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Prof.

Gustavo Paulinelli

Departamento de Engenharia de Controle e


Automação e Técnicas Fundamentais

Escola de Minas

Universidade Federal de Ouro Preto

Efeitos do Ruído no Ser Humano


O ouvido humano é o mais sofisticado sensor acústico existente.

É fundamental o conhecimento sobre como funciona o sistema auditivo para


que se compreenda a deterioração desse sistema por exposição prolongada
ao ruído.

Ruído é um tipo de som que está associado a algo desagradável e


indesejável.

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O Ouvido Humano
Externo Médio Interno

Fonte: VIEIRA, 2008


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O Ouvido Humano
Ouvido Externo: Composto por pavilhão auditivo (orelha), canal
auditivo e tímpano.

Fonte: VIEIRA, 2008


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O Ouvido Humano
Ouvido Médio: Composto por três ossículos: o MARTELO, que liga
o tímpano à BIGORNA, que por sua vez está ligada ao ESTRIBO,
que também conecta-se a uma membrana da cóclea chamada
janela oval. Também estão presentes a Trompa de Eustáquio e o
tensor do tímpano.

Fonte: VIEIRA, 2008


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O Ouvido Humano
Ouvido Interno: A cóclea tem o formato espiral cônico e possui três
dutos lado a lado. Dois desses estão conectados ao ouvido médio
através das Janelas Oval e Redonda, que são preenchidos por um
fluido chamando de Perilinfa. O duto central é chamado de Duto
Coclear e é preenchido por um fluido chamado de Endolinfa.

Fonte: VIEIRA, 2008


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O Ouvido Humano
Vídeos (www.youtube.com):

How The Ears Works (http://www.cochlea.org/en)

How the Human Hear Works (Siemens)

Auditory Transduction (Brandon Pletsch)

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O Ouvido Humano

Fonte:
2015/1VIEIRA, 2008 8
O Ouvido Humano
Diretividade do pavilhão auditivo e da Função de Transferência da
Cabeça (Head-Related Transfer Function – HRTF) como um todo

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O Ouvido Humano
Diretividade do pavilhão auditivo e da Função de Transferência da
Cabeça (Head-Related Transfer Function – HRTF) como um todo

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O Ouvido Humano

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O Ouvido Humano

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O Ouvido Humano
O duto auditivo pode ser aproximado por um duto cujas condições
de contorno são aberto (pavilhão auditivo) e fechado (tímpano).

λ
= 0,025
4

λ = 0,1m

c 343
≈ 25 mm f1 = = = 3430 Hz
λ 0,1
Fonte:
2015/1VIEIRA, 2008 13

O Ouvido Humano
Os componentes do ouvido médio permitem:

1. Realizar o casamento de impedância entre o ouvido externo


e o interno, com intenção de aumentar a pressão na janela oval
(momento).

2. Proteger o mecanismo de audição:


Trompa de Estáquio: equaliza pressão estática;
Tensor do tímpano: “fuzível” contra sons muito intensos.

Tensor do
Tímpano

Trompa de
Eustáquio
2015/1 Fonte: VIEIRA, 2008
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Mecanismo de Audição

As ondas sonoras percorrem o ouvido externo até atingir o tímpano,


provocando vibrações que são transmitidas pelos ossícolos do ouvido
médio à janela oval, que por sua vez transmite ondas de pressão no
fluido presente no interior da cóclea.

No ouvido interno, a pressão dinâmica gerada pela janela oval


percorre todo o duto superior e inferior até encontrar a janela redonda.
Nesse processo, as paredes do duto coclear (central) estimulam as
membranas internas, das quais se destaca a membrana basilar.

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Mecanismo de Audição
A membrana basilar é uma “estrutura” de aproximadamente 32 mm.
Possui uma distribuição de rigidez e massa que variam ao longo de seu
comprimento de modo a perceber frequências distintas em posições
distintas de seu comprimento.

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Mecanismo de Audição
Membrana basilar

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Mecanismo de Audição
O movimento relativo entre a membrana Basilar e a membrana Tectória
excitam as células ciliadas, que transmitem os sinais às células
nervosas e posteriormente ao cérebro.

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Mecanismo de Audição
A capacidade do sistema auditivo em perceber diferentes frequências e
diferenciá-las está associada ao comportamento tonotópico
(identificação localizada de tons) da membrana basilar.

A capacidade do sistema auditivo em identicar níveis diferentes de


amplitudes para cada tom (ou frequência) está associada ao fato de que
em uma mesma região da membrana basilar, uma quantidade maior de
neurônios são excitados para sons com intensidade maior, o que está
relacionado à elevada faixa dinâmica que o sistema auditivo consegue
perceber.

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Mecanismo de Audição
Vídeos (www.youtube.com):

How The Ears Works (http://www.cochlea.org/en)

How the Human Hear Works (Siemens)

Auditory Transduction (Brandon Pletsch)

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Ruído e Perda de Audição
Qualquer perda de
sensibilidade auditiva é
considerada perda de
audição.

A perda de audição tem


um fator natural, relativo ao
envelhecimento do ser
humano (alguns modelos
fazem diferença entre
homens e mulheres).

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Ruído e Perda de Audição


A perda de audição, no entanto, pode ser agravada pela exposição a
altos níveis de ruído por um período prolongado.

O primeiro efeito fisiológico de exposição a níveis altos de ruído é a


perda de audição temporária na faixa de 4 a 6 kHz. O nível original do
limiar de audição é recuperado com o passar do tempo.

Entretanto, se a exposição ao ruído é repetida antes da completa


recuperação, a perda temporária da audição pode tornar-se
permanente, não somente na faixa de frequências de 4 a 6 kHz, mas
também abaixo e acima desta faixa.

As células ciliadas, neste caso, são danificadas e o processo da perda


de audição passa a ser irreversível.
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Ruído e Perda de Audição
Nos últimos 30 anos, dados sobre o efeito do ruído no corpo humano
foram compilados:

 Dilatação da pupila;

 Aumento do rítimo cardíaco;

 Aumento da produção de hormônio na tireóide;

 Contração do estômago e abdômen;

 Reações musculares;

 Contração dos vasos sanguíneos;

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Ruído e Perda de Audição


Os efeitos dessas alterações aparecem em forma de mudança de
comportamento:

 Nervosismo;

 Fadiga mental;

 Frustração;

 Prejuízo no desempenho do trabalho;

 Dificuldades mentais e emocionais;

 Irritabilidade;

 Altas taxas de ausência ao trabalho.


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Ruído e Perda de Audição
Os seguintes fatos são confirmados pela maioria das pesquisas
realizadas sobre perda de audição relacionada a altos níveis de ruído:

 A função mais importante do ouvido é entender a conversa humana

 Dificuldade significativa na recepção de som ocorre para perdas


maiores que 25 dB (valor médio nas frequências de 500 Hz, 1 kHz e 2
kHz).

 Exposição a níveis de pressão sonora abaixo de 80 dB(A) (para 90%


da população) não causa dificuldade na sensação e interpretação do
som.

 A perda de audição por exposição a níveis acima de 80 dB(A)


depende da distribuição dos níveis com o tempo de exposição e da
susceptibilidade do indivíduo.
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Curvas de Ponderação
Variação no nível Percepção da
(dB) variação
3 Perceptível

5 Diferença notável

10 Duas vezes

15 Grande mudança

20 Quatro vezes

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Curvas de Ponderação

Relativo a
perdas
auditivas

Frequência de
ressonãncia do
2015/1 duto auditivo
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Curvas de Ponderação
Loudness (Audibilidade):

 Refere-se à percepção da intensidade do som

 Unidade: Sone ou Phon

 Métrica padronizada (ISO 532B)

 Considera efeitos de mascaramento domínio da frequência

 Aplicado para ruídos de banda larga complexos que podem incluir


tons puros

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Curvas de Ponderação
Cuvas de igual audibilidade de tons puros

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Curvas de Ponderação
 1 Phon é equivalente a 1 dB em 1000 Hz

 1 Sone corresponde à intensidade sonora provocada por um tom


puro de 1 kHz com nível de pressão sonora 40 dB

 1 Sone refere-se, portanto, a 40 Phons

 A escala Sone é baseada na observação de que um aumento de 10


Phons causa uma percepção de relativa ao dobro da audibilidade.

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Curvas de Ponderação
Curva de igual
audibilidade de 40
dB normalizada
em 0 dB a 1 kHz

Curva de igual
audibilidade de 40
dB invertida e
comparada a curva
de ponderação A

2015/1 31

Curvas de Ponderação
Curvas de Ponderação:

Escala A: Assemelha-se à resposta do ouvido humano nos níveis


médios mais usuais. É a escala mais utilizada. Dada em dB(A).

Escala B: Utilizada para análise de alto-falantes e sistemas de reforço


sonoro. Está em desuso. Dada em dB(B)

Escala C: Assemelha-se à resposta do ouvido humano em níveis muito


elevados. Inclui efeito maior de frequências mais baixas. Utilizado para
avaliação de ruído industrial. Dada em dB(C)

Escala D: Utilizada para ruído de aeronaves. Também está caindo em


desuso. Dada em dB(D)

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Curvas de Ponderação
≈ 100 Phons

≈ 40 Phons

≈ 70 Phons

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Psicoacústica
A avaliação do ruído é altamente subjetiva.

Existem fatores subjetivos que influenciam a avaliação do ruído pelo


indivíduo: capacidade auditiva, aspectos culturais, condições
emocionais, condições locais.

O ser humano costuma classificar a sensação de ruído por adjetivos


pelos quais os aparelhos de medição de ruído não são capazes de
detectar ou identificar.

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Psicoacústica
Na tentativa de explorar essa subjetividade, tornou-se necessário
buscar novas ferramentas as quais possam traduzir de forma mais
eficiente a relação ruído e audição (ou som e audição).

Psicoacústica
Estuda a transformação da pressão sonora no ouvido externo em
impulso nervoso pelo ouvido interno, e parte do processamento do
cérebro.

Trata dos limites auditivos, limiares de dor, percepção da intensidade e


da frequência do som, mascaramento, e os efeitos da audição binaural
(localização das fontes, efeito estéreo, surround, etc.)

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Psicoacústica
Mascaramento em frequência

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Psicoacústica
Mascarador
O Mascaramento temporal
dependo dos intervalos de
tempo e das amplitudes do
som mascarador e do som
Mascarado
mascarado. Pode ser avaliado
em dois extremos:
t
20 a 30 ms Quando o som mascarado
inicia-se entre 20 e 30 ms após
cessado o mascarador;
Mascarador
Quando o som mascarado
inicia-se menos de 10 ms
Mascarado
antes do som mascarador.

t
2015/1 < 10 ms Fonte: VIEIRA, 2008
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Psicoacústica
Algumas métricas foram desenvolvidas na tentativa de traduzir em
valores numéricas as percepções subjetivas.

A Audibilidade (Loudness) foi a primeira métrica desenvolvida.

Outras foram desenvolvidas a partir desta:

Aspereza (Roughness): Avalia a modulação do som em


médias frequências (20 a 300 Hz);

“Agudeza” (Sharpness): avalia a composição espectral que


diferencia um tipo de fonte da outra;

Força da flutuação (Fluctuation Strength): Avalia a modulação


em baixas frequências (abaixo de 20 Hz)
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Referências
GERGES, S. N. Y. Ruídos e vibrações veiculares.
Florianópolis: S.N.Y. Gerges, 2005. 732p
VIEIRA, Maurílio Nunes. Experimentos em Acústica. Notas
de aula da disciplina. Departamento de Física, ICEx, UFMG.
2008.

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