Você está na página 1de 2

TEMA 1

ESCRITA DE SINAIS

Os surdos constituem grupos linguísticos em todos os países. O surdo é


sobretudo visual, tendo em vista que a Língua de Sinais é espaço-visual. Assim
como as crianças ouvintes tem as mesmas possibilidades de se desenvolver de
acordo com os estágios de desenvolvimento se inserido em condições propícias.
Isso também se refere a escrita, o que muitos ainda ignoram é que a língua de sinais
também pode ser representada na modalidade escrita.
Sabemos que as línguas de sinais são línguas naturais e como tal também é
capaz de ser representada na forma escrita. Escrita que carrega em si elementos da
cultura surda. Uma vez que a cultura surda tem em si elementos próprios de um
povo, o povo surdo. O registro de uma língua é imprescindível diante do seu legado
cultural. Embora a escrita não seja a evolução de uma língua, ela contribui para o
seu desenvolvimento.
A escrita é um recurso simples e ao mesmo tempo sofisticado da língua. Para
Capovilla (2001) ...a escrita permite a reflexão sobre o conteúdo da comunicação,
sobre as coisas do mundo e o que delas sabemos. Enquanto registro perene,
promove tanta segurança e consolida o contrato social. As comunidades surdas
precisam de um sistema de escrita eficiente das línguas de sinais para que lhes
sirva para comunicação diária, para comunicação entre surdos e ouvintes, para tirar
do plano do transitório suas ideias, valores, produções artísticas, entre outras coisas.
Ter acesso a escrita da própria língua significa maior desenvolvimento
cognitivo da criança surda que poderá ser alfabetizada em sua primeira língua, sem
precisar de intervenção do português escrito, significa também condições para o
ensino bilíngue pois a criança poderá aprender o português escrito a partir da escrita
de sinais bem como também poderá reproduzir o seu conhecimento técnico,
científico cultural em sua própria língua e democratizar tais conhecimentos.
A função de uma escrita para a língua de sinais é basicamente a mesma para
as línguas orais: representar a língua por meio de uma organização gráfica em que
os símbolos gráficos codificam (no sentido do código mesmo) os elementos
fundamentais da língua a ser representado. Isso quer dizer que a escrita de línguas
de sinais procura representar seu elemento visual da mesma forma como a escrita
das línguas orais representa o sistema sonoro. A escrita alfabética da língua visual é
tão possível e eficiente quanto a da língua oral, compartilhando com esta, inclusive a
possibilidade de ser usada para codificar qualquer língua de sinais.
Na escrita de sinais, os símbolos convencionados não são letras, mas
elementos pictóricos que codificam os parâmetros que formam os sinais:
configuração de mão, ponto de articulação, orientação da palma, expressão facial,
tipo de contato, entre outros elementos visuais importantes para a constituição e
reconhecimento dos sinais.
Sobre a escrita de sinais Stumpf (2002) descreve como (...) uma habilidade
que pode dar aos surdos poder de construção e desenvolvimento de sua cultura.
Permitindo-os também muitas escolhas e participação no mundo civilizado do qual
também são herdeiros, mas do qual até agora têm ficado à margem, sem poderem
se apropriar dessa representação. Durante todos os séculos da civilização ocidental
uma escrita própria dos surdos fez falta, sempre dependentes de escrever e lerem
em outra língua, que não podem compreendem bem, vivendo com isso uma grande
limitação.
No Brasil, dois sistemas de escrita de sinais têm sido trabalhado e aprimorado
para representar a Libras (Língua Brasileira de Sinais): a ELiS e a SignWriting.

Você também pode gostar