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Análise e Dimensionamento

de Gasodutos

Luis Fernando G. Pires


maio/2012
lpires@simdut.com.br
Sumário
1. Introdução
– Visão geral sobre simulação em dutos: potencialidades e aplicações
– Caracterização do problema

2. Formulação do Problema de Escoamento de Fluidos em Dutos


– Formulação completa: Equações de conservação de Massa , de Quantidade de movimento e
de Energia
– Equações de Estado
– Estado Estacionário: principais equações

3. Elementos Básicos para a Simulação de Sistemas Dutoviários


– Fornecedor
– Pontos de Recepção
– Dutos
– Equipamentos: válvulas e compressores

4. Alguns Tópicos sobre Gasodutos


– Efeitos da expansão do gás na temperatura e velocidade
– Capacidade do gasoduto: caracterização e alguns exemplos
– Efeito de Loops
– Posicionamento de estações de compressão: Projeto GASBOL

5. Estudo de Casos
– Projeto de um caso simples: determinação de diâmetro, número e posicionamento de
estações de compressão e tarifa
I) Introdução
 A solução de problemas em Mecânica dos Fluidos envolve a
determinação das propriedades do fluido em função da posição e do
tempo.

 Quando o problema envolve escoamentos, a propriedade mais


procurada é a velocidade (vetorial)
V(x,y,z,t) = u(x,y,z,t)i + v(x,y,z,t)j + w(x,y,z,t)k

 Diversas outras propriedades podem ser determinadas a partir da


velocidade como a vazão volumétrica

 Junto com o campo de pressão e de temperatura, formam o conjunto


de propriedades mais procurados na solução de problemas de
engenharia.

 Porém, devido à complexidade das equações envolvidas, muitas


vezes é impossível obter soluções analíticas

 A crescente disseminação dos computadores e o desenvolvimento


de técnicas de solução numérica, permitiram tratar problemas cada
vez mais complexos.
1) Introdução (cont.)
 Atualmente, o projeto de um empreendimento
na área de transporte de fluidos passa
obrigatoriamente por simulações
computacionais em busca da melhor solução
técnica e econômica.
1) Introdução (cont.)
1.1) Visão geral sobre simulação em dutos: potencialidades e
aplicações

 Problemas envolvendo o escoamento de fluido em tubulações


requerem, normalmente, o cálculo de vazões, de perda de
pressão, de temperaturas ou de diâmetros.
 Estes problemas utilizam os princípios relativos à conservação
de massa, quantidade de movimento e de energia, quase
sempre aplicados a escoamentos unidimensionais.
 O problema a ser simulado:
• O projeto completo de um novo duto, a partir de condições de
oferta e demanda
• Verificar determinada condição de operação de um duto
existente
• Projeto de expansão para um duto existente, em função das
alterações da oferta ou da demanda
• Otimização da operação
• Deteção de vazamentos.
Introdução
 Existe um grande número de pacotes de
simulação diferentes no mercado e pode ser
um desafio escolher o programa correto,
decidir quando e exatamente para que utilizá-lo

 Para que queremos um simulador de


escoamento em dutos?

 A identificação das condições a serem


analisadas deve ser feita antes da escolha do
programa
Introdução
 Como classificar os simuladores existentes?

 Existem duas formas básicas de se classificar


o simulador, seja de acordo com o padrão de
escoamento, ou quanto a dependência
temporal do fenômeno
– Simuladores de uma fase versus simuladores de
múltiplas fases
– Simuladores de estado estacionário ou transiente
Introdução
 Simuladores de uma fase versus simuladores de
múltiplas fases

 Os primeiros modelos computacionais foram desenvolvidos


para tratar escoamento de água ou vapor, mas não os dois ao
mesmo tempo:monofásicos

 No caso pela redução da pressão até o ponto de bolha observa-


se a formação de bolsas de vapor interferindo no escoamento.
Alguns simuladores monofásicos têm embutido modelos para
tratar este evento, quando é observado em pequenos trechos
do duto

 Formação de condensado ocorre em dutos de transferência


que transporta gás rico. Nesse caso é necessária a utilização
de simuladores bifásicos

 Escoamentos em colunas de produção de poços de petróleo,


envolvem tipicamente escoamento multifásico (óleo-gás-água)
e simuladores multifásicos são obrigatórios.
Introdução
 Simuladores de estado estacionário ou
transiente
 Alguns pacotes de simulação resolvem o escoamento em
estado estacionário, isto é, eles somente podem dizer como a
pressão, vazão e a temperatura estão distribuída ao longo do
duto a partir de uma situação que de alguma forma atinge o
equilíbrio

 Em muitas situações este tipo de resposta pode ser o desejado,


em outras não

 Um simulador de estado transiente permite calcular todos os


passos de tempo intermediários quando o sistema sai de uma
situação para outra. Por outro lado, eles costumam ser mais
complexos e exigir mais tempo de computação

 Escoamentos multifásicos, em sua natureza são transientes.


Porém, aproximações podem ser realizadas para analisar num
determinado trecho do duto qual o padrão de escoamento está
se desenvolvendo .
Introdução
 Modelos térmicos e equações de estado

 Os modelos térmicos utilizados nos simuladores variam


fortemente. Desde um simples modelo isotérmico até modelos
transientes detalhados da transferência de calor entre o fluido,
duto e o ambiente

 Equações de estado

 Os simuladores trabalham ainda com diversos modelos de


equação de estado

 Para o cálculo do escoamento é necessário conhecer a massa


específica e a viscosidade em função da temperatura e pressão
– Valores fixos
– Correlações
– Mapas PVT
Introdução
 Principais componentes de um simulador

 Pode-se dividi-lo em dois ambientes distintos

 O primeiro executa as operações de cálculo do


escoamento, podendo ter módulos de estado
estacionário, transiente, fase de escoamento, mono ou
multifásico e cálculos térmicos

 O segundo ambiente é a interface que entre o usuário e o


programa, tanto para a configuração e entrada de dados
quanto para a saída dos resultados

 Em alguns caso pode existir um módulo de pós


processamento
Introdução
Licença

As “softhouses” vendem licenças de módulos


específicos e, conseqüentemente, deve-se
avaliar com muito cuidado se todas as licenças
necessárias para a solução do problema
específico estão sendo adquiridas
Introdução
Quando utilizar determinado simulador, ou qual o
programa que deverá ser escolhido nas diversas fases
de um projeto?

As fases iniciais do projeto podem permitir cálculos


relativamente simples e, nestes casos, simuladores de
estado estacionário podem ser empregados. E depois?
– Projeto de sistemas de alívio
– Deteção de vazamento
– Treinamento

A utilização do mesmo software durante o maior


número de fases do projeto possível reduz a
necessidade da equipe de se familiarizar com diversas
interfaces diferentes
Introdução
 Potencialidades e aplicações
– O projeto completo de um novo duto, a partir de condições
de oferta e demanda
– Verificar determinada condição de operação de um duto
existente
– Projeto de expansão para um duto existente, em função das
alterações da oferta ou da demanda
– Otimização da operação
– Deteção de vazamentos
– Procedimentos de partida e parada de dutos
– Padrões de operação de compressores ou bombas
– Predição de impacto ambiental de vazamento potencial
– Comportamento de bateladas
– Efeitos da ruptura da linha
Introdução
 Alguns programas comerciais disponíveis

 Uma simples pesquisa na Internet utilizando termos


como “flow assurance” ou “pipeline simulation software”
produz centenas de respostas

 Os preços variam de 0 (grátis) até milhares de dólares

 Apesar de todos partirem da mesma teoria básica, os


diferentes programas atendem diferentes nichos de
mercado
Introdução
 Alguns programas comerciais disponíveis
monofásicos
Introdução
 Alguns programas comerciais disponíveis
multifásicos estacionário
Introdução
 Alguns programas comerciais disponíveis
multifásicos transiente
Simuladores de Dutos
 Pipeline Studio Simulator
www.energy-solutions.com

 Stoner Pipeline Simulator


www.advantica.biz

 OLGA 5
www.olgaworld.com
Desenvolvimento de Simuladores
 PIGSIM: simulador de passagem de pig

 MAVAZ: avaliação de máximo volume


potencial vazado

 CALCDRENO: calculo do volume drenado em


pontos determinados

 CALCPRO: simulador de dutos em estado


estacionário
Modelagem
 Atualmente, o projeto de um empreendimento
na área de transporte de fluidos passa
obrigatoriamente por simulações
computacionais em busca da melhor solução
técnica e econômica.
 Mas o que é simulação de um duto???

Envolve a criação de um
modelo computacional
que responda de acordo
com o duto real.
Modelagem
 O que é um modelo? É a descrição de algo real através
de uma determinada linguagem
Modelagem
 GASBOL e
Malha
Sudeste
Modelagem
Modelagem
 Coleta e redução de dados
– Como modelar computacionalmente um trecho de
duto?
– E uma bomba?
– E uma válvula de controle?
– Necessito modelar mais algum elemento deste
processo??
Modelagem
 Premissas
– Escoamento unidimensional: variações somente na
direção axial
– Escoamento permanente ou transiente
– Escoamento isotérmico ou não isotérmico
– Transferência de calor na parede: U global ou
condução de calor radial
– Caracterização dos fluidos: newtoniano ou não
– Caracterização do escoamento: monofásico ou
multifásico
– Equações de estado: propriedades variando com
temperatura e pressão
– Condições de referência
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL

 Primeira avaliação: grau de informação necessária para a


modelagem
 Informações que podem ser obtidas com a simulação
 No exemplo apresentado, somente as principais
características dos dutos são listadas
 Porém, para as simulações apresentadas, informações
complementares, como temperatura do ambiente,
revestimento, válvulas, valores de vazões e pressões
mínimas nos pontos de retirada, características dos
fluidos, etc., foram utilizadas.
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL

O gasoduto se estende por cerca de 3000 km,


atravessando a Bolívia e, no Brasil, os estados do Mato
Grosso do Sul, de São Paulo, do Paraná, de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul

Trecho boliviano
32”OD
Trecho norte 32”OD
Campinas-Curitiba
24”OD
Curitiba-Criciuma
18”OD
Criciuma-P.Alegre
16”OD
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL

 Condição de projeto
 30 pontos de retirada com vazões máximas e pressões
mínimas
 14 estações de compressão com 4 compressores em
paralelo
 2 estações de compressão com 1 compressor
 Retiradas para o consumo dos compressores
 Temperatura do solo
 Revestimento dos dutos
 Pressões máximas variando de 99,84 a 70kg/cm2
 1 Ponto de transferência para a malha sudeste
 Perfil de elevação
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL

 Informações obtidas
– Perfil de pressão
– Perfil de vazão
– Perfil de temperatura
– Potência consumida nos compressores
– Consumo de combustível
– Ponto de operação
1) Introdução (cont.)
1.2) GASBOL
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
2.1) Equações de Conservação
 A solução de escoamentos envolve a determinação das
propriedades do fluido em função da posição e do
tempo
 São empregadas as leis de conservação de massa, de
quantidade de movimento, de energia, de quantidade de
movimento angular e de variação de entropia
• Existem dois pontos de vista distintos para analisar um
problema em mecânica:
– Lagrangeano segue uma partícula: sistema
– Euleriano segue uma região do espaço: vol. controle
• Euleriano é o mais utilizado em mecânica dos fluidos
• Equações de conservação são derivadas para sistemas:
Teorema de Transporte de Reynolds relaciona sistema com
vol. de controle
 Estas leis, transformadas num sistema de equações
diferenciais, somente permitem soluções analíticas em
casos muito particulares. Para o tratamento dos casos
gerais são requeridas técnicas de solução numérica
para a obtenção das soluções
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
2.1) Equações de Conservação
2.1.1) Massa
Para um sistema, este sendo considerado como uma
quantidade fixa de matéria, a lei de conservação de
massa estabelece que a massa não varia com o tempo,
isto é,:

dmsis
=0
dt
Na formulação diferencial esta lei toma a seguinte forma:

∂ρ ∂ (ρu ) ∂ (ρv ) ∂ (ρw)


+ + + =0
∂t ∂x ∂y ∂z
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
2.1) Equações de Conservação
2.1.2) Quantidade de Movimento
A segunda lei de Newton estabelece uma relação entre a
resultante das forças externas atuando sobre um sistema
e a variação da quantidade de movimento linear
dV
F =m
dt
Na formulação diferencial esta lei toma a seguinte forma:
DV
ρ = −∇p + W + µ∇ 2 V
Dt
A equação escalar na direção da coordenada cartesiana x é:
 ∂u ∂u ∂u ∂u  ∂p  ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 
ρ  + u + v + w  = − + Wx + µ  2 + 2 + 2 
 ∂t ∂x ∂y ∂z  ∂x  ∂x ∂y ∂z 
 
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.1) Equações de Conservação
2.1.3) Energia
A equação de conservação de energia para um sistema
estabelece que a taxa de calor adicionado ao sistema
menos a taxa de trabalho realizado pelo sistema é igual a
taxa de variação da energia total do sistema
. .
d E = δ Q− δ W
Na forma diferencial esta equação pode ser escrita de
diversas formas sendo razoavelmente complexa. Uma das
maneiras de expressa-la é:
 ∂û ∂û ∂û ∂û   ∂u ∂v ∂w 
ρ  + u + v + w  + p + +  = ∇ ⋅ (k∇T ) + Φ
 ∂t ∂x ∂y ∂z   ∂x ∂y ∂z 
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
2.1) Equações de Conservação
2.1.4) Estado
Observa-se das cinco equações acima (massa, mias 3 de
quantidade de movimento, mais energia) o seguinte conjunto
de variáveis:
P, u, v, w e T (ou û, energia interna, ou h, entalpia)

Porém, o sistema não está determinado, visto que existem


propriedades nas equações que são funções das variáveis: a
massa específica ρ, a viscosidade µ, a condutividade térmica k
entre outras. Assim, é necessário que sejam utilizadas relações
do tipo:
ρ=ρ
ρ(p,T)
µ=µ
µ(p,T)

Estas relações dependerão de cada fluido que estiver sendo


analisado
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
Condições de contorno e iniciais
– Equações diferenciais com derivadas espaciais somente
em relação à coordenada x
– Para cada equação diferencial associada a uma variável,
necessita-se de uma condição de contorno
– Normalmente estas condições são definidas pelo próprio
problema. Uma condição clássica de análise de uma
simulação de escoamento num duto é dispor-se da pressão
na entrada do duto e a vazão que se deseja na saída para
determinado fluido entrando a uma temperatura conhecida.
– Situações transientes necessitam de uma condição inicial
do escoamento: duto sem escoamento com distribuição de
pressão hidrostática ou um duto com escoamento em
situação estacionária, previamente conhecido.
2) Formulação do Problema de
Escoamento de Fluidos em Dutos
– 2.2) Solução Numérica das Equações de Conservação
– Uma solução analítica de uma equação diferencial
envolvendo uma variável φ, que só dependa da coordenada
x, fornece uma expressão da forma φ(x). Esta solução
permite que se determine a distribuição da variável para
qualquer posição x, de maneira contínua.
– Por outro lado, a solução numérica de uma equação
diferencial consiste de um conjunto de números a partir do
qual a distribuição da variável pode ser reconstruída.
Assim, tem-se uma quantidade finita de números para
representar uma distribuição, apesar de que esta
quantidade pode ser feita tão grande quanto o interesse
prático requerer.
– Assim, um método numérico de solução de uma equação
diferencial transforma esta equação num sistema de
equações algébricas, onde a solução do sistema representa
os valores da variável num determinado número de pontos
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Pressão: é definida como força exercida sobre uma determinada
área. Algumas unidades utilizadas: Pa (N/m²), psi (lf/in²), atm,
kgf/cm²
Pressão absoluta é a pressão do gás medida por um manômetro
somada à pressão atmosférica
Head é definido como pressão medida em coluna de fluido.
Assim, para uma pressão de 1atm (101325Pa), o head para um
gás cuja massa específica (ρ
ρ) é de 1kg/m³ será:
P 101325
h= = = 10328 m
ρg 1x9,81
Para a água, cuja massa específica é de 1000kg/m³, uma
pressão de 1atm equivale a 10m de coluna de água (head).
Pressão média num duto com escoamento de gás é determinada
por:
2  P13 − P23  2  P1 P2 
Pm =  2 2
=  P1 + P2 − 
3  P1 − P2  3  P1 + P2 
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Equação de Estado do gás ideal ( ou perfeito):

PV = nRT n = m / wm
onde
n= é o número de moles do gás e
wm é o peso molecular do gás
R é a constante universal dos gases, que no sistema métrico vale
8314,5m²/(s²K)
A massa específica ρ é definida pela relação:
m
ρ=
V
Porém, um gás real não se comporta como um gás ideal, assim a
equação de estado para um gás real é definida por:
P/ρ=ZRgT
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Equação de Estado
A correlação geral de SAREM para Gás Natural
• Utilizada para análises simplificadas.
• A correlação geral de SAREM requer como parâmetros de entrada,
apenas a densidade relativa do gás, o coeficiente de transferência de
calor global (U), e a composição de CO2 .

A equação de estado BWRS ( Benedict – Webb –Rubin - Starling)

• Gera resultados mais precisos.


• Requer uma análise completa da composição molecular do gás
(cromatografia) para caracterizar o fluido.
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Fator de compressibilidade Z: é a razão entre o volume
ocupado por um gás real e um ideal num determinada
condição de pressão e temperatura
CNGA
0,554 ≤ G ≤ 0, 75 T é a temperatura em graus K
−1 e P é a pressão manométrica
 5,1706.105 xPx101,785G  em kgf/cm²
Z = 1 + 3,825 
 T  G é a razão entre os pesos
moleculares do gás e do ar
(28,97)
0, 75 ≤ G ≤ 1
−1
 13, 752.105 xPx101,188G 
Z = 1 + 3,825 
 T 
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Fator de compressibilidade Z:
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Viscosidade de um fluido está relacionada a resistência deste fluido a
escoar. Assim, quanto maior a viscosidade, maior será a resistência para ele
escoar. A viscosidade de gases é muito menor que a de líquidos. Como
exemplo, um petróleo pode ter a viscosidade de 10cP (centipoise), enquanto
a viscosidade de um gás natural é da ordem de 0,000019cP
 Corelação de Lee Válida só para gas natural:

µ = 10−4 K exp( Xρ Y )

K=
(9,4 + 0,02M )T 1,5
209 + 19M + T
986
X = 3,5 + + 0,01M
T
Y = 2,4 − 0,2 X
onde
sendo T em R, ρ em g/cm³ e µ em cP
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações

Número de Reynolds é um valor adimensional que permite inferir


as condições do escoamento

VD VDρ V é a velocidade
Re = = ρ é a massa específica
υ µ µ é a viscosidade absoluta
υ é a viscosidade cinemática, definida
por µ/ρ
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Vazão volumétrica : é definida como o volume de gás que
passa por um ponto durante um determinado tempo. Assim, as
unidades de vazão volumétrica típicas são: m³/h e gpm ( galões
por minuto) para líquidos e m³/d para gás (Mm³/d e MMm³/d
como milhares e milhões de metros cúbicos por dia).
Como a vazão do gás varia fortemente com a pressão e a
temperatura, deve-se informar em quais condições a vazão foi
medida.
Considere um duto no qual gás está escoando em regime
permanente, num trecho onde não existam nem introdução
nem retirada de gás. Assim, a massa de gás que está entrando
em 1 é igual a massa que está saindo em 2

u é a velocidade
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
 Vazão mássica em 1 é igual em 2
 Para que ocorra o escoamento P1>P2
 Pela equação de estado, para T=cte, ρ1> ρ2
Como

m
Q1 = = u1 A1 em 1 e
ρ1

m
Q2 = = u 2 A2 em 2
ρ2

Logo Q2>Q1
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações

Assim, a vazão volumétrica em 1 será diferente da vazão em 2.


Esta vazão é chamada de vazão local (depende das
condições locais do escoamento). Para que possa existir
uma medição de vazão na qual não haja dúvidas quanto às
condições da medição, foi definida a vazão nas condições
padrão (Standard flow) que é obtida ao se dividir a vazão
mássica pela massa específica numa condição padrão:

S = Standard (1 atm., 15.5 C ou 60 F)


N = Normal (1 atm., 0 C) ... CNTP
Pm3 = Petrobras m3 (1 atm., 20 C)
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
Empacotamento : é o volume de gás contido num determinado
trecho do gasoduto, nas condições padrões
2
−4 D .L.Pm
Vb = 143, 783.10 .
Z .T
M = Vb.ρ b
 Vb = volume do gás (a 20 C, 1 atm) em Pm3
 M é a massa de gás no duto
 D = diâmetro interno do gasoduto – in
 L = comprimento do gasoduto - km
 Pm = pressão absoluta média - kgf/cm2 abs
 T = Temperatura absoluta média - K
 Z = fator de compressibilidade com Pm e T
(adimensional)
 ρb = massa específica (a 20 C, 1 atm) – kg/m3
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
 Equação Geral para determinação da vazão num gasoduto
(SI) 0 ,5
 2 2 γ p 2

2
 p1 − p2 −
g m
g ( z2 − z1 ) 
std 1 T std  Z m RarTm  D 2, 5
Q = ηC1
f p
std
 γ g LZ mTm 
 
 

Qb = vazão volumétrica Pm3/s


L = comprimento desenvolvido do gasoduto - m
D = diâmetro interno, m
H1,H2 = Elevação inicial e final – m
P1,P2 = Pressões inicial e final – Pa abs
Pm = Pressão média – Pa abs
T = temperatura absoluta média do fluxo - K
G = Densidade do gás em relação ao ar – adimensional
Z = fator de compressibilidade médio do gás – adimensional
η = eficiência – adimensional
f = coeficiente de atrito
C1=13,305
R em m²/s²K
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações
 Equação Geral para determinação da vazão num gasoduto
(BR)
0,5
2,5  P1 − P2 0, 06835.Pm2 .( H1 − H 2 ) 
2 2
1
Qb = E.1060, 613469. .D  + 
f  G.z.T .L z 2 .T 2 .L 

 Qb = vazão volumétrica Pm3/dia


 L = comprimento desenvolvido do gasoduto - km
 D = diâmetro interno, in
 H1,H2 = Elevação inicial e final – m
 P1,P2 = Pressões inicial e final – kgf/cm2 abs
 Pm = Pressão média – kgf/cm2 abs
 T = temperatura absoluta média do fluxo - K
 G = Densidade do gás em relação ao ar – adimensional
 Z = fator de compressibilidade médio do gás – adimensional
 E = eficiência - adimensional
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.3) Estado Estacionário:principais equações

Re<2000
64
f =
Re

Re>4000
0.25
f = 2
 ε 
log  D + 0.9 
5. 74
  3.7 Re 
  

ε~0,0018in
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.4) Exercício
Determinação de vazão
Variável Unidade Valor
Diâmetro Interno m 0,812
Espessura da parede mm 11
Vazão MMm3/d ?
Comprimento km 150
Rugosidade mm 0,018
Temp. referência C 20
Pressão de referência (man) kgf/cm² 1,01
Temp. de entrada (constante) C 45
Pressão de entrada (manométrica) kgf/cm² 85
Pressão de saída (man.) esperada kgf/cm² 56,7
Elevação inicial/final 0 m
2) Formulação do Problema de Escoamento
de Fluidos em Dutos
2.4) Exercício
Composição do Gás Percentagem Peso Molecular
Metano C1 85 16,01
Etano C2 10 30,07
Propano C3 5 44,10

 Peso molecular
 Specific Gravity
 Pressão média
 Fator de compressibilidade
 Fator de atrito
Re
 Vazão
3) Elementos Básicos para a Simulação
de Sistemas Dutoviários
 Nos sistemas dutoviários, cada um de seus
componentes, como dutos, bombas, válvulas,
compressores, desempenha uma função distinta,
interferindo de uma forma específica no escoamento.
 É necessário identificar estes componentes pois, de
forma geral, os simuladores tratam estes elementos de
acordo com suas características, requerendo
informações específicas para sua modelagem.
 Porém, deve-se sempre visualizar que num escoamento
interno existe sempre uma fonte que fornece o fluido, um
duto que o transporta, e um ponto que recebe este fluido.
Pode-se dizer que os demais elementos são
“acessórios” ao processo.
3) Elementos Básicos para a Simulação
de Sistemas Dutoviários
3.1) Fornecedor
 O fornecedor é o elemento pelo qual o fluido entra no
sistema
 Alguns simuladores só trabalham com líquido ou com
gás. Para outros simuladores, que permitem trabalhar
com os dois fluidos, deve-se informa se o problema a ser
modelado utiliza um gás ou um líquido
 Além disto, as características específicas do fluido
devem ser passadas para que o simulador possa calcular
suas propriedades
 O ponto de fornecimento do fluido normalmente é
modelado para trabalhar com uma condição de contorno
ou de pressão ou de vazão máximas
 Em alguns casos, dependendo da lógica do simulador,
pode-se selecionar uma variável para condição de
contorno, mas informar o valor da outra variável
 Desta forma o simulador interpreta que a primeira
condição deve ser obedecida até que a segunda seja
violada
3) Elementos Básicos para a Simulação
de Sistemas Dutoviários
3.2) Pontos de Entrega
 Em sistemas de transporte de fluidos, o ponto de entrega
normalmente representa o cliente que espera (contratou)
receber uma determinada quantidade do fluido (produto)
 A condição de contorno mais comum é de vazão
máxima. Porém, normalmente os pontos de entrega
podem ter uma restrição extra de pressão mínima.
 Assim, como no caso do fornecedor, pode-se também
informar esta condição extra ao simulador e,
dependendo da lógica de funcionamento, esta condição
será utilizada como nova condição de contorno caso
esta seja violada
3) Elementos Básicos para a Simulação
de Sistemas Dutoviários
3.3) Dutos
 Dutos de comprimento de centenas de metros ou mais devem
ser simulados utilizando as instruções de modelagem de dutos
de transferência
– Cada linha de transferência (segmento de duto) deve ter
diâmetro, espessura, revestimento e elevação uniformes
– Se houver qualquer mudança nestas características, ou
algum equipamento intermediário que necessite ser
modelado, o duto deve ser dividido em múltiplos
segmentos, cada um com características uniformes ao
longo do comprimento
 O perfil de elevação do terreno é simulado através de
segmentos retos de duto de inclinação constante. Deve-se criar
tantos segmentos quantos forem necessários para acompanhar
o terreno.
 Cada extremo de um segmento de duto é chamado de um nó.
Assim, dois dutos estão conectados quando o nó da
extremidade final de um é o mesmo nó da extremidade inicial
do outro
 Normalmente os nós carregam a informação da elevação dos
extremos do segmento de duto.
3) Elementos Básicos para a Simulação
de Sistemas Dutoviários
3.4) Válvulas
 Válvulas podem ser conectadas entre dois extremos de
dutos ou entre dutos e equipamentos através dos nós.
Normalmente os simuladores permitem modelar válvulas
de bloqueio, válvulas unidirecionais (para evitar fluxo
reverso) e válvulas de controle (de vazão ou de pressão).

4.5) Compressores
 São equipamentos instalados próximos a pontos de
fornecimento ou entre dois segmentos de duto para
elevação da pressão.
 Normalmente os simuladores permitem que se trabalhe
com duas situações
– equipamentos com algumas características pré-definidas
pelo programa: útil nas fases iniciais do projeto
– equipamentos com características totalmente fornecidas
pelo usuário: já foi definido através das características
requeridas pelo projeto e da conseqüente seleção das
opções no mercado
4) Simulação Envolvendo Gases
 Diferente da maioria dos líquidos, os efeitos da
compressibilidade dos gases em escoamentos
em dutos devem ser levados em conta na fase
de projeto. Estes efeitos, provocados pela
variação da temperatura e da pressão, podem
ser observados, principalmente, na variação da
velocidade ao longo do duto. A
compressibilidade também permite
procedimentos de operação que não são
possíveis em dutos com líquidos
4) Simulação Envolvendo Gases
4.1) Efeitos da expansão do gás na temperatura e
velocidade
Variável Unidade Valor

Diâmetro Interno m 0,812

Espessura da parede mm 11

Vazão MMm3/d 30

Comprimento km 150

Rugosidade mm 0,009

Densidade relativa do gás 0,70

Temp. referência C 20

Pressão de referência (abs) kgf/cm² 1,01

Temp. de entrada C 45

Pressão de entrada (manométrica) kgf/cm² 85

Pressão de saída (man.) esperada kgf/cm² ?

Coeficiente global de transf. de calor W/m2C 0,0


4) Simulação Envolvendo Gases
4.1) Efeitos da expansão do gás na temperatura e
velocidade
 Ao utilizar um coeficiente global de transferência de calor
igual a zero anula-se a troca de calor com o ambiente
 Porém, existe uma variação de temperatura ao longo do
duto devido à expansão do gás
 Quando a situação observada atinge o estado
estacionário, a vazão mássica que entra no duto tem que
ser igual a vazão mássica saindo
 A vazão volumétrica é calculada de seguinte forma


m
Q=
ρ
4) Simulação Envolvendo Gases
 Como ρ é função da pressão e temperatura, para se calcular
a vazão volumétrica é necessário determinar de que forma a
massa específica será calculada
 Assim, quando a massa específica é calculada segundo
condições padrão de temperatura e pressão constantes, tem-
se a vazão volumétrica corrigida ou padrão (standard flow) e
que apresenta um comportamento idêntico ao da vazão
mássica.
 A vazão volumétrica (actual flow), quando calculada baseada
na massa específica obtida segundo as condições locais de
um determinado ponto do duto, varia, pois a pressão e a
temperatura em cada ponto está variando
 A velocidade do escoamento é um parâmetro local, e
consequentemente calculada a partir da vazão volumétrica
local.
4) Simulação Envolvendo Gases
4) Simulação Envolvendo Gases
4) Simulação Envolvendo Gases
 Observa-se que o perfil de pressão deixa de ser
uma reta, como no caso de líquidos, e passa a ter
um comportamento próximo ao parabólico
 Uma das causas é que a velocidade local varia ao
longo do duto, e como para gases tem-se

Q2~P12-P22
4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Definições do Decreto Lei 7382, Art. 2:


V - Capacidade Contratada de Transporte: volume diário de gás natural que o
transportador é obrigado a movimentar para o carregador, nos termos do
respectivo contrato de transporte;

VI - Capacidade de Transporte: volume máximo diário de gás natural que o


transportador pode movimentar em um determinado gasoduto de transporte;
VII - Capacidade Disponível: parcela da capacidade de movimentação do
gasoduto de transporte que não tenha sido objeto de contratação sob a
modalidade firme;

VIII - Capacidade Ociosa: parcela da capacidade de movimentação do


gasoduto de transporte contratada que, temporariamente, não esteja sendo
utilizada;

Art. 73:
A ANP deverá manter disponível, em meio eletrônico, acessível a qualquer
interessado e em local de fácil acesso, informações atualizadas sobre a
movimentação diária e a capacidade de todos os gasodutos de transporte,
bem como a capacidade contratada de transporte, a capacidade disponível, a
capacidade ociosa e os períodos de exclusividade.
4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Definições do Decreto Lei 7382, Art. 2:


VI - Capacidade de Transporte: volume máximo diário de gás natural que o
transportador pode movimentar em um determinado gasoduto de transporte. Sob
que condições?
Condições de projeto:
PE01: a 136km, vazão 5MMm³/d
PE02: a 272km, vazão de 19,5MMm³/d
Pressão mínima de recebimento: 35kgf/cm²
Pressão máxima de descarga dos compressores: 85kgf/cm²
Máxima capacidade de processamento de gás: 25MMm³/d
Composição do gás
Temperatura do ambiente: 20C
Temperatura de entrada do gás: 45C
Resultado do projeto: diâmetro 32”, espessura 11mm, rugosidade 0,009mm, comprimento 302km

Conclusão: capacidade
de transporte de
24,5MMm³/d
4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Definições do Decreto Lei 7382, Art. 2:


V - Capacidade Contratada de Transporte: volume diário de gás natural que o
transportador é obrigado a movimentar para o carregador, nos termos do
respectivo contrato de transporte;
Condições de operação:
PE01: contrato firme: vazão 5MMm³/d
PE02: contrato firme: vazão de 15,5MMm³/d
Demais condições de projeto mantidas

Conclusão: capacidade
contratada de
20,5MMm³/d
4) Simulação Envolvendo Gases

4.2) Capacidade

Definições do Decreto Lei 7382, Art. 2:


VII - Capacidade Disponível: parcela da capacidade de movimentação do
gasoduto de transporte que não tenha sido objeto de contratação sob a
modalidade firme;
Capacidade de transporte: 24,5MMm³/d
Capacidade contratada: 20,5MMm³/d
Capacidade disponível: diferença, isto é 4,0MMm³/d (?)

VIII - Capacidade Ociosa: parcela da capacidade de movimentação do gasoduto


de transporte contratada que, temporariamente, não esteja sendo utilizada;
Considerando que após a operação tem-se os volumes médios diários:
PE01: 3,0MMm³/d
PE02: 14,0MMm³/d
Capacidade ociosa: 3,5MMm³/d (?)
4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Questionamento 1: um novo consumidor deseja um


contrato firme de 6,7 MMm³/d localizado no PE01, é
possível?
Identificado anteriormente que a capacidade disponível era de 4MMm³/d, logo a
resposta imediata é NÃO. Mas,

PE01: atendido
PE02: atendido
PE03: atendido

Conclusão: Afinal, qual é a capacidade disponível, 4,0MMm³/d ou 6,7MMm³/d?


4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Questionamento 2: um novo consumidor deseja um


contrato firme de 6,75 MMm³/d localizado no PE01, é
realmente possível?
Identificado anteriormente que sim. Mas uma característica a mais do ponto de
recebimento é que este recebe gás de uma UPGN cuja capacidade máxima é de
25MMm³/d.

PE01: 5.0MMm³/d
PE02: 15.5MMm³/d
RE001: 25MMm³/d
PE03: limitado a
4.5MMm³/d

Conclusão: Afinal, qual é a capacidade disponível, 4,0MMm³/d ou 6,75MMm³/d ou


4,5MMm³/d?
4) Simulação Envolvendo Gases
4.2) Capacidade

Questionamento 3: outro transportador/carregador deseja


se conectar a malha no km 75 para entrega no final do
duto. Quanto poderia ser ofertado para contrato na base
firme?
PE01: atendido
PE02: atendido
PE04: 5,3MMm³/d

Afinal, qual é a capacidade disponível, 4,0MMm³/d, 6,75MMm³/d, 4,5MMm³/d ou


5,3MMm³/d?
4) Simulação Envolvendo Gases

4.2) Capacidade

Capacidade de um gasoduto de transporte


Para dutos novos (e mesmo antigos), a capacidade de transporte pode ser
definida como o volume de todo o gás movimentado, considerando (realmente só
isso?):
os volumes máximos e pressões mínimas nos pontos de entrega projetados
as pressões máximas de projeto nos pontos de recebimento projetados
as pressões máximas e mínimas das estações de compressão na descarga e sucção
respectivamente.
Só valerá para um determinado conjunto de condições

Porém observa-se que esse número não tem grande valia quando se deseja
avaliar a capacidade disponível. Para essa avaliação é necessário dispor das
condições contratuais dos pontos de entrega e, principalmente, definir de que
lugar para outro (pontos de recebimento e entrega) o volume de gás será
conduzido. Assim a capacidade disponível diz respeito ao:
Gasoduto?
Ponto de recebimento?
Ponto de entrega?
Trecho do duto ( ou dutos)?
4) Simulação Envolvendo Gases
4.3) Loops
 Loops, ou segmentos de dutos ligados em paralelo ao duto
original, são utilizados para aumentar o volume transportado
ou diminuir a queda de pressão na tubulação
 Normalmente não é necessário duplicar todo o comprimento
do duto, bastando faze-lo num trecho do duto
 O projeto de um loop envolve a definição do diâmetro, do
comprimento e da posição do loop
 Em escoamentos comerciais de líquidos esta última variável
não interfere no resultado. Porém, para escoamento de
gases os efeitos de variação de pressão e temperatura
podem determinar uma posição ótima para o loop.
4) Simulação Envolvendo Gases
 Devido à velocidade aumentar ao longo do duto, o gradiente
de perda de carga vai aumentando em direção ao fim do duto
 Assim, a colocação de um loop nas regiões de maior
velocidade tende a reduzir a perda de carga total
 Porém, em dutos reais existe uma elevação considerável da
temperatura após as estações de compressão. Este aumento
da temperatura provoca uma expansão do gás e um
conseqüente aumento da velocidade e da perda de carga
 Assim, posicionando um loop após uma estação de
compressão, além de diminuir a perda de carga pelo
aumento da seção de escoamento, provoca uma maior
dissipação de calor para o meio ambiente nas regiões de
escoamento com temperatura mais elevada (devido ao
aumento da superfície troca) e reduzindo mais rapidamente
este efeito
 A escolha final da posição vai depender, desta forma, de
cada caso particular.
4) Simulação Envolvendo Gases
Esta questão pode ser avaliada pelo escoamento de gás natural nas
condições apresentadas na tabela abaixo:
Variável Unidade Valor
Diâmetro Interno m 0,812
Espessura da parede mm 11
Vazão MMm3/d ?
Comprimento km 300
Rugosidade mm 0,009
0,018
Densidade relativa do gás 0,70
Temp. referência C 20
Pressão de referência (abs) kgf/cm² 1,01
Temp. de entrada C 45
Pressão de entrada (manométrica) kgf/cm² 85
93
Pressão de saída (man.) mínima kgf/cm² 35
Coeficiente global de transf. de calor W/m2C 2
Temperatura do ambiente C 15
Condição do duto - Enterrado
4) Simulação Envolvendo Gases
4) Simulação Envolvendo Gases
 Caso as condições de operação requeiram um aumento da
vazão para 30MMm3/d, com o mesmo diferencial de pressão,
uma solução seria a instalação de um loop
 Por questões de simplicidade, será considerado que o loop
terá o mesmo diâmetro da tubulação original
 Assim, a incógnita do problema passa a ser o comprimento
do loop, que pode ser calculado pela expressão:
L2
Qf 1 +
L1
=
Qo 1 + 0,5 1c L2
L1

onde Qf é a nova vazão desejada, Qo é a vazão inicial, L1 é o


comprimento sem loop e L2 é o comprimento do loop. O valor
de c é igual a 0,5.
4) Simulação Envolvendo Gases
 Para uma nova vazão de 30 MMm3/d o loop necessita ter um
comprimento de 75 km
 O problema que se configura agora é determinar qual a melhor
posição para o loop, mantendo o mesmo diferencial de pressão?
 A simulação, com a colocação do loop no início do duto, demonstra
que é possível transportar uma vazão de 30,03m3/h
 Enquanto que a vazão é de 29,21 m3/h quando o loop é colocado no
último trecho do duto.
 Assim, verifica-se que o loop instalado no trecho inicial do duto traria
mais vantagens para a operação
 O efeito do loop é claramente observado, onde no trecho inicial,
com o loop ai posicionado, tem-se um gradiente de pressão menor
que no resto do duto
 Observa-se a redução na velocidade na região do loop devido à
divisão da vazão pelos dois ramos e uma queda de temperatura
ligeiramente mais acentuada.
4) Simulação Envolvendo Gases
4) Simulação Envolvendo Gases
90

Pressão kg/cm² 80

70

60

50
Sem loop
Loop inicio
40
Loop final
30
0 50 100 150 200 250 300
Distância km
4) Simulação Envolvendo Gases
4.4) Projeto Gasbol
 O projeto de simulação do Gasoduto Bolívia-Brasil ilustrado
neste item apresenta várias simplificações para facilitar a
didática do caso
 São apresentados somente dois segmentos iniciais de duto a
partir de Rio Grande, na Bolívia, com uma estação de
compressão intermediária
 Um dos pontos mais delicados da modelagem diz respeito
às estações de compressão. Uma estação, com quatro
compressores iguais trabalhando em paralelo, foi modelada
através de um único compressor teórico. Este processo é útil
nas fases iniciais do projeto e da modelagem
 Da mesma forma, todas as retiradas a jusante foram reunidas
numa única com o volume totalizado. Assim, a modelagem
pode seguir acrescentando mais elementos, de forma a
facilitar a depuração de erros.
4) Simulação Envolvendo Gases
Variável Unidade Valor
Diâmetro Interno in 31,17
Espessura da parede mm 11
Vazão MMm3/d 32
Comprimento primeiro trecho km 125
segundo trecho km 117
Rugosidade mm 0,009
Densidade relativa do gás 0,70
Temp. referência C 20
Pressão de referência (abs) kgf/cm² 1,01
Temp. de entrada C 45
Pressão de entrada (manométrica) kgf/cm² 85
Pressão de saída (man.) mínima kgf/cm² 35
Coeficiente global de transf. de calor W/m2C 2
Temperatura do ambiente C 15
Condição do duto - Enterrado
4) Simulação Envolvendo Gases
O resultado do cálculo sem uma estação de compressão intermediária
demonstra que mesmo com pressões de chegada muito baixas não é
possível atingir a vazão desejada
4) Simulação Envolvendo Gases
 Estudos de viabilidade econômica demonstram que a taxa de
compressão (razão entre a pressão de descarga e a de sucção)
deve estar entre 1,3 e 1,5
 Um valor menor do que este implica num número excessivo de
estações de compressão. Por outro lado, uma taxa de
compressão maior implica num consumo excessivo de
combustível.
 Como a máxima pressão de descarga é de 99kg/cm², utilizando
uma taxa de compressão de 1,5 tem-se uma pressão de sucção
da ordem de 66kg/cm². Como o ponto de entrega na verdade é a
sucção de uma nova estação de compressão, este deve ser o
valor da pressão mínima neste ponto.
 Desta forma, a solução é colocar uma estação de compressão
intermediária. O local da estação deve ser tal que obedeça a
taxa de compressão adotada. Outros critérios como acesso,
facilidades, segurança, etc também devem ser consideradas
4) Simulação Envolvendo Gases
4) Simulação Envolvendo Gases
 Observa-se que a vazão é atendida e que a pressão de sucção
da estação é de 65,6kg/cm², dentro da faixa econômica. É
possível também estimar a potência requerida pela estação de
compressão, da ordem de 17000HP
5) Projeto de Gasoduto
 A análise utilizará os dados do problema
anterior
 Considera-se um ponto de retira com restrição
de pressão máxima igual a 90kg/cm2 e vazão
em aberto. A temperatura é de 45C.
 O ponto de consumo encontra-se a 168 km e
requer 2,6MMm3/d numa pressão mínima de
50kg/cm2.
 O perfil do terreno é o mesmo do caso 5.1.
5) Projeto de Gasoduto
 Diâmetro 12”: não atende
5) Projeto de Gasoduto
 Diâmetro de 14”: atende
5) Projeto de Gasoduto
 Alternativa: diâmetro de 12”com estação de
compressão
5) Projeto de Gasoduto
 Avaliação de custo: indica duto de 14”
Tabela 5.2: Custos de dutos e compressores
Variável Definição Valor Duto de 12” Duto de 14”
Custo de construção do US$/km-pol 19.000 38.304.000 44.688.000
duto
Custo do compressor US$/kW 900 627.000 0

Tabela 5.3: Custos Anuais


Variável Definição Valor Duto de 12” Duto de 14”
Depreciação do duto Anos 25 1.532.160 1.787.520
Depr. do compressor Anos 20 31.350 0
Energia US$/MW-h 40 315.360 -
Total 1878870 1.787.520
Custo de transporte (2.6MMm3 /d) 0,72 US$/m3 0,69 US$/m3

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