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Escola Básica Fialho de Almeida, Cuba

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Ficha de trabalho

Texto Tradicional
Comendo e Andando
Era uma vez um lavrador rico mas avarento, que tinha um caseiro humilde e muito honesto. De
tempos a tempos, o caseiro ia a casa do patrão prestar contas, e este, para lhe mostrar a sua satisfação, convidava-o sempre
para comer. No entanto, punha-lhe sempre na mesa um queijo por encetar. E assim o caseiro, como não se atrevia a encetá-
lo, acabava por ir embora em branco.
Era o que o patrão queria. E assim o queijo ia durando meses e meses, pois era sempre o mesmo queijo que o
patrão lhe oferecia.
Mas um dia, o caseiro, que já tinha um filho graúdo e muito desenrascado, resolveu mandá-lo a ele a casa do patrão
a prestar contas. E antes de sair recomendou-lhe:
- Olha rapaz, desta vez vais tu fazer contas com o patrão. E como lhe levas o dinheiro, ele é capaz de te pôr a comer.
Mas se te puser um queijo inteiro na mesa, não o “incertes” que parece mal. Fazes um pouco de sacrifício, e vens comer a
casa.
O rapaz lá foi. E quando o patrão o convidou, lá estava então o queijo inteiro na mesa. No entanto, a fome era tanta
que o rapaz resolveu não seguir as recomendações do pai. Por isso, mal o patrão lhe disse «come!», o rapaz puxou de uma
navalha, e cortou o queijo em quatro partes iguais.
O patrão, muito admirado, disse-lhe:
- Olha que isso é queijo!
- Bem o “beijo”! - respondeu o moço.
E comeu o primeiro bocado. A seguir pegou na segunda parte; e o patrão, mais espantado ainda, foi-lhe dizendo:
- Olha que este é caro!
- Mas vale-o bem!
E lá despachou mais este naco. Quando se estava a aprontar para pegar na terceira parte, diz-lhe o patrão:
- Olha que só tenho este!
- Não faz mal! p'ra agora chega! - responde o moço.
Por fim, ao ver que o moço estava disposto a comer o queijo todo, o patrão foi ao curral onde ele tinha deixado o
cavalo, e soltou-o. A seguir veio a correr junto dele, no exacto momento em que ia já para a quarta parte do queijo, e disse-
lhe:
- Olha que o teu cavalo soltou-se; se fores depressa, ainda o apanhas!
- Bem, nesse caso, vou comendo e andando!
E lá foi. O patrão, ao ver ir o queijo todo, um no saco e outro no papo, aprendeu a lição. Daí em diante, sempre que
os caseiros o visitavam, passou a pôr-lhes de comer como devia ser. E nunca mais um queijo inteiro.

(Rec.: Oleirinhos, Bragança, em 1999. fui: Emília Rosa Morais, Bragança, 41 anos)
ALEXANDRE PARAFITA, Antologia de Contos Populares, vol. II - Plátano Editora
GRUPO I – Leitura e compreensão
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Após uma leitura atenta do texto, responda às questões apresentadas.
1. Classifique o tipo de texto apresentado que pertence ao corpus da literatura oral e tradicional. Justifique a sua
resposta

2. Consegue dizer, exactamente, quando e onde se passa esta história? Porquê?

3. Nos contos populares, a linguagem é simples, de nível popular, o que se compreende, dado que o seu emissor é
geralmente de origem popular.
3.1. Identifique as marcas de fala popular presentes nas frases apresentadas e substitua as palavras e expressões
destacadas por outras da língua padrão que lhes correspondam.
a) «. .. acabava por se ir embora em branco.»
b) «. .. um filho graúdo e muito desenrascado. . .»
c) «... não o incertes.. .»
d) «-Bem o beijo!»
e) «P'ra agora chega!»

4. Na introdução são-nos apresentadas duas personagens.


4.1. Identifique-as e proceda à respectiva caracterização, justificando a sua resposta com elementos do texto.

5. «Um dia, o caseiro, que já tinha um filho graúdo e muito desenrascado…» introduz a segunda parte da acção deste
conto.
5.1. Que conselho deu o caseiro ao filho e como procedeu o rapaz perante essa mesma advertência?

6. Qual é o modo de «apresentação» do discurso que predomina nesta segunda parte da acção?
6.1 Que vantagens apresenta aqui a utilização deste modo?

7. Na última parte da acção do conto são referidas as consequências da atitude do rapaz.


7.1. Identifique-as.

7.2. Seleccione um dos seguintes provérbios que na sua perspectiva encerra a moral deste texto tradicional. Justifique
a sua resposta.
 Quem tudo quer, tudo perde.
 Quem desdenha, quer comprar.
 Batendo ferro é que se fica ferreiro.
 Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
 Mais vale asno que me leve do que cavalo que me derrube.
 Come o vilão da casa do patrão.
 Comer e coçar, a questão é começar.
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 Queijo é bom dado pelo avaro.

8. Das três personagens deste conto, diga qual lhe parece ser a mais típica de um conto tradicional e porquê.

9. Atribua ao conto um título alternativo, justificando a sua proposta.

10. Divida o texto em partes, tendo em conta os conhecimentos adquiridos sobre literatura oral e tradicional.
Justifique a sua resposta, apresentando uma síntese de cada uma das partes.

Grupo II - Funcionamento da Língua

1. “Era uma vez um lavrador rico mas avarento, que tinha um caseiro humilde e muito honesto.”
1.1. Classifique as palavras sublinhadas, tendo em conta o contexto em que surgem.
1.2. Coloque os adjectivos da expressão “que tinha um caseiro humilde e muito honesto” no grau Superlativo Relativo
de Superioridade.

2. “De tempos a tempos, o caseiro ia a casa do patrão prestar contas, e este, para lhe mostrar a sua satisfação,
convidava-o sempre para comer.”
2.1. Classifique como verdadeiro ou falso as seguintes afirmações, tendo em conta o contexto em que
surgem as palavras:
a) “Um” é um determinante artigo definido, no masculino do singular.
b) “A “ é um determinante artigo definido, no feminino do singular.
c) “Do” é a contracção da preposição “de” com o determinante artigo definido, no masculino do singular.
d) “Este” é um pronome possessivo, no feminino do singular.
e) “Lhe” é um pronome pessoal, na terceira pessoa do singular.
f) “Sua” é um determinante possessivo, na terceira pessoa do singular, no feminino.
g) “O” é um determinante artigo definido, no feminino do singular.
h) “Para” é uma preposição simples.
2.2. Dê forma verdadeira às afirmações que considerou falsas.

3. Faça corresponder a alínea correcta ao tempo verbal de cada uma das frases.
1. “…punha-lhe sempre na mesa um queijo…” a) Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto
2. “Fazes um pouco de sacrifício…” b) Presente
3. “…o rapaz puxou de uma navalha…” c) Pretérito Imperfeito
4. O patrão tinha aprendido a lição. d) Futuro
5. Nunca mais colocará um queijo inteiro na e) Pretérito Perfeito
mês.
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4. Ao conto tradicional que se transcreve foi retirada toda a pontuação e forma acrescentados alguns erros
ortográficos e sintácticos.
4.1. Leia-o atentamente e reescreva o texto, corrigindo os erros ortográficos e sintácticos e colocando a
pontuação correcta.
O Jogo do Pira
Um estudante cria comer sem pagar e andando uma vez na vadiagem fui parar a
uma estalajem onde pedio tudo o que lhe apeteceu Depois de bem comido trataram de
se safar e propôs à estalajadeira que lhe ensinaria um jogo muito bonito
Então como é o jogo perguntou a estalajadeira
Disselhe o estudante
Segure neste novelo e deixeme a ponta da linha porque é o Jogo do Pira Ora veja
como é que se joga
Ele comessou a puxar a linha andando de costas para a porta e a dizer
Pira pira pira Foi saindo e assim que se apanhou na rua bota a correr dizendo
Pira por aqui abaixo
E ninguem mais o apanhou
TEÓFILO BRAGA, Contos Tradicionais do Povo Português (Porto),Ed. D. Qujxote

EXPRESSÃO ESCRITA

O Cão e a Sombra

Um cão, que levava um naco de carne na boca, passava numa ponte sobre um rio, quando viu a sua
sombra reflectida na água lá em baixo.
Pensando que era outro cão que levava um segundo naco de carne, o insaciável do cão não resistiu a
atirar-se à água para lhe roubar a carne. É claro que, em vez de roubar o segundo naco de carne, perdeu o que
tinha, que caiu no fundo do rio.
A fábula mostra que quem tudo quer, tudo perde.
Esopo

Faça o reconto da fábula “O Cão e a Sombra”, desenvolvendo cada um dos seus elementos.

Pode referir, por exemplo: como era o cão; o que ia a pensar; que ponte atravessava; como reagiu ao ver
o reflexo; como se sentiu ao verificar o erro. Pode também, caso entender, introduzir personagens; criar diálogo;
actualizar a fábula; modificar algum detalhe; e deverá utilizar alguns provérbios ou expressões populares.

Enfim, expanda o seu texto (150-200 palavras) no sentido que mais lhe agradar.
BOM TRABALHO!
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