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Saint.
Virtuoso. Gentil. Paciente.
Estas foram palavras nunca associadas a Gabriel Saint.
Ele era um monstro. O diabo que assombrava a cidade de Redhill.
E ele tinha me encontrado.
Eu consegui me esconder por um tempo do meu passado, presente e futuro.
Mas eu deveria saber que eles viriam atrás de mim, afinal eu tinha o
herdeiro da cidade em meus braços, se há algo que eu sei sobre a família do
crime dominante nesta cidade, é que a família vem antes de tudo.
Quando Gabriel vem atrás de mim, luto, mas sei que é inútil e quando ele
me obriga a ser sua esposa, juro tornar sua vida o mais miserável possível.
Mas havia algo sobre o homem. Algo que eu queria desvendar, separar para
encontrar todas as peças que o tornavam quem ele era.
O que encontrei não foi o que esperava.
Ele quer meu coração.
Ele me quer como sua esposa de mais maneiras do que apenas aquele
pedaço de papel que nos une.
E quanto mais tempo passo presa com o chefe da máfia em sua casa no
penhasco, mais pedaços de mim ele rouba.
Mas com esta vida vem sangue e violência, havia alguém determinado a nos
fazer pagar.
Meus dedos se curvam ao meu lado, a única emoção que vai aparecer
no meu corpo. A chuva cai pesadamente das nuvens carregadas e espessas
acima, o barulho dela ecoando na área tranquila ao lado da água. Navios de
transporte flutuam ociosamente no horizonte, trazendo cargas de
mercadorias em contêineres, à minha frente o guindaste range e geme
quando as correntes giram, girando no rotador quando a primeira visão do
carro rompe a superfície da água turbulenta.
O sedã preto quase não era mais um carro, a carroceria amassada e
esmagada, a água enchendo o interior e saindo pelas janelas quebradas
quanto mais alto ele é levantado da água.
Não havia corpo lá dentro, mas não preciso vê-lo para saber que está
morto. Teríamos sorte se encontrássemos um cadáver. Essas águas ao redor
da cidade são profundas e turbulentas em um clima como esse e a
probabilidade de seu corpo ainda estar nessa área é pequena. Ele
provavelmente estava em algum lugar no fundo, se ainda restar alguma
coisa dele.
Gritos e ordens vêm da tripulação enquanto eles manobram o carro
em direção ao pátio, baixando-o lentamente para aliviar o fardo do veículo
já enfraquecido.
Eu observo, as unhas cravando nas palmas das minhas mãos. A chuva
encharcou meu terno, molhando o material caro e fazendo com que grude
na minha pele úmida por baixo. Ela escorre pelo meu rosto, pelos meus
olhos e boca, mas não me mexo nem procuro abrigo da tempestade.
Passos à minha direita me fazem virar a cabeça para o visitante, um
homem, vestido com um longo casaco bege corre em minha direção, um
grande guarda-chuva protegendo-o da chuva, embora não ajude os
respingos de seus pés a molhar as calças dele.
— Sr. Saint. — ele cumprimenta, respirando fundo. Noto a pasta
marrom em sua mão, segura contra o peito para protegê-la das intempéries.
Estendo minha mão sem uma palavra. Hesitante, o investigador a
entrega para mim, mantendo os dedos curvados na borda como se não
quisesse passar a informação para mim.
Interessante.
— Antes de entregar isso a você, Sr. Saint, tenho certeza de que você
pode entender minha preocupação com a família.
— Eles não são da sua conta. — digo a ele severamente. Eu não
arranco a pasta ou pego, ele vai me dar — Acredito que isso tem tudo o que
pedi e a confirmação que pedi.
— Sim, senhor, eles são quem você suspeitava que fossem.
— Bom.
Ele finalmente a solta, eu enfio a pasta no meu paletó, segurando-a
com o braço.
— Caminhe comigo, Sr. Garrett.
O investigador engole, mas caminha comigo, mantendo o passo
enquanto caminhamos em direção à borda do pátio onde a água bate contra
os blocos de concreto abaixo. Borrifos brancos saltam no ar, alguns caindo
no chão e correndo pelo concreto, se fundindo com as poças de chuva e
água do mar já no chão.
O cascalho range sob meus sapatos enquanto ando silenciosamente
até a beirada, parando apenas quando meus dedos tocam a borda do bloco
de concreto. O Sr. Garrett para ao meu lado.
Ele se mexe nervosamente, segurando o cabo do guarda-chuva com
força suficiente para que a pele dos nós dos dedos fique branca. O homem
está com medo. Como ele deveria estar.
— Você discutiu o caso com alguém além de mim? — Eu pergunto.
— Não, senhor.
Eu aceno, sabendo que é uma mentira. Eu odeio mentirosos.
Ele engole, inquieto.
Atrás de mim, o carro toca o solo, a água restante dentro correndo e
inundando sob meus sapatos, trazendo consigo detritos do oceano, algas
encharcadas e alguns peixes pequenos se debatendo inutilmente na água
rasa ao redor dos meus pés.
— Eu... — gagueja o Sr. Garrett — Desejo encerrar nosso acordo, Sr.
Saint.
— É isso mesmo? — Eu sorrio, casualmente alcançando a arma
enfiada na parte de trás da minha calça. Ele não percebe o movimento, em
vez disso, prefere observar os navios entrando lentamente na doca.
— Sim, minha esposa e eu gostaríamos de nos aposentar. Viajar um
pouco.
Ele quer correr com o dinheiro que recebeu pela venda das
informações contidas na pasta. Já faz vários anos que ele trabalha para mim,
sabia como funcionava, como eu sabia de tudo, via tudo. Afinal, ele não era
o único investigador na minha folha de pagamento.
Deslizo silenciosamente a trava de segurança, apontando a arma para
a lateral de sua cabeça.
— Sr ... — ele não consegue completar a frase antes que eu puxe o
gatilho, silenciando-o. Sangue espirra em meu rosto e sobre minha camisa
branca, mas não me mexo para enxugá-lo enquanto observo seu corpo cair
sem vida no chão, batendo em uma poça, a água ficando vermelha.
Não preciso ordenar a limpeza. Dois homens avançam, enganchando
blocos de concreto nos tornozelos e pulsos do homem antes de esvaziar
seus bolsos, colocando a carteira, as chaves e o telefone em uma bolsa e
então rolam o corpo, os blocos de concreto raspando no chão. Eles os
levantam até a borda, chutando-os e forçando o corpo a seguir. Faltam
alguns segundos para ele começar a afundar, mas continuo observando, não
sentindo absolutamente nada enquanto o corpo do investigador começa a
afundar, para baixo, para baixo ele vai, sendo engolido pela escuridão e para
nunca mais ver a luz.
Eu puxo um lenço de dentro do meu bolso, passando-o sobre o meu
rosto. Sai vermelho.
— Continuem procurando. — digo aos homens ao meu redor —
Ninguém descansa até que seu corpo seja encontrado. — Eu ordeno,
referindo-me à tarefa que me trouxe ao pátio em primeiro lugar. É uma
busca impossível, eu sei disso, mas aquele laço familiar que puxa a dor que
me recuso a mostrar força às palavras de meus lábios.
Eles acenam com a cabeça, mas também sabem disso.
O corpo do meu irmão nunca seria encontrado.
Mas seus segredos não foram enterrados com ele.
CAPÍTULO DOIS
GABRIEL
Não tinha planejado matar mais ninguém hoje, mas havia pouca
escolha no assunto, assim como eu não tinha planejado levar o menino tão
cedo, mas com a ameaça agora muito óbvia para mim, ele irá embora
comigo esta noite.
Eu me livro dos corpos, deixando-os atrás do prédio e ligando para a
limpeza para lidar com isso. Embora eu não dê a mínima se alguém os
encontrar, eu sei que deixar os corpos por aí poderia atrair atenção
indesejada. Basta alguém de fora da minha folha de pagamento relatar às
autoridades erradas e eu teria um maldito caso inteiro em minhas mãos,
sujar minhas mãos com os federais não é algo com que eu queria lidar.
Eu a segui a tarde toda, observando sua rotina, vendo-a no bar,
trabalhando e depois com o filho no estacionamento da creche. Eu a segui
de volta para seu apartamento e sentei no meu carro, olhando pela janela
do segundo andar.
Ela espiou momentos depois de voltar para casa, procurando no
estacionamento. Eu tinha planejado ir embora, mas algo em mim me
prendeu no local e só algumas horas depois, quando os assassinos chegaram
para levar ela e o menino para fora.
O investigador vendeu as informações sobre a mulher e seu filho,
meus inimigos estão aqui para garantir que eu não pegue a próxima geração
que os manteria sob meu controle.
Eles não me viram chegando. Minha equipe confirma que as pessoas
estão a caminho para lidar com a bagunça enquanto eu atravesso as portas
do prédio, subindo as escadas silenciosamente. Normalmente eu mando
Atlas ou Asher cuidar disso, matar a garota e pegar a criança, é fácil, mas eu
não vou largar ela agora e não tenho paciência pra esperar nenhum dos dois
irmãos gêmeos.
Fico em silêncio enquanto subo as escadas para o andar dela, minha
arma na mão e faço uma pausa, ouvindo sons do outro lado.
Eu ouço a TV, mas nada mais, então eu nivelo minha arma com o cabo,
atirando na fechadura antes de tentar abrir a porta. Ela não se move.
O choro alto de um bebê soa um segundo depois.
Examinando a porta enquanto empurro, noto a porta travando com
uma fechadura no canto superior. Eu nivelo minha arma e tiro.
A porta se abre livremente e eu dou uma olhada lá dentro. A pequena
sala que eu entro primeiro, a TV continuando a tocar na sala escura que
abriga apenas um sofá e um cercadinho cheio de brinquedos infantis, a TV
velha, rachada de um lado fica em cima de uma caixa de metal que parece
ter sido encontrada atrás de uma lixeira.
Está limpa, pelo menos, mas ainda enrolo meu lábio. O papel de
parede descasca das paredes e o carpete está gasto em mais lugares do que
nunca. Posso ver a cozinha inteira de onde estou e encontrá-la vazia, tigelas
usadas horas antes empilhadas ao lado da pia.
Lentamente, eu rastejo pelo único corredor, empurrando a primeira
porta para vê-la aberta para um pequeno banheiro vazio, deixando apenas
mais um quarto para entrar, diretamente à minha frente. O bebê chora,
revelando sua posição, embora esteja mais calmo agora, provavelmente nos
braços de sua mãe enquanto ela o embala, tentando convencer a criança de
que tudo ficará bem.
Não ficará, pelo menos não para ela.
Levanto minha arma, alcançando o cabo. Eu não posso atirar
cegamente com o risco de machucar o bebê. Minha mão se move
lentamente enquanto giro a maçaneta e empurro a última porta com um
rangido.
A escuridão me cumprimenta logo antes de algo - não - alguém se
lançar contra mim com um bastão. Eu me abaixo bem a tempo de evitar um
golpe na cabeça, o pesado bastão de madeira batendo na parede com força
suficiente para deixar um buraco.
— Dê o fora do meu apartamento. — ela grita — Saia!
Ela balança com a força de todo o corpo, o que não é muito quando
ela tem pelo menos metade do meu tamanho. Eu me esquivo do golpe
novamente e quando ela levanta para balançar mais uma vez, estendo a
mão e a agarro.
— Quem é você!? — Ela chora, tentando puxar a coisa de volta.
Eu poderia atirar agora, atirar na barriga dela, mas não o faço. Eu olho
para seu rosto bonito, vendo aqueles grandes olhos azuis e cabelos escuros
bagunçados. Há medo gravado em cada linha de seu rosto, de seu corpo,
mas não é nada em comparação com a feroz proteção e raiva que a mantém
lutando contra mim.
Uma mulher mais esperta teria se ajoelhado e implorado por
misericórdia.
Pego o bastão dela e empurro nela, forçando-a a recuar, embora ela
não vá longe. Ela permite um passo para dentro do quarto, mas então ela
grita e me empurra, forçando-me a recuar um. É uma dança de força, de
misericórdia, dela protegendo o filho e eu tentando pegá-lo.
— Você realmente acredita que pode vencer contra mim? — Eu
pergunto baixinho, seus punhos batendo no meu peito. Ela faz uma pausa,
olhando para o meu rosto antes de repente me atacar e me dar um soco no
queixo.
Minha risada sombria a acalma, sua respiração fica presa na garganta.
Eu limpo o pequeno filete de sangue do canto da minha boca, olhando para
a gota carmesim na ponta do meu dedo com curiosidade.
Ela me fez sangrar.
Saindo de sua paralisia, ela lança o punho novamente, mas erra, então
ela se vira e corre, batendo a porta do quarto na minha cara antes que eu
possa segui-la.
Com um suspiro, eu a empurro para abrir, entrando e acendendo a luz.
Eu a encontro no canto do quarto, seu corpo enrolado em torno da
criança, usando o dela para protegê-lo. A visão me fez parar.
Tenho visto muito na minha vida. Eu tenho visto mães e pais
sacrificarem seus filhos para se salvarem, os vi vendê-los por dinheiro, traí-
los pelo poder. Nesta vida, além da minha própria família, não vejo a
verdadeira lealdade. Não vejo ferocidade para proteger a vida daqueles que
amam. Assim não. Ela morreria pelo filho, não porque eu já tenha mandado
matá-la, mas porque era a única forma que me permitiria pegá-lo. Eu não
serei capaz de sair daqui com aquela criança se ela ainda respirar.
— Por favor. — sua voz falha. — Ele é meu filho. Não o machuque.
— Não estou aqui para machucá-lo, leonessa. — Leoa. Era a única
palavra que poderia usar para descrever a mulher fogosa. — O entregue.
— Por cima do meu cadáver. — ela cospe, forçando a criança ainda
mais para trás, apesar dos lamentos vindos do menino.
Atravesso o espaço entre nós, nivelando minha arma e descansando o
cano entre seus olhos. Ela suga a respiração, mas não é medo que a faz
gaguejar, mas puro ódio quando ela olha para mim.
— La morte non viene per te oggi, Amelia. — eu murmuro as palavras,
observando sua testa franzir contra a arma em confusão com o idioma. Ela
não tem chance de reagir antes que eu gire a coronha da arma e a acerte em
sua têmpora, deixando-a inconsciente. — A morte não virá para você hoje.
— Repito em inglês, olhando para o corpo dela esparramado no chão antes
de atrair meus olhos para a criança. Ele chora incontrolavelmente, olhos
inchados, rosto vermelho e molhado. Inclinando-me, eu o arranco do chão,
segurando-o enquanto examino seu rosto, vendo todas as características
dos Saint em seus olhos âmbar e cabelos escuros. Ele pertence a mim agora
e a mãe... ela é minha agora também.
Passo alguns minutos acalmando a criança, o pequeno humano
aninhado em meus braços enquanto o balanço suavemente para frente e
para trás. Ele chorou o suficiente para se cansar, mas é cauteloso, inseguro,
mesmo sendo pequeno, ele entende os perigos de estranhos, o que pelo
menos é reconfortante. Eu não tenho muita experiência com crianças, mas
já vi lidarem com eles muitas vezes. Foi realmente fácil, especialmente
quando se acalmou o suficiente para fechar os olhos e para ele relaxar,
adormecendo. Eu o deito na pequena cama no centro do quarto antes de
pegar o telefone e ligar para Asher. Ele atende no primeiro toque.
— Sim?
Eu repito o endereço de Amelia. — Venha aqui agora. Você tem dez
minutos.
Desligo, sem me importar se ele está no meio de alguma coisa ou não.
Ele é a melhor opção dos dois irmãos para lidar com essa confusão caso a
mãe acordasse. Atlas é um filho da puta sem coração na melhor das
hipóteses.
Ele é muito parecido comigo no sentido, mas onde eu suponho que
tenho algum senso de sentimento, meu meio-irmão não tem nada disso.
Eu me agacho ao lado da mãe, Amelia e afasto um pouco de seu
cabelo escuro de seu rosto. Um rastro fino de sangue escorre pelo lado de
seu rosto onde eu a atingi, mas ela continua inconsciente, esparramada no
chão. Gentilmente, eu movo seus membros e a deslizo de costas antes de
me afastar e vasculhar suas gavetas dentro da casa até encontrar fita
adesiva. Eu trago seus pulsos ao redor da frente de seu corpo antes de
envolver a fita em torno de suas mãos, segurando-as juntas em sua barriga.
Eu faço o mesmo em seus tornozelos.
Ela usa apenas um pequeno short e uma camiseta grande que esconde
seu corpo minúsculo. Ela é deslumbrante, de um jeito que chama a atenção
e prende. Lábios carnudos rosados e suculentos, pele morena, mechas
morenas profundas que caem em ondas ao redor de seu rosto. Há uma leve
camada de sardas em seu nariz, a cor delas quase idêntica ao tom de sua
pele, mas de perto eu posso ver as cores variadas em seu rosto. Eu
gentilmente agarro seu queixo, forçando sua cabeça para cima e mantendo-
a lá para que eu possa estudá-la mais.
Muito bonita.
As pontas dos meus dedos empurram contra seu lábio inferior,
empurrando a carne quente e gorda antes de eu deixar minha mão trilhar
pela frente de sua garganta. As linhas delicadas dela contradizem a mulher
que acabei de enfrentar.
Suspirando, deixo cair minha mão e faço uma verificação rápida do
garoto antes de ir para a janela, esperando o SUV de Asher entrar. Cinco
minutos depois, vejo as luzes do veículo cortando a chuva e parando ao lado
do meu carro estacionado na parte de trás.
Ele sai, correndo pelo estacionamento e desaparece no prédio. Não
preciso abrir a porta para ele.
— Gabriel? — Ele chama, sua arma na frente dele, apontada para o
chão, mas pronta para ser usada.
— Guarde isso. — eu ordeno, vindo para encará-lo na frente da porta
que esconde os dois corpos adormecidos lá dentro. Eu já havia encontrado
as chaves do carro dela em uma tigela na cozinha, então as joguei para ele.
— Vá até o chevy e pegue o assento do carro na parte de trás, coloque-o na
parte de trás do meu.
— Com licença?
Eu levanto uma sobrancelha, perdendo a paciência. — Algum
problema?
Ele levanta as mãos em sinal de rendição e faz o que eu peço antes de
voltar, sacudindo a água do cabelo como um cachorro. Concordo com a
cabeça e empurro a porta, mostrando o garoto primeiro, ainda dormindo na
cama. — Faça uma mala com as coisas da criança, roupas, fraldas, o que
você encontrar.
— Merda, Gabriel. — Asher respira.
— Asher! — Eu exijo.
Ele entra em ação enquanto eu caminho até a cama, olhando para a
mulher ainda inconsciente ao lado da cama. Quando Asher termina, faço
uma careta ao ver como a bolsa é pequena, embora eu possa ver que as
gavetas e o guarda-roupa estão vazios de todos os pertences. Entrego-lhe a
criança.
Ele recua.
Eu arqueio uma sobrancelha. — É um bebê, não uma cobra.
— Não tenho medo de cobras.
Eu reviro meus olhos. — Pegue.
Curvando os lábios e levantando a bolsa mais alta em seu ombro, ele
pega a criança de mim, embalando-a rigidamente. — Onde sua ma... — suas
palavras são interrompidas quando eu me inclino e deslizo um braço sob
seus joelhos, o outro sob sua cintura e a tiro do chão. Sua cabeça rola para
trás, o pescoço dobrado em um ângulo estranho que deixará os músculos do
pescoço doloridos pela manhã.
Ele não questiona. Não pergunta por que ela está vindo quando esse
nunca foi o plano. Ele sabe melhor e eu não tenho ideia do que diabos eu
farei com ela de qualquer maneira.
Os restantes residentes permanecem dentro das suas casas, sabendo
que aqui não têm onde intervir. Eu a levo para o carro, esperando enquanto
Asher prende a criança na parte de trás e então entrego a mulher. —
Coloque-a na parte de trás do SUV. Certifique-se de que ela permaneça
contida, se ela acordar, ela terá sua garganta.
Ele zomba, mas eu balanço minha cabeça, parte de mim esperando
que ele testemunhe à ira de uma mãe.
A criança continua dormindo enquanto eu dirijo o carro pelas ruas
escuras e agora silenciosas da minha cidade, subindo a colina em direção à
mansão no penhasco, Asher seguindo de perto. A chuva finalmente diminuiu
um pouco, o vento se acalmando, embora um olhar para a esquerda mostre
os mares ainda tão turbulentos quanto antes, batendo contra a costa e a
encosta de um penhasco como se estivessem zangados com o mundo.
Eu faço o carro para para.
Minha mãe ainda está aqui, ainda obcecada com a pasta que eu havia
deixado para ela anteriormente e agora eu vou dar a ela outra coisa para
aliviar a dor que eu sei que a está comendo viva.
Uma parte de Lucas que ainda vive.
O filho dele.
CAPÍTULO CINCO
GABRIEL
Não demora muito para que um quarto seja montado para a criança.
Mandei entregar os móveis na manhã seguinte, um berço e colchão, roupas
de cama para mantê-lo aquecido e roupas suficientes para durar até seu
quinto aniversário. Minha mãe assumiu o controle das necessidades, fraldas,
lenços umedecidos, suprimentos médicos e tendo experiência em lidar com
bebês a vida toda, ela assumiu o cuidado da criança no momento em que o
entreguei a ela.
Ele a abraçou muito mais rápido do que a mim, arrulhando e rindo
enquanto ela brinca com ele no chão da sala na manhã seguinte,
observando as nuvens começarem a se abrir para revelar o céu azul. Eu
instruí nosso médico residente a dar um sedativo para Amelia para mantê-la
fora por pelo menos vinte e quatro horas. Eu estou com uma baita dor de
cabeça e não estou pronto para soltar uma alma penada em minha casa
porque sabia que isso viria.
Eu deveria tê-la matado.
Era a opção mais fácil.
Eu até fui para o quarto em que a prendi, descansei aquela arma
contra sua cabeça enquanto ela permanecia fria, a fita adesiva com a qual a
prendi substituída pela corda, amarrando seus braços e pernas na cama.
Eu segurei lá por alguns minutos. Minutos.
Muito mais tempo do que jamais levei antes para puxar o gatilho. Ela
não se mexeu. Ela não se mexeu, mas seus lábios se separaram, ela
suspirou, tirei meu dedo da arma, guardei-a e a observei. Eu a observei
enquanto ela dormia por duas horas, vendo o constante e fácil subir e
descer de seu peito, observando seus cílios escuros tremulando enquanto
ela sonha.
Embora eu duvide que eles eram agradáveis.
Sentei-me naquele quarto escuro até que minha mãe veio e me
encontrou, forçando-me a deixar a mulher adormecida para me juntar a ela
na cozinha antes de ir para a cama, em vez de sentar naquele quarto
novamente, o que eu queria fazer.
Eu estou atraído por ela.
Eu quero testemunhar esse incêndio.
Esse temperamento.
Eu a quero acordada e lutando, quero vê-la.
Estou acostumado a mulheres recatadas, mulheres que ficam de
joelhos quando fazem e dizem todas as coisas certas. Eu tenho a sensação
de que Amelia Doyle está longe de ser recatada e inocente, eu quero provar
isso. Testemunhar.
O sono veio, quando acordei pela manhã, a mãe ainda está apagada
graças ao sedativo em seu sistema.
É quando encontro minha mãe brincando com a criança na sala, um
arranjo de bichinhos de pelúcia e musicais espalhados pelo meu chão, uma
tigela de mingau pela metade descartada na mesinha de centro.
Minha mãe sorri para mim quando entro, com a mão estendida
enquanto Lincoln brinca com os dedos, tocando os brilhantes diamantes que
adornam sua mão e a pulseira que está pendurada em seu pulso.
Eu a deixo sozinha, saindo de lá e indo para a cozinha tomar um café. É
bem cedo, o sol surgindo no horizonte e incendiando o oceano agora muito
mais calmo. Os barcos navegam pela água, indo para as docas ou saindo
delas, mas a cidade está acordando lá embaixo, se preparando para outro
dia.
Depois de alguns minutos olhando pela janela, meu chef residente
interrompe. — Gostaria de tomar café da manhã, senhor?
Balanço a cabeça, mas depois me viro para ele. — Você pode fazer um
continental completo? — Eu pergunto.
— Eu posso.
— Faça um. E uma tigela de frutas frescas. Com suco de laranja.
— Sim senhor.
Eu o deixo fazendo o café da manhã enquanto faço um rápido
exercício e tomo um banho antes de vestir meu terno para o dia,
endireitando todas as arestas e colocando minhas armas nos lugares
designados. Nunca saí de casa sem elas.
Sinto o cheiro do café da manhã quando saio do meu quarto.
No andar de baixo, encontro o chef preparando a comida em uma
bandeja conforme pedi, deslizando-a em minha direção. Eu pego antes que
qualquer um dos funcionários possa, subindo um lance e descendo pela ala
direita da casa onde a deixei. Parando na porta, espero qualquer som e
quando ouço a cama ranger, o movimento de seu corpo, sei que ela está
acordada ou estará a qualquer momento.
Empurro a porta, abrindo-a.
Ela está deitada no centro da cama, minha equipe já tinha entrado e
aberto as cortinas, sabendo ignorar o que veem dentro desses quartos, até
mesmo a pobre garota amarrada a cama.
Coloco a bandeja de comida na cômoda, virando-me para vê-la
banhada pela luz do sol da manhã. Ele toca sua pele como uma carícia,
fazendo-a brilhar. Com o sol nela eu vejo as cores diferentes em seus
cabelos, os tons profundos misturados com alguns loiros escuros e aquelas
sardas saltando na luz. Ela se mexe, tentando mover os braços e as pernas,
mas luta em seu estado de meio sono, não consegue entender por que não
consegue se mover.
É erótico de uma forma que não deve ser.
Vê-la tão restrita, seu peito arfando enquanto sua respiração aumenta
com seu pânico, vendo suas pernas se moverem, coxas apertadas juntas,
braços se debatendo. Eu posso me sentir ficando duro em minhas calças.
Lentamente, atravesso o quarto, parando na beirada da cama, onde
me abaixo e me permito tocá-la. Minha mão acaricia sua coxa exposta,
sentindo aquela pele macia e sedosa, quente e convidativa. Continuo me
movendo, seguindo as curvas de suas pernas até o tornozelo e depois
subindo, passando meu toque sobre sua barriga, entre seus seios e subindo
por seu pescoço, seguindo a linha dura e nítida de sua mandíbula.
Se a perfeição pudesse ser personificada, eu a teria diante de mim.
Não sei como não o vi antes.
Ela se mexe sob meus dedos e então aqueles olhos azuis celestes se
abrem e me encontram imediatamente.
Por longos segundos, o silêncio preenche o espaço entre nós, minha
mão contra sua bochecha e suas memórias voltando da noite anterior. A
luta, a disputa...
Estou pronto quando ela balança a cabeça para o lado e estala os
dentes na minha mão como se fosse morder.
— Você é um pouco selvagem. — eu digo a ela, mantendo meus dedos
longe de seus dentes. — Mas tenho certeza que você pode ser domada.
— Onde está meu filho!? — Ela grita, debatendo-se
descontroladamente contra suas restrições, forte o suficiente para que as
fibras cortem sua pele, fazendo com que o sangue flua. Se dói, ela não
demonstra. Não enquanto ela se move e puxa, tentando se libertar.
— Pare. — eu ordeno, vendo aquele sangue serpenteando por sua
pele, manchando sua carne e encharcando os lençóis debaixo dela.
Ela não faz. Ela continua puxando, tentando se libertar, como um
animal selvagem preso em uma jaula.
— Eu vou te matar, porra. — ela promete.
Não tenho dúvidas de que se ela pudesse, ela serviria minhas bolas em
um prato e as forçaria goela abaixo.
— Onde está meu filho!? — Ela exige, os olhos ardendo de ódio e
raiva.
Eu seguro seu queixo, mantendo meus dedos longe de seus dentes, —
Ele está seguro.
— Devolva-o! — Ela ordena. — Agora mesmo.
— Eu não posso fazer isso, Leonessa.
Ela curva o lábio para trás. — Eu vou te matar.
— Tenho certeza que você gostaria.
— Quem é Você!?
— Meu nome é Gabriel Saint.
Ela empalidece.
Então, ela entende onde ela está agora. Quem é o pai de seu filho.
Lucas a manteve e o menino em segredo, queria saber por quê.
— Explique seu relacionamento com meu irmão. — Eu exijo.
Ela aperta os lábios, carrancuda.
— Eu não sou um homem paciente, Amelia. — Eu aviso — Fiz uma
pergunta, espero uma resposta
— Foda-se. — Ela cospe.
Eu sinto meus lábios se curvarem em um sorriso cruel. — Existem
maneiras de te forçar a falar. — eu digo a ela. — Embora seja uma pena
cortar toda essa pele bonita.
— Você acha que suas ameaças vão funcionar comigo. — ela ri —
Tente de novo, idiota.
Ela realmente é uma pequena leoa. Linda. Mortal.
Eu inclino minha cabeça e atravesso o quarto até o prato de comida
que pedi para ela. — Eu suspeito que você esteja com fome.
Ela estreita aqueles lindos olhos azuis.
Eu carrego a tigela de frutas e suco de laranja.
— Onde está meu filho? — Ela exige mais uma vez.
— Seguro.
— Onde!?
— Nesta casa, agora mesmo.
— Traga-o para mim.
— Não.
Ela rosna para mim.
Eu sorrio, aquela excitação de já observá-la se debater contra as
restrições aumentando até quase a dor.
— Como você conheceu meu irmão?
Não importa, realmente, saber o como e o porquê. Ele está morto. Ela
não está e seu filho está brincando na minha sala lá embaixo. Eles não
estavam juntos, tanto quanto eu poderia dizer, embora eu duvidasse que
iria me parar se eu agisse por impulso e a fodesse como meu pau me
implora.
Posso até imaginar como ela gritaria. Como ela gemeria meu nome e
pediria misericórdia.
Eu limpo minha garganta, esperando por sua resposta.
— Um bar.
— Que bar?
— Eu não sei. — ela bufa, tentando cruzar os braços e então
percebendo que não pode — Um perto da marina.
Enfio o garfo em um pedaço de melão e o levo até sua boca,
pressionando a fruta em seus lábios. Ela não abre.
Ela sacode a cabeça. — Traga-me meu filho!
Eu agarro seu queixo e pressiono a comida em sua boca, — Coma.
Sem outra opção, ela abre a boca e fecha os lábios em torno da fruta,
pegando-a do garfo enquanto eu a trago de volta. Eu aceno em elogio um
momento antes que ela cuspa com força, jogando a fruta de sua boca em
minha direção.
Isso bate na minha cara.
Eu não tenho tempo para pensar, meu corpo se move antes que eu o
instrua a fazê-lo e eu a prendo na cama, todo o meu corpo forçando todo o
dela no colchão.
— Isso foi um erro leonessa, um grande erro.
CAPÍTULO SEIS
AMELIA
Tudo dele pressiona contra tudo de mim enquanto ele olha para o
meu rosto, a raiva fervendo em seus olhos. Eu duvido que ele esteja muito
acostumado com as pessoas respondendo a ele, especialmente desde que
ele, literalmente, me sequestrou. Sua mão envolve ameaçadoramente
minha garganta, os dedos mordendo, mas não cortando meu suprimento de
ar.
Meu peito aperta, o coração batendo contra minha caixa torácica tão
forte que eu tenho certeza que ele sente meu pulso batendo no meu
pescoço.
Meu filho está em algum lugar desta casa, com esses estranhos. Quem
está de olho nele? Um de seus brutos que ele empregou? Eu tenho que
descobrir uma maneira de chegar até ele, de nos tirar daqui.
Eu sabia que o pai de Lincoln era um Saint. Eu sabia disso e ainda
dormi com ele. Foi uma noite e depois de tanto tempo sem conseguir algo
que queria, resolvi pegar. Ele foi caloroso comigo, gentil até, apesar de sua
reputação e do sangue em suas mãos. Ele não forçou nada nem pegou nada
que eu não estivesse disposta a dar. Então nos separamos e nunca mais o vi.
Eu estava grávida de três meses quando descobri que estava
esperando um filho dele. Eu não disse a ninguém. Quando as pessoas
perguntam sobre o pai de Linc, eu digo que foi uma noite de sexo e nunca
trocamos detalhes. Os olhares sórdidos eram melhores do que dizer quem
ele realmente era.
Havia uma razão para os Saints serem os governantes de Redhill, eles
não chegaram a essa posição usando a bondade de seus corações. Eles
matam, roubam e manipulam seu caminho para seu trono, corrompendo
todos em seu caminho.
Eu não queria fazer parte daquela vida e também não queria que meu
filho a tivesse. Então, eu nunca disse a ele. Não que eu tenha tido a chance,
nunca mais o vi depois daquela noite de sexo.
Como essas pessoas sabem sobre Lincoln e eu, não sei. Eu os
subestimei e ao ver Gabriel ontem à noite, mesmo que eu não reconhecesse
o infame Cavaleiro mais jovem imediatamente, eu sabia que tê-lo lá era
muito pior do que meu padrasto ou qualquer um de seus comparsas.
Nunca esperei que os Saints descobrissem sobre Lincoln.
Luto inutilmente sob o peso de Gabriel, as cordas que me prendem à
cama cortam ainda mais minha pele, minha carne já molhada e escorregadia
do sangue que já mancha meus pulsos e tornozelos, encharcando os lençóis
sob eles.
Eu não quero morrer, não quero que meu filho seja criado sem a mãe,
mas era a única maneira dessas pessoas me impedirem de chegar até ele. Eu
vou lutar. Vou matar se for preciso. Eles não vão me manter longe dele.
— Você continua lutando contra mim, leonessa. — ele rosna,
apertando os dedos — Você quer morrer?
— Você não vai me manter longe dele! — Minha voz está tensa sob
sua mão. Ele poderia facilmente acabar comigo, meu nome seria apenas um
dos muitos que essas mãos eliminaram da existência. Eu não era nada.
Ninguém. Ele queria meu filho pelo sangue que compartilha com ele. —
Onde está Lucas? — Pergunto, estreitando os olhos. — É ele quem está
cuidando do meu filho?
— Você se importa com meu irmão? — Ele pergunta em vez de
responder. Ele ainda descansa em cima de mim, embora o peso tenha
mudado ligeiramente, não tão pesado quanto antes, embora o alívio fosse
um contraste com a mão em volta do meu pescoço.
— Não.
— É por isso que você manteve seu filho longe dele?
Eu zombo. — Não é como se ele tivesse se importado. — eu zombo, —
Mas mesmo se eu quisesse dizer a ele, eu não poderia, nós não trocamos
detalhes e nunca mais o vi. Eu teria sido estúpida se fosse procurá-lo.
Ele me larga, me soltando e se levantando.
— É disso que se trata? — Eu pergunto, puxando as cordas — Ele me
quer morta porque eu não contei a ele sobre Lincoln?
— Lucas está morto.
A respiração que eu estava tomando fica presa na minha garganta.
— O quê? — Eu consigo gaguejar.
— Ele está morto e eu estou reivindicando o que ele deveria ter há
muito tempo. Esse menino pertence aos Saints Amelia, você o manteve
longe de nós por muito tempo.
— Ele é uma criança, não uma posse, você não tem direito a ele!
— Você acha que Lucas não sabia? — Ele pergunta, sua boca torcendo
duramente. — Você acha que teria sido capaz de mantê-lo?
— Então onde ele estava? — Eu desafio.
— Lucas sabia tudo sobre Lincoln, tinha arquivos sobre você e ele,
observou você, esperou. Ele teria levado a criança eventualmente, você o
teria impedido?
— Eu o teria matado. — eu minto.
Ele zomba. — É mesmo, leonessa?
Ele já me chamou assim algumas vezes, embora eu não saiba o que
significa.
— Por favor. — eu imploro — Por favor, traga-me meu filho.
Ele me observa com curiosidade, os olhos se movendo do meu rosto
para os meus pulsos e depois voltando. Ele não diz nada enquanto gira e sai,
batendo a porta atrás de si.
Lágrimas ardem em meus olhos enquanto o silêncio se instala ao meu
redor. Meu coração bate descontroladamente dentro do meu peito, sangue
rugindo em meus ouvidos. A primeira lágrima cai, escorrendo pelas minhas
têmporas na linha do cabelo e agora a adrenalina está passando, eu sinto a
dor no meu corpo, a dor dos cortes nos meus pulsos e o latejar na minha
cabeça de onde ele me bateu.
Meus pensamentos estão cheios de Lincoln. E se eu nunca mais o ver?
E se eles me matarem e ele se esquecer de mim? Eles contariam a ele
sobre mim? Sobre a mãe que deu o melhor de si, mas não foi boa o
suficiente. Sobre a mulher que tentou mantê-lo protegido de seu passado e
deste modo de vida.
Eu queria protegê-lo disso, mas talvez fosse inútil. Supus que ser um
Saint não era a pior coisa que poderia acontecer. Ele seria cuidado. Ele teria
uma cama e calor e não questionaria de onde viria sua próxima refeição ou
se alguém do meu passado apareceria e o arrancaria.
Embora ainda doa saber que ele seria criado sem mim. Que eu não o
veria crescer.
Eu viro minha cabeça rapidamente quando a porta se abre para que
ele não veja minhas lágrimas.
Quem quer que seja, faz uma pausa, mas eu me mantenho afastada
dele, desejando-me parar as lágrimas, parar a dor.
Sem dizer uma palavra, ele cruza o espaço entre nós, pairando na
beira da cama antes de se inclinar e desamarrar a corda em meu pulso.
Minha cabeça se vira para encontrar um homem ao lado da cama. Ele é
jovem, mas tem uma riqueza de conhecimento naqueles olhos cinzentos.
— Essas parecem doloridas. — ele diz para mim, os olhos saltando
para os meus antes de rastrearem as lágrimas no meu rosto.
— Quem é você?
— Devon Cross. — ele responde.
— Você trabalha para ele. — eu acuso.
— Eu faço.
Ele abre uma caixa ao lado da cama, segurando meu pulso com
firmeza enquanto pega os suprimentos. Afasto minha mão dele, pronta para
acertá-lo o mais forte que puder em uma tentativa de escapar, mas ele a
segura com força, dolorosamente, os dedos cravados na pele em carne viva
ao redor do meu pulso. Ele olha para mim, um músculo pulsando em sua
mandíbula. — Eu posso ser um médico, Srta. Doyle, mas essas mãos tiraram
tantas vidas quanto salvaram. Não me provoque.
Eu congelo, estremecendo quando ele flexiona os dedos, empurrando
minha pele machucada e quebrada.
— Quero ver meu filho. — Eu exijo.
Ele sorri.
— Está me ouvindo, idiota!?
— Você é muito rude, considerando que sou o único aqui treinado
para tirar sua dor.
Eu zombo. — Eu não quero sua ajuda.
— Bem, você está recebendo de qualquer maneira.
Ele me abraça forte enquanto termina de pegar o que precisa e então
coloca sua bolsa no chão e se senta na cama, trazendo meu braço na frente
dele e em uma posição que eu não posso ver o que ele está fazendo.
Mastigo o interior da minha bochecha para me impedir de abrir minha
boca, em seguida, sibilo entre os dentes quando ele coloca algo frio e úmido
contra a minha pele que parece que ele acabou de colocar uma chama
aberta lá.
Ele continua como se eu não tivesse feito nenhum barulho, esfregando
o que quer que seja na ferida em volta do meu pulso. Ele também não é
gentil.
Eu cerro os dentes e mantenho minha boca fechada. Ele termina isso e
eu o sinto começar a enrolar um pano em volta do meu pulso que logo
percebo ser uma bandagem branca, escondendo as feridas por baixo.
— Eu tentaria ficar quieta e não lutar. — continua o médico.
— Você já foi amarrado a uma cama e ameaçado? — Eu falo.
— Sim.
Eu balanço minha cabeça. — E você espera que eu não lute sempre
que posso?
O lado de sua boca se inclina antes de passar para o meu próximo
pulso. Eu não faço barulho desta vez, mantendo meus dentes cerrados
mesmo quando a dor se torna insuportável.
— Você vai viver. — diz Devon enquanto guarda os suprimentos
médicos.
— Por agora. — Eu resmungo.
— Se Gabriel a quisesse morta, Srta. Doyle, você já estaria.
— Então o que ele quer?
Seus olhos percorrem meu corpo, agora contido na maldita cama, —
Seu palpite é tão bom quanto o meu.
— Vocês não podem manter meu filho longe de mim. — eu assobio.
— Podemos fazer praticamente qualquer coisa. — Ele se dirige para a
porta. — Aproveite sua estadia, Amelia. — Sua risada sombria perdura
muito tempo depois que ele saiu e fechou a porta atrás de si.
Deito-me no meio da cama em completo silêncio, não ouço nada do
resto da casa, nem vozes, nem música, nem passos. Não ouço meu filho
rindo ou o pequeno tamborilar de seus pés. Meu coração está quebrando.
Eu posso sentir isso. E ficar longe dele, sabendo que ele está com eles, é pior
que a morte.
Eu não consigo dormir.
Comida não me interessa.
Eu preciso do meu filho.
CAPÍTULO SETE
GABRIEL
AMELIA
Eu aperto meu pau na minha mão, apoiando uma mão no azulejo liso
da parede do chuveiro. A água cai em cascata na parte de trás da minha
cabeça enquanto observo minha mão, enrolada firmemente em volta do
meu pau, bombeando a dureza enquanto as imagens dela preenchem o
espaço atrás dos meus olhos.
O mero pensamento de sua carne nua sob a toalha foi o suficiente
para me deixar selvagem pra caralho. Resmungo enquanto me fodo com a
mão, os lábios entreabertos e a água quente escorrendo pela minha língua.
Amelia. Amelia. Amelia.
Bellisima. Linda.
Allegante. Tentadora.
Moglie. Esposa.
Eu bombeio com mais força, mais rápido, o nome dela ecoando na
minha língua, na minha cabeça. Eu posso imaginar aqueles lábios carnudos
separados, os olhos revirando para dentro de sua cabeça enquanto eu a
penetro, de novo e de novo, coxas largas, pernas abertas, boceta pingando
para mim enquanto meus dedos machucam suas coxas e meus dentes
apertam seu mamilo. Ela geme por mim, chora por mim, ela me implora
mais e mais...
Meus dentes estalam quando gozo, meus grunhidos altos no chuveiro,
voltando para mim das paredes de azulejos. Exausto, com os joelhos
tremendo, pressiono minha testa contra os ladrilhos enquanto meu pau
estremece e se contrai entre minhas pernas, minha liberação afundando
pelo ralo.
Porra.
Isso foi inesperado. A pura ferocidade da excitação e necessidade que
veio de vê-la em um estado tão vulnerável. Não há como negar a atração
por ela, mas isso... isso foi incontrolável.
Eu me lavo e saio do chuveiro, enrolando uma toalha em volta dos
meus quadris enquanto vou para o meu quarto. As luzes da cidade enfeitam
meus olhos, brilhando como um mar de estrelas à minha frente. Eu posso
ouvir o barulho das ondas quebrando contra a lateral do penhasco e ao
longe, o som de uma embarcação explodindo seus filtros de buzina pela
minha janela aberta.
Amanhã será um dia agitado. Há remessas chegando durante a noite
com minhas mercadorias e outras esperando chegar à minha cidade sem
pagar o pedágio. Com isso, eu estarei me casando com Amelia.
Aquela mulherzinha mal-humorada irá tornar tudo um inferno, eu
tenho certeza, embora eu não tenha descoberto como ela fará isso, visto
que não tem como ela escapar de mim.
Ela me desafiou no vestido hoje cedo, foi apenas uma amostra que eu
posso imaginar que seja viver com ela seria. Mas ela me respeitará.
E ela ouviu quando eu disse que não quero que outros homens vejam
o que é meu. Não importa quem ou porque ela, seu corpo, tudo, são meus e
eu não compartilho porra.
Eu vou marcá-la se for preciso.
Meus dedos se curvam na palma da minha mão, os músculos tensos.
Tudo isso pelo menino.
Eu quero seus segredos. Quero saber por que ela se encolhe quando
alguém se move muito rápido, como ela aprendeu a se defender. Onde ela
cresceu e como acabou naquele apartamento decadente e de merda com
meu sobrinho.
Seus arquivos eram extensos até certo ponto, eu tinha seu histórico
médico, sua educação, onde ela trabalha ou pelo menos costumava, as
informações que a tornavam cidadã, mas essas experiências, essas lições de
vida, não são coisas que você encontra em um arquivo.
Ela as dará para mim, ela dará tudo de si para mim.
Com um suspiro, largo a toalha e subo na cama, deixando os lençóis
me cobrirem.
Há um longo caminho pela frente.
Peguei um lápis pela primeira vez quando tinha quatro anos. Enquanto
crescia, eu não tinha permissão para fazer as coisas normais que outras
crianças faziam, eu nem sabia como segurar um lápis até ir para o jardim de
infância porque ninguém nunca me mostrou. Não havia blocos de
construção ou brinquedos, nem giz de cera ou canetas para desenhar.
Naquele primeiro dia em que entrei naquela sala de escola pública, cheia de
outras crianças, foi a primeira vez que tive alguma experiência com coisas
para brincar e pessoas com quem conversar.
As pessoas me dizem que eu não deveria me lembrar disso, pelo
menos não nos detalhes vívidos que eu lembrava, mas ainda assim eu
conseguia me lembrar de cada minuto daquele dia. Os ruídos, tão diferentes
dos sons de engasgo e tosse, ou gritos e choro. A risada ainda ecoava dentro
da minha cabeça de vez em quando, era um som tão estranho para os meus
pequenos ouvidos, alegre agora, mas antes, eu não tinha ideia do que
significava. Na época, em minha cabecinha inocente, presumi que as outras
crianças que gritavam de alegria estavam sofrendo. Devo ter rido em algum
momento dos meus primeiros anos, mas não o fiz naquela época e não o fiz
por muito tempo depois.
Sentei-me no canto daquela sala enquanto as outras crianças pulavam,
gritavam e corriam, eu observava. Outras crianças, havia outras crianças
como eu. Mas eles não eram nada parecidos comigo. Eu percebo isso agora.
A única razão pela qual acabei naquela sala com aqueles professores e
crianças da minha comunidade, foi porque minha mãe acabou recebendo
um cheque da prefeitura que pagou pelos meus cuidados. Depois da
primeira semana, fiquei mais confortável.
As professoras, tão gentis no rosto e gentis no contato, persuadiram-
me a sair do meu esconderijo até conseguirem me sentar à mesa com outra
garotinha. Ela usava óculos e tinha sardas por todo o rosto. Grandes olhos
azuis e trança era o que eu conseguia lembrar sobre ela. O nome dela estava
perdido na memória agora.
Elas colocaram um pedaço de papel totalmente branco na frente de
nós duas, plantaram um pote de giz de cera no meio e nos disseram para
desenhar.
A garota na minha frente fez isso imediatamente, sua mãozinha
mergulhando no pote de giz de cera colorido, tirando um verde eu apenas
olhei. Eu a observei, rabiscando no papel e fiquei hipnotizada com a cor
vazando do que eu pensei na época ser apenas um graveto em uma forma
engraçada. Meus olhos foram para o pote, para o arco-íris de cores ali e
selecionei um laranja. Parecia estranho na minha mão, como se meus dedos
simplesmente não conseguissem segurá-lo direito. Ele escorregou, caiu e
rolou para fora da mesa mais vezes do que eu poderia contar, mas
finalmente consegui segurá-lo e finalmente coloquei a ponta no papel. E eu
desenhei. Não desenhei nada além de linhas coloridas e formas estranhas,
mas desenhei pela primeira vez em meus curtíssimos quatro anos de vida.
Estava bem.
Eu gostei.
E no dia seguinte, quando minha mãe me largou na porta, sem nem
esperar que me levassem para dentro, peguei outro giz de cera e continuei.
Eu o carregava todos os dias em que estava lá até ter uma montanha de
papel contendo meus desenhos. Passei do desenho de linhas e formas ao
desenho de flores e prédios, tudo tão bom quanto uma criança poderia ser,
mas desenhando com o olho, aprendendo, ganhando confiança com o lápis,
com a cor e o papel.
Parecia libertador. Como se toda a energia dentro de mim estivesse
sendo impulsionada para este simples papel branco na minha frente.
E à medida que cresci, continuei a desenhar, durante todo o ensino
fundamental e no ensino médio, onde pude estudar a arte e aperfeiçoar
minha habilidade com outros que tinham imenso talento na arte. Foi lá que
descobri meu amor pela moda.
Assisti programa após programa, documentários, li livros. Adorei o
detalhe e o estilo, como não era só desenho, era uma parte de você
também, é o que você gosta, o que você percebe e molda em lindos vestidos
e saias e sapatos. Eu queria ir para a faculdade.
Claro, isso sempre foi apenas um sonho. Nunca uma realidade para
alguém como eu.
Eu sabia disso muito antes de minha mãe morrer e muito depois
também, a amarga decepção ficou para sempre em minha língua.
Já faz algum tempo desde que peguei um lápis e o coloquei no papel.
Eu duvido que você possa perder sua habilidade, mas quando olhei para
meus dedos, não pude ver belas criações saindo deles. Eu não conseguia
imaginar vestidos de baile e lingerie. A última vez que tive qualquer tipo de
inspiração foi quando ainda estava grávida de Lincoln, depois que escapei do
meu padrasto e comecei por conta própria. Eu não tinha muito, mas era
livre e isso bastava. Então, eu criava desenho após desenho, lia e via as
pessoas darem vida aos seus próprios desenhos usando agulhas e tecidos,
queria aprender essa arte a seguir, ou até mesmo encontrar alguém que
fizesse isso comigo. Mas então Lincoln nasceu e a realidade esmagadora da
minha vida caiu sobre meus ombros.
Eu não estava livre.
Nunca livre.
Demorou uma semana depois que meu filho foi bem-vindo a esta terra
para meu padrasto se mostrar e exigir de mim novamente, lutei e venci
dessa vez. Mas não foi a última vez que isso aconteceu. Aconteceu muitas
vezes e cada vez eu lutei.
Essa é a minha vida.
Sempre lutando e correndo. Tentei sustentar meu filho enquanto
lutava contra um desejo do passado de me arrastar de volta, então aquela
inspiração para criar foi afastada e depois mais ainda, até que se tornou um
pontinho em um mar de caos.
Eu não tinha tempo para isso. Não havia tempo para coisas que eu
gostava quando estava constantemente lutando pela sobrevivência, tanto
para mim quanto para meu filho.
Ser mãe solteira não é bonito. Não é abraços, risos e felizes para
sempre. É trabalho, trabalho duro, é lutar dia após dia tentando colocar
comida na mesa e esquentar a sua casa. Eu morreria por meu filho, mas
houve noites solitárias e tempestuosas em que desejei que isso nunca
acontecesse.
Se isso me tornava uma mãe horrível, então eu tinha que aceitar isso.
Mas aquelas noites sempre passavam, aqueles pensamentos deixavam de
existir no momento em que eu pegava o rosto do meu filho, via aqueles
grandes olhos castanhos e tufos de cabelos escuros, quando ele sorria, era
como se o mundo parasse de girar ao meu redor porque estava girando em
meus braços.
Nunca me arrependi de Lincoln, nem um pouco, mas desejei, muitas
vezes, poder dar-lhe mais.
Ele merece isso no mínimo.
Ele se mexe em meus braços onde eu deito na cama, embalando-o
para mim. O movimento é suficiente para me trazer dos meus pensamentos,
das memórias, do passado e de volta ao presente. Lentamente, seus olhos
se abrem, abrindo lentamente os grandes cílios negros enquanto ele se
concentra em meu rosto.
— Oi, menino precioso. — eu sorrio.
Covinhas instantâneas aparecem em suas bochechas e ele balbucia
sonolento.
A maior parte do dia já se passou e é quase hora de seu jantar e
banho. Eu não deveria tê-lo deixado dormir tão tarde, mas ele está ficando
tão grande agora, os momentos em que eu posso apenas segurá-lo são
poucos e distantes entre si.
Vou lidar com as consequências dessa decisão quando estiver
brigando com ele para dormir às três da manhã.
— Devemos encontrar um pouco de comida? — Eu pergunto, a voz
mais alta, mas tranquila.
Ninguém me perturbou hoje. Sem batidas nas portas ou intromissões,
sem visitas indesejadas do meu marido. Foi enervante, mas não indesejável.
Eu esperava pelo menos que Camille exigisse algum tempo com o neto, mas
até ela me deixou em paz.
No momento em que sua sonolência se dissipa, ele sai de meus braços
e rasteja pela cama. Eu o pego antes que ele caia e o coloco de pé,
deixando-o andar para fora do quarto. Há alguns guardas parados ao longo
do caminho, mas nenhum rosto que eu reconheço. Eu me mantenho perto
de Lincoln para me certificar de que ele não dê nenhuma volta ou caia, em
seguida, levanto-o para carregá-lo escada abaixo.
A casa está estranhamente silenciosa quando chego ao andar térreo.
— Olá? — Eu grito, segurando Lincoln com mais força.
— Sra. Saints! — Colt chama por trás, me assustando. Ele corre em
nossa direção.
— Colt?
— O Sr. Saint disse que você apareceria agora. — ele verifica o relógio.
— Uau, ele foi preciso.
— Com licença?
— Nada.
— Onde está todo mundo?
Colt desvia o olhar, não querendo falar sobre o assunto, reviro os
olhos, não é como se eu realmente me importasse, eles podem guardar seus
segredos.
Eu viro as costas para Colt e sigo para a cozinha, ouvindo seus passos
seguirem.
— Se você vai tomar conta de mim, o mínimo que pode fazer é vigiá-
lo enquanto eu preparo o jantar.
— Há um chef. — Colt franze a testa.
— Vou fazer o jantar para ele. — digo a ele — Ninguém mais.
Coloco Lincoln a seus pés e pego um bicho de pelúcia que alguém
obviamente pegou na sala e deixou aqui. Ele o pega com as mãos ansiosas.
Colt se senta em uma cadeira ao lado do meu filho, observando-o.
Começo a trabalhar, pego um pouco de brócolis e frango na geladeira,
encontro massa seca com ovos no armário. Separo uma refeição para
Lincoln e cozinho tudo antes de pegá-lo do chão e sentá-lo no meu colo,
passando-lhe uma colher para que ele possa se alimentar sozinho. Bem se
alimentar e o chão.
O silêncio tenso na sala aperta entre nós, a única vez que é
interrompido é quando Lincoln grita ou joga sua colher que Colt
silenciosamente pega e recoloca todas as vezes.
— Você esteve aqui o dia todo? — Eu pergunto eventualmente,
incapaz de aguentar o silêncio.
— Sim.
— Eu não ouvi você.
— O Sr. Saint disse que você não gostaria de ser incomodada, embora
eu estivesse ficando preocupado porque você não saiu do quarto o dia todo,
nem mesmo para tomar água.
— Você mandou bebidas. — eu acuso.
— Eu fiz.
— Obrigada.
Ele concorda.
Volto a observar Lincoln, ajudando-o quando ele precisa e elogiando
quando necessário.
— Não é tão ruim. — Colt diz momentos depois.
Lanço meus olhos para ele, estreitando-os. — O que não é?
— Estar aqui.
Eu zombo. — Não comece, Colt, já ouvi o suficiente.
Ele suspira, em seguida seu telefone vibra, então ele o puxa do bolso,
lendo qualquer mensagem que acabou de chegar. Ele o guarda
silenciosamente segundos depois e se levanta. — Boa noite, Sra. Saint.
Eu olho para suas costas enquanto ele se retira. Que porra foi essa?
Leva mais dez minutos para Lincoln terminar sua comida, depois de limpar o
que posso da mesa e do chão, levo-o de volta para o andar de cima para um
banho. Ele inunda o banheiro com seus respingos, mas é quando eu o
envolvo em uma toalha, fazendo cócegas em sua barriga que finalmente
recebo uma visita.
— Camille. — eu cumprimento, secando Lincoln antes de pegar uma
fralda e seu pijama.
— Você se importa se eu ficar com ele por algumas horas?
— Ele dormiu até tarde hoje. — eu digo a ela honestamente — Ele
não vai dormir por mais algumas horas.
— Tudo bem. — ela sorri.
Isso me pega de surpresa, é um sorriso caloroso, que genuinamente
alcançou seus olhos e iluminou seu rosto.
— Quero dizer, claro sim. — eu aceno — Sim.
— Obrigada, Amelia.
Minhas sobrancelhas puxam para baixo e eu levanto Lincoln,
passando-o para sua avó.
— Aproveite sua noite. — ela me diz antes de sair do quarto com meu
filho, que sorri para a mulher mais velha com puro amor em seus olhos. Ele
está apaixonado por ela.
— Você também. — eu digo muito depois de ela virar no corredor e eu
ficar sozinha.
Não por muito tempo, aparentemente, já que uma segunda figura me
agracia com sua presença em questão de minutos. Gabriel permanece como
um demônio enviado direto das profundezas do inferno. Em seu terno
escuro e com seu cabelo escuro, seus olhos saltam como estilhaços de fogo
de seu rosto, realçados ainda mais por sua pele morena oliva e sobrancelhas
baixas e escuras. Ele inclina a cabeça para o lado, os olhos vagando pelo meu
rosto e depois pelo meu corpo, que eu só está vestido com um par de
leggings e uma camiseta enorme que ainda está molhada dos respingos da
hora do banho.
— Esposa. — ele cumprimenta.
— Amelia. — eu corrijo.
Sua boca se curva para o lado. — Gostaria de se juntar a mim para
jantar?
Eu coloco a mão no meu quadril. — Eu tenho escolha?
Sua boca agora se abre em um sorriso completo e caramba, ele tem
covinhas também. — Absolutamente não.
Minhas narinas dilatam e a raiva corre através de mim com seu rosto
estupidamente bonito. — Vou me trocar primeiro. — digo a ele entre
dentes.
Ele se apoia no batente da porta e cruza os braços, esperando. A
audácia desse demônio!
Eu ando em direção a ele, aquele sorriso desaparece de seu rosto. Ele
observa, como um predador que nunca perde de vista sua presa, os olhos no
meu rosto, saltando entre minha boca e meus olhos. Chego perto, bem
perto, tão perto que sinto seu perfume de especiarias e couro e então
estendo a mão para a porta, empurro-o e puxo-a com força, deixando-a
bater em seu rosto.
Sua risada ecoa pela madeira e envia um arrepio na minha espinha.
CAPÍTULO DEZESSETE
GABRIEL
Ela sai do quarto cinco minutos depois, seu cabelo escuro preso em
um coque e agora vestindo um par de jeans largos e um suéter curto, com
os pés descalços.
Seus olhos não se levantam para encontrar os meus enquanto ela
passa, me dando as costas. O suéter curto que ela usa mostra apenas um
pequeno pedaço de pele na base da coluna. As curvas arredondadas de seus
quadris e a pele lisa de suas costas são suficientes para me deixar com água
na boca. Não há como negar que eu estou atraído por minha esposa.
Meus dedos coçam para se acomodar naquela carne macia em sua
cintura, para deixá-los seguir as curvas para baixo, sobre a bela
protuberância de sua bunda e através das coxas bem torneadas. Como se
sentisse meus olhos, ela finalmente olha para onde eu sigo. Eu roubo sua
atenção naquele momento, capturando-a. Não há como confundir a
dilatação da pupila quando ela olha para mim, não há como perder o jeito
que ela olha para o meu corpo e explora meu rosto. Amelia gosta do que vê,
mesmo que negue até ficar com o rosto roxo.
Ela continua a me observar em vez de para onde está indo.
Seu pé escorrega do degrau mais alto, eu me atiro, agarrando-a com
força e puxando. Suas costas batem contra meu peito e meus braços a
envolvem.
— Se você não estivesse muito ocupada olhando, leonessa, você teria
visto que estava prestes a descer as escadas quicando. Eu te aviso agora,
elas não perdoam.
Seu calor me pressiona através das minhas roupas, seu cheiro
invadindo meu nariz. Ela é suave e quente, convidativa pra caralho, o
completo oposto de tudo o que eu sou. Onde eu sou violento, ela é calma. O
sol depois da tempestade.
Sua respiração sai de seu peito e por um segundo ela se derrete contra
mim, desprotegida, mas esse momento dura pouco, pois ela está se
afastando e descendo as escadas o mais rápido que pode para fugir, com a
mão no corrimão para mantê-la firme.
Eu sigo em um ritmo muito mais vagaroso. Meus pés batem no
mármore enquanto caminho casualmente até a sala de jantar, onde nossa
comida já foi colocada na mesa. Ela se senta no final da mesa mais uma vez,
em vez de em seu lugar de direito ao meu lado.
Paro em sua cadeira, pressionando perto o suficiente para que ela
sinta o calor do meu corpo, mas não perto o suficiente para tocar. Um aviso.
Uma tentação.
Com um suspiro alto e agitado, ela se levanta da cadeira, as pernas
arranhando ruidosamente o chão de mármore e senta como uma criança
malcriada na cadeira mais próxima da minha.
Oh, o que eu daria para punir essa atitude dela. Como ela gritaria por
mim. Sua pele avermelhada pela palma da minha mão e seus gemidos altos
em meu ouvido.
Ela joga a bunda na cadeira e cruza os braços.
Demoro para pegar a minha, quando sento, coloco um uísque da
garrafa em um dos copos de cristal e ofereço a ela. Suas sobrancelhas
disparam e apenas hesitando por um momento, ela aceita a bebida. Eu sirvo
um para mim e me recosto, olhando para seu lindo rosto enquanto meu
dedo traça meu lábio inferior em pensamento. Ela toma um bom gole do
uísque, suspirando com o gosto.
— Posso me servir? — Ela pergunta.
Eu concordo.
Observo enquanto ela se inclina, coloca um pouco de purê de batata e
carne em seu prato, a carne se afogando em um molho vermelho escuro
que inunda sua comida. Ela acrescenta seus vegetais e volta a se sentar,
pegando a faca e o garfo.
— Por favor, pare de me olhar. — ela diz para a comida — Eu me
juntei a você para jantar como você exigiu, o mínimo que você pode fazer é
me dar paz.
— Paz? — Eu rio, mas dou o que ela quer, me servindo — Cadê a
minha paz?
— Você escolheu esta vida, Gabriel, você vive com as consequências.
— ela me diz, na verdade, seus lábios se fechando em torno de seu garfo
enquanto seus olhos disparam para mim.
— Parece que não é da minha vida que estou tendo problemas para
obter paz. — digo a ela — É você.
Ela sorri. — Ótimo. Espero te causar o inferno, Gabriel. Que você
nunca conheça um dia de paz.
— Ah, minha esposa, o tipo de sentimento que você desperta pode ser
considerado um pecado, mas confie em mim, meus pensamentos sobre
você estão tão longe do inferno que posso estar no céu.
Sua boca se abre.
Eu deixo os sabores da minha comida atingirem minha língua
enquanto ela continua a olhar. Ela abre a boca, fecha e abre novamente,
mas nenhuma palavra sai e finalmente, ela se volta para a comida, as
bochechas ficando vermelhas com um lindo e inocente rubor.
Com o canto do olho, observo-a comer silenciosamente a comida em
seu prato, tomando pequenos goles de sua bebida de vez em quando. Ela
não olha para mim, não me reconhece, mas aquele rubor ainda brilha sob a
superfície de sua pele cremosa, como se minhas palavras tivessem deixado
uma marca permanente.
Bom.
Espero que elas permaneçam dentro dessa bela mente dela, espero
que elas assombrem seus sonhos imaginando o que eu posso estar
pensando, como eu posso estar imaginando ela. Ela não me odiará para
sempre, eu tenho certeza disso, mas a mulher é teimosa como o inferno,
então eu posso estar errado.
Uma vez que seu prato está limpo - algo que noto com aprovação - ela
vira o resto de sua bebida e se levanta para sair.
— Você esperaria um momento, Amelia? — Eu pergunto.
Ela faz uma pausa. — Por quê?
— Eu tenho algo para você.
— Não quero nada de você, Gabriel. — ela começa a se afastar —
Obrigada pelo jantar.
— Por favor. — eu chamo a sua forma de retirada. Ela faz uma pausa,
com a mão na porta da sala de jantar, a coluna rígida. — Por favor, Amelia,
veja o que tenho para você. Se você ainda não quiser, então eu vou removê-
lo da casa.
Ela olha por cima do ombro, hesitante, mas então seus ombros caem e
ela gira, encostando-se na porta e cruzando os braços. Ela me observa
atentamente enquanto me levanto e vou até as prateleiras que revestem a
parede da sala, pegando uma caixa, decorada de forma simples com uma
fita vermelha, por baixo.
Eu coloco no final da mesa mais próxima a ela e me afasto. — Abra.
Com o maxilar cerrado, ela se aproxima da caixa, puxando a fita até
que ela se desfaça e se solte da tampa. Seu caderno de desenho está no
topo, que ela puxa primeiro.
— Você vasculhou meu apartamento!? — Ela ferve.
— Eu fiz.
— Você não tinha o direito!
— Por favor, continue procurando. — Ela com raiva joga seu caderno
de desenho na mesa e puxa o próximo item. O caderno de desenho que
escolhi para ela é encadernado em couro preto, as páginas grossas e prontas
para qualquer coisa que sua mão possa criar. Abaixo disso são novos, lápis
de desenho de primeira linha junto com canetas, tintas e lápis de cor. Ela é
muito mais gentil com esses itens, dedos acariciando-os enquanto ela os
puxa um por um, como se estivesse fazendo isso inconscientemente.
— O que é isto?
— Foi a única coisa pessoal que encontrei naquele apartamento,
Amelia. Algo obviamente amado.
— Mas por quê?
— Não há razão para que você não possa aproveitar o tempo que
passa aqui, pensei que isso poderia ser o que você queria.
— Faz muito tempo que não desenho.
— Você não é obrigada a fazer nada, é um presente, que você pode
aproveitar se quiser.
— Eu quero. — ela sussurra, olhando para mim rapidamente antes de
olhar para os itens — Obrigada.
— Eu também gostaria de me oferecer para pagar suas aulas.
— Desculpe?
— Você não tem diploma.
— Não. — ela range.
— Eu gostaria de ajudar a conseguir um para você. Você é muito
talentosa Amelia, deveria fazer algo com isso.
— Você não pode me dizer o que fazer! — Amelia rosna para mim,
empurrando a tampa da caixa de volta. — Obrigada pelos presentes, mas
não posso aceitar.
Deixando a caixa e seu velho caderno de desenho onde estão, ela
corre para a porta.
— Se você mudar de ideia, vou deixá-los aqui. Recolha-os sempre que
quiser.
— Boa noite.
A porta bate com força suficiente para que os quadros pendurados na
parede chacoalhem com o baque.
Já passa da meia-noite, mas como todas as noites desde que Amelia
está sob meu teto, eu estou inquieto. Nenhuma quantidade de álcool pode
acalmar o desejo de encontrá-la, procurá-la e a menos que saia da minha
própria casa, eu sou incapaz de resistir ao desejo.
Meus pés estão silenciosos enquanto subo as escadas e me desloco
pelo corredor em direção ao quarto dela. Um guarda está a poucos metros
da porta, não para mantê-la dentro, mas para protegê-la. Com tudo
acontecendo nesta cidade, com minha família sendo ameaçada, eu não
arriscaria com a minha mulher ou meu sobrinho. Até que eu encontre o rato
dentro da minha organização, um guarda permanece aqui. Ele acena com a
cabeça uma vez e dá um passo para o lado, deixando-me passar. A porta não
faz um único ruído até que se solte com um clique suave, em seguida, gire
silenciosamente para dentro. O quarto está banhado pela luz suave da lua
cheia, as cortinas ainda abertas e encontro Amelia no meio da cama, de
frente para as janelas como se tivesse adormecido olhando as estrelas e o
mar além. Ela respira uniformemente, seu cabelo escuro espalhado sobre o
travesseiro atrás dela, as linhas de seu rosto relaxadas, cílios tremendo
enquanto ela sonha.
Meus pés me carregam para mais perto, os olhos se afastando de
minha esposa adormecida por apenas um momento para mergulhar na
criança embalada em seus braços, dormindo tão pacificamente quanto ela.
Um berço foi colocado para a criança ao lado da cama porque eu
duvido que ela fosse permitir que ele dormisse separado dela, mesmo que
eu tenha preparado um quarto para ele, mas eventualmente ela vai
permitir, eu espero.
Seus lábios se abrem em um suspiro e meus dedos coçam para
avançar, para pressionar meu polegar naquele lábio inferior carnudo e sentir
sua respiração na ponta dos meus dedos.
Ela é uma obsessão crescente, um vício que está facilmente se
prendendo ao meu ser. Estou ciente dela.
Mulheres, elas vêm e vão, nenhuma prendendo minha atenção como
ela fez e ela me odeia.
Eu não a culpo.
A vida que levo tem suas crueldades e com elas me tornei o homem
que sou. Pego sem pedir, roubo, mato, destruo onde devo, mas com ela não
quis.
Eu quero que ela venha de bom grado.
Seu desrespeito me irrita e me excita ao mesmo tempo, sua luta e
fogo um afrodisíaco que acende algo tão primitivo dentro de mim que
parece que um animal está prestes a ser solto de uma jaula. Incapaz de me
ajudar, eu me inclino para frente, arrastando a ponta do meu dedo
iluminando seu rosto, um quase beijo de pele que queima onde se encontra.
Eu o movo em torno da linha de seu rosto, em direção ao seu cabelo que
parece seda, em seguida, coloco uma mecha errante atrás da orelha,
deixando meu dedo seguir a curva do lóbulo da orelha.
Não sei quanto tempo fico olhando para a mulher, mas finalmente
saio, meus músculos tensos e a coluna reta, cada passo me sentindo errado
e repugnante.
Eu preciso que Amelia seja minha.
De todas as formas imagináveis.
CAPÍTULO DEZOITO
AMELIA
Eu olho pela janela no caminho de volta para casa, o sol refletindo nas
ondas bem abaixo da estrada no topo do penhasco. Voltando, continuo
subindo até passar pelos portões que levam à casa e além disso, para
Amelia.
Só quando estou diminuindo a velocidade é que percebo que os
portões estavam abertos, que o terreno estava muito quieto.
Deixo o carro no pátio, o sol batendo na minha nuca, mas não é isso
que me deixa quente.
Em um mundo tão perigoso quanto o meu, é prejudicial aprender
quando e como confiar em seu instinto. Pode significar a vida ou a morte a
qualquer momento e aquela sensação, aquela em que você sabe que está
sendo observado, perseguido, quase sempre é real. Eu não paro, mas
sutilmente enfio a mão no meu paletó, tirando a arma do meu lado do
coldre, clicando com o polegar na trava de segurança. Quando chego à
porta, encontro-a entreaberta.
Cerrando os dentes, eu abro para encontrar um massacre dentro.
CAPÍTULO VINTE
AMELIA
Foi muito depois que Gabriel saiu que decidi sair do quarto com
Lincoln. Eu sabia que ele não estava aqui, estranhamente meu corpo está
assustadoramente sintonizado com sua presença. Meu coração bate um
pouco mais rápido, meu sangue e minha pele estão um pouco mais quentes.
Meus lábios ainda queimam com o beijo, eu ainda posso sentir o gosto
dele na minha língua.
Com Lincoln nos braços, eu o carrego até a sala, colocando-o no chão
e cercando-o de brinquedos de um balde colocado ao lado do braço do sofá.
Enquanto ele está distraído, sirvo-me para o bar montado ao lado das
grandes janelas salientes que dão para o pátio da frente. Havia um frigobar e
várias garrafas de destilados caros na prateleira, mas eu apenas pego água.
Nate está por aqui em algum lugar, eu o vi depois que saí do quarto,
mas foi Colt quem nos seguiu e está parado na porta, de costas para mim.
Eu me pergunto se poderia dominá-lo, tentar escapar novamente, mas
algo interrompe essa linha de pensamento. Digo a mim mesma que é
porque não quero que nada de ruim aconteça com Colt.
Independentemente de para quem ele trabalha e de como foi forçado a
tomar conta de mim, eu não quero que ele sofra nenhuma consequência.
Gabriel parece razoável – sequestro e prisão domiciliar – mas há uma razão
pela qual seu nome sozinho poderia fazer alguém mijar nas calças.
Com Lincoln ocupado no chão, eu me enrolo no sofá, meu livro de
moda no colo. A oferta que Gabriel tinha dado está em um loop constante
dentro da minha cabeça. Eu disse a ele que pensaria sobre isso, fiz um
acordo com ele, mas não havia barganhado pelo que ele disse. Pelo que ele
havia me chamado e visto em mim.
Corajosa? Eu não era corajosa. Eu não sou corajosa.
O que é coragem se eu estou com muito medo de aceitar uma oferta
genuína que pode me ajudar. Talvez seja porque veio dele? Não sei.
Eu estou certa embora. Estar perto dele, aceitar as coisas dele, é um
jogo perdido.
Não há como eu sair vitoriosa.
Suspiro e abro o livro, passando a mão pelas páginas familiares que li
do início ao fim tantas vezes que perdi a conta.
As palavras e imagens familiares ocupam aquele espaço dentro de
mim, a parte da minha alma que entreguei ao desenho e ao design de moda
tantos anos atrás. A coisa toda fez minhas mãos coçarem com a necessidade
de pegar meu lápis novamente, para desenhar um pouco mais, mesmo
depois de pegá-lo pela primeira vez em anos apenas ontem à noite.
— Ei, Colt? — Eu chamo.
Ele se vira para mim, mas quase imediatamente, seus olhos se voltam
para a janela atrás de mim e se arregalam. — Abaixe-se! — Ele brada.
Ele avança para mim, meu corpo ficando rígido assim que um estalo
alto soa e o vidro se estilhaça.
Ao meu lado, Lincoln grita no momento em que Colt cai em cima do
meu corpo. Uma umidade quente penetra na minha camiseta
imediatamente.
— Colt? — eu guincho.
Ele não responde.
— Colt!? — Eu tento novamente, empurrando-o. Há um zumbido
dentro da minha cabeça, pânico e medo impulsionando a necessidade de
tirá-lo para que eu possa chegar ao meu filho. Ele geme.
— Colt! — Eu grito, tremendo.
Empurro seus ombros assim que o som de cascalho sendo esmagado
sob os sons do lado de fora da janela quebrada.
Lentamente, ele se levanta, os olhos não se voltando para mim, mas
para a janela antes de encontrarem os meus. Ele não parece com medo, mas
com raiva. A dor enrugou suas feições, mas ele não reage.
— Corra. — ele resmunga — Esconda-se, Amelia.
— O que é isso?
Estou com muito medo de me virar e no momento em que ele
consegue se empurrar lentamente, eu estou me movendo.
Outro pop ecoa na sala. A bala cai na parede, seguida por várias
outras. Colt é atingido novamente e desta vez ele grita, a bala atravessando
sua coxa.
Eu me enrolo em torno de Lincoln, em seguida, arrasto nós dois para o
canto da sala, colocando-nos atrás de uma estante.
Encontro os olhos de Colt. Eu não posso simplesmente deixá-lo. Não
posso…
Seu sangue escorre de sua ferida, manchando o sofá, mas ele apenas
olha para mim — Esconda-se.
— Colt... — Eu respiro, o medo segurando minha voz como refém.
— Vá, Amelia.
Enquanto ele diz essas palavras, Nate entra furioso na sala, os olhos
primeiro encontrando um Colt ferido no sofá antes de pousar em mim e em
Lincoln. — Vamos! — Ele ordena. — Mova-se agora!
Eu não me mexo.
Não posso me mover.
— Amelia. — ele suaviza — Vamos, vamos.
De repente, ele se abaixa quando outro tiro ressoa.
— Vamos! — Ele rosna.
De alguma forma, consigo ficar de pé, caindo em sua direção. Ele
agarra Lincoln de mim, segurando-o em um braço contra seu quadril
enquanto o outro me agarra, me enrolando nele, protegendo nós dois com
seu próprio corpo.
Ele está usando a si mesmo.
Minha garganta queima com um grito que eu quero soltar, minha
cabeça zumbe tanto com os ecos dos tiros quanto com o grito de Lincoln.
Ele nos empurra pela casa, em direção ao escritório de Gabriel. Parecia
aberto no hall quando cruzamos, muito quieto, muito exposto.
O grito irrompe de mim no momento em que ouço um grande
estrondo atrás de mim, a porta da frente se abrindo e gritos berrando.
— Corra! — Nate grita, forçando Lincoln de volta para os meus braços
e me empurrando. Homens correm em minha direção, reconheço seus
rostos, mas não param, passam correndo, um exército indo para a batalha.
Tudo explode em uma confusão caótica de estrondos e gritos, batidas
pesadas e gritos de dor.
Eu corro.
Não tenho vergonha. Enrolo meu corpo em torno de Lincoln, meu
único pensamento é afastá-lo do perigo. Meus pés batem no chão de
mármore, minha respiração cortando meu peito quando eu irrompo pela
porta do escritório de Gabriel e praticamente jogamos nós dois debaixo da
mesa, rolando de tal forma que meu corpo leva o peso da queda. Minha
lateral, bem na parte inferior da minha caixa torácica, bate na borda, a dor
estourando através de mim e as estrelas florescendo atrás dos meus olhos,
mas eu a empurro para trás, afasto me enrolando em Lincoln para protegê-
lo.
Eu me encolho a cada tiro, a cada grito, Lincoln ainda chorando em
meus braços.
— Shh. — minha voz treme — Shh bebê, está tudo bem.
Embalo sua cabeça, balançando-o no pequeno espaço apertado.
Memórias tentam inundar, memórias de quando eu era uma garotinha, me
escondendo no armário embaixo da pia enquanto meu padrasto gritava e
destruía o lugar, jogando pratos e quebrando móveis, procurando por mim
para que ele tivesse um corpo para descarregar sua raiva.
Costumava ser minha mãe. Mas ela se foi e a próxima melhor coisa
para ele era eu.
Eu ficava sentada no armário por horas, minha mão pressionada com
tanta força na boca que ficava com uma marca vermelha ou hematoma, mas
isso era melhor do que a dor que ele causaria. Ainda guardo muitas
cicatrizes causadas por ele, nas coxas, nas costas, no alto dos braços.
Mas eu aprendi a me esconder, assim como eu estou fazendo agora,
mas desta vez, eu não estou me escondendo para mim, isso é além de mim,
isso é para o meu filho.
Eu sei que as pessoas estão morrendo. Eu posso ouvir seus corpos
caindo, seus gritos borbulhantes, mas eu fiquei com ele.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, meu coração bate
descontroladamente dentro do meu peito, mas de alguma forma, de alguma
forma, meu balançar e arrulhar acalmou os gritos de Lincoln.
Eu continuo esse balanço suave para frente e para trás, a parte de trás
de sua cabeça em concha na minha mão, sua bochecha no meu peito.
Minhas lágrimas são silenciosas, minha angústia é interna, mas me sinto
dilacerada.
O silêncio cai, como um peso de chumbo que cai sobre a casa, eu
respiro fundo, prendendo a respiração, minhas lágrimas queimando minhas
bochechas até caírem na juba de cachos escuros rebeldes de Lincoln. Ele
chupa o dedo, seus pequenos tremores secundários do choro balançando
seu corpo enquanto ele soluça.
— Onde ela está? — Alguém diz.
Eu engulo.
É nauseante, ter uma dose dupla de medo. Medo de seu passado, de
suas memórias assombrando você e o presente do agora e do perigo muito
real.
Eles nos matariam.
Por essa pergunta sozinha, eles estavam procurando por mim.
Pelo meu filho.
— Encontre-a! — Alguém manda.
Eu posso sentir um choro borbulhando na minha garganta, então eu
pressiono minha mão sobre minha boca e nariz, abafando o barulho.
— O suficiente! — Alguém grita. Aquela voz, porém, eu a reconheço.
Eu sabia disso, mas em meu pânico, em minha dor e meu medo, era uma
confusão borrada dentro da minha cabeça. Mas eu sabia, oh merda, eu
sabia, mas quem!? De onde eu sabia. — Vamos.
— Mas você a queria! — Alguém diz.
— Haverá outra hora. — há pura convicção nesse tom, naquela voz
familiar. — Ela não vai escapar de mim.
Ouço botas se movendo pela casa, seguindo essas ordens. Eles não
ficam me procurando, mas eu não me mexo. Eu não dou um pio.
Aprendi há muito tempo que palavras não significavam nada, mentiras
são tão facilmente alimentadas quanto água de uma torneira e até que eu
tenha certeza de que essa casa está vazia de inimigos, eu ficarei aqui, onde é
seguro.
Há uma garotinha dentro de mim que ainda vive. Que ainda teme
voltar para casa, teme sair de seu esconderijo. Há uma garotinha dentro de
mim que via essas pessoas e imediatamente reconhecia o perigo e a dor.
Gosto de dizer a mim mesma que cresci, que venci esses terrores, mas estou
mentindo.
Estou sempre mentindo para mim mesma e tenho certeza de que
sempre mentirei.
Coloque uma frente dura e talvez, talvez, isso se torne verdade.
Mas eu fico embaixo daquela mesa, embalando meu filho, embalando-
o até que ele adormeça contra mim e então soluço silenciosamente. Choro
por mim, pelo meu passado, pelos meus pesadelos e pela minha dor, choro
pelos homens mortos ou moribundos do outro lado da porta e choro pela
minha liberdade. Choro pela liberdade que não tenho e nunca terei.
Não por causa de Gabriel e seu casamento forçado, não porque eu
estou presa dentro dessas paredes, eu nunca estaria livre do pesadelo que
era minha vida, meu passado e meu presente.
Eu estou quebrada.
Constantemente assombrada por meu abuso passado, lembrado todos
os dias de como eu estava falhando, de como não podia prover.
É quando estou perdida nessa turbulência que ouço a porta do
escritório se abrir.
Meu coração pula em minha garganta.
Gabriel pode dizer o quanto sou corajosa, a quão corajosa, mas eu não
quero morrer. Eu faria qualquer coisa para proteger meu filho, mas não
quero morrer, há uma diferença.
A batida de passos ecoa dentro de meus ossos, o som distinto de
roupas se esfregando, de um anel batendo contra o metal.
Dedos em uma arma.
Fecho os olhos e penso no que poderia fazer.
O que eu poderia fazer?
Se eles não tivessem ido embora, haverá muito mais deles do que de
mim. Eu não tenho armas. Nada que resistisse a uma bala ou faca.
Movendo-me um pouco, tento ficar o mais quieta possível enquanto
movo Lincoln para deitar no tapete atrás do meu próprio corpo. Pelo menos
eu poderia ser um escudo.
Eu me seguro de forma a mantê-lo escondido e observo o espaço à
minha frente, esperando a exibição das pernas.
É como se minha respiração estivesse cortando com um eco alto
dentro do meu peito, que quem está na sala comigo pode ouvir o chiado dos
meus pulmões.
Ele se aproxima.
Mais perto ainda. Até que seus passos firmes batem à esquerda da
mesa e depois giram.
Calça de terno preta. Sapatos de couro preto e postura ampla.
Uma mão bate no tampo da mesa enquanto a outra cai, uma postura
relaxada, uma arma segura entre dedos fortes e hábeis.
Ele se agacha e um grito aumenta, pronto para arrancar de mim, até
que seu belo e cruel rosto aparece.
— Gabriel! — Eu choro.
Não penso antes de me lançar.
Ele não hesita em me pegar, envolvendo seus braços grossos em volta
de mim, à arma descansando contra minha espinha. Ele enterra o rosto no
meu cabelo enquanto enterro o meu em seu pescoço, respirando o cheiro
agora muito familiar dele, especiarias e couro. O cheiro acalma o terror.
— Peguei você, leonessa. — ele acalma — leonessa mia, estou com
você.
— Lincoln. — eu soluço em seu pescoço.
Ele faz uma pausa. — Ele ainda dorme.
Eu caio contra ele, deixando-o me trazer ainda mais em seu peito,
seguindo seu corpo enquanto ele se posiciona para sentar e me arrasta para
seu colo, me embalando quase da mesma forma que segurei meu filho.
Estou enrolada em seu colo, em algum momento do movimento, ele deixou
cair a arma no chão, ainda a uma distância de agarrar ao lado de sua coxa,
mas ele soltou em favor de pressionar a palma da mão na minha coluna, a
outra no meu cabelo, segurando meu rosto em seu ombro enquanto eu
choro.
Eu não tenho vergonha de aceitar o conforto, de deixá-lo me abraçar.
Eu preciso disso.
Depois de tudo isso, eu preciso dele.
E esse pensamento por si só é tão aterrorizante quanto a provação
pela qual eu acabei de passar.
CAPÍTULO VINTE E UM
GABRIEL
Eu a deixo dormindo.
Fechando a porta, eu a deixo destrancada enquanto faço meu
caminho de volta para baixo, firmando minha respiração na esperança de
esconder a fúria que estou sentindo atualmente. Sentir sua boceta apertada
contra mim, não importa as circunstâncias, não é uma memória que eu
esquecerei tão cedo.
A limpeza está atualmente ocupada lidando com o sangue coagulado
na casa, mas eu não dou atenção a eles enquanto vou para a cozinha e para
a porta nos fundos. O silêncio me cumprimenta quando a abro e desço as
escadas íngremes até o porão, encontrando a grande porta de metal à
minha frente selada.
O som de gritos e gemidos saúda meus ouvidos quando a abro. Atlas
está na frente de um dos homens, pendurado em cordas pelos pulsos e
suspenso por um gancho pendurado em um poste que se estende de um
lado a outro da sala. O cheiro de mijo me atinge um momento antes de eu
notar a poça sob os pés pendurados do homem.
— Já se mijou? — Eu falo — E ainda nem começamos.
Asher fica silenciosamente de lado e meu executor, um homem de
poucas palavras que poderia fazer você se irritar com apenas um olhar, está
nas sombras da sala. Tão irmão para mim quanto os gêmeos, mas não
compartilhamos sangue.
— Enzo. — viro minha cabeça preguiçosamente em direção ao homem
— Presumo que ver você fez nosso convidado esvaziar a bexiga.
Eu pedi a ele para permanecer invisível nas últimas semanas, não
queria assustar Amelia. Porque isso é o que Enzo faria, ele é as histórias de
fantasmas sobre as quais as pessoas sussurram, o demônio feito de carne e
osso, enquanto todos nós gostamos de matar, este homem vive para isso.
Respira por isso.
Ele é ameaçador.
Ele sai das sombras e eu rio.
Quando conheci Enzo há uma vida, eu o subestimei. Ele era um
menino bonito e tomava muito cuidado com sua aparência. Cabelo loiro
escuro, penteado e arrumado com perfeição e um bronzeado escuro com
olhos azuis e um sorriso branco. Ele fez as mulheres largarem a calcinha com
um sussurro de seus dedos, mas essas mesmas mãos arrancaram línguas
com nada mais do que pura força.
Por baixo de seu terno cinza engomado, eu sei que centenas de
tatuagens marcam sua pele, quando ele não está aqui trabalhando para
mim, ele governa os ringues de luta underground, um campeão e Deus entre
os foliões que vivem para o caos.
E enquanto alguns podem olhar para ele e ver aquele rosto, são os
olhos que carregam a ameaça. A promessa de dor, sangue e morte.
Ele não fala.
Ele não sorri.
O homem pendurado fica mortalmente imóvel ao ver meu executor.
— Então, você já ouviu falar dele. — observo com um sorriso — Sua
reputação o precede, Enzo.
Eu passo ao redor da urina, torcendo meu nariz em um sorriso de
escárnio. — Você ouviu as histórias de Enzo, não é? Você sabe o que ele fará
com você se você não falar. Quem te mandou?
Seus olhos injetados saltam pelo espaço úmido antes de pousar nos
corpos inconscientes de seus homens. Devon provavelmente os sedou
enquanto os examinamos como os ratos inúteis que são.
O homem finalmente olha para mim e cospe. A saliva sangrenta cai na
minha bochecha. Com um suspiro, enfio a mão no paletó e a limpo com um
lenço antes de balançar a cabeça para que Enzo dê um passo à frente. Eu
arrasto uma cadeira para frente, sentando nela enquanto observo Enzo
acertar um soco no estômago do cara. A saliva voa de sua boca enquanto ele
grunhe, engasgando para recuperar o ar.
Ele bate nele novamente. Novamente. Novamente. Até que o homem
fica pendurado lá, frouxamente, a cabeça pendurada entre os ombros e a
baba escorrendo de seus lábios entreabertos.
Enzo recua. — Espere, Enzo. — Eu ordeno.
Ele para e dá um passo para trás, inclinando a cabeça como um animal
para o homem à sua frente. Ele estende a mão e agarra o queixo em um
aperto forte, forçando-o para que eu possa ver.
— Você assustou minha esposa. — digo a ele. — Você causou dor a
ela.
— Bom. — ele cospe.
— Você sabe. — eu puxo uma faca da mesa de ferramentas,
deslizando a lâmina em meu dedo, apenas suavemente, mas é o suficiente
para separar minha pele e deixar o sangue escorrer pelo dedo. — Isso não
teria sido tão ruim se você não a tivesse assustado. Para cada lágrima que
caiu, receberei o pagamento de você.
Enzo sorri, o doente fodido, mas eu não posso deixar de sorrir
também.
— É a minha esposa. — Meus pés param na frente de seu corpo
pendurado. — Minha esposa! — Eu berro, a raiva se intensificando ao
imaginar aquele hematoma, aquelas lágrimas e aquele terror. Eu reajo sem
pensar, cortando a lâmina em um ângulo na lateral de seu rosto e
arrancando um pedaço de carne e músculo.
Ele grita. A carne bate no concreto, aterrissando na poça de mijo com
um tapa molhado.
— Quantas lágrimas você acha que isso valeu?
Enzo mostra três dedos.
— Apenas três. — eu aceno.
O homem chora, lágrimas molhadas de sangue escorrendo pelo ranho
e pela baba. Eu levanto minha mão e pressiono as pontas dos meus dedos
na ferida exposta, pressionando com tanta força que sinto seus dentes
empurrando para trás em mim.
— Quem te mandou? — Eu pergunto.
Sua boca se move, mas nenhuma palavra sai. Eu atiro para frente
novamente, cravando a faca até o cabo em seu abdômen. E então faço de
novo.
Sangue jorra de sua boca, respingando em meu rosto.
— Você vai matá-lo. — Atlas diz calmamente.
Eu tenho outros dois para usar, então não paro. Eu bato de novo, de
novo, até que tudo que eu posso ouvir é o rasgo molhado da pele e o
constante gotejamento, gotejamento de sangue que vaza de seu corpo e cai
de minha mão.
— Chega. — Asher me diz. Mas eu sou a porra do rei e é o suficiente
quando eu digo que é o suficiente. Eu bato a faca em sua têmpora.
— Que tal agora, Enzo? — Eu rosno. — Quantos vale isso?
Ele grunhe em resposta e se move para derrubar o corpo. Uma vez
que está claro, olho para os outros dois corpos na sala e sorrio quando vejo
que um já está acordado e olhando para nós com um olhar horrorizado e
enojado. O terror é fácil de reconhecer, brilha como um espelho, exceto que
você não pode ver a si mesmo, mas pode ver tudo o que compõem uma
pessoa. E este homem está apavorado.
— Traga-o para cima. — ordeno — Vamos ver se ele tem a língua
solta.
E assim vai.
Ela tenta me evitar.
Tentativas.
E falhas.
Jantamos todas as noites, ela senta perto de mim, conversamos.
Eu a encontro desenhando com mais frequência do que nunca agora,
seu caderno de esboços quase cheio de ponta a ponta com lindos vestidos e
outras peças. Eu roubei olhares para dentro várias vezes nas últimas duas
semanas, tirando fotos dos meus favoritos para que eu pudesse mantê-los.
Marquei como prometido, as aulas dela para que ela comece a
trabalhar em direção ao seu objetivo, mas elas começam no início do
próximo semestre, aqui em casa.
Embora a cidade ainda não estivesse quieta e eu tivesse perdido mais
gado e homens em tiroteios sangrentos e assaltos à meia-noite, ela havia se
acalmado desde o ataque a casa. Eu reforcei o terreno, empreguei mais
homens, mais câmeras, substituí as janelas na lateral da casa por vidro
reforçado e segurança mais pesada e medidas de bloqueio. Amelia não está
insegura em minha casa, em nossa casa.
Minha esposa está segura aqui. Comigo.
Mesmo que ela lute contra isso a cada maldito passo do caminho.
Ela não permite que eu chegue perto de novo, não permite que eu
prove seus lábios, me afogue em seu cheiro, mas ela vai quebrar. Eu sou
paciente. Não aceito o que ela não esteja pronta para dar.
Mas eu sei que não é um problema de atração. Ela me quer.
Eu vi isso em cada olhar roubado, em cada movimento sutil de seu
corpo, desde quando ela me pegou na academia de casa, malhando apenas
de short e me admirou secretamente quando pensou que eu não podia ver.
Suas coxas pressionadas juntas e ela assistiu, extraindo sua satisfação.
Ela se torturou.
E se alguém conhece a tortura, esse alguém sou eu. Ela continua, por
um curto período de tempo, ela se agarra a essa determinação teimosa e
suporta a turbulência dentro de si. Ela vai negar a si mesma, o que quer e
precisa porque na cabeça dela, bem neste momento, está certa.
Pelo que descobri, a garota lutou a vida inteira. Ela tem visto
dificuldades mais do que a maioria, lidou com a dor como se fosse moeda e
eu ainda estou descobrindo.
Como um homem que tem tudo, eu quero ganhar seus segredos e seu
passado.
Eu me inclino para trás na cadeira, levando minha taça de vinho aos
lábios.
— Agora você já teve tempo para se instalar, esposa. — eu sorrio
quando seus olhos disparam para mim com a menção daquela palavra
temida. — O que está achando da casa?
— Tudo bem. — ela engole, com os olhos fixos onde o copo encontra
minha boca.
— Há alguma mudança que você gostaria de fazer?
— Não… espere. — ela balança a cabeça — Sim, na verdade.
Coloco o copo na mesa e coloco as mãos sob o queixo, entrelaçando
os dedos para poder descansar a cabeça enquanto ouço. — Prossiga.
— A piscina.
Eu aceno, imaginando a extensão dos fundos da cozinha que leva à
piscina, uma estrutura de vidro com teto deslizante para deixar entrar o sol
ou as estrelas e olhar para o mar. É um lugar favorito meu.
Faz algum tempo que não nado, mas adorava fazê-lo enquanto crescia
e agora, a água acalmando minha alma tanto quanto ouvindo o mar e a
forma violenta como ele bate nas falésias.
A porta da sala de jantar se abre e Asher entra com passos pesados e
exigentes. Eu seguro uma mão, ordenando-lhe que pare e fique em silêncio.
— Gabriel. — ele começa.
— Enquanto minha esposa estiver falando, você ficará quieto.
— Não. — Amelia começa — Está tudo bem, eu só...
— É respeito, Amelia. Você é minha esposa e eles vão tratá-la como
me tratam.
Eu olho para Asher, que abre a boca como se fosse discutir, mas ele a
fecha rapidamente, cerrando os dentes e dilatando as narinas com irritação.
— Vá em frente, Amelia.
Ela olha para Asher momentaneamente. — A piscina, a porta não tem
fechadura.
— Sim?
— Lincoln não sabe nadar.
— O menino não consegue alcançar a maçaneta. — Asher interrompe.
Eu olho para ele. — Eu vou resolver isso.
— Sério?
— Sim.
Asher zomba.
— Algum problema, irmão?
— Sem problemas, irmão. — ele olha para nós dois — Mas eu tenho
assuntos a serem resolvidos.
— O quê? — Eu mordo.
— Aqui?
— Asher, vou perder minha paciência com você. — eu aviso — O que
é?
— Eu estou indo.
Eu avanço, agarrando Amelia pelo pulso, gentilmente persuadindo-a a
ficar. — Não, você fica, Amelia. Você fica. Eu voltarei.
— Gabriel, tudo bem. — ela tenta — Eu vou embora.
— Isso seria melhor. — diz Asher.
Ela tenta se levantar. — Sente-se, Amelia.
— Gabriel…
— Eu voltarei.
Eu me levanto, rolando meu pescoço de um lado para o outro para
tentar desalojar um pouco da tensão. Uma vez além das portas, não perco
um segundo. Meus punhos vão para o colarinho de Asher, puxando tão
apertado que o decote de sua camisa pressiona sua traqueia, cortando o ar.
— Você me desrespeita! — Eu rosno, em tom baixo para que Amelia não
ouça. — Você a desrespeita.
Ele engasga com a pressão, as palavras estranguladas.
O solto abruptamente, recuando para que ele cambaleie para frente,
mal conseguindo se segurar. Sua mão esfrega o hematoma em sua garganta.
— Ela não ganhou meu respeito.
— Ela é minha esposa!
— Não por escolha!
Eu o empurro contra a parede. — Você vai respeitá-la, irmão ou então
que Deus me ajude, porra.
Ele balança a cabeça. — Você vai estragar tudo.
Meu punho colide com sua bochecha, dividindo-a. Eles não sabem,
porra!? Eles não sabem o que eu dei por esta maldita cidade. Para esta
maldita família. O que eu fiz!? Eu sou a porra da razão pela qual eles se
sentam em suas grandes casas e dirigem seus carros brilhantes. Eu sou suas
contas bancárias e seu poder. Eu os possuo, porra.
Todos eles.
Asher cospe sangue no ladrilho ao lado de nossos pés. — O cassino foi
atacado. — Asher rosna — Dois mortos, cinco feridos. Parecia uma aposta
que deu errado. Eu pensei que você deveria saber.
— Então cuide disso, Asher ou leve Atlas.
Eu o sacudo uma vez antes de soltá-lo. É a primeira vez que a merda
acontece no cassino, claro que não. Lá é um paraíso para lutas e crimes. Eu
não preciso me envolver.
— Eles usavam máscaras. — Asher fala nas minhas costas — Eu tenho
uma gravação do porteiro, que já está morto, mas eles não levaram a fita
dele.
Eu congelo.
Atrás de mim, ouço o farfalhar de roupas e depois uma pausa antes
que a estática preencha o espaço.
— Você está ouvindo, Gabriel? — a voz diz, abafada e cheia de estática
— Estou indo atrás da sua cidade. Para o seu trono. Uma peça de cada vez.
— Um grito gorgolejante se junta ao som a seguir, acompanhado pelo
familiar esmagamento da carne sendo rasgada. — Vou levar tudo. Sua
cidade. Seu poder. Sua linda esposa. — A voz ri — Você não merece esse
assento em que está sentado. Nós estamos apenas começando. E quanto a
você, logo se reunirá com seu amado irmão. Até breve, Gabriel.
Gelo enche minhas veias. A voz era baixa, propositalmente, mas
profunda. Algo na parte de trás da minha cabeça acendeu com a
familiaridade disso, mas com a estática no rádio e a maneira proposital
como eles baixaram o tom, eu não consegui identificar.
— Algo mais? — Eu grito.
— Isso não é suficiente? — Asher pergunta — Sua cidade está sendo
atacada e você está aqui brincando de casinha com uma mulher que não
quer você.
— Já aceitei o suficiente do seu desrespeito por uma noite, Asher,
deixei passar porque somos sangue, mas mais um passo fora da linha e vou
tratá-lo como trato todo mundo.
Sinto seu olhar nas minhas costas, mas me afasto dessas palavras e do
ódio que sinto irradiando dele. A relação entre os gêmeos e eu, os gêmeos e
todos os que compartilhavam o mesmo sangue era precária.
Mas eles são sangue e família, são meus irmãos. E a merda fica difícil
entre nós com frequência, mas a família do Saints é valorizada acima de
tudo.
Eles aprenderam isso enquanto eu crescia.
Amelia está de pé atrás de sua cadeira quando volto, com a unha do
polegar entre os dentes. — Não quero atrapalhar, Gabriel, tenho certeza de
que você está ocupado.
Eu posso dizer que uma parte dela é genuína nessa declaração, que ela
não quer tomar meu tempo, mas uma grande parte dela viu isso como uma
desculpa para escapar de mim.
— Hai il mio tempo, leonessa, sempre.
— O quê?
— Sente.
— Gabriel…
— Eu disse para sentar.
Ela obedece, caindo na cadeira com força. — Você não pode
simplesmente me dizer o que fazer.
— Sua obediência diz o contrário.
— Eu não sou a porra de um cachorro e não serei tratada como um.
— Se você parar de lutar tanto, talvez, eu pare com as ordens.
— Eu não tenho que aturar sua merda. Don ou não, você não me
possui.
Enquanto ela se levanta e gira para sair, eu agarro seu pulso, puxando-
a com força. Ela se vira a tempo de suas mãos pousarem no meu peito, mas
tarde demais, seu corpo já estava caindo e ela colide totalmente contra
mim. Eu me movo rapidamente para impedir sua fuga, prendendo-a com as
mãos e pressionando suas costas contra a mesa.
Sua respiração sai de seu peito e seus olhos se arregalam, os lábios se
abrindo. — O que você está fazendo!?
— Pare de lutar comigo.
Seus olhos saltam entre os meus com uma mistura de medo e desejo,
vejo isso no rubor de suas bochechas, no movimento de sua língua contra o
lábio inferior e como, por mais subconsciente que seja, ela alarga as coxas e
aperta sua doce boceta bem contra o meu pau endurecido.
Eu sinto o calor dela através das leggings finas que ela usa, sinto como
se fosse uma marca na minha pele.
Quero-a. Não há como negar.
Eu quero me enterrar em sua boceta e senti-la me apertar, sentir suas
unhas marcando minha pele e seus dentes mordendo. Eu quero seus
gemidos e seus gritos, seus suspiros e suas súplicas.
Abaixo minha cabeça e capturo sua boca, rosnando com aprovação
quando seus lábios se abrem para me deixar entrar mais. Sua língua
encontra a minha e seus dedos se enrolam em minha camisa, me segurando
mais perto.
— Magia. — eu murmuro contra sua boca. — Mágica.
— Gabriel. — ela respira, pressionando sua boca na minha
suavemente.
— Poderíamos fazer mágica, Amelia.
Ela choraminga. — Não posso.
— Sua mulher irritante, teimosa e linda. — eu sussurro em sua boca,
lambendo seu lábio inferior. — Leonessa mia. Mondo mia.
Ela me beija de novo, mais doce, mais suave, uma despedida...
— Dê-se a mim, Amelia. — eu sussurro — Deixe-me ter você.
— Mas eu, isso — ela suspira — É tudo que eu tenho.
Eu não a impeço quando ela tenta sair e muito tempo depois que a
porta se fecha, eu fico lá, o sussurro de seu toque e seu beijo na minha pele
e as palavras estrondosas de Asher enchendo minha cabeça.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
AMELIA
O grito me arrepia.
Já ouvi gritos de dor ou medo, mas isso, isso é diferente. Isso me
atinge na alma e se enterra sob meus ossos, me gelando por inteiro.
O grito de uma criança.
Atrás desse grito ouço uma voz, uma voz gritando por socorro.
Amelia.
Eu me movo rapidamente, retirando minha arma enquanto corro pela
casa. Estava fazendo uma reunião para discutir a merda que está
acontecendo com a cidade, pensei que ela estaria segura por meia hora. Eu
estava errado.
O grito da criança continua, mas sua voz se calou.
— Amelia! — Eu rosno, seguindo o som do grito. Meu sangue gela com
a visão da porta da piscina aberta e eu posso apenas ver uma pequena mão
molhada nos ladrilhos. Lincoln. Atrás de mim ouço meus homens, prontos
para a guerra.
Eu paro bruscamente, encontrando Lincoln encharcado e chorando,
mas então meus olhos vão para a piscina, para o sangue na água e a forma
escura de Amelia sob a superfície.
— Amelia! — Eu mergulho na piscina, nadando até onde ela afunda,
inconsciente, seu cabelo escuro enrolado em volta do rosto e um fluxo
constante de sangue saindo de sua cabeça. Ela não parece viva.
Eu a seguro, trazendo-a para mim antes de usar o fundo da piscina
como alavanca para chegar à superfície, arrancando-a e instantaneamente
tirando seu cabelo do caminho.
Meu primeiro pensamento é que ela foi baleada.
Não minha Amelia. Não minha esposa.
Quando vejo que é um corte e não um ferimento de bala, relaxo um
pouco. — Amelia! — Eu a sacudo. — Ela não está respirando!
Minha mãe entra na sala por último enquanto eu nado para o lado,
Amelia mole e sem vida. Não, não, não.
Ela não pode morrer.
Meu peito está desabando, a sensação de seu corpo sem vida em
meus braços partindo minha alma ao meio.
— Chame Devon! — eu rosno. — Agora!
Puxando-a para fora da água, afasto seu cabelo molhado de seu rosto,
o sangue escorrendo por sua pele muito pálida.
— Mondo mia. — eu sussurro — Amelia.
Seu peito não se move, não há vida.
1
— Vamos, baby. — imploro, iniciando a RCP — Vamos.
Seu pequeno corpo parece muito frágil para aguentar os golpes
poderosos contra seu peito e eu sei que vou quebrar alguma coisa, mas não
posso perdê-la. — Você não pode me deixar ainda, por favor. — Eu imploro.
Eu continuo com o RCP e respirações de resgate até que de repente
ela tosse com água, vomitando sobre si mesma. Eu a ajudo a ficar de lado
enquanto ela continua a tossir, trazendo mais e mais para cima. — É isso
baby, respire por mim. Vamos.
Ela fica imóvel, fechando os olhos enquanto luta para ficar acordada.
— Onde está Devon!?
— Ele saiu. — alguém me informa — Temos na verificação de
segurança que ele assinou há dez minutos.
PORRA!
Eu pego Amelia em meus braços, embalando seu corpo molhado em
meu peito e procuro por seu filho, encontrando-o sendo acalmado por
minha mãe. Sua cabeça rola, caindo para trás. Eu seguro a parte de trás de
seu crânio. — Fique acordada, mondo mia, fique acordada por mim.
Seus cílios tremulam, mas não abrem.
As pessoas saem do meu caminho enquanto eu passo por elas,
carregando-a contra mim, curvando meu corpo para protegê-la e então
estou no meu carro, ela enrolada no banco do passageiro.
— Amelia... — Estendo a mão, sentindo como sua pele está fria —
leonessa.
— Gabriel. — ela choraminga com uma voz rouca.
— Estou aqui, Amelia. Fique acordada por mim.
— Estou tão cansada. — ela reclama.
— Eu sei amor, eu sei. — Eu agarro sua mão úmida e aperto, forte o
suficiente para causar-lhe uma pontada de dor que ela reage exatamente
como eu quero que ela faça. O pequeno grito de dor é profundo, mas
significa que ela ainda está comigo. — Eu só preciso que você fique comigo,
ok leonessa, mais um pouco.
Ela suga respirações ofegantes, o som chocalhando molhado dentro
de seu peito.
— Gabriel, eu estou… — ela faz uma pausa, suspirando, cedendo um
pouco.
— Não, Amelia, fique acordada! — Aperto até que os nós de seus
dedos rolem dentro do meu punho.
— Eu sinto muito.
— Não.
Aí está minha leonessa. Seus lindos olhos azuis, um tanto inchados e
inchados, abertos o suficiente para sentir o peso de seu olhar. — Não?
— Não. Eu não aceito isso. Fique acordada, quando estiver melhor,
podemos conversar.
— Gabriel.
— Não, Amelia. — eu retruco — Fique acordada. Fique acordada por
Lincoln.
Uma lágrima rola por sua bochecha.
— Fique acordada por mim.
Sua pequena mão aperta um pouco a minha e eu olho para cima,
encontrando seus olhos, caídos e cansados, olhando para mim.
— Eu estou com você. — Eu digo a ela — Eu sempre estarei com você.
Tudo parece tenso, como se minha pele fosse dois tamanhos menor e
meus ossos muito grandes. Sinto uma dor na lateral do meu rosto e um
arranhão na minha garganta que não estava lá ontem. Eu tento me mover,
mas parece que um corpo inteiro de peso está pressionando o meu.
E então as memórias bateram. Como ondas violentas em uma
tempestade, elas piscam em minha mente como um filme de terror. Lincoln
na piscina, eu pulando atrás dele, salvando-o...
Então o homem, aquele por quem eu gritei para me ajudar, mas ele
não me ajudou, ajudou? Ele me acertou.
Estava nublado. Não tenho certeza. Parece que ele me bateu ou talvez
eu simplesmente afundei? Ou bati com a cabeça na beira da piscina na
minha débil tentativa de sair.
Eu não consigo me lembrar, mas uma memória inunda o resto. Eu
afundando, olhos abertos, olhando para a superfície da água, uma forma
escura aparecendo fora de alcance.
Eu estou morta? Isso é um inferno?
Minha tentativa de me mover desta vez foi melhor, mas há coisas
ligadas a mim. Eu forço meus olhos a se abrirem, minhas pálpebras pesadas,
olhos doloridos e quando eles finalmente abrem, minha visão fica borrada,
formas se movendo borradas da mesma forma. Ao meu lado o bipe de uma
máquina aumenta.
— Amelia?
Aquela voz.
Aquela voz profunda e acentuada, o barítono e o timbre lavando uma
estranha sensação de calma através de mim.
— Mondo mia. — Gabriel se inclina sobre mim — Você está acordada.
— Eu estou morta?
Sua boca se contorce um pouco e é como se meus olhos tivessem
voltado para aquela expressão, o sorriso o suficiente para afundar uma
única covinha em sua bochecha. — Não, leonessa, você vive.
— O que aconteceu? Onde está Lincoln!?
Uma escuridão rasteja em seu rosto, banindo o sorriso. — Você estava
na piscina. Ele está seguro, com minha mãe.
Concordo com a cabeça, alívio inundando através de mim e aquele
bipe incessante ao meu lado diminui. Lincoln está seguro, mas suas palavras
confirmam minha memória. — Eu estava.
— Você não sabe nadar, sabe?
Eu não me preocupo em mentir. — Não.
Ele suspira pesadamente pelo nariz.
— Eu bati minha cabeça?
Sua expressão se torna trovejante e ele fica em silêncio por um
momento antes de dizer uma palavra. — Sim. — Mas havia mais do que isso,
algo que ele não estava me contando. Abro a boca para perguntar mais, mas
a porta se abre e Atlas entra.
Seus olhos se chocam com os meus enquanto ele para na porta.
— Atlas. — Gabriel rosna — O que é isso?
Desligo suas palavras, presa nesse vórtice de pânico que começa a
crescer dentro do meu estômago. Eu não apenas bati minha cabeça. Eu não.
Alguém me atingiu.
Eles tentaram me matar. Afogar-me.
A dor não é registrada quando eu me levanto, respirando rapidamente
saindo do meu peito. — Ele… ele… ele tentou me matar!
Gabriel agarra meus ombros, tentando parar a crise, mas não estou
olhando para ele, estou olhando para seu irmão. Nunca o vi, nem posso
confirmar quem.
— Amelia. — Gabriel segura meu queixo, forçando-me a olhar para
ele — Você se lembra de quem?
Eu balanço minha cabeça freneticamente. — Eu não posso… eu não vi!
— Tudo bem, tudo bem. — ele acalma.
— Amelia. — Atlas diz da porta — Tem certeza que não consegue se
lembrar? Tudo aconteceu rapidamente, talvez você tenha apenas batido a
cabeça.
— Atlas. — adverte Gabriel.
— Irmão, não podemos acusar cegamente nossos homens de traição
com base nas palavras de alguém que nem consegue se lembrar do que
aconteceu. Foi uma situação tensa e perigosa, a mente pode pregar peças.
Quando Gabriel vai se mover, me lanço para seu pulso — Não.
Ele endurece, mas olha para trás para seu irmão. — Meus homens.
Minha cidade. A PORRA DA MINHA ESPOSA.
Seu rugido ecoa dentro da sala.
— Onde você estava quando ela estava na piscina, Atlas? — Ele
pergunta calmamente.
Atlas zomba e balança a cabeça. — Estou farto de você, irmão. — Ele
vira.
— Não vire as costas para mim, Atlas.
Atlas faz uma pausa e se volta para Gabriel enquanto eu me sento em
silêncio, engolindo a bile que sobe em minha garganta. Seus olhos saltam
para mim, sua expressão mudando, apenas uma pequena quantidade, mas o
suficiente para notar. Não é agressão o que vi, mas algo mais, algo que não
consigo nomear, mas que esfria com a mesma rapidez.
— Claro que não. — ele zomba de um arco — Não gostaria de ofender.
— Saia. — Gabriel ordena — Mas ainda não terminamos isso.
Atlas sai furioso do quarto.
— Amelia, eu preciso que você tente se lembrar, ok?
— Não posso Gabriel, mas havia alguém, eu sei disso.
— Eu acredito em você. — ele acalma — Eu acredito em você, ok?
Eu fico no hospital por mais um dia antes de me dar alta e nem uma
vez o Gabriel sai. Ele fica na cadeira ao lado da cama, dormindo como eu e
na hora de ir embora não me deixou ir. Recusei uma cadeira de rodas, não
precisava disso. A tontura era ocasional, um sintoma do traumatismo
craniano segundo a enfermeira designada para mim, mas eles não estavam
muito preocupados e me mandaram embora.
Acho que a única razão pela qual Gabriel permitiu foi porque ele tinha
seu próprio médico em casa.
— Cuidado! — Gabriel dispara quando chegamos à área de recepção
do hospital, alvo de sua ira uma enfermeira de aparência doce que estava
correndo.
— Gabriel, estou bem, pare com isso.
Ele olha para mim e me agarra com mais força, enrolando-se em torno
de mim como se cada pessoa à vista fosse um inimigo.
Elas se afastam dele quando saímos, um carro está esperando por nós
na frente. Deslizo para dentro depois que Gabriel abre a porta, notando um
homem que não reconheço atrás do volante.
— A casa. — Gabriel ordena.
O motorista acena com a cabeça e quando ele se move, seu paletó se
abre, mostrando uma arma em seu quadril.
Eu o estudo um pouco mais, loiro e grande, realmente grande pra
caralho. Com tatuagens que saem da gola da camisa.
Ele encontra meus olhos no espelho e sorri.
Meu coração quase para.
Ele é assustador pra caralho.
— Amelia, este é Enzo.
O homem grunhe. Grunhidos.
— Ele não fala muito. — Gabriel encolhe os ombros, recostando-se em
seu assento — Pelo próximo tempo, eu pedi a ele para cuidar de você.
— Me vigiar? — eu guincho.
Enzo suprime uma risada enquanto eu olho para Gabriel. — O que
você quer dizer?
— Até eu pegar quem está fazendo isso. — seus olhos se movem para
os pontos na minha cabeça — Eu não quero você sozinha e não posso
confiar nos empregados agora.
— Mas você confia no Enzo?
O homem parece mais animal do que humano. Jesus Cristo.
— Sim. Não posso ficar por perto o tempo todo, então, quando não
estou, Enzo concordou em ser seu guarda-costas.
— Guarda-costas. Enzo.
Talvez minha cabeça ainda não esteja funcionando direito porque eu
não posso ouvi-lo direito.
— Sim.
— Por que eu preciso de um guarda-costas!?
— Nós realmente precisamos discutir isso, leonessa?
— Mas...
— Você pode lutar comigo mais tarde. — Gabriel levanta minha mão,
passando o polegar sobre o pequeno hematoma no topo onde eles
prenderam as linhas. E então ele me choca trazendo o ferimento aos lábios,
beijando-o suavemente. — Eu estou assustado.
De repente, a divisória começa a se fechar entre os bancos da frente e
de trás, bloqueando Enzo. Gabriel sorri um pouco.
— Bastardo tem uma coisa contra afeto. — ele brinca.
— Gabriel…
Gabriel levanta seus olhos de fogo para encontrar os meus. — Eu
pensei que tinha perdido você antes mesmo de ter você, Amelia.
— Estou bem.
Ele suspira pesadamente. — Sinto muito.
— Está tudo bem, eu te perdoo. — eu falo correndo.
— Eu deveria proteger você! — Ele deixa cair a testa para a minha mão
antes de colocar outro beijo no topo. Ele então o vira, passando o nariz
sozinho na pele fina do meu pulso, seguindo as finas linhas azuis das minhas
veias. — Eu falhei.
— Gabriel. — eu começo.
— Eu quero você, Amelia. Quero você. Eu tive você uma vez e não foi
o suficiente. Preciso mais de você. E então eu encontrei você na piscina e
você estava sangrando...
— Você já viu pessoas machucadas, Gabriel, eu estou bem.
— Eu vi muita merda, Amelia. Nunca mais quero ver você machucada.
Ele pressiona seus lábios na minha pele.
— Gabriel. — eu enfio meus dedos em seu cabelo — Você me tem.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
GABRIEL
AMELIA
Faz cerca de uma semana desde que Amelia está em casa. A tensão
entre nós depois de dormir na mesma cama todas as noites está prestes a
explodir. Ela brincou incansavelmente ao longo do dia, mas com a merda
ainda acontecendo na cidade, eu mal tenho estado em casa com ela. Meu
pau está semiduro por dias e eu estou prestes a estourar.
Já é tarde quando chego em casa, encontrando a sala vazia, mas meus
homens posicionados ao redor da casa. Enzo está do lado de fora da porta
do meu quarto, acena com a cabeça uma vez quando me vê e sai.
Amelia e Lincoln provavelmente estão dormindo dentro do quarto,
então eu entro em silêncio, tentando bolar um plano para ficar a sós com
ela.
Só que quando entro, Amelia não está lá, nem seu filho.
— Amelia?
Eu faço uma varredura rápida e encontro a porta do banheiro
entreaberta, o som de água espirrando vindo de dentro.
Eu bato. — Amelia?
— Entre.
Estou esperando o que vou encontrar. Amelia se recosta na banheira,
seu cabelo escuro jogado na parte de trás da borda e bolhas cobrindo-a.
Seus olhos estão fechados e há um brilho úmido em sua pele devido ao calor
e ao vapor.
Eu engulo. Duro.
— Onde está Lincoln? — Eu cerro, agarrando a pia e segurando-a.
— Sua mãe me ajudou a colocá-lo em seu novo quarto. Ele está
dormindo.
Ela fala com tanta indiferença que nem abre os olhos.
— Ele não está aqui?
E assim a barreira que me mantinha longe dela se foi.
Ela balança a cabeça. — Pedi a um de seus homens para vigiar a porta,
espero que esteja tudo bem.
— Amelia. — eu rosno.
— Sim, Gabriel?
— Estamos sozinhos?
— Mm-hm. — ela espirra a água com a mão.
— Saia do banho.
Sua boca se curva para o lado. — Eu não acho que vou.
— Amelia.
— Apague as luzes.
— Por quê?
Ela vira a cabeça para mim, seus olhos escuros e um sorriso ainda
brincando em sua boca bonita. — Você quer que eu saia do banho, apague
as luzes. Todas elas.
— Você é tímida?
— Por favor.
— Eu quero ver você, Amelia, você toda.
Ela não sai da água e eu não a forço. Mantenho meus olhos nela
enquanto me inclino para o interruptor e o desligo, mergulhando o banheiro
na escuridão.
— O quarto também.
Dou um passo para trás e me inclino para fora, apagando a luz.
Só quando fica escuro como breu eu finalmente ouço Amelia se
levantar. Nua, ela está gloriosamente nua e molhada, bem ali. Embora eu
não possa vê-la, eu a sinto se movendo em minha direção, o ar carregado de
eletricidade e tensão. Meus dedos espetam minhas palmas.
Ela para na minha frente, deixando uma polegada entre nós. — Beije-
me, Gabriel.
Eu estalo, investindo contra ela, minha boca colidindo com a dela e
exigindo que ela se abra com a minha língua. Ela obedece imediatamente,
me beijando de volta, suas mãos indo para minha camisa e puxando,
trazendo-me para mais perto. Meu pau incha, pressionando com força
contra minhas calças e eu me movo para frente, deixando-a sentir o quão
louco por ela estou
— Você é minha porra. — eu rosno em sua boca — Minha.
Ela choraminga quando eu nos forço a sair do banheiro, de volta ao
quarto. Minhas mãos tocam e sentem cada parte dela, traçando sua pele,
suas curvas, as curvas e bordas. Ela cai no colchão enquanto eu subo entre
suas pernas, beijando-a uma vez enquanto desço por seu corpo, lambendo
seu peito, seus seios, rolando seu mamilo entre meus dentes.
— Oh Deus, por favor. — ela implora.
— Não me apresse, leonessa. — eu murmuro contra o inchaço de sua
barriga, mergulhando entre suas pernas, onde então lambo a costura dela,
seu gosto pousando em minha língua.
Ela grita enquanto eu enterro meu rosto entre suas coxas, lambendo,
beliscando, provando tudo dela. Deslizo um dedo para dentro, depois outro,
fodendo-a com a mão, esticando-a e preparando-a para o meu pau.
— Você acha que pode pegar outro? — Eu digo, soprando minha
respiração em sua carne sensível — Você é tão apertada, Amelia. Você está
encharcando minha mão.
— Jesus Cristo. — ela geme, arqueando a coluna.
— Foda-se, você é uma garota tão boa. — eu beijo seu clitóris,
lentamente enfiando um terceiro dedo, sentindo seus músculos se
contraírem. — Você sente o quão bem você está me levando?
— Gabriel. — ela geme — Foda-me.
Eu bombeio os três dedos dentro dela, lambendo a umidade que
encharca minha mão e sua boceta. — Diga-me o quanto você quer porra. —
eu rosno.
— Gabriel, por favor. — ela grita — Não pare.
Eu preciso estar dentro dela. Agora.
Ela choraminga quando eu me afasto e tiro minhas roupas, caindo
para trás entre suas coxas. — Abra mais para mim. — eu exijo, ajudando a
empurrar suas pernas. Uma mão desliza sob sua bunda, levantando-a da
cama enquanto a outra guia a cabeça do meu pau em sua entrada. Eu bato
para frente enquanto a puxo para trás, preenchendo-a completamente. Seu
grito é como uma maldita música.
Empurro meus quadris, não saindo completamente e bato nossos
corpos juntos, meus dedos em uma contusão em sua carne. Ela geme a cada
movimento, seus músculos se contraem e pulsam ao redor do meu pau.
— Dio. — Eu resmungo — Dio, você me faz sentir tão bem, leonessa.
Tão bem pra caralho.
— Gabriel! — Ela chora.
— É isso aí, chame a porra do meu nome. — eu elogio, puxando para
fora e batendo de volta.
Suas unhas marcam minha pele onde ela agarra meus pulsos enquanto
continuo a transar com ela. Deus, eu só a tive por uma noite antes, mas eu
perdi isso. Eu senti falta dela.
Eu retardo, percebendo isso. Gentilmente, mantendo-me enterrado
por dentro, eu a coloco na cama, cobrindo seu corpo com o meu, precisando
de mais contato, precisando de cada centímetro dela pressionado contra
mim. Eu reivindico sua boca enquanto rolo meus quadris nela, nenhuma
parte de nós não se tocando. Suas pernas envolvem minha cintura enquanto
eu afundo profundamente, me esfregando contra aquele doce feixe de
nervos. Ela choraminga contra meus lábios.
— Você foi feita para mim, mondo mia, cada átomo de você é meu.
— É demais. — ela sussurra, ofegante contra mim.
— Não é o suficiente.
— Eu não posso. — ela ofega.
— Você pode, amor. Você pode. Sinta-me. Sinta isto. — Eu a beijo, —
Sinta o que eu faço e o que você faz comigo. — Eu salto para frente — Você
me deixa louco, Amelia. Eu preciso de você.
Não é a reclamação que eu esperava, depois de ficar sem ela eu queria
transar com ela forte, rápido, eu queria marcá-la comigo, espalhar em sua
pele, fazê-la me sentir por dias, mas isso, isso foi lento e foi eufórico. Foi
uma reivindicação de uma maneira diferente.
Suas unhas marcam minha pele, sua boceta vibrando ao redor do meu
pau.
— Goze para mim, leonesa. — eu a beijo, sua boca se abrindo para me
deixar entrar, provando-a, engolindo os gemidos e suspiros de seu orgasmo.
Seu clímax desencadeia o meu, as bolas apertando e o pau inchando — Eu
vou gozar, cazzo. — eu rosno.
— Sim! — Ela grita, apertando as pernas em volta de mim para me
segurar dentro dela. Meus dentes afundam em seu pescoço enquanto me
esvazio, gemendo em sua pele enquanto bombeio, prolongando cada
segundo.
Eu seguro meu peso, respirando pesadamente antes de levantar
minha cabeça e beijar sua mandíbula. — Você está bem?
— Sim. — ela sussurra, enfiando os dedos em meu cabelo e me
puxando, reivindicando minha boca. — Mais.
Eu sorrio contra ela. — Oh, eu pretendo, mondo mia.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
AMELIA
Seus olhos castanhos saltam entre os meus, seu corpo, seu corpo lindo
e letal está salpicado de sangue, mas nada disso importa. Nem mesmo
quando sei para onde ele foi, o que ele fez.
Eu não me importo.
— Vou tocar em você, Amelia.
Eu aceno com meu consentimento.
Seus olhos caem quando ele dá um passo para trás, abrindo os lábios.
— Você é tão bonita. — ele murmura. Nenhuma polegada de mim é
deixada intocada por seu olhar. Ele absorve tudo de mim, meus seios, os
mamilos pontiagudos apesar do calor, a curva suave da minha barriga e o
alargamento dos meus quadris. Ele olha minha boceta, minhas pernas, meus
braços, ele me olha como se eu fosse uma deusa dada só para ele. E então
ele toca. Tão suavemente no começo, nunca demorando em um ponto por
muito tempo. Primeiro, são os braços, sentindo-os, sentindo a pele e depois
minha cintura, apertando suavemente e seguindo a forma até meus quadris,
minhas coxas antes que ele se mova de volta para cima, sobre meu
estômago e algumas cicatrizes, sobre as estrias causadas pela criança que eu
mais amo. Seus dedos batem nas bordas da minha caixa torácica, em
seguida, seguem o caminho abaixo do meu seio esquerdo, contornando o
monte até que ele o achata sobre meu batimento cardíaco.
— Corajosa. — ele sussurra, a água do chuveiro correndo rios sobre
sua pele, gotas de água pegando em seus longos cílios escuros e nos cantos
de sua boca. — Você me surpreende, leonessa.
Meu coração bate forte no meu peito, a respiração saindo dos meus
pulmões.
— Me ensine a nadar.
Eu confio nele. Todo ele.
Ele acena com a cabeça. — Eu vou.
Por minutos ele não para de tocar, sua mão explorando enquanto
observa quanta pele e músculos cedem sob suas mãos.
— Eu posso?
Eu concordo.
Ele se agacha, inclinando-se para frente enquanto pressiona beijos em
uma cicatriz no lado esquerdo das minhas costelas e depois outra no meio.
Ele beija cada cicatriz que encontra antes de sua boca pousar no ápice das
minhas coxas. Já estou molhada para ele, mas aquele beijo pequeno e casto
é o suficiente para enviar uma onda de calor ao meu centro.
— Vire-se, Amelia.
Eu obedeço.
— Mãos na parede.
Estico as palmas das mãos no ladrilho, a vulnerabilidade da posição me
deixando tensa, os músculos travados.
Sua mão alisa minha espinha.
— Olhe para você, mondo mia. — ele elogia — Sendo uma garota tão
boa para mim.
— O que – o que isso significa? — Eu consigo gaguejar.
— Mondo mia? — ele diz, pressionando um beijo na minha espinha. —
Significa 'meu mundo'.
Lágrimas ardem em meus olhos com a tradução.
— Você está segura comigo.
— Eu sei, Gabriel. — admito. — Eu sempre soube.
Ele se inclina sobre minha espinha, sua dureza pressionando contra
mim. — Aquece meu coração ouvir isso.
Como um mafioso implacável pode ser tão doce?
A cabeça de seu pau empurra a entrada da minha boceta, provocando.
— Vou te foder agora, Amelia. — ele me diz — Com força.
— Ok. — é tudo que consigo dizer antes que ele bata para frente, me
preenchendo.
Meu grito se mistura com seu gemido, seus quadris parados enquanto
ele está profundamente enraizado.
— Cazzo. — ele murmura — Cazzo, cazzo, cazzo.
Ele nunca para de me tocar enquanto me ataca por trás. Seus quadris
batem forte e determinado, cada impulso me puxando para frente,
ameaçando me dobrar, mas eu aceito.
— Você foi feita para mim. — ele resmunga sem fôlego — Veja como
nos encaixamos.
— Gabriel. — eu canto seu nome.
— Esse é o meu nome em seus lábios, leonessa, minha. Você é minha.
— Sim! Droga. Sim.
— Maldição. — ele geme — Tão apertada. Tão perfeita.
Uma mão deixa meu corpo para alcançar entre minhas pernas. Espero
um beliscão, uma carícia. Não espero o tapa.
O gemido que sai de mim parece irritantemente alto e sua risada,
aquela maldita risada, me deixa em uma poça.
Ele circula meu clitóris com os dedos enquanto bate dentro de mim,
me fodendo com força. Eu sei que estou falando alto, posso ouvir o eco
disso voltando para mim, mas ele está me construindo tão bem.
— Goze para mim, leonessa.
Eu não tenho ideia se uma ordem ser suficiente é normal, mas eu me
quebro em volta dele e gozo com força. Mais forte do que nunca. Estrelas
piscam atrás dos meus olhos e eu juro que perco a consciência por um
segundo, mas ele me fode através disso, puxando-o para fora, para fora e
depois para outro. Eu arranho os ladrilhos, ignorando a dor naquele dedo
que machuquei antes em favor do puro êxtase que corre através de mim
agora.
Eu grito seu nome, agarro sua pele, mas ele continua até que seu
corpo estremece e para, gozando dentro de mim. Meu nome é um canto em
seus lábios, seus dedos me segurando enquanto seu orgasmo é forçado a
sair dele.
Ficamos parados ali por alguns minutos, o chuveiro ainda ligado
enquanto eu descanso minha testa nos azulejos, ele descansa a dele contra
minha coluna.
— Por você, Amelia. — ele sussurra — Eu farei tudo por você.
Não falamos sobre meu padrasto no caminho de volta, não até que
Gabriel estaciona o carro na garagem.
— Obrigada. — eu digo baixinho.
— Eu vou te fazer uma promessa, leonessa, uma que eu preciso que
você lembre.
Eu olho para ele, encontrando-o já olhando para mim. Ele estende a
mão e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. As mesmas mãos
que mutilaram meu padrasto, me tocam com tanta delicadeza, um sussurro
de dedos, uma carícia.
— O quê?
— Nenhum homem jamais tocará em você novamente.
— Eu acredito em você.
Sua mão segura meu rosto. — Você está segura comigo. — Ele repete
as palavras que falou esta manhã.
Concordo com a cabeça e viro meu rosto para beijar sua palma.
Amelia sairá com Sierra esta noite. Enzo e eu nos juntaremos a elas,
mas é bom para ela. Fico feliz por ela e Sierra terem se tornado amigas, elas
se dão bem e Amelia precisa de alguém como ela.
Ela cresceu tanto desde que eu a levei todas aquelas semanas atrás,
seus ideais mudaram, seus pontos de vista e opiniões e sua coragem.
Ela é uma mulher bonita, boa demais para mim.
Paro o carro na joalheria no caminho de volta da marina depois de
verificar uma nova remessa que chegou.
Eu mantive essa em segredo, apenas Enzo e Devon sabiam que era
devido e veio sem nenhum problema. Tive cinco remessas atingidas só na
semana passada, perdendo milhões em receita porque não descobri quem é
o maldito traidor.
Quem quer que sejam, eles são muito espertos e eu daria isso a eles.
Ao sair, deparo-me com o calor premente do final do verão, o cheiro
do oceano salgado espesso no ar. A temporada turística chegaria ao fim em
breve, mas as ruas hoje permanecem movimentadas.
O prédio com ar condicionado é limpo, arrumado, todo vidro e luz
branca e atrás do balcão está uma jovem.
— Sr. Saint. — ela assente.
— Eu pedi um favor. — Não economizo palavras ou gentilezas. Eu
quero ir pra casa para minha esposa.
— Sr. Saint. — Gio sai da sala dos fundos, o homem rechonchudo
alegre como sempre. Ele é amigo dos Saints há muito tempo, seu pai veio
para cá com meu avô há tantos anos. Ele é velho demais para continuar
trabalhando, mas se há algo que eu sei sobre o homem é que ele nunca
para. — Acho que você está aqui pelo colar?
Eu concordo.
— Não foi fácil. — ele ri — Tive que mandar importar.
— Envie-me a nota fiscal de importação. — dou de ombros — Vou
resolver isso.
— O dinheiro que você está prestes a pagar por isso é o suficiente, Sr.
Saint.
Eu não me importo com o custo.
Gio coloca uma caixa no balcão de vidro, deslizando-a em minha
direção onde eu a abro, vendo o colar dentro. É impressionante, a pedra
brilhante e rica.
— É perfeito.
Uma segunda caixa é colocada ao lado dela, bem menor que a
primeira. Os brincos escaladores são uma combinação perfeita para o colar,
embora nada possa se igualar à minha Amelia em beleza ou raridade, este
será um ajuste perfeito.
— Vou levar os dois. — Eu confirmo.
Os vinte e dois mil que pago por eles não valem nada. Eles são
colocados em um saco de papel grosso, amarrado com uma fita vermelha
rubi.
Quando chego em casa, desço do carro, em vez de ir direto para
dentro, onde sei que Amelia estará se preparando para a noite, sigo para o
topo da falésia, onde o mar é uma extensão calma e o sol está se pondo,
pintando o céu de rosa e laranja. Aves marinhas voam baixo para suas
refeições noturnas e alguns barcos sentam-se pacificamente na água. Eu
olho para baixo, vendo as praias arenosas onde a água encontra a terra, as
bordas íngremes e afiadas do penhasco salientes e mortais, mas a água
quase apagando esse fato. Há cavernas ao longo desses penhascos, cavernas
profundas que escondem lagoas de água tão límpida que dá para ver até o
fundo.
Eu as explorei com os gêmeos e meu irmão quando éramos crianças e
as coisas eram mais simples. Quando não havia guerra e nem ódio, os
adultos faziam tudo para que não víssemos.
Em uma dessas cavernas, havíamos esculpido nossos nomes na rocha,
essas crianças pré-adolescentes ingênuas que acreditavam que tudo estava
certo. Dissemos que um dia voltaríamos como adultos e os escreveríamos
mais uma vez como os homens que nos tornamos.
Mas isso não aconteceria agora.
Não com meu irmão mais velho morto e os gêmeos, ambos os
principais suspeitos na lista de traidores.
Olho para trás, para a casa e para a parede de janelas onde Amelia se
prepara, mas dou uma última olhada no mar à minha frente. Então eu me
viro para a casa e entro, indo em busca de minha esposa.
Eu a encontro em nosso quarto, sentada diante de um espelho em um
vestido cor de champanhe, seus longos cachos escuros puxados para cima
para ficar no topo de sua cabeça. Ela usa maquiagem com efeito de olho
esfumado profundo e batom vermelho escuro. Ela está tão deslumbrante
que meus pés congelam na soleira, olhando para o reflexo no espelho que
me encara.
— Você está incrível, mondo mia. — eu consigo dizer asperamente.
Suas bochechas ficam vermelhas com o elogio.
Eu atravesso o quarto, parando atrás dela, minhas mãos pousando em
seus ombros nus. O vestido é justo e tem um profundo decote em V na
frente e nas costas. Várias correntes pendem do tecido nas costas, uma cor
dourada que realça a pele bronzeada de seu corpo. Suas cicatrizes estão à
mostra, as marcas brancas e rosas facilmente visíveis nas aberturas do
vestido.
— Quero me sentir bonita. — ela me diz, baixando os olhos — Mas
acho que não sinto isso.
Eu suavizo, incapaz de evitar aquela segunda natureza quando se trata
dela. — Amore mia, você é a mulher mais linda que eu já vi, entendeu.
Ninguém jamais poderá comparar.
— Minhas cicatrizes…
— Suas cicatrizes fazem de você a leonesa que você é. Elas fazem de
você uma guerreira, uma lutadora, nunca duvide de sua força.
Ela assente, mas não parece convencida.
Coloco o saco de papel na penteadeira.
— Eu tenho algo para você hoje.
Seus olhos azuis encontram os meus. — Você fez?
— Eu fiz. — Eu confirmo — Agora acredite em mim, não há uma única
coisa neste mundo que possa se comparar a você.
— Gabriel. — ela começa.
— Ouça. — eu ordeno, selando seus lábios.
Ela fecha a boca.
Ela realmente está linda esta noite.
Eu puxo a maior das duas caixas da sacola, colocando-a sobre a
penteadeira. Abro-a, o colar dentro pegando e brilhando nas luzes colocadas
ao redor do espelho.
— Gabriel. — ela suspira.
— Este é o diamante mais raro do mundo. — digo a ela — Não
consegui encontrar nada melhor para combinar com você, Amelia. — Eu
levanto o colar de sua caixa. Uma fina corrente de ouro que ficará perto de
sua garganta, mas no centro balança outra corrente, reta para baixo e na
ponta está um diamante vermelho. O comprimento significa que o pingente
fica bem entre os seios.
— Por mais que eu prefira minha mão ao seu colar, Amelia, eu sei que
não poderia estar lá para sempre, então este é o segundo melhor acessório
para a mulher que segura todo o meu coração.
Deixo meus dedos envolverem sua garganta, minha pele bronzeada
realçando o ouro brilhante do colar e forçando seu queixo para cima. —
Abra a outra caixa.
Ela a alcança, abrindo a parte de cima para revelar os brincos com um
desenho de folhas que subiram por sua orelha, seguindo sua curva delicada.
Em cada folha havia outro diamante vermelho, muito menor do que eu
gostaria, mas com o jeito que ela olha para eles, não posso deixar de inflar
meu peito.
— É lindo. — ela respira, pegando um para por numa orelha e na
outra, os dedos tocando delicadamente cada pedra e curva.
— Para você, amore mia.
— Você não precisava. — diz ela.
— E é por isso que eu fiz, Amelia, porque você merece quando você
não acredita que merece.
— Isso é demais. — ela respira.
— Com você, muito não é suficiente.
Ela então me beija, passando aquele lindo batom enquanto usa as
joias que comprei para ela e o lindo vestido que ela desenhou e que Sierra
fez. Ela é um sonho ambulante.
— Dê-me vinte. — eu digo a ela — Há uma última coisa.
Ela acena com a cabeça, deixando-me ir, mas dou-lhe um último beijo
antes de desaparecer no meu closet e vestir um terno cinza escuro e uma
camisa branca. Eu arrumo meu cabelo, em seguida, pego a mão dela,
guiando-a até o meu escritório.
— Quero que você se divirta. — digo a ela — Aproveite seu tempo,
Amelia, mas preciso que você esteja segura.
— Eu sei. — ela assente.
Sento-me na cadeira atrás da minha mesa e abro uma gaveta que
contém uma pistola pequena e leve e o coldre na coxa projetado para ela.
— Venha aqui.
Ela para entre minhas pernas separadas.
Estendendo a mão, coloco minha mão atrás de seu joelho e levanto,
descansando a ponta de seu estilete contra a borda da minha cadeira.
Minhas mãos acariciam sua panturrilha.
— Você sabe como fazer isso. — eu digo. — Você não hesita em fazê-
lo. Não há perguntas. Você atira primeiro.
Enfio o pé dela no coldre e o deslizo para cima da perna, sobre o
joelho até que fique em volta da coxa, os dedos roçando sua pele, bem no
alto e perto daquele ponto doce bem no ápice.
Sua respiração sai de seus lábios enquanto ela observa cada
movimento que faço.
Eu coloco o coldre no alto, alto o suficiente para ser escondido pelo
comprimento de seu vestido e então pressiono minhas mãos em torno de
sua coxa, meus olhos nela.
— Você vai ficar segura para mim, Amelia. — eu digo a ela — Você vai
voltar para casa para mim.
— Sim.
— Sempre?
— Sempre. — ela promete.
Aperto o coldre até que ela engasga de dor e depois de prazer
enquanto deixo minha mão vagar ainda mais, acariciando seu sexo coberto
de renda. — Não olhe! — Ela engasga.
— O quê?
— É para mais tarde, uma surpresa.
As pontas dos meus dedos cavam bem no topo da parte interna de sua
coxa. — Eu não gosto de surpresas.
— Você vai gostar desta. — Ela promete.
Com uma dilatação de minhas narinas e uma calma de minha
necessidade, reprimo o desejo de arrancar aquele lindo vestido de seu corpo
e tê-la sobre a mesa. Em vez disso, pego a pequena pistola da gaveta e a
coloco no coldre, mantendo a perna dela levantada, a ponta do sapato dela
entre as minhas.
— É fácil de usar. — explico, sussurrando propositadamente um dedo
na pele sensível da parte interna de sua coxa. — Aqui está a segurança. —
aponto para o pequeno botão — Está carregada. Você aponta, você atira.
— E se eu errar? — Ela engasga.
— Você não vai errar, leonessa. Você faz de tudo para voltar para casa
para mim.
— Sim. — Ela admite.
— Essa é a minha garota.
CAPÍTULO QUARENTA E UM
AMELIA
Eu me sinto linda, não mais do que isso, não consigo explicar a euforia
em meu peito ou como, com a mão de Gabriel na minha, seu corpo letal ao
meu lado, me sinta como uma maldita rainha. Mesmo com as cicatrizes
visíveis, algo que não deixei passar quando coloquei o vestido. Eu tentei não
olhar porque se o fizesse, teria perdido a coragem, mas com a maneira
como Gabriel olhou para mim, não pude deixar de sentir como se o mundo
estivesse aos meus pés.
O peso da arma na minha coxa me desconcertou um pouco, mas eu
me acostumei com isso, o metal aquecendo minha pele.
Sierra salta do banco do bar, acenando para nós. Ela está linda no
vestido vermelho, seu corpo curvilíneo preenchendo-o e as fendas
provocantes em suas pernas. Seu cabelo escuro está puxado sobre um
ombro e a gargantilha prateada brilha em sua garganta.
— Este vestido! — Ela grita quando paramos diante dela, pegando
minha mão para me forçar a girar. — Você está linda, Amelia!
Deixei que ela ligasse meu braço, me arrastando para longe de Gabriel,
mas ele e Enzo ficam perto de nossas costas. Gabriel me disse no caminho
para cá que este cassino é dele.
No bar, deslizo para um banquinho, pedindo uma taça de vinho
quando a mão de Gabriel desliza pela minha coxa, seu corpo nas minhas
costas. — Não saia esta noite, fique onde eu possa te ver, ok?
— Parece que você está paranoico, Gabriel.
Ele beija minha têmpora. — Eu tenho muitos inimigos, Amelia e
muitos atentados foram feitos contra minha vida. Eu não me importo
comigo, mas com você, eles vão usar você se sentirem que têm a chance.
Eu engulo.
— Mas não vamos nos esconder e não vou mantê-la presa como um
pássaro.
Eu aceno com a cabeça. — Tenho certeza que vai ficar tudo bem. — eu
ignoro, mas formigamento nervoso formigando em minha espinha. Eu não
tinha esquecido o quão perigoso deve ser estar com um homem como
Gabriel, mas ouvindo isso em voz alta, tornou-se muito real.
— Talvez sim, mas você entende, si? — ele pergunta — Você não sai
da minha vista.
— Sim, senhor. — eu brinco, aceitando meu vinho e sorrindo pela
borda enquanto ele resmunga em meu ouvido.
— Minha linda esposa. — ele rosna. — Você não vai estar brincando
mais tarde quando eu tiver você gritando no meu pau.
Eu engasgo com o meu vinho.
— Não finja que não gostou, leonessa, eu sei o que se passa nessa sua
linda cabecinha. Aposto que você está encharcando sua calcinha agora
pensando nisso.
— Gabriel. — eu gaguejo.
Seus dedos ficam tensos na minha perna. — Vamos explorar cada
fantasia sua.
— O que eu perdi? — Sierra se junta, interrompendo o momento. —
Oh, me desculpe, eu interrompi alguma coisa?
— Não, não. — bebo metade da minha taça, tentando pressionar
sutilmente minhas coxas juntas, como se isso fosse parar o latejar surdo que
ele acabou de persuadir com suas palavras sujas.
Eu o sinto sorrir contra a minha têmpora antes de se afastar. — Eu
estava apenas dizendo a minha esposa como ela fica deslumbrante neste
vestido. — Ele pega um copo de cristal do bar, bebendo.
Enzo resmunga. Jesus Cristo, ele ouviu tudo, não ouviu? Eu pressiono
meus dedos na ponta do meu nariz, minhas bochechas esquentando. Como
eu tinha esquecido que não estávamos sozinhos.
O cassino está barulhento atrás de nós, as mesas lotadas de aplausos
sendo gritados enquanto o bar estava igualmente cheio, música baixa
tocando nos alto-falantes espalhados pela sala.
Gabriel fica perto do meu lado, falando com Sierra sobre a butique,
enquanto Enzo permanece estoico e silencioso, o taciturno titan de um
homem certificando-se de que as pessoas nos deem um amplo espaço. É
fácil, leve, como se o mundo não estivesse em chamas e Gabriel não fosse o
homem implacável que governa a cidade.
Eu posso ter os dois mundos.
Eu relaxo contra ele, contente com a forma como as coisas acontecem.
Até que gritos altos começam a viajar de dentro do cassino. Eu olho
para encontrar uma massa de pessoas lutando de repente, garrafas de
cerveja e copos sendo jogados e punhos voando.
— Enzo. — Gabriel rosna. O homem não espera um segundo antes de
suas pernas longas e grossas fecharem o espaço entre ele e o grupo.
— Ele não pode enfrentar todos eles! — Sierra chora.
— Você ficaria surpresa.
Mas Gabriel tem muita fé, porque enquanto alguns param e olham
boquiabertos para o homem, a multidão é grande demais para ele lidar
sozinho e ele logo foi engolido.
— Merda. — Gabriel vai se mexer, mas depois hesita.
— Eu vou ficar bem! — Eu grito com ele.
Ele olha para mim, os olhos em chamas. — Fique aqui. — ele rosna
antes de se mover, agarrando tantos homens quanto ele vai. A comoção
aumenta no bar, as pessoas avançam rapidamente, os smartphones
piscando enquanto tentam tirar fotos e vídeos da briga em massa. Alguém
esbarra em mim, meu cotovelo bate na taça de vinho, derrubando-a. O copo
cheio de tinto cai no meu colo.
— Ah! — Eu pulo. — Merda!
— Amelia! — Sierra grita. — Não, não o vestido!
Eu amaldiçoo. — Foda-se. — Havia uma enorme mancha de vinho
tinto nas coxas, passando por pouco da minha virilha e eu seguro a bainha
para tentar salvá-la de encharcar por completo.
— Eu já volto. — digo a Sierra.
— Não acho que você deveria. — Ela morde o lábio.
— Eu mal posso sentar aqui com uma taça de vinho, apenas diga a
Gabriel que fui ao banheiro.
— Ele vai ficar chateado.
— Sim, bem, eu vou lidar com isso mais tarde.
— Seu funeral.
Eu faço beicinho, mas saio, forçando-me através da multidão para
chegar ao banheiro. Com a comoção, eles estão felizmente vazios, então
tranco a porta principal, impedindo qualquer um de entrar e arranco o
vestido, ficando apenas de calcinha enquanto vou para o secador de mãos
na parede oposta.
Quero dizer, estar seminua em um cassino me deixa um pouco
ansiosa, então me viro, de olho na porta.
Cinco minutos se passam e o vestido está secando lentamente, está
arruinado com aquela mancha enorme, mas eu posso colocá-lo de volta sem
correr o risco de estragar a calcinha também. Estou me preparando para isso
quando ouço um rangido vindo da porta.
É uma fechadura que pode ser destrancada com uma ferramenta do
outro lado, mas posso vê-la girando. Devagar. Como se quem está tentando
destravá-la está lutando para fazê-lo.
— Está ocupado! — Eu grito, em pânico. — Alguém está aqui!
— Porra. — Vem um grunhido abafado. E então silêncio.
GABRIEL
Rolo meu pescoço para frente e para trás, olhando para a fila de
homens na minha frente.
Eu paro em um, inclinando minha cabeça enquanto me inclino para
ficar no nível dos olhos e agarro seu queixo. — Eu paguei a mensalidade da
faculdade de sua irmã quando você se juntou a mim.
— Sinto muito. — ele choraminga.
Afasto minha mão e passo para o próximo e depois para o próximo,
parando mais uma vez antes de zombar. — Como está sua mãe, Tony?
— E-ela está boa.
— A medicação ainda está funcionando?
— Sim senhor.
— E aquela dívida de plano de saúde?
— Foi embora, senhor.
— Isso mesmo. — eu aceno — Porque eu paguei por você.
— Senhor, você tem que entender...
— Você me traiu. Minha confiança, minha família, minha esposa. E eu.
— Isso foi um erro.
— Erros são mortais nesta vida, Tony.
Dou um passo para trás enquanto olho para a água escura no cais. Em
algum lugar distante, um fole de buzina de navio, afogado pelo céu
escurecido e pela chuva que cai dos céus.
— Fique pronto. — Eu ordeno.
Cada homem levanta sua arma atrás da linha de traidores. Um homem
para cada um.
Travas de segurança clicam em uníssono.
— Fogo.
Há um coro de tiros, todos se misturando em um estrondo alto que
ecoa pelo pátio de contêineres e então cada corpo cai.
Não acabou.
Talon encontrou vários vazamentos dentro da minha organização, me
enviou imagem após imagem, prova após prova de cada homem que pisou
contra mim e minha esposa. Ele invadiu todos os sistemas que pôde
encontrar, conseguiu todas as imagens, documentos e filmagens que suas
habilidades puderam me fornecer. E agora ele tem um emprego
permanente em minhas fileiras e dinheiro consistente para dar mais à sua
família.
Ele o manteve trancado a sete chaves, como eu pedi. Seguiu as pistas
e farejou os que haviam traído. Se ele tivesse vindo apenas um dia antes, eu
teria descoberto que era Asher muito antes de ele conseguir infligir o dano.
Eu pensei nisso com frequência. O sangue em seu corpo frágil, o grito
de sua dor. Isso me levou adiante, me deixou com sede de vingança por ela.
Os corpos são jogados na água, blocos de concreto já amarrados nos
tornozelos.
Isso vem acontecendo há seis semanas. Todos correram quando
perceberam que haviam perdido, mesmo os que não faziam parte da minha
organização. Restam poucos agora. Levará muito tempo para finalmente
punir todos eles.
— Eu estou indo para casa para minha esposa. — eu declaro.
Ninguém me para, em seguida, estou correndo pela estrada, de volta
para minha casa, onde Amelia espera. É tarde, ela pode estar dormindo, mas
tudo bem.
Ela sofreu semanas de pesadelos, de lágrimas e dor, eu estou feliz em
vê-la em nossa cama, segura e viva.
Desligo o motor na frente e entro, Colt me cumprimentando na porta
da frente. Ele acena com a cabeça e sorri, agora de volta a ser o guarda-
costas de Amelia em tempo integral.
Enzo é bom, mas não foi construído para cuidar de apenas uma
pessoa.
Pego uma garrafa de vinho na cozinha e duas taças, só por precaução,
me levanto, encontrando minha cama vazia.
Mas não o quarto.
Amelia está parada na parede das janelas, um roupão transparente
pendurado em um ombro, o outro lado tendo escorregado e agora
descansando na curva de seu cotovelo. É transparente o suficiente para
mostrar seu corpo nu por baixo.
Fico com água na boca com a visão e olho para o reflexo dela no vidro,
um tanto distorcido, mas não menos cativante.
Ela mexe os ombros, tendo me visto entrar no quarto, deixando o
outro lado do vestido escorregar de seu ombro, revelando suas costas nuas
e então ela deixa cair os braços, o tecido flutuando no chão.
— Mondo mia. — eu respiro.
— Marido.
Meu pau estremece.
Devoro sua nudez com meus olhos, suas curvas, todas as suas
cicatrizes, aquela bunda perfeitamente roliça e suas pernas longas, seu
tornozelo agora fora do gesso. Ela ainda não suporta muito o peso, eu posso
ver isso em seu posicionamento agora e ela havia se recuperado naquele
espaço entre as pernas. Mas eu não sei se seus nervos haviam sido
reparados. Eu não sei se ela ainda podia me sentir.
Eu engulo, o arrependimento ainda queimando quente e pesado
dentro de mim.
— Está tudo bem. — diz ela, sentindo a mudança. — Deixe-me te
mostrar.
Ela se vira para mim, desnudando-se. Sua pele brilha na luz fraca do
quarto, ela sorri para mim, os olhos brilhando com uma travessura que eu
nunca tinha visto nela antes.
Ela vai até a cama, subindo no colchão enquanto eu permaneço
imóvel.
Eu a observo enquanto ela separa as pernas, mostrando-me aquele
suave centro rosado e então ela enfia a mão entre as coxas, seus dedos
delicados separando suas partes e mergulhando para baixo, circulando sua
entrada.
— Eu pensei em você. — ela respira.
— Quando?
— Quando me toquei hoje. Pensei naquela noite depois do cassino. O
que você fez. Como eu me senti.
Meus dedos apertam a garrafa na minha mão.
Ela brinca consigo mesma, circulando os dedos pela boceta e depois
para no clitóris, a cabeça rolando para trás enquanto aplica um pouco de
pressão ali, um suspiro escapando de seus lábios.
— Eu me lembrei do gosto do uísque saindo da sua boca. — Ela
sussurra sem fôlego antes de estender a mão e arrancar o vibrador do lado
que eu não tinha notado antes. Ela o liga e o pressiona contra si mesma,
gemendo com a sensação inicial.
— Amelia. — eu rosno.
— Gabriel.
Eu atravesso o quarto em passos rápidos, descartando a garrafa e os
copos no chão e subindo entre suas pernas. — Deixe-me.
Ela desliga o brinquedo e encontra meus olhos, os dela escuros com
luxúria.
— Senti sua falta, Gabriel.
Eu enterro meu rosto entre suas pernas, provando seu inebriante
sabor almiscarado em minha língua.
— Porra! — Ela chora.
Eu beijo, chupo e lambo, saboreando cada centímetro dela, socando
minha língua nela antes de trazê-la de volta e rodopiando em torno de seu
clitóris. Ela resiste contra o meu rosto, sua excitação revestindo meu queixo,
meus lábios e eu tomo mais. Eu engulo.
Eu deslizo um dedo dentro dela, o calor de sua boceta envolvendo-o
— Diga-me se for demais.
— Gabriel. — ela rosna — Foda-me.
— Cazzo.
Eu me dispo o mais rápido que posso, aterrissando entre suas coxas
enquanto tomo sua boca, dando-lhe um gosto de si mesma, empurrando
gentilmente meu pau dolorido contra sua entrada apertada.
Ela abre as coxas. — Por favor — ela implora.
— Eu não quero te machucar. — eu resmungo.
— Você não vai. — ela agarra meus ombros.
Eu me coloco dentro dela, cerrando os dentes com a sensação de sua
boceta envolvendo meu pau, com o quão bem ela me leva.
Deixo cair minha cabeça em seu ombro, tentando estabilizar minha
respiração enquanto a preencho.
Ela envolve suas pernas em volta de mim. — Você é tão bom, Gabriel.
Eu reviro meus quadris. — Eu senti sua falta.
— Eu também. — ela respira pesadamente, levantando os quadris.
— Diga-me, ok?
Ela acena com a cabeça.
Eu puxo para fora e deslizo de volta, lento, firme, sua boceta se
estendendo ao meu redor. Observo seu rosto, com o prazer contorcendo
suas feições, lábios entreabertos, olhos fechados.
— Olhe para mim, moglie mia. — eu ordeno.
Seus olhos azuis se abrem, encontrando os meus. — Estou olhando.
— Abra. — eu ordeno enquanto agarro seu queixo, mantendo sua
cabeça onde está. Seus lábios se abrem e ela me mostra sua língua.
— Boa menina. — eu lambo seu lábio inferior antes de me inclinar
para trás e cuspir em sua língua.
Ela engole, gemendo, boceta vibrando ao redor do meu pau duro.
— Que fodida boa menina, não é, amore mia.
— Sim. — Ela choraminga.
— Eu sei que você está. — eu me inclino para trás, — É por isso que
você vai ficar de joelhos por mim.
Ela obedece imediatamente, saindo do meu pau para poder virar. Eu
agarro seu quadril, levantando um pouco enquanto me posiciono e a puxo
para baixo, meu pau deslizando para dentro. Ela grita, estendendo a mão
para trás para agarrar minhas coxas com as unhas.
— Sim, porra. — ela geme.
Eu alcanço sua frente, hesitando por apenas um minuto antes que ela
pegue minha mão e a coloque sobre ela, seu próprio dedo guiando o meu.
— Só assim. — ela geme.
Ela se levanta e se move contra mim, os seios saltando, a respiração
saindo de seus pulmões enquanto eu rolo meus dedos contra seu clitóris e
ela balança contra mim.
— Eu vou gozar. — ela me diz.
Empurro para frente com força, atingindo aquele ponto ideal. Eu não
ia fazer aquela coisa que eu sabia que a faria esguichar, mas logo, quando eu
estivesse confiante em sua cura, eu a faria encharcar minhas coxas
novamente. Eu fodo nela, enterrando-me enquanto adoro aquele doce feixe
de nervos.
Ela grita quando sua boceta começa a ter espasmos, seu clímax
bombeando através dela. Eu a fodo até o pico e então rosno quando gozo,
me esvaziando nela, enchendo-a de mim.
Exausto, desmorono ao lado dela, arrastando-a para mim.
— Dio. — eu ofego — Eu te amo, mondo mia.
Ela ri. — Eu também te amo.
Eu a rolo até que ela esteja de frente para mim, afastando seu cabelo
encharcado de suor. — Minha esposa.
— Sempre.
Eu a beijo suavemente.
— Eu trouxe vinho para nós. — digo a ela — Você está com sede?
Ela sorri, levantando uma sobrancelha. — A menos que você esteja
cuspindo na minha boca. — Sua língua traça seu lábio inferior. — Eu não
quero isso.
EPÍLOGO
AMELIA
GABRIEL
FIM.
Notas
[←1]
Técnica de Reanimação Cardiorrespiratória, tem como objetivo reverter uma parada
cardiorrespiratória.