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Deusas, arquétipos e tarot mitológico

Introdução:
Na bruxaria, existem várias formas de se cultuar uma divindade.
Podemos reconhecer apenas a Grande Deusa, como representante do poder feminino em sua totalidade, como força única, como era na antiguidade, ou
podemos ter uma visão multifacetada, onde reconhecemos várias deusas, cada uma com diferentes características (arquétipos).
Também há a opção de não cultuar divindades, e sim apenas a natureza e seus elementos.
A tendencia de muitas pessoas, é cultuar apenas uma divindade, de acordo com a afinidade e identificação, porém, isso é algo que pode nos limitar e fazer
com que não desenvolvamos todas as nossas potencialidades.
Como mulheres podemos ser várias (ou todas) em uma. Nossa vida está em constante mudança, em movimento, por isso é importante conhecer esses
arquétipos e analisar como podemos trazer essa força para dentro de nós.
Não somos somente a mãezona, ou somente a profissional fantástica, a esposa dedicada, ou a mulher sedutora. Podemos (e devemos) ter um pouco de cada
uma.
Um dos panteões mais populares é o grego, trazendo deusas conhecidas como Afrodite, Atena, Ártemis, Hera, Perséfone, Deméter, entre outras. O panteão
romano anda ao lado do grego, apresentando praticamente as mesmas divindades, porém com outros nomes. Outros exemplos são os panteões nórdico,
hindu, egípcio. Na umbanda também é comum cultuar os orixás e trabalhar com eles como arquétipos, assim como no cristianismo e catolicismo isso também
é possível através dos santos, anjos e arcanjos.
Conhecer as divindades, seus arquétipos e nos conhecer profundamente, através de um constante olhar para dentro, pode ser um passo importante para um
vida equilibrada e feliz. A seguir, vou apresentar algumas deusas, suas características e como elas podem nos ajudar, quando podemos chamar por elas, como
podemos nos conectar e cultuá-las e como a falta ou excesso dessas energias podem se manifestar.
Afrodite
Panteão grego. Equivalente no panteão romano: Vênus.
Deusa do amor, personificação do charme, beleza, sensualidade, desejo, vaidade, empoderamento, prazer sexual.
Por estar ligada a sexualidade, antigamente também era associada a fertilidade. Muitos também chamam por Afrodite em rituais ligados a riqueza.
Ligada a autoestima e amor próprio. Favorece a elevação da frequência através do auto amor genuíno. Quando elevamos nossa frequência, nos tornamos
irresistíveis, o que nos possibilita atrair o amor do outro.
A palavra afrodisíaco deriva de seu nome.
Dia da semana: sexta-feira.
Uma deusa com essa mesma energia, porém no panteão nórdico, é Freia.
Equilíbrio Falta Excesso
Aceita receber coisas e elogios. Baixa autoestima. Vaidade exagerada.
É magnética, carismática, auto confiante. Pessoa fechada para o mundo e seus prazeres. Competitividade: sensação de que todas as outras
Possui uma sensualidade natural. Chama a Se sente desconfortável em receber coisas ou mulheres são suas rivais.
atenção naturalmente, sem “forçar a barra”. elogios. Carência.
Sensibilidade, feminilidade e vaidade na medida Sempre se coloca na posição da pessoa que doa Exigência por atenção.
exata. mais do que recebe, talvez por não se achar Dependência de elogios.
É aberta ao prazer e a tudo de bom que o universo merecedora de receber. Necessidade de “aplausos”, de ser venerada
traz. Não gosta de ser notada, preferindo passar (palavra venerar vem justamente de Venus, seu
Não tem necessidade de auto afirmação. despercebido. nome romano).
É irresistível, está sempre nos holofotes, mas não Não faz questão de ser amada ou que se Sensualidade forçada (a sensualidade de Afrodite
precisa de aplausos. importem com ela. é algo natural, que vem de dentro).
Pela sua auto confiança, não vê as outras
mulheres como rivais.
Trazemos Afrodite pra dentro de nós toda vez que exercemos o auto cuidado, a vaidade positiva e saudável, nos tratamos bem, nos
cuidamos, nos amamos. Nos conectamos com a energia de Afrodite através da baunilha, jasmim, rosas vermelhas, óleo essencial de ylang ylang, perfumes
adocicados em geral, jóias, principalmente as de ouro, e tudo que remeta a beleza. Outra forma de se conectar com essa energia é cultivando
um belo jardim. Conchas também podem ser dedicadas a ela, por estarem ligadas ao mar, de onde ela nasceu, de acordo com uma das versões sobre seu
nascimento.
Ártemis
Panteão grego. Equivalente no panteão romano: Diana. Deusa da caça, dos animais selvagens e da Lua.
Tem uma energia física, atlética. É o retrato da mulher independente, autônoma, auto suficiente, aventureira, que valoriza a liberdade e a individualidade.
Representa o arquétipo da mulher que cuida de si mesma, que não precisa de um par para se sentir completa, que sabe se cuidar sozinha.
Suas armas são o arco e a flecha, o que podemos relacionar com a mulher que mira o alvo e o acerta, que tem direção, que tem objetivos. É a deusa que
corre sozinha pela floresta, pois acredita que dessa forma será mais ágil e terá mais sucesso em sua caçada.
Prefere estar só, pois acredita que estar com alguém a distanciará de seus objetivos e escolhas pessoais.
Tem um lado prático, ágil, que gosta de resolver as coisas.
Um mito sobre seu nascimento, é que nasceu momentos antes de seu irmão Apolo, deus do Sol, e já foi ajudar sua mãe durante o parto. Por esse motivo,
é também considerada a deusa protetora dos partos.
Tem aversão a relacionamentos amorosos, e pediu a seu pai, ainda muito nova, a castidade eterna.
Equilíbrio Falta Excesso
Tão completa, dona de si e segura, que aceita o outro Dependencia extrema do outro. Tendem a se isolar e repelir relacionamentos
em sua vida, aceita um relacionamento e não o Sensação de que não é possível viver sérios.
considera uma ameaça a sua liberdade. sozinha. Esquece de seus objetivos, Não quer ser importar com ninguem e também
Faz com que seus limites sejam respeitados, sabe dizer colocando o objetivo dos outros a frente não quer que se importem com ela.
não, sabe se priorizar, colocar os seus objetivos a frente dos seus. Não tem paciência em lidar com os outros.
dos objetivos do outro, mas sem repelí-lo. Tem medo de não agradar, porque tem Foca muito no profissional e esquece o lado
Relacionamento é algo que soma. Ela não se sacrifica medo de ficar sozinha. pessoal e as relações.
pelo outro, mas também não o considera um incomodo, Acaba se tornando submissa. É solitária, com tendencia ao isolamento.
um atraso de vida. Seus limites se transformam em verdadeiras
Compreende a energia masculina e consegue se muralhas.
conectar com os outros.
Vive bem sua solitude.
Nos conectamos com Ártemis ao praticar esportes, dançar, fazer qualquer atividade que exija do físico ou ainda quando nos priorizamos, nos colocamos
em primeiro lugar e honramos nosso espaço, como numa viagem sozinha ou num dia de folga para auto cuidado. Ervas relacionadas: artemísia e a sálvia,
que podem ser usadas em banhos ou queimadas. Os rituais para Ártemis são potencializados na lua crescente, que possui uma energia bem ativa, como a
dessa deusa. Como ela é a deusa da lua, outra forma de honrá-la é usando e dedicando a ela acessórios prateados.
Atena
Panteão grego. Equivalente no panteão romano: Minerva.
Deusa da inteligência, sabedoria e intelecto.
Altamente racional e sensata.
Rege a tecnologia, ciência, movimentos políticos e sociais.
Guia aspectos da carreira e vida profissional.
Diz-se na mitologia, que nasceu da cabeça do pai, Zeus, que devorou sua mãe, Metis.
Nasceu da racionalidade da mente e não do útero. Já nasceu adulta e armada.
É considerada a protetora de muitas cidades, governantes e heróis.
É o arquétipo da mulher empreendedora.
Equilíbrio Falta Excesso
Valoriza o intelecto. Não se acha capaz. Arrogância intelectual. Acha que sabe tudo, que
Raciocínio lógico Não se acha boa ou competente o bastante sabe mais do que os outros, e os desmerecem, por
Gosta de estudar, aprender e falar sobre os assuntos (síndrome do impostor). julga-los inferiores.
que domina. Baixa auto estima intelectual. Intimida os outros com sua inteligencia.
Sempre aberta para aprender algo novo. Foge de desafios. Foca tanto no intelecto que se torna insensível,
Pensa antes de falar, mede as palavras, consequencias e Postura derrotista. incapaz se ter compaixão ou empatia.
resultados de suas ações. Extremamente fria.
Coloca em prática o que aprendeu com estratégia,
planejamento, objetividade.
Valoriza regras e as segue.
É correta.
Estuda e trabalha muito para atingir o sucesso.
Se dá bem no meio masculino, onde se sente como uma
igual. Não se sente inferior, nem ameaçada.
Como Atena nasceu adulta, foi privada da leveza da infancia. Também não teve mãe, portanto faltou-lhe o acolhimento materno. Resgatar a criança interior
e olhar para a relação com a mãe, melhorando-a, mesmo que seja algo apenas interno, pode ajudar a equilibrar esse arquétipo.
Nos conectamos com a energia de Atena toda vez que organizamos nossa vida, montamos nossas estratégias para alcançar nossos objetivos e operamos
de forma sensata e racional. Ervas relacionadas: louro, alecrim, folhas de oliveira. Óleos essenciais: hortelã e limão siciliano. A melhor lua para trabalhar
com essa deusa é a crescente, voltada para o sucesso. Podemos dedicar a ela também nossos livros, materiais de trabalho ou imagens de coruja.
Hera
Panteão grego. Equivalente no panteão romano: Juno.
Deusa do casamento, do lar e da família. Rege o mundo material e está ligada aos valores tradicionais.
Na mitologia, é irmã e esposa de Zeus, que apaixonado por ela mas não correspondido, disfarçou-se de pássaro para se aproximar e abusou dela, que se
sentiu violada, mas optou por se casar para manter sua honra.
Antes do casamento, Hera era uma rainha poderosa, porém, após se casar, o posto de “divindade master” passou a ser de Zeus, que a traía constantemente
com outras deusas e também com mortais. Hera sempre se vingava das mulheres e dos filhos bastardos, mas nunca de Zeus, mesmo sendo ele quem na
maioria das vezes seduzia suas amantes.
Apesar das traições, Hera não considerava deixá-lo, não por amor, mas pelo status de esposa e rainha, para manter as aparências e segundo seus princípios,
sua honra, dignidade e moral. Hera podia gerar filhos sozinha, mas não o fazia, apenas para se colocar no papel de esposa tradicional e mostrar
sua dependência.
Hera traz o arquétipo da mulher que segue os valores convencionais e considerando o casamento, feliz ou não sagrado. Valoriza mais o casamento e a
família do que sua carreira e projetos pessoais. O perigo nesse arquétipo é passar a viver pelo outro, para o outro e apenas de aparências.
Equilíbrio Falta Excesso
É extremamente fiel, perseverante, não desiste Desiste fácil das coisas, sobretudo dos Exagero nos controles.
fácil diante das adversidades. relacionamentos, não tentando superar as Dá muitas ordens, beirando a tirania.
Honra seus compromissos. dificuldades que surgem. Ciúme doentio.
Inclui o parceiro em seus planos, faz o possível Não faz questão de ganhar. Preocupação exagerada com a imagem que passa
para que ele cresça, supere seus desafios, mas não Não acredita em seu potencial de liderança para os outros.
se esquece de si mesma, crescendo junto. Tem dificuldade em dar ordens e comandos, Vive apenas para o relacionamento, esquecendo-
O relacionamento, o casamento, as tradições delegar, se impor, ser firme, brigar pelo seu posto, se dos outros setores da vida.
podem até representar a parte mais importante pelas suas idéias. Permanece no relacionamento, mesmo que já não
de sua vida, mas não vive apenas para isso. haja amor, mesmo que seja um relacionamento
Vive ao lado do parceiro e não atrás dele. abusivo, apenas para manter o status e para não
ter a sensação de perder o parceiro para outra
pessoa.
Dependência emocional.
A força de Hera é chamada em rituais relacionados a casamentos, relacionamentos duradouros, lealdade, fidelidade, proteção do lar e da família. Muitos
consideram junho (mês de Juno) o mês mais propício para casamentos. Pode-se dedicar a Hera buquês de flores elegantes, como as usadas em
casamentos (orquídea, begônia, copo de leite), além das suas alianças, penas de pavão (seu animal) e romã.
Deméter
Panteão grego. Equivalente no panteão romano: Ceres.
Deusa das plantações, da fertilidade da terra, da agricultura, da colheita, a que dá a vida, a que nutre.
Na mitologia, é neta de Gaia, a personificação da própria Terra, irmã de Zeus, Hera, Hades e Poseidon.
Mãe de Perséfone, que foi raptada por Hades para viver no submundo.
Quando Perséfone é raptada, Deméter cai em tristeza profunda, e toda a terra se torna infértil, seca.
Deméter desce do Olimpo, abdica da imagem de deusa próspera e fértil, e sai em busca da filha, não descansando até te-la de volta, o que acontece
parcialmente, por intermédio e negociação de Zeus, que acordou com Hades que Perséfone passaria metade do tempo com a mãe, período esse
caracterizado pela primavera, onde a terra fica fértil, até o fim da colheita, e a outra metade com ele, no submundo, período esse que corresponde ao
inverno, onde Demeter cai em luto e a terra se torna estéril.
Olhando para a mitologia, fica claro que Deméter está relacionada ao arquétipo da mãe, que tudo faz por seus filhos, os colocando sempre em primeiro
lugar em sua vida. Esse arquétipo pode estar presente na mulher mesmo que ela não tenha filhos. Se mostra em pessoas acolhedoras, cuidadosas,
“mãezonas” de todos que estão a sua volta, prestativas, que não medem esforços para ajudar e agradar.
Equilíbrio Falta Excesso
É gentil, amorosa, carinhosa, acolhedora, boa Egocêntrica, pensa apenas em si mesma Não sabe dizer não e impor suas vontades
ouvinte e conselheira. Exige muito para si e nada dá nada em troca. Doadora, cuidadora, e muitas vezes sugada pelos
Se doa, acolhe, porém não se esquece dela Se for mãe, tende a não dar a atenção e direção outros, que ao perceber esse padrão, passam a
mesma, sendo também aberta a receber. necessária aos filhos, por estar muito focada em si exigir cada mais mais, pois sabem que irão
Sempre reserva um tempo para si. mesma. receber se assim o fizerem.
Se for mãe, é a típica “mãezona”, cuidadora, Quando mãe, é superprotetora e tende a não
preocupada, mas de uma forma saudável. querer ver os filhos saindo de casa, tendo
sua independecia e suas próprias vidas.
Relacionado a síndrome do ninho vazio.
Tendência a virar mãe de seus parceiros, o que
acaba não sendo saudável para a relação.
Podemos chamar por Deméter tanto para despertar o lado cuidador e acolhedor em nós, quanto quando precisamos desse colo de mãe. Muitos chamam
por Deméter também para fertilidade, quando desejam engravidar. Nos conectamos com essa energia sempre que somos gentis e amorosos com o outro,
porém sem nos esquecer de nós mesmos. Ervas: lavanda, erva doce, camomila, anis estrelado (banhos, chás, escalda pés). Podemos também usar óleo
essencial de geranio para aromatizar o ambiente, ou dedicar a ela alimentos como frutas, pães, trigo, milho.
Perséfone
Panteão grego. Também conhecida por Coré. Equivalente no panteão romano: Prosérpina.
É a personificação da mulher mística e intuitiva. Rainha do submundo, foi raptada por Hades.
Ao se abaixar para pegar um narciso, foi levada ao mundo inferior, caindo através de uma fenda aberta no campo. Chegando lá, ao comer uma romã, selou
seu casamento com o tio e a partir daí não podia mais retornar ao Olimpo.
O ato de comer a romã pode ter vários significados: sua morte, sua primeira relação sexual ou sua menarca, mas nos três casos, a idéia é o ciclo de morte
e renascimento, o deixar algo para trás e assumir um novo papel.
Essa idéia, somada ao acordo de Zeus com Hades, de que ela passaria metade do tempo com a mãe no Olimpo e metade do tempo com o marido, no
submundo, reforça a imagem de Perséfone como uma deusa cíclica, que caminha entre o mundo físico e espiritual, dos vivos e dos mortos, consciente
e subconsiente.
O arquétipo de Perséfone remete a pessoas intuitivas, introvertidas, observadoras, imaginativas, que sabem ouvir sua sabedoria interna.
Equilíbrio Falta Excesso
Capacidade de conseguir transitar entre o mundo Foca apenas no externo e não olhar para seu Desconexão da realidade
externo e interno com desenvoltura. interior. Viver apenas olhando para dentro, perdida em
Sabe o momento de se abrir e o momento de Age conforme a idéia dos outros por se recusar a seus pensamentos, o que pode causar confusão
olhar pra dentro. ouvir sua intuição. mental, ansiedade, depressão, sentimento de
Sabe se conectar ao espiritual, ao mediúnico, Ligada apenas ao material, ao físico, mundo inadequação, dificuldade de verbalizar e
porém sem se desconectar da realidade. terreno e questões práticas do dia a dia. expressar sentimentos, além de vitimização.
Para entrar em contato com essa energia, podemos usar ervas como o jasmim, a artemísia, ou outras ervas que abram a intuição. É muito comum usar
perfumes e aromas dessas ervas quando se deseja essa conexão, pois o “faro” está ligado a intuição. Podemos também dedicar narcisos, especialmente os
brancos, ou romãs a essa deusa. É comum também, dedicar a Perséfone o ritual de “plantar a lua”. Mulheres que não menstruam também podem faze-
lo usando um sangue “simbólico”, representado por suco de alguma fruta vermelha ou vinho.
Hécate
Deusa pré grega antiga, também conhecia por Perséia, ou Trívia para os romanos.
É a deusa das bruxas, muito conhecida e adorada por elas, porém pouco conhecida fora desse contexto.
Por ser uma deusa negra ou noturna, não traz consigo apenas aspectos de luz, como fertilidade e beleza, mas sim ciclos de morte e renascimento.
É a rainha das encruzilhadas, padroeira das feiticeiras, senhora dos caminhos, deusa de todas as passagens e transformações.
É a guardiã dos portões do submundo e com seus cães, guia as almas em suas passagens. Carrega uma chave para abrir os caminhos e uma tocha, que lhe
permite andar na escuridão.
No conceito de deusa tríplice, corresponde a anciã, sábia, intuitiva e experiente, ou seja, a personificação do arquétipo da bruxa. É comumente retratada
com 3 corpos ou 3 cabeças, em direções diferentes, representando o olhar para passado, presente e futuro, o que lhe confere a capacidade de saber o
melhor caminho, a melhor direção.
O arquétipo de Hécate manifesta-se através do despertar para o caminho da intuição, da magia e da bruxaria. Conectar-se com essa potência, é nos
abrir para sermos mais experientes, sábias e destemidas.
Hécate não possui uma mitologia própria, mas está presente na mitologia de outros deuses, como na do rapto de Pérsfone, onde diz-se que ela recebeu
Demeter e lhe deu a tocha para que procura-se pela filha. É comum encontrar referências das três compondo a tríade donzela (Perséfone), mãe
(Demeter), anciã (Hécate).
Ao contrário das outras deusas aqui apresentadas, cujos arquétipos são comuns e universais a todas as mulheres e podem ser despertados e eventualmente
necessitam ser equilibrados, Hécate não é um arquétipo que temos em equilíbrio ou desequilíbrio. Hécate representa o caminho da intuição como um
todo: a magia e a bruxaria. Despertar para esse caminho é que nos faz entrar em contato com essa deusa.
Chamamos por Hécate quando estamos no escuro, em uma encruzilhada, e não sabemos qual caminho seguir, ou quando escolhemos um caminho
específico e queremos bencão e proteção (luz) para seguir pelo mesmo. Hécate vem em nosso auxílio, porém não de forma acolhedora. Se você está no
chão, ela não vai te abraçar e te carregar no colo, mas sim te dar uma “chacoalhada”, fazer você se levantar, enxugar as lágrimas e seguir, de cabeça erguida,
com segurança e confiança. É aquela que te dá a direção, um norte, uma luz, mas muitas vezes isso vem em forma de “chineladas”.
Para nos conectarmos a Hécate, podemos dedicar a ela imagens de lua, chaves, ervas, instrumentos mágicos, imagens de animais pretos, como cães, gatos,
corvos. Ervas: salgueiro, mandrágora e teixo, porém como não são muito comuns, podem ser substituídos por alho e cebola. Uma sugestão é a defumação
de suas cascas, pedindo proteção para o ambiente, nossos planos e caminhos. Há também quem faça a oferenda de pratos em encruzilhadas. Trabalha-se
com a energia de Hécate na lua minguante, especialmente na lua negra (3 ultimos dias), ou na lua nova.
Por ser uma super potencia, trabalhar com a energia de Hécate requer muito respeito e uma força maior. Deve-se chamar por ela apenas quando realmente
sentimos necessidade.
Associação no tarot mitológico

Deusa Carta Descrição


Afrodite Os Enamorados Não há um arcano maior específico dedicado a Afrodite no tarot mitológico, mas a mesma é coadjuvante
Ás de Copas na carta dos Enamorados, que retrata o dilema do príncipe Páris, que é retratado com o pomo da discórdia
7 de Copas na mão. Resumindo a mitologia, Páris tinha que escolher qual a deusa mais bela: Hera, Afrodite ou Atena.
9 de Copas Cada uma lhe ofereceu algo para ser escolhida. Afrodite lhe ofereceu o amor da bela Helena, casada com
o rei grego Menelau e foi a escolhida. Atena representa o racional, Hera a família, o material e Afrodite o
amor, a atração, o que não pensamos racionalmente. Com essa escolha, Páris ganhou o amor de Helena,
mas estava desencadeada a guerra de Tróia, mostrando que às vezes, decisões tomadas pelo coração
podem ter consequencias catastróficas. A mensagem dessa carta, é um alerta, para estarmos atentos e
ligados nas possíveis consequencias de escolhas não racionais, tomadas apenas pelo coração.
No tarot Mitológico, os Ases representam a força motriz daquele determinado naipe. Afrodite é a
protagonista no Ás de Copas, por sua ligação com o elemento água e campo dos sentimentos e emoções
tratado do naipe, que no tarot mitológico traz a história de amor de Eros e Psiquê.
O 7 de Copas traz o momento em que Psiquê clama pela ajuda de Afrodite e ela finalmente aparece e lhe
propõe 3 desafios humanamente impossíveis a princípio. Essa carta fala de idealizações, ilusões, em
acreditar que algo vai acontecer de alguma forma que nem sempre corresponde a realidade.
O 9 de Copas traz o casamento “oficial” de Eros e Psiquê, com as bençãos de Afrodite, após Psiquê ter
cumprido os 3 desafios propostos no 7 de Copas. Nesse sentido, mais do que fala sobre união, a carta fala
de conquistas, vencer obstáculos e atingir os objetivos.
No Raider Waite, muitas vezes é associada com a Imperatriz, carta regida por Venus.
Ártemis - A deusa Ártemis ou Diana, não é retratada em nenhuma carta no tarot mitológico. Não encontrei
oficialmente tb nenhuma representação em nenhum outro deck. Fica o convite para a reflexão. Baseado
no que foi exposto acima, qual carta vc acha que poderia representá-la?
Atena A Justiça Na carta da Justiça, é retratada sentada num trono, com sua coruja, símbolo da clareza de visão, no ombro.
Os Enamorados Atena é uma deusa guerreira, mas que não age na força bruta, que ganha as guerras com a inteligência e
Ás de Espadas estratégia, sempre com decisões ponderadas, pensadas, sempre sendo justa e seguindo as regras e indo
10 de espadas pelo caminho do que é correto.
É coadjuvante na carta dos Enamorados, conforme já descrito, representando o mental.
Atena tb é retratada como força motriz do naipe de espadas, sendo protagonista no Ás, assim como
Afrodite é no naipe de Copas, representando mental ativo, lógica, raciocínio, idéias.
O naipe de espadas retrata o mito de Orestes e a maldição da casa de Atreu.
Atena aparece novamente na carta 10, que representa o julgamento de Orestes, onde Atena teve que
decidir, após empate no julgamento, se Orestes seria ou não condenado pela morte de sua mãe. Vem desse
mito a expressão “voto de Minerva”.
Hera Os Enamorados Coadjuvante nessa carta, representando o material (Hera ofereceu terras na mitologia do dilema de Páris).
Deméter A Imperatriz Deméter é a mãe da terra, deusa da fertilidade, protetora das criaturas indefesas. É retratada no tarot
mitológico em em camo de trigo. Ambas possuem o arquétipo de mãe, criador, geradora de vida, a que
acolhe aos outros e a si mesma. A que planta suas idéias em terreno fértil e colhe bons frutos. Possui um
feminino muito fortalecido. Sugere a chegada de uma fase mais terrena na vida.
Perséfone A Sacerdotisa Retratada com a romã dada por Hades na carta. Perséfone está ligada aos mistérios do submundo, mas
não pode contá-los para ninguém, precisa manter mistério. A Sacerdotisa nos pede um olhar para nosso
próprio submundo, nossa intuição. Nos pede introspecção, que escutemos nossa voz interior, nossa
sabedoria. As colunas representam nossas luzes e sombras. Ela está parada numa escada, como guardiã do
submundo, mas por uma janela se vê o mundo lá fora. Nos traz a mensagem que podemos (e devemos)
ver o mundo exterior, mas sem esquecermos o caminho de voltar para dentro de nós mesmos, sem nos
desconectarmos do nosso interior, nossos segredos, nossos mistérios. Pode revelar uma atração do
consulente pelo ocultismo, esoterismo e capacidade intuitiva.
Hécate A Lua Hécate é a antiga deusa da Lua. Guarda os portões do submundo, nossas sombras. Diferente de Perséfone
na carta da Sacerdotisa, que está no meio termo, olhando para o mundo exterior e interior, na escada,
Hécate está efetivamente no submundo, no profundo. A carta da Lua fala sobre confusão mental,
armadilhas criadas pelas nossas emoções, ilusão, idealização das pessoas ao nosso redor, o que nos deixa
em “encruzilhadas” e Hécate, como deusa tríplice, traz o convite para que nessas situações, olhe-se para a
situação como um todo, para que a verdade venha a tona. Ela não olha para o reflexo da Lua na água, que
está deformado, mas para frente, para o próprio caminho.
Conclusão:
Se olharmos para nossa vida, nosso passado e presente, vamos identificar várias das situações descritas nesse estudo, dependendo da fase que atravessamos.
É importante uma constante avaliação dos arquétipos que temos em desequilíbrio, para que possamos trabalhar com eles.

Se estivermos passando por um momento de baixa auto estima, dificuldade em receber, ou até mesmo um excesso de vaidade e valorização apenas da
aparência, podemos trabalhar com Afrodite. Se estamos numa fase em que precisamos nos dedicar aos estudos, podemos trabalhar com Atena. Se queremos
mais vigor físico, curtir nossa solitude sem que a mesma se transforme em solidão, podemos nos conectar com Ártemis. Para equilibrar o lado esposa, com
Hera, o lado mãe, Demeter, os ciclos da vida, interior e exterior, equilíbrio entre material e espiritual, luz e sombra, podemos recorrer a Perséfone. Quando
precisamos da orientação da anciã, quando td é sombra e precisamos de uma luz, podemos recorrer a Hécate.

Já pensou em como o trabalho com os arquétipos pode ajudar a transformar sua vida? Fica um convite para essa análise.

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