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A ASSEMBLEIA DE DEUS A LEI E O SÁBADO – PARTE 1

Mais um exemplo de desonestidade intelectual

Introdução
Esta é uma série de pequenos textos que tem por objetivo responder às falsas conclusões
constantes no primeiro capítulo do livro “O despertar de um mandamento”, intitulado: “A Assembléia
de Deus, a lei e o sábado”  de autoria dos adventistas Natan F. Silva, Gilberto G. Theiss e Azenilton G.
Brito.[1]
Este primeiro capítulo trata sobre o pretenso crédito dispensado por teólogos
assembleianos a respeito da lei dos dez mandamentos e o sábado. O capítulo isolado do restante do
livro foi espalhado pela internet no formato de artigo e encontra-se atualmente publicado em diversos
sites adventistas, em alguns deles, inclusive, com complementos de obras assembleianas que não
constam no original do livro[2].
O Livro
O livro é de publicação própria, possui 150 páginas e um formato modesto. O texto em si,
não traz nenhuma novidade, são os mesmos argumentos surrados, usados diuturnamente pelos
apologistas adventistas. A primeira parte do livro é destinada a apresentar várias citações de
autoridades religiosas de diversas denominações sobre a lei e o sábado, cada parte ou capítulo estampa
o nome da denominação seguido pela expressão a lei e o sábado, tais como, “Os presbiterianos a lei e o
sábado”, “Os batistas a lei e o sábado”, os católicos, os metodistas e assim por diante. Há partes
destinadas especialmente a citações de Spurgeon e Billy Grahan sobre o tema. Foi acrescentada uma
série de testemunhos de igrejas e pastores que estão abraçando a causa sabática, uma análise de
Balchiochi sobre o argumento do pastor batista Harold Camping no tocante ao descanso dominical e
por fim a obsessão quanto ao domingo ser a marca da besta com um pequeno “tira dúvidas” segundo a
visão adventista. É um livro de apologética adventista popular que pode ser encontrada facilmente em
qualquer website pela internet, mas que, no entanto, mereceu minha atenção pela leviandade e
desonestidade para com os fatos.
Entretanto, não se trata de uma resposta geral ao livro, para quem preferir uma resposta
geral sobre a lei e o sábado sugiro acessar o site www.cacp.org.br, link adventismo,
http://www.cacp.org.br/category/seitas/adventismo/ .[3]  Meu foco e esforços se concentrarão na
refutação da primeira parte do livro que aborda citações de teólogos de minha denominação – a
Assembleia de Deus, mas que pode, por dedução, ser estendido às outras denominações ali elencadas.
Uma Pesquisa Despretensiosa e uma Surpresa
Dias atrás estava realizando pesquisas na internet relacionadas à minha denominação, a
“Assembléia de Deus”, quando deparei com um site de domínio adventista. O link acessado
direcionava para um artigo que chamou minha atenção pelo teor capcioso estampado no título: “A
Assembleia de Deus, a Lei e o sábado”[4]. Assim que comecei a leitura não precisou mais que alguns
parágrafos para perceber o que estava acontecendo: era mais uma tentativa desesperada dos adventistas
para justificar a guarda do sábado mediante citações de terceiros. Era o famoso “apelo à autoridade”,
só que desta vez, com a grei assembleiana. O artigo foi montado mediante um amontoado de frases
pinçadas fora do contexto e violentamente arrancadas do pensamento mais amplo de seus autores para
dar credibilidade aos argumentos do articulista. Além disso, a fraude possui outro agravante já que
muitas dessas citações foram extraídas de renomadas autoridades da teologia assembleiana que se
encontram in memoriam, portanto, impedidas de desmascarar o embuste por expor oralmente seu real
pensamento.
Mas, mesmo lidando com o obstáculo de não termos mais os autores aqui conosco, não é
difícil desmascarar a farsa adventista. Na verdade, é bem fácil: basta recorrermos ao contexto de onde
estas citações foram extraídas e em seguida compará-las com o pensamento geral da liderança da
denominação sobre o assunto e depois deixar que os leitores submetam ao bom senso e a lógica o seu
julgamento sobre o resultado final da nossa refutação.
Nosso objetivo, portanto, é desmascarar o artigo, “A Assembleia de Deus, a Lei e o
Sábado”, corrigindo o verdadeiro pensamento da maior denominação pentecostal do Brasil sobre o
tema que, longe de apoiar o ponto de vista sabatista, antes, o condena.
Confesso que nem foi preciso cavar tão fundo, logo de cara, na superfície mesmo, já
deparamos com a primeira discrepância: a autoria do artigo. No site adventista o artigo leva a autoria
de Azenilto G. Brito[5], mas este mesmo texto aparece em um livro escrito por três adventistas
(incluindo o Sr. Azenilto) intitulado, “O despertar de um mandamento”. No entanto, no livro impresso,
a autoria de Azenilto simplesmente desaparece dando lugar a de Natan F. Silva.
Surge então a incógnita: quem é o pai da criança, digo, do artigo afinal? Quem plagiou
quem? Houve transferência de crédito num acordo de cavalheiros? Ou, quem sabe, foi erro de revisão?
Bem, seja como for, isso não é problema meu! No frigir dos ovos o que interessa é simplesmente
mostrar a confusão em que essa gente está enfiada, pois, se não conseguem decidir a autoria de um
artigo deles mesmos, como pretendem convencer seus leitores de que são confiáveis quando citam
escritores dos quais nem ao menos conhecem, e, pior, discordam de sua doutrina?
[1] O despertar de um mandamento.
[2] Como, por exemplo, neste site
https://sites.google.com/site/iasdonline/home/adicional/iead01.
[3] Também há bons artigos sobre a lei no seguinte site:
http://adventismonamiradaverdade.blogspot.com.br/2012/11/os-dez-mandamentos.html
[4]  https://setimodia.wordpress.com/2012/05/15/as-principais-religioes-e-o-sabado/
[5] https://setimodia.wordpress.com/2012/05/15/as-principais-religioes-e-o-sabado/

A ASSEMBLEIA DE DEUS A LEI E O SÁBADO – PARTE 2


Mais um exemplo de desonestidade intelectual
FALÁCIAS DE LÓGICA
Vamos analisar agora a estrutura do discurso introdutório que o autor constrói com o
intuito de preparar o leitor a aceitar mais facilmente as “provas” textuais acumuladas. Vejamos o que
diz a introdução do artigo:
A razão é que, por todos os lugares, os membros das Igrejas têm uma forma de entender a
Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus líderes – pastores, professores,
evangelistas e escritores. Por isso, chamamos a atenção para o conselho bíblico, que diz: “Lembrai-
vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus. … Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-
vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas” (Hebreus 13:7,
17). Se o conselho bíblico é que as ovelhas devem lembrar-se e sujeitar-se aos seus pastores,
QUANDO ELES ENSINAM A PALAVRA DE DEUS, nada mais correto do que saber o que ensinam
alguns pastores. Por exemplo, o que ensinam os líderes religiosos da Igreja Evangélica Assembléia de
Deus, a respeito de assuntos que falam da obediência? O que dizem a respeito da Lei de Deus? E
sobre o sábado? O que eles deixaram registrado, para a sadia orientação de seus rebanhos? Vamos
conferir?
À primeira vista, o argumento parece exibir certa coerência, mas se analisarmos mais
minuciosamente veremos que ele conduz o leitor através de uma armadilha de silogismos, misturando
verdades e mentiras. O argumento é empacotado de tal forma que a armadilha na conclusão final fica
oculta, pois que camuflada com a Palavra de Deus. Esta é a famosa falácia de forma: raciocina-se
errado com dados corretos. A introdução do artigo foi construída utilizando veladamente o seguinte
silogismo:
Premissa 1: Pastores estão certos quando pregam a Palavra de Deus.
Premissa 2: O rebanho deve obedecer aos seus pastores.
Premissa 3: Pastores da AD exaltaram a lei e o sábado.
Conclusão: O rebanho da Assembleia de Deus deveria obedecer aos seus líderes exaltando
também a lei e o sábado.
Observe como se dá o processo argumentativo do autor e suas falácias: Primeiro, o leitor é
engenhosamente ludibriado com uma sequencia de duas premissas verdadeiras, respaldadas pela
Palavra de Deus, portanto, dignas de confiança. No entanto, quando chega à premissa três ele não
percebe que ela foi adulterada no seu contexto geral, é uma afirmação duvidosa, carente de
fundamentação, pois não reflete o pensamento integral de seus autores, portanto, falsa, mas tomada
como verdadeira pela força das citações cuidadosamente selecionadas no decorrer do artigo, a “favor”
da lei e do sábado. O leitor menos atento não consegue visualizar o engano. Quando ele aceita como
verdadeiras as três premissas, está aberto para aceitar a conclusão final, isto é, que o rebanho
assembleiano deverá igualmente exaltar a lei e o sábado. O pensamento velado por trás do artigo é que
os adventistas estão corretos na guarda do sábado. Ademais, a afirmação de que “os membros das
Igrejas têm uma forma de entender a Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus
líderes”, serve como chantagem psicológica, pois, se o leitor assembleiano, mesmo depois de ler as
citações de sua liderança alegadamente a favor da lei e do sábado, ainda optar por permanecer contra,
estará supostamente em franca desobediência à Bíblia. Outrossim, essa frase possui outro erro de
lógica chamado de “generalização apressada”, isto é, pelo fato de existir membros de Igrejas com uma
forma de entender a Bíblia, que nem sempre se encaixa naquilo que ensinam os seus líderes, não
significa necessariamente que esta situação aplica-se no caso específico sobre a lei e o sábado.
Primeiro, eles precisam provar três fatos para aplicar a generalização, provar que: a) os teólogos
assembleianos concordavam com a vigência do sábado e da lei mosaica na Nova Aliança, b) que eles
ensinaram isso em seus escritos e, c) que o rebanho assembleiano como um todo entende a Bíblia,
neste particular, diferente do que realmente ensinam seus líderes.
Portanto, eu, enquanto assembleiano, rejeito a lógica adventista por dois motivos: primeiro,
por ela conter vício de origem e, segundo, por induzir o leitor a uma heresia conhecida como
sabatismo.

A ASSEMBLEIA DE DEUS A LEI E O SÁBADO – PARTE 3


Mais um exemplo de desonestidade intelectual
Citações de Personalidades Importantes da Teologia Assembleiana
Nesta terceira parte do artigo pretendemos desconstruir a falácia criada pelos adventistas
provando que: a) os autores citados no livro e nos artigos foram tirados fora do contexto e, b)
demonstrar o pensamento oficial da liderança da Igreja Evangélica Assembléia de Deus a respeito do
assunto.
Algo que chama a atenção é o fato de que teólogos assembleianos de renome tais como:
Stanley M. Horton, Donald Gee, Dr. William Watson Menzies, Anthony D. Palma e os brasileiros
Claudionor Côrrea de Andrade, Esequias Soares, Elienai Cabral que são autoridades do
pentecostalismo assembleiano, foram deixados de lado. Também não foram citados os principais
veículos de comunicação impresso como as tradicionais revistas da Escola Bíblica Dominical, o jornal
mensageiro da Paz e a Revista de Obreiro, etc que já trataram sobre o assunto.[1]
Ademais, a maioria das citações são frases generalizadas sobre a lei que qualquer
evangélico poderia assumir sem nenhum prejuízo de coerência lógica quanto à abolição do sábado,
mas que foram conduzidas com comentários enviesados levando o leitor a uma falsa interpretação.
Outro erro muito comum na montagem da estrutura do argumento é citar escritores pentecostais como
se fossem parte da grei assembleiana como é o caso do pentecostal Harold J. Brokke, pastor da Igreja
Missionária Betânia nos EUA, citado por diversas vezes no texto. O leitor menos avisado é levado
sutilmente à falsa dedução: pentecostal = assembleiano. Mas talvez o principal erro do autor foi
publicar citações aleatórias, particulares, pinçadas de líderes assembleianos como se fossem a Voz
Oficial das Assembleias de Deus sobre o assunto.
Nossa refutação seguirá a mesma estrutura de 13 perguntas encontradas no livro. É bom
lembrar que temos duas classes de citações: as que eu chamo de generalizações neutras e as citações
que parecem de fato aderir à propaganda sabatista. No próximo artigo reproduziremos as partes
separadas do capítulo, conforme constam no livro e, em seguida, as suas devidas refutações.
———————-
[1] A declaração acima se refere apenas ao texto que consta no livro, pois alguns sites
expandiram as citações incluindo citações da Bíblia Pentecostal, da Bíblia Aplicação Pessoal e da
Revista da Escola Dominical como por exemplo, o site
https://adventismoemfoco.wordpress.com/2009/07/21/o-que-a-assembleia-de-deus-diz-sobre-a-lei-e-o-
sabado/.

A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO – PARTE 4


Mais um exemplo de desonestidade intelectual
Citações do livro “O despertar de um mandamento”
1) O que é a lei de Deus? O que são os dez mandamentos?
O Pr. Carlo Johansson, assembleiano responde da seguinte maneira:
“A lei é a vontade de Deus, no decálogo.”
Já o pastor Harold J. Brokke, também pentecostal, afirma isto:
“A lei é uma parte vital do governo divino no mundo em nossos dias… a santa lei de Deus
é um pré-requisito divino para uma experiência mais profunda da graça.”
Por sua vez, o Pr. Myer Pearlman, professor de muitos pastores, inclusive do Pr. N.
Lawrence Olson, que foi por muitos anos o orador do Programa de Rádio “A Voz das Assembléias de
Deus”, assim se expressou:
“Os mandamentos representam e expressão décupla da vontade de Jeová e a norma pela
qual governa os Seus súditos.”
Conforme foi visto acima, estes pastores pentecostais têm a Lei de Deus, os Dez
Mandamentos, numa alta estima. E o conselho bíblico é que se deve obedecer aos pastores que falam a
PALAVRA DE DEUS.
Refutação da Primeira Parte
A nossa resposta não poderia ser outra a não ser um sonoro: e daí? O que essas citações
provam? Absolutamente nada! Mas a indução sutil dos comentários do autor do livro pretende uma
alquimia indevida, senão impossível. Qualquer  cristão de conhecimento mediano sabe que a lei foi
dada por Deus e para o seu governo e, claro, a lei é a vontade de Deus no decálogo. No frigir dos ovos,
todos os esforços dos autores do livro em expor esses amontoados de citações sobre a lei, pretende
chegar a uma única finalidade: induzir o leitor a pensar na validade da guarda do sábado para o cristão.
Essa é a obsessão dos autores e de resto de todos os adventistas.
Como o tema da lei não é tão caro à tradição pentecostal, sendo comentado de forma bem
pontual, aqui e ali, quando a ocasião a exige[1], eles precisam empregar um esforço descomunal para
pinçar trechos despretensiosos sobre a lei e o sábado, transformando tais declarações em uma pretensa
“defesa da lei”. O pacote é engenhosamente embalado e os estudiosos pentecostais vendidos ao
público leigo como verdadeiros paladinos da lei mosaica. Isso é desonestidade!
O que os nossos próceres pentecostais  disseram em outras partes das obras mencionadas
sobre a lei? Vamos dar primeiro a palavra ao estudioso Myer Pearlman.
Após referir-se aos mandamentos como a “expressão décupla da vontade de Jeová e a
norma pela qual governa os Seus súditos.”, ele faz a seguinte pergunta elucidadora;  “Sob qual lei está
o cristão?” e cita Gl. 6.2 “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” e Jo
15.12, “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.”. Isso não
parece nem um pouco com o decálogo!
E mais, “Salvação é ser liberto da lei e estar morto para a lei; não é ter prazer na lei ou
obedecer à lei.” (p. 152)
“Da mesma maneira, a lei de Moisés, muitas vezes violada pelo convertido, não o pode
‘prender’, pois, em virtude de sua experiência com Cristo, ele está ‘morto’.” (p.166)
No livro “Conhecendo as doutrinas da Bíblia” (1999), traduzido por Lawrence Olson,
Pearlman, como fazem todos os estudiosos sérios, não menospreza, nem exalta a lei, antes a coloca em
seu devido lugar. Ela é santa, justa e boa e continuará tendo uma função pedagógica para o incrédulo.
Quanto ao crente, Pearlman é da opinião de que  “Quando a pessoa [crente] “está sob a lei, não pode
estar sob a graça” (p. 152)
O sistema argumentativo frankensteiniano criado pelos adventistas, feito às pressas, por
meio de juntar pedaços aqui e acolá de pequenas citações descontextualizadas, carece de uma alma
para dar vida à criatura e é justamente esse o maior problema deste monstrengo: ele já surgiu
natimorto, pois a alma do monstro, o cerne da questão, que no caso seria uma citação clara, direta e
inequívoca destes autores admitindo a validade do sábado na Nova Aliança, simplesmente não existe.
Definitivamente a teologia equilibrada dos estudiosos pentecostais sobre a lei não comporta  a visão
adventista.
Para lavrar de vez a certidão de óbito deste defunto, observe o que o pastor Brokke, citado
muitas vezes no livro adventista, acredita quanto a validade do sábado:
“Cremos que Israel teve o sábado do sétimo dia como seu sinal peculiar, mas não era
necessariamente obrigatório para a prática cristã. O sábado no sétimo dia é um sinal especial para
Israel, conforme declara Êxodo 31.13,16-17” (p. 66)
“Na Igreja, porém, o primeiro dia da semana tem sido o dia sagrado, em preferencia ao
sétimo, para muitos cristãos.” (ibdem)
O nome de Nels Lawrence Olson também foi exaltado como grande personagem no meio
assembleiano. Vejamos então o que Olson tem a dizer sobre a lei e o sábado em seu livro “O plano
divino através dos séculos” à página 83:
“A dispensação da lei é exclusivamente a dispensação do povo de Israel. Ex 19.3; 20.2. As
provisões dessa aliança com seus mandamentos e promessas concernem somente a Israel. A instituição
do sábado era uma instituição exclusivamente judaica, a qual foi dada como ‘sinal’ entre Jeová e Israel
(Ex 31.13-17), tal qual o arco-íris era o sinal da Aliança com Noé e a circuncisão sinal da aliança com
Abraão.” (p.83)
Parece que o professor Pearlman ensinou muito bem ao seu aluno Lawrence Olson sobre a
validade restrita da lei e o sábado!
Aliás, Olson nunca concebeu a ideia de que os cristãos estivessem debaixo do decálogo.
Não. Para ele, devemos guardar os mandamentos de Jesus e, por mandamentos (e que isso fique bem
claro), entendia a lei do amor. É essa a interpretação que o mesmo faz de I João 2.3 “E nisto sabemos
que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos.”, na Lição Bíblica Intitulada “O que
entendemos por guardar os seus mandamentos” no tópico 3 “O Velho e o Novo Testamentos”. 
Totalmente diferente da interpretação tacanha dos adventistas e bem mais próximo do que ensinava
Myer Pearlman. Interessante que na página 10 desta lição ele nos alerta contra os falsos mestres
sabatistas dizendo:
“O mesmo perigo se oferece hoje pelas pregações falsas dos Testemunhas de Jeová, da
Ciência Cristã, do Sabatismo, do Espiritismo, dos Unitários, etc. Não podemos aceitar nenhuma
doutrina que não tenha base nos ensinos de Jesus” (Lições Bíblicas, Lição 2 de 11/01/1970, p, 10 –
destaque nosso)
À pouco nosso interlocutor adventista nos alertou dando o seguinte conselho: “e o
conselho bíblico é que se deve obedecer aos pastores que falam a Palavra de Deus.” De fato o conselho
é muito oportuno e nós de bom grado o acataremos seguindo o ensinamento exposto por Lawrence
Olson linhas acima, quanto à validade da lei e do sábado! O legalismo adventista não tem base nos
ensinos de Jesus!
[1] Exceção feita ao recente livro do pastor e teólogo pentecostal Esequias Soares, “Os Dez
Mandamentos: valores divinos para uma sociedade em constante mudança. CPAD, 2014”

A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO – PARTE 5


Mais um exemplo de desonestidade intelectual
Citações do livro “O despertar de um mandamento” (p.13)
 2) Para que serve a lei, os Dez Mandamentos?
Já citado, o Pr. Harold J. Brokke dá várias respostas a essa pergunta. Ele diz:
“Nós não podemos compreender a salvação sem entender a Lei de Deus. (…) Deus revela
Sua vontade, no tocante ao procedimento do homem, por meio dos mandamentos que lhe apresenta.
(…) O propósito da lei é fazer com que os homens sintam sua necessidade de Jesus Cristo e do Seu
evangelho de perdão. (…) Pela lei vem o conhecimento do pecado. Os homens precisam de buscar a
Deus, reconhecendo-se pecadores, ou seja, criaturas que sabem ter desobedecido a lei e o governo de
Deus, reconhecendo-se verdadeiros inimigos do próprios Deus pelo desrespeito às Suas leis.”
Tendo consciência da necessidade do homem com relação ao cuidado e proteção de Deus,
o Pr. Myer Pearlman, atrás referido, escreveu:
“Os mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em
território perigoso e dessa maneira sofrer prejuízo para sua alma.” — Em “Conhecendo as Doutrinas
da Bíblia”, p. 91.
Concordando de que a lei de Deus é para o benefício do homem, o Pr. Carlos Johansson
declarou o seguinte:
“O decálogo — o fundamento do pacto e o mais essencial da lei, como também a condição
para vida e felicidade.” — Op. cit., p. 116.
Resumindo o que eles disseram: a Lei de Deus serve: a) para compreendermos a salvação;
b) para revelar a vontade de Deus; c) para fazer os homens sentirem necessidade de Cristo; d) para
saber o que é o pecado; e) para ser como cerca protetora do perigo; f) para ser a condição de vida e
felicidade.
Todas estas coisas são muito boas razões para um cristão obedecer ao Senhor! Além de tudo, estão de
acordo com a Palavra de Deus.
Refutação da Segunda Parte
O que é estranho em todas essas citações é o fato de que cada uma delas serem confissões
sobre a lei que qualquer evangélico poderia fazer sem nenhum problema. Mas o artifício do esquema
não está na qualidade das citações, mas em sua quantidade. O truque é levar o leitor a ser bombardeado
com inúmeras citações sobre a lei, inocentes em sua maioria, pois no final, esse amontoado de textos
provoca uma ilusão semântica em quem os lê acreditando que adventistas e pentecostais estão falando
a mesma língua. A sugestão mental é a seguinte: se estão falando a mesma língua quanto à lei e aos
dez mandamentos, então porque deixar o sábado de fora?
Em um livro traduzido por Lawrence Olson temos a seguinte explicação sobre se a lei é
nossa norma de vida:
“[…] mas não são poucos os que têm colocado o crente debaixo da Lei como norma de
vida e pratica. Esta e uma ideia veementemente condenada por Paulo. A Lei, como parte das
Escrituras, é ‘útil para ensinar… para instruir em juízo’ (2 Tm 3.16), mas uma nova lei – a do Espirito
de vida em Cristo Jesus (Rm 8.2) – nos livrou da condenação e da fraqueza (Rm 8.1).”  (Comentário
Bíblico. Frank M. Boyd 1 ed. – Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1996,p.32)
E mais: “[…] esses mesmos gálatas estavam sucumbindo a débil e miserável disciplina das
restrições, sujeitando-se (a troco de nada) a uma servidão legalista, obrigando-se a observar (guardar e
reverenciar) dias, meses, estacoes e anos (vv. 9,10). Ora, não foi assim que Paulo lhes ensinara […] A
Epistola aos Gálatas constitui uma resposta decisiva a doutrinas e praticas como o sabatismo, o
vegetarianismo, o legalismo e o ritualismo (no que respeita a salvação frente a um Deus Santo):
“Porque o fim da lei e Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).”(ibdem, p.34)
Em um diálogo com proponentes do sabatismo, o pastor Abraão de Almeida dá a seguinte
resposta para essa pergunta:
“O senhor diz que a lei não é uma base de vida para o pecador, mas não pode negar que ela
seja uma regra de vida para o cristão — retrucou o adventista.
— Não acredito nisso. O que a Bíblia diz é que a lei é uma regra de morte. Cristo é regra
de vida. Ele é a vida, e disse que veio para que os que nele crêem tenham vida em abundância. Assim,
se eu quiser saber como devo viver, não vou ter com a lei, mas com Cristo, pois a Bíblia diz que em
Cristo está a verdade, e nEle é que somos ensinados.” (O Sábado, a lei e a graça. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembléias de Deus, 1981, p.60)
Embora Paulo mostre em seus escritos que a lei possui diversas finalidades tais como:
mostrar o pecado, mostrar a santidade de Deus, fazer o pecado aumentar e dar uma base legal para sua
condenação, entretanto, ela nunca foi dada ao crente, pelo menos é isso que o apóstolo afirma,
“reconhecendo que a lei não é feita para o justo, mas para os transgressores e insubordinados, os
irreverentes e pecadores, os ímpios e profanos…” (I Tm 1.9). De certo modo, ela continua sendo um
útil pedagogo, levando pecadores a Cristo, mas depois que o pecador encontra Cristo, a função da lei
termina.

A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO PARTE 6

Mais um exemplo de desonestidade intelectual


Citações do livro “O despertar de um mandamento” (p. 14)
3) Desde quando existem os Dez Mandamentos, a Lei de Deus?
Também da Assembléia de Deus, o Pr. Orlando Spencer Boyer, teólogo, professor, pastor,
comentarista, escritor, e autor de muitos livros, registrou estas palavras sobre o Decálogo:
“Não se deve pensar que não existia nada destes mandamentos antes de Moisés. Foram
escritos nas mentes e nas consciências dos homens desde o princípio.”
Refutação da Terceira Parte
Boyer está longe de ratificar a posição adventista! O que ele disse não se afasta do que
Paulo ensinou aos romanos, isto é, que os princípios da lei dados a Moisés já existiam na consciência
dos homens, a chamada lei natural (2.14,15). Mas apesar de muitos dos princípios da lei de Deus estar
na consciência dos pagãos, não há vestígios de que eles guardavam o sábado. Observe que Boyer não
disse, “não existia os dez mandamentos antes de Moisés”, antes que, “não existia nada destes
mandamentos” e isso faz toda a diferença, pois ele não acreditava que os dez mandamentos, como
expresso na lei objetiva dada no monte Sinai, existiam antes de Moisés. Alguns destes princípios como
não matar, roubar, adulterar, honrar pai e mãe já estavam incorporados nas leis de diversos povos,
promulgadas antes de Moisés, mas não o sábado.
Gênesis capítulo 6 fala sobre os tipos de pecados que os homens pré-diluvianos
praticavam: assassinatos Gn 4.1-11; poligamia Gn 2.24;4:19; arrogância e os pós-diluvianos Gn 11;
adultério Gn 12.18-19; homossexualismo Gn 19.5-7, etc. mas NUNCA o leitor irá encontrar o pecado
da quebra do quarto mandamento.
Apesar de não haver comentário adicional no livro, o articulista do site “adventismo em
foco”, que reproduziu o capítulo não se conteve e teceu a seguinte “pérola”:
“Aí está o testemunho de alguém que estudou bastante o Livro de Deus. Pelo que lemos
dos testemunhos assembleianos, não há nenhuma dúvida entre seus teólogos e mentores de que os Dez
Mandamentos foram dados a Adão, ANTES DA QUEDA. Portanto, a resposta a esta pergunta deve
ser: DESDE A CRIAÇÃO DO MUNDO!”
É claro que isso não passa de uma grande bobagem, essa besteira de que os dez
mandamentos foram dados a Adão é coisa de Ellen White. Ela acreditava que a guarda do sábado era
desde o Éden, para isso os dez mandamentos precisaria de ter sido revelado a Adão. Observe o que ela
disse:
“Adão e Eva, ao serem criados, tinham conhecimento da lei de Deus… Adão ensinou a
seus descendentes a lei de Deus, e esta foi transmitida de pai a filho através de gerações sucessivas.”
(Patriarcas e Profetas, 3a. edição, p. 32 – EGW)
“Santificado pelo descanso e bênção do Criador, o sábado foi guardado por Adão em sua
inocência no santo Éden; por Adão, depois de caído mas arrependido, quando expulso de sua feliz
morada. Foi guardado por todos os patriarcas, desde Abel até o justo Noé, até Abraão, Jacó.” (O
Grande Conflito pág. 453 – EGW)
Entretanto, a Lição da Escola Sabatina da IASD, primeiro trimestre de 1980, edição para
professores, p. 7 desmente Ellen White ao declarar:
“É certo que antes do Sinai a raça humana não tinha mais que uma limitada revelação de
Deus. Sem dúvida, Abraão e seus descendentes tinham conhecimento muito maior, mas este
conhecimento representava apenas fração diminuta do mundo anterior ao Sinai. Contudo, as pessoas
nesse período também morriam, como Paulo salientou. A morte passou a todos os homens. Embora
eles não tivessem pecado contra uma ordem expressamente dada, como no caso de Adão, haviam
pecado também. Tiveram a revelação de Deus na Natureza, mas não responderam a esta revelação,
sendo deste modo tidos como culpados.”
Temos em maior confiança o testemunho dado pelo apóstolo Paulo ao afirmar que a lei foi
dada 430 anos depois de Abraão e não antes (Gl. 3.17). Não há um só versículo em Gênesis insinuando
que os patriarcas guardavam o sábado. Essa afirmação é gratuita e não possui nenhuma base
escriturística.
Honrar pai e mãe, sempre foi um princípio seguido pelas civilizações antigas, assim como
a noção de um repouso hebdomadário. Mas não há registro histórico entre essas civilizações sobre a
guarda do sábado do sétimo dia como dado a Israel, apesar delas preservarem uma semana que variava
de sete até dez dias. Os denominados “dias para os deuses.”, quando alguns povos determinavam os
dias pelo sistema lunar, possivelmente devido à sua veneração dos corpos celestes. O fato é que o
sábado judaico do decálogo foi dado a Israel somente, “Deus lhes fez conhecer o seu sábado,” que
ocorre em Neemias 9.6-15 e em Ezequiel 20.9-12. O princípio existia, a lei não.

A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO PARTE 7


Mais um exemplo de desonestidade intelectual
 
Citações do livro “O despertar de um mandamento” (p. 15)
4) Precisamos de outra lei, além do Decálogo, para nos indicar o que é o pecado?
Quem responde muito bem a esta pergunta, também, é o Pr. Orlando S. Boyer, quando diz:
“Não há pecado que não é condenado por um dos Dez Mandamentos.”
Refutação da Quarta Parte
É claro que o texto visto dessa perspectiva (truncado) fica parecendo que o ilustre teólogo
faz com que cada mandamento englobe todos os pecados existentes.  Se fosse este o caso, nunca
poderia trilhar na mesma linha de raciocínio junto ao eminente teólogo, por razões óbvias: há pecados
que claramente não estão contemplados no decálogo!
Todavia, temos boas razões para rechaçar tal perspectiva, já que o contexto nos ajuda a
lançar luz no que ele disse linhas acima. Observe:  “A súmula do Decálogo é o dever para com Deus e
o dever para com o próximo; melhor, é o amor para com Deus e o amor para com o próximo.”
(Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Ed. Vida, 1978, p. 198)
O que Boyer afirma é que os pecados são contemplados pela quebra do princípio do amor e
não dos mandamentos em si.[1] Essa é a interpretação mais sensata a se esperar, pois nem o decálogo,
nem lei alguma poderia englobar todos os tipos de pecados.
Considere algumas das razões expostas sobre essa questão:
1. Os anjos pecaram? Sim. Mas o pecado dos anjos não é condenado pelo decálogo em parte
alguma.
2. Adão e Eva pecaram? Sim. Mas em que lugar do decálogo estava previsto o pecado deles?
3. Não crer em Jesus pode ser considerado um dos maiores pecados (Jo 16.8,9), mas, no entanto,
não encontramos isto em nenhum dos dez mandamentos.
4. Paulo ensina que “tudo que não provem de fé é pecado” (Rm 14.23). Este fato tão importante
não está no decálogo. Paulo alarga de tal modo a questão que fica impossível qualificar e enquadrar as
transgressões em apenas “dez palavras”.
5. “Toda a injustiça é pecado” (I Jo 5.17). Mesmo as injustiças que não estão previstas nos dez
mandamentos. Há pecados que o decálogo não condena tais como a gula, a soberba, a fornicação, etc. Foi por
isso que em outras partes do livro da Lei, Deus precisou incorporar outros mandamentos, como por exemplo,
“amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Lv 18.19). É relativamente fácil cumprir toda a parte do decálogo
que diz respeito ao meu próximo ( do 5º ao 10º mandamento) sem a necessidade de amá-lo, por exemplo, não
matar, honrar pai e mãe, etc. Todavia, o cumprimento frio da letra sem a intenção do amor, perde todo o
sentido. Mas é justamente isso que o decálogo faz, ele possibilita esse cumprimento legalístico, daí a
necessidade de complementação deste mandamento, fora dos dez mandamentos, resgatando seu verdadeiro
espírito. O decálogo não é completo !
6. “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4.17). O decálogo é
composto de ordens específicas. Um judeu estaria justificado, baseando-se apenas no decálogo ao deixar um
gentio passar fome e sede, sem transgredir com isso nenhum dos dez mandamentos. Talvez fosse essa a lição
que Jesus quisesse transmitir ao ensinar a parábola do Bom Samaritano. O sacerdote e o levita estavam
justificados pela lei a não tocar em pessoa “morta” (Lv 21.1-22.4. Conf. Lc 10.30), mas perante a lei de Cristo
isso era insuficiente.
7. “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para
uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 6.28). O decálogo era
impotente para tratar sobre a intenção do coração. Neste pormenor, portanto, incompleto. Jesus teve de
trazer isso à consciência dos judeus.
 
Os adventistas ignoram uma regra básica em hamartiologia, qual seja, as pessoas não são
pecadoras porque quebram as leis, mas quebram as leis pelo fato de serem pecadoras. Pecado não é
simplesmente desobedecer as regras contidas nos dez mandamentos, mas é não amar a Deus e ao
próximo.
Quem sabe por isso que Deus, ao interpelar Caim sobre o assassinato de seu irmão, não
aponta para o sexto mandamento, mas aponta a força do pecado dentro dele. (Gn 4.6-11)
Paulo afirma que “antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado
não é levado em conta.” (Rm 5.13).
E é por isso que quem ama, cumpre a lei!(Mt 22.40; Rm 13.9; Gl 5.14). Algo que um
legalista nunca vai entender, mas que Boyer, notadamente, soube apontar!
[1] Há quem divida os quatro primeiros mandamentos em amor a Deus e os seis últimos
em amor ao próximo. Outros dividem ao meio, cinco em amor para com Deus e cinco em amor para
com o próximo.
A ASSEMBLEIA DE DEUS, A LEI E O SÁBADO – Parte 8
Mais um exemplo de desonestidade intelectual
 
Citações do livro “O despertar de um mandamento” (p. 15)
5) Existe divisão entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?
Mais uma vez o Pr. Boyer nos apresenta aquilo que tem aprendido de Deus, em anos de
estudo da Palavra:
“Algumas pessoas dão ênfase à distinção entre mandamentos ‘morais’ e mandamentos
‘cerimoniais’. As exigências ‘morais’ são aquelas que em si mesmas são justas e nunca podem ser
revogadas. Ao contrário, as leis ‘cerimoniais’ são aquelas sobre observâncias, sobre o cumprimento de
certos ritos, por exemplo: os mandamentos acerca dos holocaustos e o incenso. (…) As leis
‘cerimoniais’ podem ser ab-rogadas na mudança de dispensação, mas não as leis ‘morais’. É certo que
existe tal distinção.” — Em “Marcos: O Evangelho do Senhor”, p. 38–39. Grifos acrescentados.
E o Pr. Antônio Gilberto, também da Assembleia de Deus, confirma:
“A parte moral da lei é eterna e universal”.
Refutação da Quinta Parte
É interessante notar a tática desonesta que o diabo usou com Jesus na tentação do deserto
ao citar o Salmo 91.11,12, fora de contexto (Mt 4.6), omitindo de modo proposital o versículo seguinte
que era sua derrocada final, “Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.”
(v.13).
Por incrível que pareça o livro “O despertar de um mandamento”, fez o mesmo com a
citação do pastor Orlando Boyer no livro, “Marcos: o evangelho do servo do Senhor”, às páginas 38 e
39.
Vamos dar liberdade ao pastor Boyer para expor seu pensamento completo:
“[…] Enganam-se, porém, os que dizem que os dez mandamentos perfazem a lei moral e
inalterável. Porque, em primeiro lugar, há na antiga aliança muitos preceitos “morais” que não estão
incluídos nos dez mandamentos. Por exemplo, Êx. caps. 21 a 23 e Lev. caps. 18 a 22. Em segundo
lugar, a lei acerca de guardar o sábado, e que se encontra no Decálogo, é “cerimonial” . Pode-se exigir
a obediência a um mandamento “moral” em outra dispensação sob outra base ou por outros motivos,
mas jamais se pode abrigá-lo. Deus nunca pode, por exemplo, em qualquer dispensação, abolir o
mandamento: “Não dirás falso testemunho.” Contudo o mandamento acerca de guardar o sábado foi
posto de lado:
1.  Os sacerdotes no templo profanam o sábado e ficam inculpáveis, Mat. 12:5.
2.  Os que trabalham no sábado para aliviar o sofrimento aos animais, e dos homens, não têm culpa,
Mat. 12:11,12.
Assim o Filho do homem é Senhor mesmo do sábado (Mar. 2:28), e tem o direito de pô-lo
de lado, quando e como Lhe parecer bem. Cristo, por fim, removeu inteiramente o mandamento de
guardar o sétimo dia, cravando-o na cruz. Depois do dia de Pentecoste não se encontra o mandamento
de observá-lo. É significativo que Paulo em suas catorze epístolas menciona o dia do sábado somente
uma vez: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados.” Lede Col. 2:14-17. “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado.”
No livro “Espada Cortante” vol. 2, comentando a expressão de Atos 13.14 “Entrando na
sinagoga, num dia de sábado” Boyer afirma:
“Não se deve concluir que Paulo entrava nas sinagogas dos inimigos dos discípulos para
guardar o sábado, ou qualquer outra parte da lei de Moisés.” (Espada Cortante Vol 2, Rio de Janeiro:
CPAD, 2011, p. 515).
“Acerca de Jesus guardar o sábado, note-se: O Senhor Jesus nasceu debaixo da lei de
Moisés (G1 4.4); guardava a lei de Moisés (Mt 26.18), sendo circuncidado (Lc 2.21); mandou que os
discípulos, antes da cruz, observassem a mesma lei (Mt 23.2,2; Lc 5.14). Mas os discípulos depois da
cruz não guardam o pentecoste, nem se circuncidam, nem guardam o sábado.” (ibid, p. 60 –
Comentário de Lucas 4.16)
Percebeu como a linha de raciocínio muda completamente ao ser citado o trecho completo
do livro? Boyer, longe de endossar a heresia destes indivíduos, acaba por fulmina-la por completo! De
dentro pra fora. Primeiro ele detona a velha, ridícula e teimosa sustentação adventista de que a lei
moral é o decálogo,  os  “dez mandamentos” e, segundo, que eles são inalteráveis.  Em terceiro lugar
ele pega justamente o sábado como exemplo de preceito cerimonial, contido no decálogo, para provar
que este não é inalterável. Eis aí a verdadeira interpretação sobre a alegada distinção das leis usada por
Boyer. Temo que os adventistas deram um verdadeiro tiro no pé desta vez!
Mas é sempre bom esclarecer que NUNCA houve duas leis: uma moral e outra cerimonial,
como se fossem leis opostas, ou como fazem os adventistas em chamá-las de Lei de Deus e Lei de
Moisés, tentando com isso reforçar tal distinção.
Então é errado distinguir leis, morais, cerimoniais e civis? Claro que não. Mas que fique
claro que isto é apenas conveniência didática, pois para a teologia judaica não existe tal distinção. A lei
para o judeu era uma só. Quando o  moço judeu indagou: “Mestre, qual é o grande mandamento na
lei?” (Mateus 22.36), Jesus não perguntou: “QUAL LEI? A moral ou a cerimonial?”.
Os estudiosos da Igreja Assembleia de Deus seguem justamente essa linha de pensamento.
Observe  o estudo sobre a lei de um dos mais respeitados teólogos da nossa denominação, o pastor
Abraão de Almeida. E antes que qualquer adventista mal intencionado questione a importância dele
para a teologia assembleiana e evangélica brasileira, segue uma síntese curricular deste homem de
Deus:
Abraão de Almeida foi ordenado ministro do evangelho em 1979, pela Assembleia de
Deus e de 1977 a 1984 foi diretor de publicações da Casa Publicadora das Assembleias de Deus
(CPAD). É autor de quase 30 livros nas áreas de profecia, apologia, tipologia e história da igreja. É
formado em jornalismo com mestrado em teologia e doutor em divindade e membro da Academia
Evangélica de Letras do Brasil. Membro da comissão revisora da Bíblia ECA (Edicão Contemporânea
de Almeida), de 1988 a 1990 e membro da Comissão Tradutora da Nova Versão Internacional (NVI)
da Bíblia, de 1992 a 1999.
O pastor Abraão de Almeida é conhecido no Brasil e no exterior por seus estudos bíblicos
e tem influenciado gerações de novos estudiosos assembleianos. Vejamos o que os seus estudos na
Palavra de Deus revelaram sobre o assunto da divisão da lei:
“[…] A Bíblia, todavia, não faz nenhuma distinção entre lei moral e cerimonial, e por isso
continua vigente a maldição divina que diz: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão
debaixo da maldição; porque  escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em […] Nas
quatrocentas vezes em que a palavra “lei” ocorre na Bíblia, em nenhuma se faz distinção entre
‘cerimonial’ ou ‘moral’. Nem Jesus, nem os apóstolos, nem os profetas, nem os salmistas, nem o
próprio Moisés se referem a tal distinção.” (O Sábado, a Lei e a Graça. 9.ª ed., Rio de Janeiro: 2009,
CPAD, p. 72)
“Em nenhuma passagem da Bíblia, repetimos, se afirma a existência de duas leis: uma
moral e outra cerimonial; uma abolida e outra não; uma cumprida por Cristo e outra a ser cumprida por
nós etc. A confusão decorre da má interpretação do texto sagrado, interpretação que exalta uma parte
da lei em detrimento da outra, jogando perigosamente com palavras-chave como ‘moral’ e
‘cerimonial’. Quando o vocábulo ‘mandamentos’ é conveniente ao seu sistema, o sabatismo
subentende logo como se referindo à ‘lei moral’, aos dez mandamentos; quando não, é à ‘lei
cerimonial’.”(ibidem, p.97)
“A lei moral, cerimonial e civil, não são três leis, mas uma só lei, que foi encravada na
cruz e lá morreu para toda a história da humanidade.” (ibid, p.98 – destaque nosso)
Os adventistas soltam loas, alardeando e superestimando as expressões “lei moral” e “lei
cerimonial”, usadas por alguns escritores evangélicos. No entanto, qualquer estudioso honesto das
Escrituras pode assumir tais expressões, sem com isso, incorrer no erro crasso da divisão das duas leis
ao molde adventista. Portanto, observe a explicação de S. E Mc Nair sobre os dez mandamentos em
sua famosa obra, “A Bíblia Explicada”, publicada pela CPAD:
“Os Dez Mandamentos. A aliança mosaica foi dada a Israel com três divisões, cada uma
ligada às outras, e, conjuntamente, formando a Aliança Mosaica. São: os mandamentos, expressão da
vontade de Deus para seu povo (Êx 20.1-26); os Juízos, governo da vida social de Israel (Êx 21.1 a
24.11), e as ordenanças, governando a vida religiosa de Israel (Êx 24.12 a 31.18). Estes três
elementos formam ‘a Lei’ como essa palavra se emprega no N.T (Mt 5.17,18). Os mandamentos e
ordenanças formam um só sistema religioso. Os mandamentos foram ‘um ministério de
condenação’ e de ‘morte’ (2 Co 3.7-9)” (A Bíblia Explicada. 4ª Ed., Rio de Janeiro: CPAD, 1983,p. 43
– destaques nosso)
Os adventistas acreditam que Jesus cumpriu e aboliu apenas a “lei cerimonial”, mesmo
levítico dividindo-a em diversas partes tais como “lei do holocausto”, “lei da oferta de manjares”, “lei
da expiação do pecado”, “lei da expiação da culpa”, “lei do sacrifício da paz”, “lei do leproso” e
outras. Apesar de estar dividida em diversas sub-leis, elas formam “a lei cerimonial” e não várias “leis
cerimoniais”. Essa noção pode ser estendida para as chamadas leis: moral, cerimonial e civil. Apesar
desta divisão didática, elas, para todo efeito, formam “A Lei”, “O Concerto” que foi cumprido e
abolido em Cristo. É isso que admite a Bíblia de Estudo Pentecostal (Editora CPAD) no comentário
sobre “A Lei do Antigo Testamento” na página 146:
“A Lei Mosaica (hb. Torah, que significa ‘ensino’), admite uma tríplice divisão: (a) a lei
moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17); (b) a lei civil, que
trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1 -23.33); e (c) a lei cerimonial, que trata da
forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sacrificial (24.12-31.18).”
Após admitir a possibilidade de a lei possuir, para efeitos didáticos, três divisões, ela
unifica todas elas chamando-as de “A Lei” e diz que era temporária, observe:
“(8) A Lei e o Concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava
como um tutor temporário para o povo de Deus até que Cristo viesse (Gl 3.22-26).”
Portanto, não há dúvidas de que na teologia pentecostal e também protestante evangélica, a
divisão da lei não passa de um recurso puramente didático.
Que a lei inteira foi abolida é admitido pelo pastor assembleiano Elienai Cabral:
“… a lei dos mandamentos que consistia em ordenanças” (v. 15) indica que a legislação
mosaica foi abolida; não só a cerimonial, mas toda a lei, com todas as suas ordenanças. Cristo, pela
“sua carne”, desfez toda a condenação da lei, criando a “lei do espírito de vida”.” (Comentário Bíblico:
Efésios. Elienai Cabral, 3ª Ed. – Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1999 –
destaque nosso)
Repudiamos, pois, a maneira desonesta e irresponsável como o livro “O despertar de um
mandamento”, se fundamentou em nossos autores. Um verdadeiro exemplo de como não se fazer
pesquisa, pois os autores trataram seletivamente a literatura, mostrando apenas aquilo que lhes
convinha, quando não, mutilando os textos e omitindo deliberadamente o contexto, forçando o texto a
dizer o que ele não diz.
Para saber mais sobre a suposta divisão da lei acesse o link
http://www.cacp.org.br/category/seitas/adventismo/lei/

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