Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pociña, Andrés, ed. lit.; López, Aurora, ed. lit.; Morais, Carlos, ed. lit.;
Author(s: Silva, Maria de Fátima Sousa e, ed. lit.
Published by: Imprensa da Universidade de Coimbra; Annablume Editora
Persistent URL: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/38520
DOI: DOI:http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2
The browsing of UC Digitalis, UC Pombalina and UC Impactum and the consultation and download of
titles contained in them presumes full and unreserved acceptance of the Terms and Conditions of
Use, available at https://digitalis.uc.pt/en/terms_and_conditions.
As laid out in the Terms and Conditions of Use, the download of restricted-access titles requires a
valid licence, and the document(s) should be accessed from the IP address of the licence-holding
institution.
Downloads are for personal use only. The use of downloaded titles for any another purpose, such as
commercial, requires authorization from the author or publisher of the work.
As all the works of UC Digitalis are protected by Copyright and Related Rights, and other applicable
legislation, any copying, total or partial, of this document, where this is legally permitted, must contain
or be accompanied by a notice to this effect.
pombalina.uc.pt
digitalis.uc.pt
Antigone sulle mura • Quatro funerais e um
casamento. Mortos e vivos naSÉRIE
Antígona de Sófocles
MITO E (RE)ESCRITA
antígona
a eterna sedução
da filha de édipo
Andrés Pociña, Aurora López, Carlos Morais
e Maria de Fátima Sousa e Silva
coordenação
antígona
a eterna sedução
da filha de édipo
Andrés Pociña, Aurora López, Carlos Morais
e Maria de Fátima Sousa e Silva
coordenação
ISSN: 2182‑8814
Diretor Principal
Main Editor
Assistentes Editoriais
Editoral Assistants
Comissão Científica
Editorial Board
antígona
a eterna sedução
da filha de édipo
Andrés Pociña, Aurora López, Carlos Morais
e Maria de Fátima Sousa e Silva
coordenação
Título Title
Antígona. A eterna sedução da filha de Édipo
Antigone. The eternal seduction of Oedipus’ daughter
Coord. Ed.
Andrés Pociña, Aurora López, Carlos Morais, Maria de Fátima Sousa e Silva
Editores Publishers
Imprensa da Universidade de Coimbra Annablume Editora * Comunicação
Coimbra University Press
www.uc.pt/imprensa_uc www.annablume.com.br
Contacto Contact Contato Contact
imprensa@uc.pt @annablume.com.br
Vendas online Online Sales
http://livrariadaimprensa.uc.pt
ISSN
2182‑8814
ISBN
978-989-26-1110-5
ISBN Digital
978-989-26-1111-2 © Novembro 2015
Annablume Editora * São Paulo
DOI Imprensa da Universidade de Coimbra
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2 Classica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis
http://classicadigitalia.uc.pt
Depósito Legal Legal Deposit Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
da Universidade de Coimbra
Filiação Affiliation
Universidade de Granada, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra
Resumo
Este volume reúne um conjunto de estudos que têm por motivo o mito de Antígona, a sua expressão clássica e
a sua recepção moderna e contemporânea, em diferentes contextos culturais (Portugal, Brasil, Espanha, França
e Itália).
Palavras‑chave
Literatura, filosofia, teatro.
Abstract
This volume includes several texts about the myth of Antigone, its classical expression and modern and
contemporary reception, in different cultural contexts (Portugal, Brazil, Spain, France and Italy).
Keywords
Literature, philosophy and theatre.
Coordenadores
Carlos Morais obtained his PHD in ancient Greek Literature by the University of
Aveiro, in the specialty of Greek Literature, with a thesis about Sophoclean trimeter:
variations of a metric model, published in 2010 (Lisbon, FCT/FCG). He is now
Professor of the Department of Languages and Cultures in the University of
Aveiro, and has been making his research about Greek literature, mainly theatre,
and its reception. He published Portuguese masks of Antigone (Aveiro 2001) and
several studies, in books and international periodicals, about the myth of Antigone
in Portuguese and Spanish literatures.
Apresentação......................................................................................................................11
Marta Isabel de Oliveira Várzeas, Antígona em cena no Teatro Nacional de São João:
Tradução e Dramaturgia
(Antigone on Stage in Teatro Nacional de São João: Translation and Dramaturgy).............................301
Index...............................................................................................................................333
Autores...........................................................................................................................357
Apresentação
11
convívio científico em tempo de colóquio e, posteriormente, volumes temá‑
ticos que abrangem os estudos então apresentados, alargados com outros de
igual interesse para o formato final da publicação.
Inserido nessa mesma linha de investigação, este volume é, em primeira
mão, o resultado, revisto e ampliado, dos textos apresentados no colóquio
Antígona – A eterna sedução da filha de Édipo, que se realizou na Faculdade
de Letras de Coimbra entre 25-26 de Setembro de 2014. Pode considerar‑
-se que a proximidade com o calendário comemorativo dos 40 anos do
25 de Abril tornou a escolha particularmente apropriada. Na verdade, dos
múltiplos sentidos que o original sofocliano sugere – valores de justiça, diá‑
logo entre o divino e o humano, relacionamento familiar -, é sobretudo no
exercício do poder político, no abuso de autoridade que configura o tirano
e na voz heróica de uma oposição determinada, mas solitária, que ele incide.
Da sua importância para uma reflexão colectiva deram-se conta, antes dos
mais, os contemporâneos de Sófocles, que o distinguiram com um cargo
público de elevado prestígio, como reconhecimento da sua excelência no
‘pensar a cidade’.
Mas, por trás dessa motivação próxima, está o objectivo de prosseguir
uma cadeia de realizações, promovidas pelas Universidades espanholas de
Granada e Valência, juntamente com as portuguesas de Coimbra e Aveiro,
focadas na recepção dramática dos mitos clássicos. O tempo e um empenho
partilhado trouxe, a esta equipa que se mantém unida ao longo de décadas,
o incentivo principal de todo o processo: uma sólida amizade que se cons‑
truiu em torno “da eterna sedução” dos mitos gregos.
Por sua vez, o universo privilegiado pelo grupo de trabalho responsá‑
vel por este volume, embora com extensões a outras culturas e línguas – a
transdisciplinaridade natural nos estudos de recepção a isso aconselha – foi
sempre a literatura dramática de expressão portuguesa e espanhola. Com a
prioridade dada a esses textos, tem-se procurado preencher um vazio que
importantes estudos realizados por comentadores de primeira importância
no plano internacional têm, no entanto, deixado esquecidos.
Depois de outras iniciativas dedicadas a diferentes figuras do mito –
Medeia, Fedra, Helena, Agamémnon -, cabe agora a Antígona, a sempre
desafiadora e simbólica filha de Édipo, centrar as atenções e análises de
especialistas e estudiosos. Para os múltiplos tratamentos de que Antígona
foi objecto ao longo dos séculos, sob diversas formas literárias e artísticas, e
da particular incidência que este mito teve em tempos de ebulição política e
social, se obtiveram diversos contributos, que vieram inventariar e justificar
recriações contemporâneas da lenda tebana.
12
Qualquer bom estudo de recepção não dispensa uma reflexão sobre as
fontes essenciais que deram ao mito, já numa formulação literária e dra‑
mática, um modelo de exploração temática e estética. Neste caso, a versão
sofocliana de Antígona impõe-se por aquilo que ela, antes de mais, é: um
momento de excelência teatral. Mas acresce-lhe, dentro da Literatura Grega
antiga, outros contributos que, provenientes da poesia homérica, se multi‑
plicam na tragédia e continuam vigentes na literatura de época helenística.
A essas sucessivas leituras e releituras se dedicam os estudos de Francesco de
Martino, João Loureiro e de Maria das Graças de Moraes Augusto.
As versões francesas de Antígona, quer as que foram produzidas pelos
movimentos pioneiros do séc. XX como as mais recentes, pela habitual in‑
fluência que exercem no teatro ibérico, mereceram também atenção nos
estudos de Maria do Céu Fialho e Stéphanie Urdician.
No que diz respeito à presença destas reescritas na Literatura Portuguesa,
apesar de, aparentemente, ser restrito o interesse sobre este tipo de temas,
a verdade é que, nas diferentes etapas da nossa produção literária, eles re‑
aparecem, se não em grande quantidade, certamente com uma qualidade
e uma motivação expressivas para aspectos salientes da nossa cultura. Pela
sua mensagem central, a Antígona conheceu no séc. XX português, em
tempos de ditadura, um papel de intervenção relevante. Não só se multipli‑
caram, em Portugal, representações do original grego, como sobretudo se
recriaram novas Antígonas, que o adequassem de forma ainda mais ajustada
às preocupações e vivências nacionais do momento. António Sérgio, Júlio
Dantas, António Pedro, Mário Sacramento, em meados do séc., e já no
seu final Hélia Correia e Eduarda Dionísio, entre outros, retornaram ao
motivo tebano, motivados por diferentes contextos, objectivos e sensibili‑
dades. Este era o tempo em que, rodeando os anos da 2ª Guerra Mundial,
Anouilh e Brecht se valiam da mesma tradição para repensarem o momento
crítico que a Europa vivia. Em Portugal, ao mesmo tempo que se retomava
o modelo sofocliano para criar uma mensagem própria da realidade por‑
tuguesa, desencadeava-se um diálogo com essas outras influências, numa
perspectiva diacrónica. Deste património português dão conta os textos de
Maria Fernanda Brasete, Maria de Fátima Silva e Susana Marques Pereira.
A literatura brasileira, pela pena inspirada de Guimarães Rosa, tem também
presença no estudo de Gilmário Costa. Por fim, o interesse que a revitaliza‑
ção da velha Antígona em cena continua a conhecer nos palcos portugueses
está documentado no texto de Marta Várzeas.
De modo muito semelhante, inclusivamente do ponto de vista das mo‑
tivações políticas, à proliferação de novas visões portuguesas de Antígona
13
ao longo ao séc. XX, também em Espanha as houve muito abundantes
e dignas de consideração. No colóquio de Coimbra foram abordados os
tratamentos da admirável filha de Édipo, levados à cena ou na poesia, de
Salvador Espriu, José Martín Elizondo, María Zambrano, Julia Uceda, ou
mesmo do recentíssimo Memé Tabares, presentes nos textos que aqui pu‑
blicam Aurora López, Carlos Morais, Carmen Morenilla, Nuria Llagüerri.
Nem mesmo faltou a apresentação de uma Antígona em língua asturiana,
a de R. González Delgado.
Dizíamos no início que os estudos de recepção obrigam a um diá‑
logo com culturas irmãs dentro de um mesmo filão tradicional. Neste sen‑
tido, também esteve presente a análise de uma Antígona pouco conhecida,
a presente na única obra teatral da escritora italiana Elsa Morante, analisada
por Andrés Pociña.
Os editores,
Andrés Pociña
Aurora López
Carlos Morais
Maria de Fátima Silva
14
Antigone sulle mura
(Antigone on the Walls)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_1
15
(Página deixada propositadamente em branco)
Antigone sulle mura
A bstr act - Important and symbolic space of the city, border between intra
and extra moenia, the walls also host women. Like from a big window, Helen,
Hecuba, Andromache, Cassandra, Deidamia, Medea, Scilla scrutinize hus‑
bands, sons, brothers and impossible lovers, men in distress and in position
of enemies, because they are outside the walls. Homer’s exemplary female
teichoscopiai all have left significant traces in the teichoscopia of Antigone in
Euripides’ Phoenicians (and then in the Thebaid of Statius) but especially that
of Cassandra who - in the last book of the Iliad - observed from the walls the
“good brother” now dead. In the same way, Antigone desires to see the “brother
not so bad” destined to die.
Keywords: women, walls, teichoscopia, Antigone.
1
Lentini 2013: 188, 193.
2
Bachelard 2006 ha parlato di “poetica dello spazio”. Altra bibliografia sullo spazio
in Lentini 2013: 187 n. 1. Lentini (ivi, 190-191) intravede la metafora della teichoscopia e
della teichomachia in Lucr. 1. 66-67 e 2. 5-11.
17
Francesco De Martino
3
Nel prologo delle Fenicie con Antigone c’è un Vecchio servitore, in Stazio il vecchio
Forbante e il vecchio Actore, che non ce la fa (Theb. 7. 246 senem, 11. 357 senior comes […]
/ Actor). La salita sulle mura «può essere interpretata nel quadro della categoria lotmaniana
del superamento dell’ostacolo: oltre all’ascesa fisica, infatti, l’eroina deve anche farsi largo
fra la folla che, come lei, si accalca sulle mura per assistere al duello: [...] tacitos obstante
tumultu / Antigone furata gradus (354-355)» (Korneeva 2011: 186-187).
4
In Il. 8. 517-519 Ettore dice agli araldi di convocare bambini e vecchi sulle mura,
mentre le donne devono rinchiudersi in casa. Nelle Troiane 1074 di Seneca Priamo tiene
in braccio il nipote Astianatte e gli fa vedere paterna […] bella. In Stat. Theb. 7. 240-242
le madri tebane mostrano ai figli le armi luccicanti dei padri.
5
E. Ph. 79, 116, 239, 366, 593, 744, 752, 796, 823, 1137, 1150, 1357, 1475. Cf. Sen.
Ph. 343, 444-445, Troiane 634, 1075, 1091, 1119, e anche Stat. Theb. 5. 311, 351, 376, 410,
495, 7. 391, 433, 435, 12. 355, 362.
6
Cf. Philostr. 2. 29: «(sc. Antigone) uscita di notte dalle mura» (§1), perché i cadaveri
stanno ovviamente «sotto le mura» (§2).
7
Cf. Méridier in Grégoire-Méridier-Chapouthier 2002: 127.
8
Su Euripide nel suo ultimo decennio (Elena, Oreste, Ifigenia in Aulide, Fenicie)
stesicoreo cf. Ercoles-Fiorentini 2011.
18
Antigone sulle mura
Glauco, nel Sui miti di Eschilo, afferma che i Persiani sono stati ricre‑
ati a partire dalle Fenicie di Frinico. Cita anche l’inizio del dramma,
questo qui: Questa è la dimora dei Persiani partiti da tempo tranne che
là è l’eunuco che annunzia nell’inizio la sconfitta di Serse e dispone i
seggi per i consiglieri. Qui invece il Coro degli anziani recita il prologo
(prologizei).
9
Taplin 1989: 193 n. 1. Ad una casualità pensa invece Medda 2006: 18 n. 21. Sulle
Fenicie di Strattide frr. 47 e 48 K.-A. parodia di quelle di Euripide, cf. Fiorentini 2008-
2009: 37, 216-229 e 2010. Anche Aristofane scrisse Fenicie, cf. fr.*547 K.-A., che riprende
il v. 182 del dramma euripideo.
10
L’estraneità del coro dalla trama, rilevata dallo scolio a Ar. Ach. 443 rende ancora
più evidente la natura di omaggio a Frinico.
11
Cf. anche fr. 10 Sn.-Kn. καὶ Σιδῶνος προλιπόντα ναόν e Taplin 1989: 252. Nella
hypothesis dei Persiani il v. 202 delle Fenicie è ricordato come esempio di brani corali pa-
rodikan.
12
Mastromarco 1983: 467 n. 48.
19
Francesco De Martino
13
In essa potrebbero esserci stati anche i Giusti o Persiani o Consessori (Lloyd-Jones
1966, cf. Taplin 1989: 63 n. 2). Se nella stessa tetralogia c’era anche la problematica Presa
di Mileto, la questione si complicherebbe ma con conseguenze interessanti. Sulla Presa di
Ecalia, cf. Mastromarco 2012 e Caroli 2012.
14
Sull’inizio delle Fenicie, cf. Carrara 1994a e 1994b.
15
Rispetto ai Sette a Tebe di Eschilo e all’Edipo re di Sofocle è «un elemento di sor‑
presa» (Medda 2006: 8).
16
Il verbo è riusato da Giocasta al v. 463 (hekei) ed è un verbo speciale, con una storia
letteraria interessante, sulla quale tornerò in un’altra occasione. Significativamente si trova
anche nelle Fenicie di Strattide (fr. 46. 3 K.-A., verosimilmente proprio nel prologo, cf.
Fiorentini 2009: 221-222).
17
« Si ritiene che Euripide abbia fatto ricorso a questo espediente perché il protagonista
potesse cambiare personaggio abbandonando il ruolo di Giocasta», Pickard-Cambridge
1996: 188 e 205 n. 87. Ai vv. 1270-1282 Giocasta e Antigone sono entrambe in scena e
in questo caso dovevano essere a cura di attori diversi, per questo motivo Di Benedetto-
Medda 1997: 228 distribuivano diversamente le parti. Taplin 1989: 368 paragona il break
dell’uscita di Giocasta a quello dell’Ifigenia in Tauride prima e dopo la scena con Oreste e
Pilade (867-922) e con quelli del prologo delle Eumenidi di Eschilo.
18
Nell’elenco dei prosopa e nei mss è Pedagogo, in uno scolio un tropheus. Il modo
di comportarsi lo assimila ad un Pedagogo, Mastronarde 1994: 179. Su «the old men re‑
sembling messengers or paidagogoi» sui vasi, cf. Green 1999. La sua opera «sarà travolta e
rovesciata nel corso della tragedia» (Funaioli 2011: 81).
20
Antigone sulle mura
Prologo «a parte». Il Servo fa di tutto per far capire che la scena sulle
mura è «a parte»22. Nessuno vede Antigone, a parte il pubblico, come
dice il Servo: «no, non sbuca nessuno della città» (99). Quel “nessuno”
allude soprattutto ad Eteocle che nei Sette (182ss.) di Eschilo aveva
rimproverato le tebanine del Coro incapaci di sopportare lo stress
dell’assedio, a differenza di Antigone in grado invece di sopportarlo23.
Anche alla fine della scena il Servo controlla che Antigone rientri
subito in casa e non venga vista neppure dalle donne che stanno
arrivando, cioè dalle Fenicie. Anche in Stazio (Theb. 7. 243ss.) nella
prima delle due salite sulle mura 24 Antigone sta «appartata su una torre
isolata (turre procul sola)», perché «non le è ancora permesso mostrar‑
si in pubblico (concessa videri)» (7. 243). Con lei c’è solo il vecchio
Forbante, scudiero e auriga di Laio, che le fa una rassegna degli alleati
dei Tebani (7. 246-373).
19
Anche in 1275 Antigone, preoccupata di lasciare la stanza delle vergini, è spinta da
Giocasta a non avere vergogna e a presenziare al duello tra Eteocle e Polinice, per sventarlo,
se ancora possibile.
20
Il prologo tragico è di solito in almeno due scene o in una scena in due parti,
cf. Mastronarde 1994: 171. Secondo la hypothesis di Aristofane di Bisanzio (p. 153. 9
Chapouthier) Προλογίζει δὲ Ἰοκάστα, ma nel senso che il primissimo personaggio
che entra in scena, come confermano analoghe notazioni in altre hypotheseis (Antigone
nell’Antigone, la nutrice nella Medea, Apollo nell’Alcesti, Andromaca nell’Andromaca, ecc.).
21
Esseri umani, non solo divinità, si trovano a volte in alto ma alla fine del dramma
(Medea nella Medea 1317ss., Oreste, Pilade, Elettra, Ermione in Oreste 1567ss.), cf.
Mastronarde 1990: 255-257 e Di Benedetto-Medda 1997: 77-78.
22
Burgess 1987: 106-107 segnala altre scene «isolated»: Oreste e Pilade in Ifigenia in
Tauride e Elettra, Elena in Oreste, Teucro in Elena.
23
Sulla parodo dei Sette come possibile teichoscopia, cf. Librán Moreno 2005: 237-239.
24
Solo nella seconda salita sulle mura Antigone ormai senza il vecchio Actore rivolge
un discorso al fratello Polinice (Theb. 11. 363-382).
21
Francesco De Martino
25
Burgess 1987: 103.
26
Scolio ad Il. 10. 1: «dicono che la rapsodia sia stata sistemata a parte e non sia un
meros dell’Iliade. Fu collocata da Pisistrato nel poema»; Eust. ad Il. 785. 41-42: «gli antichi
dicono che questa rapsodia fu disposta da Omero idiai, e non era annoverata fra gli ele‑
menti dell’Iliade, e che fu disposta nella composizione da Pisistrato».
27
Scolio a Il. 6. 119 «alcuni trasferiscono altrove questa systasis»; cf. Fornaro 1992: 25-29.
28
Vox 1981; sulla terminologia aristotelica dello scolio omerico, cf. Gallavotti 1969.
29
Sulla hypth. cf. Burgess 1987: 104.
22
Antigone sulle mura
μεστόν. Cf. Gorg. fr. 24 D.-K. (= Ar. Ra. 1021) δρᾶμα (sc. i Persiani)
ποήσας Ἄρεως μεστόν, Plu. Mor. 389a (E di Delfi) «ditirambi pieni
(μεστάv) di passioni e movimento», Max. Tyr. 18. 9 (= Anacr., fr. 402/57
Page) «i suoi canti sono pieni (μεστάv) della chioma di Smerdi, degli occhi
di Cleobulo e della grazia giovanile di Batillo», Cf. Ar. Nu. 1367 Eschilo «è
pieno di chiasso» (la definizione è del sofistico Fidippide), Hor. Carm. 3.
25.1-2 «tui (sc. di Bacco)/ plenum». Cf. De Martino 2001: 156 n. 82.
Ἔστι δὲ τὀ δρᾶμα. Notazioni simili in varie hypotheseis: Τὸ δρᾶμα τῶν
πρώτων (Hipp.), τὸ δὲ δρᾶμά ἐστι σατυρικώτερον (Alc.), cf. Mastronarde
1994: 169 n. 2. Qualificazioni si trovano anche in Ar. Th. 166 κάλ […] τὰ
δράματα e Ra. 1254-1255 «moltissimissimi (πολὺ πλεῖστα)» e «bellissimi
(κάλλιστα)», Frinico, fr. 32. 3 K.-A. «molte e belle (πολλὰς … καλάς) tra‑
gedie»; Hyp. Cav. «il dramma è uno di quelli composti kalos».
μέρος οὐκ ἔστι δράματος. Cf. Arist. Po. 1453b ἔξω τοῦ δράματος,
1460a ἐν τῷ δράματι, scolio a Il. 10, in. μέρος τῆς Ἰλιάδος (sc. la
Dolonia). Non c’è bisogno di distinguere, come invece suggerisce
Mastronarde (1994: 169 e n. 1), tra presenza e assenza dell’articolo (Arist.
Po. 1453b ἐξω τοῦ δράματος, 1460a ἐν τῷ δράματι, scolio a Il. 10, in.
μέρος τῆς Ἰλιάδος).
ὑπόσπονδον. Cf. Ph. 81 Giocasta «ho convinto il figlio che al figlio ve‑
nisse protetto da una tregua (ὑπόσπονδον)» e 450 Eteocle «mi hai persua‑
so e hai potuto fare entrare entro le mura quest’uomo protetto dalla tregua
(ὑπόσπονδον μολεῖν/ τόνδε εἰσεδέξω τειχέων)». Frequente negli storici
(Hdt. 2. 144, 5. 72. 2, 5. 162. 2, 6. 103. 3, Th. 1. 103. 1), si usa spesso
per i morti (Th. 1. 63. 3 e 2. 79. 7 τοὺς νεκροὺς ὑποσπόνδους). Polinice
è virtualmente già morto. Cf. Ph. 172 ἔνσπονδος. In Ba. 924 è riferito a
Dioniso (dallo stesso Dioniso): «Prima (sc. il dio) non era propizio,/ ora è in
tregua (enspondos) con noi».
Chi ha scritto questa hypothesis conosceva bene le Fenicie. Il termine
hypospondos riprende hypospondon molein detto da Giocasta, ripetuto da
Eteocle (81 e 450) e variato in enspondos da Antigone (171). Polinice hypo-
spondos «arriva per nulla» e Edipo se ne va in esilio «a vuoto».
23
Francesco De Martino
30
De Martino 2002: 114-115. 11 personaggi ha anche il Reso.
31
Sulla struttura centripeta, cf. Medda 2006: 9 e 18-19 n. 22 dove ricorda lo scolio
ad Aristofane, Acarnesi 443.
32
Mastronarde (1994: 169) ricorda come nella sua edizione dei frammenti (Aristo-
phanis Byzantii Fragmenta, Berlin 1986) W.J. Slater «omits the dramatic material entirely».
L’aggiunta di Scaligero ἐρεῖ καὶ καταπληροματικόν dipende dall’Argumentum. Ferrari
1996: 237 attribuisce ad Aristofane di Bisanzio l’Argumentum in questione.
33
Cf. 198-201 «Le femmine sono una brutta razza: amano la maldicenza, se trovano
piccoli appigli per discorrere, li moltiplicano. È un piacere per loro sparlare l’una dell’altra»;
355-356 «I dolori del parto sono tremendi e non c’è donna al mondo che non ami la propria
creatura»; 358-360 «Ma la patria la amano tutti, inevitabilmente. Chi dice il contrario si
compiace di vuote parole; in realtà, dentro di sé, non fa che pensare alla patria»; 387-399 in
forma di domanda e risposta su cosa sia essere privato della patria; 814 «ciò che bello non
è, non fu mai bello». Altre gnomai (442, 524ss., 584s. 1320s., 1478s.) sono segnalate da Er‑
colani 2000: 171-173). Dione Crisostomo osserva invece che «i canti di Sofocle non hanno
molta gnomica (πολὺ τὸ γνωμικόν) né invitante alla virtù come invece quelli di Euripide».
24
Antigone sulle mura
Ecco, tienti stretta a me. Sei arrivata al momento giusto. Le truppe dei
Pelasgi fanno manovra, i reparti si schiereranno ciascuno al suo posto.
(trad. U. Albini, qui e in seguito).
Ciò che ora Antigone può vedere in diretta è la stratologia, cioè il con‑
vergere delle truppe coi loro comandanti. Ma anche altri dettagli, altre in‑
quadrature su manovre militari, come quella segnalata ai vv. 180-181, dove
il Servo dice che Capaneo «sta misurando in alto e in basso le mura». La
misurazione è un tratto importante già nella erezione delle mura, nei tei-
chismoi, come vediamo in Tucidide 3. 20. 3-4 e ed Erodoto 2. 127. 1, che
34
De Martino 2013a-c, 2014, 2015.
25
Francesco De Martino
35
De Martino 2015.
36
Interessante il dettaglio del «sudore» del pubblico. Il duello, descritto minutamente
come in una sceneggiatura, è consapevolmente spettacolare, cf. le reazioni dei Danaidi
(1395) e dei Tebani (1398-1399).
37
In S. OC 1308-1325 Polinice fa una essenziale e fiacca rassegna dei 7 per Edipo
ed Antigone.
38
«Contrapporrò condottiero a condottiero. Menzionarli per nome uno per uno
significa perdere tempo e i nemici sono già sotto le mura». Cf. Mastronarde 1994: 360-361
e Librán Moreno 2005: 248-249.
26
Antigone sulle mura
39
Analoghe critiche formula Teseo nelle Supplici 846-856 per criticare Eschilo che
nei Sette a Tebe si attardava a descrivere dettagliatamente i sette assedianti e i loro scudi
e nella scena che precede il riconoscimento nell’Elettra di Euripide, cf. Quijada Sagredo
2013: 35 e nn. 8-9.
40
L’esempio che Elio Teone porta è banale, il περιτειχισμός di Platea (Th. 3. 21-22).
Esempi più significativi stanno in Erodoto (Babilonia) e in Tucidide (Atene) e negli Uccelli
di Aristofane. Cf. De Martino 2015.
41
Cf. inoltre Paus. 9. 5. 6-8, Pherecyd. FGrHist 3 F 41, e n. 38.
42
Apollod. 3. 5. 5-6 / 44-45, Hyg. Fab. 69. Per i nomi storici delle sette porte (Omo‑
loidi, Ogigie, Pretidi, Oncaidi, Ipsiste, Elettra, Crenidi), cf. A. Th. 375-685. Le mura
furono distrutte dagli Argivi all’epoca degli Epigoni, i figli vendicatori dei sette morti dieci
anni prima, cf. Apollod. 3. 7. 4. 85.
43
Su questa teichoscopia cf. Curnis 2002 e 2004.
27
Francesco De Martino
44
Th. 2. 4. 2 (donne di Platea mettono in fuga i tebani), D. S. 13. 89 e 108-111 (don‑
ne di Gela riparano il muro che i nemici stanno demolendo). Plutarco, Moralia 245 b-c (le
donne di Chio sulle mura lanciano pietre e dardi, facendo indietreggiare gli attaccanti),
Caes. Gal. 7. 47. 4-5 (le madri a Gergovia gettano dalle mura vesti e argento e si affacciano
«a seno nudo»), cf. Cipriani 1986: 50, Brescia 1997: 134. Su teichoscopie negli storici (Liv.
5. 40. 4-7, dal Campidoglio; Claud. Ruf. 2. 60-70; Sid. Apoll. Carm. 7 (= Elogio di Avito).
255-256) cf. Miniconi 1981: 76-77.
45
Enn. fr. 9. 419 Vahlen (una teichoscopia femminile?, cf. Miniconi 1981: 74).
46
Virg. Aen. 8. 592-593 (le madri guardano in muris gli eroi in partenza), cf. Kornee‑
va 2011: 185 n. 159; inoltre 11. 877 ss., 12. 131-133 e 585-587.
47
Cf. Korneeva 2011: 184-185. Sulla teichoscopia in Stazio e Lucano, cf. Lovatt 2006.
48
Argia sulle mura è modellata su Medea sulle mura in Valerio Flacco (Arg. 6. 681).
49
Su questa teichoscopia parodica, cf. Korneeva 2011: 173-174.
28
Antigone sulle mura
29
Francesco De Martino
niunx oculisque in carbasa fixis/ ibat et ipsa freto et puppim iam sola
videbat». Deidamia saluta per l’ultima volta Achille50.
50
Cf. anche Silv. 5. 2. 22-124.
51
Sulla teichoscopia in Valerio Flacco, cf. Fucecchi 1997: 175 (ai vv. 575-586).
52
Giunone, assunto l’aspetto della sorella Calciope, inganna Medea e la trascina
sulle mura per farle vedere Giasone, il nuovo straniero arrivato (6. 503-506). Vedi anche
6. 575ss.: Medea e 6. 681-682 inminet e celsis audentius improba muris/ virgo nec ablatam
sequitur quaeritve/ sororem.
30
Antigone sulle mura
Qui spesso era solita salire la figlia di Niso/ E percuotere i sassi sonori
con piccolo sasso – questo,/ almeno, in tempo di pace. Ma anche in
guerra soleva/ osservare di là gli scontri di Marte spietato./ Durando
la guerra tanto a lungo, aveva imparato anche i nomi/ dei capi, e le
armi, i cavalli, il portamento, le faretre cretesi.
53
Le sue mura erano “sonanti” (cf. Ov. Met. 8. 14 e 17 («vocalibus […] muris)», «reso‑
nantia saxa»), perché Apollo quando aiutò Alcatoo a costruirle poggiò su un masso la cetra
(kithara). Perciò colpendole con un ciottolo, come fa Scilla, suona come la corda di una cetra.
Sulle mura cf. Paus. 1. 41. 6 e 42. 1-2: «egli (= Alcatoo) ricostruì le mura dalle fondamenta,
poiché la vecchia cinta era stata distrutta dai Cretesi. […] Si mostra anche un focolare degli
dei chiamati Prodomeis; dicono che il primo a sacrificar loro sia stato Alcatoo, quando stava
per iniziare la costruzione delle mura. […] Come raccontano i Megaresi, con Alcatoo che
costruiva il muro cooperò Apollo e poggiò la cetra sul masso; se questo masso uno lo colpisce
con un ciottolo, risuona come quando si tocca una cetra» (trad. D. Musti). Il masso dove
Apollo posò la cetra doveva essere vicino ad una porta. Lo stesso Pausania ricorda subito dopo
(1. 42. 3) il Colosso di Memnone che al sorgere del sole emetteva un suono «e il suono asso‑
miglia a quello di una cetra o di una lira, quando si è rotta una corda». Alle due mura – quelle
preistoriche e quelle tardo-micenee di Alcatoo – si aggiunsero, nel 460/459, dopo l’invasione
persiana, le terze mura che collegavano la città al porto di Nisea, che furono poi smantellate
durante le guerre macedoni. Cf. Beschi-Musti 1982: 429, Kenney 2011: 308-309.
54
Cf. Korneeva 2011: 185.
55
Come nota Mastronarde 1994: 168 già nell’Iliade c’è «a conversation between
knowledgeable and unknowledgeable interlocutors», ma «the roles are reversed between
male and female».
31
Francesco De Martino
56
La torre è probabilmente la stessa descritta dal Nuntius in Seneca, Troades 1070-
1078: «Nuntius Di tutta Troia è rimasta ancora in piedi solo una grande torre, famigliare
a Priamo; dalla sua sommità e dai suoi più alti pinnacoli, sedendovi come arbitro delle
battaglie, egli guidava gli scontri. Su questa torre, custodendo affettuosamente in braccio il
nipote ( fovens nipotem), quando Ettore metteva in rotta con la spada e con il fuoco i Danai,
che fuggivano per il terrore, il vecchio mostrava al fanciullo le imprese del padre (paterna
puero bella monstrabat senex). Questa torre, che un tempo era celebre e l’ornamento delle
mura (muri decus), ed è ora un crudele scoglio, viene circondata da una folla di comandanti
e soldati riverberatasi da ogni parte; tutto il popolo dei Greci, abbandonando le navi, vi si
accalca» (trad. R. Cuccioli Melloni).
57
Nel corso del quale l’eroe troiano tenta invano di ripararsi lì «sotto le solide torri,/
se mai dall’altro coi dardi gli dessero aiuto» (Il. 22. 194-196).
58
Elena va sulle mura col velo bianco: «copertasi con un velo di bianchezza splen‑
dente» (Il. 3. 141), forse proprio un velo da sposa, come quello col quale va sulle mura
Andromaca e che lascia cadere dalla testa quando vede Ettore morto (Il. 22. 466-472). In
Stat. Theb. 7. 244-245 è vestita di nero. Nelle Fenicie Giocasta veste in nero (322-326).
32
Antigone sulle mura
marito andò a Troia e non provò nostalgia del primo marito, né della figlia
né dei cari genitori») e dall’episodio di Cornelia59.
Ad Elena però interessano di più i suoi fratelli Castore e Polluce, che
non vede, e che ipotizza che o non siano venuti o che si tengano fuori dal
combattimento (Il. 3. 236-244), e che invece sono morti entrambi a Sparta.
59
Cf. De Martino 2014.
60
Il. 3. 238 μία […] μήτηρ, Ph. 156-158 μία μήτηρ; cf. S. Ant. 513 in riferimento a
Eteocle, Stat. Theb. 11. 407-408: «Nel campo sta per compiersi un delitto tra consangui‑
nei, una lotta tremenda tra i figli di un unico ventre (unius ingens/ bellum uteri) (trad. G.
Faranda Villa).
61
Il. 19. 293, E. IT 497 «Siete fratelli (sc. Oreste e Pilade)? Figli della stessa madre
(μητρὸς […] ἐκ μιᾶς)?», Xen. An. 3. 1.17.
33
Francesco De Martino
62
Cf. Pi. N. 10. 87-88, P. 11. 63-64 «che un giorno abitate nelle sedi di Terapne/ e
l’altro nella dimora di Olimpo» (trad. B. Gentili).
63
Forbante descrive lo scudo di Driante (7. 255-256 «un tridente e un fulmine sbal‑
zato in oro»), di Anfione, figlio o nipote del musico (7. 279 lira e toro sull’elmo, «insegne
degli avi»), di Ipseo (7. 310-311 «scudo fatto di sette strati di pelle»).
64
Non è certo se stiano in postazioni diverse, come potrebbe suggerire l’avverbio
eterothen (Il. 22. 79). Cf. Il. 22. 430 e Castellaneta 2013: 16 n. 12, sulla base di Ameis
Hentze 1906: 9.
34
Antigone sulle mura
65
Per Castellaneta 2013: 16-17, 22 anche il ventre, «facendo scivolare parte superiore
della veste fino alla vita, dov’era fermata dalla cintura». Ma sarebbe una scena anomala per
un poeta proude come Omero.
66
Il gesto è simbolico, perché verosimilmente Ettore sarà stato allattato da una nutrice,
come Oreste è stato allattato da Cilissa (A. Ch. 750), non da Clitennestra. A distanza è il de‑
nudamento anche delle matres familiae di Gergovia che si affacciano dalle mura pectore nudo.
L’espressione κολπὸν ἀνιεμένη (v. 80) è ripresa da Teocrito nelle Siracusane (15. 134-135
«la veste allentata fino alle caviglie/ e il petto scoperto»), dove descrive il canto rituale nelle
Adonie. I vv. 82-83 sono ripresi invece in Carito 3. 5. 6, dove sono in bocca alla madre di
Cherea per convincerlo a non partire da Siracusa a Mitilene; cf. Castellaneta 2013: 115-116.
67
Come poi le matres familiae di Gergovia che si affacciano dalle mura pectore nudo.
68
A. Ch. 896-897, E. El. 1207, Oreste 527, 841 (cf. Mastronarde 1994: 585). Sul seno
di Giocasta in Euripide, Seneca e Stazio, cf. Castellaneta 2013: 81-87 e n. 11.
69
Il I Messagero (1434-1435) descrive Giocasta che piange ricordando il «dolore
dei seni» (cioè dell’allattamento). In 1527 Antigone menziona il «seno privo di latte» della
madre.
70
Cf. Mastronarde 1994: 547, 575, 585; inoltre Sen. Ph. 404-405, 469-470, Stat.
Theb. 7. 481-483, 522-524, 11. 341-342. In Stat. Ach. 1. 77-78 è Teti a seni nudi. Cf.
Castellaneta 2013: 87-88 n. 11.
71
Pol. 2. 56.7-8 li criticava come tipici dello storico Filarco, ma lui stesso ne riferisce
uno della nutrice Agatoclea in 15. 31. 13, cf. Cipriani 1986: 71, Castellaneta 2013: 114.
72
De Martino 1958: 224-225.
35
Francesco De Martino
73
Ai vv. 490-491 Giocasta chiede ai capi: «O capi Argivi, chi di voi mi indicherà il
nemico che io stessa ho partorito (hostem/ quem peperi)?».
74
Per Castellaneta (2013: 22ss.) il gesto di Ecuba si potrebbe riferire al seno e al
ventre.
36
Antigone sulle mura
Il discorso alla gioventù amica e nemica va inteso come discorso ai due figli,
uno nemico ed uno ancora in patria, e dunque rappresenta un caso particolare
del discorso-rimprovero75 di una madre ai propri figli guerrieri, testimoniato da
Plutarco fra i detti delle madri spartane e in riferimento alle madri dei soldati di
Ciro in fuga nel corso del combattimento con i Medi di Astiage:
Detti delle donne spartane 5. 241b: volete ripararvi qui donde siete usciti?
75
Un singolare discorso di rimprovero di Antigone a Polinice è in Stat. Theb. 11.
363-382, Korneeva 2011: 159.
76
L’episodio è testimoniato anche da Nic. Dam. fr. 66. 43-44 Jacoby e da Polyaen. 7.
45. 2. Cf. Cipriani 1986, De Martino 2002: 135.
37
Francesco De Martino
77
Sulla strategia militare ipotizzata da Andromaca, cf. Lentini 2013: 187.
78
Sull’epigramma, cf. Argentieri 2003: 124-126.
79
I due passi su Andromaca-menade sono l’unica esplicita menzione del menadismo
in Omero, cf. Prauscello 2007: 212.
38
Antigone sulle mura
Il. 24. 697-702: «[…] non li vide/ nessuno fra gli uomini, né fra le
donne dalla bella cintura,/ prima di lei; ma Cassandra, bella come
Afrodite d’oro/ salita alla rocca di Pergamo, vide suo padre/ ritto sul
carro, insieme all’araldo banditore;/ vide lui sopra i muli, composto
nella bara;/ ruppe allora in lamenti e lanciava il grido all’intera città:/
«Venite a vedere Ettore, Troiani e Troiane, se mai godevate/ di lui
quand’era vivo e tornava dalla battaglia,/ perché era una grande gioia
per la città e per il popolo tutto!»-/ Disse così, e nessuno rimase dentro
la città,/ né uomo né donna: su tutti calò un lutto accorato;/ raggiun‑
sero avanti alla porta colui che tornava col morto./ Si strappavano i
capelli per prime la moglie e la nobile madre,/ salite d’un balzo sul
carro veloce,/ gli carezzavano il volto; s’accalcava la folla piangente
(trad. G. Cerri).
80
Korneeva 2011: 149-150.
39
Francesco De Martino
81
De Martino 2013b: 212-219.
82
Il fr. di Saffo è richiamato da Medda 2006: 14 e Lentini 2013: 191 n. 13. Med‑
da aggiunge Pi. I. 5. 1-6 e E. fr. 752f. 29ss. Kannicht (dall’Issipile) dove il coro incita la
protagonista ad andare ad ammirare l’esercito di Adrasto pronto per la spedizione a Tebe.
40
Antigone sulle mura
Appendice
Donne sulle Mura
Tebe
1. Giocasta, Antigone, Adrasto. Ms. Français 1386, fol. 15v, XIII-XIV sec. Paris, Bibliothèque
Nationale de France, Histoire ancienne jusqu'à César.
41
Francesco De Martino
2. Scontro tra armati (Eteocle e Polinice) davanti a Tebe turrita, morti in primo piano.
Miniatura delle Phoenissae di Seneca. Biblioteca Apostolica Vaticana, Vat. Lat. 7319
[XV sec.], f. 43 [82]. Vedere i classici: 342, Fig. 310,
3. Edipo cieco e Antigone. Sullo sfondo duello tra Eteocle e Polinice. Biblioteca Apostolica
Vaticana, Urb. Lat. 356 [XIV sec.], f. 34 (64). Vedere i classici: 304, Fig. 256.
42
Antigone sulle mura
5. Giorgio De Chirico,
Antigone consolatrice,
1973.
43
Francesco De Martino
Troia
44
Antigone sulle mura
45
Francesco De Martino
1 2
1. Assalto alle mura di Troia, cf. Virgilio, Eneide 2. 440-452. Biblioteca Apostolica Vaticana, Vat.
Lat. 2761 [XIV sec.], f. 18v [40]. Vedere i classici, Roma, Palombi, 1996: 246, Fig. 163.
46
Antigone sulle mura
2. Troia dopo la sua ricostruzione. Ditti Cretese, De bello Troiano, Darete Frigio, De excidio
Troiae (versione francese di Benoit de Sainte-Maure, Roman de Troie). Biblioteca Apostolica
Vaticana, Reg. lat. 1505, f. 23v [54]. Vedere i classici: 279, Fig. 210,
47
Francesco De Martino
Megara
Scilla, innamorata, guarda dalle mura Minosse, Ovidio, Metamorfosi 8. 17-24, Incisione del
XVII secolo.
48
Antigone sulle mura
Roma
Roma (ROMA) conquistata dai Galli (GALLI) Sènoni di Brenno (390 a.C.) e assedio di
Campidoglio (CAPITOLIU[M]). Città del Vaticano, Biblioteca Apostolica Vaticana,
Vat. Lat. 3340, f. 9 [24]. Vedere i classici: fig. 122.
49
(Página deixada propositadamente em branco)
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
(Four funerals and one marriage. Dead and alive in Sophocles’ Antigone)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_2
51
(Página deixada propositadamente em branco)
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
1
Este artigo baseia-se no segundo de um conjunto de três ensaios sobre a Antígona
desenvolvidos como trabalho final no âmbito do seminário de mestrado Filosofia do Mito,
leccionado em 2009/2010 pela Doutora Maria Luísa Portocarrero em Coimbra. Se a linha
argumentativa geral permaneceu intocada, o texto, por seu lado, sofreu alterações impor‑
tantes, com vista à clarificação de algumas teses. A reescrita, de forma silenciosa, reflecte
ainda, inevitavelmente, alterações na nossa forma de ver a peça. Não pretendemos, ainda
assim, ter chegado a uma perspectiva sobre esta livre de tensões.
2
Simone Weil, um dos espíritos que, no século passado, mais de perto conviveu com
os antigos gregos, percebeu com nitidez o horror da situação des-coberta nas tragédias: em
L’Enracinement (publicado postumamente em 1949 pela Gallimard, em Paris), apresenta a
ordem – “un tissu de relations sociales tel que nul ne soit contraint de violer des obligations
rigoureuses pour exécuter d’autres obligations” (p. 18) – como a primeira necessidade da
alma humana.
53
João Diogo R. P. G. Loureiro
3
O conceito de “acção parcial” foi cabalmente explorado no artigo do mesmo nome
(Loureiro 2012) que produzimos a partir do último dos três ensaios referidos na nota inicial.
4
Apalpamos aqui uma das diferenças maiores entre a mundivisão trágica e a cristã.
Para a primeira, o Bem é algo periclitante, ancorado num conjunto de realidades sobre as
quais o sujeito não tem necessariamente controlo e, portanto, passíveis de lhe serem subs‑
traídas: o Humano, em suma, pode, em casos extremos, perder a possibilidade de ser feliz.
Para uma exposição magistral desta posição, vide Nussbaum 2001.
54
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
5
Griffith ad loc. concorda que o adjectivo deve ser vertido como “full-sister”, apesar
de reconhecer que não pode ser esse o seu sentido em A. Eum. 89. Parece-nos que erra: se
para Apolo a mãe em nada contribui para o ser dos filhos (cf. 658-661), então ele e Her‑
mes são, de facto, “full-brothers”, apesar de nascidos de mães diferentes. Ésquilo escolheu
cuidadosamente o termo.
6
Themis: “in addition to the constraints imposed by Kreon, Ant. discerns an ine‑
xorable divine ordinance” (Griffith ad loc.). As traduções portuguesas consultadas calam
totalmente as implicações do termo para a questão da inocência de Antígona.
7
Omos, à letra, cru (como em omo-fagia); por extensão, aplicado a pessoas, passou a
significar cruel e selvagem. Os tradutores portugueses expurgam o adjectivo do seu sentido
negativo, alimentando a ideia romântica da pureza moral de Antígona.
55
João Diogo R. P. G. Loureiro
2. A noiva e o cadáver
8
Steiner 1984: 231. A ordem pela qual surgem elencados os cinco binómios e, no
interior de cada um, os seus membros, não é irrelevante.
9
A acção de Antígona é deficiente, do ponto de vista político, também por outras
razões. Calamo-nos aqui, porém, por já termos analisado a questão no nosso trabalho
anterior (Loureiro 2012).
56
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
Por sua vez, o seu desinteresse pelo noivo – a tentativa, contra os manus‑
critos, de atribuir a Antígona o verso 572 é apenas testemunho do desespero
de editores e tradutores em a salvar da acusação de frieza, que poluiria a sua
imagem doméstica de heroína máxima –, é tanto mais flagrante quanto a
Hémon, em boa medida, é a preocupação por Antígona (mas também pelo
pai, e isso é importante) que o move. Em última análise, o seu amor por
ela (e, em menor grau, a frustação por não conseguir matar Creonte) é a
causa fundamental da sua morte. Ele encontra-se enlouquecido (cf. 1228-
1230), sintoma próprio dos sob a influência de Eros (790). Antígona, pelo
contrário, não dá um só sinal da sua paixão. Não se veja aqui um estoicismo
louvável, de uma mulher que sabe calar os seus sentimentos em nome de
um dever mais alto, mas antes uma falha grave, o já referido desinteresse
pelos vivos, pelas relações presentes, aqui ampliado, no seu erro, por consti‑
tuir uma ofensa à divindade, a Eros, que é “das grandes leis par no poder”
(798-799). Estas “grandes leis” (ton megalon thesmon) por certo incluirão as
theon nomima (454-455) em que Antígona se funda (thesmos, que remete
para a esfera do divino, aponta para isso)10. É a própria peça, portanto, que
reconhece a parcialidade do gesto de Antígona, que, no seu respeito pelas
“leis do Hades” (519), esquece o poder de Eros.
Ela humilha, literalmente, o deus: dirige-o para o húmus, a terra, onde
jaz o irmão, esse sim, aparentemente, o objecto-(a)mor da sua afeição. Se a
loucura erótica de Hémon incide sobre Antígona, a de Antígona fixa-se em
Polinices (ela sabe que, de facto, aos olhos dos outros (cf. 99 e 220), só no
registo da moria o seu acto se torna inteligível (95 e 469). Antes de nós, já
outros insinuaram a presença na peça de um subtexto incestuoso. Creonte,
num exemplo maravilhoso da conhecida ironia sofocliana, não percebe,
porque não pode, o alcance das suas palavras: “Pois se és assim dada a
amar, agora que vais lá para baixo, ama/ os de lá” (524-525). Antígona, nos
momentos finais em palco, associa explicitamente casamento e morte: “Ó
túmulo, ó câmara nupcial, ó morada/ escavada na rocha que me guardarás
para sempre!” (891-892). Também nisto, de uma forma estranha e obscura,
Antígona parece ser assimilada à figura do pai, pela pulsão sexual incestuo‑
sa e hereditária que a atrai irresistivelmente para o irmão (de novo a família,
o dado como pré-condição da acção e, em Antígona, meio da ruína). Eros,
10
Hölderlin, na sua busca incandescente pela verdade da peça, traduz en archais não
por “no poder”, mas, com toda a correcção, por “im Anbeginne”, nos começos, o que permite
postular um afastamento progressivo no tempo entre Eros e as “grandes leis”, abrindo assim
um espaço explícito para o seu conflito.
57
João Diogo R. P. G. Loureiro
Será talvez aqui a altura de esclarecer que toda a reflexão dos parágrafos
anteriores não deve ser lida como uma defesa da tese de que Antígona havia
de ter seguido a admoestação de Cristo – “deixa os mortos sepultar os seus
mortos” (Mt 8, 22) – e permanecido fiel aos vivos (a irmã e o noivo). Isso,
e aqui reside a tragédia, teria sido tão parcial e tão eticamente correcto e
incorrecto como a sua escolha de enterrar Polinices. Mortos e vivos habitam
esferas distintas, que, porque diferentes, podem colidir, como sucede na
peça. Esta é uma realidade já reconhecida na Ilíada e é possível, aliás, que
não haja expressão mais bela dessa tensão do que a que encontramos em 24.
599-620 do poema. Aquiles dirige-se a Príamo, depois de terem chorado
copiosamente, e interpela-o: “mas agora pensemos na refeição”. Fala-lhe de
Níobe (a quem Antígona se compara em 823-833 — mas quão diferentes as
suas atitudes!) e de como também ela, dez dias após a morte dos filhos, ces‑
sou o pranto e comeu. Na contemplação da morte, a memória do alimento,
sinédoque da vida.
Ainda que os mortos mereçam o nosso choro, não podemos senão in‑
terromper as lágrimas para cuidar de nós, num acto próximo do sacrílego,
se considerado sub specie aeternitatis – mas a tragédia ensina-nos precisa‑
mente a vanidade desse tipo de raciocínio, condenando todas as éticas não‑
-prudenciais, que desconsiderem a dimensão encarnada do sujeito moral.
Alocámos um tempo para o luto, para com menor remorso retomar depois
o quotidiano – mas o morto continua morto. A fragilidade moral do nos‑
so comportamento é posta a nu quando dois tempos de nojo, diferentes,
se confrontam. Este é um dos topoi repetidamente explorados nas grandes
obras da literatura (e.g. Hamlet I. 2. 137-159). A continuação da vida é
58
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
sempre pelo menos uma falta de respeito pelos mortos. Face ao cadáver,
não se pode senão chorar. Diz Príamo, na sequência da cena anteriormente
descrita: “desde que o meu filho às tuas mãos perdeu a vida/ [...] choro per‑
manentemente e penso nas incontornáveis tristezas,/ rojando-me no esterco
nos espaços fechados do pátio”11 (24. 638-640). Se a morte é eterna, o luto
não o pode ser menos. Se o valor de cada ser humano não pode ser definido,
porque cada um infinitamente precioso, então, insistimos, nenhum período
de nojo pela morte de uma pessoa pode ser considerado patologicamente
excessivo. O mais das vezes, porém, tendemos, melhor ou pior, a esquecer
os mortos: “O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco”, como reco‑
nhece Álvaro de Campos em Se te queres.
O esquecimento do morto é quase uma necessidade para continuar a
viver (por isso também o tempo durante o qual ele podia ser chorado foi re‑
gulamentado pelos legisladores antigos): “e as guerras/ de ainda agora, seja‑
-nos concedido esquecê-las” (150-151), pede o coro, que acabou de enterrar
Etéocles (cf. 23-25). É porque dá por morto o seu marido que Madalena
Vilhena, no Frei de Luís de Sousa, de Garrett, pode casar outra vez, e quando
o morto depois aparece é uma situação francamente aborrecida para todos:
João de Portugal, que se cria na paz dos mortos, acaba por vir perturbar a
paz dos vivos. O morto, arriscamos dizer, só tem o luto devido com a nossa
morte, pelo que a exigência da vida obriga a uma relativização do falecido, e
a verdade é que, num exercício de imoralidade quotidiana, “a child is being
born next door, a birthday celebrated below stairs, in the very instant of the
murder of Agamemnon or the blinding of Oedipus”12.
Esta “imoralidade”, porém, como dissemos a início, é-o apenas ab-solu‑
tamente e, por isso, pouco. A verdade do devido aos mortos tem de se con‑
frontar com aqueles que a podem pôr em prática: os vivos, que, enquanto
viventes, têm já outras responsabilidades, não menos imperativas. Isto não
os iliba dos seus deveres para com os mortos, mas introduz uma tensão di‑
fícil de gerir, como o prova Antígona. Antígona, a personagem, entre a vida
e a morte, escolhe, de forma clara, a segunda: “há já muito/ que morri, para
ajudar os que morreram” (559-560), e de forma total – por isso se suicida
(não fica à espera de morrer). “De facto, aquele que, como eu, vive entre
tantos males,/ como não há-de considerar um ganho o morrer?” (463-464).
11
Para todos os versos da Ilíada que surgem no texto, inclusive o que utilizámos
como título do §3, servimo-nos da tradução de Frederico Lourenço, publicada em 2005
pela Cotovia, em Lisboa.
12
Steiner 1996: 540.
59
João Diogo R. P. G. Loureiro
Na lógica binómica da peça, ela toma o partido dos mortos13. Ismena, por
sua vez, encarna a opção pela vida e o cuidado com os existentes: “Tu, po‑
rém, escolheste viver” (555). Compreendendo as razões de Antígona, recusa
juntar-se-lhe, preferindo, de alguma forma, “esquecer” os mortos, a quem
pede “compreensão, pois que a isto sou forçada:/ obedeço àqueles montados
no trono” (65-67; trad. semi-livre). É Ismena que se manifesta preocupada
com Hémon e não, sintomaticamente, a noiva deste. Só os missionários de
uma Antígona romântica podem teimar em ver Ismena como simples figu‑
ra de contraste introduzida pelo dramaturgo para realçar a virtude da irmã.
A acção de uma e de outra é, cada uma a seu modo, parcial, como ficou
claro. Parcial tem sido também a leitura corrente da peça, para cuja des‑
construção este pequeno texto quis contribuir. Sófocles prosseguirá a sua
reflexão sobre o lugar político dos mortos na negra Electra, onde nova pare‑
lha de irmãs se confronta com as exigências postas por outro corpo — mas
isso é matéria para inquéritos vindouros.
13
Em nada o contradiz o facto de Antígona, no seu canto fúnebre, num exemplo da
composição em anel tão cara aos antigos, evocar o seu estatuto de viva (811 e 871). Trata‑
-se do momento de maior fragilidade emocional da personagem, em que ela, confrontada
directamente com a sua sorte, percebe as implicações da sua decisão e o valor do que sacri‑
ficou. Ainda assim, não recu(s)a.
60
Quatro funerais e um casamento
Mortos e vivos na Antígona de Sófocles
für Leonor
61
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
(From oldness to justice: Antigone and Platonic criticismo of tyranny)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_3
63
64
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
1
“Parricida, pelo que dizes, e hostil com a velhice é o tirano, […]”.
65
Maria das Graças de Moraes Augusto
2
Sobre a crítica platônica à tragédia, vide, sobretudo, República, Simpósio, Fedro,
Filebo e Leis.
3
Cf. Pl., R. 329c e 329d.
4
No caso da tragédia, as interconexões na República são muitas, e em especial valeria
citar os livros VIII e IX, onde Platão nos oferece larga e contundente crítica da democra‑
cia – na qual a tragédia emerge, não nos esqueçamos –, e da tirania como as formas mais
corrompidas de governo. Nesse contexto, as aproximações entre os dois textos são muitas,
e se a atribuição feita já desde o final da Antiguidade e hoje aceita por muitos filólogos de
que o verso “οἱ σοφοὶ τύραννοί τῶν [...] σοφῶν συνουσίᾳ”, citado por Platão, no passo
568b 1 da República, e por ele atribuído a Eurípides, pertence a uma tragédia perdida de
Sófocles, Ájax de Locros (Fr.14 Pearson e Fr. 14 Radt) as ligações com Antígona ficariam
ainda mais evidentes. Sobre a questão Cf. Pearson 1963:8-10 e 12-13 e Radt 1999. Vale
observar ainda que o mesmo verso será citado no diálogo ‘suspeito’ Téages 125b 7, também
como sendo de Eurípides: {ΣΩ.} Τί οὖν ἂν εἰ Εὐριπίδῃ τι προσχρησαίμεθα, ὦ Θέαγες;
66
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
Εὐριπίδης γάρ πού φησιν – σοφοὶ τύραννοι τῶν σοφῶν συνουσίᾳ· εἰ οὖν ἔροιτό τις τὸν
Εὐριπίδην· “Ὦ Εὐριπίδη, τῶν τίσοφῶν συνουσίᾳ φῂς σοφοὺς εἶναι τοὺς τυράννους;”
As discussões sobre a autoria desses versos parecem ter tido seu início com os scholia ao
verso 21 das Tesmofórias, de Aristófanes (Οἷόν γέ πού ‘στιν αἱ σοφαὶ ξυνουσίαι.), onde,
acreditam alguns comentadores, Aristófanes faria referência a esses versos como sendo de
Eurípides, e aonde, entretanto, o escoliasta anota que o verso citado pertence a Sófocles
e que ele pertenceria à tragédia, já naquele momento perdida, Ájax de Locros, acusando
também o equívoco em Platão e Antístenes. Cf. Adam 1963: v. 2. Esta informação parece
ser confirmada por Aulo Gélio, XIII, 68 e por Libânio, Epístola 33.
5
Cf. Pl., Phdr. 268c 6 e 269a 1.
6
Cf. Pl., R. 330d 1-3: Πάνυ μὲν οὖν, ἦν δ’ ἐγώ. ἀλλά μοι ἔτι τοσόνδε εἰπέ·τί
μέγιστον οἴει ἀγαθὸν ἀπολελαυκένι τοῦ πολλὴν οὐσίαν κεκτῆσθαι;
67
Maria das Graças de Moraes Augusto
7
S., Ant. 1347-1354. A tradução dos versos 1347-1354 é nossa, as demais citações tra‑
duzidas da Antígona são as de Schüler 2006. Em algumas passagens alteramos a tradução
de “phroneîn” para preservar o sentido que acreditamos ser aquele que melhor compõe com
o texto platônico. Os grifos são nossos, e usados visando chamar a atenção do leitor para
os pontos da tragédia que nos parecem próximos da República. Para o texto grego citamos
a edição de Dain, Mazon e Irigoin 2002.
68
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
8
S., Ant. 49-68.
69
Maria das Graças de Moraes Augusto
A voz, o pensar
volátil e as urbanas leis
das assembleias ele as ensinou
a si mesmo, fugiu
da áspera agressão do frio
e dos dardos das tempestades.
Aparelhado, desaparelhado não acata nada
do que lhe advém; só da morte [do Hades]
fuga não lhe acena,
ainda que de indômitas moléstias
alcance escape.10
9
Cf. Pl., R. 338c 1 e 338e 1-339a 1-4: φημὶ γὰρ ἐγὼ εἶναι τὸ δίκαιον οὐκ ἄλλο τι ἢ
τὸ τοῦ κρείττονος συμφέρον. [...]Τίθεται δέ γε τοὺς νόμους ἑκάστη ἡ ἀρχὴ πρὸς τὸ αὑτῇ
συμφέρον, δημοκρατία μὲν δημοκρατικούς, τυραννὶς δὲ τυραννικούς, καὶ αἱ ἄλλαι
οὕτως· θέμεναι δὲ ἀπέφηναν τοῦτο δίκαιον τοῖς ἀρχομένοις εἶναι, τὸ σφίσι συμφέρον,
καὶ τὸν τούτου ἐκβαίνοντα κολάζουσιν ὡς παρανομοῦντά τε καὶ ἀδικοῦντα. τοῦτ›
οὖν ἐστιν, ὦ βέλτιστε, ὃ λέγω ἐν ἁπάσαις ταῖς πόλεσιν ταὐτὸν εἶναι δίκαιον, τὸ
τῆς καθεστηκυίας ἀρχῆς συμφέρον· αὕτη δέ που κρατεῖ, ὥστε συμβαίνει τῷ ὀρθῶς
λογιζομένῳ πανταχοῦ εἶναι τὸ αὐτὸ δίκαιον, τὸ τοῦ κρείττονος συμφέρον.
10
S., Ant. 354-363.
70
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
De saber fecundo,
move recursos inesperados
ora ao bem, ora ao mal.
Una as leis da terra
à justiça jurada
11
Cf. Pl., R. 432a 5 e 433b 8.
12
Sobre a “ode ao homem” e seus desideratos filosóficos e platônicos, vide, por exem‑
plo: Conford 1907: 228-232; Segal 1964: 46-66; Hester 1971 :11-59; Bodeüs 1984 :271-
290; Goldhill 1986: Saxonhouse 1986: 403-448; Oudemans e Lardinois 1987: 118-214;
Blundell 1989: 106-148; Nussbaum 2001: 51-117; Beer 2004: 19-30 e 67-80; Kitzincher
2008: 11-70.
71
Maria das Graças de Moraes Augusto
13
S., Ant. 365-375.
14
Cf. Pl., R. 333e.
15
Cf. Pl., R. 330d-331a.
72
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
16
S., Ant. 473-479.
17
S., Ant. 563-564: Οὐ γάρ ποτ’, ὦναξ, οὐδ’ ὃς ἂν βλάστῃ μένει/ νοῦς τοῖς κακῶς
πράσσουσιν, ἀλλ’ ἐξίσταται.
18
S., Ant. 557: Καλῶς σὺ μὲν τοῖς, τοῖς δ’ ἐγὼ ‘δόκουν φρονεῖν.
73
Maria das Graças de Moraes Augusto
19
S., Ant. 584: Εὐδαίμονες οἷσι κακῶν ἄγευστος αἰών·
20
S., Ant. 659-662. Tradução Schüler, com modificações.
74
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
75
Maria das Graças de Moraes Augusto
27
S., Ant. 991.
28
S., Ant. 99, 1028-1032.
29
S., Ant. 1033-1034: Ὦ πρέσβυ, πάντες ὥστε τοξόται σκοποῦ/τοξεύετ’ ἀνδρὸς
τοῦδε.
30
Sobre a euboulía na República, vide o estudo de Lima 2012; Schofield 1999, especial‑
mente os capítulos 2, 4 e 5, e, no pensamento arcaico, Stevens 1933 e Schofield 1999, cap. 1.
76
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
31
S., Ant. 1050-1052. Tradução de Schüler, com modificações.
32
Pl., R. 328d.
77
Maria das Graças de Moraes Augusto
33
Pl., R. 328c 5 -7d 1-4. Tradução de Rocha Pereira, com modificações; grifos nossos.
78
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
Ἐγώ σοι, ἔφη, νὴ τὸν Δία ἐρῶ, ὦ Σώκρατες, οἷόν γέ μοι φαίνεται.
πολλάκις γὰρ συνερχόμεθά τινες εἰς ταὐτὸν παραπλησίαν ἡλικίαν
ἔχοντες, διασῴζοντες τὴν παλαιὰν παροιμίαν·οἱ οὖν πλεῖστοι
ἡμῶν ὀλοφύρονται συνιόντες, τὰς ἐν τῇ νεότητι ἡδονὰς ποθοῦντες
καὶ ἀναμιμνῃσκόμενοι περί τε τἀφροδίσια καὶ περὶ πότους τε καὶ
34
Pl. R., 338d-e. Tradução de Rocha Pereira, grifos nossos.
79
Maria das Graças de Moraes Augusto
80
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
35
Pl., R. 329a-d. Tradução de Rocha Pereira, com modificações.
81
Maria das Graças de Moraes Augusto
[...] μία τις αἰτία ἐστίν, οὐ τὸ γῆρας, ὦ Σώκρατες, ἀλλ’ ὁ τρόπος τῶν
ἀνθρώπων. ἂν μὲν γὰρ κόσμιοι καὶ εὔκολοι ὦσιν, καὶ τὸ γῆρας
μετρίως ἐστὶν ἐπίπονον· εἰ δὲ μή, καὶ γῆρας, ὦ Σώκρατες, καὶ
νεότης χαλεπὴ τῷ τοιούτῳ συμβαίνει.
[...] a causa é uma só, não a velhice, ó Sócrates, mas o caráter dos
homens. Para aqueles que forem kósmioi e eúkoloi, ordenados e bem
dispostos, a velhice é um medido desconforto, se não forem assim, ó
Sócrates, tanto a velhice, quanto a juventude, serão difíceis.36
36
Pl., R. 329d-e. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, com modificações.
82
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
γλυκεῖά οἱ καρδίαν
ἀτάλλοισα γηροτρόφος συναορεῖ
ἐλπὶς ἃ μάλιστα θνατῶν πολύστροφον
γνώμαν κυβερνᾷ.
37
Cf. Pl., R. 330d.
83
Maria das Graças de Moraes Augusto
Doce esperança
o acompanha, ama da velhice
que alimenta o seu coração
e mais que tudo, dos mortais a vacilante inteligência conduz. 38
38
Pl., R. 331a 2-8. Píndaro, fr. 214 Snell.
39
Pl., R. 331b 2-5.
84
Da velhice à justiça:
Antígona e a crítica platônica da tirania
“Falas com toda a beleza, ó Céfalo, disse eu. Mas, esta mesma, a
justiça, diremos assim simplesmente que ela consiste na verdade e em
restituir aquilo que se tomou de alguém, ou diremos antes que essas
mesmas coisas, umas vezes é justo, outras injusto fazê-las?”40
40
Pl., R. 331c 1-4.
85
(Página deixada propositadamente em branco)
Jean Cocteau e a filha de Édipo
(Jean Cocteau and Oedipus’ daughter)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_4
87
(Página deixada propositadamente em branco)
Jean Cocteau e a filha de Édipo
89
Maria do Céu Fialho
1
Para os factores que contribuíram para o aparecimento do surrealismo, e a história
deste, veja-se Nadeau 1964.
90
Jean Cocteau e a filha de Édipo
2
Aguiar e Silva, V. M., Enciclopédia Verbo, s. u. ‘Sobrerrealismo”.
91
Maria do Céu Fialho
3
“Ce livre marque une étape décisive dans le rapport de Cocteau à la littérature et à
l’art : il y a un avant et un après. Avant : des recueils de poèmes, des nouvelles, des pièces
inédites, des activités de presse, mais une perception frivole de la condition de l’artiste et de
sa vocation, organisée dans la continuité d’une vie mondaine pleine d’un « besoin de gloire,
de contagions et d’épidémies » (« Prospectus »). Après : une découverte des exigences de
l’art, une plongée dans les profondeurs”: http://cocteau.biu-montpellier.fr/index.php?id=7
4
Sobre a figura de Radiguet veja-se Goesch 1955.
5
Fialho 1991: 128-129.
92
Jean Cocteau e a filha de Édipo
6
P. Balmas, apud Kautz 1970: 25.
7
Este trabalho de conjunto com Diaghilev vai até 1924, com a encenação de Le train
bleu, no Théâtre des Champs Élysées.
8
Kautz 1970: 46.
93
Maria do Céu Fialho
9
1970: 38 sqq.
10
Definição dada em Le Potomak, 12. Nessa condensação, que não pretende ser
simplificação, lê Kautz 1970: 31 sqq. a influência simbolista de Verlaine e Apollinaire.
11
Milhaud foi autor da música para o mimo Le boeuf sur le toît, representado em
1920 no Théâtre des Champs Élysées, Auric compôs o Hino Real para o filme de Cocteau,
L’aigle à deux têtes. Foi também sobre música de Auric que Cocteau criou o bailado Fedra,
posto em cena na Ópera de Paris, em Junho de 1950.
12
Visites à M. Barrès. Esta ligação a uma das figuras mais hostilizadas pelo vanguar‑
dismo estético da época – a ponto de o grupo de Breton ter encenado o seu julgamento
público (Nadeau 1964: 28-31) denuncia já (ou motiva?) a fricção entre Cocteau e os surre‑
alistas. É sintomático que a edição de Antigone abra com uma citação de Barrès a propósito
da filha de Édipo, Estas palavras de Barrès, extraídas de Voyage à Sparte, compreendem-se
se tivermos em conta a tensão e o fascínio exercido pela figura de Antígona, por ele compre‑
endida sob influência hegeliana, como seria de esperar, e a consciência de que o paradigma
de Antígona pode representar a ruína de toda a ordem de Estado: “...que je cède au prestige
d’Antigone, il n’y a plus de société...”: apud Fraisse 1974: 111. Sobre Antígona em Barrès,
Fraisse 1974: 111-112.
94
Jean Cocteau e a filha de Édipo
Les Argiens ont fui à toutes jambes sous ton oeil fou, soleil! Ils étaient
venus aux trousses de Polynice et de ses vagues prétentions. Jupiter
deteste la vantardise. Il a frappé de sa foudre les panaches et les armu‑
res d’orgueil. Les sept chefs qui marchaient contre nos sept portes ont
abandonné leurs armes. Il n’en reste sur place que deux frères ennemis.
Maintenant la victoire est assise dans Thèbes. Le peuple chante. Mais
voici Créon, notre nouveau roi.
13
Sobre a tradição de fortes contenciosos entre escritores românticos (Victor Hugo,
Dumas, Delavigne) e a Comédie Française. Vide Ubersfeld 1974: 290 sqq.
14
Na definição de Flashar 2000: 78: “Gänzlich unberührt von Problemen der poli‑
tischen Aktualität war dann die Antigone von Jean Cocteau (1922), die in anatomischer
Reduktion das Knochengerüst der Dichtung aus der Vogelperspektive in konzentrierter
Monumentalität hervortreten lässt, in nüchterner, wie gemeisselt wirkender Prosa”.
95
Maria do Céu Fialho
E à tribo das aves incautas, à estirpe das feras, à fauna marinha, a côn‑
cava rede lhes deita e as prende o homem, com seu engenho apurado. Ele
caça, com as suas artes, a fera selvagem que nos montes habita. Domina
o cavalo de longas crinas e o jugo lhe lança. Vence o touro indomável das
montanhas.
Engenhoso saber possui, para além das expectativas, com que ora toma
caminho para o mal, ora para o bem. Se da terra preza as leis e é fiel aos
compromissos com a justiça dos deuses, a cidade enaltece, mas a cidade
destrói quem por audácia se envolve no crime. Longe de meu lar se mante‑
nha e longe dos que pensam como eu aquele que assim se comportar.
96
Jean Cocteau e a filha de Édipo
O espanto pelo prodígio algo assustador que é o homem, dado pelo ambí‑
guo δεινά grego, no início da ode, é reduzido a mera e seca afirmação, segui‑
da do elenco de todas as potencialidades humanas, cujo limite é a morte. O
mesmo desejo de manter afastados os criminosos é expresso mas, ao contrário
da ambiguidade do estásimo grego, que deixa no ar, inclusive, a hipótese de
que uma divindade tenha tido intervenção na tentativa de funeral de Polinices,
como uma censura velada ao édito de Creonte, apressa-se aqui a suspeita sobre
Antígona, acelerando e estreitando o fluxo da tragédia, como se as personagens
estivessem vinculadas, desde cedo, à acção que lhe conhecemos e o caminho de
Antígona já previamente indicado. No original grego a referência a Antígona é
feita após o Coro terminar de entoar a ode, em anapestos, como expressão de
espanto ao ver Antígona chegar, escoltada pelo Guarda (375 sqq.).
De igual modo, a rhesis inaugural de Creonte como governante, longa,
auto-justificativa das medidas tomadas, doutrinária e impositiva (162-214)
é condensada num discurso bem mais breve, cujos tópicos se mantêm, in‑
cluindo o da nau de estado, em que os traços do tirano são preservados
secamente, seguida de um diálogo quase telegramático com o Coro. A en‑
trada do Guarda, ainda que a personagem mantenha a atitude de receio,
reiterando a sua inocência, perde o efeito tipicamente sofocliano do trata‑
mento destas figuras secundárias, de estrato social inferior, que chegam,
portadoras de notícias pelas quais almejam alcançar algum lucro.
Nesta proposta de texto trágico condensado e aplanado, fica a pergunta:
Cocteau apenas se limitou a essa redução, para um espectáculo compen‑
sado por outros suportes textuais, como o musical, o cenográfico? Muito
subtilmente, Cocteau introduz breves elementos que, todavia, marcam uma
leitura, o perfil de Antígona e o sentido da acção: no diálogo entre Creonte
e o Guarda, após saber-se que alguém tentou dar sepultura a Polinices, o
Coro intervém, a medo, sugerindo que talvez se trate de “obra dos deuses”,
(“Senhor, há tempo que o meu espírito se interroga: acaso este feito não terá
tido origem nos deuses?” 278-279):
Pela primeira vez nos aparece, ainda que com sentido dúbio, a expressão
‘machine des dieux’, que não pode deixar de nos remeter para a posterior
Machine infernale.
97
Maria do Céu Fialho
Tu mourras donc sans être malade, sans blessure. Libre, vierge, vivan‑
te, célèbre entre les mortes, tu entreras chez Pluton.
Como se viu, a ideia havia sido antecipada para sublinhar a raiva nas
palavras de Creonte a Hémon. Só posteriormente o relato é feito a pedido
de Euridice e assim concluído:
98
Jean Cocteau e a filha de Édipo
99
Maria do Céu Fialho
15
Steegmuller 1969: 292 sqq. apresenta uma reconstituição de todos os preparativos
para a estreia da peça, a partir de testemunhos vários, bem como dos incidentes decorridos
durante a representação.
16
Para a intensa atividade artística de Picasso como pintor de cenários, à época, vide
Cooper 1967.
100
Jean Cocteau e a filha de Édipo
17
A peça merece, pois, um juízo mais atento que o da referência de Steiner (1984) 69:
“Cocteau’s pallid, idiomatic...adaptation of Sophocles”. Também Guicharnaud 1969: 325
alude à peça em termos semelhantes.
18
E. g.: Gide, Oedipe Roi; Giraudoux, Électre, Amphytrion 38, La guerre de Troie
n’aura pas lieu; Sartre, Les Mouches, Jean Anouilh, Antigone, Médée.
101
Maria do Céu Fialho
102
Jean Cocteau e a filha de Édipo
19
Hamburger 19684.
103
(Página deixada propositadamente em branco)
Las Antígonas de Espriu
(Espriu’s Antigone(s))
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_5
105
(Página deixada propositadamente em branco)
Las Antígonas de Espriu
Abstract – In March of 1939 Salvador Espriu wrote his Antigone in which the
heroine had a firm ideological commitment. In this play Espriu advocates for over‑
coming the conflict that leads to Civil War. The play was constantly revised by
Espriu himself: The second edition was published in 1969. Traditionally this se‑
cond edition is considered as Espriu’s Antigone, neverthless the contrast between
the first edition and the second edition might suggest the aim of Espriu at the
moment of writing.
Keywords: Sophocles’ Antigone, Espriu’s Antigone, refiguration and social context.
107
Carmen Morenilla Talens
1
A este respecto, cf. Bañuls & Morenilla 2008: 73-87 y Cerezo Magán 2011: 175-
225. Para un estudio en profundidad de la fortuna de Antígona, cf. Bañuls & Crespo 2008.
108
Las Antígonas de Espriu
2
La obra más conocida de Montengón es Eudoxia, hija de Belisario (1793), reiterada‑
mente reeditada (por ejemplo por la Generalitat Valenciana en 2005). Cuenta los amores
de Eudoxia con Maximio y está llena de discursos sobre el derecho de las mujeres a recibir
educación en igualdad con los hombres. Montengón defiende que las mujeres tienen igual
capacidad que los hombres, en explícita oposición al Emilio de Rosseau [1762], quien en el
libro V indica que la educación que reciban las mujeres debe ser sólo la necesaria para que
estén al servicio del hombre.
3
Publicada en Barcelona con ilustraciones de Bracons-Duplessis. Para una panorá‑
mica de las Antígonas catalanas, cf. Bosch 1980: 93-111, en concreto sobre la obra de G.
Colom 95s. y Ragué Arias 1989: 39-41.
109
Carmen Morenilla Talens
durante la Dictadura, por la compañía titular del teatro. Con motivo de este
estreno la obra adquirió unas connotaciones políticas a las que había sido
ajena su génesis: la aclamación de Hemón por el pueblo y la destitución de
un Creón que llega a plantearse matar a su propio hijo, fue interpretada en
clave española.
La Guerra Civil marca una división fundamental en lo que afecta a
la cultura española. En el filo mismo del final de la guerra, finalizada en
Barcelona, en marzo de 1939, Salvador Espriu escribe una Antígona com‑
prometida ideológicamente, en la que aboga por una superación del conflic‑
to que desembocó en la guerra, del enfrentamiento civil y el establecimiento
de una paz social que aúne al pueblo, como bien señalaba el propio Espriu
en una entrevista con Salvador Gubert en 1965: “Antígona la escribí inme‑
diatamente después de finalizar la guerra civil (...) Era una obra que trataba
de superar el espíritu de guerra civil, sus oposiciones y odios”.4
Pero más allá de las intenciones expresas de Espriu, a las que, como en
el caso de cualquier otro autor, hay que dar sólo un crédito relativo, esta
misma lectura se desprende del texto, como bien indicaba José Mª Castellet:
Las trágicas experiencias de aquellos días se infiltran en las actitudes y
palabras de los personajes y les dan una dimensión “histórica” de grandes
proporciones. Por la época y el lugar, por los planteamientos. El tema cen‑
tral es la lucha fratricida de Eteocles y Polinices, que no traduce sino la real
que desgarra al autor y, con él, a toda España. (...) Así, el mito no es sino
el instrumento de que se sirve Espriu para destacar el horror de la guerra
civil. (...) En realidad, la fuerza trágica de la obra nace del hecho de que el
vencedor se haya negado a conceder el perdón al vencido: Polinices. (...)
Pese a todo, no hay críticas violentas ni dramatismos bruscos: hay sólo un
patetismo trágico y densamente humano. Un deseo de paz y concordia, de
4
Entrevista con Gubern, 1965:14; este número de la revista Primer Acto recoge
varios artículos sobre Salvador Espriu con motivo de la primera puesta en escena de esta
Antígona. Los trabajos dedicados a estudiar la obra de Salvador Espriu son muy numerosos,
tanto en ámbito catalanohablante como fuera. Sus recreaciones dramáticas, en particular
este Antígona, son leídas incluso en las aulas de enseñanza secundaria en las asignaturas
de lengua y cultura catalana, por lo que pueden encontrarse numerosas páginas web, con
fines didácticos o sin ellos, en los que se explica el argumento, las fuentes, etc., así como
numerosos artículos dedicados a este reconocido autor. Nuestra intención aquí no es en
absoluto hacer un estado de la cuestión de la investigación que sobre ella se ha realizado,
sino aportar algunas ideas nuevas desde la perspectiva de la filología clásica, en las que
se pueda ver con mayor claridad la evolución de esta recreación en el conjunto de la obra
literaria de Espriu. Por lo que hace en concreto a la presencia del mundo clásico en Espriu,
tema también muy estudiado, remitimos a Miralles 1979: 29-48.
110
Las Antígonas de Espriu
5
Castellet 1965: 7 s.
6
Sirva de ejemplo la reescritura del mito de Fedra, para la que remitimos a Morenilla
2008: 435-480.
7
Lo intenta en la editorial Selecta, que ya ha logrado permiso de la censura para
poder publicar algunas obras en catalán, pero que en este caso no obtiene la pertinente
autorización, probablemente porque ya ha pasado mucho tiempo para que pueda ser inter‑
pretada por las autoridades como una llamada a la reconciliación; cf. http://lletra.uoc.edu/
ca/edicio/editorial-selecta
111
Carmen Morenilla Talens
que posibilitó que pudiera ser reiteradamente puesta en escena, puesto que
la obra se iba adaptando a los nuevos escenarios socio-políticos.8
Precede a la obra un prólogo, a la manera de los de Eurípides, en el
que se relatan las vicisitudes de la saga tebana, pasadas y futuras, de tal
modo que los espectadores/lectores, antes de iniciarse la obra ya saben que
Antígona morirá condenada por transgredir una orden que prohibía enter‑
rar a su hermano, pero desconocen las razones de la mutua muerte de los
hermanos, así como las causas de esa prohibición de enterrar a Polinices y
de los motivos que mueven a la desobediencia a Antígona. “Escolteu ara, si
voleu, les raons dels personatges” (p. 76), son las palabras finales del Prólogo
con los que se inicia la acción.
La primera edición de 1955 se dividía en dos actos, el segundo de los
cuales se subdividía en dos partes, mientras que en la versión de 1969 la
obra se ha articulado en tres partes que corresponden a tres tiempos, tres
espacios y tres acciones muy delimitadas. También difieren en que en la
edición de 1955 los Consejeros anónimos de la edición de 1969 recibían
nombres, Ênops, Periclimen, Deípilos, Àstacos, nombres tomados de la tra‑
dición literaria de los Siete. De este modo en la 2ª edición se generaliza la
posición de los Consejeros y es más fácil la percepción de éstos como per‑
sonajes simbólicos.
El texto de Espriu es muy poético, prima la palabra sobre la acción, en
lo que está más próxima a la tragedia de Esquilo que a la de Sófocles. Sin
embargo, son las Fenicias de Eurípides y la Antígona de Sófocles las fuentes
preferentes de las que ha bebido en cuanto a las líneas estructurales. Además
se ha suprimido al Coro, ese Coro que encarna al pueblo son los especta‑
8
La primera puesta en escena fue en el Teatro Candilejas de Barcelona en marzo de
1958 por la “Agrupación Dramática de Barcelona” bajo la dirección de Frederic Roda en
un ambiente de “resistencia a la francesa” (cf. Roda, 1965: 38s.). La siguiente, también en
Barcelona, fue en 1963 en el Teatre Romea y bajo la Cúpula del Coliseum por la compañía
“Adrià Gual” con la dirección de Ricard Salvat, en la que se incluían ya algunas de las
modificaciones introducidas en el texto por Espriu, como nuevos personajes y un cántico
coral. En 1978 el Teatre l’Horta representa la obra con dirección de Josep Montayès y Josep
Maria Segarra, montaje que inaugura la temporada del Grec en 1979. Más tarde, y a pesar
de que la obra adolecía de un cierto anacronismo, según puede desprenderse de la opinión
que el propio autor tenía cuando escribe Les roques i el mar: el blau, en el que cuestiona el
mito de Antígona como válido políticamente, se representa en el Teatro de Mérida en 1986
en versión castellana bajo la dirección de Joan Ollé y el año siguiente se representa en el
Grec. Ese mismo año de 1986, el 1 de noviembre, la televisión italiana, RAI, retransmitió
esta Antígona en la traducción de O. Musso publicada por la Assemblea Regione Sicilia,
Palermo 1988, y reeditada en Firenze, 1996.
112
Las Antígonas de Espriu
9
Malé 2007: 136 s.
10
Recordemos que este último nombre es el que algunas versiones antiguas daban
a la madre de Edipo. De hecho es te personaje mantendrá una relación muy especial con
las muchachas.
113
Carmen Morenilla Talens
114
Las Antígonas de Espriu
una línea de dar mayor protagonismo a este personaje, que más tarde será
desarrollado en profundidad por el propio autor, como veremos. La maldi‑
ción del padre se ha cumplido, la guerra fratricida ha llegado a su fin y es
Antígona da los nombres de esos muertos de los que Ismene desconoce la
identidad:
115
Carmen Morenilla Talens
116
Las Antígonas de Espriu
de las de los mortales: “Tots ens devem primerament a les lleis eternes.” (p.
92), lo que no deja de ser chocante que tenga que ser recordado a quien se
supone que representa a la divinidad.
Antígona tampoco cede ante la advertencia de las consecuencias que se
va a acarrear con su acción, pues no teme a la muerte, de modo que Tiresias,
agotados sus argumentos, decide regresar con Ismene y Euriganeia, que son
enviadas de vuelta a palacio por Antígona. Pero Eumolpo decide quedarse
con ella, ayudarla y sufrir el mismo castigo, una decisión que sorprende
gratamente a Antígona. Tiresias al marchar afirma que advertirá a Creonte
de los presagios desfavorables de mantener el cadáver de Polinices insepulto
y quedan junto al cadáver Antígona y Eumolpo, en quien precisamente por
esta permanencia junto a Antígona se ha visto un trasunto de Argia, la es‑
posa de Polinicies, en las obras de Estacio e Higinio. Con todo la actitud del
personaje es totalmente diferente y es mucho más probable que este esclavo
represente el sentir general del pueblo.
Ambos, la hermana y el esclavo, entierran a Polinices con palabras de
recuerdo para Yocasta y aunque pueden huir, no lo hacen. Antígona afirma
que ella enterró a su hermano aunque sabía que estaba prohibido, ella ha
sido, no va a esconderse, asume su acción y su responsabilidad, y ella mis‑
ma se entregará a Creonte, “Apressem-nos a comparèixer davant Creont”
(p. 94), razón por la cual van al encuentro de los guardias. Finaliza así
la segunda parte. Pero éste es un cambio introducido en la 2ª edición: en
la publicada en 1955 Antígona y Eumolpo eran descubiertos y Antígona
aceptaba su destino ante la imposibilidad de escapar y el guardia, que la
había identificado, la lleva ante Creonte. La matización introducida en la
2ª edición engrandece al personaje de Antígona y su acción y consolida su
firmeza y valentía, a la vez que se convierte indirectamente en una llamada
al despertar de las conciencias en la medida en la que no se busca eludir la
responsabilidad de una acción que se considera justa, sino que se asume
desde el primer momento la condena que se ha dictado. Cabría esperar de
una sociedad sana la respuesta inmediata ante ese desafío, pero Espriu no
está describiendo como fondo de la acción que acontece en su obra una
sociedad sana.
La tercera y última parte se desarrolla en la sala del consejo donde se
hallan reunidos Creonte y sus consejeros, en la 2ª edición anónimos, delibe‑
rando sobre el futuro de la ciudad tras la guerra. De entre los consejeros, que
buscan agradar al nuevo mandatario, destaca el Lúcido Consejero, quien
tiene una percepción de los acontecimientos que va más allá de lo inmediato
y mantiene una cierta distancia de Creonte, al que cuestiona. Este Lúcido
117
Carmen Morenilla Talens
118
Las Antígonas de Espriu
11
Para un estudio en profundidad de la función de lo grotesco en esta obra de Espríu
cf. Moreno 2010/2011.
119
Carmen Morenilla Talens
trabajen por el pueblo: “i tant de bo que tu, rei, i tots vosaltres el vulgueu i
el sapigueu servir” (p. 101). En esos años, desaparecida la esperanza de que
los vencedores supieran administrar la victoria con magnanimidad, era im‑
posible que se siguiera manteniendo una llamada al respeto al gobernante.
Con estas en apariencia pequeñas modificaciones cambia, pues, Espriu el
sentido de su obra en la versión posterior.
Muchos años después, en 1981, Espriu retornará este mito en los relatos
de “Antígona” e “Ismene” que incluye en Les roques i el mar: el blau, un con‑
junto de breves prosas poéticas basadas en personajes de la mitología grie‑
ga, desde los dioses de los mitos cosmogónicos hasta héroes como Héctor,
Medea, Alcestis, Clitemnestra, Electra, Helena, Fedra, Hipòlit, etc... hasta
un total de noventa y ocho. Vemos en ellos que culmina esa línea de mayor
relevancia de Ismene que habíamos comentado, puesto que aquí se le dedica
uno de los relatos.12
En el nuevo contexto socio-político de 1981 para Espriu la figura de
Antígona ha perdido el valor ideológico con el que la revistió en 1939 y en
las versiones posteriores de la obra. Por ello este relato, presentado bajo la
apariencia de un monólogo interior, nos presenta a una Antígona en extre‑
mo humana y despojada de su áurea mítica, un áurea que sus primeras pala‑
bras evocan, cuando la propia Antígona señala la fama que alcanzará con la
acción que se dispone a realizar: “Prou sé que, pel que vaig de seguida a fer,
em glorificaran estúpidament al llarg del temps, fins a la consumació dels
segles” (p. 141). Pero ella no comparte la visión que de ella misma y de su
acción expresarán la mayoría de poetas expresarán: “Alguns em qualifica‑
ran de simple tossuda, i crec que aquests tindran més raó” (p. 141), porque
ninguno la conoce, sólo conocen la apariencia que su acción parece revelar:
“Però jo endevino qui sóc de debò, trista conca, fadrina de cara allargassada
i dura” (p. 141).
Este desconocimiento de la verdadera identidad de Antígona es lo que
ha permitido entender su acción como un acto de amor y piedad hacia su
hermano. Pero esta Antígona afirma con claridad: “No puc soportar l’oncle:
vet aquí la meva veritat fonamental” (p. 141), es decir, su acción ha sido en
realidad movida por el odio hacia su tío Creonte más que por su amor al
hermano y el sentido del deber con respecto a su cadáver. Esta verdadera
causa hace que el cumplimiento de los ritos funerarios se presente de un
modo descarnado, ausente de idealismos y como una especie de provoca‑
ción al tío: “Duc a pes de braços, amb fatiga, un munt de terra i l’estendré
12
Espriu 1981: 141s. y 155s.
120
Las Antígonas de Espriu
sobre el cadàver nu, negre de sang, esbocinat i fètid, el cos que em repugna
i em repeleix, el de Polinices, del qual ho ignoro tot.” (p. 141).
No hay aquí relación afectiva ninguna con un hermano, Polinices, del
que además Antígona afirma ignoralo todo, ni existe tampoco una exigen‑
cia moral de cumplir con unos preceptos. Antígona actúa movida por su
rechazo a su tío. Amanece y sólo resta aguardar a que la apresen y condenen
a ser emparedada, una variación de la cueva-tumba que también aparecía
en el sueño descrito en The years de Virginia Woolf. Hay también una bre‑
ve referencia a Hemón, cuyo amor ella niega; justifica su relación como el
resultado de una serie de maquinaciones políticas por parte de Creonte, en
las que Hemón no es más que un instrumento. La ruptura con los referentes
clásicos es total.
Si el proceso de humanización que realiza aquí Espriu despoja a esta
Antígona de su áurea mítica y nos la muestra descarnada, movida por el
odio y el resentimiento, todo lo contrario sucede con Ismene en el relato
“Ismene”, donde la humanización del personaje nos aproxima esta figura
desdeñada por la tradición y la engrandece, con un tratamiento que recuer‑
da al del poema de Yannis Ritsos. Este relato se presenta como un diálogo
fragmentario con Crisótemis, la hermana de Electra en la tragedia homóni‑
ma de Sófocles, un diálogo donde sólo interviene Ismene. Ambas, Ismene
y Crisótemis, crecieron y vivieron a la sombra de sus célebres hermanas,
“Sóc una simple ombra” (p. 155) afirma, algo de lo que se quejaba también
la Ismene de Ritsos. Y esto es así a pesar de que también ellas pertenecen
a insignes linajes: “Oh, vosaltres i nosaltres, les nostres famílies, quins lli‑
natges! I Electra i Antígona s’assemblaven, la seva essència era l’odi, el de
la meva germana contra l’oncle, al capdavall un bon home” (p. 156). En
las palabras de Ismene hay un matiz de amargura porque también ella por
linaje podía haber alcanzado la fama en la posteridad, y ésta es la finalidad
de la referencia a Teoclímeno, su prometido, a causa del cual Tideo le daba
muerte, según la versión perdida de Mimnermo, ya que, de haber sido cierta
su relación, ella habría tenido una vida plena o alcanzado con esta muerte
un cierto renombre. Pero no fue así y ahora, envejecida y sola, comenta a
Crisótemis sus quehaceres domésticos y su vida rutinaria. También en esta
presentación de Ismene ha eliminado lo que podía haberla engrandecido y
la muestra inmersa en su amargura y en la cotidianeidad más insignificante.
Después de la Guerra Civil, en España o en el exilio, muchas han sido
las obras de españoles escritas como denuncia explícita del abuso del po‑
der o como muestra de la desilusión ante las ocasiones desperdiciadas, con
planteamientos localistas o más universalistas, desde la Antígona del autor
121
Carmen Morenilla Talens
122
Entre Sófocles y Anouilh:
la Antígona y su nodriza en la refección
de Memé Tabares
(Among Sophocles and Anouilh: Antigone and her nurse in Tabare’s refiguration)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_6
123
(Página deixada propositadamente em branco)
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
1
El presente trabajo se enmarca dentro del proyecto de investigación FFI2012-32071,
de la Dirección General de Investigación del Ministerio de Economía y Competitividad.
2
Cf. García Sola 2009: 253.
3
Al utilizar el término refección utilizamos la terminología acuñada por Hardwick
2003: 9 s.
125
Núria Llagüerri Pubill
que compusiera Jean Anouilh en 1944 y sobre la cual se apoya gran parte
de la trama de Tabares.
Narrador: Esa frágil mujer que ahí veis, casi una anciana, es Antígona
[…]
4
Comportó una serie de fallos de coherencia en la trama examinados con detalle en
Morenilla 2006: 75 s.
5
Agradecemos a la Prof. Morenilla el acceso al guión de la representación que no
está publicado.
126
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
6
No nos proponemos llevar a cabo un análisis extenso de la obra de Anouilh en com‑
paración con la obra de Sófocles, asunto sobre el que ya han trabajado diversos estudiosos
como, por ejemplo, más recientemente: García Sola 2009:251-264 ; Guérin 2010: 93-104;
Deppman 2012: 523-537.
7
Si bien no queremos decir que no exista ninguna referencia a la obra de Sófocles en
la primera parte y a la de Anouilh en la segunda parte, no obstante, mayoritariamente el
hipotexto de la primera parte es la obra del autor francés y el de la segunda la del ateniense.
8
Tal es la opinión de García Sola 2009: 259.
9
Griffith 2012: 11 señala que al hacer que el Coro estuviera compuesto por ancianos
tebanos y no por mujeres aísla a la heroína hasta un grado inusual en el resto de sus tra‑
gedias. No obstante, podría discutirse esta visión de Griffith si entendemos que el héroe
trágico sofocleo es Creonte y no Antígona, como opinan, entre otros Bañuls 1999: 548-
550; Bañuls-Morenilla 2008: 82 s.
127
Núria Llagüerri Pubill
10
Puede consultarse el que podría ser la primera edición del texto realizada por Segno
del Pozo digitalizada en https://archive.org/details/image638TeatroOpal, con acceso en
diciembre de 2014.
11
Para un análisis de esta obra cf. Bañuls-Crespo, 2008: 143-146.
128
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
Antígona: Vamos, nana; no llores, por favor. (la acaricia) Soy pura.
No tengo otro enamorada más que Hemón, mi prometido; te lo juro.
Guarda tus lágrimas; guarda tus lágrimas, nodriza; quizá las necesites
más adelante. Cuando lloras así me vuelvo pequeña…Y hoy no debo
ser pequeña.
12
Seguimos en este pasaje y en los posteriores la paginación de Anouilh 1946.
129
Núria Llagüerri Pubill
Antígona: No llores más, por favor, nana. (La besa) Vamos, mi vieja
manzanita colorada. ¿Recuerdas cuando te frotaba para que brillaras?
Mi vieja manzanita toda arrugada. Que no corran tus lágrimas en
todas tus zanjitas, por tonterías como ésta, por nada. Soy pura. No
tengo otro enamorado que Hemón, mi prometido, te lo juro. También
puede jurarte, si lo quieres, que nunca tendré otro enamorado…
Guarda tus lágrimas, guarda tus lágrimas; quizá las necesites todavía,
nana. Cuando lloras así me vuelvo pequeña…Y no debo ser pequeña
esta mañana13.
13
Citamos en este pasaje y en los posteriores la traducción de Bernárdez 21960.
130
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
14
Para el texto griego utilizamos la edición de Mazon reimpr.1967.
131
Núria Llagüerri Pubill
15
Cf. Kamerbeek 1978: 37.
132
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
entouré d’une garde exactement comme s’il avait réussi à se faire roi. Va te
recoucher. Tu es toute pâle de fatigue.
Antígona: (sonríe) Siempre me dijiste que estaba loca, por todo, desde
siempre. Anda a acostarte de nuevo, Ismena…Ya es de día, ¿ves?, y de todos
modos, no podría hacer nada. Mi hermano muerto está rodeado ahora de
una guardia, exactamente como si hubiera conseguido llegar a rey. Anda a
acostarte de nuevo. Estás pálida de fatiga.
16
Cf. Deppman, 2012: 528.
17
Anouilh 1946: 46.
133
Núria Llagüerri Pubill
Las intervenciones de los personajes en off son frases cortas, lo que po‑
dría dotar de cierta rapidez a la acción que se está llevando en escena, es
134
Entre Sófocles y Anouilh: la Antígona y su nodriza en la refección de Memé Tabares
18
Cf. Jebb 2004: 28 (Easterling ed.).
19
Innovación respecto a las recreaciones habituales y al texto sofocleo, puesto que,
como hemos apuntado, se había utilizado el personaje de la nodriza con anterioridad.
135
Núria Llagüerri Pubill
20
Cf. Conradie 1959: 13.
21
Cf. Gil 1962: 178.
136
Antígona: nome de código –
A peça em um ato de Mário Sacramento
(Antigone: code name - a play in one act, by Mário Sacramento)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_7
137
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
1
Médico, ensaísta, crítico literário, cronista e escritor, Mário Sacramento (1929-1969)
foi um intelectual português, nascido em Ílhavo, que se tornou um símbolo da cidade de
Aveiro, onde exerceu clínica e uma atividade laboriosa de homem de letras. O ensaísmo
constituiu a parte mais substancial da sua obra e, do seu copioso legado crítico-literário,
destacam-se, por exemplo, os títulos seguintes: Eça de Queirós – Uma estética da ironia (1945);
Fernando Pessoa – Poeta da hora do absurdo (1953); Ensaios de Domingo (o primeiro volume
publicado em 1959; os Volumes II e III, editados postumamente); Fernando Namora – O
Homem e a obra (1967); Há uma estética Neo-Realista? (1967). Incansável na luta abnegada
contra o regime ditatorial do Estado Novo (também designado por Salazarismo), revelou-se
um marxista convicto, alimentado por uma fé humanista, que se entregou, de corpo e alma, a
uma militância de resistência, política e cultural, contra o status quo e as circunstâncias opres‑
soras da época de ditadura em que viveu. Símbolo de uma geração de cidadãos, escritores e
pensadores inconformados com o regime ditatorial, extremamente devotado à coisa-pública,
e empenhado na luta antifascista, Mário Sacramento, apesar da sua predileção por assuntos
de índole literária, foi um político ativo, um homem aberto ao diálogo, que participou em
debates de todo o género e em sessões políticas. Criou os “Congressos Republicanos” e pro‑
moveu a iniciativa “Diálogo com os católicos”, cujos textos foram, postumamente, reunidos
no livro (1970), intitulado, Frátria, Diálogo com os Católicos (ou talvez não). Ao longo dos
cerca de quarenta anos do regime ditatorial português, o médico-escritor notabilizou-se
como um pensador controverso e um cidadão incómodo, cinco vezes detido pela PIDE
(Polícia Internacional de Defesa do Estado) e preso em Caxias (uma das prisões políticas do
Estado Novo), além de nem sempre ter sido compreendido pelos seus contemporâneos, no
panorama intelectual e literário português. Firme nas suas convicções e irredutível no seu
anseio de liberdade, um espírito contestatário e polémico, se bem que íntegro e tolerante,
desvela-se também nos textos jornalísticos que publicou, com assiduidade, em jornais da
época (e.g.: “O Comércio do Porto”, o “Diário de Lisboa” e o semanário aveirense “Litoral”)
ou ainda nas páginas do seu Diário, referentes aos anos 1967 e 1968. A incursão de Mário
Sacramento na escrita dramatúrgica foi uma experiência ocasional: na única obra publicada
– a tetralogia intitulada Teatro Anatómico (1959) –, o autor refere um outro projeto teatral
“em preparação” (A Linguagem Sibilina), que, todavia, ignoramos se alguma vez chegou a ser
concluído ou se permanece incompleto ou inédito no fundo de uma gaveta. Na sua laboriosa
atividade crítico-literária, Mário Sacramento revelou-se um leitor incansável e crítico de au‑
tores portugueses (e também estrangeiros), mas é, no terceiro volume de Ensaios de Domingo
(1974), que se encontra uma secção intitulada “Crítica de Teatro”(221-245), dedicada a peças
de alguns dramaturgos contemporâneos. Se bem que não encontremos nenhuma referência
às anteriores Antígonas portuguesas (mas, por certo, Mário Sacramento teria conhecimento
dessas peças), denotam-se, nestes seus escritos, uma consciência dramatúrgica e uma sensibili‑
dade teatral de um crítico intransigente, mas atento e lúcido, que perspetivou o teatro, na sua
relação entre a arte e a vida. Sobre o importante legado de Mário Sacramento no panorama
histórico-cultural e literário português vide Sarabando et al. 2009; Ferreira 2011.
139
Maria Fernanda Brasete
com o ancestral texto trágico promove uma leitura dramática do destino infor‑
tunado dos sobreviventes de uma família francesa, vítima da ocupação alemão,
na Segunda Guerra Mundial, que, como os últimos Labdácidas, confrontam o
sofrimento de situações-limite, ditadas por conflitos insolúveis da condição hu‑
mana. Neste «ensaio dramático de Mário de Sacramento, a protagonista é uma
mulher francesa, Ivonne, que no tempo do Maquis, escolhe, como nome de código,
“Antígona”. Pretende-se, neste estudo, apresentar uma análise da influência exer‑
cida pela Antígona sofocliana neste «ensaio dramático», ao nível da caracterização
das dramatis personae e do desenvolvimento da ação, que se sustenta numa refle‑
xão crítica sobre as motivações da filha de Édipo e o sentido trágico das suas ações.
Palavras chave: Antígona, Mário Sacramento, Sófocles, receção da tragédia gre‑
ga, teatro português.
2
Note-se que, sob este título, a peça de Mário Sacramento foi publicada isoladamen‑
te, no nº 182, vol. XVIII da revista literária “Vértice”.
140
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
3
Sobre as “máscaras portuguesas” de Antígona, muito próximas da peça sofocliana
homónima, e com uma intencionalidade político-pedagógica mais ou menos marcada,
escreveram alguns classicistas portugueses excelentes ensaios, que, sob a coordenação de
Carlos Morais (2001), foram editados no primeiro suplemento da revista Ágora. Estudos
Clássicos em Debate. Aí se reuniram sete importantíssimos estudos, dois deles inéditos,
sobre cinco das seis recriações dramatúrgicas conhecidas do tema de Antígona.
4
Um primeiro estudo desta peça de Mário Sacramento foi publicado na 4.ª edição do
volume “Voltar a Ler”, coordenado por Ferreira 2011. See Brasete 2011.
5
Vide Morais 2001: 85-101.
6
Sacramento 1959.
141
Maria Fernanda Brasete
“São quatro peças num acto, que, em boa verdade, me custa a com‑
preender que Mário Sacramento tenha escrito e, tendo-as escrito,
publicado. Não lhes encontro nexo íntimo, transbordam de literatura
e de racionalizações abstractas, nada acrescentam ao teatro português
e servem muito mal ao prestígio real do autor.” (1998: 278)
142
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
7
Na última secção do Livro de Amizade. Lembrando Mário Sacramento, intitulada
“Contributo para a Bibliografia de Mário de Sacramento”, referem-se catorze recensões ao
Teatro Anatómico, publicadas em periódicos da época. Cf. Sarabando et al. 2009: 315-6.
8
Rebello 1984.
143
Maria Fernanda Brasete
9
Mário Sacramento conheceria, inclusive, a Antigone de J. Anouilh (1944), mesmo
que não tenha assistido a nenhuma das duas representações da peça francesa, ocorridas em
Lisboa, nos anos de 1945 e 1946.
10
Convém referir que, na mesma década, duas outras peças portuguesas recriaram
o mito de Antígona: a “Glosa Nova da Tragédia de Sófocles” de António Pedro (1953) e
a tragédia de João Castro Osório, inserida na Trilogia de Édipo (1954). Se bem que ambas
tivessem subido ao palco, foi a peça de António Pedro a que foi objeto de um maior número
de representações, em diferentes cidades do país. Duarte Ivo Cruz 1983: 205 observa que
“a partir de 1945, a evolução do teatro português se processou em termos de reflexão de
linhas evolutivas sócio-económicas peculiares” e desde o fim do período do pós-guerra até
à atualidade pode definir-se uma “trajectória coerente, no quadro dos seguintes pontos
matriciais: concentração num temário de análise e crítica social muito marcado e politi‑
camente empenhado; tentativa de renovação das expressões cênicas e do espetáculo; visão
cultural do teatro como um todo; certa irregularidade a nível de profissionalismo, com
grande ênfase dada ao experimentalismo e à descentralização por via profissional e amado‑
ra; irregularidade da frequência de público, com uma clara passagem do teatro comercial,
bom ou mau, para o teatro experimental ou culturalmente exigente, o que teve como efeito
a médio prazo o desaparecimento da revista” (2001: 303).
11
See por exemplo, o marcante estudo de Steiner 2008, originalmente publicado em
1984, consagrado à influência que o mito/mito de Antígona exerceu, na tradição ocidental,
nos mais variados domínios: filosófico, político, teatral, literário e artístico. De salientar,
144
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
no entanto, que as “Antígonas” ibero-americanas não foram contempladas nesta obra. En‑
tre os vários estudos mais recentes sobre a receção do mito de Antígona destacamos, além
do já citado supl. 1 da revista Ágora. Estudos Clássicos em Debate, (Carlos Morais 2001),
Bosch 1979, Jabouille, Fialho 2000; Llinares 2001; Gil 2007; Bañuls Oller, Crespo Alcalá
2008; Duroux, Urdician 2010; Moretón 2011; Mee, Foley 2011; Camacho Rojo 2012;
Chanter, Kirkland 2014; López 2015; López, Pociña 2015.
12
Para uma interpretação geral do tema de Antígona na dramaturgia portuguesa do
século XX, vide Silva 2010: 287-294.
13
Sacramento 1959: 108.
145
Maria Fernanda Brasete
14
Em Ensaios de Domingo III, Sacramento 1974: 230 escreve: “A situação do nosso
teatro é esta: quanto menos teatro temos, mais textos surgem. E é caso para perguntar:
porquê? Eu penso que nos falta diálogo”.
146
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
147
Maria Fernanda Brasete
148
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
15
Apesar de se tratar de um movimento filosófico e literário distinto, o Existencialis‑
mo foi particularmente difundido em meados do século XX através das obras do escritor
e filósofo francês Jean-Paul Sartre, em particular através da sua obra L’existentialisme est
un humanisme (1946). Anteriormente, no célebre ensaio L’ être et le néant (1943), Sartre
alicerçara os princípios basilares do seu pensamento existencialista numa reflexão filosófica
sobre a questão da liberdade. Sob a influência de um conceito cartesiano de sujeito, baseado
na relação “homem-mundo”, e sustentado na ideia de que é o homem que escolhe ‘ser’,
sendo o ‘fazer’ sempre intencional, postulava-se que não existiam valores éticos universais
para a vida humana. (Sobre a receção e influência do Existencialismo em Portugal, no
século XX, vide Real 2011. Na obra ensaística de Mário Sacramento são muito frequentes
as referências ao existencialismo filosófico e, nomeadamente, a Sartre. Por exemplo, num
texto intitulado “A Fé do Humanista”, publicado em De Fratria (apud Sarabando et alii
2009: 238), o escritor aveirense reconhece como preciosa a “contribuição” do existencialis‑
mo para o conhecimento da subjetividade mas defendendo sempre a ideia de que a experi‑
ência existencial deve ser entendida como uma praxis de vida coletiva, porque o homem é
um “ser eminentemente social”. À semelhança de J.P. Sartre, o escritor português recusava
uma visão individualista, abstrata ou transcendente das ações humanas, postulando que a
subjetividade é condicionada pelas vivências sociais e que o indivíduo dever ter a liberdade
de fazer as suas escolhas e, por conseguinte, a capacidade de transformar o mundo real.
16
Durante a Segunda Guerra Mundial, surgiram em França vários movimentos de
resistência à ocupação alemã, entre os quais o célebre movimento colaboracionista francês
de Vichy, que constituíram a então denominada “La Résistance”. Esses grupos de resistên‑
cia também ficaram conhecidos pelo nome de “Le Maquis”, um termo que, em francês,
designava uma espécie de vegetação mediterrânica abundante nos bosques da região sudo‑
este do país, onde muitos desses resistentes se escondiam para atacar os ocupantes alemães.
149
Maria Fernanda Brasete
claro, que tem sobre a adopção comum esta diferença: parte do filho
para o pai e não do pai para o filho. No dia em que lhe corra nas veias
o sangue adoptivo do povo, Yvonne, a subjetividade do seu meio natal
não levará a melhor sobre os ditames da sua consciência. (pp. 115-116)
17
Na abertura do seu Teatro Anatómico, Mário Sacramento apresenta um texto pro‑
gramático, intitulado “À procura de Pirandello ou um ensaio em guisa de prefácio”, 1959:
8-18, no qual afirma: “A realidade ilusória do ser, formalizada em ficção, aspira a reganhar
a vida como realidade concreta.”
150
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
Antígona era, também, a peça sobre a qual o seu querido irmão prepa‑
rava uma tese antes de partir para a guerra, mas presentificada em cena
num volume repleto de anotações, entretanto desaparecido da estante, e que
acabaria por precipitar o reconhecimento entre ambos19.
18
Vide nota anterior.
19
De referir que Yvonne, como explicará posteriormente ao irmão, desconfiara da sua
identidade quando percebera a dificuldade física que ele tinha em movimentar para trás o
braço esquerdo e o facto de continuar a utilizar nos seus apontamentos “umas abreviaturas
151
Maria Fernanda Brasete
MICHEL – Escuta meu bem. É justo que sepultes o teu irmão. Não
pelos motivos de outrora. Pelos do teu coração. (pp. 121-122)
tão patuscas” (p. 123). Estes dois “sinais” conferem verosimilhança ao reconhecimento que
se efetuara em termos verbais.
152
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
Aliás, este era um dos temas da tese que preparava sobre as origens do
teatro (p. 117), antes de partir para a Guerra. “Michel/ Charles” considerava
“inútil” o heroísmo da heroína sofocliana, porque, na sua interpretação, se
baseava em razões puramente egoístas. Depois de uma breve sinopse da
peça sofocliana, Charles repete a sua tese: “Só as convicções religiosas do
tempo justificam Antígona” (p. 119). À boa maneira da dialética grega, ele
incitara Yvonne a contra-argumentar e a expor a sua interpretação, criando
um momento agónico em que, pelo confronto verbal, as personagens se
revelam nos seus dramata.
Na senda de uma exegese mais consentânea com a tradição, entendia
Yvonne que o ato de solidariedade demonstrado por Antígona, na situação‑
-limite do seu dilema familiar, conferia-lhe uma dimensão heroica, genuína
e irrepreensível, além de que não lhe restava outra possibilidade de ação: ela
não podia resgatar os erros dos seus familiares.
153
Maria Fernanda Brasete
154
Antígona: nome de código – A peça em um ato de Mário Sacramento
que o guiava numa vida subjugada a uma cegueira imobilizadora 20. Nas
contingências de uma existência, por natureza antinómica, e condenada ao
sofrimento, apenas a philia familiar prefigurava uma possibilidade redento‑
ra de uma sobrevivência amaldiçoada.
Neste “ensaio dramático”, tal como na antiga tragédia grega, não se pre‑
tendia representar o drama do ser humano isolado, mas sim o modo como
as suas ações afetavam os outros, num continuum em que o hic et nunc do
teatro se construía como metáfora das contingências inexoráveis da vida
humana. A figura sofocliana de Antígona, e principalmente a tragédia ho‑
mónima, constitui uma referência temática crucial para a interpretação des‑
ta peça em um ato de Mário Sacramento, indiscutivelmente inovadora na
forma como revivificava a antiga figura trágica, intencionalmente adaptada
a uma época de pós-guerra e ao contexto político-cultural português. As
novidades que Mário Sacramento introduziu nesta releitura crítica do tema
de Antígona constituem um testemunho vivo da ousadia do dramaturgo
que explorou a ambiguidade trágica do mito para reescrever uma peça sub‑
versiva, em termos ideológicos e estéticos, e que merecia ter cumprido o seu
destino teatral num palco português.
20
Nesta peça, como acontece na homónima de Júlio Dantas, Yvonne incorpora traços
do carácter da Antígona de Édipo em Colono, revelando-se uma filha protetora que guia,
física e espiritualmente, o seu velho pai cego, incondicionalmente dedicada aos valores
familiares.
155
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
(Antigone and Medea in the short story “A Benfazeja”, by João Guimarães Rosa)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_8
157
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
Abstract – This paper tries to analyse and interpret the Classical topoi present in
the intertextual strata of the short story “A benfazeja”, by the Brazilian writer João
Guimarães Rosa. This narrative elaborates a careful synthesis of some aspects of
Antigone, by Sophocles, and Medea, by Euripides. It describes the story´s protago‑
nist through traces related to both Greek plays´ heroines. The questioning of the
limits of the sacrifice and the guilt, individual and collective, stands out in the
course of the plot and is the theme par excellence of the story. We are especially
concerned with this intrinsically tragic movement. In addition, we are attentive not
only to the similarity of the plans, but also to the peculiarity of Rosa´s narrative.
Keywords: Guimarães Rosa, Antigone, Medea, sacrifice, guilt.
1. Introdução
159
Gilmário Guerreiro da Costa
ensaio intenta oferecer a análise e interpretação, atento não apenas aos pla‑
nos de semelhança entre os textos, mas também à delimitação do locus pe‑
culiar da narrativa rosiana.
Convém esclarecer inicialmente alguns pressupostos deste trabalho.
O conjunto da obra rosiana buscou oferecer a devida síntese aos polos do
localismo e cosmopolitismo1, bem como às oposições entre regionalismo
e espiritualismo, marcantes na literatura brasileira na primeira metade do
século XX 2. Sua obra, portanto, inscreve os traços regionais que represen‑
ta e os reinventa em diálogo com a literatura universal, que nunca perde
de vista. Outro pressuposto, intimamente ligado ao anterior, refere-se aos
traços distintivos do seu construto intertextual. Notam-se na obra rosiana
ideias, procedimentos e objetos tomados a outros autores. No entanto, em
nenhum momento o faz explicitamente. Não escreve, por exemplo, uma
Ilíada, Eumênides, Antígona, e, no entanto, aspectos dessas obras são obser‑
váveis em suas narrativas. Trata-se de uma intertextualidade alquímica: não
se atém apenas à presença, mas à sua revivificação com vistas a vincar novos
significados e possibilidades.
Tais considerações permitem-nos evitar dois modos a nosso ver equivo‑
cados de interpretar a obra rosiana: seja pela ênfase exclusiva na cor local,
seja pela celebração de ideias universais. Há ainda a considerar-se a forma
em que se plasma semelhante processo, a escrita fragmentária, um artesa‑
nato textual que se compromete com o inacabamento enquanto projeto
literário, envolvendo-se com o exercício artístico da perda. É a partir de tais
fios complexos que Rosa inseriu no âmbito da literatura brasileira e univer‑
sal a sua arte.
1
Candido 2006. O objeto de análise de Antonio Candido não é a obra de Guimarães
Rosa, mas o desenvolvimento do sistema literário brasileiro na primeira metade do século
XX. A nosso ver, seu diagnóstico aplica-se perfeitamente ao itinerário artístico do escritor
mineiro.
2
Galvão 2000.
160
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
3
Bosi 2003: 34.
4
Ramos 1991: 515.
5
Ramos 1991: 515-516.
6
Ramos 1991: 516.
7
Ramos 1991: 519.
161
Gilmário Guerreiro da Costa
8
Rosa 1994: 475.
9
Rosa 1994: 475.
10
Rosa 1994: 475.
162
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
3 Sacrifício e culpa
11
Rosa 1994: 475.
12
Referimo-nos à etimologia do termo: angustia significa “falta de espaço”, “es‑
treiteza”, “confinamento”, uma passagem estreita entre montanhas. Tudo isso aduz uma
sensação de sufocamento e medo. Observe-se ainda que o advérbio anguste significa “estrei‑
tamente”, “apertadamente”, e o verbo angusto “tornar estreito”, “estreitar”, “estrangular”,
“apertar” (Bryan-Brown 1968: 130-131).
13
Rosa 1994: 475.
14
Rosa 1994: 475.
163
Gilmário Guerreiro da Costa
É que essas não foi Zeus que as promulgou, nem a Justiça, que coabita
com os deuses infernais, estabeleceu tais leis para os homens. E eu
entendi que os teus éditos não tinham tal poder, que um mortal pu‑
desse sobrelevar os preceitos, não escritos, mas imutáveis dos deuses
(S. Ant. 450-455).
15
Servimo-nos da tradução de Rocha Pereira 2012.
164
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
Do que ouvi, a vocês mesmos, entendo que, por aquilo, todos lhe esta‑
riam em grande dívida, se bem que de tanto não tomando tento, nem
essa gratidão externassem. Tudo se compensa. Por que, então, invocar,
contra as mãos de alguém, as sombras de outrora coisas?19.
16
Rosa 1994: 475.
17
Rosa 1994: 475.
18
Rosa 1994: 475.
19
Rosa 1994: 475.
165
Gilmário Guerreiro da Costa
20
Rosa 1994: 477.
21
Rosa 1994: 477.
22
Rosa 1994: 477.
23
Rosa 1994: 477.
24
Rosa 1994: 476.
166
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
25
Rosa 1994: 476.
26
Rosa 1994: 478.
27
Rosa 1994: 478.
28
Rosa 1994: 478.
29
Rosa 1994: 479-480.
30
Rosa 1994: 478.
167
Gilmário Guerreiro da Costa
31
Rosa 1994: 478.
32
Rosa 1994: 478.
33
Rosa 1994: 480.
34
Rosa 1994: 480.
168
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
em vê-los”35 (E. Med. 36), “Ide, ó filhos, para dentro de casa, que lá tudo
estará bem. (...) eu já a vi olhá-los com os olhos bravos de um toiro, que vai
fazer algo de terrível; nem cessará a sua cólera, eu bem o sei, sem se abater
sobre alguém” (E. Med. 89-95), “Ai, ai de mim, desgraçada! Porque entram
as crianças na culpa que é do pai? porque os odeias? Ai, filhos, como eu
temo que algo sofrais!” (E. Med. 115-118). Medeia, por sua vez, expressa:
“Ó filhos malditos de mãe odiosa, perecei com vosso pai, e a casa caia toda
em ruínas” (E. Med. 112-114), “Gemo ao pensar na acção que em seguida
tenho de praticar. Porque eu vou matar os meus filhos” (E. Med. 791-793),
“Amigas, decidida está a minha acção: matar os filhos o mais depressa que
puder e evadir-me desta terra” (E. Med. 1236-1237). E, finalmente, o Coro
dirige-se a Jasão, confirmando a execução do infanticídio: “Teus filhos es‑
tão mortos pela mão de sua mãe” (E. Med. 1309). Não surpreende o fato de
os concidadãos de Mula-Marmela necessitarem dessa imagem, com a qual
supõem justificar o martírio e indiferença que lha impuseram. Por fim, em
vez da prisão, optam pelo seu banimento.
4. Transitoriedade e expiação
35
Todas as citações da Medeia procedem da tradução de Rocha Pereira 2013.
36
Rosa 1994: 477.
37
Rosa 1994: 477.
169
Gilmário Guerreiro da Costa
38
Rosa 1994: 477.
170
Antígona e Medeia no conto “a Benfazeja”,
de João Guimarães Rosa
39
Compulsamos o texto grego preparado por Lloyd-Jones, Wilson 1990.
40
Griffith 1999: 273
171
Gilmário Guerreiro da Costa
41
Rosa 1994: 481.
42
Rosa 1994: 481.
172
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
(Creon, the tyrant of Antigone. His reception in Portugal)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_9
173
(Página deixada propositadamente em branco)
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
Abstract – The subject of Antigone appears, in Portugal during the 20th century,
in different recriations, in coincidence with the political experience of the country.
This article looks in particular to the profile of the tyrant, making a comparison
of two of the most impressive, Portuguese remaking of Sophoclean model: Júlio
Dantas and António Pedro Antigones.
Keywords: legitimity, justice, opposition, word and silence, absolute power and
public institutions.
Numa literatura dramática que não foi particularmente marcada por in‑
fluências clássicas, como a portuguesa, é tanto mais expressivo quando um
tema se impõe e reaparece, em sucessivas reescritas, em anos relativamente
próximos. O caso mais significativo é aquele que a Antígona sofocliana re‑
presenta para o séc. XX em Portugal1. Marcado, durante mais de 40 anos
(1926-1974), por uma ditadura repressiva, de que Salazar foi o protagonista,
o país encontrou no teatro, e no tema de Antígona, um canal e uma mensa‑
gem que denunciassem, em diversos tons, a pressão política e social em que
se encontrava. Assim, entre os anos 40 e 502, sucederam-se as recriações do
modelo sofocliano, onde a dominante é aquela em que uma voz solitária,
débil mas determinada, a de uma jovem mulher, desafia o todo poderoso
soberano, Creonte, que ficou para a tradição como um dos símbolos mais
emblemáticos do poder absoluto e seus excessos. Das várias Antígonas por‑
tuguesas então produzidas, vamos fixar-nos em duas, pelo interesse da sua
1
Assim, em Portugal, o tema sofocliano de Antígona suscitou as seguintes reescritas:
António Sérgio (1930), Júlio Dantas (1946), António Pedro (1953), João Castro Osório
(1954), Hélia Correia (1991) e Eduarda Dionísio (1992). Vide Morais 2001.
2
Morais 2001: 85-86 justifica esta insistência no tema e a sua concentração nesta
década com razões de foro político: ‘Com a vitória dos aliados, o regime salazarista, “para
sobreviver à vaga de fundo democrática que percorria a Europa” e se adaptar à nova or‑
dem estabelecida, iniciou um processo superficial de relativa abertura e de diversificação
do regime. (...) Era (ou parecia ser) propícia a atmosfera para rupturas e renovações nos
mais diversos domínios. De imediato, timoratas acções de carácter político e cultural
sucederam-se a intentar quebrar o fundo e aterrador “silêncio”’.
175
Maria de Fátima Silva
3
Para uma síntese desta questão e dos argumentos usados, vide Fialho 2001: 72-73;
Rocha Pereira 92010: 20-21.
176
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
177
Maria de Fátima Silva
178
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
4
No prólogo construído por A. Pedro, que tem por missão informar o espectador,
menos atento à tradição do mito de Antígona e da sua realização paradigmática por Sófo‑
cles, de alguns aspectos essenciais do modelo e das variantes que irão ser agora adoptadas,
cabe uma palavra ao elenco de personagens e ao simbolismo expresso por cada uma. É
sugestivo que a primeira a ser referida seja justamente Creonte (p. 259), o que deixa, en pas-
sant, a sugestão da focagem que se vai adoptar na proporção entre Antígona e o rei. Sobre
a tonalidade e função ‘didascálica e metateatral’ deste prólogo, vide Morais 2001: 94-95.
5
A mesma preocupação e igual argumento são usados por António Pedro (p. 275) –
‘Morto o rei Édipo e mortos os seus filhos na batalha que enlutou a cidade, sou eu, Creonte,
pelos direitos de sangue, o vosso legítimo rei’. Cf. S. Ant. 173-174.
6
Embora limitada e discutível no seu alcance, a leitura que Wilamowitz (apud Calder
1968: 391) faz do original de Sófocles como uma peça política serve bem a esta questão:
‘Em termos estritamente políticos, importa perguntar qual é a situação e as questões que
a mesma situação coloca. Trata-se de um governo de transição, em tempo de guerra –
convicto da sua legitimidade e aceite pelos cidadãos – que estabelece legislação contra
os inimigos do estado. Um agitador bem colocado, sem o devido procedimento, ataca a
legitimidade das disposições legais e nega a supremacia do governo. Pergunta-se: como há‑
-de o poder enfrentar esta contestação dentro da elite social que não se pode ignorar nem
discretamente negar?’
179
Maria de Fátima Silva
7
Em S. Ant. 155-161, é o corifeu quem anuncia a vinda de Creonte e as intenções
gerais que a motivam, de apresentar-se ao povo e à cidade como o novo poder, segundo
uma concepção própria que ainda mantém todos na expectativa; é certo que já Antígona
se lhe referira (33-34), justificando-a com o desejo do rei de chamar a si a responsabilidade
directa de anunciar essa disposição, afinal aquela primeira ordem que marca o início do
seu mandato e lhe definirá um tipo de actuação, dentro do que considera ‘patriotismo’. A.
Pedro destina este anúncio a Ismena, e para a sua motivação vê já o desejo de afirmar com
determinação a sua autoridade (p. 269): ‘Creonte, o nosso tio, é o Rei. Tal é o empenho que
tem em que sejam cumpridas as suas ordens que, dentro em pouco, vem ele próprio aqui ler
o édito ao povo’. Dantas apresenta publicamente Creonte sem aviso prévio, jogando talvez
no efeito surpresa rodeado de aparato e solenidade.
8
A opção de Sófocles por um coro de velhos cortesãos, cujos interesses se associam aos
da comunidade pública e não aos da protagonista, é mantida nas versões que analisamos.
180
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
O seu teor eminentemente político assim o recomenda. Mas, nos autores portugueses, a
tendência vai no sentido da fragmentação desse colectivo, da individualização dos seus
elementos, que o é também das opiniões que veiculam. Em vez de um simples número
identificativo – 1º Velho, 2º Velho, 3º Velho – com que A. Pedro designa os elementos do
coro, num misto de individualidade e colectivo, Dantas prefere dar-lhes uma categoria, a de
‘senadores’. Com esse estatuto, torna mais nítido e menos incipiente o carácter institucional
da monarquia tebana sob o poder de Creonte. E, quando se trata de decisões polémicas,
como a que condena Antígona, além das vozes audíveis em cena, ressoa indirectamente a
presença das instituições, a quem o tirano trata com indiferença; na hora da execução da
filha de Édipo, Enópides deixa clara essa ruptura na gestão da cidade (p. 106): ‘O Senado
de Tebas não votou a morte de Antígona. Mas, se é essa a vontade de Creonte, lançai-lhe
aos pulsos a cadeia de bronze dos supliciados’.
181
Maria de Fátima Silva
182
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
183
Maria de Fátima Silva
9
Esta outra leitura legitimadora da vinda, em armas, de Polinices é reiterada por Ti‑
résias (p. 73): ‘Queres então que as aves de rapina levem no bico e nas garras (…) pedaços
apodrecidos do corpo de um rei, filho e neto de reis, culpado apenas de ter reclamado, de
armas na mão, a coroa real a que tinha direito?’.
10
A palavra ‘partido’ não é aqui meramente ocasional; ela dá uma tonalidade contem‑
porânea a um sentido de oposição múltipla, organizada e identificada, de uma forma que
a Atenas do séc. V a. C. não conhecia.
184
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
185
Maria de Fátima Silva
186
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
11
A hipótese de fuga é vagamente aludida por Creonte, em Ant. 580-581.
187
Maria de Fátima Silva
188
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
12
‘A que se deve, ilustres velhos, tão inexplicável consternação, como aquela que se
apossou de todos vós? Tebas nunca viu caminhar para a morte uma mulher? Porventura a
filha de Édipo, que acaba de sair daqui, é menos abjecta do que tantos outros criminosos?
Quem se atreverá, na minha presença, a defender Antígona? Quem, perante mim, será
capaz de contestar que essa mulher (…) violou as leis, ultrajou o poder real, atentou contra
a segurança do Estado e – fúria hedionda! – corrompeu a tal ponto o ânimo do meu filho,
que o levou a rebelar-se contra o pai? Nenhum de vós a defende?’, pp. 115-116.
189
Maria de Fátima Silva
que se desenrola em torno dos tiranos; a bajulação dos que lhe são mais
próximos tende a abafar o rumor surdo do desacordo que se levanta em sua
volta (p. 308): ‘Se tais censuras não te chegaram aos ouvidos, é porque a
lisonja dos teus cortesãos abafa o que não enaltece o teu orgulho’.
Dos restantes episódios sofoclianos, aquele que proporciona divergências
mais sugestivas nos autores portugueses é o de Hémon, a quem é atribuída
uma personalidade e uma actuação criativas. É particularmente significati‑
vo a recriação que Dantas faz deste episódio. Passa a cena de Hémon para
o final, retirando a Tirésias – e aos desígnios divinos de que é porta-voz – o
protagonismo absoluto no desfecho dos acontecimentos. Na preocupação
constante, que o seu Creonte manifesta, com a ameaça de cúmplices ocul‑
tos, ao saber do amor de Hémon por Antígona o soberano imediatamen‑
te se interroga sobre prováveis cumplicidades entre a princesa labdácida e
o filho (p. 56); e também, como consequência lógica desse raciocínio, o
desagrado pelos vaticínios de Tirésias o leva a suspeitas de corrupção; em
Sófocles, o tirano não vai além de uma acusação dirigida à raça suspeita dos
adivinhos (1035-1039)13, que o Creonte de Dantas converte numa acusação
directa contra Hémon (p. 74): ‘Foi o meu filho que te mandou injuriar-me?
Quantas dracmas te pagou pela traição, velho imundo?’. A traição ganha,
neste caso, na mente de Creonte, foros de conspiração revolucionária, que
visa apear o rei do seu poder e não apenas confrontar a sua autoridade; por
sua vez Hémon ganha, em função destas suspeitas, o relevo de uma espécie
de contraponto de Antígona em versão masculina, na sua contestação ao
rei e pai14.
O adiamento do diálogo entre pai e filho para o final da peça, depois
que as suspeitas vagas de Creonte se foram acumulando e ganhando vulto
na sua imaginação, torna o confronto final do tirano com o seu destino des‑
poletado por razões humanas e políticas, e não divinas. A vinda do príncipe
é antecedida por um diálogo entre Creonte e Eurídice, o par real; arrancada
do mutismo a que Sófocles a confinara, a rainha, que é mãe, tem em Dantas
a sua oportunidade para defender o filho. Mas todo o seu esforço por isen‑
tar Hémon de suspeitas sem fundamento, por parte do pai, resultam na
13
Vai no mesmo sentido a preferência de A. Pedro (pp. 317-319), que faz Creonte
acusar Tirésias de corrompido e venal, sem contudo precisar qualquer cumplicidade.
14
O próprio texto faz, explicitamente, esta aproximação, quando Ástaco, um dos
senadores, tomando nas mãos a cadeia destinada a aprisionar Antígona, interroga o rei
(p. 119): ‘Vês esta cadeia? É o grilhão ignominioso dos supliciados. Ninguém se atreveu a
prender com ela os braços da filha de Édipo. Que queres tu agora de nós, rei? Queres que
a lancemos aos pulsos do teu filho? – Não!’.
190
Creonte, o tirano de Antígona
Sua recepção em Portugal
191
(Página deixada propositadamente em branco)
Uma Antígona diferente, em la Serata a
Colono de Elsa Morante
(A different Antigone in Elsa Morante’s la Serata a Colono)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_10
193
(Página deixada propositadamente em branco)
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
Abstract – In the pages 30-96 of the variegated book Il mondo salvato dai ra-
gazzini e altri poemi of Elsa Morante (1912-1985) we find the drama La serata a
Colono, the only theatrical piece written by this writer, inspired fundamentally by
the tragedy Oedipus at Colonus of Sophocles. Unlike the original Greek, Morante’s
work emphasizes as fundamental protagonist Antigone, one of the most attractive
figures created by the Italian writer in the set of her work.
Keywords: Elsa Morante, Serata a Colono, Antigone, tradition, innovation.
1
Para nos referirmos exclusivamente a obras essencialmente dedicadas, nas últimas
décadas, ao tema deste Congresso, lembraremos: Morais 2001; Ripoli; Rubino 2005;
195
Andrés Pociña
filha de Édipo detém uma significação universal bem maior o que aqui‑
lo que se poderia deduzir com base na leitura do livro clássico de George
Steiner2. Que este livro é de valor inegável, não sofre dúvida; contudo, está
largamente superado enquanto único referente bibliográfico para o assunto,
apesar de continuar a ser considerado como definitivo, ou quase, por certo
número de investigadores e investigadoras de leituras insuficientes. Tal foi,
portanto, uma das causas principais que nos impeliram a voltar aos estudos
sobre Antígona, sobre as reescritas da sua história, a pervivência do seu
mito, a sua sempiterna vigência, e a virmos falar acerca dela num lugar tão
propício como a ínclita cidade de Coimbra.
E é nesse contexto universal, de renovadas interpretações artísticas –
fundamentalmente dramáticas – nascidas no século XX -, que desejava
tentar agora a análise de uma Antígona diferente. Refiro-me àquela que
imaginou a insigne escritora italiana Elsa Morante (1912-1985), num drama
que, curiosamente, não recolhe, no título, o nome da heroína. Trata-se de
La serata a Colono, opúsculo inserido num poemário publicado em 1968,
com o título de Il mondo salvato dai ragazzini e altri poemi3. La serata... faz
parte, mais concretamente, de uma das secções do livro: aquela que recebe o
estranho rótulo de “La commedia chimica”4. Nem o título do livro, nem o
da secção, poderiam dar azo à suspeita de no seu interior se achar uma tra‑
gédia (a páginas 30-96), com uma denominação que imediatamente sugere,
enquanto hipo-texto, a famigerada tragédia Édipo em Colono, de Sófocles.
Estranho título, estranha localização e, em definitivo, estranho género li‑
terário, para uma autora que jamais tinha escrito teatro, nem voltaria a
fazê-lo. E o que mais é: estranha Antígona, aquela que nos apresenta esta
criadora que nunca nos deixa de surpreender, de nos intrigar, com as suas
formulações literárias, e de maneira muito especial com a criação de perso‑
nagens únicas. Tentarei demonstrar, nas páginas a seguir, como a Antígona
de La serata a Colono ocupa lugar de destaque, entre tais personagens.
Bañuls Oller, Crespo Alcalá 2008; Pianacci 2008; Duroux, Urdician 2010; López, Pociña
2010.
2
Steiner 1991.
3
Morante 1968; as citações de La serata a Colono fazem-se por esta edição (reimpr.
1995), o que também inclui o número das páginas. A razão para isso consiste em ser esta
a edição mais difundida, se bem que, direi de passagem, no ano passado, e com motivo da
estreia, depois de tanto tempo, da obra, Einaudi deu pela primeira vez à estampa La serata
a Colono, num pequeno volume independente, que provavelmente não tem obtido tanta
difusão como o outro, até ao momento presente (2013).
4
Cf. Ceracchini 2011: 211-216.
196
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
5
A estreia, como era previsível, foi um sucesso, o que se pode ver muito bem refleti‑
do em diversas notícias e páginas da Internet, que repetem insistentemente as imagens de
Édipo no hospital, com os olhos cobertos, interpretado por Carlo Cecchi, e da personagem,
sem dúvida importante, da Freira, representada por Angelica Ippolito. Após a estreia em
Turim, a peça foi representada no Teatro Argentina, de Roma, de 30 de janeiro a 17 de
fevereiro, com enorme sucesso (para se obter mais informação, pode procurar-se as diversas
notícias que respondem ao epígrafe “La serata a Colono di Elsa Morante”, na Internet, e
também, no mesmo meio, Letizia Bianchi - Serena Nostro, “La serata a Colono di Elsa
Morante. Regia di Mario Martone (Piccolo Teatro Grassi di Milano, stagione 2012/2013)”,
www.piccoloteatro.org/play/show/2012-2013/la-serata-a-colono. Está muito bem docu‑
mentada também a notícia dada por Jolanda Leccese, “’Antigone’ di Elsa Morante – in
‘Serata a Colono’”, Leggere Donna 160 (2013), que se pode ler no sítio: http://donnarte.
wordpress.com/2013/08/01/antigone-di-elsa-morante-in-serata-a-colono/
197
Andrés Pociña
6
De todas estas obras existem traduções para espanhol; por ordem cronológica:
La isla de Arturo, trad. de Eugenio Guasta, Barcelona, Editorial Bruguera, 1969 (Madrid,
mesma versão, Espasa Calpe, 2004); Araceli, trad. Ángel Sánchez Gijón, Barcelona, Editorial
Bruguera, 1984; La Historia, trad. de Esther Benítez, Barcelona, Círculo de Lectores, 1992
(em data anterior, e incompleta, Algo en la historia, trad. de Juan Moreno, Barcelona, Plaza y
Janés, 1976); Mentira y sortilegio, trad. de Ana Ciurans Ferrándiz, Barcelona, Lumen, 2012.
7
Cf. Morante 1987 (opiniões de 1959): 41-73.
8
Donzelli 2007: 191-200, esp.192.
9
Cf. de forma especial D’Angeli 1993: 109-135.
198
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
Outro dado que pode entrar em linha de conta, para enquadrar o am‑
biente em que surge esta tragédia, é constituído pelo facto de, pelas mesmas
datas da sua redação, Pier Paolo Pasolini, grande amigo de Elsa Morante,
ter estreado o seu filme Edipo re11 (1967), cujo título reclama como hipo‑
-texto a outra tragédia de Sófocles, e no final do qual, Édipo, cego, é condu‑
zido, não por Antígona, mas por um moço, que recebe o nome de Anghelos
-Ângelo (p. 453). Rara é a ocasião em que tenho visto postas em relação
estas duas tragédias contemporâneas, a de Pasolini e a de Morante12, as‑
sunto este que espero vir a abordar em ocasião mais adequada. Seja como
for, não é pensável que duas pessoas que tinham mantido tão boas relações
(que, ainda que viessem a acabar, durarão pelo menos até 197113) e que
tinham partilhado experiências tão importantes como uma longa viagem
pela Índia, na companhia de Alberto Moravia, não tivessem trocado im‑
pressões e pontos de vista acerca da figura do desgraçado cego, Édipo.
Em último lugar, restaria esclarecer, para acabarmos esta listagem de
circunstâncias à volta da publicação de La serata a Colono, o facto, de di‑
fícil explicação sob todos os aspectos, de esta tragédia constituir a parte
10
Cartoni 2006: 17.
11
Pasolini 1991 (1998).
12
É contudo interessante, neste sentido, o que escreve Donzeli 2007: 192 s.: “...
Anche per questa ragione Elsa Morante lo scelse e forse anche perché nel 1967, un anno
prima della pubblicazione de Il mondo salvato dai ragazzini, Pier Paolo Pasolini modellava
il finale cinematografico dell’Edipo re su quello dell’Edipo a Colono con un Ninetto Davoli
nella parte di Angelo che, come Antigone, accompagna per le strade un esausto e cieco
Edipo-Pasolini”.
13
Sobre a intensa relação entre Elsa Morante e Pier Paolo Pasolini existem interessantes
estudos, entre os quais citaremos os de Siti 1995: 134; Fusillo 1995: 97-129.
199
Andrés Pociña
200
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
coincide com o título da obra, “Il mondo salvato dai ragazzini”, conjunto
graficamente surpreendente.
Logo na página inicial do drama, e mesmo por baixo do título deste,
encontramos o primeiro problema: La serata a Colono apresenta-se como
“Parodia”. Este termo, “paródia”, lido no seu sentido habitual, põe o dra‑
ma de Morante numa relação óbvia com a tragédia Édipo em Colono, de
Sófocles. Mas é adequada uma qualificação semelhante? Os dicionários
da língua portuguesa costumam oferecer definições da palavra “paródia”
do tipo da seguinte: “imitação de um texto literário, de uma personagem
ou de um tema, com propósitos irónicos ou cómicos”, e como segunda
definição, “imitação ridícula ou cínica de qualquer coisa”14; com esta de‑
finição15 vem coincidir a que dá o manual, já clássico, de Lausberg que,
citado pela tradução espanhola, vem dizendo: “imitación chistosa de un
modelo serio”16. Sem precisarmos de recorrer a explanações mais precisas
da palavra17, podemos concluir dizendo que as acepções tradicionais desta
não parecem convir em absoluto a uma obra como a tragédia de Morante,
cujo relacionamento, embora muito óbvio, com a obra de Sófocles nunca
poderia considerar-se engraçado, cómico, faceto ou burlesco. Procurando
alguma possível explicação para o emprego de “paródia” dado pela nossa
escritora na sua obra, deparámos com esta interessante solução, que lemos
em Carlo Sgorlon:
14
Definições tomadas do Dicionário da Língua Portuguesa (71994). Porto, Porto
Editora: 1346. É claro que a terceira definição que também aparece aí, como “pândega”,
não interessa aos nossos objetivos; para mais que, segundo se encontra averbado nesse
mesmo dicionário, tal definição se restringe a um âmbito linguístico de gíria.
15
Mais breve e contundente é, por exemplo, a definição que dá, para a palavra
espanhola correspondente, “parodia”, o dicionário da Real Academia Española, Diccionario
de la Lengua Española.(222001). Madrid, Academia Española: 1143: “imitación burlesca”.
16
Lausberg 1966: III, 292.
17
Como possam ser a de Howatson 1991: 618, s.v. parodia: ”Imitar en forma burlesca
una obra poética seria para conseguir un efecto cómico era conocido en la literatura griega
desde tiempos remotos”; Gómez García 1997: 629: “Recurso teatral consitente en imitar,
burlesca o irónicamente, una obra consagrada, un argumento famoso, un estilo, un personaje
o una situación”.
201
Andrés Pociña
18
Sgorlon 1988: 95 s.
19
Paglia 2011: 149-163. Cf. igualmente, da perspetiva de um helenista estudioso
das tragédias de Sófocles, o excelente livro de Rodighiero 2007: especialmente 57-66,
dedicadas a Édipo em Elsa Morante e em Pier Paolo Pasolini.
20
Genette1989: passim.
202
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
21
Rocha Pereira, Ferreira, Fialho 2013: 275.
22
Cf. La serata a Colono: 73 ss.
23
Lesky 1966: 155 s.
203
Andrés Pociña
24
Cf. Paglia 2011.
25
Esta informação, que aparece em Paglia 2011: 151 n. 12, considero poder ser de
interesse para todo aquele que se preocupar a fundo por este assunto, razão pela qual tomo
a liberdade de a reproduzir aqui, expressando de passagem o meu agradecimento – e espero
que com a anuência – de S. Paglia: “Elsa Morante non conosceva bene il greco, come
testimonia Franco Serpia, Il greco di Elsa, in AA. VV. , Cahiers Elsa Morante 2, Salerno, Ed.
Sottotraccia, p. 78: “Elsa aveva fatto il ginnasio al ‘Visconti’ di Roma. Lì il suo professore
di lettere, un buon prete, tale padre F. più che insegnare il latino e il greco sfogava con gli
alunni la sua amara passione antifascista”. La lettura di Sofocle da parte di Elsa è avvenuta
attraverso la mediazione delle traduzioni le migliori delle quali, negli anni precedenti
la stesura della Serata, erano: Il mito di Edipo. Edipo re – Edipo a Colono – Antigone,
traduzione di Domenico Ricci, Milano, Rizzoli, 1951; Le tragedie di Eschilo e di Sofocle,
traduzione di Ettore Romagnoli, Bologna, Zanichelli, 1959; Le tragedie di Sofocle, a cura
di Giuseppina Lombardo Radice, Torino, G. Einaudi, 1966; Edipo a Colono, traduzione
in versi italiani di Ettore Bignone, Firenze, G. C. Sansoni, 1952; Edipo a Colono, a cura
di Dino Pieraccioni, Firenze, Vallechi, 1956; Edipo a Colono, introduzione e commento di
Angelo Nucciotti, Milano, Signorelli, 1957. Probabilmente, la Morante si è ispirata, nella
redazione della Serata, alla versione di Ettore Romagnoli”.
26
Para o texto grego servi-me da ed. bilingue de Errandonea 1959. Como versão
italiana, ter-me-ia parecido preferível a de Ettore Romagnoli, que S. Paglia considera ter
sido provavelmente a utilizada por Morante, mas por não poder dispor dela servi-me da
seguinte edição, excelente sem dúvida: Sofocle, Edipo Re. Edipo a Colono. Antigone, a cura
di D. Del Corno, traduzione di R. Cantarella, Milano, Mondadori, 1982, obviamente
posterior à publicação de la Serata.
204
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
205
Andrés Pociña
Estrangeiro
Coro de idosos de Ática Coro dei ricoverati
Ismene
Teseu Il Dottore
Creonte
Polinices
Mensageiro
La Suora
Il primo Guardiano
Il secondo Guardiano
Il terzo Guardiano
27
Cf. La serata a Colono, p. 51: EDIPO Chi sei tu? / Mi pare di riconoscerti / alla
corona di oro / che porti... IL DOTTORE Io sono / il re di questo paese [...] EDIPO Che regno
è questro tuo?... IL RE È il territorio consacrato alle sante figlie dell’oscurità / dai molti nomi.
/ Qua sotto esse abitano, qua è la loro chiesa. / Dalle nostre parti sono conosciute col nome / di
Benigne / oppure di Erinni, / e altrove / certuni le chiamano Furie, altri, Insulto, e altri, Paura.
206
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
freira é assimilada por Édipo à sua filha Ismene, confusão a que ela própria
ajuda (pp. 66-70). Mais adiante, na sua intervenção, fundamental para o
desfecho da peça, a freira transforma-se na imagem de Jocasta, a mãe de
Édipo, cujo papel assume enquanto lhe oferece a bebida fatal, e enquanto
entoa a canção de embalar do gigante Sacripante, a chamar-lhe “figghiuzzo
mio” (p. 91).
Mais do que estas figuras, suprimidas ou acrescentadas, requerem espe‑
cialmente a nossa atenção as duas personagens principais, Édipo e Antígona.
Na recriação de ambos, Elsa Morante realizou um labor de transformação
sumamente profundo, em consequência do qual, numa primeira leitura,
poderia dar a impressão de estas personagens continuarem a ser idênticas a
si próprias, quando, na verdade, são personagens novos, essencialmente no‑
vos. Quanto aos procedimentos empregados pela escritora em semelhante
recriação, estes serão analisados no parágrafo a seguir; cingir-me-ei, de mo‑
mento, aos aspetos descritivos que caracterizam os personagens de Édipo
e Antígona, novamente criados por Morante, aspetos que os tornam tão
diferentes daqueles transmitidos na obra de Sófocles.
Embora não pretendendo entrar numa análise pormenorizada da perso‑
nalidade do Édipo morantiano, para além das conclusões que da sua atu‑
ação ao longo da obra iremos tirando, podemos salientar a imagem que
dele nos aparece, já no início, imagem muito certeira, conseguida por um
procedimento muito original: a sua filha Antígona, que lhe serve como guia
e apoio, possui uma carta de recomendação, como ela mesma lhe chama, de
um doutor que o tratou previamente, noutro hospital (p. 40); o documento
é lido pelo Terceiro Guarda, que nos informar de que o nosso novo Édipo
tem 63 anos de idade, é um pequeno proprietário com posses, viúvo, quatro
filhos, dos quais, dois homens, maiores de idade, que intentaram uma de‑
manda por incapacidade contra ele (p. 42). Até aqui, as coincidências com
o Édipo sofocliano são máximas, mutatis mutandis, por causa da condição e
cronologia, distintas. Com o diagnóstico relativo ao velho, começa, porém,
o motivo básico da diferença maior: o médico que emitiu a informação des‑
creve-nos com todo o pormenor a sua loucura total, o alcoolismo, uma pos‑
sível toxicomania, escassa ou nula resposta a fármacos tranquilizantes ou
soníferos, alucinações visuais e auditivas... Tal como nós, o médico também
fica impressionado com a verbosidade surpreendente do louco, que des‑
creve assim: “Logorroico... magniloquente... stereotipie verbali di stilo pseudo-
-letterario... infioratto di citazioni classiche... Flusso verbale carat-teriz-ato da
lunghe monodie d’ intonazione pseudo-litur-gica o épica... Contenuti de-liranti
strut-turati... Acessi aggresivi... mito-manie... Manierismi... Fughe ideiche...”
207
Andrés Pociña
(p. 42). Segue-se, enfim, a enumeração das desgraças que o homem sofreu:
morte do pai na Primeira Grande Guerra, suicídio da mãe, emigração, par‑
ticipação na Segunda Grande Guerra, prisão em campos de concentração,
diversas desventuras domésticas após o regresso a casa, viuvez recente... Em
definitivo, uma reprodução, rebaixada ao nível humano e adaptada aos
tempos hodiernos, das inefáveis desgraças do mítico rei Édipo, em tempos
longínquos. O desfecho é, contudo, inteiramente diferente, pois que o novo
Édipo, ser absolutamente alienado, difere completamente daquele ancião
que caminha, sábio, tranquilo e feliz, à espera da morte, no final da tragé‑
dia de Sófocles. Maria do Céu Fialho soube sintetizar, em breves frases, o
sentido da última grande figura sofocliana:
28
Fialho 1992: 155.
208
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
29
Donzelli 2007: 200.
30
2011: 79-101.
209
Andrés Pociña
IL PRIMO GUARDIANO
Per adesso
vista la situazione ospedaliera d’emergenza
l’ordine è di lasciarlo qua di fuori, in attesa
della sua destinazione.
Si tratta d’una disposizione provvisoria.
Un posto da sistemarlo si rimedia senz’altro
dentro stanotte (p. 38).
IL DOTTORE
Si tratta d’una percauzione elementare
e indispensabile, nell’interesse stesso
del malato (p. 50).
Io sono
il re di questo paese. Anch’io ti riconosco alle orbite svuotate e
[sanguinose dei tuoi occhi
o punitore di te stesso, disgraziato figlio di Laio.
31
Paglia 2011: 82.
210
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
LA SUORA
Ma certo e come no? Vedrete vedrete
che adesso farete un bel sonno... Ecco, abbiamo finito, tutto è a posto,
e adesso
il niostro babbino farà un bel sonno, perché è stato bravo
a prendere quella medicina buona che fa bene... (p. 68).
CORO
Su quattrocentocinquanta concorrenti... Io non devo pensare non
devo pensare non devo pensare – Buon giorno come va? – Buon giorno
come va? – Fuoco! – Bisogna scrivere tutti i numeri in cifre romane
– Ho comprato un nastro rosso – Ho comprato – Quando l’ostia
sanguina è segno d’importanza – un nastro rosso – Mostri la tessera -
Su quattrocentocinquantamila concorrenti – Ho comprato un nastro
rosso – Un momento – Posso respirare per favore? – Un momento un
momento – Lei non ha rispetato il signale Stop – A TLATELOLCO
– Con la maschinenpistole – Posso fare un gran respiro per favore?
Grazie. (p. 49)
211
Andrés Pociña
32
Paglia 2011: 94.
212
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
sado por Adriana Pelo33, para a sua Antigona, aquela menina de 14 anos que
aparenta ainda menor idade, quase analfabeta, sem nenhuma formação cul‑
tural; uma menina cheia de bondade, que, sem se preocupar consigo pró‑
pria o mínimo que seja, vive tão-somente para atender, com total entrega, o
pai, doente, cego, absolutamente louco. E é essa bondade, esse encanto in‑
comensurável da mocinha, o aspeto que a autora melhor soube transpor, de
forma tão admirável, para essa fala inculta, elementar, popular, infantil, que
lhe põe nos lábios. Vejamos o reflexo dessa fala, na tentativa da rapariga de
acalmar as visões angustiantes do cego Édipo, inventando um ambiente de
fantasia que nada tem a ver com o corredor do hospital onde se encontram:
ANTIGONE
Qua non ci stanno macerie che stiamo in un bel posto in una
/bella notte che stiamo
dentro a un bel giardino in una bella notte credete agli occhi
/miei caro padre che queste cose che dite voi
non sono verità quella è tutta un’estasi vostra per le ferite
dei vostri poveri occhi mutilati
che quello voi state come dentro a un dormiveglia
pa’.
EDIPO
Che c’è laggiú?
Che è quella bucca?
ANTIGONE
Quella...?
Quella
è una bella funtana di statue
con la illuminazione eletttrica anniscosta
che fa l’acqua di tanti belli colori! (p. 48)
6. Com o que ficou dito até aqui, deixei delineado, de um modo mais
ou menos aceitável, o contorno da Antígona proposta por Elsa Morante,
uma Antígona diferente, eu diria nova – seja como for, afastada da imagem
habitual que costumamos ter dela. Uma imagem nova, baseada sem dúvida
no seu comportamento exemplar de filha, que a leva a transformar-se na
bondosa condutora do pai cego (sobretudo no Édipo em Colono de Sófocles),
mas antes disso, na sua valentia feminina, ao cumprir as suas obrigações
33
Pelo 2008: 137-151, esp. 143-144.
213
Andrés Pociña
ANTIGONE
Si pa’
sto qua vicino a voi pa’ non datevi penziero di gnisuna cosa che
/ci sto sempre io qua vicino a voi
che tutte quelle imbressioni brutte che voi ve ne mettete paura pa’
quello
/non è niente pa’ non ci state a credere perché quello
è la frebbe
che a voi quella è la frebbe che vi fa stare come dentr’auninsogno
pa’
che adesso io vi bagno con l’acqua la faccia e i capelli
cosi avete un poco di ristoro.
EDIPO
... DOVE siamo?...
ANTIGONE
Siamo
...alla casa nostra siamo!
pa’!
214
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
LA VOCE DI ANTIGONE
Pa’! Paaa’! Paaaa’! (p. 90)
215
Andrés Pociña
34
Leccese, “Antigone di Elsa Morante – in Serata a Colono”, Leggere Donna 160
(2013), também no sítio: http://donnarte.wordpress.com/2013/08/01/antigone-di-elsa‑
-morante-in-serata-a-colono/
216
Uma Antígona diferente, em la Serata a Colono de Elsa Morante
uma língua, seja do tipo que for, distinta do dialeto em que se exprime a fas‑
cinante miúda criada por Morante. Mesmo assim, uma tal tradução deveria
tentar-se, por parte de quem quer que seja que se sinta capaz de o conseguir,
pois que é esta, sem dúvida, uma tragédia muito formosa, e uma das mais
originais recriações da antiga heroína trágica.
217
(Página deixada propositadamente em branco)
Algunas Antígonas en España (s. XX)
(Some Antigone’s versions in Spain, 20th century)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_11
219
(Página deixada propositadamente em branco)
Algunas Antígonas en España (s. XX)
1
Bañuls Oller, Crespo Alcalá 2008.
221
Aurora López
2
Steiner 1991.
3
Ragué 1992. Otros trabajos de esta autora sobre reescrituras de los temas
mitológicos clásicos son: Els personatges femenins de la tragèdia grega en el teatre
català del segle XX, Sabadell, Editorial AUSA, 1990; Los personajes y temas de la
tragedia griega en el teatro gallego contemporáneo, Sada – A Coruña, Ediciós do
Castro, 1991. Y de gran interés para nuestro campo de estudio resulta igualmente
su libro El teatro de fin de milenio en España. De 1975 hasta hoy, Barcelona, Ed.
Ariel, 1996, que presenta la muy elogiable particularidad de recoger la información
sobre el mundo teatral español incluyendo también las aportaciones de las tres
autonomías conm lenguas propias, Galicia, Cataluña y País Vasco.
4
Morais 2001.
222
Algunas Antígonas en España (s. XX)
5
Ripoli, Rubino 2005.
6
Pianacci: 2008.
7
Duroux, Urdician: 2010.
8
López, Pociña 2010: 355-356.
223
Aurora López
224
Algunas Antígonas en España (s. XX)
225
Aurora López
9
Cf. Chikiar Bauer 2012: 421.
10
Romero Mariscal 2012.
11
Romero Mariscal 2012: 557-582.
12
Cf. Lehmann 1995: 51.
226
Algunas Antígonas en España (s. XX)
13
Yourcenar 2009: 3. Todas las citas se refieren a esta versión española.
227
Aurora López
“Estamos, pues, ante una visión actual del mito de Antígona. Ante
un texto totalmente nuevo que, como el clásico, trata del inmarchi‑
14
Cf. Bremond 2005: 221.
15
Bremond 2005: 228.
16
Paillard 2005: 109-123.
17
Yourcenar 1995: 464 (noticia recogida por Paillard 2005: 111).
228
Algunas Antígonas en España (s. XX)
Por las mismas fechas, esto es, cuando se publica la obra, que obtuvo el I
Premio Internacional Teatro Romano de Mérida, lo que conllevó su estreno
el 7 de julio de 1988, con un reparto excepcional formado por trece actrices
y un actor, la directora del espectáculo, María Ruiz, escribe:
18
Monleón 1988: 8.
19
Ruiz 1988: 9.
229
Aurora López
20
Martín Elizondo 1988: 13.
21
Aunque el personaje es creación de Martín Elizondo, su nombre no es ajeno a la
tradición clásica del tema de Antígona, ya que Meneceo, nieto de Penteo, era el padre de
Yocasta y de Creonte.
230
Algunas Antígonas en España (s. XX)
231
Aurora López
22
Coro aparece en: p. 33, 34, 35, 36, 37, del acto I; p. 42, 43, 44, 45, 46 del acto II;
p. 49 acto III.
232
Algunas Antígonas en España (s. XX)
Sobre La tumba de Antígona de esa gran filósofa española que fue doña
María Zambrano (1904-1991) existe ya por fortuna una amplísima biblio‑
grafía, y yo misma me he ocupado de ella, en colaboración con Andrés
Pociña, en un artículo bastante cercano en el tiempo23; por ello, debo adver‑
tir que mi intención en las consideraciones que siguen no es tratar de nuevo
esta interesantísima reescritura, sino reflejar una serie de aspectos que re‑
legan a la categoría de superadas muchas partes de los trabajos hasta ahora
publicados, incluso en fechas recientes, señalando diversas perspectivas que
deberán ser tomadas en consideración en estudios nuevos, absolutamente
necesarios.
1. La tumba de Antígona de Zambrano, junto con su prácticamente con‑
temporánea La sangre de Antígona de José Bergamín, son reescrituras de
profunda enjundia filosófica, producidas en años muy próximos a la mitad
del siglo XX, lo que hace absolutamente incomprensible la ausencia total
de ambas obras en Antígonas de George Steiner, un libro de 1984, muchas
de cuyas páginas alcanzarían nueva clarividencia con la consideración de
estas dos versiones españolas. En los más recientes estudios sobre el drama
de Zambrano se pone de manifiesto, con sorpresa, esta laguna, difícilmente
admisible, en el libro de Steiner24.
2. Pese a existir una muy abundate bibliografía sobre La tumba de
Antígona, producida esencialmente en los últimos treinta años25, y de mane‑
ra paralela a la proliferación de estudios sobre la filósofa malagueña, resulta
en su práctica totalidad anterior a la edición del drama publicada en 2012
por Virginia Trueba Mira, que como diré en seguida presenta un nuevo
panorama de la obra, que exige sin duda nuevas aproximaciones, al ofrecer
datos fundamentales no tenidos tradicionalmente en cuenta. Queda paten‑
te, pues, que la nutrida bibliografía que aquí ofrecemos, en buena medida
debe ser sometida a revisión, a fin de tener una percepción más acertada de
la Antígona zambraniana.
23
López, Pociña 2010.
24
Cf. por ejemplo Iglesias 2005: 26; Trueba Mira (ed. de La tumba de Antígona)
2012: 13; etc.
25
Castillo 1983; Johnson 1997; Morey 1997; Picklesimer 1998; Nieva de la Paz
1999; Prieto Pérez 1999; Llinares 2001; Quance 2005; Pino Campos 2005; Berenguer
2007; Pino Campos 2007; Bañuls, Crespo 2008; Santiago Bolaños 2010; S. Moretón 2011;
Lázaro Paniagua 2012; etc.
233
Aurora López
26
Zambrano, La tumba de Antígona, México, Siglo XXI, 1967. En el mismo año
aparece en Madrid ”La tumba de Antígona”, Revista de Occidente 54 (1967) 273-293, pero
se trata en realidad del Prólogo del drama exclusivamente.
27
Zambrano 2012.
28
Cf. Trueba Mira, en Zambrano, La tumba de Antígona... 2012: 124.
29
Cf. de nuevo el estudio detallado de Trueba Mira, en Zambrano, La tumba de
Antígona..., 2012: 124.
234
Algunas Antígonas en España (s. XX)
30
Trueba Mira, en Zambrano, La tumba de Antígona... 2012: 119-120.
31
Hago las citas según la edición de 2012, de Trueba Mira.
235
Aurora López
32
Cf. Trueba Mira, en Zambrano, La tumba de Antígona...2012: 100-102; quiero recordar
aquí tan solo que ya hay alguna representación de la obra, total o parcial, antes de la famosa de
1992 en el Teatro de Mérida, de la que nos dice: “Una de las más destacadas versiones es, sin
embargo, la del mismo Alfredo Castellón 1992, quien lleva a cabo la adaptación por encargo
de la propia Zambrano (citado en Nieva de la Paz 1999: 296). Según Máximo Durán, parece
que Zambrano llegó a ver el vídeo del montaje, de unos quince minutos, pero nada más, ya que
fallece en febrero de 1991. La versión se representó finalmente del 13 al 16 de agosto de 1991
en el Teatro Romano de Mérida”. Señala a continuación el gran éxito de la representación, en
parte debido a la interpretación del papel de la protagonista por la actriz Victoria Vera.
33
Además de las páginas de la Introducción a esta ed. de 2012, resultan muy
interesantes las apreciaciones de la misma estudiosa en Trueba Mira 2010: 103-116.
236
Algunas Antígonas en España (s. XX)
Y, solo por recordar otro pasaje admirable, del mismo texto, veamos la
precisión de auténtica dramaturga con la que María Zambrano imagina y
planifica la luz en la puesta en escena de su obra:
34
Bañuls Oller, Crespo Alcalá 2008: 402-403.
237
Aurora López
de la obra de la poeta Julia Uceda, de la que afirmaba con todo acierto el estu‑
dioso y crítico Enrique Molina Campos que “es una de las más importantes, y
acaso la más personal, entre las que tuvieron principio en la década de los 50,
e incluso –añadiría yo- entre las escritas en castellano por mujeres durante lo
que va de siglo”35. En el año 2003, la publicación de una magnífica antología
de toda su obra, titulada En el viento, hacia el mar (1959-2002)36, motivó que
se le concediese el Premio Nacional de Poesía, que como señalaron los medios
a bombo y platillo, se otorgaba por primera vez a una mujer. Parecía, pues,
que tal vez empezaría a hacerse justicia a la gran poeta, siempre relegada a
la indiferencia y al olvido, que entonces estaba cerca de los ochenta años de
edad. Pero no ocurrió así: Julia Uceda sigue siendo injustamente olvidada por
la investigación, la crítica y el público, tal como lamentaba y denunciaba hacia
el año 2000 por ejemplo Andrés Pociña37, sin que la situación parezca haber
mejorado mucho, a pesar de la publicación de nuevas obras realmente valiosas.
Precisamente en una de ellas, editada el año pasado, Escritos en la corteza
de los árboles38, casi nonagenaria, la poeta sevillana tiene el valor y el indudable
mérito de explicarnos el sentido de su vida y de su obra en un largo prólogo,
titulado “¿Somos quienes quisimos ser?”, del que reproduzco un corto párrafo
que me parece fundamental: “Siempre he creido que el poeta debe dar testi‑
monio de sí mismo, del lugar desde el que habla y de aquello que lo define”. Y
con esta confesión, nos vamos a la lectura de su poema “Antígona”.
El poema se publica en el volumen Sin mucha esperanza39, en 1966; el
año anterior, la poeta había emigrado a los Estados Unidos, como profesora
de Literatura Española en la Michigan State University, en East Lansing.
Pero cuando emigra, el poemario ya está escrito; sus poemas, profunda‑
mente autobiográficos, muestran desde la muy griega pieza “Ananke”, la ne‑
cesidad, el destino, a la sobrecogedora “Una patria se ve desde la cumbre”, la
postura absolutamente inconformista de Uceda ante el rigor de la dictadura
franquista, de la que se ha hecho profundamente consciente con motivo de
su viaje a París en 1959: Entonces supe / que no era libre; / que nunca nadie
/ había sido libre, para acabar diciendo: París, mil novecientos / cincuenta y
nueve. Era / mirar desde una cumbre / una imposible patria40 . Poco después,
35
Cf. Pociña 2007: 302.
36
Uceda 2002.
37
Cf. Pociña 2007: 301-306.
38
Uceda 2013.
39
Uceda 1966.
40
Cito por Uceda 1991.
238
Algunas Antígonas en España (s. XX)
Yo sé
que un día
voy a salir por estas calles,
como un trozo de llama,
quemando el aire con mi grito;
incendiando los lechos
y las fuentes.
No me compréis con lágrimas.
No tendáis vuestra mano
hacia este falso mármol
de las mías.
No me digáis,
no me digáis
ya más...
Lo sé ya todo.
Cerrad las puertas,
liberad a los perros
y a los pájaros, regad
las flores: será
la última vez...
Y no dejéis
que los grifos abiertos
inunden las estancias:
que el pétalo amarillo
de las horas encienda
de frío sol los ámbitos vacíos.
Después, dejadme
dormir. (pp. 127-128)
239
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona entre muros, contra os muros
de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral
de José Martín Elizondo
(Antigone inside the walls, against the walls of silence: Myth and history in the
metatheatrical recreation of José Martín Elizondo)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_12
241
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
Abstract – Written in 1969, at Toulouse, during the exile of its author, José Martín
Elizondo, Antigone inside the walls (Antígona entre muros) was only edited in 1988,
when it was performed for the first time, in the Festival of Classical Theatre of
Merida, winning the I International Prime “Roman Theatre of Merida”. In a per‑
manent dialogue between the events during a day in prison, in Greece during the
military government, with other ten political prisoners, and the discontinuous and
fragmented representation of Sophocles’ Antigone, this exercise of metatheatrical
style profits from all the rhetoric of protest of the Greek model. At the same time it
is a cry of revolt against the walls of silence imposed by dictatorial regimes, would
they be the Greek or the Spanish ones, and symbolizes the collective resistance of
those who, in prison, in clandestinity or in exile, fight for freedom, against the
authoritative and repressive policy of Franco’ s regime.
Keywords: Antigone, Elizondo, Sophocles, metatheater, exile, Franco’s regime,
dictatorship of the coronels.
A Antígona de Sófocles, pelo fascínio que tem exercido desde que foi
produzida em Atenas, c. 441 a. C., é para muitos a obra de arte mais pró‑
xima da perfeição1. Dotada de “ductilidade semântica”2, mercê dos vários
1
Sustentando esta opinião, Steiner 1995: 11 afirma que “a Antígona de Sófocles não
é um ‘texto qualquer’. É um dos actos duradouros e canónicos no interior da história da
nossa consciência filosófica, literária e política”.
2
Ducroux & Urdician 2010: 13.
243
Carlos Morais
3
Incluímos neste intervalo, o período de transição para a democracia, que se proces‑
sou entre a morte de Franco (20 de novembro de 1975) e a realização das primeiras eleições
democráticas (15 de junho de 1977).
4
Salvador Espriu, Antígona (1.ª: [1939] 1955; 2.ª: [1963-1964; 1967] 1969; sobre
esta peça, vide Morais 2012: 325-328; José María Pemán, Antígona (1945); José Berga‑
mín, La sangre de Antígona ([1955] 1983); Joan Povill i Adserà, La tragèdia d’ Antígona
(1961); Manuel Bayo, Ahora en Tebas (1963); Josep Muñoz i Pujol, Antígona (1965);
María Zambrano, La tumba de Antígona (1967); Carlos de la Rica, La razón de Antígona
([1968] 1980; sobre esta recriação, vide Morais (2014) 97-108); José Martín Elizondo,
Antígona y los perros (1969; esta peça veio a ter outros dois títulos: em 1980, Antígona 80;
em 1988: Antígona entre muros); Alfonso Jiménez Romero, Oración de Antígona (1969);
Xosé María Rodríguez, Créon... Créon (1975); e Manuel Lourenzo, Traxicomedia do
vento de Tebas namorado dunha forca (1977). Para todas estas peças, vide Bañuls Oller
& Crespo Alcalá 2008.
5
Sobre esta questão, vide Fraisse 1973: 18, que estabelece seis mitemas para a Antígo-
na e dois para o Édipo em Colono; e ainda Morais 2001: 7-8.
244
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
seu pai ao exílio no México. Por razões políticas, o exílio acabaria por ser
igualmente o seu destino. Em 1947, contava então 25 anos, atravessa clan‑
destinamente a fronteira e instala-se em França, onde já se havia refugiado
em 1937, durante a cruenta guerra civil. Nos primeiros anos de exílio,
vive em campos de refugiados, na zona de Bordéus, e, para sobreviver,
trabalha como estivador, na construção civil e nas minas, até conseguir
um lugar de professor em Lille e, depois, em Toulouse, onde se fixa, após
dez anos de errância por terras gaulesas, e onde viverá até à sua morte, a
17 de fevereiro de 2009.
Nesta cidade do sul de França, transformada em capital do exílio re‑
publicano espanhol, cria, em 1959, a Associação de Amigos do Teatro
Espanhol (atualmente, “Théâtre sans Frontières”)6, que foi responsável
pela encenação de muitas peças de autores censurados ou proibidos em
Espanha7. Em paralelo, iniciou a sua intensa atividade de dramaturgo,
escrevendo cerca de 50 peças, 17 das quais seriam encenadas8. Desta sua
vasta produção, merece destaque Antígona entre muros, que recebeu, em
1988, o I Prémio Internacional “Teatro Romano de Mérida” e, em 1989,
o “Prémio El Público”.9 Tendo por tema a história do seu tempo, esta
obra traduz a sua oposição à ditadura e a todas as formas de opressão
e reflete o seu sofrimento de exilado, que nunca deixou de amar o país
que o viu nascer, aspeto particular que a aproxima das obras La sangre
de Antígona (1955), de José Bergamín, e La tumba de Antígona (1967), de
María Zambrano10.
6
A propósito do importante papel de Elizondo na criação do grupo de “Amigos del
Teatro Español”, vide Aznar Soler 2009: 150-155.
7
Para Pujol 1999: 331-333, o anti-franquismo, independentemente da filiação parti‑
dária de cada um, é o denominador comum que congrega todos os elementos deste grupo,
que encontraram no teatro a forma de afirmarem um vínculo afetivo e espiritual com a
terra-mãe.
8
Para mais informações sobre a vida e obra de José Martín Elizondo, vide Pujol
2009: 156-166.
9
“Memoria de los Pozos” foi outra obra galardoada, tendo recebido, em 1979, o Pré‑
mio Santiago Rusiñol para melhor texto.
10
Como refere Ragué-Arias 2011: 362 e n.2, citando uma pasagem da obra Cómicos
sin tierra, Antígona, pelo seu caráter subversivo, é uma figura mítica importante na obra
teatral de Elizondo.
245
Carlos Morais
11
Elizondo, José Martín (1988), Antígona entre muros. Madrid: SGAE. Todas as
citações do texto serão feitas a partir desta publicação.
12
Com direção de María Ruiz, este era o elenco que subiu à cena do Teatro de Mé‑
rida, em 1988: Kiti Manver (Antígona), Mar Díez (Creón), Julieta Serrano (La Nodriza),
Asunción Sánchez (Hemón), Begoña Valle (Tiresias), Mayrata O’Wisiedo (La Menoecea),
Amparo Valle (Detenida A – La Delatora), Paloma Paso Jardiel (Detenida B), Marina
Molano (Detenida C), Ana Gracia (Detenida D – La Nueva), Eva González (Detenida E),
Yolanda Porras (Detenida F), Zulema Katz (La Guardiana), Ángel Mora (Jefe de Prisiones).
13
Sobre esta encenação, vide Fialho 1998: 73-74.
14
Inaugurada no primeiro dia do Congresso Internacional “Antígona – a eterna sedução
da filha de Édipo”, esta exposição bibliográfica e documental, intitulada “Recriações de An‑
tígona”, integrou mais de meia centena de obras inspiradas no arquétipo sofocliano, oriundas de
Portugal (14), Espanha (22), França (11), Itália (3), Alemanha (7), Irlanda (2), Dinamarca (1),
Argentina (5), Brasil (1), Colômbia (2), Porto Rico (1) e México (1), bem como edições antigas
do original (5), estudos do mito (14), traduções do original para português (11) e ainda desenhos
e fotografias das três encenações da Antígona de António Pedro, pelo Teatro Experimental do
Porto (TEP). Sobre estas três encenações, vide Morais 1998: 59-62; e Morais 2004: 41-43.
246
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
15
A mesma estratégia de situar a ação na Grécia dos coronéis, para sub-repticiamente de‑
nunciar a ditadura franquista, será usada na peça Pour la Grèce, escrita em francês por Elizondo
e estreada no teatro Daniel Sorano, em Toulouse, no ano de 1971. Vide Pujol 1999: 340.
16
Sobre esta questão, vide Morais 2014: 97-108.
17
Cf. Pujol 1999: 343. Para Azcue 2011: 351, e 2013: 157, esta bipartição de registos
vai-se alterando ao longo da peça até à dissolução dos limites entre realidade e representa‑
ção, a partir da segunda metade do Ato II.
247
Carlos Morais
18
Bosch 1979: 10.
19
Ainda que, pelo nome, não se enquadre neste grupo, “La Nueva”, ao longo da peça,
vai sofrer um significativo processo de transformação que a leva a passar, como refere Azcue
2013: 155, de um estado inicial de rejeição do exercício dramático à assimilação do discurso
da tragédia de Antígona.
248
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
20
Cf. Ragué-Arias 1992: 71.
249
Carlos Morais
21
Procurando esfriar o ímpeto da jovem, a Ama relembra que pouco importa fugir,
uma vez que “el país entero es una prisión” (32).
22
Ragué-Arias 1992: 71.
250
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
23
Sobre esta questão, vide Azcue 2011: 346-353, e Azcue 2013: 147-162.
251
Carlos Morais
252
Antígona entre muros, contra os muros de silêncio:
Mito e História na recriação metateatral de José Martín Elizondo
24
Como afirma Azcue 2011: 369, “la Historia y el exilio han defenido su vida y
su teatro, su lucha contra la opresión política a partir del teatro, del exilio forzado en que
se vio obligado a vivir”.
253
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona: Norma e Transgressão, em
Sófocles e em Hélia Correia
(Antigone: Norm and Transgression in Sophocles and Hélia Correia)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_13
255
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona: Norma e Transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia
257
Susana Hora Marques
1
Para uma cronologia das reescritas e das encenações do mito de Antígona em Portu‑
gal no séc. XX, cf. Morais 2001: 161-164. Cf. também Silva 2010: passim.
2
Fialho 2006: 51-52.
3
Sobre a situação da mulher na Grécia antiga, diferenciada de acordo com diferentes
locais e estatutos sociais, cf. Oliveira 2008: 65 sqq.
258
Antígona: Norma e Transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia
4
Calero Secall 2008: 9-28, por exemplo, apresenta outros exemplos de ‘antiprototipos
de conductas femininas’ (Penélope e Artemísia de Halicarnasso).
5
Tradução de Rocha Pereira 2010. As traduções da Antígona sofocliana são retiradas
desta versão.
259
Susana Hora Marques
6
Não é propósito do presente estudo debater questões relacionadas com os sucessivos
agônes da peça, nomeadamente, com a oposição lei humana/ lei divina, ou valores cívicos/
valores familiares, por exemplo. Sobre esse assunto, cf. e. g. introd. de Rocha Pereira à
tradução portuguesa da obra, bem como bibliografia aí indicada.
7
Sobre a soberania que os Helenos reconheciam ao nomos, cf. e. g. Hdt. 7. 102. 1.
8
A propósito do tema da velhice na Antiguidade clássica, cf. e. g. bibliografia indi‑
cada em Suder 1991.
260
Antígona: Norma e Transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia
do risco que corria ao praticar um ato proibido por um édito real, não deixa
contudo de lamentar o ver-se privada daquele que seria o percurso habitual
de uma jovem princesa como ela – o casamento, a família. Deste modo,
também a nível pessoal e íntimo a vida de Antígona colide com a norma
esperada, ainda que isso apenas seja referido de passagem – em Sófocles,
sobressai o elemento político, no que à atuação de Antígona diz respeito.
Vozes masculinas (cf. Creonte, sobretudo) e femininas (cf. Ismena) con‑
jugam-se na denúncia da infração da heroína perante os códigos de conduta
de uma princesa, em particular no que toca à sua intromissão em assuntos
públicos, próprios da esfera masculina. A rutura de Antígona com a lei hu‑
mana, em nome de valores universais e divinos, não inibe porém Sófocles,
um homem da polis ateniense, de a conceber como uma mulher singular,
pela determinação com que defende princípios universais – a anormalida‑
de da sua atuação corajosa e ousada, numa sociedade regida por homens,
distingue-a como heroína trágica, evidenciando como norma e transgressão
mantêm uma conexão dinâmica, impulsionadora do percurso do ‘eu’.
O desajuste da Antígona heliana face aos padrões instituídos, por seu
turno, esbatendo a questão política, centra-se no domínio mais privado e
pessoal, como ficou dito, na senda dos traços caraterizadores do teatro cria‑
do por Hélia Correia, mais intimista, e no qual a importância do feminino,
das mulheres a conversar é incontestável9. No caso de Perdição. Exercício
sobre Antígona, esse relevo é marcado ora pela inclusão, no elenco, da fi‑
gura da Ama de Antígona, ora de um coro de Bacantes, ora também pelos
múltiplos diálogos entre mulheres, no pátio do palácio, espaço do femini‑
no, ora ainda pela presença e participação ativa das mulheres na discussão
com Creonte sobre o destino de Antígona, na sala do trono, sem que a sua
comparência conjunta nesse local seja sublinhada como uma intromissão
inusitada na esfera do poder.
A peça, concebida numa transgressão em termos gráficos, face ao origi‑
nal sofocliano (cf. a apresentação do texto em duas colunas, uma destinada
ao mundo dos vivos, a outra, ao das mortas, Antígona e a Ama), tem início
com um ditirambo entoado por um coro de Bacantes, escolha que permite
desde logo focar a atenção do público no universo feminino, por um lado,
e no distanciamento das convenções que os muros da cidade representam,
por outro, elementos importantes no desenho desta renovada Antígona.
9
Cf. o facto de a autora ter escrito uma trilogia feminina – Perdição. Exercício sobre
Antígona (1991); Rancor. Exercício sobre Helena (2000); Desmesura. Exercício com Medeia
(2006).
261
Susana Hora Marques
10
Cf. Silva 2006: 13.
262
Antígona: Norma e Transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia
i. e., a jovem teria de ser moldada, desde o seu nascimento, nos princípios
educativos definidores daquele grupo específico. A experiência de Antígona
justifica assim que ela não nutra um sentimento de dívida e de pertença em
relação a valores de um património que é comum às restantes mulheres da
peça, em relação a hábitos coletivos convertidos em normas, institucionali‑
zados, mas que se identifique em vez disso com uma herança que é produto
de uma vida passada longe da sociedade, sujeita a códigos e a exigências
bem diversos.
O retorno a Tebas, depois do tempo passado no exterior da comunidade,
coloca-a num espaço por hábito familiar ao mundo feminino, representado
pela Ama, por Eurídice e por Ismena, um espaço onde, à partida, Antígona
se moveria com naturalidade, rodeada de mulheres como ela, conhecedo‑
ras dos moldes da vida feminina. Não é isso que acontece, porém. Jovem,
como a irmã, ela revela-se desde logo diferente das outras raparigas da sua
idade, das práticas femininas e, por isso, não tem amigas. Rir, tomar banho
na ribeira, regressar a casa “corada e enfeitada de juncos” (p. 26), saber
bordar (p. 50), estar alegre, gostar da beleza (p. 32) representariam com‑
portamentos/ atitudes padronizados das donzelas da sua faixa etária, como
testemunha Eurídice. Desintegrada da comunidade e dos seus modos de
vida peculiares, contudo, Antígona “cheira mal”, “não vai ao banho” (p.
29), como notam a Ama e Hémon, revelando exteriormente sinais do seu
desenquadramento social, da não interiorização de preceitos comuns. No
entanto, a princesa acaba por mostrar a alegria “natural na sua idade” (p.
32), em consequência de uma relação amorosa que estabelece com Hémon,
temática destacada pela leitura heliana, porquanto particularmente ligada
ao domínio pessoal, feminino e à ousadia definidora de Antígona, amante
de desafios. O paradigma educacional incutido pela pólis remetia as jovens
para o casamento, para a constituição de família, como acontecera com
Eurídice, por exemplo, e como deveria acontecer com Ismena; “todos pen‑
savam <contudo> que <Ismena> seria a noiva de Hémon” (p. 32) – uma vez
mais, Antígona quebra a regra e, seduzida por uma ligação amorosa desa‑
fiadora de expectativas, do ‘eu’ e do ‘outro’, entrega-se a ela com prazer (cf.
pp. 30-32), mesmo que isso tenha instigado Ismena a “fechar-se a chorar,
despeitada, ofendida pela humilhação” (p. 32).
Sem uma relação afetiva com a irmã, sem amigas da mesma idade,
Antígona, a namorar Hémon, quer conhecer precocemente “a arte das
mulheres” (p. 33) mais velhas, das mulheres adultas, talvez mais próxi‑
mas do amadurecimento prematuro a que ela própria se vira constrangida.
Ilustrativos de uma rotina dececionante, os testemunhos de Eurídice e da
263
Susana Hora Marques
264
Antígona: Norma e Transgressão, em Sófocles e em Hélia Correia
mãos arisca como um bicho” (p. 51). A motivação da própria Antígona para
infringir a lei humana, por seu turno, não expressa o heroísmo do século V
a. C., mas tão somente a necessidade de contornar de alguma forma uma
vida de frustração, de tédio, de ressentimento: “qualquer coisa que tinha de
ser feita” (p. 46).
A singularidade de Antígona em relação à norma social e familiar é real‑
çada também pelo universo masculino, através das figuras de Hémon e de
Creonte. Se Hémon, que não é já o porta-voz da razão, como em Sófocles,
mas antes um jovem aventureiro e pronto a desafiar a norma, como é pró‑
prio da sua idade, é particularmente seduzido pela natureza indómita da
filha de Édipo (cf. pp. 30-32, 39), o chefe da cidade acredita que apenas
uma exorcização poderia integrar Antígona nas regras da comunidade que
ele governava, sujeita a códigos de conduta que deviam ser respeitados por
todos como garantia da ordem cívica e como reflexo de uma identidade
coletiva (cf. p. 48). As mulheres, “feliz raça que só segue o coração”, as emo‑
ções, segundo a convicção do Creonte heliano (p. 48), podem perturbar a
racionalidade das decisões a tomar, atrasando o cumprimento do dever, do
nomos regulador, necessário à dimensão relacional do ser humano.
A inflexibilidade, a imoderação, o confronto da Antígona heliana com
a norma isolam-na do ‘outro’, enquadrado num sistema que aceita e que
regula a sua experiência de vida; a jovem, desadaptada, amargurada, ressen‑
tida, não se ajusta ao mundo dos vivos, às imposições da comunidade: “já
nenhum homem a satisfaria”, como bem observa a Ama (p. 55); a própria
Antígona reitera aquela ideia: “E nenhuma casa. E nenhuma ninhada de
filhos para criar. Dias depois de dias, dias sempre. Até envelhecer” (p. 55).
Numa peça de mulheres, Antígona é uma presença contínua em cena,
não deixando qualquer dúvida sobre a verdadeira protagonista, a jovem sin‑
gular que “vigiava de noite, dormia de dia”, que “não respeitava a sucessão
dos tempos, que não respeitava nada” (p. 56), como reconhecem sucessiva‑
mente a Ama, Eurídice e Creonte no final da obra, em notas ilustrativas da
sua natureza inconvencional.
“Eu desdir-vos-ei” (Perdição, p. 51) – incapaz de interiorizar uma he‑
rança coletiva com a qual não se identifica ou de se constituir como re‑
cetora passiva dos comportamentos e valores da comunidade que a cerca,
Antígona reage, passa além da norma. A inadequação da jovem personagem
heliana face aos valores e aos princípios éticos do grupo em que se insere
resulta menos da sua idade ou da defesa de valores universais do que de
um processo de formação e de crescimento que a torna numa mulher so‑
frida, revoltada com o mundo, avessa a imposições humanas: é na physis
265
Susana Hora Marques
266
La Antígona en lengua asturiana
(The Antigone in asturian language)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_14
267
(Página deixada propositadamente em branco)
La Antígona en lengua asturiana
Resumen1 – Este artículo analiza la única recreación literaria del mito de Antígona
en las letras asturianas: el drama Antígona, por exemplu (1991) de Nel Amaro. El
autor transporta a los personajes de Sófocles al siglo XX y reflexiona críticamente
sobre la intemporalidad de algunas causas.
Palabras clave: Mito Griego. Tradición Clásica. Teatro. Antígona. Literatura
Asturiana.
Abstract – This article analyzes the unique literary recreation of the myth of
Antigone in Asturian Literature: the drama Antígona, por exemplu (1991) by Nel
Amaro. The author transports Sophoclean characters to the twentieth century and
ponders critically about timelessness of some causes.
Keywords: Greek Myth. Classical Tradition. Theatre. Antigone. Asturian
Literature.
1. Introducción
1
Este trabajo se enmarca en el Grupo de Investigación LAPAR (HUM 002) financiado
por los fondos FEDER a través del IV Plan Regional de I+D+I del Gobierno de Extremadura
y en el proyecto FFI2013-41976-P del Ministerio de Economía y Competitividad.
2
Sus primeros setenta y nueve versos fueron traducidos por Xosé Gago (traductor
al asturiano de Homero, Safo o Kavafis, entre otros) y publicados en la revista Adréi en
1989. González Delgado 2012: 91-94 señala que es una traducción fiel al texto griego e
indica: “La cuidada traducción está hecha desde el original griego, aunque no se indica qué
edición se tomó ni se reproduce el texto original. Mantiene el verso en la forma, el tono
trágico y respeta el mismo número de versos que el original. El texto viene precedido de
una acotación que presenta la obra en su contexto”.
3
Esta obra aparece solamente citada en el índice de adaptaciones de Bañuls Oller
and Crespo Alcalá 2008: 609 y en González Delgado 2012: 117, 171, por tomar como
modelo la obra de Sófocles y por ser una heroína mítica inspiradora. En la Historia de la
269
Ramiro González Delgado
En este estudio vamos a analizar esta pieza teatral en un acto único, que
toma prestados los personajes de la tragedia sofoclea para transportarlos al
mundo urbano del siglo XX y reflexionar sobre la intemporalidad de algu‑
nas causas, como la lucha contra cualquier tipo de tiranía y que, indudable‑
mente, transporta a sus receptores a la dictadura que sienten más cercana,
en especial si ésta se asienta sobre una lucha fratricida. Veremos además que
su autor, del que hablaremos sobre todo de su producción teatral, utiliza el
mito para denunciar una realidad vivida, pero a la vez, el paso del tiempo le
permite realizar tanto crítica como autocrítica.
Lliteratura Asturiana, Bolado García 2002: 703 le dedica un párrafo y señala: “Antígona,
por exemplu queda, como indica’l so títulu, como ún de los caminos posibles, como otra de
les corrientes na escritua ya nel facer teatral, dientro d’esi mundu complexu ya máxicu que
podría ser […] el panorama escénicu de nós”.
4
En castellano, escribió: Responsos laicos (Langreo, 1979), Café Voltaire
(Palencia, 1980), Habitación de poeta (Mieres, 1981), Boca arriba, lentamente
naufragando (Mieres, 1982), Versos, boca arriba, para Marta B. (1990), Poemas
de San Francisco (Simancas, 1992), Las cuentas del anónimo (Valladolid, 1992)
y Mas (Poe) (Salamanca, 2000); en asturiano: Y, tú, Marta B., qu’entoncies nun
yeres, tampocu, l’Anna Karina de les películes de Jean Luc Godard (Mieres, 1990),
Reversos (Uviéu, 1990), Diariu d’un polizón (Uviéu, 1990), Poemes de San Francisco
(Mieres, 1993), Pruebes d’autor (Uviéu, 1994) y Cementeriu cívicu (Uviéu, 1999).
Fue incluido en varias antologías poéticas (sirvan de ejemplo, González-Fierro and
Yéschenko, 2000; Radatz and Torrent-Lenz, 2006; Argüelles, 2010).
5
Para la narrativa prefirió la lengua asturiana. Escribió las novelas: ¡Adiós Dvorak!
(Avilés, 1990), Novela ensin títulu (Avilés, 1991) –sobre esta novela, véase Mariño Davila
2003—, L’ últimu del pelotón (Mieres, 1994), ¡¡¡Falanxista!!! (Uviéu, 1995) y Entós, cuando
ñevaba (Uviéu, 2002); también el cuento “Relatu s utaler” (Gijón, 1990) y las colecciones
de cuentos Prietu Jazz (Avilés, 1993 –contiene nueve relatos) y Na borrina (Mieres, 1993
–once—). Fue incluido en varias antologías de cuentos (Álvarez Llano, 1994; Nel Amaro,
1992; Piquero, 2004). También escribió varios artículos y ensayos sobre diversos aspectos
literarios, destacando los publicados en Lletres Asturianes sobre toponimia (22, 1986: 43-
52), personajes novelísticos (31, 1989: 69-80), una epístola del escritor asturiano Fernán
Coronas (33, 1989: 219-222), teatro (Nel Amaro 1989) o poesía visual/experimental (47,
1993: 187-192).
270
La Antígona en lengua asturiana
valle del Caudal las revistas Sapiens literario (1977-1978) y Cuélebre lite-
rario (1978-1981). Fue un destacado autor de la primera generación del
Surdimientu6 y su obra, influenciada por autores de otras literaturas más que
de la asturiana (como por ejemplo Carlos Álvarez, Gil de Biedma, Beckett,
Sastre…), se caracteriza por su compromiso social. En los últimos años de
su vida, desde 1994, deja de lado la creación estrictamente literaria para
dedicarse a la performance y a las artes plásticas y visuales7, centrándose en
el arte experimental y en lo que podríamos llamar lenguaje de lo visual. De
toda su producción, nos vamos a detener brevemente en su actividad teatral
antes de centrarnos en la pieza dramática que nos incumbe: Antígona, por
exemplu.
Nacido en una familia de izquierdas, desde su juventud se interesó por
el teatro, comenzando como actor con el grupo “García Lorca” (Mieres,
1965). Pasa luego a dirigir y a preparar montajes con textos ajenos (Arrabal,
Ionesco, Unamuno, Kafka, Benet, Beckett…) y propios, muchos de los cua‑
les solo vieron la luz en las efímeras tablas del teatro8. Durante los primeros
años del Surdimientu, va a cultivar este renovado género prácticamente en
6
Sánchez Vicente 1991: 58 ya señala su profusa obra, muy variada en calidad y con
notables aciertos, caracterizada, en líneas generales, por una frase de complicada estructura
y amplio periodo y por vanguardistas procedimientos experimentales.
7
Como performer, realizó acciones por varios puntos de la geografía española, for‑
mando parte, junto a Abel Louredo, del “Espacio arte excéntrico” (Colectivo de Acción y
Agitación Artística); o junto a José Luis Campal, del colectivo “Auxilios mutuos, S. L.”; o,
incluso, junto a su perro Pulgu, “Fundación Perruno-Situacionista Laszlo Kovacs”. Aparece
incluido en la antología editada por López Gradolí 2007: 39-44. Un buen ejemplo de su
producción es un ‘libro-objeto’, compuesto por cuarenta y cuatro hojas que se montan
formando cubos, los cuales forman una pirámide, y que carece de título, publicado por el
Ayuntamiento de Mérida (1990). Además, el autor aprovechó los recursos de Internet para
desarrollar y extender su obra, como podemos ver en los enlaces contenidos en el apartado
“Performances. Curriculum 2ª parte” en: <http://www.elvalledeturon.net/cultura/lite‑
ratura/nel-amaro-1> y también en: <http://boek861.blog.com.es/2011/04/04/fallece-nel‑
-amaro-poeta-experimental-10951347/> (consultas: 03 sept. 2014).
8
Escribió varias obras que no fueron publicadas, como: 1.033 (1974); Antígona, en
capilla (1978, obra estrenada en Turón por el grupo “Primer Acto”); Glayíos nueos, vieya
murnia (1978, premio “Soto Torres”); Xénesis o Alborá de la concencia (1979); L’ únicu rebalbu
(1979); De sópitu... sonsones (1980); Sestaferia (1994, premio “Teatru Costumbrista”); etc.
Debemos citar también las obras infantiles estrenadas en Turón por la “Escuela de Teatro
infantil” García Lorca para los niños (1980), Siete vidas tiene un gato (1981) y Más moral
que Samaniego (1982). A día de hoy no hay ningún catálogo ni estudio que recoja toda la
producción literaria del autor, algo que hemos intentado hacer en estas pequeñas notas.
271
Ramiro González Delgado
9
Bolado García 2002: 702.
10
Nel Amaro 1989: 26.
11
Incluye las piezas cortas ¡Qué felicidá!, La píldora y L’angustia de Sixto P. y los
monólogos Ego (también publicado en el año 2000 en el número 14 de la revista valenciana
Art teatral) y Suicidiu a la carta.
12
Esta obra, bajo el título Buffet-Tard, se estrenó, dirigida por el autor, en la Casa de
la Juventud de Turón el 12 de enero de 1978 a cargo del grupo “La Condena”.
13
Las dos primeras se publicaron en Nueva Conciencia, revista del Instituto “Bernaldo
de Quirós”, en el número del año 1976; la tercera está incluida en una antología de teatro
breve: Jiménez Jiménez 1978.
272
La Antígona en lengua asturiana
14
Nel Amaro 1989.
273
Ramiro González Delgado
15
La paginación sigue la única edición de la obra (Nel Amaro 1991). Por la presencia
de los personajes, se podría estructurar ese acto único en ocho escenas. La primera iría
desde el comienzo hasta la p. 19, justo cuando llegan los policías y habla el corifeo. La
tercera comenzaría en la p. 23, después de oscurecerse el escenario. La cuarta empezaría en
la p. 30, con la presencia de Creonte en las tablas y la quinta, en la p. 35, con la de Ismene.
Con la entrada en escena del mensajero, p. 37, da comienzo la sexta escena, que terminaría
cuando Creonte le manda que se vaya (p. 45). La octava y última escena, cuando el autor
indica “escuro”, abarcaría de la p. 48 hasta el epílogo (p. 51).
16
Este cuadro se encontraría prácticamente en el centro de la obra (pp. 30-33).
274
La Antígona en lengua asturiana
nin l’arume del tabacu foriato amburando nes cazueles de les pipes de
bericiu o cerezal”.
17
Ya antes, en un guiño cómico, le había preguntado si era un actor frustrado (p. 14).
18
Más adelante se contradirá y afirmará que es: “un aldovín, vieyu, cásique ciegu
dafechu” (p. 25) marcando así los rasgos más pertinentes del personaje mítico.
19
Ya antes le había preguntado: “Tendrá un nome, una familia, esi padre del que me
faló. Un noviu, lluchador pola ‘causa’, un trabayu” (p. 13).
275
Ramiro González Delgado
pierda de vista la realidad 20, cuando la verdadera causa son los trabajadores,
“los descamisaos”. Este término nos transporta a Iberoamérica, en concreto
a la Argentina, pues, de raíces anarquistas21, fue utilizado principalmente
por el peronismo para referirse a los trabajadores (y también a los simpa‑
tizantes del partido). Aunque en asturiano este término es despectivo, en
la obra tiene una significación marxista, vinculado en cierta manera a los
sans-culottes de la Revolución Francesa.
Y de la “causa” se pasa a la “medrana”, al miedo que se siente por es‑
tar involucrados en dichos actos y que el hombre define como “debilidá
humana” y la mujer como “la muerte de la vida” (p. 18). Justo antes de
irrumpir la policía, el hombre señala que más que miedo, la “causa” produce
frustración. Vemos así en este primer diálogo cómo el autor, a través de las
certeras afirmaciones de los personajes, realiza una reflexión y una crítica
político-social con la perspectiva que le da el paso del tiempo. En esta pri‑
mera escena, bajo el ropaje de la tiranía tebana, se abordan también diversos
aspectos de la guerra civil española y la dictadura, cuando, a propósito del
derrotismo, señala: “Nun se fala d’aquello precisamente de lo que se quier
falar, por necesidá” (p. 12), crítica en la que vuelve a incidir más adelante:
“Los descamisaos, los sos fíos, falen menos. O nun falen. O falen en tiempu
presente” (p. 15); o de los bandos: “Nun tamos d’esti llau por mor de la ca‑
sualidá. Tase d’un llau o d’otru por cuenta delles razones. Vieyes, poderoses.
(Silenciu)” (p. 14); o de la situación del país: “En Tebas vivíase, polo menos,
creyíamos tar viviendo” (p. 14).
Por el elenco de personajes, parece que se oponen personajes mítico‑
-literarios a personajes actuales. Al menos así sucede con los principales:
Tiresias es también el “home clandestín” y Antígona la “muyer”; los tres
policías que irrumpen en escena son el coro y el corifeo, dando la sensa‑
ción de que los presenta en escena el hombre, cuando dice: “Les come‑
dies (sic) d’Esquilo, les traxedies de Sófocles, el drama del nihilismu, nún
Ionescu” (p. 19)22 . Este coro cumple una de las funciones que tenía en la
20
Dice Antígona: “Falámos-yos de la «causa» de tal mou, tan enguedeyáu, que
lleguen a perder de vista la realidá. Ellos son la «causa»” (p. 16).
21
El Descamisado fue el primer periódico anarquista argentino, que ve la luz en
Buenos Aires en enero de 1879. También en España, en los últimos años de la dictadura, en
concreto en 1973, se publicó Los Descamisados, aunque se cree que estaba financiado por el
gobierno para desacreditar a los miembros de la Primera Internacional (Íñiguez 2001: 181).
22
El discurso continúa: “Frustraos, pue… ¿Medrana…?”. Frustración, como hemos
visto, tanto de los implicados en la causa como no sólo de los héroes y heroínas trágicos
griegos, sino también de los nihilistas o del teatro del absurdo.
276
La Antígona en lengua asturiana
23
No compartimos las transcripciones que el autor hace de los nombres griegos.
Frente a “Etéocles”, cita a “Polínice” y “Edipo”, y llama a la mujer de Creonte “Eurídices”.
El padre de Layo es “Labdaco”, del linaje de “Cadmos” y la ciudad donde transcurre la
acción es “Tebas”; tampoco estamos de acuerdo, en este contexto griego, con la utilización
de los teónimos latinos “Vulcano” y “Diana”.
24
En Edipo Rey, 532-542, éste acusaba a Creonte de ponerse de acuerdo con Tiresias
para acusarle del crimen de Layo y desplazarle en el trono.
25
El propio Tiresias afirma: “Cientos y cientos de veces acompangué al tiranu, fuera
ésti Polínice, Etéocles o, entovía viviendo to pá, baxé per eses escaleres, güeyé’l cuerpu,
los cuerpos fechos llamentu, llárimes y glayíos, súpliques que naide oyía. Pidimientos
llastimeros, a los que nengún de nós prestábemos nenguna atención. Un desconocíu
277
Ramiro González Delgado
tico que se sacrifica para mayor gloria del tirano, aunque ella conserva la
esperanza de que la “causa” siga viva en la calle. Tiresias le manifiesta su
odio y le cuenta un sueño en el que el tirano era un monstruo con cuatro
cabezas, tres de machos cabríos y una cuarta, que terminaba devorando
las otras tres. Sin embargo, comparten la misma “causa” y Tiresias augura
el día en el que las manos de los descamisados se unan para ahogar al
tirano.
No queremos terminar esta primera parte sin señalar que en ella tiene
importancia la iluminación y el contraste de claroscuros. Así, el sótano es
oscuro y Antígona y Tiresias visten ropa negra, en contraste con las ropas
claras de los policías.
malváu recibía’l so castigu. Infractor de cualisquier llei, recibía como un perru los palos
del so amu” (p. 24). En Antígona de Sófocles, Tiresias ejerce de consejero de Creonte que,
cuando le informa de las desgracias que le acarreará su autoritarismo, toma consciencia de
sus actos, aunque sea tarde.
278
La Antígona en lengua asturiana
26
En Sófocles, tras el tirano Creonte estaría Pericles (Pino Campos 2010); en Nel
Amaro, Franco.
27
Antígona: “El mio coral nun clamia polos beneficios de la (sic) amnistía” (p. 34).
279
Ramiro González Delgado
“Del llau de los que nun queremos ver morrer los campos por falta de
brazos y manes fuertes. (Pausa). Del llau de los que quieren salir al
amanecerín a la gueta de comida fresco a la mar. (Pausa). Al llau de
les femes y los homes que quieren criar a los sos fíos sanos, en cuenta
da-y la teta a sierpes velenoses. (Pausa). Toi del llau d’aquellos que te
tarrecen, colos que vos aborrecen dafechu, a vosotros y tol vuestru
cainismu, los vuestros mensaxes, edictos, bandos, pedricañaces y re‑
bilicoque cortesanu. (Pausa). Toi colos que nagüen por que los campos
d’entrenu militar de los marines yanquis seyan otra vegada olivares,
viñes. (Pausa). Toi colos que quixeran enfilase nes fiestes col mostu
28
La Antígona sofoclea comienza precisamente con Antígona informando a su
hermana de la decisión de Creonte.
280
La Antígona en lengua asturiana
d’estes eríes y non cola sangre que camienten puea ser, ensin previu
avisu, la d’ellos… un día cualisquiera…”.
29
Dice Creonte: “¿Vas faceme creyer que tú, igual qu’Etéocles y Polínice, nun teníes
los tos güeyos llantaos sol tronu tebanu?” (p. 41).
30
Tiresias interpretaba que Antígona era la cuarta cabeza (“La cuarta finaba xintando
a les tres…”, p. 28), siendo las anteriores Edipo, Eteocles y Polinices; sin embargo, para
Creonte es la tercera (“¡yes la tercera tiesta d’esa fiera!”, p. 41), interpretando que la cuarta
sería él, que devoraba a los tres hermanos.
31
El autor introduce aquí una metáfora que hunde sus raíces en la lírica griega
arcaica, en la poesía alcaica, por ejemplo: la nave como representación del Estado (cf. Alceo
46 y 119 Diehl). Aquí, despectivamente, dice Creonte de Tiresias, el consejero privado que
le traicionó: “¡Esi vieyu yera un remeru!” (p. 43).
281
Ramiro González Delgado
c) El epílogo
El final de la obra asturiana no es tan trágico como el de la obra griega,
con las muertes de Antígona, Hemón y Eurídice provocadas por la sinrazón
del tirano. El sótano donde transcurre la pieza sería un equivalente a esa cueva
bajo tierra donde es condenada y muere la heroína sofoclea. Por otro lado,
en la obra asturiana Antígona será tratada con indiferencia y se convertirá
en una muerta en vida, obligada por esa “ley de reyes” a estar con el poder.
Como los descamisados que mencionaba al comienzo de la obra, no hablará
y, al igual que la soledad del tirano, se sentirá sola y desamparada, fabricando
unos recuerdos de los que tendrá que huir si no quiere volverse loca. Antígona
termina estando encerrada en sí misma, ahogándose en sí misma, al igual que
la “causa” por la que luchaba. Esta es otra crítica más que el autor, militante
de dicha causa durante toda su vida, nos está ofreciendo. Un tirano cae, pero
se vuelve a instalar otro en el poder. Es como la historia, que siempre se repite.
Por eso, Nel Amaro concluye la obra con un breve epílogo, con el mismo
decorado de la obra y con un hombre y una mujer empaquetando octavillas,
luchando por la causa y siendo interrumpidos por la policía que llega a dete‑
nerlos. Comienzan precisamente hablando de la tragedia anterior: “Aquella
hestoria…nun debió finar asina” (p. 51). Si se hubiera respetado la ley divina
de que todos los hombres son iguales, Antígona debería haber muerto. La
heroína asturiana no tiene el suficiente coraje para tomar la decisión por la
que optó la griega: el suicidio. Así, el pueblo tiene de ella visiones dispares:
para la mujer, Antígona no aguantó y abandonó la causa, vendiendo a los
descamisados; para el hombre, Antígona estaba por encima de la causa e hizo
todo lo que pudo, pero los descamisados no debieron dejar la causa en manos
de personas ajenas a su clase (p. 52):
282
La Antígona en lengua asturiana
5. Conclusiones
32
Mariño Dávila 2003: 88.
283
Ramiro González Delgado
33
Con respecto al mundo clásico, también la mitología está presente en Novela ensin
títulu, pues paganismo y cristianismo se mezclan a través de los mitos griegos (las Musas,
Prometeo).
284
Antígona otra vez... aproximación a la
escena francesa contemporánea
(Antigone again... approach of the french contemporary stage)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_15
285
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
1
Le Monde, 28 juin 1965 citado por Fraisse 1974: 163.
2
Duroux, Urdician 2010.
3
Con una sección dedicada a Perdição, traducida al francés, de Helia Correia (Du‑
roux-Urdician 2010).
287
Stéphanie Urdician
4
Pianacci 2008.
5
S. Kierkegaard, Antígona (1942), trad. esp. de Juan Gil Albert.
288
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
6
Guénoun 1997: 155.
7
Extracto de la puesta: http://www.youtube.com/watch?v=1egtqeAfuYA. Estreno el
5/11/2009 en la Maison du Peuple, Millau.
289
Stéphanie Urdician
El autor escribe este texto pedido por el director P. Flahaut para quien es‑
cribió la historia de Edipo, « L’enfant sans nom » (2007), libremente inspirado
en Edipo Rey de Sófocles. Con esta colaboración, el director concreta su anhe‑
lo de expresar la fuerza y la presencia de las figuras arcáicas en lo cotidiano:
les mots anciens broyés dans notre langue, voilà ce qui me touche,
comment font écho pour moi les images et les figures archaïques,
comment elles sont présentes aujourd’hui pour moi, comment elles
s’inscrivent dans le quotidien, dans ce bouleversement de la langue et
du monde qui nous trament et nous constituent.
290
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
con el público y los demás actores « normales »). El trabajo del director francés
consiste en indagar en esta relación entre razón y locura a partir de una con‑
frontación de sensibilidades, destrezas y diferencias para cuestionar la norma
cualquiera que sea. Esa es la función de Antígona y de su innumerable prole:
fomentar la reflexión frente a la ley dictada por los hombres (mejor dicho el
poder, estos es un puñado de hombres), frente al conjunto de leyes y normas
(injustas o inhumanas) que excluyen en vez de (re)unir en torno a un proyecto
común: el rescate de la humanidad. Artísticamente, el director defiende la
diferencia (motor y método de su creación) en el escenario donde se alcanza
la emancipación, negada en la vida cotidiana, en sociedades que imponen su
dosis de « normalidad ».
Philippe Flahaut convirtió el poema de Eugène Durif en espectáculo
escandido y gótico, en particular en el vestuario, el maquillaje y los movi‑
mientos mecánicos de los soldados zombis. Largos silencios alternan con
la palabra, el canto y la música. La escenografia reelabora los contrastes
lumínicos que remiten a la dicotomía primigenia entre luz y sombra para
representar el conflicto entre Antígona y Creonte: la iluminación crea los
espacios dividos entre un proscenio donde un sacerdote, a modo de prólogo,
resume la fábula. En el escenario, el piano acompaña a la actriz-cantante
que hace de corifeo en sus modulaciones verbales y paraverbales: de la pala‑
bra al llanto pasando por suspiros y gemidos. Pero el elemento central del
decorado son dos estelas funerarias en torno a las que los fantasmas de los
hermanos muertos regresan para interpretar otra vez la lucha fratricida, de
fuerte impacto plástico: una lucha-danza de cuerpos, vigilados por el grupo
de soldados parecidos a autómatas zombis, que se pierden en un abrazo le‑
tal. En la larga mesa que ocupa la parte derecha de la escena, tiene lugar una
comida oficial encabezada por Creonte. A pesar de la separación visible de
Antígona e Ismene (ésta baja la cabeza en una actitud de sumisión mientras
que aquella mantiene la cabeza alta, signo de su resistencia), las dos herma‑
nas recuerdan la relación que María Zambrano pone de realce a saber una
complicidad, una sororidad que contrasta con la oposición de los hermanos.
Como ya tuve la oportunidad de escribirlo8 a propósito de la interpretación
zambraniana, si la hermandad es defectible, la sororidad es indefectible. En
efecto en Variations Antigone Antígona e Ismene se hablan en un susurro
que escapa de la atención de Creonte (quien se emborracha adoptando una
8
Duroux, Rose y Urdician, Stéphanie (jun. 2012), « Cuando dialogan dos Antígonas.
La tumba de Antígona de María Zambrano y Antígona furiosa de Griselda Gambaro», in
Olivar 13, n°. 17, La Plata. Versiónon-line http://www.scielo.org.ar/cgi-bin/wxis.exe/iah/
291
Stéphanie Urdician
actitud que delata su ceguera). Las dos hermanas comparten una partitura
que manifiesta ternura y amor. Pueden convocar la memoria individual
de una hermandad « normal » (juegos, celos, gustos...) que se cruza con el
mito de los Labdácidas en un texto que juega con las repeticiones de frases
a modo de estribillo o ritornelo infantil. Todos los actores de la tragedia
familiar salen a escena: Edipo con los ojos vendados y Yocasta con la cabeza
hundida en velos, ambos exhibiendo los estigmas de la maldición. Los co‑
turnos que calza Tiresias lo ubican en otro plano, en otro tiempo como para
significar su papel distanciado, más allá de la tragedia –en la predicción–,
más allá del género –en la alternancia hermafrodita que caracteriza al pro‑
feta tebano–, bebe y escupe, en el escenario, la sangre de la historia que está
comentando. El conjunto combina poesía, emoción y reflexión. Apela a la
reconciliación más allá de la muerte de los hermanos: « Jocaste: Réconciliez-
vous au moins dans la mort ».
El siglo XXI, heredero de las guerras del pasado –« Histoires mortes
elles nous traversent tranchantes » según Eugène Durif– y testigo de las
guerras presentes, parece necesitar un mensaje de comunión no desprovisto
de determinación para defender la justicia y la diferencia frente a la ceguera
del poder y superar su tragedia. En realidad, el espectáculo pretende diri‑
girse a un receptor amplio y en particular a la juventud como lo expresa el
director: « Je veux que cette Antigone intéresse notre jeunesse. Le théâtre
ne doit pas donner des leçons, des conseils, des vérités toutes faites. Il doit
interroger, proposer. Je veux que cette Antigone pleine de doutes, de poésie,
nous interroge sur notre rôle à jouer sur cette route de la fatalité. » Montar
esta obra hoy día tiene que ver con la resonancia y necesidad actual de los
mitos para cuestionar nuestro destino, nuestra relación con lo espiritual.
Si esta obra pretende hablarle a la juventud actual, este destinatario cons‑
tituye también el receptor privilegiado de las creaciones de la compañía del
Théâtre du Pélican.
292
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
Séquence 4
LUCIE
Ma chambre
Mon chat Tommy,
Mon MP3
[...] Mon ordi
Mon blog
Mon MSN
Le monde entier derrière l’écran
A portée de main
9
Estreno el 23 de abril de 2009, Cour des Trois Coquins, Clermont-Ferrand.
293
Stéphanie Urdician
Lucie acoge a las jóvenes del Ganges en una sucesión de imágenes ver‑
sicolores. Del otro lado del espejo virtual creado por el dispositivo escé‑
nico, irrumpe otra protagonista, Mira, para expresar la desesperación de
sus deseos amorosos silenciados. Ambas junto al coro femenino comparten
la soledad y la dificultad o imposibilidad de elegir su vida. La obra juega
con esta doble topografía a lo largo de las seis « secuencias » ensalzando la
creación de imágenes como gesto principal. Cada secuencia arranca con
esta acotación espacial, exclusiva: « En France », « En Inde »10, que orienta
todo el texto dicho por el coro de jóvenes en el escenario. Todas, desde su
lugar, hablan del « allá » en un flujo de palabras que crean un eco anafórico
entre el aquí y el allá :
Séquence 1
En France
Là-bas des couleurs,
Rose, safran, orange, jaune
Qui font vivre les corps
Là-bas les fleuves
Aux eaux magiques
qui effacent les souillures
Là-bas (Du Chaxel 2009, p. 90)
Séquence 2
En Inde
10
Du Chaxel 2012 : 90-94.
294
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
11
http://theatredupelican.fr/index.php?id=174
295
Stéphanie Urdician
296
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
Durante este viaje iniciático a Mali, la búsqueda identitaria guía los pa‑
sos del autor conduciéndolo hacia el máximo representante maliense del
arte teatral: Sotigui Kouyaté. Es lo que cuenta en estos términos :
12
«A los 21 años, experimento la necesidad de nutrir mis raíces, que se habían que‑
dado en alguna parte de Mali a lo largo del río Niger, para realizarme en un país que era el
mío, Francia, en una tierra que no era la mía. Esta busquedad de identidad me guía hasta
las profundidades de África donde el arte y lo sagrado resultan íntimamente ligados. África
se revela poco a poco. Me impregno de ella, (vivo con ella, me río de ella.) Mi encuentro con
el gran Griot Sotigui Kouyaté (sus hijos Hassane y Dani), me propulsa al arte de contar ».
Traducción nuestra.
13
Texto y dramaturgia de J.-L. Sagot-Duvauroux. Estreno:
12-31 de enero de 1999,
con el Mandéka Théâtre de Bamako, actores africanos en traje tradicional y percusiones
que acompañan al coro que canta en bambara. Cf. Papalexiou 2010: 87-102.
297
Stéphanie Urdician
298
Antígona otra vez... aproximación a la escena francesa contemporánea
14
Estreno en el CITO, Carrefour International du Théâtre de Ouagadougou.
299
Stéphanie Urdician
15
A propósito de la africanización de Antígona, ver también Tegonni: An African An-
tigone (1999, Ibadan: Opon Ifa) del dramaturgo nigeriano Femi Osofisan, centrada en la
figura de una joven yoruba que encarna la resistencia en contra del imperialismo británico ;
el ensayo de Goff, Simpson 2007).
16
Cf. el análisis de Elsa Morante, La soirée à Colone. Parodia, Urdician 2008: 87 sqq.
300
Antígona em cena no Teatro Nacional
de São João: Tradução e Dramaturgia
(Antigone on Stage in Teatro Nacional de São João: Translation and Dramaturgy)
http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-1111-2_16
301
(Página deixada propositadamente em branco)
Antígona em cena no Teatro Nacional de São João: Tradução e Dramaturgia
1
Goldhill 2007: 153.
2
Uso ‘texto dramático’ no sentido que lhe dá Aguiar e Silva 1986: 605, distinguindo-o
de texto teatral: “O texto dramático caracteriza-se estruturalmente por ser constituído por
um texto principal, isto é, pelas réplicas, pelos actos linguísticos realizados pelas personagens
303
Marta Isabel de Oliveira Várzeas
304
Antígona em cena no Teatro Nacional de São João: Tradução e Dramaturgia
3
Styan 1973: 11.
305
Marta Isabel de Oliveira Várzeas
4
Veja-se as penetrantes observações de Steiner 2008: 232-235 acerca dos primeiros
versos de Antígona.
306
Antígona em cena no Teatro Nacional de São João: Tradução e Dramaturgia
das uma à outra, num gesto de união que abruptamente se desfaz quando
Antígona percebe que Ismena rejeita a sua proposta de rebelião.
Como primeira apresentação de Antígona o verso é extremamente elo‑
quente, pois concentra em poucas palavras aquele que constitui, do meu
ponto de vista, um dos traços definidores desta personagem – a sua condição
de irmã. De irmã e de filha, porquanto aquilo que faz de Antígona e Ismena
irmãs entre si e irmãs de Etéocles e Polinices é o facto de todos serem filhos
de Édipo. Parece uma evidência, mas não é. Édipo não é um pai qualquer.
Ter Édipo como pai significa ser filho do próprio irmão e da própria avó.
É o horror do incesto e do parricídio que marcam a herança desta família e
fazem dos seus membros remanescentes, agora apenas Antígona e Ismena,
seres extraordinários, invulgares, estranhos, únicos pelas piores razões. Por
isso as palavras dos dois versos seguintes são também tão importantes. O
original diz algo como “dos males vindos de Édipo, conheces algum com
que Zeus não nos tenha atingido, enquanto estamos vivas?” Para sublinhar
a importância desta primeira referência a Édipo expandi a tradução deste
verso, transformando numa oração independente aquilo que no original
é apenas um complemento. Optei por dizer: ‘minha irmã, minha querida
Ismena, de Édipo, nosso pai, herdámos males sem conta. E haverá algum
com que Zeus não nos tenha ainda atingido?’ Procurei, desta forma, tornar
um pouco mais evidente para o ouvinte moderno, o peso da herança edipia‑
na, pois esse é um dos temas que o dramaturgo pontualmente convoca ao
longo da tragédia e faz entrar no jogo dramático. Trata-se, portanto, de um
dado relevante para a avaliação da problemática da tragédia e para a carac‑
terização da personagem, que resolvi sublinhar na sua primeira ocorrência,
pois se, para um Grego contemporâneo de Sófocles não só o nome de Édipo
seria o bastante para evocar uma série de dados acerca do nomeado, mas
ainda o próprio destaque que a palavra tem no verso – está no final – lhe
daria uma ressonância particular, o mesmo não acontecerá com o especta‑
dor moderno, para quem a simples referência a Édipo terá porventura um
menor poder evocativo.
De uma maneira geral, procurei clarificar o sentido do texto original
sem intervir demasiado, ou seja, sem cortes nem acrescentos. Algumas ve‑
zes o fiz, porém, na convicção de que as modificações eram inócuas e ser‑
viam apenas uma maior expressividade e um mais lógico encadeamento das
ideias.
Quem já traduziu tragédia grega sabe bem que as maiores dificuldades
surgem nas odes corais. Na impossibilidade de exprimir a elevada qualida‑
de e a densidade poética dessas intervenções do Coro, a sua musicalidade,
307
Marta Isabel de Oliveira Várzeas
5
Goldhill 2007: 45-46.
308
Antígona em cena no Teatro Nacional de São João: Tradução e Dramaturgia
6
Goldhill 2007: 50.
7
Antígona. Manual de Leitura: 10.
8
Em todos os encontros com o encenador e os actores, quer nos ensaios de mesa quer
nos de palco, estiveram também presentes o criador dos figurinos, o ensaiador das vozes, e
outros responsáveis pela montagem do espectáculo.
309
Marta Isabel de Oliveira Várzeas
9
Antígona. Manual de Leitura: 10.
310
Antígona em cena no Teatro Nacional de São João: Tradução e Dramaturgia
mente visto, por exemplo, o papel de Ismena. Esta foi uma das opções mais
criticadas por alguns espectadores. A actuação de Antígona, na opinião de
muitos, não transmitiu aquela força, obstinação e altivez com que Sófocles
a caracteriza, e a que o próprio Coro se refere em vários momentos da peça.
Talvez esse relativo apagamento da protagonista tenha sido potenciado pela
presença de um Creonte que até em termos físicos se impôs completamente.
Mas o propósito do encenador era justamente o de evitar “reforçar a heroi‑
cidade de qualquer das personagens”10. Por isso a figura de Ismena ganhou
um vigor inesperado, carecendo daquela fragilidade e insegurança que aju‑
dava a realçar, por contraste, a força de Antígona.
Esta, porém, não deixa de ser uma leitura possível da tragédia, que vem,
aliás, confirmar o que se dizia no início: o texto dramático é uma espécie
de partitura aberta a uma grande variedade de interpretações. E quanto ao
peso relativo das figuras de Antígona e de Creonte, e à questão de saber
qual deles é o verdadeiro protagonista, a questão é, como se sabe, uma das
mais discutidas na interpretação desta tragédia11. Não era intenção do en‑
cenador “torcer” por nenhuma das personagens, para dar a possibilidade ao
espectador de fazer o seu próprio juízo. Quer o tenha ou não conseguido, a
verdade é que esse seu desiderato foi uma tentativa de sublinhar a complexi‑
dade moral que caracteriza a tragédia grega, sempre preocupada em lançar
questões desafiadoras mas deixando completamente em aberto o espaço
para as respostas.
10
Idem, ibidem.
11
Para uma síntese dos principais argumentos que deram forma a esta polémica, vide
Rocha Pereira 2010: 17-22 e bibliografia aí citada.
311
(Página deixada propositadamente em branco)
Bibliografia
313
(Página deixada propositadamente em branco)
Edições e traduções de autores antigos
Adam, J. (1963), The Republic of Plato. Edited with critical notes, commentary and
appendices by James Adam. 2.ed. Cambridge: Cambridge University Press. [reimpr.
1965].
Albini, U. (ed.) (2000), Euripide. Fenicie. Introduzione e traduzione di Albini, U., note di
Barberis, F. Milano: Garzanti.
Ameis, K.F. and Hentze, C. (eds.) (19064), Homers Ilias, II/4. Leipzig-Berlin: Teubner.
Antígona. Manual de Leitura (2010). TNSJ.
Argentieri, L. (2003), Gli epigrammi degli Antipatri. Bari: Levante.
Beschi, L. and Musti, D. (eds.) (1982), Pausania. Guida della Grecia, Libro I. L’attica.
Milano: Mondadori.
Brown, A. (1987), Sophocles: Antigone ed. w. translation and notes. Warminster: Aris and Philips.
Corno, D. del (1982), Sofocle. Edipo Re. Edipo a Colono. Antigone, a cura di Del Corno, D.,
traduzione di Cantarella, R. Milano: Mondadori.
Dain, A., Mazon, P., Irigoin J. (72002), Trachines et Antigone. Texte établi et traduction par
Dain, A., Mazon, P., revue et corrigée J. Irigoin, J. Paris: Les Belles Lettres.
Errandonea, I. (1959), Sófocles. Tragedias. Edipo rey, Edipo en Colono. Texto revisado y traducido
por Errandonea, I. Barcelona: Ediciones Alma Mater.
Faranda Villa, G. (ed.) (1998), Publio Papinio Stazio. Tebaide, I-II. Milano: Rizzoli.
Gibbons, R., Segal, C. (2003), Sophocles Antigone. Oxford: Oxford University Press.
Grégoire, H., Méridier, L., Chapouthier, F. (eds.) (2002), Euripide. Tragédies, Tome V,
Hélène-Les Phoéniciennes. Paris: Les Belles Lettres.
Griffith, M. (102012), Sophocles. Antigone. Cambridge: University Press.
Henderson, J. (2000), Aristophanes. Birds. Lysistrata. Women at Themophoria. Cambridge,
Massachusetts: Havard University Press.
Jebb, R. (1962), Sophocles. The plays and Fragments. Antigone. With critical notes, commentary
and translation in english prose. 3.ed. Amesterdam: Adolf M. Hakkert Publisher.
Joyal, M. (2000), The platonic Theages. An introduction, commentary, and critical edition.
Stuttgard: Steiner.
Kamerbeek J. C. (1978) , The Plays of Sophocles. Comentaries. III The Antigone. Leiden, Brill.
Kenney, E. J. (2011), Ovidio. Metamorfosi. Milano: Mondadori.
Lloyd-Jones, H., Wilson, N. G. (1990), Sophoclis, Fabulae. Oxford: Oxford University Press.
Mastromarco, G. (ed.) (1983), Commedie di Aristofane. Torino: Utet.
Mastronarde, D.J. (1994), Euripides: Phoenissae. Cambridge: Cambridge University Press.
315
Mazon, P. (reimpr. 1967), Sophocles. Les trachinienes, Antigone, Ajax, Oedipe Roi. Paris: Les
Belles Lettres.
Medda, E. (ed.) (2006), Euripide. Le Fenicie. Milano: Rizzoli.
Melro, F. (52000), Sófocles. Antígona. Introdução, tradução e notas. Mem Martins: Inquérito.
Pearson, A. C. (1963), The Fragments of Sophocles. Edited with additional notes from the
papers of Jebb, R. C., Headlam, W. G. Amsterdam: Adolf M. Hakkert Publisher.
Powell, J. U. (1911), The Phoenissae of Euripides. London: Constable & Co.
Rocha Pereira, M. H. (52013), Eurípides, Medeia. Trad. port. Lisboa: Calouste Gulbenkian.
Rocha Pereira, M. H. (92010), Platão. A República. Introdução, tradução e notas. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Rocha Pereira, M. H. (92010), Sófocles. Antígona. Trad. port. Lisboa: Gulbenkian.
Rocha Pereira, M. H., Ferreira, J. R., Fialho, M. C. (2013), Sófocles. Tragédias. Coimbra: Minerva.
Souillé, Joseph (1930), Platon. Théagès, in Platon. Oeuvres Complètes. Paris: Les Belles Lettres.
Schüler, D. (2006), Sófocles. Antígona. Introdução, tradução e notas. Porto Alegre: LP&M.
Várzeas, M. (2011), Sófocles. Antígona. Prefácio, tradução e notas. Vila Nova Famalicão:
Húmus.
316
Du Chaxel, F. (2012), C’est là qu’un jour..., in La vie, je l’agrandis avec mon stylo. L’engagement :
écrits de jeunes et réflexions. Paris, Ed. Théâtrales: 90-94.
Espriu, S. (1955), Antígona. Palma de Mallorca: Ed. Moll.
Espriu, S. (1969), Antígona. Barcelona: Edicions 62.
Espriu, S. (1981), Les roques i el mar: el blau. Barcelona: El Mall.
Hölderlin, F. (1804), “Antigonä”, seguido de “Anmerkungen zur Antigonä”, in Knaupp, M.
(1992), Friederich Hölderlin. Sämtliche Werke und Briefe. Band II (edição). München,
Carl Hanser: 317-76.
Kierkegaard, S. (1942), Antígona. Trad. esp. de Albert, J. G. México : Seneca.
Martín Elizondo, J. (1988), Antígona entre muros. Madrid: SGAE. [também publicado em
Primer Acto 329 (2009) 169-190].
Morante, E. (1968, reimpr.1995), Il mondo salvato dai ragazzini e altri poemi. Torino: Einaudi.
Morante, E. (1976), Algo en la historia. Trad. de Moreno, J. Barcelona: Plaza y Janés.
Morante, E. (1984), Araceli. Trad. Sáncez Gijón, A. Barcelona: Editorial Bruguera.
Morante, E. (1992), La Historia. Trad. de Benítez, E. Barcelona: Círculo de Lectores.
Morante, E. (1969), La isla de Arturo. Trad. de Guasta, E. Barcelona: Editorial Bruguera.
Morante, Elsa (1995), La soirée à Colone, in Le monde sauvé par les gamins. Paris, Gallimard:
51-130.
Morante, E. (2013), La serata a Colono. Torino: Einaudi.
Morante, E. (2012), Mentira y sortilegio. Trad. de Ciurans Ferrándiz, A. Barcelona: Lumen.
Morante, E. (1987), “Sul romanzo” (opiniões de 1959), Pro o contro la bomba atomica e altri
scritti, a cura di Garboli. C. Milano, Adelphi: 41-73.
Pedro, A. (1981), Teatro Completo. Lisboa, INCM: 255-330.
Rosa, G. (1994), A benfazeja, in Ficção completa. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar.
Sacramento, M. (1958), “Antígona – peça em um acto”. Vértice 182, vol. XVIII: 604-610.
Sacramento, Mário (1959), Teatro Anatómico. Coimbra: Atlântida Editora.
Sacramento, M. (1974), Ensaios de Domingo – III. Porto: Editorial Inova.
Uceda, J. (2002), En el viento, hacia el mar (1959-2002), Edición de Pujol Russell, S., Sevilla:
Fundación José Manuel Lara.
Uceda, J. (2013), Escritos en la corteza de los árboles. Sevilla: Fundación José Manuel Lara.
Uceda, J. (1991), Poesía. Edición de Peñas Bermejo, F. J. Ferrol: Esquío.
Uceda, J. (1966), Sin mucha esperanza. Madrid: Ediciones Ágora.
Yourcenar, M. (1974), Feux. Paris: Éditions Gallimard.
317
Yourcenar, M. (2009), Fuegos. Trad. Calatayud, E. Madrid: Santillana.
Yourcenar, M. (1995), Lettres à ses amies et quelques autres. Paris: Gallimard.
Zambrano, M. (1967), La tumba de Antígona. México: Siglo XXI.
Zambrano, M. (1967),”La tumba de Antígona”, Revista de Occidente 54: 273-293.
Zambrano, M. (2012), La tumba de Antígona y otros textos sobre el personaje trágico. Edición
de Trueba Mira, V. Madrid: Cátedra.
Estudos
318
Bañuls Oller, J. Vte. & Morenilla, C. (2008), “Antígona, viva a través de tiempos y culturas”,
Debats 101/3: 73-87.
Bañuls Oller, J. Vte. & Crespo Alcalá, P. (2008), Antígona(s): Mito y personaje. Un recorrido
desde los orígenes. Bari: Levante Editori.
Bañuls J. V., Morenilla C. (2008), “Rasgos esquileos en la caracterización de algunos
personajes sofocleos”, CFC (G) 18: 73-87.
Barata, J. O. (1991), História do Teatro Português. Lisboa: Universidade Aberta.
Bartoloni, G. and Michetti L. M. (eds.) (2013), Mura di legno, mura di terra, mura
di pietra: fortificazioni nel Mediterraneo antico. Atti del Convegno Internazionale
Sapienza Università di Roma, 7-9 maggio 2012, Scienze dell’Antichità 19, 2/3.
Roma: Quasar.
Belardinelli, A. M., Greco, G. (eds.) (2010), Antigone e le Antigoni: storia forme fortuna di un
mito. Milano: Mondadori Education.
Berenguer, A. (2007), “Antígona. Un arquetipo de mujer”, Antígona 1: 11-18.
Bianchi, L., Nostro, S. (2013), “La serata a Colono di Elsa Morante. Regia di Mario Martone
(Piccolo Teatro Grassi di Milano, stagione 2012/2013)”, www.piccoloteatro.org/play/
show/2012-2013/la-serata-a-colono.
Bignotto, N. (1998), “O tirano clássico”, in O tirano e a cidade. São Paulo, Discurso Editorial:
85-103.
Blundell, M. W. (1989), Helping friends and harming enemies: a study in Sophocles and greelk
and ethics. Cambridge, Cambridge University Press: 106-148.
Bodeüs, R. (1984), “L’habile et le juste de l’Antigone de Sophocle au Protagoras de Platon”,
Mnemosyne 37: -271-290.
Bolado García, X. (2002), “El Surdimientu. El teatru”, in Ramos Corrada, M. (ed.), Historia
de la Literatura Asturiana. Uviéu, Academia de la Lingua Asturiana: 695-715.
Bonazzi, M. (2010), «Antigone contro il sofista», in Costazza, A., La filosofia a teatro. Milano,
Cisalpino, Istituto Editoriale Universitario: 205-222.
Bosch Juan, M. C. (1979), Antígona en la literatura Moderna. Barcelona: Ediciones de la
Universidad de Barcelona / Secretariado de Publicaciones, Intercambio Científico y
Extensión Universitaria (síntese da tese de doutoramento).
Bosch Juan, M. C. (1980), “Les nostres Antígones”, Faventia 2: 93-111.
Bosch Mateu, M. (2010), “El mito de Antígona en el teatro español exiliado”, Acotaciones
24, enero-junio: 83-104.
Bosi, A. (2003), Céu, inferno. São Paulo, Duas Cidades: Editora 34.
Bowra, C. M. (71965), Sophoclean tragedy. Oxford: Clarendon Press.
319
Brasete, M. F. (2011), “Sobre Antígona, um “ensaio dramático” de Mário Sacramento”, in
Ferreira 2011: 61-71.
Bremond, M. (2005), “Femmes mythiques chez Yourcenar”, in Ledesma Pedraz, M.,
Poignaut, R. (eds.), Marguerite Yourcenar. La femme, les femmes, une écriture - femme?,
Actes du Colloque Intern. Baeza (Jaén) 19-23 de Noviembre de 2002. Clermont-
Ferrand, SIEY: 219-232.
Brescia, G. (1997), La scalata del Ligure. Saggio di commento a Sallustio, Bellum Iugurthinum
92. 94. Bari: Edipuglia.
Bryan-Brown, A. N. (ed.) (1968), Oxford Latin Dictionnary. Oxford: Oxford University
Press.
Burgess, D. (1987), “The Authenticity of the Teichoscopia of Euripides’s Phoenissae”, CJ 83:
103-113.
Burnyeat, M. F. (2004), “Fathers and sons in Plato’s Republic and Philebus”, Classical
Quarterly 54: 80-87.
Calder, W. M. (1968), “Sophokles political tragedy, Antigone”, GRBS 9: 389-407.
Camacho Rojo, J. M. (2004), La Tradición Clásica en las Literaturas Iberoamericanas del siglo
XX: Bibliografía analítica. Granada: Universidad de Granada.
Camacho Rojo, J. M. (2012), “Recreaciones del mito de Antígona en el teatro del exílio
español de 1939. I: María Zambrano, La tumba de Antígona”, in Muñoz Martín, M.
N., Sánchez Marín, J. A. (eds.): 15-40.
Candido, A. (2006), Literatura e cultura de 1900 a 1945, in Literatura e sociedade. Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul.
Caroli, M. (2012), “Erodoto VI 21, 2. Una censura teatrale e ‘libraria’?”, A&R 6: 157-179.
Carrara, P. (1994a), “Sull’inizio delle ‘Fenicie’ di Euripide”, ZPE 102: 43-51.
Carrara, P. (1994b) “L’Inno a Helios di Elio Nicome e l’inizio delle ‘Fenicie’ di Euripide”,
Eirene 30: 37-41.
Cartoni, F. (2006), “Introducción” a Elsa Morante, El chal andaluz, Ed. de Cartoni, F. Madrid:
Ediciones Cátedra.
Castellaneta, S. (2013), Il seno svelato ad misericordiam. Esegesi e fortuna di un’immagine
poetica. Bari: Cacucci.
Castellet, J. Mª (1965), “Breve introducción a la obra de Salvador Espriu”, Primer Acto 60: 6-8.
Castillo, J. (1983), “La Antígona de María Zambrano”, Litoral 121-123: 9-15.
Catroga, F. (2001), Memória, história e historiografia. Coimbra: Almedina.
Ceracchini, S. (2011), “Le chiavi nascoste ne La commedia chimica di Elsa Morante”, in
Elisse: studi storici di letteratura italiana 6: 211-216.
320
Cerezo Magán, M. (2011), “Pedro Montengón, jesuita y literato alicantino del siglo XVIII:
su impronta clásica”, Nova Tellus 29/1: 175-225.
Chanter, T., Kirkland, S. D. (eds.) (2014), The Returns of Antigone. Interdisciplinary Essays.
New York: SUNY Press.
Chikiar Bauer, I. (2012), Virginia Woolf. La vida por escrito. Buenos Aires: Taurus.
Cipriani, G. (1986), Cesare e la retorica dell’assedio. Amsterdam: J.C. Gieben.
Conradie P. J. (1959), “The ‘Antigone’ of Sophocles and Anouilh. A Comparison”, Acta
Classica: 11-26.
Cooper, D. (1967), Picasso et le Théâtre. Paris: Cercle d’Art.
Cornford, F. M. (1907), “Elpis and Eros”, Classical Review 21: 228-232.
Couloubaritsis, L., Ost, J.-F. (eds.) (2004), Antigone et la Résistance Civile. Bruxelles: Les
Éditions Ousia.
Crane, G. (1989), “Creon and the “Ode to Men” in Sophocles Antigone”, Havard Studies in
Classical Philology 92: 103-116.
Curnis, M. (2002), “Cenni figurativi tra parola e immagine. Forme della percezione visiva
in Eur. Phoe. 99-155”, Quaderni del Dipartimento di Filologia Linguistica e Classica
«Augusto Rostagni» n.s. 1: 99-120.
Curnis, M. (2004), “Addendum euripideum alla teicoscopia di Phoe. 99-155: Demetrio
Triclinio ed esegesi metrica bizantina”, MEG 4: 101-108.
D’Angeli, C. (1993), “La presenza di Simone Weil ne La Storia”, in AA. VV., Atti del
Convegno ‘Per Elsa Morante’ (Parigi 15-16 gennaio1993). Milano, Linea d’Ombra
editore: 109-135.
De Martino, F. (1958), Morte e pianto rituale nel mondo antico. Dal lamento pagano al pianto
di Maria. Torino: Einaudi.
De Martino, F. (2001), “Generi di donne”, in De Martino, F., Morenilla, C. (eds.), El fil
d’Ariadna. Bari, Levante: 107-182.
De Martino, F. (2002), “Donne da copertina”, in De Martino, F., Morenilla, C. (eds.), El
perfil de les ombres. Bari, Levante: 111-186.
De Martino, F. (2013a), “Ekphrasis & pubblicità”, in Marino, S., Stavru, A. (eds.), Ekphrasis
(= Estetica. Studi e ricerche 1): 9-22.
De Martino, F. (2013b), “Ekphrasis e teatro tragico”, in Quijada Sagredo, M. and Encinas
Reguero, M. C. (eds.), Retórica y discurso en el teatro griego. Madrid, Ediciones Clásicas:
193-224.
De Martino, F. (2013c), “Tra narrare e descrivere”, in Ponzio, A. (ed.), Figure e forme del
narrare. Incontri di prospettive. Lecce, Milella: 130-143.
321
De Martino, F. (2014), “L’ekphrasis dello stupro: da Achille Tazio a Franca Rame”, in
Cerrato, D., Collufio, C., Cosco, S., Martin Calvijo M. (eds.), Estupro. Mitos antiguos
& violencia moderna. Homenaje a Franca Rame. Sevilla, ArCibel: 205-223.
De Martino (2015) = F. De Martino, “«Lenticchie e legumi»: l’ekphrasis negli storici greci”,
Veleia (cds).
Deppman J. (2012), “Jean Anouilh’s Antigone”, in Ormand, K. (ed.), A Companion to
Sophocles. Oxford, University Press: 523-537.
Di Benedetto, V., Medda, E. (1997), La tragedia sulla scena. La tragedia greca in quanto
spettacolo teatrale. Torino: Einaudi.
Donzelli, E. (2007), “Edipo salvato da Antigone. La serata a Colono di Elsa Morante”, in
Cappellini, K., Geri, L. (eds.), Il mito nel testo. Gli antichi e la Bibbia nella letteratura
italiana. Roma, Bulzoni: 191-200.
Duprey, J. (ed.) (2013), “Whose Voice Is This? Iberian and Latin American Antigones”,
Hispanic Issues On Line (Fall 2013): 147–162.
Duroux, R., Urdician, S. (eds.) (2010), Les Antigones contemporaines (de 1945 à nos tours).
Clermont-Ferrand: Presses Universitaires Blaise Pascal.
Duroux, R., Urdician, S. (jun. 2012), « Cuando dialogan dos Antígonas. La tumba de
Antígona de María Zambrano y Antígona furiosa de Griselda Gambaro», Olivar 13, n°.
17, La Plata. Versiónon-line http://www.scielo.org.ar/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Ercolani, A. (2000), Il passaggio di parola sulla scena tragica. Didascalie interne e struttura delle
rheseis. Suttgart-Weimar: Metzler.
Ercoles, M. and Fiorentini, L. (2011), “Giocasta tra Stesicoro (PMGF 222(b) ed Euripide
(Fenicie)”, ZPE 179: 21-34.
Ferrari, F. (1996), Introduzione al teatro greco. Milano: Sansoni.
Ferreira, A. M. (2011), Voltar a Ler 4 - Mário Sacramento. Aveiro: Universidade de Aveiro.
Fialho, M. C. (1991), “A Antígona de Jean Cocteau”, Biblos 67: 125-152.
Fialho, M. C. (1992), Luz e Trevas no Teatro de Sófocles. Coimbra: Universidade.
Fialho, M. C. (1998), “Sófocles, Rei Édipo”, in Silva, M. F. (ed.): 73-74. -Flashar, H. (2000),
Sophokles. Dichter im demokratischen Athen. München: C. H. Beck.
Fialho, M. C. (2001), “A Antígona de Júlio Dantas”, in Morais, C. (ed.), Máscaras Portuguesas
de Antígona. Aveiro, Universidade de Aveiro: 71-84.
Fialho, M. C. (2006), “O mito clássico no teatro de Hélia Correia ou o cansaço da tradição”,
in Silva 2006: 47-59.
Fiorentini, L. (2006/2008), Studi sul commediografo Strattide. Tesi dottorato, Università di
Ferrara.
322
Fiorentini, L. (2010), “Elementi paratragici nelle Fenicie di Strattide”, DEM 1: 52-68.
Flashar, H. (2000), Sophokles. Dichter im demokratischen Athen. München: C. H. Beck.
Fornaro, S. (1992), Glauco e Diomede. Lettura di Iliade VI 119-236. Venosa: Osanna.
Fraisse, S. (1974), Le mythe d’ Antigone. Paris: Armand Colin.
Fucecchi, M. (1997), La teichoscopia e l’innamoramento di Medea. Saggio di commento a
Valerio Flacco «Argonautiche» 6, 427-760. Pisa: ETS.
Funaioli M.P. (2011), “Il pedagogo sulla scena greca”, DEM 2l: 76-87.
Fusillo, M. (1995), “’Credo nelle chiacchere dei barbari’. Il tema della barbarie in Elsa Morante
e in Pier Paolo Pasolini”, in C. D’Angeli, C., Magrini, G. (eds.), Vent’anni dopo La
Storia. Omaggio a Elsa Morante. Pisa, Giardini: 97-129.
Gallavotti, C. (1969), “Tracce delle poetica di Aristotele negli scoli omerici”, Maia 21: 203-
208.
Galvão, W. N. (2000), Guimarães Rosa. São Paulo: Publifolha.
García Sola M. C. (2009), “La otra Antígona de Jean Anouilh”, in López, A., Pociña, A.
(eds.), En recuerdo de Beatriz Rabaza: comedias, tragedias y leyendas grecorromanas.
Granada, Universidad de Granada: 251-264.
Genette, G. (1989), Palimpsestos. La literatura en segundo grado, trad. de Fernández Prieto, C.
Madrid: Taurus.
Gil, I. C. (2007), Mitografias. Figurações de Antígona, Cassandra e Medeia no drama de
expressão alemã do século XX. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Gil, L. (1962), “Antígona o la areté política. Dos enfoques: Sófocles y Anouilh”, Anuario
de letras, accesible online http://www.revistas.unam.mx/ index.php/ral/article/
view/38416/0 con acceso en diciembre de 2014.
Goesch, K. (1955), Raymond Radiguet. Paris: La Palatine.
Goff, B., Simpson, M. (2007), Crossroads in The Black Aegean, Œdipus, Antigone, and Dramas
of the African Diaspora. Oxford: Oxford University Press.
Goldhill, S., Osborne, R. (1999), Performance culture and Athenian democracy. Cambridge:
Cambridge University Press.
Goldhill, S. (2007), How to Stage Greek Tragedy Today. London: Univ. of Chicago Press.
Gómez García, M. (1997), Diccionario del teatro, Tres Cantos: Ediciones Akal.
González Delgado, R. (2012), Canta, musa, en lengua asturiana. Estudios de traducción y
tradición clásica. Saarbrucken: EAE.
González-Fierro, F., Yéschenko, A. (eds.) (2000), Antoloxía poética asturiana (1639-2000)
= Antologia asturiisoi poézii (1639-2000). Xixón: Coleutivu Manuel Fernández de
Castro.
323
Green, J. R. (1999), “Tragedy and the spectacle of the mind. Messenger Speeches, Actors,
Narrative and Audience Imagination in Fourth Century BCE Vase-Painting”, in
Bergmann, B., Kondoleon, C. (eds.) (1999), The Art of Ancient Spectacle. Washington,
Yale University Press: 37-63.
Gubert, S. (1965), “Entrevista con Salvador Espriu”, Primer Acto 60: 13-17.
Guénoun, D. (1997), Le théâtre est-il nécessaire ?. Paris : Circé.
Guérin J. (2010), “Pour une lecture politique de l’Antigone de Jean Anouilh”, Études
Littéraries, 1: 93-104.
Guicharnaud, J. (21969), Modern French Theatre from Giraudoux to Genet. New Haven: Yale
University Press.
Hamburger, K. (21968), Von Sophokles zu Sartre. Griechische Dramenfigurenantik und modern.
Stuttgart: Kohlhammer.
Hathorn, R. Y., “Sophocle’s Antigone: Eros in Politics”, Classical Journal 54: 109-115.
Hester, D. A. (1971), “Sophocles the unphilosophical. A study in the Antigone”, Mnemosyne
24: 11-59.
Howatson, M. C. (ed.) (1991), Diccionario de la Literatura Clásica. Trad. Ávila, C. M. et al.
Madrid: Alianza Editorial.
Hualde Pascual, P., Sanz Morales, M. (2008), La literatura griega y su tradición. Madrid:
Ediciones Akal.
Iglesias, A. (2005), “La aurora de Antígona”, in AA. VV., El tiempo luz. Homenaje a María
Zambrano. Córdoba, Diputación: 17-32.
Iñiguez, M. (2001), Esbozo de una enciclopedia histórica del anarquismo español. Madrid:
Fundación de Estudios Libertarios Anselmo Lorenzo.
Jabouille, V. et al. (2000), Estudos sobre Antígona. Mem Martins: Inquérito.
Jiménez Jiménez, J. et al. (1978), Cuatro puntos teatrales. Teatro breve. Bilbao: El Paisaje.
Johnson, R. (1997), “María Zambrano as Antigone’s sister: towards an ethical aesthetics
possibility”, ALEC 22: 181-194.
Kautz, H. R. (1970), Dichtung und Kunst in der Theorie Jean Cocteaus. Heidelberg:
Buchbeschreibung.
Khim, J. J. (1960), Cocteau. Paris: Gallimard.
Kirkwood, G. M. (1958), A study of Sophoclean drama. Ithaca, New York: Cornell University
Press.
Kitzinger, M. R. (2008), The Choruses of Sophokles’ Antigone and Philoktetes. Leiden, Brill: 11-70.
Knox, B. M. W. (1964), The heroic temper: studies in sophoclean tragedy. Los Angeles, Bekerley,
Cambridge: University of California Press, Cambridge University Press.
324
Korneeva, T. (2011), Alter et ipse: identità e duplicità nel sistema dei personaggi della Tebaide
di Stazio. Pisa: ETS.
Lamo de Espinosa, E. (ed.) (1995), Culturas, estados, ciudadanos. Una aproximación al
multiculturalismo en Europa. Madrid: Ediciones Nobel.
Lausberg, H. (1966), Manual de retórica literaria. Fundamentos de una ciencia de la literatura.
Versão esp. Pérez Riesco, J. Madrid: Editorial Gredos.
Lázaro Paniagua, A. (2012), “La Antígona de María Zambrano o el oficio de la piedad”,
in López, A., Pociña, A., Silva, M. F. (eds.), De ayer a hoy: influencias clásicas en la
literatura. Coimbra, IUC: 253-259.
Leccese, J. (2013), “’Antigone’ di Elsa Morante – in ‘Serata a Colono’”, http://donnarte.
wordpress.com/2013/08/01/antigone-di-elsa-morante-in-serata-a-colono.
Lehmann, J. (1995), Virginia Woolf. Trad. de Conde Fisas, C. Barcelona: Salvat Editores.
Lentini, G. (2013), “Tra teikhoscopia e teikhomachia: a proposito delle mura dell’Iliade”, in
Bartoloni-Michetti 2013: 187-195.
Lesky, A. (1966), La tragedia griega. Trad. de Godó Costa, J. Barcelona: Editorial Labor.
Librán Moreno, M. (2005), Lonjas del banquete de Homero. Convenciones dramáticas en
la tragedia temprana de Esquilo. Huelva: Servicio de Publicaciones Universidad de
Huelva.
Llinares, J. B. (2001), “Noves interpretacions d’Antígona en la filosofía del segle XX”, in De
Martino, F., C. Morenilla, C. (eds.), El fil d’Ariadna. Bari, Levante Editori: 217-234.
Lloyd-Jones, H. (1966), “Problems of early Greek tragedy: Pratinas and Phrynichus”,
Cuadernos de la Fundación Pastor 13: 11-33.
López, A., Pociña, A. (2010), “La eterna pervivencia de Antígona”, Florentia Iliberritana 21:
345-370.
López, A., Pociña, A., Silva, M. F. (eds.) (2012), De ayer a hoy: influencias clásicas en la
literatura. Coimbra: CECHC.
López Gradoli, A. (ed.) (2007), Poesia visual española (antología incompleta). Madrid:
Calambur.
Loureiro, J. (2012), “A solidão egoísta de Antígona, ou A acção parcial. Problemas teológicos
e políticos na Antígona de Sófocles”, in Lopes, M. J. et al. (eds.), Narrativas do poder
feminino. Braga, Publicações da Faculdade de Filosofia, UCP: 127-135.
Lovatt, H.V. (2006), “The Female Gaze in Flavian Epic. Looking out from the Walls in
Valerius Flaccus and Statius”, in Nauta, R. R., van Dam, H. J., Smolenaars, J. J. L.
(eds.), Flavian Poetry. Leiden-Boston, Brill: 59-79.
Mariño Davila, E. (2003), “Un esperimentu lliterariu de nel Amaro: Novela ensin títulu
(1991)”, Lletres Asturienes 82: 79-93.
325
Mastromarco, G. (2012), “Erodoto e la Presa di Mileto di Frinico”, in Bastianini, G., Lapini,
W., Tulli. M. eds., Harmonia. Scritti di filologia classica in onore di Angelo Casanova,
Firenze, Firenze University Press: 483-494.
Malé, J. (2007), “‘Car hem aprés que l’ amor vençe la mort’. L’amor en els mites femenins
de Salvador Espriu”, in Malé, J. & Miralles, E. (eds.), Mites Clàssics en la literatura
catalana moderna i contemporània. Barcelona, Universitat de Barcelona: 123-145.
Martín Elizondo, J. (1988), “Sobre mi ‘Antígona’”, in Martín Elizondo, J., Antígona entre
muros. Madrid, SGAE: 13.
Mastronarde, D. J. (1990), “Actors on High. The Skene Roof, the Crane, and the Gods in
Attic Drama”, CA 9: 247-294.
Mattioli, U. desdobrar as iniciais para o índice (ed.) (1995), Senectus: la vecchiaia nel
mondo classico – vol. I: Grecia. Bolonha: editor
Medda, E. (2005), “Il coro straniato: considerazioni sulla voce corale nelle ‘Fenicie’ di
Euripide”, Prometheus 31: 119-131.
Mee, E. B., Foley, H. P. (2011), Antigone on the Contemporary World Stage. Oxford: Oxford
University Press.
Miniconi, P. J. (1981), “Un thème épique: la teichoskopia”, in Chevalier, R. (ed.), L’epopée
gréco-latine et ses prolonguements européens Calliope II. Paris, Les Belles Lettres: 71-
80.
Miralles, C. (1979), “El món clàssic en l’obra de Salvador Espriu”, Els Marges 16: 29-48.
Molinari, C. (1977), Storia di Antigona (de Sofocle al Living Theatre). Un mito nel teatro
occidentale. Bari: De Donato.
Monleón, J. (1988), “Del inmarchitable tema de la libertad”, in Martín Elizondo, J.,
Antígona entre muros. Madrid, SGAE: 7-8.
Moraes Augusto, M. G. (1992), « Le discours utopique dans la République de Platon», in
Gély, S., Sens et pouvoir de la nomination. Montpellier, Publications de La Recherche,
CNRS: 201-220.
Morais, C. (1998), “António Pedro, Antígona”, in Silva, M. F. (ed.): 59-62.
Morais, C. (ed.) (2001), Máscaras Portuguesas de Antígona. Aveiro: Universidade de Aveiro.
Morais, C. (2004), “António Pedro, Antígona (glosa Nova da tragédia de Sófocles)”, in Silva,
M. F. S. (coord.) (2004) 41-43.
Morais, C. (2012), “Mito e Política: variações sobre o tema da Antígona nas recriações de
António Sérgio e de Salvador Espriu”, in López, A., Pociña, A., Silva, M. F. (eds.), De
ayer a hoy: influencias clásicas en la literatura. Coimbra, CECH: 319-330.
Morais, C. (2014), “Antígona, ‘a razão suprema da liberdade’: intertexto e metateatro na
recriação de Carlos de la Rica (1968)”, in Pereira, B. F., Ferreira, A. M. (eds.): 97-108.
326
Morante, E. (1987), “Sul romanzo”, in Pro o contro la bomba atomica e altri scritti, a cura di
Garboli, C. Milano, Adelphi: 41-73.
Morenilla Talens, C. (2008), “La obsesión por Fedra de Unamuno (1912), Villalonga (1932)
y Espriu (1978)” in López, A. & Pociña, A. (eds.), Fedras de ayer y de hoy. Teatro,
poesía, narrativa y cine ante un mito clásico. Granada, Servicio de Publicaciones de la
Universidad de Granada: 435-480.
Moreno i Doménech, M. (2010/11), El tractament del grotesc a Antígona de Salvador Espriu.
Treball de Recerca del Màster Oficial Interuniversitari d’Estudis Teatrals: Universitat
Autònoma de Barcelona, http://www.recercat.net/bitstream/handle/2072/170120/
Eltractamentdelgrotesc.pdf
Moretón, S. (2011), “Antígona de María Zambrano”, Mediterránea 11/’11: 48-112 (en www.
retemediterranea.it).
Morey, M. (1997), “Sobre Antígona y algunas otras figuras femeninas”, in Rocha, T. (ed.),
María Zambrano: la razón poética o la filosofía. Madrid, Tecnos: 150-158.
Muñoz Martín, M. N. & Sánchez Marín, J. A. (eds.) (2012), Homenaje a la Profesora María
Luisa Picklesimer (In memoriam), Coimbra: CECHC.
Nadeau, M. (1964), Histoire du Surréalisme. Paris: Éditions du Seuil.
Nel Amaro (1989), “El teatro llariegu, un eficaz y forniu pegollu normalizador desaprocecháu”,
Lletres Asturianes 34: 17-28.
Nel Amaro (1991), Antígona, por exemplu. Uviéu: Academia de la Llingua Asturiana.
Nel Amaro et al. (1992), El secretu de la lluvia. Cuentos fantásticos. Uviéu: Academia de la
Llingua Asturiana.
Nieva de la Paz, P. (1999), “La tumba de Antígona (1967): teatro y exilio en María Zambrano”,
in Aznar Soler, M. (ed.), El exilio teatral republicano de 1939. Barcelona, Gexel: 287-302.
Nussbaum, M. (2001), The fragility of Goodness: luck and ethics in Greek tragedy and philosophy.
Cambridge: Cambridge University Press.
Oliveira, F. (2008), “Misoginia clássica: perspectivas de análise”, in Soares, C., Calero Secall,
I., Fialho, M. C. (eds.), Norma e transgressão I. Coimbra, IUC: 65-91.
Oudemans, Th. C. W., Lardinois, A. P. M. (1987), Tragic Ambiguity: Anthropology, Philosophy
and Sophocles’Antigone. Leiden: E. J. Brill.
Paglia, S. (2011), “La sperimentazione linguistica e l’esplicitazione tematica dai romanzi alla
Serata a Colono di Elsa Morante”, Critica letteraria 150 : 79-101.
Paglia, S. (2011), “Note sulla proiezione intertestuale dall’Edipo a Colono di Sofocle alla
Serata a Colono di Elsa Morante”, Maia 63 : 149-163.
Paillard, M. C. (2005), “Margherite Yourcenar et Virginia Woolf ‘dans le salon vaguement
eclairé par les lueurs du feu’: variations sur Une chambre à soi”, in Marguerite Yourcenar.
327
La femme, les femmes, une écriture - femme?, Actes du Colloque Intern. Baeza (Jaén)
19-23 de Noviembre de 2002. Clermont-Ferrand, SIEY: 109-123.
Papalexiou, E. (2010), «Mises en scène contemporaines d’Antigone », in Duroux, R.,
Urdician, S., Les antigones contemporaines: 87-102.
Pasolini, P. P. (1991, 1998), Il Vangelo secondo Mateo. Edipo re. Medea. Introduzione di
Morandini, M. Milano: Garzanti.
Pelo, A. (2008), “ La Serata a Colono di Elsa Morante. Note sulla lingua e lo stile”, La lingua
italiana 4 : 137-151.
Pereira, B. F., Ferreira, A. (eds.) (2014), Symbolon IV – Medo e Esperança. Porto: FLUP.
Pianacci, R. E. (2008), Antígona: una tragedia latinoamericana. Irvine, California: Ediciones
Gestos.
Pickard-Cambridge, A. W. (1996), Le feste drammatiche di Atene, Seconda edizione riveduta
da Gould, J. e Lewis, D. M., trad. di Blasina, A., Scandicci (Firenze): La Nuova Italia
(1968, Oxford: Oxford University Press).
Picklesimer, M. L. (1998), “Antígona: de Sófocles a María Zambrano”, Florentia Iliberritana
9: 347-376.
Pino Campos, L. M. (2007), “Antígona, de la piadosa rebeldía de Sófocles a la mística
inmortal de María Zambrano”, Antígona 2: 78-95.
Pino Campos, L. M. (2005), “La condena de Antígona y el exilio de María Zambrano:
apuntes en torno a la historia sacrificial”, Revista de Filología de la Universidad de La
Laguna 23: 247-264.
Pino Campos, L. M. (2010), “Antígona y sus circunstancias”, Fortunatae 21: 163-187.
Piquero, J. L. (ed.) (2004), Antoloxía del cuentu eróticu. Lliteratura asturiana contemporánea.
Uviéu: Ámbitu.
Pociña, A. (2007), “Julia Uceda. ¿Poeta inexistente?”, in Tecer con palabras. Mulleres na poesía
en castelán, galego e portugués. Santiago, Edicións Correo: 301-306.
Prauscello, L. (2007), “’Dionysiac’ Ambiguity: HomHymn 7.27: ὅδε δ’αὖτ’ ἄνδρεσσι
μελήσει”, MD 58: 209-216.
Prieto Pérez, S. (1999), “El ethos de Eloísa y las figuras trágicas de Electra y Antígona en
María Zambrano a propósito de una distinción lucreciana”, in Adiego, I.-X. (ed.),
Actes del XIII Simposi de la Secció catalana de la S.E.E.C. Tortosa, Adjuntament:
263-269.
Pujol, M. (1999), “José Martín Elizondo: de una memoria defendida a un «teatro sin
fronteras»”, in Aznar Soler, M. (ed.): 331-347.
Pujol, M. (2009), “José Martín Elizondo. Una intensa vida de teatro”, Primer Acto 329:
156-168.
328
Pulquério, M. (1987), Problemática da tragédia sofocliana. Coimbra. editor
Quance, R. A. (2001), La tumba de Antígona de María Zambrano: Política y misterio. Madrid:
Visor Libros.
Quijada Sagredo, M. (2013), “La retórica de la súplica: los discursos de Adrasto y de Etra
(Eurípides, Supp. 162-92 y 297-331)”, in Quijada Sagredo, M., Encinas Reguero, M.
C. (eds.), Retórica y discurso en el teatro griego, Madrid, Ediciones Clásicas: 31-60.
Radatz, H.-I., Torrent-Lenzen, A. (eds.) (2006), Iberia polyglotta. Zeitgenossische Gedichte und
Kurzprosa in den Sprachen der Iberischen Halbinsel. Mit deutscher Ubersetzung. Titz: Axel
Lenzen Verlag.
Ragué Arias, Mª J. (1989), Els personatges femenins de la tragèdia grega en el teatre Català del
segle XX. Sabadell: AUSA.
Ragué Arias, María José (1990), Els personatges femenins de la tragèdia grega en el teatre català
del XX. Sabadell: Editorial AUSA.
Ragué, M. J. (1991), Los personajes y temas de la tragedia griega en el teatro gallego contemporáneo.
Sada – A Coruña: Ediciós do Castro.
Ragué Arias, M. J. (1992), Lo que fue Troya: los mitos griegos en el teatro español actual. Madrid:
Asociación de Autores de Teatro.
Ragué Arias, M. J. (1994), “La ideologia del mito. Imágenes de la Guerra Civil, de la
posguerra y de la democracia surgidas a partir de los temas de la Grécia Clásica en el
teatro de siglo XX en España”, Kleos 1: 63-69.
Ragué Arias, M. J. (1996), El teatro de fin de milenio en España (de 1975 hasta hoy). Barcelona:
Editorial Ariel.
Ragué Arias, M. J. (2005), “Del mito contra la dictadura al mito que denuncia la violencia y
la guerra”, in Vilches de Frutos, M. F.: 11-21.
Ragué Arias, M. J. (2011), “Mito y teatro en José Martín Elizondo”, in Aznar Soler, M.,
López García, J. R. (eds.): 362-369.
Ramos, M. L. (21991), Análise estrutural de Primeiras Estórias, in Coutinho, E. F. (ed.),
Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Real, M. (2011), O Pensamento Português Contemporâneo 1890-2010. Labirinto da razão e a
Fonte de Deus. Lisboa: INCM.
Rebello, L. F. (1984). 100 Anos do Teatro Português. Lisboa: Brasília Editora.
Ripoli, M., Rubino, M. (eds.) (2005), Antigone. Il mito, il diritto, lo spettacolo. Genova: De
Ferrari & Devega.
Roda, F. (1965), “Notas al estreno de la primera versión de Antígona”, Primer Acto 60: 38-39.
Rodighiero, A. (2007), Una serata a Colono. Fortuna del secondo Edipo. Verona: Edizioni Fiorini.
329
Romero Mariscal, L. (2012), “Figuras del logos femenino en Virginia Woolf: Las razones de
Antígona”, in De Martino, F., Morenilla, C. (eds.), Teatro y sociedad en la Antigüedad
clásica. El logos femenino en el teatro. Bari, Levante Editori: 557-582.
Romero Mariscal, L. (2012), Virginia Woolf y el Helenismo, 1807-1925. Valencia: Ed.
Diputació de Valencia.
Romilly, J. (1971), Le temps dans la tragédie grecque. Paris: J. Vrin.
Ruiz, M. (1988), “Una ‘Antígona’ entre muros…”, in Martín Elizondo, J., Antígona entre
muros. Madrid, SGAE: 9-11.
Sarabando, J., Correia, J. Sacramento, C. (2009), Livro de Amizade. Lembrando Mário de
Sacramento. V. N. de Famalicão: Ed. Húmus.
Sánchez Vicente, X. X. (1991), Crónica del Surdimientu (1975-1990). Oviedo: Barnabooth.
Santiago Bolaños, M. (2010), “María Zambrano dialogue avec Antigone”, in Duroux, R.,
Urdician, S. (eds.), Les Antigones contemporaines…: 75-86.
Saxonhouse, A. (1986), “From tragedy to hierarchy and back again: women in Greek
political thought”, American Political Science Revue 80: 403-448.
Schofield, M. (1999), Saving the city: Philosopher-Kings and other classical paradigms. London,
New York: Routledge.
Segal, C. P. (1964), «Sophocle’s Praise of Man and the conflits of the Antigone», Arion 24: 46-60.
Seale, D. (1982), Vision and stagecraft in Sophocles. London and Canberra: Croom Helm.
Sgorlon, C. (1988), Invito alla lettura di Elsa Morante, Milano: Mursia editore.
Silva, M. F. (ed.) (1998), Representações de Teatro Clássico no Portugal Contemporâneo, vol. I.
Lisboa: Edições Colibri / FLUC.
Silva, M. F. (ed.) (2004), Representações de Teatro Clássico no Portugal Contemporâneo, vol. III.
Coimbra: FLUC.
Silva, M. F. (ed.) (2006), Furor: ensaios sobre a obra dramática de Hélia Correia. Coimbra: IUC.
Silva, M. F. (2010), “Le mythe d’Antigone sur la scène portugaise du XXe siècle”, in Duroux,
R. et Urdican, S. (eds.), Les Antigones contemporaines (de 1945 à nos jours). Clermont-
Ferrand, Presses Universitaires Blaise Pascal: 287-294.
Siti, W. (1995), “Elsa Morante nell’opera di Pier Paolo Pasolini”, in D’Angeli, C., Magrini,
G. (eds.), Vent’anni dopo La Storia. Omaggio a Elsa Morante. Pisa: Giardini.
Soares, C., Calero Secall, I., Fialho, M. C. (eds.) (2008), Norma e transgressão I. Coimbra: IUC.
Soares, C. Fialho, M. C., Alvarez Morán, M. C., Iglesias Montiel, R. M. (eds.) (2011),
Norma e transgressão II. Coimbra: IUC.
Staley, G. A. (1985), «The literary ancestry of Sophocles’ ‘Ode to Man’», Classical World 78:
561-570.
330
Steiner, G. (1991), Antígonas. Trad. Bixio, A. L. Barcelona: Editorial Gedisa.
Steiner, G. (1995; reimp. 22008), Antígonas. Trad. port. de Pereira, M. S. Lisboa: Relógio
d’Água.
Steiner, G. (1996), “Tragedy, pure and simple”, in Silk, M. (ed.), Tragedy and the tragic. Greek
theatre and beyond. Oxford, Clarendon Press: 534-46.
Stevens, E. B. (1933), «The topics of counsel and deliberation in Prephilosophical Greek
Literature», Classical Philology 28: 104-120.
Styan, J. (1973), The Elements of Drama. Cambridge: Cambridge Univ. Press.
Suder, W. desdobre-me esta inicial, por favor, para o índice (1991), Geras. Old age in Greco-
Roman Antiquity. A classified bibliography. Wroclaw: editor
Taplin, O. (1989), The stagecraft of Aeschylus. The Dramatic Use of Exits and Entrances in Greek
Tragedy. New York: Clarendon Press (with corrections; Oxford University Press 19771).
Trueba Mira, V. (2010), “La sierpe que sueña con el pájaro (algunos apuntes sobre María
Zambrano, dramaturga)”, Aurora 11: 103-116.
Ubersfeld, A. (1974), Le roi et le bouffon, Paris: Lire le théâtre. Éditions sociales.
Urdician, S. (2008), « Antigone, du personnage tragique à la figure mythique”, in Léonard-
Roques, V. (ed.), Figures mythiques, Fabrique et métamorphoses. Clermont-Ferrand,
PUBP: 87sqq.
Van Leeuw, M.-N. (2013), Le Mythe d’Antigone: sources et evolution. Editions des 3 hibouks
(e-book).
Várzeas, M. (2011), Sófocles. Antígona. Vila Nova de Famalicão: Humus (TNSJ).
Vilches de Frutos, M. F. (2005), Mitos e identidades en el teatro español contemporáneo (Foro
Hipánico 27). Amsterdam/New York: Edicions Rodopi.
Vilches de Frutos, M. F. (2006), “Mitos y exilios en la construcción de la identidad colectiva:
Antígona en el teatro español contemporáneo”, Hispanística XX 24: 71-93.
Vox, O. (1981), “Omero, Polibio, Dione Cassio: notizie editoriali”, Belfagor 36: 81-83.
Wiltshire, S. F. (1976), “Antigone’s desobedience”, Arethusa 9: 29-36.
331
(Página deixada propositadamente em branco)
Índice de Autores
Índice de Autores
Adam, James – 67 n. 4 3. 7. 4. 85 - 27 n. 42
Adréi - 269 n. 2 3. 11. 2. 137 - 34
Aguiar e Silva, Víctor Manuel – 92 n. 2, Aragon, Louis - 90
303 n. 2 Argentieri, Lorenzo – 38 n. 78
Albert, Juan Gil - 288 n. 5 Arguelles, José L.- 269 n. 4
Albini, Umberto – 25 Aristófanes
Alceu Acarnenses
Fr. 46 Diehl – 281 n. 31 Schol. 443 - 19 n. 10, 24, 24 n. 31
Fr. 119 Diehl - 281 n. 31 Aves - 27 n. 40
Álvarez, Carlos – 271
1130 – 26
Álvarez Llano, Ánxel - 269 n. 5
1507 - 27
Amaro, Nel (vide Fernández Álvarez,
Cavaleiros - 23
Manuel Amaro)
Fenícias – 18
Ameis, Karl Friedrich - 34 n. 64
Fr.*547 K.-A. - 19 n. 9
Anacreonte
Nuvens
Fr. 402/57 Page - 23
1367 – 23
Anouilh, Jean – 101, 102, 103, 108, 123-
136, 144 n. 9, 258, 288 Rãs
Antigone – 101 n. 18, 102, 144 n. 9, 176 1021 – 23, 25
p. 21 - 129 1254-1255 - 23
p. 31 - 132 Tesmofórias
pp. 69-91 - 135 166 - 23
p. 126 - 135 Schol. 21 – 67 n. 4
Médée – 101 n. 18 Vespas
Pièces Noires - 102 219-220 – 19
Antístenes – 67 n. 4 Aristófanes de Bizâncio - 21 n. 20, 24 n. 32
Antologia Palatina Aristóteles – 66, 102
9. 58. 1 - 38 Poética
Apollinaire, Guillaume – 90, 94 n. 10 1450a 5 - 168
Les mamelles de Tirésias - 91 1452b – 21
Apolodoro 1453b – 23
3. 5. 5-6 / 44-45 – 27 n. 42 1460a - 23
333
Índice de Autores
Azcue, Verónica - 247 n. 17, 248 n. 19, 251 Biedma, Gil de - 271
n. 23. 253 n. 24 Bignone, Ettore - 204 n. 25
Aznar Soler, Manuel - 245 n. 6 Blundell, Mary Whitlock – 71 n. 12
Bodeüs, Richard – 71 n. 12
Bachelard, Gaston – 17 n. 2 Bolado García, Xosé - 264 n. 3, 272 n. 9
Ballanche, Pierre-Simón – 109 Bolognesi, Giancarlo - 25
Antigone - 109 Bond, Edward - 300
Balmas, Enea – 93 n. 6 Bosch Juan, María del Carmen – 109 n. 3,
Bañuls Oller, José Vicente – 108 n. 1, 127 145 n. 11, 248 n. 18
n. 9, 128 n. 11, 145 n. 11, 196 n. 1, Bosi, Alfredo - 161, 161 n. 3
221, 221 n. 1, 223, 233 n. 25, 237, 237 Brasete, Maria Fernanda - 141 n. 4, 195
n. 34, 244 n. 4, 269 n. 3 Brecht, Bertolt – 108, 143, 288
Barrès, Maurice – 95 Bremond, Mireille - 228, 228 nn. 14, 15
Voyage à Sparte - 94 n. 12 Brescia, Graziana – 28 n. 44
Voyages en Grèce - 94 Breton, André – 90, 94 n. 12, 100
Barthes, Roland – 300 Brozzoni, Claude - 298
Bauchau, Henry – 288 Antigone 466-64 – 298
Le journal d’ Antigone - 288 Bruno, Giordano - 216
Bauer, Irene Chikiar – 226 n. 9 Bryan-Brown, A. N. - 163 n. 12
Bayo, Manuel – 244 n. 4 Burgess, Dana - 21 n. 22, 22 n. 25, 22 n.
Ahora en Tebas - 244 n. 4 29, 24
Beckett, Samuel - 271 Burgos, Julián - 272
Beer, Josh - 71 n. 12
Bellini, Giovanni – 216 Calder, William M. – 179 n. 6
Bemba, Sylvain – 300 Calero Secall, Inés – 259 n. 4
Noces posthumes de Santigone - 300 Camacho Rojo, José María – 145 n. 11
Benet, Juan - 271 Campal, José Luís – 271 n. 7
Benítez, Esther - 198 n. 6 Campos, Álvaro de - 59
Benn, Aphra – 226 Candido, António - 160 n. 1
334
Índice de Autores
335
Índice de Autores
336
Índice de Autores
337
Índice de Autores
Siluae 7. 535-536 - 37
5. 2. 22-124 – 30 n. 50 11. 341-342 - 35 n. 70, 36
Tebaida – 17, 28, 107, 115 11. 354-355- 18 n. 3
4. 89-92 – 28 11. 354-364 - 39
5. 241b – 37 11. 354-375 - 29
5. 246 – 37
a
11. 357 – 18 n. 3
5. 247 sqq. - 37 11. 363-382 – 21 n. 24, 37 n. 75
5. 311 – 18 n. 5 11. 407-408 – 33, 33 n. 60
5. 342-356 – 28 12. 355 – 18 n. 5
5. 351 – 18 n. 5 12. 362 – 18 n. 5
5. 376 – 18 n. 5, 28 Estesícoro – 18 n. 8
5. 410 – 18 n. 5 Fr. 222b – 18
5. 495 - 18 n. 5 Gerioneide, S13. 2-5 - 35
7. 240-242 – 18 n. 4, 28 Estrátis
7. 242-373 - 29 Fenícias – 18
7. 243 - 21 Fr. 46. 3 K.-A. - 20 n. 16
7. 243 sqq. – 21 Fr. 47 K.-A. – 19 n. 9
7. 244-245 - 32 n. 58 Fr. 48 K.-A. - 19 n. 9
7. 246 – 18 n. 3 Eurípides – 23, 35 n. 68, 66 n. 4, 67 n. 4,
7. 246-373 – 21 112, 118, 159, 168
7. 255-256 – 34 n. 63 Alceste – 21 n. 20, 23
7. 279 – 34 n. 63 Andrómaca – 21 n. 20
7. 310-311 - 34 n. 63 Bacantes - 40
7. 391 – 18 n. 5 913-914 - 40
7. 433 – 18 n. 5 924 - 23
7. 435 – 18 n. 5 Electra – 27 n. 39
7. 443-450 - 37 1207 - 35 n. 68
7. 481-483 - 35 n. 70 Fenícias – 17, 18, 18 n. 8, 20 n. 14, 23,
7. 481-486 – 36 24, 26, 32, 109, 112, 114
7. 485 – 36 11 – 33
7. 490-491 – 36 n. 73 70-74 - 34
7. 522 - 36 79 – 18 n. 5
7. 522-524 – 35 n. 70, 36 81 - 23
7. 524 - 36 83 - 20
7. 523-524 – 36 88 – 20
338
Índice de Autores
89-91 - 21 574-576 - 26
95 - 27 584 sqq. - 24 n. 33
99 – 21 593 – 18 n. 5
106-108 – 25 636 - 20
115 - 27 744 - 18 n. 5
116 – 18 n. 5 751 - 26
142 - 27 752 - 18 n. 5
142 sqq. – 26 796 – 18 n. 5
145 – 27 814 - 24 n. 33
151-153 - 38 823 – 18 n. 5
156-158 – 33 n. 60 1077 - 27
156-170 - 40 1093 sqq. - 26
170 – 20 1137 - 18 n. 5
171 - 23 1150 – 18 n. 5
172 – 23 1219-1263 - 33
179-180 - 38 1270 sqq. - 21
180-181 - 25 1270-1282 – 20 n. 17
182 – 19 n. 9 1275 – 21 n. 19
182-191 – 38 1320 sq. – 24 n. 33
194-195 - 40 1335 sqq. – 26
198-201 - 24 n. 33 1354-1355 - 33
202 – 19, 19 n. 11 1357 – 18 n. 5
239 – 18 n. 5 1359-1454 - 33
261 – 20 1395 – 26 n. 36
301 – 20 1398-1399 - 26 n. 36
322-326 - 32 n. 58 1427 sqq. – 26
355-356 – 24 n. 33 1434-1435 – 35, 35 n. 69
358-360 - 24 n. 33 1436 sqq. - 21
366 – 18 n. 5 1475 – 18 n. 5
387-399 – 24 n. 33 1478 sq. - 24 n. 33
442 - 24 n. 33 1485 sqq. – 21
450 - 23 1523-1529 – 36
463 – 20 n. 16 1527 - 35 n. 69
474-483 - 184 1567-1569 – 35, 36
524 sqq. – 24 n. 33 1567-1581 – 26
339
Índice de Autores
340
Índice de Autores
341
Índice de Autores
342
Índice de Autores
6. 429-430 - 40 Horácio
6. 434 - 37 Carmina
6. 490 – 37 3. 25.1-2 – 23
6. 495 - 37 Howatson, Margaret C. - 201 n. 17
8. 517-519 – 18 n. 4 Hugo, Victor - 95 n. 13
16. 702 - 38
18. 514-515 – 31 Iglesias, Amalia - 233 n. 24
19. 293 - 33 n. 61 Iñiguez, Miguel - 276 n. 21
20. 137 – 31 Ionesco, Eugène - 271
20. 145-146 – 31 Irigoin, Jean – 68 n. 7
22. 56 – 34
22. 74-76 – 34 Jabouille, Victor -145 n. 11
22. 79 - 34 n. 64 Jebb, Richard – 135, 135 n. 18
22. 80 – 35, 35 n. 66 Jiménez Jiménez, José - 272 n. 13
22. 82-83 - 35 n. 66 Jiménez Romero, Alfonso – 244 n. 4
22. 83 - 35 Oración de Antígona - 244 n. 4
22. 85 – 34 Johnson, Roberta - 233 n. 25
343
Índice de Autores
Justino Littérature - 90
1. 6. 13-15 – 37 Livro de Amizade. Lembrando Mário Sacra-
mento - 143 n. 7
Kafka, Franz - 271 Lletres Asturianes - 270 n. 5
Kamerbeek, J. C. - 132 n. 15 Llinares, Joan B. - 145 n. 11, 233 n. 25
Kautz, Hans Rudolf - 93, 93 nn. 6, 8, 94, Lloyd-Jones, Hugh – 20 n. 13, 171 n. 39
94 n. 10 López, Aurora – 145 n. 11, 195, 196 n. 1,
Kavafis, Konstantínos - 269 n. 2 223 n. 8, 233 n. 23
Kenney, Edward J. – 31 n. 53 López Gradoli, Alfonso - 271 n. 7
Kierkegaard, Soren – 288, 288 n. 5 Los Descamisados - 276 n. 21
Antígona - 288 n. 5 Louredo, Abel - 271 n. 7
Kirkland, Sean D. - 145 n. 11 Loureiro, João – 54 n. 3, 56 n. 9
Kirkwood, Gordon MacDonald - Lourenço, Frederico - 59 n. 11
Kitzinger, Margaret Rachel – 71 n. 12 Lourenzo, Manuel – 244 n. 4
Korneeva, Tatiana – 18 n. 3, 28 nn. 46, 47, Traxicomedia do vento de Tebas namorado
49, 31 n. 54, 37 n. 75, 39 n. 80 dunha forca - 244 n. 4
Kouyaté, Sotigui - 289, 297, 297 n. 12, 299 Lovatt, Helen V. - 28 n. 47
Antígona - 299 Lucano – 28, 28 n. 47
Kovacs, Laszlo - 271 n. 7 Farsália
7. 369-370 - 30
Lacan, Jacques – 66 12. 436-438 - 30
Lardinois, André P. M. – 71 n. 12 Luciano de Samósata
Lausberg, Heinrich - 201, 201 n. 16 Nigrino 8 - 22
Lázaro, Eusebio - 126 Lucrécio
Lázaro Paniagua, Alfonso – 233 n. 25 1.66-67 – 17 n. 2
Le Monde - 287 2. 5-11 – 17 n. 2
Leccese, Jolanda - 197 n. 5, 216, 216 n. 34
Lehmann, John - 226 n. 12 Malé, Jordi – 113, 113 n. 9
Lentini, Giuseppe – 17 nn. 1, 2, 38 n. 77, Mandela, Nelson – 298, 299, 300
40 n. 82 Un long chemin vers la liberté - 299
Lesky, Albin - 203, 203 n. 23 Marechal, Leopoldo - 288
Libânio
Mariño Davila, Esperanza - 269 n. 5, 283,
Epístola 33 – 67 n. 4 283 n. 32
Librán Moreno, Miryam – 21 n. 23, 26 n. 38 Martín Elizondo, José – 221, 225, 228, 230,
Lima, José Edmar - 76 n. 30 230 nn. 20, 21, 231, 232, 241-253
Litoral – 139 n. 1 Antígona entre muros / Antígona y los perros
344
Índice de Autores
345
Índice de Autores
346
Índice de Autores
347
Índice de Autores
329d-e – 82 n. 36 Polieno
330d – 83 n. 37 7. 45. 2 - 37 n. 76
348
Índice de Autores
349
Índice de Autores
350
Índice de Autores
nn. 25, 26, 205, 206, 207, 208, 209, 98-99 – 259
213, 221, 223, 224, 225, 230, 231, 99 – 57, 76 n. 28
243, 243 n. 1, 246, 247, 255-266, 269,
100-161 - 95
269 n. 3, 276, 278 n. 25, 279 n. 26,
283, 290, 296, 297, 298, 299, 300, 150-151 – 59
303-311 155-161 - 180
Ájax de Locros – 66 n. 4, 67 n. 4 162 - 180
Fr. 14 Pearson - 66 n. 4 162-214 – 97
Fr. 14 Radt - 66 n. 4 166-169 - 181
Antígona – 21 n. 20, 51-61, 63-85, 107, 170-174 – 164
108, 112, 115, 116, 123-136, 157- 173-174 - 179 n. 5
172, 173, 175, 176, 182, 204 nn. 25, 175-176 – 164, 181
26, 214, 223, 224, 225, 230, 231,
178-191 – 181
243, 243 n. 1, 244 n. 5, 246, 247,
255-266, 276, 278 n. 25, 280 n. 28, 182-183 – 181
283, 297, 303-311 194-201 - 182
1 – 131, 305-306 206-207 - 181
3 – 56 220 – 57
23-25 – 59 222 - 186
23-36 – 163 278-279 – 97, 186
33-34 - 180 316 - 188
36 – 55 322 – 186
45-46 - 164 324-326 - 188
47 – 259 325-326 - 186
49-68 – 68, 69 n. 8 332 – 165
58 - 56 332-383 - 96
61-62 – 259 352 sqq. – 260
63-64 – 259 354-355 – 70
65-67 – 60 354-363 - 70 n. 10
76-77 - 164 365-375 – 72 n. 13
78-79 – 259 375 - 71
86-87 – 56 375 sqq. - 97
88 - 164 450-455 - 164
93 – 132 454-455 – 57, 70
95 - 132 463-464 - 59
95 - 57 - 132 469 - 57
95-97 - 132 471-472 - 55
351
Índice de Autores
572 – 57 991 – 76 n. 27
597 – 55 1033-1034 - 76 n. 29
352
Índice de Autores
353
Índice de Autores
354
Índice de Autores
p. 106 - 237
p. 119-120 - 235 n. 30
p. 123 - 235
p. 124 - 234 nn. 28, 29
p. 182 - 235
Zamora, Antonio de – 108
La destrucción de Tebas - 108
Zoungrana, Paul – 298, 299
355
(Página deixada propositadamente em branco)
Autores
357
Brasília. Está em fase de finalização do segundo pós-doutorado (bolsista CAPES),
na Universidade de Coimbra, acerca da recepção da Antiguidade Clássica no
Grande Sertão: veredas.
João Diogo Loureiro recebeu em 2012 o grau de Mestre pela Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra com uma tese sobre o Político de Platão. Bolseiro
da FCT, encontra-se actualmente a fazer o seu doutoramento. Integra a equipa
luso-brasileira responsável pela tradução das Vidas... de Diógenes Laércio. Tem
trabalhado nas áreas da filosofia antiga, filosofia política, Sófocles e estudos de
recepção.
Maria do Céu Fialho é Professora Catedrática do Instituto de Estudos Clássicos.
A sua actividade de investigadora e docente tem‐se centrado na língua e literatura
grega, e em estudos de teatro clássico, contexto e recepção, bem como de Poética.
Trabalha também a obra de Plutarco.
Maria de Fátima Sousa e Silva é Professora Catedrática do Instituto de Estudos
Clássicos da Universidade de Coimbra. Desenvolveu, como tese de doutoramento,
um estudo sobre a Comédia Grega Antiga (Crítica do teatro na Comédia Grega
Antiga), e, desde então, tem prosseguido com investigação nessa área. Publicou já
traduções comentadas de outras nove comédias de Aristófanes, além de um volume
com a tradução das peças e dos fragmentos mais significativos de Menandro.
Maria Fernanda Amaro de Matos Brasete (1962-) é licenciada em Humanidades,
pela Universidade Católica Portuguesa (1985), mestre em Literaturas Clássicas, pela
Universidade de Coimbra(1991) e doutorada em Literatura, pela Universidade de
Aveiro (2011). É docente do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade
de Aveiro, desde 1986, e integra a equipa editorial da Revista Ágora. Estudos
Clássicos em Debate, além de participar no processo de arbitragem científica
em várias revistas portugueses. Editou três livros (e.g.: Máscaras, vozes e gestos:
nos caminhos do teatro clássico. Aveiro, 2001) e publicou cerca de três dezenas
de estudos (artigos ou capítulos livros) sobre a épica homérica, a lírica arcaica, a
tragédia grega, em especial euripidiana, e a receção do teatro grego na literatura
portuguesa.
Maria das Graças de Moraes Augusto é Professora Titular no Departamento de
Filosofia do Instituto de Filosofia e de Ciências Sociais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). A sua investigação sobre História da Filosofia Antiga
abrange temas como Platão e a herança platónica, filosofia e conhecimento no
pensamento antigo, filosofia e literatura na tradição antiga e recepção dos clássicos
gregos no Brasil.
Marta Várzeas Marta Isabel de Oliveira Várzeas - professora auxiliar do
Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de
Letras do Porto e investigadora do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
da Universidade de Coimbra. Doutorou-se em Literaturas Clássicas, especialidade
358
de Literatura Grega, com a dissertação A força da palavra no teatro de Sófocles:
entre retórica e poética (FCT/FCG 2009). Tem publicado vários trabalhos na área
da Literatura Grega, nomeadamente do Teatro trágico e da Poesia. No âmbito da
tradução de textos clássicos, é autora de Plutarco, Vidas de Demóstenes e Cícero
(Clássica Digitalia, 2010) e Sófocles, Antígona (TNSJ, Húmus, 2011); no prelo
encontra-se a tradução do tratado Do Sublime de Longino.
Núria Llagüerri Pubill es doctora en Filología Griega por la Universidad
de Valencia, miembro de GRATUV (Grup de Recerca i Acció Teatral de la
Universitat de València) desde el año 2009. Adscrita a los siguientes Proyectos
de Investigación: « Género y formas de comprensión y de expresión en el teatro
griego y su proyección en la tradición clásica », FFI2009-12687-C02-01 (2009-
2012); « El personaje secundario a través de su interacción en la obra dramática :
su configuración y desarrollo en el teatro grecolatino y en la tradición clásica »,
FFI2012-32071 (2013- actualidad). Varias publicaciones en revistas, así como
capítulos en libros y reseñas. Profesora en Secundaria desde el año 2008.
Ramiro González Delgado es profesor de Filología Griega en la Universidad
de Extremadura. Licenciado y Doctor en Filología Clásica por la Universidad
de Oviedo y Licenciado en Filología Hispánica por la UNED, sus trabajos de
investigación se han centrado fundamentalmente en la Literatura y Mitología
Griegas, la Tradición Clásica y la Historia de la Literatura Grecolatina, con varios
trabajos publicados en estos campos.
Stéphanie Urdician, Maître de Conférences en Etudes Hispaniques à l’Université
Blaise Pascal de Clermont-Ferrand, est membre du Centre de Recherches sur
les Littératures et la Sociopoétique. Sa recherche porte sur le théâtre hispano-
américain contemporain et la sociopoétique des mythes. Elle a publié plusieurs
travaux sur la figure mythique d’Antigone. Responsable du secteur théâtre du
Service Université Culture, elle encadre un atelier théâtre en espagnol.
Susana Maria Duarte da Hora Marques Pereira, professora auxiliar do Instituto
de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,
licenciou-se em 1993 em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa, tendo
obtido o grau de Mestre em Literatura Novilatina em Portugal em 1996, com a tese
Manuel da Costa, um jurista cultor das Musas. Obteve o grau de Doutor em 2006,
com a dissertação ‘Sonhos e visões na tragédia grega’. De entre o seu trabalho de
investigação destacam-se estudos, de natureza científica e pedagógica, nas áreas de
Literatura Grega, Perenidade da Cultura Clássica, Didática das Línguas Clássicas,
Literatura Novilatina em Portugal.
359
OBRA PUBLICADA
COM A COORDENAÇÃO
CIENTÍFICA