Você está na página 1de 16

Application Notes: BGP

Treinamento sobre o protocolo de roteamento L3 BGP


Parecer
Introdução
Sistemas Autônomos
Unindo-se à Rede
Prefixos ou Rotas?
Outro atributos
Políticas de Roteamento
Externo e Interno
Desenvolvimento
Básico: dois roteadores, dois AS
Configurações
Testes
Trânsito indevido?
Configurações
Testes
Ajustes
Balanceamento de tráfego
Configurações
Testes
Considerações Finais
Application Notes: BGP
Treinamento sobre o protocolo de roteamento L3 BGP
Documento de Uso Público. Data 01/03/2010, Revisão 1.1

Parecer
Introdução
Sistemas Autônomos
Unindo-se à Rede
Prefixos ou Rotas?
Outro atributos
Políticas de Roteamento
Externo e Interno
Desenvolvimento
Básico: dois roteadores, dois AS
Configurações
Testes
Trânsito indevido?
Configurações
Testes
Ajustes
Balanceamento de tráfego
Configurações
Testes
Considerações Finais

Parecer
Este documento apresenta o leitor ao Border Gateway Protocol, responsável pelo roteamento na Internet
atual. Serão listados aspectos técnicos teóricos e práticos, através da utilização deste protocolo na família
DmSwitch.

Introdução
Para facilitar o entendimento desta Introdução, são apresentados tópicos em subseções. Recomenda-se a
leitura atenta e na ordem, para melhor compreensão.

Será abordado o BGP, Border Gateway Protocol, que utiliza-se do algoritmo de vetor distância para
calcular a melhor rota a um determinado prefixo. Inicialmente é demonstrada a aplicação prática deste
protocolo e seu uso no dia-a-dia, e através do estudo prático os conceitos são analisados internamente.

DATACOM 2 Documento de Uso Público


Ao término será possível compreender tanto o protocolo, sua aplicação real, quanto a configuração
necessária.

Sistemas Autônomos
Na Internet existem diversas organizações independentes que possuem como objetivo comunicarem entre
si, através desta rede de computadores. São exemplos destas organizações os provedores, carriers,
empresas de grande porte, universidades, entre outras. Como cada entidade é administrativamente
independente, existe um conceito técnico para possibilitar a construção da rede como um todo: o
Autonomous System (AS), chamado Sistema Autônomo em tradução livre para o Português.

Cada organização que assim desejar pode solicitar um AS ao órgão regulador em sua região geográfica.
Estas entidades e suas regiões de atuação são delegadas pela IANA (Internet Assigned Numbers
Authority) e suas filiadas por região do globo. A divisão auxilia para ajustar para as necessidades de cada
região, como os requisitos técnicos e financeiros.

Ao receber o seu número AS, a empresa pode então pedir blocos IP a serem alocados para seu uso. Com
estes blocos e o número do AS é possível então que um provedor seja contratado para oferecer acesso
desta empresa ao resto da rede.

Obviamente, o processo não é para muitos: poucos passam pela análise técnica necessária para a obtenção
do AS. Felizmente, pois o AS originalmente possui apenas 16 bits, totalizando menos de 65536 entradas
realmente disponíveis. Não será abordado o AS4, evolução para utilizar 32 bits.

Unindo-se à Rede
Ao realizar a contratação com o provedor, que a partir de agora nos referiremos como uplink, o novo AS
pedirá para ter acesso ao BGP - um serviço adicional à conexão. A sessão BGP será estabelecida entre os
roteadores, que estarão na borda dos AS. Aí se explica o nome do Protocolo de Roteadores de Borda.

Com a sessão BGP estável, o roteador do novo AS enviará os seus blocos e receberá os prefixos que seu
uplink assim desejar enviar. Caso sejam enviados todos os prefixos conhecidos na Internet, este será um
full routing. Em Outubro/2009 este valor está em aproximadamente 301.000 prefixos únicos. Qualquer
valor diferente do total será considerado partial routing, a não ser que seja enviada apenas a rota default,
chamado simplesmente de default-only routing.

Caso o novo AS não conecte-se a outros uplinks, o ideal é que receba apenas a default para economizar
memória de seu roteador. Conforme forem contratados outros provedores para BGP, pode-se aumentar o
número de prefixos a serem recebidos.

Prefixos ou Rotas?
Importante ressaltar aqui o termo prefixos. Um prefixo é um endereço IP e sua respectiva máscara no
formato VSLM (Variable Length Subnet Mask), por exemplo:

DATACOM 3 Documento de Uso Público


Rede: 192.168.1.0
Máscara: /24, ou 255.255.255.0

Analisando estas informações na forma binária (separando em grupos de 1 bits)

Rede: 1100 0000 1010 1000 0000 0001 0000 0000


Máscara: 1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000

Sabe-se que os hosts desta rede podem estar apenas alocados através dos bits
de máscara marcados com 0. Logo, seriam válidos entre 192.168.1.0 até 192.168.1.255.

Alterando a máscara desta rede, obtem-se um prefixo diferente:

Rede: 192.168.1.0
Máscara: /25, ou 255.255.255.128

Em binário:

Rede: 1100 0000 1010 1000 0000 0001 0000 0000


Máscara: 1111 1111 1111 1111 1111 1111 1000 0000

É importante ressaltar que estes são prefixos diferentes, pois referem-se a


espaços distintos de endereçamento.

A rede 192.168.1.0/25, é um outro prefixo. Este conceito é importante pois caso se recebam dois anúncios
BGP para um mesmo prefixo porém com caminhos (AS Path ou gateway) diferentes têm-se duas rotas
distintas.

É costume falar em rotas, pois é como o hardware internamente trabalhará. A divisão ocorre também
conceitualmente, na definição de RIB e FIB. A Routing Information Base, base das informações de
roteamento, é onde estão todos os prefixos recebidos e suas devidas rotas. Após a escolha da(s) melhor(es)
rota(s), deriva-se a Forwarding Information Base, que será efetivamente utilizada pelos chips (ASIC) de
comutação para atingir as melhores taxas de encaminhamento dos pacotes. Importante ressaltar que em
geral escolhe-se uma única rota por prefixo, a não ser em casos especiais como no uso do ECMP (Equal
Cost Multipath, não aprofundado neste documento).

Outro atributos
Além de comunicar os prefixos, suas rotas, e seus next-hop, o BGP ainda informa outros atributos. São
alguns:

prefixo e máscara;
next-hop (roteador destino, não necessariamente quem comunicou a rota);
AS path completo;
preferência local pela rota;
comunidades;
protocolo (para uso no MP-BGP).

DATACOM 4 Documento de Uso Público


Especialmente importante saber que o next-hop da rota não é necessariamente quem anunciou o prefixo,
pois é um erro comum de configuração não colocar o atributo next-hop-self na comunicação com o
vizinho.

O AS path completo serve internamente ao protocolo para evitar loops na informação de roteamento. Por
padrão, ignora-se qualquer prefixo que já possua o AS local no AS path. Desta forma, é seguro que um
prefixo local não será trafegado por um caminho externo.

A preferência local (local-preference) é uma configuração que afeta dentro de um mesmo AS qual a
importância que uma rota sobre as outras. Pode inclusive sobrepor o cálculo original, que basea-se no
menor AS path.

Políticas de Roteamento
O BGP, assim como os outros protocolos de roteamento, serve para anunciar as rotas dos seus vizinhos
(neighbors) para os outros. Porém, no o caso deste novo AS sendo ativado: ele comprou conexão de outros
dois provedores independentes. Se não configurar nenhuma política de roteamento, seu precioso link
poderia estar sendo saturado pelo tráfego entre um provedor e outro. Sim, o novo provedor estaria sendo
usado como caminho por aqueles que deveriam fornecer os caminhos.

Para evitar isso existem as já citadas políticas de roteamento. Elas consistem em limitar quais prefixos
e/ou caminhos um roteador anuncia para seus vizinhos. Outros fabricantes chamam esta técnica de Policy
Based Routing (PBR).

No caso o provedor deve configurar para que apenas o seu prefixo e/ou seu AS sejam anunciados em cada
link, e (opcionalmente) filtrar tráfego de saída quando a origem for diferente dos blocos que ele possui.
Estas configurações serão apresentadas passo-a-passo ao longo da seção de Desenvolvimento.

Externo e Interno
Ao longo da Introdução foram exemplificados apenas os casos do BGP como protocolo de roteamento
externo, o dito eBGP (e para external). Existe também o iBGP (internal), que é muito útil para sua
utilização dentro de um mesmo AS. A diferença é mais sútil do que apenas a utilização de AS diferentes
ou não, partindo para cálculos internos tais como manutenção de atributos das rotas, diferenciação para
saída, etc.

O iBGP é especialmente útil em backbones conectados de forma full-mesh, todos-com-todos, ou no


formato route server, onde N (em geral, 2) roteadores servem como ponto de encontro para outros M
(geralmente, mais do que 3) roteadores.

A escolha do iBGP varia por muitos critérios técnicos, e por tratar de uma gama diferente de opções não
será trabalhada nesta apresentação.

DATACOM 5 Documento de Uso Público


Desenvolvimento
A seção de Desenvolvimento está demonstrada de forma incremental para melhor compreensão dos
conceitos introduzidos.

Básico: dois roteadores, dois AS


O aprendizado da base do BGP necessita apenas dois roteadores, cada um operando um AS diferente. O
equipamento nomeado uplink-1, possui uma configuração baseada no endereço da interface loopback e
anuncia suas rotas mais uma rota default. O outro, nomeado cliente, apenas possui uma configuração
mínima.

Configurações
Por serem de segmentos de rede diferente, recomenda-se não utilizar uma VLAN tagged. Neste exemplo
será criada uma VLAN com IP e configuração untagged na porta entre os equipamentos. Depois esta
VLAN será colocada em uma instância única de vlan-group para evitar que protocolos como STP ajam.

Para efeitos práticos, considerar as configurações abaixo a partir da default-config.

A lista dos atributos sendo configurados segue abaixo.


VLAN utilizada no ponto-a-ponto: 10
Endereçamento IP: 10.0.0.0/30 (.1 uplink-1, .2 cliente)
Portas utilizadas: 1/1 no uplink-1 (DM4001), 1/28 no cliente (DmSwitch3324F2)
AS: 1 (uplink-1) 65000 (cliente)

IPs interface loopback: 100.0.0.1/32 (uplink-1)

O uplink-1 comunica-se através da loopback 0, que é conhecida no cliente via


rota estática. Existe a configuração de ebgp-multihop para que a conexão seja
estabelecida com a loopback remota. O uplink está anunciando uma rota default
apenas.

DATACOM 6 Documento de Uso Público


Ambos os roteadores estão reescrevendo as rotas anunciadas colocando-se como
next-hop. O soft-reconfiguration inbound auxilia para atualizações mais dinâmicas
no protocolo, sem necessitar um clear ip bgp a cada mudança de configuração.

Roteador uplink-1
configure
hostname uplink-1
ip routing
interface loopback 0
ip address 100.0.0.1/32
interface vlan 10
set-member untagged ethernet 1/1
ip address 10.0.0.1/30
interface ethernet 1/1
switchport native vlan 10
description Cliente
interface vlan 1
no set-member ethernet 1/1
end
configure
vlan-group 10
vlan-group 10 vlan 10
router bgp 1
bgp router-id 100.0.0.1
neighbor 10.0.0.2 remote-as 65000
neighbor 10.0.0.2 next-hop-self
neighbor 10.0.0.2 soft-reconfiguration inbound
neighbor 10.0.0.2 update-source 100.0.0.1
neighbor 10.0.0.2 default-originate
end

Roteador cliente
configure
hostname cliente
ip routing
interface vlan 10
set-member untagged ethernet 1/28
ip address 10.0.0.2/30
interface ethernet 1/28
switchport native vlan 10
description Uplink-1
interface vlan 1
no set-member ethernet 1/28
end
configure
vlan-group 10
vlan-group 10 vlan 10
ip route 100.0.0.1/32 10.0.0.1
router bgp 65000
neighbor 100.0.0.1 remote-as 1
neighbor 100.0.0.1 next-hop-self

DATACOM 7 Documento de Uso Público


neighbor 100.0.0.1 soft-reconfiguration inbound
neighbor 100.0.0.1 ebgp-multihop 2
neighbor 100.0.0.1 update-source 10.0.0.2
end

Testes
Com estas configurações já é possível observar que a sessão BGP está estabelecida e que o cliente recebe
uma rota. O uplink não está recebendo rotas do cliente pois este ainda não configurou um network ou
redistribute.

Estado do BGP no uplink-1


uplink-1#show ip bgp summary
BGP router identifier 100.0.0.1, local AS number 1
0 BGP AS-PATH entries
0 BGP community entries

Neighbor V AS MsgRcvd MsgSent TblVer InQ OutQ Up/Down State/PfxRcd


10.0.0.2 4 65000 7 9 0 0 0 00:05:01 0

Total number of neighbors 1


uplink-1#show ip bgp
No BGP network exists

Total number of prefixes 0


uplink-1#

Estado do BGP no cliente


cliente#show ip bgp sum
BGP router identifier 10.0.0.2, local AS number 65000
1 BGP AS-PATH entries
0 BGP community entries

Neighbor V AS MsgRcvd MsgSent TblVer InQ OutQ Up/Down State/PfxRcd


100.0.0.1 4 1 2 4 0 0 0 00:05:02 1

Total number of neighbors 1


cliente#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 10.0.0.2
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 0.0.0.0 100.0.0.1 0 1 i

Total number of prefixes 1


cliente#

DATACOM 8 Documento de Uso Público


Trânsito indevido?
Considere agora que o cliente deseja contratar mais um link. O novo fornecedor, chamado uplink-2,
enviará apenas as rotas marcadas com a comunidade 2:100, arbritrada pelo provedor em questão.

A primeira diferença da configuração apresentada no uplink-2 para as configurações demonstradas


anteriormente é a criação de route-maps. Um mapeamento de rotas, por assim dizer, é um conjunto de
regras que será aplicado nas rotas existentes na RIB antes destas serem processadas.

Cada route-map recebe um nome e um número, que será a ordem de execução da mesma (sequencial, do
menor para o maior). Ou seja, route-maps de mesmo nome fazem parte de um mesmo grupo.

Uma rota frente a um route-map tem comportamento lógico: o resultado da comparação pode ser
verdadeiro ou falso. É com a resposta lógica que o route-map agirá: uma rota com resultado verdadeiro
em um route-map de deny será negada.

A complexidade no uso dos route-maps está quando utilizando-se de casos não previstos. Quando uma
rota não dispara dos itens do grupo de route-map, ela será considerada contra a primeira regra de
route-map. Ou seja, uma rota que não seja considerada para nenhum deny estará automaticamente marcada
como permit. Casos práticos serão apresentados no decorrer do texto.

Configurações
A lista dos atributos sendo configurados segue abaixo.
VLAN utilizada no ponto-a-ponto: 20
Endereçamento IP: 20.0.0.0/30 (.1 uplink-2, .2 cliente)
Portas utilizadas: 1/1 no uplink-2 (DM4001), 1/27 no cliente (DmSwitch3324F2)
AS: 2 (uplink-2) 65000 (cliente)

O uplink-2 comunica-se diretamente através da interface conectada, sem uso de


loopback. O uplink-2 está anunciando três rotas, geradas localmente e marcadas
com comunidade.

Ambos os roteadores estão reescrevendo as rotas anunciadas colocando-se como


next-hop. O soft-reconfiguration inbound auxilia para atualizações mais dinâmicas
no protocolo, sem necessitar um clear ip bgp a cada mudança de configuração.

Roteador uplink-2
configure
hostname uplink-2
ip routing
interface vlan 20
set-member untagged ethernet 1/1
ip address 20.0.0.1/30
interface ethernet 1/1
switchport native vlan 20
description Cliente
interface vlan 1
no set-member ethernet 1/1
end

DATACOM 9 Documento de Uso Público


configure
vlan-group 20
vlan-group 20 vlan 20
router bgp 2
neighbor 20.0.0.2 remote-as 65000
neighbor 20.0.0.2 next-hop-self
neighbor 20.0.0.2 soft-reconfiguration inbound
end
configure
route-map Cliente_OUT permit 10
set community 2:100
exit
router bgp 2
network 2.0.0.0/8
network 2.0.1.0/24
network 2.0.255.0/24
neighbor 20.0.0.2 route-map Cliente_OUT out
end

Roteador cliente

Esta configuração é no mesmo cliente do exemplo anterior. Alguns pontos da configuração estão
omitidos, utilizar o mesmo setup.
configure
interface vlan 20
set-member untagged ethernet 1/27
ip address 20.0.0.2/30
interface ethernet 1/27
switchport native vlan 20
description Uplink-2
interface vlan 1
no set-member ethernet 1/27
end
configure
vlan-group 20
vlan-group 20 vlan 20
router bgp 65000
neighbor 20.0.0.1 remote-as 2
neighbor 20.0.0.1 next-hop-self
neighbor 20.0.0.1 soft-reconfiguration inbound
end

Testes
Observar que algo não desejável acontece neste exemplo: o cliente, que paga para receber anúncios de
seus provedores, está sendo usado como trânsito entre eles. Comprova-se isso através do show ip bgp nos
roteadores uplink.

uplink-1

DATACOM 10 Documento de Uso Público


uplink-1#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 100.0.0.1
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 2.0.0.0 10.0.0.2 0 65000 2 i
*> 2.0.1.0/24 10.0.0.2 0 65000 2 i
*> 2.0.255.0/24 10.0.0.2 0 65000 2 i

Total number of prefixes 3


uplink-1#

uplink-2
uplink-2#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 10.3.106.5
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 0.0.0.0 20.0.0.2 0 65000 1 i
*> 2.0.0.0 0.0.0.0 0 32768 i
*> 2.0.1.0/24 0.0.0.0 0 32768 i
*> 2.0.255.0/24 0.0.0.0 0 32768 i

Total number of prefixes 4


uplink-2#

O correto é que o cliente não esteja sendo caminho entre os seus fornecedores, logo é necessário que ele
filtre e anuncie apenas as redes geradas em si. A seguir é demonstrado como o cliente deve proceder esta
configuração.

Ajustes
Mediante estes problemas, é necessário ajustar a configuração do cliente. Segue abaixo a correção
necessária através do uso de Políticas de Roteamento. Para exemplo prático, o cliente estará divulgando
apenas bloco que lhe foi alocado: 65.0.0.0/8.

Roteador cliente
configure
ip prefix-list MeusIPs permit 65.0.0.0/8
route-map Uplink_1_OUT permit 10
match ip address prefix-list MeusIPs
exit
route-map Uplink_2_OUT permit 10
match ip address prefix-list MeusIPs
end
configure
router bgp 65000
network 65.0.0.0/8

DATACOM 11 Documento de Uso Público


network 65.0.1.0/24
neighbor 20.0.0.1 route-map Uplink_2_OUT out
neighbor 100.0.0.1 route-map Uplink_1_OUT out
end

Pode ser necessário um clear ip bgp all no cliente para estas alterações entrarem em funcionamento.

Com esta configuração verifica-se que os uplink não estão recebendo outros anúncios além daqueles que
estiverem de acordo com a prefix-list chamada MeusIPs. Se o cliente assim desejar, é possível adicionar
outros prefixos à lista:
configure
ip prefix-list MeusIPs seq 2 permit 65.0.1.0/24
end

Com estas ferramentas já é possível organizar consideravelmente a topologia BGP do provedor. No


uplink-1 tem-se a seguinte visão:
uplink-1#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 100.0.0.1
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 65.0.0.0 10.0.0.2 0 0 65000 i
*> 65.0.1.0/24 10.0.0.2 0 0 65000 i

Total number of prefixes 2


uplink-1#

No cliente ela encontra-se da seguinte forma. Importante ressaltar também as comunidades aprendidas nas
redes 2.0.0.0:
cliente#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 20.0.0.2
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 0.0.0.0 100.0.0.1 0 1 i
*> 2.0.0.0 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 2.0.1.0/24 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 2.0.255.0/24 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 65.0.0.0 0.0.0.0 0 32768 i
*> 65.0.1.0/24 0.0.0.0 0 32768 i

Total number of prefixes 6


cliente#show ip bgp 65.0.0.0
BGP routing table entry for 65.0.0.0/8
Paths: (1 available, best #1, table Default-IP-Routing-Table)
Advertised to non peer-group peers:
20.0.0.1 100.0.0.1
Local
0.0.0.0 from 0.0.0.0 (20.0.0.2)
Origin IGP, metric 0, localpref 100, weight 32768, valid, sourced, local, best

DATACOM 12 Documento de Uso Público


Last update: Thu Jan 1 03:48:11 1970

cliente#show ip bgp 2.0.0.0


BGP routing table entry for 2.0.0.0/8
Paths: (1 available, best #1, table Default-IP-Routing-Table)
Not advertised to any peer
2
20.0.0.1 from 20.0.0.1 (10.3.106.5)
Origin IGP, metric 0, localpref 100, valid, external, best
Community: 2:100
Last update: Thu Jan 1 03:52:43 1970

cliente#

Balanceamento de tráfego
As ferramentas de route-map e prefix-/list vão além da proteção dos anúncios. É possível inclusive ajustar
as escolhas das rotas para criar preferências por onde o tráfego irá passar, tanto para a comunicação
originada no AS quanto aquela destinada à ele.

São os atributos de métrica, preferência local e distância do vetor AS path, bem como escolhas no
comprimento do prefixo, lembrando sempre o longest prefix match.

Neste caso o cliente deseja duplicar o AS path enviado ao uplink-1 e tornar este link menos utilizado para
o tráfego ingressante, porém aumentando a local-pref deste fornecedor para que o tráfego originado
localmente prefira sair por este caminho.

Observar que a route-map de saída (out) já existia com o valor 10, logo esta configuração alterará a
existente, acrescentando a informação de prepend.

Configurações
Roteador cliente

NOTA: o as-path prepend utiliza a lista de AS a fazer concatenação no vetor, e não o número de
vezes de concatenar o AS local. Este comportamento pode variar em outros fabricantes.
configure
route-map Uplink_1_OUT permit 10
set as-path prepend 65000
exit
route-map Uplink_1_IN permit 10
set local-preference 200
exit
router bgp 65000
neighbor 100.0.0.1 route-map Uplink_1_IN in
end

DATACOM 13 Documento de Uso Público


Testes
Como mencionado, o cliente irá preferir aumentar a local-pref para 200 nas rotas aprendidas do uplink-1 e
este irá ver com AS path aumentado as rotas daquele.

cliente
uplink-1#show ip bgp
BGP table version is 0, local router ID is 100.0.0.1
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 65.0.0.0 10.0.0.2 0 0 65000 65000 i
*> 65.0.1.0/24 10.0.0.2 0 0 65000 65000 i

Total number of prefixes 2


uplink-1#

uplink-1
BGP table version is 0, local router ID is 20.0.0.2
Status codes: s suppressed, d damped, h history, * valid, > best, i - internal
Origin codes: i - IGP, e - EGP, ? - incomplete

Network Next Hop Metric LocPrf Weight Path


*> 0.0.0.0 100.0.0.1 200 0 1 i
*> 2.0.0.0 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 2.0.1.0/24 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 2.0.255.0/24 20.0.0.1 0 0 2 i
*> 65.0.0.0 0.0.0.0 0 32768 i
*> 65.0.1.0/24 0.0.0.0 0 32768 i

Total number of prefixes 6


cliente#

Considerações Finais
A introdução inicial e os exemplos demonstrados ao longo deste documento servem para auxílio no uso
básico do BGP. Foram analisados os conceitos teóricos do protocolo, o estabelecimento de sessões com
vizinhos de diferentes níveis (trânsito, peering e clientes downstream), bem como filtragem e
comunidades.

Existem conceitos mais avançados que não foram abordados, por limitação de escopo: router-reflector,
router server, confederações BGP, MP-BGP, entre outros. Estes tópicos são suportados pelo DmSwitch
em sua configuração, porém necessitam de análises teóricos que tornariam este documento de difícil
compreensão.

Com o apresentado no texto é possível um uso completo do BGP para a vasta maioria dos casos existentes
na Internet. Recomenda-se o uso do material sobre BGP da NANOG e do Registro.BR para aprofundar o
conhecimento. A família DmSwitch possui um bom suporte ao protocolo, não sendo um limitador para a

DATACOM 14 Documento de Uso Público


utilização deste em campo.

DATACOM 15 Documento de Uso Público

Você também pode gostar