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INTRODUÇÃO
2. Problema da Pesquisa
O que existe de concreto no país são usinas comerciais produzindo a partir do biogás,
resultante da decomposição da matéria orgânica depositada nos aterros. São exemplos as
usinas instaladas em Salvador no aterro sanitário Metropolitano e São Paulo nos aterros
Bandeirantes e São João. Especialistas consideram que a incineração dos resíduos seria uma
alternativa melhor para geração de energia do que a queima do biogás, já que a produção do
mesmo costuma ser baixa e limitada e não elimina o material enterrado, persistindo dessa
forma o passivo ambiental, na incineração o volume de resíduos é reduzido em média em
mais de 10% do tamanho original e se torna inerte, o que em tese não gera mais contaminação
do solo. Conforme a revista Brasil Energia, o Plano Nacional de Energia da empresa de
pesquisa energética (EPE), o Brasil teria potencial para produzir 1,7 mil MW em 2020 a partir
dos resíduos com o uso das térmicas a biogás. Com a incineração, o volume subiria para 5,2
mil MW. Usando o ciclo combinado, com o aproveitamento em conjunto, tanto do biogás,
quanto a queima de resíduos, chegaria a 6 mil MW. Considerando a incineração de resíduos
com aproveitamento energético, sendo uma alternativa principalmente em crises energéticas
como as atuais vividas no Brasil, questiona-se a tamanha resistência existente no país no uso
de tal tecnologia, especialistas entendem que isso é fruto da falta de conhecimento da
sociedade, que muitas vezes confundem incineração com a queima de resíduos a céu aberto e
consequentemente poluição e mau cheiro. Para os defensores do processo, as usinas hoje
existentes, especialmente nos países centrais, são municiadas dos mais avançados sistemas de
controle de poluentes, visando se enquadrar nas rígidas normas ambientais como as da
comunidade Europeia. Para Sergio Guerreiro, pesquisador da COPPE/UFRJ e considerado
um dos maiores especialistas do setor no Brasil, além de vencer a resistência de políticos,
ambientalistas e sociedade, são necessários incentivos governamentais, intensos debates e
pesquisas capazes de comprovar as grandes vantagens tanto para superação de crises
energéticas como alternativa, como para redução significativa no impacto ambiental.
3. Objetivo Geral
O presente trabalho tem por objetivo a recuperação energética dos resíduos sólidos
produzidos diariamente, levantando a situação da RSU no Brasil, o potencial das usinas
elétricas em operação e as políticas públicas para o desenvolvimento da geração de
energia diante do atual cenário de crise energética.
4. Justificativa
5. Revisão Teórica
A quantidade per capita de lixo produzido aumenta em proporção à renda familiar, já que
maior renda propicia maior consumo e, consequentemente, mais desperdícios por sobras ou
obsolescência e maior ocorrência de embalagens. Na composição do lixo das classes de mais
alta renda observa-se maior quantidade de papéis, embalagens de plástico e papelão,
recipientes de vidro e metal e menor quantidade relativa de matéria orgânica (restos de
comida). [...] O crescente movimento de industrialização dos alimentos também tem
tendência para a maior quantidade de embalagens no lixo e menor quantidade de restos de
comida já que os alimentos já vêm limpos e preparados para o consumo. [...] a tendência
moderna para aquisição de bebidas em embalagens sem retorno (leite, seus derivados,
cervejas, sucos, etc.) tem aumentado a participação de plásticos, latas e papelão no lixo
(FUSCALDO, 2001, p.37)
Estudos divulgados pelo Programa Ambiental das Nações Unidas demostram existir “46 mil
fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros quadrados da superfície dos oceanos. Isso
significa que este resíduo já responde por 70% da poluição marinha por resíduos sólidos”
(NEIVA; LIMA, 2008, p. 93)
Segundo Mucelin e Bellini (2008) a destinação incorreta do lixo urbano compromete o meio
ambiente, causando poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos, sendo que a redução da
quantidade de resíduos sólidos urbanos a ser depositados em aterros sanitários ampliam suas
vidas uteis e solucionam um dos grandes problemas da atualidade a escassez de áreas para
novos depósitos de RSU.
Uma pequena parte da população despertou ou tem o mínimo de conhecimento sobre a
gravidade dos problemas referentes a estas questões, a maioria não se deu conta ou não foram
afetados diretamente quanto a implicações sociais, econômicas e ambientais ocasionadas pela
destinação incorreta desses resíduos. Dentre os vários motivos que levam a população a não
se preocupar com destino desses resíduos é a falta de interesse público e privado em relação
ao assunto e principalmente a falta de investimento concreto do setor público para diminuir
esse grande impacto ambiental. Que aumenta quanto maior é a renda da família que permite a
compra de uma quantidade maior de bens industrializados, e quando mais elaborado é o
produto mais resíduos geram, sendo cada dia maior a principal fonte para produção de
energia, foco de estudo deste trabalho. A publicação da Lei 12.305 e dos decretos 7.404 e
7.405 todos de 2010, com regras, critérios, metas e prazos legais mais claros era o que faltava
para acabar com a inconsciência que existe em relação ao tema. Segundo Rogerio Leal
Carneiro, gerente técnico de papel reciclado da Klabin, Considerada a maior produtora e
exportadora de papeis do país.
“para produzir uma tonelada de papel são necessários 5,3 hectares de florestas, enquanto com
papel reciclável não precisa de nenhum hectare. Em relação a energia consumida, com a
matéria prima virgem são necessários 7.500 KWh e com as fibras de papel reciclável apenas
2.500 KWh, para produzir uma tonelada de papel. O consumo de água para a produção com
fibras virgens é de 200 mil litros por tonelada, com papel recicláveis usa-se 2 mil litros”
(LIMPEZA PÚBLICA, 2007, p. 23).
Um estudo do IPEA (2010) revelou que somente 12% dos resíduos urbanos e industriais são
recicláveis no país e apenas 14% da população é atendida com coleta seletiva, fazendo com
que o Brasil perca R$ 8 bilhões por ano com o que deixa de ser aproveitado e o crescente
descarte irregular de resíduos sólidos, reafirmando ainda mais a importância que tem esse
trabalho, a importância da incineração dos resíduos e a perda financeira e energética
principalmente em condições atuais de crise energética. Que aliado ao um investimento sério
na área de reciclagem aumentaria e muito o faturamento, geração de empregos e a redução
dos impactos ambientais gerados pelo excesso de resíduos sólidos, sendo que são vários os
fatores positivos advindos da reciclagem, como geração de emprego, menor necessidade de
matéria prima virgem e o principal menor consumo de energia elétrica, todo esse olhar mais
aguçado influencia diretamente na situação atual do país.
A Lei Federal nº 7.404/2010 recentemente aprovada que regulamenta a PNRS, a utilização de
resíduos sólidos nos processos de recuperação energética obedecerá às normas estabelecidas
pelos órgãos competentes estaduais e municipais em conjunto com Ministérios do meio
Ambiente, de Minas e Energia e das Cidades. Autoriza no seu artigo 9º a produção de energia
a partir dos resíduos sólidos conforme o paragrafo a seguir, desde que obedeça aos
parâmetros ambientalmente corretos.
§ 1º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos
urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a
implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão
ambiental.
A técnica apresentada pelo NUCLEO TECNO-AMBIENTAL RAILTON FAZ, situado na
Cidade de Lagarto no Estado de Sergipe é a grande referência para esse trabalho e referência
de todos os requisitos solicitados pela lei. O mecanismo desenvolvido pelo pesquisador
brasileiro Jose Railton Souza de Lima, fundador do núcleo, destaca-se especialmente pela
simplicidade e potencialidade oferecida para o tratamento e destinação dos resíduos, bem
como pelo teor tecnológico, visto que quase todos os processos são automatizados. Os
resíduos sólidos passiveis de carbonização são muitos vão desde pó de serra, resto de animais
até o popular lixo urbano, principal objeto de estudo desse trabalho. O projeto denominado
Natureza limpa foi implantado pela empresa TJMC Empreendimentos e Agronegócios Ltda.
em parceria com o núcleo que forneceu a tecnologia. Em 2011, antes mesmo da conclusão o
projeto Natureza Limpa ganhou o prêmio Greenbest (GREENVANA,2011), título concedido
a empresas que apresentam iniciativas ou projetos de preservação ao meio ambiente.
Em 2016, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNA) publicou o relatório
intitulado “Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – 2014” através do Sistema
Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS). Este relatório informa que foram
gerados em 2014 cerca de “64,4 milhões de toneladas de resíduos domiciliares e públicos
coletados no ano ou 176,4 mil toneladas por dia” no Brasil (SNSA, 2016, p.1). Do total de
RSU coletados, cerca de 52,4% foram dispostos em aterros sanitários, 13,1% em aterros
controlados, 12,3% em lixões e 3,9% encaminhados para unidades de triagem e de
compostagem”, sendo que 18,3% da parcela total não possuem informações precisas sobre a
sua destinação (SNSA, 2016, p.1).
A geração de energia elétrica a partir de RSU no país é realizada principalmente a partir da
utilização do gás de aterro. A ANEEL classifica os resíduos derivados de estações de
tratamento de esgotos e dos aterros sanitários como resíduos urbanos, e segundo dados do
Banco de Informações de Geração de janeiro de 2017, havia no país um total de 15 usinas em
operação.
A geração de energia é uma forma de reciclagem e pode fazer uso da grande quantidade de
biomassa residual, presentes nos centros urbanos (resíduos públicos ou oriundos das
atividades domésticas) quanto no meio rural (ONAISSI, 2006).
Ainda segundo o mesmo autor, merecem destaques os resíduos derivados de processos
industriais, principalmente da indústria alimentícia, que apresentam potencial químico para
transformação em biocombustível, tais como: óleos vegetais, ácidos graxos encontrados na
gordura animal e no esgoto sanitário. A isto se somam o fato de estarem disponíveis
imediatamente, pois, não é necessário planejar sua produção, e considerando ainda que a sua
localização é a mesma dos consumidores de energia, sinalizando para a prioridade de seu
aproveitamento (CASTELLANELLI, 2007).
Assim, ao contrário da energia eólica e das Pequenas Centrais Hidroelétricas, cuja exploração
depende da disponibilidade do recurso natural e cujas áreas para instalação de
empreendimentos ficam distantes dos centros urbanos consumidores, a biomassa residual
pode ser utilizada em usinas instaladas nas áreas de vazadouro de lixo, o que exige menos
investimento em linhas de transmissão, ou nas fazendas de cultivo (CASTELLANELLI,
2008).
A incineração de RSU é uma maneira eficiente de reduzir o volume de lixo e, portanto, a
demanda de espaço para aterramento, principalmente, se cinzas residuais provenientes do
processo, forem utilizadas como matéria-prima na construção civil. Assim sendo as usinas de
incineração podem ser instaladas próximo aos centros de produção de lixo, reduzindo os
custos sociais e financeiros do transporte, entregando a energia a custos mais baixos
(HAUSER, 2006).
De acordo com Bueno (2008) o lixo pode se tornar uma fonte de energia, transformando o
que é hoje um problema em solução, pois, a combustão do lixo representa o método mais
eficiente para eliminar as emissões de metano que ocorreriam se os RSU fossem destinados
aos aterros e a recuperação de energia a partir da queima controlada do lixo pode gerar
energia.
Segundo Almeida e Ferreira (2009) a incineração de RSU é uma alternativa atrativa, haja
vista que a destinação final dos resíduos em aterros sanitários é cada vez menos viável,
devido aos altos custos de investimento e operação.
Países em desenvolvimento as usinas WtE (Waste to Energy) representam dificuldades
devido ao alto custo de implantação e escassez de mão-de-obra especializada. Desta forma,
sendo a incineração de RSU significativamente mais cara do que o aterramento, estes custos
devem ser compensados mediante a venda de energia recuperada. Portanto, as características
do setor de energia são importantes na consideração das usinas WtE e são desejáveis acordos
sobre preços de longo prazo (BRITO e SILVA, 2012).
6. Metodologia
Para conseguir atingir aos objetivos propostos neste trabalho utilizou-se como metodologia a
pesquisa bibliográfica que é desenvolvida a partir de materiais publicadas em livros, artigos,
dissertação, teses e documental, constituindo-se em um procedimento básico para estudos
monográficos e também a pesquisa exploratória que não requer a formulação de hipóteses
para serem testadas, ela se restringe por definir objetivos e buscar mais informações sobre
determinado assunto de estudo, portanto ela seria um passo inicial para o projeto de pesquisa.
7. Conclusão
Dentro da situação atual com o aumento da demanda por energia, qualquer sistema
alternativo de geração de energia deve ser mais pesquisado, a proposta de incineração de
resíduos sólidos urbanos com a recuperação energética no atual cenário, apresenta ser o mais
adequado a realidade do Brasil. Este empreendimento dependerá da formação de uma
pareceria publico privado, em função do alto valor de investimento, mas que se pagará com a
venda da energia, tornando-se além de alternativa para fins de resíduos e geração uma fonte
de renda. Além de conseguir minimizar os impactos causados pela disposição inadequada dos
resíduos e conseguir gerar energia o projeto ainda contribui com a redução de gases de efeito
estufa e de outros gases como os óxidos nitrosos. A redução da quantidade de resíduos
sólidos urbanos é uma realidade necessária, muitos são os projetos, mas a aplicação na prática
é limitada por ações diversas de política e de opiniões de diversos segmentos da população
dos poucos que tem o conhecimento e poder de decisão. O processo de incineração é
recomendado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da
Organização das Nações Unidas (ONU) para destinação fina do lixo urbano não reciclável, no
qual possibilita a recuperação energética. A incineração pode ser ambientalmente correta e
aliada na proteção do meio ambiente, desde que as plantas sejam operadas por equipes
qualificadas e treinadas, e sejam monitoradas pela comunidade e pelos agentes ambientais,
públicos e privados. As termelétricas a base de incineração de resíduos sólidos surgem com a
pretensão de remediar ou reduzir a problemática da destinação de resíduos sólidos em lixões e
até mesmo em aterros, sendo uma grande alternativa para a crise energética vivenciada
atualmente no Brasil.
8. Referências
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