Você está na página 1de 139

2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ


CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

MARINA NAOMI FURUKAWA

ANÁLISE NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO


ESTRUTURAL DE PERFIS METÁLICOS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO

MARINGÁ
2021
3

MARINA NAOMI FURUKAWA

ANÁLISE NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE


PERFIS METÁLICOS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Monografia apresentada como parte dos requisitos


necessários para aprovação no componente
curricular Trabalho de Conclusão do Curso de
Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Maringá.

Aprovada em ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________
Prof(a). Dr(a) Gisele Cristina Antunes Martins - UEM

_____________________________________________________
Prof(a). Nome do professor(a) (Membro 1) - Instituição

_____________________________________________________
Prof(a). Nome do(a) professor(a) (Membro 2) - Instituição
4

Aos meus pais Claudio e Solange, e aos meus


irmãos Caio e Thomaz dedico esse trabalho como
demonstração de gratidão por todo apoio e amor
que me foi dado em todos os momentos da vida.
5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, e à minha família, que sempre me proporcionaram


apoio e amor incondicional, mesmo distantes. Também agradeço todos os amigos e amigas que
me acompanharam na caminhada da graduação, que me apoiaram em momentos difíceis e se
fizeram como família para mim.
Á minha orientadora Prof.ª Dr.ª Gisele Cristina Antunes Martins, que me proporcionou
grandes aprendizados, e tornou esta etapa de finalização do curso muito importante e
gratificante para mim. Também agradeço todos os professores e funcionários do Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá, que me acompanharam nessa
jornada acadêmica.
6

Nunca é alto o preço a se pagar pelo privilégio de


pertencer a si mesmo.
Friedrich Nietzsche
7

RESUMO

O aço, assim como outros materiais da construção civil, quando expostos a altas
temperaturas apresentam uma perda progressiva de suas propriedades mecânicas, fato que pode
levar ao colapso das estruturas. Tendo em vista as grandes catástrofes mundiais envolvendo
incêndios e estruturas metálicas, normas e procedimentos foram desenvolvidos a fim de
preservar a vida e os patrimônios. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho consiste em
compreender o comportamento de perfis metálicos expostos à incêndios, empregando os
métodos de dimensionamento simplificado e avançado propostos pela norma brasileira. Para
tanto, foi aplicado o método de dimensionamento simplificado proposto pela ABNT NBR
14323:2013, e também elaborado modelos numéricos térmicos bidimensionais desenvolvidos
com o código computacional ABAQUS, aplicando os conceitos do método avançado. O método
simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013 apresentou resultados satisfatórios e
similares às análises numéricas para os casos de perfis com exposição ao fogo em todas as faces,
com a exceção do perfil CS 550x502 com proteção caixão que pode ser justificado pela sua
geometria mais robusta somado à presença da proteção da alma. Para os casos com exposição
ao fogo considerando a compartimentação, a adoção do procedimento normativo simplificado
apresentou deficiência na representação do campo térmico do perfil, consideração também
prevista pela norma ABNT NBR 14323:2013 que prescreve o uso do método avançado para o
estudo considerando a interface perfil e compartimentação. Por fim, entende-se que a
compreensão das características do incêndio, dos mecanismos de transferência de calor, e da
consequente evolução do campo térmico em um incêndio é de fundamental relevância para
entender a alteração das propriedades mecânicas do aço, além de ser o primeiro passo para se
compreender a avaliação térmica do sistema estrutural exposto ao sinistro.

Palavras-chave: Estruturas metálicas. Análise térmica. ABAQUS. Método simplificado.


8

ABSTRACT

Steel, as well as other construction materials, when exposed to high temperatures shows
a progressive loss of its mechanical properties, a fact that can lead to the collapse of the
structures. Considering the great global catastrophes involving fire and steel structures,
standards and procedures were developed in order to preserve life and patrimonies. In that
regard, the objective of the present work is to understand the behavior of steel profiles exposed
to fires, using the simplified and advanced method proposed by the Brazilian standard. For this
purpose, the simplified method proposed by ABNT NBR 14323: 2013 was applied, and also
elaborated a two-dimensional thermal numerical model with was developed using the
ABAQUS computational code. The simplified method proposed by ABNT NBR 14323: 2013,
showed satisfactory results and similar to the numerical analyzes for the cases of profiles with
exposure to fire on all sides, with the exception of the CS 550x502 profile with box-type
protection, which can be justified by its geometry robust and added to the presence of the
protection of the soul. For cases with exposure to fire considering compartmentalization, the
adoption of the simplified standard procedure showed deficiency in the representation of the
thermal field of the profile, a consideration also provided for in the ABNT NBR 14323: 2013
standard that recommends the advanced method for the study considering the profile interface
and compartmentalization. Finally, it is understood that understanding the characteristics of the
fire, the mechanisms of heat transfer, and the consequent evolution of the thermal field in a fire
is of fundamental importance to understand the change in the mechanical properties of steel, in
addition to being the first step to understand the thermal evaluation of the structural system
exposed to the fire situation.

Keywords: Steel Structures. Thermal analysis. ABAQUS. Simplified method


9

LISTA DE FIGURAS
Figura 1:– Vista geral do Moorgate Exchange. ........................................................................ 18
Figura 2– Redução da resistência ao escoamento em função da temperatura .......................... 19
Figura 3:Redução do módulo de elasticidade em função da temperatura ................................ 19
Figura 4 :Fotos dos incêndios ocorridos: (a) Londres, Inglaterra; (b) Chicago, EUA; (c)
Edifício Andraus, SP; (d) Edifício Joelma, SP e (e) Boate Kiss, SM ...................................... 20
Figura 5:Componentes a serem considerados para a avalição de estruturas em segurança
contra incêndio. ........................................................................................................................ 23
Figura 6: Propriedades de resistência ao fogo de elementos estruturais e de compartimentação.
.................................................................................................................................................. 25
Figura 7: Triângulo do Fogo..................................................................................................... 26
Figura 8: Curva Temperatura x Tempo de um incêndio real. .................................................. 28
Figura 9:Curvas Temperatura x Tempo de incêndios sob condições distintas de ventilação e
disponibilidade de material combustível. ................................................................................. 29
Figura 10:Modelo de incêndio natural ..................................................................................... 30
Figura 11: Curva de Incêndio padrão proposta pela ISO 834-1:1999 ...................................... 34
Figura 12:Curvas Temperatura x tempo propostas pelas principais normas estrangeiras ........ 35
Figura 13:Mecanismo de transmissão de calor em edifícios em chamas ................................. 36
Figura 14:Transferência de calor unidimensional por condução.............................................. 37
Figura 15:Convecção decorrente de um incêndio .................................................................... 38
Figura 16:Distribuição da radiação incidente ........................................................................... 39
Figura 17: Curva tensão deformação de aço sob temperaturas elevadas ................................. 41
Figura 18:Representação gráfica da redução das propriedades mecânicas do aço, em função da
temperatura. .............................................................................................................................. 43
Figura 19:Condutividade térmica do aço em função da temperatura ....................................... 45
Figura 20:Alongamento do aço em função da temperatura ...................................................... 46
Figura 21:Calor específico do aço em função d ....................................................................... 47
Figura 22: Compartimentação de um dado ambiente em chamas impedindo ou retardando sua
propagação para os demais ambientes por um tempo mínimo definido em norma ................. 48
Figura 23: Ilustração das etapas envolvidas na modelagem numérica em temperaturas
elevadas .................................................................................................................................... 54
Figura 24: Os dois grandes caminhos que podem ser percorridos na solução de problemas
estruturais ................................................................................................................................. 56
Figura 25: Método Geral para Análise de Sistemas Discretos ................................................. 57
Figura 26: Comparação entre os resultados dos modelos térmicos constituídos por elementos
de casca e sólido para o pilar H22-ORT-T15 ........................................................................... 59
Figura 27: Comparação entre os resultados dos modelos térmicos constituídos por elementos
de casca e sólido para pilar H22-PAR-T15 .............................................................................. 59
Figura 28: Características do elemento de casca ...................................................................... 60
Figura 29: Exemplo de diferentes níveis de discretização de malhas para análise térmica,
casos (A) e (B). ......................................................................................................................... 60
Figura 30: Condições de contorno no problema de domínio sólido ......................................... 61
Figura 31: Princípio da conservação de energia aplicado ao elemento infinitesimal ............... 63
Figura 32 Etapas e Sub Etapas realizadas para a análise de pilares em situação de incêndio .. 65
Figura 33 Esquema de exposição ao fogo da calibração entre pacotes computacionais .......... 67
Figura 34 Pontos de instrumentação de termopares na seção de aço ....................................... 68
Figura 35 Comparação entre as curvas de temperatura média do forno e o incêndio padrão da
ISO 834:199 para o ensaio com perfil HEA220-FC30-©-Misto ............................................. 69
Figura 36: Notação empregada na descrição da geometria utilizada nos modelos numéricos. 70
10

Figura 37 Numeração dos nós e faces dos elementos finitos – (a) 3 nós; (b) 4 nós; (c) 6 nós;
(d) 8 nós .................................................................................................................................... 77
Figura 38 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UB254 x
146 x 43, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido: (a) via STC (b) via ANSYS ........... 79
Figura 39 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UB254 x
146 x 43, para o tempo de exposição de 60 minutos, obtido via ABAQUS ............................ 80
Figura 40 Evolução térmica do ponto médio do perfil UB254 x 146 x 43 via STC, ANSYS, e
ABAQUS .................................................................................................................................. 81
Figura 41 Evolução térmica do encontro alma e mesa do perfil UB254 x 146 x 43 via STC,
ANSYS, e ABAQUS ................................................................................................................ 82
Figura 42 Evolução térmica da extremidade da mesa do perfil UB254 x 146 x 43 via STC,
ANSYS, e ABAQUS ................................................................................................................ 82
Figura 43 Evolução térmica obtida via STC e ANSYS em Kimura (2009) e via ANSYS com
elemento do tipo casca.............................................................................................................. 83
Figura 44 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UC203 x
203 x 46, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido: (a) via STC , (b) via ANSYS ......... 85
Figura 45 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UC203 x
203 x 46, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido via ABAQUS .................................. 86
Figura 46 Evolução térmica do ponto médio do perfil UC203 x 203 x 46 via STC, ANSYS, e
ABAQUS .................................................................................................................................. 86
Figura 47 Evolução térmica do encontro entre alma e mesa do perfil UC203 x 203 x 46 via
STC, ANSYS, e ABAQUS ...................................................................................................... 87
Figura 48 Evolução térmica da extremidade da mesa do perfil UC203 x 203 x 46 via STC,
ANSYS, e ABAQUS ................................................................................................................ 87
Figura 49 Evolução da temperatura na seção transversal para o pilar de aço com perfil HEA
220 ............................................................................................................................................ 89
Figura 50 Campo térmico do perfil HEA 220 utilizando a curva de aquecimento do forno
elétrico via ABAQUS ............................................................................................................... 89
Figura 51 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.1 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental .................................................... 90
Figura 52 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.3 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental .................................................... 90
Figura 53 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.4 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental .................................................... 91
Figura 54 Evolução da temperatura no perfil UB 127x76x13 nos pontos 1, 2, e 3 via
ABAQUS .................................................................................................................................. 93
Figura 55 Perfil UB 127x76x13 exposto ao fogo por todos os lados para tempo de exposição
de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ................................................................... 94
Figura 56 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil UB 127x76x13 95
Figura 57 Evolução da temperatura no perfil UC 305x305x137 nos pontos 1 (ponto médio da
alma), 2 (encontro alma e mesa), e 3 (extremidade da mesa) .................................................. 95
Figura 58 Perfil UC 305x305x137 exposto ao fogo por todos os lados para tempo de
exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min .................................................. 96
Figura 59 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil UC 305x305x137
.................................................................................................................................................. 97
Figura 60 Evolução da temperatura no perfil caixão 200x200 nos pontos 1 (ponto médio do
caixão), 2 (extremidade do caixão)........................................................................................... 98
Figura 61 Perfil Caixão 200x200 exposto ao fogo por todos os lados para tempos de
exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min .................................................. 98
Figura 62 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil caixão 200x200 99
11

Figura 63 Evolução da temperatura no perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa nos pontos
1, 2, e 3 ................................................................................................................................... 100
Figura 64 Perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa exposto ao fogo por todos os lados para
TRF de (a) 30min, (b) 60min ................................................................................................. 101
Figura 65 Perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa exposto ao fogo por todos os lados para
tempo de exposição de (c) 90 min e (d) 120 min ................................................................... 102
Figura 66 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil CS 550x502 ... 103
Figura 67 Evolução da temperatura no perfil W150x13 com proteção tipo caixa nos pontos 1
(ponto médio externo da caixa), 2 (ponto médio interno da caixa), e 3 (ponto médio do perfil)
................................................................................................................................................ 104
Figura 68 Perfil W150x13 com proteção caixa exposto ao fogo por todos os lados para tempo
de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ............................................ 105
Figura 69 Análise comparativa entre o perfil CS550x552 e W150x13 considerando 120
minutos de exposição ao fogo ................................................................................................ 105
Figura 70 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil W150x13 ....... 106
Figura 71 Refinamento da malha de elementos finitos utilizada no perfil CS 550x502 com
proteção tipo caixa na (a)Malha de 60 elementos finitos (b) Malha com 339 elementos finitos
................................................................................................................................................ 107
Figura 72 Evolução da temperatura no perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa para 60 e
339 elementos finitos. ............................................................................................................. 108
Figura 73 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela mesa em paredes
externas via ABAQUS ........................................................................................................... 110
Figura 74 Perfil UC 203X203X46, inserido pela mesa em paredes externas exposto ao fogo
para tempo de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ......................... 111
Figura 75 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46
inserido pela mesa em paredes externas ................................................................................. 112
Figura 76 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas ................................................................................................................................... 112
Figura 77 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas exposto ao fogo
para tempo de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ......................... 113
Figura 78 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46
inserido pela alma em paredes externas ................................................................................. 114
Figura 79 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas, possuindo interface com paredes internas pela mesa .............................................. 114
Figura 80 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas, possuindo interface com paredes internas pela mesa .............................................. 115
Figura 81 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas, possuindo
interface com paredes internas pela mesa exposto ao fogo para tempo de exposição de (a)
30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ............................................................................ 115
Figura 82 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa ............................................. 116
Figura 83 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa ............................................. 116
Figura 84 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas, possuindo
interface com paredes externas pela mesa exposto ao fogo para tempo de exposição de (a)
30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min ............................................................................ 117
Figura 85 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46
inserido pela alma em paredes externas, possuindo interface com paredes interna pela mesa
................................................................................................................................................ 119
12

Figura 86 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46


inserido pela alma em paredes externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa
................................................................................................................................................ 119
13

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Causas de mortes em incêndios de edifícios.............................................................. 24
Tabela 2: Pontos discretos da curva temperatura x tempo recomendado pela ASTM E 119... 33
Tabela 3:Fatores de redução do aço. ........................................................................................ 42
Tabela 4: fator de redução para a resistência ao escoamento de seções sujeitas a flambagem
local .......................................................................................................................................... 44
Tabela 5: Propriedades geométricas dos perfis de calibração .................................................. 66
Tabela 6 Parâmetros geométricos do perfil HEA220 ............................................................... 68
Tabela 7 Perfis utilizados na avaliação do campo térmico com exposição ao fogo em todas as
faces .......................................................................................................................................... 71
Tabela 8 Parâmetros geométricos do perfil considerando a compartimentação ...................... 73
Tabela 9 Ilustração da proposta de análise térmica para os perfis considerando a interface com
paredes ...................................................................................................................................... 73
Tabela 10 Parâmetros adotados para a aplicação do Método Simplificado ............................. 75
Tabela 11 TRRFs prescritos pela ABNT NBR 14432:2001 para as 3 alturas de edificação ... 78
Tabela 12 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do Ponto médio do
perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença Máxima ......................................................................... 84
Tabela 13 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro alma
e mesa do perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença Máxima ........................................................ 84
Tabela 14 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade da
mesa do perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença máxima ........................................................... 84
Tabela 15 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do ponto médio do
perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima ....................................................................... 88
Tabela 16 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro alma
e mesa do perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima ...................................................... 88
Tabela 17 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade da
mesa do perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima ......................................................... 88
Tabela 18 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis I pelo método
simplificado .............................................................................................................................. 92
Tabela 19 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ da seção caixão pelo método
simplificado .............................................................................................................................. 97
Tabela 20 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis com proteção tipo
caixa pelo método simplificado ................................................................................................ 99
Tabela 21 Comparação entre os parâmetros geométricos e térmicos dos perfis com proteção
tipo caixa ................................................................................................................................ 106
Tabela 22 Máxima diferença percentual entre os dados da 1ª Etapa e 2ª Etapa de análise do
perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa ........................................................................... 108
Tabela 23 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis com exposição ao
fogo considerando a compartimentação pelo método simplificado ....................................... 109
Tabela 24 Diferença percentual de temperatura entre os pontos expostos ao fogo e os mais
distantes da exposição ao aquecimento .................................................................................. 117
14

LISTA DE SÍMBOLOS

𝜃𝑔 Temperatura do gás no compartimento em incêndio [oC];


t* Tempo fictício [h];
t Tempo [h];
𝛤 Fator de correção do tempo;
b Absorvidade térmica do material de vedação do compartimento;
O Fator de abertura ou grau de ventilação;
𝜌 Massa específica do material de vedação do compartimento;
c Calor específico do material de vedação do compartimento;
𝜆 Condutividade térmica do material de vedação do
compartimento;
Av Área total das aberturas verticais nas paredes;
heq Média ponderada das alturas das aberturas em relação à área total
das aberturas;
At Área total do compartimento;
qt,d Valor de cálculo da carga de incêndio referido a área total da
superfície At do compartimento;
qf,d Valor de cálculo de carga de incêndio referido à área da
superfície Af do piso;
Af Área de piso;
tlim Duração do incêndio quando controlado pelo material
combustível;
T Tempo decorrido [min];
ḣ𝑘 Fluxo de calor por unidade de área devido à condução no eixo x
[W/m²];
x Distância na direção do fluxo de calor;
α Difusidade térmica [m²/s];
𝛼𝑐 Coeficiente de transferência de calor por convecção;
∆𝜃 Diferença de temperatura entre a superfície sólida e o fluido;
∅ Fator de configuração;
𝜀𝑒 Emissividade da superfície emissora (adimensional);
𝜎 Constante de Stefan-Boltzmann ;
𝜃𝑒 Temperatura absoluta da superfície emissora [K];
𝜃𝑟 Temperatura absoluta da superfície receptora;
𝜀 Emissividade resultante das duas superfícies;
𝜀𝑟 Emissividade na superfície receptora;
15

𝑓𝑦,𝜃 Resistência ao escoamento do aço a uma temperatura 𝜃𝑎 ;


𝑓𝑦 Resistência ao escoamento do aço a 20 oC;
𝐸𝜃 Módulo de elasticidade do aço a uma temperatura 𝜃𝑎 ;
E Módulo de elasticidade do aço a 20 oC;
𝜌𝑎 Massa específica do aço;
la Comprimento da peça de aço a 20 oC;
∆la Expansão térmica da peça de aço pela temperatura;
Ksh Fator de correção para o efeito de sombreamento;
u/Ag Fator de massividade para elementos estruturais de aço sem
revestimento contra o fogo [m-¹];
u Perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço [m];
Ag é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural [m²];
𝜑 é o valor do fluxo de calor por unidade de área [W/m²];
𝜑𝑐 Componente do fluxo de calor devido à convecção;
𝜑𝑟 Componente do fluxo de calor devido à radiação;
C Matriz da capacitância;
Ke Matriz de condutividade térmica;
Re Vetor de fluxos de calor nodais;
θe Vetor que contém as temperaturas nodais no elemento.
16

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 18

1.1. JUSTIFICATIVA 21

1.2. OBJETIVOS 22
1.2.1. Objetivo geral 22
1.2.2. Objetivos específicos 22

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23

2.1. CARACTERÍSTICA DO INCÊNDIO 25


2.1.1. Modelo de incêndio Real – Temperatura versus Tempo 27
2.1.2. Modelo de incêndio Natural – Temperatura x Tempo 29
2.1.3. Modelo de incêndio padrão – Temperatura x Tempo 32
2.1.3.1. CURVA PADRÃO PROPOSTA PELA ASTM E119:2000 33
2.1.3.2. CURVA PADRÃO PROPOSTA PELA ISO 834-1:1999 33
2.1.3.3. EUROCODE 1 PART 1-2 34

2.2. MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 35


2.2.1. Condução 36
2.2.2. Convecção 37
2.2.3. Radiação 38

2.3. PROPRIEDADES MECÂNICAS E FÍSICAS DO AÇO SOB TEMPERATURA ELEVADA 40


2.3.1. Resistência ao escoamento e módulo de elasticidade 40
2.3.2. Massa específica 44

2.4. PROPRIEDADES TÉRMICAS 44


2.4.1. Condutividade térmica 44
2.4.2. Dilatação térmica/Alongamento 45
2.4.3. Calor específico 46

2.5. COMPARTIMENTAÇÃO 47

2.6. AVALIAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO 49


2.6.1. Verificação Segurança Contra Incêndio – NBR 14323:2013 50
2.6.1.1. FATOR DE MASSIVIDADE 50
2.6.1.2. TEMPO REQUERIDO DE RESISTENCIA AO FOGO (TRRF) 50
2.6.2. Método simplificado de avaliação do campo térmico – ABNT NBR 14323:2013 51
2.6.3. Análise numérica térmica 53

2.7. PACOTES COMPUTACIONAIS 54


2.7.1. ANSYS ® V9.0 55
2.7.2. Super Tempcalc (STC) 55
2.7.3. ABAQUS versão 6.14 55

2.8. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 56

2.9. ABAQUS – ELEMENTO FINITO PARA ANÁLISES TÉRMICAS 58

2.10. CONDIÇÕES DE CONTORNO E PROPRIEDADES DAS ANÁLISES TÉRMICA 61


17

2.11. EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA CONDUÇÃO DE CALOR EM SÓLIDOS 62

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 65

3.1. VALIDAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO 66


3.1.1. Calibração entre pacotes computacionais 66
3.1.2. Calibração entre resultado experimental e numérico 67

3.2. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PERFIS METÁLICOS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO 69


3.2.1. Parâmetros dos perfis analisados 69
3.2.2. Perfis com exposição ao fogo em todas as faces 71
3.2.3. Perfil com exposição ao fogo considerando compartimentação 72

3.3. MÉTODO SIMPLIFICADO DE ACORDO COM A ABNT NBR 14323:2013 74

3.4. ANÁLISE NUMÉRICA TÉRMICA 76


3.4.1. Elementos Finitos 77

3.5. TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNSIA AO FOGO (TRRF) 77

4. RESULTADOS 79

4.1 VALIDAÇÃO DA MODELAGEM NUMÉRICA 79


4.1.1. Calibração entre pacotes computacionais 79
4.1.2. Calibração entre experimental e numérico 88

4.2 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO 91


4.2.1. Perfis com exposição ao fogo em todas as faces 91
4.2.1.1. PERFIS I 92
4.2.1.2. SEÇÃO CAIXÃO 97
4.2.1.3. PERFIS COM PROTEÇÃO TIPO CAIXA 99
4.2.1.4. ANÁLISE DO REFINAMENTO DA MALHA 107
4.2.2. Perfil com exposição ao fogo considerando compartimentação 109
4.2.2.1. PERFIL UC 203X203X46 CONSIDERANDO A COMPARTIMENTAÇÃO 109

5. CONCLUSÃO 120

6. REFERÊNCIAS 122

7. APÊNDICES 126

7.1 APENDICÊ A 126

7.2 APENDICÊ B 129

7.3 APENDICÊ C 139


18

1. INTRODUÇÃO

A indústria da Construção Civil tem evoluído constantemente na tentativa de adotar


métodos construtivos e soluções que garantam o desempenho estrutural, e também sejam mais
eficientes, econômicas e sustentáveis. Nesse sentido, é possível observar um expressivo
crescimento da utilização das estruturas metálicas no Brasil, movimento este já consolidado em
países desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. O Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) (2015), também aferiu o crescimento da adoção do aço como
opção construtiva, sistema estrutural que cresceu em média 11% ao ano (entre 2002 e 2012),
em comparação com a construção civil que apresentou um crescimento de 4,3% ao ano neste
mesmo período, segundo dados da mesma pesquisa.
As estruturas metálicas podem apresentar grandes vantagens em relação a outros
sistemas construtivos, como a rapidez na execução, grandes capacidades resistentes em
comparação com o seu peso próprio, o qual resulta em estruturas mais leves, e
consequentemente pode ser dimensionado fundações mais sustentáveis e econômica. O aço
também apresenta facilidade de vencer grandes vãos, e grandes alturas respeitando os limites
de deslocamentos normativos, além de ser um material quase 100% reciclável.
Um exemplo de estudo de caso que analisou as vantagens citadas acima e resultou no
aço como melhor opção de material estrutural, foi o caso do Edifício Moorgate Exchange de 12
pavimentos comerciais, localizado em Londres, Reino Unido, estudo este realizado em 2018
pela The Steel Construction Institute (SCI), mostrado na Figura 1..

Figura 1:– Vista geral do Moorgate Exchange.

Fonte : SCI (2018).

Segundo o Manual de Construção em Aço da CBCA (2005), o aço, assim como outros
materiais da construção civil, apresenta uma redução da sua resistência (Figura 2) e rigidez
(Figura 3) quando expostos a altas temperaturas. Tal redução, se dá de forma mais acentuada
19

com o aumento da temperatura no aço do que em outros materiais como por exemplo o concreto.
Devido a esta taxa de degradação progressiva das propriedades mecânicas, as estruturas
metálicas podem apresentar colapsos prematuros em sua estrutura ou ligações, fazendo-se
necessário levar em consideração nos projetos o desempenho da estrutura quando expostas à
incêndios (MARTINS, 2000). Essa perda das propriedades mecânicas é eventualmente
encarada como grande empecilho para o uso do aço por parte da indústria da construção civil
mais tradicionalista.

Figura 2– Redução da resistência ao escoamento em função da temperatura

Fonte: CBCA (2005).

Figura 3:Redução do módulo de elasticidade em função da temperatura

Fonte: CBCA (2005).

Kimura (2009) ressalta que o incêndio é um dos desastres mais temidos pela
humanidade, e se não controlado pode trazer consequências graves tanto à vida quanto aos
20

patrimônios. A autora também expõe que fenômenos do tipo são documentados desde a era
cristã, como o Grande Incêndio de Roma em 64 d.C., e vêm marcando a história da humanidade
até nos períodos atuais. Um exemplo foi o caso do grande incêndio de Londres, Inglaterra em
1666, e também em Chicago nos EUA ocorrido no Séc. XIX.
No contexto nacional os desastres são bem mais recentes, como o caso do Edifício de
Andraus, ocorrido em 1972, e do Edifício Joelma em 1974, ambos na cidade de São Paulo.
Mais recentemente, foi o incêndio na Boate Kiss em 2013, ocorrido na cidade de Santa Maria -
RS. Na Figura 4 é apresentada as catástrofes mencionadas anteriormente.
Segundo Pannoni (2007), estudos relativos à resistência ao fogo das construções
metálicas tiveram seu estopim devido tragédias como as citadas acima, as quais envolveram,
principalmente edificações de ferro fundido, como é o caso do citado incêndio em Chicago que
depredou total ou parcialmente cerca de 17.000 prédios.

Figura 4 :Fotos dos incêndios ocorridos: (a) Londres, Inglaterra; (b) Chicago, EUA; (c)
Edifício Andraus, SP; (d) Edifício Joelma, SP e (e) Boate Kiss, SM

(a) (b)

(c) (d) (e)

Os estudos e pesquisas pioneiras, futuramente fomentariam a criação de normas e


procedimentos afim de preservar a vida e os patrimônios perante as situações de incêndio. No
Brasil, temos a ABNT NBR 14323:2013 “Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios
em situação de incêndio – Procedimento”, a qual apresenta as condições exigíveis para
dimensionamento em situação de incêndio de elementos estruturais de aço. A norma aborda
21

estruturas constituídas por perfis laminados, perfis soldados não híbridos, perfis formados a
frio, elementos estruturais mistos aço-concreto (vigas mistas, pilares mistos e lajes de concreto
com forma de aço incorporada) e ligações executadas com parafusos ou soldas.
A ABNT NBR 14323:2013, recomenda que o dimensionamento das estruturas metálicas
em situação de incêndio seja realizado com base em resultados de ensaios (análise
experimental), ou por meio de métodos analíticos de cálculo, podendo estes serem simplificados
ou avançados. O método avançado de dimensionamento proposto pela norma resulta em uma
análise mais realista dos elementos estruturais, por isso a modelagem numérica por meio de
softwares será o assunto de interesse da presente pesquisa para aprofundamento do tema e
estudo normativo.
No que segue, será detalhado o objetivo e justificativa para a escolha do tema do
presente trabalho, bem como a metodologia e revisão bibliográfica que se julgue pertinente para
compor o andamento e conclusão do projeto de pesquisa.

1.1. JUSTIFICATIVA

As estruturas de aço perdem parte da sua resistência quando expostas a altas


temperaturas, sendo mais suscetíveis a grandes deformações e colapso prematuro.
O estudo do impacto do fogo nas propriedades mecânicas das estruturas em edificações,
é assunto explorado há muito tempo por diversos países. Pesquisas e normas regulamentadoras,
vêm se aprimorando cada vez mais para garantir a segurança tanto dos usuários, quanto dos
patrimônios, este desenvolvimento segundo Martins (2000), possui influência direta no sucesso
dos esforços contra as fatalidades decorrentes dos incêndios.
Por fim, o presente estudo também se justifica pela ausência da abordagem do assunto
específico de dimensionamento de segurança contra incêndio na grade curricular proposta pelo
curso de graduação, sendo uma contribuição importante a formação acadêmica.
22

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem por objetivo estudar o comportamento de perfis metálicos em


situação de incêndio, por meio de métodos simplificados e avançados propostos pela ABNT
NBR 14323:2013.

1.2.2. Objetivos específicos

a) Realizar uma revisão bibliográfica para avaliação do comportamento de estruturas


metálicas em altas temperaturas;
b) Aplicar o método avançado para avaliação térmica de perfis metálicos em altas
temperaturas, por meio do programa computacional ABAQUS;
c) Aplicar o método simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013.
23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Dorr (2010), a Engenharia de Segurança contra Incêndio, surgiu como uma
tentativa de mudar o cenário mundial, que previa projetos inflexíveis e antieconômicos aos
profissionais que aderissem aos cuidados estabelecidos, até então, pelos códigos e regulamentos
sobre incêndio.
Segundo Vargas e Silva (2005), os princípios básicos da segurança contra incêndios são:
minimizar o risco à vida, e reduzir a perda patrimonial. Os autores, entendem como risco a vida
a exposição por um longo tempo à fumaça ou ao calor, e o eventual colapso da estrutura nos
usuários da edificação ou equipes de combate. Já perda patrimonial, Vargas e Silva (2005)
definem como a destruição total ou parcial da edificação e bens materiais em seu interior,
abrangendo a edificação onde se localiza o incêndio e também edificações vizinhas. Na Figura
5 é ilustrado os diferentes níveis que estabelecem as diretrizes seguidas pela segurança contra
incêndios.

Figura 5:Componentes a serem considerados para a avalição de estruturas em segurança


contra incêndio.

Fonte : Adaptado de OSTMAN et al. (2010 apud MARTINS, 2016)

Apesar das estruturas, tanto de aço quanto de concreto, perderem praticamente 60% da
sua resistência relativa quando expostas a temperaturas acima de 600°C, a principal causa de
morte em incêndios não é o colapso da estrutura, mas sim, a exposição às fumaças tóxicas
vindas da combustão, conforme pode ser observado na Tabela 1 (FERRAZ, 2018). Por isso,
segundo Martins (2000), normas regulamentadoras da segurança de estruturas contra incêndio
24

ao redor do mundo, não definem apenas o dimensionamento e verificação das estruturas em


situação de incêndio, mas também ditam exigências sobre:
a) Fuga das pessoas (rotas de fuga com sinalização e proteção, sistemas de exaustão de
fumaça, escadas de segurança);
b) Compartimentação da edificação (portas corta-fogo, “barreiras” para a propagação
do incêndio);
c) Extinção do incêndio (rede de hidrantes, extintores, dispositivos de alertas,
sinalizações, chuveiros automáticos, brigada particular de combate ao fogo);
d) Prevenção do incêndio (uso materiais não inflamáveis, regulamento e projeto para
instalações...).

Tabela 1 Causas de mortes em incêndios de edifícios.


País Calor e fumaça Outras causas
França 95% 5%
Alemanha 74% 26%
Países Baixos 90% 10%
Reino Unido 97% 3%
Suíça 99% 1%

Fonte: Vargas e Silva (2005)

As medidas de segurança contra incêndio podem ser classificadas em ativas e passivas.


Medidas ativas buscam prever meios para o escape e salvamento das pessoas, bem como a
detecção do incêndio, e redução da probabilidade de incêndios severos. Tais medidas são
definidas previamente nos projetos arquitetônicos, como por exemplo, larguras maiores para
escadas e corredores, e compartimentação de ambientes. Enquanto, medidas passivas visam
reduzir a probabilidade de colapso estrutural em incêndios. O possível colapso é dependente da
resistência da estrutura exposta ao fogo durante um determinado tempo, mantendo suas
características de estabilidade, isolamento e estanqueidade, conceitos ilustrados na Figura 6
(PANNONI, 2001).
25

Figura 6: Propriedades de resistência ao fogo de elementos estruturais e de compartimentação.

Fonte: Pannoni (2001).

Estanqueidade é a propriedade do elemento construtivo de vedar a passagem de gases


quentes, e chamas de dentro para fora do compartimento. Por isso, o material não pode
apresentar fissuras decorrentes do calor de incêndio ou da sua montagem e construção.
Isolamento térmico é a propriedade de resistência ao fogo, ou seja, a capacidade do elemento
de vedação de impedir o fluxo de calor para além do ambiente em chamas. Por fim, o último
aspecto em relação a resistência ao fogo, é a estabilidade, a qual é diretamente relacionada à
resistência mecânica do elemento construtivo, e deve ter seu dimensionamento levando em
conta as ações térmicas (BARROS, 2016).
Uma estrutura em condições normais é considerada segura quando resiste aos esforços
e carregamentos normais externos, como vento e gravidade (VARGAS e SILVA, 2005).
Todavia, quando um incêndio é deflagrado em uma edificação, o mesmo altera o estado de
tensão e deformação, característico da estrutura em condições ambiente.
Em resposta ao aquecimento diferencial da estrutura exposta ao incêndio, e à rigidez das
suas ligações, as dilatações térmicas dão origem a um novo estado de tensões e deformações
variável no tempo à medida que o incêndio se desenvolve. Somando-se tudo isto, tem-se a
degradação das propriedades mecânicas dos elementos estruturais, tanto dos elementos em
contato com o fogo, quanto daqueles afastados do compartimento em chamas, os quais podem
ser os primeiros a entrar em colapso devido ao novo estado de tensões que lhe é imposto
(PANNONI, 2001).

2.1. CARACTERÍSTICA DO INCÊNDIO

Kimura (2009), define o fogo como uma manifestação química em resposta a existência
de uma fonte de calor, um combustível, e um comburente (oxigênio), também denominado o
26

Triângulo do Fogo (Figura 7). Todavia, Seito (2008) afirma, que não há um consenso mundial
para definir fogo, como pode ser percebido nas definições normativas de diferentes países.
a) Brasil – ABNT NBR 13860:1997: fogo é o processo de combustão caracterizado pela
emissão de calor e luz;
b) Estados Unidos da América - (NFPA): fogo é a oxidação rápida autossustentada
acompanhada de evolução variada da intensidade de calor e de luz;
c) Internacional - ISO 8421-1: fogo é o processo de combustão caracterizado pela emissão
de calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos;
d) Inglaterra - BS 4422:Part1: fogo é o processo de combustão caracterizado pela emissão
de calor acompanhado por fumaça, chama ou ambos.

Figura 7: Triângulo do Fogo.

Fonte: Gouveia (2006).

A ABNT NBR 13860:1997, defini incêndio como “Fogo fora de controle”, nesse
sentido para que o fogo se mantenha, e também se propague na edificação formando uma reação
em cadeia, há a dependência de diversos outros fatores como: condição de abertura da
edificação (janelas, portas, etc.), existência de compartimentos (paredes, divisórias, etc.), estado
físico dos combustíveis, e também distribuição dos mesmos (KIMURA, 2009).
A autora também menciona que na grande maioria dos incêndios em edificações, a
intensidade da combustão tem maior dependência da presença dos gases inflamáveis. Estes
entram em contato com o ar devido ao movimento convectivo das chamas, e da fumaça
proveniente do fogo e gera o efeito em cadeia da propagação das chamas.
Kimura (2009), afirma que há numerosas fontes de calor em edificações, dentre elas:
a) fontes de chamas (fósforos, velas e aquecedores a gás);
27

b) fontes fumegantes (cigarros, e fontes elétricas com falhas);


c) e as fontes radiantes (superfícies quentes, fricção e relâmpagos).
Todavia, a ignição dos materiais combustíveis em edificações pelas fontes citadas,
depende das propriedades térmicas, tamanho, e forma dos materiais combustíveis. O tempo
requerido para tal ignição também depende do parâmetro chamado inércia térmica do material,
a qual se define como o produto entre a condutividade térmica, densidade e calor específico do
mesmo.
Partindo da premissa que o incêndio é uma ação excepcional, ou seja, com pouca
probabilidade de ocorrer, não se dimensiona as estruturas considerando as condições de
incêndio juntamente com as solicitações a temperatura ambiente. Isso tornaria o projeto
antieconômico. Dessa forma, enquanto de um lado o dimensionamento que leva em conta o
incêndio, faz a minoração de esforços como o peso próprio, sobrecargas, esforços do vento, e
entre outros, do outro lado há a significativa redução da resistência no aço. Isso se justifica
devido a tentativa de obter um cálculo estrutural mais realístico em situação de incêndio
(VARGAS E SILVA, 2005).
Ainda sobre o dimensionamento das estruturas de aço em situação de incêndio, Dorr
(2010) ressalta a importância de se estudar a temperatura dos gases no ambiente em chamas,
bem como a forma de transferência do calor (radiação, convecção ou condução) do fogo. Dessa
forma, é possível aferir a capacidade resistente e os esforços solicitantes devido as ações
térmicas.
É fato que cada incêndio tem sua característica e aumento gradual da temperatura
dependente dos fatores citados, porém para facilitar o estudo dos mesmos é conveniente usar a
estratégia de modelagem do incêndio em uma curva Temperatura versus Tempo. No que se
segue, será abordado as diferentes curvas de incêndio propostas por normas e pesquisas, por
fim será também definido as formas de transferência de calor.

2.1.1. Modelo de incêndio Real – Temperatura versus Tempo

Vargas e Silva (2005) afirmam que, para o dimensionamento de estruturas a principal


característica de um incêndio é a curva que fornece a temperatura dos gases em função do tempo
de incêndio (Figura 8). Isso pois, a partir da curva de incêndio, será possível aferir as ações
térmicas.
28

Figura 8: Curva Temperatura x Tempo de um incêndio real.

Fonte: Buchanan (2004)

Kimura (2009) afirma que a curva de incêndio real possui três fases distintas: a primeira
é a ignição, a qual Seito (2008) caracteriza por possuir um crescimento lento com duração em
média de cinco a vinte minutos. Segundo Azevedo (2010), durante a primeira fase, se cessada
a fonte de calor, o fogo não se sustenta, todavia Gouveia (2006) ressalta que ao final da primeira
fase a fumaça causada pelo fogo é grande, e por isso pode trazer riscos à vida dos ocupantes. A
primeira fase denomina um período chamado pré-flashover, nele as medidas de proteção contra
incêndio como detectores de calor e fumaça, chuveiros automáticos e brigadas de incêndio, são
suficientes no combate às chamas (KIMURA 2009).
De acordo com Seito (2008), a transição de um incêndio localizado para a tomada
completa do compartimento é em geral repentina, representada por um aumento brusco na curva
Temperatura x Tempo, e marcada pelo ponto denominado Flashover ou inflamação
generalizada. Barros (2016), afirma que o “ponto” de transição entre a primeira e segunda fase
(combustão generalizada), representa na verdade uma estreita faixa de temperatura entre 250ºC
a 350oC, na qual o ambiente é tomado por grandes labaredas, e sua duração se dá até que cerca
de 60% a 80% da carga combustível seja consumida.
Nessa segunda fase de combustão generalizada, também denominada pós-flashover,
Azevedo (2010) afirma que o incêndio passa de superficial para volumétrico, até atingir sua
temperatura máxima. Por fim, inicia-se a fase de resfriamento, com redução gradativa da
temperatura, Gouveia (2006) ressalta que nessa fase podem ocorrer fenômenos importante
como o reinício do incêndio, caso todos os materiais combustíveis não tenham sido consumidos.
No resfriamento, segundo o mesmo autor, também pode ocorrer o colapso de elementos
estruturais e de vedação.
29

Vargas e Silva (2005), afirmam que a determinação de uma curva Temperatura x Tempo
real de um incêndio é difícil pela grande variabilidade dos parâmetros que nela influem. A
curva, segundo os autores, apresenta dependência dos fatores:
a) quantidade e forma de distribuição dos materiais combustíveis (carga de incêndio no
compartimento em chamas);
b) grau de ventilação do compartimento calculado a partir das dimensões das aberturas
para o ambiente externo;
c) tipo de material e espessura dos elementos de vedação do compartimento.
A variabilidade das curvas de incêndio também é comentada por Dorr (2010), o qual
afirma que devido a este fato o modelo de incêndio real é comumente substituído por curvas
denominadas “incêndio natural” ou “parametrizadas” propostas por normas, conforme mostra
a Figura 9. O autor também afirma que por meio de considerações matemáticas dependentes
dos parâmetros citados acima, é possível, portanto, construir curvar que se aproximem mais da
realidade de cada edificação em chamas, como é o caso de compartimentos com diferentes
graus de ventilação, como também mostrado na Figura 9.

Figura 9:Curvas Temperatura x Tempo de incêndios sob condições distintas de ventilação e


disponibilidade de material combustível.

Fonte: Dorr (2010)

2.1.2. Modelo de incêndio Natural – Temperatura x Tempo


30

O modelo de incêndio natural (Figura 10), é uma simplificação das condições reais de
incêndio. Ele desconsidera a fase de ignição, visto que a mesma atinge temperaturas que não
são consideradas de risco para a resistência dos elementos estruturais, e também simplifica a
fase de resfriamento por meio de uma reta (KIMURA, 2009).

Figura 10:Modelo de incêndio natural

Fonte: Kimura (2009)

A curva de incêndio natural, aborda com maior detalhamento a fase pós-flashover, de


maior interesse para o dimensionamento estrutural. Segundo Azevedo (2010), tais curvas são
obtidas por meio de ensaios ou modelos matemáticos aferidos à ensaios, que procuram simular
um incêndio nas suas reais proporções em um compartimento.
O modelo de incêndio natural, ou também denominado parametrizado, é devidamente
descrito no EUROCODE 1, part 1.2 (2002), o qual afirma que a curva Temperatura versus
Tempo do referido modelo é válida apenas para compartimentos até 500 m² de área em planta,
sem aberturas no telhado, e com uma altura de até 4 metros. A norma europeia também assume
que todo compartimento é tomado pelo fogo.
A equação do EUROCODE 1, part 1.2 (2002) para o ramo ascendente (aquecimento)
da curva de incêndio natural é dada pela Eq.1.

∗ ∗ ∗
θg = 20 + 1325(1 − 0,324e−0,2t − 0,204e−1,7t − 0,472e−19t )
* * *
θg = 20 + 1325(1-0,324e-0,2t -0,204e-1,7t -0,472e-19t ) Eq.1
-0,2t* -1,7t* -19t*
θg = 20 + 1325(1-0,324e -0,204e -0,472e
o 𝜃𝑔 Temperatura do gás no compartimento em incêndio [oC];
o t* Tempo fictício [h].

O parâmetro t* que compõem a Eq.1 é definido pela Eq.2:


31

t ∗ = t. Γ Eq.2
o t Tempo [h];
o 𝛤 Fator de correção do tempo.

O fator de correção do tempo 𝛤, é dado em função do fator de abertura do


compartimento e da absorção térmica do mesmo, como definido pela Eq.3.

O 2
b
Γ=⌈ 0,04 ⌉ Eq.3
1160

o b Absorvidade térmica do material de vedação do compartimento, válido dentro


do intervalo 100≤b≤2200 [J/m²s1/2K];
o O Fator de abertura ou grau de ventilação, que varia dentro dos limites 0,02≤O≤0,2
[m1/2].

Para os parâmetros que compõem o fator de correção do tempo, valem as definições


dadas pela Eq. 4 e Eq.5.

b = √(ρcλ) Eq.4
√heq √heq
O = Av O = Av Eq.5
At At

o 𝜌 Massa específica do material de vedação do compartimento [kg/m³];


o c Calor específico do material de vedação do compartimento [ J/KgK];
o 𝜆 Condutividade térmica do material de vedação do compartimento [W/mk];
o Av Área total das aberturas verticais nas paredes [m²];
o heq Média ponderada das alturas das aberturas em relação à área total das aberturas
[m];
o At Área total do compartimento [m²].

O EUROCODE 1, part 1.2 (2002) ainda ressalta que, caso o fator 𝛤 = 1 a curva descrita
pela Eq.1 se aproximará do modelo de incêndio padrão. A norma europeia também considera
que o cálculo dos fatores “b”, massa específica “𝜌”, calor específico “c”, e condutividade
térmica “𝜆” podem ser feitos considerando a temperatura ambiente.
Por fim, a norma europeia apresenta também equações matemáticas que definem a fase
de resfriamento da curva (Eq.6).
32

θg = θmax − 625(t ∗ − t ∗ max . X)θg = θmax -625(t * -t * max . X) Se t*max≤0,5


θg = θmax − 250(3 − t ∗ max )(t ∗ − t ∗ max . X)θg = θmax -250(3-t * max )(t * -t * max . X) Se
0,5<t*max≤2 Eq.6
θg = θmax -250(t * -t * max . X) Se t*max>2

Como prescrito pela norma, a fase de resfriamento depende da temperatura máxima


fictícia t*max, dada pela Eq.7. A temperatura máxima de incêndio, definida pela Eq.8 compõem
a expressão matemática do parâmetro citado anteriormente.

t*max= tmax 𝛤 Eq.7


qt,d
t max = max [(0,2. 10-3 . ) ; t lim ]
O
qt,d
t max = max [(0,2. 10-3 . ) ; t lim ] Eq.8
Fv

o qt,d Valor de cálculo da carga de incêndio referido a área total da superfície At do


compartimento, sendo 50≤𝑞𝑡,𝑑 ≤1000 [ MJ/m²] e definido pela Eq.9;
Af
qt,d = qf,d Eq.9
At

o qf,d Valor de cálculo de carga de incêndio referido à área da superfície Af do piso


[MJ/m²], dado pelo apêndice E do EUROCODE 1, part 1.2 (2002) ;
o Af Área de piso [m²]
o tlim Duração do incêndio quando controlado pelo material combustível [h];

2.1.3. Modelo de incêndio padrão – Temperatura x Tempo

Vargas e Silva (2005) afirmam que, devido as dificuldades de determinar uma curva
Temperatura versus Tempo de um incêndio, as curvas padronizadas foram adotadas como
convenção para estudos experimentais de estruturas em situação de incêndio, porém ressaltam
que não representam um incêndio real. Portanto, qualquer conclusão a partir do estudo do
incêndio padrão deverá ser devidamente analisadas, pois não representa os fatos reais em um
incêndio.
A padronização das análises de estruturas, tem por objetivo gerar dados possíveis de
serem comparados e usados em estudos futuros em qualquer lugar do mundo. Por isso, a grande
relevância de uma curva de aquecimento dos gases como a curva padrão, tanto para o contexto
33

experimental, quanto para o numérico. Internacionalmente, algumas curvas são recomendadas,


como a proposta pela ASTM E 119 (2000), e pela ISO 834-1:1999, sendo que as normas
brasileiras adotam a curva proposta pelo ISO 834:1999.

2.1.3.1. CURVA PADRÃO PROPOSTA PELA ASTM E119:2000

Segundo Kimura (2009), a curva padrão proposta pela ASTM E 119 é definida por um
número discreto de pontos, conforme a Tabela 2.

Tabela 2: Pontos discretos da curva temperatura x tempo recomendado pela ASTM E 119

Cuva discretizada da ASTM E 119


Tempo Temperatura Tempo Temperatura
(min) (oC) (min) (oC)
0 20 55 916
5 538 60 927
10 704 65 937
15 760 70 946
20 795 75 955
25 821 80 963
30 843 85 971
5 862 90 978
40 878 120 1010
45 892 240 1093
50 905 480 1260

Fonte: Kimura (2009)

2.1.3.2. CURVA PADRÃO PROPOSTA PELA ISO 834-1:1999

A ISO 834-1:1999, especifica a temperatura dos gases em um incêndio por meio da Eq.
10, e desenvolvida na Figura 11. Faz-se pertinente ressaltar que este modelo serviu de base para
a norma brasileira ABNT NBR 14323:1999, a qual estabelece prescrições para o
dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio.

θg = 20 + 345log10 (8t + 1) Eq.10


o 𝜃𝑔 Temperatura dos gases [°C];
o T Tempo decorrido [min].
34

Figura 11: Curva de Incêndio padrão proposta pela ISO 834-1:1999

Fonte: Dorr (2010)

A curva proposta pela ISO não apresenta temperatura máxima, mas somente um trecho
ascendente, por isso faz-se necessário definir previamente um tempo de referência para a
obtenção da máxima temperatura que o elemento estrutural deve resistir, bem como um tempo
que também permita a evacuação dos ocupantes com segurança (DORR, 2010). A esse tempo
é denominado Tempo Requerido de Resistencia ao Fogo (TRRF), o qual será devidamente
definido em itens posteriores.

2.1.3.3. EUROCODE 1 PART 1-2

O EUROCODE, propõem dois métodos de curvas Temperatura versus Tempo para


incêndio padrão. A primeira é a adoção da proposta da ISO 834:1975, citada no item anterior,
a qual a norma europeia recomenda para ambientes com carga combustível composta,
principalmente por materiais celulósicos. Enquanto, a segunda proposta de curva, é
recomendada para quando o compartimento em chamas é composto principalmente por
materiais combustíveis de hidrocarbonetos, definida pela Eq. 11.

θg (t) = 1080(1-0,325e-0,167t -0,67e-2,5t ) + 20 Eq.11

Por fim, a Figura 12 compara as curvas dos modelos de incêndio padrão apresentados
acima.
35

Figura 12:Curvas Temperatura x tempo propostas pelas principais normas estrangeiras

Fonte: Kimura (2009)

As curvas apresentadas nos subitens acima prescrevem a temperatura dos gases em um


compartimento em chamas, essa temperatura é ligeiramente superior à temperatura dos
elementos estruturais que compõem tal compartimento (VARGAS E SILVE, 2005). O aumento
das temperaturas nas estruturas devido as ações térmicas interferem de forma direta nas
propriedades mecânicas do aço, nesse sentido faz-se pertinente apresentar um estudo sobre
conceitos necessários para se compreender a influência das ações térmicas dos elementos
estruturais, bem como definir algumas propriedades mecânicas do aço.

2.2. MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

A diferença de temperatura entre os corpos resulta em uma transferência de energia a


qual é estudada pela ciência da transferência de calor. O conhecimento do processo de troca de
calor entre os corpos é essencial para o estudo do comportamento de incêndio, visto que esta
transferência de energia será observada entre os gases, ou chamas, e os elementos estruturais
(AZEVEDO,2005).
Kimura (2009), descreve que o modo como a energia calorífica é gerada e dissipada no
ambiente se dá por 3 formas: condução, convecção e radiação (Figura 13). No que segue, serão
brevemente descritas as 3 formas de transferência de calor.
36

Figura 13:Mecanismo de transmissão de calor em edifícios em chamas

Fonte: Azevedo (2005)

2.2.1. Condução
Barros (2016), defini a condução como a típica forma de transferência de calor de corpos
sólidos que consiste na transferência de energia térmica entra as partículas da matéria. O mesmo
autor ainda ressalta que a facilidade ou não de transferência de energia pelo material, depende
da constituição atômica do mesmo, a qual faz com que ele seja classificado como condutor ou
isolante de calor. O aço é um exemplo de material condutor, isso devido sua facilidade de
transferência de calor ao longo do seu perfil.
Kimura (2009) afirma, que a condução de calor é um fator decisivo na ignição das
superfícies sólidas, bem como na sua resistência às ações térmicas. Como dito anteriormente,
para se aferir a transferência de calor por condução faz-se necessário conhecer algumas
propriedades do material de interesse, as quais são:
a) a densidade 𝜌 (massa do material pela sua unidade de volume);
b) o calor específico c (calor necessário para aquecer em uma unidade de temperatura,
uma unidade de massa do material);
c) e a condutividade térmica 𝜆 (taxa de calor transferido em uma unidade de espessura
para variar uma unidade de temperatura no material).
Fatores derivados das propriedades dos materiais citadas, também são relevantes para o
estudo da condução em incêndios, como é o caso da inércia térmica (resultado do produto de 𝜌
𝜆 e c), e da difusidade térmica (α= 𝜆/ 𝜌c). Materiais com baixa inércia térmica tem sua
temperatura elevada mais rapidamente quando exposta ao calor, portanto mais propícia para
entrar em ignição. Já os materiais com baixa difusidade térmica conduzem mais calor que
aqueles com alta difusidade, isso no caso de exposição à altas temperaturas variantes com o
tempo (AZEVEDO,2010).
37

A transferência de calor por condução ocorre exclusivamente na direção do gradiente


térmico, e é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre dois pontos, como
ilustrado na Figura 14. A Eq.12 descreve o fluxo de calor em regime estacionário por condução
unidimensional, conhecida por Lei de Fourier.

Figura 14:Transferência de calor unidimensional por condução

Fonte: Azevedo (2010)


ḣk = −λ Eq.12
dx

o ḣ𝑘 Fluxo de calor por unidade de área devido à condução no eixo x [W/m²];


o 𝜆 Condutividade térmica do material [W/m oC];
o 𝜃 Temperatura [oC];
o x Distância na direção do fluxo de calor [m].

Por fim, Azevedo (2010) ainda prescreve que diversas situações que envolve a condução
como forma de transferência de calor, possuem o tempo como variável. Nestes casos, o fluxo
de calor é considerado não estacionário ou transiente, e o armazenamento de energia também
faz parte da transferência de calor. Nos casos em que o calor condutivo é unidimensional em
um material sem liberação de calor interno, a Eq.13 define a transferência de calor.

d²θ 1 dθ
= Eq.13
dx² α dt

o t Tempo [s]
o α Difusidade térmica [m²/s]

2.2.2. Convecção
A convecção, igual a condução, é uma forma de transferência de calor que necessita de
um meio material para ocorrer, no caso meios fluidos gasosos, ou líquidos. Silva et al (2005),
38

explica que o fluxo de calor gerado pela condução (Figura 15) é devido a diferença de densidade
entre os gases do ambiente em chamas. O movimento ascendente dos gases quente, e
consequentemente desentende dos gases frios, criam um fluxo convectivo que é determinante
para o rápido aquecimento do ambiente e dos elementos estruturais, consequentemente também
determinante para a propagação das chamas (LEAL,2011).

Figura 15:Convecção decorrente de um incêndio

Fonte: Leal (2011)

A ABNT NBR 14323:2013 e o EUROCODE 3 part 1-2, estabelece o coeficiente de


transferência de calor por convecção igual a 25W/m²oC. Segundo Kimura (2009), a taxa de
aquecimento ou resfriamento depende da velocidade do fluido na superfície, e em geral a
convecção ocorre devido a transferência de calor entre um sólido e um fluido circulante. O
fluxo de calor por unidade de área é dado pela Eq.14

ḣc = αc . ∆θ Eq.14
o 𝛼𝑐 Coeficiente de transferência de calor por convecção;
o ∆𝜃 Diferença de temperatura entre a superfície sólida e o fluido [K ou oC].

2.2.3. Radiação
A transmissão de calor por radiação, diferente dos outros dois modos citados acima,
pois não necessita de um meio material para ocorrer, visto que é feito por ondas
eletromagnéticas. Quando em meio material, a radiação pode ocorrer tanto em material estático
(como a condução), quanto em material em movimento (como a convecção). (AZEVEDO,
2005)
Quando a radiação incide em um corpo, o mesmo pode absorver, refletir ou transmitir a
radiação térmica, como poder ser observado na Figura 16. Nesse sentido, os parâmetros que
39

explicam o comportamento da radiação incidente são: absorvidade (α), refletividade (ρ), e


transmitância (τ), relacionados na equação 15

α + ρ + τ =1 Eq.15

Figura 16:Distribuição da radiação incidente

Fonte: Azevedo (2005)

Buchanan (2004), afirma que a radiação é a forma de transmissão de calor principal das
chamas para as superfícies combustíveis. A equação matemática que descreve o fluxo de calor
por radiação (ḣr ) em uma superfície receptora é dada pela Eq.16.

ḣr = ∅εe σθ4 e Eq.16


o ∅ Fator de configuração (adimensional);
o 𝜀𝑒 Emissividade da superfície emissora (adimensional);
o 𝜎 Constante de Stefan-Boltzmann [W/m²K4];
o 𝜃𝑒 Temperatura absoluta da superfície emissora [K].

A norma ABNT NBR 14323:2013 e a EN 1993-1-2:2009 considera o coeficiente de


emissividade igual a 0,7, e constante de Stefan-Boltzmann igual a 5,67.10-8W/m²K4. Já o fluxo
de calor resultante da superfície emissora para a superfície receptora é dado pela Eq. 17.

ḣr = ∅εσ(θ4 e − θ4r ) Eq.17


o 𝜃𝑟 Temperatura absoluta da superfície receptora;
o 𝜀 Emissividade resultante das duas superfícies dada pela Eq. 18.
40

1
ε= 1 1 Eq.18
+ −1
εe εr

o 𝜀𝑟 Emissividade na superfície receptora.

A Eq.17 pode ser representada na forma linearizada, fazendo as devidas considerações


tem-se a Eq. 19, onde hr é denominado de coeficiente de transmissão de radiação.

ḣr = h𝑟 (𝜃𝑒 − 𝜃𝑟 ) Eq.19

Azevedo (2010), define emissividade como a eficiência da superfície emissora como


radiador, parâmetro que varia de 0 a 1. Os chamados corpos negros possuem emissividade igual
a 1, ou seja, é um perfeito emissor.
Por fim, Kimura (2009), afirma que nenhum corpo se adequa as leis de corpo negro,
portanto faz-se necessário um termo adicional para aferir a energia radiante de uma superfície
emissora, esse fator é denominado emissividade (𝜀) e depende do comprimento de onda da
energia radiante, e também da temperatura da superfície e do ângulo de radiação. Segundo a
mesma autora, nos cálculos da engenharia de segurança de incêndio é adotado o estudo dos
corpos cinzentos, o qual tem sua troca de calor complexa com equações analíticas podendo ser
definidas apenas para casos simples.

2.3. PROPRIEDADES MECÂNICAS E FÍSICAS DO AÇO SOB TEMPERATURA


ELEVADA

2.3.1. Resistência ao escoamento e módulo de elasticidade


O EUROCODE 3 part1-2, prescreve que para aços em temperaturas elevadas a relação
tensão e deformação é dada pelo Quadro 1, e pela Figura 17. A norma europeia restringe o uso
dos dados expostos no quadro e Figura 17, para aços com taxa de aquecimento entre 2 a 50
K/min, e define também que tais relações devem ser utilizadas para determinar a resistência do
aço devido as ações estruturais sob temperaturas elevadas.
41

Quadro 1 Tensão e deformação do aço em temperaturas elevadas

Domínio de extensões Tensão σ Módulo tangente


𝜀 𝜀𝑝,𝜃 𝜀𝐸𝑎,𝜃 𝐸𝑎,𝜃

0,5 (𝜀 ,𝜃 − 𝜀)
𝑓𝑝,𝜃 − + 2 − (𝜀 − 𝜀)²
𝜀𝑝,𝜃 𝜀 𝜀𝑦,𝜃 ,𝜃 2−
0,5
(𝜀 ,𝜃 − 𝜀)²

𝜀𝑦,𝜃 𝜀 𝜀𝑡,𝜃 𝑓𝑦,𝜃 0


𝜀𝑡,𝜃 𝜀 𝜀 ,𝜃 𝑓𝑦,𝜃 1 − (𝜀 − 𝜀𝑡,𝜃 ) (𝜀 ,𝜃 − 𝜀𝑡,𝜃 ) -
𝜀 = 𝜀 ,𝜃 0 -
Parâmetros 𝜀 ,𝜃 =𝑓 ,𝜃 𝐸 ,𝜃 𝜀 ,𝜃 =0,02 𝜀 ,𝜃 =0,15 𝜀 ,𝜃 =0,20

Funções

Fonte: EUROCODE 3 part1-2 (2005)

Figura 17: Curva tensão deformação de aço sob temperaturas elevadas

Fonte: EUROCODE 3 part1-2 (2005)

Na Figura 17, observa-se quatro estágios na curva tensão x deformação. O primeiro é


um comportamento linear da deformação em reposta da tensão aplicada, até que a mesma atinja
a tensão limite de proporcionalidade 𝜀𝑝,𝜃 . O segundo estágio representa uma curva que segue o
42

comportamento elasto-plástico com encruamento, até que atinja a tensão de escoamento 𝜀𝑡,𝜃 .
Já o terceiro estágio o material se encontra em escoamento, ou seja, há um acréscimo de
deformação sem um aumento de tensão. Por fim, o quarto estágio se dá com um decrescimento
linear da tensão até que a mesma seja nula, ou seja, até atingir a deformação de ruptura.
(KIMURA,2009)
O Quadro 1 fornece a descrição matemática do EUROCODE para as propriedades
mecânicas do aço sujeito à altas temperaturas, todavia para utilizar tal método faz-se necessário
a resistência e a rigidez do material em tais condições como dados de entrada. A ABNT NBR
14323:2013, prescreve que para uma taxa de aquecimento entre 2 oC/min e 50 oC/min, é
possível utilizar os dados de fatores de redução expostos na Tabela 3, relativos aos valores a 20
o
C, para obter a resistência ao escoamento (Eq.20) e no módulo de elasticidade (Eq. 21) do aço
em temperatura elevada.
fy,θ
k y,θ = Eq.20
fy


k E,θ = Eq.21
E

o 𝑓𝑦,𝜃 Resistência ao escoamento do aço a uma temperatura 𝜃𝑎 ;


o 𝑓𝑦 Resistência ao escoamento do aço a 20 oC;
o 𝐸𝜃 Módulo de elasticidade do aço a uma temperatura 𝜃𝑎 ;
o E Módulo de elasticidade do aço a 20 oC.

Tabela 3:Fatores de redução do aço.

Fonte: ABNT NBR 14323:2013


43

A Figura 18 mostra a variação das propriedades, na forma de fatores de redução, em


função da temperatura.

Figura 18:Representação gráfica da redução das propriedades mecânicas do aço, em função da


temperatura.

Fonte: Kimura (2009)

Kimura (2009), ressalta que as diferentes formas de trabalho sobre o aço também
influenciam na determinação das suas propriedades em situação de incêndio. É o caso dos perfis
formados a frio, os quais possuem uma resistência ao escoamento maior, porém uma ductilidade
menor. O fato destes perfis serem mais propensos a flambagens locais, fez com que a ABNT
NBR 14323:2013 prescrevesse fatores de redução específico para esses perfis em aço,
prescritos pela Eq.22 e expostos na Tabela 4, porém sob as mesmas condições já citadas
anteriormente.

fy,θ
k σ,θ = Eq.22
fy
44

Tabela 4: fator de redução para a resistência ao escoamento de seções sujeitas a flambagem


local

a
Para valores intermediários de temperatura do aço pode ser feita interpolação linear
Fonte: ABNT NBR 14323:2013

2.3.2. Massa específica

De acordo com a ABNT NBR 14323:2013, a massa específica do aço independe da


temperatura e é igual a:
𝜌𝑎 = 7850 𝑘𝑔 𝑚³

2.4. PROPRIEDADES TÉRMICAS

2.4.1. Condutividade térmica

A condutividade térmica do aço apresenta variação com a temperatura, sendo definida


de forma simples como a capacidade de transmitir calor de uma face à outra (MARTINS, 2000).
De acordo com a ABNT NBR 14323:2013 e EN 1993-1-2:2005, a condutividade térmica varia
com a temperatura de acordo com a Eq.23 e Figura 19, expressa em W/m °C.

• Para 20 oC ≤𝜃𝑎 ≤ 800 oC


γa = 54 − 3,33x10−2 θa Eq.23
• Para 800 oC ≤𝜃𝑎 ≤ 1200 oC
γa = 27,3
o 𝜃𝑎 Temperatura do aço em Celsius [oC]
45

A norma brasileira ABNT NBR 14323:2013 também propõem a condutividade


𝑊
independente da temperatura do aço por um valor 𝛾𝑎 = 45 ºC , mas ressalta que a mesma é
𝑚

uma simplificação. O valor também é exposto na Figura 19 de forma comparativa.

Figura 19:Condutividade térmica do aço em função da temperatura

Fonte: ABNT NBR 14323:2013

2.4.2. Dilatação térmica/Alongamento

Em resposta ao aumento da temperatura, as peças estruturais em aço sofrem dilatações


significativas durantes incêndios. Essas dilatações térmicas, causam o aparecimento de esforços
consideráveis nos elementos estruturais, os quais podem ser a causa da perda de estabilidade da
estrutura (AZEVEDO, 2010).
∆𝑙𝑎
A ABNT NBR 14323:2013 e EN 1993-1-2:2005 descreve o alongamento das peças ( )
𝑙𝑎

de aço de acordo com a Eq.24, a qual é alterada de acordo com a faixa de temperatura da peça
em análise, e é ilustrada na Figura 20.

• Para 20 °C≤𝜃𝑎 ≤750 °C


∆la
= 1,2 × 10−5 θa + 0,4 × 10−8 θ2a − 2,416 × 10−4
la

• Para 750 °C≤𝜃𝑎 ≤860 °C


∆la
= 1,1 × 10−2 Eq.24
la

• Para 860 °C≤𝜃𝑎 ≤1200 °C


∆la
= 2 × 10−5 θa − 6,2 × 10−3
la
46

Onde:
o la Comprimento da peça de aço a 20 oC;
o ∆la Expansão térmica da peça de aço pela temperatura;
o θa Temperatura do aço, expressa em graus Celsius [oC].

Por fim, a norma brasileira ainda prescreve que para simplificações o alongamento do
aço pela temperatura pode ser considerado constante como mostra a Eq.25, e também ilustrado
na Figura 20.

∆la
= 14 × 10−6 (θa − 20) Eq.25
la

Figura 20:Alongamento do aço em função da temperatura

Fonte: ABNT NBR 14323:2013

2.4.3. Calor específico

Azevedo (2010), define calor específico como a “quantidade de calor necessária para
elevar 1oC (AZEVEDO, 2010, p.51). A ABNT NBR 14323:2013 e EN 1993-1-2:2005, expressa
o calor específico (ca) de acordo com a Eq. 26, em J/kg oC, com a forma demonstrada na Figura
21.

• Para 20 °C ≤𝜃𝑎 ≤ 600 °C


ca = 425 + 7,73 × 10−1 θa − 1,69 × 10−3 θ3a
• Para 600 °C ≤𝜃𝑎 ≤ 735 °C
13002
ca = 666 + Eq.26
738−θa

• Para 735 °C ≤𝜃𝑎 ≤ 900 °C


47

17820
ca = 545 +
θa − 731
• Para 900 °C ≤𝜃𝑎 ≤ 1200 °C
ca = 650

De forma simplificada, a ABNT NBR 14323:2013 estabelece o calor específico sem a


dependência da temperatura pelo valor 𝑎 = 600 J kg oC, a qual também é representada na
Figura 21.

Figura 21:Calor específico do aço em função d


a temperatura

Fonte: ABNT NBR 14323:2013

2.5. COMPARTIMENTAÇÃO

Para se compreender o conceito de compartimentação, faz-se relevante retomar as


definições de proteção passiva, já citadas no presente trabalho. Segundo Seito et al. (2008), a
proteção passiva consiste em formas de proteção incorporadas à edificação, e que não
necessitam de nenhuma forma de acionamento para exercerem sua função em uma situação de
incêndio. O mesmo autor ainda ressalta que tais elementos de proteção possuem função também
em situações normais, todavia em caso de incêndios os mesmos atuam impedindo o crescimento
do sinistro, são exemplos de proteção passiva: materiais de acabamento e revestimento
especiais, proteção das rotas de fuga, compartimentação, e isolamento térmico.
Define-se compartimentação como a “técnica de interposição de elementos de
construção resistentes ao fogo, destinadas a separar um ou mais locais do restante da edificação”
(KIMURA, 2009, p.60) definição que pode ser observada na Figura 22. Vargas e Silva (2005)
também resumem a influência da compartimentação nos seguistes fatores:
48

a) Severidade do incêndio: Quanto mais isolantes forem os elementos de


compartimentação (pisos e paredes), menor será a propagação do fogo para outros
ambientes, mas o incêndio será mais severo no compartimento;
b) Segurança da vida: a compartimentação limita a propagação do fogo facilitando a
desocupação da área em chamas para a áreas adjacentes;
c) Segurança do patrimônio: A compartimentação limita a propagação do fogo,
restringindo as perdas.

Figura 22: Compartimentação de um dado ambiente em chamas impedindo ou retardando sua


propagação para os demais ambientes por um tempo mínimo definido em norma

Fonte: Dorr (2010)

Kimura (2009), também afirma que as formas de evitar a propagação do incêndio, calor,
e gases aquecidos pode ser subdividido em compartimentações horizontais e verticais. A ABNT
NBR 13860:1997, define compartimentação vertical como as medidas de proteção contra
incêndio que evitam a propagação de um pavimento para o outro. Já a compartimentação
horizontal é definida pela mesma norma brasileira como a “subdivisão de pavimento em duas
ou mais unidades autônomas” (ABNT NBR 13860:1997, p.4), a fim de dificultar a propagação
do fogo por meio de paredes, e portas resistentes ao fogo.
Seito et al. (2008), complementam que o objetivo da compartimentação, além de
minimizar a propagação rápida das chamas, é a priori funcionar como ferramenta que permita
a evacuação eficiente do local de incêndio. Por isso, segundo os mesmos autores, a
compartimentação deve ser rigorosamente estudada para complementar os demais sistemas de
proteção contra incêndio do edifício.
A compartimentação condiciona a distribuição não uniforme de temperatura dos
elementos estruturais. O gradiente térmico, em relação a seção transversal, será diferente entre
elementos internos do ambiente e externos, como os pilares. Todavia, em relação a seção
longitudinal, apesar de a fase pós-flashover ser o assunto de maior interesse do estudo de
49

segurança contra incêndio, é a fase pré-flashover que define a distribuição não uniforme de
temperatura ao longo do elemento estrutural (KIMURA, 2009).
A função da compartimentação é comprometida na presença de aberturas
desprotegidas, ou quando não é construída ou mantida da forma adequada, isso resulta na falha
ao tentar separar devidamente o ambiente que o sinistro ocorre do resto da edificação. Nesse
sentido, fica evidente duas características necessárias para os materiais que compõem a
compartimentação: isolamento do fogo e estanqueidade à fumaça, já ilustrados na Figura 6
(SEITO et al., 2008),
Por fim, Wang (2002, apud Kimura, 2009) afirma que a representação de um incêndio
compartimentado de forma numérica é um processo muito elaborado, destacando 3
ferramentas: o método analítico, a modelagem de zonas, e a modelagem computacional
utilizando dinâmica dos fluidos (CFD). Tais soluções numéricas são devidamente definidas no
trabalho da autora, e serão suprimidas na presente pesquisa por questão de objetividade.

2.6. AVALIAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO

Rigobello (2011), descreve que os procedimentos para análise de projeto de estruturas


em situação de incêndio podem ser divididos em três classes. A primeira classe consiste no
método simplificado abordado pela ABNT NBR 14323:2013 e pela ISO 1991-1-2, as quais
englobam conceitos como Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF), e curva de
incêndio padrão. Este método proposto pelas normas, consiste em uma análise prescritiva de
fácil aplicação para perfis comerciais, e será devidamente detalhada na presente pesquisa.
A segunda e a terceira classe de procedimentos de análise de projeto, segundo Rigobello
(2011), procuram prever o desempenho estrutural em situação de incêndio, e são denominados
como método avançado pela ABNT NBR 14323:2013. A segunda classe, consiste em uma
análise numérica térmica, a qual pretende considerar as propriedades do material em
temperatura ambiente e a sua redução progressiva em temperaturas de incêndio, podendo assim
avaliar o comportamento estrutural. Enquanto, a terceira classe, consiste em uma análise
termoestrutural, que envolve a interação entre três principais aspectos de elementos estruturais
em situação de incêndio: o modelo padrão de incêndio; a transferência de calor para a estrutura;
e os esforços decorrentes do novo estado de tensão gerado.
Dentro do escopo do presente trabalho é de interesse compreender a primeira e a
segunda classe (método simplificado e análise térmica respectivamente) de procedimentos para
50

análise de projeto de estruturas em situação de incêndio, os quais serão base para os resultados
da presente pesquisa.

2.6.1. Verificação Segurança Contra Incêndio – NBR 14323:2013

A norma aborda alguns termos técnicos relacionados à segurança contra incêndio que
se fazem pertinentes compreender para a avaliação do campo térmico em estruturas de aço em
situação de incêndio. Tais termos eventualmente aparecem tanto no dimensionamento
simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013, quanto em parâmetros utilizados para a
análise dos resultados de evolução de temperatura na seção transversal do perfil exposto ao
aquecimento.

2.6.1.1. FATOR DE MASSIVIDADE

Martins (2000), afirma que o índice de aumento de temperatura de um elemento


estrutural é proporcional ao seu fator de massividade, equação 31. Isto indica que quanto maior
o fator de massividade, mais rápido é o aumento da temperatura.
𝐹 𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚 𝑠𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑 𝑑𝑒 = Eq.31
𝐴𝑔

o u é o perímetro do elemento estrutural exposto ao incêndio;


o Ag área da seção transversal do elemento estrutural.
O fator de massividade expõem que, para elementos com a mesma área, aqueles que
possuírem a menor superfície exposta ao incêndio, consequentemente menos fator de
massividade, se aquecerá mais lentamente. O fator vai de encontro também com as premissas
de transferência de calor, as quais se dão principalmente através das superfícies expostas ao
compartimento em chamas.

2.6.1.2. TEMPO REQUERIDO DE RESISTENCIA AO FOGO (TRRF)

A ABNT NBR 14323:2013 define o TRRF como “o tempo durante o qual um elemento
estrutural, estando sob ação do incêndio padrão não sofre colapso estrutural” (ABNT NBR
14323:2013, p.7). Portanto, o TRRF é definido como o tempo mínimo que uma estrutura deve
resistir ao fogo, sob o conceito de fogo padrão descrito na Norma ISO 834.
O TRRF é definido pelos parâmetros dados na ABNT NBR 14432:2001, a qual
classifica o TRRF de acordo com o uso e ocupação das edificações, profundidade do subsolo e
altura da edificação, como é dado de forma resumida no Quadro 2.
51

Quadro 2 Resumo dos Tempos requeridos de resistênsia ao fogo (TRRF), em minutos

Fonte: Pannoni (2007)

Portanto, a partir do tipo e das características da edificação, é possível aferir o TRRF.


Associando o tempo mínimo de exposição ao fogo, à curva de incêndio padrão, é obtido uma
temperatura máxima teórica à qual a estrutura estará submetida e para a qual deverá apresentar
capacidade portante suficiente para garantir a desocupação da edificação.

2.6.2. Método simplificado de avaliação do campo térmico – ABNT NBR


14323:2013

A ABNT NBR 14323:2013, estabelece um método simplificado de dimensionamento


para estruturas de aço, e determinação da distribuição de temperatura nos elementos estruturais.
A norma aborda os casos de elevação de temperatura em elementos estruturais pertencentes a
estruturas internas, sem e com revestimento contra fogo, elementos estruturais pertencentes a
estruturas externas, e elementos pertencentes a elementos de compartimentação.
Para o caso de elementos estruturais internos sem revestimento contra o fogo, enfoque
da presente pesquisa, a ABNT NBR 14323:2013 adota a distribuição uniforme de temperatura
52

na seção transversal. Nesse sentido, a norma define que a elevação de temperatura, Δθa,t ,durante
um intervalo de tempo Δt, pode ser determinado pela equação 27.
𝑢
( )
𝐴𝑔
𝛥𝜃𝑎,𝑡 = 𝐾𝑠ℎ 𝜑∆ Eq.27
𝑐𝑎 𝜌𝑎

o Ksh é um fator de correção para o efeito de sombreamento, que pode ser tomado
igual a 1,0;
o u/Ag é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem revestimento
contra o fogo [m-¹];
o u é o perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço [m];
o Ag é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural [m²];
o 𝜌𝑎 é a massa específica do aço [kg/m³];
o ca é o calor específico do aço [J/kg/°C];
o 𝜑 é o valor do fluxo de calor por unidade de área [W/m²];
o ∆ é o intervalo de tempo [s].
O fluxo de calor é dado pela soma da parcela de contribuição devido à convecção e
devido à radiação, conforme exposto na equação 28.
𝜑 = 𝜑𝑐 + 𝜑𝑟 Eq.28
o 𝜑𝑐 é o componente do fluxo de calor devido à convecção [W/m²], conforme dado
na equação 29;
o 𝜑𝑟 é o componente do fluxo de calor devido à radiação [W/m²], conforme dado na
equação 30;
𝜑𝑐 = 𝛼𝑐 (𝜃𝑔 − 𝜃𝑎 ) Eq.29
4
𝜑𝑟 = 5,67𝑥10−8 𝜀𝑟𝑒𝑠 [(𝜃𝑔 + 273) − (𝜃𝑎 + 273)4 ] Eq.30
o 𝛼𝑐 é o coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo ser tomado,
para efeitos práticos, como igual a 25 W/m², no caso de exposição ao incêndio padrão,
ou 35W/m², para incêndio natural
o 𝜃𝑔 é a temperatura dos gases [°C];
o 𝜃𝑎 é a temperatura na superfície de aço [°C];
o 𝜀𝑟𝑒𝑠 é a emissividade resultante, podendo ser tomada para efeitos práticos como
igual a 0,7.
A ABNT NBR 14323:2013, ainda define que o valor do intervalo de tempo ∆ não pode
ser maior que 5s, e o fator de massividade não pode ser tomado como menor que 10 m-1
53

Para elementos estruturais pertencentes a elementos de compartimentação, a norma


brasileira recomenda que o campo térmico para a seção transversal seja obtido por análises
térmicas baseadas nas hipóteses de transferência de calor. Todavia, a ABNT NBR 14323:2013
afirma que de forma conservadora, para elementos estruturais que consideram a
compartimentação, pode ser adotado a análise prescritiva proposta para o caso de elementos
estruturais internos sem revestimento contra o fogo descrito acima. Para isso, faz-se necessário
adaptar a área bruta a apenas a parte da área determinada pelo perímetro exposto ao fogo.

2.6.3. Análise numérica térmica

A ABNT NBR 14323:2013, apresenta o método avançado de dimensionamento de


estruturas de aço em situação de incêndio como uma das formas de avaliação do campo térmico.
A norma brasileira define o método avançado, como os processos que “...proporcionam uma
análise realística da estrutura e do cenário do incêndio...” (ABNT NBR 14323:2013, p.30). A
ABNT ainda prescreve que, conhecendo-se as propriedades do material na determinada faixa
de temperatura considerada, pode-se utilizar qualquer curva de aquecimento que melhor se
enquadrar no estudo.
Almeida (2012), adverte que o uso dos métodos avançados é eficaz para os estudos de
efeitos localizados (como o efeito em pilares), podendo não ser a melhor opção para análise
considerando os efeitos dos elementos adjacentes ao estudado, como estudo da capacidade
portante de um elemento considerando a estrutura completa. O mesmo autor ressalta que, por
norma, a validação dos resultados obtidos pelos métodos avançados é feita comprovando sua
eficiência na representação da situação de incêndio, e do comportamento da estrutural podendo
ser apoiado por estudos experimentais ou por um histórico de análises anteriores.
A aplicação do método avançado em problemas de incêndio é geralmente realizada por
análises numéricas utilizando pacotes computacionais, e englobam tanto análises térmicas
transientes, ou seja, com condições de contorno variáveis com o tempo, quanto o
comportamento dos elementos dependente da temperatura. (BARROS, 2016).
Segundo Simões (2018), as análises numéricas no contexto térmico podem ser divididas
em 3 formas distintas, porém com conclusões que conversão entre si. A primeira é a análise
térmica (foco da presente pesquisa), que determina o campo térmico do elemento, e as ações
térmicas relevantes. A segunda, denomina-se análise estrutural, a qual é feita à temperatura
ambiente e considera as imperfeições estruturais, cargas atuantes na estrutura e modos de
instabilidade. Por fim, o terceiro modo de análise numérica consiste na análise termoestrutural,
54

a qual tem o intuito de simular a real situação da estrutura em um incêndio. As relações das 3
formas distintas de análise numérica são representadas na Figura 23, na qual Nr é a força de
compressão em termos percentuais de resistência.

Figura 23: Ilustração das etapas envolvidas na modelagem numérica em temperaturas


elevadas

Fonte: Leal (2011)

Diante do exposto, segundo Martins (2000), a análise térmica é caracterizada pelo


campo de temperatura e as propriedades térmicas do material variantes ao longo do tempo,
permitindo assim determinar a distribuição da temperatura no elemento estrutural.
Para que a resolução das análises térmicas em perfis metálicos com o método avançado
seja exequível, ou seja, sem a adoção de soluções analíticas bastante trabalhosas, faz se o
emprego de pacotes computacionais, e procedimentos numéricos como o Método dos
Elementos Finítos (MEF).

2.7. PACOTES COMPUTACIONAIS

Os diferentes pacotes computacionais disponíveis para a simulação de análises


numéricas térmicas, trabalham como ferramentas que viabilizam soluções que, sem a ajuda dos
softwares, seriam trabalhosas. Com o auxílio dos programas voltados para análises numéricas,
é possível que o engenheiro trabalhe apenas na modelagem do elemento estrutural, e nos dados
que devem ser imputados para o devido andamento da simulação.
No que se segue, serão apresentados alguns dos pacotes computacionais utilizados nas
pesquisas que serviram como base para o presente trabalho, bem como o software utilizado para
as análises térmicas da pesquisa.
55

2.7.1. ANSYS ® V9.0

Segundo Kimura (2009) pacote computacional ANSYS ® V9.0, possui uma biblioteca
diversa de elementos finitos considerados adequados para o estudo de análises térmicas. Para a
obtenção do campo térmico, o software tem por base o princípio do equilíbrio térmico, e utiliza
o MEF para realizar as análises numéricas.
O pacote computacional ANSYS é vastamente utilizado em pesquisas na área da
Engenharia de Estruturas, principalmente no estudo de estruturas metálicas, visto que o mesmo
tem a capacidade de simular análises estruturais, térmicas e termoestruturais de diferentes
materiais, em diferentes geometrias, esbeltez e arranjo estrutural.

2.7.2. Super Tempcalc (STC)

Segundo VELARDE (2007), o código computacional Super-Tempcalc (STC), é um


programa para determinação do campo térmico, com base no método dos elementos finitos. Foi
desenvolvido na Suécia pelo pesquisados Yngve Anderberg que fez parte do grupo de estudos
FIRE SAFETY DESIGN. Kimura (2009) menciona que o STC faz parte do pacote
computacional Temperature Calculation and Design (TCD), e além de obter dados sobre o
campo térmico no elemento estrutural analisado, também determina esforços resistentes em
elementos submetidos à compressão centrada, considerando o campo de temperatura uniforme
no sentido longitudinal.

2.7.3. ABAQUS versão 6.14

O código computacional ABAQUS utiliza o Método dos Elementos Finitos (MEF) para
a simulação de suas análises numéricas. O software permite realizar com bastante precisão
análises térmicas transientes, através da ferramenta Heat Transfer da biblioteca Standard. O
ABAQUS considera as diferentes formas de transmissão de calor, fornecendo dados do campo
térmico no elemento estrutural modelado. Nesse sentido, para as citadas análises, o software
ABAQUS utiliza dois tipos de comandos de superfície:
a) “film condition”: transferência de calor por convecção;
b) “radiotion to ambient”: transferência de calor por radiação.
56

A biblioteca do ABAQUS dispões de uma variedade de elementos finitos de diferentes


tipos como Sólido, Shell, Menbrane, Frame, entre outros. Por isso, o código computacional é
vastamente utilizado para diversos estudos da área da Engenharia de Estruturas, realizando
análises estruturais, térmicas e termoestruturais.
O ABAQUS versão 6.14 será o pacote computacional utilizado para a realização das
análises térmicas da presente pesquisa, visto que as ferramentas e biblioteca de elementos
finitos que o compõem são consideradas suficientes as simulações que serão feitas no presente
trabalho.

2.8. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS


Os problemas de engenharia de estrutura do dia a dia procuram se solucionar por meio
das metodologias prescritas, pelos estudos da resistência dos materiais, e soluções matemáticas
simplificadas que surgem do estudo de equações diferenciais. Todavia, grande parte das
estruturas e problemas relacionados possuem análises muito complexas para serem
contempladas de forma realística pelas técnicas clássicas de dimensionamento e análises de
confiabilidade (FILHO A., 2009).
Nesse sentido, se motivou o estudo mais aprofundado de caminhos alternativos aos
procedimentos analíticos clássicos da engenharia, no que se deu origem ao Método dos
Elementos Finitos. O método consiste em desenvolver procedimentos aproximados, que podem
ser aplicados independente da forma do elemento estrutural e da sua condição de carregamento.
Os dois caminhos para solução de problemas estruturais, são representados na Figura 24
(FILHO A., 2009).

Figura 24: Os dois grandes caminhos que podem ser percorridos na solução de problemas
estruturais

Fonte: adaptado de Filho A. (2009)


57

A discretização de um elemento contínuo consiste em dividir a estrutura em partes


separadas e distintas conectadas entre si nos pontos discreto, esse é um dos conceitos básicos
do MEF. O uso de sistemas discretos, é um dos motivos que fez com que o MEF seja
amplamente adotado pela engenharia estrutural, pois a discretização produz muitas soluções
resultante de diversas equações algébricas simultâneas (uma para cada elemento finito). Estas
equações algébricas podem ser resolvidas por sistemas computacionais, pois não envolvem
decisões de engenharia. O engenheiro deve se preocupar apenas com a etapa de criação do
modelo que será discretizado, bem como escolher o elemento finito adequado para a
representação do elemento estrutural (FILHO A., 2009).
Por fim a Figura 25 ilustra o método geral para análise de sistemas discretos como o
MEF.
Figura 25: Método Geral para Análise de Sistemas Discretos

Fonte: Filho A. (2009)

O uso do MEF de forma geral é feito através de códigos computacionais, os quais


utilizam o método para obter solução numéricas aproximadas, ou seja, de forma simples
transforma um problema complexo na soma de diversos problemas simples. A divisão da
estrutura em elementos menores, faz com que cada pequena parte seja interligada com o todo
através dos pontos nodais, os quais possuem graus de liberdade.
58

A aplicação do MEF na solução de problemas de condução de calor consiste em resolver


equações diferenciais considerando a Lei de Fourier, e as condições de contorno. Suprimindo
as deduções das equações matemáticas, por objetividade, com base no MEF, a equação de
equilíbrio que governa o problema transiente de condução de calor para o elemento finito de
forma matricial, se dá de acordo com a Eq. 27.

𝜕𝜃 𝑒
C 𝑒 { } + 𝐾 𝑒 {𝜃}𝑒 = 𝑅𝑒 Eq.27
𝜕𝑡

o C Matriz da capacitância;
o Ke Matriz de condutividade térmica;
o Re Vetor de fluxos de calor nodais;
o θe Vetor que contém as temperaturas nodais no elemento.
O campo de temperatura no entorno do elemento estrutural é diretamente relacionado
as ações térmicas relevantes indicadas em normas, especificações estrangeiras, ou bibliografia
especializada. A ação térmica é definida como as “ações na estrutura descritas por meio do
fluxo de calor para os seus componentes” (ABNT NBR 14323:2013, p.4).

2.9. ABAQUS – ELEMENTO FINITO PARA ANÁLISES TÉRMICAS

Para as simulações das análises numéricas térmicas em perfis metálicos, é recomendado


a utilização do elemento finito do tipo casca (shell). A escolha do elemento é embasada na
afirmação de Dorr (2010): a variação de temperatura ao longo da espessura da mesa e alma da
seção transversal é insignificante devido à grande condutividade térmica do aço, e as espessuras
serem reduzidas. Nesse sentido, apenas uma camada pode ser considerada suficiente para a
representação dos perfis de aço.
Simões (2018), comprova que o elemento finito do tipo casca para representar perfis de
aço é mais vantajoso que a utilização do elemento finito do tipo sólido comparando resultados
de análises térmicas experimentais com análises numéricas análogas utilizando ambos
elementos finitos, como pode ser observado na Figura 26 e Figura 27.
59

Figura 26: Comparação entre os resultados dos modelos térmicos constituídos por elementos
de casca e sólido para o pilar H22-ORT-T15

Fonte: Simões (2018)

Figura 27: Comparação entre os resultados dos modelos térmicos constituídos por elementos
de casca e sólido para pilar H22-PAR-T15

Fonte: Simões (2018)

Como pode ser observado na Figura 26 e Figura 27, o modelo numérico que utilizou o
elemento finito do tipo casca apresentou melhores resultados quando comparado com o sólido,
60

isso porque o primeiro se aproxima mais da curva numérica Tempo versus Temperatura das
análises experimentais na maioria dos casos estudados.
Simões (2018), ressalta que os elementos finitos do tipo casca podem ser classificados
em dois tipos, como pode ser visualizado na Figura 28. A diferença entre eles, segundo o mesmo
autor, é a quantidade de nós por elementos, graus de liberdade e forma de representação
tridimensional. Rossi (2019) complementa que o código computacional ABAQUS fornece a
nomenclatura DS4 para elementos de casca.
Figura 28: Características do elemento de casca

Fonte: Abaqus (2013)

Diferentes refinamentos da malha de elementos finitos, como exemplificado pela Figura


29 podem resultar em grandes diferenças de tempo de processamento das análises térmicas.
Dorr (2010), aponta que o processamento da malha da Figura 29 (A), levou cerca de 10 segundo,
enquanto o processamento da malha mostrada na Figura 29 (B), levou cerca de 10 minutos.
Apesar a grande diferença de tempo, o autor citado anteriormente, afirma que não houve
grandes divergências nos resultados.

Figura 29: Exemplo de diferentes níveis de discretização de malhas para análise térmica,
casos (A) e (B).

(A) (B)
61

Fonte: Dorr (2010)

2.10. CONDIÇÕES DE CONTORNO E PROPRIEDADES DAS ANÁLISES


TÉRMICA

Rossi (2019), afirma que nas análises térmicas as condições de contorno do elemento
estrutural analisado possuem uma dependência direta dos fenômenos de trocas de calor
(convecção, radiação e condução) entre o meio e a estrutura, isso em conjunto com seus
respectivos coeficientes e as regiões que os mesmos atuam.
Segundo a mesma autora, o princípio de conservação de energia, que estabelece que a
quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante, é base do MEF para
realização de suas análises térmicas.
Portanto, para desenvolver de forma realística as análises térmicas faz-se conveniente
especificar as condições iniciais do elemento estrutural estudado, bem como as condições de
contorno associadas à superfície que o mesmo encontra em contato (sólida ou fluida). Para o
corpo sólido envolvido em um fluido (como o ar), a Figura 30 demonstra como a convecção e
a radiação atuam como condições de contorno, e a condução como troca de calor interna.
Na Figura 30, temos o volume do corpo (elemento estrutural) representado pelo domínio
“Ω”, as condições de contorno associadas a superfície “Γ”, a temperatura na superfície “Ta”, a
temperatura do fluido “Tg”, a condutividade “k”, e os coeficientes de transmissão de calor por
convecção e radiação respectivamente “hc” e “hr”.

Figura 30: Condições de contorno no problema de domínio sólido

Fonte: Ribeiro (2009)


62

Rigobello (2011) também afirma que, com relação às condições de contorno referentes
a superfície do domínio, pode-se estabelecer duas considerações:
a) condições de contorno essenciais: temperaturas prescritas no contorno “Γ𝑇 ”;
b) condições de contorno naturais: fluxo de calor prescrito no contorno e trocas de
calor.

2.11. EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA CONDUÇÃO DE CALOR EM SÓLIDOS

As condições de contorno do elemento estrutural em uma análise térmica dependem dos


modos de transmissão de calor, nesse sentido sabe-se que o fluxo de calor por condução é
definido pela Lei de Fourier, sendo que o calor por convecção é governado pela Lei de Newton,
por fim entende-se que a radiação é a propagação do calor por ondas eletromagnéticas
(BARROS, 2016). Partindo destas premissas, pode-se definir um fluxo de calor equivalente
(ḣ𝑐𝑟 ), referente a convecção e à radiação pela Eq. 27.

ḣcr = ḣc + ḣr Eq.27
o ḣc Fluxo de calor por convecção por unidade de área;
o ḣr Fluxo de calor por radiação por unidade de área.

Substituindo a Eq.14 e Eq.19 na Eq.27, obtém-se a Eq. 28 a seguir:

ḣcr = heq (θe − θr ) Eq.28


o heq Coeficiente de transmissão de calor por convecção e/ou por radiação definido
pela soma (𝛼𝑐 + ℎr ).

O fluxo de calor equivalente referente a condução segundo Barros (2016), pode ser
aferido analisando um elemento infinitesimal bidimensional, como ilustrado na Figura 31. A
condução de calor pode ser determinada aplicando-se a primeira lei da termodinâmica, Lei da
Conservação de Energia, a qual também pode ser observada na Figura 31. Portanto, a diferença
entre o fluxo de calor que entre e que sai do elemento é dada pela Eq 29.

∂qx ∂qy
(qx + qy ) − [(qx + dx) + (qy + dy)]=0 Eq.29
∂x ∂y
63

Figura 31: Princípio da conservação de energia aplicado ao elemento infinitesimal

Fonte: Barros (2016)


O Barros (2016) afirma que a energia interna gerada no sistema da Figura 31, e a energia
armazenada no corpo, sem considerar perda, e sabendo-se que a espessura do corpo é unitária,
é definida pela Eq.30 e Eq.31, respectivamente.

Qdxdy Eq.30
∂θ
ρcdxdy Eq.31
∂t

o Q Calor gerado no interior no elemento infinitesimal po unidade de volume


e tempo;
o 𝜃 (x,y,t) Distribuição de temperatura.

Por fim, substituindo as Eq.29, 30, e 31 na lei de conservação de energia e aplicando-se


a Lei de Fourier (Eq. 12), conclui-se que a equação correspondente à propagação de calor por
condução é dada pela Eq.32. Faz-se relevante também considerar a hipótese de homogeneidade
térmica e isotropia (condutividade térmica “λ” constante em qualquer ponto do material e em
qualquer direção).

∂2 θ ∂2 θ ∂θ
𝜆( + ) + Q = ρc Eq.32
∂x2 ∂y2 ∂t

Barros (2016) também conclui que para os casos particulares de regime permanente (ou
também denominado estacionário), a temperatura não varia com o tempo, ou seja a Eq. 32
64

transforma na Equação de Poisson, muito aplicada em diversos problemas de engenharia. Além


disso, o autor afirma que se além do regime permanente também não houver geração de calor
interno, tem-se a Eq. 32 como a conhecida Equação de Laplace.
65

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho consiste em uma avaliação teórica e numérica do comportamento


térmico de perfis metálicos expostos à altas temperaturas, ou seja, em situação de incêndio. Os
estudos se baseiam nos dois métodos prescritos pela ABNT NBR 14323:2013:
“Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento”
para dimensionamento e verificação de estruturas metálicas em situação de incêndio. A
primeira, é uma análise prescritiva resultante do método simplificado de dimensionamento da
norma brasileira. Enquanto, a segunda forma de verificação consiste em uma análise numérica
térmica com base nos métodos avançados de cálculo, também prescritos pela norma.
Com o intuito de resumir a proposta de metodologia, a Figura 32 ilustra as etapas que
foram executadas em sequência juntamente com as principais sub etapas que as compõe.

Figura 32 Etapas e Sub Etapas realizadas para a análise de pilares em situação de incêndio
Revisão bibliográfica
LEGENDA
sobre o tema estruturas
em situação de incêndio
Início / Fim

Etapa
Validação
Calibração entre pacotes Perfis: UB 254 x 146 x 43
Kimura Sub Etapa
computacionais UC 203 x 203 x 46
(2009)
Calibração da Validação
modelagem numérica
Validação Perfil metálico
Calibração entre resultados
Perfil: HEA 220 Rocha
experimental e numérico
(2016)

Método
simplificado – Perfis: UB 127 x 76 x 13
NBR 14323:2013 UC 305 x 305 x 137
Exposição ao fogo
Caixão 200x200
em todas as faces
CS 550x502
Análise numérica W150x13
Avaliação do térmica -
comportamento de ABAQUS
perfis em situação de
incêndio
Exposição ao fogo Análise numérica
considerando térmica - Perfil: UC 203x203x46
compartimentação ABAQUS

Análise dos resultados

Fonte: Autora (2021)

A análise térmica, por meio do método avançado será realizada com o auxílio do pacote
computacional ABAQUS versão 6.14. Nesse sentido, para embasar a realização das análises
numéricas térmicas no presente trabalho, foi previsto a realização de uma revisão bibliográfica
66

de teses, dissertações, documentos, e normas nacionais e internacionais sobre o tema estruturas


de aço em situação de incêndio.
Seguindo a recomendação da ABNT NBR 14323:2013, a fim de validar os dados
obtidos realizou-se a calibração dos resultados das análises numéricas com experimentos
análogos, e simulações de outros autores.

3.1. VALIDAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO

Para validar o campo térmico obtido pelas análises numéricas realizadas no ABAQUS,
foram adotadas duas diferentes estratégias de calibração. A primeira validação consiste em uma
comparação entre os dados térmicos obtidos utilizando pacotes computacionais. Para isso, foi
simulado as análises térmicas realizadas por Kimura (2009).
Já a segunda validação das análises numéricas térmicas, consiste na comparação entre
os dados obtidos por análises experimentais, e os dados numéricos utilizando o ABAQUS.
Nesse sentido foi simulado numericamente as análises experimentais feitas por Rocha (2016),
adaptando a curva de aquecimento para a respectiva curva do forno elétrico utilizada na
pesquisa do autor.

3.1.1. Calibração entre pacotes computacionais

A primeira forma de calibração das análises térmicas realizadas no presente trabalho,


foi feita tendo como base o estudo feito por Kimura (2009). Kimura (2009) utilizou dois pacotes
computacionais, sendo eles o ANSYS e STC, com a finalidade de obter o campo térmico, o
qual considera os três modos primários de transferência de calor. No presente trabalho iremos
utilizar o pacote computacional ABAQUS e comparar com os dados obtidos por Kimura (2009).
A geometria dos perfis utilizados para essa etapa de calibração é apresentada na Tabela
5. Os perfis metálicos serão avaliados com todas as suas faces igualmente expostas ao aumento
de temperatura, como ilustrado na Figura 33.

Tabela 5: Propriedades geométricas dos perfis de calibração


Seção transversal h b tw tf
(mm) (mm) (mm) (mm)
UB254 x 146 x 43 259,3 147,3 7,2 12,7
UC203 x 203 x 46 203,2 203,6 7,2 11,0
67

Fonte: British Steel (2018)

Figura 33 Esquema de exposição ao fogo da calibração entre pacotes computacionais

Fonte: Autora (2021)

Kimura (2009) adotou a proposta da curva padrão de incêndio da ISO 834:1975 para a
análise bidimensional do campo térmico de temperatura uniforme para alguns perfis metálicos.
Padronizou-se também a calibração para um tempo de exposição de 60 minutos de exposição à
curva de incêndio padrão.

3.1.2. Calibração entre resultado experimental e numérico

Seguindo a etapa de calibração dos modelos numéricos, fez-se relevante validar o campo
térmico comparando dados obtidos por meio de análises experimentais, com os dados obtidos
pelo ABAQUS. Para isso foi utilizado o estudo desenvolvido por Rocha (2016), o qual realizou
análises experimentais com o intuito de estabelecer o comportamento estrutural de pilares de
aço e misto de aço e concreto inseridos em paredes em situação de incêndio.
O perfil metálico utilizado na pesquisa do autor e que será utilizado para validação do
campo térmico é o perfil HEA220, com os parâmetros geométricos dados pela Tabela 6. Para
a presente calibração, serão utilizados os dados que o autor aferiu expondo todo o perfil ao
fogo, como ilustrado na Figura 33.
68

Tabela 6 Parâmetros geométricos do perfil HEA220


Seção transversal h b tw tf
(mm) (mm) (mm) (mm)
HEA220 188,0 220,0 7,0 11,0
Fonte: IDF Materiaux (2021)

Nas análises experimentais de Rocha (2016), as temperaturas foram aferidas ao longo


do pilar por meio de cabos termopares do tipo K instalados em 5 pontos distribuídos no perfil,
representados na Figura 34. Para efeito de calibração, foram extraídos os dados de evolução
temporal via ABAQUS considerando os mesmos pontos de localização de termopares.

Figura 34 Pontos de instrumentação de termopares na seção de aço

Fonte: Rocha (2016)


Segundo Rocha (2016), o forno elétrico utilizado na pesquisa segue uma programação
que se aproxima da curva de incêndio padrão ISO 834:1999 (Figura 11), entretanto não é
idêntica. O autor também menciona que apesar da programação do forno seguir a curva
proposta pela norma europeia, a temperatura média do aparelho e a nominal programada só se
tornam coincidentes após alguns minutos de acionamento do forno. Rocha (2016), justifica a
divergência da curva real de temperatura versus tempo do forno em comparação com a
programada, devido ao efeito decorrente da inércia térmica do sistema, o qual resulta no atraso
da taxa de aquecimento e consequente diferença entre as curvas, como pode ser visto na Figura
35.
69

Figura 35 Comparação entre as curvas de temperatura média do forno e o incêndio padrão da


ISO 834:199 para o ensaio com perfil HEA220-FC30-©-Misto

Fonte: Rocha (2016)


Conforme o exposto, foi adotado a estratégia de inserir os dados de aquecimento do
forno utilizado no experimento do autor, ao invés da curva padrão ISO 834, visto que para a
calibração dos resultados é mais real para a aproximação das análises experimentais versus
numéricas.

3.2. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PERFIS METÁLICOS EM


SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Após a validação do modelo numérico, iniciou-se o processo de avaliação do


comportamento de perfis metálicos considerando a evolução da temperatura sob diferentes
formas de exposição da seção transversal ao fogo. Os resultados de perfis considerando todas
as faces expostas ao aquecimento, serão embasados pelo método simplificado proposto pela
ABNT NBR 14323:2013, e por análises numéricas térmicas. Enquanto, os perfis que possuem
a exposição ao fogo considerando a compartimentação, serão avaliados apenas numericamente
por meio de análises térmicas.
No que se segue, serão apresentados os parâmetros adotados para os perfis analisados,
e as descrições dos modelos numéricos que foram desenvolvidas com o uso do pacote
computacional ABAQUS versão 6.14.

3.2.1. Parâmetros dos perfis analisados


70

Conforme ilustrado na Figura 36, as seções transversais dos perfis aqui analisados
seguem os parâmetros geométricos expostos no Quadro 3.

Figura 36: Notação empregada na descrição da geometria utilizada nos modelos numéricos

Fonte: Kimura (2009).

Quadro 3 Parâmetros para seções transversais dos perfis metálicos


SIGLA PARÂMETRO
d Altura total da seção transversal do pilar,
bf Largura da seção transversal do pilar
h Altura interna da alma (distância entre as mesas)
tw Espessura da alma
tf Espessura da mesa
rx Raio de giração segundo eixo x
ry Raio de giração segundo eixo y
Ag Área da seção transversal
L Comprimento do perfil
Ix Momento de inércia segundo eixo x
Iy Momento de inércia segundo eixo y
Wel,x Módulo elástico de resistência a flexão segundo eixo x
Wel,y Módulo elástico de resistência a flexão segundo eixo y
Zx Módulo plástico de resistência a flexão segundo eixo x
Zy Módulo plástico de resistência a flexão segundo eixo y
Fonte: adaptado de Kimura (2009).
71

Independente da forma do perfil, conforme descrito nos itens 2.3 e 2.4, as propriedades
mecânicas e térmicas são as mesmas para o aço. Tais parâmetros são definidos tanto pela ABNT
NBR 14323:2013, quanto pelo EUROCODE 3: part 1.2, os quais são expostos no Quadro 4.

Quadro 4 Propriedades mecânicas e térmicas do aço


Parâmetro Valores adotados
Massa específica ρa = 7850 kg/m³
Condutividade térmica Segue o representado na Figura
19, mais especificamente na
Tabela A - 1
Calor específico Segue o representado na Figura
21, mais especificamente na
Tabela A - 2
Coeficiente de transferência de ac= 25 W/m² °C
calor por convecção
Emissividade resultante 0,5
Constante de Stefan-Boltzmann 5,67 x 10-8 W/m².K4
Fator de configuração 1,0
Fonte: ABNT NBR 14323 (2013)

3.2.2. Perfis com exposição ao fogo em todas as faces

As primeiras análises para fins de avaliação do comportamento térmico dos perfis foram
realizadas considerando os parâmetros geométricos, forma de exposição do fogo na seção
transversal, e os pontos onde serão extraídos os valores de temperatura dos perfis, expostos na
Tabela 7. O aquecimento, da forma que é distribuído por todas as faces do pilar, simula um
pilar interno a um compartimento ou edificação sem nenhum tipo de proteção contra o fogo, ou
seja, isolado.

Tabela 7 Perfis utilizados na avaliação do campo térmico com exposição ao fogo em todas as
faces

PONTOS DE
EXPOSIÇÃO AO
PERFIL GEOMETRIA [mm] EXTRAÇÃO DE
FOGO
DADOS
72

h b tw tf

UB127 X 76
127 76 4 7,6
X 13

PERFIL I

UC305 X
320,5 309,2 13,8 21,7
305 X 137

SEÇÃO CAIXÃO
200 - 5 -
CAIXÃO 200X200

CS 550x502 460 550 31,5 45


PERFIL
COM
PROTEÇÃO
TIPO CAIXA
W 150x13 138 100 4,3 4,9

Fonte: Autora (2021).

Na Tabela 7 pode-se observar que o perfil CS 550x502 possui uma espessura maior de
alma. Devido a isso, considerou-se analisar a influência do refinamento na malha de elementos
finitos, com a finalidade de analisar se há necessidade de elaboração de uma malha mais
detalhada em pontos estratégicos do perfil, como a alma do perfil.

3.2.3. Perfil com exposição ao fogo considerando compartimentação

Além da forma interna isolada, os pilares podem estar inseridos nas divisórias (paredes)
da compartimentação de um ambiente, dessa forma o modo como a seção transversal do aço é
exposto ao fogo é diferente do que já foi apresentado até o presente item.
Todas as análises que procuram simular a compartimentação na distribuição da
temperatura, utilizam o perfil com parâmetros geométricos apresentados na Tabela 8. A
alvenaria externa e interna, que representam as divisórias de compartimentação, terá
73

respectivamente 14 e 10 cm de espessura. Por fim, com intuito de simplificar o estudo, a


alvenaria será considerada um elemento adiabático, ou seja, que não há troca calor com o
ambiente. Com esta simplificação, as alvenarias simuladas nas análises térmicas não possuem
variação de temperatura (permanecem na temperatura inicial de ambiente, 20ºC), representando
um isolante perfeito das faces que permeiam o perfil metálico.

Tabela 8 Parâmetros geométricos do perfil considerando a compartimentação


Perfil h [mm] b [mm] tw [mm] tf [mm]
UC203x203x46 181,2 203,6 7,2 11
Fonte: British Steel (2018)

O perfil UC 203x203x46, foi utilizado anteriormente na etapa de calibração entre


pacotes numéricos. Sendo assim, possui a determinação do campo térmico para o caso com
exposição ao fogo em todas as faces obtida pelo ABAQUS, ou seja, simulando um pilar interno
a edificação sem interface com alvenaria. Nesse sentido, simulações numéricas considerando o
posicionamento da alvenaria com relação ao pilar, podem apresentar diferentes campos
térmicos.

A consideração da alvenaria como elemento adiabático, dispensa a necessidade de


inserir suas propriedades geométricas e de material nas análises numéricas. Para a consideração
da compartimentação, foi modelado o perfil metálico diferenciando as faces de contato com a
alvenaria, das faces sem o contado. Com essa diferenciação na modelagem, foi possível
delimitar as faces do perfil que recebem o aquecimento da curva ISO 834:199, e as faces de
contato com a alvenaria que permanecem em temperatura ambiente (20°C).

Na Tabela 9 é exposto a relação das situações de compartimentação analisadas, a forma


de exposição ao fogo no perfil metálico (com as faces expostas ao aquecimento realçadas em
vermelho), e também os respectivos pontos de extração de dados do campo térmico para cada
situação de compartimentação.

Tabela 9 Ilustração da proposta de análise térmica para os perfis considerando a interface com
paredes
PONTOS DE EXTRAÇÃO
CONSIDERAÇÃO DA
EXPOSIÇÃO AO FOGO DOS VALORES DE
COMPARTIMENTAÇÃO
TEMPERATURA
74

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA MESA
EM PAREDES
EXTERNAS

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES
EXTERNAS

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES
EXTERNAS,
POSSUINDO
INTERFACE COM
PAREDES INTERNAS
PELA MESA

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES
EXTERNAS,
POSSUINDO
INTERFACE COM
PAREDES INTERNAS
PELA MESA

Fonte: Autora (2021)

3.3. MÉTODO SIMPLIFICADO DE ACORDO COM A ABNT NBR 14323:2013

A ABNT NBR 14323:2013 aborda recomendações para diversos casos de elementos


estruturais expostos ao incêndio. O presente estudo fará a análise prescritiva para o caso de
pilares internos isolados sem revestimento contra o fogo, adotando as simplificações prescritas
pela norma, resumidas na Tabela 10.
75

Tabela 10 Parâmetros adotados para a aplicação do Método Simplificado


Recomendações da ABNT NBR
Parâmetros
14323:2013
Distribuição uniforme de temperatura na
Exposição ao fogo
seção transversal
Ksh 1,0
𝝆𝒂 7850 kg/m³
ca 600 J/kg°C
∆𝒕 5s
𝜶𝒄 25 W/m²
𝜺𝒓𝒆𝒔 0,7
Fator de massividade Maior que 10-1
Fonte: ABNT NBR 14323 (2013)

As equações de aplicação do Método Simplificado para a obtenção do campo térmico


em elementos estruturais internos sem revestimento contra o fogo são dadas pela Equação 27,
28, 29 e 30 disponíveis no item 2.6.2 da revisão bibliográfica e expostos abaixo,
respectivamente.
𝑢
(𝐴 )

𝑔
𝛥𝜃𝑎,𝑡 = 𝐾𝑠ℎ 𝜑∆
𝑐𝑎 𝜌𝑎

• 𝜑 = 𝜑𝑐 + 𝜑𝑟
• 𝜑𝑐 = 𝛼𝑐 (𝜃𝑔 − 𝜃𝑎 )
4
• 𝜑𝑟 = 5,67𝑥10−8 𝜀𝑟𝑒𝑠 [(𝜃𝑔 + 273) − (𝜃𝑎 + 273)4 ]
o Ksh é um fator de correção para o efeito de sombreamento, que pode ser
tomado igual a 1,0;
o u/Ag é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem
revestimento contra o fogo [m-¹];
o u é o perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço [m];
o Ag é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural [m²];
o 𝜌𝑎 é a massa específica do aço [kg/m³];
o ca é o calor específico do aço [J/kg/°C];
o 𝜑 é o valor do fluxo de calor por unidade de área [W/m²];
o ∆ é o intervalo de tempo [s].
o 𝜑𝑐 é o componente do fluxo de calor devido à convecção [W/m²];
76

o 𝜑𝑟 é o componente do fluxo de calor devido à radiação [W/m²];


o 𝛼𝑐 é o coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo ser tomado,
para efeitos práticos, como igual a 25 W/m², no caso de exposição ao incêndio
padrão;
o 𝜃𝑔 é a temperatura dos gases [°C];
o 𝜃𝑎 é a temperatura na superfície de aço [°C];
o 𝜀𝑟𝑒𝑠 é a emissividade resultante, podendo ser tomada para efeitos práticos
como igual a 0,7.

3.4. ANÁLISE NUMÉRICA TÉRMICA

A determinação do campo térmico nas análises numéricas térmicas, terá como base
modelos numéricos discretizados em elementos finitos, disponibilizados pelo código
computacional ABAQUS versão 6.14.
Seguindo as prescrições normativas e por questões de simplificação, as análises térmicas
são feitas exclusivamente no plano da seção transversal do pilar, que possibilita a determinação
da distribuição de temperaturas em diferentes pontos da seção. A temperatura inicial da análise
é a temperatura ambiente (20ºC).
Para a para a simulação do campo térmico de um incêndio, as análises térmicas tem por
base o Método dos Elementos Finitos (descrito no item 2.6.1), a conservação de energia, e as
formas de transmissão de calor. O software ABAQUS utiliza a ferramenta heat transfer para
dar seguimento nas análises térmicas, e a partir dela os dados de condição de contorno da análise
são imputados utilizando as ferramentas:
• Film condition, o qual recebe os inputs sobre as condições de transferência de calor por
convecção;
• Radiation to ambiente que se relaciona com as condições de transferência de calor por
radiação.
No Apêndice C Figura C - 1 é detalhado as etapas e sub etapas realizadas dentro do
ABAQUS para a extração dos resultados que se seguem. Faz-se importante ressaltar que o
fluxograma apresentado na Figura C - 1 não é o único processo passível de se obter os resultados
térmicos no ABAQUS, apenas o que foi adotado para a realização das presentes análises
térmicas.
77

3.4.1. Elementos Finitos

As análises térmicas da presente pesquisa utilizam os elementos finitos do tipo casca


(shell), disponíveis na biblioteca do ABAQUS denominados DS4.Optou-se pelo elemento
finito casca do tipo convencional, o qual possui grau de liberdade para rotação e deslocamento
nos eixos X, Y, e Z.
O elemento finito escolhido é denominado DC2D8, de ordem quadrática, com 8 nós, o
qual é exemplificado na Figura 37 (d). Possui como característica principal 4 nós na linha média
da espessura da seção transversal, e no caso de análises térmicas a temperatura será o único
grau de liberdade do elemento.
Figura 37 Numeração dos nós e faces dos elementos finitos – (a) 3 nós; (b) 4 nós; (c) 6 nós;
(d) 8 nós

Fonte: Abaqus (2013)

Por fim, além dos resultados de aumento de temperatura no perfil obtidos nas análises
térmicas do presente trabalho, também será avaliada a variação destes resultados devidos o
refinamento da malha de elementos finitos para o perfil CS 550x502. Para a avaliação de uma
malha otimizada, faz-se necessário ponderar o refinamento e o tempo de processamento dos
dados da análise.

3.5. TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNSIA AO FOGO (TRRF)

O TRRF especifica o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo, sendo determinado pela


ABNT NBR 14432:2001. Para a definição do TRRF para a edificação são considerados uso e
ocupação da edificação, bem como a altura da edificação.
78

Para a definição do tempo de exposição ao fogo a ser empregado no presente trabalho,


considerou em 3 diferentes alturas de edificação de uso residencial, como exposto na Tabela 11

Tabela 11 TRRFs prescritos pela ABNT NBR 14432:2001 para as 3 alturas de edificação

Uso: Edificação Residencial


Altura da edificação TRRF
12 m < h ≤ 23 m 60 min
23 m < h ≤ 30 m 90 min
h > 30 m 120 min
Fonte: ABNT NBR 14432 (2001)
79

4. RESULTADOS

Neste item do trabalho serão apresentados os resultados das análises realizadas para as
avaliações do campo térmico de pilares metálicos em situação de incêndio. No que se segue,
serão apresentados os dados referentes, inicialmente às validações da modelagem numérica, e
posteriormente os resultados obtidos a partir da aplicação do método simplificado proposto pela
ABNT NBR 14323:2013, e por fim os dados das análises numéricas dos perfis metálicos
propostos.

4.1 VALIDAÇÃO DA MODELAGEM NUMÉRICA

4.1.1. Calibração entre pacotes computacionais

A calibração entre pacotes computacionais foi feita com base nos estudos desenvolvidos
por Kimura (2009), a qual obteve seus dados utilizando os softwares ANSYS e STC. Foram
avaliados os dados de dois perfis metálicos, comparando os resultados de Kimura (2009) , e os
obtidos na presente pesquisa pelo software ABAQUS.
O primeiro perfil utilizado na calibração é o perfil UB254 x 146 x 43, o qual tem o
campo térmico dado na Figura 38 (a), (b) para um tempo de exposição de 60min. Estes dados
foram obtidos por Kimura (2009) utilizando o Super-Tempcalc e o ANSYS, respectivamente.

Figura 38 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UB254 x
146 x 43, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido: (a) via STC (b) via ANSYS

(a)
80

(b)
Fonte: Kimura (2009).

A Figura 39, apresenta o campo térmico obtido no software ABAQUS, simulando


também o perfil UB254 x 146 x 43, sob a mesma curva padrão de incêndio. É possível perceber
a grande semelhança na faixa de temperatura dos campos térmicos obtidos por Kimura (2009)
(ANSYS, e STC) e o campo obtido na presente pesquisa pelo ABAQUS.
Observou-se uma variação máxima de aproximadamente 3 °C em todo o campo térmico
na seção transversal, para os dados do ANSYS e do ABAQUS. A variação de temperatura ao
longo da espessura da mesa e alma da seção transversal é insignificante, considerando os
diferentes programas computacionais.

Figura 39 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UB254 x
146 x 43, para o tempo de exposição de 60 minutos, obtido via ABAQUS
81

Fonte: Autora (2021)

A similaridade entre as análises feitas por Kimura (2009) e as obtidas por meio do
ABAQUS é percebida não somente no campo térmico da Figura 38 e Figura 39, mas também
na evolução térmica dos três pontos pré-definidos para análise. As Figura 40, Figura 41, e
Figura 42 apresentam os dados obtidos por Kimura (2009) (ANSYS e STC), em comparação
com os obtidos na presente pesquisa pelo ABAQUS.

Figura 40 Evolução térmica do ponto médio do perfil UB254 x 146 x 43 via STC, ANSYS, e
ABAQUS
1000,0
900,0
800,0
ANSYS
TEMPERATURA [Cº]

700,0
600,0 STC

500,0
ABAQUS
400,0
Curva ISO
300,0
200,0
100,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]

Fonte: AUTORA (2021)


82

Figura 41 Evolução térmica do encontro alma e mesa do perfil UB254 x 146 x 43 via STC,
ANSYS, e ABAQUS
1000,0

900,0

800,0

700,0
TEMPERATURA [Cº]

ANSYS
600,0

500,0 STC

400,0
ABAQUS
300,0

200,0 Curva
ISO
100,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]

Fonte: Autora (2021)

Figura 42 Evolução térmica da extremidade da mesa do perfil UB254 x 146 x 43 via STC,
ANSYS, e ABAQUS
1000,0

900,0

800,0

700,0
TEMPERATURA [Cº]

ANSYS
600,0

500,0 STC
400,0
ABAQUS
300,0

200,0 Curva ISO

100,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]

Fonte: Autora (2021)

É possível observar a mesma tendência das curvas de evolução térmica nos três
softwares. Porém, há uma divergência maior das curvas nos três pontos nas proximidades do
tempo de 30 minutos (em torno de 785 ºC). Essa diferença foi observada na tese de Dorr (2010),
o qual também utilizou os dados de Kimura (2009) para calibração dos seus resultados, os quais
83

foram obtidos pelo software ANSYS, Figura 43. Dorr (2010) justifica essa diferença em uma
determinada faixa de temperatura, em virtude do maior refinamento na entrada dos dados do
calor específico, fato que também pode ter ocorrido nas análises do presente trabalho devido
aos detalhamentos dos dados expostos na Tabela A - 2 .

Figura 43 Evolução térmica obtida via STC e ANSYS em Kimura (2009) e via ANSYS com
elemento do tipo casca

Fonte: Adaptado de Dorr (2010)

Faz-se pertinente mencionar que os dados referentes ao trabalho de Kimura (2009)


foram obtidos de forma aproximada utilizando o que foi disponibilizado em sua tese. Porém,
mesmo considerando um possível desvio nos dados, a diferença percentual entre os resultados
do ANSYS e STC em comparação com os do ABAQUS não ultrapassou 6%, divergência que
ocorreu pontualmente na mesma faixa de faixa de temperatura dos três pontos analisados, como
pode ser visto nas Tabela 12, Tabela 13, e Tabela 14. No Apêndice B, é apresentada
comparações pontuais obtidas para a evolução temporal entre pacotes computacionais
84

Tabela 12 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do Ponto médio do
perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença Máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
MÁXIMA
2,37% 4,31%
DIFERENÇA:

Fonte: Autora (2021)

Tabela 13 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro alma
e mesa do perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença Máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
MÁXIMA
5,48% 3,38%
DIFERENÇA:

Fonte: Autora (2021)

Tabela 14 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade da


mesa do perfil UB254 x 146 x 43 – Diferença máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
MÁXIMA
3,40% 3,87%
DIFERENÇA:
Fonte: Autora (2021)

Dando continuidade na calibração do campo térmico, o segundo perfil a ser utilizado


para validação das análises é o UC203 x 203 x 46, o qual Kimura (2009) também obteve dados
do pacote ANSYS e STC que serão comparados com as respostas obtidas pelo presente trabalho
no software ABAQUS, para a mesma curva padrão de incêndio e tempo de exposição ao fogo.
A Figura 44 (a) e (b) ilustra a distribuição da temperatura para o perfil UC203 x 203 x
46. Na Figura 45 é apresentado os dados de análise do mesmo perfil utilizando o pacote
ABAQUS, da mesma forma que já foi observado na primeira calibração, há novamente uma
grande similaridade dos resultados de Kimura (2009) (ANSYS e STC), e as obtidas no presente
trabalho por meio do ABAQUS. A diferença de temperatura na seção transversal do perfil
chegou a ser de 2ºC no tempo de exposição de 60 min para os dados obtidos no ANSYS e no
ABAQUS.
85

Figura 44 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UC203 x
203 x 46, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido: (a) via STC , (b) via ANSYS

(a)

(b)
Fonte: Kimura (2009).
86

Figura 45 Campo térmico em graus, obtido por meio das simulações para o perfil UC203 x
203 x 46, para exposição ao fogo de 60 minutos, obtido via ABAQUS

Fonte: Autora (2021)

A similaridade na tendência de evolução da curva Temperatura x Tempo vista na


primeira calibração do perfil UB254 x 146 x 43 também é observada na calibração do perfil
UC203 x 203 x 46, como pode ser observado nas figuras: Figura 46, Figura 47, e Figura 48.

Figura 46 Evolução térmica do ponto médio do perfil UC203 x 203 x 46 via STC, ANSYS, e
ABAQUS
1000,0

900,0

800,0

700,0
TEMPERATURA [Cº]

ANSYS
600,0

500,0
STC
400,0

300,0 ABAQUS

200,0
Curva ISO
100,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]

Fonte: Autora (2021)


87

Figura 47 Evolução térmica do encontro entre alma e mesa do perfil UC203 x 203 x 46 via
STC, ANSYS, e ABAQUS
1000,0

900,0

800,0

700,0
TEMPERATURA [Cº]

ANSYS
600,0

500,0 STC

400,0
ABAQUS
300,0
Curva ISO
200,0

100,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]

Fonte: Autora (2021)

Figura 48 Evolução térmica da extremidade da mesa do perfil UC203 x 203 x 46 via STC,
ANSYS, e ABAQUS
1000,0

900,0

800,0

700,0
TEMPERATURA [Cº]

600,0 ANSYS
500,0 STC

400,0 ABAQUS

300,0 Curva ISO

200,0

100,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO [MIN]
Fonte: Autora (2021)

Por fim, considerando os possíveis desvios nos resultados extraídos de Kimura (2009),
a diferença percentual dos resultados da curva Temperatura versus Tempo do perfil UC203 x
203 x 46 não ultrapassou 7% de diferença. A faixa de maior diferença dos dados expostos nos
gráficos referentes ao perfil UC203 x 203 x 46, coincidem com o mesmo intervalo de tempo
que os dados diferem para o primeiro perfil calibrado (UB254 x 146 x 43). Os dados
88

comparativos podem ser vistos na Tabela 15, Tabela 16, e Tabela 17. Também no Apêndice B,
é apresentado o detalhamento de todas as comparações entre os dados ANSYS versus
ABAQUS, e STC versus ABAQUS, para cada segundo de tempo de análise nos pontos
estabelecidos.

Tabela 15 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do ponto médio do
perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
DIFERENÇA
3,13% 3,62%
MÁXIMA:
Fonte: Autora (2021)

Tabela 16 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro alma
e mesa do perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
DIFERENÇA
4,74% 4,85%
MÁXIMA:
Fonte: Autora (2021)

Tabela 17 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade da


mesa do perfil UC203 X 203 X 46 – Diferença Máxima
ANSYS X ABAQUS STC X ABAQUS
DIFERENÇA
5,05% 6,69%
MÁXIMA:
Fonte: Autora (2021)

4.1.2. Calibração entre experimental e numérico

A segunda etapa de calibração que o presente estudo utilizou para validação dos
resultados, é a comparação dos dados obtidos experimentalmente por Rocha (2016) e os dados
obtidos pela presente pesquisa pelo ABAQUS, ambos utilizando o perfil HEA. Rocha (2016)
obteve os resultados com o aquecimento dos perfis em forno elétrico seguindo a curva de
aquecimento apresentada na Figura 49. Por meio do pacote computacional ABAQUS,
considerando os dados de entrada para a curva de aquecimento do forno elétrico, dados obtidos
em Rocha (2016), geometria do perfil, e propriedades do material, sendo assim, possível
representar a análise experimental em uma análise numérica na Figura 50 apresenta-se o campo
térmico obtido para o perfil HEA 220 com exposição ao fogo de 21 minutos.
89

Figura 49 Evolução da temperatura na seção transversal para o pilar de aço com perfil HEA
220

Fonte: Rocha (2016)

Figura 50 Campo térmico do perfil HEA 220 utilizando a curva de aquecimento do forno
elétrico via ABAQUS

Fonte: Autora (2021)

Segundo Rocha (2016), as análises experimentais apresentam várias particularidades,


que não são facilmente representadas nas análises numéricas, por isso faz-se necessário a
adoção de diversas estratégias de modelagem para a maior aproximação dos resultados e
validação da pesquisa. Esse fato (além da modelagem considerando o atraso no aquecimento
do forno elétrico) justifica, portanto, a maior diferença entre os resultados obtidos
numericamente e experimentalmente. Essa maior diferença foi observada por Rocha (2016), e
também foi aferida na calibração do presente estudo, como pode ser visto nas Figura 51, Figura
52, e Figura 53.
90

Figura 51 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.1 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental

800

700

600 Curva Forno


TEMPERATURA [°C]

500
TX1 -
ABAQUS
400
TX1 -
300 EXPERIMEN
TAL
200 Curva ISO

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
TEMPO [S]

Fonte: Autora (2021)

Figura 52 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.3 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental

800

700

600
TEMPERATURA [°C]

Curva Forno
500
TX3 - ABAQUS
400

300 TX3 -
EXPERIMENTAL
200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
TEMPO [S]

Fonte: Autora (2021)


91

Figura 53 Evolução da temperatura na seção transversal ponto TX.4 para o pilar de aço com
perfil HEA 220 – via ABAQUS e via análise experimental

800

700

600
TEMPERATURA [°C]

Curva Forno
500

400 TX4 - ABAQUS

300
TX4 -
EXPERIMENTAL
200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
TEMPO [S]

Fonte: Autora (2021)

Com os resultados obtidos, é possível verificar a mesma tendência de aquecimento do


perfil metálico HEA 220 ocorrida na análise experimental e numérica, além disso os resultados
de ambos estudos foram muito próximos no ponto TX.1 (Figura 51). A calibração apresenta
uma diferença maior nos pontos TX.3 e TX.4 (cerca de 20°C de diferença máxima) ao longo
do ensaio, como pode ser visto nas Figura 52 e Figura 53, diferença está considerada pequena
vistos os pontos levantados acima sobre as da diferença e limitações das duas formas de análise
(experimental e numérica).

4.2 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO.

A seguir serão apresentadas as discussões de resultados desenvolvidos considerando


diferentes perfis e hipóteses de aquecimentos, com a finalidade de avaliar o comportamento de
perfis metálicos em situação de incêndio.

4.2.1. Perfis com exposição ao fogo em todas as faces


92

No que se segue serão apresentados os dados resultantes tanto da análise prescritiva


(método simplificado) quanto da análise numérica (ABAQUS) para perfis expostos ao fogo em
todas as faces.

A ABNT NBR 14323:2013, apresenta uma forma simplificada de obtenção da elevação


de temperatura em perfis metálicos sem proteção térmica e com exposição do fogo em todas as
suas faces. Portanto, tem-se os dados de temperatura dos perfis metálicos expostos a incêndio
(θa) para: os diferentes tempos de exposição ao fogo de edificações residenciais definido pelo
TRRF dado na ABNT NBR 14432:2001, para o estado inicial em temperatura ambiente, e a
transição em 30 min para os tempos limites.
Conseguinte, foram extraídos os dados do ABAQUS, referentes à simulação de pilares
internos isolados. Primeiramente foi obtida a curva de evolução de temperatura de todos os
perfis analisados até o tempo de exposição de 60 min. Foi obtido a distribuição de temperatura
ao longo da seção transversal para os diferentes tempos de exposição ao fogo propostos para
edifícios residenciais, variando apenas a altura.
Por fim, a cada extração dos dados dos tipos de perfil, será feita a análise dos resultados
obtidos.

4.2.1.1. PERFIS I

Na Tabela 18 é apresentado os resultados da análise prescritiva utilizando o método


simplificado proposto pela norma brasileira. Foram obtidos os resultados para os tempos de
exposição ao fogo de diferentes alturas de edifícios residenciais, e o tempo de exposição de
transição (30min), a fim de observar a evolução da temperatura.

Tabela 18 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis I pelo método
simplificado
Tempo
de θg-θa (θ g +273)^4 - ϕc ϕr ϕ
Perfil θ g (°C) θa (°C)
exposição (°C) (θ a +273)^4 (W/m2) (W/m2) (W/m2)
(min)

0 20 0 - - - - 20
30 841.796 4.799 2.64E+10 119.963 1048.647 1168.611 837.43
UB
60 945.34 1.828 1.32E+10 45.712 523.798 569.51 943.723
127x76x13
90 1005.988 1.058 8.84E+09 26.443 350.897 377.341 1005.07
120 1049.04 0.721 6.66E+09 18.023 264.25 282.274 1048.423
0 20 0 - - - - 20
UC
30 841.796 20.102 1.08E+11 502.545 4303.266 4805.811 822.245
305x305x137
60 945.34 6.192 4.45E+10 154.801 1764.284 1919.085 939.368
93

90 1005.988 3.507 2.92E+10 87.675 1160.081 1247.756 1002.624


120 1049.04 2.37 2.18E+10 59.255 867.147 926.402 1046.775

Fonte: Autora (2021)

Conseguinte foi obtido os resultados das análises térmicas pelo código computacional
ABAQUS, o qual gerou os gráficos de evolução de temperatura nos pontos dos perfis I,
expostos ao fogo em todas as faces (Figura 54 e Figura 57). Também é apresentado o campo
térmico na seção transversal dos perfis I para os diferentes tempos de exposição ao fogo, e
tempo de transição (30 min), a fim de observar a evolução da temperatura no perfil (Figura 55
e Figura 58).

Figura 54 Evolução da temperatura no perfil UB 127x76x13 nos pontos 1, 2, e 3 via


ABAQUS
1000
900 Ponto 01

800 Ponto 02

700 Ponto 03
Temperatura [°C]

600 Curva ISO

500
400
300
200
100
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


94

Figura 55 Perfil UB 127x76x13 exposto ao fogo por todos os lados para tempo de exposição
de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Devido os perfis I estarem expostos ao fogo por todas as faces, a temperatura nos pontos
analisados da seção transversal varia muito pouco entre si, como previsto devido à alta
condutividade térmica do aço e espessura pequena da mesa e alma com relação às dimensões
do perfil.
A Figura 55 mostra a evolução do campo térmico na seção transversal do perfil UB
127x76x13, nela pode se observar o maior gradiente térmico na seção transversal nos primeiros
tempos de exposição, já no final da análise numérica o perfil apresenta pouca diferença de
temperatura ao longo da seção. A homogeneidade de temperatura no perfil também é observada
na evolução dada pelo gráfico da Figura 54.
A similaridade entre os dados da análise numérica do perfil UB 127x76x13 (Figura 55)
e os dados obtidos pelo dimensionamento simples proposto pela ABNT NBR 14323:2013
(Tabela 18), aumenta diretamente com o tempo de exposição como pode ser visto na Figura
56. A avaliação pelo método simplificado resulta em temperaturas maiores de acordo com o
aumento do tempo de exposição, essa diferença pode sem explicadas pelas simplificações
adotadas em norma. Na Figura 56 é comparado os dados obtidos pelo método simplificado, e
95

as temperaturas mínimas e máximas obtidas na seção transversal em cada tempo de exposição


pelo ABAQUS.

Figura 56 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil UB 127x76x13

1000,000

800,000

600,000

400,000

200,000

0,000
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS -Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

A evolução da temperatura do perfil UC 305x305x137 é a apresentada na Figura 57. A


Figura 58 apresenta a temperatura na seção transversal ao longo dos tempos de exposição.

Figura 57 Evolução da temperatura no perfil UC 305x305x137 nos pontos 1 (ponto médio da


alma), 2 (encontro alma e mesa), e 3 (extremidade da mesa)
1000
900 Ponto 01
800
Ponto 2
700
Ponto 3
Temperatura

600
500 Curva ISO

400
300
200
100
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


96

Figura 58 Perfil UC 305x305x137 exposto ao fogo por todos os lados para tempo de
exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Por se tratar de um perfil com maior espessura de mesa e alma, o gradiente de


temperatura ao longo da sessão transversal do perfil é maior (41,28 °C para o tempo de
exposição de 30 min) comparado com o perfil UB 127x76x13 (5,12 °C para o tempo de
exposição de 30 min).
Apesar dos pontos para retirada dos dados apresentarem uma pequena variação de
temperatura entre eles, ainda é possível se observar a homogeneidade do campo térmico,
variando em uma pequena faixa de temperatura.
Por fim, utilizando o método simplificado prescrito na ABNT NBR 14323:2013, o
campo térmico ao entorno da seção transversal exposta ao fogo em todos os lados é dado na
Tabela 18. No caso do perfil UC 305x305x137, quando comparado com o primeiro perfil I
analisado, observa-se que a diferença é maior entre os dados numéricos, e obtidos pela análise
prescritiva, todavia ainda é uma diferença pequena, como pode ser observado na Figura 59. O
método simplificado continuou gerando resultados de temperatura maiores que a análise
térmica.
97

Figura 59 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil UC 305x305x137

1.000,00

800,00

600,00

400,00

200,00

0,00
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS -Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

4.2.1.2. SEÇÃO CAIXÃO

Na Tabela 19 é apresentado os dados obtidos analisando a seção caixão 200x200


aplicando o método simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013.

Tabela 19 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ da seção caixão pelo método
simplificado
Tempo
de θg-θa (θ g +273)^4 - ϕc ϕr ϕ
Perfil θ g (°C) θa (°C)
exposição (°C) (θ a +273)^4 (W/m2) (W/m2) (W/m2)
(min)

0 20 0 - - - - 20
30 841.796 8.515 4.67E+10 212.886 1851.631 2064.517 833.73
Caixão
60 945.34 3.154 2.27E+10 78.84 901.916 980.755 942.4
200x200
90 1005.988 1.813 1.51E+10 45.33 600.985 646.315 1004.315
120 1049.04 1.233 1.14E+10 30.818 451.579 482.397 1047.912
Fonte: Autora (2021)

A Figura 60 apresenta a evolução da temperatura na seção transversal do perfil obtida


pelo código computacional ABAQUS, sendo evidente a similaridade de comportamento
térmico dos pontos analisados. Isso pode ser explicado pela pequena espessura do perfil caixão
analisado, somado à condutividade do aço, o qual também após cerca de 30min, começa a se
compatibilizar com a Curva de incêndio padrão ISO 834:1999. A Figura 61 apresenta a
temperatura na seção transversal de acordo com o aumento do tempo de exposição.
98

Figura 60 Evolução da temperatura no perfil caixão 200x200 nos pontos 1 (ponto médio do
caixão), 2 (extremidade do caixão)
1000

900

800 Ponto 01

700 Ponto 02
Temperatura [°C]

600 Curva ISO

500

400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)

Figura 61 Perfil Caixão 200x200 exposto ao fogo por todos os lados para tempos de
exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min
99

Fonte: Autora (2021)

No caso do perfil Caixão 200x200, faz-se pertinente comparar as análises térmicas com
o dimensionamento simplificado, dado na Tabela 19, pois os resultados extraídos pela
simplificação normativa resultam em temperaturas menores que aqueles aferidos pela análise
numérica, ou seja, resultados menos conservadores. Apesar da diferença não ser significativa,
como pode ser visto na Figura 62, podem ser levantados algumas hipóteses para essa diferença,
como o maior refinamento dos dados inseridos na análise pelo pacote computacional ABAQUS
em comparação com as simplificações prescritas pela norma.

Figura 62 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil caixão 200x200

1000

800

600

400

200

0
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

4.2.1.3. PERFIS COM PROTEÇÃO TIPO CAIXA

Na Tabela 20 é apresentados os dados obtidos a partir da aplicação do método


simplificado proposto pela norma brasileira para os perfis com proteção tipo caixa

Tabela 20 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis com proteção tipo
caixa pelo método simplificado
Tempo
de θg-θa (θ g +273)^4 - ϕc ϕr ϕ
Perfil θ g (°C) θa (°C)
exposição (°C) (θ a +273)^4 (W/m2) (W/m2) (W/m2)
(min)

0 20 0 - - - - 20
100

CS 550x502 30 841.796 430.405 1.33E+12 10760.127 52592.703 63352.83 412.799


com 60 945.34 121.724 7.57E+11 3043.1 30050.71 33093.81 824.351
proteção 90 1005.988 29.509 2.39E+11 737.713 9467.376 10205.09 976.706
tipo caixa 120 1049.04 14.293 1.30E+11 357.328 5158.841 5516.169 1034.869
0 20 0 - - - - 20
W150x13 30 841.796 10.516 5.75E+10 262.906 2280.536 2543.441 831.74
com
60 945.34 3.822 2.75E+10 95.538 1092.036 1187.573 941.733
proteção
90 1000.341 2.305 1.90E+10 57.634 753.588 811.222 998.182
tipo caixa
120 1049.04 1.487 1.37E+10 37.179 544.631 581.81 1047.658
Fonte: Autora (2021)

Conseguinte é obtido a evolução do campo térmico do perfil CS 550x502 com proteção


do tipo caixa, exposto no gráfico na Figura 63, e também a temperatura na seção transversal da
cada tempo de exposição ao fogo, exposto na Figura 64 e Figura 65. O perfil analisado, além
de ser mais robusto, ainda possui a proteção da caixa (a qual tem a mesma espessura da mesa
do perfil). Este fato justifica o maior gradiente térmico entre os pontos de tomada de
temperatura, e também do maior distanciamento dos resultados com a curva ISO 834:1999,
quando comparado com os outros perfis já analisados.

Figura 63 Evolução da temperatura no perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa nos pontos
1, 2, e 3
1000

900
Ponto 01
800
Ponto 02
700
Temperatura [°C]

Ponto 03
600
Curva ISO
500

400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


101

Figura 64 Perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa exposto ao fogo por todos os lados para
TRF de (a) 30min, (b) 60min

Fonte: Autora (2021)


102

Figura 65 Perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa exposto ao fogo por todos os lados para
tempo de exposição de (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

O ponto 01e 02, apesar de possuírem a evolução bem similar, ainda possuem uma
diferença de temperatura entre si. Enquanto, o ponto 03 (interior à proteção do tipo caixa), sofre
a influência tanto da espessura do perfil, quando na ação de proteção da caixa, fatores que
alteram a propagação do calor e consequentemente a evolução de temperatura do interior da
seção transversal promovendo um retardamento do aquecimento do perfil. A Figura 64 e Figura
65 também mostram a evolução diferente do interior e exterior (exposto ao aquecimento) do
perfil.
Novamente, os resultados das análises numéricas térmicas e método simplificado
foram muito próximos para o caso das faces em contato direto com o fogo, sendo o
dimensionamento proposto pela norma mais conservador nos resultados. Todavia, ao comparar
a temperatura no interior da seção transversal obtida pelo ABAQUS, e a resultante do
dimensionamento simplificado, observa-se uma variação grande dos resultados, como pode ser
visto na Figura 66. Devido ao formato do perfil caixão, a alma no interior da seção transversal,
103

tem um comportamento diferenciado em relação ao aquecimento, devido as faces externas


(contato direto com o aquecimento) retardarem o aquecimento nessa região.

Figura 66 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil CS 550x502

1.000,000

800,000

600,000

400,000

200,000

0,000
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS -Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

Conseguinte às análises, foi analisada o perfil W 150x13 com proteção tipo caixa. De
acordo com os parâmetros estabelecidos na metodologia, é possível observar que a geometria
do perfil é menos robusta e mais delgada em comparação com o perfil CS 550x502. Este fator
é crucial para compreender a evolução no campo térmico dada no gráfico da Figura 67, nela é
possível observar que a evolução térmica do ponto 01 e 02 são coincidentes. Já o ponto 03
(ponto interno à proteção do tipo caixa), apesar de ter a tendência de evolução da curva muito
parecida com o ponto 01 e 02, possui uma diferença significativa na faixa de temperatura do
campo térmico.
104

Figura 67 Evolução da temperatura no perfil W150x13 com proteção tipo caixa nos pontos 1
(ponto médio externo da caixa), 2 (ponto médio interno da caixa), e 3 (ponto médio do perfil)
1000

900 Ponto 01
Ponto 02
800
Ponto 03
700
Temperatura [°C]

Curva ISO
600

500

400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)

A similaridade tanto entre os pontos externos e internos à caixa (ponto 01 e 02


respectivamente), quanto na tendência de evolução do campo térmico não ocorre no perfil CS
550x502. Isto pode ser explicado pela geometria do perfil, visto que espessuras de alma e mesa
menores possuem maior facilidade de propagação de temperatura por condução. Na Figura 68
é apresentado a temperatura na seção transversal do perfil W150x13, nela também é possível
observar que, devido a pequena espessura da proteção tipo caixa, o ponto 01 e 02 apresentam
valores idênticos, ou seja, observa-se a homogeneidade do aquecimento na seção do perfil.
105

Figura 68 Perfil W150x13 com proteção caixa exposto ao fogo por todos os lados para tempo
de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Figura 69 Análise comparativa entre o perfil CS550x552 e W150x13 considerando 120


minutos de exposição ao fogo

Fonte: Autora (2021)

Na figura 70 apresenta-se os resultados obtidos via análise numérica entre os dois tipos
de perfis caixões analisados, observa-se que com o aumento da espessura ocorre uma
106

transferência de calor menor para a alma, representando uma diferença de aquecimento


(temperaturas mínimas registradas).

Figura 70 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para o perfil W150x13

1000,000

800,000

600,000

400,000

200,000

0,000
30 min 60 min 90 min 120 min
Método Simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

Na Tabela 21 é apresentado a diferença da geometria dos dois perfis com proteção tipo
caixa, bem como o resultado disso com a diferença na temperatura da alma do perfil. Para o
perfil W150x13, observou-se uma homogeneidade de aquecimento em todo o perfil, com uma
diferença de temperatura em torno de 1,24% para o tempo de 120 minutos, enquanto para o
perfil CS 550x502 a diferença para o memo tempo foi de 46,23%.

Tabela 21 Comparação entre os parâmetros geométricos e térmicos dos perfis com proteção
tipo caixa
Temperatura da alma [°C]
tw tf
PERFIL 30 min 60 min 90 min 120min
[mm]* [mm]**
CS 550x552 31,50 45,00 85,98 264,93 431,34 552,38
W 150 x 13 4,30 4,90 676,96 892,60 984,54 1034,21
Diferença % 86,35% 89,11% 87,30% 70,32% 56,19% 46,59%
* tw: espessura da alma interna do perfil
** tf: espessura da mesa do perfil e da proteção tipo caixa (alma externa)
Fonte: Autora (2021)
107

Pela Tabela 21 observamos que as faces não expostas ao fogo (alma interna),
representadas pela temperatura mínima registrada, possuem uma pequena diferença de
temperatura entre os resultados numéricos e os prescritivos, sendo assim para o perfil W150x13
o método simplificado consegue representar a evolução térmica.

4.2.1.4. ANÁLISE DO REFINAMENTO DA MALHA

Diante do exposto, observou-se a grande influência da geometria na análise térmica dos


perfis com proteção tipo caixão. Por isso, para o perfil mais robusto (CS 550x502) aplicou-se
uma análise visando avaliar o refinamento da malha de elementos finitos. A primeira análise
térmica do perfil possui um refinamento menor, com uma malha de 60 elementos finitos. Para
o estudo da eficiência do refinamento da malha para análises térmicas, aplicou-se uma malha
de 339 elementos finitos para o perfil CS 550x502, como pode ser observado na Figura
71Figura 70.

Figura 71 Refinamento da malha de elementos finitos utilizada no perfil CS 550x502 com


proteção tipo caixa na (a)Malha de 60 elementos finitos (b) Malha com 339 elementos finitos

Fonte: Autora (2021)

Para o estudo do refinamento da malha, é necessário ponderar o aumento do tempo de


análise decorrente do maior refinamento. Na primeira da análise térmica (com 60 elementos
finitos), o código computacional levou 3 segundos para processar os resultados, já na segunda
análise (339 elementos), com quase 6 vezes mais elementos finitos o ABAQUS levou 12
segundos.
Por fim, no gráfico da Figura 72, é comparado a evolução do campo térmico entre as
duas etapas de diferentes refinamentos de malha. É possível perceber a mesma tendência de
evolução de temperatura nos 3 pontos entre as análises, além da grande similaridade dos dados,
108

os quais na grande parte do tempo coincidiram-se as temperaturas. No ponto 01 e 02, a análise


térmica com a malha mais refinada obteve resultados de temperatura ligeiramente mais altas
que a análise com apenas 60 elementos finitos, todavia o ponto 03 obteve temperaturas menores
na grande parte dos dados extraídos da análise com 339 elementos finitos. Na Tabela 22, é
apresentado as maiores diferenças percentuais entre os dados da análise com 60 elementos
finitos e análise com 339 elementos finitos.

Figura 72 Evolução da temperatura no perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa para 60 e
339 elementos finitos.

60 elementos - Ponto 01
700
60 elementos - Ponto 2
600 60 elementos - Ponto 3

339 elementos -Ponto 1


500
Temperatura [°C]

339 elementos - Ponto 2


400 339 elementos - Ponto 3

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


Tabela 22 Máxima diferença percentual entre os dados da 1ª Etapa e 2ª Etapa de análise do
perfil CS 550x502 com proteção tipo caixa
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
DIFERENÇA
5,03% 3,06% 1,10%
MÁXIMA:
Fonte: Autora (2021)

Apesar de representar um aumento em torno de 4 vezes no tempo, o refinamento da


malha não é considerado prejudicial para a presente pesquisa, visto a maior confiabilidade nos
dados refinados, e o fato de ser uma análise de baixo custo computacional. Essa ponderação do
tempo de processamento é pertinente principalmente para análises mais complexas, como
análises termoestruturais.
109

4.2.2. Perfil com exposição ao fogo considerando compartimentação

As simulações considerando a compartimentação para o perfil UC 203x203x46 também


foram feitas por Kimura (2009), todavia a autora considerou a influência das paredes na troca
de calor, e não como um elemento adiabático como feito na presente pesquisa. Serão analisados
a comparação entre as formas de compartimentação, posicionamento da alvenaria e a influência
dos tipos de alvenaria utilizados na divisão dos ambientes.
Por fim, também será adotado a simplificação proposta pela ABNT NBR 14323:2013
para o caso de elementos estruturais considerando a compartimentação.

4.2.2.1. PERFIL UC 203X203X46 CONSIDERANDO A


COMPARTIMENTAÇÃO

Na Tabela 23 é apresentado os resultados para os perfis considerando a


compartimentação, adotando o método simplificado da ABNT NBR 14323:2013. A norma
brasileira ressalta que a utilização da análise prescritiva resulta em dados conservadores, por
isso a ABNT NBR 14323:2013 recomenta que, para os casos em que a compartimentação é
analisada, deve ser utilizado análises numéricas térmicas para a obtenção do campo térmico no
perfil metálico em situação de incêndio.

Tabela 23 Resultados da temperatura na seção transversal ‘θa’ dos perfis com exposição ao
fogo considerando a compartimentação pelo método simplificado
Tempo
θg- (θ g
de θg ϕc ϕr ϕ ∆θa θa
COMPARTIMENTAÇÃO θa +273)^4 - (θ
exposição (°C) (W/m2) (W/m2) (W/m2) (°C) (°C)
(°C) a +273)^4
(min)
0 20.0 0.0 - - - - - 20.0
PILAR EXTERNO, 30 841.8 8.4 4.58E+10 208.9 1817.3 2026.2 0.4 833.9
INSERIDO PELA MESA
EM PAREDES 60 945.3 3.1 2.23E+10 77.5 886.3 963.7 0.2 942.5
EXTERNAS 90 1006.0 1.8 1.49E+10 44.6 590.7 635.2 0.1 1004.3
120 1049.0 1.2 1.12E+10 30.3 443.9 474.2 0.1 1047.9
0 20.0 0.0 - - - - - 20.0
PILAR EXTERNO, 30 841.8 9.1 4.96E+10 226.7 1969.9 2196.6 0.5 833.2
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES 60 945.3 3.3 2.41E+10 83.5 955.4 1039.0 0.2 942.2
EXTERNAS 90 1006.0 1.9 1.60E+10 48.0 636.1 684.1 0.1 1004.2
120 1049.0 1.3 1.20E+10 32.6 477.8 510.5 0.1 1047.8
PILAR EXTERNO, 0 20.0 0.0 - - - - - 20.0
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES 30 841.8 8.9 4.86E+10 222.0 1929.6 2151.6 0.5 833.4
110

EXTERNAS, POSSUINDO 60 945.3 3.3 2.36E+10 81.9 937.3 1019.2 0.2 942.3
INTERFACE COM
PAREDES INTERNAS 90 1000.3 2.0 1.63E+10 49.6 648.2 697.7 0.1 998.5
PELA MESA 120 1049.0 1.3 1.18E+10 32.0 468.9 501.0 0.1 1047.9
PILAR EXTERNO, 0 20.0 0.0 - - - - - 20.0
INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES 30 841.8 8.8 4.80E+10 219.3 1906.6 2125.9 0.5 833.5
EXTERNAS, POSSUINDO 60 945.3 3.2 2.34E+10 81.0 926.9 1007.9 0.2 942.3
INTERFACE COM
90 1000.3 2.0 1.62E+10 49.0 641.1 690.1 0.1 998.5
PAREDES EXTERNAS
PELA MESA 120 1049.0 1.3 1.17E+10 31.7 463.8 495.5 0.1 1047.9
Fonte: Autora (2021)

No que se segue, serão apresentados os dados de evolução de temperatura em cada caso


de compartimentação estudado, bem como a temperatura na seção transversal para os tempos
de exposição ao fogo de edifícios residenciais conforme a altura.
Na Figura 73 é apresentado a evolução da temperatura para o caso de pilares externos
inseridos pela mesa, nele observa-se que o gradiente de temperatura entre os pontos analisados
se mantém durante toda a análise, mostrando o efeito que a alvenaria possui de retardar o
aquecimento do perfil metálico. Na Figura 64 é apresentado os dados de temperatura na seção
transversal, fica evidente as regiões que possuem contato com o fogo, das regiões que têm seu
aquecimento retardado devido a proteção da compartimentação.

Figura 73 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela mesa em paredes


externas via ABAQUS
1000
900
800
Temperatura [°C]

700
600
Ponto 1
500
Ponto 2
400
Ponto 3
300
Curva ISO
200
100
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


111

Figura 74 Perfil UC 203X203X46, inserido pela mesa em paredes externas exposto ao fogo
para tempo de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Por fim, foi analisado a semelhança entre os dados obtidos pelo método simplificado e
dados da análise numérica, como pode ser visto na Figura 75. O método simplificado apresenta
resultados de temperatura maiores, inclusive para os pontos em contato com o fogo, reduzindo
sua diferença para com os resultados numéricos à medida que o tempo de exposição cresce.
112

Figura 75 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46


inserido pela mesa em paredes externas

1000

800

600

400

200

0
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

Conseguinte, foi analisado a alteração da inserção da compartimentação no pilar


externo, agora inserida na alma do perfil. Na Figura 56 é possível observar a evolução de
temperatura dos pontos analisados, e diferente do caso com o perfil inserido pela mesa, a curva
de evolução de temperatura entre os pontos não coincidem, possuindo um gradiente de
temperatura maior entre si quando comparado com o primeiro caso analisado.

Figura 76 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes


externas
1000

900

800

700
Temperatura [°C]

600
Ponto 01
500
Ponto 2
400
Ponto 3
300
Curva ISO
200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


113

Na Figura 77 é apresentado os dados de temperatura na seção transversal para os


diferentes tempos de exposição ao fogo. Fica evidente a face que recebe aquecimento, e também
a evolução do gradiente térmico ao longo da altura do perfil.

Figura 77 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas exposto ao fogo
para tempo de exposição de (a) 30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Por fim, em concordância com a ABNT NBR 14323:2013, como pode ser observado na
Figura 78, os resultados obtidos utilizando o método simplificado acabam sendo conservadores
com relação às faces que não recebem aquecimento direto. A diferença entre as temperaturas é
significativa em todos os tempos de exposição, diferente da primeira análise avaliando pilares
externos inseridos pela mesa.
114

Figura 78 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46


inserido pela alma em paredes externas

1000

800

600

400

200

0
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)

Conseguinte, foi avaliado pilares inseridos em paredes externas pela alma, com
diferentes interfaces pela mesa. Nessas análises, os pontos escolhidos para a extração de dados
avaliam a influência da alvenaria na condução de calor pelo perfil (apresentados nas Figura 81e
Figura 84) , bem como o impacto da forma de compartimentação na evolução térmica, expostos
nos gráficos das Figura 79, Figura 80, Figura 82, e Figura 83 .

Figura 79 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes


externas, possuindo interface com paredes internas pela mesa
1000

900

800

700
Temperatura [°C]

600
Ponto 01
500
Ponto 2
400
Ponto 3
300
Curva ISO
200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)
115

Fonte: Autora (2021)


Figura 80 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes
externas, possuindo interface com paredes internas pela mesa
1000

900

800

700
Temperatura

600
Ponto 01
500
Curva ISO
400
Ponto 4
300 Ponto 5

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)

Figura 81 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas, possuindo


interface com paredes internas pela mesa exposto ao fogo para tempo de exposição de (a)
30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)


116

Figura 82 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes


externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa
1000

900

800

700
Temperatura [°C]

600
Ponto 01
500
Ponto 2
400 Ponto 3

300 Curva ISO

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)

Figura 83 Evolução térmica do perfil UC 203X203X46 inserido pela alma em paredes


externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa
1000

900

800

700
Temperatura [°C]

600
Ponto 01
500
Curva ISO
400 Ponto 4

300 Ponto 5

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (s)

Fonte: Autora (2021)


117

Figura 84 Perfil UC 203X203X46, inserido pela alma em paredes externas, possuindo


interface com paredes externas pela mesa exposto ao fogo para tempo de exposição de (a)
30min, (b) 60min (c) 90 min e (d) 120 min

Fonte: Autora (2021)

Há uma grande similaridade nas curvas de evolução térmica dos perfis analisados,
mesmo que a interface com a mesa mude, como pode ser visto comparando a Figura 79 e Figura
82. Analisando as Figura 80 e Figura 83 é possível observar a influência da compartimentação
nos pontos mais distantes das faces expostas ao fogo, os quais obtiveram uma evolução do
campo térmico bem diferente daqueles expostos ao aquecimento.
O gradiente de temperatura na seção transversal entre o ponto exposto ao aquecimento,
e o ponto mais distante do fogo é apresentado em forma percentual na Tabela 24. Nela é possível
perceber a influência tanto do posicionamento da alvenaria em relação ao perfil, quanto a
diferença entre a compartimentação utilizando paredes interna (10 cm) em relação a paredes
externas (14cm).

Tabela 24 Diferença percentual de temperatura entre os pontos expostos ao fogo e os mais


distantes da exposição ao aquecimento
Tempo de
COMPARTIMENTAÇÃO exposição 60 90 120
(min)
Pontos
comparados
118

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA MESA
01 e 03 23.17% 10.93% 4.66%
EM PAREDES
EXTERNAS
PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA ALMA
01 e 03 74.60% 64.59% 57.12%
EM PAREDES
EXTERNAS

PILAR EXTERNO,
INSERIDO PELA ALMA 01 e 03 33.18% 29.03% 15.45%
EM PAREDES
EXTERNAS,
POSSUINDO
INTERFACE COM
PAREDES INTERNAS 01 e 05 79.63% 69.67% 61.82%
PELA MESA

PILAR EXTERNO, 01 e 03 33.28% 29.12% 15.50%


INSERIDO PELA ALMA
EM PAREDES
EXTERNAS,
POSSUINDO
INTERFACE COM
PAREDES INTERNAS
01 e 05 79.86% 69.90% 62.02%
PELA MESA

Fonte: Autora (2021)

O posicionamento da alvenaria externa, apresenta grandes alterações no possível campo


térmico de um pilar exposto ao incêndio. Como é o caso de pilares externos inserido pela mesa
em paredes externas, que apresentou uma diferença percentual de temperatura de 23,17%, em
comparação com os pilares externos inseridos pela alma que obteve 74,60% de diferença, para
o tempo de exposição de 60 min.
Uma segunda forma de analisar a influência da alvenaria, é a comparação entre os dados
obtidos simulando pilares externos com a interface com paredes internas e externas pela mesa.
Os dados dos pontos posicionados em lados opostos da alvenaria, apresentam similaridades na
diferença percentual de temperatura, e na tendência de evolução de temperatura dos pontos.
Por fim, em concordância com o prescrito na ABNT NBR 14323:2013, o uso do método
simplificado para a obtenção da temperatura nos perfis expostos ao fogo considerando a
compartimentação apresenta dados muito conservadores em comparação com o obtido na
análise térmica. Os pontos expostos ao fogo têm os dados da análise térmica e prescritiva muito
parecidos, todavia a diferença maior está na adoção dos resultados simplificados da norma para
os pontos que não estão expostos ao fogo. Esta divergência entre os dados da análise prescritiva
(método simplificado) e análise numérica podem ser vistos nas Figura 85, e Figura 86.
119

Figura 85 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46


inserido pela alma em paredes externas, possuindo interface com paredes interna pela mesa

1000

800

600

400

200

0
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)


Figura 86 Comparação entres os dados de temperatura obtidos para perfil UC 203X203X46
inserido pela alma em paredes externas, possuindo interface com paredes externas pela mesa

1000

800

600

400

200

0
30 min 60 min 90 min 120 min
Método simplificado ABAQUS - Temperatura mín. ABAQUS - Temperatura máx.

Fonte: Autora (2021)


120

5. CONCLUSÃO

Neste estudo foram abordados conceitos fundamentais para a compreensão de perfis


metálicos em situação de incêndio. Além disso, a pesquisa apresentou análises prescritivas
utilizando o método simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013, e análises numéricas
térmicas por meio do código computacional ABAQUS, nas quais aborda a análise dos efeitos
do aquecimento em pilares de aço, no tempo de exposição ao fogo em edifícios residenciais.
Validou-se o modelo térmico entre pacotes computacionais e entre resultados
experimentais. Nas calibrações, os dados obtidos pela presente pesquisa utilizando o ABAQUS,
apresentaram grande semelhança com os dados de campo térmico obtidos por Kimura (2009)
que utilizou o ANSYS e STC. A validação comparando os dados utilizando o pacote
computacional ABAQUS versus dados experimentais obtidos por Rocha (2016), também
obtiveram similaridades satisfatórias dentro das divergências aceitáveis para calibrações
comparando análises experimentais e numéricas.
Para a avaliação do comportamento de perfis em situação de incêndio foi analisado
diferentes casos de exposição ao fogo, todos padronizando o aquecimento pela curva padrão de
incêndio ISO 834:1999. Com relação aos pilares de aço com exposição ao fogo em todas as
faces, com exceção dos perfis com proteção tipo caixa, foi possível constatar a homogeneidade
de temperatura na seção transversal, bem como proximidade entre os dados resultantes pelo
método simplificado, e análise numérica térmica.
Na análise dos perfis com proteção tipo caixa, foi possível observar a influência da
espessura da alma e mesa no campo térmico do perfil metálico, pois para o perfil CS550x552
(mais robusto) o gradiente térmico entre os faces em contato com o fogo, e a face que recebeu
o aquecimento de forma indireta é grande. Todavia para o perfil W150 x 13, também com
proteção tipo caixa, porém com geometria mais esbelta, esse gradiente não foi significativo.
Como consequência também da geometria, o perfil CS550x552 obteve dados do método
simplificado com grande deficiente de representação, fato que não ocorreu com o perfil com
menor espessura, W150 x 13. Conclui-se que o método simplificado da norma tem grande
eficiência na representação de perfis com todas as suas faces em contato com o fogo, todavia
deve-se atentar para os casos onde as faces recebem aquecimento de forma indireta (como o
caso da proteção tipo caixa), na qual o método simplificado, apesar de coerente para o perfil
mais esbelto, não apresentou resultados satisfatórios para o perfil mais robusto. Devendo-se
considerar o método simplificado apresentado na presente pesquisa apenas em casos onde não
121

há proteção contra fogo, seguindo as diretrizes normativas para os casos em que há materiais
de revestimento.
Com relação à análise do refinamento da malha de elementos finitos, foi observado que,
mesmo com o pequeno tempo de análise da malha mais refinada, não foi obtido grandes ganhos
nos dados de temperatura do perfil metálico. O fato de as análises térmicas serem análises
numéricas simples, torna dispensável o maior refinamento da malha para os casos apresentados.
Para o caso dos perfis de aço com exposição ao fogo considerando a compartimentação,
foi possível observar a influência da espessura e posição da alvenaria na evolução da
temperatura na seção transversal do perfil, fatores que se tornam cruciais para a compreensão
do comportamento dos perfis metálicos em situação de incêndio, quando inseridos em
compartimentos. Por fim, foi confirmado o previsto pela ABNT NBR 14323:2013, a qual
considera os resultados do método simplificado conservadores para estruturas com exposição
ao fogo considerando a compartimentação, e por isso a norma brasileira apresenta o uso do
método avançado para esses casos.
Sendo assim, observou-se que a aplicação apresentada na presente pesquisa do método
simplificado proposto pela ABNT NBR 14323:2013 apresenta resultados satisfatórios para
aplicação na avaliação do comportamento térmico dos perfis de aço, desde que não esteja
avaliando proteções ao fogo. Enquanto, o método avançado aplicado por meio do ABAQUS,
possibilita análises mais criteriosas e avaliações de compartimentações e proteções.
122

6. REFERÊNCIAS

A EVOLUÇÃO da construção em Aço no Brasil. Revista Arquitetura & Aço - Nº 42, 15 de


Julho de 2015. Disponível em: <https://www.cbca-acobrasil.org.br/site/noticias-
detalhes.php?cod=7074>. Acesso em: 07 de Junho de 2020.

ABAQUS. ABAQUS Analysis User’s Manual: Volume IV: Elements. Abaqus, 2013.

ALMEIDA, S.J.C. Análise numérica de perfis de aço formados a frio comprimidos


considerando imperfeições geométricas iniciais. 206 p. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.

ALMEIDA, S.J.C. Análise do Comportamento a Temperaturas Elevadas de Elementos de Aço


Formados a Frio Comprimidos Considerando Restrição ao Alongamento Térmico. 292 p. Tese
(Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, São
Paulo, Brasil. Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 2012.

ALVES FILHO, Avelino. Elementos Finitos: a base da tecnologia cae. São Paulo: Érica, 2009.
294 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13860: Glossário de termos


relacionados com a segurança contra incêndio. Rio de Janeiro, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14323: Dimensionamento de


Estruturas de Aço de Edifícios em Situação de Incêndio. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432: Exigências de


resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações - Procedimentos. 2 ed. Rio de
Janeiro, 2001. 15 p.

AZEVEDO, M. S. Determinação da temperatura em elementos estruturais de aço externos a


edificações em situação de incêndio.2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Estruturas)- Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória,2005.
123

AZEVEDO, M., S. Estruturas de aço sem revestimento contra fogo externas a edifícios em
incêndio. 2010. Tese (Doutorado em Engenharia de Estruturas) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2010

BARROS, R. C. Avaliação Numérica Avançada do Desempenho de Estruturas de Aço Sob


Temperaturas Elevada. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) –
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2016.

BRITICH STEEL: Building Stronger Futures.North Lincolnshire Inglaterra, 2018

BUCHANAN,A. International developments in design for structural fire safety. Revista Sul
Americana de Engenharia Estrutural, UPF, v.1, n.1, p.51-78, maio/Agosto. 2004.

CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – CSCIP. Corpo de Bombeiro


e Polícia Militar do Estado do Paraná, edição de 04 de dezembro de 2018, Curitiba, PR.

DORR, J., B. Modelos numéricos de pilares de aço em situação de incêndio considerando a


influência da restrição axial. 2010. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Estruturas,
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.

EUROCODE. EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1991-1-2-


Eurocode 1: Design of steel structures – Part 1-2 : General rules Structural fire design, Brussels,
2005

EUROCODE. EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1993-1-2-


Eurocode 3: Actions on structures - Part 1-2: General actions Actions on structu res exposed to
fire, Brussels, 2009.

FERNANDER, Felipi Pablo Damasceno. Análise Numérica de Vigas Mistas de Madeira e


Concreto em Situação de Incêndio. 2018. 174 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil, Escola de Engenharia Dee São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2018
124

FERRAZ, Daniel. Estruturas de Aço em Situação de Incêndio #003. Disponível em: <
https://www.engenheirodoaco.com.br/2018/10/02/estruturas-de-aco-em-situacao-de-incencio-
0033/>. Acesso em: 05 de Junho de 2020.

GOUVEIA, A. M. C. Análise de Risco de Incêndio em Sítios Históricos. 1. ed. Brasília DF:


IPHAN / MONUMENTA, Caderno Técnico, 104 p. 2006.

KIMURA, Érica Fernanda Aiko. Análise termoestrutural de pilares de aço em situação de


incêndio. 2009. 255 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Estruturas, Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

LEAL, D., F. Sobre perfis de aço formados a frio compostos por dupla cantoneira com seção
“T” submetidos à compressão. 2011. 318 p. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de
Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2011.

MARTINS, G. C. A. Análise Numérica e Experimental de vigas de Madeira Laminada Colada


em Situação de Incêndio. 2016. 197 p. Tese (Doutorado em Engenharia Civil (Estruturas)) –
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos,2016.

MARTINS, Michele Mendonça. Dimensionamento de Estruturas de Aço em Situação de


Incêndio. 2000. 232 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Estruturas, Programa
de Pós-graduação em Engenharia de Estruturas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2000.

MESQUITA, Alex. Verificação da resistência de estruturas de aço ao fogo. 2013. 124 f.


Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Ciência e Tecnologia, Universidade Nova
de Lisboa, Lisboa, 2013.

PANNONI, Fábio Domingos. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS


METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE CORROSÃO E INCÊNDIO. 4. ed. Belo Horizonte:
Gerdau, 2007. 90 p. (COLETÂNEA DO USO DO AÇO).
125

PANNONI, Fábio Domingos. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS


METÁLICAS EM SITUAÇÃO DE CORROSÃO E INCÊNDIO. 5. ed. Belo Horizonte:
Gerdau, 2011. 90 p. (COLETÂNEA DO USO DO AÇO).

RIBEIRO, J.C.L., 2009. Desenvolvimento e Aplicação de Sistema Computacional para


Simulação via Método dos Elementos Finitos do Comportamento de Estruturas de Aço e Mistas
em Situação de Incêndio. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Estruturas, EE/UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil.

RIGOBELLO, R. (2011). Desenvolvimento e aplicação de código computacional para análise


de estruturas de aço aporticadas em situação de incêndio. 272 p. Tese (Doutorado)- Escola de
engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2011.

ROSSI, M. L. Análise numérica de pilares mistos de aço e concreto isolados e inseridos em


paredes em situação de incêndio. 2019. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) –
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019.

SEITO, A. I.; GILL, A. A.; PANNONI, F.D.; ONO, R.; SILVA, S., B.; CARLO, U., D.;
SILVA, V., P. A segurança contra incêndio no Brasil. 1. ed. São Paulo: Projeto editora, 2008.
p. 496

SIMÕES, Y.S. Análise numérica de pilares de aço isolados e inseridos em paredes em situação
de incêndio. 2018. 198p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2018.

VARGAS, M., R.; SILVA, V., P.. Resistência ao fogo das estruturas de aço. Rio de Janeiro:
Centro Brasileiro da Construção em Aço, 2005. 78 p. (Manual de Construção em Aço).
126

7. APÊNDICES
7.1 APENDICÊ A

Tabela A - 1 Variação da Condutividade Térmica versus Temperatura para o Aço


Temperatura (ºC) Condutividade Térmica (W/m ºC)
20 53.334
100 50.67
200 47.34
300 44.01
400 40.68
500 37.35
600 34.02
700 30.69
800 27.36
900 27.3
1000 27.3
1100 27.3
1200 27.3
Fonte: ABNT NBR 14323 (2013)

Tabela A - 2 Variação da Calor Específico versus Temperatura do Aço


Temperatura ºC Calor específico J/kg oC
20 439.80176
100 487.62
200 529.76
300 564.74
400 605.88
500 666.5
600 759.92
610 767.578125
620 776.1864407
630 786.3888889
640 798.6734694
650 813.75
127

660 832.6923077
670 857.2058824
680 890.1724138
690 936.875
700 1008.157895
705 1060
710 1130.357143
715 1231.304348
720 1388.333333
725 1666.153846
730 2291.25
731 2523.428571
732 2833
733 3266.4
734 3916.5
734.99 4985.601329
735.01 4988.890274
736 4109
737 3515
738 3090.714286
739 2772.5
740 2525
745 1817.857143
750 1482.894737
755 1287.5
760 1159.482759
765 1069.117647
770 1001.923077
780 908.6734694
790 847.0338983
800 803.2608696
810 770.5696203
820 745.2247191
128

830 725
840 708.4862385
850 694.7478992
860 683.1395349
870 673.2014388
880 664.5973154
890 657.0754717
900 650.443787
1000 650
1100 650
1200 650
Fonte: ABNT NBR 14323 (2013)
129

7.2 APENDICÊ B

Tabela B - 1 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do Ponto médio
do perfil UB254 x 146 x 43
TEMPERATURA ( °C)
DIFERENÇA DIFERENÇA
TEMPO
ANSYS STC ABAQUS ANSYS X STC X
(MIN)
ABAQUS ABAQUS
0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%
1 56,51 56,21 57,30 1,41% 1,94%
2 118,64 114,41 116,56 1,76% 1,88%
3 179,56 183,62 182,31 1,53% 0,71%
4 252,32 245,08 248,92 1,35% 1,57%
5 307,51 316,38 313,53 1,96% 0,90%
6 381,36 370,06 374,03 1,92% 1,07%
7 433,62 419,49 429,19 1,02% 2,31%
8 478,81 481,64 478,19 0,13% 0,72%
9 519,77 519,77 521,17 0,27% 0,27%
10 556,50 553,67 558,29 0,32% 0,83%
11 588,98 594,63 590,39 0,24% 0,71%
12 615,82 618,64 618,28 0,40% 0,06%
13 638,42 646,89 642,56 0,65% 0,67%
14 658,19 662,43 663,55 0,81% 0,17%
15 676,55 682,20 681,59 0,74% 0,09%
16 693,50 694,92 696,96 0,50% 0,29%
17 706,21 703,39 709,89 0,52% 0,92%
18 714,69 720,34 720,36 0,79% 0,00%
19 728,81 724,58 728,18 0,09% 0,50%
20 734,46 727,40 733,42 0,14% 0,83%
21 737,29 730,23 737,27 0,00% 0,96%
22 740,82 741,53 744,22 0,46% 0,36%
23 748,59 747,65 754,85 0,84% 0,96%
24 754,24 755,65 767,56 1,77% 1,58%
25 764,83 755,65 780,44 2,04% 3,28%
26 774,01 764,12 792,36 2,37% 3,70%
27 785,31 769,77 802,95 2,25% 4,31%
28 798,73 784,37 812,21 1,69% 3,55%
29 812,15 798,49 820,36 1,01% 2,74%
30 819,21 813,56 827,62 1,03% 1,73%
31 831,45 828,63 834,20 0,33% 0,67%
32 839,92 834,75 840,24 0,04% 0,66%
33 847,46 843,22 845,86 0,19% 0,31%
34 853,11 850,28 851,14 0,23% 0,10%
130

35 859,70 855,93 856,15 0,41% 0,02%


36 865,35 862,99 860,91 0,51% 0,24%
37 871,94 868,64 865,48 0,74% 0,36%
38 876,65 872,88 869,87 0,77% 0,34%
39 882,30 877,12 874,11 0,93% 0,34%
40 885,12 881,36 878,21 0,78% 0,36%
41 889,83 884,18 882,19 0,86% 0,23%
42 893,60 887,01 886,05 0,84% 0,11%
43 897,36 891,24 889,80 0,84% 0,16%
44 900,19 894,07 893,45 0,75% 0,07%
45 903,95 896,89 897,01 0,77% 0,01%
46 908,66 899,72 900,48 0,90% 0,09%
47 912,43 903,95 903,87 0,94% 0,01%
48 915,25 908,19 907,17 0,88% 0,11%
49 917,14 911,02 910,39 0,74% 0,07%
50 919,02 915,25 913,54 0,60% 0,19%
51 920,90 919,49 916,63 0,46% 0,31%
52 924,67 922,32 919,65 0,54% 0,29%
53 927,50 925,14 922,61 0,53% 0,27%
54 930,32 927,97 925,51 0,52% 0,26%
55 932,20 930,79 928,36 0,41% 0,26%
56 935,03 933,62 931,15 0,41% 0,26%
57 936,91 937,85 933,89 0,32% 0,42%
58 937,85 940,68 936,58 0,14% 0,44%
59 937,85 940,68 939,23 0,15% 0,15%
60 938,79 940,68 941,82 0,32% 0,12%
MÁXIMA
2,37% 4,31%
DIFERENÇA:

Fonte: AUTORA (2021)

Tabela B - 2 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro


alma e mesa do perfil UB254 x 146 x 43
TEMPERATURA ( °C)
TEMPO DIFERENÇA DIFERENÇA
(MIN) ANSYS STC ABAQUS ANSYS X STC X
ABAQUS ABAQUS
0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%
1 48,90 48,25 47,53 2,80% 1,49%
2 94,63 91,81 93,78 0,90% 2,15%
3 152,54 148,31 147,64 3,22% 0,45%
4 200,56 204,33 204,63 2,03% 0,15%
5 262,71 261,77 262,16 0,21% 0,15%
6 316,38 310,03 318,40 0,64% 2,70%
7 375,71 367,23 371,86 1,02% 1,26%
131

8 420,90 415,25 421,60 0,16% 1,53%


9 468,93 460,45 466,82 0,45% 1,38%
10 511,30 502,82 507,50 0,74% 0,93%
11 545,20 538,14 543,54 0,30% 1,00%
12 574,86 577,68 575,36 0,09% 0,40%
13 604,52 602,64 603,53 0,16% 0,15%
14 627,12 618,08 628,55 0,23% 1,69%
15 652,54 656,31 650,66 0,29% 0,86%
16 670,90 672,32 670,02 0,13% 0,34%
17 686,44 704,52 686,81 0,05% 2,51%
18 700,56 710,73 701,15 0,08% 1,35%
19 711,86 715,25 713,10 0,17% 0,30%
20 721,75 732,58 722,57 0,11% 1,37%
21 724,58 737,29 729,43 0,67% 1,07%
22 727,40 742,00 733,96 0,90% 1,08%
23 728,81 746,70 737,92 1,25% 1,18%
24 736,35 746,70 744,60 1,12% 0,28%
25 737,29 750,47 754,34 2,31% 0,52%
26 741,53 756,12 766,22 3,33% 1,34%
27 749,53 801,55 778,87 3,91% 2,83%
28 757,06 808,62 791,27 4,52% 2,14%
29 767,42 779,66 802,80 4,61% 2,97%
30 774,01 790,02 813,19 5,06% 2,93%
31 779,66 798,49 822,43 5,48% 3,00%
32 794,73 859,70 830,62 4,52% 3,38%
33 810,73 823,92 837,94 3,36% 1,70%
34 819,21 831,45 844,53 3,09% 1,57%
35 836,16 838,04 850,53 1,72% 1,49%
36 844,63 846,52 856,06 1,35% 1,13%
37 851,22 853,11 861,21 1,17% 0,95%
38 864,41 867,23 866,05 0,19% 0,14%
39 878,53 872,88 870,64 0,90% 0,26%
40 881,36 878,53 875,02 0,72% 0,40%
41 884,18 882,77 879,21 0,56% 0,40%
42 887,01 885,59 883,26 0,42% 0,26%
43 889,83 888,42 887,16 0,30% 0,14%
44 892,66 890,77 890,95 0,19% 0,02%
45 892,66 897,36 894,62 0,22% 0,31%
46 898,31 899,25 898,20 0,01% 0,12%
47 903,95 900,19 901,67 0,25% 0,17%
48 906,78 902,07 905,06 0,19% 0,33%
49 906,78 909,60 908,36 0,17% 0,14%
50 909,60 912,43 911,58 0,22% 0,09%
51 912,43 916,67 914,72 0,25% 0,21%
132

52 918,08 918,08 917,80 0,03% 0,03%


53 918,08 919,49 920,82 0,30% 0,14%
54 920,90 922,32 923,77 0,31% 0,16%
55 923,73 926,55 926,66 0,32% 0,01%
56 923,73 929,38 929,50 0,62% 0,01%
57 932,20 932,20 932,28 0,01% 0,01%
58 935,03 937,85 935,01 0,00% 0,30%
59 935,03 937,85 937,69 0,28% 0,02%
60 937,85 940,68 940,32 0,26% 0,04%
MÁXIMA DIFERENÇA: 5,48% 3,38%

Fonte: AUTORA (2021)

Tabela B - 3 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade


da mesa do perfil UB254 x 146 x 43
TEMPERATURA ( °C)
DIFERENÇA DIFERENÇA
TEMPO
ANSYS STC ABAQUS ANSYS X STC X
(MIN)
ABAQUS ABAQUS
0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%
1 48,02 47,52 48,34 0,67% 1,72%
2 93,97 90,70 91,75 2,37% 1,16%
3 144,07 141,24 141,74 1,62% 0,35%
4 194,92 192,09 194,96 0,02% 1,49%
5 248,59 248,59 249,16 0,23% 0,23%
6 308,85 299,41 302,86 1,94% 1,15%
7 360,64 362,99 354,69 1,65% 2,29%
8 407,72 407,72 403,70 0,99% 0,99%
9 454,80 451,98 449,04 1,27% 0,65%
10 496,23 501,41 490,34 1,19% 2,21%
11 537,66 524,01 527,56 1,88% 0,68%
12 559,32 564,97 560,67 0,24% 0,76%
13 587,57 583,33 590,12 0,43% 1,16%
14 619,59 624,29 616,39 0,52% 1,27%
15 642,18 644,07 639,86 0,36% 0,65%
16 663,84 666,67 660,69 0,47% 0,90%
17 677,97 679,38 679,00 0,15% 0,06%
18 694,92 690,68 694,91 0,00% 0,61%
19 710,45 701,98 708,50 0,27% 0,93%
20 720,34 725,99 719,74 0,08% 0,86%
21 728,81 729,76 728,40 0,06% 0,19%
22 733,05 733,52 734,38 0,18% 0,12%
23 737,29 738,23 738,66 0,19% 0,06%
24 742,94 742,94 744,24 0,17% 0,17%
25 750,47 747,65 751,96 0,20% 0,58%
133

26 752,82 751,41 761,72 1,18% 1,37%


27 759,89 756,12 772,95 1,72% 2,23%
28 765,54 762,71 784,82 2,52% 2,90%
29 772,60 770,24 796,56 3,10% 3,42%
30 781,07 778,72 807,59 3,40% 3,71%
31 790,96 787,19 817,64 3,37% 3,87%
32 805,08 797,55 826,68 2,68% 3,65%
33 819,21 809,79 834,77 1,90% 3,08%
34 831,92 821,09 842,02 1,21% 2,55%
35 843,22 832,39 848,58 0,64% 1,94%
36 851,69 840,87 854,56 0,34% 1,63%
37 860,17 849,34 860,06 0,01% 1,26%
38 867,23 856,87 865,17 0,24% 0,97%
39 870,06 863,47 869,97 0,01% 0,75%
40 875,71 870,06 874,51 0,14% 0,51%
41 881,36 875,71 878,83 0,29% 0,36%
42 884,18 881,36 882,96 0,14% 0,18%
43 888,42 887,01 886,94 0,17% 0,01%
44 895,48 892,66 890,78 0,52% 0,21%
45 896,89 899,25 894,50 0,27% 0,53%
46 899,72 905,84 898,10 0,18% 0,85%
47 901,13 906,78 901,61 0,05% 0,57%
48 906,78 912,43 905,01 0,19% 0,81%
49 909,60 909,60 908,33 0,14% 0,14%
50 913,84 916,67 911,56 0,25% 0,56%
51 916,67 923,73 914,72 0,21% 0,98%
52 919,49 916,67 917,81 0,18% 0,12%
53 920,90 923,73 920,83 0,01% 0,31%
54 925,14 927,97 923,79 0,15% 0,45%
55 927,97 930,79 926,68 0,14% 0,44%
56 929,38 933,62 929,53 0,02% 0,44%
57 932,20 937,85 932,31 0,01% 0,59%
58 935,03 942,09 935,05 0,00% 0,75%
59 937,85 943,50 937,73 0,01% 0,61%
60 940,68 940,68 940,36 0,03% 0,03%
MÁXIMA
3,40% 3,87%
DIFERENÇA:

Fonte: AUTORA (2021)

Tabela B - 4 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do ponto médio
do perfil UC203 X 203 X 46
TEMPERATURA (°C)
TEMPO DIFERENÇA DIFERENÇA
ANSYS STC ABAQUS
(MIN) ANSYSXABAQUS STCXABAQUS
134

0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%


1 57,20 56,57 57,30 0,19% 1,30%
2 113,19 119,00 116,56 2,98% 2,05%
3 177,12 177,12 182,31 2,93% 2,93%
4 251,59 242,44 248,92 1,06% 2,67%
5 320,11 313,65 313,53 2,05% 0,04%
6 378,23 367,65 374,03 1,11% 1,74%
7 430,81 424,35 429,19 0,38% 1,14%
8 477,86 479,70 478,19 0,07% 0,32%
9 519,37 527,06 521,17 0,35% 1,12%
10 555,35 554,74 558,29 0,53% 0,64%
11 586,72 591,33 590,39 0,63% 0,16%
12 600,25 618,08 618,28 3,01% 0,03%
13 637,45 645,76 642,56 0,80% 0,50%
14 657,75 667,90 663,55 0,88% 0,65%
15 676,20 687,27 681,59 0,80% 0,83%
16 691,88 697,42 696,96 0,73% 0,07%
17 710,33 710,33 709,89 0,06% 0,06%
18 717,71 720,48 720,36 0,37% 0,02%
19 725,09 728,78 728,18 0,43% 0,08%
20 734,32 730,63 733,42 0,12% 0,38%
21 736,16 738,01 737,27 0,15% 0,10%
22 740,77 743,54 744,22 0,47% 0,09%
23 748,46 748,15 754,85 0,85% 0,89%
24 754,61 751,54 767,56 1,72% 2,13%
25 761,99 758,92 780,44 2,42% 2,84%
26 769,99 774,91 792,36 2,91% 2,25%
27 778,60 774,91 802,95 3,13% 3,62%
28 790,90 784,13 812,21 2,69% 3,58%
29 804,43 798,28 820,36 1,98% 2,77%
30 818,57 813,04 827,62 1,11% 1,79%
31 829,64 827,80 834,20 0,55% 0,77%
32 838,87 833,95 840,24 0,16% 0,75%
33 843,17 842,25 845,86 0,32% 0,43%
34 849,63 850,55 851,14 0,18% 0,07%
35 857,01 854,24 856,15 0,10% 0,22%
36 861,62 857,93 860,91 0,08% 0,35%
37 865,31 869,00 865,48 0,02% 0,41%
38 869,00 869,00 869,87 0,10% 0,10%
39 876,38 879,15 874,11 0,26% 0,57%
40 878,23 883,76 878,21 0,00% 0,63%
41 885,61 886,53 882,19 0,39% 0,49%
42 888,38 891,14 886,05 0,26% 0,57%
43 893,91 895,76 889,80 0,46% 0,67%
135

44 894,83 899,45 893,45 0,15% 0,67%


45 897,60 902,21 897,01 0,07% 0,58%
46 902,21 905,90 900,48 0,19% 0,60%
47 904,98 909,59 903,87 0,12% 0,63%
48 907,75 913,28 907,17 0,06% 0,67%
49 911,44 916,05 910,39 0,12% 0,62%
50 914,21 917,90 913,54 0,07% 0,47%
51 916,97 921,59 916,63 0,04% 0,54%
52 919,74 925,28 919,65 0,01% 0,61%
53 922,51 927,12 922,61 0,01% 0,49%
54 926,20 928,97 925,51 0,07% 0,37%
55 929,89 930,81 928,36 0,16% 0,26%
56 931,73 933,58 931,15 0,06% 0,26%
57 933,58 937,27 933,89 0,03% 0,36%
58 937,27 940,96 936,58 0,07% 0,47%
59 940,04 943,73 939,23 0,09% 0,48%
60 941,88 945,57 941,82 0,01% 0,40%
DIFERENÇA MÁXIMA: 3,13% 3,62%

Fonte: AUTORA (2021)

Tabela B - 5 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS do encontro


alma e mesa do perfil UC203 X 203 X 46
TEMPERATURA (°C)
TEMPO ANSYS STC ABAQUS DIFERENÇA DIFERENÇA
(MIN) ANSYSXABAQUS STCXABAQUS
0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%
1 45,49 47,97 47,53 4,48% 0,92%
2 89,79 96,86 93,78 4,44% 3,18%
3 150,06 145,76 147,64 1,62% 1,29%
4 206,64 199,26 204,63 0,97% 2,69%
5 274,91 273,06 262,16 4,64% 3,99%
6 317,34 333,95 318,40 0,33% 4,66%
7 372,69 389,30 371,86 0,22% 4,48%
8 422,51 420,66 421,60 0,22% 0,22%
9 464,94 472,32 466,82 0,40% 1,17%
10 511,07 514,76 507,50 0,70% 1,41%
11 546,13 547,97 543,54 0,47% 0,81%
12 586,10 577,49 575,36 1,83% 0,37%
13 611,93 603,32 603,53 1,37% 0,03%
14 632,23 645,76 628,55 0,58% 2,66%
15 657,29 661,44 650,66 1,01% 1,63%
16 675,28 680,81 670,02 0,78% 1,58%
17 691,27 697,42 686,81 0,64% 1,52%
18 702,95 708,49 701,15 0,26% 1,04%
136

19 708,49 714,94 713,10 0,65% 0,26%


20 714,94 721,40 722,57 1,07% 0,16%
21 719,56 726,01 729,43 1,37% 0,47%
22 724,17 730,63 733,96 1,35% 0,46%
23 726,94 732,47 737,92 1,51% 0,74%
24 732,47 739,85 744,60 1,66% 0,64%
25 735,24 744,46 754,34 2,60% 1,33%
26 740,77 749,08 766,22 3,43% 2,29%
27 748,15 759,23 778,87 4,11% 2,59%
28 758,30 765,68 791,27 4,35% 3,34%
29 766,91 765,68 802,80 4,68% 4,85%
30 776,38 775,83 813,19 4,74% 4,82%
31 786,44 788,75 822,43 4,58% 4,27%
32 797,66 800,74 830,62 4,13% 3,73%
33 807,50 813,65 837,94 3,77% 2,98%
34 824,11 824,72 844,53 2,48% 2,40%
35 837,64 836,72 850,53 1,54% 1,65%
36 840,41 847,79 856,06 1,86% 0,98%
37 849,63 857,93 861,21 1,36% 0,38%
38 856,09 863,47 866,05 1,16% 0,30%
39 862,55 870,85 870,64 0,94% 0,02%
40 870,85 876,38 875,02 0,48% 0,16%
41 874,54 883,76 879,21 0,53% 0,51%
42 878,23 883,76 883,26 0,57% 0,06%
43 883,76 891,14 887,16 0,38% 0,45%
44 889,30 894,83 890,95 0,19% 0,43%
45 891,14 898,52 894,62 0,39% 0,43%
46 894,83 904,06 898,20 0,38% 0,65%
47 899,45 905,90 901,67 0,25% 0,47%
48 905,90 909,59 905,06 0,09% 0,50%
49 909,59 911,44 908,36 0,14% 0,34%
50 911,44 913,28 911,58 0,02% 0,19%
51 915,13 916,97 914,72 0,04% 0,25%
52 916,05 920,66 917,80 0,19% 0,31%
53 918,82 922,51 920,82 0,22% 0,18%
54 920,66 926,20 923,77 0,34% 0,26%
55 924,35 928,04 926,66 0,25% 0,15%
56 928,97 933,58 929,50 0,06% 0,44%
57 931,73 933,58 932,28 0,06% 0,14%
58 935,42 937,27 935,01 0,04% 0,24%
59 940,04 940,96 937,69 0,25% 0,35%
60 942,80 942,80 940,32 0,26% 0,26%
DIFERENÇA MÁXIMA: 4,74% 4,85%
Fonte: AUTORA (2021)
137

Tabela B - 6 Relação dos resultados ANSYS x ABAQUS e STC x ABAQUS da extremidade


da mesa do perfil UC203 X 203 X 46
TEMPERATURA (°C)
TEMPO ANSYS STC ABAQUS DIFERENÇA DIFERENÇA
(MIN) ANSYSXABAQUS STCXABAQUS
0 20,00 20,00 20,00 0,00% 0,00%
1 50,10 51,10 51,35 2,51% 0,50%
2 102,57 95,78 98,98 3,50% 3,33%
3 158,09 157,75 153,05 3,19% 2,98%
4 214,88 208,49 209,79 2,37% 0,63%
5 270,73 261,07 266,95 1,40% 2,25%
6 327,02 329,34 322,86 1,27% 1,97%
7 383,76 378,23 376,11 2,00% 0,56%
8 430,81 435,42 425,75 1,18% 2,22%
9 474,17 464,94 470,95 0,68% 1,29%
10 512,92 523,06 511,67 0,24% 2,18%
11 547,97 553,51 547,75 0,04% 1,04%
12 579,34 573,80 579,58 0,04% 1,01%
13 607,01 608,86 607,71 0,12% 0,19%
14 630,07 634,69 632,67 0,41% 0,32%
15 660,52 647,60 654,70 0,88% 1,10%
16 678,97 669,74 674,00 0,73% 0,64%
17 693,73 691,88 690,74 0,43% 0,17%
18 706,64 699,26 705,05 0,23% 0,83%
19 714,02 710,33 716,99 0,42% 0,94%
20 719,56 719,56 726,39 0,95% 0,95%
21 725,09 721,40 733,06 1,10% 1,62%
22 728,78 726,94 737,44 1,19% 1,44%
23 734,32 730,63 742,82 1,16% 1,67%
24 738,01 734,32 750,50 1,69% 2,20%
25 743,54 739,85 760,43 2,27% 2,78%
26 749,08 745,39 771,84 3,04% 3,55%
27 756,46 750,92 783,71 3,60% 4,37%
28 761,99 756,46 795,32 4,37% 5,14%
29 769,37 760,15 806,14 4,78% 6,05%
30 776,75 769,37 815,96 5,05% 6,05%
31 785,98 773,06 824,76 4,93% 6,69%
32 797,05 785,98 832,64 4,47% 5,94%
33 813,65 793,36 839,72 3,20% 5,84%
34 824,72 821,03 846,14 2,60% 3,06%
35 837,64 828,41 852,00 1,71% 2,85%
36 846,86 837,64 857,42 1,25% 2,36%
37 854,24 850,55 862,49 0,97% 1,40%
38 861,62 863,47 867,26 0,65% 0,44%
138

39 869,00 867,16 871,79 0,32% 0,53%


40 874,54 872,69 876,11 0,18% 0,39%
41 880,07 880,07 880,26 0,02% 0,02%
42 883,76 883,76 884,27 0,06% 0,06%
43 889,30 889,30 888,14 0,13% 0,13%
44 892,99 892,99 891,89 0,12% 0,12%
45 896,68 896,68 895,53 0,13% 0,13%
46 900,37 900,37 899,08 0,14% 0,14%
47 904,06 904,06 902,53 0,17% 0,17%
48 907,75 909,59 905,89 0,20% 0,41%
49 909,59 911,44 909,17 0,05% 0,25%
50 915,13 915,13 912,37 0,30% 0,30%
51 916,97 916,97 915,50 0,16% 0,16%
52 920,66 918,82 918,56 0,23% 0,03%
53 922,51 922,51 921,56 0,10% 0,10%
54 926,20 926,20 924,49 0,18% 0,18%
55 929,89 928,04 927,37 0,27% 0,07%
56 931,73 931,73 930,19 0,17% 0,17%
57 935,42 935,42 932,96 0,26% 0,26%
58 937,27 937,27 935,68 0,17% 0,17%
59 940,96 939,11 938,34 0,28% 0,08%
60 940,96 940,96 940,96 0,00% 0,00%
DIFERENÇA
5,05% 6,69%
MÁXIMA:
Fonte: AUTORA (2021)
139

7.3 APENDICÊ C
Figura C - 1Etapas e sub etapas realizadas para análises térmicas no ABAQUS V 6.14
LEGENDA

Início / Fim Etapa Sub Etapa Validação

Imputar Temperatura zero absoluto,


e constante Stefan-Boltzmann

Create Model Database: Models -> Model-1


with Standard / Explicit -> Edit Model
ABAQUS CAE Model Attributes

Parts -> Creat Part ->


Name -> 2D Planar ->
Desenhar perfil Type: Deformable ->
metálico Shape: Shell

Imputar dados do aço de


condutividade e calor Materials -> Name:
especificou variando com a Material Aço
temperatura e Densidade
do aço.

Sections -> Creat Section ->


Part-1-> Section Assignments
Name-> Category: Solid->
-> Select the regions to be
Type: Homogeneous->
assigned a section -> Done
Continue -> Material: Aço

Parts-1 -> Mesh -> Seed Assembly -> Instances -


Part-> Mesh Part > Create Instance

Imputar tipo de elemento


finito da malha

Steps -> Initial -> Predefined Field ->


Name -> Type: Temperature -> Selec
Imputar dados da Regions -> Magnitude
temperatura inicial da
Part-> Mesh Part > Create Instance

Imputar tipo de elemento 140


finito da malha

Steps -> Initial -> Predefined Field ->


Name -> Type: Temperature -> Selec
Imputar dados da Regions -> Magnitude
temperatura inicial da
análise

Imputar dados da Amplitudes -> Creat Amplitude


curva de -> Type: Tabular
aquecimento

Imputar dados da fase de aquecimento:


- History Output Request
- Interactions: Steps -> Create Step ->
- Surface Film Condition: Convecção Heat Transfer.
- Surface radiation: Radiação

Analysis -> Jobs -> Creat Job-> Name


-> Source: Model -> Model -1
Job Maneger -> Submit

Monitor -> Errors


Monitor -> Warnings
Status ABORTED Observar as mensagens dadas
pelo software para solucionar o
que impede a análise rodar
COMPLETED

RESULTS

Fonte: AUTORA (2021)

Você também pode gostar