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JOGADOR DESAFIANTE

GAME CHANGERS #1
POR Rachel Reid
RESUMO

O capitão do New York Admirals, Scott Hunter, leva seus rituais antes
do jogo muito a sério. Nesse caso, não é apenas um smoothie1 da sorte que
ele anseia - é o homem que o faz.
A estrela profissional do hóquei Scott Hunter sabe uma coisa boa
quando a vê. Então, quando um smoothie feito pelo barista de sucos Kip
Grady precede Scott quebrando sua queda no gelo, ele está desesperado
para recriar a magia... e para conhecer o cara sexy e engraçado atrás do
balcão.
Kip sabia que havia mais nas visitas frequentes de Scott do que frutas
misturadas, mas ele nunca se permitiu imaginar ser convidado a voltar para
a cobertura de Scott. Ou ser beijado com abandono imprudente, quanto
mais tocado em todos os lugares ao mesmo tempo. Quando isso acontece,
é quente, incrível e frequente, mas também apenas nos termos de Scott e
sempre atrás das portas fechadas de seu apartamento.
Scott precisa de Kip em sua vida, mas com a temporada dos playoffs
se aproximando, os holofotes sobre ele de repente estão mais brilhantes
do que nunca. Ele não pode se dar ao luxo de fazer nada que possa
atrapalhar sua carreira... como apresentar seu namorado ao mundo. Kip
está pronto para ir all-in com Scott - mas quanto mais ele terá para
permanecer em segredo?

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Smoothie é um shake de frutas comercializado com esse nome. É uma bebida cremosa, não alcoólica,
preparada a partir de pedaços e sucos de frutas, concentrados ou congelados, tradicionalmente
misturados com laticínios ou sorvete.
CAPÍTULO UM

TERÇA-FEIRA, 14 de janeiro, foi o dia em que Kip Grady aprendeu que


liquidificadores barulhentos e ressacas não combinam.
Ele não pretendia beber tanto na noite passada, mas Chuck e Jimmy
estavam na cidade e ele não via esses caras há meses. Não era como se ele
tivesse sido destruído. Ele tinha conhecimento de que ele precisava estar
no trabalho às seis da manhã, mas ele ainda tinha conseguido beber apenas
o suficiente para fazer os liquidificadores de alta potência seu inimigo
mortal.
Mas ele tinha um trabalho a fazer. E esse trabalho era fazer o melhor
smoothie que pudesse para a mulher de aparência ocupada que esperava
no balcão.
— Aqui está, senhora. — Ele tentou não estremecer ao entregar o
pedido ao cliente. — Um smoothie Green Warrior com uma dose de
wheatgrass2.
Ele olhou para o relógio. Seis e Meia. Jesus Cristo.
Não havia tempo para descansar a cabeça na pilha convidativa de
laranjas que estava sobre o balcão. A corrida matinal durante a semana em
Straw + Berry tendia a ser constante até as nove. Maria estava trabalhando
com ele esta manhã, e isso foi legal. Eles trabalhavam bem juntos porque,
embora nenhum deles estivesse particularmente investido neste trabalho,
eles o levaram a sério e faziam tudo o que deviam. Além disso, ela era
engraçada.

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Wheatgrass são as primeiras folhas recém-germinadas da planta do trigo comum, usadas como
alimento, bebida ou suplemento dietético. Wheatgrass é servido liofilizado ou fresco e, portanto, difere
do malte de trigo, que é seco por convecção.
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— Qual desses malditos smoothies cura a ressaca? — Kip gemeu


quando a loja ficou brevemente vazia.
— Hum, nenhum. Mas supostamente o de melancia.
— OK. Vou fazer para mim uma melancia gigante com, tipo, cinco
Advils dentro.
— Eu acho que você quer dizer cinco 'aumentos de bem-estar'.
Kip fez para si mesmo um smoothie de melancia gigante e se sentiu
um pouco melhor depois de beber. Ele tomou dois Advil.
— Então, o que você estava fazendo ontem à noite, afinal? — Maria
perguntou.
— Oh, apenas saindo com alguns amigos da faculdade.
— Sim? Eles são fofos?
— Nah. Não sei. Não o meu tipo. — Chuck era grande, corpulento e
barbudo. Jimmy era o oposto completo: baixo, magro e parecia cerca de
sete anos mais novo do que realmente era.
— Eles também são baristas de sucos super-bem-sucedidos?
— Eles conseguiram empregos em seu campo. Ambos estão
trabalhando em Boston. Negócios alguma coisa? Seguro? Finança? Não sei.
Eles usam ternos para trabalhar.
— Você usa um avental. Isso é muito bom.
— Sim, estou super orgulhoso.
— E um boné com um pequeno morango bordado nele. Vamos!
Kip jogou um pedaço de abacaxi congelado nela.
— Vou te dizer uma coisa, Kipper. Vou ser legal e fazer todo o
trabalho de preparação na parte de trás esta manhã, para que você possa
descansar sua linda cabeça quando a pressa acabar.
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— Sim?
— Sim!
— Você é a melhor e eu te amo —, ele suspirou feliz.
— Eu sei. Agora olhe vivo! Temos empresárias chegando e querem
couve liquefeita!
Passou-se mais uma hora de correria constante antes que Kip
pudesse finalmente desfrutar do silêncio que Maria havia prometido a ele.
Ela foi até a sala dos fundos para picar frutas e vegetais, e ele desabou em
uma cadeira que arrastara para trás do balcão e encostou o rosto na parede.
Era uma parede bonita e legal.
Ele nem percebeu que tinha fechado os olhos até ser surpreendido
por alguém pigarreando. Não agressivamente. Apenas o suficiente para
deixá-lo saber que eles estavam lá.
Ele abriu os olhos e se levantou rapidamente. — Desculpe, senhor —
, ele gaguejou. — O que eu posso...?
A boca de Kip pode ter caído aberta como a de um personagem de
desenho animado. Possivelmente, sua mandíbula estava no chão e sua
língua pode ter rolado para fora de sua boca como um tapete. Acontece
que o homem mais gostoso que ele já tinha visto estava parado na sua
frente.
— Hum, o que posso fazer por você? — Kip conseguiu.
O homem era alto, loiro e, bem, rasgado. E Kip sabia que estava
rasgado porque estava vestindo uma jaqueta com zíper da Under Armor3

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Under Armour, Inc. é uma empresa de roupas e equipamentos dos Estados Unidos.
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ridiculamente apertada e calça de moletom. Ele deve ter acabado de correr,


do jeito que seu cabelo úmido grudava na testa e sua pele brilhava de suor.
— Bom dia, — o homem suado disse alegremente. — Desculpe
acordá-lo.
As bochechas de Kip coraram. Ele baixou um pouco a cabeça para que
a aba do estúpido boné de beisebol o ocultasse. Deus, o homem mais
gostoso do mundo está parado na minha frente e eu estou usando um
avental e um boné de beisebol de morango.
— Você não... eu não estava... — Kip respirou fundo. Ponha tudo
junto! — Desculpe. Diverti-me um pouco demais na noite passada.
O homem ergueu uma sobrancelha. — Numa segunda à noite?
— Sim, bem, você conhece a vida de um fabricante de smoothies...
viva rápido, morra jovem, certo?
O homem riu. Kip quase caiu.
— Então, o que é bom aqui? — o homem perguntou, semicerrando
os olhos para o menu.
— Hum, tem um com mirtilos, abacaxi e couve - mas você não pode
sentir o gosto da couve, eu juro! É bom. Eu gosto disso.
— Isso seria o... Blue Moon Over Brooklyn?
— Sim. Todos os nomes aqui são meio idiotas.
O homem apontou o dedo comprido para o crachá de Kip. — Gosto
do seu nome.
Kip olhou para seu próprio nome na etiqueta, como se não soubesse
o que dizia. Como um idiota.
— É, tipo, um apelido —, disse ele, como se o cara gostoso tivesse
pedido mais informações. O que ele não tinha. Mas Kip continuou falando
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porque era o que sempre fazia. — Quer dizer, todo mundo me chama de
Kip. Então é meu nome. Mas não, tipo, meu nome verdadeiro. É, hum...
Enfim. Você quer um desses smoothies de mirtilo?
— Parece bom —, disse o homem, ignorando educadamente o quão
idiota Kip estava sendo.
Kip começou a trabalhar carregando várias frutas congeladas e couve
fresca no liquidificador. Felizmente, isso exigia foco, e então a máquina
estava alta o suficiente para que ele não pudesse falar sobre ela. Ele olhou
para o homem, que agora estava de pé com as mãos na cintura, estudando
as fotos pouco inspiradas de frutas que decoravam o pequeno espaço. Os
olhos de Kip não sabiam onde pousar, saltando rapidamente dos ombros
largos para os braços ridiculamente enormes, para as costas musculosas
afinando em uma cintura fina para uma bunda que era francamente
apenas...
Kip balançou a cabeça e desligou o liquidificador. Ele procurou um
copo de plástico e o encheu com smoothie azul. — Aqui está Senhor.
O homem se virou, acenou com a cabeça e entregou a Kip uma nota
de vinte dólares dobrada e ligeiramente úmida do bolso da calça de
moletom. Ele acenou com a mão quando Kip tentou entregar-lhe o troco.
— Mantenha-o.
— Seriamente? — Kip perguntou, observando-o tomar seu primeiro
gole. Observando seus lábios rosados se encaixarem no canudo.
— Sim. — O homem sorriu. — Vamos chamá-lo de taxa de
localizador. Isso é delicioso.
Kip sorriu de volta. — Estou feliz por ter gostado. Tenha um bom dia.
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O homem o brindou com seu copo de smoothie. — Você também,


Kip.
Kip se sentiu um pouco tonto ao ouvir seu nome saindo da boca
daquele homem. Quando o homem dos seus sonhos saiu, outro homem
que não era tão atraente entrou na loja.
— Puta merda! — O novo cliente disse, apontando com o polegar em
direção à porta. — Aquele era Scott Hunter!
— Huh?
O homem olhou para Kip como se ele fosse muito burro. — Scott
Hunter.
— Você quer dizer, tipo, o cara jogador de hóquei? — Disse Kip.
— O que? — veio uma voz atrás dele. Maria parou na porta da sala
dos fundos. — Eu realmente ouvi falar Scott Hunter?
— Eu não acho... Você realmente acha que era ele? — Kip perguntou.
O cliente acenou com a cabeça. — Oh sim. Com certeza. Surpreso,
que ele mostra o rosto pela cidade, do jeito que está fedendo o gelo
ultimamente.
— Ele não está bem? — Kip tinha alguma noção de quem era Scott
Hunter, é claro - todo mundo tinha, fã de esportes ou não. Ele era o craque
central e capitão da equipe do New York Admirals. Três anos atrás, ele levou
a equipe dos EUA ao ouro olímpico. Mas Kip o conhecia principalmente por
seus anúncios da Hugo Boss. Ele era um grande fã desses anúncios.
Kip gostava muito de hóquei, mas não vinha acompanhando a NHL
muito de perto. Scott Hunter sempre foi, até onde ele sabia, celebrado e
amado nesta cidade. O Rei de Nova York, realmente. Mas, aparentemente,
Kip havia perdido alguma coisa.
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— Sim, ele está péssimo nesta temporada —, continuou o cliente. —


Não faz nenhum gol desde novembro! Não sei por que estão pagando a ele
todo esse dinheiro. Eles deveriam trocar o vagabundo.
— Bem... — Kip disse, sem saber como terminar. Era ridículo, mas ele
se sentiu pessoalmente ofendido com as críticas desse cara e foi compelido
a defender Scott Hunter. — Talvez ele esteja apenas passando por algumas
coisas.
O cliente bufou. — Ele pode passar por isso no verão. Não vamos
chegar aos playoffs este ano se ele continuar com essa merda.
Kip ainda se sentia inexplicavelmente zangado, mas encolheu os
ombros e deu ao cara seu smoothie para que ele fosse embora.
Quando eles ficaram sozinhos novamente, Maria disse: — Scott
Hunter estava realmente aqui?
— Não sei. Pode ser. Quer dizer, agora que aquele cara mencionou,
acho que tinha que ser. Eu estava meio distraído pelo quão quente ele era,
mas, sim, ele definitivamente se parecia com Hunter. E, uh, ele me deu uma
grande gorjeta.
— Quão grande? Temos que dividir, você sabe.
— Sim, sim, eu sei. Foi como uma gorjeta de treze dólares!
— O que?
— Bem, se foi Hunter, isso provavelmente é, tipo, nada, certo? Ele
provavelmente não se importa com dinheiro.
— Deve ser legal.
— Sim.
— Entããão —, disse Maria, inclinando-se para o espaço pessoal de
Kip, — ele era gostoso?
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— Oh meu Deus. — Kip sorriu. — Ele era vulcânico. Ele não parecia
real.
— O que ele estava vestindo?
— Roupas de exercício físico. Ele estava correndo, eu acho.
Realmente apertadas roupas de ginástica.
— Oh meu Deus.
— Sim.
— Não acredito que perdi. Se ele voltar, você tem que me dizer.
Mesmo se eu estiver no banheiro, é só me chamar!
— Claro, isso não vai ser estranho.
Maria começou a colocar as frutas e vegetais recém-picados nas
geladeiras. Kip ajudou. Eles trabalharam em silêncio por alguns minutos.
— Ei —, disse Kip, — ele disse meu nome.
— Quem? Hunter? Ele realmente disse a palavra 'Kip'?
— Sim, — Kip disse sonhadoramente.
— Deus, aposto que quando ele disse, nem pareceu idiota.
Kip jogou um morango nela.

KIP VIU A MANCHETE na manhã seguinte no trem: Noite de Hunter!


Ele se inclinou um pouco para ler a primeira página do jornal do passageiro
sentado à sua frente. Aparentemente, Hunter fez um hat-trick4 na noite
anterior e conseguiu duas assistências em uma derrota por 7 a 1 em
Washington. Kip sorriu. Ele se sentia estranhamente orgulhoso dele.
Sim, tão bom que esse superstar milionário teve uma boa noite. Putz.

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Um triplete, também conhecido pelo seu nome em inglês: hat-trick, é associado com alguma coisa que
ocorre sucessivamente três vezes, geralmente de modo consecutivo, em algum esporte.
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Os Admirals estavam jogando em Nova Jersey esta noite, disse o


jornal. Enquanto Kip caminhava os dois quarteirões da estação de trem até
a Straw + Berry, ele pensou na última vez que tinha ido a um jogo do
Admirals. Deve ter sido há pelo menos oito anos. Não, mais, porque ele
nunca tinha visto Hunter jogar, exceto na televisão.
Jesus, vou pensar em Scott Hunter o tempo todo agora?
Ele bocejou enquanto tirava a chave e destrancava a porta da loja.
Ele precisava encontrar um emprego para começar mais tarde. Levantar
antes das cinco para trabalhar antes das seis era ridículo. Principalmente
por salário mínimo.
A manhã foi igual à maioria dos dias de semana: correria constante
das sete às nove e, em seguida, um pouco de silêncio antes que os clientes
que Maria chamava de “mães da ioga” começassem a chegar.
— Seu namorado teve uma boa noite ontem à noite, — Maria disse
enquanto reabastecia a tigela de laranja.
— Que diabos você está falando?
— Scott Hunter. Marcou, tipo, um milhão de gols ou algo assim.
— Três gols —, corrigiu Kip, — e duas assistências.
— Oh, desculpe. Não sabia que você era um fã tão ferrenho.
— Eu não sou! Eu li o jornal no caminho para cá. É, tipo, uma grande
notícia ou algo assim.
— Oh meu Deus! Você está louco por ter uma queda por ele agora!
Você foi para casa ontem à noite e procurou por imagens no Google de
Scott Hunter, não foi?
— Não! — Sim.
— Qualquer que seja. Você é um fanboy. Tão fofo.
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— Te odeio.
— Você não precisa.
Maria empilhou laranjas e Kip varreu o chão atrás do balcão, embora
não estivesse tão sujo. Ele simplesmente odiava ficar parado sem fazer
nada.
Pouco depois das dez, a porta se abriu e Kip se deparou mais uma vez
com Scott Hunter em roupas de treino suadas.
Desta vez, Maria estava lá para testemunhar. — Puta merda.
Kip deu uma cotovelada nela o mais sutilmente possível.
— Bom dia de novo, Kip, — o homem que definitivamente era Scott
Hunter disse.
— Bom dia, hum... Jesus. Você é Scott Hunter, certo?
Ele parecia divertido. — Eu sou.
— Isso é tão incrível, — Maria respirou.
— É, hum, — Kip começou, então mudou de curso. — Grande jogo
ontem à noite.
— Obrigado! Pensei em comprar outro daqueles smoothies de
mirtilo. Quando algo dá certo no meu jogo, gosto de tentar repetir o que fiz
naquele dia.
— Certo —, disse Kip. Os olhos de Scott eram azuis. Eles eram tão
azuis.
— Então... outro smoothie de mirtilo, por favor.
— Certo! — Kip saiu do transe e começou a preparar o smoothie.
Scott Hunter estava, mais uma vez, vestindo uma jaqueta de Under
Armour absurdamente justa e calça de moletom. Seu cabelo estava úmido
e despenteado, e sua pele ligeiramente avermelhada pelo exercício. Kip
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Grady estava, mais uma vez, usando um maldito avental idiota e um boné
com um maldito morango nele. Mas pelo menos ele não estava de ressaca
desta vez.
Ele entregou ao atleta estrela seu smoothie e tentou não se
concentrar muito na forma como seus lábios envolveram o canudo. Foi
difícil porque Scott estava olhando diretamente para ele enquanto tomava
seu primeiro gole. Seus lábios se curvaram um pouco quando percebeu o
olhar de Kip.
— Obrigado de novo, Kip —, disse ele. — Espero vê-lo no próximo dia
de jogo.
Ele ergueu o copo de smoothie em uma saudação de despedida e
então saiu.
Quando Kip se virou para Maria, seu queixo estava no chão.
— 'Espero vê-lo no próximo dia de jogo'? — ela disse. — Você está
brincando comigo?
— O que?
— Ele está completamente a fim de você, Grady!
Kip ficou tão vermelho quanto o morango em seu chapéu. — Oh
vamos lá. Não foi isso que ele quis dizer.
— Claro que não.
— Não é! Ele é apenas supersticioso. Ele quer dizer que espera que
funcione e que ele tenha um ótimo jogo esta noite, então ele estará de volta
no próximo jogo! É isso!
— Eu sei que é o que ele estava dizendo na superfície, idiota, mas não
era tudo o que ele estava dizendo.
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— Ele nem mesmo... Oh meu Deus. Não acredito que estou falando
sobre isso. Scott Hunter não gosta de caras. E ele definitivamente não gosta
de caras que trabalham em lojas de smoothie.
— Se você diz.
— Vou voltar lá e cortar o abacaxi —, resmungou Kip.
— É melhor verificar se temos muitos mirtilos estocados —, Maria
cantou atrás dele.

KIP ESTAVA NA SALA de estar do apartamento de seu melhor amigo


em Tribeca, admirando a vista do rio Hudson. Ele não conseguia nem
imaginar quanto custaria um lugar como aquele.
Morar na cidade de Nova York era caro, mas Kip tinha uma estratégia
superimpressionante que lhe permitia trabalhar em um emprego de salário
mínimo e conseguir pagar o empréstimo de estudante em dia todo mês: ele
ainda morava com os pais.
Sim, ele tinha vinte e cinco anos. Sim, ele se formou na universidade
aos vinte e dois anos. Mas a questão era que os graduados em história não
estavam exatamente sendo abocanhados no mercado de trabalho.
Kip tinha sonhos. Aspirações. Ele queria trabalhar em um dos
museus. Talvez um dia trabalhar em um na Europa. Talvez escrever um ou
dois livros. Talvez ser o apresentador de um programa de televisão popular
em que ele viajava o mundo e apresentava diferentes locais históricos
importantes para os telespectadores. Talvez consultor sobre filmes
históricos em Hollywood...
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Ou talvez transformar frutas e vegetais em mingau bebível para


pessoas ocupadas a caminho de empregos que eram realmente
importantes.
A dona do apartamento em que ele estava agora, Elena, tinha um
emprego de verdade e uma vida que parecia muito adulta comparada à de
Kip. Ela era engenheira de segurança cibernética da Equinox Tech, uma das
empresas de TI de crescimento mais rápido do país. Kip não sabia
exatamente o que era um engenheiro de segurança cibernética, mas
parecia pagar muito bem e parecia impressionante.
Elena era, sem dúvida, a pessoa mais inteligente que Kip conhecia.
Além de ser brilhante e engraçada, ela também era incrivelmente bonita -
uma combinação incomum da altura e estrutura óssea norueguesa de seu
pai, e os cabelos escuros libaneses e pele morena de sua mãe.
A amizade de Kip com ela no colégio o ajudou a perceber que ele não
estava sexualmente interessado em mulheres. Porque se ele não estava
interessado nela, bem...
De qualquer forma, Elena provavelmente sabia que ele era gay antes
dele. Ela sabia de tudo antes dele.
— Você precisa de um colega de quarto? — Kip perguntou,
afastando-se das janelas.
— Não, — ela disse. — Nunca
Eles se acomodaram em seu sofá para comer comida de Sichuan
(Elena não cozinhava). Kip mal deu uma mordida antes de Elena dizer
casualmente, — Então. Quem é ele?
O macarrão escorregou dos hashis de Kip, deslizando de volta para a
caixa de onde veio. — O que? Quem? O que você quer dizer?
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— Você teve uma expressão sonhadora em seu rosto a noite toda.


Em quem você está pensando?
O rosto de Kip ficou vermelho. Ele cutucou o macarrão com seus
hashis. — Ninguém.
— Christopher. — Elena gostava de usar seu nome verdadeiro
quando ele a estava deixando exausta.
— Você vai rir.
— Isso não soa como eu.
Kip sorriu para isso. — É só... Você conhece Scott Hunter?
— Eu conheço Scott Hunter? Não pessoalmente, não.
— Você já ouviu falar dele, no entanto.
— Sim.
— OK. Então ele tem passado pela loja.
— A loja de smoothies?
— Sim. Nos últimos dias. Para dar sorte, diz ele, porque jogou muito
bem depois de comer um smoothie na manhã de ontem. Então ele veio hoje
e tomou outro porque eles estão jogando novamente esta noite.
— OK.
— Ele é... ele é muito gostoso, só isso.
Os lábios de Elena tremeram um pouco, mas ela não riu. — Isso é
emocionante.
— Sim.
Eles continuaram a comer em silêncio. E Kip, que aparentemente não
conseguia ser legal sobre isso, durou um minuto antes de deixar escapar:
— Ele sabe meu nome.
Elena levantou uma sobrancelha.
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— Ele disse: 'Bom dia, Kip', quando veio hoje. — Kip tentou, mas não
conseguiu, manter o sorriso estúpido fora de seu rosto.
— Isso deve ter sido uma emoção.
— Sim, e, uh, ele disse que espera me ver novamente. Você sabe,
tipo, se o smoothie funciona, ou o que quer.
— O smoothie mágico de hóquei?
— Pare de tirar sarro de mim.
— Eu não estou! E vou te dizer o que mais: estamos assistindo aquele
jogo de hóquei hoje à noite.

***

KIP ESTAVA constrangedoramente nervoso assistindo ao jogo de


hóquei. Cada golpe que Scott dava, Kip se encolhia. A cada tiro que Scott
dava na rede, Kip prendia a respiração. Ele queria que este jogo fosse bem
para Hunter, e não havia motivo para se enganar sobre o porquê.
No final do primeiro período, o placar estava empatado em 1–1. Scott
parou a caminho do camarim para uma rápida entrevista. Ele tirou o
capacete e seu cabelo úmido se projetou em todas as direções. O coração
de Kip disparou. Scott estava encharcado de suor, ainda mais do que
quando entrou na loja depois de suas corridas. Kip podia ver o brilho disso
no pescoço de Scott, na gola vermelha de sua camisa.
Scott estava dizendo palavras sobre defesa forte e trabalho em
equipe. Sua linda boca pairou sobre o microfone, seus olhos azuis não
olhando para a câmera nem para o homem que o entrevistava. Era como
se ele mal estivesse presente nesta entrevista, já onde ele preferia estar
naquele momento.
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— Ele é definitivamente atraente —, disse Elena.


— Sim... — Kip respirou fundo.
O jogo ficou disputado pelo segundo tempo. Só no terceiro período,
quando Scott marcou dois gols e deu assistência a mais um, os Admirals
silenciaram a torcida na arena de Newark. Kip estava tonto.
— Deus, ele é incrível. Esse último gol, ele provavelmente acertou
aquele disco a cem milhas por hora, mas parecia em câmera lenta.
— Ele tem mãos talentosas, — Elena concordou, com uma
peculiaridade de seus lábios.
Ela pegou o telefone e digitou algo. — O próximo jogo é sábado à
noite em casa contra o Tampa Bay —, disse ela. — Você vai trabalhar no
sábado?
Kip gemeu. — Porra! Eu estou - eu tenho que mudar de turno! Quem
está trabalhando no sábado?
Ele pegou seu próprio telefone e mandou uma mensagem para
Maria. Você vai trabalhar no sábado?
A resposta veio um minuto depois. Sim?
Kip: Posso trocar com você?
Maria: Por quê?
Kip: Estou agendado para sexta-feira. Vamos trocar. Por favor?
Maria: Isso é sobre Scott Hunter?!
Kip se sentiu idiota, mas ainda digitou. Talvez.
Maria: Jesus, Kip.
Kip: POR FAVOR?!
Maria: Tudo bem.
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Houve uma pausa e ela acrescentou: Você estará trabalhando com


Jeff.
Eca. Jeff era o pior. Apenas muito preguiçoso e basicamente chapado
o tempo todo. Kip não conseguia nem acreditar que ele ainda trabalhava lá.
Mas valeria a pena, porque quando o jogo terminou, o placar estava
6–2 para os Admirals. O que significava que Scott viria no sábado, com
certeza.
Provavelmente com certeza.
Quase com certeza.
CAPÍTULO DOIS

KIP PODE ter se levantado mais cedo no sábado para dar mais
atenção à sua aparência.
Não havia nada que ele pudesse fazer sobre seu uniforme, mas ele
pelo menos se certificou de que seus melhores jeans estivessem limpos, e
decidiu usar os tênis novos e estilosos que comprou há algumas semanas
atrás e que não tinha dinheiro para comprar, mas não foi capaz de resistir.
Ele até se preocupou em arrumar um pouco o cabelo, apesar de saber
que tinha que colocar seu boné estúpido sobre ele. Ele passou fio dental.
Ele enfiou balas no bolso para encobrir seu eventual hálito de café.
Ele chegou à loja dez minutos antes, após um trajeto relativamente
relaxante, e não ficou surpreso ao ver que foi o primeiro a chegar. Ele
começou a trabalhar se preparando, tomando cuidado especial para se
certificar de que eles tinham os ingredientes para o smoothie de Scott's
Blue Moon Over Brooklyn prontos.
Vinte minutos depois que a loja abriu às seis, Kip ainda estava
sozinho. Novamente, não foi uma grande surpresa, já que era Jeff quem
estava escalado para trabalhar com ele, mas era irritante.
Às seis e meia o telefone tocou; Jeff estava ligando para - doente. Kip
não conseguia nem reunir energia para ficar com raiva, especialmente
porque isso poderia significar estar sozinho na loja quando Scott...
Você está muito animado com a possibilidade de uma interação de
dois minutos com um homem que não está nem um pouco interessado em
você, Kip.
RACHEL REID
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Os sábados eram sempre mais silenciosos do que os dias de semana.


A manhã avançou lentamente, com apenas alguns clientes para quebrar a
monotonia. Kip acabou pegando seu telefone e, é claro, lendo antigos
artigos sobre Scott Hunter.
Havia muitos artigos. A maioria deles tinha a mesma informação:
Scott nascera e crescera em Rochester e sempre fora o melhor jogador de
qualquer time em que jogava, desde a adolescência. Os artigos
frequentemente destacavam sua generosa devoção a instituições de
caridade, especialmente aquelas que ajudam crianças doentes, e o
descreviam como um exemplo notável dentro e fora do gelo.
A outra coisa que os artigos sempre mencionavam era que Scott
Hunter era um dos solteiros mais cobiçados de Nova York. Ele nunca tinha
sido vinculado a uma mulher por um período significativo de tempo
(interessante) e tendia a se esquivar de quaisquer perguntas sobre sua vida
privada (mais interessante).
Kip estava ocupado salvando as fotos do artigo de Scott na GQ em
seu telefone quando a porta se abriu. Ele lutou para enfiar o telefone no
bolso quando Scott Hunter entrou na loja.
Seria ridículo dizer que o rosto de Scott se iluminou quando viu Kip,
mas... realmente era o que parecia.
— Kip! — Ele disse, um sorriso encantado se espalhando por seu
rosto coberto de suor. — Eu estava preocupado que você pudesse não estar
trabalhando hoje.
— Você estava? — Kip perguntou, chocado demais para dizer algo
mais inteligente.
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— Eu só quis dizer... — E Scott Hunter parecia envergonhado? —


Gosto de manter o máximo de coisas iguais na minha rotina, e você fez os
outros dois smoothies, então...
— Deve ser algo sobre a maneira como eu os faço, — Kip disse,
bravamente tentando um sorriso sedutor.
— Deve ser.
Kip juntou os ingredientes e começou a colocá-los no liquidificador.
— Eu assisti ao jogo outra noite —, disse ele. — Esse último objetivo foi
realmente incrível.
— Obrigado. — Scott parecia realmente apreciado. — Eu me senti
bem com isso.
Ele sorriu para Kip, cuja boca ficou seca. Ele ligou o liquidificador
antes que pudesse dizer algo estúpido como, qual o gosto do seu abdômen?
— Sozinho hoje? — Scott perguntou quando Kip entregou-lhe o de
sempre.
— Sim, uh, eu deveria estar trabalhando com alguém, mas ele ligou
dizendo que estava doente. Não acho que ele esteja realmente doente. Ele
é meio inútil. — Kip se encolheu por dentro ao dizer isso. Como se Scott
Hunter se importasse com seus colegas de trabalho.
— Lamento ouvir isso —, disse Scott. — Já tive companheiros de
equipe assim.
Kip riu, porque Scott Hunter estava seriamente comparando suas
duas linhas de trabalho?
— Você, uh, você se importa se eu beber isso aqui? — Scott
perguntou, como se não houvesse mesas e cadeiras ao lado dele. — Eu só...
RACHEL REID
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tenho alguns e-mails para ler. — Ele puxou o telefone do bolso e agitou-o
no ar.
— Claro, sim —, disse Kip, incapaz de acreditar em sua sorte. Scott
estava sentado em uma das pequenas mesas de bistrô, de costas para a
porta (e seu rosto para Kip). Kip se esforçou ao máximo para não ficar
apenas olhando para ele enquanto Scott folheava os e-mails em seu
telefone, ocasionalmente tomando um gole de seu smoothie azul. Ele
estava bebendo muito devagar, ao que parecia.
Depois de quinze minutos, Kip deixou seu posto atrás do balcão e
começou a limpar as mesas que nem precisavam ser limpas.
Quando ele estava na mesa ao lado da de Scott, ele se arriscou e
quebrou o silêncio. — Tem certeza de que isso não vai atrapalhar seu jogo?
Quebrando a rotina assim?
— O que? Ah não. Eu não tenho que fazer tudo igual. Quer dizer, eu
não tenho que ser obsessivo.
— Claro —, disse Kip, com um pequeno sorriso malicioso.
Scott sorriu e até riu. — Eu provavelmente pareço estranho, não é?
Agir como se este smoothie fosse uma poção mágica ou algo assim.
Kip encolheu os ombros. — Eu li sobre atletas. Vocês são todos
malucos, certo? Colocando seus uniformes de uma certa maneira, não
trocando suas meias, não fazendo a barba...
Scott apontou um dedo acusador para ele. — Ei, apenas nos playoffs,
e essa é uma tradição consagrada pelo tempo!
— Totalmente normal, então
Kip não conseguia acreditar no que estava prestes a fazer, mas
precisava testar as águas. Só um pouco.
GAME CHANGERS #1
26

— Não estou dizendo que me importo —, disse ele, o mais


casualmente que conseguiu. — Vocês sempre parecem tão robustos
quando içam a xícara. Como um bando de lenhadores gostosos.
Lá. Então isso estava lá fora.
Scott olhou para ele, e Kip poderia jurar que o fantasma de um sorriso
passou por seus lábios.
Mas então Scott se levantou abruptamente e o sorriso sumiu. —
Bem, eu devo ir.
Kip queria morrer. Ele tinha acabado de flertar com a porra do Scott
Hunter e agora Scott iria embora para sempre porque que diabos, Grady?
— Obrigado de novo, Kip —, disse Scott. Ele foi mais gentil do que Kip
merecia.
Mas, quando ele chegou à porta, Scott parou e se virou. — Você
gostaria de ir ao jogo hoje à noite?
— O que?
— Ninguém está usando meus ingressos. Eu poderia dar a vocês dois,
então você pode levar... alguém... se quiser.
— Você está falando sério?
— Por que eu não estaria?
Kip ficou boquiaberto com a celebridade incrivelmente linda que
enchia a porta da loja, que estava lhe oferecendo um presente sem motivo.
— Se você tem certeza, eu adoraria ir!
— Eu estou certo, e estou feliz em ouvir isso. Basta dar seu nome a
eles quando chegar.
— OK. Vejo você hoje à noite, então, — Kip disse, como um idiota.
Scott apenas sorriu e saiu.
RACHEL REID
27

***

KIP NÃO deveria ter ficado surpreso com o fato de os assentos


pessoais de Scott Hunter serem fenomenais. Seis fileiras do gelo, na linha
azul de frente para o banco da casa. Simplesmente irreal.
— Merda —, disse Elena. — Eu sei que a Equinox tem uma caixa aqui,
mas esses assentos são muito melhores.
— Não acredito que estamos aqui. Não acredito que estamos usando
os ingressos de Scott Hunter!
— É um encontro estranho, no entanto. Você está aqui com uma
mulher e ele está trabalhando.
— Não é um encontro.
— Tenho certeza de que ele dá ingressos para todos os balconistas
da loja de smoothies.
Kip vinha tentando não pensar muito sobre por que Scott lhe dera os
ingressos. — Ele está apenas me agradecendo porque acha que sou de
alguma forma responsável por sua sequência de sorte. Como eu disse, ele
é louco.
— Louco sobre você, talvez.
— Não seja burra.
— Kip —, disse ela, colocando a cerveja no porta-copos. — Você não
sabe como você olha, certo?
— O que você quer...?
— Você é gostoso, Grady. Extremamente quente.
— Estou bem.
— Não, me escute. Você é ridiculamente bonito. Você acha que estou
feliz por você ser gay? Eu não estou.
GAME CHANGERS #1
28

Kip revirou os olhos. — Até parece. E, além disso... — ele baixou a voz
para um sussurro, inclinando-se — ...não sabemos se Hunter está... no meu
time.
— Não está?
— Não! Quer dizer... eu recebo dicas de que talvez...
— Tipo, como estamos sentados em seus lugares pessoais porque ele
pessoalmente deu a você seus ingressos pessoais quando o visitou no
trabalho pela terceira vez esta semana?
Kip estava corando agora. — Ele é supersticioso —, murmurou, — só
isso.
Os jogadores saíram no gelo para se aquecer. Kip observou todos eles
patinarem, descerem no gelo para se alongar e se revezarem para chutar
para os goleiros com facilidade. Ele tentou, mas não conseguiu, não prestar
muita atenção extra ao 21, Scott Hunter. O homem estava fazendo um
alongamento profundo do tendão da coxa que mostrava como ele era
flexível. Kip imaginou como seria aquela posição sem as calças de hóquei
pesadamente acolchoadas.
Seu cérebro subsexuado o levou em uma jornada maravilhosa por
alguns minutos, e ele estava tão distraído que quase não percebeu quando
Hunter patinou pelo vidro na frente deles - parecendo que havia patinado
direto de um pôster promocional em seu uniforme vermelho, branco e azul
- e acenou com a cabeça para ele.
Não. Não para mim. Deve ser alguém sentado atrás de mim.
Kip virou a cabeça. Não havia ninguém sentado atrás dele ainda.
Ninguém na frente dele também.
Huh.
RACHEL REID
29

Terminou o aquecimento, os Zambonis saíram para limpar o gelo, e


então começou o espetáculo que era o pré-game show. As luzes se
apagaram e vídeos dos Admirals em ação foram projetados no gelo
enquanto o rock tocava. Havia gelo seco e pirotecnia e, quando os
jogadores saíram em disparada, o local atingiu um pico febril.
Kip ficou impressionado com duas coisas: Scott Hunter era uma
grande estrela. Tipo, muito grande. Um atleta superstar gigantesco e esta
cidade o amava. Parecia que metade das pessoas na multidão estava
vestindo sua camisa. E quando o nome de Scott foi anunciado como o
centro inicial do jogo, a multidão foi ensurdecedora. Ele não era apenas um
cara que gostava de smoothies de mirtilo e era bom com os balconistas que
os faziam. Esse cara era Nova York.
E Kip estava aqui como seu convidado.
Puta merda.
A outra coisa que o impressionou foi que Scott comandava muito
respeito de seus companheiros de equipe. Kip podia ver como os jogadores
mais jovens brilhavam quando ele batia no ombro e os elogiava por uma
boa jogada. Até os árbitros pareciam gostar dele, dando-lhe pequenos
toques no cotovelo depois de lhe explicarem uma decisão de pênalti.
O jogo foi incrível. Scott foi incrível. Ele não apenas marcou um gol a
cada período e ajudou em outro, ele também fez a multidão gritar quando
ele empatou um ala do Tampa perto do centro do gelo com uma grande
verificação de quadril. Kip ficou mais impressionado quando Scott
interrompeu uma luta antes de acontecer, acalmando seu companheiro de
equipe com um aperto firme em seu braço e palavras que Kip gostaria de
ter ouvido.
GAME CHANGERS #1
30

Era inegavelmente sexy ver Scott exibindo tanta habilidade e


autoridade durante o jogo. Ele era espetacular.
— Isso foi ótimo pra caralho! — Kip disse, alto demais, enquanto eles
se dirigiam ao metrô após o jogo. — Eu quero ir para outro! Eu quero ir para
todos eles!
— Bem, você terá que esperar, superfã, — Elena disse. — Os Admirals
caem na estrada nas próximas duas semanas.
Kip não deveria ter se sentido tão arrasado quanto se sentiu com a
notícia. De repente, a ideia de trabalhar um turno inteiro sem ver Scott
parecia insuportável.
Quando ele estava em casa na cama naquela noite, ele não pôde
deixar de se perguntar se Scott estava infeliz por ir para a estrada, longe de
sua rotina segura.
Ele estava sendo estúpido. Scott era um jogador profissional de
hóquei que não perderia seus smoothies idiotas na estrada. Kip suspirou e
se resignou a pelo menos duas semanas de turnos livres de Scott Hunter no
trabalho.
CAPÍTULO TRÊS

SCOTT OBSERVOU a ilha de Manhattan desaparecer enquanto o


avião avançava pelas nuvens espessas que cobriam a cidade há dias.
Ele se sentiu mal, mas não sabia por quê. Não tinha nada a ver com
seu jogo porque ele estava jogando melhor do que durante toda a
temporada. A equipe estava em uma sequência de vitórias e estava livre de
qualquer lesão grave. Além disso, o avião particular da equipe os estava
levando para Phoenix, o que lhes daria uma boa pausa do frio intenso de
janeiro em Nova York.
Seu agente estava feliz de novo, pelo menos. Algumas semanas atrás,
Scott havia recebido uma ligação em pânico de Todd Wheeler, o homem
que o representava desde seus dias de hóquei na faculdade.
— Estamos com sérios problemas aqui —, disse Todd. — Os
patrocinadores não gostam do que veem de você. Gillette está dizendo que
eles não vão renovar no próximo ano. Até Under Armour está ficando
nervoso. Porra de Under Armor, Scott! Não podemos perdê-los!
Se a conversa deveria ter motivado Scott, não funcionou. Não era
como se ele não soubesse que estava jogando terrivelmente, ou que estava
feliz com isso.
— Acredite em mim, Todd —, disse Scott. — Ninguém está mais
decepcionado comigo do que eu.
Mas ontem Scott recebeu um telefonema muito diferente.
— O que quer que você tenha feito para ter seu jogo de volta,
continue fazendo! — Um Todd que soava aliviado havia dito.
GAME CHANGERS #1
32

Exceto que Scott não podia continuar fazendo isso. Ele ficaria na
estrada por duas semanas, principalmente jogando contra times da
Conferência Oeste. O Admirals tinha sete jogos agendados, terminando
com um em Toronto, antes de voar para casa. Scott nunca se importou em
estar na estrada. Ele gostava de seus companheiros de equipe e não era um
piloto nervoso como alguns deles. Ele também, ao contrário da maioria da
equipe, não tinha mulher e filhos que tivesse que deixar para trás.
Mas, pela primeira vez em sua carreira, Scott sentiu - absurdamente
- como se estivesse deixando alguém para trás.
O companheiro de assento de Scott e um de seus capitães
assistentes, Carter Vaughan, estavam particularmente entusiasmados com
sua parada em Los Angeles. Ele estava saindo com Gloria Gray, uma atriz de
televisão muito famosa e extremamente atraente, há alguns meses. —
Nada sério, — Carter insistiu na última vez que Scott perguntou a ele sobre
ela. — Apenas duas pessoas lindas e descontraídas curtindo a companhia
uma da outra sempre que estamos na mesma cidade.
Scott achou que poderia ser mais do que isso, mas não disse nada.
Ele era a última pessoa que deveria ser intrometida sobre a vida amorosa
de outras pessoas.
Carter já estava com os fones de ouvido. Como não havia nada para
olhar do lado de fora da janela, Scott puxou seu livro. Era um romance de
espionagem idiota, mas era algo com que passar o tempo.
Scott tentou ler, mas sua mente continuava vagando. Ele sempre
evocava a imagem de um charmoso balconista de uma loja de smoothies
com olhos castanhos estonteantes e o sorriso mais fofo...
Ele virou a cabeça para que Carter não notasse seu sorriso bobo.
RACHEL REID
33

Ele tinha vindo para o jogo na noite passada. Kip. Scott acenou para
ele, mas Kip não fez nada em troca. Talvez ele não tivesse visto. Talvez ele
tenha pensado que Scott era estranho.
De qualquer forma, Scott ficou absurdamente feliz em vê-lo sentado
naquela arena. Mais feliz ainda ao ver que ele tinha trazido uma amiga com
ele, porque Kip tinha deixado implícito que ele era atraído por homens. Pelo
menos, Scott tinha certeza de que foi isso o que aconteceu. Ele não tinha a
menor ideia de como flertar.
Ele franziu a testa. Kip poderia ser bissexual. Talvez aquela mulher
com quem ele estivesse fosse sua namorada. Ela certamente parecia bonita
o suficiente.
Scott não era bissexual. O que o mundo não sabia é que ele também
não era hétero. Ele sabia que era gay há muito tempo. Desde que ele jogava
no júnior, na verdade. Ele teve uma queda terrível por um companheiro de
equipe, então, um que ele tinha certeza não era correspondido. Mesmo se
tivesse sido, ele sabia que Jacob nunca agiria sobre isso. Nunca iria admitir
isso. Fazer um movimento sobre ele só teria deixado Scott com um olho
roxo, ou pior. Poderia ter custado a carreira de Scott se a notícia tivesse se
espalhado. Porque os jogadores de hóquei não eram gays. Nenhum jogador
da NHL jamais foi gay.
Scott sabia, agora que estava mais velho e mais sábio, que não havia
como isso ser verdade. Mas isso não mudou o fato de que ninguém na liga
jamais foi abertamente gay, ou mesmo abertamente bissexual. Os
jogadores da NHL se casaram jovens, tiveram um monte de filhos e levaram
a família para a casa de campo no verão. Os jogadores da NHL jogavam
golfe, bebiam, jogavam pôquer, comiam bife, iam a clubes de strip e
GAME CHANGERS #1
34

dormiam com coelhinhos de disco e usavam palavras como bicha e queer


liberalmente.
Então Scott manteve sua vida amorosa para si mesmo. Ou a falta
dela.
Já era difícil ser discreto quando você era apenas uma pessoa
comum. Era infinitamente mais difícil quando você era um atleta superstar.
Scott não podia ficar online e ficar com homens aleatórios; ele sempre teria
medo de que um deles falasse com a imprensa. Ele sentia o mesmo em
relação às trabalhadoras do sexo. Ele evitava bares e clubes gays, não que
ele necessariamente gostasse desse tipo de coisa. Ele era um dançarino
terrível.
A maioria de seus encontros sexuais aconteciam durante os verões.
Ele iria embora para lugares exóticos onde as pessoas não sabiam
absolutamente nada sobre hóquei. Itália, Espanha, Brasil, Grécia. Lugares
onde ele era apenas um dos muitos homens jovens e saudáveis que
procuravam por uma coisa.
O verão tinha sido muito tempo atrás.
O que Scott não fazia, o que ele nunca, nunca, fez foi flertar com
balconistas de loja em Manhattan. Porque isso seria estúpido e descuidado
e não valeria a pena correr o risco. Ele certamente nunca daria a eles uma
pista de que estava interessado em homens. Scott tinha ficado bom em
esconder esse fato; ele tinha anos de prática, afinal.
Mas havia algo sobre Kip.
Scott não sabia nem dizer o que. Obviamente ele era bonito (ele é
lindo pra caralho, Scott, vamos lá), com aquelas covinhas e aqueles olhos.
No jogo da noite anterior, Scott finalmente teve um vislumbre de Kip
RACHEL REID
35

quando ele não estava usando um boné e avental. Ele gostaria de dar uma
olhada mais de perto algum dia.
Jesus.
Então, sim, ele era atraente. Muitos homens em Nova York eram
atraentes. Inferno, muitos homens da equipe de Scott eram atraentes.
Então essa não era toda a razão pela qual Scott não conseguia parar de
pensar nele.
Havia apenas algo sobre ele. Scott queria falar com ele por horas e
descobrir tudo sobre ele. Mostrar tudo a ele. Dar tudo a ele.
Seu motivo para voltar à loja nos dias de jogo não era um ardil. Ele
sentia sinceramente que era importante seguir as rotinas quando o jogo
estava indo bem. Ele estava jogando o pior hóquei de sua carreira antes de
entrar naquela loja e Kip servir aquele smoothie, e ele estava em chamas
desde então.
Em mais de uma maneira, para ser honesto.

— EI ESTRANHO.
— EI, PAI, — Kip disse enquanto ia até o armário para pegar a caixa
de cereal. Era o dia de folga de Kip, o que significava uma rara manhã em
casa.
— Eu nunca perguntei como foi o jogo na outra noite —, disse seu
pai.
— Foi incrível. — Kip sorriu para si mesmo ao dizer isso. — Mesmo.
Papai tomou um gole de café e olhou para Kip de onde ele estava
sentado à pequena mesa da cozinha. — Foi muito gentil da parte de Scott
Hunter lhe dar esses ingressos.
GAME CHANGERS #1
36

— Foi.
— Não acho que haja uma pessoa no Brooklyn que sua mãe não
tenha contado sobre isso.
— Deus, não é grande coisa.
— Não temos muita emoção em nossas vidas. — Papai sorriu.
Kip se juntou ao pai na mesma mesa redonda em que tomava o café
da manhã toda a sua vida.
Ele amava seus pais. Ele amava esta casa, mas também queria
desesperadamente sair por conta própria.
— Como está Elena? — Papai perguntou.
— Excelente. Você sabe, completamente impressionante em todos
os sentidos.
— Não há vagas de emprego para você na Equinox Tech?
— O que diabos eu faria na Equinox? Sou apenas um nerd de história
como meu velho.
— Bem, e os Admirals de Nova York? Eles estão contratando?
— Sim, historiador da equipe.
Seu pai riu e recostou-se na cadeira. — Então, essa coisa com Scott
Hunter...
— Não há nada com Scott Hunter.
— Tudo bem... — seu pai disse naquele tom cantante de Bem, não é
da minha conta.
— Sério, ele só... acha que os smoothies idiotas que eu faço dão sorte
ou algo assim. Nada a ver comigo.
— Sua mãe ficará muito desapontada em ouvir isso.
Kip revirou os olhos, mas sorriu.
RACHEL REID
37

— Acho que Megan estará aqui para jantar esta noite —, disse seu
pai. — Andrew também.
— Oh. Legal. — Megan era a irmã mais velha de Kip e Andrew era seu
namorado. Os dois viveram juntos em Williamsburg.
Sempre que Megan voltava para casa para qualquer ocasião, isso
apenas lembrava Kip de que ela tinha que voltar para casa. Ela era quase
quatro anos mais velha que Kip, mas ainda...
— Você está pensando em estar aqui esta noite? — Seu pai
perguntou.
— Claro —, disse Kip, forçando outro sorriso. — Onde mais eu
estaria?

SCOTT CAIU CONTRA A parede da sala de vapor, exausto e frustrado.


Eles deveriam ter ganhado este.
Eles haviam jogado com seu goleiro reserva, um garoto da Suécia
chamado Tommy Andersson, e não tinha ido bem. Mas Andersson não
tinha culpa. Ninguém o ajudou.
Scott passou as mãos pelo rosto escorregadio de suor e pelos cabelos
úmidos.
Scott nem tinha aparecido esta noite. Fora um esforço terrível de
toda a equipe e deveria ter sido uma vitória fácil.
O treinador Murdock já os fazia sentir vergonha de si mesmos. Ele
entrou na sala, balançou a cabeça e saiu - pior do que gritarem.
Ninguém entrou na sauna para incomodar Scott. Eles sabiam melhor.
Ele suspirou e se levantou, apertando a toalha em volta da cintura.
Ele precisava de um banho. E algo para beber.
GAME CHANGERS #1
38

Ele caminhou até a sala de estar, ainda de toalha, e pegou uma


garrafa de água na geladeira. Ele engoliu de uma vez, então se virou para
ver Greg Huff sentado no balcão atrás dele.
— Então foi um show de merda —, disse Huff.
— Você não está brincando —, disse Scott. — Eu nem sei o que dizer.
— Quer dizer, eu não sou o capitão, mas talvez tipo, 'Ei, idiotas. Pare
de jogar esse hóquei de merda' ou alguma coisa assim.
Scott sorriu um pouco. — Isso era mais ou menos o que eu estava
pensando.
— Pobre Andersson, cara. Eu sinto muito por aquele garoto.
— Sim... — Scott disse, olhando na direção do camarim. — Como ele
está?
— Maravilhoso. Como você acha que ele está?
— Eu vou falar com ele. Você está fora do gancho. Conseguimos
nosso único objetivo esta noite. Muito bom também.
Huff deu-lhe uma saudação preguiçosa. — Eu sou bom para o quê.
Era verdade. Greg Huff era um dos melhores atiradores de elite do
jogo. Ele tinha uma pontaria incrível e foi um astro da NHL por oito
temporadas consecutivas por causa disso.
Scott pegou um Gatorade na geladeira. Huff estendeu as mãos em
uma posição de travamento, então Scott jogou uma para ele também.
— Vou tomar um banho —, disse Scott. — Mas diga a Andersson para
ficar por aqui, certo?
— Vou fazer.
Se Scott pudesse ter uma equipe inteira de Greg Huffs, ele ficaria
emocionado. Greg era um cara realmente confiável e firme, e uma
RACHEL REID
39

tremenda presença de equipe dentro e fora do gelo. Não é o jogador mais


chamativo e nem de longe o maior cara, mas um grande contribuidor para
o time.
Scott foi para o chuveiro. Alguns outros caras estavam lá. A maior
parte da equipe já havia tomado banho e se preparava para voltar ao hotel
San Jose.
Um dos caras no chuveiro era Frank Zullo. Ele era o único jogador do
time de que Scott simplesmente não gostava. Ele foi um grande defensor,
sem dúvida, grande e duro e um lutador brutal quando necessário. Mas ele
também era um valentão e um pouco esquisito, na verdade. Havia muitos
caras como Zullo na NHL.
Scott deixou a água um pouco mais quente, deixando que ela levasse
embora aquele jogo terrível. Amanhã de manhã eles voaram para Chicago.
Eles tiveram uma noite de folga e um jogo na tarde seguinte. Em seguida,
um curto voo noturno para Toronto para um jogo na noite seguinte e, em
seguida, para casa em Nova York.
Ele saiu dos chuveiros e foi para os armários. Ele vestiu um short e
uma camiseta e foi procurar Andersson no camarim. O jovem goleiro estava
arrumando seu equipamento, parecendo miserável.
— Ei —, disse Scott, sentando-se no banco ao lado da enorme bolsa
de equipamentos de goleiro de Andersson, — sinto muito por não ter
ajudado você lá esta noite.
Andersson soltou uma risada zangada. — Eu estraguei tudo —, disse
ele em seu inglês com forte sotaque.
— Todos nós fizemos.
— Eu parecia uma porra de um idiota lá fora.
GAME CHANGERS #1
40

— Murdock fez a ligação certa, colocando você na linha —, disse


Scott. — Eu não te culpo nem um pouco. Eu culpo o resto de nós. É apenas
psicológico. Colocar o goleiro reserva nos deixa arrogantes, eu acho. Como
o treinador acha que este jogo deve ser uma caminhada, então todos nós
acreditamos nisso, e então...
— Então eu pareço um idiota de merda.
Scott inclinou a cabeça em reconhecimento. — Todos nós vamos
repetir nossos erros esta noite quando estivermos em nossas camas.
Ninguém nesta equipe está orgulhoso de si mesmo esta noite. Mas
ninguém te culpa também. Eu preciso que você saiba disso.
O jovem goleiro deu-lhe um sorriso relutante. — Obrigado —, disse
ele. Ele enfiou o resto de seu equipamento em sua bolsa e se levantou. —
Vou para o hotel. Repetir alguns desses erros. E então vou esquecer tudo
sobre isso e me preparar para o próximo jogo.
— Bom homem. Você está morando com Burke, certo? — Scott
perguntou, apenas para iniciar uma conversa enquanto eles saíam da sala.
— Sim.
— Cara, eu sinto muito. Boa sorte.
Tommy riu. — Sim, obrigado. Eu finjo que não consigo entendê-lo
quando preciso que ele pare de falar.
Scott riu também. O inglês de Tommy era excelente.
— Vou juntar minhas coisas —, disse Scott. — Vejo você amanhã,
Tommy.
— Boa noite.
RACHEL REID
41

KIP EXAMINOU O PUB lotado até que avistou Shawn sentado sozinho
em uma pequena mesa. Shawn sorriu para ele do outro lado da sala.
— Ei, cara —, disse Shawn, levantando-se e abraçando Kip quando
ele alcançou a mesa. — Que bom que você conseguiu decifrar.
— Tenho estado muito perto de pessoas heterossexuais ultimamente
—, brincou Kip, soltando Shawn e se acomodando na cadeira de madeira
do outro lado da mesa. Era o mesmo pub que eles frequentavam há anos -
o Kingfisher. Tinha a mesma sensação gasta e aconchegante de qualquer
pub em estilo inglês com décadas de idade, com madeira escura, iluminação
fraca e placas de cerveja nas paredes. Uma televisão no fundo da sala exibia
esportes locais. À primeira vista, não parecia um bar gay, ou pelo menos
não o que a maioria das pessoas heterossexuais provavelmente imaginava
que fosse um bar gay. Mas os homens se sentaram um pouco mais perto e
os bartenders eram, na opinião de Kip, um pouco mais gostosos. Ele amava
este lugar.
— Temos um servidor fofo —, disse Shawn. — Você vai gostar dele.
— Ah, eu não posso competir com você.
Shawn balançou a cabeça e ergueu seu copo de cerveja. — Corte
muito limpo para mim. Ele é todo seu.
Shawn era um cara complicado. Ele era bonito, todo de pele escura e
olhos suaves e um sorriso caloroso. Ele também se vestia de forma
impecável, sempre parecendo um modelo de catálogo da J.Crew.
Ele e Kip brincaram um pouco na faculdade. Nada muito sério, mas
os dois estavam ansiosos para experimentar. Shawn tinha uma queda por
meninos maus, no entanto. Apesar de sua aparência retraída, ele sempre
foi atraído por homens com tatuagens e um ar de perigo sobre eles. Kip era
GAME CHANGERS #1
42

apenas um nerd ávido por agradar que não conseguia descobrir sua própria
vida.
O servidor deles parou na mesa, e Shawn não estava brincando.
Magro, compleição atlética e cabelo loiro caindo em seu rosto - o cara era
exatamente o tipo de Kip.
Kip deu-lhe um sorriso sedutor enquanto fazia o pedido, porque ele
não se conteve. Ele recebeu um em troca, e o homem se apresentou como
Kyle.
Shawn riu depois que Kyle saiu. — Sempre tão bom pra caralho.
— Como se —, disse Kip. — Eu sou uma bagunça na maioria das
vezes.
— Nah, você é todo charme. Aquele menino já está pensando em
avisar você quando seu turno terminar.
Kip olhou por cima do ombro em direção ao bar onde Kyle estava
esperando, provavelmente pela cerveja de Kip. — Nós vamos...
— Mas primeiro, temos algo sobre o que conversar —, disse Shawn.
— O que é?
— Estive pensando em quando saímos com Jimmy e Chuck na
semana passada.
— Oh? — Kip realmente gostaria dessa cerveja.
— Em primeiro lugar, acho que talvez tenhamos tramado você
quando éramos...
— Me perguntando o que diabos eu estava fazendo da minha vida?
— Incentivando você a perseguir seus sonhos.
— Certo.
RACHEL REID
43

Kyle, o anjo maravilhoso, veio até a mesa com a cerveja vermelha


local de Kip. Ao se inclinar para colocar o copo na mesa, ele aproveitou a
oportunidade para colocar a mão no ombro de Kip. Kip sentiu as pontas de
seus dedos roçando sua nuca. — Deixe-me saber se você precisar de mais
alguma coisa, — Kyle disse, o duplo significado que ninguém perdeu.
— Olha, — Kip disse a Shawn, depois de desfrutar de um sorriso de
despedida de Kyle, — Eu sei que vocês apenas...
— Tenho uma proposta para você —, interrompeu Shawn.
Kip ergueu uma sobrancelha. — Essas nunca terminaram
particularmente bem antes.
— Uma proposta de negócio. E eu me lembro de algumas daquelas
vezes anteriores que não foram ruins.
Kip sorriu para sua cerveja. — Eu também.
— Eu proponho —, disse Shawn, — que você se candidate a um
emprego melhor.
Kip lutou contra a vontade de revirar os olhos. — Como onde?
— Eu tenho um amigo...
— Um amigo, hein?
— Ele trabalha no Museu da Cidade de Nova York.
OK. Kip estava ouvindo agora.
— Ele me disse que eles estão prestes a anunciar uma vaga para um
educador assistente. Você sabe - alguém que ajuda a organizar viagens
escolares e outras coisas. Ensinar às crianças tudo sobre nossa grande
cidade.
Kip afundou na cadeira. — Não estou qualificado para isso.
GAME CHANGERS #1
44

Shawn olhou para ele incisivamente. — Eu preciso usar minha voz de


Elena?
— Não, — Kip resmungou.
— Você vai se candidatar a este trabalho, Kip Grady. E você vai
deslumbrá-los com seu charme, e seu amor pela história, e o fato de que
você viveu aqui toda a sua vida.
— Eu nem vou conseguir uma entrevista!
— Estou ligando para Elena.
— Ela não vai responder. Ela odeia telefonemas.
— Candidate-se ao emprego, Kip.
Kip suspirou. Por que não, certo? — OK. Eu vou me candidatar.
Obrigado por me avisar.
— Não mencione isso, idiota. Agora... —, Shawn recostou-se e fingiu
olhar ao redor do bar —, ...você vai ver se nosso amigo Kyle quer
comemorar sua nova carreira glamorosa.
Desta vez Kip revirou os olhos. — Eu não estou comemorando merda
nenhuma. E... — Ele parou porque não tinha certeza do que queria dizer.
Estou esperando por outra pessoa agora. Você provavelmente o conhece -
ele é o capitão do New York Admirals. Você deve lembrar dele da revista
People5 da sessão “50 Most Beautiful6”? Sim, tenho uma queda por ele. Ele
é quase definitivamente heterossexual. Dedos cruzados!
Em vez disso, ele apenas disse: — Acho que vou voltar para casa mais
cedo esta noite. Mas vamos ver se não conseguimos encontrar alguém para
você.

5
People é uma revista semanal estadunidense de celebridades e de histórias de interesse humano,
publicada pela Time Inc.. Com um público de 46,6 milhões de adultos, a revista tem a maior audiência do
que qualquer outra revista do país.
6
50 Pessoas mais Bonitas.
RACHEL REID
45

— NÃO ESTAVA COBRANDO, PORRA! Foi um sucesso de merda! É


hóquei, sua mãe cega...
— É o bastante. — Scott agarrou Zullo com firmeza pelos dois braços
e puxou-o para longe do árbitro.
Zullo virou a cabeça e continuou gritando. — O quê, eu não posso
tocar em ninguém agora? Este não é mais um esporte de contato? Abra a
porra dos seus olhos, você...
— Eu vou falar com ele. Vá para a caixa, Zullo.
Zullo balançou a cabeça. Carter patinou para ajudar a escoltá-lo até a
área de penalidade. Se Zullo continuasse gritando, ele acabaria cometendo
uma má conduta no jogo.
Scott voltou ao árbitro. — Carregando, Hal? Mesmo?
— Você está me dizendo que eu não sei fazer meu trabalho, Hunter?
Eu sei o que vi. — Hal Coleman - um dos árbitros favoritos de Scott - só
chegava ao peito de Scott, mas ele era duro como pregos sob seu
comportamento calmo. Inteligente também.
— Bem —, disse Scott, olhando para a área de penalidade que agora
estava ocupada por um furioso Frank Zullo, — não vai machucá-lo se
refrescar um pouco lá de qualquer maneira.
— Ele é um verdadeiro amor —, Hal concordou.
Scott olhou através do gelo para o banco de Chicago. — Becker está
bem?
— Eu vou dar uma olhada nele. Parece que ainda está vivo. — Hal
olhou incisivamente para Scott. — Diga ao seu filho se eu vir aquela merda
de novo, ele está fora do jogo.
GAME CHANGERS #1
46

— Anotado.
Hal saiu para ir para o banco de Chicago, e Scott foi para a caixa de
pênaltis.
— Não consegui mudar sua ideia —, disse ele. — Basta pegar dois
para se acalmar e então terminaremos de decepcionar a torcida da casa.
— Não estava carregando. De jeito nenhum isso foi cobrar, — Zullo
cuspiu.
— Exceto a parte em que você o carregou.
— Jesus fodido Cristo, Hunter. Você está falando sério? Você joga
pelo Chicago agora? Becker deu um mergulho!
Scott já estava patinando de volta ao banco. — Tome dois, Frank —,
ele chamou por cima do ombro.
Carter o alcançou. — Quanto posso deslizar Hal para suspender Zullo
por alguns jogos?
— Vamos lá —, disse Scott secamente, — Zullo é perfeitamente capaz
de ser suspenso sem a sua ajuda.
— Fodido psicopata, — Carter murmurou. — Ainda estamos fazendo
Chicago Cut depois do jogo, certo? Eu preciso desses bifes.
— Sim, sim.
Hal soprou o apito para o confronto. Scott desceu até o círculo na
ponta do gelo para pegá-lo e lançou algumas palavras de incentivo ao
goleiro enquanto ele patinava pela rede.
— Bom jogo, Benny!
— Não diga uma palavra maldita. Você me azara e eu vou atrás de
você.
RACHEL REID
47

Scott deu uma risadinha. Eric Bennett era tão educado quanto eles
saiam do gelo, mas uma vez que ele estava no vinco, ele era o competidor
mais feroz que Scott jamais conhecera.
Scott se abaixou no círculo e colocou seu taco no gelo. Ele olhou para
cima para encontrar os olhos de seu oponente, uma estrela de Chicago
chamada Clarke.
— Se Zullo tentar essa merda de novo —, Clarke rosnou, — Vou
mandar Harvey atrás dele.
— Cara, vá em frente. Não sei por que você faria isso com Harvey, no
entanto. — Scott sorriu.
— Zullo é um pedaço de merda.
— Agora. Agora. Se você não pode dizer algo bom...
Assim que Scott venceu o confronto, ele correu para a zona do time
adversário e recebeu um passe rápido de Carter. Ele lançou o disco na rede
e o viu passar por cima do ombro do goleiro para um gol de shorthanded.
Era tão bom ter seu jogo de volta.
CAPÍTULO QUATRO

KIP TINHA mais de um emprego.


Além de trabalhar na Straw + Berry, ele estava na lista de contatos de
uma empresa que contratava servidores para eventos, como arrecadação
de fundos e cerimônias. Um amigo o colocou na lista, e Kip trabalhou em
algumas dezenas de eventos no último ano e meio.
Ele recebeu um telefonema para saber se estava disponível para a
arrecadação de fundos para um dos hospitais infantis na noite de quarta-
feira, um coquetel de gala com alguns palestrantes no Chelsea Piers.
Kip estava disponível e realmente precisava do dinheiro. Então, na
quarta-feira, ele deixou a Straw + Berry às duas horas com sua mochila
contendo seu avental amassado e boné, e também seus sapatos de couro
preto, sua calça social preta e alguns produtos de higiene básicos para que
ele pudesse se refrescar antes o evento de alta classe.
Ele desceu do trem em Chelsea com algumas horas para matar. O
clima miserável de fevereiro o levou ao Starbucks mais próximo, onde ele
levou seu Americano para uma mesa para sentar e pensar sobre um certo
superastro da NHL.
Ele esperava que a seca de duas semanas em Scott Hunter fosse o
suficiente para acabar com essa paixão ridícula. Era improvável que ele
visse Scott regularmente, ou absolutamente, por muito mais tempo. Um
péssimo jogo em casa e estaria acabado. Ou talvez Scott já tivesse
encontrado um novo amuleto de boa sorte.
De qualquer forma, a seca não acabou com o esmagamento.
RACHEL REID
49

Ele tinha folga amanhã em seu outro trabalho, mas estaria


trabalhando na sexta-feira. Esperançosamente Scott iria aparecer, apenas
porque Kip queria agradecê-lo pelos ingressos.
Quando Kip estava realmente entediado, como agora em sua
mesinha em um Starbucks em Chelsea, ele se permitia fantasiar um pouco
sobre como seria namorar Scott Hunter. Por um lado, apenas ter acesso a
esse corpo... Como seriam todos aqueles músculos sob suas mãos? Como
seria ter todo o peso de Scott cobrindo-o, pressionando-o contra um
colchão? Ou contra uma parede...
Ele se perguntou como seria beijá-lo. Se os lábios carnudos e rosados
de Scott fossem tão macios quanto pareciam. Ele se perguntou qual era o
gosto dele. Como seria passar a língua por aqueles dentes perfeitos.
E como seria namorar alguém tão famoso quanto Scott? Tão rico
quanto Scott. Kip não conseguia imaginar como seria ter tanto dinheiro.
Mesmo uma fração desse dinheiro. Inferno, no momento Kip não conseguia
imaginar como seria poder comprar o sanduíche Starbucks que ele meio
que queria pedir com seu café.
Ele se permitiu sonhar acordado sobre ir aos jogos como namorado
de Scott. Sentado em seu assento habitual, explodindo de orgulho quando
Scott fez algo incrível. Eles iriam comemorar a grande vitória de Scott em
casa naquela noite. Juntos.
Talvez ele cumprimentasse Scott na porta quando ele voltasse de
uma longa viagem. Scott ficaria tão feliz em vê-lo...
Kip estava ficando um pouco quente e incomodado neste café muito
público.
GAME CHANGERS #1
50

Ele suspirou e tomou um gole de café que estava quente demais. A


dor o trouxe de volta à terra. Se você colocar metade da energia para
encontrar um namorado real e realista do que para fantasiar sobre um
milionário superstar que provavelmente nem está interessado em homens,
quanto mais em você...
Kip não entrava em ação há... um mês? Não, dois meses?
Deus, quase três meses.
Na verdade, foi sua própria culpa. Ele não tinha saído muito. Ele
costumava fazer isso, o tempo todo. Ele nunca esteve em um
relacionamento que ele chamaria de sério, mas ele adorava o desafio de
pegar caras em bares ou academias ou mesmo em supermercados. Ele era
naturalmente paquerador, ou pelo menos costumava ser. Algo sobre ter 25
anos, morar com os pais e trabalhar em uma loja de smoothies sem nada
promissor no horizonte havia matado sua arrogância.
Ele tomou outro gole de café que ainda estava muito quente - como?
Pode haver um cara bonito trabalhando com ele esta noite. Talvez
ele pudesse quebrar esse período de seca.

***

SCOTT PUXOU a jaqueta do smoking marinho e brincou com as


abotoaduras. Ele odiava esses eventos, mas queria usar sua celebridade
para o bem, e hospitais infantis eram sua causa favorita.
Ele estava programado para falar esta noite, mas ele não estava
nervoso com isso. Ele nunca se importou em falar em público, e isso seria
apenas um discurso curto de qualquer maneira. O que ele odiava era isso:
estar em exibição para uma sala de doadores ricos e bajuladores.
RACHEL REID
51

Conversando um pouco com pessoas entediantes. De smoking. Estar atento


a cada movimento seu, a cada palavra sua.
Ele estava cansado. A viagem tinha sido longa e eles tinham acabado
de voltar esta manhã. Seria um desafio ficar de bom humor esta noite. Mas
ele faria. Porque esse era o seu trabalho.
Havia um barulho alto na sala de pessoas conversando e rindo. Era
um mar de smokings escuros e principalmente vestidos escuros. Em um
canto da sala, um trio tocava jazz suave.
Ele olhou para seu copo de cerveja Pilsner e percebeu que estava
morrendo de fome. A única comida parecia estar em bandejas carregadas
por garçons vestidos de preto. Ele avançou em direção a um, na esperança
de pegar um camarão ou algo assim.
O servidor se virou e Scott ficou chocado ao ver que era: — Kip!
Kip parecia tão surpreso quanto. Ele deu um passo para trás, e a
bandeja balançou perigosamente em seu braço antes que ele rapidamente
a agarrasse com a outra mão. — Scott! Uh, quero dizer...
Scott se recompôs e sorriu. — Scott está bem.
— Eu não sabia que você estaria aqui.
— Que faz de nós dois.
Os olhos de Kip eram deslumbrantes, contrastando com todo o preto
de seu uniforme. Ele era mais bonito do que Scott se lembrava, mesmo.
Scott tirou algumas coisas da bandeja de Kip, só para torná-lo menos
estranho. — Você trabalha em muitas dessas coisas? — Ele perguntou,
tentando manter a conversa normal.
— Um pouco. Este foi de última hora.
GAME CHANGERS #1
52

Scott concordou. Ele tentou desesperadamente pensar em outra


coisa para perguntar a ele. Mas tudo o que ele conseguia pensar era em
como o cabelo de Kip parecia macio.
— Ei, — Kip disse, — obrigado novamente pelos ingressos. Foi incrível
estar lá.
— Sem problemas. Estou feliz que você tenha se divertido. Foi bom
ver você lá.
— Oh. Você me viu?
— Eu balancei a cabeça para você quando eu patinei. Meio sutil, eu
acho.
— Oh! Não, eu vi. Eu só... não achei que fosse para mim.
— Foi, — Scott disse, muito seriamente. Ele deu um passo para trás
e pigarreou. — De qualquer forma...
— Você provavelmente está ocupado.
— Certo. E você está trabalhando, obviamente.
— Sim. Então...
— Vou deixar você fazer isso.
— Tudo bem.
Scott colocou a mão no braço livre de Kip, precisando fazer contato
de alguma forma. — Foi bom ver você, Kip.
— Você... Sim, você também. Acho que te vejo por aí esta noite.
Scott acenou com a cabeça e Kip saiu para servir canapés. Uma mão
pousou no braço de Scott imediatamente, e ele se virou para falar com um
dos organizadores do evento. Ele se sentiu muito mais leve do que antes.
Scott passou o resto da noite conversando com pessoas diferentes,
mas continuou procurando por Kip na sala. Seus olhos se encontraram
RACHEL REID
53

algumas vezes. Na primeira vez, Scott desviou o olhar rapidamente,


envergonhado. Na segunda vez, porém, ele deixou seu olhar demorar e foi
recompensado com um sorriso adorável de Kip que fez o estômago de Scott
revirar.
Oh não, Hunter. Você está encrencado.
Depois que Scott fez seu discurso e se misturou por mais uma hora,
ele estava desesperado para sair do smoking. Fora desta sala.
Exceto...
Ele pegou Kip enquanto carregava os copos vazios em uma bandeja.
— Você tem que ficar muito mais tarde? — Scott perguntou.
— Outra hora, talvez? A limpeza não é tão ruim desta vez.
Scott sorriu um pouco. Ele não conseguia pensar em mais nada para
dizer. Ele simplesmente não queria ir embora.
Mas ele deve ir embora. Caso contrário, ele pode dizer algo
perigoso...
Scott era um homem supersticioso. Ele acreditava que tudo
aconteceu por um motivo, e não poderia ser uma coincidência que Kip
estivesse aqui esta noite. O destino os jogou na mesma sala juntos. Foi uma
oportunidade. Scott simplesmente não sabia o que fazer com isso.
— Eles nunca têm comida suficiente nessas coisas —, disse ele, o mais
casualmente que conseguiu.
Kip ergueu os olhos da mesa que estava limpando. — Pelo menos
você tem alguma coisa para comer —, disse ele. — Tenho carregado
bandejas de comida que não consigo comer a noite toda. Estou morrendo
de fome.
GAME CHANGERS #1
54

Ele manteve os olhos nos de Scott, esperando. E Scott sabia que este
era o seu momento. Bem aqui.
— Há um lugar a alguns quarteirões daqui que tem ótimos
hambúrgueres —, disse Scott, ainda com cuidado. Não é um convite direto.
Ainda não. — Está aberto até tarde.
— Oh?
— Estava pensando em ir para lá depois...
Kip se levantou para encontrar o olhar de Scott. — Você está me
pedindo para ir pegar um hambúrguer com você?
Scott estava absurdamente apavorado. Mas porra, ele queria isso. —
Sim.
Kip sorriu, mostrando suas covinhas. — Tudo bem. Eu vou te
encontrar assim que terminar aqui. Nas portas da frente?
— Sim... — De repente ocorreu a Scott que ele estava usando um
smoking, e não tinha uma muda de roupa com ele. — Uma hora, você acha?
Kip encolheu os ombros. — Talvez um pouco menos. Talvez mais se
você continuar me distraindo.
— OK! — Tudo o que Scott pôde fazer foi evitar bater palmas de
alegria. Eles estavam fazendo isso. Eles iriam comprar um hambúrguer
juntos. Ele resolveria o problema do smoking e deixaria isso acontecer.
Ele não achava que poderia chegar ao seu apartamento e voltar aqui
a tempo. Nenhuma loja de roupas nas proximidades ainda estava aberta, a
menos...

QUANDO KIP VIU SCOTT novamente, ele estava parado perto das
portas da frente do complexo, vestindo um moletom cinza com capuz que
RACHEL REID
55

tinha BROOKLYN escrito na frente e um chapéu preto de malha que dizia


NYC nele. Ele tinha uma mochila de aparência barata pendurada no ombro
contendo, Kip presumiu, a maior parte de seu smoking.
— Eu, uh, eu não tinha uma muda de roupa comigo, então fui a uma
bodega que vendia algumas coisas para turistas —, explicou Scott.
Vestido como ele estava, você quase não poderia dizer que ele era
Scott Hunter. Mas Kip sabia. E ele sabia que Scott Hunter havia comprado
freneticamente roupas de lembrança para que pudesse sair com ele.
Pode ser. Talvez um encontro.
Kip sorriu. — Você parece bem.
Ele parecia. Um pouco estranho, talvez, em um moletom com capuz,
calças de smoking marinho e sapatos sociais, mas bom. Kip estava muito
sujo, com o mesmo jeans que usara no início do dia e uma camiseta preta
que estava usando sob o uniforme esta noite.
Ele fechou o zíper de sua parka antes de seguir Scott para o frio.
Estava muito frio.
— Você deve estar congelando —, disse ele. — Tem certeza que quer
andar até lá?
— Eu fico quente, — Scott disse com um sorriso. — Eu vou ficar bem.
Eles caminharam juntos pelas ruas tranquilas. Não há muitas pessoas
nesta noite fria de quarta-feira. Houve algumas rajadas no ar, mas nenhum
vento. Apesar de sua alegação de não estar com frio, Scott enfiou as mãos
no bolso de seu moletom.
— Como foi a viagem? — Kip perguntou, depois de passar um minuto
sólido tentando pensar em algo para dizer.
GAME CHANGERS #1
56

— Bem! Foi bem. Vencemos cinco dos sete jogos, devíamos ter
vencido o de San Jose, mas isso é um discurso que você não quer ouvir.
— Você gosta da viagem?
— Eu não me importo. Gosto de algumas cidades mais do que de
outras. Algumas cidades gostam mais de mim do que outras...
— Todos amariam você se você jogasse pelo time deles.
— Pode ser.
Eles caminharam outro quarteirão em silêncio. Kip ainda não
conseguia acreditar com quem estava andando. Ele é apenas um cara. Ele
é apenas um cara muito quente e enorme que é famoso, amado e... frio.
Scott estava definitivamente bufando um pouco enquanto
caminhavam. E seus ombros estavam curvados.
— Você está bem? — Kip perguntou.
— Oh sim. Só... está muito frio.
Kip sorriu. — Sim, ok, cara durão. — Ele ficou bravo e cutucou Scott
um pouco com o cotovelo.
Scott riu e sua respiração saiu em nuvens brancas.
Kip engoliu em seco. — A lanchonete está perto?
— Sim. É, hum... oh. É logo ali. — Scott apontou para o outro lado da
rua.
— Vamos entrar.
Eles entraram e Scott sorriu para Kip quando o ar quente os atingiu.
Kip não conseguia acreditar como ele era bonito.
Eles pediram no balcão (Scott pagou) e sentaram-se a uma mesa no
canto para esperar a comida. O restaurante estava silencioso.
RACHEL REID
57

Kip gostaria de saber o que estava acontecendo aqui. Normalmente,


quando um cara o convidava para comer ou beber, não havia dúvidas sobre
aonde isso poderia levar.
Mas este não era um cara normal. E era possível que Scott não
percebesse que parecia um encontro. Talvez ele estivesse apenas...
sozinho.
Como diabos Scott Hunter poderia estar sozinho?
— Você mora em Manhattan? — Scott perguntou de repente.
— Nah. Brooklyn. Nascido e criado.
— Ah. Eu sou do interior Rochester.
Kip sorriu um pouco. — Eu sei.
— Certo. Eu, uh, acho que minha vida é uma espécie de
conhecimento público.
— Mais ou menos —, disse Kip, e, sentindo-se corajoso, acrescentou,
— mas aposto que você tem alguns segredos.
Scott ficou rosa. Isso foi fofo. Ele brincou com o canudo em seu copo
de refrigerante até que pareceu inspirar sua próxima pergunta. — Você
trabalha na Straw Plus Berry há muito tempo?
— Hum, na verdade —, disse Kip, fingindo estar ofendido, — é
pronunciado Straw and Berry, então...
Scott ergueu as mãos e sorriu. — Desculpe! Não tive a intenção de
insultá-lo.
— Tudo bem. — Kip suspirou dramaticamente. — Tenho certeza que
as pessoas erram o nome do seu time o tempo todo.
Scott balançou a cabeça, ainda sorrindo. — Você gosta disso?
Trabalhar lá, quero dizer?
GAME CHANGERS #1
58

Kip realmente riu disso. — Está tudo bem. Eu quero dizer não. Eu
realmente não gosto disso.
— Há algo mais que você preferia estar fazendo?
— É claro! Só não sei o que é ainda. Quer dizer, eu tenho um diploma
de história.
— Sem brincadeira? Eu nunca terminei a faculdade.
Kip deu a ele um sorriso gentil novamente. — Eu sei.
— Certo.
— Você queria? Terminar a faculdade, quero dizer?
Scott pareceu surpreso com a pergunta. — Eu sim. Eu fiz. Eu queria
terminar. Para me formar. Minha mãe... Ela teria gostado disso. E gostava
das aulas. Sempre gostei de aprender.
— O que você estava estudando?
— Um pouco de tudo. Eu não podia me comprometer com um curso
importante e nem precisava. A escola não se importava com o que eu
pegasse, contanto que eu ficasse no gelo.
Kip ficou um pouco triste por ele. — Deve ser estranho —, disse ele.
— Todo mundo quer um pedaço de você desde que você era um
adolescente. Provavelmente nunca sentiu que sua vida era sua.
Scott parecia atordoado.
Kip ficou vermelho - ele cruzou a linha. — Desculpe. Jesus, esqueça
que eu disse isso, certo? Eu nem conheço você...
— Não! — Scott disse. — Isso é... Eu me sinto assim. Não quero
reclamar, obviamente, mas. Sim.
— Você tem permissão para reclamar.
RACHEL REID
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Scott sorriu para ele. — Eu realmente não tenho. Isso me faria ser
desprezado por todos.
— Bem, você pode reclamar comigo.
A maneira como Scott olhou para ele então, Kip nunca esqueceria. Se
eles estivessem sozinhos, e se ele fosse outra pessoa e Scott fosse outra
pessoa, ele teria esperado que Scott pulasse sobre a mesa e o puxasse para
um beijo faminto.
Em vez disso, hambúrgueres foram colocados na frente deles por um
garçom e o momento se foi.
Enquanto comiam, os olhos de Scott percorreram o pequeno
restaurante e ocorreu a Kip que ele nunca havia tirado o chapéu de inverno.
— Preocupado em ser reconhecido? — Kip perguntou.
— Despreocupado. Eu só estou... esperando que eu não vá. Não
agora. — Scott pegou seu hambúrguer e largou-o sem dar outra mordida.
Ele mexeu no canudo novamente.
Ele finalmente suspirou e ergueu os olhos para encontrar os de Kip.
— É simplesmente bom. Fazendo isso.
— Sair com alguém?
— Contigo.
Kip estava sem palavras. E Scott parecia absolutamente torturado.
Seus olhos imploravam a Kip para entendê-lo. Para não fazê-lo soletrar.
— Oh —, foi o que Kip finalmente disse.
O rosto de Scott relaxou um pouco. — Hum, eu não sou... bom nisso,
— ele disse. — É importante para mim manter minha vida privada, privada,
e isso é cada vez mais difícil de fazer. Então, eu nunca...
— Pego caras?
GAME CHANGERS #1
60

Scott enrubesceu um pouco. Kip adorou. — Sim.


Kip não conseguia acreditar que essa coisa que ele estava tentando
não fingir ser um encontro era na verdade um encontro. Foi irreal. Mas, de
repente, ele não queria mais comer seu hambúrguer idiota. Ele queria levar
Scott Hunter para algum lugar privado e deixá-lo bater Kip contra a parede.
Ele decidiu ser ousado.
— Existe algum lugar onde possamos ir? — Ele perguntou em voz
baixa.
— Sim, — Scott disse, sua voz mais rouca do que um segundo atrás.
Seus olhos um pouco mais escuros.
Kip não era ingênuo. Ele sabia o que era. Hunter não estava fora, e
ele tinha que agir o mais discretamente possível. Nada sério ou de longo
prazo; ele só precisava sair, e Kip estava mais do que feliz em ajudá-lo com
isso. Ele ficou honrado por Scott sentir que poderia confiar nele para
guardar um segredo, na verdade.
— Vamos embora —, disse Kip.
CAPÍTULO CINCO

ELES JOGARAM o resto de seus jantares nas latas de lixo e saíram,


sem dizer nada um ao outro. Scott pegou o telefone quando eles estavam
do lado de fora, ligando para algum tipo de serviço de automóveis.
— Deve estar aqui em um ou dois minutos —, disse ele depois de
desligar.
Kip apenas acenou com a cabeça, zumbindo de antecipação.
O carro chegou, um SUV preto, e eles deslizaram para os bancos de
couro atrás da divisória. Scott se endireitou com as mãos nos joelhos, sem
olhar para Kip. Seus dedos flexionaram e se curvaram inquietos.
Kip colocou a mão em uma das coxas de Scott, sentindo o músculo
sólido sob o tecido liso de sua calça. Ele não moveu a mão, mas a deixou ali
como uma presença reconfortante.
Scott olhou para a mão de Kip, então se virou para encontrar seus
olhos.
— Eu posso guardar um segredo, — Kip disse, quase um sussurro
porque ele não tinha certeza se o motorista conseguia ouvi-los. — E eu
prometo que farei isso bom para você.
— Eu sei. — Scott colocou sua própria mão sobre a de Kip e
emaranhou seus dedos. Ele apertou os lábios, como se estivesse tentando
reprimir um sorriso. Como se ele estivesse tonto com isso. Sobre Kip.
Incrível pra caralho.
O carro os levou a um prédio mais novo no Lower East Side. Kip ficou
surpreso. Ele esperava algo... bem, ele sabia que tinha que ser perto de
Straw + Berry, mas... em um bairro mais chique, talvez? Mas, ele supôs,
GAME CHANGERS #1
62

todos os bairros de Manhattan estavam ficando chiques ultimamente, e


aquele parecia um prédio novo em folha.
Era também, obviamente, um edifício muito caro. O saguão lembrou
Kip da sala que abrigava o templo egípcio no Met - vasto e sereno, com
mármore por toda parte. Scott os conduziu até o elevador e digitou um
código. Quando as portas se abriram, eles estavam bem na frente da porta
de Scott; não havia outras unidades no chão. Scott digitou outro código e
abriu a porta. Eles foram recebidos com uma visão do chão ao teto das luzes
do Brooklyn, do outro lado do East River.
— Puta merda, — Kip murmurou, caminhando, em transe, em
direção às janelas.
Scott deixou as luzes do apartamento apagadas. Ele ficou atrás de Kip
e disse: — A vista era definitivamente um ponto de venda.
— Nossa, sim.
A mão de Scott estava no ombro de Kip. Kip esperou um pouco e se
virou para encará-lo. As luzes da cidade iluminaram o rosto de Scott no
escuro. Sua testa estava franzida, como se ele estivesse discutindo consigo
mesmo, mas seus olhos continuavam pousando na boca de Kip.
Kip decidiu se arriscar.
Agarrando um punhado do moletom de Scott, ele o puxou para baixo
e pressionou seus lábios. Scott respondeu imediatamente com um gemido
faminto. Ele separou os lábios e colocou as mãos no rosto de Kip enquanto
colocava a língua na boca, beijando-o como um homem faminto. Como se
ele não tivesse estado com ninguém em anos...
RACHEL REID
63

Kip retribuiu o beijo, explorando a boca de Scott. Provando-o pela


primeira vez. A cabeça de Kip girou. Eu não posso acreditar que isso está
acontecendo.
Scott abriu o zíper do casaco de Kip e o deslizou de seus braços,
deixando-o cair no chão. Suas mãos caíram para a cintura de Kip e
deslizaram por baixo da camiseta. Kip estremeceu com a sensação das mãos
grandes e calejadas de Scott roçando sua pele.
Eles se beijaram pelo que pareceu uma eternidade no apartamento
escuro, até que Kip finalmente perguntou, sem fôlego: — Você tem um
quarto?
— Sim. — Scott riu quando disse isso. Ele parecia nervoso, mas fez
um gesto para que Kip o seguisse.
Ele o conduziu por uma porta que revelou um quarto gigante com
uma vista ainda melhor da Ponte do Brooklyn do que a sala de estar. Havia
uma cama king-size Califórnia contra a parede oposta. Além disso, o quarto
era esparsamente decorado, mas masculino e impressionante.
Scott manteve a iluminação fraca na sala. Ele sorriu timidamente
antes de tirar o moletom de suvenir pela cabeça e jogá-lo em uma cadeira.
A camiseta branca que ele ainda usava estava bem esticada no peito.
— Isso está... bem? — Scott perguntou. — Me desculpe se eu... eu
não faço isso com muita frequência.
— É realmente porra bom —, Kip disse, dando um passo em direção
a Scott e colocando uma mão em seu bíceps ridículas. — Deixe-me cuidar
de você. Você pode ser apenas Scott de Rochester esta noite, certo?
Scott olhou para ele com tanta gratidão, foi de partir o coração. Então
seu olhar foi para onde a mão de Kip estava em seu braço, e sua gratidão
GAME CHANGERS #1
64

rapidamente se transformou em outra coisa. Scott o beijou com força e


levantou a camiseta de Kip. Kip entendeu a dica e recuou para tirar a
camisa. Scott fez o mesmo, e bom Deus...
Kip tinha visto fotos de Scott. Tinha até visto algumas entrevistas em
vestiários sem camisa. Mas ver Scott parado na frente dele, uma parede de
músculos e pele lisa e pálida...
— Foda-se, — Kip murmurou.
Hipnotizado, ele observou a ascensão e queda do enorme peito de
Scott enquanto ele respirava. Então ele viu que Scott estava olhando para
o peito nu de Kip da mesma maneira. Como se Kip estivesse na mesma liga.
Claro, Kip se manteve em forma. Ele ia para a academia sempre que tinha
tempo. Mas Scott era...
— Você é lindo —, disse Scott.
Scott ficou impressionado, aparentemente.
Kip sorriu e mordeu o lábio inferior enquanto caminhava para trás
em direção à cama. Scott devolveu o sorriso e o seguiu, parando na ponta
da cama enquanto Kip caía no colchão. Kip se apoiou nos cotovelos e olhou
para Scott de uma maneira que esperava ser sedutora.
— O que você quer fazer comigo? — Kip falou lentamente.
— Não sei. Eu... há muitas coisas em que tenho pensado.
A boca de Kip caiu aberta e seu pau ficou desconfortavelmente mais
duro em suas calças. Scott tem pensado sobre isso. Com me!
Ele instruiu-se a manter a calma. Esta era uma oportunidade única na
vida e ele seria condenado se fosse estragar tudo.
— Escolha o seu favorito —, disse ele. — Ou, inferno, escolha seus
dez primeiros. Eu tenho muito tempo.
RACHEL REID
65

Scott se moveu rapidamente, cobrindo o corpo de Kip com o seu


enquanto tomava sua boca novamente. Kip o beijou de volta ansiosamente.
Ele não se cansava da boca de Scott e queria que Scott soubesse o quanto
ele queria isso. Ele queria que ele se sentisse confiante para fazer tudo o
que estava fantasiando.
Quando Scott colocou uma mão firme na virilha de Kip, segurando
sua ereção através do jeans, Kip gemeu em sua boca. Ele puxou os quadris
para cima e pressionou a palma da mão de Scott. Sim. Por favor. Toque-me
em todos os lugares.
Scott interrompeu o beijo e olhou para ele com olhos selvagens.
— Faça isso, — Kip respirou. — O que quer que você esteja pensando.
Por favor.
Kip se inclinou para beijá-lo novamente, mas Scott já estava descendo
por seu corpo. Suas grandes mãos rapidamente desabotoaram a calça jeans
de Kip e a puxaram até as coxas. Kip nem mesmo teve a chance de reagir
antes que Scott o assoprasse através de sua cueca.
— Deus! Porra! — Kip gritou, em parte de surpresa e em parte porque
a bela boca de Scott Hunter era tão gostosa. Ele ficou apoiado nos cotovelos
para que pudesse assistir, porque puta merda.
Talvez encorajado pelo entusiasmo de Kip, Scott puxou o cós da
cueca para baixo, liberando a ereção de Kip. Ele baixou os lábios até a
cabeça, então olhou para Kip como se estivesse pedindo permissão. Kip
acenou com a cabeça e murmurou: — Sim, por favor.
Quando Scott envolveu aqueles lábios macios em torno dele,
envolvendo seu pênis em um delicioso calor úmido, foi tudo o que Kip pôde
fazer para se impedir de empurrar em sua boca. A única coisa que o impediu
GAME CHANGERS #1
66

foi sua suposição de que Scott provavelmente não tinha muita experiência
em chupar pau. Não que ele fosse ruim nisso. Ele estava um pouco
frenético, trabalhando sua boca no pau de Kip como se eles estivessem em
um beco ao invés da casa de Scott - como se ele estivesse preocupado que
alguém pudesse entrar neles a qualquer momento e pará-los.
— Ei, — Kip disse, um pouco engasgado, — está tudo bem. Não
precisa se apressar - você, porra, você pode querer ir mais devagar se quiser
que eu dure.
A tensão pareceu deixar os ombros de Scott enquanto ele diminuía a
velocidade da língua. Ele estava fazendo barulhos lindos, como se ele era o
único ser sugado em vez do contrário, mas ele teria que parar mais cedo ou
mais Kip seria feito. A cena toda foi demais.
Kip colocou a mão na lateral do rosto de Scott, e Scott olhou para
cima, os lábios ainda esticados ao redor dele.
— O que você quer? — Kip perguntou.
A boca de Scott deslizou para fora do pênis de Kip com um arrastar
longo e obsceno de sua língua, e os olhos de Kip rolaram para trás. Jesus.
Scott poderia dizer literalmente qualquer coisa agora e Kip concordaria com
isso.
— Eu quero que você me foda —, disse Scott.
— Você quer? — Kip certamente estava disposto a qualquer coisa,
mas ele meio que presumiu que o capitão de uma equipe da NHL poderia
ser meio... topo.
— Sim —, disse Scott com um sorriso tímido. — Tudo bem? É... é o
que mais tenho pensado.
RACHEL REID
67

Kip fez uma nota mental para parar de fazer suposições sobre as
posições sexuais preferidas de atletas gigantes e musculosos. — Porra, sim,
está definitivamente bem.
Scott sorriu.
— Tire essas calças. — Kip mal podia esperar para ver Scott inteiro.
Scott se levantou e pareceu observá-lo. Esparramado na cama, as
calças puxadas até o meio da coxa e o pau ereto molhado com a saliva de
Scott, Kip imaginou que ele era exatamente o mesmo.
— Você também, — Scott disse finalmente, a voz tensa. — Tire suas
roupas.
Kip tirou rapidamente o tênis, a calça, a cueca e as meias e deitou-se
na cama, observando Scott.
Scott se afastou de Kip quando ele se curvou para se livrar do resto
de sua roupa, dando a Kip uma bela vista de sua bunda incrível. Ele
observou os músculos ondularem enquanto Scott tirava as meias. Seus
olhos percorreram as coxas sólidas de Scott, pálidos como o resto dele, mas
cobertos por cabelos loiros escuros. Ele era tão forte, tão masculino. Ele era
tudo o que Kip sempre sonhou, quase perfeito demais para ser real.
Quando ele estava completamente despido, Scott se virou para ficar
de frente para a cama.
— Você deve estar brincando comigo, — Kip respirou.
Scott bufou uma risada, como se estivesse aliviado por Kip ter
gostado do que viu. O que era ridículo.
Ele se esticou na cama ao lado de Kip e juntou suas bocas novamente.
Kip esperava mais da mesma urgência, mas a maneira como Scott o estava
GAME CHANGERS #1
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beijando agora era tão terna, como se ele o estivesse saboreando, e Kip se
perdeu nisso.
— Deus, sua boca, — Scott murmurou.
Kip sorriu contra os lábios de Scott. — Também posso fazer outras
coisas com ela.
Ele precisava provar cada centímetro de Scott. Ele pode não ter outra
chance.
Scott pegou o lábio inferior de Kip entre os dentes, então o soltou e
sussurrou: — Mostre-me.
Kip não precisou ser avisado duas vezes. Ele rolou Scott de costas e
montou em suas enormes coxas.
— Porra, você é enorme —, disse Kip.
— Bem, estou muito excitado agora.
Kip riu. — Eu quis dizer todo você, mas sim. Essa coisa também é
impressionante.
Ele se inclinou e deu um beijo na clavícula de Scott. Scott engasgou e
se arqueou, então Kip deixou sua boca viajar por seu corpo, lambendo as
curvas de seus músculos em seu peito e estômago, e ao longo da linha de
seus oblíquos absurdamente definidos. O caminho o levou ao pau de Scott,
que estava inchado e implorando por atenção. Kip o ignorou e voltou para
a boca de Scott.
— Bastardo, — Scott rosnou, mas ele beijou Kip descontroladamente.
Como um pedido de desculpas, Kip moveu seus quadris para que seus
pênis deslizassem um contra o outro. Scott gemeu em aprovação. — Cristo,
sim.
RACHEL REID
69

Kip repetiu o movimento mais algumas vezes, depois pressionou a


mão no peito de Scott e se sentou. — Lubrificante?
— Sim. Só um segundo.
Kip desmontou para que Scott pudesse rolar e alcançar a gaveta da
mesinha de cabeceira. Ele entregou a pequena garrafa para Kip.
— Prateleira de cima, — Kip comentou, examinando o rótulo.
— Gosto de gastar muito em coisas importantes —, disse Scott
secamente.
Kip alcançou o pênis de Scott, acariciando-o lentamente e deixando-
o liso e brilhante. Os músculos abdominais de Scott flexionaram enquanto
ele se contorcia na cama enquanto Kip acariciava suas bolas e as puxava
suavemente. Scott praguejou baixinho e arqueou as costas. Kip sorriu.
Ele acariciou dois dedos escorregadios sobre o buraco de Scott, e a
estrela da NHL choramingou.
— Sim, porra... Deus, já faz muito tempo. Muito tempo...
Kip acariciou o pênis de Scott com uma mão enquanto brincava com
sua borda com a outra. — Ninguém mais, — ele murmurou. — Só você e eu
nesta sala. Nada fora daquela porta. Nada importa, apenas fazer um ao
outro se sentir bem, certo?
— Sim. — Scott não disse, mas exalou. Todos os seus músculos
pareceram afrouxar um pouco. Seus olhos se fecharam, seus belos cílios
longos descansando contra as maçãs do rosto. — Vou fazer você se sentir
tão bem, Kip. Mal posso esperar até estar dentro de mim.
— Nem eu. Vou te foder assim, eu acho. Você nas suas costas. Eu
quero te ver. Quero fazer você gozar em todo esse seu corpo lindo.
GAME CHANGERS #1
70

— Deus, sim. — Scott parecia estar a um milhão de quilômetros de


distância.
No momento em que Kip colocou um terceiro dedo nele, Scott estava
respirando com dificuldade e seu pênis estava vazando.
— Você é incrível pra caralho, — Kip disse a ele.
— Então me foda, — Scott rosnou.
— Preservativo?
Scott respondeu enfiando a mão na gaveta novamente e jogando
uma camisinha nele. Kip rolou o mais rápido possível antes de se alinhar.
Ele empurrou lentamente e manteve a mão no pênis de Scott,
acariciando suavemente enquanto entrava nele. O rosto de Scott não deu
nenhuma indicação de dor. Claro que não. Ele era um cara durão. Um atleta.
Um cara que levou pontos no banco e voltou ao gelo no próximo turno. Ele
poderia aguentar.
Scott dobrou os joelhos até que tocassem seu peito, persuadindo Kip
a empurrar mais fundo. Kip agarrou os quadris de Scott e o puxou para mais
perto, então ele deslizou para trás e empurrou, forte e rápido. Scott gritou,
mas estava sorrindo. Ele parecia em êxtase.
— Simples assim, — Scott respirou. — Duro. Por favor.
Ele enganchou uma perna sobre o ombro de Kip e ergueu os quadris,
pedindo a Kip que o levasse ainda mais fundo.
Kip observou, hipnotizado, enquanto Scott acariciava seu próprio
pênis. Ele já estava a ponto de quebrar, mas quando Scott murmurou o
nome de Kip, Kip perdeu todo o controle. Seu ritmo estava completamente
perdido, e ele estava fodendo Scott tão forte e rápido quanto podia
enquanto sua mente se separava. Era tudo demais.
RACHEL REID
71

De repente, Scott jogou a cabeça para trás, o queixo saliente e os


músculos do pescoço tensos. Suas costas arquearam e ele gozou com um
estremecimento lindo que Kip jamais esqueceria. Ele jorrou, infinito e lindo,
contra seu próprio estômago e peito, alguns até mesmo atingindo seu
pescoço. Kip gemeu e praguejou e gozou no próximo golpe, quase gritando
com o quão bom era.
Quando as últimas ondas diminuíram, ele desabou em cima de Scott,
ofegante e sorrindo. Depois de um minuto, Scott gentilmente o manobrou
para que ele pudesse alcançar sua boca e o beijou.
— Obrigado, — Scott murmurou feliz. — Você não tem ideia...
obrigado.
— Você está me agradecendo?
— Eu precisava disso —, disse Scott. — Já faz muito tempo.
Kip se sentiu corajoso. — Quanto tempo?
— Agosto.
— Você está...?
— Início de agosto.
Kip queria perguntar como isso era possível, mas a resposta poderia
levar a um território que não daria uma ótima conversa de travesseiro pós-
sexo. Scott obviamente não se sentia confortável pegando homens.
O que ele realmente queria saber era: por que agora? Por que eu?
Em vez disso, ele disse: — Eu deveria me limpar.
— O banheiro é por ali —, disse Scott, apontando para uma porta do
outro lado da sala. — Vou usar o do corredor.
Kip se limpou e saiu do (incrível) banheiro. Scott estava sentado,
encostado na cabeceira da cama, com um lençol fino sobre ele.
GAME CHANGERS #1
72

Kip começou a recolher suas roupas. Ele não se enganaria sobre o que
era isso. O sexo tinha sido ótimo, mas Scott provavelmente gostaria que ele
fosse embora agora.
— Bem —, disse ele, — obrigado por isso.
— Você está indo? — Scott parecia desapontado.
Kip fez uma pausa, segurando seu jeans em uma mão, sua camiseta
na outra. — Sim, quero dizer...
— Você não precisa —, disse Scott. — Você pode ficar. Eu... eu
gostaria que você ficasse. Se você quiser.
Kip olhou, boquiaberto, para a linda estrela de hóquei enrugada pelo
sexo que o estava convidando timidamente para passar a noite. Ele
realmente parecia nervoso, como se pensasse que Kip poderia recusar.
Kip largou o jeans e a camisa no chão e voltou para a cama, sorrindo.
— Não precisa torcer meu braço.
Ele se esparramou de brincadeira na largura da cama com a cabeça
na coxa de Scott.
— Eu quero saber sobre você. — Scott sorriu para ele e começou a
acariciar seus cabelos. — Você vai me dizer algo? Não consigo pensar nas
perguntas certas a fazer.
Kip olhou para o rosto dele. — Meu nome verdadeiro é Christopher,
mas quase ninguém me chama assim. Eu tenho vinte e cinco anos. Eu...
ainda moro com meus pais no Brooklyn porque preciso pagar minha dívida
estudantil ou conseguir um emprego muito melhor antes de me mudar.
— Não tenha vergonha disso. Eu cresci muito pobre. Você acha que
eu não sei o quão sortudo eu sou?
RACHEL REID
73

— Não tive sorte —, disse Kip. — Você trabalhou duro por tudo que
você tem.
— Tive ajuda. Eu ganhei uma bolsa de estudos para um internato com
um ótimo programa de hóquei quando eu tinha quatorze anos. Eu tinha
uma carona grátis para a faculdade. Não tive que pensar em dinheiro por
mais de dez anos. Eu só queria que minha mãe...
— Ela, hum...?
— Morreu. Sim. Quando eu tinha quinze anos.
— Eu sinto muito.
— Obrigado. Ela foi realmente incrível. Eu gostaria de ter podido
cuidar dela do jeito que ela merecia. Comprar uma bela casa para ela. Tudo
isso.
— Filho único, certo?
— Sim —, disse Scott. — Sim, éramos apenas nós dois. — Ele
pigarreou. — De qualquer forma. Provavelmente deveríamos falar sobre
coisas mais felizes.
— Não precisa falar nada, se não quiser —, disse Kip, estendendo a
mão para acariciar o rosto de Scott. Ele sentiu vestígios de restolho.
Scott sorriu para ele. — Eu deveria dormir logo. Tenho um treino
amanhã cedo. Um comprido também.
— Mmm, — Kip disse, sentindo-se mais sonolento a cada minuto
enquanto Scott continuava a acariciar seu cabelo. — Tem certeza que quer
que eu fique?
— Com certeza. — A maneira como Scott disse que era tão quente.
Tão carinhoso. O coração de Kip disparou.
Opa.
GAME CHANGERS #1
74

Uma noite, Grady. Não fique estúpido. Aprecie o que você recebeu
aqui.
Kip se intrometeu com Scott. Ele descansou a cabeça no peito dele,
deixando o subir e descer de sua respiração embalá-lo para dormir.
CAPÍTULO SEIS

SCOTT PISCOU acordado ao som de seu alarme. Ele levou um


momento para registrar o peso em seu peito que estava dificultando o
alcance do telefone.
Kip.
Scott sorriu quando desligou o alarme e deixou as memórias da noite
anterior passarem por ele. Ele tinha feito isso! Ele conseguiu pegar um
homem aqui em Manhattan. Um homem de quem ele realmente gostava.
Um homem que agora estava nu e dormindo alegremente em sua cama,
aninhado contra ele.
Mas Scott tinha que sair. Porra. O carro estaria aqui em, o quê?
Quarenta minutos?
Ele suspirou e se virou para beijar o topo da cabeça de Kip antes de
sair de baixo dele. Kip fez um pequeno ruído de protesto sonolento, mas
imediatamente voltou a dormir profundamente.
Scott tomou um banho rápido e estava no quarto, vestindo a
camiseta, quando ouviu um farfalhar.
— Ei, — Kip disse meio grogue. Ele estava apoiado em um cotovelo,
seu cabelo estava todo bagunçado e um olho estava fechado. Adorável.
— Desculpe acordá-lo —, disse Scott. — Eu preciso ir. Você pode ficar
se você...
— Nah, eu devo ir. Eu, hum...
— Você está trabalhando hoje?
— Não. Se eu estivesse trabalhando hoje, teria me atrasado uma
hora. Só... eu deveria ir para casa.
GAME CHANGERS #1
76

— Certo.
— Sim.
Kip já estava fora da cama, pegando suas roupas do chão. Ele se
vestiu rapidamente e foi para o banheiro.
Scott exalou. Este era um território desconhecido para ele. Kip
dificilmente era seu namorado, mas ele não era apenas um caso de uma
noite que Scott tinha adquirido também. Pelo menos, não para Scott.
— Vou trabalhar amanhã —, disse Kip, quando saiu do banheiro. Ele
parecia tão inseguro quanto Scott. — Você joga amanhã à noite, certo?
— Sim. E no sábado.
— Bem, eu acho que te vejo amanhã de manhã? A menos que você
pense que aquele smoothie mágico não está mais funcionando.
Scott sorriu. — Eu acho que ainda está funcionando. Vejo você
amanhã de manhã, então.
— OK.
Kip saiu do quarto e Scott o seguiu. Ele observou Kip pegar o casaco
e a mochila do chão e calçar o tênis.
— Então, uh... tenha uma boa prática, — Kip disse quando ele estava
pronto para sair.
— Obrigado. — Scott franziu a testa. Por que isso foi tão estranho?
— Amanhã de manhã, então.
— Sim. Amanhã.
Foda-se.
Scott caminhou até Kip e o beijou. Ele segurou o rosto com as mãos
e tentou mostrar-lhe o que estava sentindo, pois não podia dizer a ele. Kip
pareceu ouvi-lo, porque ele retribuiu o beijo com o mesmo fervor, e Scott
RACHEL REID
77

fez tudo o que pôde para não pressionar Kip contra a parede, desabotoando
sua calça jeans e...
— Até logo, — Kip disse, murmurando as palavras contra os lábios de
Scott. — Amanhã.
Scott relutantemente o deixou ir. Ele queria acompanhá-lo até a
porta da frente, mas não havia necessidade. Kip não precisava dos códigos
para sair do prédio. Além disso, era melhor que ninguém os visse juntos tão
cedo pela manhã.
Depois que a porta se fechou, Scott se jogou contra a parede,
amaldiçoando o quão difícil era isso. Não era apenas ser gay ou ser famoso.
Era as duas coisas combinadas e saber que não era possível ser
abertamente quem ele era em seu ramo de trabalho.
Ele costumava pensar que esse era o preço. Ele teve a sorte de muitas
maneiras e esta foi a compensação. Ele poderia sair da pobreza para jogar
na NHL - jogar na cidade de Nova York, até - e aproveitar essa vida de sonho
que estava tão perto da perfeição.
Ele simplesmente não conseguia se apaixonar. Não conseguia
compartilhar com seus companheiros as histórias de namoro, casamento e
filhos. Ele poderia tentar preencher esse vazio com tudo o que tornava sua
vida emocionante e invejável, mas esse vazio sempre permanecia. Sempre
o roendo.
Suas primeiras temporadas na NHL não foram tão difíceis. Ele era
uma criança, não procurando mais do que uma liberação ocasional de
qualquer maneira. Os caras mais velhos tinham famílias, claro, mas Scott
andava com os outros jovens jogadores. Conforme Scott envelhecia,
começou a ficar mais difícil. Aos 28 anos, ele dificilmente era um homem
GAME CHANGERS #1
78

velho, mas nos anos do hóquei ele estava chegando lá. A cada temporada
que passava, ele achava mais difícil esconder quem ele realmente era.
Ele não estava sozinho, exatamente. Ele tinha seus companheiros de
equipe, e eles eram como uma família. Mas às vezes ele ansiava por algo
em sua vida que não tinha nada a ver com hóquei. Nada a ver com ser
famoso.
Mas sua vida pertencia a muitas pessoas: a NHL, os New York
Admirals, seu agente, seus treinadores, seus patrocinadores, a imprensa e
os fãs. Talvez fosse demais esperar por algo que pudesse afastá-lo de tudo
isso.
Ou talvez aquele algo tivesse acabado de sair de seu apartamento,
após uma promessa sussurrada de que o veria amanhã.

***

KIP RECEBEU uma mensagem de Elena enquanto ele estava no trem


de volta para o Brooklyn.
Venha para essa coisa comigo ou não seremos mais amigos.
Ela enviou um link imediatamente depois. Isso levou a um artigo que
descreve a próxima Gala da Fundação Equinox para Oportunidades STEM
para Jovens, uma arrecadação de fundos anual de alto perfil que reuniu o
quem é quem de Nova York. Não era algo que ele alguma vez pensou que
compareceria. Não se ele não estivesse servindo canapés, de qualquer
maneira.
Kip leu o artigo. A gala seria em três semanas.
Ele mandou uma mensagem de volta. Eu não tenho smoking!
Elena respondeu rapidamente e, ele imaginou, irritada. Alugue um.
RACHEL REID
79

Scott estaria lá? Ele tinha que ter sido convidado...


Kip sorriu. A Gala do Equinócio! As coisas estavam melhorando! Ele
ainda estava no auge da noite que acabara de passar com Scott Hunter. E a
possibilidade de noites semelhantes no futuro parecia estar implícita
quando eles se separaram...
Não leia muito sobre isso. Não tenha muitas esperanças.
Era o início do ano. Talvez este fosse um ponto de viragem para Kip
Grady. Um convite de gala. Uma possível oportunidade de trabalho. Um
novo amigo.
Ele realmente esperava que Scott quisesse vê-lo novamente. Os
padrões de Kip estavam agora ridiculamente altos depois da noite passada,
e seria muito difícil sair e pegar apenas um cara.
Kip fez um plano para si mesmo para o resto do dia que envolvia ir à
academia, trabalhar em seu currículo e outras coisas responsáveis que não
tinham nada a ver com sonhar acordado com Scott Hunter.

KIP ESTAVA TRABALHANDO COM Maria quando Scott entrou na loja


na manhã seguinte.
Ele não tinha certeza absoluta, mas pensou ter detectado uma pitada
de decepção no rosto de Scott quando viu que Kip não estava sozinho.
— Olá de novo, — Scott disse, fazendo um esforço óbvio para soar
casual.
— Ei, — Kip disse, tentando não mostrar o quão tonto ele se sentia
ao ver Scott novamente. — Há quanto tempo. — Suave.
— Certo —, disse Scott.
GAME CHANGERS #1
80

Por um momento, os dois apenas se encararam, nenhum deles


falando. Kip desejou poder pular sobre o balcão e se embrulhar em Scott.
Ele queria tanto beijá-lo.
— Bem —, disse Scott. — O de sempre, eu acho.
— Isso mesmo —, disse Kip com um pequeno sorriso. Os lábios de
Scott se contraíram um pouco também.
Kip fez o smoothie e entregou a Scott. Ele olhou para Maria, que
estivera observando os dois em silêncio o tempo todo. Ele rapidamente
desviou o olhar quando se sentiu corar. Quando ele olhou de volta para
Scott, ele estava corando também.
— Então... jogo hoje à noite e amanhã à noite, hein? — Kip perguntou
como se eles já não tivessem tido essa conversa.
— Sim. Depois, um dia de folga antes de uma curta viagem.
— Dia de folga?
— Mm-hmm, — Scott disse enquanto tomava um gole de smoothie.
— Grandes planos para o dia de folga? — Kip estava tentando ser o
mais sutil possível, o que não era nada sutil.
— Eu estava pensando em ficar em casa. Talvez assistir um filme. —
Ele parecia casual, mas o olhar de Scott estava ameaçando derreter Kip no
local.
— Parece um bom plano.
— Acho que sim —, disse Scott. — De qualquer forma, eu devo ir. —
Ele entregou a Kip a nota de vinte dólares de costume, e talvez seu toque
tenha demorado quando seus dedos encontraram a palma de Kip. — Vejo
você mais tarde, Kip.
— Até mais... — Kip disse, sua voz fraca.
RACHEL REID
81

Scott saiu rapidamente.


— Oh. Meu. Deus! — Maria exclamou.
— O que?
— O quê? Que diabos, Grady? Vocês estão noivos ou o quê?
— Eu não sei o que você está...
— Você precisa me dizer o que acabei de testemunhar.
— Nenhuma coisa! — Kip sabia que seu rosto o estava denunciando.
Suas bochechas ainda estavam vermelhas e ele estava mordendo o lábio
para não sorrir.
Felizmente, ele foi salvo por um cliente entrando. Maria deu a ele um
olhar de “isso não acabou” antes de se virar para a jovem que estava lendo
o menu acima de suas cabeças.
Kip desdobrou a nota para colocá-la na caixa registradora e
encontrou um pequeno pedaço de papel dobrado dentro. Quase caiu no
chão, mas ele a pegou. Quando ele leu, ele teve que ir para a sala dos fundos
para que Maria não visse sua expressão.
O papel tinha, em uma caligrafia muito elegante, o número de
telefone de Scott Hunter e a palavra Domingo escrita abaixo.
Puta merda. Puta merda!
Kip rapidamente pegou seu telefone e inseriu o número em seus
contatos. Em seguida, tirou uma foto do papel, por precaução, antes de
colocar o número com cuidado na carteira.
Ele esperava, mas não ousou assumir, que Scott iria querer vê-lo
novamente. Mesmo que fosse apenas para sexo, tudo bem. Mais do que
bem.
GAME CHANGERS #1
82

Ele se permitiu um minuto para fazer uma pequena dança “Scott


Hunter me quer totalmente” na privacidade da sala dos fundos antes de
flutuar de volta para servir smoothies às pessoas.

O DOMINGO PARECEU DEMORAR uma eternidade para chegar. Kip


tinha visto Scott novamente no sábado, quando ele entrou na Straw + Berry
para seu smoothie de dia de jogo de costume, mas a loja estava ocupada e
Scott não se demorou.
Ele provavelmente queria ir embora antes que alguém o
reconhecesse. A chance era muito boa nesses dias, porque toda a cidade
estava falando sobre o retorno triunfante de Scott Hunter. Kip tinha visto
Scott sendo entrevistado após o jogo, e ele foi questionado, à queima-
roupa, a que ele atribuiu a reviravolta em seu jogo.
Ele apenas sorriu timidamente. — Acho que acabei de encontrar algo
que me reacendeu.
Kip estava tonto desde então.
E agora finalmente era domingo e ele não tinha ideia do que fazer.
Ele tinha o número de Scott. Ele teve a vaga instrução de ligar para Scott
hoje. Mas ele não teve tempo de fazer a ligação.
Ou ele deveria mandar uma mensagem para ele?
Mas eram apenas onze da manhã. Até mesmo um texto pareceria
ansioso a esta hora.
Certo?
Kip decidiu ir para a academia. Ele iria para a academia, tomaria
banho, comeria algo e enviaria uma mensagem para Scott.
RACHEL REID
83

Pouco depois das duas da tarde, ele se sentou na cama e olhou para
o telefone, imaginando o que escrever. Ele estava pensando demais. Tudo
o que ele precisava era deixar Scott saber que não havia perdido seu
número e que gostaria de vê-lo.
Sem encontrar algo melhor, ele mandou uma mensagem: Ei. É o Kip.
Ele desligou o telefone. Lá. Scott provavelmente voltaria para ele
mais tarde. Ele tinha o número de Kip agora.
Ele tem meu número agora!
Kip estava prestes a se levantar e colocar um filme ou algo assim
quando o telefone vibrou.
Scott: É bom ouvir de você, Kip.
Scott estava esperando por notícias dele?
Scott enviou outra mensagem. Estava preocupado por você ter
perdido meu número.
Kip jurou para si mesmo. Ele deveria ter mandado uma mensagem
mais cedo.
Ele estava prestes a responder quando seu telefone tocou. O número
de Scott.
— Scott?
— Sim. Oi.
— Oi.
— Desculpe por ligar. Só sou muito lento para digitar.
— Está bem.
— Você está ocupado, ou...
— Não! Não, está bem. Eu, uh, é bom ouvir sua voz. — Kip se
encolheu. Mas ele podia ouvir o sorriso de Scott ao telefone.
GAME CHANGERS #1
84

— Você também, Kip. Eu estive pensando. Muito. Sobre a outra noite.


Kip deitou-se na cama, sorrindo. — Sim?
— Mmm. Eu esperava que você pudesse vir mais tarde.
— Eu provavelmente poderia me colocar à disposição, — Kip disse
brincando.
— Nós poderíamos conseguir alguma comida entregue. Assistir um
filme. Não tem apenas que ser...
— Isso soa perfeito. Contanto que também possa incluir...
— Oh, definitivamente pode.
Kip mordeu o lábio. A voz de Scott diminuiu um pouco e juntou um
pouco de cascalho quando ele disse essa última coisa.
— Então, a que horas você me quer? — Kip perguntou, tentando o
seu melhor para combinar com o tom de Scott.
— Não estou fazendo nada agora.
Merda. — Você quer que eu vá agora?
— Se você quiser.
— Eu faço. Eu quero. Vejo você em breve.
Kip quase desligou, mas então pensou em perguntar: — Oh. Devo...
devo levar uma mala de viagem?
Scott ficou em silêncio por um momento e Kip se amaldiçoou por ser
presunçoso.
— Sim. Traga uma. Absolutamente. — Scott desligou.
Kip soltou um suspiro e sorriu estupidamente para o teto. Então ele
começou a trabalhar descobrindo o caminho mais rápido para a casa de
Scott.
CAPÍTULO SETE

SCOTT NÃO conseguia ficar parado enquanto esperava por Kip.


Durante toda a manhã ele ficou preocupado que Kip não fosse
contatá-lo, seja porque ele não queria, ou porque ele havia perdido o
número. Foi ridículo; Kip parecia muito interessado em ver Scott
novamente e também parecia inteligente o suficiente para digitar um
número em seu telefone.
Kip era inteligente. Inteligente e lindo. E um beijador muito bom.
Scott andava pelo apartamento, ocasionalmente fazendo algo
desnecessário como reorganizar as almofadas no sofá ou endireitar um
quadro perfeitamente reto na parede. Ele ficou na janela e observou os
barcos no East River e os carros passando pelas pontes em cada
extremidade de sua vista panorâmica.
Ele escovou os dentes (de novo) e verificou o cabelo.
Scott considerou sua roupa. Ele estava mantendo isso casual,
obviamente - ele estava relaxando em casa, afinal. Mas ele estava vestindo
sua melhor calça jeans e uma camiseta azul claro que ele tinha certeza que
fazia seus olhos parecerem bonitos. Infelizmente, ele também tinha um
hematoma bem grande no braço direito, logo acima do cotovelo, uma porra
de um golpe com as duas mãos do bastão de um defensor do Buffalo.
Você parece bem. Tudo está bem.
Ele desceu ao saguão para encontrar Kip. Ele cronometrou bem
porque Kip chegou menos de cinco minutos depois.
— Ei, — Kip disse, sacudindo o frio. Suas bochechas estavam rosadas.
Ele era adorável.
GAME CHANGERS #1
86

— Ei. — Scott sorriu para ele estupidamente. Ele foi recompensado


com um sorriso que mostrou as covinhas de Kip.
Eles foram até o elevador e conversaram um pouco durante a subida.
Estava tenso no bom sentido. A promessa do que estava por vir estalava
entre eles.
Eles entraram no apartamento de Scott e Scott pegou o casaco de
Kip. Kip tirou os sapatos, largou a mochila e foi para a sala. Scott o seguiu,
admirando a maneira como sua camiseta de mangas compridas e jeans
escuro exibiam seus membros longos e magros.
— Outra vitória ontem à noite —, disse Kip. — Parabéns.
— Oh sim. Obrigado.
Scott não aguentou mais. Ele estendeu a mão para Kip, que foi até
ele imediatamente. Scott o beijou e uma calma instantânea se estabeleceu
por todo seu corpo. Ele precisava tanto disso. Ele não tinha pensado em
quase nada além da boca de Kip por mais de dois dias. Foi um milagre ele
ter jogado tão bem quanto nos dois jogos desde a noite dele e de Kip juntos.
— Senti sua falta —, disse Scott. Escapou, mas ele não se arrependeu.
Principalmente quando viu o jeito como Kip sorria.
— Sim?
— Mm... cara difícil de esquecer. — Ele colocou as mãos nos quadris
de Kip e agarrou seu osso pélvico. Ele se aproximou ainda mais para que Kip
pudesse sentir o quanto ele sentiu sua falta.
— Jesus, — Kip respirou.
Eles se beijaram e se agarraram freneticamente, até que Kip recuou
sobre o braço do sofá e Scott pousou em cima dele.
— Desculpe, — Scott disse, rindo. — Você está bem?
RACHEL REID
87

— Completamente.
Kip agarrou a ereção de Scott através de sua calça jeans, e Scott
gemeu e pressionou contra sua mão.
— Aqui —, disse Kip, — vamos... sente-se e deixe-me...
Ele se contorceu debaixo de Scott, que se sentou no sofá e o observou
deslizar para o chão entre os joelhos. Kip se inclinou e o beijou enquanto
abria a calça jeans de Scott. Eles continuaram se beijando enquanto Kip
puxava o pau de Scott para fora e o acariciava com dedos soltos e
preguiçosos.
Porra, era tão bom. Só estar com alguém assim. Ser tocado. Ser
trabalhado e ter liberdade. Ele precisava de mais disso em sua vida.
Kip viu o hematoma no braço de Scott e passou os dedos sobre ele.
— Isso deve ter doído.
— Já tive pior.
— Vou fazer melhor. — Kip depositou beijos suaves de boca aberta
sobre a pele roxa. Era cafona e idiota e Scott adorou.
Kip continuou a aplicar seu “remédio” enquanto seus dedos
brincavam com a bainha da camiseta de Scott. Scott queria tirar a camisa.
— Acho que tenho mais alguns hematomas —, ele resmungou. — Se
você quiser explorar.
— Hmm... é melhor eu dar uma olhada.
Deus, a voz de Kip era tão fodidamente sexy quando ele estava ligado,
todo rachado e ofegante. Sua excitação parecia revelar seu sotaque do
Brooklyn e, por algum motivo, Scott achou isso absurdamente quente.
— Não consigo ver nenhum hematoma aqui, — Kip brincou, beijando
seu caminho até o estômago de Scott. — Mas só por segurança...
GAME CHANGERS #1
88

— Pode haver... — Scott prendeu a respiração. — Pode ser alguns


ferimentos na parte inferior do corpo.
Kip riu contra sua pele, o que fez Scott rir. Ele lambeu o abdômen de
Scott, pressionando as mãos na parte interna das coxas de Scott e
gentilmente escovando as costas dos dedos sobre as bolas de Scott. Scott
estremeceu.
— Porra.
— Tenho pensado sobre isso, — Kip murmurou, sua boca pairando
sobre o pênis de Scott. — Não tive a chance da última vez.
— Por favor —, foi tudo o que Scott conseguiu dizer.
Kip passou a língua pela cabeça e pressionou a pele sensível logo
abaixo. Scott agarrou-se ao sofá para evitar empurrar acidentalmente a
cabeça de Kip para baixo. Ele doeu com a necessidade de liberação.
Mas Kip o chupou lentamente, relaxado, como eles fizeram todo o
tempo do mundo. O que, Scott supôs, eles fizeram. Ele observou Kip tanto
quanto podia, às vezes perdendo o foco quando ele fazia algo que fazia os
olhos de Scott rolarem para trás.
Ele era tão lindo. Kip. Scott decidiu dizer isso a ele.
— Você é lindo. — Scott olhou para ele com o que deve ter sido um
olhar de pura adoração. — E você é tão bom nisso. Jesus Cristo.
Kip sorriu ao redor dele e redobrou seus esforços. Ele pegou Scott
quase completamente, envolvendo a mão em torno da base e acariciando
as bolas de Scott com a ponta dos dedos.
Scott estava pegando fogo. Ele sentiu que poderia morrer. Ele não
conseguia mais pensar e só conseguia falar obscenidades.
RACHEL REID
89

— Oh merda. Oh Deus. Espero que você queira me foder mais tarde.


Deus, estive pensando sobre isso. Foi tão bom na outra noite... nunca tive
tão bom antes... Tantas coisas que eu quero fazer com você...
Kip gemeu em torno de seu pênis e pressionou a mão em sua própria
ereção através da calça jeans.
— Eu vou cuidar disso, — Scott prometeu. — Assim que você
terminar, eu vou pegar seu pau da maneira que você quiser dar para mim -
Oh, porra... Ok... eu vou...
Esse foi todo o aviso que ele poderia dar a Kip. Seu orgasmo o atingiu
tão forte e tão rápido que ele empurrou um pouco e cavalgou as ondas de
prazer que balançaram por seu corpo enquanto ele se esvaziava na boca
perfeita de Kip.
Quando acabou, Kip arrancou e descansou a cabeça na coxa de Scott.
— Puta merda —, disse Scott. — Venha aqui.
Kip foi até ele e o beijou, e Scott passou os braços ao redor dele
enquanto Kip montava em seu colo.
— O que você quer? — Scott ofegou.
— Não importa. Não vai demorar muito de qualquer maneira.
Scott abriu a calça jeans de Kip e tirou seu pênis. Sem nada melhor,
Scott cuspiu na própria mão e envolveu Kip com ele, misturando-o com o
pré-sêmen que já estava vazando da ponta.
Kip praguejou e se lançou nas mãos de Scott. Scott olhou para baixo
entre eles, observando sua mão se mover sobre o pênis inchado e lindo de
Kip.
GAME CHANGERS #1
90

— Eu quero ver você vir. Eu quero que você goze em cima de mim.
Mais tarde talvez você pudesse me mostrar como você gosta, eu poderia
assistir você se acariciar. Porra, eu realmente gostaria disso...
Kip deu um grito agudo repentino e deu a ele exatamente o que ele
queria, gozando em longas estrias contra o abdômen e peito de Scott e
descendo pela mão de Scott.
Quando Kip abriu os olhos, eles estavam encapuzados, bêbados de
sexo, e suas bochechas estavam vermelhas. Ele era a coisa mais sexy que
Scott já tinha visto.
— Jesus, não admira que você seja o capitão do time, — Kip falou
lentamente. — Você é um grande motivador.
Scott riu e o beijou. — Devíamos nos limpar.
— Mmm. — Kip disse, caindo de costas no sofá.
Scott se levantou e foi buscar um pano úmido. A borda havia sido
removida, mas apenas acendeu sua necessidade de mais.
Ele voltou para a sala para encontrar Kip ainda esparramado de
costas, jeans aberto, o pau molhado e amolecido contra sua coxa. Ele tinha
um braço jogado sobre os olhos.
Mais. Muito mais.

KIP CAIU DE COSTAS ao lado de Scott, exausto, suado e feliz. Eles


foram esticados um tanto diagonalmente na cama gigante de Scott depois
do segundo round. Ainda nem estava escuro.
Scott girou a cabeça na direção de Kip. — Você está com fome? Estou
morrendo de fome.
Kip riu. — Sim. Com certeza. Mas eu preciso de um banho primeiro.
RACHEL REID
91

Scott se levantou em um movimento rápido e muito atlético. Ele


estendeu a mão para Kip, que Kip pegou, sorrindo. Scott o beijou depois
que ele o colocou de pé e o levou para o banheiro espetacular.
O banheiro privativo era maior do que o quarto de Kip. Era maior que
o quarto de seus pais. Tinha uma banheira de imersão gigante no meio da
sala e, atrás dela, uma parede de ladrilhos de pedra que escondia um
chuveiro tipo corredor com extremidades abertas. O centro do teto do
corredor era uma ducha retangular gigante com lâmpadas em cada
extremidade. As paredes eram todas silenciosas, ladrilhos de pedra cinza.
Era sexy como o inferno.
Scott ligou o chuveiro com alguns botões sofisticados, e água choveu
do teto. Ele ficou embaixo dela e puxou Kip contra ele.
Kip amava o banho quase tanto quanto amava ficar com Scott Hunter
nele. A água traçou os músculos de Scott enquanto descia por seu torso
ridículo. Kip se curvou para pegar um filete na boca, quando ele estava
prestes a pingar da dobra da coxa de Scott, então seguiu o caminho inverso
com a língua.
— Kip. Deus. — Scott estremeceu acima dele enquanto Kip lambia os
sulcos de seu abdômen. Scott o puxou para cima e o empurrou contra a
parede, beijando-o descontroladamente.
Foi incrível: eles não fizeram nada além de gozar a tarde toda, mas
ainda não conseguiam manter as mãos longe um do outro.
Eles conseguiram se limpar eventualmente, usando o sabonete e
xampu de cheiro excelente (e sem dúvida caro) de Scott. Quando eles
saíram do chuveiro, o banheiro estava cheio de vapor e Kip estava
morrendo de fome.
GAME CHANGERS #1
92

Ele vestiu a calça jeans e a camiseta de volta. Scott, para a alegria de


Kip, usava apenas uma toalha em volta da cintura enquanto pedia comida
em seu telefone. Não foi surpresa para Kip que Scott se sentisse muito
confortável com seu corpo; ele havia passado grande parte de sua vida
vestindo nada, ou quase nada, em vestiários cheios de gente.
— Há um lugar próximo que faz raviólis incríveis —, disse Scott. —
Parece bom?
— Perfeito.
Scott finalmente vestiu algumas roupas e se juntou a Kip no sofá para
esperar pela comida.
— Ei —, disse Kip, — você vai àquela festa de gala da Equinox?
Scott olhou para ele com curiosidade. — Sim, eu confirmei que
estaria lá. Por que?
— Oh, só... eu também vou.
— Trabalhando?
— Não! Não, eu... minha amiga me convidou.
— Oh! — Scott disse. Então, — Oh Deus, sinto muito, Kip. Eu não
deveria ter assumido...
— Nah, está tudo bem. Quero dizer, obviamente é estranho para
alguém como eu ir a uma festa de gala como essa. Como convidado, quero
dizer. Mas Elena, minha amiga, ela trabalha para a Equinox e quer que eu
seja seu par.
— Foi ela quem você trouxe para o jogo?
— Sim. Ela é minha melhor amiga. Pessoa realmente incrível.
Scott concordou.
RACHEL REID
93

Um silêncio constrangedor caiu. Kip não podia ter certeza que Scott
estava pensando, mas ele estava certo desejando que ele poderia estar indo
como encontro de Scott. Ele se imaginou dançando com ele naquele salão
de baile chique, ambos vestidos com esmero, câmeras piscando...
O sonho se desvaneceu.
— De qualquer forma —, disse Kip, — estarei lá.
Scott estava carrancudo e desviando o olhar. Kip esperou que ele
dissesse as palavras que Kip sabia que viriam, mas temeu ouvir. Tem sido
divertido, mas não quero que você tenha ideias...
Em vez disso, Scott se levantou e perguntou: — Você gostaria de algo
para beber? Uma cerveja ou algo assim?
— Claro —, disse Kip, surpreso, mas tentando agir com calma. — Sim,
uma cerveja seria ótima.
Scott acenou com a cabeça e foi para a cozinha.
Uma tensão estranha encheu a sala. Kip não gostou. O que ele estava
pensando, trazendo à tona um evento que ambos estariam presentes em
três semanas? Foi estúpido. Ele não deveria ter assumido...
Scott voltou e entregou a Kip uma garrafa de cerveja gelada. — Você
quer um copo, ou...
— Nah, garrafa está bem. — Kip forçou um sorriso. Ele observou Scott
mexer um pouco em sua própria garrafa, seu rosto se contorcendo.
— Eu estou, uh, estou ansioso para ver você todo vestido naquele
baile. — Scott deu a Kip um sorriso adoravelmente nervoso.
Kip sorriu de volta para ele, aliviado. — Sim? Eu uso muito bem.
GAME CHANGERS #1
94

— Eu não duvido, — Scott disse, ajoelhando-se no sofá e se


inclinando para beijá-lo. Kip suspirou e retribuiu o beijo. Ele queria que
Scott o cobrisse. Ele queria sentir seu peso em todos os lugares.
Ele se inclinou para trás até se deitar, então olhou para Scott com
expectativa.
— Venha aqui —, disse ele.
Scott tirou a cerveja de Kip de sua mão e colocou-a na mesinha de
centro de vidro ao lado da sua. Ele se abaixou com cuidado - com muito
cuidado - para cobri-lo com seu corpo gigante.
— Sou pesado. — Scott disse isso como se fosse impedir Kip de
querer ser absolutamente sufocado por ele.
— Eu não vou quebrar. — Kip envolveu um braço em volta de suas
costas para puxá-lo para mais perto.
Quando Scott colocou seu peso sobre ele, Kip soltou um gemido que
teria sido constrangedor, mas ele estava feliz demais para se importar. Scott
beliscou a pele sensível de seu pescoço, e o pau de Kip endureceu pela
quarta maldita vez esta tarde. Ele moveu seus quadris para pressioná-lo
contra a coxa de Scott.
— Deus, Kip, — Scott gemeu contra sua garganta.
Então seu telefone tocou.
— A comida está aqui —, disse Scott com um sorriso apologético. —
Eu volto já.
Ele desceu para o saguão e Kip ficou cambaleando no sofá.
Kip achava que tinha resolvido o seguinte: Scott precisava de alguém
para fazer sexo que não fosse para a imprensa ou postasse sobre isso na
Internet. Ele, por alguma razão, parecia sentir que podia confiar em Kip seu
RACHEL REID
95

segredo. Eles se conectariam secretamente algumas vezes, e então Scott


voltaria a ser um superastro gigante e Kip voltaria para sua triste piada de
vida. Simples.
Mas, maldição, não seria fácil se afastar disso quando a hora
inevitavelmente chegasse.
Eles comeram o ravióli no sofá e Scott ligou a televisão para assistir
ao jogo Pittsburgh x Boston. Foi interessante assistir ao hóquei com Scott
Hunter. Às vezes, ele se curvava para frente, focado e mastigando
pensativamente. Como se ele estivesse trabalhando em algo em sua
cabeça. Kip se perguntou o que ele estava vendo na tela. Que detalhes ele
estava percebendo que quase ninguém mais na terra veria.
— Você vai jogar em Boston esta semana, certo? — Kip perguntou.
— Sim. Quinta-feira, — Scott disse, seus olhos ainda na televisão. —
Jogamos na Filadélfia na terça-feira.
— E volta aqui no sábado?
— Sim. Montreal joga aqui no sábado.
— Eu, hum, não estou trabalhando no sábado.
Houve uma pausa, e então Scott pareceu registrar o que Kip havia
dito. Ele desviou sua atenção da televisão.
— Oh.
— Sim, estou trabalhando de terça a sexta-feira esta semana.
— OK. — Sua testa franzida.
— Quer dizer... talvez eu pudesse ver se Maria quer...
— Não! Não, não. É bobo, certo?
Kip encolheu os ombros. — Se for importante para você, eu poderia
mudar de turno.
GAME CHANGERS #1
96

Scott balançou a cabeça. — Não, é... — Ele colocou sua embalagem


de comida na mesa de centro, desligou o jogo de hóquei e se virou para Kip.
— Provavelmente deveríamos conversar.
O coração de Kip afundou. Ele se preparou para as palavras que
estava antecipando tristemente desde que eles se encontraram pela
primeira vez.
— Eu estou, hum... — Scott começou, estranhamente atrapalhado
com as palavras. — Você sabe que eu...
— Está bem. Você não tem que...
— Eu estou no armário, — Scott continuou. — Eu acho. Quer dizer,
isso é correto. Eu preciso esconder essa parte de mim. Se soubesse que eu...
— Certo, — Kip disse, seus olhos focados no chão para que Scott não
visse o quão abatido ele se sentia.
— Eu nunca... namorei ninguém.
Kip ergueu os olhos, perplexo.
— Eu fiquei com homens. Aqui não. Nunca fiquei com ninguém em
Nova York. Nunca trouxe ninguém para minha casa antes.
O estômago de Kip embrulhou. — Você não tem?
Scott olhou para ele sério. — Não.
— Oh.
— Como eu disse, nunca namorei ninguém —, disse Scott. — Eu
nunca... eu pensei que não precisava. Que talvez pudesse viver sem isso.
Kip ouviu o passado no que Scott estava dizendo. — E agora?
Scott exalou. — Não sei. Eu sinto que... talvez eu não tenha conhecido
a pessoa certa ainda, sabe?
Puta merda.
RACHEL REID
97

— Só estou dizendo —, disse Scott, — não acho que sejam os


smoothies.
Kip não disse nada. Ele queria ouvir o que Scott diria a seguir.
— Eu quero. Sair com você. Eu sei que mal nos conhecemos, mas...
A emoção borbulhou dentro dele, empurrando um nó em sua
garganta. — Eu também —, ele engasgou.
Scott sorriu para ele, um pouco tristemente.
— Quero dizer, obviamente, sim. Estou dentro —, disse Kip.
— Eu quero —, esclareceu Scott, — mas não sei como podemos.
— Nós vamos descobrir, — Kip disse, ainda completamente
oprimido. — Eu posso guardar um segredo, e não precisa ser... Você sabe,
pode ser casual. Quando você tiver tempo.
— Você merece mais do que isso, Kip.
Kip riu, porque sério? — Eu posso me contentar com você.
Scott sorriu e o beijou. Kip retribuiu o beijo com tudo o que tinha,
porque tinha certeza de que esse incrível homem de sonhos acabara de lhe
pedir para ser namorado.
— Você não terá que se contentar com nada, — Scott murmurou
contra seu ouvido. — Não se eu tiver algo a dizer sobre isso.

ELES CONSEGUIRAM CHEGAR AO quarto, mas por pouco. Scott bateu


Kip contra a parede assim que eles entraram pela porta. Eles jogaram as
camisas fora, então Scott empurrou com tanta força contra ele que os pés
de Kip quase foram levantados do chão. Kip era um cara alto e sólido, mas
Scott o fazia se sentir pequeno. Ele amava como Scott podia maltratá-lo.
— O que você quer? — Ele perguntou. — Diga-me.
GAME CHANGERS #1
98

— Não... — Kip gaguejou, sem fôlego, — não acho que você gostaria
de trocá-lo?
— Você quer que eu te foda?
— Sim. Você iria?
Scott rosnou baixo e o beijou novamente. — Absolutamente.
Kip soltou uma risadinha de alívio. Ele amava foder Scott, mas ele
precisava ser fodido naquele colchão, ou contra esta parede, tão forte
quanto ele sabia que Scott poderia dar a ele.
Eles se separaram para que pudessem tirar as calças, então Scott
puxou Kip para a cama, não rudemente, mas com força. Kip foi feliz,
permitindo-se ser empurrado para o colchão, Scott imediatamente
cobrindo-o. O peso do peito de Scott pressionou Kip, assim como no sofá
antes. Era exatamente o que ele desejava.
Scott moveu seus quadris para que o comprimento de seu pau
enorme e sólido deslizasse contra o de Kip.
— Por favor, — Kip murmurou. — Quero isso.
— Role, — Scott ordenou, soando como o capitão respeitado que ele
era. Isso enviou uma onda de calor por Kip, e ele não conseguiu obedecer
rápido o suficiente. Assim que se acomodou, Scott começou a beijar sua
espinha.
— Você é, — Scott murmurou entre beijos. — Absolutamente.
Esplêndido. — Ele pontuou sua declaração cravando os dentes na nádega
esquerda de Kip, mordendo-a de maneira brincalhona, mas
possessivamente. Kip gemeu e agarrou um dos travesseiros de Scott. Ele
estava tão cheio de necessidade que pensou que fosse explodir.
RACHEL REID
99

Scott continuou mordendo a bunda de Kip, descendo até suas coxas


e subindo novamente. Era tão bom, cada parte de Kip formigava de
ansiedade. Ele não tinha certeza se Scott iria realmente fazer o que sua boca
estava sugerindo. Ele sabia que era relativamente inexperiente, e talvez
fosse demais esperar que ele...
Mas então Scott abriu as bochechas com as mãos fortes e passou a
língua pela fenda de Kip, lentamente.
— Foda-se, — Kip gemeu. — Sim.
Scott lambeu a carne sensível ao redor do buraco de Kip, sacudindo
a ponta da língua sobre a abertura apertada enquanto suas mãos agarraram
sua bunda. Ele o persuadiu a se abrir com golpes quentes e úmidos de sua
língua, cada um enviando um delicioso arrepio pelo corpo de Kip.
Deus, deixe-me ficar neste momento para sempre.
Quando Kip relaxou o suficiente, Scott agarrou o lubrificante e
colocou um dedo forte e escorregadio dentro. Suas mãos eram enormes e
seus dedos tão longos e grossos. Kip queria tantos quanto Scott lhe daria.
Scott colocou a mão firmemente no meio das costas de Kip - talvez
fosse mais para seu próprio equilíbrio, mas Kip adorou. Scott deve ter
notado porque pressionou um pouco mais forte e mostrou um segundo
dedo. Kip engasgou com o aumento da pressão em ambos os lugares.
— Você gostou, hein? — Scott rugiu.
— Sim —, disse Kip com voz rouca. — Eu amo o quão grande você é.
Forte, porra. Quero você em mim pra caralho. Quero você em todos os
lugares.
Scott respondeu fazendo um rosnado muito viril e possessivo e
acrescentando um terceiro dedo. Kip se encolheu e engasgou.
GAME CHANGERS #1
100

— Você está bem? — Scott perguntou, parando seus dedos. —


Demais?
— Não... não, está tudo bem. É bom. É tão bom... — Kip ia continuar
balbuciando. Sua boca sempre fugia dele quando ele estava tão longe. —
Estou pronto —, disse ele. — Estou tão pronto para você, Scott. Por favor.
Eu gosto de duro. Quero sentir isso por dias...
Scott puxou os dedos, e então Kip ouviu o barulho frenético de uma
embalagem de preservativo sendo rasgada. Ele se virou para olhar por cima
do ombro o melhor que pôde, e viu Scott movendo a mão sobre seu pênis
embainhado, alisando-o com lubrificante.
Kip esperou ansiosamente pela primeira pressão do pênis de Scott
entrando nele. Fazia muito tempo desde que ele foi fodido, e foi uma
semana sólida de fantasias sobre exatamente este momento. Depois de um
longo minuto sem que nada acontecesse, Kip olhou para trás por cima do
ombro. Scott estava segurando seus quadris e estava alinhado, mas ele não
estava se movendo.
— Você está bem? — Kip perguntou.
— Sim —, disse Scott. Ele estava corando. — Desculpe. Eu só... eu não
quero te machucar.
— Você não vai. — Kip mexeu sua bunda de brincadeira. — Mas se
você não começar a me foder, posso morrer, então...
Scott soltou uma risada, mas ainda não se mexeu. — Eu só fiz isso
uma vez antes —, confessou.
Oh meu Deus.
Kip sempre se esquecia da falta de experiência de Scott. Parecia tão...
implausível.
RACHEL REID
101

— Você não vai me machucar, — Kip prometeu. — Eu vou te dizer se


você fizer. Mas... eu gosto de duro. Eu aguento.
Scott mordeu o lábio e franziu a testa, e Kip precisava que ele parasse
de pensar.
— Confie em mim —, disse Kip. Scott olhou para ele e acenou com a
cabeça.
Finalmente, Kip sentiu a cabeça do pênis de Scott cutucar sua
entrada, e foi tudo o que ele pôde fazer para não bater de volta nele. Ele
esperou o mais pacientemente possível enquanto Scott empurrava
lentamente.
— Deus, sim, — Kip respirou. — Eu queria tanto isso.
Scott era grande, e Kip se espreguiçou e queimava ao redor dele da
melhor maneira. Quando ele estava totalmente dentro, ele voltou a mão
para o meio das costas de Kip, colocando o peso sobre ela. Kip gemeu.
Scott foi cuidadoso nas primeiras estocadas. Desesperado por mais,
Kip ofereceu algum incentivo. — Tão bom. Tão bom pra caralho, Scott. Não
seja gentil comigo. Você é perfeito. Vamos.
Isso funcionou. Scott começou a empurrar com força, uma mão
plantada na cama para ancorá-lo, a outra espalmada firmemente na
omoplata de Kip. Kip estava no céu.
— Tão forte, — ele respirou. — Não pare. Eu amo isso.
— Você se sente incrível. Porra.
Kip sentiu Scott em todos os lugares - suas coxas sólidas pressionando
contra as pernas de Kip, e sua mão ainda firme em suas costas enquanto
Scott o empurrava contra o colchão. Kip amava o quão doce e tímido Scott
podia ser, mas agora ele estava fodendo Kip como o atleta estrela que ele
GAME CHANGERS #1
102

era. A cada impulso, todo o corpo de Kip sacudia e seu pau esfregava contra
o colchão de uma forma que normalmente não seria o suficiente, mas desta
vez...
Vai funcionar. Deus, eu posso até vir primeiro.
— Não venha, — Scott disse, como se estivesse lendo sua mente. —
Eu quero vê-lo. Não venha.
Kip gemeu, amando o tom autoritário de Scott, e fez o possível para
obedecer. Ele levantou os quadris da cama para reduzir a fricção, mas
maldição se ele nem precisava da fricção, do jeito que Scott estava se
dirigindo para ele. Tudo parecia muito incrível.
— Não sei... — Kip engasgou, — não sei se posso obedecer a essa
ordem, Hunter.
Scott rosnou e, sem aviso, puxou e virou Kip. Ele puxou os tornozelos
de Kip até os ombros e empurrou de volta, mais forte e mais rápido do que
antes.
— Puta merda! — Kip gritou. — Puta merda!
— Agora você pode vir.
Kip fez. Nem mesmo um colchão estava tocando seu pau agora. Ele
estava apenas vindo intocado porque Scott disse a ele e porque tudo sobre
isso era tão perfeito e tão quente. Ele observou, espantado, quando sua
liberação espirrou em seu estômago e peito.
— Oh meu Deus. Porra, Kip. — Scott empurrou nele mais algumas
vezes, então caiu para frente quando gozou dentro dele.
Quando os últimos tremores diminuíram, Scott puxou suavemente
para fora e caiu na cama ao lado de Kip. Ele estava corado e sorrindo. —
RACHEL REID
103

Aquilo foi... — ele começou, então apenas balançou a cabeça e sorriu ainda
mais.
— Sim, — Kip ofegou. — Irreal.
Foi a única palavra que ele conseguiu pensar. Ele pensou que sabia o
quão bom o sexo pode ser, mas ele ficou emocionado ao saber o quão
enganado ele estava.
— Eu já volto, — Scott disse, dando um beijo rápido em sua
bochecha. — Não se mova.
— Nem sonharia com isso.
Scott rolou para fora da cama e foi para o banheiro, deixando Kip
sorrindo para o teto e tentando guardar na memória todos os detalhes do
que acabou de acontecer. Ele amava a rapidez com que Scott havia perdido
suas inibições; ele não segurou nada enquanto usava sua força e resistência
impressionantes para foder Kip sem sentido.
Este homem é meu namorado agora.
Scott voltou com um pano úmido e limpou suavemente o estômago
de Kip. O tecido quente deslizando pela pele de Kip era maravilhoso. Ele
suspirou feliz e estendeu a mão para Scott. — Venha aqui.
Scott sorriu e o beijou. — Isso foi incrível —, disse ele. — Você é
incrível.
— Tenho certeza de que você estava fazendo a maior parte do
trabalho naquela hora.
— Não é trabalho —, disse Scott, beijando Kip no nariz, na bochecha
e no canto da boca. — Não funciona.
Kip o empurrou de costas e subiu em cima dele, beijando-o com toda
a ternura que sentiu naquele momento.
GAME CHANGERS #1
104

Eles se separaram e Scott olhou para ele. Ele correu os dedos pelo
cabelo de Kip e estudou seu rosto, claramente querendo dizer algo.
— O que? — Kip perguntou.
— Posso comprar um smoking para você?
— Você pode...
— Você ainda não tem um, certo? Você ia alugar um? Para a Gala da
Equinox?
— Sim. Quer dizer, não, eu não tenho um. Mas você não...
— Vou ligar para a loja da Hugo Boss amanhã —, disse Scott. — Eu
faço anúncios para eles.
— Sim, eu sei.
— Vou ligar para eles. Dizer a eles para esperar por você. Dizer a eles
que você é um amigo. Eles vão cobrar na minha conta. — Scott disse as
palavras como se estivesse dizendo mais a si mesmo do que a Kip.
— Parece um pouco... generoso. Não é?
Scott acariciou o rosto de Kip com as costas dos dedos. — É
completamente egoísta, na verdade. Eu quero ver você em um smoking que
foi feito sob medida para o seu corpo lindo. Posso não ser capaz de dançar
com você nessa noite, mas você saberá que estarei desejando estar.
Kip ficou sem fôlego. Scott o beijou novamente e murmurou: —
Quero você usando o smoking que comprei para você. E mais tarde, quando
estivermos sozinhos, quero tirá-lo de você.
Kip respirou fundo.
— Não—, disse ele, com um enorme esforço.
Scott se afastou. — Não?
RACHEL REID
105

— É muito. E, além disso... não vai parecer estranho? Se você pedir à


loja para cobrar sua conta ou qualquer outra coisa pelo smoking de algum
cara aleatório?
— Eu...
— Quer dizer, não é muito discreto, certo?
Scott pareceu considerar isso. — Eles saberiam, você acha?
Kip se espreguiçou luxuosamente e sorriu. — Oh sim. Sou muito
bonito.
Scott bufou. — Você é. — Ele o beijou novamente. — E se você usasse
um dos meus?
— Por que? Quantos você tem?
— Mais do que o suficiente. Você pode pegar um e personalizá-lo.
Kip franziu a testa. — Mas então você não poderia usá-lo novamente.
— Eu não preciso disso. Eu tenho muitos.
Muitos smokings não era um problema que Kip conhecesse que
alguém tivesse. Não em seu círculo social, de qualquer maneira.
— Tudo bem —, disse ele, com uma exaustão exagerada. — Eu vou
dispensar você de um de seus smokings. Mas só porque gosto de ser útil.
— Preto clássico? — Scott perguntou, acariciando seu polegar ao
longo da mandíbula de Kip. — Ou talvez azul meia-noite?
— Sua escolha, Hunter
Scott desviou o olhar e realmente corou um pouco. — É meio quente
quando você me chama assim —, disse ele, — mas realmente vai me foder
quando estou pensando nisso no gelo.
Kip riu. — Talvez eu queira que você pense em mim durante os jogos.
GAME CHANGERS #1
106

Scott gemeu. — Você já ficou duro ao usar um suporte?


Desagradável.
— Parece que você já.
Scott apertou os lábios.
— Tudo bem —, Kip suspirou, — Scott, então.
Scott se inclinou. — Tenho a sensação de que vou pensar muito em
você de qualquer maneira.
Ele parecia tão feliz, olhando para Kip e acariciando seus cabelos. E
Kip sabia que ele parecia da mesma maneira. Fazia apenas alguns dias. Essa
coisa era tão intensa e muito além dos sonhos mais loucos de Kip.
— Você vai estar pensando em mim? — Scott perguntou
timidamente.
Kip sorriu. — Não tenho certeza se serei capaz de pensar em mais
alguma coisa, Hunter.
CAPÍTULO OITO

— TRÊS NOVES —, anunciou Greg Huff, espalhando suas cartas sobre


a mesa. — O que você tem, Hunter?
— Foda-se tudo, — Scott disse, jogando suas cartas inúteis para
baixo.
— Sabia —, disse Huff. — Você é um péssimo mentiroso, Scotty.
Ele alegremente varreu a pequena pilha de notas de vinte em direção
a si mesmo. Carter riu e entregou a Scott uma nova garrafa de cerveja. Scott
aceitou com gratidão.
— Seu negócio, Bennett, — disse Carter.
Os quatro estavam reunidos no quarto de hotel de Huff na Filadélfia.
Huff expulsou seu jovem colega de quarto por algumas horas para que os
quatro pudessem se divertir com um jogo de pôquer dos - veteranos.
— Então, Carter, — Huff disse, — como está indo com Gloria Gray?
— É legal. Ela está vindo para Nova York neste fim de semana. Vai ao
jogo no sábado... e no meu apartamento mais tarde naquela noite e o dia
todo no domingo.
— Parabéns, cara —, disse Eric Bennett, — isso é ótimo.
— Bastardo sortudo. — Huff sorriu. — E você, Hunter? Você está
saindo com alguém?
— Por que eu contaria a vocês, idiotas? — Scott desviou.
— Vamos —, disse Bennett. — Somos velhos e casados. Dê-nos algo.
— Desculpe desapontar vocês.
GAME CHANGERS #1
108

— Scott aqui está se guardando para o casamento, — Carter disse,


colocando a mão no ombro de Scott. — E ele está guardando o casamento
para depois que morrer.
Os outros riram.
— Estou apenas ocupado, — Scott argumentou. — Vocês sabem
disso.
— Sim, e não temos nada além de tempo —, disse Huff. — Vamos.
Não há realmente ninguém? Toda essa boa aparência vai desperdiçar?
— Podemos falar sobre outra coisa?
— Ele está saindo com sua irmã, Huff —, brincou Bennett.
— Você sabe que só tenho um irmão —, disse Huff, — e não acho que
Howie seja o tipo dele.
Todos eles riram. Scott também, embora fosse forçado. Não era
mentira, o que Huff disse. Scott havia conhecido seu irmão antes e, não, ele
não era o tipo de Scott. Mas não é por isso que seus amigos estavam rindo.
Não era a ideia de Scott namorar Howie. Era de Scott namorando qualquer
homem.
— Fodam-se todos vocês, — Scott disse. Não em um tom sério. Ele
amava esses caras, de verdade. Eles eram apenas... caras.
Eles voltaram a jogar pôquer e a vida amorosa de Scott não foi
mencionada novamente.
Scott invejava seus companheiros. Ele só podia imaginar como seria
não ser sobrecarregado por sua... alteridade. Ele gostaria de poder ser o
que as pessoas esperavam que os jogadores de hóquei fossem,
magicamente. Mas ele considerou os três homens que estavam jogando
cartas com ele - estrelas da NHL, todos eles - e nenhum deles se encaixou
RACHEL REID
109

perfeitamente no molde. Carter, mais obviamente, com sua pele escura.


Scott sabia que havia lidado com comentários racistas de jogadores e fãs
durante toda a sua vida. Huff era baixo. Ele foi listado como cinco-oito, mas
Scott às vezes se perguntava se ele tinha sido medido enquanto usava
patins. E Bennett parecia mais um professor de jardim de infância do que
um goleiro superstar. Ele nunca bebeu ou festejou, e ele tinha um diploma
de inglês.
Portanto, talvez não houvesse uma maneira “normal” de ser um
jogador de hóquei. Mas isso não mudou o fato de que os insultos preferidos
lançados no gelo eram calúnias homofóbicas. No mundo do hóquei, ser gay
era considerado, na melhor das hipóteses, uma piada e, na pior, nojento.
Contanto que Scott fosse cuidadoso - e ele era - ninguém precisava
saber que ele era diferente.
Scott voltou para seu quarto antes das onze. As noites terminavam
cedo, quando eles tinham um jogo no dia seguinte. Seu colega de quarto
estava na cama, lendo.
Scott se esticou em sua própria cama e pegou o telefone. Ele enviou
uma mensagem a Kip:
Eu sinto sua falta.
A resposta foi quase imediata.
Kip: Já? ;)
Scott sorriu e corou. Realmente só tinha sido naquela manhã que ele
e Kip acordaram juntos no apartamento de Scott? O resto do dia foi um
borrão feliz, enquanto Scott flutuava em um treino antes de embarcar em
um avião para a Filadélfia.
Scott: Já.
GAME CHANGERS #1
110

A próxima resposta veio um pouco mais lenta.


Kip: Eu também.
Scott rolou de costas para seu colega de quarto. Ele sabia que o
garoto, um novato chamado Gillis, não teria coragem de perguntar sobre o
que seu capitão estava sorrindo estupidamente, mas mesmo assim...
Scott escreveu de volta. Estava pensando na sexta-feira.
Kip: Sexta-feira?
Scott: É Dia dos Namorados.
Kip: Oh!
Scott: Você virá naquela noite? Eu quero fazer o jantar para você.
Kip: Vou verificar minha agenda.
Scott: Oh. OK.
Kip: Estou livre. Eu estava brincando.
Scott revirou os olhos. Ele se sentiu um idiota.
Scott: Posso ligar para você?
Kip: Sim.
Scott sentou-se e disse ao colega de quarto: — Vou fazer uma ligação.
Estarei de volta em um instante.
Ele saiu da sala e pegou o elevador para o saguão. Ele entrou na
pequena sala do centro de negócios, que estava vazia, e ligou para Kip. Ele
se sentou em uma das cadeiras da escrivaninha e girou de um lado para o
outro enquanto esperava que ele respondesse.
— Oi —, disse Kip, depois de dois toques.
— Ei.
— Você não deveria estar na cama? — Ele brincou. — Grande jogo
amanhã.
RACHEL REID
111

— Eu estarei em breve. Eu só... queria ouvir sua voz. — Scott se


encolheu com o quão piegas isso era. Ele não era bom nisso.
— Eu sinto sua falta.
Scott sorriu para seu telefone. — Também sinto saudade. Você
encontrou um alfaiate? Eu me ofereceria para pagar por isso, mas tenho a
sensação de que você vai me recusar.
— Você está certo. Eu faria isso —, disse Kip. — Eu ia perguntar a
Elena se ela conhecia um bom, mas então pensei...
— Oh.
— Sim. Eu não quero... quer dizer, ela meio...
— Ela sabe?
— Não! Não. Ela não sabe. Quer dizer, eu não contei a ela sobre nós.
Eu só... ela vai descobrir, sabe? Ela é esperta. E... ela sabe que gosto de
você. Mas sim. Se ela descobrir que consegui um smoking Hugo Boss grátis,
ela vai ter perguntas.
Scott franziu a testa. — Certo.
— Talvez... talvez eu deva alugar um smoking. Apenas para estar
seguro.
— Não, isso é... Não. Você deveria... — Scott suspirou, e torceu para
não se arrepender disso. — Você deveria dizer a ela. Se você quiser. Você
disse que ela é sua melhor amiga?
— Sim.
— Diga a ela. Não quero que fiquemos entre você e sua melhor
amiga.
GAME CHANGERS #1
112

— Obrigado. — Kip parecia aliviado. — Eu realmente quero dizer a


ela. E ela pode guardar um segredo melhor do que ninguém. Ela é a melhor.
Você gostaria dela.
— Eu adoraria conhecê-la.
— Guarde uma dança para ela no baile de gala.
— Combinado. Mas sou um péssimo dançarino.
— Ela é uma dançarina incrível. Ela vai fazer você ficar bem.
Promessa.
— Ok, — Scott disse distraidamente. Kip soou como se um peso
tivesse sido retirado, mas Scott sentiu como se tivesse sido colocado
diretamente sobre ele. Ele mordeu o polegar.
— Então, Dia dos Namorados, hein? — Kip disse alegremente,
mudando de assunto.
— Hm?
— Você quer cozinhar para mim?
— Certo... sim. — Scott balançou a cabeça. Coloque sua cabeça no
jogo, Hunter. — Sim —, disse ele, de forma mais convincente, — eu quero.
— Não sabia que você cozinhava.
— Eu sei cozinhar —, disse Scott. — Eu era um garoto chaveiro. Fiz
muitas refeições para mamãe e eu quando ela estava trabalhando até tarde
no supermercado. E mais tarde... quando ela ficou doente.
— Desculpe —, disse Kip. Ele parecia genuinamente envergonhado.
— Eu deveria ter imaginado.
— Não! Eu não estava dizendo isso para fazer você se sentir mal. Eu
só... gosto de contar coisas sobre mim.
— Eu quero saber tudo sobre você, — Kip disse calmamente.
RACHEL REID
113

Scott achou que seu coração fosse explodir. Ele ficou tão comovido
com as palavras de Kip que não percebeu que não havia respondido, até
que Kip disse: — Oh Deus. Isso foi um pouco intenso. Desculpe.
— Nem um pouco —, disse Scott. — Você pode me perguntar
qualquer coisa.
— Qualquer coisa, hein? Que tal... o que você vai cozinhar para mim?
— O tom de Kip estava relaxado e brincalhão novamente.
— Não estou dizendo. É uma surpresa. — Scott sorriu. — Ah Merda.
A menos que... você tem alguma alergia?
— Não.
— OK. Então é uma surpresa.
Scott pegou uma caneta que estava na mesa à sua frente e começou
a rabiscar distraidamente em um bloco de notas de hotel. — Como foi seu
dia?
— Tudo bem. Não é muito emocionante. Exceto, sabe, você.
— Conte-me tudo o que aconteceu. Eu só quero ouvir sua voz.
Kip falou sobre o podcast que tinha ouvido no caminho para casa do
Scott naquela manhã, e sobre a mulher que ele viu com uma iguana em um
carrinho de bebê, enquanto Scott ouvia e desenhava pequenos
redemoinhos no bloco de notas.
— Então, sim, — Kip disse, quando os redemoinhos de Scott
atingiram a borda da página. — É sobre isso. Não é um dia muito
emocionante.
Kip bocejou, o que deixou Scott ciente da hora. — Oh Deus, estou
mantendo você acordado. Você tem que trabalhar cedo amanhã, certo?
— Sim. Sim, eu deveria ir para a cama.
GAME CHANGERS #1
114

— OK. Eu também.
— Mas Scott? Estou feliz que você ligou.
Scott sorriu ao telefone. — Estou feliz por ter feito isso.
— Assistirei ao jogo amanhã à noite.
— Vou marcar um gol para você.
— Foda-se.
— Eu irei! O primeiro objetivo é seu. Lembre-se disso.
— Tudo bem. Será nosso segredo.
— Sim, — Scott disse calmamente.
Depois que se despediram, e depois que Scott guardou o bloco de
notas que estava rabiscando, Scott saiu da sala de negócios e voltou pelo
saguão. Ele foi recebido por Frank Zullo. Ele tinha uma jovem no braço, e os
dois pareciam muito bêbados.
— Boa noite, Hunter —, disse Zullo, com mais do que um pequeno
sorriso de escárnio em seu tom.
— Zullo. — Scott concordou. — Só entrando?
— Certo. Apenas, ah, indo para a cama, sabe?
— Tenho certeza de que você já tem um colega de quarto, — Scott
disse, olhando para a jovem.
— Ei! Merda! Você é aquele cara superstar! — Ela arrastou.
— Vamos, querida, — Zullo disse, dando a Scott um olhar duro
enquanto guiava a mulher passando por ele.
— Videoconferência amanhã às nove em ponto —, Scott gritou atrás
dele.
Zullo o ignorou e entrou no elevador.
RACHEL REID
115

Scott suspirou. Isso ia ser um pé no saco para o colega de quarto de


Zullo. A equipe tinha uma política de colocar jogadores mais velhos com os
mais jovens em quartos de hotel na estrada. Scott, como capitão,
geralmente ficava com novatos e novas adições à equipe. Era um sistema
que normalmente funcionava bem e mantinha muitos dos jogadores mais
jovens longe de problemas. Mas às vezes os jogadores mais velhos eram os
problemas.
Scott pegou o próximo elevador até o andar da equipe. Ele não sabia
em que quarto Zullo estava, então ele andou um pouco pelo corredor até
que ouviu uma porta se abrir. Com certeza, o jovem colega de quarto de
Zullo, um garoto franco-canadense chamado Brisebois, entrou no corredor.
Ele parecia que estava dormindo.
Se Scott batesse na porta e tentasse falar com Zullo, seria uma briga
que acordaria todos no chão. Ele falaria com ele amanhã.
— Ei, Breezy —, disse ele ao jovem defensor sonolento. — Venha
para o meu quarto. Vou mandar uma cama para cima.

KIP SE SENTOU EM frente a Elena em uma mesa em um pequeno


restaurante mexicano no centro da cidade.
— Então... parece bom? — Ele perguntou.
— Está bem. Eu fiz algumas anotações. Mandei um e-mail para você
antes de sair para encontrá-lo.
Kip pegou seu telefone.
— Você pode lê-los mais tarde, idiota —, disse ela. — A carta de
apresentação foi muito boa. Seu currículo está bom. São apenas algumas
notas.
GAME CHANGERS #1
116

— OK.
— Então, que novidades você tem para mim?
Kip sorriu e depois abaixou a cabeça para escondê-lo.
— Oh meu Deus. Você está apaixonado —, disse ela.
— Não! — Kip disse rapidamente. — Eu não estou apaixonado. Eu
só... tenho visto com alguém.
— Oh? Vendo? Não apenas dormindo com?
— Bem... principalmente dormindo com. — Mas está se tornando
mais do que isso. Eu acho que. Espero.
— Tudo bem.
— É, uh, você sabe... Scott.
— Scott. Como em...
Os olhos de Kip dispararam ao redor deles e ele se inclinou. — Sim.
Exatamente em quem você está pensando. E eu sei que é inacreditável,
mas... sim. Estamos nos conectando. E ele quer que eu...
Ele parou. Ele de repente se sentiu envergonhado. De alguma forma,
quando Scott não estava realmente lá, a coisa toda parecia um sonho febril.
— Ele quer que você... fique firme? — Elena adivinhou.
Kip revirou os olhos. — Certo. Ou, tipo, encontro. Como... ser
namorados. Como queiras.
— Namorados secretos?
— Por enquanto —, disse Kip, com toda a dignidade que conseguiu
reunir.
Elena sorriu. — Nós vamos!
Kip sorriu também. — Sim.
— Jesus, isso é fofo. Nunca te vi assim, Kip.
RACHEL REID
117

— Como o quê? Eu não estou nada!


— OK.
— Estou apenas... feliz, só isso. Ele é realmente...
— Você sabe o que? — Elena disse. — Isso acabou de virar um almoço
de cerveja. Conte-me tudo.

— AQUILO FOI INTERFERÊNCIA! — ERIC Bennett gritou. — Ele estava


em cima de mim! Vamos, ref!
— Eu vi —, disse o árbitro. — Não foi. Acalme-se, porra.
Scott colocou a mão no peito de Bennett para impedi-lo de apertar o
árbitro.
— Você não pode estar falando sério! — Bennett gritou por cima do
ombro de Scott.
— Estou falando sério e vou lhe dar uma penalidade por má conduta
se você não recuar, Bennett.
— Vamos apenas seguir em frente, Bennett —, disse Scott. — Vamos,
não precisamos de uma penalidade agora.
Bennett olhou furioso para Scott através da máscara.
— Por favor —, disse Scott. — Vamos recuperá-los voltando e
ganhando este jogo, certo?
Bennett bufou, mas patinou de volta para sua dobra. Scott o
observou bater nas tramas - direita, esquerda e direita novamente - com
seu taco. Uma superstição que o ajudava a se recompor e se concentrar.
Scott voltou-se para o árbitro. — Só para constar, foi uma
interferência.
— Não comece comigo, Hunter.
GAME CHANGERS #1
118

Scott patinou de volta ao banco com o resto de sua fila para deixar o
treinador Murdock saber o que estava acontecendo. — Bennett está louco
—, disse ele.
— Eu posso ver que Bennett está louco. Estou assistindo ao jogo.
Harv Murdock já fora um grande centro da NHL. Um excelente
artilheiro e um pioneiro dos jogadores negros em uma época em que não
havia nenhum na NHL, a carreira de Murdock foi interrompida por uma
lesão no joelho. Ele havia retornado ao jogo anos depois como treinador
adjunto e erao treinador principal do Admirals por dez anos.
— Você sabe quem mais está louco? — Murdock continuou. — Eu.
Estou bravo porque nossa defesa decidiu tirar a noite de folga. — Sua voz
ficava mais alta a cada frase. — Estou bravo porque desistimos de três
passes neste período. Estou bravo porque perdemos por dois gols, e um
deles foi marcado por falta de jogadores. Então foda-se Bennett estando
chateado com um cara correndo para ele. Vamos começar a jogar hóquei
aqui, senhores.
— Boa ideia, treinador! — Carter disse alegremente. Ele e Scott
patinaram juntos para o círculo de confronto.
— Ele não está mentindo sobre nossa defesa —, disse Scott. — Algo
está errado com esta equipe esta noite. É como se nunca tivéssemos jogado
juntos antes.
— Sim, bem. Eu não acho que seja um segredo o que está errado, —
disse Carter.
Scott fez uma careta. As coisas ficaram um pouco fora de controle na
videoconferência da equipe naquela manhã. Scott tentou chamar Zullo de
lado e sugerir que talvez ele parasse de expulsar seus colegas de quarto
RACHEL REID
119

tarde da noite, especialmente antes dos dias de jogo. A discussão havia


escalado a ponto de Zullo informar a Scott que seu colega de quarto,
Brisebois, era “um maldito viado de qualquer maneira” e que ele poderia
ter ficado e aprendido alguma coisa. Isso deixou Scott louco o suficiente
para empurrar Zullo, e bem...
— Frank não é exatamente um jogador da equipe esta noite —, disse
Carter.
— Quando ele é?
— Só diminuiu por dois, Scott, — disse Carter. — Nenhum problema.
Vamos virar essa merda.
— Sim...

KIP ASSISTIU AO JOGO com seus pais.


— Não parece muito bem esta noite, — papai observou.
— Não, — Kip concordou. Foi um eufemismo definitivo. No terceiro
período, a Filadélfia enterrou os Admirals por 6–2.
Mas Scott havia marcado um desses gols, e Kip sorriu com a ideia de
que o gol era para ele.
— Bem —, disse a mãe, — há sempre o próximo jogo.
— Sim —, disse Kip. A transmissão estava mostrando muitos closes
do rosto de Scott. Sua mandíbula estava cerrada e seus olhos estavam
ferozes. Quando um jogador da Filadélfia passou por ele e disse algo, Scott
lançou-lhe um olhar que transformaria a maioria dos homens em pedra.
— Deve ser a falta de smoothie, certo? — Seu pai brincou.
— Deve ser.
GAME CHANGERS #1
120

O jogo terminou e Kip observou Scott e sua equipe saírem da arena e


voltarem para o camarim. Scott bateu a lâmina de seu bastão com força
contra a parede, pouco antes de desaparecer de vista da câmera. Kip
estremeceu. Ele nunca o tinha visto parecer tão zangado.
— Não dá para ganhar todos —, disse a mãe, desligando a televisão.
— Acho que não. — Kip se levantou e se espreguiçou. Tinha sido um
longo dia. — Eu deveria ir para a cama. Trabalho amanhã.
— Boa noite, querido —, disse sua mãe, e beijou-o na bochecha.
Kip sabia que não teria notícias de Scott esta noite. Ele considerou
enviar-lhe uma mensagem, talvez tentar animá-lo. Tudo o que ele
conseguia pensar eram chavões inúteis, no entanto. E, além disso, não era
como se ele realmente entendesse como Scott se sentia agora. O hóquei foi
a vida de Scott. Era seu trabalho ganhar jogos, e Kip pode não conhecer
Scott muito bem ainda, mas ele sabia que Scott provavelmente levava para
o lado pessoal cada falha de equipe.
Exausto, mas sem conseguir dormir, ele se deitou na cama e olhou
para a escuridão do quarto, ouvindo o vento cortante de fevereiro
soprando lá fora. Ele pegou o telefone por um momento, olhando para ele
no escuro antes de colocá-lo de volta na mesa de cabeceira.
Eventualmente, sua mente se acalmou e ele foi capaz de adormecer.
Quando o alarme de seu telefone o acordou às cinco da manhã
seguinte, ele viu uma mensagem de Scott, enviada à 1h30:
Eu daria qualquer coisa para vê-lo agora.

KIP TINHA MUITAS COISAS em mente no trabalho na quarta-feira.


RACHEL REID
121

Havia o emprego no museu para o qual ele finalmente se candidatou.


Havia o fato de que ele teria seu smoking sob medida depois do trabalho -
o smoking que Scott lhe dera. O que Kip usaria no Equinox Gala no final do
mês. Surreal.
E então havia a mensagem de Scott da noite passada. E os planos do
Dia dos Namorados para sexta-feira.
Oh. E o fato de que Kip estava namorando secretamente Scott
Hunter.
Kip nunca tinha sorrido tanto em sua vida como quando viu a
mensagem de Scott naquela manhã. Isso o desamarrou completamente, e
ele esteve flutuando para longe, para a atmosfera, desde então.
Em resposta à mensagem de Scott, embora tivesse sido enviada
horas antes, Kip tirou uma selfie rápida. Ele nem mesmo se arrumou; ele
ainda estava na cama, o cabelo desgrenhado e o rosto sonolento. Ele queria
que Scott soubesse que ele havia acordado com a mensagem e o quão feliz
ele ficou ao vê-la.
(Ele tinha que admitir, a foto era meio sexy também.)
Scott respondeu logo depois das oito, o que Kip viu quando estava na
sala dos fundos trabalhando.
Scott: Uau.
E então, obrigado. Não acredito que não tinha uma foto sua antes.
Kip escreveu de volta, eu posso fazer melhor.
Scott: Não. É perfeita.
Então, mas fique à vontade para tentar. :)
Kip tinha rido e escrito, não tenho foto sua sabe...
GAME CHANGERS #1
122

Nenhuma resposta veio por um minuto, e então ele recebeu uma


foto de Scott. Era uma imagem de um anúncio do Gatorade que Scott havia
feito.
Kip: Foda-se.
Scott encerrou a conversa com um emoji de rosto piscando e Kip
relutantemente se preparou para o trabalho.
Kip era um cadete espacial completo durante seu turno e, claro,
Maria percebeu.
— O que está te fodendo hoje? — Ela perguntou no final da corrida
matinal. — Quero dizer, além de Scott Hunter, por quem você está
obviamente apaixonado.
— Não, eu não estou! — Não é exatamente uma mentira. Pode ser.
— Claro —, disse Maria.
— É só... — Kip decidiu oferecer outro segredo para desviar a atenção
do segredo maior. — Eu me candidatei a outro emprego. No Museu da
Cidade de Nova York.
— Uau!
— Sim, bem. Não há como eu conseguir. Mas... eu não sei.
Ela deu um soco no braço dele. — Kip! Olhe para você, melhorando
a si mesmo!
— Quer dizer, seria ótimo. Se isso acontecer.
— Isso é emocionante!
— Talvez, sim. Não conte a ninguém, ok?
— Nem uma palavra, — ela prometeu. — Tem certeza que quer
deixar este trabalho glamoroso para trás?
— Contanto que eu possa ficar com o avental.
RACHEL REID
123

Na hora de parar, Maria acompanhou Kip até a estação de metrô. Ela


estava voltando para o apartamento do East Village que dividia com três
colegas de quarto. Kip mencionou que ele iria se encontrar com Elena, e
que ela iria ajudá-lo com seu smoking para o Equinox Gala. Ele omitiu
muitos detalhes.
— Não acredito que você vai ao Equinox Gala —, disse ela. — Isso é
uma loucura. E se Beyoncé estiver lá?
— Então ela terá a honra de dançar comigo.

SEMPRE FOI IMPORTANTE QUANDO Nova York jogava em Boston.


Boston tinha seu próprio centro-estrela, um russo famoso chamado
Ilya Rozanov. Ele era arrogante, impetuoso, chamativo... tudo o que Scott
não era. E os fãs o amavam.
Ele também era um jogador incrivelmente habilidoso, com uma
habilidade incrível de estar sempre no lugar certo na hora certa.
Scott sabia que era melhor não deixá-lo se irritar. Rozanov
antagonizava todos na liga. Ele tinha ficado bom em ignorar o russo
tagarela, mas às vezes Scott só queria acertá-lo na próxima semana.
Saindo da embaraçosa derrota na Filadélfia na terça-feira, Scott
estava animado. O treinador Murdock os havia conduzido em um treino
brutal ontem, depois que chegaram a Boston. A defesa deles foi
especialmente punida, o que Zullo tomou tão bem quanto o esperado.
Zullo era um problema. Scott tinha jogado com caras que eram
idiotas, mas ainda faziam o trabalho no gelo. Zullo fazia cada vez menos o
trabalho. Scott não sabia por quanto tempo mais ele poderia aguentá-lo.
GAME CHANGERS #1
124

Ele estava se tornando uma distração séria, e não o que eles precisavam
conforme os playoffs se aproximavam.
Murdock sabia como Scott se sentia em relação a Zullo. O gerente
geral sabia como Scott se sentia. Scott tentou não deixar seus
companheiros saberem porque era seu trabalho manter a equipe unida
como uma unidade.
Scott estava em uma bicicleta ergométrica na arena duas horas antes
do tempo do jogo, assistindo Rozanov falando mal-humorado de Scott e dos
Admirals na ESPN. Scott balançou a cabeça e lutou contra um sorriso
enquanto assistia à televisão. Ele tinha que dar o braço a torcer - ele deu
um bom show.
Scott estava de mau humor, no entanto. Se Rozanov o montasse
muito esta noite, Scott poderia simplesmente socá-lo.

— UFA —, DISSE ELENA. — ISSO vai levar cinco minutos.


Eles assistiram Scott sendo arrastado para a área de penalidade. Ele
ainda estava gritando o que pareciam ser palavras muito fortes para
Rozanov por cima do ombro.
— Rozanov mereceu —, disse Kip.
— Você pode ser um pouco tendencioso.
— Rozanov é um idiota do caralho.
— Bem, o cara legal Scott Hunter acabou de dar um soco na cara dele.
— Aw, tanto faz. Scott estava de luvas. E Rozanov cobre toda a porra
do rosto com aquela viseira de qualquer maneira.
O árbitro fez o gesto com a mão para indicar que Scott estava
recebendo uma penalidade de cinco minutos por violência.
RACHEL REID
125

— Você deveria mandar uma mensagem para ele, — Elena disse,


cutucando a coxa de Kip com o dedo do pé. — Ele não está fazendo nada
por alguns minutos.
— Cale-se.
— Envie para ele aquela foto que tirei de você de smoking no alfaiate.
— Não! Ainda não acabou e, além disso...
— Você quer que seja uma surpresa.
Kip corou um pouco. — Pode ser.
— Você é uma gracinha —, disse Elena, levantando-se. — Você quer
mais vinho?
— Nah, eu tenho que trabalhar amanhã.
— Você pode ficar aqui esta noite, se quiser. Reduz seu deslocamento
diário pela manhã.
Kip considerou isso. — Não posso. Preciso fazer uma mala antes de ir
trabalhar. Eu estou, uh...
— Vai ficar com Scott amanhã à noite?
— Sim, — Kip disse, sorrindo estupidamente.
— Oh meu Deus! — Elena exclamou. — Amanhã é Dia dos
Namorados!
— Eu sei...
— Você vai sair?
— Não! Não... não vamos a lugar nenhum. Nós, sabe... não podemos.
Ela se juntou a ele no sofá. — Tem certeza que quer isso, Kip? Eu sei
que ele é ele, mas ele vem com muita bagagem.
Memórias da semana passada inundaram o cérebro de Kip: os dois
nus na cama de Scott com as pernas entrelaçadas, os dedos de Scott
GAME CHANGERS #1
126

escovando suavemente seu cabelo; Scott admitindo que nunca trouxe


ninguém para sua casa antes; Scott queria que Kip contasse a ele sobre seu
dia pelo telefone, apenas para que ele pudesse ouvir sua voz.
E aquela mensagem de texto tarde da noite.
Eu daria qualquer coisa para vê-lo agora.
— Sim —, disse Kip. — Eu quero. Ele vale a pena.
CAPÍTULO NOVE

SEXTA-FEIRA finalmente chegou.


Scott mandou uma mensagem para Kip naquela manhã. Entraremos
no avião em breve. Vejo você à noite?
Kip havia respondido, mal posso esperar.
Scott: Eu também não. Mas preciso de tempo para cozinhar!
Kip: Ok. Quando?
Scott: 6?
Kip: Ugh. OK.
Kip terminou o trabalho às duas. Ele tinha uma mala pronta para a
noite e quatro horas para matar. Ele já tinha planejado ir para a academia
depois do trabalho, então ele fez isso. Depois, ele poderia tomar banho lá
e se arrumar antes de ir para a casa de Scott.
Ele tinha embalado uma bela roupa para vestir esta noite. Ele não
achava que Scott esperava que ele se vestisse bem; ele decidiu fazer um
pouco de esforço.
Quando Kip se olhou no espelho do vestiário antes de deixar o
ginásio, ele achou que parecia muito bem. Ele estava vestindo sua melhor
calça jeans, que era escura e justa. Ele os combinou com um suéter
vermelho profundo com gola xale que comprara na Old Navy7. Nada
sofisticado, mas apropriadamente aconchegante para uma noite de São
Valentim em.
E sairia facilmente.

7
Old Navy, é uma empresa americana de roupas e acessórios, participando da holding da multinacional
americana Gap Inc.
GAME CHANGERS #1
128

Ele ainda tinha uma hora e meia, então decidiu ir buscar um pouco
de vinho para trazer.
Devo levar um presente?
Jesus.
Kip nunca tinha realmente feito o Dia dos Namorados antes. Qual foi
o gesto apropriado para o homem com quem você namorou secretamente
por cerca de uma semana?
O milionário com quem ele namorava secretamente há cerca de uma
semana.
Pouco tempo depois, Kip estava na boutique de vinhos na rua de sua
academia, franzindo a testa para as garrafas que ele normalmente
comprava - tintos baratos que seus pais gostavam e brancos de oito dólares
que Elena descreveu como - bebíveis. Ele poderia realmente aparecer na
casa de Scott Hunter com um desses? O que aquele cara costumava beber?
Kip considerou uma garrafa de trinta dólares. Em seguida, uma
garrafa de quarenta dólares. Ele considerou a escassa soma que estava em
sua conta bancária no momento.
Talvez ele pudesse levar cerveja. Não era tradicional, mas...
Ou flores? Flores seriam estranhas?
De repente, os setenta minutos que ele tinha para matar não
pareciam tempo suficientes.

SCOTT ENXUGOU AS MÃOS em um pano de prato e admirou a salada


que havia feito. Era simples, apenas rúcula, tomate cereja e pinhão com um
pouco de parmesão, mas era bonito.
Ele verificou a hora. Quinze minutos até a chegada de Kip.
RACHEL REID
129

Ele abriu uma garrafa de vinho branco gelado e tirou alguns copos.
Ele nem tinha certeza se Kip bebia vinho. Ainda havia tantas coisas que ele
não sabia sobre ele.
Eu quero aprender tudo.
Esses sentimentos eram todos tão novos para ele. Ele não teve
ninguém para cuidar - ou para cuidar dele - desde que sua mãe morreu
quando ele tinha quatorze anos. Seus companheiros de equipe eram como
uma família, e esses laços eram importantes para ele, mas esse desejo
abrangente de estar com Kip era diferente de tudo que ele já havia
experimentado.
Ele considerou onde estava há menos de um ano. Em agosto passado
ele esteve na Espanha. Torremolinos. Sozinho.
Scott havia passado seus dias lá, explorando anonimamente a
pequena cidade litorânea, às vezes indo para a praia para nadar ou conferir
os... pontos turísticos. Ele ainda não tinha reunido coragem para ir à praia
“gay” que ele sabia que estava lá.
À noite, a escuridão tornando-o corajoso, ele se dirigiu a um dos
muitos bares gays. Ele preferia os pubs. Era muito mais fácil sentar-se em
um bar e beber uma cerveja do que envergonhar-se em uma pista de dança.
Ele nunca teve problemas para atrair o tipo de atenção que esperava
secretamente. Ele não podia flertar para salvar sua vida, mas sabia que
tinha um bom corpo. Ele se sentava com sua cerveja na camiseta mais justa
que ousara usar e esperava que alguém se aproximasse. Alguém sempre se
aproximou.
Fazer qualquer coisa em público deixava Scott apavorado, então ele
foi para o quarto do hotel ou, em algumas raras ocasiões, trouxe-os para o
GAME CHANGERS #1
130

seu. Os encontros foram provisórios, educativos. Eles eram apenas...


manutenção. Eles preencheram uma necessidade básica e evitaram que
Scott enlouquecesse. Não havia nada de romântico neles.
Eles não tinham sido nada parecidos com os tempos em que ele
estivera com Kip. Scott guardou cuidadosamente a memória de cada beijo,
toque e gemido que Kip deu a ele, e preencheu as horas solitárias na estrada
repetindo-as uma e outra vez.
Ele estava apaixonado. Essa foi a única palavra para isso.
A água esquentava para o macarrão, e os camarões estavam todos
limpos e prontos para ir para uma panela com manteiga e alho. Seu plano
era juntar tudo depois que Kip chegasse.
Ele verificou a mesa de jantar para se certificar de que tudo estava
perfeito. Ele ajustou a iluminação e acendeu uma pequena vela em um
suporte de vidro no meio da mesa. Ele estava nervoso. Ele nunca tinha
comemorado o Dia dos Namorados antes.
Ele se inspecionou no espelho do corredor. Ele se vestiu um pouco
além de sua usual camiseta e jeans, indo com uma bela calça cinza-carvão
e uma camisa azul de botão. Ele não esperava ficar usando roupas por
muito tempo, de qualquer maneira.
Mas ele não apressava as coisas. Ele tinha planos. Muitos planos.
Ele sorriu para si mesmo e desceu para cumprimentar Kip. Ele tinha
contado os minutos o dia todo. A semana toda, realmente. Ele perdeu a
conta do número de vezes que olhou para a selfie que Kip lhe enviou.
E então, lá estava ele. Entrando pelas portas da frente do prédio de
Scott com um sorriso tímido que fez o coração de Scott disparar.
— Oi —, disse Kip.
RACHEL REID
131

— Oi. — Scott queria abraçá-lo, mas se preocupava se fizesse


contato, não seria capaz de se controlar. Melhor ficar atrás de portas
fechadas.
No elevador, um minuto depois, Scott disse: — É tão bom vê-lo
novamente. Você não tem ideia.
— Eu acho que eu faço.
Ele corou e apertou os lábios. — Está com fome? Tenho que ferver a
massa, mas vai demorar apenas alguns minutos.
— Certo. O que você quiser fazer.
— Quer dizer, poderíamos esperar, mas eu estava pensando que
poderíamos querer tirar comer fora do caminho...
Kip mordeu o lábio, e apenas aquele pequeno gesto deixou Scott
excitado.
Ele se atrapalhou com o código para destrancar seu apartamento. Kip
estava bem atrás dele, deixando quase nenhum espaço entre eles, mas
ainda sem se tocar.
Finalmente a porta destrancou e eles entraram. Quando a porta se
fechou, eles ficaram se encarando por um momento, nervosos e sorrindo.
Depois de alguns segundos ridículos, Scott soltou uma risada e, com uma
mão gentil no rosto de Kip, os guiou juntos.
Eles se beijaram profunda e abertamente por um longo tempo. Scott
ouviu a mochila de Kip cair no chão antes de suas mãos envolverem as
costas de Scott. Scott colocou suas próprias mãos nas costas de Kip e o
puxou com força contra ele. Foi tão bom abraçá-lo. A frustração e o estresse
que Scott carregou durante toda a semana se dissiparam.
GAME CHANGERS #1
132

Quando eles finalmente se separaram, Kip riu. — Também senti sua


falta.
Scott sorriu e pegou sua jaqueta para pendurar. Kip estava com um
suéter vermelho que o fazia parecer tão bonito e fofinho...
— Você está bem —, disse Scott. — Muito bom.
— Estava pensando a mesma coisa sobre você.
— Entre, — ele disse, estendendo a mão. Kip sorriu e pegou.
Scott o levou para a mesa de jantar que, ele tinha que admitir, parecia
muito romântica. Ele tinha feito um bom trabalho definindo o clima,
considerando sua falta de experiência.
— Uau —, disse Kip. — Tudo isso para mim?
— Eu, uh, desculpe se é um pouco demais. Eu só... Eu nunca
comemorei o Dia dos Namorados antes.
— Você sabe algo? — Disse Kip. — Nem eu.
— Mesmo?
— Mesmo. Nunca.
— Acho isso muito difícil de acreditar.
Kip encolheu os ombros. — Nunca estive em um relacionamento
sério. Quer dizer, alguns caras eu vi por um tempo, mas nunca em fevereiro,
eu acho.
— Uau —, disse Scott. — Bem, isso tira uma carga. Achei que teria de
enfrentar uma competição acirrada.
— Não. — Kip sorriu. — E tenho a sensação de que você teria vencido
de qualquer maneira.
Scott o beijou, porque ele não pôde evitar. — Eu gosto de vencer.
RACHEL REID
133

Ele o levou para a cozinha. Ele serviu duas taças de vinho e vestiu um
avental, que Kip parecia adorar.
— Olhe para você —, disse Kip, recostando-se na geladeira com o
copo na mão. — Um outro lado de Scott Hunter.
Scott revirou os olhos. — Eu tenho muitos lados. — Ele jogou o
linguini na panela de água fervente e ligou o segundo fogo. — Isso não vai
demorar muito —, garantiu a Kip enquanto colocava uma frigideira no
fogão.
— Sem pressa. Gosto de ver você trabalhar.
Eles conversaram enquanto Scott preparava o jantar. Era fácil e
confortável, exatamente como Scott sempre imaginou que seria um
relacionamento.
— Tudo bem —, disse ele quando o jantar estava pronto. — Vá se
sentar. Eu quero levar para você, parecendo bem no prato.
Kip obedeceu e Scott reuniu os pratos. Ele os carregou para a mesa e
sua respiração prendeu quando viu como Kip estava deslumbrante na luz
fraca da sala de jantar.
Ele colocou a massa ao lado dos pratos de salada e sentou-se na
cadeira. Ele ergueu sua taça de vinho. — Feliz Dia dos namorados.
— Feliz Dia dos namorados. A propósito, isso parece incrível.
— Oh, obrigado. Eu queria mantê-lo meio leve, sabe?
Os lábios de Kip se contraíram. — Acho que entendi.
— Eu estava pensando —, disse Scott após algumas mordidas, — não
é apenas o Dia dos Namorados que estamos comemorando esta noite.
— Oh?
— Também faz um mês que te conheci pela primeira vez.
GAME CHANGERS #1
134

— Uau —, disse Kip, — não pensei nisso.


— Estou muito feliz por ter decidido comer um smoothie naquele dia
—, disse Scott, sorrindo.
Kip sorriu de volta para ele, aquele sorriso fácil e sexy que sempre
desarmava Scott completamente. — Eu também.
Eles comeram, conversaram, riram e beberam mais vinho. Scott
posicionou as cadeiras de forma que ficassem de frente um para o outro,
do outro lado da mesa, porque ele pensou que seria o mais tradicional, mas
agora ele estava se arrependendo. Ele queria estar mais perto de Kip. Assim
que terminaram de comer, ele sugeriu que fossem para o sofá.
Antes de se juntar a Scott na sala de estar, Kip fez uma pausa e disse:
— Oh! Só um segundo.
Ele caminhou até onde havia deixado sua mochila ao lado da porta e
voltou com uma pequena sacola de papel. — Eu trouxe algo para você. É...
quero dizer, não é nada. Acabei de vê-los e... Enfim, aqui.
Ele empurrou a sacola para Scott, que a pegou. — Você me deu um
presente?
— Tipo de. É simplesmente idiota. Eu não sabia o que trazer.
Scott abriu a bolsa e tirou...
— Meias —, disse ele.
— Sim, eles são meio como a cor de mirtilo. Ou, como, a cor do seu
smoothie que você ganha. Pensei que talvez você pudesse usá-las quando
estiver na estrada. Seria como trazer boa sorte para você?
Scott correu o polegar sobre o material macio das meias,
completamente sem fala.
— Como eu disse, — Kip murmurou, — é simplesmente idiota.
RACHEL REID
135

— Não! — Scott se levantou para recebê-lo. — Não, eu amo elas. Elas


são... eu as amo, Kip. Vou usá-las o tempo todo quando estiver fora e vou
pensar em você. Obrigado.
Kip parecia aliviado e encantado, e Scott o beijou, porque como não
poderia? Pode parecer bobo, mas ter essas meias o ajudaria muito quando
ele estivesse longe de Kip.
Eles se beijaram, e desta vez a boca de Kip se moveu dos lábios de
Scott para sua mandíbula, então para trás de sua orelha. Ele respirou fundo,
completamente dominado pela necessidade deste homem bonito e
atencioso.
— Então, agora que o jantar está fora do caminho... — Kip respirou
contra seu ouvido.
— Também tem sobremesa, — Scott disse fracamente. — Eu fui a
uma padaria...
Kip o interrompeu com um beijo que fez Scott esquecer tudo sobre
os macarons em uma caixa em seu balcão.
Ele já estava duro. Ele esteve pelo menos parte do caminho desde
que Kip entrou em seu apartamento, para ser honesto. Isso era ridículo. Ele
já havia passado anos, e mais recentemente meses, sem sexo e agora ele
não podia passar alguns dias sem se sentir desesperado por isso.
Kip não o faria esperar mais. Ele desabotoou a camisa de Scott,
destruindo a bela roupa que Scott havia montado com tanto cuidado. Mas
Scott não se importou. Ele mal podia esperar para se livrar dessas roupas.
Para sentir Kip em todos os lugares.
Quando o último botão foi liberado, Kip puxou para baixo a gola da
camiseta de Scott e raspou os dentes ao longo da clavícula. Scott
GAME CHANGERS #1
136

estremeceu e pressionou sua ereção contra o estômago de Kip. Se Kip não


o tocasse logo, ele iria começar a choramingar.
Kip riu suavemente contra seu pescoço. — Para mim?
Ele deslizou a mão pela coxa de Scott. Quando sua mão finalmente
fez contato com o pênis de Scott através do tecido de suas calças, Scott
sufocou um — S-sim. Deus.
Ele ficou desapontado com sua falta de disciplina. Ele queria liderar
isso. Desenhar isso. Saborear.
Mas Kip já estava desabotoando o cinto de Scott, abrindo o zíper da
calça e enfiando a mão dentro e...
— Eu - tenho planos, — Scott gaguejou.
Kip sorriu para ele e jogou uma almofada no chão aos pés de Scott.
— Eu também.
Ele caiu de joelhos.
— Estive pensando sobre isso a semana toda, porra, — ele disse,
acariciando o pau de Scott através de sua cueca - sua linda cueca - e
respirando quente nela. Ele deslizou as calças de Scott para baixo, passando
as mãos firmemente pelas coxas de Scott. Scott desejou ter algo em que se
apoiar, mas ele estava parado entre o sofá e sua mesa de centro, sem
paredes ao alcance. Precisaria de toda a sua força para evitar que seus
joelhos dobrassem.
Scott acariciou o cabelo de Kip e suspirou feliz quando Kip deslizou a
mão de volta para cima e segurou suas bolas, apertando suavemente. Scott
estremeceu e respirou fundo.
Ele queria mimar Kip. Ir devagar para que eles pudessem explorar um
ao outro. Mas talvez aliviar não fosse a pior ideia...
RACHEL REID
137

Kip puxou o pênis de Scott para fora e beijou a cabeça. —


Fodidamente lindo, — ele murmurou. — Olhe para você.
— Praticamente assim desde que você chegou.
— Deixe-me ajudar.
A boca de Kip era tão quente e escorregadia, e Scott estava tão
excitado que iria gozar embaraçosamente rápido. Alguns minutos da boca
de Kip nele, e as mãos de Kip em suas coxas e bunda, e Scott estava
tremendo.
— Já está tão perto, não é? — Kip roçou os dedos nas bolas de Scott,
que estavam apertadas e pesadas. Ele lambeu o pré-sêmen que estava
vazando da ponta em gotas gordas.
Scott apenas agarrou o cabelo de Kip, incapaz de falar, e Kip o levou
profundamente em sua boca, chupando forte e implacavelmente até que
Scott se quebrou e gozou. Kip continuou a lamber suavemente na cabeça
até que Scott deu um passo vacilante para trás.
— Isso —, Scott ofegou, — não era assim que isso deveria acontecer.
— Não? — Kip disse, levantando-se. — Estou muito satisfeito com os
resultados.
Scott riu e balançou a cabeça. — Eu queria ir devagar esta noite.
— Ainda podemos ir devagar. Não estou com pressa nenhuma.
Scott o beijou e então o puxou de brincadeira para o sofá com ele.
Eles pousaram todos enredados um no outro. Scott mudou de posição para
que suas costas estivessem contra um dos braços, uma perna estendida ao
longo do comprimento do sofá. Kip estava principalmente em seu colo
agora, beijando-o enquanto ele cuidadosamente colocava Scott de volta em
sua cueca.
GAME CHANGERS #1
138

Eles se beijaram no sofá, as mãos empurrando por baixo das camisas.


Scott se sentiu selvagem. Mesmo depois de uma (realmente excelente)
chupada, ele ansiava por mais. A ereção de Kip estava dura contra seu
quadril agora, e Scott estendeu a mão, agarrando-o através da calça jeans.
Kip gemeu baixinho em sua boca e balançou em sua mão. Scott se moveu
para desfazer a braguilha de Kip, mas Kip o parou com uma mão em volta
de seu pulso.
— Você está bem? — Scott perguntou.
— Sim, — Kip exalou, sua testa pressionada contra o ombro de Scott,
— Eu só... há algo que eu quero fazer. E não quero perder a coragem.
A curiosidade de Scott foi aguçada, para dizer o mínimo. — O que
você quer fazer?
— Podemos ir para o quarto?
— Sim! Sim claro.
Kip se desvencilhou de Scott e o levou para o quarto. Quando eles
chegaram lá, ele se virou e começou a se despir. — Da última vez —, disse
ele, depois de puxar o suéter pela cabeça, — você disse... que queria...
— Da última vez... — Scott repetiu, lutando para lembrar o pedido
específico ao qual Kip estava se referindo. Ele queria muitas coisas quando
se tratava de Kip. — Oh!
— Sim, — Kip disse com um sorriso torto. — Disse que você queria
me assistir. Queria ver como gozo.
— Eu fiz —, disse Scott, atordoado. — Eu faço. Eu quero isso. Deus.
— Bem —, disse Kip, desabotoando a braguilha, — sente-se. — Ele
apontou para a cadeira no canto do quarto de Scott.
— Sim... sim, ok. Jesus.
RACHEL REID
139

Scott se sentou na cadeira. Tirando a camisa desabotoada e as calças


abertas, ele ainda estava vestido. Kip, por outro lado, já estava com sua
cueca preta. O desequilíbrio fez Scott se sentir muito sujo. Ele já estava
ficando duro de novo.
Kip empilhou os travesseiros contra a cabeceira da cama e se jogou
de brincadeira na cama, as costas apoiadas na montanha de travesseiros.
Scott arrastou a cadeira um pouco mais perto. Ele obedeceria às
regras de Kip, mas ele seria condenado se não tivesse a melhor visão
possível.
Kip fechou os olhos, exalou pesadamente e, em seguida, deslizou a
mão pelo estômago e pela coxa. Ele moveu a mão em círculos preguiçosos
na parte interna da coxa por um momento, então a arrastou até onde seu
pênis esticou contra sua cueca.
Ele respirou fundo e abriu os olhos, primeiro olhando para a mão e
depois para Scott. Scott balançou a cabeça lentamente.
— Ok, — Kip murmurou, aparentemente para si mesmo.
Scott podia ver a tensão o deixando enquanto ele movia a mão,
agarrando e acariciando a protuberância em seu short. Ele suspirou e
mordeu o lábio, os olhos tremulando fechados, então abriram novamente
para olhar para Scott sob as pálpebras pesadas.
— Tenho pensado muito sobre isso, — Kip disse, sua voz sonolenta e
fácil. — Você está me olhando assim. Quente pra caralho, eu posso te dizer
isso.
— Sim?
— Mmm. Quando eu estava me masturbando... porra, depois que
desligamos na outra noite... imaginei que você estava assistindo.
GAME CHANGERS #1
140

— Deus.
— Quase... quase liguei de volta. Queria falar no Skype ou algo assim
para que você pudesse me assistir de verdade.
— Porra, sim. Teremos que fazer isso. Em breve. Quando meu colega
de quarto não está lá.
Kip riu. — Certo. Merda. Companheiro de quarto. Esquecido. — Ele
se puxou através do tecido, a cabeça rolando para trás contra os
travesseiros. Ele era tão sexy e ousado, e estava dando a Scott tudo o que
ele queria.
— Como você está indo? — Scott perguntou, a voz rouca.
— Tão bom, Scott. É tão bom. Vou tirar isso agora. — Ele enganchou
os polegares na cintura do short, ergueu os quadris e os tirou. E Scott foi
tratado com a perfeição do corpo nu de Kip, com seu pau lindo e grosso,
que estava tão duro agora que estava quase plano contra a barriga de Kip.
Scott teve a precaução de colocar a garrafa de lubrificante em cima
da mesa de cabeceira. Ele não queria que as coisas fossem interrompidas
depois de começarem. Ele estava grato por aquele pouco de planejamento
agora, enquanto observava Kip alcançar o lubrificante e colocar um pouco
em seu pênis.
— Mm... esse lubrificante é realmente bom. Eu mencionei isso? —
Kip perguntou, os olhos fechados novamente. — É uma sensação incrível.
Os longos dedos de Kip se curvaram ao redor de seu pênis e
deslizaram para baixo, então voltaram para que sua palma pudesse torcer
sobre a cabeça. Seu polegar pressionou um pouco sob a cabeça no caminho
de volta para baixo. Sua outra mão acariciou suavemente suas bolas, às
vezes puxando-as. Foi tudo muito lento e solto.
RACHEL REID
141

— Você gosta de ser gentil, hein? — Scott perguntou.


Kip abriu os olhos e deu um sorriso preguiçoso. — Estou tentando
não gozar imediatamente. Quero fazer um bom show aqui.
— Você está. — Scott se mexeu na cadeira. Precisou de toda a sua
força de vontade para ficar lá. — Você está dizendo que já está perto?
— Dizendo que eu poderia estar...
Scott engoliu em seco. — Você parece tão bom, Kip. Eu quero ir aí.
Eu quero te tocar. Mas eu quero assistir você também.
— Talvez eu deixe você... mais tarde... Ah... Jesus...
Scott observou obedientemente de sua cadeira enquanto a mão de
Kip acelerava e seus olhos se fechavam novamente. Ele era a coisa mais
linda que Scott já tinha visto, se contorcendo na cama e completamente
focado em seu próprio prazer. Sua respiração estava áspera e ele soltava
lindos gemidos.
A própria respiração de Scott estava ficando irregular. — Kip... porra.
— Ele não aguentava mais. — Posso... posso sentar na cama com você? —
Ele perguntou. — Eu não vou tocar em você. Eu só quero estar mais perto.
— Sim, querido, — Kip falou lentamente, a cabeça rolando para trás
nos travesseiros atrás dele. — Venha aqui.
Scott corou com o nome carinhoso, mas enviou uma emoção
vertiginosa por ele ao mesmo tempo. Ele foi até a cama e sentou-se no
canto, girando para poder ver Kip sentado perto de seu pé estendido.
E aqui ele podia ver as contas de pré-sêmen brilhando na fenda. Ele
podia ver o suor que umedecia as pontas do cabelo de Kip, a forma como
os músculos de seu pescoço se contraíam e como sua mandíbula se contraía
quando algo parecia particularmente bom.
GAME CHANGERS #1
142

— Ufa, — Kip rangeu. — Tentando fazer isso durar, mas foda-se...


— Você não precisa —, disse Scott, com a boca seca. Ele queria se
tocar, mas também queria esperar pela mão de Kip mais tarde.
Principalmente, ele precisava ver Kip chegar.
Kip grunhiu e moveu a mão mais rápido.
— Você está perto, não é? Você precisa vir? Tentando resistir a mim,
mas você está bem aí, eu posso dizer.
— Eu estou - Oh, porra, — Kip gaguejou.
— Você vai terminar por mim? Ou você quer que eu ajude?
— Ah... Deus... eu não sei...
Seu peito estava pesado e os músculos de seu braço estavam tensos
enquanto ele se bombeava com mais força. Ele travou os olhos com Scott,
e Scott sabia que ele estava prestes a...
A boca de Kip caiu aberta e ele soltou um ruído quebrado quando
gozou. Longas fitas caíram em seu peito e estômago e escorreram por seus
dedos enquanto ele estremecia e diminuía a velocidade de sua mão.
— Deus, Kip. Tão bonito. Você deveria ver.
Kip fechou os olhos e se afundou, sem ossos, nos travesseiros.
Scott rastejou sobre seu corpo e pairou sobre seu rosto. Quando Kip
abriu os olhos novamente, Scott o beijou, lenta e ternamente.
— Obrigado —, disse Scott. — Isso foi... vou ficar segurando isso por
muito tempo.
— Outra coisa para levar com você na estrada. — Kip sorriu.
— Certo. — Scott o beijou novamente. — Agora parece o momento
perfeito para a próxima coisa que planejei.
— Merda, não me obrigue a fazer nada agora, Scott.
RACHEL REID
143

— Você vai gostar disso. Só um segundo.


CAPÍTULO DEZ

KIP RELAXOU contra os travesseiros, satisfeito com sua experiência


de exibicionismo bem-sucedida.
Scott saiu do banheiro com um pano úmido. Ele se sentou na cama
ao lado de Kip e o enxugou com movimentos suaves. Parecia celestial.
Tão celestial que Kip demorou um pouco para perceber que Scott
havia deixado água correndo no banheiro.
— O que você planejou? — Kip perguntou.
— Pensei em tomar um banho...
Kip gostou muito dessa ideia. — Você está me mimando.
— Você se importa?
— Na verdade. — Kip puxou-o para baixo pela camisa desabotoada e
beijou-o. — Você está com muitas roupas para o banho.
Scott saltou da cama e rapidamente tirou a camisa. Ele estava com
sua cueca azul royal em segundos. Kip achava que nunca se cansaria do
incrível peito e abdômen de Scott.
Ao contrário das outras partes da casa de Scott, o banheiro não tinha
janelas. O quarto estava longe de ser claustrofóbico, no entanto. A
iluminação e a decoração criaram uma atmosfera relaxante, um santuário
privado em uma cidade barulhenta de milhões de habitantes.
A banheira ficava no meio da sala e era enorme. O vapor saiu da água
que o enchia. A sala tinha um cheiro incrível também - picante e cítrico.
— Eu geralmente uso apenas sal de Epsom —, disse Scott, — mas
pensei em usar este produto de banho chique que comprei. — Ele apontou
para uma garrafa fina e de aparência cara que estava no balcão.
RACHEL REID
145

— Você realmente está me mimando. — Kip sorriu. Ele passou um


braço em volta do pescoço de Scott e puxou-o para um beijo.
Scott entrou no banho primeiro e Kip se acomodou entre suas
pernas. Kip havia tentado, uma vez, tomar banho com outro cara, mas a
banheira era muito pequena para os dois. A torneira havia cavado em suas
costas e ele não tinha onde colocar as pernas.
Isso não era um problema na banheira de Scott, onde a torneira
ficava na lateral e havia espaço suficiente para os dois homens abrirem as
pernas.
Kip inclinou a cabeça para trás para que descansasse no ombro de
Scott. Scott passou um braço diagonalmente sobre o peito e beijou o topo
de sua cabeça.
— Isso é bom, — Kip murmurou. Ele poderia realmente adormecer
aqui.
— É perfeito.
Eles ficaram em silêncio por um tempo, e então Scott disse: —
Quando olhei pela primeira vez para este lugar e vi esta banheira, pensei:
'É grande o suficiente para dois'. E eu sei que é idiota, mas eu sempre quis...
eu imaginei compartilhar isso com alguém.
Kip entrelaçou os dedos sob a água.
— Não apenas a banheira —, disse Scott. — Tudo isso. Este
apartamento. Minha vida. Não sei...
Kip estava pasmo. A vida dele?
— Desculpe —, disse Scott, — sei que só estivemos... quer dizer, eu
não deveria estar sugerindo...
GAME CHANGERS #1
146

— Não sei como consegui ter tanta sorte —, interrompeu Kip, — mas
ser capaz de compartilhar qualquer coisa com você me deixa muito feliz.
Ele puxou suas mãos unidas e as colocou sobre seu coração. Scott
roçou os lábios na têmpora e mordeu o topo da orelha. — Eu iria
compartilhar tudo com você, Kip. Te dar qualquer coisa.
— Não preciso de nada. Exceto, talvez, ficar neste banho para
sempre.
Scott riu contra o cabelo de Kip. — Você quer ir ao jogo amanhã à
noite?
— Eu não posso. Estou trabalhando em um evento. Servindo.
— Oh.
— Vê? Ambos temos vidas ocupadas. — Kip riu de sua própria piada.
Scott ficou quieto.
— Espero que você não pense... — ele começou. Kip podia sentir que
ele estava ficando tenso. — Eu não acho que você está abaixo de mim.
— Tecnicamente, você está abaixo de mim no momento.
— Estou falando sério. Eu só - eu quero dizer isso uma vez, então você
sabe. Porque é possível que você pense que estou apenas... tirando férias,
ou o que seja, com você. Como se eu estivesse tentando escapar da minha
vida de alto perfil me envolvendo com um, hum...
— Ninguém?
— Não! Quer dizer... você não é. É isso que estou tentando dizer -
terrivelmente. Você não é um ninguém. Não estou te usando para escapar
de nada. Eu amo minha vida. Eu amo meu trabalho. A parte da fama às
vezes é um pouco exagerada, mas não me importo. Estou feliz, é o que
RACHEL REID
147

estou dizendo. Mas isso? Você? Eu sinto que... como se tivesse encontrado
a peça que faltava.
Kip não sabia o que dizer sobre isso.
— Nossa —, disse Scott, — isso não é - desculpe. Eu não deveria ter...
— Não! É só... sério? Você se sente assim?
— Eu faço.
Kip se virou para encarar Scott, a água espirrando ruidosamente ao
redor deles. — Você não me deve nada, ok? Eu não espero nada. Mas eu
gosto muito de você, então, obrigado.
— Graças a você, — disse Scott, — por ter vindo. Tudo isso é novo
para mim, e estou tentando muito levar isso devagar e não ficar muito
intenso, mas estou acostumado a ir em frente e ir atrás do que quero.
Kip sorriu. — Funciona para mim.
Eles se beijaram e Scott passou as mãos pelos lados de Kip. — Você
me chamou de querido, — ele disse, sua voz suave e estúpida.
— Eu fiz?
— Sim... quando você estava...
— Ah, eu digo muitas coisas idiotas quando estou tão longe.
Desculpe.
— Não, gostei.
Kip sorriu para ele. — Bem, tudo bem, querido, — ele disse, e então
o beijou novamente.
Ele acabou indo para a extremidade oposta da banheira para que
pudesse falar com Scott com mais facilidade.
— Eu vi o gol que você marcou para mim —, disse ele.
GAME CHANGERS #1
148

Scott fez uma careta. — Eu esperava que você não tivesse assistido a
esse jogo.
— Eu assisti os dois. Eles pareciam... frustrantes.
— Essa é uma palavra para isso, — Scott resmungou.
— Você quer falar sobre isso?
— Não. — Então, — É só... — E ele começou a reclamar de Frank Zullo
por vários minutos. Kip ouviu e distraidamente acariciou a canela de Scott
com as pontas dos dedos.
— Nossa, — ele disse quando Scott terminou.
— Desculpe —, disse Scott. — Estou meio que estragando o clima
aqui.
— Não se desculpe. Se algo está incomodando você, eu quero ouvir
sobre isso.
Scott ergueu uma sobrancelha. — Mesmo que estejamos juntos em
uma banheira no Dia dos Namorados?
— Com certeza. — Era verdade. Kip tinha ficado com muitos caras,
mas ele não tinha feito uma conexão real como essa antes. Era francamente
muito sexy que Scott quisesse compartilhar seus problemas com ele.
— Então... — Kip disse, — o que Rozanov disse que te fez socá-lo
daquele jeito?
Scott riu, um pouco sombriamente. — Oh. Nada realmente. Eu estava
descontando minhas frustrações em seu rosto. Ele apenas latiu alguma
merda idiota para mim. Coisas normais.
— Você não vai me dizer?
Scott suspirou. — Ele me disse que ficou desapontado porque ouviu
que eu era, citando ele, 'bom no hóquei de novo'.
RACHEL REID
149

— Ai.
— Sim, bem. Ele não merecia um soco como aquele.
Eles ficaram na banheira até a água esfriar, conversando sobre coisas
diferentes e aprendendo um sobre o outro.
— Se não fosse pelo hóquei, o que você acha que gostaria de fazer
da sua vida?
Scott soltou um suspiro. — Não consigo nem imaginar minha vida
sem o hóquei. Mas acho que talvez seja algo como trabalho social?
— Você gosta de ajudar as pessoas.
— Eu faço. Tive sorte de várias maneiras. Talvez azar em outras, mas
há muitas pessoas que poderiam ter suas vidas mudadas com apenas um
pouco de ajuda e apoio. Acho que gostaria de ter feito algo assim.
— Você faz isso, — Kip apontou. — Você ajuda as pessoas o tempo
todo. Você dá dinheiro para caridade. Você visita hospitais. Você ajuda seus
companheiros de equipe. — Ele sorriu. — Eu li tudo sobre suas boas ações,
Scott Hunter.
Scott encolheu os ombros. — Minha mãe e eu nunca tivemos muito
quando eu estava crescendo, mas ela sempre fazia o que podia para ajudar
as pessoas. Ela comprou o armazém em que trabalhava para iniciar uma
campanha de brinquedos para as festas. E ela estava sempre dando seu
tempo, o pouco que havia, para ajudar quem estava passando por um
momento difícil. Ela foi realmente inspiradora.
— Ela parece incrível.
— Ela era. E ela sempre fez questão de que eu pudesse jogar hóquei,
mesmo sendo um esporte que exige muito dinheiro e tempo. Eu devo tudo
GAME CHANGERS #1
150

a ela. E sei que ela ficaria orgulhosa de mim, mas acho que poderia fazer
mais.
— Como o quê?
— Não sei. Eu gostaria de talvez começar uma instituição de caridade.
Tenho pensado nisso. Eu desejo...
— O que?
Scott suspirou. — Algum dia, talvez, eu gostaria de ajudar crianças
gays. Ou, você sabe, crianças que não são... heterossexuais?
— Crianças esquisitas —, disse Kip. — Você pode dizer isso. Está bem.
— Oh. Sim, bem. Não tenho muito conhecimento sobre toda essa...
coisa de comunidade queer8.
— Já reparei. Você quer ter?
— Eu poderia. Algum dia eu gostaria de fazer algo para ajudar...
crianças queer... que praticam esportes de equipe? É difícil para eles, sabe?
— Eu posso imaginar. Acho que seria uma coisa incrível para você
fazer.
— Algum dia.
— Sim. Algum dia.
— Vamos sair daqui, — Scott disse abruptamente. Ele se levantou e
a água escorreu de seu corpo enorme e sólido.
Kip estava definitivamente pronto para o que viria a seguir.
Ele se enxugou com uma das luxuosas toalhas fofas de Scott e o
seguiu de volta para o quarto.

8
Queer (em português 'excêntrico', 'insólito') é uma palavra proveniente do inglês usada para designar
pessoas fora das normas de género, seja pela sua orientação sexual, identidade ou expressão de género,
ou características sexuais. O termo é frequentemente usado para representar pessoas lésbicas, gays,
bissexuais e transgênero, entre outras pessoas com identidades remetentes à sigla LGBT+.
RACHEL REID
151

Scott abriu a gaveta da mesinha de cabeceira e tirou algo. — Deite-


se, — ele instruiu. — No seu estômago. Fique confortável.
Kip obedeceu. Ele confiava em Scott.
A cama afundou quando Scott se juntou a ele e montou em sua parte
inferior das costas, suas próprias coxas fortes agarrando os quadris de Kip.
Kip ouviu uma tampa sendo aberta e sentiu um cheiro doce e frutado.
Então as mãos de Scott estavam sobre ele, esfregando óleo em sua pele
úmida e limpa.
— Óleo de massagem de mirtilo —, disse Scott. — Não pude resistir.
— Você comprou isso para mim?
— Eu fiz.
— Tem gosto de mirtilo ou apenas tem o cheiro deles?
A língua de Scott subiu por sua espinha, quente e escorregadia. —
Tem gosto deles, — ele confirmou.
Kip riu e gemeu quando as mãos grandes e fortes de Scott cravaram
profundamente em seus músculos ao redor de suas omoplatas. — Oh meu
Deus. Isso é incrível.
— Estou apenas começando —, disse Scott. — Eu quero que você
relaxe e me deixe fazer você se sentir bem.
Kip não protestou. Scott trabalhou em silêncio por um tempo,
massageando os músculos de Kip enquanto Kip suspirava feliz e tentava não
se sentir tão mal com todo o trabalho duro que Scott estava fazendo.
— Como você está se sentindo? — Scott perguntou depois de um
tempo.
— Um pouco culpado, para ser honesto.
GAME CHANGERS #1
152

— Não faça isso. Eu amo fazer isso. Eu amo te tocar, te olhar. Eu


neguei a mim mesmo algo assim por tanto tempo... não se sinta culpado.
— Tudo bem —, disse Kip. Deus, isso é tão triste.
— Você é tão lindo, Kip. Eu nunca...
Kip esperou.
— Eu nunca quis ninguém assim antes. Eu tive, eu não sei, paixões.
Tenho sido atraído por homens, é claro. Ligado com homens. Mas você...
estou quebrando todas as minhas regras com você.
Kip engoliu em seco e tentou lutar contra a onda de emoção que o
percorreu.
— O que posso dizer? — Ele disse, tentando permanecer brincalhão,
embora sua voz estivesse falhando. — Sou irresistível.
— Você é, — Scott disse em voz baixa. Ele deslizou para sentar nas
coxas de Kip. Suas mãos começaram a massagear a parte inferior das costas
de Kip e depois sua bunda.
— Mm... Pode ser necessário focar nessa área, — Kip arrastou. —
Muita tensão aí.
— Tem toda a minha atenção. — Scott cravou os dedos
profundamente nas bochechas de Kip, e Kip se deixou levar.
Scott o esfregou por um longo tempo, até que todo o corpo de Kip
parecia geleia. Ele estava quase todo em silêncio, exceto por algumas
palavras abafadas e reverentes:
— Irreal, Kip.
— Lindo.
— Perfeito.
RACHEL REID
153

Kip estava quase cochilando quando Scott passou a lateral da mão


pela fenda, lenta e firmemente. Ele seguiu fechando o punho e passando os
nós dos dedos pelo mesmo caminho. Ele repetiu várias vezes, um punho,
depois o outro, arrastando os nós dos dedos sobre a carne sensível ao redor
de seu buraco.
— Isso é bom?
— Sim! Santo... incrível.
— Bom. Eu quero te foder. Você quer isso?
— Sim. Sim. Deus, sim.
— Role, — Scott instruiu gentilmente. — Eu sinto sua falta.
Kip sorriu para si mesmo e caiu, relaxado e completamente pronto
para deixar Scott fazer o que quisesse com ele. Scott se ajoelhou na cama,
avançando lentamente pelo corpo de Kip para se escarranchar em sua
cintura novamente. O pênis de Scott estava meio duro, pendurado pesado
entre suas pernas. Ele se inclinou e beijou Kip, que envolveu a mão em torno
do pênis de Scott, acariciando-o enquanto eles se beijavam e sentindo-o
ficar mais duro em sua mão.
Então ele colocou as duas mãos na bunda de Scott e o guiou para
frente até que suas coxas estivessem esticadas ao redor do peito de Kip. Ele
inclinou a cabeça para cima e tomou o pênis de Scott em sua boca.
Ele manteve os olhos erguidos para que pudesse ver Scott pairando
sobre ele, uma mão segurando a cabeceira da cama. Scott estava olhando
para ele e murmurando elogios em voz baixa e gentil. — Sim. Bem desse
jeito. Porra, você é lindo. Olhe para você. Tão bom pra mim.
GAME CHANGERS #1
154

Kip fechou os olhos e suspirou em torno do pau de Scott. Era tão


grande e tão duro agora. Ele enfiou as mãos na bunda de Scott para
empurrar mais fundo em sua boca.
— Santo... Uau. Deus, eu quero deixar você continuar, mas... — Scott
lentamente se retirou. Ele descansou a ponta nos lábios de Kip por um
momento, considerando, antes de deslizar de volta pelo corpo de Kip. Ele
cutucou as pernas de Kip para que ele dobrasse os joelhos, então se
levantou e pegou o lubrificante e um preservativo.
Kip já estava relaxado da massagem, então não demorou muito para
Scott abri-lo com seus dedos fortes e cuidadosos.
Scott agarrou as coxas de Kip e puxou-o para o final da cama. Ele nem
mesmo teve tempo de reagir além de olhos arregalados antes de Scott
levantar seus quadris e bunda e mergulhar nele.
— Ahh! Merda, — Kip engasgou. — Deus, isso é incrível.
— Isso é tudo que eu consegui pensar desde a última vez, — Scott
disse, e ooh, Kip amava o estrondo profundo de sua voz sexual.
— Eu também. Quero duro. Como da última vez.
Scott deu a ele, de pé no chão na ponta da cama com um dos
tornozelos de Kip em seu ombro. Suas estocadas eram quase fortes demais,
e Kip adorou.
— Sim. Porra. Assim, — Kip balbuciou.
Ele estava em outra dimensão, maravilhado com o espécime físico
perfeito que o estava fodendo com tanta ansiedade. O suor estava se
formando no rosto e no peito de Scott, alisando os músculos que
enrijeceram e ondularam enquanto Scott segurava Kip onde queria.
RACHEL REID
155

Scott estava cravando sua próstata em quase todas as investidas, e


era incrível. Era tão bom pra caralho. Kip começou a se sacudir forte e
rápido.
— Quero vir... — ele rangeu fora. — Vou gozar no seu pau. Quer...
— Porra, sim. Vamos.
— Você é perfeito... amo você me fodendo assim...
— Poderia fazer isso para sempre. Você é lindo, Kip. Pensei que você
fosse vir por mim...
— Eu estou. Eu estou. Eu - Oh foda-se!
Os dois assistiram o pau de Kip jorrar por todo o peito. Scott parou
de empurrar.
— Deus, Kip. Isso é incrível. Ok - Jesus... — Ele começou a se mover
novamente. — Estou perto. Estou bem perto...
— Venha comigo —, disse Kip, ainda acariciando-se suavemente
através das últimas ondas de seu próprio orgasmo. — Eu quero vê-lo. Por
favor.
Scott grunhiu, então rapidamente puxou e rasgou a camisinha,
jogando-a atrás dele. Ele abaixou a perna de Kip e ficou sobre ele enquanto
ele furiosamente acariciava seu próprio pênis. Em segundos, Scott estava
chegando, chovendo na barriga de Kip, no peito e no pescoço.
Scott desabou na cama e Kip rolou em cima dele, bagunça e tudo.
Eles se beijaram, sem fôlego e tontos, e quando se separaram depois de um
minuto, os dois estavam sorrindo.
— Antes que eu esqueça —, disse Kip, — quero agradecer a você por
uma noite adorável.
GAME CHANGERS #1
156

Scott riu e o beijou novamente. — Então, eu fui bem em toda a coisa


do Dia dos Namorados?
— Absolutamente. Mãos para baixo, melhor Dia dos Namorados de
todos.
Eles se limparam e voltaram para a cama. Kip se aconchegou contra
o corpo de Scott. A noite tinha sido perfeita e ele gostaria de continuar, mas
estava exausto.
— Boa noite, — Scott murmurou, envolvendo um braço gigante ao
redor dele. Kip não se lembrava de ter se sentido tão confortável.
Ele beijou a mão de Scott. — Boa noite querido.

ELES DORMIRAM NA MANHÃ seguinte, nenhum deles precisando


estar em qualquer lugar até o final da tarde. Quando eles acordaram, eles
ficaram na cama, enrolados e conversando.
— O que você está fazendo hoje? — Scott perguntou. Ele estava de
lado, a cabeça apoiada no cotovelo e seu cabelo estava uma bagunça
adorável.
— Nada planejado. Você tem alguma ideia?
— Sim. — Scott sorriu timidamente. — Eu quero fazer seu café da
manhã.
Kip era totalmente a favor dessa ideia, mas então ele começou a
beijar Scott e rapidamente perdeu o interesse em qualquer coisa que
envolvesse sair da cama.
Eles estavam se beijando alegremente, as mãos e a boca de Scott
explorando o corpo de Kip e o fazendo estremecer, quando o telefone de
Scott começou a zumbir.
RACHEL REID
157

— Não é nada —, disse Scott, sem olhar para ele. — Eles podem ligar
de volta mais tarde.
Ele continuou mapeando o corpo de Kip, provando a saliência do osso
do quadril de Kip, quando o telefone começou a zumbir novamente.
— Vá embora, — Scott resmungou, ainda sem entender, — Estou
ocupado.
Na terceira vez, começou a zumbir, quando Scott estava chupando o
pescoço de Kip com uma mão deslizando por sua coxa, Scott suspirou e
disse: — Desculpe. Só vou ver quem é.
Ele pegou o telefone. — É Carter, — ele disse, a sobrancelha franzida.
Ele atendeu a chamada. — Carter?
Scott ainda estava perto o suficiente para que Kip pudesse ouvir a voz
do companheiro de equipe de Scott. — Scott, Zullo fodeu tudo. Ele foi preso
ontem à noite.
— O que?
— Sim. Provocou uma cena em um bar em Jersey. Destruição de
propriedade. Assalto. Resistir à prisão... provavelmente algumas outras
coisas.
— OK. Porra. Onde ele está? — Scott saiu da cama e caminhou até
seu armário, encerrando o acesso de Kip à conversa.
Quando Scott voltou, ele estava completamente vestido e fora do
telefone. — Eu tenho que ir. Eu sinto muito.
— É claro. Sim. Jesus, você está bem?
— Estou furioso, é o que estou —, disse Scott, — mas realmente sinto
muito por ter que deixá-lo.
GAME CHANGERS #1
158

Ele suspirou e o beijou. Quando ele se afastou lentamente, Kip se


inclinou para frente para perseguir seus lábios.
Scott balançou a cabeça. — Se eu te beijar de novo, nunca irei
embora. Você pode ficar o tempo que quiser. Não sei quando voltarei.
Posso não estar de volta antes do jogo, honestamente. Esta é uma
verdadeira bagunça.
— OK. Não se preocupe comigo. Vá cuidar de sua equipe.
— Obrigado, sim. — Ele se levantou e foi em direção à porta, então
olhou para Kip. — Por que você tem que ser tão tentador? — Ele perguntou,
sorrindo tristemente.
Kip sorriu e puxou o cobertor sobre a cabeça, escondendo-se
completamente. Ele ouviu Scott rir. Então a porta se abriu e fechou e Scott
se foi.
CAPÍTULO ONZE

HAVIA UMA pequena multidão de repórteres do lado de fora da


entrada dos jogadores. Scott passou por eles, ignorando-os. Quando ele
passou pelas portas, ele encontrou Carter esperando.
— O treinador está convocando uma reunião de equipe —, disse
Carter. — A mensagem foi enviada a todos. Mas ele quer se encontrar com
os capitães primeiro.
— OK. Certo. Onde está Huff?
— Já está na sala dos treinadores.
Scott seguiu Carter para a pequena sala que normalmente era
reservada para reuniões de treinadores. Greg Huff estava sentado em uma
das cadeiras.
— Ei pessoal. Como está correndo seu dia? — Huff perguntou.
Scott cruzou os braços e se encostou na parede. — É meio terrível
agora. Mas começou ótimo.
— É assim mesmo? — Huff perguntou, com um pouco de olhar
malicioso. Scott enrubesceu e olhou para o chão.
— O que você acha que vai acontecer? — Carter perguntou. — Com
Zullo?
Huff desviou seu olhar calculista de Scott. — Porra, sabe, mas vai
deixar um buraco em nossa defesa se ele for embora.
— O prazo de negociação é na próxima semana —, disse Scott. —
Ótimo tempo, porra, Frank.
GAME CHANGERS #1
160

O treinador Murdock entrou então com os treinadores assistentes.


Ele se inclinou para frente sobre a mesa, as mãos pressionando para baixo
na madeira, e olhou para todos.
— Zullo —, disse ele, — está recebendo isenções. Ele não faz mais
parte do New York Admirals. Estaremos trazendo alguém de Hartford para
preencher a vaga até que possamos encontrar uma solução mais
permanente.
As sobrancelhas de Scott se ergueram. — Tão ruim assim, hein?
— Tão ruim —, Murdock confirmou. — Estaremos convocando uma
coletiva de imprensa dentro de uma hora. Eu estarei lá; Zullo não vai.
— E o jogo desta noite? — Scott perguntou.
— Teremos que mudar um pouco as linhas de defesa, mas vamos nos
virar.
Scott não gostou do som disso, mas que escolha eles tinham?
— O resto da equipe estará aqui para uma reunião em meia hora —,
disse Murdock. — Vocês, meninos, comecem a falar como se estivéssemos
condenados, porque estamos condenados. Concentrem-se no jogo esta
noite. Isso não é diferente de uma lesão. Vamos nos adaptar.
— Sem problemas, treinador, — disse Carter.
— Claro —, disse Scott.
Os três jogadores saíram para esperar no vestiário o resto do time.
— Puta merda —, disse Carter quando eles estavam longe dos
treinadores, — não estava esperando por isso.
— Não, — Huff concordou.
RACHEL REID
161

Scott ainda estava bravo com Zullo, mas sentia como se um peso
tivesse sido tirado também. Isso definitivamente seria positivo para a
equipe a longo prazo.
— É o melhor —, disse ele, recostando-se em seu cubículo até que
sua cabeça bateu na parede. — Não podemos ir para os playoffs com uma
distração como Zullo.
— Sem dúvida, — disse Carter.
Os três ficaram sentados em silêncio. Então Carter disse: — Então,
Scott...
— O que?
— Você tem um brilho sobre você esta manhã.
— O que você está falando?
— Huff sabe do que estou falando.
Scott olhou para Huff.
— É verdade, — Huff confirmou. — Você tem um brilho.
— Talvez eu esteja feliz que Zullo tenha ido embora.
— Nah. Você tinha antes disso —, disse Huff.
— Mmm, — Carter concordou. — Acho que Scott estava comendo
ontem à noite.
— Definitivamente, — Huff disse.
— Eu... — Scott começou. Então ele se rendeu. — Talvez eu estivesse.
Carter bateu palmas e sorriu. — Grande garoto, Hunter!
Scott tentou como o inferno lutar contra isso, mas ele estava sorrindo
como um idiota em segundos.
— Olhe para isso, Carter! Ele está corando! — Huff disse.
— Adorável.
GAME CHANGERS #1
162

— Cuidem da sua vida, rapazes.


— Não preciso saber quem ela era —, disse Carter, — mas preciso
saber como ela era.
— Bem, você não vai descobrir —, disse Scott.
— A julgar pelo tom de vermelho que Hunter está agora, eu diria que
ela é muito excelente —, disse Huff.
— Eu não estou dizendo nada a vocês. Calem-se.
— Não adianta, — Carter lamentou. — Scott é um cavalheiro.
— Certo. — Scott se curvou para frente e olhou para seus pés,
tentando controlar o calor que estava deixando seu rosto vermelho como
uma beterraba. No entanto, as lembranças da noite anterior e daquela
manhã voltavam correndo, tornando sua luta inútil.
Ele se lembrou de acordar e encontrar Kip apoiado em um cotovelo,
olhando para ele todo amarrotado e sexy. O olhar em seu rosto tinha sido
tão... bem, não amoroso, obviamente, mas... afetuoso.
Então ele se lembrou de Kip se tocando por Scott. Saindo. Seu rosto
quando ele gozou, todo relaxado e eufórico. Quão lindo ele tinha ficado
depois do brilho.
— Eu, uh, vou tomar um café. — Scott caminhou rapidamente em
direção à sala. Não havia nenhuma maneira que ele se deixaria ficar
excitado enquanto esperava seus companheiros chegarem. Esta reunião ia
ser bastante desagradável.
No saguão, Scott colocou uma cápsula na cafeteira e esperou a água
esquentar. Ele mandou uma mensagem para Kip. Você ainda está na minha
casa?
Kip: Não. Sai há cerca de vinte minutos.
RACHEL REID
163

Scott: Oh.
Por algum motivo, Scott gostou da ideia de Kip estar em seu
apartamento, mesmo quando ele não estava lá.
Kip: Está tudo bem?
Scott: Acho que sim. Falo com você sobre isso mais tarde.
Kip: Ok.
Scott: Desculpe novamente por ter saído correndo. Eu tive uma ótima
noite.
Kip: Não se desculpe. Eu tive uma noite incrível. Obrigado.
Scott sorriu. Quando posso te ver novamente?
Kip: Insaciável!
Scott: Sou.
Kip: Me liga mais tarde? Quando você acabar. Nós podemos
descobrir.
Scott: Combinado.

KIP VINHA TENTANDO RELAXAR em casa o dia todo, mas não parava
de se perguntar como Scott estava e o que estava acontecendo com Zullo.
Se Scott estava chateado ou preocupado com o jogo desta noite. Se ele
tivesse ido para a corrida do dia do jogo, mesmo que ele não pudesse
comprar um smoothie de Kip. A rotina ainda importava para Scott?
Houve uma entrevista coletiva ao meio-dia, à qual Kip assistira, caso
Scott estivesse lá. Em vez disso, fora apenas seu treinador, Harv Murdock,
falando à mídia.
GAME CHANGERS #1
164

Murdock anunciou que Zullo fora cortado da equipe. Kip não sabia
muito sobre Frank Zullo além do que Scott lhe contara na noite anterior,
mas Scott devia estar pelo menos um pouco aliviado por ele ter partido.
Enquanto lia as atualizações on-line sobre a situação de Zullo, Kip
também conferia a programação dos Admirals. Parecia que Scott ficaria na
cidade por um tempo. Os Admirals jogaram cinco jogos na semana seguinte,
incluindo o desta noite. O próximo jogo foi contra o Brooklyn Scouts. Em
seguida, houve dois jogos em casa no Madison Square Garden, e um jogo
fora em Boston no próximo sábado.
Kip se perguntou quanto da próxima semana ele poderia gastar com
Scott. Ele não queria empurrar.
Ele esperava que fosse Scott quando seu telefone tocou por volta de
uma hora, mas em vez disso ele foi surpreendido por uma ligação do Museu
da Cidade de Nova York. Eles queriam que ele viesse para uma entrevista.
Puta merda!
— Absolutamente —, ele gaguejou em seu telefone. — Com certeza.
Sim. Obrigado.
Ele se encolheu, e então lutou por uma caneta para que pudesse
anotar segunda-feira, 15h em sua mão. Ele teria que ir para a entrevista
direto do trabalho. Jesus, como ele poderia não parecer um naufrágio total?
Passaram-se mais de três horas quando ele ouviu falar de Scott. Ele
estava estendido na cama, lendo um romance, quando o telefone tocou.
— Oi. Parece que você está tendo um dia, — Kip disse quando
atendeu.
Ele ouviu Scott exalar no receptor. — Sim. Tem sido uma loucura.
— Como você está?
RACHEL REID
165

— Frustrado. Nervoso. Aliviado. Não sei.


— Você conseguiu correr?
— Não. Eu bati muito forte em uma esteira aqui no rinque, mas não.
Tudo está uma bagunça hoje. Não consigo focar minha cabeça. Eu odeio me
sentir assim.
— Isso é péssimo. Desculpe.
— O dia começou bem...
— Você só precisa colocar sua cabeça de volta onde estava esta
manhã, — Kip sugeriu.
— Isso é exatamente o que eu estava tentando não fazer. Mas eu
continuei me distraindo.
— Eu sei que tenho pensado muito sobre isso.
Scott riu um pouco. — O que você está fazendo? Você já está indo
para o trabalho?
— Em breve. O evento é no Brooklyn, no museu, então tenho tempo.
Eu não tenho que estar lá antes das seis ou mais.
— Oh.
Kip se perguntou se deveria contar a Scott sobre sua entrevista de
emprego. Porque? Então, quando eu não conseguir o emprego, ele pode
saber exatamente o quão grande é o fracasso de seu namorado?
Em vez disso, ele disse: — Ei, eu estava pensando em ver se papai
queria ir ao jogo comigo amanhã à tarde. Aquele aqui contra o Brooklyn.
— Sim? — A voz de Scott se iluminou um pouco com essa notícia.
— Sim. Ele sempre foi um fã dos Scouts, embora obviamente estarei
torcendo por você.
GAME CHANGERS #1
166

— Obviamente. Provavelmente posso conseguir ingressos para você.


Deixe-me dar uma olhada nisso.
— Oh. Não. Tudo bem. Eu posso...
— Não tem problema. Esses ingressos são caros.
Kip franziu a testa. — Eu posso comprá-los.
— Eu sei, — Scott disse gentilmente. — Não estou tentando insultá-
lo. É só, quero dizer, é fácil para mim pedir por eles e então você pode
economizar seu dinheiro para outra coisa. Não é problema nenhum.
— Tudo bem —, disse Kip, porque ele não queria entrar em uma
discussão e ele realmente poderia usar o dinheiro. Mas ele não tinha o
hábito de aceitar esse tipo de coisa de seu namorado celebridade
milionário.
— Então, qual é a sua programação esta semana? — Scott perguntou,
sua voz um pouco mais baixa.
— Eu trabalho de terça a sexta-feira. Nada à noite, no entanto.
— Estou na cidade a semana toda.
— Eu sei. Eu chequei.
— Eu tenho longos treinos matinais na segunda e terça-feira. Mas
você estará no trabalho de qualquer maneira...
— Talvez pudéssemos... — Kip disse, ao mesmo tempo em que Scott
disse: — Você pode vir à minha casa amanhã à noite?
— Claro, sim! Sim, claro —, disse Kip. — Seja conveniente para ir ao
trabalho na manhã seguinte também. Se você me deixar dormir um pouco,
claro.
— Eu irei. Eu prometo. Eventualmente.
RACHEL REID
167

Os dois riram, então Scott disse: — Merda. Eu tenho que ir. Desculpe.
Mas... te vejo amanhã, certo? E eu vou deixar você saber sobre esses
ingressos.
— Sim, amanhã. Com certeza. E boa sorte esta noite.
— Obrigado. Falo com você mais tarde.
— OK. Tchau, Scott.
Eles encerraram a ligação e Kip começou a se preparar para o
trabalho enquanto seu namorado... se preparava para liderar seu time à
vitória contra o Montreal.
Kip balançou a cabeça. Quando isso pararia de parecer tão surreal?

SCOTT ACORDOU SOZINHO NO domingo.


Ele tinha acordado sozinho quase toda a sua vida (colegas de quarto
à parte), então não deveria ser tão chocante quanto parecia.
Ele foi até a cozinha fazer café e ligou a televisão para assistir ao
SportsCenter. Eles estavam mostrando os destaques do jogo na noite
passada, e havia muitos deles. Os âncoras elogiaram o excelente
desempenho de toda a equipe da Admirals, especialmente dadas as
circunstâncias.
Foi um jogo incrível. Scott estava extremamente orgulhoso de sua
equipe, reunida para uma vitória massiva sobre Montreal.
As notícias na televisão se voltaram para o incidente de Zullo. Havia
imagens dele saindo da delegacia, com o rosto impassível e sem falar com
os repórteres.
Por algum motivo, não foi tão satisfatório quanto Scott imaginou que
seria. Zullo era um idiota, sem dúvida, mas ainda fez seu estômago revirar
GAME CHANGERS #1
168

ao ver um companheiro de equipe chegar ao fundo do poço como este. Ele


esperava sinceramente que Zullo usasse o programa de reabilitação da liga
e colocasse sua carreira nos trilhos.
Mas ele não tinha tempo para pensar em Frank Zullo agora. Zullo era
um homem adulto e havia feito sua própria cama. Scott tinha um jogo para
o qual se preparar.

KIP NÃO PASSOU QUASE tempo suficiente com seu pai. Eles moravam
na mesma casa, claro, mas nunca mais faziam coisas juntos. Kip saía para o
trabalho quase todas as manhãs antes de seus pais acordarem e costumava
ir para a cama cedo. O trabalho idiota do smoothie realmente exigiu muito
dele.
Kip observou seu pai enquanto aplaudia seus amados escoteiros. Os
dois estavam bebendo cerveja e comendo as batatas fritas amassadas de
Nathan na barraca de concessão. Foi uma boa tarde.
Scott havia conseguido os ingressos. Seu pai ficou emocionado
naquela manhã quando Kip sugeriu que fossem ao jogo. Kip mentiu sobre a
origem dos ingressos, dizendo que os comprou barato de um amigo que
não pôde ir. Ele não tinha certeza se papai acreditou nele, mas se não
acreditasse, não estava dizendo nada sobre isso.
A multidão estava barulhenta. Eles rugiam a cada golpe, a cada tiro e
a cada defesa. Estava ficando tarde na temporada e esses jogos
importavam.
No terceiro período, era 3-2 para os Admirals, e Scott havia marcado
um dos gols. O prédio estava tenso quando o jogo entrou nos minutos
RACHEL REID
169

finais. Faltando pouco menos de seis minutos para o fim, os Admirals


marcaram um pênalti. Eles estariam em falta por dois minutos.
Kip se inclinou para frente e mordeu o polegar. — Você consegue,
Scott, — ele disse baixinho.
Os Scouts não iriam cair sem lutar. Eles mantiveram a ação na zona
dos Admirals e treinaram o goleiro Bennett. Depois de uma defesa, Scott
atirou no disco na linha azul para eliminá-lo de sua zona, mas um dos
defensores dos Scouts o pegou em seu taco antes que pudesse cruzar a
linha azul. Ele atirou na rede dos Admirals e Kip pôde ver o que iria
acontecer antes que acontecesse.
— Não, Scott. Porra. Não!
Quando o disco disparou em direção à rede, Kip só pôde assistir,
horrorizado, enquanto Scott jogava seu corpo na frente dela. Ele mergulhou
no ar e pegou o disco em algum lugar em sua barriga, onde seu enchimento
era leve.
Ele caiu com força.
CAPÍTULO DOZE

— AQUELE TIRO deve ter sido de 150 quilômetros por hora! — Disse
o pai de Kip.
— Porra, Scott, vamos lá. Levante.
Scott estava caído no gelo em posição fetal, uma perna movendo-se
lentamente para dentro e para fora. Kip se sentiu mal. Ele queria correr e
pular sobre o vidro.
— Acertou ele no rosto? — Alguém atrás dele perguntou em voz alta.
Não... Kip murmurou.
— Nah. Talvez as costelas —, disse outra pessoa.
Deus.
Scott rolou e Kip pôde ver seu rosto. Seus olhos estavam arregalados
e sua boca estava aberta e ofegante.
— Ele não consegue respirar! — Kip disse para ninguém. — Ele não
consegue respirar! Ele precisa...
Scott colocou a mão enluvada no gelo, preparando-se antes de
lentamente ficar de joelhos. Ele estava estremecendo, com os olhos bem
fechados, mas parecia estar respirando. Ele passou um braço em volta de
si, segurando seu lado. Um de seus companheiros de equipe enganchou o
braço sob o dele e ajudou-o a se levantar. Outro pegou seu taco para ele.
Scott patinou lentamente para fora do gelo, apoiado por seu
companheiro de equipe, enquanto a multidão aplaudia.
Kip afundou de volta em seu assento com alívio. Ele está bem. Ele
está bem.
Papai colocou a mão em seu ombro e apertou. — Ele é duro.
RACHEL REID
171

— Sim. — Kip exalou. Ele observou enquanto Scott era escoltado pelo
médico da equipe pelo corredor atrás do banco.
O jogo continuou, mas Kip não estava mais prestando atenção. Ele
manteve os olhos no banco, atento a qualquer sinal da volta de Scott.
Os segundos finais passaram e a partida terminou 3-2 para os
Admirals. Scott nunca mais voltou do camarim. Kip não tinha certeza do que
ele poderia fazer. Ele deveria ir ao Scott hoje à noite, mas...
Quando ele e seu pai estavam saindo da arena, Kip mandou uma
mensagem para Scott: Apenas me diga que você está bem.
Não houve resposta, o que Kip esperava. Scott provavelmente não
estava nem perto de seu telefone agora.
No metrô, seu pai disse: — Hunter tem coração, com certeza. Esse
ato de auto-sacrifício pode ter ganhado o jogo.
Kip mordeu o lábio. — Sim...
Eles caminharam ao longo das calçadas lamacentas da estação de
metrô até sua casa. Ele se sentiu mal por não poder desfrutar da companhia
de seu pai agora. Ele estava tendo uma ótima tarde, mas agora estava
completamente preocupado com as preocupações.
Eles já estavam em casa há quase uma hora quando Kip recebeu uma
resposta de Scott. Estou bem. Hematoma desagradável, mas ok. Indo para
casa agora.
Kip sentou-se na cama, com força, e respondeu: Ótimo. Você me
assustou.
Scott: Desculpe. Parecia pior do que era, provavelmente.
Kip franziu a testa. Você ainda quer que eu vá?
Seu telefone tocou um segundo depois.
GAME CHANGERS #1
172

— Sim —, disse Scott.


— Tem certeza?
— Tenho certeza. Quer dizer... não sei se vou conseguir... fazer muito.
— Eu sabia! Você está ferido!
— Não é tão ruim. É apenas um hematoma. Eu coloco gelo nele e
colocarei mais gelo nele quando chegar em casa. Sem fraturas. Sem costelas
machucadas.
— Você fez um raio-X?
— Sim, claro. Eles me deram um raio-X bem na arena. Sem fraturas.
Por favor, venha.
— Tudo bem. É melhor você ter uma bolsa de gelo quando eu chegar
lá.
— Eu vou, — Scott disse. — E eu gosto que você esteja tão
preocupado comigo. É realmente... fofo.
Kip corou, porque o que ele estava fazendo? Dizendo a uma estrela
da NHL como cuidar de seus ferimentos? — Eu só - estou feliz que você
esteja bem. Eu já vou. E estou falando sério sobre a bolsa de gelo.
Scott deu uma risadinha. — Vejo você em breve.

— TUDO BEM, VAMOS VER—, disse Kip. Scott não conseguiu evitar
uma careta enquanto levava Kip de volta para seu apartamento. Kip, é claro,
havia notado.
Agora Scott estava deitado no sofá, e Kip estava cuidadosamente
levantando sua camisa.
— Parece pior do que é —, disse Scott. — Mesmo.
— Oh meu Deus!
RACHEL REID
173

Scott olhou para baixo e viu o enorme vergão preto e roxo que cobria
a maior parte de seu lado direito. O disco o atingiu logo abaixo de suas
costelas, logo acima do acolchoamento grosso no topo de suas calças de
hóquei.
— Não é tão ruim. — Doeu como o inferno, e o deixou
completamente sem fôlego, mas não havia ferimentos internos.
— Besteira, não é! Você vai ficar bem aí. Espero que você tenha uma
bolsa de gelo pronta para isso, — Kip disse enquanto caminhava para a
cozinha.
— Tenho várias —, disse Scott, — sempre. Eu mal guardo comida
naquele freezer. É tudo tratamento de lesões.
Kip voltou com uma bolsa de gelo nova e a pressionou suavemente
na pele de Scott. Scott respirou fundo no contato inicial, depois relaxou e
colocou a mão sobre a de Kip, ajudando-o a segurar a mochila no lugar.
— Já se passou muito tempo desde que alguém se preocupou comigo
desse jeito —, disse ele. — É legal.
Kip deu a ele um sorriso um pouco triste, e Scott apertou sua mão.
— Desculpe, eu assustei você —, disse ele. — Risco de namorar
comigo, eu acho.
— Perigo aceitável. — Kip deslizou sua mão debaixo da de Scott e se
levantou. — Eu vou fazer um jantar para você. Você tem alguma comida?
— Eu tenho as coisas que comprei para fazer o café da manhã para
você outro dia. Bacon e ovos. Ainda está lá. Aqui, deixe-me ajudar...
— De jeito nenhum. Você está no banco, Hunter. Fique lá.
Scott revirou os olhos e se levantou, lentamente. — Vou pelo menos
ir para a cozinha para poder ver você.
GAME CHANGERS #1
174

Ele caminhou (com algum desconforto) até os banquinhos que se


alinhavam no balcão alto que separava a cozinha da área de estar/jantar.
Ele se sentou e ofereceu a Kip instruções úteis sobre onde encontrar coisas
e como usar seu sofisticado fogão a gás.
Foi bom ter Kip aqui em sua cozinha. Assisti-lo preparar comida para
os dois e ouvi-lo falar sobre seu dia.
— Extremamente fácil? Lado ensolarado para cima? — Kip
perguntou. — Eu sou um especialista em ovos.
— Extremamente fácil. Tudo bem se você foder com eles, no entanto.
Eu os afogo em molho apimentado de qualquer maneira.
— Eu não vou foder com eles! — Kip disse enquanto virava os ovos
com cuidado. — Sabe, eu costumava fazer isso profissionalmente e... Ah,
droga! Eu quebrei uma gema!
Scott riu. — Está bem. Eu comerei, acredite em mim. Vou comer
quase tudo.
Kip ergueu uma sobrancelha e apertou os lábios.
Eles se sentaram um ao lado do outro no balcão da cozinha e
comeram bacon, ovos e torradas. Kip parecia tão feliz e fofo, e Scott
lamentou que ele não seria capaz de fazer muito mais do que beijá-lo esta
noite.
O que o lembrou de outro aborrecimento.
— Devo avisá-lo —, disse Scott, — vou ficar estressado e distraído
esta semana.
— Por que isso?
— O prazo de negociação é na próxima segunda-feira. Provavelmente
o dia mais estressante do ano para todos os jogadores.
RACHEL REID
175

— Mas você não... você não vai ser negociado, certo? — Kip parecia
horrorizado com a ideia.
— Não, eu não penso assim. Quer dizer, sempre há uma chance, mas
estamos correndo para a copa este ano, então eu duvido que eles vão se
livrar de mim. Eu ficaria preocupado se a equipe precisasse cortar alguns
custos.
— Então, por que você está nervoso?
— Porque alguém irá embora. Sem Zullo, temos um buraco para
preencher em nossa defesa e, para preenchê-lo, teremos de perder um ou
dois caras. Somos como uma família, então é difícil.
— Certo, sim. Eu acho que seria assim.
Eles conversaram e comeram, e Scott tentou, mas não conseguiu,
evitar visivelmente se apoiar no balcão para se apoiar.
— Vamos, — Kip disse, depois que Scott não conseguiu esconder um
estremecimento. — Você deve estar sofrendo. Vamos voltar para o sofá.
Scott não discutiu. Kip ajudou Scott a se abaixar no sofá, deixando-o
se esticar de costas. Kip sentou-se em uma extremidade para que Scott
pudesse descansar a cabeça em seu colo. Eles assistiram a um filme de ação
na televisão, e Kip passou os dedos pelo cabelo de Scott.
E logo, Scott esqueceu tudo sobre os prazos de negociação e Zullo e
hematomas desagradáveis.

KIP ASSISTIU OS CRÉDITOS rolarem na enorme tela da televisão de


Scott. — Cara, quanto você acha que custou para fazer esse filme idiota?
Scott não respondeu. Após uma inspeção mais próxima, Scott Hunter
estava, de fato, dormindo em seu colo.
GAME CHANGERS #1
176

Kip sorriu para si mesmo e admirou o perfil de Scott. Ele parecia tão
jovem e em paz. Seus longos cílios roçaram as maçãs do rosto e seus lábios
carnudos e rosados estavam ligeiramente separados. Toda a tensão que
Scott normalmente carregava havia deixado seu rosto.
Kip estendeu a mão e pegou a mão de Scott na sua. Ele não queria
acordá-lo, mas suas pernas estavam adormecidas. — Ei, — ele sussurrou.
— Vamos, Scott. Hora de dormir.
— Mrmff —, disse Scott. Então seus olhos se abriram e ele olhou para
Kip e sorriu timidamente. — Desculpe —, disse ele. — Sempre muito
exausto depois dos jogos.
— Está bem. Devíamos ir para a cama. Tenho que acordar cedo. —
Kip o ajudou a se levantar e o beijou.
— Eu tive um bom tempo esta noite. — Scott se iluminou.
— Eu também.
Eles tiraram a roupa de baixo e se arrastaram para a cama. Scott
precisava deitar de costas por causa do ferimento, e Kip deitou ao lado dele
com uma mão em seu peito. — Boa noite —, disse Kip.
Scott colocou a mão sobre a de Kip. — Você virá amanhã a noite?
— Você quer que eu venha?
— Sim. Eu quero.
— Eu terei que ir para casa depois do trabalho primeiro. Pegar
algumas roupas e outras coisas.
— Você deve manter algumas coisas aqui, — Scott murmurou
sonolento.
— Seriamente?
RACHEL REID
177

Scott pareceu acordar um pouco, obviamente percebendo o que


acabara de sugerir. — Bem, sim. Quer dizer... faria sentido, certo? Eu moro
perto do seu trabalho e... —, ele sorriu timidamente, — ...eu gosto de ter
você aqui.
Kip se levantou para poder beijar Scott.
— Eu me sinto mal —, disse Scott. — Não pude fazer muito com você
esta noite. Quero fazer as pazes com você.
— Você não vai estar curado amanhã à noite!
— Eu sei... mas talvez...
— Amanhã à noite —, disse Kip, — veremos. Não estou deixando
você fazer nada que possa te machucar.
Scott suspirou, mas sorriu afetuosamente para ele.
— Além disso —, disse Kip, — gosto de conversar com você.
Scott levou a palma da mão de Kip à boca e beijou-a. — Eu também.

AINDA ESTAVA ESCURO QUANDO o alarme de Kip disparou. Scott


ficou confuso no início, então lembrou que Kip precisava trabalhar. Kip se
mexeu ao lado dele, sentando-se lentamente e resmungando baixinho.
— Bom dia, — Scott murmurou.
— Foda-se, sim. Eu acho que sim.
Kip saiu da cama e foi para o banheiro, enquanto Scott esfregava os
olhos e tentava acordar. Ele não dormia de forma alguma até tarde, mas
ainda não eram nem cinco horas.
Ele finalmente se forçou a sentar-se, estremecendo quando a dor o
lembrou de seu ferimento. Depois de alguns minutos, Kip saiu do banheiro
e começou a se vestir.
GAME CHANGERS #1
178

— Vou fazer um café para nós —, disse Scott. — Pelo menos fique
por isso.
— OK. Como você está se sentindo?
— Como se eu tivesse sido atingido por um disco. Mas fora isso...
estou muito feliz.
Kip sorriu e terminou de se vestir. Scott foi até o banheiro, parando
para beijá-lo na bochecha ao passar.
— Caramba, — Kip disse, fazendo uma careta. — Esse hematoma não
parece bom.
— Também não me sinto bem. Mas eu vou viver.
No banheiro, Scott jogou água no rosto e deu um passo para trás para
examinar seu hematoma no espelho. Kip não estava mentindo:
definitivamente escureceu durante a noite para uma cor azul meia-noite
raivosa.
Depois que Scott colocou um moletom, ele foi para a cozinha para
fazer café. Ele fez uma pausa quando viu Kip parado na frente das janelas
da sala.
— Você tem essa visão todas as manhãs, hein? — Kip perguntou.
— Mais ou menos.
— Não é ruim.
O primeiro sinal de luz estava aparecendo no horizonte do Brooklyn,
iluminando suavemente o corpo esguio de Kip. Ele ficou com um braço
esticado sobre a cabeça, a mão no vidro.
— Está melhor agora —, disse Scott. Ele passou os braços em volta
de Kip por trás e beijou seu pescoço. Kip suspirou e se virou para beijá-lo
apropriadamente.
RACHEL REID
179

Naquele momento, Scott poderia imaginar tudo isso. Estar com Kip.
Viver com ele. Indo para a cama e acordando juntos. Preparar refeições e ir
a restaurantes e viajar juntos. Não se escondendo mais, apenas sendo feliz
e completo com um homem que ele... se importava. Ser corajoso o
suficiente para deixar o mundo saber quem ele realmente era.
Mas mesmo que ele fosse corajoso o suficiente, era pedir muito a Kip,
que pode não perceber no que estava se metendo com Scott. Seria um
grande negócio se Scott aparecesse. Era algo inédito na NHL, e a mídia iria
querer muito deles. Scott estava acostumado a ser examinado pelo público;
ele não queria arrastar Kip para tudo isso.
Além disso, eles só se viam há algumas semanas. Era ridículo até
pensar...
Eles se separaram e Scott afastou uma mecha do cabelo de Kip e
passou a palma da mão sobre a barba por fazer em sua mandíbula. — Eu
adoraria ter um dia inteiro com você.
— Você irá.
— Sem ferimentos. Realmente demorar meu tempo com você.
Ele podia ver a mudança nos olhos de Kip. Desejo escuro rastejando.
Scott se inclinou para outro beijo, mas Kip se afastou e balançou a
cabeça. — Eu tenho que ir, — ele suspirou.
— Café primeiro.
Enquanto Scott se atrapalhava com a cafeteira sofisticada que
raramente usava, Kip levantou a camiseta de Scott e inspecionou o
hematoma.
— Você não vai praticar hoje, vai? — Ele perguntou.
GAME CHANGERS #1
180

Scott se afastou dele e puxou a bainha de sua camisa de volta para


baixo. — Claro que vou.
— O que? Mas você está ferido!
Scott acenou com a mão com desdém. — Quero ver como é andar de
skate. Eu tenho um jogo na quarta-feira, então preciso descobrir como jogar
com esta lesão.
— Você vai jogar na quarta-feira? — Kip parecia horrorizado.
— Sim.
— Todos os jogadores de hóquei são idiotas teimosos?
— Bastante.
— Deus, se eu tivesse uma contusão dessas, ficaria na cama por um
mês.
Scott riu. — Eu já joguei com costelas quebradas antes. Eu posso jogar
com isso.
Kip parecia ter algo a dizer sobre isso, mas Scott o beijou e colocou
uma caneca cheia de café em sua mão. — Você precisa ir trabalhar, — ele
o lembrou.
— Tudo bem, — Kip suspirou. — Estarei aqui assim que puder esta
noite, ok?
— OK.
— E, por favor, relaxe na prática hoje.
Scott sorriu, tocado mais uma vez por sua preocupação. — Eu irei.
Eles se beijaram mais uma vez e Kip se foi.
Scott passou a língua pelo lábio inferior, tentando capturar qualquer
resto de seu beijo de despedida. Então ele sentiu o peso que sempre
pousava sobre ele sempre que ele e Kip se separavam.
RACHEL REID
181

Ele queria mais tempo.


Em sua cabeça, Scott avançou para um momento em que Kip talvez
não precisasse trabalhar. Talvez ele pudesse apenas...
Apenas o quê? Ser o namorado que fica em casa de Scott? Aqui
sempre que Scott precisava dele? Tão entediado quanto algumas das
esposas de seus companheiros de equipe ficavam? Se Scott nunca tivesse
coragem de sair, Kip seria basicamente um prisioneiro. Eles nunca seriam
capazes de ter encontros adequados.
— Droga, — Scott disse para ninguém. Ele já estava estragando tudo.

O DESGRAÇADO DO JEFF havia trabalhado no dia anterior, então


absolutamente nada foi preparado quando Kip começou a trabalhar.
— Eu o odeio —, disse Maria. — Eu vou matá-lo.
— Ele é uma merda, — Kip concordou com um bocejo.
— Como foi o seu final de semana?
— Bom. Fui ao jogo dos Scouts com meu pai.
— Oh, você quer dizer o jogo de Scouts vs. Admirals?
— Sim...
— Tão fanboy. Tão fofo.
Kip encolheu os ombros. — Ele é sexy. Processe-me.
— Você consegue se imaginar namorando com ele? — Maria
perguntou. — Seria incrível. Como a Cinderela.
— Vamos. Minha vida não é esta merda!
— Bem, seria selvagem, de qualquer maneira.
— Mmm.
GAME CHANGERS #1
182

— Sabe, eu estava trabalhando no sábado e ele não apareceu. Será


que ele encontrou outra superstição boba.
— Bem, lá se vai toda a minha vida amorosa —, brincou Kip.
— Quero dizer, toda aquela merda aconteceu com Zullo naquele dia.
Ele teria se distraído.
— Sim. Pode ser.
— Quando é o próximo jogo em casa?
— Quarta-feira, — Kip disse, rápido demais.
Maria sorriu. — Tão fofo pra caralho. Você está pronto para a
entrevista de hoje?
— Não. Mas vou fazer o meu melhor.
— Você acha que Scott Hunter vai começar a ir ao museu o tempo
todo se você começar a trabalhar lá?
— Não. Cale-se.
— E se ele for? Oh meu Deus. Isso seria incrível.
— Você é ridícula.
Maria baixou a voz e fez uma impressão verdadeiramente terrível de
Scott Hunter. — Oh, hey, hum, eu só gosto de manter as coisas iguais
quando meu jogo está indo bem, então vou precisar de Kip Grady para me
dar outro tour privado por todo o museu.
Kip não conseguiu evitar o riso.

— HUNTER, VAMOS. O ALMOÇO é por minha conta, — disse Carter.


Eles foram os dois últimos jogadores no vestiário.
Scott cerrou os dentes durante a prática. Doeu dobrar. Doeu atirar
no disco. E realmente doeu quando alguém apenas o tocou. — Talvez eu
RACHEL REID
183

tenha que congelá-lo na quarta-feira —, disse ele. — Não é uma lesão grave,
mas está me atrasando.
— Quero dizer, você poderia tirar uma noite de folga e realmente
deixá-la curar, mas ei...
— Você faria isso?
Carter sorriu para ele. — Sem chance.
Eles foram a um restaurante de sushi próximo, que Carter gostava.
— Então, — Carter disse enquanto esperavam pelos rolos de maki9
que eles pediram, — quem você acha que está sendo negociado?
— Não sei. Eu realmente não quero saber.
— Eles vão fazer uma jogada para alguém grande. Acho que
perderemos alguns jovens talentos em troca de um defensor experiente.
— Bem —, disse Scott, — isso significa que estamos fora do gancho.
— Eu estava pensando em Burke. Ele não é tão jovem, mas é um bom
ala e somos ricos em talento na linha de frente agora.
— Sim. Pode ser.
— Quem sabe? Enfim, você viu? Os paparazzi nos pegaram na outra
noite. Eu e Gloria. Estávamos jantando no novo Nobu - você já foi lá?
— Não.
— Bem, você tem que ir. De qualquer forma. Estávamos deixando
Nobu e os paparazzi nos pegaram. Então nosso segredinho foi revelado. —
Carter encolheu os ombros. — Questão de tempo, eu acho. Acabou não
sendo um grande problema porque uma das Kardashians anunciou que
estava grávida ontem, então ninguém dá a mínima para nós.

9
GAME CHANGERS #1
184

— Certo...
Carter começou a fazer uma descrição detalhada de sua refeição
Nobu, e Scott tentou ouvir, mas principalmente pensou no que Carter
acabara de dizer. Carter estava tentando manter seu novo relacionamento
em segredo, mas quando o segredo foi revelado, era apenas mais um item
de coluna de fofoca. Apenas duas celebridades que começaram a se ver. As
pessoas disseram “huh” e seguiram em frente.
Isso não aconteceria se os paparazzi pegassem Scott e Kip juntos.
Claro, eles poderiam ir jantar talvez. Uma vez. Se começasse a ser uma coisa
normal, chamaria a atenção. E se eles fossem pegos... se tocando? De mãos
dadas? Se beijando? Não haveria nenhuma maneira de Scott negar -
— Eles têm esse molho de caramelo miso que - você está ouvindo,
Hunter?
— Huh? Sim. Sim, desculpe-me. Estou apenas... com fome. É meio
difícil ouvir sobre comida agora.
— Bem, falamos sobre hóquei, falamos sobre comida, falamos sobre
minha vida amorosa. Que tal sua vida amorosa?
— Não.
— Parece que realmente há algo para falar lá.
— Não há.
Carter o estudou e provavelmente não perdeu a cor no rosto de
Scott, ou a maneira como Scott não conseguia olhá-lo nos olhos. — Você é
o pior mentiroso do mundo, Scott.
— Eu sei.
— Você não quer me dizer? Tudo bem. Eu só quero que você seja
feliz. Um cara como você deveria estar com alguém especial.
RACHEL REID
185

Scott sorriu para si mesmo. — Eu estou feliz.


— Você está leva ela para o Equinox Gala?
— Você está indo para o gala?
— Sim eu estou indo! Você se esqueceu de quem eu estou
namorando? Além disso, sou muito famoso e amado.
Scott riu, mas por dentro ele se preocupou. Ele não esperava que
nenhum de seus companheiros de equipe estivesse lá. Isso só tornaria as
coisas mais complicadas.
E, Deus, não era justo. Ele queria dizer a Carter - seu melhor amigo -
que levaria seu namorado ao baile. Seu namorado maravilhoso e lindo que
o fazia se sentir mais leve e feliz do que ele jamais se lembrava de ter
sentido em sua vida. Ele queria dançar com Kip, beijá-lo e apresentá-lo a
todos para que soubessem como Scott era sortudo.
Em vez disso, Scott disse: — Talvez. Veremos.
Carter sorriu. — Espero que sim. Mal posso esperar para conhecê-la,
cara.
CAPÍTULO TREZE

SCOTT E KIP acordaram juntos na manhã seguinte ao prazo de


negociação.
Eles ficaram na televisão o dia todo, acessando um canal de esportes
dedicado à atividade comercial. Às vezes, Scott lhe dava toda a atenção e
Kip sabia que deveria dar-lhe espaço. Na maior parte do dia, porém, ele
ficava feliz em deixar Kip tirar sua mente de tudo.
E Kip ficou feliz em fazer isso.
Ele também ficou feliz em se distrair do estresse de esperar uma
resposta do museu. A entrevista foi surpreendentemente bem. Ambos os
entrevistadores pareciam realmente gostar dele. Ao final, todo mundo
estava falando como se ele já tivesse conseguido o emprego. Ele tinha saído
em alta.
Mas ele ainda não tinha contado a Scott sobre isso. Talvez ele não
quisesse azarar, ou talvez ele só estivesse envergonhado com sua tentativa
patética de melhorar a si mesmo. O nível de sucesso de Scott tornava tudo
que Kip fazia parecia ridículo.
Scott havia perdido alguns companheiros em uma troca que os
âncoras da televisão chamavam de - enorme. Um cara chamado Burke e
outro atacante foram negociados para Tampa Bay em troca de um enorme
defensor finlandês.
— Matti Jalo —, disse Scott ao ouvir a notícia. — Uau.
— Ele é bom? — Kip perguntou.
— Sim, ele... eu não achei que conseguiríamos alguém assim. Ele é
provavelmente o melhor defensor da liga no momento.
RACHEL REID
187

— Ei, isso é ótimo então!


— É, — Scott concordou. — Mostra que a direção tem confiança em
nós. Eles acabaram de nos comprar um presente muito bom.
— Mas, uh, os caras que estão indo embora... Burke, era? E, hum...
— MacDow, sim. Bons homens. É uma merda, mas imaginei que
Burke iria. Será melhor para ele, honestamente. Ele não está tendo lugar
para brilhar aqui.
— Então você está bem?
Scott sorriu para ele. — Eu estou bem.
— Quer comemorar?
— Absolutamente
Agora já passava das cinco da manhã e Kip precisava ir trabalhar, mas
as mãos de Scott estavam sobre ele e sua boca beliscava ao longo de sua
mandíbula.
— Ligue dizendo que está doente, — Scott murmurou contra sua
pele.
— Eu não posso! E você tem um jogo esta noite. Você estará
ocupado.
— Vá tarde. Vou escrever um bilhete para você.
Kip riu. — O que diria?
— 'Desculpe, Kip está atrasado, mas Scott Hunter estava montando
seu pau'.
Kip gemeu. — Deus, nós não fizemos isso. Eu... foda-se, eu quero isso.
— Eu também, — Scott disse, e moveu a mão de Kip para seu pênis
sólido para ilustrar seu ponto.
GAME CHANGERS #1
188

— Foda-se, — Kip respirou. Então não. — Não. Eu tenho que ir. Não
é justo, Hunter.
Ele se levantou e se vestiu antes que Scott pudesse convencê-lo a
fazer algo estúpido como não aparecer para o trabalho.
— Eu não vou te ver até o baile de gala amanhã à noite, — Scott
suspirou. — E mesmo assim será uma agonia, não tocar em você.
— Sexy, certo? Tipo?
— Tipo.
Scott fez café, como era sua tradição, e eles beberam juntos na
cozinha.
— Você sabe que será uma agonia para mim também, certo? — Disse
Kip.
Scott sorriu tristemente. — Vou querer sair mais cedo. Vou dar
minhas desculpas assim que chegar lá.
— Não, você não vai. Nós dois teremos um tempo maravilhoso, e
então voltaremos aqui e nos separaremos.
Scott o beijou, e isso foi muito promissor. Quando acabou, Kip
estremeceu.
— Eu tenho que ir, — ele disse fracamente.
— Vejo você amanhã à noite.

SCOTT CHEGOU CEDO AO restaurante e pediu um café. Ele se


encontraria com seu agente para almoçar, e o café era importante.
Ele gostava de Todd Wheeler - ele não o deixaria representá-lo se não
o fizesse - mas realmente odiava falar sobre contratos e endossos. Ele sabia
RACHEL REID
189

que tinha sorte de ter tantas oportunidades de ganhar tanto dinheiro, mas
não era por isso que jogava hóquei.
Todd chegou no momento em que Scott estava drenando o resto da
impressora francesa que o garçom trouxera. — Então isso foi uma merda
com o Zullo, hein? — Disse ele, quase assim que se sentou.
— Sim. — Scott concordou. — Você poderia dizer isso.
— Mas agora acabou. Isso deve ser bom, certo? Eu sei que você
odiava aquele cara.
— Ódio é uma palavra forte —, disse Scott. — Uma palavra forte e
precisa.
Todd riu. — E Matti Jalo é um Admirals agora! Parece um time
vencedor da taça para mim!
— Com certeza, — Scott concordou. — Jalo vai ser um grande trunfo.
— Enorme está certo. Jalo é a porra de um monstro. Bem parecido
também. Nova York vai adorar esse cara.
— Espero que sim.
— Esperançosamente não muito, entretanto! Precisamos ter certeza
de que você ainda é o número um nesta cidade.
— Certo.
O garçom veio e anotou os pedidos. Todd pediu uma salada de
espinafre sem olhar o cardápio. Scott pediu um sanduíche e Todd disse
abruptamente: — Quer saber? Foda-se. Vou pegar o clube também.
Depois que o servidor saiu, Todd disse: — Você está levando alguém
para o Equinox Gala?
— Por que? Você quer ser meu par?
GAME CHANGERS #1
190

— Não, foda-se. Só pensei que você poderia estar saindo com


alguém. Estou rezando todas as noites para que você comece a namorar
alguma atriz. Talvez uma modelo. Algo que o coloque nos jornais, sabe?
Scott fez uma careta. Ele definitivamente estaria “nos jornais” se
alguém descobrisse quem ele estava namorando. Mas provavelmente não
da maneira que seu agente esperava. — Desculpe por desapontá-lo.
— Eu poderia encontrar um encontro para você, se você quiser, —
Todd meditou. — Uma ingênua radicada em Nova York que quer melhorar
seu perfil...
— Não, obrigado, Todd.
Todd balançou a cabeça. — Eu não entendo você, Scott. Você se
parece com isso... —, ele acenou com as mãos para indicar o corpo inteiro
de Scott, — ...e você não parece estar compartilhando isso com ninguém.
Cara, se eu me parecesse com você...
Scott bufou. Todd tinha sido um atleta, uma vez, mas os anos longe
das competições o deram um pouco de instinto. Ele estava longe de ser
atraente, no entanto.
— Eu deveria ter comprado a maldita salada, — Todd murmurou para
si mesmo. — Nem todos nós estamos queimando um milhão de calorias por
dia.
— Você parece bem, — Scott o assegurou.
— Não estamos falando de mim, Scott. Estamos falando sobre você
e porque você não está namorando as lindas mulheres de Nova York.
— Estou ocupado, — Scott murmurou.
— Estamos todos ocupados! Tenho mulher, três filhos e quatorze
clientes!
RACHEL REID
191

— Por que estamos falando sobre isso?


— Eu quero que você seja feliz, Scott. Eu o represento desde que você
tinha dezessete anos e nunca vi você ao menos sair com alguém. Já fui a
muitos casamentos de meus clientes - todos vocês são como uma família
para mim. Você sabe disso. Principalmente você, porque... você sabe.
— Porque sou órfão? — Scott perguntou categoricamente.
— Só quero que saiba que estou cuidando de você e me preocupo
com a sua felicidade. Isso é tudo.
— Bem, obrigado. Mas estou perfeitamente feliz. Mesmo.
— Então... se meu amigo que representa uma certa atriz que mora
em Nova York me perguntasse se você poderia estar procurando um par
para a festa de gala...
— Você deveria dizer ao seu amigo que não estou.
Todd suspirou. — Tudo bem. Você nem quer saber quem ela é?
— Não.
— Porque se você é um homem de pernas...
— Oh, que bom! Nossa comida está chegando!
Scott começou a perguntar sobre as marcações de talk shows para
manter a conversa longe de sua vida amorosa pelo resto da refeição. Todd
pareceu entender a dica porque não tocou no assunto novamente.
Mas menos de meia hora depois que eles se separaram, Scott
recebeu uma mensagem dele. Era apenas uma foto no tapete vermelho de
uma bela jovem seguida por... Você tem certeza?
Scott: Tenho certeza.
Jesus. Ele realmente não precisava que o mundo inteiro se
interessasse por sua vida amorosa agora.
GAME CHANGERS #1
192

KIP SAIU DO TRABALHO na quinta-feira e foi direto para a casa de


Elena. Ele trouxera seu smoking para lá dias atrás, depois que o pegou no
alfaiate.
Ela atendeu a porta com o cabelo molhado e um roupão de banho.
— Incrível —, disse Kip. — Você já tomou banho. Posso pegar um?
— Sim claro. Temos que sair em, tipo, duas horas, ok? A limusine
estará aqui.
— Limusine?
— Equinox está enviando uma. Eles gostam de mim.
Ele tomou banho e saiu do banheiro com uma toalha. Elena estava
em seu quarto com a porta entreaberta. Ele bateu levemente. — Posso
entrar? Meu smoking está aí?
— Sim. Entre.
Ele abriu a porta e a encontrou sentada em frente a um espelho
colocando mechas quentes no cabelo. Música pop tocava em um pequeno
alto-falante ao lado dela.
— Vou colocar minha cueca —, disse Kip. — Não espie.
— Nem sonharia com isso.
— Eu posso ver você olhando no espelho, Elena! — Ele vestiu sua bela
cueca preta o mais rápido que pôde. Ele podia ver o reflexo de Elena
sorrindo.
— Então, qual é o plano hoje à noite? Você e Scott fingem que não se
conhecem e depois voltam para a casa dele e...
— Ir para a cidade um no outro? Sim. Esse é o plano.
— Pervertido.
RACHEL REID
193

— Um pouco.
— Tem certeza de que está bem com esse relacionamento estranho?
— Elena perguntou enquanto colocava o último rolo em seu cabelo.
— Sim, está tudo bem. — Kip franziu a testa. — Quero dizer,
obviamente seria bom...
— Ir para outro lugar que não seja o apartamento dele?
— É um bom apartamento, mas sim. Seria ótimo irmos a algum lugar
juntos.
— Você acha que nunca vai?
— Não sei! Quer dizer, não faz nem um mês.
— Isso é um mês a mais do que eu vi você namorar qualquer outra
pessoa.
— Exatamente! É por isso que parece tão sério. Eu nunca...
— Me senti assim?
Kip corou porque parecia tão sentimental. — Eu gosto muito dele, —
ele murmurou.
Elena se levantou e cruzou a sala. — Mal posso esperar para conhecê-
lo —, disse ela, e beijou a bochecha de Kip.
— Você não vai dar a ele uma de suas palestras assustadoras, vai?
— Claro que não. Só acho que é justo avisá-lo que, se ele te machucar,
isso será prejudicial para sua carreira. Porque ele estará morto.
— Elena!
— Estou brincando. Na maioria das vezes. Ouça, eu tenho que pintar
minhas unhas. Vamos abrir um pouco de vinho, aumentar um pouco de
Rihanna e ficar lindos.
— Deus, sim.
GAME CHANGERS #1
194

***

KIP SAIU da limusine e encontrou uma parede de lâmpadas piscando.


Eles pararam abruptamente quando os fotógrafos pareceram perceber que
ele e Elena não eram ninguém.
Eles cruzaram rapidamente o tapete vermelho. — Você está incrível,
— Kip disse, oferecendo o braço a Elena para que ela pudesse se equilibrar
sobre ele enquanto subia a curta escada para a entrada. — Eu sei que
continuo dizendo isso, mas sério. Muitos caras vão ficar com ciúmes de
mim.
Ela sorriu para ele. — Acho que muitos caras vão ficar com ciúmes de
mim.
Elena estava deslumbrante. Ela estava usando um vestido frente
única de cetim preto com babados ombré na lateral da saia, cada camada
desbotando em um tom mais claro de cinza. Os babados se separaram
quando ela andou, revelando uma fenda alta que exibia suas pernas e saltos
pretos de tiras. Seu cabelo escuro estava preso em um coque lateral
encaracolado, mostrando seus brincos brilhantes que pelo menos pareciam
rubis e diamantes.
A festa foi realizada em um enorme edifício histórico que havia sido
recentemente restaurado e atualizado. Era agora um dos locais mais
glamorosos de Nova York. Kip nunca havia entrado antes, nem mesmo
como servidor.
— Impressionante —, disse ele, olhando em volta para o teto do
saguão.
— Espere, — Elena respondeu.
RACHEL REID
195

Ela o conduziu para a sala mais luxuosa que Kip já vira. Estava cheio
de arcos altos e colunas de mármore, mas a Equinox havia adicionado seus
próprios toques modernos ao evento. Havia um DJ (provavelmente famoso)
em uma plataforma no alto e hologramas 3-D de centros de mesa florais
projetando-se de dispositivos no meio de cada mesa.
O que mais impressionou Kip, porém, foram os pequenos robôs que
pareciam estar servindo canapés aos convidados.
— Equinox não faz nada em pequena escala, hein? — Kip perguntou.
— Não. Eles não fazem.
— Eu pareço bem?
— Você está absurdamente bonito. — Ela apertou o braço dele. —
Temos tempo para nos misturar antes de nos sentarmos para o jantar.
Vamos ver quem podemos encontrar.
Ela o conduziu em direção à multidão de ricos e famosos de Nova
York que se reunia perto de um dos bares. Ele não era muito bom em bater
em celebridades, mas reconhecia vagamente algumas das pessoas na sala.
Kip se perguntou se Scott já havia chegado.
Elena o apresentou a alguns de seus colegas de trabalho, e ele
conversou educadamente, mas ninguém parecia particularmente
interessado nele. Ele se distraiu quando um servidor robô apareceu e
ofereceu a ele um canapé. Kip não estava acostumado a receber uma
bandeja de canapés, e ver o tipo de trabalho que constituía a maior parte
de seu currículo sendo executado com tanta eficiência por uma máquina
era... desolador.
— Você está tentando me tirar do emprego, amigo? — Ele
perguntou. O robô simplesmente saiu para servir outro grupo de
GAME CHANGERS #1
196

convidados, deixando Kip reconciliar o fato de que ele tinha mais em


comum com os robôs do que com qualquer um dos convidados reais da
festa.
Ele foi ao bar e pegou (de cortesia!) Bebidas para ele e Elena. Ele
trouxe seu martini para Elena e ela acenou com a cabeça por cima do
ombro.
Ele se virou e viu Scott do outro lado da sala. Ele estava conversando
com um pequeno grupo, sorrindo e ficando de pé sobre todos os outros.
Ele estava arrojado como o inferno em seu smoking preto clássico.
Elena gentilmente bateu em seu braço, o que o fez se virar para ela.
— Pare de encarar! — Ela assobiou.
— OK! Ele pode - ele pode me ver? Ele já me viu?
— Ainda não. Vocês precisam ser muito mais furtivos se quiserem
enganar alguém.
— O que você está falando? Estou bem. Ele já olhou?
— Não. Mas se ele não vir aqui - Ok, ele o viu.
— Como você sabe?
— Porque ele simplesmente iluminou como o maldito sol. Jesus.
Vocês estão condenados.

SCOTT NÃO CONSEGUIA SE mover um centímetro sem que alguém o


parasse. Alguns deles ele realmente conhecia um pouco, outros eram
completos estranhos, mas todos no baile pareciam querer seu momento
com ele.
A noite toda foi a mesma conversa fiada impessoal. — Sim, me sinto
muito bem com nossas chances nos playoffs.
RACHEL REID
197

— Muito animado por ter o Jalo na equipe. Ele deve ser uma ótima
adição.
— Eu não jogo golfe, na verdade. Nunca gostei.
E para as poucas pessoas corajosas o suficiente para perguntar sobre
Zullo: — Espero que ele receba a ajuda de que precisa.
Ele mal conseguia ver Kip. Estava de costas para ele, mas Scott o
reconheceu instantaneamente. Ele estava parado com uma mulher linda
que estava chamando a atenção mesmo no meio desta multidão. Ela era a
mulher que Kip tinha levado para o jogo dos Admirals semanas atrás. Elena.
Era quase hora do jantar, quando todos precisariam se sentar. Em
seguida, haveria discursos, e quem sabia quando ele teria a chance de falar
com Kip. Ele só precisava vê-lo.
Scott encerrou uma conversa com um dos craques do New York Jets
dizendo educadamente que estava indo ao bar comprar alguma coisa. Ele
se moveu no meio da multidão, fingindo não ouvir algumas pessoas
chamando seu nome.
Kip finalmente se virou e fez contato visual com ele, e o coração de
Scott parou.
Deus, ele parecia bonito. Como uma estrela de cinema clássica de
Hollywood. Scott vagou em sua direção como uma mariposa para uma
chama.
— Boa noite —, disse ele quando finalmente alcançou Kip. O terno
caia nele como um sonho: azul escuro e corte fino em todos os lugares.
Você mal podia dizer que uma vez tinha sido feito sob medida para o corpo
de Scott - na verdade, tinha sido o smoking que Scott estava usando na
GAME CHANGERS #1
198

primeira noite que ele e Kip passaram juntos. Seu cabelo estava repartido
de lado e ele tinha um brilho nos olhos enquanto tocava.
— Scott. Bom te ver de novo. Esta é minha amiga, Elena Rygg. Ela
trabalha para a Equinox. Elena, Scott Hunter...
— Nenhuma introdução necessária —, disse Elena, estendendo a
mão. — É emocionante finalmente conhecê-lo, Scott.
— Elena, — Scott disse, apertando sua mão. — Uau. Você é muito
bonita.
Kip riu.
— Desculpe —, disse Scott. — Não sou muito bom em conversar com
mulheres.
— Provavelmente não aparece com frequência em sua linha de
trabalho. — Ela sorriu para ele, um sorrisinho secreto que quase parecia
que ela estava zombando dele, mas foi mais caloroso do que isso.
— Não —, disse ele, sorrindo de volta. — Não faz, infelizmente.
Kip parecia estar absorvendo-o. Seus olhos percorriam todo o seu
corpo e ele mordia o lábio. Scott tentou pensar em um motivo para tocá-lo.
Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de uma mulher que
ele não reconheceu.
— Elena! Você está linda! Você está se divertindo?
Elena abraçou a mulher e elas se beijaram nas bochechas.
— A festa está incrível, Jacqueline. Você fez um trabalho incrível —,
disse Elena.
— Você acha? Eu gosto do contraste do antigo glamour de Nova York
e nossa tecnologia de ponta. — Ela se virou para Scott e estendeu a mão.
— Scott Hunter! Muito obrigado por ter vindo. Jacqueline Kane.
RACHEL REID
199

Ah. A CEO da Equinox.


— É claro. Obrigado por me convidar, — Scott disse educadamente.
— Eu não sabia que vocês dois se conheciam —, disse Jacqueline,
apontando para Scott e Elena.
— Acabamos de nos conhecer —, disse Scott.
— Sortudo! Elena foi incomensuravelmente valiosa para a empresa
no ano passado. Nós absolutamente a amamos. E, sinto muito, estou sendo
rude. Não fomos apresentados. — Ela estendeu a mão para Kip. — Eu sou
Jacqueline.
— Eu sou, uh, Christopher. Grady. — Kip apertou a mão dela.
— Você também trabalha com TI, Christopher?
— Não - eu, um - não. Eu não.
Scott queria pular e dizer algo elogioso sobre Kip, mas ele não deveria
saber quem ele era.
— Você está com Elena? — Jacqueline perguntou a Kip.
— Não! Quer dizer... eu sou o par dela, sim. Nós somos amigos. Bons
amigos.
— Oh! Tudo bem. E você, Scott? Você trouxe alguém especial esta
noite?
Scott não conseguiu parar de olhar para Kip antes de dizer: — Eu vim
sozinho.
Jacqueline sorriu e olhou para Scott e depois para Elena. — Bem, eu
vou deixar você se familiarizar. Divirtam-se!
— Vamos. Tenha uma boa noite, Jacqueline, — Scott disse
educadamente.
— Você não conheceu Jacqueline antes? — Elena perguntou.
GAME CHANGERS #1
200

— Não —, disse Scott. — Sou convidado para todo tipo de coisa por
pessoas que não conheço. — Ele deu uma risadinha. — Pareceu surreal, no
início, ser um garoto pobre de Rochester e de repente estar imerso em todo
este outro mundo. Esfregando ombros com a realeza de Nova York.
— Eu posso imaginar, — Kip disse, com um pequeno sorriso.
Scott franziu a testa, porque Kip tinha se sentidoassim? Era fácil para
Scott pensar em si mesmo apenas como um cara de Rochester porque era
isso que ele era. Mas tudo isso era surreal para Kip? Deve ser, pelo menos
um pouco.
Uma das coisas que Scott realmente gostava em Kip era que ele
nunca parecia interessado no dinheiro ou na fama de Scott. Estar com Kip
era a única vez em que Scott se sentia... Scott.
Elena deve ter notado a estranheza entre eles, porque ela
rapidamente despejou todo o conteúdo de seu copo em sua boca. — Veja.
Meu martini acabou. Vou ao bar buscar outro. Scott, o que você está
bebendo?
— Oh, um, uma cerveja. Só uma cerveja. Stella, eu acho, se eles
tiverem.
— Eles têm —, Elena assegurou-lhe. Ela os deixou sozinhos.
Kip estava olhando para o chão, e Scott queria desesperadamente
enfiar um dedo sob o queixo e inclinar a cabeça para cima. Ele queria beijá-
lo. Ele queria dizer a ele que ele absolutamente pertencia aqui porque ele
era importante para Scott, e claramente importante para Elena.
— Grande festa, hein? — Foi o que ele disse em vez disso.
— Sim, — Kip disse, levantando seus olhos para encontrar os de Scott.
— Eu sinto que deveria estar carregando uma bandeja por aí.
RACHEL REID
201

Scott franziu a testa e se impediu de alcançar o namorado. Ele sentiu


olhos e ouvidos ao redor deles. — Você não parece que deveria estar
carregando uma bandeja por aí. Você parece... — Ele não conseguiu
terminar a frase. Não com as palavras que ele queria usar. Aqui não.
— Elena parece ótima, — ele disse em vez disso, mudando de
assunto.
— Ela é. Você vai dançar com ela mais tarde, certo?
— Farei minha melhor impressão de dança, sim.
Kip riu um pouco. Então ele suspirou e olhou para Scott com tanto
carinho e saudade que Scott não pôde fazer nada além de olhar para trás.
Ele sabia que tinha um sorriso bobo e apaixonado no rosto, mas não
conseguiu evitar.
Jogando a cautela ao vento, ele baixou a voz. — Você está incrível.
Kip mordeu o lábio. — Não é tão ruim você mesmo.
Scott se inclinou um pouco mais perto, abusando da sorte. — Vai ser
uma longa noite.
Kip estava olhando para sua boca. Scott observou seu pomo de adão
balançar enquanto engolia.
Quando Kip respondeu, sua voz mudou para aquele sotaque irregular
do Brooklyn que Scott tanto amava. — Deve ter um final incrível, no
entanto.
— Eu não posso esperar, — Scott respirou.
— Nem eu.
E graças a Deus Elena voltou naquele momento ou então Scott
poderia ter feito algo muito estúpido. O olhar aguçado que Elena deu a ele
GAME CHANGERS #1
202

enquanto lhe entregava sua cerveja disse a ele que ele e Kip estiveram
muito perto um momento atrás.
— É hora de sentar para jantar —, disse Elena. — Vamos separar
vocês dois.
Antes de se separarem, Scott estendeu a mão para Kip, que olhou
para ela por um momento antes de sorrir e pegá-la, sacudindo-a como dois
homens poderiam ter acabado de se conhecer em um evento social.
Mas Scott aproveitou a oportunidade para roçar suavemente as
pontas dos dedos na parte interna do pulso de Kip. Ele acariciou a carne
sensível enquanto eles apertavam as mãos, e ele observou os lábios de Kip
se separarem. Ele viu seus olhos acenderem.
— Vejo você mais tarde —, disse Scott, — Christopher.
O jantar durou muito tempo. Entre os cursos, Jacqueline agradeceu a
presença de todos e explicou a importância de oferecer oportunidades
desde o início para as crianças explorarem carreiras em STEM. Ela falou
sobre alguns dos bons trabalhos que a Equinox Foundation já havia feito
nessa área e quais planos ela tinha para o futuro. Ela anunciou uma doação
maciça para escolas públicas locais para fornecer-lhes computadores de
última geração e outras tecnologias. Scott aplaudiu junto com o resto da
multidão.
Ele estava sentado com nove pessoas que ele não conhecia. Até
Carter foi colocado em uma mesa diferente. Scott nunca se sentia
particularmente confortável com esses tipos de eventos, mas esta noite ele
estava ainda mais inquieto e distraído. Não ajudou que ele não pudesse ver
Kip de onde estava sentado.
RACHEL REID
203

Enquanto esperavam pela sobremesa e café, ele decidiu que


precisava sair dali por alguns minutos. Ele se desculpou e se levantou. Ele
examinou brevemente a sala em busca de Kip, mas não conseguiu
encontrá-lo.
Scott foi ao banheiro, mas não teve vontade de voltar para a mesa
depois. Ele vagou pela área fora do salão de baile principal, onde os
banheiros estavam localizados, e encontrou uma alcova que oferecia uma
vista do terceiro andar das luzes da cidade. Ninguém mais estava lá, então
ele ficou alguns minutos em silêncio para si mesmo, de pé contra o vidro e
observando o tráfego abaixo.
Ele sentiu Kip atrás dele antes de ver seu reflexo no vidro, logo acima
do ombro de Scott. — Ei—, disse ele em voz baixa.
Scott fechou os olhos e forçou a vibração em seu estômago a se
acalmar.
Ele virou. — Provavelmente não deveríamos estar aqui juntos.
— Provavelmente não. — Kip se aproximou, invadindo o espaço
pessoal de Scott e assumindo o controle de seus sentidos. O cheiro picante
de sua loção pós-barba era inebriante.
— Eles fizeram um bom trabalho com o seu terno —, disse Scott,
trêmulo. — Realmente... se encaixa bem em você.
— Mmm.
A boca de Kip estava tão perto, e os lábios de Scott se separaram
completamente por conta própria. Seria tão fácil se inclinar e pegar o que
ele queria...
— A comida era boa —, disse Kip em tom de conversa.
— Era? Eu realmente não estava prestando atenção.
GAME CHANGERS #1
204

— Distraído?
— Pode ser.
— Parece que você ainda está com fome.
Scott estremeceu um suspiro. — Maldição, Kip.
Kip deu a ele um daqueles sorrisos sensuais que Scott normalmente
amava tanto, mas aqui...
Os olhos de Kip dispararam para a virilha de Scott e seu sorriso se
alargou.
Podemos ir embora. Poderíamos sair agora...
— Eu deveria voltar, — Kip disse, irritantemente casual.
Scott mordeu a língua, forte o suficiente para trazê-lo de volta à terra.
— Você está em apuros mais tarde, — ele rosnou.
Os olhos de Kip se arregalaram, mas ele conseguiu sorrir antes de se
virar e sair. Scott sorriu ao vê-lo se afastar, satisfeito por ter sido capaz de
retaliar um pouco.
Ele levou um momento para se recompor e então voltou para o salão
de baile. Parecia que ele havia perdido a sobremesa; as mesas já estavam
sendo retiradas para permitir mais espaço para dançar e se misturar.
Ele não viu Kip em lugar nenhum.
Houve uma comoção na multidão quando as luzes se apagaram e o
palco em que Jacqueline estava falando antes de repente girou para revelar
um famoso cantor de estilo lounge e sua orquestra.
Scott se misturou por um tempo, conversando com celebridades de
primeira linha e alguns dos principais CEOs de Nova York. Ele tinha acabado
de encerrar uma conversa com um astronauta de verdade quando ouviu
um tapinha em seu ombro.
RACHEL REID
205

— Acredito que me prometeram uma dança —, disse Elena.


Scott sorriu, genuinamente feliz em vê-la. Ele pegou o braço dela e
eles foram para a pista de dança, que estava bem cheia agora. — Eu sou um
péssimo dançarino, — ele a alertou.
— Vou compensar isso.
Ela era uma dançarina fantástica. Scott rapidamente encontrou um
ritmo enquanto dançavam duas etapas fáceis enquanto a banda tocava -
Fly Me to the Moon10.
— Sabe, eu estava conversando com um astronauta de verdade —,
disse Scott. — Eu me pergunto se ele gosta dessa música.
Elena educadamente ignorou sua tentativa desajeitada de conversa
fiada. — Você está tendo uma boa noite?
— Certo. — Ele baixou a voz. — Como está Kip?
— Acho que ele está focado no pós-festa.
— Bem, isso faz de nós dois.
Ela estudou seu rosto. — Você gosta dele.
— Eu faço. Eu... eu realmente gosto dele.
— Bom —, disse ela. — Porque ele é louco por você. Você precisa
entender como isso é sem precedentes para ele.
— Você acha que vou machucá-lo?
— Não sei. Acabamos de nos conhecer. Convença-me do contrário.
Scott suspirou. Ele não tinha falado com ninguém sobre seus
sentimentos por Kip antes. Era bom ter alguém com quem compartilhá-los,
mas também era assustador. — Não posso explicar, porque não faz sentido
a rapidez com que...

10
Música de Frank Sinatra.
GAME CHANGERS #1
206

— Você caiu?
Scott sentiu-se corar. — Sim.
Ela apertou a mão dele. — Você está pedindo muito a ele, sabe.
— Eu sei. Não vou prometer mais do que posso dar, mas... Vou dar a
ele tudo que eu puder.
— Em segredo?
— Por enquanto.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Como eu disse, não vou prometer mais do que posso dar. Mas isso
é novo. Acho que, com o tempo, poderei dar mais.
Ela pareceu considerar isso. — OK.
Scott pigarreou. — Você gosta de trabalhar para a Equinox?
— Eu faço. Eu faço o que amo, eles me tratam com respeito e o
dinheiro é obsceno.
Scott riu. — Parece meu trabalho.
Quando a música terminou, Elena se inclinou. — Você pode me
beijar, se quiser. Se você quiser... desviar a atenção.
Ele sorriu, tocado pela oferta, e beijou-a na bochecha. — Obrigado.
Mas eu não vou fazer isso com você.
— Não teria sido tão difícil. — Antes de se separarem, ela disse: —
Kip é a melhor pessoa que conheço. E ele está mais feliz do que jamais o vi
nestes dias. Eu sou protetora com ele porque o amo.
— Eu sei. — Scott queria dizer a ela que o amava também, mas ele
nunca disse isso em voz alta antes. Ele nem mesmo se permitiu considerar
seriamente a possibilidade, mas enquanto caminhava com Elena para fora
RACHEL REID
207

da pista de dança, e viu Kip sentado, relaxado em uma cadeira de pelúcia,


observando-os...
...o que mais poderia ser esse sentimento?

SCOTT E ELENA PARECIAM deslumbrantes juntos, dançando, e Kip


estava com inveja. Ele gostaria de poder ser o único nos braços de Scott. Ele
se consolou lembrando que logo o faria.
Mas seria bom dançar com ele. Kip não precisava que as pessoas
soubessem que eles estavam juntos. Ele não estava interessado em se
exibir ou ser exibido. Ele só... gostaria de poder compartilhar tudo com
Scott.
Ele os observou deixar a pista de dança. Elena foi imediatamente
convidada para dançar por outra pessoa, e Scott desapareceu no meio de
uma multidão. Kip suspirou. Ele estava ficando entediado. Ele não queria
mais beber e se sentia muito inadequado para conversar.
Ele estava observando a festa, tentando aproveitar o espetáculo,
quando seu telefone tocou.
Scott: 161912
Kip olhou para o telefone, confuso. Talvez Scott tenha mandado uma
mensagem de bolso para ele por acidente?
Uma segunda mensagem veio.
Scott: Código da porta. Funciona para o elevador também.
Kip ergueu os olhos. Scott estava encostado em uma parede do outro
lado da sala enorme, digitando em seu telefone.
Scott: Te encontro lá. Me mande uma mensagem quando você estiver
saindo.
GAME CHANGERS #1
208

Kip sorriu. Ele estava igualmente empolgado em mover as coisas de


volta para a casa de Scott e tocou que Scott havia lhe dado seu código de
acesso.
Ele escreveu de volta, estou saindo agora. Vou contar a Elena.

SCOTT ESTAVA TENTANDO IR embora quando Carter o interrompeu.


— Scotty! Era ela? Era ela? Eu vi você, cara! — Ele jogou um braço em
volta do pescoço de Scott e puxou-o para dentro. — Eu vi você!
Fodidamente linda senhora, Scott! Bom trabalho, meu amigo!
Carter claramente estava bebendo. — Não se preocupe —, disse ele
em um sussurro que era mais alto do que as vozes da maioria das pessoas.
— Seu segredo está seguro comigo.
— Uh, claro, obrigado, Carter, — Scott disse, puxando seu braço. —
Eu estava saindo, então...
— Eu entendo, cara, eu entendo. Ela está saindo em outro carro?
— Hum.
— Eu entendo você. Tenha uma boa noite, Hunter! Uma boa noite!
Scott exalou enquanto se afastava. As coisas estavam ficando
complicadas.
Seu serviço de carro estava esperando por ele lá embaixo. Ele deixou
o silêncio abençoado tomar conta dele assim que ficou sozinho no banco
de trás.
O motorista o levou para casa.
CAPÍTULO QUATORZE

KIP CONSIDEROU remover todas as suas roupas e apenas esperar, nu,


na cama de Scott por ele.
Então ele considerou que estava vestindo um terno muito caro e
parecia muito bom. E Scott não disse algo sobre querer tirá-lo disso?
Kip sorriu para o apartamento vazio. Ele manteve as luzes baixas e
sentou-se no sofá, admirando a vista do Brooklyn.
Ele teve uma ideia.
Ele sincronizou seu telefone com o estéreo Bluetooth de Scott e
colocou uma lista de reprodução do Spotify de padrões românticos de jazz.
Ele esperou.
Quase meia hora depois, ele ouviu o clique da porta sendo aberta.
Ele se levantou, mas não se moveu em direção à porta. Ele apenas
ficou na sala mal iluminada com as luzes da cidade atrás dele. Ele deixaria
Scott ir até ele.
— Kip? — Scott gritou em voz baixa.
Kip não respondeu. Ele encostou o quadril na lateral da alta unidade
de entretenimento que abrigava a televisão de Scott e cruzou os braços
enquanto Frank Sinatra cantava - I've Got You Under My Skin.
Scott entrou na sala. — Kip. Oh meu Deus. — Ele caminhou até ele
como se fosse o primeiro copo de água que Scott tomava em dias.
Kip esperava ser jogado contra uma parede e beijado
agressivamente. Ele esperava ser punido por mexer com Scott no baile de
gala. Em vez disso, Scott colocou a mão gentilmente no rosto de Kip e
pareceu absorvê-lo por um momento. Havia uma urgência nos olhos de
GAME CHANGERS #1
210

Scott, mas quando ele finalmente se inclinou e beijou Kip, foi lento e
deliberado. Não foi uma conversa; era Scott dizendo a ele algo importante
e certificando-se de que Kip estava ouvindo.
Quando seus lábios se separaram, Kip se sentiu mole. — Uau, — ele
respirou.
— Tenho desejado fazer isso a noite toda —, disse Scott. Sua voz
estava rouca e ele estava olhando para Kip como se não pudesse acreditar
que ele era real, sua testa franzida e seu rosto quase doeu.
— Ei, — Kip disse, e o beijou. Ele descansou a mão no peito de Scott,
sobre a lapela de sua jaqueta, e deixou sua língua explorar sua boca, sem
pressa e reverente.
Eles se beijaram por um longo tempo assim, com Kip pressionado
contra a unidade de entretenimento, nunca escalando. Etta James começou
a cantar - At Last.
— Você quer dançar? — Ele perguntou.
— Um pouco no nariz, você não acha? — Scott perguntou, acenando
para o aparelho de som.
Kip sorriu. — Vamos, me mostre o que Elena te ensinou.
Scott balançou a cabeça, mas pegou a mão de Kip e o levou para o
meio da sala. Ele colocou a outra mão na parte inferior das costas de Kip, e
Kip sorriu e deixou Scott liderar. Ele passou o braço livre ao redor dele,
deslizando a mão por sua espinha e pousando os dedos nos cabelos curtos
no topo do pescoço de Scott.
Scott era um dançarino estranho, mas Kip não se importou. Ele
descansou a cabeça no ombro de Scott e suspirou feliz.
— Gostaria de poder ter dançado com você lá, — Scott disse.
RACHEL REID
211

— Está bem.
— Não está. Eu queria te mostrar. O homem mais lindo da sala estava
comigo e eu não pude nem contar a ninguém.
Kip sorriu. — Não achei que você fosse de se gabar.
— Eu não sou. Eu acabei de...
— Eu gostaria de sair com você.
Scott engoliu em seco. — Onde você me levaria?
Kip considerou isso. — Um clube, — ele disse finalmente. — Nós
apenas nos perderíamos na música. Eu adoraria ver você se soltando assim.
Em público. Esforçar-se um com o outro e depois voltar para casa.
— Deus —, disse Scott. — Gostaria disso. Nunca fui a um clube gay.
Não em Nova York, de qualquer maneira.
— Eu conheço alguns bons. Algum dia talvez.
— Algum dia.
Eles dançaram e Kip se deixou levar. Ele bebeu no romance do
momento, de estar embrulhado em Scott, o luxuoso tecido de seu smoking
sob suas mãos. Do leve aroma de quaisquer produtos de higiene que ele
usou. Das luzes da cidade ao redor deles enquanto eles se pressionavam o
mais perto que podiam um do outro, enquanto suas cabeças nadavam com
cenários imaginários de estarem juntos fora das paredes seguras deste
apartamento.
Eles dançaram, e Kip virou a cabeça para que pudesse dar beijos ao
longo da mandíbula afiada de Scott. Manter a boca ocupada o impedia de
deixar escapar declarações que eram embaraçosamente prematuras.
Os dedos de Scott bateram levemente na parte inferior das costas de
Kip, e Kip se perguntou se Scott se sentia assim: cheio de sentimentos. Cheio
GAME CHANGERS #1
212

de palavras que ele não conseguia se imaginar dizendo em voz alta. Seus
próprios dedos tremiam um pouco, então ele os enrolou no cabelo de Scott.
Scott disse: — Quero ir a qualquer lugar com você.
E Kip podia ouvir a tristeza na maneira como Scott disse isso. Ele
podia ouvir o não dito, mas eu não posso. Mas Kip iria ignorar isso. Hoje à
noite, ele iria ignorar isso.

SCOTT FICOU MARAVILHADO.


DE alguma forma, dançar totalmente vestido em sua sala de estar foi
a experiência mais romântica de sua vida. Ele adorava ter Kip em seus
braços, em sua casa, vestindo seu terno. Seus sentidos estavam cheios de
Kip.
Quando a música terminou, Scott deu um passo para trás porque
precisava olhar para ele. Ele tinha que ter certeza de que este homem
maravilhoso estava realmente aqui. Que ele era realmente seu namorado.
Kip sorriu timidamente para ele e Scott ficou momentaneamente
paralisado.
— O que é isso? — Kip perguntou, quase um sussurro.
Scott balançou a cabeça. — Às vezes eu... — Ele exalou, tentando
desacelerar as batidas de seu coração. — Eu não posso acreditar que você
é real.
Assim que as palavras saíram, ele corou. Que coisa estupida para se
dizer!
Mas Kip apenas riu e colocou a mão no peito de Scott, sobre seu
coração acelerado, e disse: — Fico pensando que vou acordar.
RACHEL REID
213

A garganta de Scott se apertou e seu coração bateu incrivelmente


mais rápido. Ele inclinou a cabeça de Kip para cima com um dedo gentil e o
beijou. Foi apenas um roçar suave de seus lábios contra os de Kip, mas o fez
estremecer.
O que há de errado comigo? Ele se sentia sobrecarregado, como se
seu corpo estivesse hospedando algo enorme e selvagem, e estivesse
batendo contra suas costelas, desesperado para sair.
Ele enredou a mão no cabelo de Kip e curvou a outra ao redor de seu
quadril. Kip agarrou suas lapelas, puxando-o para mais perto e abrindo sua
boca para beijá-lo adequadamente. O calor úmido da boca de Kip e a
pressão urgente de seu corpo contra o de Scott o trouxeram de volta à
terra. Isso era real. Kip era real. E Scott precisava tirá-lo daquele terno.
Depois de ser completamente beijado dentro de uma polegada de
sua vida, Scott alcançou o botão da jaqueta de Kip. Ele o desfez e deslizou
as mãos por baixo dos ombros para tirar a jaqueta e deixá-la cair no chão
atrás dele.
— Quase odeio fazer isso —, disse ele em voz baixa. — Você parece
tão bem. Mas meus planos para o resto da noite não incluem roupas.
Kip deu a ele um daqueles sorrisos devastadores, e Scott puxou sua
gravata borboleta. As pontas se desenrolaram e penduraram na frente de
Kip. Scott puxou levemente antes de desfazer o primeiro botão de sua
camisa. Ele desfez mais dois, deixando o colarinho aberto, expondo o
pescoço de Kip e o topo de sua camiseta. As pontas dos dedos dele
passaram pela garganta de Kip, roçando seu pomo de adão e fazendo-o
respirar fundo.
Nina Simone cantou - I Put a Spell on You.
GAME CHANGERS #1
214

Scott desabotoou a camisa de Kip o resto do caminho e a deixou


aberta. O peito de Kip subia e descia, e ele olhou faminto para Scott, mas
não disse nada. Scott pegou sua mão esquerda e puxou seu braço direto
para frente dele. Ele desamarrou a abotoadura e levou o pulso de Kip à
boca, beijando a pele sensível e sentindo o pulso de Kip disparar nas veias
logo abaixo. Ele fez o mesmo com o outro pulso, depois enfiou as duas
abotoaduras no bolso de Kip. Isso fez Kip sorrir.
Scott o considerou por um momento.
— Tire os sapatos —, disse ele. — E suas meias.
Scott recuou enquanto Kip seguia suas instruções. Foi tão fácil mudar
para esse papel de autoridade, para cobrir seus nervos com um tom firme
e frio. E, Deus, a maneira como Kip o obedecia com tanta boa vontade. Isso
fez a cabeça de Scott girar.
Quando Kip terminou, ele se levantou, descalço, com as calças ainda
fechadas, a camisa aberta revelando sua camiseta branca. O smoking de
Scott estava completamente intacto, e Scott adorava o desequilíbrio disso.
O corte fino da calça de Kip foi incapaz de esconder a protuberância
que se formou quando Scott o despiu. Scott o ignorou. Por enquanto. Em
vez disso, ele deslizou a camisa no chão, deixando-a se juntar à jaqueta.
Ele correu as mãos pelos lados de Kip, deslizando os dedos dentro do
cós da calça apenas o suficiente para puxar a bainha da camiseta. Ele
empurrou para cima, lentamente, deslizando as palmas das mãos sobre a
pele macia do estômago de Kip. Kip esticou os braços para que Scott
pudesse tirar a camisa pela cabeça.
Quando a camisa foi tirada, Scott prendeu os pulsos de Kip juntos
com uma das mãos, mantendo os braços estendidos sobre a cabeça. Os
RACHEL REID
215

olhos de Kip se fecharam e Scott apertou suas bocas. Ele o beijou


desordenadamente, suas bocas deslizando uma contra a outra até que ele
soltou os pulsos de Kip e deu um passo para trás.
A respiração de Kip estava pesada e seus olhos estavam escuros. Ele
parecia querer dizer algo, mas não queria quebrar o silêncio deliciosamente
tenso que eles haviam criado. Em vez disso, ele mordeu o lábio inferior e
esperou.
Scott sorriu para si mesmo enquanto caminhava ao redor de Kip até
que ele ficasse em suas costas. Ele chutou para o lado as roupas descartadas
que haviam se reunido ali e beijou o pescoço de Kip. Kip gemeu e inclinou a
cabeça para descansar no ombro de Scott. Ele se inclinou para trás para
colocar o braço em volta do pescoço de Scott, e Scott envolveu um braço
possessivamente em torno de seu peito. Com a mão livre, Kip agarrou-se a
ele, pressionando-o contra si mesmo.
— Kip... — Scott respirou contra sua pele, terminando o silêncio. Ele
não se conteve. Ele se sentia bêbado.
Ele pressionou sua virilha na bunda de Kip para que pudesse sentir o
quão excitado Scott estava agora.
— Porra. Por favor, — Kip engasgou.
Kip agarrou a mão de Scott e a moveu para sua virilha, e Scott gemeu,
amando o quão ansioso Kip estava.
— Não se preocupe, — ele respirou no ouvido de Kip. — Vou te dar
tudo o que você quiser.
Kip estremeceu e Scott lentamente puxou o zíper da calça para baixo
sobre sua ereção esticada. Assim que ele abriu as calças, Scott moveu as
mãos para os quadris de Kip. Kip gemeu de frustração, mas Scott o ignorou,
GAME CHANGERS #1
216

em vez disso mergulhou os dedos na cintura frouxa e deslizou a calça para


o chão. Kip saiu delas e se virou, seu pau totalmente duro e preso pelo
tecido de sua cueca preta, a ponta quase saindo do cós.
Scott mordeu o lábio, sentindo-se oprimido mais uma vez. Havia
palavras que ele queria dizer, mas ainda não. Não quando ambos estavam
loucos de luxúria.
Em vez disso, ele tirou a jaqueta e tirou os sapatos. Ele desamarrou a
gravata-borboleta e tirou as abotoaduras. Ele removeu tudo, deixando Kip
assistir. Ele não fez um show, apenas lenta e cuidadosamente tirou cada
item. Quando ficou só de cueca, deu um passo à frente e o beijou.
Assim que suas bocas se juntaram, Scott perdeu a capacidade de
jogar com calma. Ele se enrolou em Kip, querendo-o em todos os lugares, e
Kip respondeu enfiando as mãos na parte de trás da cueca de Scott,
segurando sua bunda. O beijo deles rapidamente se tornou selvagem e
faminto, e Scott não podia mais esperar. Tinha sido uma noite inteira de
provocações e ele precisava que acabasse. Ele precisava estar dentro dele.
Em um movimento que surpreendeu a ambos, Scott içou Kip do chão,
segurando-o firmemente enquanto Kip envolvia suas pernas fortes ao redor
dele. Scott o carregou para o quarto dessa forma, como se Kip tivesse a
metade do tamanho que ele realmente tinha.
Quando eles chegaram ao quarto, Scott largou Kip na cama e foi para
cima dele imediatamente. Ele puxou os braços de Kip sobre a cabeça e
prendeu seus pulsos com uma das mãos, depois voltou a beijá-lo sem
sentido.
— Oh, porra, Scott, — Kip engasgou. — Sim.
RACHEL REID
217

Scott queria muito. Ele desejou que eles tivessem um tempo infinito.
Que eles nunca precisaram dormir. Deus, amanhã ele iria embora por uma
semana de merda. Ele precisava beber até se fartar agora.
— Por favor, me foda, — Kip disse em voz baixa. — Por favor. Eu sei
que falamos sobre você me montando, e eu quero isso, mas Deus, eu
preciso que você me foda. O jeito que você tem me olhado a noite toda, me
despindo... Porra, por favor.
— Eu vou, — Scott prometeu. — Eu quero isso. Acredite em mim.
Ele rapidamente tirou sua própria cueca. Ele estava prestes a pegar o
lubrificante e os preservativos da mesa de cabeceira quando Kip agarrou
seu pulso.
— Deixe-me chupar você. Por favor. Vem cá.
Scott gemeu e se moveu para cima, então ele estava praticamente
escarranchado no rosto de Kip, e seu namorado lindo e ganancioso não
perdeu tempo levando seu pênis na boca. Kip gemeu feliz em torno de seu
pau, e seus olhos se fecharam.
— Jesus, Kip.
Kip brincou com o pênis de Scott com a língua, deixando-o deslizar
lento e preguiçosamente ao redor da cabeça, e mergulhando o mais longe
que podia daquele ângulo. Foi incrível. Scott ouviu o clique de uma tampa
de garrafa e percebeu que Kip estava usando dedos lisos para se abrir
embaixo dele.
O rosto de Kip estava tão feliz. Ele estava felizmente lambendo e
chupando Scott enquanto ele se fodia em seus próprios dedos.
— Deus, você ama isso, não é? — Scott murmurou.
GAME CHANGERS #1
218

Kip respondeu com um olhar ardente e pressionou a língua na fenda


de Scott.
Scott estava se sentindo perigosamente bem, o calor e a tensão já
cresciam abaixo. Ele precisava mover isso junto.
Ele saiu da boca de Kip e se mexeu para ver seus dedos trabalhando.
Porra, ele poderia assistir Kip se tocando para sempre. Ele parecia tão lindo
fazendo isso. Scott considerou o pênis de Kip, que ainda não havia sido
tocado. Ele balançava com entusiasmo, como se esperasse por atenção.
— Deus, olhe para você —, disse Scott.
— Quero você... quero seu pau...
— Quantos dedos? — Ele não tinha ideia de onde vinha essa ousadia.
— D-dois.
— Mais um, — Scott instruiu.
Kip choramingou um pouco e acrescentou um terceiro dedo. Ele se
contorceu enquanto se abria.
— Está pronto para mim?
— Sim. Porra. Sim. Vamos.
Scott rolou uma camisinha e considerou seu próximo movimento
enquanto alisava seu pênis. Ele tinha pensado em colocar Kip de quatro
para que pudesse bater nele por trás, mas na verdade ele queria ver seu
rosto. Ele queria vê-lo chegar.
Kip removeu os dedos e Scott não perdeu tempo. Ele puxou os
quadris de Kip para cima e se chocou contra ele, enterrando-se
profundamente em um impulso. Kip gritou e Scott gritou, mas quando teve
certeza de que Kip não estava ferido, ele o fodeu forte e rápido.
RACHEL REID
219

Pré-sêmen já estava se formando na fenda do pênis de Kip. Scott


ainda não o havia tocado ali. Quase não tinha a noite toda.
— Oh, Scott. Perfeito. Merda.
— Você está - porra, olhe para você. Eu nem toquei em você.
— Eu sei. Eu sei. Continue.
Os olhos de Kip continuaram revirando; ele parecia completamente
perdido e, naquele momento, Scott estava determinado a fazê-lo vir
primeiro. Ele queria ver se ele poderia fazer isso, sem tocar seu pênis. Sem
deixar Kip ter qualquer atrito ali.
— Consegue fazê-lo? — Scott disse. — Você vai gozar para mim?
— Porra. Eu penso que sim. Sim.
— Deus, sério? Merda, vamos. Por favor.
— Estou perto. Só... não pare.
Scott bombeou seus quadris com mais força, tratando isso como um
desafio. — Assim que você vir, eu irei —, disse ele, em parte como incentivo
e em parte apenas para afirmar o fato.
— Ah. — Kip apertou os lençóis da cama em seus punhos. Seus olhos
cerrados com força, seus dentes cerrados.
— Você vai? Oh, porra, Kip, olhe para você. Você está, não está?
— Sim! — Ele rangeu para fora. — Foda-se... foda-se...
Kip gritou, seus olhos se arregalando enquanto gozava em si mesmo.
Ele jorrou sem parar enquanto os dois assistiam, maravilhados. Então Scott,
como prometido, rosnou e entrou em Kip, o alívio o atingindo em todos os
lugares ao mesmo tempo.
Scott o beijou e beijou, depois os rolou para que Kip pudesse deitar
em cima dele e o beijou mais um pouco.
GAME CHANGERS #1
220

Kip se ergueu para ficar escarranchado no estômago de Scott. — Isso


foi incrível.
— Realmente foi —, disse Scott. — Eu...
— É uma e meia, — Kip disse, sorrindo e acariciando o cabelo de
Scott. — Provavelmente podemos conseguir outra rodada esta noite, você
não acha?
— Sim. — Scott sorriu. Ele olhou para Kip e soube. Ele sabia com
certeza.
Scott Hunter estava apaixonado.
CAPÍTULO QUINZE

KIP SE sentou na cama de Scott e o observou fazer as malas para sua


viagem. Ele estava vestindo sua própria calça jeans e um dos moletons do
New York Admirals de Scott. Era grande demais para ele, mas ele adorava
usá-lo.
— Posso segurar isso? — Ele perguntou, puxando as cordas do
moletom. — Enquanto você está fora?
— Claro, — Scott disse, jogando algumas roupas íntimas em sua mala.
— Contanto que você pense em mim enquanto o está usando.
— Eu estarei pensando em você, não importa o que eu esteja
vestindo.
Scott sorriu e o beijou. Ele precisaria sair por volta das duas da tarde
para pegar o ônibus da equipe para o aeroporto. Isso só deu a eles mais
algumas horas juntos antes de ficarem separados por nove dias.
— Eu estava pensando —, disse Scott, — que talvez você pudesse
ficar aqui enquanto eu estiver fora.
Kip não esperava por isso. Ele não sabia o que dizer.
— Não o tempo todo, se você não quiser, — Scott disse rapidamente.
— Quero dizer, você não precisa de jeito nenhum, obviamente. Eu apenas
pensei...
— Mesmo? Você quer que eu fique?
— Sim. Eu quero. Gosto da ideia de você estar aqui enquanto estou
fora. Pelo menos às vezes. Além disso, seria mais fácil para você ir trabalhar,
certo?
GAME CHANGERS #1
222

O que Scott foi educado o suficiente para não dizer foi que aquele
apartamento era um lugar adulto para se morar, e não a casa dos pais de
Kip.
— Se você tem certeza de que não se importa, sim. Isso seria ótimo
—, disse Kip.
— Eu não me importo. Posso pensar em você dormindo na minha
cama enquanto estou em alguns quartos de hotel solitários.
— Você terá seu colega de quarto, — Kip apontou.
— Não é o mesmo.
— E se você ficar sem um colega de quarto, poderíamos...
Scott sorriu. — Acredite em mim, eu estarei ligando para você.
Sempre que posso.
Ele ergueu as meias azuis que Kip lhe dera no Dia dos Namorados e
as colocou na mala. Kip sorriu.
— Então —, disse Scott, — estou de volta na segunda-feira. E estarei
na cidade por uma semana depois disso. Como devemos comemorar meu
retorno?
— Bem... — Kip disse: — Eu meio que tenho planos para aquela noite.
— Oh.
— Sim, quero dizer, não é grande coisa, mas... aquela segunda-feira
é meu aniversário. Só estou saindo com alguns amigos para tomar uma
bebida ou algo assim. Mas depois disso nós poderíamos...
Scott congelou. — É seu aniversário?
— Sim, mas está tudo bem. Vinte e seis não é exatamente um marco.
E, além disso, por que você saberia quando é meu aniversário?
— Porque eu deveria ter perguntado!
RACHEL REID
223

— Bem... você pode se lembrar no ano que vem. — Kip percebeu, ao


dizer isso, o que suas palavras implicavam. Ele olhou timidamente para
Scott, mas Scott apenas reagiu com um sorriso dolorosamente feliz.
— Eu vou, — ele disse.
Kip enrubesceu um pouco. Ele brincou com as cordas do capuz,
tentando se distrair de todos esses malditos sentimentos.
Ele estava apaixonado. Não havia dúvida. Ele estava perdidamente
apaixonado por Scott Hunter. Era um absurdo, mas era real.
— Então, — ele disse vacilante, — para onde essa viagem vai levá-lo?
Scott suspirou. — Muitos lugares. Colombo primeiro. Depois, Detroit,
Toronto, Winnipeg, Ottawa e Montreal. Voos curtos, pelo menos.
— Sim? Isso é bom —, disse Kip. Então, sem nenhum motivo
específico, ele acrescentou: — Nunca estive em um avião.
— Seriamente?
— Estou falando sério. Nunca tive para onde ir, na verdade.
— Oh, Kip! E você estudou história - há tanto que você deveria ver!
Kip encolheu os ombros. — Acho que vou resolver isso algum dia.
— Adoraria levar você a algum lugar —, disse Scott.
— O que, tipo, Winnipeg? Ou Detroit?
— Tudo bem, vá se foder.
— Sim senhor.
Então Scott estava sobre ele. Ele jogou Kip para trás no colchão e o
estava cobrindo, tudo em um movimento rápido. — Você está zombando
de mim, Grady?
— Claro que não. — Kip sorriu afetadamente. — Hunter.
GAME CHANGERS #1
224

Scott rosnou e o beijou, feroz e desafiador. — Vou ter saudades suas.


Então. Porra. Muito. — Ele moveu a boca pelo pescoço de Kip, arranhando
os dentes.
— Dê-me algo, — Kip gaguejou. — Me dê algo para me lembrar de
você.
Scott respirou fundo e pressionou seu pau endurecido no quadril de
Kip. Então ele selou a boca na carne tenra logo acima da clavícula de Kip e
chupou com força. Kip se contorceu feliz sob o peso de Scott enquanto o
segurava e o marcava.
Scott se afastou lentamente, admirando seu trabalho. — Isso deve
durar —, disse ele. — Talvez até eu voltar.
— Espero que sim, — Kip disse fracamente.
Scott passou o polegar sobre a marca. Seus olhos estavam selvagens
de luxúria.
— Para que temos tempo? — Kip perguntou.
— Nada. Porra, deixe-me - eu não sei.
— Deixe-me foder você. Eu sei que você não quer nenhuma marca,
mas posso fazer você me sentir, pelo menos por um tempo.
— Sim. Foda-se, sim. Mas assim mesmo. Eu em cima de você.
— Porra, finalmente. — Kip sorriu.
Scott arrancou todas as suas roupas em um redemoinho frenético.
Kip tirou o moletom e a camiseta junto, depois tirou a calça e a cueca. Eles
ficaram nus em segundos, e Scott já tinha pegado o lubrificante.
Eles não tinham muito tempo para as preliminares, então Scott se
preparou o mais rápido possível. Ele jogou o lubrificante e uma camisinha
para Kip.
RACHEL REID
225

Kip se alisou, gemendo um pouco enquanto se acariciava lentamente.


Quando Scott se abaixou em seu pau, foi tão bom pra caralho. Ele ainda
estava tão tenso, e Kip podia ver em seu rosto que estava doendo um
pouco, mas Scott afundou com cuidado até que Kip estivesse bem dentro
dele.
Ele ficou sentado ali por um momento, o que deu a Kip a chance de
admirá-lo. Ele era todo músculos esculpidos e cicatrizes de batalha
desbotadas. Coxas grossas, abdômen de corte profundo e peitorais maciços
e sólidos. Suas grandes mãos acariciaram o próprio peito de Kip, os dedos
traçando seus pelos do peito.
— Você é tão lindo, — Scott disse, sua voz baixa e reverente.
— Você é perfeito, — Kip respirou. Ele passou os dedos na bochecha
de Scott. — Irreal. Todo você. Não posso acreditar como sou sortudo.
Scott sorriu e começou a se mover, puxando-se para cima e batendo
de volta no chão. Os dois gritaram e Kip sorriu para ele porque isso era
incrível pra caralho.
Ele apenas gostou do show, assistindo a todos aqueles músculos
saltando em seu pau. Observando o rosto de Scott se contorcer e relaxar, o
suor se formando na pele avermelhada. E Scott o estava cavalgando com
tanta força, tão implacavelmente, que Kip podia se sentir correndo para a
linha de chegada sem fazer nada.
O pau de Scott saltava na frente dele, enorme e duro. Kip estendeu a
mão para pegá-lo, as mãos ainda escorregadias por causa do lubrificante
que usou em si mesmo.
— Siiiim... — Scott assobiou.
GAME CHANGERS #1
226

Kip o empurrou, forte e rápido para manter o ritmo de Scott. Scott


jogou a cabeça para trás e plantou uma mão firmemente no meio do peito
de Kip. — Oh meu Deus. Ai meu Deus, Kip! Eu vou... Foda-se, estou perto...
— Eu também. Estou bem aí, Scott. Estou... vamos, querido. Me dê
isto.
Scott gritou, e um segundo depois Kip estava tomando banho em sua
liberação. Scott apertou e vibrou em torno de seu pênis, e foi isso para Kip.
Ele gozou dentro dele com um grito silencioso, tão forte que seus ouvidos
pareciam que iam estourar.
— Kip... — Scott engasgou. — Porra. Sagrado...
Kip estava ofegante na cama, tentando voltar a si mesmo. — Sim.
Sim, Scott. Venha aqui.
Scott o puxou e caiu ao lado dele na cama. Kip agarrou seu rosto e o
beijou vertiginosamente. Ele não conseguia parar de sorrir. Ele se sentiu
desequilibrado. Ele se sentia... como um homem muito apaixonado.
Scott passou os dedos pela marca que havia feito na pele de Kip na
base de seu pescoço. — Isso foi demais? — Ele perguntou. — É maior do
que eu pensei que seria...
— Não, — Kip disse, cobrindo sua mão. — É perfeito. Obrigado.
— Você nem mesmo viu ainda, — Scott disse afetuosamente.
— Eu não me importo. Eu amo isso. — Eu te amo.
Scott o beijou novamente e então suspirou. — Eu preciso terminar
de embalar.
— Você não pode ligar dizendo que está doente? — Kip brincou.
— Sim, sim. Tudo bem, Grady.
RACHEL REID
227

Ele rolou para fora da cama e foi para o banheiro, deixando Kip
sozinho para olhar para o teto. Antes de Scott ir embora por nove dias, Kip
deveria apenas... dizer a ele como ele se sentiu?
Ele balançou sua cabeça. E se fosse demais? Ele tinha que ser muito,
certo? Se ele dissesse a Scott que estava apaixonado por ele agora, Scott
teria uma semana longe dele para pensar em como isso era estranho. Kip
podia imaginar Scott voltando de sua viagem para dizer a ele que não daria
certo entre eles. Era devastadoramente realista em sua mente.
Não vale a pena.
Ele trocou de lugar com Scott no banheiro e se limpou. Ele
inspecionou a marca que Scott havia deixado nele. Scott não estava
brincando sobre o quão grande era, mas Kip estava muito feliz com isso.
Ele voltou para o quarto, onde Scott já estava vestindo a maior parte
de um impressionante terno cinza.
— Eu aprecio o código de vestimenta da NHL para viagens de equipe
—, disse Kip, admirando a forma como o corte perfeito exibia os ombros
largos e a cintura fina de Scott.
— Isso faz um de nós —, Scott resmungou. Ele deu um nó Windsor
com a facilidade de alguém que já o fizera inúmeras vezes desde a infância.
Enquanto Kip pegava sua cueca do chão, Scott disse: — Você disse
ontem à noite que conhece alguns bons clubes.
— Sim —, disse Kip. Scott disse mais uma vez algo que não esperava.
— Eu faço.
— Eu só estava pensando. Você... vai a clubes com frequência?
— Não, na verdade não. Não por um tempo agora.
GAME CHANGERS #1
228

Scott pareceu relaxar um pouco, o que foi estranho. — Oh. OK. Não
é nada, de qualquer maneira. Esqueça o que eu disse.
— Scott —, disse Kip. — Você está tentando me perguntar se eu
estive saindo com outros caras enquanto estávamos...?
— Não! — Scott disse, rápido demais. — Quero dizer. Eu acho. Sim.
Mas não porque... não vou dizer para você não fazer. Eu sei que nem
sempre estou disponível.
— Scott, — Kip disse novamente. Ele caminhou por trás dele e
colocou os braços em volta do peito ridículo de Scott.
— Sinto muito —, disse Scott. — Eu não sou ciumento. Eu só... eu não
sei como essas coisas funcionam.
— Não existem regras —, disse Kip. — A menos que definamos
algumas. Mas eu não preciso de nenhum.
— OK.
— Não estive com ninguém desde que nos conhecemos. Apenas para
registro.
— Nem eu.
Kip riu. — Sim, sem brincadeira.
Scott riu também, então se virou e beijou Kip.
— Você é o suficiente para mim —, disse Kip. — Mais do que o
suficiente. Não tenho nenhum problema em esperar por você.
— Eu sei que é idiota, mas estou muito feliz em ouvir isso —, disse
Scott.
— Não é idiota. E para ser honesto, acho que estou desenvolvendo
um vício em sexo de reencontro.
RACHEL REID
229

Kip deixou Scott terminar de fazer as malas enquanto se vestia. Às


duas, Scott estava dando um beijo de adeus em Kip na porta.
— Me mande uma mensagem sempre que quiser —, disse Scott, —
e eu ligo o quanto puder. Vídeo. Estou levando meu iPad. Podemos usar o
Skype. Talvez até...
— Sim. Gostaria disso. — Kip o puxou para outro beijo. Foi tão difícil
deixá-lo ir. Mais difícil do que antes.
— Ok, — Scott disse finalmente, pegando sua mala. — Eu vou te ver.
Nove dias.
— Nove dias.
— Tchau.
— Tchau.
Scott saiu rapidamente antes que qualquer um deles pudesse
alcançar o outro novamente. Kip soltou um suspiro e se recostou na parede.
Lágrimas reais picaram seus olhos, o que foi constrangedor. Não era como
se Scott estivesse indo para a guerra.
Ele ficou surpreso quando, alguns minutos depois, a porta clicou e
abriu. Scott deslizou para dentro, parecendo um pouco perdido.
— Eu, uh, — ele começou. Seu rosto era pura angústia. Ele não tinha
sua mala. Ele deve ter ido para o carro e voltado. — Eu estava pensando...
aviões, sabe? E tudo pode acontecer...
— Scott?
— Eu te amo —, disse ele. — Eu só queria dizer isso. Antes de eu sair.
O queixo de Kip caiu no chão.
GAME CHANGERS #1
230

— Eu não espero que você diga, sabe, ou algo assim. Eu sei que
provavelmente é uma coisa ridícula de se dizer ou sentir agora, mas estou
apaixonado por você. E eu queria que você soubesse disso.
As lágrimas que estavam formigando agora inundavam os olhos de
Kip. Ele não estava mais envergonhado com elas.
— Kip?
Kip apertou os lábios e balançou a cabeça, tentando se recompor. —
Desculpe, — ele disse, finalmente. — Eu só... pensei que era o único que se
sentia assim.
O rosto de Scott se iluminou. Toda a agonia se foi instantaneamente.
— Você não é. — Ele fechou a distância entre eles e segurou o rosto
de Kip, enxugando as lágrimas com os polegares. Os olhos de Scott também
estavam úmidos.
— Eu queria te contar —, disse Kip.
— Diga-me agora.
— Eu amo você. Scott, estou... completamente apaixonado por você.
Scott sorriu e o beijou, ainda segurando seu rosto. Kip estendeu a
mão e fez o mesmo.
— Foda-se, — Scott respirou. — Agora eu realmente tenho que ir.
— Eu sei.
— Estou feliz por ter dito a você.
— Estou contente também.
— Mas é realmente muito difícil sair agora.
Kip fungou. — Sim.
Scott o beijou mais uma vez. — Eu ligo para você, — ele disse
enquanto voltava para a porta. — Esta noite. Eu amo você.
RACHEL REID
231

Kip riu melancolicamente. — Eu também te amo. Vá ganhar seis jogos


de hóquei.
— Você entendeu.
E com isso, ele se foi. Mas desta vez, quando Kip se encostou na
parede, ele estava sorrindo de orelha a orelha.

***

SCOTT DECIDIU sentar-se com seu mais novo companheiro de


equipe, Matti Jalo, durante o voo para Columbus. Mesmo com os assentos
de couro extragrandes em seu avião particular, era um aperto encaixar seu
próprio corpo grande ao lado do corpo maciço de Jalo. Não ajudou em seu
nível de conforto que sua bunda ainda estivesse dolorida de se foder em
Kip no início daquela tarde.
Não que ele se importasse.
Carter estava sentado do outro lado do corredor deles. — Você sabe
como eu chamo essa viagem? A viagem de merda. Seis jogos em oito dias e
todos eles em cidades frias e miseráveis.
— O frio não me incomoda —, disse Jalo alegremente. — Eu sou
finlandês. O gelo corre em nossas veias!
— Parece uma porra de gelo grande nesses bíceps, filho, — disse
Carter.
Jalo riu. — De onde você é, Carter? Que você tem medo do frio?
— Não tenho medo de nada. Eu sou de todos os lugares. Saltei por
aí, sabe? Família militar. Mas passei muitos anos em Dakota do Norte. É por
isso que sou um irmão que joga hóquei.
Jalo sorriu, talvez entendendo o que Carter estava dizendo.
GAME CHANGERS #1
232

— Você tem negros na Finlândia? — Carter perguntou.


— Sim —, disse Jalo. — Você não foi para a Finlândia?
— Não tive o prazer. É como a Suécia? Eu estive na Suécia.
— Não —, disse Jalo, repentinamente sério.
Carter riu.
— Um pouco de rivalidade, então, suponho? — Scott perguntou.
Jalo olhou para ele com firmeza. — A Finlândia é melhor do que a
Suécia.
Scott ergueu as mãos em sinal de rendição. — Entendi.
O voo foi curto, o que foi bom, dado o quão desconfortável Scott
estava, preso entre Jalo e a janela. A verdade é que normalmente não se
importaria de ser pressionado contra todos aqueles músculos. Jalo era, em
uma palavra, incrivelmente quente. Mais alto ainda do que Scott por pelo
menos alguns centímetros, e provavelmente pesando mais ou menos uns
dez quilos de músculos, com olhos azuis penetrantes, cabelo louro-claro
que ele usava penteado para trás e barba por fazer. Ele era definitivamente
uma fantasia ambulante.
Mas a mente de Scott não estava no pedaço que ocupava o assento
ao lado dele; era sobre o namorado secreto que ele havia deixado para trás.
O namorado secreto que ele amava.
Ele sorriu para si mesmo. Ele não podia acreditar que realmente disse
isso. E que Kip havia dito de volta! Scott se sentia tonto e completamente
tonto.
A equipe estava agendada para se encontrar no restaurante do hotel
para jantar assim que se registrassem em seus quartos. Scott iria morar com
RACHEL REID
233

Jalo hoje à noite, então Jalo iria morar com seu novo companheiro de linha
de defesa pelo resto da viagem.
Os ânimos estavam elevados enquanto a equipe desfrutava de uma
refeição juntos. Todo mundo estava animado por ter um defensor superstar
como Jalo a bordo. Ajudou o fato de Jalo ser muito divertido. Ele era jovial
e alto e adorava contar histórias com sua voz estrondosa e sotaque
finlandês cadenciado. Ele gostava de beber cerveja e comprar rodadas
(embora Scott se certificasse de que haveria apenas duas rodadas esta
noite, já que eles tinham um treino pela manhã). Scott gostou dele. Todo
mundo gostou dele. Ele era o oposto de Zullo em quase todos os sentidos.
Quando a refeição acabou, Jalo obviamente não estava com pressa
de voltar para a sala. Em vez disso, ele manteve a corte com um grupo de
jogadores mais jovens, que estavam pendurados, impressionados, em cada
palavra sua.
— Eu vou subir —, disse Scott. — Não deixe esses caras ficarem
acordados até tarde. — Ele disse isso com um tom de provocação, para não
soar como um pai. Mas ele conhecia seu papel nesta equipe. Ele não era
Jalo. Ele era o chato e responsável.
O chato e responsável que ia ligar para a porra do namorado agora
mesmo!
Scott tinha o hit chamada em seu telefone antes que a porta do
quarto tinha sequer se fechou atrás dele. Eram quase dez horas.
— Ei —, disse Kip ao atender. Sua voz estava baixa.
— Você está na minha casa?
— Não, estou em casa. Eu vou ficar aqui esta noite. Talvez sua casa
amanhã à noite.
GAME CHANGERS #1
234

— Seus pais vão... eles ficarão se perguntando onde você está?


— Você está perguntando se eu contei a eles sobre nós?
— Não!
— Eu não tenho. Mas sou um homem adulto e eles provavelmente
podem adivinhar por que eu não volto para casa algumas noites.
— Certo. Sim.
— Ei, — Kip disse timidamente. — Eu amo você.
Scott sorriu e se sentou na cama, qualquer tensão que ele havia
adquirido naquele dia o deixou. — Eu também te amo. Nunca disse isso a
ninguém antes. Além da minha mãe.
— Nem eu. Exceto Elena às vezes, mas isso é diferente.
— É bom dizer isso para você.
— Sim —, disse Kip. — Sim.
Scott sorriu estupidamente para seu telefone e imaginou Kip fazendo
a mesma coisa.
— Então... — Kip disse. — Como é Jalo?
— Jalo é ótimo. Todo mundo o ama.
— Aposto. Eu o vi sendo entrevistado na ESPN. Ele é meio louco.
— Extraoficialmente? Sim. Ele é.
Kip riu. — Estou com muito ciúme do seu trabalho. Só saindo em
vestiários com homens suados e machucados.
— Bem, você não vai gostar disso: Jalo é meu colega de quarto esta
noite.
— Ok, agora estou realmente com ciúmes.
— Você não tem nada do que ter ciúmes.
RACHEL REID
235

— Talvez eu devesse pegar um voo para Columbus. Ver se você e Jalo


querem fazer um sanduíche comigo.
— Oh meu Deus. Kip, pare. — Scott estava ficando vermelho como
uma beterraba em seu quarto de hotel. Jalo era seu companheiro de
equipe! E agora ele estava imaginando os três...
— Jesus —, disse Kip. — Agora é só nisso que eu consigo pensar.
Talvez eu tenha que encerrar esta ligação. A não ser que você...
— Não. Ele estará de volta a qualquer minuto. Eu não posso. Não essa
noite.
— Sua perda, — Kip disse em uma voz baixa que foi direto para o pau
de Scott.
— Pare com isso —, disse Scott. — Em breve. Eu prometo.
— Estarei assistindo ao jogo amanhã à noite. Me liga depois?
— Vou pegar um avião para Detroit imediatamente após o jogo. Mas
o jogo com o Detroit é à tarde. Eu posso te ligar depois disso.
— Uma espera tão longa, — Kip suspirou.
— Vou mandar uma mensagem amanhã.
— Já sinto sua falta. Envie-me uma foto depois que desligarmos, ok?
— Tudo bem. Você também.
Eles se despediram e desligaram. Scott tirou uma selfie rápida de si
mesmo deitado na cama. Ele tentou tornar isso um pouco sexy. Ele o enviou
para Kip e obteve uma resposta imediata.
Kip: Eu quis dizer de Jalo.
Scott riu.
Scott: Foda-se.
GAME CHANGERS #1
236

Ele tirou uma foto fofa de Kip, relaxando em sua própria cama e
vestindo o moletom de Scott.
Scott sorriu para isso. Ele o amava muito.
Scott: Obrigado. Eu amo você.
Kip: Eu também te amo.

— ENTÃO, — Carter disse, parando que borrifou neve nas canelas de


Scott, — fale-me sobre sua garota.
Scott revirou os olhos. — Nada a dizer, Vaughan.
Eles estavam demorando no gelo no final do treino matinal. Scott
estava assistindo alguns novatos recolherem os discos.
— Mentira, Scott. Você tem estado flutuando com um sorriso idiota
no rosto, cantarolando 'How Sweet It Is' por todo o lugar. Você entendeu
errado.
Scott chutou o gelo. — Sem comentários.
— Não sei por que uma garota com essa aparência quer ser vista com
sua bunda feia, mas...
— Tudo bem.
Carter olhou para ele sério. — Estou feliz por você, Scott. Mesmo se
você não quiser falar sobre ela.
Scott voltou seu olhar para o gelo, considerando. Ele não podia falar
com Carter sobre Kip, mas ele podia falar com Carter sobre - Elena.
Ele escolheu suas palavras com cuidado.
— Nunca me senti assim por ninguém —, disse Scott. — É muito
novo. Isso é tudo.
RACHEL REID
237

Carter deu um tapa em seu ombro fortemente acolchoado. — Ai


está!
— Nós estamos nos vendo há algumas semanas e é bom. Eu estou
feliz. Mas queremos mantê-lo privado, sabe?
— Os meus lábios estão selados.
— Seus lábios nunca estão selados.
— Bem, eles estão selados sobre isso.
— Obrigado. — Scott olhou para seu companheiro de equipe, seu
amigo, e se perguntou se ele poderia dizer a verdade. Não certo naquele
segundo, obviamente, mas logo? Carter era provavelmente seu melhor
amigo, e ele sempre parecia tolerante e de mente aberta. Ele nunca foi
abertamente homofóbico, de qualquer maneira, o que o colocou à frente
de muitos jogadores da NHL.
Scott realmente gostaria de contar a ele. Ele gostaria de contar a Huff
e Bennett também. Inferno, ele gostaria de contar para o mundo inteiro,
mas...
— Vamos, — disse Carter. — Vamos descansar antes de fodermos o
Columbus esta noite.

***

— EU GOSTO dele —, disse Elena. As palavras saíram de sua boca


assim que ele se sentou com ela no restaurante tailandês.
— Sim? — Kip perguntou.
— Sim. E ele está de ponta-cabeça por você.
— Eu sei. — Kip sorriu. — Ele me disse.
— Te disse o quê?
GAME CHANGERS #1
238

— Ele me disse... —, ele se inclinou, — ...que me ama.


Se Elena ficou surpresa, seu rosto não demonstrou. — Ele fez?
— Ele fez! — Kip disse, e começou a contar a ela toda a história
romântica.
— Uau, — ela disse quando ele terminou. — Isso é um grande
negócio.
— Eu sei!
O garçom veio e anotou os pedidos. Depois que ele saiu, Elena disse:
— Você contou a Scott sobre seu novo emprego em potencial?
— Eu irei. Se eles oferecerem.
— E se eles não oferecerem?
— Então não há razão para mencionar isso?
Elena revirou os olhos. — Quero dizer, o que você vai fazer se não
conseguir esse emprego?
— Não sei! Continuar trabalhando na porra da Straw + Berry, eu acho.
— Você está desperdiçando seus talentos lá.
— Não —, disse Kip irritado. — Estou ganhando dinheiro lá.
— Então você não vai desistir e viver do seu namorado milionário que
está apaixonado por você?
— Claro que não! Você sabe que eu nunca faria isso. Já me sinto mal
o suficiente para depender da generosidade de meus pais. Eu sei que ele
tem dinheiro, mas...
Elena não disse nada por um momento, mas ela olhou para Kip com
aprovação. — Eu sei que você não jogaria sua vida ou sua dignidade fora
por um cara —, disse ela, — mas também não gosto de ver você se
vendendo.
RACHEL REID
239

— Eu vou descobrir algo, — ele resmungou.


Mais tarde, quando eles estavam terminando suas refeições, Kip
perguntou: — Você dançou com alguém interessante na gala?
— Você quer dizer além do seu namorado charmoso?
— Sim, e eu não estava com ciúme nenhum, por falar nisso.
Ela sorriu. — Sim, na verdade. — Ela se inclinou e sussurrou o nome
de um jovem ator um tanto famoso.
— Uau! Bom dançarino?
— Mmm. Ele era bom em sexo também.
Kip quase engasgou com a água. — Achei que você iria para casa com
alguém naquela noite.
— Oh sim. Demorei um pouco para chegar aos cinco primeiros, mas
acho que fiz a escolha certa.
— Você vai vê-lo de novo?
Elena fez uma careta e balançou a cabeça.
Kip riu. Ele sempre teve muita inveja do jogo de Elena. Ela era tão
legal sobre sexo.
— Você acha que é estranho? — Ele perguntou mais tarde, depois
que eles saíram para a noite fria.
— O que?
— Que ele disse que me ama. Que eu disse a ele que o amo. Eu sei
que só se passaram algumas semanas.
— Você está apaixonado por ele?
— Sim.
— Então não é estranho. — Ela enlaçou o braço no dele e puxou-o
contra ela. — Vamos. Vamos assistir seu homem jogar hóquei.
CAPÍTULO DEZESSEIS

DETROIT ESTAVA fria como o inferno.


Não que estivesse particularmente quente em qualquer lugar onde
Scott estivera ultimamente, mas Detroit estava excessivamente fria.
Isso arruinou seu plano de dar um passeio noturno enquanto ligava
para Kip. Seu colega de quarto parecia estar acomodado para passar a noite
em seu quarto de hotel, e o saguão estava estranhamente ocupado devido
a algum tipo de conferência de negócios. Ele não queria ir a nenhum lugar
muito público, como um café, porque Detroit era uma cidade do hóquei e
ele quase certamente seria reconhecido.
Ele decidiu jogar a carta da fama.
Ele foi até a recepção e deu a eles seu melhor sorriso de Scott Hunter.
— Com licença. Eu esperava que você pudesse me ajudar.
O jovem atrás da mesa parecia muito animado. — Claro senhor!
— Eu preciso fazer um telefonema e esperava um pouco de
privacidade. Mas meu colega de quarto está dormindo e...
O jovem sorriu para ele como se estivesse prestes a lhe fazer um
grande favor. — Venha comigo —, disse ele. — Eu sei onde você pode ir.
Ele levou Scott a uma porta que dizia Sala de Reuniões nº3. Ele
destrancou a porta e acendeu a luz. — Fique o tempo que você precisar —
, disse ele. — A porta será fechada atrás de você.
— Obrigado —, disse Scott, olhando para o crachá, — Michael. Ele
entregou a ele uma nota de vinte dólares, e Michael a pegou, radiante. Ele
agradeceu a Scott duas vezes antes de sair da sala.
RACHEL REID
241

Scott sentou-se em uma das cadeiras da sala de reunião e ligou para


Kip, que atendeu imediatamente.
— Duas vitórias. Bom trabalho —, disse Kip.
— Sim, obrigado. Estou orgulhoso dos rapazes.
— Eu amo assistir você jogar.
— Oh sim?
— Mmm. É sexy.
Scott sorriu. — Onde você está?
— Estou no seu quarto. Onde você está?
— Uma sala de reuniões de um hotel em Detroit.
— Oh.
— Sim, desculpe-me. Não essa noite.
— Tudo bem. Estou bisbilhotando seu apartamento.
— Bisbilhotando?
— Sim. Olhando em suas gavetas. — Houve uma pausa. — Oh meu
Deus. Scott, você guarda sua medalha de ouro na gaveta de roupas íntimas?
— Parece que você já sabe a resposta.
— Por que não está em exibição?
— Como onde?
— Eu não acho que manteria uma medalha de ouro na minha gaveta
de roupas íntimas se eu tivesse uma.
— Onde você a guardaria?
— Não sei. Eu provavelmente usaria isso o tempo todo!
Scott riu. — Vai com tudo. — Em seguida, — Então, você vai ficar na
minha casa esta noite?
— Sim. Se estiver tudo bem.
GAME CHANGERS #1
242

— Claro que está tudo bem. Foi ideia minha!


— Eu sei. Apenas... parece generoso.
— Kip, — Scott suspirou, — você é meu namorado. Eu estou
apaixonado por você. Você pode ficar na minha casa quando quiser.
— OK. Eu amo você.
Scott sorriu. — Gosto de ouvir você dizer isso.
— Eu gosto de dizer isso.
— Mal posso esperar para voltar para casa com você.
— Ainda tenho muitos jogos para fazer lá, Hunter.
— Eu sei.
— Você os vence todos e depois volta para casa para mim. Eu darei a
você tudo o que você precisar quando você voltar.
A voz de Kip tinha ficado mais baixa e Scott estremeceu um pouco. —
O que eu preciso, hein?
— Mmm. Pense nisso.
— Eu irei. — Ele exalou. — Porra, eu gostaria de ter meu próprio
quarto esta noite.
— Eu também. Poderia fazer um show para você.
— Eu quero fazer isso —, disse Scott. — Para você.
— Você já fez isso antes? — Kip perguntou. — Apenas deixar alguém
observar você vir?
— Não. Nunca, — Scott respirou. — Mas eu quero. Para você.
— Gostaria disso. Porra, eu realmente gostaria disso. Agora estou
imaginando você, todo arrumado...
— Kip, — Scott avisou. — Não faça isso. Não consigo ligar tudo.
— Mas você é, não é? Aposto que você está ficando duro agora.
RACHEL REID
243

Scott praguejou baixinho porque Kip não estava errado.


— Eu também, — Kip ronronou. — Diga-me o que você gostaria de
fazer comigo.
— Não. Pare com isso.
— Tudo bem. Vou apenas deitar na sua cama aqui e podemos
conversar sobre o que você quiser.
— Obrigado —, disse Scott. — Você está nú?
Kip riu. — Sabia que você não seria capaz de abandoná-lo. Quase,
sim. Ainda estou de cueca.
Scott praguejou novamente. Ele absolutamente não iria se masturbar
nesta sala de reuniões do hotel. Ele não era tão assustador. — Eu realmente
não posso fazer isso agora.
— Tudo bem —, disse Kip. — Eu posso.
— Kip...
— Shh... Basta falar comigo —, disse ele, seu tom vagando um pouco.
— Amo sua voz, Scott. Me diga o que fazer.
Scott amava e odiava esse plano. Ele adorava porque era quente pra
caralho. Ele odiava porque ficaria com uma ereção muito desconfortável.
Ele olhou para a porta da sala de reuniões e baixou a voz. — Você
está se tocando?
— Sim. Estou realmente duro pra caralho. Diga-me o que fazer, — Kip
falou lentamente, — querido.
— Jesus. — Scott se ajustou através da calça de moletom. — Tudo
bem. Vai devagar. Não tire a cueca. Ainda não.
GAME CHANGERS #1
244

Ele percebeu que Kip estava sorrindo quando respondeu. — Vai ser
como que, hein? Tudo bem. Estou apenas me esfregando com muita
delicadeza. É uma sensação agradável.
Scott podia imaginar o pau grosso de Kip esticando-se contra o
tecido. Ele podia imaginar Kip, quase nu, esparramado em sua cama, olhos
fechados e pensando em Scott.
— Você está imaginando que sou eu te tocando? — Scott perguntou.
— Sim. Deus, eu queria que realmente fosse.
— Eu também. Continue.
Kip suspirou e fez pequenos gemidos ofegantes que fizeram o pau de
Scott se contorcer de agonia. Ele o segurou com a mão para aliviar um
pouco a pressão.
— Minha cueca está ficando molhada —, disse Kip. — Eu já estou
vazando. Posso tirá-las?
— Ainda não —, disse Scott, surpreendendo-se com o quanto estava
gostando desse controle.
— Foda-se, Scott.
— Está com frio?
— Ficando mais quente.
— Seus mamilos devem estar duros. — Kip tinha mamilos perfeitos e
escuros que sempre se endureciam em pequenos bicos deliciosos.
— Mmm. Sim. Quer que eu toque neles?
— Sim. Solte seu pau. Brinque com seus mamilos um pouco.
Ele ouviu Kip inalar bruscamente quando seus dedos fizeram contato
com seus mamilos sensíveis.
RACHEL REID
245

— Se eu estivesse aí —, disse Scott, — eu os lamberia e morderia até


que você estivesse me implorando para chupar seu pau.
— Porra. Foda-se.
— Você ainda está segurando o telefone?
— Sim.
— Coloque-me no viva-voz e coloque o telefone ao seu lado para que
você tenha as duas mãos.
— OK. — Ele ouviu um farfalhar, e então Kip estava de volta. —
Ambas as mãos estão livres, Hunter. O que devo fazer com elas?
Scott sorriu e considerou a pergunta. — Tire suas cuecas. Mas não
toque em seu pau ainda.
— Jesus, você é cruel.
— Duro, mas justo.
— Eu gosto desse lado seu —, disse Kip. — Ok, minha cueca está fora.
— Pegue o lubrificante.
Houve mais farfalhar, então, — Entendi.
— Eu quero que você se dedilhe. Abra-se como se eu fosse te foder.
— OK. OK. Merda. Tudo bem.
— Não toque em seu pau, — Scott o lembrou.
— Eu não vou. Eu não vou. Ok, estou, ahh, estou...
— Apenas relaxe.
Kip soltou um longo e lento suspiro. — OK.
Scott o imaginou com os joelhos dobrados, os dedos escorregadios
circulando aquele anel de músculos tensos. Ele engoliu em seco e se ajustou
novamente.
GAME CHANGERS #1
246

— Por favor, diga que você vai me surpreender entrando por aquela
porta em um segundo —, disse Kip.
— Eu desejo. Acredite em mim.
Kip gemeu e engasgou enquanto se abria. Scott mordeu o lábio e
resistiu ao desejo de se acariciar sob as fortes luzes fluorescentes da sala de
reuniões do hotel.
— Diga-me quando estiver pronto —, disse ele.
— Pronto para que?
— Você vai ver. Finja que você está se preparando para mim.
Kip soltou um suspiro. — OK. Continue falando comigo.
Scott olhou para a porta novamente. Ele não podia acreditar que
estava fazendo isso. — Se eu estivesse aí, estaria abrindo você com minha
boca. Realmente devagar.
— Deus, Scott.
— Gostaria de poder ver você agora. Você se sente bem?
— Melhor... — Kip rangeu os dentes. — Melhor quando você me
deixa acariciar a mim mesmo.
— Em breve, Bebê. — Bebê? — Diga-me quando você tiver três dedos
em você.
— Sim, sim. Quase. Eu estou... Oh merda. Eu sinto que poderia gozar
apenas disso. Com sua voz e imaginando seus dedos em mim...
Scott gemeu. Ele quase queria deixar isso acontecer. Ver se Kip
consegue gozar com os próprios dedos.
Mas ele tinha outros planos.
— OK. Estou pronto —, disse Kip. — Qual é o próximo?
— Abra a gaveta do criado mudo. Há uma caixa na parte de trás.
RACHEL REID
247

— Tudo bem. Eu vejo isso. Eu tenho isso.


— Abra.
Ele esperou um momento. Então Kip disse: — Cristo. Sim.
Scott conhecia bem o item. Um grande consolo preto que, por cerca
de um ano, tinha sido seu parceiro romântico mais confiável.
— Eu quero que você se foda com isso. Finja que sou eu. Deus, eu
queria que fosse eu.
— Eu também. Só para constar, isso é realmente quente pra caralho.
— Sim. — Ele soltou um suspiro, seu coração disparado como se ele
tivesse acabado de correr uma milha.
— Você deve estar em agonia —, disse Kip. — Como você está por ai?
— Duro como a porra de uma rocha. Mas não se preocupe comigo.
Pegue isso em você. Quando estiver totalmente dentro, você pode tocar
seu pau.
— Merda. OK.
Scott se recostou na cadeira da escrivaninha, com as pernas bem
abertas, e fechou os olhos enquanto ouvia Kip mexer no brinquedo dentro
de si. Cada suspiro e gemido estava indo direto para o pau de Scott, mas ele
ainda não se tocava.
— Como vai? — Ele perguntou.
— Bom. É... é grande.
— Eu sei. Mas você aguenta.
— Sim... sim, — Kip ofegou.
— Você conseguiu colocar?
— Quase. Quase. Porra.
GAME CHANGERS #1
248

Scott gostaria de ter um copo d'água ou algo assim. Sua boca estava
seca e ele se sentiu tonto, provavelmente por causa de todo o sangue que
corria diretamente para seu pênis. Ele agarrou a borda da mesa com a mão
livre, determinado a não ceder à tentação de se masturbar com os gemidos
de Kip.
— OK. Está dentro. É... Porra, é tão bom, Scott.
— Puxe-o para fora e empurre-o de volta. Foda-se.
— Eu estou. Eu estou - oh uau. Realmente atinge aquele ponto, hein?
Porra.
Scott sabia exatamente o quão bem acertava aquele ponto. Ele se
lembrou de usá-lo em si mesmo não muito tempo atrás, quando Kip era
apenas uma fantasia - quando ele era apenas o cara bonito que trabalhava
na loja de vitaminas e Scott nunca, em um milhão de anos, pensou que ele
realmente o teria em seus braços e em sua cama. Ele se fodeu com o
brinquedo, imaginando que era Kip quem o estava penetrando. E, Deus, a
emoção de ter Kip usando o mesmo brinquedo em si mesmo agora era
inebriante.
— Você pode se tocar quando quiser agora —, disse Scott, — mas me
diga o que está fazendo.
— Graças a Cristo. Ok, eu estou - Ah! Mmm. Finalmente. Porra. Estou
apenas agarrando. Correndo meu polegar sobre a fenda e - foda-se. Estou
jorrando aqui.
Scott gemeu. Isso era uma tortura do caralho. — Obtenha um ritmo.
Finja que estou transando com você.
— Eu vou vir rápido, Scott.
— Eu sei. Tudo bem. Deixe-me ouvir você.
RACHEL REID
249

— Oh merda... Estou tentando fazer as duas coisas ao mesmo tempo,


mas eu meio que quero continuar me fodendo aqui. É quase tão bom
quanto você em mim.
Scott deixou sua imaginação fornecer-lhe os visuais. Ele podia
imaginar a maneira como Kip estava esticado em torno de seu brinquedo,
os músculos do braço tensionando enquanto ele o movia para dentro e para
fora. Ele podia ver o polegar de Kip trabalhando na cabeça lisa de seu pênis,
e a maneira como sua boca provavelmente estava aberta, o rosto relaxado
e eufórico.
— Tão bom, Kip. Aposto que você está tão bonito agora.
Kip não estava mais falando. Ele estava apenas fazendo sons lindos e
necessitados, e Scott os absorveu.
— Vem cá Neném. Termine isso. No entanto, você precisa. Quero
ouvir você.
— Ok, porra. Eu gostaria de poder ouvir você também. Gostaria de
poder - Ah. Estou tão perto. Estou tão...
Scott estava em chamas, em todos os lugares. Se ele roçasse seu
pênis, ele iria explodir. — Venha para mim. Vamos. Eu te amo muito.
Ele ouviu Kip começar a responder, — Eu am... —, mas ele
interrompeu com um grito estrangulado.
O queixo de Scott caiu. O alívio o invadiu como se de alguma forma
estivesse compartilhando o orgasmo de Kip.
— Oh, uau. Foda-se, — Kip ofegou depois que teve tempo para voltar
a si mesmo. — Isso foi... puta merda. Eu não esperava nada disso.
Scott riu. — Nem eu. Achei que íamos ter uma boa conversa.
— Estou uma verdadeira bagunça aqui.
GAME CHANGERS #1
250

— Mmm. Aposto que você está incrível.


— Você deve estar sofrendo, no entanto. Você tem certeza que não
pode...
— Eu vou cuidar de mim mesmo. Mais tarde. O mais rápido possível.
— Gostaria de poder ajudar.
— Você fez. Estarei pensando em você, não se preocupe.
Kip exalou ruidosamente. — Eu amo você.
— Eu amo você. Não posso acreditar nas coisas que você me faz fazer.
Ele deu uma risadinha. — Estou com sono agora.
— Vá se limpar e vá para a cama —, disse Scott. — Eu deveria sair
desta sala de qualquer maneira.
— Você vai conseguir voltar para o seu quarto de hotel? Sem arrancar
os olhos de alguém?
— Eu vou ficar bem, — Scott disse laconicamente. — Vá para a cama.
— Tudo bem, — Kip bocejou. — Bem, obrigado pelo telefonema.
Ambos riram.
— Boa noite. — Scott desligou e fez o possível para esconder a ereção
que não estava diminuindo antes de ir direto para seu quarto de hotel. Ele
cumprimentou seu colega de quarto com um aceno rápido e foi direto para
o banheiro.
Bastou alguns golpes com a mão apoiada na parede do chuveiro e a
memória dos gemidos de Kip enchendo seus ouvidos. Ele puxou a mão da
parede e mordeu o punho quando gozou com tanta força que quase perdeu
o equilíbrio, ofegando fortemente enquanto sua liberação rodava pelo ralo.
Jesus Cristo, Kip. O que você está fazendo comigo?

***
RACHEL REID
251

KIP VERIFICOU seu e-mail quando voltou para a casa de Scott depois
do trabalho no dia seguinte. Havia um do Museu da Cidade de Nova York.
É isso!
Mas ao ler as primeiras linhas do e-mail, seu coração afundou.
Obrigado pelo seu interesse no cargo de Educador Assistente. Nós
gostamos de nos encontrar com você. Infelizmente, decidimos...
Kip praguejou e fechou seu laptop. — Claro, — ele murmurou.
Porra.
Ele ligou para Elena no trabalho. Ele normalmente não ligaria, mas
era uma emergência. — Não consegui o emprego.
— O que? Por que não?
— Eles foram com alguém que tem o título de mestre.
— Desculpe. Isso é péssimo, — ela disse. — Você deveria obter o seu
mestrado.
Kip bufou. — Quão? Ainda estou pagando o último diploma inútil.
— Não é inútil, e você pode descobrir. As pessoas fazem isso.
— Sim, eu sei. Vou pensar sobre isso, — Kip disse sombriamente.
Ele ouviu Elena suspirar. — Eu sinto muito, Kip. Eu realmente
esperava que funcionasse para você.
— Eu sei. Obrigado.
Depois que eles encerraram a ligação, Kip abriu seu laptop
novamente. Apenas por diversão, ele foi ao site da NYU e olhou a página de
admissões de pós-graduação.
Eu poderia me inscrever. Não custa nada tentar.
Ele fechou o laptop novamente. Pode ser.
GAME CHANGERS #1
252

Ele afundou no sofá e trocou as estações de televisão. Ficar sozinho


no apartamento de Scott era bom, mas também muito chato. Seu tédio,
junto com as consequências do e-mail decepcionante, trouxe uma onda
repentina de pânico. E se fosse isso? Obviamente, havia sofrimentos piores
do que namorar um atleta superstar, especialmente um por quem ele
estava loucamente apaixonado, mas e se ele sempre fosse o segredo de
Scott? E se isso for tudo que ele sempre foi? E se ele nunca mais voltasse
para a escola e nunca tivesse conseguido um emprego melhor e apenas
ficasse no apartamento de Scott, escondido até que Scott tivesse tempo
para ele?
Scott não faria isso. Ele só precisa de tempo.
Certo?
Certamente Kip não estava olhando para uma vida de comparecer a
eventos juntos, mas chegando separadamente e fingindo não se
conhecerem. Scott iria continuar deixando o mundo acreditar que ele era
um solteiro convicto? Ou pior, ele se casaria com uma mulher para manter
as aparências e manter Kip do lado?
Não. Vamos. Que diabos te daria essa ideia?
E se Kip fosse apenas conveniente para Scott agora? E se Scott
pensasse que estava apaixonado porque era a primeira vez que se deixava
ficar com um homem por mais de uma noite? E se ele apenas precisasse dar
o primeiro passo e então se sentir livre para namorar outros homens?
Homens melhores. Homens que estavam em sua liga, ou pelo menos
adjacentes a ela. Kip não era ninguém.
Scott iria perceber isso eventualmente, e se Kip colocasse todos os
seus ovos nesta cesta, ele ficaria sem nada.
RACHEL REID
253

De repente, sentiu um nó na garganta. Isso era um absurdo. De onde


vieram esses pensamentos?
Ele queria falar com Scott, mas não tinha certeza de onde estava
agora. Ele não estava jogando esta noite. Um avião? Ou talvez em um
consultório.
Ele não queria ser carente. E ele provavelmente só estava deprimido
com aquela porra de e-mail. E Elena tinha razão - ele deveria pelo menos
tentar fazer seu mestrado. Ou isso ou encontrar um emprego melhor no
setor de serviços, e essa perspectiva era deprimente.
Talvez ele pudesse fazer seu bacharelado em educação. Ser um
professor como seus pais. Isso não seria tão ruim, certo? Carreira
respeitável.
Porra, este apartamento era solitário.
Ele enviou uma mensagem para Scott. Apenas um simples oi para que
ele soubesse que estava pensando nele.
Scott não respondeu. Kip desligou a televisão e tombou de lado no
sofá. Ele queria ficar bêbado, mas era uma péssima ideia.
Ele amava muito Scott.
Como ele poderia ser bom o suficiente para ele?
Ele estava se sentindo muito pra caralho. E Scott não estava
mandando uma mensagem de volta para ele. E talvez Scott estivesse
percebendo agora que ele poderia estar namorando, tipo, uma estrela de
cinema gay ou algo assim.
Ele estava deprimido no sofá por quase uma hora quando Scott
mandou uma mensagem de volta. Oi! Posso te ligar?
Scott nem esperou por uma resposta. Kip atendeu a ligação. — Ei.
GAME CHANGERS #1
254

— Kip! Acabei de pousar em Toronto! Eu tenho que te contar a coisa


engraçada que aconteceu no aeroporto...
Kip sorriu e se sentou. Ele ouviu a longa e animada história de Scott
e, no final dela, os dois estavam rindo e ele se sentiu muito melhor. Scott
estava em um avião esperando para ligar para Kip para que pudesse lhe
contar tudo sobre seu dia.
— Como foi seu dia? — Scott perguntou quando ele terminou.
O coração de Kip bateu feliz em seu peito.
— Melhor agora.
CAPÍTULO DEZESSETE

A SIRENE sinalizou o fim da prorrogação. O jogo tinha sido cansativo,


terminando em um empate 3-3 que agora iria para um tiroteio.
Scott patinou até o banco. Ele cutucou Bennett quando ele chegou.
— Você está pronto para isso?
— Nada está passando por mim, Hunter.
— É claro que sim —, disse Scott, e bateu com a testa protegida pelo
capacete contra a máscara de Bennett.
— Tudo bem —, disse o treinador Murdock. — Estamos começando
com Vaughan, então Huff, então Hunter. Certamente um de vocês
milionários pode colocar isso para a cama.
— Sem problemas, treinador, — Huff disse.
Bennett patinou para sua rede. O goleiro do Toronto fez o mesmo.
Toronto era o time da casa e eles optaram por chutar em segundo lugar,
então Carter patinou até a linha central.
O apito soou e Carter decolou.
— Legal, — Scott murmurou baixinho enquanto Carter sacudia e
desviava em direção à rede, o manejo extravagante de bastão sendo sua
especialidade.
Infelizmente não funcionou e o goleiro bloqueou o chute. Carter
patinou de volta, balançando a cabeça. — Merda. Pensei que estava com
ele.
— Belos movimentos, Carter. Da próxima vez —, disse Scott.
Bennett parou o atirador de Toronto e o banco do Admirals deu um
suspiro coletivo de alívio.
GAME CHANGERS #1
256

O banco ficou turbulento enquanto Huff patinava até o centro do


gelo. — Vamos, Huff.
— Você consegue.
Huff fez o que fazia de melhor. Ele deu um chute rápido no canto
superior da rede que o goleiro não teve chance de parar. Todos os Admirals
batiam com as baquetas nas tábuas e batiam nas luvas com ele enquanto
ele patinava ao longo da linha. Se o atirador de Toronto errasse, o jogo
terminaria.
O atirador de Toronto não errou, batendo em Bennett baixo. Scott
estava acordado.

KIP COBRIU a boca com as mãos. Ele estava na ponta da cadeira no


sofá de Elena. — Vamos, Scott... — ele murmurou.
Foi surreal ver Scott neste cenário. Na televisão, neste momento
crucial, olhando para o goleiro e parecendo tão determinado. Tão
intimidante.
— Ele conseguiu, — Elena disse calmamente. — Assista.
Ambos observaram enquanto Scott se movia como um relâmpago
em direção à rede. Kip prendeu a respiração. Tudo estava em câmera lenta
quando Scott disparou.
Ele flutuou sobre o ombro do goleiro, bonito como qualquer coisa.
— Sim! — Kip disse, pulando do sofá. — Você viu isso?
— Surpreendente!
Ele apontou alegremente para a televisão. — Esse homem me ama!
Eu!
— Eu também não entendo.
RACHEL REID
257

Ele afundou de volta no sofá, descansando a cabeça no ombro de


Elena. — Esse é meu namorado.
— Claro que é, querido.
Kip riu. — Parece loucura quando eu digo isso, certo? Isto é tão
estranho.
— É muito estranho.
— Ele é tão bom.
— Sim, bem, você pode querer assistir para ver se esse jogador de
Toronto marca, porque o jogo ainda não acabou.
— Oh.
— Sim, superfã.
Eles assistiram o atirador de Toronto patinar no gelo e...
— Ele errou! — Kip exclamou. — Ele-perdeu-ele-perdeu-ele-perdeu!
— Ele fez.
— Eles ganharam! Scott venceu!
— São três por três nesta viagem, não é?
— Sim! Estou tão orgulhoso dele!
Ele observou os companheiros de time de Scott se abraçando. O
sorriso de Scott era largo e brilhante, e Kip queria pular na televisão e beijá-
lo por todo o rosto.
— Eu me pergunto qual é o problema de Jalo, — Elena meditou.
— Oh sim. Você precisa acertar isso, se puder. Quer que eu pergunte
ao Scott?
— Nah, vou descobrir por conta própria.
Meia hora depois, no caminho de volta para a casa de Scott, Kip
mandou uma mensagem para ele. Muito orgulhoso de você.
GAME CHANGERS #1
258

Uma hora depois, ele obteve uma resposta. Três jogos acabados. Eu
te ligo amanhã.
Então, eu te amo.
Kip nunca se cansaria disso.

— ENTÃO —, disse Scott assim que Kip atendeu ao telefone na tarde


seguinte, — tenho boas notícias.
— Oh sim?
— Eu, uh, estou no hotel em Winnipeg e consegui um quarto só para
mim.
Kip se sentou de onde estava deitado no sofá. — Mesmo? Como você
balançou isso?
— Bem, Cameron acabou de se recuperar de uma fratura no pulso e
foi liberado para jogar, então ele voou até aqui para encontrar o time. Mas
isso significa que há um número ímpar de nós, então... eu meio que menti
sobre querer algum espaço para me concentrar ou algo assim.
— Vou te dar algo em que se concentrar, se isso te ajudar a se sentir
honesto.
Scott riu. — Era isso que eu esperava. Você está na minha casa?
— Sim.
— Você quer...
— Absolutamente. Sim. Deixe-me pegar meu laptop. Ligo de volta no
Skype, certo? Me dê um minuto.
— OK. Sim.
RACHEL REID
259

Eles desligaram e Kip correu para o quarto. Ele colocou o laptop em


um canto da cama gigante, então abriu o Skype e mexeu na tela, tentando
encontrar o ângulo perfeito.
Ele agarrou o lubrificante, zumbindo de excitação - isso estava
finalmente acontecendo! E, cara, ele precisava disso.
Ele colocou a garrafa na mesa de cabeceira, então se esticou na cama
para ficar de lado, seu rosto apoiado em um cotovelo perto do computador.
Ele sorriu de orelha a orelha quando o rosto de Scott encheu a tela.
— Oi! — Scott disse, sorrindo de volta da mesma forma.
— É bom te ver.
— Cara, sim. É muito bom ver você. Sinto muito sua falta.
Droga, Scott tinha um jeito de transformar tudo dentro de Kip em
mingau com algumas palavras estúpidas. — Eu também.
Scott respirou fundo e soltou o ar, ainda sorrindo. — Quase me
esqueci de como você é fofo.
Kip apoiou o queixo em um punho e bateu os cílios coquete. — Quem
eu?
Scott riu. — Eu, uh, eu tenho que manter minha voz baixa. Eu tenho
meu próprio quarto, mas há companheiros de cada lado de mim.
— Sim, não há problema. Podemos apenas conversar um pouco.
Você parece nervoso.
— Não! — Scott disse rapidamente. — Quero dizer... sim. Um pouco.
— Nada que eu não tenha visto antes, — Kip brincou.
Scott revirou os olhos. — Eu sei. Eu apenas nunca...
— Eu ajudo. Não se preocupe. Você vai adorar, mas vamos conversar
primeiro.
GAME CHANGERS #1
260

— OK. Obrigado. Hum, como está Nova York?


— Frio. Como está... Winnipeg, você disse?
— Sim. Muito frio pra caralho. Ventoso demais.
— Como está a equipe? Como está Jalo?
Scott riu. — Jalo é bom. Foi um verdadeiro trunfo. Ele é exatamente
o que precisávamos na linha azul.
— E no vestiário?
— Tudo bem, chega.
— Vou mudar de posição. Espere —, disse Kip. Ele empilhou todos os
travesseiros contra a cabeceira da cama e caiu de costas contra eles. Ele
jogou um dos travesseiros na cama perto de seus joelhos esticados e
colocou o laptop em cima. — Como assim? Você pode me ver bem?
— Sim. Oi.
— Oi.
Scott estava claramente segurando seu iPad nas mãos e olhando
diretamente para ele.
— Você deveria encontrar um lugar para colocar essa coisa, — Kip
sugeriu. — Eu quero ver mais de você.
— Oh. OK. Hum... oh! Eu tive uma ideia.
Scott largou o iPad e Kip ficou olhando para o teto do quarto de hotel
de Scott. Ele ouviu um estrondo, e então o iPad foi pego e colocado em algo.
— Puxei a cadeira com rodinhas —, explicou Scott, — ao lado da cama
aqui. Posso colocar o iPad nisso com o pequeno suporte e deve ser um bom
ângulo. Eu acho.
Ele se esticou na cama e agora Kip podia vê-lo da cabeça às coxas.
— Assim está melhor —, disse Kip. — Deus, você é enorme.
RACHEL REID
261

— Bem, eu não sou Matti Jalo...


— Você é perfeito. Foi tão quente ver você ganhar aquele tiroteio na
outra noite. Você não tem ideia.
— Oh sim?
— Mmm. Estive pensando muito sobre a outra noite... no telefone.
— Eu também. Muito, na verdade. Não posso acreditar que disse
algumas dessas coisas.
— Você foi incrível. Tão fodidamente sexy.
Scott sorriu e provavelmente corou. Foi difícil dizer.
— Bom hotel? — Kip perguntou.
— Está tudo bem.
— Você não está nem um pouco excitado agora, está?
— Eu estou nervoso! Eu disse!
— Tudo bem, — Kip suspirou, então sorriu. — Você é adorável, sabia
disso?
Scott sorriu e balançou a cabeça.
— Sério —, disse Kip. — As pessoas pensam que vocês são durões,
mas olhe para você, todos corando e nervosos com um pouco de ação da
webcam.
— Olha, Grady...
— Eu não posso acreditar que este era o mesmo homem que estava
me dando ordens pelo telefone outra noite. Onde aquele cara foi?
— Ele está aqui! Ele está aqui. Só... — Scott fechou os olhos e soltou
um longo suspiro. — Apenas fale comigo.
— OK. Você está usando aquelas meias azuis?
— Sim, como todos os dias. Eu tenho lavado na pia.
GAME CHANGERS #1
262

Kip riu e seu estômago embrulhou. — Aw —, disse ele.


— Eu realmente sinto sua falta —, disse Scott em voz baixa.
— Que horas você vai voar de volta na segunda-feira? — Kip
perguntou.
— Devo chegar aí antes do meio-dia, — Scott disse, relaxando nos
travesseiros. — Espero que sim. Quero te mostrar um bom tempo no seu
aniversário.
— Você tem planos?
— Pode ser.
— Quer que eu fique aqui esperando por você? Em sua casa?
— Sim... sim, isso seria... eu gostaria disso.
— Eu irei. Eu vou estar esperando por você. Eu poderia estar na sua
cama. Eu poderia até me preparar para você. Abrir-me...
O rosto de Scott mudou. Foi sutil, mas seus olhos escurecidos e a
maneira como ele engoliu disseram a Kip que ele estava levando Scott onde
precisava estar.
Ele sorriu. — Isso está funcionando para você, garotão?
— Está funcionando. Continue falando.
— Certo. Por que você não tira essa camisa?
Scott obedientemente puxou sua camiseta pela cabeça. — Só parece
justo se você... — disse ele, apontando para a câmera de Kip.
— Sim, sim. — Kip tirou sua própria camiseta e piscou para Scott.
— Oh —, disse Scott. — Essa marca ainda está lá, hein?
— Ainda está aí, — Kip confirmou, passando os dedos sobre ela. —
Pode ser necessário uma nova em breve, no entanto.
— Vou te dar uma.
RACHEL REID
263

Kip arrastou os dedos sobre o peito para brincar com um de seus


mamilos. — Talvez eu pudesse apenas estar esperando na porta por você
quando você chegar em casa. Beijar você como desejo há dias.
— Mmm. Você ainda estaria nu neste cenário? — Scott perguntou
com um sorriso torto. Ele jogou um braço gigante sobre a cabeça,
aparentemente mais relaxado.
— Isso seria meio estranho, mas se você quiser...
— De qualquer maneira, provavelmente acabaria te fodendo contra
a parede do corredor.
Foda-se. — Porra, Scott.
— Como eu disse —, disse Scott, com a voz um pouco mais baixa, —
Estou com saudades.
— O que você sentiu falta? — Kip deslizou a mão pela parte interna
da coxa e os olhos de Scott a seguiram.
— Eu... eu sinto falta dos seus lábios. Sua boca. A maneira como você
me beija. A maneira como você prova. Sinto falta do seu cheiro.
— Como eu cheiro? — Kip riu.
— Eu não sei... legal. Meio picante? Como qualquer loção pós-barba
que você usa, eu acho.
— Não é nada sofisticado, eu posso te dizer isso.
— Eu sinto falta do seu sorriso, — Scott continuou, o que lhe rendeu
um. — Sinto falta das pequenas sardas em seus ombros. Sinto falta dos seus
mamilos perfeitos e do seu umbigo.
Kip realmente deu uma risadinha. — Você é estranho. Continue.
— Eu sinto falta da sua bunda. Cara, eu realmente sinto falta da sua
bunda. Eu já te disse o quanto eu amo isso? É ótima.
GAME CHANGERS #1
264

— Sempre posso ouvir de novo —, disse Kip.


— Eu sinto falta de suas coxas. Saudades de estar entre elas.
— Eu amo ter você lá. — Kip moveu a mão para seu pênis e começou
a acariciá-lo casualmente fora de sua calça jeans. Ele observou Scott
observá-lo. — Como você está aí? — Ele perguntou.
— Bem... — Scott disse, sua voz rouca e baixa.
— Por que você não se junta a mim?
Scott deu a ele um sorriso adorável e moveu a mão para sua própria
calça de moletom. Ele massageou seu pênis através do tecido com uma
grande mão.
— Sim —, disse Kip. — Aí está. — Ele apertou o botão em sua
braguilha enquanto observava o prazer tomar conta de seu namorado. Ele
era tão bonito, e Kip adorava ajudá-lo a livrar-se do estresse e das
responsabilidades de seu trabalho e simplesmente se perder. Toda vez.
Kip abriu o zíper de sua braguilha e puxou o jeans, deixando-o aberto.
Ele deu um aperto em seu pênis através da cueca, em seguida, cruzou os
braços atrás da cabeça enquanto se acomodava para assistir ao show.
Scott ergueu os quadris e tirou as calças. Ele ainda estava usando sua
cueca cinza. Kip aprovou. Por enquanto.
— Jesus, — Kip disse, apontando para a protuberância sólida na
cueca de Scott. — Isso não demorou muito.
Scott sorriu preguiçosamente e voltou a se esfregar. Kip observou sua
mão mergulhar para acariciar suas bolas através do tecido, agarrando e
puxando-as levemente.
— Você só vai assistir? — Scott perguntou, sua fala já arrastada.
— Por enquanto.
RACHEL REID
265

Scott enfiou a mão dentro do cós da cueca e agarrou seu pênis. Kip
observou a forma de sua mão sob o algodão enquanto Scott se acariciava.
— Você faz muito isso —, perguntou Kip, — na estrada?
— Principalmente no chuveiro. Eu penso em você o tempo todo
agora.
Uma mancha úmida estava se formando no tecido cinza da cueca de
Scott. Já.
— Que tal você remover a cortina aí? — Kip sugeriu. — Eu quero ver.
— Você ainda está de jeans, — Scott apontou, a mão ainda se
movendo dentro de sua cueca.
— Tudo bem —, disse Kip com um suspiro exagerado. Ele tirou a calça
jeans e a cueca com um movimento, então dobrou o joelho que estava mais
longe do laptop. Ele colocou as mãos atrás na cabeça novamente.
— Oh, uau. — Scott tirou rapidamente a própria cueca e agora Kip
tinha uma visão espetacular do corpo nu de Scott, da cabeça ao meio das
coxas.
— Jesus, olhe para você —, disse Kip. — Porra, eu sinto falta desse
seu lindo pau. Vamos ver isso.
Scott passou a mão sobre ele, deixando o polegar arrastar pelo pré-
sêmen que havia se reunido na ponta e espalhando-o por toda a cabeça.
— Você tem lubrificante com você, Hunter? — Kip perguntou.
— Sim, eu trouxe alguns. Está certo... — Scott se inclinou para fora
do quadro por um segundo. — Aqui. — Ele derramou um pouco da garrafa
diretamente em seu pênis. O próprio pau de Kip se contraiu.
Scott começou a se acariciar com seriedade, o líquido escorregadio
permitindo que ele ganhasse o ritmo. Ele se observou enquanto se
GAME CHANGERS #1
266

masturbava, então olhou para Kip com os olhos semicerrados. — Você tem
que... Kip, você tem que se tocar também. Por favor. Faça isso comigo, ok?
Eu quero te ver.
— Mm, eu quero. Você está fodidamente sexy, Scott.
— Faça isso. Deus, você está tão duro. Tão lindo. Exatamente o que
penso quando estou sozinho.
Isso foi o suficiente para Kip pegar o lubrificante da mesa de
cabeceira e começar a trabalhar. Ele enrolou os dedos em torno de seu
pênis dolorido e deu alguns golpes lentos.
— Po-porra. — Kip estremeceu de alívio. Ele sorriu e fechou os olhos
por um segundo enquanto sua cabeça rolava para trás. Quando ele abriu os
olhos novamente, Scott estava sorrindo para ele.
— Sente-se bem? — Scott perguntou, sem fôlego.
— Sim. É bom pra caralho. Vou devagar para que eu possa assistir
você. Não quero perder nada. — Kip chupou o lábio inferior em sua boca e
o mastigou um pouco.
— M-mal posso esperar até eu voltar para aí com você. Tudo o que
posso pensar é o quanto eu quero esse pau em mim.
— Oh sim? Pensei que você fosse me foder contra uma parede.
— Não posso decidir. Porra. Quer fazer tudo. Eu amo você.
Kip engasgou e involuntariamente acelerou sua mão. — Eu também
te amo, Scott. Porra, eu te amo muito. Deus, você é tão sexy. Estou tão
quente por você agora.
Scott estava batendo forte e rápido em sua mão. Os músculos de seu
braço flexionaram e esticaram enquanto ele se aproximava da borda.
RACHEL REID
267

— Vou te dar o que você quiser quando entrar por aquela porta —,
disse Kip. — Cair de joelhos. Porra, eu gostaria disso. Bem ali no corredor.
Scott choramingou e continuou bombeando. — Estou tão perto,
Kip...
Ele estava dando os suspiros adoráveis e desesperados que sempre
fazia quando estava no limite. Kip podia ver o rubor em seu peito, podia ver
suas coxas grossas tremendo.
Tudo estava funcionando para Kip. Ele sentiu seu próprio clímax
começar a tomar conta, enrolando e apertando bem no fundo. — Vamos,
— ele disse. — Você é tão lindo quando goza. Deixe-me ver. Mostre-me.
Scott ofegou, praguejou e rangeu: — Aqui... aqui.
Ele gozou em fluxos longos e quentes contra seu peito e estômago.
Kip assistiu, certificando-se de olhar para o rosto eufórico de Scott
enquanto ele cavalgava as ondas de liberação.
— Oh, querido. Isso é lindo, — Kip ronronou.
Scott fez um barulho entre a respiração ofegante e o riso, e caiu para
trás contra os travesseiros, os olhos fechados, ainda se acariciando
lentamente enquanto seu orgasmo diminuía. — Kip... — ele gemeu. — Isso
foi incrível. Tão bom pra caralho.
— Sim? Parecia bom.
Scott soltou seu pau e abriu os olhos. — Quero te ve-. Você está
perto? Parece que você está perto.
— Chegando lá. Estou me sentindo muito bem aqui.
— Bom.
— Amo você assim —, disse Kip. — Todo gasto e feliz. Parece que
você está bêbado.
GAME CHANGERS #1
268

— Eu me sinto um pouco bêbado. Quero que você se sinta assim


também.
— Eu vou... Ah... — Kip moveu sua mão mais rápido e usou a outra
para puxar suas bolas. — Porra, Deus...
Ele estava perto. Ele estava muito perto. Suas bolas apertaram e o
sangue correu em seus ouvidos, quase abafando os encorajadores ofegos
de Scott. — Sim, Kip. Vamos. Tão lindo.
Kip olhou para a tela, viu o rosto bêbado de sexo de Scott e seu pênis
grosso e amolecido deitado em sua coxa. Viu a bagunça branca e brilhante
que marcava seu torso musculoso. E então ele quebrou e gritou no quarto
de Scott quando ele veio. Sua liberação cobriu seu punho e gotejou em sua
coxa.
Kip afundou-se nos travesseiros, os braços bem abertos na cama. —
Maldição —, ele ofegou.
— Sente-se bem?
— Fodidamente incrível.
Ambos riram um pouco.
— Quantos dias até você voltar para casa? — Kip perguntou, sabendo
a resposta.
— Quatro e um pouco —, disse Scott.
— Muitos, porra.
— Eu sei. — Então Scott bufou.
— O que? — Kip perguntou.
— Nenhuma coisa. Apenas, eu nunca gozei tão forte de minhas
próprias mãos antes. Isso foi outra coisa.
Kip sorriu. — Feliz por ajudar.
RACHEL REID
269

— Quero passar uma semana inteira com você no apartamento


quando chegar em casa.
Kip riu, mas algo desagradável zumbiu dentro dele.
No apartamento. Como sempre.
Sua ansiedade deve ter aparecido em seu rosto, porque o tom de
Scott estava preocupado quando ele disse: — Kip?
Kip piscou e forçou um sorriso. — Eu deveria me limpar.
— Oh sim. Eu também. Ligo para você amanhã, certo?
— OK. Te amo.
— Também te amo.
Kip encerrou a sessão do Skype e franziu a testa para o teto.
Não surte. Você acabou de fazer sexo por vídeo fantástico com seu
namorado. Nada está ruim.
Exceto que ele trocaria uma centena de sessões de vídeo-sexo por
um passeio no parque com seu namorado.
Ou poder levar o namorado para conhecer os pais.
Ou para, você sabe, dizer às pessoas que ele tinha um namorado.
Ele se levantou da cama e foi ao banheiro se limpar.
Talvez quando Scott voltasse para casa, as coisas fossem diferentes.
CAPÍTULO DEZOITO

KIP ESPEROU na porta da frente do apartamento de Scott, o telefone


na mão. Scott tinha mandado mensagens de texto para ele com
atualizações constantes durante toda a manhã.
Scott: Indo para o aeroporto.
Scott: Decolando em breve.
Scott: Acabei de pousar.
Scott: No carro.
Scott: Cruzando a ponte. Tráfego intenso.
Scott: Quase lá!
Kip olhou para o telefone, esperando outra atualização. Haveria uma,
ou Scott simplesmente entraria pela porta...?
Ele revirou os olhos para si mesmo. Isso era tão bobo. Eles eram
homens adultos e estavam separados por apenas nove dias.
Outra mensagem veio. Apenas puxou para cima. Te vejo em um
minuto!
Kip passou a mão pelo cabelo, colocou o telefone na mesinha de
centro e foi até a porta. Ele estava com sua calça jeans e uma nova camisa
Henley verde escuro que tinha comprado ontem - um presente de
aniversário antecipado para si mesmo.
A porta clicou e abriu, e Kip só teve uma fração de segundo para
observar o rosto sorridente de Scott antes que ele estivesse sobre ele. Kip
estava pressionado contra a parede, Scott beijando-o com força e fome
enquanto segurava os braços de Kip com suas mãos gigantes.
RACHEL REID
271

— Feliz aniversário, — Scott disse quando eles finalmente pararam


para tomar ar.
— Obrigado. Senti a sua falta.
Scott sorriu e o beijou novamente.
Kip se sentiu fraco de felicidade. Era tão bom ter o corpo enorme e
sólido de Scott ao seu redor.
— Você conseguiu —, disse ele quando eles se separaram. — Você
ganhou todos os seis jogos!
— Eu estava motivado. — Scott aninhou o rosto de Kip nas mãos,
roçando o polegar na bochecha de Kip. — Você disse algo sobre uma
recompensa?
— Eu nunca falei em recompensa. Eu disse que daria a você tudo que
você precisasse, — Kip o corrigiu.
Scott o beijou mais uma vez. — Você sempre faz. Mas hoje não é
sobre mim. É sobre você!
— Isso significa que vou desembrulhar você?
— Sim por favor.

— ESTOU MORRENDO de fome! — Scott disse. Ele estava se


enxugando depois do banho que desfrutaram juntos (e depois do sexo que
desfrutaram juntos).
— Graças a Deus —, disse Kip. — Eu também. — Ele franziu a testa.
— Hum, você pode não ter muito para comer aqui.
— Oh. Sim, bem, eu estava pensando...
— Entrega?
GAME CHANGERS #1
272

— Na verdade —, disse Scott, — eu estava pensando que talvez


pudéssemos... ir a algum lugar?
Kip se iluminou. — Mesmo?
— Sim, quero dizer... um almoço não seria muito suspeito, certo?
— Certo, — Kip disse, um pouco menos entusiasmado. O que ele
esperava?
— Então, para onde você quer ir? Por minha conta!
Kip revirou os olhos, mas sorriu. — Eu não sei. Não precisa ser chique.
Você pode saber melhor do que eu, onde você não seria incomodado.
Scott pareceu pensar sobre isso.
— Vista-se —, disse ele. — Nós vamos sair!

O TEMPO de março estava frio, úmido e horrível, mas Kip estava


muito feliz por estar fora do apartamento com Scott. Eles não estavam de
mãos dadas ou fazendo qualquer outra coisa que pudesse sugerir que eles
eram um casal, mas apenas estar no mundo com ele parecia surreal e
maravilhoso.
Scott os levou a uma lanchonete a alguns quarteirões de seu
apartamento. Eles se sentaram em uma mesa, sorrindo um para o outro
sobre seus menus.
— O que você vai comprar? — Scott perguntou.
— É meu aniversário —, disse Kip. — Estou pegando uma droga de
derretimento de hambúrguer!
— Bom homem.
— E um milkshake.
— Isso parece incrível. Que sabor?
RACHEL REID
273

— Baunilha. Por que mexer com a perfeição?


— Sim, — Scott disse, fechando seu menu. — Estou recebendo
exatamente a mesma coisa.
Eles fizeram o pedido e Scott disse: — Sabe... estava pensando que
poderíamos ir a algum lugar neste verão.
Kip ergueu uma sobrancelha. — Você está?
— É... Tipo, eu disse que geralmente saio no verão, para lugares onde
não costumo ser reconhecido. Não teríamos que nos preocupar tanto —,
disse Scott em voz baixa, inclinando-se, — sobre as pessoas nos vendo
juntos.
— Certo. — Kip franziu o cenho para a mesa. — Sim.
Scott começou a falar animadamente sobre alguma cidade praiana
na Espanha ou Itália que ele tinha estado e não parecia notar que Kip estava
começando a entrar em espiral.
Não quero mais esconder nosso relacionamento.
Ele vai me querer no verão?
Quanto tempo posso ter um relacionamento com alguém em
segredo?
O garçom trouxe a comida e Kip ficou grato pela distração.
— Cara, faz muito tempo desde que eu tive um hambúrguer para
aliviar —, disse Scott. Ele estava tão alegre.
— É bom —, disse Kip, forçando um sorriso. — Obrigado.
Não havia nenhuma maneira de Kip deixar Scott levá-lo em férias
luxuosas. Entre os ingressos de hóquei, o smoking e o tempo que passou na
cobertura, Kip já havia aceitado demais dele. O que Kip poderia dar a ele
GAME CHANGERS #1
274

em troca? Uma viagem com todas as despesas pagas a um resort de praia


gays incógnito cinco estrelas só aumentaria a dívida de Kip.
Prefiro que ele apenas me leve a um restaurante de novo. E podemos
dividir a conta.
— Então, onde você vai esta noite? — Scott perguntou, antes de dar
um longo gole em seu shake de baunilha.
— Oh, há um pub, no Village - o Kingfisher. Eu ia muito lá, mas não
saio tanto hoje em dia. Quando encontro meus amigos, porém, geralmente
é lá.
— É, tipo... um bar gay? — Scott perguntou em voz baixa.
Kip riu um pouco. — Sim. É muito parecido com um bar gay. Mas está
frio. É apenas um pub com bartenders fofos.
— Você está encontrando alguns amigos lá, você disse?
— Sim, Elena. Convidei Maria do trabalho. E então alguns amigos da
faculdade. — Ele se inclinou com um sorriso brincalhão e sussurrou: —
Alguns amigos gays.
Scott revirou os olhos. — Tudo bem. Faça piadas sobre mim.
Kip riu de novo e chutou Scott por baixo da mesa. Mas ele parou de
rir quando percebeu que não havia nada de engraçado na vida fechada de
Scott. Era triste que ele ficasse nervoso por ir a um bar gay. Que ele nunca
tinha saído com um grupo de amigos que o apoiavam, ou gostava de flertar
com um servidor fofo.
Ele decidiu tentar algo mesmo sabendo que não funcionaria.
— Eu sei todas as razões pelas quais você vai dizer não —, disse ele,
— mas você deveria pensar em sair conosco esta noite.
— Oh. Não, eu...
RACHEL REID
275

— Eu sei. Mas ir a um bar gay não significa que você é gay. É apenas
um grupo de amigos em um bar. Não é grande coisa. Não é como se
estivéssemos nos esfregando em uma pista de dança ou algo assim.
Scott pareceu considerar isso, mas então balançou a cabeça. — Seus
amigos estariam se perguntando o que estou fazendo lá. Quer dizer, Elena
sabe, mas...
Kip desinflou um pouco. Scott estava certo. Elena era uma coisa, mas
as outras...
Scott causaria uma comoção no Kingfisher, mesmo que todos
acreditassem que ele era um cara hétero que anda com seu amigo gay.
Mesmo que ninguém soubesse quem ele era, ele atrairia muita atenção. Ele
meio que se destacava.
— Bem —, disse Kip, — se você mudar de ideia, enviarei uma
mensagem de texto com o endereço do bar.
Scott parecia que estava prestes a dizer algo, mas eles foram
interrompidos por dois homens que se aproximaram de sua mesa,
parecendo muito animados.
— Ei! Scott Hunter!
— Olá? — Scott perguntou.
— Puta merda! É você, certo? — Um dos homens estendeu a mão.
Scott deu um pequeno sorriso e a sacudiu.
— Sou um grande fã —, continuou o homem. — Minha opinião? Você
está nos levando para a copa este ano. Todo o caminho!
— Eu compartilho sua opinião, — Scott disse, sorrindo
educadamente para ele.
O segundo homem falou. — Podemos tirar uma foto?
GAME CHANGERS #1
276

— Claro —, disse Scott, levantando-se. — Sem problemas. — Ele deu


a Kip um olhar de desculpas, mas Kip apenas acenou com a mão. Ele estava
realmente gostando disso.
— Você poderia...? — O segundo homem disse, entregando a Kip seu
telefone.
— Ah com certeza. É claro. — Kip se levantou para poder tirar uma
foto deles. Scott jogou um braço em volta de cada um dos homens e todos
sorriram para Kip.
— Obrigado, Scott! — O primeiro homem disse. — Você é de primeira
classe, cara. Estou ansioso para ver você içar essa taça para nós. Aproveite
o seu almoço, certo?
— Obrigado —, disse Scott.
Os homens saíram e Kip sorriu para Scott. — Aquilo foi legal.
— Isso foi bom —, disse Scott. — Às vezes não é tão bom. — Seus
olhos percorreram o restaurante. — Nós provavelmente deveríamos ir
logo. Sempre começa com um e termina com uma multidão.
Eles não conversaram no caminho de volta para a casa de Scott. A
mandíbula de Scott estava cerrada como sempre ficava quando ele estava
preocupado com alguma coisa, e Kip sabia exatamente o que o estava
incomodando.
Ele odeia que as pessoas nos vejam juntos.
Kip enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e caminhou rapidamente
para acompanhar os passos largos de Scott.

SCOTT ESTAVA nervoso. Eles estavam sentados em seu sofá, Kip


esticado na extremidade oposta com os pés no colo de Scott. Ele estava
RACHEL REID
277

respondendo a uma mensagem de aniversário de sua irmã. Scott esperou


até que ele terminasse.
— Então, hum, — Scott começou, — Eu, uh... eu tenho um presente
de aniversário para você.
— Oh? — Disse Kip.
— Sim. — Scott puxou um envelope ligeiramente dobrado do bolso
de trás da calça jeans. Ele o entregou a Kip, que se endireitou um pouco e
tirou os pés do colo de Scott. Ele olhou para o envelope com desconfiança,
olhando para Scott por cima dos joelhos dobrados.
Scott o observou abrir o envelope e preparou o discurso que havia
preparado. Ele poderia adivinhar como Kip iria reagir.
— Você é... O quê? — Kip disse, visivelmente atordoado. Ele havia
aberto o pequeno cartão e segurava o papel que estava dentro. — Não.
Scott. Vamos.
— Não tenho certeza se acertei o valor exatamente —, disse Scott
calmamente, — mas quero pagar seus empréstimos estudantis.
— Este é um cheque de cinquenta mil dólares, Scott!
— Eu sei. Eu escrevi.
— Não, — Kip disse novamente, balançando a cabeça. — Isso é idiota.
Você não pode simplesmente me dar cinquenta mil dólares no meu
aniversário.
— Achei que você diria isso —, disse Scott, — mas a questão é... eu
posso. Facilmente. E você sabe disso.
Kip ainda estava olhando para o cheque, pasmo. — É demais, — ele
disse calmamente. — Demais.
— Você quer dizer que seu empréstimo é menor do que isso?
GAME CHANGERS #1
278

— Bem, sim. Isso também. Mas isso é loucura!


— Você disse que não gosta do seu trabalho. Você disse que quer sair
da casa dos seus pais. Eu quero que você seja capaz de fazer tudo o que
quiser. Portanto, se esse dinheiro pode ajudá-lo a começar, terei todo o
gosto em dá-lo. Mais que feliz.
— Jesus, — Kip murmurou.
— Não quero incomodá-lo —, disse Scott.
— Certo. Hum.
— Você está desconfortável.
— Sim.
Scott suspirou. Ele tinha adivinhado que ia ser assim. — Que tal
agora? Iremos ao banco e pagarei seu empréstimo estudantil. Esqueça o
cheque se for muito, mas pelo menos deixe-me cuidar do seu empréstimo.
— Isso ainda é demais, Scott.
— Por favor. — Kip começou a sacudir a cabeça novamente, então
Scott disse: — Olha, eu sei. Sei como é lutar por dinheiro e, de repente, não
precisar mais fazer isso. Mas eu faço... quer dizer, meu salário é público.
Você provavelmente sabe quanto é. É muito dinheiro. E então tenho
contratos de patrocínio e tudo o mais. O que eu não tenho, — Scott pegou
a mão de Kip —, ou, o que eu não tinha, era algo em que valesse a pena
gastar. Ou alguém com quem compartilhar.
Kip piscou para ele.
— Eu faço doações para instituições de caridade —, continuou Scott.
— Comprei este apartamento e viajo um pouco no verão. Fora isso, só
tenho muito dinheiro no banco. Eu ficaria muito feliz em poder ajudá-lo em
parte disso.
RACHEL REID
279

Kip puxou a mão e voltou os olhos para o cheque, com a testa


franzida.
— Não, — ele disse finalmente. — Obrigado, mas não.
— Kip...
— Não. Olha, eu entendo o que você está dizendo. Eu sei... sei lá, te
deixa feliz me fazer feliz, ou sei lá. Mas... isso... — Ele suspirou. — Não
consigo me explicar.
— Não é grande coisa —, Scott tentou.
—É um grande negócio, Scott! É um muito grande negócio! Você não
pode simplesmente... mudar toda a minha vida!
— Por que não? — Scott disse suavemente. — Você mudou a minha.
Kip parecia perigosamente perto de chorar, o que não era
exatamente o que Scott queria que acontecesse.
— Ei, — Scott disse, colocando a mão no ombro de Kip. Mas Kip se
levantou e começou a andar.
— Eu não sou - eu não sou uma instituição de caridade. Tenho um
empréstimo normal de estudante para pagar - o mesmo tipo que milhões
de outras pessoas tem. Tenho estado muito bem desde que me formei.
Talvez meu trabalho não seja impressionante e eu moro com meus pais,
mas tenho meu orgulho de merda. E eu estava pagando o empréstimo
sozinho todo mês antes de você apenas... apenas rabiscar em um pedaço
de papel e enfiar em um cartão de aniversário e...
— Ei! — Scott disse, levantando-se para recebê-lo. Ele estava ficando
com raiva agora. Ele respirou fundo. — Olha, eu não estava tentando te
insultar. Parece-me bobagem ter todo esse dinheiro e você ter todos esses
empréstimos para pagar. Parece uma solução bastante óbvia, certo?
GAME CHANGERS #1
280

— Eu posso administrar minha própria vida, ok?


— Ok, — Scott disse desesperadamente. — OK. Sim. Tudo bem. Eu
sinto muito.
Kip revirou os olhos, mas parecia estar mais consigo mesmo do que
com Scott. — Foda-se, Scott. Eu sei que você está apenas tentando...
— Eu só quero que você seja feliz, — Scott disse calmamente.
— Estou feliz —, disse Kip. — Talvez eu não esteja vivendo minha vida
de sonho, mas quem diabos está? — Então ele riu asperamente e gesticulou
para Scott. — Quero dizer, além disso...
— Minha vida não é perfeita, Kip, — Scott disse firmemente. — Achei
que você tivesse entendido isso.
Kip exalou. — Eu sinto muito. Eu sei. Estou sendo um idiota. Estou
apenas sensível a essas coisas.
Scott acenou com a cabeça, possivelmente um pouco
freneticamente. Ele queria desfazer o que quer que estivesse acontecendo
aqui. — Foi demais. Eu entendi agora. Eu faço. Esta relação provavelmente
parece um pouco... desequilibrada para você. Mas você me dá tanto, Kip.
Eu amo você. Eu te amo e sei que me precipito nas coisas, e sei que
provavelmente estou sendo muito intenso conosco, mas, por favor. Só
saiba que é só porque eu me importo muito com você.
Kip pareceu considerar isso, então seu rosto se suavizou. — OK.
— Sim?
— Sim. Mas estou rasgando este cheque.
— Combinado —, disse Scott, aliviado que a situação parecia ter se
dissipado.
RACHEL REID
281

— Sinto muito —, disse Kip. Ele caiu de volta no sofá e enterrou o


rosto nas mãos. — Esse foi um presente atencioso e generoso que você
estava tentando me dar. E acredite em mim, uma parte de mim realmente
quer dizer sim, mas eu não posso.
Scott se sentou ao lado dele e o puxou para seus braços. — Vamos
esquecer isso, certo? Me desculpe. Eu deveria ter comprado flores para
você ou algo assim.
Kip riu contra seu ombro. — É sempre difícil decidir: flores ou
cinquenta mil dólares.
Scott riu também, percebendo agora o quão ridículo seu presente
tinha sido. Ele realmente não tinha ideia do que estava fazendo.
— Eu quero tentar de novo, — ele disse no cabelo de Kip. — Posso
tentar de novo? Eu quero te dar o presente perfeito.
— Você não precisa.
— Eu quero. Amo você, Kip. Me desculpe, eu sou tão ruim nisso.
O olhar de Kip era suave e afetuoso quando ele inclinou a cabeça e
juntou seus lábios. O beijo foi dolorosamente lento e doce, e Scott se
derreteu nele.
— Eu te amo, — ele disse, seus lábios roçando a leve barba por fazer
na bochecha de Kip.
— Também te amo. Muito. Porra, eu não quero ficar com raiva de
você. Senti a sua falta.
— Também senti sua falta.
— Vou sentir sua falta esta noite.
— Eu sei. Eu sinto muito. E estou muito ocupado esta semana.
Também sinto muito por isso.
GAME CHANGERS #1
282

— O que está na programação esta semana? — Kip perguntou, então


começou a dar beijos no pescoço de Scott.
— Eu tenho um longo treino amanhã. — Scott inclinou a cabeça para
trás para dar a Kip melhor acesso. — E eu tenho uma coisa amanhã à tarde.
— Uma coisa?
— Mmm. Entrevista da Sports Illustrated.
— Oh.
— E na quarta-feira eu vou visitar as crianças no hospital pela manhã.
E eu estou jogando naquela noite. Quinta-feira de manhã, temos uma
videoconferência, e naquela tarde eu tenho outra coisa...
Os beijos pararam.
— E o que é essa coisa?
— Oh. Hum... apenas uma sessão de fotos. Nova campanha para a
Gillette.
Kip se inclinou para trás para encará-lo. — Seriamente?
— E então na sexta-feira eu jogo de novo e...
— Então você vai apresentar o Saturday Night Live?
Scott riu. — Não! Eu recusei. Deus, você pode imaginar?
— Não...
Scott olhou para ele sério. — Você sabe que tudo isso é apenas...
Nada disso é importante. Tudo parece glamoroso, mas tudo que realmente
me importa é o hóquei e o tempo que passo com você.
— O mundo te ama —, disse Kip, roçando os lábios de Scott com o
polegar. — Eu tenho que compartilhar você.
— Só um pouco —, disse Scott. — Eles só pegam pedaços minúsculos.
— Ele mordeu o polegar de Kip e passou a língua contra ele.
RACHEL REID
283

— É uma merda ser eles, — Kip falou lentamente.


CAPÍTULO DEZENOVE

— ESTOU TÃO triste sobre o trabalho, — Shawn disse, logo que ele
entrou para a mesa. — Se você quiser, nunca mais irei àquele museu.
Kip riu. — Está bem. Eu estava subqualificado. Como eu disse.
— Você não é e é a perda deles —, disse Shawn.
— Exatamente, — Elena disse, levantando seu copo de cerveja.
O bar estava lotado para uma noite de segunda-feira. Kip olhou ao
redor da mesa para seus amigos: Elena, Shawn e Maria, além de Jimmy e
Chuck, que haviam tirado férias para vir a Nova York para isso. Foi a primeira
vez que algum deles conheceu Maria, além de Elena. Kip não saía muito
com ela fora do trabalho, o que era uma pena. Mas ela estava aqui agora, e
Kip estava cercado por um grupo maravilhoso de pessoas que ele tinha
sorte de ter em sua vida.
Ele só queria que Scott pudesse estar lá.
Ele tentou não insistir nisso. Não era como se algum de seus amigos
tivesse parceiros com eles. Nenhum de seus amigos tinha parceiros fixos,
que ele conhecesse.
— Agora que todos estão aqui —, disse Chuck com sua voz
estrondosa e feliz, — proponho um brinde. Para Kip! Um cara que você quer
odiar porque ele é tão bonito, mas você não pode porque ele é tão
charmoso.
— Para Kip! — Todos disseram.
— Yay! Para mim! — Kip aplaudiu, erguendo seu copo.
RACHEL REID
285

O servidor deles era o mesmo que flertou com Kip da última vez que
ele esteve lá com Shawn - Kyle. Ele ainda era muito bonito e ainda muito
sedutor com Kip, que não podia deixar de flertar um pouco para trás.
— Você já acertou isso? — Shawn perguntou depois que Kyle saiu
para buscá-los outra rodada.
— Nah—, disse Kip.
— Isso é trágico —, disse Jimmy. — Eu vou se você não fizer isso.
Chuck riu. — Como se, Jim. Ele nem mesmo vê você através do brilho
ao redor de Grady.
— Kip —, disse Maria, — você não me disse que todos os seus amigos
fofos são gays. Qual é a razão de eu estar aqui?
— Eu queria dizer a você e, se quiser, mais tarde podemos ir para
Olive Garden ou onde quer que pessoas heterossexuais ir.
Ela sacudiu uma azeitona para ele dos nachos que todos estavam
compartilhando.
Todos beberam e conversaram animadamente por um tempo. Kip
começou a se sentir agradavelmente aquecido e desleixado, rindo com
facilidade e provocando seus amigos.
— Tudo bem —, disse Chuck, colocando as mãos sobre a mesa para
dar ênfase, — a próxima rodada será comprada por quem ficou mais tempo
sem sexo.
— Isso não está certo —, disse Elena. — Deve ser a pessoa que teve
isso mais recentemente.
— Droga, Elena —, disse Kip, — você realmente quer comprar a
próxima rodada, hein?
GAME CHANGERS #1
286

— Não tenho certeza se seria eu —, disse ela, olhando para ele


incisivamente. Kip calou a boca.
— Não, minhas regras —, disse Chuck. — Tudo bem, derrame isso,
todo mundo. São duas semanas para mim.
— O que conta como sexo? — Jimmy perguntou.
— Sair com a ajuda de outra pessoa —, disse Chuck, com autoridade.
— Oh. Três dias, então, — Jimmy disse.
— Espere —, disse Chuck, — foi aquele contador que...
Jimmy acenou com a cabeça.
— Legal. Tudo bem, quem pode vencer duas semanas?
Elena balançou a cabeça. — Noite passada.
— M-mesmo —, Shawn cantarolou.
Maria jogou a cabeça para trás e gemeu. — Poaaaaaau! — Ela disse.
— Um mês. Mais de um mês. ECA.
— Uh-oh —, disse Chuck. — E você, aniversariante?
— Hm —, disse Kip. Um par de horas...
Ele olhou para Elena em busca de ajuda. Ela apenas levantou uma
sobrancelha interessada.
— Faz, tipo, dois meses ou algo assim, — ele disse finalmente. Elena
era a única que sabia que era mentira.
— Ah, merda, desculpe, Grady —, disse Chuck. — Parece que você
está comprando a rodada no seu próprio aniversário.
— Tudo bem —, disse Kip. Porque estava tudo bem. Ele estava
fingindo estar faminto por sexo quando, na verdade, estava no melhor
relacionamento de sua vida. Havia problemas piores.
RACHEL REID
287

Ele se levantou para fazer o pedido. Ele cambaleou um pouco


enquanto se dirigia ao bar. Kyle estava lá, fofo como o inferno em uma
camiseta branca justa.
— Meu cliente favorito, — Kyle falou lentamente. — O que posso
fazer para você?
Kip sorriu e apoiou o braço no bar. — Comprando uma rodada para a
mesa.
— Isso é tudo? — Kyle perguntou, inclinando-se para encontrá-lo.
Este era o ponto em que Kip normalmente diria algo como “Por
enquanto” ou seria mais direto e lhe diria para encontrá-lo quando seu
turno terminasse. Mas...
— Sim, — Kip disse, recuando um pouco. — Isso é tudo.
Kyle parecia surpreso, mas rapidamente controlou suas feições. —
Tudo o que você disser, — ele disse, ainda sorrindo e passando os olhos
pelo corpo de Kip.
Kip voltou para a mesa. Era bom saber que ele ainda tinha isso,
mesmo que “isso” fosse reservado para um certo atleta superstar.
Eles estavam todos bastante bêbados no final da noite. Enquanto
esperavam do lado de fora pelos táxis, Maria abraçou Kip com todo o corpo.
— Obrigado por me convidar, Kip. Gosto de você. Seus amigos são legais.
Você é legal.
— Obrigado por vir, — Kip disse em seu cabelo. — Devíamos sair
mais.
— Sim! Sim, com certeza! Kip... Sim. — Ela apontou para ele
enquanto caminhava para trás em direção ao táxi que a esperava.
GAME CHANGERS #1
288

Jimmy, Chuck e Shawn se amontoaram em Kip em um abraço


coletivo.
— Obrigado, pessoal —, disse Kip. — Amo vocês idiotas, sabiam
disso?
— Nós também te amamos, Kip —, disse Shawn. Os três entraram em
um táxi juntos e Kip ficou com Elena.
— Ele está a caminho. — Ela sempre estava estranhamente
equilibrada e coerente, mesmo quando estava bêbada.
— Huh?
— Scott. Eu mandei uma mensagem para ele. Ele está vindo para te
levar para casa.
— O que? Porque? Como você tem o número dele?
Elena olhou para ele como se ele fosse muito estúpido.
— Você é assustadora, sabia disso? — Disse Kip.
— Que bom que estou do seu lado.
— Isto é. Você está. Eu te amo, Elena. — Ele a abraçou. Ela resistiu no
início, mas finalmente aceitou.
— Você não precisava enviar uma mensagem de texto para ele —,
disse Kip.
— Eu fiz. Você está bêbado e eu vou encontrar alguém em breve. —
Ela estava digitando em seu telefone enquanto falava.
— Outro ator famoso? — Kip sorriu.
— Só um cara da minha academia —, disse Elena, — que também é
dançarino reserva de Rihanna.
— Pega, garota! — Kip disse, e ergueu a mão para um high five. Elena
o ignorou.
RACHEL REID
289

— Parece que sua carona está aqui. — Ela acenou com a cabeça para
um SUV muito bom que havia parado.
— Obrigado, Elena. Você é a melhor! — Ele disse, querendo dizer isso
completamente.
Ele abriu a porta traseira do SUV e ficou surpreso ao ver que Scott
não estava lá.
— Hum, aqui em cima, — a voz de Scott disse. Kip se virou e viu Scott
sentado ao volante.
Ele fechou a porta traseira e, em vez disso, sentou-se no banco do
passageiro. Ele sorriu desleixadamente para Scott. — Não achei que você
soubesse dirigir, — ele balbuciou.
— Eu posso dirigir, — Scott disse. — Cara, você está uma bagunça.
— Estou bem. Você tem seu próprio carro?
Scott riu. — Sim. Não o uso com muita frequência, mas este é meu.
É, hum, mais fácil de usar um serviço. Não ter que se preocupar com
estacionamento e outras coisas.
— Mmm, — Kip disse sonolento. O estacionamento ou a posse de um
carro nunca foram coisas com as quais ele teve que se preocupar.
Eles dirigiram em silêncio por um minuto, e então Scott disse: — Você
se divertiu?
— Sim. Sim. Meus amigos são incríveis.
— Bom. Desculpe, não poder estar lá.
— Está bem.
— Não, eu... — Ele suspirou. — Deixa para lá. Podemos conversar
sobre isso quando você não estiver...
— Falar de quê?
GAME CHANGERS #1
290

— Nenhuma coisa.
Kip podia ver como a mandíbula de Scott se contraiu, mesmo com
sua visão turva. — Eu te amo —, disse ele.
Scott relaxou um pouco. — Eu também te amo. Mesmo quando você
está com uma cara de merda.
— Não merda. Só um pouco tonto.
— Mmm.
— Obrigado, — Kip disse, concentrando-se fortemente em deixar
suas palavras tão claras quanto possível, — por me pegar. Não precisava...
— Claro —, disse Scott. — Fiquei feliz que Elena me mandou uma
mensagem. Não tenho certeza de como ela conseguiu meu número...
Kip acenou com a mão. — Porra sabe. Ela descobre tudo.
— Bem, estou feliz que ela me mandou uma mensagem. Me fez
sentir... como o que temos...
Kip estava perdendo o fio da meada.
Scott parou em um sinal vermelho e olhou para ele. — Eu sei que é
uma merda manter as coisas em segredo. É uma merda para mim também.
Esta noite foi muito difícil para mim.
— Scott...
A luz ficou verde.
— De qualquer forma, — Scott disse, voltando sua atenção para a
estrada, — foi bom receber aquela mensagem de Elena. Fez tudo parecer
mais real.
Kip colocou a mão na coxa de Scott. — É real.
Os lábios de Scott se curvaram. — Sim —, disse ele. — Agora vamos
te levar para a cama.
RACHEL REID
291

***

— BOM DIA —, uma bolha borrada em forma de Scott gorjeou. —


Fico feliz em ver que você está vivo.
Kip piscou e esfregou os olhos. Ele estava ressecado.
— Aqui —, disse Scott embaçado, e entregou-lhe um copo d'água. Kip
engoliu em seco.
— Obrigado —, disse ele, devolvendo o copo.
— Como você está se sentindo?
— Maravilhoso, — Kip murmurou. Ele caiu de volta no travesseiro.
— Você estava fofo na noite passada —, disse Scott. — Realmente
fofinho. Até você adormecer em mim.
— Desculpe —, disse Kip.
— Não se desculpe. Estou feliz que você se divertiu. — Scott passou
os dedos pelo cabelo de Kip, e Kip fechou os olhos e suspirou feliz.
— Estou sentindo cheiro de bacon? — Ele murmurou.
— Sim! Eu fiz torradas francesas e bacon.
— Oh meu Deus. Você é o melhor.
— Está pronto quando você estiver. Café também. Eu tenho que sair
logo.
Kip se sentou. — Certo! Desculpe, esqueci de sua prática. OK. Só vou
tomar um banho bem rápido.
Ele ficou embaixo do chuveiro apenas o tempo suficiente para lavar
o cabelo uma vez e passar sabonete pelo corpo. Ele se sentiu muito melhor
quando saiu.
Ele entrou na cozinha de calça de moletom, camiseta e cabelo
molhado. Scott entregou-lhe uma caneca de café e Kip o beijou.
GAME CHANGERS #1
292

— Sério —, disse Kip. — Melhor namorado de todos.


Eles se sentaram no balcão da cozinha e comeram (incríveis) torradas
francesas, e ele contou a Scott um pouco sobre sua noite. — Lembro-me —
, disse ele, — do carro ontem à noite. Você disse que teve um momento
difícil?
— Oh. — Scott olhou para seu prato e corou. — Não é nada. Eu estava
com um humor estranho na noite passada. Não se preocupe com isso.
— Não, vamos. Diga-me.
Scott largou o garfo. — Eu acho que talvez tenha sido a primeira vez
que eu realmente senti... quer dizer, a gala foi difícil, mas você saindo com
seus amigos no seu aniversário...
Kip se aproximou e colocou a mão em seu antebraço.
— Eu deveria ter estado lá —, disse Scott. — Isso é o que estava me
incomodando a noite toda. Eu gostaria de poder apenas... — Ele suspirou.
— Não importa. Não adianta chorar por coisas que não posso ter. Devo
apenas ser grato pelo que tenho.
Kip estava muito perto de perguntar a Scott se ele tinha certeza de
que não poderia ter essas coisas. Se seria tão ruim se ele aparecesse
publicamente. Mas ele prometeu a si mesmo que não iria empurrar esse
assunto. Scott entendia o que estava em jogo muito melhor do que Kip.
Em vez disso, ele disse: — Você precisa estar pronto.
O rosto de Scott estava miserável. — Eu quero estar pronto.
— Você estará. Logo, — Kip disse, apertando seu braço.
Scott acenou com a cabeça e deu-lhe um sorriso tenso. — Desculpe.
Como eu disse, foi apenas uma noite estranha e solitária. A imaginação
começou a correr um pouco selvagem.
RACHEL REID
293

— Eu já estive lá. Compreendo.


Kip o beijou, e Scott aprofundou imediatamente, colocando a mão
em seu rosto e deslizando para fora de seu banquinho para que pudesse
ficar em pé sobre ele. O pescoço de Kip se esticou para encontrá-lo
enquanto Scott explorava sua boca com a língua.
— Você é bom nisso, — Kip respirou quando eles se separaram.
— Deve ser todos aqueles anos de prática, — Scott disse secamente.
— Pare com isso. — Kip o acertou de leve no peito. — Quando você
precisa sair?
Scott olhou para o relógio. — Agora, praticamente. O carro estará
aqui em alguns minutos.
— Porra —, disse Kip. — Estou trabalhando até as duas hoje. Você
está ocupado esta tarde, certo?
— Sim. Sports Illustrated.
— Certo.
— E também estarei ocupado nas próximas tardes.
— Bem... nós vamos descobrir isso. Você quer que eu fique aqui esta
noite?
— Eu faço —, disse Scott. — Você pode?
— Vou fazer o jantar para você.
— Oh sim? Posso chegar um pouco tarde.
— Está tudo bem, — Kip disse, sorrindo para ele. — Boa sorte com
sua entrevista.
— Obrigado. Eu meio que odeio fazer isso.
— Vai haver uma sessão de fotos?
— Sim. Hoje não, mas sim. Em breve. É a história de capa.
GAME CHANGERS #1
294

— Bem agora!
Scott fez uma careta. — Sim.
Ele vestiu uma jaqueta de couro e beijou Kip perto da porta. — Oh!
Eu pensei em algo! Para o seu presente de aniversário, — ele disse
entusiasmado. — Eu estava pensando que talvez no sábado pudéssemos ir
ao Met juntos?
— O Met? Como... o museu?
— Sim —, disse Scott. — Achei que você gostaria disso?
Puta merda. — Eu adoraria isso.
Scott havia descoberto o que Kip não foi capaz de dizer: que tudo que
Kip queria de aniversário era ir a algum lugar que amasse com o namorado?
— Ok então, — Scott disse, sorrindo. — É um encontro.
— Mesmo?
— Quero dizer, obviamente, precisaremos ser... discretos.
— Oh. Sim. Não eu sei. — Kip desinflou um pouco.
— Vou trazê-lo de volta para cá depois e compensar, certo?
Kip acenou com a cabeça e tentou manter o rosto alegre quando
disse: — Parece ótimo. — Ele o beijou. — Vá ser um superstar. Estarei aqui
quando você chegar em casa.
CAPÍTULO VINTE

— ENTÃO, QUEM é esse cara? — Scott perguntou. — Qual é a história


dele?
— Não sei! — Kip riu. — Eu não sei tudo! — Ele se inclinou para ler a
descrição do museu do conjunto ornamentado de armadura de prata. —
Italiano. Século dezesseis. Só um cara. Um cavaleiro.
— Apenas um cavaleiro aleatório, hein? Cavaleiro muito pequeno.
— Todo mundo era pequeno naquela época. Eu me pergunto se ele
estava usando isso quando morreu.
— Nossa, você pode imaginar quanto tempo deve ter levado para
fazer essa coisa? E eles tinham exércitos inteiros desses caras?
— Eles provavelmente reutilizaram a armadura. Alta rotatividade de
empregos.
Scott riu da piada sombria de Kip. Scott estava no modo incógnito:
um chapéu dos Yankees puxado o mais baixo possível sem cobrir os olhos,
um moletom básico com zíper e jeans carvão. Kip não tinha tanta certeza
de que seu disfarce iria funcionar; ele ainda era o homem mais quente de
qualquer sala. Ele iria atrair atenção de qualquer maneira.
Os ombros de Scott estavam curvados, e ele continuava enfiando as
mãos nos bolsos do suéter, como se quisesse se impedir de alcançar Kip.
— Meu pai costumava me trazer aqui, quando eu era criança —, disse
Kip. — Ele ensinava história no ensino médio e inglês.
— Então você conseguiu dele?
— Definitivamente —, disse Kip. — Minha irmã, Megan, gostava mais
de romances, mas eu sempre me interessei por história.
GAME CHANGERS #1
296

— O que você gosta sobre isso?


Kip não tinha certeza de como responder a uma pergunta tão
enorme. — É... quero dizer, é uma longa história. Uma história muito longa.
E tem havido milhões de pessoas ao longo de milhares de anos que
ajudaram a contá-lo. Para registrar seu próprio pequeno pedaço dele, ou
para tentar preencher as lacunas ou fazer correções nas partes que vieram
antes deles. Por exemplo, algumas pessoas tentam registrar sua história de
uma forma que as faça parecer melhores - ou que faça outra pessoa parecer
pior. Mas então os historiadores trabalham para consertar isso. E é isso que
eu quero fazer - trabalhar para ter certeza de que as histórias certas estão
sendo contadas.
— Uau —, disse Scott. — Isso é legal. Eu gosto disso.
Kip deu de ombros, um pouco envergonhado por suas divagações
estranhas. — Eu simplesmente acho isso interessante.
— Então, os cavaleiros italianos do século XVI não são sua área de
especialização? — Scott perguntou.
Kip balançou a cabeça e sorriu. — Não, realmente não. Estou mais
interessado em camponeses. Mas os soldados definitivamente me
interessam.
— Diga-me —, disse Scott. — Eu quero ouvir sobre o que interessa a
você.
— Oh. Principalmente, estou interessado apenas nas pessoas. Não
tanto pelos grandes nomes dos livros de história, mas como as pessoas
viveram em diferentes períodos. Em lugares diferentes. Quem eram os
soldados nas guerras. Quem eram os trabalhadores. Esse tipo de coisas.
RACHEL REID
297

Grupos marginalizados, principalmente. Pessoas que não tiveram sua


história contada adequadamente.
Scott acenou com a cabeça pensativamente. — Gosta de gays? — Ele
adivinhou.
— Claro, sim. Para um. Eu escrevi minha tese de graduação sobre
grupos marginalizados sendo convocados para guerras. — Kip examinou os
detalhes de um gládio do século XVI e esperou que Scott mudasse de
assunto.
Depois de um minuto, Scott surpreendeu Kip perguntando: — Você
tem uma cópia dele em algum lugar? Eu gostaria de ler.
Kip piscou para ele. — Você quer ler minha tese?
— É claro. Se você escreveu, eu quero ler.
Deus, isso foi fofo. Kip realmente queria abraçá-lo. Scott ficaria com
raiva se o abraçasse? — Tem, tipo, noventa páginas —, disse ele, em vez de
se lançar sobre seu namorado grande e adorável. — E provavelmente chato
como o inferno.
— Eu posso ler noventa páginas, — Scott disse, sorrindo. — Eu sou
um atleta, não um idiota.
Kip revirou os olhos. — Eu sei que você não é burro, Scott.
Scott sorriu, e então seus olhos percorreram a sala pela milionésima
vez. Ele parecia estar se forçando a se divertir, mas estava obviamente
desconfortável. Isso estava deixando Kip chateado.
Ele colocou a mão no braço de Scott, então a puxou quando Scott se
encolheu.
Kip fez o possível para não ficar irritado. Ele queria dizer a Scott para
relaxar, mas em vez disso ele se virou e o levou a outra armadura.
GAME CHANGERS #1
298

— Ei, você já viu isso antes? Esta sempre foi uma das minhas coisas
favoritas aqui. Isso foi usado por Henrique VIII.
— Já ouvi falar desse cara!
— Vê? Nem um pouco idiota!
Scott franziu a testa para a armadura dourada. — Achei que ele era
gordo. Ele não era, tipo, um cara grande e gordo com uma barba? Este terno
parece muito pequeno.
— Esta era a armadura dele quando ele era jovem —, disse Kip. —
Aqui... — Ele gesticulou para que Scott o seguisse. — Vemos outro de seus
ternos, que ele usou cerca de vinte anos depois. Grande diferença.
— Acho que ele passou esses vinte anos comendo.
— E porra. E matando suas esposas.
— Bem, eu estava a bordo até a última parte.
Kip riu. Scott sorriu para ele. — Você deveria trabalhar aqui —, disse
ele. — Você seria ótimo nisso!
— Sim. Isso seria incrível, — Kip murmurou. Ele nunca se preocupou
em contar a Scott sobre a entrevista de emprego infrutífera no outro
museu. Nenhuma razão para parecer ainda menos impressionante.
— O que você precisa para trabalhar em um lugar assim? Você já se
formou em história.
— Oh, eu não sei. Provavelmente um mestrado, pelo menos.
Depende do trabalho.
— E você não quer fazer o seu mestrado?
— Não sei —, disse Kip, fingindo estar interessado em uma luva do
século XV. — Quero dizer, sim. Eu gostaria. Eu simplesmente não posso...
— Ele parou a si mesmo.
RACHEL REID
299

— Pagar? — Scott terminou por ele.


— Não comece, — Kip avisou.
— Eu não estou! Mas se o dinheiro é a única coisa que está
prendendo você...
— Não é. Por um lado, eu teria que realmente ser aceito em algum
lugar.
— Você já se inscreveu?
Kip não conseguia pensar em um motivo para mentir. — Enviei
algumas inscrições há algumas semanas.
Os olhos de Scott se arregalaram de surpresa, mas ele sorriu. — Isso
é ótimo! — Então seu rosto caiu um pouco. — Hum... para onde?
— Oh, por aqui, — Kip disse rapidamente. Ele baixou a voz e sorriu.
— Você pensou que eu ia te deixar?
Scott olhou para ele sério. — Eu sentiria sua falta como o inferno se
você fosse para a escola, mas eu entenderia.
Kip realmente queria beijá-lo, ou pelo menos apertar sua mão. Isso é
péssimo.
— Obrigado —, disse ele. — Mas estou mais feliz por ficar aqui. E,
além disso, posso não entrar em nenhum deles de qualquer maneira.
— Você irá.
As coisas mudaram de direção mais tarde, quando eles estavam na
galeria de esculturas europeias. Na iluminação forte e nos espaços abertos,
as pessoas começaram a notar a celebridade em seu meio. De repente, os
clientes do museu pareciam muito menos interessados nas estátuas de
deuses gregos e começaram a tirar fotos secretas do Adônis moderno que
caminhava entre eles.
GAME CHANGERS #1
300

Kip se inclinou para perto de Scott e disse: — Esses caras estão...


— Eu sei, — Scott disse firmemente. — Eu vejo eles.
Não demorou muito para que duas jovens se aproximassem e
perguntassem se poderiam tirar uma selfie com Scott. Kip percebeu que ele
queria recusar educadamente, mas, em vez disso, forçou um sorriso e disse:
— Claro!
Kip podia ouvir os murmúrios saltando em torno do átrio silencioso
de mármore. “Você viu Scott Hunter ali?”, “Esse é realmente Scott
Hunter?”, “Quem você acha que é aquele com ele?”.
Mais pessoas se aproximaram de Scott e tiraram fotos com ele. Scott
assinou alguns guias de museu, o que parecia um pedido absurdo para Kip.
Depois que uma família de quatro pessoas tirou fotos com ele, Scott
virou-se para Kip e disse com firmeza: — Devíamos ir. Desculpe, mas isso só
vai piorar.
Eles saíram rapidamente. Eles haviam planejado almoçar por perto,
mas Scott já estava ligando para o serviço de automóveis enquanto eles
caminhavam pelo saguão do museu.
— Sem almoço, então, eu acho, — Kip disse, mantendo sua voz o mais
fria possível.
— Não. — O tom de Scott era menos frio e sua postura era tensa e
zangada. Kip queria colocar a mão nele para acalmá-lo, mas não ousou.
De volta ao apartamento. Esconder.
Bem, foram algumas boas horas fingindo que ele estava em um
relacionamento normal.
RACHEL REID
301

NAQUELA NOITE, as contas de fãs de Scott Hunter estavam cheias de


fotos de celular - a maioria delas tiradas sem permissão - de Scott e Kip no
museu. Havia até alguns sites de fofoca de celebridades que também
postaram. Kip só sabia sobre eles porque, pouco depois das oito horas
daquela noite, recebeu uma mensagem de Shawn.
Shawn: Kip! WTF é você???!!!!!!!!
Era uma foto de Scott olhando (um pouco amorosamente) para Kip
enquanto Kip olhava para uma estátua de Perseu. A cena definitivamente
parecia romântica, e o pênis de mármore da estátua pairando entre seus
rostos não ajudava a suavizar as coisas.
A maioria das pessoas não notaria nada disso, certo?
Kip: Sim.
Shawn: Você quer me dizer por que está namorando Scott Hunter?
Kip: Não foi um encontro!
Uma mentira total.
Shawn: Explique-se.
Kip: Nós nos conhecemos no trabalho. Nós somos amigos. Não é
nada.
Shawn enviou de volta um gif de um competidor de RuPaul's Drag
Race11 fazendo uma cara de - vadia, por favor.
Kip: Não é nada! Estou falando sério! Como se Scott Hunter quisesse
namorar comigo. Vamos!
Shawn: Hmmm...
Kip: Ele parece gay para você? Mesmo um pouco?

11
RuPaul's Drag Race é um reality show estadunidense, do gênero competição. O programa, que é o
primeiro da franquia Drag Race, procura o carisma, singularidade, coragem e talento de uma drag queen,
a qual recebe o título de "America's Next Drag Superstar".
GAME CHANGERS #1
302

Ele odiava cada palavra que estava digitando. Ele não queria mentir
para seus amigos.
Shawn: Hmmm...
Kip: Não é nada.
Shawn: Bem, da próxima vez que você e seu amigo hétero Scott não
é “nada”, você deveria me convidar. E talvez vá para a praia ou algo assim.
Ou uma piscina. Ou uma casa de banhos.
Kip revirou os olhos e enviou o emoji de revirar os olhos.
Shawn: Parece que ele quer comer você. Isso é tudo que estou
dizendo.
Kip: Ele não.
(Mesmo que ele tenha feito isso completamente.)
Ele decidiu não contar a Scott sobre as fotos estarem online. Scott
nem tinha contas oficiais nas redes sociais. Havia uma boa chance de que
ele nunca descobrisse sobre isso.
No geral, eles não eram um grande problema. Todo o foco estava em
Scott Hunter sendo avistado na selva. Ninguém sequer mencionou Kip,
exceto para rotulá-lo de - amigo desconhecido.
Não há motivo para contar a Scott. Isso só iria estressá-lo.
Às nove e meia daquela noite, Scott disse: — Há fotos nossas online?
Do museu?
— Hum... eu não sei, — Kip mentiu. — Por que?
— Carter acabou de me mandar uma mensagem.
Porra. Kip pegou seu telefone e fez um show ao abrir o Twitter, como
se não tivesse checado o dia todo.
RACHEL REID
303

— Oh. Sim, existem algumas. Nada... quero dizer, elas estão muito
borrados. Não sei por que as pessoas se preocupam em publicá-los.
Ele esperou pela resposta de Scott, e torceu para que Scott não
percebesse como ele estava corado. Ele já havia mentido para Shawn sobre
essas fotos idiotas; agora ele estava mentindo para Scott sobre elas. Na
verdade, Kip só queria olhar para eles e ficar um pouco orgulhoso deles. Ele
nunca tinha visto uma foto dos dois juntos antes.
— Por que Carter estava enviando uma delas para você?
— Só... tirando sarro de mim, ou o que seja. Ele sabe que eu odeio
esse tipo de atenção.
— Então ele não pensa...
— Não sei! Porra! — Scott jogou o telefone no sofá e começou a
andar. — Não deveríamos ter ido! Foi estúpido. Eu só queria... foda-se. O
que eu estava pensando?
— Ei, — Kip disse, tentando soar reconfortante. — Não é grande
coisa. Não é nada. Não é como se estivéssemos nos beijando nas fotos.
— O que se foram? Quer dizer, não beijando. Mas e se eu tocasse em
você de uma maneira óbvia por acidente? Ou e se eu... olhasse para você
do jeito que sei que sempre faço?
Kip desejou a Deus que Scott nunca tivesse visto a foto que Shawn
havia enviado a ele.
— É muito difícil ser cuidadoso —, disse Scott. — Eu nunca deveria
ter...
— Certo, — Kip disse laconicamente.
GAME CHANGERS #1
304

Foi ridículo pra caralho. O “encontro” deles não poderia ter sido mais
casto, e aqui Scott estava tendo um colapso pelo fato de eles terem sido
vistos perto um do outro em um lugar público.
Pela primeira vez, Kip considerou seriamente sair para ir para casa
passar a noite. Ele estava cheio de muito mais do que irritação com Scott.
Seu medo usual de que isso não iria funcionar entre eles a longo prazo
estava se apoderando dele.
Ele amava muito Scott e faria quase qualquer coisa para ficar com ele.
Mas ele não podia mentir sobre quem ele era. E ele não queria mentir sobre
quem Scott era para ele.
— Acho... vou voltar para casa, está bem?
— O que? — Scott pareceu completamente pego de surpresa por
isso. — Por que?
— Eu só... — Kip mordeu o lábio. Ele não queria entrar em uma briga
por nada disso, mas se ficasse, eles iriam brigar porque Kip não podia fingir
que não estava chateado. — Tenho coisas para fazer em casa.
Parecia a mentira que era.
— Por favor, não vá—, disse Scott.
Kip ia insistir que precisava ir embora, mas Scott disse: — Sinto muito.
Kip suspirou. — Você não precisa se desculpar, Scott.
— Bem... eu sinto que sim, certo? E eu gostaria de poder prometer
que as coisas vão melhorar, mas a verdade é... — Ele esfregou a mão no
rosto e praguejou baixinho. — Estou tentando. Eu juro, estou tentando.
Provavelmente não parece, mas cada pequeno passo que damos é um
grande salto para mim.
RACHEL REID
305

— Eu sei —, disse Kip. Ele sabia. Scott até mesmo tentar um passeio
público com ele tinha sido um grande negócio. Eles estavam namorando há
apenas algumas semanas; quanto Kip poderia realmente pedir a ele?
— As coisas vão ficar mais agitadas para mim quando os playoffs
começarem —, disse Scott. — Eu só quero saber se estamos bem.
Kip acenou com a cabeça. — Estamos bem.
— Por favor, fique —, disse Scott. — Eu te amo muito, Kip. Eu preciso
de você. Por favor seja paciente comigo.
E como Kip poderia resistir a isso?
— Eu vou ficar.
CAPÍTULO VINTE E UM

A MULTIDÃO era ensurdecedora, mas Kip ainda conseguiu ouvir


Elena quando ela se inclinou e disse em seu ouvido: — Acho que alguém vai
fazer um ótimo sexo esta noite.
Kip corou e sorriu ainda mais do que já estava. O Admirals tinha
acabado de vencer seu quarto jogo consecutivo na primeira rodada dos
playoffs, varrendo o Pittsburgh classificado e avançando para a próxima
rodada. Kip observou Scott comemorar com seus companheiros de equipe
no gelo. Ele estava tão orgulhoso dele.
Scott tinha cada vez menos tempo para ele conforme os playoffs se
aproximavam. Embora Kip passasse a maioria das noites na casa de Scott,
Scott ficava em casa apenas por cerca de metade deles. Kip disse a seus pais
que tinha dormido com amigos em Manhattan. Ele precisava dizer algo a
eles.
O relacionamento deles ainda era novo - apenas dois meses atrás, na
verdade. Kip se lembrava disso sempre que se sentia frustrado com isso. Ele
às vezes se perguntava se Scott estaria pronto para sair. Para deixá-los ser
um casal de verdade.
Em particular, porém, quando Scott tinha tempo para ele, as coisas
eram maravilhosas.
As duas equipes fizeram fila para apertar as mãos uma da outra. Cada
jogador do time de Pittsburgh parecia ter um momento para dizer algo a
Scott quando eles tinham sua vez com ele. Ele até recebeu alguns abraços
rápidos e masculinos de alguns deles. Isso mostrou o quão respeitado Scott
era, até mesmo por seus oponentes.
RACHEL REID
307

Kip o amava. E ele estava esperando um ótimo sexo esta noite.

KIP ESTAVA escovando os dentes no apartamento de Scott quando


recebeu uma mensagem dele.
Saindo com os caras. Provavelmente será até muito tarde.
Kip tentou não se sentir desapontado. O Admirals tinha acabado de
varrer Pittsburgh dos playoffs! Claro que Scott gostaria de comemorar com
sua equipe.
Ele se sentou na beira da cama de Scott e escreveu de volta. OK.
Divirta-se.
Ele suspirou. A verdade é que ele tinha passado muito tempo sozinho
ultimamente. Não era como se ele não tivesse amigos; ele simplesmente
não tinha amigos que soubessem sobre Scott, além de Elena. Sua família
não sabia sobre Scott. Sua família com a qual ele morava tecnicamente.
Estava ficando mais difícil.
Por melhor que fosse a cobertura de Scott, também era vazia e
solitária. Além disso, não pertencia a Kip. Ele mudou algumas roupas e
artigos de toalete básicos, e seu laptop passou a maior parte do tempo aqui,
mas ele ainda era um convidado.
Qualquer emoção sexy de ter um relacionamento secreto que uma
vez existiu definitivamente se desvaneceu. A desastrosa excursão ao museu
provavelmente matou o resto. Kip estava cansado de ser cuidadoso ao falar
com amigos e familiares. Ele estava cansado das mentiras e meias-
verdades. Ele estava cansado de evitar a todos porque não queria mentir.
Ele sempre foi um cara muito social. Ele não gostou disso.
GAME CHANGERS #1
308

Scott parecia estar muito mais confortável do que Kip com seu
relacionamento estranho. Ele obviamente adorava voltar para casa para
Kip, sempre cumprimentando-o com um sorriso caloroso e um beijo. Até as
atividades domésticas mais básicas, como preparar comida ou assistir à
televisão, pareciam deixá-lo muito feliz. Eles também deixavam Kip feliz,
mas ele estava se sentindo muito... compartimentado. Ele se encaixava na
vida de Scott em casa, e era definitivamente importante para Scott que Kip
assistisse aos jogos, mas além disso não havia nada. Kip não estava
contando a seus amigos sobre Scott, e Scott com certeza não estava
contando a seus amigos sobre Kip.
Não que o relacionamento deles fosse ruim. Kip estava apaixonado.
Totalmente e completamente apaixonado. E ele não tinha dúvidas de que
Scott o amava também. Além disso, sua vida sexual ainda era incrível. Para
um cara com experiência anterior limitada, Scott com certeza encontrou
novas maneiras de surpreender Kip na cama.
Seria ridículo para Kip dizer que se sentia como um prisioneiro no
apartamento de Scott. Não foi isso. Acontece que o relacionamento deles
realmente só existia dentro das paredes da casa de Scott. Era a coisa mais
importante na vida de Kip, e ele não poderia carregá-la além da porta da
frente. Agora que os playoffs haviam começado, Kip havia perdido a
esperança de que Scott pudesse tornar seu relacionamento público em
breve. E quando os playoffs terminassem, o plano de Scott era fugir para a
Europa com ele.
E depois o quê? A próxima temporada de hóquei começaria e Scott
ficaria ocupado e talvez Kip começasse a escola... ou pior, talvez ele
simplesmente continuasse trabalhando em seu trabalho de merda e
RACHEL REID
309

continuasse fingindo não estar namorando ninguém. Fingir que não estava
compartilhando sua vida com um homem que amava. Deixando seus pais
pensarem que ele estava surfando no sofá em Manhattan ou dormindo com
um desfile interminável de homens aleatórios.
Kip jogou seu telefone no colchão. Ele estava sendo egoísta. A cidade
estava comemorando a vitória dos Admirals esta noite. Ele não deveria
estar nada além de orgulhoso e grato por Scott ter dado a ele tudo o que
ele podia.
Scott o amava. Ele sabia disso. Ele só queria que não tivesse que ser
tão complicado.

KIP OUVIU o baque inconfundível de Scott batendo na cômoda,


seguido pelo som dele praguejando baixinho. Kip acendeu a lâmpada de
cabeceira.
— Ei, — ele disse, sua voz áspera.
— Oi, — Scott sussurrou. — Desculpe acordar você. Volte a dormir.
Só estou tirando a roupa.
— Você está um pouco bêbado, hein? — Kip perguntou com um leve
sorriso.
— Um pouco. Na verdade. Pode ser.
Kip se sentou, sorrindo ainda mais agora. — Eu nunca vi você bêbado
antes.
— Não tão bêbado, — Scott murmurou. — Apenas... me diverti.
— Mmm.
Scott tirou a camisa e a calça e foi ao banheiro escovar os dentes. Kip
olhou para a porta, esperando por ele.
GAME CHANGERS #1
310

— Volte a dormir, — Scott disse novamente quando ele voltou. —


Você tem trabalho amanhã.
Era verdade. Kip tinha que se levantar para trabalhar cedo demais.
Scott foi para a cama e beijou Kip rapidamente na bochecha antes de
desligar a luz. Kip franziu a testa na escuridão, querendo dizer algo, mas não
sabendo o quê. E no meio da noite, quando seu namorado está pelo menos
um pouco bêbado e você tem que ir trabalhar em algumas horas,
provavelmente não foi o melhor momento.
— Parabéns pela vitória —, disse ele finalmente. — Estou muito
orgulhoso de vocês.
Mas Scott já estava dormindo.

NÃO AJUDOU que, algumas semanas atrás, houvesse um jantar da


equipe Admirals, onde esposas e namoradas foram convidadas a
comparecer. Parte de Kip queria argumentar que um evento privado como
aquele, onde Scott estaria entre as pessoas que ele considerava sua família,
poderia ser uma oportunidade perfeita para apresentá-lo. Talvez assumir
não precisasse ser um grande negócio. Talvez Scott pudesse apenas...
aparecer com Kip. Deixar seus companheiros tirarem suas próprias
conclusões.
Ele não tocou no assunto com Scott, e Scott nem mesmo deu a
entender que poderia trazer Kip junto. Em vez disso, ele apenas se
desculpou quando lhe contou sobre o jantar. Ele disse que gostaria de
poder trazê-lo, mas era isso.
Kip estava um pouco deprimido desde então.
RACHEL REID
311

Um cliente deixou um dos jornais gratuitos que distribuem nas


estações de metrô em uma mesa de trabalho. Uma foto de Scott, exultante
depois de um dos dois gols que marcou na noite anterior, encheu a primeira
página. Quando Kip olhou para ele, ele se sentiu culpado e emocionado. Ele
era um idiota. Seu namorado era a porra de um herói e ele um idiota ingrato
que esperava que Scott arriscasse tudo que ele trabalhou durante toda a
sua vida? Para ele?
Ele olhou para o rosto exuberante de Scott na capa do jornal e foi
preenchido com a verdade angustiante de que não havia nenhuma maneira
de que aquela coisa com Scott pudesse durar. Como poderia?
Este era o exato momento em que Kip estava quando Maria disse: —
Então... eu tenho que te contar uma coisa.
— Oh?
— Eu coloquei meu aviso.
Kip levou um momento para registrar o que ela havia dito. — Merda.
Mesmo?
— Sim. Hum, meu amigo foi promovido a gerente em uma das
Starbucks em Midtown, e eles estavam contratando...
— Oh.
— Ainda vou ter que tirar minha bunda cedo da cama, mas o salário
é melhor e tem benefícios, sabe? Plano de saúde.
— Sim. Não, sim. Isso é ótimo. Bom para você. — Seu entusiasmo foi
além de forçado.
— Aw, Kip. Eu sinto muito. Eu deveria ter avisado você. Eu só não
queria dizer nada até ter certeza.
— Não, está bem. Não sinta. Está bem! Estou feliz por você. Mesmo.
GAME CHANGERS #1
312

— Ei —, ela disse alegremente, — se eles voltarem a contratar, vou


dar uma boa palavra em seu nome. Se você quiser.
— Ah com certeza. Sim. Pode ser. Obrigado.
— Provavelmente não vou trabalhar lá por muito tempo —, disse
Maria. — Tenho pensado em... academia de polícia.
— Seriamente?
— Provavelmente é idiota...
— Não! Maria, você seria ótima! E poderíamos usar mais bons
policiais, sabe?
Kip trabalhou o resto de seu turno atordoado. Ele não sabia o que
realmente o estava incomodando: que sentiria falta de trabalhar com
Maria, ou que se ressentia dela sair enquanto ele estava preso aqui.
Você também poderia desistir, idiota.
Quando ele voltou para o apartamento de Scott depois do trabalho,
Scott não estava lá. Ele não tinha recebido nenhuma mensagem dele
durante todo o dia.
Resignado a suportar mais uma noite solitária, Kip se arrastou para o
chuveiro e saiu se sentindo um pouco melhor. Ele se perguntou se Scott
estaria em casa para o jantar.
Não era incomum que Scott não mantivesse contato. Não
ultimamente, pelo menos. Os playoffs e tudo o que levou a eles o
consumiram de forma compreensível. Ele havia se desculpado com Kip
antecipadamente pelo pouco tempo que ele seria capaz de dar a ele, o que
era ridículo. Eram os playoffs da Stanley Cup e Scott era a maior estrela da
liga, pelo amor de Deus. Somando-se a isso, Scott, apesar de suas muitas
conquistas, nunca havia ganhado a Copa Stanley.
RACHEL REID
313

Sim, era importante que Kip fosse legal sobre isso.


Quando Scott chegou em casa mais tarde naquela noite, ele parecia
exausto.
— Ei, — Kip disse, beijando-o rapidamente. — O que você estava
fazendo hoje?
— Oh, só... a ESPN pediu que eu e alguns caras gravássemos algumas
promos para a segunda rodada dos playoffs. Demorou mais do que eu
pensava.
— Ah.
— Eu vou... — Scott gesticulou em direção ao quarto. — Longo dia. E
eu tenho uma manhã cedo amanhã.
— Certo. Sim. — Meu dia foi uma merda, obrigado por perguntar.
Scott desapareceu no quarto e Kip afundou no sofá. Ele sabia que
provavelmente estava exagerando porque estava de mau humor para
começar, mas naquele momento ele se sentiu como a porra do bichinho de
estimação de Scott.
E então ele ficou irritado consigo mesmo, porque por que diabos
tinha ele ficado esperando por Scott voltar para casa? Por que essa era sua
vida agora? Ele costumava ir ao Kingfisher o tempo todo - pelo menos uma
vez por semana. E ele ia a clubes. E jantar com amigos. E almoçar com
amigos. E brunch com amigos. Agora ele simplesmente saiu do trabalho e
foi para o apartamento de Scott e esperou que ele voltasse para casa. E se
Scott estava fora, ele ia ao apartamento de Scott e assistia televisão sozinho
até adormecer.
Ele amava Scott. Absolutamente. Mas essa não poderia ser sua vida
a longo prazo. Ele tinha vinte e seis anos!
GAME CHANGERS #1
314

Nas últimas semanas, Kip estivera se preparando para a inevitável


percepção de Scott de que ele era bom demais para Kip. Ou, pelo menos,
por que Kip não valia a pena arriscar toda a sua carreira. Mas talvez ele não
devesse estar esperando por esse momento. Talvez ele devesse iniciar a
conversa. Porque a dolorosa verdade era que, se Scott não tinha planos de
mudar as coisas, Kip não poderia permanecer neste relacionamento.
Kip quase teve vontade de marchar para o quarto naquele momento
e apenas perguntar a Scott, à queima-roupa: — Você vai sair? Eu valho a
pena? —, mas o momento seria terrível. Scott estava obviamente esgotado.
E qual era a resposta que Kip esperava ouvir? Sim. Absolutamente. Eu
sairei publicamente amanhã. Deixa eu pegar o telefone para fazer uma
coletiva de imprensa?
Então Kip não disse nada. Ele apenas assistiu à televisão por um
tempo, então deslizou para a cama ao lado do corpo adormecido de Scott.
Ele olhou para a escuridão por horas, preocupado.

***

SCOTT ENROLOU uma fita preta de hóquei na lâmina de seu taco


usando exatamente o mesmo método que aperfeiçoou quando era
adolescente. Faltavam duas horas para o jogo em Boston.
— Ei, — disse Carter, testando a nitidez da lâmina em seus próprios
patins com o polegar, — você ouviu o que seu namorado estava dizendo?
Scott quase deixou cair seu taco. — O que?
— Rozanov. Murmurando de novo.
— Oh. — Ele relaxou, sentindo-se estúpido.
RACHEL REID
315

— Disse que se sentiria mal por tirar sua primeira vitória na Stanley
Cup.
Ele revirou os olhos. — Tudo bem.
— Disse que seria legal e lhe daria um de seus anéis.
— Caridade.
— Eu não sei sobre você —, disse Carter, — mas estou ansioso para
calá-lo.
Scott arrancou a fita do rolo com os dentes. — Claro que sim.
Além de querer vencer Rozanov, o segundo round foi o ponto em que
o Admirals foi eliminado dos playoffs no ano passado, então era importante
para Scott que eles chegassem ao terceiro round.
Huff entrou no provador comendo uma maçã. Ele se sentou e pegou
seu telefone. — Quem quer ver uma foto fofa dos meus filhos?
— Nós temos uma escolha? — Carter perguntou.
— Não! Confira! — Huff passou seu telefone para Carter, que olhou
para ele e o entregou a Scott.
— Legal —, disse Scott, olhando para os rostos sorridentes do filho e
da filha de Huff, com chocolate espalhado por toda a boca. — Eles estão
ficando tão grandes!
— Eu sei. Eu sinto muita falta, — Huff suspirou. — Eu sinto que tenho
pelo menos mais uma temporada em mim depois disso, mas então eu
tenho que pensar seriamente em conseguir para Laura aquele rancho que
ela sempre quis. — Ele sorriu. — Você pode tirar a garota de Alberta...
— Bem, primeiro vamos conseguir outro anel da Stanley Cup —, disse
Scott. — Então você pode pensar em aposentadoria.
— Quantos vão ser? — Carter perguntou. — Quatro?
GAME CHANGERS #1
316

Huff acenou com a mão. — Quem diabos pode acompanhar?


Carter deu uma risadinha. — Foda-se, velho.
Scott sabia que Huff já havia ganhado quatro Stanley Cups com três
times diferentes. Nenhum com Nova York. Era mais quatro do que Carter
ou Scott.
Scott se sentou e puxou seu próprio telefone. Ele trouxe algumas
fotos recentes de Kip que ele havia tirado. Provavelmente era um risco ter
isso em seu telefone, mas ele tinha que se dar algo, pelo amor de Deus.
Ele se permitiu olhar para o sorriso sexy de Kip por um minuto,
apreciando o calor que o inundava toda vez que o via. Então ele guardou o
telefone no bolso e voltou a fingir que parte de sua vida não existia.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

KIP ESPERAVA que Elena comparecesse aos próximos jogos em casa


com ele, mas quando ele mencionou isso a ela, ela respondeu: Não posso.
Eu não estou na cidade
Kip: Onde você está?
Elena: LA
Kip franziu a testa e respondeu com um ponto de interrogação.
Elena: Trabalho. Explicarei quando voltar.
Esta não era uma boa notícia. Elena era literalmente a única pessoa
que ele poderia levar sem ter que responder a muitas perguntas sobre
como ele tinha dois ingressos excelentes para um jogo esgotado.
Os Admirals venceram o primeiro jogo contra o Boston. Boston
venceu a segunda. Eles estariam jogando o terceiro jogo amanhã à noite
em Nova York.
Scott deve estar em casa logo.
Kip pegou o exemplar da Sports Illustrated na mesinha de centro de
Scott. A foto glamourosa de Scott o encarou de volta. Scott ficou
envergonhado com a capa, mas pareceu ter gostado dela um pouco quando
viu o quanto Kip gostou.
A capa tinha Scott, sem camisa e vestindo calças de hóquei,
segurando um taco de hóquei na parte de trás dos ombros e pescoço. Ele
olhou diretamente para a câmera, frio e desafiador e absurdamente sexy.
A iluminação dramática mostrou cada sulco de seu torso musculoso e
braços.
GAME CHANGERS #1
318

A cópia na capa dizia O RETORNO em letras grandes e brancas. Kip


havia lido o artigo várias vezes. Mencionava que Scott não era casado e não
tinha família sobrevivente. Foi apenas uma frase curta ou duas, quase
improvisada, mas deu ao leitor a impressão de que Scott poderia estar
muito sozinho.
Kip se perguntou se o entrevistador havia perguntado a Scott se ele
estava saindo com alguém. O que Scott teria dito? Apenas um simples
“não”? Ou ele teria corado um pouco, inquieto e murmurado “sem
comentários”? Ou ele teria dito que estava em um relacionamento
gratificante, mas ele escolheu mantê-lo privado?
A partir dessa linha de pensamento, a imaginação de Kip saltou para
um possível cenário futuro, onde Scott se revelaria publicamente e seu
relacionamento se tornasse conhecido. Como seriam os artigos sobre Scott
então? Certamente sua vida amorosa ocuparia muito mais da página do que
algumas frases.
Kip fechou a revista. O núcleo de pavor que parecia estar vivendo em
seu estômago recentemente começou a crescer.
A vida inteira de Scott poderia ser arruinada por causa dele. Ou ele
poderia finalmente estar inteiro e feliz. Ou ele poderia estar inteiro e feliz
com outra pessoa...
Kip esfregou as mãos no rosto. Ele odiava pensar nessas coisas.
Scott entrou pela porta cerca de quarenta minutos depois. Ele sorriu
cansado para Kip, que foi até ele e o beijou. A barba de Scott estava um
pouco cheia.
— Assisti ao jogo ontem à noite —, disse Kip.
— Eu gostaria de ter esse de volta.
RACHEL REID
319

— Você vai ganhar o resto, — Kip o assegurou.


— Você vem amanhã à noite, certo?
— Sim. Sozinho, entretanto. Elena está em LA
— Oh. Isso é muito ruim, — Scott disse distraidamente. Ele parecia
distraído. Provavelmente porque ele era uma pessoa importante com
problemas reais que importavam. Ele não precisava das preocupações
insignificantes de Kip empilhadas em cima dele.
— Rozanov está incomodando você? — Kip perguntou.
— Sim, — Scott suspirou. — Ele é um verdadeiro pé no saco.
— Você quer tomar um banho e descarregar todos os seus problemas
em mim?
Scott deu a ele um pequeno sorriso agradecido. — Sim. OK.
Kip ouviu Scott desabafar a noite toda. Ele guardou seus próprios
problemas para si mesmo.

— ESTÁ FICANDO quieto aqui —, disse Rozanov, fingindo confusão.


— Por que está tão quieto? Tem tanta gente aqui! Deveria estar alto, sim?
— Cale a boca, Rozanov. — Scott se curvou para enfrentá-lo.
— Ele estava alto antes. Mas, desde que marcamos o quarto gol, tudo
está tranquilo. É estranho, eu acho.
Scott cerrou os dentes e garantiu que venceria a porra do confronto.
Rozanov não estava errado. A energia foi sugada do Madison Square
Garden. A multidão da cidade natal estava compreensivelmente insatisfeita
com a vantagem de 4 a 1 que o Boston agora tinha sobre o Admirals. Seria
o segundo jogo consecutivo que o Boston vencia na série, a menos que por
algum milagre Nova York marcasse três gols nos próximos sete minutos.
GAME CHANGERS #1
320

Scott e Carter avançaram em direção à rede, Huff ligeiramente para


trás. Eles executaram a jogada que haviam aperfeiçoado na prática: Scott
passou para Carter, Carter imediatamente jogou de volta para Huff, que deu
o tiro e...
Parado pelo goleiro do Boston.
— Desculpe, Scott, — Huff disse. — Porra.
— Essa foi uma jogada fofa! — Rozanov gorjeou enquanto patinava
por Scott. — Eu adoro hóquei dos velhos tempos!
Ele cutucou Scott, o que levou Scott a empurrá-lo. Duro.
Rozanov cambaleou para trás, então se moveu como se fosse
empurrar Scott para trás. O árbitro, Hal Coleman, interveio. — Vamos,
rapazes. Rozanov, pare de ser um idiota. Hunter, pare de ouvir Rozanov.
— Quantos minutos eu teria se apenas o matasse? — Scott
resmungou enquanto observava Rozanov patinar para longe.
— Eu teria que dar a você pelo menos dez —, disse Hal secamente.
— Não vale a pena nos playoffs.
Scott patinou até o banco.
— Bom esforço, Hunter, — alguém disse, e outros disseram coisas
semelhantes em concordância.
Scott sentou-se com força no banco e resistiu ao impulso de bater
com o taco nas tábuas. Este jogo era um constrangimento completo pra
caralho e era irritante.
Ele olhou através do gelo para onde Kip estava sentado. Ele era fácil
de identificar porque estava próximo a uma das únicas cadeiras vazias no
prédio. Ele estava sentado curvado para a frente, com as mãos cruzadas na
RACHEL REID
321

frente da boca. Apenas uma entre milhares de pessoas ansiosas e


desapontadas no prédio esta noite.
Amanhã a equipe faria uma revisão, eles praticariam e se
reagrupariam. Em duas noites, eles fariam essa multidão rugir.

KIP SAIU da estação de metrô perto do apartamento de Elena e se


arrastou pela garoa fria de abril. Elena estava de volta da Califórnia e
convidou Kip para assistir ao quinto jogo da série New York vs. Boston. Ele
estava ansioso para vê-la. Ele estava ansioso para ver alguém.
Os Admirals se recuperaram e venceram o segundo jogo em casa
contra o Boston, empatando a série com duas vitórias cada. As séries de
playoffs da NHL eram todas melhores de sete, então a série iria a pelo
menos seis jogos.
Scott tinha estado muito distante nos últimos dias. Ele mal falava e
parecia não ouvir quando Kip dizia alguma coisa para ele. Além dos jogos,
ele teve reuniões e treinos e sessões de ginástica. Ele estava focado em
vencer o Boston, o que Kip entendia perfeitamente.
E era por isso que as coisas estavam um pouco frias entre eles. Essa
era a única razão. Ele dizia isso a si mesmo quase constantemente.
Scott tinha partido para Boston ontem, enquanto Kip estava no
trabalho. Ele nem mesmo disse adeus.
Kip estava feliz por Elena estar de volta.
— Ah, você está todo molhado e com frio —, disse ela ao abrir a
porta. — Entre. Eu pedi pizza. Eu tenho cerveja.
— Eu amo você.
GAME CHANGERS #1
322

Ela esperou até o primeiro intervalo para lançar uma bomba sobre
ele. — Tenho algumas novidades —, disse ela. — A Equinox está abrindo
uma sede na Costa Oeste.
— Oh sim?
— Sim. E... eles querem que eu gerencie a equipe de segurança
cibernética lá.
Kip demorou um pouco. — Você está se movendo? — Ele perguntou.
— Temo que sim.
— Quando? Quer dizer... O quê? Você está indo?
— Próximo mês.
— No próximo mês?
Ela colocou a mão sobre a dele. — Sim, — ela disse. — Lamento lançar
isso em você assim.
— Porra. Isso é péssimo. Quer dizer, parabéns, mas...
— Obrigado.
— Não mesmo. Estou orgulhoso de você. Apenas... Droga.
— Eu sei. Eu irei sentir sua falta também.
— Isso nem mesmo começa a descrever —, disse Kip
miseravelmente.
— Aw, querido. Você virá visitar. Você e Scott, ok?
— Sim... — Esse dia iria acontecer, onde ele e Scott poderiam viajar
juntos como um casal na América do Norte? — Merda, eu não posso
acreditar que você realmente está indo embora. Será como... perder minha
perna ou algo assim.
Ela apertou a mão dele. — É muito pior do que isso —, disse ela com
um sorriso irônico.
RACHEL REID
323

— E AI, como vai? — Scott perguntou. Pareceu a Kip que ele pegou
Scott em um momento ruim. Mas ele esperou até a manhã seguinte ao jogo
cinco em Boston (que os Admirals haviam vencido) para ligar.
— Desculpe. Você está... posso ligar mais tarde?
— Está bem. O que é isso?
Kip ficou um pouco surpreso. Scott nunca perguntou por que ele
estava ligando. Eles apenas... ligavam um para o outro.
— Só... tive um dia meio horrível ontem.
— Oh. OK. O que aconteceu?
— Elena está se mudando para a Califórnia. Ela foi promovida e a
Equinox está abrindo uma nova divisão lá.
— Bom para ela!
— Sim. Isto é. Mas... é péssimo para mim.
— Certo. Sim.
— Sim.
— Desculpe —, disse Scott. — Acho que estou acostumado com a
mudança dos meus amigos. Sendo negociado e outras coisas.
— Oh.
A conversa deles era tão dura. Kip odiava.
— É isso? — Scott perguntou.
— É o que é?
— Elena está se movendo. Essa é a única razão pela qual seu dia foi
uma merda?
Agora Kip estava ficando com raiva. — É um bom motivo.
— Eu sei... Só... eu tenho que ir. Estamos indo para o aeroporto...
GAME CHANGERS #1
324

— Certo. Sim. Desculpe.


— Não sinta... — Scott suspirou. — Falo com você mais tarde, certo?
— OK.
Eles encerraram a ligação e Kip saiu miseravelmente da sala de
descanso do trabalho. Ele imediatamente verificou as geladeiras para ver o
que precisava ser reabastecido. Ele não tinha vontade de lidar com os
clientes agora.
Por que diabos ele estava bravo? Que sua vida de merda estava
mudando? Que as pessoas ao seu redor estavam melhorando a si mesmas?
Não era como se ele quisesse que tudo permanecesse igual para sempre.
Ele tinha seu coração secretamente determinado naquele trabalho no
museu até recentemente. Mesmo agora, ele estava esperando uma
resposta das escolas de pós-graduação. Ele não poderia estar bravo com
seus amigos por seguirem em frente.
Ele não estava bravo. Ele estava apenas frustrado e sentindo pena de
si mesmo. E se preparando mentalmente para ser rejeitado nas escolas às
quais se candidatou, ao mesmo tempo em que seus amigos anunciavam
novos e melhores empregos.
Talvez ter que ficar quieto sobre seu relacionamento com Scott o
estivesse fazendo ansiar por notícias sobre as quais pudesse contar.
Talvez se ele não tivesse que ficar quieto sobre seu relacionamento
com Scott...
Porra. Nesse ritmo, provavelmente não haveria um relacionamento
com Scott para ficar quieto.
RACHEL REID
325

QUANDO SCOTT voltou para seu apartamento em Manhattan, Kip


não estava lá.
Scott sabia que ele não estava mais no trabalho. Ele se perguntou se
ele estava fora em algum lugar, ou se ele simplesmente não estava mais lá.
Ele não falava com ele desde o tenso telefonema naquela manhã.
Ele decidiu mandar uma mensagem para ele. Ei. Acabei de chegar em
casa. Você vai ficar aqui esta noite?
Demorou alguns minutos para obter uma resposta.
Kip: Não. Estou em casa esta noite. Coisas de família.
Kip não mencionou nada de família. Scott teve a nítida impressão de
que estava sendo jogado fora.
Scott: Oh. Lamento ouvir isso.
Ele esperou.
Kip: Parabéns pela vitória na noite passada.
Scott relaxou um pouco. Isso foi algo, pelo menos.
A menos que Kip estivesse sendo sarcástico...
Mas isso seria ridículo. Certo?
Scott: Obrigado.
Ele tentou pensar em algo para adicionar que não soasse agressivo,
zangado, desesperado ou paranoico ou...
Scott: Espero ver você em breve.
ECA.
Kip: Ok.
Uau. Isso não foi bom.
Scott: Você está em casa agora?
Kip: Sim.
GAME CHANGERS #1
326

Scott mordeu o polegar, tentando decidir o que dizer a seguir.


Scott: Você vem para o jogo amanhã à noite?
Kip: Se você quiser.
Scott: Claro que sim! Você está com raiva de mim?
Houve uma longa pausa e então:
Kip: Não. Vejo você no jogo.
A sobrancelha de Scott franziu. Ele não tinha ideia de como lidar com
isso. Ele estava acostumado a ter a liberdade de se concentrar em sua
equipe e em seu jogo, em sua própria saúde e forma física e em seu
contrato e acordos comerciais. Ele nunca se concentrou em sua própria
felicidade. E ter a felicidade de outra pessoa afetada por ele era
simplesmente... assustador. Provavelmente uma receita para o desastre.
Ele não tinha ideia do que estava acontecendo ou como consertar. O
que ele sabia era que ele realmente não precisa nenhuma distração agora.

KIP NÃO estava mentindo sobre as coisas de família. Sua irmã e seu
namorado iriam jantar com eles, então ele se certificou de que ele estaria
lá também.
A refeição tinha sido boa, com muita conversa sobre o cachorrinho
que Megan e Andrew esperavam adotar. Kip temeu que a conversa se
concentrasse nele e que ele teria que mentir para sua família ainda mais do
que já tinha mentido. Como resultado, ele fez muito mais perguntas sobre
o filhote do que normalmente faria.
Foi depois do jantar quando Megan o encurralou. Andrew foi até a
cozinha para ajudar na limpeza e ela agarrou o braço de Kip e puxou-o para
cima.
RACHEL REID
327

— Então, o que está acontecendo com você, Kip? — Ela perguntou.


— Mamãe diz que você quase nunca está mais aqui. Você está saindo com
alguém ou algo?
Porra.
— Nah, — ele disse o mais suavemente possível. — Apenas, você
sabe, surfando principalmente no sofá. Economiza tempo no trajeto para o
trabalho pela manhã.
— Hm —, disse ela.
— O que?
— Você está feliz, Kip?
Ele encolheu os ombros. — Certo. Não sei.
— Me preocupo com você.
Kip fez uma careta. — Por que? Quase não falamos mais. Estou bem.
— Você ainda é meu irmão mais novo. Você não pode ser feliz
morando aqui com mamãe e papai, dormindo no sofá de amigos, saindo
com caras aleatórios e trabalhando naquele emprego que você odeia.
— Jesus, Meg. Algo mais?
— Eu sinto muito. Só quero ver você feliz, só isso.
— Estou bem —, disse ele novamente. Ele suspirou e acrescentou: —
Eu me inscrevi em algumas escolas de pós-graduação, certo? Só esperando
ouvir de volta. Não diga a mamãe e papai.
— Impressionante! Isso é ótimo!
— Bom. Deixa-me em paz.
Ele gostava muito de Megan. Eles sempre se deram bem, mesmo que
tenham se distanciado um pouco nos últimos anos. Ele queria dizer a ela
que na verdade estava hospedado no apartamento de seu namorado. Ele
GAME CHANGERS #1
328

queria dizer a ela que estava apaixonado pela primeira vez. Ele imaginou o
rosto dela se dissesse que estava namorando Scott Hunter.
Naquele momento, ele não sentiu como se estivesse namorando
Scott Hunter. As coisas tinham ficado tensas e distantes entre eles
ultimamente, e Kip tinha certeza de que sabia por quê.
Às dez horas ele foi para a cama. Ele teve que acordar mais cedo para
trabalhar no dia seguinte, já que ele estaria viajando diariamente do
Brooklyn novamente. Seu estômago apertou em torno do pavor que
parecia um caroço dentro dele. Ele estava tão certo de que seu
relacionamento com Scott estava condenado que se sentiu compelido a
apenas arrancar a bandagem rapidamente. Apenas termine agora para que
ele não precise sofrer mais tarde.
E talvez, um dia, ele pudesse acordar em seu quarto na casa de seus
pais, arrastar-se para seu trabalho de merda e lembrar com carinho o breve
período de sua vida em que viveu a fantasia de ser o namorado de Scott
Hunter.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

— BOA NOITE, Ilya —, disse Scott. Ele estava parado em frente a


Rozanov no círculo de confronto, pronto para a primeira queda do disco no
jogo.
— Não se preocupe, meu velho —, disse Rozanov com um sorriso. —
Sei que você deve estar ficando cansado. Vou garantir que você perca para
que possa começar suas férias de verão.
— Meus únicos planos de verão envolvem um desfile da Stanley Cup.
Eles se curvaram para o confronto, e Scott piscou para ele.
Scott venceu o confronto direto.
Ele tinha dois bons motivos para vencer este jogo. Obviamente, ele
queria vencer a série e passar para a próxima rodada dos playoffs, mas
vencer esta noite também lhe daria alguns dias de folga aqui em Nova York.
E ele queria usar um pouco desse tempo para consertar o que diabos estava
acontecendo entre ele e Kip.
Ele podia ver Kip sentado em seu assento habitual. Isso foi
reconfortante. Scott não tinha certeza do que ver aquele assento vazio teria
feito com ele, psicologicamente. Ele já estava lutando para manter o foco.
Ele iria ganhar este jogo. Ele falaria com Kip. Ele iria para a próxima
rodada com a mente aberta. Ele ganharia aquela rodada, e a próxima
rodada, e ele finalmente, finalmente levantaria aquela taça sobre sua
cabeça.

***
GAME CHANGERS #1
330

QUANDO SCOTT voltou para casa depois do jogo, Kip não estava lá.
Foi a segunda noite consecutiva. Algo estava definitivamente errado.
Ele enviou uma mensagem para Kip. Eu vou te ver esta noite?
A resposta demorou alguns minutos. Não. Desculpe. Estou muito
cansado.
Porra.
Acho que você está com raiva de mim, Scott escreveu.
Ele observou os três pontinhos piscando em sua tela pelo que
pareceu uma eternidade. Então, podemos conversar? Amanhã?
Sim. Venha aqui assim que puder amanhã. OK?
OK.
Scott sentou-se com força em sua cama. Ele se sentiu mal. E um
pouco zangado. O que diabos ele fez para merecer esse ombro frio?
Ele adivinhou que descobriria amanhã.

KIP RESPIROU fundo e abriu a porta do apartamento de Scott. — Olá?


— Ele gritou.
Scott apareceu imediatamente. Ele estava vestido com um moletom
aconchegante. Sua barba estava realmente cheia agora, fazendo-o parecer
robusto e lindo. Kip colocou no chão a mochila que trouxera com otimismo.
— Oi, — Scott disse timidamente.
— Oi. Parabéns. Aquele foi um grande jogo. — Kip parecia tão
estranho quanto se sentia.
— Obrigado. Estou feliz que você estava lá.
Kip assentiu, sem saber o que fazer ou dizer.
RACHEL REID
331

Scott se aproximou. — Posso beijar você? — Ele perguntou. — Sinto


que preciso perguntar a você agora, e não sei por que, mas... posso?
Kip exalou, tentando relaxar os nervos. — Sim. É claro.
Scott sorriu e fechou a distância entre eles. Ele segurou o rosto de Kip
por um momento, olhando para ele com olhos tristes, antes de roçar seus
lábios contra os de Kip. A barba fez cócegas no rosto de Kip, que suspirou e
aprofundou o beijo. Foi tão bom.
Quando eles se separaram, Scott disse: — Devíamos conversar, eu
acho.
— Sim. Eu acho que devemos.
Eles foram para o sofá e Kip se sentou e olhou para as mãos postas.
— Eu sinto que fiz algo errado, — Scott começou. — Estar com
alguém é novo para mim e tenho certeza que estou estragando tudo. Mas
não consigo descobrir exatamente o que fiz, então esperava que você
pudesse me dizer.
Kip se virou rapidamente para encará-lo. — Você não fez nada, — ele
disse honestamente. — Não consigo nem entender por que estou tão...
chateado. Eu acabei de...
— Por favor —, disse Scott. — Dê-me algo.
— Tudo bem... — Kip disse lentamente. — Eu não gosto de mentir
para meus amigos e família, ou esconder meu relacionamento com você.
Isso... — Ele gesticulou entre eles. — Nós. É a coisa mais importante da
minha vida. É... a melhor coisa que já aconteceu comigo. E eu tenho que
manter isso em segredo.
— Eu sei. E eu disse a você...
Kip ergueu a mão. Scott parou de falar.
GAME CHANGERS #1
332

— Não é assim que os relacionamentos devem funcionar. É assim


que... os negócios funcionam. Segredos sujos. Não tenho vergonha de você.
De forma alguma. E não tenho vergonha de mim. Nunca tive vergonha de
mim mesmo e estou fora desde os dezoito anos.
Scott mordeu o lábio. — Eu fui honesto com você esse tempo todo.
Eu queria ter certeza de que você sabia no que estava se metendo.
— Eu sabia. Eu sei. Mas também sei que não é assim que quero que
seja esse relacionamento. Não quero ser seu segredo. Mas... estou
preocupado, que se eu pressioná-lo - se eu pressioná-lo a ser honesto sobre
nós, ou pelo menos sobre você - você vai perceber que não valho a pena o
aborrecimento.
Scott parecia que Kip tinha dado um soco no estômago. — Deus —,
disse ele em voz baixa. — Não, Kip. Não, eu nunca pensaria isso!
— Estar com você tem sido incrível, mas também é... solitário. E... —
Kip engoliu em seco. Ele precisava tirar a próxima parte. — Não sei por
quanto tempo mais poderei fazer isso.
Scott olhou para ele suplicante. — Eu sei que estou sendo egoísta,
pedindo para você guardar esse segredo. Eu sinto muito por isso. Mas
também estou protegendo você. Eu não acho que você percebe o quanto
sua vida mudaria se isso vazasse.
— Minha vida já mudou. E não apenas no bom sentido, Scott. Sinto
como se tivesse sido empurrado de volta para o armário. Não é você ser
famoso ou o que quer que esteja tornando isso difícil para mim. Nunca
estive com alguém que tem vergonha de quem é.
— Não tenho vergonha! — Scott argumentou.
Kip cruzou os braços e lançou-lhe um olhar penetrante.
RACHEL REID
333

— Eu não tenho! — Scott disse. — Não acho que haja nada de errado
comigo. Por ser... gay. Definitivamente, não acho que haja nada de errado
em estar apaixonado por você. Mas minha vida tem muito pouco a ver com
o que penso. Há muita responsabilidade sobre meus ombros. Eu represento
algo importante para muitas pessoas.
— E você não pode fazer isso e também ser gay?
— Não, de acordo com a maioria deles, não.
— Então, mostre a eles que eles estão errados! — Kip disse isso muito
alto. Sua voz ricocheteou nas paredes do condomínio de Scott.
Ele pensou que Scott fosse gritar com ele, mas em vez disso, ele
pareceu murchar. — Eu simplesmente não... nosso tempo juntos tem sido
longe de tudo isso. Tem sido... bom.
— Uma fuga, você quer dizer?
— Não! Já disse que não é isso - você faz parte da minha vida. Não é
uma distração disso. Nunca, Kip. Eu prometo.
— Mas estou separado do resto da sua vida —, argumentou Kip, — e
pior do que isso, você está escondendo quem você é.
— Eu tenho que.
— Você? — Kip exigiu. — Você tem certeza? Qual é o pior que poderia
acontecer?
— Eu não posso! Agora não. Os playoffs...
Kip respirou fundo. — Não estou pedindo que você faça nada agora,
mas você precisa começar a pensar seriamente em se assumir. Ou pelo
menos não se esconder. Você não tem que fazer uma grande declaração.
GAME CHANGERS #1
334

A postura de Scott endureceu. — Você tem alguma ideia de quão


grande seria o circo da mídia se eu aparecesse? Se as pessoas soubessem
que eu estava namorando você?
Kip encolheu os ombros. — Então, seu plano é manter isso em
segredo para sempre?
— Não.
— Ou até você perceber que está fora do meu alcance e seguir em
frente?
— Kip...
— Você só espera que eu me esconda em seu apartamento até que
você precise de mim?
— Não! — Scott disse. Ele estava com raiva agora. Ele levantou-se. —
Não acredito que você está sugerindo nada disso! Eu te tratei mal? Eu não
mostrei o quanto você significa para mim?
— Eu não posso dizer que mostrou muito para você. Você está
obviamente com vergonha de estar comigo.
Kip sabia que não deveria ter dito isso no momento em que as
palavras saíram de seus lábios. Mas em vez de recuar ou se desculpar, ele
olhou para Scott e cruzou os braços, esperando.
— É isso mesmo o que você pensa? — Scott perguntou. Sua voz
estava baixa, mas havia raiva e mágoa nela. — Que tenho vergonha de ser
visto com você? Você sabe que não é isso.
— Eu não sei de nada, Scott! Eu apenas espero aqui. Em sua
cobertura. — Ele passou a mão pela espaçosa sala de estar para dar ênfase.
— Fico aqui sozinho e imagino como seria ter encontros normais com você
ou, sei lá, contar aos meus pais que tenho namorado!
RACHEL REID
335

— Diga a eles! — Scott gritou. Ele ergueu as mãos. — Porra, conte


para o mundo inteiro, Kip! Eu acho que você sabe o que é melhor!
— Eu sei que não sou quem eu sou!
— Você sabe quem eu sou? Não posso ser apenas Scott de Rochester,
certo? Tenho sido uma merda de mercadoria desde que era adolescente.
Eu sou uma marca há quase tanto tempo. Não tenho o luxo de ser apenas
eu. Não posso tomar decisões sobre minha vida de forma independente. As
pessoas dependem de mim!
— Certo. Não queira que sua marca sofra. Não quero manchar isso
com sua homossexualidade.
Scott bufou. — Você não tem porra de ideia, Kip. Nenhuma.
— Acho que não —, disse Kip com firmeza.
— São os playoffs. Não sei se você entende o quão grande isso é. Eu
tenho uma equipe - uma cidade - dependendo de mim. É tudo para mim,
certo?
A picada de lágrimas finalmente atingiu os olhos de Kip. Ele acenou
com a cabeça e apertou a mandíbula. Tudo.
— Eu vou, — ele conseguiu dizer.
Scott estendeu a mão como se fosse impedi-lo, mas, em vez disso,
deixou cair o braço, acenou com a cabeça e disse: — Tudo bem.
Kip pegou sua mochila e saiu.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

KIP ESTAVA bêbado.


Scott estava em Detroit e Kip estava bêbado.
Ele assistiu a um período do jogo fora de casa dos Admirals antes de
deixar a casa dos pais e pegar o trem para o Village. Ele pensou em mandar
uma mensagem de texto para Shawn para ver o que ele estava fazendo,
mas ele realmente não queria falar com ninguém de qualquer maneira.
Agora ele estava em um dos banquinhos do bar do Kingfisher. O fofo,
maravilhoso e sedutor Kyle tinha posto canecas na frente dele a noite toda.
Era tarde. Kip percebeu, com alguma surpresa, que não havia mais
muitas pessoas no bar.
— Última chamada, sexy, — Kyle falou lentamente. Seus lábios se
curvaram em um pequeno sorriso sugestivo que deixou Kip hipnotizado.
O cabelo de Kyle era loiro, como o de Scott. Seus olhos eram azuis,
mas não como os de Scott. Os de Kyle eram azul-acinzentados desbotados.
Eles foram muito legais. Sua franja continuava caindo neles. Kip queria
estender a mão e afastar o cabelo.
Ele estava bêbado demais.
— Tudo bem —, disse ele, com um sorriso sedutor, — ia sair de
qualquer maneira.
— Você tem planos? — Kyle perguntou.
— Eu não sei. Casa, eu acho.
Kyle sorriu e se inclinou para frente com os cotovelos no bar. Seu
rosto estava de repente muito perto. — Para que lado você vai?
— Brooklyn.
RACHEL REID
337

— Parece que estamos indo na mesma direção, então. Eu poderia ir


com você até o metrô?
E Kip deveria ter parado a coisa toda ali mesmo. Tinha uma má ideia
escrita nele.
Mas, porra, era bom flertar assim. Ter alguém tão aberto e honesto
sobre quem é e o que quer. Kip se sentia como antes.
— Vou terminar aqui em cerca de vinte minutos. Então vou me
certificar de que você chegue em casa em segurança, ok?
Kip estava pronto para recusar educadamente, mas em vez disso se
ouviu dizer: — Tudo bem.
Kyle sorriu e deslizou um copo d'água na frente dele. — Beba isso.
Estarei com você em breve.
A água estava fria e Kip nem havia percebido o quanto seu corpo
estava ansiando por ela. Foi legal da parte de Kyle pensar em dar a ele. Kyle
parecia legal.
Deus, Kip queria sentir qualquer coisa além do desespero que o
consumia desde que saiu do apartamento de Scott. Ele não deveria ter
partido. Ele deveria ter ficado e conversado com Scott. Ele sabia disso
agora.
Mas era tarde demais. Obviamente, era tarde demais. A essa altura,
Scott com certeza percebeu que Kip não valia a pena se preocupar.
Pelo menos havia Kyle. Kyle em seus jeans desbotados e sua camiseta
justa com gola em V. Kyle com a franja flácida, os olhos de inverno e o
sorriso sedutor. Kyle não iria julgar Kip por foder completamente a melhor
coisa que já aconteceu com ele - que iria acontecer com ele. Kyle iria
GAME CHANGERS #1
338

acompanhá-lo até a estação de metrô porque ele era bom e prestativo. E


fofo, mas essa parte não era importante.
De repente, Kyle estava de paletó. Ele não estava mais atrás do bar.
Ele estava de pé ao lado do banco do bar de Kip. — Vamos lá, embriagado.
Kip desceu do banquinho e seguiu Kyle para fora. Eles caminharam
juntos um pouco pelo quarteirão e Kip apreciou o ar fresco da noite. Kyle
não falava muito, o que era bom porque Kip estava com sono e não achava
que conseguiria conversar agora.
A mão de Kyle se enrolou em torno do bíceps de Kip enquanto eles
caminhavam. — Olá, músculos, — ele brincou. — Você tem braços lindos,
sabe. Tenho os admirado.
— Oh? — Kip sorriu desleixadamente. Ele tinha belos braços,
caramba, e ele apreciou que alguém tivesse notado.
— Mmm. E um sorriso lindo. Olhe para essas covinhas!
Kip sorriu ainda mais, mostrando um pouco as covinhas. Os elogios
foram fantásticos.
Kyle parou de andar. — Eu realmente gostaria de beijar você —, disse
ele. — Posso?
Oh.
Não.
— Hum...
A sobrancelha de Kyle se franziu. — Não é isso que você quer? Eu
pensei que estávamos...
Merda.
RACHEL REID
339

O rosto de Kyle estava tão perto, e os olhos de Kip pousaram


involuntariamente em seus lábios. Isso era ruim, não era? Kip estava com
Scott. Ele estava com Scott?
Kyle deve ter interpretado o que quer que estivesse acontecendo no
rosto de Kip como um convite, porque ele se inclinou e pressionou seus
lábios. E por um segundo, Kip ficou muito atordoado, muito confuso, muito
bêbado para fazer qualquer coisa além de beijá-lo de volta.
Kyle beijava bem.
Mas, puta merda, não!
Kip o empurrou e tropeçou para frente.
— Ei, que porra é essa? — Kyle disse, se controlando antes de quase
cair de bunda.
— Foda-se, — Kip murmurou. — Isso foi... eu não posso fazer isso. Eu
não estava procurando - sinto muito.
— Você está bem?
— Sim! Só... eu preciso ir. Onde está o - Foda-se. Onde fica o metrô?
— Dessa maneira. Você quer que eu...?
Mas Kip já havia saído correndo.

— VOCÊ ESTÁ bem, cara?


Scott virou a cabeça para encontrar um Carter de aparência
preocupada. — Sim. Tudo bem. Por que?
— Você parece muito longe de estar bem, Scotty.
Scott olhou para a frente do ônibus. Sua equipe estava indo do hotel
à arena em Detroit para começar a próxima rodada dos playoffs, e agora
não era hora de pensar em seus problemas pessoais.
GAME CHANGERS #1
340

— Estou bem.
— Tem certeza que não está ficando doente ou algo assim? Você
parece cansado.
— Largue isso —, Scott retrucou. Na verdade, ele estava exausto. Ele
não dormia bem há dias.
E agora ele estava pensando em seus problemas pessoais. Droga,
Carter.
Ele ainda não tinha certeza do que diabos tinha dado errado - se ele
estava com raiva de Kip, ou de si mesmo, ou de ninguém. Ele estava
completamente infeliz. Ele se sentia como se estivesse sentindo uma dor
física real, mas não como uma contusão ou ferimento; ele poderia suportar
isso. Isso estava queimando cada parte dele de uma vez. Ele queria gritar,
chorar ou socar alguma coisa. Ou apenas se esconda onde ninguém pudesse
vê-lo.
Infelizmente, ele tinha uma equipe para liderar à vitória.
Maldição, Kip.
Kip fora injusto? Ele estava errado?
Definitivamente, sobre algumas coisas. Como, como Scott era ele
sempre ia pensar que Kip não valia a pena? Se alguém perguntasse a Scott
do que ele estaria disposto a desistir por Kip, a reação automática de Scott
seria tudo.
Mas quando ele pensou sobre isso, isso não era realmente verdade.
E quando ele pensou um pouco mais sobre isso, ele percebeu que ninguém
estava pedindo para ele desistir de tudo.
RACHEL REID
341

Além disso, Kip havia desistido de muito. Ele havia se distanciado de


seus amigos, de sua família. Ele ajustou sua vida para acomodar Scott. O
que Scott ajustou?
Nenhuma coisa. Ele tinha acabado de tentar colocar Kip onde quer
que ele se encaixasse em sua vida ridícula e de alto perfil.
Ele não achava que tinha sido irracional, pedindo a Kip para ser
paciente com ele enquanto ele bolava um plano. Não havia nenhuma
maneira de Kip esperar que ele apenas anunciasse sua sexualidade para o
mundo. Eles estavam namorando há apenas alguns meses.
Mas alguns meses ou não, Scott estava apaixonado. Antes daquele
primeiro beijo glorioso, ele se resignou a uma vida sem romance. Ele nunca
esperava que nada disso acontecesse. Isso tinha virado seu mundo de
cabeça para baixo. E agora ele amava tanto Kip que mal conseguia se
lembrar dos anos solitários anteriores. Ele sabia, em apenas algumas
semanas, que queria compartilhar o resto de sua vida com Kip. Foi
impressionante.
Ele queria, mas agora Kip se foi. E Scott não tinha ideia de como trazê-
lo de volta porque não tinha experiência com esse tipo de coisa. E talvez
não fosse justo para Kip ir atrás dele. O que Scott poderia prometer a ele
que seria diferente? Ele estava no meio dos malditos playoffs; não havia
nenhuma maneira de ele sair antes que eles terminassem. E depois disso...
Ele realmente não sabia. Quando ele tentou se imaginar saindo, isso
o encheu de pavor. Por um lado, se ele fizesse isso, ele sempre seria - o
jogador de hóquei gay. Mesmo que seus companheiros de equipe, os fãs, a
imprensa e os patrocinadores o aceitassem, suas conquistas no gelo sempre
ficariam em segundo plano em relação à sua sexualidade.
GAME CHANGERS #1
342

Scott era a pessoa mais reservada que ele poderia ser dadas as
circunstâncias. Ele não tinha nenhuma conta de mídia social. Ele não ia a
clubes ou mesmo restaurantes com tanta frequência. Ele não tentou ser
visto (para grande desgosto de seu agente). Ele não fazia entrevistas
pessoais investigativas e geralmente não falava muito sobre si mesmo.
Ele conseguiu manter um pouco de sua privacidade porque
convenceu o mundo de que não havia nada de interessante nele. Ele era
bom no hóquei, tentava ser uma boa pessoa e pronto.
Ser gay seria, sem dúvida, algo que o mundo acharia interessante.
Ele não conseguia pensar em nada disso agora. Ele precisava se
concentrar. Sua equipe, sua cidade, dependia dele.

— CHEGA, HUNTER! O suficiente!


O árbitro puxou Scott rudemente para longe do homem no gelo.
Scott lutou contra ele, mas um juiz de linha segurou seu outro braço e
ajudou a puxá-lo para longe do jogador ensanguentado do Detroit.
Scott olhou para o rosto esmurrado do homem e para seus próprios
nós dos dedos arrebentados. A adrenalina começou a diminuir e a
compreensão do que ele tinha acabado de fazer apareceu.
— Merda —, disse ele.
Lutar nos playoffs foi ruim. Foi estúpido, imprudente e
potencialmente caro. Scott geralmente não era o tipo de jogador que
entrava em lutas reais no gelo. Ele era valioso demais para isso.
Seu oponente se levantou, lentamente. Scott ficou aliviado ao ele se
levantar. Ele ficaria bem.
RACHEL REID
343

O rosto de Scott doeu. Ele cuspiu sangue no gelo e foi atingido por
outra onda de arrependimento.
Ele deixou que os oficiais o levassem para a área de penalidade. Huff
patinou com as luvas, capacete e taco de Scott, retirados do gelo. Ele não
disse nada. Scott acenou com a cabeça para ele e desviou o olhar.
Porra.
Eles caíram 4–1 no terceiro período. Scott não dormia mais do que
algumas horas em dias. Ele era um barril de pólvora, e o número quatorze
do time de Detroit jogou com fósforos a noite toda.
A que finalmente acendeu a raiva de Scott foi a palavra que ele era
tão bom em bloquear desde que era adolescente.
Bicha.
E Scott tinha acabado por perder o controle. A palavra que foi
espalhada - no gelo e no vestiário - tantas vezes que mal significava nada,
de repente significava muito. E quando os punhos de Scott colidiram com o
rosto daquele idiota, ele quis dizer a ele. Ele queria que ele soubesse
exatamente em quem estava batendo em seu rosto. Um chupador de pau.
Um homo. Uma porra de viado está prestes a quebrar a porra da sua
mandíbula.
Mas agora que tudo acabou, agora que Scott trocou golpes com o
cara na frente da multidão e das câmeras de televisão até que ele acertou
um soco que o jogou no gelo, e então continuou batendo nele e batendo
nele...
Porra. Droga.
Algum modelo de merda.
GAME CHANGERS #1
344

Scott pegou uma garrafa de água e borrifou o rosto, limpando o


sangue e o suor. Ele esguichou um pouco na boca e cuspiu. Ele olhou para
as próprias mãos. Havia cortes, mas nada sério, embora os nós dos dedos
estivessem um pouco inchados, com certeza. Ele flexionou os dedos. Nada
quebrado.
Ele se sentiu mal. Ele se sentiu humilhado, sentado na área do pênalti
pelos próximos cinco minutos, com toda a multidão tendo acabado de
testemunhá-lo enlouquecendo completamente.
Ele estava perdendo a cabeça. Ele estava livre. Ele precisava
encontrar uma âncora.
Por enquanto, ele só poderia sentar na caixa de pênaltis maldita e
assistir seu time perder. De novo.

NA TENTATIVA de se sentir um pouco menos infeliz, Kip se arrastou


até a Union Square Barnes & Noble depois do trabalho. Ele normalmente
achava as livrarias calmantes.
Não estava funcionando dessa vez.
Já fazia uma semana desde que ele saiu do apartamento de Scott.
Uma semana desde que ele teve qualquer contato com Scott. Ele tinha visto
que os Admirals haviam perdido os primeiros dois jogos da série contra o
Detroit e não podia deixar de se sentir parcialmente responsável, mesmo
que isso fosse ridículo.
Scott estaria de volta à cidade hoje, se já não estivesse.
Kip queria tanto vê-lo que doía. O trem que ele havia tomado naquela
manhã estava cheio dos anúncios mais recentes de Scott na Gillette. Kip
RACHEL REID
345

manteve os olhos no chão para não ter que olhar para o queixo áspero e
esculpido de Scott. Ou seus lábios macios. Ou seus olhos azuis.
Estava realmente acabado entre eles? Isso era possível? Ele deveria
entrar em contato com Scott?
Uma criança gritou em algum lugar da loja, e Kip percebeu que ele
estivera olhando, olhos desfocados, para uma prateleira na seção de
história europeia por provavelmente cinco minutos. Ele piscou, deu um
passo para trás e colidiu com alguém.
— Oh Deus. Desculpe. — Kip se virou para encarar sua vítima. Era um
jovem de cabelos loiros, óculos e um lenço leve enrolado no pescoço.
Era Kyle. Kip pisou em Kyle.
— Oh. Hum, oi, — Kip gaguejou.
Jesus. Quais são as hipóteses?
— Kip! — Kyle disse, claramente chocado por não conseguir nem
mesmo ir à porra de uma livraria sem ter que lidar com a bagunça de Kip.
Kip respirou fundo. É melhor acabar com isso. — Ouça, sobre a outra
noite...
— Esqueça —, disse Kyle, acenando com a mão com desdém. — Você
obviamente está passando por algo e não estou interessado em piorar as
coisas. E eu sinto muito se eu fiz piorar. Eu não deveria ter vindo para você
assim. Foi irresponsável da minha parte.
— Está tudo bem —, disse Kip. — Quer dizer, estou lisonjeado e tudo
mais, mas, sim. Como você disse. Estou passando por algo.
Os olhos de Kip de repente ardiam, o que era ótimo, porque ele não
se envergonhou o suficiente na frente desse cara.
GAME CHANGERS #1
346

— Você gosta de história? — Kyle perguntou. Foi uma tentativa óbvia


de mudar de assunto. Kip gostou disso. Kyle era legal.
— Sim. Eu me formei nisso. Estou, hum, espero fazer meu mestrado
no outono.
— Sem brincadeiras? Estou fazendo o meu agora. Meio período, pelo
menos.
— Em história?
— Não. Esse foi o meu diploma de graduação; estou fazendo meu
mestrado em arte e arqueologia antiga. Na Columbia.
Kip ficou impressionado. — Fantástico! Eu não fazia ideia.
Kyle sorriu. — Bem, nós nunca conversamos muito além de pedidos
de bebidas e flertes.
Kip olhou para baixo, envergonhado. — Me desculpe se eu te guiei
na outra noite, — ele murmurou para as botas (muito legais) de Kyle.
— Esqueça isso. Estou feliz que você tenha chegado em casa em
segurança. Ou chegou a algum lugar seguro, de qualquer maneira. Eu
estava preocupado.
— Você estava?
— Você parece surpreso.
Kip enrubesceu um pouco. Ele se sentia como se estivesse sendo um
idiota, talvez. Ele provavelmente não deveria estar falando com ninguém.
— Desculpe. Estou uma bagunça total agora.
Kyle pareceu considerá-lo por um momento. — Quer tomar um café?
— Oh, hum. Eu não sou... quer dizer, normalmente eu faria, mas...
— Relaxe. Parece que você precisa de um amigo. Talvez pudéssemos
conversar sobre o que está te incomodando. Ou sobre a pós-graduação.
RACHEL REID
347

Kip não tinha certeza de que poderia falar sobre seus problemas com
aquele quase estranho, mas com certeza não tinha nada melhor para fazer.
— Tudo bem. Certo. Obrigado.
Eles foram ao Starbucks da loja e trouxeram seus lattes para uma
mesa contra a parede.
— Eu não sabia que você usava óculos —, disse Kip.
— Apenas uma das muitas coisas fascinantes sobre mim.
— E você se formou em história!
Kyle puxou suavemente a tampa de seu copo e soprou na espuma. —
História e latim, na verdade. Grande dupla. Mas chega de falar sobre mim.
O que está te deixando tão triste, Kip?
— Eu... — Não faria mal tentar isso. Talvez um estranho imparcial
fosse exatamente o que ele precisava. — Tenho saído com alguém. Por
alguns meses agora. E eu amo ele. Estamos apaixonados. Ou estávamos. Eu
não sei mais.
— Me fale sobre ele.
— Ele é... — Kip sorriu um pouco. — Ele é maravilhoso. Quer dizer,
sério. Ele é ridiculamente gostoso. E ele é inteligente, atencioso, generoso
e simplesmente... maravilhoso.
— E ele, deixe-me adivinhar... casado?
Kip balançou a cabeça. — Não. Mas ele está trancado.
Kyle deu a ele um olhar astuto. — Um conselho, com base na
experiência pessoal: não mexa com os que estão no armário.
— Sabe, eu definitivamente teria concordado com você antes. Mas
ele vale a pena. Eu acho que.
— Por que ele está no armário?
GAME CHANGERS #1
348

— A linha de trabalho dele é... — Kip suspirou. — Ele acha que isso
prejudicaria sua carreira. Não sei. Provavelmente sim, eu acho.
— Então ele está colocando a carreira em primeiro lugar?
— Bem, é... você sabe.
— Complicado?
— Extremamente. — Kip passou a mão pelo cabelo, agitado. — É
que... há uma grande diferença entre nós. Tipo, eu não sou bom o suficiente
para ele. De forma alguma.
— Ele disse isso?
— Não! Não nunca. Mas é a verdade. Ele é bem-sucedido. Rico.
Impressionante.
— E no armário.
— Sim.
— Mais velho?
— Não muito. Uns anos.
— Jesus. E ele é rico e bem-sucedido?
Kip se contorceu. Ele estava revelando muito? Kyle não estava
tentando adivinhar quem era seu homem misterioso, estava?
— Seu dinheiro e outras coisas... Não importa para mim. E ele diz que
não se importa que eu não tenha nenhum. Mas isso só desequilibra o
relacionamento, sabe? Eu sempre me sinto desconfortável com ele
pagando por qualquer coisa. E, além disso, desde que estamos juntos, sinto
como se tivesse sido empurrado de volta para o armário, em vez de tirá-lo
de dentro.
— E suponho que você tenha conversado sobre tudo isso com ele?
RACHEL REID
349

Kip mordeu o lábio. — Tipo de. Tivemos uma briga. Semana Anterior.
E eu... saí.
— Ufa.
— Foi nossa primeira luta de verdade.
— Foi sua primeira luta e você saiu?
— Sim. — Kip estava se sentindo mais estúpido a cada segundo.
— Você tentou falar com ele desde então?
— Não.
Kyle balançou a cabeça e sorriu tristemente. — Oh, Kip.
— Você acha que eu deveria?
— Você está realmente apaixonada por ele?
— Sim.
— Então você tem que tentar.
Kip brincou com sua xícara. — Mas e se ele nunca estiver pronto para
sair? Você acabou de dizer que sabe por experiência própria que eu deveria
ficar longe de caras enrustidos.
— Sim, bem. Minha situação era uma grande bagunça, mas eu não
estava apaixonado pelo cara.
Kip acenou com a cabeça. — Eu vou falar com ele. Você está certo.
Eu tenho que tentar.
— Bom menino. Agora, onde você vai fazer a pós-graduação?
— Oh, eu não sei ainda. Candidatei-me a algumas escolas, mas espero
entrar na NYU. Foi onde fiz minha graduação.
— Vergonha. Achei que estávamos nos dando bem —, brincou Kyle.
GAME CHANGERS #1
350

Kip sorriu. — Não tenho certeza de como vou pagar a escola,


exatamente, mas vou descobrir. Definitivamente preciso de um emprego
melhor.
Kyle olhou para ele com curiosidade. — Você tem alguma experiência
em serviço de alimentação?
Kip riu. — Sim. É tudo o que tenho.
— O Kingfisher precisa de um novo servidor.
— Mesmo? — Kip considerou isso. Ainda seria serviço de
alimentação, mas poderia ser legal trabalhar em seu pub favorito.
— Mm-hmm. E haverá ainda mais horas em breve, porque estou
fazendo um programa de verão na Itália.
— Oh!
— As gorjetas, posso garantir, são fantásticas. Especialmente quando
você é fofo e charmoso. — Ele passou a mão de brincadeira pelo próprio
rosto. — Por que você não passa amanhã, no final da tarde, com seu
currículo? O chefe estará lá então. Vou apresentá-lo e dar uma boa palavra.
— Você nem sabe se sou um bom trabalhador, — Kip apontou.
— Você é um mau trabalhador?
— Não.
— Bem, eu não acho que você é um mentiroso, então vou continuar
com isso.
— Tudo bem. Obrigado. Eu estarei lá amanhã. E eu realmente aprecio
isso.
— Bom. Agora vá ligar para o seu namorado lindo e bem-sucedido.

***
RACHEL REID
351

KIP NÃO ligou para Scott. Ele havia puxado o telefone várias vezes
com a intenção de fazer isso, ou enviar uma mensagem, mas estava com
medo. E se ele mandasse uma mensagem e Scott a ignorasse? E se Scott
tivesse bloqueado seu número? E se Kip ligasse e Scott atendesse e dissesse
para ele não ligar de novo?
Pelo menos agora, por mais miserável que estivesse, ele tinha
esperança.
Ele estava sentado em sua cama em casa, as palavras de Kyle naquele
dia passando por sua cabeça.
Você tem que tentar.
Ele deveria mandar uma mensagem para Scott. Basta enviar uma
mensagem para ele.
Ele digitou: Podemos conversar?
Ele olhou para ela.
E se Scott respondesse “Não”?
Talvez Kip devesse deixá-lo dar o primeiro passo. Scott era o único
com todo o estresse e responsabilidade amontoados em seus ombros
agora. Kip não queria acrescentar nada a isso. Mas os Admirals jogariam na
noite seguinte. Seria o primeiro jogo em casa desde a luta de Kip e Scott, e
parecia tão errado não ir.
Ele não conseguia pensar nisso. Ele precisava dar a Scott algum
espaço. Em vez disso, Kip iria trabalhar pela manhã e depois pararia no
Kingfisher com seu currículo. Ele usaria esse tempo de forma produtiva.
Houve uma batida na porta de seu quarto. — Kip?
— Sim, pai. Entre.
GAME CHANGERS #1
352

A porta se abriu e seu pai entrou, segurando um envelope. — Isso


veio da NYU —, disse ele com um pequeno sorriso. — Acontece que você
não sabe nada sobre isso, não é?
— Provavelmente só pedindo dinheiro —, mentiu Kip. Provavelmente
rejeitando minha inscrição.
— É do departamento de admissões.
Oh Deus. Oh Deus. Não posso receber más notícias agora.
— Dê. — A mão de Kip tremia ligeiramente quando ele alcançou o
envelope. Papai cruzou os braços e encostou-se no batente da porta.
Kip lançou-lhe um olhar penetrante, mas quando ficou claro que seu
pai não tinha intenção de sair da sala, ele suspirou e abriu o envelope.
— Puta merda, — ele disse baixinho para si mesmo.
— Kip?
Kip saltou de pé. — Eu entrei! Eu estou indo para a escola de pós-
graduação!
E de repente o mundo parecia um pouco menos terrível. Ele sorriu e
abraçou seu pai.
— Estou orgulhoso de você. E com muito ciúme —, disse papai.
Kip balançou a cabeça, perplexo. — Eu não achei que fosse entrar.
— Por que não? Suas notas foram excelentes. Você é um escritor
fantástico, um trabalhador esforçado. Qualquer escola ficaria feliz em ter
você.
— Eu só... — E Kip agora tinha lágrimas nos olhos. — As coisas não
têm estado bem, pai.
— Eu sei. — Papai o abraçou novamente. — Eu não queria me
intrometer, mas... vocês estão brigando, meninos?
RACHEL REID
353

— Rapazes? Quem é você...


Papai sorriu para ele com conhecimento de causa, então seu rosto
ficou sério. — Eu sei que ele deve estar ocupado agora, com os playoffs,
mas parece que algo pior do que isso está acontecendo.
Que diabos?
— O que você está...?
— Scott Hunter, — seu pai disse calmamente. — Você tem estado
com ele.
— Pai, vamos. Não há nenhuma maneira de Scott jamais - quero
dizer, Scott Hunter não é...
— Eu não sei nada sobre Scott Hunter, mas eu conheço você. E gosto
de pensar que saberia dizer quando meu filho está apaixonado.
— Eu não Estou... — Deus. Foda-se. Isso ainda importa? — Como você
sabia?
— Lembra quando quebrei meu pulso escorregando no gelo em
nossa passarela?
— Certo. Sim... — Kip não tinha ideia de onde estava indo com isso.
— O olhar no rosto da sua mãe era o mesmo que o seu quando
Hunter se machucou naquele jogo que estávamos.
Kip corou. — Talvez eu seja apenas um grande fã?
— Pode ser. Mas acho que não. Você também saiu correndo de casa
naquela noite depois de fazer um telefonema que incluía as palavras raio-X
e bolsa de gelo. Eu sou bom em pegar pistas sutis como essa.
Então, talvez Kip não tivesse sido tão cuidadoso quanto pensava.
— Ele não é... Ninguém sabe. E pode não ser nada, então por favor...
— É claro.
GAME CHANGERS #1
354

As próprias palavras de Kip o encheram de uma nova onda de


desespero. Pode não ser nada. Oh Deus. Não pode realmente ter acabado,
pode?
Ele pressionou a palma da mão na testa e fechou os olhos com força,
tentando lutar contra um colapso completo. — A mamãe sabe?
— Não, tenho mantido isto para mim.
— Obrigado. Eu queria te contar. Vocês dois. Mas agora as coisas
estão... eu não sei. — Ele fungou e voltou os olhos para o teto. Controle-se,
Kip.
— Você está de fora?
— Sim. Está uma bagunça agora. Eu quero tanto limpar isso.
Papai sorriu e deu um tapinha em seu braço. — Você irá.
Para seu crédito, Kip foi capaz de evitar um colapso até depois que
seu pai deixou o quarto. Assim que a porta se fechou, ele soluçou no
travesseiro como um adolescente. Deus, ele entrou na escola de pós-
graduação e mesmo isso não foi o suficiente para animá-lo.
Ele precisava consertar as coisas com Scott. Ele tinha que pelo menos
tentar.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

— PUTA MERDA —, Maria murmurou. — Ele voltou.


Kip se virou de onde estava reabastecendo as bananas para ver –
“Scott”!
Ele estava lá, em suas roupas de corrida, o rosto coberto de suor,
assim como da primeira vez que entrou na loja. Exceto com mais barba.
Kip não tinha a intenção de dizer seu nome assim. Surpreso. Familiar.
Ele tinha acabado de ser jogado. Esperançosamente Maria iria atribuir isso
à sua suposta paixão fanboy por Scott Hunter.
— Ei, — Scott disse, sua voz suave e incerta.
— Hum, posso... ajudá-lo?
— Sim —, disse Scott, com um sorriso tímido. — Eu estava pensando
que seria bom... voltar ao básico.
— Oh. — O que isso significa? — Então... blue smoothie, então?
— Por favor.
Kip fez o smoothie e Maria sorriu para ele. Ele a ignorou.
Ele entregou a bebida a Scott, cujos olhos se voltaram para Maria e
depois de volta para Kip. Ele quase podia ver o “foda-se” passar pelo
cérebro de Scott.
— Eu, hum... eu queria ver você.
— Oh. — Kip lançou um olhar corajoso para Maria. Ela parecia a gata
que pegou a porra do canário.
— O jogo é hoje à noite, e eu esperava...
— Oh. — Kip desinflou. — Você precisa do seu amuleto da sorte ou
algo assim?
GAME CHANGERS #1
356

— Não! Não, isso não é... — Os olhos de Scott se voltaram para Maria
novamente. Ele baixou a voz, não que isso importasse. Maria estava
obviamente atenta a cada palavra. — Quero falar com você. Sozinho. Em
breve. Por favor, Kip.
Kip viu a angústia nos olhos de Scott e uma centelha de esperança
acendeu dentro dele. Seria possível que Scott quisesse consertar isso tanto
quanto Kip queria?
— Tudo bem —, disse Kip.
— Podemos nos encontrar em algum lugar? Depois de terminar aqui?
— Na verdade, tenho um lugar para estar esta tarde.
Scott parecia arrasado.
— Não, é sério —, disse Kip rapidamente. — Eu não estou ignorando
você. Eu realmente quero falar com você. Mesmo. Muito.
— OK. Eu tenho o jogo hoje à noite e tudo, então... talvez - você viria
ao jogo? Você acha que?
— Sim —, disse Kip. — Certo. Estarei no jogo hoje à noite.
Scott concordou. — Bom. OK. E talvez depois pudéssemos... ficar
juntos. Em algum lugar?
— Certo. Gostaria disso.
O rosto de Scott iluminou-se. — Sim? Bem... — Ele se inclinou, só um
pouquinho, e Kip prendeu a respiração. Mas então Scott deu um rápido
passo para trás e disse: — — Vejo você então.
— Tudo bem.
Scott saiu e Kip esperou o máximo possível para se virar e enfrentar
Maria.
— O que. O. Foda-se, — ela disse.
RACHEL REID
357

— Ok, provavelmente parecia...


— Então, vocês dois são...?
— Tipo de. Não sei. Apenas, por favor, não conte a ninguém.
— Puta merda!
— Estou falando sério! Não diga uma palavra. Me prometa, ok?
— Eu prometo! Claro que eu prometo! Mas você tem que me dizer
algo. Eu preciso de alguns detalhes!
— Um detalhe.
— 1?
— 1.
Ela fez uma careta que insinuou que ela estava pensando muito,
então pegou um pepino da geladeira e colocou-o no balcão. Ela pegou uma
faca e segurou perto do centro do pepino. — Ok, diga-me quando eu atingir
o comprimento aproximado.
— Não.
Ela moveu a faca um pouco.
— Vamos. Eu não estou fazendo isso.
Ela o moveu novamente e ergueu uma sobrancelha.
Kip olhou para ela e então revirou os olhos e disse: — Um pouco mais
longe.
Maria gritou. — Oh meu Deus! Eu sabia! Sua vadia sortuda!
— Tudo bem. O suficiente. Seriamente. Guarde isso para você, ok?
— Eu irei. Eu irei. Eu prometo, — ela riu.
Kip riu um pouco, aliviado por haver outra pessoa que sabia sobre
seu relacionamento.
Seu relacionamento que ele iria se certificar de consertar esta noite.
GAME CHANGERS #1
358

***

SCOTT SE sentiu bem.


Suas mãos estavam enfaixadas dentro das luvas da luta na outra
noite, mas ele se sentia bem. Centrado. Focado. Eles iriam vencer esta
noite. Ele não tinha dúvidas disso.
Ele estava ignorando as manchetes e os comentários dos programas
de entrevistas sobre esportes. Ele sabia que estava lá, no entanto. O que
exatamente há de errado com Scott Hunter?
Ele desligou tudo. Nada disso importava. Cada jogo era um novo
começo. Eles estavam perdendo dois jogos, eles ganhariam os próximos
quatro. Sem problemas.
Seus companheiros pareciam sentir a mudança nele também. Eles
não estavam olhando para ele com preocupação em seus olhos; eles
estavam olhando para ele em busca de força. Eles estavam acenando de
volta para ele, silenciosamente se comunicando, Você tem isso. Nós
estamos com você. Todo o caminho. Kip estava aqui, no jogo. Vê-lo aqui em
seu assento habitual encheu Scott de força e confiança. Não era
superstição; foi amor.
Ele resolveria as coisas com Kip esta noite. Ele teria certeza disso.

— UAU, MERDA —, disse Elena. — Parece que Scott recuperou o


ritmo!
Eles estavam de pé e aplaudindo descontroladamente com o resto da
multidão. Scott marcou seu segundo gol do jogo, tornando-o 5–2 para o
Admirals no final do segundo período.
RACHEL REID
359

Talvez fosse a vantagem da cidade natal, ou talvez Scott tivesse


conseguido encontrar seu foco. Ou talvez os smoothies fossem mágicos,
afinal. De qualquer forma, Kip ficou aliviado e feliz.
E muito orgulhoso dele.

KIP RECEBEU uma mensagem de Scott logo após o jogo.


Tudo bem se nos encontrarmos em minha casa?
Kip esperava que ele pudesse sugerir isso. Certo. Você quer que eu vá
lá agora?
Scott: Sim. Estarei aí assim que puder.
Elena o abraçou e lhe desejou boa sorte. Eles tiveram uma longa
conversa antes do jogo. Sua opinião era que Kip e Scott eram idiotas.
Era estranho o quanto o luxuoso prédio de apartamentos de Scott
parecia um lar para Kip agora. Ele teve que se lembrar, ao entrar na enorme
sala de estar, que aquela não era sua casa. Mas era reconfortante estar no
espaço familiar novamente.
A espera, entretanto, foi uma agonia. Ele sabia que Scott demoraria
um pouco, mas pareceu uma eternidade. Kip sentou-se no sofá, depois no
balcão da cozinha e depois deu uma volta pela sala de estar. Quando a porta
finalmente se abriu, ele estava de pé junto às janelas.
Por um momento, Scott olhou para ele como se não pudesse
acreditar que ele realmente estava ali. Então ele disse, na voz mais suave:
— Kip.
— Ei.
GAME CHANGERS #1
360

Ele estava vestindo um dos ternos sob medida com que foi obrigado
a deixar o rinque. Sua barba era densa e seu cabelo mais comprido do que
o normal. Ele parecia tão bom pra caralho.
Scott cruzou a sala até ficar a um braço de distância.
— Parabéns pela vitória —, disse Kip sem jeito.
— Obrigado. — As mãos de Scott, seus dedos enfaixados,
flexionavam ao lado do corpo. Ele estava olhando para Kip como se ele
tivesse voltado dos mortos. — Eu tenho saudade de você.
A voz de Scott falhou na última palavra. Kip fez a única coisa que
podia pensar em fazer - a única coisa que queria fazer: ele abriu os braços.
E Scott caiu neles.
— Eu sinto muito, — Scott sussurrou no ombro de Kip. — Eu nunca
quis que você fosse embora. Por favor, me dê uma chance de torná-lo
melhor.
— Shh. — Kip beijou o topo da cabeça de Scott.
Eles ficaram assim por um tempo, enrolados juntos e respirando um
ao outro.
— Vamos sentar, — Kip disse, pegando a mão de Scott. Ele o segurou
suavemente, passando o polegar sobre as bandagens enquanto o levava
para o sofá.
— Tenho pensado muito —, disse Scott.
— Eu também.
— Tenho estado muito infeliz.
— Eu também.
— Eu estaria mentindo se dissesse que a ideia de assumir o controle
ainda não me apavora.
RACHEL REID
361

— Eu sei —, disse Kip. — Estou colocando muita pressão em você,


especialmente agora. Então, talvez eu possa recuar um pouco e ser mais
paciente.
— Mas você estava certo, Kip. Você estava certo sobre tudo. Você
não deveria ter que se esconder. Você não deveria ser meu segredo. Você
merece muito mais do que isso.
— Você merece muito melhor também, Scott.
— Eu sei o que faço. Estou apenas... com medo.
— Posso perguntar, — Kip disse cuidadosamente, — do que
exatamente você tem medo? Você fica dizendo, sua carreira ou sua
privacidade, mas eu sei que a NHL tem, tipo, noites do Orgulho e outras
coisas.
Scott esfregou a mão no rosto. Ele parecia exausto.
— Desculpe, — Kip disse rapidamente. — Eu só... acho que sinto que
talvez haja algo que não estou entendendo aqui.
— Você está certo —, disse Scott, — sobre o campeonato. Eles estão
tentando. E as equipes devem ter uma política de tolerância zero em
relação à homofobia, mas... — Ele suspirou. — Quando eu era criança, quer
dizer, o hóquei era minha vida inteira. E, naquele mundo, ser gay - esse era
o pior insulto. A coisa mais inferior que você poderia ser. Eu não posso nem
dizer quantas vezes eu tive que ouvir... bem, todos os comentários
homofóbicos imagináveis. Foi muito implacável.
— Visando você?
— Para mim, para todos. Era exatamente o que você dizia se quisesse
irritar um cara. Ou se você estava louco. E todos aceitaram isso. Mas
GAME CHANGERS #1
362

quando comecei a perceber que poderia ser aquela coisa que todos os meus
companheiros consideravam tão repulsiva...
Kip segurou a mão de Scott. Scott engoliu em seco e continuou: —
Você tem que se lembrar, eu fui para um colégio interno - um colégio
interno voltado para o hóquei - então não havia como escapar. E eu me
escondi. Eu escondi meu segredo o mais fundo que pude porque não
conseguia esconder o resto de mim. Eu era a maior estrela daquela escola,
com olheiros da NHL vindo para assistir aos meus jogos desde então. E eu
sabia - quero dizer, pensei, mas provavelmente teria razão - que se eu fosse
pego com outro menino, se alguém pensasse que eu queria outro menino,
tudo estaria acabado.
— Havia um menino? — Kip perguntou baixinho.
Scott sorriu tristemente. — Havia um menino. Mais tarde. No Junior.
Meu companheiro de equipe, Jacob.
— Vocês...?
— Não. Não sei se ele era... mas acho que talvez. Ele poderia estar
olhando para mim também. Mas nenhum de nós teria agido de acordo. O
risco era muito alto.
— Mas você o queria.
— Desesperadamente. — Scott riu, sem humor. — Eu pensei que
estava apaixonada por ele.
— Deus. Deve ter sido uma agonia.
Scott encolheu os ombros. — Eu me forcei a ignorar isso. Concentrar-
me no que era importante. Ir para a NHL.
— E a NHL não foi melhor?
RACHEL REID
363

— Eu realmente não posso explicar isso. Uma coisa é a NHL agitar a


bandeira do Orgulho e falar sobre inclusão - e isso é ótimo, sério, não estou
dizendo que não é - mas nos vestiários, no gelo e na estrada com os caras...
Não sei. Nunca me senti confortável sendo honesto sobre essa parte da
minha vida. Eu não acho que seria visto da mesma forma novamente.
Scott balançou a cabeça e continuou: — E a questão é... Não quero
parecer dramático, mas durante toda a minha vida adulta, meus
companheiros de equipe foram a única família que tive. Portanto, a ideia
de perder o respeito e o apoio deles é aterrorizante.
E agora Kip realmente se sentia um merda por pressioná-lo. Mas ele
ainda queria que Scott desse o salto.
— Isso tudo provavelmente soa como um motivo fraco para não sair
—, disse Scott. — Não estou esperando apanhar no vestiário nem nada. É
só - é uma grande linha do caralho para eu cruzar. E não há como voltar
atrás.
— Não, — Kip concordou. — Não há como voltar atrás. Mas, deixe-
me dizer a você, há algumas coisas bem incríveis do outro lado dessa linha.
Scott sorriu. — Eu sei. Eu quero vê-las. Eu quero ter todos elas.
Contigo.
— Eu também. E aconteça o que acontecer, Scott. Você sabe que
estarei bem aí ao seu lado, certo? Eu aguento. Seja o que for que você tenha
medo, lutaremos juntos. Tenho muito orgulho de ser seu namorado. Se
você acha que o mundo descobrir o quanto eu te amo é assustador para
mim, você está completamente errado.
GAME CHANGERS #1
364

O rosto de Scott se contraiu um pouco. Seus olhos estavam úmidos.


— Eu amo você. Kip, não sei o que estou fazendo, mas te amo tanto e não
posso te perder. Eu só... não posso.
O coração de Kip parecia uma grande poça quente. — Eu também te
amo, Scott.
— Você pode esperar até que os playoffs acabem? Isso é pedir
muito? — Seu tom era sincero, não zangado.
— Eu posso esperar, — Kip disse. — Mas quando os playoffs
acabarem, precisamos descobrir o que acontece a seguir.
Scott concordou. — Isso é justo. Sim. Tudo bem.
— OK.
— E você pode prometer que vai parar de pensar que vou pensar que
você não vale a pena? Porque isso está tão longe da verdade, eu não posso
nem te dizer.
Kip deu um sorriso aliviado e molhado. — Combinado.
Scott fechou os olhos e pressionou o rosto contra a palma de Kip. Ele
pegou a outra mão de Kip na sua, e Kip enrolou seus dedos juntos,
apertando de forma tranquilizadora.
— O que aconteceu com suas mãos, afinal? — Kip perguntou. Ele
levou um deles aos lábios e beijou suavemente os nós dos dedos
machucados de Scott.
— Você não assistiu aquele jogo? — Scott parecia um pouco
magoado com isso.
— Não. Tentei assistir o primeiro, mas... simplesmente não consegui.
Eu sinto muito.
— Não sinta. Foi apenas uma luta. Foi estúpido.
RACHEL REID
365

— Uma luta? Você não luta. Eu nunca vi você lutar.


— Eu não, normalmente. Não por muito tempo. E eu não deveria ter
feito a outra noite, mas...
— O que aconteceu? — Kip perguntou, traçando as pontas dos dedos
sobre as bandagens.
— Ele me chamou de bicha. O que, — Scott disse rapidamente, —
não é realmente um grande problema. Como eu disse, palavras como essas
são tão comuns no gelo que nem significam nada.
— Até que elas façam, — Kip disse calmamente.
— Até que elas façam.
Kip embalou as mãos grandes de Scott nas suas.
— Eu queria contar a ele —, disse Scott. — Eu queria que ele soubesse
exatamente quem estava batendo em sua cara.
Kip olhou para ele surpreso. — Bem, essa é uma maneira de sair. Não
tenho certeza se é o que eu recomendaria.
Scott riu. — Eu não deveria ter feito isso. Lutei com ele, quero dizer.
Eu gostaria de não ter feito isso. Mas eu estava... você sabe.
— Miserável?
— Sim. E eu não estava dormindo.
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter saído depois daquela discussão.
— Não se desculpe. Eu vou descobrir isso, — Scott prometeu.
— Eu sei. Você vai ganhar a Stanley Cup, eu vou fazer meu mestrado
e seremos incríveis juntos.
— Imparável, — Scott concordou, e o beijou novamente. — Espere...
você entrou na escola?
Kip sorriu. — Eu fiz! NYU!
GAME CHANGERS #1
366

Scott o envolveu em seus braços e apertou quase com muita força.


— Estou tão orgulhoso de você.
— Viu? — Kip disse em seu ombro. — Imparável. Mas... talvez, por
agora, seja melhor se dermos um ao outro algum espaço para respirar,
sabe?
Scott o soltou, o que fez Kip rir. — Não, eu quis dizer, tipo, pelas
próximas semanas. Até que os playoffs acabem, então você pode se
concentrar. Você está viajando muito de qualquer maneira, talvez seja
melhor se você apenas... se esquecer de mim por um tempo.
Ele podia ver Scott ficar tenso.
— Não vou esquecer de você —, disse Scott.
Kip sorriu. — Um pouco. Além disso, tenho coisas com que lidar na
minha própria vida. Eu, hum, eu consegui um novo emprego.
— O que? Sério? Tipo... um trabalho de história?
— Não —, disse Kip. — Nada tão bom. Mas um trabalho melhor do
que a loja de smoothies, com certeza. É no Kingfisher. Você sabe, o pub que
eu vou.
— Oh. Oh um...
— Bar gay. Sim.
— Certo. Isso... quero dizer, isso é ótimo. Você está feliz com isso,
certo?
— Sim. Eu acho que será divertido. Tarde da noite, com certeza, mas
vou assumir isso ridiculamente cedo pela manhã. E o dinheiro vai ficar
melhor. Boas gorjetas.
— Bem, parabéns então. Você já colocou seu aviso no trabalho?
RACHEL REID
367

— Sim. Enviei um e-mail ontem. Assim que me ofereceram o


emprego.
— Oh.
— Você está bem?
— Sim —, disse Scott. — É só que... tenho sentimentos afetuosos
sobre aquela loja de smoothies.
— Aw. Você terá que me visitar em meu novo emprego.
Ele esperou que Scott ficasse estranho com isso.
Em vez disso, disse Scott. — Eu irei. Eu prometo. Assim que eu puder.
— Algo para trabalhar.
— Sim.
Kip se inclinou para frente e o beijou.
— Você vai ficar aqui? — Scott perguntou. — Esta noite?
Kip passou os dedos pela gravata de Scott. — Sim. É claro.
Scott estremeceu e Kip moveu os lábios para roçar a orelha. — O que
você quer fazer? — Ele murmurou.
— Não sei.
— Que tal agora? — Disse Kip. — Que tal você tirar esse terno sexy
como o inferno, ir deitar na sua cama e eu passar algumas horas beijando
cada centímetro de você?
Ele podia sentir Scott sorrindo em seu ombro.

SCOTT ESTREMECEU na cama. Ele sentia tanto frio quanto calor, a


pele exposta ao ar e a boca e as mãos de Kip queimando-o e fazendo seu
sangue correr como lava.
GAME CHANGERS #1
368

O que Kip estava fazendo com ele, tão lenta e cuidadosamente


beijando e lambendo cada parte dele - catalogando-o - era quase uma
experiência fora do corpo. Kip pressionava beijos na parte interna de uma
coxa, tentadoramente perto de seu pênis, então trocava e beliscava a parte
interna do pulso de Scott. Ele passava a língua sobre um mamilo até que
Scott pensasse que ele morreria, então ele penteava amorosamente os
dedos pela nova barba de Scott.
Era o paraíso e a agonia e possivelmente a experiência mais sensual
da vida de Scott. Ele precisaria retribuir o favor algum dia.
Finalmente, Kip enrolou sua língua sobre as bolas de Scott. Ele
cantarolou enquanto colocava uma em sua boca. Scott engasgou e
arqueou.
— Eu te amo —, disse ele. — Eu te amo muito e vou consertar tudo.
Eu prometo. Eu vou...
— Shhh —, disse Kip, substituindo a boca pela mão. Ele o acariciou e
beijou levemente a cabeça do pau inchado de Scott. — Não se preocupe
com nada. Apenas relaxe. Deixe-me cuidar de você.
Scott suspirou e fechou os olhos. Kip envolveu seus lábios macios e
machucados ao redor de seu pênis e colocou sua língua para trabalhar
separando Scott.
O acúmulo foi requintado e eterno. Scott se permitiu sentir tudo o
que Kip estava fazendo com a boca e os dedos. Ele sentiu como isso fazia
seu corpo se contrair, como fazia seu coração disparar. Ele queria gozar e
queria que isso durasse para sempre.
Ele queria tantas coisas.
Mas agora ele podia sentir-se correndo para o limite.
RACHEL REID
369

— Kip —, disse ele com voz rouca.


Kip se retirou, substituindo a boca pela mão. — Quero ver —, disse
ele. — Mostre-me. Venha, Bebê.
Scott veio, silencioso e pasmo, enquanto seu namorado lindo e
perfeito observava. As grossas fitas brancas de sua liberação espalharam-
se por seu estômago e subiram até seu peito.
— Tão lindo, querido, — Kip disse. Ele se arrastou e beijou Scott, que
o beijou de volta com gratidão.
— Você é tão bom para mim —, disse Scott. — Eu amo você. Não se
esqueça disso, certo? Eu amo você.
— Eu não vou.
Mais tarde naquela noite, eles ficaram no escuro. Kip estava
dormindo com a cabeça no peito de Scott. Ele deu a Scott muito naquela
noite. Ele torceu-se para fora para Scott. E agora ele estava enrolado contra
ele, seu corpo pesado e exausto.
Scott o abraçou e fez uma promessa silenciosa de que ele seria o
homem que Kip precisava que ele fosse. Então ele caiu feliz no sono.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

SCOTT DORMIU bem pela primeira vez em uma semana.


Quando ele piscou para acordar, ele ouviu um pequeno suspiro de
conteúdo ao lado dele. Ele rolou para encontrar o homem que amava
dormindo pacificamente. O único lençol branco que os cobria havia
escorregado para a parte inferior das costas nuas de Kip. Seu cabelo
castanho macio caiu desordenadamente em seus olhos, um par de gavinhas
onduladas soltas roçando a ligeira barba por fazer em sua bochecha. Seu
rosto estava relaxado e bonito, seus lábios ligeiramente entreabertos. Scott
se apoiou em um cotovelo e apenas olhou para ele por um tempo.
Ele o observou dormir até que não foi mais capaz de se impedir de
escovar suavemente as costas dos dedos sobre a linha da mandíbula de Kip.
Durante o sono, Kip estremeceu e fez um barulho sonolento e irritado. Scott
sorriu e beijou o ombro mais próximo a ele. Quando Kip não se mexeu ou
protestou, Scott continuou a dar beijos suaves nas costas.
Ele ficaria feliz neste momento de silêncio para sempre.
Mas ele também estava sozinho, então moveu a boca para que
pudesse beliscar levemente a lateral de Kip, logo acima de seu quadril, onde
Scott sabia que ele sentia cócegas.
Dois arranhões nos dentes de Scott e Kip estava se contorcendo para
longe dele. Scott sorriu. — Bom Dia.
— Foda-se, — Kip murmurou em seu travesseiro.
— Desculpe —, disse Scott. — Não pude resistir. — Ele voltou para
sua posição original, deitado de lado ao lado dele.
RACHEL REID
371

Por fim, Kip virou a cabeça e olhou para ele. — Ei, — ele disse, sua
voz suave e feliz.
— Eu gosto de acordar com você.
— Mmm. — Kip rolou de costas e se espreguiçou. Scott gostou da
forma como os músculos de seus braços e peito se contraíram, e a forma
como o lençol fino escorregou para baixo em seus quadris.
— Que horas são? — Kip perguntou.
— Hm? — Scott perguntou, seus olhos seguindo a trilha de cabelo
escuro que ia do umbigo de Kip para baixo do lençol. — Não sei. Oito,
talvez?
Kip fechou os olhos e gemeu. — Merda. Eu tenho que me levantar.
Eu disse que iria trabalhar às nove para ajudar a treinar um novo
contratado.
— Tem certeza que? — Scott perguntou, movendo-se para poder
beijar a lateral do pescoço de Kip.
— Quanto mais cedo eu começar, mais cedo estará pronto, — Kip
disse, sua voz um pouco tensa. Scott moveu a boca para sugar levemente o
ponto de pulsação e sentiu o batimento cardíaco de seu namorado acelerar.
— Ok, — Scott disse, deixando sua boca viajar até a clavícula de Kip.
Ele beijou a depressão logo acima dela e Kip estremeceu.
— Você é uma má influência —, reclamou.
Em resposta, Scott colocou a mão no joelho de Kip e o deslizou para
cima, deixando seus dedos arrastarem ao longo da pele sensível na parte
interna de sua coxa.
— Você tem quinze minutos, — Kip disse com uma risada ofegante.
GAME CHANGERS #1
372

Scott cobriu o corpo de Kip com o seu e olhou diretamente em seus


olhos. — Isso é um desafio?
— Eu sei que você os ama.
— Eu faço.
Scott o beijou na boca e foi imediatamente óbvio que Kip não tinha
objeções reais aos avanços de Scott. O beijo foi aberto, quente e frenético,
e apenas a sensação da língua de Kip enrolando contra a sua deixou Scott
tão louco de desejo. Toda vez.
Kip estava angulando seus quadris para que suas ereções se
esfregassem. Scott gemeu na boca de Kip. Eles se moveram assim por um
tempo, até que Kip se afastou e disse, com um sorriso malicioso: — Dez
minutos.
Scott aceitou o desafio e deslizou pelo corpo de Kip, levando o lençol
com ele. Ele tomou seu pênis em sua boca, e os quadris de Kip sacudiram
enquanto ele engasgava dentro da sala.
Scott trouxe seu melhor jogo. Ele fez bom uso de todo o
conhecimento que reuniu sobre o que fez Kip perder completamente a
cabeça na cama. Ele atacou o ponto sensível sob a cabeça do pênis de Kip
com movimentos rápidos de sua língua enquanto puxava as bolas de Kip
com a mão. Então ele relaxou a garganta e afundou, levando Kip o mais
fundo que pôde.
Scott sinceramente adorava chupar Kip. Ele amava a rapidez com que
podia reduzi-lo a gemidos e balbucios lindos e sexy.
— Mm, oh porra, bebê. Tão bom pra caralho. Deus, sua boca. Amei
sua boca, Scott...
RACHEL REID
373

Depois de alguns minutos, quando Kip foi puxado com força e


tremendo embaixo dele, Scott se desvencilhou e perguntou: — Quanto
tempo me resta?
— Jesus. Foda-se, Scott. Vamos!
— Apenas checando!
— Você é um idiota. Volta para o trabalho.
Scott riu e fez o que ele mandou. Ele terminou Kip rapidamente e caiu
de volta ao lado dele.
Kip estava respirando pesadamente e sorrindo para o teto. — Bom
trabalho, campeão —, disse ele.
— Obrigado, treinador.
— Vamos —, disse Kip, sentando-se e balançando as pernas para o
lado da cama. — Eu vou te pagar de volta no chuveiro.
— O banho?
— Eu tenho que ser multitarefa! Já estou atrasado!
— Eu sou uma distração.
— O melhor tipo, no entanto. Vamos.

ASSIM QUE o avião decolou de Nova York, a confiança de Scott se


despedaçou.
Eles tinham acabado de ganhar os dois jogos em Nova York,
empatando a série em 2–2, mas ele não conseguia esquecer o quão
terrivelmente havia jogado nos dois primeiros jogos em Detroit.
Mas agora ele e Kip estavam juntos novamente, e ele iria se certificar
de que continuassem assim. E isso significava ser corajoso e cumprir suas
promessas ao homem que amava.
GAME CHANGERS #1
374

Naquela noite, Scott estava deitado em sua cama de hotel,


preocupado com o que aconteceria quando ele saísse. Esse tinha sido seu
segredo mais bem guardado por tanto tempo que ele quase não conseguia
imaginar a vida sem ter aquele fardo para carregar.
Ele precisava clarear a cabeça, então ele saiu do quarto e vagou pelo
hotel um pouco até que acabou na piscina. Não havia ninguém lá, então ele
se sentou de lado em uma das poltronas e aproveitou o silêncio.
Olhando para a água parada da piscina, ele se permitiu focar em algo
diferente do medo. Ele pensou em Kip. Kip, que estava sendo tão paciente
com ele. E Scott sabia que havia pedido a Kip para esperar até que os
playoffs terminassem, mas de repente isso parecia muito distante. Scott
não queria tirar o relacionamento da cabeça durante os playoffs; ele queria
que o relacionamento deles o tornasse mais forte. Para torná-lo um jogador
melhor.
Ele pensou em construir uma casa com Kip - construir uma vida com
ele. Ele pensou nas adoráveis covinhas de Kip e na maneira como ele
colocava a mão sobre a boca enquanto estava lendo. Ele pensava em
acordar com Kip todas as manhãs depois que ele se aposentasse e viajar o
mundo juntos. Ir a restaurantes, museus e passear no parque sem se
importar se as pessoas sabiam que estavam juntas. Talvez até querendo que
as pessoas soubessem que eles estavam juntos.
O desejo por tudo aquilo queimou tão forte dentro dele que foi
dominado pela necessidade de começar a fazer acontecer. Ele sabia o que
tinha que fazer.

Já era tempo.
RACHEL REID
375

— JESUS, SCOTT, — seu agente falou ao telefone. — É quase meia-


noite aqui!
— Eu sei. Também é aqui. Só estou em Detroit, sabe.
— Algo está errado?
— Não. Não exatamente. Eu ia esperar até voltar para a cidade, mas
não quero esperar.
— Esperar pelo quê? Espere... que porra é essa? Depois de todos
esses anos, você simplesmente vai...?
— Não, — Scott disse rapidamente. — Você não está despedido,
Todd. Nada como isso. Claro que não.
— Bem então?
Scott se sentou no banco do vestiário vazio da academia do hotel. Ele
não tinha ideia de como ele iria dizer isso. Como de costume, seu cérebro
tomou uma decisão repentina e ele a seguiria.
— Estou pensando em fazer um anúncio —, disse ele.
— Um anúncio? O que, você está se aposentando? Scott, você ainda
tem anos...
— Não. Isso não. Um... anúncio pessoal.
Todd suspirou. — Olha, Scott. Está tarde. Você quer ir direto ao ponto
aqui?
Scott olhou ao redor do vestiário mais uma vez, apenas no caso. Ele
estava sozinho.
— Eu sou gay —, disse ele, pela primeira vez na vida.
Houve silêncio.
— Todd?
GAME CHANGERS #1
376

— Eu te ouvi. Apenas me dê um minuto aqui.


— Certo.
Mais silêncio. Então Todd exalou ruidosamente. — Tudo bem. Você
é gay. Entendi. Agora me diga que não é isso que você deseja anunciar.
— Isto é.
— Scott —, disse Todd, cansado. — Não. Você não pode fazer isso.
— Por que não?
Todd realmente riu. — Você sabe por que não! Jesus, eu realmente
preciso explicar isso para você? Você sabe quantos jogadores estão
alinhados para aceitar seus acordos de patrocínio? Você acha que eu não
estou lutando com o maldito agente do Matti Jalo por essa merda agora?
Você é apenas o segundo maior galã do time atualmente, e isso não vai
melhorar à medida que você envelhece. Agora, você precisa pegar o
máximo que puder. Você está no auge e isso não vai durar. Uma lesão, outra
queda...
— Eu sei. Eu entendo, — Scott disse laconicamente.
— Só estou dizendo que não há razão para afastar patrocinadores e
fãs. Não quando há tantas outras maneiras de acontecer que você não pode
controlar.
— Eu entendo —, disse Scott, — mas acho que algumas coisas são
mais importantes do que tudo isso.
— Mais importante do que tudo pelo qual você trabalhou durante
toda a sua vida?
— Não sei. Pode ser. — Scott estava um pouco menos seguro.
— Tudo bem, deixe-me tentar outro ângulo: você já pensou no que
um anúncio como este faria aos seus companheiros de equipe?
RACHEL REID
377

— Faria com eles...


— Você acha que não seria estranho para eles? Sabendo que você é,
você sabe...
— O que? Verificando-os no vestiário? Eu não estou.
— É que, com alguns desses caras, é o maior medo deles, certo? Eu
sei que não é racional. Sou um cara de mente aberta, Scott. Você sabe disso.
Estou apenas sendo real aqui. Alguns de seus companheiros de equipe, pelo
menos, ficarão estranhos. E isso vai afetar a dinâmica e o desempenho da
equipe. Você é o maldito capitão. É seu trabalho considerar essas coisas!
— Certo, — Scott murmurou. — Sim. Eu sei.
— Posso perguntar por que diabos você está considerando isso?
— Não quero mais mentir.
— Por que não? Todo mundo mente. Você acha que é o único gay da
NHL? Sem chance. Você é apenas o único que está pensando em contar
para a porra do mundo. Não faça isso, Scott. Você vai perder tudo.
— Vamos lá —, disse Scott. — Eu não perderia tudo. E não é seu
trabalho certificar-se de que não o faço?
— Eu não sou um maldito bruxo! Eu não posso fazer muito. Agora,
claro, um anúncio como este - ser o primeiro jogador abertamente gay da
NHL - pode abrir algumas novas oportunidades de marketing, mas não
consigo imaginar você sendo capa de videogame, ou mesmo representando
as grandes empresas de atletismo...
— Eu acho que você está errado sobre isso. Acho que o mundo pode
estar pronto.
— Bem, você é muito mais otimista do que eu.
— Já sabíamos disso.
GAME CHANGERS #1
378

Ambos os homens riram.


— Escute, — Todd disse, sua voz um pouco mais suave. — Você tem
que ter cuidado, certo? Se você for avistado... você sabe. Com um homem...
— Eu sou cuidadoso. Claro que tenho cuidado! Se eu não tivesse
cuidado, você acha que seria capaz de manter isso em segredo por tanto
tempo? Dos meus companheiros de equipe? Da mídia? De você?
— Suponho que não.
— Estou cansado de ser cuidadoso, — Scott suspirou.
Nenhum dos dois disse nada por um momento, então Todd disse: —
Como você faria isso? Fazer o anúncio, quero dizer? Você tem um plano?
— Não sei. Eu estava pensando em ver se a Sports Illustrated queria
a história. Talvez fazendo assim?
— Eles definitivamente vão querer a história. Aposto que
conseguiríamos um lance alto por isso, mas teríamos que ser inteligentes
sobre como comprá-lo.
— Não —, disse Scott. — Não estou procurando dinheiro para isso.
Não é por isso que estou fazendo isso.
— Sim, mas você também pode...
— Todd. Pare. — Ele sorriu. — Mas eu gosto que você esteja
considerando uma estratégia agora.
— Ainda não acho que você deva fazer isso.
— Anotado.
— Porra. Você vai fazer de qualquer maneira, não é?
— Provavelmente.
RACHEL REID
379

— Jesus Cristo. É melhor eu voltar a tomar minhas pílulas antiácido.


Só... não faça nada sem me avisar, certo? De preferência, não faça nada.
Nunca.
— Ficar no armário para sempre. Entendi.
— O que há de errado com o armário? É um lugar maravilhoso repleto
de atletas profissionais.
— Boa noite, Todd.

QUANDO SCOTT acordou na manhã seguinte, ele ficou na cama mais


tempo do que o normal, repetindo a conversa com seu agente. A parte do
que Todd disse que ele não conseguia tirar da cabeça foi:
Você acha que é o único gay da NHL?
Não. Scott tinha certeza de que não era. Mas ele se sentia como se
estivesse. O tempo todo. Foi uma sensação horrível e solitária. E aqueles
outros jogadores secretamente gays devem estar sentindo isso também.
Talvez ele pudesse mudar tudo isso. Talvez ele pudesse tornar mais
fácil para eles, assim como para si mesmo.
Ele franziu a testa. Ele realmente poderia mudar alguma coisa?
Apenas confessando ao mundo quem ele era? Isso teria um impacto? Ou
Todd estaria certo? Os patrocinadores iriam embora? Seus companheiros
de equipe se distanciariam? Os fãs virariam as costas? Seu jogo sofreria?
E então o que aconteceria com aqueles outros jogadores gays?
Certamente não os faria se sentir melhor.
Porra.
— O que está comendo você, Scotty? — Carter perguntou sobre um
prato de buffet de hotel com ovos mexidos e torradas.
GAME CHANGERS #1
380

— Oh, — Scott disse, voltando a prestar atenção. — Nenhuma coisa.


— Você é um péssimo mentiroso, Hunter. Eu continuo dizendo a
você.
Scott sorriu e cutucou seus ovos. — Tem sido mais fácil para você
desde que seu relacionamento foi... revelado?
— Ah, — disse Carter, baixando o garfo. — Cansado de manter sua
garota em segredo?
— Mais ou menos, — Scott disse com uma careta.
— Claro, talvez estivesse ficando um pouco velho, esgueirar-se por
aí. Sexy, por um tempo, mas você não consegue controlar o amor.
— Amor, hein?
Carter encolheu os ombros. — Eu não tenho vergonha.
— Fico feliz em ouvir isso. Eu acho que... Sim. AMOR. É uma grande
coisa, hein?
— Você não pode prendê-lo, Scott. Você tem que soltar para o
mundo ver.
— Certo.
— Escute, — Carter disse. — Por que não fazemos um encontro duplo
ou algo assim da próxima vez que Gloria estiver na cidade? Você poderia
facilitar, sabe? Iremos para algum lugar discreto, se você quiser.
— Talvez, — Scott disse, sabendo que não havia como. Estava lá?
— Com o que você está preocupado? Realmente não é grande coisa.
Você acha que ela não consegue lidar com algumas câmeras?
— Eu sou apenas uma pessoa privada. Ou, o mais privado que eu
puder, de qualquer maneira.
RACHEL REID
381

— Bem, não faria mal para você ser visto com alguém. Caso contrário,
eles vão começar a dizer que você é gay! — Carter riu. Scott não.
— Jesus, Scott. Ilumine-se. Ninguém está dizendo isso. Relaxe.
Scott se levantou. — Eu vou... — ele disse, fazendo um gesto vago em
direção aos elevadores. Ele se retirou para a privacidade de seu quarto de
hotel.

DE VOLTA ao seu quarto, Scott fez uma lista no papel timbrado do


hotel do que ele teria a perder se fizesse o anúncio.
Dinheiro, respeito, endossos, apoio de fãs, amizades, privacidade e,
na pior das hipóteses, sua carreira.
Ele fez uma lista do que teria a perder se não fizesse o anúncio.
Sua sanidade, seu respeito próprio, Kip.
Kip.
Quando ele colocou as duas listas uma ao lado da outra, não havia
escolha. Especialmente quando ele raciocinou que os itens da primeira lista
eram coisas que ele não necessariamente perderia. Os três itens da
segunda lista ele definitivamente perderia.
Está bem então.
Onde começar? Ele disse que não faria nada até que os playoffs
terminassem, mas agora que ele tomou sua decisão, parecia uma
eternidade de distância.
Ele precisava fazer algo agora. Mesmo que fosse apenas parte do
caminho. Ele não suportava fingir que Kip não existia, e ele não podia
continuar deixando seus amigos acreditarem que ele estava namorando
uma mulher fictícia. O suficiente.
GAME CHANGERS #1
382

Ele reuniu coragem e enviou alguns textos.

VINTE MINUTOS depois, Scott foi acompanhado em seu quarto de


hotel por seus três melhores amigos. Bennett foi o último a chegar.
— Tudo bem, — Carter disse com uma sobrancelha levantada, —
estamos todos aqui. O que foi, Scott?
— Hum —, disse Scott, — por que vocês não se sentam? — Ele
gesticulou em direção às camas, onde Huff já estava sentado. Bennett e
Carter juntaram-se a ele. Todos eles observaram Scott, esperando.
— Ok, — Scott disse para si mesmo.
— Jesus, o que está acontecendo, Hunter? — Huff perguntou.
— Nada —, disse Scott rapidamente. — Nada mal. Não é... — Ele deve
ter parecido terrível. Ele podia sentir o suor se formando em sua testa e
sabia que suas bochechas já estavam rosadas. Sua garganta estava seca e
seu estômago embrulhado. Ele olhou para suas meias azuis e encontrou um
pouco de coragem.
Ele respirou fundo. — Eu tenho algo que eu quero dizer a vocês. Eu
quero contar a todos, realmente. Mas eu quero dizer a vocês primeiro.
E, sim, ele definitivamente parecia nervoso, porque Carter nem
mesmo interrompeu com uma piada.
— Eu sei que é um momento estranho, mas eu só tenho que... está
afetando meu jogo. Preciso...
— Scott —, disse Bennett calmamente, — apenas diga.
Scott endureceu os nervos e disse, pela segunda vez, — Eu sou gay.
RACHEL REID
383

Seus companheiros olharam para ele e depois um para o outro. Os


poucos segundos de silêncio que se seguiram foram uma das coisas mais
agonizantes que Scott já suportou.
— Você está falando sério? — Carter perguntou, finalmente.
Não! Haha. Estou brincando!
— Sim.
— Uau, — Huff disse.
Bennett não disse nada, mas seu rosto parecia... normal. Não com
nojo, de qualquer maneira.
Agora que havia superado o maior obstáculo, Scott continuou: — Sei
que vocês provavelmente preferem... não saber. Mas eu precisava contar a
alguém. Então estou dizendo a vocês. Vocês são meus melhores amigos.
Então sim. Aí está.
— Você é sério? — Carter perguntou novamente.
— Sim —, disse Scott.
— Você está...? — Huff começou, então parecia sem palavras. —
Desculpe. Não estou tentando ser um idiota sobre isso. É só, você sabe.
Uau, certo?
— Eu sei —, disse Scott.
— Para ser honesto—, disse Bennett lentamente, — eu meio que
pensei que você poderia ser. Pode ser.
— Você fez?
— Sim. Não me entenda mal, ainda estou chocado aqui.
— Você está planejando contar a alguém fora desta sala? — Huff
perguntou.
— Eventualmente, sim. Eu não quero mais mentir.
GAME CHANGERS #1
384

— Merda —, disse Huff. — Isso vai - você tem certeza que quer esse
calor?
— Não quero esse calor —, disse Scott, — mas vou aguentar. Eu não
posso mais viver assim. E talvez - talvez eu possa tornar mais fácil para os
outros. Indo primeiro.
— Pode ser. — Bennett acenou com a cabeça pensativamente. — Isso
é muito para assumir, no entanto. Sua vida já é agitada o suficiente, não é?
— Gay? — Carter disse, ainda claramente não superando isso. — Mas
eu pensei que você estava com aquela garota sexy de cabelos escuros...
Elena?
— Não —, disse Scott. — Na verdade, estou... com o amigo dela.
— E agora?
— Tenho saído com alguém. Por alguns meses agora.
— Espere. O que?
— Estou namorando alguém. Estou... apaixonado por alguém.
— Alguém, como... alguém um homem? — Carter perguntou.
— Sim. Um homem, alguém.
Carter soltou um suspiro.
— Olha, eu não espero que vocês fiquem bem com isso agora ou algo
assim. Eu sei que é um choque e talvez não fosse justo da minha parte...
— Scott, — Carter disse, levantando a mão. — Cale a boca por um
segundo. Vou processar essa merda, e então vou te dar um abraço viril. Mas
feche por cinco segundos.
Scott reprimiu um sorriso. — Tudo bem.
RACHEL REID
385

Huff bateu as mãos nos joelhos e se levantou. — Ok, eu superei isso.


E estou feliz por você, Scott. É bom saber que você encontrou alguém. E se
alguém te falar merda sobre quem você é, eles vão ter que lidar comigo.
Os olhos de Scott arderam um pouco. — Obrigado, Huff.
— Eu também —, disse Bennett, também de pé.
— Sim, — Carter disse, finalmente se levantando para se juntar a eles.
— Eu também. Vamos nos abraçar, Hunter.
Eles se abraçaram e os outros dois seguiram em frente.
— Ei —, disse Bennett, depois que eles se separaram, — qual é o
nome dele?
Scott sorriu. — Kip.
Carter pareceu subitamente encantado. — Kip! — Ele disse. — Essa
é a coisa mais fofa que eu já ouvi! Você está brincando comigo com essa
merda?
— Graças a Deus —, disse Huff. — Achei que você ia dizer que estava
namorando Rozanov secretamente.
— Rozanov deseja —, disse Scott.
— Você tem uma foto de Kip? — Huff perguntou.
— Kip! — Carter exclamou novamente.
— Sim —, disse Scott timidamente. — Sim. Só um segundo... — Ele
puxou o telefone e trouxe sua foto favorita dele. Foi a primeira que Kip
mandou para ele, quando ele estava dormindo amarrotado na cama.
— Um cara bonito —, disse Huff. — Ele é um atleta?
— Não. Ele é esperto.
— Oh. Não é um filho da puta burro como nós? — Carter perguntou,
zombando da ofensa.
GAME CHANGERS #1
386

— Ele só... está fazendo mestrado. Em história. Ele é...


— Espere um minuto, — disse Carter, e agarrou o telefone de Scott.
— Esse é o cara do museu! Essas fotos na internet! Cara, eu nunca pensei...
— Bem, ótimo. Eu estava tentando ser discreto.
— Então, esse cara é tão bom que está fazendo Scott Hunter
considerar assumir publicamente.
— Sim, — Scott confirmou.
— Merda. Acho que tenho que conhecer esse cara.
— Isso realmente será um grande negócio —, disse Bennett, — se
você sair.
— Eu sei. E eu prometo que não vou fazer isso até que os playoffs
acabem. Não publicamente. Não precisamos disso agora. E também não
precisamos contar para a equipe.
— Sabe —, disse Huff, — meu cunhado é gay. Cara legal. Ótimo com
as crianças.
— Oh —, disse Scott. — Eu não sabia disso.
Huff encolheu os ombros. — Nem todos os jogadores de hóquei são
idiotas homofóbicos.
— Só para constar —, disse Carter, — se você tivesse que escolher
entre nós três...
— Não —, disse Scott.
— Para vim sobre —, disse Carter. — Quer dizer, presumo que seja
eu, mas...
— Bennett, — Scott disse, apenas para incomodar Carter.
— Faz sentido. — Huff acenou com a cabeça. — Bennett parece ser
um carinhoso.
RACHEL REID
387

Todos riram e foi bom. Scott amava todos eles.


— Nós protegemos você, Scott, — Huff disse quando eles estavam
saindo. — O que quer que você decida, estamos com você.
Scott acenou com a cabeça e engoliu o nó na garganta. Ele fechou a
porta atrás deles antes que pudessem vê-lo chorar.

— TRÊS SEGUIDOS! — Kip exclamou, apontando para a televisão. —


Isso é um truque de chapéu! Sim!
Scott marcou seu terceiro gol no jogo, tornando-o 6–2 para o
Admirals no terceiro período. Ele esteve em sua melhor forma a noite toda.
Kip ficou emocionado.
Os Admirals iriam vencer este jogo. E então eles só teriam que vencer
mais um para seguirem para a final.
— Ele é tão bonito —, disse sua mãe, para ninguém em particular.
— Sim, — Kip respirou. Seu pai deu uma risadinha.
— Estou feliz por ele —, disse a mãe. — Ele parece um homem tão
bom.
Kip sorriu para si mesmo.
— Suponho que eles estarão de volta à cidade amanhã —, disse papai
em tom de conversa, — para se preparar para o sexto jogo.
— Sim, acho que sim —, disse Kip, como se não soubesse com
certeza.
Scott havia mandado uma mensagem para ele naquela manhã. Nada
demais, apenas um rápido “Pensando em você”.
Kip havia respondido. Não muito, espero. :)
Ao que Scott respondeu: Vou ganhar esta noite.
GAME CHANGERS #1
388

Kip sorriu para isso. Ele gostava de ver Scott tão confiante. Era sexy.
Eu estarei assistindo. Eu amo você.
Eu amo você.
Scott cumpriu sua promessa.

NA NOITE seguinte, bateram à porta durante o jantar.


— Quem poderia ser? — A mãe de Kip perguntou, já se levantando e
caminhando para a porta.
— Provavelmente apenas Annette —, papai disse a Kip, referindo-se
ao vizinho do lado. — Eles acabaram de voltar das férias hoje, eu acho.
Kip enfiou um pouco de purê de batata na boca. Então ele ouviu
mamãe exclamar: — Oh meu Deus!
Ele ficou. — Mamãe?
— É - é Scott Hunter!
CAPÍTULO VINTE E SETE

KIP SE moveu como um raio. Com certeza, lá estava Scott, enchendo


a porta de sua modesta casa em Bay Ridge.
— Scott? — Disse Kip.
— Oi, — Scott disse timidamente.
Mamãe olhou entre eles. — Nós vamos. Suponho que seja melhor
você entrar.
— Obrigado —, disse Scott. Ele entrou e a mãe de Kip fechou a porta
atrás dele.
— Scott? — Kip disse novamente.
— Sim, desculpe por apenas aparecer assim, — Scott disse. —
Consegui seu endereço com Elena. Eu pensei - pensei que talvez
pudéssemos dar um passeio.
— Um passeio?
— Sim.
Eles se encararam estupidamente até que mamãe disse: — Bem,
calce os sapatos! Honestamente, Kip!
Scott sorriu, o que fez Kip sorrir.
Papai apareceu. — Ah. — Ele estendeu a mão. — George Grady —,
disse ele. — Prazer em conhecê-lo.
— Scott, — Scott disse, apertando sua mão.
— Sim —, disse papai.
— Scott, esta é minha mãe, Margaret.
— Olá, — mamãe disse, perplexa.
GAME CHANGERS #1
390

— Scott é meu... amigo —, disse Kip, — se você está se perguntando


por que ele está aqui.
— Na verdade —, disse Scott, — sou o namorado dele.
Kip ficou surpreso, mas sorriu para Scott. — Sim —, ele confirmou, —
estamos, hum... juntos.
— Oh meu Deus! — Disse sua mãe, as mãos cruzadas sobre a boca.
— Oh, Scott, você escolheu tão bem!
Todos eles riram e Scott sorriu afetuosamente para Kip. — Eu sei,
senhora.
— Senhora! — Mamãe exclamou. — Oh, eu gosto dele!
— Sinto muito —, disse Scott, — você estava jantando? Eu deveria
ter ligado primeiro. Mas tem um cheiro delicioso aqui.
— Está tudo bem —, disse Kip, ainda perplexo.
— Você já comeu, Scott? — Perguntou a mãe. — É apenas bolo de
carne, mas você é bem-vindo para se juntar a nós.
Scott olhou para Kip. — Se não houver problema.
— Nenhum problema! Entre —, disse a mãe. Ela apertou o braço de
Kip com entusiasmo ao passar por ele.
— Hum —, disse Kip, — talvez devêssemos... conversar. Primeiro. Por
um momento. Andar de cima?
— Sim —, disse Scott, — tudo bem.
— Já vamos logo, mãe —, gritou Kip. — Scott e eu só precisamos
conversar um minuto.
Ele se sentia tonto e estranhamente nervoso. Ele gesticulou para que
Scott o seguisse, e eles subiram a escada estreita para o segundo andar.
RACHEL REID
391

Quando eles entraram no quarto de Kip, ele fechou a porta atrás


deles e se virou, pronto para ouvir qualquer que seja o motivo que trouxe
Scott aqui. — O que...
Isso foi tudo o que Kip conseguiu dizer antes de Scott estar em cima
dele, apertando-o contra a porta e beijando-o avidamente. Kip agarrou
tudo o que pôde - a camiseta de Scott, seu pescoço, seus braços, seu cabelo
- e retribuiu o beijo. Ele adorava sentir a barba macia de Scott contra seu
rosto.
Scott o levantou de forma que as pernas de Kip estivessem
escarranchadas em sua cintura. Ele o carregou até a mesa de madeira que
ficava no quarto de Kip desde que ele tinha seis anos de idade e o sentou
nela. Ele abriu as pernas e o beijou com mais força, pressionando Kip de
volta contra sua estante.
Kip sentia calor por toda parte. Ele não se cansava da boca ou das
mãos de Scott. E, sim, talvez ele estivesse ficando um pouco excitado,
considerando que eles estavam em seu quarto de infância, mas isso era
fodidamente quente.
— Foda-se, Scott, — ele conseguiu dizer quando eles finalmente se
separaram. — O que está acontecendo?
— Eu não posso perder você, — Scott disse, beijando-o novamente.
— Eu não posso.
— OK.
Eles se beijaram um pouco mais, e os polegares de Scott deslizaram
pelo interior das coxas de Kip. Kip decidiu fazer a coisa responsável.
— Não podemos, — ele ofegou. — Temos que parar. Puta merda.
Meus pais estão esperando por nós. Porra.
GAME CHANGERS #1
392

— Eu sei. — Scott soltou um suspiro e deu um passo para trás. Ambos


tinham ereções muito óbvias, o que seria difícil de levar para a mesa de
jantar.
— Vamos sentar por um minuto —, disse Kip. — Apenas fale comigo.
Eles se sentaram juntos na cama de Kip e Scott disse: — Gosto do seu
quarto.
Kip olhou ao redor para a decoração familiar - e embaraçosamente
juvenil - de seu quarto. Ele ainda tinha o concurso de ortografia da escola
primária e os prêmios acadêmicos em uma prateleira acima de sua mesa. E
isso não foi uma coisa humilhante para o seu namorado superstar da NHL
ver.
— É muito glamoroso, sim, — ele brincou.
— É muito... você. Eu gosto disso. — Scott pegou a mão de Kip. Ele
deixou suas mãos cruzadas descansarem na cama entre eles. — Eu disse a
alguns dos meus companheiros de equipe.
— Você fez?
— Sim. Eu disse aos meus três amigos mais próximos da equipe.
— O que você disse a eles, exatamente?
— Que eu sou gay. Que estou saindo com alguém. Que o nome dele
é Kip. Que ele é maravilhoso.
Kip corou e sorriu. — Mesmo?
— Sim.
— O que eles disseram?
— Que estava ótimo. Talvez um pouco surpreso. Mas ótimo.
Encorajando.
— Bom! Isso é incrível, Scott!
RACHEL REID
393

— É, sim. E vou tudo depois dos playoffs. O mais breve possível.


— Uau. Isso é... uau.
— Eu não quero esperar mais, — Scott disse, virando-se levemente
em direção a Kip e passando os dedos em sua bochecha. — Eu faria o
anúncio agora mesmo, se isso não distraísse a equipe. Eu quero estar com
você da maneira que você merece. Da maneira que nós dois merecemos.
E agora Kip estava chorando. — Eu também.
Eles se beijaram com mais suavidade e ternura do que antes.
— Você virá à minha casa esta noite? — Scott perguntou.
— Sim, — Kip respirou. Não havia nada no mundo que ele quisesse
mais.
Eles se juntaram aos pais de Kip alguns minutos depois e, se ouviram
os dois homens se chocando no andar de cima, não deixaram transparecer.
Já havia um lugar preparado para Scott, com um prato que estava cheio de
comida. O prato de Kip parecia que tinha sido enchido um pouco também.
— Obrigado por me receber —, disse Scott. — É bom finalmente
conhecê-los.
— Estamos muito honrados em ter você. — Minha mãe estava
obviamente explodindo de orgulho. — Somos grandes fãs, você sabe.
— Oh. Obrigado.
— Sou fã dos Scouts —, disse papai, — mas posso abrir uma exceção.
Scott sorriu. — Eu cresci um fã de Buffalo. Eu me considero um fã dos
Admirals atualmente, no entanto.
Todos riram e Kip sorriu. Foi emocionante e surreal ter Scott sentado
aqui na mesa de sua família. Assistir seus pais rirem de seu humor seco. O
mesmo humor seco que Kip tanto amava.
GAME CHANGERS #1
394

— Isso é delicioso —, disse Scott. — Eu posso ver de onde Kip


consegue suas habilidades culinárias.
— Ele tem cozinhado para você? — Mamãe perguntou, encantada.
— Isso é bom de ouvir. Então, há quanto tempo vocês dois estão se vendo?
Kip não tinha certeza de como responder a ela. — Desde, hum...
— Nós nos conhecemos em janeiro —, disse Scott. — Eu o conheci
em seu trabalho, na verdade. Eu queria um smoothie, e, bem...
— Janeiro! Christopher Grady! Isso vem acontecendo desde janeiro
e você não nos contou?
— Precisávamos manter isso em segredo —, protestou Kip. — Scott
não é... Você sabe.
— Eu estou, hum... — Scott começou, — Eu decidi sair. Publicamente.
Em breve.
— Oh —, disse a mãe de Kip. — Bondade.
— Isso vai ser um grande negócio, — papai disse.
Scott concordou. — Acredite em mim, eu sei. E eu não queria... eu
não quero que Kip seja arrastado para algo para o qual ele não esteja
pronto, mas...
— Estou pronto —, disse Kip. — Qualquer coisa que aconteça, estou
pronto.
Scott deu a ele um pequeno sorriso agradecido. — Estou apaixonado
pelo seu filho, senhora. Eu não me importo mais com quem sabe disso.
Kip corou porque, putz.
Agora sua mãe estava chorando.
— Oh, querido, — ela disse, — Estou tão feliz por você. Vocês dois.
Kip sorriu para Scott. — Eu também.
RACHEL REID
395

***

SCOTT NEM esperou eles chegarem ao seu apartamento. Assim que


eles entraram no elevador, ele colocou sua boca na de Kip. Cada célula de
seu corpo gritou com necessidade crua e violenta. Ele queria esse homem
o tempo todo e não estava mais interessado em esconder isso.
No segundo em que eles entraram no apartamento, jaquetas e
camisas foram retiradas e espalhadas pelo chão. Scott tentou caminhar em
direção ao quarto, mas Kip os puxou de volta e eles estavam se beijando
descontroladamente contra a parede. Quando Scott deu um passo para trás
para sugerir que eles deixassem o corredor da frente, Kip começou a
desatar o cinto de Scott.
— Deus, Kip. — Scott adorava que Kip estivesse tão febril quanto ele.
Ele ajudou Kip a despi-lo até ficar de cueca.
— Quarto, — ele finalmente conseguiu dizer. — Por favor. Quer fazer
isso direito. Tenho pensado nisso há dias.
Kip assentiu, a boca molhada, machucada e frouxa, e porra, Scott
queria aqueles lábios em volta de seu pênis. Ele queria tudo.
Kip tirou os próprios tênis e seguiu Scott até seu quarto. Em breve
seria o quarto deles, se Scott tivesse algo a dizer sobre isso.
Quando eles estavam no quarto, Kip deslizou a mão dentro da cueca
de Scott, agarrando sua bunda. Sua outra mão brincou com um dos mamilos
de Scott enquanto ele beijava seu pescoço.
Scott fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás. Ele alcançou atrás
e agarrou a bunda de Kip, puxando-os mais apertados juntos para que ele
pudesse sentir o pau duro de Kip cavar nele.
GAME CHANGERS #1
396

Kip cantarolou e moveu a mão para cobrir Scott através de sua cueca.
A mão de Kip fez contato com seu pênis dolorido, e Scott gritou de uma
forma que era embaraçosamente carente.
Kip acariciou-o através do tecido por um tempo, depois enganchou
os polegares na cintura e puxou a cueca para baixo. Ele sentou Scott na
ponta da cama e caiu de joelhos no chão.
— Foda-se —, Scott sussurrou. — Sim.
Kip molhou os lábios e manteve os olhos fixos nos de Scott enquanto
rodava sua língua sobre a cabeça do pênis inchado de Scott. Ele sacudiu a
língua contra a fenda, lambendo o pré-sêmen que já estava escorrendo ali.
Foi tudo tão lento e deliberado que estava destruindo Scott da melhor
maneira.
— Eu te amo tanto, Kip, — ele balbuciou. — Não poderia fazer isto.
Não conseguia parar de pensar em você. Com tanto medo de te perder. Eu
preciso de você. Eu preciso de você. Porra!
Kip engoliu a maior parte de seu pênis e estava balançando a cabeça,
ainda lentamente, mas foi o suficiente. Foi mais do que suficiente. Scott
estava em chamas, em todos os lugares. Ele agarrou o colchão e observou
a boca linda de Kip tomar seu pênis, surpreso com o quão duro ele
trabalhou para fazer Scott se sentir incrível.
Havia muito que Scott queria. Ele queria ir e queria deixar Kip todo
animado até que Scott estivesse pronto para ir novamente. Ele queria foder
Kip e fazê-lo gozar e, em seguida, abraçá-lo como o inferno.
Mas primeiro...
— Tão bom, Kip. Tão bom pra caralho. Merda... eu vou...
RACHEL REID
397

O orgasmo o rasgou e desceu pela garganta de Kip. Kip pegou tudo,


cantarolando em aprovação depois de engolir. Scott olhou para ele, pasmo,
enquanto Kip deslizava seus lindos lábios. Eu não posso perdê-lo. Nunca.
— Não vai me perder —, disse Kip. Merda, Scott deve ter dito isso em
voz alta.
Kip se levantou e subiu em seu colo, fazendo com que Scott tombasse
para trás. Kip caiu em cima dele e o beijou. — Não acredito que você contou
aos seus companheiros de equipe —, disse ele. — E você contou a eles
sobre mim?
— Sim. Mostrei a eles uma foto, até.
— Merda. Mesmo?
— Mmm. Queria deixá-los com ciúmes.
Kip riu e franziu o nariz - era tão fofo. Scott o beijou.
Ele rolou, virando os dois para que Kip ficasse de costas. Ele beijou
seu caminho pelo corpo de Kip, demorando-se em todos os seus lugares
favoritos.
Kip o observou, sorrindo, com as mãos atrás da cabeça. — Então o
que vem depois? — Ele perguntou brincando.
— Eu vou te foder, — Scott disse, com naturalidade.
— Tão cedo?
— Mm... Só me dê um minuto. — Ele beijou a barriga de Kip e Kip deu
uma risadinha.
— Sua barba faz cócegas —, disse ele. — Eu gosto disso, no entanto.
É sexy.
— Isso me faz parecer um lenhador gostoso?
GAME CHANGERS #1
398

— Você lembra disso? — Kip riu. — Cara, eu estava tentando ser


suave. Na verdade, não achei que havia uma chance com você, mas eu tinha
que pelo menos deixar você saber que eu poderia estar interessado.
— Funcionou, — Scott disse, rastejando de volta para encontrar os
lábios de Kip. — Não conseguia parar de pensar em você depois que você
disse isso.
— Fico feliz por ter dito isso, então.
Eles se beijaram e foi doce e terno.
— Eu acho que pode ser a sua vez, — Scott murmurou.
— Mmm. Sim por favor.
Scott pegou o lubrificante que ele mantinha em sua mesa de
cabeceira e arrastou-se para baixo da cama. Ele envolveu uma mão
escorregadia ao redor do pênis de Kip e o acariciou enquanto observava seu
rosto mudar. O pequeno sorriso sedutor se transformou em uma expressão
de êxtase de queixo caído.
— Eu te quis desde o momento em que coloquei os olhos em você,
sabia disso? — Scott disse melancolicamente.
— Mesmo? Eu não estava dormindo ou algo assim?
— Eu pensei que você disse que não estava dormindo? Apenas
descansando seus olhos?
— Eu não estava. Eu, ah, apenas fechei meus olhos por um segundo.
Mas eu os abri e não sabia quem você era. Achei que você era realmente
gostoso.
— E quando você descobriu quem eu era, o que você achou?
— Que não havia nenhuma chance de eu ter uma chance com você.
RACHEL REID
399

Scott alisou os dedos e começou a abrir Kip suavemente. Kip


engasgou com a primeira pressão dos dedos de Scott contra seu buraco.
— Quando voltei pela segunda vez —, disse Scott, — pensei que
talvez... pensei ter pegado você olhando para mim.
— Você definitivamente fez.
— E a terceira vez—, disse Scott, empurrando lentamente um dedo
para dentro, — quando você estava sozinho... eu inventei uma desculpa
idiota para ficar. Eu nem sei por quê. Eu só queria olhar para você.
— Deus —, disse Kip, seu corpo se contorcendo no colchão. —
Deveria ter sentado no seu colo naquele momento e beijado você.
O estômago de Scott embrulhou, imaginando isso.
— O que você teria feito —, perguntou Kip, — se eu tivesse feito isso?
— Não sei. Eu teria ficado tão... chocado. Eu não acho que teria sido
muito bom. Mas...
— Mas?
— Aposto que teria te beijado de volta. Pelo menos por um segundo
Eu não teria sido capaz de evitar.
— E então?
— Então eu provavelmente teria saído correndo de lá.
Kip fechou os olhos e suspirou quando Scott acrescentou um segundo
dedo. — Você teria voltado.
— Sim, — Scott disse suavemente. — Eu teria.
— Você me convidou para aquele jogo. Eu ainda não me permitia
acreditar que tinha uma chance com você.
— Adorei ver você no meio da multidão.
GAME CHANGERS #1
400

— Eu fiquei obcecado por você por algumas semanas lá, — Kip


confessou. — Eu, uh... eu me masturbava algumas vezes. Pensando em
você.
Foda-se. O pau de Scott começou a encher novamente. — O que você
pensava?
— Imaginei como seria... — Suas palavras foram cortadas quando
Scott curvou os dedos para acariciar sua próstata. — Ah, foda-se. Tão bom,
Scott.
— Foi isso que você imaginou? — Scott perguntou, mais ousado
conforme ficava mais excitado. — Ou era o que estou prestes a fazer?
Enterrando-me dentro de você, fodendo você tão forte quanto eu quero
porque você aguenta?
— Sim. — A voz de Kip estava alta e selvagem. — Imaginei você me
fodendo contra uma parede. Porra, talvez no trabalho. Não sei. Só queria
sentir o quão forte você é.
Scott respirou fundo. — Eu pensei em você também. Na estrada,
quando eu nem te conhecia de verdade. Eu queria seu pau na minha boca.
Imaginei como você soaria quando viesse. Imaginei beijar sua linda boca.
Eu queria tanto... foda-se. OK.
Ele abriu uma camisinha e se preparou, então agarrou uma das
pernas de Kip e colocou seu tornozelo em seu ombro e entrou nele tão
rápido quanto ousou.
Kip gritou, arqueou as costas e estendeu a mão para ele. Scott se
inclinou para frente o suficiente para que Kip pudesse tocar seu rosto e
ombros. Então ele se afastou e bateu de volta nele.
— Sim! Deus, por favor, — Kip chorou. — Só assim, querido. Tão bom.
RACHEL REID
401

Scott o fodeu forte e rápido, e Kip olhou para ele com muito amor em
seus olhos.
— Tão bom, Scott, — Kip disse novamente. — Tão bom pra caralho.
Te amo muito.
As lágrimas surgiram nos olhos de Scott, o que era ridículo. Ele se
sentia tão bem e Kip estava tão maravilhoso e ele estava tão feliz...
— Toque-se —, disse ele, desacelerando um pouco. — Mostre-me o
que você costumava fazer quando pensava em mim.
Kip sorriu e começou a se acariciar. — Ainda faço, querido —, disse
ele. — Não posso te dizer quantas vezes esta semana eu fiz isso.
— Sim, — Scott respirou.
— Eu quero gozar—, disse Kip, rolando a cabeça para trás no
travesseiro. — Estou tão perto.
— Quero ver. Vou te foder até o fim.
— Sim, oh porra. Sim, Scott. Porra, eu estou...
— Venha para mim, bebê. Vamos. Mostre-me.
— Ah! Ah, porra, — Kip gritou, tremendo e apertando em torno do
pau de Scott. Ele diminuiu a velocidade da mão enquanto gozava. Os fios
brancos caíram em seu estômago. Então Scott acelerou suas estocadas, de
repente desesperado para gozar.
Kip ainda estava apertando com força ao redor dele, e Scott estava
bem no limite, tão perto pra caralho. Só precisava daquele empurrão...
— Venha comigo, Hunter. Vamos. Me bagunce.
Scott rosnou, puxou e arrancou a camisinha, mal a tempo de deixar
sua própria liberação cair sobre Kip.
GAME CHANGERS #1
402

— Oh meu Deus, — ele ofegou, olhando para a bagunça que ambos


fizeram no estômago de Kip. — Tão gostoso, Kip. Eu amo você.
— Eu amo você. Você é incrível. Venha aqui. — Kip o puxou para baixo
e o beijou.
Eles foram limpos e Scott cumpriu sua promessa a si mesmo de
abraçar Kip até a morte.
Kip se acomodou nos braços de Scott e apoiou a cabeça em seu peito.
— Você é tão confortável, — Kip murmurou.
— Venha morar comigo, — Scott deixou escapar. Oh Deus. Ele não
tinha a intenção de dizer isso. Não tão cedo.
— O que?
— Venha morar comigo, — ele disse novamente. — Eu quero que
você viva aqui, não apenas fique aqui. Eu quero que esta seja a nossa casa.
Kip ergueu a cabeça. — Você está falando sério?
— Sim.
Ele não disse nada por um minuto.
— Por favor —, disse Scott, preparando-se para a rejeição de Kip.
— Ok, — Kip disse suavemente.
Scott sorriu. — Sim?
— Sim. Eu... você tem certeza, entretanto?
— Tenho muita certeza. Quero compartilhar tudo com você, Kip. Eu
quero fazer isso de verdade.
— Tudo bem então.
Scott estava tonto. — Mal posso esperar! Vou preparar um dos
quartos vagos como escritório para você, para que possa estudar e fazer
RACHEL REID
403

seu trabalho. Vou instalar algumas estantes de livros. Quando você pode se
mudar?
Kip riu. — Não sei. A qualquer hora, eu acho. Não é como se eu tivesse
muitas coisas para mover.
— Podemos decorar o local. Juntos. Sempre foi meio esparso.
— Eu adoraria.
Quanto mais Scott pensava nisso, mais animado ficava. — Nós
poderíamos receber pessoas, — ele disse calmamente. — Amigos. Eu
nunca... eu realmente não faço isso nunca.
— Nós poderíamos, — Kip concordou. — Isso seria legal. — Ele se
mexeu para ficar apoiado em um cotovelo, olhando para Scott. — Tem
certeza de que está pronto para o que vem a seguir?
— Sim —, disse Scott. — Você está?
— Com certeza —, disse Kip.
CAPÍTULO VINTE E OITO

OS ADMIRALS derrotaram o Detroit no sexto jogo, eliminando-os dos


playoffs. Nova York estava avançando para a final da Stanley Cup contra o
campeão da Conferência Oeste, Los Angeles. A série estrearia em Nova York
em três dias.
Hoje, Scott iria falar com o treinador Murdock. Ele perguntou ao seu
treinador antes da videoconferência da equipe se ele poderia se encontrar
com ele em particular depois.
— Se isso for uma má notícia, eu realmente prefiro não ouvir—, disse
Murdock, assim que Scott entrou no escritório do homem. Seu tom era
mortalmente sério, mas ele era muito mais suave do que parecia. Ele
gostaria de saber de qualquer maneira.
— Não é, — Scott assegurou-lhe, e ele se sentou em uma das duas
cadeiras na mesa de Murdock. — Não deveria ser, de qualquer maneira.
— Você tem vinte minutos. Atire.
Scott exalou e começou o discurso que havia preparado. — Há algo
que quero dizer sobre mim que provavelmente se tornará de conhecimento
público em breve. Eu sei que o momento não é bom para isso, mas eu
realmente acho que é para o bem da equipe e para mim que eu...
— Jesus Cristo, Hunter —, disse Murdock. — Posso obter o formato
de ponto desta coisa?
— Eu sou gay.
Murdock congelou e olhou para Scott como se ele tivesse acabado de
dizer que ele era um mago.
Por favor, não grite comigo. Não sobre isso.
RACHEL REID
405

— Você é gay.
— Sim.
Murdock colocou as mãos diante do rosto e se recostou na cadeira.
Quando ele abaixou as mãos, ele estava sorrindo. — Quantas vezes você
disse essas palavras em voz alta?
Scott sorriu de volta trêmulo, aliviado. Tudo ficaria bem.
— Até agora? Duas vezes. A primeira vez foi para meu agente. A
segunda vez para Carter, Huff e Bennett.
Murdock acenou com a cabeça. — Inteligente, contando a eles
primeiro.
— Eu pensei assim.
— E você está me dizendo porquê...
— Eu não queria que você ouvisse de outra pessoa. Eu quero ir a
público. Em breve.
O rosto de Murdock ficou sério novamente. — Quando exatamente?
— Depois dos playoffs, — Scott disse rapidamente. — Eu prometo.
Não preciso contar ao resto da equipe ainda. Não estou tentando distrair
ninguém.
Murdock pareceu considerar isso. — Porque agora?
— Porque não quero mais viver uma mentira. E... estou com alguém.
Não é justo com ele.
— Ah. Você está apaixonado. Isso faz sentido. O amor faz os homens
fazerem todo tipo de coisas idiotas.
Scott deu um pequeno sorriso. — Eu acho que isso realmente pode
ser a coisa mais inteligente que já fiz.
GAME CHANGERS #1
406

— Você sabe o que vai acontecer, certo? Quando isso for divulgado?
Você tem um plano para isso?
— Tipo de.
Murdock praguejou baixinho. Scott se perguntou se talvez eles
tivessem terminado. Então Murdock disse: — Quando eu joguei, eu era um
dos dois jogadores não-brancos da liga.
Scott não disse nada.
— Minha jornada para a NHL foi... desafiadora, digamos. Eu não acho
que houve um único jogo em que eu não ouvi um jogador, ou um fã, ou um
pai, ou, inferno, mesmo um árbitro, ter algo a dizer sobre um homem negro
jogando hóquei.
— Você foi um pioneiro —, disse Scott.
— Certo. Em retrospecto, talvez. Não me senti assim na época. Eu só
queria jogar hóquei. Não pensei muito sobre meu legado além de ser o
maior centro que o jogo já viu.
Scott riu.
— O engraçado é que a imprensa só queria falar sobre a minha cor
de pele. Como fui revolucionário. Como eu estava mudando o jogo. Como
havia superado tantos obstáculos. Naquela época, tudo não passava de
ruído para mim.
— E agora?
— Agora eu olho para trás e posso ver porque todo aquele barulho
era importante. E eu sei que foi importante porque jogadores como
Vaughan me dizem que foram inspirados por mim. Eu os deixei um pouco
mais certos de que pertenciam a esse esporte que todos nós amamos.
RACHEL REID
407

Scott concordou. — Eu sei que vai haver muito... barulho. Estou


preparado para isso. Estou focado no meu jogo. Na minha equipe. Sobre a
vitória. Mas se eu posso deixar pelo menos uma criança mais confortável
com quem ela é, torná-la um pouco mais corajosa para viver sua vida sem
vergonha... eu não vou fugir disso. Eu quero isso.
— Então qual é o plano?
— Não sei. Eu estava pensando em oferecer a história à Sports
Illustrated, em vez de uma entrevista coletiva. Fazer em silêncio, sabe?
Murdock soltou um suspiro. — Eu não invejo você - o que não é algo
que eu pensei que diria - mas eu certamente respeito você, Hunter. Eu
cuidarei de você se alguém vier atrás de você.
— Obrigado, treinador.
Eles apertaram as mãos e Murdock disse: — Não é Rozanov, é?
— Jesus. Não! Por que todo mundo...?
— Bom. Eu não preciso desse tipo de circo.
Scott riu e saiu do escritório. Ele correu para Carter no corredor.
— Como foi essa merda? — Carter perguntou.
— Bom, na verdade. Eu gostaria de ter pensado que todos
receberiam a notícia tão bem quanto vocês.
— Sim, bem... — Carter enfiou as mãos no bolso do moletom e olhou
para o chão. Scott sabia que vinha lutando um pouco para aceitar a
sexualidade de Scott. Ele estava... mais quieto do que o normal.
— Escute, — Carter disse. — Eu quero que você saiba - se eu tenho
agido de forma estranha, ou o que seja, não é porque você é... Você sabe.
Gay e merda.
— Está bem.
GAME CHANGERS #1
408

— Não, é sério. Eu não tenho nenhum problema com isso. Mas acho
que tenho um problema com você não pensar que poderia me dizer mais
cedo.
Scott abaixou a cabeça. — Eu sei. Eu deveria ter te contado. Eu
queria. Eu só estava com medo.
— Eu só odeio pensar que você estava, tipo, sozinho. Todo esse
tempo.
Scott olhou para o amigo. Deus, tenho sido um idiota.
Ele colocou a mão no ombro de Carter, e Carter deu um passo à
frente e o abraçou.
— Obrigado, Carter.
Carter deu um tapa nas costas dele e eles se separaram. — Ei, — disse
Carter. — Eu, uh, eu tinha uma reserva para esta noite. É um restaurante
muito privado. Escuro, pequenos recantos, caro como o inferno. De
qualquer forma, Gloria tem que trabalhar até tarde, então eu estava
pensando... talvez você pudesse levar o seu homem.
Scott ficou pasmo. — Eu - eu não sei. Quer dizer, nós não...
— Leve seu homem a um maldito encontro, Scott. Você vai confessar
essa merda de qualquer maneira, certo? Facilite um pouco. Como eu disse,
esse lugar é discreto e romântico pra caralho. E delicioso. Merda, na
verdade, posso ser seu par?
Scott riu. — Vou perguntar se ele quer ir.
Ele não tinha dúvidas de que Kip gostaria de sair com ele para algum
lugar. Ele tinha menos certeza de que Kip gostaria de ir a um restaurante
que era — caro como o diabo. Mas ele reconheceu esse gesto de Carter
pelo que era.
RACHEL REID
409

— Obrigado, cara —, disse ele. — Significa muito. Mesmo.


Carter deu um soco no braço dele. — Vai ser feliz, idiota.

— QUÃO CHIQUE é esse lugar? — Kip perguntou a Scott pelo


telefone. — Acho que não tenho nada para vestir que seja bom o
suficiente...
— Não se preocupe com isso, — Scott o assegurou. — Sem querer
soar arrogante, mas você está comigo. Você pode usar o que quiser.
— Eu quero ficar bem para você. — Kip acrescentou uma camisa de
botões azul escura à pilha de “talvez” em sua cama.
— Você sempre está bonito. Você conseguiu o endereço que eu te
enviei?
— Sim. Fui ao site do restaurante. Parece chique...
— É apenas um restaurante. Carter escolheu, então provavelmente é
bom. Ele conhece comida.
— Sim, ok. — Ele fez uma careta para um pequeno buraco na manga
de um suéter preto que estava pensando.
Eles concordaram em se encontrar no restaurante porque, se eles se
encontrassem na casa de Scott, havia uma grande chance de nunca
chegarem ao jantar.
— O carro vai buscá-lo às sete —, disse Scott. — Tudo bem?
— Certo. Você não tem que enviar um carro. Eu posso pegar o trem.
— Ele jogou um suéter cinza na pilha.
— Estou mandando um carro. É uma noite especial!
Kip sorriu. — Tudo bem.
— Vejo você em algumas horas, então.
GAME CHANGERS #1
410

— Sim. Mal posso esperar.


— Nem eu.
Eles encerraram a ligação e Kip suspirou, franzindo a testa
novamente para seu guarda-roupa triste. Ele não foi capaz de acreditar
quando Scott perguntou se ele queria sair para jantar naquela noite. Scott
disse que iria se soltar sobre o relacionamento deles e, eventualmente, vir
para o mundo, mas Kip não esperava ter encontros reais como este tão
cedo. Ele estava emocionado, mas também terrivelmente despreparado
para ser levado a qualquer lugar tão chique. A única roupa realmente
chique que ele já teve foi o smoking que Scott lhe deu, mas isso era, ele
assumiu, de volta ao apartamento de Scott. Kip meio que perdeu a noção
do terno depois que Scott o tirou dele.
Além disso, restaurante bom ou não, o smoking provavelmente seria
um pouco exagerado.
Ele finalmente decidiu por uma roupa composta de seus jeans mais
escuros, uma camisa social, uma gravata escura e um suéter com decote
em V em ameixa profunda. Ele tirou uma foto rápida de si mesmo e a enviou
para Elena.
Kip: Isso parece ok?
Elena: Para quê?
Kip: Jantar com Scott!
Elena: Para onde você está indo?
Ele disse a ela o nome do restaurante.
Elena: Oh sim. Você está bem.
Kip acenou com a cabeça para o telefone, aliviado. Elena enviou outra
mensagem. Você está gostoso, por falar nisso.
RACHEL REID
411

Ele sorriu.
Este seria o melhor primeiro encontro de todos os tempos.

SCOTT SENTOU-SE sozinho à mesa aconchegante para dois no canto


escuro do restaurante e tentou não se importar se alguém estava olhando
para ele.
Estar sozinho em público muitas vezes o deixava aberto para ser
abordado por estranhos. Ele estava bem com isso na maior parte do tempo,
mas esta noite era para ele e Kip, não para eles. Este restaurante era muito
exclusivo, entretanto, e Carter não estava brincando sobre como as mesas
eram escuras e privadas. Era um lugar ideal para Scott testar um pouco as
águas. Carter tinha inventado a história de não ser capaz de usar a reserva
sozinho? Talvez ele só tivesse reservado isso com Scott e Kip em mente em
primeiro lugar. Scott apreciou o gesto, de qualquer maneira.
Ele bebeu um pouco de água e olhou novamente para a frente do
restaurante. Kip deve chegar a qualquer minuto.
Scott havia passado um tempo absurdamente longo se preparando,
como se fosse um encontro às cegas e não um jantar com o homem por
quem estava perdidamente apaixonado. O homem com quem ele estava
compartilhando sua vida por meses. O homem com quem esperava
compartilhar sua vida para sempre.
Finalmente, pouco depois das sete e meia, Kip foi conduzido até a
mesa pelo maître.
O coração de Scott deu um salto no peito. Kip parecia tão bonito e
tão feliz em vê-lo.
— Oi —, disse Scott, levantando-se para dar-lhe um abraço rápido.
GAME CHANGERS #1
412

— Oi. Você está vestindo um terno! Eu sabia que estaria malvestido...


— Você parece bem, — Scott disse, deixando seus olhos viajarem
sobre ele. — Perfeito.
— Se você diz, — Kip resmungou, deslizando para dentro da cabine
semicircular. Suas coxas se tocaram, mas Scott se recusou a recuar.
— Este lugar é bom —, observou Kip.
— Sim, uh, Carter disse que é... romântico.
Kip sorriu para ele e Scott corou.
— Estou muito feliz de estar em algum lugar com você —, disse Kip.
— Não importa onde. Mas isso é bom. Obrigado.
— Estou um pouco preocupado com a possibilidade de Carter
aparecer aqui —, disse Scott. — Acho que ele está ansioso para conhecê-lo.
— Isso é fofo, certo?
— Sim. Isto é. Quero apresentá-lo a todos, mas não esta noite.
Kip bateu o pé contra o de Scott. — Não essa noite.
— Ei, hum, você quer um pouco de vinho? Ou uma bebida? Depois
desta noite, vou me abster de álcool até depois das finais, então...
— Essa é sua regra ou do seu treinador?
— Do treinador. Mas eu teria feito a mesma regra para mim de
qualquer maneira.
— Duro, mas justo.
— Ei, alguns treinadores fazem seus jogadores se absterem de sexo.
— Merda. Você já teve um treinador que fez isso?
— Sim. Uma vez. — Scott se inclinou. — A parte mais difícil para mim
foi fingir que era difícil.
RACHEL REID
413

Kip riu, mas parecia um pouco triste. Scott tocou os joelhos juntos
sob a mesa e viu um calor nos olhos de Kip que o atraiu automaticamente.
Ele queria beijá-lo.
— Alguma pergunta sobre a carta de vinhos? — Disse o sommelier,
interrompendo o momento. Scott retrocedeu e imediatamente se sentiu
mal com isso.
Ele pediu um pouco de vinho desajeitadamente, com a ajuda do
sommelier ansioso para agradar. As pessoas esperavam que Scott soubesse
sobre coisas como vinho, ou pelo menos se interessasse, porque ele tinha
dinheiro. Ele não se importava com isso.
Ele pediu uma garrafa de “A primeira coisa que você disse. Aquele.
Parece bom”, e o homem saiu.
— Desculpe, — Scott disse assim que ele saiu. — Eu sei que meio
que... saltei para trás, então.
— Está bem.
— Não - é - eu não queria. Acho que não estou acostumado com a
ideia de...
— Não estou esperando que você de repente se sinta confortável
com tudo —, disse Kip. — Vamos devagar.
Scott sorriu agradecido para ele. Impulsivamente, ele cobriu a mão
de Kip com a sua, em cima da mesa para qualquer um ver. Kip sorriu e virou
a mão, entrelaçando seus dedos. Estava bem. Foi emocionante, mas não foi
assustador.
Kip apertou a mão dele e puxou a sua para pegar o menu. — Então,
o que é bom aqui?
GAME CHANGERS #1
414

— Não tenho ideia —, disse Scott. — Eu estava checando o menu um


pouco antes de você chegar. Eu entendo cerca de metade.
— Eu só vou dizer isso uma vez, porque eu sei que me faz parecer um
lixo, mas este lugar é caro pra caralho.
— Sabe —, disse Scott, — ainda recuso a preços como esses. Mesmo
que eu possa comprá-los facilmente, eu ainda procuro instintivamente pelo
item mais barato no menu.
— Não há nada mais barato neste menu.
— Peça o que quiser —, disse Scott, — obviamente. Acho que vou
pegar o alabote12 porque pelo menos sei o que é.
— Jesus. Está recheado com notas de cem dólares?
O vinho chegou, e Kip estava obviamente tentando não rir enquanto
Scott fazia a charada de prová-lo e fingir saber se era bom. Ele acenou com
a cabeça para o sommelier satisfeito e o homem encheu seus copos. Ele
saiu, o garçom veio e eles fizeram o pedido, e finalmente ficaram sozinhos
de novo.
— Ei, — Kip disse em uma voz suave, erguendo seu copo. — Para o
que vem a seguir.
— Para o que vem a seguir.
Eles tiveram um bom jantar. Eles beberam vinho e comeram pratos
ornamentados de comida estranha que tinha um gosto fantástico. Eles
conversaram e planejaram o futuro. O vinho deixava tudo agradavelmente
difuso e fazia Kip parecer brilhar na iluminação romântica do restaurante.

12
RACHEL REID
415

Entre os pratos principais e a sobremesa, Scott se aproximou e disse:


— Adoro estar aqui com você.
Aquele sorriso lento e sexy que Scott amava se desenrolou no rosto
de Kip. — Eu também querido.
— Eu quero te levar a todos os lugares. O que você disse sobre ir
dançar. Em um clube...
— Vamos. Quando você quiser.
— Aposto que você fica muito bem quando está dançando.
Kip se inclinou mais perto. Scott podia sentir o cheiro de sua loção
pós-barba. Ele queria enterrar o rosto no pescoço de Kip.
— Eu daria um show realmente bom, — Kip falou lentamente. —
Todos estariam nos observando. Mas seria tudo para você. Ninguém mais.
Scott se mexeu na cadeira. Ele estava quente. — Malditamente certo,
— ele rosnou.
Os olhos de Kip se arregalaram. Scott teve o vago pensamento de que
qualquer um que os estivesse observando não teria dúvidas de que eram
dois homens sexualmente interessados um no outro.
Sexualmente obcecados um com o outro, realmente.
Ele se importava mais? Deus, ele queria beijar Kip.
— O que você está pensando agora? — Kip perguntou.
Scott aceitou o desafio. — Eu meio que quero explodir você por baixo
da mesa.
Kip sorriu e mordeu o lábio. Foi a coisa mais sexy que Scott já tinha
visto.
— Bem, isso deve chamar a atenção de todos, — ele disse, seus olhos
brilhando com malícia.
GAME CHANGERS #1
416

Onde diabos estava aquela sobremesa idiota que eles pediram?


— Você é uma má influência, Grady.
— Mmm. Corrompendo o garoto perfeito de Nova York.
— Eu era tão doce e inocente antes de conhecer você, — Scott sorriu.
— Se eles soubessem que tipo de sujeira cai desses lindos lábios
quando você...
O garçom chegou com as sobremesas. Scott corou e sentou-se ereto,
agradecendo com um pouco de força demais quando colocou o prato na
mesa.
Depois que o servidor saiu, Kip sorriu e Scott balançou a cabeça e
soltou uma risada trêmula.
— Este é o problema de levá-lo a qualquer lugar —, disse Scott.
— Não sei do que você está falando.
— Estou falando sobre como você tem exatamente três minutos para
comer essa sobremesa, porque vou levá-la de volta para a minha casa o
mais rápido possível.
— O quê, sem café?
— Vou fazer um café para você na maldita manhã.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

KIP VOLTOU para o apartamento de Scott (deles?) Após seu turno


final na Straw + Berry. Ele jogou seu boné de beisebol de morango em uma
lata de lixo no caminho.
Seria uma parada rápida em casa para se trocar porque ele estava
saindo para encontrar Maria e Elena para um drinque comemorativo. Mas
ele queria ver Scott primeiro porque esta noite era o sexto jogo das finais,
e havia todas as chances de que os playoffs terminassem com os Admirals
vencendo a Copa. Kip estaria no jogo mais tarde, é claro, mas ele esperava
roubar um momento de silêncio com Scott antes do que com certeza seria
uma noite agitada e emocionante.
Scott tinha uma reunião de equipe naquela manhã, mas disse que
estaria em casa à tarde para uma soneca e para tentar relaxar antes do
grande jogo. Os longos voos e as diferenças de fuso horário entre Nova York
e Los Angeles aumentaram o estresse da série.
No apartamento, Kip encontrou Scott na cama.
— Ei, — Scott disse, erguendo-se sobre um cotovelo. Cabelo
bagunçado, barba espessa, músculos por toda parte - Kip ainda não
conseguia acreditar que este era seu namorado. — Como foi o último
turno?
— Sem intercorrências —, disse Kip. — Mas eu trouxe algo para você.
Por sorte.
Ele estendeu um blue smoothie. O último que ele teria que fazer.
— Aww, — Scott disse, estendendo a mão para pegá-lo. — Espero
que a nova equipe possa torná-los tão bons.
GAME CHANGERS #1
418

Kip fingiu horror. — Você deixaria outro cara fazer um smoothie para
você?
Scott sorriu ao redor do canudo. — Eu ficaria pensando em você o
tempo todo. Eu prometo.
Kip beijou seu cabelo. — Eu tenho que sair em um minuto. Maria e
Elena vão me encontrar em, tipo, meia hora. — Ele puxou sua camiseta suja.
— Eu acho que tenho que ir para o rinque logo de qualquer maneira,
— Scott suspirou. — Vocês vão falar de mim?
— Definitivamente, — Kip disse, enquanto puxava um novo par de
jeans da cômoda. — Maria tem chamado isso de Reunião Secreta da
Sociedade das Pessoas Que Sabem sobre Scott e Kip. Espero pelo menos
cem perguntas dela.
Scott riu e balançou a cabeça. — Não vai ser segredo por muito mais
tempo, eu acho.
Kip vestiu uma camiseta limpa e foi até a cama. Ele ergueu o rosto de
Scott e deu-lhe um beijo lento e adorável que tinha gosto de mirtilo. —
Quando você estiver pronto, — ele disse suavemente. — O simples fato de
meus pais e alguns amigos saberem sobre nós já me faz sentir muito
melhor. Sem pressa para o resto do mundo.
Ele se virou para ir ao banheiro, mas Scott agarrou seu pulso. Kip se
virou.
— Obrigado —, disse Scott. Seu rosto e seu tom eram muito sérios.
Seus olhos pareciam estar tentando dizer mais, e Kip desejou que eles
falassem, porque não tinha ideia de por que Scott estava agradecendo.
— Pelo que?
RACHEL REID
419

— Tudo. Não sei o que vai acontecer esta noite - se vamos ganhar ou
se vou pegar um avião para Los Angeles logo após o jogo - mas quero que
você saiba que eu nem mesmo jogaria esta noite se não fosse por você.
A sobrancelha de Kip franziu. — Claro que você estaria. O que eu
tenho que fazer com...?
Scott balançou a cabeça. — Eu estava infeliz, Kip. Eu sei que minha
vida parece muito boa - e é, de várias maneiras - mas eu estava tão sozinho.
E fica mais difícil a cada ano. Nesta temporada, antes de te conhecer, era
como... — Ele parecia lutar para encontrar as palavras. Kip pegou sua mão
e apertou-a.
— Era como —, continuou Scott, — se eu tivesse perdido meu amor
pelo hóquei. Tipo... o fogo apagou, sabe?
Kip sentou-se na cama ao lado dele. — E você acha que o encontrou
de novo... por minha causa?
— Sim. Eu acho. Eu me odiava por me sentir tão miserável porque
havia realizado meus sonhos e tenho todo esse sucesso e dinheiro e moro
nesta grande cidade, mas... quer dizer, nove temporadas voltando para
casa de viagens para ninguém. De verões sem namorado para viajar e sem
família para visitar. Nove temporadas sem data para as funções da equipe
ou para os prêmios NHL. De não ter alguém que amo no meio da multidão
nos jogos. Estava pesando em mim.
O coração de Kip se partiu um pouco. Ele odiava pensar em Scott
durante aqueles anos.
— Eu gostaria que tivéssemos nos conhecido nove anos atrás —,
disse ele com um sorriso triste.
GAME CHANGERS #1
420

Scott riu suavemente. — Sim, bem... eu provavelmente não estaria


pronto, naquela época.
— Se você quiser jogar mais vinte temporadas —, disse Kip, — eu te
cumprimentarei em casa depois de cada viagem. Estarei no meio da
multidão em quantos jogos puder. E eu serei seu par para qualquer coisa
que você quiser me levar.
Scott sorriu. — E as viagens no verão?
— Contanto que eu possa ajudar a pagar por isso.
Scott revirou os olhos. — Sabe, você poderia trabalhar sua teimosia
em me deixar pagar pelas coisas.
Kip o beijou. — Eu sei. Vou tentar relaxar sobre isso. Eu prometo. Eu
concordei em morar com você, não é? Isso é progresso!
Scott beijou seu nariz. — Isto é. Agora vá encontrar seus amigos.
— OK. Vá ganhar a Stanley Cup.
— Combinado.

— ENTÃO —, disse Maria, assim que o garçom entregou as


micheladas, — sobre o que devemos conversar? Oh! Eu sei! Que tal
conversarmos sobre como seu namorado está jogando na final da Stanley
Cup hoje à noite!
Kip balançou a cabeça, mas não conseguiu evitar um sorriso. — Eu
acho que é interessante, — ele disse suavemente.
— Está indo bem com ele, certo? Vocês ainda estão totalmente
apaixonados um pelo outro? Você não pode estragar tudo, Kip!
— Está indo bem! Estamos totalmente apaixonados. Eu não vou
estragar tudo. De novo.
RACHEL REID
421

Seus olhos se estreitaram, e ela apontou um chip de tortilla para ele


ameaçadoramente. — É melhor você não. Estou vivendo vicariamente
através de você.
— Oh Deus. Não diga isso.
Kip olhou para seu telefone. Elena tinha mandado uma mensagem
vinte minutos atrás para dizer que chegaria um pouco atrasada. Ele não
teve escolha a não ser sentar lá e enfrentar o ataque das perguntas de
Maria.
— Como é a casa dele? É enorme? Tem, tipo, doze banheiros?
— É uma cobertura e tem três banheiros.
Ela gemeu. — Você é tão sortudo. Quando você vai se mudar?
— Bem, agora, eu acho. Quer dizer, ainda tenho algumas caixas de
coisas aleatórias na casa dos meus pais para mudar, mas moro com Scott
em tempo integral agora.
Ela balançou a cabeça, parecendo confusa. — Você diz Scott e eu não
posso acreditar que você quer dizer... — Ela olhou ao redor e sussurrou: —
Scott Hunter. Tipo, você apenas o chama de Scott, como se ele fosse uma
pessoa normal!
— Ele é uma pessoa normal. Acontece que ele é muito bom em jogar
hóquei.
— E ele simplesmente é um bebê lindo.
— Sim. Isso também.
— Ele beija bem? Apenas me diga que ele beija bem.
Kip revirou os olhos. — Oh meu Deus. Onde está Elena?
— Alguém mais sabe? — Maria perguntou. — Você contou ao
Shawn?
GAME CHANGERS #1
422

— Não. — Ele mexeu o molho distraidamente com um chip de tortilla.


Ele se sentiu mal por mentir para Shawn, mas, - Shawn é um fofoqueiro e
ter que manter esse segredo pode realmente matá-lo. É melhor não contar
a ele.
Pelo menos, foi o que Kip disse a si mesmo. Ele esperava que Shawn
não o odiasse quando descobrisse.
— Ok, então, escala de um a dez...
— Não.
— Sendo o pior beijador do mundo, também conhecido como meu
par do baile...
— Não.
— E dez sendo, tipo, aquele beijo de Brokeback Mountain onde Heath
Ledger quebrou o nariz de Jack Gyllenhaal beijando-o com tanta força...
— O quê? É que um bom beijo?
— Sim. Então, onde seu bebê chega nessa escala?
— Hum, melhor do que um beijo onde meu nariz é quebrado?
— Então, um onze? Porra, eu sabia disso.
Kip riu. — Ele beija bem, certo? Pare de ser estranha.
— Quem beija bem? — Elena finalmente decidiu aparecer.
— O namorado perfeito de Kip, — Maria resmungou.
— Oh, ele não é perfeito, — Elena disse alegremente, tomando o
assento vazio. — Sua mandíbula é muito cinzelada.
— Mmm —, disse Kip. — E ele é muito alto.
— E amplo —, acrescentou Elena.
— E suas coxas são muito grossas, — Kip apontou.
— Simplesmente terrível —, ela concordou.
RACHEL REID
423

— Vocês são uns idiotas —, disse Maria. — Avise-me se algum de seus


companheiros de equipe estiver procurando por uma adorável latina para
cuidar.
Kip bufou. — Adorável?
— Diga a eles adorável. Quando perceberem que sou uma
resmungona total, já estarão apaixonados por mim e será tarde demais.
Todos eles riram.
Os três passaram algumas horas comendo comida mexicana e
bebendo (mas não muito, porque Kip não queria ficar bêbado para o jogo).
Eles falaram sobre a mudança de Elena para a Califórnia e sobre o novo
emprego de Maria, e sobre o novo emprego de Kip, e sobre Kip voltar a
estudar. Ele se sentia bem. Pela primeira vez em anos, ele se sentiu
confiante em seu futuro. Sua vida estava mais ou menos nos trilhos, mesmo
sem o namorado dos sonhos perfeito.
Mas ele tinha o namorado dos sonhos perfeito. E mais do que isso,
ele estava apaixonado, e não importava como ele imaginava seu futuro
agora, sempre incluía Scott.
— Nós devemos ir, — Elena disse, batendo em seu braço. —
Precisamos ver o homem com quem você está obviamente sonhando
acordado jogar hóquei.
— Eu não estava - certo. Sim, eu estava. — Ele se virou para Maria.
— Lamento não ter conseguido um terceiro bilhete, mas este jogo está
super esgotado.
— Sim, sem brincadeira. Os ingressos estão saindo por, tipo, cinco mil
dólares online —, disse Maria.
— Vou enviar uma selfie do jogo para você, certo?
GAME CHANGERS #1
424

— Oh, foda-se.
Quando eles estavam na rua, Maria o abraçou. — Estou feliz por você,
Kip. Quero dizer. Eu ajo como uma vadia, mas você é uma das melhores
pessoas que eu conheço e você merece aquele homem da fantasia.
Ele beijou sua bochecha. — Obrigado. Talvez da próxima vez que
saímos, Scott venha também.
— Diga a ele para deixar a camisa em casa. E trazer um companheiro
de equipe!
Kip riu. — Vou fazer.
Maria foi em direção ao metrô, e Kip e Elena seguiram na direção
oposta.
— Depois desta noite, você pode estar namorando um campeão da
Stanley Cup —, disse Elena.
— Finalmente, um motivo para ficar impressionado com ele!
Ela pegou o braço dele e inclinou a cabeça em seu ombro. — Estou
feliz que você estará em boas mãos quando eu partir.
— Eu também. Mas vou sentir muito a sua falta.
— Eu sei.
— E...
Ele não podia ver os olhos dela, mas tinha certeza de que ela os
revirou. — Eu vou sentir sua falta também, — ela disse. — Não quero ficar
todo emocionada, mas eu gosto de você.
Kip riu e a cutucou. — Valeu cara.

O TERCEIRO período foi uma agonia.


RACHEL REID
425

Scott podia sentir a tensão irradiando da multidão. Ele certamente


sentiu no banco e em seu próprio estômago.
O período começou com LA marcando um gol rápido para fazer o 2–
1. Com dez minutos restantes do período, Huff marcou uma assistência de
Scott para empatar por 2–2. A multidão gritou enquanto os Admirals davam
um suspiro coletivo de alívio.
Então veio a verdadeira coisa de roer as unhas.
Primeiro, Nova York recebeu uma penalidade, então eles estavam
com falta de mão de obra por dois minutos. Pareceu durar vinte minutos,
mas eles conseguiram matá-lo sem desistir de um gol. Restavam cinco
minutos no relógio.
Mais um minuto se passou e LA quase marcou, mas Bennett fez uma
defesa incrível que manteve New York no jogo.
Então, com dois minutos restantes, Scott pegou o disco e ele nunca
se lembraria de como exatamente aconteceu, mas de repente ele estava
em uma fuga. Ele correu em direção à rede, completamente focado em seu
alvo, e mandou o disco logo acima da perna direita do goleiro de LA.
Agora Scott estava atrás do banco com o resto de seus companheiros
de equipe e assistia o relógio marcar os segundos finais do jogo.
Oito... Sete... Seis...
Puta merda.
Conseguimos. Vamos ganhar a Copa Stanley.
Cinco... Quatro...
O rugido da multidão era ensurdecedor; 18 mil pessoas em pé,
torcendo pelo time da casa. Foi tudo o que Scott sempre sonhou que este
momento seria.
GAME CHANGERS #1
426

Dois Um...
E acabou. Scott saltou sobre as pranchas, quase colidindo com dois
de seus companheiros de equipe enquanto toda a equipe se derramava no
gelo junto. Tacos, luvas e capacetes voaram em todas as direções enquanto
seguiam direto para onde Bennett estava parado na frente de sua rede com
os braços erguidos em vitória. Em segundos, todos os Admirals se
amontoaram em cima do goleiro em uma confusão alegre de jogadores de
hóquei em êxtase.
Os jogadores se revezaram se abraçando e batendo nas costas uns
dos outros. Scott podia ouvir Carter gritando — Yeaaaaahhhh! — atrás dele,
e quando ele se virou para abraçar seu amigo, ele quase foi derrubado pela
força de Carter pulando em seus braços. Ele envolveu as pernas em volta
da cintura de Scott, forçando-o a segurá-lo por um segundo.
— Conseguimos, Scotty!
— Inferno, sim, nós fizemos.
Carter o soltou e caiu de volta no gelo. — Merda, provavelmente
deveríamos fazer fila, hein?
Scott olhou para o centro do gelo, onde a devastada equipe de Los
Angeles estava esperando em um amontoado desajeitado pelos
tradicionais apertos de mão.
— Certo. Sim. Vamos.
Ele chamou seus companheiros de equipe para se alinharem, e eles
rapidamente, mas respeitosamente, apertaram as mãos dos jogadores de
LA. Muitos caras de Los Angeles tinham lágrimas nos olhos. Scott entendia.
Ele já havia estado na posição deles antes.
RACHEL REID
427

Mas não esta noite. Esta noite ele havia realizado o sonho que tinha
desde a infância.
Ele esperou impacientemente enquanto a Stanley Cup era realizada
e o comissário da liga fazia um discurso enfadonho. Scott foi anunciado
como o MVP do playoff, o que era uma honra, mas não era o troféu que ele
queria estar segurando. Além disso, parecia ridículo ser destacado quando
toda a sua equipe havia trabalhado tanto para chegar aqui. Scott não era
um grande fã de prêmios individuais.
Finalmente, finalmente, Scott, como capitão do time, recebeu a
Stanley Cup. Ele pegou o troféu de prata gigante em suas mãos e era...
estranho de segurar, na verdade. Pesado, mas também difícil de segurar.
Mas Scott certamente não iria deixar isso escapar de suas mãos agora. Ele
beijou a Taça e a ergueu triunfantemente sobre sua cabeça, virando-se para
que toda a multidão pudesse vê-la. Agora pertencia a Nova York: o time e a
torcida.
E foi então que as lágrimas vieram. Scott as deixou rolar. Tudo
naquele momento era surreal e opressor e ele tinha muitos pensamentos
ao mesmo tempo.
Mas, principalmente, gostaria que minha mãe estivesse aqui para ver
isso.
Ela teria ficado tão orgulhosa dele. E foi ela, tanto quanto qualquer
pessoa, que levou Scott a este momento. Todas as escolas de hóquei,
treinadores e agentes do mundo não o teriam levado para a NHL se ela não
tivesse lançado a base com seu apoio e suas longas horas trabalhando no
supermercado para que ele pudesse comprar equipamentos de hóquei de
segunda mão.
GAME CHANGERS #1
428

Scott não era religioso, mas ergueu os olhos para as vigas e disse
baixinho: — Isto é para você, mãe.
Ele entregou a Taça para Carter, que a beijou, tipo, cinco vezes antes
de erguê-la bem acima dele. Scott encontrou Kip no meio da multidão, do
outro lado do gelo, em pé e aplaudindo com todos os outros. Scott deu um
pequeno aceno para ele. Ele não tinha certeza se Kip viu.
Foi mais tarde, quando o gelo começou a encher-se de esposas,
namoradas e filhos de seus companheiros de equipe, que Scott começou a
sentir isso. Misturado a toda a sua felicidade, havia um sentimento
preocupante de algo errado. Ele viu seus companheiros beijarem suas
parceiras e içarem seus filhos, e Scott queria poder compartilhar esse
momento com seu parceiro. Com o homem que amava.
E qual seria o mal em ter Kip caindo no gelo? De qualquer maneira, o
lugar era um zoológico: jogadores e funcionários de hóquei, repórteres,
fotógrafos e parentes. Quem perceberia se o namorado de Scott estivesse
entre eles?
Decisão tomada, ele patinou até o vidro perto de Kip. Ele acenou com
as mãos, o que muitas pessoas pareciam notar, mas não Kip. Então Scott
viu Elena cutucá-lo, dizer algo a ele e apontar para Scott. Kip olhou e sorriu.
O coração de Scott disparou. Deus, ele o amava.
Scott gesticulou em direção à caixa de penalidade. Kip fez um “o
quê?” exagerado No rosto, e Scott gesticulou novamente. Ele viu Elena,
novamente, dizer algo para Kip, e então Kip acenou com a cabeça e apontou
para a área de penalidade. Scott acenou de volta e saiu para encontrá-lo.
RACHEL REID
429

Da caixa, Scott observou Kip abrir caminho no meio da multidão. As


pessoas pareciam estar assistindo a esse pequeno espetáculo que estavam
apresentando com grande interesse.
Tanto para ser sutil.
Quando Kip alcançou o vidro que separava os assentos da área de
penalidade, ele estava corado, sorrindo e adorável.
E Scott sabia que não seria capaz de se impedir de fazer algo muito
estúpido em um momento.
Mas...
— Escale o vidro! — Scott gritou. — Eu vou pegar você.
— OK! — Kip subiu na saliência e colocou uma perna sobre o vidro.
Scott o ajudou e Kip caiu em seus braços.
— Você fez isso! — Disse Kip.
— Eu consegui, — Scott concordou.
Eles ficaram parados por um momento, ainda abraçados e sorrindo,
e talvez fosse a adrenalina bombeando por ele, ou talvez a noite toda
tivesse parecido um sonho tão maravilhoso e havia apenas uma coisa que
poderia torná-lo perfeito e que estava...
Ele podia ver a surpresa nos olhos de Kip quando Scott se inclinou e
o beijou. Scott pensou que poderia ser apenas um beijinho rápido, mas
assim que seus lábios se tocaram, ele simplesmente foi em frente. Ele
beijou Kip como se estivessem sozinhos e talvez não se vissem há meses.
Ele o beijou como um homem que tinha tudo o que sempre sonhou.
Quando eles se separaram, Kip ficou boquiaberto. — Puta merda!
— Eu não me importo —, disse Scott. — Eu amo você.
GAME CHANGERS #1
430

E era verdade. Ele não se importava. Bem, ele se importava que agora
ele pode ter desviado um pouco o foco de seus companheiros de equipe e
suas conquistas. Ele sabia que se sentiria mal com isso, especialmente
quando ele olhou para as telas gigantes do placar e viu uma cena ao vivo
dele e Kip, envolvidos um no outro.
— Bem —, disse Kip vertiginosamente, — acho que o gato está fora
da bolsa agora.
— Mmm. É melhor arriscar, então.
Scott o beijou novamente, e tudo ao redor deles desapareceu. Era
apenas Scott e o homem que ele amava, se agarrando em uma área de
pênalti.
Mas então, realidade. O que também era excelente no momento.
— A imprensa vai querer falar comigo, eu acho, — Scott disse,
olhando para o gelo. Havia muitos rostos atordoados olhando para eles.
— Vá —, disse Kip, — estou tão orgulhoso de você.
— Tudo bem, mas escute: vou para o vestiário com minha equipe em
alguns minutos e podemos levar família e amigos em breve. Venha falar
com a esposa de Huff, Laura. Ela vai te dizer para onde ir. Ela fez isso
algumas vezes.
— Scott. Vai. Pelo amor de Deus, pare de se preocupar comigo. Você
acabou de ganhar a Stanley Cup!
Scott sorriu. — Acabei de ganhar a Stanley Cup!
— Sim. Vá lá e seja um herói, Hunter!
Mas Scott se recusou a deixá-lo para trás. Ainda não. Este lugar era
muito caótico, e ele tinha que se certificar de que Kip seria cuidado. Ele
agarrou sua mão e puxou-o para o gelo com ele. Kip escorregou um pouco
RACHEL REID
431

quando seu tênis atingiu o gelo e Scott o segurou com um braço em volta
de sua cintura.
Havia um microfone no rosto de Scott quase imediatamente. Ele
soltou Kip e gesticulou na direção de Huff, que patinou.
— Você deve ser Kip —, disse Huff.
— Eu sou sim.
— Figurado. O beijo delatou.
Kip corou e Scott sorriu - ele provavelmente não pararia de sorrir por
dias. Talvez meses.
— Bem-vindo à grande família dos Admirals, garoto —, disse Huff. —
Venha conhecer os Huffs.
Scott observou Huff enquanto ele conduzia Kip para longe da
multidão da mídia que se formara. Huff era realmente o melhor.
Scott se voltou para os repórteres e as câmeras.
— Então —, disse ele, — alguma pergunta?

SE KIP tinha pensado que o jogo tinha sido selvagem, não era nada
comparado com a festa no vestiário depois.
A sala estava cheia de homens excitados e suados, esposas e
namoradas orgulhosas, crianças sonolentas, a imprensa. Cerveja e
champanhe estavam fluindo - Scott e seus companheiros estavam bebendo
champanhe na taça da Stanley Cup. Homens cantavam, homens gritavam,
homens choravam.
Scott e Kip se separaram algumas vezes, e isso deu a Kip a
oportunidade de notar os olhares que estava recebendo de... basicamente
de todos.
GAME CHANGERS #1
432

Mas ele se recusou a se encolher. Scott o queria lá, então lá estava


ele.
Carter Vaughan o pegou quando Kip estava sozinho. — Aqui está o
cara que eu queria conhecer! Venha aqui, cara!
Antes que Kip soubesse o que estava acontecendo, Carter o envolveu
em um abraço suado. — Kip, Kip, Kip. Eu amo essa porra de nome, você
sabe. Então, que porra é essa, certo? Você e Scott Hunter realmente
acabaram de ficar na frente do mundo inteiro?
— Nós realmente gostamos. — Kip ainda estava zumbindo sobre isso.
— Isso vai gerar alguns tweets.
Kip sorriu. — Eu espero que sim.
— Scott Hunter tem namorado. — Carter balançou a cabeça,
sorrindo. — Cara, eu nem consigo imaginar como é namorar um cara tão
perfeito.
— É muito bom.
Alguém entregou uma cerveja a Carter e Carter disse: — Ei, pegue
uma para o meu homem Kip, certo?
Quando quem quer que fosse voltou com uma cerveja para Kip,
Carter perguntou: — Então, qual é a sua história, Kip? Scott disse que você
é um estudante?
— Prestes a ser de novo, sim. Iniciando meu mestrado em setembro.
— Você pratica esportes? — O cara da cerveja - que estava bebendo
uma Coca - perguntou.
— Nah.
— Desculpe, — disse Carter, — esse idiota rude é Eric Bennett. Você
não o reconhece porque ele geralmente tem uma máscara sobre o rosto.
RACHEL REID
433

— Oi —, disse Bennett.
Kip acenou com a cabeça. — Prazer em conhecê-lo. Parabéns.
— Você é fã de hóquei? — Carter perguntou.
— Agora sou, com certeza. Sempre gostei de assistir hóquei. Não
tinha seguido muito de perto, até...
— Até você começar a namorar a maior estrela do jogo?
— Certo. Sim.
Carter olhou para ele com alguma curiosidade. — Então você não é
um fanboy de Scott Hunter. Você acabou de conhecê-lo?
— Sim. Ele não te contou?
— Não. É fofo?
Kip encolheu os ombros. — Provavelmente é chato. Um dia ele
simplesmente apareceu no lugar onde eu trabalhava. É, uh... é uma loja de
smoothies. De qualquer forma. Ele pegou um smoothie e voltou no dia
seguinte... e de novo...
— Isso, — Carter disse com um sorriso largo, — é fofo pra caralho.
Ele te pegou no trabalho? Não achei que Hunter tivesse algum jogo!
— Ele não fez, realmente. Pegar-me, quero dizer. Ele simplesmente
continuou entrando. E eu meio que... sugeri...
Carter compartilhou um olhar de cumplicidade com Bennett. — Sim,
isso faz muito mais sentido. Ele provavelmente esperava que você
simplesmente tropeçasse e caísse sobre ele ou algo assim se ele
continuasse aparecendo.
— Pode ser. Tudo deu certo no final, de qualquer maneira.
— Você está pronto para estar no meio de uma tempestade na mídia
quando isso for divulgado? — Perguntou Bennett.
GAME CHANGERS #1
434

— Não —, disse Kip, endireitando a coluna. — Mas eu estarei lá. Bem


ao lado de Scott.
Carter riu. — Tudo bem, fique quieto, soldado. Nós protegemos você.
Gosto de você, Kip. Quase tanto quanto gosto de dizer seu nome.
— Obrigado.
Scott se juntou ao pequeno círculo, passando um braço pesado sobre
os ombros de Kip. — Esses caras estão incomodando você? — Ele
perguntou com um sorriso desleixado. Era possível que ele já tivesse bebido
muito champanhe.
— Estamos apenas tentando descobrir como um cara tão bom
acabou com uma bagunça como você, Hunter, — Carter brincou.
— Eu também não sei, mas estou feliz que ele fez, — Scott disse, e
beijou Kip na bochecha. Kip ficou vermelho brilhante. Ele olhou para Carter
e Bennett, esperando que eles estivessem desviando o olhar, mas os dois
estavam apenas sorrindo para eles.
Scott baixou a cabeça para falar diretamente no ouvido de Kip. — Eles
estão expulsando todo mundo que não é do time, mas te vejo em casa,
certo?
— Com certeza. Mas não espero você tão cedo. É sua noite. Divirta-
se, ok?
— Eu irei. Eu amo você.
— Eu amo você.
E então Scott o beijou rapidamente na boca. Foi apenas um selinho,
mas não foi um gesto pequeno, considerando onde eles estavam.
Kip praticamente flutuou todo o caminho para casa, repassando as
últimas horas em sua cabeça e sonhando com o futuro.
RACHEL REID
435

***

KIP PASSOU algumas horas em casa olhando para o telefone.


Ele tinha recebido muitas mensagens naquela noite.
Maria: Aaaahhh!!! Que porra é essa???!! Essa foi a coisa mais fofa
que eu já vi?????
Shawn: Você. Porra. Cadela. Sua vadia mentirosa, porra. Vamos
almoçar juntos. EM BREVE.
Kyle: Em primeiro lugar, parabéns e estou feliz por você. Em segundo
lugar, puta merda!
Megan: Hm... O QUÊ?!
Ele também tinha recebido mensagens de texto de pessoas com
quem não falava há meses. Houve algumas ligações perdidas de seus pais.
Ele as devolveria amanhã.
Elena havia deixado o jogo em algum momento, mas ela havia
mandado uma mensagem para ele. Parabéns. Vocês, rapazes, acabaram de
fazer história.
Uma segunda mensagem dizia: Sério, porém, quase chorei.
Kip continuou assistindo ao mesmo vídeo indefinidamente. Foi a
entrevista que Scott deu no gelo, imediatamente depois que eles se
beijaram. Isso, junto com muitas fotos e capturas de tela deles se beijando,
se tornou viral.
— Claro, sim —, Scott disse ao entrevistador, que perguntou se ele
queria comentar sobre o que todos tinham acabado de testemunhar. — Eu
estava comemorando um pouco com meu namorado.
— Eu não acho que o mundo estava ciente de que você...
GAME CHANGERS #1
436

— Gay? Sim, sou gay. Eu estava planejando fazer algum tipo de


anúncio oficial, mas que diabos, certo? Todo mundo está aqui agora.
O entrevistador ficou em silêncio por um momento, aparentemente
atordoado, antes de piscar e dizer: — E... você está... há algo que você
queira nos contar sobre ele?
— Absolutamente. Ele significa o mundo para mim e eu o amo.
Kip sorria como um idiota toda vez que assistia. A voz de Scott estava
tão firme. Tão confiante, como se ele não tivesse nenhum arrependimento.
Sem olhar para trás.
Kip tentou não prestar muita atenção ao que as mídias sociais
estavam dizendo sobre isso, mas um olhar lhe disse que parecia haver mais
pessoas emocionadas do que enojadas. Definitivamente, muito choque de
ambos os lados.
— Isso vai ser uma loucura, porra, — Kip murmurou para seu
telefone. A partir de amanhã de manhã, sua vida seria muito diferente.
Mas esta noite ele estava em casa, loucamente apaixonado e muito
feliz. Ele estava orgulhoso de Scott por muitos motivos.
Ele assistiu a entrevista novamente.

SCOTT FICOU surpreso, mas não realmente, ao encontrar Kip sentado


em um dos banquinhos no balcão da cozinha, e não na cama, quando ele
chegou em casa. Eram quase três e meia da manhã.
Ele estava vestindo calça de dormir e um top, e ele era tudo que Scott
queria ver naquele momento.
— Você está acordado, — Scott disse estupidamente.
RACHEL REID
437

— É claro. Você parece menos bêbado do que eu esperava. — Kip


desceu do banquinho e cruzou o chão para encontrar Scott.
— Eu parei de beber há um tempo. — Scott colocou as mãos na
cintura de Kip.
— Estou muito orgulhoso de você —, disse Kip. — Por tudo esta noite.
Scott o beijou e foi exatamente o que ele desejou a noite toda.
Mesmo enquanto comemorava a vitória da maldita Copa Stanley com seus
companheiros de equipe, ele se sentia consumido pela necessidade de
beijar o namorado.
— Meio que pulei do penhasco ali —, disse ele, depois que se
separaram. — Desculpe. Eu deveria ter falado com você primeiro, talvez.
— Está tudo bem —, disse Kip. — Scott, está tudo bem. Eu não estava
esperando, mas... quer dizer, isso foi romântico pra caralho!
Scott riu e enterrou o rosto no pescoço de Kip, beijando logo abaixo
de seu queixo.
— Eu te amo muito —, disse ele. Sua voz tinha ficado muito rouca ao
longo da noite. Ele gritou muito.
— Também te amo meu amor. Agora vamos. Sempre quis levar um
campeão da Stanley Cup para a cama.
EPÍLOGO

SCOTT SENTIU a mão de Kip apertar a sua. Ele retribuiu o gesto,


tranquilizando-o.
Estou bem. Eu tenho isso
Eles se sentaram juntos na plateia do NHL Awards em Las Vegas. Os
indicados para o prêmio final da noite, o MVP da liga, estavam sendo lidos
do palco, com o nome de Scott entre eles. Vencer seria bom, mas ele não
estava preocupado com isso tanto quanto esperava por uma oportunidade
de falar.
— E o Hart Trophy vai para —, disse o apresentador, — Scott Hunter!
Scott exalou e se levantou. Aqui vamos nós. Kip soltou sua mão e
sorriu para ele, e Scott encontrou força naquele sorriso. Ele ignorou a
vibração em seu estômago enquanto se virava e caminhava para o palco.
Ele pegou o troféu do apresentador e o ergueu por um momento antes de
colocá-lo com cuidado no chão próximo ao pódio.
— Oi —, disse ele quando os aplausos diminuíram. Houve risos
dispersos.
— Em primeiro lugar, obrigado por isso. Todos os meus colegas
indicados são igualmente merecedores. Até Rozanov. — Houve mais
risadas.
Ele olhou para baixo por um momento, organizando seus
pensamentos. Ele provavelmente deveria ter escrito algo, mas esse tipo de
planejamento nunca foi realmente seu estilo.
— Algumas semanas atrás —, ele começou, — eu alcancei o sonho
de minha vida de ganhar a Stanley Cup. Aqueles de vocês que fizeram isso
RACHEL REID
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sabem como é. Eu realmente não consigo descrever. Mas... outra coisa


aconteceu naquela noite. Algo que, vocês provavelmente perceberam,
chamou muito mais atenção do que os Admirals venceram a Copa.
O público estava muito quieto agora. Ele podia sentir a tensão na sala.
Ele realmente vai falar sobre isso? Aqui?
— Tem sido um mês interessante, — ele continuou. — No caso de
você de alguma forma ter perdido, eu me tornei gay de uma forma
ridiculamente pública. Não me arrependo disso e nunca irei. Eu sei que foi
um choque para a maioria das pessoas. E, infelizmente, foi uma decepção
para alguns. Eu sei que as pessoas têm queimado suas camisetas do Scott
Hunter, o que, a propósito, não é uma boa ideia. São poliéster e estão
cheios de produtos químicos.
A multidão riu. Eles pareciam aliviados.
— Eu, uh, eu tenho uma conta no Twitter algumas semanas atrás —,
disse Scott. — Sempre fui uma pessoa muito reservada. Ou, tão privado
quanto posso ser, considerando. Adoro conhecer fãs, mas nunca
compartilhei minha vida em público. O que tenho visto, nas últimas
semanas, é que talvez seja importante que eu faça, um pouco. Os fãs têm
me enviado mensagens, muitos fãs jovens, me dizendo o quanto significou
para eles eu sair.
Scott não mencionou que ele também recebeu e-mails e telefonemas
de alguns outros jogadores da NHL, dizendo coisas semelhantes. Ele não
estava aqui para iniciar rumores ou especulações.
— Eu amo hóquei. Eu amo ser capaz de fazer isso para viver. Mas —,
disse ele, — eu sei o que é não me encaixar.
GAME CHANGERS #1
440

— Quando eu era adolescente, quando começou a parecer que a


carreira no hóquei era uma possibilidade real, duas coisas aconteceram.
Uma foi que minha mãe morreu. A outra foi que comecei a perceber que
poderia ser aquela coisa que todo jogador de hóquei gosta de lançar como
um insulto. O tipo de linguagem que eu ouvia no gelo e no vestiário, a cada
dia era um lembrete constante de que eu era diferente. Talvez tenha me
tornado um jogador melhor. Talvez tenha me dado outro motivo para
provar meu valor. Mas também me deixou com medo de que alguém
descobrisse meu segredo.
A sala ficou em silêncio.
— Quando você tem um segredo que se esforça tanto para proteger
quanto eu fiz —, disse Scott, — é exaustivo. É um esforço contínuo, tentar
mantê-lo escondido, e o medo de que as pessoas descubram o consome.
Também te torna solitário.
Ele parou por um momento. Ele provavelmente estava exagerando
nas boas-vindas, mas não havia terminado.
— Tive muita sorte. Tenho muito e sou grato. Mas eu sempre estava
perdendo algo muito importante na minha vida. E este ano, eu encontrei.
Os olhos de Scott pousaram em Kip e ele pôde ver que seus lábios
estavam pressionados e os olhos úmidos.
— Já participei de muitos casamentos dos meus companheiros de
equipe ao longo dos anos e ouvi muitos discursos sobre o amor, ou sobre
encontrar aquela pessoa que muda tudo para eles. Eu nunca entendi
realmente, no entanto. Achei que nunca iria entender. Não era para mim.
Mas este ano... conheci alguém. Eu conheci essa pessoa. A pessoa que
mudou tudo. E ele me deu confiança, força e necessidade para ser honesto
RACHEL REID
441

sobre quem eu sou. O medo é uma coisa poderosa, mas este ano eu
encontrei a coisa que é mais poderosa.
As pessoas estavam se virando para olhar para Kip agora.
Provavelmente havia uma câmera nele também, para a transmissão ao
vivo.
— Portanto, compartilho esta honra com meus companheiros de
equipe e meus treinadores —, disse Scott, precisando encerrar o assunto,
— mas também a compartilho com você, Kip. Você me fez melhor, em todos
os sentidos. Eu amo você.
Kip murmurou “Eu também te amo” de volta para ele.
— E, uh, um dos clubes gays aqui em Vegas está tendo uma noite de
Scott Hunter esta noite, então é onde estarei mais tarde, se algum de vocês
quiserem ir dançar.
Houve risos dispersos e um distinto “grito” que Scott tinha certeza de
que era Carter. Ele sorriu.
— Obrigado —, disse ele. Então ele pegou seu troféu e deixou o palco
sob aplausos violentos.

SCOTT TAMBORILOU os dedos contra o joelho, possivelmente com a


batida forte da música do clube. Mais provável para o ritmo interno de seu
coração acelerado.
Ele estava em um clube. Uma boate gay. Que estava cheio de pessoas
que estavam ostensivamente celebrando-o.
Ele poderia ser legal sobre isso. Absolutamente.
GAME CHANGERS #1
442

O fato de ele estar rodeado de amigos ajudava. Mais do que ajudava.


Ele não tinha palavras para descrever o quanto significava para ele ter as
pessoas que significavam mais para ele aqui esta noite.
Carter e Gloria se sentaram no sofá em frente a ele na aconchegante
seção VIP. Ao lado deles estava Huff, com Bennett relaxando sozinho em
uma cadeira. Matti Jalo estava parado na grade, observando a pista de
dança abaixo deles.
O convite de Scott foi sincero; ele teria adorado ter visto alguém da
plateia do NHL Awards aqui no clube esta noite. Ele honestamente não
esperava que alguém realmente aparecesse, além de Carter, Huff e
Bennett. Até Jalo foi uma surpresa.
— Elena disse que amou o discurso e desejava poder estar aqui, —
Kip disse enquanto colocava seu telefone na mesa na frente deles. Ele se
moveu um pouco mais perto de Scott, pressionando seus corpos juntos no
sofá e dando-lhe um tapinha reconfortante no joelho. — Como vai?
— Bem —, disse Scott. — Mesmo. Eu estou feliz.
E ele estava. Era estranho ser famoso por um motivo totalmente
novo. Por apenas ser quem ele era. Ele tinha fãs agora que nem assistiam
ao hóquei.
Seria um verão interessante.
Scott ia fazer muita publicidade naquele verão, incluindo um artigo
da Sports Illustrated. Desta vez, o foco seria quase inteiramente em sua
sexualidade e vida privada. Era desesperador, mas ele entendia por que era
importante.
Kip argumentou contra as férias na Europa; ele estava determinado
a trabalhar o máximo de turnos que pudesse no Kingfisher antes do início
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das aulas. Scott sabia melhor do que lutar com ele sobre isso, mas Kip tinha
sido cada vez melhor sobre deixar Scott pagar por coisas. Coisas como essa
viagem a Las Vegas, que fora a primeira vez de Kip em um avião. Scott
estava feliz por estar lá para isso, e ele esperava experimentar muito mais
estreias com Kip.
Ele também gostou muito de visitar Kip no trabalho. O Kingfisher
agora dera o nome de Scott a uma bebida. Apenas Kip e Scott sabiam por
que tinha suco de mirtilo.
— Você está incrível esta noite, — Scott disse em voz baixa, seus
lábios roçando a orelha de Kip. — Eu já te disse isso?
Ele estava incrível de olhar. Ele sempre pareceu perfeito para Scott,
mas esta foi a primeira vez que ele o viu arrumado para sair. Ele parecia
sexy sem esforço - sensual - de uma forma que Scott tinha certeza que
nunca poderia alcançar a si mesmo. Ele estava vestindo uma camiseta preta
com decote em V profundo e jeans carvão que eram tão justos que Scott se
perguntou como ele conseguiu colocá-los e, com alguma preocupação,
como eles poderiam ser removidos mais tarde. Seu cabelo estava
bagunçado para criar uma aparência que parecia descuidada e meticulosa.
Mas a única coisa que estava realmente distraindo Scott esta noite
foi o toque do delineador que Kip estava usando. Havia algo nisso que
entusiasmou Scott, como se ele estivesse subindo de nível. Ele estava
oficialmente, ousadamente, olhando para os estereótipos homofóbicos que
se espalharam pelos vestiários e dizendo, sim, Scott Hunter - capitão do
New York Admirals e modelo de masculinidade rude - estava indo para uma
boate gay com seu namorado bonito e pintado.
GAME CHANGERS #1
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Scott entrelaçou os dedos e os segurou com força. Que o mundo não


se engane: Kip Grady era dele.
— Isso é divertido, sim? — A voz de Jalo cresceu, mesmo com a
música forte. — Noite de Scott Hunter!
— Eu estava esperando mais, — Carter reclamou. — Onde está o
tema?
Kip riu. — O que você esperava?
Carter encolheu os ombros. — Dançarinos go-go em atletas, talvez?
Com tacos de hóquei? Talvez uma escultura de gelo na forma de Hunter?
Era verdade que Scott Hunter Night parecia consistir principalmente
em Scott estar no prédio, mas ainda assim. Foi agradável.
— Vou ao banheiro —, disse Scott a Kip. — Volto logo.
Poucos minutos depois, enquanto voltava para seus amigos através
da multidão de pessoas, ele olhou para a esquerda e notou um homem alto
e em forma elegantemente encostado em um pilar, do lado de fora da área
VIP. Scott levou um momento para reconhecê-lo e, quando o fez, não
conseguiu acreditar no que via.
— Rozanov? — Ele perguntou. Ilya Rozanov sorriu preguiçosamente
enquanto Scott se dirigia para ele.
— O que você está fazendo aqui? — Scott gritou por cima da música.
Rozanov encolheu os ombros. — Queria ver o que era Scott Hunter
Night. Não é tão ruim quanto parece.
Scott bufou e balançou a cabeça. — Você realmente veio a um bar
gay em Vegas só para tirar sarro de mim?
Rozanov ignorou sua pergunta e, em vez disso, fez um gesto com a
mão no ar e disse: — Então. Este é você agora?
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Scott não tinha certeza do que ele queria dizer, mas acenou com a
cabeça. — Este sou eu. Quer dizer, sempre fui eu. Mas agora estou... melhor
em ser eu.
Rozanov pareceu considerar isso. — É bom. O que você fez. Será bom
para... outros.
Havia algo nos olhos de Rozanov que chamou a atenção de Scott. Ele
nunca tinha visto aquele olhar em seu rosto antes. Era gratidão, talvez?
— Espero que sim —, disse Scott.
Rozanov sustentou seu olhar por mais um segundo e depois desviou
o olhar.
— Estou aqui com alguns dos caras —, disse Scott. — Da minha
equipe, quero dizer. Você, uh, você quer se juntar a nós?
Scott sabia que Rozanov estava se esforçando ao máximo para
parecer que não se importava de um jeito ou de outro, mas, como Scott
esperava, ele aceitou o convite.
— Ei! A estrela de Scott Hunter Night está de volta! — Carter gritou.
— E o que diabos aquele cara está fazendo aqui?
Rozanov sorriu e deu um pequeno aceno.
— Eu o convidei para se juntar a nós —, disse Scott. Ele lançou a
Carter um olhar penetrante que esperava dizer para largar.
Carter o deixou cair, além de alguns olhares suspeitos para Rozanov.
Todos eles se sentaram e conversaram o melhor que podiam durante a
música. Carter pediu algumas garrafas sofisticadas de várias coisas, e não
demorou muito para que Scott se sentisse muito solto e relaxado. Em uma
hora, Kip estava aninhado contra Scott no sofá conversando com Bennett,
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Gloria empoleirada no colo de Carter conversando com Huff e Matti


conversando animadamente com Rozanov.
— Vamos descer, — Kip murmurou no ouvido de Scott. — Eu quero
dançar com você.
Scott acenou com a cabeça e se levantou. — Nós vamos... — ele disse
ao grupo, mas ninguém parecia se importar que eles estavam indo embora.
No andar de baixo, eles pararam na beira da pista de dança, a batida
da música vibrando pelo corpo de Scott. Kip encostou-se a um pilar, as mãos
atrás das costas arqueadas e a cabeça inclinada para cima, oferecendo-se.
Ele parecia tão fodidamente sexy, olhando para Scott com aqueles olhos
com olheiras enquanto as luzes coloridas do clube brincavam em seu rosto.
Scott apoiou a mão no pilar e se inclinou, pressionando Kip contra ele
e o devorando. Saber que estavam em público. Saber que seu pau estava
inchando nas calças, criando uma protuberância que qualquer um seria
capaz de ver. Saber que Kip também estava ficando difícil.
— Não consigo me controlar quando você fica assim, — Scott
sussurrou no ouvido de Kip.
— Venha dançar comigo, — Kip murmurou de volta. Scott o beijou
sob sua mandíbula lisa e Kip estremeceu. Kip tinha se barbeado esta noite,
e a pele macia acrescentada à inocência macia de seu olhar. Feminino,
quase, exceto por seu sotaque rouco de Brooklyn, e pela dureza que
pressionava o quadril de Scott.
A música estava alta, pulsante e implacável. A enorme pista de dança
estava lotada de homens, muitos dos quais provavelmente eram atraentes.
Mas Scott não estava olhando para lugar nenhum, mas para o homem que
o conduzia pelas mãos unidas.
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Ele estava apavorado e animado, preparando-se mentalmente como


se estivesse prestes a jogar um jogo, fechando tudo ao seu redor.
Concentrando-se no objetivo.
Kip encontrou seu lugar no mar de corpos e se virou para encará-lo.
Estava tão lotado que eles estavam pressionados um contra o outro, e Kip
passou os braços em volta do pescoço de Scott e sorriu para ele. Scott sorriu
de volta e colocou as mãos na cintura, então, sem jeito, tentou acompanhar
os movimentos lentos de Kip.
Não demorou muito. Depois de um minuto, Scott estava perdido na
maneira como Kip rolava seu corpo, a maneira como seus dedos
encontraram o caminho para o cabelo de Scott e o intenso calor em seus
olhos. Scott mudou-se com ele e foi fácil. Ele deixou seus nervos irem e
apenas se permitiu sentir o seu caminho.
Scott nunca esteve alto em sua vida, mas ele imaginou que devia ser
algo assim. O ataque em seus sentidos de luzes giratórias e graves fortes, o
calor sufocante do clube e o forte cheiro de suor e gelo seco enchendo sua
cabeça. O efeito entorpecedor do álcool, borrando seus pensamentos e
dando-lhe uma sensação de euforia relaxada. A onda de excitação
percorrendo cada parte dele. A emoção da possibilidade.
Kip deve ter visto tudo no rosto de Scott, porque ele parou de se
mover e se inclinou para roçar os lábios na orelha de Scott. — Onde você
está?
Scott engoliu em seco e virou a cabeça para responder. — Eu estou
bem aqui.
Kip inclinou a cabeça para trás e Scott deu beijos quentes e abertos
sob sua mandíbula. Ele colocou uma mão possessiva na bunda de Kip e
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puxou-os juntos. Ele podia sentir o coração de Kip disparar contra seu peito
e na pulsação sob sua língua.
Ele sentiu as mãos de Kip deslizarem para baixo de sua camiseta. Ele
sabia que sua pele estava úmida de suor por baixo. Kip se inclinou e o
beijou. Eles estavam dançando mais, ou apenas se agarrando no meio de
um monte de gente? Scott não se importou.
Foi uma loucura. Eles estavam em público, em um espaço seguro ou
não, e Scott se sentia completamente fora de controle. Ele precisava sair
daqui, ou fazer as pazes com o fato de que iria foder Kip contra uma parede
na frente de Deus e Ilya Rozanov.
Kip deu um passo para trás e riu. — Calma, querido. Haverá tempo
para isso mais tarde.
Pelo menos foi o que Scott pensou ter dito. Era difícil ouvir entre a
música e a necessidade fundida que latejava por ele.
Ele olhou para a cabine VIP e viu Carter, Bennett e Huff inclinados
sobre o parapeito, sorrindo para ele. Isso o acalmou. Kip se virou e
gesticulou para que se juntassem a eles. Minutos depois, sua cabine estava
vazia e eles estavam todos na pista de dança juntos.
Carter dançou com Gloria muito perto, e Scott sorriu para si mesmo
com o quão óbvio era que ele queria que todos deixassem claro que ele
estava ali com uma mulher. Não importa. Carter estava lá e Scott gostou
disso. Eric apenas dançou sozinho, alheio aos caras que estavam tentando
envolvê-lo, e parecia estar se divertindo imensamente. Huff estava se
movendo um pouco desajeitadamente e parecia que estava saindo
lentamente da pista de dança. Matti, por outro lado, estava dançando
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corajosamente com qualquer um que se aproximasse dele. Scott tinha


certeza de que era hétero, mas definitivamente era um bom esportista.
E Scott não tinha muita experiência em clubes, mas a maneira como
Rozanov se movia contra os homens com quem dançava parecia muito mais
deliberada e prática do que alguém que estava apenas tentando entrar no
espírito do lugar.
Huh.
Talvez fosse inexpressivo em tamanho, esse pequeno grupo de
resistência de jogadores de hóquei que escolheram se juntar a Scott esta
noite, mas parecia uma revolução. Um ano atrás - inferno, um mês atrás -
Scott nunca teria imaginado este cenário. Em um clube gay com seus
melhores amigos - seus companheiros de time - e seu namorado e, uh, Ilya
Rozanov. Dançando. Rindo. Celebrando sua sexualidade em vez de
escondê-la. Foi surreal e maravilhoso.
Kip ergueu o queixo e Scott o beijou porque o amava, e ele adorava
estar aqui com ele, e não havia mais nada a temer.
— Você está feliz —, observou Kip.
Scott inclinou suas testas juntas. — Eu me sinto invencível agora
— Eu também. Vamos mudar a porra do mundo.
Scott o beijou com força, porque Kip havia descrito exatamente como
se sentia.
— Sim —, disse ele. — Vamos fazer isso.

FIM

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