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INVENTÁRIO CLÍNICO

MULTIAXIAL DE
MILLLON

(MCMI-II)

Traduzido por:

Ana Gonzalez

Inês Alvarez

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GUIA INTERPRETATIVO DO
INVENTÁRIO CLÍNICO MULTIAXIAL DE MILLON
Theodore Millon

O Inventário Clínico Multiaxial de Millon (MCMI) (Millon, 1982) é um


instrumento objectivo de psicodiagnóstico concebido para o uso com
pacientes psiquiátricos que estão sob avaliação clínica ou envolvidos num
programa de intervenção psicoterapêutica. Este é um inventário de auto-
relato relativamente breve composto por 175 itens, aos quais cada paciente
responde “verdadeiro” ou “falso”. Os resultados para as vinte escalas clínicas
são habitualmente derivados destas respostas; onze destas escalas
correspondem às perturbações da personalidade incluídas no Eixo II do DSM
III (American Psychiatric Association, 1980), e nove representam os
síndromas clínicos mais prevalentes do Eixo I.

Natureza e Desenvolvimento do MCMI

Os instrumentos de diagnóstico aparentam ser melhorados na sua utilidade


se forem sistematicamente ligados a uma teoria clínica compreensiva. Cada
uma das vinte escalas clínicas do MCMI foi construída como uma medida
operacional de um síndroma derivado de uma teoria da personalidade e
psicopatologia (Millon, 1969, 1981). Igualmente importante é a sua
coordenação com o sistema de diagnóstico oficial e as suas categorias de
síndromas. Com o surgimento do DSM-III (American Psychiatric Association,
1980), as categorias de diagnóstico foram precisamente especificadas e
operacionalmente definidas.

Cada escala do MCMI foi construída segundo o modelo do DSM-III de modo


a poder distinguir as características da personalidade mais frequentes dos
pacientes (Eixo II) das perturbações clínicas agudas que eles demonstram
(Eixo I). Esta distinção permite ao clínico separar os tipos persistentes e
invasivos do funcionamento psicopatológico dos tipos de síndromas que são
passageiros e circunscritos. Da mesma forma, as escalas distinguem entre
vários níveis de severidade psicopatológica.

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No processo da construção do teste, todas as selecções dos itens foram
baseadas em dados nos quais os grupos de diagnóstico alvos eram
comparados com a população representativa mas indiferenciada de
pacientes psiquiátricos. Isto optimiza a eficiência da discriminação das
escalas e, nesse sentido, intensifica a precisão do diagnóstico diferencial.

A selecção de cada item e o desenvolvimento de cada escala progrediram


através de uma sequência de três passos de validação: (1) realização teórica,
(2) estrutura interna e (3) critério externo (Loevinger, 1957; Jackson, 1970).
Os itens e as escalas finais do MCMI encontraram, através de um
refinamento sequencial, o critério base de cada um destes métodos de
construção.

O maior objectivo do MCMI era manter o número total de itens


suficientemente pequeno para encorajar o uso do inventário em todos os
tipos de diagnóstico e settings de tratamento e, ao mesmo tempo,
suficientemente grande para permitir a avaliação de um largo leque de
comportamentos clinicamente relevantes. Com 175 itens, a forma final parece
atingir este objectivo.

O MCMI não é um instrumento geral de personalidade para ser usado numa


população “normal” nem para outros propósitos que não sejam o diagnóstico
ou a avaliação clínica. Os dados normativos e a transformação dos
resultados são inteiramente baseados em amostras clínicas; administrar o
MCMI a um maior âmbito de problemas ou classe de sujeitos é aplicar o
instrumento em settings e amostras para os quais não é apropriado.

A administração do MCMI segue um procedimento comum à maioria dos


inventários de auto-relato: na primeira página estão impressas as instruções
do teste, informação do registo do paciente, grelha de identificação e secções
de código especial para os clínicos que permitem manter o anonimato dos
pacientes. As opções de resposta (“verdadeiro” e “falso”) situam-se junto de
cada uma das 175 afirmações e devem ser assinaladas com um círculo. Esta
situação aumenta a precisão das marcações do paciente, permite ao clínico

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examinar respostas em itens individuais e facilita a cotação por computador.
Este tipo de cotação é claramente o melhor método para obter os resultados
do MCMI, pois raramente faz erros de quantificação, mesmo com a
complexidade dos passos envolvida.

O MCMI foi desenvolvido para pacientes com mais de 17 anos; se estiverem


muito fatigados, em sofrimento, apreensivos ou num estado confusional
activo, não se deve aplicá-lo. Antes de distribuir o inventário, os clínicos
devem estar completamente cientes do seu formato, instruções e outras
componentes do folheto1 do teste. Para assegurar uma cotação precisa em
computador, os examinandos devem escrever numa superfície dura com um
lápis número 2. Apesar de normalmente ser aplicado individualmente, o
MCMI aplica-se com bons resultados a grupos em hospitais ou clínicas. Para
atingir resultados fiáveis, não são necessárias condições ou instruções
especiais para além daquelas que se encontram no folheto do próprio teste.
Assim sendo, o MCMI pode ser aplicado por enfermeiros, secretárias da
clínica ou recepcionistas do hospital devidamente treinados.

Este instrumento é auto-administrado, embora alguns examinandos possam


requerer atenção especial. O MCMI provou não ser ameaçador para a
maioria dos pacientes e pode ser introduzido como um breve inventário que é
usado como uma ajuda para os clínicos avaliarem os problemas dos seus
pacientes. Após o teste ser distribuído, os pacientes devem ter alguns
minutos para a primeira página que diz respeito à idade, sexo e outros dados
pessoais. Pode ser dada assistência para completar estas informações. Se
houver alguma dúvida relativamente à compreensão das direcções por parte
do examinando, o examinador deve prestar a ajuda necessária; deve também
responder a questões postas pelos examinandos que digam respeito aos
procedimentos ou a clarificação de palavras. Mesmo que alguns pacientes
estejam com dificuldades em responder a certos itens, é imperativo que eles
escolham a opção que lhes parecer mais indicada sozinhos.

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Booklet no original

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Quando o paciente entrega o inventário, o examinador deve verificar se está
completo, se há respostas duplamente marcadas (V e F) e / ou itens
omitidos, e deve encorajar o paciente a completar deficiências ou corrigir
erros. É também importante verificar se não há perfurações ou rasuras que
possam atrasar a cotação por computador.

As normas para o MCMI são primariamente baseadas em numerosas


amostras de pacientes clínicos que estiveram envolvidos em avaliação
psicológica ou psicoterapia (Millon, 1982). Na construção do teste, a
população de pacientes consistiu em 1591 sujeitos, 58% masculinos e 42%
femininos, abrangendo as idades entre 18 e 66 anos. O primeiro grande
estudo de validação cruzada compreendeu mais 256 pacientes, 57%
masculinos e 43% femininos.

Os dados subsequentes do MCMI em 43218 pacientes foram revistos em


1981; no geral, parece que o nível mais elevado da validade de diagnóstico é
obtido com pacientes durante as primeiras fases de avaliação clínica ou de
psicoterapia.

Os resultados brutos do MCMI foram transformados em resultados base-rate,


uma conversão determinada por dados conhecidos da prevalência da
personalidade e do síndroma, e por linhas críticas concebidas para maximizar
as classificações de diagnóstico correcto.

As escalas de síndromas devem ser diferenciadas de acordo com a


severidade. Para facilitar estas distinções, o MCMI diferencia oito escalas de
básicas de personalidade de severidade moderada de três escalas de
personalidade patológicas mais severas. De igual modo, seis escalas de
síndromas identificam perturbações de severidade moderada, e três outras
escalas medem as perturbações de severidade marcada. Ao mesmo tempo,
o MCMI reconhece as semelhanças e as continuidades entre as perturbações
semelhantes que diferem no seu grau de severidade; as dificuldades mais
sérias são consideradas como distintas, mas integralmente relacionadas,
variantes das suas correlações menos severas.

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Cada escala de diagnóstico deve ser mostrada como sendo um precursor,
uma extensão ou uma modificação de outras categorias clínicas, em vez de
se fixar como uma entidade discreta. Por exemplo, tanto na teoria como no
inventário do MCMI, todos os síndromas clínicos do Eixo I são vistos como
disrupções no padrão básico da personalidade de um paciente (Eixo II) que
emerge sob stress. Nesta formulação clínica, os síndromas são concebidos,
não como diagnósticos discretos, mas sim como elementos integrais de um
complexo maior de características clínicas dentro das quais estão
embebidos.

Apesar da sua ampla diversidade de aplicabilidade clínica, a teoria do MCMI


é baseada em derivações duma simples combinação de algumas variáveis.
Essencialmente, pressupõe oito estilos básicos de funcionamento da
personalidade que pode ser formado logicamente a partir de uma matriz de 4
X 2, consistindo de duas dimensões básicas.

A primeira dimensão pertence à fonte primária da qual os pacientes ganham


conforto e satisfação (reforço positivo) ou tentam evitar a dor emocional e o
sofrimento (reforço negativo). Os pacientes que experienciaram poucas
recompensas ou satisfações na vida, seja por eles ou por outros, são
referidos como tipos desapegados2. Aqueles que medem as suas satisfações
ou desconforto pela forma como os outros reagem ou sentem relativamente a
eles, são descritos como dependentes. Onde a gratificação é determinada
primariamente em termos dos próprios valores e desejos, com pouca
referência aos desejos dos outros, diz-se que o paciente exibe um estilo de
personalidade independente. Finalmente, aqueles que experienciam um
conflito considerável entre ser guiado pelo que os outros dizem e desejam ou
seguir os seus próprios desejos e necessidades, são referidos como
personalidades ambivalentes.

A segunda dimensão da matriz teórica reflecte o padrão básico de


comportamento instrumental ou de coping que o paciente caracteristicamente
emprega para maximizar o prazer e minimizar a dor. Os pacientes que
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Dettached no original

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parecem estar estimulados e atentos, organizando e manipulando os
acontecimentos de vida para alcançar a gratificação e evitar o desconforto,
demonstram um padrão activo. Por outro lado, aqueles que aparentam estar
apáticos, restringidos, complacentes, resignados ou contentes por permitirem
que os acontecimentos de vida sigam o seu próprio curso, sem qualquer
controlo ou regulação pessoal, possuem um padrão passivo.

Quando as quatro fontes de reforço primário são combinadas com os dois


padrões instrumentais ou de coping, emergem oito estilos de básicos de
personalidade: desapegado activo e passivo, dependente activo e passivo,
independente activo e passivo, e ambivalente activo e passivo. Estes padrões
e as suas correspondências no DSM-III encontram-se na Tabela 1.

Escala do Padrão do MCMI Classificação do DSM-III


MCMI
1 Desapegado – Passivo Personalidade Esquizóide
2 Desapegado – Activo Personalidade Evitante
3 Dependente – Passivo Personalidade Dependente
4 Dependente – Activo Personalidade Histriónica
5 Independente – Personalidade Narcísica
6 Passivo Personalidade Anti-Social
7 Independente – Activo Personalidade Compulsiva
8 Ambivalente – Passivo Personalidade Passivo-Agressiva
Ambivalente – Activo
Tabela 1. Padrões básicos de personalidade do MCMI e as correspondências
no DSM-III

Os três padrões de patologia da personalidade mais sérios no DSM-III são


vistos como elaborações de um dos oito estilos básicos que se desenvolvem
sob a pressão de uma adversidade persistente e impossível de aliviar. Não
importa quão extremo ou mal adaptativo estes comportamentos se podem
tornar, eles são melhor compreendidos como extensões e distorções que
derivam, e são completamente consonantes, com os estilos básicos da
personalidade. A personalidade esquizotípica, medida na Escala S,

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representa uma deterioração entre pacientes caracterizados por um dos dois
padrões desapegados, o tipo esquizóide ou evitante. Da mesma forma, a
personalidade borderline do DSM-III, medida na Escala C, é vista como uma
variante mais severa dos padrões básicos dependente e ambivalente – em
particular os padrões dependente, histriónico e passivo-agressivo. A
personalidade paranóide, presente na Escala P, ocorre mais frequentemente
entre os dois tipos básicos de personalidade independente, a narcísica e a
anti-social, e a um menor nível nos padrões compulsivo e passivo-agressivo.
Estas onze escalas de personalidade abrangem o alcance total dos
síndromas do Eixo II no DSM-III.

As perturbações do síndroma clínico do Eixo I são também vistas como


extensões ou distorções do padrão da personalidade de um paciente. No
entanto, estes síndromas diferem na medida em que são estados
relativamente distintos ou transitórios, aumentando e diminuindo ao longo do
tempo, dependendo do impacto das situações de stress. Mais
especificamente, eles acentuam o estilo de personalidade do paciente.
Independentemente de quão distintos aparentem ser, pensamos que eles têm
significado apenas no contexto da personalidade do paciente, e devem ser
considerados com referência a esse padrão.

Uma larga variedade de síndromas clínicos estão incluídos no Eixo I do


DSM-III. Muitos que são tipicamente de severidade moderada são avaliados
nas Escalas A, H, N, D, B e T do MCMI, e três das perturbações mais severas
são medidas nas Escalas SS, CC e PP. Apesar da observação que certas
perturbações ocorrem mais frequentemente em conjunto com estilos de
personalidade particulares, cada um destes estados de sintomas vai ocorrer
em vários padrões. Por exemplo, a depressão neurótica ou distimia (Escala
D) ocorre mais frequentemente entre personalidades evitante, dependente e
passivo-agressiva, enquanto que o abuso de álcool (Escala B) se encontra
entre padrões histriónico e compulsivo.

Várias covariações são possíveis entre os síndromas clínicos do Eixo I e os


estilos de personalidade do Eixo II, e o MCMI especifica estas inter-relações.

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Consequentemente, apesar dos síndromas e das personalidades serem
avaliados independentemente, cada síndroma pode ser prontamente
coordenado com o padrão específico da personalidade com o qual está
relacionado.

Padrões Básicos de Personalidade (Eixo II)

As seguintes descrições de pessoas que tiveram resultados elevados nas


escalas focam as formas de funcionamento que caracterizam estes
pacientes, mesmo quando eles não estão a sofrer estados de sintomas
agudos. Reflectem traços relativamente permanentes que tipificam os estilos
de comportamento, pensamento e de relacionamento dos pacientes com os
outros. Apesar dos pacientes poderem exibir sintomas patológicos mais
distintivos, as características notadas referem-se aos seus padrões
caracterológicos.

Escala 1 (37 itens): Esquizóide. Estes pacientes são tipicamente


desinteressantes, quietos e inexpressivos socialmente, com fracas
necessidades de afecto e emoções. Funcionam essencialmente como
observadores temporários, amplamente desligados das recompensas e
afectos, assim como dos problemas dos relacionamentos humanos. Possuem
relativamente pouca força ou capacidade para experienciar prazer ou dor
intensos, e tendem a ser apáticos, introvertidos e pouco sociáveis. Os seus
pares descrevem-nos como pessoas apagadas que preferem estar sozinhas
do que misturar-se com outras pessoas e que tendem a desvanecer-se no
fundo social. Não é que eles temam ou evitem os outros activamente; em vez
disso, são indiferentes aos relacionamentos sociais e parecem ter pouca
necessidade de comunicar ou relacionar-se afectivamente com as pessoas.
Estes pacientes demonstram um baixo nível geral de força física, procura
mínima de estímulos e défices de afectividade. Normalmente exibem pouco
interesse na exploração interna e aparentemente possuem um conceito de
self pouco claro e tranquilo. Do mesmo modo, demonstram um baixo nível de
alerta para o que os rodeia, uma insipidez emocional e uma insensibilidade
para com os seus sentimentos e para com os dos outros. O seu mundo

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interno não é complicado e os seus processos de pensamento, apesar de
não serem deficientes, aparentam por vezes serem vagos, particularmente no
que respeita a assuntos sociais e interpessoais.

Escala 2 (47 itens): Evitante. Estes pacientes são geralmente apreensivos,


receosos e desconfiados. Tendem a ser retirados e inábeis em situações
sociais porque temem que os outros os rejeitem. Apesar de terem fortes
desejos de se relacionarem e de serem aceites pelos outros, escolhem negar
essas necessidades de afecto e manterem uma medida de distância
interpessoal segura. Como consequência desta tendência de auto-protecção,
sentem-se muitas vezes sós e isolados. Infelizmente, a sua típica inabilidade,
receio e hipersensibilidade muitas vezes despoletam reacções humilhantes
nos outros, o que reforça a sua timidez auto-protectora e as suas tendências
para se retirarem. As suas tendências para a aversão social derivam de uma
antecipação de depreciação por parte dos outros. Existe também uma
desarmonia afectiva que deriva de um conflito entre os seus desejos sociais e
os seus medos sociais. Não são apenas sensíveis à censura interpessoal
mas também tendem a censurar-se e a desvalorizar-se a eles próprios.

Escala 3 (33 itens): Dependente. Estes pacientes são auto-erradicados e não


competitivos. Procuram constantemente relações em que possam contar com
o outro para os guiarem e securizarem. Assumem um papel passivo nas
relações interpessoais, aceitando qualquer gentileza e apoio que possam
encontrar, e submetem-se prontamente aos desejos e valores dos outros
para manterem o seu afecto. O seu medo de serem abandonados e de serem
deixados por conta própria leva-os a serem obedientes e cooperativos. Este
estilo não deve ser visto como uma fachada que esconde fortes impulsos
contraditórios e ressentimentos: estes pacientes tendem a ser genuinamente
dóceis e frágeis. Na sua procura pela aceitação, e como um meio para
diminuir as probabilidades dos outros serem ameaçadores para eles,
diminuirão muitas vezes os seus talentos. Além disso, depreciando o seu
próprio valor, eles esperam que os outros não exijam demasiado deles,
permitindo assim que permaneçam no seu preferido estado dependente.
Estes pacientes tendem a não possuir animosidades nem qualidades

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passivo-agressivas. Mais notável do que a sua dependência passiva são as
suas auto-erradicações e a sua agradibilidade social. Isto é mais claramente
evidenciado nas suas aquiescências sociais, nas suas tendências para se
ligarem a uma pessoa, para se diminuírem como frágeis e incompetentes,
para serem amáveis e generosos, e para evitarem lidar com acontecimentos
desconfortáveis ou enfrentarem pensamentos contraditórios e problemáticos.

Escala 4 (30 itens): Histriónico. Peritos socialmente e superficialmente


charmosos, estes pacientes tendem a procurar estimulação, excitação e
atenção – frequentemente através de caprichos, sedução, exibicionismo e
comportamentos dramáticos. Apesar das suas maneiras socialmente simples
muitas vezes darem a impressão de um ego forte e de independência, eles
temem a autonomia genuína e têm uma forte necessidade de obter repetidos
sinais de aprovação social e afecto. As suas relações interpessoais são
caracteristicamente superficiais e de pouca duração, e são muitas vezes
abandonadas quando novas atracções aparecem em cena. O mais notável
são as elevadas indecisões que caracterizam as suas emoções, a sua
tendência para serem facilmente excitáveis e rapidamente aborrecidos, e a
sua intolerância à inactividade e ao atraso. Habitualmente empregam uma
variedade de manobras sociais designadas para obter atenções favoráveis e
admiração. Quase tipicamente, eles armam um “bom espectáculo” nos
encontros sociais iniciais mas enfraquecem e vão-se embora quando são
requeridas profundidade e durabilidade nas relações. Os processos
cognitivos são superficiais, embora tipicamente expressos de uma forma
simples e muito segura.

Escala 5 (43 itens): Narcísico. Estes pacientes são pretensiosos, orgulhosos


e arrogantes. Gentilmente repressivos nas suas relações sociais, de alguma
forma eles arrogantemente assumem que os outros se vão aperceber do seu
magnífico valor e ceder aos seus desejos. Embora esperem que os outros
providenciem as suas necessidades e desejos, sentem-se relativamente
livres de obrigações recíprocas. Estes indivíduos muitas vezes agem como
se a sua exigência de status especial fosse justificada, apesar das suas
frequentes faltas de realização. Similarmente, têm pouca noção de que os

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seus comportamentos autoritários podem ser presunçosos e não ter
nenhuma consideração pelos outros. Dadas as suas ilusões de uma auto-
valorização superior, tendem a passar pela vida tomando como garantido que
é de seu direito receberem uma consideração especial. Quando o seu estilo
arrogante repele os outros, respondem à rejeição com desdém e
racionalizações superficiais. No entanto, podem sentir que não conseguem
viver à altura da notoriedade que eles próprios criaram. Consequentemente,
em vez de se testarem com desafios reais, eles podem racionalizar – retendo
então as suas auto-ilusões sem medo ou desaprovação. Apesar de
extremamente relutantes em se submeterem ao exame terapêutico, estas
pessoas podem fazê-lo se receberem uma marcada censura à sua auto-
estima. O efeito de restrição da censura fazem-nos parecer menos seguros e
narcísicos do que basicamente e tipicamente são. A sua confiança pode ser
recarregada, no entanto, com o mínimo encorajamento, e as suas tendências
para se centralizar nele próprio e para a sua auto-grandiosidade
características podem vir à superfície com facilidade.

A escala 6, Antisocial, foi dividida em duas sub-escalas para permitir uma


maior diferenciação entre duas categorias. São elas 6A - Antisocial
(propriamente dita) e 6B - Agressiva/Sádica.

6A - Escala Antisocial
A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e
comportamentos socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno
de personalidade Antisocial, como descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos
actuam de forma a induzirem dor, depreciando os outros, mediante
comportamentos ilegais que visam manipular os resultados a seu próprio
favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que
sentem a respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de
autonomia, de recompensa e de vingança, uma vez que acreditam que foram
maltratados no passado. São indivíduos irresponsáveis e impulsivos,
qualidades que julgam necessárias, uma vez que partem do princípio que os
outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a crueldade
prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.

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Escala 6B - Agressivo/Sádico
A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-III-R, numa nova
e importante direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo
publicamente julgados como antisociais, manifestam acções que remetem
para a obtenção de prazer e satisfação pessoais em comportamentos que
humilham os outros e violam os seus direitos e sentimentos. Consoante a
classe social e outros factores mediadores, podem exibir os sintomas clínicos
daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado,
exibirem um estilo caracterial que se aproxima do esforço competitivo da
personalidade dita do Tipo A. Aquilo a que Millon chama de personalidades
agressivas, perfila indivíduos hostis, facilmente susceptíveis, aparentando
indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências destrutivas dos seus
comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos
destes indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com
papeis e profissões socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas
dominantes, antagónicas e, com frequência, persecutórias.

Escala 6 (32 itens): Anti-Social. Estes pacientes tendem a ser socialmente


directos e muitas vezes agem de uma forma intimidante e dominadora.
Enérgicos, assertivos e competitivos, por vezes demonstram uma
argumentatividade agressiva desnecessária naquele contexto. Com algumas
excepções, estas personalidades evitam expressões calorosas, gentis e de
intimidade, são cautelosos com a compaixão e a bondade e suspeitam da
genuinidade dos impulsos humanitários. São orgulhosos da sua auto-
confiança e “realismo”, aparentando receio de que os outros os vejam como
indecisos ou pacatos. Quando são irritados ou enfrentam uma situação de
embaraço, respondem rapidamente, muitas vezes tornando-se vingativos;
também atribuem as suas tendências maliciosas aos outros e são facilmente
provocados até à raiva. Acreditam que o caminho mais válido é estarem em
guarda, em controlo e duros. Apesar de alguns destes pacientes poderem ser
caracterizados de acordo com o DSM-III como personalidades “anti-social”, a
maioria deles não demonstra um comportamento rude anti-social mas, em

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vez disso, encontram um nicho social aceitável para eles em vocações
físicas, competitivas, de poder e orientadas para os negócios.

Escala 7 (42 itens): Compulsivo. Estes pacientes manifestam


caracteristicamente rigidez, um grande controlo das emoções e respeito
pelas regras e pela autoridade. Tendem a ser sérios, moralistas, honestos e
preocupados, talvez compulsivamente, com a ordem, organização e
eficiência. No geral, estas pessoas demonstram um respeito excessivo pelas
figuras de autoridade mas, em contraste, tendem a tratar os seus
subordinados de uma forma algo autocrática. Esperando por detrás das suas
fachadas típicas de modéstia e controlo estão intensos sentimentos
contrários, que ocasionalmente ultrapassam esse controlo como uma
explosão de raiva. Para unir estas necessidades opostas, eles
sobreorganizam as suas vidas com uma auto-restrição tensa e disciplinada,
na qual os seus desejos e sentimentos menos socialmente aceitáveis são
inibidos. Devido a esta necessidade de disciplina e ordem, tendem a estar em
conformidade – de uma forma cautelosa, prudente e, por vezes,
perfeccionista – próxima com as expectativas das figuras de autoridade. A
maioria destes pacientes não exibe obsessões ou compulsões identificáveis.
Os outros geralmente vêem-nos como trabalhadores e eficientes, mas com
falta de espontaneidade ou flexibilidade. Muitos são indecisos, tendem a
adiar as coisas e são facilmente perturbados por aquilo que não lhes é
familiar ou por desvios das suas rotinas. Cognitivamente, são notáveis os
esforços que fazem para não reconhecerem as contradições entre os seus
impulsos socialmente indesejáveis e a sua modéstia explícita. Muitos
expressam um forte sentido de “dever”, por vezes manifestado por
sentimentos de culpa, particularmente no que concerne a desiludir os outros.
O medo de provocar a condenação das figuras de autoridade é central para
as suas tensões, culpas ocasionais, produtividade e perfeccionismo.

A escala 8, Negativista, foi dividida em duas sub-escalas para permitir uma


maior discriminação, em duas categorias. São elas 8A - Passiva/Agressiva e
8B - Autodestrutiva (Masoquista).
Escala 8A - Passiva/Agressiva

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A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-se da perturbação
de personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R,
compreendendo, no entanto, um número ainda mais abrangente de
características. São indivíduos que hesitam entre seguir os reforços
proporcionados por terceiros e a motivação gerada internamente. Esta
indecisão representa uma incapacidade de resolver um conflito semelhante
ao passivo/ambivalente dos sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da
personalidade activa/ambivalente permanecem próximos da consciência e
invadem a vida quotidiana. Estes pacientes envolvem-se em discussões e
rixas intermináveis, uma vez que oscilam entre a deferência e obediência, e o
desafio e negativismo agressivo. O seu comportamento manifesta um padrão
errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo, intercalado por períodos
de culpabilidade e vingança.

Escala 8B - Autodestrutiva (Masoquista)


A orientação passiva/discordante corresponde à perturbação de
personalidade autodestrutiva, ou masoquista, descrita pelo DSM-III-R. São
pacientes que se relacionam com os outros de forma despojada e auto-
sacrificada, ao ponto de permitirem, ou mesmo fomentarem, que os outros os
explorem ou deles se aproveitem. Muitos destes sujeitos sentem que, de
facto, merecem ser envergonhados e humilhados. De modo a integrar a dor e
a angústia, emoções que experimentam como reconfortantes, recordam de
forma activa e incessante os seus percalços passados, transformando
mesmo os resultados mais positivos em consequências dramáticas. Agem de
forma modesta e tentam passar despercebidos, frequentemente exagerando
os seus defeitos e situando-se num plano inferior ou numa posição
deplorável.

Escala 8 (26 itens): Passivo-Agressivo. Estes pacientes demonstram


humores imprevisíveis, irritabilidade tensa e atitudes pessimistas. Vacilam
entre agradibilidade social num momento e petulância ou irritação no
momento a seguir. As suas breves exibições de explosões de raiva são
muitas vezes seguidas por expressões genuínas de remorsos e culpa.
Devido ao seu comportamento errático – por vezes amigável e razoável,

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outras vezes ressentido e arrogante – mantêm as outras pessoas “na orla”.
Estas personalidades frequentemente sentem que a vida os têm enganado
muitas vezes, que o seu comportamento é mal compreendido e que eles não
são apreciados. Tendem a antecipar os desapontamentos e por vezes
precipitam estes desapontamentos através do seu comportamento obstrutivo
e negativo. O pessimismo e as emoções imprevisíveis que as outras pessoas
atribuem apenas a eles, reflectem, dizem estes pacientes, a sua sensibilidade
e a desconsideração que os outros mostraram relativamente a eles. Mas
também aqui a sua ambivalência é muitas vezes expressa; talvez, dizem
eles, as suas próprias falhas e o “mau temperamento” sejam as causas. Esta
luta entre sentimentos de culpa e sentimentos de ressentimento preenchem
muitos aspectos das suas vidas.

Perturbações da Personalidade Patológica

As três escalas aqui apresentadas descrevem pacientes que claramente


evidenciam uma patologia severa, crónica ou periódica, na estrutura global
das suas personalidades. Estes pacientes apenas atingem níveis modestos
de competências sociais porque aparentemente são incapazes de aprender
com dificuldades anteriores; tendem a perpetuar acções e comportamentos
de derrota própria, e não conseguem atingir um nicho na vida consonante
com aptidões e capacidades naturais. Podem ter episódios psicóticos,
transitórios mas repetitivos, envolvendo comportamentos extremos ou
bizarros.

Escala S (44 itens): Esquizotípica. Estes pacientes não se interessam por


assuntos sociais, evitam relacionamentos interpessoais próximos e
demonstram um padrão de pensamento autista, embora não
necessariamente delirante. Levam vidas sem sentido, à deriva de uma
actividade sem objectivo para outra, permanecem na periferia da vida social,
e raramente desenvolvem ligações íntimas ou aceitam responsabilidades a
longo termo. Podem distinguir-se dois subtipos. Os pacientes de um desses
subgrupos mostram um déficit marcado de afectividade e aparentam ser
brandos, tranquilos, indiferentes, desmotivados e insensíveis ao mundo

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externo. Os seus processos cognitivos parecem obscuros, vagos e
tangenciais; eles são ou impermeáveis ou não conseguem perceber os
diferentes tipos de experiências interpessoais e emocionais. O seu discurso
tende a ser monótono e letárgico, e são vistos pelos outros como estranhos,
desligados e não intrusivos, parecendo absorvidos neles próprios e sem vida.
Os pacientes do segundo subgrupo deste síndroma são apreensivos; retiram-
se de encontros sociais para se prevenirem de experienciarem a dor que eles
antecipam nos relacionamentos interpessoais. A sua aparente apatia e
indiferença não deriva de uma falta de sensibilidade, como no primeiro grupo,
mas sim para construir uma apertada armadura em volta deles próprios e
para reduzir uma sensibilidade excessiva. Estes pacientes ocasionalmente
interferem com os seus processos cognitivos num esforço para romper com
os elementos perturbantes que o pensamento racional pode conter.

Escala C (44 itens): Borderline. Estes pacientes são caracterizados pela


profundidade e variabilidade dos seus humores recorrentes, durante os quais
eles experienciam prolongados períodos de futilidade, tristeza e auto-
desvalorização, misturados com um período “normal”, assim como com
breves episódios de elevada energia, euforia, ou explosões de raiva. Tendem
a ser pessoas extremamente dependentes que necessitam de segurança e
atenção considerável dos outros para manter a sua calma, e são
particularmente vulneráveis aos medos de separação daqueles que
providenciam este encorajamento e apoio. Em análise, os períodos de alegria
e euforia muitas vezes são encobrimentos temporários de medos profundos
de insegurança e abandono. Muitos sentem intensos ressentimentos
relativamente àqueles de quem dependem, porque foram sujeitos a períodos
de rejeição e desaprovação destas fontes. Ocasionalmente, nas suas breves
explosões de ira, estes pacientes podem atacar verbalmente os outros por
terem falhado em reconhecer as suas necessidades de afecto. Claro que a
tal segurança que eles tão desesperadamente necessitam é ameaçada
quando eles expressam estes ressentimentos. Para conter esta raiva, e
assim protegerem-se de uma possível perda, estes pacientes voltam-se
tipicamente para eles próprios; eles retiram-se, pedem perdão e sentem-se
com remorsos e deprimidos.

17
Escala P (36 itens): Paranóide. Estes pacientes são caracterizados por uma
desconfiança desnecessária dos outros, um medo de perderem o seu poder
de auto-determinação, hostilidade velada e por vezes declarada, tendências
para a sua própria importância e uma inclinação para interpretar as acções
dos outros como sinais de decepção e traição. A sua prontidão para perceber
a desonestidade e para atribuir os seus próprios motivos maliciosos aos
outros precipita inumeráveis dificuldades sociais, as quais servem apenas
para reforçar as suas expectativas. Sentem que já é suficientemente mau
depositar a sua confiança nos outros e ainda pior ser sujeitado ao controlo
dos outros e ao seu poder. Mesmo temerosos da dominação, eles resistem
às influências externas e encarregam-se cuidadosamente que ninguém lhes
“roube” a sua autonomia. A característica dissimulada da vigilância defensiva
e hostil raramente cede; permanecem sensíveis e irascíveis, prontos para
humilhar e ridicularizar qualquer pessoa cujas atitudes evoquem a sua ira e
desaprovação. Um subgrupo destes pacientes faz reivindicações
extravagantes de status e poder, dotando-se de talentos superiores, nos
quais as competências objectivas mas triviais são ampliadas, apesar das
óbvias contradições e da ocasional ridicularização por parte dos outros. No
entanto, muitos são extremamente preocupados com a “estupidez” e
“malevolência” que vêem à sua volta, arranjando cuidadosamente as suas
vidas para assegurar que não serão “enfraquecidos ou enganados”.

Síndromas de Sintomas Clínicos (Eixo I)

Quase todos os síndromas clínicos descritos nesta secção são do tipo


reactivo que têm uma duração substancialmente mais breve do que as
perturbações da personalidade. Geralmente representam estados nos quais
um processo patológico activo se manifesta claramente. Muitos destes
sintomas são precipitados por situações externas. Tipicamente, surgem de
uma forma súbita ou dramática, muitas vezes acentuando ou intensificando
as características mais banais do estilo básico da personalidade; ou seja, na
sua forma activa, estes sintomas tendem a sobressair com um relevo
acentuado dentro do contexto de funcionamento mais característico e sólido.

18
Durante os períodos de patologia activa é comum que, com o tempo, vários
sintomas alterem o seu nível de proeminência. As escalas A, H, N, D, B e T
representam perturbações de severidade moderada; as escalas SS, CC e PP
reflectem as perturbações de severidade marcada.

Escala A (37 itens): Ansiedade. O paciente que obtém resultados elevados


muitas vezes relata sentir-se vagamente apreensivo ou especificamente
fóbico; é tipicamente tenso, indeciso e impaciente, e tende a queixar-se de
uma variedade de desconfortos físicos, tais como rigidez, sudação excessiva,
dores musculares e náuseas. Uma revisão dos itens específicos da escala
servirá para determinar se o paciente é primeiramente fóbico e, mais
especificamente, se é do tipo “simples” ou “social”. No entanto, os pacientes
que obtêm elevados resultados evidenciam um estado generalizado de
tensão, manifestada por uma inabilidade para relaxar, movimentos nervosos
e uma prontidão para reagir e para serem facilmente perturbados.
Desconfortos somáticos – por exemplo mãos suadas ou dores de estômago –
são também característicos. São também notáveis as preocupações e as
apreensões de que os problemas estão iminentes, uma agitação e uma
sensibilidade generalizada, e o facto de serem hiper-alertas no seu ambiente.

Escala H (44 itens): Somatoforme. O paciente com resultados elevados


expressa dificuldades psicológicas através de canais somáticos, relata
períodos persistentes de fadiga e fraqueza, e pode estar preocupado com
falta de saúde e uma variedade de dores dramáticas, mas não especificadas,
em regiões diferentes e não relacionadas do corpo. Alguns pacientes
evidenciam uma perturbação de somatização primária que se manifesta por
queixas somáticas múltiplas e recorrentes, muitas vezes apresentada numa
forma dramática, vaga ou exagerada. Outros têm um historial melhor
considerado como hipocondríaco, já que interpretam os menores
desconfortos ou sensações físicas como significativos de uma doença séria.
Se as doenças estão realmente presentes, tendem a ser demasiado
interpretativos, apesar da securização do médico. Tipicamente, as queixas
somáticas são empregues para obter atenção.

19
Escala N (47 itens): Hipomania. O paciente que exibe levados resultados
evidencia períodos de euforia superficial, muita actividade e distracção
impacientes, discurso ansioso, impulsividade e irritabilidade. Também se
evidenciam o entusiasmo não selectivo, o excessivo planeamento para
objectivos irreais, uma qualidade intrusiva nas relações interpessoais, fuga de
ideias e mudanças rápidas de humor. Resultados muito elevados podem
significar processos psicóticos, incluindo delírios ou alucinações.

Escala D (36 itens): Distimia. O paciente com resultados elevados permanece


envolvido no quotidiano da sua vida mas preocupa-se com sentimentos de
desencorajamento ou culpa, exibe uma falta de iniciativa e apatia
comportamental, e frequentemente verbaliza comentários de auto-
depreciação e inutilidade. Durante os períodos de tristeza pode haver crises
de choro, um pessimismo relativamente ao futuro, retiro social, uma fadiga
crónica, um marcado desinteresse por actividades aprazíveis e uma
diminuição da eficiência em realizar as tarefas comuns e rotineiras da vida.
Exceptuando se a Escala CC (Depressão Psicótica) for também
notavelmente elevada, é pouco provável que características de depressão
psicótica estejam em evidência. Um exame minucioso aos itens específicos
com resultados elevados deve permitir ao clínico distinguir as características
particulares do humor distímico (por exemplo, baixa auto-estima ou
desespero).

Escala B (35 itens): Abuso de Álcool. Os resultados elevados do paciente


provavelmente indicam uma história de alcoolismo, tendo este feito esforços
para superar esta dificuldade com um êxito mínimo e, como consequência,
experienciando um mal-estar considerável, tanto na família como no
ambiente de trabalho. O importante nesta escala e na escala seguinte (Abuso
de Drogas) é a oportunidade de situar o problema dentro do contexto do
estilo global de funcionamento da personalidade do paciente.

Escala T (46 itens): Abuso de Drogas. É provável que o paciente com


resultados elevados tenha tido uma história recente ou recorrente de abuso
de drogas; tende a ter dificuldade em reprimir os impulsos ou mantê-los

20
dentro de limites sociais convencionais e mostra uma incapacidade para
manejar as consequências pessoais destes comportamentos. Esta escala é
composta por muitos itens “subtis” e indirectos, assim como a escala de
Abuso de Álcool, e pode ser útil para identificar sujeitos com problemas de
abuso de drogas que não estão dispostos a admitir o seu problema.

Escala SS (33 itens): Pensamento Psicótico. Dependendo da extensão e do


decurso do problema, os pacientes que obtêm elevadas pontuações são
habitualmente classificados como ”esquizofrénicos”, “psicose reactiva breve”
ou “esquizofreniformes”. Podem demonstrar periodicamente um
comportamento incongruente, desorganizado ou regressivo, parecendo com
frequência confusos e desorientados, e ocasionalmente mostrando afectos
inapropriados, alucinações dispersas e delírios não sistemáticos. O
pensamento pode ser fragmentado ou estranho. Pode haver embotamento
afectivo e existir uma sensação profunda de estarem isolados e
incompreendidos pelos outros. Podem ser retraídos e estar afastados ou
mostrar-se com um comportamento sigiloso ou vigilante.

Escala CC (24 itens): Depressão Psicótica. Estes pacientes são


habitualmente incapazes de funcionar num ambiente normal, deprimem-se
gravemente e expressam medo do futuro, ideação suicida e um sentimento
de resignação desesperada. Alguns exibem uma marcada lentificação
motora, enquanto que outros demonstram um carácter agitado, passeando
continuamente e lamentando o seu estado triste. Vários processos somáticos
são perturbados com frequência durante este período – notavelmente, uma
diminuição do apetite, extenuação, insónias ou despertar precoce. São
comuns os problemas de concentração, assim como sentimentos de
inutilidade ou culpabilidade. Evidenciam-se com frequência repetidas
apreensões e ideias obsessivas. Dependendo do estilo de personalidade
subjacente, pode existir um padrão tímido, introvertido e afastado, ou um tom
irritável, queixoso e choroso.
Escala PP (16 itens): Delírios Psicóticos. Estes pacientes, frequentemente
considerados paranóides agudos, podem chegar a ser ocasionalmente
adversos, experienciando delírios irracionais, mas interligados, de natureza

21
persecutória ou de grandeza. Dependendo da constelação de outras escalas
elevadas, pode haver claros sinais de transtornos do pensamento e ideias de
referência. O estado de humor é habitualmente hostil e expressam
sentimentos de estarem a ser alvo de embirrações e maus tratos. São
tipicamente concomitantes uma tensão persistente, suspeitas, vigilância e
alerta perante a possibilidade de traição.

Conclusões

É importante reiterar que os dados normativos e as deduções interpretativas


retiradas do MCMI são inteiramente baseados em amostras clínicas;
consequentemente, o teste deve ser exclusivamente aplicado a pessoas que
exibam sintomas psicopatológicos ou que estejam activamente envolvidas
em programas de psicodiagnóstico profissionais ou em psicoterapia. É
totalmente inapropriado empregar e interpretar os resultados do MCMI
noutros contextos, tais como em empresas.

22
Millon - MCMI-II

O diagnóstico multiaxial, surge como uma alternativa ao método tradicional


que rotula e categoriza o paciente, tendo por base uma única dimensão ou
eixo, frequentemente o sintoma mais proeminente por ele exibido. O
diagnóstico multiaxial diferencia e acede simultaneamente a várias
características clínicas relevantes, à semelhança do DSM-IV. Assim, o MCMI-
II possibilita a elaboração de um diagnóstico segundo o Eixo I (Síndroma
Clínico), sumariando as principais queixas e sinais comportamentais do
paciente, e segundo o Eixo II (Perturbação da Personalidade), descrevendo o
estilo de funcionamento psicológico, de longa duração e profundamente
enraizado no paciente.

A Validade

Os resultados do MCMI-II são considerados inválidos sempre que ocorre


qualquer uma das seguintes condições:
1. Dois, ou mais, dos quatro itens de validade são assinalados como
verdadeiros (itens 62, 90, 152, 169);
2. Doze, ou mais, itens são omitidos ou assinalados duplamente;
3. O resultado bruto, na escala X (Nível de Revelação), é menor que 145
ou maior que 590.

A melhor forma de cotar o MCMI-II, é recorrendo ao programa informático. O


autor desencoraja a cotação manual por duas razões: 1ª) trata-se de um
procedimento muito complexo e demorado, facilmente sujeito a erros; 2ª) os
ajustamentos necessários ao cálculo das pontuações corrigidas, os índices
de conversão e as regras de ajustamento, estão em constante actualização.

23
As Escalas de Verdade

Escala X - Nível de Revelação - avalia até que ponto o sujeito foi franco e
revelador nas suas respostas, ou pelo contrário reticente e reservado. Este
índice é calculado a partir do grau positivo, ou negativo, do desvio da
mediana do resultado bruto compósito das 10 escalas básicas da
personalidade (de 1 a 8B). Um resultado BR menor que 35, nesta escala,
indica hesitação, reserva, ou mesmo falta de vontade para entrar em contacto
com sentimentos e problemas psicológicos. Um resultado BR, na Escala X,
maior que 75, sugere uma atitude muito aberta e reveladora. Se o Resultado
Bruto da Escala X for menor que 145, ou maior que 590, o questionário deve
ser considerado inválido.

Escala Y - Padrão de Desejabilidade - permite identificar até que ponto os


resultados foram influenciados pelo desejo do paciente parecer socialmente
atractivo, moralmente virtuoso e/ou emocionalmente equilibrado. Na Escala Y,
os resultados BR superiores a 75, revelam uma tendência para passar uma
imagem favorável, se não mesmo cativante, do próprio. Quanto mais elevado
o resultado maior foi a preocupação em esconder as dificuldades
psicológicas ou interpessoais.

Escala Z - Medida de Humilhação - Reflecte tendências opostas às


expressas pela Escala Y, embora por vezes ambas as escalas apresentem
elevações, em particular, em pacientes que são invulgarmente reveladores
(Escala X). Na escala Z, valores BR superiores a 75, revelam um sujeito com
tendência para se desvalorizar ou depreciar a si próprio, apresentando
dificuldades emocionais e interpessoais, mais proeminentes que aquelas
descobertas após uma revisão objectiva. Valores particularmente elevados
podem significar um pedido de ajuda, um chamar de atenção, por um
paciente que experimenta uma perturbação emocional muito inquietante.
São efectuadas correcções aos resultados BR das Escalas S, C, A, H e D, a
partir do grau em que diferem os resultados entre a Escala Y e a Escala Z.
(Ponderado através da fórmula: BRY-BRZ/10).

24
Interpretação dos Resultados

Independentemente da utilidade que possam ter as escalas individuais para


identificar traços clínicos, ou sintomas específicos, o seu valor interpretativo,
pode ser sobejamente aumentado, se forem analisadas no contexto de um
perfil, dado por várias escalas. Assim podemos dizer que um perfil nasce da
conjugação dos dados provenientes de várias escalas.
Num primeiro momento da interpretação, deve proceder-se à separação
entre as escalas que ilustram o Padrão Clínico de Personalidade
(1,2,3,4,5,6A,6B,7,8A,8B), aquelas que indicam a presença de Perturbação
Severa da Personalidade (S,C,P), aquelas que revelam Síndromas
Clínicos Moderados, ou neuróticos (A,H,N,D,B,T), e as escalas que
remetem para Síndromas Clínicos Severos, ou psicóticos (SS, CC, PP).
Cada secção do perfil reflecte diferentes e importantes dimensões, da
totalidade clínica. Por esta razão, o utilizador deve começar por dividir o
perfil, numa série de subsecções, focando inicialmente as elevações
escalares relevantes e padrões de
perfil dentro de cada secção.

As Escalas Clínicas

As 22 Escalas Clínicas organizam-se da seguinte forma:

Padrões de Personalidade (Eixo II) - Esquizóide (1), Evitante (2) ,


Dependente (3), Histriónico (4), Narcisista (5), Antisocial (6A),
Agressivo/Sádico (6B), Compulsivo (7), Passivo/Agressivo (8A), Derrotista
(8B).
Uma configuração - ou Perfil - que compreende as duas, ou três, escalas
mais elevadas, permite identificar várias dimensões do padrão interpessoal,
afectividade, estilo cognitivo e tendências comportamentais daquele paciente.
As escalas empregues nesta análise devem limitar-se apenas às duas, ou
três, com resultados BR mais elevados, em particular se estes são superiores
a 75. Podem ser feitas excepções, a esta regra, nos Perfis com resultados

25
BR genericamente baixos; embora, pontuações BR menores que 60 não
permitam uma discriminação adequada.

Perturbações de Personalidade Severas (Eixo II) - Esquizotípico (S),


Borderline (C) ou Paranóide (P).
Cada escala deve ser abordada individualmente, num primeiro momento. Os
resultados BR inferiores a 60 não possibilitam recolher informação
diagnóstica precisa; já resultados BR compreendidos entre 73 e 84 sugerem
um nível crónico e moderadamente severo de funcionamento da
personalidade; resultados BR superiores a 85 remetem, frequentemente,
para um padrão de personalidade mais descompensado.

Síndromas Psicopatológicos Moderadamente Severos (Eixo I) - Distúrbio


de Ansiedade (A), Perturbação Somatoforme, ou Histérica (H), Hipomania
(N), Neurose Depressiva, ou Distimia (D), Abuso de Álcool (B), Abuso de
Drogas (T).
Estas 6 escalas devem ser consideradas isoladamente, num primeiro
momento. Os resultados BR entre 60 e 74 são sugestivos, mas não são
suficientemente indicativos de sintomas patológicos, excepto quando são os
resultados mais elevados deste segmento do perfil. Pontuações BR entre 75
e 84 sugerem a presença da perturbação dessa escala; e superiores a 85
constituem fortes indícios da presença daquela entidade psicopatológica.

Psicopatologia Severa (Eixo I) - Pensamento Psicótico (SS), Depressão


Major (CC), Transtorno Delirante (PP).
Estas três escalas podem revelar um nível de funcionamento psicótico
quando os resultados BR excedem 74; já valores de BR, maiores ou iguais a
85, suportam fortemente esta evidência. Cada escala deve ser abordada
individualmente para averiguar a natureza particular da perturbação, sendo
comuns constelações complexas de psicopatologia. Esta informação deve,
então, ser analisada sob a retaguarda do perfil/perturbação da personalidade
anteriormente aferida.

26
Uma vez especificados, os padrões e/ou perturbações de personalidade
básicos e o tipo/grau de síndroma clínico, procede-se à sua integração. Este
processo de síntese compreende duas etapas: (1) interligar todas as
escalas de personalidade numa síntese interpretativa, que combina os
elementos mais salientes que caracterizam as escalas de padrão de
personalidade (de 1 a 8B), com aquelas que indicam perturbação de
personalidade severa (S,C,P), desde que o BR, desta última, seja superior a
75; (2) mencionar, não apenas a psicopatologia manifesta (escalas de A a
PP), mas também o carácter distintivo que o paciente apresenta, tendo em
conta aquele estilo de personalidade particular.

Deste modo, ao especificar a rede complexa de traços de personalidade e de


sintomas clínicos, esta análise permite, ao examinador, formar uma imagem
que expresse a verdadeira inter-relação destes factores, ausente nas
categorias de diagnóstico mais estáticas que não reflectem a individualidade
de cada paciente.

Padrões de Personalidade

A codificação de um Perfil, a partir de cerca de 336 combinações possíveis,


processa-se do seguinte modo: o primeiro algarismo representa a maior
elevação psicopatológica (maior que 75) entre as sub-escalas (de 1 a 8B), o
segundo algarismo remete para a segunda dessas elevações e o algarismo
final para a terceira elevação. O algarismo zero significa que não existe
elevação patológica de uma escala. Por exemplo, o perfil 120, significa que
as sub-escalas Esquizóide e Evitante foram as únicas com registo patológico.
Os seguintes perfis, são aqueles mais frequentemente encontrados numa
população psiquiátrica, segundo um estudo realizado nos EUA (Donatt,
1991):

Perfil 100 – Esquizóide


A Escala 1 contém itens relacionados com a ausência de relacionamentos
próximos/íntimos com os outros e falta de interesse, ou de habilidade, para
expressar sentimentos e emoções. Os sujeitos, com pontuações elevadas

27
nesta escala, são pessoas privadas, preferindo estar sozinhos do que com
outros; embora a tendência para o isolamento não pareça um mecanismo de
defesa, uma vez que, em interacção social, estas pessoas não revelam a
falta de à vontade, que caracteriza algumas fobias. São sujeitos pouco
interessados em explorar os seus sentimentos pessoais, não valorizando os
dos outros e, muitas vezes, sentindo-se mais recompensados com objectos
inanimados. Levam vidas pouco emotivas e pouco reactivas aos bons e maus
momentos.

Perfil 120 – Esquizóide Evitante


Descreve indivíduos que se sentem mais confortáveis realizando tarefas
sozinhos, reduzindo ao mínimo o contacto humano. A sua história
frequentemente revela a incapacidade, ou falta de desejo, de estabelecer
relações significativas fora da família nuclear. As amizades são, elas próprias,
superficiais. A tendência para levarem vidas solitárias deve-se a duas razões
básicas: por um lado, o pequeno interesse nas relações interpessoais, em
termos de dinâmica, afectos e subtilezas comunicacionais; por outro, são
sujeitos extremamente sensíveis, que temem serem rejeitados pelos outros.
Como consequência, as situações sociais são fontes de tensão e ansiedade,
que leva ao evitamento deste tipo de actividades. Apesar disso, estes
sujeitos, gostariam de ser aceites e apreciados e reconhecem que têm de
realizar actividades sociais para obterem este tipo de gratificação.
Do lado positivo, as pessoas com o perfil Esquizóide Evitante são auto-
suficientes, não dependentes de terceiros, levando vidas mais ou menos
livres de percalços emocionais, que para os outros se afiguram como
empobrecidas e vazias.

Perfil 128 – Esquizóide Evitante Negativista


Caracteriza pessoas com traços de introversão, evitamento e negativismo
nas suas personalidades. Mostram pouco interessem em experimentar as
dinâmicas subtis das relações interpessoais, voltando os seus interesses
para áreas que não envolvem terceiros, como leitura e arte, podendo parecer,
aos outros, como insensíveis e distantes. Têm poucos amigos e fraco
investimento nas relações interpessoais.

28
Este perfil também descreve pessoas pouco reactivas a estímulos, quer
internos quer exteriores, pouco entusiásticas e enérgicas, de pensamento
vago, indistinto e algo empobrecido. Têm dificuldade em aprender com as
experiências passadas, no sentido de planearem o futuro, sendo indivíduos
algo apáticos, evasivos e pouco interessantes.
O alheamento face aos outros surge associado a conflitos, no decurso das
interacções sociais, sentindo-se muitas vezes inadequados e desejando
alguém que lhes proporcione protecção, conforto e orientação. Mas, o medo
de serem rejeitados leva, estes sujeitos, a parecerem nervosos, mal-
humorados e ressentidos. Algumas vezes, podem ser amigáveis e
cooperativos, mas a raiva e a insatisfação podem inviabilizar muitas relações.

Perfil 132 – Esquizóide Dependente Evitante


Este perfil equaciona um estilo de personalidade caracterizado pela
introversão e acompanhado por traços cooperativos e evitantes. São
indivíduos que revelam um interesse diminuto pela área emocional da
experiência, sendo pouco reactivos às situações agradáveis e às adversas.
São sujeitos discretos, observadores passivos da realidade, raramente
emitindo juízos ou opiniões fortes, evitam tornar-se o centros das atenções e
facilmente se dissolvem na retaguarda de um grupo social. Têm um número
restrito de amigos e as relações tendem a ser superficiais; são socialmente
indiferentes e, aparentemente, não carecem do apoio de terceiros.
Juntamente com a indiferença emocional, este indivíduos evidenciam traços
de dependência que os fazem sentir menos capazes, ou importantes, que os
outros. Isto torna-os facilmente influenciáveis, submissos e dependentes,
levando-os a evitar situações de competição e a adoptar uma postura
conciliadora. O medo que sentem da rejeição torna-os pouco confortáveis no
decurso das interacções. Contudo, sendo pessoas cooperativas e de fácil
trato podem ser vistos, pelos outros, como agradáveis e emocionalmente
estáveis.

Perfil 137 – Esquizóide Dependente Compulsivo


Caracteriza traços introvertidos da personalidade, associados a tendências
cooperativas e disciplinadas. Descreve sujeitos que se caracterizam por falta

29
de interesse e consciência das emoções e das interacções sociais. São
pouco reactivos às boas e más circunstâncias, observadores passivos da
realidade e solitários. Raramente emitindo juízos, ou opiniões fortes, evitam
tornar-se o centros das atenções e facilmente se dissolvem na retaguarda de
um grupo social. Têm um número restrito de amigos e as relações tendem a
ser superficiais, não por medo, ou evitamento activo, mas pela indiferença
que os caracteriza.
Juntamente com a indiferença emocional, este indivíduos evidenciam traços
de dependência que os fazem sentir menos capazes, ou importantes, que os
outros. Isto torna-os facilmente influenciáveis, submissos e dependentes,
levando-os a evitar situações de competição e a adoptar uma postura
humilde e conciliadora.
Estes sujeitos, acreditam que se não cometerem erros, poderão depender
dos outros para a satisfação das suas necessidades. Os traços obsessivos
são compatíveis, não só com a suas necessidades de dependência, mas
também com a sua tendência para o distanciamento social e emocional, uma
vez que lhes proporcionam controlo afectivo e tolerância à solidão. A
tendência para evitar cometerem erros faz estes indivíduos parecerem
rígidos, inexpressivos e excessivamente formais. O traço compulsivo,
provavelmente, pode torná-los ordeiros, organizados, confiáveis e
responsáveis, mas também distantes, despegados e objectivos.

Perfil 138 – Esquizóide Dependente Negativista


Descreve pacientes em que predominam traços de introversão e cooperação,
ainda que se sintam desconfortáveis com a sua dependência. Mostram-se
também pouco emotivos, com baixa reactividade de humor; são pessoas
calmas, voltadas para si mesmas, adoptando preferencialmente a atitude de
observadores passivos da realidade, não tomando partidos, nem emitindo
opiniões. Evitam ser o centro das atenções e facilmente se dissolvem na
retaguarda de um grupo social. Têm um número restrito de amigos e as
relações tendem a ser superficiais, não por medo, ou evitamento activo, mas
pela indiferença que os caracteriza.
Pela falta de interesse e apetência interpessoal, estes sujeitos têm baixa
auto-estima e são submissos, evitando situações competitivas e tendendo a

30
ser superficialmente agradáveis e conciliatórios, para tal escondendo os seus
sentimentos (especialmente se agressivos, ou censuráveis).
Alguns indivíduos, mais submissos, podem sentir-se confortáveis numa
relação de dependência com outra pessoa que se lhes afigure como
competente e digna de confiança. Contudo, a falta de interesse e de
consciência emocional tornam difícil mesmo este tipo de relação, pelo que a
sensação de desconforto crónico irá manifestar-se numa película ténue de
labilidade emocional, ou numa atitude negativista em relação à vida.

Perfil 170 – Esquizóide Compulsivo


Caracteriza indivíduos distantes e controlados, com pouco interesse, ou
apetência, para experimentarem as subtilezas que caracterizam as relações
interpessoais. Investem, por conseguinte, em actividades que não envolvam
o contacto humano, podendo parecer insensíveis, distantes e apáticos.
Consequentemente, têm poucos amigos e relacionamentos interpessoais
verdadeiros. São, ainda, pouco reactivos à estimulação interna e externa.
Adicionalmente, são indivíduos muito controlados, disciplinados e correctos,
como se as suas emoções fossem tão confusas, ou ameaçadoras, que
tivessem de ser escondidas. Por este motivo, tudo fazem para não cometer
erros, exibindo um comportamento ordeiro, empenhado, eficiente, digno de
confiança, industrioso e persistente. Com as figuras de autoridade
relacionam-se com respeito e dedicação, mas tratam os subordinados com
desdém, devido ao seu perfeccionismo. Estes indivíduos acreditam na
disciplina e no autocontrole, tornando-os muito formais e rígidos, e também
indecisos quando não têm a possibilidade de controlar todas as alternativas
possíveis. De forma positiva, são pessoas organizadas, precisas e
meticulosas.

Perfil 200 – Evitante


Este perfil de personalidade caracteriza-se pela tendência para o evitamento,
daqueles indivíduos hiper-sensíveis à possibilidade de rejeição. Estes
presumem que os outros não valorizam a sua amizade e temem
constantemente uma humilhação interpessoal. Este temor torna-os pouco à
vontade nas interacções sociais, levando-os a darem constantemente o seu

31
melhor e a estarem sempre defensivos. São, com frequência, pessoas
sensíveis, que demonstram compreensão e compaixão pelos outros mas que
se sentem, não obstante, nervosas e desconfortáveis socialmente. Por forma
a minimizarem o desconforto, estes indivíduos, acabam por evitar a
exposição social, o que vai constituir um problema, uma vez que se tratam de
pessoas que apreciam ter amigos e a aceitação num grupo.
Consequentemente, o desconforto, associado ao risco de exposição social,
pode inviabilizar a amizade que doutro modo suscitariam nos outros. São
sujeito que se isolam facilmente e que interagem melhor com um número
restrito de pessoas de cada vez.

Perfil 230 – Evitante Dependente


Descreve uma personalidade em que predominam os traços evitantes e
dependentes. Encontra-se em sujeitos que não têm amigos íntimos, vivendo
isolados. Consideram-se fracos, inadequados, sem recursos e pouco
atractivos. Mas, apesar do seu grande medo da rejeição desejam, acima de
tudo, serem gostados e aceites. São tímidos, nervosos, defensivos e sentem-
se desconfortáveis nas situações sociais, que experimentam como negativas.
Deste modo, o relacionamento com terceiros é uma experiência ameaçadora
que tentam evitar. Está então criado um conflito de interesses entre a
necessidade de aceitação e o desconforto/exposição que a aproximação
acarreta. Estes indivíduos são normalmente sensíveis, compassivos e
emocionalmente receptivos, mas também nervosos, desajustados,
desconfiados e solitários.

Perfil 231 – Evitante Dependente Esquizóide


Remete para sujeitos que experimentam apreensão social, sentimentos de
inadequação e introversão. A preocupação predominante destes indivíduos é
a de serem gostados e apreciados pelos seus pares, ainda que estejam
constantemente apreensivos face a uma possível rejeição. Esta atitude
coloca os sujeitos num beco sem saída: se evitarem as interacções com os
outros podem sentir-se mais confortáveis mas lamentarão a sua falta de
apoio; se por outro lado, arriscarem cultivar novos relacionamentos, o medo
da rejeição poderá deixá-los tensos, nervosos e pouco confortáveis.

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Paralelamente, estes sujeitos sentem-se inadequados e inseguros, quando
comparados com outros, sentindo-se sem valor e com menos capacidades
que eles. Por conseguinte, muitos destes pacientes podem ser cooperativos,
ao ponto da submissão; esta dependência, por seu lado, parece justificar o
medo de rejeição nas relações interpessoais, tendo por base a crença que
se, os outros, o conhecessem melhor veriam o seu pouco valor e perderiam
interesse naquela amizade.
O outro traço predominante, manifesta-se num interesse diminuto pelos
sentimentos pessoais e pelas interacções sociais. São sujeitos pouco
conscientes das suas emoções, mostrando-se esquivos, despegados,
superficialmente complacentes e apáticos nos seus relacionamentos
afectivos. São indivíduos privados, solitários, que cultivam algumas relações
superficiais mas quase nenhumas amizades íntimas.

Perfil 238 – Evitante Dependente Negativista


Caracteriza um perfil de personalidade dominada por sentimentos de
inadequação, medo da rejeição e tendência para alterações do humor. São
indivíduos que desejam grandemente serem aceites e gostados mas que
temem ser rejeitados nas suas aproximações sociais.
São provavelmente dependentes e cooperativos, revelando uma certa
tendência para se subvalorizarem e que quando se comparam com os outros
sentem-se menos capazes, menos atraentes, ou menos válidos como seres
humanos. São, com frequência, pessoas pouco assertivas, que nada exigem
dos outros, ainda que possam ser controladores de uma forma submissa e
dependente. Estes indivíduos, sentem-se particularmente confortáveis
quando dependem de alguém que tome decisões por eles e lhes proporcione
apoio e protecção. Os sentimentos de inadequação surgem a par do medo de
rejeição, uma vez que acreditam que, mais cedo ou mais tarde, os outros
terão deles má opinião, por isso se afastarão.
Como consequência desta estrutura de personalidade, estes pacientes,
sentem-se sempre apreensivos quando se relacionam com os outros,
passando uma imagem de timidez e nervosismo. Isto coloca-os num dilema:
por um lado, gostariam muito de interagir com os outros, por forma a serem

33
gostados e apreciados; porém tendem a evitar os contactos sociais, numa
tentativa de evitar a ansiedade que essas situações lhes suscitam.
Este conflito psíquico, manifesta-se exteriormente num comportamento
indeciso e ambivalente: uma vezes amigáveis e abertos, noutras esquivos,
distantes, sarcásticos, mal-humorados ou desinteressados dos outros. No
momento em que projectam a frustração, imanente do seu conflito básico,
podem ainda ser desconfiados, hostis e capazes de culpar os outros pelos
seus erros, porém este movimento cedo se volta contra o próprio sujeito,
fazendo-o sentir-se ainda mais inadequado e culpado.

Perfil 250 – Evitante Narcisista


Remete para um estilo de personalidade em que predominam traços
evitantes e confiantes, característico de sujeitos hiper-sensíveis à
possibilidade de rejeição. Presumem que os outros não irão valorizar a sua
amizade e preocupam-se com o risco de humilhação, o que os deixa pouco à
vontade durante as interacções sociais, uma vez que sentem que têm
sempre que dar o seu melhor e estão constantemente a jogar à defesa. Por
forma a evitar a ansiedade, assim gerada, estes indivíduos podem evitar
mesmo o contacto social, apesar de desejarem ter amigos e ser aceites,
isolando-se, ou lidando com poucas pessoas de cada vez.
O seu medo da rejeição deriva, em parte, da sobrevalorização que fazem de
si próprios, que os leva a sentirem-se especiais, ou superiores aos outros.
Observa-se também uma tendência para exagerarem as próprias
capacidades e qualidades positivas, construindo racionalizações sobre o seu
valor. Estes indivíduos consideram-se inteligentes, extrovertidos,
encantadores e sofisticados, sentindo uma necessidade constante de serem
apreciados e apaparicados pelos outros, que muitas vezes se transforma
num sentimento de rejeição que leva ao evitamento (por projecção). Para os
outros, estes sujeitos, aparecem como egocêntricos, com a mania das
grandezas e desdenhosos.

Perfil 260 – Evitante Anti-social


Refere-se a um estilo de personalidade em que predominam traços evitantes
e competitivos, em sujeitos hipersensíveis à possibilidade de rejeição e que

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adoptam estratégias de confrontação, para se adaptarem ao seu meio.
Consequentemente, revelam-se pessoas desconfiadas que se vêm a si
próprias como assertivas, enérgicas, confiantes, fortes e realistas, sentindo
que só pela dureza, hostilidade e esperteza conseguem garantir aquilo que
pretendem. Estes indivíduos desprezam, constantemente, os mais fracos,
não se importando se são, ou não, gostados. É o medo que os outros se
aproveitem deles, que torna estes sujeitos pouco confortáveis e muito
defensivos, no decurso das interacções sociais.
As pessoas, com este perfil, são frequentemente impulsivas, agressivas,
intimidantes e por vezes, mesmo frias, ofensivas, cruéis e maliciosas.
Quando as coisas correm à sua maneira podem ser amigáveis e optimistas
mas, na maior parte dos casos, comportam-se de forma reservada, defensiva
e ressentida.

Perfil 280 – Evitante Negativista


Descreve uma personalidade com um predomínio de traços evitantes e
negativistas. O traço evitante manifesta-se numa hipersensibilidade à crítica e
à rejeição, em indivíduos que encaram os contactos sociais como arriscados,
podendo conduzir à humilhação e à rejeição. O conflito psíquico subjacente
resume-se ao seguinte: por um lado, desejavam ser aceites e apreciados por
terceiros, contudo o medo de serem rejeitados deixa-os apreensivos e pouco
confortáveis, no decurso das interacções, ao ponto de conduzir ao
evitamento. São sujeitos que levam vidas solitárias, fechados nos seus
mundos privados e desconfortáveis e nervosos nas relações interpessoais.
Para além disso, são frequentemente sensíveis aos seus próprios
sentimentos e às reacções emocionais que despertam nos outros.
Este padrão de funcionamento está presente em pessoas que questionam as
suas competências e não se consideram nem muito interessantes, nem
merecedoras de atenção, julgamento que generalizam para toda a
humanidade que consideram fria e rejeitante. Por conseguinte, apesar da
pobre auto-imagem, estes indivíduos também não idolatram outras pessoas e
estão muito conscientes das limitações alheias.
Quando, estes pacientes, conseguem estabelecer relações significativas e
estáveis, as interacções são, muitas vezes, conflituosas, agindo de forma

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ressentida e mal-humorado, oscilando entre a cooperação amigável e a
hostilidade e o pessimismo, apenas para se sentirem culpados e tentarem
redimir-se sendo mais agradáveis, e assim sucessivamente.

Perfil 300 – Dependente


Encontra-se em sujeitos com um estilo de personalidade marcadamente
cooperativo e que não se sentem muito capazes de tomar conta de si,
preferindo confiar essa tarefa a terceiros, alguém que lhes proporcione apoio
e protecção, nem que seja emocional. Sentem-se frequentemente
inadequados, inseguros e menos capazes que os demais, tendem por
conseguinte a formar laços afectivos, muito fortes, com as pessoas de que
dependem e a evitar situações competitivas. O seu perfil faz deles seguidores
e não lideres, pelo padrão de submissão que adoptam nas interacções.
Temendo perder os seus amigos, estes indivíduos, podem esconder as suas
emoções, quando as consideram agressivas, ou condenáveis. Trata-se de
pessoas humildes, que se esforçam por agradar àqueles que as rodeiam,
sendo facilmente apreciadas. Também podem parecer muito volúveis,
influenciáveis, por nunca emitirem pareceres pessoais, e criticáveis pela sua
submissa dependência e falta de auto-estima.

Perfil 320 – Dependente Evitante


A elevação patológica, nas referidas escalas, determina um perfil de
personalidade em que predominam os traços cooperativos e dependentes,
que caracterizam indivíduos com baixa auto-estima e que consideram os
outros mais capazes e interessantes que eles próprios. Estes sujeitos,
adoptam papeis de seguidores, não de líderes, e procuram, nos outros, o
apoio e a protecção; ainda que as interacções os deixem desconfortáveis e
ansiosos.
Este desconforto, deriva da crença que se, os outros, os conhecerem
melhore formarão, a seu respeito, uma opinião consonante com a sua
própria, ou seja, constatem que eles nada valem. Consequentemente, estes
indivíduos estão sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros
sentimentos (quando agressivos, ou censuráveis) e mostrando-se tensos,

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nervosos e distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social,
podem conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.

Perfil 321 - Dependente Evitante Esquizóide


Caracteriza um perfil de personalidade com elementos cooperativos,
evitantes e introvertidos, típico de indivíduos com baixa auto-estima, que se
consideram menos capazes e interessantes que os demais. Estes sujeitos,
adoptam papeis de seguidores, não de líderes, e procuram nos outros apoio
e protecção, ainda que as interacções os deixem desconfortáveis e ansiosos.
Simultaneamente, experimentam dificuldades na compreensão dos
sentimentos e motivações das outras pessoas e podem comportar-se de
forma excessivamente branda e apática.
As dificuldades, nos relacionamentos sociais, derivam da crença de que se
os outros os conhecessem melhor formariam, a seu respeito, uma opinião
consonante com a sua própria, ou seja, constatariam que eles nada valem.
Consequentemente, estes indivíduos, estão sempre à defesa, escondendo os
seus verdadeiros sentimentos (quando agressivos, ou censuráveis),
mostrando-se tensos, nervosos e distantes. Por este motivo, e porque não
têm verdadeiro interesse, ou compreensão, pela área interpessoal, estes
sujeitos raramente desenvolvem relações afectivas profundas, o que os torna
solitários, isolados dos outros. No entanto, estes pacientes, podem ser
bastante cooperativos e amáveis, raramente sobressaltados por emoções
violentas, podem viver vidas agradáveis e controladas.

Perfil 327 - Dependente Evitante Compulsivo


Descreve um perfil de personalidade em que sobressaem os elementos
cooperativos, evitantes e disciplinados, presente em sujeitos com baixa auto-
estima, que se consideram menos capazes e interessantes que os demais.
Estes sujeitos adoptam papeis de seguidores, não de líderes, e procuram,
nos outros, apoio e protecção, apesar desse desejo acarretar um
considerável desconforto.
Este desconforto, deriva da crença que se, os outros, os conhecerem melhor
formarão, a seu respeito, uma opinião consonante com a sua própria, ou
seja, constatem que eles nada valem. Consequentemente, estes indivíduos

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estão sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros sentimentos
(quando agressivos, ou censuráveis), mostrando-se tensos, nervosos e
distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social, podem
conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
Uma das defesas utilizadas, para compensar a baixa auto-estima, é a
procura de apoio e de orientação em terceiros; outro dos mecanismos de
defesa, mais empregue, é a crença num resultado positivo, desde que não
cometam qualquer tipo de erro. Indivíduos, com esta tendência compulsiva,
são organizados e planeiam sempre o futuro; são também conscenciosos,
eficientes, dignos de confiança, industriosos, persistentes, respeitosos,
perfeccionistas e auto-disciplinados. Têm, contudo, uma certa tendência para
a indecisão e alguma dificuldade em tomarem decisões sozinhos. O elemento
compulsivo pode, também, gerar um sentimento de inadequação que se
manifesta numa procura exaustiva dos seus próprios erros, sempre que as
coisas correm mal.

Perfil 328 - Dependente Evitante Negativista


A elevação nas referidas sub-escalas caracteriza um perfil de personalidade
com elementos cooperativos, evitantes e negativistas, presente em sujeitos
com baixa auto-estima, que se consideram menos capazes e interessantes
que os demais. O desconforto que experimentam, nas interacções sociais,
deriva da crença que se, os outros, os conhecerem melhores formarão, a seu
respeito, uma opinião consonante com a sua própria, ou seja, constatem que
eles nada valem. Assim, o desejo de encontrar apoio e protecção em
terceiros é obliterado pelo seu medo da rejeição. Consequentemente, estes
indivíduos estão sempre à defesa, mostrando-se tensos, nervosos e
distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social, podem
conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
Os pacientes, com estes resultados, estão frequentemente ressentidos com
as outras pessoas e têm tendência para atribuir a culpa por acontecimentos
negativos a factores exteriores. Consequentemente, são pouco cooperantes
e difíceis de lidar. A projecção defensiva ajusta-se ao mecanismo de
evitamento social, uma vez que, a sua hostilidade, tende a alienar os outros.
A projecção também serve de argumento racional para que abandonem os

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outros, antes de serem abandonados. São sujeitos que se ressentem com o
controlo dos outros mas que, simultaneamente, não sabem funcionar em
situações competitivas, em que têm de agir de forma independente e de
tomar as suas próprias decisões. Este desconforto, cria um ciclo vicioso de
dependência e ressentimento face à mesma.

Perfil 340 - Dependente Histriónico


Descreve um perfil de personalidade cooperativo, com elementos dramáticos,
típico de indivíduos com baixa auto-estima, que se consideram menos
capazes e interessantes que os demais. A auto imagem empobrecida conduz
a sentimentos de insegurança e ansiedade, em situações mais competitivas.
Em simultâneo, trata-se de sujeitos com uma grande necessidade de captar a
atenção dos outros, o que os torna permanentemente conspícuos,
procurando a afirmação do afecto e da aprovação das figuras significativas.
Estes sujeitos, desenvolvem uma grande sensibilidade aos humores dos
outros e usam, este conhecimento, para evocarem as reacções que desejam.
Podem mostrar-se encantadores e extrovertidos, dramáticos, ou sedutores.
São ainda pessoas cooperantes e agradáveis, coloridas e em contacto com
as suas emoções. Contudo, podem passar por dificuldades sempre que
tenham de resolver sozinhas uma contrariedade. A perda dos entes
significativos é profundamente sentida.

Perfil 348 - Dependente Histriónico Negativista


Este estilo de personalidade tem dominância de elementos cooperativos,
dramáticos e negativistas, o que cria um beco sem saída: são pessoas com
baixa auto-estima que sentem que, de alguma forma, têm de esconder aquilo
que realmente pensam de si próprias, aparentando autoconfiança e
determinação.
Indivíduos com este perfil sentem-se menos capazes e válidos que as outras
pessoas. Uma pobre auto-imagem conduz a sentimentos de insegurança
que, por sua vez, geram ansiedade em situações competitivas. Tratam-se
efectivamente de seguidores não de líderes, que tentam funcionar de forma
cooperativa, relacionando-se com os outros de forma fácil e significativa,
correndo o risco de se tornarem dependentes de terceiros. É, precisamente,

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porque precisam dos outros para protecção e orientação, que estes sujeitos
estão pouco preparados para agirem independentemente e assim
conseguirem os seus objectivos.
A elevação na escala histriónica revela que, estes sujeitos, precisam de
constante atenção, por parte dos outros, o que os torna conspícuos e
exigentes de uma reafirmação frequente de aprovação e afecto. Indivíduos,
com este perfil, têm um papel activo no envolvimento interpessoal,
desenvolvendo uma sensibilidade particular aos sentimentos dos outros e
utilizando este conhecimento para provocarem as reacções que desejam.
Podem ser encantadores, extrovertidos, dramáticos, ou sedutores;
dependendo do seu grau de funcionalidade, podem empregar esta habilidade
para lidarem efectivamente com o ambiente, ou podem tornar-se
manipuladores e desonestos.
Estes sujeitos, podem mostrar-se amigáveis e cooperativos, quando se
sentem mais inadequados; contudo podem começar a sentir que deveriam
projectar uma imagem diferente, adoptando uma atitude mais arrogante e
exigente. Têm ainda tendência para se aborrecerem com relações estáveis e
para deslocarem, os seus conflitos internos, para a esfera dos contactos
interpessoais. Por isso, podem revelar de humores variáveis, facilmente
irritáveis, imprevisíveis, ou negativistas.

Perfil 354 - Dependente Narcisista Histriónico


Uma elevação patológica nas referidas escalas é típica de sujeitos que
exibem elementos cooperativos, confiantes e dramáticos, ancorados numa
baixa auto-estima. São sujeitos que se sentem menos dotados e válidos que
os outros; a baixa auto-imagem conduz a sentimentos de insegurança e
ansiedade, face a situações competitivas. São, por outro lado indivíduos, que
publicitam publicamente o seu valor, porque apesar de não confiarem em si,
em muitas áreas, são muito auto-confiantes noutras. Muitas vezes, este Ego
inflaccionado funciona como mecanismo de defesa contra a sua baixa auto-
estima, sendo sempre latente o conflito entre as duas imagens projectadas.
Este conflito, torna-se evidente na oscilação entre comportamentos sociáveis
e uma atitude arrogante e problemática.

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Também parece evidente que, estes sujeitos têm uma grande necessidade
de atenção, o que os torna conspícuos e exigentes de constante aprovação e
afeição. A atenção a que aspiram é activamente conquistada, uma vez que
dispõe de grande sensibilidade aos humores dos outros e utilizam esse
conhecimento para conseguirem os seus objectivos. São, no seu
relacionamento com os outros, pessoas encantadoras, extrovertidas,
dramáticas, ou sedutoras.
Estes indivíduos, são frequentemente cooperativos e afáveis, interessantes e,
em contacto, com as suas emoções; contudo podem sentir dificuldades
quando se sentem sozinhos, podendo depender apenas de si próprios. A
perda dos entes queridos é profundamente sentida.

Perfil 356 - Dependente Narcisista Antisocial


Presente em sujeitos que, de uma forma geral, se sentem inadequados,
adoptando, para compensá-lo, uma atitude cooperativa, generosa, agradável,
ou insinuante. São indivíduos que desejam ser gostados pelos outros e que
se sentem muito especiais. Assim, apesar de se sentirem menos capazes em
alguns aspectos, acreditam possuir qualquer qualidade, ou valor intrínseco,
que os torna superiores aos demais.
Estes pacientes adaptam-se ao seu conflito interior, desenvolvendo uma
postura defensiva que permite que ambas as concepções permaneçam
activas. A imagem que deixam transparecer é algo dura, enfatizando os
aspectos competitivos da realidade, acham que têm de adoptar uma postura
aguerrida, para não ficarem para trás. A crença na força pessoal esconde,
muitas vezes, um sentimento de inadequação, ou seja, uma fraqueza que
segundo estes sujeitos poderia ser usada contra eles, uma vez do
conhecimento de terceiros. Apesar de serem emocionalmente dependentes
dos outros, transmitem uma imagem de quem não precisa de ninguém e se
basta a si próprio. Podem ser também bastante controladores e algo
desconfiados.
Este mecanismo de defesa mal-adaptativo, que se manifesta no
culto/exercício do poder pessoal, observa-se quando são postos em causa,
por alguém que questione a sua força, quando toda a sua hostilidade e

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agressividade se manifestam numa tentativa de salvaguardar o seu próprio
autocontrole.

Perfil 357 - Dependente Narcisista Compulsivo


Personalidade com predomínio de traços cooperativos, confiantes e
disciplinados, ancorados a uma baixa auto-estima. Estes indivíduos sentem-
se menos capazes e válidos que os outros, adoptando uma postura
cooperante, uma vez que se sentem mais confortáveis quando estão sob a
orientação, ou protecção, de um mentor poderoso. A auto imagem
depauperada conduz a sentimentos de insegurança e ansiedade em
situações competitivas.
Por outro lado, indivíduos com este perfil, são frequentemente orgulhosos,
expressando publicamente o seu valor próprio. Esta tendência deriva da
concepção díspar que têm de si próprios, uma vez que, apesar de se
considerarem pouco capazes em determinadas áreas, noutras são
extremamente confiantes. A inflação do Ego, juntamente com a tendência
para racionalizarem os seus erros, pode ser considerada como reacção
defensiva à baixa auto-estima, assim aplacando as suas inseguranças e
proporcionando algum conforto.
Estes pacientes também podem adoptar formas compulsivas de aumentar a
sua auto-imagem. São, de uma forma geral, pessoas correctas e
respeitadoras nas suas relações, com um polimento perfeccionista e
moralista; são trabalhadores, meticulosos e com uma visão, algo simplista do
mundo (preto e branco). Esta fachada de rectidão e disciplina é usada para
enfatizar o seu valor intrínseco e combater o sentimento de que, afinal,
podem não valer grande coisa.

Perfil 360 - Dependente Antisocial


Presente em sujeitos com um estilo de personalidade cooperativo, com
elementos competitivos. O lema de vida destes sujeitos é, uma vez que não
se sentem capazes de tomar conta de si próprios, devem encontrar alguém
digno de confiança que os proteja e apoie, formando fortes laços
sentimentais com estas figuras significativas. Sentem-se frequentemente
inadequados, ou inseguros, e consideram-se menos determinados e capazes

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que as outras pessoas. A preocupação de perderem amigos pode levá-los a
esconder os seus sentimentos, em particular, quando os consideram
agressivos, ou censuráveis. Com os outros, são pessoas humildes e afáveis.
O ambiente é sentido como um lugar competitivo, o que gera desconfiança e
suspeita em relação a terceiros. Frequentemente, o seu comportamento é
defensivo e reservado, mas estes sujeitos acreditam que, com ajuda dos
seus entes de confiança, podem tornar-se fortes, realistas e determinados.
Embora não se sintam muito seguros de si próprios, depositam uma fé
inabalável naqueles que lhes proporcionam protecção, num mundo que vêm
como insensível, onde todos apenas estão interessados em ganhos
pessoais.

Perfil 370 - Dependente Compulsivo


Caracteriza-se por uma baixa auto-estima e natureza disciplinada e ordeira,
presente em indivíduos que consideram os outros pessoas mais válidas,
interessantes, ou capazes que eles próprios. São seres humildes, humanos e
capazes de formar relações interpessoais fortes; simultaneamente, procuram
ser o mais agradável possível por forma a conquistarem o apoio que
pretendem. Como resultado, são indivíduos consideravelmente submissos,
ou coniventes, que se intimidam face a situações competitivas, em que se
sintam sem apoio e vulneráveis. Contudo, sempre que se sentem protegidos
podem estar muito à vontade e sem conflitos.
Deste modo, através da protecção e orientação de terceiros, estes indivíduos,
procuram compensar a insegurança que deriva da sua baixa auto-estima.
Outro mecanismo de defesa, está presente na crença de que se evitarem
cometer um erro, podem esperar sempre resultados positivos.
Sujeitos com o referido elemento compulsivo, são ordeiros e disciplinado,
planeando o futuro de forma conscienciosa; são também eficientes, dignos de
confiança, industriosos e persistentes. No seu relacionamento com os outros
são respeitadores, elogiosos, perfeccionistas e exigentes. São pessoas que
acreditam na disciplina, mas que podem ter dificuldades quando são
chamadas a resolver problemas, ou a tomar decisões por si próprias. A
tendência compulsiva também pode reforçar os sentimentos de inadequação,
pois sempre que as coisas correm mal irão culpar-se a si próprios.

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Perfil 380 - Dependente Negativista
Este perfil encontra-se em indivíduos que tiveram elevações patológicas nas
Escalas Dependente e Negativista. São indivíduos que, de uma forma geral,
são inseguros e têm uma baixa auto-estima, sentindo-se pouco à vontade em
situações competitivas, não têm perfil de liderança e são pouco assertivos.
A maioria dos sujeitos com baixa auto-estima procura nos outros conforto e
protecção, não sem uma dose de conflito. Apesar de se sentirem inseguros
das suas próprias capacidades, ao ponto de precisarem de depender de
outros, também se sentem desconfiados em relação a estes. Estes indivíduos
não sentem que os outros são de confiança e ressentem-se da dependência
que os faz precisar de terceiros para resolverem os seus próprios problemas.
Algumas pessoas com este dilema exteriorizam-no aparentando serem
cooperativas e coniventes sem contudo deixarem de resistir, de alguma
forma, ao líder. Outros tendem a vacilar: por vezes, são muito amigáveis e
cooperantes, mas quando se sentem ressentidos podem ficar desconfiados e
zangados, apenas para se sentirem culpados, retraindo-se e começando o
ciclo outra vez.

Perfil 382: Dependente Negativista Evitante


Caracteriza um estilo de personalidade em que abundam elementos
dependentes, negativistas e evitantes, típico de indivíduos que não se
consideram nem muito capazes nem dotados para atingirem, pelos seus
próprios meios, os seus objectivos. Antes, preferem delegar num terceiro a
tarefa de tomar conta deles e suprir as suas necessidades. No entanto, como
os sujeitos também se ressentem e desconfiam desta capacidade nos outros,
acabam por inviabilizar também qualquer hipótese de coexistência.
Estes pacientes revelam uma grande labilidade de sentimentos e humores.,
umas vezes parecendo amigáveis e cativantes, outras ressentidos e
enraivecidos, outras ainda culpados e retraídos, e assim sucessivamente. Por
outras palavras, eles defendem-se das suas inseguranças projectando a
culpa, umas vezes sobre si próprios outras vezes sobre os outros. O mesmo
estilo de personalidade tem ainda outra modalidade defensiva predominante,
o negativismo: assim os pacientes tentam controlar o ressentimento através
de manobras obstrucionistas que permitem o escoamento da raiva de forma

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dissimulada, não comprometendo assim um relacionamento de que
dependem.
São também abundantes os sentimentos de insegurança que fazem estes
sujeitos percepcionarem os outros como mais talentosos, capazes, ou
dignos, que eles próprios. Por consequência, vão temer que os outros, ao
reconhecerem a sua falta de valor, os rejeitem; é também essa a razão que
os deixa nervosos e desconfortáveis em situações sociais, porque temem
impor-se a terceiros que não gostem deles. O evitamento das relações
interpessoais surge como forma de amenizar o desconforto, o que
consequentemente pode conduzir ao isolamento e ao distanciamento de
relações consideradas de pouca confiança, ou excessivamente críticas.
Tratam-se de pessoas sensíveis que gostariam de ser apreciadas e de se
relacionarem melhor com os outros, sendo contudo vítimas do seu próprio
dilema: entre ter de depender e não conseguir confiar.

Perfil 400 - Histriónico


Revela uma predominância de traços dramáticos na estrutura base da
personalidade. Os indivíduos histriónicos são interessantes e emocionais,
procurando estímulos, excitação e atenção. Por conseguinte, tendem a reagir
prontamente às situações em seu redor, sendo profundo o seu envolvimento,
se bem que não muito duradouro. Este padrão de envolvimento - abandono
repete-se ao longo do tempo.
Os pacientes histriónicos, normalmente causam boas primeiras impressões;
graças à sua reactividade, à sua perspicácia e à sua necessidade de atenção
são frequentemente o centro colorido das atenções onde quer que vão.
Muitas vezes, contudo, podem ser excessivamente barulhentos,
exibicionistas e dramáticos. Quanto maior for o seu envolvimento maior é o
risco de se tornarem exigentes e fora de controlo. As pessoas histriónicas
têm momentos emocionais muito intensos mas as suas amizades são, com
frequência, de curta duração, substituíveis sempre que o tédio bate à porta. A
dependência de terceiros, tem mais a ver com a atenção, do que com a
protecção, ou orientação, que estes outros podem proporcionar, pelo que os
histriónicos são muito menos submissos que os sujeitos dependentes.

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Perfil 438 - Histriónico Dependente Negativista
A elevação nestas sub-escalas remete para uma combinação de traços
dramáticos, dependentes e negativistas. Encontramos indivíduos
interessantes e emocionais, que procuram estímulos, excitação e atenção e
que reagem, muito facilmente, às situações que os rodeiam, envolvendo-se
de forma intensa mas durante um curto período de tempo. Observa-se a
repetição deste padrão de envolvimentos rápidos e curtos, ao longo da vida
do sujeito.
São sujeitos que, apesar de possuírem uma baixa auto-estima, sentem a
necessidade de exteriorizar uma imagem de confiança e segurança.
Efectivamente, estes sujeitos, sentem-se menos dotados, ou competentes,
quando se comparam com os outros; contudo rejeitam depender de terceiros,
com medo de transmitirem uma imagem de fraqueza. Perante este conflito
podem revelar-se, em algumas circunstâncias, cooperantes ou coniventes,
apenas para resistirem, de alguma forma, ao seu líder; ou seja, vão oscilando
entre serem extremamente amigáveis e solidários, ou então ressentidos,
agressivos e zangados, ou ainda, mostrando-se culpados e retraídos. Esta
solução reconcilia o desejo de protecção, com o desejo de independência e
de auto-suficiência a que também aspiram, às custas de frequentes conflitos
interpessoais.
Estes pacientes podem ser criticados por serem, de algum modo,
barulhentos, exibicionistas e dramáticos, captando a atenção dos outros;
podem também ser de humores instáveis e mal-humorados, mas são sempre
pessoas interessantes e expressivas que cativam os outros e se envolvem de
forma intensa, durante curtos períodos de tempo.

Perfil 450 - Histriónico Narcisista


São sujeitos que requerem muita atenção e gostam de estar no centro das
atenções. Consideram-se pessoas especiais, inteligentes, extrovertidas,
encantadoras, ou sofisticadas. Muitas vezes, propagandeiam as suas
próprias capacidades de forma exagerada, empregando racionalizações para
inflamar o seu valor próprio e denegrindo aqueles que se recusam a aceitar a
imagem que eles tentam projectar. Causam boas primeiras impressões,
porque são capazes de expressar os seus sentimentos, com um toque de

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dramatismo e um talento natural para chamar a atenção. Adicionalmente, são
pessoas interessantes que podem desenvolver um bom sentido de humor.
Os outros, frequentemente, consideram estes sujeitos como sendo
simpáticos e prestáveis, divertidos e sedutores. Contudo, como aquilo que
estes pacientes mais procuram são os elogios, podem aborrecer-se
rapidamente e revelam fraca capacidade discriminação, quando estão
sozinhos.

Perfil 456 - Histriónico Narcisista Antisocial


Nas pessoas, com elevações patológicas nas referidas escalas, observa-se
um estilo de personalidade dramático, com traços de autoconfiança e
competitivos. São sujeitos que necessitam constantemente de atenção e
afecto; por conseguinte, procuram estimulação e tornam-se o centro das
atenções, com a sua atitude dramática. Exibem uma certa tendência para
manipularem as interacções sociais, de modo a conseguirem a atenção que
desejam, i.e., ao serem muito sensíveis aos sentimentos dos outros outros,
depressa descobrem quais os comportamentos que podem evocar as
reacções que pretendem.
São indivíduos que expressam os seus sentimentos livremente e que
acalentam emoções intensas, ainda que de curta duração. Mostram-se
extrovertidos, encantadores e sofisticados, contudo a sua necessidade de
terceiros torna-os vulneráveis à possibilidade de serem, por eles, rejeitados,
ou ignorados. Podem então revelar-se algo caprichosos e pouco tolerantes à
frustração. Algumas vezes, a sua atitude dramática pode parecer superficial,
falsa, ou apenas sedutora, em vez de expressar verdadeiros sentimentos.
São sujeitos que também podem ter dificuldades ao desenvolver um
sentimento coeso de identidade.
Observou-se que estes sujeitos, na sua busca de atenção, podem sentir que
são muito especiais e que terão sempre sucesso nas suas tentativas. São
indivíduos que, no decurso das interacções com os outros, se sentem
melhores que os demais. Também consideram o mundo um local competitivo,
em que a atenção, que se suscitar nos outros, é o melhor indicador de
sucesso individual. Em consequência destas atitudes podem revelar-se algo
conflituosos e irascíveis.

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Perfil 458 - Histriónico Narcisista Negativista
É um perfil que prefigura um estilo de personalidade que exibe traços
dramáticos, confiantes e negativistas, típico de indivíduos que carecem de
atenção constante, que vivem apressadamente e apreciam estimulação e
excitação; podem procurar emoções fortes e aventuras. São pessoas
socialmente cativantes, interessantes, dramáticas e emotivas, mas também
caprichosas, exigentes e algo dissimuladas. São sujeitos que facilmente se
apaixonam, ainda que os seus envolvimentos sentimentais tenham curta
duração; podem ainda revelar-se imaturos, incapazes de adiar a gratificação,
sem disciplina e irresponsáveis. De forma geral, são extrovertidos com
carisma e brilho próprio.
Estes sujeitos têm-se em alta consideração, considerando-se melhores e
mais capazes que as outras pessoas. Por conseguinte, costumam comportar-
se com autoconfiança, tomando posições fortes em ocasiões importantes,
mesmo quando em desacordo com a maioria. Esta característica pode,
contudo, levá-los a tratar os outros com desdém e insensibilidade, o que os
fará sentir ameaçados quando alguém questionar a sua superioridade.
Quando estes pacientes encontram qualquer tipo de oposição, os elementos
negativistas podem vir à superfície, tornando-os irascíveis, ou provocadores,
mostrando os sentimentos de forma hostil e agressiva. Este estado
emocional violento é de curta duração e, após a sua remissão, os outros
traços de personalidade tornam-se mais proeminentes.

Perfil 468 - Histriónico Antisocial Negativista


Observável em pacientes dramáticos, competitivos e negativistas, que
apreciam ser o centro das atenções e que, para além de serem algo
dramáticos, carismáticos e extremamente sociáveis, podem parecer
superficiais, pouco sérios, facilmente entediados e incapazes de terminarem
os projectos a que se propõe.
Outro aspecto fundamental, do padrão de personalidade destes indivíduos,
encontra-se na sua visão competitiva do mundo, ou seja, acreditam que
existe um número limitado de recursos e que todos os desejam. Assim, a vida
é uma espécie de corrida e o mundo é um local cruel e hostil, onde ninguém
é digno de confiança e à que jogar sempre à defesa. São, pois, sujeitos que

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se consideram, a si próprios, duros realistas que evitam deixar-se abusar por
alguém.
Estas duas tendências podem provocar um conflito: a busca de atenção,
precisa dos outros, o que torna estes sujeitos dependentes de terceiros; já os
traços antisociais, tornam difícil o confiar nos outros. A saída para este
conflito pode apresentar-se numa, de duas formas: alguns indivíduos,
desenvolvem flutuações de humor, assim podem comportar-se de forma
simpática e cooperativa, até sentirem medo de serem explorados, tornando-
se subitamente resistentes, distantes, desconfiados e mesmo hostis e
agressivos; outros indivíduos, podem contornar o conflito comportando-se de
forma passiva - agressiva, ou seja, superficialmente cooperantes, mas
internamente negativistas e obstrucionistas, assim descarregando os seus
impulsos agressivos.

Perfil 470 - Histriónico Compulsivo


Característico de pessoas dramáticas e emotivas que procuram estimulação,
divertimentos e atenção. Podem também ser algo caprichosas, activamente
exigindo confirmação de aprovação, ou de afectos, dos outros. Com
frequência, tornam-se sensíveis ao estado de espírito alheio, usando este
conhecimento para evocarem as reacções que desejam. Respondem
rapidamente às situações, envolvendo-se emocionalmente de forma muito
intensa, imediata, mas pouco duradoura. São indivíduos que causam
primeiras impressões muito boas, o que os torna companhias agradáveis e
cativantes, no decurso das interacções sociais; tudo isto graças à sua
capacidade de reacção a situações inesperadas, à sua perspicácia e
carisma.
Estes indivíduos provavelmente valorizam, devido aos traços compulsivos,
uma construção de imagem que tem por base a rectidão, a persistência, a
ordem e a disciplina. Esta tendência pode, algumas vezes, entrar em conflito
com os traços histriónicos: ou seja, os pacientes histriónicos são muito
emotivos, de relacionamentos intensos e impulsivos; já os pacientes
compulsivos, controlam excessivamente as suas emoções, são distantes no
seu relacionamento com outros e comportam-se com prudência. Indivíduos
que exibem ambas as tendências são incapazes de integrá-las

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convenientemente o que gera conflitos intrapsíquicos mais, ou menos,
intensos. Podem parecer de humores variáveis e emocionalmente lábeis:
umas vezes, comportando-se de forma sentimental e intensa; outras vezes,
temendo as consequências de tais explosões, desenvolvem uma postura
mais rígida e controlada.

Perfil 480 - Histriónico Negativista


Predominam os traços dramáticos e competitivos, neste perfil de
personalidade. As elevações na escala Histriónica revelam que, estes
indivíduos, desejam ser o centro das atenções; são pessoas dramáticas,
emotivas, sensíveis aos seus próprios sentimentos e aos dos outros, usando
esse conhecimento para conquistarem atenção e apoio. São seres muito
sociáveis, encantadores, de relacionamentos superficiais e que requerem um
nível considerável de estímulos e diversão, ou correm o risco de se
aborrecerem. Quando isto acontece, afastam-se facilmente, de forma
impulsiva.
São sujeitos muito sensíveis à imagem que as pessoas projectam; para eles
a construção de uma imagem passa, em parte, por uma atitude negativa em
relação aos outros, ou seja, têm uma certa tendência para os diminuírem,
comportando-se de forma desdenhosa. Esta tendência acrescenta um
elemento de agressividade, ou hostilidade, à sua maneira de ser, pelo que
alguns destes sujeitos são constantemente negativistas e obstrucionistas de
uma forma velada, assim escoando o negativismo sem comprometerem a
sua necessidade de apoio e atenção. Outros sujeitos, podem tentar controlar
os seus sentimentos agressivos, que acabarão por vir ao de cima, através de
explosões de hostilidade, após as quais sentirão culpa e arrependimento,
tentando apaziguar os ofendidos e recuperar o seu afecto. Esta maneira de
ser torna, estes indivíduos, mal-humorados, emocionalmente excessivos e
imprevisíveis.

Perfil 500 - Narcisista


São sujeitos que se consideram, de algum modo, especiais, acreditam que
são superiores aos outros e têm uma certa tendência para exagerarem as
suas habilidades e atributos positivos, construindo racionalizações que

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aumentam o seu valor próprio e depreciam aqueles que não aceitam a visão
grandiosa que eles têm de si próprios. Com frequência, estes indivíduos,
consideram-se inteligentes, extrovertidos, encantadores e sofisticados,
tornando-se facilmente conspícuos e captando a atenção e o afecto dos
outros. Causam boas primeiras impressões, porque têm as suas próprias
opiniões e têm uma capacidade intrínseca para atraírem a atenção; são
pessoas orgulhosas, seguras de si e podem desenvolver um bom sentido de
humor. Contudo, experimentam dificuldades quando não se sentem
suficientemente apreciados, são forçados a aceitar a opinião de alguém, ou a
optarem por soluções de compromisso.

Perfil 520 - Narcisista Evitante


São pessoas que se sentem, de alguma forma, especiais e superiores aos
outros, com uma certa tendência para exagerarem as suas competências e
atributos positivos, para construírem racionalizações que enalteçam o seu
valor próprio e depreciem aqueles que não aceitam a imagem grandiosa que
eles têm de si próprios. Descrevendo-se apenas em traços positivos, eles
consideram-se inteligentes, extrovertidos, sedutores, ou sofisticados;
qualquer atributo negativo que reconheçam, em si, é imediatamente
minimizado.
No entanto, estes indivíduos desenvolvem uma considerável apreensão
quanto ao seu relacionamento com os outros, sentindo que estes podem não
valorizar a sua ‘verdadeira’ competência e excelência. Isto deixa-os muito
sensíveis a qualquer sinal de rejeição, porque a rejeição é interpretada como
uma negação da imagem que sentem que devem transmitir e com que
sentem confortáveis. Consequentemente, quando interagem com os outros,
sentem sempre que têm de dar o seu melhor, mostrando-se tensos,
nervosos, e excessivamente auto conscientes com quase todas as pessoas.
Deste modo, a interacção social, processa-se sobre um conflito latente: por
um lado, gostariam de se dar com os outros, de forma pacífica e agradável,
para serem apreciados, mas sentem-se tão pouco confortáveis socialmente,
que acabam por evitar as interacções. Podem passar anos até que este
conflito seja resolvido.

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Perfil 530 - Narcisista Dependente
Caracteriza um estilo de personalidade em que predominam elementos de
autoconfiança e tendências cooperativas. A justaposição destes dois estilos é
pouco frequente e algo problemática. Uma elevação patológica na escala do
Narcisismo revela que estes sujeitos têm-se em alta conta, sentindo-se mais
capazes que os outros e considerando-se especiais, em qualquer coisa.
Como consequência, têm uma certa tendência para exagerarem os seus
atributos positivos e a minimizarem os próprios defeitos. Gostam de ser
notados e relacionam-se com os outros com autoconfiança; desejam ainda
ser líderes, atingir posições de poder e estatuto elevados e não se sentem
confortáveis nos papeis secundários.
O conflito subjacente a este perfil deve-se ao facto da segunda elevação
patológica ocorrer numa escala que é directamente oposta ao Narcisismo.
Assim, a escala Dependente, é típica de indivíduos que são seguidores e não
líderes, pouco seguros das suas próprias capacidades. A coexistência destas
tendências antagónicas gera um conflito intrapsíquico muito intenso. Isto leva
a que, estes sujeitos, se comportem ora de forma submissa e de
compromisso, ora de forma muito assertiva e dominante.

Perfil 540 - Narcisista Histriónico


A pontuação elevada, em ambas as escalas, caracteriza aqueles indivíduos
que se têm em elevada conta, sentindo-se especiais e superiores aos outros.
Exibem também uma certa tendência para exagerarem as suas
competências e atributos positivos e para depreciarem aqueles que
contrariam a imagem grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo
manifesta-se, provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança,
que levadas ao máximo os tornam arrogantes e presunçosos.
Este sentimento de superioridade tem, com frequência, raízes na auto
imagem que estes sujeitos acalentam. São sujeitos que valorizam as
aparências: uma boa pessoa é alguém que parece inteligente, extrovertida,
competente, sofisticada, etc. Sob esta superfície, contudo existe uma
necessidade de chamar a atenção, de ser aceite, apreciado e gostado pelos
outros. São indivíduos que causam primeiras impressões muito marcantes,

52
porque expressam os seus pensamentos facilmente, são dramáticos,
emocionais e carismáticos.
Podem também revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à frustração,
aborrecendo-se facilmente. Por causa dos referidos factores, estes pacientes
sentem-se confortáveis quando são admirados e respeitados, ou seja,
sempre que são o centro das atenções.

Perfil 546 - Narcisista Histriónico Antisocial


Perfaz um estilo de personalidade que se caracteriza por uma abundância de
autoconfiança e elementos dramáticos e competitivos. São indivíduos que se
têm em elevada conta, sentindo-se especiais e superiores aos outros; exibem
também uma certa tendência para exagerarem as suas competências, feitos
passados e atributos positivos e para depreciarem aqueles que contrariam a
imagem grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo manifesta-se,
provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança que, levadas
ao máximo, os tornam arrogantes e presunçosos.
Estes sujeitos, prestam muita atenção à sua própria imagem quando se
relacionam com os outros. São sujeitos que valorizam as aparências: uma
boa pessoa é alguém que parece inteligente, extrovertida, competente,
sofisticada, etc. Sob esta superfície, contudo existe uma necessidade de
chamar a atenção, de ser aceite, apreciado e gostado pelos outros. São
indivíduos que causam primeiras impressões muito marcantes, porque
expressam os seus pensamentos facilmente, são dramáticos, emocionais e
carismáticos. Podem, também, revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à
frustração, aborrecendo-se facilmente e saltando de ocupação em ocupação.
Outro elemento, do seu complexo de superioridade, leva-os a considerarem o
ambiente como um local competitivo; sentem que têm de se defender se
querem funcionar eficazmente. Por conseguinte, são sujeitos algo
desconfiados e suspeitosos, que se consideram a si próprios como:
assertivos, energéticos, independentes, fortes e realistas. Sentem que têm de
ser duros para sobreviverem num mundo duro; pelo que para eles a
compaixão e o carinho são emoções de pessoas fracas, que os poderiam
colocar numa posição de inferioridade. A tendência competitiva ajusta-se bem

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ao complexo de superioridade, sempre que estes sujeitos estão em posição
de vencedores.

Perfil 548 - Narcisista Histriónico Negativista


Caracteriza aqueles indivíduos que se têm em elevada conta, sentindo-se
especiais e superiores aos outros, revelando uma certa tendência para
exagerarem as suas competências e atributos positivos e para depreciarem
aqueles que contrariam a imagem grandiosa que têm de si próprios.
Simultaneamente, desejam parecer inteligentes, extrovertidos, encantadores
e sofisticados, tornando-se conspícuos para conseguirem cativar a atenção, o
apreço e o afecto dos outros. Causam boas primeiras impressões, porque
expressam facilmente os seus sentimentos, têm um ar dramático e chamam
naturalmente a atenção dos outros; são sujeitos interessantes, com bom
sentido de humor, sentidos como simpáticos e prestáveis nos
relacionamentos interpessoais. Procurando activamente o reconhecimento,
podem comportar-se de forma divertida, ou sedutora. A sua preocupação com
recompensas e aclamação exterior pode deixá-los com um sentimento de
identidade pouco definido, quando sozinhos.
Teoricamente, este tipo de personalidade, pode surgir quando as figuras
parentais sobre-estimularam as capacidades e qualidades dos filhos. Os pais
também podem ter reforçado a área da imagem pessoal que o sujeito
considera importante; muitos destes sujeitos foram apaparicados e mimados
durante a infância, tendo recebido muita atenção e tolerância em casa.
Estes pacientes, têm contudo um conflito básico: por um lado consideram-se
carismáticos, mais capazes e, em geral, superiores aos outros; por outro são
dependentes de constante atenção, afecto e aprovação por parte destes.
Nalguns indivíduos, este conflito vem ao de cima num comportamento
hipersensível, ou negativista, i.e., podem ser cooperativos mas de forma
ressentida, ou derrotista. Noutros, o conflito expressa-se através de
mudanças de humor: umas vezes podem ser submissos e coniventes, outras
podem mostrar-se ressentidos e irascíveis, outras ainda revelam-se retraídos,
arrependidos e excessivamente cooperantes.

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Perfil 564 - Narcisista Antisocial Histriónico
Perfaz um estilo de personalidade em que abundam traços confiantes,
competitivos e dramáticos. São indivíduos que se têm em elevada conta,
sentindo-se especiais e superiores aos outros; exibem também uma certa
tendência para exagerarem as suas competências, feitos passados e
atributos positivos e para depreciarem aqueles que contrariam a imagem
grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo manifesta-se,
provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança que, levadas
ao máximo, os tornam arrogantes e presunçosos.
Em parte, os sentimentos de superioridade, derivam da tendência de
considerarem o ambiente como um local competitivo; sentem, então, que têm
de se defender se querem funcionar eficazmente. Por conseguinte, são
sujeitos algo desconfiados e suspeitosos, que se consideram a si próprios
como: assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas. Sentem que
têm de ser duros para sobreviverem num mundo duro; pelo que a compaixão
e o carinho são emoções de pessoas fracas, que os poderiam colocar numa
posição de inferioridade. A tendência competitiva ajusta-se bem ao complexo
de superioridade, sempre que estes sujeitos estão em posição de
vencedores.
Simultaneamente, observou-se que estes sujeitos, prestam muita atenção às
suas próprias imagens, quando se relacionam com os outros. São sujeitos
que valorizam as aparências: uma boa pessoa é alguém que parece
inteligente, extrovertida, competente, sofisticada, etc. Sob esta superfície,
contudo existe uma necessidade de chamar a atenção, de ser aceite,
apreciado e gostado pelos outros. São indivíduos que causam primeiras
impressões muito marcantes, porque expressam os seus pensamentos
facilmente, são dramáticos, emocionais e cativantes. Podem também revelar-
se caprichosos e pouco tolerantes à frustração.

Perfil 580 - Narcisista Negativista


Indivíduos com pontuações elevadas, nas referidas escalas, têm
personalidades confiantes e explosivas. Podem sentir que são especiais e
superiores às outras pessoas, com tendência para exagerarem as suas
habilidades e atributos positivos, construírem racionalizações que enalteçam

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o seu valor próprio e para diminuírem aqueles que depreciam a imagem
grandiosa que têm de si próprios.
Estes pacientes querem parecer inteligentes, extrovertidos, encantadores,
sofisticados e têm necessidade de serem conspícuos, assim atraindo a
atenção e o afectos dos outros. Em regra, causam boas primeiras
impressões porque são prestáveis e simpáticos nas relações interpessoais,
contudo como não aceitam críticas e projectam todos os sentimentos de
inadequação que tenham, atribuem sempre os próprios erros à
irresponsabilidade e incompetência de terceiros.
Nestes pacientes, um desejo de superioridade face aos outros surge, a par,
de uma baixa auto-estima, dando origem a um conflito intrapsíquico, mais ou
menos aceso. Por um lado, desejam afirmar a sua supremacia face aos
outros, por outro sentem-se inseguros e penosamente conscientes das suas
próprias limitações. Em alguns indivíduos, este conflito manifesta-se em
hipersensibilidade e negativismo, i.e., o sujeito pode ser cooperante mas de
forma ressentida e contrariada; noutros, o conflito transparece em alterações
do humor, ou seja, o sujeito pode portar-se ora de forma submissa e
cúmplice, ora ressentida e zangada, ora retraída, arrependida e
excessivamente humilde.

6A - Escala Antisocial
A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e
comportamentos socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno
de personalidade Antisocial, como descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos
actuam de forma a induzirem dor, depreciando os outros, mediante
comportamentos ilegais que visam manipular os resultados a seu próprio
favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que
sentem a respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de
autonomia, de recompensa e de vingança, uma vez que acreditam que foram
maltratados no passado. São indivíduos irresponsáveis e impulsivos,
qualidades que julgam necessárias, uma vez que partem do princípio que os
outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a crueldade
prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.

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Escala 6B - Agressivo/Sádico
A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-III-R, numa nova
e importante direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo
publicamente julgados como antisociais, manifestam acções que remetem
para a obtenção de prazer e satisfação pessoais em comportamentos que
humilham os outros e violam os seus direitos e sentimentos. Consoante a
classe social e outros factores mediadores, podem exibir os sintomas clínicos
daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado,
exibirem um estilo caracterial que se aproxima do esforço competitivo da
personalidade dita do Tipo A. Aquilo a que Millon chama de personalidades
agressivas, perfila indivíduos hostis, facilmente susceptíveis, aparentando
indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências destrutivas dos seus
comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos
destes indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com
papeis e profissões socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas
dominantes, antagónicas e, com frequência, persecutórias.

Perfil 600 - Antisocial


O traço predominante, destes indivíduos, sendo a competitividade, leva-os a
considerar o mundo um local hostil, onde apenas o mais forte e atento pode
sobreviver. Por conseguinte, indivíduos, com este perfil, são algo
desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se
assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que
julgam fundamentais para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua
assertividade, como forma de evitarem ser explorados e o desprezo que
sentem pelos sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes ficam em
último lugar’.
Este tipo de personalidade é típico de sujeitos impulsivos, considerados
agressivos e intimidantes pelos outros; por vezes revelam-se frios,
insensíveis e impermeáveis aos sentimentos alheios, outras podem exibir
comportamentos de antagonismo, provocação e oposição deliberadas, outras
podem mesmo ser ofensivos, cruéis e maldosos. Quando as coisas lhes
correm de feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e
simpática, ainda que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e

57
competitivos e quando contrariados, podem responder impulsivamente, de
forma irada e vingativa.

Perfil 612 - Antisocial Esquizóide Evitante


Com predomínio de traços competitivos, introversivos e evitantes, são
sujeitos que consideram o seu ambiente como um torneio, em que todos são
adversários; pelo que a única forma de sobreviver, nesse mundo hostil, é
estar sempre à defesa, desconfiando dos outros e não se compadecendo
com os mais fracos. Trata-se de pessoas auto-suficientes, que não
dependem de terceiros para atingirem os seus objectivos e que se vêm, a si
próprios, como assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas.
Os outros tendem a considerá-los algo frios, insensíveis e indiferentes, mas
também irritáveis e conflituosos. Quando as coisas lhes correm de feição
podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda que, no
seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos; no entanto
quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma
irada, ou vingativa.
Simultaneamente, estes sujeitos mantêm um certo distanciamento emocional
dos outros, mostrando pouco interesse nos relacionamentos interpessoais e
pouca compreensão das subtilezas que caracterizam as emoções humanas,
o que pode resultar em apatia. Para além de temerem ser rejeitados, sentem
necessidade de se protegerem desse mundo competitivo, o que conduz ao
evitamento das situações sociais, por serem desconfortáveis e geradoras de
ansiedade. Assim, estes indivíduos limitam o número de relacionamentos e
mantém-nos superficiais.

Perfil 650 - Antisocial Narcisista


Pontuações elevadas, nas referidas escalas, caracterizam um perfil de
personalidade com traços competitivos e confiantes, típico de sujeitos que
consideram o mundo um local hostil, onde apenas o mais forte e atento pode
sobreviver. Por conseguinte, indivíduos com este perfil são algo desconfiados
em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se assertivos,
enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam
fundamentais para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua

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assertividade, como forma de evitarem ser explorados por outros e o facto de
desprezarem sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes ficam em
último lugar’.
Outra característica deste perfil de personalidade é a inflação da auto-
imagem. São sujeitos que, provavelmente, se consideram mais capazes,
mais interessantes, ou mais dignos que os outros; crenças estas que são
exteriorizadas numa postura de convicção, autoconfiança, independência e
mesmo de presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes,
uma vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Estes indivíduos tendem a ser conflituosos e polémicos
e mesmo abusivos, cruéis e maldosos. Quando as coisas lhes correm de
feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda
que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos. No
entanto, quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de
forma irada, ou vingativa.

Perfil 653 - Antisocial Narcisista Dependente


Remete para um estilo de personalidade em que abundam elementos
competitivos, confiantes e cooperativos. A sobreposição destas três
tendências é pouco frequente e potencialmente problemática. A elevação da
escala Antisocial é característica daqueles sujeitos que vêm o mundo como
um local competitivo, onde todos são rivais. Por conseguinte, indivíduos com
este perfil são algo desconfiados em relação aos outros. Simultaneamente,
consideram-se assertivos, energéticos, independentes, fortes e realistas,
qualidades que julgam fundamentais para vencer na vida. Deste modo,
justificam a sua assertividade, como forma de evitarem ser explorados, e o
facto de desprezarem sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes
ficam em último lugar’.
Outra característica deste perfil de personalidade é a inflação da auto-
imagem. São sujeitos que provavelmente se consideram mais capazes, mais
interessantes, ou mais dignos, que os demais. Gostam de ser notados e
admirados e desejariam ser líderes, numa posição de poder e estatuto.
Assim, a sua falta de interesse em se guiarem por padrões alheios é

59
exteriorizada como convicção, autoconfiança e independência que, levados a
um extremo, podem confundir-se com presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes,
uma vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar
uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda que, no seu estado
habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos: No entanto, quando
contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou
vingativa.
O complexo de superioridade parece coadunar-se com os traços mais
competitivos, proporcionando a autoconfiança necessária a um
comportamento assertivo. O problema, com este perfil, é que a terceira
elevação ocorre numa escala que é praticamente o oposto das duas
primeiras. A escala Dependente caracteriza pessoas que são seguidores e
não líderes e que se sentem pouco seguras das suas capacidades,
preferindo confiar em alguém que tome conta delas. Uma forma possível, de
resolver este conflito, pode passar por uma capa de autoconfiança e
determinação que mascare os sentimentos de inadequação destes sujeitos.

Perfil 658 - Antisocial Narcisista Negativista


Este perfil caracteriza um estilo de personalidade competitivo, com traços de
autoconfiança e negativismo. A elevação da escala Antisocial é característica
daqueles sujeitos que vêm o mundo como um local competitivo, onde todos
são rivais. Por conseguinte, indivíduos com este perfil são algo desconfiados
em relação aos outros. Simultaneamente, consideram-se assertivos,
enérgicos, independentes, fortes e realistas, qualidades que julgam
fundamentais para vencer na vida. Deste modo, justificam a sua
assertividade, como forma de evitar serem explorados, e o facto de
desprezarem sujeitos mais fracos, pouco se importando com aquilo que os
outros pensam deles, desde que consigam triunfar.
Apesar de qualquer vitória ser conseguida às custas da derrota de alguém,
estes pacientes não se deixam afectar por sentimentos humanitários, ou pela
culpa. De facto, parecem sentir esse tipo de preocupações como uma forma
de fraqueza, ou uma desvantagem, e não como algo admirável. Estes

60
pacientes querem que os outros os vejam como duros, invulneráveis, argutos
e capazes de tomar conta deles próprios.
Uma outra característica, deste padrão de personalidade, é a inflação da
auto-imagem. São sujeitos que, provavelmente, se consideram mais
capazes, mais interessantes, ou mais dignos que os demais. Esta forma de
pensar é, muitas vezes, exteriorizada com convicção, autoconfiança e
independência que, levadas a um extremo, podem confundir-se com
presunção e arrogância.
Para os outros, estas pessoas parecem algo agressivas e intimidantes, uma
vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar
uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda que no seu estado
habitual sejam defensivos, reservados e competitivos; no entanto, quando
contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou
vingativa.
De facto, as elevações nas referidas escalas remetem para a possibilidade
de existirem conflitos interpessoais. Por vezes, estes indivíduos desejariam
manter relacionamentos mais próximos e afectuosos, podendo arrepender-se
de terem maltratado os outros, no auge das suas irrupções antisociais. O
conflito intrapsíquico é, geralmente, projectado negativamente sob a forma de
ressentimento, ou raiva; alguns indivíduos, contudo, em vez de expressarem
livremente este ressentimento adoptam comportamentos obstrucionistas e
negativistas velados.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa
estes indivíduos bem à vontade nas profissões genericamente reconhecidas
enquanto competitivas como alta finança, comércio, desportos agressivos,
etc. Já em situações que requerem lealdade e espírito de equipa estas
pessoas experimentarão consideráveis dificuldades.

Perfil 670 - Antisocial Compulsiva


A elevação nas referidas escalas sugere um perfil de personalidade em que
predominam traços competitivos e disciplinados, em sujeitos que consideram
a vida como uma espécie de torneio. Assim, todas as pessoas são vistas a
competir pelas mesmos recursos, que existem em quantidades limitadas.

61
Para superarem esta situação, estes indivíduos, sentem que têm que jogar à
defesa, o que os torna algo desconfiados e suspeitosos dos outros. São
sujeitos que se consideram a si próprios como: assertivos, enérgicos,
independentes, fortes e realistas, portando-se de forma dura para
sobreviverem no mundo; têm também tendência para desprezar os mais
fracos (de quem não reza a história); e o seu comportamento habitual é
defensivo e reservado.
Simultaneamente, estes sujeitos consideram que o mais importante na vida é
evitar cometer qualquer tipo de erro. Esta convicção molda sujeitos ordeiros,
conscienciosos, que planeiam e antecipam o futuro, eficientes, dignos de
confiança, industriosos e persistentes. São indivíduos que acreditam na
disciplina e exercem um forte autocontrole, em particular, no que diz respeito
às suas próprias emoções. Esta característica torna-os pessoas formais,
convencionais, fechadas e pouco espontâneas com os outros. São vistos
como seres perfeccionistas, distantes, ocasionalmente inflexíveis e indecisos,
antes de estudarem todas as alternativas possíveis. Por outras palavras, a
estratégia que elegeram para ganharem a competição é adoptando uma
postura cuidadosa, deliberada, digna de confiança e trabalhadora.

Perfil 640 - Antisocial Negativista


Este perfil de personalidade indica um predomínio de traços competitivos,
coexistindo com elementos negativistas, observado em sujeitos que
consideram a vida como uma espécie de torneio. Assim, todas as pessoas
são vistas a competir pelas mesmos recursos, que existem em quantidades
limitadas, o que os torna algo desconfiados e suspeitosos dos outros. Sentem
que têm de ser fortes e auto-suficientes, uma vez que pedir auxílio ou apoio a
terceiros apenas diminuirá a sua hipótese de triunfar sobre os adversários.
Querem que os outros os considerem como duros, invulneráveis, perspicazes
e capazes de protegerem os seus próprios interesses, sem se deixarem
atrapalhar por sentimentalismo, ou culpa.
Apesar deste perfil, são sujeitos que podem experimentar alguns conflitos, na
esfera dos seus relacionamentos interpessoais: umas vezes, desejando um
envolvimento mais próximo e profundo, rejeitando a sua atitude competitiva,
mais usual. Este conflito é, frequentemente, expresso através de

62
ressentimento, negativismo e raiva; outros indivíduos, em vez de
exteriorizarem o ressentimento abertamente, podem valer-se de uma
estratégia obstrucionista, ou passivo - agressiva.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa
estes indivíduos bem à vontade nas profissões genericamente reconhecidas,
enquanto competitivas como finanças, comércio, desportos de competição,
etc. Por outro lado, o relacionamento superficial que estabelecem com os
outros e a atitude agressiva, podem ter um efeito negativo nas situações que
requerem lealdade e cooperação.

Perfil 700 - Compulsivo


Esta estrutura de personalidade tem um predomínio de elementos
disciplinados. São indivíduos que acreditam que todos devem esforçar-se,
para não cometerem erros. São sujeitos organizados, que planeiam o futuro,
conscienciosos, precisos e pontuais, eficientes, dignos de confiança,
industriosos e persistentes. Perante figuras de autoridade, comportam-se de
forma respeitadora e elogiosa, contudo perante subordinados, podem tornar-
se excessivamente perfeccionistas e exigentes.
Estes indivíduos acreditam na disciplina e praticam o autocontrole, sobretudo
sobre as suas emoções, o que os deixa algo formais e convencionais no
trato, fechados e pouco espontâneos. Os outros vêm-nos como
perfeccionistas, distantes, inflexíveis e indecisos, antes de estudarem todas
as possibilidades envolvidas numa escolha. São, contudo, pessoas
cautelosas, deliberadas, justas, honestas, dignas de confiança e
trabalhadoras.
Este estilo de personalidade dificulta a adaptação, dos pacientes, a situações
muito imprevisíveis, em que as regras não conduzem ao resultado mais
desejado. Por outro lado, os sujeitos mais disciplinados tendem a ter sucesso
naquelas situações que apelam ao seu lado mais preciso e meticuloso.
A elevação na Escala da Compulsão, também pode ser atingida por sujeitos
que, não sendo organizados e rigorosos, estão interessados em passar uma
boa imagem de si próprios, ou são psicologicamente defensivos. Isto porque,
os referidos sujeitos, não aceitam qualquer falha pessoal e respondem ao
teste de forma perfeccionista. Se for este o caso do paciente então, na

63
descrição anteriormente efectuada, deve enfatizar-se a posição defensiva,
em detrimento do carácter meticuloso, organizado, ou precavido.

Perfil 720 - Compulsivo Evitante


As pessoas, com este perfil de personalidade, revelam tendências
disciplinadas e evitantes, que têm no não cometer erros uma importante força
motivacional. Este traço pode surgir como formação de compromisso, em que
os sujeitos desenvolvem uma forma perfeccionista e justa de pensar para se
convencerem, a si próprios, que não são imperfeitos, incapazes, ou sem
valor. Esta postura pode emergir naqueles sujeitos que foram muito
castigados, sempre que cometiam um erro, nunca sendo encorajados para
correrem riscos.
Por conseguinte, são sujeitos organizados, que planeiam o futuro. Perante as
figuras de autoridade, comportam-se de forma excessivamente respeitadora,
elogiosa e dependente; contudo, perante subordinados, podem tornar-se algo
arrogantes, perfeccionistas, ou desdenhosos. Estes indivíduos, acreditam na
disciplina e praticam o autocontrole, sobretudo sobre as suas emoções.
Simultaneamente, existem indicações que, estes pacientes, desejariam
relacionar-se mais com os outros, assim conquistando o seu afecto e apreço.
Contudo, as pessoas, representam para eles um problema, porque podem
ser muito emotivas e imprevisíveis, o que os deixa pouco confortáveis. Deste
modo, os relacionamentos interpessoais, constituem um risco que os deixa
particularmente vulneráveis e os leva a relacionarem-se de forma superficial
e fria, ou a evitarem mesmo qualquer contacto.
Estes indivíduos manifestam, também, uma certa tendência para serem muito
convencionais e formais. São, no geral, pessoas cautelosas, deliberadas,
justas, honestas, dignas de confiança e trabalhadoras, que os outros podem
considerar perfeccionistas, rígidas, picuinhas e indecisas.

Perfil 736 - Compulsivo Dependente Antisocial


Caracterizado por uma abundância de elementos disciplinados, cooperativos
e competitivos, em indivíduos que se sentem inadequados e têm baixa auto-
estima. Superficialmente, podem ser simpáticos, agradáveis, assim
procurando o apoio dos outros; contudo, têm as suas próprias ideias sobre a

64
realidade e embora, por vezes, se acomodem aos desejos alheios,
dificilmente apoiarão ideias que não as suas.
São pacientes que consideram o mundo um local competitivo, onde cada um
procura satisfazer as suas próprias necessidades, o que os deixa algo
desconfiados nos seus relacionamentos com os outros. Provavelmente, estes
sujeitos, não partilham todos os seus sentimentos, suspeitando que os outros
podem usá-los. A par dos sentimentos de inadequação, a visão competitiva
do mundo, reforça os traços compulsivos, pelo que, estes sujeitos, sentem
que devem evitar cometer erros, para que os outros não ganhem vantagem
sobre eles.
Estes pacientes, perfilam-se como rígidos, inseguros, distantes e
desconfiados; contudo, sujeitos bem adaptados com este perfil de
personalidade podem usar estas tendências em seu benefício. Assim, a
natureza disciplinada pode torná-los conscienciosos e trabalhadores, com
perspicácia para o detalhe e capacidade para seguir regras. O traço
dependente pode, então, traduzir-se numa certa dose de simpatia e
motivação, alimentadas pelo desejo de serem gostados e apreciados. Por
fim, a sua competitividade torna-os pessoas realistas, suficientemente
maduras para compreenderem que nada é de graça neste mundo e que é
importante ponderar os riscos e as alternativas antes de agir.

Perfil 738 - Compulsivo Dependente Negativista


Nesta estrutura de personalidade sobressaem os elementos disciplinados,
dependentes e negativistas, presentes em pessoas que acreditam que
devem trabalhar duramente, para não cometerem erros. São sujeitos
organizados, que planeiam o futuro, conscienciosos, pontuais, eficientes, de
confiança, industriosos e persistentes.
Apesar das suas tendências perfeccionistas, eles temem não ser muito
capazes, ou dotados, não confiando completamente nos seu próprios
recursos para atingirem os objectivos. Consequentemente, desejariam que
alguém cuidasse deles e assegurasse as suas necessidades, mas
ressentem-se de qualquer controlo que os outros possam exercer, como
preço pelo apoio emocional. Este ressentimento inviabiliza a hipótese de se
tornarem dependentes de um benfeitor.

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O conflito de querem apoio mas resistirem ao controlo e à dependência
também leva, estes pacientes, a mudarem de sentimentos, sem uma razão
aparente. Por vezes, podem ser muito simpáticos e cativantes, tornando-se
então zangados e ressentidos, apenas para se sentirem culpados e
arrependidos; completando-se o ciclo quando, de novo, se mostram
amigáveis e cooperantes. Por outras palavras, estes sujeitos defendem-se
das suas inseguranças, projectando a culpa ora sobre si próprios, ora sobre
os outros.
O mesmo conflito básico poder dar origem a um estilo defensivo diferente
que, tem por base, mecanismos passivo - agressivos: neste caso, os sujeitos
tentam controlar o seu ressentimento, através de manobras obstrucionistas,
que lhes permitem escoar a raiva de forma dissimulada, sem comprometerem
flagrantemente a relação de dependência.
O elemento compulsivo, deste estilo de personalidade, pode dificultar a
adaptação, destes pacientes, a situações muito imprevisíveis, em que as
regras não conduzem ao resultado esperado. Por outro lado, os sujeitos mais
disciplinados terão sucesso naquelas situações que apelam ao seu lado mais
preciso e meticuloso.

Perfil 740 - Compulsivo Histriónico


A elevação das referidas escalas remete para um perfil de personalidade
onde predominam elementos disciplinados e dramáticos, que facilmente
entram em conflito. As pessoas dramáticas, por exemplo, são normalmente
muito emotivas, intensas nos seus envolvimentos afectivos, e impulsivas; já
os sujeitos disciplinados, exercem um autocontrole repressivo sobre as suas
emoções, relacionam-se de forma algo distante e planeiam cuidadosamente
o seu comportamento. Como a integração destas tendências dificilmente se
revela pacífica, os indivíduos com este perfil, revelam-se de humores
instáveis e emocionalmente lábeis, umas vezes mais interessados e intensos,
outras, receando as consequências desse comportamento, muito rígidos e
controlados.
Há indicações que estes indivíduos valorizam as aparências, portando-se de
forma correcta e digna de confiança e evitando cometer qualquer erro que os
comprometa. São sujeito que dão muita importância ao vestir-se bem e ao

66
manter uma casa agradavelmente decorada e arrumada. Tentam, acima de
tudo, parecer conscenciosos, eficientes, confiáveis, industriosos e
persistentes.
Apesar de tudo, existe uma faceta, nestes indivíduos, que não é nem
conscenciosa, nem de confiança, e que, frequentemente, irrompe ao
autocontrole exercido. Esse outro lado, procura a estimulação, a excitação e
a atenção dos outros, e tem uma natureza emocional e cheia de matizes.
Então, por vezes, estes pacientes tornam-se conspícuos e procuram
activamente aprovação e afecto, estão muito reactivos ao seu ambiente e
envolvem-se profundamente, ainda que por pouco tempo.
São sujeitos que causam boas primeiras impressões e a sua capacidade de
reacção perante situações imprevisíveis, a sua atenção, interesse e a sua
procura de aprovação, coloca-os no centro das atenções em festas e
reuniões similares. Contudo, podem experimentar alguma dificuldade em
gerir a necessidade de controlar as suas próprias emoções e a necessidade
de atrair a atenção, estimulação e afectos.

Perfil 750 - Compulsivo Narcisista


O padrão de pontuações obtido nestas escalas remete para a predominância
de traços de personalidade disciplinados e confiantes. Os aspectos
compulsivos sugerem uma sobrevalorização do perfeccionismo e o desejo de
manter controlo sobre o ambiente. As pessoas com a elevação destas
escalas são algo defensivas, dificilmente admitindo os seus erros, ou
fracassos, muitas vezes parecendo também excessivamente inflexíveis,
formais, ou convencionais e relacionando-se com os outros de maneira algo
distanciada.
Juntamente com os elementos compulsivos, estes indivíduos, também
mostram uma certa tendência para se sentirem mais especiais, capazes, ou
válidos que os demais. São sujeitos independentes, que se regem pelas suas
próprias opiniões e julgamentos e não por terceiros, exibindo um ar de
autoconfiança e revelando extrema dificuldade em aceitar aquilo que os
outros pensam e em acatar as suas indicações. Isto torna-os propensos aos
conflitos interpessoais.

67
Escala 8A - Passiva/Agressiva
A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-se da perturbação
de personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R,
compreendendo, no entanto, um número ainda mais abrangente de
características. São indivíduos que hesitam entre seguir os reforços
proporcionados por terceiros e a motivação gerada internamente. Esta
indecisão representa uma incapacidade de resolver um conflito semelhante
ao passivo/ambivalente dos sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da
personalidade activa/ambivalente permanecem próximos da consciência e
invadem a vida quotidiana. Estes pacientes envolvem-se em discussões e
rixas intermináveis, uma vez que oscilam entre a deferência e obediência, e o
desafio e negativismo agressivo. O seu comportamento manifesta um padrão
errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo, intercalado por períodos
de culpabilidade e vingança.

Escala 8B - Autodestrutiva (Masoquista)


A orientação passiva/discordante corresponde à perturbação de
personalidade autodestrutiva, ou masoquista, descrita pelo DSM-III-R.
São pacientes que se relacionam com os outros de forma despojada e
auto-sacrificada, ao ponto de permitirem, ou mesmo fomentarem, que os
outros os explorem ou deles se aproveitem. Muitos destes sujeitos
sentem que, de facto, merecem ser envergonhados e humilhados. De
modo a integrar a dor e a angústia, emoções que experimentam como
reconfortantes, recordam de forma activa e incessante os seus percalços
passados, transformando mesmo os resultados mais positivos em
consequências dramáticas. Agem de forma modesta e tentam passar
despercebidos, frequentemente exagerando os seus defeitos e situando-
se num plano inferior ou numa posição deplorável.

Perfil 800 - Negativista


Remete para um perfil de personalidade conflituoso, pela coexistência de
duas concepções da realidade que são de difícil integração: por um lado,
estes indivíduos, acreditam que têm de depender dos outros, porque não
podem passar sem o seu apoio; por outro, sentem que não podem depender

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dos outros, ou porque acham que estes não estão suficientemente
interessados para serem de confiança, ou porque consideram que, depender
de outros, não é socialmente aceitável, arruinando a sua imagem, ou ainda
porque os outros aproveitar-se-iam deles se não estiverem continuamente à
defesa.
Estas concepções antagónicas, conduzem à adopção de um, de dois
comportamentos possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com
uma aparência superficial de concordância sem, contudo, apoiar
efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo explosivo, em que os
sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados, caracteriza-se por
mudanças bruscas de comportamento: umas vezes, comportam-se de forma
simpática e agradável, noutras irritada, agressiva ou hostil, noutras ainda,
podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente cooperantes e
arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas ao
seu ambiente, mas também se revelam de humores instáveis e imprevisíveis.
A projecção é um mecanismo de defesa muito frequente, embora a sua
direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda a variar. Em última
instância, apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.

Perfil 812 - Negativista Esquizóide Evitante


Os pacientes que obtêm este perfil têm um estilo de personalidade
negativista, com elementos introversivos e evitantes, que deriva da difícil
integração de duas concepções sobre a realidade que são, basicamente,
antagónicas: por um lado, estes indivíduos, acreditam que têm de depender
dos outros porque não podem passar sem o seu apoio; por outro, sentem que
não podem depender dos outros porque acham que estes não estão
suficientemente interessados para serem de confiança, porque consideram
que depender de outros não é socialmente aceitável, arruinando a sua
imagem, ou ainda porque, os outros, aproveitar-se-iam deles se não
estiverem continuamente à defesa.

69
Estas concepções antagónicas conduzem a um, de dois padrões de
comportamentos possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com
uma aparência superficial de concordância, sem contudo, apoiar
efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo explosivo (em que os
sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados) caracteriza-se por
mudanças bruscas de comportamento: umas vezes comportam-se de forma
simpática e agradável, noutras irritada, agressiva ou hostil, noutras ainda,
podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente cooperantes e
arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas, podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas
ao seu ambiente, mas também se revelam de humores instáveis e
imprevisíveis. A projecção é um mecanismo de defesa muito frequente,
embora a sua direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda a variar.
Em última instância apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.
Simultaneamente, estas pessoas mantêm algum distanciamento emocional
dos outros, não mostrando muito interesse nas relações interpessoais, pouco
compreensivos que são das subtilezas emocionais, envolvidas nas
interacções humanas. Isto pode levar a uma certa apatia que, juntamente,
com o medo da rejeição, tornam o contacto social pouco confortável e tenso;
o que, por sua vez, pode conduzir ao evitamento. Assim, o número de
relacionamentos é reduzido e mantêm-se preferencialmente a um nível
superficial, assemelhando-se mais a uma sociedade do que a uma
verdadeira amizade.

Perfil 820 - Negativista Evitante


Remete para um estilo de personalidade em que predominam as tendências
conflituosas e de evitamento, característico de indivíduos com baixa auto-
estima, que se consideram inadequados, pouco interessantes e inválidos. A
projecção é um mecanismo, frequentemente empregue; uma vez que, estes
indivíduos, revelam uma certa tendência para culparem alguém, para além
deles próprios, quando qualquer coisa corre mal. Na sua visão pessimista do

70
mundo, os outros afiguram-se como seres frios e rejeitantes. Por
conseguinte, apesar da sua auto - imagem empobrecida, não são propensos
a colocarem terceiros num pedestal, sempre muito atentos também às
limitações alheias.
Estes pacientes, provavelmente, revelam alguns conflitos na esfera dos
relacionamentos interpessoais porque, como temem causar má impressão,
consideram todas as interacções humanas potencialmente arriscadas. Por
um lado, desejariam ser apreciados pelos outros, contudo, o medo da
rejeição, deixa-os muito apreensivos. São sujeitos que gostariam de
conhecer pessoas e relacionar-se com elas mas, sentem-se tão
desconfortáveis nas situações sociais, acabam por evitá-las. A maioria destes
indivíduos são solitários, retirando-se para o seu mundo de fantasia privado e
ressentindo-se quando estão com outros. No entanto, são pessoas sensíveis,
conscientes dos seus próprios sentimentos e das reacções emocionais que
evocam nos outros.
Paralelamente com o seu conflito básico. sobre se devem ou não relacionar-
se com os outros, estes pacientes, podem ser de humores instáveis e de
ressentimentos. Pelo que, ora se comportam de forma amigável e
cooperante, ora se tornam obstrucionistas, negativistas e hostis, apenas para
se sentirem culpados e se mostrarem arrependidos. Em alguns casos, as
oscilações de humor são menos perceptíveis, já que o conflito é manejado
através de um antagonismo velado. Mesmo o dualismo, que caracteriza estes
pacientes, pode ter um impacto positivo quando alguns indivíduos se
excedem, mesmo adoptando uma posição rebelde face à sociedade.

Perfil 823 - Negativista Evitante Dependente


Indivíduos, com estes resultados, exibem um perfil de personalidade que se
caracteriza pela presença de tendências conflituosas, de evitamento e
dependentes e se manifesta numa instabilidade de humores, pensamentos e
afectos. Algumas vezes, portam-se de forma cativante e amigável, noutras
mostrar-se-ão zangados e ressentidos, para mais tarde se sentirem culpados
e arrependidos e tudo sem razão aparente. Uma variante, deste mesmo estilo
de personalidade, observa-se em indivíduos que escoam o seu

71
ressentimento através de manobras obstrucionistas, que lhes permitem
dissipar a raiva sem ameaçar o seu apoio interpessoal.
Estes indivíduos possuem consideráveis sentimentos de insegurança, sentido
que os outros são mais dotados, capazes e dignos que eles próprios. Deste
modo, vão recear que assim que alguém os conheça melhor, compreenda a
sua falta de valor e os rejeite. Mostram-se frequentemente nervosos, quando
se relacionam, sentindo que não são gostados e que se estão a impor. Os
outros, por sua vez, são considerados como excessivamente críticos e dignos
de pouca confiança. Evitando as relações interpessoais podem minimizar
parte do seu desconforto, o que pode conduzir ao isolamento e à solidão.
Estes sujeitos, são sensíveis: gostariam de ser apreciados pelos outros e
relacionar-se de forma mais eficaz com eles. Contudo, vivem atormentados
pelo conflito que se estabelece entre o seu desejo de depender e confiar nos
outros e o receio de sair magoado dessas relações. As alterações de humor
espelham este conflito essencial.

Perfil 826 - Negativista Evitante Antisocial


Observa-se uma prevalência de traços conflituosos, evitantes e competitivos,
em indivíduos que se caracterizam pela sua extrema ambivalência quando se
relacionam com os outros. Parecem ter baixa auto-estima, não se achando
particularmente interessantes, ou capazes, concepção que tendem a
generalizar sobre outras pessoas. Por conseguinte, apesar de não se
sentirem bem consigo mesmos, acabam por deitar os outros a baixo,
sentindo-se igualmente indignos.
Como estes pacientes têm baixa auto-estima, muitas vezes acreditam que
precisam do apoio de terceiros para conseguirem os seus objectivos, contudo
experimentam alguma dificuldade em aceitar a sua ajuda, porque
frequentemente vêm o mundo como um local competitivo, onde todos estão
interessados nos mesmos recursos limitados. Deste modo, confiar nos outros
é posto de parte, pelo receio de serem usados e abusados.
Também, como consequência da sua baixa auto-estima, estes pacientes, são
particularmente sensíveis às apreciações negativas dos outros; temem que
estes formem má opinião de si e não valorizem a sua amizade.
Consequentemente, são sujeitos que andam sempre à procura de sinais de

72
rejeição, o que os leva experimentar as relações interpessoais com
ansiedade e desconforto, que a médio prazo pode conduzir ao evitamento
das interacções sociais, ou à adopção de uma postura de distanciamento,
superficialidade e apreensão.
Estes indivíduos, conseguem alcançar algum ajustamento aos seus conflitos
interpessoais, adoptando uma forma ambivalente de relacionamento com os
outros, que passa por uma atitude oposicionista e negativista, que não se
manifesta na forma de antagonismo directo. Doutro modo, estes sujeitos, têm
tendência para terem flutuações de humor muito severas: umas vezes, muito
cooperantes, noutras incapazes de controlar a sua raiva, que pode ser
explosiva. Quando os sentimentos de hostilidade eventualmente regridem, os
sujeitos, mostram-se arrependidos, tentando ser simpáticos e cativantes,
mais uma vez.

Perfil 837 - Negativista Dependente Compulsivo


As pessoas que obtém estes resultados apresentam traços negativistas,
dependentes e disciplinados. São sujeitos que não têm, as próprias
capacidades e feitos, em alta conta; pelo que sentem que têm de depender
de terceiros se querem atingir os seus objectivos. São, contudo,
perfeccionistas, sendo muito difícil para os outros estarem à altura das suas
expectativas. O mundo, destes sujeitos, é extremamente idealizado mas sem
heróis, porque nem eles, nem os outros, se afiguram como suficientemente
bons. Esta situação, deixa-os num dilema: por um lado, sentem-se
inadequados e incapazes de suprir as suas próprias necessidades,
desejando encontrar alguém em quem pudessem depender; contudo, têm
reservas quanto às intenções de terceiros e, muitas vezes, rejeitam a ajuda
quando esta lhes é oferecida.
A forma que, muitos indivíduos com este perfil, encontram para se adaptarem
a este conflito passa por adoptar uma atitude cooperativa, carente de ajuda,
atenção e apoio. Outras vezes, podem revelar-se algo convencionais, formais
e controladores e num extremo mostrarem-se zangados e obstrucionistas.
Contudo, mais frequentemente, esta hostilidade é mantida sob controlo e é
escoada de formas menos evidentes.

73
Perfil 840 - Negativista Histriónico
São abundantes os traços conflituosos e dramáticos, em sujeitos que não
têm uma opinião positiva, nem deles próprios, nem dos outros (considerados
pouco empáticos, interessados ou compreensivos). As suas relações podem
ser intensas, de início, mas depressa se tornam ameaçadoras, ou pouco
excitantes, logo esmorecendo.
Alguns indivíduos, inseguros sobre as suas próprias capacidades, podem
sentir-se apaziguados, encontrando alguém em quem confiar; contudo, a
atitude destes pacientes, inviabiliza, à partida, esta opção. Estes sujeitos,
sentem que a dependência de terceiros não é aceitável, prejudicando a sua
imagem e deixando-os vulneráveis à crítica. Consequentemente, estão
sempre perante um conflito sem solução: ora se aproximam, ora evitam o
contacto. Se não dependem de alguém sentem-se desconfortáveis, porque
temem não conseguir suprir as próprias necessidades; por outro lado, se
formarem as relações de dependência, não têm de se preocupar com as
próprias necessidades, mas sentir-se-ão pouco confortáveis com a posição
que ocupam.
Os indivíduos com este perfil de personalidade, frequentemente apresentam
padrões de comportamento flutuantes. Algumas vez, mostram-se bastante
amigáveis e cativantes, porém em breve se ressentirão dos outros, passando
a comportar-se de forma agressiva, ou mesmo hostil, que pode transformar-
se, facilmente em culpa e em arrependimento. Outros indivíduos, com o
mesmo perfil, podem resolver o conflito apresentando um padrão de
comportamento aparentemente mais estável. Este padrão, manifesta-se
numa superfície amigável e cativante, enquanto vão desempenhando um
papel algo negativista e obstrucionista.

Perfil 856 - Negativista Narcisista Antisocial


A elevação nas referidas escalas sugere uma personalidade basicamente
conflituosa, que apresenta ainda elementos confiantes e competitivos. Esta
combinação, muitas vezes, conduz a ressentimentos e dificuldades em gerir
a agressividade. Muitas pessoas, com este perfil de personalidade, revelam-
se conflituosas, com grande instabilidade de humor, pensamentos,
comportamentos e afectos. A sua atitude é negativista, instável, ou

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imprevisível, aborrecendo-se facilmente e apresentando baixa tolerância à
frustração. Podem oscilar entre parecerem entusiastas e optimistas ou,
então, tristes e desalentados. Algumas vezes, estes pacientes podem sentir-
se culpados, tentando ser amigáveis e cooperativos, mas muito facilmente
começam a ressentir-se com os outros tornando-se críticos, zangados e
vingativos. Em vez de se mostrarem mal-humorados, ou explosivos, outros
indivíduos, com o mesmo perfil de personalidade, escoam o seu
ressentimento, adoptando atitudes negativistas e de oposição. A sua
agressividade pode ser menos evidente mas, com o seu negativismo,
passividade e invulnerabilidade, acabam por deixar os outros furiosos.
Parte do ressentimento provém de se acharem melhores que a maior parte
das pessoas, à sua volta. Também vêm o mundo como um local competitivo,
em que todos lutam pelos mesmos objectivos e recursos limitados. Contudo,
não são capazes de integrar estas duas concepções do mundo, porque se
fossem mesmo superiores, deveriam ter a suas necessidades satisfeitas,
sem terem de competir com seres humanos menores. É este conflito, e a
impossibilidade de integração, que conduz a quaisquer que sejam os
problemas no seu funcionamento psíquico.
Positivamente, sujeitos com este estilo de personalidade são pessoas
independentes, que não se colam aos outros de forma dependente e carente;
são frequentemente orgulhosos e evitam as situações em que possam ser
humilhados.

Perfil 860 - Negativista Antisocial


Resultados elevados nestas escalas sugerem um estilo de personalidade
marcado por elementos negativistas e competitivos; combinação esta que
molda sujeitos conflituosos e mal-humorados, com tendência para alterarem
os seus sentimentos e comportamentos de um momento para o outro. São
também pessoas que facilmente se aborrecem e que têm uma baixa
tolerância à frustração. Por vezes, podem sentir-se culpados, comportando-
se de forma amigável e cooperativa, mas cedo começam a ressentir-se dos
outros, tornando-se mais críticos, irascíveis e vingativos.
Estas oscilações, teoricamente, resultam das concepções antagónicas que
possam ter sobre si próprios e sobre o ambiente. De alguma forma, estes

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pacientes, podem estar conscientes das suas limitações e sentirem que
precisam de depender de alguém que satisfaça as suas necessidades; mas,
como consideram o mundo um local competitivo, sentem que só podem
triunfar mostrando-se fortes, dominantes, adequados e assertivos. Por
conseguinte, estes sujeitos, podem ser conduzidos a suprimirem emoções,
mais amenas, como simpatia, generosidade e gentileza, porque estas podem
torná-los fracos e vulnerável à exploração alheia. Na sua opinião, a chave do
sucesso, é mostrarem-se determinados, enérgicos, independentes e alerta.
Sentem que devem estar atentos à possível manipulação dos outros,
tentando sair por cima, sempre que possível.

Perfil 864 - Negativista Antisocial Histriónico


Elementos conflituosos, competitivos e dramáticos caracterizam indivíduos,
frequentemente, irascíveis e mal-humorados, mudando de sentimentos e
comportamentos, de um momento para o outro. Os outros vêm-nos como
negativistas, ou obstrucionistas, muito complicados e pouco tolerantes às
opiniões alheias.
Existem provas que a propensão para o antagonismo, tem origem num
conflito, já que estes sujeitos são tipicamente agressivos, se não mesmo
hostis, quando se relacionam com os outros. São pacientes que enfatizam a
sua independência e obstinação, pouco inclinados que estão em fazerem
aquilo que os outros esperam deles. A sua natureza antisocial dá-lhes uma
aparência de invulnerabilidade que se manifesta numa vontade de sair
sempre em primeiro lugar, doa a quem doer. São muitas vezes desconfiados,
dos motivos alheios, assumindo que têm de estar alerta e protegidos se
querem sobreviver. Estes sujeitos, culpam frequentemente os outros por
aquilo que corre mal; são melindrosos, excitáveis e irritáveis, facilmente
perturbados, instáveis, abruptos, insensíveis para os outros, e extremamente
agressivos quando confrontados, ou contrariados.
A agressividade e labilidade emocional que estes pacientes apresentam
deriva, teoricamente, da concepção antagónica que têm deles próprios e do
ambiente. De alguma forma, estes pacientes, podem estar conscientes das
suas limitações e sentirem que precisam de depender de alguém que
satisfaça as suas necessidades. Mas, como consideram o mundo um local

76
competitivo, sentem que só podem triunfar mostrando-se fortes, dominantes,
adequados e assertivos. Por conseguinte, estes sujeitos, podem ser
conduzidos a suprimirem emoções, mais amenas, como simpatia,
generosidade e gentileza, porque estas podem torná-los fracos e vulnerável à
exploração alheia. Sentem que devem estar atentos à possível manipulação
dos outros, tentando sair por cima, sempre que possível.
O oposicionismo, destes pacientes, pode ser alimentado pelas suas
tendências histriónicas: parecem querer ser o centro das atenções e
facilmente se aborrecem de situações rotineiras. A sua resistência nata
provavelmente serve a sua necessidade de atenção (mesmo que de forma
corrosiva e improdutiva) porque o comportamento de oposição é facilmente
notado. De facto, o antagonismo e o desejo de atenção podem criar um ciclo
vicioso, porque o oposicionismo parece satisfazer parte das suas
necessidades psicológicas. A par das suas tendências histriónicas, estes
pacientes, podem ser superficiais, defensivos e desdenhosos da proximidade
interpessoal.

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Perturbações de Personalidade

De acordo com a literatura, o MCMI-II, avança com três propostas de


personalidades patológicas para representar problemas estruturais graves e
processos disfuncionais. Estas diferem das 10 primeiras propostas (da escala
1 à 8B), pela sua deficiente competência social e frequentes (ainda que
facilmente reversíveis) episódios psicóticos. São indivíduos especialmente
vulneráveis às tensões quotidianas, com uma organização da personalidade
menos integrada e menos efectivos na confrontação, que os 10 padrões de
personalidade puros e suas combinações (perfis).

Escala S - Esquizotípica
O transtorno de personalidade esquizotípico, como apresentado no DSM-III-
R, caracteriza-se por um padrão de distanciamento disfuncional, ao nível
cognitivo e interpessoal. São pessoas que cultivam o isolamento social, com
mínimas obrigações e investimentos pessoais. Muitas vezes mostram-se
quase autistas, ou cognitivamente confusos, pensando de forma tangencial
e, com frequência, ensimesmados, ou reflexivos. As excentricidades do
comportamento são notórias e, os outros, consideram estes indivíduos como
estranhos, ou diferentes. Dependente da sua estrutura básica, sendo ela
activa ou passiva, mostram respectivamente ou uma cautela ansiosa e
hipersensível, ou um desacerto emocional e falta de afectos.

Escala C - Limite ou Borderline


O transtorno de personalidade Limite, pode conter diversos conteúdos
associados como oposicionista, independente e ambivalente. Todas as
perturbações limite da personalidade apresentam falhas estruturais, levando
os indivíduos a experimentarem toda uma paleta de estados de ânimo
díspares, intensos e endógenos, com períodos recorrentes de abatimento e
apatia, intercalados por períodos de aborrecimento, inquietude, ou euforia.
Aquilo que permite efectuar um diagnóstico diferencial (em relação à
perturbação Esquizotípica e Paranóide) é a instabilidade dos seus afectos,
vista, mais claramente, através de uma grande labilidade de humor.
Simultaneamente, muitos sujeito Borderline, desenvolvem pensamentos

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recorrentes de suicídio, auto-mutilações, preocupação excessiva com a
obtenção de afecto, dificuldade em manter um sentimento coerente de
identidade e ambivalência cognitiva e emocional, com sentimentos
simultâneos de raiva, amor e culpabilidade.

Escala P - Paranóide
A perturbação de personalidade paranóide, descrita pelo DSM-III-R,
manifesta-se em três traços fundamentais: a conduta independente, a
discordante e a ambivalente. São pessoas que revelam uma desconfiança
vigilante em relação aos outros e uma antecipação nervosa e defensiva das
críticas e da rejeição. Facilmente irritáveis, exasperáveis e coléricos,
expressam também medo de perderem a independência, pelo que oferecem
muita resistência ao controlo e influência externos. Os Paranóides
caracterizam-se pela imutabilidade dos seus sentimentos e pela rigidez dos
seus pensamentos, o que permite distingui-los das outras perturbações da
personalidade, nomeadamente a Borderline (com instabilidade afectiva) e a
Esquizotípica (com desorganização do pensamento).

Psicopatologia do Eixo I - Moderada e Severa

Contrariamente às perturbações da personalidade (Eixo II), que se


caracterizam por alterações da estrutura básica de funcionamento psíquico,
os síndromas clínicos que compõem o Eixo I, caracterizam-se por um
acentuar, ou uma distorção, dos padrões básicos da personalidade. Estes
alterações tendem a ser estados relativamente breves, ou transitórios,
aumentando e diminuindo no tempo e em função do impacto de factores
exógenos. Somente dentro do contexto do estilo de personalidade, de cada
sujeito, pode a psicopatologia ser analisada; embora o mesmo estado
sintomático possa ser originário de diferentes padrões de personalidade. A
maioria dos síndromas clínicos descritos seguidamente são reactivos e,
portanto, de menor duração que as perturbações de personalidade.
Normalmente, o processo patológico manifesta-se de forma evidente, sendo
que muitos dos seus sintomas vão acentuar, ou intensificar, os aspectos mais
comuns do estilo básico da personalidade (pré-mórbido). As escalas A, H, N,

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D, B, T representam psicopatologia de intensidade moderada; já as escalas
SS, CC e PP referem-se a psicopatologia severa.

Escala A - Ansiedade
São pacientes que exibem sintomas de vaga apreensão, ou claramente
fóbicos, mostram-se frequentemente tensos, indecisos e inquietos e queixam-
se de mal-estar físico generalizado, desde tensão, excessiva sudação, dores
musculares indefinidas e náuseas. A análise pormenorizada dos itens da
escala permitirá indagar se o sujeito apresenta fobias simples, sociais, ou
como a maioria, um estado generalizado de tensão que se manifesta numa
dificuldade de relacionamento, movimentos nervosos e reactividade fácil. As
perturbações somáticas (como as mãos suadas e os problemas digestivos)
também são característicos. São sujeito que se mostram particularmente
excitados e antecipam os problemas com apreensão, revelando hiper-
sensibilidade ao ambiente, inquietude e grande susceptibilidade.

Escala H - Histeria ou Perturbação Somatoforme


As dificuldades psicológicas são expressas através de manifestações
somáticas, períodos persistentes de esgotamento e abatimento,
preocupações com a perda da saúde física e uma variedade dramática, ainda
que pouco específica, de dores em zonas diferentes e não relacionada do
corpo. Alguns sujeitos, com esta patologia, evidenciam uma perturbação
primária de somatização que se manifesta em queixas somáticas, recorrentes
e múltiplas, apresentadas de forma dramática, insidiosa e exagerada. Outros,
revelam uma história de hipocondria, uma vez que interpretam as sensações,
ou mal-estar físico menor, como se se tratasse de uma doença grave. Se
existem verdadeiras doenças, tendem a piorar apesar das opiniões optimistas
do médico. Normalmente as queixas somáticas pretendem chamar a
atenção.

Escala N - Hipomania
Presente em pacientes que revelam períodos de alegria superficial, elevada
auto-estima, hiperactividade nervosa, fraca capacidade de concentração, fala
acelerada, impulsividade e irritabilidade; também manifestam um entusiasmo

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não selectivo, excessiva planificação de objectivos pouco realistas. Já nas
relações interpessoais adoptam comportamentos invasivos, exigentes e
dominadores. Observa-se também uma diminuição da necessidade de sono,
fuga de ideias, oscilações rápidas e labilidade de humor. As pontuações
muito elevadas podem significar a presença de processos psicóticos,
incluindo alucinações e delírios.

Escala D - Neurose Depressiva ou Distímia


Pontuações elevadas indicam que, sem razão aparente, durante dois ou mais
anos, o paciente tem sido afectado por sentimentos de desanimo, ou
culpabilidade, carência de iniciativa e apatia no comportamento, baixa auto-
estima, expressões de inutilidade e comentários auto - depreciativos. Durante
este período de depressão, pode haver prantos, ideias suicidas, sentimentos
pessimistas em relação ao futuro, dificuldades sociais, alterações do apetite
(escasso ou excessivo), esgotamento crónico, fraca capacidade de
concentração, desinteresse por actividades lúdicas e diminuição da eficiência
do desempenho, em tarefas quotidianas e/ou rotineiras. Exceptuando quando
a escala CC (Depressão Major), também se eleva notoriamente, é pouco
provável tratar-se de uma depressão psicótica. O exame detalhado dos itens
que terão contribuído para esta elevação, permitirá aferir os aspectos
particulares do estado de ânimo depressivo daquele paciente.

Escala B - Abuso do Álcool


A elevação das pontuações da referida escala provavelmente evidenciam
uma história de alcoolismo, tendo sido efectuados esforços para superar esta
dificuldade com êxito mínimo e, consequentemente experimentado um mal-
estar considerável na sua vida familiar e profissional. A importância desta
escala e da que se segue (Abuso de Drogas) permite situar a problemática
da dependência no contexto do estilo de personalidade ao nível da
resistência e do funcionamento do paciente.

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Escala T - Abuso de Drogas
É provável que pontuações elevadas remetam para uma história recente, ou
recorrente, de abuso de drogas, em sujeitos com dificuldade em reprimir os
impulsos e mantê-los dentro dos limites socialmente convencionados,
revelando também uma incapacidade de manejar as consequência pessoais
dos seus comportamentos. Esta escala é composta por muitos itens
indirectos e subtis, como a escala de abuso de álcool, e pode ajudar a
identificar sujeitos com problemas de dependências químicas que não estão
dispostos a assumir o seu problema.

Escala SS - Pensamento Psicótico


Dependendo da extensão e progressão do problema, pode classificar sujeitos
esquizofrénicos, com psicose breve reactiva, ou com transtornos
esquizofreniformes. São sujeito que podem manifestar periodicamente um
comportamento incongruente, desorganizado, ou regressivo, aparecendo,
com frequência, confusos e desorganizados, e podendo mesmo revelar
afectos desajustados, alucinações dispersas e delírios não sistemáticos. O
pensamento pode ser fragmentado, ou bizarro; podem também apresentar
embotamento afectivo, com sentimentos de estranheza em relação a si
próprios, ao mundo e aos outros. Isto pode levar ao isolamento, ao
retraimento e a comportamentos de vigilância e sigilo.

Escala CC - Depressão Major


Estes pacientes habitualmente são incapazes de funcionar na realidade
quotidiana, deprimindo-se gravemente e expressando receios face ao futuro,
ideias suicidas e sentimentos de resignação. Alguns manifestam uma
lentificação motora pronunciada, outros estão muito agitados, movendo-se
continuamente e expressando a sua tristeza. Durante este período, vários
processos somáticos são perturbados, destacando-se diminuição notória do
apetite, ganho ou perda de sono, alterações do sono (insónia ou despertar
precoce). São comuns os problemas de concentração, assim como
sentimentos de inutilidade e culpabilidade, apreensão e ideias obsessivas.
Dependendo da personalidade subjacente, pode haver um padrão tímido,

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introvertido e evitante, caracterizado por uma imobilidade penosa, ou um tom
irritável, queixoso e choroso.

Escala PP - Transtorno Delirante


São pacientes frequentemente considerados paranóides agudos, podem
chegar a ser ocasionalmente beligerantes, experimentando delírios
irracionais de natureza celotípica (ciúme), persecutória, ou de grandeza.
Dependendo da constelação dos outros síndromas concorrentes, pode haver
sinais claros de perturbações do pensamento e ideias delirantes. O estado de
ânimo é habitualmente hostil, expressando sentimentos de serem
perseguidos e maltratados, a par de uma tensão persistente, suspeitas,
vigilância e alerta ante a possibilidade de traição.

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