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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA MAIA te ESCOLA BASIGA DOS 2° E 3" CICLOS DE GUEIFAES SES EE Teste de Avaliacaio de Portugués ~ 8° ano Duragao do teste: 90 minutos fevereiro 2017 Grupo! Parte A Léatentamente o texto. Da nossa literatura vé-se o mar Em mais de 800 anos, os autores portugueses fizeram do mar uma personagem que fol revelando a suas virias faces, do desconhecido a0 perigoso, da promessa 8 decadéncia, da esperanga tristeza. ‘Texto de Ana Cristina Cimara pa minko lino vse © mor, Ba minha lingua ouvese 0 Seu rumor, como dade outros se ouvird 0 da foresta oxo sino do desert. Por is or do mar oie da nest inquetareo",escreveu Vergo Ferreira. | Essa lingua, portuguesa, nossa, teve sempre 0 gosto salgado e 0 cheiro da maresia. Dos primérdios da } portugalidade, com as costas voltadas para Castela, so havia um caminho: o mar. E esse mar, vizinho, i Sesconhecd, sno um mar eprinetado, de Hae, de desea: © dese mas sempre. | presente . | so “A representgto do mor naIerotur € to antiga quanto © prépiaIteretura", fra 20 SOL José | Candido Martin, profesor de titeratura no Centro Reglonal de Broga da Unversdade etd 14 os poetas trovadorescos, dos sduls Xia XW, se referiam a um mar “conotodo com o perio ou com a representardo Simbdco do omem amado ou distant”, Martin Codex, um dos expoentes desta Iteratura galaico- portuguesa, compunta a congo de amigo: “Ondes do Mar de Vigo, se vstes meu amigo! Eo Devs, se verb | cedol/Ondes do mar evade se vstes meu amadol/ Eo Deus, se verécedo..} também o domam.€alteratura refete iso, com Os Leslodos come seu expoente mario. Porque 9 epopela | | | 6 de Camées celebra uma viagem histérica, contra tempo ~ a descoberta do caminho martimo para a India, com todos 0s perigos que houve que enfrentar, desde o medo do desconhecldo 20s fenémenos naturals, da fome 8 doenga, até 8 morte, nese cemitério de portugueses que era o mer. (x) [Na transigéo do século XIX para o XX, serd a Mensagem, de Fernando Pessoa, 2 celebrar novamente as aventuras markimas, porque mar e Portugal no podem ser separados ~"0 mar solgado, quanto do teu sol ‘0 lagrimas de Portugal Por te cruzarmos, quantas maes choraram,/ Quontes filhos em véo rezaram?". 25 Segundo Candido Martins, poeta trarou “uma imagem que sublinha os custas, os perds. Mas, influenciado por Comées, fola do Mostrengo, que se verga & vontade do rei D. Jo6o Il e do povo portugués". Ja Raul Brandlo, n'Os Pescadores, retrata um mar realsta, de todos os dias, "com pescadores que morrem no mar no 0 uta pelo sobrevivéncia didria, sem fins de riqueza ou fama, que nascem e morrem anénimos e esquecivels. In Tabu, 2206, 72 de tur de 2010 (adapadee com supresses) 0 Scanned with CamScanner Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientagées que te sto dadas. 1. Associa cada elemento da coluna A ao elemento da coluna B que Ihe corresponde, de acordo com 0 sentido do texto. luna ‘Omar representa o desconhecido, 0s perigos © as doengas | a. Camses ue os portugueses tiveram de enfrentar na descoberta do ccaminho marlimo para a India Sees (© mar & reratado com realismo, focando-se 1S:.Femendo Passos fos pescadores anénimos, a sua labuta emorte | d, José Candido Martins (O mar representa o perigo, a distancia ea auséncia do ser | e, Martim Codax prec f. Raul Brando © mar representa o sactifcio da nagdo portuguesa e 2 sua i temeridade, 9. Vergiio Ferreira 2. Relé 0 terceiro paragrafo do texto e indica a que se refere o pronome “isso”. 18) 3. Seleciona, em cadaitem (3.1. a3.5.), a opcdo que permite obter a afirmagio adequada ao sentido do @ texto, 3.1. Ao dizer “Da minha lingua vé-se o mar."(\. 4) Vergllio Ferreira utiliza, a. Cluma personificagao, pb. Cuma metatora. ce. Cuma antitese. 3.2. Ao referir-se 20 mar (IL 4-8), Vergilo Ferrera salienta.. a. lo som emitido petas ondas do mar a0 embaterem na costa portuguesa. b. Dlodesassossego que o rumor do mar he provoca, cc, Clainfuencia exercida pelo mar na cultura portuguesa, 3.3. Depois de citar Vergllio Ferreira, Ana Cristina Camara, a. Clemite a sua opiniao, discordando do eseritor. © tb. Ctransmite 0 seu ponto de vista, complementando a citagao. c. Clrevela-se imparcial e objetiva. 3.4. Na expresso ‘A representagéo do mar na literatura 6 téo antiga quanto a propria literature” (|. 10) estabelece-se uma relacao de... a, Cloontraste, b. Ocausa c. Cleomparacao. 3.5. A palavra “esqueciveis” (I. 30) pode ser substitulda por. a. Cique podem ser lembrados. tb, Qiaque nao devem ser esquecidos. c. Cque podem ser esquecidos. Scanned with CamScanner ParteB L6 0 texto, um excerto do conto «Homero», de Sophia de Mello Breyner. (0 Biizio no possuia nada, como uma érvore nao possul nada. Vivia com a terra toda que era ele préprio. ‘Aterra era sua me e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua cama, seu alimento, seu destino sua vida. 5 Os seus pés descalgos pareciam escutar 0 chéo que pisavam. E fol assim que o vi aparecer naquela tarde em que eu brincava sozinha no jardim. Annossa casa ficava & belra da praia. ‘Aparte da frente, virada para o mar, tinha um jardim de areia. Na parte de trés, voltada pare 30 _leste, havia um pequeno jardim agreste e mal tratado, com o cho coberto de pequenas pedras soltas, que rolavam sob os passos, um poco, duas arvores e alguns arbustos desgrenhados pelo vento e queimados pelo so. © Bizio, que chegou pelo lado de trés, abriu a cancela de madeira, que ficou a baloicar, € atravessou o jardim, passando sem me ver. Parou em frente da porta de servigo e 20 som das suas castanholas de conchas pés-se @ cantar. 7° ‘assim esperou algum tempo. Depoisa porta abriu-se e no seu ngulo escuro apareceu um avental. Visto de fora, o interior da casa parecia misterioso, sombrio e brilhante. E a criada estendeu um po e disse: =Vai-te embora, Bizio. Depois fechou a porta. E 0 Bazio, sem pressa, demoradamente como que desenhando na luz cada umn dos seus gestos, puxot os cordées, abriu 0 saco, tornou a atar 0 saco, prendeu-o no pau e segui Depois deu a volta a casa, para sair pela frente, pelo lado do mar. Ento eu resolvi ir atras dele. Ele atravessou o jardim de areia coberto de coro liros do mar e caminhou pelas dunas, Quando chegou ao lugar onde principia a curva da bata, parou. Ali era jé um lugar selvagem e deserto, longe de casas e estradas. Fu, que o tinha seguido de longe, aproximei-me escondida nas ondulagdes da duna e ajoelhei-me ‘tras de um pequeno monte entre as ervas altas, transparentes e secas. No queria que 0 Buizio me vvisse, porque o queria ver sem mim, sozinho. Era um pouco antes do pér do sol e de vez em quando passava uma pequensa brisa. Do alto da duna via-se a tarde toda como uma enorme flor transparente, aberta e estendida até 0s confins do horizonte. ‘Aluz recortava uma por uma todas as covas da areia. O cheiro nu da maresia, perfume limpo do gs. Marsem putrefado e sem cadéveres, penetrava tudo. Ea todo 0 comprimento da praia, de norte a sul, a perder de vista, @ maré vazia mostrava 0s seus rochedos escuros cobertos de biizios e algas verdes que recortavam as éguas. € atrés deles quebravam incessantemente, brancas e enroladas e desenroladas, trés fileiras de ondas que, constantemente desfeitas, constantemente se reerguiam. No alto da duna o Bizio estava com a tarde, O Sol pousava nas suas méos, 0 Sol pousava na sua 20 com oseu cao. a Scanned with CamScanner 40. cara e nos seus ombros. Ficou algum tempo calado, depols devagar comesou a falar. Eu entendi que ele falava com o mar, pois o olhava de frente e estendia para ele as suas mBos abertas, com as palmas em concha viradas para cima, Era um longo discurso claro, Irracional e nebuloso que parecia, com a luz, recortar e desenhar todas as colsas. N&o posso repetir as suas palavras: no as decorel¢ isto passou-se hd muitos anos. E também néo entendi intetramente o que ele dizia.€ algumas palavras mesmo no as ouvi, porque o vento répido thas errancava da boca. ‘Mas lembro-me de que eram palavras moduladas como um canto, palavras quase visiveis que ‘ocupavam os espacos do ar com @ sua forma, a sua densidade e o seu peso. Palavras que chamavam pelas coisas, que eram o nome das coisas, Palavras brilhantes como as escamas de um peixe, palavras 50 grandes e desertas como praias, Eas Suas palavras reuniam os restos dispersos da alegria da terra. Ele ‘08 invocava, 0s mostrava, os nomeava: vento, frescura das éguas, oiro do Sol, sléncio e brilho das estrelas. 4s Sophia de Mello Breyner Andresen, «Homeron, Contos exemplores, 1993 Responde, de forma completa e bem estruturada, 20s itens que se seguem. 4, No inicio do texto esto presentes diversos elementos que permitem descrever Buzio. Caracteriza a personagem a partir dos elementos presentes nos trés primeiros pardgrafos. '5. Embora nao saibamos exatamente quem é Bizio, a determinada altura € possivel perceber que personagem é esta, Identifica, a partir dos elementos textuais presentes entre as linhas 12 e 22, a personagem Baio, apresentando um argumento que justifique as tuas afirmagées. 6. Transcreve do texto uma frase ou expresso que ilustre a forma como Bzio anunciava a sua chegadaas ©) portas das casas. 7. Apartir do momento em que a criada fecha a porta, Buizio encaminha-se para o lado do mar e a narradora segue-o. ‘Transcreve trés passagens do texto que contribuam para que o leitor tenha a noo da passagem do tempo, ‘4 medida que se realizam as agGes da personagem Buzio. 8. Centra a tua atengio no narrador do texto. 8.1, Classifica-o, quanto a presenga. 8.1.1, Justifica adequadamente a tua resposta (refere a pessoa gramatical e comprova com duas palavras/expressdes do texto). Scanned with CamScanner 9. Associa cada elemento da coluna A ao tinico elemento da coluna B que Ihe corresponde, de modo identificares um recurso expressivo presente em cada uma das frases da coluna A. COLUNAA, COLUNA B. 1. «Mas lembro-me de que eram palavras moduladas como 2) metéfora um canto.» b) comparagio 2, «Palavras que chamavam pelas coi <).enumeracéo 3. «E as suas palavras reuniam os restos dispersos da alegria da terra.» 4) personificagao fer 14, «Ele 0s invocava, os mostrava, os nomeava: vento, frescura Yorn. das dguas, olro do Sol, siléncio e brilho das estrelas.» Grupo tt 1. «Eas suas palavras reuniam os restos dispersos da alegria da terra.» 11:2. Indica um sinénimo da palavra sublinhada na frase acima transcrita. 2. «0 Bizio nfo possuia nada, como uma érvore no possui nada.» 2.1. Indica trés hipénimos da palavra “érvore”. 3, Divide e classifica as oragdes nas frases seguintes. ‘a. As palavras que Bizio pronunciou néo podergo ser repetidas pele narradora. b, A menina ouviu um discurso surpreendente, pois eram palavras brilhantes. ‘Substitui as expresses sublinhag’has frases por um pronome pessoal adequado. a. Acriada estendeu um pio 20 Bizio. b. Anarradora néo consegulu decorar as palavras de Bizio. «. Amenina recordaré as suas palavras. 4d. Ela recontaria este epis6dio a0s seus flhos, 5. Indica 0 processo de formago das palavras seguintes. a. misterioso b. incessantemente c.entardecer 5.1. Forma nomes a partir dos verbos a seguir apresentados. a. baloigar b. brithar c. esperat 5.1.1. Indica 0 proceso de formacso de palavras que utilizaste na transformacio dos verbos em nomes. Scanned with CamScanner 6. Associa cada elemento da coluna A a0 nico elemento da coluna B que Ihe corresponde, de modo a Identificares 2 funcio sintética desempenhada pela expresso sublinhada em cada frase: COLUNAA COLUNAB ‘A. «Visto de fora, o interior da casa parecia misterloso [...» | |. Modificador do Grupo Verbal B. «Depols deu a volta a casa 2. Complemento direto C. «0 Sol pousava nas suas méos [..» 3. Complemento agente da passiva D. «€ algumas palavras mesmo no as ouvi [..J.» 4. Sujelto E, vento arrancava-the as palavras da boca. 5. Complemento indireto 6. Complemento obliquo 7. Predicativo do sujeito 6.1. Indica as subclasses dos verbos presentes nas frases A, Ce E. c Grupo Itt ‘© mar foi sempre visto como palco de aventuras arriscadas que ora terminam em tragédia ora so bem- sucedidas. Escreve um texto narrativo, correto e bem estruturado, com um mfnimo de 150 e ur méximo de 200 palavras, selecionando uma das seguintes personagens para encarnares e que protagonizard a tua narrativa: a. um pescador, b. um marinheiro de navi c. um faroleiro; Na tua narrativa, deves descrever psicologicamente o protagonista da aco e incluir, pelo menos, um momento de dislogo. ‘A professora: Arminda Carneiro Braz José Scanned with CamScanner

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