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Lívia Penna Firme Rodrigues

MATURESCÊNCIA:

PODER E CURA DA MULHER NA MENOPAUSA

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Lívia Penna Firme Rodrigues

MATURESCÊNCIA

PODER E CURA DA MULHER NA MENOPAUSA

Brasília - 2006

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Dedico esse livro, com amor, às mulheres de minha família:

 Às avós, Hercília e Gegé, pelos exemplos de sabedoria, compaixão e poder;


 À minha mãe, Rosa, pela herança espiritual e pelo privilégio de ter seu apoio e amizade
em seus 85 anos de vida;
 À minha irmã, Eliane, pela acolhida amiga e generosa durante a vida que partilhamos
juntas;
 À minha filha, Júlia, que, na sua adolescência, me relembra cotidianamente o que é ser
mulher e pelo aprendizado permanente de mãe e filha;
 À querida nora Gabriela, por enriquecer, com seu amor e generosidade, o nosso dia-a-
dia;
 À sobrinha-neta, Helena, pela alegre renovação da família;
 Às tias, Filoca, Jandira, Adelaide, Lourdes, Ely, Ziza, Dora e Dinah, pelos cuidados,
exemplos e lembranças de minha infância;
 Às primas, Jane, Denise, Bia, Regina e Beth, que, meninas e adolescentes, partilharam
o crescimento da mulher de cada uma de nós;
 Às sobrinhas, Fernanda e Camila, pela ousadia da mulher contemporânea;
 Às cunhadas, Marli e Sílvia, pela presença e amizade.

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Agradecimentos

 Às amigas maturescentes, pelo partilhar contínuo e revigorante, especialmente:


Taruno, Mangala, Ruth Mukti, Viveka, Ila, Djanira, Eloysa, Laís Mourão e Daphne;

 Aos Colegas Nutricionistas, Professores e Alunos, pelo trabalho que fazemos juntos em
nosso cotidiano;

 Aos Clientes, Gestantes e Mulheres na Menopausa que tive o privilégio de conhecer e


contribuir na cura do feminino em cada um de nós;

 Aos que tornaram esse livro possível, principalmente Caleb, pela editoração e pesquisa
de ilustrações, à Viveka, pela minha foto, à Cecília Alcoforado, pela revisão, á Mangala,
pela capa e troca de idéias durante o processo criativo e às amigas que gentilmente
colaboraram partilhando opiniões e sentimentos nas entrevistas gravadas.

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A Experiência da Maturidade

Eu estava debaixo de uma mangueira no Sítio Flor de Ouro, de uns amigos, em Alto
Paraíso, Goiás. De repente caiu uma manga no chão...
Com ar de surpresa e encantamento, peguei-a, dei uma lavada e comecei a chupá-la.
Em seguida, com ela na boca e nas mãos, fui descendo a ladeira que leva à beira do rio, onde
me sentei em um banco, numa sombra deliciosa. Olhando para o rio, continuei a chupar a
manga.
Nesse momento, me veio um insight sobre a maturidade:

– Puxa! Que manga perfeita! “Caiu de madura”, como dizem!

Seu sabor era doce, mas não enjoativo, a quantidade de caldo ideal, a cor amarelo-
ouro. Se essa manga tivesse sido tirada verde e colocada para amadurecer em uma fruteira,
jamais teria essas qualidades. Quando chegou a hora, ela simplesmente despencou do pé, num
gesto espontâneo, de total aceitação. Saiu da árvore, mudou de casa, passou para outra etapa,
quando o fruto fica entregue à terra, produzindo sementes...
O ciclo da manga é um ensinamento da natureza sobre a impermanência e a
eternidade. No seu tempo, tudo acontece, sem pressa, e chega lá, num lugar que leva para a
minha maturidade pessoal.
Entrei em sintonia com aquela manga e com uma compreensão interna que não havia
alcançado antes. Agradeci por estar madura.

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SUMÁRIO

MATURESCÊNCIA

ESTOU NA MENOPAUSA E CONTINUO JOVEM

MAS, AFINAL, O QUE É A MENOPAUSA?

A FUNÇÃO DOS HORMÔNIOS

DIETA SAUDÁVEL NA MENOPAUSA

HÁBITOS DE VIDA NA MENOPAUSA

SEXUALIDADE E MENOPAUSA

ONDAS DE CALOR E A JORNADA ESPIRITUAL

RESGATE DO PODER DA MENOPAUSA

COMPARTILHAR A MENOPAUSA

MENSAGEM PARA AS MULHERES NA MENOPAUSA

BIBLIOGRAFIA

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MATURESCÊNCIA

Nos últimos cinco anos, li vários livros e artigos sobre menopausa e maturidade. Pesquisei
sites, conversei com mulheres, dei palestras e entrevistas sobre diversos aspectos da menopausa.
Paralelamente e aos poucos, fui escrevendo meus pensamentos e sensações a respeito dessa fase da
vida da mulher, à medida que eu vivenciava meu próprio processo de perimenopausa. Momento
complicado esse, quando a diminuição do hormônio feminino progesterona sacode o corpo, a mente
e as emoções, provocando uma revolução, colocando-nos mais perto do espírito e, após esse
balanço geral, culminando com a menopausa. Em seguida, o processo se acalma, se estabiliza e
passamos a conviver normalmente com o nosso novo estado de mulher madura.
Como resultado de todo esse processo, surgiu o projeto de um livro que discorresse sobre
essas reflexões. Assim, ao longo desses anos, esse livro foi tomando forma e se concretiza agora, à
medida que compartilho com você, que o está lendo nesse momento.
Maturescência, que palavra linda! A primeira vez em que a vi foi no livro A segunda vida
das mulheres, de Christiane Collange1, uma escritora francesa que dedicou sua vida ao trabalho com
o feminino. Segundo ela, esse é um novo termo, inventado em Genebra, “para designar o período
dos 40 aos 65 anos, as crises e mudanças que ocorrem durante o envelhecimento”. Dessa forma, o
termo maturescência passou a fazer parte do universo deste livro, pois define muito bem o tema
sobre o qual estou escrevendo.
Vivemos em uma sociedade ocidental que valoriza a beleza, a juventude e a fertilidade.
Então, é natural que, ao chegarmos à meia idade, venha uma crise, como aconteceu na adolescência.
A Natureza pede transformações para continuar em evolução. É necessário deixar coisas
para trás e incorporar outras, o que nem sempre é feito sem sofrimento. É aí que sobrevêm a crise. E
crise leva ao crescimento, pois crescer dói.
As alterações hormonais fazem parte do nosso cotidiano após a primeira menstruação.
TPMs, gestações, lactações, são episódios comuns na vida das mulheres em idade fértil, que
continuam até o momento em que os óvulos diminuem, a produção dos hormônios se torna
irregular, culminando com a última menstruação. Tudo isso é simples e natural, mas como a própria
vida, provoca altos e baixos, às vezes difíceis de administrar.
Maturidade, menopausa, envelhecimento... Vem tudo junto!
Com o passar do tempo, o amor, os filhos e o trabalho passam a ser temas que já não
ocupam tanto espaço na vida da mulher e, embora permaneçam importantes, já não exigem delas a
dedicação e o nível de compromisso de anos atrás. Isso contribui para a crise da maturidade a que
estamos todas sujeitas.

“Chamemos essa crise, se quiserem, de maturescência. No que se refere às


mulheres, adolescência e maturescência têm um ponto em comum: ambas supõem
uma transformação fisiológica das funções reprodutivas, com as devidas

1
COLLANGE, Christiane. A segunda vida das mulheres. Barueri: Sá Editora, 2005.

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repercussões psicológicas e afetivas. A adolescência marca o início do processo da
fecundidade, a maturescência determina seu fim.”
(Christiane Collange, em A segunda vida das mulheres)

Acredito ser este um momento de aceitação. Aceitação do corpo como ele está no momento
e da própria experiência de vida. Essa é uma mudança de fase de vida, que implica viver o
casamento do nosso homem e mulher internos, que cada uma de nós carrega dentro de si.
Ao escrever esse livro, tive a intenção de compartilhar as inquietações e reflexões desta fase
com as mulheres, pois sei que somos muito parecidas, embora tão diferentes. Viver não é fácil e,
como diz minha querida e sábia mãe, “as coisas não são como queremos, mas sim como são”.
Nunca aceitei essa verdade, enquanto no topo de minha arrogância juvenil, mas hoje me
curvo perante ela e procuro fazer diariamente o exercício da aceitação.
Nessa obra, compartilho o que sinto que pode ajudar na prática diária da aceitação e da
compreensão do processo da maturidade, como mais uma oportunidade que a vida nos traz para
viver com alegria e saúde uma nova etapa do ciclo de vida feminino.
Vamos deixar que as ondas de calor purifiquem, transformem o velho no novo, que elas
façam a alquimia necessária. Vamos entrar em contato com a sabedoria da maturidade, que chega,
se impõe e exige que seja cumprida.

Boa leitura!

8
ESTOU NA MENOPAUSA E CONTINUO JOVEM

Estamos em um momento em que todos começam a nos chamar de Senhora. Quando não
assumimos os cabelos brancos, como fazem algumas poucas mulheres, que, aliás, admiro muito –
mas nunca tive essa coragem –, os cabelos tingidos rapidamente mostram a raiz grisalha. O corpo
torna-se mais flácido e, talvez, com uns quilinhos a mais. A pele perde um pouco de seu viço e já
não sentimos mais necessidade de testar o poder de sedução.
Nas bancas de jornal, as capas de revistas apresentam fotos de lindas e perfeitas jovens,
mulheres no esplendor de sua beleza e energia. Mulheres inteiras, com mais de cinqüenta anos,
viram manchete, pois são vistas como uma raridade perante a mídia. “Cinqüenta anos e tão jovem”
comentam. Ou mostram a seqüência de plásticas de alguma atriz famosa, na casa dos sessenta e
parecendo ter quarenta e cinco!
A verdade é que nada vai apagar o tempo vivido e as experiências ficarão marcadas para
sempre em nossa alma. É natural que o corpo reflita isso. Excesso de maquiagem fica feio, dá um ar
pouco natural. O mesmo acontece com relação a qualquer recurso que exista para diminuir a idade
quando mal utilizado.
A fonte da juventude está dentro de nós, nunca fora. A busca externa custa caro, não leva
muito longe e nos torna escravas de um modelo de beleza vigente, imposto pela mídia e que não é
verdadeiro. Cada uma tem sua beleza, que a maturidade tende a realçar e que é inata, verdadeira.
É fundamental reagir a esta idéia da sociedade de consumo que quer que a gente acredite
que, aos cinqüenta anos, somos velhas e aptas a consumir todos os produtos que devolvem a
juventude.
O inconsciente coletivo, que está nos rondando, traz a mensagem de que estamos passadas –
e muitas mulheres acreditam nisso –, contribuindo para se tornarem deprimidas ou se tornarem
escravas de clínicas de estética e de plásticas para aparentarem menos idade.

O que está acontecendo comigo?

Até bem pouco tempo atrás, as mulheres estavam em outro mundo. Não votavam, eram
completamente dependentes de pais e maridos e raramente chegavam à menopausa, devido às
complicações de parto, que levavam à morte prematura.
Os últimos sessenta anos foram uma revolução na vida feminina dos países ocidentais. As
mulheres entraram no mercado de trabalho, se tornaram independentes e, embora permaneçam
diferenças importantes que precisam ser transformadas, como, por exemplo, a discrepâncias entre
salários de homens e mulheres e muita violência contra mulheres devido ao machismo que ainda
predomina, avançamos muito.
Para constatar esse fato, basta ver como viveram nossas ancestrais mais próximas. A minha
avó e a minha mãe, que atualmente está na casa dos oitenta, não desfrutaram da liberdade que temos
hoje e, embora minha avó tenha vivido muitos anos e enfrentado sua menopausa, foi de uma forma

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silenciosa, mesmo porque, naquela época, mulheres na menopausa eram consideradas secas e
velhas.
E tudo isso aconteceu em um passado não tão distante. Contudo, os condicionamentos
permanecem a nível celular, fazendo com que o inconsciente coletivo reflita comportamentos que
não queremos mais, mas que estão lá arraigados, surgindo de repente, quando menos esperamos. Só
uma profunda tomada de consciência e de atitude vai mudar isso. As revoluções que vivemos no
decorrer de nossas vidas terão que continuar existindo. Essa é a missão da nossa geração.
As mulheres de cinqüenta anos, hoje em dia, estão em plena atividade, mais jovens e em
forma do que nunca. As mudanças hormonais, embora desconfortáveis, contribuem para que uma
verdadeira transformação ocorra em seu interior, permitindo que uma segunda vida seja iniciada. A
média de vida aumentou significativamente nos últimos anos e chegar na maturidade indica que
teremos mais vinte, trinta anos pela frente.

“As mulheres de hoje conquistaram posições de importância na política e no


trabalho. Embora estejamos obtendo poder de várias maneiras, continua existindo
um sentimento residual de que, com a idade, as mulheres perdem a beleza.
Permanece a idéia de que, com a idade, ficamos feias. Em conseqüência disso, as
mulheres costumam acreditar que perderão terreno para mulheres mais belas e mais
jovens, que, quando sua beleza exterior se desvanecer, elas perderão seu poder.”
(Lynn Andrews, em A mulher no limiar de dois mundos: a jornada
espiritual da menopausa.)2

Meio século é meio século e não se pode fazer de conta que nada aconteceu. O tempo é uma
ilusão, mas deixa marcas! É importante aceitar as marcas, rugas, manchinhas, mesmo que às vezes a
gente lance mão de modernos recursos estéticos ou opte por uma plástica para se sentir melhor
consigo mesma.
Merecemos capas de revistas, programas de TV, participarmos e sermos alvo de modelos
apresentados nos desfiles de moda, fazermos propagandas, termos revistas dirigidas a nós.
Merecemos amar e sermos amadas por todos e principalmente por nós mesmas.
Estar na casa dos cinqüenta é estar muito jovem, sim. Temos a perspectiva de chegar aos
oitenta ou mais. Se alimentarmos a idéia de que, porque chegamos aos cinqüenta, somos senhoras
matronas, sem sonhos, tristonhas, ressentidas com a passagem do tempo, o que será de nós aos
sessenta, setenta anos? Vamos passar trinta anos de nossa vida lamentando a juventude perdida?
Convido todas as mulheres a se orgulharem dessa nova fase de suas vidas. Não acreditem
nesse montão de mentiras que inventam sobre nós!
E acima de tudo, amem-se mais do que nunca. Deixem que a intuição floresça e que a
criatividade permeie cada novo dia vivido.

2
ANDREWS, Lynn. A mulher no limiar de dois mundos: a jornada espiritual da menopausa. São Paulo:
Ágora, 1995.

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Quando eu olho para dentro de mim e para o espelho, vejo que os anos me
trouxeram outro tipo de beleza e que a maturidade está me fazendo muito bem.
Reflito: se alguém nesta vida gostar de mim, vai ser conhecendo minha idade real,
apreciando meus cabelos brancos, rugas e tudo mais que a Natureza está me
trazendo. E quanto aos homens que só apreciam as menininhas, sinto muito não
saberem desfrutar as delícias de uma mulher madura. Definitivamente, não pretendo
me tornar este modelo de beleza que a sociedade de consumo em que vivemos cultua.
Cada idade tem sua beleza, a melhor idade é aquela que temos e o melhor tempo é o
aqui- e-agora!

(A Autora)

A crise da menopausa

As crises da vida, embora difíceis de serem atravessadas, permitem que saiamos delas mais
fortalecidos como seres humanos. Na menopausa, a crise se inicia quando temos que lidar com a
inquietude interior, que toma conta de nós quando já não vem a menstruação. O fato de não mais
poder engravidar traz consigo, inconscientemente, vários padrões absorvidos durante a vida sobre o
que é a menopausa. Coisas que ouvimos de avós, mães, tias, comadres e que nem sempre são
positivas, que não fazem mais parte do contexto atual, já que viveremos bem mais que nossas avós,
mas que ainda determinam um tipo de comportamento que não é saudável, pois contribui para
abaixar a auto-estima.
Acredito que é importante aceitar e compreender este momento da vida com alegria,
entusiasmo, amor próprio e se sentindo uma vitoriosa. Conhecer os sintomas que o corpo pode
apresentar e começar a tomar conta dele com carinho, consciente de que a sua escolha neste
momento vai refletir na sua qualidade de vida agora e enquanto você estiver viva.

A menopausa sempre existiu

A diferença é que, agora, nós, mulheres das sociedades desenvolvidas, vivemos cada vez
mais graças aos progressos da Medicina preventiva, do diagnóstico precoce das doenças, da
melhora da alimentação e da consciência que cada uma tem de sua própria saúde.
Até o século XIX, apenas uma minoria das mulheres sofria silenciosamente com a
menopausa, pois a maioria morria jovem, bem antes dos cinqüenta anos, freqüentemente de parto.
Para elas, estar na menopausa era um momento dramático, de muitas perdas, pois significava o fim
da vida da mulher, já que feminilidade e fertilidade eram tratadas como se fossem a mesma coisa.
Atualmente, esse quadro se modificou por completo. Recentemente se começou a discutir a
menopausa e seus tipos de tratamento. O aumento da vida média das mulheres fez com que os anos
referentes ao período fértil da vida sejam hoje em menor número do que os do período infértil. A

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expectativa de vida no mundo ocidental passou de 47 para 75 anos, devendo chegar a 85 em 2010,
sendo que a vida média para as mulheres é cerca de oito anos mais que para os homens. Isso
significa que realmente teremos uma segunda vida, pois, se a menopausa se instalar aos 55 anos,
viveremos pelo menos mais trinta anos.
Sabemos hoje que as mulheres podem estar felizes e inteiras em seus ciclos naturais e que a
Medicina, aliada à Mãe Natureza, pode proporcionar diversos recursos terapêuticos para amenizar
os sintomas e sinais da menopausa.

Menopausa não é doença

A menopausa na sociedade moderna é, com freqüência, tratada como doença e discutida em


congressos e grupos técnicos especiais. Pesquisas científicas estão em andamento, mas ainda muito
pouco se sabe sobre o assunto.
Profissionais de saúde conscientes e com uma visão humanizada da saúde da mulher têm
outra postura e afirmam que não, a menopausa não é uma doença.
A maturidade traz diversas mudanças que acompanham as transformações físicas e
fisiológicas: mudanças familiares, afetivas, profissionais e econômicas. Estar consciente de que
estamos em um momento de profunda transformação em todas as áreas da vida é muito importante.
Lembre-se que, junto com tantas transformações, surge também uma força espiritual,
responsável por uma fase cheia de descobertas. O resultado de todo esse processo será um intenso
autoconhecimento e crescimento pessoal, que culminarão com um grande poder pessoal.
Vamos descobrir e desfrutar deste Poder!

Menopausa com saúde

Referimos aqui à saúde da mulher na maturidade em seu sentido mais amplo e integral.
Saúde como sinônimo de alegria, prazer, de estar de bem com a vida, com seu corpo, com sua
mente e emoções. Integrada ao mundo, ao Planeta, uma representante viva do Cosmos.
Maturidade significa ter cumprido as etapas naturais da vida. Vários ciclos se abriram e se
fecharam e cada uma de nós tem muitas estórias para contar. Nós, mulheres na menopausa,
geralmente estamos rodeadas de pessoas. Família, filhos, amigos, maridos e ex-maridos,
companheiros, colegas de trabalho, vizinhos, a comunidade. Partilhamos nossa sabedoria e
experiência de vida. Distribuímos nossa compaixão, ajudando quem precisa com palavras, gestos,
atitudes. Acalmamos dores, suavizamos emoções, cuidamos com amor. E, ao mesmo tempo,
necessitamos de recolhimento, de encarar nossa solidão, de nos conhecermos mais e irmos para
dentro de nossas próprias profundezas.
Quantas vezes o coração fica apertado e a incerteza assusta. A gente se dá conta de que o
tempo passou e que chegamos à menopausa, essa fase tão temida, tratada com preconceito, com
sentimento de rejeição. Tem mulher que não quer nem ouvir falar nessa palavra!

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A aceitação da maturidade é um desafio. Viver cada momento, estar no aqui-e-agora,
respirar fundo, cuidar-se bem, reconhecer a sabedoria que conquistamos e, principalmente, seguir
com confiança e fé no coração.
Percebo que a aceitação é a chave para se viver melhor. Aceitar os caminhos que a vida traz
e que nem sempre coincidem com nossos sonhos. Aceitar a maturidade e continuar sonhando.

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MAS, AFINAL, O QUE É A MENOPAUSA?

Até recentemente, usava-se o termo climatério para caracterizar o período de transição da


fase procriativa, quando ainda se está ovulando, para a não-criativa, quando não há mais ovulação.
A menopausa é uma referência apenas à última menstruação.
Segundo publicação recente,3 a Organização Mundial de Saúde oficializou o termo
menopausa para todo o período anteriormente chamado de climatério. Definiu como
perimenopausa o período de dois a oito anos que antecede a última menstruação, mais o primeiro
ano que se segue à última menstruação. O início da perimenopausa é caracterizado por intensas
variações biológicas, além de mudanças clínicas e endócrinas. A perimenopausa é também chamada
de transição da menopausa e representa a passagem da vida reprodutiva para a não-reprodutiva.
A perimenopausa começa geralmente na idade de 45,5 a 47,5 anos e tem uma duração média
de quatro anos, até que realmente a menopausa ocorra, na idade, média, de 51,3 anos. É possível
que o tempo da menopausa possa ser influenciado por diferentes fatores, tais como, ser fumante,
viver em grandes altitudes e ter uma estória de vida com depressão. A maioria das mulheres nesta
fase experimenta menstruações irregulares, com ciclos mais curtos ou longos períodos sem
menstruar, o que mostra a grande variação da secreção do estrogênio produzido pelo ovário durante
esse período.4
Para saber se realmente a mulher está na perimenopausa, é necessário fazer exames
laboratoriais, os quais, juntamente com a história clínica da mulher, confirmam esse estado. Após
um ano sem menstruar, há uma estabilização hormonal, que leva a mulher a se sentir melhor. É
quando definitivamente se instala a menopausa.
O termo menopausa representa, socialmente, todo um processo de mudanças físicas e
emocionais que ocorrem neste momento da vida feminina. O fato de não mais menstruar indica o
fim da função reprodutiva, ou seja, a mulher não pode mais ter filhos. A última menstruação, que
caracteriza a entrada na menopausa, não acontece de repente. Começa a se instalar no corpo
devagar, à medida que a quantidade de estrogênio, o hormônio feminino, vai diminuindo. Com a
produção hormonal irregular, podem surgir sintomas como insônia, depressão, calores e
irritabilidade.

3
ORCESI PEDRO et al. Idade de ocorrência da menopausa natural em mulheres brasileiras:
resultados de um inquérito populacional domiciliar. Cad. Saúde Pública, v.19, n.1, Rio de
Janeiro, jan./fev. 2003.
4
SOARES, Cláudio de Novaes; COHEN, Lee Stuart. The perimenopause, depressive
disorder and hormonal variability. Med. J., São Paulo, v. 119, n. 2, p. 78-83, mar. 2001.
ISSN 1516-3180.

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A menopausa compreende um período de quinze anos, abrangendo a fase dos 45 aos 60 anos
ou dos 50 aos 65 anos, segundo definições de diferentes autores e dependendo da mulher.5
A menopausa precoce se inicia entre 35 e 40 anos de idade, sendo causada pela retirada de
ovários e/ou útero, por laqueadura de trompas, tabagismo e também pelo estresse da vida moderna.
Atinge cerca de 5 % das mulheres.
Causadora de polêmica entre os médicos e estudiosos do tema, a menopausa constitui um
momento de importantes mudanças na vida das mulheres. Pode ser sentida e interpretada de formas
diferentes por diferentes mulheres. Para todas elas, contudo, será determinante no direcionamento
que será dado ao restante de suas vidas.

Características da menopausa

Como afirmamos anteriormente, a menopausa não se apresenta com as mesmas


características para todas as mulheres. Existem estudos mostrando que ela é vivida e sentida de
maneiras diferentes, podendo até apresentar características diversas entre mulheres de um mesmo
grupo.
No Japão, onde a velhice é respeitada por sua sabedoria, as mulheres aceitam bem a
menopausa e se queixam de poucos sintomas. Na Índia, as mulheres também apresentam poucos
sintomas e esperam pela menopausa alegremente, pois esta lhes trará maior liberdade, pois não
precisarão mais viver reclusas, usar véus ou se vestirem com tanto recato. Da mesma forma, na
África, a menopausa é recebida com alegria porque marca o início da liberação sexual. O mesmo
acontece com as mulheres árabes.6
Não sabemos se a reação observada é conseqüência apenas de fatores culturais ou se há
também diferenças fisiológicas ligadas à etnia. Ainda não se tem conhecimento de estudos
comparativos do declínio hormonal nos diferentes grupos étnicos estudados.
A menopausa sempre foi sentida pelas mulheres como uma fase natural, embora misteriosa e
temida. A propaganda da menopausa-doença é que provocou mudanças significativas no imaginário
das mulheres, determinando comportamentos e formas peculiares de sentir as transformações físicas
e psíquicas, induzindo, inclusive, em muitos casos, as somatizações.
Assim, mulheres que se sentem saudáveis e equilibradas nessa fase começam a se questionar
sobre sua normalidade. Outras se entregam aos tratamentos hormonais, mesmo conhecendo os
riscos deles decorrentes. Isto, muitas vezes, por não enfrentarem as mudanças normais que a vida e
o envelhecimento apresentam. Há ainda aquelas que acham que o fim do período reprodutivo é
também o fim da feminilidade, da capacidade criativa, do poder de sedução e da vitalidade.
Nas citações abaixo, alguns autores colocam a menopausa como uma fase normal da vida e
ressaltam a importância de se tratá-la de acordo com esse ponto de vista.
O livro Mulher, maturidade e mudança, de Germaine Greer,7 cita que:
5
RAMOS, Dagmar. Viva a menopausa naturalmente. São Paulo: Augustus,1998.
6
RODRIGUES, Dinah. Ioga: terapia hormonal para menopausa. São Paulo: Madras, 1999.
7
GREER, Germaine. Mulher, maturidade e mudança. São Paulo: Augustus, 1994.

15
“A menopausa é uma parte natural e necessária da vida humana e, ao ser
tratada como doença, se perde a enorme oportunidade que ela nos traz. Muitos
estudos, pesquisas, descobertas, congressos, grupos técnicos têm acontecido em
relação a este tema, mas muito pouco ou quase nada se sabe sobre o assunto.
Enquanto as próprias mulheres não começarem a contar as suas histórias, o que
sentem e como sentem, a menopausa seguirá sendo objeto de especulações e
interesses mercantis e se afastará cada vez mais da verdade e dos ensinamentos das
experiências vividas”.

No prefácio da obra já citada, Viva a menopausa naturalmente, de Dagmar Ramos8, a Dra.


Lívia Martins descreve a situação da menopausa, comentando que:

“Os médicos dizem que a menopausa é uma endocrinopatia e que o nosso


corpo necessita de uma complementação química hormonal até o fim da vida. As
modificações hormonais, próprias da idade, estão sendo consideradas nefastas e
arriscadas para o nosso organismo, criando uma imposição ao corpo da mulher.
Para ser saudável e feminina, tem de ser estrogênica”.

Já a Rede Feminista da Saúde, em seu Dossiê Menopausa9, ressalta que:

“Menopausa não é doença. A maioria das mulheres passa por ela sem
queixas e sem medicamentos. Em caso de sintomas, é bom lembrar que eles são
transitórios e que as indicações naturopáticas resolvem na maioria das vezes”.

A menopausa e a mulher contemporânea

É necessário refletir sobre o fato de a menopausa ser encarada como uma doença. Desde o
tempo das cavernas, as mulheres têm o dom de cuidar da sua saúde, e este saber, passado de
geração a geração, precisa ser resgatado e aliado aos avanços da moderna tecnologia, sem que nos
tornemos escravos dela.
A vida moderna distancia as mulheres de seu próprio corpo e os erros acumulados pelos
hábitos de vida e de alimentação inadequados, somados a um meio ambiente poluído, podem fazer
da menopausa um momento em que várias doenças, principalmente as crônico-degenerativas,
comecem a se instalar no organismo. Por isso é fundamental buscar qualidade de vida, adotando
práticas saudáveis em seu cotidiano.

8
RAMOS, DAGMAR. Viva a menopausa naturalmente. São Paulo: Augustus, 1998.
9
REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE E DIREITOS REPRODUTIVOS. Dossiê
Menopausa. Brasil: 2001.

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Vários estudos sobre a menopausa em nossa cultura costumam dar ênfase aos aspectos
negativos, salientando os problemas ligados à baixa hormonal. Esta é uma característica de
sociedades como a nossa, que dão muito valor à juventude e à fertilidade.
Existem mulheres que até entram em crise emocional por não mais poderem engravidar.
Acham que vão envelhecer e acabam buscando a medicação hormonal para continuar menstruando,
na tentativa de retardar o processo da menopausa. Dessa forma, embora o processo de
envelhecimento seja um ciclo de vida que existe em todas as espécies do Planeta, continua sendo
rejeitado e desvalorizado na sociedade em que vivemos.
Portanto, é importante a mulher estar informada sobre o que significa a menopausa para
poder descartar os preconceitos e crendices sobre essa fase, bem como para tomar as devidas
providências para que a carência hormonal dela decorrente aconteça com o mínimo de desconforto
e possa lhe trazer um sentimento de renovação.
Assim como acontece em outras etapas da vida da mulher, como, por exemplo, na gestação,
no parto e no aleitamento, os tempos modernos levam a mulher a não vivenciar profundamente o
significado da transformação que está ocorrendo em seu corpo e em sua alma e opta pela tecnologia
que vai resolver os problemas, pretendendo, com isso, impedir o sofrimento natural que ocorre
nessas passagens, perdendo também a oportunidade de crescimento que elas proporcionam.
Freqüentemente, os processos vitais femininos têm sido encarados como doenças. Basta
lembrar das indicações de retirada cirúrgica de ovários e útero, comuns em décadas atrás, para
tratamento das cólicas menstruais e a enorme taxa de cesáreas que se tem hoje, resultados da
medicalização excessiva sobre o parto. O mesmo acontece com a menopausa, com relação à
prescrição em massa de hormônios, que devem ser evitados.
Alguns autores sugerem que a menopausa é uma doença endócrina, uma fase de deficiência
física e psíquica inevitável na vida humana, acompanhada por insônia, depressão, suores e mal
humor. Como solução, apontam a ingestão de comprimidos hormonais.
Trabalho recente10 mostrou que, em um grupo de mulheres estudadas, os sintomas mais
comuns da menopausa foram: nervosismo (em 82%), fogachos (em 70%), cefaléia (em 68%),
irritabilidade (em 67%), sudorese (em 59%) e incontinência urinária (em 27,4%). Em relação às
queixas sexuais, a diminuição do interesse sexual foi a mais freqüente. Conclui-se que a prevalência
de sintomas na população estudada foi elevada e semelhante à descrita em países ocidentais
desenvolvidos e variam de mulher para mulher.
Contudo, não são todas as mulheres que sentem os desconfortos relatados. Algumas se
tornam mais vulneráveis a eles, devido a questões familiares e afetivas. Geralmente, mulheres
solteiras e com vida financeira estável sentem muito menos sintomas durante a menopausa, bem
como aquelas que tiveram filhos após os quarenta anos de idade.11
Outro aspecto a ser considerado é que, atualmente, somos muitas no Planeta, o que redundou
num excelente negócio, com os inúmeros exames laboratoriais e consultas médicas que
demandamos. Por outro lado, a indústria farmacêutica, de olho nos milhões de dólares que ganha
anualmente com a venda de medicamentos, passou a afirmar que, sim, a menopausa é uma doença.

10
NAHAS, E. A. P.; NAHAS NETO, J.; DE LUCA, Laurival A.. Efeitos da isoflavona sobre os
sintomas climatéricos e o perfil lipídico na mulher em menopausa. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v.
25, n. 5, p.337-343, jun. 2003. ISSN 0100-7203.
11
BASTOS, Maria Helena. Sorria, você está na menopausa: um manual de terapia natural para a
mulher. São Paulo: Ground, 2001.

17
Segundo a OMS, em 1990 havia uma população estimada de 467 milhões de mulheres com
mais de 50 anos, já em 2003 éramos um bilhão e 200 milhões. Como vão, agora, e como estarão, no
futuro, a vida e a saúde dessa imensa população?12
Os efeitos do tratamento hormonal químico podem ser animadores, pelo fato de
promoverem o rápido desaparecimento das ondas de calor, dos suores noturnos e do ressecamento
vaginal, além de melhorar o humor, o estado da pele e poder prevenir a osteoporose nas mulheres
idosas. No entanto, as pesquisas realizadas a partir de 2002 mostraram a existência de efeitos
colaterais graves, como, principalmente, o câncer de mama e o câncer de útero.
Há que ressaltar, todavia, que, em alguns casos, há a necessidade de reposição hormonal
devido a patologias anteriores, à menopausa precoce ou ao desequilíbrio orgânico. Entretanto,
tratamentos homeopáticos e fitoterápicos, menos agressivos e cada vez mais pesquisados, podem
levar à diminuição dos sintomas, sem riscos para a saúde. Muitos profissionais de saúde têm optado
pelo seu uso.
Portanto, vale considerar que os hormônios sintéticos surgiram como a solução milagrosa
para todas as mulheres, indiscriminadamente. E, assim, uma fase de vida, que é normal na natureza
feminina, foi transformada em doença. É importante, também, refletir e lembrar que, por
acreditarmos nisso, muito de nossa serenidade se perdeu e, hoje, as mulheres na menopausa se
preocupam mais com a deficiência óssea, as doenças cardíacas, o câncer e o envelhecimento,
perdendo a oportunidade de aprender o que este período pode ensinar.

A FUNÇÃO DOS HORMÔNIOS

Os hormônios são mensageiros químicos produzidos por glândulas secretoras


especializadas. Os ovários são os principais produtores dos dois hormônios femininos mais
importantes, o estrógeno e a progesterona. Durante a fase reprodutiva, esses hormônios estão
sujeitos ao ritmo biológico próprio de cada mulher, que ativa ou inibe a sua produção,
estabelecendo o ciclo menstrual.
A maioria dos sistemas hormonais é controlada por um duplo feed back, como no caso da
interação entre a hipófise e os ovários ou entre a hipófise, a tireóide e os ovários. A hipófise produz
o hormônio folículo estimulante FSH, que ativa a produção hormonal dos ovários. Assim, quando o
nível de estrógeno baixa, a hipófise aumenta o FSH; quando o nível de estrógeno aumenta, o FSH
geralmente baixa.
Há também uma interação importante entre hipófise, tiróide e atividade dos ovários. A
hipófise produz a tireotropina, que é um hormônio que estimula a produção da tiroxina pela tiróide,
o que, por sua vez, provoca um aumento da atividade dos ovários.
Para manter o equilíbrio da complexa fisiologia hormonal, é importante o bom
funcionamento dos ovários e de vários órgãos e sistemas de nosso corpo, como as glândulas supra-

12
REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE E DIREITOS REPRODUTIVOS. Dossiê
Menopausa. Brasil: 2001.

18
renais, que, embora ocupem um papel secundário na produção hormonal, são as glândulas que
ajudarão as mulheres que passaram por remoção cirúrgica de ovários.
Com a idade, a produção de hormônios vai diminuindo e alguns hábitos típicos da vida moderna
podem acentuar os desequilíbrios. Vejamos, a seguir, o que esses hábitos não saudáveis podem
produzir:

 Vida sedentária: torna o metabolismo mais lento.


 Estresse e traumas emocionais: aceleram a queda natural de estrógeno e podem causar a
menopausa precoce.
 Dieta alimentar errada: sobrecarrega o metabolismo e intoxica, diminuindo a energia vital.
 Fumar: limita a função pulmonar, além de todos os prejuízos causados pelas substâncias
químicas presentes no cigarro.
 Café: excita a mente, acelera o metabolismo e intensifica os sintomas da menopausa, como
ondas de calor, irritabilidade e insônia.

A Terapia de Reposição Hormonal (TRH)

O Dossiê menopausa13 faz uma reflexão sobre a evolução do tratamento hormonal e suas
conseqüências. Nos parágrafos seguintes, faço uma síntese dos aspectos que acho importante as
mulheres conhecerem.
A TRH é um dos temas mais polêmicos da atualidade, tanto entre as mulheres de todas as
classes sociais, como entre os profissionais de saúde. Polêmico não só quanto à sua indicação e
necessidade, mas principalmente quanto aos seus efeitos colaterais, particularmente o câncer de
útero, de ovário e de mamas.
A Medicina convencional, que alimenta a indústria farmacêutica, costuma estabelecer
rotinas e condutas padrões para as diversas fases da vida reprodutiva das mulheres. Quanto à
menopausa, passou a ditar o que devíamos fazer para evitar os inúmeros e terríveis sintomas que
passavam a nos dominar.
A situação do uso de hormônios na menopausa agrava-se em nosso país, porque não há
controle sobre a venda dos remédios. Na verdade, em todo o mundo, as mulheres experimentam as
mais diversas apresentações farmacêuticas de estrógenos, associados ou não à progesterona ou
outros hormônios. E as drogas entram e saem de moda.
Em 1930, o hormônio estrógeno já era prescrito para os distúrbios da menopausa. Em 1947,
podia-se tomar estrógeno via oral, por injeções ou em creme vaginal. Foi nesta época que surgiram
os primeiros estudos em Londres, mostrando as alterações no tecido uterino que podiam ser
precursores de câncer. Este estudo, publicado em conceituada revista médico-científica, foi
alarmante, o que levou o uso do estrógeno a diminuir consideravelmente.
Em 1966, um ginecologista de Nova Iorque publicou um livro, que se tornou um best seller,
chamado Feminine Forever (Feminina para sempre), que considerava o estrógeno o elixir da
juventude, protegendo a mulher da decadência física da menopausa e prometendo a cura de todos os
13
REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE E DIREITOS REPRODUTIVOS. Dossiê
Menopausa. Brasil: 2001.

19
horríveis sintomas dessa fase. Com isso, as vendas de estrógenos pularam de vinte milhões de
dólares, antes de 1966, para oitenta e três milhões em 1975. Descobriu-se, posteriormente, que o
autor deste livro era financiado pelos laboratórios farmacêuticos e muitos dos seus colegas médicos
consideravam suas pesquisas altamente questionáveis.
Em 1975, novos artigos científicos mostravam que mulheres que tomavam estrógenos
apresentavam risco de cinco a quatorze vezes maior de desenvolver câncer no útero do que aquelas
que não os usavam. Viu-se também que, quanto maior fosse o tempo de uso do estrógeno, maior o
risco de câncer. Essas conclusões diminuíram consideravelmente o entusiasmo em relação ao uso
dos hormônios químicos.
A partir de 1976, foram estabelecidas normas para o uso de medicamentos contendo
estrógeno, passando a ser obrigatório a inclusão na bula, de forma clara, dos perigos do uso desta
droga. Entre 1975 e 1978, a venda de estrógeno caiu 40% e, conseqüentemente, o câncer do
endométrio diminui 27% nos EUA.
Atualmente, as indústrias de medicamentos esforçam-se para convencer as mulheres e os
médicos de que a terapia de reposição hormonal não oferece os mesmos riscos de anos atrás e que
ela funciona preventivamente contra a osteoporose e as doenças cardiovasculares. Contudo, é
preciso refletir se interesses mercantis não estão por trás dessas afirmações, vindo a confundir as
mulheres sobre o que devem ou não fazer.
Antes de optar por uma terapia hormonal, experimente as alternativas fitoterápicas
disponíveis. Caso escolha a TRH (Terapia de Reposição Hormonal), converse com seu médico,
considere todos os riscos e faça os exames recomendados. Jamais faça automedicação com
hormônios.

Esclarecimentos importantes sobre a TRH

Muita coisa se diz sobre a reposição de hormônios. Mitos, verdades e mentiras são usuais e
precisam ser esclarecidos. A publicação Viva a menopausa naturalmente14 aborda alguns pontos
importantes, comentados a seguir.

 A TRH não cura a depressão.


Existem mulheres que relataram ter piorado da depressão após uso de hormônios.
 A TRH não previne contra as rugas.
Por provocar maior retenção de água no organismo, dá a falsa e momentânea impressão de uma
pele mais lisa.
 A TRH não previne contra ganho de peso.
A retenção de líquido aumenta o peso. O peso que se adquire com a idade é devido às mudanças no
metabolismo. Muitas mulheres se queixam de aumento de peso com a reposição hormonal.
 A TRH firma os seios.
Estrógeno e progesterona promovem o crescimento do tecido mamário, que, associado à maior
retenção de água, pode aumentar o volume dos seios. Aumenta também a sensibilidade tátil e
dolorosa das mamas, sendo causa freqüente do abandono de seu uso.
 A TRH diminui as ondas de calor.
14
RAMOS, Dagmar. Viva a menopausa naturalmente. São Paulo: Augustus,1998.

20
Muitas mulheres optam pelo uso dos hormônios porque em poucos dias há a diminuição desse
sintoma. Considerando que as ondas de calor são de caráter passageiro e inofensivo e respondem
muito bem às terapias alternativas existentes, como homeopatia, acupuntura, fitoterapia, técnicas de
relaxamento, entre outras, acredita-se que não vale a pena correr os riscos da TRH para resolver
esse problema.
 A TRH pode aliviar a secura vaginal.
Não há um consenso sobre esse aspecto e as mulheres reagem de forma diferenciada, sendo que
para algumas há uma melhora, para outras não. Por outro lado, derivados sintéticos da progesterona,
que fazem parte da maioria dos compostos hormonais, podem aumentar a secura vaginal.
 A TRH protege contra os distúrbios cardiovasculares.
Resultados de pesquisa mostram que não há uma conclusão de que realmente a TRH previna os
distúrbios cardiovasculares. A prevenção das doenças coronárias é mais efetiva quando se conhece
as suscetibilidades individuais, como os fatores genéticos e hereditários, e há um cuidado adequado
da saúde como um todo.
 A TRH e a osteoporose.
Os que defendem a TRH têm na osteoporose o seu principal argumento a favor. É importante
lembrar que nem todas as mulheres estão realmente em risco de osteoporose. Estudos mostram que,
para evitar a osteoporose, a TRH deve ser de longa duração, o que também aumenta os seus riscos.
Outras medidas de prevenção de perda óssea, tais como, dieta apropriada, exercícios físicos,
exposição adequada ao sol, evitar o fumo e excesso de álcool e, se necessário, o uso de
medicamentos de menor risco, são mais aconselháveis.

“Os interesses comerciais para manter o mito da menopausa-doença são enormes. A


questão é: será que não podemos mesmo viver sem a reposição hormonal? Estamos ingressando
na era da mulher consciente e que pode viver sua menopausa também de forma consciente. Toda
mulher deve ser estimulada a refletir sobre as mudanças que a natureza nos proporciona, suas
conseqüências e quais os cuidados que devem ser tomados para a boa saúde.”

(Maria Helena Bastos, em Sorria, você está na menopausa.15)

15
BASTOS, Maria Helena. Sorria, você está na menopausa: um manual de terapia natural para a
mulher. São Paulo: Ground, 2001.

21
DIETA SAUDÁVEL NA MENOPAUSA

Comer é um dos prazeres mais apreciados da vida. É um prazer para ser sempre cultivado.
Podemos ter uma dieta saudável e cheia de descobertas e surpresas a cada dia, experimentando
sabores, novos temperos, combinações inusitadas! E tudo em sua própria cozinha. Cozinhar é
relaxante, saudável, favorece encontros com os amigos. Além do mais, partilhar o que comemos é
um ato generoso, gostoso, que aquece o coração.
A vida cotidiana tem tornado a alimentação mecânica. Come-se o que é mais fácil de
preparar, o que já vem pronto ou semipronto. Em momentos de pressa, opta-se por uma tele-entrega
de pizza ou comida chinesa. Ou se faz a pior escolha possível: fast food, a domicílio, na loja ou pela
janela do carro! Os restaurantes self services, tão utilizados hoje em dia, permitem melhores
escolhas, mas, dependendo da qualidade, estaremos consumindo gorduras ruins e legumes e
verduras mal higienizados e cheias de agrotóxicos. Os congelados e o forno micro-ondas tornaram-
se a dobradinha ideal para aqueles que têm pouco tempo e pressa. E no supermercado são inúmeras
as opções de escolha de alimentos práticos, pré-cozidos ou semipreparados, nem sempre de boa
qualidade, perfeitos para a vida moderna. Essas são opções que comprometem a qualidade e a
energia vital da alimentação. Recentemente, surgiu na Suíça um movimento chamado de Slow
Food, que tem a proposta de resgatar valores esquecidos pela sociedade moderna, como escolher e
comprar os alimentos, preparar a comida, sentar e comer prazerosamente com os amigos e trabalhar
menos. Felizmente, o ser humano está acordando para o que é mais saudável.
Todas essas facilidades somadas à vida sedentária estão trazendo conseqüências nefastas
para a saúde. O sobrepeso e a obesidade atingem mais de quarenta por cento da população brasileira
e a prisão de ventre crônica é um sintoma comum. Os desdobramentos desses sintomas são ainda
piores, causando diabetes, doenças cardiovasculares, vários tipos de câncer, entre outras doenças
degenerativas crônicas.
Devido às condições fisiológicas naturais da menopausa, os agravos à saúde podem estar
direta ou indiretamente relacionados com os maus hábitos alimentares, tornando-se um fator de
risco para as doenças citadas anteriormente, bem como para a osteoporose, o câncer de cólon e o
câncer de mama. Por outro lado, a falta de alguns nutrientes importantes, como Ferro, Vitamina A e
C e Cálcio, contribui para piorar o estado geral da saúde. E, ainda, a tendência natural do aumento
do peso é acentuada pelo excesso do consumo de alimentos ricos em carboidratos simples e
gorduras saturadas e pela falta de exercício físico.
Estudo recente16 avaliou o estado nutricional e o consumo alimentar na menopausa e
destacou que, nesta fase, é comum as mulheres comerem em excesso e de forma incorreta e que o
nutriente mais deficiente na sua dieta é o Cálcio. A ansiedade, a depressão, a solidão e a
preocupação com o futuro podem ser os motivos responsáveis pela ingestão excessiva de comida,
como uma forma de compensação.
Portanto, cuidar bem da alimentação é essencial para manter a qualidade de vida em todas as
fases da vida, mas, na menopausa, torna-se crucial, considerando a diminuição do metabolismo e a

16
MONTILLA, R. N. G.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M. Avaliação do estado nutricional
e do consumo alimentar de mulheres no climatério. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 49, n.1, São
Paulo, jan./mar. 2003.

22
facilidade para ganhar mais peso. Uma alimentação balanceada é o alicerce para uma boa saúde e,
durante a fase da menopausa, é preciso muito equilíbrio nutricional para que seus possíveis danos
orgânicos sejam minimizados e até excluídos.
Para ajudar nesse sentido, seguem algumas recomendações para a manutenção de uma dieta
saudável na menopausa.

Recomendações gerais para uma dieta saudável

 Mastigar muito bem os alimentos.


Fazer as refeições com calma e concentração, evitando estar em frente do computador ou da
TV, de preferência em ambiente acolhedor. A mastigação correta, até que o alimento se torne
uma papa, ajuda na digestão e provoca também a sensação de saciedade, evitando que se coma
em demasia.

 Fazer pelo menos seis refeições por dia: desjejum (café da manhã), colação (lanche da
manhã), almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.
Comer mais vezes por dia evita os excessos, diminuindo a fome nas refeições
principais, além de manter o organismo recebendo energia constantemente. A escolha dos
alimentos ingeridos nos lanches deve ser criteriosa. Evitar os salgadinhos, refrigerantes e
outras guloseimas pouco nutritivas. Optar por frutas frescas, frutas secas (uva passa, ameixa,
damasco, banana passa, entre outras), frutas oleaginosas (amêndoas, nozes, avelãs, castanha-
do-pará, castanha de caju, em pouca quantidade, pois, embora sejam muito ricas em
nutrientes essenciais, são também ricas em calorias), barras de cereais, sucos de frutas sem
açúcar, iogurte semidesnatado ou desnatado sem açúcar ou coalhada caseira.

 Ter uma alimentação equilibrada é mais importante que o excesso de controle calórico.
A preocupação em não engordar durante a menopausa faz com que muitas mulheres
estejam constantemente em restrição calórica. Algumas não fazem todas as refeições
necessárias, com o intuito de alcançar esse objetivo. Lembre-se que, para combater o
envelhecimento precoce, a falta de energia e o cansaço, é preciso manter a reposição
adequada de nutrientes, e isso apenas uma dieta balanceada é capaz de fazer. Portanto, saiba
que diminuir as calorias é importante e necessário, porém é essencial assegurar o equilíbrio
geral da dieta. O exercício físico regular é a melhor opção para manter o bom funcionamento
do organismo e queimar calorias indesejadas.

23
 Tomar um bom desjejum.
O café da manhã ou desjejum é uma refeição importante para controlar o apetite durante o
dia. Se, pela manhã, você ingere vários nutrientes essenciais para seu corpo, satisfaz sua
necessidade calórica e, principalmente, come devagar e com prazer, terá uma maior sensação de
saciedade no restante do dia do que se tomar apenas um rápido e incompleto café. Ao levantar,
tome um copo de água morna com suco de meio limão e espere de quinze a vinte minutos para
tomar seu desjejum completo. Se isso for difícil para você, tome um copo de água natural assim
que levantar. Esse hábito melhora o funcionamento do intestino.

 Iniciar as refeições principais com uma fruta ou salada crua.


Essa é uma forma de criar uma sensação de saciedade. Com isso, sua fome estará diminuída
quando você iniciar os pratos principais. Assim, pela manhã, comece seu desjejum com frutas
ou sucos naturais. No almoço, inicie também com uma fruta e a seguir coma a salada. Imagine
sua salada colorida como uma árvore completa – que contém folhas, frutos, caule, raízes –, e
varie os ingredientes no dia-a-dia. A salada deve ser composta com diferentes tipos de folhas
(alface, rúcula, acelga, repolho, agrião, escarola...), caules (palmito, aspargos, brócolis, couve-
flor...), raízes (cenouras, beterraba, nabo, rabanete...), frutos (tomate, pepino, maçã...), flores (de
brócolis, capuchinha...) e brotos (de feijão, alfafa, girassol...). Temperar preferencialmente com
limão e azeite de oliva virgem, evitando os molhos à base de queijos e maionese. Usar pouco
sal, de preferência o marinho, e o molho tipo shoyo deve ser de boa qualidade, para não conter
aditivos químicos.

 Usar açúcar só quando for indispensável.


O açúcar deve ser usado com moderação. Prefira o cristal ou mascavo, evitando o mais
refinado. O excesso de açúcar se transforma em energia de reserva e aumenta a quantidade de
gordura do corpo. Adoçante à base da planta estévia é uma boa opção para sucos e preparação
de doces. Os adoçantes com ciclamato de sódio e aspartame não são saudáveis, mesmo quando
usados em baixas quantidades. Por isso, prefira os fabricados com estévia e confira no rótulo se
não contêm esses elementos. O paladar brasileiro é extremamente doce, hábito que modifica o
sabor natural dos alimentos. Comece a experimentar sentir o sabor verdadeiro de um suco de
frutas ou de um café de boa qualidade sem açúcar. Você irá se admirar quando constatar como
essa experiência pode ser agradável. Lembre-se que temos muitos condicionamentos, inclusive
os de paladar. Isso leva a uma resistência mental em iniciar algumas mudanças, sendo as de
hábito alimentar uma das mais difíceis.

 Evitar molhos prontos, temperos industrializados, caldos em tabletes.


Muitas mulheres nesta fase de vida têm tendência à pressão alta e devem reduzir o
sal consumido. O sal é um composto químico formado pelo cloreto de sódio. Por isso,
apenas a diminuição do sal da dieta não é suficiente para evitar a pressão alta. É preciso

24
evitar o sódio. E ao ler os rótulos das embalagens, constata-se a alta incidência de sódio em
uma enorme variedade de alimentos, tais como, tabletes de caldos concentrados, temperos e
molhos prontos, alimentos industrializados, a exemplo das sopas semipreparadas, molhos
em geral, entre outros. Retire, também, o saleiro da mesa durante as refeições. Prefira, como
já recomendamos, o sal marinho. Para uma opção mais saudável, aprenda a utilizar as ervas
aromáticas para temperar. Existe uma enorme variedade delas: manjericão, alecrim, hortelã,
salsa, cebolinha, coentro, etc.

 Preferir os alimentos integrais: sementes de linhaça, arroz integral, flocos de cereais,


trigo para quibe ou em grão, pão integral.
Os alimentos integrais contêm fibras, vitaminas e sais minerais, que são parcialmente ou
totalmente inutilizados no processo de refinação. O arroz integral, os flocos de cereais e o pão
integral são alimentos muito mais nutritivos que o arroz e o pão brancos. Os vegetais também
devem ser aproveitados integralmente, utilizando-se os caules e as folhas. As frutas, sempre que
possível, devem ser comidas com casca.

 Tomar muita água, mas não durante as refeições.


Nós, brasileiros, temos um péssimo hábito, que é o de ingerir sucos de frutas adoçados
durante as refeições. Isso atrapalha a digestão e dilata o estômago. Se você fizer a experiência
de não beber líquidos junto com as refeições, verá que terá bem menos gases estomacais e sua
digestão ocorrerá de forma mais harmônica. Os líquidos devem ser bebidos no mínimo uma
hora antes ou uma hora depois das refeições e a quantidade mínima diária deve ser de oito
copos. Muita gente sente dificuldade em beber água. O segredo é ter a água sempre à mão e ir
bebendo aos goles. Durma com um copo de água na cabeceira, trabalhe com um copo de água
em sua mesa, ao caminhar, leve água em uma garrafinha e mantenha água também no carro.
Assim, será fácil beber bastante água.

 Manter uma dieta rica em Cálcio e Boro.


O Cálcio evita a osteoporose e o Boro é um mineral necessário para o metabolismo do
Cálcio. Alimentos ricos em Boro são a maçã, o brócolis e as frutas oleaginosas. Lembre-se que
o excesso de consumo de laticínios, embora sejam alimentos ricos em cálcio, não é saudável,
pois sobrecarrega o metabolismo, podendo causar também alergias alimentares. Consuma, no
máximo, três porções por dia, na forma de leite, queijo branco, coalhada, ricota ou leite
desnatado. Boas fontes de cálcio são as sementes de gergelim, o peixe, o brócolis, a couve, o
tofu (queijo-de-soja), entre outras.

 Escolher bem as gorduras.


A gordura é um componente essencial para a saúde do corpo, responsável por inúmeras
funções importantes. Aprenda a escolher bem as gorduras, evitando as saturadas, presentes em
alimentos de origem animal, as do tipo trans adicionada em pães, bolos e biscoitos
industrializados – que é muita nociva à saúde –, além daquelas que são fabricadas
artificialmente, como as margarinas. Preferir o azeite de oliva virgem, cru, para saladas e óleos
vegetais, como o de girassol, milho e canola, para cozinhar. Frutas oleaginosas, a exemplo das

25
nozes, amêndoas, avelãs, castanhas-do-pará e castanha de caju são fontes de gorduras saudáveis,
bem como o abacate.

 Consumir alimentos orgânicos.


Verduras, legumes e frutas orgânicas são isentas de agrotóxicos, sendo mais saudáveis para
o consumo humano. Além do mais, ao se fazer a opção pelos alimentos orgânicos, estaremos
também cuidando do Planeta, evitando a contaminação da terra e da água e contribuindo para a
manutenção dos pequenos agricultores e cooperativas. Felizmente, o consumo dos orgânicos
está cada vez maior, o que diminui os preços e viabiliza esta prática diária em nossas mesas.

 Aumentar o consumo de alimentos ricos em bioflavonóides.


Os bioflavonóides são um grupo de compostos (que inclui a citrina, a hesperidina, a rutina e
a flavona), cuja atividade química é semelhante à do estrogênio, que contribuem para melhorar
as ondas de calor e outros sintomas da menopausa.17 Os alimentos mais ricos em isoflavona são
a soja e seus derivados, como o queijo de soja (tofu). Aveia, cevada, centeio, arroz integral,
semente de linhaça, ricos em fitohormônios, também auxiliam na menopausa. Pimentão verde e
vermelho e frutas cítricas são, da mesma forma, ricos em bioflavonóides.

 Atentar para os alimentos úteis na diminuição de fogachos.


As leguminosas (feijões, ervilhas, lentilhas, grão-de-bico, soja), a semente de gergelim, as
frutas oleaginosas (amêndoas, castanhas, nozes) e frutas como melão e melancia são alimentos
úteis na diminuição de fogachos. Os chás também são recomendados para refrescar o calor
interno: chá verde, de dente-de-leão, de folha de amora, de cimicífuga. Recomenda-se, ainda,
evitar o café, o chocolate e os alimentos picantes.

Para aquelas mulheres que estão com sintomas intensos na menopausa, principalmente ondas
de calor, é recomendado evitar principalmente trigo integral e derivados, que costumam
agravar também a irritabilidade, provocar gases abdominais em excesso, prisão de ventre,
diarréia, intestino irritável, fadiga e depressão. Outros grãos, como a aveia, o painço e a
cevada, poderão também influenciar nesses sintomas. É necessário que a mulher pesquise o
grau de sua vulnerabilidade a cada tipo de grão. Enfim, evitar esses alimentos, por um
período de quatro a seis semanas, reduz consideravelmente os sintomas citados. A propósito,
recomendo o livro de Maryon Stewart, Vença a menopausa naturalmente sem terapia de
reposição hormonal18, que trata detalhadamente das questões nutricionais ligadas à
menopausa, inclusive citando resultados de pesquisas efetuadas com grupo de mulheres.

17
BASTOS, Maria Helena. Sorria, você está na menopausa: um manual de terapia natural para a mulher.
São Paulo: Ground, 2001.
18
STEWART, Maryon. Vença a menopausa naturalmente sem terapia de reposição hormonal.
São Paulo: Paulinas, 1999.

26
Exemplo de um cardápio saudável
O cardápio a seguir é apenas um exemplo para ilustrar o que estamos recomendando em
termos de alimentação. Para ter uma orientação completa sobre as suas necessidades calóricas, que
vão refletir nas quantidades ingeridas, é importante consultar o seu Nutricionista de confiança,
assim como temos o nosso Odontologista, Ginecologista, Oftalmologista, Dermatologista, entre
outras especialidades. Cada mulher tem a sua dieta ideal, pessoal e intransferível, que você vai
criando com o tempo, experimentando o que seu organismo prefere, fazendo mudanças de hábitos e
conversando com o seu Nutricionista. A idéia aqui é ilustrar como pode ser um cardápio saudável,
rico em fibras e em nutrientes essenciais.

Desjejum
1. Tomar um copo de água morna com meio limão espremido. Esperar de dez a quinze
minutos.
2. Um copo de coalhada ou iogurte natural, com frutas e granola ou cereais.
3. Pão integral com patê de tofu ou de ricota ou geléia.
4. Café/chá.

Fazer quadrinho

Idéia de uma granola saudável e menos calórica


Preparar um pote, onde será feita uma mistura com os seguintes ingredientes:

 3 tipos de flocos: aveia, centeio, milho, arroz, trigo, entre outros;

 2 tipos de frutas secas: uva passa, banana passa, ameixa preta, damasco, figo, etc.;

 1 tipo de oleaginosa picada: nozes, avelãs, amêndoa, castanha-do-pará ou castanha


de caju;

 1 tipo de semente: gergelim preto ou linhaça.


Misturar todos os ingredientes. Usar com frutas amassadas, iogurte, sucos.

Lanche da manhã
Frutas ou suco de frutas, sem açúcar.

Almoço
Salada crua multicolorida;

27
Arroz integral;
Leguminosa: feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico;
Proteína: carnes (de preferência branca ou peixes), tofu (queijo de soja), glúten (proteína do
trigo), proteína texturizada de soja (PTS);
Legumes cozidos no vapor ou refogados em pouco óleo;
Verdura verde escura levemente cozida.

Lanche da tarde - Opções saudáveis

 Chá com biscoito de gergelim com queijo branco;

 Iogurte com frutas e aveia;

 Amêndoas com passas;

 Suco de frutas;

 Frutas frescas.

Jantar
Igual ao almoço ou composto por sopas, sanduíches naturais, torta de legumes,
acompanhados por saladas cruas.
Atualmente é muito comum substituir o jantar por lanche. Lembre-se que esse hábito não é
saudável, pelo fato de que se perde a oportunidade de estar ingerindo nutrientes essenciais para a
saúde, substituindo-os por alimentos calóricos que engordam.

Ceia
Leite com aveia e canela, que ajuda a relaxar e ter uma boa noite de sono. Os chás calmantes
como os de hortelã, capim santo, camomila, entre outros, também contribuem para dormir bem.

28
HÁBITOS DE VIDA NA MENOPAUSA

Existem os cuidados fundamentais que devem nos acompanhar durante toda a vida e que, na
menopausa, tornam-se ainda mais essenciais, como uma dieta equilibrada, caminhadas, massagem,
exercícios físicos regulares que ajudem a relaxar, exames básicos de saúde, visitas regulares ao
médico e ao dentista, amar, criar e meditar.
Cuidar bem de si no dia-a-dia é uma tarefa difícil, que exige disciplina e determinação.
Como as tarefas do cotidiano consomem muito tempo, se não estivermos atentas, não vai sobrar
espaço para olharmos por nós. Dessa forma, fazer isso com regularidade exige uma boa dose de
auto-estima.
As mulheres da nossa geração têm a tendência de sempre deixar para depois... Depois de
cuidar dos filhos, depois de fazer o supermercado, depois de terminar aquele trabalho... São tantas
as cobranças que, se não cuidarmos, mal conseguiremos tomar um banho e ter uma boa noite de
sono. O corpo, ao chegar à menopausa, reflete a forma como conseguimos lidar com esses fatores
durante a vida.
Bem ou mal, a verdade é que, nessa fase da vida, o corpo vai precisar ter prioridade total.
Não poderemos mais deixar para depois, mesmo que tenhamos um montão de tarefas a cumprir.
Sim, porque agora o corpo não apenas fala, ele grita, e grita alto. Se não atendermos a seus apelos,
não conseguiremos realizar nada. Falta de energia, cansaço, desânimo, depressão, prisão de ventre,
insônia e outros sintomas, que variam de mulher para mulher, poderão aparecer com maior
freqüência, exigindo maior cuidado e atenção com o corpo.
Segundo os princípios da Medicina Chinesa relatados na obra Na casa da lua: resgatando o
espírito feminino da cura,19 a mulher ocidental precisa resgatar seu poder de curadora nas diferentes
fases da vida. O livro descreve, de forma poética, as transformações energéticas, físicas e psíquicas
que ocorrem na mulher durante a menopausa e sugere alternativas para os transtornos mais comuns
do ponto de vista da Medicina Ocidental e da Medicina Chinesa. Descreve a Síndrome da
Menopausa como a soma de vários sintomas, incluindo calores, ansiedade, depressão, problemas
digestivos e problemas sexuais e sugere pontos de acupuntura, aliados herbóreos, remédios
patenteados chineses e reflexões para o controle dos desconfortos apresentados.

“Os chineses se referem ao Outono como a Estação do Metal, o período em que a mulher
aprende a valer-se de suas reservas de disciplina, ordem e perseverança. A força do metal a
prepara para qualquer situação que possa se apresentar; embora seu corpo possa estar
enfraquecendo, seu coração e alma não podem dar-se ao luxo de ser frágeis. Músculos de
percepção, intuição e conhecimento interior devem ser desenvolvidos e continuamente
fortalecidos, pois da mesma forma que o corpo se fortalece através do exercício, também a
alma se torna mais poderosa através da autodisciplina e da atenção concentrada. A Estação
do Outono assinala o momento de desenvolver os músculos da alma.

19
ELIAS, Jason; KETCHMAM, Katherine. Na casa da lua: resgatando o espírito feminino da cura.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

29
Cuidados fundamentais

Para manter a energia do corpo nessa fase da vida, é fundamental ter um estilo de vida
restaurador, que envolva os seguintes cuidados:

 Ter períodos de repouso durante o dia.


É importante aceitar que o corpo não tem mais aquele pique de anos atrás e que cansamos
com facilidade. Ter alguns momentos de repouso durante o dia e atividades de relaxamento no
final da tarde diminui a tensão, traz bom humor e permite uma melhor noite de sono.

 Fazer exercícios diariamente.


Para evitar a depressão, manter o sangue e a energia fluindo e prevenir problemas de saúde
mais tarde, é muito importante fazer exercícios aeróbicos como caminhar ou correr. Além disso,
os exercícios com peso combatem a osteoporose. Não é necessário freqüentar uma academia se
não gostar, basta ter em casa uns pesinhos que se aderem a braços e pernas e fazer exercícios
simples. Exercícios de Ioga alongam, dão flexibilidade, melhoram a respiração, relaxam e
renovam as energias, sendo um excelente complemento para os outros. É bom fazer exercícios
variados, de forma disciplinada, por pelo menos uma hora diária. Com o tempo, o seu corpo vai
reclamar, quando você não fizer nada, e, então, terá adquirido um hábito saudável para o resto
de sua vida. O importante é fazer o que gosta e sentir prazer quando o faz. Melhor ainda quando
puder contar com a ajuda de um profissional especializado.

 Controlar os níveis de estresse em casa e no trabalho.


Na nossa idade, já sabemos o que podemos e o que não podemos mudar no mundo e em
nossa vida. Já não compensa entrar em batalhas competitivas no trabalho, querer mudar traços
que não nos agradam em companheiro, filhos e amigos. Estamos em um ponto que precisamos
estar sempre perguntando: “O que é essencial em minha vida? De que posso abrir mão? O que
devo guardar? O que realmente me dá prazer?” E ir descartando o que aborrece, o que não vale
mais a pena. Sinto que essa é uma excelente forma para começar a diminuir o estresse em casa e
no trabalho.

 Ingerir ervas e tônicos que dêem suporte à energia do corpo.


Um Clínico Geral, ou um Ginecologista de confiança, que tenha uma visão que vá além da
Medicina convencional, pode nos fazer muito bem, dando uma força naqueles momentos em
que precisamos de atenção médica especializada. A automedicação ou cópia das receitas
médicas das amigas são práticas que devem ser evitadas. Mesmo para o uso da fitoterapia, é

30
necessário o acompanhamento médico. Cada mulher tem suas peculiaridades e necessita de uma
orientação individual. Os sintomas da menopausa podem ser aliviados com vários tipos de ervas
que diminuem os calores, melhoram os problemas digestivos e repõem naturalmente os
hormônios femininos. A acupuntura e a massagem, aliadas às ervas tônicas, são também
excelentes recursos terapêuticos.

 Meditar.
Meditar significa parar a mente. A mente é povoada por milhares de pensamentos, que
costumam trazer dúvidas e questionamentos intermináveis, criam problemas insolúveis, e o
diálogo interno permanece consumindo energia. Uma mente barulhenta não é saudável, causa
ansiedade, tira do presente, levando para um passado, que já não existe, ou para um futuro
distante, impossível de prever. O exercício diário da meditação possibilita que a mente pare e
que entremos em contato com a intuição, com a nossa essência verdadeira. Através dela,
obteremos as reais soluções para os problemas da vida cotidiana. No entanto, é preciso dar
tempo para que ela atue. A meditação é esse tempo que damos à nossa intuição.

 Criar.
Muitas mulheres nessa fase retomam antigas artes manuais abandonadas pela falta de tempo;
outras descobrem habilidades artísticas que não conheciam. A energia da criação passa agora a
ser utilizada de outro jeito. Permita que isso aconteça em sua vida, procurando praticar aquelas
atividades que você sentia vontade de fazer, mas nunca tinha tempo. Fotografia, pintura,
bordado, jardinagem, dança, literatura, há uma infinidade de escolhas! Encontre aquilo que
nutra internamente, que traga paz e auto-realização.

 Amar incondicionalmente.
O amor é a cura para todos os males do Planeta. Nessa fase, o amor simplesmente existe e é
doado, independentemente de haver ou não retribuição. Esse exercício do amor incondicional é
um alimento para a nossa alma, nos torna felizes, realizadas e relaxadas.

31
“Na vida humana, as tenras sementes do outono são as sementes do
coração e da alma. No outono da vida de uma mulher, ela coleciona os grãos, os
bulbos, os tubérculos e as raízes que a sustentarão pelo resto de seus dias.
Usando os poderes de disciplina e devoção, busca as coisas essenciais que a
sustentarão durante o inverno. Ela é uma colecionadora de sabedoria, uma
segadora de experiência, uma preservadora das pequeninas coisas, e sabe que
para tudo que guarda deve dar alguma coisa em troca.”
(Jason Elias e Katherine Ketcham, em Na casa da lua: refletindo o
espírito feminino da cura.)20

20
ELIAS, Jason; KETCHMAM, Katherine. Na casa da lua: resgatando o espírito feminino da cura.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

32
SEXUALIDADE E MENOPAUSA

A sexualidade existe enquanto estamos vivas e permeia todos os momentos da vida. O


desejo sexual é apenas um aspecto da sexualidade e, na maturidade, a libido muda, torna-se mais
refinada e exigente. Os picos hormonais do período fértil, como aquele fogo da ovulação, já não
existem mais e muitas mulheres sentem que o tesão acabou. Mas o tesão é um prazer para ser
cultivado. O corpo não tem mais aquela urgência da juventude, mas uma noite de amor bem vivida
continua sendo revigorante, estimulante e saudável.
Na menopausa, nós, mulheres, precisamos de mais cuidado, estímulo e carinho na relação
sexual. Bem estimuladas, funcionamos normalmente e temos o mesmo poder de sedução e de
orgasmo que antes, com as vantagens que a maturidade proporciona. Portanto, nada de imaginar
que o sexo acabou e que não temos mais direito a esse prazer!
Casais maduros poderão ter um declínio em sua vida sexual ao atingir a maturidade, muitas
vezes devido à falta de tesão mútuo, à diminuição da capacidade de ereção masculina, ou pelo fato
de a mulher se sentir envelhecida, incapaz de provocar desejo em seu parceiro, de ter libido ou
devido à secura vaginal. Em relacionamentos longos, a amizade acaba ocupando um espaço maior e
muitas vezes a sexualidade deixa de existir. Possíveis problemas sexuais são superados com amor,
carinho, cumplicidade, criatividade, crescimento mútuo e diálogo, e o casal viverá bons momentos
de intimidade e prazer.
O amor necessita ser constantemente renovado. Isso é uma arte que nós, humanos, levamos
tempo para aprender. Quando o relacionamento esbarra em diferenças difíceis de serem
ultrapassadas, a tendência é trocar de parceiro. Mas cada novo relacionamento traz a repetição da
experiência; surgem novamente outras barreiras internas, que nem sempre conseguimos transpor,
levando ao seu desgaste e término. As dificuldades se originam dentro de nós e apenas olhando para
dentro com sinceridade, conseguiremos compreendê-las e conviver melhor com elas.
Tenho profunda admiração por casais que estão juntos há vinte anos ou mais, felizes,
superando seus conflitos, indo além da necessidade e da dependência mútua. Acredito também que
o relacionamento tem um tempo de duração, um ciclo, e que, na velocidade que as coisas
acontecem hoje em dia no mundo, é normal e saudável ter vários amores durante a vida.
Assisti a uma reportagem na TV que afirmava que a média de duração de um casamento no
Brasil atualmente é de dez anos e meio. Estamos vivendo uma fase de transição, de mudança para
outro jeito de se relacionar. O relacionamento a dois, nos moldes de um casamento normal, baseado
no romantismo, no encontro da alma gêmea, não corresponde mais às necessidades internas dos
homens e mulheres do mundo contemporâneo. A meu ver, isso explica os desencontros e a
dificuldade de se manter um relacionamento. Carregamos, por um lado, a nível inconsciente e
celular, os velhos modelos estabelecidos por nossos ancestrais e, por outro, vivemos uma liberdade
nunca antes conhecida. Pensamos de uma forma, mas emocionalmente reagimos de outra, gerando
um conflito no cotidiano do amor.
As mulheres na faixa dos cinqüenta anos pertencem a uma geração que vivenciou grandes
transformações de hábitos e costumes. Quando comparo a vida de minha mãe à minha, percebo o
salto que foi dado em apenas duas gerações. Hoje, os namorados transam e os casais têm
oportunidades de se conhecerem melhor antes de se casarem. Há muito mais igualdade entre os

33
sexos, o que permite um maior diálogo. A informação sobre a sexualidade está mais disponível,
mas, mesmo assim, os problemas continuam a existir, o que é natural para o ser humano.
O melhor é ter paciência consigo mesma e com o outro e, principalmente, ir inventando
novas formas de relacionamento, o que já vem acontecendo. Acredito que, em breve, homens e
mulheres serão mais felizes, conseguirão superar os obstáculos da vida amorosa e aceitar as
diferenças inerentes aos sexos.

O corpo mudou, a vida mudou, eu mudei

Na maturidade, com a experiência de vida adquirida, nos tornamos mais cuidadosas para não
repetir os erros passados e, às vezes, mantemos um relacionamento que já não satisfaz, pelo medo
de envelhecer sozinha. O sonho de ter um homem maduro, sensual, carinhoso, quase perfeito, já não
tem a mesma força de antes, mas, lá dentro, ainda permanece aquele desejo de compartilhar a vida
com alguém! De amar e ser amada. A necessidade de amor é natural em todos os seres vivos.
Sinto que o mais difícil nessa fase é encarar as mudanças do corpo, pois com a ditadura
estética vigente, as mulheres maduras começam a se sentir incapazes de atrair o sexo oposto. O
homem, ao contrário, ao amadurecer, torna-se mais charmoso e atraente para as mulheres jovens e
são muito comuns relacionamentos desse tipo, já mais difíceis entre as mulheres. Somos mais
exigentes, mais profundas em nossas necessidades e, muitas vezes, preferimos a nossa própria
companhia ou estar entre amigas, do que sentir solidão e vazio a dois.
As incontáveis ovulações, TPMs, menstruações, a dedicação do aleitamento, a criação dos
filhos pequenos, as exigências da vida familiar, tudo isso ficou para trás. E, naturalmente, o
estrogênio contribuía para nos manter alertas e ativas nesses períodos. As transformações trazidas
pelo tempo deveriam nos deixar mais calmas, pacientes e tranqüilas. Acredito que esse seja o estado
natural da menopausa, atualmente alterado, e que muitas mulheres rejeitam. Aceitar as mudanças
não significa estar fora do mundo, ou não ter sonhos e ambições. Mas estar no mundo com outra
postura, com serenidade e sabedoria. Os hormônios artificiais impedem que a mulher entre em
contato com essa nova fase, faz com que ela se sinta como se estivesse ainda no período fértil e cria
a falsa ilusão de que, sem eles, estaremos envelhecidas.
A falta de libido, queixa comum entre muitas mulheres na menopausa, tem um sentido. Na
época da ovulação, o desejo aumentava porque o corpo estava pronto para engravidar, seguir seu
curso fisiológico, destino comum das fêmeas mamíferas como nós. Agora esse apelo já não existe
mais e o sexo passa a ter um significado diferente, que vai além de acalmar o fogo: pede amizade,
carinho, encontro, cumplicidade. E é também um momento de meditação, de crescimento espiritual.
Segundo o Tantra, o sexo é um excelente canal para acalmarmos a mente, entrarmos em contato
com o divino e nos dissolvermos no Todo. O sexo tântrico, que retarda ou elimina a ejaculação, é
um ritual de amor, um caminho de autocrescimento, que requer um nível de consciência mais
elevado, fortemente recomendado aos casais. E, na menopausa, praticar o Tantra é também um
caminho para a saúde integral, fortalecendo os órgãos genitais, recompondo as emoções e
proporcionando a experiência da dissolução do Ego. Na ausência de um parceiro, você pode praticar
o Tantra sozinha, despertando seu amante interior. Um livro de que gosto muito, intitulado A arte
do êxtase, de Margo Anand,21 diz :
21
ANAND, M. A arte do êxtase: os princípios da sexualidade sagrada. Rio de janeiro: Campus,
1992.

34
“A pobreza ou a riqueza de sua experiência sexual depende basicamente
de você. Ninguém pode lhe proporcionar o êxtase sexual, ele emerge dentro de
você. É libertador e empolgante reconhecer que você possui o destino de sua
vida sexual dentro de você mesmo. Amar a si mesmo, nesse sentido, não
significa ser egocêntrico ou narcisista, nem desprezar as pessoas. Significa, sim,
acolher a si mesmo como o convidado mais importante de seu próprio coração,
um convidado digno de respeito, uma companhia adorável.”

Acredito que esse ponto é fundamental para o nosso bem-estar e equilíbrio e é também um
aspecto ignorado por muita gente. Falar em masturbação na idade madura é ainda um tabu. E a
maioria das pessoas não direciona o tempo para se amar, para descobrir seu corpo. Que tal
aproveitar essa fase de nossas vidas para nos descobrirmos mais?

Mudanças no órgão genital feminino

A falta de estrogênio resseca a vagina e altera a textura dos lábios e, em alguns casos,
diminui o diâmetro do canal vaginal. Essas alterações perturbam a vida sexual de muitas mulheres e
algumas começam a sentir que não devem ter mais vida sexual ativa, o que é um engano. O
ressecamento vaginal pode ser tratado com creme à base de estrogênio natural, como, por exemplo,
o creme à base de Yan Mexicano, usado duas vezes por semana. Lubrificante à base de água é um
excelente recurso durante o relacionamento sexual. Óleos naturais prensados a frio, como de
gergelim, amêndoa ou coco ou óleo de vitamina E colocados com os dedos no interior da vagina
previnem o ressecamento e tratam a mucosa vaginal.
A prática da masturbação é também excelente para manter a vagina e o períneo em forma.
Pesquisa recente22 mostrou que mulheres que aderiram à prática da masturbação recuperaram o
tônus vaginal, prevenindo a incontinência urinária, e evitaram o ressecamento, devido ao estímulo
freqüente que produz os fluidos vaginais.
Na fase da menopausa, melhorar as preliminares é importante para ter um ato sexual mais
prazeroso. O sexo oral prolongado e feito no capricho estimula a produção dos fluidos vaginais,
levando-nos a ter excelentes orgasmos.
A menopausa não significa o fim da sexualidade feminina, mas o início de uma nova
sexualidade, uma nova forma de vivenciar o sexo, o amor e o prazer. Afinal já tivemos nossos
filhos, não temos mais que manter relações sexuais para satisfazer o marido ou segurar o
casamento, chegamos a uma época em que não há mais nada a perder. Por que então não aproveitar
essa liberdade que conquistamos?

22
Site www.menopausa.com.br

35
Ritual de Prazer

Prepare um espaço acolhedor para encontrar seu amante interno. Música


suave, luz de velas, incenso. Um tapete confortável, um colchonete fininho por cima,
almofadas ao redor. Deite-se e respire suavemente, deixando o ar ocupar toda a sua
cavidade abdominal, entrando e saindo suavemente. Mentalize que, quando o ar sai,
são devolvidas para a terra as impurezas do dia e, quando o ar entra, a energia é
renovada. Faça alguns exercícios de alongamento e de Ioga, relaxando seu corpo e
sua mente. Passe um óleo vegetal neutro, pode ser de gergelim ou amêndoa, no
períneo, vagina e região anal. Massageie prazerosamente. Inspire e mentalize o ar
subindo pela coluna, chegar ao topo da cabeça, descer pela testa, nariz e garganta,
atravessar o cardíaco, nutrir ovários e útero, alcançando o canal vaginal e subir pela
coluna novamente, formando um círculo. Ao inspirar, contraia os músculos pélvicos
e, ao expirar, relaxe-os. Mantenha esse círculo pelo maior tempo possível. Continue
a massagem e sinta o prazer em todas as células de seu corpo. Alcance e prolongue
ao máximo o seu prazer. Sorria e dê as boas-vindas ao seu amante interior.

36
ONDAS DE CALOR E A JORNADA ESPIRITUAL

“O corpo chega antes do espírito.” Esse é um ditado indiano e significa que precisamos dar
um tempo para que o espírito alcance o corpo. Este vem correndo, atropela tudo, naquelas mais
afobadas; ou chega mais calmo para as mais sossegadas. De qualquer forma, a velocidade da alma
ou do espírito é diferente, o corpo segue na frente, o espírito chega depois. Até na morte isso
acontece: o corpo pára de funcionar e a alma dá um tempo, até para entender o que está
acontecendo.
Será que a menopausa do corpo chega antes da menopausa da alma, do espírito? Ou será que
a alma não passa por ela? Sinto que as mulheres que aceitam as transformações da vida e estão
felizes com a sua menopausa estão inteiras, vivenciando esta fase de corpo e de alma.
O corpo começa a dar seus sinais. São sintomas e mais sintomas que podem acontecer ou
não. Isso vai depender da estória de cada mulher, do corpo e da alma de cada uma delas. E o
espírito vem compreendendo e assimilando as mudanças. Espírito é a mesma coisa que alma? Acho
que poderemos chamar as duas coisas de essência. Essência, aquilo que de mais profundo existe
dentro de nós e que não acaba nunca, é absolutamente eterna... É assim que eu entendo a alma, o
espírito, a essência. E como é importante estar pertinho da essência, a parte mais íntima de nosso
ser. É onde se encontram os segredos, as respostas para os conflitos, a cura para as doenças, o
estímulo para o amor, a força da vida.
A busca pela essência verdadeira deveria nos acompanhar por toda a vida; faz parte do
desenvolvimento espiritual do Ser. Ao chegar à menopausa, essa busca se intensifica, sentimos que
já não é mais possível adiar ou ignorar esse lado. O próprio corpo começa a dar sinais de que uma
forte transformação interior é necessária.
Mestres e Xamãs que trabalham com práticas indígenas desenvolvidas pelas tribos nativas
há seis mil anos interpretam as ondas de calor como o fogo da transformação, o fogo interior que
chega para transformar, em cinzas, velhos padrões de comportamento e fazer renascer uma nova
mulher, repleta de poder. As ondas de calor são interpretadas como uma purificação.

Colocar no quadrinho

“Fazemos troça de nossas ondas de calor na tentativa de torná-las menos


assustadoras. Não fazemos idéia de que tais sintomas de desequilíbrio hormonal
são também o acender de um fogo interior que prepara a mulher para uma fase
incrivelmente poderosa de sua vida. Ao nos aproximarmos desse novo limiar,
foi-me ensinado que a alquimia do calor está presente para purificar o corpo e o
espírito dos entulhos negativos. Os ataques súbitos de calor precisam ser
acolhidos em vez de combatidos.”
(Lynn Andrews, em A mulher do limiar de dois mundos: a
jornada espiritual da menopausa.)23

23
ANDREWS, Lynn. A mulher no limiar de dois mundos: a jornada espiritual da menopausa.
São Paulo: Ágora, 1995.

37
Nas sociedades ocidentais, o aspecto espiritual é deixado em segundo plano, embora esteja
presente, caminhe junto e seja inseparável dos outros aspectos da vida. A falta de consciência faz
com que as tarefas do dia-a-dia, a correria, o consumo, a preocupação em ganhar dinheiro, deixem
as pessoas completamente ocupadas e identificadas com os papéis que desempenham na sociedade
em que vivem. Elas se esquecem que tudo isso é transitório e que a única coisa que levam daqui é o
desenvolvimento espiritual, o que se conseguiu evoluir na passagem pela Terra.
Na fase da menopausa, ocorre uma mudança importante que faz com que a força espiritual
desabroche ou se intensifique. Uma necessidade interna de cuidar do lado espiritual surge e é
ajudada pela revisão da vida, que, necessariamente, a idade traz. Passamos a reconhecer as ilusões,
o que é verdadeiro e o que é falso. A jornada se aprofunda naquelas que cultivaram esse aspecto por
toda a vida e passa a provocar cotidianamente aquelas que nunca deram espaço e tempo para isso.
Acontece, então, um processo de iniciação, que não é desagradável. Ao contrário, constatar a vida
espiritual presente, latente, conduzindo a jornada, traz alegria, paz, entrega e aceitação. Gratidão por
ter chegado até aqui.

“Essa fase de mudanças é um período de liberação em que a mulher


começa a colher os frutos de tudo o que ela aprendeu e realizou. É o tempo em
que sua vida espiritual, por fim, começa verdadeiramente. A menopausa é um
processo de renascimento do qual a mulher emerge com novas
responsabilidades, novos espelhos e novo poder. No cerne da menopausa está a
descoberta por cada mulher de seu próprio mistério pessoal, uma iluminação de
sua relação particular com a totalidade de seu processo de vida.”
(Lynn Andrews, em A mulher do limiar de dois mundos: a jornada
espiritual da menopausa.)24

A negação dessa manifestação pode causar doenças, acidentes, acontecimentos fortes, que
necessariamente conduzirão a uma reflexão espiritual. Naturalmente, é difícil lidar com esse calor
em nossa vida cotidiana, quando não temos nem um rio ou cachoeira ao lado para dar um bom
mergulho e refrescar. Mas a consciência desse fato traz uma nova compreensão sobre o sintoma das
ondas de calor, levando-nos a ter mais tolerância com elas.

Em momentos em que eu estava sendo atingida por essas ondas escaldantes, com a
ajuda de um leque, mentalizava a transformação, a purificação, a mesma que acontece
quando jogamos em uma fogueira papel velho, fotos amareladas, diários antigos... A
Natureza faz o mesmo conosco, numa tentativa de derreter antigos padrões, modificar,
transformar em cinzas o que não precisamos mais, para justamente podermos renascer das
cinzas, como Fênix. Renascer para outra vida, agora muito mais espiritual.
(A Autora)

24
ANDREWS, Lynn. A mulher no limiar de dois mundos: a jornada espiritual da menopausa. São Paulo:
Ágora, 1995.

38
E como cultivar a espiritualidade?

Certa vez, tive contato com uma experiente terapeuta que disse uma frase que nunca
esqueci: “O sagrado começa quando acordamos e termina quando acordamos...”
Não há um limiar, tudo aquilo que praticamos diariamente é espiritual. Acredito na visão
holística que considera que os aspectos físico, mental, emocional e espiritual não são inseparáveis,
estão presentes em todas as coisas e acontecem simultaneamente. É a complexidade, que interliga
todos os aspectos da vida, que lembra que somos parte do Todo, do Cosmos, que coloca a incerteza,
os altos e baixos, o inacabado, como fatores comuns do cotidiano.
Estar consciente disso, estar totalmente presente em cada ação realizada, agindo da forma
que o seu Ser Interior acredita, isso é viver espiritualmente. E cabe a cada uma ir tecendo essa
grande rede, à qual todas pertencemos, sabendo que não estamos sós.
Um fim de semana em contato com a Natureza é um excelente meio de conexão espiritual.
A contemplação do nascer do Sol, de uma noite de lua cheia, ouvir o barulho de uma cachoeira,
caminhar em lugares bonitos, observar quaresmeiras ou ipês floridos, tomar banhos de mar, de rio...
São infinitas as possibilidades oferecidas que nos colocam perto da Mãe Terra e do Pai Céu.
A partir deles, entramos em contato com nossa natureza interior, encontramos nossa essência
e sentimos o sagrado dentro de nós. E em troca receberemos energia, alegria, vontade de viver!
A meditação diária é um exercício essencial para permanecer centrada e em contato com o
seu Ser Interior. A partir dela, sentimos aquele fio que nos conecta com o Céu e a Terra, que nos
coloca em contato com a sabedoria e a paz internas, com o momento presente, o aqui-e-agora.
Várias são as situações que nos fazem entrar em meditação, deixando a mente vazia, como,
por exemplo, fazer um artesanato, uma caminhada, preparar uma boa comida, criar algo que se
goste, fazer amor.
Cada uma de nós tem suas crenças, sua religião, sua forma de lidar com sua espiritualidade.
O importante é cultivar esse aspecto, criar espaço para que ele esteja presente em nossa vida e
reconhecer que a menopausa expande este canal dentro de nós.

Eu estava pressionada pelo cotidiano de trabalho na universidade.


Em pleno meio de semestre surgiu uma oportunidade de fazer um retiro
espiritual com um Mestre iluminado em uma praia do sul do país. Eu me
organizei e fui. Percebi a importância de “dar um tempo”, de olhar as coisas
de fora e ver que tudo continua acontecendo, quer eu esteja ou não fazendo
alguma coisa. O mundo não vai parar porque eu parei, mas meu corpo e
alma agradecem.

(A Autora)

39
RESGATANDO O PODER DA MENOPAUSA

Sabe-se que, nas sociedades tradicionais, em tempos remotos, quando a Terra era plena, a
Natureza abundante, o número de habitantes muito menor e onde não havia este desequilíbrio em
que vivemos hoje, a menopausa era considerada a passagem mais sagrada da vida da mulher. Com a
menopausa vinha a suprema iniciação, quando a mulher era autorizada a participar de cerimônias
que davam acesso a níveis mais elevados de consciência, que não eram, contudo, permitidas para as
de pouca idade. A mulher iniciada passava, então, a ser chamada de Mulher em Transformação e a
conhecer as plantas e as ervas da Natureza capazes de substituir o estrogênio, o hormônio feminino
que começava a rarear em seu corpo.
Os ritos de passagem, nas sociedades tradicionais, preparavam os seus membros para as
mudanças que ocorriam na transição das principais fases da vida, abrindo-lhes as portas para
adquirirem o direito de alcançar novos níveis de compreensão. Através desses ritos, os meninos
eram preparados para serem guerreiros, as meninas, a partir da primeira menstruação, para serem
mães e os idosos se preparavam para a morte. E a tribo inteira participava de cada uma dessas
celebrações.
Com o tempo, estas cerimônias foram esquecidas. O patriarcado, o desenvolvimento
tecnológico, o capitalismo e o cartesianismo criaram o modelo atual das sociedades ocidentais,
cujas normas e comportamentos trouxeram a modernidade e o conforto de que tanto gostamos, mas
que são também responsáveis pela deterioração do meio ambiente e da ecologia exterior e interior.
O ter é mais importante que o ser, e produzir e consumir muito são o lema desta sociedade em que
vivemos. Os rituais foram esquecidos, a individualidade valorizada e, apesar do desenvolvimento da
tecnologia, a verdade é que estamos cada vez mais sem tempo e trabalhando mais.
Acredito que precisamos urgentemente recuperar os rituais que nos fortalecem perante as
novas fases da vida, mudar o que está aí, confiar que uma nova forma de vida é possível. Viver de
um jeito novo significa resgatar a sabedoria tradicional, incorporando-a ao nosso cotidiano.
Significa recuperar os valores essenciais do ser humano, os pequenos prazeres
do dia-a-dia, a simplicidade de viver e conviver, cultivando a religião e a fé.
O empoderamento, para homens e mulheres, depende dessas pequenas atitudes. Como
exercer o poder, se estamos massacrados pelo trabalho, pela correria de todos os dias, pela busca de
mais dinheiro para sobreviver? Se não conseguimos exercer o amor e a solidariedade? Se
consideramos o próximo como um inimigo, um concorrente, um rival?
O aspecto sagrado da menopausa, responsável pela sabedoria, compaixão e poder que é dado
a cada uma de nós nessa fase, precisa ser resgatado. E esse resgate será refletido em todos que estão
ao nosso redor, contribuindo para que também se voltem para a fonte de sua própria verdade.
O mito de que as mulheres na menopausa são chatas, loucas e rabugentas não existe mais.
Ao contrário, elas se tornam deusas, plenas de sabedoria e amor, refletindo a verdadeira beleza que
nenhuma plástica é capaz de trazer.

40
E que poder é esse que vou resgatar?

É o poder que vai fazer com que nos sintamos lindas, jovens, cheias de energia e de
sabedoria, com auto-estima elevada, poderosas e capazes de fazer qualquer coisa que tenhamos
vontade.
A maioria das mulheres não acredita nisso. Pesquisa recente realizada na França25 mostrou
que grande parte delas, na menopausa, tem baixa auto-estima. A depressão e o constante olhar para
o passado, geralmente lamentando por coisas não vividas ou realizadas, acompanham esse processo.
O estigma de que a menopausa significa velhice continua. As mudanças corporais reforçam esse
pensamento e muitas não se cuidam mais, relaxando o cuidado com sua aparência.
Isso mostra que continuamos carregando os velhos condicionamentos que precisam ser
jogados fora. Felizmente, existem centenas de mulheres que não sentem isso de forma tão forte e
estão aí comprovando o que estou dizendo. Vamos deixar que o fogo das ondas de calor nos
modifique, criando uma nova mentalidade, um jeito novo de encarar essa fase da vida.

Dicas para recuperar seu poder na menopausa

O que tenho lido e pesquisado sobre menopausa, meu contato com mulheres nessa fase e minha
experiência própria e a de outras amigas têm-me mostrado que algumas atitudes ajudam a lidar com
esse momento e contribuem para recuperar nosso poder. Experimentem-nas e vejam se vocês
concordam com elas:

 Confiar na vida.
Confiar que não estamos sozinhas, que temos nossos Guias Espirituais e que a Existência
cuida de nós.

 Estar em profundo contato consigo mesma.


Criar a oportunidade de estar em contato consigo mesma. Momentos de relaxamento através de
exercício físico que traga prazer, receber massagem, meditar, criar, cuidar do jardim, cozinhar...
Existem inúmeras formas de se descobrir e se harmonizar. Cada mulher vai descobrir qual é a sua.
Para mim é essencial caminhar, de preferência ao ar livre, com consciência da respiração, olhando
as árvores, o céu, as pessoas ao redor. Depois sentar em um banco do parque completamente
entregue ao aqui-e-agora. A Ioga trabalha minha mente e meu corpo e não há nada melhor que ela
depois de um intenso dia de atividades. Na medida do possível, vou alternando essas atividades em
meu cotidiano.

 Fazer um balanço da própria vida: refletir, avaliar, aceitar e valorizar as experiências


vividas.

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COLLANGE, Christiane. A segunda vida das mulheres. Barueri: Sá Editora, 2005.

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É inevitável lembrar as experiências vividas, mas estar sempre remoendo o passado é uma perda
de energia, principalmente se isso traz sentimentos de arrependimento, saudade e tristeza. Lembrar
que fizemos o que foi possível, o que nosso nível de consciência da época nos permitiu
fazer.Valorizar as experiências que nos fizeram crescer e nos tornar a pessoa madura que somos
hoje. A maturidade é uma conquista, nos faz chegar a outro nível de compreensão e a valorizar o
que é realmente importante.

 Perdoar a si mesma e àqueles que estiveram em seu caminho.


Cada pessoa que encontramos nessa vida tem algo a nos oferecer, nos ensinar. Existem
dimensões do relacionamento humano que desconhecemos e que são muito mais abrangentes do
que nossos limitados sentidos têm a capacidade de perceber. Julgamos como negativas experiências
que, sob outra perspectiva, têm um sentido diferente e vão muito além daquilo que classificamos
como bom ou ruim, como bem ou mal. Perdoar o que aconteceu, contribui para clarear a situação e
para continuar a conviver com quem amamos.

 Partilhar com outras mulheres esses sentimentos.

As rodas de cura existem desde o tempo das cavernas. Sentar em círculo, em volta de uma
fogueira, abrir o coração. Existe uma cura tão perfeita? De certa forma esse é o resgate que
precisamos fazer. Conversar com as amigas sobre o que está acontecendo, conhecer as estórias de
vida de cada uma, limpar as mágoas, partilhar as alegrias. Isso é extremamente terapêutico e
confortante, traz a noção de irmandade e leva ao reconhecimento de como somos tão iguais, embora
sejamos individualmente tão diferentes. E sempre que possível fazer rodas de homens e mulheres
que são também revigorantes e estimulantes!

E ainda:
 Se cuidar, se cuidar e se cuidar!
 Se livrar do que não usa, do que traz lembranças do passado, se renovar
constantemente.
 Aceitar que os filhos cresceram e estão vivendo a vida deles. Viver a sua vida.
 Evitar ficar muito tempo em frente à TV.
 Participar de grupos de atividades de que goste.
 Cultivar novas amizades.
 Arriscar, não há mais nada a perder.
 Viajar, ir ao cinema, andar no shopping.
 Curtir o estar sozinha, descobrindo as delícias da solitude.
 Rever seus relacionamentos afetivos. Ao fazer a pergunta “Casada e feliz ou infeliz mas
casada?” pode ajudar a refletir se manter um relacionamento está sendo realmente
bom para você.

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COMPARTILHAR A MENOPAUSA

Partilhar as experiências, prática comum entre nós, do sexo feminino, desde os tempos da
caverna, é uma oportunidade de reflexão para o crescimento e cura de nossas mulheres. Quando
falamos de nós mesmas e nos ouvimos, tornamo-nos mais conscientes de nossas necessidades e
desejos. E aí sentimos como é bom e revigorante estarmos juntas. Compartilhar experiências é
salutar, traz conforto interno, relaxa, ao sabermos que não estamos sós, pois o que sentimos outras
mulheres também estão sentindo, com pequenas variações. Através do encontro com outras
mulheres, da troca de sentimentos e experiências, poderemos manter e recuperar nossa auto-estima
e compreender o que está acontecendo com nosso corpo e alma. A compreensão traz a aceitação, a
aceitação traz paz e a paz interna promove a saúde e a alegria de viver. A soma disso tudo é um
grande poder pessoal.
As falas das mulheres relatadas a seguir evidenciam a força dos hormônios em nossas vidas.
São relatos de mulheres na menopausa, em sua maioria, de amigas, colhidos em entrevistas
gravadas.

O que elas dizem sobre a instalação do processo da menopausa

“Estou em pleno processo de menopausa. Minha menstruação está ficando irregular... Fiquei
três meses sem menstruar, aí pensei que já tinha acabado. Sinto depressão, cansaço... Não tenho
certeza se é da menopausa ou do hipotiroidismo... Agora acho que isso pode ter também a ver com
a menopausa. Ouvi falar.” (M, 51 anos)

“A menopausa é um momento forte para a mulher. É como se ela varresse todos os cantos da
vida dela. O que eu fiz? O que eu deixei de fazer? Se tive filho, por quê? Se não tive filhos, por
quê? E a cabeça começa a mudar, acho que por causa dos hormônios. E começa a ter uma
conseqüência no cérebro... E a gente não percebe, não consegue acompanhar a mudança. Quando a
gente vê já está lá, já entrou de sola na menopausa. O tempo é muito rápido pra acompanhar a
velocidade. Tem que dar uma parada. Tem que dar uma refletida mesmo. Tem um pôster lá em casa
que diz “A vida precisa de pausas...” Acho que tem um momento que tem que parar, se não a gente
entra no mecânico, no compulsivo, fazendo coisas pra manter a auto-imagem, mas não se está em
contato com sua verdade, com seu espírito.” (P, 50 anos)

“Eu estou entrando na menopausa. Segundo minha ginecologista, estou vivendo minhas
últimas menstruações. Às vezes passo dez dias pingando. Ela falou que é normal, o problema é ter
hemorragia. Eu não estou tendo nada que seja muito característico. Já tive mais, senti muita
irritabilidade, depois passou. Algumas vezes tenho depressão, mas é uma coisa que sempre tive em
minha vida, aliás, ao contrário, nunca estive tão pouco depressiva... É bem na TPM, aliás é difícil
sacar quando é TPM, já que fico dez dias pingando... Antigamente eu percebia, agora ficou uma
coisa mais extensa, mas nada que um remédio homeopático não resolva. Estou vivendo uma das
melhores fases de minha vida, nunca me senti tão bem comigo mesma e estou muito feliz,
tranqüila.” (R, 51 anos)

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“Menopausa é aquele sinal amarelo piscando, sem dó, na sua cara, afirmando que agora
estamos na prorrogação da nossa vida? Num primeiro momento, não posso negar que senti até raiva
de mim por não ter aproveitado mais e melhor os anos que ficaram pra trás. A gente nunca acha que
o tempo vai chegar.” (V, 50 anos)

”Uma das coisas que me ficou é que a gente deveria aprender, como mulher, a dar as
boas-vindas para a fase que chega, em vez de ter medo de perder aquela na qual a gente está. Isto é
uma coisa que ficou muito tranqüila nesse processo, que essa deveria ser a melhor abordagem.
Porque é inevitável, ninguém vai conseguir deixar de envelhecer. O que pode acontecer é talvez
morrer antes, mas se não morrer vai ter que chegar lá... Então a melhor coisa é fazer as pazes com o
que a vida está lhe trazendo. Isso não é uma visão nem um pouco religiosa. Acho que é bom senso
mesmo...” (D, 52 anos )

“Eu sempre fui uma mulher ativa, cheia de obrigações e de energia e costumava dar conta de
tudo. Agora não é mais assim. Até entender que eu tinha mudado de fase, que precisava mudar
alguns hábitos, que, além de repouso, necessitava também de recolhimento, tive que atravessar anos
com crises de labirintite, que realmente me obrigavam a repousar e a me recolher. Fui fazendo
mudanças em meu cotidiano, que me possibilitaram dormir um pouco mais pela manhã, descansar
depois do almoço, não dirigir em horários de trânsito intenso, recarregar a energia em locais de
Natureza forte, pelo menos uma vez por mês. Isso tudo contribuiu para eu não ter mais as crises de
labirinto.” (S, 55 anos)

Sobre parar de menstruar

“Acho que senti medo antes de parar de menstruar. Depois que parou, achei tão tranqüilo!
Porque, na vida, a coisa chega na hora que tem que chegar e não adianta se segurar naquilo que já
deveria ter passado.” (D, 52 anos)

“Senti uma angústia quando a menstruação falhou pela primeira vez. Parecia que minha vida
tinha perdido o sentido e, mesmo sabendo racionalmente o que este período significava, minhas
emoções vieram e tomaram conta de mim. Depois de vivenciar o primeiro impacto, achei ótimo não
ter que lidar com TPM e sangue manchando as calcinhas. Quando estava me acostumando com a
nova situação, fiquei novamente menstruada. Como já estava mais consciente das mudanças desse
período, aceitei bem a volta dos ciclos regulares, que duraram mais um ano. Quando houve nova
interrupção, simplesmente agradeci pela nova fase que estou vivendo. Depois de uns meses,
reiniciei minhas atividades sexuais, que estavam paradas há algum tempo. O estímulo hormonal me
fez voltar a menstruar. Alguns meses depois, nova interrupção, que parecia ser definitiva, até que
uma ida à praia me levou a menstruar por um dia. No mês seguinte, menstruei normalmente e há
seis meses os ciclos estão interrompidos. Não sei o que vai acontecer, mas o que sei é que estou em
pleno processo de menopausa!” (S, 55 anos)

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“Eu achei bom quando eu parei de menstruar... Quando voltou, eu também achei bom... Só
que, no primeiro mês, foi horrível, me senti muito mal fisicamente. Como eu achava que não ia
mais menstruar, pensei que fosse outra coisa, fiquei assustada... Agora me sinto preparada para
parar de menstruar, não vou achar ruim. Ainda menstruo. Quando vem é bom, quando não vem
também é. Durante muito tempo, eu achava que a menstruação era uma afirmação de que sou
mulher, mas agora não preciso mais dessa manifestação mensal.” (M, 51 anos)

“Engraçada é a contradição mensal que vem à baila. Primeiro, nos queixamos de ter aquele
incômodo todo mês e, depois, ficamos a esperá-lo, na esperança de que continuamos jovens o
bastante pra menstruarmos pela vida afora!” (V, 50 anos)

“Quando a gente pára de menstruar é muito bom, não tem mais ilusão, porque não ter ilusão
é bom, porque a vida sem ilusão é a realidade. E a realidade é isso aqui. Você acorda, leva seu dia
normalmente, de forma simples, sem muito sonho... Porque a mulher fica muito sonhadora, quando
está menstruando. Ela espera ter uma relação que dê certo sexualmente; ela espera ter uma relação
duradoura, eterna; ela espera o homem fiel, o homem da vida dela, que ele faça sexo tântrico e
todos aqueles sonhos... Eu acho que a mulher tranqüiliza e começa a entender um pouquinho do
papel dela mesma, sem ser em função do que esperavam dela.” (I, 53anos)

Sobre o medo de envelhecer

“Eu tenho medo de envelhecer. Tenho medo de ficar mais vulnerável às doenças, de perder a
capacidade de fazer as coisas. Não gosto da coisa física... Peito cair, bunda ficar mole, essas
coisas...” (M, 51 anos)

“Eu tenho um enorme medo de envelhecer. O meu filho, quando era pequeno, mal falava,
entrou no banheiro, onde eu estava, e disse chorando: “Mãe, eu não vou ter filho, porque, se eu tiver
filho, você vai ser avó, vai ficar velha e morrer”. “E eu não quero que você morra...” Olha que
raciocínio complicado... E eu tenho um pouco desse raciocínio, que não sei se é infantil, ou ele é
que não era infantil. Os modelos que eu tenho de velhice não são gloriosos. Fora meus Mestres
Xamânicos, o Pay Lin e a Carminha Levy, que dão um exemplo muito ao contrário: conforme
foram envelhecendo, foram se aprimorando. Fora eles dois, meus avós e a minha mãe são uma
estória de doença, perdendo as partes do corpo. Tira o útero, tira o pulmão e sofre disso, daquilo, é
dor nas costas, não consegue andar direito e usa bengala...” (R, 51 anos)

“Bem, sobre o medo de envelhecer... Hoje, vejo meus filhos criados. Tenho três: o mais
velho com 23 e o mais novo com 16. Todo mundo está cuidando da sua vida, o que é natural e
saudável. Graças a Deus, eu trabalho e tenho canalizado no trabalho toda a minha energia, não
sobrando tempo nem para pensar sobre a minha própria vida. Sem dúvida, isso deve ser uma forma
de fuga, um jeito de passar longe do espelho, de não querer olhar pra trás pra saber o que eu fiz da
minha vida, uma forma de não querer ver com o que o futuro me aguarda. O pior de tudo é que os
dias passam voando e cada vez que me deparo comigo mesma e olho aquela imagem projetada,
penso: ‘Essa aí não sou eu! Eu não era assim!’ Estou com medo, sim.

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Porque quando se é jovem, o tempo é infinito, é como se você tivesse todo ele a seu favor, e o fim
não existe. As rugas estão me incomodando, tenho medo de morrer e não ter aproveitado a minha
vida da melhor forma. Minha cabeça anda cheia de dúvidas. Gostaria de ter ainda o viço da
juventude, não só a alegria da juventude que deixo transparecer.” (V, 50 anos )

“O ano passado veio muito medo de envelhecer, de estar tão nova, com a energia sempre em
cima, porque eu sempre fui muito jovem... Assim, de espírito. O corpo vai envelhecendo, mas você
não sente tanto, porque está com a energia boa. Quando fiquei fraca, sem vontade de fazer nada, só
tinha vontade de dormir, com muito sono, um cansaço muito grande... Acho que tive foi uma
depressão bem forte. Aos 50 anos, parece que veio tudo de uma só vez. Aí comecei a questionar
essa estória de envelhecer... Tinha um namorado mais novo e ficava na coisa da comparação,
achando que não podia falar pra ele que tinha 50 anos, pois ‘se eu falar, o cara não vai querer saber
mais de mim’. E aí fiquei um tempo sem namorar, nem paquerando, muito preocupada com essa
coisa... Mas nunca pensei em fazer plástica, levantar, botar botox, nem silicone, nada disso. Não sei
se algum dia... Porque as mulheres, às vezes, resolvem dar uma transformada geral.” (P, 50 anos)

“Não sei se medo é a palavra certa para aceitar a velhice... Pelo DNA de pai e mãe, vou
viver muito. Tive avó que viveu até os 97 e a outra ainda é viva e tem 99. Meu pai tem 82 e está
ótimo. O problema é a decrepitude, que fatalmente virá com a idade. Penso no que será pior no
futuro: cabeça lúcida com corpo debilitado ou corpo em boas condições com debilidade mental...”
(E, 53 anos)

“Mas a coisa do envelhecimento pega, a gente começa a se sentir cheia de celulite, não sei
como... O joelho está não sei de que jeito, já não dá pra sentar assim, se sentar pra uma meditação
dói, se fica em uma posição doem as costas... [Risos.] Mas acho que tem jeito pra tudo... Tem que
saber o que é isso. Acho que essa luzinha é que vai dar um start pra começar uma vida nova,
diferente, mudada, madura e sabendo que envelhecimento é uma coisa natural. Não tem como não
envelhecer... A não ser que se fique toda recauchutada... Eu já vi uma mulher assim. Ela fez plástica
no corpo inteiro, mas pelas mãos a gente sabe a idade da pessoa... As mãos mostram a idade que a
pessoa tem. Acho envelhecer bonito, uma mulher grisalha, assumida, com umas rugas... Tem um
poema que fala das cicatrizes e rugas que uma pessoa vai adquirindo na vida. É bonito olhar um
índio velho, uma índia... e ver tudo o que ele viveu, e todo o tesouro que tem ali, a preciosidade de
uma vida.” (P, 50 anos)

“Não tenho exatamente medo de envelhecer. Tenho, isso sim, medo de não ter mais
autonomia física, emocional e mental.” (A, 56 anos)

Sobre os sintomas da menopausa

“Sinto muita variação de humor, de ânimo, de disposição... Acho que agora isso está mais
acentuado, mais consciente. Quando estou em baixa, atrapalha muito meu dia-a-dia. Não estou

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tomando nada. Há dois anos, fiz os exames dos hormônios e o nível estava bom. As pessoas dizem
que dá baixa no tesão, mas não estou sentindo isso. Gostaria de saber o que está acontecendo com
outras mulheres até para poder me situar... Nunca sei o que é devido a quê... Sinto que estou me
aceitando e gostando mais de mim do que antes...” (M, 51 anos)

“Andava me sentindo cansada e sem energia. A partir dos cinqüenta anos, comecei a ter
crises repetidas de labirintite. Depois de muitas seções de acupuntura e idas ao Otorrino, resolvi
procurar minha Ginecologista. Ela me receitou uma fórmula composta por Yan Mexicano,
isoflavona e cimicífuga. Na mesma época, optei também por consultar um Homeopata unicista.
Desde que iniciei ambos os tratamentos, minha energia mudou completamente. Fiz também
algumas mudanças importantes que melhoraram muito minha qualidade de vida. Passei a ter mais
disposição no dia-a-dia, os suores noturnos acabaram, comecei a dormir melhor e, para minha
alegria, nunca mais tive crises de labirinto.” (S, 55 anos)

“Passei uns apertos, tive uns sangramentos. Fiz todos os exames, estavam todos OK. Agora
parei de menstruar, não estou sentindo mais nada e o engraçado é que meu estado de ânimo está
mudando. Comecei a tomar algumas providências. Estava muito parada, não tinha mais vontade de
caminhar, parei de dar aula de dança. Comecei a questionar muito meu trabalho... Se era aquilo que
eu queria fazer ou não, como eu vou continuar atendendo com massagem, se meu corpo não vai
estar tão em cima e muita coisa... Parei de dançar, que é uma coisa que eu adoro... E agora estou
retomando tudo isso. Retomando fazer aula, exercício, caminhar... Estou sentindo que isso muda
completamente o estado de ânimo. Fisicamente, estou me sentindo ótima, passei quarenta dias
trabalhando suavemente meu corpo, mas diariamente. Fiquei muito afastada de meu corpo, parecia
que havia uma distância muito grande entre meu corpo e minha alma. Agora estou sentindo de novo
uma aproximação. Parece que o espírito voltou de novo, não sabia por onde ele andava...” (P, 50
anos)

“Tem duas coisas que me desagradam neste momento. Uma é a obesidade, que já tem algum
tempo que está comigo, e eu não me conformo com ela. A outra é a falta de memória. Tem também
uma coisa que não sei se é da menopausa ou é da tireóide ou se a tireóide é da menopausa. É o
hipotiroidismo, que me deixa muito cansada. Antigamente eu trabalhava de manhã, de tarde e de
noite e tudo bem. Ontem eu trabalhei o dia inteiro. Foi ótimo, mas hoje estou aqui numa rebordosa,
como se estivesse ficado bebendo a noite inteira, dormido das cinco até as nove horas. Esse cansaço
me incomoda, não tenho o pique, nem o tesão que eu tinha antes. Não tenho calores nem dor de
cabeça. Tenho me sentido muito bem. O que está me acontecendo, e que é muito legal, é que minha
auto-estima está melhor. Minha capacidade, inteligência, reconhecimento do meu próprio poder,
não só pelos outros, mas por mim mesma, estão melhores.” (R, 51 anos)

“Quanto aos sintomas físicos, acredito que os calores, nas horas mais inoportunas, sejam os
piores, agora. Sempre aparentei muito menos idade do que tinha. Agora, nem por telefone consigo
enganar o interlocutor! Acredita que me chamam de senhora sem saber quantos anos tenho? Bem,
isso deve ter uma explicação: a minha voz mudou e muito: o timbre, o tom ficou mais grave.
Estou sabendo que a Associação de Otorrinolaringologia está fazendo um estudo sobre a voz da
mulher no climatério. Mês que vem vou ter 51. E com toda a ciência trabalhando a nosso favor, é

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difícil pensar que me resta menos tempo do que aquele que já vivi. Também não quero viver mais
que isso, ficando lelé, dando trabalho pros outros. Sempre fui extremamente ativa, fazendo
ginástica, trabalhando e conciliando filhos, marido e casa. Sem dúvida, uma tourada por dia! A
minha cabeça tem 27 anos (adorei ter essa idade!). Mas quando você vê que o seu corpo não mais
corresponde... Está sendo duro!
Acredito que eu ainda tenha mais disposição do que muita menina de 27 anos! Porque minha alma
tem essa idade! Corro diariamente, trabalho demasiadamente... Mas meus hábitos alimentares
deixam muito a desejar. Atualmente tenho tomado isoflavona e extrato de cimicífuga. Em vinte
dias, meus calores diminuíram noventa por cento!” (V, 50 anos)

“Atualmente, não eu estou sentindo nada nesse processo de menopausa. Nem bem, nem mal,
não tive fogachos, calores... Eu não sinto frio, mas não sinto calores... O que eu tive foi perto do
final da estória. Como eu tenho pequenos miomas no útero, tive grandes hemorragias. A médica
queria tirar meu útero, mas não deixei. Agora parou de sangrar e parou mesmo. Há três anos tive
uma estafa. Primeiro, tive sangramentos muito fortes, que me deixaram sem vitalidade... O ano
passado comecei a fazer uma terapia na Medicina Antroposófica e comecei a ficar melhor ... A
Medicina Ocidental e outras tentativas de terapias que fiz nunca souberam explicar o que eu tinha.
A Medicina Antroposófica, como trabalha com três corpos, o físico, o astral e o etérico, explicou
que o que eu tinha feito era tirar a energia dos outros campos e que precisava recolocar. Com essa
explicação, comecei a fazer a terapia antroposófica, que veio acompanhada de terapia artística,
trabalhando com barro e aí voltei a ficar inteira.” (D, 52 anos)

“Sinal de sintoma físico para mim foi a perda brutal da libido a partir dos 44 anos. Depois
veio a secura vaginal, que é horrível...” (E, 53 anos)

“Há dois anos, comecei a sentir sintomas físicos bem fortes. Iniciou com depressão, um
estado de ânimo. Sempre fui muito chorona, é como se eu tivesse muita água no corpo. Chorava!...
Tudo me tocava, com muita sensibilidade, uma certa irritabilidade, mais que o normal, pois não sou
muito irritadiça. No final do ano passado, tive um sangramento muito forte, duas menstruações de
dezoito dias cada. Um horror! A sensação que dá é que se vai naufragar de tanto sangue. E não dá
vontade de fazer nada, nem de trabalhar, vontade de ficar deitada... Dá uma impotência muito
grande.” (P, 50 anos)

“No princípio, foi meio difícil porque eu comecei a ver a cara cair, o nariz crescer, as
orelhas crescerem... [risos] e os calores. Eu estava muito bem sentada numa palestra e vinha aquele
calor e dava uma vontade de tirar a roupa e eu não podia fazer nada... O mais difícil foi a depressão.
Quando cheguei em Brasília, tive muita depressão. Fui à Ginecologista, fiz reposição hormonal
com 45 mg de isoflavona. Então me lembrei de minha mãe que passou pela menopausa sem nada!
Ela não enlouqueceu como a vizinha do lado. Ela não teve calores, não teve depressão, nada... A
vida dela na menopausa não teve problema nenhum... E, pôxa, na minha vida, no gen das minhas

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células, não tem esse negócio de ter gente na família que pirou por causa da menopausa! Então eu
posso ser mais uma delas, que não precisa entrar na depressão, nem nada.” ( I, 53anos)

Sobre a sexualidade

“Uma amiga na menopausa, ao ser perguntada por um amante sobre a sua fantasia sexual,
respondeu: “Minha fantasia sexual é me sentir amada!” Tenho sentido como é difícil exercitar o
verbo ficar nessa fase, coisa que anos atrás tinha a maior desenvoltura. Hoje, quando isso acontece,
me pergunto no dia seguinte se é isso mesmo que eu quero. Será que é o caso de ter prazer físico,
receber carinho e mais nada? Desde que minha última relação terminou, há cinco anos, não tive
outro companheiro fixo. Cada homem que aparece reacende minha vontade de viver novamente
uma relação afetiva. Não sinto mais vontade de ter uma relação conjugal, viver na mesma casa,
dividir o cotidiano. Mas sinto falta de afeto, de compartilhar intimidade, de estar entregue nos
braços de um homem que me ame. E quando eles aparecem, é o que faço. As relações rápidas,
sexuais, às vezes com homens casados, são as que eu tenho atraído com mais freqüência nesta fase
da minha vida. E aí vem o conflito: Se me fecho, estarei perdendo oportunidades de conhecer
homens interessantes, viver momentos felizes, beijar na boca. E se desfruto desses prazeres, corro o
risco de acordar mal, sentindo um vazio... Essa não é a regra. Geralmente acordo de bem com a
vida, com a pele bonita e os olhos brilhantes! Faz bem para os meus hormônios.” (S, 55)

“Descobri que, no momento certo, o tesão aparece. Reencontrei um antigo amor e todo
aquele ressecamento, que também me incomoda, sumiu. Fiquei impressionada, pois fazia dois anos
que não tinha relacionamento sexual, e na hora tudo funcionou muito bem. Acho até que melhor do
que antes, lubrificação intensa.” (R, 51 anos)

“Sexualmente, não tinha nada acontecendo e continua não acontecendo. [Risos.] Agora, se
você quer saber se existe atração, da minha parte não, mas vice-versa pinta... Eu tive muitos casos
na vida e esse assédio sexual me deixou de muito saco cheio de homem. Você diz que não está
interessada, dá o recado... Tem uns homens que me atraem, mas não chega a ser tesão.” (D, 52
anos)

“Outra coisa ruim é a diminuição da libido. Posso passar semanas sem sentir o menor desejo
sexual, o que vem trazendo um certo desconforto na minha relação com meu marido. Mas quando a
gente transa, eu vejo como é bom e como é que eu pude ter esquecido disso? Agora, a essa altura do
campeonato, voltei a namorar com o meu marido. Estamos fazendo programas simples, que nos dão
prazer de estarmos juntos pelo simples fato de estar juntos. Conversamos mais sobre o nosso dia,
nossas preocupações, somos cúmplices um do outro... Voltamos ao começo, como era antes, nós
dois procurando ser felizes.” (V, 50 anos)

“Sem reposição hormonal, o desejo era nulo. Atualmente, acho que normalizou a libido
por outros motivos: mudei de casa, melhorou minha qualidade de vida, mudei de profissão e estou

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gostando muito. O ambiente profissional é ótimo – quase todas as pessoas têm quarenta anos ou
mais. E faço caminhadas matinais de quarenta minutos pelo bairro, que é arborizado.” (E, 53 anos )

Eu sempre fui muito fogosa, tesuda... Agora eu sinto uma mudança... Antes, quando dava os
cinco minutos, eu usava minha energia, ia fazer alguma coisa, canalizava... Às vezes eu arrumava
um namorado, ia batalhar o que eu estava afim. A sexualidade era ainda uma coisa muito forte,
hormonal. Agora eu estou entrando numa fase muito mais suave, estou preservando mais minha
energia, não deixo qualquer pessoa chegar perto de mim. Eu fico olhando, antigamente eu deixava
as pessoas me tocarem mais. Já ouvi umas mulheres falarem que, quando uma coisa tem que
acontecer, as pessoas vêm na sua casa... Não precisa fazer nada. Eu estou assim, estou comigo,
estou centrada. É uma coisa de estar muito mais autoconfiante. (P, 50 anos)

“Após minha separação, no início da menopausa, quando ainda não estava disponível para
viver outros relacionamentos, percebi que precisava viver de forma satisfatória minha sexualidade
comigo mesma, pois meu fogo continuava lá, ardendo. Tomei coragem, fui a um sexshop e fui
muito bem recebida por uma moça que conhecia do assunto. Consegui escolher e comprar um
vibrador da forma e tamanho que me agradavam. Aos poucos fui me familiarizando e me soltando
com o objeto de prazer, tendo orgasmos múltiplos e longos que me fizeram muito bem. Fiquei mais
tranqüila, perdi aquela ansiedade de encontrar alguém de qualquer jeito. Aceitei meu tesão, minha
sexualidade e me conheci melhor.” ( S, 55 anos)

“Tenho sentido menos ansiedade, menos procura. Mas havendo um parceiro, o desejo
aparece e a relação flui gostosa.” (A, 56 anos)

“Na menopausa, a energia sexual não está mais direcionada para o homem, não é tudo para o
homem, você não se arruma pra ficar bonita para o homem, não tem mais esse direcionamento.
Antes da menopausa, é só o homem, eu vou me arrumar pra agradar ele, quero ser sexy... Na
menopausa, se você não direcionar isso pra criatividade, vai ficar emocional... Porque ela vai
engordar um pouquinho, os homens já não olham pra mulher na menopausa, porque a energia já não
vai pra lá, e eles sentem. Então o homem vê apenas uma mulher. Pode até nascer uma amizade entre
um homem e uma mulher, mas pra mim é uma coisa absolutamente tranqüila. Então é muito mais
relaxante, você não tem um padrão em sua vida pra seguir. Porque antes você tinha um padrão... É
uma mulher que está ali pra agradar... Meu Deus do céu, é um investimento. Antes era um
investimento. Eu via um homem ali, o homem podia estar longe, mas se eu me atraísse por ele eu
mandava uma energia e daqui um pouco ele estava aqui... Isso aí eu achei tremendamente relaxante.
Meu tesão agora está zero. Gosto de homem, só que não tenho mais necessidade que me toque, não
tem que fazer nada, só ser uma companhia agradável do meu lado, tomar um chope, sair... ” (I,
53anos)

“Há momentos em que juro que nunca mais vou querer sexo, que vou transformar essa
energia em criação, transformar a libido em obra-de-arte. Mas isso é uma decisão mental, pois, na
semana seguinte, já começo a sentir saudade, parece que estou viciada nessa emoção do encontro,
da descoberta do outro, da esperança de quem sabe se com esse vou viver mais tempo, viajar pelo
mundo, dançar agarradinho... Sonhos românticos! Outro dia vi em uma novela que a mulher ama,
não o homem em si, mas ama o amor. Achei tão coerente e verdadeiro! Outra amiga, também na

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menopausa, comentou que, quando a gente menos espera, por mais que se pense que não vai mais
se apaixonar, acontece. Essa foi a experiência dela. E nos tornamos trêmulas, inseguras, ansiosas,
como se fôssemos adolescentes. Não dá para controlar! Os poetas dizem que amor não tem idade, o
sexo também não. E quanto mais vivo e experiencio, mais percebo que não existe receita pronta,
que o melhor caminho é seguir o coração e a intuição. Acredito que não tenho mais nada a perder
nessa fase da vida!” (S, 55 anos)

Sobre o poder da menopausa

“Acho que o mais importante é estar de bem consigo própria, com aquilo que a vida traz e
nos dá e que cada pedaço da vida tem suas coisas boas. Acho que sofri demais em todas as etapas
da vida e parece que agora a vida está sendo boazinha comigo... Estou achando ótimo. A melhor
fase de minha vida. Não tenho angústias, não tenho dúvidas. Eu sei quem eu sou, como eu sou,
conheço meus valores. Se as mulheres forem verdadeiras consigo próprias a vida inteira, vai chegar
nessa fase e continuar tendo que ser verdadeira. Não precisa fazer plástica, fazer isso, fazer aquilo...
Ninguém está dizendo ‘não se cuide’. Você pode melhorar alguma coisa.” (D, 52 anos)

“Eu não sinto competência para fazer um mestrado ou doutorado, mas, por outro lado, tem
um povo que me chama de mestra. Então, eu recebo um mestrado não acadêmico, um outro tipo de
título de mestra. Engraçado!... [Risos.] Eu entro em contato com esse conhecimento arcádico, que
está oculto e que consiste em falar a coisa certa na hora certa. No início, eu comecei a impedir, pois
achava que é uma baboseira, mas parei de brigar com isso. Ficou assim sem obrigatoriedade
nenhuma. È muito legal ser reconhecida e validada em sua sabedoria. Quando eu sou chamada de
mestra, eu consigo reconhecer um outro tipo de conhecimento, que eu chamo de sabedoria e
consigo perceber que não é só a minha sabedoria, é uma sabedoria do Cosmos, do Universo. É uma
sabedoria que existe na Humanidade e da qual eu consigo entrar em contato e verbalizar e dar
expressão a ela.” (R, 51 anos)

O que elas gostariam de compartilhar com outras mulheres

“Sempre tenho conversado com outras mulheres para saber como se tratam,
principalmente as que estão de bem com a vida. Nesse sentido, acho que, por enquanto, estou com a
medicação certa para mim.Tenho visto mulheres sentindo sintomas desconfortáveis como fogacho,
mas se conformam em tomar fitoterápicos para atenuar o desconforto. Minha proposta é eliminar
sintomas chatos com orientação médica. Iniciei a reposição hormonal aos 45 anos, com a conhecida
mistura de estrogênio e progesterona, mas não deu certo. Meus seios incharam. Depois, passei para
outra fórmula, que está ótima, pois não tenho sintoma nenhum.” (E, 53 anos)

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“Eu descobri uma chave muito legal, que é a meditação, que, pra mim, está funcionando
muito. É estar em contato comigo, com meu ritmo, com minha respiração, com o que eu quero fazer
naquele momento. Não ir por influência de ninguém, ver qual é a minha verdade, o que é que eu
estou querendo fazer.” (P, 50 anos)

“Acho que seria bom conscientizar as mais novas sobre prevenção, como a importância
dos exercícios físicos para que a osteoporose não nos pegue com tanta força, por exemplo.Quanto
àquelas que já se encontram nesta fase da vida, eu diria que é importante desmistificar. No final das
contas, eu continuo a ter uma boa qualidade de vida.” (A, 56 anos)

“Eu gostaria de compartilhar com as mulheres que, nesse período da vida delas, coloquem
a sua criatividade em ação, senão a depressão toma conta. A televisão e a mídia fazem tudo pra
botar a mulher pra baixo... Se a mulher não tem aquele silicone e não agradar o homem, ela não é
uma mulher. Ela continua sendo uma mulher! Então, a mulher que se valorize. E quem é que manda
no mundo? Somos nós, as menopáusicas. Por que as outras estão dentro do sistema, estão
respondendo a uma expectativa da sociedade. Se nessa fase as mulheres não são meditativas, que se
tornem meditativas, que mergulhem pra dentro de si, que descubram a sua essência... Já era pra ter
descoberto antes, mas, agora tem toda uma vida pra descobrir, tem até mais energia quando é mais
jovem do que mais tarde... Mas nunca é tarde para descobrir quem você é. Então, descubram o valor
de vocês! Parar de satisfazer os valores da sociedade e da família, porque a família é outra que
limita, castra. Então, sejam rebeldes, sejam vocês mesmas e sejam criativas... Porque a criatividade
vem a mil, idéias aparecem na cabeça de vocês e podem aparecer na cabeça de todo mundo. É só a
pessoa estar aberta.” (I, 53anos)

“Gostaria de compartilhar com outras mulheres como é o encontro amoroso. Não é mais a
beleza estética do corpo físico, não é mais a paixão, o tesão, embora sejam importantes, mas se
busca outra coisa que é fundamental e que precisa ser encontrada... Não é uma busca espiritual,
desconfio que não. Eu acho que é uma coisa de solidariedade, aquilo que a gente vê em filme.Vejo
muito acontecer, entre amigas, de dar força, dar apoio, torcer a favor. Estou falando em termos
ideais. Acho difícil acontecer, porque a competitividade é muito grande em nossa sociedade. Que
amor é esse que a gente está buscando? Eu não tenho resposta... Gostaria também de ouvir como as
mulheres aceitam as mudanças no próprio corpo... Pra mim essa é a estória de minha vida... Sempre
me achei muito magra, depois mais gorda, depois um pouco mais gorda e agora muito gorda. Essa
sempre foi a minha estória! Acho que, se eu tiver que voltar de novo, vai ser pra aprender a amar
mais meu próprio corpo... Agora está um pouco pior... Na busca dessa aceitação, acho que as
mulheres podem me dar uma chave e eu ter uma relação mais bondosa com meu corpo, mais
generosa e mais amorosa...” (R, 51 anos)

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MENSAGEM PARA A MULHER NA MENOPAUSA

Essa é uma mensagem do Anjo Jeliel, mentor e inspirador da amiga e terapeuta Rosana
Szalanski, que, através de canalização, recebe e interpreta lindas Mandalas. Ao ler o que estava me
sendo dito, intuí que muito dessa mensagem vai de encontro às necessidades mais íntimas das
mulheres na menopausa e peço licença para compartilhar com todas.

“Este é um momento de ruptura. Isto significa, mais do que nunca, investir


firme na sua evolução. Sua humanidade precisa ser muito valorizada. Você nunca
foi tão testada em seus conceitos e valores. Agora é uma hora de fortes decisões.
Cada uma de suas conquistas vai sendo posta em cheque. Você vai, então,
perguntando o que realmente é necessário que permaneça em sua vida. Responda
a partir de seu centro. Vá rompendo corajosamente com tudo aquilo que já não lhe
preenche mais.
Simbolicamente, no mundo externo, você pode fazer este exercício de
ruptura com objetos de seus armários, em casa, no seu trabalho, à sua volta.
Pergunte se cada um deles faria mesmo falta, caso não estivesse ali. Internamente,
vá fazendo o mesmo exercício com as situações e emoções que cada objeto possa
estar despertando em você. Descarte memórias, conceitos, hábitos, que ainda a
mantêm em níveis de consciência reduzidos. Abra espaço para a chegada do novo.
Novos olhares se aproximam em níveis superiores. Você vai se surpreender com as
oportunidades maravilhosas que estavam sendo impedidas de chegar, por simples
falta de espaço. Remova o ‘entulho’ da frente de seus olhos para ver que, no
horizonte, uma nova forma de vida se aproxima. Prepare-se para uma grande
aventura! Seja feliz!”

Espero que o que foi escrito seja útil para você, cara leitora. Os depoimentos das mulheres
relatados no capítulo anterior mostram que sentimentos, sintomas, momentos, são similares entre as
mulheres. Caso você tenha se identificado com algum deles e deseje partilhar conosco, envie seu
material para o meu e-mail, incluído abaixo. Aceitamos também seus comentários a respeito desse
livro.
Obrigada por sua atenção e sejam muito felizes em sua menopausa!

Lívia

Brasília, agosto de 2006.

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BIBLIOGRAFIA

1- ANAND, M. A arte do êxtase: os princípios da sexualidade sagrada. Rio de janeiro:


Campus, 1992.

2- ANDREWS, Lynn. A mulher no limiar de dois mundos: a jornada espiritual da


menopausa. São Paulo: Ágora, 1995.

3- BASTOS, Maria Helena. Sorria, você está na menopausa: um manual de terapia natural
para a mulher. São Paulo: Ground, 2001.

4- CAMPOLIM, Sílvia. A menopausa. São Paulo: Publifolha, 2002.

5- COLLANGE, Christiane. A segunda vida das mulheres. Barueri: Sá Editora, 2005.

6- ELIAS, Jason; KETCHMAM, Katherine. Na casa da lua: resgatando o espírito feminino da


cura. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

7- GUILIANO, Mireille. As mulheres francesas não engordam. Rio de Janeiro: Campus,


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8- GREER, Germaine. Mulher, maturidade e mudança. São Paulo: Augustus,1994.

9- HIRSCH, Sonia. Meditando na cozinha. Rio de Janeiro: Corre Cotia, 2000.

10- _____________. Só para mulheres. Rio de Janeiro: 1994.

11- LYSEBETH, André Van. Tantra: o culto da feminilidade. São Paulo: Summus, 1991.

12- MONTILLA, R. N. G.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M. Avaliação do estado


nutricional e do consumo alimentar de mulheres no climatério. Rev. Assoc. Med. Bras., v.
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13- NAHAS, E. A. P.; NAHAS NETO, J.; DE LUCA, Laurival A. Efeitos da isoflavona sobre
os sintomas climatéricos e o perfil lipídico na mulher em menopausa. Rev. Bras. Ginecol.
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14- ORCESI PEDRO, Adriana et al. Idade de ocorrência da menopausa natural em mulheres
brasileiras: resultados de um inquérito populacional domiciliar. Cad. Saúde
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15- OSHO. Após a meia idade: um céu sem limites. São Paulo: Gente, s.d.

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17- RAMOS, Dagmar. Viva a menopausa naturalmente. São Paulo: Augustus,1998.

18- REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE E DIREITOS REPRODUTIVOS. Dossiê


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19- RODRIGUES, Dinah. Yoga: terapia hormonal para menopausa. São Paulo: Madras, 1999.

20- SAMS, Jamie. As cartas do caminho sagrado. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

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23- SOARES, Cláudio de Novaes; COHEN, Lee Stuart. The perimenopause, depressive
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24 - STEWART, Maryon. Vença a menopausa naturalmente sem terapia de reposição
hormonal. São Paulo: Paulinas, 1999.

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