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Resenha acadêmica The Way of All Flesh de Adam Curtis

Jéssica Siqueira

The Way of All Flesh, de Adam Curtis, conta a história de Henrietta Lacks, que
morreu de câncer cervical em 1951, e como suas células levaram a avanços na pesquisa
médica. Antes da morte de Henrietta, as células foram extraídas de seu corpo e levadas
para o laboratório para cultivo com a esperança de encontrar uma cura para o câncer. Os
cientistas descobriram que as células estavam crescendo e se multiplicando de uma
forma que não podia ser controlada. Essas células, que passaram a ser conhecidas como
células HeLa.

É importante notar que este é um documentário antigo. Existem vários vírus que
podem causar alterações moleculares nas células que causam câncer. E sim, ainda
existem outras causas externas capazes de mutar células. Existem pesquisas com
células cancerígenas onde elas estão sendo geneticamente modificadas, irradiadas e
depois injetadas por via intradérmica, com a esperança de vacinar as pessoas contra o
câncer.

Com esse desenvolvimento acelerado, a demanda pelas células de Henrietta


aumentou rapidamente e elas foram colocadas em produção em massa. Em quase meio
século desde a morte de Henrietta, suas células ajudaram continuamente na pesquisa de
AIDS, câncer e até mesmo nos efeitos de substâncias tóxicas e radiação.

Deveria haver uma legislação para dar direitos a pessoa ou família de amostras
comercializadas de tecido, célula, órgão... em que não somente as multinacionais e
corporações privadas se beneficiem do lucro. O reconhecimento à família da
contribuição póstuma do falecido.

A história da família poderia ter sido mencionada com mais detalhes, ao invés de
apenas de forma superficial pois o ponto de vista cientifico e familiar podem ser bem
distintos.

O documentário confirma a visão de que o poder da ignorância e da superstição


não conhece limites. Ainda é capaz de observar que haja um grupo seleto de cientistas e
médicos que não se importam em cruzar os limites éticos.
É impressionante o quanto a ciência avançou, sendo catapultado pela descoberta
e uso subsequente dessas células, há algumas pesquisas que foram posteriormente
usadas por J. Salk para criar uma vacina contra a poliomielite.

O que foi feito era prática comum na época, e os médicos envolvidos não tinham
intenção direta de malícia nem lucro, mas não há dúvida de que o que aconteceu mudou
a ética da pesquisa médica em humanos e mudou a face da busca pela cura para o
câncer.

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