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MCMI Manual
MCMI Manual
MULTIAXIAL DE
MILLLON
(MCMI-II)
Traduzido por:
Ana Gonzalez
Inês Alvarez
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GUIA INTERPRETATIVO DO
INVENTÁRIO CLÍNICO MULTIAXIAL DE MILLON
Theodore Millon
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No processo da construção do teste, todas as selecções dos itens foram
baseadas em dados nos quais os grupos de diagnóstico alvos eram
comparados com a população representativa mas indiferenciada de
pacientes psiquiátricos. Isto optimiza a eficiência da discriminação das
escalas e, nesse sentido, intensifica a precisão do diagnóstico diferencial.
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examinar respostas em itens individuais e facilita a cotação por computador.
Este tipo de cotação é claramente o melhor método para obter os resultados
do MCMI, pois raramente faz erros de quantificação, mesmo com a
complexidade dos passos envolvida.
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Booklet no original
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Quando o paciente entrega o inventário, o examinador deve verificar se está
completo, se há respostas duplamente marcadas (V e F) e / ou itens
omitidos, e deve encorajar o paciente a completar deficiências ou corrigir
erros. É também importante verificar se não há perfurações ou rasuras que
possam atrasar a cotação por computador.
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Cada escala de diagnóstico deve ser mostrada como sendo um precursor,
uma extensão ou uma modificação de outras categorias clínicas, em vez de
se fixar como uma entidade discreta. Por exemplo, tanto na teoria como no
inventário do MCMI, todos os síndromas clínicos do Eixo I são vistos como
disrupções no padrão básico da personalidade de um paciente (Eixo II) que
emerge sob stress. Nesta formulação clínica, os síndromas são concebidos,
não como diagnósticos discretos, mas sim como elementos integrais de um
complexo maior de características clínicas dentro das quais estão
embebidos.
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parecem estar estimulados e atentos, organizando e manipulando os
acontecimentos de vida para alcançar a gratificação e evitar o desconforto,
demonstram um padrão activo. Por outro lado, aqueles que aparentam estar
apáticos, restringidos, complacentes, resignados ou contentes por permitirem
que os acontecimentos de vida sigam o seu próprio curso, sem qualquer
controlo ou regulação pessoal, possuem um padrão passivo.
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representa uma deterioração entre pacientes caracterizados por um dos dois
padrões desapegados, o tipo esquizóide ou evitante. Da mesma forma, a
personalidade borderline do DSM-III, medida na Escala C, é vista como uma
variante mais severa dos padrões básicos dependente e ambivalente – em
particular os padrões dependente, histriónico e passivo-agressivo. A
personalidade paranóide, presente na Escala P, ocorre mais frequentemente
entre os dois tipos básicos de personalidade independente, a narcísica e a
anti-social, e a um menor nível nos padrões compulsivo e passivo-agressivo.
Estas onze escalas de personalidade abrangem o alcance total dos
síndromas do Eixo II no DSM-III.
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Consequentemente, apesar dos síndromas e das personalidades serem
avaliados independentemente, cada síndroma pode ser prontamente
coordenado com o padrão específico da personalidade com o qual está
relacionado.
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interno não é complicado e os seus processos de pensamento, apesar de
não serem deficientes, aparentam por vezes serem vagos, particularmente no
que respeita a assuntos sociais e interpessoais.
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passivo-agressivas. Mais notável do que a sua dependência passiva são as
suas auto-erradicações e a sua agradibilidade social. Isto é mais claramente
evidenciado nas suas aquiescências sociais, nas suas tendências para se
ligarem a uma pessoa, para se diminuírem como frágeis e incompetentes,
para serem amáveis e generosos, e para evitarem lidar com acontecimentos
desconfortáveis ou enfrentarem pensamentos contraditórios e problemáticos.
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seus comportamentos autoritários podem ser presunçosos e não ter
nenhuma consideração pelos outros. Dadas as suas ilusões de uma auto-
valorização superior, tendem a passar pela vida tomando como garantido que
é de seu direito receberem uma consideração especial. Quando o seu estilo
arrogante repele os outros, respondem à rejeição com desdém e
racionalizações superficiais. No entanto, podem sentir que não conseguem
viver à altura da notoriedade que eles próprios criaram. Consequentemente,
em vez de se testarem com desafios reais, eles podem racionalizar – retendo
então as suas auto-ilusões sem medo ou desaprovação. Apesar de
extremamente relutantes em se submeterem ao exame terapêutico, estas
pessoas podem fazê-lo se receberem uma marcada censura à sua auto-
estima. O efeito de restrição da censura fazem-nos parecer menos seguros e
narcísicos do que basicamente e tipicamente são. A sua confiança pode ser
recarregada, no entanto, com o mínimo encorajamento, e as suas tendências
para se centralizar nele próprio e para a sua auto-grandiosidade
características podem vir à superfície com facilidade.
6A - Escala Antisocial
A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e
comportamentos socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno
de personalidade Antisocial, como descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos
actuam de forma a induzirem dor, depreciando os outros, mediante
comportamentos ilegais que visam manipular os resultados a seu próprio
favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que
sentem a respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de
autonomia, de recompensa e de vingança, uma vez que acreditam que foram
maltratados no passado. São indivíduos irresponsáveis e impulsivos,
qualidades que julgam necessárias, uma vez que partem do princípio que os
outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a crueldade
prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.
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Escala 6B - Agressivo/Sádico
A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-III-R, numa nova
e importante direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo
publicamente julgados como antisociais, manifestam acções que remetem
para a obtenção de prazer e satisfação pessoais em comportamentos que
humilham os outros e violam os seus direitos e sentimentos. Consoante a
classe social e outros factores mediadores, podem exibir os sintomas clínicos
daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado,
exibirem um estilo caracterial que se aproxima do esforço competitivo da
personalidade dita do Tipo A. Aquilo a que Millon chama de personalidades
agressivas, perfila indivíduos hostis, facilmente susceptíveis, aparentando
indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências destrutivas dos seus
comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos
destes indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com
papeis e profissões socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas
dominantes, antagónicas e, com frequência, persecutórias.
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vez disso, encontram um nicho social aceitável para eles em vocações
físicas, competitivas, de poder e orientadas para os negócios.
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A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-se da perturbação
de personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R,
compreendendo, no entanto, um número ainda mais abrangente de
características. São indivíduos que hesitam entre seguir os reforços
proporcionados por terceiros e a motivação gerada internamente. Esta
indecisão representa uma incapacidade de resolver um conflito semelhante
ao passivo/ambivalente dos sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da
personalidade activa/ambivalente permanecem próximos da consciência e
invadem a vida quotidiana. Estes pacientes envolvem-se em discussões e
rixas intermináveis, uma vez que oscilam entre a deferência e obediência, e o
desafio e negativismo agressivo. O seu comportamento manifesta um padrão
errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo, intercalado por períodos
de culpabilidade e vingança.
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outras vezes ressentido e arrogante – mantêm as outras pessoas “na orla”.
Estas personalidades frequentemente sentem que a vida os têm enganado
muitas vezes, que o seu comportamento é mal compreendido e que eles não
são apreciados. Tendem a antecipar os desapontamentos e por vezes
precipitam estes desapontamentos através do seu comportamento obstrutivo
e negativo. O pessimismo e as emoções imprevisíveis que as outras pessoas
atribuem apenas a eles, reflectem, dizem estes pacientes, a sua sensibilidade
e a desconsideração que os outros mostraram relativamente a eles. Mas
também aqui a sua ambivalência é muitas vezes expressa; talvez, dizem
eles, as suas próprias falhas e o “mau temperamento” sejam as causas. Esta
luta entre sentimentos de culpa e sentimentos de ressentimento preenchem
muitos aspectos das suas vidas.
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externo. Os seus processos cognitivos parecem obscuros, vagos e
tangenciais; eles são ou impermeáveis ou não conseguem perceber os
diferentes tipos de experiências interpessoais e emocionais. O seu discurso
tende a ser monótono e letárgico, e são vistos pelos outros como estranhos,
desligados e não intrusivos, parecendo absorvidos neles próprios e sem vida.
Os pacientes do segundo subgrupo deste síndroma são apreensivos; retiram-
se de encontros sociais para se prevenirem de experienciarem a dor que eles
antecipam nos relacionamentos interpessoais. A sua aparente apatia e
indiferença não deriva de uma falta de sensibilidade, como no primeiro grupo,
mas sim para construir uma apertada armadura em volta deles próprios e
para reduzir uma sensibilidade excessiva. Estes pacientes ocasionalmente
interferem com os seus processos cognitivos num esforço para romper com
os elementos perturbantes que o pensamento racional pode conter.
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Escala P (36 itens): Paranóide. Estes pacientes são caracterizados por uma
desconfiança desnecessária dos outros, um medo de perderem o seu poder
de auto-determinação, hostilidade velada e por vezes declarada, tendências
para a sua própria importância e uma inclinação para interpretar as acções
dos outros como sinais de decepção e traição. A sua prontidão para perceber
a desonestidade e para atribuir os seus próprios motivos maliciosos aos
outros precipita inumeráveis dificuldades sociais, as quais servem apenas
para reforçar as suas expectativas. Sentem que já é suficientemente mau
depositar a sua confiança nos outros e ainda pior ser sujeitado ao controlo
dos outros e ao seu poder. Mesmo temerosos da dominação, eles resistem
às influências externas e encarregam-se cuidadosamente que ninguém lhes
“roube” a sua autonomia. A característica dissimulada da vigilância defensiva
e hostil raramente cede; permanecem sensíveis e irascíveis, prontos para
humilhar e ridicularizar qualquer pessoa cujas atitudes evoquem a sua ira e
desaprovação. Um subgrupo destes pacientes faz reivindicações
extravagantes de status e poder, dotando-se de talentos superiores, nos
quais as competências objectivas mas triviais são ampliadas, apesar das
óbvias contradições e da ocasional ridicularização por parte dos outros. No
entanto, muitos são extremamente preocupados com a “estupidez” e
“malevolência” que vêem à sua volta, arranjando cuidadosamente as suas
vidas para assegurar que não serão “enfraquecidos ou enganados”.
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Durante os períodos de patologia activa é comum que, com o tempo, vários
sintomas alterem o seu nível de proeminência. As escalas A, H, N, D, B e T
representam perturbações de severidade moderada; as escalas SS, CC e PP
reflectem as perturbações de severidade marcada.
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Escala N (47 itens): Hipomania. O paciente que exibe levados resultados
evidencia períodos de euforia superficial, muita actividade e distracção
impacientes, discurso ansioso, impulsividade e irritabilidade. Também se
evidenciam o entusiasmo não selectivo, o excessivo planeamento para
objectivos irreais, uma qualidade intrusiva nas relações interpessoais, fuga de
ideias e mudanças rápidas de humor. Resultados muito elevados podem
significar processos psicóticos, incluindo delírios ou alucinações.
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dentro de limites sociais convencionais e mostra uma incapacidade para
manejar as consequências pessoais destes comportamentos. Esta escala é
composta por muitos itens “subtis” e indirectos, assim como a escala de
Abuso de Álcool, e pode ser útil para identificar sujeitos com problemas de
abuso de drogas que não estão dispostos a admitir o seu problema.
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persecutória ou de grandeza. Dependendo da constelação de outras escalas
elevadas, pode haver claros sinais de transtornos do pensamento e ideias de
referência. O estado de humor é habitualmente hostil e expressam
sentimentos de estarem a ser alvo de embirrações e maus tratos. São
tipicamente concomitantes uma tensão persistente, suspeitas, vigilância e
alerta perante a possibilidade de traição.
Conclusões
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Millon - MCMI-II
A Validade
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As Escalas de Verdade
Escala X - Nível de Revelação - avalia até que ponto o sujeito foi franco e
revelador nas suas respostas, ou pelo contrário reticente e reservado. Este
índice é calculado a partir do grau positivo, ou negativo, do desvio da
mediana do resultado bruto compósito das 10 escalas básicas da
personalidade (de 1 a 8B). Um resultado BR menor que 35, nesta escala,
indica hesitação, reserva, ou mesmo falta de vontade para entrar em contacto
com sentimentos e problemas psicológicos. Um resultado BR, na Escala X,
maior que 75, sugere uma atitude muito aberta e reveladora. Se o Resultado
Bruto da Escala X for menor que 145, ou maior que 590, o questionário deve
ser considerado inválido.
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Interpretação dos Resultados
As Escalas Clínicas
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BR genericamente baixos; embora, pontuações BR menores que 60 não
permitam uma discriminação adequada.
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Uma vez especificados, os padrões e/ou perturbações de personalidade
básicos e o tipo/grau de síndroma clínico, procede-se à sua integração. Este
processo de síntese compreende duas etapas: (1) interligar todas as
escalas de personalidade numa síntese interpretativa, que combina os
elementos mais salientes que caracterizam as escalas de padrão de
personalidade (de 1 a 8B), com aquelas que indicam perturbação de
personalidade severa (S,C,P), desde que o BR, desta última, seja superior a
75; (2) mencionar, não apenas a psicopatologia manifesta (escalas de A a
PP), mas também o carácter distintivo que o paciente apresenta, tendo em
conta aquele estilo de personalidade particular.
Padrões de Personalidade
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nesta escala, são pessoas privadas, preferindo estar sozinhos do que com
outros; embora a tendência para o isolamento não pareça um mecanismo de
defesa, uma vez que, em interacção social, estas pessoas não revelam a
falta de à vontade, que caracteriza algumas fobias. São sujeitos pouco
interessados em explorar os seus sentimentos pessoais, não valorizando os
dos outros e, muitas vezes, sentindo-se mais recompensados com objectos
inanimados. Levam vidas pouco emotivas e pouco reactivas aos bons e maus
momentos.
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Este perfil também descreve pessoas pouco reactivas a estímulos, quer
internos quer exteriores, pouco entusiásticas e enérgicas, de pensamento
vago, indistinto e algo empobrecido. Têm dificuldade em aprender com as
experiências passadas, no sentido de planearem o futuro, sendo indivíduos
algo apáticos, evasivos e pouco interessantes.
O alheamento face aos outros surge associado a conflitos, no decurso das
interacções sociais, sentindo-se muitas vezes inadequados e desejando
alguém que lhes proporcione protecção, conforto e orientação. Mas, o medo
de serem rejeitados leva, estes sujeitos, a parecerem nervosos, mal-
humorados e ressentidos. Algumas vezes, podem ser amigáveis e
cooperativos, mas a raiva e a insatisfação podem inviabilizar muitas relações.
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de interesse e consciência das emoções e das interacções sociais. São
pouco reactivos às boas e más circunstâncias, observadores passivos da
realidade e solitários. Raramente emitindo juízos, ou opiniões fortes, evitam
tornar-se o centros das atenções e facilmente se dissolvem na retaguarda de
um grupo social. Têm um número restrito de amigos e as relações tendem a
ser superficiais, não por medo, ou evitamento activo, mas pela indiferença
que os caracteriza.
Juntamente com a indiferença emocional, este indivíduos evidenciam traços
de dependência que os fazem sentir menos capazes, ou importantes, que os
outros. Isto torna-os facilmente influenciáveis, submissos e dependentes,
levando-os a evitar situações de competição e a adoptar uma postura
humilde e conciliadora.
Estes sujeitos, acreditam que se não cometerem erros, poderão depender
dos outros para a satisfação das suas necessidades. Os traços obsessivos
são compatíveis, não só com a suas necessidades de dependência, mas
também com a sua tendência para o distanciamento social e emocional, uma
vez que lhes proporcionam controlo afectivo e tolerância à solidão. A
tendência para evitar cometerem erros faz estes indivíduos parecerem
rígidos, inexpressivos e excessivamente formais. O traço compulsivo,
provavelmente, pode torná-los ordeiros, organizados, confiáveis e
responsáveis, mas também distantes, despegados e objectivos.
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ser superficialmente agradáveis e conciliatórios, para tal escondendo os seus
sentimentos (especialmente se agressivos, ou censuráveis).
Alguns indivíduos, mais submissos, podem sentir-se confortáveis numa
relação de dependência com outra pessoa que se lhes afigure como
competente e digna de confiança. Contudo, a falta de interesse e de
consciência emocional tornam difícil mesmo este tipo de relação, pelo que a
sensação de desconforto crónico irá manifestar-se numa película ténue de
labilidade emocional, ou numa atitude negativista em relação à vida.
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melhor e a estarem sempre defensivos. São, com frequência, pessoas
sensíveis, que demonstram compreensão e compaixão pelos outros mas que
se sentem, não obstante, nervosas e desconfortáveis socialmente. Por forma
a minimizarem o desconforto, estes indivíduos, acabam por evitar a
exposição social, o que vai constituir um problema, uma vez que se tratam de
pessoas que apreciam ter amigos e a aceitação num grupo.
Consequentemente, o desconforto, associado ao risco de exposição social,
pode inviabilizar a amizade que doutro modo suscitariam nos outros. São
sujeito que se isolam facilmente e que interagem melhor com um número
restrito de pessoas de cada vez.
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Paralelamente, estes sujeitos sentem-se inadequados e inseguros, quando
comparados com outros, sentindo-se sem valor e com menos capacidades
que eles. Por conseguinte, muitos destes pacientes podem ser cooperativos,
ao ponto da submissão; esta dependência, por seu lado, parece justificar o
medo de rejeição nas relações interpessoais, tendo por base a crença que
se, os outros, o conhecessem melhor veriam o seu pouco valor e perderiam
interesse naquela amizade.
O outro traço predominante, manifesta-se num interesse diminuto pelos
sentimentos pessoais e pelas interacções sociais. São sujeitos pouco
conscientes das suas emoções, mostrando-se esquivos, despegados,
superficialmente complacentes e apáticos nos seus relacionamentos
afectivos. São indivíduos privados, solitários, que cultivam algumas relações
superficiais mas quase nenhumas amizades íntimas.
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gostados e apreciados; porém tendem a evitar os contactos sociais, numa
tentativa de evitar a ansiedade que essas situações lhes suscitam.
Este conflito psíquico, manifesta-se exteriormente num comportamento
indeciso e ambivalente: uma vezes amigáveis e abertos, noutras esquivos,
distantes, sarcásticos, mal-humorados ou desinteressados dos outros. No
momento em que projectam a frustração, imanente do seu conflito básico,
podem ainda ser desconfiados, hostis e capazes de culpar os outros pelos
seus erros, porém este movimento cedo se volta contra o próprio sujeito,
fazendo-o sentir-se ainda mais inadequado e culpado.
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adoptam estratégias de confrontação, para se adaptarem ao seu meio.
Consequentemente, revelam-se pessoas desconfiadas que se vêm a si
próprias como assertivas, enérgicas, confiantes, fortes e realistas, sentindo
que só pela dureza, hostilidade e esperteza conseguem garantir aquilo que
pretendem. Estes indivíduos desprezam, constantemente, os mais fracos,
não se importando se são, ou não, gostados. É o medo que os outros se
aproveitem deles, que torna estes sujeitos pouco confortáveis e muito
defensivos, no decurso das interacções sociais.
As pessoas, com este perfil, são frequentemente impulsivas, agressivas,
intimidantes e por vezes, mesmo frias, ofensivas, cruéis e maliciosas.
Quando as coisas correm à sua maneira podem ser amigáveis e optimistas
mas, na maior parte dos casos, comportam-se de forma reservada, defensiva
e ressentida.
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ressentida e mal-humorado, oscilando entre a cooperação amigável e a
hostilidade e o pessimismo, apenas para se sentirem culpados e tentarem
redimir-se sendo mais agradáveis, e assim sucessivamente.
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nervosos e distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social,
podem conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
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estão sempre à defesa, escondendo os seus verdadeiros sentimentos
(quando agressivos, ou censuráveis), mostrando-se tensos, nervosos e
distantes. Estas dificuldades, que emergem no contacto social, podem
conduzir ao seu evitamento, e portanto à solidão e ao isolamento.
Uma das defesas utilizadas, para compensar a baixa auto-estima, é a
procura de apoio e de orientação em terceiros; outro dos mecanismos de
defesa, mais empregue, é a crença num resultado positivo, desde que não
cometam qualquer tipo de erro. Indivíduos, com esta tendência compulsiva,
são organizados e planeiam sempre o futuro; são também conscenciosos,
eficientes, dignos de confiança, industriosos, persistentes, respeitosos,
perfeccionistas e auto-disciplinados. Têm, contudo, uma certa tendência para
a indecisão e alguma dificuldade em tomarem decisões sozinhos. O elemento
compulsivo pode, também, gerar um sentimento de inadequação que se
manifesta numa procura exaustiva dos seus próprios erros, sempre que as
coisas correm mal.
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outros, antes de serem abandonados. São sujeitos que se ressentem com o
controlo dos outros mas que, simultaneamente, não sabem funcionar em
situações competitivas, em que têm de agir de forma independente e de
tomar as suas próprias decisões. Este desconforto, cria um ciclo vicioso de
dependência e ressentimento face à mesma.
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porque precisam dos outros para protecção e orientação, que estes sujeitos
estão pouco preparados para agirem independentemente e assim
conseguirem os seus objectivos.
A elevação na escala histriónica revela que, estes sujeitos, precisam de
constante atenção, por parte dos outros, o que os torna conspícuos e
exigentes de uma reafirmação frequente de aprovação e afecto. Indivíduos,
com este perfil, têm um papel activo no envolvimento interpessoal,
desenvolvendo uma sensibilidade particular aos sentimentos dos outros e
utilizando este conhecimento para provocarem as reacções que desejam.
Podem ser encantadores, extrovertidos, dramáticos, ou sedutores;
dependendo do seu grau de funcionalidade, podem empregar esta habilidade
para lidarem efectivamente com o ambiente, ou podem tornar-se
manipuladores e desonestos.
Estes sujeitos, podem mostrar-se amigáveis e cooperativos, quando se
sentem mais inadequados; contudo podem começar a sentir que deveriam
projectar uma imagem diferente, adoptando uma atitude mais arrogante e
exigente. Têm ainda tendência para se aborrecerem com relações estáveis e
para deslocarem, os seus conflitos internos, para a esfera dos contactos
interpessoais. Por isso, podem revelar de humores variáveis, facilmente
irritáveis, imprevisíveis, ou negativistas.
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Também parece evidente que, estes sujeitos têm uma grande necessidade
de atenção, o que os torna conspícuos e exigentes de constante aprovação e
afeição. A atenção a que aspiram é activamente conquistada, uma vez que
dispõe de grande sensibilidade aos humores dos outros e utilizam esse
conhecimento para conseguirem os seus objectivos. São, no seu
relacionamento com os outros, pessoas encantadoras, extrovertidas,
dramáticas, ou sedutoras.
Estes indivíduos, são frequentemente cooperativos e afáveis, interessantes e,
em contacto, com as suas emoções; contudo podem sentir dificuldades
quando se sentem sozinhos, podendo depender apenas de si próprios. A
perda dos entes queridos é profundamente sentida.
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agressividade se manifestam numa tentativa de salvaguardar o seu próprio
autocontrole.
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que as outras pessoas. A preocupação de perderem amigos pode levá-los a
esconder os seus sentimentos, em particular, quando os consideram
agressivos, ou censuráveis. Com os outros, são pessoas humildes e afáveis.
O ambiente é sentido como um lugar competitivo, o que gera desconfiança e
suspeita em relação a terceiros. Frequentemente, o seu comportamento é
defensivo e reservado, mas estes sujeitos acreditam que, com ajuda dos
seus entes de confiança, podem tornar-se fortes, realistas e determinados.
Embora não se sintam muito seguros de si próprios, depositam uma fé
inabalável naqueles que lhes proporcionam protecção, num mundo que vêm
como insensível, onde todos apenas estão interessados em ganhos
pessoais.
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Perfil 380 - Dependente Negativista
Este perfil encontra-se em indivíduos que tiveram elevações patológicas nas
Escalas Dependente e Negativista. São indivíduos que, de uma forma geral,
são inseguros e têm uma baixa auto-estima, sentindo-se pouco à vontade em
situações competitivas, não têm perfil de liderança e são pouco assertivos.
A maioria dos sujeitos com baixa auto-estima procura nos outros conforto e
protecção, não sem uma dose de conflito. Apesar de se sentirem inseguros
das suas próprias capacidades, ao ponto de precisarem de depender de
outros, também se sentem desconfiados em relação a estes. Estes indivíduos
não sentem que os outros são de confiança e ressentem-se da dependência
que os faz precisar de terceiros para resolverem os seus próprios problemas.
Algumas pessoas com este dilema exteriorizam-no aparentando serem
cooperativas e coniventes sem contudo deixarem de resistir, de alguma
forma, ao líder. Outros tendem a vacilar: por vezes, são muito amigáveis e
cooperantes, mas quando se sentem ressentidos podem ficar desconfiados e
zangados, apenas para se sentirem culpados, retraindo-se e começando o
ciclo outra vez.
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dissimulada, não comprometendo assim um relacionamento de que
dependem.
São também abundantes os sentimentos de insegurança que fazem estes
sujeitos percepcionarem os outros como mais talentosos, capazes, ou
dignos, que eles próprios. Por consequência, vão temer que os outros, ao
reconhecerem a sua falta de valor, os rejeitem; é também essa a razão que
os deixa nervosos e desconfortáveis em situações sociais, porque temem
impor-se a terceiros que não gostem deles. O evitamento das relações
interpessoais surge como forma de amenizar o desconforto, o que
consequentemente pode conduzir ao isolamento e ao distanciamento de
relações consideradas de pouca confiança, ou excessivamente críticas.
Tratam-se de pessoas sensíveis que gostariam de ser apreciadas e de se
relacionarem melhor com os outros, sendo contudo vítimas do seu próprio
dilema: entre ter de depender e não conseguir confiar.
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Perfil 438 - Histriónico Dependente Negativista
A elevação nestas sub-escalas remete para uma combinação de traços
dramáticos, dependentes e negativistas. Encontramos indivíduos
interessantes e emocionais, que procuram estímulos, excitação e atenção e
que reagem, muito facilmente, às situações que os rodeiam, envolvendo-se
de forma intensa mas durante um curto período de tempo. Observa-se a
repetição deste padrão de envolvimentos rápidos e curtos, ao longo da vida
do sujeito.
São sujeitos que, apesar de possuírem uma baixa auto-estima, sentem a
necessidade de exteriorizar uma imagem de confiança e segurança.
Efectivamente, estes sujeitos, sentem-se menos dotados, ou competentes,
quando se comparam com os outros; contudo rejeitam depender de terceiros,
com medo de transmitirem uma imagem de fraqueza. Perante este conflito
podem revelar-se, em algumas circunstâncias, cooperantes ou coniventes,
apenas para resistirem, de alguma forma, ao seu líder; ou seja, vão oscilando
entre serem extremamente amigáveis e solidários, ou então ressentidos,
agressivos e zangados, ou ainda, mostrando-se culpados e retraídos. Esta
solução reconcilia o desejo de protecção, com o desejo de independência e
de auto-suficiência a que também aspiram, às custas de frequentes conflitos
interpessoais.
Estes pacientes podem ser criticados por serem, de algum modo,
barulhentos, exibicionistas e dramáticos, captando a atenção dos outros;
podem também ser de humores instáveis e mal-humorados, mas são sempre
pessoas interessantes e expressivas que cativam os outros e se envolvem de
forma intensa, durante curtos períodos de tempo.
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dramatismo e um talento natural para chamar a atenção. Adicionalmente, são
pessoas interessantes que podem desenvolver um bom sentido de humor.
Os outros, frequentemente, consideram estes sujeitos como sendo
simpáticos e prestáveis, divertidos e sedutores. Contudo, como aquilo que
estes pacientes mais procuram são os elogios, podem aborrecer-se
rapidamente e revelam fraca capacidade discriminação, quando estão
sozinhos.
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Perfil 458 - Histriónico Narcisista Negativista
É um perfil que prefigura um estilo de personalidade que exibe traços
dramáticos, confiantes e negativistas, típico de indivíduos que carecem de
atenção constante, que vivem apressadamente e apreciam estimulação e
excitação; podem procurar emoções fortes e aventuras. São pessoas
socialmente cativantes, interessantes, dramáticas e emotivas, mas também
caprichosas, exigentes e algo dissimuladas. São sujeitos que facilmente se
apaixonam, ainda que os seus envolvimentos sentimentais tenham curta
duração; podem ainda revelar-se imaturos, incapazes de adiar a gratificação,
sem disciplina e irresponsáveis. De forma geral, são extrovertidos com
carisma e brilho próprio.
Estes sujeitos têm-se em alta consideração, considerando-se melhores e
mais capazes que as outras pessoas. Por conseguinte, costumam comportar-
se com autoconfiança, tomando posições fortes em ocasiões importantes,
mesmo quando em desacordo com a maioria. Esta característica pode,
contudo, levá-los a tratar os outros com desdém e insensibilidade, o que os
fará sentir ameaçados quando alguém questionar a sua superioridade.
Quando estes pacientes encontram qualquer tipo de oposição, os elementos
negativistas podem vir à superfície, tornando-os irascíveis, ou provocadores,
mostrando os sentimentos de forma hostil e agressiva. Este estado
emocional violento é de curta duração e, após a sua remissão, os outros
traços de personalidade tornam-se mais proeminentes.
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se consideram, a si próprios, duros realistas que evitam deixar-se abusar por
alguém.
Estas duas tendências podem provocar um conflito: a busca de atenção,
precisa dos outros, o que torna estes sujeitos dependentes de terceiros; já os
traços antisociais, tornam difícil o confiar nos outros. A saída para este
conflito pode apresentar-se numa, de duas formas: alguns indivíduos,
desenvolvem flutuações de humor, assim podem comportar-se de forma
simpática e cooperativa, até sentirem medo de serem explorados, tornando-
se subitamente resistentes, distantes, desconfiados e mesmo hostis e
agressivos; outros indivíduos, podem contornar o conflito comportando-se de
forma passiva - agressiva, ou seja, superficialmente cooperantes, mas
internamente negativistas e obstrucionistas, assim descarregando os seus
impulsos agressivos.
49
convenientemente o que gera conflitos intrapsíquicos mais, ou menos,
intensos. Podem parecer de humores variáveis e emocionalmente lábeis:
umas vezes, comportando-se de forma sentimental e intensa; outras vezes,
temendo as consequências de tais explosões, desenvolvem uma postura
mais rígida e controlada.
50
aumentam o seu valor próprio e depreciam aqueles que não aceitam a visão
grandiosa que eles têm de si próprios. Com frequência, estes indivíduos,
consideram-se inteligentes, extrovertidos, encantadores e sofisticados,
tornando-se facilmente conspícuos e captando a atenção e o afecto dos
outros. Causam boas primeiras impressões, porque têm as suas próprias
opiniões e têm uma capacidade intrínseca para atraírem a atenção; são
pessoas orgulhosas, seguras de si e podem desenvolver um bom sentido de
humor. Contudo, experimentam dificuldades quando não se sentem
suficientemente apreciados, são forçados a aceitar a opinião de alguém, ou a
optarem por soluções de compromisso.
51
Perfil 530 - Narcisista Dependente
Caracteriza um estilo de personalidade em que predominam elementos de
autoconfiança e tendências cooperativas. A justaposição destes dois estilos é
pouco frequente e algo problemática. Uma elevação patológica na escala do
Narcisismo revela que estes sujeitos têm-se em alta conta, sentindo-se mais
capazes que os outros e considerando-se especiais, em qualquer coisa.
Como consequência, têm uma certa tendência para exagerarem os seus
atributos positivos e a minimizarem os próprios defeitos. Gostam de ser
notados e relacionam-se com os outros com autoconfiança; desejam ainda
ser líderes, atingir posições de poder e estatuto elevados e não se sentem
confortáveis nos papeis secundários.
O conflito subjacente a este perfil deve-se ao facto da segunda elevação
patológica ocorrer numa escala que é directamente oposta ao Narcisismo.
Assim, a escala Dependente, é típica de indivíduos que são seguidores e não
líderes, pouco seguros das suas próprias capacidades. A coexistência destas
tendências antagónicas gera um conflito intrapsíquico muito intenso. Isto leva
a que, estes sujeitos, se comportem ora de forma submissa e de
compromisso, ora de forma muito assertiva e dominante.
52
porque expressam os seus pensamentos facilmente, são dramáticos,
emocionais e carismáticos.
Podem também revelar-se caprichosos e pouco tolerantes à frustração,
aborrecendo-se facilmente. Por causa dos referidos factores, estes pacientes
sentem-se confortáveis quando são admirados e respeitados, ou seja,
sempre que são o centro das atenções.
53
ao complexo de superioridade, sempre que estes sujeitos estão em posição
de vencedores.
54
Perfil 564 - Narcisista Antisocial Histriónico
Perfaz um estilo de personalidade em que abundam traços confiantes,
competitivos e dramáticos. São indivíduos que se têm em elevada conta,
sentindo-se especiais e superiores aos outros; exibem também uma certa
tendência para exagerarem as suas competências, feitos passados e
atributos positivos e para depreciarem aqueles que contrariam a imagem
grandiosa que têm de si próprios. O seu narcisismo manifesta-se,
provavelmente, numa aparência de convicção e autoconfiança que, levadas
ao máximo, os tornam arrogantes e presunçosos.
Em parte, os sentimentos de superioridade, derivam da tendência de
considerarem o ambiente como um local competitivo; sentem, então, que têm
de se defender se querem funcionar eficazmente. Por conseguinte, são
sujeitos algo desconfiados e suspeitosos, que se consideram a si próprios
como: assertivos, enérgicos, independentes, fortes e realistas. Sentem que
têm de ser duros para sobreviverem num mundo duro; pelo que a compaixão
e o carinho são emoções de pessoas fracas, que os poderiam colocar numa
posição de inferioridade. A tendência competitiva ajusta-se bem ao complexo
de superioridade, sempre que estes sujeitos estão em posição de
vencedores.
Simultaneamente, observou-se que estes sujeitos, prestam muita atenção às
suas próprias imagens, quando se relacionam com os outros. São sujeitos
que valorizam as aparências: uma boa pessoa é alguém que parece
inteligente, extrovertida, competente, sofisticada, etc. Sob esta superfície,
contudo existe uma necessidade de chamar a atenção, de ser aceite,
apreciado e gostado pelos outros. São indivíduos que causam primeiras
impressões muito marcantes, porque expressam os seus pensamentos
facilmente, são dramáticos, emocionais e cativantes. Podem também revelar-
se caprichosos e pouco tolerantes à frustração.
55
o seu valor próprio e para diminuírem aqueles que depreciam a imagem
grandiosa que têm de si próprios.
Estes pacientes querem parecer inteligentes, extrovertidos, encantadores,
sofisticados e têm necessidade de serem conspícuos, assim atraindo a
atenção e o afectos dos outros. Em regra, causam boas primeiras
impressões porque são prestáveis e simpáticos nas relações interpessoais,
contudo como não aceitam críticas e projectam todos os sentimentos de
inadequação que tenham, atribuem sempre os próprios erros à
irresponsabilidade e incompetência de terceiros.
Nestes pacientes, um desejo de superioridade face aos outros surge, a par,
de uma baixa auto-estima, dando origem a um conflito intrapsíquico, mais ou
menos aceso. Por um lado, desejam afirmar a sua supremacia face aos
outros, por outro sentem-se inseguros e penosamente conscientes das suas
próprias limitações. Em alguns indivíduos, este conflito manifesta-se em
hipersensibilidade e negativismo, i.e., o sujeito pode ser cooperante mas de
forma ressentida e contrariada; noutros, o conflito transparece em alterações
do humor, ou seja, o sujeito pode portar-se ora de forma submissa e
cúmplice, ora ressentida e zangada, ora retraída, arrependida e
excessivamente humilde.
6A - Escala Antisocial
A orientação activa/independente aproxima-se do temperamento e
comportamentos socialmente inaceitáveis que correspondem ao transtorno
de personalidade Antisocial, como descrito no DSM-III-R. Estes indivíduos
actuam de forma a induzirem dor, depreciando os outros, mediante
comportamentos ilegais que visam manipular os resultados a seu próprio
favor. A tendência para o engrandecimento pessoal, reflecte o cepticismo que
sentem a respeito das motivações dos outros, assim como um desejo de
autonomia, de recompensa e de vingança, uma vez que acreditam que foram
maltratados no passado. São indivíduos irresponsáveis e impulsivos,
qualidades que julgam necessárias, uma vez que partem do princípio que os
outros são desleais e hipócritas; deste modo a insensibilidade e a crueldade
prefiguram-se como a única forma de evitar abusos e enganos.
56
Escala 6B - Agressivo/Sádico
A orientação activa/discordante estende os limites do DSM-III-R, numa nova
e importante direcção, abrangendo aqueles indivíduos que, não sendo
publicamente julgados como antisociais, manifestam acções que remetem
para a obtenção de prazer e satisfação pessoais em comportamentos que
humilham os outros e violam os seus direitos e sentimentos. Consoante a
classe social e outros factores mediadores, podem exibir os sintomas clínicos
daquilo que, na literatura, surge como carácter sádico ou, por outro lado,
exibirem um estilo caracterial que se aproxima do esforço competitivo da
personalidade dita do Tipo A. Aquilo a que Millon chama de personalidades
agressivas, perfila indivíduos hostis, facilmente susceptíveis, aparentando
indiferença, ou mesmo agrado, pelas consequências destrutivas dos seus
comportamentos contenciosos, abusivos e brutais. Mesmo que, muitos
destes indivíduos, recubram as suas tendências mais dominadoras com
papeis e profissões socialmente aceites, revelam sempre algumas condutas
dominantes, antagónicas e, com frequência, persecutórias.
57
competitivos e quando contrariados, podem responder impulsivamente, de
forma irada e vingativa.
58
assertividade, como forma de evitarem ser explorados por outros e o facto de
desprezarem sujeitos mais fracos, sob o mote: ‘os bons rapazes ficam em
último lugar’.
Outra característica deste perfil de personalidade é a inflação da auto-
imagem. São sujeitos que, provavelmente, se consideram mais capazes,
mais interessantes, ou mais dignos que os outros; crenças estas que são
exteriorizadas numa postura de convicção, autoconfiança, independência e
mesmo de presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes,
uma vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Estes indivíduos tendem a ser conflituosos e polémicos
e mesmo abusivos, cruéis e maldosos. Quando as coisas lhes correm de
feição podem adoptar uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda
que, no seu estado habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos. No
entanto, quando contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de
forma irada, ou vingativa.
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exteriorizada como convicção, autoconfiança e independência que, levados a
um extremo, podem confundir-se com presunção e arrogância.
Os outros podem considerar estas pessoas algo agressivas e intimidantes,
uma vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar
uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda que, no seu estado
habitual, sejam defensivos, reservados e competitivos: No entanto, quando
contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou
vingativa.
O complexo de superioridade parece coadunar-se com os traços mais
competitivos, proporcionando a autoconfiança necessária a um
comportamento assertivo. O problema, com este perfil, é que a terceira
elevação ocorre numa escala que é praticamente o oposto das duas
primeiras. A escala Dependente caracteriza pessoas que são seguidores e
não líderes e que se sentem pouco seguras das suas capacidades,
preferindo confiar em alguém que tome conta delas. Uma forma possível, de
resolver este conflito, pode passar por uma capa de autoconfiança e
determinação que mascare os sentimentos de inadequação destes sujeitos.
60
pacientes querem que os outros os vejam como duros, invulneráveis, argutos
e capazes de tomar conta deles próprios.
Uma outra característica, deste padrão de personalidade, é a inflação da
auto-imagem. São sujeitos que, provavelmente, se consideram mais
capazes, mais interessantes, ou mais dignos que os demais. Esta forma de
pensar é, muitas vezes, exteriorizada com convicção, autoconfiança e
independência que, levadas a um extremo, podem confundir-se com
presunção e arrogância.
Para os outros, estas pessoas parecem algo agressivas e intimidantes, uma
vez que a sua assertividade se afigura como frieza e insensibilidade aos
sentimentos alheios. Quando as coisas lhes correm de feição podem adoptar
uma atitude agradável, optimista e simpática, ainda que no seu estado
habitual sejam defensivos, reservados e competitivos; no entanto, quando
contrariados, podem responder mesmo impulsivamente, de forma irada, ou
vingativa.
De facto, as elevações nas referidas escalas remetem para a possibilidade
de existirem conflitos interpessoais. Por vezes, estes indivíduos desejariam
manter relacionamentos mais próximos e afectuosos, podendo arrepender-se
de terem maltratado os outros, no auge das suas irrupções antisociais. O
conflito intrapsíquico é, geralmente, projectado negativamente sob a forma de
ressentimento, ou raiva; alguns indivíduos, contudo, em vez de expressarem
livremente este ressentimento adoptam comportamentos obstrucionistas e
negativistas velados.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa
estes indivíduos bem à vontade nas profissões genericamente reconhecidas
enquanto competitivas como alta finança, comércio, desportos agressivos,
etc. Já em situações que requerem lealdade e espírito de equipa estas
pessoas experimentarão consideráveis dificuldades.
61
Para superarem esta situação, estes indivíduos, sentem que têm que jogar à
defesa, o que os torna algo desconfiados e suspeitosos dos outros. São
sujeitos que se consideram a si próprios como: assertivos, enérgicos,
independentes, fortes e realistas, portando-se de forma dura para
sobreviverem no mundo; têm também tendência para desprezar os mais
fracos (de quem não reza a história); e o seu comportamento habitual é
defensivo e reservado.
Simultaneamente, estes sujeitos consideram que o mais importante na vida é
evitar cometer qualquer tipo de erro. Esta convicção molda sujeitos ordeiros,
conscienciosos, que planeiam e antecipam o futuro, eficientes, dignos de
confiança, industriosos e persistentes. São indivíduos que acreditam na
disciplina e exercem um forte autocontrole, em particular, no que diz respeito
às suas próprias emoções. Esta característica torna-os pessoas formais,
convencionais, fechadas e pouco espontâneas com os outros. São vistos
como seres perfeccionistas, distantes, ocasionalmente inflexíveis e indecisos,
antes de estudarem todas as alternativas possíveis. Por outras palavras, a
estratégia que elegeram para ganharem a competição é adoptando uma
postura cuidadosa, deliberada, digna de confiança e trabalhadora.
62
ressentimento, negativismo e raiva; outros indivíduos, em vez de
exteriorizarem o ressentimento abertamente, podem valer-se de uma
estratégia obstrucionista, ou passivo - agressiva.
A predominância do traço antisocial, neste perfil de personalidade, deixa
estes indivíduos bem à vontade nas profissões genericamente reconhecidas,
enquanto competitivas como finanças, comércio, desportos de competição,
etc. Por outro lado, o relacionamento superficial que estabelecem com os
outros e a atitude agressiva, podem ter um efeito negativo nas situações que
requerem lealdade e cooperação.
63
descrição anteriormente efectuada, deve enfatizar-se a posição defensiva,
em detrimento do carácter meticuloso, organizado, ou precavido.
64
realidade e embora, por vezes, se acomodem aos desejos alheios,
dificilmente apoiarão ideias que não as suas.
São pacientes que consideram o mundo um local competitivo, onde cada um
procura satisfazer as suas próprias necessidades, o que os deixa algo
desconfiados nos seus relacionamentos com os outros. Provavelmente, estes
sujeitos, não partilham todos os seus sentimentos, suspeitando que os outros
podem usá-los. A par dos sentimentos de inadequação, a visão competitiva
do mundo, reforça os traços compulsivos, pelo que, estes sujeitos, sentem
que devem evitar cometer erros, para que os outros não ganhem vantagem
sobre eles.
Estes pacientes, perfilam-se como rígidos, inseguros, distantes e
desconfiados; contudo, sujeitos bem adaptados com este perfil de
personalidade podem usar estas tendências em seu benefício. Assim, a
natureza disciplinada pode torná-los conscienciosos e trabalhadores, com
perspicácia para o detalhe e capacidade para seguir regras. O traço
dependente pode, então, traduzir-se numa certa dose de simpatia e
motivação, alimentadas pelo desejo de serem gostados e apreciados. Por
fim, a sua competitividade torna-os pessoas realistas, suficientemente
maduras para compreenderem que nada é de graça neste mundo e que é
importante ponderar os riscos e as alternativas antes de agir.
65
O conflito de querem apoio mas resistirem ao controlo e à dependência
também leva, estes pacientes, a mudarem de sentimentos, sem uma razão
aparente. Por vezes, podem ser muito simpáticos e cativantes, tornando-se
então zangados e ressentidos, apenas para se sentirem culpados e
arrependidos; completando-se o ciclo quando, de novo, se mostram
amigáveis e cooperantes. Por outras palavras, estes sujeitos defendem-se
das suas inseguranças, projectando a culpa ora sobre si próprios, ora sobre
os outros.
O mesmo conflito básico poder dar origem a um estilo defensivo diferente
que, tem por base, mecanismos passivo - agressivos: neste caso, os sujeitos
tentam controlar o seu ressentimento, através de manobras obstrucionistas,
que lhes permitem escoar a raiva de forma dissimulada, sem comprometerem
flagrantemente a relação de dependência.
O elemento compulsivo, deste estilo de personalidade, pode dificultar a
adaptação, destes pacientes, a situações muito imprevisíveis, em que as
regras não conduzem ao resultado esperado. Por outro lado, os sujeitos mais
disciplinados terão sucesso naquelas situações que apelam ao seu lado mais
preciso e meticuloso.
66
manter uma casa agradavelmente decorada e arrumada. Tentam, acima de
tudo, parecer conscenciosos, eficientes, confiáveis, industriosos e
persistentes.
Apesar de tudo, existe uma faceta, nestes indivíduos, que não é nem
conscenciosa, nem de confiança, e que, frequentemente, irrompe ao
autocontrole exercido. Esse outro lado, procura a estimulação, a excitação e
a atenção dos outros, e tem uma natureza emocional e cheia de matizes.
Então, por vezes, estes pacientes tornam-se conspícuos e procuram
activamente aprovação e afecto, estão muito reactivos ao seu ambiente e
envolvem-se profundamente, ainda que por pouco tempo.
São sujeitos que causam boas primeiras impressões e a sua capacidade de
reacção perante situações imprevisíveis, a sua atenção, interesse e a sua
procura de aprovação, coloca-os no centro das atenções em festas e
reuniões similares. Contudo, podem experimentar alguma dificuldade em
gerir a necessidade de controlar as suas próprias emoções e a necessidade
de atrair a atenção, estimulação e afectos.
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Escala 8A - Passiva/Agressiva
A orientação activa/ambivalente, destes sujeitos, aproxima-se da perturbação
de personalidade passiva/agressiva descrita pelo DSM-III-R,
compreendendo, no entanto, um número ainda mais abrangente de
características. São indivíduos que hesitam entre seguir os reforços
proporcionados por terceiros e a motivação gerada internamente. Esta
indecisão representa uma incapacidade de resolver um conflito semelhante
ao passivo/ambivalente dos sujeitos compulsivos; no entanto, os conflitos da
personalidade activa/ambivalente permanecem próximos da consciência e
invadem a vida quotidiana. Estes pacientes envolvem-se em discussões e
rixas intermináveis, uma vez que oscilam entre a deferência e obediência, e o
desafio e negativismo agressivo. O seu comportamento manifesta um padrão
errático de obstinação, ou aborrecimento explosivo, intercalado por períodos
de culpabilidade e vingança.
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dos outros, ou porque acham que estes não estão suficientemente
interessados para serem de confiança, ou porque consideram que, depender
de outros, não é socialmente aceitável, arruinando a sua imagem, ou ainda
porque os outros aproveitar-se-iam deles se não estiverem continuamente à
defesa.
Estas concepções antagónicas, conduzem à adopção de um, de dois
comportamentos possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com
uma aparência superficial de concordância sem, contudo, apoiar
efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo explosivo, em que os
sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados, caracteriza-se por
mudanças bruscas de comportamento: umas vezes, comportam-se de forma
simpática e agradável, noutras irritada, agressiva ou hostil, noutras ainda,
podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente cooperantes e
arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas ao
seu ambiente, mas também se revelam de humores instáveis e imprevisíveis.
A projecção é um mecanismo de defesa muito frequente, embora a sua
direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda a variar. Em última
instância, apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.
69
Estas concepções antagónicas conduzem a um, de dois padrões de
comportamentos possíveis. No estilo negativista, o conflito é resolvido com
uma aparência superficial de concordância, sem contudo, apoiar
efectivamente os esforços de terceiros. Já o estilo explosivo (em que os
sujeitos ora agradecem a sua sorte por receberem da vida mais do que
mereciam, ora se sentem enganados e abusados) caracteriza-se por
mudanças bruscas de comportamento: umas vezes comportam-se de forma
simpática e agradável, noutras irritada, agressiva ou hostil, noutras ainda,
podem sentir-se culpados e mostrar-se avidamente cooperantes e
arrependidos. Umas vezes, podem ser optimistas, enérgicos e produtivos,
noutras pessimistas e pouco motivados.
Estas pessoas, podem ser muito flexíveis e mutáveis, sensíveis e reactivas
ao seu ambiente, mas também se revelam de humores instáveis e
imprevisíveis. A projecção é um mecanismo de defesa muito frequente,
embora a sua direcção (sobre o próprio, ou sobre os outros) tenda a variar.
Em última instância apresentam-se como pessoas revoltadas, conflituosas e
ressentidas, de difícil convivência e problemáticas.
Simultaneamente, estas pessoas mantêm algum distanciamento emocional
dos outros, não mostrando muito interesse nas relações interpessoais, pouco
compreensivos que são das subtilezas emocionais, envolvidas nas
interacções humanas. Isto pode levar a uma certa apatia que, juntamente,
com o medo da rejeição, tornam o contacto social pouco confortável e tenso;
o que, por sua vez, pode conduzir ao evitamento. Assim, o número de
relacionamentos é reduzido e mantêm-se preferencialmente a um nível
superficial, assemelhando-se mais a uma sociedade do que a uma
verdadeira amizade.
70
mundo, os outros afiguram-se como seres frios e rejeitantes. Por
conseguinte, apesar da sua auto - imagem empobrecida, não são propensos
a colocarem terceiros num pedestal, sempre muito atentos também às
limitações alheias.
Estes pacientes, provavelmente, revelam alguns conflitos na esfera dos
relacionamentos interpessoais porque, como temem causar má impressão,
consideram todas as interacções humanas potencialmente arriscadas. Por
um lado, desejariam ser apreciados pelos outros, contudo, o medo da
rejeição, deixa-os muito apreensivos. São sujeitos que gostariam de
conhecer pessoas e relacionar-se com elas mas, sentem-se tão
desconfortáveis nas situações sociais, acabam por evitá-las. A maioria destes
indivíduos são solitários, retirando-se para o seu mundo de fantasia privado e
ressentindo-se quando estão com outros. No entanto, são pessoas sensíveis,
conscientes dos seus próprios sentimentos e das reacções emocionais que
evocam nos outros.
Paralelamente com o seu conflito básico. sobre se devem ou não relacionar-
se com os outros, estes pacientes, podem ser de humores instáveis e de
ressentimentos. Pelo que, ora se comportam de forma amigável e
cooperante, ora se tornam obstrucionistas, negativistas e hostis, apenas para
se sentirem culpados e se mostrarem arrependidos. Em alguns casos, as
oscilações de humor são menos perceptíveis, já que o conflito é manejado
através de um antagonismo velado. Mesmo o dualismo, que caracteriza estes
pacientes, pode ter um impacto positivo quando alguns indivíduos se
excedem, mesmo adoptando uma posição rebelde face à sociedade.
71
ressentimento através de manobras obstrucionistas, que lhes permitem
dissipar a raiva sem ameaçar o seu apoio interpessoal.
Estes indivíduos possuem consideráveis sentimentos de insegurança, sentido
que os outros são mais dotados, capazes e dignos que eles próprios. Deste
modo, vão recear que assim que alguém os conheça melhor, compreenda a
sua falta de valor e os rejeite. Mostram-se frequentemente nervosos, quando
se relacionam, sentindo que não são gostados e que se estão a impor. Os
outros, por sua vez, são considerados como excessivamente críticos e dignos
de pouca confiança. Evitando as relações interpessoais podem minimizar
parte do seu desconforto, o que pode conduzir ao isolamento e à solidão.
Estes sujeitos, são sensíveis: gostariam de ser apreciados pelos outros e
relacionar-se de forma mais eficaz com eles. Contudo, vivem atormentados
pelo conflito que se estabelece entre o seu desejo de depender e confiar nos
outros e o receio de sair magoado dessas relações. As alterações de humor
espelham este conflito essencial.
72
rejeição, o que os leva experimentar as relações interpessoais com
ansiedade e desconforto, que a médio prazo pode conduzir ao evitamento
das interacções sociais, ou à adopção de uma postura de distanciamento,
superficialidade e apreensão.
Estes indivíduos, conseguem alcançar algum ajustamento aos seus conflitos
interpessoais, adoptando uma forma ambivalente de relacionamento com os
outros, que passa por uma atitude oposicionista e negativista, que não se
manifesta na forma de antagonismo directo. Doutro modo, estes sujeitos, têm
tendência para terem flutuações de humor muito severas: umas vezes, muito
cooperantes, noutras incapazes de controlar a sua raiva, que pode ser
explosiva. Quando os sentimentos de hostilidade eventualmente regridem, os
sujeitos, mostram-se arrependidos, tentando ser simpáticos e cativantes,
mais uma vez.
73
Perfil 840 - Negativista Histriónico
São abundantes os traços conflituosos e dramáticos, em sujeitos que não
têm uma opinião positiva, nem deles próprios, nem dos outros (considerados
pouco empáticos, interessados ou compreensivos). As suas relações podem
ser intensas, de início, mas depressa se tornam ameaçadoras, ou pouco
excitantes, logo esmorecendo.
Alguns indivíduos, inseguros sobre as suas próprias capacidades, podem
sentir-se apaziguados, encontrando alguém em quem confiar; contudo, a
atitude destes pacientes, inviabiliza, à partida, esta opção. Estes sujeitos,
sentem que a dependência de terceiros não é aceitável, prejudicando a sua
imagem e deixando-os vulneráveis à crítica. Consequentemente, estão
sempre perante um conflito sem solução: ora se aproximam, ora evitam o
contacto. Se não dependem de alguém sentem-se desconfortáveis, porque
temem não conseguir suprir as próprias necessidades; por outro lado, se
formarem as relações de dependência, não têm de se preocupar com as
próprias necessidades, mas sentir-se-ão pouco confortáveis com a posição
que ocupam.
Os indivíduos com este perfil de personalidade, frequentemente apresentam
padrões de comportamento flutuantes. Algumas vez, mostram-se bastante
amigáveis e cativantes, porém em breve se ressentirão dos outros, passando
a comportar-se de forma agressiva, ou mesmo hostil, que pode transformar-
se, facilmente em culpa e em arrependimento. Outros indivíduos, com o
mesmo perfil, podem resolver o conflito apresentando um padrão de
comportamento aparentemente mais estável. Este padrão, manifesta-se
numa superfície amigável e cativante, enquanto vão desempenhando um
papel algo negativista e obstrucionista.
74
imprevisível, aborrecendo-se facilmente e apresentando baixa tolerância à
frustração. Podem oscilar entre parecerem entusiastas e optimistas ou,
então, tristes e desalentados. Algumas vezes, estes pacientes podem sentir-
se culpados, tentando ser amigáveis e cooperativos, mas muito facilmente
começam a ressentir-se com os outros tornando-se críticos, zangados e
vingativos. Em vez de se mostrarem mal-humorados, ou explosivos, outros
indivíduos, com o mesmo perfil de personalidade, escoam o seu
ressentimento, adoptando atitudes negativistas e de oposição. A sua
agressividade pode ser menos evidente mas, com o seu negativismo,
passividade e invulnerabilidade, acabam por deixar os outros furiosos.
Parte do ressentimento provém de se acharem melhores que a maior parte
das pessoas, à sua volta. Também vêm o mundo como um local competitivo,
em que todos lutam pelos mesmos objectivos e recursos limitados. Contudo,
não são capazes de integrar estas duas concepções do mundo, porque se
fossem mesmo superiores, deveriam ter a suas necessidades satisfeitas,
sem terem de competir com seres humanos menores. É este conflito, e a
impossibilidade de integração, que conduz a quaisquer que sejam os
problemas no seu funcionamento psíquico.
Positivamente, sujeitos com este estilo de personalidade são pessoas
independentes, que não se colam aos outros de forma dependente e carente;
são frequentemente orgulhosos e evitam as situações em que possam ser
humilhados.
75
pacientes, podem estar conscientes das suas limitações e sentirem que
precisam de depender de alguém que satisfaça as suas necessidades; mas,
como consideram o mundo um local competitivo, sentem que só podem
triunfar mostrando-se fortes, dominantes, adequados e assertivos. Por
conseguinte, estes sujeitos, podem ser conduzidos a suprimirem emoções,
mais amenas, como simpatia, generosidade e gentileza, porque estas podem
torná-los fracos e vulnerável à exploração alheia. Na sua opinião, a chave do
sucesso, é mostrarem-se determinados, enérgicos, independentes e alerta.
Sentem que devem estar atentos à possível manipulação dos outros,
tentando sair por cima, sempre que possível.
76
competitivo, sentem que só podem triunfar mostrando-se fortes, dominantes,
adequados e assertivos. Por conseguinte, estes sujeitos, podem ser
conduzidos a suprimirem emoções, mais amenas, como simpatia,
generosidade e gentileza, porque estas podem torná-los fracos e vulnerável à
exploração alheia. Sentem que devem estar atentos à possível manipulação
dos outros, tentando sair por cima, sempre que possível.
O oposicionismo, destes pacientes, pode ser alimentado pelas suas
tendências histriónicas: parecem querer ser o centro das atenções e
facilmente se aborrecem de situações rotineiras. A sua resistência nata
provavelmente serve a sua necessidade de atenção (mesmo que de forma
corrosiva e improdutiva) porque o comportamento de oposição é facilmente
notado. De facto, o antagonismo e o desejo de atenção podem criar um ciclo
vicioso, porque o oposicionismo parece satisfazer parte das suas
necessidades psicológicas. A par das suas tendências histriónicas, estes
pacientes, podem ser superficiais, defensivos e desdenhosos da proximidade
interpessoal.
77
Perturbações de Personalidade
Escala S - Esquizotípica
O transtorno de personalidade esquizotípico, como apresentado no DSM-III-
R, caracteriza-se por um padrão de distanciamento disfuncional, ao nível
cognitivo e interpessoal. São pessoas que cultivam o isolamento social, com
mínimas obrigações e investimentos pessoais. Muitas vezes mostram-se
quase autistas, ou cognitivamente confusos, pensando de forma tangencial
e, com frequência, ensimesmados, ou reflexivos. As excentricidades do
comportamento são notórias e, os outros, consideram estes indivíduos como
estranhos, ou diferentes. Dependente da sua estrutura básica, sendo ela
activa ou passiva, mostram respectivamente ou uma cautela ansiosa e
hipersensível, ou um desacerto emocional e falta de afectos.
78
recorrentes de suicídio, auto-mutilações, preocupação excessiva com a
obtenção de afecto, dificuldade em manter um sentimento coerente de
identidade e ambivalência cognitiva e emocional, com sentimentos
simultâneos de raiva, amor e culpabilidade.
Escala P - Paranóide
A perturbação de personalidade paranóide, descrita pelo DSM-III-R,
manifesta-se em três traços fundamentais: a conduta independente, a
discordante e a ambivalente. São pessoas que revelam uma desconfiança
vigilante em relação aos outros e uma antecipação nervosa e defensiva das
críticas e da rejeição. Facilmente irritáveis, exasperáveis e coléricos,
expressam também medo de perderem a independência, pelo que oferecem
muita resistência ao controlo e influência externos. Os Paranóides
caracterizam-se pela imutabilidade dos seus sentimentos e pela rigidez dos
seus pensamentos, o que permite distingui-los das outras perturbações da
personalidade, nomeadamente a Borderline (com instabilidade afectiva) e a
Esquizotípica (com desorganização do pensamento).
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D, B, T representam psicopatologia de intensidade moderada; já as escalas
SS, CC e PP referem-se a psicopatologia severa.
Escala A - Ansiedade
São pacientes que exibem sintomas de vaga apreensão, ou claramente
fóbicos, mostram-se frequentemente tensos, indecisos e inquietos e queixam-
se de mal-estar físico generalizado, desde tensão, excessiva sudação, dores
musculares indefinidas e náuseas. A análise pormenorizada dos itens da
escala permitirá indagar se o sujeito apresenta fobias simples, sociais, ou
como a maioria, um estado generalizado de tensão que se manifesta numa
dificuldade de relacionamento, movimentos nervosos e reactividade fácil. As
perturbações somáticas (como as mãos suadas e os problemas digestivos)
também são característicos. São sujeito que se mostram particularmente
excitados e antecipam os problemas com apreensão, revelando hiper-
sensibilidade ao ambiente, inquietude e grande susceptibilidade.
Escala N - Hipomania
Presente em pacientes que revelam períodos de alegria superficial, elevada
auto-estima, hiperactividade nervosa, fraca capacidade de concentração, fala
acelerada, impulsividade e irritabilidade; também manifestam um entusiasmo
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não selectivo, excessiva planificação de objectivos pouco realistas. Já nas
relações interpessoais adoptam comportamentos invasivos, exigentes e
dominadores. Observa-se também uma diminuição da necessidade de sono,
fuga de ideias, oscilações rápidas e labilidade de humor. As pontuações
muito elevadas podem significar a presença de processos psicóticos,
incluindo alucinações e delírios.
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Escala T - Abuso de Drogas
É provável que pontuações elevadas remetam para uma história recente, ou
recorrente, de abuso de drogas, em sujeitos com dificuldade em reprimir os
impulsos e mantê-los dentro dos limites socialmente convencionados,
revelando também uma incapacidade de manejar as consequência pessoais
dos seus comportamentos. Esta escala é composta por muitos itens
indirectos e subtis, como a escala de abuso de álcool, e pode ajudar a
identificar sujeitos com problemas de dependências químicas que não estão
dispostos a assumir o seu problema.
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introvertido e evitante, caracterizado por uma imobilidade penosa, ou um tom
irritável, queixoso e choroso.
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