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A CHEGADA DA PROSTITUTA NO CÉU é um caso muito sério

que é um ser sofredor


J. Borges sua vida é de mistério
e para sobreviver
Do rosto da poesia sempre usa o adultério
eu tirei o santo véu
e pedi licença a ela Perante a sociedade
para tirar o chapéu ela é marginalizada
e escrever a chegada existe umas mais calmas
da prostituta no céu e outras mais depravadas
e quem tem mais ódio delas
Sabemos que a prostituta é a própria mulher casada
é também um ser humano
que por uma iludição Ela vive aqui na terra
fraqueza ou desengano enfrentando um sacrifício
o seu viver é volúvel se vende para os homens
sempre abraça ao engano muitas se entrega no vício
e nova se estraga
Vive metida em orgia e faz da miséria ofício
e cheia de vaidade
é raro uma que trabalha Aconteceu que uma delas
e usa honestidade morreu em um certo dia
por isso fica odiada e pela vida que levava
perante a sociedade o povo sempre dizia
ela vai para o inferno
Todas as religiões pelos atos que fazia
para ela escala uma pena
se o homem lhe abraça Assim que foi enterrada
a mulher casada condena a alma se destinou
mas sabemos que jesus querendo ir para o céu
perdoou a madalena mas primeiro ela passou
pelo portão do inferno
Falar sobre prostituta e o diabo lhe acompanhou
vou levar mesmo sem perna
Saiu correndo atrás dela mas levo o melhor pedaço
dizendo vem cá bichinha
um bocado como tu Nessa zuada São Pedro
faz tempo que aqui não vinha se apresentou no portão
e eu estou gamadão e disse: não tem lugar
nesta garota novinha pra mulher com bestalhão
só tem pra mulher sozinha
Mas na carreira que vinha e foi logo estirando a mão
o diabo e a prostituta
passaram no purgatório E pegou logo no braço
e no sindicato das puta da mulherzinha assanhada
e lá no portão do céu disse: você pode entrar
foi que começou a luta aqui não lhe falta nada
vai dormir na minha cama
Porque já se encontrava até alta madrugada
uma mulher bem casada
arengando com o marido Mas atrás dela já vinha
que morreu de uma virada outro cara de complô
e queria entrar no céu e disse: eu entro também
com uma faca afiada pode dá o estupô
porque na terra eu era
Essa mulher que morreu dessa mulher gigolô
era muito ciumenta
quando viu a prostituta São Pedro lhe respondeu
entortou o pau da venta mas aqui é diferente
e disse: vou te furá sou o chaveiro do céu
foi uma luta cinzenta e aqui neste batente
só entra quem eu quiser
Furou a mulher na perna que sou velho, mas sou quente
o marido puxou no braço
o diabo pegou também Disse: vocês lá na terra
dizendo já sei que faço fazem tudo quanto quer
maltrata as prostitutas Disse ele: hoje mesmo
e usam como quiser antes de tomar café
mas aqui eu trato bem eu vou contar a Jesus
a todos que aqui vier essa puta como é
depois de sua chegada
E entrou de braço dado o céu virou cabaré
com a mulherzinha singela
com uma perna furada Ele foi e disse a Jesus
mas São Pedro tratou dela que ela era depravada
e deu apoio a prostituta Jesus respondeu calmo
que ninguém bulia nela deixa essa pobre coitada
se na terra sofreu tanto
Depois disso a prostituta como vai ser castigada?
foi fazendo o que bem quis
botou galha em São Pedro Na terra não teve apoio
namorou com São Luiz em meio a sociedade
tirou sarro com São Bento levou a vida sofrendo
no beco do chafariz e fazendo caridade
aceitando preto e branco
Uma noite de São João que tinha necessidade
dançou com São Expedito
levou xecho de São Brás Mesmo com as prostitutas
namorou com São Carlito vive cheio de tarado
e no fim da festa foi correndo atrás das moças
dormir com São Benedito e mulher de homem casado
se não houvesse prostituta
E não quis Santo Oscar qual seria o resultado?
por ser barbudo demais
deixou ele na espera Ele ficou cabisbaixo
e foi dormir com São Brás e respondeu: muito bem
Santo Oscar quando acordou se o sol nasce pra todos
Falou alto e bem voraz a mulher nasceu também
se um dia eu pegar ela
trituro e deixo um xerém

Aí ficou sem efeito


a denúncia de Santo Oscar
pediu perdão a Jesus
e voltou pra seu lugar
e encontrou Mariano
num sarro de admirar

Aqui termino o livrinho


em favor das prostituta
para vender aos homens
a rapaz, a corno e puta
pessoas de baixo porte
e aos de boa conduta.

J. Borges

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