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A palavra "histeria" surge pela primeira vez quando o médico e filósofo grego
Hipócrates, incomodado com frequentes "crises" de agitação e tremor vividas pelas
mulheres da época, sugere como causa dos espasmos a movimentação do útero. O
considerado "pai da medicina", acreditava que o útero, hysteron, era uma espécie de
ser vivo autônomo que sob algumas circunstâncias se deslocava dentro do corpo das
mulheres. Hipócrates chega a sugerir que espirrar seria um dos poucos gestos
capazes de fazer com que o útero retornasse ao seu lugar "natural", tranquilizando
o corpo histérico e fazendo com que a reprodução e o cuidado dos filhos, funções
sociais construídas sobre a mulher, pudessem ser retomadas.
Durante 600 anos essa foi a teoria que firmou o sentido desse entendimento de
"crise" feminina, transformando-se depois em diagnóstico para criminalizar
mulheres que não tinham filhos, passando a ser associada a bruxaria pelo Papa
Inocent VIII em 1484, servindo como fundamento para a ascensão da família nuclear
e a apropriação estatal da capacidade reprodutiva, bases para o desenvolvimento do
sistema capitalista como bem nos explica a filósofa Silvia Federici em seu livro
Calibã e a Bruxa.
Regina Parra então convida Bruno Levorin para juntas tentarem construir um
pensamento coreográfico sobre tais imagens, tomando como perspectiva o olhar
das mulheres para a câmera de Charcot e não o contrário. "Um olhar que observa e
se abstém, ou finge abster-se de intervir" como dirá George Didi-Huberman, um
olhar que desenha uma dramaturgia das convocações. Sobre isto, Maitê Lacerda,
assistente de direção do trabalho, escreveu:
lasciva
fevereiro 2019
Criação Regina Parra, Clarissa Sacchelli, Maitê Lacerda, Lucia Bronstein, Juliana R,
Bruno Levorin e Haroldo Saboia | Direção Regina Parra e Bruno Levorin | Coreografia
Clarissa Sacchelli, Maitê Lacerda e Bruno Levorin | Performance Clarissa Sacchelli e
Lucia Bronstein | Música Juliana R | Dramaturgia Bruno Levorin | Luz Laura Salerno
Cenotecnia e Assistência de Luz Marcus Garcia | Assistência de Cenotecnia Douglas
Vendramini | Objetos Ludmilla Porto e Bruno Levorin | Agradecimentos Casa do Povo,
Haroldo Saboia, Júlia Feldens e Felipe Oliveira | Apoio Casa Líquida | Produção Raio