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Cartilha de

Orientação Política

“Alegres por
causa
da esperança”
(Rm 12,12)

Os cristãos e as
Eleições 2018

Regional Sul 2
ÍNDICE
Premissa ....................................................................................................... 2
PARTE 1 | PREOCUPAÇÕES
Crise ética ..................................................................................................... 3
Ameaças à democracia ................................................................................. 4
Corrupção ..................................................................................................... 5
Descrédito na política e nos políticos ............................................................ 6
Acirramento da polarização .......................................................................... 7
Sinais de esperança ....................................................................................... 8
PARTE 2 | A IGREJA E AS ELEIÇÕES
Papa Francisco aos políticos católicos da América Latina ........................... 10
Cartilhas e debates ...................................................................................... 12
Lei Contra a corrupção eleitoral .................................................................. 12
Lei da “FICHA LIMPA” .................................................................................. 13
Incentivo aos leigos e leigas na vida pública ................................................ 14
Desafiados a uma maior participação católica ............................................ 15
PARTE 3 | ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL
Principais funções dos futuros eleitos ......................................................... 16
O que significa a palavra candidato? ........................................................... 18
Voto num candidato a deputado e elejo outro ............................................ 19
Votos nulos ou brancos não anulam a eleição ............................................. 20
De onde sairá o dinheiro para as campanhas eleitorais? ............................. 21
PARTE 4 | CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL
Orientações sobre a responsabilidade do voto ........................................... 22
Antes das eleições ...................................................................................... 22
Fake News ................................................................................................... 24
Durante as eleições .................................................................................... 25
Vote em quem ............................................................................................ 25
Não vote em quem ...................................................................................... 26
Denuncie a compra de votos ....................................................................... 28
Depois das eleições .................................................................................... 31
PRECISAMOS DE BONS POLÍTICOS

“Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com


paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus
sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham
o bem comum aos seus interesses privados, que sejam
abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que
conjuguem a busca da justiça com a
misericórdia e a reconciliação”.

Políticos que
anteponham o bem
comum aos seus
interesses privados.

(Papa aos políticos latino-americanos, 1-3


de dezembro de 2017).
PREMISSA

A missão da Igreja por ocasião das eleições?


é Evangelizar. Como o Evange- A Igreja é comprometida com
lho tem implicações sociais, eis o a política no sentido amplo do
motivo desta Cartilha. Trata-se de termo, pois a política tem a ver
um subsídio destinado a eleitores com a paz, a justiça e cuida da
e candidatos, a grupos, comuni- vida de uma cidade, de um povo
dades e meios de comunicação, inteiro e da humanidade.
que visa orientar sem interferir
indevidamente. A partir do Evangelho, a Igreja
desenvolveu, ao longo de seus
Focaliza as eleições 2018, na óti- dois mil anos de história, uma
ca da Conferência Nacional dos doutrina ética que orienta o agir
Bispos do Brasil (CNBB), institui- das pessoas e uma doutrina so-
ção que não se identifica com cial que contempla a sociedade
nenhuma ideologia ou partido como um todo. Atenta ao exer-
político1. cício da política, a Igreja é impe-
Esta cartilha dá destaque à espe- lida a ser “advogada da justiça e
rança, revalorizando a política, defensora dos pobres diante das
num momento em que o Brasil intoleráveis desigualdades so-
vive sérias crises, particularmen- ciais e econômicas, que clamam
te no âmbito político. Ela profes- ao céu”2.
sa que a fraternidade é o maior A Igreja deseja a mobilização de
valor do bem comum. todos, independentemente de
Há quem pergunte: por que a partidos políticos, em vista de
Igreja deveria se “envolver em uma convivência pacífica, frater-
política”, publicando cartilhas na e solidária.

1 Mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao Povo de Deus, 56ª Assembleia
Geral, Aparecida (SP), 19 de abril de 2018.
2 Documento de Aparecida, n. 395.
4
PREOCUPAÇÕES

PARTE 1 - PREOCUPAÇÕES
CRISE ÉTICA espaço contaminado pela cor-
A ética é a opção pelo caminho rupção, onde interesses pessoais
do bem e a prática desse cami- e corporativistas têm prevaleci-
nho3. Ela regula os relaciona- do sobre o bem da coletividade.
mentos entre as pessoas e as E isso é o oposto do que prescre-
instituições e é a base da vida ve a Constituição Federal:
social. Para o bem da sociedade, “É dever de todo servidor pú-
é necessário que todos sejam blico obedecer os princípios
justos, honestos e respeitosos de legalidade, impessoalidade,
com seus semelhantes. moralidade, publicidade e efici-
Mas, no Brasil, está se intensifi- ência” (cf. Art. 37).
cando uma crise ética! Noticiá- Em texto publicado em 2017, a
rios regionais e nacionais apre- CNBB orientou: “A superação da
sentam-se repletos de relatos de grave crise vivida no Brasil exige
corrupção, particularmente no o resgate da ética na política, que
mundo político e empresarial. A desempenha papel fundamental
corrupção é uma doença grave e na sociedade democrática. Urge
contagiosa, que estimula práticas um novo modo de fazer política,
de transgressão alicerçado nos valores da hones-
na sociedade. tidade e da justiça social”4.
A impunidade
vem só acentu- As suas
ar essa doença. atitudes
O âmbito da são justas e
política tem se honestas?
revelado um

3 Cf. Aristóteles, Ética a Nicômaco.


4 Nota da CNBB sobre o momento nacional, 19 de maio de 2017.
Cartilha de Orientação Política 5
PARTE 1

AMEAÇAS À DEMOCRACIA
Democracia significa que o Quando o Poder Executivo se
poder de governar pertence serve da máquina adminis-
ao povo, conforme se lê na trativa ou negocia a liberação de
Constituição Federal: “Todo o po- emendas parlamentares em vista
der emana do povo, que o exer- de interesses particulares, tam-
ce por meio de representantes bém age de forma antidemocrá-
eleitos ou diretamente”5. Conse- tica! Os recursos públicos devem
quentemente, a democracia re- ser usados para o bem comum e
quer o exercício do governo em não para privilegiar alguns.
vista do povo, do bem comum. Também a compra de
Desse modo, práticas ilícitas ou votos é uma ameaça
corruptas por parte de gover- à democracia. Mais
nantes no Legislativo e no Exe- do que dinheiro vivo,
cutivo constituem uma ameaça muitas vezes, usa-se
frontal à democracia. É contra- o poder de influência
ditório ser representante do para gerar votos.
povo, do bem comum, e forjar Assim, tem sido comum políticos
leis ou governar em benefício que atuam em esferas mais altas
próprio ou do seu grupo. subornarem prefeitos e vereado-
res em municípios, como cabos
Por exemplo: eleitorais. Oferecem benefícios
O loteamento do Congresso públicos (que não lhes perten-
Nacional em algumas ban- cem), para serem disponibiliza-
cadas que aglutinam parlamen- dos à população, gerando, des-
tares em vista de reivindicações sa forma,
específicas, é antidemocrático! votos para

5 Constituição Federal, Artigo 1º, parágrafo único.


6
PREOCUPAÇÕES
candidatos que os eleitores nem
CORRUPÇÃO
sequer conhecem.
Quem é corrupto e se elege com- A política está a serviço do bem
prando votos, provavelmente comum. A corrupção pública, ao
continuará praticando a corrup- invés, é roubo daquilo que é co-
ção para recuperar o que gastou. mum: os recursos públicos.

Coloca-se em risco a democracia Em 2016, os Bispos do Brasil,


também quando o eleitor vende reunidos em Assembleia Geral,
seu voto ou troca por algo que o assim se manifestaram :
6

beneficia. É um eleitor corrupto!


“Vêm à tona
escândalos
VOCÊ TEM CORAGEM
de corrupção
DE VENDER SEU VOTO E sem precedentes na história
PREJUDICAR do País. É verdade que
A TODOS? escândalos dessa natureza
não tiveram início agora;
entretanto, o que se revela
Ao contrário, seja defensor no quadro atual tem
da democracia! conotações próprias e impacto
devastador. São cifras que
Cabe a todos nós cuidar da nossa fogem à compreensão da
jovem democracia. Nas eleições maioria da população.
2018, fique atento às propostas Empresários, políticos,
dos candidatos para distinguir agentes públicos estão
entre quem busca preservar a de- envolvidos num esquema que,
mocracia e quem propõe regimes além de imoral e criminoso,
diferentes. Pesquise se o seu can- cobra seu preço” .
didato é a favor da democracia.

6 Nota da CNBB, 13 de abril de 2016.


Cartilha de Orientação Política 7
PARTE 1
O roubo e o desvio de verbas DESCRÉDITO NA POLÍTICA
públicas levaram o País a uma E NOS POLÍTICOS
crise ética, econômica e social. “O divórcio entre o mundo po-
Milhões de pessoas estão pa- lítico e a sociedade brasileira é
gando a conta: além do aumento grave”7. Boa parte da população
do desemprego, há carências na não acredita mais na política,
área da saúde, educação, segu- pois muitos políticos vivem lon-
rança, moradia e até mesmo na ge do povo, foram e estão sendo
área de alimentação. Quem mais corruptos. Na verdade, eles pre-
sofre são os pobres, os mais ne- cisam de uma real conversão!
cessitados dos serviços públicos.
A política está tão demonizada
Quando elegemos políticos cor- que homens e mulheres de bem,
ruptos, permitimos que eles pre- ao se candidata-
judiquem a nossa vida, pois a rem são, muitas
corrupção desvia recursos desti- vezes, rotuladas
nados às políticas públicas. Para de ladrões. Mas
compensar o roubo, eles podem há na política
até querer aumentar os impos- muitas pessoas
tos. honestas!
Nestas eleições, não seja coni-
vente com a corrupção. Não vote Nas eleições 2018, como
em candidatos que tenham atos
distinguir os bons dos
maus políticos?
corruptos comprovados pela jus-
tiça. A corrupção, em suas varia- Ofereceremos mais adiante al-
das formas, só será vencida se a guns critérios de escolha.
enfrentarmos juntos. O descrédito nos políticos e o de-
sinteresse pela política não aju-
O que você está fazendo para
dam em nada o Brasil e cada um
eliminar a corrupção?
de nós. Aliás, só pioram as coisas.
7 Nota da CNBB, 26 de outubro de 2017.
8
PREOCUPAÇÕES
De que serviria votar em branco É preciso ressaltar os valores da
ou nulo? Ou então, votar em al- convivência democrática, do res-
guém como forma de protesto? peito ao próximo, da tolerância e
Todos somos corresponsáveis do sadio pluralismo, promoven-
pela situação que vivemos: não do o debate político com sere-
nos interessamos pela política, nidade. Não podemos julgar ou
não escolhemos com critério na agir de forma desrespeitosa e
hora do voto e não acompanha- violenta contra uma pessoa por
mos os eleitos! ela se vestir com roupa de uma
determinada cor ou por postar
ACIRRAMENTO DA
conteúdos de seu partido políti-
POLARIZAÇÃO
co nas redes sociais:
É preocupante o “O bem da nação requer de to-
discurso de ódio dos a superação de interesses
e de mútua into- pessoais, partidários e corpo-
lerância que se rativistas. A polarização de po-
instaurou entre as sições ideológicas, em clima
denominadas es- fortemente emocional, gera a
querda e direita. perda de objetividade e pode
Quando uma pessoa pesquisa na levar a divisões e violências que
internet um determinado assun- ameaçam a paz social”9.
to, ela obtém resultados a partir A Campanha da Fraternidade de
dos interesses do seu perfil. Des- 2018, conclama as pessoas a en-
sa forma, a internet estimula o contrar vias de superação da vio-
pensamento único. Consequen- lência para se viver em paz em
temente, fica mais difícil o diá- todos os ambientes.
logo com quem pensa diferente.
Você tem tido atitudes fanáti-
Estudos em comunicação confir-
cas? Sabe dialogar pacificamen-
mam essa tese8.
te com quem pensa diferente?
8 Acesse: https://goo.gl/Q2pUc6
9 Nota da CNBB, 13 de abril de 2016.
Cartilha de Orientação Política 9
PARTE 1

SINAIS DE ESPERANÇA
“Alegres por causa da esperança” A Lei da “Ficha Limpa” (que tor-
(Rm 12,12) é o título desta carti- na inelegível por oito anos um
lha. Trata-se da esperança cristã, político corrupto) tem sido efeti-
que nos faz acreditar num futuro va, barrando um grande número
com mais ética e justiça. de candidatos não idôneos aos
cargos públicos.
A população está ansiosa por
mudanças consistentes no âm- A sociedade civil está se orga-
bito político e econômico e quer nizando para além das eleições
uma renovação geral. As eleições 2018: grupos autônomos, ONGs,
de outubro poderão revelar uma observatórios sociais etc, apoia-
nova geração de parlamentares. dos pela lei da transparência,
estão se fortalecendo como
A crise na qual o Brasil mergu-
mecanismos de anticorrupção,
lhou parece ter levado muitos
sobretudo na esfera municipal,
cidadãos a não mais acreditar
para exercer, voluntariamente,
na força do voto. No entanto, há
controle dos gastos públicos.
o despertar da consciência de
muitas pessoas e instituições re- Enfim, o grande protagonista
ferente à necessidade de acom- das mudanças que o Brasil pre-
panhar efetivamente o manda- cisa é o povo, é você!
to dos políticos.

10
A IGREJA E AS ELEIÇÕES

PARTE 2 - A IGREJA E AS ELEIÇÕES

A Igreja se sente chamada a ser “advogada da justiça e defensora


dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econô-
micas, que clamam ao céu”10. Para cumprir essa missão, a Igreja in-
centiva os fiéis a interagir com a política. O Papa Francisco escreveu:

“Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião


para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar
com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos
pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos
cidadãos. Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem
individualista – comporta sempre um desejo de mudar
o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco
melhor depois da nossa passagem por ela”11.

10 Documento de Aparecida, n. 395.


11 Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 183.
Cartilha de Orientação Política 11
PARTE 2

Papa Francisco
aos políticos
católicos da
América Latina*
A política é um serviço inestimá- aspirações das pessoas, das famí-
vel de dedicação para a consecu- lias e dos grupos intermediários,
ção do bem comum da socieda- em geral, não poderiam se rea-
de. Ela é, antes de tudo, serviço; lizar plenamente, porque viria a
não é serva de ambições indivi- faltar o espaço organizado e civil
duais, de prepotência de facções no qual viver e trabalhar [...].
e de centros de interesses [...]. Sentimos necessidade de reabi-
É claro que não se deve contra- litar a dignidade da política. Se
por o serviço ao poder — nin- penso na América Latina, como
guém quer um poder impotente! não observar o descrédito popu-
— mas o poder deve estar orde- lar no qual caíram todas as instân-
nado para o serviço a fim de não cias políticas, a crise dos partidos
degenerar [...]. políticos, a ausência de debates
políticos de valor que visem pro-
Estai certos de que a Igreja Ca-
jetos e estratégias a nível nacio-
tólica louva e aprecia o trabalho
nal e continental que vão além
de quantos se dedicam ao bem
da politicagem! [...] Faltam tam-
da nação e tomam sobre si o
bém a formação e o intercâmbio
peso de tal cargo, a serviço dos
de novas gerações políticas. Por
homens [...].
isso, os povos olham de longe e
O ponto de referência funda- criticam os políticos e os veem
mental desse serviço, que requer como uma corporação de profis-
constância, engajamento e inte- sionais que cuidam dos próprios
ligência, é o bem comum, sem o interesses ou os denunciam com
qual os direitos e as mais nobres raiva, por vezes sem as devidas
12
10
A IGREJA E AS ELEIÇÕES

distinções, como impregnados tais de humanidade e sociabilida-


de corrupção [...]. de e lançar fundamentos sólidos
Precisamos de políticos que, para uma amizade social que dei-
em primeiro lugar, preservem xe para trás as garras do individu-
o dom da vida em todas as suas alismo e da massificação, da po-
fases e manifestações [...]. larização e da manipulação [...].

A América Latina precisa tam- Precisamos reconhecer a cidade


bém de um crescimento indus- — e, portanto, todos os espaços
trial, tecnológico, autossusten- onde se realiza a vida do nosso
tado e sustentável, ao lado de povo — a partir de um olhar con-
políticas que enfrentem o drama templativo, isto é, um olhar de
da pobreza e visem a equidade e fé que descubra Deus que habita
a inclusão, porque não é verda- nas suas casas, nas suas ruas, nas
deiro desenvolvimento aquele suas praças.
que deixa multidões indefesas e Enfim, muitas vezes caímos na
continua a alimentar uma escan- tentação de pensar que o leigo
dalosa desigualdade social [...]. comprometido é somente aquele
Devemos nos encaminhar rumo que trabalha nas obras da Igreja
a democracias maduras, partici- e/ou nas realidades da paróquia
pativas, sem as chagas da cor- ou da diocese. Refletimos pouco
rupção [...]. sobre o modo como acompanhar
na sua vida pública e quotidiana
Não se pode descuidar de uma um católico; também refletimos
educação integral, que começa pouco sobre como deve agir um
na família e se desenvolve numa cristão na sua atividade diária,
escolarização de qualidade para como servidor público, com as
todos. É necessário reforçar o responsabilidades que tem [...].
tecido familiar e social. Uma cul-
tura do encontro — e não de an-
* Trechos da mensagem vídeo do Papa Fran-
tagonismos constantes — deve cisco aos participantes do encontro de polí-
fortalecer os vínculos fundamen- ticos católicos. Bogotá, dezembro de 2017.

Cartilha de Orientação Política 13


PARTE 2

CARTILHAS E DEBATES
A Conferência Nacional dos Bis- para governar ou legislar nas
pos do Brasil sempre se mani- mais diferentes esferas do poder.
festou sobre questões políticas. Além disso, a formação da cons-
Basta acompanhar a vida políti- ciência política dos leigos não
ca em nosso País para constatar fica restrita aos períodos elei-
a contribuição da Igreja, em vista torais. No dia a dia das comuni-
da implantação e do aperfeiçoa- dades cristãs se realizam pales-
mento da democracia e a lisura tras, fóruns com a participação
das instituições. de especialistas e lideranças so-
A Igreja Católica bre temas e realidades da vida
adotou a prática sociopolítica, econômica, jurídi-
de elaboração de ca e cultural.
textos e cartilhas,
Destacam-se, pela importância
a fim de cons-
de sua missão, os “Grupos de Fé
cientizar os elei-
e Política” espalhados pelo Bra-
tores sobre a res-
sil, e as “Escolas de Fé e Políti-
ponsabilidade do
ca”, como o Centro Nacional de
voto. O objetivo é ajudar o povo
Fé e Política Dom Hélder Câmara
a formar uma consciência cida-
(CEFEP), em âmbito nacional, e
dã e dialogar sobre o processo
tantas outras, em âmbito regio-
político em nossos municípios e
nal e diocesano.
estados.
Há, também, iniciativas envol- Lei contra a corrupção
vendo comunidades, paróquias eleitoral
e dioceses, na perspectiva da
promoção de debates entre can- Na Igreja Católica tem crescido,
didatos, no intuito de conhecer nos últimos anos, o empenho de
melhor as pessoas e programas moralizar as campanhas políti-
daqueles que se apresentam cas. A elaboração da Lei 9.840,
14
A IGREJA E AS ELEIÇÕES

contra a corrupção eleitoral, teve


a coordena- Lei da “FICHA LIMPA”
ção nacional
Outra campanha bem sucedida
da Comissão
foi a denominada “Lei da Ficha
Brasileira
Limpa”, ou Lei Complementar
Justiça e Paz,
135, de 2010, que alterou dispo-
da CNBB.
sitivos da Lei Complementar 64,
Essa lei tem se mostrado eficaz de 1990, para tornar inelegível
na moralização eleitoral e propi- quem tenha sido condenado em
ciou o acréscimo do artigo 41-A decisão proferida por órgão judi-
na Lei 9.504/1997, para possi- cial colegiado. Em decisão recen-
bilitar a cassação do registro ou te, o Supremo Tribunal Federal
do diploma e aplicação de multa entendeu que se deve ampliar
de aproximadamente R$ 100 mil de três para oito anos a inelegi-
aos candidatos que praticarem a bilidade dos condenados antes
corrupção eleitoral na modalida- de 2010.
de de compra de votos. A "Ficha Limpa" se originou de
Antes da edição da lei, o can- um projeto de lei de iniciativa
didato sofria sanções penais e popular em que a participação
pecuniárias, mas poderia tomar ativa das comunidades católicas,
posse ou se manter no cargo. na coleta de assinaturas, foi fun-
damental.
Antes da Lei da “Ficha Limpa”,
VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM para que um político fosse ine-
CONSEQUÊNCIA legível era necessário o trânsito
em julgado, ou seja, ele não po-
dia ser candidato somente se fos-
se condenado e não tivesse mais
nenhum recurso. Após a edição
da Lei da “Ficha Limpa”, se esses
Cartilha de Orientação Política 15
PARTE 2
políticos forem condenados por lítica, vencendo o preconceito
dois ou mais juízes (órgão cole- comum de que a política é coisa
giado) como em segunda instân- suja e supérflua; ao contrário, ela
cia ou no Tribunal do Júri, já esta- é essencial para a transformação
rão impedidos de se apresentar da sociedade.
como candidatos, mesmo que a O Documento 105 da CNBB, “im-
decisão não seja definitiva. pulsiona os cristãos a construir
mecanismos de participação po-
Incentivo aos leigos
pular que contribuam com a de-
e leigas na vida pública
mocratização do Estado e com
o fortalecimento do controle
As eleições deste ano aconte-
social e da gestão participativa”.
cem no contexto
Também “incentiva e prepara
do Ano Nacio-
os cristãos leigos e leigas a par-
nal do Laicato. A
ticipar dos partidos políticos e
Igreja orienta a
ser candidatos a cargos eletivos
atuação dos lei-
no Executivo e Legislativo, con-
gos por meio do
tribuindo, desse modo, para a
documento 105:
transformação social”12.
“Cristãos Leigos e
Leigas na Igreja e na Sociedade”. Escaneie o QR Code abaixo, com
A Igreja sente a necessidade de seu smartphone, para ter acesso
maior presença do laicato ca- ao texto da CNBB sobre as elei-
tólico no âmbito político, com ções 2018, publicado durante
convicções éticas e religiosas, a 56ª Assem-
tornando-se referência nos es- bleia Geral dos
paços políticos. Bispos do Bra-
sil, em Apare-
Por isso, a CNBB estimula maior
cida (SP), abril
participação dos leigos na po-
de 2018.
12 Cf. http://www.arquidiocesedebrasilia.org.br/noticias.php?cod=6016
16
A IGREJA E AS ELEIÇÕES

DESAFIADOS A UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO CATÓLICA

A escassa atuação de católicos influentes na política é bastante sen-


tida no âmbito da moralidade pública, da administração da justiça,
no estatuto da família e na promoção do direito à vida, entre outros.
Bento XVI já alertava:

“Convém preencher a notável ausência, no


âmbito político [...] com vozes e iniciativas de
chefes católicos de forte personalidade e dedi-
cação generosa, que sejam coerentes com as
suas convicções éticas e religiosas”13.

O Papa Francisco reforça:


“Como é possível que os católicos
sejam bastante irrelevantes no cenário
político, ou até equiparados com
uma lógica mundana?
Não há dúvida de que existem testemu-
nhos de católicos exemplares no cenário
político, mas nota-se a ausência de
correntes fortes que abram caminho ao
Evangelho na vida política das nações”14.

A Igreja espera do laicato esse salto de qualidade!


13 Papa Bento XVI. Discurso inaugural da Conferência de Aparecida (SP), maio de 2007.
14 Papa Francisco aos políticos latino-americanos, 1-3 de dezembro de 2017.
Cartilha de Orientação Política 17
PARTE 3

PARTE 3 - ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL


Principais funções dos futuros eleitos
Nas eleições deste ano iremos as leis votadas pelo Congresso
votar para presidente, governa- Nacional.
dor, senador, deputado federal, O presidente é o comandante
estadual e distrital (no Distrito supremo das Forças Armadas e
Federal). O que compete a esses quem firma tratados internacio-
cargos públicos? nais em nome da República Fe-
PRESIDENTE derativa do Brasil.
Cabe ao presidente, Ele edita decretos para dar fiel
como chefe do Poder execução às leis, devendo pres-
Executivo, dirigir a tar contas ao Congresso Nacio-
administração federal, nomear nal, que as julga com o auxílio do
os ministros e outros colabora- Tribunal de Contas da União.
dores que o auxiliam no governo Seu mandato é de quatro anos,
do País. Compete-lhe propor ao podendo ser reeleito para mais
Congresso os planos, diretrizes um período.
e políticas de integração, com as
devidas prioridades, para asse- GOVERNADOR
gurar um amplo desenvolvimen- O governador é o chefe do Poder
to econômico e social. Executivo estadual e representa
Também prever orçamentos e o Estado ou o Distrito Federal
investimentos do tesouro nacio- em suas relações jurídicas, polí-
nal; promover relações políticas, ticas e administrativas. Comanda
econômicas entre os vários seto- a segurança
res, em âmbito nacional e inter- pública e no-
nacional. É atribuição do presi- meia secretá-
dente propor, sancionar ou não rios estaduais

18
ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL
ou distritais e outros cargos pú- revisora.
blicos. Apresenta projetos à As- É de competência do Senado Fe-
sembleia ou à Câmara Legislativa deral fiscalizar o presidente, o vi-
para aprovação das prioridades ce-presidente e os ministros.
orçamentárias no âmbito da saú-
de, da educação, da segurança O Senado legisla sobre temas de
etc. interesse nacional e vigia a apli-
cação dos recursos públicos.
Sanciona ou não as leis aprova-
das pelos deputados estaduais Cada um dos 26 Estados e o Dis-
trito Federal elege três senado-
ou distritais, edita decretos, de-
vendo prestar contas à Assem- res. A cada quatro anos renova-
bleia ou à Câmara Legislativa que-se uma parte deles. Em 2014,
as julga com o auxílio dos tribu-cada Estado elegeu um senador
nais de contas. e, em 2018, elegerá dois, sempre
mantendo três senadores por Es-
O mandato do governador é de tado e pelo Distrito Federal.
quatro anos, podendo ser reelei-
to para mais um período. O senador tem mandato de oito
anos e não há limites para a ree-
SENADOR leição.
O senador tem a missão de repre- DEPUTADO FEDERAL
sentar os interesses do Estado de
sua origem nas questões políticas Os deputados federais são repre-
nacionais. sentantes do povo e
O Senado Federal são eleitos conforme
é a casa revisora o número de eleito-
das leis apresen- res de cada Estado e
tadas pela Câma- do Distrito Federal.
ra dos Deputados, mas também Os projetos, em regra, iniciam-se
pode propor projetos e, se isso na Câmara dos Deputados e são
ocorre, a outra casa passa a ser revisados pelo Senado.

Cartilha de Orientação Política 19


PARTE 3
Os deputados federais propõem, DEPUTADO ESTADUAL
debatem e aprovam leis nacio- E DISTRITAL
nais. Fiscalizam o Governo Fe- Os deputados estaduais, nas as-
deral, as entidades e instituições sembleias legislativas, e os de-
públicas. Aprovam e emendam putados distri-
o orçamento nacional. Exigem, tais, na Câmara
analisam e julgam, parcialmente, Legislativa do
a prestação de contas do Poder Distrito Fede-
Executivo. Estabelecem comis- ral propõem,
sões parlamentares de inquérito emendam, alte-
(CPI), para investigar atos dos go- ram e revogam leis estaduais e
vernantes nas diversas instâncias. distritais que incidem sobre a or-
O mandato do deputado federal ganização da vida da população
é de quatro anos e não há limites no Estado e no Distrito Federal.
para a reeleição. Sua função se assemelha à do
Foro privilegiado deputado federal, mas em âmbi-
to estadual.
O Supremo Tribunal Federal deci-
diu, em maio de 2018, que o foro O que significa a
por prerrogativa de função, confe- palavra candidato?
rido aos deputados federais e se-
nadores, aplica-se apenas a crimes A palavra candidato vem de cân-
cometidos no exercício do cargo e dido, puro, branco. Originou-se
em razão das funções a ele relacio- na Roma antiga, onde aqueles
nadas. Assim, se os parlamentares que disputavam cargos eletivos
cometerem um crime comum ou eram obrigados a desfilar pelas
fora do exercício de sua função, ruas trajando vestes brancas,
serão julgados pelo juiz que julga- forma de demonstrar a pureza
ria a ação se ele não fosse deten- de sua vida e de seus propósi-
tor de cargo eletivo. O foro privile- tos. Cabia aos cidadãos aceitar a
giado ainda está em discussão. apresentação ou jogar lama nos
20
ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL

camisolões brancos daqueles deixam de votar ou votam nulo,


que estavam enganando o povo. serão cerca de 1.800.000 votos
válidos para eleger 10 deputa-
“Voto num candidato a dos federais: 180.000 votos por
deputado e elejo outro” 15 vaga (esse número, que varia de
um Estado para outro, é o que se
Pode acontecer que um candida- chama quociente eleitoral).
to muito votado não consiga ser
eleito deputado e outro com me-
nos votos seja eleito. Isso acon-
tece porque as vagas são distri-
buídas de acordo com a votação
recebida por cada partido ou coli-
gação. Isso se deve ao “quociente
eleitoral” e ao “voto em legenda”.
Quociente eleitoral
O artigo 106 do Código Eleitoral
Voto em legenda
explica como se dá o quociente
eleitoral: o número de votos vá- Os dois primeiros dígitos do can-
lidos apurados é dividido pelo didato indicam por qual partido
número de vagas a deputado es- ele concorre. Assim, ao votar no
tadual em cada Estado, ou para candidato, o eleitor vota primei-
deputado federal em âmbito ro no partido. E se o eleitor qui-
nacional. Por exemplo: o Estado ser votar somente no partido (na
do Espírito Santo tem aproxima- legenda), basta digitar os dois
damente 2.300.000 eleitores e primeiros dígitos e confirmar. O
10 vagas na Câmara Federal. Pre- voto será válido e beneficiará os
sumindo que muitos eleitores candidatos daquele partido.

15 Para esse item nos apoiamos na cartilha: Eleições 2010: O Chão e o Horizonte, Centro de
Pastoral Popular, Brasília, 2010, pp. 38-39.
Cartilha de Orientação Política 21
PARTE 3
ideário partidário.
A desvantagem é que esse siste-
ma favorece os políticos profis-
sionais que estimulam a candi-
datura de pessoas famosas, para
Após apurar os votos, cada par- trazerem votos para seu partido.
tido soma a votação de todos os
seus candidatos mais os votos
Votos nulos ou brancos não
anulam a eleição
para a legenda e, conforme o
exemplo, a cada 180.000 votos Circula pelas redes sociais a in-
elege um deputado. formação de que quando os vo-
A distribuição das vagas conquis- tos nulos e brancos ultrapassam
tadas é feita conforme a votação 50%, a eleição é anulada. Nesse
individual. Os candidatos mais caso, deveriam se apresentar ou-
votados do partido ganham as va- tros candidatos e se realizar nova
gas, ficando os seguintes mais vo- eleição. Isso é falso! É uma inter-
tados como 1º, 2º e 3º suplentes. pretação errada da lei eleitoral.
É devido a isso que o eleitor vota Sobre isso, veja o vídeo explicati-
num candidato e acaba ajudando vo, escaneando o QR Code.
a eleger outro, pois vota primei- Voto nulo
ro no partido e depois na pessoa. NÃO ANULA A
A vantagem das eleições propor- ELEIÇÃO
cionais, conforme acima descri- (Tribunal Regional
www.goo.gl/PsXcoQ Eleitoral - RJ)
to, é que nenhum voto válido se
perde, a não ser que o partido Votar nulo ou branco é como a
não consiga a quantidade de vo- atitude de Pilatos, que lavou as
tos do quociente eleitoral. Ainda mãos. A melhor forma de pro-
que o candidato em que o eleitor testar contra os corruptos é vo-
votou não seja eleito, ele ajudará tar num bom candidato e depois
a eleger alguém que é do mesmo acompanhar e fiscalizar os eleitos.
22
ELEIÇÕES 2018 E ALTERAÇÕES NA LEI ELEITORAL

De onde sairá o dinheiro para as campanhas eleitorais?

Financiamento público Em 2018, como novidade, será


permitido o financiamento co-
Como está proibida a doação letivo das campanhas (crowd-
de recursos por pessoas jurídi- funding), que é uma espécie de
cas (empresas e associações), os “vaquinha”, onde são coletados
partidos e candidatos receberão valores que serão utilizados em
fundos do orçamento da União campanha.
para financiar as suas campa-
nhas eleitorais.
a”
“Vaquinh
De acordo com a Lei 13.487/2017,
que acrescentou o artigo 16-C na
Lei 9.504/1997, os partidos rece-
berão recursos do Fundo Especial
de Financiamento de Campanha. As instituições que arrecadarão
Esse fundo será constituído por e administrarão terão obrigato-
verbas orçamentárias da União. riamente que efetuar um cadas-
tro na Justiça Eleitoral, divulgar a
Financiamento privado lista de doadores e quantias doa-
das e encaminhar essas informa-
Eu posso fazer doação para o
ções para a própria Justiça Elei-
candidato de minha preferência?
toral. A liberação dos recursos
Sim, desde que respeite um limi- fica condicionada ao registro de
te previsto na legislação eleitoral: candidatura, sob pena de devo-
as pessoas físicas poderão fazer lução aos doadores.
doações eleitorais até o limite
Pesquise sobre seu candidato a de-
de 10% dos seus
putado federal nos meios oficiais:
rendimento bru-
tos, verificados www2.camara.leg.br/deputados/
no ano anterior pesquisa
à eleição. www2.camara.leg.br/transparencia

Cartilha de Orientação Política 23


PARTE 4

PARTE 4 - CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

Orientações sobre a responsabilidade do voto


O cristão precisa deixar de responsabilizar os outros pela situação
atual do Brasil. Além disso, cada um pode perguntar a si mesmo: o
que posso fazer para concretizar a mudança que desejo? Propomos
a seguir algumas práticas para o exercício da cidadania.

ANTES DAS ELEIÇÕES

TENHA INTERESSE PELA POLÍTICA. Ela in-


fluencia concretamente a nossa vida (salá-
rio, impostos, preço de mercadorias e ser-
viços) e é essencial para a transformação
da sociedade (educação, segurança).

ESCOLHA CANDIDATOS QUE TÊM BOA ÍNDOLE. Isso nos de-


safia a pesquisar. Precisamos reconhecer que há
candidatos honestos e competentes. É preciso
procurar informações, em fontes seguras, sobre
o candidato de sua preferência, sobre sua vida,
sua atuação na sociedade, sua família e seu tra-
balho social. Tomar cuidado com notícias falsas.

CUIDADOS NECESSÁRIOS. Não merecem o voto os


candidatos despreparados ou, então, que se escon-
dem por trás de interesses particulares ou de grupos,
incapazes de apresentar metas claras de governo e
políticas públicas consistentes. Igualmente os candi-
datos oportunistas, que só aparecem em época de
campanha ou que fazem promessas exageradas.
24
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

CONHEÇA O ESTATUTO DO PARTIDO AO QUAL PENSA


VOTAR: Se ele for contra a vida, contra a família e contra
os princípios fundamentais da fé, não vote nele.

PROCURE CONHECER A HISTÓRIA E O PROGRAMA


DE GOVERNO DOS SEUS CANDIDATOS. Informe-se,
visite os portais que trazem informação segura. Quem
é candidato a um cargo político não “caiu do céu”: tem
pai, mãe, família, formação, vida profissional etc. Uma carreira
coerente começa, em geral, com serviços bem prestados em eta-
pas anteriores. Maus políticos mudam de opinião conforme a
conveniência, negociam apoio em troca de cargos, não apresen-
tam suas ideias e atacam as dos outros.

É OPORTUNO SE PERGUNTAR: Qual é o projeto do


candidato em que pretendo votar? Esse candidato está
comprometido com quem? Que expectativas posso ter em
relação a ele?

SE É CANDIDATO À REELEIÇÃO: O que eu sei


sobre o seu mandato anterior? Quais os pontos
positivos? O que ele publicou sobre a sua atua-
ção, é verdade? Tem uma história de promoção
da justiça e favorecimento dos direitos de todos?
Ele participou ou foi conivente com escândalos e
fraudes? O que justifica a sua reeleição?

COMPROMISSOS HONRADOS E TRANSPARÊNCIA.


Os bons políticos são conhecidos pelos compromissos
honrados e pelo seu interesse em relação às necessi-
dades da população. A transparência é fundamental.

Cartilha de Orientação Política 25


PARTE 4

COMPROMISSO COM POLÍTICAS PÚBLICAS EM FAVOR


DE TODOS. O candidato deve estar comprometido com
políticas públicas que defendam e promovam a dignidade
da vida, a inclusão dos pobres, dos deficientes, dos idosos
e dos jovens. O voto é a nossa melhor arma para alcançar isso.

Promova o diálogo, a tolerância e o debate de ideias!

FIQUE ATENTO!
O termo Fake News significa “notícias falsas” e con-
siste na divulgação de informações falsas ou detur-
padas, boatos e mentiras nos meios de comunica-
ção, especialmente nas redes sociais. Essas notícias
proliferam rapidamente e atrapalham o debate público.

Antes de compartilhar qualquer mensagem:


• Verifique a fonte da informação em sites ou
veículos de comunicação confiáveis.
• Cuide com as manchetes bombásticas. Leia a
matéria completa e não apenas o título.
• Veja quem é o autor da informação e se ele
realmente existe.
• Observe a data da publicação, se é atualizada.
• Questione se a informação é uma piada, ironia ou gozação.

ATENÇÃO: Compartilhar notícias falsas, que prejudicam a ima-


gem de alguém, pode ser considerado crime contra a honra
(calúnia, injúria ou difamação).

26
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

DURANTE AS ELEIÇÕES
Vote com consciência, pensando no bem de todos.
Não vote só por obrigação, mas para exercer a cidada-
nia. Apoie o bom candidato.

VOTE EM QUEM...

Apresenta uma sincera adesão aos valores cristãos.


Tem efetiva competência política e reconhecida capacidade de
liderança.
Defende a vida, desde a concepção até o seu fim natural, e a dig-
nidade do ser humano.
Defende a família, segundo o plano de Deus.
Possui histórico de comprometimento com as causas dos mais
necessitados.
Tem atitude de respeito para com os seus adversários políticos.
Apresenta coerência entre palavras e atitudes. Escolha, preferen-
cialmente, pessoas que possuam vínculos com a Igreja, demons-
trados antes da campanha eleitoral.
Manifesta um comportamento público que inspira confiança e
credibilidade.

Há valores que não estão sujeitos à política, a plebiscitos ou


a qualquer negociação. Mesmo que todos os deputados e
senadores votem sobre a descriminalização do aborto, Deus e
a Igreja Católica continuam afirmando: Não mate!
A lei de Deus não está sujeita à opinião pública.

Cartilha de Orientação Política 27


PARTE 4

NÃO VOTE EM QUEM...


É reconhecidamente desonesto. Não importa a sigla partidária,
o credo religioso ou a posição nas pesquisas; se é corrupto, ne-
gue-lhe seu voto.
Promete fazer aquilo que não é de sua competência.
Tenta comprar seu voto.
Coloca o lucro e a economia acima de tudo.
Faz da política uma profissão, mantendo-se no poder há muito
tempo.
Apresenta atitudes agressivas, tanto física como moralmente.
Muda frequentemente de partido, sempre conforme suas con-
veniências.
É arrogante, demagogo, apresenta-se bem, mas não possui pro-
postas efetivas.
Atenta contra a vida dos pobres e sua dignidade.
Não inspira confiança.
Muitas pessoas dizem as-
Essa lista pode ser comple-
tada nas comunidades, a sim: “Não quero perder meu
partir da realidade local. voto!”. Devido a isso, acabam
votando a partir de pesqui-
No entanto, não deixe de sas, sobretudo de boca de
votar. A sua urna. Orientamos que
ausência NÃO MUDE SUA OPINIÃO
enfraquece a
sem antes conhecer o can-
democracia.
didato e o seu programa de
governo.
28
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

7 PECADOS
CAPITAIS DO ELEITOR

(Texto: Rogério Carlos Born)

Assume a política como serviço ao bem comum;


Vive a política como diálogo e não como confronto;
Possui uma proposta política coerente;
O BOM Tem conduta ética, respeita e aplica a Constituição;

POLÍTICO Defende a vida em todas as suas fases;


Defende a democracia, pois ditaduras e totalitaris-
mos causam males à humanidade;
Tem coração e mente abertos a todos;
Promove a justiça social e os direitos humanos;
É humano e popular, sem ser populista;
Tem sensibilidade ecológica, é inovador, empreen-
dedor e administrador.
PARTE 4

DENUNCIE A COMPRA DE VOTOS16


O artigo 41-A da Lei Para isso é necessário:
9.504/1997 (inserido Testemunhas. Qualquer pessoa
pela Lei 9.840/1999), pode testemunhar em caso de
a Lei das Inelegibili- corrupção eleitoral. A força do
dades e o artigo 299, depoimento é muito importante
do Código Eleitoral, são normas para a Justiça Eleitoral autorizar
que punem a corrupção eleitoral a cassação de um político cor-
e são eficazes. No entanto, a cada rupto. Mas, é preciso ter provas,
eleição, os políticos ainda tentam além dos testemunhos.
comprar votos. Para barrar isso,
todos precisamos nos tornar “fis- Documentos. Fotos, ví-
cais” e impedir que essa prática deos, gravações ou es-
aconteça. critos relacionados aos
atos de corrupção elei-
Se você participar de alguma toral. Tudo deve ser anexado ao
reunião em que um candidato formulário de denúncia.
ofereça ou prometa vantagens
particulares aos eleitores em Ato da denúncia. A
troca de votos; se você assistir denúncia de compra
a cenas de distribuição de ces- de votos deve ser fei-
tas básicas, ma- ta por escrito. Todo
teriais de cons- cidadão ou cidadã que souber da
trução, água ou ocorrência de atos de compra de
outros bens por votos ou de desvios administra-
candidatos, sai- tivos com fins eleitorais, deve in-
ba: isso é compra formar o fato imediatamente ao
de votos. É seu dever de cidadão Ministério Público, ao Juiz Eleito-
denunciar esses atos! ral ou mesmo à Polícia.
16 Para este item nos baseamos na Cartilha Lei 9840 – Vamos combater a corrupção eleito-
ral. 2ª Edição, Brasília, 2008 e na Cartilha do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE), Voto não tem preço, tem consequências – OPE, 2014.

30
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

MODELO DE DENÚNCIA

Excelentíssimo Senhor Promotor Eleitoral / Juiz / Delegado da


Polícia Federal ........................................... eu (nome da pessoa
que faz a denúncia), cidadão/ã brasileiro/a, portador/a do título
eleitoral de nº ..........., venho à presença de Vossa Excelência
oferecer a presente denúncia contra o candidato (nome do
candidato / político denunciado) ao cargo em disputa (presidente,
senador, deputado federal, governador, deputado estadual ou
distrital), pelos motivos narrados a seguir:
(Relatar fatos citando local, data, pessoas envolvidas e juntar
imagens e/ou documentos que sirvam de prova).
Diante da gravidade da denúncia, requisito sigilo por temer
represália.
_____________________de_______________ de 2018.

______________________________________
Assinatura

Em algumas regiões do Brasil


E L E I TO R
tornou-se comum o eleitor,
antes de entrar no local da C O R R U P TO
seção para votar, dar uma
volta nas imediações para
verificar se alguém está
oferecendo dinheiro.

Cartilha de Orientação Política 31


VALORIZE O SEU VOTO!

VOCÊ É CORRESPONSÁVEL

PELO BRASIL!
CORRESPONSABILIDADE PELO BRASIL

DEPOIS DAS ELEIÇÕES


O Ano Nacional do Laicato desafia os fiéis lei-
gos a não ficarem indiferentes ao universo da
política17. Por isso, é necessário:
ESTIMULAR a participação dos cristãos
leigos e leigas na política.
IMPULSIONAR os cristãos a construir mecanismos de participação
popular.
INCENTIVAR e preparar os cristãos leigos e leigas a participar de
partidos políticos e serem candidatos para o Executivo e o Legislativo.
MOSTRAR aos membros das comunidades e à população em geral,
que há várias maneiras de tomar parte na política: nos Conselhos
Paritários de Políticas Públicas, nos movimentos sociais, nos
conselhos de escola e também em eventuais coletas de assinaturas.
ANIMAR e incentivar a criação de Escolas de Fé e Política nas
dioceses e Regionais da CNBB.
ACOMPANHAR os que exercem mandatos políticos no Executivo
e no Legislativo; os que estão no Judiciário e no Ministério Público
e também os que participam de Conselhos Paritários de Políticas
Públicas, a fim de que exerçam, nesses âmbitos, a sua missão profética,
promovendo reuniões, encontros, momentos de oração e reflexão.
A Igreja, desde o Concílio Vaticano II, orienta: “Os católicos versados
em política e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã não
recusem cargos públicos, se puderem por uma digna administração
prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o
Evangelho” (Decreto Apostolicam Actuositatem, n. 14).
17 Cf. CNBB, Documento 105: Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade. Edições
CNBB, 2017, n. 263.

Cartilha de Orientação Política 33


LEIGOS CATÓLICOS
e a POLÍTICA
“É necessário que os leigos católicos
não permaneçam indiferentes à vida pública
nem fechados nos seus templos,
nem sequer esperem as diretrizes e as
recomendações eclesiais para lutar a favor
da justiça e de formas de vida
mais humanas para todos”.
(Papa aos políticos latino-americanos, 1-3 de dezembro de 2017).
Produção: CNBB REGIONAL SUL 2
Elaboração:
Dom Mário Spaki, Mestre em Teologia Dogmática pela Universidade Gre-
goriana de Roma; Bacharel em Jornalismo pela PUCPR; Bispo da Diocese de
Paranavaí (PR).
Rogério Carlos Born, Mestre em Direito Constitucional na linha de Direitos
Fundamentais e Democracia; Professor Universitário; Membro da Comissão
de Direito Internacional da OAB-PR; Servidor da Justiça Eleitoral; Editor da
Revista Paraná Eleitoral; Autor de diversas obras; Palestrante e conferencista.
Zaqueu Luiz Bobato, Doutor em Geografia pela UFPR; Mestre em Geografia
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR; Prof. no Curso de Geografia
da Universidade Estadual do Centro-Oeste; Vereador em Imbituva (PR).

Colaboração:
Padre Paulo Renato Campos, Assessor Político da CNBB.
Celia Marquesini, Membro do Movimento Político pela Unidade do Movi-
mento dos Focolares. Possui experiência de serviços prestados à Assembleia
Legislativa do Paraná.
Márcia Corrêa, Teóloga e Mestranda em Bioética com experiência no âmbito
político e assessora do Regional Sul 2 da CNBB.
Odaril José da Rosa, Missionário Leigo, Teólogo e Coordenador da Dimensão
Missionária da Igreja do Paraná e Assessor do Regional Sul 2 da CNBB.
Oscar Fürstenberger, Membro do Conselho Nacional do Laicato do Brasil
(CNLB), e professor aposentado da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).
Tales Falleiros Lemos, Assessor do Centro Nacional de Fé e Política “Dom Hél-
der Câmara”, Membro da comissão de articulação do CNLB, Guarapuava (PR).

Capa e diagramação Correção


Karina de Carvalho Estanislau R. de Almeida
Imagens e ilustrações: pixabay.com
CALENDÁRIO ELEITORAL
2018
20 de julho a 5 de agosto
Convenções para escolha dos candidatos.

15 de agosto
Data limite para o registro de candidatos pelos partidos políticos e
coligações.
20 de agosto a 06 de outubro
Propaganda eleitoral com material gráfico e promoção de
caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela
cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos.

31 de agosto a 04 de outubro
Início da propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão.

07 de outubro
Eleições em primeiro turno.

28 de outubro
Eleições em segundo turno, se houver.

O Santuário Nacional de Aparecida criou a


campanha: EU SOU O BRASIL ÉTICO.
Acesse o site:
www.a12.com/santuario/eusouobrasiletico

CNBB Regional Sul 2 - Rua Saldanha Marinho, 1266 Curitiba (PR) 80430-160
Fone: (41) 3224-7512 - secretaria@cnbbs2.org.br

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