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O MASSACRE NA ESCOLA EM SUZANO

ASSASSINATOS EM MASSA, PORQUÊ?

Claro que todos ficamos consternados, mais que isso ficamos em


choque. Imediatamente as pessoas se perguntam o porquê, explicações
simplistas e propostas vazias povoam os comentários nas mídias
sociais.
Há quem defenda a hipótese de que os jogos violentos de videogame são
o principal motivo, porém, diversos adolescentes jogam matando
monstros, nazistas e zumbis e não se tornam homicidas. Chegou-se a
falar sobre a segurança nas escolas, essa em especial fica próxima a
uma delegacia e tem ronda policial na entrada e na saída, pois ali
estudam muitos filhos de policiais.
A pior de todas foi o argumento da flexibilização do porte de armas,
então vamos terceirizar para os professores a função da polícia, será
preciso armar e treinar o professores, não será melhor investir em
educação e segurança, para que professores ensinem e a polícia possa
cumprir seu papel a contento?
As razões para o ataque não são claras, as causas são múltiplas, um
conjunto de fatores e não uma causa única. Poderia se uma explicação
simplista como por exemplo acreditar que se tratou de um dia fúria de
mentes atormentadas, porém, precisamos nos ater a outros elementos
como: houve premeditação e incitação ao ódio em comunidades de
internet.
A pesquisa nas redes sociais revelou perfis e comunidades virtuais que
Guilherme e Luiz Henrique pediram dicas no fórum Dogolachan, onde a
prática de crimes violentos e violações são comuns. O fórum foi criado
pelo hacker Marcelo Valle Silveira Mello, o primeiro brasileiro
condenado por racismo na internet.
Um estudo divulgado em 2015 pelo professor de Justiça Criminal da
Universidade do Alabama, Adam Lankford, mapeou 292 ataques dos
chamados atiradores públicos em massa em todo o mundo, entre 1966
e 2012, e revelou informações valiosas sobre esse tipo de crime, que não
é exclusividade dos norte-americanos.
Ele pesquisou: Qual é o perfil dos atiradores? Onde ataques como esses
têm mais chances de explodir? Quais são os países com mais casos e
que características eles têm em comum? E o mais importante: o que
fazer para evitar mais tragédias?
Os Estados Unidos é o primeiro da lista quando se trata de ataques
públicos em massa. Apesar de terem menos de 5% da população
mundial, cerca de 31% de todos os crimes do tipo nos últimos 40 anos
aconteceram dentro de suas fronteiras.
Quando se trata de assassinatos em massa, o sexo masculino é ainda
preponderante (292 atiradores, apenas uma mulher) que em outros
crimes. Segundo Lankford, tanto homens quanto mulheres sofrem
pressão social, mas são eles que reagem com mais violência.

São Paulo - Infelizmente, já virou rotina nos noticiários internacionais


imagens de jovens que abrem fogo em escolas, escritórios, shoppings e
boates, e tiram a vida de até dezenas de pessoas. Mais do que pelo
elevado número de vítimas, os ataques assustam por sua complexidade
e por não ter hora nem lugar para acontecer. Na madrugada do último
domingo (12), o assassino abriu fogo em uma boate gay em Orlando
(EUA) e, além de matar 49 pessoas, causou ferimentos em outras 53.
Depois disso, ele morreu em troca de tiros com a polícia. Um estudo
divulgado em 2015 pelo professor de Justiça Criminal da Universidade
do Alabama, Adam Lankford, mapeou 292 ataques dos chamados
atiradores públicos em massa em todo o mundo, entre 1966 e 2012, e
revelou informações valiosas sobre esse tipo de crime, que não é
exclusividade dos norte-americanos. Qual é o perfil dos atiradores?
Onde ataques como esses têm mais chances de explodir? Quais são os
países com mais casos e que características eles têm em comum? E o
mais importante: o que fazer para evitar mais tragédias? Veja na galeria
algumas descobertas reveladoras sobre os atiradores em massa. Texto
atualizado às 10h46.

Os Estados Unidos realmente são um fenômeno quando se trata de


ataques públicos em massa. Apesar de terem menos de 5% da
população mundial, cerca de 31% de todos os crimes do tipo nos
últimos 40 anos aconteceram dentro de suas fronteiras. Lankford
atribui o grande número de ocorrências a três fatores principais: a
cultura armamentista do país, as tensões sociais e uma frustrante
busca pela fama. Ele ressalta que “81% dos estudantes norte-
americanos dizem que pretendem conquistar um ‘grande trabalho’ até
os 25 anos, 59% imaginam-se melhores financeiramente do que seus
pais e 26% esperam ser famosos em breve. A maior parte deles
infelizmente não vai atingir essas metas”. Após a desilusão de não
conquistar o tão esperado sucesso, alguns desses atiradores veem nos
ataques o único - e talvez mais fácil - caminho para alcançar a fama.

Quando se trata de assassinatos em massa, o sexo masculino é ainda


mais hegemônico do que em outros crimes. Segundo Lankford, tanto
homens quanto mulheres sofrem pressão social, mas são eles que
reagem com mais violência. “Eles percebem essas tensões como uma
ameaça a sua masculinidade e a sua auto-estima, e querem recuperar o
poder que acreditam ser deles por direito”, destaca. O único caso de
mulher registrado pelo estudo ocorreu na Califórnia, em janeiro de
2006. Na ocasião, a funcionária dos correios locais Jennifer San Marco,
de 44 anos, matou um vizinho e seis ex-colegas da unidade de onde fora
demitida. Em seguida, tirou sua própria vida.

Embora a média de vítimas por ataque em massa no mundo seja de


8,23, não existe um limite para os atiradores que, em 55% dos casos, só
interrompem os disparos quando perdem a própria vida - seja por
suicídio, seja por uma intervenção policial. Em julho de 2011, o
empresário norueguês Anders Behring Breivik entrou vestido como
policial em um acampamento de jovens do Partido dos Trabalhadores
na ilha de Utoya, na Noruega, e matou 69 pessoas. Algumas horas
antes, o mesmo atirador havia detonado uma bomba perto da sede do
governo e feito mais 8 vítimas. Um relatório divulgado por psiquiatras
em novembro do mesmo ano diagnosticou o suspeito com “insanidade
mental”, o que aventou a possibilidade de internação em uma clínica.
Mesmo assim, o suspeito foi condenado por unanimidade a 21 anos de
prisão, sentença contra a qual nunca recorreu. Como o conceito de
assassinato público em massa leva em conta apenas as mortes por
disparos, apenas 69 das 77 vítimas do massacre norueguês foram
contabilizadas para a pesquisa de Lankford.

Há uma série de critérios para que um criminoso seja considerado um


atirador em massa. Segundo o FBI, o assassino precisa usar ao menos
uma arma, abrir fogo em um lugar público e matar um mínimo de
quatro vítimas. Além disso, o suspeito não pode estar vinculado a
gangues ou facções, tentativas de roubo, sequestros ou brigas
familiares.

As vítimas desse tipo de ataque são aleatórias e raramente têm uma


relação pessoal direta com o infrator, o que torna o crime quase tão
imprevisível e danoso quanto atentados terroristas. “É possível que uma
pessoa limite seus riscos pessoais de muitas formas no dia a dia, mas
quase todo mundo vai para a escola, para o trabalho e para lugares
públicos”, lembra Lankford.

Os lugares onde o atiradores mais atacam no mundo são prédios


comerciais (20% dos casos), ambientes militares (17%) e escolas (11%).
Em geral, os ataques acontecem em locais que representam “barreiras
sociais” para eles.

Uma das principais conclusões do estudo, afirma Lankford, é a de que o


número de assassinatos em massa em um país está vinculado a suas
taxas de armamento. Todos os primeiros cinco países do Smalls Arms
Survey - índice internacional de países com mais armas de fogo - estão
também no top 15 de casos de ataques em massa.

Muitos são tão bloqueados e têm uma saúde mental tão fraca que não
conseguiriam levar adiante as relações necessárias para adquirir armas
de fogo por outros métodos, a saúde mental é a principal causa desse
tipo de homicídio.
A relação entre crimes comuns de homicídio e assassinatos em massa é
contraintuitiva. Em alguns dos países onde as taxas de homicídio são
mais altas, como Venezuela, Nigéria e México, o número de casos
desses tipo é extremamente baixo. O que explica esse quadro, para
Lankford, é o diferencial de perfil dos assassinos em massa. “Esse
atirador tem normalmente problemas mentais ou é suicida, enquanto a
maioria dos agressores normais não é”.

Quando pessoas postam seus pensamentos [nas redes sociais] no meio


da noite, depois de terem bebido alguns drinques, não é apenas
preconceitos que elas revelam. Elas também expõem a profundidade de
sua dor, os sintomas de sua doença mental, as tensões que ameaçam
consumi-las, ou os sinais de que cometerão um crime horrível.

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