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a) Conchas – ou cornetos
1. Anteriormente: narina;
2. Superiormente: o teto nasal é formado por uma fina placa óssea,
denominada lâmina crivosa, ou cribriforme. Nessa região, emergem as
terminações nervosas do nervo olfatório – I par craniano. Essa fina
placa óssea é vulnerável a fraturas em casos de trauma
cranioencefálico, sendo, por isso, uma das principais regiões de
fístulas liquóricas pós-traumáticas; geralmente está associada a
hiposmia por lesão das fibras nervosas;
3. Lateralmente: separando a fossa nasal da órbita, encontra-se a
lâmina papirácea. Por ser muito delgada, é a principal via de
disseminação de infecções dos seios da face para as órbitas,
principalmente em crianças;
4. Posteriormente: cóana, onde ocorre a transição com a faringe.
Pode ser sítio de malformações congênitas – imperfurações coanais.
Legenda: (A) concha inferior; (B) seio maxilar; (C) órbita; (D) concha média.
Figura 1.5 - Meato médio, visualizado após remoção das conchas média e inferior
Legenda: (A) ducto frontal drenando para o meato médio; (B) bula etmoidal (célula
etmoidal anterior); (C) seio esfenoidal; (D) projeção do ducto lacrimonasal; (E) hiato
semilunar, região de drenagem dos seios maxilar, frontal e etmoidal anterior.
1.1.4 Cóana
Trata-se da abertura posterior da fossa nasal, delimitada pelo septo
nasal medialmente, assoalho nasal inferiormente e toro tubário
lateralmente.
1.1.5 Vascularização nasal
A vascularização nasal provém de ramos das carótidas externa e
interna.
1. Artéria carótida externa: fornece a maior parte da irrigação nasal
por meio de 2 ramos:
a) Artéria esfenopalatina: penetra as fossas nasais
posteriormente à concha inferior e vasculariza boa parte das
fossas nasais;
b) Artérias angular e labial superior: seus ramos terminais
vascularizam principalmente o vestíbulo e a pirâmide nasal.
2. Artéria carótida interna: fornece irrigação complementar das
fossas nasais por meio de 2 ramos – artérias etmoidais anteriores e
posteriores.
Figura 1.6 - Origem das artérias nasais e convergência para zona de Kiesselbach
Figura 1.8 - Bulbo olfatório e distribuição de suas fibras pela cavidade nasal
Fonte: site Human Anatomy Body.
1.1.7 Rinofaringe
Localizada posteriormente às cóanas e anteriormente à coluna
cervical, já não faz mais parte da cavidade nasal. Três estruturas
destacam-se nessa região: a adenoide, ou tonsila faríngea, o óstio
tubário e o recesso retrotubário, ou fosseta de Rosenmüller (Figura
1.9).
1.1.7.1 Estruturas da rinofaringe
Fonte: (A) Ilustração Claudio Van Erven Ripinskas; (B) Acquired cilia dysfunction in chronic
rhinosinusitis, 2016.
Figura 1.13 - Equalização da pressão na orelha média e na fossa nasal após a abertura da
tuba auditiva
Nota: à esquerda está representada a orelha média e à direita, a fossa nasal. Observar
que, na situação inicial, a pressão na cavidade nasal era maior do que a pressão na orelha
média.
Fonte: Ilusmedical.
a) Canais semicirculares
d) Cóclea
Figura 1.17 - Vias percorridas pela estimulação sonora até atingir o sistema nervoso
central
Fonte: elaborado pelos autores.
#IMPORTANTE
O nervo facial deve ser identificado durante
cirurgias de ouvido, de forma a evitar lesão e
paralisia facial periférica.
1.3.2 Laringe
A laringe localiza-se na linha média cervical, anteriormente ao
esôfago, superiormente à traqueia e inferiormente à hipofaringe.
Suas funções são proteção da via aérea, respiração e fonação.
1.3.2.1 Cartilagens da laringe
Legenda: (A) abdução das pregas vocais no movimento inspiratório; (B) adução das
pregas durante a fonação (expiração) – (1) glote; (2) pregas vocais; (3) epiglote; (4)
comissura anterior; (5) aritenoides; (6) comissura posterior.
Fonte: Nerthuz.
As imagens obtidas com janelas para partes moles são úteis para a
visualização de tumores e patologias não ósseas da região. No
entanto, fornecem menos detalhes anatômicos. Os cortes sagitais
auxiliam na visualização do seio frontal e de seu óstio de drenagem.
Figura 2.3 - Tomografia computadorizada de seios paranasais normal
Legenda: (1) órbita/globo ocular; (2) seio maxilar; (3) septo nasal; (4) corneto inferior; (5)
infundíbulo maxilar; (6) célula etmoidal infraorbitária (Onodi); (7) concha média; (8) etmoide;
(9) lâmina cribriforme; (10) lâmina papirácea.
Figura 2.9 - Tomografia computadorizada de pescoço, corte axial, janelas de partes moles,
com uso de contraste intravenoso
Legenda: (1) corpo da mandíbula; (2) músculo gênio-hióideo; (3) músculo milo-hióideo; (4)
corno menor do osso hioide; (5) glândula submandibular; (6) corno maior do osso hioide;
(7) veia jugular externa; (8) artéria carótida externa; (9) artéria carótida interna; (10) veia
jugular interna; (11) corpo de C4; (12) lâmina de C4; (13) espinha de C4; (14) pilar articular;
(15) forame intervertebral; (16) músculo trapézio; (17) músculo esternocleidomastóideo;
(18) faringe; (19) epiglote; (20) valécula; (21) prega glossoepiglótica medial; (22) corpo do
osso hioide.
Legenda: (A) audiometria por via aérea – o fone é colocado no canal auditivo e o som
percorre, na sequência, conduto auditivo, membrana timpânica, cadeia ossicular, cóclea,
nervo auditivo; (B) audiometria por via óssea – o diapasão é colocado junto ao osso
temporal, e a vibração sonora é transmitida diretamente à cóclea e, em seguida, ao nervo
auditivo.
Nota: observe que os menores sons detectáveis pela orelha direita são marcados por
círculos vermelhos, enquanto a orelha esquerda é marcada por um “X” azul. Há, também,
uma reta marcando o limiar da normalidade. Considera-se que há alguma perda auditiva
quando a detecção do som ocorre em intensidades maiores que 25 dB.
Fonte: adaptado de Improving detection of adolescent hearing loss, 2011.
3.1.2 Pericondrite
1. Definição: infecção bacteriana da cartilagem e do pericôndrio do
pavilhão auditivo;
2. Etiologia: em geral, ocorre após trauma com solução de
continuidade com o meio externo ou pelo uso de brincos ou piercings.
Também pode ocorrer como evolução de otites externas. Os principais
agentes são os germes da pele (Streptococcus, Staphylococcus) e
Pseudomonas aeruginosa;
3. Quadro clínico: hiperemia, dor e edema do pavilhão auricular de
rápida evolução, após trauma local;
4. Diagnóstico: eminentemente clínico;
5. Tratamento: deve ser feito de forma agressiva, com
antibioticoterapia oral (ciprofloxacino), associada a corticoterapia oral
(prednisona, dexametasona). Em casos de formação de abscesso,
deve ser drenado, e devem ser mantidos dreno e curativo
compressivo. Deve-se, também, considerar o uso de pomadas com
antibióticos na região da laceração traumática.
Fonte: Otite externa difusa aguda: um estudo prospectivo no verão do Rio de Janeiro,
2004.
Fonte: adaptado de Malignant External Otitis with Multiple Cranial Nerve Palsies: The Use
of Hyperbaric Oxygen, 2004.
3.1.7 Otomicose
1. Definição: infecção do CAE causada por fungos;
2. Agentes: dos gêneros Candida spp. e Aspergillus spp.;
3. Quadro clínico: desde pouco sintomático, como, por exemplo,
prurido isolado, até com sintomas mais intensos. À otoscopia,
observam-se os filamentos fúngicos, de coloração variável;
4. Tratamento: gotas tópicas contendo antifúngicos e limpeza local por
aspiração. Deve-se evitar umidade local até a resolução do quadro.
3.1.8 Miringite bolhosa
1. Definição: infecção na camada externa, epitelial, da Membrana
Timpânica (MT), formando bolha pela delaminação dessas camadas,
contendo secreção serosa em seu interior;
2. Etiologia: ainda não está totalmente elucidada, mas acredita-se que
seja decorrente de infecção viral pós-Infecção das Vias Aéreas
Superiores (IVAS) ou bacteriana, sendo possivelmente os mesmos
agentes da Otite Média Aguda (OMA);
3. Quadro clínico: intensa otalgia, geralmente unilateral, após IVAS.
Febre e outros sintomas gerais geralmente não são observados.
Observam-se hipoacusia e plenitude e, ao exame físico, bolha com
conteúdo líquido na MT, com hiperemia local e CAE preservado;
4. Diagnóstico: eminentemente clínico. Audiometria pode evidenciar
perda condutiva ou mista – transitória;
5. Tratamento: proteção contra umidade, antibioticoterapia com
claritromicina ou eritromicina, e corticoterapia oral e tópica.
#IMPORTANTE
As principais características da otosclerose são
perda auditiva condutiva de caráter progressivo,
sexo feminino, piora após gestação e fixação do
estribo na janela oval.
Quadro 3.3 - Patologias não infecciosas do ouvido
3.2.3 Traumas
Os traumas do osso temporal são divididos, didaticamente,
conforme segue.
3.2.3.1 Trauma do conduto auditivo externo
1. Mecanismo de trauma: geralmente secundário a uso de hastes de
algodão ou corpos estranhos;
2. Quadro clínico: dor intensa e sangramento, sem alteração da
acuidade auditiva. O exame físico evidencia laceração do conduto
auditivo e MT íntegra;
3. Tratamento: proteção contra umidade, gotas tópicas contendo
antibióticos e analgesia (Figura 3.9).
a) Longitudinal
b) Transversa
Legenda: (A) MT normal; (B), (C) e (D) – diferentes estágios de otite média aguda.
3.4.4.4 Labirintites
Legenda: (A) estreita tábua óssea, tegmen tympani, que separa a meninge da orelha
média – área destacada; (B) tomografia computadorizada coronal da orelha direita, em
janela óssea: observar o – teg – delgado tegmen tympani, o – ttt – tendão do músculo
tensor do tímpano e a – coch – cóclea.
3.4.4.7 Abscessos
#IMPORTANTE
Paciente em uso de medicação com potencial
ototoxicidade deve ser avaliado continuamente.
Caso apresente zumbido, suspende-se a
medicação imediatamente.
Figura 3.23 - Audiometria em surdez súbita com curva normal acima – orelha direita – e
sinais de disacusia neurossensorial severa abaixo – orelha esquerda
Quadro 3.8 - Patologias da orelha interna
3.6 SURDEZ NA INFÂNCIA
1. Definição: a surdez infantil bilateral permanente é definida como
perda auditiva bilateral caracterizada por limiares auditivos superiores
a 40 dB no melhor ouvido, considerando as frequências de 500, 1000,
2000 e 4000 Hz;
2. Quadro clínico: varia de acordo com a idade da criança e momento
de início da doença. Em linhas gerais, crianças com déficit auditivo
apresentam retardo no desenvolvimento da fala, dificuldade de
aprendizado e concentração, ausência de resposta a comandos
verbais e desenvolvimento de hábitos e sinais que facilitem a
comunicação com os pais e familiares. Nos casos de surdez leve, a
palavra é percebida pela criança, apesar de alguns fonemas lhe
escaparem. Na surdez moderada, a criança ouve sons intensos, porém
não os discrimina; na surdez severa ou profunda, a palavra não é
entendida, o que praticamente impede a comunicação verbal;
3. Etiologias:
a) Hipoacusias neurossensoriais de causa genética:
Congênitas;
Displasias:
Michel;
Mondini;
Scheibe.
Surdez neurossensorial genética congênita não associada a
malformações;
Surdez neurossensorial genética congênita associada a
malformações:
Dismorfias cranianas – Crouzon;
Dismorfias das extremidades – Wildewanck;
Anomalias de pigmentação – Waardenburg;
Doenças oftalmológicas – Usher-Hallgren;
Doenças cardíacas – Jervell e Lange-Nielsen.
Patologia tireóidea – Pendred;
Aberrações cromossômicas – trissomias e monossomias;
Síndrome do aqueduto vestibular largo;
Fístula perilinfática congênita;
Pós-natais;
Surdez neurossensorial genética pós-natal não associada a
malformações;
Surdez neurossensorial genética pós-natal associada a
malformações:
Doenças metabólicas – mucopolissacaridoses;
Malformações oftalmológicas – Cockayne;
Doenças renais (Alport, Fanconi);
Malformações esqueléticas (Klippel-Feil);
Doenças neurológicas (neurofibromatose).
b) Hipoacusias neurossensoriais de causa não genética:
Pré-natais:
Ototóxicos durante a gravidez:
Aminoglicosídeos;
Diuréticos;
Talidomida;
Álcool.
Infecções congênitas: sífilis, toxoplasmose, rubéola,
citomegalovírus e herpes (STORCH);
Outras causas:
Hemorragias do primeiro trimestre;
Deficiências vitamínicas;
Hormonoterapia;
Irradiação pélvica.
Perinatais:
Icterícia neonatal grave;
Baixo peso, menos de 1.500 g, e prematuridade;
Asfixia perinatal;
Traumatismo do parto;
Pós-natais:
Infecções:
Labirintite;
Meningite;
Parotidite;
Sarampo;
Traumatismos cranianos;
Traumatismos sonoros;
Fármacos ototóxicos;
Neoplasias – neurinoma de acústico, leucemias;
Doenças metabólicas como hipotireoidismo e diabetes;
Doenças autoimunes;
Surdez súbita idiopática.
4. Diagnóstico: além da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU),
discutida adiante, os métodos diagnósticos se baseiam na realização
de BERA com pesquisa de limiar auditivo, uma vez que esse teste
independe da resposta voluntária do indivíduo. Em crianças a partir
dos 5 anos de idade, pode-se tentar executar a audiometria tonal
condicionada;
5. Tratamento: além de tratar a causa base, deve-se testar AASI e
fonoterapia, além de educação especial.
3.7.1.1 Diagnóstico
#IMPORTANTE
Na vertigem posicional paroxística benigna, o
principal canal acometido é o posterior. Como
manobra diagnóstica, cita-se a de Dix-Hallpike,
e de reposicionamento, as de Epley e Semont.
3.7.3 Neuronite vestibular
1. Definição: processo inflamatório agudo do ramo vestibular do NC
VIII, de etiologia indefinida;
2. Quadro clínico: vertigem dramática, súbita, com sintomas
neurovegetativos, com duração de dias e normalmente sem sintomas
auditivos. IVAS pode preceder ou acompanhar a doença;
3. Diagnóstico: baseia-se no quadro clínico. A RNM pode evidenciar
hipersinal do VIII par craniano, secundário a processo inflamatório
agudo. A audiometria pode estar normal ou mostrar disacusia
neurossensorial de graus variáveis;
4. Tratamento: feito com sintomáticos – depressores labirínticos, como
dimenidrinato – e corticoterapia. A melhora é gradual e geralmente
definitiva.
3.8.2 Meningiomas
1. Definição: são o segundo tipo mais comum de tumor com origem
no ângulo pontocerebelar. Originam-se de células da dura-máter e da
subaracnoide;
2. Quadro clínico: quando surgem do CAI, podem ter sintomas
idênticos aos de um tumor do VIII par;
3. Diagnóstico: os achados audiométricos são semelhantes aos dos
schwannomas. A diferenciação entre schwannoma e meningioma é
feito baseado na RNM e na TC. Em paciente com disacusia
neurossensorial unilateral ou assimétrica, considera-se a possibilidade
de tumores retrococleares. O teste de triagem inicial é o BERA;
4. Tratamento: excisão cirúrgica é o tratamento de escolha.
3.9.6 Tratamento
É realizado com radioterapia, embolização arterial e cirurgia.
Quadro 3.11 - Tumores de osso temporal
3.10.1 Causas
A principal causa de PFP é a paralisia facial de Bell, cuja etiologia não
é totalmente elucidada, porém acredita-se que alguns vírus, como o
herpes I e o Epstein-Barr, estabeleçam uma infecção persistente –
ou latente – sem sintomas. Com isso, ocorre uma neurite
inflamatória que leva ao edema do nervo facial, levando à inibição,
lesão ou morte do nervo.
1. Quadro clínico: o paciente queixa-se da PFP de início súbito. Ao
exame, observa-se desvio da musculatura facial para o lado não
acometido; esse desvio se acentua ao sorrir e assoviar. O fechamento
palpebral pode estar incompleto ou ausente no lado afetado, o que
permite a observação de desvio do globo ocular do lado paralisado ao
piscar os olhos. É o chamado sinal de Bell;
2. Diagnóstico: a paralisia de Bell é unilateral e idiopática, ou seja, um
diagnóstico de exclusão. Todas as possíveis causas devem ser
descartadas, como trauma do osso temporal e neoplasias. Exames de
imagem como RNM devem ser feitos nos casos de PFP quando se
suspeita de patologias não Bell – tumores. A audiometria pode mostrar
limiares auditivos preservados. No entanto, o reflexo estapediano pode
estar abolido;
3. Tratamento: o uso de corticosteroides, como a prednisolona, em
altas dosagens, é notadamente o principal medicamento efetivo. A
associação a aciclovir oral também pode ser feita, porém os estudos
não são consensuais quanto ao seu emprego. A maioria tem bom
prognóstico, com retorno à normalidade em algumas semanas ou
meses após o surto.
4.1 LARINGITES
As laringites podem ser classificadas em agudas, com duração de até
15 dias, ou crônicas, com duração de mais de 4 semanas. Os adultos
geralmente têm, como queixa, a disfonia; nas crianças, a
sintomatologia normalmente é estridor e dispneia, pois as
dimensões do órgão são menores.
4.1.1 Infecciosas
As infecções agudas ocorrem com febre e comprometimento das vias
aéreas, sendo mais prevalentes na infância. As crônicas geralmente
têm a dor e a rouquidão como sintomas predominantes e são mais
frequentes em adultos.
4.1.1.1 Agudas
b) Supraglotite adulta
Figura 4.2 - Estreitamento subglótico da laringe com sinal “da torre de igreja”
Fonte: Learning Radiology
d) Traqueíte bacteriana
e) Coqueluche
a) Tuberculose
1. Definição: trata-se de uma das principais causas de doença
granulomatosa laríngea. Pode ocorrer por via hematogênica ou
linfática, originando-se de sítios primários distantes;
2. Quadro clínico: o principal sintoma é a rouquidão persistente,
seguida por tosse e dor de garganta. Com a progressão, afeta
caracteristicamente bandas ventriculares e supraglote, causando
disfagia e odinofagia;
3. Diagnóstico topográfico: seu sinal mais sugestivo é a cordite
unilateral (Figura 4.3);
Figura 4.3 - Cordite unilateral em prega vocal esquerda causada por tuberculose laríngea,
indicada por seta
c) Leishmaniose
a) Estenose subglótica
b) Atresia
Fonte: Combined endoscopic and open approach in treating congenital laryngeal web,
2015.
a) Pós-intubação
Legenda: (E) Epiglote; (H) osso hioide; (T) banda ventricular; (S) prega vocal; (K)
cartilagem cricoide; (IL) laringocele interna; (AL) laringocele externa.
Fonte: Radiopaedia.
Fonte: Medscape.
Figura 4.23 - Ressonância magnética mostrando higroma cístico indicado por setas
Nota: observar as septações na face lateral do pescoço.
Legenda: (A) acesso por cervicotomia anterior; (B) dissecção do cisto; (C) exérese da
porção medial do hioide; (D) ligadura do ducto tireoglosso residual.
4.7.7 Hemangiomas
Os hemangiomas são as neoplasias de cabeça e pescoço mais comuns
na infância. Embora sejam predominantemente localizados em
superfícies cutâneas, podem ser vistos também em mucosas e
vísceras.
Cerca de 1 terço dos hemangiomas já está presente ao nascimento,
mas tipicamente é notado durante o primeiro mês de vida e aumenta
progressivamente durante o primeiro ano.
Os métodos diagnósticos de escolha são a RNM e a ultrassonografia
(USG).
Em relação ao tratamento, a terapia conservadora é regra para sua
maioria, mas a observação está indicada para o possível
desenvolvimento de complicações. Cerca de 10% a 20% dos
hemangiomas podem demandar outras opções de tratamento.
Figura 4.26 - Hemangioma de face lateral do pescoço
4.9 FARINGOTONSILITES
As faringotonsilites, ou anginas, são doenças inflamatórias e
infecciosas envolvendo faringe, tonsilas palatinas –amígdalas – e
tonsilas faríngeas – adenoides. Constituem um dos distúrbios mais
frequentes nos consultórios médicos e pronto atendimentos.
4.9.1 Imunologia
As tonsilas são órgãos linfoides secundários compostos
primariamente por linfócitos, localizados na entrada da via aérea.
Apresentam função de captação, processamento de antígeno e
resposta primária, além de produção de anticorpos, mais
especificamente a IgA, principalmente entre os 4 e 10 anos. A
involução do tecido linfoide tende a ocorrer após a puberdade. Em
relação aos anticorpos, a adenotonsilectomia cursa com redução
inicial dos níveis de IgG e IgA séricos principalmente no primeiro
mês pós-operatório. Após 3 meses, tais níveis já se restabeleceram.
Essa variação não é suficiente para causar imunossupressão no
indivíduo.
As faringotonsilites são clinicamente classificadas em:
1. Amigdalite aguda: o quadro é de início rápido e sintomas
evidentes;
2. Amigdalite recorrente: segundo a American Academy of
Otolaryngology – Head and Neck Surgery, amigdalite recorrente é
definida como 7 episódios de amigdalite em 1 ano, 5 episódios por ano
em 2 anos consecutivos ou 3 episódios por ano em 3 anos
consecutivos;
3. Amigdalite crônica: o quadro é de dor faríngea persistente,
frequentemente associada a cálculos, ou cáseos, em tonsilas;
4. Hiperplasia amigdaliana: ocorre aumento volumétrico de
amígdalas por hiperplasia do órgão, com obstrução nasal, roncos e
apneia.
Figura 4.29 - Tomografia de pescoço com contraste, janela de partes moles e corte axial
5.1 RINOSSINUSITES
As rinossinusites correspondem ao processo inflamatório da mucosa
nasossinusal e podem ser classificadas, de acordo com a sua
etiologia, em infecciosas – viral, bacteriana ou fúngica –, ou não
infecciosas – alérgica, vasomotora ou química; e, pelo tempo de
evolução, em agudas, até 4 semanas, subagudas, 4 a 12 semanas, ou
crônicas, mais de 12 semanas. Os conceitos aqui discutidos tomam
por referência o Consenso “Rinossinusites: evidências e
experiências” de 2015 da Associação Brasileira de
Otorrinolaringologia.
5.2 RINOSSINUSITE AGUDA
1. Definição: a rinossinusite aguda (RSA) corresponde ao processo
inflamatório agudo da mucosa nasal e dos seios paranasais com até
12 semanas;
2. Fisiopatologia: as secreções produzidas nos seios da face fluem
pela ação ciliar através dos óstios e drenam para a cavidade nasal.
Distúrbios que interferem nessa fisiologia favorecem a ocorrência de
sinusites agudas;
3. Fatores associados: os principais fatores associados à RSA são:
a) Ambiente: exposição a umidade, poluição, produtos químicos;
b) Anatômicos: principalmente obstrução do óstio de drenagem
por edema na mucosa ou presença de lesões oclusivas locais
(pólipos, tumores, desvios septais, corpo estranho); hiperplasia
adenoidiana;
c) Lesão ciliar: ocorre por perda de células epiteliais ciliadas;
toxinas virais, bacterianas ou ambientais; mediadores
inflamatórios; pH baixo, tabagismo e drogas;
d) Discinesia ciliar primária: distúrbio genético autossômico
recessivo caracterizado por discinesia ciliar e cursa com
rinossinusite crônica (RSC) e episódios de agudização;
e) Doenças crônicas: diabetes, asma e doenças
cardiovasculares.
4. Classificação:
a) RSA viral ou resfriado comum: condição autolimitada com
duração dos sintomas menor que 10 dias;
b) RSA pós-viral: definida quando há piora dos sintomas após 5
dias de doença ou quando os sintomas persistem por mais de 10
dias de doença;
c) RSA bacteriana (RSAB): uma pequena porcentagem dos
pacientes com RSA pós-viral (0,5 a 2%) pode evoluir com RSAB.
5. Agentes etiológicos:
a) Virais: as infecções virais do trato respiratório superior são o
fator de risco mais importante para o desenvolvimento de sinusite
bacteriana aguda;
b) Bacterianos: 2 terços dos pacientes com sinusite aguda
apresentam pelo menos 1 espécie bacteriana patogênica em
aspirados sinusais, enquanto 1 terço dos pacientes tem múltiplas
espécies bacterianas predominantes. Os patógenos mais comuns
são, em ordem decrescente, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis;
c) Outros: Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus e
anaeróbios são encontrados em menos de 10% dos pacientes.
6. Quadro clínico e diagnóstico: o Consenso afirma que “a RSA
pode ser diagnosticada com base apenas nos sintomas, sem exame
otorrinolaringológico detalhado e/ou exames de imagem”. O
diagnóstico de sinusite aguda é feito com base na presença de 2 ou
mais dos seguintes sintomas:
a) Obstrução, congestão nasal;
b) Secreção nasal, rinorreia anterior ou posterior – mais
frequentemente, mas não obrigatoriamente purulenta;
c) Dor, pressão facial, cefaleia;
d) Distúrbio do olfato.
7. A possibilidade de se estar diante de uma RSAB é maior na
presença de 3 ou mais dos sinais e sintomas a seguir:
a) Secreção nasal, presença de pus na cavidade nasal com
predomínio unilateral;
b) Dor local com predomínio unilateral;
c) Febre > 38 °C;
d) Deterioração, piora dos sintomas após o período inicial de
doença;
e) Elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e
proteína C reativa (PCR).
8. No exame físico, geralmente se observa:
a) Rinoscopia anterior: presença de secreção purulenta uni ou
bilateral;
b) À oroscopia observa-se secreção mucopurulenta pela
orofaringe (sinal “da vela”);
c) Febre.
9. Exames complementares:
a) PCR ou VHS: quando elevadas estão associadas a RSAB,
podendo ser usadas como critério diagnóstico;
b) Endoscopia nasal: não é um exame obrigatório, porém fornece
informações importantes sobre a condição atual da doença
(Figuras 5.1 e 5.2);
c) Tomografia Computadorizada (TC) de face: deve ser realizada
em situações específicas, principalmente em suspeita de
complicações;
d) Radiografia de face: não deve ser solicitado.
10. Tratamento: O tratamento das sinusites leves ou quadros iniciais
deve ser feito com sintomáticos corticoides nasais e lavagem nasal
com solução fisiológica, uma que vez a maioria dos quadros é de
etiologia viral e autolimitada.
a) Antibióticos: estão indicados nos casos de RSAB moderada ou
grave e nos casos de RSAB leve que não apresentam melhora
com o tratamento inicial;
b) A amoxicilina é o antibiótico de primeira escolha, sendo a
claritromicina uma opção. Se houver indícios de resistência ao
tratamento ou história de tratamento prévio, pode-se optar por
amoxicilina + clavulanato, cefalosporinas de segunda ou de
terceira geração ou quinolonas. Outros tratamentos adjuvantes,
além do corticoide nasal, serão explicitados na sequência;
c) Corticoides orais: apresentam eficácia no tratamento
sintomático;
d) Lavagem nasal com soluções salinas isotônicas ou
hipertônicas: apresentam benefício controverso no tratamento da
RSA, mas devem ser indicados;
e) Descongestionantes orais e tópicos: podem ser utilizados como
medicações sintomáticas, mas não estatisticamente mudam a
evolução da doença.
5.2.1.1 Orbitárias
É a principal complicação das rinossinusites agudas, favorecida pela
fina lâmina óssea que separa o seio etmoidal da órbita.
Anatomicamente, há o periósteo interno da órbita que,
anteriormente, na região palpebral, é denominado septo palpebral.
Esse septo tem especial importância na classificação das
complicações, sendo aquelas em que a infecção se estende para a
região palpebral anterior ao septo denominadas complicações pré-
septais e são as menos severas, enquanto as complicações que
atingem a órbita ou seio cavernoso tendem a ser mais graves. Tal
avaliação é feita com TC de seios da face
Quadro 5.1 - Classificação de Chandler para complicações da rinossinusite
a) Tratamento
Figura 5.7 - Tumor de Pott: osteomielite de osso frontal secundário a sinusite, com
fistulização e extravasamento de conteúdo purulento para espaço subperiosteal
5.3.1.6 Mucoceles
Figura 5.11 - Mucocele frontoetmoidal direita, com erosão da tábua anterior do frontal e
herniação externa
Fonte: site World Articles in Ear, Nose and Throat.
Legenda: (1) mucocele; (2) paredes mediais do seio maxilar; (3) parede lateral do seio
maxilar; (4) arcada dentária.
Fonte: site World Articles in Ear, Nose and Throat.
Figura 5.15 - Obliteração sinusal bilateral com massa heterogênea com áreas de
radiopacidade
c) Mucormicose
Figura 5.20 - Endoscopia da fossa nasal direita mostrando o contato do septo nasal com o
corneto inferior
O tratamento deve levar em consideração a presença de sintomas
obstrutivos relacionados ao desvio septal. A simples existência de
desvio septal não indica a cirurgia. Esse procedimento é executado
quando o desvio contribui significativamente para a ocorrência de
obstrução nasal.
5.6 CISTO DE RETENÇÃO MUCOSO
Trata-se de obstrução inflamatória de glândulas seromucinosas,
causando retenção de muco, que afeta principalmente o seio maxilar
(Figura 5.21).
Acomete de 10 a 15% da população geral e seu diagnóstico
geralmente é feito por meio de radiografia de face ou radiografias
panorâmicas de mandíbula. Normalmente, não possui
sintomatologia, devendo-se apenas fazer seguimento. Caso haja
sintomatologia, realiza-se exérese.
Figura 5.21 - Tomografias computadorizadas coronais de seios da face mostrando cistos
maxilares, indicados por setas
5.7 EPISTAXES
A epistaxe é definida como o sangramento proveniente da mucosa
nasal. Estima-se que cerca de 60% da população adulta já
apresentou ao menos 1 episódio, em sua maioria autolimitado. Mais
de 90% decorrem de sangramento na região septal anterior –
Kiesselbach ou Little.
5.7.1 Fatores etiológicos
1. Sistêmicos: hipertensão arterial é principal causa de epistaxe
severa, além de coagulopatias e doenças hematológicas. O uso de
medicamentos anticoagulantes e antiagregantes plaquetários também
pode ocasionar epistaxe;
2. Locais: traumas como fraturas nasais ou manipulação digital,
infecções de vias aéreas superiores, inalação de ar frio e seco,
quadros alérgicos nasais, introdução de corpos estranhos na fossa
nasal, perfuração ou desvio septal. Em pacientes idosos a fragilidade
dos pequenos vasos sanguíneos pode facilitar seu rompimento em
picos hipertensivos.
5.9.1.2 Nasoangiofibroma
Figura 6.2 - Observe a distribuição das glândulas salivares menores por toda a mucosa
palatal e faríngea
Fonte: adaptado do site earthslab.com.
6.1.3 Sialolitíase
A sialolitíase é uma condição em que uma massa calcificada, ou
sialolito, se forma dentro de uma glândula salivar; 80% dos cálculos
aparecem na glândula submandibular, 19% na parótida e 1% na
sublingual, e 75% dos pacientes estão entre a quinta e a oitava
década de vida; entretanto há casos entre crianças.
A causa da formação de cálculos é desconhecida, mas alguns fatores
podem estar associados, como estase salivar ou lesão e inflamação
do epitélio do ducto.
Na sialolitíase, 80% dos cálculos aparecem na
glândula submandibular, e são fatores de risco
desidratação, estenose de ducto, estase salivar
e processos inflamatórios crônicos do epitélio
do ducto.
1. Sialadenite aguda:
a) Tratamento clínico: hidratação, antibióticos oral ou parenteral,
compressas quentes e massagem, sialogogos;
b) Tratamento cirúrgico: incisão e drenagem ou excisão da
glândula em casos refratários a antibióticos; considerar drenagem
em casos com formação de abscesso.
2. Cálculos salivares:
a) Tratamento clínico: hidratação, compressão e massagem,
antibióticos para a glândula infectada;
b) Tratamento cirúrgico: canulação do ducto com remoção de
pedra, excisão da glândula em caso recorrente.
Figura 6.5 - Tomografia computadorizada de pescoço evidenciando cálculo – seta azul –
em ducto de glândula submandibular esquerda – seta vermelha
a) Quadro clínico
6.2.2 Diagnóstico
É feito por meio de biópsia. Uma vez confirmado o diagnóstico,
deve-se realizar o estadiamento da lesão primária e avaliar a
possibilidade de metástases a distância.
6.2.2.1 Estadiamento
Segundo o manual da AJCC (1992), a classificação do carcinoma
espinocelular (CEC) de cavidade oral segue os critérios relacionados
a seguir.
1. Tumor primário (T):
a) Tx: in situ, diagnosticada;
b) T1: ≤ 2 cm;
c) T2: 2 a 4 cm;
d) T3: > 4 cm;
e) T4: invasão de estruturas adjacentes.
2. Nódulos linfonodais (N):
a) Nx: não diagnosticada;
b) N0: sem adenopatia;
c) N1: único ipsilateral de até 3 cm;
d) N2a: único ipsilateral de 3 a 6 cm;
e) N2b: nódulos múltiplos ipsilaterais de até 6 cm;
f) N2c: nódulos bilaterais ou contralaterais de até 6 cm;
g) N3: nódulos > 6 cm.
3. Metástases (M):
a) Mx: não diagnosticada;
b) M0: sem metástases;
c) M1: metástase a distância.
6.3.3 Diagnóstico
É feito por biópsia local. Radiografia panorâmica de mandíbula pode
mostrar infiltração neoplásica.
6.3.4 Tratamento
O tratamento é eminentemente cirúrgico, com exérese da lesão,
removendo margens. Deve-se considerar manter a função de
vedamento labial, bem como da fala. Está indicada radioterapia após
cirurgia.
6.4 NEOPLASIAS DE NASOFARINGE
O carcinoma de nasofaringe (nasopharyngeal carcinoma – NPC)
apresenta um dos piores prognósticos entre os tumores malignos de
cabeça e pescoço. As razões para isso são a proximidade da base do
crânio e de outras estruturas vitais, a natureza invasiva do tumor, o
crescimento em espaço vazio – rinofaringe –, causando sintomas
em estágios avançados. O início se dá tipicamente em torno da tuba
auditiva – na fosseta de Rosenmüller – ou no rebordo da cóana,
desenvolvendo-se em sentido à própria tuba e em direção à base do
crânio. O crescimento para a orofaringe e as fossas nasais é raro.
Figura 6.11 - Lesão tumoral na nasofaringe vista em endoscopia (seta)
6.4.3.1 Estadiamento
6.4.4 Tratamento
O tratamento primário consiste na radioterapia, com bons
resultados tardios, porém com índice relativamente alto de
complicações, como xerostomia, otite serosa e hiposmia.
Paciente do sexo masculino,
72 anos, trabalhador rural,
tabagista de 50 maços-ano,
etilista regular, com lesão
verrucosa hiperemiada em
borda lateral esquerda da
língua há 40 dias. Pode-se
iniciar tratamento empírico
com antibioticoterapia oral
e corticoterapia tópica?
Quadro de lesão verrucosa hiperemiada em borda lateral
esquerda, com características proliferativas, em paciente
com fortes fatores de risco, é indicativo de CEC de cavidade
oral. Apesar do diagnóstico diferencial de doença
infecciosa, devemos inicialmente proceder à biópsia da
lesão descrita antes de planejar o tratamento.