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SEGUNDA ETAPA DO PROCESSO

DE ENFERMAGEM: DIAGNÓSTICO
DE ENFERMAGEM

PROF.RICHARD SORATO
• A avaliação de pacientes e julgamentos com base nos dados obtidos faz parte das
rotinas do enfermeiro, sendo que, ao identificar problemas de saúde, propõe
intervenções dentro de sua alçada profissional ou discute com outros membros da
equipe multiprofissional acerca deles.

• O diagnóstico de enfermagem traz como novidade a padronização, a notação do


julgamento clínico já antes realizado, mas, agora, denotando o conhecimento e
raciocínio utilizados para as inferências alcançadas com o encadeamento das etapas
do PE.
• O diagnóstico de enfermagem é um processo essencial, tendo em vista que
ele permite planejar os melhores cuidados, de acordo com a necessidade real
do paciente.

Mas o que é diagnóstico de enfermagem?

• É o julgamento clínico que o enfermeiro faz a respeito das respostas atuais e


potenciais do indivíduo aos seus problemas de saúde.
• Considerado uma das etapas mais importantes da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), é a base para estruturar adequadamente o
atendimento.
Quando surgiu o termo diagnóstico de enfermagem?

• O termo foi utilizado pela primeira vez em 1953 pela enfermeira americana Vera Fry.

• Ela identificou que haviam algumas áreas de necessidades dos pacientes, que deveriam ser levadas em consideração
para promover um diagnóstico preciso

• Com o tempo, outras teóricas da área começaram a agregar definições e termos, a fim de identificar os problemas
clínicos e sociais mais comuns.

• Foi na década de 70, porém, que surgiu a necessidade de criar um sistema oficial para classificar os problemas
detectados e tratados pelos enfermeiros.

• Com isso, seria possível criar um padrão mundial, direcionando os profissionais e garantindo uma uniformidade nos
atendimentos.

• Foi aí então que, em 1973, foi realizada a I Conferência Nacional sobre Classificação de Diagnósticos de Enfermagem,
onde foram classificados e registrados os primeiros diagnósticos.
E a Associação Americana de Diagnóstico de Enfermagem, quando
foi criada?

• Ela foi criada em 1982, após a realização da 5ª edição da Conferência Nacional


sobre Classificação de Diagnósticos de Enfermagem, em St. Louis, Missouri,
nos Estados Unidos.
• Sem fins lucrativos, a associação é formada pelas áreas de gerenciamento e
administração, contando com voluntários de diversos países.
• Oficialmente conhecida como NANDA International (NANDA-I), sua taxonomia
é norteada por uma estrutura teórica chamada Padrões de Resposta do Corpo
Humano.
• É ela que orienta a classificação e categorização do diagnóstico de
enfermagem ou das condições que de fato precisam de cuidados dessa área.
• Ou seja, ela padroniza a linguagem que o enfermeiro utiliza na descrição
ou caracterização dos indícios e sintomas que ele avalia, identifica e trata
nos seus pacientes.

• É importante reiterar que as conferências da NANDA-I ocorrem a cada


dois anos, para que sejam revistos os conteúdos abordados
anteriormente e, se necessário, atualizá-los.
Quais as principais diretrizes da
associação?
• Seu principal objetivo é padronizar a linguagem utilizada no diagnóstico de enfermagem, permitindo

que profissionais de todo o mundo adotem os mesmos termos e categorização para o cuidado.

• Essa padronização é benéfica porque facilita a troca de conhecimentos e a comunicação como um

todo, além de permitir pesquisas e comparações mais aprofundadas e claras.

• Segundo a associação, o uso de diagnósticos promove uma melhora substancial em diversos aspectos

da prática da enfermagem, pois oferece uma base científica para que o profissional intervenha.

• A terminologia padrão, ainda, traz mais segurança ao paciente, pois ele tem a certeza de que o

profissional está seguindo as boas práticas estabelecidas a nível global.


Qual a estrutura da taxonomia da NANDA-I?
• Esse sistema de classificação já é o mais utilizado no mundo. Ele é composto
por:
• Título, que deve trazer uma frase curta ou um termo que represente um padrão
de indicadores relacionados;
• Definição, que consiste em uma descrição clara e precisa do diagnóstico
realizado;
• Características definidoras, que são as evidências clínicas ou sintomas
observados. Elas são agrupadas como manifestações de um diagnóstico de
enfermagem – focando no problema, síndrome ou bem-estar.
• Na taxonomia da NANDA-I, os focos diagnósticos são classificados em domínios
e classes.
• Ao todo, ela conta com 234 diagnósticos de enfermagem categorizados, sendo
agrupados em 13 domínios e 47 classes.
Quais os principais tipos de diagnóstico de enfermagem?
• Existem 4 principais tipos de diagnóstico de enfermagem especificados pela associação. São eles:

1. Diagnóstico com foco no problema

• Feita a partir da resposta indesejada do indivíduo frente a condições de saúde ou processos vitais que existe em si, na sua família ou na

comunidade.

• Exemplo desse diagnóstico de enfermagem é a troca de gases prejudicada, que, na prática, pode indicar falha na função respiratória, por exemplo, ou

uma desobstrução ineficaz das vias aéreas.

2. Diagnóstico de risco

• É o risco ao qual um indivíduo, família ou grupo está exposto e que pode levar ao desenvolvimento de respostas indesejáveis para a sua condição de

saúde.

• O risco de infecção está incluído nesse tipo de diagnóstico de enfermagem.


3. Diagnóstico de promoção de saúde

• Tem como principal motivação a promoção de bem-estar e de outros


cuidados que melhorem a saúde humana.
• Um exemplo é a disposição para melhora do autocontrole.

4. Síndrome

• É o agrupamento de diagnósticos que ocorrem juntos e que


são melhor manejados em conjunto usando intervenções similares.
• Síndrome de estresse por mudança representa bem esse tipo.
Passo a passo para construir um diagnóstico de enfermagem
1 – Coleta de dados direcionada

• Trata-se de uma das etapas mais importantes do diagnóstico de enfermagem. Afinal, são esses dados coletados que irão direcionar as
demais etapas que se seguirão.

• É nesse momento que o profissional conhece o paciente, seu histórico clínico e as repercussões físicas, emocionais, sociais e familiares.

• Aqui, a ideia é obter o máximo de informações possíveis sobre ele, especialmente aquelas que demonstrem o seu estado clínico geral.

• Para que essa etapa seja cumprida de forma eficaz, é essencial que ela seja realizada de forma abrangente e com a linguagem
adequada ao paciente – a fim de criar vínculo com ele.

• O ideal é que a coleta seja objetiva e subjetiva, para obter um cenário mais amplo, que poderá influenciar no diagnóstico de
enfermagem.

• Para isso, a comunicação igualmente deve ser clara, ou seja, é preciso fazer a pergunta certa e, ao mesmo tempo, ser capaz de traduzir a
resposta do paciente ou do seu familiar rapidamente.

• Do técnico em enfermagem, é exigido que ele tenha conhecimento prévio das


necessidades humanas, o que inclui:
• Respiração;
• Termorregulação;
• Conforto físico;
• Autocuidado;
• Integridade da pele.

• O exame físico também deve ser o mais completo possível, sempre focando
nos problemas que pretendem ser investigados.
• Exames antigos e prontuários igualmente podem auxiliar na obtenção dos
dados necessários.
2 – Análise e agrupamento dos dados
• Após os dados serem coletados, é preciso transformá-los em um diagnóstico de enfermagem.

• Isso requer capacidade de raciocínio, experiência e pensamento crítico por parte do profissional para
que seja possível interpretar exames e tudo que foi coletado junto ao paciente.

• Para iniciar esse processo, uma dica é agrupar os dados de acordo com sinais e sintomas e de forma
lógica, usando raciocínio clínico, características em comum ou então através de padrões identificados.

• Cada um desses agrupamentos deve conter características definidoras e critérios clínicos que foram
observados para tal.

• Caso esse formato pareça difícil na prática, você pode separar as informações por domínios – que são
as necessidades humanas que citei acima, como respiração e autocuidado.

• Antes de finalizar essa etapa, é essencial analisar novamente os dados com calma. Separe dados
normais de anormais, a fim de verificar se há algo que está faltando nas suas anotações
3 – Escolha o diagnóstico
• Cada diagnóstico na taxonomia NANDA-I possui uma definição clara, que deve ser
analisada com cautela antes de ser utilizada. Caso contrário, as chances de
ocorrerem erros de diagnóstico na enfermagem aumentam.

• Aqui, você pode realizar os seguintes passos:


• Após criar os grupos, procure o domínio aos quais eles se enquadram;
• Identifique a classe onde o domínio escolhido pertence;
• Com essas duas definições, pesquise nos títulos de diagnóstico do mesmo domínio em
classe aquele que se encaixa na necessidade diagnosticada;
• Confira se as informações existentes no diagnóstico estão de acordo com os dados
coletados.
• Apenas finalize essa etapa os dados baterem.
• Caso contrário, retome a análise de domínio e classe para não gerar danos à saúde
paciente.
4 – Construa o enunciado do diagnóstico de enfermagem
• Cada diagnóstico deve contar com um enunciado claro e preciso, realizando a combinação de critérios necessária
para oferecer o pleno entendimento.

Em um diagnóstico com foco no problema, o ideal é aliar título, fatores relacionados e característica definidora.
• Um exemplo de enunciado é:
• Integridade da pele prejudicada relacionada a fatores mecânicos e administração de medicamentos caracterizada
por invasão de estruturas do corpo.

• No caso do diagnóstico de risco, é possível escrever o título, seguido dos fatores de risco, como:

Risco de queda relacionado à idade acima de 70 anos, dificuldades visuais, vertigem ao virar o rosto e uso de
diuréticos.

• Já no diagnóstico de promoção de saúde, a descrição deve trazer o título e as características definidoras.

Veja um exemplo:
• Disposição para nutrição melhorada evidenciada por atitude em relação à comida coerentes com as metas de
saúde estabelecidas.
Quais os erros mais comuns no diagnóstico de enfermagem?

• A padronização criada através da NANDA-I reduziu a incidência de falhas


no momento do diagnóstico de enfermagem. Afinal, a falta de critérios
definidos abre brechas para interpretações e anotações diversas.

• Porém, a existência dos padrões não elimina totalmente as chances de


ocorrerem erros, tendo em vista que as etapas são seguidas por pessoas
que podem, de alguma forma, fazer algo equivocado.
Nesse cenário, eu posso dizer com clareza que as falhas mais comuns ao longo desse
processo são:

• Conhecimento ineficiente por parte do profissional, fazendo com que ele promova análises equivocadas e,
consequentemente, chegue a um diagnóstico errado;

• Dados ineficientes, imprecisos, errados ou falsos – o que justifica a importância de ter atenção no momento da
coleta das informações;

• Coleta de dados não direcionada para o problema, ou seja, as perguntas são feitas de forma genérica, não
permitindo entender mais sobre o problema propriamente dito;

• Agrupamento incorreto, em que os sintomas são agrupados sem se preocupar em terem características em
comum;

• Conclusão precipitada do diagnóstico, seja por falta de embasamento ou pela necessidade de entregar
rapidamente o diagnóstico;

• Análise, julgamento e/ou interpretação equivocada dos dados, muito comum em profissionais inexperientes;

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