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especial TRANSPORTE

O Transporte
Rodoviário
de Cargas e
o Seguro

Aurora Ayres

Interpretações errôneas acerca de normativas


vigentes há quase cinco décadas, que vinham re-
sultando em fraudes, levam órgãos regulatórios a
recordar a legislação cinquentenária reafirmando
a obrigatoriedade de contratação do seguro
RCTR-C por empresas de transporte. Transporta-
dor e embarcador podem negociar outros riscos, mas
não os do seguro obrigatório previsto em lei.

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rincipal sistema logísti- para todos os seus clientes, a cobertu-
co do País, por total falta ra em questão, considerada condição
de estrutura dos outros imprescindível para o exercício da
modais, o transporte ro- atividade. “A decisão tem por mérito
doviário nacional – que acabar com uma polêmica estéril que
conta com uma rede de tem contribuído para acalorar discus-
1,7 milhão de quilômetros de estra- sões entre contratantes e contratados
das e rodovias, a quarta maior malha no âmbito do transporte de carga.
rodoviária do mundo – é responsável As partes teoricamente afetadas –
por 66,6% do trânsito de mercadorias grandes embarcadores e operadores
no Brasil, conforme último levanta- logísticos nacionais ou não e outros
mento do Departamento Nacional Giuseppe Lumare possíveis contratantes de transporte –
de Infraestrutura de Transportes poderiam interpretar a decisão como
(DNIT). Não é de hoje – há quase 50 flagrante violação das liberdades de
anos –, que a legislação estabelece acidentes com o veículo transporta- mercado, não fosse ela apenas con-
proteção às mercadorias transporta- dor. Com base nisso, as Declarações firmação daquilo que o Código Civil
das por meio do Seguro de Respon- de Dispensa de Direito de Regresso Brasileiro já arbitrava anteriormen-
sabilidade Civil do Transportador (DDR’s) emitidas pelas segurado- te”, ressalta Giuseppe Lumare Junior,
Rodoviário de Carga (RCTR-C), de ras dos embarcadores para fins de diretor comercial da transportadora
cunho obrigatório por parte do trans- assunção total dos seguros para si, Braspress. “Para nós, transportado-
portador, a fim de garantir o com- não poderão mais ser emitidas co- res, nunca houve dúvida que os segu-
promisso de recebimento e entrega brindo a integralidade dos riscos de ros de carga são parte inseparável dos
da carga. Porém, na prática, parte do transporte, e deverão excluir os riscos serviços de transporte. Os riscos e as
mercado – embarcadoras (proprietá- amparados pelo seguro obrigatório responsabilidades inerentes ao trans-
rios das mercadorias transportadas), por lei. porte são indissociáveis do empreen-
seguradoras, corretores e transporta- A equipe técnica da Susep esclare- dimento de transporte, fazendo par-
dores – vinha interpretando de forma ce que não existe carta DDR para se- te de sua concepção, planejamento e
incorreta os seguros obrigatórios do guros obrigatórios, e as seguradoras execução”, complementa.
embarcador e do transportador rodo- que porventura a emitirem para o se- Lumare salienta que um trans-
viário, imaginado que tais seguros se guro RCTR-C estarão violando as leis portador, ao definir os limites de sua
superpunham, cobrindo riscos seme- e podem ser punidas, com sanções especialidade, de um só lance assu-
lhantes. que incluem multas de R$ 5 mil a R$ me todo o arcabouço legal implícito
A fim de reafirmar a obrigato- 1 milhão, suspensão do exercício de ao ato de transportar bens para ter-
riedade de contratação do RCTR-C atividade ou profissão, cancelamento ceiros, cujas necessidades foram,
pela empresa de transporte, a Agên- do registro do Corretor de Seguros de alguma maneira, contempladas
cia Nacional de Transportes Terres- responsável, entre outras. O único nos serviços, incluindo expectati-
tres (ANTT) e a Superintendência seguro que hoje os transportadores vas de confiança que vão além das
de Seguros Privados (Susep) – res- possuem de maneira geral, mas que é responsabilidades puramente legais.
pectivamente os órgãos regulatórios facultativo, é o Seguro de Responsa- “Um transportador não só é obri-
oficiais do Transporte e do Seguro bilidade Civil Facultativo - Desvio de gado a manter a apólice de RCTR-C
no Brasil –, emitiram recente Comu- Carga (RCF-DC), que cobre o roubo/ como não poderá deixar de manter
nicado SUROC/ANTT Nº 001/2014, desvio de carga, este normalmente uma apólice de RCF-DC - Seguro
ratificando o quanto já descrito no subordinado à normas de Gerencia- Facultativo por Desaparecimento
artigo 20, alínea “m” do Decreto-Lei mento de Riscos (GRIS) a serem se- de Carga –, cuja imprescindibilida-
73 de 21/11/1966 e sua respectiva re- guidas para se ter um evento coberto de é indiscutível em um cenário em
gulamentação através do Decreto pela apólice. que o roubo de cargas é uma cruel
61.867/1967. Este seguro garante o re- A emissão do Comunicado da realidade. Ademais, essas apólices
embolso das reparações pecuniárias ANTT chamou a atenção de grande jamais são comercializadas separa-
que o transportador esteja obrigado, parte do setor por acrescentar a pos- damente e sem que haja uma rigoro-
por força de lei, por perdas ou danos sibilidade de cassação do Registro sa pré-qualificação do transportador
causados a bens e mercadorias de ter- Nacional de Transportadores Rodo- no que diz respeito à competência de
ceiros que lhe tenham sido entregues viários de Cargas (RNTRC) do trans- gerenciamento de riscos estáticos e
para transporte, em decorrência de portador quando este não mantiver, móveis”, argumenta.

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Esclarecimentos vendo duplicidade de seguros. Igno-


rância total!”, discorda.
Marcelo Vinaud Prado, especialis- De acordo com a equipe técnica da
ta em Regulação de Transportes Ter- Susep, o seguro obrigatório somente
restres e superintendente da Superin- é acionado quando houver culpa do
tendência de Serviços de Transporte transportador, comprovada por meio
Rodoviário e Multimodal de Cargas de sentença judicial, ou por acordo
(Suroc) da ANTT, explica que o co- com os terceiros prejudicados, com a
municado só veio a esclarecer que es- anuência da seguradora do transpor-
sas legislações continuam em vigor e tador, ao passo que o seguro de trans-
que devem ser observadas por todos. porte do embarcador cobre os danos
“Muitos não vinham cumprindo ade- Marcelo Vinaud Prado sofridos pelas mercadorias, indepen-
quadamente a lei, simplesmente dei- dentemente da comprovação de qual-
xando de contratar um seguro obri- quer culpa por parte do transporta-
gatório, ou ainda, quando contratado, dor. O órgão regulatório ainda reforça
era feito de forma irregular”, consta- que os seguros deveriam funcionar de
ta. “A única resolução mais recente foi acordo com a seguinte metodologia:
a atualização das Condições Gerais em caso de sinistro, não havendo res-
do Seguro Obrigatório de Responsa- ponsabilidade do transportador, seria
bilidade Civil do Transportador Ro- acionado apenas o seguro de trans-
doviário de Carga (RCTR-C) que vem porte; na hipótese de haver culpa do
sendo atualizado pela Susep nos últi- transportador, o embarcador aciona-
mos 40 anos, sendo a mais recente, a ria a sua apólice do seguro de trans-
Resolução CNSP nº219/2007”, com- porte, e a seguradora do embarcador
plementa Prado. Gilmar Reis procuraria se ressarcir junto à segu-
Segundo o especialista, a Agên- radora do transportador. A Susep
cia vinha recebendo diversas con- faz observar que: se fosse acionada a
sultas quanto ao artigo 13, da Lei nº cumprida ultimamente, desde quan- apólice do transportador, pressupon-
11.442/2007, nas quais foram solici- do os embarcadores passaram a con- do a sua culpa, os trâmites poderiam
tados esclarecimentos se o seguro de tratar os seguros de danos (Seguros ser demorados, pois em grande parte
responsabilidade ali mencionado se- de Transportes Nacionais), e a enviar das situações haveria necessidade de
ria o DPVAT (seguro obrigatório de aos transportadores com quem têm uma sentença judicial condenando o
veículo automotor em via terrestre) contratos de frete, uma carta também transportador. Portanto, na prática,
e não o RCTR-C, e por conta disso, assinada por sua seguradora, infor- normalmente é acionado o seguro
com base no próprio artigo, o seguro mando que em caso de sinistro ambas de transportes (embarcador), mes-
obrigatório poderia ser negociado. “O não exerceriam o direito de regres- mo quando há culpa presumível do
seguro mencionado no artigo 13 é, e so contra os seus contratados e, por transportador.
sempre foi, o RCTR-C. O transporta- conta disso, os transportadores não O setor de Transporte de Cargas
dor e o embarcador podem negociar deveriam fazer o seguro obrigatório. é altamente competitivo, e alguns
outros riscos, mas não os do seguro A já mencionada carta de DDR Total. transportadores, com o objetivo de
obrigatório previsto em lei”, salienta “Cada vez me convenço mais de que demonstrarem que o seu custo de fre-
Gilmar Reis, gerente de Transportes a especialização é muito importante. te é inferior ao dos concorrentes, sub-
da Korsa Corretora de Seguros reco- Operar com seguros de transportes, dividem de forma incorreta – na visão
nhecendo ser muito importante des- por exemplo, pressupõe conhecimen- da Susep – o custo do frete em duas
tacar que o comunicado não apresen- to específico sobre o assunto. Quan- parcelas, o frete propriamente dito e
ta alteração alguma no que se refere do o comunicado da Agência foi di- o custo do seguro obrigatório, que re-
às leis que regem o transporte de car- vulgado, eu li e ouvi muita bobagem, passam com o nome de ad-valorem.
gas no Brasil. escrita e falada por corretores impor- Esta cobrança ostensiva do custo do
Artur Santos, vice-presidente de tantes do nosso mercado. Um deles seguro RCTR-C levou os embarcado-
Operações da GPS Pamcary opina chegou a afirmar em circular que se res a interpretarem que pagavam pe-
sobre o que teria levado a ANTT a o embarcador contrata um STN e o los dois seguros, o seu próprio e o dos
editar o comunicado. Para ele, a cons- transportador um de RCT-RC para transportadores. Exemplificando: a
tatação de que a lei não vinha sendo cobrir a mesma viagem, estaria ha- economia realizada em não se pagar o

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ad-valorem (entenda-se: o transporta- Atuante há mais de 20 anos no


dor não utilizaria o seguro RCTR-C) mercado de Seguros de Transportes,
giraria em torno de R$ 100 milhões Odalí Bonfim, diretor-sócio da Gera
por ano (uma conta simples: supor Corretora e Adm. de Seguros, reco-
que a taxa do seguro RCTR-C seja de nhece como louvável o entendimento
0,5%, e imaginar, para este segmento da ANTT quanto à obrigatoriedade
de grandes embarcadores, uma movi- da contratação de seguro por parte
mentação anual de R$ 20 bilhões de do transportador. “Embora a Susep
reais em mercadorias transportadas). também reconheça como obrigatório,
A entidade frisa que com base na algumas seguradoras, contrariando a
interpretação inadequada que os dois legislação, continuam com a nefasta
seguros estariam cobrindo os mes- Artur Santos prática da concessão das DDR’s, um
mos riscos, ou até mesmo agindo de verdadeiro engodo que avilta o con-
má-fé, tais embarcadores, com o ob- trato de seguro, sobretudo no que
jetivo de economizar o ad-valorem, concerne o princípio da boa fé. Acre-
solicitavam às suas seguradoras o for- ditamos que a manifestação da Agên-
necimento das DDR’s aos transporta- cia, estimule a contratação do seguro
dores, nas quais se assegura, a estes, pelos transportadores”, comenta.
que não serão acionados pela segura-
dora do embarcador em caso de sinis- Potencial
tro. Em muitas ocasiões, as mercado-
rias transportadas pertencem a um Entre outros aspectos, o cresci-
mesmo embarcador, e o transporta- mento econômico do País está dire-
dor é induzido (ou coagido) a acatar tamente relacionado à distribuição
a carta de DDR, e não averbar o em- Marco Darhouni de mercadorias e aos problemas de
barque no seu seguro RCTR-C, sob a infraestrutura logística que, aliados
pena de, não o fazendo, perder o frete. à incomparável dimensão territorial
Segundo a entidade, o Comunicado – são aproximadamente 8,5 milhões
foi emitido para esclarecer a situação de quilômetros quadrados – acarre-
e coibir eventuais práticas de fraudes. tam em imprevisibilidades que fun-
Marco Darhouni, gerente de Trans- damentam a necessidade do seguro
porte e Logística da Willis Corretora de cargas. Estudo da Associação Na-
de Seguros, entende que não deve ha- cional dos Transportadores de Carga
ver mudança alguma neste quesito, e Logística (NTC&Logística), aponta
uma vez que, a contratação do Seguro que o custo do transporte rodoviário
de Responsabilidade Civil sempre foi de carga cresceu 7,6% em 2013.
obrigatória. “O que atualmente está Na análise de Ricardo Beyer, geren-
ocorrendo é uma tentativa de padro- Odalí Bonfim te de Transportes da Chubb Seguros,
nização de interpretações e de fluxos o potencial de crescimento da carteira
operacionais para que haja um úni- está atrelado a três principais pilares:
co modelo a ser aplicado por parte investimento em infraestrutura, di-
das seguradoras. Está havendo uma emitir as apólices conforme cláusula versificação de escoamento da produ-
posição unilateral das seguradoras, aprovada pela Susep, os corretores ção por outros modais de transporte,
que modificaram seu entendimento devem instruir seus clientes com constante investimento e incremento
sobre isenção de regresso, alterando relação ao cumprimento das leis na mitigação dos riscos por meio de
seus contratos vigentes e processos vigentes e operacionalizar as melho- Planos de Gerenciamento de Riscos
de cotações. Não concordamos com res soluções e práticas do mercado. pelos segurados. “Somente com es-
esta postura, pois não houve nenhu- O transportador e o embarca- tas ações coordenadas entre órgãos
ma alteração na legislação vigente”, dor devem seguir as legislações de públicos e privados teremos condi-
diz o executivo, acrescentando que seguros e regulamentações por parte ções de apresentar resultados satis-
as partes envolvidas são responsá- da ANTT, como a emissão das apó- fatórios e crescimento sustentável na
veis pelo cumprimento integral das lices obrigatórias”, complementa carteira de Seguros de Transportes”,
legislações. “As seguradoras devem Darhouni. acredita.

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Eduardo Marques, diretor execu- Mundiais de Seguros. Neste particu-


tivo da Marsh Brasil, acrescenta que lar, julgamos que a Susep, como órgão
as grandes empresas estão revendo regulador, legislador e fiscalizador
os seus custos em todos os quesitos, dos mercados de Seguro e Ressegu-
o que também inclui a contratação de ro do País, deva estar atuando e im-
seguros, fazendo com que as segura- pondo as sanções legais aos faltosos”,
doras reduzam suas taxas e contri- considera Negretti.
buindo para um panorama de grande
concorrência e elevação do percen- Gerenciamento
tual de sinistralidade. O executivo
analisa que o Brasil ainda possui uma A cultura do Gerenciamento de
margem de crescimento promisso- Ricardo Beyer Risco (GRIS) está totalmente difun-
ra, já que está no radar de grandes dida nas indústrias e já é parte in-
seguradores e resseguradores inter- tegrante dos contratos de Seguro de
nacionais, sendo um dos principais Transportes. O Seguro de Transportes
países com potencial de crescimento de Carga é um investimento essencial
e investimentos, em virtude do de- tanto para o proprietário quanto para
senvolvimento do mercado de segu- o transportador da carga. Esse é um
ros em relação ao PIB, da elevação do recurso que pode evitar perdas signif-
poder aquisitivo da população e tam- icativas numa atividade que já conta
bém das obras de infraestrutura. “As com diversos fatores que necessitam
taxas para o setor de transportado- de especial atenção. Segundo dados
res apresentam pequena redução, ao da Agência Nacional de Transportes
contrário das taxas para o transporte Terrestres (ANTT), há mais de 945
nacional, seguro para embarcadores e Eduardo Marques mil transportadores registrados – en-
ainda seguro para importadores e ex- tre autônomos, empresas e cooperati-
portadores, que têm apresentado for- vas –, responsáveis por uma frota de
te redução (variando entre -5% a -8% mais de 2,1 milhões de veículos.
sobre o total de prêmios emitidos)”, Um dos fatores importantes que
acentua. deve ser observado é o gerencia-
Na visão de Sidney Cesare, diretor mento eficiente dos riscos, apoiado
de Transportes da Berkley Brasil, as por uma equipe especializada no
expectativas são boas face aos inves- assunto e atuar com uma equipe de
timentos anunciados pelo Governo movimentação de carga e motoristas
Federal, mas os benefícios ocorrerão devidamente treinados. Hoje, o mer-
a médio e longo prazos. “Em razão cado conta com diversas ações e eq-
do Seguro de Transporte Rodoviário uipamentos para o gerenciamento de
ser obrigatório por lei, saliento como Sidney Cesare riscos de transportes como: tráfego
fator positivo a maior atuação dos mútuo, rastreamento, monitora-
órgãos reguladores e legisladores. A mento e bloqueio do veículo com re-
forte competividade do mercado em legal. “Julgamos que o mercado está dundância de sinais, acompanham-
preço acarreta, cada vez mais, em aquém da sua capacidade produtiva: ento ostensivo terrestre (escolta), iscas
investimentos por parte das segura- os técnicos de seguros de transpor- eletrônicas etc.
doras em tecnologia, eficácia no aten- tes estão cada vez mais escassos; as Na opinião de Yaron Littan, presi-
dimento e soluções rápidas na mitiga- evasões de divisas de prêmios para dente da Ituran no Brasil, o GRIS no
ção dos riscos”, acentua. o exterior, ao arrepio da legislação País é um dos mais completos e efici-
Para Odair Negretti, vice-presiden- brasileira de seguros e de resseguros, entes do mundo, graças ao expertise
te do Clube Internacional de Seguros por meio da emissão de apólices ‘ir- que as companhias adquiriram ao
de Transportes (CIST), o potencial regulares de fronting’; a transferência longo dos últimos 15 anos. “Este mer-
da carteira de Seguros de Transporte de riscos diretos para o exterior, via cado utiliza massivamente as soluções
Rodoviário no Brasil é muito gran- mecanismo de resseguro; e a incorpo- de monitoramento e rastreamen-
de, porém ainda pouco explorado do ração de riscos brasileiros, inclusive to, não somente para o veículo que
ponto de vista técnico, comercial e de Seguros Obrigatórios a Programas transporta a carga, mas também para

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retor técnico de Transportes da Yasu- na mesma velocidade, fazendo com


da Marítima Seguros concorda que a que muitos profissionais nas estradas
GRIS faz toda a diferença não só em não tenham o preparo suficiente para
termos de composição do valor de operar caminhões com tecnologia
uma apólice, mas também na eficiên- embarcada tão avançada”, ressalta.
cia operacional de uma empresa. Ele Paulo Alves, diretor de Transportes
analisa que, com a abertura do mer- da Zurich Seguros comenta que existe
cado de resseguros, desde que a Lei uma cultura no tocante à aplicabili-
Complementar 126/07 foi sancionada, dade do GRIS somente para merca-
em 2007, as seguradoras passaram a dorias com elevada visibilidade de
obter mais expertise e tecnologia para roubo e assalto à mão armada. Surge
Odair Negretti a subscrição, e consequentemente, então outro tema que impacta o resul-
um constante aprimoramento do tra- tado da carteira de seguros de trans-
balho de gerenciamento de riscos. “A portes, que é o acidente em geral seja
cultura do gerenciamento de riscos tombamento, colisão, capotamento,
ainda é tímida no mercado segura- queda de carga, entre outros. “Natu-
dor brasileiro, mas o cenário tende a ralmente, os acidentes não ocorrem
mudar gradualmente. Cada vez mais em função de uma única natureza,
as seguradoras e os corretores estão seja em relação à idade média da frota
oferecendo o acompanhamento de de caminhões, qualidade das estra-
gerenciamento de riscos para agregar das, infraestrutura precária, gargalos
valor às empresas e seus produtos”, logísticos, mas também em relação ao
complementa o executivo. despreparo dos motoristas”.
Para cada risco existe um Plano de Cargas perecíveis ou qualquer car-
Yaron Littan Gerenciamento de Risco, consideran- ga destinada ao consumo, por exem-
do a periculosidade da carga; os tra- plo, tornam-se voláteis em função da
jetos; os acúmulos em veículos e em demora na entrega pelo seu prazo de
pátios/armazéns; e outras particular- validade. “A logística é muito mais
idades que devem ser analisadas em refinada quanto ao tempo de trânsito
cada caso concreto. O gerenciamento dessas mercadorias, assim como apli-
tanto para cargas perecíveis quanto cações de metodologias de controle e
para cargas de grandes valores tem variações de temperatura e umidade”,
que estar adequado à realidade do reforça Alves. Para cargas de grandes
risco. Há que se ter sincronismo en- valores, prossegue o executivo, no que
tre as seguradoras, corretoras, geren- toca à atratividade para roubo, certa-
ciadoras e clientes para implantação mente têm as mitigações alicerçadas
do GRIS adequado à operação. em rastreamentos, escoltas, controles
Joao Carlos Mendonça Mendonça comenta que, inicial- de paradas em locais com segurança,
mente, as seguradoras estavam fo- entre outros fatores. Se as cargas de
cadas em buscar mecanismos de ge- grandes valores são constituídas por
a carga em si e veículo(s) de escolta renciamento de riscos que pudessem máquinas, equipamentos e cargas
quando necessário(s). Para cargas de mitigar os sinistros de roubo de car- projetos, por exemplo, o Plano de
alto valor – muitas vezes a carga rep- gas. Ao longo dos anos, não só os me- GRIS é dimensionado de outra forma,
resenta valor acima do próprio veícu- canismos ligados a questões do roubo seja programação e horários específ-
lo que a transporta –, o rastreamento foram desenvolvidos, mas também os icos de viagem, aprovação do DNIT
e monitoramento em si é de suma e que consideram a composição da fro- em alguns casos, plano de carga con-
fundamental importância pois, via ta, pessoas e adequação de operações tendo metodologias de amarrações, e
de regra, a carga é removida do veí- logísticas que podem reduzir sinistros demais elementos.
culo que a transportava e fracionada de acidentes e de avarias de trans- Para os transportadores em geral,
em outros veículos, permanecendo, portes. “O País vem passando por um de acordo com Giuseppe Lumare Ju-
desta forma, a possibilidade de mon- crescimento na necessidade de trans- nior, diretor comercial da Braspress,
itorar e rastrear os bens”, ressalta. porte de cargas, mas ao mesmo tem- o gerenciamento de risco já represen-
João Carlos França de Mendonça, di- po a mão de obra não está qualificada tou custo médio de 14% das receitas

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gerais. Hoje, após massivos investi- boa parte do faturamento das em-
mentos – os quais não foram neces- presas ser consumido com o geren-
sariamente oriundos das rubricas de ciamento de riscos, muitas delas já se
Frete Valor e GRIS, mas sim dos re- conscientizaram que não basta con-
sultados da atividade como um todo tratar um seguro e ter uma inden-
–, esse custo ainda gira em torno de ização; há o preço pela imagem da
6% das receitas gerais, queda que rev- empresa quando ocorre um sinis-
elou uma triste realidade. “O trans- tro”, analisa. “A Pamcary tem um
portador teve seu horizonte de possi- conceito mais sofisticado, separan-
bilidades afetado por força do excesso do ‘gerenciamento’ de ‘gestão’, apre-
de responsabilidades que no Brasil sentando assim ao mercado uma
recaem sobre ele. Os seguros de car- Paulo Alves abordageminovadora.Combasenoenten-
ga representam apenas a parte visível dimento dos processos logísticos,
de suas responsabilidades objetivas, identificamos as ameaças e vulner-
pois, na prática, o empreendedor de abilidades e propomos uma solução
transporte é obrigado a abdicar do completa, na medida certa para o
transporte de certos produtos para se cliente, que passa pela definição
adaptar a restrições de apólices e de do perfil e seleção de profissionais,
gerenciamento de risco”, constata. escolha da tecnologia de rastrea-
No limite, o Brasil é um caso à par- mento mais adequada, definição
te, pois a concepção de um modelo de trajeto, entre outros. São diversas
de transporte especializado não só é atividades e ferramentas que existem
influenciado por fatores puramente para minimizar os riscos, conforme
mercadológicos, mas também sofre as necessidades e atividades do trans-
restrições pela ausência de uma se- Darcio Centoducato portador ou embarcador”, informa
gurança pública eficiente. Na visão Centoducato.
de Lumare, existem responsabili- Gilmar Reis, gerente de Trans-
dades difusas que, por vezes, ultra- artificialmente –, certos agentes de portes da Korsa Corretora de Seguros
passam as possibilidades de dotação mercado queiram apartar os seguros acredita que “é hora de levarmos
orçamentária dos transportadores, de carga dos serviços de transporte. o risco mais a sério no Brasil. A
na medida em que investimentos in- Porém, para a esmagadora maioria verdade é que não existe uma for-
adiáveis impedem planejamentos de dos clientes de transportadoras, não mula mágica para o GR relativo ao
longo prazo menos onerosos. “A re- faz sentido contratar seguros de car- roubo de cargas e tampouco para a
sponsabilidade de guarda de produ- ga separados de fretes em que as re- prevenção e controle de acidentes ro-
tos durante o tempo de realização do sponsabilidades objetivas e difusas doviários. Lamentavelmente, estamos
transporte em geral alcança as trans- estão contempladas no compromisso em 2014 e a análise de riscos nas segu-
portadoras na forma dos riscos de fur- expresso na própria relação de parce- radoras ainda não foi alterada. Quem
to interno, cuja gestão exige grandes ria”, argumenta. levanta de sua cadeira de escritório
investimentos e esbarra nas rigorosas Darcio Centoducato, diretor de ge- e vai para o pátio de uma trans-
condições legais que impedem a tip- renciamento de riscos da GPS Pam- portadora, sabe que muitas
ificação do crime de maneira rápida cary, entende que nos últimos anos, das exigências feitas em um contrato
e simples, resultando em perdas que o termo gerenciamento de riscos de seguro de transportes são impra-
são arcadas sem contrapartida nas proliferou-se no segmento do trans- ticáveis”, acentua.
receitas, haja vista a qualificação do porte de cargas. Porém, o que faz a Ele acredita que a falta de tempo,
fato como ineficiência do transpor- diferença é ter uma gestão eficiente. a procrastinação, o excesso de tra-
tador. A realidade do transporte só “O gerenciamento de riscos começou balho, a pressão por resultados, en-
é conhecida em profundidade pelos de forma intensiva na indústria de tre outros fatores, fizeram com que
próprios transportadores, sobretudo transportes, a partir da década de diversos profissionais tenham uma
no que diz respeito à amplitude de 1980 e as seguradoras tiveram um pa- falsa impressão de que seus riscos são
suas responsabilidades. Não é lícito, pel importante em criar esta cultura, controlados. “Mas a grande e omissa
portanto, que, por razões menos no- pois passaram a fazer restrições na verdade é que podem estar com uma
bres – leia-se: apressadas tentativas aceitação de riscos para que melhores bomba nas mãos. Não podemos mais
de usurpar os fretes, reduzindo-os práticas fossem aplicadas. Além de interpretar riscos considerando ape-

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nas consultar e cadastrar profission- por lei (RCTR-C) e o crescimento de


ais, restringir horários de circulação, centros de distribuição e operadores
saber se a mercadoria é específica ou logísticos. “As oportunidades estão
não, se tem ou não alto valor agrega- no seguro do embarcador e também
do, qual a distância a ser percorrida, no seguro para os transportadores, no
qual a idade do veículo transportador, mercado nacional”, diz, acrescentan-
qual a tecnologia embarcada, se o veí- do que o principal desafio da carteira
culo é monitorado e se a gerenciado- é alinhar as expectativas entre em-
ra de riscos escolhida pelo cliente de barcadores, transportadores e segu-
fato monitora a operação. Em minha radoras. “Os embarcadores, buscan-
opinião, a análise de todo e qualquer do as melhores coberturas e preços.
risco corporativo deve ser feita com Mauro Camillo Os transportadores, adequando seus
base na ISO31000, oficialmente lança- processos para cumprimento dos
da em 2009 e que surgiu para integrar programas de GRIS e os seguradores,
os diferentes conceitos relacionados trabalhando para equilibrar os resul-
à Gestão de Riscos Corporativos no tados advindos dos prêmios pagos e
mundo”, opina Reis. sinistros indenizados”, classifica.
Ao acompanhar o mercado como
Oportunidades um todo, o executivo constata que
“as taxas têm tendência de queda e
As seguradoras mais preparadas em alguns casos, sem análise atu-
que mantêm em seu quadro uma arial definida”. Para ele, a queda de
estrutura de Gerenciamento de Ris- taxas foi fator preponderante para o
co (GRIS) estão um passo à frente crescimento modesto da carteira que,
das demais, acredita Mauro Camil- Gilberto Reina apesar de um aumento no volume de
lo, sócio-fundador e conselheiro do negócios, não teve o mesmo desem-
Clube Internacional de Seguros de penho no aumento de prêmio arreca-
Transportes (CIST). “Informações dor por danos à carga de terceiros a dado. “O mercado espera um cresci-
para se fazer uma boa subscrição ele (transportador) confiada, quer do mento na arrecadação de prêmios
são importantes; quando falo em in- ponto de vista seguro para danos ma- superior ao do ano passado, com es-
formação não me refiro apenas ao teriais, corporais e morais causados timativas de 6% a 8%. Também há
histórico de sinistralidade, mas tam- a terceiros em decorrência da circu- expectativa de manutenção dos índi-
bém às demais informações como por lação do veículo transportador e da ces de sinistro, com viés de queda em
exemplo transportadoras utilizadas, carga transportada”. 10%. Em resumo, as expectativas são
envolvimento das transportadoras na Ricardo Beyer, gerente de Trans- otimistas e positivas ainda para o ano
operação, gerenciadora da operação, portes da Chubb Seguros analisa que de 2014”, projeta o executivo.
rotas, tipo de mercadorias movimen- o baixo crescimento do País, o au-
tadas, valores envolvidos etc.”, acentua mento dos acidentes e criminalidade, Responsabilidades
Camillo ao pontuá-los como fatores a inclusão das melhores práticas de
importantes para uma boa análise GRIS (para prevenção de acidentes e Segundo a Agência Nacional de
do risco. “Mais ainda, o processo não roubos) têm sido uma das principais Transportes Terrestres (ANTT), a re-
se resume na subscrição. O acom- oportunidades do setor para alcançar sponsabilidade civil do transportador
panhamento do dia a dia depois de o equilíbrio da carteira. “Precisamos é tratada como objetiva e culpa pre-
conseguir o negócio é fundamen- reduzir os níveis de sinistralidade e sumida, ou seja, a obrigação de inde-
tal, pois ajustes futuros com certeza praticar taxas adequadas, que gerem nizar independe de uma ação culposa
serão necessários”. resultados mais firmes e constantes, do transportador, seus empregados
O vice-presidente do CIST Odair contribuindo com o crescimento da ou prepostos. Assim sendo, qualquer
Negretti, complementa ressaltando rentabilidade da carteira”, analisa. dano à carga caberá ao transportador
que são inúmeras as oportunidades Já Gilberto Reina, superintendente fazer a indenização do prejuízo ao
para as seguradoras no setor de regional da AD Corretora de Seguros proprietário da mercadoria até o lim-
Transportes. “Seja do ponto de vista acredita que o potencial do setor é ite do valor da mercadoria constante
seguro para Cargas, seguro para Re- enorme por dois motivos principais: do conhecimento rodoviário de car-
sponsabilidade Civil do transporta- é um dos poucos seguros obrigatórios ga. Porém, existem as excludentes de

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mir a pagar sinistro”, salienta Mauro preservando coberturas assumidas e


Camillo sócio-fundador e conselheiro excluídas. “A corretora deve cuidar
do Clube Internacional de Seguros de acompanhar o envio dos conhec-
de Transportes (CIST). “Quando imentos de frete para garantir as co-
da subscrição do risco, se a segura- berturas, verificar a adimplência no
dora obtiver todas as informações, dia por parte do transportador ou
terá como emitir o seguro com to- segurado”.
tal conhecimento de causa; por-
tanto, se o sinistro estiver coberto, Investimentos
não tem porque discutir: paga-se!”,
resume. Nos últimos 30 anos, o Brasil in-
Guilherme Brochmann Guilherme Brochmann, diretor vestiu, em média, apenas 10% do
de Gerenciamento de Risco da DHL que deveria ter sido investido em
para a América do Sul, lembra que é infraestrutura rodoviária. Até fins
importante não confundir os seguros dos anos 70, os investimentos em
mandatórios do Transportador, que infraestrutura de transportes (todos
são de Responsabilidade Civil com os modais) giravam em torno de 2%
o Seguro de Transporte Nacional, do PIB, enquanto que de três déca-
também mandatório, mas de exclu- das para cá esta média foi de ínfimos
siva responsabilidade do embarcador, 0,2%. Especialistas afirmam que ex-
proprietário da mercadoria transpor- iste a necessidade de aplicações di-
tada, e cuja característica principal é retas de, no mínimo, R$ 500 milhões
a de cobrir qualquer tipo de dano à de imediato para tentar recuperar o
carga. tempo perdido, algo como 3% a 4% do
Carlos Alexandre Gomes “A responsabilidade de uma corre- PIB. “Não podemos esquecer que a
tora envolvida no transporte de mer- necessidade de uma melhor divisão
cadorias é a mesma, qualquer que seja da pizza de transportes faz parte do
o seguro. Está detalhada no Código Plano Nacional de Logística e Trans-
Civil, artigo 723. Em resumo, execu- portes (PNLT), onde se procura um
tar a mediação entre a seguradora e equilíbrio entre os modais rodoviário,
o segurado com diligência e prudên- ferroviário e aquaviário no Brasil,
cia”, acentua Artur Santos, vice-presi- o que poderia gerar menores custos
dente de Operações da GPS Pamcary. logísticos ou o famoso ‘custo Brasil’
Paulo Alves, diretor de Transportes que faz com que nossa competitivi-
da Zurich Seguros reforça que um dade internacional seja terrívelmente
contrato de seguro é baseado em leis baixa”, analisa Guilherme Broch-
que regem direitos e deveres. “O in- mann, diretor de Gerenciamento de
Ronaldo Megda ício dessa relação é baseada em uma Risco da DHL para a América do Sul.
análise de riscos onde o questionário Enquanto isso não acontece,
contendo as informações dos riscos prossegue Brochmann: “temos que
responsabilidade do transportador, a serem submetidos para exame, en- nos preocupar com dois aspectos
cujo ônus de provar tais circunstân- viado ao segurado pelo seu corretor, basicamente, o acidente e o roubo
cias, cabe a ele. As excludentes são: deve ser a mais próxima da realidade de cargas”. No tocante a acidentes,
vício intrínseco do bem, deficiência do segurado. Segundo a lei, se o se- o advento da Lei 12.619/2012 – que
da embalagem, má estiva, carga e gurado fizer declarações inexatas ou trata da jornada dos motoristas – “fi-
descarga da mercadoria, se esta era omitir informações que possam in- nalmente começa a trazer uma luz
por conta do embarcador, caso for- fluenciar na proposta, perderá o di- no fim do túnel, pois o número de
tuito e força maior e/ou qualquer ato reito à garantia”, complementa. O acidentes e suas perdas consequentes
que seja comprovadamente praticado corretor de seguros Carlos Alexandre chegou a um patamar proibitivo”. Em
pelo embarcador ou destinatário que Gomes, sócio-diretor da San Martin sua análise, embora as estatísticas
tenha dado causa ao dano. Corretora de Seguros, acrescenta que que tratam do tema sejam mínimas
“A responsabilidade da segura- o descritivo das responsabilidades e desatualizadas, havendo trabalhos
dora não pode e não deve se resu- da seguradora deve ser completo, publicados pelo DNIT e IPEA basi-

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camente, as perdas por acidentes de eficiente para este caso é a radiofre- sinistralidade. “Graças aos altos
veículos de carga somam entre R$ 15 quência, que deve ter abrangência índices de recuperação de veículos
a R$ 20 bilhões por ano e essa lei, sen- nacional. Essa tecnologia é capaz foi possível manter acessível o cus-
do aplicada com diligência e havendo de capturar o sinal do dispositivo to das apólices de seguro de inú-
a fiscalização efetiva das autoridades mesmo em lugares fechados como meros veículos. Além das segurado-
constituídas, deverá fazer com que contêineres e sob ação de inibidores ras, os corretores de seguros tam-
tais perdas passem a diminuir pro- de sinais”, ressalta Ronaldo Meg- bém perceberam em empresas co-
gressivamente. “Há muito o que fazer da, vice-presidente comercial do mo a Ituran uma excelente fon-
na gestão de riscos em acidentes, mas Grupo Tracker. Yaron Littan, CEO te de receita. A comercial-
já é um grande passo”, comenta. da Ituran no Brasil, comenta que ização de rastreadores para
O monitoramento e rastreamento há mais de 10 anos, as segurado- clientes que não podiam com-
de cargas, além de melhorarem os re- ras viram nas empresas de ras- prar uma apólice de seguro, fideliza-
sultados, mitigando a sinistralidade treamento uma forma de viabili- va seus clientes e aumentavam suas
proveniente do risco de roubo e furto, zar o seguro para veículos com alta receitas”, constata.
auxiliam a viabilização de operações
de maiores riscos no mercado segura- Seguros existentes no mercado nacional de transporte rodoviário
dor. Vale ressaltar que alguns players de carga Os seguros de Responsabilidade Civil – assim como o de Transportes
desse mercado como embarcadores – preveem coberturas que variam conforme as características das mercadorias
e gerenciadores de risco também ex- transportadas e os riscos envolvidos nas operações:
igem este tipo de equipamento para
a continuidade do processo. “Depen- Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Cargas (RCTR-C)
dendo da operação/risco, há neces- Seguro obrigatório e deve ser contratado por todos os transportadores.
sidade de se utilizar mecanismos de Prevê a cobertura de danos causados às mercadorias transportadas.
rastreamento e monitoramento da Cobre basicamente: colisão, abalroamento, capotamento, explosão, tombamento e
carga, cuja negociação e contratação incêndio do veículo transportador.
da empresa de gerenciamento de ris-
co fica normalmente a cargo do segu- Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo por Desaparecimento de Cargas
rado”, salienta João Carlos França de (RCF-DC)
Mendonça, diretor técnico de Trans- Seguro facultativo também destinado a transportadores rodoviários.
portes da Yasuda Marítima Seguros.
Prevê a cobertura pelas perdas causadas em decorrência de grave ameaça arma de
“O rastreador de carga tem um pa-
fogo (por exemplo) e/ou emprego de violência e suas coberturas também podem
pel muito importante, pois permite a
contemplar a reposição de danos provenientes de furto simples e/ou qualificado.
localização da mercadoria após seu
roubo ou furto. Muitas tecnologias
Fonte: Korsa Corretora de Seguros
atuam no mercado, porém a mais

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