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As moiras – Escuela de Mujeres

Metáfora - Penélope Metáfora – ela tecia silenciosa esperando por Ulisses

“O penhoar chinês” - Rachel Jardim

As moiras traçam sinais de criação em teares. Ter a destreza das bordadeiras.

Metáfora de bordar e escrever | “perder o fio da meada”

Construção de signos / símbolos com panos, linhas e tesouras

O feminino como substantivo:

1) É um princípio de conexão - ou seja, não se trata de gênero, o feminino que existe não somente
na mulher mas no coletivo como um todo; e

2) É uma lucidez de consciência - ou seja, é consciência atenta e lúcida. Um entendimento de


consciência contrário ao que a patriarcalidade mostra, que é um feminino distraído e enubilado [a
famosa bela adormecida que se desperta com o beijo do princípe, e não por si mesma]

Quando o feminino se distraí, perde o pé de quem é e o desdobramento de suas escolhas. Por isso a
importância da consciência atenta e lúcida.

Atena também era fiandeira e tecelã. A deusa da justiça e da civilização

As moiras constroem a vida, o destino e tece a existência

É a roda da fortuna do tarot. Lembrando que a roda tem um centro. Imagem de uma maçanetam
interferência dos humanos no destino, “dar um giro de roda” na minha existência.

O destino das moiras da vida não era violento. Era algo natural.

Simbolos da morte-vida-morte eram: a serpente | a borboleta | vulva da mulher

Recuperar o texto “o feminino como substantivo” da Marisa Sanabria

O feminino com Substantivo

Feminino é um adjetivo derivado da palavra latina femina que significa mulher, descreve algo que
pertence às mulheres, que têm qualidades ou características que se aplicam a elas como : delicado,
amável, etc.

Para determinar o feminino é imprescindível diferenciar: mulher, gênero e arquétipos. Os órgãos


sexuais determinam o que é homem e mulher com suas capacidades reprodutivas e definem gênero
como uma classe, um agrupamento de indivíduos, uma categoria com traços comuns. O Aurélio diz
que a denominação genérica é sempre um substantivo fácil de reconhecer.

Já o arquétipo é aquilo que Jung define como imagens primordiais, representações inconscientes tão
variadas que podem ser transmitidas hereditariamente. “O arquétipo é uma tendência tão marcada
como o impulso das aves a fazer seus ninhos 1”. Estes arquétipos são dotados de uma energia própria
e podem, graças a esses poderes, fornecer interpretações significativas no sentido simbólico, criando
mitos, filosofias e religiões que influenciam e caracterizam nações e épocas inteiras.

1
Jung, C. G. Homens e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964, p.77.
O médico e o analista junguiano Robert Steim alerta para diferenciar o que é feminino daquilo que é
adquirido cultural e arquetipicamente como o instinto materno na mulher ou o poder fálico 2 no
homem. Assim, o feminino, não está referido aos órgãos sexuais nem se esgota nas referências
arquetípicas.

Nossa civilização constrói histórias e mitos como forma de alcançar uma compreensão simbólica e
uma estruturação da consciência em imagens, contos, lendas como a do herói assassino, que
determina sua masculinidade pela conquista e submetimento dos outros, ou a mulher com poderes
diabólicos (a Glenn Close de Atração Fatal) que deve ser disciplinada e controlada.

Muitas das atuais correntes da antropologia alertam para nos desapegarmos de símbolos adquiridos
e arraigados, a exemplo da associação do masculino ao sexo, ao sol, ao céu, e do feminino ao escuro,
ao subterrâneo, ao molhado. Essas estruturas reforçam a idéia de que o governo é conduzido pelos
homens porque é assim que as coisas acontecem na natureza. Desta forma, se mantém a resistência
a uma sociedade não hierárquica e mais solidária.

O feminino está vinculado a uma estrutura de consciência, o que quer dizer que ele pode ser vivido
sem se identificar com o masculino, como uma forma de funcionar. Não precisando atuar de forma
reativa para se defender e não tem que compensar alguma coisa que lhe falta para poder existir. São
estes os traços e posicionamentos característicos que as mulheres ocupam na estrutura social para
determinar seu lugar.

É possível viver o feminino e poder escolher livremente? Para Connie Zweig 3, não se pode responder
ao modelo que a sociedade impõe para a mulher e ser um aduto saudável ao mesmo tempo. Todos
nascem de uma mulher, portando, o matriarcado simbolizou sempre esse momento indiferenciado,
instintivo e inconsciente que as religiões metaforizaram no jardim do Éden, no paraíso perdido., etc. 4

Erich Newman menciona que a consciência patriarcal nos separa do inconsciente e nos estrutura um
“eu mental”. Nos nossos dias, o traço patriarcal se caracteriza por um individualismo feroz, a procura
do benefício pessoal e o desinteresse pelos propósitos coletivos. Sem dúvida, a entrada no mundo
adulto exige um esforço de consciência e uma saída do estado indiferenciado. Mas na transição de
uma consciência matriarcal para uma patriarcal, a mulher abandona o feminino porque têm que
funcionar e encarna o modelo que a sociedade lhe exige.

O abandono do princípio feminino em termos de civilização têm tido como consequências crises
sociais, políticas, rivalidades e destruição. Antropólogas como Riane Eisler no livro “El cáliz y la
Espada”5 ou Marija Guimbutas no livro “Los dioses y las Diosas de la vieja Europa” 6 têm pesquisado e
comentado, insistentemente, sobre o panorama sangrento de cinco mil anos de domínio masculino,
sustentando que as sociedades ginocêntricas eram solidárias, comunitárias e harmônicas como a
Creta Minóica, por exemplo, pesquisada pelo arqueólogo norte-americano James Mellart 7, onde não
existiam hierarquias nem subordinações, os valores eram pacíficos e as civilizações prósperas. Tudo
isso contradiz a versão da guerra e do domínio masculino como um direito adquirido e uma condição
para civilizações superiores.

2
Zweig, Connie. Organizadora. Ser Mujer. Barcelona: Kairós-Biblioteca de la Nueva Consciencia, p.72
3
Zweig, Connie. 0p. cit. P.24
4
Zweig, Connie. Op. Cit. El desarrollo del principio feminino em la consciência humana. p. 46
5
Riane, Eisler. El Cáliz y la Espada-nuestra história nuestro futuro. Santiago de Chile: Cuatro Vientos. 1990
6
Guimbutas, Marija. Los Dioses y las Diosas de la Vieja Europa del 7.000 al 3.500 ac. Madrid
7
Campbell, Joseph. Todos os Nomes da Deusa. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2000, p.55
Para Mellart as descobertas das novas escavações em regiões próximas à Suméria, apagam a idéia
de que a guerra seria o preço inevitável para o desenvolvimento da cultura. As sociedades co-
participativas utilizavam o princípio de conexão em lugar de hierarquias e o que a antropologia
denomina valores suaves e não estruturas autoritárias. O que hoje assistimos são o ostracismo e a
subordinação dos valores suaves, localizados socialmente na mulher, como a conexão a compaixão
por um sistema cultural excludente e suicida. Como a Marija Guimbutas nos lembra, os invasores
indo-europeus – os Kurgam8 - vinham dos lugares frios

8
Riane, Esiler. El Cáliz y la Espalda – nuestra história nuestro futuro. Santiado de Chile: Cuatro Vientos. 1990

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