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MECÃNICA DOS SOLOS

11'~·~ ..•

f:iDICE

I. A :vi"ECÃNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA ..........•••••••••• 1


l. Introdução ........................•...•.•.••••••••.. 1
2. Histórico .•.......................•••..•.••••.••.... 2
3. A Mecãnica dos Solos e as Obras Civis .....••••..•••• 4

-"II. O SOLO PARA O ENGENHEIRO ................•....••..•...•. 5


l. Conceituação ..............................•••..•••.. 5
z. Tinos de Solos Quanto i Origem .......•......• ~ ••••.. 5
3. Tamanho e Forma das Partículas ................•..••• 6
4. Descrição dos Tinos de Solos ............•.•.•••..... 8
5. Identificação Visual e Táctil dos Solos ..•....•....• 10
PROPRIEDADES fNDICES ••....•............•..••..••.....•. 11
1. Introdução ...........•..............•....•.••.•.•••. 11
~ fndices Físicos ..........................••.••.••... 12
3. Granulometria ...................•.....•..•.••..•..•• 17
~ Plasticidade e Estados de Consistência •.•.•..•••..•. 22

IV. ESTRUTURA DOS SOLOS .....••.....•....•.•..••••.••••••••. 27


l. Introdução ......................••••.••....••.•.•••. 27
2. Estrutura dos Solos Grossos ....•..••...•...••..•••.. 27
3. Estrutura dos Solos Finos ............•...•....•••.•. 28
4. Amol.~:;amento e Sensibilidade das Argilas •••••.•.••..• 31
5. Tixotropia ........................••••••..••.••.••... 31

V. CLASSIFICACÃO DOS SOLOS ........•..•....••.••..•..•...•. 32


l. Introdução ..........••.•.........•.•....•...••••...• 32
2. Classificação por Ti~o de Solo .......•.•...••••••.•. 33
3. Classificação Genética Geral .......•.•.••...•••..•.. 33
4. Classificação Granulométrica ...•..•••..•....••.••••• 33
S. Classificação Unificada •.....•..•••.••.•.•..•..••.•. 34
6. Classificação HBR ...•.......•.......•.••••.•........ 35

O PRINCfPIO DAS TENSOES EFETFAS •••••••••••.•.••.•..... 42


l. Definições .....••....•..........••.•••..•.•••••••... 42
2. Implicações ...•.•...•••.•.•.••..•.•.•••..••••••••..• +3
3. ~assa Específica Submersa ..•...••...•••.••••••••...• 43

VIII. TENSOES ATUANTES ~ ~ACICO DE TERRA ••••••••••••••••••• 44


/ l. Introdução . . . . . . . . . . . . : . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2. Esforços Geostãticos •••.•..•••••.•••••••••.•••••••.• 45
3. Propagação de Tensões no Solo .•••••••••••••••••••••• 47
3.1. A Solução de Boussinesq •.••••••.•.....••••••••• 47
3.2 .. Extensão da Solução de Boussinesq •.•.•••••••••. 49
3.3. O Gráfico de Newmark •...•...•.••••.•••••••••••• 56
3.4. A Solução de Westergaard •••.••...•••••••••••••• 58
3.5. Comparação entre as Soluções de Boussinesq e
Il

Westergaard e Algumas Simnlificações ...•••••... 60


3.6. Limitações da Teoria da Elasticidade •••.•..•..• 61
k~
4IIIl PERMEABILIDADE DOS SOLOS .•.•.••••.••••.•.•••..•.•.••••. 62
1. Introdução •....••.•...••.•..•..•..••••••.•••.•.••••. 62
2. Leis de Darcy e de Bernouilli •.••..•.•...•.•.••••.•• 63
3. Determinação do Coeficiente de Permeabilidade .••.... -6~
3.1. M~todos Diretos •...•...•.•.••.•.•.....•.••..... 65
3.2. Métodos Indiretos ..•.•....•••.•.••.•.•....•••.. 6~
4. Fatores que Interferem na Permeabilidade .•.....•.••. 6~
5. Forças de Percolação .......•..•...•.••.....•.••••••. 69
6. Areia Movediça ..•..•...••••................•.••.•... 70
Filtros de Proteção ..•....•.•...............•.....•.
S. Capilaridade .... ~ ...•.•..•........••••••.••........•. •4

'
IX. COlvfPRESSIBILTDADE E ADENSAMENTO .......••.......•.•.•...
1. In tradução .•. , ...•.••.......•..•.•..••.•......•..•.•
2. Analogia e "-lecânica do Processo de Adensamento •..•.. !S
;:,. Teoria do Adensamento de Terzaghi.. : . .•.•••.••••.•.. so
4. Solução da Equação Fundamental· do Adensamento ..•.... 33
5. Porcentagem de Adensamento ...... ·- .•.....•..•.....•. 34
6. Ensaio de Adensamento ..•................•..•••....•. 86
7 Tensão de Pré-Adensamento ..............•...•••...... ss
8. Determinação do Coeficiente de Adensamento .•.•••.•.. i)f1
"
9. Construção da Curva de Comnressão do Solo no CamPo .. ~ '
10. Aplicaçao da Teoria do Adensamento .••....•...•.. ~ ... 91
11. Correções do Recalque de Adensamento ......•...•..... 95
12. Noções sobre a Compressão Secundária ......•••.•.•... 96
13. Recalques Por Colanso .......•........•...•..•..•.... g-
X. EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO •..•.........••.•...•..•.......•.. 99
1. Introdução ...•..••.•••...•...•...•...........•...... 99
2. Informacões Exigidas num Programa de Prospecção ..... 100
3. Tipos de Prospecção Geotécnica ..•.....••.•••.••••... lOO
4. Prospecção Geofísica •.........•.•••.••.•••.•.•.••••• l0l
4.1. Processo da Resistividade El~trica .••..•••••.• ~lOl
4.2. Processos de Sísmica da Refração .•.•••..•.•••.. l01
5. Métodos Semidiretos .•.•.•.•.....•..•...•••.•••.•.... 103
5.1. Vane Test .•••.••.•.•.....•..•.•.•.•••••.•••.... l04
5.2. Ensaio de Penetração Estática do Cone .•...••.•. l06
5.3. Ensaio Pressiométrico ••.•••.•.•••••.•.•••••..•• 10 7
6. Processos Diretos ••••.••.•••...••.••••• : •••••••••... l1l
6.1. Poços ..•.•••.•.•••••.•••.•••.••••.•••••.•....•• 111
6. 2. Trincheiras ••••••.••.•..••••••••••••..••.•••••. 111
6.3. Sondagens a Trado •••••.••..••...•.....•••.••..• l11
6.4. Sondagens a Percussão ou de Simples Reconheci-
~ menta ..•••••••••.••••..•.•.••..•.•.••.•..••.... 112
6.5. Sondagem Rotativa •.•.•.•••..•...•..••••••...••. l1;
6.6. Sondaiem Mista ...••••• ~ ••••.•••••••••.•••.••••• l18
7. Amostra<>em ...••..•••.••..••••••.••.••.•.•.•..••.•.•• 118
7 .1. Introdução ..•••••..••...••.••.••••.•.•••.••• ·" .118
7.2. Amostras Indeformadas ••.•..••...•••••.•.••••... ll9
XI. COMPACTACÃO .•..•.•••••••••.••••.•••••••.••••••.•••••••• 123
1. Definição e Importância •••.••••••.•.••••••••.••••••• l23
2. Curva de Comnactação ••••••••••••..••..•••.•.•••••••. 123
3. Ensaio de Com~actáção .••..•..••••...•••.•••••••••••• l24
4. Equipamentos de Comnactação •.••.•..••••••••.••..•••. l26
5. Controle de Compactação ••••••.••..•.•.•••••••••.•..• 129

BIBLIOGRAFIA •••.•••••••••••••••••••.•....•.•..•••• ·•••• ·•·•·• .132


CAPITULO ·r

A ~ECÃNICA DOS SOLOS E A ENGENHARIA

l - Introdução

A Engenharia Civil procurou sempre acompanhar a evolução ci-


entífica. A dificuldade de um conhecimento profundo e abrangente,
em todo o seu campo de atuação. exigiu sua divisão em áreas esp~
cíficas. consoante. principalmente. aos materiais objetos de es-
tudo. Estas áreas não tiveram um desenvolvimento paralelo, e al-
gumas evoluíram mais cedo que outras.
Historicamente. os ramos básicos que primeiro se desenvolve-
ram e que foram. por isso mesmo. os mais estudados e divulgados
são a Teoria das Estruturas e a Hidráulica. O primeiro· trabalha
com materiais selecionados. cujos comportamentos são bem conhec~
dos. entre os ouais o concreto, o aco e a madeira. Este campo u-
tili~a. para s~lução dos seus probl~mas, modelos simples, passí-
veis de tratament6 matemático. A área da Hidráulica estuda os
fluidos. em Particular a água. principalmente em ambient~s natu-
rais.Os fenômenos hidráulicos podem fugir a um tratamento matemá
tico, mas a utilização de ensaios em modelos reduzidos permite-:-
quase sempre. uma adequada análise de seus comportamentos.
Um dos campos básicos da Engenharia Civil que por ~ltimo se
desenvolveu foi a Mecânica dos Solos. Ela estuda o comportamento
do solo sob o aspecto da Engenharia Civil. O solo cobre o subs-
trato rochoso e provém da desintégração e decomposição das rochas,
mediante a ação dos intemperísmos físico e químico. Assim, de ma
neira geral. por causa da sua heterogeneidade e das suas proprii
dades bastante complexas, não existe modelo matemático ou um en~
saio em modelo reduzido que caracterize. de forma satisfatória.o
seu comportamento.
Para o engenheiro civil, ' necessidade do conhecimento das
propriedades do solo vai alé~ do seu aproveitamento como mate-
rial de construção. pois o solo exerce um papel especial nas o-
bras de Erigenhar1a porquanto cabe a ele absorver as cargas apli-
cadas na sua superfície, e mesmo interagir com obras implantadas
no seu interior. ·
De um modo geral, as características mecânicas do solo, em seu
estado natural, devem ser aceitas e só em casos particulares,com
o auxílio de técnicas_especiais, podem ser melhoradas.
:\tualmente. a ~1ecanica dos Solos si tua-se de'\n:ro de um campo
mais envolvente que congrega ainda a Engenharia de Solos (Maci-
ços e Obras de Terra e Fundacôes) e a Mecânica das Rochas. Esta
âre~ denominada Geotecnia tem como objetivo est~dar as proprieda
des físicas dos materiais geológicos, solos; rochas e suas apli~
caçôes em obras de Engenharia Civil, quer como material de cons-
trução. quer como elemento de fundação.
2

A Mecânica dos Solos pode ser definida como uma aplicação das
leis e princípios da Mecânica e da Hidráulica aos problemas de
Engenharia, que lidam com o solo e a Engenharia de Solos, como~
utilização dos conceitos da Mecânica dos Solos aos problemas prá
ticos de Engenharia. Assim, a Engenharia de Solos abrange um cam
po mais amplo, pois é uma ciência aplicada e não apenas puramen7
te baseada em conceitos de Física e Matemática. Ela engloba dis-
ciplinas, tais como: mecânica e dinâmica dos solos, geologia de
engenharia, mineralogia das argilas e mecânica dos fluidos,entre
outras.
_ Pode~se dizer ~a~bém gue a ~ecânica dos Solos ocupa, em rela
çao aos solos, poslçao analoga aquela que a resistência dos mate
riais ocupa em relação aos outros materiais de construção.
Na prática usual, entretanto, os termos Mecânica dos Solos e
Engenharia dos Solos g_eralmente se confundem.

2 - Histórico

A Mecânica dos Solos surgiu como Clencia em 1925,quando Karl


Terzaghi publicou a sua extraordinária obra "Erdbaumechanik Auf
Bodenphysikalisher Grundlage'', título este que pode ser traduzi-
do como "Mecânica das Construções de Terra Baseada na Física dos
Solos". Nela, põe-se em evidência o papel desempenhado pela águ~
que preenche os poros. no comportamento dos solos. Historicamen-
te, porém, os precursores de Terzaghi remontam ao período neolí-
tico (idade da pedra polida: 5.000 a 2.000 anos a.C.) quando,en-
tão. se formavam povoações lacustres apoiadas em estacas, as pa-
lafitas. Estas povoações possuíam passarelas que permitiam a cir
culação das pessoas entre as habitações e faziam contato ·com ã
terra firme. As passarelas tinham também a função de defesa da po
voação em face dos inimigos e animais vindos da terra, pois eram
facilmente destruídas. ·
Deve-se ressaltar, também, o engenho e a arte encontrados,no
tadamente na área de fundações, em obras monumentais executadas
por povos das antigas civilizações. Nos palácios da Babilõnia,
nas pirâmides do Egito, nos arquedutos romanos ou na muralha da
China, o solo desempenhou um papel de realce.
Durante muitos séculos,entretanto, o aproveitamento do solo,
como elemento de fundação e materiais de construçâ~seguiu den-
tro do empirismo racional, e da observação de métodos empregados
com êxito, em obras similares.
Embora já houvesse tentativas da criação de métodos e proces
sos de dimensionamento, principalmente em muros de arrimo (pode7
se citar as contribuições de Vauban. Bullet, Couplet e Belidor),
porém, somente em 1776 apareceu a primeira obra de valor. Neste
trabalho apresentado pelo engenheiro francês Coulomb são referen
ciados os parâmetros de resistência dos solos (coesão e ângulo
de atrito) ,e foram também enunciados os princípios básicos da re
sistência ao cisalhamento dos solos. O trabalho de Coulomb abran
ge ainda análise da estabilidade de taludes, escavações, barra7
gens de terra e aterros e um estudo da estabilidade de muros de
arrimo. A teoria clássica de Coulomb é empregada ainda hoje em
problemas de Engenharia.
Podem-se enumerar ainda importantes contribuições de vários
pesquisadores, em ordem cronológica:
Cauchy (1822) apresentou um estudo sobre o estado de tensão
e deformacão, em torno de um ponto no interior de um maciço. Es-
se trabalho deu outro aspecto ao desenvolvimento das análises de
estabilidade, que até então utilizavam apenas os princípios da
estática.
Poncelet (1840} aplicou a teori'l clássica de Cou1omh a muros
de arrimo com oaramentos inclinados.
Alexandre C~lin (1846) publicou um livro que continha ohser-
vaç6es de campo sobre o deslocamento de camadas de a!gilas e ,a
descrição de um aparelho capaz de medir a sua resistenc1a ao Cl-
salhamento.
A Mecânica dos Solos recebeu também contrihuiç6es de outras
áreas. Em 1856. Darcy estabeleceu a lei que define ''o movimento
da-água em meios porosos". Esta lei e de suma importância no es-
tudo da percolação da água através dos solos. Neste mesmo ~o.sui
ge a contribuição de Rankine. Nela são aplicadas as equaçoes de
equilíbrio interno de maciços terrosos.
Atterberg (1908) estabeleceu os limites de consistência dos
solos argiloso;, com utilização na Agronomia. Os limites de A~­
terberg, tais como são conhecidos na Mecânica dos Solos.foram 1~
traduzidos. tempos depois, por Karl Terzaghi.
Otto Mohr (1914) aplicou aos solos a sua teoria de ruptura dos
materiais. Esta teoria lança a idéia das curvas envolventes, que
associadas às proposic6es de Coulomb, segundo a~ quais a envoltó
ria é uma reta. estabéleceu o critério de resistência de Mohr-Coü=
1omb. sem dúvida. o mais utilizado. ainda hoje. na Mecânica dos
Solos.
No início do sé cu lo XX. graças ao avanço técnico alcançado p~
la Engenharia Civil. principalmente na área da teoria das estru-
turas. houve a necessidade de se estudar a Mecânica dos Solos de
maneira mais sistemática. As catástrofes ocorridas em obras pro-
jetadas com requinte em cálculo estrutural tiveram. guase sempre.
como causa o mal dimensionamento das fundacões.Na Suecia e na Ho
landa, países que possuíam estradas e cidades situadas sobre for
mações geológicas compressíveis. a necessidade e o interesse pe~
la investigação geotécnica do subsolo aumentou de tal forma que,
em 1913, na Suécia, por exemplo. foi criada a famosa Comissão Geo
técnica das Estradas de Ferro da Suécia. Naquela ocasião, foi fe1
ta primeira alusão ao termo "geotécnico". · -
Entre 1918 e 1926. Fellenius, célebre engenheiro sueco,inven
tou o método de estudo de estabilidade de taludes, em que se con
sidera a superfície de escorregamento em forma cilíndrica.Houve~
nessa época. na Suécia, um admirável desenvolvimento na Mecânica
dos Solos.
Neste clima de esforcas isolados e das primeiras associações
e comissões de estudo do>comportamento do solo. é que aparece
Terzaghi.
Deve-se ressaltar. durante a fase inicial de desenvolvimento
da Mecânica dos Solos. o tr~balho incansável de Terzaghi. Este
trabalho não fo~ só intenso mas também original. Terzaghi preo-
cupou-se em enfatizar a importância do estudo das tens6es e de-
formaç6es nos solo~" Estabeleceu a ~iferença entre pressões to-
tais efetivas e neutras. Criou a teoria do adensamento, aplicada
a solos saturados. Concebeu. e esquematizou ensaios e a respecti-
va aparelhagem e. sobretudo. fez sugestões para a interpretação
dos resultados conseguidos e sua aplicação aos diferentes proble
mas práticos enfrentados pela Mecãnica dos Solos. -
A Mecânica dos Solos apenas se impôs de forma definitiva a
partir de 19~6. época da realização da I Conferência de Mecânica
dos Solos na Universidade de Harvard. A partir desta época os fun
damentos e diversos aspectos teóricos da disciplina começaram i
ser enunciados. porém deve-se re~•altar que, a despeito do inte~
so trabalho já desenvolvido por inúmeros pesquisadores,muito re~
ta a ser explicado adequadamente. Dessa forma. por ser uma ciên-
cia relativamente nova. a Mecânica dos Solos encontra-se em con-
tínuo e intenso desenvolvimento.
3 - A Mecânica dos Solos e as Obras Civis

A Mecânica dos Solos foi estabelecida com o propósito de es-


tudar o comportamento dos solos, segundo formulaçães teóricas de
embasamento científico. Procurou-se, a partir de bases físicas.
modelos reolÓgicos e observações de campo, elaborar teorias ex-
plicativas desse comportamento. Algumas dessas teorias possuem um
cunho determinístico. e outras, probabilístico. Embora as teo-
rias determinísticas se prestem melhor i elaboração de doutrina~
que, sendo de ficil apreensão, fornecem fundamentos racionais i
explicação de fen6menos observados. a heterogeneidade dos solos
com propriedades variáveis, de ponto para ponto. tem conduzido a
um uso acentuado de teorias orobabilísticas.
No estudo do comportamenio dos solos, duas linhas de conduta
têm sido utilizadas. A primeira preocupa-se com as propriedades
físico-químicas, forç-as intergranulares 2 efeito, dos fluidos in-
tersticiais, para, a partir de tais fenomênes, explicar o com-
portamento dos solos. A segunda apóia-se na hipotese que conside
ra o solo como um meio contínuo, cuja relação tensão- deformação
fornece subsídios para previsão do comportamento do solo.
Nos problemas geotécnicos de ordem prática. o engenheiro ci-
vil deve ter consciência das limitações das teorias utilizadas,e
nunca esperar o valor exato nas grandezas obtidas, senão uma or-
dem de grandeza.
Neste ponto, um recurso utilizado ria mec~~ica dos solos, co-
mo em todas as ciências é consultar as soluções dadas a proble-
mas análogos, como primeira referência i solução de um problema
proposto. Este recurso dá ao engenheiro a liberdade de escolha de
soluções que deverão ser adaptadas ao problema em estudo, pois nun
ca hi repetição de condições anteriores. Os ensaios de campo e
laboratórios serão portanto, necessários para fornecer as reais
propriedades dos solos e os dados exigidos nos cálculos de dimen
sionamento e verificação da solução adotada. -
O QUADRO a seguir fornece uma relação dos principais proble-
mas pertinentes ao campo da Mecânica dos Solos.

QUADRO I - ALGU}~S APLICAÇOES DA MECÂNICA DOS SOLOS

Fundações rasas
O solo como Fundações profundas
fundações Fundações em solos moles
Fundações em solos expansivos

MECÂNICA DOS O solo como Barragens de terra e enroca-


SOLOS material de mento
construção Estradas e Aeroportos
Estabilidade
dos solos Taludes e Escavações

Suporte dos Estruturas de arrimo


solos Silos
CAP!TULO TI

O SOLO PARA O E~GENHEIRO

1 - Conceituação

A parte mais externa do globo terrestre. denominada crosta.


é constituída essencialmente de rochas que são agregados n0turais
de um ou diversos minerais. podendo. eventualmente. ocorrer vi-
dro ou matéria orgânica.
A acão contín~a dos agentes atmosféricos e biol6gicos (intem
perismo) tende a desinteg~ar e a decompor essas rochas, dando o~
rigem ·ao solo.
O significado da palavra solo não é o mesmo para todas as c~
ências que estudam a natureza. Para fins de Engenharia Civil ,ad-
mite-se que os solos são misturas naturais de um ou diversos mine::
r_il_i?__(:;is __\ce zes~c_OJ] __m_a_t_e_r_i_a_o.x.g.anJ..c_a.Lq.u.e_p_o_êL~JJL2~ r separa d Q2_]J_Q r
p_r_g_ç_e_2_s os__lll_E;ç_â_!li_<::Q~ s imp~l e s , ta i ,;____çg!ll_Q__~_g_a_çji_o_ em água ou man u-
s_eio. Numa conce i tuaç_a_o_j]_Qj_s_s_i.lllp_l..i_s_t_a__o sol o ser:Íatodo-rnate-
rialque pudesse ser escavado sem o eJ1112L!~_g_p_4e..~~C:l'l_.Í:_c:as~sp~çiais,
como~- por exemplo. explosivos.
----Esse material forma a fina camada superficial que recobre qua-
se toda a crosta terrestre e no seu estado natural apresenta-se
composto de partículas sÓlidas (com diferentes formas e tamanhos),
líquidas e gasosas. Os solos normalmente são caracterizados pela
sua fase sÓlida, enquanto as fases lÍquida e a gasosa são consi-
deradas conjuntamente como porosidade. Entretanto, na análise de
comportamento real de um solo, há necessidade de se levar em con
ta as porcentagens das fases componentes,bem como a distribuiçãõ
dessas fases através da massa de solo.

2. Tipos de Solos Quanto à Origem

Ao ocorrer a ação dos mecanismos de intemperização, o mate -


rial resultante poderá permanecer ou não sobre a rocha que lhe
deu origem.
i-lo primeiro caso, temos os chamados solos residuais. Estes são
bastante comuns no Brasil, sobretudo no Centro-Sul.Como exemplo,
cite-se a decomposição dos basaltos que origina as chamadas "ter
ras roxas" ou a decomposição de rochas cristalinas que originam
espe~sas camadas de solo residual, como acontece freqüentemente
na -Serra do Mar.
A separação entre a rocha matriz e o solo residual não é ní-
tida, mas sim, gradual. Podem-se distinguir, pelo menos,duas fai
xas distintas entre o solo e a rocha: a primeira, sobre rocha, de-
nominada rocha alterada ou rocha decomposta e a segunda, logo a-
baixo do solo, chamada de solo de alteração. A Figura 1 ilustra
um perfil de intemperização típico de rochas Ígneas intrusivas.

Se, eventualmente, o produto de alteração for removido de so


bre a rocha matriz por um agente qualquer, teremos os chamados
solos transportados. Segundo os agentes de transporte, os solos
transportados podem ser aluviais (água), eólicos (vento), colu -
viais (gravidade) e glaciais (geleiras).
A capacidade de transporte dos agentes determina o tamanho
das partículas e a homogeneidade dos solos transportados: ·sirva
de exemplo um curso de água que tenderá a selecionar o tama-
nho das partículas depositadas. Assim, próximo da cabeceira, em
·que a velocidade das águas é maior, devem depositar-se os grãos
mais grossos, e as partículas mais finas poderão ser transporta-
6

..---------- --;

&OLO RESIDUAL

FIGURA I • Perfil de solo residual

das a longas distâncias, até que a velocidade da água diminua


consideravelmente. e permita que haja deposição.
Dessa forma. os depósitos de solos transportados apresentam
geralmente maior homogeneidade no tamanho das partículas consti-
tuintes. o que já não ocorre nos solos residuais, nos quais apa-
rece uma grande variedade de tamanho -das partículas.
Os chamados solos orgânicos são formados pela mistura de res
tos de organismos (animais ou vegetais) com sedimentos preexis~
tentes. A ocorrência de solos orgânicos se dâ em locais bem ca-
racterísticos. tais como as áreas adjacentes aos rios, as baixa-
da> litorâneas e as depressões continentais.

3 - Tamanho e Forma das Partículas

Em função dos agentes de intemperismo e de transporte, os de


põsitos de solos podem estar constituídos de partículas dos mais
diversos tamanhos. Em termos qualitativos, deve-se frisar que o
intemperismo físico (desintegração) é capaz de originar partícu-
las de tamanhos até cerca de 0,001 mm e somente o intemperismo
químico (decomposição) é capaz de originar partículas de diâmetro
menor que 0,001 mm.
Solos cuja maior porcentagem esteja constituída de partículas
visíveis a olho nu lcf> > 0,074 mm) são chamados de solos de grãõs
grossos ou solos granulados. As características e o comportamen-
to desses solos ficam determinados, em Última análise, pelo ta-
manho das partículas, uma vez que as forças gravitacionais preva
lecem sobre as outras. -
Os solos de granulação grossa apresentam-se compostos de par
tículas normalmente eqllidimensionais, podendo ser esféricas (so~
los transportados) ou angulares (solos residuais).
A forma característica. dos solos de graaulação fina (cp < 0,074
mm) ê a lamelar, em que duas dimensões são incomparavelmente maio-
res que a terceira. Aparece,,~~ vezes, a forma acicular, em que
7

uma das dimensões prevalece sobre as outras duas. A Figura 2 mo~


tra duas partículas de solo fino.
O mineral ~onstituinte da partícula determina a sua forma.en
quanto o comportamento desses solos é determinado pelas forças de
SUP-erfície (moleculares, elétricas e eletromagnéticas). uma vez
que a relação. entre a superfície da partícula e o seu volume é
muito alta. Nos solos finos. a afinidade pela igua é uma caracte
rística marcante, e iri influenciar sobremaneira o seu comporta~
mento.
Para descrever o tamanho das partículas, é usual citar a sua
dimensão ou fazer uso de nomes conferidos arbitrariamente a cer-
ta faixa de variação de tamanhos. Nesse sentido. existem escalas
que apresentam os nomes dos solos iuntamente com a dimensão que
eles representam. A Figura 3 apresenta duas escalas elaboradas
por duas instituições diferentes: a ABNT e o MIT.
Os solos de grãos grossos são subdivididos em pedregulhos e
areias, e os de granulação fina em siltes e argilas. A seguir, ~
presenta-se uma breve descrição dos principais tipos de solos e-
xistentes, procurando-se ressaltar algumas características que
permitam uma ficil identificação desses solos.

FIGURA 2 Duas partículas de solo fino '


o) coolinito b)ilito' {fonte ref.JO)

AF1tii81L.A8 $1L.TE& ARIEIA& JIIJIEOIII.

ABNT ______. . ,.,______-+j-_::.F_-+_ __..::,.:...__+--!.•--+---•,. ~ (mml


0.005 0.05 0.42 ....

A111!181L..A8 StL.T1ES AlllKIA5 P1EOR!IGULMOS


IIIIIT --------~~----------------t~F--r--="--~1~·~------------~• ~(mml
0 .. 2. • ••
o.aot o.o.

FIGURA 3 Escolas granulométricos


8

4 - Descrição dos Tipos de Solos

PEDREGULHOS - Os pedregulhos são acumulações incoerentes de


fragmentos de rocha, com dimensões maiores que 2 mm (escala MIT).
Normalmente, são encontrados em grandes extensões, nas margens
dos rios e em depressões preenchidas por materiais transportados
pelos rios.

AREIAS -Têm origem semelhante à dos pedregulhos,entretanto,


as suas dimensões variam entre 2 mm e 0,05 mm. As areias são ás-
peras ao tacto, e, estando isentas de finos, não se contraem ao
secar, não apresentam plasticidade e comprimem-se, quase instan-
taneamente, ao serem carregadas.

SILTES - Os siltes.são solos de granulação fina que apresen-


tam pouca ou nenhuma plasticidade. Um torrão .de silte seco ao ar
pode ser desfeito com bastante facilidade.

ARGILAS - São solos de granuiaçao muito fina que apresentam


características marcantes de plasticidade e elevada resistência,
quando secas. Constituem a fração mais ativa dos solos.
As argilas, quando secas e desagregadas, dão uma sensação de
farinha. ao tacto,e, quando úmidas, são lisas.
Quanto à constituição química das argilas, pode-se dizer que
elas se compõem de silicatos de alumínio hidratados,podendo ocor
rer eventualmente silicatos de magnésio, ferro ou outros metai~
também hidratados.
A estrutura desses minerais é bastante complexa, com seus á-
tomos dispostos em forma laminar, a partir de duas unidades cris
talográficas básicas: uma silícica e uma alumínica. -
A primeira consiste numa unidade tetraédrica,com um átomo de
silício ao centro, rodeado por quatro de oxigênio, conforme se
mostra na Figura 4. Aparece também nessa figura o símbolo utili-
zado para representar essa unidade.
As lâminas alumínicas formam uma unidade octaédrica, com um
átomo de A~ ao centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou
por hidroxilas, como se esquematiza na Figura S.
De acordo com as associações que essas unidades venham a ter,
podem formar-se vários tipos de minerais argílico·s, dos quais as
caulinitas, as montmorilonitas e as ilitas constituem três gru-
pos básicos.
As caulinitas estão formadas pela combinação alternada de uma
lâmica silícica e de uma alumínica, que se superpõem indefinida-
mente e com um vínculo tal entre suas retículas, que não é pos-
sível a entrada de moléculas de água entre elas. A Figura 6 es-
quematiza esse arranjo.

FIGURA 4 Unidade tetraédriea


o

/
/
/
/

FIGURA 5 Unidade octo!Ídrica

FIGURA 6 . Arranja esquemático da caolinitas

As montmori loni ta·s, grupo ao qual pertencem as bentonitas, são


formadas pela superposição de uma unidade alumínica, situada en-
tre duas unidades silícicas, como se mostra esquematicamente na
Figura 7.
Diferentemente das caulinitas, a un1ao entre os retículos é
frágil, o que permite a penetração de água com relativa facilida
de. Assim, tais argilas, com presença de água, experimentam ex=-
pansões, fonte de inúmeros problemas para a engenharia de solos.
As ilitas apresentam um arranjo estrutural semelhante ao das
montmorilonitas, entretanto, a presença de íons não permutáveis
faz com que a união entre os retículos seja mais estável, e não
seja afetada fortemente pela água. Tais argilas são bem menos e~
pansivas que ~s montmorilonitas. A Figura S mostra o arranjo es-
trutural esquemático das ilitas.

FIGURA 7 Arranjo esquemático das montmorilonitas


o

FIGURA 8 Arranjo esquemático dos llitos

A identificação dos minerais do tipo, argila, presentes num


solo, é feita por meio de processos bastante aprimorados,tais co
mo a análise termodiferencial e a microscopia eletrônica.
Um processo de identificação bastante simples e expedito con
siste na utilização de corantes orgânicos, os quais mudam de co~
loração, quando em contato com a argila. Os éorantes mais utili-
zados são a benzidina, a safranina Y e o verde malaquita. Para
maiores minúcias a respeito das técnicas de identificação de mi-
nerais da espécie argila, consultar a referência 25.
Além desses quatro tipos fundamentais de solos existem outros
com nomes característicos, tais como: os loess, os saibros e as
turfas, contudo, em verdade, nada mais são do que ocorrências par-
ticulares ou combinações dos tipos já citados.
As turfas ou solos turfosos merecem realce, por serem depósi
tos de solos orgânicos bastante compressíveis e que trazem pro~
blemas para a Engenharia de Solos. Consistem no primeiro estádio
de formação do carvão e iniciam-se pelo acúmulo de detritos vege
tais em depressões, como, por exemplo, num lago. A sua coloração
varia, desde amarela até castanho-escura, e normalmente apresen-
tam-se com alto teor de umidade.

5 - Identificação Visual e Táctil dos Solos

Existem alguns testes rápidos que permitem, a partir das ca


racterlStlcas apresentadas pelos solos, a sua iden~~~çao. Co
mo em a natureza os solos normalmente são uma mistura de partí~
culas dos mais variados tamanhos, busca-se determinar qual o ta
manho que ocorre em maior quantidade,e depois as ·demais ocorrên
cias. E usual também, na identificação de um solo, citar a sua
cor. Assim, por exemplo, alguns nomes que poderiam ocorrer se-
riam: argila arenosa vermelha; silte argiloso pouco arenoso mar
rom; areia grossa, com pedregulhos, cinza etc.
Os testes mais comuns são:
a - Sensação ao tacto: esfrega-se uma porção de solo na mão,
ouscando sentir a sua aspereza. As areias são bastante
ásperas ao tacto, e as argilas dão uma sensação de fari-
nha, quando seca ou de sabão, quando Úmidas.
b - ~~?sticidade: tenta-se moldar pequenos cilindros de solo
Úmido e, em seguida, busca-se deformã-los.As argilas são
bastante moldáveis, enquanto as areias e,normalmente tam
bém os siltes não são moldáveis. -
c - Resistência do solo seco. Por causa das forças interpar-
tlculas que se desenvolvem nos solos finos, um torrãCJ de
solo argiloso apresenta elevada resistência, quando se
tenta desagregá-los com os dedos. Os siltes apresenta:" al
guma resistência, enquanto as areias, quando· puras, ;:em
formam torrões.
11

d -Mobilidade da água intersticial: consiste em se colocar


napalma-damao uma porção de solo Úmido. Fazendo-se ba-
ter ~ssa mão fechada, com osolo dentro, contra outra, ve
rifica-se o aparecimento da água na superficie do solo:
Nos solos arenosos, graças à sua alta permeabilidade, a
água aparece rapidamente na superficie. Ao abrir a mão,a
superfície brilhante desaparece nesses solos arenosos, e
• eles freqUentemente trincam. Nos solos argilosos, a su-
perficie brilhante permanece por bastante tempo e não o-
correm fissuras, quando se abre a mão.
e - Dispersão em água: coloca-se uma amostra de solo seco e
desagregado nun1a-proveta (100 ml) e, em seguida, água,
Agita-se a mistura e verifica-se o tempo para deposição
das particulas. As areias depositam-se rapidamente, en-
quanto as argilas tendem a turvar a•suspensão e demoram
bastante tempo para sedimentar.
O Quadro II procura sintetizar esses procedimentos comuns nor
malmente utilizados para- identificar os solos:

QUADRO II: IDENTIFICAÇAO DOS SOLOS

Tipos de Solos Procedimentos e Caracteristicas

Areias e solos areno- tacto (áspero) , observação visual


sos incoerente.

Areias finas, siltes, tacto-pequena resistência do tor-


areias sil tosas ou pou- rão seco (esfarela facilmente) ,tor
co argilosas. rão seco desagrega rapidamente, quan
do submerso: dispersão em água (se
dimenta rápido e a água permanece
turva, por pouco tempo).

Argilas e solos argi- tacto (úmidos: saponáceos;secas:fa


losos (com pouca areia rinhosas): torrão seco bastante re
ou silte) sistente, e não desagrega quando
submerso; plasticidade; mobilida
de da água intersticial.

Turfas e solos turfo- cor: geralmente cinza. castanho-es


sos (solos orgânicos). cura; preta;
particulas fibrosas, cheiro carac-
terístico _de matéria orgânica em d_f:_
composição;
inflamáveis, quando secos,e de po~
ca a média plasticidade.

CAP!TULO II I
PROPRIEDADES !NDICES
1 - Introdução

Os solos em a natureza apresentam-se compostos por elementos


das três fases fisicas, em maior ou menor proporção.
12

O arcabouço do solo, constituído do agrupamento das particu-


las sólidas, apresenta-se entremeado de vazios, os quais podem es
tar preenchidos com água e/ou ar. O ar é extremamente comprcssí~
vcl, e a água pode fluir através do solo, portanto, quando da a-
valiação quantitativa do comportamento do solo, há necessidade
de se levar em conta as ocorrências dessas fases físicas.
Para efeito dessa apostila, consideram-se como propriedades
Índices, determinadas características, tanto da fase sólida. co
mo das três fases, em conjunto, passíveis de mensuraçio, sejam~
diante relações entre as fases ou por meio da avaliação do com~
portamento do solo, ante algum ensaio convencional.
A determinação das propriedades Índices aplica-se na classi-
ficação e identificação do solo, uma vez que elas podem ser cor-
relacionadas, ainda que grosseiramente, com características mais
complexas do solo, como, por exemplo, a compressibilidade.
Neste capítulo, descrevem-se as seguintes propriedades Índi
ces: Indices Físicos: Granulometria e Estados de Consistência. -

2 - Indices Físicos

Os Indices Físicos sio relações entre as diversas fases, em


termos de massas e volumes. os quais procuram caracterizar as con
dições físicas em que um solo se encontra.
A Figura 9a, apresenta um elemento de solo, constituído das
três fases, tal como poderia ocorrer em a nature:a. Para melhor vi
suali:açio e para facilitar as deduções refercnt~s is relaçõei
entre os diversos índices, o elemento de solo é mostrado esquema
ticamente, com divisão das três fases. na Figura 9b. -
No lado esquerdo da Figura 9b, as fases estio separadas em vo
lumes, e no lado direito. em massas.

2.1 - Definições

As três relações de volumes mais utilizadas sao: a porosida-


de, o índice de vazios e o grau de saturação.
·A porosidade (n) é definida pela relação entre o volume deva
zios e o volume total da amostra.
v
v
n
v
O Índice de vazios (e) é definido pela relação entre o volu-
me de vazios e o volume de sólidos, isto é:

ar sólidos
I

TI' . Var
r-
ar

rlf
' Vs-
I
M

(o l (b)

FIGURA 9 Elemento de solo


e
rs
o grau de s:Jtur:Jçiio (S _) representa a relação entre o volume
de âgua e o volume de va:i~s. ou seja:
v\\
rv
A relação entre as massas mais utilizadas ~ o teor de umida-
de (w). que é a rc 1 açiio entre a mrrssa de iígua e a massa de sól i-
dos presentes na Gmostra:

'I w
~
s
Esses índices físico's, como se vê, são adimensionais e, com
exceção do Índice de vazios (e). todos os demais são expressos em
termos de porcentagem.
As relações entre massas e volumes mais usuais são a massa es
pecifica naiural. a massa específica dos sólidos e a massa espe-
cífica da água.
A massa específica natural (y) é a relação entre a massa do
elemento e o volume desse ~lemento:

y =

Por suave:, a massa específica dos sólidos (y) é determina


s -
da, dividindo-se a massa de sÓlidos pelo volume ocupado por esses
sólidos, ou seja:
:qs

vs
e, por extensão, a massa especifica da agua (yw) define-se co-
mo:
M
y =
w
w
vw
que, na maior parte dos casos práticos, é tomada como
yw = 1,0 g/cm3.
O Quadro III apresenta os limites extremos de variação desses ín
dices físicos.
QUADRO III: LIMITES DE VARIAÇÃO DOS INDICES FISICOS
1,0 < y < 2. 5 g/cm3
2. 5 < Ys < 3,0 g/cm3
o < e < 20
o < n < 100%
o ~ Sr.; 100%
o < w < 1500%
14

2.2 - Relações entre os diversos índices


Atribuindo ao volume de fase sólida o valor unitário (Vs = lJ
e possível relacionar os diversos Índices físicos com o índice de
vazios. Se Vs = 1, então, ~ = Vv e Vw = Sr.~' e dessa forma te-
mos na Figura 10, o elemento esquemático de solo, em que as mas-
sas agora são expressas em termos de produto entre os volumes e
as massas específicas das diversas fases.

mossas

FIGURA 10 Mossas e volumes dos diversos


fases quando Vs,.

A partir dos dados da Figura 10, é possível obter as novas ex


pressões para os diversos Índices físicos, conforme as seguintes
relações:
M
w

vv e
n =
v 1 + e
M ys + 5r
y ;;}'
-/ v l + e

Em função da quantidade de água presente no solo, podemos de


finir a massa específica saturada (y t), que ocorre quando to~
sa
dos os vazios do solo estão preenchidos com água, ou seja,Sr-100~:

Ys + e Yw
<-r sat = 1 + e

Da mesma forma, quando o solo se encontra complet~mente seco


(Sr = 0%), sem nenhuma água em seus vazios, temos a massa especí-
fica seca

1 + e
15

E importante notar que essas dn0s novas relações estão refe


ridas ao volume natural da amostra (1 + e). isto- é. aclmite-se.quan
do se faz matematicamente Sr = 0% ou Sr = 100%, que o solo não~
fra variações de volume. Isto não é o que realmente ocorre em a nat•u
reza, pois os solos, ao serem secados ou saturados normalmente ~
passam por variações de volume. A massa específica natural rela-
ciona-se com a massa específica seca por intermédio da seguinte
expressão:

Ys + Sr . e . Yw Ys Ys w
y +
v l + e l + e l + e

Y yd (l + w)

Tanto y, como yd. estão referidos ao volume da amQstra natural.


Dessa forma, é possível~colocar a expressão anterior, em termos
de massas, o que é bastante Útil. sobretudo em ensaios de labora
tório.

M = Md (l + w)
Para relacionar os índices com a porosidade, faz-se. para facili
dade de cilculo, V 1. Da mesma forma que na Figura 10, temos ã
gora na Figura 11 as massas e volumes para a nova situação. Comõ
V= l, tem-se n =\'v e V S • n.
w r

I
Sr.n.Yw+ (1-nJYs

.·.· .. . ·.·.-:.:.·- ..
__.__ __ _ , . . . _ _ _ .......... : ·.• · . _ L , __ _ __ . _

massas volumes

FIGURA 11 Mossas e volumes dos diversos


fases quando V= I

Assim, podemos colocar os índices físicos de acordo com novas re


lações:

vv n
e
vs 1 - n
M
w sr n . Yw
w
MS (1 - n) Ys
M
y (1 - n) Ys + sr . n y\•:
v
16

2.3 - Determinação dos Indices Físicos

Os Índices físicos são determinados em laboratório ou median


te fórmulas de correlação, desenvolvidas no item anterior.
Em laboratório, são determinados a massa específica natural, o teor
de umidade e a massa específica dos sólidos. A seguir, descreve-
se resumidamente o procedimento, para determinação desses três in
dices físicos.

a. Massa Específica Natural

Toma-se um bloco de solo de forma cúbica, tendo cerca de Sem


de lado e procura-se tornei-lo de maneira que se transforme num
cilindro. Para tanto, utiliza-se um berço para alizar a b-ase e o
topo, e em seguida o corpo de prova é levado a um torno.onde lhe
é dada a forma cilíndrica.
As determinações que se fazem são as medidas do diâmetro e da
altura do cilindro, para cilculo do volume e a pesagem do corpo
de prova.
Deve-se salientar que a massa específica natural normalmente
é determinada em corpos de prova ji talhados para os ensaios u-
suais de Mecânica dos Solos, isto é, não se talha um corpo depr~
va para medir unicamente a sua massa específica natural.

b. Teor de Umidade

Toma-se uma porção de solo (cerca de 50 g), colocando-a numa


cipsula de alumínio com tampa.
O conjunto: solo úmido mais cipsula, é pesado com precisão de
0.01 g e, em seguida, a cipsula destampada é levada a uma estufa
até constância de peso. O tempo de permanência da cipsula varia
em função do tipo de solo; como ordem de grandeza, os solos are-
nosos necessitam de cerca de 6 h e os solos argilosos. às vezes.
até de 24 horas.
Pesa-se o conJunto solo seco mais capsula e, com a tara da
cipsula, determinada de início, pode-se calcular o teor de umida
de por meio da seguinte expressão:

w X 100%

Mz Massa do solo úmido mais cipsula


Ml Massa do solo seco mais cápsula
Mo Tara da cápsula

c. Massa Específica dos Sólidos

Este índice é determinado, usualmente, empregando um frasco


de vidro chamado picnõmetro (balão volumétrico). Coloca~se uma por-
ção de solo (cerca de 80g para solos àrgilosos e 150 para solos
arenosos) no picnômetro e, em seguida, preenche-se o frasco com
água destilada até a marca de referência.
Pesa-se o conjunto picnômetro, água e solo, determina-se a
temperatura da suspensão e mediante. a curva de calibração do
picnômetro, determinam-se o peso do picnômetro e a igua para a
temperatura do ensaio.
A Figura 12 ilustra o cálculo da massa específica dos sólidos.
17

marco de
referência

águo ( Mwl águo ( M:.,l

( Ms l

Mz=M.;_,+Mp+Ms

FIGURA 12 ' Esquema poro cálculo de Y5

A massa de igua cor~espondente ao volume deslocado pelos s6-


lidos sera:
M
w
M'
w - Ms ou

Portanto, o volume dos s6lidos corresponde a

e,por fim, a massa específica dos s6lidos pode ser assim obtida:

Deve-se frisar que normalmente são feitas de três a quatro


determinações, fazendo variar a temperatura e acertando o nível
de água na marca de referência, com vistas à obtenção de um va-
lor rn~dio consistente.
Embora a determinação da massa específica dos sólidos sejas]~
ples, muitas vezes adota-se um valor rn~dio para resolução de pro
blernas, uma vez que a faixa de variação no caso de solos ~ bem pe
quena. Para solos arenosos, pôde-se tornar ys = 2,67 g/cm3 (cor~
respondente ao quartzo)e para solos argilosos, ys = 2,75- 2,90 g!crn3.
d. Demais !ndices
Como já foi salientado, os demais índices são determinados me-
diante fórmulas de correlação. O Quadro III engloba as várias f\i.E.
mulas de correlação.
3. Granulornetria
A medida do tamanho das partículas constituintes de um solo
~ feita por meio da granulometria e a representação dessa medida
s~ d~ usualmente-por intermédio da curva de distribuição granul~
metrJ.ca.
A Figura 13 apresenta curvas de distribuição granulorn~trica
,.,., alguns solos. Pode-se notar que as curvas são desenhadas em
.~

00

QUADRO III - FORMULAS DE CORRELAÇAO PARA OS·l !j'JDICES FfSICOS


)\ '
\' '
1\l ?'~;:~(. ',

y y' sr e 11 IV

o < sr <
l100% \
Y5a1
S "'100%
yd
s r o:()% s r =100%
Y5
,, ' ' '" J. / ' (' l \' / . ' ~"-

r
\"
j (I • )'Í;
c' ' l
l ]\' !· I ,\/"-' s'')

y5+Sr e Yw y5+e YIV Y5 Ys - YIV w Y5 Ys e sr e Yw


yd(1+e)
-- - --1 -
l + e 1 + e 1 + e 1 + e e YIV yd l+e Ys

yd yd 11S r Yw
1-11 Y5 11
y - (y +S y )n
5 5 r w y5-(y5-yw) 11 (l-11)y 5 (l-11)(Y5-\v) -- -IV- --- 1--
1-n 11 1 - 11 Y5 ( 1-n) y
\v 5
,,

y (1 + w) y (e - IV) y w yw 5 r\v(y5-yd)
5 5 '\.eYw Y5 }diV s s
yd (1 + w)
1 + e
- (1 + e)e
---
IV
-- 5 ryw+ysiV Ys yd
yiV(yS-YI) sr\/

-----~·-·~------
PORCENTAGE\11 ~ETIOA ACUtailiLADA

o .. .. o o o
o
...o o "'c o "' "'o
+ -·
'
t-
0~--~~--~-----L----~----+-----~--~----~--~-+----~
oo

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~I o
. ;;
I o
õ

o
o
20

gráfico semiloiaritmico. Nas abscissas tem-se o logaritmo do ta


manha das part1culas e nas ordenadas, à esquerda, a porcentagem
retida acumulada, ou seja, a porcentagem do solo em massa, que é
maior que determinado diâmetro: à direita, tem-se a porcentagem que
passa, isto é, a porcentagem do solo, em massa, que é menor que
determinado diâmetro.
Para a determinação do tamanho dos grãos de um solo grosso,
recorre-se ao ensaio de peneiramento, no qual se faz passar por
uma bateria de peneiras, de aberturas sucessivamente menores,cer
ta quantidade de solo, determinando-se as porções retidas em ca~
da peneira. Para um solo de graduação fina o peneiramento se tor
na impraticável. Neste caso, faz-se uso do ensaio de sedimenta~
ção que consiste basicamente em medir indiretamente a velocidade
de queda das partículas em água.
O cálculo do tamanho das partículas finas é feito utilizando-
se a lei de Stokes, que diz ser a velocidade de queda de uma par
ticula esférica de p~so específico ys' num fluido de viscosidade
u e peso específico yw' proporcional ao quadrado do diâmetro des
sas partículas. ou seja:

Como foi salientado, as partículas finas de solo têm formas


bastante diferentes de uma esfera. Assim, quando se utiliza a lei
de Stokes, as partículas finas têm suas dimensões representadas
por um diâmetro equivalente.
Ressalta-se ainda que as partículas coloidais (diâmetro infe
rior 8 0,0002 mm) não sedimentam, por causa da ação de forças re
pulsivas entre elas, o que origina o movimento browniano.de tra~
tamento bastante complexo.
Como, freqUentemente, os solos são uma mistura de partículas
dos mais diversos tamanhos, costuma-se conduzir conjuntamente os
ensaios de peneiramento e sedimentação, ou seja, faz-se uma aná-
lise granulométrica conjunta, para determinação dos diâmetros e
das respectivas porcentagens de partículas que ocorrem num solo.

3.1 -Noções sobre o Ensaio de Análise Granulométrica

A experiência tem mostrado que a amostra a ·ser ensaiada deve


conter dê 40 a 70 g de sólidos, passando na peneira fF 100. Como
as partículas finas de solo tendem a aglutinar-se, há necessida-
de de dispersá-las com o auxílio de um defloculante (silicato de
sódio, hexametafosfato de sódio etc.), para que o resultado de
ensaio seja efetivamente representativo dos tamanhos de partícu-
las que ocorrem no solo.
A mistura solo e defloculante é peneirada, com o auxílio de
lavagem, na peneira Ff 100. O material que passa é recolhido nu-
ma proveta graduada para 1000 ml e será destinada ao ensaio des~
dimentacão.
O máterial retido, após secagem em estufa, é passado por uma
bateria de peneiras. com o auxílio de vibração. Determina-se a
massa retida em cada peneira e, em seguida, calculam-se as por-
centagens retidas e as acumuladas. Com esses valores pode-se de-
terrni~ar a parte da curva granulométrica relativa à fração gros-
sa do solo, utilizando o logaritmo de abertura da peneira e apo~
centagem retida acumulada nessa peneira.
No ensaio de sedimentação, a velocidade de queda da partícu-
la é obtida indiretamente, determinando-se densidade da suspen-
são, em intervalos de tempos esDaçados. Agita-se a suspensão con

/
2l

tida na proveta para homogeneizá-la. em seguida, são fe1tas lei-


turas periódicas de densidades, ao longo do tempo. A,le1tura do
densímetro (y.) é correlacionada com a queda da part1cula (z),ou
1 .
seja, a distância entre a superfície da suspensão e o centro de
volume do bulbo (Figura 14).

FIGURA 14 Altura de quedo no ensaio


de sedimentação

Dessa forma, a velocidade de uma partícula de diâmetro D,que


percorreu uma distância z. num tempo!· pode ser determinada pe-
la lei de Stokes:

Ys - Yw z
v
18 ].1 t

Resulta então, que:

z
D
t

Se admitirmos a uniformidade da suspensão, é Óbvio que, após


o tempo t, todas as partículas com diâmetro maior que D, dado pe
la fórmula anterior, deverão estar a uma profundidade ãbaixo de
z ou, em outras palavras,, acima de z não haverá partículas de di
ãmetro maior que D. Chamando de N a porcentagem de partículas de
diâmetro menor que Q, pode-se demonstrar que:

Ys v
N (yi - yw)
Ys - Yw M

em que:
V - volume da suspensão (1000 ml, geralmente)
M - massa total de sólidos
yi - leitura do densímetro
yw - massa específica da água.
Se fizermos v = 1000 ml e Yw lg/cm3, teremos:

Ys Lc
N . 100%
Ys - Yw :t-1

em que Lc = 1000 (yi - 1).


22

Assim, com os valores de diimetro D e N, porcentagem que pas


sa (porcentagem de partículas com diimetro-menor que D) é possí~
vel traçar a curva correspondente à fração fina do saio e que com
plementa a curva obtida do peneiramento.

3.2 - Considerações sobre a Curva de Distribuição Granulométrica

A curva de distribuição granulométrica de um solo, freqUente


mente, é representada por dois parâmetros. São eles o diâmetro-
efetivo (De ou D ) e o coeficiente de não uniformidade (Cu).
10
Dado que as part1culas finas são as que mais interferem n0
comportamento do solo, definiu-se o diâmetro no sentido de dar me
dida dessa característica do solo. Assim, o diâmetro efetivo é õ
diâmetro tal que 10% do solo, em massa, têm diâmetros menores que
eJ~. A Figura 13, folha (19) mostra quatro curvas granulomêtricas
e para o solo representado pela curva 3, pode-se notar que o di-
âmetro efetivo (D ) é de 0,12 mm. O coeficrente de não uniformi-
dade (C u ) dá uma eidéia da inclinação
. da curva granulométrica, e
é defiÍlido como:

D60
cu
DlO
sen~o
que D tem definição análoga ao diâmetro efetivo. Para a
60
~da Figura 13,

0,12
46
0,0026
Um solo em que Cu 1, está composto de partículas de mesmo
tamanho (mal graduado). Por outro lado, valores de Cu maiores do
que a unidade indicam uma variedade no tamanho das partículas.po
dendo o coeficiente de não uniformidade atingir valores da ordem
de 300 ou 400, no caso dos solos residuais, sem que isso si;nifi
que que o solo seja bem graduado. Um solo bem graduado apresentã
uma distribuição proporcional do tamanho de partículas, de forma
que os espaços deixados pelas partículas maiore's sejam ocupados
pelas menores. Tais solos, qua~do bem compactados, normalmente ~
presentam alta resistência, o que é de bastante interesse para~
plicação,na prática.
Deve salientar-se que o diâmetro efetivo e o coeficiente de
não uniformidade não são suficientes para representar sozinhos a
curva de distribuição granulométrica, uma ve-z q,ue curvas distin-
tas podem ter os mesmos D e C , como facilmente é possível vi-
sualizar pelas curvas 2 e.:±_dau Figura _13. Assim, resulta que so
mente a curva de--distribuição granulométr1ca pod-e i-dentifícar um
solo quanto à sua textura.
A curva de distribuição granulometrica encontra apl~caçã? prá-
tica na classificação do solo quanto à textura, na est1mat1va do
coeficiente de permeabilidade e no dimensionamento ~~ filtros de
proteção.

4 - Plasticidade e Estados de Consistência

4.1 - Noções sobre a Plasticidade dos Solos

Desde epocas r·e:m:ot~-5-ã.'be-seque-algunssolos, aô serem :r a


balhados, fazendo variar a sua umidade~ atingem um estad0 ~e con
23

sist~ncia caracteristico denominado estado de consist~ncia plás-


tico. Em cerâmica, tais solos são chamados de argilas,palavra que
foi incorporada ã Mecânica dos Splos com o mesmo significado.
Sabe-se tamb~m que a forma lamelar das particulas ~ a respo~
sivel pe-las caracteristicas de plasticidade e de compr:;ssibili:
dade dos solos finos. Por sua vez, a forma dessas part1culas e
determinada, em Última análise, pelo mineral argila, presente,ou
seja, ela depende da estrutura cristalina de cada argila-mineraL
Como a estrutura cristalina é própria de cada mineral, s~ria li-
cito supor, que, em função do argilo-mineral presente, cada solo
apresentasse distintas caracteristicas de plasticidade.
Isso é o que realmente ocorr.e em a natureza, com os argila-
minerais de estrutura cristalina mais complexa, tais como as mont
morilonitas, apresentando maior plasticidad~- -
.A plasticidade pode ser definida em Mecanica dos Solos, como
a propriedade que um solo tem de experimentar deformações rápi-
das, sem que ocorra variação volumétrica apreciável e ruptura~
Para que essa propr1edaae possa manl±estar-se, compreende-se
que a forma característica das particulas finas permita que elas
deslizem, uma por sobre as outras, desde que haja quantidade su
ficiente de água para atuar como lubrificante. Entretanto, se ã
quantidade de água for maior que a necessária para que tal ocor-
ra, é evidente que se formará uma suspensão,com carâcterísticas
de um fluido viscoso. Ocorreu,portanto, uma alteração do estado
de consistência do solo, assunto que será tratado no próximo item.
Em resumo, pode-se dizer que a plasticidade está associada aos
solos finos, e depende do argila-mineral. e da quantidade de água
no solo.
4.2 - Estados de Consistência
A plasticidade, portanto, é um estado de consistência circuns
tancial, que depende da quantidade de água presente no solo.
Assim, em função da quantidade de água presente no solo, po-
dem-se ter vários estados de consistência, os quais, em ordem d~
crescente de teor de umidade, são:
a - estado lÍquido: o solo apresenta as propriedades e a apa
rência de uma suspensão e, portanto, nao apresenta nenhuma resis
tência ao cisalhamento;
b - estado plástico: no qual ele apresenta a propriedade de
plasticidade;
c - estado semi-sólido: o solo tem a aparência de um sÓlido,
entretanto, ainda passa por variações de volume,ao ·ser secado;
d - estado sólido: ~ão ocorrem mais varia~ões de volume, pe-
la secagem do solo.
A Figura 15 ilustra os diversos estados de consistência de um so
lo.
tfquido w

••
plástico
••
umi-sólido
'lllla

sólido

FIGURA 15 Estados de consistência


24

J.3 - Limites de Consist~ncia

A passagem de um estado para outro não~ repentina. mas sim.


gradual, o que torna difícil estabelecer ~m crit~rio, para demar
car os limites entre os diversos estados. De fato. esses limite~
são estabelecidos arbitrariamente, a partir de ensaios padroniza·
dos. Os limites de consist~ncia são tamb~m conhecidos como limi~
tes de Atterberg, que foi quem primeiro se preocupou em estabele
c~-los. As idéias iniciais de Atterberg, baseadas em conceitos e~
tritamerrte empíricos permaneceram, entretanto, houve necessidade
de realizar algumas modificações na técnica de obtenção dos limi
tes para que se tivesse um resultado padronizado.

a. Limite de Liquidez

A fronteira convencional entre o estado líquido e o estadv


plástico (teor de umidade -w 1 ) foi chama~a por Atterberg de li-
mite de liquidez (LL ou w1 ) e a sua obtençao foi padronizada por Ca
sagrande. A Figura 16 mostra o aparelho de Casagrande, com as di
mensões-padrão, para determinação do limite de liquidez. -
A técnica do ensaio consiste em colocar na concha do apare-
lho uma pasta de solo, que passou na peneira ~ 40. Faz-se com o
cinzel uma ranhura e, em seguida, gira-se a manivela, ã ra7~o de
duas revoluções, poT segundo, fazendo com que a concha caia em
queda livre e bata contra a base do aparelho.

I. $0

no1o coto• em mm

FIGURA 16 Aparelho poro determincçao do


limite de ~iquidu
25

Conta-se o número de golpes para que a ranhura se feche,numa


extensão de 12 mm.e, em seguida, determina-se o teor de umidade
do solo. o processo é reEetido, para diferen!e~ teores_de ~m~da­
de. Os valores obtidos sao lançados em um graf1co sem1logar1tmo
em que as ordenadas se têm os teores de umidade e nas abscissas
o numero de golpes.
Traça-se a reta média, que passa por esses pontos, e determi
na-se o teor de umidade correspondente a 25 golpes, o qual sera
o limite de líquidez do solo. A Figura 17 ilustra a forma de ob-
tenção do limite de liquidez.
b. Limite de Plasticidade
O teor de umidade que determina a fronteira entre o estàdo
plástico e o estado semi-sÓlido é chamado de Limite de plastici-
dade (LP ou w~).
Para sua aeterminação, faz-se uma pasta com o solo que passa
na peneira 9F 40, e e~ seguida procura-se rolar essa pasta, com
auxílio da palma da mãú, sobre uma placa de vidro esmerilhado, a
fim de formar pequenos cilindros. Quando o cilindro assim forma-
do atingir um diâmetro de 3 mm, e começar a apresentar fissuras,
interrompe-se o ensaio e determina-se o teor de umidade do solo
formatlor do cilindro.
Repete-se a operação algumas vezes, para se obter um valor mé
dio do teor de umidade, o qual será o limite de plasticidade do
solo.
Neste ensaio, se o solo estiver com muita água, obtêm-se ci-
lindros com diâmetros inferiores a 3 mm sem que ocorram fissura~
Será necessário então remoldar o solo e rola-lo novamente, para
que se vá eliminando a água, até que se consiga o resultado dese
jado. Em caso contrário (solo muito seco) é necessário acrescen~
tar água e reiniciar o ensaio,até que se corisigam"rolinhos" de so'-
lo que fissurem com um diâmetro de 3 mm.
c. Limite de Contração
A fronteira convencional entre o estado de consistência semi-
sÓlido e o sólido é chamada ae limite de contração (LC}.
A observação de que a maior parte dos solos não:ipresenta re
dução de volume, quando submetidos a secagem abaixo do limite de
contração, permite deteTJ!linar esse limite mediante medida de mas-
sa e do volume de uma amostra de solo completamente seca. Quando
tal ocorre, o limite de contração corresponde ao teor deumidade,
que satura os vazios da amostra de solo. A Figura 18 esquematiza
a determinação do limite de contração, nesse caso:
...
" ", LL•4C,4 ~

.... _
- _,_ ·-1-
~ 1- D
'\
~
t\ !':...
M .O M
~tdi'Uf$ 4'1 IEIII}$6
26

~::~:~::f;:)/::.:-·;.:.~:

·_:\~ r1tr~:.=~(t
pléatic;o

FIGURA 11 Obten~h do L C o ponlr de uma amostro


c:ompletam•nte ••••

M MS
w
LC Mw (V - - ) Yw
Ys
v 1
-),
MS Ys

E Óbvio que para tal determinação é necessário conhecer a mas


sa específica dos sólidos do solo. A determinação padronizada des
se limite em laboratório é feita, partindo-se de uma pasta de so
lo (cujo teor de umidade (w) corresponde, geralmente, a 10 gol~
pes no aparelho de Casagrande) que é colocada num recipiente do
qual se conhece o volume (V). •
Em seguida, o solo é deixado secar lentamente_, ã sombra, e de
pois é levado ã estufa até constância do peso (M 5 ) . Determina-se
o volume do solo seco (V 1 ), utilizando o recipiente esquematiza-
do ná Figura 19, em que se obtém o peso de mercúrio deslocado
(MH ) :
g
MH
___g_
13,6

FIGURA 19 .. Determinação do volume do C.P.


27

O limite de contração é obtido por meio da seguinte expresa~

v - vo
LC w -

Como é possível observar, o LC assim determinado depende do


teor de umidade inicial (w) do ensaio.
4.4 - !ndices de Consistência
A partir dos limites de consistência, são calculados virios
índices, dentre os quais sobressaem os Índices de plasticidade
(IP) e de consistência (IC) por causa de sua maior utilização,na
prática.
O índice de plasticidade é definido como a diferença entre o
.limite de liquidez e o de plasticidade, ou seja:
IP ~ LL - LP
Tal índice tenta medir a maior ou menor plasticidade do so-
lo, e fisicamente representaria a quantidade de igua que seriane
cessirio acrescentar a um solo. para que ele passasse _do estado
plástico ao lÍquido.
O índice de consistência procura colocar a consistência de
um solo em função do teor de umidade (w) e é definido como:

LL - w
IC
LL - LP
Esse Índice busca situar o teor de umidade do solo no inter-
valo de interesse para a utilização na pritica, ou seja, entre o
limite de liquidez e o de plasticjdade. Entretanto, tem-se nota-
do que tal índice não acompanha.com fidelidade, as variações de
consistência de um solo, fazendo com que esteja gradativamente cain
do em desuso.

CAPITULO IV

ESTRUTURA DOS SOLOS

1 - Introdução
Define-se a estrutura do solo como a forma pela qual estão di~
postas as suas partículas, formando um agregado. Na verdade a e~
trutura constituiria a propriedade que proporciona a integridade
do solo, o que torna o conceito mais amplo e abrangente. Dentre
os principais componentes da estrutura do solo, destacar-se-iam
então: a mineralogia, o tamanho e arranjo físico. bem como as pro
porções relativas das partículas: tamanho dos poros e distribui~
ção das fases fluidas nesses poros: a química das três fases cons
tituintes do solo, com ênfase nas forças existentes entre as par
tículas. - -

2 - Estrutura dos Solos Grossos


No caso das areias, supondo-as formadas de ,grãos esféricos e
uniformes, compreende-se facilmente que a disposição dos grãos só
28

poderá variar entre uma estrutura fofa e uma estrutura compacta,


conforme se vê na Figura 20.

c) fofa b) compacta

FIGURA 20 : Estruturas dos solos grossos

Essas estruturas são chamadas do tipo intergranular e a for


ça que atua (preval~ce) quando do processo da sedimentação, e a
de gravidade (peso próprio dos grãos).
O comportamento mecãnico desses solos grossos fica determina
da fundamentalmente pela condição de compacidade com que ele se
encontra. Para medir essa condição foi introduzido o conceito de
compacidade relativa (Dr) e definida por:

e ma::cc
- - e nat
D X 100%
r
emâx - emin

Nessa expressão:

e max
- Indice de vazios correspondente ao estado mais fofo possível.
e . Índice de vazios correspondente ao estado mais compacto
mln
possível.
Índice de vazios natural.

A compacidade relativa pode ser obtida em laboratõrio,se bem


que exista uma série de divergências acerca da forma de executar
o ensaio. Um dos mais utilizados métodos atualmente, é o D 2049-
69 da ASTM (ASTM Test for the Relative Density of Cohesionless
Soils- ref. 01).

3 - Estrutura dos Solos Finos

Em se tratando dos solos finos, a situação torna-se muito mais


complex~, uma vez que agora passa a interferir uma série de fato
res, tals como as forças de superfície entre as partículas e ã
concentração de íons, no líquido em que se deu a sedimentação.
As concepções clássicas acerca da estrutura dos solos ,finos
deve-se a Terzaghi que sugeriu a estrutura alveolar e a floculen
ta.
Na estrutura alveolar, característica de solos com partícu-
las da ordem de 0,02 mm, a força da ~ravidade e as forças de su-
perfície quase se equivalem. As parf1culas sedimentando em água
ou em ar podem aderir-se tendendo a formar uma estrutura semelhan
.te a um favo de abelhas, conforme se mostra na Figura 21.
No caso de partículas menores que 0,02 mm, estas não sedimen
tam isoladamente por causa do seu pequeno peso. Entretanto,estas
partículas ainda ~m suspensão podem vir a tocar-se e unir-se,for
mando grumos de peso maior que podem vir a sedimentar. Completa~
da a sedimentação, os diversos grumos formam a chamada estrutura
floculenta, semelhante à alveolar, mas agora os alvéolos são com
postos por esses grumos, conforme se mostra na Figura 22.
29

FIGURA 21 Estrutura olveorar

FIGURA 22 Estrutura fio cu lento

Como em a natureza o processo de sedimentação envolve partí-


culas dos mais diversos tamanhos, as estruturas anteriormente des
critas raramente ocorrem isoladamente. -
A estrutura composta é formada por grãos grossos e por ·con-
juntos de partículas finas que proporcionam uma ligação entre as
diversas partículas. A estrutura mostrada na Figura 23,ocorre fr~
qlientemente, quando a sedimentação se dá em ambiente marinho ou la
custre, com acentuada concentração de sais.
Interpretações mais recentes sugerem novas idéias sobre o me
canismo de formação da estrutura floculada. ~
Imaginando partículas de solo fino sed1mentado em meio aquo-
so, tem-se que essas partículas carregadas negativamente podem es
tar envolvidas por cátions, os quais estarão livres (os mais dis
tantes) ou adsorvidos. Isso gera potenciais de atração e de re~
pulsão que tendem a variar com a distância, com a concentração de
íons e com a temperatura. Dessa forma, em função desses potenciais
de atração e repulsão, podem originar-se situações distintas, co-
mo a que ocorre no estado disperso, em que as forças de repulsão
fazem com que as partículas se sedimentem separadamente, e ado-
tem uma disposição paralela.
Quando os potenciais de atração prevalecem, as partículas ten
dem a aglutinar-se formando o estado floculado. Tal pode se dar
quando ocorre a sedimentação em á~ua salgada, pois a concentraçâl
de íons tende a aglutinar as part1culas, formando os flÓculos ,
que agora sedimentam. sob a ação da gravidade, e originam a es-
trutura floculada.
30

. A.MPLJF'ICADA 104- VEZES

~~>iifP PA .. TfCULAS O!IE AR-


GILAS

lf':f: _APAR:TfCUL.AS
DE BAIXO GRAU
COt...OIDAi&
DE

I
""'~CON&OLIDAÇÃO

0 _?PAR.TfCULA.S COLOIOA!S
~~DE ALTO GRAU OI! CON
JH.SOI...iOACÃO DEV!OO A -
CONCENTRAÇÕES LOCAl&
OE PRESSÃO j

FIGURA 23 ' Estruturo composto (Cosogrcnde l

Entretanto,como foi salientado, podem ocorrer situações in-


termediárias, em virtude da concentração de Íons. A Figura 24
mostra três estruturas que ocorrem por causa da concentração de
Íons. No caso (a) tem-se uma estrutura floculada constituída em
ambiente salino de sedimentação (35 g/1 de NaCl); em (b), a es-
trutura floculada constituída em ambiente não salino e em (c) es
trutura dispersa.

o} floculaçio sol i na

noo solina

FIGURA 24 Estruturo de sedime.ntos


31

Como ~ ficil visualizar. nota-se que as estruturas dos s~los


finos, dada a forma e a disposição das partículas que as compoem,
são b·astante porosas, isto ~, possuem um _grande vol um~ :J.e _vazios .
o que confere a e~ses solos uma consideravel compress1b1l1dade.O
aumento de peso graças à disposição de novas camadas,faz co~ que
seja reduzido o volume de vazios, com a conseqUénte expulsao da
água contida nesses vazios. _ .
Compreende-se intuitivamente, que qualquer acresc1mo de car-
gas (por causa de uma construção, por exemplo) sobre um solo de~
se tipo, tenderi a provocar uma diminuição do volume de v~zios,
dada a expulsão da água, uma vez que para a faixa de pressoesno~
malmente utilizadas na prática, as partículas sólidas do solo são
praticamente incompressíveis. Tal fenômeno, de particular inte-
resse para a Engenharia, constitui o fenômeno de adensamento do
solo. que será tratado futuramente (CAPITULO IX).

4 - Amolgamento e Sensibilidade das Argilas

Entende-se por amoigamento a operação de amassado da argila


em todas as direções, sem que ocorra alteração do te.or de umida-
de. O amolgamento tende a destruir a estrutura origÍnal do solo,
isto ~. elimina as ligações existentes desde a sua f~rmação,eprQ
voca uma redução da resistência.
A mai~r ou menor perda de resistência de uma argila, que o-
corre pelo amolgamento, ~ medida pela sensibilidade dessa argi~a
que ~ definida, como a relação entre resistências à compressao
simples (CAPITULO XIII) do estado indeformado e do estado amol-
gado, isto é:
St - sensibilidade
R
c R amostra indeformada
c
R' c R~ - amostra amolgada

As argilas,quanto à sensibilidade, classificam-se em:

st 1 sem sensibilidade
2 < st < 4 pequena e média sensibilidade
st > 8 extra-sensíveis

Uma amostra amolgada comprime mais que a amostra indeforma-


da, embora o seu índice de compressão (CAPITULO IX) seja menor.
O que realmente ocorre é que o amolgamento elimina o pr~-adensa­
me~to_do solo e este passa agora a comprimir-se sob efeito deseu
propr1o peso. Outra alteração importante é com referência à per-
meabilidade, que se torna menor, quando o solo é amolgado.

5 - Tixotropia

A recuperação da resistência perdida pelo efeito do amolga-


m<o_nto_L_e_~eb~_o __ _Ilome
de tixotropia.Quando se revolve a argila,de-
des~qui l ibram-se as fo·r-Ças- interp-ári::Icufas ,pó-rem: permanecendo a
arg1~a em repouso, gradualmente. os potenciais de atração e re-
pulsao tendem a um estado de equilíbrio mais estável, de maneira
a recompor parte da resistência inicial.
~O_efeito da tixotropia é mais flagrante nas argilas montmori
lon1t1cas. Tal propriedade encontra grande utilização na prátic~
csm?, por exemplo, na estabilização dos furos de p~redes diafraR
mat1cas~_dos furos de sondagens e de poços de petroleo por meio
do emprego de -lamas oeiitoníüóis-~ -
32

CAPITULO V
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

1 - Introdução

Tem havido na Mecânica dos Solos um considerável esforço no


sentido de criar um sistema de classificação gue, de fato, perml
ta o agrupamento de solos dotados de caracter1sticas similares,
quer sqb o aspecto genético, quer de comportamento. A grande va-
riedade de sistemas de classificação existente procura,quase sem
pre, em bases mais ou menos arbitrárias, encontrar um princípio
qualificador universal que possibilite agrupar a grande varieda-
de de solos existentes em classes, com o objetivo de não só faci
litar os estudos de caracterização, senão também antever o com-
portamento diante das solicitações, a que s~rão submetidos.
Diferentemente das outras ciências, deve interessar à Mecãni
ca dos Solos um sistema de classificação que prefira o comporta=-
mento dos solos ã sua constituição, ã origem, ã formação etc.Não
se quer, com isso, criar um desinteresse por estes Últimos aspec
tos. Eles terão uma considerável importância, ã medida que inte:!:
ferirem d.e forma significativa no comportamento do solo.
Sob o aspecto mais prático pode-se dizer que é necessário ha
ver várias classificações, que possam atender mais especificame~
te aos vários campos da Geotecnia. Pode-se imaginar que um siste
ma de classificação que atenda aos inieresses da área de estra=-
das não pode atender com a mesma eficiência ã área de fundações.
Em resumo, devem-se utilizar os sistemas de classificação e-
xistentes, com certa reserva, tendo em conta para que fim o sis-
tema foi proposto e sobre que solos o processo foi elaborado.Ain
da sob este Último aspecto pode-se dizer que nós brasileiros de::-
vemos ter um cuidado maior, visto que os países criadores destes
sistemas de classificação possuem climas bem diferentes do nos-
so, e portanto solos com condições particulares.
Vale ainda lembrar as palavras de Nogami, quando se refere
aos-sistemas de classificação. Diz ele que nos países de origem,
geralmente do Hemisfério Norte com climas temperados, a fração areia
e silte é quase totalmente composta por quartzo, enquantonos so-
los tropicais podem ocorrer minerais como feldspatos, micas, li-
monitas, magnetita, ilmenita etc., álém de fragmentos ·de rochas
e concreções lateríticas e que, por vezes, o mineral quartzo po-
de mesmo estar ausente da fração areia de muitos destes solos.
De acordo com o que se espera dos sistemas de classificação,
eles devem obedecer aos seguintes quesitos.
a. ser simples, facilmente memorizável e permitir uma rápida
determinação do grupo a que o solo pertence; permitindo a
classificação por meio de processos simples de análise vl
sual-táctil.
b. ser flexível, para tornar-se geral ou particular, quando
o caso exigir.
c. ser capaz de permitir uma expansao a "posteriori", permi-
tindo subdivisões.
Dentre os vários sistema~ de classificação existentes vale ci
tar:
-classificação-por tipos de solos
-classificação genética geral;
- classificação granulométrica;
-classificação unificada (U.S. Corps of Engineers);
classificação H.B.R. (Highway Research Board).
- Classificacio por Tipo de Solo

2 um sistema de classificação dcscrlc>VO em que o reconheci-


mento a que determinado grupo pertence é baseado em análise vi-
sual-táctil (Capftulo II).

3 - Classificação Genética Geral


E um sistema de classificação também de natureza descritiva.
sendo necessário para a sua utilização um conhecimento da gêne~e
dos solos, ou de uma forma que seja mais simples, fazer uma ana-
lise de sua macrocstrutura da cor e da posição de coleta da amos
tra no perfil do subsolo.
Foi ~roposta com a finalidade de ser usada em problemas de es
tradas: divide os solos em tr~s categorias. isto é:
a. Solo Superficial
Solo que consti~ui o horizonte superficial,normalmente con-
tendo matéria orgânica. Nesse horizonte concentra-se o cam:_
po de estudo da pedologia. Possui estrutura, cor e constl
tuição mineralógica diferentes das camadas inferiores. A
espessura varia de alguns decimetros a alguns_metros.
b. Solo de Alteração
Solo proveniente da decomposição das rochas graças aos pr~
cessas de intemperismo. Em condições normais,acha-se sub-
jacente ao solo superficial. 2 um solo residual e pode,fre
qUentemente, no Brasil, atingir até dezenas de metros.São
solos de granulometria crescente com a profundidade.
c. Solo Transportado
Solo originado do transporte e deposição de material. por
meio dos processos geolÓgicos de superfície. A granulome-
tria é mais ou menos uniforme. de acordo com o agente trans
portador. Em condições normais, pode constituir as cam_a=-
das aflorantes ou estar subjacente ao solo superficial. A
tinge,por vezes, espessuras de centenas de metros.

4 - Classificação Granulométrica

A composição granulométrica do solo, como foi visto no Capí-


tulo III, não só corresponde à sua aparência visual e sensível,
como determina, especialmente para os solos grossos, as caracte-
risticas de seu comportaménto.
A determinação da curva granulométrica de um solo é tarefa
simples e os métodos atuais conduzem a uma exatidão razoável. Ne
la os solos são designados pelo nome da fração preponde~ante.
Esta Última afirmação deve ser analisada com maior ~·igor,pois
sabe-se que as definições não deveriam ser baseadas simplesmente
nas frações preponderantes, porquanto nem sempre são elas que dl
tam o comportamento de um solo. Neste caso, preferindo-se agru-
par os solos quanto ao comportamento em detrimento das constitui
ções, a classificação deveria denominá-lo de acordo com a fração
mais ativa, no seu comportamento.
Embora hoje recomendada mais para os solos grossos, a classi
ficação granulométrica tornou-se universalmente empregada. Nao
existe entretanto uma concordância entre os geotécnicos quanto ao
intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações que
compõem os solos. A Figuara 25 dá uma idéia deste fato.
Alem das escalas granulométricas, foram grandemente utiliza-
dos no passado os diagramas triangulares (triângulo de FERET),Fi
gura 26, em que o solo _era dividido em três classes,isto é, areia~
34

U.S PUBL..tC ROAD - '193.3

.···
0.005 0,05

SOCIETY OF &OlL SCIENCE - '19'!S


·.·. ·. .....]
0,002 0,02

0,002 0.06 2

0.005 0.05

~AR'SfL..A ~-SILTE 1=:::.·.~.·:] AREIA c=J PEORESUL.HO

FIGURA 25 Escolas gronulométricas

100 o
o ~ " ~ " ~ ~ ~ ~ ~
sitte . % em peso
FIGURA 26 Diagramo triangular

sil te e argila. A soma das porcentagens destas três frações é 100%,


e conduzem a um ponto no interior do triângulo.Este ponto cai em
areas, nas quais o triângulo é dividido, e que fornece a classi-
ficação do solo.

5 - Classificação do U.S. Corps of Engineers (Unificada)

Esta classificação apresentada por Arthur Casagrande, em 1942,


visava classificar os solos com o propósito de utilizá-los na cons
trução de aeroportos, razão pela qual é conhecida também como elas
sificação para aeroporto. Foi depois adotada pelo U.S. Corps oi
Engineers que lhe deu o nome e a divulgou.
Além da granulometria, os limites de consistência são utili-
zados como elementos qualificadores.
Cada solo é representado por duas letras: um prefixo e um su
fixo. O prefixo é uma das subdivisões ligada ao tipo; o sufixo:
às características·granulométricas e à plasticidade.
Os materiais terrosos são divididos em duas grandes classes:
material grosso (solos tendo mais de 50% retidos na FI ZOO) e ma
35

terial fino (solos tendo mais de 50% passando na f1 200).


A classe dos materiais grosseiros foi dividida em dois gru-
pos: pedregulhos e areias, representados pelos prefixos ~ (gra-
vel) e S (sand) - iniciais de suas classificações em Ingles,res-
pectivamente.
Cada um destes dois grupos foi dividido em quatro subgrupos,
representados pelos seguintes sufixos:
W (well) material limpo, bem graduado
P (poor) material limpo, mal graduado
C (clay) material bem graduado com bom aglutinante argila-
50
F (fine) material com excesso de finos
Os materiais W possuem diferentes coeficientes de não unifor
midade,com valores até acima de 20 e os materiais R.geralmente
inferiores a S.
Podem-se obter por meio da combinação destas letras os segu~
tes subgrupos: GW; GP; GC; GF; SW; SP; SC; SF.
A classe dos materiais finos foi dividida em três grupos:sil
te e areia muito fina, argila inorgânica e silte e argilas orgâ~
nicas, representados pelo nrefixo M (Mo); C (Clay) e O (Organic) ,
respectivamente. Cada um destes grupos são subdiv1didos em dois
?ubgrupos representados pelos sufixos:
H (High) - solos com alta compressibilidade, apresentando LL
acima de 50.
L (Low) - solos com baixa compressibilidade,apresentando LL
abaixo de 50.
_ Podem-se obter com a combinação destas letras os seguintes
subgrupos: ML; MH; CL; CH; OL; e OH. -
Alem dos subgrupos.já citados existe um outro tipo de solo
que não se enquadra em nenhum deles, e são os solos turfosos,cons
tituídos pelo elevado teor de matéria orgânica, tendo alta com~
pressibilidade. Este subgrupo foi designado pela sua abreviatura
em Inglês Pt (peat).
Para uma visualização mais fácil da classificação dos solos
finos, pode-se lançar mão da carta de plasticidade. Nela, apre-
senta-se uma variação do limite de liquidez, em abscissas, e, em
função do índice de plasticidade, em ordenadas. A carta é dividi
da em regiões limitadas por duas linhas. A primeira, linha A com
a equação IP: 0,73 (LL-20) separa os solos orgânicos dos inorgâ
nicos. A segunda, linha B, paralela ao eixo das ordenadas, tem
equação LL = 50. À sua direita situam-se os solos de alta compres
sibilidade; à sua esquerda, qs de baixa compressibilidade. -
Quando um material cai em uma zona fronteiriça. entre duas
regiões, pode-se classificá-lo com letras dobradas (como CL - ML
por exemplo), uma vez que ele não possui características especí-
ficas de determinada região. Os Quadros IV, V e VI resumem a elas
sificação do U.S. Public Roads (Unificada) e a Figura 27 mostra
a carta de plasticidade.

6 - Classificação HBR

A classificação HBR provém de uma adaptação da classificação


do U.S. Public Roads. Ela fundamenta-se na granulometria, limite
de liquidez e Índice de plasticidade dos solos. Tal como a clas-
sificação do Public Roads, ela foi proposta com o objetivo de ser
usada na área de estradas. Algumas modificações foram introduzi-
das na classificação original. entre as quais a criação do chama
do Índice de grupo, número inteiro com intervalo de variação en~
tre O e 20.
36
QUADRO V - Classificação llnlficndn

WíJH I F H'AÇM DE ü\\'J\)


DI\'IN'if'i !{PARA mRrfctnA<; ,\!E:J\onEs ro QUf. S1JI\í;JtlJI'\l
si\1-1 HJI-<JI<..\I\(,0L<; .'\fr!S."i•\H.I·\<; ;\, 1\UIÍ.R\11'> 1•1 Ir•l·'.'lll-11~-\CJ\0 !)\ L\1~-l!t\lr'I!Un
rnH;(Jp,\JS 7t>:;n, SEPARAÇ.'\0 DI FRAÇOI:s B,\- [IO!t' ro.\ l•lS\'Jtlr,\n U' Si'IJl
Sb\M 11-1 PE.''iOS f.Sr!M\IDS)

reJregulhos; r:tlstun arei.J-


Salos faciJr,ente ide,ltificâvt•is p<'drcgulho, hcn grmluad;ts, (.'~ ,\mq:o.tr,ts tndt'Í!onca•\:1~. tn- Cu > -t
2 a olho nu, Para se e'>t.thde,·er pouco ou nehum ftnn. fonn.lçàc:> :-;ohtú cstr.tt ifh:-t
l)cttJrninar pt•ru.·nt,t- 1--rr<.:i

~
u t ~po de Rradu:1<~<io,, Jer'. mda ex çtws. gtmt JC' (I 'I •Jl ll'l ;tç.w-;-
gtr.l de JH!,IH'i!lllho t
~~~~:nJ!~~~ ~~{~~~~rK ~~d~~a ~~to ~}~~'\l~ ::~· :1:. ~t~~::~:~~-~·,·~ract c•-
1 1
i'edr<'gulhns. mstm,l ,lrt•t .1- HTClil, 111 CtUI';l gr<~­

nc:1: <kpcn- ';~n sim


rlll\0.~~~~
c~ pou~o o\1Jil'nlu151 fino~ re- JX'dregtllhn, r;~._tl ~r,11illndo1~: (:f• ScF:L' 1 Ípl..:,,, H.'Iú'!II.J•t·n~ Jt· denJo tLt qu:mt idmlL (lt>'i (}~
,,,,
R ~ ~~ ~~~;e~c:~d~~ns~}~,'l;t~~n;~r;N~~ 0 ·: pow.:n ou nd1t1'1\ flll1l. a ri' la<' ~tl~ l'~'<-hl'f!Hih~; ,Jiii- Jt• fino~ (·~<0,11"\m lllih>r'"",L'll \ll""lljl<' n,•-

l: ~~ rretro lll:l\lr.YJ~ •lll):ul.trt<lade. #- WO) n" snln:-. gr,tf-:-::-,----,-y-=::-c=::i


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ra pcJregulho-.ueL'J-silte,
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reza· nurr,,,; Iuca\ co gcolÕgi-
hular~·.~. po...xl._··
rlnsqfp.:ado5 tr;l:
"-t'r Jl'<l;ou pnnt1 i'ol!~o .Kil'o'l
,~h,lixo Jinh,1 1 J.t ltnha •\,

] J!:t sao prc cmlJnrtn es, Pedregulhos argil~~os;mi.;~~ C(' ~Yn~~~~~~:-~fn~~;~~,r~.~~~·:~ I'~;~= <St • c-:v.·,ta· .~h· .~1'
~-;-;:c-,...-::--:--Jt:••Jil'-1!'<-
11'~7;t'li,POI\!O concllç6t·s i i
::1 c; ra pcJregulho-arct.t·arglJ.I, 1 êntest:'~. rtClrLI lmhr~ ,\ lu<~ite"; sÍI7'
>1?\ • t-:-1, CC,'->'I,SC bolo duplo,-
.,.Hn kf!' l'art{culas corn O,U74< <4,7bm Areias, ou nrcir~ peJrcgulh!! Ex:.\rcla#':!ltu-pedrq:ulho-

;
ru " t•
~ prcdcr·\i~nntcs, i~entif.~~ ~~n~~~ ~r;:~~Jada; ~'W ;~wS::~!!~u~;~~ ~~;ttt·~.~:~~~~
9 entreS c Jn:c.t-;;os
siio. e pnuw ou I inltes que rClt'lt"-- I < l'c ' J
2
,.,'3. 5:~!r!, 0 qu~ndonu;olr;d~~~~~1~ tiTlolx ~ ISm~ p.trdntlns rcn sínholo duplo.
~~ os dedos. Resistência seca des- . . areia grossa a fina, puli- NJo são Sdtisfeitos, to-
3..__, predvcl, indicn não QXistênci t\re_tns,ou nrcHI pcdn..·!~Jlhn- das c angulares em i'>\ Je
dos os requisitos de gr:1
de finos, enquanto res1stênct. sa r.al graduada: pouco ou SP finos l.úlo pVisticos,corn ~~
~~ nulor..ctria, Út) gni!JO ~iC

~
seca r,êdla n alta,imHca presct nenhll1 fino, ca resistência seca. cor.paC
ça de solo fino, ta e (1;;1iJn "l11 sitt1" areiã

L2-:1
::i
I Ponfc~- e

""~
lRe5is- ~bbili-
têod<> d<>de
l)urc-
w
1\reicts siltosns; nisturn
areia- siltv
Areias argilos[ls; nt.;tup
areia - argila
S.\
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al11\'ionrtl l,<;,\1).

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Jo- Gr.\!ltl l{":~ ~i~ ênc·la, L-------~
tru>1 pou- " ,\oc<' ;o· "'tufa,
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"••.. ':·.....m:::~; ... ·" 1"' ~·.


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nhnr.a co Si!t" orgmdc;;; i·•· hnl-
trução. Pouo:rtdcl l.entu Pouca
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slltosas de ba.' ;l\lor; local e Of\SLRVM;OES: f .- vi-

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~ii~t~nc~- ~}Woa ·"~·nhu-
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t\rgilus lnorgillitC3s de 111-

~ """:O~· ~;,',!,-",;,,;; ~ 0 "t ~,·r"'


Altn ta plast.; aq;ilas tJorJas.
pro;sibi. a tn ffiil h . SI !te "'slloso tenda. hiA ""''"'"'.'
~~~tde- ~k~~\u ~~Pn~tm p,,~ca Argil1t!l or~,1nicns dl' rr{-d\.1 na
1 "fi,..
!ll'rcent~~em ~r~1~tic~i~. ~ê:klu:estndn
Clil \,;;'"''" plá,.>eo; itcs de con>is-
lutu-
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a alta plastlddade;slltcs
orgãnicos, "'""'""" .ur;,;' 0
;1.,.. , ,.. 1 , m<odo em os- olh<> ""' " .. ctcd'
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low (ffl,l. tlcc>S de doi'':,';',' ,.;;relo'

!~1~ adoo"~"'" 1 "· ~"'~j~~-;,::;'[~~ "'~""''"


Solos attln!ntt' 0 de lnidHde;en- 5 fr-,holo Jt.rplo;l dl' ·dre-
orgânicos mente organico5,
f<>rfo c"'!""' , ,, alta- I'> do lig><nto "'"'"""·

u., " \!E CIA'>S!P1CJ\ÇN1


SISIDI.\ '"IPIC\tü (l:l smn ,,
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!..jUADRO VI - Classificação Unificada
(.N

IJI\'ISOI.S
l'RINCIPAIS I SIJBGRlll'O
SfH--
1\0]0
lf{.\]1,\[Jt.\lllll-
tl\l•l· rtHl m-
I'! Jl\\J:,\HII.J/1.\~
IIHI.\1 PF nl.\· llL QIIA\ll1 Cf"t.l
ll~li~J,n · PACTAID -
ru -;r<>rf'\rti\
lrtU'r\\"1.11•,\!
S·\IIIU\[1,\
1"\f·!J'RI"SSIHII.!
ll,\ll!· \"lNI',\I"L\
flt\ I" SAIHR.\JI\
'"·"''' · r..m
\, 1 .O'tlldor
" ~vrn..Jl)
1.\/çFl:\
I \'t\l_.OR. O:HJ
Fl.ND\Çr\0
I cAJw·rrl<fSJJ
~\') Ôr .IIHi~A
.t
(;!-}I
' ':...
co

Pedregulhos~mistura areia
pcdregulhü lx:m graduada; I Xll'l~·ntl' l'~n;:,_•,il'~·l 1~\n•lcntt· [~spt1.'~Ívcl
[1,_· 2,llll :t I \.lo.1 a exce~
pouco ou nenhun fino '" 2 '~(l
lente I l:.xcl'lcntc

r--
w~ I
Pedregulhos; nistura arei«
pedregulho rul gruduada;
pouco ou nenhtti"l f i no 1
GJ'
I Bo;l atlto
()cspretÍvel
J Bo.1 11\osprclÍvel IJ)c l,lll)
2,00
,I
I I Excell•nte

~~ I
~~ I
Pedref,Uihos si l to~ os; mis-- Semipenr.eii- ~~~ l,9Z a
turn pedregulhos - areia- ar vela if711L'r r.'oesprez.ível ~.w
I f Reg:~Ul a
sllte "'" ne:iv"l - "'"

i I
Pedregulhos argilosos ;mis-

I tura pedregulhos ~ areia-


argila
GC Boa lrrvorr...eável
Regular a
Jlon I ~t.Ji
Pequen,l
to I(}.: l,tH
2,10
a
I I Mil

§
&l I Areias, ou ar<Jias pedregu~
lhos as bem graduadas; pou~
co ou nenhUi! finn 1
SW
I Excelente ll'cm..<ível I Excelente I Desprezível I De l ,76
l,JU
a
I I E>;cclcntc

~~
Areias, ou areias pedregu- \~1i to Llt~ I ,bU a Hi a boa de
lhos as mal graduadas: pou~ sr Regular P('rv:cilvel f\o.1
i'<'(jlll'tlfl I' y~
pende dü pt•sÕ I E:.;ce lente
co ou nenhum fino t·<>pedfico

~~ Areias siltosas; misturas


areias - si!tes &'I Regular St'í""lipe~r.eável
a lr;;pe117..ciiVel
il<>n Pequena De 1,76
2,0\J
a ~egu~ar'
na
a

Areias argilosas; misturas Regular,, 0e I ,óR ,,


areias - argilas
se Jlou Impenr~Ciível
11<>, Pequena
2,00 ~1.1 n Boa ~~.-1

Slltes inorgânicos, pó do ~1Jito ná;sus-

3
pedra,arcias finas siltosas
ou argllosas;siltes argila-
sos de baixa plasticidade
HL Rcgui'lT
s..,mipt.•nr!('iÍ\'el
11 irr,perrncâvt•l
Rt·~ular ~X:diH
He l,SZ
1.92
a
~~:~~~~f~~iiodl' I Reg~~"r a

~~
W-'
Argilas inorgânicas haixa-
média plast icltladc ;argilas Regulor a De l,S2 a
arenosas;siltes argllosos; n Jlo,, ~I"'{JCn:x'~V(' I ncgular ~~dia
1,9.? I ~ti a Uoa I H.'i

~
I ~r~:;:
argilas m..1gr<~s
Si ltt.'S oq;5nh:os ;urgi l:ls si 1
tosas or;.de haixa plastic.- OI. Regular
Semipemt.•ável
a impenr.t.•âvel llilixa ~~dia
De I ,23
1,60
a
I I·!.Í. I Hií

§
~
I~ tE~·
Siltes lnor~ànicos,~olos ni-
cáet'tlS ou diato:;1.lceos de ai-
ta co.qJres;,ibilidade
Hl ~li Semip~·rn·:Íwl
a irc.pl'I1T,<'.ÍVl'l
lbixu a
Rl'gular
,\[t.J De I ,ll
1,52
a
ai Regu~at
ru
a

"íS: Argilas inorgânicas de alta IW l,ZO a Regular a


wj JlasticidaJe·ar i las •urdas
111 ~li lfTlll'fTr"'-'.Í\'el llai.\.1 ,\!ta
1,6H ~i '~

~ê Argilas orgânicas de ~dia u


alta plast icid<tde ;si ltes o r-
gànicos
li! .l~i lnp~·Tllrt'.Í\·e l ll.ux.t ,\Jt.l
De 1,10
\,00
.t ~lli to m.i .~t'Í

SOI..OS Turfa e outros solos altM"<:n


te orgânicos - Pt ~~7~~~!~~~~~o:~~i~~~rr,~~~~-s~l~~!.~~ 1 ~u~~;~ b~:;~~ados Ctl'lo aterro; devem ser removidos das ftUldações; rc-
ORG.3..~1COS

GRÃFIOJ DE INFOR'·!l\çOES SOilH.E PI\OPRlm-\JJL'l !XI<; ')ll!DS


39

..
o
<
~50
o
.
;::
~ -'0
..
.
o ••
.
o
õ 10
z

60
LIMITE
70
DE
••
LI~UIOEZ

FIGURA: 27 Corto de plasticidade

O índice de grupo estabelece a ordenação dos solos dentro de


um grupo. conforme suas aptid6es. sendo pior~ solo que apresen-
tar maior índice cie grupo, como, por exemplo, o solo A4(7) e me-
lhor do que o solo A4(9).
Pode-se determinar o IG por meio da fórmula abaixo ou com o
uso dos grificos da Figura 2g.

•1. QVE PA~SA NA 2'00

re

•f• QUE PA~.SA NA 20~

FIGURA 28 Determinação do Índice de grupo


40

!G = 0,2 a+ 0,005 a.c + 0,01 b.d


a = porcentagem do solo que passa na malha 200 (ASTM) menos
35. Se a porcentagem for menor do que 35, adota-se 35 e
se for maior do que 75, adota-se 75. Desta forma, estabe
lece-se um número inteiro cujo intervalo de variação é de
O a 40.
a = (% ~ < # 200) - 35

b porcentagem do solo que passa na malha 20,0 (ASTM) menos de


15. Se a porcentagem for menor do que 1~ adota-se 15, e
se for maior do que 55,adota-se 55. Desta forma, cria-se
um número inteiro com intervalo de variação entre O e 40.
b = (% ~ < # 200} - 15

c = valor do limite de liquidez do mateyial menos 40. Se o


valor de LL for maior do que 60, adota-se 60 e se for me
nor do que 40, adota-se 40. Assim, cria-se um número in~
teiro, variando de O a 20.
c = LL - 40

d valor do índice de plasticidade do material menos 10. Se


este valor for menor do que 10, adota-se 10 e se formai
or do que 30, adota-se 30. Estabelece-se, deste modo, um
número inteiro com intervalo de variação entre O e 20.
d = IP - 10
Os solos são classificados em 7 grupos, de acordo com a gra-
nulometria (# 10, 50, 100, 200} e de conformidade com os inter-
valos de variação dos limites de con~istência e índice de grupo.
O Quadro VII fornece um resumo das características de cada
grupo .A classificação é feita da esquerda para a direi ta do quadro.
Nele pode-se notar:
a. Os solos grossos foram divididos em três grupos, Al; A2 e
A3.

Grupo Al: Pedregulho e areia grossa bem graduados,com pau


ca ou nenhuma plasticidade. -
Grupo A2: Pedregulho e areia grossa bem graduados, com ma
terial cimentante de natureza friável ou plásti
ca.
Grupo A3: Areias finas nao plásticas.
b. Os solos finos foram divididos em quatro grupos, A4,A5,A6
e A?.
Grupo A4: Solos siltosos com pequena quantidade de mate-
rial grosso e de argila.
Grupo AS: Solos siltosos com pequena quantidade de mate-
rial grosso e de argila, rico em mica e diatomi
ta.
Grupo A6: Argilas siltosas medianamente plásticas com po~
co ou nenhum material grosso.
Grupo A?: Argil~s plásticas com presença de matéria orga-
nica.·
QUADRO VII - Sistema de classificação do Highway Research Board (H.R.B.)

SOLOS GRANULARES Solos siltosos e argilosos


Classificação Geral (35% ou menos da fração passando na malha (~la is de 35% da fração na malha
200) 200)

Classificação por A - 1 A- 3 A - 2 A - •l A- 5 A- 6 A- 7
j - - - - - - r----~--r--- - - ------
Grupos e Subgrupos A-l-a A-1-b A-2-4 A-2-5 A-2-6 J\-2-7
--
Análise Granulométrica ..
\ passando na malha lO <<50 - - - - - - - - - -
% passando na malha 40 <30 <50 >50 - - - - - - - -
~ passando na malha 100 <15 <25 <10 <35 <35 <35 <35 >35 >35 >35 >35
--
Caracterfsticas referen-
tes aos limites de con
-
sistência
Limite de liquidez - I - <40 >40 <40 >40 <40 > 40 <40 >40
fndice de plasticidade <6 NP <lO <10 >lO >lO <10 < 10 >lO >lO

fndice de Grupo o o o <4 (<R < 12 <16 <20


Pedregulho Areia Pedregulho e areias Solos Solos
Tipo do Material e areia fina si! tosas ou argilosas sil tosos argilosos

Comportamento como c a
ma da do pavimento Excelente a Bom Regular a ~1au
CAPITULO \'I

O PRINCIPIO DAS TENSOES EFETI\'AS

- Definições

O comportamento de um solo quando submetido a carregamentos.


pode ser mais bem visualizado, quando se imagina o solo composto
das tr~s fases fisicas (s6lida: liquida e/ou gasosa ocupando os
poros). De imediato. decorre que as tensões de cisalhamento indu
zidas pela necessidade deveria ser suportadas pelo esqueleto s6=
lido. uma vez que a água (ar) nio oferece resistência ao cisalha
menta. _
Por outro lado. as tensões normais. que st? dcsenvoh-cn- em qual-
quer plano. seria suportadas. parte pelo esqueleto s6lido e par-
te pela fase fluida. Particularmente, no caso dos solos satura -
dos, teríamos ·uma parcela da tensão normal atuando nos cont actos
interparticuJ as e a outra parcela atuando como pressão na :Íg11:1 si
tuada nos vazios. -
A pressão que atua na água intersticial ~ chamada de pressão
neutra (u) e a sua origem pode-se dar pelas mais variadas ra:õcs.
algumas delas bastante complexas, como, por exemplo, pelo cisa-
lhámento ou adensamento do solo. A situacio mais simples ê a que
ocorre pela submersão do solo (Figura 29).

~~-~-_=-=-
__ - ~-
\ ,hw
água - Yw

--·-- ---·-- -·---· ---·-


a -.
___._
· ·, · sÓio -· -Ysat
~. .. .

FIGURA 29 Perfil de solo subme.rso

Neste caso. como os poros se interligam, a água intersticial


está em contato com a água situada sobre o solo e, portanto. a
pressio neutra em qualquer ponto do plano a-a será igual à pres-
são hidrostática.
u = yw hw = yw (h 1 + h 2) a_
L/
.e:/;:./ é//}

A pressio que atua nos contactos


. / -
1nterpart1culas e
denomina-
.

da tensão efetiva Ccr •) e -é a que responde por to<:las as caracterís-


ticas' de d_efQJ:Jil~ e resi~tensia do arcabouço solido do solo.
A seguinte relação const1tui um princípio da Mecânic~ dos So
los e vale para qualquer solo saturado, independente da area de
contacto entre as partículas:
a'= cr - u
Portanto .a tensão efetiva· (cr') corresponde ã diferenca s~.c.re
a tensao total (cr) e a pressão neutra (u).
Vale ressaltar ainda que as considerações, aqui fei~~ 'e a
plicam somente ao caso em que não haja movimento de água n~ ~n-
43

lo ,e que a pressão neutra, sendo hidrostática, num ponto qualquer,


tenha a mesma intensidade, em qualquer direção.

2 - Implicações
As principais conseqUências da distinção entre as,tensões t~
tais e as tensões efetivas estão diretamente ligadas a compres-
são e à resistência do solo. _
Seja o elemento de solo da Figura 30, comprimido por tensoes
iguais, em todas as faces.

tJ.o

FIGURA 30 • Ei~tmento de solo comprimido

A variação de volume a que o elemento de solo estará sujeito


não fica determinada pela tensão normal total (~} aplicada,como
poderia ser à primeira vista, mas sim pela tensão efetiva. Isso
pode ser exposto por meio da seguinte expressão:
/J.V
-c (llcr- llu}
v
/J. V /V - variação de volume
C - compressibilidade do esqueleto do sole
Como se pode notar, uma variação de volume pode ocorrer sem que
haja aumento de tensão total sobre o solo; basta que haja uma va
riação da pressão neutra. TaL conclusão permite explicar os re::-
calques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre solos de
baixa permeabilidade, e que ocorrem ao longo do tempo. A tensão
total aplicada pelo peso da estrutura é suportada primeiramente
pela água intersticial, e só à medida que esse acréscimo de pres
sões na água for dissipado (pela expulsão da água dos vazios,que
se dá lentamente) é que o arcabouço sólido passa a suportar as ten
sões. Assim, ocorre uma variação na pressão neutra, o que provo::-
ca uma variação de volume do solo e, conseqüentemente, o recal-
que da estrutura (Capítulo IX).
No tocante à resistência dos solos (Capítulo XIII) ,temos que
ela é diretamente influenciada pelo atrito que se desenvolve nos
contatos interpartículas. Tal atrito, é obviamente função das for
ças normais interpartículas, em vez de força normal ·total (que
atua também na água intersticial).
3 - Massa Específica Submersa
Seja o perfil de solo esquematizado na Figura 29.A tensão to
44

tal (a) no plano a-a se deveri ~ contribuiçio do peso de igua e


do peso de solo:
a = Yw hl + Ysat hz
A pressio neutra (u) no plano considerado corresponde à pre~
sao hidrostitica:
u = yw (hl + h2)

Dessa forma a tensio efetiva seri:

A massa específica submersa ou efetiva (y'), que corresponde


à diferença entre a massa específica satuLada do solo e a massa
específica da igua, permite calcular a tensio efetiva,em qualquer
plano de um solo submerso.
O valor de y' pode ser obtido, também, tendo em conta o Prin
cípio de Arquimedes. Veja a Figura 31 em que se fez o volume da
amostra igual a 1.

volumes massas

FIGURA 31 Elemento de solo

A massa de sólidos é (1 - n) y e a massa de igua deslocada


pelo volume de sólidos é (1 - n) ys. ·
w
Dessa forma, temos, pelo Princípio de Arquimedes:
y' (1 -n) Ys - (1 - n) - yw ou

y' (1 -n) (ys - Yw)

CAP fTULO VII


TENSOES ATUANTES NUM MACIÇO DE TERRA

l - Introdução
Os esforços no interiof de certa massa de solo sio pr~du:i­
dos, genericâmente, pelas cargas externas aplicadas ao se c e oe
lo peso do próprio solo. As consideraç6es acerca dos esi~ :os 1~
trodu::idos por um carregamento externo sio bastante co:.' . : .\:.!5 e
o seu tratamento, normalmente se di, a partir das hipót ~e~ for-
muladas pela teoria da elasticidade, conforme se veri no :~em 3.
45

2 - Esforcas Geostáticos

No caso das tensões ocasionadas pelo peso prÕprio do solo(te~


sões geostáticas), é fácil verificar que, se a superficie do te~
rena for horizontal, as tensões totais. a u~a profundidade qual-
quer, são obtidas considerando apenas o peso do solo sobrejacen-
te (Figura 32.a).
Sendo a superfície do terreno. horizontal. não existem tem-
sªes de cisalhamento nos planos hortzontais. e dessa forma a ten
são vertical total causada pelo solo é uma tensão principal.
FreqUentemente. a massa especifica varia com a profundidade.
Se o solo é estratificado e a mas~a específica de cada estrato é
diferente (Figura 32.b). podem-se calcular as tensões verticais
totais da seguinte forma:

O valor de y. a considerar será a massa específica natural ou


a saturada, dependendo das condições em que o solo se encontre.
Estante o solo submerso. podem-se calcular :1 tensão total (o).
a pressão neutra (u) e a tensão efetiva (o') conforme se móstroü
no it~m 3 do Capítulo VI.
Vale lembrar que a tensão efetiva (o') num plano qualquer.po
derá ser calculada diretamente. utili:ando as massas específicas
submersas dos solos sohrejacentes ao plano considerado.
E de fundamental importância notar que no elemento de solo
(da Figura 32.a). além da tensão vertica~ por causa do peso pró-
pri~ também ocorrem tensões horizontais. que são uma parcela da
tensão vertical atuante. ou seja:

na qual K é denominado coeficiente de empuxo.


Quando não ocorrem deformações na massa de ~olo. temos o coe
ficiente de repouso (K = K 0 ) . que pode ser determinado pela Teo-
ria da Elasticidade, admitindo o solo como homogêneo e isótropo.
Veja a Figura 32.a.

·r-
íy~~~~~ffi~'-~/X:~ I
I h, solo I - Y,
lz
_L_
~~---
.
~~ ·. •:lo-~fy t
, ' Oh
)( I

I
. , solo_ 2- Y. 0 , 2
z
Y~ · Y.~,,. Y,. .
Cfh ' ' •
-1- -- ~--r----r-~__:__..:;,/-,--• "'""c.,..---:...·- - r' ' - ; -

~o I O 3 - ~sat 3

j Y,·I Ysat/Y-. '


~

(a l ( bl

FIGURA 32 Dois- perfis de solo


46

Se não ocorrem deformações hori:ontais. então podemos escre-


ver por exemplo:

]..10 oh
v - ]..! o

X
E E E

u coeficiente de l'oi:<son
E módulo de elasticidade
oh K0 ov

ou
o
v
K
o
o
v
Ko ov
o,
E E
portanto,

]..!
K
o
l - ]..l

O conhecimento do coeficiente de empuxo é de fundamental im-


portãncia para a resolução de muitos problemas da Engenharia de
Solos (muros de arrimo, escavações etc.), pois permite determi-
nar as tensões horizontais em massa ~e solo e, por extensão.a re
sultante dessas tensões é denominada empuxo. O estudo dos empu~·
xos será efetuado em outro capítulo.
No caso de a superfície do terreno não ser horizontal, consi
derando o caso de um talude infinito, como se mostra na Figura
33.a, tem-se que o peso da coluna de solo (P) tem a mesma linha
de ação da resultante (R), uma vez que Fe e Fd são iguais.por e~
tarem à mesma profundidade, e têm a mesma linha de ação para que
haja equilíbrio estático. Disso resulta que R ~ P.
O valor de P, considerando largura unitária no plano normal
ao· papel, será:

p =y b h
Porém, como b = bo c os i' p ybo h c os i
Tem-se ainda que

N = p c os i e T =p sen i.
Tais forças agem numa seção igual a bo X l. portanto, (Figu-
r a 33 b): o

p
(J (J y h c os i
v v
bo
N 2 o

a (J
n
y h c os ~
n
bo

T
1 y h.sen i c os i.
bo
h

( bl

(a)
FIGURA 33 : Talude infinito

3 - Propagação de Tensões no Solo


Os carregamentos aplicados à superfície de um terreno indu-
zem tensões que se propagam no interior da massa de solo. A dis-
tribuição desses esforços é calculada, empregando as soluções OQ
tidas a partir da Teoria da Elasticidade.
Conquanto sejam muitas as críticas que se levantem às hipõte
ses formuladas na T.E., a sua aplicação aos casos práticos é bas
tante freqUente, dada a sua simplicidade, quando comparadas a ou
tros tipos de solução. -
Existem soluções para uma grande variedade de tipos de carr~
gamento, entretanto, consideraremos apenas os casos mais freqlien
tes, sem nos preocuparmos com o seu desenvolvimento matemático.-
3.1 - A Solução de Boussinesq
Os esforços induzidos por urna carga concentrada atuan-
do na superfície horizontal de um semi-espaço infinito,
homogêneo, isõtropo e elástico linear foram calculados
primeiramente por_Boussinesq, em 1885.
A Figura 34 representa a carga concentrada P, atuando
num ponto O, que é a origem de um sistema cartesiano or-
togonal. O ponto A, em que se deseja calcular as ten-
sões, tem coordenadas x, y e z, sendo ainda~ a distâ~
cia radial de A'G; R o vetor posição de A, e e o ângu-
lo entre R e z. - -
As tensões verticais. radiais e de cisalhamento serao:
5
-z-
~-
(J
z ,'
.. _ /
3 p

2 1T
cos 5e
z2
3 p
----
2 1T
z3
Rs
3 p

21T z2
[1•(;/]
-~
o
r
p
---
21T
I, r2 z

Rs
(1 - 2JJ) t- ') l
R. r 2
- '/'!
48

3 p r z-7 z
Trz ---- CQS 6
2 1r Rs
Vx 2
1
+ Y'" + z.2

){

p
p:

o y

e
'trz
oz
A (Jt,y,z)
o

z
FIGURA 34 Carga concentrada aplicada
à superfície do terreno

f fácil verificar pela fórmula de oz, que há uma dis-


tribuição de tensões simétricas em cada plano horizon-
tal, no interior da massa de solo. Em determinado pla-
no, a uma profundidade z, a tensão máxima ocorre na mes
ma vertical de aplicação P (6 QO) ;por outro lã
do, à medida em que nos distanciamos horizontalmentedo
ponto de aplicação de P (aumento de r) diminui a inten
sidade das tensões aplTcadas, até um-ponto em que a cãr
ga P, praticamente não exerce mais influência. Essa s í
tuaÇão é esquematizada na Figura 35. para alguns pla~
nos horizontais.

~
---~"' ~ ~- """" HmJ"
/ .." " ' Oz

d•
/ ....._ propagaçao lateral \
/ '- I
_L • • t l * 9 1 • • '-(~
/ "-
/
; i ; ; *
FIGURA 35 : Propagação de tensões no
interior do solo
49

Unindo-se os pontos da massa de solo solicitados por


igu;1l tensão, conforme \·em esquematizado na Figura 36,
terno:; a5 TSÜBARAS. O corpo 5Ôlído constituído de con-
junto de isóbaras forma " """ <:E' rharna de bulbo de ten
soes.

FIGURA 36 Bulbo de tensões

As tensões se propagam at~ grandes profundidades.entre


tanto. para fins práticos, costuma-se arbitrar que o so
lo é efetivamente solicitado at~ a profundidade delimí
tada. pela isóbara de 10~ da carga aplicada à superf_I
cie.

3.: - Extensão da Solução de Boussinesq

Al~m da carga concentrada. soluções para outros tipos


de carregamentos, muito freqUentes na prática,fbram es
tipuladas a partir da solução proposta por Boussinesq~
a. Carregamento Uniformemente Distribuído sobre uma Pla
ca Retangular -
Para o caso de- uma área retangular de lados a e b u
niformemente carregada (Figura 37). as tensões em-um
ponto situado a uma profundidade z. na mesma verti-
cal do vértice ~ são dadas pela seguinte fórmula.

[2m n (m2 2
1/2
p + n + 1)
+
4'TT m2 + n2 + m2 n2 + 1

2m n (m2 + n
2
+ are tg
m2 + n2 - m2
a
em que m e n
z z
50

o y

z m -º-
z
Oz n b
A T

FIGURA 37 • Placa retangular uniformemente


carregado

A mesma expressão pode ser escrita adimensionalmen


te, resultando:

2 7
l m + n- + '
+
p 47! m2 + n2 + l

2m n (m2 + n 2 + l}l/Z Jl
are tg - - : - - - - - - - - - - -
Nn2 + n2 - m2 . n2 + l

Chamando o segundo termo dessa expressão de 1 , a


0
tensão vertical (crz} será:
oz = P . lo
Os valores de I podem ser determinados em um gráfi
co, em função dg m e n. Esse gráfico é apresentado
na Figura 38 e dessa Iorma, para calcular Gz em um
ponto, sob um vértice de uma área uniformemente car
regada, basta determinar a e b e os valores de m e
n, e obter 10 do gráfico.-
E importante salientar que todas as deduções estão
referenciadas a um sistema de ordenadas, no qual o
vértice O coincide com a origem. Para calcular o a-
créscimo-de tensões em um ponto que não passe pela
vertical por O, deve-se adicionar e sutrair conveni
entemente áreas .carregadas ao problema em questão-:-
Uma situação desse tipo é esquematizada na Figura
39.
Sejá calcular a tensão vertical no ponto R produzi-
da pela placa carregada ABDE:
1 crR = 10 ACGR - 10 BCHR- 10DFGR +
10 EFHR
0.26

I
0.2• -·+-

0.22

Oz

0.20

z Oz =p.Io
0.1&

11 q
0.16

Ia
0.1•

0.,2

0.10

o. o& -- o.oa

0.06

0.0<

0.02

~
FIGURA 38 Fatores de influência. poro placa retangular
uniformemente carregado ( fonte ref. 2 l
G H

FIGURA 39 ' Esquema poro cálculo d1


az no ponto R~

A Figura 40 mostra o bulbo de tensões para uma pla-


ca quadrada uniformemente carregada.

b. Carregamento Uniforme Sobre uma Placa Retangular de


Comprimento Infinito (Sapata Corrida)
Em se tratando de uma placa retangular em que uma
das dimensões é muito maior que a outra (como,por e
xemplo, no caso das sapatas corridas, fundacão bas~­
tante comum em residências), os esforços introduzi-

FIGURA 40 Bulbo de tensão poro placa


quadrado (fonte ref. 5)
:0.)

dos na massa de solo podem ser calculados por meio


da ~6rmula desenvolvida por Carothers e Terzaghi.
Veja o esquema ~a Figura 41, em que a placa tem la!
gura 2 b, e esta carregada uniformemente com Q·
As tensoes num ponto A situado a uma profundiaade z
e distante x do centro da placa são dadas pelas se~
guintes expressoes:
p
crz (a. + sen a. c os 2 6)
'TT

p
()" (a. - sen a. c os 2 6)
X
'TT p
T
x: (sen a. sen 2 6)
'TT

l! ll
r- t
p X

FIGURA 41 Placa retangular de comprimento


infinito

O bulbo de pressões correspondentes a esse tipo de


carregamento é mostrado na Figura 42.

c. Carregamento Uniformemente Distribuído sobre uma Á-


rea Circular

Os esforços produzidos por uma placa uniformemente


carregada, na vertical que passa pelo centro da pla
ca. podem ser calculados por meio da integração da
equação de Boussinesq. para toda a área circular.
Tal ~ntegração foi realizada por Love, e na Figura
43 tem-se as características geométricas da área c~
regilda. · -
A tensão efetiva vertical produzida no ponto A, si-
tuado a uma profundidade ~ é dada por:

/']
t[ -
l :,, -
()"
::
p
1 + (E.)-
z
7
] )
FIGURA 42 Bulbo de tensão poro placa retangula,
de comprimento infinito {fonte ref. 5 l

z I

__,____t
FIGURA 43 Placa circular uniformemente
carregada

Essa expressão na prat1ca é simplificada com a in-


trodução de um fator de influência, o qual é tabela
do em função de r/z. Dessa forma, a expressão para
55

c51culo de CJ fica:

sendo I ()

No Quadro VIII t~m-se alguns valores de I 0 para dis


tintas relações r/z.
QUADRO VIII - FATORES DE INFLUENCIA PARA PLACA CIRCULAR

r/: o,ll1 0,25 0,50 O,"'S 1.00 J. so :.oo 2.50 3.00

I
()
O.OJ.:l o.os~ 0,234 0,4SS 0.640 O,S29 0.910 0.949 o.968

r/: ::.so 4.00 5.00 6,00 7.00 P.OO 9.00 10.00


I 0,979 0.91lb 0.992 0.995 0.99:- 0.9980 0,991l6 0,999
o

d. Carregamento Triangular de ComJ2rimento Infinito

A. solução para este tipo de carregamento encontra gran-


de aplicação na av_al i ação de tensões produzidas no
interior de.certa massa de solo por aterros, barra-
gens etc. Conquanto existam soluções para diversas
formas geométricas de carregamento (triângulos re-
tângulo, escaleno: trapézios etc.), apontaremos a so
lução para o caso de carregamento em foma de um triãi'i
gulo isósceles e em forma de um trapézio retângulo~
A solução para esses casos foi proposta Carothers.e
a disposição geométrica do carregamento triangular
é mostrada na Figura 44.

X 11"

F'"lGURA 44 • Comagomento em formo de triângulo isósceles


de comprimento infinito
56

p X
(J
z [ al + az + (al - az)]
1T b

p X 2 z
(J + (al - a2) - 9-n r\r 2 ]
X [al+a2
1[ b b r~
o
A Figura 45 apresenta a seometria do carregamento,
em forma de trapez1o retangulo de comprimento infi-
nito. O acréscimo de tensão provocado pelo carrega-
mento será:

p z
(J
z 1[

p z
(J
X
+ + --
?
Cx -
1[ a r-
2
r':-~

b
Q

(\

!!
' I
i

[z
.I
'<llt----"--- _j_

FIGURA 45 Carregamento em formo de trapézio retângulo


de comprimento infinito

3.3 - O Gráfico de Newmark

Baseado na equação de Love, que fornece o acrés-


cimo de tensões ocasionadas por uma placa circu-
lar circular uniformemente carregada,Newmark de-
senvolveu um método gráfico que permite obter os
esforços verticais produzidos por qualquer condi
ção de carregamento uniforme, atuando na superfi
cie do terreno. -
A aplicação desse gráfico é bastante útil e sim-
ples, sobretudo quando se têm várias placas, de
diferentes formas, as quais aplicam- ao terreno
diferentes carregamentos.
A equaçao de Love pode ser escrita da seguinte
forma:

l 3/2
opz. = l - [--1-+_1_,--j Io
2
cf)
Para construir o gráfico de Newmark atribuem-se
valores a 1 , e calcula-se o raio da placa nece!
0
sário para produzir o acréscimo de pressões à pr~
ftindidade ::.
Exemplificando: Ao fazer I
0
= 0.1. resulta que
r/z 0,27, ou seja, tendo-se um circulo de raio
=
0.27 : (Figura 46) este produziria num ponto
=
A, situado na vertical que passa pelo centro, um
acréscimo de tensão:
o = 0.1 p
Se o circulo de r = 0.2~: for dividido em par-
tes iguais (nas cartas de ~ewmark. geralmente :o
partes). cada uma delas contribuirá com a mesma
fração para o esforço final Oz: no caso de 20 pa~
tes. cada uma delas contribuirá com:
o. l p
o 0.005 p
20
Fazendo I
o o. 2. resulta r/: = 0.40. ou seja.p~

ra que no ponto A haja uma tensão Oz = O .2 p,é ne


cessário que a área carregada tenha ~ = O 4 z.
~a Figura 4b, concêntrico com o círculo anterior.
oode-se desenhar outro circulo de r = 0.40 z. Co
~o o primeiro círculo produzia um acréscimo de
O, l p. é evidente que a coroa circular agora ge-
rada produz outro acréscimo igual a 0.1 p. Pro-
longando-se os raios que dividiam o primeiro cir
culo em partes iguais, teremos a coroa circular
dividida em partes cuja influência é também 0.005
p.
A parcela de contribuição de cada uma das partes
é chamada de unidade de influência, e no exemplo
dado vale 0.005.
Na Figura 47. apresenta-se um gráfico de Newmark.
com A respectiva escala [z) a partir do qual foi
construído.
Para cal~ular o acréscimo de tensões ocasionadas
por placa uniformemente carregada. faz-se coinci
dir o centro do gráfico de ~ewmark com o pontõ
em que se deseja calcular esse acréscimo. A área
carregada é desenh~da numa escala tal que a pro-
fundidade. em que se deseja conhecer o acréscim~
fique representada pelo valor de z, a partir do
qual foi elaborado o gráfico. Em ieguida.contam-
se as unidades de influência englobadas pelo co~
torno da área. e calcula-se a tensão vertical,que
é dada por:
o:= p . N. I,
58

unidade de influência
10.00,01

FIGURA 46 ' Elaboração do gráfico de Newmork

em que: N - número de fatores de influência


r - unidade de influência (g~ralmente
0,005) ~

3.4 - A Solução de Westergaard


Nos depósitos sedimentares em que aparecem entre
meadas camadas de material fino e lentes de are1<C
a solução de Boussinesq não se aplica, uma vez
que esses depôs i tos têm capacidade de oferecer gran
de resistência a deformações laterais. -
Para simular esta condição de anisotropia.West'er
gaard introduziu um novo modelo matemático,baseã
do nas mesmas condições de carregamento de Boussí
nesq (Figura 48) , e no qual as deformações late~
rais são totalmente restringidas. Segundo Wester
gaard, a tensão vertical a uma profundidade ~ e
dada por:

cr z
p v(l -2111c2- 211)

27T z2 r 2]3/2
[c1 -211) 1 c 2-2]..1 ) + C-z)
em que 11 é o coeficiente de Poisson.
Quando ll 0,- a equação se simplifica para:
p 1
crz
7T z2 3/2
[1 + 2 C f) 2J
59

--+--+~~~~~K+~~--,_-
\
~~
\

.. ..

voror da unidade do Ínf'luincnc • 0.008

FIGURA 47 , Gráfico de Newmork

z A ( x,y,z)

FIGURA 48 Cargo concentrado aplicado


o supe·rfície do terreno
60

Da mesma forma que ocorreu na solução de Bous-


sinesq, a de Westergaard pode ser estendida para
outros tipos de carregamento. A Figura 49 mostra
os bulbos·de tensio para placa quadrada e retan-
gular de comprimento i~finito, de acordo com Wes
tergaard.

FIGURA 49 ' Bulbos de tensão poro placa quadrada


e placa .retangular de comprimento infj
nito , segundo Westergoord {fonte ref. 5)

3.5 - Comparação entre as Soluções de Boussinesq e Wes


tergaard e Algumas Simplificações.
Na comparação das duas soluções, para acréscimo
de tensões verticais, pode-se concluir que:
a. para pequenas relações r/z. a solucão de Bous
sinesq fornece valores maiores;
b. para r/z, cerca de l,S, as duas soluções for-
necem valores aproximadamente iguais:
c. para r/z~ maior que 1,8, a equação de Wester-
gaard fornece valores maiores;
d. para uma placa retangular uniformemente carre
gada, quando a maior dimensão (ti for maior 4ue
três vezes a menor dimensão (b) (t >3h) .pode-
se considerar essa placa como de comprimento
infinito:
e. para uma profundidade (z) maior que três ve-
zes a largura da placa uniformemente carrega-
da (z > 3b), pode-se considerar a carga con-
centrada atuando no centro de. g~avidade da pla
c a e .calcular o acréscimo de tensões. apl ican
do a fórmula dé Boussinesq para carga pontuaL
61
~-u
~1ra ohtenção de estimativa::: de producão de te~­
. ~aes. ao longo da profundidHde. pode-se a~m1t1r
que haja uma distribuição uniforme de tensoes em
ãreas que aumentam progres:::ivamente com a profu~
didadc.
Costuma-se arbitrar que essas tensões se propa-
gam segundo uma inclinação de 2:1 ou segundo al-
gum ângulo (geralmente 300).
ne acordo com a Figura 50, teriamos.se admitir-
mos uma distrihuiç~o de 2:1:
r
[R + :) (L + :)
\o caso de placa de forma quadrada:
r
q
lB + : l-

.,. ___ e

."-------~ _j__
I;-~~- D +a - - - - j ,
.I
~
_____{_/
.,_/

···----~,~
+
I..+&

FIGURA 50 ' Propogoçi5o do tonshs pelo método 2

3.6 - Limitações da Teoria da Elasticidade


Ao tratar da aplicação das soluções da Teoria da
Elasticidade ao problema de propagações de ten-
sões no solo, deve-se atentar para tr~s discre
pâncias que surgem das hipóteses daquela teoria,
quando se refere a solos:
a. O solo pode ser admitido como elástico somen-
te para pequenas deformações. Dessa forma não
há proporcionalidade exata entre tensão e de-
formação, sobretudo quando as deformações são
grandes. Nesse caso, é necessário dividir o car
regamento, que provoca a deformação, em est~
dios sucessivos e obter para cada carregamen-
to parâmetros elásticos diferentes. Portanto,
para a aplicação da Teoria da Elasticidade, é
necessário que os acréscimos de tensão sejam
pequenos e que o estado final de tensões este
ja muito aquém da ruptura.
h. O solo niio apresenta um comportamento isótro-
po. conforme estipulado nas hipóteses da Teo-
ria da Elasticidade. Geralmente, os módulos
de elasticidade são diferentes nas várias di-
reções. em se tratando de solos.
Essa anisotropia não se prende ao fato de o
sub5olo ser constituído por camadas de dife-
rentes solos, visto que solos essencialmente
diferentes, como por exemplo, uma argila rlJa
e uma areia compacta podem apresentar um com-
portamento elástico semelhante.
A restrição que se faz i homoieneidade do so-
lo é que nos solos arenosos, a resistência au
menta com o confinamento (e portanto com a pro
fundidade): o mesmo ocorre nas argilas normal
mente adensadas. e dessa forma é fácil notar
que o módulo de elasticidade varia com a pro-
fundidade. o que elimina as características de
homogeneidade desses solos.
c. Segundo a Teoria da Elasticidade, o solo deve
constituir um semi-espaço infinito homogêneo.
Essa condição pode ser satisfeita, quandooso
lo se apresenta uniforme numa área cómpreendT
da por distâncias de cerca de quatro a cinco
vezes a menor dimensão da placa carregada.

CAP rTULO VI I I

PERMEABILIDADE DOS SOLOS

l - Introdução
Como já se viu,o solo é constituído de uma fase sólida e de
t,~mafase fluida (ãgua e;ou ar). A fase fluida ocupa os vazios dei
xados pelas partículas sÓlidas que compõem o esqueleto do solo.Par
ticularmente, em se tratando da água. esta pode estar presente no
solo sob as mais variadas formas.
Nos solos grossos, em que as forças de superfície são inex-
pressivà~sa-ã~se encontra livre entre as partículas sóli-
das, podendo estar sob equilíbrio hidrostático ou podendo fluir.
sob a ação da gravidade, desde que haja uma carga hidráulica.
Para os solos finos, a situação se torna mais complexa, uma
vez que p~ forças de superfície de grande intensida-
de. Assim, nesses solos, existe uma camada de água adsorvida, a
qual pode estar suje i ta a pressões mui to altas,~ por causa das forças
de atração existentes entre as partículas. Próximo ãs partÍculas,
essa água pode se encontrar solidificada, mesmo ã temperatura am
biente, e, i medida que vai aumentando a distância, a água tende
a torn~r-se menos viscosa, graças ao decréscimo de pressões. Es-
ses @mes de água adsO_E.Y~Q'ª-,.~~ um vínculo ent~e as parti
culas, de forma queln1ês confira uma res1stencla lntrlnseca cha-
mada coes~o verdadeira.
o-r,;stãfite~ua-existente nesses solos finos se encontra
livre, podendo fluir por entre as partículas, desde que haja um
potencial hidráulico para tal.
A maior ou menor facilidade que .as partículas de, água encon-
tra.Jll~?Ja:f-luü:.'por ~~Â--~""ê'os vai.!:os "do so~~~ê~nsfi~yj-_:;pr~ol'ri~
------ ----/----permeabllld~
âaêÍeA:hamada
/ /' _______ /
do·--------'
----- solo. ,
2 - l.e!s de Darcy e de Bernouilli

Existem dois tipo5 de escoamento para os fluidos reais. lami


nar e o turbulento. os quais sio regidos por leis diferentes di
Mecânica dos Fluidos.
No âmbito da Mecânica dos Solos, interessa apenas o escoamen
to laminar. no qual as partículas do fluido se movem em camadas~
segundo trajetórias retas e paralelas.O escoamento laminar fica
determinado por uma ~v_elgs_j_slaci~e.. ~ç_L~a. abaixo da qual toda a te.:!_
d~ncia i turbul~ncia ~ absorvida pela VIScosidade do fluido. Ve-
rificou-se, experimentalmente. que a velocidade crítica, para es
coamento em tubos. corresponde a um número de Reynolds de cerci
de 2000.
A lei de Darcv. vilida para escoamento laminar. pode ser ex-
pressa da seguinte forma (Figura 51)

NA

FIGURA 51 Escoamento de águo através do solo

\" = l\ i .
na qual
v - velocidade de descarga
l\ - coeficiente de permeabilidade de Darcv
&1/L - gradiente hidriulico: representa a perda de carga
(h) que decorreu da percolação da água numa distância L.

Essa lei pode ser expressa, tamb~m. da seguinte forma:

Q =, K . i . A

na qual
Q - vazao
A - irea normal (secçio) i direita do escoamento.
f importante notar que a velocidade (v) da lei de Darcy re-
p:esenta a v:locidaQf de descarg~ e não a velocidade de percola-
çao ~) da agua atraves dos poros do solo. Conquanto haja al~
mas restriçªes quanto à sua aplicação. essa lei ~ utilizada, com
muita freqUencia. em muitos tópicos da Mecânica dos Solos,dada a
sua simplicidade e ~ivel~re~o-
A lei de Bernouilli resulta da aplicaçio do princípio de con
servação de energia ao escoamento de um fluido. e, em nosso caso
a igua. A energia ~~fluÍQQ_incompr~-~~iv~J.em escoamento per
manente, possui. consiste em ~r:_celas ocasionadas gela ~=­
são (Qiezom~trica), ~idade (cin~tica) e ~e~a )osiçio (al
tllm~trica). Assim, na direção ~coamento, ~ poss1ve Slnteti=-
zar o princípio de conservação da energia, por meio da seguinte
expressão, que constitui a lei de Bernouilli:

H
T
= + + + z
2
= cte.

Nessa expressão, têm-se uma altura de carga de pressão ·c~);


uma c~I.K_?.~inética (~~) e uma ----~~ã1-ti;;;-~t;·i~~~-~~
A Figura 52 mostra um esquema da carga total atuante em de-
terminada secção de um escoamento.

-r. --------- T- - -
CAIII8A Cl .. ltTICA 'i!
:!!'~ .!!IIL_C!._fll'!! ..!'!!~-

H CAIII8A
-----·ri' -
I'III:ZO .. ÉTIIIICA
'-lfoiOA
i,
PIIIIZOIOitTAICA

t .lil. ........ ~
Yw '-..

z:

FIGURA. 52 Corqas otuantss numa sec:çl5o


de um escoamento

~os solos, a velocidade de percolação da água é ~eguena:~p~


cela de carga cineticTe quãse ãêswsível, assim a ~ª-...t-Qtal
e. istente·llümã .deternlinada "seÇã"o é iguar·à soma das parcelas de
carga de pressão e de carga altimétrica:
H = u/yw + z
Por outro lado, quando da percolação ocorre uma perda de car
ga (~) por causa do atrito viscoso da água com as partículas do
solo. Esse atrito proporciona o aparecimento das chamadas forças
de percolação, as quais serão ventiladas mais adiante. Assim a ~
quação de Bernouilli se resume a:

ul uz
H
y
+ zl
y
+ zz + ~

A Figura 53 mostra uma linha de fluxo de água através de um


solo.
Dessa forma, entre as duas secções (1) e (2) ocorre uma per-
da de carga por causa do atrito viscoso igual a:
u u7
~H = (--1- + z ) - (---- + z 7 )
y 1 y -

3 - Determinação do Coeficiente de Permeabilidade


O coeficiente de permeabi 1 idade de um solo pode ser obtido por
meio de mét~dos diretos e indiretos. Os métodos diretos baseiam-
se em ensaios de lahoratório sobre amostras representativas ou em
65

'•I NÍVIIO.. Dll JIIII!I"III:IIIINCIA


1 I
FIGURA 53 Cargos numa linho dca fluxo
otrov8s de um solo
ensaios de campo. Os métodos indiretos se utilizam de correlações
com características do solo facilmente determináveis.
3.1 - Métodos Dir~tos

Dentre os métodos diretos destacam-se os permeâmetros


que são aparelhos destinados a medir a permeabilidade
dos solos. em laboratório e o ensaio de bombeamento, rea
lizad0 "in situ". Ambos utilizam a lei de Darcv,para õ
cálculo do Coeficiente de permeabilidade. ·
A Figura 54 mostra um esquema do ensaio de permeabili-
dade. j. C'ªLKê~.~S:~?l}2!élf13~.e: O corp~ de prova, conven i en t_::
mente colocado no permeametro. e submetido a uma altu-
ra h de carga (diferenca de nível entre o reservatório
superior e Inferior) e~tem área A e altura L.
A água percolada pelo corpo de prova é recÕlhida numa
proveta graduada. tomando-se medida de tempo.
Pela lei de Darcy:
v'~~ h
Q = K i A mas i então
t L
v h vL
K A, ·donde K
t L A h t

~I ."'=--~~c=-=~ ..
I
. -~
L-~----~~-~--~-~~
FIGURA 54 ' Permeômetro de
cargo constante
66

Este tipo de ensaio é empregado para solo~ permeabi


lidade alta (aLeias e peQregul~QS), uma vez ~sõ
los pouco péinÍeáveís-;-·oíntervalo de tempo necessário
para que perc.ole uma quantidade apreciável de água é
bastante grande. Neste caso, utiliza-se o ensaio, à
·carga variável, que está esquematizado na Figura 55.

ho

FIGURA 55 ' Permeômetro de


cargo variável
Anota-se o tempo necessário para o nivel de água 1r no
tubo de irea (a). de h até h . ·
0 1
O volume de água. em virtude de uma variação de nivel
(d h). será: -
d v : -a . d . h
Pela Lei de Darcy. o volume correspondente i agua que
percolarã pela amostra. será:
h
d v K . i . A • dt onde i
L

Dessa forma:
h
-a dh : +K A d t
L

to) e (hl. t l) tem-se:

_, j
Integrando entre (h
o
hl

ho
dh
h --'c'- f tl

to
d t

donde:
h KA
a tn o llt
hl L

Assim,
a L h
tn o
K
A llt hl
ll/

Ou. como m:1 i;; .frcqqcn te:


a L /h
1\ = lo,: -~ ./
.\ tt hl
. _
- ___.-/~'-:------ /
r frcqllC'ntc, tamhé~cr () coefic·icntC' Jc pcnncahi1i
JaJe diretamente. em 1ahorat6rlo. no C'n~aio de aJon~a­
mcnto. \,)l>cdcçc'ndo hasic~Jí:'lcntc ~10 mc~TT!c r1-iih_·ír')io.~ cJr
g~1 \·:1 r i :i\·L'· 1. . . -
Jk1·c-~c fri~ar que C1i,; c•ns:JÍc1,.; <'io rc:di:.:Jdo~ :'Obre~
mo,.;)r:ló" de pccJJJCna:' d~·s. :1,; qu:11s n:!o~n-
t ~~ Th ~1-.S_--- c (l r :1 Cfê 1~1-s t j ~..~ ~l ~ r ~l i s_ -~-or~no ~--;_tnlJ1 o . l"0n1 ~uas
~,J{tTnu id;l.Jt"._.e \;a t ele- :c;. \ m:n1e i 1:~-rc:J-
rt:iitii de ohtcr o coe c· c pcrmcahi lid:Jdc é mcdian
~c cn;;aios "ili_situ", t:Ji,c; como o~ de
agua soh prcssao (homheamentol. que c h<~stantc ut1l1:.~
ào-p:ira~o Ja pe rmcab i li Jade de ma c i c os rochosos .
que servirão de fundaç5o para hJrragcns.
A dc5crição~ mais pormcnori:.ada Jc al~uns métodos para
ohtcncão do coeficiente de permcahiliJadc "ín ;;itu" P2.
de ser encontrada nas rcfcréncias - e 15.
3.: - ~étodos Indiretos
Pode-se estimar o coeficiente de perme:1hilidadc de areias
por intermédio de diversa;; f6rmulas. como.por exemplo,
a desenvolvida por Ha:.cn:

1\ = C. [); (em 1 s c g I .

em que:
De- e o diâmetro efeti\·o Jo solo.em centímetros
C - ~um
coeficiente que varia entre 90 e 120.
sendo 100 um valor freqUentemente utilizado.
Uma restrição que se impõe para utilizaçáo dessa fórmu
la ~ a de que o coeficiente de não uniformidade (C )se
ja menor que S. u -
E~. ~e --~a._!_ando-~~-:?~ l ~~e~-~~~i?. .<l. .?__:. . . ]"JO_c!~~~Q,\)t~.r~o_co~
· -fJ.-c~·u~nt.e ... cle __p:~rmeab.ll-1--dél_d~~ 1 nd 1ret.amenre .. po~rne 10_. de
·--dados fornecidos pelo ensaio ·-·
de-.adens._am~nto(CAP1TULO
~/-----~·-,.---~~----- ·- ....
"" ··-------- --
~-
IX):

K m
v
t
em que:
r· - fator tempo. para a porcentagem de adensa-
mento;
Hd - distância de drenagem:
t - tempo necessário para que ocorra a porcenta-
gem de adensamento;
mv - coeficiente de deformação volumétrica;
y~ - massa específica da água.
4 - Fatores que Interferem na Permeabilidade
Os fatores que exercem papel decisivo na permeabilidade de
~ ---...___/--.......,__ _.../'-------- ____.../'"--.~
68

~stão~dos às características do fluido, que estâ pe~


co 1 an~a..Q_!_l::Q..O~~o lo.--------- ~~--­
~Opes9 específicoea viscos_j_dade (normalmente a âgua) são
duas 'propriedades do flüfaocíue exercem influência significati-
va. Sabe-se que essas duas propriedades variam, em função da tem
peratura, entretanto, a viscosidade é muito mais afetada. Quando
se determina o coeficiente de permeabilidade de um solo, costu-
ma-se apresentá-lo em referência à temperatura de zooc, para pa-
dronizar o efeito da variação da viscosidade com a temperatura,
por meio da expressão:

K1 . em que:

K- coeficiente de permeabilidade a 20°C;


20
K1 - coeficiente de permeabilidade a T°C;
uT - viscosidade da âgua a T°C;
/~\u 20 - viscosidade da âgua a 20°c.
\V\ L:..s~p~inc~carac~~cas d~ 9u_e_aj_~ per_J;J-eabi-
'T:ráàde.. sao_o tam<>.!J.flêlda~_p.J:_rtlculãs, <? 1_1;,.,~~ de _v_aZlos-,-o _gra~
de saturaçao e a estrutura. 7ode-se not-ar que qualquer tentativa
no·-~sentido de procurar avaliar o efeito isolado de cada uma das
características enumeradas é difÍcil, porquanto elas, em geral,
são interdependentes.
A título de informação. vamos apresentar alguns aspectos qu~
litativos. referentes à interferência das características cita-
das:
a. tamanho das partículas: a permeabilidade varia grossei{a-
mente com o quadrado do tamanho das partículas (K =f (D )).
Tal constatação apóia-se na lei de Poiseuille, e foi uti-
lizada por Hazen. para avaliar o coeficiente de permeabi-
lidade das areias a contar do diâmetro efetivo;
b. Indice de vazios: constatações experimentais e mesmo a e-
quação de Kozeny-Carrnan parecem mostrar que o coeficiente
de perrneabil idade pode ser colocad·o como uma reta, em fun-
ção do índice de vazios:

K K i3 K
l+e

Tem-se notado que a relação .e x log K aproxima-se bastan-


te de uma reta. para quase todos os ·tipos de solos;
,c. grau de saturação: ~to_rn~ g~_ã..Q__~.
~es~s~ ensa~. ~-Se!'~ermeablll_j.~
~ ~ pres.,EU}_ça d~.~.I ~os vaZlOS tend~jª 1~p~
s~
d. e5trutura: amostra de mesmo solo, com mesmos índices de v~
:ios tenderão a apresentar permeabilidades diferente~, em
função da estrutura. A amostra no estado disperso tera urna
permeabi 1 idade menor que a amostra de estrutura floculada.
Ta J pode ser aplica do ao caso dos maciços compactados (l~arra=.
gens de terra. por ex.) em que o arranjo d~s. part1culas
:ondiciona a permeabilidade. Neste caso,ver1f1ca-se qua a
69

permeabilidade na direção horizontal é maior que na verti


cal.
Finalizando este item, são apresentadas as equações de Pol
seuille e de Kozeny-Carman, as quais auxiliam a entender
a influência das caracteristicas citadas.
A lei de Poiseuille aplica-se ao escoamento através de ca
pilares e foi estendida aos solos por Taylor, com a f6rm~
la:
3
y e
K co;
)J + e

em que:
K - coetJCJente de permeabilidade de Darcy:
C - fator de forma:
[)- um diâmetro efetivo das partículas:
s
v - peso es~ecífico do fluido:
lJ - viscosidade do fluido:
e - índice de va:ios do solo.
A equação de Kozeny-Carman aplica-se i avaliação da per-
~eabílidade dos meios porosos:

y e3
1\ em que:
k
o
s= u + e

k - fator que depende da forma dos poros e da tortuosida


0
de da trajetória da linha de fluxo:
S superfície específica.

5 - Forças de Percolação

H~r:do. u~ mov~m..:_nt~d$-. __~gua '\~..::_<>Y.~ de_~olo. OCJ!-1:2:.~ uma


~f':.re_:n~c:y .._~nr':__:gl5--~él agua 17-T"ays paOicul:;-a~d_a:.__~()S~
,lo. põr~au:sél do atrl_l:() ..Y:l;;cosR__qu~~se jesep.volve._A e~gYa tran~
r·eTida e ~.3- pel~da de_~ e a_j..o...rça corn~-spom±errre- a
~Q~é( e cJ:l~ força~olação.~~transf~
re-~.e de grao ·a~g_::ao (~. poT.t.q]1to. umaAp.rça e;feti'!..a)_e_jem o me~
mo·senl:ldo do··f1uxo d agua.
~/<]·-conn·;;címe-nro··-do mecanismo e a determinacão do \·alor dessa
força é de fundamental importância para a Eng~nharia.uma ve: que
ela é responsável. muitas vezes. por problemas de instabilidade
em cortes. aterros e barragens. Deve-se ainda a essa força o apa
recimento dos fenômenos de "piping" e de areia movediça. hem co-=
mo a instabilidade do f11ndo de escavacões em areias ("heave") .
.-'\ Figura Sb permite \·isuali::ar como a energia se. transmite pa
ra as partículas de solo. A amostra de areia de comprimento CLT
e de área IXl está submetida à força rr 1 l graças i carga (h 1 ) do
reservatório da esquerda e i forca (P, 1. em virtude de (h 1 ) .
As forças r e P, serão:
1
P1 = Y~ h1 A e r2 = y~ h. A
70

A força resultante, que deve ser consumida por atrito, sera:


FP = Pl - Pz = Yw A (hl - hz)

l:lh
-......,_t
,~~1
h,

t----- L---~ h•

FIGURA 56 Aparecimento dos forças


de percoloçõo

Na Figura 5b. o gradiente hidriulico e:

L L
Portanto a força de percolação sera:
Fp = r" . i . A • L \" .
a qual ~ aplicada uniformemente num volume (V1 igual a A x
Dessa forma. a força po~ unidade de volume cor~es~onderj a:

i A • L
ou f
A L
p

Surge agora uma nova alternativa para o cilculo do_ equili-


brio estitico de massa de solo suieita i percolação de agua. As-
sim duas opções podem ser seguidas:
a. utilizar o peso total do elemento de solo combinado com a
força neutra atuante na superfície desse elemento;
b. utilizar o peso efetivo combinado com a força efetiva.por
causa da percolação, aplicada ao elemento de solo. no sen
tido do fluxo.
Essas duas alternativas serão utilizadas no capítulo se-
guinte, referente às areias movediças.
6 - Areia Movediça
. As tensões efetivas são as que realmente controlam todas__ as
carac·t~sti-cas-<te der-õfíííàç·ã"o e re·sis·t-ênc-~d05soro-s.--·Nó_.-- cãso
dtrs--s·o-rôs-ai'el'lõ:S~ êatensaoefeúva:-ãtuarrdo-em -determinado
plan~detérmina a resistência ao cisalhamento desses solos
(CAPITULO XIII). Essa tensão efetiva (cr'), multiplicada pelo cor
71

respondente coeficiente de atrito (tg ~·) fornece a resistência


do cisalhamento do solo (s).
s = a' tg ~· (o - u) tg ~

_Q_~nô_llle[lo__.d.<!__~rei_a mQy_ediça j)_O_cl§ ocor::eJ s~m.l)_re Jl~ ~reia


esteja siilimet1da a um fluxo ascendente de agua·, de forma-· que a
!·o~ de )YErfCo1<i~~vênh~l~r ~era r a fõrça· e-
ffti}a--:g·raç_a:s=:a:ô:.-::;_olo--:··A Figura 57 mostra um es·quema ··explicando
éoiri'o · issõ· poderá oéOrrer.


FIGURA 57 Esquema poro mostrar o aparecimento
de areia movediço

A areia está submetida a um fluxo ascendente de água, ou se-


ja, a água percola do ramo, da esquerda para a direita. em virtu
de da carga h, que é dissipada, por atrito, na areia.
A tensão total no ponto A é:
OA = Yw hl + L
Ysat
e a pressao neutra vale:
u = Yw (h + hl + L)

Ora. se a altura da carga (h) for aumentada até que a pres-


sao neutra iguale a tensão total, obviamente a tensão efetiva se
ra zero (s (o - u) tg ~· O). A partir daí o solo terã
as propriedades de um líquido, não fornecendo condições de supor
te, para qualquer sólido que se venha ·a apoiar sobre ele. -
~~or da_~!!_, nesse instant:. é deno~~~do~a de
~A~-~caJfi~l-· e p~~~_te~l.~-o5ãsTã ~~J1Sao- to
tal e a pressão neutra:
·-~

Yw,//fll + Ysat · L Yw (hc + hl + L)

y'
72

0 \·alo r do graá1ente hidráulico cr1t1co (ic = hc/1) será,


fazendo yw l g/cm~, numericamente igual à massa específica su~
mersa.
O mesmo valor poderá ser obtido, pensando em termos de tensões
efetivas, ou seja, ~ombinando a força efetiva graças ao solo,com
a força de percolaçao atuando no sentido ascendente:

F' (ysat- Yw) ·A· 1 = y'/·~


F
p

A ocorr~ncia da areia movediça pode ser evitada pela constru


ção_ de algum elemento que proporcione um acréscimo de tensões e~
fet1vas. sem que haja aumento das pressõ~s neutras. Tais elemen-
tos denominados fi 1 t ros. são compostos .. 'normalmente. por camadas
de ~.._s gr_jl.[lulares e devem aumentar a tensão efetiva e manter
as partíeu1as-G~aieia em suas posições originais.

Filtros de Proteção

freqUentemente, há necessidade de drenar a água que percola


através do um solo. e isso origina forças de percolação.fonte de
~~rios problemas.
nentre esses problemas. destaca-se a erdsão que pode condu-
:ir a situaçÕes catastrÕficas. como no caso de rupt0ra de harra-
ger,s por ··ríring". Portanto. qüando da drenagem de solos passí -
vei~ de erosão. há necessidade de proteg~-los fa:endo construir
camadas de proteção, que permitam a livre drenagem de ãgua.porém
mantenha~ en suas posições as partículas de sblo. Tais camadas.
denominadas filtros de proteção. devem ser construídas com mat~­
:--iais granulares (areia e pedregulho) e satisfazer. duas condições
básicas. ~saber:
a. os va:ios do material de proteção devem ser suficientemen
te pequenos. de forma que impeça a passagem das partícu~
las de solos a ser protegido.
b. os va:ios do material devem ser suficientemente grandes de
forma que propiciem a livre drenagem da~ águas e o contra
lo das forcas de percolação. impedindo o desenvol~iment~
de altas p~ess6es hidr6st~tic~s. isto é. a carga dissipa-
da no fi1tro deve ser pequena. .
i'ara J.tender a essas condições b~sicas. Terzaghi estipulou duas
rclaç5es hastante êmpregados para a escolha de um m~terial de fil
t r o.
A condiç~o a ~ ~atisfeita por:

<

e a comhinação ~ po~:

:\a Figura ~s. tem-se um exemplo de como escolher a cun·a gr_<:


nulométrica de um filtro. para prcteger·um solo. dô qual se co-
nhece i curva granulométrica.
10$

u
10
..
•• ...c
.. •• ..
...!!. •• ~· .
... •• :>•
....• ••
l[

•• . l[

. •• •• ..c•
".....
"•..
. •• ."u
••
... -- -- --
.
•• "o
, ..
••• o,.,= o, •• _ o,.,= ~o· o •••
01~. o... 40.

FIGURA 58 ' Escolho da faixa de variação Qranulomítrica


do filtro [ Terza9hi l
Estabelecidos os limites para DJsf (pontos A e BJ devem-se de-
senhar curvas granulom6tricas de coeficiente de não uniformida-
de. aproximad~;;,cnte igual ao do solo a ser protegido. Um solo CJU'~
se situe nessa fai~a assim determinada poder~ servir de filtro P!
ra o solo a ser protegido.
_ ,~'rta_n_t_Sj1.2__:t:.~ que.~~ o 9e_~~-~-~-f~2:1"1.f.C:_E' a"
dimeJ1='0e~ do f~ mas___;::p_$])--ª2__\]ma f~_<J__cie var_~_(_l_~ _a 511~
comp_osiçao gr3nul01D~r_Lca_,__Para i"-qal'i.elecer~imensoes. c ne-
C:e-;;ê:il~pat_él_...;l_S condi cõé;:;-n1crr~u1 i é;i~-a~?oh---rFní3.
--·-···~------ --- ---···--~-~- "'--- ·---~-~~__;.:;.---·--·--·-___...-..----·--
igura 59 anresenta dois casos de utiví:acão de filtros.
'io càso a. temos uma harragem de terra atraYês da qual há mn
fluxo de águi. gracas is diferencas de carga entre montante e Ju-
sante. Com o intuito de proteger a barragem do fenõmeno de ero-
sao interna [pipi~g) e p~ra p~rmitir uma-rápida drenagem da água
que percola atraves da barragem. usa-se construir filtros. como.
por exemplo, o filtro horizontal esquematizado no desenho.
LINHA& 01[ FL..UXO

(a J

CORTINA OE ESTACA& PRANCHA

h
I LINHA& OE f"'LUXO

I
( b)
FIGURA 59 : Utilização de filtros
74

~o caso h, a água percola atrav~s do solo arenoso da funda-


cao do reser~at6rio. Pelo desenho, pode-se .notar que pr6ximo i
lace de jusante das estacas-prancha. o fluxo ~ vertic~l e ascen-
dente. o ~ue pode originar o fen6meno de areia movedica.Para com
bater esse prohle~a. faz-se constr~ir um filtro de material gra~
nular. que tender~ a_contrapor-se a~ ~o:ças ~e percolação. yelo
aument~ do pe~o_efetiVO, e que perm1t1ra a l1vre drenagem das aguas .
. Apos o cr1ter1o de Terzaghi. foram estipulados outros crit~­
rlos. alguns dos quais são listados a seguir:

lJ.S. Army

< 5 D~Ss

Es~e criE~~io presta-se a qu~lquer tfpo de solo. exceto para


as argilas med1as a altamente plasticas. Para essas argilas DlSf
r.ode chegar at~ 0,4_mm. e o_crit~rio de n pode ser desprezado.
50
Entretanto. o mater1al de f1ltro deve ser bem graduado para evi
tar segregação e para tanto ~ necessário um coeficiente de não ~
niformidade menor que 20.

Sherard

Q~ando o material a proteger contiver pedregulhos. o filtro


devera ser projetado com base na curvi correspondente ao mate -
rial menor que 1".
Araken Silveira

Este crit~rio, baseado numa concepção diferente das tradicio


na i:-. ut il ~ cur\C<"-d.e.._,d_istribui.ção de vE.ig.s_QQ__fi 1 tro. obtT
~J.stica~te a~:r~J.i!:_ da cur~str~~o ~om~-=­
trlca. p·ara~O"S ... estados fofo e compacto.
---·A partír da CUrVa-de vai:foS:ctetermina-se a possibilidade de
penetração das partículas do solo no material de filtro. Estabe-
lecidas as probabilidades de penetração. para determinados níveis
de confiança, ~ possível determinar um·a espessura de filtro ca-
paz de reduzir ao mínimo a possibilidade de passagem das partíc~
las do solo pelo material de filtro.
Atualmente. tem crescido a utilização de mantas sintet1cas,
como material de filtros. sobretudo na execução de drenas longi-
tudinais, em estradas, Figura 60. Em que pese não ter havido
tempo suficiente para um teste completo desse material, o compor
tamento tem sido satisfatório e o seu uso tende a generalizar-se.-
E desnecessário frisar que, havendo necessidade de o filtro
ser construído por duas ou mais camadas de materiais diferentes,
deve-se obedecer aos critérios estabelecidos para duas camadas ad-
jacentes.

8 - Capilaridade
Denomina-se capilaridade ã propriedade que os lÍquidos apre-
sentam de atingirem, em tubos de pequeno diâmetro, pontos acima
do nível freático. O nível freático é a superfície em que atua a
pressão atmosf~rica e. na Mecânica dos Solos, é toma~a como ~r~­
gem do referencial. para as pressões neutras, e no n1vel freatl-
co a pressão neutra é igual a zero. .
Os fen6menos. de capilaridade estão associados diretamente à
75

~ELO tMPERMEI>:VEL

ORAOUAOO::~:·~,~:/~U.r· -
BRITA

SOLOS /MANTA SINTÉTICA


[FILTROS 1 ·'_,-o TVB03

COLETORES
1
~,;~, .. ~
!FILTRO!

3EÇÕE& COMUN& OE DRENO


PAVIMENTO

FIGURA 60 Drenas l-ongitudinais em estrados

tensão superficial. sendo a que atua em toda a superfície de um


1 Íq11 i do. como dC'corr,:;nc ia d3 açiio d3 energia ~uperfi c ia 1 1 i \·rc.
Um lÍquido. c no nosso caso a agu:1. por causa d:J atração e-
;; i s t c !l te c n t r c s u"" mo l é cu 1 il s . t e n d c a a t r a i r q u a 1 que r mo l é,- u I :~
que se encontre~ superfície. para o seu interior.orir;inand0 ttma
t<:?n~ênci~, par;; diminuir a sua :o;upcrfícic re i=-so explicil a fo:·"''
PO'ferica das got:Js de líquido).
~ energia superficial livre é definidil como o trahalho neccs
s:lric para':!llmcnt:n a superfície li\·rc Je um líquido em 1 em=.
Quando em contato com um s6lido. uma gota de lÍquido tende J
molhar o s6lido. dependendo da atração molecular entre o lÍquido
e o s6lido.
:io caso da :Ígua. esta molha o vidro. dando origem a mcn iscos.
Pode-s~ provar que. por força da tensão superficial.a press~n no
lado concavo de um menisco ~maior que a do lado convexo.e que a
diferença dessas pressões está relacionada com a tensão superfi
cial. de acordo com a seguinte expressão: -

2T Ts - tensão superficial
s
t.p =
a a raio de curvatura do menisco
Como decorr~ncia dessa d~ferença de pressões. tem-se a asccn
sao de água. num tubo capilar. ·
Segundo a Figura 6l.a. para que haja equilibrio. a agua tem

capilar

I aI (c)
Ibl

FIGURA Gi Asc:ençõo copilor


76

que se elevar no tubo capilar até uma altura h , tal que a pres-
c
sao hidrostática equilibre a diferença de pressões:

2T r
s
~p a
a cos e
2 Ts cos e
h
c

Para o caso de água pura e vidro limpo, o ângulo de contato


(e) é zero e a expressão para a altura de ascensão capilar fica:

2 T
h s
c
Yw r

A mesma expressão para hc pode ser obtida de outra forma.Con


sideremos a Figura 6l.c: Fazendo o equilíbrio de forças verti -
cais, e como Ea é o referencial para as pressões neutras vem:

2 n r Ts cos e + n r 2 u = O

-2 Ts c os e
u
r

Veja o ponto a da Figura 6l.c. As pressões têm que ser equi-


libradas, para que não haja fluxo:

-2 T
s
c os e
Yw hc Patm o
r
2 T
s
c os e
h
c
Yw r

Na Figura 6l.b, tem-se o diagrama de pressões neutras e po-


de-se notar aí um importante efeito por causa da capilaridade. A
pressão neutra graças à ascensão capilar é negativa pois, como
atua p t no lado côncavo do menisco, e esta é tornada corno ori-
gem doarWferencial, para medida das pressões neutras,decorre que
u < O, porquanto as pressões no lado convexo são menores que as
do lado côncavo).
No caso dos solos, podem-se imaginar os seus poros interlig~
dos e formando canalículos, que funcionam como tubos capilares.
Assim, pode-se explicar, dentro da massa, a ocorrência de zonas
saturadas de solo. que estão situadas acima do lençol f~e2tico.
A água em contato com o solo também tenderá a forma:·:n~niscos.
Nos pontos de contacto dos meniscos com os grãos (Figur 62) ev!
dentemente, agirão pressões de contacto, tendendo a coml ,imir os
grãos. Essas pressões de contato (pressões neutras nega:ivas) so
marn-se as tensões totais:

o' = o - ( -u) a -~- u ..


77

FIGURA 62 Capilaridade produz pressões


de contocto

fazendo com que a tensão efetiva realmente atuante seja maior que
a total. Esse acréscimo de tensão proporciona um acréscimo de re
sistência conhecido como coesão aparente, responsável. por ex.~
pela estabilidade de taludes em areia úmida e pela construção de
castelos com areia úmida nas praias. Uma vez eliminada a ação das
forças capilares (como, por exemplo, pela saturação) desaparece
a vantagem de coesão aparente.
Outra decorrência importante refere-se às argilas,quando sub
metidas à secagem. À medida que se processa a secagem,diminui con
sideravelmente o raio de curvatura dos meniscos. fazendo com que
as pressões de contato aumentam e tendam a aproximar as partícu-
las, o que provoca uma contração do solo.

CAPITULO IX

COMPRESSIBILIDADE E ADENSAME~TO

1. Introdução

Todos os materiais existentes em a natureza se deformam.quan


do submetidos a esforços. A ~strutura myltjfásica característica
dos solos confere-lhe um comportamento próprio, tensão-deforma-
ção, o qual normalmente depende do tempo.
Um esforço de compressão aplicado a um solo fará com que ele
varie seu volume, o qual poderá ser devido a uma compressão da
fase sólida, a uma compressão da fase fluida ou a uma drenagem
da fase fluida dos vazios.
Ante a grandeza dos esforços aplicados na prática.e admitin-
do-se o solo satQrado, tem-se que tanto a compressibilidade da
fase sÓlida como a da fase fluida serão quase desprezíveis e a
Única razão, para que ocorra uma variação de volume, será uma re
dução dos vazios do solo com a conseqüente expulsão da água in~
tersticial.
Evidentemente, a saída dessa água dependerá da permeabilida-
de do solo: no caso das areias. em que a permeabilidade é alta.
a água poderá drenar com bastante facilidade e rapidamente; nas
argilas porém essa expulsão de água dos vazios necessitará de
algum tempo, até que se conduza o solo a um novo estado de equi-
líbrio, sob as tensões aplicadas. Essas variações volumétricas
que se processam nos solos finos, ao longo do tempo, constituem
o fenômeno de adensamento, e são as responsáveis pelos recalques
a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre esses solos.
Na realidade, o recalque final que uma estrutura sofrerá se-
rá composto de outras parcelas, como, por exemplo. o recalqu.e ime
diato ou elástico. estudado na Teoria da Elasticidade. Como nãõ
78

existe uma relação tensão-deformação-tempo capaz de englobar to-


das as particularidades e complexidades do comportamento real
do solo. as parcelas de recalque de um solo são estudadas separa
damente. ~este capítulo, serão apresentados os fundamentos das
variações volumétricas, que se processam no decorrer do tempo,
e que se devem a uma expulsão de água dos vazios do solo.
Para o cálculo do recalque total - llH - que uma camada de
solo compressível de espessura - H - passou por uma variaçao do
Índice de vazios - lle - consideremos o esquema da Figura 63.

v. A.H

t t

~ t- t:- -<-~,. . . .,. ,- .- :1"


l r· Ho . •'
........;.;...;..o~..;..;...:J~---------lL-....l!.-- . ·:.>.: .. ::

FIGURA 63 ' Elemento de solo submetido


à compnuão
Admitindo que a compressão seja unidirecional e que os sóli-
dos sejam incompressíveis, tem-se:
v
porem,
vv
e. -v- e
l
s
vs

llV t.e Vs, e


como a compressão só se dá na direção vertical, a area (A) da
amostra de solo permanece constante:

A t.H t.e A H
s
t.H t.e Hs'
contudo,
vv H - H
s
e.
l
-v- H
s s

Assim,
t.e H
t.H
l + e.
l

Analogia e Mecânica do Processo de Adensamento

O processo de adensamento, entendido como a variação de volu


me que se processa num solo, graças à expulsão gradual da agua
de seus vazios, pode ser bem visualizado, quando se utiliza o mo
dela esquematizado na Figura 64.
79

"
o'.
...
a~
I • O
•i••o+âo'
t:>O
"o<•<•o+âo'
.
I • 00
VI • •e

(.) o'. o~ ~<0'<0:.+60 o'· d,.l:i.o'


/:i.v.o l:i.V>O l:i.V>O
( b1 (c 1 ( d1

FIGURA 64 ' Anolo9io mecânico elo processo ele


oelensomento

Imaginando o solo saturado, teríamos que a mola representa o


esqueleto sólido (que vai suportar as tensões efetivas); a água,
admitida incompressível, representará a água presente-nos vazios
do solo (que vai suportar a pressão neutra} e a torneira repre-
sentará a permeabilidade do solo (a maior ou menor facilidade
com gue a água sairá dos vazios}. O elemento de solo está em e-
quil~brio, sob um carregamento cr;, e nesse instante a pressão
neutra vale u , e a tensão efetiva cr' (Figura 64.a).
0
Ao aplicar um acréscimo de tensões- 6cr' - (Figura 64.b},
estando a torneira fechada, todo o acréscimo será suportado pe-
la água, porém, se a torneira for aberta, gradativamente, a água
começará a drenar, e ocorrerá uma variação de volume. Quando is-
so ocorre,o acrésc~mo 6cr' será suportado, parte pela ãgúa e par-
te pela mola, que agora é solicitada (Figura 64.c}.
à medida que vai se dando o processo, mais água vai saindo,
até um ponto em que toda a sobrepressio na água é dissipada e c
carregamento 6cr' é suportado integralmente pela mola (Figura
64.d}. Nesse instante, completa-se o processo de adensamento, e
o sistema novamente fica em equilíbrio, com um volume menor. Por
tanto, o processo de adensamento corresponde a uma transferência
gradual do acréscimo de pressão neutra (provocado por um carrega
mento efe-tivo) para tensão efetiva. Tal transferência se dá aõ
longo do tempo, e envolve Yffi.fluxo de água com correspondente re
duçio de v o 1 um e do solo. -
A Figura 65 representa, qualitativamente, as variações deten
sões e de volume qu~ se processam ao longo do fenômeno de adensã
mento.
O andamento do processo de adensamento pode ser acompanhado
por meio da seguinte relação, denominada porcentagem de adensa-
mento:

Nessa expressão, 6Vt representa a variação de volume após um


tempo t; 6Vt • • representa a variação total de volurne,apõs com
pletado o adensamento e Uz é a porcentagem de adensamento de um
elemento de solo, situado a urna profundidade :, num tempo t.
A porcentagem de adensamento pode ser assim expressa:
80

t =o
(a l ( b l

o' -!::.v

t =o
(c) ( d)

FIGURA 65 Variações de tensões e de volume


durante o adensamento

llVt llut u. - u
"l.
uz t:.Vt = t:.ut u.l. - u
o
em que llut e t:.ut = são as pressões neutras, após um tempo! e
após t = oo; ui ê a sobrepressão hidrostática, logo após a apli-
cação do acréscimo de carga lla'; u ê a sobrepressão num tempo t
e u 0 ê a pressão neutra existente-na água. Se u for igual a ze~
0
ro,
1 - _u_
ui
3. Teoria do Adensamento de Terzaghi
O estudo teórico do adensamento permite obter uma avaliação
da dissipaç~o das sobrepressões hidrostáticas (e, conseqUentemen
te, da variação de volume) ao longo do tempo, a que um elemento~
de solo estará sujeito, dentro de uma camada compressível. Tal
estudo foi feito inicialmente por Terzaghi, para o caso d~ com-
pressão unidirecional, e constitui a base pioneira. para afirma-
ção da Mecânica dos Solos como ciência.
A partir dos princípios da Hidráulica, Terzaghi elaborou a
sua teoria, tendo, entretanto, que fazer algumas simplificações,
para o modelo de solo utilizado.
As hipóteses básicas de Terzaghi são:
a. solo homogêneo e completamente saturado;
b. partículas sólidas e água intersticial incompressíveis;
c. adensamento unidirecional;
d. escoamento de água unidirecional e validez da lei de Dar-
cy; # " • •

e. determinadas caracter1sticas. que, na real1dade var1amcom


a pressão, assumidas como constantes;
f. extensão a toda massa de solo das teorias que se aplicam
aos elementos infinitesimais;
81

g. relação linear entre a variação do índice de vazios e a


das tensões aplicadas.
Ao admitir escoamento unidirecional de água, algumas impre-
cisões aparecem, quando se tem o caso real de compressão tridi-
mensional, entretanto, a hipõtese condicionante de toda a teoria
é a que prescreve a relação linear entre índice de vazios e va-
riação de pressões. Admitir tal hipótese significa admitir que
toda variação volumétrica se deve ã expulsão de água dos vazios,
e que se afasta em muitos casos da realidade, pois ocorrem jun-
tamente com o adensamento, deformações elásticas e outras, sob
tensões constantes, porém crescentes com o tempo (creep). As de-
mais hipóteses podem facilmente ser reproduzidas em laboratório
ou se aproximam bem da realidade.
Para a dedução da equação fundamental do adensamento, consi-
dere-se a massa de solo representada na Figura 66.

i m per m 41 áv el
FIGURA 66 ' Mossa de solo adensado

Veja o elemento de solo situado ã profundidade z. As equa-


ções regentes do processo de adensamento serão:
a. equilíbrio estático:
crv y . z + bo'

b. relação tensão-deformação:
:le
ãa"' - - av,
v
em que av é denominado coeficiente de compressibilidade e, de
acordo com a hipÓtese de Terzaghi:
be
---r;crr
v
c. equação de continuidade do fluxo unidirecional:

d v
dt
A combinação dessas três equações permite obter a equaçãof~
damental do adensamento.
Considere-se a Figura 66. No instante de aplicação da carga,
a sobrepressão hidrostática, na face superior do elemento, será
u, e na face inferior: u + ~u . dz.
- aZ
O gradiente hidráulico ê i ah
:lz' e a velocidade de f lu"--
82

sera, pela Lei de Darcy:

= k . i - k
ah
v
-az·
porém, a sobrepressão hidrostática (u) corresponde a u
portanto:
au
dV = -
-az
P.ara obter a variação de volume do elemento de solo, de área
unitária, basta considerar a diferença entre o volume de água que
entra e o que sai, num intervalo de tempo dt:

entra (face inferior): d vl k au dt


Yw -az
,
sai k (!lu au 2
(face superior): d v2 az
+
2 dz) dt
Yw az
2
C a u . dz) dt d v
a z
Por outro lado, admitindo compressão unidirecional, essa mes
ma variação de volume pode ser expressa da seguinte forma:
d e
d V=~ . dz,
mas como
d e
av - ~·
v

d cr' d
v z
Como a tensão total é constante, tem~s:

~cr = cr'v + u = cte.


Diferenciando, tem-s€
d cr; = - d u,
o que nos permite obter:
av
d v =~ d u d z

Igualando as expressões, temos:

Esta ê a equação fundamental do adensamento, que nos permite


calcular a sobrepressão hidrostática num ponto, dentro de massa
de solo sujeita a um processo de adensamento _unidirecional.
Denomina-se coeficiente de adensamento (cv) ã propriedade do
solo, admitida como constante para cada acréscimo de tensões,que
reúne todas as características do solo que interferem na veloci-
dade de adensamento.
k (1 + e) k
y ,
av . Yw w

em que mv = av
~
e- denominado coeficiente d e deformaçao
- volu-
métrica.
A equação fundamental do adensamento pode ser assim expres-
sa:
a u
az
Para a resolução da equação fundamental, deve-se atentar pa-
ra as condições de contorno inerentes à camada de solo compres-
sível e ao carregamento. Evidentemente, cada condição de contor-
no particular afetará a solução.

4. Solução da Equação Fundamental do Adensamento


A solução que será apres-entada refere-se às seguintes condi
ções de contorno:
a. a camada compressível está entre duas camadas de elevada
permeabilidade, isto é, ela será drenada por ambas as fa-
ces. Definindo-se distância de drenagem (Hd), como a máx~
ma distância que uma partícula de água terá que percor-
rer, até sair da camada compressível, teríamos, nesse ca-
so (Figura 67.a), Hd = H/2.

No caso da Figura 67.b, Hd =H, pois uma partícula de


água situada imediatamente sobre a rocha teria que percor
rer toda a espessura da camada de argila até atingir uma
face drenante;
b. a camada de argila receberá uma sobrecarga que se propaga
rá linearmente, ao longo da profundidade (como um carrega
mente ocasionado por um aterro extenso, por exemplo); -
c. imediatamente após a aplicação do carregamentoL a sobre-
pressão hidrostátic~ 4nicial, em qualquer ponto da argi-
la, serã igual ao acréscimo de tensões (ôu = ôa'), tal co
mo se viu na analogia mecânica do adensamento •

.. ·. · ... ·_ ---
... :. ·. ~ ~r!l'i.e. ·.: · .... ·_ ·. ·. :_. --~~~~~<1.-:: -. :_: -:

. . . - ...
-.- .· .- .· eràie
. . ·. .. :. .· :-
· · -
.: . rocha (imperMeável}

(a I (b l

FIGURA 67 Distância de drenagem


84

Matematicamente, tais condições podem ser expressas da se-


guinte forma:
a. para z o, u = o
b. para z H = 2 Hd' u = o
c. para t o, u = ui !J.cr'
Aplicando essas condições ã equação fundamental, obtêm-se o
valor da sobrepressão hidrostática, que resta dissipar em uma ca
mada, em processo de adensamento. O desenvolvimento matemat1co
será aqui omitido, podendo-se consultar as referências 2 e 27,
para maiores minúcia~.

u L
m O
Nessa expressão, M +. (2m + 1), m é inteiro, e

T
v

é um fator admensional, chamado de fator tempo. Tal fator exclui


da solução todas as características do solo, que interferem no
processo de adensamento.L

S. Porcentagem de Adensamento
Para se obter a porcentagem de adensamento (Uz) de um elemen
to situado a uma cota z, após decorrido um intervalo de tempo !·
basta substituir na expressão de Uz o valor de u obtido:

u. - u u
l.
uz = 1 - u. 1 - L
1 m=o

Atribuindo valores a z/Hd e a TV, pode-se. construir um grá-


fico (Figura 68) que ilustra bastante o processo de adensamento.
Pode-se notar que o processo de adensamento é .simétrico com
relação ao centro da camada, e que ele se processa mais rapid~­
mente junto ãs faces drenadas (topo e base da camada compress1-
vel).
Se se quiser obter a porcentagem média de aden~amento de to-
da a camada de argila, basta integrar a porcentagem de adensame~
to, ao longo de toda a camada de solo:

l JZHd
u = "IHd
J. o
Substituindo o valor de Uz, obtêm-se:

u = 1 -
'" z e -Mz Tv
7
L.

m O

Na prática, interessa a determinação da porcentagem média de


adensamento (ou recalque) de toda a camada compressível, para o
u,
FIGURA 68 ' Porcontagom de od~ansomento
cálculo das deformações a que determinada obra estará SUJelta,
por efeito do adensamento. O Valor de Q pode ser colocado ainda
da seguinte forma:
p - recalque parcial, após um tempo t.
1J = _P_ _
f> H f>H - recalque total que a camada sofrerá.
Como é possível verificar, a porcentagem média de adensamen-
to de toda a camada ê apenas função do fator tempo. Pode-se, por
tanto, a partir das condições de contorno de cada situação, est~
belecer U = f(Tv).
No caso da solução aqui apresentada, de sobrepressão hidros-
tática variando linearmente com a profundidade, temos na Figura
69 - curva 1 - o grãfico U = f(Tv).

~ u u ~ u u ~ ~
T,
FIGU~A ~~ , Curvas G&e Ccí€ir·$,Hl'ltnto llliiJund~
c t11orio de T®rU!iíhl
86

Os valores dessa função vem apresentados no Quadro IX, a se-


guir.

QUADRO IX - Fator Tempo para o Caso 1

u (%) o 10 20 30 40 50

TV 0,000 0,008 0,031 o ,071 0,126 0,197

u (%) 60 70 80 90 95 "
TV 0,287 0,403 0,567 0,848 1,127

Vale ressaltar que a equação teórica U'= f(Tv) é expressacom


bastante aproximação, pelas seguintes relações empíricas:
1[ u 2
Tv ---4- (Iõõ) para U < 60\

T 1,781 0,933 log (100 - U) para U > 60\


v
Aparecem ainda na Figura 69 outras curvas U = f(Tv) para os
casos de sobrepressão inicial assinalados. A curva 2 representa-
o caso de sobre~ressão inicial de forma senoidal, e a curva 3 po
de ser entendida como uma distribuição que combine os casos 1 2
2.
Ensaio de Adensamento

O ensaio de adensamento ou de compressão unidirecional confi


nada pretende determinar diretamente os parâmetros do solo, ne-
cessários para o cálculo de-recalques.
A realização do ensaio consiste basicamente em se instalar
dentro de um anel de latão (ou aço) uma amostra de solo de pe-
quena espessura (geralmente 2,5 em). O corpo de prova é drenado,
pelas faces superior e inferior, com o auxíli~ de pedras poro-
sas, conforme se mostra na Figura 70.

FIGURA 70 : E~qt.utma do ensaio de adensamento

O conjunto é levado a uma prensa n~ ~ual sã~ ~plicadas ten-


sões verticais ao corpo de prova, em var!os estad1os de c~rrega­
mento. Cada estádio permanece atuando ate que cessem as úeform~
ções ori~.~;;.:L..ias pelo cJ.rregarn,:-ntc 11:1 Iit<ítl·-~·1. T1·)r:~~:~~.n._· 1
horas; seguida. aUIT:cnta-~..: o c:Jrre:.:_:tmento ·c1~1 _:er·· 1 1 ica-
se o dobr·J J.o .carregamento que est:1.va dtuan0-o anLe. i( ;:t'-~ · 0. ~),,r
exemplo: }.9 estádio: C.25 kgf/cm2~ ::;: O,SC' 3; :
sucessivamente).
As medidas que se fazem usualmente s~o as de dcform~c~o do
corpo de prova (pela Vdriaçao de altura) ao longo do t8mpo. em
cada estádio de carregamento. Pode ser determinado ainda o coef~
ciente de permeabilidade do solo diretamente, fa:endo percolar
água atrav~s do corpo de p~ova.
O resultado do ensaio. normalmente. é apresentado num gráfi
co semilogarítmico (Figura 71) em que nas ordenadas se têm as va
riações de volume (representados pelos Índices de \·a~i,,s finais
em cada estádio de carregamento) e nas ahscis~as. 0 n c~cala lo-
garítmica. as tensões aplicadas.

1 o~.e, 1

FIGURA 71 Curvo e loço'


\. 1

Podem-se distinguir nesse gráfico tr~s partes distintas: a


primeira, quase horizontal; segunda, reta e inclinada e terceira
parte ligeiramente curva.
O primeiro trecho representa uma recompressão do solo, até
um valor característico de tensão, correspondente à máxima ten-
são que o solo já sofreu em a natureza; de fato, ao retirar a
amostra indeformada de solo, para ensaiar em laboratório, estão
sendo eliminadas as tensões graças ao solo sobrejacente, o que
permite à amostra um alívio de tensões e, conseqüentemente, uma
ligeira expansão.
Ultrapassado .o valor característico de tensão, 6 corpo de
p:ova Erincipia a comprimir-se, sob tensões superiores às ten-
soes maximas por ele já suportadas em a natureza. Assim. as de-
formações são bem pronunciadas e o trecho reto do gráfico que as
representa é chamado de reta vir·gem de adensamento. Tal reta a-
88

presenta um coeficiente angular denominado índice de compressão


(CC).
b.e
log crz
01
O índice de compressão é muito útil para o cálculo de recal-
qu~, em solos que se estejam comprimindo, ao longo da reta vir-
gem. O recalque total (~) por causa.de urna variação do índice
de-vazios (lle), numa camada de espessura - H - é dado por:

lle
1 + e. H, porém lle
1.

liH
CC H of
1 + e. log a;
1. - 1.

"'
Por Último, o terceiro trecho corresponde ã parte final do
ensaio, quando o corpo de prova é descarregado gradativamente, e
pode experimentar ligeiras expansões.

7. Tensão de Pré-Adensamento
.:_;_·
/~ O valor característico de tensão, anteriormente citado, a. par
tir do qual o solo principia a comprimir-se, ao longo da retã
virgem de adensamento, denomina-se tensão de pré-adensamento(o~)
e representa a máxima tensão a que o solo jã esteve submetido,em
a natureza.
Submetendo urna amostra de solo a ciclos sucessivos de carre-
gamento e descarregamento, tal qual se mostra na Figura 72, po-
de-se observar que a curva de recompressão aproxima-se fielmen~
te da curva inicial, e após ultrapassar um valor de tensão (o 1 )
o solo volta a comprimir-se, ao ·longo da reta virgem. O valor· o'
a
obtido, quando se carrega o corpo de prova pela primeira vez, é
a tensão de pré-adensamento.

cvrwc de cornpreaaio
no campo

O( logl

FIGURA 72 Corpo de provo submetido o ciclos


de carregamento e descarregamento

Fica patente que o conhecimento da tensão de pré-adensamento


~ de Lundamenial imDortância para o cálculo de recal~ues, 2ois,
para acréscimos de tensões, que não superassem essa tensão,as d~
formações a se esperar seriam quase desprezíveis: _
Os procedimentos mais utilizados para deterrn1.naçao da tensão
89

de pré-adensamento se devem à Casagrande e a Pacheco Silva (IPT)


e são explicados a seguir, de acordo com o convencionado na Fig~
ra 73.

FIGURA 73 ' Curva e x logo' e procedimentos poro determinar a


pressão de pré-adensamento

A construção gráfica de Casagrande parte do ponto de maior


curvatura (a) da curva e x log cr; por ~ traçam-se uma horizontal
(h) e uma tangente (t) e em seguida determina-se a bissetriz (b)
do ângulo formado. A abscissa do ponto c, que é a intersecção en
tre a bissetriz (b) e a reta virgem (v)-é o valor da tensão de
pré-adensamento.
Pelo processo de Pacheço Silva, prolonga-se a reta virgem(v)
até encontrar a horizontal que passa pelo Índice de vazios natu-
rais do solo (e 0 ) , determinando o ponto E· A vertical por E en-
contra a curva e x log cr em .9.~ horizontal por .9. determina sobre
a reta virgem (v) o ponto r, cuja abscissa é a tensão de pré-
adensamento. -
Determinada a tensão de pré-adensamento, e comparando-a com
a tensão que age na atualidade sobre o ponto do qual foi retira-
da a amostra, podem-se ter três situações distintas. A primeira
delas ocorre, quando a tensão ocasionada pelo solo sobrejacente
(cró) ao local de onde foi retirada a amostra é igual à tensão de
pre-adensamento (o~). Neste caso, diz-se que o solo é normalmen-
te adensado, isto é, a máxima tensão que o solo já suportou cor-
responde ao peso atual do solo sobrejacente. A Figura 74.a, - es
~~uematiza essa situação. -
~
' -
Pelo grafico da Figura 74.a, pode-se notar que qualqueracres -
cimo de tensões fará com que a argila normalmente adensada recaT
que, ao longo da reta virgem.
A segunda situação corresponde ao caso em que o~ < a~, isto
é, o peso atual do solo sobrejacente ê menor que o máximo já su-
e •
el

I
I i
---+ --- -----Jio __.] ---1 ---·
o~ o'(logl o~ o'11o;l

( Q) ( b) (c)

FIGURA 74 Condições de adensamento dos argilas

portado (Figura 7 4.b). Neste caso, diz-se que a argila é pré-


adensada e qualquer acréscimo de carga, sobre esse solo. de modo
que

o~ + !lo' < a'


a
implica recalques insignificantes, pois estamos no trecho quase
hori:ontal da curva e x loa o.
Muitos fatores podem tornar um solo pré-adensado, podendo-s~
destacar a erosão, que. com a retirada de solo, diminui a tensão
que a)<e atualmente, bem como o seu ress·ecamento.
Por Último, temos o caso em que a~ > a~. isto é, a argila
·ainda não terminou de adensar, sob efeito de seu próprio peso.
Quando isso ocorre, tem-se uma argila parcialmente a_densada (Fi-
gura 74.c).

8. eterminação ~o Coeficiente de Adensamento (Cv)

Quando, em caso de estádio de carregamento, registram-se as


deformações do corpo de prova, ao longo do tempo, busca-se deter
minar, por meio de analogia com as curvas teóricas U = f(Tv), a-
presentadas na Figura 69, o coeficiente de ad-ensamento.
Esse coeficiente, admitido constante para cada incremento de
tensão, determina a velocidade de adensamento.
No caso do ensaio de adensamento usual, temos duas faces dre
nantes (pedras porosas no topo e base do corpo de prova); assim:
as medidas realizadas durante o ensaio serão comparadas com a
curva l da Figura 69, que apresenta essas condições.
Os dois processos gráficos mais utilizados são os de Taylor
e o de CasagrandP..
a. Processo de Taylor
Este processo utiliza as medidas de deformação colocadas
em função da raiz quadrada do tempo. Isso deve-se ao fato
de que, para porcentagens de adensamento (U) menores que
60%, a relação teórica U x Tv é. aproximadamente, parabó-
.
l1ca ~
e, de fato, ha·a -
relaçao ' .
emp1r1ca: T v=~ 1T u , para 2

U < 60~). que é uma parábola. Trabalhando com a relação


U x ~- modificam-se as coordenadas. obtendo-se uma rel~
ção linear. Por outro lado, observando-se a curva teórica
U x ~· nota-se que a reta unindo os pontos de 0\ a 90%
91

do recalque -marcam, ao longo do eixo Tv. valores 15% maio


res que a reta que marca os pontos de O a 60% de U. O pr~
cesso consiste, basicamente, em determinar o ponto refe-
rente a 90% do recalque, e obter o tempo t 90 necessário
para tal recalque. Isso é mostrado na Figura 75.

11.&00
E
E

o
.,
~

8.600
E
<O

.,"'c
.,
~

FIGURA 75 Obtenção do coeficiente de adensamento


pelo processo de Taylor

Tem-se nessa Figura o gráfico de deformações "versus"


/t (min), obtidos para determinado estádio de carregamento, em
que-a leitura inicial do extensômetro era ~o e a final, após com
pletada toda a compressão do corpo de prova, foi de ~F.
Busca-se o primeiro trecho reto da curva, marcando-se nela,
a abscissa m, de um ponto qualquer. Acrescenta-se ao valor de ~.
0,15 m, que-fornecerão um ponto por onde passa a reta que une
os pontos de D a 90% de U. A intersecção dessa reta com a curva-
deformações x rt. dá as coordenadas ~ e t , que nos permitem
90 90
calcular cv, para esse estádio de carregamento.

c t
T
v --;z
- v c
v
d

Tv 90 e o fator tempo (tabelado para 90% do adensamento);Hd é


a distância de drenagem (no ensaio de adensamento Hd = H/2, nor-
malmente). e t
90
é determinado no ensaio para cada estádio.
Assim.

cv = 0,848
tgo
Alguns aspectos devem ainda ser observados na Figura 75. Po-
92

de-se no~ar que a reta de O a 60% de D, intercepta o eixo das or


denadas num ponto d diferente da leitura inicial - iõ. Por ou-
0
tro lado, a ordenada que corresponde a 100% (t ) do recalque
100
teórico pode ser assim determinada:

Esta ordenada (t ) não coincide com a leitura final do es-


100
tádio (iF).
A compressão que corresponde a (i - d ) é chamada de com-
0 0
pressão inicial, e se dá quase instantaneamente, quando da apli-
cação da carga; a compressão (d - t ~ 0 ), chamada de primária, é
0 1
a parcela de compressão estudada pela Teoriá de Terzaghi e a com
pressão (t 100 - iF) é chamada de secundária.
A rigor, essas parcelas, em determinadas etapas, ocorrem jun
tamente e não seguindo a separação que se faz na Figura 75. A
compressão inicial, decorre, por exemplo, da má colocação do cor
po de prova no anel. porém, acontece, normalmente, no caso dos
solos não saturados, em que ocorre uma parcela de compressão dos
poros, sem expulsão de água dos vazios.
b. Processo de Casagrande
Utilizando um gráfico semilogarítmico, Casagrande admitiu
encontrar a ordenada correspondente a 100% do adensamen-
to, pela intersecção entre a assíntota e a tangente da
curva-deformação x log t, como se mostra na Figura 76.

9.000

&.900

8.4100

E
E a~ 7oo

~ e. soo
ãi
E 8.500
cO
tA
c
Q>
e. 400
x<l>
e.soo

log t(min.)

FIGURA 76 Obtenção. do coeficiente de adensamento


pelo processo de Cosoqrande

A ordenada d 0 correspondente ao início do recalgue tra;~­


do por Terzaghi é obtida, utilizando-se a relaçao paraoo-
lica da primeira parte da curva de adensamento. Busca-se
determinar tempos. na relação 1:4, e obt~m-se a diferença
de ordenadas desses pontos, a qual é transferida para ci-
ma da curva. A reta média dos pontos assim determinados
fornece a ordenada d 0 •
A partir das ordenadas d e t ~
0 100 é possível obter a orde-
nada correspondente a 50% do recalque (~ 50 ):

50 .
e, conseqlientemente, t

O coeficiente de adensamento é dado agora por·

c ou c 0,197
v v

Pode-se notar, também nessa construção, a presença da com


pressão inicial (t - d ) ; da compressão primária de Ter
0 0
~t
zaghi (d
0
- t 100 ) e da compressão secundária 100 - ~F)-

9. Construção da Curva de Compressão do Solo no Campo


Para o cálculo de recalques, pode-se reproduzir a curva de
adensamento virgem do solo no campo, o que é feito a partir da
curva obtida em laboratório, e seguindo-se a recomendação
Schmertmann.
Esta construção aplica-se ao caso dos solos normalmente aden
sados. Primeiramente, determina-se a tensão de pré-adensamento -
(o~) que corresponde ao peso do solo sobrejacente ao ponto consi

derado no campo.
Na Figura 77, localiza-se o ponto B que corresponde as carac
terísticas do solo em suas condições naturais, ou seja, e - ín~
0

.&..
I
•o~'======~------------1
e

curvo de compressão
virgem no campo

curvo de com.preu.õo
Yirgem em loborotÓr1o

0..42o 0 - - -

o'(logl

FIGURA 77 Construção de curva de compressão


virgem no campo
94

dice de vazios natural e cr' = cr' - tensão de pré-adensamento(cr')


a o a
igual ã tensão ocasionada pelo solo sobrejacente (cr~).
O ponto C, corresponde ã intersecção da reta virgem obtida
em laboratório com o valor de índice de vazios igual a 0,42 e •
0
Desenha-se a curva BC, que corresponde ã curva de adensamento do
solo, no campo. Para-o caso de solos pré-adensados, essa cons-
trução passa por ligeiras modificações (ver ref. 31).

10. Aplicação da Teoria do Adensamento

As deduções efetuadas encontram grande aplicação na prática,


pois possibilitam estimar os recalques a que determinada estrutu
ra estará sujeita, quando esta aplica um acréscimo de tensões efe
tivas, numa camada de solo compressível.
Estabelecidos os .parâmetros de compressibilidade (cr' -tensão
a
de pré-adensamento; Cc - índice de compressão e cv - coeficiente
de adensamento), podem-se calcular os recalques totais e os re-
calques parciais da camada em causa.
Para uma camada de espessura H, uma variação do índice de va
zios, ~e provocará um recalque total: ~H, que é dado por:

CC H
~H = 1 ~e
+ e.
1
H
1 + e.
1
log ar
cri

No caso das ar~ilas normalmente adensadas, se o acréscimo so


bre a tensão de pre-adensamento for ~cr·, os valores cri e cri fi~
cam:

o'1 cr'a

cri = cr~ + ~cr'

Evidentemente, torna-se necessário calcular o acréscimo ~cr~,


ao longo de toda a camada de solo, o que pode ser feito utilizan
do as fórmulas de propagação de tensões desenvolvidas na Teoria
da Elasticidade (CAPITULO VII).
Tomando-se a variação linear do acréscimo de tensões ao lon-
go da camada compressível, costuma-se calcular o acréscimo na co
ta média e admiti-lo como representativo de toda a camada.
Conhecido o acréscimo ~cr·, pode-se calcular o recalque total
da camada. Havendo necessidade de calcular o recalque parcial, a
pós determinado tempo !· deve-se avaliar o fator tempo (Tv) cor~
respondente.
t
T
v IT
d

Com o valor de Tv• determinar a porcentagem média de recai-


que - U:
p - recalque parcial, após um tempo!
u ~H - recalque to~al da camada

Para o cálculo de U, podem-se utilizar as relações empíricas


apresentados no item S.
Na avaliação da distância de drenagem da camada, pode-se con
siderar como camada drenante a que apresentar coeficiente de per
meabilidade acima de dez vezes o coeficiente da camada compres-
sível.
Por Último, deve-se frisar que. no cálculo do recalque totaL
o valor de H a ser utilizado é a espessura total da camada,quais-
quer que se)am as faces drenantes, e na avaliação dos recalques
parciais, emprega-se a distância de drenagem (Hd) que pode ser
igual a ~ drenante). ou a H/2 (duas faces drenantes).

11. Correções do Recalque de Adensamento

Em função das limitações próprias da teoria do adensamento,


os valores de recalques obtidos devem ser corrigidos para deter-
minadas situações não previstas na teoria.
a. Recalques ocasionados por um carregamento lento
Esta correção refere-se ao fato de que, na prática,nenhum
carregamento é aplicado instantaneamente, como se prescre
ve na teoria ou como se faz no ensaio de adensamento. -
A rigor, qualquer construção vai carregando o terreno gr~
dativamente. Para levar em conta tal efeito. existe uma
construção gráfica (G:ilboy) que permite obter a·curva tem
pc-recalque para o carregamento lento, a partir da curvã
de carregamento instantâneo.
A construção é baseada na hipótese de que o recalque, no
final da construção (tempo - t ) é igual ao recalque no
tempo tc/2, quando se considerà o carregamento aplicado
instantaneamente.
A variação do carregamento e linear com o tempo, e é dada
por
t
cr ~ cro,

c1n que cr
0
é a tensão final originada pelo carregamento.
\essa circunstância, a relação entre os recalques instan-
táneos e lentos será proporcional a t/t .
c
A Figura 78 esquematiza a construção gráfica.
Para se obter o recalque, num tempo t, basta determinar o
recalque instantâneo no tempo t/2, traçar uma horizontal
que interceptará e vertical por te, no ponto~- Unindo-se
A à origem O, esse se~ento AO intercepta a vertical em
I, no ponto-B, que será o recalque ocasionado pelo, car-
regamento lento. Pelas hipóteses formuladas:

MN PQ

t t
cr P' Q' M' N'
-ç -t-
e
Após o tempo t =te, os demais pontos são obtidos, deslo-
cando a curva de carregamento lento de tc/2.

Interferência de efeitos tridimensionais


As soluções apresentadas referem-se ao caso de compressao'
unidirecional. Há casos em que a espessura da camada é
96

..

112 t tc/2. te .....


,

.
""'
...
~
curwe cerrieide

FIGURA 78 : Recalques durante um carregamento lento

muito maior que a área carregada, quando então os efeitos-


tridimensionais podem afetar a velocidade e a magnitude
do recalque.
Uma consideração semi-empírica, para levar em conta tais
efeitos, foi proposta por Skempton e Bjerrum e admite que
a despeito dos efeitos tridimensionais o recalque é ainda
unidimensional.
Essa correção utiliza os parâmetros de pressão neutra A e
B de Skempton (CAPITULO XIII):

Llu

A Figura 79 apresenta os valores do fator de correção (W)


a serem multiplicados pelos recalques obtidos, quando se
considera compressão unidirecional:

W. LIH

12. Noções sobre a Compressão Secundária

A compressão secundária corresponde ã variação adicional de


volume, que se processa após a total dissipação da sobrepressão
hidrostática. Conquanto nas construções gráficas de Taylor e de
Casagrande se separem as d-i versas parcelas de compressão, não é
verdade que a compressão secundária principie logo após terminar
a compressão primária, pois uma parte dessa compressão secundá-
ria deve ocorrer, enquanto se processa a parcela de compressão
tratada pela Teoria de Terzaghi.
Ainda que as leis que determinam o processo de compressão se
J7

- - e:orragomanto eireulcr
- - - ccrregomon1o retontu1or
infinito
••~--~.L:.----.~.•----.~.•----.~..----~1.0
A

FIGURA 79 Corre;;õo do recalque de adensamento

cundária sejam bastante complexas, e nao totalmente explicadas


na atualidade, pode-se atribuir o fenômeno às acomodações que
ocorrem entre as partículas e suas interligações, sob efeito das
tensões impostas ao solo, Admite-se que na compressão secundári~
também chamada de "creep", as acomodações interpartíoulas sejam
originadas por deformações visco-elásticas da fase sólida. A fi-
gura 80 mostra um esquema de um modelo reológico visco-elástico.

Na Figura SO.a, o comportamento elástico é representado pela


mola, de constante elástica E, a qual é acoplada em paralelo com
um pistão que contém um fluiao incompressível de viscosidade n.
O acréscimo de tensão õo é suportado primeiramente pelo fluidoln
compressível no pistão-e, a medida que se processa o fluxo (vis=
cosidade ~), a mola passa a ser solicitada. A deformação estabi-
liza-se, quando todo o acréscimo de tensões (õo) passa a ser ab-
sorvido pela mola.

!6o

,{]'
E

i6o tempo

FIGURA~ 80 ' Modelo reológico visco- elástico

A compressão secundária normalmente se estende por um grande


período de tempo (compressão secular de Buissman) e não ocorre
de maneira significativa, em todos os tipos de solos, parecendo
ser mais flagrante nas turfas e S A~ orgânicos.
01

13. Recalques por Colapso

Um pormenor curioso, que ocorre em vastas áreas da reg~ao


Centro-Sul do País, refere-se ao caso dos solos superficiais po-
rosos. Tais solos, quando estão sujeitos a carregamentos e por
uma razão qualquer (infiltração de águas de chuva, rompimento de
condutas de água ou esgoto etc.) têm o seu grau de saturação au-
mentado, passam por uma repentina variação de volume, manifes-
98

tada por uma redução do índice de vazios.


O fenômeno deve-se ao fato de a entrada de água na estrutura
instâve~ desses solos, tender a eliminar as causas do equilíbrio
(pequena cimentação interpartículas; coesão aparente ocasionada
pela capilaridade), provocando um colapso da estrutura do solo,
razão pela qual tais solos são chamados de colapsíveis.
Residências com fundações diretas, apoiadas sobre esses so-
los na região de São Carlos - Araraquara (SP) , têm apresentado
acentuadas trincas, quando ocorrem infiltrações sob as funda-
ções.
A Figura 81 mostra ensaios de adensamento, com inundação,rea
lizados sobre amostras de solo poroso de São Carlos. -

1.000

0.600

0.1 1.0 10.0 a (kgf/cllt2)

FIGURA 91 Ensaios de adensamento com e


inundação dos corpos d~ prova

Pode-se notar que a inundação provoca uma redução repentina


do Índice de vazios, sem aumento de carga, o fenômeno parece de-
saparecer, após determinada tensão, quando então o simples acrés
cimo de cargas é suficiente, para romper as ligações precárias
interpartículas.

CAPITULO X
EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO

1. Introdução

As obras civis só podem ser convenientemente projetadas, de-


pois de um conhecimento adequado da natureza e da estrutura do
terreno em que vão ser implantadas. Em obras nas quais os solos
aparecem como material de construção, como é o caso de aterros e
barragens, há que se conhecer também as características geotéc-
nicas dos solos dos empréstimos.
As obras de maior porte e requinte de projeto exigem L' a-
lhor conhecimento dos solos envolvidos. A história da Eng2nharia
Civil registra casos em que a inobservância de certos princípios
de investigação ou mesmo a negligência diante da obtenção de in-
formações, acerca do subsolo tem conduzido a ruinas totais ou
parciais e, neste caso, a prejuízos incalculáveis, nao só de
99

tempo como de recursos para a recuperação jüs obr~s.


O custo de um programa e prospecção hem conduzido ~itu~ •e
entre 0.5 a 1% do valor da bra.
O enge~heiro de solo deve ter uma consci§·.cia ~rit1~a acen-
tuada das limitações e um c·.~nheci .tc:n-ro profundo dos instrume:otos
disponiveis para·a prospeccio gec:~c ic~. de cal forma que pos-
sa, mediante informacões, ohtida5 cor seu intermedlo, realizar
os projetos dentro dÓs padrões de segurança e economia exigidos.

2. Informações Exigidas num Programa de Prospecção

As informações básicas que se busca.num programa de explora-


çao do subsolo são:
a. a ãrea em planta. profundidade e espessura de cada camada
de solo identificado;
b. a compacidade dos solos granulares e a consistê~cia dos
solos coesivos;
c. a profundidade ão topo da rocha e as suas caracteristicas,
tais como: litologia, área em planta. profundidade e es-
pessura de cada estrato rochoso: mergulho e direção das
camadas, espaçamento de juntas. planos de acamamento, pre
sença de falhas e ação do intemperismo ou estado de decom
posição;
d. a localização do nível d'água e a quantificação do arte-
sianismo. se existir;
e. a colheita de amostras inde~ormadas, que possibilitem quan
tificar as propriedades mecânicas do solo com que trata a
Engenharia: compressibilidade. permeabilidade e resistên-
cia ao cisalhamento.

3. Tipos de Prospecção Geotécnica


Os tipos de prospecção utilizados correntemente na Engenha~
ria Civil são:
3.1 - Processos Indiretos
Resistividade elétrica
Sísmica de refração
São processos de base geofisica. Não fornecem os tipos
de solos prospectados, mas tão somente correlações en-
tre estes e suas resistividades elétricas ou suas velo
cidades de propagação de ondas sonoras.
3.2 - Processos Semidiretos
Vane test
Cone de oenetracão estática
Ensaio p~essiometrico.
Fornecem apenas. caracteristicas mecan1cas dos solos
prospectados. Os valores obtidos, por meio de correla-
ções indiretas, possibilitam informações sobre a natu-
reza dos solos.
3.3 - Processos Diretos
Poços
Trincheiras
Sondagens e trado
Sondag.ens de simples reconhec::.::- --- "-
Sondagens rotativas
Sondagens mistas
100

São perfurações executadas no subsolo. Nestas, pode-se


fazer uma observação direta das camadas. em furos de
grandes diâmetros, ou uma análise por meio de amostras
colhidas de furos de pequenas dimensões.
4. Prospecção Geofísica
Dentre os vários processos geofísicos de prospecção existen-
tes, o da resistividade el~trica e o da sísmica de refração são
os de uso mais freqUente, na Engenharia Civil. Estes processosde
prospecção apresentam a vantagem de serem rápidos e econômicos,
principalmente em obras de áreas extensas ou de grande comprimen
to linear. Al~m disso, fornecem informações numa zona mais ampla
e não apenas em torno de um furo, como nos processos diretos, po
r~m a interpretação destas informações exige, quase sempre, que
se levem a efeito as prospecções diretas.
Em geral, estes processos só propiciam resultados satisfató-
rios, se se pretende determinar as profundidades do substrato ro
choso recoberto por solo, ou para descobrir descontinuidades e
para delimitar camadas de solo constituídas por materiais bem
diferenciados.
As cartas geofísicas obtidas por um trabalho de prospecção fa-
cilitam o planejamento e localização de furos de sondagens, pois
evidenciam, com boa aproximação, a zona prospectada. O uso dos pro
cessas indiretos na prospecção, no Brasil, encontram-se em fran~
co desenvolvimento, podendo-se prever sua grande utilização, num
futuro prÓximo.
4.1 - Processo da Resistividade El~trica

Este processo fundamenta-se no princípio de que os di-


ferentes materiais do subsolo possuem valores caracte-
rísticos àe resistividaàe elétrica.
Os dispositivos de medida na determinação da resistivi
dade são constituídos de quatro el~trodos colocados na
superfície do terreno. Os dois el~trodos externos, de
corrente, são conectados a uma bateria e a um amperíme
tro. Os centrais, de potencial, são ligados a um vol~
tímetro. As posições relativas entre estes el~trodos
conduzem a diversas t~cnicas de prospecção. Na configu
ração de Wenner, os el~trodos são equiespaçados, e, na
de Schlumberger, a distância entre os elétrodos de po-
tencial varia de 1/50 a 1/25 da distância entre os elé
trodos de corrente.
A resistividade alétrica ~ medida. a uartir de um cam-
po elétrico gerado ar~ificialmente pela injeção de
uma corrente elétrica no subsolo, por meio dos eletro-
dos externos, cuja diferença de potencial é detectada
pelos el~trodos internos, Figura 82.
A área abrangida pelo campo elétrico induzido é função
do espaçamento entre os elétrodos. Quanto maior este
espaçamento maior será a área e, conse~tientemente, mai
or será também a profundidade atingida. Portanto, o
perfil estratigráfico de um subsolo p~de ser obtido,:'~
riando-se o espaçamento L entre os eletrodos, cont1-
nuamente, e registrando-se a resistividade elétrica.
4.2 - Processos de Sísmica de Refração
os processos de geofísica à base de sísmica de refra-
ção apóiam-se no princípio de que a v:locidade de p~o­
pagação de ondas sonoras em corpos elasticos e funçao,
entre outros, do módulo de elasticidade do material,de
101

o mperimo1ro beterie

FIGURA 82 Resistividode elétrico -


configuração de Wenner

seu coeficiente de Poisson e de sua massa específica.


Produzindo-se uma emissão sonora do terreno, por meio
de explosivos ou pancadas, registra-se em geofones ins
talados, à superfície, o tempo gasto entre o instante
da explosão e o da chegada das ondas aos geofones.
Existem três tipos de ondas sonoras: as diretas, as re
fratadas e as refletidas.
Quando uma onda que se propaga com velocidade V1 em um
meio a incide na interface, entre este e um meio b, ou
esta onda se reflete com a mesma velocidade VI, ou ela
se refrata e se propaga no meio b, com uma velocidade
v 2 ~ v 1 e, em uma direção que depende do ângulo de in-
cidência 8 e das velocidades v e v , conforme a Fig~
1 1 2
ra 83.
Pela lei de Snell, pode-se notar que haverá um ângulo
particular, chamado de ângulo crítico de incidência,pa
ra o qual 8 2 = 90°, ou seja, a onda refratada propa~

gar-se-ã segundo uma direção coincidente com a interfa


ce.

re1'tetida

lei de Snefl

v, = aon e,
••• e.
interface
v.

FIGURA 83 Ondas refratados e refletidas


102

Chamaremos de onda crítica a que se propaga segundo a


interface, por ter incidido num ângulo igual a e -t À
Crl. -
medida que esta onda crítica se propaga pela interfac~
novas ondas emergirão dela, em direção ã superfície,fa
zendo um ângulo ecr1.-t . com a vertical, conforme a Figu -
ra 84.
geofone

-----------
----,---------
bnda direta

FIGURA 84 , Esquema de propagação de ondas no solo

Por meio de formulações matemáticas, consegue-se medir


a espessura h da camada, conhecendo-se o tempo gasto,
para que as ondas de chegada direta e, as refratadas
atinjam os geofones instalados, convenientemente, ã su
perfície, conforme se mostra no gráfico da Figura 85.-

tR 2
h v~ + 1
--;-r
2

h
i
--y-
vv2 - vl
v2 + VJ

S. Métodos Semidiretos

Os processos semidiretos de prospecção foram desenvolvidos


por causa da dificuldade de_amostrar certos tipos de solos, como
areias puras e argilas moles. Não fornecem o tipo de solo, ~
-~~--_f_~J:'_tas características de comE~tamen t_o_m_ec_âni_c_o_d_<!.~_ç_a­
madas, obtidas""meâ-l.ante correlaçoes, com grandezas medidas em
suas execuções. Em resumo, os processos semidiretos são ensaios
"in situ". As dificuldades de se dispor de amostras realmente i!!_
deformadas e a complexidade estrutural dos maçiços terrosos ,.quan
do comparados com as amostras, têm conduzido a uma utilização
crescente desses ensaios.
103

tempo de
che9odo

1
v:;
onóo direto

I
onde refratado

diatãncia

FIGURA 85 Distância x tempo poro os onde


direto e refratado

5.1 - Vane Test


O Vane test ou ensaio de palheta foi originalmente de-
senvolvido por engenheiros escandinavos, para medir a
resistência ao cisalhamento não drenada de argilas "in
si tu".
O ensaio consiste na cravação de uma palheta, Figura
86, e em medir o torque necessário para cisalhar o so-
lo, segundo uma superfície cilíndrica de ruptura, que
se desenvolve ao redor da palheta, quando se aplica ao
aparelho uma velocidade constante e igual a 6 graus
por minuto.
Algumas hipóteses devem ser feitas, a fim de que o va-
lor medido possa representar a resistência ao cisalha-
mento,rãpida,não drenada do solo:
a. Drenagem impedida.
b. Ausência de amolgamento do solo, quando da operação
de cravação do equipamento.
c. Coincidência de superfície de ruptura com a gera-
triz do cilindro, formado pela rotação da palheta.
d. Uniformidade da distribuição de tensão, ao longo de
toda superfície de ruptura, quando o torque atingir
o seu valor máximo;
e. Isotropia do solo.
O ensaio fQ_r.nece_tamb_~ll1_tliilª_j._clé.i.a_d~__?ensibilidade de
-~rgila. Pode-se lançar em um gráfico torque x rotaÇão
os valores, em seus estados indeformado e amolgado, Fi
gura 87. Para este caso, considera-se o amolgamento do
solo, após sua ruptura, quando se dão dez rotações no
equipamento; a uma velocidade bem rápida.
104

DtlTAL.HIIE

FIGURA 86 : Aparelho de Vane

torquc
condição ind.eformede

condição amolgado

roto-çÕo (groual

FIGURA 87 Resistência de uma argila no estado


indeformado e amolgado

O aparelho pode ser cravado diretamente no solo 2té a


profundidade a ser ensaiada, ou em furos de sondagens.
Neste caso, ê aconselhável que a sondagem se processe
até uma distância de O,SD m, aP"roximadamente. acima da
cota de ensaio.
Para cálcul-o de res-istência não drenada da argila, con
sidera-se a palh-et'a es<l_uematizada na Figura 86.b.
No instante de ruptura, o torque aplicado se iguala ã
resistência e ao cisalhamento-de argila! representada,
105

pelos momentos resistentes da tope e 3a base do cilin-


dro de ruptura e pelo momen~o resiste~:e desenvolvido,
ao longo de sua superficie lateral. ou seja:

em que:
torque máximo aplicado ã palheta;
momento resistente desenvolvido ao longo da supe!
fície lateral de ruptura;
M = momento resistente desenvolvido no topo e na base
B do cilindro de ruptura;

mas
1
-2- '1T D2 H cu

2 1T . D3
cu

em que:
Cu resistência não drenada da argila;
D diâmetro do cilindro de ruptura;
H altura do cilindro de ruptura:
ou,
T
se H 2 D
cu n2 1T
c+ +
D
----o)

6 T
cu --; D.)
1T

O Vane test tem mostrado fornecer resultados bem próxi


mos dos reais, embora haja necessidade de usar fatores
corretivos, em função das caracteristicas plásticas do
solo. Em argilas mé~d_i_a_s_e__dJ.U:a_s_~a_p_e~urbação causad9:
pela crava~o aparelho afeta sensivelmente a estru-
tura do__s_o_la_e_inva l i da os resnltados o.bJ::.i.Qps.
5.2 - Ensaio de Penetração Estática do Cone
O ensaio de penetração estática do cone, também conhe-
cido como "deep-sounding" ou "diepsoundering", foi de-
senvolvido na Holanda com o propósito de simular a era
vação de estacas.
O aparelho consta dé um cone móvel, com um ân~lo no
vértice de 600, com área transversal de 10 cmZ. O cone
é acionado por hastes metálicas. O esforço estático de
cravação é transmitido por macacos hidráulicos, situa-
dos ã superfície e ancorados no terreno. A Figura 88
mostra a forma esquemática de aplicação e medição das
cargas e um corte transversa~ do cone.
A resistência lateral ê obtida pela diferença entre a
resistência total, correspondente ao esforço estático
necessário, para penetração do conjunt:o, -numa extensão
lo'

hocto interne (ponta)


reocõo
\ externe

~ t--mococo hidráuliec~

~W/,"' ~"WN/

penetreçio porca
aedide dG rnis-
tincio de p0111tt11

~hoste externe

v haste interrta

l---co"
.....,....
{o) ( b)

FIGURA 88 Ensaio de penetração contínuo


de aproximadamente 25 em, e a resistência de ponta,quan
do se crava somente a ponta móvel do cone num compri~
mento de 4cm, aproximadamenté.
A cada 30cm de profundidade, portanto, podem-se ter va
lores das resistências lateral e de ponta, que, lança~
do em um gráfico, "versus" a profundidade toma o aspec
to da Figura 89. -
Analisando-se as variações relativas das resistências
especificadas de ponta ~ la ter;il, pode-se ter uma idéia
da natureza dos solos prospectados. O Quadro X seguin-
te dá uma forma de interpretação dos solos atravessa-
dos, pela cravação do penetrômetro.
No ensaio de cone, o processo de cravação cria em t~:
n~ d<J._p_on_ta......n.í\[_eis_d_e_t_e~s..ao_mu~_t__o_~l evados_~y~t en::...
soes nQ_cisalhamento estao muito alem dos n~veis encon
trados __r_o_tine..i.r_a]llen_t_e__nas.Qbras c i vis. Neste-processo,
·coexistem f~nÔ!llenos de compressao""'~-~~Ct:~li!:fj>()r ·c-í-
·salhame!J.Jó. ·
_·-:-os--::aados. obtidos no ensaio do cone., quando ..usados em
correlações, fo_rnec~m_b_Q.a2-indicações da_s_p_r:_o_p_r.i_~d..ª-.des
ão solo como: ângulo de atrj,_l:o interno de areias, coe-
s ao e consistências_das_az:gilas·.-·ra~s dados· sao:=fi'Cl..l--
llleiit'eutiEzâveis--no dimensiona-mento
-aas:--------------,--- de estaca-s _crava-
......... - .. - ..... ___________________
5.3 - Ensaio Pressiométrico
O ensaio pressiométrico foi desenvolvido pelo engenhel
ro francês Mernard, com o objetivo de medir o módulo
de elasticidade e aresistência.. ao cisãl-hamen:t-o----d-<;:5-=S:O
ToSe~!laS'S:nsiiü··: ·
O aparelho compoe~se de uma célula que é introduzidaem
furos de sondagem, e está ligada a um aparelho de medi
da de pressões e volume. A Figura 90 representa um es-
quema do pressiômetro de Menard.
A cé1ula ê constituída de três elementos metálicos va-
zados, cujas paredes sâo vedadas por uma membrana de
SONDAGEM RESISTÉNC!A DE PONTA Rc. k9ffem2
'100 200

7õ i!i-'=.'+UlC'#'!-Lif+L.LI..i-:j

12

2000
ATRITO LATERAL RJ.. lo::g

FIGURA 89 Resultado de um ensaio de penetração


contínuo

monõmatl"o

FIGURA 90 Esquema do Pres.s:3r:-,etro


QUADRO X - Varia~ões de Resistincia no Ensaio de Penetração Continua ,....
o
CfJ

O Atrito Lateral Diminui Atrito Lateral Consta~te O Atrito Laterol Aumenta

- ~ ponta entra numa camada - So 1o si !toso, pouco co·m- A ponta penetra num solo
de solo solto, arrastando pacto, reduzindo de com- menos compacto,
o solo sobrejacente aren~ pacidade.
A Resis~cncia de so ou de argila mole,
Ponta ~feito da anterior deslo- .Areias e seixos pouco
Oiminu i cação dum bloco sÓlido, compactos.

- A ponta penetra numa arg!


la senslvel,amostrando so
lo d~ camada superior.

Solo·arenoso relativamen- Turfas e siltes pouco co~ - Argilas


A Resisti~cia de te compacto, provocando a pactos, não variando de
Ponta formação dum bulbo cujas consistência e compaci~! Areias compl'essíveis mas
Constante linhas de deslizamento se de. não soltas (finas e
parcialmente satura-
viram para a parte supe- das),
rior,

- Se mo de radamen te: idem an Tur.fas e si 1 tes pouco CO!!! - Solos aumentando de CO!!!
terior. pactos, aumentando de r! pacidade (argilosos e
• Se ~uito rapidamente: blo sistincia e compacidade. arenosos),
A Resistência de
Ponta c6s c~lldid~s pela ponta, - Placas ou bulbos roçan
Cresce o que tende a criar um va do a haste,
zio, que se preenc~e nat~ - Bulbos cujas curvas de
r a lmente·, se o solo for coe
deslizamento se orien-
sivo. tHm para cima, na vi-
zinhança do tubo.
109

borracha. Mediante um dispositivo de injeção de água,


situado na superfície do terreno, a membrana é solici-
tada, expande-se, e pode atingir até o dobro de seu vo
lume inicial. Os elementos das extremidades, chamados:
de elementos de guarda, são inflados com gás carb6ni-
co, a uma pressão igual ao do elemento central, para
reduzir o efeito do topo. O elemento central recebe um
volume aproximado de cerca de 700 a 750 cm3 de água. O
efeito da aplicação da água na célula central produz
uma pressão radial nas paredes do furo. A carga é apli
cada em estádios, e, para cada um, registra-se a defor
mação correspondente. o processo desenvolve-se até a
ruptura do solo.
Pode-se, a partir dos pares de valores pressão aplica-
da "versus" variação de volume, traçar um gráfico ten-
do o aspecto da Figura 91, em que é possível perceber
os seguintes trechos:
1. intervalo da curva em que há reposição das tensões
atuantes, na abertura do furo;
2. fase pseudo-elástica;
3. fase plástica;
4. fase de equilíbrio limite.

2
""
E eurvo de
E ~coiÍbroc.Õo

.."
E

I
I
E
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I

. I
o
>
I
"O

o
I
•o I
<>
o I
o
> I

pressão aplicado

FIGURA 91 Curva pressão aplicada x variação de volume


obtida com o pressiometro

O módulo de elasticidade é obtido na fase pseudo-elãs-


tica da curva pela expressão:
E K d v
CTp'
. d n
em que o quoc1ente ~ expressa uma variação do volume
da membrana com a pressão aplicada, e K é uma constan-
te que depende das dimensões da célula~
Com pressiômet~os dotados de c~lulas normais, pode-se
chegar a pressoes de 45 Kgf/cm~. registrando um módulo
llO

de elasticidade da ordem de 104 Kgf/cmZ.


D ensaio pressiométrico tem o incoveniente_ de_medi_r_ a
:ompress1b1.hdade_._ ~ente-segUf1áo-úm plano horizon-
tar, maS, ~exatamente por isso, ~!Jª'r~5:~--~orno um -bom equ!.
parne!lto~-parã meãirãSi_eli~oes-·ho.rizontais em repous_o
e lo go·o---co·efrci·ênteJÇ..:
-------··~-~-~·~"~---·-~·--

6. Processos Diretos
Os métodos diretos de investigação permitem o reconhecimento
do solo prospectado, mediante análise de a~ostras provenientes
de fur6s executados no terreno, por processos de perfuração expe
ditos. As amostras deformadas fornecem subsídios par~ um éxame
visual-táctil das camadas, e sobre elas podem-se executar ~aios
de caracterização (teor de umidade, limites de consistência e
granulometria). Há ca_sos_ em que é necessária a coleta de annstras
indeformadas, para obter-se informações seg~ras sobre o teor de
umidade, resistência ao cisalhamento e compressibilidade dos so-
los.
Pode-se obter, com os processos diretos, a delimitação entre
as camadas do subsolo, a posição do nível do lençol freático e
informações sobre a consistência das argilas e compacidade das
areias. Nota-se então, que as principais características espera-
das de um programa de prospecção são alcançadas com o uso destes
processos. Há, em todos eles, o inconveniente de oferecer urna vi
são pontual do subsolo-
6.1 - Poços
Os poços são perfurados manualmente, com o auxílio de
pás e picaretas. Para que haja facilidade de escava-
ção, o diâmetro mínimo deve ser da ordem de 60 em. A
profundidade atingida é limitada pela presença do N.A.
ou desmoronamento, quando então se faz necessário re-
vestir o poço. .
Os poços permitem um exame visual das camadas do subso
lo e de suas características de consistência e compaci
dade, por meio do perfil exposto em suas paredes. Per~
mitem também a coleta de amostras indeformadas, em for
ma de blocos.
6.2 - Trincheiras
As trincheiras são valas profundas, feitas mecanicamen
~e com o auxílio de escavadeiras. Permitem um exame v1.
~al contínuo do subsolo, segundo urna direção e, tal
como nos poços, podem-se colher amostras indeformadas.
ó.3 - Sondagens a trado
O trado é um equipamento manual de perfuração. Compõe-
se de uma barra de torção horizontal conectada por uma
luva T a um conjunto de hastes de avanço, em cuja ex-
tremidade se acoola uma cavadeira ou uma broca, geral-
mente em espiral:
A prosl?ecção por t:rado é de simples ~~ecuç_ã~_,___ :r:ãp~2:a
e economica. No éntanto , .. as 1.nformaçoes obt1das __ sao
apenas do t 1po de solo,:_ espes sura___ Q.~_ç_ªl!l_<:LcL~-~-- _j:J_os içi.o
do I enc;:o 1 f.Leá.ticO-.--.As ... amo_s_t:ras _colh1.das sao . defor:na-
dase--;-ir~ am- se a ç.iJn.a_do--'-'LA- - '
·.Por se-r vm___p_rQ_C_esso geralmente manual (~J(i_;;_temeq_uipc:.­
me_ll_tOs mecânicos) e cer:_!os__lÍ_E_(lS_d~ __;;E)lQ;; serç;111 ~E:__ pe~
TU._ra,ç-aõ-,n:-_g~.íT;-:-õ:-uso~ d() equipamento t~m suas llm: u-
ções. E-o- caso de areias c:Q.lllp_a_ct.as._il_!:gi_~c!~ra __::___:.:p_y-
c!regulllo. A_pr.o.fundidad-e-:-_a1:i_llf~da é da ord_E:m_ (los__~-'11·
l JJ

2 bastante usad~--~~conhecimento preliminar. Q!Í~~í­


palmente de áreas de empréstimo.
6.4 - Sondagens a Percussão ou de Simples Reconhecimento
6.4.1 - Introducão
O método de sondagem. à percussão, é o mais em
prega do--no-s-r-a·rrJ:-,-pY'ih-c1páTID:ente- em ~p r ospeC-
çao do subsolo para fins de fundação.
Dentre as vantagens que apresenta, podem-se enu
merar: o seu ba1xo custo. a simplicidade Qe
execucão~a__p.os.s_)_bilidad.e_d_e_ç_oJ_her amostra~, a
determinacão d~_posição d~..l~~l freático e a
o b tença o d.S!__iJ1_f_o.Il!l.aÇ-Õ.e.5-.de....c.on.s.i.st.ênc.i.a.....e...com-
pac i d a_d_e_d..o.s_$.0~0 s .
A sondagem executada por meio de uma perfura-
ção no terreno, acompanhada da extração de amos
tras, permite, em geral, a obtenção do__2erfil
estratigrafico do sub_s_cl_~
6.4.2 - O Equipamento
O equipamento de sondagem, à percussão, é com-
posto de um tripé equipado com roldana e sarri
lho que possibilita o manuseio de hastes metá~
licas ocas, em cujas extremidades se fixa um
trépano biselado ou um amestrador-padrão Figu-
ra 92.

FIGUI'IA 92 • 'llltto toro~ 1141 um ctquipo~-


pora aondaq~~tm à p~arcu11ao

No processo de perfuração, as paredes de furo


podem mostrar-se instáveis, havendo a necessi-
dade de revesti-las com tubos metálic~s de diâ
metro nominal superior ao da haste de cravaçã~
Este tubo metálico ê denominado tubo de reves-
timento.
112

Na parte superior do conjunto haste-tubo de re


vestimenta, há dispositivos de entrada e saída
d'água, conectada, por meio de mangueiras, a
um reservatório e a um conjunto motor-bomba.Fa
zem ainda parte do equipamento um martelo de
Cravação com peso padDonizado (dotado, na bas~
de um coxim de madeira), um mostrador de par~
des grossas e trados-cavadeira e espiral.
6 .4. 3 - Perfuração
A perfuração é feita com um trado-cavadeira
até a profundidade do nível d'água ou até que
seja necessário o revestimento do furo, por
causa da instabilidade de suas paredes. Embora
existam em diâmetros de 3", 4" e 6", é o -de
2 1"/2 que se usa com mais freqüência, pelo fa
to-de ser o mais econômico e de fácil manuseiü
A partir do ponto em que se introduz no furo o
revestimento, a perfuraçâo deve pross-eguir ,com
o uso de um trado espiral; a cota do N.A. será
a profundidade limite desta tecni~a de prospec
-ção. Abaixo deste plano faz-se a perfuração por
~ntermédio do processo de lavagem com circula-
ção d'água, que permite um avanço rápido do fu
ro, sendo por isso preferido pelas equipes de
perfuração, em detrimento dos processos manu-
ais. Nele, a água é bombeada, para o fundo do
furo, através da haste oca e retorna pelo espa
ço aneiar existente entre a haste e o tubo de
revestimento. O trépano de lavagem bise lado con
tém dois orifícios laterais, para a saída
d'água e escava o furo nos moviment-os de per-
cussão feitos na haste pelo sondador. Os detri
tos da escavação são carregados pela água nõ
seu movimento ascensional.
O processo de circula~ão de água dificulta a
determinação da posiçao do N.A. e altera as ca
racterísticas geotécnicas dos solos. Por esta
razão, os furos são abertos a trado, até.alcan
çar o N.A., e as operações de amostrage~ e~i::­
gem que o avanço do furo por_ lavagem seJa 1n-
terrompido a cerca de 0,50 m de cota de colhei
ta da amostra.
6.4.4 - A Amostragem
A cada metro de profundidade, são colhidas a~
mostras pela cravação dinâmica de amestrado-
res-padrão. Estas amostras, são de_f_o_nnad.as__e
Erestam-se a ~aracterizaçao dos solos. Os amos
tradores são tubos metálicos··a-epare-de grossa-:-
com ponta biselada, constituídes de duas meia
canas solidarizadas entre as extremidades. Fi-
gura 93.
o sistema de percussão consiste na queda do pe
so padronizado de uma altura também padroniza-=
da, de forma que a energia de cravação seja
sempre constante, durante o processo de amos-
tragem.
No Brasil, existem três tipos de amestradores-
padrão, __ distinguidos pelas diferentes_ dimen-
sões do tubo e pela energia de cravaçao empre-
gada.
113

eapoto eergto volvulc de alivio cn gota

FIGURA 93 ' Amestrador Terzoghi

Deve-se ressaltar que a tendência atual é a


adoção do amestrador tipo Terzaghi (Figura 93)
com vistas ã obtenção da padronização das di-
versas:.fases da sondagem e dos equipamentos u-
_tilizados. Os amestradores tipo Mohr-Geotécni-
ca e IPT foram grandemente empregados no Bra-
sil, porém hoje estão quase em desuso.

Nome do Diâmetro Diâmetro Peso Altura de


Amestrador Interno Externo (kg) Queda
(polegadas) (polegadas) (em)

Terzaghi-Peck 2 1 3 65 75
""""8
SPT

Mohr-Geotêcnica
1 5 1 65 75
IRP """"8

IPT 1 13 1 1 60
"1.0 -z 75

6.4.5 - Indice de Resistência ã Penetração


Paralelamente ã amostragem do subsolo, pode-se
obter o Índice de resistência à penetraçãQ. Na
cravação dinam1ca do amestrador, anota-se o nú
mero de golpes do martelo necessários, paraefe
tuar a cravação de cada 15 centímetros do amos
trador.
Para os amestradores tipo TERZAGHI, o índice
de resistência à penetração refere-se ao núme-
ro de golpes necessários, para a cravação dos
Últimos 30 centímetros do amestrador, despre-
zando-se os golpes correspondentes à cravação
dos 15 centímetros iniciais. Este índice é co-
nhecido como SPT. iniciais de sua designaçãoem
Inglês, "STANDARD PENETR.tHION TEST".
Para os amestradores Mohr-Geotêcnica e IPT, o
l 1 ,]

índice de resistência ã penetração refere-seao


número de golpes, para cravação dos 30 centíme
tros iniciais. -
O índice de resistência ã penetração, óu núme-
ro N, como é comumente chamado, ainda que não
seja um ensaio de campo preciso (ele é muitas
vezes influenciado por fatores ligados à forma
de execução e pelo equipamento empregado), po-
de dar uma indicação razoável dos estados de
compacidade e consistência dos solos. Os Qua-
dros a seguir (Terzaghi Peck, 1948) fornecem a
consistência e a capacidade dos solos, em fun-
ção de N.

QUADRO XI - Grau de Lompacidade de areias, de acordo com os re-


sultados SPT

Número de Golpes N Grau de Compacidade

o- 4 Muito fofa
4 - 10 Fofa
10 - 30 Média
30 - 50 Compacta
> 50 Muito compacta

QUADRO XII - Relação entre a consistência das argilas, de acordo


com os resultados de SPT

Número de Golpes N Grau de Compacidade

o- 2 Muito mole
2 - 4 Mole
4 - 8 Média
8 - 15 Rija
15 30 Muito rija
> 30 Dura

As correlações existentes entre o índice de re


sistência ã penetração e a consistência das ar
gilas, principalmente das argilas sensíveis,po
dem estar sujeitas a erros grosseiros. em ra~
zão da diferença de comportamento da argila,em
face de cargas estáticas e dinâmicas, e ainda
pelo fato de o amolgamento da argila destruir
sua estrutura, e, conseqúentemente. modifica
sua resistência ã penetração.
E importante notar, como já foi dito. qué a
115

resist~ncia ã penetração de. uma camada pode


apresent~r diferentes valores. se sobre ela f~
rem executa&as sondagens por firmas distintas.
H5 erros originados da car~ncia de normali:a7
ção quando se executam sondagens. al~m do~ ad-
~indos do estado de conservação dos amestrado-
res. Estes, por serem mais dificilmente co~tro
láveis. exigem. por parte do engenheiro, maior
atenção.
Fatores ligados ã execução da sondagem:
- Erro na contagem do número de golpes.
- Má limpeza do furo.
- Furo não alargado suficientemente, para a li
vre passagem do amestrador.
- Variação da energia de cravação.
- Diferentes interações solo-amestrador.
- Emprego de t~cnica de avanço por circulação
de ágcia. acima do N.A ..
Fatores ligados ao equipamento:
- Dimensões e estado de conservaçao do amostra
dor.
-Estado de conservacão das hastes: uso de has
tes de diferentes Õesos.
- Martelo não calibrado ou sem coxim de madei-
ra.

6.5 - Sondagem Rotativa

A sondagem rotativa ~ empregada na perfuração de ro-


chas, de solos de alta resist~ncia e de matações ou
blocos de natureza rochosa.
O equipamento compõe-se de uma haste metãlica rotativ~
dotada, na extremidade, de um amestrador. que dispõede
uma coroa de diamante.
O movimento de rotação da haste ~ proporcionado pela
sonda rotativa, que se constitui de um motor, de um
elemento de transmissão e um fuso que imprime as has-
tes os movimentos de rotação. recuo e avanço. A haste
é oca e, por injeção de água no seu interior, conse-
gue-se atingir o fundo da escavação. por meio de furos
existentes no amestrador. Esta água tem a função de re
frigerar a coroa e carrear os detritos da perfuração
no seu movimento ascensional.
Tal como no processo. à percussão, quando as paredes
do furo mostrarem-se instáveis, pondo em risco a colu-
na de perfuração, que poderia ficar presa, usa-se um
tubo de revestimento metálico, com diâmetro nominal su
perior ao das hastes. Em outras ocasiões, emprega-se o
revestimento do furo, quando. atravessando camadas per
meáveis ou bastante fraturadas, houver grande perda de
água de circulação.
As coroas são pecas de aço especial. com incrustaç~s
de diamante ou vÍdia nas suas extremidades. O efeito
abrasivo da coroa desgasta a rocha e permite a desciua
do furo de revestimento e o alojamento do testemunho,
no interior do amestrador.
Dentre os diâmetros mais utilizados em Engenharia Ci-
vil, podem-se enumerar:
116

Denominação 0do furo (mm) 0 do testemunho (mm)


EX 38 20
AX 49 29
BX 60 41
NX 76 54

6.6 - Sondagem Mista


A sondagem mista é a conjugação do processo, à percus-
são, associado ao processo rotativo.
Quando, por exemplo, nas sondagens à percussão, os pro
cesses manuais forem incapazes de perfurar solos de aT
ta resistência, matações ou blocos de natureza rocho~
sa, usa-se o processo rotativo como instrumento comple
mentar. As sondagens mistas são, ppis, associações dos
dois métocos, não importando a ordem de execução.
7. Amostragem
7.1 - Introdução
A Mecânica dos Solos teor1ca apóia-se em característi-
cas de comportamento mecânico dos maciços terrosos, me
didas em averiguações experimentais em amostras repre~
sentativas. A obtenção de amostras de fato represPnta-
tivas tem sido uma preocupação de investi_gadores das
mais diversas partes do mundo.
No final da década de 50, entre os congressos de Mecâ-
nica dos Solos de Londres (1957) e o de Paris (1961),
um grupo de pesquisadores começou a atuar no sentido
de dar uma nova dimensão ao problema da amostragem. Es
te grupo, o IGOSS - Internacional Group on Soil Sampling-;-
surgiu do esforço de alguns pesquisadores que notaram
um progresso acentuado nos métodos de cálculo e nas
técnicas experimentais da Mecânica dos Solos, sem ter
havido um progresso paralelo das técnicas de amostra-
gem. Aliás, este fato vem ressaltar uma importante con
clusão a que deve chegar o principiante: De que adian~
ta possuir processos de cálculo e técnicas laboratori-
ais de alto requinte, se não é possível contar com boas
amostras? Toda a potencialidade dos métodos e das téc-
nicas perdem-se diante de amostras pouco representati-
vas.
A nova tendência da Mecânica dos Solos, a partir do tra
balho de IGOSS, é classificar as amostras em cinco ca~
tegorias, distintas:
CLASSE 1: Amostras que não passaram por distorção nem
alteração de volume e que, portanto, aprese~
tam compressibilidade e características de
cisalhamento inalteradas.
CLASSE 2: Amostras em que o teor de umidade e a cc:.n,pa-
cidade não experimentaram alterações, porém
foram distorcidas e, portanto, as caracterís
ticas de resistência ficaram alteradas. -
CLASSE 3: Amostras em que a composição granulométrica,
e o teor de umidade não experimentaram alte-
rações, mas a massa específica passou por al
teração.
CLASSE 4: Amostras em que a composição granulomfttrica,
117

foi respeitada, mas o t~or de umidade e_ a


massa específica experimentaram alteraçao.
CLASSE 5: Amostras em que até na composição granulomé-
trica houve alteração, por causa da perda de
partículas finas ou por esmagamento das par-
tículas maiores.
No decorrer do texto, notar-se-ão quais característi-
cas dos solo~ são mais bem obtidas com as diversas
classes de amostra. Desde já, pode-se observar que amos
tras da classe 5 prestam-se apenas, para dar uma idéia
de seqtiência das camadas.
Houve, em seguida, por parte dos investigadores, preo-
cupação de conceber tipos diferentes de amestradores,
de fato capazes de permitir amostras indeformadas.Estã
claro que além do tipo do amestrador utllizado, a ob-
tenção de amostras, dentro de determinada classe. é
função de outros parâmetros tais como: tipo do solo e
de seus estados:de compacidade e consistência, posição
do lençol freático, em relação à cota de coleta da amos
tra e dos fatores jâ citados, relativos à execução da
sondagem.
No dizer de alguns autores, a amostragem indeformada é
um ideal almejado, porém jamais alcançado, pois, ainda
que se consiga uma amostra que tenha todas as caracte-
rísticas da camada. pelo menos o estado de tensão da
amostra retirada e sensivelmente diferente daquele que
ela possuía, quando pertinente ao maciço.
Folque afirma que a amostra indeformada não está sujei
ta ao mesmo estado de tensão que a solicitava "in sitü''
e sugere um procedimento para quantificar esta altera-
ção. o qual pode ser visto na ref. 9.
7.2 -Amostras Indeformadas
a. Blocos
A coleta de amostras indeformadas, para serem anali
sadas em laboratórios, será necessária. quando os
dados fornecidos pelos processos de investigação e~
tudados mostrarem-se insuficientes na análi~e dopro
blema em foco. São colhidas em amestradores ou em
caixas metálicas. As superfícies expostas das amos-
tras são parafinadas, e transferidas com cuidado,pa
ra os laboratórios e ali armazenadas em câmaras úmi
das, até o instante de serem ensaiadas.
Para as amostras superficiais, usa-se a forma de
amostragem apresentada a seguir, na Figura 94.
Em camadas subsuperficiais. situados acima do N.A.,
os poços e as trincheiras permitem a coleta de amos
tras indeformadas. em forma de blocos e anéis.
As sondagens de simples reconhecimento. quando exe-
cutadas com diâmetro de 4" e 6". possibilitam tam-
bém a coleta de amostras indeformadas.Exige-se, nes
te caso, o uso de amestradores especiais e um pro~
cesso de cravação em que o amestrador ê forçado co~
tra o terreno, num movimento contínuo e rãpido com
o auxílio de um dispositivo de reação no revestimen
to ou com macaco hidráulico. -

b. Amostras Especiais

Em solos coesivos e de consistência de mole a ~édia


118

A- SOLOS COESIVOS SEM PEDREGULHO

-----1~
~1Jit
N "'
~-
oi ze1 corTOnTe 60•
om0.3Tra~orcfino

1- Cr-cvoçó"o 2- E~covo çõo em 3- A e o n di c i o no m c n to


Torno do tuoo

9- SOLOS COESIVOS COM PEDREGULHO OU CONCRECIONADO

1- E•eavoç:ao 2- Co toco çl!io S- Aeondieionomonto


do tundo

C-.SOL.03 NÃO COESIVOS


tamoo ..
~ro
DO
1- crovoçelo 2- ExTr-oção do
cilindr-o choio

FIGURA 94 Retirado de amostras indeformodos

o mostrador de paredes finas, tipo SHELBY, ê grande


mente empregado. E composto de um tubo de latão ou
de aço inoxidável de espessura reduzida. Preferem-
se os de latão aos de aço, por serem mais resisten-
tes à corrosão. Quanto mais finas as paredes do amos
trador, menor será amolgamento da amostra, entretan
to, deverá haver, em função do diãmetro, uma espes~
sura mínima, para que o amestrador não flambe ou
amasse, durante a amostragem. Este inconveniente e
evitado, quando se têm amestradores, com relação de
área inferior a 10%, Figura 95.

vélvule

X 1"0C

Di-De
P'OL.GJA INTIIIIiiNA • - - - - · '900
o,.

FIGURA 95 : Amostrodor tipo "SHELBY•

Para que haja uma redução do atrito entre a amos-


tra e as paredes do tubo, projetam-se os amestrado-
res com um~-~~$a interna de 1%, Figura 95.
Uma folga maior fãtilixaria a entrada da amostra no
119

amostrador, mas aumentaria o risco de ela cair,qua~


do da operação de retirada da amostra do furo de son
dagem. Uma quantificação do amolgamento poderia se~
dada pela porcentagem de recuperação da amostra: re
lação entre o comprimento cravado da amostra e Õ
comprimento cravado do amestrador, dado em percenta
gem. Quando esta relação for maior do que 100% sig~
nifica um deslocamento do solo, por causa da espes-
sura das paredes do amostrador ou do desenvolvimen-
to de atrito lateral interno. insuficiente para re-
sistir à tendência de inchamento da amostra. resul-
tante do alivio de tens6es experimentadas por ela.
Por outro lado, para porcentagens menores que 100%,
a causa pode ser o atrito lateral interno excessiv~
Uma porcentagem ideal seria um pequeno intervalo,em
torno de 100~.
Apesar de serem bastante empregados no Brasil, os
amostradores de parede fina, tipo SHELBY, não per-
mitem um controle da porcentagem de recuperação.Den
tre os tipos usuais surgidos nos Últimos anos pode~
se enumerar:
- Amostradores de Pistão
A porcentagem de recuperação conseguida em amostrado-
res de pistão. mesmo em solos de difícil amostrage~
pode facilmente atingir 100%. O amestrador é um tu-
bo de paredes finas, equipado com um pistão que ocor
re no seu interior. Este pússui uma haste que seprõ
longa até a superfície do terreno, por dentro da
haste oca do amestrador. A presença do pistão favo-
rece a amostragem, pois não permite o encurtamen-
to da amostra, por ação do atrito entre esta e as
paredes do amostrador, sem gue haja a criação de vã
cuo, no topo da amostra. Alem disso, este vácuo e
capaz de reter a amostra de solos não coesivos, na
operação de retirada do amestrador do furo de sonda
gem, Figura 96.
- Amestrador Sueco
O amostrador sueco perm~te uma sondagem contínua do
subsolo, nao senao prec1so retirar o amestrador, a
cada meio metro, aproximadamente. Possui um pistão
que permanece fixo, durante o processo de amostra-
gem. Nele se fixam as pontas de tiras de papel de
alumínio que são montadas em carretéis, dentro de
uma peça especial e que se distribuem ao longo de
todo o perímetro do amestrador. A presença do papel
alumínio reduz o atrito entre a amostra e as pare-
des do tubo, e permite a obtenção de amostras com
vários metros de comprimento, Figura 97.

- Amostrador Deninson
O amostrador Deninson destina-se à amostragem de so
los resistentes, em que não se consegue uma amostra
gem por cravação. Pode ser fixado às sondas rotati~
vas. O equipamento co-nsiste em dois cilindros, sen-
do um interno e um externo rotativo, dotados de sa-
pata cortante. A amostra obtida pela rotação do ci-
lindro externo penetra no cilindro interno, sendo
suportada pelo atrito das paredes e por mQla reten-
1211

tora. Para a perfuração. usa-se o proces~o de circu


lação de lama, que ainda estahiliza as paredes do
furo, Figura 98.
pistão fixo oo cabo fiw.odo
~/revestimento Õ auparf~cie
r---#-"--,

omoa.~

fi:t:odor doa
tiros.

----tiros de po1al do
-/' olvminic

correté'~ 1e pooel
1e QIUITI!t'liO
l
I

cmos:frodor de
parede· fino
o) antes do omcstroq"e"m /

b} a pÓ-. omos1roQem

___ j
FIGURA 96 Amestrador- de pistão FIGURA 97 Amestrador sueco

roloi'Ranto

""' cilindro externo


{rotativo)

citlndf'O interno
( ti10 1

rave•timettto
interne

.....,,.
retptor oo

FIGUAA 98 Amostrocfor Oeninson


121

CAPITULO XI

COMPACTAÇÃO

1. Def~nição
e Importância
A compactação é entend~da como alião. mecânica :por meio da qual
se impoe ao solo uma reduçao de seu 1~d1~~az1os. Embora se-
jaUm-fenomeno similar ao adensamento, no uso diário dos termos,
tem-se-lhes dado conotações diferentes. Enquanto no adensamento
1'a redução de vazios é obtida pela expulsão da água intersticial,
; num processo natural ou artificial. que ocorre ao Longo do tem-
po, e que pode durar centenas de anos; na compactação esta red~
ção ocorre, em geral, pela expulsão do ar dos poros, num proce~­
so artificial de pequena duração.
O efeito da compacta_ç_ã{) _ r:~sul ta n~_melhoria das qualidades
mecânicas e- hidrauTfcas do soiô, e entre elas, o acréscimo de r e
sistênc-1a-ao---~-isalhamento ·e----areduçao da compressibilidade e da
permeabilidad-e;-----~------------~--

0 ínãTce-final de vazios do solo é decorrente do tipo e esta


do do solo, antes da compactação e da energia aplicada durante
o processo.
Os tipos de .co.mpact.aç_ão__us_ua_i_s_p_o_d_em_s_er manuais ou mecâni-
cos. Nos processos manuais, utilizam-se soquetes, em que a ener-
~ é aplicada mediante golpes sobre a camada. Nos processos me-
cânicos, empregam-se soquetes mecânicos, rolos estáticos (lisos
ou dentados) e vibratórios, em que a energia aplicada depende da
tensão aplicada e do número de passadas que se dá sobre a cama-
da.
Historicamente, as técnicas de compactação evoluíram em face
dos problemas de estabilidade e estanqueidade de maciços de bar-
ragens e pela imposição da ausência de recalque em pavimentos ro
doviários. Nos dias atuais, é também usada como método de melho~
rar a capacidade de suporte dos solos superficiais.
2. Curva de Compactação
A primeira contribuição significativa ao estudo da compacta-
ção foi dada por Ralph Proctor, em 1933. Ele descobriu a relaçOO
existente entre a massa específica seca, o teor de umidade e a
energia de compactação. Para uma energia fixa, a massa específi-
ca seca aumenta com o teor de umidade até atingir um valor máxi-
mo para decrescer daí por diante, Figura 99.

----~

~ !I ~

"'ot w

FIGURA 99 Curvo de compactação


122

O teor de umidade que proporciona massa específica máxima é


denominado teor ótimo.
Pode-se, de uma forma geral, explicar o fenômeno da compacta
ção, levando em conta a grande influência que a água intersti-
cial exerce, principalmente, sobre o comportamento dos solos fi-
nos. No ramo seco da curva de Proctor (à esquerda do teor Ótimo
de umidade) tendo o solo baixo teor de umidade, a água de seus
vazios está sob o efeito capilar. As tensões de capilaridade ten
dem a aglutinar o solo mediante a coesão aparente entre suas par
tícula-s constituintes. Isto impede a sua desintegração e o movi::-
mento relativo das partículas para um novo rearranjo. Este efei~
to é reduzido à medida que se adiciona água ao solo, uma vez que
ela destrói os benefícios da capilaridade, tornando este rear-
ranjo mais fácil. No ramo Úmido da curva de Proctor, sendo eleva
do o teor de ãgua, ela, em forma de água livre, absorve partecon
siderável da energia de compactação aplicada. Como a água é in-=-
compressível, parte desta energia é dissipada.
A aplicação de energias de compactação maiores produz uma re
aução do teor Ótimo de umidade e uma elevação do valor da massa
específica seca máxima. A Figura 100 dá uma idéia deste fato.
As curvas de compactaçao de materiais granulares bem gradua-
dos possuem um máximo bem caracterizado e apresentam maior massa
específica máxima e menor teor ótimo de umidade do que os solos
de granulometria uniforme ou argilosos. Nestes, a curva nao pos
sui um máximo bem definido. -
Os solos siltosos ocupam uma posição intermediária. A Figura
101 dá uma idéia deste fato.

3. Ensaio de Compactação
O ensa1.o de compactação desenvolvido por P,roctor foi normali
zado, pela associação dos departamentos rodoviários americanos~
A. A. S. H. O. (American Association of State Highway Officials)
e é conhecido como Ensaio de Proctor Normal ou como A.A.S.H.O.
Standard. (Entre nós, ele foi normalizado pela ABNT por meio da
MB-33 e tomou o nome de Ensaio Normal de Compactação).
O ensaio consiste em compactar uma porção de solo em um ci-

FIGURA 100 Curvos de compactação poro


energias diferentes
areia bem
orodLlodo
\

FIGURA 101 Curvos de compactação poro solos


diferentes

lindro de 1000 cm3 de volume. com um soquete de 2,5 kg, caindo


em queda li\·re de uma altura de 30 em (Figura 102).

FIGURA 102 Equipamento usado no ensaio de


compactação

O solo é colocado dentro do cilindro, em três camadas. Sobre


cada uma se aplicam 25 golpes do soquete, distribuídos sobre a
superfície do· solo. As espessuras finais das três camadas devem
ser quase iguais. Após a compactação de cada uma delas, a super-
fície é escarificada com o propósito de dar uma continuidade en-
tre as camadas. O topo da terceira camada, após a compactação,de
verá estar rasante com as bordas do cilindro. -
A energia-aplicada pelo ensaio normal de compactação é dada
pela fórmula:
. L . n . N
E =
v
124

em que:

E energia aplicada ao solo, por unidade de volume


p peso do soquete
L altura de queda do soquete
n numero de camadas
N numero de golpes aplicados a cada camada
v volume do cilindro

Por causa do aparecimento de equipamentos de grande porte,do


tados de elevada energia específica de compactação para, diante
dos grandes volumes dos aterros e da velocidade de construção im
postas, atender aos prazos de cronogramas, foi criado o énsaio
de Proctor Modificado: Neste ensaio, a energia de compactação foi
aumentada; deixou-se constante o número de golpes por camada, e
elevou-se o peso do soquete para 4,5 kg, o número de camadas pa-
ra 5 e a altura de queda para 45 em.
O solo a ser ensaiado deverá apresentar um teor de umidade
inferior ao ótimo previsto, ou seja, em torno de 5%. Após a com-
pactação, deve-se anotar a massa do corpo de prova para determi-
nação da massa específica e retirar três porções do solo, colocá
las em cápsulas e levá-las à estufa para determinação do teor de
umidade. Em seguida, adiciona-se uma quantidade de água ao solo,
suficiente para elevar, em relação ao ponto anterior, o seu teor
de umidade, em torno de 2%. Toda a técnica descrita neste pará-
grafo deve ser repetida. ·
O ideal será tomar de 4 a 5 pontos de forma que se possamter
dois pontos abaixo e dois acima do teor ótimo.
De posse dos pares de valores, massa específica do solo e
teor de umidade, pode-se calcular a massa específica seca median
te a conhecida relação:

y
(l + W)
Com ospares de valores yd x W, traça-se a curva de compacta-
ção e determina-se o teor Ótimo e a massa especjfica seca máxima
(Figura 103). Traçam-se também as curvas de saturação, que podem
ser calculadas, a partir da fórmula:

y
d
= . w

Além da técnica de compactação com reuso do material, em que


se utiliza apenas uma porção de solo, que é destorroado e homoge
neizado, após cada operação de compactação, pode-se também reali
zar o ensaio, tomando amostras iguais com o mesmo teor de umida-
de inicial, para a determinação de cada ponto da curva. Pode ha-
ver uma pequena variação no resultado obtido com os dois proces-
s~s, sendo que os solos mais argilosos são mais sensíveis ao fe-
nomeno.

4. Equipamentos de Compactação
Podem-se classificar os equipamentos de compactação em três
categorias:
a. Soquetes
- manuais
"'ot

FIGURA 103 Curvo de corr.poctaçõo e curvas


de saturação

- mecânicos
b. Equipamentos estáticos
- rolos dentados
- rolos pneumáticos
- lisos
c. Equipamentos vibratórios
- placas
- rolos

Descreve-se a seguir os principais tipos de equipamentos e


suas utilizações, tendo como base as recomendações do NAVDOCKS
D:r-1-'7 (Departament of the Navy, Bureau of Yards-Docks).
a. Soquetes: São utilizados em locais de difícil acesso, co-
mo no apiloamento de valas e trincheiras etc. Possuem um
peso mínimo de 15 kg. A espessura da camada compactada,
se em solos finos, deve ter de 10 a 15 em, e se em solos
grossos, 15 em. Os soquetes podem ser mecânicos ("sapos")
ou manuais.
b. Rolos Estáticos
b.l - rolo pé-de-carneiro. E constituído de um tambor me-
tálico em que são solidarizadas protuberâncias de
forma tronco-cônica com altura de 18 a 25 em. Geral
mente não autopropulsivos são arrastados por trato~
res. Pela forma de aplicação das cargas, são reco-
mendados para compactação de solos argilosos. São
particularmente empregados na compactação de nu-
cleos de barragens, em que se exige um perfeito en-
trosamento entre as camadas. A espessura da camada
compactada deve situar-se em torno de 15 em. O núme
ro de passadas deve ser de 4 a 6, aproximadamente~
para solos finos e de 6 a 8 para solos grossos.
As dimensões e o peso do equipamento devem ser toma
dos, em relação ao tipo de solo. ·
126

.1\rea de contacto Pressão do Con-


Tipo de Solo tacto da pata
da pata (cm2)
[kg/cm21
Solos finos -7
.)~ a 17 a 33
(IP < 30)

Solos finos
45 a 90 l5 a
(IP > 30)

Solos grossos 64 a 90 lO a l~

Para maior eficiência na compactação dos solos. com


teor de umidade situado acima do teor 6timo.a pres-
são de contacto deve ser menor do que se estes so~
los estivessem situados abaixo do teor 6tim~-

b.2 - Rolo Liso


Compõe-se de um cilindro de aço oco. podendo ser
preenchido com areia ou pedregulho. para aumento da
pressão aplicada. São apresentados com uma roda. du
as rodas em tandem ou três.
Por causa de sua pequena superfície de contacto são
utilizados na compactação do capeamento e em base
de estradas. São indicados também para compactar ca
madas finas de 5 a 15 em. -
Os rolos tipo tandem são indicados para a compacta-
ção de bases e subleitos de estradas em que as es-
pessuras a serem compactadas variam de 20 a 30 em.
Em geral, ~passadas são suficientes. São apresenta
dos nos pesos de 1 a 20 toneladas. -
Os rolos com três rodas são utili:ados para a com-
pactação de solos finos. Os pesos recomendados sao
de 6 a 7t para materiais de baixa plasticidade e de
lOt para materiais de alta plasticidade. Em geral.
6 passadas são suficientes para compactar uma cama-
da de 15 a 20 em de espessura.

b.3 - Rolos Pneumáticos


São eficientes para a compactação de capas asfálti-
cas, e têm grande aplicabilidade em bases e sub-ba-
ses de estradas. Aplicam-se também em solos grossos
sem coesão, com 4 a 8%, passando na malha 200, cuja
espessura de camada deve estar em torno de 25 em,
dando-se de 3 a S passadas. Utilizam-se também em
solos finos ou em solos grossos bem graduados quete
nham mais de 8%, passando na malha 200 em camadas
de 15 a 20 em de espessura, e aplicando-se de 4 a 6
coberturas. O uso de rolos com cargas elevadas pro-
porciona bons resultados, entretanto, são capazes
de considerável penetração no solo, e isto gera gr~
de deslocamento do solo superficial, e pode causar
o aparecimento de fendas de ruptura.

c. Placas e Rolos Vibratórios


São utilizados para compactar solos grossos com menos de
12%, passando na malha 200. São, no entanto, mais adequa-
dos para solos com 4 a 8%, passando na malha 200. A esyes
sura da camada compactada deve situar-se em torno de 20 ~
25 em, e com cerca de três coberturas atinge-se uma boa
compactação.
l._,

De moJo geral" podem ser eRpregados na coRpactação de so-


los granulares" uma Ye= que atuam no sentido de destruir
temporariamente a resistência ocasionada pelo ângulo de
atrito interno do solo.

S. Controle de Compactação
O solo tra=ido das ãreas de emprestimos deve ser espalhado
uniformemente sobre a área a ser aterraaa. em espessuras tais
que. após a operação de compactação. atinjam as especificadas.Ge
ralmente. auanto mais finas. haverá melhoria não só da compacta7
ção comc·t;mbém do controle. Uma faixa ideal ae espessura deve
situar-se entre :o a 30 em, chegando a um máximo de 45 em. A es-
colha do tipo de equipamento e do número de passadas pode ser
feita em aterros experimentais, os quais podem mesmo ser as pri-
meiras camadas da obra a ser construída.
Uma ve= definidos a espessura da camada, o tipo de equipamen
to e o número de passadas, restaria apenas manter o solo tanto
quanto possível perto da "unüdade Ótima, a fim de que se pudesse
obter uma alta eficiência na operação de compactação.
Tem repercussões bastante sérias _ sob o aspecto de comporta
menta. o fato de a eficiência de compactação não atingi~ as vi-
=inhanças do ponto máximo. Ocorre, âs vezes. que o par de valo-
res conseguido (:à.-W) situa-se muito ã esquerda ou muito à di-
reita do ponto máximo (Ymáx' w0 t}. No primeiro caso, a deficiên-
cia de água fa= com que a água absorvida encontre-se com eleva-
das tensões neutras negativas. Estas tensões dão ao solo uma al-
ta resistência e pequena deformabilidade. Entretanto, a satura-
ção do solo pode fazê-lo perder estas características de compor-
tamento. passando a ter baixa resistência e alta deformabilida-
de. Ela tem expressiva importância na estabilidade dos maciços,
quer pelas conseqUências geométricas, quer pela grandeza das ten
sões neutras induzidas. Portanto, este fato tem grande si~ifi7
cância em aterros de barragens. No segundo caso, não havera uma
diferença no seu comportamento final, visto que inicialmente sua
resistência ao cisalhamento será baixa e sua deformabilidade al-
ta. Diante disso. nota-se a importância de obter-se uma compacta
çâo de campo que se aproxime da máxima especificada no laborató=
rio. ou, em outros termos, mostra que se deve criar um intervalo
de variação para yd e para w, em função de ydmáx e w0 t ' , a ser
conseguido em campo.
yd
GC 100
Ydmáx

ÍSW- w - w
ot

O coeficiente GC, chamado grau de compactação, ê a relação


entre a massa específica seca do aterro compactado e a aassa
específica seca máxima obtida no laboratório.
O valor ôw, conhecido como desvio de umidade, ê a diferença
entre o teor-ae umidade do aterro compactado e o teor de umidade
ótimo de laboratório.
Na prática, o projetista, em face de sua experiência e das
especificações existentes, estabelece determinado grau de compa~
tação e um desvio de umidade (GC = 95% do ensaio de Proctor Nor-
mal e ls-v.· = ± 2% em torno da umidade Ótima, por exemplo) que de-
vem ser conseg~ido~ !lO campo.
A verificaçio das especificaç6es estabelecidas ~ conhecida
como controle de compactacio. E importante tr1sar que apenas e
possivel lançar uma nova ~amada no aterro, ap5s ter-se consegui-
do, na camada anterior, os valores de GC e 6w es~ecificados.
A obtençio da massa especifica do aterropode ser determina-
da. cravando-se no aterro um cilindro biselado, de volume conhe-
cido. registrando-se o seu peso, ou ainda, abrindo-se um furo ~o
hre ~ camada com a pesagem do material escavado e mediçio indir~
ta do volume do furo aberto. Para isso preenche-se o furo com
areia de massa especifica conhecida ou com um liquido. introdu:i
do no interior de uma membrana deformável. A determinaçJ:o do teor
de umidade w, do aterro, com secagem do material em estufa. pode
exigir váriis horas de espera, fato incompativel com o ritmo de
trabalho das grandes obras. Para superar este impasse, têm-se
utilizado processos rápidos aproximados. como o de secar o solo
em uma frigideira ou·o de atear fog6 em uma mistura de solo e
álcool, ou ainda, por meio do "speedy moisture tester". :iele ce::_
ta quantidade de solo ê inserida no interior de uma garrafa. que
contenha carbureto. A água absorvida. reagindo com o carbureto.
resulta numa pressão que atua em membrana deformável, acionando
um manômetro. Esta pressão é correlacionada com o teor de umida-
de. Existem ainda equipamentos não destrutivos. que se utili:am
da radiação y. Esta radiaçio difundida na camada passará por uma
dispersio proporcional ao número de particulas H existentes no
meio. O inconveniente destes aparelhos é a necessidade de contí-
nuas calibrações.
Outro método de controle rápido aproximado foi desenvolvido
por Jack Hilf. Permite obter informações do grau de compactação
e do desvio de umidade, sem a necessidade de secar o material. O
teor de umidade é calculado apenas como verificação posterior.
Para efeito ilustrativo do método, imagine-se uma camada de
um aterro com massa especifica seca yda e teor de umidade wa. Se
se tomar uma porçio deste solo, compactando-se no cilindro de
Proctor, obtêm-se o valor de ydc que pode ser diferente do valor
de·yda' uma vez que as energias empregadas não são, em geral, i-
iguais.
Ya Yda · C1 + wa)

Yda (l + wa)
E
Ydc (1 + wa}

O grau de compactaçio do solo pode ser encontrado de fc•nna


análoga, a partir das massas especificas Úmidas, se se conhecer
o valor de ydmáx. (1 + wa)' pois, de fato:

Yda (1 + wa)
GC
Ydmáx C1 + wa) Ydmáx
Pode-se converter o valor da massa especifica seca r:1âxima
(1 + w -) em uma expressio que incorpore o teor de um id~~
Ydmáx · ot -
de do aterro vd , (l + w ), dividindo-se essa expressão por
' max a
(1 + w0 t)/(1 + wa)· Assim:
Ydmáx (l + "'ot)
1 + "'ot
1 + w

A expressão
+ w
ot
w - w
1 +
ot a l + z
l + 1 +
"a wa

em que
w - '\i"
ot a

representa uma quantidade_ de água adicionada ã amostra, em rela-


ção ao seu peso. quando s~u teor de umidade era ~a· Para dar-se
conta deste fato. basta multiplicar ambos os membros de~ pelo~
lor do ueso seco da amostra.
O gráfico da Figura 104 apresenta duas curvas. A superior. a
das massas específicas úmidas, representa o resultado de compac-
tar-se. no cilindro de Proctor, amostras retiradas do aterro,com
valores crescentes do teor de umidade. A curva inferior resulta
de uma conversão das massas específicas de campo, colocadas em
função do teor de umidade do aterro.

1111

FIGURA 104 M asso upEBcÍfic:a Úmida 111 convertido em


função da variaçiio do t111or dlli umidade

Sendo o valor de 1 + wa uma constante, o ponto de máximo da cur


va inferior sera o valor de ydmáx' uma vez que a única variável
é yd. Portanto.
Yda (l + wa)
GC
Y dmáx (1 + w a) Ydmáx

Para a obtenção do grau de compactação pelo método de Hilf,


determina-se em primeiro lugar, a massa específica do aterro. Em
seguida. compactam-se, no cilindro de Proctor, amostras com valo
130

res crescentes ou decrescentes de Z, sendo Z uma quantia de água


fixa tomada em relação ao peso do solo inicial. De posse de vá-
rios valores de Z e das massas específicas convertidas, obtém-se
o valor de ydmáx-. (1 + wa).
A obtenção do valor de ~w é conseguida substituindo o valor
da ordenada Zm correspondente â massa específica seca máxima de
Proctor. Ou,
w mas,
a
wot - w
a
l + z l + portanto,
m
1 + w
a
.1 + w
z ot
m 1 + w
a

As duas equações que fornecem a diferença de umidade depen-


dem da estimativa do valor de wa ou do valor de w0 t. Entretanto,
mesmo que se cometa um erro na avaliação do teor ótimo de umida-
de, o erro resultante da diferença de umidade será desprezível.
Para efeito prático, uma estimativa baseada em correlações que
envolvam as massas específicas máximas e os teores ótimos de umi
dades serão Perfeitamente aceitáveis. Existe, entre nós uma cor~
relação apresentada por KUCZINSKI, que se baseia em mais de mil
amostras de solo de todo o território brasileiro.

BIBLIOGRAFIA
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