Você está na página 1de 20

PSICOLOGIA FEMININA - A DEUSA

Marija Gimbutas por Soraya Mariani

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


FORMAÇÃO DESPERTANDO GUARDIÃS DE
CÍRCULO DE MULHERES

PSICOLOGIA FEMININA
A DEUSA

Mas afinal de contas, quem sou eu no meio de tantos


condicionamentos?
Esta é a pergunta que pode ter sido despertada após a segunda aula!
Nesses dois próximos encontros, proponho que procuremos as nossas
origens, o que nos permitirá um melhor entendimento sobre nós
mesmas.

Vamos juntas?
Soraya Mariani

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 02
ANTROPOLOGIA DA MULHER E O
FEMININO ANCESTRAL

As provas da existência de um feminino ancestral (que talvez possa


confirmar-nos a existência de uma sociedade matriarcal) podem ser
muito esclarecedoras sobre o que terá acontecido, realmente, no
decorrer da nossa evolução. Para isso, vamos ter que viajar no tempo e
nos conectar com os estudos de uma pioneira que, contra tudo e todos,
conseguiu comprovar que, de fato, existiu uma forma de matriarcado.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 03
Quem é esta pioneira? Quem foi Marija
Gimbutas?

Essa mulher chama-se Marija Gimbutas, nasceu em 23 de Janeiro de


1921, em Vilnius, capital da República da Lituânia, e faleceu em Los
Angeles, no dia 2 de Fevereiro de 1994.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 04
Deixou uma vasta obra: uma vintena de volumes, pouco conhecidos fora
do circuito dos especialistas e ainda pouco traduzida em outras línguas.

A Linguagem da Deusa (título original: The language of the Goddess), a


Civilização da Deusa, Deusas e Deuses da velha Europa são as obras
essenciais que lhe valeram fama mundial.

“A Linguagem da Deusa” foi igualmente o título de uma exposição que


lhe foi consagrada na Alemanha, no museu Frauen, em Wiesbaden, em
Junho de 1993.

Durante quinze anos, Marija Gimbutas realizou escavações arqueológicas


no sudeste da Europa Mediterrânica, revelando ao mundo a existência
de uma civilização pré-indo-europeia, caracterizada por uma “cultura
pré-histórica da Deusa”, que começou no Paleolítico e durou mais de
25.000 anos.

Marija Gimbutas prefere chamar a cultura matriarcal de “matrifocal”,


demonstrando a existência de uma cultura sedentária, tranquila, amante
da arte, totalmente ligada à terra e à natureza, que venerava o feminino
através da divindade mais antiga que conhecemos desde o início dos
tempos: A Grande Deusa Mãe.

Aconselho a quem quiser aprofundar esse assunto que procure essa obra,
muito completa e com muitas imagens e pormenores que demonstram
a existência de um feminino que nos chega do início dos tempos.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 05
OBRAS DE MARIJA GIMBUTAS

A Linguagem da
Deusa

Civilização da
Deusa, Deusas e
Deuses da Velha
Europa

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 06
Vejamos o que ela escreve a respeito das suas
descobertas:

«Esta obra tem como objetivo apresentar a “escrita” pictural da religião


ligada à Grande Deusa Mãe proveniente da velha Europa. Trata-se de
uma escrita composta de signos, de símbolos e de imagens divinas. Essas
são as nossas fontes fundamentais para reconstruir esta cena pré-
histórica: elas são essenciais para uma verdadeira compreensão da
religião e da mitologia ocidentais.»
«É raro que os símbolos sejam realmente abstratos: as ligações que eles
mantêm com a natureza estão sempre presentes. O estudo do contexto
é igualmente revelador, tal como as associações que esses elementos
simbólicos formam entre si. Deste modo, podemos esperar decifrar o
pensamento místico que é a “razão de ser” desta arte – e o que lhe dá a
sua forma fundamental (...). Nenhum símbolo pode ser tratado
isoladamente; compreender os elementos desta linguagem leva-nos a
entender o conjunto (...)»

«Os materiais arqueológicos não são mudos: simplesmente, falam a sua


própria língua. E pedem para serem utilizados como a grande fonte que
eles representam, de modo a poderem contribuir para esclarecer a
espiritualidade dos nossos antepassados que antecederam os indo-
europeus. »

Essa importante colocação revela-nos a ligação que a autora estabelece


entre arqueologia, mitologia, sociologia, arte e espiritualidade, para
poder decifrar os comportamentos dessa sociedade na qual o culto à
Grande Deusa era o alicerce da existência de todo o ser vivo.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 07
«O tema principal do simbolismo da Deusa é o mistério do nascimento
e da morte, mas também da renovação da vida, não só da vida humana,
mas de toda a forma de vida na Terra e no Cosmos. Os símbolos e as
imagens que se reúnem em volta da Deusa partenogenética
(autogeneratriz) e das suas funções fundamentais – dar a vida e dar a
morte, assegurar a regeneração – e em volta da Terra Mãe, a Deusa da
fertilidade, jovem e velha, que cresce e morre com a vida vegetal. Ela era
a única fonte de toda a vida, que extraía a sua energia das fontes e dos
poços, do Sol, da Lua, da terra úmida. Este sistema simbólico representa
o tempo mítico, cíclico, não o tempo linear.»

De fato, para os primeiros povos,


tudo era criado através do
feminino, a Deusa era quem
permitia que a vida acontecesse,
ou não. O masculino, na visão
desses povos, não tinha
capacidade criativa, nem sequer
ajudava na procriação.

Por esta razão, a maioria dos


mitos da Criação que dão início às
diversas “famílias” mitológicas são
iniciados através de uma Grande
Deusa que tinha o poder de
autogerar a vida.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 08
A GRANDE DEUSA NAS ANTIGAS
CIVILIZAÇÕES

O Homo Sapiens foi o primeiro a ser capaz de juntar a arte e a


espiritualidade. Deixou-nos os primeiros “objetos-culto”, entre os quais,
e os mais conhecidos, várias estatuetas femininas, como as da Venus de
Willendorf, de Menton e Lespugne. Elas representam a sacralidade
feminina e os poderes mágicos e religiosos atribuídos à Grande Deusa
Mãe, nas épocas do Paleolítico e do Neolítico.

DIVISOR DE ÁGUAS – INVASÕES, DEUSES


GUERREIROS

Sabemos que no decorrer da evolução, a Europa passou por uma série


de invasões no Norte e no Leste. Marija Gimbutas descreve esses
invasores como detentores de uma cultura “patrifocal”. Eram
inconstantes, guerreiros, ideologicamente orientados pelo céu e
indiferentes à arte.

Os invasores julgavam-se um povo superior (e de fato eram, de um ponto


de vista físico), e as sucessivas ondas de invasões dos indo-europeus
iniciaram o destronar da Grande Deusa (4500- 4400 AC).

Os valores da Grande Deusa não inspiravam essa nova sociedade


patriarcal, que se encontrava alicerçada num modo de ser racional,
visível, tangível, e ficou decidido que tinha que se destruir toda a
lembrança da antiga crença.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 09
As Deusas não foram completamente suprimidas, mas incorporadas nas
religiões dos invasores. Eles impuseram a sua cultura patriarcal e a sua
religião bélica aos povos conquistados. A Grande Deusa tornou-se
consorte serviçal dos Deuses dos invasores.

Os atributos e poder que originalmente pertenciam à divindade feminina


foram desapropriados e dados a uma divindade masculina. A violação
apareceu nos mitos pela primeira vez, e surgiram mitos nos quais os
heróis do sexo masculino matavam serpentes, símbolos da Grande Deusa.

As sociedades Gregas, Romanas e Judaico-Cristãs construíram novos


templos sobre os antigos lugares de culto. A partir disso, teve início a
criação das primeiras “grandes civilizações”, que julgavam que, para
evoluir, tinha que se destruir o passado.

Na mitologia Grega, os atributos, símbolos de poder que um dia


pertenceram à Grande Deusa, foram divididos entre muitas
Deusas...

Pelo fato de “varrer” esse grande arquétipo do feminino, o masculino


desligou-se da sua essência. Ao invés de focalizar em seu objetivo, passa
a agir impulsivamente e ignora a capacidade do seu próprio feminino
interior de se religar ao “Grande Mistério”, que ensina a criar com um
objetivo que perdurará no tempo. Por essa razão, o nosso planeta está
morrendo, já que a nossa sociedade patriarcal, imbuída de poder, não
enxerga um palmo à frente do seu ego e do seu proveito pessoal.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 10
O anel de ouro de Isopata, perto de Knossos,
retratava a Deusa (à direita) e três adoradores.
c. 1500 aC

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 11
A TERRA – A VIDA – O FEMININO

A Grande Deusa e a sociedade matriarcal estavam alicerçadas sobre o


pensamento místico da autogeneração da vida. A prosperidade dessa
civilização dependia da sobrevivência diária da sua população através da
sua capacidade de se nutrir e de se multiplicar. A lua era considerada
dispensadora de fertilidade e marcava as várias etapas do quotidiano, de
acordo com seu ciclo de 28 dias, em sincronismo com a menstruação das
mulheres.

Devido ao fato de o masculino não ser reconhecido como co-generador,


o poder da criação não lhe pertencia. Não é então difícil de entender a
ferida inconsciente que se criou, com origem nessa falta de
reconhecimento do seu meio social.

DESMISTIFICANDO – O MITO DE ETANA

O Mito de Etana é uma lenda suméria que tem por personagem principal
Etana, o rei de Kish, que tenta desesperadamente conseguir ter filhos
para lhe sucederem no trono.
Este texto, infelizmente, chegou-nos incompleto e sem a parte final.

A narração começa pela história de uma serpente e de uma águia, ligadas


por uma bela amizade, até que a águia come os filhos da serpente. Esta
vai procurar conselho junto de Utu, o Deus-Sol, que a aconselha a
preparar uma armadilha para a águia, escondendo-se dentro do cadáver
de um boi e esperando que a ave se aproxime, para capturá-la.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 12
A GRANDE DEUSA MÃE E SUAS
REPRESENTAÇÕES AO LONGO DO TEMPO

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


É isso que a serpente faz, atraindo a águia para um buraco, após tê-la
magoado para a impedir de voar.

É neste momento que entra em cena Etana, o rei de Kish. Este deseja
ardentemente filhos, e faz um pedido a Utu, que também é solicitado
pela águia pedindo ajuda. Utu diz a Etana que a solução é obter “a planta
da criação”, que se encontra no Céu, onde residem os Deuses.

Para chegar a esse lugar inacessível aos mortais, o Deus Utu aconselha-o
a ajudar a águia a sair do buraco, tratando dela, pois, dessa forma, ela o
ajudará a encontrar a famosa planta.

Num primeiro tempo, a águia não quer ajudar e só aceita depois que
Etana lhe implora.

Etana voa para o Céu sobre as asas da águia. Após um longo voo, não vê,
mais a Terra, e aproxima-se do Céu. Mas a altitude assusta-o e ele pede
à águia para parar a ascensão. Cai então das asas da águia, que consegue
apanhá-lo antes que toque o chão.

O selo seguinte encontra-se quebrado. É a parte final, e esta irá, por


conseguinte, permanecer desconhecida. Contudo, a lista real da Suméria
diz que Etana teve um filho como sucessor, o que parece indicar que o
fim desse mito deve ser feliz para o seu herói. (Fonte: Wikipedia)

Felizmente, o trabalho arqueológico de Gabriele Rossi-Osmida permitiu


descobrir (em Gonour Dépé, no deserto do Karakoum) selos e objetos
que reconstituem a integralidade do mito.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 14
A GRANDE DEUSA MÃE

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


Confirmam que o rei Etana teria encontrado a Deusa da Fertilidade nos
céus e que esta lhe ofereceu um jarro que lhe permitiu ter descendência…
(o jarro, claro, simboliza o orifício vaginal no qual o sémen será
depositado, permitindo a fecundação e, consequentemente, a criação
da descendência).

Esse mito revela um fato histórico: a passagem de uma cultura matriarcal


e agrícola para uma cultura da idade do metal e masculina. Etana quer
roubar o segredo das mulheres e da Grande Deusa Mãe com a ajuda da
águia, marcando o início do patriarcado no terceiro milênio antes de
Cristo, quando todas as dinastias se tornaram masculinas.
Aparecem, nesse período, estatuetas masculinas em um contexto onde
antes predominavam as figuras femininas, simbolizando uma mudança
de civilização.

O mito de Etana representa a necessidade de afirmação do masculino,


pelo reconhecimento da fecundidade dos homens ignorada por esses
povos primitivos, salientando o imperativo do seu poder advindo da sua
capacidade de participar na criação da vida.

Podemos verificar uma situação similar nos mitos das Deusas


Gregas.

O estudo que empreendi usando os pressupostos da psicologia e,


também, os da genealogia, nos permitirá entender como a civilização
Grega, tão parecida com a nossa, funcionava, e como ela constitui um
“espelho” daquilo que a mulher vivência atualmente.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 16
A GRANDE DEUSA MÃE E SUAS
REPRESENTAÇÕES PELO MUNDO

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


O FUNCIONAMENTO DO MITO

Esta explicação do grande historiador Mircea Eliade esclarece-nos ainda


mais sobre o funcionamento do mito:

«O mito conta uma história sagrada: ele relata um acontecimento nos


tempos primordiais, o tempo fabuloso dos “inícios”. Noutras palavras, o
mito conta como, graças aos Seres Sobrenaturais, uma realidade alcançou
a existência, dentro da realidade total, o cosmos, ou num fragmento dele:
uma ilha, uma espécie, uma instituição.»

O mito nunca é um relato anônimo; é sempre significativo de uma


evolução decisiva da Humanidade relacionada com o coletivo e,
principalmente, com o conhecimento de nós mesmos. Existem mitologias
para cada cultura. No caso da nossa procura de compreensão do feminino
atual, a mitologia Grega é a meu ver a mais indicada para entendermos
melhor as nossas origens e o porquê da nossa sociedade atual.

Aliás, posso citar esta frase do Jung, que diz:


«Em substituição dos Deuses perdidos do Olimpo, abre-se a
riqueza interior da alma».

Mas para entendermos melhor como funcionam os mitos dentro da nossa


psique é fundamental percebermos um pouco mais sobre os famosos
arquétipos e como eles atuam dentro de nós.

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 18
Os arquétipos atuam na nossa vida como espíritos autônomos que,
quando constelados, nos fazem mudar o tipo de resposta que nos é
peculiar aos estímulos externos. Quando acontece a constelação de um
arquétipo, somos invadidos por emoções e capazes de reações que não
reconhecemos como fazendo parte de nossa personalidade.

Dessa forma, nós podemos facilmente entender que não possuímos um


arquétipo, mas, ao contrário, somos possuídos por ele. Sempre que nos
ocorre uma forte reação emocional em relação a uma pessoa ou situação,
um complexo foi constelado ou ativado.

Quando a psicologia analítica se refere à imagem primordial ou ao


arquétipo da “Grande Mãe”, não se refere à existência de uma imagem
concreta com presença no tempo e no espaço, mas a uma imagem
interior em operação na psique humana.

A expressão simbólica desse fenômeno psíquico são as figuras e as


imagens da Grande Deusa, reproduzidas nas criações artísticas e nos
mitos da Humanidade.

O aparecimento desse arquétipo, assim como o seu efeito, pode ser


observado ao longo de toda a história da humanidade, por se encontrar
presente nos rituais, nos mitos e nos símbolos desde os primórdios do
homem, e igualmente nos sonhos, nas fantasias e nas realizações criativas
de indivíduos enfermos e sadios do nosso tempo.

Vamos pesquisar mais? Como pode melhorar?

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 19
FORMAÇÃO DESPERTANDO GUARDIÃS DE
CÍRCULO DE MULHERES

MÉTODO SORAYA MARIANI

Licenciado para - Aishå Coraci° - 06682148640 - Protegido por Eduzz.com


https://www.facebook.com/sorayamariani.oficial/ 20

Você também pode gostar