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º 72/2021)
Qual é o bem jurídico previsto pelo 169.º, n.º 1 do CP?
Prof. FP: autonomia para a dignidade;
Prof. Reis Alves: interesse geral da sociedade na preservação da moral sexual e do
ganho honesto;
Prof. Mota Pinto: exploração de uma pessoa por outra;
Prof. Pinto de Albuquerque: liberdade sexual da pessoal que se dedica à prostituição;
Prof. Anabela Miranda Rodrigues: 169º/1 - moral sexual; 169º/2 - liberdade de
autodeterminação sexual;
Prof. Augusto Silva Dias: sentimento geral de pudor e de moralidade
Do lado dos arguidos ver a fundamentação que levam ao tribunal para arguirem a
inconstitucionalidade do preceito? - condicionamento da consciência pessoal e liberdade de
escolher a profissão; violação do 18º nº2 - necessidade penal (haveria outras formas de tutelar
o bem jurídico); violação de exigência de lei certa (os tipos devem ser descritos de forma
rigorosa e detalhada para apreender o desvalor da ação e bom jurídico tutelado) e principio da
legalidade; bem jurídico é principio constitucional implícito (não há possibilidade de
materializar um bem jurídico tutelado) FD: partir do bem jurídico enquanto padrão critico,
olha-se para a letra do 169º nº1 e tentar identificar um bem jurídico - não se consegue.
MFP: a partir das 4 etapas conclusivas- importa o bem jurídico (constrói-o a partir da
dignidade da pessoa humana); os princípios (necessidade da pena lato sensu); e o argumento
criminológico (nos estudos que existem, as mulheres e homens que se prostituem fazem por
necessidade e não por escolha, são explorados e espancados, e o ordenamento jurídico não
pode tolerar esses comportamentos).
CONCLUSÕES:
C, D, F, E, G não seriam suscetíveis de responsabilidade jurídico-penal – não exploram o
outro como o artigo 169º proíbe. Dúbio poderia ser o G, que vive do amor da prostituta e que
recebe o dinheiro que lhe dá, mas face à forma da hipótese, não faz com que o seu
comportamento potencie à prática do ato descrito.
A e B- discussão responsabilidade jurídico-penal- em 98 retirou-se a exigência de exploração
da situação de abandono ou da necessidade económica (era necessário que o MP fizesse
prova disso, o que era muito difícil). A partir daqui havia uma presunção legal que gerou
problemas (há que fazer uma interpretação restritiva da norma porque senão era
inconstitucional- ex: a viúva endinheirada que tem atos sexuais por diversão gerava
responsabilidade por parte dos proprietários do bar). Veio-se admitir uma contraprova.
-De acordo com a jurisprudência fixada do TC (MFP)- artigo 169º/1 relativamente a F e C; e
169º/2, al. d) eventualmente quanto a D, mas não quanto a E, que não se prostituía, sendo que
depois ainda seria de discutir se existiria apenas um crime de lenocínio (concurso de
normas/unidade de lei) ou tantos crimes de lenocínio quantas as pessoas exploradas (concurso
efetivo);
- Paulo Pinto de Albuquerque: admite aplicação do 169º nº1, mas exige interpretação
constitucional restritiva com prova adicional do elemento típico implícito da <exploração da
necessidade económica e social= da vítima prostituta;
- Seguindo FD + AMR + MJA + CA + Ac. TC 134/2020: 169º nº1 será inconstitucional, pelo
que só o artigo 169º nº2 poderia operar, eventualmente quanto a D. Portanto, no caso de F e C
3 169º nº1, não pode gerar responsabilidade. No caso de D- a fragilidade económica pode
caber na letra do 169º nº1. Seguindo a linha de que o artigo é inconstitucional, A e B não
poderiam ser responsabilizados quanto a ninguém, exceto quanto a D partindo do pressuposto
que ela era explorada (155º nº1 b)- vulnerabilidade).