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LINGUAGENS LÍQUIDAS NA ERA DA MOBILIDADE - Cap 8
LINGUAGENS LÍQUIDAS NA ERA DA MOBILIDADE - Cap 8
íomhção
LINGUAGENS LÍQUIDAS NA ERA DA MOBILIDADE
o s e le m e n to s d e t o d o c o n c e ito e n tra m n o p e n s a m e n to ló g ic o
pela p o rta d a p e rc e p ç ã o e sa e m p ela p o rta d a a ç ã o d e lib e rad a;
e a q u e le s q u e n ã o p o d e m m o s tra r s e u s p a s s a p o rt e s e m a m b a s
as p o rta s d e v e m ser d e s a u t o r iz a d o s pela razão.
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p ela form ação de com unidades c o g n itiv as, de modo que a cog-
nição sim b ó lica não po deria ter sido gerad a esp o ntan eam ente
en quan to essas co m un idades não fossem um a realid ad e. E viden
tem en te esses p rin cíp io s o rigin ário s foram se tornando cada vez
m ais com plexos e co n trad itó rio s a cada novo modo de produção
econôm ica, do escravocrata para o feudal e, então, p ara o c a p i
ta lism o , cu jas tran sm utaçõ es, que se aceleraram de dois séculos
p ara cá, fizeram -se acom panhar por inovações tecn o ló gicas que
se co n stitu em ao m esm o tem po em suas forças m otrizes e fru
tos, em seus in stru m en to s e efeitos.
N em por isso, en tretan to , pode-se esquecer, sob q u aisq u er
circu n stân cias, que aq u ilo que as tecn o lo gias co m un icacio n ais
fazem circ u lar são lin g u a g e n s dos m ais diversos tip o s, d ep en
den tes do m eio em que se m a terializ a m . A lin g u a g e m do jorn al
é d is tin ta da do cin em a, que é d is tin ta da da telev isão , e assim
por d ian te. Em bora não seja exatam en te esse o sen tid o que
M cLuhan q u is d ar ao seu cap ítu lo cham ado “O m eio é a m en sa
g e m ” (1 9 6 4 , pp. 2 3 -3 5 ), essa frase pode ser re in terp retad a como
in d icad o ra da in sep arab ilid ad e dos processos de signo s em re la
ção aos m eios em que tom am corpo.
Em razão disso, não se deve ignorar que os im pactos dos m eios
de m assa e os am b ien tes so cio cu ltu rais que criam estão su p o rta
dos por m udan ças na pró p ria n atureza da lin g u a g e m . A n tes da
em ergên cia dos m eios de com unicação de m assa os sign o s, a
p alav ra e a im ag em eram estático s e só se m istu rav am com a lg u
m a d ificu ld ad e. A p a rtir do jo rn al, p alav ra, foto, d iagram ação
passaram a conviver em sin taxes h íb rid as, resu ltan tes da h a b ili
dade de m an ip u lar a lin g u a g e m de form a v isu al e esp acial.
M u ito rap id am en te o cin em a pôs em m ovim ento a im agem fixa
da fo to grafia, sonorizou-se, incorporou o d iálo go falado, todos
jun to s cooperando p ara a com posição de um a fó rm ula m á g ica e
im b a tív e l p ara a arte de co n stru ir h istó rias. A televisão , então,
realizo u a proeza de levar, com as características que lh e são p ró
p rias, essa m esm a a lq u im ia p ara dentro dos nossos lares. Tudo
isso parece com provar que a p ecu liarid a d e do desen volvim en to
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«™áção
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dos m o n ito res, m etam orfoseando-se à velo cidade dos c liq u es,
p erm itin d o , desse m odo, o d elin eam en to de todas as v ariáv e is,
pois estas se transform am co n tin u am en te.
O bit —un idade m ín im a que dá corpo aos signos líq u id o s que
escorregam por esses am bientes —é m aleável e efêmero. Os siste
m as da in tern et estão em constante m utação. Ao contrário de
registro s em suportes m ateriais, os bytes ocupam m u ito pouco es
paço e, quando há excesso, podem ser apagados e su b stitu íd o s.
Isso gera a constante atualização dos dados. N essa m ed id a, além
de ser um m eio de com unicação, as tecnologias do acesso são tec
nologias da in te lig ê n c ia que alteram com pletam ente as formas
trad icio n ais de arm azenam ento, m anipulação e diálo go com as
inform ações. M ais que ferram entas de m anipulação da inform a
ção, são, efetivam ente, tecnologias da in te lig ê n c ia, um a caracte
rística que é levada para a com unicação m óvel.
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2. M ID IA M O RFO SE E M ID IA M A N IA
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T écn ica, no sen tido estreito , sig n ific a saber fazer ( know-how ),
ter conhecim ento ou h ab ilid ad e p ara re alizar um dado trab alh o
ou ativ id a d e de m an eira esp ecífica, um modo de re aliz ar e fi
cien tem en te um a tarefa. A ssim , um in stru m en to técn ico é um a
ferram en ta cujo design incorporou, até certo ponto, algo do g e s
to em p regad o na realização de um a tarefa, sendo, por isso, capaz
de au m en tar a eficiên cia desse gesto.
L itera lm e n te, tecn o lo gia, por seu lado, é o cam po de estudo
referente aos conhecim entos e usos das ferram entas e in s tr u
m entos u tiliz a d o s pelos seres hum anos ao longo de sua h istó ria.
E ntretanto, conforme a produção de ferram entas e instrum en tos
cresceu, estes foram m u ltip lican d o -se e tornando-se p ro g ressi
vam en te so fisticad o s, viraram m áquin as (ver S an tae lla, 1 9 9 6 b ,
pp. 1 9 5 -2 0 8 ) e passaram a se in serir p ratic am en te em todas as
ativ id a d es que realizam os. O term o “te cn o lo g ia” p erd eu a lite -
ra lid a d e, seu em prego g en eralizo u -se e seu cam po de referên cia
hoje ab ran ge não apenas as ferram entas e in stru m en to s, m as to
dos os tipos de recursos, d isp o sitivo s e m áq u in as em p regado s
na produção, assim como abrange in fraestru tu ras e o com ando e
controle das estru tu ras sociais.
Para a discussão que este c ap ítu lo p reten de lev ar a efeito , o
que in teressa é ch egar a um sentido m enos sim p lificad o de “m e
diações te cn o ló g icas”. Para isso, algu n s pressupostos p recisam
ser considerados. A ntes de tudo , a d istin ção en tre ferram en tas e
m áq u in as. As p rim eiras são extensões ou pro lo n gam en to s de
h ab ilid a d e s, na m aior p arte das vezes, m an u ais, o que ex p lica
p orque as ferram en tas são artefatos engenhosos, cu ja construção
pressupõe o aju stam en to e in tegração do desenho do artefato ao
m o vim ento físico -m u scu lar hum ano que o artefato tem a fu n
ção de am p lificar. É por isso que m áquin as são um a espécie de
ferram en ta, tam b ém pro jetadas como m eios para se a tin g ir um
certo propósito. E n tretan to , m ais com plexas do que as ferra
m en tas, as m áq u in as são construções ou organizações cujas p ar
tes estão de ta l modo in terco n ectad as que, ao serem colocadas
em m o vim en to , o trab alh o é realizado como um a u n id ad e. A lém
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3. M ETÁFORA DO ESPELHO
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sobre a m etáfora do espelho: L a rosa a m a rilla . O texto é de ta l
b rev id ad e que p erm ite sua com p leta tran scrição:
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Em um a en tre v ista ao C aderno M ais da Folha de S.Paulo, ao
co m en tar ter ganho de T olstó i, B alzac, D ickens, D o sto ievski,
K afka ou Thom as M orus m u ito m ais insights sobre a su b stân cia
das ex p eriên cias hum anas do que de centenas de relató rio s de
p esq u isa so cio ló gica, B aum an (2 0 0 3 ) d eclarava que apren deu
com B orges, acim a de tu d o , “sobre os lim ite s de certas ilusões
h u m an as; sobre a fu tilid a d e dos sonhos de precisão to ta l, de
ex atid ão ab so lu ta, de co nh ecim ento com p leto, de inform ação
ex au stiv a sobre tud o ; sobre as am bições hum anas que, no fin al,
se revelam ilu só rias e nos m o stram im p o ten tes”.
U m a d en tre as m u itas ilusõ es —que certam en te o ser h u m a
no co n tin u ará rein ven tan d o , po is sem elas não se vive —concen
trou-se na m etáfora do espelho. H o je, a onda do reflexo passou,
su m iu do horizonte do pensam ento a tal ponto que os m ais jovens
p ro v av elm en te nem sabem d ela. O furor com que as tecn o lo gias
d ig ita is foram tom ando conta dos universos p síq u ico s e sociais
d ilu iu e d isso lveu a id eo lo g ia e suas q u im eras especulares, com
a m esm a rap idez com que o m icropoder, de F oucault, já havia
tritu ra d o o conceito de classe.
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C. re g istro em 3D.
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Q u a n d o u m a in te rface m ó v e l s a b e o n d e se e n c o n tra n o e s p a ç o
físico, ela a u t o m a t ic a m e n t e a d q u ire u m s ig n ific a d o d ife re n te
d e u m te le fo n e fix o e de u m c o m p u t a d o r de m e sa , p o is u m a
de s u a s fu n ç õ e s p rin cip ais se t o r n a a n a v e g a ç ã o p o r e s p a ç o s
físicos. A c a p a c id a d e de c o n e x ã o c o m a in te rn e t a d ic io n a d a
a o s s is te m a s de p o s ic io n a m e n t o p e rm ite q u e o s u su á rio s te
n h a m u m a relaçã o ú n ica t a n to c o m o e s p a ç o físic o q u a n t o
c o m a in te rn e t (ibide m , p. 47).
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U m a p alavra de ordem , aliás, que conclam a à lu ta por Eros no seu
in fatig áv el defrontam ento com T ânatos, pois, como não poderia
d eixar de ser, os equipam entos m óveis, em bora pequeninos e apa
rentem en te inofensivos, constituem -se em poderosas tecnologias
de so ciab ilid ad e, para o bem e para o m al.
A expansão das tecnologias de captura de localização é notória.
H á pouco tem po circulavam em dom ínios específicos como redes
de d istrib uição com ercial e m ilitar, servindo ao controle social exer
cido por interesses corporativos e governam entais. H oje, já en tra
ram nas grandes avenidas do consumo, aparecendo em program as
de navegação em carros, sistem as de posicionam ento portáteis
para ativid ades de outdoor, localizadores de telefones celulares e
outros serviços para po rtáteis, como smart pbones e PD As.
D iante disso, R ekha M u rth y (2 0 0 7 ) argum en ta que o alcance
ap aren tem en te ilim ita d o do espaço v irtu a l, nesta era da m o b ili
dade d ig it a l, deve tam b ém conter, do m esm o m odo, m eios de
re sistên cia a form as de con tro le e m an ip ulação . São esses m eios
em ergen tes que a au to ra contrapôs às ansiedades rep etid am en te
d ifu n d id as de V irilio e B a u d rilla rd , cujo p essim ism o m o n o líti
co tem seduzido ta n ta gen te.
Os diferentes usos possíveis das tecnologias móveis, diz M urthy,
devem nos levar a pensar novas funções que podem ser construídas
com base nas necessidades e desejos existentes. Para isso, precisam
ser consideradas as possibilidades que são abertas pela interação
m u ltin o d a l nos pontos em que e la se entrecru za com a co m u n i
cação colaborativa e a construção do conhecimento. U m dos exem
plos disso encontra-se naquilo que é cham ado de “anotação espa
c ia l” ou “anotação urbana”, ou seja, projetos nascentes de m ídias
locativas que encorajam as pessoas a postar, em localizações geo
gráficas (geralm ente áreas de alta densidade dem ográfica e acesso à
com unicação d ig ita l), histó rias pessoais, pensam entos, alg u m a
inform ação, cham adas para a ação, trocas entre usuários. A anota
ção é postada v irtu a lm e n te em um espaço geo gráfico pelo uso
de coordenadas de GPS e o que é com unicado na anotação depende
in teiram en te do usuário. E tam bém in v isív el aos olhos, pois é
MEDIAÇÕES TECNOLÓGICAS E SUAS METÁFORAS
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