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GEOMETRIA

ELEMENTAR

“Entre os espíritos iguais e postos


nas mesmas condições, o que
conhece GEOMETRIA é superior aos
outros e possui vigor especial.”
Pascal
APRESENTAÇÃO

Este livro maravilhoso, escrito pelos Irmãos Maristas e publicado


pela editora marista FTD no início do século XX, traz mais de 600
problemas resolvidos de excelente nível envolvendo Geometria
Plana, Geometria Espacial e Cônicas.

Trata-se de uma obra prima recheada com centenas de problemas


de construção, inúmeras demonstrações variadas envolvendo
planimetria, geometria espacial, e um maravilhoso tratamento das
cônicas (elipse, hipérbole e parábola) sem recorrer à geometria
analítica !

Nem mesmo o tempo foi capaz de alterar o brilho dessa obra,


escrita com muito vigor pelos irmãos maristas, com linguagem
bastante simples, objetiva e acessível a qualquer leitor interessado
em aprimorar e aprofundar seus conhecimentos no mais mágico e
desafiador segmento da Matemática elementar: a Geometria.

O nível dos problemas aqui contidos estimulará mesmo os leitores


mais exigentes. Provavelmente, os problemas mais difíceis de
Geometria contidos nos modernos livros brasileiros encontram-se
resolvidos na presente obra, cujo valor é inestimável para os
amantes da Geometria, podem ter certeza.

Mais uma vez, preocupada em resgatar para a presente e futuras


gerações o que há de melhor em livros de ciências exatas, a
VestSeller tem a honra de reeditar esta obra prima e, juntamente
com todo o povo brasileiro, saudar e agradecer os irmãos maristas
pela incomensurável contribuição que dão à educação nesse país
desde que aqui chegaram, no final do século XVIII, até os dias de
hoje.

Prof. Renato Brito


(ex-aluno do colégio marista cearense)
Editora VestSeller
Setembro / 2009
SUMÁRIO

Capítulo 1 ƒ Demonstrações envolvendo triângulos; 7


ƒ Problemas de construção;
ƒ Demonstrações envolvendo quadriláteros.
Capítulo 2 ƒ Problemas de construção envolvendo círculos, 35
tangentes e secantes, inscrição e circunscrição.
ƒ Demonstrações envolvendo triângulos e círculos;
ƒ Problemas de construção envolvendo círculos
inscrito e círculo ex-inscrito;
ƒ Problemas de construção envolvendo
paralelogramos e trapézios.
Capítulo 3 ƒ Demonstrações envolvendo cevianas; 95
ƒ Demonstrações envolvendo triângulos e
circunferências;
ƒ Demonstrações envolvendo quadriláteros e
circunferências;
ƒ Demonstrações envolvendo polígonos.
Capítulo 4 ƒ Problemas envolvendo áreas de triângulos e 143
quadriláteros;
ƒ Problemas envolvendo divisão de áreas em razão
dada;
ƒ Problemas envolvendo áreas de polígonos.
Capítulo 5 ƒ Problemas envolvendo paralelepípedos e 188
pirâmides.
Capítulo 6 ƒ Problemas envolvendo divisão de volume de 190
sólidos em razão dada.
Capítulo 7 ƒ Problemas envolvendo sólidos de revolução; 203
ƒ Problemas envolvendo cálculo de volumes gerados
pela rotação de figuras planas.
Capítulo 8 ƒ Problemas de construção envolvendo elipses; 210
ƒ Demonstrações envolvendo elipses;
ƒ Demonstrações envolvendo hipérboles;
ƒ Problemas de construção envolvendo parábolas;
ƒ Demonstrações envolvendo parábolas.
Capítulo 9 ƒ Problemas de revisão do capítulo 1; 224
ƒ Demonstrações envolvendo triângulos;
ƒ Demonstrações envolvendo cevianas.
Capítulo 10 ƒ Problemas de revisão do capítulo 2; 234
ƒ Demonstrações de construção envolvendo
triângulos;
ƒ Demonstrações envolvendo circunferências,
triângulos, tangentes e secantes;
ƒ Problemas de construção envolvendo
circunferências e tangências.
Capítulo 11 ƒ Problemas de revisão do capítulo 3; 247
ƒ Demonstrações envolvendo triângulos,
circunferência inscrita e circunscrita;
ƒ O círculo de Euler dos 9 pontos.
Capítulo 12 ƒ Problemas de revisão do capítulo 4; 260
ƒ Lúnulas de Hipócrates;
ƒ Problemas de máximos e mínimos envolvendo
áreas de figuras isoperimétricas;
ƒ Problemas de máximos e mínimos envolvendo
inscrição e circunscrição de figuras planas.
Capítulo 13 ƒ Problemas de revisão do capítulo 5; 278
ƒ Problemas de máximos e mínimos envolvendo
paralelepípedos.
Capítulo 14 ƒ Problemas de revisão do capítulo 7; 282
ƒ Problemas envolvendo sólidos de revolução;
ƒ Problemas envolvendo inscrição e circunscrição de
figuras espaciais;
ƒ Problemas de máximo e mínimo envolvendo
inscrição e circunscrição de figuras espaciais.
Capítulo 15 ƒ Problemas de revisão do capítulo 8; 296
ƒ Demonstrações e teoremas envolvendo elipses e
parábolas.
Capítulo 16 ƒ Apêndice sobre máximos e mínimos sem uso de 299
cálculo diferencial.
Capítulo 1

GEOMETRIA ELEMENTAR

EXERCÍCIOS DE GEOMETRIA

CAPÍTULO 1

1. Construir o complemento de um ângulo dado.


Solução: seja o ângulo AOB. Se, sobre o lado OB, no ponto O, elevarmos uma
perpendicular OC, o ângulo AOC será o ângulo procurado, pois AOB + AOC =
BOC = 1 reto.

2. Construir o suplemento de um ângulo dado.


Solução: seja o mesmo ângulo AOB. Se prolongarmos a reta BO, o ângulo AOD
será o ângulo procurado, pois AOB + AOD = 2 retos.

3. Mostre que as bissetrizes de dois ângulos adjacentes


suplementares são perpendiculares uma à outra.
Solução: com efeito, sejam os dois ângulos suplementares e adjacentes AOB e
AOC, e OD e OE as bissetrizes dos mesmos ângulos. Temos por definição:
AOB + AOC = 2 retos;
Logo: 1 AOB + 1 AOC = 1 reto.
2 2

4. Mostre que as bissetrizes de dois ângulos opostos pelo


vértice estão em linha reta.
Solução: Sejam OK a bissetriz do ângulo AOB, e OL a do ângulo COD.
Temos: BOK + KOA + AOC = 2 retos; mas BOK= COL;
Logo: KOA + AOC + COL = 2 retos;
Logo: OL é o prolongamento de OK.

7
Geometria Elementar

5. Quantas diagonais podem ser tragadas em um polígono


convexo de n lados?
Solução: Cada vértice, A, pode ser ligado a todos os outros, menos a seus
vizinhos, o que dá, para cada vértice, n – 3 diagonais. Por conseguinte, para os
n vértices, deveríamos ter: n(n – 3) diagonais ao todo. Mas cada diagonal é
contada, duas vezes. Assim, a diagonal AD pode ser obtida unindo o ponto A ao
ponto D, ou ligando o ponto D ao ponto A; e, como o mesmo se dá para todas
⎛ n− 3 ⎞
as outras, resulta que poderão ser traçadas ao todo n ⎜ ⎟ diagonais .
⎝ 2 ⎠

Aplicações numéricas:
• Para o triângulo, n – 3 = 0;
⎛ n− 3 ⎞
Logo: n ⎜ ⎟=0
⎝ 2 ⎠
• Para o quadrilátero, temos n = 4; n – 3 = 1;
⎛ n− 3 ⎞
Logo: n ⎜ ⎟=2
⎝ 2 ⎠

6. Mostre que a soma das diagonais de um quadrilátero


convexo é menor que a soma e maior que a semi-soma de
seus lados.
Solução: Deveremos ter: AC + BD < AB + BC + CD + AD.

8
Capítulo 1

AC + BD > 1 (AB + BC + CD + AD).


2
1) Temos: AC < AB + BC
AC < AD + DC.
Temos igualmente: BD < BC + CD
BD < AB + AD.
Somando estas desigualdades membro a membro, e dividindo cada soma por 2,
obtemos:

AC + BD < AB + BC + CD + AD.
2) Temos: OA + OB > AB
OB + OC > BC
OC + OD > CD
OD + OA > AD.
Somando estas desigualdades, e dividindo cada soma por 2, temos:
OA + OB + OC + OD > 1 (AB + BC + CD + AD),
2
ou, finalmente: AC + BD > 1 (AB + BC + CD + AD).
2

7. Demonstre que a soma das retas que ligam um ponto


interior de um triângulo aos três vértices, é menor que a
soma e maior que a semi-soma dos três lados do triângulo.
Solução:
Teremos:
OA + OB + OC < AB + AC + BC;
OA + OB + OC > 1 (AB + AC + BC).
2

1) Tem-se:
OA + OB < AC + BC
OB + OC < AB + AC
OA + OC < AB + BC.
Somando membro a membro e dividindo por 2, temos:
OA + OB + OC < AB + AC + BC.

9
Geometria Elementar

2) Temos também:
OA + OB > AB
OA + OC > AC
OB + OC > BC.
Somando e dividindo por 2, obtemos:
OA + OB + OC > 1 (AB + AC + BC).
2

8. Demonstre que dois polígonos são iguais quando têm n – 1


lados consecutivos iguais, compreendendo n – 2 ângulos
iguais e semelhantemente dispostos.

Solução:
Temos:
AB = A'B', BC = B'C', CD = C'D', DE = D'E', B = B', C = C', D = D';
digo que os dois polígonos são iguais.
Com efeito, transporto o polígono A'B'C'D'E' sobre ABCDE, de modo que A'B'
coincida com AB. Em consequência da igualdade dos ângulos, os lados B'C',
C'D', D'E' coincidirão respectivamente com os lados iguais BC, CD, DE.
Estando A' sobre A, e E' sobre E, A'E' se confundirá com AE, e o mesmo se
dará com os polígonos.

9. Mostre que dois polígonos são iguais quando têm n – 2


lados consecutivos iguais adjacentes a n – 1 ângulos iguais
e semelhantemente dispostos.
Solução:
Temos: AB = A'B', BC = B'C', CD = C'D'; A = A', B = B', C = C', D = D';
digo que os dois polígonos são iguais.
Com efeito, transporto o polígono A'B'C'D'E' sobre ABCDE, de modo que A'B'
coincida com AB. Em consequência da igualdade dos ângulos, os lados B'C', C'D'
coincidirão respectivamente com os lados iguais BC, CD. Por outra, por causa de
A' = A e D' = D, A'E' toma a direção de AE, e D'E' a de DE: o ponto E' cairá, pois,
sobre o ponto E, e os dois polígonos serão iguais.

10. Demonstre que dois polígonos são iguais quando têm


todos os lados, e n – 3 ângulos consecutivos
respectivamente iguais e semelhantemente dispostos.

10
Capítulo 1

Solução:
Temos:
AB = A'B', BC = B'C', CD = C'D, DE = D'E', EA = E'A' e A = A', B = B’; digo que
estes dois polígonos são iguais.
Com efeito, transporto o polígono A'B'C'D'E' sobre o polígono ABCDE, de modo
que A'B' coincida com AB. Em consequência da igualdade dos ângulos A e A', B e
B', os lados A'B, B'C', A'E' coincidirão respectivamente com os lados iguais AB,
BC, AE. Além disso, se eu traçar as diagonais (traçá-las) C'E' e CE, estas retas
coincidem também; o mesmo se dá com os triângulos C'E'D' e CED, pois têm os 3
lados iguais e semelhantemente dispostos; logo, os dois polígonos são iguais.

11. Quantas condições são precisas para a igualdade de dois


polígonos?
Solução: Dois polígonos são iguais quando têm 2n – 3 elementos
respectivamente iguais e semelhantemente dispostos.
Com efeito, conforme os 3 problemas precedentes, é preciso conhecer: 1º) n – 1
lados e n – 2 ângulos; 2º) n – 2 lados e n – 1 ângulos; 3º) n lados e n – 3
ângulos, e, por conseguinte, em todos os casos 2n – 3 elementos.

12. Mostre que, em qualquer triângulo, cada mediana é menor


que a semi-soma dos lados adjacentes.

Solução:
Teremos: AM < 1 (AB + AC).
2
Com efeito: prolonguemos a mediana AM do comprimento MD = AM, e
tracemos BD.
Os dois triângulos ACM, BDM são iguais e, por conseguinte, AC = BD. Mas temos
AD = 2AM < AB + BD, ou 2AM < AB + AC, ou, enfim: AM < 1 (AB + AC).
2
Operar-se-ia da mesma forma para as medianas BN, CP.

13. Mostre que a soma das medianas de um triângulo é menor


que a soma e maior que a semi-soma dos lados (fig. 8).
Solução: Teremos: AM + BN + CP < AB + BC + AC
AM + BN + CP > 1 (AB + BC + AC).
2
1) Ora, temos (ex. 12):

11
Geometria Elementar

2AM < AB + AC
2BN < BA + BC
2CP < AC + BC.
Feita a soma, e dividida por 2, obtemos: AM + BN + CP < AB + BC + AC.
2) Temos (nº 60):
AM > AB – BM
AM > AC – CM.
Adicionando, obtemos: 2AM > AB + AC – BC.
Temos igualmente: 2BN > AB + BC – AC
2CP > AC + BC – AB.
Somemos essas três desigualdades, reduzamos e dividamos por 2; virá:
AM + BN + CP > 1 (AB + BC + AC).
2

14. Sobre os lados de um ângulo, tornam-se os comprimentos


OA = OB; depois: OA' = OB'; traçam-se AB' e BA'.
Demonstrar que OM é bissetriz do ângulo considerado.

Solução: Com efeito, os triângulos OA'B, OAB' são iguais, como tendo um
ângulo igual, compreendido entre lados iguais: onde resulta a igualdade dos
ângulos OA'M e OB'M, OAM e OBM.
A igualdade destes últimos dá A'AM = B'BM.
Logo os triângulos A'AM e B'BM são iguais, por terem um lado igual adjacente a
dois ângulos iguais; logo: AM = BM. Tendo os triângulos OAM e OBM um
ângulo igual, OAM = OBM, compreendido entre dois lados respectivamente
iguais, são iguais, e disto resulta a igualdade dos ângulos AOM e BOM. Daí, um
meio de construir a bissetriz de um ângulo.

15. Por um ponto dado, P, fora de um ângulo AOB, traçar uma


reta que determine, por sua interseção com os lados deste
ângulo, dois comprimentos iguais OA, OB.

12
Capítulo 1

Solução: Suponhamos o problema resolvido. Já que os comprimentos OA e OB


são iguais, o triângulo OAB é isósceles; portanto a reta OC, que une o ponto O
ao meio C de AB, é perpendicular à reta PB e também é bissetriz do ângulo
AOB. Daí resulta a construção seguinte: traça-se a bissetriz OC do ângulo AOB;
depois, do ponto P, abaixa-se sobre OC a perpendicular PB, que é a reta
procurada. Existe evidentemente outra solução, que se obtém traçando a
bissetriz OC' do ângulo AOB', suplementar de AOB; de fato, ver-se-ia, com
raciocínio análogo ao precedente, que os comprimentos OA' e OB' são iguais.

16. Dizer, sem tomar diretamente medida, se um ponto C,


situado fora de uma reta AB, está mais perto de A que de B.
Solução: Basta evidentemente elevar uma perpendicular no meio de AB: se o
ponto C se acha sobre esta perpendicular, é que ele está igualmente distante de
A e de B; se estiver fora desta perpendicular, está mais perto de um ponto que
do outro. É fácil determinar de qual dos dois pontos está mais próximo.

17. Duas aldeias, A e B, situadas a certa distância de um rio,


querem construir uma ponte com despesas comuns;
pergunta-se o lugar em que deverá ser feita a ponte para se
achar igualmente distante de cada aldeia.

Solução: Uno A e B por uma reta; no ponto M, meio de AB levanto uma


perpendicular, até o encontro em N do rio. Como a perpendicular MN é o lugar dos
pontos equidistantes dos pontos A e B, o ponto N dista igualmente de A e de B.

18. Mostre que as perpendiculares elevadas no meio dos lados


de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.

Solução: Tracemos, nos meios de AB e AC, as perpendiculares ON, OP: teremos


OA = OB, e OA = OC; onde: OB = OC; logo, ponto O pertence à perpendicular
elevada no meio de BC: portanto, as três perpendiculares OM, OP, ON concorrem
no mesmo ponto O.

13
Geometria Elementar

19. Mostre que se, das extremidades da base de um triângulo


isósceles abaixarmos perpendiculares sobre os lados
opostos, estas perpendiculares serão iguais.

Solução: Com efeito, os dois triângulos retângulos ABE, ABD têm a hipotenusa
comum e um ângulo adjacente igual; logo, são iguais: onde, a igualdade das
perpendiculares AE e BD.

20. Por um ponto dado, P, traçar uma reta equidistante de dois


pontos dados A e B, e separando os dois pontos dados.

Solução: Tracemos a reta AB e uma reta qualquer PE, cortando o meio de AB:
PE é a reta pedida.
De fato, abaixemos sobre essa reta as perpendiculares AD e BE; obteremos
dois triângulos ADC e BCE, iguais, por terem a hipotenusa igual e ângulos
agudos em C iguais; onde: AD = BE; logo, PE é a reta pedida.

21. Dados dois pontos, A e B, situados do mesmo lado de uma


reta, achar o caminho mais curto para se ir do ponto A ao
ponto B, tocando nessa reta.
Solução: Se os dois pontos se encontrassem de cada lado da reta, o caminho
mais curto para se ir do ponto A ao ponto B seria a reta que unisse esses dois
pontos.

14
Capítulo 1

É, pois, natural procurarmos abaixo da reta um ponto A', tal que a reta A'B seja
igual à linha quebrada que devemos percorrer para irmos de A a B. Para isto,
abaixemos sobre MN a perpendicular AD, e prolonguemo-la de um comprimento
DA' = AD (o ponto A' é simétrico de A em relação a MN). Enfim, tracemos a reta
A'B: o trajeto ACB é o mais curto caminho procurado.
Para demonstrá-lo, provemos que qualquer outro, AEB, é maior. Segundo a
construção da figura, ACB pode substituir-se por A'CB e AEB por A'EB; ora, é
claro que temos: A'EB > A'CB.

NOTA. Do que precede, resulta que as retas AC, CB, correspondentes ao


caminho mais curto (AC + CB é um mínimo), ficam igualmente inclinadas sobre
a reta MN, pois os ângulos ACM o BC'N são iguais.

22. Tomados dois pontos, A e B, no interior de um ângulo xOy,


achar o caminho mínino do ponto A ao ponto B tocando os
lados Ox e Oy.

Solução: Sejam A' e B' os pontos simétricos de A e B, e A'B' a reta que os une:
tracemos AC e BD, e teremos a linha quebrada ACDB, como sendo o caminho
mais curto de A a B, tocando os lados Ox e Oy. Para demonstrá-lo, provemos
que qualquer outro, AC'D'B por exemplo, é maior.
De acordo com a construção da figura, podemos substituir ACDB por A'CDB' e
AC'D'B por A'C'D'B', sendo evidente que temos A'C'D'B' > A'CDB'.

23. Mostre que as bissetrizes dos três ângulos de um triângulo


concorrem no mesmo ponto.

Solução: Traço as bissetrizes dos ângulos A e B, e, do ponto O de encontro, abaixo


as perpendiculares OD, OE e OF sobre os três lados. Ficando o ponto O sobre a
bissetriz de A, OE = OF; pertencendo o mesmo ponto O à bissetriz de B, OD = OF,
onde: OE = OD; logo, o ponto O está também na bissetriz do ângulo C; concluímos
finalmente que as três bissetrizes concorrem no mesmo ponto.

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Geometria Elementar

24. Demonstre que a paralela a um dos lados de um triângulo,


traçada pelo ponto de concurso das bissetrizes, é igual à
soma dos segmentos adjacentes a esse lado, determinados
por ela sobre os dois outros.
Solução: Sejam BO e CO as bissetrizes dos ângulos B e C, e DE a reta
paralela a BC e passando pelo ponto O. Temos: DE = BD + CE.

Com efeito, os ângulos DOB e OBC são iguais como alternos-internos.


Portanto, o triângulo DOB é isósceles, e DO = BD. Analogamente se provaria
OE = CE. Onde resulta que DO + OE, ou DE = BD + CE.

25. Determinar a bissetriz do ângulo formado por duas retas


AB e CD, que não podemos prolongar até o ponto de
concurso.
Solução: Por um ponto qualquer de CD, traço EF paralela a AB, e tomo, sobre os
lados do ângulo FEC, os comprimentos iguais EH e EG, prolongando GH até I. A
reta IH forma com as duas retas, AB e CD, um triângulo isósceles, pois I = G = H.
Logo, obteremos a bissetriz do ângulo do vértice levantando uma perpendicular no
meio da reta IH.

26. Mostre que as bissetrizes de dois ângulos que têm os lados


paralelos são paralelas ou perpendiculares uma a outra.
Solução:
1º) Sejam os dois ângulos BAC e B'A'C', que têm os lados paralelos e dirigidos
no mesmo sentido. Tracemos DA, paralela a D'A', bissetriz de B'A'C';
teremos:
BAD = B'A'D', DAC = D'A'C'.
Mas B'A'D' = D'A'C'; logo, BAD = DAC, e DA é bissetriz de BAC.
2º) Se considerarmos a bissetriz AE do ângulo BAG, esta reta é perpendicular a
AD, e, portanto, a A'D'.

16
Capítulo 1

27. Mostre que as bissetrizes de dois ângulos de lados


perpendiculares são perpendiculares ou paralelas.
Solução:
1º) Sejam os ângulos agudos BAC e B'A'C', que têm os lados perpendiculares,
AD e A'D' as suas bissetrizes. Estas retas são perpendiculares. Com efeito,
pelo pelo ponto A, tracemos AC'' e AB'', paralelas a A'C' e A'B': os ângulos
B''AC'' e B'A'C', dirigidos em sentidos opostos, são iguais. A bissetriz AD'',
do ângulo B''AC'', é paralela a A'D' (ex. 26). Ora, se do ângulo reto CAC"
tirarmos o ângulo DAC e lhe acrescentarmos o ângulo C"AD" = DAC, ainda
teremos DAD'', que será reto.
Logo, AD e AD'' são perpendiculares e, portanto, AD e A'D' também o são.
2º) Sejam os dois ângulos BAC e C'A'G, agudo um, e obtuso o outro; a bissetriz
A'E é perpendicular a A'D' e, por conseguinte, paralela a AD.

28. Mostre que num triângulo ABC, o ângulo O das bissetrizes


A
dos ângulos B e C vale 1 reto mais .
2

17
Geometria Elementar

A
Solução: Deveremos ter: O = 1r + .
2
B+C
Com efeito, no triângulo BOC, temos: O = 2r − . Mas o triângulo proposto
2
dá: B + C = 2r – A ou, dividindo por 2 ambos os membros desta igualdade:
B+C A A A
= 1r − ; onde O = 2r − 1r + = 1r + .
2 2 2 2

29. Dados um triângulo ABC, e um ponto O, no interior do


mesmo, demonstrar que o ângulo O é sempre maior que o
ângulo A do triângulo (fig. 22).
Solução:
Com efeito, temos: A = 2r – (B + C) e O = 2r – (OBC + OCB).
Ora, é evidente a relação OBC + OCB < B + C; onde: O > A.

30. Mostre que o ângulo DAE formado pela mediana e a altura


de um triângulo retângulo, é igual à diferença dos dois
ângulos agudos.
Solução:
Devemos ter DAE = B – C.

Com efeito, B + C = 1r. Também temos C + DAC = 1r, portanto B = DAC. Aliás,
C = EAC; e, finalmente: DAE = DAC – EAC = B – C

31. Num triângulo ABC, traça-se até o lado BC uma reta AD,
fazendo com o lado AB um ângulo igual ao ângulo C, e uma
reta AE, fazendo com o lado AC um ângulo igual a B.
Demonstrar que o triângulo DAE é isósceles.

Solução: A ângulo BAD = C, ângulo EAC = B. Digo que o triângulo DAE é


isósceles.
Com efeito, sendo o ângulo AED exterior no triângulo AEC, temos:
AED = EAC + C = B + C; e, do mesmo modo: ADE = B + C. Portanto, o
triângulo ADE é isósceles.

18
Capítulo 1

32. Achar a soma dos ângulos de um polígono de 25 lados.


Solução: Seja S a soma pedida. Temos S = 2nr – 4r. Ora n = 25, logo:
S = (2r × 25 – 4r) = 46r.

33. Qual é o polígono regular cuja soma dos ângulos vale 12


retos?
Solução: Na fórmula S = 2nr – 4r, basta substituir S por 12r e resolver a
equação resultante, onde n = 8.
Resposta: Trata-se do octógono.

34. Qual é o polígono regular cujo ângulo interior vale 4/3 de 1


reto?
Solução: Como no ex. 32, a soma dos ângulos interiores é igual a: 2nr – 4r; um
2nr − 4r
ângulo terá por medida .
n
2nr − 4r 4r
No caso presente, temos: = . Eliminemos r e resolvamos a equação;
n 3
virá n = 6.
Resposta: O polígono pedido é o hexágono.

35. Mostre que dois trapézios são iguais quando têm os


quatro lados iguais e dispostos do mesmo modo.

Solução: Consideremos os dois trapézios ABCD e A'B'C'D', nos quais temos


AB = A'B'; BC = B'C'; CD = C'D' e AD = A'D'. Pelos pontos A e A', tracemos as
paralelas AE e A'E' aos lados CD e C'D'. Os dois triângulos ABE e A'B'E' são iguais
por terem os três lados iguais, pois BE = BC – AD = B'C' – A'D' = B'E'; AB = A'B' e
AE = A'E'.
Por conseguinte, se os sobrepusermos de forma que BE coincida com B'E', o
ponto A cairá no ponto A'; como temos BC = B'C', o ponto C cairá em C' e
igualmente D em D', devido a EAD = E'A'D' e AD = A'D'.
Logo, os dois trapézios sobrepostos coincidirão em toda a sua extensão.

36. Mostre que as três alturas AG, BH e CI de um triângulo


concorrem ao mesmo ponto.

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Geometria Elementar

Solução: Pelos vértices A, B e C do triângulo proposto, traço paralelas aos


lados e assim obtendo segundo triângulo DEF. Sendo iguais as paralelas
compreendidas entre paralelas, escrevo AF = BC = AE; logo, o ponto A é o meio
de EF.
Com análogo raciocínio, prova-se que os vértices C e B do triângulo ABC
também se encontram respectivamente no meio dos lados DE e DF do triângulo
DEF. Por outra parte, sendo AG, BH e CI perpendiculares aos lados BC, AC e
AB, são também perpendiculares as suas paralelas (nº 90) EF, DF e DE. Em
consequência, as alturas do primeiro triângulo ABC podem ser consideradas
como perpendiculares levantadas pelos meios dos lados do segundo DEF e,
portanto, concorrem ao mesmo ponto.

NOTA. Do que precede, resulta que se, pelos vértices de um triângulo ABC,
traçarmos paralelas aos lados, o triângulo DEF assim formado é o quádruplo do
primeiro. Os triângulos ABC e ABF são iguais por terem os três lados
respectivamente iguais. Pela mesma razão, os triângulos AEC e BCD também
são iguais ao triângulo ABC; logo, DEF é o quádruplo de ABC.

37. Demonstre que se, pelos vértices de um quadrilátero,


traçarmos paralelas às suas diagonais, formaremos um
paralelogramo equivalente ao dobro do quadrilátero dado.

Solução: A figura EFGH é um paralelogramo equivalente ao dobro do


quadrilátero ABCD.
Com efeito, consideremos os dois triângulos AEB e AOB; têm um lado igual
adjacente a dois ângulos iguais como alternos-internos; logo estes triângulos são
iguais. Pode-se verificar, da mesma maneira, que cada um dos triângulos
acrescentados, pela construção indicada, à figura primitiva, é igual a um dos
triângulos constitutivos do quadrilátero proposto. Portanto, o quadrilátero EFGH,
que é paralelogramo por serem paralelos os seus lados opostos, vale o dobro do
quadrilátero dado.

20
Capítulo 1

51. Mostre que se unirmos os meios E, F, G e H dos lados


consecutivos de um quadrilátero ABCD, a figura EFGH é
um paralelogramo.

Solução: Com efeito, EH é paralela a DB e igual à sua metade (ex. 49). Do


mesmo modo, FG é paralela a DB e à sua metade. Portanto, EH e FG são
iguais e paralelas, e a figura EFGH é um paralelogramo.

52. Demonstre que se unirmos os meios H e F de dois lados


opostos de um quadrilátero aos meios I e J das diagonais,
ainda obtemos um paralelogramo HIFJ (fig. 39).
Solução: Efetivamente, como a reta HI une os meios de dois lados AB e DB do
triângulo ABD, é paralela a AD e igual à sua metade, acontecendo o mesmo
com JF no triângulo ADC. Daí, HI e JF são iguais e paralelas, e a figura HIFJ é
um paralelogramo. Com raciocínio análogo demonstraríamos que EJGI também
é paralelogramo.

53. Mostre que as retas HF e GE, que unem os meios dos lados
opostos de um quadrilátero, e a reta IJ, que une os meios
das diagonais, concorrem a um mesmo ponto O (fig. 39).
Solução: De fato, no paralelogramo IHJF, a diagonal HF passa pelo meio O de
IJ; assim também GE, diagonal do paralelogramo GIEJ, passa pelo meio O de
IJ; logo, estas três retas concorrem a um mesmo ponto.

54. Mostre que se traçarmos as bissetrizes dos ângulos de um


paralelogramo: 1º obteremos um retângulo; 2º os vértices
K, L, M e N deste retângulo estarão situados nas retas que
unem os meios dos lados opostos do paralelogramo.
Solução:
1º A figura KLMN é um retângulo, pois tem os ângulos retos. Com efeito, temos
1
A + D = 2 retos e, por conseguinte: (A + D) = 1 reto.
2
Logo AND = MNK = 1 reto.

27
Geometria Elementar

Solução: Sejam as duas retas PA e PB, provenientes de um ponto P e terminadas


numa reta AB. Digo que o meio F de uma reta qualquer PC pertence à reta DE que
une os meios D e E das retas PA e PB. Com efeito, no triângulo APC, a reta DE,
paralela a AB e traçada pelo meio de AP, passa pelo meio F de PC (ex. 49). Logo, o
lugar procurado é a reta DE, que une os meios D e E de duas retas PA e PB
oriundas do ponto P.

64. Mostre que em um triângulo, o ponto de concurso das


perpendiculares levantadas nos meios dos lados, o ponto
de concurso das três medianas e o das três alturas acham-
se em linha reta e a distância do 1º ponto ao 2º é a metade
da distância do 2º ao 3º.

Solução: Sendo O e H os pontos de concurso das perpendiculares e das alturas,


temos que demonstrar que o ponto M situado sobre OH é o ponto de concurso
MH
das medianas e que MO = .
2
Traço a reta DE que une os meios de CH e BH, e depois, FG, que une os pés de
BC
duas perpendiculares; estas retas são paralelas a BC e valem (ex. 49). Logo
2
DE = FG; além disto, os ângulos OFG e HED são iguais como tendo os lados
paralelos e dirigidos em sentido oposto; o mesmo se dá com os ângulos OGF e
HDE. Os triângulos OFG e HDE são, portanto, iguais e segue-se que
CH
OG = DH = . Por outra parte, a reta LK, que une os meios dos lados MC e MH
2
CH
do triângulo MCH, é paralela a CH e igual a . Logo LK = OG e os dois
2
triângulos OMG e LKM são iguais, porque têm um lado igual adjacente a dois
ângulos respectivamente iguais como alternos-internos; assim temos:
ML = MG = LC.
Fica provado que M está na mediana CG, aos 2/3 da mesma a contar do ponto C.
Por conseguinte, é o ponto de concurso das medianas. Além disso, temos:
MH
MK = OM = KH, onde: MO = .
2

32
Capítulo 2

Solução: Temos, com efeito: HEF = 4 retos – (AEH + AEF).


Ora, no quadrilátero inscrito AEHD, temos: AEH = 2 retos – ADH. Igualmente,
no quadrilátero AEFB, temos: AEF = 2 retos – ABF.
Portanto, substituindo no valor de HEF, virá HEF = ADH + ABF; do mesmo
modo: FGH = CDH + CBF.
Logo, por fim: E + G = B + D = 2 retos, e o quadrilátero EFGH é inscritível.

120. Mostre que se unirmos os pés das alturas de um triângulo


ABC, obteremos outro triângulo em que os ângulos têm
por bissetrizes as alturas do primeiro.

Solução: Por exemplo, a altura CF será bissetriz do ângulo DFE e teremos:


DFO = OFE.
De fato, observamos que o quadrilátero ADOF, com dois ângulos retos em D e
F, é inscritível e bem assim, o quadrilátero OEBF. Posto isto, vemos que os dois
DO
ângulos DFO e DAO, de medida comum , são iguais, como também os
2
DO
ângulos OFE e OBE, que medem ambos . Ora, os ângulos DAO e OBE
2
são iguais como complementares do mesmo ângulo C; logo, os dois ângulos
DFO e OFE são iguais e CF é bissetriz do ângulo DFE. Da mesma forma ocorre
com os dois outros ângulos.

55
Geometria Elementar

121. Sobre um raio OA prolongado, levanta-se uma


perpendicular DE e, pelo ponto A, traçam-se a secante
ABC e as tangentes CD e BE. Demonstrar que AB = AD.

Solução: Com efeito, sobre OD como diâmetro, descrevamos uma


circunferência que deverá passar pelos pontos C e A, visto que o ângulo OCD
é reto assim como o ângulo OAD. Sobre OE como diâmetro, descrevamos
outra circunferência, que também há de passar pelos pontos B e A. Ora, os
CO
ângulos CDO e CAO, que têm por medida comum , são iguais. Da
2
BO
mesma forma, são iguais os ângulos CAO e BEO que valem . Portanto,
2
os ângulos CDO e BEO, são iguais e os triângulos retângulos CDO e BEO
são iguais por terem um cateto igual: CO = BO e um ângulo agudo igual; daí:
OD = OE. Sendo iguais as oblíquas OD e OE, são equidistantes do pé da
perpendicular, e AE = AD.

122. Toma-se um ponto P qualquer sobre o diâmetro de um


círculo; une-se este ponto à extremidade A do raio AO
perpendicular ao diâmetro OP; prolonga-se AP até
encontrar a circunferência em B e traça-se a tangente BC.
Demonstrar que CB = CP.

56
Capítulo 2

BD + AE AB
Solução: Com efeito, o ângulo CPB tem por medida ou .
2 2
AB
Igualmente, o ângulo CBP tem por medida .
2
Logo, o triângulo CBP é isósceles e temos CB = CP.

123. Se, pelo ponto A, meio de um arco BAC, traçarmos duas


cordas quaisquer AD e AE que cortem em F e G a corda
BC, mostre que o quadrilátero DFGE, assim obtido, é
inscritível.

AB + CD AC + CD
Solução: Com efeito, o ângulo F tem por medida ou .
2 2
AD
O ângulo E tem por medida . Os ângulos F e E são, pois, suplementares,
2
e o quadrilátero DFGE é inscritível.

124. Mostre que as bissetrizes EF e GH dos ângulos formados


pelos lados opostos de um quadrilátero ABCD inscritível
são perpendiculares entre si.

Solução: Os ângulos em I são retos.

57
Geometria Elementar

Com efeito, devido à bissetriz EF, temos: AF – BM = FD – MC.


A bissetriz GH igualmente nos dá: AH – DN = BH – CN.
Somando membro a membro, virá: FH – BM – DN = FD + BH – MN ou
FH + MN = HM + FN.
A medida dos ângulos FIH e HIM é pois a mesma. Logo, estes ângulos são iguais
e as bissetrizes EF e GH são perpendiculares entre si.

125. Mostre que se duas cordas AB e CD se cortam em um


círculo, a soma AC + BD dos arcos por elas interceptados
é igual à soma dos arcos interceptados pelos dois
diâmetros paralelos a estas cordas.

Solução:
Teremos: AC + DB = KM + LN.
De fato, os ângulos BED e LON, de lados paralelos e dirigidos no mesmo
sentido, são iguais.
AC + DB KM + LN
Ora um mede ; ao passo que o outro mede .
2 2
Portanto, AC + DB = KM + NL.

126. Sejam o círculo circunscrito a um triângulo ABC, e H o


ponto de encontro das alturas. Mostre que se
prolongarmos a altura CG até F, teremos: HG = GF.

AD + CD
Solução: Tracemos AF. O ângulo AFC tem por medida ; o ângulo AHF
2
AF + CE
mede . Ora, os ângulos ACG e DBA são iguais como complementos do
2
mesmo ângulo CAB; portanto os arcos DA e AF, que os medem, são iguais.

58
Capítulo 3

CAPÍTULO 3

207. Achar uma 4ª proporcional a três linhas que têm 25m, 32m
e 48m.
x 32 32 × 25
Solução: Temos: = , onde: x = = 16m666.
25 48 48

208. Achar uma média proporcional a duas linhas que tem 28m
e 45m.
Solução: Temos: x = 28 × 45, onde: x = 28 × 45 = 35m 49.
2

209. Pede-se uma 3ª proporcional a duas linhas que têm 36m e


24m.
x 36 36 × 36
Solução: Temos: = , onde: x = = 54m.
36 24 24

210. Num triângulo ABC, tem-se AB = 20m, AC = 22m e


BC = 30m: quais são os dois segmentos determinados
sobre BC pela bissetriz AD?
BD AB BD 20
Solução: O nº 239 do Curso dá: = ou = .
BC − BD AC 30 − BD 22
Eliminando os denominadores, teremos: 22 BD = 600 – 20 BD; onde:
600
BD = = 14m 28.
42

660
Da mesma forma, acha-se: CD = = 15m71.
42

Teorema de Menelaus de Alexandria (100.AC)

211. Qualquer transversal DEF determina nos lados de um


triângulo ABC seis segmentos tais que o produto de três
segmentos não consecutivos é igual ao produto dos três
outros.

95
Geometria Elementar

Solução: Deveremos ter: AE × BF × CD = AF × BD × EC.

AE AF
Com efeito, tracemos CG paralela a DF. O triângulo ACG dá: = , eo
EC FG
BF BD
triângulo BFD: = .
FG CD
AE × BF AF × BD
Multiplicando membro a membro, virá = ; ou, pela
EC × FG FG × CD
eliminação dos denominadores e a supressão de FG:
AE × BF × CD = AF × BD × EC.

Teorema de Ceva (Geovanni Ceva – 1678)

212. Três pontos D, E, F estão em linha reta quando determinam


sobre os lados de um triângulo ABC seis segmentos tais
que o produto de três segmentos não consecutivos seja
igual ao produto dos três outros (fig. 181).
Solução: Temos: AE × BF × CD = AF × BD × EC; digo que os três pontos D,
E e F estão em linha reta.
Com efeito, traço DF; esta reta, cortará AC em certo ponto K, visto que os
pontos D e F estão de cada lado de AC e teremos (ex. 211):
AK × BF × CD = AF × BD × CK.
Mas, por hipótese, temos: AE × BF × CD = AF × BD × EC.
AK CK AK E
Dividindo membro a membro, vem: = ou = .
AE EC CK EC
Ora, uma reta AC pode ser dividida, a partir de A em dois segmentos
proporcionais a AE e EC, apenas de um modo: logo AK = AE e os três pontos D,
E e F acham-se em linha reta.

96
Capítulo 3

Teorema de Ceva (1678)

213. Unem-se os três vértices A, B e C de um triângulo a um


ponto qualquer O e prolongam-se AO, BO e CO até o
encontro dos lados opostos. O produto de três segmentos
não consecutivos é igual ao produto dos três outros.

Solução:
Teremos: AE × BF × CD = AF × BD × CE.
Com efeito, o triângulo BAD dá, por causa da transversal CF (ex. 211):
AO × BF × CD = AF × BC × DO, e o triângulo ADC dá, por causa da
transversal BE: AE × DO × BC = AO × BD × CF.
Multiplicando membro a membro e suprimindo os fatores comuns aos
produtos, virá: AE × BF × CD = AF × BD × CE.

214. Os três lados de um triângulo são 120m, 80m e 75m: quais


serão os três lados de um triângulo semelhante, cujo lado
homólogo de 120m deve ter 90m?
Solução: Os triângulos semelhantes têm os lados homólogos proporcionais;
120 80 75 80 × 90
assim podemos assentar: = = ; onde: x = = 60m e
90 x y 120
75 × 90
y= = 56m 25.
120

215. Duas oblíquas partindo do mesmo ponto B encontram


duas paralelas. A 1ª corta as paralelas em D e A, e a 2ª em
E e C, dando as relações seguintes: DA = 4m, DE = 12m,
AC = 18m, BC = 16m: qual é o valor de BD, BE e CE:

97
Geometria Elementar

Solução: Os triângulos semelhantes ABC, AIH, ACD, AHG, etc, nos dão:
IH AH HG AG GF
= = = = .
BC AC CD AD DE
AH AG
Deixando de lado as razões e , teremos as igualdades pedidas.
AC AD

221. Inscrever numa circunferência um triângulo semelhante a


um triângulo dado.
Solução: O triângulo dado e o triângulo pedido são equiângulos.
Conhecemos, portanto, o círculo circunscrito e os ângulos do triângulo
procurado. Procede-se então como no exercício 166, livro II.

222. Mostre que quando duas retas AB e CD, prolongadas se


preciso for, se cortarem em um ponto E de forma a termos
EA × EB = ED × EC, os quatros pontos A, B, C e D estão
situados sobre a mesma circunferência.

Solução: Traço BC, BD, AC e AD.


EA EC
A igualdade EA × EB = ED × EC dá: = . Os triângulos AEC e BED,
ED EB
com um ângulo igual compreendido entre lados proporcionais, são
semelhantes e os ângulos EAC e BDE são iguais; se pois, eu descrever sobre
BC um segmento capaz do ângulo EAC, o arco deste segmento passará
também em D. Os quatro pontos A, B, C e D pertencem, portanto, à mesma
circunferência.

223. Mostre que em um triângulo qualquer, o produto de dois


lados é igual ao produto do diâmetro do círculo
circunscrito pela altura abaixada sobre o terceiro.

100
Capítulo 3

Solução:
Teremos: AB × BC = BE × BD.
Tracemos CE. Os ângulos A e E são iguais, portanto os dois triângulos
retângulos ABD e BEC, são semelhantes e dão:
AB BC
= ,
BE BC
onde: AB × BC = BE × BD.

224. Mostre que a reta que une os meios das diagonais de um


trapézio é igual à semi-diferença das bases.

Solução:
AB − DC
Teremos: MN = .
2
Com efeito, pelo ponto K, meio de DA, tracemos uma paralela KL a AB. Esta
paralela encontra AC em seu meio (triângulo ADC), DB em seu meio
(triângulo ADB) e enfim BC em seu meio (triângulo BCD). Ora, o triângulo
AB DC
ADB dá KN = ; o triângulo ADC, por sua vez, nos dá KM = ; onde:
2 2
AB DC AB − DC
KN − KM = MN = − = .
2 2 2

225. Inscrever um quadrado num triângulo dado.

Solução: Suponhamos que o quadrado inscrito deva apoiar-se sobre BC.


Construamos sobre este lado um quadrado BCDE. Unamos A aos pontos E e
D; as retas AE e AD cortam o lado BC em F e G; levantemos as perpendi-
culares FL e GK, tracemos KL e o qual quadrilátero LKGF assim obtido é o
quadrado pedido. Com efeito, os triângulos AED e AFG são semelhantes;
acontece o mesmo com os triângulos ABE e ALF, ADC e AGK. A similitude
destes triângulos dá:

101
Geometria Elementar

249. Achar o raio do círculo circunscrito a um triângulo cujos


lados são conhecidos (fig. 189).
c×a ac
Solução: Temos (ex. 223): AB × BC = 2R × h; onde: 2R = ; R= .
h 2h
Sabendo calcular h, achar-se-á facilmente R.
ac
Resposta: R = .
2h

250. Calcular o raio r do círculo inscrito cm função dos lados a,


b, c do triângulo.
Solução: Construamos no ângulo B o círculo ex-inscrito. Os triângulos
OE r BE
semelhantes BOE, BO'F dão: = =
O'F r ' BF
Mas, 2BE + 2CI + 2AI = a + b + c = 2p; onde:
BE + CI + AI = p,
BE + b = p,
BE = p – b.
r p−b
Ora (ex. 130) BF = p. Logo, teremos: = . (1)
r' p

Além disso, as bissetrizes OC, O'C são perpendiculares uma à outra. Daí
resulta que os dois triângulos OCE, O'CF são semelhantes, porque têm os
OE CE
seus lados perpendiculares. Esses triângulos dão: = .
CF OF
Mas CF = BF – BC = p – a e CE = BC – BE = a – (p – b) = a + b – p = 2p – c – p =
p – c.
OE p−c r p−c
Temos portanto: = , ou = ;
p − a O 'F p−a r'

112
Capítulo 3

(p − a)(p − c)
Onde: r = . (2)
r'
Multiplicando membro a membro as igualdades (1) e (2), teremos:
r 2 (p − a)(p − b)(p − c)
= ;
r1 pr '
(p − a)(p − b)(p − c)
Onde, r = ;
p
(p − a )(p − b )(p − c )
Resposta: r = .
p

251. Nos problemas precentes calcular h, h', h'', R para o caso


em que temos: a = 8m; b = 9m e e = 12m.
Solução: Substituindo as Ietras por seus valores nas igualdades achadas
acima. (ex. 248, 249, 250):
2 p( p − a )( p − b )( p − c )
h= ;
a
2 p( p − a )( p − b )( p − c )
h' = ;
b
2 p( p − a )( p − b )( p − c )
h '' = .
c
ac ( p − a )( p − b )( p − c )
R= , r = ,
2h p
Temos: h = 9m, h' = 8m, h'' = 6m, R = 6m, r = 2m48.
Resposta: h = 9m; h' = 8m; h'' = 6m; R = 6m; r = 2m48.

252. A soma dos quadrados dos segmentos formados por


duas cordas que se cortam retangularmente é igual ao
quadrado do diâmetro.

Solução: Sejam AB e CD as duas cordas: traço BD, AC e o diâmetro CE. Os


2 2 2 2 2 2
triâgulos retângulos ACI, BID dão: AI + IC + BI + ID = AC + BD .
Os ângulos em I sendo retos, o arco AC mais o arco BD igualam uma semi-
circunferência e, como resultado, o arco BD = o arco AE e a corda BD = a
corda AE; a igualdade precedente torna-se:
2 2 2 2 2 2 2
AI + IC + BI + ID = AC + AE = CE .

113
Geometria Elementar

253. Os três lados de um triângulo são 8m, 9m, 15m: de que


espécie é o maior ângulo deste triângulo?
2 2 2
Solução: É obtuso, porque temos 8 + 9 < 15 .

254. Os raios de dois círculos têm 7m e 8m, a distância dos


centros é de 12m; pede-se o comprimento da corda
comum.
2 2 2
Solução: O triângulo OAO' dá: OA = O' A + OO' − 200 × IO',
2 2 2
OA + OO' − OA ' 49 + 144 − 64
Onde: IO' = = = 5,375,
2 OO' 24
2
AI = 72 − (5,375)2 ,
AI = 49 − 28,8906 = 4,48,
2AI ou AA ' = 8m96.

Resposta: 8m96.

255. Quando traçamos a mediana AM num triângulo ABC,


2
2 BC 2 2
temos: AC + AB = 2AM + .
2

Solução: Com efeito, o triângulo ACM dá:


2 2 2
AC = AM + MC + 2MC × DM, e o triângulo ABM:
2 2 2
AB = AM + BC − 2BM × DM.
BC
Mas como BM = MC = , se somarmos estas igualdades, teremos:
2
2
2 2 2 2 2 2 2 BC
AC + AB = 2AM + 2BM , ou AC + AB = 2AM + .
2

114
Geometria Elementar

262. Mostre que a soma dos quadrados das diagonais de um


quadrilátero vale duas vezes a soma dos quadrados das
retas que unem os meios dos lados opostos.
2 2 2 2
Solução: Teremos: AC + BD = 2EG + 2HF .

Com efeito, o paralelogramo EFGH dá (ex. 258):


2 2 2 2 2 2
EF + FG + GH + EH = EG + HF , ou
2 2 2 2 2 2
2EF + 2FG + 2GH + 2EH = 2EG + 2HF .
2 2 2 2
Ora, AC = 2EF; logo, AC = 4EF = 2EF + 2GH .
2 2 2
Do mesmo modo, BD = 2EH + 2FG .
Somando membro a membro as duas últimas igualdades, tem-se:
2 2 2 2 2 2 2 2
AC + BD = 2EF + 2GH + 2EH + 2FG = 2EG + 2HF .

263. Duas secantes a um círculo partem de um mesmo ponto;


uma tem 3 metros de comprimento, e seu segmento
exterior tem 2 metros; a outra tem 5 metros de
comprimento; pede-se determinar o seu segmento exterior.

Solução:
AD = 3m, AE = 2m, AB = 5m:
Pede-se o valor de AF.
Temos: AF × AB = AD × AE,
AD × AE 3 × 2
Onde: AF = = = 1m20.
AB 5

Resposta: 1m20.

118
Geometria Elementar

CAPÍTULO 6

432. Mostre que em todo paralelepípedo, a soma dos quadrados


das quatro diagonais é igual a soma dos quadrados das 12
arestas.
Solução: Com efeito, os três paralelogramos ACGE, BDHF, EFGH, dão (ex.
258):

2 2 2 2
1º CE + AG = 2AE + 2AC ,
2 2 2 2
2º DF + BH = 2BF + 2BD ,
2 2 2 2
3º EG + FH = 2EH + 2HG .
Multiplicando a 3ª igualdade por 2, e depois somando as 3, vem:
2 2 2 2 2 2
CE + AG + DF + BH + 2EG + 2FH =
2 2 2 2 2 2
= 2AE + 2AC + 2BF + 2BD + 2EH + 4HG .
Mas:
2 2 2 2
2EG + 2FH = 2AC + 2BD
2 2 2
2AE + 2BF = 4AE ;
2 2 2 2 2 2 2
Logo CE + AG + DF + BH = 4AE + 4EH + 4HG , o que devíamos
demonstrar, pois as 12 arestas são iguais 4 a 4.

433. Mostre que a distância do centro de um paralelepípedo a


1
um plano qualquer é o da soma das distâncias dos 8
8
vértices do paralelepípedo do mesmo plano.

190
Capítulo 8

466. O eixo maior da elipse é dividido por um foco em duas


partes, cujo produto é b2.
Solução: Temos, na figura 321:
2
FA × FA' = b .
Com efeito
FA = a – c,
FA' = a + c.
Logo:
2 2 2
FA × FA' = (a – c) (a + c) = a – c = b .

467. Achar o lugar dos pontos tais que a diferença dos


quadrados das distâncias de cada um dos focos da elipse
seja 4a2.

Solução: Seja L um dos pontos do lugar.


Podemos escrever, de acordo com o enunciado:
2
LF'2 − LF = 4a2 . (1)
Abaixemos LI perpendicular a A'A, e façamos OI = x.
Os triângulos retângulos LF'I, LFI dão sucessivamente
2 2 2
LF = F'I + IL ,
2 2 2
LF = FI + IL ,
2 2 2
Onde: LF'2 − LF = F'I − FI ,
2
Ou LF'2 − LF = (c + x)2 − (x − c)2 = 4cx. (2)
Das igualdades (1) e (2), resulta que
2 a2
4cx = 4a , e x = .
c
Como x é a distância do ponto L ao eixo menor, todos os pontos de DE estão
a esta mesma distância.
a2
O lugar pedido é, pois, uma reta DE, tal que o comprimento OI = . OI é,
c
pois, uma quarta proporcional a a, a e c.
O lugar é, também, uma 2ª reta D'E', perpendicular a AA', à distância.
OI' = OI.
As retas DE e D'E' chamam-se as diretrizes da elipse.

211
Geometria Elementar

468. A soma do quadrado da reta que une um ponto de uma


elipse ao centro, com o produto dos raios vetores deste
mesmo ponto, é constante, e vale a soma dos quadrados
do semi-eixo maior e do semi-eixo menor.

Solução: Teremos, para um ponto qualquer da elipse:


2 2 2
OM + MF × MF' = OA + OB .
Com efeito, MO sendo uma das medianas do triângulo MFF', temos (ex. 255)
2 2 2
2OM + 2OF = MF + MF'2 .
Se acrescentarmos a cada membro desta igualdade o produto 2MF × MF',
obtemos:
2 2
2OM + 2OF + 2MF × MF' = (MF + MF')2 .
Mas, MF + MF' = AA' = 2OA.
Temos, pois:
2 2 2
2OM + 2OF + 2MF × MF' = 4OA ,
2 2 2
OM + MF × MF' = 2OA − OF ,
2 2 2 2
OM + MF × MF' = OA + OA − OF ,
2 2 2
E, como OA − OF = OB , temos enfim:
2 2 2
OM + MF × MF' = OA + OB .

469. Construir uma elipse, conhecendo-se 2b e 2c.

212
Capítulo 8

O foco F fica, pois, na interseção das circunferências tangentes à diretriz


dada, e descritas dos pontos M e M' como centros, e com as perpendiculares
MC e M'C' como raios.
As duas curvas se cortarão geralmente em 2 pontos F e F' que serão os focos
de 2 parábolas que satisfazem ao problema.
Quando MM' = MC + M'C', as 2 circunferências se tocam exteriormente; há
apenas uma solução.
Não há solução quando MM' > MC + M'C'.
2º Se o foco F é dado, as diretrizes serão, de acordo com o que precede, as
tangentes DE, D'E' comuns às circunferências descritas dos pontos M e M'
como centros e com MF, M'F' como raios.

488. A distância do foco à tangente é meia proporcional entre o


raio vetor do ponto de contato e o semi-parâmetro.
2
Solução: Devemos ter FO = FM × AF.
Com efeito, do vértice A, tracemos a perpendicular AO ao eixo. Os triângulos
semelhantes IOA, IMP, dão:
AI IO
= ;
IP IM
Ora AI é a metade de IP; portanto, lO é a metade de IM. Mas o triângulo IFM é
isósceles, pois o ângulo I = KMO = OMF; portanto FI = FM.

Daí resulta que a perpendicular FK encontra também em O a tangente IM; a


reta OA é, pois, uma perpendicular baixada do vértice do ângulo reto de um
triângulo retângulo IOF sobre a hipotenusa e temos:
2
FO = FI × FA.
Substituindo FI por seu valor FM, vem:
2
FO = FM × FA.

219
Capítulo 8

497. Achar o parâmetro de uma parábola AM, cuja direção eixo


é dada.
Solução: Do ponto M da curva, abaixa-se uma ordenada sobre eixo, e tem-
2
se: = y × 2DF.
Determina-se DF como no problema precedente.

498. Inscrever um círculo num segmento de parábola


determinado por uma corda perpendicular ao eixo.
Solução: Suponhamos resolvido o problema, e sejam CAE o segmento de
parábola determinado pela perpendicular CE ao eixo, e O o centro do círculo
pedido.

Por causa da simetria da parábola em relação ao eixo AB, a corda MM' que
une os pontos de tangência M, M' da parábola e do círculo é perpendicular ao
eixo e paralela a CE; além disso, o ponto O, centro do círculo, e o ponto de
contato B estão sobre AB.
Se conhecêssemos o ponto L, fazendo a subnormal LO igual ao parâmetro p
da parábola, obteríamos o centro O e raio OB do círculo pedido; trata-se, pois,
de determinar o ponto L.
Ora, o triângulo retângulo MOL dá:
2 2 2
MO = ML + LO ;
2 2 2
mas MO = (BL − p)2 , ML = 2p × AL e LO = p2 ,
2 2
onde : (BL − p) = 2p × AL + p ;
2
desenvolvendo o quadrado (BL – p) vem:
2
BL − 2p × BL + p2 = 2p × AL + p2 ,
2
BL = 2p(AL + BL).
Por outra parte, temos :
2
BC = 2p × AB = 2p(AL + BL), onde BL = BC.
Levando sobre BA, a partir de B, o comprimento BL = BC, determinaremos o
ponto L; teremos, portanto, o ponto O, que está à distância LO = p, do ponto
L.

223
Geometria Elementar

2 2 2 2
Solução: Devemos ter: AB + CD = 8OD − 4OI .
Com efeito
2 2
(1) AB + CD = (AI + IB)2 + (CI + ID)2 ,
2 2 2 2 2 2
(2) AB + CD = AI + IB + 2AI × IB + CI + ID + 2CI × ID,
2 2 2
ou (ex. 252) (3) AB + CD = DE + 2(AI × IB + CI × ID).
Tracemos, pelo O, OM e ON perpendiculares a AB e a DC; pois que M está
no meio de AB:
AI = AM + MI e IM = AM – MI;
Logo: AI × IB = (AM + MI) (AM – MI) = AM − MI .
2 2

Do mesmo modo: CI × ID = CN − NI .
2 2

Logo, a igualdade (3) vem a dar:


2 2 2 2 2 2 2
AB + CD = DE + 2AM − 2MI + 2CN − 2NI .
Mas, CN = DN,
onde:
2 2 2 2 2 2 2
AB + CD = DE + 2AM + 2DN − 2(MI + NI ),
2 2
2 2 2 AB + CD 2
AB + CD = 4OD + − 2OI ,
2
2 2 2 2 2 2
2AB + 2CD = 8OD + AB + CD − 4OI .
2 2 2 2
Afinal: AB + CD = 8OD − 4OI .

546. Em todo triângulo, a distância dos centros da


circunferência inscrita e da circunferência circunscrita é
meia proporcional entre o raio desta e o excesso deste
raio sobre o dobro do raio daquela.

254
Capítulo 11 – Revisão do Capítulo 3

Solução: Sejam o e O os centros das duas circunferências, r e R os raios;


2
deveremos ter: oO = R(R − 2r) .
Com efeito, as bissetrizes CoE, AoD, dão:
arco CD + arco AE = arco EBD, ou ângulo CoD = ângulo ECD.
Logo, DC = oD.
Se traçarmos o diâmetro DOF, há de ser perpendicular no meio H da corda
BC, o que dará, por causa do triângulo retângulo DCF:
2
DC = DF × DH,
ou então, já que DC = oD:
2
oD = 2R × DH. (1)
A perpendicular oM a DF é ao mesmo tempo, paralela a BC, e dá: HM = r;
Onde:
2 2 2
oO = oD + DO − 2DO × (DH + HM),
2 2
oO = oD + R2 − 2R(DH + r). (2)
Somando-se membro a membro as igualdades (1) e (2), vem:
2 2 2
oD + oO = 2R × DH + oD + R2 − 2R(DH + r);
onde tiramos, depois de haver efetuado e simplificado:
2
oO = R(R − 2r).

NOTA. — Disso resulta que o raio R do círculo circunscrito não pode ser
menor que o diâmetro 2r do círculo inscrito.

547. Em qualquer triângulo, unindo-se o vértice A a um ponto


qualquer M da base BC, tem-se a relação:
2 2 2
AB ⋅ CM + AC ⋅ BM = BC( AM + BM ⋅ CM ).

Solução: Com efeito, abaixemos AD, perpendicular sobre BC, o triângulo


2 2 2
ABM dará: AB = AM + BM − 2BM ⋅ DM ,
2 2 2
E o triângulo AMC: AC = AM + CM + 2CM ⋅ DM .
Para a eliminação de DM, multiplicaremos a primeira igualdade por CM e a
segunda por BM; somando então, teremos:
2 2 2 2 2 2
AB ⋅ CM + AC ⋅ BM = AM ⋅ CM + AM ⋅ BM + BM ⋅ CM + CM ⋅ BM.
2 2 2
AB ⋅ CM + AC ⋅ BM = AM (CM + BM) + BM ⋅ CM(BM + CM),

255
Geometria Elementar

2 2 2
(a) AB ⋅ CM + AC ⋅ BM = AM ⋅ BC + BM ⋅ CM ⋅ BC;
2 2 2
afinal : AB ⋅ CM + AC ⋅ BM = BC(AM + BM ⋅ CM).

Observação. – I. Se o ponto M estiver no meio de BC (BM = CM), a relação


geral (a) vem a ser:
2 2 2 BC
AB ⋅ BM + AC ⋅ BM = AM ⋅ 2BM + BM ⋅ ⋅ BC;
2
2
2 2 BC 2
Onde: AB + AC = 2AM + .
2
Já encontramos esta relação no ex. 255.

II. Se a reta AM for bissetriz do ângulo A, teremos:


BM CM BC
= = ;
AB AC AB + AC
AB ⋅ BC AC ⋅ BC
Onde: BM = , e CM = .
AB + AC AB + AC
Substituindo estes valores no 1º membro da relação geral, temos:
2 2
AB ⋅ AC ⋅ BC + AC ⋅ AB ⋅ BC 2
= BC(AM + BM ⋅ CM);
AB + AC
AB ⋅ AC(AB + AC) 2
= AM + BM ⋅ CM;
AB + AC
2
onde : AB ⋅ BC = AM + BM ⋅ CM.
Esta relação já foi encontrada no ex: 265.

548. Se por um ponto tomado fora de um círculo se traçarem


duas secantes equidistantes do centro, as diagonais do
quadrilátero formado pelos pontos de interseções se
cortam num ponto constante.

Solução: Sejam o ponto M e as secantes MAB, MDC. O ponto de interseção I


das diagonais AC, DB do quadrilátero ABCB é constante.
Com efeito, o centro O, sendo equidistante de MB e de MC, se encontra
sobre a bissetriz MON do ângulo BMC. Outrossim, as cordas AB e DC são
iguais. Portanto, os triângulos AIB, DIC são iguais, e por conseguinte, as
distâncias do ponto I aos lados iguais AB, DC são iguais; logo, o ponto I está
também sobre a bissetriz MON.

256
Geometria Elementar

550. Num círculo dado, pede-se determinar sobre a tangente


no ponto A, um ponto T tal que, se por este ponto se
traçar uma reta que passe pelo centro do círculo e
encontre a circunferência em 2 pontos M, M', a parte TM
seja igual ao diâmetro MM'. Aplicação: R = OA = 3m015.
Solução: Suponhamos o problema resolvido, e seja MT = MM'.
OM 1
Temos: = . Tracemos o raio OA e a paralela MN a AT; os triângulos
OT 3
ON OM 1
semelhantes OMN e OTA dão: = = ;
OA OT 3
1
Onde: ON = OA.
3

1
Faremos, pois, ON = OA; pelo ponto N, traçaremos NM paralela a AT;
3
afinal, o diâmetro M'OM prolongado encontrará a tangente no ponto T, que
será o ponto pedido.

Aplicação:
OA = 3,015 dá TM = 2 × 3,015 = 6,03
TM' = 4 × 3,015 = 12m06,
2
AT = 12,06 × 6,03,
Onde:
AT = 12,06 × 6,03 = 8m52.
Resposta: AT = 8m52.

551. Num triângulo qualquer ABC, os meios a, b, c dos lados, os


pés l, m, n das alturas, os meios p, q, r das distâncias que
separam os vértices A, B, C, do ponto de concurso H das
alturas, são 9 pontos situados sobre uma mesma
circunferência; o centro O' desta circunferência é o meio da
reta que une o centro O do círculo circunscrito ao triângulo
ao ponto de concurso H das alturas, e seu raio é igual à
metade do raio deste círculo.

258
Geometria Elementar

CAPÍTULO 12 – EXERCÍCIOS DE REVISÃO DO CAPÍTULO 4

552. Determinar a área de um trapézio em função dos 4 lados.


Solução: Ter-se-á, para a área do trapézio ABCD:
1 a+c
S= ⋅ (a + b + d − c)(b + c + d − a)(a + b − c − d)(a + d − b − c).
4 a−c

Com efeito, traçando-se CE paralela a DA, fica determinado o triângulo BCE,


cujos 3 lados são conhecidos, pois n = a – c. Ora, temos, no ex. 248, para a
altura h deste triângulo:
(n + b + d)(n + d − b)(n + b − d)(b + d − n)
h= .
2n
Substituindo-se nesta igualdade n por seu valor a – c, vem:
(a − c + b + d)(a − c + d − b)(a − c + b − d)(b + d − a + c)
h= .
2(a − c)
a+c
Mas esta altura é também a do trapézio, e tem-se pois: S = × h,
2
1 a+c
Ou S = ⋅ (a + b + d − c)(b + c + d − a)(a + b − c − d)(a + d − b − c).
4 a−c

553. 1º Construir 7 hexágonos regulares iguais, de modo que


seis dentre eles tenham dois vértices situados sobre uma
circunferência dada e um lado comum com o sétimo que
deve ter o mesmo centro;
2º provar que o Polígono côncavo formado pelos 7
hexágonos é equivalente ao hexágono regular inscrito na
circunferência dada.

260
Capítulo 12 – Revisão do Capítulo 4

559. Prolongando-se os lados de um triângulo equilátero de um


comprimento igual a eles, e unindo-se as extremidades
destes prolongamentos, formar-se-á um hexágono irregular
cujos 3 maiores lados serão dobros dos menores, o altura
tripla da do triângulo, e a superfície valerá 13 vezes a do
triângulo.

Solução: Seja ABC o triângulo equilateral dado.


Efetuando-se as construções indicadas, forma-se o hexágono DEFGHI.
Unindo-se as extremidades A, B, C dos lados do triângulo aos meios de suas
paralelas EF, GH, DI, vê-se que os lados maiores são dobros dos menores,
que a altura do hexágono é o triplo da altura do triângulo ABC, e afinal que o
hexágono encerra 13 triângulos iguais a ABC.

560. De todos os triângulos construídos com dois lados dados,


o maior é aquele em que estes 2 lados são
perpendiculares um ao outro.
Solução: Com efeito, seja AB a base comum dos triângulos que se podem
construir com os 2 lados dados BC, AC.

Se a reta AC for perpendicular a esta base, será a altura do triângulo ABC.


Uma vez, porém, que AC ocupe qualquer outra posição AD, o triângulo ABD
terá uma altura DE menor que a oblíqua AD = AC: logo, o triângulo ABC é
maior do que o triângulo ABD.

561. O círculo é maior do que qualquer figura isoperimétrica.


Solução: Dividiremos esta importante demonstração em diversas partes.
• 1º Uma figura de dado perímetro tem área limitada.

265
Geometria Elementar

Com efeito, é evidente que podem existir uma infinidade de figuras com
perímetro determinado, de formas e áreas diversas; mas é também evidente
que estas áreas não podem crescer indefinidamente.
Daí resulta que, entre as figuras de dado perímetro, há uma ou várias
máximas.

• 2º A figura que tem área máxima com dado perímetro e convexa.


Seja, com efeito a figura não convexa ACBD; fazendo-se girar a parte
côncava ACB ao redor dos pontos A e B, obteremos a figura AC'BD de
mesmo perímetro que a primeira e de área evidentemente maior.

• 3º A reta que divide o perímetro de uma figura máxima em duas partes


equivalentes, divide também a área desta figura em duas partes equivalentes.

Se a curva ACBD que encerra uma área máxima com dado perímetro.
Se a reta AB dividir seu perímetro em duas partes equivalentes, dividirá
também a sua área em duas partes ACB, ADB equivalentes: pois que se a
parte ADB fosse maior que ACB, ao fazermos girar ADB ao redor de AB
havíamos de obter uma figura AD'BD isoperimétrica de ACBD e de área
maior, o que vai de encontro à hipótese, pois supusemos ACBD máxima em
superfície.

• 4º A figura que, com dado perímetro, tem área máxima, é um círculo.


Conforme o que dissemos (3º), se ACDB é figura máxima, AD'BD também o
será (fig. 402).

266
Capítulo 15 – Revisão do Capítulo 8

Solução: Devemos ter: 1º FOT = F'OT', 2º OFT' = OFT.


• 1º Prolonguemos o raio vetor F'T de um comprimento TL = FT, e o raio
vetor FT' de um comprimento T'K = F'T'; em seguida, tracemos as retas OL,
OK. Os triângulos OTL, OTF são iguais, pois têm um ângulo igual
compreendido entre dois lados iguais em ambos; portanto, OL = OF, e o
ângulo OFT = OLT. Do mesmo modo, OK = OF, e o ângulo OF'T' = ângulo
OKT'. Disso resulta que os triângulos OFK, OF'L têm os 3 lados iguais, pois
que F'L = FK = 2a, logo, estes triângulos são iguais, e o ângulo F'OL = FOK.
Se tirarmos de cada um destes ângulos a parte comum F'OF, teremos:
FOL = F'OK
FOL F'OK
=
2 2
Ou afinal: FOT = F'OT'.

• 2º A igualdade dos 2 triângulos OFK, OF'L nos dá:


Ângulo OFK = ângulo OLF';
Mas, acabamos de ver que OLF' = OFT; logo, OFK = OFT, e OF é bissetriz do
ângulo TFT'.

609. Quando um ângulo é circunscrito a uma elipse, a parte da


tangente móvel compreendida entre os lados deste
ângulo é vista de cada foco sob um ângulo constante.
Solução: Sejam AM, AN duas tangentes à elipse cujos focos são F, F'.
Tracemos a esta curva uma 3ª tangente qualquer que corte as duas primeiras
nos pontos K e L. Trata-se de demonstrar que o ângulo KFL, sob o qual se vê
do foco F o segmento KL, é constante.

Com efeito, se unirmos, por meio de retas os 3 pontos de contato M, G, N das


3 tangentes ao foco F, o ângulo GFM fica dividido em duas partes iguais pela
reta FK (ex. 608); do mesmo modo, o ângulo GFN fica dividido em duas
partes iguais pela reta FL; o ângulo KFL é, pois, a metade do ângulo
constante MFN, logo, é também constante.
Demonstração análoga provaria que o ângulo KF'L é também constante.

610. O produto dos segmentos interceptados pelo eixo maior de


uma elipse e uma tangente móvel sobre as duas tangentes
traçadas às extremidades do eixo maior é igual a b2.

297

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