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Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

“DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA”: ANÁLISE DO PROCESSO GRUPAL NA


PERSPECTIVA DA TEORIA DE.....

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia
“DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA”: ANÁLISE DO PROCESSO GRUPAL NA
PERSPECTIVA DA TEORIA DE JACOB MORENO
SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................. 4
Contextualização da obra e do autor............................................................... 5
Principais conceitos para a compreensão do processo grupal:......................
Análise do processo grupal evidenciado pelo filme.........................................
Referências.....................................................................................................
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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise fílmica da


obra “12 Homens e uma Sentença” de 1957 com uma lente de observação de
teorias da psicologia. Para esta redação foi eleito os escritos e teorias de Jacob
Moreno, que perpassam suas concepções de sociatria, sociodinâmica,
sociometria e sociodrama, todos conceitos associados dentro de um guarda-
chuva teórico compreendido e difundido através de sua teoria e técnica do
Psicodrama.
Foram mobilizados os textos e compreensões de Moreno que foram
desenvolvidas durante as aulas da disciplina “Processos Grupais” acrescidos
de outras publicações apropriadas para a exploração teórica. Para tanto, as
obras bibliográficas utilizadas aqui visam estabelecer a configuração que os
conceitos morenianos se estabelecem sob o Psicodrama. A distinção da
sociodinâmica, sociometria, sociatria, psicodrama, sociodrama e axiodrama
será concretizada ao mesmo tempo que o desenrolar de suas concepções são
também compreendidos historicamente. Explico, vemos, através de sua
trajetória, a formação e maturação de cada conceito enquanto esta rede de
significados toma forma.
A escolha do filme “12 Homens e uma Sentença”, uma diretiva da
disciplina, torna-se um objeto de análise para os estudos de grupos,
comportamento social e comportamento grupal, pois sua história é, na
realidade, uma acalorada arguição entre júris em um julgamento de uma
criança nos Estados Unidos.
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I) Contextualização da obra e do autor:

A começar pela teoria do Psicodrama, temos como norte que tal ideia visa
entrelaçar a teoria dos papéis, característica advinda do teatro, a sociometria e
a teoria da espontaneidade-criatividade
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II) Principais conceitos para a compreensão do processo grupal:

Na fortuna teórica de Moreno temos uma rede de conceitos em interpelação


que constituem e formam à prática e teoria do Psicodrama. Nele, temos em um
primeiro momento o teatro espontâneo que Moreno concebe durante seus anos
de faculdade. É a partir dele que se desenvolvem o termo de psicodrama,
sociodrama e axiodrama. Esse teatro moreniano parte do princípio do homem
em relação: suas relações sociais, relações grupais e todo âmbito de inter-
relação entre os indivíduos detém o eixo central do Teatro espontâneo.
Podemos entender assim, levando em consideração as pontuações da parte I
deste trabalho, uma lógica epistemológica de sua concepção enquanto Teatro
da espontaneidade para um Teatro Terapêutico que por sua vez chega aos
moldes do Psicodrama Terapêutico.
Temos em Kellermann (1998 Apud Barreto 2014) o psicodrama
enquanto um
“método psicoterápico no qual os clientes são estimulados a continuar
e a completar suas ações, através da dramatização, do role-playing e
da auto-apresentação dramática. Tanto a comunicação verbal como a
não-verbal são utilizadas. No aqui e agora, são representadas várias
cenas que retratam, por exemplo, lembranças de acontecimentos
específicos do passado, situações vividas de maneira incompleta,
conflitos íntimos, fantasias, sonhos, preparação para futuras
situações de risco ou expressões improvisadas de estados mentais.
Essas cenas tanto se aproximam de situações reais de vida como
representam a externalização de processos mentais interiores.
Quando necessário, os outros papéis podem ser desempenhados
pelos demais membros do grupo ou por objetos inanimados. São
empregadas várias técnicas, tais como a inversão de papéis, o duplo,
o espelho, a concretização, a maximização e o solilóquio. Em geral,
identificam-se no psicodrama as fases de aquecimento,
dramatização, encerramento e compartilhamento (p.24).” (Kellermann
1998 APUD Barreto 2014, p.64).
Tal definição traz distinções com relação as palavras de Moreno em um dos
pilares de fundamentação do Psicodrama, intitulado “Fundamentos do
Psicodrama” (2014). Moreno faz a distinção que diferentemente da psicanálise,
é possível que os papéis sejam invertidos entre paciente e terapeuta. O que
difere dos modelos clássicos de representação das relações entre essas duas
posições, como representada pela psicanálise freudiana da transferência e
contra-transferência. Entretanto, isso não significa que qualquer indivíduo na
relação grupal pode tornar-se terapeuta: é, antes, um jogo dos papéis
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desempenhados durante as sessões, em que o agente terapêutico não é


necessariamente o do condutor da sessão.
Pontuar brevemente a importância deste agente terapêutico será
relevante, visto que trataremos na próxima seção deste papel do agente
terapêutico. Tal processo não é necessariamente desempenhado por um
profissional. Tal status social segundo Moreno (2014) pode até se tornar fator
prejudicial a depender da pessoa que precise dessa forma de atenção. Sua
descrição toma corpo da seguinte forma:
Se for um terapeuta sábio, ele vai sair da relação face a face com o
paciente e trabalhar por intermédio de outras pessoas que estejam
numa posição mais favorável do que ele para ajudar. De acordo com
o método grupal, o agente terapêutico para determinado membro do
grupo pode ser qualquer pessoa ou uma combinação de vários
indivíduos. (MORENO 2014).
Com isso o autor da teoria do Psicodrama leva a conclusão de que a escolha
do agente terapeuta não deva ser limitada a pessoas com o treinamento
específico ao ofício, como médicos, assistentes sociais etc., mas “[...] ser tão
universal quanto o leque de pessoas que poderiam ajudar em cada caso”
(MORENO 2014).
Buscando entender as relações sociais desenvolveu uma forma própria
de investigação de tais relações que diferia da sociologia e das ciências sociais
aplicadas até então. Denominando como socionomia, procurou estudar as leis
que regem o comportamento social e grupal. Tal socionomia detém três
ramificações: a Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria.
A sociodinâmica estuda a estrutura bem como os funcionamentos dos
grupos sociais e isolados, assim como as associações de grupo. Tem como
método o role-playing. A dramatização que o método propõe possibilita a
explicitação dos conflitos que circundam o papel em questão. Ao se
experienciar o Role Playing, ao atuar dramaticamente diferentes papéis, o
indivíduo apresenta potencial para desenvolver um próprio papel espontâneo e
criativo.
Sociometria é aquela que metrifica o relacionamento humano, da
dinâmica dos grupos e das relações sociais. Teste sociometrico é o método
utilizado pela sociometria para medir as relações entre as pessoas. Teste
quantifica as relações estudadas. Do teste sociométrico temos o sociograma, a
grafia que permite explicitar as redes de relações de um grupo.
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Temos a Sociatria é a ciência que trata dos sistemas sociais. Através do


psicodrama detém ferramentas para entender os indivíduos e seus papéis, com
o sociodrama apreende o grupo e os papeis institucionais e como último
método detém a psicoterapia de grupo para compreender e correlacionar o
psicodrama com o sociodrama.
Ainda sobre a socionomia, podemos entender tal ciência no estudo das
interações entre os membros do grupo, através do estudo das relações
interpessoais, tendo como foco processos individuais e grupais de qualquer
forma ou situação. O fenômeno que gera a mudança social ocorre por meio do
indivíduo e suas ações, as quais detém implicações éticas, uma vez que as
relações ocorrem por meio dos papéis sociais desempenhados em relação aos
seus pares ou, como Moreno apresenta, os papéis complementares, que
estabelecem os lugares que cada indivíduo detém em cada relação. São as
interações concretizadas mediante os papéis sociais que possibilitam o
indivíduo construir seu conhecimento, ganhar experiências e distinguir a
realidade e articular-se dentro desta realidade.
Posto o objetivo da socionomia e suas ramificações, podemos afirmar
que a socionomia pretende
[...] identificar os sentidos dados pelas pessoas e que podem ser
encontrados no "aqui e agora", ou seja, no presente momento,
através das cenas desenvolvidas por seus métodos dramáticos. Não
se trata de um único e verdadeiro sentido. São "sentidos" no plural,
mesmo. (PEREIRA 2009)
Com seu objetivo de identificação, o trabalho que lhe compete torna-se o de
ampliar os sentidos, encontrar diferentes matérias de espontaneidade e de
criatividade que ocorrem no desempenho dos papéis sociais.
Se torna importância salientar a existência das fases psicodramáticas.,
que são apresentadas como Aquecimento, Dramatização e Compartilhamento,
já citadas neste texto ao resgatarmos Kellermann (1998) anteriormente. Tais
fases detém também três características que necessitam serem contempladas
para poderem se concretizar: contexto, etapas e instrumentos.
Para Pereira (2009) a base da Teoria do Psicodrama é a forma com que
a Teoria dos Papéis, a Sociometria e a Teoria da Espontaneidade-Criatividade
se configuram. É uma teoria que apresenta três bases de observação para se
concretizar. Ao passo que a Socionomia já foi apresentada, cabe adentrar
Teoria da Espontaneidade-Criatividade de forma breve para ocuparmos um
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pouco sobre os Papeis Sociais. A Teoria da Espontaneidade-Criatividade


entende que todo indivíduo nasce com as categorias de espontaneidade e de
criatividade e que são importantes para o desenvolvimento físico, psíquico e
relacional. São categorias ontológicas do indivíduo, tendo recursos de
criatividade sendo manifestados apenas se a espontaneidade puder despontar
no indivíduo.
Para Moreno, na interpretação de Pereira (2009), os papéis são a menor
forma de conduta enquanto unidade, sendo mais apropriados ao conceito de
personalidade e detém sua contraparte correspondente, sempre estão em uma
relação com uma parte dialética.
Agora, sobre a prática do psicodrama, temos três momentos importantes
que demarcam os estágios deste processo, sendo o Aquecimento,
Dramatização e Compartilhamento.
Comecemos pelo Aquecimento: consiste na mobilização do grupo para a
ação, com a aparição do protagonista (aquele que surge para a ação
dramática). Há a distinção de aquecimento inespecífico que ocorre em primeiro
momento, em que ocorre de fato o surgimento do protagonista, enquanto
indivíduo ou grupo. O aquecimento específico de segundo momento é o
aquecimento de tal protagonista para a ação dramática.
Na etapa de dramatização temos o desenrolar da ação dramática em
que há a presença do conflito em cena, buscando-se a resolução dramática do
que está sendo exposto. Como última das etapas temos o compartilhamento,
em que cada indivíduo participa da terapêutica do grupo, expondo a respeito do
que foi dramatizado, suas emoções e sentimentos diante da experiência, em
que cada participante extrai aquilo que lhe faz referência.
A prática psicodramática conta também com seus pilares de contexto, etapas e
instrumentos. São considerados três contextos metodológicos para a prática
psicodramática: social, grupal e dramático. O social refere-se à realidade da
vida, ao grau de responsabilidade com a realidade. O contexto grupal é
constituído através da realidade grupal, como o grupo é em suas
determinações espaciais e temporais, possibilitando o trabalho com os
membros de tal grupo. Por fim, o contexto dramático trata-se da realidade
dramática, ou seja, da realidade da fantasia. Seu lugar imaginário é trabalhado,
independente do seu tempo e espaço.
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Na aplicação da técnica psicodramática é necessário atentar e identificar os


instrumentos aos quais propiciam a prática: cenário, protagonista, diretor, ego-
auxiliar e a plateia.
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III) Análise do processo grupal evidenciado pelo filme:


(articular os conceitos acima)
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IV) Considerações Finais:


(reflexão do grupo em relação à atividade realizada, bem como sobre a
contribuição da disciplina para a formação como psicólog(a).
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REFERÊNCIAS

BARRETO, Maria F. M. (orgs). Psicodrama e Dinâmica de Grupo: re-criando


possibilidades para o ensino de Psicologia na Universidade In: Dinâmica de
grupo: história, práticas e vivências. 5a ed. Campinas: Alínea, 2014.
MORENO, Jacob L. Fundamentos do Psicodrama. 1ªed São Paulo: Summus,
2014.
PEREIRA, Eleonora. Tecendo diálogos entre socionomia e psicologia
comunitária. Rev. bras. psicodrama,  São Paulo ,  v. 17, n. 1, p. 69-85,   2009

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