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Análise de Confiabilidade e Evolução de Uma Máquina de Envase de Leite UHT Ao Longo Da Curva Da Banheira
Análise de Confiabilidade e Evolução de Uma Máquina de Envase de Leite UHT Ao Longo Da Curva Da Banheira
Resumo
Abstract
The purpose of this article is to analyse the reliability and to observe the evolution of the
position of a filling machine for a UHT milk along the bathtub curve. The research method
was the quantitative modeling. It was reviewed concepts such as: the industrial main-
tenance, the relevance of reliability inside the industrial maintenance, the RCM metho-
dology (Reliability Centered Maintenance) and the bathtub curve and its interpretation
throughout the life cycle of an equipment, component or subsystem. For this modeling,
models of probability distribution for the times between failures were used. The probabi-
lity tests using Weibull’s model, performed on data collected in the field, showed that the
machine approximates to the “wear out” phase in the bathtub curve after about 8,000
hours of service. The study also demonstrated the need to revise the maintenance schedule
recommended by the manufacturer in order to extend the maturity phase of the machine.
1 Especialista em Gestão de Manutenção Industrial pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil,
graduado em Sistemas de Informação pela Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), Pouso Alegre, MG, Brasil e coordenador de manu-
tenção da BRF, Teutônia, RS. E-mail: ederson.carnauba@brf-br.com
2 Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, professor e pesquisador
do PPGEPS da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS. E-mail: sellitto@unisinos.br
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paradas não programadas e, por consequ- onde MTBF é o tempo médio entre falhas,
ência, menores perdas por lucro cessante; n é o número de intervenções e TBF são os
(ii) menores custos de manutenção, opera- tempos entre as falhas.
ção e apoio e (iii) menores possibilidades de Outro indicador utilizado com o MTBF
acidentes. para a determinação da disponibilidade do
A RCM também pode fornecer soluções equipamento é o MTTR (Mean Time To Re-
inovadoras para algumas das necessidades pair - Tempo Médio Para Reparo), o qual é
atuais das indústrias, tais como: (i) aumen- dado pelo quociente entre o tempo total de
tar a produção de produtos e ou unidades; intervenção no equipamento, para restabele-
(ii) aumentar a flexibilidade dos equipa- cer a sua função básica e o número de inter-
mentos, ou seja, das mais condições de res- venções corretivas ocorridas nesse período.
ponder rapidamente às mudanças de mix e A equação (2) descreve o cálculo:
de volume de produto; (iii) cumprir com a
legislação ambiental, de segurança e higie-
ne; (iv) diminuir o prazo dado a clientes de
(2)
entregas programadas e (v) conhecer melhor
os modos de falha da maquinaria instalada
e, eventualmente, evoluir tecnologicamente
(LAFRAIA, 2001). onde TTR é o tempo de reparo de cada in-
Os três elementos mais comumen- tervenção.
te usados para analisar a confiabilidade de
componentes e sistemas são: (i) a função Com esses dois indicadores, é possível
confiabilidade R(t); (ii) a função de risco h(t) determinar a disponibilidade do equipamen-
e (iii) o tempo médio entre falhas (MTBF - to Av(t) pela equação (3):
Mean Time Between Failure, Tempo Médio
Entre Falhas) (SELLITTO, 2005).
O MTBF é definido como o quociente (3)
entre o tempo total de disponibilidade do
equipamento, para a operação e o número de
intervenções corretivas ocorridas nesse perí- Outro elemento relevante em análise de
odo. Sua expressão matemática é apresenta- confiabilidade é a curva da banheira, repre-
da na equação (1): sentada na figura 1. A curva é um recurso
gráfico que indica, de modo geral, a evolução
(1) de componente ou sistema ao longo de seu
ciclo de vida.
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(12)
(13)
onde
e (14)
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laticínios, e sua parada pode representar a principais (SELLITTO, 2002). No caso es-
parada total da respectiva linha de produ- tudado, não há essa redundância, e a parada
ção, tal como, usualmente, ocorre nas indús- da máquina representa perda de produção.
trias de processamento contínuo, quando A imagem da máquina de envase estudada é
não existe redundância nos equipamentos mostrada na figura 3.
A máquina é composta por vários sub- causa a falha sistêmica. Essa característica de
sistemas, onde diversos modos de falhas com- estrutura de falha remete ao uso da distribui-
petem entre si pela falha geral. Assim, o pri- ção de Weibull. A localização dos subsistemas
meiro componente ou subsistema que falhar na máquina analisada é como na figura 4.
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A Tetra Pak recomenda que esse equi- dados entre esses intervalos de manuten-
pamento passe por uma pré-revisão periódi- ção preventiva, medindo os tempos entre
ca com 500 horas de trabalho e que seja feita falhas por semanas do ano, no período da
uma manutenção preventiva em intervalos semana 18 de 2012 até a semana 09 de 2013,
de 1.000 horas de trabalho, de modo a esten- divididos em três fases de amostragem. Os
der a fase de maturidade do equipamento. dados foram exportados para uma plani-
A empresa cumpre com essas exigências do lha eletrônica, convertendo-se o formato
fabricante. Nesse cenário, foram coletados de horas HH:MM:SS, para horas decimais,
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Na tabela 3, foi inserida uma coluna com Os dados de TBF foram inseridos no
o horímetro de trabalho da máquina, com o software Proconf2000, sendo encontrados os
intuito de visualizar o seu tempo de opera- resultados mostrados na tabela 4, segundo a
ção. Na coluna TBF, as horas entre falhas já distribuição de Weibull (o Proconf2000 cha-
estão em decimais, para serem analisadas no ma o fator de forma de Gamma). Os parâme-
software Proconf2000. E na coluna semana, é tros foram calculados, empregando-se o es-
apresentada a semana do ano em que foram timador da Máxima Verossimilhança (REIS;
registrados os dados da máquina A3 Flex. ANDRADE, 2011).
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A figura 9 apresenta um acúmulo de da- pontos da metade da reta para o final, indi-
dos próximo à área em que β = 1, indicando cando a tendência de aumento de falhas no
que no Período 1 da análise a máquina está decorrer do tempo, indicando senilidade do
na fase de maturidade. Já o gráfico das figu- equipamento. A figura 8 representa o estado
ras 6 e 7, denota a tendência de acúmulo de da máquina ao longo da curva da banheira.
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A figura 10 apresenta de modo sinótico ainda maior. Segundo Sellitto (2005), na fase
os histogramas das taxas de falha para os três de taxa de falha crescente, pode-se empre-
momentos estudados. Na figura, é possível gar a estratégia de manutenção preventiva
constatar que a máquina está caminhando ou, mesmo, programar uma reforma geral
para a fase senil, ou seja, está em migração da máquina. A escolha deve ser baseada no
de uma taxa de falha constante para cres- quanto o equipamento já avançou na fase de
cente, depois, para uma taxa de crescimento mortalidade senil.
Nos histogramas comparados, pode-se mais cedo no tempo, agora, passam a aconte-
notar que a declividade da taxa de falhas au- cer mais tarde, concentrando-se no período
menta com o período de tempo menor, indi- mais tardio do intervalo de tempo analisado.
cando senilidade do equipamento. É como se Os indicadores mostram apresentam
o conteúdo das primeiras lâminas, à esquer- a situação global do equipamento. Para se
da da figura, fosse migrando para a direita, estimar o valor mais preciso de intervalos
ou seja, é como se falhas que aconteciam de manutenção, é necessário estratificar as
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falhas e obter o valor de confiabilidade por na evolução dessa curva, é possível plane-
subsistema e seus componentes, o que não jar as atividades de manutenção e eventu-
foi o foco deste trabalho, porém é de extre- ais reformas da máquina e substituições de
ma importância relevar esta metodologia e subsistemas.
aplicá-la, aumentando a disponibilidade do
equipamento. Com base nos registros do ho- Referências
rímetro, pode-se estabelecer que o equipa-
mento tenha saído da maturidade ao redor FILIPPINI, R. Operations management re-
das 8.000 horas de operação. Esse pode ser search: some reflections on evolution, mod-
um limite de tempo, para a execução de ma- els an empirical studies in OM. Internation-
nutenção preventiva mais ampla ou, até mes- al Journal of Operations and Production
mo, programar uma reforma da máquina. Management, v. 26, n. 7, p. 655-670, 1997.
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Gestão & Produção, v.9, n.3, p.363-376, ra de uma válvula de processo petroquímico.
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