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CENTRO UNIVERSITARIO FEEVALE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUALIDADE AMBIENTAL


MESTRADO EM QUALIDADE AMBIENTAL

Leani Teresinha Sossmeier

APLICAÇÃO DA ELETROCOAGULAÇÃO AO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE


GALVANOPLASTIA

NOVO HAMBURGO
2009
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUALIDADE AMBIENTAL
MESTRADO EM QUALIDADE AMBIENTAL

Leani Teresinha Sossmeier

APLICAÇÃO DA ELETROCOAGULAÇÃO AO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE


GALVANOPLASTIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação


em Qualidade Ambiental como requisito para a obtenção
do título de mestre Qualidade Ambiental

Orientador Prof. Dr. Marco Antônio Siqueira Rodrigues

Novo Hamburgo
2009
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUALIDADE AMBIENTAL
MESTRADO EM QUALIDADE AMBIENTAL

Leani Teresinha Sossmeier

APLICAÇÃO DA ELETROCOAGULAÇÃO AO TRATAMENTO


DE EFLUENTE DE GALVANOPLASTIA

Dissertação de mestrado aprovado pela banca


examinadora em abril 2009 conferindo ao autor o título de
mestre em Qualidade Ambiental.

Componentes da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Marco Antônio Siqueira Rodrigues (Orientador) – FEEVALE

Prof. Dr. Daniel Assumpção Bertuol - FEEVALE

Prof. Dr. Hugo Veit - UFGRS

Novo Hamburgo
2009
Água que na nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão.
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão.
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeia e
Matam a sede da população.

(Guilherme Arantes, planeta água)


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me fazer acreditar que existe um novo amanhã e


que tudo é possível para quem crê.
Para meus filhos Luisa e Roberto minha razão de continuar lutando.
O desenvolvimento e pesquisa desse trabalho de conclusão só foram
possíveis por vontade minha, e da Tia Elone que acreditou e me deu condições de
estudar cuidando dos meus filhos e do bem estar dos mesmos, porém sempre
acreditando em meu sonho. Sonho este, que sempre foi o sonho dela chegar a ter
um espaço na Universidade.
Ao Marco meu amigo, irmão e professor que desde o início acreditou nessa
pesquisa, pela confiança, dedicação. Deus te abençoe.
Enfim, aos colegas e professores que tornaram esse Curso tão proveitoso e
acima de tudo contribuíram com seus conhecimentos ricos e atuais dentro do
contexto de cada disciplina e pela amizade de todos.
RESUMO

Na bacia hidrográfica do Rio dos Sinos existe um grande parque industrial instalado,
voltado para a cadeira coureiro calçadista. As empresas utilizam água desta bacia
nos seus diferentes processos produtivos e também como corpo receptor de seus
efluentes. Em função disto à bacia apresenta altas taxas de contaminação. Neste
contexto é de fundamental importância o desenvolvimento de tecnologias que
proporcionem as empresas tratarem seus efluentes, com métodos capazes e
eficientes para remover a carga poluidora, que diminuirá a contaminação da bacia.
Esse trabalho teve como objetivo estudar, a aplicação da eletrocoagulação ao
tratamento de efluente galvânico. Os parâmetros investigados foram: potencial
aplicado, pH inicial do efluente, material do eletrodo. Os resultados indicam que o
material do eletrodo e o pH têm influência significativa na remoção. A melhor
remoção para o cobre e níquel foi encontrada quando se utilizou eletrodo de
alumínio, em pH 7 e 6V. Para o zinco o melhor resultado encontrado foi quando se
empregou eletrodo de ferro com pH 7 e 6 volts. Os resultados demonstram que as
maiores eficiências de remoção encontradas foram de 99,4%, 99.4% e 99,5% para
os íons níquel, cobre e zinco, respectivamente. Cabe ainda salientar, que os valores
encontrados da concentração dos metais estudados no efluente tratado possibilitam
o reuso do efluente no processo industrial.

Palavras-chave: Galvanoplastia. Reúso. Efluentes. Eletrocoagulação.


ABSTRACT

At the basin hidrográfica from the River of the Bells exists um ample industrial park
installed, lap for the leather footwear. The companies are using water of this basin on
their different processes fruitful and also as a body receiver as of your efluentes. Well
into feature hereof at the basin he presents upswing fees as of contaminated. In this
context is as of basal amount of money the development of technologies than it is to
provide the companies handle your effluent, along expedients able to and all-'round
for removing the bulk polluting, than it is to he will be decreasing the one
contaminated from the basin. That chore he had as an examine, the application from
the electrocoagulation to the handling as of effluent galvanic. The parameters
investigated have been: potential diligent pH he initiates from the effluent, hardware
from the electrode. The results indicate that the equipment from the electrode and
the one pH they have influence significant at the removal. Finest removal for its
copper and nickel he went encountered when you it uses electrode as of aluminium,
well into pH 7 and 6V. For its zinc finest creature encountered he went when you he
employed eletrodo as of iron along pH 7 and 6 lap. The results they demonstrate as
the greater efficiencies as of removal encountered have been as of 99,4%, 99.4%
and 99,5 % for the íons nickel , copper and zinc , respectively. It still fits to point out,
that the joined values of the concentration of metals studied in the effluent one
treated reuse make possible it of the effluent one in the industrial process.

Keywords: Electroplating. Reuse. Wastewater. Electrocoagulation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de tratamento de efluentes convencional .............................. 20


Figura 2 - Célula de eletrodiálise ............................................................................... 28
Figura 3 - Interações observadas durante a eletrocoagulação.................................. 33
Figura 4 - Estruturas formadas durante a corrosão do alumínio ............................... 34
Figura 5 - Sistema de eletrocoagulação industrial..................................................... 35
Figura 6 - Eletrodos monopolar de ferro e alumínio .................................................. 41
Figura 7 - Eletrodos híbridos de Fe/Al ....................................................................... 42
Figura 8 - Reator utilizado nos ensaios de EC. ......................................................... 51
Figura 9 - Eletrodo poroso de níquel empregado nos ensaios. ................................. 51
Figura 10 - Eletrodos de ferro e aluminio utilizado nos ensaios. ............................... 52
Figura 11 - Fonte de potencial utilizada nos ensaios. ............................................... 53
Figura 12 - Sistema experimental usado na EC. ....................................................... 53
Figura 13 - Efluente inicial e tratado por EC. ............................................................. 55
Figura 14 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 7 e tensão de 6 volts
para cada combinação de eletrodos utilizada. .......................................................... 56
Figura 15 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 7 e tensão de 4 volts
para cada combinação de eletrodos utilizada. .......................................................... 58
Figura 16 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 5 e tensão de 6 volts
para cada combinação de eletrodos utilizada. .......................................................... 59
Figura 17 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 5 e tensão de 4 volts
para cada combinação de eletrodos utilizada. .......................................................... 60
Figura 18 - Percentual de remoção dos íons cobre para todas as condições
ensaiadas. ................................................................................................................. 61
Figura 19 - Percentual de redução de níquel para todas as condições ensaiadas. .. 62
Figura 20 - Percentual de redução de zinco para todas as condições ensaiadas. .... 62
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Vantagens e desvantagens da eletrocoagulação. .................................... 42
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 16

2.1 PROCESSO DE GALVANOPLASTIA. ......................................................... 16


2.2 REÚSO DE ÁGUA INDUSTRIAL.................................................................. 16
2.3 SISTEMAS CONVENCIONAIS DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DE
GALVANOPLASTIA .................................................................................................. 19
2.3.1 Tratamentos de Efluentes não Convencionais ............................................. 22
2.3.1.1 Tratamento de efluente por troca Iônica .................................................. 22
2.3.1.2 Tratamento por Separação de Membranas .............................................. 25
2.3.1.3 Tratamento de efluentes por microfiltração (MF) .................................... 25
2.3.1.4 Tratamento de efluentes por ultrafiltração (UF) ....................................... 26
2.3.1.5 Tratamento de efluentes por nanofiltração .............................................. 26
2.3.1.6 Tratamento de efluentes por osmose reversa ......................................... 26
2.3.1.7 Tratamento de efluentes por eletrodiálise ................................................ 27
2.4 ELETROCOAGULAÇÃO (EC) ...................................................................... 30
2.5 FATORES QUE AFETAM A ELETROCOAGULAÇÃO................................. 35
2.5.1 Densidade de corrente ................................................................................. 35
2.5.2 Condutividade ............................................................................................... 37
2.5.3 Efeito do pH .................................................................................................. 37
2.5.4 Temperatura ................................................................................................. 38
2.5.5 Tempo .......................................................................................................... 39
2.5.6 Materiais dos eletrodos ................................................................................. 39
2.5.7 Vantagens e desvantagens da eletrocoagulação ......................................... 42
2.5.8 A eletrocoagulação aplicada ao tratamento de água e efluente. .................. 43

3 METODOLOGIA........................................................................................... 51

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 55

4.1 ESTUDO DO MATERIAL DO ELETRODO NA ELETROCOAGULAÇÃO DE


COBRE, NÍQUEL E ZINCO DE UM EFLUENTE INDUSTRIAL ................................ 56
4.2 ANÁLISE GLOBAL DOS ENSAIOS POR ÍON METÁLICO. ......................... 61
5 CONCLUSÕES ............................................................................................ 64

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 65
13

1 INTRODUÇÃO
O mundo globalizado exige cada vez mais indústrias eficientes na aplicação
de novas tecnologias e em processos voltados à preservação do ecossistema,
entretanto, a busca pela eficiência industrial e a lógica atual é meramente
econômica e ditada pelas regras do mercado. Por outro lado, mesmo que a meta
principal seja a econômica, o aumento na eficiência dos processos industriais gera
reduções da carga poluidora emitida ou armazenada, o que é benéfico para a
preservação ambiental. Também é importante observar que para realizar qualquer
mudança no processo industrial, é preciso conhecer e dominar cada etapa do
processo produtivo, identificar os fatores que geram essas cargas poluidoras e
propor ajustes para reduzir esses resíduos. Porém, é fundamental minimizar esse
potencial poluidor.
No contexto mundial existe uma preocupação em preservar a natureza e
acima de tudo os recursos hídricos e a reutilização, pela indústria, da água no
processo industrial que contribui de forma efetiva na preservação dos corpos
receptores. Neste sentido é importante tratar os efluentes com tecnologias capazes
de atingir parâmetros de descarte estabelecidos, mas também que possua
características que permitam que a água possa ser reusada.
Pelas leis brasileiras e internacionais, o manejo e o tratamento dos resíduos
industriais são de responsabilidade das fontes geradoras, mesmo assim algumas
empresas ainda tratam com descaso o meio ambiente. O fato mais preocupante é
que ainda hoje se percebe que resíduos industriais são dispostos de forma
inadequada, ocasionando a contaminação do solo, ar e dos recursos hídricos.
Considerando-se a biodiversidade e o porte do parque industrial brasileiro, pode-se
afirmar que, em termos ambientais, a quantidade e a qualidade dos resíduos
gerados assumem importância considerável no processo de degradação do meio
ambiente, assim sendo há uma necessidade da aplicação de novas tecnologias que
possam reduzir os índices de poluição industrial segundo Rodrigues, (2002). É
necessário buscar novas tecnologias que possibilitem a recuperação
/reaproveitamento dos resíduos no processo produtivo, diminuindo, assim, a
quantidade de resíduo industrial gerado.
Diante disto, é evidente a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que
abordem novas tecnologias, que permitam que o sistema industrial se desenvolva
14

sem causar riscos ambientais, preservando, o meio ambiente, o ecossistema e a


biodiversidade.
Na indústria de tratamento de superfície, metais são eletrodepositados sobre
superfícies de peças metálicas a partir de soluções industriais (banhos) contendo
altas concentrações de metais.
Este tratamento tem, entre outras, a finalidade de melhorar as propriedades
dos materiais, aumentando a resistência à corrosão e ao desgaste mecânico. Este
setor industrial é caracterizado pelo grande consumo de água e energia, e gera
grandes volumes de efluentes contendo altas concentrações de metais pesados,
cianetos, nitratos, etc. Somente cerca de 30 a 40 % dos metais usados no processo
de eletrodeposição são efetivamente depositados sobre a superfície do substrato
segundo Meunier, et. al. (2006). Cabe salientar que efluentes contendo íons
metálicos são considerados resíduos perigosos e devem ser tratados antes do
descarte. Os limites das concentrações de íons metálicos presentes em efluentes
industriais, que serão descartados, seguem a Portaria 05/89 da Secretaria da Saúde
e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, (Brasil).
A possibilidade da reutilização da água no processo produtivo é importante
para o setor industrial em função da diminuição do volume de efluentes a ser tratado
e captado. O método tradicional de tratamento de efluentes é baseado na
transferência da fase liquida para a fase sólida, envolvendo etapas como:
redução/oxidação, precipitação–coprecipitação e filtração. Este tratamento
apresenta, entretanto, algumas deficiências, principalmente no que diz respeito ao
tratamento de efluentes que contém íons metálicos complexados com agentes
complexantes fortes. Para este tipo de efluentes o método tradicional nem sempre é
eficiente. Outra deficiência é quanto ao resíduo sólido gerado no tratamento que
contém grande quantidade de material tóxico, o que o classifica como resíduo
perigoso e o armazenamento desse resíduo (lodo galvânico) devem ser em local
apropriado e legalmente autorizado.
Os processos eletroquímicos surgem como métodos alternativos ao
tratamento de efluentes industriais, pois apresentam a vantagem de possibilitar a
recuperação/reutilização da água tratada, devido à maior qualidade do efluente
tratado obtido. Entre os processos eletroquímicos a eletrocoagulação é definidas
pela desestabilização de espécies químicas suspensas ou dissolvidas presentes
15

nas soluções, que ocorrem pela aplicação da diferença de potencial elétrico, através
do ânodo. Como consequência da eletrocoagulação espécies catiônicas são
produzidas pelo ânodo, reagindo com as espécies presentes no efluente, e
precipitando na forma de hidróxidos.
Este trabalho tem como objetivo investigar a aplicação da eletrocoagulação
ao tratamento de efluente galvânico e avaliar sua eficiência na remoção de íons
metálicos.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PROCESSO DE GALVANOPLASTIA.


A galvanoplastia é uma técnica de deposição de íons metálicos sobre um
substrato, o qual pode ou não ser metálico. Esta deposição visa, principalmente,
proteger as peças contra corrosão, aumentar as propriedades mecânicas ou dar um
acabamento decorativo. Neste processo, peças são submetidas a banhos químicos
ou eletrolíticos, seguidos de lavagens com água. Para cada tipo de acabamento
existe uma sequência definida de operações, o que acarreta na produção de
efluentes com características diversas. O descarte periódico de banhos esgotados
contribui de forma significativa com a geração dos altos volumes de resíduos
gerados, não tanto pelo seu volume, mas principalmente devido a estes conterem
substâncias químicas em altas concentrações.

2.2 REÚSO DE ÁGUA INDUSTRIAL


Historicamente o desenvolvimento urbano e industrial ocorreu ao longo dos
rios devido à disponibilidade de água para abastecimento e a possibilidade de
utilizar o rio como corpo receptor dos dejetos, porém um fato preocupante é o
aumento tanto das populações quanto das atividades indústrias. A utilização de
água pelas indústrias pode ocorrer de diversas formas, tais como: incorporação ao
produto; lavagens de máquinas, tubulações e pisos; águas em sistemas de
resfriamento e geradores de vapor; águas utilizadas diretamente nas etapas do
processo industrial ou incorporadas aos produtos; esgotos sanitários dos
funcionários segundo Gandhi (2004). Um grande volume de águas é incorporado às
soluções de banhos galvânicos.
Essas soluções são aquecidas e evaporam, porém ao completar o processo
de eletrodeposição ocorre a lavagem das peças que arrastam parte da solução
através da lavagem. O arraste dessas soluções para as águas de lavagens se
tornam contaminadas por resíduos do processo industrial, originando assim os
efluentes.
Esses efluentes ao serem despejados com seus poluentes característicos nos
rios causam a alteração da qualidade do mesmo e conseqüentemente a sua
degradação.
17

A escassez dos recursos hídricos em algumas regiões do Brasil já é uma


realidade, por isso a preocupação em adotar estratégias de reúso da água a fim de
garantir as demandas e possibilitar que as aspirações de uma melhor qualidade de
vida sejam atingidas (GANDHI, 2004).
A partir do monitoramento dos efluentes e por meio de acompanhamentos
através do controle de padrões estabelecidos é possível determinar a fração do
efluente a ser reutilizado e a qualidade necessária do efluente a ser reusado em
cada etapa do processo.
Outra informação imprescindível é à disposição de dados de qualidade e
quantidade da água captada bem como do efluente lançado para o meio ambiente.
Com base nessas informações pode-se determinar o volume de água desperdiçada
ou incorporada aos produtos.
A prática de reúso é um dos componentes do gerenciamento de águas e
efluentes sendo um instrumento para preservação dos recursos naturais e controle
ambiental, mas devem estar vinculadas a outras medidas que busquem a
racionalização do uso da água e demais recursos naturais (GANDHI, 2004).
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente de 2006 regulamenta o
lançamento de efluentes nos corpos d’água e define as concentrações máximas
para o lançamento de algumas substâncias. A escassez de recursos hídricos, fruto
da demanda excessiva dos processos de poluição tornou-se um dos principais
problemas nos grandes centros urbanos e industriais em vários países. O conceito
de reúso não é um fato novo para as empresas. São vários os trabalhos que
abordam aspectos dessa natureza, e que apresentam e discutem uma forma
abrangente de reúso de água e os elementos essenciais ao planejamento e
implantação.
Segundo Asano (1991), os fatores que motivam a recuperação e o reúso de
águas podem ser:
- A redução da poluição dos cursos d’água;
- A disponibilidade de efluentes tratados com elevado grau de qualidade;
- A promoção, em longo prazo de uma fonte confiável de abastecimento de
água;
- O gerenciamento da demanda de água por um período de seca, no
planejamento global dos recursos hídricos;
18

- O encorajamento da população para conservar a água e adotar práticas de


reuso.
É importante ressaltar que o objetivo principal pela opção do reúso deve ser
avaliado após a aplicação de medidas de otimização do uso da água para minimizar
desperdícios, já que podem afetar significativamente os efluentes gerados.
Assim sendo o reúso é a utilização dos efluentes tratados nas respectivas
estações ou unidades de tratamentos, bem como pelo uso direto de efluentes em
substituição a fonte de água normalmente explorada quando a mesma estiver
dentro dos padrões definidos.
A adoção desse procedimento contribui com a redução do volume de água
captado e do efluente gerado na indústria (ASANO et. al., 1990).
Os efluentes gerados em determinados processos podem ter características
adequadas para que seja utilizado em outros processos, sem a necessidade de
tratamento, basta fazer um estudo onde ela possa ser usada.
Nesse caso optar pelo reúso reduz o volume de efluentes gerados pelos
diversos sistemas produtivos e pelo consumo de insumos, tanto para adequação de
características da água aos requisitos de qualidade estabelecidos como para a
operação de sistemas envolvidos. Outra forma é o reúso de efluentes tratados, esta
é a forma de reúso mais discutida e consiste na utilização de efluentes já
submetidos a um processo de tratamento, porém requer um estudo detalhado pela
complexidade em avaliar os setores da empresa onde a mesma pode ser reutilizada
sem afetar o produto final. Muitos casos exigem alteração nos procedimentos de
coleta e armazenagem, hoje devido à demanda da água tratada e em condições de
reúso, muitas empresas também optaram em captar água da chuva e armazenar
em tanques onde as mesmas possam ser utilizadas em processos que não exijam
água de boa qualidade (ASANO et. al., 1990).
Neste sentido, o reúso torna-se componente importante no planejamento,
desenvolvimento e utilização dos recursos hídricos. Desse modo à implantação de
qualquer prática de reúso de água ou efluente deve considerar limitações técnicas,
operacionais e econômicas. Vários parâmetros podem ser utilizados para avaliar a
viabilidade da prática de reúso, mas um dos mais importantes conduz a tomada de
decisão mais sólida, que é o controle e concentração de sais dissolvidos totais.
Além disso, a concentração dos sais aumenta à medida que o efluente é recirculado
19

pelos processos industriais. Se uma parte desses sais não for eliminada, o esquema
de reúso não será sustentável, para isso é necessário calcular a quantidade de
água que é colocada de volta no processo durante o trabalho (REBHUN et. al.,
1988).
Uma forma de eliminar a concentração dos sais dissolvidos na água de reúso
é promover o descarte de parte dessa água, de modo que o restante seja renovado
com adição de água com baixo teor de sal. Também se podem concentrar essas
águas recuperando os sais e posteriormente revendê-los a indústria fabricante.
Entre as técnicas avançadas de tratamento estão a separação por
membranas que são excelentes alternativas para esse tipo de problema.

2.3 SISTEMAS CONVENCIONAIS DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DE


GALVANOPLASTIA
Processos de galvanoplastia estão associados à grande consumo de água e
á geração de grande volume de efluentes. Estes são tratados pelo sistema
convencional que utiliza produtos químicos e apresenta baixa eficiência de remoção
dos contaminantes, outro inconveniente deste tratamento é o resíduo sólido formado
(lodo galvânico), sendo classificado como resíduo perigoso (classe 1-NBR10004) e,
portanto, necessita de áreas adequadas para a sua disposição. Assim sendo,
devemos procurar alternativas de minimização de efluentes e reciclagem da água e
produtos químicos. O sistema convencional de tratamento de efluentes de
galvanoplastia separa as águas residuais em quatro grupos:
Efluentes crômicos – banhos de cromo em geral, abrilhantadores,
passivadores e suas águas de lavagem;
Efluentes cianídricos – banhos de cobre, zinco, cádmio, prata, ouro,
desengraxes e suas águas de lavagem;
Efluentes gerais ácidos – banho de zinco, níquel, cobre ativações, estanho,
oxidantes, decapantes e suas águas de lavagem;
Efluentes gerais alcalinos – desengraxantes químicos por imersão e
eletrolíticos e suas águas de lavagem.
Na próxima etapa os quatro grupos são misturados e ocorre a neutralização,
coagulação, floculação e sedimentação.
20

Em geral a destruição de cianetos é realizada pela oxidação de cianetos


empregando hipoclorito, como reagente e a oxidação processam-se em três
estágios (Bernardes, 2000):
CN- + OCl- + H2O  CNCl + 2OH-
Cl + 2OH-  CNO- + Cl- + H2O
2 CNO- + 3OCl- + H2O  2CO2 + N2 + 3Cl- + 2OH-
A primeira reação é muito rápida, o cloreto cianogênico é um gás muito
tóxico, mas em pH alcalino este composto é rapidamente hidrolisado a cianato
(segunda reação acima). O íon cianato é bem menos tóxico que o cianeto. A faixa
de pH mais adequado está entre 8,5 e 9,0 com tempo de reação de 1 hora. A figura
1 mostra as etapas do tratamento de efluentes.

Figura 1 - Fluxograma de tratamento de efluentes convencional

Fonte: SILVA (et. al. 2007).

Aproximadamente 10% de excesso de hipoclorito devem ser usados ou a


reação será incompleta conforme Bernardes (2000). O processo é rápido e eficiente
21

para a destruição de cianetos livres. Cianetos complexos de zinco e cádmio, por


exemplo, também são destruídos rapidamente. Cianocomplexos de prata e níquel só
são destruídos em longos tempos de reação. Ferrocianetos não são oxidados por
este método e permanecem no efluente tratado.
No processo de oxidação de cianeto com hipoclorito de sódio existe o risco
de formação de compostos organoclorados, assim, outros métodos de oxidação de
cianeto podem ser menos problemáticos, tais como: oxidação de cianeto com
peróxido de hidrogênio, porém tem um custo mais elevado e seu processo é eficaz,
em uma faixa de pH de 9,5 a 10,5 para oxidação de cianetos livres. Cianetos
complexados não são destruídos. Para pequenas concentrações de cianeto a
oxidação é muito lenta e requer o uso de catalisadores.
Outro método de oxidar cianeto é com ozônio, este processo é eficaz na
oxidação de cianetos livres e complexos, com exceção de ferrocianetos
(BERNARDES, 2000).
Os metais pesados em solução formam rapidamente hidróxidos ou sulfetos,
os quais precipitam com o ajuste de pH adequado a cada metal. O cromo
hexavalente representa uma exceção, pois não forma estes compostos nas
condições normais de temperatura e pressão. Assim, o cromo requer um passo
adicional de tratamento para reduzir o íon da forma hexavalente para o estado
trivalente. Normalmente a redução é realizada em PH ácido (pH  3,0) com a adição
de compostos de enxofre (sulfito, bissulfito ou metabissulfito de sódio) como
agentes redutores, conforme reação abaixo:
4CrO3 + 6Na2SO3 + 6H2SO4  6Na2SO4 + 2Cr2(SO4)3 + 6H2O
O controle de pH é importante porque em pH < 2 a reação é muito rápida,
mas pode haver liberação de SO2 para a atmosfera, com a geração de odores
desagradáveis. A um pH entre 2,5 e 3,0 a reação se completa em aproximadamente
30 minutos e a um pH > 3 o tempo de reação aumenta consideravelmente
(BERNARDES, 1989).
No tratamento de efluente, as etapas de coagulação e floculação, constituem
na parte mais delicada da operação, pois uma imprecisão pode acarretar grandes
prejuízos na qualidade final do mesmo conforme Bernardo (2005). O que por
conseqüência, acaba prejudicando o desempenho de todas as etapas seguintes do
tratamento, qualquer que seja a tecnologia utilizada.
22

A coagulação é o processo que supera a barreira repulsiva de cargas


negativas e permite à agregação das partículas. A coagulação depende das
características do efluente que é monitorada através de análises de pH, alcalinidade,
cor aparente e verdadeira, turbidez, temperatura, mobilidade eletroforética e sólidos
totais Saron (2000). A coagulação com sais de alumínio ocorre, predominantemente,
por dois mecanismos: por adsorção das espécies solúveis de hidrólise no colóide ou
pelo mecanismo de varredura, em que as partículas coloidais são envolvidas e
arrastadas pelo hidróxido de alumínio que precipita (SANTOS, 2006).
A finalidade da coagulação e floculação no tratamento é transformar
impurezas que se encontram em suspensão e no estado coloidal como as
substâncias húmicas, bactérias, protozoários, plâncton, entre outras, em flocos.
Essas impurezas apresentam cargas negativas, que impedem que as mesmas
aproximem-se umas das outras, permanecendo no meio, se suas características não
forem alteradas. Essa modificação pode ser dada através da adição de produtos
químicos denominados coagulantes (SARON, 2000).
No processo de coagulação convencional, após a coagulação, é feita uma
agitação relativamente lenta, para proporcionar encontros entre as partículas, com a
finalidade de ocorrer à floculação. Quando os flocos apresentam o tamanho
apropriado, são separados por sedimentação, flotação ou por filtração (BERNARDO,
2005).

2.3.1 Tratamentos de Efluentes não Convencionais

2.3.1.1 Tratamento de efluente por troca Iônica


Segundo Hespanhol (2002), muitos são os processos hoje utilizados no
tratamento de efluentes industriais, entre muitas técnicas a troca iônica visa os
compostos iônicos, que são transferidos para uma fase sólida, insolúvel,
denominados resina de troca iônica.
Ao reter os íons indesejáveis presentes na água, a resina libera uma
quantidade equivalente de outras espécies iônicas presente sua estrutura. Com o
uso as resinas de troca iônica diminuir a capacidade de adsorção, pois a resina fica
saturada com íons, nessas condições deve-se realizar a regeneração das resinas.
23

Este tratamento com resina de troca iônica possibilita a obtenção de água com alto
grau de pureza.
As resinas podem ser classificadas como:
Resinas Orgânicas Naturais:
• Quitina: É um polímero linear de elevado peso molecular, que existe nas
paredes celulares de alguns fungos e na crosta de crustáceos.
• Chitosan: É um polímero natural derivado da quitina, obtido pela hidrólise
desta, é utilizado como um polímero quelante de metais.
• Ácido algínico: É um componente da estrutura das algas marrons, é um
polímero forte e ao mesmo tempo flexível. Pode ser ou não solúvel em água.
• Celulose: A celulose natural tem propriedades de troca iônica devido aos
grupos carboxilas que tem na sua estrutura.
Resinas Inorgânicas:
Naturais:
• Alumino silicatos (zeolitas)
• Argilas minerais
• Feldspatos
Sintéticas:
• Óxidos metálicos hidratados (óxido de titânio hidratado)
• Sais insolúveis de metais polivalentes (fosfato de titânio)
• Sais insolúveis de heteropoliácidos (molibdofosfato amônico).
• Zeolitas sintéticas.

Estrutura da Rede Polimérica:


Tipo gel
• Conhecidas como resinas microporosas são polímeros homogêneos, e
seus sítios ativos estão distribuídos de maneira uniforme.
Resinas macro porosas
Chamadas também macro reticular ou de poros fixos, são fabricadas
através de um processo que deixa uma rede com grandes poros que permitem o
ingresso até os sítios interiores. Estas resinas têm uma aparência esponjosa, o que
permite uma boa interação entre os íons e os sítios ativos, mas também significa
que a resina tem uma menor capacidade porque as esferas contem uma menor
24

quantidade de sítios ativos, já que os poros podem ocupar entre o 10 e 30% do


espaço da resina, o que reduz a sua capacidade de troca iônica.
Quanto ao tipo de grupo funcional:
• Resinas catiônicas de ácido forte: São produzidas por sulfonação do
polímero com ácido sulfúrico. O grupo funcional é o ácido sulfônico, SO3H, estas
resinas trabalham em pH ácido, e adsorvem todos os sais e requerem uma
quantidade elevada de regenerante. Esta é a resina que é escolhida para quase
todas as aplicações de abrandamento de água.
• Resinas catiônicas de ácido fraco: O grupo funcional é um ácido carboxílico
presente em um dos componentes. Este tipo de resina é altamente eficiente e não
precisam de uma quantidade elevada de regenerante, estas resinas têm uma menor
capacidade de troca iônica devido à variação na velocidade do fluxo e a baixas
temperaturas.
• Resinas aniônicas de base forte: São obtidas a partir da reação de estireno-
Divinilbenzeno com aminas terciárias. O grupo funcional é um sal de amônio
quaternário.
• Resinas aniônicas de base fraca: Resinas funcionalizadas com grupos de
amina primária, secundária e terciária. Podem ser aplicadas na adsorção de ácidos
fortes com boa capacidade, mas sua cinética é lenta.
• Resinas Quelantes, são seletivas, mas pouco utilizadas por ter um custo
mais elevado e cineticamente lentas.
Os parâmetros característicos da troca Iônica são:
• Capacidade de troca: Quantidade de íons que uma resina pode trocar em
determinadas condições experimentais, depende do tipo do sitio ativo. É expresso
em equivalente/litro de resina ou grama de resina.
• Capacidade especifica teórica: Número máximo de sítios ativos da resina
por grama. Este valor pode ser maior que a capacidade de troca, já que nem todos
os sítios ativos são acessíveis aos íons em dissolução.
• Seletividade: Propriedade da resina de mostrar maior afinidade pôr um íon
que por outro, a resina preferirá os íons com os que formem um enlace mais forte.
25

2.3.1.2 Tratamento por Separação de Membranas


Os processos de separação que empregam membranas sintéticas, porosas
ou semipermeáveis, para separar da água partículas sólidas de pequenos
diâmetros, moléculas e até mesmo compostos iônicos dissolvidos. Para que o
processo de separação ocorra, utiliza-se um gradiente de pressão hidráulica ou
campo elétrico Mierzwa et. al. (2005). Basicamente os processos de separação por
membranas são divididos em cinco categorias microfiltração, ultrafiltração,
nanofiltração, osmose reversa e eletrodiálise. O que difere cada uma das categorias
são o diâmetro dos poros das membranas e o tipo de intensidade de força motriz
que promove a separação dos contaminantes. Atualmente as membranas são
confeccionadas em material polimérico ou cerâmico, de configurações variadas,
com placas planas, fibras ocas, tubulares e enroladas em espiral. Estas últimas são
mais comercializadas na atualidade. O processo de separação de membrana opera
com um fluxo paralelo ás membranas, por isso, produzem duas correntes distintas:
aquela que passou através da membrana e da qual foram removidos os
contaminantes, chamada de permeado, e a que contém a maior parte dos
contaminantes chamada de concentrado. A separação por membranas deve ser
precedida por sistemas de pré-tratamento, de modo a proteger e melhorar o
desempenho das membranas. Esta é uma condição básica a ser atendida quando
se opta pela utilização do processo de membranas (MIERZWA et. al., 2002).

2.3.1.3 Tratamento de efluentes por microfiltração (MF)


As membranas podem ser consideradas filtros absolutos, e são fabricadas
em polímeros, metais ou cerâmicas, o diâmetro dos poros varia entre 0,02 micra a
10 milimetro é a pressão que promove a separação dos contaminantes, endo esta
menor que 2,0 bares. Além de remover colóide o processo de microfiltração também
remove metais dissolvidos de soluções diluídas por meio de agentes complexantes
de alto peso molecular. Esse processo gera um concentrado que representa menos
de 5% do volume alimentado ao sistema, mas com uma concentração de sólidos
que pode chegar a 70%. As principais vantagens do processo de microfiltração são
a facilidade de integração a outro processo de tratamento, o baixo consumo de
energia e o custo de investimento que é relativamente baixo. Entretanto, o processo
também tem desvantagens: o efluente deve apresentar baixa carga de óleos e
26

graxas e, além disto, diversas membranas estão sujeitas ao ataque químico


(MIERZWA et. al., 2005).

2.3.1.4 Tratamento de efluentes por ultrafiltração (UF)


A ultrafiltração é um processo de separação por membranas utilizadas
quando se deseja purificar soluções contendo macromoléculas. As membranas de
ultrafiltração apresentam poros mais fechados que a microfiltração, essas
membranas têm um diâmetro de poro que varia entre 0,002 micra e 0,2 micra,
conseqüentemente a pressão de operação necessária para que o fluxo de permeado
seja aceitável é significativamente maior que a do processo de microfiltração,
devendo-se trabalhar com valores na faixa de 1,0 a 10,0 bar. O diâmetro de poro
nessa ordem de grandeza torna o processo de ultrafiltração adequado para remover
colóides e compostos orgânicos com alto peso molecular (MIERZWA et. al., 2005).

2.3.1.5 Tratamento de efluentes por nanofiltração


A Nanofiltração, por sua vez, é um tipo de filtração tangencial, cuja membrana
é mais fina do que a de ultrafiltração, mas não mais fina do que a de osmose
reversa. O diâmetro dos poros 001 µm. A pressão de operação nos sistemas de
Nanofiltração varia de 5 a 35 bar. É possível separar moléculas com peso molecular
de até 250 e 1000 g/mol e íons bivalentes, como cálcio e magnésio, e também
partículas e íons. O mecanismo de separação não é apenas o de filtração, estão
envolvidos os mecanismos de solubilidade e difusão. Esse processo funciona como
abrandadores, sem causar os problemas de poluição associados aos processos
convencionais, com a vantagem da possibilidade de remoção dos compostos
orgânicos (MIERZWA et. al., 2005).

2.3.1.6 Tratamento de efluentes por osmose reversa


Dentre os processos de separação de membranas descritos até aqui, o de
osmose reversa é o mais discutido e amplamente utilizado atualmente. Esse
processo baseia-se no fenômeno natural da osmose, que consiste na passagem de
água pura através de uma membrana semipermeável de uma solução salina diluída
para uma mais concentrada, até que se atinja o equilíbrio. O resultado é a elevação
do nível de líquido da solução mais concentrada, e essa diferença de nível entre as
27

duas soluções é conhecida como pressão osmótica de equilíbrio. (MIERZWA et. al.,
2005).
Se uma pressão hidráulica superior á pressão osmótica de equilíbrio for
aplicada do lado da solução mais concentrada, a água passa a fluir através da
membrana, da solução concentrada para a diluída (MIERZWA et. al., 2005).
Contudo esse processo tem como desvantagens: não ser adequado para o
tratamento de efluentes com material em suspensão.
A membrana pode sofrer ataque químico por espécies presentes na solução a
ser tratada e as substâncias com baixa solubilidade podem precipitar na superfície
das mesmas. Alguns compostos orgânicos de baixo peso molecular e gases
dissolvidos, não são removidos e o concentrado gerado pode trazer problemas de
destino final.

2.3.1.7 Tratamento de efluentes por eletrodiálise


Na eletrodiálise as membranas íon eletivas são dispostas alternadamente em
uma montagem tipo filtro-prensa, de maneira a formar canais entre as membranas
por onde circula a solução a ser tratada Rowe et. al. (1995). No interior destes
canais são colocados espaçadores, os quais têm a função de provocar um fluxo
turbulento. Os eletrodos são posicionados nas extremidades da célula e estão em
contato com uma solução de enxágüe. A esta montagem denomina-se stacke.
Quando um campo elétrico é aplicado nos eletrodos, o ânodo fica com carga positiva
e o cátodo fica com carga negativa. O campo elétrico aplicado origina a migração
dos íons positivos (cátions) para o cátodo e dos íons negativos (ânions) para o
ânodo. Durante o processo de migração os ânions passam pela membrana aniônica,
mas são barrados pela membrana catiônica. Comportamento semelhante acontece
com os cátions. Este fenômeno origina a formação de um compartimento contendo
uma solução mais concentrada e outro contendo uma solução mais diluída. A figura
2 apresenta um esquema geral de um sistema de eletrodiálise.
28

Figura 2 - Célula de eletrodiálise

Sol. Diluída

Sol. Conc.
C A C A C A
Concentrada

Alimentação

Cátions Ânions A Memb. Aniônica C Memb. Catiônica

Fonte: RODRIGUES (2002).

Na teoria, um Faraday passando através de um par de membranas é capaz


de transportar um equivalente grama de eletrólito de um compartimento diluído para
um concentrado. Assim sendo, a inserção de n pares de membranas irá aumentar o
rendimento do processo n vezes. Do ponto de vista elétrico, tal sistema assemelha-
se a um conjunto de resistores em série. A resistência elétrica total resultante
compreende as contribuições dos eletrodos, das membranas e das soluções que
fluem entre elas.
A limitação quanto ao número máximo de pares de membranas possíveis de
serem montados em um stack está relacionada com o aumento da resistência
elétrica total entre os dois eletrodos. Idealmente a resistência elétrica das
membranas deve ser extremamente baixa, de modo que a principal contribuição
para a resistência total seja da solução diluída produzida entre as membranas
(ROWE et. al., 1995).
A energia consumida é em função da quantidade de íons removidos no
processo. Além disso, a técnica pode operar em processo contínuo, não
necessitando de etapas de regeneração, como no caso da troca iônica segundo
Rowe et. al. (1995). As membranas íon seletivas são a parte principal do sistema de
eletrodiálise, pois elas que tem a propriedade de fazer a separação dos íons. Neste
sentido, todo o processo de separação gira em torno das propriedades das
membranas e é justamente o desenvolvimento destas membranas que impulsiona o
desenvolvimento e aplicação desta poderosa técnica de tratamento de efluentes.
29

Membranas íon seletivas são polímeros que apresentam a característica de serem


permeáveis a determinados íons dissolvidos em solução aquosas e impermeáveis a
outros. Estas membranas são efetivamente resinas de troca iônica em forma
laminar e apresentam a característica de discernir entre a permeação e a migração
de uma substância, através da carga que esta substância apresenta (ROWE et. al.,
1995).
Membranas íon-seletivas catiônicas são permeáveis a cátions tais como Cr3+,
Zn2+, Ni2+, etc. Membranas íon-seletivas aniônicas são permeáveis a ânions tais
como SO42-, Cl- etc. Estas membranas são tipicamente polímeros contendo ligações
cruzadas e apresentam uma porosidade controlada, de modo a apresentarem
permeabilidade aos íons, mas manterem uma impermeabilidade em relação à água
(ROWE et. al., 1995).
Os poros ou canais formam no interior da membrana uma rede
interconectada que garante a continuidade da condução iônica de um lado ao outro
da membrana. No interior dos poros existem grupos funcionais positivos
(tipicamente grupos amônio quaternários), ou negativos (tipicamente grupos
sulfonato), os quais estão quimicamente ligados à matriz polimérica.
Estes grupos funcionais fazem com que as paredes internas dos poros
apresentem cargas, de modo que é favorecida a migração de seus contra-íons
através da membrana.
Se os grupos funcionais ligados à membrana forem negativos, será
favorecida a migração de cátions através dos poros, e a membrana será catiônica.
Isto pode ser conseguido, por exemplo, através da sulfonação da matriz polimérica,
com o que se obtém grupos (SO3H) ligados ao polímero. Em água este grupo se
ioniza, produzindo um contra-íon móvel (H+) e uma carga fixa (SO3).
Por outro lado, se os grupos funcionais forem positivos, será favorecida a
migração de ânions e a membrana será aniônica. Neste tipo de membrana costuma-
se empregar grupos tais como (NR3OH) ligados à membrana. Além de permitir a
passagem dos íons por migração, a membrana deve impedir a livre passagem da
água. Isto é conseguido com uma estrutura mais densa e menos porosa. Nesse
aspecto é importante que a membrana apresente um balanço adequado entre o
controle da passagem de água, o que requer uma estrutura densa, e uma baixa
resistência elétrica, o que é favorecido por uma estrutura de poros mais abertos
30

segundo Rowe et. al. (1995). O desempenho de uma membrana é definido em


função de dois parâmetros básicos: permeabilidade e seletividade. A
permeabilidade diz respeito à facilidade com que os íons são transportados nas
respectivas membranas. Seletividade está relacionada com a capacidade de uma
membrana em impedir o transporte de íons indesejados, ou seja, cátions através de
uma membrana aniônica e ânions através de uma membrana catiônica. Idealmente
deseja-se uma membrana com alta permeabilidade e seletividade, mas tentativas de
melhorar um destes parâmetros em geral levam a prejuízos no outro, de modo que
é necessário se obter um adequado balanço entre as propriedades desejadas. O
transporte iônico através das membranas é um fenômeno complexo que depende
fundamentalmente de dois componentes: o primeiro está associado aos processos
interfaciais na fronteira membrana-solução, e o segundo diz respeito às
propriedades de transporte em volume da membrana, como mobilidades e
difusividades dos íons no interior da mesma (ROWE et. al., 1995). Além disso, estão
envolvidos os fenômenos difusionais dos íons na solução. Dessa forma, a condução
através da membrana é considerada como sendo derivada de um processo de
percolação. O transporte de carga é devido ao fluxo de íons, o qual por sua vez é
determinado pela probabilidade de formação de um caminho de percolação entre os
clusters, de um lado ao outro da membrana (ROWE et. al., 1995).

2.4 ELETROCOAGULAÇÃO (EC)


A preocupação mundial com respeito à poluição dos recursos hídricos
promove um aumento na regulamentação do descarte do efluente. O método
tradicional de tratamento de efluente de galvanoplastia requer uma série de adições
de reagentes químicos e o mesmo nem sempre é eficiente na redução da carga
poluidora. Neste sentido existe uma necessidade do desenvolvimento de técnicas
mais efetivas ao tratamento de efluentes.
As técnicas eletroquímicas têm chamado a atenção devido a sua
versatilidade, segurança, seletividade, facilidade de automação e compatibilidade
ambiental. O processo eletrolítico foi utilizado, na prática, pela primeira vez, por
Webster em 1889, logo após ser concebido por Leeds no ano de 1888. Foi aplicado
no tratamento de esgotos em Crossness, Inglaterra, e fazia uso de eletrodos de ferro
31

e da adição de água do mar ao efluente a tratar, operando o sistema a uma tensão


de 10 volts.
Nos Estados Unidos, na primeira década do século XX foram desenvolvidos
estudos realizados por Harris, em 1909, sobre o tratamento eletrolítico aplicado a
esgotos, usando-se eletrodos de ferro e alumínio. Além disso, foram colocadas em
operação duas estações de tratamento utilizando o processo acima, uma em Santa
Mônica, que fazia o uso de eletrodos de ferro fundido, e outra em Oklahoma,
semelhante à primeira, porém com eletrodos de ferro revestido de cobre. Na
segunda estação conseguiu-se obter altas eficiências na remoção de
microorganismos. Porém, as duas foram abandonadas após pouco tempo de uso,
com alegações de “alto custo operacional” (WIENDL, 1998).
Ainda no início do século, no Brasil, Saturnino de Brito, ao perceber as
vantagens da eletrólise na depuração de esgotos, apresentou o processo eletrolítico
no IV Congresso Médico Latino-Americano, realizado em 1909. Chegou a propor um
sistema que utilizasse água do mar adicionada às águas residuárias domésticas,
semelhantemente àquele realizado por Webster anos antes. Entretanto, suas idéias
foram duramente combatidas. A partir de então, pouco foi desenvolvido sobre o
sistema eletrolítico. Podemos destacar alguns trabalhos como o de Swinburbe, no
ano de 1913, que utilizou o processo em esgotos visando à produção de cloro,
esses testes utilizavam ânodos de grafite como alternativa ao tratamento, primeiro
nos EUA, em 1930 e, em 1937, na Rússia, porém com resultados desconhecidos.
Em Oslo, Föyn, em 1964, analisou a remoção de nutrientes em esgotos
domésticos, com o uso de eletrodos de ferro e grafite com 20% de água do mar
adicionada ao efluente, obtendo bons resultados quanto à remoção de nutrientes,
turbidez e coliformes.
Na década de 80, foram retomados os estudos sobre o uso da eletrólise no
tratamento de águas residuárias.
Foram realizados trabalhos sobre novas possibilidades de desenvolvimento
desta tecnologia. A aplicação da eletrólise resumia-se na estabilização química dos
esgotos (eliminação de odores) e na redução da contaminação bacteriológica.
Desconheciam-se, ainda, as primeiras tentativas de utilização de decantadores e a
agitação (floculação) simultânea com a eletrólise (WIENDL, 1998).
32

A eletroflotação aplicada à separação de algas foi testada com sucesso por


Alem Sobrinho e Gomes em 1981, que comprovaram sua viabilidade em efluentes
de lagoas de estabilização e em esgotos. Outra pesquisa, realizada por Zimbardi
(1987), evidenciou o uso da mistura de 25% de água do mar ao esgoto, com o
propósito de obter sua desinfecção através da eletrólise, tendo-se alcançado níveis
de cloro residual em torno de 2 mg/L.
Neste mesmo período, entraram em operação no Brasil algumas estações de
tratamento de esgotos utilizando o processo eletrolítico. A de Cambuí, Campinas,
em 1984, era semelhante àquela de Santa Monica, nos EUA. Os resultados
mostraram boa eficiência na remoção de matéria orgânica, nutrientes e sólidos
suspensos, porém o mesmo não ocorreu na remoção de bactérias segundo
Figueiredo et. al. (1993).
Em 1985, Bezerril e Wiendl descreveu um projeto piloto para tratar esgoto de
Iracemápolis, São Paulo. No ano de 1988, começou a operar uma estação destinada
a tratar águas residuárias provenientes do Hospital das Clínicas da Universidade
Estadual de Campinas, cujo projeto, com as eficiências obtidas, e dados
operacionais, foram descritos por Wiendl (1998). Porém, as estações citadas acima
foram desativadas assim que ocorreu o desgaste dos eletrodos, custo energético da
época e o surgimento do tratamento por lagoas.
Junto com o “redescobrimento” da eletrólise quase no fim do século, foram
também desenvolvidos trabalhos sobre a depuração de águas residuárias
industriais. Em 1985, Cenklin e Belevtsev descreveram a utilização de processos
eletroquímicos para tratamento de efluentes líquidos industriais na Rússia conforme
Giacon (1991). Segundo Allegre (1993) utilizaram eletrodos de ferro e de alumínio
para tratar um efluente de refinaria de petróleo e conseguiram obter uma remoção
de DQO de até 85%. Também, em 1993, Giacon tratou efluentes de uma indústria
alimentícia aplicando o sistema da eletrocoagulação. Guaglione et. al. (1995),
analisaram a eficiência do processo da eletrocoagulação na remoção de lignina no
efluente de uma indústria de papel e obtiveram bons resultados. No ano de 1997 foi
desenvolvido um trabalho na Universidade de Brasília, que evidenciava a
eletrocoagulação para o tratamento de efluente de indústria de óleo de soja com
resultados promissores.
33

Na EC ocorre a dissolução de eletrodos ativos metálicos, como os de


alumínio e ferro, em íons. Estes íons são liberados no efluente através da eletrólise,
e atuam sobre os colóides e partículas em suspensão no líquido de forma
semelhante aos coagulantes convencionais. A eletrocoagulação apresenta alta
eficiência de tratamento, pois envolve a geração do agente coagulante in situ devido
à eletrooxidação do eletrodo de sacrifício (ânodo), que pode ser de alumínio ou
ferro. No processo, ocorrem dois tipos de separação: o material eletrocoagulado que
decanta e o material eletroflotado. Na flotação pequenas partículas e outros
poluentes desestabilizados pelos íons de alumínio produzidos a partir dos ânodos
são removidos por flotação dos gases formados nos eletrodos.
A duração do processo de flotação é marcantemente mais curta comparada
ao da sedimentação depois da coagulação. A suspensão (resíduo flotado) pode ser
removida por processos físicos convencionais.
Na eletrocoagulação, os potenciais dos eletrodos podem ser deduzidos das
reações eletroquímicas que ocorrem em cada eletrodo, e variam de acordo com o
pH e as espécies presentes no sistema. À medida que o ânodo de sacrifício se
corrói, o cátion ativo é liberado para a solução.
A figura 3 mostra uma célula de eletrocoagulação com um ânodo e um cátodo
arranjado em paralelo, pode-se observar a natureza complexa do processo de
eletrocoagulação.

Figura 3 - Interações observadas durante a eletrocoagulação

Fonte: HOLT (et. al. 2002).

As reações que acontece no ânodo e cátodo são mostradas abaixo:


34

Para o ânodo de alumínio:

Em condições alcalinas:

Em condições ácidas:

Para o ânodo do ferro:

Em condições alcalinas:

Em condições ácidas:

Além disso, há uma reação da evolução do oxigênio:

A reação no cátodo:

A figura 4 mostra os íons de alumínio hidrolisado que podem formar grandes


redes de Al-O-Al-Al-O-Al-OH que adsorvem os contaminantes.

Figura 4 - Estruturas formadas durante a corrosão do alumínio


35

Fonte: MOLLAH (2001).

A figura 5 apresenta um sistema de eletrocoagulação industrial. Podem-se


observar eletrodos em forma de colméia e a espuma que se forma durante a
reação.

Figura 5 - Sistema de eletrocoagulação industrial

Fonte: GANDHI (2004).

2.5 FATORES QUE AFETAM A ELETROCOAGULAÇÃO

2.5.1 Densidade de corrente

A densidade de corrente é o parâmetro operacional de extrema importância,


afetando não somente o tempo de resposta do sistema, mas também influenciando
o modo dominante de separação do poluente. Segundo Holt (2005), colocando o
reator em funcionamento na densidade de corrente mais elevada possível, esse
pode não ser o modo de operação mais eficiente. Pois, para qualquer aplicação
específica, a densidade de corrente envolverá invariavelmente uma relação entre
custos operacionais e o uso eficiente do coagulante introduzido.
De acordo com Bayramoglu et. al. (2006), o consumo do eletrodo aumenta
com o aumento da densidade de corrente, sendo que o consumo do eletrodo de
ferro é maior em pH 5, enquanto o consumo do eletródos de alumínio é maior em
pH 7.
36

O aumento do consumo do elétrodo é atribuído ao fato de que em corrente


alta, a quantidade de alumínio oxidada aumenta, tendo por resultado uma
quantidade maior de precipitado para a remoção dos poluentes. Assim que a
densidade de corrente diminui, o tempo necessário para conseguir eficiências
similares aumenta.
A corrente elétrica aplicada ao sistema de eletrocoagulação determina a
quantidade de íons de Al3+ ou de Fe2+ liberados nos respectivos elétrodos.
Entretanto, quando uma corrente demasiadamente grande estiver sendo usada, há
uma possibilidade elevada de desperdiçar a energia elétrica em se aquecer a água,
ocasionando uma diminuição significativa na eficiência da corrente (GUOHUA,
2004).
A seleção da densidade de corrente deve ser feita com outros parâmetros
operacionais tais como: pH, temperatura, tempo e a taxa de fluxo para assegurar
uma eficiência de corrente elevada. A qualidade da água tratada depende da
quantidade de íons produzidos, carregamento da carga, produto da corrente e o
tempo (ampére-hora).
Alguns cuidados devem ser tomados na escolha do valor da corrente elétrica
a ser aplicada, pois corrente elevada pode significar perda de potência, pois parte
dela se dissipará como energia térmica pela solução (CRESPILHO et. al., 2004).
A densidade de corrente também aumenta o sobrepotencial cinético segundo
Essadki et. al. (2007). Para que um sistema de eletrocoagulação possa operar um
longo tempo sem manutenção, a densidade de corrente sugerida é de 20-25 A/m² a
menos que sejam feitas medidas para limpeza periódica na superfície dos eletrodos
(CHEN, 2004).
Daneshvar et. al. (2007) estudaram o efeito da densidade de corrente na
remoção de cor utilizando ânodo de ferro. A eficiência de remoção de cor aumentou
de 20,6%, com densidade de corrente de 25 A/m², para 98,6%, com densidade de
corrente de 125A/m². A densidade de corrente de operação é o parâmetro
operacional chave, afetando não somente o tempo de resposta do sistema, mas
também influenciando fortemente o modo dominante de separação do poluente.
Segundo Holt et. al. (2005), colocando o reator em funcionamento na densidade de
(A/m²) a remoção da cor é de 96% em corrente mais elevada.
37

2.5.2 Condutividade
O sal (NaCl) geralmente é empregado para aumentar a condutividade da
água ou do efluente a ser tratado. Além de sua contribuição iônica em transportar a
carga elétrica, observou-se que os íons do cloreto poderiam significativamente
reduzir o efeito adverso de outros ânions tais como HCO3−, SO42−.
A existência dos íons de bicarbonato ou de sulfato conduz à precipitação de
íons de Ca2+ ou de Mg2+ que dá forma a uma camada isolante na superfície dos
eletrodos. Esta camada isolante aumenta muito o potencial entre os eletrodos e o
resultado é uma diminuição significativa na eficiência da corrente.
Recomenda-se conseqüentemente, que entre os ânions presentes na
solução, deve haver 20% de Cl- para assegurar uma operação normal da
eletrocoagulação no tratamento de água.
A adição do NaCl conduziria também à diminuição no consumo de potência
por causa do aumento na condutividade. Segundo Mansours et. al. (2006),
relataram que a condutividade da solução afeta a tensão da célula e que
experimentos feitos em efluentes com cloreto de sódio aumentam a condutividade, e
mostraram uma diminuição no valor da tensão elétrica da célula e
consequentemente no consumo de energia. A presença do íon cloreto em solução
diminui a camada de passivação e desse modo aumenta a eficiência da
eletrocoagulação na remoção do poluente devido ao ataque do íon cloreto na
superfície do metal. Além disso, o cloro eletroquimicamente gerado é eficaz para
desinfetar a água (GUOHUA, 2004).

2.5.3 Efeito do pH
O desempenho do processo de eletrocoagulação é dependente do pH da
solução sendo que a mesma afeta a eficiência de corrente e a solubilidade dos
hidróxidos metálicos.
Geralmente é observado que a eficiência de corrente do alumínio é maior em
condições ácidas e alcalinas que em condições neutras. O desempenho do
tratamento depende do tipo de poluente, com melhores remoções próximas ao pH
7. O consumo de energia, no entanto, é alto no pH neutro devido à variação da
condutividade. Quando a condutividade é alta, o efeito do pH não é significante
Chen et. al. (2004). Geralmente, o pH do meio tende a aumentar durante o processo
38

Savas et. al. (2007) devido à evolução de hidrogênio no cátodo. Segundo Kobya
(2006), uma das maiores vantagens da eletrocoagulação é sua capacidade de
neutralizar o pH do efluente, caso esteja abaixo de 7.
Para um aumento do pH em um efluente ácido, o incremento do pH acredita-
se ser devido à liberação de CO2 e pelo borbulhamento de hidrogênio, devido à
formação de precipitados aniônicos com o AI+3.
A diminuição do pH em condições alcalinas pode ser resultado da formação
de precipitados de hidróxidos com outros cátions Chen et. al. (2004). É
recomendável que o pH seja controlado na faixa de 6,5 a 7,0, perto do pH neutro
usando eletrodos de alumínio onde são obtidas as maiores velocidades de reação.
A velocidade de reação diminui em pH ácido, ocorrendo também um aumento da
corrosão, não sendo recomendável do ponto de vista econômico (WIENDLI, 1985).
O efeito do pH e dos potenciais eletroquímicos na fase da solução assim
como as reações interfaciais deve estar claramente compreendidos para o
desempenho das técnicas de EC (MOLLAH, 2004).
Essadki et. al.(2007), estudaram o efeito do pH inicial na remoção de DQO e
turbidez de um efluente de indústria têxtil. Os testes mostraram que o pH inicial
ótimo foi entre 7,0 e 8,0.

2.5.4 Temperatura
Embora a eletrocoagulação exista em torno de 100 anos, o efeito da
temperatura nesta tecnologia foi investigado há pouco tempo.
Um aumento adicional na temperatura resulta em uma diminuição da
eficiência da eletrocoagulação. O aumento da EC com a temperatura foi atribuído à
atividade aumentada na destruição da película do óxido de alumínio na superfície do
eletrodo. Quando a temperatura é demasiadamente elevada, há um encolhimento
dos poros grandes do gel Al(OH)3 tendo por resultado flocos mais compactos que
sejam mais prováveis para depositar na superfície do eletrodo. Similar a eficiência
da corrente, o consumo de potência dá também um máximo em valor ligeiramente
mais baixo da temperatura. 35ºC, para tratar a água residual contendo óleo. Isto é
explicado pelos efeitos opostos da temperatura na eficiência da corrente e pela
condutividade da água residual, logo um consumo de energia mais baixo, com
aumento da temperatura podem causar efeitos negativos sobre a eficiência da
39

corrente fazendo com que esta diminua, e um extensivo resfriamento pode ser
necessário para manter a célula na temperatura ambiente (GUOHUA, 2004).
Segundo Mameri et. al. (1998), concluíram que o aumento da temperatura
ocasiona um aumento da mobilidade das moléculas na solução, e
consequentemente, um aumento da condutividade elétrica. De acordo com
Daneshvar et. al. (2004), o aumento da temperatura da solução contribui na
eficiência de remoção dos íons produzidos devido ao aumento das colisões entre os
íons e o coagulante formado.
Alta temperatura aumenta a atividade das moléculas na solução.
Conseqüentemente, a condutividade elétrica e a corrente eletrolítica serão
aumentadas com o aumento da temperatura da solução (SHEN et. al., 2006).
Shen et. al. (2006) estudaram o efeito da variação da temperatura na
remoção de cor. A remoção de cor e a corrente elétrica são aproximadamente
proporcionais à temperatura, quando a temperatura sobe, a corrente elétrica se
eleva. A proporção de corrente elétrica para a degradação de corante para reações
laterais mantêm-se constante. Isto é, a degradação do corante e a evolução de
oxigênio são aceleradas com aumento da temperatura.

2.5.5 Tempo
Segundo Daneshvar et. al. (2007), quando o tempo de eletrólise aumenta, a
concentração de íons e seus flocos de hidróxidos aumentam.
Conforme estudos um aumento no tempo de eletrólise de 2 a 6 minutos
produz uma eficiência de remoção de cor de 15,5% para 98,9%.
Essadki et. al. (2007), também estudaram o efeito do tempo de operação na
remoção de DQO e turbidez. A redução em torno de 83% mostrou-se independente
da densidade de corrente. Em conseqüência, o objetivo pode ser conseguido na
escala inteira de densidade de corrente, porém o tempo mínimo para a remoção de
DQO é maior que 80% e diminuiu de 36 minutos para 9 minutos quando a corrente
aumentou de 1ª para 6ª.

2.5.6 Materiais dos eletrodos


Os materiais empregados como eletrodos na eletrocoagulação, são
geralmente de alumínio ou ferro. Esses podem ser utilizados somente com um
40

material (Al ou Fe) ou a combinação de ambos, dependendo do tipo de poluente que


se quer retirar do efluente. O circuito elétrico em uma célula eletroquímica pode ser
dividido em duas partes. No circuito elétrico externo a corrente, flui em uma direção,
do ânodo para o cátodo, como fluxo de elétrons. Porém dentro da célula, a corrente
flui eletronicamente dentro da estrutura do eletrodo e ionicamente no eletrólito entre
os eletrodos. No eletrólito a corrente flui por migração de íons, os ânions movem-se
em direção ao ânodo e cátions em direção ao cátodo, assim o ferro e alumínio são
dissolvidos no ânodo gerando íons correspondentes do metal, que é hidrolisado
quase imediatamente ao hidróxido polimérico de ferro ou de alumínio. Estes
hidróxidos poliméricos são agentes coagulantes excelentes. A eletrocoagulação
ocorre quando cátions do metal se combinam com partículas negativas carregadas
para o ânodo pelo movimento eletroforético. O contaminante presente na corrente
contínua e a precipitação dos materiais coloidais estão sendo gerados pela corrosão
do eletrodo e estes são então removidos por eletroflotação, ou sedimentação. Os
gases evoluídos nos eletrodos podem encontrar e causar flotação dos materiais
coagulados Mollah (2004). Devido à perda ou ganho de elétrons durante a
eletrocoagulação, os eletrodos polarizam-se, podendo, no caso dos ânodos, haver
deposição de materiais.
Em aplicações práticas, tem-se observado que, após a inversão de polaridade
no sistema elétrico, há um desprendimento de uma fina película que estava aderida
à superfície dos eletrodos de ferro. Para a remoção do material aderido pode ser
utilizado baixos valores de densidade de corrente e até o aumento da velocidade do
fluído, retirando a camada de óxido através do arraste das partículas Wiendl (1998).
O material do eletrodo usado determina o tipo do coagulante Holt (2002).
O eletrodo de sacrifício e o cátodo podem ser compostos do mesmo ou de
diferentes materiais Mollah (2004). Em geral, os materiais utilizados para a
eletrocoagulação são o alumínio e ferro, em forma de chapas ou sucata.
Os eletrodos podem ser arranjados de modo monopolar ou bipolar,
conectados em série ou em paralelo. Em série, uma diferença de potencial mais
elevada é requerida para uma dada corrente de fluxo, porque os eletrodos
conectados em série têm uma resistência mais elevada. A mesma corrente,
entretanto, correria através de todos os eletrodos. No arranjo em paralelo, a corrente
elétrica é dividida entre todos os eletrodos das células individuais Mollah (2001). Em
41

um arranjo monopolar, cada par de “eletrodos de sacrifício” são conectados


internamente um ao outro, e não há nenhuma conexão com os eletrodos externos
este arranjo de eletrodos monopolares com pilhas em série é eletricamente similar a
uma única pilha com muitos eletrodos e interconexões. A instalação experimental
requer também uma caixa de resistência para regular o fluxo de corrente e um
multímetro para ler os valores da corrente. O “anodo de sacrifício” abaixa o potencial
de dissolução do anodo e minimiza a redução ou a deposição redutiva de metais
elementares no catodo (MOLLAH, 2004).
Na figura 6 podemos observar eletrodos de alumínio e ferro utilizados num
sistema de eletrocoagulação, e na figura 7 eletrodos mistos de Al/Fe, onde podemos
observar o desgaste dos mesmos.

Figura 6 - Eletrodos monopolar de ferro e alumínio

Fonte: CERQUEIRA (2006).


42

Figura 7 - Eletrodos híbridos de Fe/Al

Fonte: CERQUEIRA (2006).

2.5.7 Vantagens e desvantagens da eletrocoagulação


De acordo com Rajeshwar et. al. (2006), as vantagens de utilizar técnicas
eletroquímicas incluem: compatibilidade ambiental, versatilidade, eficiência
energética, segurança, seletividade, amenabilidade e automação, e a relação custo-
benefício.
Para além destas as seguintes vantagens podem ser adicionadas: sistemas
eletroquímicos que permitem controlar reações rápidas, e sistemas menores se
tornem viáveis e, em vez de usar produtos químicos e micro-organismos, os
sistemas empregam apenas elétrons para facilitar o tratamento da água. Das
técnicas eletroquímicas, há interesse em usar a eletrocoagulação para tratamento
de águas residuais que contêm metais pesados, industriais de alimento, resíduos de
petróleo, tintas têxteis, fluorine, os resíduos poliméricos, a matéria orgânica dos
aterros lixiviados, partículas suspensas, polimento mecânico de resíduos químicos,
partículas de suspensões aquosas ultrafinas, nitrato, resíduos fenólicos, arsênio,
incluindo poluentes orgânicos refratários e lignina e EDTA. A Tabela 1 apresenta as
vantagens e desvantagens do sistema de eletrocoagulação.

Tabela 1 - Vantagens e desvantagens da eletrocoagulação.

Vantagens Desvantagens
Requer equipamento simples e de fácil Os eletrodos precisam ser
operação, em que a corrente e o potencial substituídos regularmente, caso
43

podem ser monitorados de maneira sofram passivação;


automatizada;
Há controle maior na liberação do agente O uso de eletricidade pode ser caro
coagulante, em comparação com os em alguns lugares;
processos convencionais;
Os flocos formados são mais estáveis, Um filme de óxido impermeável
podendo ser mais bem removidos por pode ser formado no cátodo,
filtração; conduzindo à perda de eficiência
da unidade de eletroflotação.
Remove partículas coloidais menores, pois o É requerida alta condutividade do
campo elétrico aplicado promove mais efluente;
rapidamente o contato entre elas, facilitando
a coagulação;
As bolhas de gás produzidas durante a
eletrólise podem levar o contaminante ao
topo da solução, onde pode ser concentrado
e removido mais facilmente, por flotação;
A cela eletrolítica de eletroflotação é
eletricamente controlada, não necessitando
de acessórios secundários, o que requer
menos manutenção;
A técnica da eletroflotação pode ser usada
convenientemente em áreas rurais onde a
eletricidade não é disponível, desde que um
painel solar seja acoplado à unidade;
Fonte: A autora (2009).

2.5.8 A eletrocoagulação aplicada ao tratamento de água e efluente.


Em 1985, Wiendl retomou o uso do processo de eletrocoagulação no Brasil,
ao implantar uma estação de tratamento em Iracemápolis – SP. Nos anos seguintes,
outras estações de tratamento de esgotos passaram a utilizar o processo da
eletrocoagulação nos municípios de Limeira, Pirassununga, Marília, Campinas e
Águas de Lindóia, no Estado de São Paulo. Aqui no Brasil essa tecnologia foi
44

interrompida pelo alto custo energético da época e devida que na mesma época
deu-se o inicio do desenvolvimento de tratamento de esgoto por lagoas (WIENDL,
1998).
Chen-Lee et. al. (2006), investigaram a utilização da eletrocoagulação ao
tratamento de águas residuais do polimento químico mecânico do cobre. Verificaram
que a técnica foi eficaz na remoção de íons de cobre. O lodo gerado apresentava
um teor de água superior a 80%.
Observaram uma maior eficiência de remoção para os íons de cobre quando
se empregou um potencial de 30 V, tempo de 30 min e pH entre 8 a 9. A eficiência
de remoção para o cobre foi de 99,9%. Observaram também que a redução da
turbidez, utilizando ânodo de alumínio foi maior que a do ferro.
Nathalie et. al. (2006), utilizaram a eletrocoagulação na remoção de metais
pesados (Cd, Cr, Cu, Ní, Pb, e Zn) de solos ácidos lixiviados. A EC foi comparada
com a precipitação por processos químicos. No final de ambos os processos, o
desempenho da eletrocoagulação para parâmetros de lançamento do efluente do Cr,
Cu, Pb e Zn estavam acima dos limites permitidos, porém a remoção do níquel e
cádmio atingiram os parâmetros permitidos para descarte. O tratamento por
precipitação química não atingiu os limites permitidos para lançamento do efluente.
Segundo Golder et. al. (2007), a remoção do cromo numa solução aquosa
pela eletrocoagulação e a eficiência da densidade de corrente aplicada na
dissolução do eletrodo de ferro foi de 100%. Os parâmetros investigados incluem:
tempo de reação, densidade de corrente, pH e concentração inicial do cromo. A
dissolução total do ferro durante o processo da EC com diferentes condições de
operação foi à seguinte: pH 5, tempo de reação 60 minutos e o potencial aplicado foi
de 3,5 a 4,0 volts. Nesta pesquisa foi concluído que em pH elevado a co-
precipitação e precipitação química levam a uma maior remoção do cromo.
Casqueira et. al. (2006), estudaram a aplicação da eletrocoagulação numa
solução de zinco, foi investigado a eficiência e influência dos seguintes parâmetros
como: pH, concentração da solução, tensão, e densidade de corrente. Os resultados
obtidos mostraram que a EC é capaz de produzir resultados satisfatórios na
remoção de zinco em 90% dentro da faixa de valores investigada, porém melhores
resultados foram obtidos, utilizando-se um potencial de 15 volts, pH 7 resultando em
96% de eficiência.
45

Gao et. al. (2005), utilizaram um processo combinado de eletrocoagulação e


eletroflotação, utilizando eletrodos de ferro, para reduzir primeiramente, em meio
ácido, Cr6+ a Cr3+ e então em condições de pH neutras remover o cromo total para
valores abaixo de 0,5 mg/ L. Para esta reação optou-se por utilizar eletrodos de
ferro, pois o ferro não é somente um bom coagulante, mas um bom redutor de Cr³+.
Devido à redução de Cr6+ para Cr³+ pelo Fe²+ é preferível que a reação ocorra em
condições ácidas, mas a coagulação de Fe³+ e Cr³+ também são favoráveis em
meio alcalino.
Ilona et. al. (2008), investigaram a remoção de metais, através da
eletrocoagulação utilizando eletrodos de alumínio e ferro. Nos ensaios o pH
utilizado foi de 5 a 6, e observaram um aumento do pH para 10, nessas condições o
zinco, cobre e níquel foi removido, porém o cromo e a prata não foram removidos
devido à influência do pH.
O trabalho desenvolvido por Tsai et. al. (1996), investigou efluente lixiviado
utilizando dois diferentes pares de eletrodos: Fe-Cu ou Al-Cu, a remoção de DQO foi
de 30 a 50% do líquido percolado, sendo que ao sistema foram aplicadas diferentes
voltagens. Foi concluído que o aumento de pH é favorável para formação dos
colóides Fe (III) e Al (III).
Polprasert et. al. (2005), aplicaram a eletrocoagulação a lixiviados com o
objetivo de remover chumbo e outros metais. O processo da EC foi eficiente na
remoção do chumbo com tempo de detenção de 20 min, 5-10 A de intensidade de
corrente. A concentração de chumbo foi reduzida de 35-100mg/L para menos de
1mg/L, alcançando 99% de remoção.
Zaroual et. al. (2006), investigaram a aplicação da eletrocoagulação no
tratamento de efluente da indústria têxtil, que é considerada uma das mais
poluentes. Esses efluentes possuem alta carga de DBO, DQO e elevada
concentração de sólidos suspensos. Nessa pesquisa foram utilizados ânodos de
ferro, porém observaram que a solução tornou-se verde durante a reação, e as
bolhas de hidrogênio formadas no cátodo clarificaram o efluente. A quantidade de
ferro produzida na eletrólise, o tempo e o potencial aplicado removeram 84% da
DQO. Sendo a EC considerada eficiente no tratamento de efluentes têxteis,
eliminando a cor e corantes da solução, proporcionando o reuso da água no
processo industrial.
46

Ayrton et. al. (2006), aplicaram a eletrocoagulação na degradação de


nonilfenol em solução aquosa e águas residuais têxteis, verificaram que o
desempenho ao utilizar eletrodos de alumínio foi de 95%, num tempo de 30 minutos
de reação, e ao utilizar eletrodos de ferro, a fenton eletrocoagulação removeu 95%
com 5 minutos em solução aquosa e 10 minutos em águas residuais.
ÿidil et. al. (2008), investigaram a remoção da cor em efluentes têxteis que foi
rápida e completa durante a eletrocoagulação. Mesmo que muito solúvel em água,
os corantes podem ser removidos com êxito através da EC. As taxas de remoção
mais elevadas foram encontradas em meio ácido com pH 3 a 5. No caso utilizando
eletrodos de ferro completa descoloração foi alcançada nos primeiros cinco minutos
em todas as faixas de pH e densidade de corrente aplicada. Porém quando
utilizados eletrodos de alumínio 80% da DQO foi removida após cinco minutos de
EC a pH 3, e a remoção de DQO foi de 86% em noventa minutos a pH 5 utilizando
eletrodos de ferro. O tratamento para remoção de cor e DQO utilizando eletrodos de
ferro foi mais eficiente.
Gürses et. al. (2002), investigaram as variáveis do tempo, potencial elétrico,
densidade de corrente e velocidade da mistura na eletrocoagulação para
descoloração de corantes ativos. Duas importantes interações foram observadas: a
primeira entre a densidade de corrente e o tempo de hidrólise, a segunda entre o
potencial e a densidade de corrente, sendo esta de menor efeito na
eletrocoagulação. Este comportamento foi atribuído a dependência das espécies
hidrolisadas, e a distância entre os eletrodos e o tempo de ensaio.
Hector et. al. (2007), relataram que a teoria da eletrocoagulação não tem sido
capaz de explicar todos os fenômenos associados ao processo, entre outras, a
eficiência na remoção de DQO em diferentes águas residuais. A EC provou ser
competitiva e eficaz no tratamento de água e águas residuais para remover metais,
ânions, corantes, matéria orgânica (CBO, CQO), sólidos em suspensão, colóides e
até mesmo arsênio. Resumindo, a eficiência e sua variabilidade irão depender da
formação de flocos, que ocorrem em eletrodos de ferro em pH superior a 7,5 e a
reatividade dos compostos orgânicos com Fe (II) e / ou Fe (III).
O desempenho e aplicação da eletrocoagulação no tratamento da água e
águas residuais segundo Guohua Chen (2004) foi estudada, e avaliada utilizando
eletrodos de alumínio, ferro ou híbrido Al/ Fe. A eletrocoagulação é eficaz na
47

remoção de partículas coloidais, de óleo e graxa, bem como dos poluentes


orgânicos.
Zimbardi (1987) estudou um efluente formado por 75% água de esgoto e 25%
água do mar. O processo utilizando a eletrocoagulação para promover a
desinfecção, utilizou dois eletrodos dispostos no fundo do reator, e um eletrodo de
grafite (cátodo), outro de ferro com perfurações (ânodo). O efluente a ser tratado
entrava no reator com fluxo ascendente pelo fundo, o tempo de detenção variou de
30 a 75 minutos, a densidade de corrente foi de 3 a 7 A, sendo que foram obtidos 2
mg/l de cloro residual e a remoção de DQO foi de 78%.
Figueiredo et. al. (1993), estudaram a eletrocoagulação aplicada a águas
residuárias domésticas visando à remoção da matéria orgânica. Utilizaram um reator
tipo batelada, com eletrodos de alumínio. O tempo de retenção foi de 5 a 30 min., a
densidade de corrente variou entre 21,8 e 65,4 A/m². Foi obtida baixa remoção de
DQO (máxima de 25,6%), além de uma maior remoção de sólidos suspensos,
chegando a 51,8%.
Allegre et. al. (1993), utilizaram a eletrocoagulação para tratar efluentes de
uma refinaria de petróleo. Foram utilizados eletrodos de alumínio e ferro dispostos
no fundo do reator e o ânodo superior possuía furos eqüidistantes de 7 mm de
diâmetro que permitiam a ascensão das bolhas. O reator funcionava em fluxo
contínuo com densidade de corrente de 90 A/m². A remoção da DQO foi de 100
ppm.
Pincovscy et. al. (1996), aplicaram a eletrocoagulação ao tratamento de
efluente de uma indústria de óleo de soja. Utilizaram um reator com placas de ferro
ou alumínio, obtendo uma densidade de corrente em torno de 27 A/m². Nesse
trabalho, foi obtida uma remoção de DQO de 81%.
O tratamento com óleo concentrado e emulsionado em água através da
eletrocoagulação foi investigado por Umran et. al. (2008), onde o óleo emulsionado
na água foi preparado a partir de óleo mineral de corte. Os efeitos conseguidos pela
EC na redução da turbidez, DQO, e pH foram alcançados em pH 7, e a densidade
de corrente foi de 35mA/cm² após 90 minutos de eletrólise. Devido à eficiência da
EC, e sua capacidade em remover poluentes, essa tecnologia é eficiente para pré-
tratamento antes de utilizar o processo de membranas para óleo.
48

Jiang et. al. (2002), utilizaram a eletrocoagulação para tratar água do Rio
Tamisa, na Inglaterra. Para esse estudo usaram eletrodos de alumínio e dois
reatores de fluxo contínuo: um com fluxo horizontal e outro com fluxo ascendente.
Foram aplicadas as seguintes densidades de corrente: 20A/m², 30A/m², 50A/m² e
tempos de detenção entre 3 e 16h. Foi concluído que a eletrocoagulação removeu
20% a mais de matéria orgânica dissolvida que a coagulação convencional para as
mesmas doses de Al (III), e que o reator em fluxo ascendente foi mais eficiente que
o de fluxo horizontal.
Murugananthan et. al. (2004), usaram a eletrocoagulação para remover íons
de sulfatos, sulfetos e sulfitos num efluente de curtume e água sintética. Foram
utilizados ânodos de ferro e alumínio e eletrodo insolúvel de titânio. Verificou-se que
ânodo de ferro e alumínio foi mais eficaz para a remoção de sólidos suspensos,
sulfeto, sulfito e sulfato. A eletrocoagulação foi eficaz na remoção de sólidos
suspensos. Durante a suspensão coloidal foram coaguladas e lançadas
simultaneamente bolhas de hidrogênio geradas no catódo. Simultaneamente ocorre
à precipitação, coagulação e flotação durante a eletrocoagulação. O efeito do pH,
atual densidade de corrente e a concentração inicial dos poluentes foram estudados
e os resultados avaliados. A remoção de íons sulfito e sulfato são explicados pelo
potencial zeta.
No trabalho apresentado por Kobya et. al. (2006), e Chen et. al. (2000),
quando testados sob as mesmas condições, os resultados para DQO, turbidez e
sólidos suspensos foram melhores para eletrodos de alumínio que ferro.
Feng et. al. (2007), aplicaram a eletrocoagulação na remoção da DQO,
amônia, carbono orgânico, sulfeto e cor em águas de curtume, esses parâmetros
foram tratados utilizando eletrodos de ferro e alumínio.
Para a DQO a melhor eficiência foi obtida com 32% em 30 min. o tempo de
contato com os eletrodos de ferro, densidade de 348 A / m². A remoção da DQO foi
obtida com 45% de eficiência em 30 min. de contato com os eletrodos de Alumínio
na EC. Em outras palavras, o processo da EC leva em conta uma maior eficiência
na remoção do sulfato em 95%, e a concentração aumentada até 1.300 mg/L de
sulfato se deve ao fato de estar próximo dos coagulantes. Os resultados das
análises de lixiviados revelaram que a EC é mais eficiente na remoção DQO e de
lamas produzidas, com densidade aplicada de 524 A/m².
49

Marraciano et. al. (1987), utilizaram como eletrodo uma espuma metálica
porosa de níquel e como configuração do reator, fluxos de eletrólito e corrente
paralelos. Observaram que, por apresentar uma grande área específica, este tipo de
eletrodo pode ser atrativo para muitos tratamentos eletroquímicos de soluções
diluídas, porém, a retenção de bolhas dentro da estrutura limita a área superficial
específica útil. O desempenho da eletrocoagulação por inibição da corrosão impede
à dissolução do metal e a transferência do elétron, limitando desse modo a adição
do coagulante à solução.
Xueming et. al. (2002), avaliaram a tensão e a distância entre os eletrodos
quando uma voltagem é aplicada nos ânodos de sacrifício que produzem Al³+ ou
Fe²+ gerando coagulantes que desestabilizam partículas dispersas nas águas
residuais. Tanto a análise teórica como os experimentos demonstraram que o pH da
água e a vazão tiveram pouco efeito sobre a eletrocoagulação. A voltagem depende
dos tipos de eletrodos e da distância entre os mesmos, da condutividade e
densidade de corrente. Os modelos obtidos podem ser utilizados para calcular a
voltagem necessária no processo da eletrocoagulação
Essadki et. al. (2007), estudaram o efeito do tempo de operação na remoção
de DQO e turbidez que foi em torno de 83%, verificaram que independente da
densidade de corrente, o tempo mínimo para remoção de DQO é maior que 80% e
diminuiu de 36 minutos para 9 minutos quando a corrente aumentou de 1A para 6 A.
Esta mudança ocorre porque os efeitos eletrostáticos dependem da distância entre
os eletrodos, assim, quando a distância aumenta, o movimento dos íons produzidos
será mais lento e teriam maior oportunidade de produzir e agregar flocos. Além
disso, estes flocos são capazes de adsorver mais moléculas (DANESHVAR et. al.,
2004).
Crespilho et. al. (2004), estudaram a aplicabilidade da eletrocoagulação no
tratamento de efluentes de uma indústria de processamento de coco, avaliando a
redução nos valores de turbidez, cor, sólidos totais, Carbono Orgânico Total (COT),
metais e óleos e graxas, fixando as seguintes variáveis: temperatura do efluente
bruto, diferença de potencial aplicada, tempo de tratamento, vazão de entrada,
volume do efluente tratado e tempo de retenção. Observaram o efeito do pH no
processo de eletrocoagulação com e sem inversão de polaridade utilizando cinco
eletrodos de alumínio sendo três ânodos e dois cátodos. Foram estudados os
50

seguintes valores de pH: 5,6, 5,9, 7,3 e 9,0. Sendo que o pH do efluente bruto
apresentava um valor de 4,9. A redução de cor foi superior a 98% para experimentos
realizados de pH 5.9 e 7,3. Os valores de turbidez foram reduzidos acima de 93%,
óleos e graxas acima 32 de 96% para sólidos totais e acima de 60% para todos os
valores de pH.
Durante o tratamento observamos que algumas partículas (geralmente metais
pesados) não conseguem flotar com o auxílio das bolhas e decantam.
Progressivamente, a região externa da camada vai se adensando tanto pelo escape
dos gases que se formaram inicialmente e transportaram as partículas como
também pela ação do seu próprio peso (WIENDL, 1998). Assim, esta camada
dificulta a liberação das novas quantidades de gases formados na eletrocoagulação
e a mesma deve ser retirada. Fisicamente, constata-se ser bastante rígida e
consistente a estrutura formada pelas impurezas arrastadas pelos gases da
eletrólise. (WIENDL, 1998).
51

3 METODOLOGIA
Os testes foram realizados com efluente coletado numa empresa de
galvanoplastia de Novo Hamburgo. O efluente escolhido para a realização dos
experimentos foi o do piso antes de qualquer tratamento químico. A escolha deste
efluente foi devido a sua complexidade e dificuldade de tratamento pelo processo
convencional. Todos os ensaios foram realizados em duplicata.
O reator utilizado nos ensaios é da M.S Filter®, confeccionado em polietileno,
suas dimensões são de 400 mm de comprimento, 220 mm de largura e 340 mm
altura. A figura 8 apresenta o reator utilizado.

Figura 8 - Reator utilizado nos ensaios de EC.

No reator empregamos 6 eletrodos como ânodo e 6 eletrodos como cátodo. O


cátodo utilizado em todos os ensaios foi poroso de níquel, confome mostra a figura
9.
Figura 9 - Eletrodo poroso de níquel empregado nos ensaios.
52

Como ânodo, se utilizou eletrodos de alumínio e/ou ferro. Nos ensaios foram
utilizados (6) eletrodos de alumínio, (6) de Ferro e a mistura dos dois materiais (3 de
Al e 3 Fe). Esses eletrodos têm dimensões de 220 mm de largura e 300 mm de
comprimento e 2 mm de espessura. As placas foram separadas por espaçadores
(0,5 mm cada). Os eletrodos possuem vários furos feitos aleatoriamente para
passagem da solução. A figura 10 apresenta os eletrodos empregados de ferro e
aluminio utilizado nos ensaios.

Figura 10 - Eletrodos de ferro e aluminio utilizado nos ensaios.

A fonte de potencial utilizada nos ensaios é apresentada na figura 11 onde se


percebe que a mesma tem um amperímetro e voltímetro acoplados. A fonte de
corrente da Warning é contínua e estabilizada, tem capacidade de potencial de 1 a
12 volts e sua corrente máxima é de 50 A.
53

Figura 11 - Fonte de potencial utilizada nos ensaios.

A configuração do sistema experimental está apresentada conforme a figura


12. Este sistema é composto de um reservatório de efluente, o reator, mangueiras,
fluxímetro e bomba. Nos ensaios, 30 litros de efluente circularam continuamente no
sistema.
Figura 12 - Sistema experimental usado na EC.

Na realização dos experimentos as seguintes etapas foram adotadas:


1 - Coleta e ajuste do pH do efluente;
2 - Montagem do equipamento, eletrodos, cabos e mangueiras;
3 - Preenchimento do reator com 30 litros do efluente;
4 - Verificar todos os registros, ajuste do fluximetro com a vazão de 12 litros
por minuto e acionamento da bomba;
5- Ajuste do potencial a ser aplicado no sistema, e conexão da fonte de
alimentação aos eletrodos;
54

6 - Após os 45min de ensaio o efluente ficava em repouso por 10min para


ocorrer a sedimentação do efluente e ai se realizava a coleta da amostra para
análise do cobre, níquel e zinco;
7 - Encerramento do experimento e limpeza dos eletrodos e do reator e
materiais envolvidos no processo.
Nas coletas iniciais do efluente galvânico constatamos que o pH inicial
apresentava um valor entre 1,5 a 1,9. Devido a este valor o mesmo foi ajustado com
uma solução a 10% de NaOH. Os pH estabelecidos para a realização dos ensaios
foram 7,0 e 5,0. Os potenciais aplicadas nos ensaios foram de 6 e 4 Volts. A escolha
destes parâmetros foi em função dos valores e,mpregados em estudos anteriores
encontrados na literatura.
A concentração inicial média dos íons metálicos presentes no efluente
coletado variava conforme o dia da coleta, o valores médios determinados foram de
155 mg/L para o níquel, 50 mg/L para o zinco e 80 mg/L para o cobre. As análises
foram realizadas na central analítica da Feevale. As análises dos metais foram
realizandas por espectrometria de absorção atômica (Varian Spectra AA110).
A redução percentaul para cada metal nos ensaios foi calculado conforme equação
abaixo:
R (%) = ((Ci-Cf) /Ci) *100
Onde:
Ci: concentração inicial
Cf: concentração final
55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados os resultados e discussões dos ensaios de
eletrocoagulação. Segundo Heidmann et. al. (2008), o processo de
eletrocoagulação, é influenciado por muitos parâmetros, tais como: concentração do
poluente, pH inicial, condutividade da solução, material dos eletrodos, densidade de
corrente aplicada e tempo de contato com o eletrodo. No trabalho de Koparal et. al.
(2002) o mesmo avaliou a tensão aplicada e não a densidade de corrente. Neste
trabalho optamos por avaliar o potencial aplicado.
Na apresentação dos ensaios foi utilizada a seguinte simbologia:
3Fe+3Al: utilização de 3 eletrodos anódicos de ferro e 3 eletrodos anódicos
de alumínio.
6Al: utilização de 6 eletrodos de alumínio como ânodos.
6Fe: utilização de 6 eletrodos de ferro como ânodos.
pH 7, pH 5, ajuste do pH da amostra para 7 e 5.
6V, 4V: ajuste da tensão de 6 e 4 volts.
Combinando a simbologia descrita acima, segue um exemplo.
6Fe+pH7+6V: ensaio realizado com 6 eletrodos anódicos de ferro, amostra
em pH 7 e tensão de 6 volts.
Durante os ensaios percebeu-se a corrosão do eletrodo anódico e bolhas de
gás que se desprendem de ambos os eletrodos. Observou-se ainda, que no ânodo
ocorre a formação de pequenos flocos que flotam em direção à superfície do reator.
Este fato foi observado nos experimentos realizados por Wiendl (1998). Na EC
utilizando eletrodos de ferro observou-se um escurecimento do efluente tratado
maior que o observado quando se empregou eletrodos de aluminio. O efluente inicial
e o tratado com eletrodos de alumínio estão representados na figura 13, onde se
percebe alta turbidez no efluente inicial e o efluente final clarificado.
Figura 13 - Efluente inicial e tratado por EC.
56

4.1 ESTUDO DO MATERIAL DO ELETRODO NA ELETROCOAGULAÇÃO DE


COBRE, NÍQUEL E ZINCO DE UM EFLUENTE INDUSTRIAL
Nesta etapa do trabalho o objetivo foi avaliar a influência do material do
eletrodo anódico na eletrocoagulação para os íons de cobre, níquel e zinco. A
Figura 14 apresenta as taxas de remoção encontradas para os íons metálicos. Os
resultados mostram que o material do eletrodo influência na remoção de todos os
íons investigados.

Figura 14 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 7 e tensão de 6 volts para


cada combinação de eletrodos utilizada.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE

99,7%
100,0% 96,7%
94,7%

90,0% 87,4%

80,0% 76,9%

70,8%
70,0%
63,2%

60,0%
% REDUÇÃO

50,0%

40,0%

28,5%
30,0%

20,0% 17,5%

10,0%

0,0%
3Fe+3Al pH 7 6V 6Al pH 7 6V 6Fe pH 7 6V
CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

Cobre Níquel Zinco

Conforme a figura 14 a melhor condição da remoção do cobre foi 94,7%,


sendo essa observada quando se emprega eletrodos combinados de Fe/Al.
Diminuindo para 63,2% quando se usa eletrodos somente de alumínio, e com o uso
de eletrodos de ferro a remoção diminuiu bruscamente para 28,5%. Para o níquel o
emprego de eletrodos combinados de Fe/Al e eletrodos de alumínio apresentam
remoção próximas que foram de 76,9% e 70,8%, respectivamente, entretanto
quando se emprega somente eletrodos de ferro, está remoção diminui para 17,5%,
conforme observado para o cobre. Para o zinco ao empregarmos eletrodos
combinados de Fe/Al e somente de ferro as taxas de remoção foram semelhantes
57

96,7% e 99,7%, respectivamente. Embora para eletrodos de alumínio a remoção


não seja baixa 87,4%.
A Figura 15 apresenta os resultados da eletrocoagulação em pH 7, a um
potencial de 4 volts, menor que a utilizada nos experimentos mostrados na Figura
14.
Neste caso, nota-se que nos ensaios onde utilizamos somente eletrodos de
alumínio os mesmos apresentaram resultados com as melhores taxas de remoção
para todos os íons, ao contrário do que observaramos quando se empregou 6V. A
utilização de 6 eletrodos de ferro não mostrou boa eficiência de remoção para cobre
e para o níquel que de foi 27,0% e 13,2%, respectvamente. Já para o zinco,
apresentou boa eficiência 98,3%, muito próximo do valor encontrado quando
utilizados eletrodos de alumínio 99,5%.
Quando utilizados eletrodos combinados de Fe/Al a remoção para todos os
íons diminuem em relação aos eletrodos de alumínio.
Comparando a figura 14 e 16 pode-se concluir que além do material do
eletrodo utilizado o potencial empregado tem influência significativa sobre a taxa de
remoção. Ao empregarmos o pH 7 e 6V a remoção do cobre com eletrodos
combinados Fe/Al foi de 94,7% se comparado ao pH 5 e 6V os valores são
próximos com 92,8%. Porém para o eletrodo de alumínio observa-se que o pH 5
também foi melhor removendo em 94,5% e 63,2% para pH 7. Os eletrodos de ferro
comprovam não ser eficientes para a remoção do cobre ficando com o pH 5 em
46,0% e 28,5% em pH 7. O níquel por sua vez não obteve remoção maior a 77% ao
utilizarmos eletrodos combinados Fe/Al, porém em pH 5 sua remoção foi de 62,1%
utilizando o mesmo potencial. Ao utilizar eletrodos de alumínio em pH 7 a taxa de
remoção foi de 70,7% e 30,6% em pH 5 bem inferior, porém ao utilizarmos eletrodos
de ferro com pH 7 a remoção foi de 17,5% e 27,4% com pH 5. Ao contrário dos
outros íons o zinco apresentou taxas de remoção superiores. Ao empregarmos
eletrodos combinados de Fe/Al em pH 7 a remoção foi de 96,7% e 77,4% em pH 5,
e com eletrodos de alumínio as taxas de remoção foram muito próximas em 87,4%
e 86,5%, já com eletrodos de ferro a pH 7 foi de 99,7% e 99,4% com pH 5 valores
próximos.
Conforme Casqueira (2006), a eficiência da remoção do zinco é influenciada
pelo pH, densidade de corrente e concentração da solução. A remoção de zinco
58

encontrada por este autor em pH 7 e aplicando um potencial de 15 volts usando


eletrodo de alumínio e ferro foi de 96%, muito próximo aos ensaios realizados nas
condições de pH 7 e 4V de 98,3%.

Figura 15 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 7 e tensão de 4 volts para


cada combinação de eletrodos utilizada.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE

99,4% 99,4% 99,5% 98,3%


100,0%

87,3%
90,0%
83,5%
80,0% 77,1%

70,0%

60,0%
% REDUÇÃO

50,0%

40,0%

27,0%
30,0%

20,0%
13,2%

10,0%

0,0%
3Fe+3Al pH 7 4V 6Al pH 7 4V 6Fe pH 7 4V
CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

Cobre Níquel Zinco

A Erro! Fonte de referência não encontrada.16 apresenta as taxas de


remoção para todos os íons investigados quando se ajustou o pH do efluente inicial
a 5 e tensão de 6 volts. Considerando a remoção de cobre, os resultados
demonstram que com eletrodos combinados de Fe/Al a remoção foi de 92,8% e com
eletrodos de alumínio 94,5% e ferro em 46,0%, o níquel ao empregado eletrodos
combinados de Fe/Al teve 62,1% de remoção e com eletrodos de alumínio 30,6% e
ferro 27,4% bem abaixo de outros ensaios realizados. O zinco ao utilizar eletrodos
combinados de Fe/Al teve 77,4% de remoção e com eletrodos de alumínio e ferro foi
de 86,5% e 99,4%%.
.
59

Figura 16 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 5 e tensão de 6 volts para


cada combinação de eletrodos utilizada.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE

99,3%
100,0%
94,5%
92,8%
90,0% 86,5%

77,4%
80,0%

70,0%
62,2%
60,0%
% REDUÇÃO

50,0% 46,1%

40,0%
30,6%
30,0% 27,4%

20,0%

10,0%

0,0%
3Fe+3Al pH 5 6V 6Al pH 5 6V 6Fe pH 5 6V
CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

Cobre Níquel Zinco

Conforme a figura 17 ao empregarmos pH 5 e 4V a melhor condição de


remoção para o cobre foi 75,6% sendo essa observada quando se emprega
eletrodos combinados de Fe/Al, porém quando utilizamos eletrodos de alumínio a
remoção diminui para 70,0% e para 10,2% com eletrodos de ferro. Para o níquel ao
ser utilizado eletrodos combinados de Fe/Al observou-se 68,8% de remoção e com
eletrodos alumínio 26,2% e com ferro em 18,0%. Para o zinco a remoção
determinada com eletrodos combinados de Fe/Al foi de 94,0% e com alumínio foi de
38,6% e ao utilizar eletrodos de ferro a remoção foi de 99,4%.
60

Figura 17 - Redução percentual de cobre, níquel e zinco em pH 5 e tensão de 4 volts para


cada combinação de eletrodos utilizada.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE

99,4%
100,0%
94,0%

90,0%

80,0%
75,6%
68,7% 69,7%
70,0%

60,0%
% REDUÇÃO

50,0%

38,6%
40,0%

30,0% 26,2%

20,0% 18,0%

10,2%
10,0%

0,0%
3Fe+3Al pH 5 4V 6Al pH 5 4V 6Fe pH 5 4V
CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

Cobre Níquel Zinco

Assim ao compararmos a figura 15 e 17 à remoção do cobre em pH 7 e 4V


com eletrodos combinados de Fe/Al tivemos 83,5% de remoção e com pH 5 75,6%,
e ao utilizarmos eletrodos de alumínio tivemos a remoção em 99,4% com pH 7 e
69,7% com pH 5 e com eletrodos de ferro a remoção do cobre para ambos os pHs
foi baixa em 27,0% e 10,2%. Estes resultados mostram que o pH influência
significativamente a remoção do cobre e que a diminuição do pH é acompanhado
com a diminuição da remoção. Para o níquel a remoção com eletrodos combinados
de Fe/Al foi de 77,0% em pH 7 e 68,8% em pH 5, porém ao utilizar eletrodos de
alumínio em pH 7 obtivemos 99,4% e 26,2% de remoção a pH 5 bem inferior, porém
ao utilizar eletrodos de ferro em pH 7 sua remoção foi de 13,2% e subiu para 18,0%
em pH 5. Já para o zinco a remoção com eletrodos combinados de Fe/Al em pH 7 foi
de 87,3% e 94,0% com pH 5, já com eletrodos de alumínio e pH 7 sua taxa de
remoção foi de 99,5% e 38,6% em pH 5. Quando se emprega eletrodos de ferro a
remoção em ambos os pHs foi em 98,3% e 99,3%.
Os resultados apresentados nas figuras 14, 15, 16 e 17 demonstram
claramente que os parâmetros investigados (potencial, pH e material do eletrodo)
influenciam significativamente a remoção dos íons cobre, níquel e zinco por
eletrocoagulação. Entretanto não observamos um comportamento linear
relacionando os niveis dos parâmetros com a taxa de remoção dos íons
61

investigados. Ou seja, o aumento do pH proporciona um aumento na taxa de


remoção para cobre em todas as combinações de eletrodos investigadas, entretanto
o mesmo comportamento não foi observado para os demais íons.

4.2 ANÁLISE GLOBAL DOS ENSAIOS POR ÍON METÁLICO.


A Figura 18 apresenta os resultados de remoção de cobre em todas as
configurações de ensaios realizadas. Observa-se que a taxa de remoção do cobre
mais eficiente foi de 99,4% com a utilização de 6 eletrodos de alumínio, pH 7 e 4
Volts. Entretanto, conforme a figura 18 pode-se observar que outras condições
ensaiadas também comprovam ser eficientes, com taxas de remoção semelhantes
entre 92,8% a 94,7%. Conforme os resultados apresentados a remoção de cobre é
influenciada pela presença dos eletrodos de alumínio, do pH e do potencial.

Figura 18 - Percentual de remoção dos íons cobre para todas as condições ensaiadas.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE


99,4%
100,0% 94,7% 94,5%
92,8%
90,0% 83,5%

80,0% 75,6%
69,7%
70,0%
63,2%
% REDUÇÃO

60,0%

50,0% 46,1%

40,0%
28,5% 27,0%
30,0%

20,0%
10,2%
10,0%

0,0%
6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V
H7

H7

H5

H5

H7

H7

H5

H5
H7

H7

H5

H5
lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

ep

ep

ep

ep
6A

6A

6A

6A
3A

3A

3A

3A

6F

6F

6F

6F
e+

e+

e+

e+
3F

3F

3F

3F

CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

A Figura 19 apresenta as taxas de redução do níquel para todas as


configurações dos experimentos. O melhor percentual de remoção do níquel foi de
99,4% com a utilização de 6 eletrodos de alumínio em pH 7 e 4 volts. Por outro lado,
para outras configurações a taxa de remoção não ultrapassou 77,1%. Assim a
melhor remoção do níquel ocorre com eletrodos de alumínio e pH 7.
62

Figura 19 - Percentual de redução de níquel para todas as condições ensaiadas.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE


99,4%
100,0%

90,0%
76,9% 77,1%
80,0%
68,7% 70,8%
70,0%
62,2%
% REDUÇÃO

60,0%

50,0%

40,0%
30,6% 27,4%
26,2%
30,0%
17,5% 18,0%
20,0%
13,2%
10,0%

0,0%
6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V

6V

4V
H7

H7

H5

H5

H7

H7

H5

H5
H7

H7

H5

H5
lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

ep

ep

ep

ep
6A

6A

6A

6A
3A

3A

3A

3A

6F

6F

6F

6F
e+

e+

e+

e+
3F

3F

3F

3F

CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO

Na figura 20 a remoção de zinco observada mostra que os melhores


resultados foram quando utilizamos eletrodos de ferro. Para esse íon não foi
possível identificar influência significativa da tensão aplicada e do pH, mas sim do
material empregado. O melhor resultado foi obtido quando se utilizou 6 eletrodos de
ferro em pH 7 e 6 volts, com uma taxa de remoção de 99,7%, como observado na
figura 14. Entretanto cabe salientar, que os demais ensaios também apresentaram
alta eficiência de remoção.

Figura 20 - Percentual de redução de zinco para todas as condições ensaiadas.

REDUÇÃO PERCENTUAL DO CONTAMINANTE


99,5% 99,7% 98,3% 99,3% 99,4%
100,0%
96,7%
94,0%
87,3% 87,4%
90,0% 86,5%

80,0%
77,4%

70,0%
% REDUÇÃO

60,0%

50,0%
38,6%
40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%
V

V
76

74

56

54

76

74

56

54
76

74

56

54

H
H

H
lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

lp

ep

ep

ep

ep
6A

6A

6A

6A
3A

3A

3A

3A

6F

6F

6F

6F
e+

e+

e+

e+
3F

3F

3F

3F

CARACTERÍSTICA DO EXPERIMENTO
63

Porém, o eletrodo de ferro apresenta a desvantagem do efluente, após o


tratamento, ficar com uma cor residual verde ou amarela bastante forte. Esta
coloração é proveniente dos íons Fe+² (cor verde) e Fe+³ (cor amarela) gerados no
tratamento eletrolítico. Já com o eletrodo de alumínio, o efluente final fica claro, não
apresentando coloração residual o que também foi observado por Ferreira (2006).
Os resultados apresentados nesse trabalho comprovam que é possível tratar
os íons de cobre, níquel e zinco pelo processo da eletrocoagulação. Os ensaios
comprovam que o pH empregado, tipo de eletrodo e o potencial influenciam
significativamente no processo da EC. A melhor condição encontrada para os íons
de cobre, níquel e zinco foi com 6 eletrodos de alumínio, pH 7 e 4 Volts de potencial,
onde todos atingiram acima de 99% de eficiência. Nesta condição as concentrações
determinadas para o cobre, níquel e zinco foram 0,50; 1,0 e 0,20 mg/l,
respectivamente. Segundo a legislação ambiental do Rio Grande do Sul (Resolução
do CONAMA Nº 357), os limites de descarte para o cobre são de 0,45 g/L para o
cobre, e 1,0 g/L para níquel e zinco. O valor final encontrado para o cobre está um
pouco acima do limite de descarte, mas para os demais íons está dentro do limite.
Entretanto os resultados mostram uma grande possibilidade de reuso deste efluente
no processo industrial.
64

5 CONCLUSÕES
Neste trabalho foi estudada a viabilidade de aplicação da eletrocoagulação
para tratamento de efluentes galvânicos, utilizando eletrodos de ferro e alumínio.
Tempo de ensaio relativamente baixo (45 min.) foi suficientes para alcançar a
eficiência máxima permitida pelo processo em função das condições experimentais,
tanto para eletrodos de ferro quanto de alumínio.
A taxa de remoção para todos os íons sofre influência sigficativa do pH,
potencial aplicado e do material do eletrodo usado. O emprego de eletrodos de
alumínio resulta em um efluente tratado sem cor, enquanto para eletrodos de ferro, o
efluente tratado apresenta uma cor verde amarelada. Para remoção do cobre,
níquel e zinco o melhor resultado encontrado foi com eletrodos de alumínio a pH 7 e
6 volts.
65

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