Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Archipo Góes
Archipo Góes
Coari - 2022
Capa: Paulo César Silva de Moura.
Revisão: Daniel Almeida
Fotos: Coleção pessoal e de domínio público
ISBN 978-85-921995-0-0
200 f.: il. ; 29 cm.
O livro “Nunca Mais Coari: A fuga dos Jurimáguas” é uma obra cujo objetivo
é ser uma fonte de pesquisa e reflexão permanente para os alunos e professores de Coari,
bem como para toda a população. A obra está dividida em duas partes: a história da
cidade de Coari começando no século XVII e segue até o ano de 1992 e as fotos da Coari
antiga.
Vamos poder verificar nos primeiros capítulos, uma ampla discussão em torno
da origem do nome de Coari e a sua fundação que são contestadas de maneira
enriquecedora e com argumentos articulados através de um embasamento histórico
profundo e crítico.
No segundo momento, podemos notar haver uma intenção de mostrar a visão
dos vários viajantes que passaram pelas terras de Alvelos e Tauá-mirim narrando
detalhes dessas povoações, e assim, esclarecem sobre o modo de viver dos coarienses.
Na sequência, poderemos observar haver uma mudança na forma de escrever.
Há a apresentação de sua pesquisa de maneira ampla, e as notícias dos jornais da época
são transformadas em um romance histórico que levam o leitor a deixar de fazer uma
leitura técnica para uma narrativa articulada e uma leveza no repasse dos fatos
históricos.
A pesquisa realizada já ultrapassou 30 anos. As fontes históricas se
estenderam por uma expressiva quantidade de obras analisada na Biblioteca Nacional,
Hemeroteca Nacional, IHGB, Biblioteca do Amazonas, Museu Amazônico, IHGA,
vários sebos literários, assim como, o testemunho de algumas pessoas que vivenciaram
esses fatos históricos.
“A História de Coari” vai expor a expulsão dos indígenas Jurimáguas, a
história de Samuel Fritz e a fundação de Coari, a evolução política-administrativa de
Coari, a morte do Prefeito Herbert Lessa de Azevedo, a chegada de Alexandre Montoril e
a morte do tenente Holanda, as transformações da cidade nas décadas de 50, 60, 70, 80 e
90 através do apontamento das obras dos últimos prefeitos de Coari.
Na segunda parte da obra, poderemos observar fotos da “Coari Antiga”, que
vão fazer o leitor mergulhar em uma viagem através das fotografias de Coari desde o
século XIX até o XX.
Tomassau, pequeno acesso ao lago de Coari, que Octaviano Melo atribuiu à origem do nome Coari
A cidade de Coari está situada à buraquinho, e se refere à boca pequena de
margem direita do lago de mesmo nome, um lago imenso”. (MELLO,1967)
cuja vastidão é assombrosa. Outrora a
embocadura deste lago ou bacia, como Síntese da Teoria de Octaviano Mello
tem sido chamado, fora a montante da
atual, que veio substituir aquela em
virtude do intrépido movimento de terras Segundo Octaviano Mello, a
1
operando nas margens do rio Solimões. A palavra Coari tem origem no Nheengatu
boca primitiva, se era estreita em relação e descende da palavra Cuara (que
à suntuosidade do lago, cada vez mais significa Buraco) + I (contração de miri,
diminuía com as terras novas aí um diminutivo do Nheengatu) formando
depositadas pelas águas deste Cuarai, e com o tempo passou Cuari,
prolongamento do Rio Mar. Era um Cuary, Quary, Coary e finalmente
pequeno e estreito furo, canal ou buraco; Coari significando Buraquinho.
era ainda um buraquinho golpeando a A justificativa dessa teoria seria
restinga e ligando o rio ao lago. Todos os que o vocábulo “Buraquinho” se referiria
canais desta natureza, entre nós, são ao primitivo canal que dar acesso ao lago
chamados de furos, sinônimo perfeito de de Coari, furo do Tomassau, localizado
buraco, e, nesta acepção o nativo, com a posteriormente à comunidade “Costa da
sua inteligência, denominou de Coari, a Santa Rosa”, sendo um canal estreito em
pequena embocadura agora interceptada relação à vastidão do lago ou baía.
e coberta pela vegetação. O nome do lago A justificativa dessa teoria seria
e da Cidade de Coari, portanto se que o vocábulo “Buraquinho” se referiria
originou da primitiva foz, que de ao primitivo canal que dar acesso ao lago
momento em momento, maiores razões de Coari, furo do Tomassau, localizado
ofereciam à sua denominação, até que posteriormente à comunidade “Costa da
desapareça. A boca atual do lago é larga e Santa Rosa”, sendo um canal estreito em
relativamente nova. Coari, palavra relação à vastidão do lago ou baia.
Nheengatu, significa, pequeno buraco,
1. Língua indígena da família tupi-guarani modificada por influências europeias, foi durante algum tempo e até o século
XIX a mais utilizada no Brasil, tanto pelos portugueses como pelos nativos.
Cidade de Jurimáguas
6. Ruminante mamífero parecido com a lhama, porém, mais esbelto e ágil, penugem mais curta, mais fina e bronzeada; vive
em estado selvagem nos Andes, formando rebanhos.
7. Dicionário da língua geral do Brasil, que se fala em todas as vilas, lugares e aldeias deste vastíssimo Estado, escrito na
cidade do Pará, ano de 1771 [manuscrito].
8. A língua geral setentrional, também chamada língua geral do norte e língua geral amazônica, era o ramo nortista da língua
geral, falada na Região norte do Brasil. Formou-se a partir da evolução histórica da língua tupi no final do século XVII. No
século XIX, pelo mesmo processo de evolução histórica, deu origem ao nheengatu. Hoje, é considerada uma língua extinta.
9. Carvajal observou que a língua falada entre os Omáguas (tupi) era diferente da qual Orellana havia aprendido noções no
Equador. (PORRO, Dicionário Etno-Histórico da Amazônia Colonial, 2007)
Trutnov na Boêmia
16. É uma cidade da Colômbia margeada pelo Mar das Caraíbas. O lugar tem uma localização estratégica, por isso foi sede
de um importante porto durante o período colonial.
17. Rio que nasce no Peru à cerca de 5.800m de altitude nos Andes, percorre cerca de 1600 km, se junta ao rio Ucayali
(Amazonas), que flui até à fronteira Brasil-Peru, onde passa a ser chamado Solimões.
18. Maynas é uma província do Peru localizada na região de Loreto.
20. Religiosos Mercedários pertencentes à ordem das Mercês (Nossa Senhora das Mercês), fundada por São Pedro Nolasco
(80-256), religioso francês.
21. “Relação do Frei Vitoriano Pimentel sobre as missões do rio Negro e Solimões”, in Anais do Arquivo e da Biblioteca
Pública do Pará , vol XII, p 404.
26. Parecer do frei carmelita Victoriano Pimentel, membro da Junta das Missões. Carmo do Grão-Pará, 4 de outubro de
1738 (In: CEDEAM, 1986, doc. 7).
Mapa de Antônio Porro cientificando que Fonte Boa foi a última missão organizada por Samuel Fritz.
Archipo Góes
Os Muras e Mello e Póvoas
Os Muras e as notícias de Melo e 4. Quanto à produção agrícola,
Póvoas sobre Alvelos diversos relatos dão conta de que essa
atividade era quase inexistente, entre os
Um dos grandes problemas no índios aldeados da Capitania do rio
século XVIII para desenvolver a região Negro. Por exemplo, o governador Mello
do médio Solimões, além da distância dos e Póvoas, no final do seu mandato (1760),
grandes centros urbanos, foram os se referindo aos habitantes do Lugar de
ataques dos ferozes Muras às povoações Alvelos, afirmou que teria achado aquele
e embarcações que transitavam nessa Lugar na maior miséria que se poderia
r e g i ã o . Ve r e m o s a s e g u i r f a t o s considerar, “basta dizer que não havia em
envolvendo Melo e Póvoas e os Muras: todo aquele distrito um pé de maniva” .
1. Desde as primeiras décadas 5. 1765 - Outras discórdias
do século XVIII, os índios Muras se também ocorreram entre os diretores e os
constituíram em um grande problema vigários em diversas povoações por
para a colonização dos Confins invasão de competências, por exemplo, o
Ocidentais da Amazônia, devido aos seus diretor de Alvelos, capitão Simão Coelho
repúdios ao convívio com os adventícios entrou em conflito com o padre Manuel
portugueses. Nos anos 30 daquele século, das Neves .
o governador do Estado, os agentes
régios e os moradores acreditavam que
seria imperativo se fazer uma guerra
justa a tais indígenas. No entanto, outros
interesses políticos não permitiram que a
tal guerra acontecesse. Contudo, a guerra
aos Muras nunca saiu da agenda política
dos colonizadores, mesmo, sob a luz do
Diretório dos Índios.
2. Conforme a carta de Melo e
Póvoas, em 1759, o governador informa
que iria remover o destacamento militar
do lugar Alvelos pelo fato de entender
que os seus moradores já formavam um
“corpo suficiente para poder evitar todo o
insulto que lhes quisessem fazer os
Muras”.
3. Sobre a agricultura, também
recomendou que o diretor dessa
povoação incentivasse a cultura do café e
do anil, fazendo com que os índios os
plantassem nos seus sítios. No Lugar de Indígena Mura inalando Paricá
Alvelos, cuidarem os diretores para que
façam arrozais pelo comum da
população, para ser vendido na capital da
Capitania, onde seria fácil a venda.
29. Carta de Joaquim de Mello e Póvoas para Francisco Xavier de Mendonca Furtado. Barcelos, 15 de janeiro de 1760 (In:
CEDEAM, 1983, doc. 10).
30. (Cf. SAMPAIO, 1985, pp. 136-145).
31. Carta de Joaquim de Mello e Póvoas para Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Barcelos, 16 de janeiro de 1760 (In:
CEDEAM, 1983, doc. 13)
32. (Carta de Joaquim de Mello e Póvoas para Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Barcelos, 16 de janeiro de 1760. In:
CEDEAM, 1983, doc. 13).
40. A categoria de vila nas colônias significava que havia os três poderes na localidade: Executivo, Legislativo e Judiciário.
41. Não há relatos que houve adesão à Cabanagem em Alvelos.
42. Freguesia é o nome que tem, em Portugal e no antigo Império Português, a uma divisão administrativa correspondente à
paróquia civil de outros países. No Brasil, durante o tempo da colônia, a freguesia era exatamente o mesmo que em Portugal,
não havendo distinção entre freguesia e paróquia.
Coari em 1867 pela lente de Albert N. ° 65. Coari novo - O Lago Coari, na
Frisch. Podemos observar o igarapé de divisa com o Amazonas com 100
São Pedro e a rua Rui Barbosa no bairro habitantes, fundada há 10 anos. A antiga
de Tauá-mirim. Coari, fundada pelos Carmelitas, em
1709, fica em uma península no meio do
lago.
Canoa no rio Japurá leva produtos ao mercado de Coari - Frisch, Albert 1867
* * * * * *
Barracão do Seringal Socó, no Rio Copeá de É, pois, um aspecto bizarro do sertão do extremo norte
propriedade do Cap. José Ribeiro da Silva, do Brasil, de cujas entranhas sai grande parte da
Intendente Municipal de Coary. receita geral da República.
Acham-se presentes: Por outro lado, à vista da pasmosa porcentagem de
1) O proprietário, tendo a sua esquerda a sua crianças, também se pode concluir que a indústria
extremosa filha, Guiomar; extrativa da goma elástica favorece notavelmente o
2) O gerente da casa, o Sr. F. Brazão, sua irmã D. povoamento do solo.
Raymunda Brazão e parte do pessoal extrator, num dia Fonte: Reino da Borracha no Copeá – Revista “O
de recebimento de borracha. malho” - 16-10-1909
Era meado do ano de 1903. E no final da tarde em Coari eram acesos os velhos lampiões de querosene,
iluminando aqui na foto, a rua XV de Novembro, conhecida como “Rua da Frente“
A Vila de Coary foi construída a princípio com dois O igarapé de São Pedro separava os bairros de Tauá-
bairros: o primeiro foi Santana (Tauá-mirim), onde foi mirim e o Centro, sendo ligados por uma grande ponte de
localizado o primeiro núcleo de “Coari Novo” e construído madeira de lei, assentada sobre arcadas de alvenaria. Ela
as primeiras habitações. Segundo Stradelli, Tauá-mirim media 120m de comprimentos e 3m de largura. Era um
significa “aldeia pequena ou aldeiazinha”. ponto mais frequentado pelos coarienses no início do século
O segundo bairro foi denominado São Sebastião XX – (Foto de 1924).
(Centro), local construído para ser a região comercial da vila
O Trágico Naufrágio Acontecido em muitos. Não restava outra saída, a não ser
Coari – 1926 pular nas águas do Solimões! Foi o que
Eros Divino Maia Alfaia muitos a bordo do navio fizeram. Ou pelo
menos, os que conseguiram, pois, muitos
O Naufrágio do Vapor Paes de findaram carbonizados. Homens,
Carvalho no ano de 1926 mulheres e crianças… Muitos índios,
caboclos e nordestinos, muitos
Os pacatos moradores do nordestinos. Mas na primeira classe havia
Distrito do Camará, o primeiro da Vila de gente graúda, rica, de boa família do
Coari, no rio Solimões, não acreditavam Estado.
no que viam durante aquela fria Os conhecidos moradores da
madrugada de inverno amazônico… Era Vila de Coari, Sebastião Salignac e o
22 de março de 1926. Capitão da Guarda, José Ribeiro da Silva,
Numa distância de cerca de cem viajavam na primeira classe também. Dos
metros da margem, o navio à vapor, Paes dois, só o primeiro conseguiu, a nado,
de Carvalho, vindo de uma longa viagem, chegar à terra. O Capitão Silva deixou
iniciada há semanas atrás, na cidade de viúva e filhos à ocasião, infelizmente.
Belém do Pará, é consumido pelas Aquela gente do Camará, pegou
chamas famintas de um incêndio suas canoas e batelões, foram ao
infernal! Inimaginável. confronto, do rio e do naufrágio terrível e
Mas aquele povo do Camará infernal, ao desafio de salvar vidas! Havia
teve que agir rápido, pois havia muita vários tipos de vidas a bordo, pois, além
gente viva, ou lutando para sobreviver, dos humanos que viajavam, cargas vivas
nas águas agitadas do rio. eram transportadas também! Equinos,
O desespero tomou conta de bovinos, suínos e aves.
Nunca Mais Coari 73 Archipo Góes
O Trágico Naufrágio Acontecido em Coari – 1926
O professor Rubem Dário Lisboa Lima, ajudou a salvar 03 O Capitão José Ribeiro da Silva era uma personalidade no
pessoas que ficaram à deriva no rio. Foi uma das cenário político da Vila de Coari na época, estava a bordo do Paes
testemunhas do acidente. Lecionava no Camará na época. de Carvalho, mas não conseguiu sobreviver.
45. O barco Vaticano São Salvador, da empresa de navegação Amazon River que fazia linha para Iquitos, no Peru.
Coari, 11 de junho de 1927/ Manacá Trombeta e Balança apelidos das viajantes: Olívia Guedes
Penteado, Dulce do Amaral Pinto e Margarida Guedes Nogueira. (Notação no verso).
«Converteu-se a fé católica
apostólica romana tendo abjurado a lei de O Malho nº 349 de 22 de maio
Moysés, o hebraico David Abdarham, transato, estampou na página 12, como
que há muitos anos reside nesta província amostra do progresso no município de
e vivia na vila de Coary, onde passou há Coary no estado do Amazonas, um
algum tempo para esta capital. O novo quadrozinho da Filarmônica Municipal
convertido, achando-se doente procurou Coariense.
o pastor católico da freguesia, o Revd. “Fotografia tirada a 15 de
padre Dr. José Manoel dos Santos janeiro último, depois da alvorada pelas
Pereira, para em suas mãos fazer a sua festas daquele dia em comemoração da
abjuração, sendo antes instruído por este, posse do governo municipal e
nos principais dogmas da religião inauguração da banda, que teve o seu
católica. início em junho do ano próximo findo,
Depois de haver o converso sob a regência do hábil professor
recebido a água do batismo, casou-se Hermógenes Saraiva da Silva”.
com a Sra. Lucinda Maria do Carmo, com
Sua infância foi pobre, e logo praça da Força Policial do Estado. Depois
cedo, para ajudar no sustento da família, de seis meses de instrução, no dia 7 de
Alexandre Montoril trabalhou como fevereiro de 1914 foi promovido a cabo
ferreiro e mais tarde como ourives. Mas da esquadra da CIA de Bombeiros.
logo em seguida mudou-se da cidade de Em 7 de fevereiro de 1914 foi
Crato-CE, junto com sua mãe. Em pouco promovido a cabo de Esquadra da CIA de
tempo se tornou funcionário público da Bombeiros. Em junho foi promovido a 3º
Prefeitura com a função de Fiscal e sargento intendente, e logo em seguida no
Cobrador de Impostos na feira da cidade. dia 1º de outubro foi promovido a
Em 1907, faleceu sua mãe sargento-ajudante.
Luzia, sendo então acolhido pelo primo Em 1916, foi admitido na
José Montoril. Longe da família que Faculdade de Odontologia de Manaus,
estava no estado do Pará: no rio Tapajós diplomando-se em 1920. Logo em
estava seu pai trabalhando e seus irmãos seguida, foi nomeado Delegado de
em Macapá. Em junho de 1909 Polícia em Tefé (1920/22), em Maués e
Alexandre Montoril foi ao encontro de em Eirunepé.
sua família no Norte. Em 1923, contraiu núpcias com
Depois de chegar na cidade de Elisa Oliveira e, nesse mesmo ano, foi
Macapá, passou a morar com os dois nomeado Interventor em Itacoatiara, no
irmãos. E depois de 08 meses seu pai veio rápido governo revolucionário de Ribeiro
buscá-los e foram viver no Tapajós, Júnior, expressão maior, no Amazonas,
contudo em junho de 1910, seu pai do movimento tenentista que dominou o
adoeceu e foi se tratar em Belém, onde Brasil na década de 1920.
veio a falecer, ficando órfão Alexandre Em 13 de janeiro de 1928, após
Montoril com 17 anos. o assassinato do Prefeito Herbeth Lessa
Sendo acometido de Beribéri de Azevedo foi nomeado Prefeito Militar
aguardou o fim do fábrico e voltou ao de Coari, sendo, então, efetivado no posto
Ceará, logo se restabelecendo. Mas a de capitão da antiga Guarda Nacional,
saudade do Norte o fez voltar e em passando para a reserva remunerada.
dezembro de 1912 chegou em Manaus. Casou-se com uma jovem
Em janeiro de 1913, tornou-se tefeense chamada Elisa Montoril.
51. Francisco Lopes Braga (08.07.1857 A 192?) nasceu em Manaus, onde realizou seus estudos Primários e de
Preparatórios. Viajou então para a Europa e graduou-se em Engenharia pela Universidade de Coimbra, em Portugal. De
volta à capital amazonense, tornou-se professor de Matemática. Apesar de ter sempre se esquivado do mundo político, na
administração do governador Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt, entre 1908 e 1912, assumiu a Diretoria de Obras
Públicas e Concessão de Terras do Estado. Foi na sua gestão à frente dessa repartição pública que se construiu, na rua José
Clemente, o prédio do antigo Grupo Escolar Marechal Hermes. Ainda na década de 10, foi professor e diretor substituto da
então Faculdade de Engenharia da Universidade de Manáos.
52. Péricles Moraes (1852-1956). Ensaísta, crítico, professor de língua francesa, funcionário público, prefeito de Coari – foi
talvez o intelectual mais influente do Amazonas, na primeira metade do século XX. Está entre os fundadores da Academia
Amazonense de Letras, tendo sido seu primeiro presidente.
A bordo do “Industrial” (à frente) Ir. Georgiana, Madre Julitta, Irmã Franciscana, Ir. Marciana e Ir. Jane Frances
Os irmãos Montoril: Alexandre é o primeiro à esquerda, Antônio Montoril é o do meio, em pé, Rivadávia
Montoril (Filho de Antônio), à direita está José Pereira Montoril (Cazuzinha).
2º batismo em águas realizado na história da igreja em Fachada do primeiro templo da IEADAM em Coari, com
Coari, no dia 31 de março de 1968. os membros da igreja posicionados na frente do mesmo.
Fátima Acris usando seu Traje Típico no Miss Brasil - Revista Cruzeiro – 1968
Traje de Noite – Salão dos Espelhos do Rio Negro Club
No momento final, houve o resultado pelo rádio. O desfile tinha
anúncio da vencedora do concurso, a transmissão ao vivo pela rádio Baré.
coariense Fátima Acris, que foi Lembro que saímos pulando e parecia a
ovacionada pela verdadeiramente vitória do Brasil no futebol”.
multidão que se comprimia no “Salão dos O Miss Brasil de 1968 foi um
Espelhos” do Atlético Rio Negro e na concurso inesquecível na lembrança das
área fronteiriça ao clube. pessoas que são apaixonadas pelo mundo
O concurso de Miss Amazonas da missologia. 1968 ficou na história
1968 premiou Fátima Acris com produtos como o ano da escolha da nossa segunda
da Sanyo e Mundial Magazine, passagem Miss Universo, a baiana Martha
ida e volta para Miami pela Avianca e Vasconcellos. Martha e Fátima Acris se
uma viagem a Salvador, onde a mesma destacaram na sua preparação do
prestigiou no Ginásio Antônio Balbino, a concurso e na expressiva divulgação de
eleição de Martha Vasconcellos como suas fotos nas revistas e jornais de grande
Miss Bahia 1968. circulação em todo o país.
Coari viveu na madrugada O concurso de âmbito nacional
daquele domingo, momentos de intensa aconteceu no dia 29 de junho de 1968, no
euforia. Pelas ondas da Rádio Baré, os Ginásio do Maracanãzinho, Rio de
conterrâneos da Miss Amazonas 1968 Janeiro. Foi promovido pelos “Diários e
acompanharam com ansiedade o Emissoras Associados” e foi transmitido
concurso. Quando foi conhecido o p e l a s a u d o s a T V Tu p i . H o u v e a
resultado, o povo saiu à rua cantando em participação de 25 candidatas,
meio a um foguetório. representando os Estados e Territórios
Inez Batista disse: brasileiros. A grande festa nacional da
beleza começou com a apresentação em
“Coari fez festa. Ficamos todos traje de gala, seguida em trajes típicos e
no canto do Mengo Bar esperando o finalizou com traje banho (maiô).
O avião monomotor de prefixo PT-DKC, pertencia aos padres redentoristas da Prelazia de Coari
58. Corresponde ao território em que o juiz de primeiro grau irá exercer sua jurisdição e pode abranger um ou mais
municípios.
59. Nessa época só votavam homens alfabetizados com mais de 21 anos e que comprovassem posse, os religiosos e os
militares.
terra tremer♫
Aeroporto de Coari
Era 15 de novembro de 1982, um ano especial com copa do mundo de futebol, quando
aconteceu a eleição para o novo mandato de prefeito e vereadores. Ao término da
apuração foi confirmado que o então presidente da Câmara Municipal de Coari, o Sr.
Roberval Rodrigues da Silva (1983 à 1988) seria eleito para um mandato de 6 anos, tendo
como vice-prefeito o jovem Evandro Francisco Aquino de Oliveira.
LP de Evandro Moraes
3º Festival da Música Coariense para Manaus, fez o curso de Direito e hoje,
com 31 anos, mora em Coari e trabalha no
Com uma música romântica que Centro de Defesa dos Direitos Humanos.
apela para o bom senso das pessoas de Pois é, com todo esse currículo que
verem que a solução está na paz e na Evandro tenta conquistar o público
destruição de fronteiras, Evandro Moraes amazonense. As duas músicas que ele
ganhou o 3º Festival de Música Popular de gravou neste primeiro trabalho comercial
Coari. Filho de Coari, Evandro é revelam a temática que pretende seguir de
advogado, compositor, músico e um agora em diante: a defesa dos direitos
irreverente fã dos Beatles. O primeiro humanos, em versos que falam dos
lugar neste festival com “Tributo a problemas sociais.
Lennon", que vem reforçar sua adoração O Festival da Música Coariense
pelo grupo inglês. Evandro pretende surgiu em 1984 e foi idealizado pela
esperar bons resultados do prêmio que Universidade do Amazonas em parceria
ganhou: um compacto simples com duas com a Prefeitura de Coari, que
músicas. operacionalizou a realização do festival
“Não sei se esse prêmio vai em 3 edições, sempre acontecendo na
modificar minha vida fazendo eu deixar a semana da pátria. O Festival da Música
advocacia e me dedicar somente à música. Coariense é anterior ao FECANI de
Tudo é apenas um começo e vamos deixar Itacoatiara que iniciou um ano depois,
como está para ver como é que fica”. 1985. Nas duas eliminatórias que
Evandro já participou outras vezes de envolveram todo o concurso,
concursos. Quando era estudante do participaram 23 artistas e entre eles
seminário de Belém ganhou o segundo saíram os cinco finalistas. “Sentimos a
lugar de um festival estudantil com a importância deste concurso porque não
música “Bastião”, quando sentiu sua foi apenas uma oportunidade de
tendência para compor temas regionais. descoberta de novos valores, mas a
possibilidade de ampliação da atuação da
Evandro inicia sua carreira com música regional. Com o prêmio de gravar
discos colocando mil cópias do Compacto um compacto que terá mil cópias a venda,
“Tributo a Lennon”, que será vendido a das quais 400 já foram vendidas em Coari,
Cr$ 30 mil. É meio difícil tentar imaginar mais pessoas poderão conhecer o trabalho
um ex-seminarista que foi para o Rio de criação que também acontece no
Grande do Sul e lá cursou Letras, veio interior do Estado”, finalizou Evandro.
Nunca Mais Coari 142 Archipo Góes
Anos 80 em Coari
Aniversário de Coari com “Isto aqui era mata cerrada e
Inaugurações lamaçal. Não era incomum encontrarmos
onças, cobras e todo tipo de animal. Era
Num domingo, dia 3 de agosto aventura pura, estilo Indiana Jones
de 1986, o governador Gilberto mesmo. Todo transporte de material e de
Mestrinho veio a Coari para, entre outras pessoas era feito pelo Rio Urucu. Os
coisas, fazer algumas inaugurações: equipamentos, máquinas, tratores e
• Escola Estadual Gilberto Mestrinho. sondas eram desmontados e carregados
O nome é em homenagem ao pelo meio da mata fechada e enlameada
governador Gilberto Mestrinho. Foi nas costas mesmo. Desmontava-se tudo,
construída no bairro Santa Efigênia. colocavam-se tábuas para reduzir os
• Escola Estadual Dom Mário. O atoleiros e, em meio as clareiras que eram
nome é em homenagem ao primeiro abertas, se montava tudo de novo.”
Bispo da Prelazia de Coari. Foi
construída no bairro Itamarati.
• O prédio da exatoria de rendas.
• A Olaria Municipal
• A quadra de Esporte Edgar da Gama
Rodrigues.
• A quadra de Esporte Edgar Tancredo
Neves
• Uma Usina Elétrica de 120 KVA da
CEAM na comunidade Murituba.
Escola estadual Thomé de
Medeiros Raposo, construída no bairro
Chagas Aguiar, foi inaugurada em 1987.
O nome é em homenagem ao pai do
governador Gilberto Mestrinho. Governo Evandro Aquino
Jorra Petróleo Coariense
Nas eleições que aconteceu em
A Petrobrás e o presidente José 15 de novembro de 1988, houve uma
Sarney anunciaram no dia 12 de outubro lendária disputa entre Evandro Aquino X
de 1986: “Jorra petróleo de boa Clemente Vieira, que teve uma música do
qualidade”, no coração da Amazônia, às Manoel Novinho de campanha
margens do rio Urucu, no município de inesquecível:
Coari. Embora as buscas por petróleo na
Amazônia iniciaram em 1917, é a ♫♪ Povo da cidade e do interior
primeira reserva comercialmente viável Querem o Clemente seja como for
descoberta na região amazônica. O que digo agora não é brincadeira,
O óleo de Urucu, um dos mais leves Quinze de novembro
produzidos no país (quanto mais leve, vote em Clemente Vieira.
melhor a qualidade), facilita o seu É ele sim é não tem jeito
processamento nas refinarias e permite o Em 88 é nosso prefeito.
aproveitamento na produção de gasolina, Vai trabalhar, ele e Jancy,
nafta petroquímica, óleo diesel e Gás Para melhorar a nossa Coari.♪♫
Liquefeito de Petróleo (GLP).
Apenas 62 pessoas presenciaram o A vitória foi de Evandro
momento em que o petróleo jorrou pela Francisco Aquino (PFL), que iniciou o
primeira vez na Amazônia. O engenheiro seu mandato em 01/01/1989 e finalizou
de produção Ivaldo Santos da Silva conta em 31/12/1992.
como foi a experiência no começo dos
trabalhos em Urucu:
Candidatas a Rainha da
I Festa da Banana
UFAM forma
primeira turma no interior
Fotos da
Coari Antiga
A História de Coari Através das Fotos
Foto tirada da janela da escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Podemos ver
algumas casas da rua Independência. Na parte superior à direita: a rua Plínio
Coelho no bairro de Chagas Aguiar. Ao fundo, as árvores do bairro do Pêra e a
região conhecida como Matinha.
Podemos ver nessa foto: O final da rua XV de Novembro, o lugar conhecido como
‘‘Alto do Bode’’, a esquerda o bairro de Chagas Aguiar.
Pc São Sebastião
Autoridades Coarienses
Escadaria de Coari
Desfile Cívico
Rua XV de Novembro
Deolindo Dantas
Nunca Mais Coari 205 Archipo Góes
Fotos da Coari Antiga
Escadaria de Coari
Mercado Municipal
Estrada do Aeroporto
Vista a partir da ponte sobre o igarapé de São Pedro. Ao fundo podemos observar o
sobradinho dos Dantas e a mangueira que inspirou o Brasão de Coari.
Ponte sobre o Igarapé São Pedro - Constrída em 1923 pelo então Cap. Pessoa.
Restaurada em 1934.
COARI COARI
Você tem pena de mim Parabéns, Manaus augusta.
Manaus, faceira e vaidosa. (Cada um sabe o que sente)
Por me ver tão pobre assim? Você vive à nossa custa
Não seja tão cavilosa Por isso, anda contente
Pois você foi como eu sou Nos devolva o nosso imposto
Ou talvez ainda pior: O da nossa produção;
– Está velha e eu sou menina Pois só assim se redime
– Tenho fé na minha sina. Você de tão grande crime!
MANAUS MANAUS
Sim sou velha – fiz cem anos Tire da mente essa ideia
Foi erguido um monumento Não me faça esse juízo
Mas não sofro os desenganos Acuse sim, à Assembleia
Que fazem o seu tormento Pois ela é responsável
Suas ruas estão no mato Pelos erros do governo!
E não tem nenhum cinema – Derrubaram sem critério.
E um Trapiche que existiu O projeto do Valério!
– Um prefeito o destruiu
COARI COARI
Já que fez esse relato Aceito, só por princípio
Que negar não se admite Que você tenha razão;
Eu pergunto: foi exato, Mas um dia o Município
Destruído a dinamite Terá a sua redenção.
O palácio do governo E as cidades do interior
Lá no alto da Avenida, Deste Amazonas, gigante.
Quando estava em construção. Deixarão de ser o caos
– Em tempos que longe vão?! E serão outras Manaus!
Alexandre Montoril
(Manaus, 25 de maio de 1970)
Ponham o som mais alto, meus senhores, Chegando feliz no porto de ferro,
para abafar o som dos caminhões Assisto um boto Tucuxi nadando,
que vêm trazendo os cansados Veio da ponta do Jurupari,
produtores, Rápido e faceiro, vem me saudando.
e virão espiar a “Festa” da banana ! A linda Matriz que surgia longe,
Está risonha nos abençoando.
Tem honra, tem caráter, tem alegria, Graças ao Arquiteto dos mundos,
Risonho, ativo, é todo simpatia, Coari, hoje, tem os seus fundos,
Igual a um anjo, puro e cristalino; Tem o rádio tem a televisão,
Não é este, o irmão, o Enedino? Tem o fax e também o caminhão.
Tenho prazer de saudá-lo nesta data,
Além dos irmãos presentes tenho a ata, Coari tem honra e tem estirpe,
Bravo povo, brava gente rispe,
Escrita, datada, lida, documentada. tu tens honra, tens brios e valor,
Ao povo destemido tens amor.
Todo aniversário é uma data festiva;
Rodeados de amigos, irmãos e efusiva,
Enquanto tudo isto tem o seu destino;
Somos gratos com amor, ao irmão
Enedino.
Waldemar Plácido Fonteles Waldemar Plácido Fonteles.
O grande organizador e
idealizador do Boi-bumbá Corre Campo
foi professor Edvaldo de Souza,
conhecido por todos como Catola, que na
apresentação era o “Amo do Boi”.
Lembro que nesse mesmo ano, fui assistir
uma apresentação na quadra da Igreja
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em
Chagas Aguiar e aconteceu o ritual do tira
a língua, que acontecia assim:
O Pai Francisco acabava de dar
o tiro de morte no boi. O povo cantava
animado:
Archipo Góes
Na década de 80 foi comum no comissão organizadora composta de
Brasil algumas cidades criarem festivais membros do Departamento de Cultura e
em comemoração à grande produção do do IDAM. No planejamento foi criado
seu principal produto agrícola. Essas prêmios para o agricultor com maior
festas eram incentivadas nacionalmente produção de banana, premiação para o
pelo programa dominical Globo Rural. maior cacho de banana, premiação para o
No Amazonas, o governador era agricultor com maior variedade de
Amazonino Mendes, que através da banana (Prata, Maçã, Pacovan, Nanica,
agência Emamtur (Empresa Amazonense Ponta Fina, Inajá ou Ouro, etc.), concurso
de Turismo), estimulou a criação de de comida típica onde o principal
vários festivais nas cidades da ingrediente seria a banana, concurso de
hinterlândia amazonense. calouro, concurso de dança, e a atração
A Festa do Guaraná foi a mais esperada da noite, a eleição da
precursora no Amazonas. Começou na Rainha da Banana.
década de 60 e permanece sendo O concurso de Rainha da
realizada todos os anos na cidade de Banana tinha sua essencial característica
Maués. Depois tivemos a Festa do Açaí em ser um concurso de beleza em que o
em Codajás, a Festa do Leite em Autazes, traje típico era muito importante na nota
a Festa do Tucunaré em Nhamundá, a final de cada candidata. Não era só a
Festa da Castanha em Tefé, Festival do beleza plástica, mas todo um conjunto da
Peixe Ornamental de Barcelos, a Festa do apresentação. Na comissão organizadora,
Cupuaçu em Presidente Figueiredo, a faço um destaque para a Professora
Festa da Laranja em Anori e muitas outras Simonete Dantas que era a organizadora
espalhadas por todo o Amazonas. de todos os desfiles oficiais promovidos
Tenho em minhas lembranças o pela prefeitura de Coari e ao artista
ano de 1989, Coari era uma cidade pacata, plástico Izocrates Brandão (Dó) que era
tranquila, ordeira e passava por grandes responsável pela construção dos
transformações em sua estrutura. O lendários palcos do aniversário da cidade
prefeito era Evandro Aquino, um técnico e da Festa da Banana.
agrícola de formação e funcionário do A Festa da Banana foi realizada
IDAM. Em seu primeiro ano de mandato na recém-criada Feira do Produtor Rural,
foi criada a lendária Festa da Banana, que no aterro em cima do igarapé de São
seria realizada todos os anos, na primeira Pedro. A Feira do Produtor Rural
quinzena de dezembro. começou no início da década de 80, em
Eu, ao realizar uma pesquisa plena rua da praça São Sebastião, depois
intensa nos jornais do Amazonas, houve uma mudança para o início da rua 5
constatei que desde a década de 60, Coari de Setembro, passando pela frente do
já vinha sendo noticiada como detentora sobradinho dos Dantas e continuando até
da maior produção de banana no estado o Instituto Bereano de Coari na rua Rui
do Amazonas, chegando ao grande ápice Barbosa. Como era uma feira que
no final da década de 70 e por todos os acontecia na rua, não havia organização,
anos 80. Em 1988, Coari enviou mais de higiene e segurança, proteção das chuvas
um milhão de cachos de banana para a etc., era preciso de um local que viesse a
capital do estado. atender os anseios dos produtores rurais e
Evandro Aquino criou uma festejar a grande produção de banana do
município.
Nunca Mais Coari 270 Archipo Góes
Literatura Coariense