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CASTANHAL/PARÁ
2019
PAULO DAMASCENO DO AMARAL NETO
CASTANHAL/PARÁ
2019
Banca examinadora
_____________________________________________________________
Professora Drª Débora Alfaia da Cunha (orientadora)
_____________________________________________________________
Professor Dr. Assunção José Pureza Amaral (examinador interno)
_____________________________________________________________
Professor Msc. José Rodrigo Pontes dos Santos (examinador externo)
Conceito: _________________
RESUMO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
ANEXOS ..................................................................................................................... 55
12
INTRODUÇÃO
No ano de 2012 ao ingressar na Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus
Castanhal, conheci o projeto de extensão: Educação e Ludicidade Africana e Afro-
brasileira (LAAB). Coordenado pela Professora Drª. Débora Alfaia da Cunha. Na
mesma ocasião, tive a oportunidade de conhecer o Programa Universidade no Quilombo
(PUQ), coordenado pelo Professor Dr. José Assunção Pureza Amaral.
Passado esse momento, me aproximei do projeto LAAB e tornando em seguida
voluntario. As vivências no projeto possibilitaram a apresentação de meu primeiro
artigo cientifico intitulado: O uso do cinema para a formação em História e Cultura
Africana e Afro Brasileira na universidade, em um congresso denominado ‘Pensando
África e suas Diásporas e 1º Encontro de Educação e Antropologia, evento que ocorreu
na Universidade Federal do Ouro Preto – UFOP/ Campus Mariana e Ouro Preto no
Estado de Minas Gerais no mês de Setembro de 2012. Nesse encontro tive a
oportunidade de participar de uma palestra com o Professor Drº. Kabengele Munanga,
um dos maiores pesquisadores sobre educação antirracista. Tal palestra despertou alguns
questionamentos, dentre estes, de que forma eu como graduando do curso de
Licenciatura Plena em Pedagogia, poderia contribuir de forma significativa nesse
processo, direcionando-me à um novo olhar em relação a temática.
No mês de Março de 2013, depois de um processo de análise de curriculum e
entrevista, me tornei bolsista do projeto LAAB, dessa forma me dediquei de forma
integral ao mesmo. No período de 2013 a 2016, que estive como bolsista, junto aos
demais bolsistas e colaboradores do projeto pudemos desenvolver diversas atividades,
entre as quais: jogos de tabuleiro (mancalas), jogos livres africanos, formação de
professores, cine UFPA, visitas as comunidades remanescentes de quilombos, na sua
maioria nas comunidades quilombolas do município de Inhangapi/PA. Estas ações
foram realizadas em parcerias com secretarias de educação de diversos municípios do
nordeste paraense, Associação Consciência Negra Quilombo – ASCONQ e o Programa
Universidade no Quilombo – PUQ.
As experiências no Campus de Castanhal foram tão significativas, que ao longo
desse período, tive a honra de reativar o Centro Acadêmico de Pedagogia – CAPE, ser
membro da Executiva Paraense dos Estudantes de Pedagogia – ExPEPe, membro da
Executiva Nacional do Estudantes de Pedagogia – ExNEPe representando o estado do
Pará, ser membro do conselho da Faculdade de Pedagogia – FAPED, do Conselho
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Esses objetivos são importantes do ponto de vista da pesquisa, uma vez que os
estudos em outras instituições indicam que apesar do êxito das políticas de inclusão de
alunos cotistas, quilombolas e indígenas, a permanência em alguns cursos ainda é um
obstáculo a ser vencido para o sucesso dessas políticas, em especial nos cursos de
engenharia (CAMPOS, 2016). Buscando contribuir com o debate, fiz um estudo
qualitativo a partir da realização de entrevistas semi estruturadas com três (3) sujeitos
do curso de engenharia civil.
Por fim, para uma melhor elucidação e discussão do texto, organizamos a pesquisa
da seguinte forma:
Seção 02: Analise dos dados e discussões: analiso os dados coletados da pesquisa tendo
como base o referencial teórico, exponho a abordagem utilizada, os instrumentos de
coleta de dados, bem como defino os sujeitos da pesquisa.
Nas considerações finais discorro sobre as observações finais da pesquisa,
elucidando os resultados encontrados em consonância com os desafios em permanecer
no curso.
Espera-se que o texto possa contribuir com a reflexão e o debate acerca das
políticas de acesso e permanência dos alunos cotistas, em especial os discentes
quilombolas, pois, de certa forma a universidade precisa pensar de forma estrutural o
ensino, pesquisas e as peculiaridades desse público e como consequência disso a sua
permanência na universidade.
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A educação escolar era negada desde o período colonial à população negra, não
tornando-se diferente no período pós-abolição. No século XX com o fim da escravidão,
diversos movimentos ganharam força, impulsionados por lideranças negras como
Abdias Nascimento. Essas lideranças questionavam a ausência da população negra nos
espaços escolares, assim como, a negação da contribuição do povo africano e afro-
brasileiro na história e cultura do país. A negação da influência negra no país, alimentou
o racismo nos espaços escolares e contribui para a massificação de estereótipos ligados
a população negra. Segundo Romão (2000, p. 20), “A Educação na República em seus
primórdios tem um projeto educacional desenvolvimentista para a parcela da população
brasileira branca e uma educação para os negros, cristalizada no estereótipo da
escravidão”.
O fato é que desde o início do sistema republicano a escola foi pensada para
uma elite branca com ideologias racistas que reforçou em sua base a desigualdade social
(CAMPOS, 2016). Essa ideologia sustentou a desigualdade entre a população branca e
negra, com destaque aos quilombolas, que isolados pelo poder público, viu sua história
ser deturpada, distanciando a escola cada vez mais de seus membros.
Não à toa, o distanciamento da escola por parte dos quilombola se deu pela
negação de sua história e pela gênese racista que permeava esses espaços, que só começa
a ganhar novos contornos após provocações do movimento negro, sobretudo, na metade
da década de 90 até os dias atuais.
Após a promulgação da constituição de 1988, conhecida como “constituição
cidadã” (até as reformas autoritárias de Michel Temer e J.M Bolsonaro, a partir de 2016)
o movimento negro e quilombola ganhou novo folego na luta contra o racismo e a
discriminação. Em 1995 o movimento negro organizou a Marcha Zumbi dos Palmares
contra o racismo, cidadania e a vida, em Brasília. “Os organizadores da marcha foram
ao palácio do planalto entregar o manifesto/documento contendo proposta de políticas
públicas de combate ao racismo e exigindo medidas concretas contra o racismo no país”
(AMADOR DE DEUS, 2008, p. 225).
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suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio
em escolas públicas. Parágrafo único. No preenchimento das vagas de que
trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados
aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-
mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.
Art. 2o (V E TA D O).
Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata
o art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados
pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos
e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a
instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (BRASIL, 2012)
Art. 1º Fica aprovada a reserva de 50% (cinqüenta por cento) das vagas dos
cursos de graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA), oferecidas no
Processo Seletivo Seriado (PSS) a estudantes que cursaram todo o Ensino
Médio em escola pública.
§ 1º Do percentual de vagas a que se refere o caput deste artigo, no mínimo,
40% (quarenta por cento) serão destinadas aos candidatos que se declararem
pretos ou pardos e optarem por concorrer ao sistema de cotas referente a
candidatos negros.
§ 2º A reserva de vagas a que se refere o caput deste artigo terá vigência por
um período de 5 (cinco) anos, ao final do qual será avaliado.
Art. 2º A Universidade Federal do Pará assume o compromisso de
estabelecer uma política de permanência aos candidatos que nela ingressarem
conforme esta Resolução”.
Para Beltrão, Filho e Maués (2013) a UFPA vem avançando nas políticas de
ações afirmativas com um conjunto de medidas adotadas pela mesma, tornando-a como
uma das principais instituições de ensino superior da região Norte no combate às
desigualdades sociais.
todas as universidades brasileiras. A UFPA é a maior universidade da
Amazônia e qualquer ação realizada dentro dela, tem reflexos em outras
universidades e na sociedade regional de uma forma mais ampla. Por outro
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Com a sanção da Lei 12.711 de 2012, conhecida como Lei de Cotas, ficou
estabelecido que metade das vagas em instituições federais de educação superior deve
ser destinada para candidatos cotistas. Neste caso, as cotas levam em consideração 3
pontos, a rede de ensino em que foi cursado o ensino médio, a renda familiar e a etnia
do candidato.
As cotas destinadas a etnia reserva vagas para os candidatos pretos, pardos,
indígenas e quilombolas. Em alguns casos, são realizados vestibulares específicos nos
quais só podem concorrer quem se enquadra nos critérios, após análise de documento
comprovatórios de sua etnia.
Campos (2016) destaca que a reserva de vagas para quilombolas, encontra-se
entre as últimas ações afirmativas aprovadas pela UFPA, como nos mostra o quadro a
seguir:
espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2012).
A pesquisa foi um estudo de caso, pois centra-se no aprofundamento de uma
investigação bem especifica, em nosso caso, a permanência de alunos quilombolas
oriundos da reserva de vagas do processo seletivo especial da UFPA para o curso de
engenharia civil. Esse tipo de pesquisa de acordo Fonseca (2002, p. 33) “visa apresentar
uma perspectiva global tanto quanto possível completa e coerente do objeto de estudo
do ponto de vista do investigador”.
Como complemento, também usamos as orientações da pesquisa bibliográfica,
que nos ajudou a colher fontes bibliográficas que sustentaram a discussão teórica da
pesquisa. De acordo com Fonseca (2002, p. 32) a pesquisa biográfica “procura
referencias teóricas publicadas com objetivo de recolher informações ou conhecimentos
prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta”.
Os participantes foram três (03) alunos da engenharia civil da UFPA, Campus
Guamá na cidade de Belém do Pará. A escolha dos discentes se deu através da
associação dos alunos quilombolas (ADQ) da UFPA, por meio de contato inicial feito
no dia 05 de maio de 2017. Um dos associados me indicou um participante, discentes
da Eng. Civil, e tal discente me indicou outro aluno e o mesmo fez a indicação de mais
um aluno, fechando assim os três alunos da pesquisa (Bola de Neve). A escolha de três
alunos se deu pela dificuldade de contato com outros discentes, devido agenda dos
alunos dentro de seus cursos e suas idas e vindas das comunidades.
Os entrevistados ingressaram em anos diferentes e se encontram em momentos
distintos no percurso curricular da graduação em Eng. Civil. Além disso, esses alunos,
apesar de originalmente terem optado pelo noturno, estudam em turnos diferentes
horários, fazendo com que a pesquisa incorpore diversos ângulos das vivências dos
alunos quilombolas.
O instrumento de coleta de dados foi um roteiro previamente definido de
entrevista estruturada com perguntas abertas e fechadas contendo quarenta e seis (46)
questões, dividido em duas dimensões: identificação e acesso e permanência
(CÓRDOVA, BUENO, 2009). As primeiras vinte e duas (22) questões buscam
caracterizar os sujeitos pesquisados como: cor, sexo, idade, estado civil, ano de
conclusão do ensino médio, comunidade quilombola de origem, etc. Na dimensão
acesso e permanência o roteiro contém vinte e quatro (24) questões que versam sobre
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Desta forma a analise iniciou com escuta sensível das entrevistas, depois a
retirada do segmento de análise e comparação entre os entrevistados. Na apresentação
do texto optou-se pelo resumo das respostas e pela inserção de trecho da transcrição das
entrevistas.
O texto acima descreve a luta do povo negro do período colonial até os dias
atuais, essas lutas perpassam por diferentes ângulos e olhares que vai da liberdade à
conquista de direitos fundamentais para a população negra, entre estes a educação.
Nesse contexto, passaremos a narrar a vivência de três alunos negros, no
exercício de seu direito à educação superior.
Estruturalmente, o texto inicia com a apresentação dos estudantes quilombolas
que participaram da pesquisa. Na sequência, serão debatidas suas trajetórias escolares,
o acesso à universidade através do PSE, às interações com pares e professores,
experiências extracurriculares e a permanecia no curso de engenharia civil da
Universidade Federal do Pará/Campus Belém.
(4ª) serie, atual quinto (5º) ano e a partir daí precisou se deslocar até outra comunidade
para prosseguir com os estudos. Diante dessas informações evidenciamos a importância
das escolas nas comunidades quilombolas, e, nesse sentido:
possa ser investida na sua formação. Breno divide uma residência alugada com dois (2)
irmãos e a esposa. Carlos também mora em casa alugada e divide aluguel com outros
alunos quilombolas que cursam outras áreas. A moradia estudantil torna-se necessária,
pois, no Brasil, o processo de conquista de direitos é ainda presente e a luta por justiça
e educação remete à história da formação social brasileira. Nesse sentido, ressaltamos a
importância do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) que teve a sua
primeira versão publicada em 1998 e foi desenvolvida pelo Fórum Nacional de Pró-
reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), partindo das
discussões entre os participantes do Fórum e tendo como base o conhecimento do perfil
socioeconômico do estudante de Universidades Federais e de acordo com o PNAES,
prioritariamente são atendidos:
Existe a necessidade de prover condições não apenas para que haja inclusão de
indivíduos em universidades de qualidade, mas também instrumentos de consolidação
da sua permanência nessas instituições. É sob essa perspectiva que entram ações de
apoio estudantil e expansão da democratização do acesso ao ensino superior. As
moradias estudantis federais cumprem papel fundamental, abrigando estudantes
universitários que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis, e vêm de outras
cidades, onde deixam suas famílias. Pois, os estudantes investem na escolarização como
uma forma de transformar e transmutar para outra classe social, e buscar uma carreira
profissional, tendo, para isso, de deixar seu lugar de origem, para morar com outras
pessoas em condições semelhantes (BARRETO, 2017, p. 36).
Como a graduação implica na saída do aluno da sua comunidade perguntou-se
aos entrevistados sobre a frequência de retorno a sua comunidade: Carlos e Breno fazem
um esforço para manter os laços com familiares e amigos quilombolas com visitas
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frequentes aos finais de semana e férias. Augusto obteve uma melhor adaptação na
cidade de Belém indo com pouca frequência à comunidade.
Sobre a ocupação de seus familiares nas comunidades remanescentes de
quilombo, os entrevistados apresentaram diferentes respostas. Augusto informou que a
principal ocupação dos seus familiares é a lavoura (agricultura familiar). Carlos explica
que seus pais são aposentados e seus irmãos trabalham em olarias. Breno inicialmente
fala que a ocupação era baseada na agricultura familiar e atualmente o pai e a irmã são
funcionários públicos municipal. Observa-se que as fontes de renda familiar sugere que
dificilmente os entrevistados possam contar com o apoio financeiro dos seus familiares.
A política de assistência e bolsas são fundamentais, faz-se necessário uma análise
criteriosa da realidade social, econômica e cultural em que o estudante está inserido,
pois garante de certa forma a permanência desses alunos na universidade, (BARRETO,
2016).
Quando questionados sobre a percepção da comunidade em ter um quilombola
cursando o ensino superior, Augusto falou que eles percebem como uma oportunidade
de levar melhorias através dos conhecimentos adquiridos nos cursos escolhidos, que os
moradores das comunidades quilombolas esperam por essas melhorias e ele reconhece
a importância de dar esse retorno. Breno nos conta que a comunidade é muito grata por
existir o Processo Seletivo Especial para Quilombolas e Indígenas, pois, dessa forma
houve a entrada dos primeiros jovens em uma universidade e assim incentivou vários
outros a se dedicarem para o processo seletivos dos anos seguintes, isso ocorreu porque
perceberam as melhorias que foram levadas aquelas comunidades. Carlos afirma que o
sentimento da comunidade é de felicidade por saber que os filhos estão na universidade
buscando conhecimentos para dar um retorno a comunidade, como por exemplo, a
criação do projeto “Valorizando nossas raízes” sobre isso o discente Carlos, relatou
Eu posso falar com muita propriedade que a nossa comunidade é muito feliz
por que os filhos de lá estão dentro da universidade buscando conhecimentos
e de alguma maneira tentam dar um retorno para a comunidade, inclusive a
gente criou um projeto chamado “valorizando nossas raízes” onde nós
levamos atendimento médico, jurídico ajudando a fortalecer a cultura local.
Quando a gente desenvolveu a primeira parte do nosso projeto em maio,
percebemos nos rostos de nossos familiares e amigos um sorriso e vindo até
nós para agradecer por estarmos em uma Universidade Federal e mesmo
assim não esquecermos de nossas raízes (Carlos, entrevista realizada em
maio de 2017).
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Quando perguntamos se o curso de eng. era sua primeira opção, Augusto disse
que sempre foi o sonho dele cursar engenharia e que foi muito ciente do curso que estava
escolhendo. Breno informou que escolheu de forma aleatória e se fosse por gostar
mesmo ele faria história, mas ressaltou que aprendeu a gostar do curso de eng. civil.
Carlos nos conta que o curso de eng. civil não era nem opção para ele, mas devido à
falta de informação e orientação até pelo distanciamento da Universidade e por não ter
conhecimento dos cursos, optou na primeira opção por achar bonito e legal o nome,
porém, não tinha nem ideia da atuação do engenheiro e muito menos que iria trabalhar
com muito cálculo, principalmente física, química e matemática. Augusto e Breno
ingressaram na Universidade Federal do Pará (UFPA) no ano 2014 no turno noturno.
Augusto encontra-se matriculado no 5º semestre e Breno cursando disciplinas do 2º
semestre. Carlos ingressou no curso em 2015 no turno noturno e cursa o 2º semestre.
Baseando-se no exposto, podemos afirmar que: falta uma melhor orientação
para esses alunos, disseminação de informações sobre o Processo Seletivo Especial
Quilombola e Indígena nas regiões do onde encontra-se o maior número comunidades
quilombolas. É muito perceptível a diferença de informação entre Augusto para os
demais discentes.
Augusto nos informa que as disciplinas cursadas e o estágio fizeram com que
ele reafirmasse a escolha pelo curso, que de fato era essa a profissão dos sonhos. Porém,
gosta muito da parte de materiais e vem tendo dificuldades nas disciplinas de estruturas
que há bastante cálculos, ressalta também que isso se deve ao fato de ter um ensino
básico (fundamental e médio) deficiente na sua comunidade e município de origem.
Vale destacar também que já reprovou em diversas disciplinas dentre as quais: química
(teórica e experimental), mecânica e teoria, já ficou retido (ficar retido e sair da turma
de origem por conta de reprovações) devidos a essas reprovações.
Breno diz que é um curso bom, mas que um curso “puxado” pra quem vem de
escola pública, pois, não teve uma boa formação no ensino básico (fundamental e
médio) principalmente no médio que quase não tinha aula de matemática que é o pilar
do curso, disciplinas como cálculo, química e física são suas grandes dificuldade
fazendo que ficasse retido por duas vezes, como podemos observar na seguinte fala:
eu já esperava que iria passar por dificuldade, mas quando chegou aqui, tive
a ciência que é muito mais daquilo que imaginava, nesse momento percebi
a grande diferença de nível escolar e a fragilidade do ensino que recebemos
na nossa escola, então tenho que estudar o dobro ou o triplo dos outros
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alunos senão, não consigo acompanhar a turma, muito dificultoso por conta
dessa base no ensino médio e essa é a grande diferença pra nós que vem
estudar engenharia na UFPA dos demais alunos da capital (Breno,
entrevista realizada em maio de 2017)
Não dar pra dizer que e o curso que eu esperava, porque na verdade nem
era pra eu está cursando, só que pelo fato de estar no curso eu faço algumas
observações, inclusive já tive alguns problemas com professores, discutir
algumas questões que eu acho que deveriam ser fundamentais. Eng. Civil e
um modo geral é um curso muito bom que te abre várias oportunidades, mas
eu vejo que no ensino o curso deve melhorar muito no sentido de que você
não tem nenhuma disciplina pedagógica que possa orientar o aluno, não tem
professores pedagógicos que possa dar uma aula com qualidade o que tem
é uma aula técnica que acaba fazendo com que o aluno se torne tecnicista e
não consiga repassar o conhecimento, ele só sabe fazer, isso é o que eu
questiono muito hoje, não só na faculdade mas em todo o ITEC, o fato de
você se formar em eng. Civil, faz um mestrado e doutorado e vai pra sala de
aula (eu não estou desqualificando o trabalho de ninguém) mas quando se
cursa eng. Civil, faz mestrado e doutorado, você não estuda pra ser
professor, você estava melhorando sua qualificação naquilo que aprendeu
na graduação, até hoje discuto que há uma necessidade de ter profissionais
nas áreas de matemática, física e química que tenha mestrado e doutorado
nas áreas de engenharias e que pudesse dar uma aula de qualidade, porque
temos o professor que entra na sala de aula, leva uma lista com 50 ou 60
questões, dar uma aula básica e o cara fica se matando pra fazer a prova em
5 ou 6 dias, eu acho isso um absurdo (Carlos, entrevista realizada em maio
de 2017).
Como explicitado nas falas dos sujeitos é notório que essas políticas de
formação inicial e continuada de professores precisam ser eficaz na implementação para
que possamos ter uma melhor formação desses alunos. Pois, sabemos que o aluno retido
é um fator de desmotivação que contribui para evasão quando dado da forma que vem
sendo observada. Os discentes que ficam retidos não conseguem cursar as disciplinas
no semestre seguinte, a disciplina é ofertada anualmente pela faculdade, com isso, o
discente que fica retido no primeiro semestre só poderá cursar novamente a disciplina
no primeiro semestre do ano seguinte, as reofertas que deveriam solucionar esses
problemas quase não são utilizadas pela faculdade.
Carlos e Augusto informam que participaram do Programa de Cursos de
Nivelamento da Aprendizagem (PCNA), Breno nunca participou. Sobre o PCNA Carlos
nos conta.
eu cheguei a ir para algumas aulas do PCNA, mas como eu disse no início,
aluno de engenharia acaba se tornando um técnico como qualquer outro
profissional da área da engenharia, o PCNA são aqueles alunos que se
destacam no curso e disciplinas e acabam indo pra lá fazer monitoria, só
que não existe nenhuma forma pedagógica de ensino, ou seja, o aluno de
engenharia aprende a fazer. Não sei agora, mas antigamente você ia no
PCNA a galera queria fazer pra você o trabalho, a tua lista e isso não rola
pra gente, precisamos de alguém que nos ensine a fazer isso e eu posso falar
com muita propriedade que para nós, alunos quilombolas não melhora em
nada, se melhorasse nós ainda estaríamos até hoje pegando essa monitoria,
estamos montando um grupo de estudos no qual vamos procurar na
faculdade de matemática, física e química pessoas que estejam disponíveis
a nos ajudar a compreender, porque o PCNA pra nós não tem serventia
(Carlos, entrevista realizada em Maio DE 2017).
Augusto nos diz que tinha ajuda apenas da bolsa, mora com a avó e não precisa
pagar aluguel e isso já ajuda bastante, e que no momento está estagiando na área de eng.
civil.
Podemos afirmar que a bolsa permanência é essencial para que esses alunos
possam continuar no curso, pois, até o estudantes Breno que não recebe o auxílio é
beneficiado pela ajuda da esposa, nesse processo a ajuda familiar se faz muito
importante, muitas das vezes acabam se sacrificando para que esses discentes possam
estudar, por outro lado, serve como incentivo a eles, pois, sabem da importância dessa
formação para a transformação e ascensão social de seus familiares e de suas
comunidades fazendo assim que não desistam do curso.
O sistema de auxílios e suporte dentro a universidade de certa forma são
interligados, o restaurante universitário, infocentro, laboratórios e bibliotecas, servem
como suporte para esses alunos e quando perguntamos sobre, Breno avalia que sempre
estão procurando melhor e eu observo essa melhora, essa preocupação de manter o aluno
no curso, nesse quesito estão se empenando de forma significativa pra que tenha essa
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permanência no curso. Carlos diz que faz seus trabalhos no infocentro, sobre o
restaurante universitário (R.U), fala que tem hábitos alimentares bem diferentes do
praticado aqui em Belém, que nas comunidades estão acostumados a comer açaí, peixe
e quando chega em Belém difícil, mas precisam se alimentar e no geral o R.U atende as
necessidades apesar das problemáticas e se não fosse o R.U tinha muito estudante
passando fome. Augusto fala que:
O R.U ajuda bastante por ter uma comida bastante barata de preço
acessível, só que a refeição está caindo na qualidade e quantidade, uso o
infocentro, tem uma boa internet, mas ressalto que precisa ter um número
maior de computadores e as filas do restaurantes são intermináveis e o
estudante fica em torno de duas horas esperando na fila para se alimentar e
esse tempo poderia está sendo usado para estudar e descansar (Augusto,
entrevista realizada em Maio de 2017).
Art. 3º (...)
§1º As ações de assistência estudantil do PNAES deverão ser desenvolvidas
nas seguintes áreas:
I - moradia estudantil;
II - alimentação;
III - transporte;
IV - atenção à saúde;
V - inclusão digital;
VI - cultura;
VII - esporte;
VIII - creche;
IX - apoio pedagógico; e
X - acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação
(BRASIL, 2010).
ter que deixar a comunidade e vim pra Belém estudar, e a alimentação que leva um
tempo para se adaptar e sobre a convivência, gosta de fazer amizade, pois, sabe que na
universidade há diferentes tipos de cultura e vivências, algumas coisas eram novas e
tenta se adaptar, mas respeita os costume e a adaptação não foi tão difícil.
Augusto diz que sua maior dificuldade não foi a adaptação porque já morava
em Belém por que cursava eng. da computação em uma universidade particular pelo
programa de Financiamento Estudantil (FIES) e teve como suas maiores dificuldades a
falta de acompanhamento, associação quilombola, computador e conseguir calculadora
científica, e nesse momento foi um dos que lutaram para que todos tivesse uma melhor
qualidade de ensino e permanência na UFPA. Breno no diz o seguinte:
do curso por conta disso, mas vamos resistindo da forma que a gente pode
(Carlo, entrevista realizada em Maio de 2017).
Quando falamos dessa relação com os alunos quilombolas, Carlos fala que o
assunto principal é a dificuldade que cada um passa na UFPA, das piadinhas que rolam
e sempre tentamos nos ajudar e nossa relação é muito boa. Augusto diz que tem uma
boa relação e que sempre estão conversando sobre melhorias para todos estudantes
quilombolas. Breno nos conta:
Apesar de Breno nunca ter se deparado com professores que viesse ter algum
tipo de preconceito, sempre ouviu relatos de outros quilombolas que tem essa resistência
e preconceito. Uma questão importante a ser destacada nesse sentido é referente ao
preconceito, à discriminação e ao racismo presente na universidade, visto por nós como
um reflexo cruel da sociedade e que ocorre diariamente em diversos espaços e esfera da
sociedade (CAMPOS, 2016).
A formação de intelectuais negros é fundamental para a contribuição das
políticas de cotas e permanência e como consequência a luta contra o racismo e as
contribuição africana e afro-brasileira no Brasil via readequação do currículo e formação
de professores. Mas a inclusão dessas estratégias são dificultadas se levarmos em
consideração a secular exclusão do negro no campo educacional e o racismo
institucional que pairam as instituições de ensino, sobretudo as de níveis superior,
principal estabelecimento com caráter transformador social e econômica visto e elegido
pelos movimentos negros (SANTOS, 2015). Munanga (2003, p. 9) afirma: “o racismo
é tão profundamente radicado no tecido social e na cultura de nossa sociedade que todo
repensar da cidadania precisa incorporar os desafios sistemáticos à prática do racismo”.
As políticas de ação afirmativa são muito importantes no combate ao racismo
e tem papel fundamental para as populações historicamente excluídas, minoritárias,
atuando no sentindo de remover barreiras e promovendo equidade social (CAMPOS,
2016).
Breno e Augusto nunca passaram por situação de preconceito na UFPA, mas
Augusto já passou por essa situação em outro ambiente fora da universidade, Carlos diz
quilombola não tenho direito? sou menos que você? (Carlos, entrevista
realizada em Maio de 2017).
poder oferecer pro filho dele uma educação melhor e em curto prazo já
percebemos a diferença e implica no desenvolvimento de todos os aspectos
social, econômico e valorização da identidade e as pessoas crescem em uma
sociedade onde imprime um padrão de beleza e quando ele está aqui enxerga
outros quilombolas e se reafirma como tal. Isso é o melhor legado porque
gente dentro da própria comunidade não se ver como tal, isso não acontece
por maldade e sim por esse padrão imposto a nós (Breno, entrevista
realizada em maio de 2017).
Podemos deduzir baseando-se nas falas dos sujeitos que as políticas de ações
afirmativas vai muito além de garantir o acesso e permanência no ensino superior, ela
resgata a autoestima de um povo que teve seu direito a educação tolhidos por séculos.
“Estas propostas representam um esforço meritório no sentido de combater o tradicional
elitismo social da universidade pública, em parte responsável pela perda de legitimidade
social desta” Santos (2011, p. 71). Apesar dessas conquistas, estamos longe de chegar a
um ideal de sociedade onde possamos viver de forma igualitária em direito e
oportunidades iguais.
47
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Disseram que nós não chegaríamos aqui. E houve quem dissesse que
nós só chegaríamos aqui por cima dos seus cadáveres. Mas o mundo
inteiro hoje sabe que nós estamos aqui e que estamos de pé diante das
forças do poder no estado [...] dizendo: ‘Não vamos deixar ninguém
nos fazer voltar para trás’.
Martin Luther King Jr.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Decreto (1871) Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que
nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros e providencia
sobre a criação e tratamento daqueles filhos menores e, sobre a libertação anual de
escravos. Rio de Janeiro.
51
______. Lei Áurea nº 3.353 de 13 de Maio de 1888. Declara extinta desde a data desta
Lei a escravidão no Brasil. 1988.
BARDIN, L. (2009). Análise de conteúdo. (L. E. Reto & A. Pinheiro, Trad.) Lisboa:
Edições 70. (Trabalho original publicado em 1977)
52
BELTRÃO, Jane Felipe, FILHO, José Cláudio M. de & MAUÉS, Antonio G. M. Das
Ações Afirmativas na Universidade Federal do Pará. Programa del Seminario 2,
sobre: Acceso y permanencia de los grupos vulnerables en la enseñanza superior –
oficinas de ddhh, a realizar-se na Universidade de Brasíia (UnB), de 11 a 13 de setembro
de 2013.
UFPA. Resolução Nº. 4.309, de 27 de agosto de 2012. Estabelece normas para reserva
de vagas a alunos quilombolas contemplando duas vagas nos cursos de graduação da
Universidade Federal do Pará – UFPA. Belém: 27 de agosto de 2012.
SANTOS, José Rodrigo Pontes dos. “Cotas sim! Esmola não”: o Processo Seletivo
Especial Quilombola da Universidade Federal do Pará na concepção de alunos
aprovados entre os anos de 2012 a 2014 para o Campus Universitário de Castanhal.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Pará – UFPA,
Campus Castanhal. Castanhal, 2015.
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Sites consultados
www.mec.gov.br/
www.palmares.gov.br
www.ipea.gov.br/
www.ibge.gov.br/
www.inep.gov.br
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ANEXOS
Roteiro de entrevista
Assinatura
I – Identificação
1. Nome: Telefone: e-mail:
2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
3. Idade: ____ anos
4. Você se considera: ( ) Branco ( ) Preto ( ) Pardo ( ) Amarelo
( ) Outros.
5. Estado Civil: ( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Divorciado ( ) Viúvo
( ) união estável
6. Você tem filhos? ( ) Não ( ) Sim. Quantos? ___________
7. Você trabalha? ( ) Não ( ) Sim. Em que?
_________________________________
8. Qual sua religião:
( ) não tenho ( ) católico ( ) evangélico ( ) Espirita ( ) umbanda ( )
candomblé ( ) outros
9. No fundamental, sua escola era multiseriada?
10. Você conseguiu estudar em sua própria comunidade até que série?
11. Não tendo mais o nível escolar em sua comunidade, como conseguiu continuar
estudando?
12. Ano que concluiu o ensino médio ______________
13. Quantos anos você tinha quando terminou o Médio? _____________
14. Você possui outra graduação ou algum curso técnico? ( ) Não ( ) Sim. Qual?
____________
15. Na sua família quantos fazem ou já fizeram uma graduação?
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16. Fez ou faz curso de idioma? ( ) Não ( ) Sim. Qual idioma? _______Em que
nível está? _____
17. Tem acesso regular a internet e a computador? ( ) Não ( ) Sim. Onde?
________________
18. Você é de qual comunidade quilombola?
__________________________________________
19. Qual Município e Estado essa comunidade pertence?
_____________________________________
20. Em relação a sua moradia:
( ) Mora só em apartamento/kit net alugada
( ) Divide residência com um ou mais amigos
( ) Continua morando em sua comunidade.
( ) Mora na casa de parentes
( ) Mora na casa do estudante.
21. Caso não more mais na sua comunidade, com que frequência você retorna para
visitar familiares e/ou amigos?
( ) Todo final de semana ( ) todas as férias ( )
nunca mais pude ir
( ) Em alguns finais de semana ( ) as vezes nas férias ( )
raramente visito
22. Na comunidade quilombola, qual a principal ocupação de seus familiares?
23. Na sua percepção, como sua comunidade vê o fato de ter moradores ou filhos
de moradores quilombolas cursando uma universidade?
II – Acesso e Permanência
1. Conte como foram suas estratégias de entrada na UFPA. Você fez cursinho?
Veio de outra instituição? Estudou o Médio em Belém? Conte um pouco desse
processo que o levou até aqui.
2. Qual a forma de ingresso na UFPA? ( ) Cotas ( ) PSE Quilombola ( )
outros
3. Por que escolheu uma engenharia? Esta foi sua primeira opção?
4. Ano de ingresso na UFPA? ______________
5. Qual curso? _______________________________
6. Qual turno? _________________
7. Cursa qual semestre? ____________________
8. Pelas disciplinas que você já cursou, você avalia que a escolha pelo curso foi
acertada? O curso é o que você realmente esperava ou não? Fale um pouco
sobre isso.
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16. Fazer uma engenharia é caro. Do ponto de vista financeiro, Para se manter
estudando na UFPA você conta com que tipo de auxílio? Você trabalha, é
ajudado por algum familiar, possui bolsa? Conte um pouco sobre como
consegue financiar suas despesas e se manter estudando.
17. Fale um pouco sobre o suporte que você recebe da UFPA para conseguir
estudar. Você come no restaurante universitário? Você tem acesso à casa de
estudantes? Seu curso tem laboratórios onde você pode utilizar um PC,
navegar na internet etc. Enfim, avalie os serviços que a UFPA disponibiliza (ou
não) que você acredita que ajudam você a cursar com qualidade seu curso.
18. Quais as principais dificuldades que você encontrou quando chegou à
Universidade Federal do Pará e iniciou seu curso de graduação? Como, por
exemplo, dificuldade de adaptação a cidade de Belém, à rotina acadêmica, às
disciplinas de cálculo, exigências de língua inglesa, dificuldades de aquisição
de material, de fazer amigos etc. Enfim, conte um pouco sobre as dificuldades
do inicio.
19. Qual sua relação com os outros alunos de seu curso? Qual a receptividade
deles quando sabem que você é quilombola?
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20. Qual a receptividade dos professores de seu curso quando sabem que você é
quilombola?
21. Qual sua relação com os outros alunos quilombolas que estudam na UFPA?
Você se relaciona com eles? E caso mantenham dialogo, vocês conversam
sobre o quê?
22. Você já passou alguma situação de preconceito dentro da UFPA pelo fato de
ser quilombola? Caso tenha vivido, pode contar como foi?
23. Agora que você conseguiu ingressar na UFPA, qual sua avaliação sobre o
acesso por COTA/PSE Especial Quilombola e a permanência na graduação
para alunos quilombolas?
24. Você gostaria de comentar mais alguma coisa sobre a permanência do aluno
quilombola em um curso de engenharia da UFPA? Fique a vontade para falar
de qualquer coisa que você ache importante, mas que eu não perguntei.
OBS
Assunção Amaral