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Ligia Menna
Contos de Fadas –
Tradição e Releituras
Fonte:
https://artbarbarians.com/gallery2/main.a
sp?artist=14&mypage=2&pic=2452&searc
h=Faery%20Tales%20By%20James%20Chri
stensen
Faery Tales By James Christensen
• Maravilhoso – MIRABLIA – muito amplo.
Termos • Popular, tradicional – muito genérico,
pois há influência da literatura culta, são
polêmicos literários também.
• De fadas – sem fadas. Mas é o
mais conhecido.
• Fada – FATUM – destino.
• As parcas/as horas/as moiras.
Conto de Fadas
• “O país dos contos de fadas se encontra em
nossa alma.” (Hans Dieckmann)
• Segundo Nelly Novaes Coelho, o conto
maravilhoso tem raízes orientais – eixo gerador
= problemática material/social/sensorial
(poder, riquezas, prazer).
Fonte: http://www.hanielmasri.com/1001/images/Lovers.jpg
• Civilização pagã (Grécia e Roma) + Civilização cristã
(do século V ao século XV).
• A força da religião como instrumento civilizador.
• Histórias preservadas por religiosos primitivos.
• Essas histórias se unem às fontes orientais.
• Contexto medieval – guerras, violência, força da
natureza, relações de poder, carnificinas.
• Novelas de cavalaria. Fontes latinas –
• Contos maravilhosos. amálgama
• Surgem os terríveis ogros – Oigours –, primitivos
húngaros, e “ogressas”, como a feiticeira Melusina. cultural
Fontes latinas
Melusina
• A mais famosa versão literária dos contos de
Melusina, aquela de Jean d'Arras, compilada em
cerca de 1382–1394, foi elaborada numa coletânea
de "histórias inventadas" pelas damas enquanto
teciam.
• Traduzido para o alemão, em 1456, por Thüring von
Ringoltingen, a versão tornou-se popular como conto
de fadas.
Fonte: https://de.wikiquote.org/wiki/Marie_de_France
• Hoje seus poemas são considerados como raízes de
muitos contos de fadas.
• http://www.gutenberg.org/files/11417/11417-
h/11417-h.htm
• Lai de Fresno (Grisélidis), Lai de Laostic (Rouxinol),
Lai de Yonec, Lai de Biclavaret (Lobisomem), Lai de
Madressilva (Tristão e Isolda).
Fonte: https://de.wikiquote.org/wiki/Marie_de_France
• “É na França, na segunda metade do século XVII,
durante a monarquia absoluta de Luís XIV, o ‘Rei
Sol’, que se manifesta abertamente a
preocupação com uma literatura para crianças ou
jovens. As Fábulas (1668), de La Fontaine; os
Contos da Mãe Gansa (1691/1697), de Charles
Perrault; os Contos de Fadas (8 vols. –
1696/1699), de Mme. D’Aulnoy, e Telêmaco Início da
(1699), de Fénelon, são os livros pioneiros no
mundo literário infantil, tal como hoje o literatura para
conhecemos.” (COELHO, 1985, p. 56)
crianças
Charles Perrault (1628-1703)
• Poeta e advogado de prestígio.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Perrault
• “Contemporâneo de La Fontaine e seu opositor na
‘Querela dos Antigos e Modernos’, Charles Perrault
(tal como aconteceu com o genial fabulista) entra
para a História Literária Universal, não como poeta
clássico (eleito para a Academia Francesa de Letras
em 1671), mas como o autor de uma literatura
popular, desvalorizada pela estética de seu tempo e
que, apesar disso, se transforma em um dos
maiores sucessos da literatura para a infância.”
CHARLES
(COELHO, 1985, p. 63) PERRAULT
• Charlotte-Rose de Caumont de La Force (1654-
1724): Persinette (1698).
• Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve (1695-
1755): La Belle et la Bête (1740).
• Jeanne Marie Leprince de Beaumont (1711-
1780): La Belle et la Bête (1756).
• Marie-Catherine le Jumel de Barneville, Mme. Contos
D’Aulnoy (1651-1705): 1696 e 1698: Contos de
Fadas; Novos Contos de Fadas ou As Fadas em literários: As
Moda; Ilustres Fadas.
preciosas
• “Os tempos de Perrault já vão distantes. E se a
época dos Irmãos Grimm não é menos violenta,
conflituosa ou agressiva do que o século de
Perrault, já são outras as maneiras de o homem ver
e compreender o próprio homem, seu mundo, seus
objetivos na vida. O Romantismo trouxe para o
mundo um inegável sentido humanitário que vai ter
suas consequências na renovação da arte, da
literatura e dos costumes. Assim, a violência
(patente ou latente dos contos de Perrault) cede
Consolidação
agora a um humanismo, onde se mescla o sentido
do maravilhoso da vida.” (COELHO, 1991, p. 111)
no Romantismo
Irmãos Grimm
• Jacob – Hanau (04/01/1785 – Berlim, 20/09/1863).
• Wilhelm – Hanau (24/02/1786 – Berlim, 16/12/1859).
• Filólogos, folcloristas, estudiosos da literatura
germânica.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Grimm
• Realizaram importantes pesquisas no campo da
tradição popular (Katherina Wieckmann –
camponesa).
• BIBLIOTECÁRIOS: riquíssimo acervo de histórias,
lendas, anedotas, superstições e fábulas da velha
Germânia. Há também uma base da literatura
culta em sua obra. Nem só de folclore vivem os
contos de fadas. Irmãos Grimm
• Histórias da criança e do lar, em 1812 (Kinder und
Hausmärchen), seguindo de um segundo volume,
em 1814. A edição completa das histórias
recolhidas saiu em 1819, reunida em 3 volumes.
• A Bela Adormecida, Branca de Neve, Chapeuzinho
Vermelho, A Gata Borralheira, Os Músicos de
Bremen, João e Maria, O Príncipe Sapo, Rapunzel,
O Pequeno Alfaiate Valente, O Gato de Botas... Irmãos Grimm
Intervalo
Hans Christian Andersen (1805-1875)
“Minha vida é uma história adorável, feliz e cheia de
incidentes. Quando eu era um menino, vindo de um
mundo pobre e sem amigos, uma boa fada me
encontrou e me disse ‘escolha agora o seu próprio
caminho ao longo da vida e o seus objetivos, pelos
quais irá se esforçar, e então, de acordo com o seu
desempenho, conforme a razão exigir, eu o
guiarei e defenderei’.”
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Thumbelina#/media/File:C.A._Jensen_1836_-
_HC_Andersen.jpg
“Meu destino não poderia ter sido guiado de maneira
mais feliz, prudente e melhor. A história da minha vida
dirá ao mundo o que ela me diz: existe um Deus
amoroso, que conduz todas as coisas para o melhor.”
(tradução livre) ANDERSEN, H. C. The true story of my
life, 1846.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Thumbelina#/media/File:C.A._Jensen_1836_-
_HC_Andersen.jpg
• Pai sapateiro, mãe lavadeira. Órfão de pai aos
nove anos, convive com mulheres sofridas: mãe,
avó, irmã.
• Inspiração: contação de histórias: memória oral +
leituras do pai: As mil e uma noites e comédias
populares + teatro de fantoches.
• Foi para Copenhagen aos 14. Queria ser cantor,
ator ou bailarino.
• Poucos estudos até os 18 anos. Maior benfeitor: ... Sua vida... um
Jonas Collins, Conselheiro do Estado e membro da
direção do Teatro Nacional. conto de fadas?
• Já famoso, foi acolhido pela aristocracia europeia,
recebido pelo rei da Dinamarca, Frederico VI, e
pela rainha Vitória, na Inglaterra.
• Na China e no Japão: “parte integral da bagagem
espiritual de todo estudante”. Escritor filósofo.
... Sua vida... um
conto de fadas?
• Escreveu peças de teatro, canções patrióticas,
contos, romances, relatos de viagem. Conhecido
por seus contos de fadas.
• Primeira fase (até 1843) – adaptou contos
conhecidos – hábil contador de histórias.
• Segunda fase – inventou suas próprias histórias.
Vasta obra
• A Princesa e a Ervilha, O Companheiro de Jornada,
A Pequena Sereia, A Rainha da Neve, O Patinho
Feio, O Soldadinho de Chumbo, A Vendedora de
Fósforos, A Roupa Nova do Rei, O Rouxinol,
O Isqueiro Encantado, Polegarzinha, A Sombra,
Nicolau Grande e Nicolau Pequeno, Os Cisnes
Selvagens, A Pastora e o Limpador de Chaminés,
O Sino, A Dama de Gelo.
• (168 CONTOS PUBLICADOS DE 1835 A 1872) Vasta obra
• https://andersen.sdu.dk/
• Amálgama folclórico nórdico.
• Mescla-se o maravilhoso pagão ao
maravilhoso cristão.
• Realismo cotidiano – descoberta do maravilhoso.
• Sensibilidade romântica.
• Miséria e violência latente x humanismo e ternura.
• Há um “húmus humanístico que energiza sua Marcas na
criação novelesca”. (COELHO)
produção
• Cristianismo: atravessa-se um “vale de lágrimas”
para se chegar aos céus.
• + desenlaces negativos - desenlaces felizes.
Marcas na
produção
A Rainha da Neve
• Snedronningen (The Snow Queen), 21 de dezembro
de 1844.
• Estrutura peculiar: conto? Novela? 7 partes.
• Mescla-se o maravilhoso pagão, o espiritualismo
cristão, o realismo cotidiano e o romantismo alemão.
• Núcleo mitológico a ser desvelado: Perséfone, Skadi,
Freya, Hella.
Diana
Deméter e
Perséfone
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pers%C3%A9fone (Perséfone)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Diana_(mitologia) (Diana)
https://www.pinterest.ca/pin/427912402095657155/ (Hella)
http://cantinhodosdeuses.blogspot.com/2011/11/skadi.html (Skadi)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sif_(mitologia) (Sif)
https://fantasia.fandom.com/pt/wiki/Gaia (Gaia)
Gaia
Diálogo com as mais variadas produções culturais (animações, filmes, ficções de fantasia, videogames,
Elsa
Jadis Rainha da Neve
Gerda
Anna
RN- 1957
Fontes:
Once Upon A Time: https://www.imdb.com/title/tt1843230/
As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa:
https://www.imdb.com/title/tt0363771/?ref_=fn_al_tt_1
Frozen: https://www.imdb.com/title/tt2294629/?ref_=fn_al_tt_1
O Reino Gelado: https://www.imdb.com/title/tt2243621/?ref_=fn_al_tt_1
The Snow Queen: https://www.imdb.com/title/tt0050987/
Fonte: Copyright Disney Enterprises, 1970.
Alguns exemplos
• Snezhnaya korolev (URSS, 1957).
• Reino Gelado (Snezhnaya koroleva – The Snow Queen – Wizart Animation, Rússia,
2012).
• Rainha da Neve – teatro dos contos de fadas, episódio 2 (Faerie Tale Theatre – Platypus
Productions, EUA, 1985).
Esse floco foi ficando cada vez maior, até que se transformou numa
mulher vestida com o mais fino algodão branco e parecia ser feita
A Rainha da de milhões de flocos em forma de estrela. Ela era bela e graciosa,
mas era de gelo, de gelo brilhante e cintilante. Mas mesmo sendo
Neve e Jadis de gelo, estava viva, e os seus olhos brilhavam como estrelas, mas
neles não se via serenidade e nem paz. Depois acenou com a
cabeça e com a mão para a janela. (ANDERSEN, 2017, p. 108. Grifos
nossos)
Estava também envolta em peles brancas até o pescoço, e trazia,
na mão direita, uma longa varinha dourada, e uma coroa de ouro na
cabeça. Seu rosto era branco (não apenas claro), branco como a
neve, como o papel, como o açúcar. A boca se destacava,
vermelhíssima. Era, apesar de tudo, um belo rosto, mas orgulhoso,
frio, duro [...]” (LEWIS, 2009, p. 115. Grifos nossos)
Fonte: The Snow Queen, Elena Ringo, 1998.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:The_Snow_Quee
n_by_Elena_Ringo.jpg)
• Lúcia, após encontrar o Sr. Tumnus, relata o que sabe sobre a Feiticeira Branca:
• “[...] Uma pessoa horrorosa. Diz que é a rainha de Nárnia, embora não tenha o direito de
ser rainha. É odiada por todos os faunos e dríades [...]. É capaz de transformar as pessoas
em pedra e de fazer mil coisas horríveis. É por causa de um encantamento dela que é
sempre inverno em Nárnia, sempre inverno, mas o Natal nunca chega.
estômago
Artigos
Sexualidade e morte:
Uma beleza congelante: a morte e a sexualidade em A Rainha da Neve e suas
refigurações. Revista LITERARTES, n. 11, 2019. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/literartes/issue/view/11341.
Simbologia do espelho:
Simbologias do espelho mágico no conto “A Rainha da Neve”, de Hans
Christian Andersen e em suas releituras. I ENLIJ – I Encontro Nacional
de Literatura Infantil/Juvenil: teorias e práticas leitoras, 2020.
Disponível em:
http://www.dialogarts.uerj.br/admin/arquivos_tfc_literatura/ANAIS_I
ENLIJ.pdf.
Referências
ANDERSEN, Hans Christian. Os contos de Hans Christian Andersen. Edição de Noel Daniel. Direção artística de Andy
Disl e Noel Daniel. Londres: Taschen, 2017.
___________. The true story of my life. Translated by Mary Howitt. London, 1847.
CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. 13. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos,
costumes, gestos, formas, figuras, cores e números. 12. ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1982.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise e didática. São Paulo:
Moderna, 2000.
______. O conto de fadas: símbolos, mitos, arquétipos. São Paulo: Paulinas,
2012.
Referências
______. Panorama histórico da literatura infantil e juvenil. São Paulo: Ática, 1991.
GÓES, Maria Lúcia P. Introdução à literatura infantil e juvenil. São Paulo: Pioneira, 1984.
JOHANSEN, Jorgen Dines. Counteracting the fall: “sneedronningen” and “Iisjomfruen”: the problem of adult
sexuality in fairytale and story. Scandinavian Studies 74.2 (Summer 2002): 140.
JOLLES, André. Formas simples. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1976
LEDERER, W. The kiss of the Snow Queen. Hans Christian Andersen and Man’s
redemption by woman. Los Angeles: University of California Press, 1986.
LEWIS, C. S. As crônicas de Nárnia: o leão, a feiticeira e o guarda-roupa.
Tradução de Paulo Mendes Campos. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
Referências