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O MÉTODO CARTESIANO
«Por método entendo um conjunto de regras certas e fáceis tais que, aquele que as cumprir
corretamente, nunca tomará nada falso por verdadeiro; sem qualquer desperdício de esforço
mental e aumentando o seu conhecimento passo a passo, chegará ao verdadeiro conhecimento
ou entendimento de todas as coisas que não ultrapassam a sua capacidade». (R. D. E., 4).
- O método consiste num conjunto de regras.
- O método não é uma técnica que se aplica de tal modo que as capacidades naturais da mente
humana são irrelevantes.
- As regras são guias para empregar corretamente as capacidades naturais e operações da
mente. Se a mente não estivesse já em condições de operar, de efectuar as suas operações, ela
seria incapaz de compreender e utilizar as regras ou preceitos do método. Se assim não fosse
nenhuma técnica poderia curar a radical deficiência da mente.
- Entregue a si mesma, a razão é infalível. É afastada do caminho da verdade e da reflexão
racional por fatores tais como o preconceito, a paixão, a influência da educação, a impaciência
e pressa exagerada de obter resultados. Então a razão, por assim dizer, torna-se cega e não
emprega as suas operações naturais (intuição e dedução) corretamente. - O método visa, antes
de mais, afastar a razão destes fatores de erro, dando - -lhe regras de uso das suas
capacidades, disciplinando a sua atividade.
As regras do método
O método consiste em regras para utilizar bem as duas operações fundamentais da razão: a
intuição e a dedução. Consiste acima de tudo em pensar por ordem. O essencial é organizar o
nosso pensamento, evitar a confusão, e só pensando por ordem isso se consegue.
1ªRegra - Regra da evidência
A observância deste preceito implica o uso da dúvida (por esse motivo chamada metódica).
Quer dizer, devemos submeter à dúvida todas as opiniões recebidas de forma a descobrir o
que é indubitavelmente certo e o que pode assim construir o fundamento do edifício da
ciência. Verdadeiro é sinónimo de indubitável.
A evidência que é exigida é a evidência racional. Trata-se de exigir que todo o conhecimento
seja fundado na razão
2ª Regra - Regra da análise ou da divisão
Esta regra consiste em decompor os múltiplos dados do conhecimento nos seus elementos
mais simples. Aplica-se sobretudo às questões complexas e exige a sua decomposição nos seus
elementos mais simples e por isso também mais claros e evidentes (intuitivos).
Processos de conhecimento
1. Intuição: Luz natural da razão (“flash”)
2. Dedução: Depois da base intuitiva, deduz todo o sistema.
Modelo matemático – evidente, altamente racional e indubitável, tal como será aquilo que
ele encontrar.
No plano ontológico, Descartes começa por duvidar de tudo quanto existe, para ver se há
alguma verdade clara e distinta que se apresente ao espírito como evidência tal que não possa
ser negada (intuição). O método é racionalista porque a evidência de que Descartes parte não
é, de modo algum, sensível e empírica. Os sentidos enganam-nos, as suas indicações são
confusas e obscuras, só as ideias da razão são claras e distintas. O ato da razão que percebe
diretamente os primeiros princípios é a intuição. A dedução limita-se a veicular, ao longo das
belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das naturezas simples. A dedução mais é do que
uma intuição continuada.
O ser humano está sujeito a uma infinidade de erros, mas que não podem ser atribuídos a
Deus. Sendo o homem a mediação entre o Criador e o nada, é perfeitamente possível que ele
erre. A sua participação no nada, deixa-o exposto a uma infinidade de faltas, levando-o aos
erros. A carência ontológica, já preconizada por Agostinho, marca a existência humana. O
homem encontra-se diante de um dilema: é um nada em relação a Deus, ao mesmo tempo
em que é um tudo em relação ao nada. Entendendo-se dessa maneira, o erro é uma carência
que não provém de Deus, mas é uma incompletude do ser. O engano é uma privação de um
conhecimento que o homem deveria ter, mas não o possui.
Se a vontade é dada por Deus, não é correto afirmar que ela é em si mesma a causa dos erros
que os homens cometem. Ela é a faculdade que mais aproxima o homem de Deus e é o único
lugar em que o homem possui liberdade. No entanto, o que faz com que o indivíduo peque é a
perversão de sua vontade. Ao errar, o homem, por esta faculdade, escolhe o mal pelo bem, o
falso pelo verdadeiro. O erro é, assim, uma escolha mal feita da vontade, que se assente
sobre algo que não é claro e distinto.
Descartes entende que o melhor a fazer para que se evite o engano é se abster de formular
juízos sobre alguma coisa, quando não for possível concebê-la com clareza e distinção.
Quando o homem utiliza bem o seu entendimento, submetendo sua vontade a ele, age
corretamente. O entendimento precedendo a determinação da vontade é o caminho mais
acertado para afastar-se do erro.
David Hume nasceu na Escócia, em Edimburgo em 1711. Hume pertencia a uma família
abastada. Fez bons estudos no colégio de Edimburgo - um dos melhores da Escócia, em seguida
transformado em universidade -, cujo professor de "filosofia", isto é, de física e ciências
naturais, Stewart, era um cientista discípulo de Newton. O jovem Hume, que sonha tornar-se
homem de letras e filósofo célebre, rapidamente renuncia aos estudos jurídicos e comerciais,
passa alguns anos na França, notadamente em La Flèche, onde compõe, aos vinte e três anos,
seu Tratado da Natureza Humana, editado em Londres, em 1739. A obra, diz-nos o autor, "já
nasceu morta para a imprensa". Esse fracasso deu a Hume a ideia de escrever livros curtos,
brilhantes, acessíveis ao público mundano. Seus Ensaios Morais e Políticos (1742) conhecem
vivo sucesso. Hume se esforça por simplificar e vulgarizar a filosofia de seu tratado e publica
então os Ensaios Filosóficos sobre o Entendimento Humano (1748), cujo título definitivo surgirá
em edição seguinte (1758): Investigação (Inquiry) sobre o Entendimento Humano. A obra
obtém sucesso, mas não deixa de inquietar os cristãos, e Hume vê lhe recusarem uma cadeira
de filosofia na Universidade de Glasgow. Ele acabará por fazer uma bela carreira na diplomacia.
De 1763 a 1765 ele é secretário da Embaixada em Paris e festejado no mundo dos filósofos. Em
1766 ele hospeda Rosseau na Inglaterra, indispondo-se com ele em seguida. Em 1768, ele é
Secretário de Estado em Londres. Nesse meio tempo, publicou uma Investigação sobre os
Princípios Morais (1751), uma volumosa História da Inglaterra (1754-1759) e uma História
Natural da Religião (1757). Somente após sua morte (1776) é que foram publicados, em 1779,
seus Diálogos sobre a Religião Natural.
D. Hume rejeita, como Locke o inatismo cartesiano. As ideias são o resultado de uma reflexão
das impressões (sensações) recebidas das experiências sensíveis. A imaginação permite-nos
associar ideias simples entre si para formar ideias complexas.
Exemplo de ideias simples decorrentes das impressões: vermelho, tomates, macio.
Exemplo da formação de ideias complexas a partir de ideias simples: os tomates são vermelhos
e macios.
Qualquer ideia tem assim origem em impressões sensoriais. As impressões não nos dão a
realidade, mas são a própria realidade. Por isso podemos dizer que as mesmas são verdadeiras
ou falsas. As ideias só são verdadeiras se procederam de impressões. Neste sentido, todas
aquelas que não correspondam a impressões sensíveis são falsas ou meras ficções, como é o
caso das ideias de "substância espírito", "causalidade", pois não correspondem a algo que
exista.
Tipos de Conhecimento segundo Hume:
O debate histórico entre racionalistas e empiristas, em final do século XVIII, conduziu ao
criticismo que procurou superar as limitações de ambas as correntes filosóficas.