A cultura e as construções antropológicas sobre a diferença
Willian Nogueira Costa
No texto “Sobre a autoridade etnográfica”, de James Clifford, quando se fala
em etnografia e diferentes culturas temos que a Etnografia é a interpretação das culturas.
Porém nos é apresentado desenvolvimento da atividade do etnógrafo,
passando a ter um método cientifico, rigor, e certa especialização no que se refere ao desenvolvimento das atividades do pesquisador em campo. As pesquisas desenvolvidas pelo etnógrafo, quando este se insere na cultura observada, sem auxílio de um interprete, se colocando na posição de aprender a língua local com intuito de ter condições mínimas de se comunicar com este povo, infere autenticidade no trabalho, pois deixa de ser apenas um levantamento textual, o qual necessita de um intérprete ou um tradutor ao final.
Dessa forma deixamos de pensar que determinada pesquisa se trata de texto
com informações coletadas a campo posteriormente traduzidas ou interpretadas por um terceiro que não tem relação com a pesquisa. O etnógrafo se insere na cultura local e contrasta a ponto de construir uma relação com a cultura observada.
No Artigo "Relativismo Antropológico e Objetividade Etnográfica", de Mauro
Almeida, o autor traz a existência de um mal estar em relação a tradição da etnografia criada na Europa e América, apresentando um aspecto de uma escrita subjetiva, porém, o autor destaca a importância sim da prática etnográfica, bem como da antropologia na discussão destas pesquisas, se relacionando com o texto de Clifford no que se refere a inserção do pesquisador na cultura observada, a ponto deste aprender a língua local e costumes, transformando a si mesmo e interagindo.
Já em o “Pessimismo Sentimental” e a experiência etnográfica, de
Marshall SAHLINS, o autor traz o Capitalismo como elemento impactante nas diferentes culturas, transformando-as e reorganizando. Assim, enquanto estamos estudando as diferentes culturas, ao percebe-las, logo teremos, então, o mesmo objeto de pesquisa já transformado, necessitando assim uma outra pesquisa etnográfica para compreender aquela cultura então já transformada, e assim seria como uma cadeia de pesquisa, pois a cultura está em constante transformação.
Voltando a Clifford, sua posição é de que há uma certa validação de
autoridade na atividade da escrita etnográfica, oriunda dos processos de pesquisa experiencial, interpretativo, dialógico e polifônico, que são encontrados em cada etnografia, e que ainda assim, tenta-se desvincular dessa autoridade.
CLIFFORD, James. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: A experiência etnográfica -
Antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1998.
SAHLINS, Marshall. O “Pessimismo Sentimental” e a experiência etnográfica. RJ:
Revista MANA, 1997. Vol I e II
ALMEIDA, Mauro. Relativismo Antropológico e Objetividade Etnográfica. Curitiba/UFPR: