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EDUCAÇA0
GOIÂNIA
COLEÇÃO
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Editora da
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Editora da UCG
Pró-Reitor da Prope
Prof. José Nicolau Heck
Coordenador Geral da Editora da UCG
Prof. Gil Barreto Ribeiro
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Prof. Dr. Aparecido Divino da Cruz
Profa. Dra. Elane Ribeiro Peixoto
Profa. Dra. Heloisa Capel
Profa. Dra. Maria do Espírito Santo Rosa Cavalcante
Prof. Dr. Cristóvão Giovani Burgarelli
Ms. Heloísa Helena de Campos Borges
Júri Rincon Godinho
Maria Luisa Ribeiro
Ubirajara Galli
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GILBÉRTÜ MENDONÇA TELES
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Segunda Edição
Editora da
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Prefeitura
Goiânia, GO
2007
2007 by Gilberto Mendonça Teles
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Comissão Técnica
Biblioteca Central
Normatizaçáo
Virgínia Roselene Guimarães
Foto da Capa
Acervo de Frei Confaloni
Via-Sacra, Óleo sobre Tela, 50x70(Detalhe)
Ilustração da Capa
Célio Otacílio da Silva
Editoração Eletrônica e Arte-Final de Capa
Laerte Araújo Pereira
Projeto Gra'fico e Capa
ISBN 978-85-7103-419-8
CDU: 821.134.3(81)-34.09
821.134.3(817.3)-34.09
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2007
A Albino J. Peixto Júnior e
Rubem Andresen Leitão.
SUMÁRIO
II — O ESTADO DE GOIÁS, 27
F az trinta e oito anos que este livro foi editado em Goiânia, num
momento crítico da vida nacional. O autor, nessa época, vivia
em Montevidéu, como professor de literatura brasileira, a serviço
do Departamento Cultural do Itamaraty. Levou para o Uruguai
os apontamentos que havia extraído de sua biblioteca em Goiânia e
pôde, assim, nas horas vagas, registrar a sua visão histórica e critica
do conto em Goiás. Tinha a experiência de A poesia em Goiás, para
o qual teve de comprar duas pequenas bibliotecas particulares, às
vezes por causa de um único livro de que precisava. Em 1970, ao
mudar-se definitivamente para o Rio de Janeiro, deixou com o seu
irmão José todos os livros de e sobre Goiás, com a preocupação de
que esses livros — muitos realmente raros — ficassem em Goiás para
os futuros investigadores.
Diante da repercussão de A poesia em Goiás, o seu plano foi o
de escrever uma história crítica de todas as manifestações literárias
em Goiás, que continuasse com o conto, o romance, o teatro e a
critica. A Editora da UFG, em 1981, na época sob a coordenação
do Dr. Joffre Marcondes de Rezende, chegou a aprovar o plano de
9 1 OCONTO BRASILEIRO EM GOIÁS
publicação de quatro volumes denominados ESTUDOS GOIA-
NOS, assim especificados: I —A poesia em Goiás (reedição); II — Es-
tudos sobre narrativas (romance, conto e crônicas); III — Literatura e
9I OConto Brasileiro em Goiás
FORTUNA CRÍTICA
pergunta sobre esse livro. Parece que tinham medo de falar sobre a
obra de alguém que havia sido cassado exatamente no ano do seu
lançamento. Mais tarde Bernardo Élis me diria que "os goianos foram
pegos de surpresa: não se acreditava que alguém daqui, ainda bem novo,
fosse capaz de tamanha demonstração de independência na apreciação
crítica". O que se discutia à boca pequena era o seu titulo: "Por que
brasileiro? Sendo de Goiás, já era brasileiro", na melhor lógica tu-
piniquim, melhor dizemdo, carajaim. Eram incapazes de perceber
que, com o adjetivo, eu estava ressalvando o lado bom do que havia
de narrativa em Goiás.
Mas o livro, escrito fora de Goiás, chegou à critica fora de
Goiás, como o comprovam as resenhas em jornais e revistas de
São Paulo, do Rio de Janeiro, do Paraná, de Oklahoma (USA),
de Portugal, da Itália e do Uruguai, além de cartas existentes no
meu arquivo pessoal. A sua Fortuna Critica começa mesmo antes
de ser publicado, como a noticia no Suplemento Literário de
O Estado de São Paulo (1967) e as noticias e pequenas resenhas
em O Popular (Goiânia, 2.4.1967 e 8.7.1969), Cinco de Março
(Goiânia, 7,7,1969), O Estado do Paraná (Curitiba, 20.7.1969),
Gazeta Esportiva (São Paulo, 7.9.1969) e Diário do Paraná (Curi-
tiba, 19.7.1969). Merecem destaque os artigos, transcritos pela
ordem cronológica:
ACHILES, Aristheu. Literatura em Goiás. Goiânia, O Popu-
lar, 7.9.1969.
LORD, David. Resenha em Books Abroad. Oklahoma
(USA),
julho de 1970.
DIMAS, Antônio. Resenha na Revista do Instituto de Estudos
Brasileiros, n° 8, Universidade de São Paulo, 1970
LINHARES, Temistocles. Situação do conto no Brasil-9, Suple-
mento Literário de O Estado de São Paulo, 13.12.1970.
. Situação do conto no Brasil. Goiânia, O Popular,
21.2.1971.
.22 diálogos sobre o conto brasileiro atual. Rio: J. Olympio,
1973.
BULHÕES , Aristheu. Um regionalista goiano. Goiânia, °Popular,
25.5.1975.
BARBOSA, Alaor. O conto em Goiás. Goiânia, O Popular,
12Gilberto Mendonça Teles
26.2.1978.
SILVEIRA, Homero. Na revista Convivium, São Paulo, n° 25, set.
out. 1979.
CARTAS de: Alaor Barbosa, Ada Curado, Xavier Júnior, Silveira
Bueno, José Bertaso, Homero Silveira, Vitor de Carvalho Ramos,
Ruben A., Agostinho da Silva, Joaquim Montezuma de Carva-
lho, João Lira Filho, Cândido Motta Filho, Raymundo Maga-
lhães Júnior e Fábio Lucas, todas de 1969. E cartas de Maria
Alice Barroso e Giuseppe Cano Rossi, de 1970.
Reedita-se este livro tal como ele Foi escrito em 1968, colo-
cando-se entre colchetes E] algumas atualizações que o autor julgou
necessárias.
No mais, que Deus seja louvado.
S endo uma das mais antigas formas literárias de que se tem noticia,
perdendo-se as suas origens na mitologia primitiva e constituindo
mesmo uma constante da tradição oral popular, o conto é, como
"entidade literária autônoma" — conforme assinala Herman Lima
(O Conto, 1958) — o nosso mais moderno gênero literário. No Brasil
o termo conto abrange duas vertentes da narrativa curta, na verdade
as duas faces de uma mesma moeda: o conto oral e o conto escrito — o
primeiro de inicio estudado pela antropologia cultural; o segundo
21 1OCONTO BRASILEIRO EM GOIÁS
0
Estado de Goiás', situado no Planalto Central do Brasil e cuja
maior extensão territorial ocupa o sentido norte-sul, possui uma
posição de grande importância no futuro do Pais, não somente como
espaço estratégico para o desenvolvimento, político-administrativo,
mas principalmente por confluírem às suas terras elementos culturais
de todas as regiões brasileiras, num processo de aculturação ainda
27 1 OCONTOBRA SILEIRO EMGOIÁS
'Parte já divulgada, sob o titulo de "Atualidade do Romance em Goiás", na
revista Mimésis, n°. 1, 1965, da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal
de Goiás. Sobre as "zonas culturais", ver a nota que publicamos no primeiro nú-
mero de Cadernos de Estudos Brasileiros, de 1963, verbis: "É interessante lembrar
que Goiânia, com trinta anos de existência, ainda não está cumprindo rigorosa-
mente a sua função centralizadora no sentido da unificação das forças econômi-
co-sociais do Estado, havendo regiões (como o Sudoeste, o Norte e o Nordeste)
cujos contatos culturais e econômicos se têm verificado mais com o Triângulo
Mineiro, com Belém do Pará e com Barreiras (BA), respectivamente. De certo
modo, a "capital" do Sudoeste tem sido Uberlândia ou Uberaba (MG), enquan-
to Araguari (MG) até há pouco centralizava a vida da região sul.
mais ou menos indefinido, porém de profundas significações para
os estudos antropológicos, sociológicos, econômicos, lingüísticos e
literários.
Limitando com os Estados do norte, nordeste, leste, oeste e
centro-sul, deles recebe continuamente uma diversidade de material
humano, com características que se entrechocam e se mesclam rapi-
damente, dinamizando todo um estrato cultural antigo, com traços
mais ou menos próprios, e que, por condições facilmente explicá-
veis, se encontram acantonados em diferentes regiões, constituindo
autênticas "zonas culturais" do Estado. Essas "zonas culturais", que
se explicam não apenas por fatores de ordem geográfica, mas tam-
bém pelos movimentos migratórios e pelas atividades econômicas
propiciadas no sentido da ocupação humana do Centro-Oeste,
constituem permanentes pontos de contato com o Norte e o Sul do
Brasil e revelam na toponímia, nos oragos, na antroponímia e mesmo
na etnografia a procedência de sua população.
Assim é que no norte do Estado, em torno de Porto Nacional
(considerada a "capital" do norte goiano, de tendência separatista
— o futuro Estado do Tocantins), os habitantes são provenientes, na
sua maioria, dos Estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia,
apesar da grande e recente afluência de elementos de outros Estados,
atraídos agora pela construção da rodovia Belém-Brasília (BR-14).
Na zona compreendida à direita do rio Paranã, prolongamento
geográfico do grande sertão de Euclides da Cunha e, também, do
de Guimarães Rosa, a população é predominantemente baiana e
o ponto de dispersão foi, de certo modo, a cidade de Barreiras,
281 GILBERTO MENDONÇATELES
1. OS PRECURSORES
Mael, Armand Silvestre, Ismael Vaga (I. Vaga, 1. V), Jeana Nihilus, Roch
Hardy, Marius, Erasmo, Searon, Sidney, Heitor Malheiros e outros. Não
nos interessou desvendar tais pseudônimos, principalmente porque
tiveram pouca freqüência, a não ser o de Ismael Vaga, na verdade quem
mais escreveu, aparecendo no Jornal de Goyaz — o mais importante
periódico desse tempo — os seguintes contos de sua autoria: "Irma",
"Onde está a felicidade?", "Simples histórias", "Mistérios do coração",
'A flor seca", "D'aprés nature" (cenas da época), "Belinha" (novela) e
"Tálamo e túmulo", novela de quatorze capítulos, dedicada a Luís
Gonzaga Jayme e terminada em 18 de dezembro de 1893.
Trata-se, também, da primeira novela goiana, uma vez que a
que aparece com o nome de "romance" no número 474 de o Goyaz
é de 1894 e, além disso, escrita por vários autores, estando os seis
capítulos assim assinados: I Searon, II — Marius, III — Ismael Vaga,
IV — Erasmo, V — Marius e VI — I. Vaga. Mas o interessante é que
a secção do jornal já se denomina "Literatura Goiana" e o anúncio
do "romance" é feito nos seguintes termos:
7Cf.do autor "A Mulher nas Letras de Goiás", publicado no primeiro número,
1965, da Revista da Universidade Federal de Goiás.
Anuário Histórico, Geográfico e Descritivo do Estado de Goiás, de 1910,
organizado por Francisco Ferreira dos Santos Azevedo que parecia mes-
mo encantado com a beleza literária desse conto, pois chega a escrever
que a autora é um dos maiores talentos literários que possui Goiás; é
um temperamento de verdadeiro artista. Não cultiva o verso, mas conta
na prosa animada tudo o que o mundo tem de bom, numa linguagem
fácil e harmoniosa, ao mesmo tempo elegante. É a maior escritora do
nosso Estado, apesar de não contar ainda vinte anos de idade.
De fato, percebem-se no conto de Cora Coralina os primeiros
sintomas do regionalismo goiano, evidentemente mais no aproveita-
mento do tema rural do que pelos caracteres da linguagem criadora,
de teor poético mas estilisticamente romântica. No entanto, apesar
de uma e outra imagem já inoperante e frágil para a época, apesar da
estrutura numa mesma pauta e ritmo, não se pode negar-lhe a mo-
vimentação dramática, a concisão expressiva, a fina sensibilidade da
pincelada rápida e sugestiva.
[Cora Coralina, saiu de Goiás e foi viver no interior de São
Paulo e só muitos anos depois, em 1957, voltou a Goiás, já nos seus
setenta anos e sem livro publicado. Depois disso é que foi publican-
do o seus livros (Meu livro de cordel, 1976; Vintém de cobre, 1983; e
Estórias da casa velha da ponte, 1985) e se tornando a mulher mais
importante na literatura do Brasil Central, embora sempre mal es-
tudada. Como se tornou um mito, misto de feminismo e literatura,
estuda-se a sua obra a partir do seu nome ou, antes, louva-se a sua
obra, como se tudo fosse de primeira grandeza. Os estudos que
441GI LBERTOMEND ONÇATELES
As mulheres do beco
vivem às claras,
de portas escancaradas.
Entram homens,
saem homens;
uns fumando, de chapéu,
outros calmos, assobiando.
Às vezes há gritos,
mortes, raramente.
Mas um são-caetano,
maliciosamente, pula o muro.
civilização niveladora.
Se esta foi a sua estréia, melhor ainda se expressaria em 1958,
quando lançou O Caminho das boiadas, livro muito mais sólido,
mais largo na compreensão literária dos assuntos regionais que
são aí excelentemente desenvolvidos. O que pode haver de simples
detalhe de pitoresco, como algumas expressões dialetais, se destina,
antes de tudo, a acentuar a ação do homem rural, estabelecer o
seu nível de vida — geralmente baixo, mesmo quando se trata de
fazendeiros latifundiários. Há, portanto, o predomínio do social,
a intenção de documentar um estágio econômico característico
da vida nas grandes fazendas, em que o empregado (ou qualquer
outro nome que se lhe dê) se vê reduzido à condição de eterno
dependente de um patrão, que age sob impulso do que lhe agrada
ou desagrada.
Acentue-se ainda que, em O Caminho das boiadas, é manifesta
a presença de Tropas e boiadas não só pelo titulo (que lembra o conto
"Caminho das tropas"),como principalmente por determinadas
passagens (o tema, por exemplo, da capação, de "Gente da gleba",
repetido e atenuado em "As filhas do Malaquias", aliás nome de
uma personagem da novela de Hugo). Não resta dúvida, porém,
que existe um novo tratamento do tema das boiadas que, em Hugo
de Carvalho Ramos, é menos importante que o tema das tropas.
Ai residente a diferença dos dois autores. Em Hugo, toda a ação
se desenrola em torno das tropas e dos tropeiros que estão sempre
em marcha na direção do Paranaiba ou do Triângulo Mineiro, a
acentuar o caminho das tropas e das boiadas, ou da antiga estrada
salineira. É esta, aliás, uma constante estilística de Hugo de Carvalho
Ramos, verificando-se até uma dualidade de perspectiva em Tropas
e boiadas: a da personagem, vivendo em Goiás mas constantemente
se referindo à "direção do Paranaiba", como se houvesse um secreto
desejo de escapar às fronteiras goianas; e a do autor, vivendo no Rio
de Janeiro e situando as ações "naqueles fundões", como se todas
as suas recordações da terra natal chegassem de muito longe, numa
mistura de lonjura de tempo e geografia.
Em Leo Godoy Otero, o fulcro da ação se desloca para as boia-
75 I OCONTOBRA SILEIROEM GOIÁS
das, em marcha, engordando nas envernadas ou tratadas nos currais
das fazendas, sob a vista exigente de seu dono. Em torno das boiadas
estão os homens e os seus movimentos e atividades, recolhidas com
certo realismo pelo escritor da cidade de Morrinhos, antigo ponto
estratégico de tropeiros e boiadeiros que levavam o gado em direção
a Barretos, SP, à procura das grandes charqueadas.
Retomando assim o tema das boiadas, uma das principais fon-
tes de renda e de ocupação humana do Estado de Goiás, [motivador
da música sertaneja e de um certo orgulho country dos goianos (a
ponto de o poeta Brasigóis Felicio criar o termo boiás para satirizar
o lado caubói, americanizado, desta tendência transplantada], Leo
Godoy Otero se apresenta como o bom continuador de uma tradição
legitima do interior do Brasil e se insere vigorosamente no ciclo das
boiadas, alargado modernamente, noutras dimensões, pela obra de
Guimarães Rosa.
discutível, num meio termo entre a realidade (que ainda não foi
pesquisada cientificamente) e a linguagem de uma ficção superior,
na expressão superior da literatura brasileira. Dai a observação da
professora Dirce Côrtes Riedel, na introdução crítica que fez à
terceira edição de Os Caboclos, de Valdomiro Silveira: "O excesso
de modismo não traria, por si, prejuízo evidente da emoção dos va-
lores estéticos. Tudo dependeria da penetração funda no reino das
palavras, da utilização destes modismos no processo estético, cuja
técnica é, na literatura regionalista, também influenciada pela região
(modismos, ritmo, imagistica...), e não apenas os conflitos, baseados
numa interpretação sociológica dos valores culturais da tradição".
Não a propósito de Bariani Ortêncio que, conforme escreveu
Brito Broca (Correio da Manhã, citado na orelha do livro), "narra os
casos de sua terra numa linguagem simples, mas sem deselegância
sintática, sem impropriedades de vocábulos ou mau gosto de expres-
são", mas para confirmar uma afirmação noutra parte deste trabalho
com respeito à linguagem literária, não será fora de oportunidade
fazer mais de uma citação, desta vez transcrevendo o post-scriptum de
um artigo de Mário de Andrade sobre o que ele chamou língua viva
e que foi transcrito por Francisco de Assis Barbosa em O romance, a
novela e o conto no Brasil, de 1950, e que diz o seguinte:
depoimento:
Ao me enviar um exemplar de seu livro de novelas, De Jogo.s.
e Festas, em deembro de 1980, José J. Veiga escreveu na dedica-
tória: "A Gilben-o Mendonça Teles, pirenopolino de origem e universal
de intelecto, com toda a admiração do Veiga". Na verdade, eu é que o
admirava pela serenidade do homem e pela excelência de sua literatura.
E a minha mãe é que era de Pirenópolis, cidade vizinha de Corumbá
de Goiás, onde nasceram José J. Veiga e Bernardo Elis. Este tema,
aliás, era constante das nossas conversas, nos poucos momentos em
que conseguíamos ficar a sós nos nossos encontros, quase sempre nos
congressos e nos concursos literários, como o de Brasília, o da Nes-
tlé, o da SUAM, no Rio de Janeiro, e uma e outra vez em Goiânia,
participando de eventos literários. Um dia nos encontramos também
num congresso em Lisboa, onde houve tempo para jantar e falar das
coisas boas de Goiás.
Uma vez, em Brasília, num dos encontros de escritores de que
participavam Bernardo Elis, José J. Veiga, Afonso Félix de Sousa e
eu, alguém teve a idéia de fotografar os quatros goianos. E Bernardo
Elis, que havia estudado a genealogia do general Curado, o primei-
ro brasileiro a chegar ao posto de Marechal do Exército Nacional,
aproveitou para nos dizer que éramos todos parentes, pois descendí-
amos do velho Marechal: a família de Bernardo e a de Veiga são de
Corumbá de Goiás; a de Afonso é de Jaraguá; e a minha, da minha
mãe, de Pirenópolis. As três cidades se situam na mesma região,
conhecida por "mato grosso" e estão bem próxima uma da outra: de
Pirenópolis a Jaraguá a distância é de apenas cinqüenta quilômetros;
e de Pirenópolis a Corumbá de Goiás não há mais que dezessete.
José J. Veiga nasceu numa fazenda entre estas duas cidades,
mas no município de Corumbá de Goiás, por isso se dizia meio
pirenopolino. A geografia de seus contos, o espaço aberto de sua
criação, principalmente em Os Cavalinho de Platiplanto, aponta
para essa região, para esse entrelugar, onde um rio (o Corumbá)
serviu de limite e de travessia para o lado do imaginário, para ir
ver "Os do outro lado", para se chegar à "Fronteira" e encontrar 95 I OCONTO BRASILEIRO EM GOIÁS
"A invernada do sossego" ou então ficar brincando na ilha dos
"gatos pingados".
Quando cheguei ao Rio de Janeiro, em 1970, vindo do Uruguai
e com os "diplomas" de AI-1 e AI-5, tratei de conseguir um trabalho
numa universidade particular, pois estava aposentado na Federal de
Goiás. Um dia fui levado a Benedicto Silva, também goiano e nome
importante na Fundação Getúlio Vargas. Soube da minha situação.
Logo depois a PUC me contratou com vinte horas semanais e, na
mesma semana, recebo um telefonema de Benedicto Silva: tinha um
cargo de tempo integral e dedicação exclusiva para mim, na editora
da Fundação. Isso me obrigava a deixar a universidade, pois não era
possível trabalhar nos dois lugares ao mesmo tempo. Optei pela uni-
versidade, mesmo com a metade do vencimento que teria na Fundação.
Foi por essa época que Veiga voltou ao Rio de Janeiro e Benedicto
Silva o levou para a editora da Fundação Getúlio Vargas, onde ele
trabalhou por muitos anos e viu crescer a sua fama de grande escritor.
Ali o conheci pessoalmente e uma e outra vez o visitei, numa dessas
rápidas conversas de café.
Poucas vezes nos falamos por telefone. Lembro que em 1989,
ele me ligou para me cumprimentar pelo prêmio "Machado de Assis"
e foi à Academia me dar um abraço. A última vez que nos falamos
foi através de um telefonema que lhe dei, de Salamanca, quando
soube que ele ia receber o prêmio "Machado de Assis". Disse-lhe
que gostaria de estar na sua festa para retribuir aquele abraço de
1989. E ele: um dia comemoraremos isto tomando uma cachacinha
goiana, das legitimas. Certa vez Adonias Filho me disse que o Veiga
só não entrava para a Academia porque não se candidatava. E, por
mais que meu irmão José, na época presidente da Academia Goiana
de Letras, insistisse para que ele aceitasse uma vaga na academia de
Goiás, sem necessitar de pedir votos, ele achava sempre um jeito de
se esquivar. Viveu assim, tranqüilo e silencioso, tal como a linguagem
de seus livros, linguagem para ser lida e fruída em silêncio, palavra
por palavra, assim como a de Murilo Rubião, os dois criadores de
uma nova dicção para a narrativa curta brasileira.
Em 1986, tive a honra de presidir na SUAM uma mesa redonda
de que participaram como expositores Murilo Rubião, José J. Veiga e
961G ILBERTOM ENDONÇATELES
Nélida Pirión, assim, nesta ordem. Cada um tinha quinze minutos para
falar de seu processo de criação. Depois a palavra seria franqueada ao
público, para perguntas. Murilo resumiu tudo em doze minutos e Veiga
não chegou a dez. As respostas dadas ao público giravam em torno do
que haviam dito: tomar um assunto, geralmente ocorrido na infância,
e escrever sobre ele, como se o estivesse inventando no momento da
escrita e, por isso, não podendo dizer tudo sobre ele. O segredo, parece,
era saber manter o tom e deixar a linguagem desempenhar o seu papel
de representação de si mesma.
É por aí que se pode falar criticamente da obra de José J. Vei-
ga, do valor da sua contribuição para a renovação da prosa no Brasil
— no conto, na novela e no romance, para ficar nesta ordem que não
deixa de ter lá a sua razão estrutural. Várias vezes me aproximei de
sua obra, em leitura, cursos e conferências, e orientando duas ou três
dissertações sobre ela. Mas foi sobre Os Cavalinhos de Platiplanto que
mais escrevi, a começar com um artigo, "Roteiro do conto goiano"
[1963], no qual digo que entre os autores goianos José J. Veiga, "sem
maiores especulações de técnica — a não ser a da linguagem — se apresenta
com novas dimensões da arte de narrar, numa fabulação clara e altamente
persuasiva". Cito-o depois em A Poesia, em Goiás de 1964; num verbete
que escrevi em 1969 para a Verbo-enciclopédia luso-brasileira, de Lisboa;
e, num estudo sobre os contos de Alaor Barbosa, "Do arraial para o
cosmo", de 1979, tomo-o como modelo, escrevendo que 'A maior parte
dos escritores sucumbe ao fascínio da cor local e se deixa envolver por ela, em
vez de envolvê-la na linguagem. Há os que conseguem escapar à tentação
literária, como é o caso inigualável de José J. Veiga". E menciono várias
vezes a sua obra na Retórica do silêncio [1979].
Mas é sem dúvida em O conto brasileiro em Goiás, de 1969,
o lugar onde mais me debruço sobre os seus contos. Começo por
dizer que José J. Veiga, com Os Cavalinhos de Platiplanto (1959)
antecedeu a Bernardo Elis na renovação do conto goiano, muito
preso a fórmulas de análise, de depoimento ou de documento, do
homem e da paisagem. E acrescento que tudo o que se poderia dizer
sobre a consciência de renovação do gênero no Brasil aparece como 97 I OCONTO BRASILEIRO EM GOIÁS
experimentações surpreendentemente válidas no livro de Veiga que
focalizava de longe a paisagem goiana, que ali reponta esteticamente
transmudada, com outras dimensões de tempo e movimento e num
processo que tinha muito a ver com o surrealismo, um processo ka-
fkaniano e poetizante, porquanto possui maior grau de pura criação
literária, não se consentindo, como nos naturalistas e neo-realistas,
na aproximação demasiada (fotográfica) da realidade sensível, física
e psicológica. É a inserção na "atmosfera vital" do mundo da arte
— na linguagem — a pura criação, a "criação de fantasmas" na mais
atual confirmação aristotelica da mimese.
O leitor nem precisa de chegar ao fim da história para o seu
gozo estético — tudo é feito durante, no corpo a corpo da leitura, no
jeito especial de combinar as palavras, de construir uma linguagem
que aponta ao mesmo tempo para este e para "o outro lado", que deixa
ver os problemas político-sociais e, simultaneamente, a utopia da
"invernada do sossego", a qual se pode estender, alegoricamente, por
livros como A hora dos ruminantes, A estranha máquina extraviada, Os
pecados da tribo e Sombras dos reis barbudos. É assim que a obra de José
J. Veiga, tal como a de Murilo Rubião, com o seu realismo mágico,
ou surrealístico, ou kafkaniano, ou que nome tenha, conquistou de
vez a atenção do melhor leitor e trouxe à narrativa brasileira uma
densidade nova, próxima da poesia, capaz portanto de exprimir o
real e o mítico pelo simples fato de dar emoção e encantamento à
sua nova maneira de dizer.
caíram sobre uma velha" que declamava uns versos sem razão de ser,
apocalípticos, a que o autor chama trágicos. Imediatamente uma
multidão vem escutá-la. "A mulher crescia em tamanho. Agora parecia
um gigante e sua voz se avolumava, subia aos ares, se alastrava pelo
céu. Os pássaros pousaram nas árvores e lá permaneceram". Então a
personagem pergunta o nome da mulher e um menino responde,
espantado: "É a velha senhora, a quem chamamos Instituição". Não
satisfeito com a alegoria, volta-se ao menino e pergunta: "E você,
como se chama? — Sou a nova Instituição", responde, e "quando a
velha desaparecer começarei a ser ouvido". Aí está, no meio de muitos
contos realmente notáveis, a fragilidade (para não dizer ingenuidade)
criadora que recorre a um processo tão antiquado como é a alegoria,
transportando para o nome de Instituição, de certo modo, o mesmo
conflito anual entre o Ano Velho e o Ano Novo das folhinhas e
almanaques. Cai-se de dez a quase zero e o que é chamado "novo"
é mais velho que o velho.
Também outro dos melhores contos de Antes do túnel— "Perse-
guição", aquele que mais oferece ao leitor um modelo de como contar,
originalmente, acontecimentos comuns na infância de todo homem,
também se vale do estratagema da recordação, diminuindo-lhe a vita-
lidade criadora. Não que o autor deva evitar o ardil, pois nele reside,
afinal, a possibilidade das inovações; mas nos momentos em que o
processo se torna comum e se estabelece entre ele e a técnica uma com-
placência tradicional, todo o efeito da surpresa inventiva e genética se
vai por água a baixo ou pelo menos atenua o efeito de originalidade.
Nesse conto, a personagem, abrindo uma gaveta da cômoda,
depara com um cinto de couro. "Via nele sua infância. O passado
que não era realmente passado. Tomou-o entre as mãos. Recordava".
Começa ai o conto, acomodando-se a estrutura numa corrente de
recordações... É também o mesmo processo do último conto, "O solar
adormecido", somente que ai se abre uma brecha na memória do
viajante que torna à cidadezinha de sua infância, subterfúgio de que
se vale o autor para contar toda a história da personagem, fechando-
se o parêntese que tem o mérito de não se isolar, integrando-se no
curso dos acontecimentos e justificando o título geral da segunda 107 I O CON TOBRASILEIRO EM GOIÁS
parte do livro — "Integração".
Se possui menor rigor estilístico, na comparação com o livro
de Alaor Barbosa, incidindo-se em algumas imagens estereotipadas
e algumas alusões que não correspondem ao verdadeiro humor de
Carlos Drummond de Andrade ("— Meu verdadeiro nome é Floris-
munda, já é quase rima para um poeta menos inspirado."), é certo que
contém uma densidade literária que lhe confere, indiscutivelmente,
um lugar seguro na literatura de Goiás, constituindo um exemplo
oportuno para as novas e mesmo para as velhas gerações literárias
em nosso Estado.
Apesar de ser um livro de estréia, rodeado portanto de vaci-
lações, esperanças e perplexidades, Antes do túnel é também, antes
de tudo, uma afirmação de personalidade criadora, ciente de seu
tempo e responsabilidade. Poderá vir a ser um marco literário na
ficção de Goiás.
[Em 1978, prefaciamos o livro Avarmas, de Miguel Jorge e
escrevemos que "Bem mais recente, a 'linha universalista', iniciada
de fora de Goiás com José J. Veiga, encontra agora, a partir mesmo
de Goiás, a continuidade descontínua de Miguel Jorge, que tem
sabido introduzir as mais audaciosas modificações na linguagem
de seus contos. Esta linha é a das relações metafóricas, uma vez
que estabelece liames por similaridade e possibilita o caráter sim-
bólico de que se reveste o seu tipo de representação. Na verdade,
o processo de representação aparece misturado com o de criação,
quer dizer, o tipo de "arte de representação", própria da prosa, se
vê relacionado com o de "arte de criação", própria da poesia.
[...]. Sem abandonar os temas goianos, mas universalizando-os à
sua maneira, MIGUEL JORGE procura nos contos de Avarmas
emprestar à ação, a atmosfera e a relação dos personagens entre
si uma aura de sugestão e de encantamento. Isto dá a seus textos
aquela tonalidade poética que praticamente elimina as fronteiras
do conto como narrativa, concorrendo para a criação de um es-
paço textual novo, solitário na sua linguagem, às vezes obscura
e difícil como na maior parte da melhor poesia contemporânea."
[...] Avarmas é um livro de contos em que as técnicas da lingua-
1081GILBERTO MENDONÇA TELES
9. "LITERATURA INFANTIL"
Foi aliás essa maturidade expressiva e esta serenidade filosófica que nos 119IOCONTOBRASI LEIRO EM GOIÁS
moveram a escrever um tanto cautelosamente que, segundo informações
de seu pai, Domingos Félix de Sousa, Maria Lúcia revelou desde cedo
uma estranha vocação para a poesia. O que nos levou a dizer em A poesia
em Goiás, p. 217, que escrevendo poemas com incrível espontaneidade,
e quase sempre vinculados a uma temática que nada tem de infantil e
se caracteriza, ao contrário, por uma evidente preocupação filosófica,
expressa numa consciência perfeita das técnicas poemáticas, fato que tem
levado muitas pessoas a atribuir ao pai os poemas da filha.
Não é exatamente o mesmo que se verifica com os livros de
contos, de tons evidentemente infantis, ainda que os contistas-mirins
sejam nada menos filha de W. Bariani Ortêncio e filho de Bernardo
Élis... Mas o que nos chama a atenção aqui é que a linguagem e a
estrutura narrativa desses contos se situam no nível mental de uma
pessoa de quatorze anos, percebendo-se os cacoetes e vacilações pró-
prios de quem não sabe ainda dobrar o idioma inteiramente a seus
desígnios, ainda que tivessem recebido uma e outra correção paterna.
O que conta, portanto, é que a expressão está realizada numa mesma
pauta e num mesmo ritmo, sem preocupação de linguagem figurada.
Tudo é coloquial e reto como um menino contando uma história, já
muitas vezes repetida. Em ambos os contistas se percebem os ecos dos
temas tradicionais, tanto do lado europeu como do lado americano.
Mas o que também chama logo a atenção é o poder de atualização,
a deformação desses temas que são revividos pela imaginação de
crianças acostumadas ao cinema, à televisão e a uma vida social ati-
va que lhes retira em grande parte a antiga fantasia, substituindo-a
por termos práticos e realistas, como na história "O pé de milho",
de Nancy Ortêncio, e na da vaca e o mosquito, de Ivo Curado. Em
ambos a originalidade consiste simplesmente em descrever a história
conhecida, mas de outro ângulo, de outro ponto de vista. Isto para a
maioria dos contos, pois existem aqueles realmente originais, como
o da "Pequerrucha", de Nancy e o de "O Tamanduá e as formigas",
de Ivo Curado.
Prefaciando o livro de Nancy Ortêncio, a escritora Lúcia
Benedetti — um dos grandes nomes da literatura para crianças no
Brasil — chega a apontar uma constante no núcleo de suas histórias: "o
120 1GILBERTO MENDONÇATELES
EM GOIÁS
sentido de pesquisa e revisão de valores e problemas, motivando de
vez em quando uma descoberta importante, como é o caso da revisão
de Sousândrade que, já mencionado por João Ribeiro, somente ga-
127 10 CONTO BRASILEIRO
nhou relevo entre os novos de São Paulo com o trabalho dos irmãos
Haroldo e Augusto de Campos, mais críticos do que propriamente
poetas, apesar da propaganda da poesia concreta.
'"Bernardo Élis diz que a Antologia de poetas modernos foi organizada por Atílio
Milano, mas a que foi publicada em 1935 foi feita por Dante Milano, contendo
16 páginas, e se chamava Antologia dos poetas modernos.
Viana Moog, em Uma interpretação da literatura brasileira, de
1943, também tocou no assunto, chegando a acentuar que os escri-
tores da província somente se realizavam literariamente e ganhavam
nome nacional quando iam para o Rio de Janeiro, o que já não é
totalmente verdadeiro em face dos grandes centros culturais que vão
surgindo, com as universidades, em diversos pontos do Brasil.
Assim, com exceção dos estudos regionais feitos na província,
o que tem sido estudado até agora são os pontos de irradiação, mas
não vistos como "pontos de irradiação" e sim como centros literários,
geralmente motivado por fatores econômico-sociais e políticos, como
Recife — centro cultural do Brasil no século XVI; Salvador, no século
XVII; Minas Gerais (Ouro Preto), no XVIII. No inicio do século XIX
o Rio de Janeiro começa a centralizar o movimento cultural que, a
partir do Romantismo, se distribui por São Paulo e novamente Recife,
donde partem as idéias naturalistas. Só depois de 1900 e mais clara-
mente com o Modernismo é que se inicia aquele "promissor fenômeno
de descentralização literária" com que Alceu Amoroso Lima caracteriza
o aparecimento de revistas literárias em várias partes do Brasil e dentro,
pois, da afirmativa de Drummond segundo a qual o Modernismo havia
sido um movimento literário de vilas e povoados.
Mesmo os organismos oficiais têm olvidado este aspecto tão
importante e as bibliografias publicadas nem sempre refletem toda a
intensidade do movimento editorial do Pais, não se pesquisando de-
vidamente as publicações feitas nos vários Estados da União. Prova do
que dizemos é a Introdução ao estudo da literatura brasileira, organizada
1281G ILBERTOMENDONÇA TELE S
COMPLEXO DE GERALDO
129 I O CONTO B RASILEIRO EM GOIÁS
Se Freud houvesse passado alguma vez
pelo Rio de Janeiro, teria dado atenção
à cultura do "complexo de Geraldo",
que ataca de noite, na água choca,
a insolação das cari-ocas.
Goiás".
A Capital Federal, a duzentos quilômetros de Goiânia, é hoje
um fator indiscutível para o conhecimento de Goiás. Mas o certo é
que, por muito tempo ainda, serão os escritores do Rio de Janeiro
e São Paulo que continuarão a informar o pensamento nacional.
A provar que a antiga preocupação de Henrique Silva é ainda
válida, sob muitos aspectos, aí estão, nos mercados livreiros do pais,
várias obras sobre formas de cultura brasileira. Em 1943, Viana Moog,
num belo estudo sobre a existência de áreas culturais no Brasil e os
seus reflexos na literatura brasileira, escreveu Uma interpretação da
literatura brasileira, concluindo pela existência das seguintes "regiões
literárias" no Brasil: Amazônia (sentido cósmico e telúrico), Nordeste
(sentido social), Bahia (o tradicionalismo retórico e barroco), Minas
Gerais (o municipalismo), São Paulo (o bandeirantismo), Rio Grande
do Sul (o individualismo) e Rio de Janeiro (a soma de elementos de
todas as regiões e a respectiva consagração). O ilustre escritor não
tinha nessa época muitos motivos literários para apontar mesmo
uma "região central", mas é fora de dúvida que não podia esquecer os
delineamentos de uma área cultural no centro do Brasil, heterogênea
na sua formação, mas tendente a uma incontestável homogeneidade.
Não teria conhecido por certo o livro de Hugo de Carvalho Ramos
— Tropas e boiadas — que já andava pela terceira edição...
Também o autor do Dicionário do folclore brasileiro peca por
omissão numa época em que isto já não é mais possível desculpar-
se. Na sua Antologia do folclore brasileiro, de 1944, Luiz da Câmara
Cascudo não faz a mínima referência ao Folclore goiano, de J. Apare- 1311 O CONTO BRASILEIRO EM GOIÁS
cido Teixeira, publicado três anos antes, em 1941, pela Companhia
Editora Nacional e hoje já em segunda edição (1959) na "Coleção
Brasiliana". Na segunda edição, dessa Antologia, pronta em 1954
mas publicada em 1956, não se corrigiu o lapso, ali aparecendo
apenas o nome de Americano do Brasil, cujo livro (Cancioneiro de
trovas do Brasil Central) é de 1925. Também na História da literatura
brasileira — Literatura Oral (volume VI, 1952) não se menciona o
livro de José A. Teixeira. Já na segunda edição do Dicionário (1962)
a omissão é ao livro de Regina Lacerda (Vila Boa, 1957), sendo que
a folclorista goiana tem sido mencionada por autores estrangeiros,
como Félix Colucci, da Argentina, no Guia de instituições e folcloristas
do mundo, de 1963.
No Congresso Brasileiro de Língua Vernácula, realizado no
Rio de Janeiro de 21 a 29 de outubro de 1949, o professor Sílvio Elia
apresentou a tese "A Unidade Lingüística do Território Brasileiro" que
agora aparece publicada nos Anais do Congresso brasileiro de língua
vernácula (volume II, 1957). O objetivo da tese era provar a unidade
da língua portuguesa no Brasil, valendo-se para isto das obras de es-
pecialistas como Clóvis Monteiro, Serafim da Silva Neto, Gladstone
Chaves de Melo, Amadeu Amaral, Antenor Nascente, Mário Marro-
quim e alguns outros — autores de dicionários ou glossários, parciais
ou de conjuntos, sobre a realidade lingüística brasileira. O processo
de que se valeu, dentro dos cânones da Geografia Lingüística, foi o
de estabelecer fronteiras para as características fonéticas, morfológicas
e sintáticas, documentando a circulação de determinados fenômenos
lingüísticos dentro de "áreas" ou regiões para, afinal, indicar as "áreas
maiores" de identificação, em que os fenômenos se possam classificar
como originários de traços culturais mais ou menos homogêneos.
O professor Sílvio Elia não chegou entretanto, nesse trabalho, a
elaborar nenhum mapa para o distante e futurissimo Atlas lingüístico
do Brasil. Limitou-se, como expressamente o declara, à comparação de
dados extraídos de trabalhos parciais, espécie de monografias dialetais.
Daí a falta de "isoglossas" para as áreas estudadas, o que não impediu,
todavia, a visão panorâmica que teve intenção de realçar. As áreas
estudadas foram as seguintes: Nordeste, Centro, Sudeste, Sul e Norte,
132 1GILBERTO MENDONÇATELES
OCONTOBRASILEIROEMGO IÁS
de um conto de Hugo com um de Bernardo Guimarães. Trata-se
da história de uma vaca preta, mas de barriga branca (jaguané)
que, à noite, deu ao viajante a impressão de que eram dois negros
carregando um defunto. Tanto Hugo como Bernardo Guimarães
contam a mesma história, debaixo entretanto de outras perspecti-
vas narradoras e estilísticas. Victor de Carvalho Ramos, irmão de
Hugo, mandou uma carta ("Em defesa de Hugo Ramos") que foi
publicada no mesmo suplemento, na edição de 20-10-56. Com farta
documentação, soube situar bem o problema, escrevendo que "Coin-
cidiu que Bernardo Guimarães e Hugo Ramos se aproveitassem
135I
1910
1. ABREU, Zeferino de (Pe.) (falecido em1913). Casos reais. Cataguases, MG:
S. José, 1910. 208 p. Algumas ilustradas.
2. TAVARES, Crispiniano (1855-1906) Contos inéditos. Uberaba, MG: Gazeta
de Uberaba, 1910.
1917
3. RAMOS, Hugo de Carvalho (1895-1921). Tropas e boiadas. Rio de Janeiro:
Revista dos Tribunais, 1917. 194 p. A segunda edição foi publicada em 1922,
por Monteiro Lobato & Cia., São Paulo, 276 páginas, traz prefácio de Go-
mes Leite e dados biográficos escritos por Victor de Carvalho Ramos. Possui
também uma relação dos trabalhos literários do autor. A terceira é de 1938,
pela Livraria Editora Record, São Paulo, 256 páginas; traz prefácio de Sílvio
Júlio. A quarta é de 1950, pela Companhia Editora Panorama, São Paulo, 119
154 GILBERTO MEND ONÇATELES
páginas, mas vem seguida, num volume único, de outras obras do autor, sob
o título geral de Obras completas de Hugo de Carvalho Ramos; traz prefácio
de Tasso da Silveira e os prefácios das edições anteriores, e, no fim, um Juízo
Crítico sobre Tropas e boiadas. A quinta edição foi publicada em 1965 pela
José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 154 páginas. É a mais importante:
além de ilustrações fotográficas e de uma minuciosa "Nota bibliográfica" de
Victor de Carvalho Ramos, o volume contém, como introdução, um impor-
tante estudo estilístico ("Literatura do Chapadáo") de M. Cavalcanti Pro-
ença que restabeleceu o texto da primeira edição. É também a edição mais
completa, pois vem acrescida de "Dias de Chuva", que não figurava nas outras
edições. Ademais, cada edição foi sempre aumentada de um ou dois contos,
de modo que a primeira edição é bem diferente das outras.
Em "Nota desta edição", escrita para a oitava edição, organizada por Gil-
berto Mendonça Teles, em 1997, há uma história completa de todas as edições
e levantamos os dados para uma edição crítica de Tropas e boiadas. E esclarece-
mos que a sexta edição é "uma cópia xerox da quinta, feita apressadamente pela
Livraria e Editora Cultura Goiana, 1984, 180 p., formato 21 x 14,5. A excelente
"Introdução" de M. Cavalcanti Proença foi substituída por uma de Romeu
Henkes. No colofão se diz erradamente que a edição que serviu de modelo
para a cópia xerox é de 1964, quando não resta dúvida de que é a de 1965.
Foi tão apressada que utilizou como índice o fac-símile manuscrito que Hugo
preparou dois anos antes de sua morte, em 1921, deixando sem indicação os
contos incluídos nas edições anteriores. / Informamos também que a sétima
edição, que traz algumas notas de Carmo Bernardes, foi feita em Belo Hori-
zonte, pela Editora Itatiaia, em 1986.
4. RODRIGUES, Gastão de Deus Victor (1883-1917). Traços multicolores. In:
Páginas goianas. São Paulo: Paulicéia, .1917. 128 p. pt. 2. A parte dos contos
tem 81 páginas.
1924
5. OLIVEIRA, Pedro Gomes de (1882-1955). Na cidade e na roça. São Paulo:
Ed. Monteiro Lobato, 1924. 158 p. O segundo livro do autor é de 1942.
1930
6. CASTRO, Derval de (1896-1952). Páginas do meu sertão. São Paulo: Duprat-
Mayença, 1930. 135 p. Inclui um "vocabulário do sertanejo goiano". Crôni-
155I OCONTOBRASILEIRO EM GOIÁS
cas e contos.
1937
7. PELEJA, Sebastião Veloso (1909). Exercício de literatura. Goiás: Po-
pular, 1937. 43 p. São crônicas, algumas em forma de conto, como o
"Diálogo".
1939
8. NATAL, Eurídice (1883-1970). Notas de viagem ao Araguaia. Goiânia:
O Popular, 1939. 43 p. Traz o conto "Ecide", de 1904.
1942
9. OLIVEIRA, Pedro Gomes de. O pito aceso. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1942. 114 p. Seguido de um Elucidário. Capa de Kaiká. O primeiro livro do
autor é de 1924.
1944
10. ÉLIS, Bernardo (1915-1997). Ermos e gerais. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 1944. 172 p. "Bolsa de publicações Hugo de Carvalho Ramos". A se-
gunda edição é de 1959, pela editora Oió, Goiânia/ Revista dos Tribunais,
São Paulo, 288 p. Capa de Manuel Hermano. Os outros livros de conto de
Bernardo Elis são de 1965 e 1966.
1945
11. REIS, Gelmires (1893-1979). Páginas da roça. Luziânia, GO: Luzianas,
1945.76 p.
1950
12. ARAÚJO, José Cruciano de (1929-2001). Três contos que não são de réis. Goi-
ânia: Imperial, 1950. 29 páginas.
1951
13. LEITE, Mário Rizério (1912) Lendas de minha terra. Goiânia: Escola Técni-
ca de Goiânia, 1951. 130 p. "Bolsa de publicação Hugo de Carvalho Ramos"
Há outro livro do autor, de 1952.
1952
156GILBERTO MENDONÇATELES
1953
15. FERREIRA, Gumercindo (1923-). O Engraxate e outros (contos). Goiânia.
Escola Técnica de Goiânia, 1953. 62 p.
1954
16. OTERO, Leo Godoy (1927). Gente de rancho. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 1954. 146 p. "Bolsa de publicações Hugo de Carvalho Ramos" O outro
livro do autor é de 1958.
17. CURADO, Ada Ciocci (1916-1999). O Sonho do pracinha e outros contos. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1954. 115 p. O outro livro da autora e de 1966.
1956
18. ORTÊNCIO, Waldomiro Bariani (1923). O que foi pelo sertão. São Paulo: Ed.
de Autores Novos, 1956. 128 p. Traz um Vocabulário depois de cada conto. De
parceria com outro livro de contos (Vovó do Pito, de Luís Franceschini). O livro
todo tem 206 páginas. Os outros livros do autor são de 1959 e 1965.
1958
19. OTERO, Leo Godoy (1927). O Caminho das boiadas. São Paulo: Jose Olym-
pio, 1958. 200 p. Traz um Glossário. Capa de Poty. O outro livro do autor
e de 1954.
1959
20. VEIGA, Jose J. (1915-1999). Os cavalinhos de platiplanto. Rio de Janeiro: Nítida,
1959. 143 p. Capa de Clerida. [Outros livros do autor: Novelas - Sombras de reis
barbudos, 1972; Os pecados da tribo, 1976; De jogos e festas, 1980. Contos -A má-
quina extraviada, 1968; Aquele mundo de Vasabarros, 1981; Torvelinho dia e noite,
1985; A casca da serpente, 1989; e Relógio Belisário, 1996. Nota de 2007].
1964
22. SANTOS, Alaor Barbosa dos (1940). Cidade do tempo: contos. Goiânia: Ed.
Goiás, 1964. 136 p. O outro livro do autor e de 1966. [Campo e noite, 1971;
Caminhos de Rafael, 1995; e outros. Nota de 2007].
23. JORDÃO, Eduardo R. (1943). Contos para ler de pé. Goiânia: Cia. Ed. Social
Ind. e Comercio, 1964. 56 páginas.
1965
24. ÉLIS, Bernardo. Caminhos e descaminhos. Goiânia: Brasil Central, 1965. 159 p.
Os outros livros do autor são de 1944 e 1966. [Há mais livros de Bernardo, como
Caminho dos gerais, de 1975; Apenas um violão, 1984; Seleta de Bernardo Elis — or-
ganizada por mim para a J. Olympio, 1974; e Os melhores contos de Bernardo Elis,
também organizada por mim, para a Global, em 2003. Nota de 2007].
25. ORTÊNCIO Waldomiro Bariani. Sertão sem fim. Rio de Janeiro: Liv. São
José; Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 1965. 261 p. Seguido de um
Glossário. Contém nota de Adolfo Casais Monteiro. Capa de Hermano. Os
outros livros do autor são de 1956 e 1959.
1966
26. ÉLIS, Bernardo. Veranico de janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. 144
p. Premio "José Lins do Rego" de 1964. Os outros livros de contos do autor
são de 1944 e 1965. Contém "Notas Biográficas do autor" e apresentação de
Herman de Lima, Capa de Poty.
28. CURADO, Ada Ciocci. Nego rei. Goiânia: Livraria Brasil Central, 1966. 166
p. O outro livro de conto da autora é de 1954. Capa de Cecy A. Curado.
158GILBERTOMENDONÇATEL ES
30. JORGE. Migucl (1933). Antes do túnel. Goiânia: Universidade Federal de Goiás,
1966. 179 Págir ias. Traz prefácio de Fábio Lucas. Capa de Marcel de Paoli.
35. RAMOS, Cornelio (1910-2001). Amor em quarto crescente. Catalão, GO: Ru-
bro Negro ed., 1966. 148 p.
36. CURADO, Ivo (1953). Estórias do cerrado. Goiânia: Ed. FTD, (1966). Com:
ORTÊNCIO, Nancy (1953). O muro que voava. A parte de Nancy contém
93 páginas, a de Ivo. 91 páginas.
SEM DATA
37. MACHADO, João Batista (1913). O sonho do senador. Goiânia: Oficinas
Gráficas do Departamento Estadual de Imprensa. É apenas um conto de 10
páginas.
1910 —AZEVEDO, Francisco Ferreira dos Santos (org.). (Prof.. Ferreira). Anuário
histórico, geográfico e descritivo do Estado de Goiás. Uberaba, MG.: Livraria
Século XX, 1910. 240 p. Na parte literária, traz um conto de Cora Coralina,
uma crônica de Júlio Nunes e vários poemas: dá a primeira visão geral da
literatura goiana, em 18 páginas.
1941 — TEIXEIRA, José Aparecido. Folclore goiano. São Paulo: Ed. Nacional,
1941. 434 p. É o melhor trabalho, no gênero, em Goiás. Estuda vários ciclos
das histórias orais mais comuns em Goiás, além do vasto repositório da poesia
popular. Existe segunda edição, publicada na Coleção Brasiliana, volume 306,
de 1959, com 342 páginas.
1944 — VEIGA NETO (org.). Antologia goiana: prosadores, jornalistas e poetas
falecidos, de 1838-1944. São Paulo: Revista dos Tribunais; Goiânia: "Bolsa de
Publicações Hugo de Carvalho Ramos", 1944. tomo I. 310 p.Nunca saiu o t.
II. Imprescindível para qualquer trabalho literário sobre Goiás.
1952 — DEIN Lescbuch Für Schule Und Heim. Curitiba: [s.n], 1952. Traz o conto
"Ninho de Periquitos" de Hugo de Carvalho Ramos, traduzido - (Das nest
Der Periquitos) por Amo Eytelz.
1958— RIEDEL, Diaulas (org.). Maravilhas do conto brasileiro. São Paulo: Cultrix,
1958. 311 p. Traz um conto de Hugo de Carvalho Ramos.
1959— RIEDEL, Diaulas (org.). As selvas e o pantanal: Goiás e o Mato Grosso. São
Paulo: Cultrix, 1959. 314 p. (Coleção Histórias e paisagens do Brasil, v. 10).
Traz os contos de Leo Godoy Otero, Couto Magalhães, Waldomiro Bariani
Ortêncio, Bernardo Élis e Hugo de Carvalho Ramos.
OCON TOBRASILEIROEMGOIÁS
163 I
3. INDICE ONOMÁSTICO E DE TÍTULOS
DE LIVROS
—W — —Z—
WEIDDLÉ — 65. ZOLA — 40.
WELLEK, René — 50, 125, 142.
DADOS BIBLIOGRÁFICOS
POESIA
• Alvorada. Goiânia: Escola Téc- • Sintaxe invisível. Rio de Janeiro:
nica de Goiânia, 1955. Pref. do Cancioneiro de Orfeu, 1967. Foto
Autor Capa de Péclat de Chavan- do Autor por Luiz Prieto. 88 p.
nes. 54 p. 2a Edição, fac-similada.
Goiânia: Academia Goiana de • A raiz da fala. Rio de Janeiro:
Letras, 2005. 110 p. Gernasa / INL, 1972. Capa de
Vera Duarte. Pref. de Cassiano
• Estrela-d'alva. Goiânia: Brasil Ricardo. Prêmios: Secretaria de
Central, 1956. Pref. do Autor. Educação e Cultura do Distrito
Prêmio Félix de Bulhões, da Aca- Federal, V Encontro Nacional de
demia Goiana de Letras. 78 p. Escritores (1970); Olavo Bilac,
da Academia Brasileira de Letras
• Planície. São Paulo: Revista dos (1971). 120 p.
Tribunais, 1958. Capa e ilustra-
ções de Fr. Confaloni. Prêmio de • Arte de armar. Rio de Janeiro:
Publicações da Bolsa Hugo de Imago, 1977; 2a ed. Idem. Prêmio
Carvalho Ramos, da Prefeitura Banco Bandeirantes, da Socie-
Municipal de Goiânia. 102 p. dade Amigas da Cultura, Belo
Horizonte (1976); Prêmio Bra-
• Fábula de fogo. São Paulo: Revista sília de Poesia, do XII Encontro
dos Tribunais, 1961. Ilustração de Nacional dos Escritores, (1978).
Fr. Confaloni. Prêmio Leo Lynce, 92 p.
da União Brasileira de Escritores
— Seção de Goiás. 178 p. • Poemas reunidos. Rio de Janeiro:
J. Olympio / INL, 1978; 2a ed.
• Pássaro de pedra. Goiânia: Escola J. Olympio, 1979. 3a ed. au-
Técnica de Goiânia, 1962. Capa e mentada e com o título de Hora
desenho de D. J. Oliveira. Orelha aberta. Idem, 1986. Capa de
187 10 Conto Brasileiro em Goiás
ENTREVISTAS
CONFERÊNCIA
[Cf. Curriculum Vitad
225 p.
TURCHI, Zaíra. A Contraluz da Fusão Lírica. In: TURCHI, Zaíra. Lite-
ratura e antropologia do imaginário: uma mitocrítica dos gêneros literários.
, Tese de Doutorado, PUC-RS, 1999. 332 p.
MORAES, Emanuel de. Amor e vida na poesia de Gilberto Mendonça Teles.
Rio de Janeiro: Galo Branco, 1999. 132 p.
ARAÚJO, Waldenides Cabral de. Das margens do corpo ao corpo de linguagem:
a incorporação na poética de Gilberto Mendonça Teles. Recife: Universi-
dade Federal de Pernambuco, 1999. Dissertação de Mestrado. 136 p.
CENTRO ACADÊMICO DO DEPARTAMENTO DE LETRAS DA PUC-
RIO. Gilberto: 40 anos de poesia. Rio de Janeiro: Galo Branco, 1999. 248 p.
ROSSI, Carmelita de Mello. Uma leitura por Goiás: A Sa(o)ciologia de Gil-
berto Mendonça Teles. Universidade Federal de Goiás, 2002. Dissertação
de Mestrado. 112 p.
BRAGA, Jurema Coutinho. Tradição e vanguarda na poesia de Gilberto
Mendonça Teles. Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, 2004.
Dissertação de Mestrado. 145 p.
SALES, Luciana Netto de. As janelas do invisível: Uma leitura de Álibis, de
Gilberto Mendonça Teles. Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora,
2005. Dissertação de Mestrado. 108 p. Rio de Janeiro: Edições Galo
Branco, 2006. 220 p. El
MACHADO, Neuza. Criação poética: Tema e Reflexão sobre a obra poética
de Gilberto Mendonça Teles. Rio de Janeiro: Nmachado, 2005. 88 p.
FERNANDES, José. O selo do poeta. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco,
2005. 352 p.
DENÓFRIO, Darcy França. O redemoinho do lírico: Estudo sobre a poesia
de Gilberto Mendonça Teles. Petrópolis: Editora Vozes, 2005. 370 p.
VÁRIOS. A plumagem dos nomes I Gilberto: 50 anos de literatura,
Goiânia: Kelps/Secretaria Municipal de Cultura, 2007. 812 p.
DISTINÇÕES
de Goiás.
1971 — Diploma de Mérito Cultural, da União Brasileira de Escritores,
de Goiás.
1973 — Homenagem de O Popular, Goiânia, pela "dilatação das fron-
teiras culturais do Estado".
— Eleito para a Academia Brasileira de Filologia.
1976 — Medalha Mérito Filológico Oscar Nobiling, da Sociedade Bra-
sileira de Língua e Literatura, no Rio de Janeiro.
1979 — Eleito Príncipe dos Poetas Goianos (IV),pela Academia Feminina
de Letras e Artes de Goiás
Diploma do Instituto Lusíada do Ceará "pelos significativos servi-
ços prestados às atividades culturais da Secretaria de Educação do
Governo do Ceará".
— Diploma e Medalha de Honra ao Mérito, da Universidade Católica
de Goiás, Goiânia, "pelo seu testemunho claro e autêntico de serviço
solidário, participando do bem que a universidade vem realizando,
na busca da verdade e na fidelidade à igreja".
1980 — Troféu Tiokô, Especial, da União Brasileira de Escritores de
Goiás.
1981 — Medalha Cidade de Fortaleza, da Câmara Municipal de For-
taleza.
— Eleito para a Academia Carioca de Letras.
1982 — Diploma de Personalidade Cultural, da União Brasileira de
Escritores do Rio de Janeiro.
1983 — Presidente de Honra do VIII Congresso Nacional de Estudos
de Lingüística e Literatura, no Rio de Janeiro.
1984 — Título de Cidadão Goianiense, da Câmara Municipal de Goi-
ânia.
1985 — Homenagem aos 30 anos de poesia, do Centro de Cultura da
Região Centro Oeste, Brasília.
1986 — Homenagem do V Seminário Brasileiro de Crítica Literária, da
PUC-RS, Porto Alegre, pelos 30 anos de poesia.
1987 — Homenagem do II Congresso de Literatura Goiana da Univer-
sidade Federal de Goiás.
— Condecoração da Ordem do Infante Dom Henrique, no grau de Co-
SITES
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http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/poesia/index.
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