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1 NTRODUÇÃO

A leishmaniose é uma doenças infecto-parasitárias que acomete o homem,


causadas por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania. A doença
apresenta diferentes formas clínicas, dependentes da espécie de Leishmania e da
relação envolvida entre o parasita e seu hospedeiro. Estes parasitas possuem a
seguinte posição sistemática (LEVINE et al, 1980).
Reino: PROTISTA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Sub-reino: PROTOZOA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Filo: SARCOMASTIGOPHORA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Sub-filo: MASTIGOPHORA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Classe: ZOOMASTIGOPHOREA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Ordem: KINETOPLASTIDA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Sub-ordem: TRYPANOSOMATINA (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Família: TRYPANOSOMATIDAE (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Gênero: Leishmania (ROSS, 1903).
O gênero Leishmania compreende protozoário parasitas, vivendo em hospedeiros
vertebrados e insetos vetores, estes sendo responsáveis pela transmissão dos
parasitas de um mamífero a outro. Nos mamíferos, os parasitas assumem a forma
amastigota, arredondada e imóvel, que se multiplica dentro de células do sistema
monocítico fagocitário. À medida que as formas amastigotas se multiplicam, os
macrófagos se rompem liberando parasitas que são fagocitados por outros
macrófagos. Todas as espécies do gênero são transmitidas pela picada de fêmeas
infectadas de dípteros. Nos flebotomíneos as leishmânias vivem no meio
extracelular, na luz do trato digestivo. Ali, as formas amastigotas, ingeridas durante
o repasto sanguíneo, se diferenciam em formas flageladas. Com raras exceções, as
leishmanioses constituem zoonoses de animais silvestres, como marsupiais,
carnívoros e primatas, cães domésticos e o homem, que representa o hospedeiro
acidental. A inoculação da leishmânia determina lesão cutânea na porta de entrada,
de aspecto pápulo-vesiculoso ou impetigóide, que pode regredir espontaneamente.
A infecção pode continuar sua marcha, surgindo lesões cutâneas disseminadas e
invasão da mucosa nasofaríngea (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
2 GÊNERO LEISHMANIA
O gênero Leishmania é inserido em complexos fenótipos agrupados em dois
subgêneros: Viannia e Leishmania (CARNEIRO, 2014).
2.1 LEISHMANIA (VIANNIA) BRAZILIENSIS
Chamada de Leshmaniose Tegumentar americana ou ulcera de Bauru, como
hospedeiros se tem o cão, homem ou asininos. Sua forma amastigota se encontra
em vertebrados, onde se localiza em elementos histocitários da pele, já nos
invertebrados a temos promastigota no tudo digestivo(FORTES, 2004).
Tem ampla distribuição - leishmaniose cutanea que é frequentemente acompanhada
de lesão nasofaringiana destrutiva (CARNEIRO, 2014).
2.2 LEISHMANIA (VIANNIA) GUYANENSIS
Ulceração simples ou multipla, sem lesão na mucosa (CARNEIRO, 2014).
2.3 LEISHMANIA (LEISHMANIA) AMAZONENSIS
Complexo Mexicana: Raramente no homem, as lesões são cutâneas e únicas.
Encontrada em roedores silvestres (CARNEIRO, 2014).
2.4 LEISHMANIA (LEISHMANIA) CHAGASI OU L. (L) INFANTUM COMPLEXO
DONOVANI
Leishmaniose viceral ou calazar, tem como seus hospedeiros definitivos
(vertebrados), como homens e cachorros, em menor frequência os ovinos, equinos
e roedores silvestres também podem desenvolver esse papel (FORTES, 2004).
Nos vertebrados podemos encontrar o amastigota em células endoteliais dos
capilares das víceras, como fígado e baço, medula óssea, rins, meninges e pulmões
(FORTES, 2004).
3 FORMAS CLINICAS
3.1 LEISHMANIOSE VICERAL
A leishmaniose visceral (LV), ou calazar, é uma doença crônica grave, fatal para o
homem, sua letalidade pode alcançar 10% quando não se faz o tratamento
adequado. É causada por espécies do gênero Leishmania, pertencentes ao
complexo Leishmania (Leishmania) donovani. No Brasil, o agente etiológico é a L.
chagasi (MELO & GONTIJO, 2004).
3.2 LEISHMANIOSE CUTANEA
Leishmania (Viannia) braziliensis: é a espécie mais prevalente no homem e
pode causar lesões cutâneas e mucosas. É encontrada em todas as zonas
endêmicas do País, desde o norte até o sul, estando geralmente associada à
presença de animais domésticos. É transmitida por diferentes espécies de
flebotomíneos como Lutzomyia whitmani, Lu. wellcomei e Lu (GONTIJO &
CARVALHO, 2003).
Leishmania (V.) guyanensis: causa lesões cutâneas. As principais espécies de
flebotomíneos envolvidas na transmissão são a Lu. umbratilis, Lu. anduzei e Lu.
Whitmani (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Leishmania (V.) naiffi: ocorre na Amazônia, tendo o tatu como reservatório natural.
O parasita causa LTA de evolução benigna e seus principais vetores são a Lu.
squamiventris, Lu. paraensis e Lu. Ayrozai (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Leishmania (V.) shawi: responsável por casos no Amazonas e Pará, tem como
reservatórios animais silvestres como macacos, preguiças e procionídeos e como
vetor a Lu. Whitmani (GONTIJO & CARVALHO, 2003).
Leishmania (V.) lainsoni: registrada apenas na Amazônia, tem a paca como animal
suspeito de reservatório natural e como vetor a Lu. Ubiquitalis (GONTIJO &
CARVALHO, 2003).
Leishmania (Leishmania) amazonensis: agente etiológico de LTA, incluindo a forma
anérgica ou leishmaniose cutânea difusa. Seus reservatórios são roedores e
marsupiais e a Lu. flaviscutellata e Lu. Olmeca os principais vetores (GONTIJO &
CARVALHO, 2003).

4 CARACTERISTICAS MORFOLÓGICAS
4.1 FORMA AMASTIGOTA
São estruturas arredondadas, ou ovais e aglomeradas, com cinetoplasto vísivel, um
flagelo indistinguível e é encontrada no vertebrado (CARNEIRO, 2014).
4.2 FORMA PROMASTIGOTA
Tem um corpo alongado, não tem membrana ondulante, cinetoplasto anterior e o
flagelo é livre na extremidade anterior do corpo, está presente no inseto vetor
(CARNEIRO, 2014).
5 CICLO DE VIDA
Depois de ser ingerida por um mosquito palha, o Lutzomyia, a forma amastigota
transforma se em pro-mastigota no intestino do inseto. Ele divide se várias vezes,
por fissão binária, migra para a proboscita do mosquito, e quando ele exerce sua
capacidade hematófaga, inocula em um novo hospedeiro. Em um macrofágo o pró-
mastigota reverte –se em amastigota e repete o processo de replicação (TAYLOR et
al, 2007).
6 PATOGENIA
Na leishmania viceral ou calazar, em cães ela pode causar lesões vicerais ou
cutâneas, essas sendo mais comuns. Pode se passar vários meses ou mesmo anos
para que cães infectados desenvolvam sinais clinicos. A doença é crônica com
baixa mortalidade, embora na sua fase aguda possa ser fatal. A recuperação
depende da expressão apropriada da imunidade celular, caso a imunidade não seja
eficiente, a lesão ativa persiste, causando aumento no baço, fígado e linfonodos,
além de lesões cutâneas permanentes (TAYLOR et al, 2007).
Na leishmania cutânea ou tegumentar americana refere se a forma cutâneo-
mucosa, nas lesões cutâneas terá hiperplasia histiocitária, edema e infiltração
celular e hipertrofia do epitélio, frequentemente essa inflamação evolui para a
necrose, formando uma ulcera, com ou sem infecção bacteriana. Nas lesões
mucosas ocorre metástase na mucosa nasal, formação de nódulos, a úlcera pode
evoluir atingindo e destruindo os ossos e cartilagens do nariz, região palatina e até
mesmo faringe e laringe. Nos cães as lesões são ulcerativas nas orelhas e outras
áreas da pele, as lesões são mucocutâneas erosivas e linfadenomegalia,
hiperqueratose do coxim com onicogrife (CARNEIRO, 2014).
7 SINAIS CLINICOS
O período de latência não é fácil de identificar, e varia, em média semanas, ou
meses. Geralmente há febre, esplenomegalia, ascite, emagrecimento exagerado e
anemia. Há descamação da pele e ulcerações cutâneas. É uma doença crônica com
baixa mortalidade, entretanto sua forma aguda pode e é geralmente fatal (FORTES,
2004).
Na forma Calazar ou viceral em cães, as lesões restringem se a úlceras cutâneas
superficiais, em geral nos lábios ou nas pálpebras, tendo umas recuperação
espontânea. Na forma viceral, os cães parecem estar de óculos, por causa da
alopecia o redor dos olhos, seguindo de forma generalizada a perda de pelos e
eczema, com parasitas presentes na pele do hospedeiro. O animal também
apresenta febre, anemia, caquexia e linfadenopatia. Longos períodos de remissão
dos sinais, são normais, esses podendo ressurgir após um determinado tempo
(TAYLOR et al, 2007).
8 DIAGNÓSTICO
Dependerá da demonstração dos parasitas amastigotas, em esfregaços ou
raspados de pele, ou em uma biópsia de linfonodos, baço ou da medula óssea. Se
os sinais clínicos não forem específicos, a confirmação será difícil. Foram
desenvolvidos PCR e imunocitoquímicos para o uso dessas amostras. Ensaios
sorologicos usando imunofluorescencia, ensaio imunossorvente ligado a enzima e
até mesmo Western blot. Em laboratório especializados pode se fazer culturas e
identificar as espécies por meio de análise isoenzimática e RAPD (TAYLOR et al,
2007).
Além dos sinais clínicos observados, as raspagens e biopsia a Leishmania pode ser
cultivada no meio de N.N.N.A, a inoculação preferencialmente, é feita em hamster
jovem, via peritonial (FORTES, 2004).
9 PATOLOGIA
O baço extremamente aumentado, está congestionado de corpusculos de Malpighi,
o fígado está aumentado com infiltração de gordura de células de Kuppfer.
Macrofágos, mielócitos e neutrófilos da medula ossea estão repletos de parasita. Os
linfonodos no geral estão infartados e a mucosa intestinal infiltrada com macrofágos
cheio de parasitas (TAYLOR et al, 2007).
Na leishmaniose viceral, que é uma reticuloendoteliose, o númerode
reticuloendotelias aumenta e são invadidas por parasitas (TAYLOR et al, 2007).
10 EPIDEMIOLOGIA
A infecção em cães é comum, a transmissão é através do mosquito palha, do
gênero Phlebotomus e Lutzomya. O cão é principal reservatório urbano, com taxas
de infecção de até 20%, e é também a maior fonte de infecção humana.
Provavelmente a maioria dos cãesem áreas endemicas estejam expostos a doença
e desenvolva infecção clínica ou subclínica ou fique imune e resistente (TAYLOR et
al, 2007).
A leishmaniose é diagnosticada em cães em países onde vetores do mosquitos não
ocorra, assim, sugerindo um meio de transmissão desconhecido. A transmissão
vertical também já foi relatada, bem como, por transfusão sanguínea (TAYLOR et al,
2007).
11 TRATAMENTO
Vários fármacos podem ser usados para tratar a Leishmaniose canina. Eles incluem
antimoniais epentavalentes, dos quais o antimonato de meglumina é o principal, que
pode ser usado sozinho ou combinado, em particular alopurinol, que também pode
ser administrado sozinho após tratamento inicial com antimonato de meglumina.
Outros fármacos podem ser utilizados tais como,anfotericina B, pentamidina,
aminosida e cetoconazol (TAYLOR et al, 2007).
A leishmaniose canina é mais resistente ao tratamento do que a leishmaniose
humana; apenas alguns animais são considerados curados e as recidivas são
frequentes. Dentre as drogas indicadas, estão as mesmas que se usam no
tratamento humano. Muitos protocolos apresentam significativa de sucesso em
redução dos sinais clínicos, mas poucos são avaliados quanto à cura dos animais
tratados. O antimoniato de metilglucamina é o medicamento utilizado como primeira
escolha na terapêutica da leishmaniose humana. É eficaz no tratamento da
leishmaniose cutânea, mucocutânea e visceral, provocando uma regressão rápida
das manifestações clínicas e hematológicas da doença, bem como a esterilização
do parasita (SCHIMMING & SILVA, 2012).

12 CONTROLE
Do ponto de vista da saúde pública, a eliminação de cães infectados é
recomendável, entretando muitas vezes inaceitável. Em algumas áreas a redução
do mosquito já é real, graças ao controle do mosquito que transmite a malária. O
controle químico de vetores teve um sucesso insignificante . Uma coleira foi
impregnada com deltametrina, assim, proporcionando certa proteção a cães contra
a picada do mosquito, e parece diminuir a infecção em áreas endemicas (TAYLOR
et al, 2007).
Entre as medidas profilácticas também se inclui o levantamento sorológico de cães
de zonas endêmicas e proceder educação sanitária ao homem (FORTES, 2004).
13 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Existe uma estimativa que existe aproximádamente uma população sob risco de 350
milhões de pessoas, com uma distribuição em 88 países em 4 continentes com uma
prevalência de 12 milhões de casos com 57.000 mortes por ano, e,1,5 milhão de
casos novos por ano (Min Saúde; MS/SVS, SES e SINAN).
90% dos casos de leishmaniose cutânea ocorrem no Afeganistão, Brasil, Iran, Peru,
Arábia Saudita e Síria. Só 100.000 casos em Kabul em 2002, 90% dos casos de
leishmaniose mucocutânea ocorrem na Bolívia, Brasil e Peru (Min Saúde; MS/SVS,
SES e SINAN).
90% dos casos de leishmaniose visceral ocorrem em Bangladesh, Brasil, Índia,
Nepal e Sudão (Min Saúde; MS/SVS, SES e SINAN).
No Brasil a Leishmaniose Cutânea é uma doença de ampla distribuição no território
nacional (N, NE, CO, SE) e os principais agentes são a Leishmania braziliensis, L.
amazonensis, L. guyanensis (Min Saúde; MS/SVS, SES e SINAN).
A Leishmaniose Vicera tem uma distribuição ampla na (N, NE, SE, CO) região NE
que 90% foram na década 90 para 77% anos 2000. Com a urbanização da LV
houve surtos RJ, BH, Araçatuba, Natal, São Luís e Santarém (Min Saúde; MS/SVS,
SES e SINAN).
14 CONCLUSÃO
A Leishmaniose tem grande importância na medicina veterinária e na saúde pública,
por se tratar de uma zoonose endêmica em quase todas as regiões do Brasil, por ter
uma alta incidência, ampla distribuição geográfica e pelo grau de suas lesões e
fatalidade. Medidas profiláticas podem ser usadas para controlar a Leishmaniose,
assim como medidas precoce de tratamento e diagnóstico.
REFERENCIAS
GONTIJO, Bernardo; CARVALHO, Maria De Lourdes Ribeiro De. Leishmaniose
tegumentar americana. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropica,
BELO HORIZONTE, MG, BRASIL, v. 36, n. 1, p. 71-80, jan./fev. 2003. Disponível
em: <http://scielo.br/pdf/rsbmt/v36n1/15310.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2016.
MELO, Maria Norma; GONTIJO, Célia Maria Ferreira. Leishmaniose Visceral no
Brasil. Revista brasileira de epidemiologia, BRASIL, v. 7, n. 3, p. 338-349,
mar./set. 2004. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/rbepid/v7n3/11.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2016.
CARNEIRO, Maria Elisa. Protozoários flagelados. In: MONTEIRO, Silvia Gonzalez.
Parasitologia na medicina veterinaria. São Paulo-SP, Brasil: Roca, 2014. 138-140
p.
FORTES, Elinor. Parasitologia veterinaria. 4 ed. São Paulo-SP, Brasil: Cone,
2004.81-84 p.
TAYLOR, M. A; COOP, R. L; WALL, R. L. Parasitologia veterinaria. 3 ed. São
Paulo-SP, Brasil: Guanabara Koogan, 2007. 343-344 p.
SCHIMMING, Bruno Cesar; SILVA, José Ricardo Carvalho Pinto e. LEISHMANIOSE
VISCERAL CANINA – Revisão de literatura.REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA
DE MEDICINA VETERINÁRI, Garça- SP, v. 10, n. 19, abr./jul. 2012. Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/QKOIwlDa047cxSZ_
2013-6-24-15-1-25.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2016.
Boletim Eletrônico Epidemiológico, LTA, ano 02, n.05, 2002, Min Saúde; MS/SVS,
SES e SINAN

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