Quando analisamos os 30 anos seguintes à Segunda Guerra Mundial,
percebemos uma evolução conjuntural que apresentou, como veremos adiante, bons resultados. Alto índice de produtividade, crescimento dos lucros e dos preços e, principalmente até 1973, uma estabilidade no desempenho total que não encontra comparação durante o Século XX. Segundo o marxista Ernest Mandel “não é preciso ser apologista do capitalismo para se admitir a realidade dos fatos, ou seja, que o sistema tenha alcançado na maioria dos países industrializados uma taxa de crescimento excepcionalmente elevada nesta última década (anos 60)”. Há que se reconhecer também que nenhuma revolução social de porte alterou em suas bases mais profundas o modo de funcionamento de qualquer economia desenvolvida desde 1949 salvo para recuperar o tempo perdido, se assim entendermos o caso português opôs o 25 de abril de 1974. Historiadores, sociólogos, economistas e geógrafos podem discordar nas análises e métodos, assim como valorizar com diferentes pesagens este ou aquele dado, mas um fato é inegável: um grupo minoritário de nações atingiu um padrão socioeconômico que a grande maioria está longe de atingir. Em 1970, a renda média dos países que denominaremos centrais era dez vezes superior à dos países periféricos, assim como o consumo anual era quatorze vezes superior (Furtado). Como explicar essa diferença brutal? Desde Montesquieu que a “teoria dos climas” nunca desapareceu, posto que é evidente a quase total coincidência entre “países pobres” e clima tropical. É evidente, porém, que os problemas tecno-econômicos gerados pelo clima serviam penas para agravar fatores que, sem dúvida, são muito mais determinantes. Assim, o momento histórico que permitia a opção já teria passado e aqueles que não evoluíram “permanecerão numa situação de dependência que condicionará sua evolução econômica subsequente” (Furtado). É importante que a dependência, aceita como um fato inconteste e insuperável, abra caminho para os defensores da tese socialista que foi posta em prática por alguns países africanos nos anos 70. “ Ela (a implementação da dependência) prova que uma economia satélite ou dependente não possui as condições estruturais e dinâmicas para sobrepujar nacionalmente pelos esforços de sua burguesia o subdesenvolvimentos e suas consequências: O desafio latino-americano, portanto, não é tanto como produzir riqueza, mas como retê- la e distribuí-la, para criar pelo menos uma verdadeira economia moderna” (Fernandes). Podemos considerar quatro causas para explicar a dependência: 1. A não- assimilação de novas técnicas produtivas; 2. A entrada na era do consumo de massa; 3. A concentração de renda; 4. As multinacionais. Sendo as três primeiras auto explicativas, resta responder a pergunta, o que buscariam as empresas multinacionais na periferia? Uma possível resposta seria a exploração de mão-de-obra mais barata que, em parte, é ratificado pela alta taxa de juros obtida que não só remunera o investimento do centro, como também permite uma produção do capital na periferia. “Verificamos que a principal finalidade do neocolonialismo não é explorar o capital como forma de explorar o trabalho estrangeiro barato, antes, a de concentrar investimentos internamente para expandir a produção do país metropolitano e tentar dominar os mercador mundiais” (Alavi). O termo “empresa multinacional” (EMN) surgiu, segundo Gilles Bretin, por meio de J. Maisonrouge, diretor da IBM, World Trade Co., nos anos 50. Segundo Henry Ford II “a companhia moderna, ou o capitalismo da empresa conjunta, substitui em grande parte o capitalismo do magnata. A companhia de um homem só, proprietário-administrador, está sendo rapidamente substituída por uma nova classe de administradores profissionais, dedicados mais ao progresso da empresa do que o enriquecimento de poucos donos”. Conduzido ou conduzido, o fato é que o Estado emergiu da Segunda Guerra Mundial como o grande responsável pela segurança dos cidadãos, seja em suas implicações socioeconômicos (o “Walfare State”) seja no sentido ideológico (“segurança nacional”). Esse crescimento da ação estatal passou a ser visto como um ponto benéfico em defesa do sistema. Para Guy Quaden havia três tipos de controle empresarial, como exercício do poder gerencial, sendo eles: controle majoritário, controle minoritário e ausência de grupo dominante. “As economias nacionais europeias estavam num estado de caos. Grandes partes do continente haviam sido devastadas pela guerra e as potências imperialista haviam exaurido a maior parte de suas reservas ultramarinas na luta contra o nazismo. Não possuíam capital para reconstruir e readaptar as indústrias para a produção de tempo e paz. Havia grande escassez de comida, combustível e matérias-primas (D. K. Adams)”. George Marshall, instaurou um plano de reestruturação econômica, com quatro objetivos principais, que ficou conhecido como Plano Marshall: “um aumento na produtividade agrícola e industrial que atingisse pelo menos os níveis de pré-guerra; alcançar a estabilidade financeira; a cooperação econômica entre os países participantes e uma solução para o problema do déficit de dólares por meio do aumento das exportações” (Adams). Apesar de algumas diferenças de comportamento podemos reconhecer tanto na Europa quanto nos EUA um ciclo de expansão de 1950 a 1956. Na América do Norte, durante o primeiro semestre de 1951, culmina o ciclo de expansão e de subida de preços, mas a partir de 1952 inicia-se uma depressão – sobretudo nas indústrias têxteis, químicas e hulheiras – que se prolonga até 1954. A partir desta última data volta a conjuntura de expansão até finalizar o ano de 1956. Está análise conjuntural torna-se, porém, incompleta e insatisfatória diante de um quadro mais amplo, pois, sem dúvida, a estrutura está sendo modificada por três fatores: 1. A ascensão da Europa e do Japão, 2. A crise no balanço de pagamentos norte-americano e 3. A ofensiva faz empresas multinacionais americanas.
Referências Bibliográficas: FRANCO, Hilário, CHACON, Paulo. História Econômica Geral. São Paulo, Atlas, 1978.