um bom
desempenho do coração e
possibilita uma melhor oxi-
genação periférica (ao nível Uma hora por dia de marcha ou meia hora de um desporto
mais intensivo reduz o risco de doença coronária, pelo
dos músculos dos membros); menos, para metade.

118
A
Exercício físico e hipertensão

——beneficia o sistema nervoso simpático, um dos principais inter-


PEQUENOS
venientes no controlo do sistema cardiovascular. Tanto o ritmo GESTOS PARA
cardíaco como a tensão arterial são regularizados. Em repouso, AUMENTAR A
o ritmo cardíaco abranda. O sistema nervoso simpático também é ATIVIDADE DIÁRIA
chamado a intervir em situações de stresse. Portanto, o exercício Se nunca praticou
físico contribui para atenuar as consequências do stresse sobre o ou não pratica
exercício físico
sistema cardiovascular; há muitos anos,
——contribui para o bem-estar geral, para ultrapassar as tensões comece pelos
emocionais e para melhorar a qualidade do sono. Também ajuda pequenos gestos
reduzir o consumo de tabaco, álcool, excitantes e tranquilizantes. no dia-a-dia.
Aos poucos,
essas mudanças
passarão a fazer

Qual a modalidade mais


parte do seu modo
de vida. A etapa

adequada para si?


seguinte será a
prática regular
de uma atividade
física específica.
Se sofre de hipertensão, opte preferencialmente por exercício aeró- - Ande a pé
sempre que
bico (ou seja, com consumo de oxigénio), como corrida, ciclismo possível ou deixe o
ou caminhada. Este deverá ser suplementado com exercícios de carro a uma certa
resistência/força, que levem ao aumento da força e massa muscular distância, para
(flexões, agachamentos, pesos). O exercício físico de intensidade terminar o seu
trajeto a caminhar.
moderada parece ser eficaz na redução da pressão arterial. - Suba pelas
escadas, em vez de
Se está decidido a iniciar a prática de um desporto, antes de se utilizar o elevador.
lançar, avalie alguns aspetos, para não sucumbir rapidamente à - Cuide de um
jardim ou de uma
tentação de a abandonar. Para ser eficaz, o exercício deverá ser horta.
praticado de forma regular, de preferência, um mínimo de três - Dê um passeio
vezes por semana. Por isso, convém evitar demasiados constran- de meia hora em
gimentos em termos de horário e de deslocações, que apenas vez de ficar a ver
televisão.
ajudam a gerar mais stresse. Tenha em mente que mais vale fazer - Ter um cão
exercício uma só vez por semana, durante um ano, do que fazê-lo poderá ser um
durante uma semana inteira, mas só uma vez por ano. Escolha bom incentivo para
uma atividade que lhe agrade, seja coletiva ou individual. dar passeios ao ar
livre.

Se tiver antecedentes pessoais ou familiares de doenças cardio-


vasculares ou fizer parte de um grupo de risco (por exemplo,
se for obeso, fumador e/ou hipertenso), consulte o seu médico
antes de iniciar uma atividade desportiva relativamente intensa.
É muito provável que este o submeta a uma prova de esforço (veja
a ilustração, na página seguinte), a fim de avaliar a sua condição
física do momento. Em todo o caso, é preferível começar com um
desporto moderado, que não exija esforços violentos.

119
A
Hipertensão

A prova de esforço
consiste em efetuar um
eletrocardiograma (ECG)
enquanto se pratica
exercício físico. Permite
observar de que forma
o coração responde
ao esforço e detetar
eventuais anomalias,
como, por exemplo, uma
deficiente irrigação das
coronárias.

As pessoas idosas deverão respeitar os limites naturais e inevitáveis


que o envelhecimento lhes impõe. Devem evitar os esforços muito
intensos, que solicitem excessivamente o coração, os pulmões,
as articulações ou a agilidade dos músculos. Se, uma vez chegada
a idade da reforma, não tiver o hábito de praticar exercício físico,
opte pelos que têm um ritmo regular e moderado: por exemplo,
a marcha, a corrida entrecortada pela marcha, a natação ou andar
de bicicleta em terreno plano.

Eis as principais modalidades mais indicadas para hipertensos,


com conselhos práticos para cada uma.

A marcha
Se perdeu o hábito de caminhar, se apenas costuma deslocar-se
de carro ou de elevador, se passa a maior parte do seu tempo
livre sentado diante da televisão, eis uma forma fácil, gratuita e
sem risco de voltar a fazer exercício físico. Introduza, progressi-
vamente, o máximo de deslocações a pé nas diversas situações da
sua vida diária e complemente isso com verdadeiros passeios, nos
dias em que tiver mais tempo. Se andar sozinho o aborrece e não
conhece ninguém que deseje ir consigo, pense na possibilidade
de participar em passeios pedestres organizados.

Conserve sempre um ritmo regular. Não ande demasiado depressa,


sobretudo no início. Tenha em conta o seu fôlego. Pouco a pouco,

120
A
Exercício físico e hipertensão

poderá aumentar o tempo e a velocidade do andamento (e, logo,


também a distância percorrida). Utilize calçado adequado e não
transporte consigo pesos desnecessários.

Use calçado confortável


•• Como, em grandes distâncias, os pés
dilatam, escolha um número ou dois acima
do seu, mas certifique-se de que o pé não
escorrega.
•• Verifique se há espaço suficiente na parte da
frente para os dedos abrirem.
•• Opte por um modelo com amortecimento na
sola, pois reduz o impacto e previne lesões.
•• Convém que o calcanhar e o tornozelo
tenham um apoio sólido. Nesta zona,
o material deve ser mais rígido, para servir de
suporte, e apresentar um recorte adequado,
para não magoar o tendão de Aquiles.
•• Os modelos com tecido transpirável ajudam
a controlar a temperatura do pé e a manter a
pele seca, prevenindo a formação de bolhas
e outras lesões.

O jogging
Exige um andamento relativamente rápido, a meio caminho entre a
marcha e a corrida. O único investimento necessário — mas absolu-
tamente indispensável — consiste na compra de calçado adequado.
É o desporto aeróbico por excelência. Comece com uma pequena
corrida, em passo moderado, de 200 a 300 metros, depois ande
tranquilamente durante algum tempo, para, de seguida, retomar
um andamento mais intenso, tendo o cuidado de nunca forçar
demasiado. Exija um pouco mais de si próprio da próxima vez,
mas sempre em ritmo moderado. No princípio, evite as subidas e
descidas. Reduza o andamento se sentir falta de ar. Procure praticar
um mínimo de 20 minutos, três vezes por semana.

Esta modalidade apresenta a vantagem de poder ser praticada em


qualquer local. No entanto, procure evitar as ruas das cidades,
onde respirará, sobretudo, os gases provenientes dos tubos de

121
A
Hipertensão

escape… Também pode praticar-se com qualquer tipo de con-


dições atmosféricas (embora deva evitar dias com temperaturas
demasiado baixas ou elevadas) e tanto individualmente como em
grupo. Escolha um terreno que não seja demasiado duro.

Em www.fitmap.pt
encontrará informação
sobre locais de treino
gratuitos e ao ar
livre para diferentes
modalidades.

A bicicleta
Tal como o jogging, é um excelente desporto aeróbico, que pode
praticar-se em qualquer lugar, individualmente ou em grupo. Evite
estradas muito movimentadas e que se encontrem dentro das
povoações: além da poluição, são perigosas para os veículos de
duas rodas. Comece lentamente, já que, na ótica do que aqui nos
interessa, mais vale andar muito tempo do que andar depressa.
Poderá alternar períodos de cinco a dez minutos num andamento
mais rápido com dois a três minutos mais lentos, a fim de permitir
que o coração volte ao ritmo normal e que os pulmões respirem
sem esforço. Escolha uma bicicleta com mudanças e adequada à
sua estatura. No princípio, tente percorrer uma dezena de qui-
lómetros, depois vá aumentando cinco quilómetros de dois em
dois ou de três em três dias.

É um desporto que se recomenda a todos os que sofrem de excesso


de peso, porque as pernas podem trabalhar sem terem de supor-
tar o peso do corpo. Evite as subidas, pelo menos no princípio,
e fique em casa se houver muito vento, porque pedalar contra o
vento exige um esforço acrescido.

122
A
Exercício físico e hipertensão

Uma bicicleta à sua altura


Como a maioria das marcas disponibiliza
várias medidas, para escolher uma bicicleta,
precisa de calcular o tamanho mais ade-
quado à sua estatura.
Meça o comprimento da sua perna, desde
o calcanhar até à zona do gancho (corres-
ponde à altura da virilha). Multiplique o valor
obtido por 0,65, se as medidas forem em
centímetros, ou por 0,21, caso estejam em
polegadas. O resultado indica a dimensão
que o quadro deve ter: a distância entre
o apoio do pedal e o tubo onde encaixa
o selim. Algumas marcas assinalam as
dimensões com letras: S, para quadros
com 17 polegadas, M com 19, L com 21 e XL
com 23.
Os modelos não estão, por norma, “prontos
a guiar”: a regulação do selim, a sensibili-
dade dos travões e a engrenagem preci-
sam de ser ajustadas por um profissional.
As bicicletas compradas em lojas especia-
lizadas são afinadas gratuitamente por um
técnico, mas pode ser difícil fazer todos os
ajustes se comprar em grandes superfícies.

A natação
Requerendo um investimento mínimo, a natação — principalmente,
em estilo “bruços” — é um excelente exercício: solicita a maioria
dos grupos musculares sem impor esforços excessivos às articu-
lações, já que o peso do corpo é, em grande parte, suportado
pela água. Comece por fazer uma ou duas piscinas, no sentido
do comprimento, sempre de bruços, num ritmo que lhe pareça
adequado, seguido de um tempo de recuperação. Aos poucos,
conseguirá nadar 20 minutos sem parar. Enquanto nada, man-
tenha a cabeça no prolongamento do corpo, para não arquear
excessivamente a cintura.

É aconselhável praticar durante 15 a 30 minutos, três vezes por


semana, sem, no entanto, tentar bater recordes de velocidade.
Atenção à temperatura da água: nas piscinas, não deve ser inferior

123
A
Hipertensão

a 24ºC ou superior a 28ºC. Não tome banho depois de uma refei-


ção abundante ou após demorada exposição ao sol. Entre na água
progressivamente e, se não estiver em boa forma física ou se sentir
cansaço, não permaneça mais de 15 minutos.

Ginástica tradicional
Pode praticar-se de diversas formas. Por exemplo sozinho em casa,
durante 10 a 15 minutos, todas as manhãs ao levantar. É uma moda-
lidade gratuita, discreta e eficaz, mas exige uma certa força de
vontade, sobretudo no início, quando os efeitos positivos ainda
não se notam. Procure informar-se, recorrendo, por exemplo,
a um fisioterapeuta ou a um monitor de ginástica médica, sobre
os movimentos mais eficazes e a maneira correta de os executar:
é menos óbvio do que parece. Comece sempre por um pequeno
aquecimento e use um vestuário adequado, suficientemente arejado
e cómodo. Se dispuser de espaço suficiente e puder investir algum
dinheiro, também pode adquirir alguns aparelhos de ginástica,
como, por exemplo, um espaldar ou uma bicicleta de interior.

Respire profundamente depois de


cada exercício: a respiração pro-
funda é essencial, porque assegura
a boa oxigenação do sangue e dos
órgãos. Sempre que possível, faça
os exercícios diante de uma janela
aberta. Também pode inscrever-se
em aulas de ginástica individual ou
coletiva. Esteja sempre atento ao ritmo
cardíaco: durante o esforço, este não
deve ultrapassar 150 pulsações por Para fazer exercícios
minuto. Caso isso aconteça, é porque em casa ou ar livre,
inspire-se no nosso
o esforço é demasiado violento para guia 100 exercícios
si e, portanto, convém reduzi-lo. para ficar em forma.

Devagar se vai ao longe


Para que o seu aparelho cardiovascular possa adaptar-se ao treino
sem demasiado esforço, para evitar entorses e roturas musculares,
procure fazer sempre alguns exercícios de aquecimento antes de

124
A
Exercício físico e hipertensão

entrar no ritmo normal. Para isso, dedique cerca de dez minutos


MAIS VALE
à prática de exercícios num ritmo leve e lento e depois acelere REGULAR DO QUE
progressivamente. De igual modo, antes de parar, vá abrandando INTENSO
o ritmo de forma gradual. O mais importante
no exercício físico,
Independentemente da atividade escolhida, nunca se lance, de um do ponto de vista
da prevenção
dia para o outro, numa prática intensiva: avance de forma pro- das doenças
gressiva, tanto no que diz respeito à duração do exercício e à sua cardiovasculares,
intensidade como às eventuais distâncias percorridas. O impor- é a regularidade.
tante é conseguir manter um esforço que esteja perfeitamente ao Nunca se esqueça
do período de
seu alcance, durante 20 a 30 minutos e várias vezes por semana. aquecimento.
Não force. Se tiver dores ou transpirar de forma anormal, abrande Mas, sobretudo,
ou mude o tipo de exercício: a dor é um sinal de alarme que não esteja atento ao
convém ignorar. seu corpo: o ritmo
cardíaco, o grau
de cansaço ou
Procure beber regularmente pequenas quantidades de uma bebida o aparecimento
ligeiramente açucarada, durante (se possível) e depois (sem falta) de uma dor são
do esforço. Mesmo com tempo frio, o organismo perde, durante o sinais para adaptar
o seu esforço às
exercício, cerca de meio litro de água por hora, através da transpi- possibilidades
ração. Com tempo quente e húmido, a desidratação pode atingir do momento.
2 litros por hora. Para compensar estas perdas de água, opte por É preciso saber
um sumo de fruta natural, chá fraco com açúcar ou, simplesmente, parar a tempo!
água não gaseificada, aos quais pode adicionar um pouco de açú-
car, se fizer questão.

125
A

CAPÍTULO 9
Lidar com o stresse
A
A
Hipertensão

O stresse é o conjunto de reações físicas e psíquicas do organismo


aos fatores de agressão externa e às emoções (positivas e negativas)
que exigem adaptação. Um mínimo de stresse é necessário: a sua
total ausência tende a fazer desaparecer a motivação e a gerar um
tédio insuportável. Além disso, representa também uma resposta
útil do nosso organismo, como reação de alarme ou de defesa. Mas
o nível mínimo a que nos referimos é muito variável e depende de
cada pessoa. Cada indivíduo apresenta, face a uma situação que o
ameaça, um limiar de reação que lhe é próprio e que depende do
seu estado de saúde, das experiências anteriores, da estrutura da
sua personalidade e do tipo e grau de integração social, que lhe
permite, eventualmente, encontrar apoio nos membros da sua
família, nos amigos e noutras relações interpessoais. No entanto,
seja em que circunstância for, um stresse intenso e prolongado
é sempre nefasto.

Reações do corpo ao stresse


O organismo reage ao stresse, essencialmente, através da tonifi-
cação do sistema nervoso autónomo e do aumento da secreção
de determinadas hormonas, principalmente a hidrocortisona e
a adrenalina, o que leva à aceleração do rimo cardíaco e à vaso-
constrição (estreitamento do diâmetro das artérias), elevando a
pressão sanguínea. Verificam-se, ainda, condições propícias ao
aparecimento de aterosclerose: a ação sobre as plaquetas (células
que desempenham um importante papel na coagulação sanguí-
nea), a mobilização de lípidos e a sua libertação para a circulação
levam, com a continuidade, ao aumento dos depósitos de gordura
nas paredes dos vasos, estreitando-os e dificultando a circulação.
Alguns estudos mostraram que o efeito do stresse varia de pessoa
para pessoa. Cada indivíduo apresenta uma espécie de órgão-alvo
privilegiado. Assim, um determinado estímulo acelera, em certas
pessoas, o ritmo cardíaco, noutras, aumenta a tensão arterial e,
noutras, ainda, produz enxaquecas.

No plano psicológico, o stresse está ligado à ansiedade e à angústia.


Se o estado de stresse se mantiver durante um certo período de
tempo produzirá fadiga e, nas pessoas mais frágeis, pode levar a
uma síndroma denominada astenia crónica, ou seja, um estado
de “esgotamento”. Por todas as razões apontadas, o papel do
stresse e da sobrecarga emocional no aparecimento das doenças

128
A
Lidar com o stresse

cardiovasculares, sobretudo no enfarte do miocárdio e na dete-


rioração das artérias coronárias, é comummente aceite.

Identificar o excesso de stresse


O nível ótimo de stresse, que nos torna mais aptos e eficazes, sem
nos fazer “morrer” de tédio nem sucumbir ao excesso, varia muito
de uma pessoa para outra. Assim, dentro de certos limites, todos
podem escolher o nível de stresse que melhor se adapte à sua
personalidade, ou seja, o ponto a partir do qual terão de tomar
ATENÇÃO
algumas medidas para reverter a situação. AOS SINAIS
DE STRESSE
Como é evidente, existem acontecimentos ocasionais ou quotidianos Estas mudanças
que causam stresse e são inevitáveis — ou dificilmente evitáveis são, geralmente,
—, quer se trate da morte de um parente ou dos engarrafamentos notadas pelos
outros, antes que
que todos os dias se apanham a caminho do emprego. Mas, face a a própria pessoa
esses acontecimentos, podemos aprender a conhecer-nos melhor se dê conta delas
e, portanto, a controlar melhor as nossas reações. Infelizmente, e aceite levá-las a
esse desejo aparece, por vezes, demasiado tarde — quando já se foi sério:
– irritabilidade
vítima de um sinal de alerta ou de um ataque cardíaco. A verdade (anormal) pouco
é que todos, doentes cardíacos ou não, podem tirar partido das habitual;
técnicas de controlo ou de gestão do stresse. – aumento do
consumo diário de
bebidas alcoólicas
Muitas vezes, recusamo-nos a prestar atenção aos sinais (veja a e/ou de cigarros;
caixa Atenção aos sinais de stresse) que nos avisam de que estamos – perda de apetite
a ser submetidos a um excesso de stresse. ou, pelo contrário,
um desejo
permanente de
comer alguma
coisa, o que se
traduz, de uma
forma ou de outra,
numa alteração do
peso;
– perturbações do
sono;
– dores de cabeça;
– dores de barriga;
– diarreia ou
obstipação;
– modificação do
comportamento
social.

As insónias podem ser um sinal de stresse.

129
A
Hipertensão

Uma vez reconhecido e assumido o excesso de stresse, uma das


primeiras coisas a fazer é determinar a(s) sua(s) causa(s). Poderá
tentar fazê-lo sozinho, embora seja aconselhável falar também
com um amigo próximo ou um parente que não esteja diretamente
implicado na sua vida quotidiana. Por vezes, muitas pequenas
causas podem ter um efeito mais devastador do que um só acon-
tecimento perturbador. Algumas situações poderão ser alteradas
ou irão resolver-se com o tempo, outras não. É evidente que se
trata, aqui, de estimativas totalmente pessoais e para as quais cada
um deve recorrer à sua própria experiência.

A ajuda psicológica
Se não conseguir encontrar uma solução, procure ajuda de um
profissional. Quer se trate de um assistente social, de um psicólogo
ou de um médico, o importante é que possa estabelecer com ele
uma relação de confiança. Não hesite em mudar caso considere
que não está a ajudar, porque a qualidade da relação é primordial.

Para algumas pessoas, pedir ajuda a alguém é sinónimo de fra-


queza. Mas a verdade é que a recusa de ajuda exterior significa,
quase sempre, medo de reconhecer as suas próprias limitações.
É evidente que cada situação tem características particulares,
mas o simples facto de poder discutir os seus problemas com
uma pessoa atenta e competente poderá dar-lhe um grande
apoio. Quanto à eficácia deste tipo de tratamento, relembra-
mos os resultados de duas experiências efetuadas no âmbito da
Organização Mundial de Saúde. Na primeira, metade dos pacientes
foram tratados com benzodiazepinas (um ansiolítico) e a outra
metade com uma psicoterapia ligeira (escuta, discussão e acon-
selhamento). Na segunda, três grupos de pacientes tomaram
tranquilizantes, enquanto o quarto grupo recebeu apenas, sem
o saber, um placebo (substância neutra desprovida de qualquer
princípio ativo). Conclusão: o aconselhamento psicológico e o
placebo foram tão eficazes quanto os medicamentos. Mais: os
pacientes que se revelaram mais satisfeitos foram os que tinham
seguido a psicoterapia.

As duas formas de intervenção psicoterapêutica mais utilizadas


para combater o stresse são a terapia cognitiva e a comportamental.

130
A
Lidar com o stresse

Terapia cognitiva
Destina-se não só a modificar o padrão de com-
portamento do indivíduo, como também a fazê-lo
aceitar a responsabilidade pelos seus atos. As pes-
soas têm memórias seletivas que podem reforçar
uma visão negativa da vida. Ao alterar atitudes,
ideias e expectativas, a terapia cognitiva pode
ajudá-las a aceitar a responsabilidade pelo seu
comportamento. No início da terapia, os doentes
mantêm um diário, onde anotam os seus pensa-
mentos negativos, e aprendem a relacioná-los,
por exemplo, com sentimentos de ansiedade e
depressão. Em seguida, olham para as evidências Poderá ser necessária
ajuda profissional para
a favor e contra os pensamentos negativos e procuram substitui-los lidar com o stresse.
por ideias mais firmemente enraizadas na realidade. Após algum
tempo, a pessoa aprende a identificar e a ignorar e, em última
análise, a modificar convicções negativas bastante arreigadas.

Terapia comportamental
Visa a aprendizagem de estratégias eficazes de combate à ansiedade,
substituindo comportamentos e atitudes. Pode ser mais eficaz para
problemas específicos do que os medicamentos. No princípio do
tratamento, os terapeutas identificam as situações que desenca-
deiam, mantêm ou agravam o stresse e os comportamentos que
a pessoa deve modificar. Para tal, podem ser usadas diferentes
técnicas, como a aprendizagem de hábitos sociais simples (iniciar
uma conversa, por exemplo) que podem levar a que o indivíduo
se sinta mais descontraído e confiante quando em companhia de
alguém. Esta técnica pode implicar ter de desempenhar o papel
diante de uma câmara de vídeo. Ao visualizarem a gravação,
os visados podem ver como as coisas acontecem, e não como
pensam que acontecem.

A terapia comportamental pode ajudar, principalmente, pessoas


que sofram de fobias específicas, ansiedades e problemas sexuais,
assim como tendências agressivas, falta de afirmação pessoal, doen-
ças alimentares, alcoolismo e abuso de drogas, perturbações rela-
cionadas com o sono, mas também doenças crónicas, incluindo
hipertensão, asma e enxaquecas.

131
A
Hipertensão

Medicação em fases agudas


Em casos de stresse agudo, o médico poderá receitar-lhe medi-
cação. Os tranquilizantes são medicamentos que agem sobre o
sistema nervoso. Acalmam a angústia e a ansiedade que muitas
vezes acompanham as crises graves de stresse. Relaxam os músculos
e alguns ajudam a dormir. Entre estes sedativos ou ansiolíticos,
os mais correntes são os derivados das benzodiazepinas.
Estes medicamentos poderão ser úteis e necessários em certas cir-
cunstâncias difíceis, mas devem ser usados durante um período curto
(no máximo, um mês) e só sob aconselhamento e acompanhamento
médico. Alguns efeitos secundários podem, entretanto, começar a
manifestar-se. Além disso, causam dependência. Os principais efei-
tos secundários das benzodiazepinas são os seguintes: sonolência,
vertigens, fadiga, fraqueza muscular, euforia e, especialmente em
casos de utilização muito prolongada, diminuição das faculdades
da memória e concentração ou mesmo confusão mental. Estes
efeitos têm consequências mais importantes nas pessoas idosas.
Por outro lado, as benzodiazepinas podem agravar uma depressão
ou, pelo contrário, embora mais raramente, induzir um compor-
tamento agressivo.

A dependência das benzodiazepinas constitui um problema impor-


tante. A dependência psicológica manifesta-se pela procura dos
efeitos euforizantes. A dependência física surge mesmo com doses
normais e, por vezes, logo desde a terceira semana de tratamento,
embora isso possa variar de pessoa para pessoa. Nos casos de
interrupção brusca aparecem insónias, perda de apetite, náuseas,
tremores e palpitações. Estes sintomas podem durar até três sema-
nas. É por isso que se recomenda não interromper bruscamente o
tratamento, mas diminuir as doses progressivamente, com acom-
panhamento médico.
Com o tempo, pode surgir um efeito de tolerância. Nesse caso,
o medicamento deixa de agir eficazmente sobre a angústia e a
ansiedade, criando a necessidade de aumentar a dose (e, con-
sequentemente, aumentando os riscos) para se obter o mesmo
efeito terapêutico.

Também podem ser usados antidepressivos, o que está indicado,


por exemplo, para pessoas com crises de pânico, ansiedade cró-
nica generalizada e estados de ansiedade associados a depressão.
Estes tratamentos devem ser prescritos pelo médico e mantidos
durante meses, com acompanhamento.

132
A
Lidar com o stresse

Vai um chazinho para acalmar?


•• A raiz da angélica, em tisana
(10 a 30 gramas de pó para
1 litro de água) ou simples-
mente em pó, é aceite como
tendo efeito nas perturba-
ções relacionadas com o
stresse, a irritabilidade e a
angústia.
•• A infusão de lúpulo, na dose
relativamente elevada de
45 gramas por litro (que não
deve ultrapassar), tem um
efeito sedativo.
•• A tília, de uso muito difun-
dido, é reconhecida pelas
suas propriedades calman-
tes. Uma infusão de vale-
riana (10 a 30 gramas para
1 litro de água) tem efeito
sedativo e ligeiramente
hipnótico.

Como enfrentar o stresse?


Uma vida saudável melhora as nossas defesas. É também importante
investir numa rede social que possa constituir um apoio na gestão
de circunstâncias adversas que causam um certo nível de stresse.

Noites tranquilas
Procure dormir o suficiente, mas não demasiado! As situações de
conflito geram, muitas vezes, perturbações do sono e, durante a
noite, os pequenos problemas (e, forçosamente, também os grandes)
assumem, por vezes, proporções exageradas. Para descansar bem,
evite os jantares muito pesados e não tome bebidas excitantes a
partir do meio da tarde (chá, café, bebidas de cola, etc.). Procure,
de acordo com as suas preferências e disponibilidade, atividades
relaxantes antes da hora de deitar, como, por exemplo, leitura,
música (suave!), jogos de paciência ou um passeio pelo bairro.

133
A
Hipertensão

Risque definitivamente da sua


lista os medicamentos para dor-
mir. Estes só devem ser tomados
quando prescritos pelo médico e,
mesmo assim, de forma pontual
e limitada. É verdade que alguns
medicamentos têm poucos efeitos
secundários, mas continuam a
ser suscetíveis de provocar um
círculo vicioso de habituação.

Comer bem
Procure manter uma dieta alimen-
tar equilibrada. Em períodos de
grandes preocupações profissio-
nais ou familiares, é normal que
não se tenha grande “cabeça”
para planear a alimentação.
No entanto, basta diminuir a
Substitua os
quantidade diária de gorduras, de açúcares e de álcool para que medicamentos para
a condição física melhore e aumentem as hipóteses de enfrentar dormir por uma
atividade relaxante
com sucesso as circunstâncias difíceis. Mas, como é evidente, a dieta antes de adormecer.
não deve funcionar como mais uma fonte de stresse! Introduza
as mudanças de forma progressiva e, caso seja necessário, peça
ajuda aos que o rodeiam.

Planificar o dia-a-dia
Apesar de nem sempre ser possível modificar radicalmente o modo
de vida, pode-se, pelo menos, organizá-lo de forma mais racional.
Por exemplo, fazer as compras essenciais uma só vez por semana
ou, melhor ainda, por mês; diminuir as idas e vindas para levar e
trazer as crianças de atividades, eventualmente partilhando essa
tarefa com outros pais; tomar as medidas necessárias para facili-
tar a arrumação e a limpeza da casa. Há sempre mais vantagens
em organizar o tempo do que em deixar-se dominar por ele. Por
isso, dedique alguns minutos, diariamente, a refletir sobre o dia
que passou e a programar o seguinte. Dessa forma, poderá evitar
algum cansaço e enervamentos inúteis.

134
A
Lidar com o stresse

Mexa-se, nem que seja


só um bocadinho
Encontre uma maneira de fazer algum exercício físico, na forma
que for, para si, mais agradável (veja o capítulo dedicado ao tema,
a partir da página 118). Os cardiologistas estão de acordo em afirmar
que os efeitos desastrosos do stresse acumulado podem ser subs-
tancialmente reduzidos através da exteriorização da agressividade
em locais onde não faça mal a ninguém. A prática de um desporto
é, para isso, um terreno de eleição. Além de ser uma ótima forma
de gastar o açúcar e as gorduras, o esforço físico também permite
pôr em ação as “hormonas da ira”. Assim, em caso de stresse
acumulado, haverá uma secreção reduzida dessas hormonas. Por
outro lado, aumentam os neurotransmissores que proporcionam
uma sensação de bem-estar.

Relaxar e melhorar
as defesas mentais
Existem muitas técnicas de relaxamento e bem-estar. Lembre-se
de que o melhor método é aquele com que a pessoa se sente
mais à vontade. Para lá das modas, essas diferentes técnicas
permitem, geralmente, obter um melhor conhecimento de si
mesmo e, sobretudo, do próprio corpo. O importante é que a
técnica lhe agrade e, principalmente, que a possa praticar com
regularidade. Um bom relaxamento de vez em quando pode ser
muito benéfico.

Massagem
A massagem é uma das técnicas mais antigas para alívio do stresse — e
continua a ser uma das mais eficazes. Os massagistas afirmam que
as massagens podem ser úteis no alívio de numerosas perturbações
relacionadas com o stresse, incluindo dores de cabeça provocadas
pela tensão, fadiga e dores nas articulações. No entanto, o benefí-
cio mais importante da massagem talvez consista em obrigá-lo a
reservar algum tempo para si mesmo — o que ajuda bastante no
combate ao stresse.

135
A
Hipertensão

As regras de ouro
do relaxamento muscular
A tensão muscular é um sintoma comum do stresse: o pescoço
fica rígido; os maxilares comprimem-se; agarramos as coisas
como se elas nos fossem fugir. Ora, a tensão muscular aumenta o
stresse e é necessário combatê-la com todas as medidas ao seu
alcance.
Qualquer que seja a técnica que utilize, algumas regras simples vão
ajudá-lo a tirar o melhor proveito das sessões de relaxamento:
– procure treinar o relaxamento todos os dias. A melhor ocasião
é logo de manhã, enquanto a casa ainda está sossegada. Ponha o
despertador para meia hora mais cedo;
– evite fazer os exercícios à noite. Provavelmente não conseguirá
concentrar-se tão bem e poderá adormecer, em vez de relaxar;
– feche os olhos;
–desligue o telemóvel ou ponha-o no silêncio;
– não tente relaxar com o estômago cheio. Depois de uma refeição,
o sangue aflui dos músculos para o estômago. Tentar relaxar os
músculos com o estômago cheio pode provocar cãibras. Além disso,
os exercícios de relaxamento aumentam a consciência das funções
musculares. Um estômago cheio pode ser uma distração;
– procure um quarto sossegado e uma cadeira confortável ou deite-
-se. A cadeira deve apoiar as suas costas. Se se deitar, coloque
almofadas sob o pescoço e os joelhos;
– procure estar confortável. Tire os sapatos e use roupa larga.
Desligue as luzes muito fortes. O quarto não deve estar nem muito
quente nem muito frio;
– ouça a sua música favorita. Para muitas pessoas, a música ajuda a
relaxar e diminui as interrupções. Mas o som não deve estar muito
alto;
– fique calmo: não se preocupe se não se sentir suficientemente
descontraído;
– concentre-se na respiração. Para relaxar bem, é necessário respi-
rar profunda e lentamente;
– ponha uma mão no peito e outra no abdómen. Respire normal-
mente. Talvez note – especialmente se estiver tenso – que a mão
sobre o peito se move, enquanto a que está sobre o abdómen não
se mexe. Quando relaxa, a mão sobre o abdómen deve subir e des-
cer, enquanto a outra se mantém quase quieta;
– não desista. Em certos dias conseguirá resultados melhores do
que noutros. Ao fim de algum tempo, as sessões de relaxamento
passarão a fazer parte da sua vida. Mas é preciso perseverar.

136
A
Lidar com o stresse

Ioga
Visa uma integração física, mental e espiritual que é tão benéfica para
o domínio do corpo como da mente. A técnica recorre a uma série
de posturas que exigem um estiramento salutar dos músculos e a
concentração mental durante a sua execução. Também conhecidas
como asanas, estas posturas envolvem uma respiração correta e o
uso adequado do corpo com um mínimo de esforço e de tensão.
Os praticantes de ioga defendem que a técnica reforça as defesas
contra o stresse e evita o resvalamento para uma saúde precária.

O ioga deve ser praticado num ambiente tranquilo, aquecido e


arejado. Use roupa confortável e não leve o estômago cheio. Para
uma aprendizagem correta são necessárias aulas e, idealmente,
uma prática diária de 20 a 30 minutos.

A prática de ioga é
eficaz no combate
ao stresse.

Meditação
Na sua forma clássica, consiste em sentar-se serenamente num
tapete, de olhos fechados e com as pernas cruzadas, e concentrar-
-se na sua respiração ou numa frase, durante 20 a 30 minutos,
duas vezes por dia. Na meditação transcendental (MT), as sessões
têm 15 a 20 minutos. Os seus defensores argumentam que esses
minutos são extremamente compensadores, porque os praticantes
acabarão por conseguir realizar mais coisas com menos esforço.

137
A
Hipertensão

Para meditar, experimente sentar-se confortavelmente no chão, com as pernas cruzadas.


Mantenha as costas direitas e os braços descontraídos. As mãos não devem agarrar os joelhos,
mas antes apoiar-se sobre eles.

Depois de algum tempo, a meditação transforma-se numa estra-


tégia para vencer o stresse.

Para aprender a praticar a MT corretamente, necessitará da ajuda de


um instrutor. Entretanto, experimente o exercício que lhe propomos:
——procure um local calmo e isolado;
——sente-se confortavelmente. Não é necessário adotar a clássica
posição do lótus, mas convém respeitar alguns princípios (veja a
foto acima e a respetiva legenda);
——respire profundamente, utilizando o abdómen. Concentrando-se,
poderá aprender a respirar lenta e regularmente, mesmo em situa-
ções de elevado stresse;
——precisa agora de concentrar a sua atenção. Use uma frase sig-
nificativa para si, uma expressão ou uma imagem (uma chama,
por exemplo). Manter a concentração durante 20 minutos é mais
difícil do que parece. É provável que a sua mente se ponha a diva-
gar. Esqueça essas distrações e procure concentrar-se. Mas tente
não se zangar consigo mesmo se não estiver a conseguir. Se tiver
dificuldade, comece por períodos mais curtos e vá aumentando
em cada sessão.

138
A
Lidar com o stresse

Curas termais
Se não aguenta mais, por que não dissolver o stresse na água?
Na verdade, o que não falta são estações termais e outras instala-
ções de repouso e bem-estar. Este tipo de cura é sempre benéfico,
sobretudo quando acompanhado por uma mudança de ares, uma
dieta apropriada e tratamentos adicionais: massagens, ginástica,
banhos de algas ou de argila. Infelizmente, tudo isto se paga e o
efeito é provisório… a não ser que, ao voltar para casa, resolva
pôr em prática as medidas de que falamos neste guia.

Cuidado com os falsos amigos


O tabaco, o álcool, os calmantes e as drogas apenas lhe proporcio-
nam um ilusório e temporário relaxamento. Os seus efeitos negati-
vos, infelizmente, costumam ser bastante mais duradouros e reais.
Por exemplo, apesar de os fumadores se sentirem mais relaxados
e menos stressados depois de fumarem um cigarro, essa sensa-
ção de relaxamento deve-se ao alívio dos efeitos da dependência.
Após algumas horas sem fumar, começam a sentir-se irritados e
sofrem alterações do humor, devido à ausência de nicotina. Fumar
repõe os níveis da substância no organismo. Como passam por este
processo milhares de vezes, é comum atribuírem aos cigarros o
alívio do stresse, sem consciência de que é a própria dependência
da nicotina que aumenta os níveis de stresse.

139
A

CAPÍTULO 10
Deixar de fumar
A
A
Hipertensão

Que o tabaco é prejudicial para o sistema cardiovascular, eis um


facto de que já ninguém duvida. O tabaco é a maior causa evitável
de doenças, e de mortes, nos países desenvolvidos. De acordo com
os dados mais recentes da Direção-Geral de Saúde, apenas no ano
de 2013 morreram mais de 12 mil pessoas em Portugal devido a
problemas relacionados com o tabagismo.
Fumar provoca um aumento agudo da pressão arterial e da fre-
quência cardíaca, que persiste por mais de 15 minutos. Vários
estudos demonstraram que os fumadores apresentam valores da
pressão arterial diária mais elevados do que os não-fumadores.
Além do impacto sobre os valores da tensão, o tabagismo, tal
como a hipertensão, é um importante fator de risco cardiovas-
cular, contribuindo para doenças como os acidentes vasculares
cerebrais, os ataques cardíacos, os enfartes e a doença arterial
periférica (nos membros).

O tabaco não causa apenas morte prematura, também afeta a saúde


e a qualidade de vida. Os fumadores são, de uma forma geral, menos
saudáveis do que os não-fumadores. Fumar compromete o sistema

Sabia que…
… cada cigarro tem mais de sete mil subs- das, causa perturbações sanguíneas, renais
tâncias nocivas ao organismo de fumadores e mentais;
ativos e passivos, entre as quais: – o cloreto de vinilo reduz a libido.
– a nicotina cria dependência, causa
náuseas, dores de cabeça e aumento da
pressão arterial. É usada em inseticidas;
– o alcatrão, o formaldeído, o benzeno,
o benzopireno, o cádmio, o níquel, o cloreto
de vinilo e o chumbo causam vários tipos
de cancro;
– o monóxido de carbono, a acetona,
o arsénio, o metanol e a amónia são tóxicos
ou irritantes e provocam doenças como
bronquite e asma;
– o polónio-210 é radioativo e cancerígeno;
– o tolueno causa danos no sistema
nervoso;
– o chumbo, metal tóxico que danifica as
terminações nervosas e, em doses eleva-

142
A
Deixar de fumar

imunitário, o que diminui a resistência do organismo às doenças


e dificulta os processos de cura. Aliás, segundo a Organização
Mundial da Saúde, a dependência de tabaco é, ela própria, uma
doença crónica. Portanto, deixar de fumar é o melhor que pode
fazer para proteger a sua saúde.

Deixar de fumar proporciona-lhe uma série de benefícios:


——a sua saúde começa a melhorar logo na primeira hora de aban-
dono tabágico;
——terá mais dinheiro para outras coisas;
——sentir-se-á melhor consigo próprio por não estar dependente
do tabaco;
——a sua família e amigos deixarão de inalar o fumo dos seus cigarros;
——o mau hálito e as manchas amarelas nos dentes desaparecem;
——o seu paladar e olfato melhorarão, bem como a sua resistência
para o desporto;
——acabará com o cheiro a tabaco na roupa, no carro, em casa, etc.;
——os sintomas respiratórios, como a tosse, melhoram.

Outros benefícios demoram mais tempo a manifestar-se, por vezes


mesmo alguns anos. Por exemplo, o risco cardiovascular só será
semelhante ao dos não-fumadores ao fim de cinco a dez anos.

Sucesso em 8 etapas
Deixar de fumar é um processo difícil, mas possível. Por vezes,
alguns acontecimentos levam a mudanças radicais de compor-
tamento e os fumadores são “obrigados” a abandonar o vício.
A doença é um motivo comum para esta decisão forçada. No
entanto, quando a mudança acontece de forma voluntária, a
decisão é tomada após um processo habitualmente marcado por
sucessivos avanços e recuos. Não raras vezes, o conflito entre a
vontade de fumar e a decisão de não o fazer gera ansiedade, con-
tribuindo para manter, ou até aumentar, o consumo de tabaco.
Por isso, prepare-se!

Como fumar provoca dependência física e psíquica, é preciso,


primeiro que tudo, estar consciente de que os sintomas de priva-
ção se farão sentir imediatamente após o último cigarro e estar
preparado para lutar.

143
A
Hipertensão

1.º passo: a motivação

O processo de cessação tabágica começa pela motivação. Esta é a


única condição imprescindível para deixar de fumar, sem a qual
nem com todas as ajudas possíveis conseguirá fazê-lo. E para se
motivar tudo serve. Faça um pequeno exercício. Quais os motivos
que justificaram a sua decisão de parar de fumar? Pense neles,
independentemente de quais sejam: poupar dinheiro, cuidados
com a saúde, o nascimento de um filho, qualquer um. Faça uma
lista com esses motivos e guarde-a na carteira, para que ande
sempre consigo. Quando sentir a motivação a fraquejar, releia-a.
De certeza que lá encontrará razões mais do que suficientes para
evitar uma recaída.

2.º passo: marcar a data

O segundo passo é agendar o dia em que irá deixar


de fumar, o chamado “dia D”. Ao estabelecer uma
data exata, está a criar um compromisso com a sua
decisão. Esta data nunca deve ultrapassar os 30
dias após a tomada de decisão. Um mês é mais do
que suficiente para se preparar e passar à ação e,
caso seja necessário, para procurar ajuda médica,
por exemplo, agendando uma consulta de cessação
tabágica num centro de saúde ou num hospital.
Marcar uma data para o dia D a mais de 30 dias
de distância dá-lhe tempo para improvisar alguma
forma de escapar ao compromisso e mudar de Marque na sua agenda
o dia em que deixará
ideias acerca de deixar de fumar. O ideal é que a de fumar.
data calhe num fim de semana ou num período
de férias. Nestas alturas, o stresse é menor ou
mesmo inexistente, e tudo será mais tranquilo.
Por outro lado, pode ser mais difícil cumprir a
abstinência numa data festiva, portanto é preferível
evitá-las ou facilmente surgirá a desculpa do “é só
hoje”… Escolhida a data do dia D, registe-a “preto
no branco”. Marque-a também no calendário de
casa, do trabalho e do telemóvel e estabeleça um
forte compromisso de deixar de fumar naquele
dia! Vá ainda mais longe: anuncie a data em que
deixará de fumar; diga-o a toda a gente. Os colegas
de trabalho não deixarão passar em falso, os fami-
liares estarão alerta para uma eventual recaída e

144
A
Deixar de fumar

seguramente não vai querer “ficar mal na fotografia”… E que tal


convencer a sua cara-metade a deixar de fumar também? Ou o
seu melhor amigo? Em conjunto, será mais fácil…

3.º passo: preparar o dia D

Agora que já marcou a data, prepare-se para o grande dia. Decida


como irá proceder: deixa o tabaco na gaveta ou deita-o no lixo?
Fuma um último cigarro de manhã ou deixa de ser fumador ao
bater das 12 badaladas da meia-noite? Não existe uma forma ideal
de deixar de fumar. A maioria dos fumadores prefere um corte
radical, de um dia para o outro, em vez de uma redução progressiva
do consumo de tabaco. No entanto, reduzir lentamente a quan-
tidade de nicotina no organismo permite diminuir os sintomas Fumar apenas quando
toma café é um dos
associados à abstinência quando chegar o dia D. truques para reduzir o
consumo até ao dia D.
Há alguns truques para isso. Nas semanas que
antecedem o dia D, que tal atrasar progressiva-
mente o primeiro cigarro do dia? Outra forma é
ter menos cigarros consigo. Diariamente, saia de
casa com os cigarros contados e resista à tenta-
ção de se abastecer ao longo do dia. Assim, será
obrigado a espaçar os cigarros que fuma. Uma
terceira hipótese é definir, por exemplo, que só
fuma quando bebe café… ou que não fuma de
todo quando bebe café; e quem diz café diz outros
momentos do dia predefinidos!

Como já dissemos, muitos fumadores não conseguem parar, nem


sequer reduzir o consumo, sem apoio. Falar com um médico ou
um farmacêutico ajuda a decidir qual o método mais indicado,
em que dosagem e em que forma de administração. Os substitutos
de nicotina (gomas para mascar, pastilhas para chupar e sistemas
transdérmicos) são de venda livre, mas outros medicamentos só
podem ser adquiridos com receita médica.

Outra atitude importante para planear o dia D passa por tirar de


casa todos os objetos associados ao tabaco, tais como fósforos,
cinzeiros e isqueiros. Aliás, o ideal é fazê-lo em casa, no carro e no
trabalho. A menos que tenham um valor sentimental realmente
forte, mantê-los não é benéfico e pode proporcionar uma recaída:
deite-os fora. Deixar de fumar não é uma questão de sorte, mas
sim de planeamento e de compromisso.

145
A
Hipertensão

4.º passo: abandonar o tabaco

O dia D chegou. E agora? Agora é preciso, simplesmente, deixar


de fumar. É muito importante resistir à tentação de “só mais um
cigarro” ou mesmo de “uma última ‘passa’” para marcar o fim
do vício. Simplesmente, diga adeus ao tabaco não fumando mais.
E ponto final. Os primeiros sintomas da abstinência não tardam,
e tem de estar preparado: vai sentir-se mais irritado, stressado,
é provável que ganhe algum apetite, sentirá certamente algum
vazio quando for tomar um café… ou seja, momentos favoráveis
à recaída não vão faltar. Para se manter forte, é importante ter
em mente o trabalho de preparação já feito e usar todas as fer-
ramentas possíveis para combater os sintomas: usar técnicas de
relaxamento e controlar a respiração para reduzir o stresse; arranjar
um passatempo novo; praticar exercício físico; evitar pessoas que
estejam a fumar e todas as situações que podem desencadear a
vontade de fazer o mesmo, beber mais água (por exemplo, sempre
que lhe apetecer um cigarro, beber um copo de água); manter o
dinamismo e a atividade.

5.º passo: a determinação

Depois de decidir deixar de fumar, e de o fazer, o quinto passo deste


processo é continuar sem fumar. Para isso, precisa de determinação
e muita força de vontade. Saiba que haverá sempre momentos em
que vai sentir uma grande vontade de fumar, e é nessas alturas
que deve pensar que essa vontade apenas durará alguns minutos
e que é capaz de resistir. Será difícil nos primeiros dias, mesmo
nas primeiras semanas, mas com o passar do tempo o desejo de
fumar irá ser cada vez menor, até que eventualmente se libertará
da dependência. Recapitulemos algumas estratégias para evitar
cair em tentação:
——identificar e evitar situações de risco e estímulos que acentuem
a vontade de fumar;
——treinar antecipadamente abordagens práticas para ajudar a lidar
com a vontade de fumar (respirar fundo, beber água, andar, tele-
fonar a um amigo, entre outras);
——reduzir ou eliminar comportamentos que estejam associados
ao consumo de tabaco, como o café e o álcool, substituindo essas
bebidas por sumos naturais, chá descafeinado ou infusões sem
açúcar;
——evitar o contacto frequente com pessoas que estejam a fumar;
——adotar um estilo de vida mais ativo e saudável.

146
A
Deixar de fumar

6.º passo: um dia de cada vez

Deixar o tabaco é uma batalha que se ganha dia a dia e, por isso,
não se convença de que nunca mais vai voltar a fumar. Pense, isso
sim, nas vantagens de não fumar neste preciso momento e lute
por passar o dia de hoje sem ceder ao vício. Procure pensamentos
positivos e agarre-se aos motivos que o levaram a deixar de fumar.
Está na hora de ler e reler a lista que fez sobre o que tem a ganhar
com a sua decisão.

7.º passo: combater o aumento de peso

Parar de fumar pode aumentar o apetite, principalmente nas


primeiras semanas. A nicotina suprime o apetite e aumenta ligei-
ramente o metabolismo basal. Quando o organismo deixa de ter
nicotina, é como se regressasse ao seu funcionamento normal.
Assim, faz parte do processo lidar diretamente com este problema,
uma vez que o aumento de peso que geralmente ocorre em quem
deixa de fumar pode constituir um forte obstáculo ao sucesso da
cessação tabágica.

Ao deixar de fumar pode esperar ganhar cerca de três a quatro


quilos de peso, algo que não é mais do que o corpo a voltar ao
seu funcionamento normal. Uma decisão acertada passará por
aumentar o nível de atividade física diária (veja o capítulo sobre
exercício físico). Também a alimentação pode e deve sofrer ajustes:
é importante ser regrado, comendo a cada três horas, aumentando
o consumo de fruta e vegetais e reduzindo a ingestão de fritos e
doces. Em caso de dificuldade, o ideal é pedir o apoio do médico Quando conseguir
deixar o vício,
de família ou de um nutricionista. ofereça-se algo
especial.
8.º passo: a recompensa

O processo de deixar de fumar é


difícil, e o oitavo e último passo é
a recompensa pelo esforço feito.
É verdade que a principal com-
pensação por deixar de fumar
é a melhoria da sua saúde, mas
isso não significa que não mereça
um mimo… Guardar diariamente
o dinheiro que teria gasto em
tabaco num local visível ajuda

147
A
Hipertensão

Linhas de apoio
Existem vários serviços gratuitos de aconselhamento para quem
quer deixar de fumar, alguns apenas à distância de um clique ou
até de um simples telefonema. O aconselhamento telefónico é uma
das alternativas mais baratas para ter acesso a este tipo de apoio
individual. Deixamos-lhe aqui alguns contactos.
•• A Linha SOS Deixar de Fumar (808 20 88 88) tem como principal
missão informar sobre o tabagismo e os seus malefícios, assim
como aconselhar e apoiar os fumadores que querem abandonar o
vício. Do outro lado da linha está uma equipa de técnicos de saúde
devidamente formados e da responsabilidade do Instituto Nacio-
nal de Cardiologia Preventiva. O atendimento tem o custo de uma
chamada local.
•• A Linha SNS 24 (808 24 24 24) é o canal de acesso ao Ser-
viço Nacional de Saúde e dispõe de um serviço específico para
quem quer deixar de fumar, com conselhos e acompanhamento.
O atendimento está disponível 24 horas por dia e tem o custo de
uma chamada local.
•• Pode também informar-se com o seu médico assistente.

a manter-se focado no seu objetivo, principalmente se essa pou-


pança for feita com um propósito. Pense em algo que lhe dê prazer,
e faça-o. Por exemplo, mensalmente, compre um livro, desfrute de
um jantar fora ou invista num novo passatempo saudável (compre
uma bicicleta ou uma prancha de surf, por exemplo). A longo
prazo, se não gastar o dinheiro, poderá fazer uma viagem, perder
a cabeça com uns sapatos caros ou comprar uma mota! Vejamos
um exemplo simples: se fumar um maço de tabaco de 4,30 euros
por dia, ao fim de meio ano terá poupado mais de 750 euros e ao
fim de um ano mais de 1500 euros! Ao fim de cinco anos, são mais
de sete mil euros! O que faria com sete mil euros?

Complementos à motivação
Se a motivação e as várias sugestões que lhe deixámos não forem
suficientes para atingir com sucesso o objetivo de deixar de fumar,
considere a possibilidade de marcar uma consulta médica de cessação
tabágica ou pedir um aconselhamento na farmácia sobre os diversos

148
A
Deixar de fumar

medicamentos que ajudam a reduzir os sintomas de abstinência


e a largar o hábito. O recurso a medicamentos é especialmente
importante para fumadores com um consumo médio superior
a dez cigarros por dia e com um elevado grau de dependência.

Substitutos de nicotina
Gomas para mascar, pastilhas de chupar e adesivos são a forma
adotada pelos produtos de substituição de nicotina, que também
podem contribuir para atrasar o aumento de peso associado ao
abandono do tabaco. Existem, ainda, medicamentos que facilitam
o processo de cessação tabágica. Nestes casos, e até ao dia D, há um
período em que o fumador recorre em simultâneo à medicação e
ao consumo de cigarros. À medida que a medicação vai fazendo
efeito, vai reduzindo o número de cigarros de forma quase involun-
tária, já que o grau de satisfação com o consumo vai diminuindo.

Adesivos e pastilhas
com nicotina ajudam a
largar o vício.

Cigarros eletrónicos
Muito em voga estão também os cigarros eletrónicos. Mas os estu-
dos sobre a eficácia e eventuais consequências do seu consumo
ainda são limitados.

Em setembro de 2013, a revista Lancet publicou um estudo que


compara a eficácia dos e-cigarros com os adesivos de nicotina
no processo de cessação tabágica. Mais recentemente, a organi-
zação internacional Cochrane fez uma revisão de vários estudos
sobre a utilização dos cigarros eletrónicos na cessação ou redução

149
A
Hipertensão

tabágica e concluiu que a utilização de e-cigarros com nicotina é


mais eficaz a reduzir o consumo a longo prazo do que a dos que
não têm nicotina. No entanto, não foi possível determinar se a
utilização destes cigarros num prazo de dois anos é mais eficaz
do que usar um adesivo de nicotina, nem se aumentam os riscos
para a saúde quando comparados com o risco que correm os
fumadores regulares.

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem divulgado


alguns estudos que comprovam que o vapor libertado pelos cigarros
eletrónicos não contém apenas vapor de água, como anunciam
os fabricantes. Neste vapor estão componentes que aumentam
o nível de partículas, de substâncias tóxicas e de nicotina no ar,
o que, em ambientes fechados, significa uma maior exposição e
riscos para a saúde. Por isso, a OMS aconselha os consumidores
a evitarem este tipo de produtos até que sejam realizados mais
estudos.

Relativamente à legislação, apenas define regras para os cigarros


eletrónicos que contêm nicotina. Os que têm até 20 mg/ml de
nicotina são equiparados aos restantes cigarros e os que têm uma
concentração superior ou alegam propriedades curativas ou pre-
ventivas são considerados medicamento e um verdadeiro método
para deixar de fumar. Por enquanto, em Portugal só existem os
primeiros. E têm de cumprir as mesmas regras que os cigarros

Os cigarros eletrónicos
têm menos químicos
nocivos do que o
tabaco.

150
A
Deixar de fumar

normais, nomeadamente no que respeita à proibição de uso em


espaços fechados e à venda a menores. Quanto aos segundos, além
da concentração de nicotina têm ainda de cumprir outros requi-
sitos comuns à generalidade dos medicamentos, nomeadamente
demonstrarem a sua eficácia e segurança em ensaios clínicos e
serem aprovados pelo Infarmed como terapia de substituição de
nicotina.

Com ou sem nicotina, o vapor que é inalado através destes cigarros


não contém monóxido de carbono ou alcatrão e apresenta menos
químicos nocivos do que o tabaco. Contudo, de acordo com um
estudo realizado em 2013 pela revista francesa 60 millions de con-
sommateurs, podem libertar substâncias potencialmente cancerí-
genas, como o formaldeído ou a acroleína, uma molécula tóxica.
Este estudo aponta ainda para outros problemas de segurança do
próprio produto, como falta de uma rolha em certas recargas, que
põe o utilizador em perigo de intoxicação por exposição cutânea,
e informação pouco fiável sobre ingredientes. Este segundo aspeto
foi confirmado por um segundo estudo, realizado pela associação
de defesa dos consumidores francesa Que Choisir.

151
ÍNDICE REMISSIVO
Hipertensão

A Catecolaminas����������������������������������������33
Acidente vascular Causas da hipertensão�������������26-35
cerebral������������������������������������������� 52, 54 Cebolinho������������������������������������������������� 86
Ácido úrico����������������������������������������������� 44 Chás������������������������������������������������������������133
Alcaçuz���������������������������������������������������������31 Cigarros (veja Tabaco)
Álcool (veja Bebidas alcoólicas) Cigarros eletrónicos����������������149-151
Aldosterona��������������������������������������������� 34 Coartação da aorta������������������������������33
Alecrim������������������������������������������������������� 86 Coentros��������������������������������������������������� 86
Alimentação���������������������������31, 78-115 Colesterol��������������������������������������������������75
Análises Cortisol��������������������������������������������������������33
à urina���������������������������������������������44, 53 Creatinina�����������������������������������������44, 53
ao sangue�������������������������������������44, 53 Crianças���������������������������������������������69-72
Aneurisma da aorta��������������������������� 54 Crise hipertensiva����������������������� 50, 55
Angina de peito���������������������������������������51 Curas termais����������������������������������������139
Angiotensina����������������������������59, 60, 61
Ansiolíticos����������������������������������������������132
Antagonistas dos D
canais de cálcio������������������59, 60, 61 Deixar de fumar������������������������142-151
recetores de angiotensina ���������59, Diabetes de tipo 2�������������������������������� 74
60, 61 Diagnóstico�������������������������������������38-47
Antidepressivos����������������������������������132 Diástole�������������������������������������������������������14
Aorta��������������������������������������������������� 33, 54 Dieta alimentar������������������78-115, 134
Aparelhos para medir Disfunção erétil������������������������������������� 54
a tensão�������������������������������������������20, 21 Diuréticos������������������������ 44, 59, 60, 89
Apneia obstrutiva do sono��������������32 Doentes crónicos������������������������� 73-75
Arteriosclerose������������������������������� 15, 74 Dormir ������������������������������������������������������133
Astenia crónica������������������������������������128
Aterosclerose�������������������������� 15, 46, 75
AVC (veja Acidente vascular E
cerebral) Eclampsia������������������������������������������66, 67
Ecocardiograma����������������������������������� 40
ECG (veja Eletrocardiograma
B e Holter)
Bebidas alcoólicas������������������������������� 30 Ecodoppler carotídeo����������������������� 46
Benzodiazepinas��������������������������������132 Efeito da bata branca����������������� 20, 38
Bicicleta����������������������������������������������������122 Eletrocardiograma������������������������41-43
Bloqueadores beta��������������������� 59, 60 Enfarte do miocárdio������������������������� 50
Ervas aromáticas������������������������ 85-88
Estragão ��������������������������������������������������� 86
C Exame oftalmológico ����������������������� 44
Calçado desportivo�����������������������������121 Exercício físico��������������������31, 118-125,
Carótidas��������������������������������������������������� 46 135

154
Índice remissivo

F IMC (veja Índice


Feocromocitoma����������������������������������33 de massa corporal)
Fitmap��������������������������������������������������������122 Impotência����������������������������������������������� 60
Frequência cardíaca�����������������������������14 Índice de massa corporal ���������������27,
Fumar (veja Tabaco) 28-29, 75
Função renal (veja Rins) Infância�����������������������������������������������69-72
Fundoscopia������������������������������������������� 44 Infusões����������������������������������������������������133
Inibidores da enzima de conversão
da angiotensina������������������59, 60, 61
G Insuficiência renal
Gengibre��������������������������������������������������� 86 (veja Rins)
Ginástica��������������������������������������������������124 Insulina�������������������������������������������������������� 74
Gorduras animais��������������������������������� 90 Ioga��������������������������������������������������������������137
Gravidez ���������������������������������� 59, 66-68

J
H Jogging�������������������������������������������������������121
Hemodiálise ��������������������������������������������53
Herança genética��������������������������26, 27
Hereditariedade������������������������������������26 L
Hiperaldosteronismo primário����� 34 Louro������������������������������������������������������������87
Hiperplasia����������������������������������������������� 34
Hipertensão��������������������������������16, 17, 38
da bata branca (veja Efeito M
da bata branca) Manjericão������������������������������������������������87
essencial���������������������������������������� 18, 26 MAPA (veja Monitorização
gestacional����������������������������������� 66, 68 ambulatória de pressão arterial)
mascarada����������������������������������� 20, 38 Marcha������������������������������������������������������120
primária������������������������������������������ 18, 26 Massagem����������������������������������������������135
secundária�������������������������������������17, 26 Medicamentos
renovascular����������������������������������������32 contra o stresse��������������������������������132
Hipertiroidismo������������������������������������� 34 na origem da hipertensão����������� 34
Hipotensão �������������������������������������� 18, 38 usados no tratamento���������� 58-63
Hipotiroidismo��������������������������������������� 34 Medição����������������������������������������������19-23
Holter ����������������������������������������������������������42 Meditação�����������������������������������������������137
Hortel������������������������������������������������������ 86 Menopausa����������������������������������������������27
Monitorização ambulatória
de pressão arterial��������������������������� 38
I
Idosos��������������������������������������������������26, 72
IECA (veja Inibidores da enzima N
de conversão da angiotensina) Natação����������������������������������������������������123

155
Hipertensão

O Sedentarismo �����������������������������������������31
Obesidade������������������������27, 30, 69, 75 Sexo��������������������������������������������������������������27
Olhos (veja Retina) Síndroma de Cushing ������������������������33
Onda de pulso��������������������������������������� 45 Sístole�����������������������������������������������������������14
Orégãos������������������������������������������������������87 Sódio������������������������������������������������������������53
Sono ����������������������������������������������������������133
Stresse������������������������������������31, 128-139
P Substitutos de nicotina������������������� 149
Perímetro abdominal������������������������� 30
Perturbações do sono��������������������133
Pílula contracetiva��������������������������������35 T
Planificação diária����������������������������� 134 Tabaco ��������������������������� 30, 33, 142-151
Plano alimentar DASH����������������������� 80 Tensão arterial��������������������������������14-23
Plantar ervas aromáticas ��������������� 88 máxima ���������������������������������������������������15
Poejo������������������������������������������������������������87 mínima �����������������������������������������������������15
Potássio���������������������������� 44, 53, 59, 89 Tensão muscular��������������������������������136
Pré-eclampsia��������������������������������66, 67 Terapia
Proteínas na urina�����������������������44, 53 cognitiva�������������������������������������������������131
Psicoterapia������������������������������������������� 130 comportamental�������������������������������131
Terceira idade (veja Idosos)
Termas������������������������������������������������������139
R Tetania ������������������������������������������������������� 34
Raça��������������������������������������������������������������27 Tiroide��������������������������������������������������������� 34
Radiografia do tórax��������������������������� 43 Tisanas������������������������������������������������������133
Receitas��������������������������������������������93-115 Tomilho��������������������������������������������������������87
Relaxamento �����������������������������135-139 Tranquilizantes��������������������������������������132
Retina �������������������������������������������������44, 53
Retinopatia hipertensiva������������������53
Rins�������������������������������33, 43, 53, 54, 73 U
Roda dos alimentos �����������������������������81 Ureia�����������������������������������������������������44, 53
Rotulagem����������������������������������������������� 83

V
S Valores normais����������������������������� 15-17
Sal����������������������������������14, 31, 80-85, 89 Velocidade de onda
Salsa ������������������������������������������������������������87 de pulso������������������������������������������������� 45
Sedativos������������������������������������������������132 Visão (veja Retina)

156
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