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Libras no contexto da Educação inclusiva

A Educação inclusiva não é um tema novo no Brasil e no mundo. Há


diversos pesquisadores nesta área e muito se tem discutido acerca da temática
em questão. Aqui abordaremos especificamente sobre a educação inclusiva
para surdos abordada pelo viés da Língua brasileira de Sinais, Libras. Neste
enfoque traremos discussões de Campos (In: Lacerda e Santos, 2018),
Pimenta (1995), Brasil (1996), Montoan (2005), Lacerda (2006) e Lodi (2013).
A importância de incluir a Libras na educação escolar fundamenta-se na
inclusão da pessoa surda na sociedade. Uma vez que, inserida na educação
básica a Libras pode promover a comunicação entre pessoas surdas e
ouvintes, assim como também promover o respeito às diferentes culturas que
circulam dentro e fora da escola. Essa prática inclusiva é um anseio da
comunidade surda devido, conforme Campos (2018), às condições culturais,
históricas e linguísticas envolvidas. Envolvendo de acordo com Pimenta (1995)
instrumentos didáticos pedagógicos e metodologias voltadas para o aluno
surdo.
Percebemos, no entanto, que há uma barreira comunicativa entre alunos
surdos, professores e alunos ouvintes, que podem ser reduzidas evidenciando
a participação dos alunos surdos em todas as atividades viabilizadas pela
Libras, mas que também envolvem mudança no currículo e na prática docente.
Apesar da grande discussão sobre a política de inclusão gerada em
torno da educação escolar vale salientar que ela deve ser feita, nos mais
diversos espaços sociais, tais como igrejas, bancos, hospitais, órgãos públicos
e etc. O debate sobre uma educação inclusiva ganhou fôlego na década de
1990, com a Declaração de Salamanca que postulou o lema da educação
para todos enfatizando o pensar inclusivo com vistas à acessibilidade da
pessoa com deficiência. A partir de 1996 aos dias atuais a Lei de Diretrizes e
Bases-LDB tem passado por reformulações que buscam viabilizar a inclusão
no Brasil. Mais recentemente, no ano de 2021, a LDB, trata em seu artigo 60,
especificamente sobre a educação bilíngue. Este, artigo denota a inclusão da
pessoa surda através da educação bilíngue oferecida através da Libras.
Tendo em vista atender a necessidade linguística da pessoa surda o
Brasil (1996) não exclui o atendimento educacional especializado bilíngue, e
garante a oferta de educação bilíngue de surdos terá início ao zero ano, na
educação infantil, e se estenderá ao longo da vida. Há, muito obviamente,
outros marcos legais que corroboram para a inclusão da pessoa surda através
da língua de sinais, tais como a própria Lei da Libras ( a Lei 10.436/2002) e o
decreto que a normatiza (decreto 5.626/2005) e outras leis de acessibilidade.
Mas, para Campos (2018) há diferentes visões sobre inclusão do surdo
nos diferentes espaços escolares. Torna-se necessário, também, ressaltar que
há cada vez mais a distinção entre escola inclusiva e escola bilíngue para
surdos. Visto que para Montoan (2005) A educação inclusiva acolhe todas as
pessoas sem exceção. A inclusão escolar está articulada a movimentos sociais
mais amplos. Mas, como incluir o surdo através da Libras?
Inicialmente, todos sem exceção devem conhecer a língua de sinais, e
não apenas o intérprete dentro do contexto escolar. Pois, sem conhecer a
Libras como incluir os surdos? Sabemos das distintas realidades que
conduzem a educação inclusiva para surdos no Brasil. Mas, a Libras é para o
surdos uma ferramenta metalinguística para aprendizado de outras línguas,
incluindo a língua portuguesa. Possível apenas diante de uma proposta que
considere o canal visuogestual como meio para o processo de aquisição da
linguagem, aprendizado e consequentemente inclusão.
Não existe uma fórmula mágica dentro da educação inclusiva para
pessoas surdas, mas torna-se difícil pensá-la se não for por meio da Libras.
Então, ela torna-se essencial nesse processo, assim como escolas que
estejam aptas a receber os surdos os surdos com recursos didáticos
adequados e que garantam a execução dos seus direitos adquiridos.
Todavia, podemos observar que majoritariamente a educação destinada
a pessoas surdas no Brasil tem seguido uma linha ouvintista, sob um viés
tradicional a qual considera o surdo como deficiente. Uma escola inclusiva
deve considerar o convívio dos surdos com seus pares, estimulando a
formação de identidades e experiências visuais a partir da própria língua. A lei
de acessibilidade (10.098/2020) propõe reduzir às barreiras na comunicação e
informação a pessoa surda.
A visão clinica da pessoa surda não é inclusiva, mas incluir a pessoa
surda na escola ou em outras instituições sociais não se resume em apenas
termos intérprete de Libras. Segundo Lacerda (2006), a inclusão de alunos
surdos pode se apresentar como algo bastante benéfico aos ouvintes, uma vez
que estes têm a oportunidade de aprender a respeitar as diferenças, elaborar
seus conceitos sobre a surdez, a língua de sinais e a cultura surda, a partir da
convivência e interação com eles. Se a Libras for assegurada aos alunos
surdos a partir dos anos iniciais, garante-se, de acordo com Lodi (2013) uma
sólida base educacional, uma vez que esta é desenvolvida em uma língua
acessível aos alunos.

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