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1. Introdução
O ligamento cruzado anterior faz parte da articulação do joelho, estando localizado na parte
central da cápsula articular, fora da cavidade sinovial. Durante a flexão o feixe antero-medial
tensiona-se e o feixe póstero-lateral relaxa sendo que esse processo e invertido durante a
extensão. Com a ruptura do ligamento cruzado anterior o joelho perde a atuação referente a esse
ligamento. A alta incidência de lesões neste ligamento leva a uma evidência de instabilidade do
joelho impondo uma solução terapêutica que seja bem sucedida, uma vez que esta lesão pode
trazer consequências desagradáveis para as atividades da vida diária (ARAÚJO, 2003).
Segundo Campbell (1996), em decorrência de sua estrutura anatômica, o joelho é uma das
articulações mais frequentemente lesionadas, isso ocorre por sua grande exposição a forças
externas e pelas demandas funcionais a que está sujeito. Além disso, é considerada uma
articulação gínglimo, porém é mais complexa porque além dos movimentos de flexão e
extensão possui um componente rotacional.
Segundo Camanho et al (2003), o crescente número de indivíduos envolvidos em atividades
esportivas tem ocasionado aumento significativo das lesões ligamentares do joelho, sendo que
50% dessas são lesões referentes ao LCA.
De acordo com Lentz et al (2009), a reabilitação do LCA talvez seja um dos assuntos mais
discutidos na literatura contemporânea. Esse assunto gera inúmeras opiniões e pensamentos e
por esta razão não existe uma padronização para se avaliar a capacidade do paciente em retornar
ao esporte ou a suas atividades diárias.
Segundo Dionísio e Pini (1997), as lesões do LCA tem seu destaque entre as lesões do joelho,
tal fato deve-se a importância do papel biomecânico que este ligamento exerce na estabilidade
do joelho, ele é o responsável pela translação tibial anterior sobre o fêmur. Grood et al (1981),
relataram que o LCA proporciona 85% da força de contenção ligamentar para a gaveta anterior
com 30o e 90o de flexão. A ruptura total deste ligamento causa instabilidade crônica
da articulação, nestes casos faz-se necessário a intervenção cirúrgica com reconstrução do
____________________
1
Pós-graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual
2
Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito
em saúde
2
2. Revisão da literatura
2.1 Anatomia do joelho
Segundo Dângelo e Fattini (2000), os meniscos lateral e medial, são estruturas cartilaginosas
fixadas aos côndilos da tíbia. Sendo mais espessos nas suas bordas periféricas, eles aumentam
a concavidade das faces articulares dos côndilos da tíbia que se articulam com os côndilos do
fêmur. A estabilidade da articulação do joelho deve muito a presença dos ligamentos cruzados,
que impedem deslocamentos no sentido anteroposterior. Eles se estendem da fossa intercondilar
do fêmur à tíbia, respectivamente, anterior e posterior à eminência intercondilar. É considerada
uma das maiores e mais complexas estruturas da anatomia humana, é uma articulação do tipo
gínglimo, permitindo o movimento de flexão, extensão e certo grau de rotacão. A articulação
do joelho e formada por três ossos: fêmur, tíbia, patela (osso sesamóide) ao qual, por ser um
osso sesamóide, permite movimentos diferentes dos outros, e as estruturas são cápsulas
articular, estruturas extracapsulares e intracapsulares e membrana sinovial.
Para Spense (1991), a articulação do joelho é complicada e fácil de ser lesionada, pelo tipo de
articulação e movimentos restritos, é uma articulação condilar sendo que sua superfície no
côndilo femural lateral, por essa diferença estrutural a fase final da extensão envolve
movimentos do côndilo medial do fêmur sobre a tíbia, também chamado translação.
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Segundo Malone et al (2000), os ligamentos cruzados anterior e posterior são formados por
cordões resistentes de tecido conjuntivo, redondos ao corte e localizam-se no interior da cápsula
articular do joelho, entre os côndilos do fêmur, porém fora da cavidade sinovial da articulação.
Dois feixes importantes, os feixes ântero-medial e póstero-lateral combinam-se a formar o
LCA. O feixe póstero-lateral origina-se da face posterior da origem femoral e se insere na face
lateral da área de inserção tibial. Este feixe é maior e significativamente mais forte que o ântero-
medial. O feixe ântero-medial origina-se a partir da origem femoral anterior e se insere no lado
medial da inserção tibial. Os dois feixes formam uma espiral entre si e possibilitam a rotação
tíbio-femoral por toda amplitude de movimentos do joelho.
O LCA origina-se do aspecto posterior da superfície medial do côndilo lateral do fêmur e
avança anteriormente, medialmente e distalmente até inserir-se no platô tibial. A inserção tibial
do LCA é geralmente mais forte e mais larga do que a inserção femoral, porque o ligamento
exibe uma tendência a “alargar-se” em seu avanço distal (ELLENBECKER, 2002).
Arnoczky (1985), diz que os ligamentos cruzados estão em contato entre si através da sua borda
axial com o LCA, passando por fora do ligamento cruzado posterior (LCP). Eles estão livres
no interior da cavidade articular, mas recobertos pela sinovial, estabelecem com a cápsula
importantes relações. O suprimento sanguíneo predominante dos ligamentos cruzados é feito
pela artéria geniculada e o suprimento nervoso provém de um ramo do nervo tibial.
Em outro estudo, Arnoczky et al (1979) mostra que a inserção óssea contribui para a sua
vascularização. Há um suprimento sanguíneo significativo, vindo da bolsa infra-patelar, via
artéria geniculada inferior medial e lateral, a qual realiza importante função quando o ligamento
é lesado.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000
Figura 1 – Anatomia do joelho
ótima do pé com relação às irregularidades do chão. O joelho resolve estas contradições graças
a dispositivos mecânicos extremamente sofisticados; porém, como suas superfícies possuem
um encaixe frouxo, condição necessária para uma boa mobilidade, ele está sujeito a entorses e
luxações. Quando está em flexão, posição de instabilidade, o joelho está sujeito ao máximo a
lesões ligamentares e meniscais. Em extensão é mais vulnerável a fraturas articulares e a
rupturas ligamentares.
Os ligamentos cruzados são intrínsecos, ficam dentro da articulação no espaço intercondilar, e
controlam o movimento ântero-posterior e rotatório na articulação. O LCA provê a restrição
primária para o movimento anterior da tíbia com relação ao fêmur. É responsável por 85% da
restrição total dessa direção. O LCA é 40% mais longo que seu par, o ligamento cruzado
posterior. Alonga-se cerca de 7% quando o joelho move-se a partir da extensão até 90o de
flexão e, então, mantém o mesmo comprimento até a máxima flexão. Se a articulação é girada
internamente, a inserção do LCA move-se para frente, alongando o ligamento um pouco mais.
Com a articulação girada externamente, o ligamento não se alonga até os 90o graus de flexão
do joelho, mas alonga-se mais de 10% depois dos 90o até flexão completa. Partes diferentes do
LCA ficam tensionadas em posições diferentes, com as fibras anteriores tensionando-se em
extensão, as fibras médias tensionando-se em rotação interna e as fibras posteriores em flexão.
O ligamento como um todo é considerado tensionado na posição estendida (HAMILL e
KNUTZEN, 1999).
2.3 Fisiopatologia
Durante a reconstrução cirúrgica do LCA foram encontradas lesões do menisco medial em 28%
dos pacientes, do menisco lateral em 34%, e em ambos os meniscos 9% e nos 28% dos pacientes
restantes foi encontrada lesão isolado do LCA (GALI et al, 2002).
Fonte: muzifisio.blogspot.com
Figura 2 – Exemplos de ruptura parcial e total do ligamento cruzado anterior
De acordo com Dionísio e Pini (1997), inicialmente era realizada a sutura do ligamento,
havendo grande perda de elasticidade e dificuldade em reinserir-se os feixes do LCA coto a
coto devido às diferenças no seu comprimento. Mais tarde foram utilizados para a reconstrução
do LCA ligamentos sintéticos, devido a sua maior resistência em relação ao LCA. Contudo foi
observado que, com a solicitação continua do ligamento sintético durante os movimentos, havia
um processo de degeneração após dois anos de cirurgia. Fragmentos destes ligamentos
artificiais soltavam-se dentro da articulação irritando a membrana sinovial.
Com a melhora da técnica operatória para reconstrução desse ligamento, tornando-a menos
invasiva, associada à reabilitação precoce, leva à estabilidade articular e diminui o tempo de
retorno, não somente ao esporte profissional, mas, principalmente, para os não atletas, pessoas
comuns ao trabalho, o que aumentou consideravelmente o volume de reconstrução cirúrgica
nos últimos anos. Atualmente, a tendência é usar um enxerto biológico e resistente; os
autólogos, mais comumente utilizados para a substituição do LCA, são o do tendão patelar e o
dos tendões do semitendíneo grácil (VASCONCELOS, et al, 2011).
Segundo Almeida et al (2010), ao longo das três últimas décadas houve alteração significativa
nos conceitos de reparo do ligamento cruzado anterior, principalmente com relação ao que diz
respeito à escolha do enxerto a ser usado no procedimento. Autores como Shelbourne e Aglietti,
publicaram seus resultados mostrando a eficácia do enxerto do tendão patelar (TP) como
substituto do LCA, e esta foi por muito tempo a técnica considerada padrão ouro para
reconstrução do ligamento roto. Os achados clínicos no seguimento da técnica de reconstrução
do LCA com o terço médio do TP demonstraram, em paralelo aos bons resultados, dor
persistente no local doador do enxerto, diminuição da força do mecanismo extensor do joelho,
artrofibrose, entre outras. A observação destas complicações levou ao desenvolvimento de
outras técnicas de reconstrução do LCA, dentre elas a utilização do enxerto dos tendões flexores
(TF) do joelho (grácil e semitendíneo).
As preocupações quanto à resistência e maior elasticidade dos tendões flexores (TF) em relação
ao LCA, associadas à dificuldade de fixação e diminuição da força de flexão do joelho, não
foram comprovadas ao longo dos anos. O uso do tendão do quadríceps (TQ) foi popularizado
por Marshall et al, mas com resultados iniciais pouco promissores. Fulkerson e Langeland,
Howe et al, Staubli et al, e Staubli e Jakob, com trabalhos mais consistentes, mostraram que o
TQ tem tamanho e resistência adequados para substituir o LCA com menor morbidade do sítio
doador. Hoje, o TQ está se tornando mais popular (GUIMARÃES et al, 2009).
De acordo com zekcer et al (2011), no fim dos anos 90, houve um maior interesse no estudo da
reconstrução anatômica do ligamento cruzado anterior com o uso da dupla banda, reconstruindo
os feixes ânteromedial e pósterolateral que compõem a formação original do LCA, para uma
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Rockwood et al. (1994) citando Noyes, inúmeros testes descritos relatam que o ligamento
cruzado anterior e osso são capazes de suportar um determinado peso antes da ruptura, sendo
este valor para atividades que exijam esforços, ja em atividades normais é exposto apenas 45
kg. Em adultos jovens o alongamento do LCA pode chegar até 25% do seu valor normal sem
ruptura, tendo neste valor uma redução com o aumento da idade.
Conforme Fatarelli (2003), o ligamento cruzado anterior é um ligamento resistente podendo
ocorrer lesões por vários fatores. A ruptura deste ligamento ocasiona respostas neuromusculares
e biomecânicos complexas. A variabilidade dos indivíduos não é apenas anotomo-fisiológica,
mas também pode ser causada por agentes da própria lesão e pela sua extensão.
Segundo Rockwood et al. (1994), as lesões do LCA ocorrem geralmente por mecanismos onde
o estresse no ligamento é grande o suficiente para causar uma ruptura. As lesões podem ser
parciais ou totais dependendo do movimento, força e alongamento, seu trauma pode ser direto
ou indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e desacelação súbita
geralmente seguida de estalos e hematroses presente dentro de poucas horas, ou ainda abdução
com rotação externa e hiperextensão.
Conforme Weinstein et al. (2000), a laceração do cruzado anterior ocorre a partir de uma torção
valga do joelho estando o pé firme no chão (exercícios de cadeia cinética fechada).
Para Loudon et al. (1999), a laceração do ligamento cruzado anterior ocorre por trauma súbito
com rotação do pivô, recurvamento e desaceleração brusca do movimento.
O mecanismo de lesão é ocasionado por uma hiperextensão, rotacões com o pé fixo no chão,
onde frequentemente são observadas lesões de ligamentos colaterais laterais e mediais, ambos
envolvendo mecanismo de desaceleração do movimento (CAMANHO,1996).
É preciso determinar o grau da lesão ligamentar a fim de proceder um tratamento adequado
desde o início, realizando um prognóstico razoável referente a recuperação definitiva e
necessidade de cirurgia com a duração real da reabilitação (RODRIGUES, 1993).
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A classifição e graduação das lesões ligamentares está baseada em dois fatores: número de
filamentos rompidos e instabilidade articular.
E a graduação quanto aos graus de lesões podem ser dos tipos:
Grau 1 – lesão do tipo leve, onde há edema e sensibilidade local, com rompimento de
algumas fibras sem perda funcional.
Grau 2 – lesão do tipo moderada, onde grande parte das fibras encontra-se rompidas
seguido de instabilidade na articulação, não demonstrando perda completa da
integridade do ligamento.
Grau 3 – lesão do tipo grave, havendo rompimento completo do ligamento.
(RODRIGUES,1993)
Relata Fatarelli (2003) que, no pré-cirúrgico devem ser estabelecidas algumas medidas para
que seja obtido o restabelecimento total da ADM, ausência de edema e dor, diminuição do
padrão da marcha flexora, recuperação da força muscular e preparação psicológica para a
reconstrução. Essas medidas fisioterapêuticas têm demonstrado uma rapidez na recuperação do
pós-cirúrgico.
Fatarelli (2003) afirma que após a cirurgia é comum a presença de dor, edema e logo após uma
diminuição ADM, existindo uma grande possibilidade de um surgimento de atrofia de
quadríceps, que pode ser causada por estímulos dos receptores da articulação, estes estímulos
são provocados pelo edema. Na fase pós-cirúrgica a fisioterapia deve ter como meta á
diminuição de edema para que desta maneira possa evitar uma possível inibição reflexa do
músculo quadríceps. É recomendado o uso de gelo e a elevação do membro ajudando na
diminuição do edema.
No programa publicado por Dionísio e Pini (1997), são divididos em cinco os critérios de
dificuldade até o fim do programa de reabilitação, dentro de cada critério é gerado uma
progressão crescente de dificuldade.
Critério I: Passagem da posição bipodal para a unipodal. É uma fase importante que necessita
de um apoio total e condiciona a ausência de gavetas durante a marcha.
Critério II: Passagem do equilíbrio sobre solo estável para solo instável. A dificuldade reside
na mobilidade oferecida pelos solos.
Critério III: Os desequilíbrios provocados. A estimulação proprioceptiva por desequilíbrios
provocados deve se ajustar sistematicamente aos auto-desequilíbrios do paciente.
Critério IV: Pé fixo e pé móvel. A progressão do pé fixo para o pé móvel indo do deslocamento
por pequenos saltos, associado geralmente quase ao final da reeducação. O pé no solo permite
o trabalho de estabilização estática dos rotadores externos e internos do joelho.
Critério V: A reeducação da informação periférica. Este último critério de dificuldade proposto
consiste em atrapalhar as informações oferecidas pela visão ou ainda perturbar a concentração
do paciente.
Durante toda a reeducação proprioceptiva é necessário saber renovar os exercícios, evitando
que com a automatização dos mesmos, o paciente fique desatento e perca o interesse no
tratamento. É importante organizar o tratamento proprioceptivo de forma crescente, do mais
fácil para o mais difícil, sem pular fases, correndo riscos desnecessários. A precipitação pode
levar a instabilidades agravando a lesão e regredindo todo o tratamento.
Dionísio e Pini (1997), descrevem em seu programa de reeducação proprioceptiva, em ordem
crescente de dificuldade, as etapas dos exercícios proprioceptivos.
Etapa 1: exercícios no plano com apoio bipodal.
Etapa 2: exercícios no plano com apoio unipodal.
Etapa 3: exercícios no plano inclinado com apoio bipodal.
Etapa 4: exercícios no plano inclinado com apoio unipodal.
Etapa 5: exercícios na tábua de equilíbrio com apoio bipodal.
Etapa 6: exercícios na tábua de equilíbrio com apoio unipodal.
Etapa 7: exercícios na prancha oscilante.
Etapa 8: exercícios no balancinho com apoio bipodal.
Etapa 9: exercícios no balancinho com apoio unipodal.
Etapa 10: corrida no plano sem mudança de direção.
Etapa 11: exercícios na cama elástica com apoio bipodal.
Etapa 12: exercícios na cama elástica com apoio unipodal.
Etapa 13: exercícios no skate.
Etapa 14: exercícios com alternância de planos, saltos e obstáculos.
Etapa 15: corrida em circuitos.
Os exercícios usados na reeducação proprioceptiva são predominantemente feitos em cadeia
cinética fechada, pois a translação anterior da tíbia é reduzida pela metade, sendo a melhor
forma de exercícios para o joelho após reconstrução do LCA.
No protocolo publicado por Thiele et al (2009), a primeira semana teve o objetivo de atingir
90° de flexão, controlar a dor e o derrame articular. No primeiro mês iniciou-se propriocepção
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Período Tratamento
1ª semana Mini agachamentos
2ª semana Propriocepção na bola
Treino de marcha
3ª semana Hidroterapia
Treino na esteira
4ª semana Propriocepção em apoio bipodal – dynadisc
5ª a 8ª semana Propriocepção em apoio unipodal
Exercícios em cadeia cinética fechada
2 meses Iniciar trote em linha reta
Trote com mudança de direção
Exercícios com bola
3 meses Intensificar exercícios proprioceptivos
Intensificar exercícios específicos do esporte
Praticado
4 meses Retorno progressivo ao esporte
Fonte: Thiele et al, (2009)
Tabela 1 – Programa de reeducação proprioceptiva
evolução do tratamento de sua lesão. O grau I da reeducação proprioceptiva inicia-se logo após
a 4ª semana do nosso protocolo de reabilitação do joelho pós-reconstrução do LCA. Os
exercícios de reeducação proprioceptiva do grau I são caracterizados por serem executados no
plano e em planos inclinados. Esses exercícios evoluem do apoio bipodal para o unipodal, com
ou sem auxílio da visão, feitos em vários ângulos de flexão do joelho e com desequilíbrio que
pode ser provocado ou autoprovocado. Os exercícios do grau II são basicamente aqueles feitos
em planos instáveis e a corrida no plano sem mudança de direção. Iniciam-se os exercícios pela
tábua de equilíbrio, evoluindo para a prancha oscilante de Dotte e depois para o aparelho de
Freeman. Esses exercícios são executados como o grau I, variando o apoio, visão, angulação
do joelho de desequilíbrio. Os do grau III são exercícios avançados, quando se utiliza a cama
elástica, o skate e se introduz a alternância de pisos, saltos, obstáculos e a corrida com mudança
de direção. Para completar as informações sobre o método de aplicação da reeducação
proprioceptiva, é necessário referir alguns tópicos. Os exercícios usados na reeducação
proprioceptiva são predominantemente feitos em cadeia cinética fechada, que é a melhor forma
de exercícios para o joelho após a reconstrução do LCA. O uso de tubos de borracha ou faixas
elásticas é a forma de contrapor uma resistência variada aos exercícios, o que favorece o
fortalecimento da musculatura. Para o atleta de mais alto nível, é necessário um treinamento
especial, porque os exercícios de treinamento muscular simples não melhoram o tempo de
resposta da reação muscular que eles necessitam para seu desempenho. Assim, tanto os
exercícios dinâmicos controlados (Dynamic Joint Control Training), como os exercícios
pliométricos, caracterizados como exercícios de explosão muscular ou de movimento rápido e
potente, dão especificidade ao treinamento.
4) Avaliação proprioceptiva. Para avaliar a propriocepção dos pacientes, foi desenvolvido um
teste no qual se usa aparelho de movimentação passiva contínua, o CPM. Não será descrito o
método de avaliação por ser irrelevante para a pesquisa em questão.
3. Metodologia
Foi realizada uma revisão de literatura sobre a lesão do ligamento cruzado anterior e tratamento
fisioterapêutico, tendo como critérios de inclusão artigos publicados em revistas científicas no
período de 1979 a 2013 nos idiomas inglês e português, além de consulta de livros didáticos.
Os artigos apresentaram em seus conteúdos alguma das seguintes palavras-chave: “mecanismos
de lesão ”, “ligamento cruzado anterior (LCA)”, “reconstrução ligamentar”, “reabilitação”, bem
como seus significados em inglês. Após a leitura dos resumos dos artigos encontrados, foram
selecionados os que poderiam ter relevância no desenvolvimento deste artigo. Foram excluídos
do estudo os artigos que não possuíam rigor metodológico. A análise dos artigos ocorreu no
período de dezembro de 2012 a abril de 2013.
4. Resultados e discussão
no artigo com o título de posição bipodal para unipodal. proposta pelo autor na
Reabilitação na Lesão II-passagem do equilíbrio sobre reabilitação do ligamento
do Ligamento Cruzado o solo estável para o instável. cruzado anterior devolve a
Anterior: Uma Revisão III- desequilíbrios provocados. proteção articular do
da Literatura. IV- pé fixo e pé móvel. V- joelho.
redução da informação Deve-se tomar cuidado
periférica. O tratamento é com o apoio total e
realizado de forma crescente, do exercícios avançados
mais fácil para o mais difícil, do (saltos e apoio
mais simples para o mais unipodal), precocemente,
complexo. Foi dividido em 15 podendo trazer frouxidão
etapas de dificuldade. 1- do retalho.
exercícios no plano com apoio
bipodal. 2- exercícios no plano
com apoio unipodal. 3-
exercícios no plano inclinado
com apoio bipodal. 4- exercícios
no plano inclinado com apoio
unipodal. 5- exercícios na tábua
de equilíbrio com apoio bipodal.
6- exercícios na tábua de
equilíbrio com apoio unipodal.
7- exercícios na prancha
oscilante. 8- exercícios no
balancinho com apoio bipodal.
9- exercícios no balancinho com
apoio unipodal. 10- corrida no
plano sem mudança de direção.
11- exercícios na cama elástica
com apoio bipodal.
12- exercícios na cama elástica
com apoio unipodal. 13-
exercícios no skate. 14-
exercícios com alternância de
planos, saltos e obstáculos. 15-
corrida em circuitos.
Protocolo publicado por 1ª semana – mini agachamentos Alcança os objetivos mais
Thiele et al (2009), no 2ª semana - propriocepção na precocemente, reabilita o
artigo com o título de bola e treino de marcha paciente antes do tempo,
protocolo de reabilitação 3ª semana – hidroterapia e treino porém os resultados são
acelerada após na esteira similares aos
reconstrução do 4ª semana - propriocepção em obtidos num tratamento
ligamento cruzado apoio bipodal – dynadisc mais conservador, com
anterior – dados 5ª a 8ª semana – propriocepção relação às condições
normativos. em apoio unipodal e exercícios musculares e a estabilidade
em cadeia cinética fechada da articulação.
2 meses - iniciar trote em linha
reta, trote com mudança de
direção e exercícios com bola
12
3meses–intensificar exercícios
proprioceptivos e Intensificar
exercícios específicos do esporte
praticado 4 meses- retorno
progressivo ao esporte.
Protocolo publicado por É baseado em quatro fatores: I- Destaca-se a perda do
Sampaio et al (1994), no exercícios com estímulos medo no retorno às
artigo com o título de especiais (planos inclinados, atividades e aos esportes.
reeducação prancha oscilante, cama elástica, Alguns pacientes que
proprioceptiva das skates, etc.). Inicia-se a partir da ficaram com certa
lesões do ligamento 4ª semana. II- progressividade e frouxidão ligamentar pós-
cruzado anterior do dificuldade de exercícios. reconstrução do LCA não
joelho. III- critérios de habilidade, que é tiveram dificuldade ao
dividida em 3 graus de retornarem ao esporte.
dificuldade. Grau 1- exercícios Outros, porém, com boa
leves, grau 2- exercícios tensão do enxerto e altos
moderados e grau 3- exercícios níveis de avaliação,
avançados. IV- avaliação tiveram queixas de
proprioceptiva. instabilidade e falseios.
No presente estudo foi realizado para o ganho do arco de movimento a técnica artrocinemática
e osteocinemática que consistem de 3 etapas de movimentos fisiológicos que ocorrem nas
articulações que são: 1º deslizamento, 2º movimento rotacional, 3º rolamento. O ganho do arco
de movimento foi alcançado de forma gradativa, com 40 dias de tratamento foi alcançado a
angulação para flexão de 98°, com 2 meses 109°, com 3 meses 128°, com 4meses 143°, com 5
meses 145° completando assim o arco de movimento. A extensão do joelho foi alcançada com
40 dias.
Ortiz et al (2003), nos 30 primeiros dias de tratamento obtiveram ganho da flexão do joelho
através da máquina de movimento passivo de 95° e -1°para extensão. Com uso de terapias
físicas 82° e -4°para extensão, porém, não houve diferenças significativas.
Diante dos resultados alcançados neste trabalho pode-se afirmar que o ganho do arco de
movimento foi semelhante ao uso da máquina de movimento passivo ao contrário do que
aconteceu no estudo de Ortiz et al (2003), que obteve uma pequena diferença entre as técnica
sutilizadas para ganho da flexão e extensão do joelho.
Roldán et al (2000), através da reabilitação mínima acelerada sem uso de imobilizadores
externos e com movimentação precoce obteve um ganho do arco de movimento para flexão
no3º mês de 126,4° e a extensão terminal foi alcançada com 3 meses. Já Mello A. Junior et al
(2003), através do protocolo domiciliar para reabilitação do ligamento cruzado anterior, 14
pacientes apresentaram extensão completa no final do 4º mês sendo que 5 pacientes foram
submetidos a artroscopia com ressecção de cyclopes obtendo melhora após o procedimento.
Portanto é possível dizer que a técnica utilizada para ganho da extensão do joelho utilizada
neste trabalho é mais eficaz que a descrita por Roldán et al (2000), e Mello A. Junior et al
(2003), pois foi alcançada a extensão terminal com um mês de tratamento. Já para flexão do
joelho não houve diferença significativa já que a angulação obtida no 3º mês foi de 128°. Gomes
et al (2006), com protocolo de reabilitação acelerado obteve um ganho completo do arco de
movimento para flexão no 3º mês de tratamento e para a extensão no 1º mês. Comisso conclui-
se que a técnica de mobilização passiva utilizada para o ganho do arco de movimento para
flexão é mais eficaz que a utilizada neste trabalho que obteve ganho completo do arco de
movimento com 4 meses, já para extensão, ambos atingiram arco de movimento com mesmo
tempo.
Conforme foi ganhando arco de movimento houve o acréscimo dos exercícios de alongamento
global do membro inferior e fortalecimento muscular principalmente o fortalecimento de
ísquios tibiais e quadríceps na proporção de 2:1 (2 para flexão e 1 para extensão), já Gomes et
al (2006), realizaram o fortalecimento na proporção de 3:1 também obtendo um resultado
satisfatório. Outra etapa importante no tratamento é a propriocepção que apesar de não ter sido
avaliada neste trabalho por ser um exame subjetivo, sabemos que é de fundamental importância
tendo como função o desenvolvimento e ou melhora à proteção articular através do treinamento
reflexivo.
Araújo et al (2000), e Soares et al (2003), consideram que a propriocepção é fundamental como
treinamento de adaptação a situações específicas das atividades cotidianas com estímulo a
proteção articular devendo ser parte integrante de toda a reabilitação do ligamento cruzado
anterior. Soares et al (2003), afirma ainda que quanto mais crônico a lesão mais instabilidade e
dificuldade o paciente apresenta na conscientização da descarga de peso corporal.
14
5. Conclusão
Referências
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