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O PELO
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Cada pelo (figura 1) é formado no folículo piloso (invaginação da
epiderme), que contém a raiz ou bulbo espessado na base e células que se
multiplicam com grande rapidez, crescendo continuamente em uma haste que se
projeta para cima da superfície. A zona papilar é composta de tecido conjuntivo
e vasos sanguíneos, que fornecem ao pelo as substâncias necessárias para seu
crescimento.
TIPOS DE PELO
FUNÇÕES DO PELO
ESTRUTURA DO PELO
CUTÍCULA:
É uma fina camada não pigmentada, formada por células que são cúbicas
no início, depois achatam, perdem seu núcleo, queratinizam e tornam-se
transparentes. Elas adotam uma posição como as telhas planas de um telhado
com a borda livre direcionada para a ponta, o que dá à haste capilar a aparência
de um tronco de palmeira sem galhos. Dada a transparência dessas escamas, elas
são difíceis de visualizar por transiluminação, sendo mais bem vistas à luz
oblíqua.
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A melhor maneira de visualizar a cutícula é ver os traços que as bordas
livres das escamas deixam em uma superfície macia e transparente.
Muitos suportes foram propostos para obter o molde cuticular, tais como o
acetato de celulose ou a solução vinílica ou folha de acrílico (plexiglas) em
solução de clorofórmio.
O esmalte de unhas comercial também pode ser útil. Uma fina extensão é
feita em uma lâmina e o pelo é colocado sobre ela. Quando o filme estiver
pronto, ele é removido, e no curso esculpido pelo pelo terá sido impresso o
desenho da cutícula, podendo ser estudada sob o microscópio.
Os desenhos dos moldes dos pelos oferecem uma grande variedade, e
vários sistemas de classificação foram propostos, de acordo com o desenho
global, a distância entre as margens das escamas etc.
Adorjan e Kolenosky, em 1969, publicaram um atlas com os diferentes
tipos de cutículas.
As classificações mais conhecidas desse campo foram publicadas por
Hausman (1930), Moritz (1939) e Wildman (1954).
O pelo tem uma extremidade livre, a HASTE, e uma extremidade incluída
na derme, a RAIZ, que está dentro do FOLÍCULO PILOSO, que, por sua vez,
tem um BULBO.
RAIZ:
A raiz assenta-se sobre o folículo que contém o órgão gerador do pelo. Ela
está fortemente implantada e, em algumas partes, é difícil de ser arrancada.
O pelo cai espontaneamente devido à formação de um novo que o
empurra, queratiniza-se e cai.
A raiz é interessante do ponto de vista criminalístico, pois diferencia os
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pelos caídos espontaneamente dos pelos arrancados.
Para esses efeitos, a raiz tem duas fases:
FASE ANÁGENA:
O pelo é arrancado com dor. A raiz está presa à pele, já que está na fase de
absorção, portanto há uma grande quantidade de matéria sebácea presa à raiz.
FASE TELÓGENA:
O pelo cai espontaneamente. A raiz tem a forma de um abacaxi e sua base
é completamente limpa. Esse pelo estava em estado de letargia, porque a raiz
havia parado de absorver as substâncias nutritivas.
CÓRTEX:
O córtex do pelo é responsável por sua resistência, elasticidade, forma e
cor.
Ele é composto de células mortas, que não são individualizadas ao
microscópio, por estarem agrupadas para formar uma massa hialina homogênea.
Em algumas espécies, como na lã, as células podem ser identificadas, que
têm forma poligonal.
Em geral, portanto, poucos dados podem ser obtidos do córtex se ele não
estiver pigmentado. Pelo contrário, se estiver, seu exame fornece deduções
importantes: o pigmento pode ser difuso ou granular, e quanto à concentração,
varia desde a ausência completa até uma densidade tal que impede a
visualização do interior do pelo.
Para estudar a forma, o tamanho e a distribuição do pigmento do córtex, é
necessário realizar um corte transversal no pelo. O procedimento usual de cortes
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com micrótomo deve ser realizado, após a inclusão de parafina, celoidina ou
resinas mais duras.
Em humanos, o pigmento tende a estar mais localizado na periferia. Já nos
animais, ele está localizado mais no centro ou distribuído uniformemente por
todo o córtex.
A cor do pelo pode mudar ao longo da vida por várias razões, e isso se
deve à melanina.
Quando enterrado, ele tende a assumir uma cor avermelhada devido à
ação do húmus no solo.
MEDULA:
Ela ocupa a porção central do pelo, mas sua presença não é constante. É
composta por uma coluna de células aglomeradas. Entre uma célula e outra, há
espaços de ar que, ao microscópio, aparecem como espaços escuros que
impedem o exame medular.
Para visualizar a medula, é necessário eliminar o ar e, caso as células
estejam pigmentadas, remover o pigmento. Um bom procedimento é tratar o
pelo com peróxido de hidrogênio alcalino, contendo vestígios de cloreto férrico.
O processo de descoloração deve ser controlado por exames microscópicos, pois
o excesso de descoloração pode danificar a estrutura do pelo.
Para remover o descolorante, lava-se com água clorídrica.
O exame da medula deve ser feito em um corte transversal, que nos
permitirá calcular o índice medular.
E um exame longitudinal nos permitirá ver o tipo de medula, que pode ser
de três tipos:
A) CONTÍNUA:* Com bordas regulares.
* Com bordas irregulares.
B) DESCONTÍNUA.
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C) NÃO EXISTENTE.
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(Fonte: banco de dados ECC)
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Figura 4. Tipos de escamas da superfície do pelo
(Fonte: Wikipedia)
Os métodos para o estudo da cutícula são variados: ela pode ser observada
ao microscópio adicionando uma gota de água, com ou sem descoloração prévia;
pode ser manchada com azul de metileno; podem ser obtidos moldes de sua
superfície embebendo o pelo em um meio flexível como o esmalte de unhas ou
solução vinílica ou folha de acrílico (plexiglas) em solução de clorofórmio.
Independentemente de sua origem, o pelo tem DNA na raiz, que é o local
onde se encontram as células que dão origem à haste. A quantidade em cada
pelo é muito pequena, portanto, deve-se ter o máximo cuidado na coleta.
Quando os pelos são arrancados violentamente do corpo, é possível encontrar
mais DNA, porque há células da superfície da pele que foram arrancadas junto
com a raiz capilar.
A maioria dos meios de extração de DNA da raiz capilar destrói tanto a
raiz quanto o resto do pelo, e todos os métodos alteram significativamente suas
características. Portanto, antes de proceder à extração do DNA, é necessário
realizar uma análise morfológica com lupa e microscópio dos pelos do qual será
extraído o DNA e tirar tantas fotografias quantas forem necessárias.
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MICROSCOPIA DO PELO
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O microscópio de comparação consiste em duas unidades de microscopia
óptica conectadas por uma ponte óptica, de modo que duas amostras diferentes
podem ser vistas simultaneamente.
PELOS DE ANIMAIS
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Quando um pelo animal é encontrado, ele é identificado como pertencente
a um determinado tipo de animal por comparação microscópica com uma
amostra de pelo conhecida, seja de uma coleção de pelos de referência ou de um
animal específico. Se o pelo em questão tiver as mesmas características
microscópicas que o pelo conhecido, conclui-se que o pelo é consistente com os
originários daquele animal. Observa-se, entretanto, que pelos de animais que
não possuem características microscópicas individuais suficientes para serem
associados a um determinado animal não excluem a pertença a outros animais
similares. Antes de realizar uma comparação, é necessário ter uma coleção
padrão adequada de pelos de animais conhecidos. Pelo fato de existirem
variações na cor e na área do corpo de um animal, os pelos devem ser coletados
de cada área. Embora seja difícil determinar o número mínimo de pelos para
criar uma amostra significativa, o bom julgamento deve orientar a coleta de
pelos suficientes para representar os vários tipos e cores. A amostra deve conter
pelos de diferentes comprimentos e tanto pelos desprendidos como pelos
arrancados. Se o animal não estiver disponível para a coleta de amostras, ele
pode ser substituído por pelos coletados de uma escova ou pente usado no
animal. No caso de cães ou gatos, também é possível usar pelos coletados da
cama desses animais.
Pelos de animais encontrados no local do crime ou nas roupas dos
suspeitos e vítimas também podem ser de uma peça de roupa de pele. Esses
pelos podem ter sido tingidos artificialmente ou aparados e, muitas vezes, não
têm raízes. Nesse caso, é conveniente ter um mostruário padrão de todos os tipos
de pelos de animais usados em roupas para realizar uma comparação.
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* Diferenças entre pelos humanos e de animais.
PELOS HUMANOS
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DETERMINAÇÃO RACIAL
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Pelos lisos têm um calibre regularmente liso, que vai diminuindo
gradualmente perto da ponta. Outros pelos podem ser ondulados ou
encaracolados, mostrando um aumento gradual da ondulação.
Seu diâmetro diminui alternadamente ao longo de seu comprimento, e a
medula de tipo interrompida pode ser levemente excêntrica. Em ambos os tipos,
o pigmento varia de intensidade, mas está concentrado nas porções periféricas
do córtex. Na maioria dos casos, os grânulos pigmentados são escuros e a
quantidade de tais grânulos determina sua cor a olho nu, seja loiro, vermelho ou
escuro. A seção é circular ou oval, e a medula varia de pequena a média, com
grânulos de pigmento uniformemente distribuídos.
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Figura 8. Microscopia do pelo mongoloide.
(Fonte: banco de dados ECC)
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4º) AUSTRALOIDE - raça australiana e vedda:
Em geral, elas coincidem com as raças melanodermas, embora haja a
peculiaridade de que indivíduos com pelos loiros podem aparecer com certa
frequência, especialmente durante a infância.
Um pelo pode ser associado a um determinado grupo racial, com base em
modelos estabelecidos para cada grupo. A técnica consiste em colocar o pelo em
parafina ou resina de poliéster e depois efetuar cortes transversais com a ajuda
de um microtorno a fim de analisá-lo microscopicamente. Entretanto, a
determinação racial por exame microscópico do pelo pode ser difícil no caso de
pessoas de origem racial mista, pois elas podem possuir características
microscópicas atribuíveis a mais de um grupo racial. O
pelo das crianças também supõe muitas dificuldades.
Os pelos do couro cabeludo fornecem o critério mais seguro para a
identificação da raça, pois permitem uma melhor diferenciação que os pelos de
outras partes do corpo, ainda que os pelos de outras regiões do corpo possam ser
úteis.
A identificação racial é muito útil como uma ferramenta de pesquisa
antropológica, mas também pode ser uma ferramenta associativa muito útil
quando se dispõe de pelos de um indivíduo com características raciais incomuns.
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DETERMINAÇÃO DA REGIÃO
Figura 10. Pelos faciais (A), das extremidades (B) e púbicos (C).
(Fonte: banco de dados ECC)
PELOS DA CABEÇA
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químicas, bem como alterações ambientais como a exposição excessiva ao sol, o
vento, o ressecamento etc.
Os pelos da cabeça são rotineiramente comparados em laboratórios de
criminalística. É importante obter, o quanto antes, amostras adequadas do
suspeitos conhecidos e das vítimas e, se possível, de outras pessoas envolvidas
(amostras de eliminação). A amostra deve conter pelos de diferentes áreas
aleatórias do couro cabeludo. O número de pelos necessários para uma
comparação significativa pode variar dependendo da homogeneidade de suas
características, mas a amostra deve ter, pelo menos, 25 pelos inteiros. Deve
incluir tanto pelos arrancados como penteados, devendo ser armazenados
separadamente.
PELO PÚBLICO
PELO FACIAL
Os pelos das pernas e dos braços são mais curtos, têm forma arqueada e,
muitas vezes, estão danificados ou possuem a ponta cônica. O pigmento tem
aparência granular e a medula é descontínua. Embora esses pelos não sejam
comparados rotineiramente em laboratórios forenses por não terem um valor tão
significativo, eles podem ajudar na investigação.
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Muitos indivíduos caucasianos ou leucodermos de tonalidade morena têm
pilosidade abundante. Já os de tonalidade loiras têm pilosidade mais escassa,
sendo ainda mais escassa entre os melanodermos. Mongoloides ou xantodermos,
e especialmente os indígenas ameríndios, quase não possuem pelos, tanto no que
diz respeito ao rosto quanto ao corpo.
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Figura n.º 11. Corpúsculos de Barr em amostras de pelo.
(Fonte: banco de dados ECC)
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PELO TINGIDO
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descoloridos são facilmente impregnados por ação dos agentes descolorantes ou
oxidantes.
Pelos que foram descoloridos com peróxido de hidrogênio adquirem uma
cor azul, enquanto pelos naturais e pelos tratados com tinturas não oxidantes são
indiferentes ao tratamento. Normalmente, o técnico faz uma comparação da cor
por meio da observação simultânea do pelo problema e de um pelo conhecido
tratado e tingido com os mesmos produtos.
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Pelos recém-cortados mostram a ponta seccionada, com bordas limpas e
nítidas, formando ângulos agudos; após 3 dias, a ponta começa a arredondar. O
pelo que cai espontaneamente mostra um bulbo cheio, bem formado, porque
completou seu ciclo. Aqueles com bulbos ocos ou escavados não alcançaram seu
pleno desenvolvimento: indica que foram arrancados. Quando o pelo é
arrancado violentamente, partículas ou células da pele adjacente aparecem na
raiz. Nesse caso, o pelo pode ser submetido à análise de DNA, já que a amostra
é extraída das células da pele que estão presas ao bulbo.
Pelos de outras áreas do corpo, que não os da cabeça ou da área púbica,
geralmente não são adequados para comparação significativa. Eles são
considerados amostras secundárias cuja presença pode ajudar a corroborar as
informações obtidas durante uma investigação.
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Finalmente, centrifuga-se a 120 G, durante 2 minutos, e observa-se a aglutinação
formada.
ANOMALIAS DO PELO
PEDICULOSE
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Os piolhos são insetos adaptados para viver especificamente sobre os
pelos da cabeça humana. Os machos adultos medem de 2,4 mm a 4,2 mm de
comprimento, e as fêmeas, de 2,4 mm a 3,3 mm. de comprimento (figura 13).
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Seu corpo é alongado e geralmente achatado, pelo menos quando está sem
alimento. A cabeça é livre e os olhos bem desenvolvidos. As patas são grossas e
terminam em uma garra e uma unha.
A cor desses parasitas depende da pigmentação da pele do hospedeiro.
Dois tipos de piolhos podem ser diferenciados: piolhos de roupas e piolhos da
cabeça.
Os primeiros vivem nas dobras das roupas, refugiando-se principalmente
nas costuras. Os piolhos da cabeça vivem no pelo fino da cabeça.
A fêmea coloca entre 50 a 150 ovos alongados, de 0,6 mm a 0,8 mm de
comprimento, conhecidos como lêndeas, que ficam firmemente presas ao pelo
(figura 14).
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* Figura 14. Lêndea
(Fonte: banco de dados ECC)
B) Piolhos pubianos ou chatos (Phthirus pubis):
Assim como os piolhos, eles são insetos adaptados para viver
parasitariamente nos seres humanos, embora, neste caso, nos pelos pubianos.
Excepcionalmente, podem ser encontrados nas axilas, nas sobrancelhas, nos
pelos dos braços e das pernas e até nos cílios. Tem entre 1 mm e 3 mm de
comprimento e um corpo arredondado, achatado e amarelado (figura 15). Seus
ovos ou lêndeas podem ser vistos no pelo, próximo à pele, na forma de pequenos
pontos brancos presos firmemente ao pelo.
O período de incubação dos ovos é de 6 a 8 dias. Em português, costuma
ser chamado literalmente de “piolho-do-púbis”. Ao contrário do piolho da
cabeça, ele movimenta-se muito lentamente, avançando cerca de 1 cm por dia.
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Figura 15. Piolho-do-púbis (Phthirus pubis).
(Fonte: banco de dados ECC)
OUTRAS ANORMALIAS
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CONCLUSÕES FINAIS
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RESULTADOS QUE PODEMOS OBTER COM O PELO:
✭ Determinação da espécie, seja ela humana ou animal e, às vezes,
identificação da espécie animal, no caso de casacos de pele.
✭ Localização da origem anatômica.
✭ O pelo pode ser suporte para outros indícios, como sangue, certos
sedimentos e manchas significativas, corantes ou produtos químicos em
intoxicações.
✭ Identificação da pessoa originária mediante análise de DNA.
INTRODUÇÃO
Os pelos a serem analisados nunca devem ser tocados. Eles são coletados
com pinças adequadas que não lesionam a amostra, e cada um deles é colocado
em envelopes de papel novos. É importante considerar que mesmo que os pelos
estejam agrupados, eles podem ter origens diferentes. Os envelopes serão
devidamente etiquetados e enviados ao laboratório.
No laboratório, é recomendado manter os pelos em frascos com tampa de
vidro fosco, para não alterar seu odor característico.
É bom examiná-los o mais rápido possível. Eles devem ser manuseados
com pinças e colocados sobre uma lâmina, cobertos com uma lamela ou
lamínula (sem esmagá-lo) e pré-examinados com o uso de um microscópio. Em
seguida, sem limpar o exemplar, adicionar água destilada e examiná-lo
cuidadosamente.
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Esse procedimento geralmente permite descobrir manchas de sangue,
esperma, pus etc. Após realizar essa observação preliminar, pode-se proceder à
limpeza do pelo.
Uma solução de sabão ou carbonato de potássio a 10% é usada para lavar
os pelos, indistintamente. Depois, eles são desidratados com álcool com o
procedimento habitual em microscopia óptica, são passados por xilol e
observados com o microscópio em meio aquoso ou glicerinado. O bálsamo do
Canadá pode ser usado para preparação permanente.
Se o pelo for muito escuro, sendo aconselhável clareá-lo para examinar
alguma característica específica, uma das seguintes soluções pode ser usada:
peróxido de hidrogênio, perhidrol quente, ácido acético, solução de hipoclorito
de sódio, solução alcoólica de cloro ou ácido nítrico. Bons resultados são
obtidos com 100 volumes de peróxido de hidrogênio. Em geral, a descoloração
do pelo é concluída em, aproximadamente, 15 minutos, sem alterar a estrutura
das amostras.
EXAME PRELIMINAR
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devido ao tingimento da fibra. Elas também são detectadas por meios químicos.
Uma vez que sabemos que é um pelo humano, devemos, primeiro, estudar
o pelo como ele foi encontrado, para ver se está manchado, o tipo de sujeira tais
como, sangue, poeira (muitas ocupações deixam alguma poeira característica no
pelo, principalmente no cabelo, como, por exemplo: um mecânico terá pó de
metal; um padeiro, farinha; um pedreiro, pó de tijolo ou de cal; um carpinteiro,
serragem, e assim por diante etc.), se há parasitas, se o pelo foi barbeado,
tinturas etc.
Também tentaremos determinar seu cheiro, perfume ou fetidez, a fim de
identificá-lo no futuro.
É necessário certificar-se de que se trata de um pelo e não de uma fibra
têxtil ou vegetal. Para isso, e enquanto houver uma amostra suficiente de pelo
para tal, quando já tivermos certeza de que o pelo está desprovido de matéria
orgânica (sangue, parasitas etc.), iremos queimá-lo e notaremos um cheiro
característico e a ponta final ficará arredondada.
Algumas vezes, porém, um simples exame microscópico é suficiente para
determinar sua origem. As fibras mais parecidas com os pelos são as de lã,
algodão, seda, cânhamo, linho, palha ou penas e patas de insetos.
DEFORMAÇÃO DO PELO:
A deformação dos pelos às vezes leva a conclusões muito interessantes
sobre que tipo de arma foi utilizada. Se uma pessoa recebeu um único golpe com
um machado, é raro encontrar deformações do tubo capilar no sentido
longitudinal, mas, muitas vezes, o pelo pode estar quebrado perto da raiz.
O estado do pelo pode revelar se a pessoa recebeu mais de um golpe, pois,
nesse caso, poderão ser vistos, no tubo capilar, vários cortes longitudinais, sinais
de que isso realmente ocorreu.
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A seguinte descrição das conclusões que podem ser derivadas das
deformações capilares pode servir para mostrar a importância que elas podem ter
em uma investigação:
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Deformações causadas por escaldadura:
Estas deformações são causadas por água quente ou vapor. Neste último
caso, se a temperatura não tiver ultrapassado os 175 ºC, os pelos ficarão
avermelhados e apresentarão manchas longitudinais causadas pelo encolhimento
das células da medula.
Até 250 °C. O pelo torna-se ondulado e quebradiço, a cor avermelhada
torna-se preta avermelhada, o pelo fica mais transparente e bolhas de ar formam
o típico colar mencionado anteriormente.
oooOOOooo
Continuando com o exame preliminar, determinaremos sua cor (preto,
castanho, loiro, ruivo, albino etc.), seu comprimento, bem como, se possível, a
região do corpo a qual ele pertence.
Muito importante é o estudo da ponta do pelo:
* Se não tiver sido cortado ou esfregado ou não tiver sofrido traumatismos,
estará com a forma pontiaguda.
* Se tiver sido cortado com objetos afiados, estará chanfrada.
* Se tiver sido sujeito à atrito contínuo, estará destruída.
* Se tiver sido arrancado, estará muito destruída.
* Se tiver sido cortado com tesoura, terá a forma de uma escada.
* Se tiver uma ponta cega, passaram-se, aproximadamente, vinte dias desde o
corte.
Nesse item, poderíamos incluir o tingimento ou não do pelo. Para
responder a essa pergunta, é necessário fazer um exame microquímico. É
possível determinar se o pelo foi tingido graças ao fato de que as tinturas
comuns são facilmente detectáveis, pois são fabricadas com sais de bismuto ou
de chumbo, nitrato de prata, permanganato de potássio, ácido pirogálico,
parafenilenodiamina, lawsonia inermis (é uma tintura à base de parafina e duas
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aminas com a proporção de corantes de Lawson).
EXAME ADICIONAL
ÍNDICES:
Para estabelecer os índices, é necessário realizar um corte transversal do
pelo, após a inclusão de parafina, celoidina ou qualquer outro material.
Atualmente, as resinas utilizadas para as preparações de microscopia
eletrônica são recomendadas por serem mais duras.
Para determinar os índices sob o microscópio, ele deve estar equipado
com uma objetiva e uma ocular micrométricas.
Os índices mais utilizados no estudo dos pelos são:
DIÂMETRO DA MEDULA
ÍNDICE MEDULAR = ---------------
DIÂMETRO TOTAL DO PELO
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ESTUDO DAS CÉLULAS:
Quando se deseja estudar as células da cutícula isoladamente, o pelo deve
ser tratado com ácido sulfúrico até começar a ondular. Isso causa a separação
das células cuticulares que podem ser estudadas sob o microscópio.
Para estudar as células da medula, o pelo é tratado com potássio a 30%.
Hoje, a microscopia eletrônica pode ser usada obtendo-se grandes detalhes
da cutícula.
ESTUDO DA MEDULA:
A medula é mais bem examinada em um estudo longitudinal. Ela é
cuidadosamente limpa com peróxido de hidrogênio, e o pelo é desengordurado
com uma mistura de álcool e éter. Monta-se em lâminas com bálsamo do
Canadá. Se estiver pigmentado, será preciso descolorir como descrito
anteriormente.
OBTENÇÃO DO DNA:
Se o pelo for de qualidade suficiente, precisaremos obter seu mapa
genético para uma posterior identificação do proprietário.
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